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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM GERONTOLOGIA Ana Elisa Sena Klein da Rosa AS EXPRESSÕES VIVAS DE CORPOS IDOSOS FRENTE À QUEDA São Paulo 2011

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Page 1: AS EXPRESSÕES VIVAS DE CORPOS IDOSOS FRENTE À QUEDA Elisa Sena... · QUEDA São Paulo 2011. ... Marcia Chico de Oliveira; Mariana Yoshida; Monique Rocha Botelho de Farias; e Nancy

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM GERONTOLOGIA

Ana Elisa Sena Klein da Rosa

AS EXPRESSÕES VIVAS DE CORPOS IDOSOS FRENTE À

QUEDA

São Paulo

2011

Page 2: AS EXPRESSÕES VIVAS DE CORPOS IDOSOS FRENTE À QUEDA Elisa Sena... · QUEDA São Paulo 2011. ... Marcia Chico de Oliveira; Mariana Yoshida; Monique Rocha Botelho de Farias; e Nancy

Ana Elisa Sena Klein da Rosa

AS EXPRESSÕES VIVAS DE CORPOS IDOSOS FRENTE À

QUEDA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

como exigência parcial para obtenção do título de

MESTRE em Gerontologia.

Área de Concentração: Gerontologia Social

Orientadora: Profa. Dra. Úrsula Margarida Karsch

São Paulo

2011

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ROSA, Ana Elisa Sena Klein da

As expressões vivas de corpos idosos frente à queda

Dissertação apresentada à Banca Examinadora

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

como exigência parcial para obtenção do título de

MESTRE em Gerontologia.

Aprovada em:

Banca Examinadora

Prof. Dr._________________________Instituição:_______________________

Julgamento:_____________________Assinatura:_______________________

Prof.Dr._________________________Instituição:_______________________

Julgamento:_____________________Assinatura:_______________________

Prof. Dr._________________________Instituição:_______________________

Julgamento:_____________________Assinatura:_______________________

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A Deus e ao grande homem: Rubens Klein da Rosa, que

escolhi e me escolheu para sermos felizes, harmonizados

e amados por toda eternidade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por quem devo a existência e toda a honra. Sem a benção divina, não

conseguiria chegar ao final de mais um degrau da construção do saber.

Ao meu amado marido, Rubens Klein da Rosa, por tudo; pela paciência, amor,

amizade e dedicação. Sem você eu não seria eu.

Aos meus pais, Pedro Alves de Sena e Sonia Maria Oliveira de Sena. À minha irmã

Michele Oliveira de Sena.

À Profa. Dra. Úrsula Margarida Karsch, por fazer florescer em mim a paixão pela

saúde pública. Obrigada por sua orientação coerente, auxílio e dedicação. Agradeço

humildemente pela oportunidade de ser orientada por uma profissional brilhante,

competente e humana.

Ao prof. Dr. Roberto Dantas Queiroz por toda atenção e auxílio para que eu pudesse

conjecturar uma possibilidade de desenvolvimento do trabalho. O apoio no HSPESP

foi fundamental para a realização deste estudo.

À Prof. Dra. Sissy Veloso Fontes, por estar sempre presente em minha vida, desde a

minha graduação. Profissional admirável na qual tenho verdadeira e inoculável

admiração. Agradeço por todas as contribuições acadêmicas de extrema relevância

para o enriquecimento deste trabalho. Agradeço por sua consideração, carinho e

amizade.

À Profa. Dra. Vera Lúcia Valsecchi de Almeida, por fazer parte de minha vida

acadêmica, se mostrar disponível e empenhada para ajudar. Suas aulas são

inesquecíveis. Obrigada pela compreensão oferecida a cada instante e por todas as

contribuições acadêmicas de extrema relevância para o enriquecimento deste

trabalho.

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À professora de estatística e de epidemiologia, Dra. Maria do Rosário Dias de Oliveira

Latorre, por toda dedicação com meus números e muita paciência para me ensinar a

decifrá-los. Agradeço imensamente.

À minha amada, dedicada, querida e amiga de todas as horas e situações, Mercedes

Maria dos Santos Botelho. Aprendo cada dia coisas muito importantes com você.

Obrigada por tudo.

À minha cunhada e amiga Ester Paes Klein da Rosa, sem palavras para agradecer a

dedicação, as revisões de texto e as traduções dos artigos e trabalhos em

congressos. Por muitas vezes, parecia que fazia parte do meu grupo de estudos.

Às minhas irmãs quase biológicas, Bianca Isis Segantin e Fabiana Santos Fonseca.

Tenho a certeza de que Deus as colocou em meu caminho para que a busca pelo

saber acadêmico fosse mais descontraída, prática e leve. Senti-me acolhida e

agraciada por nossa eterna amizade. Obrigada por todas as orientações e conselhos.

Só Deus sabe por tudo que passamos até a entrega dessa dissertação. Formamos

um trio muito mais do que acadêmico em todos os congressos nacionais e

internacionais de Geriatria e Gerontologia. Obrigada minhas queridas!

À minha primeira e querida amiga do curso de mestrado, a jornalista Karen Marcelja,

por me ajudar com os textos e com sua amizade sincera.

Aos meus amados e escolhidos sobrinhos do coração e da alma, Felipe Paes Klein da

Rosa e Eduardo Paes Klein da Rosa, pelos carinhos e beijinhos nos momentos

difíceis. Acredito que nosso amor nunca encontrará explicação nem entendimento.

A todos os colegas do curso de Gerontologia, sem vocês as discussões e os

ensinamentos não seriam possíveis. Obrigada por compartilharem suas experiências

comigo.

A todos os professores do curso de Gerontologia, por me proporcionarem momentos

intensos de reflexão, dividirem dúvidas e questionamentos, e por me apresentarem

diferentes possibilidades e “visões” do envelhecer.

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Aos amigos que estiveram comigo durante a realização deste trabalho (em ordem

alfabética), Ana Paula Klein; César Lemos; Fábio Ramos; Fabíola Rêgo Kassab;

Hildegard Anna Cortellazi; Juliana Guisardi Pereira; Karina Palla; Laodicéia Mamede

Oliveira; Lucas Arebolla; Marcia Chico de Oliveira; Mariana Yoshida; Monique Rocha

Botelho de Farias; e Nancy Marinho de Lemos, pela inestimável amizade.

A todos os pacientes que carinhosamente aceitaram participar deste estudo.

Ao Ministério do Idoso da Associação Paulistana, da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Silvana Martinez Lopez Cazonatto seu incentivo e interesse me estimularam na

construção de mais um caminho.

À querida Fabiana Andrade Santolin que gentilmente aceitou fazer a revisão de texto,

sem palavras para agradecê-la.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão da bolsa para que conseguisse viabilizar o desenvolvimento de minha

pesquisa.

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Quando a velhice chegar, aceite-a, ame-a. Ela é

abundante em prazeres se souberes amá-la.

Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os

mais doces da vida de um homem.

Mesmo quando tiveres alcançado o limite extremo dos

anos, estes ainda reservam prazeres.

Sêneca

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RESUMO

ROSA, A. E. S. K. As expressões vivas de corpos idosos frente à queda. 2011.

126 p. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, São Paulo, 2011.

A percepção sobre o corpo na velhice é muito particular para cada ser. A esse

respeito, Norbert Elias (2001) discorre sobre a dificuldade sentida pelas pessoas

quando seus corpos, tão cheios de frescor e muitas vezes de sensações agradáveis,

passam a ficar vagarosos, cansados e desajeitados. Não se pode imaginar tal

mudança e, no fundo, não se quer. Nesse sentido, a queda acompanhada de fratura

femoral causa enorme estranheza, pois há uma imagem com a qual o idoso não se

identifica, ocorrendo uma desconexão entre a imagem do inconsciente do corpo e a

imagem que o espelho devolve-lhe. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil

sociodemográfico de 40 idosos (31 do sexo feminino e nove do sexo masculino) com

fratura de fêmur, em indicação de tratamento cirúrgico em fase pré-operatória,

atendidos pelo Serviço de Ortopedia do Hospital do Servidor Público Estadual de São

Paulo. Trata-se de um estudo observacional de corte transversal, com coleta de dados

através de visita a arquivos de prontuários médicos e entrevistas semiestruturadas, no

período de outubro de 2010 a fevereiro de 2011. Todas as análises estatísticas foram

feitas pelo Software Statistical Package for the Social Sciences para Windows, na

versão 15.0. A idade dos sujeitos estudados variou de 62 a 97 anos, com média de

idade de 78,9 anos, prevalecendo 77,5% do sexo feminino, e 72,5% dos idosos eram

cuidados por um cuidador familiar. Um fator de extrema relevância foi que 97,5% dos

sujeitos faziam uso de mais de três medicamentos concomitantes diariamente. Esses

e muitos outros dados foram levantados com o intuito de cruzar fatores que incidem

no processo de envelhecimento humano, pois, para a Gerontologia, a velhice deve ser

entendida sob diferentes olhares, uma vez que os aspectos sociais, culturais e

subjetivos permeiam e se entrelaçam na velhice. Com este estudo, foi possível notar

que uma política de saúde pública faz-se necessária, com o desenvolvimento de

ações que tenham como finalidade proporcionar ao idoso um melhor

autoconhecimento de seu corpo, assim como identificar situações que possam lhe ser

prejudiciais em relação ao maior risco de quedas, para que o índice de quedas possa

ser reduzido.

Palavras-chave: Envelhecimento. Quedas na velhice. Fraturas femorais.

Gerontologia.

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ABSTRACT

ROSA, A. E. S. K. The living expressions of elderly bodies face to fall. 2011. 126

p. Dissertation (Master in Gerontology) – Pontifical Catholic University of São Paulo,

São Paulo, 2011.

The relationship of the body in old age is very particular to each individual. Norbert

Elias (2001) discussed the difficulty that our own body, so full of freshness and often

pleasant sensations, can be slow, tired and clumsy. We cannot imagine it, and

basically we do not want it. The fall followed by femoral fracture causes huge

strangeness, an image in which the elder cannot identify himself, resulting in a

disconnection between the image of the unconscious of the body and the image that

the mirror gives him back. The objective of this study was to delineate the socio-

demographic profile of 40 elders (31 females and 9 males) with femur fracture in

surgical indication for pre operative phase, attended by the Service of Orthopedics of

the Hospital of the State Public Servant of São Paulo (HSPESP). It is a cross-sectional

observational study, and the data were collected through visits to files of medical

records and semi-structured interviews, during the period of October 2010 to February

2011. All statistical analyzes were performed by SPSS for Windows, version 15.0. The

age of the subjects studied ranged from 62 to 97 years old, with an average age equal

to 78.9 years old, 77.5% were female, and 72.5% cared by a family caregiver. A factor

of extreme relevance was that 97.5% of the subjects use more than 3 concomitant

medicines daily. These and many others facts were raised with the intention of cross

factors that reflect in the trial of human ageing. For the Gerontology, old age is to be

understood by different looks. The social, cultural and subjective aspects permeate

and intertwine in old age. With this study was possible to notice that a public health

policy is necessary for that the rate of falls can be reduced by taking actions which are

intended to give the elderly a better self-awareness of his body, and identify situations

that can be harmful in relation to increase the risk of falls.

Keywords: Old age. Fall in old age. Femoral fractures. Gerontology.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Os fatores de risco para quedas e lesões relacionadas a quedas. ....................... 46

Figura 2 – Mostra a relação plurifatorial e fatores que contribuem como causa para quedas

em indivíduos idosos. ............................................................................................ 48

Figura 3 – Fatores associados a quedas em idosos residentes de ILPIs. ............................. 49

Figura 4 – Paciente MLS com dedos em garra (pé esquerdo). .............................................. 49

Figura 5 – Paciente MLS com hálux valgo, joanete e onicomicoses em diversas unhas, além

de rushes cutâneos no pé direito, além de edema em tornozelo direito. ............. 51

Figura 6 – Paciente MLS com ferida neuropática (diabética) em pé direito, homolateral à

fratura femural. ...................................................................................................... 51

Figura 7 – Radiografia sugestiva de baixa densidade mineral óssea evidenciando fratura em

região trocantérica. Paciente AMS. ....................................................................... 55

Figura 8 – Conteúdo muscular normal em adulto fisicamente ativo (A) e sarcopenia em idoso

sedentário (B). ....................................................................................................... 57

Figura 9 – Fratura fechada ou simples (Fig. 1). Fratura exposta ou composta (Fig. 2).......... 59

Figura 10 – Mostra padrões comuns de fraturas. 1 – fratura transversal. 2 – fratura oblíqua. 3

– fratura espiral. 4 – fratura cominutiva. 5 - Fratura compressiva. 6 – fraturas de

galho verde. ........................................................................................................... 59

Figura 11 – Referente a características clínicas das fraturas. Uma fratura transversa é estável,

enquanto que a fratura oblíqua ou espiralada está sujeita à ação elástica dos

músculos. .............................................................................................................. 60

Figura 12 – 1. fratura do colo do fêmur; 2. fratura da região trocantérica; 3.fratura de diáfise do

fêmur; 4.fratura supracondileana; 5.fratura condileana. ........................................ 61

Figura 13 – Mostra a extremidade superior do fêmur com demarcações das regiões de

fraturas do colo do fêmur e do trocânter................................................................ 61

Figura 13 – Diagrama dos estágios de consolidação da fratura. 1. estágio do hematoma, com

necrose do osso juntamente à fratura; 2. estágio de proliferação subperiostal e

endostal. 3. estágio de calo. 4. estágio de consolidação. 5. remodelação............ 63

Figura 14 – Descritor de sistematização de entrevista e coleta de dados. .............................. 68

Figura 15 – Esquema da entrevista com o paciente e/ou cuidador. ........................................ 70

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Esperança de vida ao nascer, segundo as grandes regiões brasileiras – 2009. .. 30

Gráfico 2 – Distribuição percentual das pessoas idosas por capacidade de andar 100

metros, segundo características etárias e sexo. ................................................... 33

Gráfico 3 – Proporção de pessoas com 60 anos ou mais de idade que declaram sofrer de

algum tipo de doença crônica, segundo os principais tipos. ................................. 53

Gráfico 4 – Associação quanto à ocupação profissional e sexo. ............................................. 98

Gráfico 5 – Porcentagem de doenças pregressas encontradas nos pacientes com fratura

femoral................................................................................................................. 103

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Referente às causas mais comuns de quedas...................................................... 47

Quadro 2 – Referente aos perigos, considerados como riscos ambientais mais comuns. ...... 48

Quadro 3 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo. ............................................................................ 71

Quadro 4 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo. ............................................................................ 72

Quadro 5 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo. ............................................................................ 73

Quadro 6 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo. ............................................................................ 74

Quadro 7 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo. ............................................................................ 76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número e porcentagem de pessoas segundo características sociodemográficas. 83

Tabela 2 – Associação quanto à ocupação profissional e sexo. .............................................. 84

Tabela 3 – Número e porcentagem de pessoas segundo cuidador e família........................... 85

Tabela 4 – Número e porcentagem de acordo com o uso de medicamentos, óculos e

frequência no oftalmologista.................................................................................. 86

Tabela 5 – Número e porcentagem de doenças pregressas encontradas nos pacientes com

fratura femoral. ...................................................................................................... 87

Tabela 6 – Relato de números e porcentagens sobre os problemas encontrados nos pés,

realização e finalidade de fisioterapia pregressa à queda..................................... 88

Tabela 7 – Conforme queda no último ano, demora no atendimento, horário de queda e

frequência antes da fratura estudada. ................................................................... 90

Tabela 8 – Número e porcentagem do local de ocorrência da queda. ..................................... 90

Tabela 8 – Referente às atividades de vida diária, e ocorrência de alterações de movimento.

............................................................................................................................... 91

Tabela 9 – Número e porcentagem consoante a utensílio ou aditamento utilizado para

deambulação, tipo de fratura e tipo de deambulante. ........................................... 92

Tabela 10 – Associação estatística quanto ao local, e frequência de queda atual, realização

segundo sexo. ....................................................................................................... 93

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LISTA DE SIGLAS

AIT Ataque Isquêmico Transitório

ASA Sociedade Americana de Anestesia

AVC Acidente Vascular Cerebral

AVDs Atividades de Vida Diária

AVE Acidente Vascular Encefálico

AVPs Atividades de Vida Prática

BMC Conteúdo Mineral Ósseo

Ceamas Centros de Atendimento Médico Ambulatorial

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

DA Doença de Alzheimer

DM Diabetes Mellitus

Decam Departamento de Convênios e Assistência Médica

Dem Demência

DMO Densidade Mineral Óssea

DP Depressão

dp Desvio Padrão

DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

DXA Dual X-ray absorptiometry

EDG Escala de Depressão Geriátrica

FC Fratura do Colo do Fêmur

FCD Fratura Condiliana

FT Fratura Transtrocanteriana

Seade Sistema Educacional de Análise de Dados

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

HSPESP Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo

HSPESP – SO Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo – Serviço de

Ortopedia

Iamspe Instituto de Assistência ao Servidor Público Estadual

ILPI Instituição de Longa Permanência para Idosos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva

INED Instituto Nacional de Estudos Demográficos (de origem francesa)

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IRA Insuficiência Renal Aguda

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IRC Insuficiência Renal Crônica

OA Osteoartrose

OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

OP Osteoporose

PK Doença de Parkinson

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PUC Pontifícia Universidade Católica

SBOT Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 18

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 23

2.1 Envelhecimento e Velhice ............................................................................................... 23

2.2 Dados Epidemiológicos do Envelhecimento Populacional Brasileiro .............................. 28

2.3 Geriatria e Gerontologia .................................................................................................. 33

2.4 Quedas ............................................................................................................................ 36

2.4.1 Etiologia e magnitude da queda ........................................................................... 43

2.4.2 Mecânica da fratura .............................................................................................. 44

2.4.3 Fatores de risco para quedas ............................................................................... 44

2.4.4 Causas de quedas................................................................................................ 46

2.4.5 Doenças nos pés que podem favorecer quedas .................................................. 49

2.4.6 Patologias associadas a maior prevalência de quedas........................................ 52

2.4.6.1 A queda no portador de osteoporose ................................................................ 54

2.4.6.2 Sarcopenia ........................................................................................................ 56

2.4.7 Fratura .................................................................................................................. 58

2.4.8 Fratura no fêmur ................................................................................................... 60

2.4.9 Consolidação de fraturas...................................................................................... 62

3 MÉTODO............................................................................................................................. 65

3.1 Abordagem Metodológica................................................................................................ 65

3.2 Local de Realização do Trabalho .................................................................................... 65

3.3 Delineamento do Estudo ................................................................................................. 66

3.4 População de Estudo ...................................................................................................... 67

3.5 Metodologia ..................................................................................................................... 67

3.5.1 Triagem de pacientes ........................................................................................... 68

3.5.2 Avaliação de prontuários e avaliação de exames complementares..................... 69

3.5.3 Entrevista com o paciente e/ou cuidador ............................................................. 70

3.5.3.1 Demografia geral ............................................................................................... 70

3.5.3.2 Grau de instrução e dados profissionais ........................................................... 71

3.5.3.3 Comportamento etílico e comportamento tabágico ........................................... 72

3.5.3.4 Histórico pregresso patológico do paciente....................................................... 74

3.5.3.5 Sintomatologia, aparato locomotor, ocorrência de fraturas pregressas e

aditamento de marcha ......................................................................................... 75

3.5.4 Avaliação das funções mentais e depressão geriátrica ....................................... 76

3.5.5 Informações adicionais com o paciente e/ou cuidador......................................... 77

3.5.6 Barthel index e informações sobre as AVDs antes da fratura ............................. 78

3.6 Avaliação Individual Inicial ............................................................................................... 79

3.7 Análise Estatística ........................................................................................................... 80

3.8 Pacotes Estatísticos ........................................................................................................ 80

3.9 Aspectos Éticos ............................................................................................................... 80

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3.10 Variáveis de Estudo....................................................................................................... 81

4 RESULTADOS ................................................................................................................... 83

4.1 Número e porcentagem de pessoas segundo características sociodemográficas ......... 83

4.2 Associação quanto à Ocupação Profissional e Sexo ...................................................... 84

4.3 Número e Porcentagem de Pessoas Segundo Cuidador e Família................................ 85

4.4 Número e Porcentagem de Pessoas Segundo o Uso de Medicamentos, Óculos e

Frequência no Oftalmologista .......................................................................................... 86

4.5 Número e Porcentagem de Doenças Pregressas Encontradas nos Pacientes com

Fratura Femoral ............................................................................................................... 87

4.6 Número e Porcentagem de Relatos dos Problemas Encontrados nos Pés, e

Realização e Finalidade de Fisioterapia Pregressa à Queda.......................................... 88

4.7 Conforme Queda no Último Ano, Demora no Atendimento, Horário de Queda e

Frequência antes da Fratura Estudada. .......................................................................... 89

4.8 Local de Ocorrência da Queda........................................................................................ 90

4.9 Referente às Atividades de Vida Diária e Ocorrência de Alterações de Movimento....... 91

4.10 Número e Porcentagem referente a Utensílio ou Aditamento Utilizado para

Deambulação, Tipo de Fratura e Tipo de Deambulante.................................................. 92

4.11 Associação Estatística Quanto ao Local e Frequência de Queda Atual, Segundo o

Sexo................................................................................................................................. 92

5 DISCUSSÃO....................................................................................................................... 94

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 106

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 108

ANEXOS............................................................................................................................... 117

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18

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento brasileiro e mundial é uma realidade. Segundo a Síntese de

Indicadores Sociais (IBGE, 2010), os maiores de 60 anos representam 10,5% da

população total e 83% deles vivem nas cidades. O destaque fica para a região

metropolitana do Rio de Janeiro, que tem 1,7 milhão de idosos – 14,7% da população.

De acordo com o estudo, nos próximos 20 anos, o número de idosos do Brasil poderá

ultrapassar a faixa de 30 milhões de pessoas ao final deste período, o correspondente

a 13% da população total do país.

A população de pessoas com 60 anos ou mais cresceu 47,8% na última

década, um crescimento bastante superior aos 21,6% da população brasileira total no

mesmo período. De acordo com o IBGE (2000), com base em estudos da

Organização das Nações Unidas (ONU – 1995 a 2000), a população de pessoas com

mais de 60 anos no Brasil aumentou 17,5%, o que significa um aumento de quase

dois milhões, enquanto que a população total cresceu, de 1996 a 2000, apenas 8,1%.

Em 2020, projeções da ONU preveem que teremos um acréscimo de 14,2 milhões de

pessoas com mais de 60 anos em relação a 2000, perfazendo 13,1% da população

total. Em 2050, serão 102 para cada 100 jovens, o que refletirá diretamente em todo

sistema de saúde, público e privado, tanto nos segmentos produtores quanto nos

financiadores.

Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000)

mostraram um crescimento significativo da participação de pessoas com mais de 60

anos na formação da sociedade brasileira. A relação atual, de cerca de 25 idosos para

cada grupo de 100 crianças e adolescentes até 14 anos, deverá mudar para 173

idosos para cada grupo de 100 crianças e adolescentes. De acordo com as pesquisas

recentes do IBGE (2010), o Brasil deve ficar atento às prioridades econômicas e às

instituições de atendimento à população, cujas necessidades devem mudar.

Conforme Ornestein, Prado e Lopes (2010), a transição epidemiológica do

mundo, que o nosso país acompanha, nos mostra uma das maiores conquistas da

humanidade, o incremento de anos vividos. No entanto, esses anos a mais devem ser

de qualidade e com boas condições de adaptações a situações favoráveis às

vulnerabilidades biológicas, psicológicas e sociais. É indiscutível para os idosos a

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importância de acrescentar anos vividos com qualidade funcional e independência

adaptativa.

Antes das atuais projeções estatísticas, os sinais de envelhecimento

populacional já tinham sido observados e intuídos por profissionais da área de

gerontologia, conforme descreveu o Jornal Folha de São Paulo (2009). Isso porque,

em estudos sobre o cotidiano, entre os anos de 2005 a 2008, o número de

internações hospitalares na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou em 8%

por causa das fraturas de fêmur em idosos. No ano de 2008, foram 32.908

internações por esse motivo.

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), a fratura do fêmur, maior osso

humano, é uma das causas mais relevantes de mortalidade de idosos, quase um

quarto das mortes nessa faixa está re lacionado a quedas. As fraturas expõem um

problema de saúde peculiar em pacientes idosos, a osteoporose. Em 2010, o

Ministério da Saúde gastou cerca de R$ 39 milhões com medicamentos para

tratamento da osteoporose. A ocorrência e a frequência de quedas em pessoas

idosas é muito maior do que imaginamos, porque os idosos aceitam a queda como

um acontecimento inevitável do envelhecer e não as relatam, a menos que

interrogados.

O corpo humano está em constantes mudanças, cada idade apresenta suas

alterações, características, riscos e problemas. Beauvoir (1990) discorre sobre a

velhice que habita nosso corpo, e escreve que, por mais que tenhamos encontrado

uma imagem mais ou menos convincente, mais ou menos satisfatória de nós

mesmos, temos que viver essa velhice que somos incapazes de imaginar. Para tanto,

em primeiro lugar, devemos vivê-la no nosso corpo. Não é nosso corpo que nos vai

revelá-la; mas, uma vez que sabemos que a velhice habita nosso corpo, é ele que nos

inquieta.

Becker et al. (1999 apud RUSSO, 2005) descreveram que a avaliação do

nosso corpo é feita da interação com o meio, assim sua autoimagem é desenvolvida

continuamente. Nesse contexto, percebe-se que o envelhecimento envolve uma série

de mudanças funcionais que leva à diminuição da funcionalidade do organismo; desse

modo, surge um conceito de corpo em diferentes épocas, nas quais o não

reconhecimento do corpo surge a partir do momento em que ele sofre uma diminuição

do funcionamento, a qual não existia em tempos anteriores.

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Simões (1992) afirmou que o idoso, cujo corpo não se inclui nesses padrões,

tem seus anseios anulados, gerando um sentimento de impotência enquanto indivíduo

ativo na sociedade, o que culmina na aversão ao próprio corpo.

Para Villaça e Góes (1998), o corpo está inserido na sociedade e, dessa forma,

é marcado pelo fator social. Por isso a dificuldade em examinarmos tanto o nosso

corpo quanto o do outro. A consequência mais comum é a tentativa de proteção:

tenta-se preservá-lo, evitar ao máximo sua exposição, resguardá-lo como se essa

fosse a garantia de nos livrarmos do perigo e das ameaças. Nesse sentido, é de se

presumir que quanto mais iguais formos uns aos outros, menos ameaçados nos

sentiremos. Dessa forma, o envelhecimento constitui-se como uma pluralidade de

experiências individuais. É preciso salientar que as alterações que ocorrem no corpo

que envelhece são inevitáveis. Como proteger, preservar e resguardar esse corpo do

perigo e das ameaças para evitar a queda?

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), entre os

anos de 1979 e 1995, cerca de 54.730 pessoas morreram devido a quedas, sendo

que 52% delas eram idosos, com 39,8% apresentando idade entre 80 e 89 anos.

Ainda segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), a taxa de mortalidade

hospitalar por queda, em fevereiro de 2000, foi de 2,58%. A maior taxa encontrada foi

na região Sudeste, seguida pela região Nordeste, Sul e Centro-Oeste.

De acordo com estudos realizados no Brasil por Zinny e Pussi (2003), a

incidência anual de fraturas no país é de 1 milhão e destas 250 mil são de quadril.

Sendo que, para Alarcon et al. (2001), as fraturas de quadril reduzem o tempo de vida

em 36% para homens e em 21% para as mulheres. As internações hospitalares

oriundas de quedas custam quase o dobro daquelas originadas de outras causas de

internação hospitalar do idoso.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), o SUS gastou quase R$

81 milhões com fraturas em idosos no ano de 2009. O número alto de internações por

quedas em idosos configura alto número de incapacidade e óbitos nessa faixa etária,

podendo gerar consequências, entre as quais: físicas, psíquicas e sociais. Cair pode

significar que está ocorrendo um declínio das funções fisiológicas ou ainda

representar sintomas de alguma patologia específica.

O pesquisador Fuller (2000) analisou as quedas em idosos e revelou que

aproximadamente 5% de todas as quedas resultam em fraturas. As mulheres fraturam

mais que os homens, e os homens morrem mais de fraturas. Quando não ocorre a

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fratura, a dor e a redução dos movimentos podem causar isolamento pela diminuição

da autoestima, tanto pela queda quanto pelo aumento da dependência. Tem sido

verificado nos serviços de emergência dos EUA que as quedas são eventos

frequentes causadores de lesões, constituindo a principal etiologia de morte acidental

em pessoas com idade acima de 651 anos.

Para Campbel et al. (1985 apud FREITAS et al., 2006), quase todas as mortes

provenientes de queda são decorrentes de fratura de colo femoral. As quedas podem

representar um marcador para um risco de maior mortalidade na população idosa. Há

evidências de que as quedas produzem sintomas de ansiedade e depressão, e

sintomas depressivos são comuns nesses pacientes. As quedas e suas sequelas

estão associadas a restrições de atividades, por vezes devido a dores persistentes.

Fraturas femorais são causas reconhecidas de declínio de habilidades funcionais em

relação ao estado pré-fratura.

Por tantos motivos, é necessário contextualizar a ocorrência de quedas e o

perfil sociodemográfico de idosos brasileiros.

Dessa forma, a presente investigação buscou traçar o perfil sociodemográfico

da população de idosos com fratura de fêmur em indicação de tratamento cirúrgico em

fase pré-operatória, atendida pelo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo

– Serviço de Ortopedia (HSPESP – SO).

Além disso, teve como objetivos específicos:

Descrever a população do estudo segundo características

sociodemográficas;

Discorrer sobre o cuidador, moradia de filhos e existência de netos;

Descrever o uso de medicamentos, óculos e frequência ao oftalmologista;

Delinear as doenças pregressas;

Identificar os problemas mais comuns nos pés, realização e finalidade de

fisioterapia pregressa à queda atual;

Identificar e descrever a queda no último ano, tempo de atendimento,

horário de queda e frequência de queda antes da atual fratura;

Expor os locais mais frequentes de queda nos idosos pesquisados.

1 Consideramos e referimos alguns estudos com idade a partir de 65 anos, representando a idade

cronológica do idoso em países desenvolvidos.

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Desvendar se o nosso paciente realizava Atividades de Vida Diária (AVDs),

e ocorrências de alteração do movimento em pacientes pesquisados;

Apresentar os aditamentos mais comuns para a deambulação, tipo de

fratura e tipo de deambulante;

Analisar a associação entre características de quedas e sexo com local de

quedas.

Detectar os nossos objetivos é fundamental para prevenir as quedas. Após 10

anos de profissão e inúmeros atendimentos fisioterapêuticos de idosos, pudemos

perceber como muitos profissionais envolvidos com o paciente idoso ignoram a queda

e não a repelem com estranheza. Por isso construímos este estudo desafiador.

O homem precisa ter consciência de que seu corpo está entrelaçado ao

movimento. Convidamos, assim, o leitor a refletir sobre a fratura de fêmur na velhice.

Dessa percepção, interessamo-nos por estudar a queda não só no ponto de vista

funcional, mas também do ponto de vista gerontológico.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Envelhecimento e Velhice

Para Guimarães (2007), envelhecemos desde o dia em que fomos concebidos

e o envelhecimento é um processo que percorre por toda nossa vida. Tanto a criança

quanto o jovem crescem, desenvolvem-se e envelhecem.

Morin (1997a) acreditava ser difícil perceber a origem, o motor do processo de

envelhecer, pois, para ele, o caráter patológico da velhice manifestava-se em três

planos: no social; na percepção de que a velhice sadia é patológica enquanto velhice

em si; na própria morte que é patológica e é aproximada pela velhice. Finalizando

suas reflexões, Morin (1997a, p. 230) aceitava que a velhice e a morte estão inscritas

na herança genética humana e que são “coisas normais e naturais, porque uma e

outra são universais e não sofrem qualquer exceção entre os mortais”.

Segundo Freitas et al. (2006), a incapacidade de mensurar o fenômeno do

envelhecimento está intimamente vinculada à dificuldade de definir a idade biológica,

o que justifica a falta de segurança para adotar quaisquer das teorias existentes sobre

o envelhecimento.

Consoante a isso, para a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2004) as

sociedades ocidentais comumente associam o envelhecimento com a saída da vida

produtiva pela idade. É difícil caracterizar uma pessoa como idosa utilizando como

único critério a idade. Além disso, nesse segmento conhecido como terceira idade,

estão incluídos indivíduos diferenciados entre si, tanto do ponto de vista

socioeconômico quanto demográfico e epidemiológico.

Para Spirdurso (2005), o termo „envelhecimento‟ é usado para referir um

processo ou conjunto de processos que ocorre em organismos vivos e que, com o

passar do tempo, leva a uma perda de adaptabilidade, deficiência funcional, e,

finalmente, à morte. Esses processos são diferentes dos ritmos biológicos diários ou

de qualquer outra mudança temporária.

Debert (1999) defende a ideia de que o envelhecimento é hoje um fenômeno

estruturante das sociedades contemporâneas. Está associado a profundas mudanças

sociais, econômicas e culturais indutoras de novas formas de relação de

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reciprocidade, sociedade e sujeito. Tanto em nível da sociedade quanto de cada um

de nós, esse processo revela-se profundamente interpelante e desafiante: novos

comportamentos, expectativas e valores entrosam-nos a mais anos de vida e

produzem novas formas de sociabilidade e convivência.

Para Fratczak (1993) o envelhecimento também pode ser definido como um

processo, um estágio, que é definido de maneiras diferentes, dependendo do campo

de pesquisa e objeto de interesse.

De acordo com Azevedo (2001) e Leme (1996), a preocupação acerca do

envelhecimento humano apareceu na literatura científica no século XVI com os

primeiros trabalhos científicos sobre o envelhecimento humano, contando com

representantes, como Bacon, Descartes e Benjamim Franklin, que acreditavam ser

apenas o desenvolvimento de métodos científicos eficazes para “vencer” as

transformações da velhice. Francis Bacon (1561-1626) escreveu A história natural da

vida e da morte e a prolongação da vida, defendendo a ideia de que um espírito jovem

inserido em um corpo velho faria regredir a evolução da natureza (AZEVEDO, 2001;

LEME, 1996). Benjamim (1745-1813), por sua vez, foi o primeiro a dizer que são as

doenças responsáveis pela morte e não o envelhecimento, e que a velhice não é

doença (AZEVEDO, 2001; LEME, 1996).

Os escritos de Netto (2007) aludiram que o século XX foi marcado pela

explosão de medidas protetoras que visaram a postergar a morte. Ao longo do século

XX e início do século XXI, o envelhecimento populacional é um fenômeno conhecido e

que vem ocorrendo mundialmente. Segundo a ONU (2002), na Segunda Assembleia

Mundial sobre o Envelhecimento2, essa transformação demográfica está ocorrendo

sem precedentes e sua projeção para o ano de 2050 é de que o número de idosos irá

duplicar. O seu peso relativo passará de 10 para 20% de pessoas com mais de 60

anos de idade e, ainda, esse número será maior e mais rápido em países em

desenvolvimento.

A OMS (2007) define a população idosa como aquela a partir dos 60 anos de

idade, com uma distinção quanto ao local de residência dos idosos. Esse limite é

válido para os países em desenvolvimento, subindo para 65 anos de idade quando se

trata de países desenvolvidos. No Brasil a Política Nacional do Idoso (BRASIL, 1994)

2 Realizada em abril de 2002 em Madrid, na Espanha.

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define como idoso a pessoa de 60 anos de idade ou mais, que será utilizada neste

estudo.

No Brasil, onde existem muitas dificuldades socioeconômicas, homens e

mulheres podem tornar-se envelhecidos antes dos 60 anos, devido à rotina pesada

pela qual são obrigados a passar. Barbosa e Nascimento (2001) afirmam que, mesmo

com todas essas dificuldades, a população brasileira tem aumentado, graças à

redução da taxa de fecundidade associada à melhoria nutricional, elevação dos níveis

de higiene pessoal, condições ambientais e residências mais adequadas.

A política nacional de saúde da pessoa idosa (BRASIL, 2006) aborda a velhice

cronológica, e justifica que não se fica velho aos 60 anos de idade. O envelhecimento

é um processo natural que ocorre ao longo de toda experiência da vida do ser

humano, por meio de escolhas e de circunstâncias. O preconceito contra a velhice e a

negação da sociedade quanto a esse fenômeno colaboram para a dificuldade de se

pensar políticas específicas para esse grupo. Ainda há os que pensam que se investe

na infância e se gasta na velhice. Deve ser um compromisso de todo gestor em

saúde, compreender que, ainda que os custos de hospitalizações e cuidados

prolongados sejam elevados na parcela idosa, também se está investindo na velhice.

O IBGE (2010) reconheceu que a idade não é o único parâmetro para definir o

processo sociodemográfico do envelhecimento a fim de facilitar a análise dos dados e

a construção dos indicadores selecionados.

Veras (1994), ao conjecturar sobre o assunto, afirmou que a causa do rápido

aumento da expectativa de vida neste século foi uma substituição das causas de

morte, anteriormente resultantes de doenças infecciosas e parasitárias, pelas doenças

cardíacas e pelo câncer. Esta alteração nos padrões de moléstias foi descrita por

Omran (1986), como transição epidemiológica.

Para o IBGE (2010), o crescimento desse segmento populacional no Brasil e no

mundo é decorrente dos índices de mortalidade, graças aos avanços tecnológicos da

medicina e da qualidade de vida, além das mudanças no coeficiente de fecundidade.

Freitas et al. (2006) fizeram menção quanto à longevidade cada vez maior do

ser humano, que pode acarretar uma situação ambígua, vivenciada por muitas

pessoas, mesmo pelas não idosas: o desejo de viver cada vez mais e, ao mesmo

tempo, o temor de viver em meio a incapacidades e à dependência. A mesma autora

é ainda mais direta quando define que o envelhecimento é um processo inacabado, e

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a velhice é uma fase da vida, e o velho ou idoso é o resultado final, eles (velho e

velhice) constituem um conjunto cujos componentes estão intimamente relacionados.

Do ponto de vista demográfico, Pereira et al. (2002) apontam que envelhecer

significa aumentar o número de anos vividos. Contudo, paralelamente à evolução

cronológica, coexistem fenômenos de natureza biopsicossocial, importantes para a

percepção da idade e do envelhecimento.

Mas, em que idade a velhice tem início? Essa é uma tarefa dificílima.

Observemos um trecho do poema de Mário Quitana (1906- 1994), “[...] ninguém pode

estar na flor da idade, mas cada um pode estar na flor da sua própria idade [...]”. Para

Beauvoir (1990), a velhice não pode ser compreendida senão em sua totalidade. Ela

não é somente um fato biológico, mas também um fato cultural.

Há vasta nomenclatura no meio social e acadêmico para designar as pessoas

que se encontram na velhice. Para Junqueira (1998), o termo „terceira idade‟ foi mais

aceito do que „velho‟ na nossa atual conjuntura, embora tenha conotação negativa,

pois tudo que é terceiro é inferior ao que é segundo e primeiro. Isso se justifica em

razão de a noção de velho ser fortemente associada à decadência e confundida com

incapacidade para o trabalho, concordando com o estereótipo negativo construído

pela sociedade.

Spirduso (2005) salientou que um dos questionamentos mais importantes a

enfrentar, tanto do ponto de vista pessoal quanto social, é saber se o ciclo de vida

aumentado pode ser vivido com qualidade, ou se se trata de período com aumento de

morbidades biológicas típicas do envelhecer, as quais precedem a morte.

Para Debert (1999), o impacto nas formas de viver e experimentar as diferentes

fases da existência é algo que conhecemos mal: estamos perante fenômenos

recentes, de evolução extremamente rápida e de complexidade crescente. Vivemos

mais anos, com elevado nível de autonomia, de capacidades, potencialidades de

realização pessoal e de intervenção na sociedade, a par de crescente falta de

sincronia entre o percurso das idades inerentes ao processo de desenvolvimento

humano e o trajeto socioprofissional: a idade biológica e a idade social têm tendências

divergentes.

Até o século XIX, a velhice era tratada como uma questão de mendicância,

porque sua fundamental característica era a não possibilidade que uma pessoa

apresentava de se assegurar financeiramente. Assim, a noção de velho remete à

incapacidade de produzir, de trabalhar. Dessa forma, segundo Peixoto (1998), era

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denominado velho (vieux) ou velhote (veillard) aquele indivíduo que não desfrutava de

status social – muito embora o termo „velhote‟ também fosse utilizado para denominar

o velho que tinha sua imagem definida como “bom cidadão”. Para demonstrar uma

visão menos estereotipada da velhice, Peixoto (1998) definiu o termo „idoso‟ para

caracterizar tanto a população envelhecida em geral quanto aquela mais favorecida. A

partir de então os “problemas dos velhos” passaram a ser vistos como “necessidades

dos idosos”.

Por outro lado, Neri e Freire (2000) colocam que a substituição dos termos

„velho‟ ou „velhice‟ por „melhor idade‟ já indica preconceito, pois, caso contrário, essa

troca de palavras não seria necessária. As mesmas autoras ainda fazem menção ao

termo „terceira idade‟. Esse termo foi cunhado nos anos 60 para designar a idade em

que a pessoa se apresenta, servindo para designar a faixa etária intermediária entre a

vida adulta e a velhice.

Essa distinção também traz uma dose de conotação negativa ao termo

„velhice‟, porque se compreende que quem está na terceira idade ainda não é velho.

Porém, ao mesmo tempo, fornece uma visão mais benéfica daqueles que se

encontram com 60 anos ou mais. Essa é a idade que a ONU (2002) define como o

início da velhice nos países em desenvolvimento, elevada aos 65 anos nos países

desenvolvidos.

Em face desses preconceitos, estabeleceram-se conceitos sobre os termos

„velho‟, „idoso‟ e „terceira idade‟. „Velho‟ ou „idoso‟ refere-se a pessoas idosas, na

média de 60 anos; „velhice‟ seria a última fase da existência humana e

„envelhecimento‟ estaria atrelado às mudanças físicas, psicológicas e sociais (NERI;

FREIRE, 2000). Há ainda outras metáforas acerca do envelhecimento, como, por

exemplo, „amadurecer‟ e „maturidade‟, que significam a sucessão de mudanças

ocorridas no organismo e a obtenção de papéis sociais, respectivamente (NERI;

FREIRE, 2000).

Para Menezes e Bachion (2008), a velhice para muitas pessoas é percebida

como uma fase dolorosa da vida, sem perspectivas e marcada pela presença de

doenças e perdas. Através da observação sistematizada, no trabalho de Fabrício et al.

(2004) é possível verificar a existência de problemas de comunicação entre idosos,

muitos deles viviam juntos e comiam juntos na mesma instituição de longa

permanência para idosos, mas não se comunicavam.

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Beauvoir (1990), em seus escritos sobre a velhice que habita nosso corpo,

discorreu que, por mais que tenhamos encontrado uma imagem mais ou menos

convincente, mais ou menos satisfatória de nós mesmos, temos que viver essa

velhice que somos incapazes de imaginar. Sendo que, em primeiro lugar, devemos

vivê-la no nosso corpo.

Bosi (1994) denotou que a velhice decorre mais da luta de classes do que de

conflito de gerações; uma vez que, ao velho, não é permitida sua participação nas

relações interpessoais, de modo que esse ator social tem compartilhado seu lugar de

exclusão na sociedade com outros grupos, como: mulheres, negros, índios,

portadores de necessidades especiais.

Para Nascimento (1982) era comum na Idade Média que os escritores fizessem

referência às idades da vida. Falava-se em infância e puerilidade, juventude e

adolescência, velhice e senilidade, para designar as diferentes fases da vida humana.

O envelhecimento do ser humano pode ser diferenciado segundo conceitos

relacionados à idade cronológica, à biológica, à social e à psicológica. Embora o

envelhecimento humano seja marcado com indicadores diferentes, ainda assim o

principal critério para situar as categorias etárias é a data de aniversário das pessoas.

Nas sociedades contemporâneas, o Papa João Paulo II, no ano de 1999 (ano

Internacional do Idoso), escreveu uma carta aos anciãos, afirmando que estes ajudam

a contemplar os acontecimentos terrenos com mais sabedoria, porque as vicissitudes

os tornaram mais experientes e amadurecidos. Eles são guardiões da memória

coletiva e, por isso, intérpretes privilegiados daquele conjunto de ideais e valores

humanos que mantêm e guiam a convivência social.

2.2 Dados Epidemiológicos do Envelhecimento Populacional Brasileiro

O crescimento da população de idosos é uma realidade confirmada pelo IBGE

(2000) em números absolutos e relativos, é um fenômeno mundial e está ocorrendo a

um nível sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo

e, já em 1998, quase cinco décadas depois, esse contingente alcançava 579 milhões

de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As

projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1.9 milhões de pessoas,

montante equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade. Uma das

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explicações para esse fenômeno é o aumento, verificado desde 1950, de 19 anos na

esperança de vida ao nascer em todo o mundo. Os números mostram que,

atualmente, uma em cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais e, para 2050,

estima-se que a relação será de 1 para 5 em todo o mundo, e de 1 para 3 nos países

desenvolvidos.

No Brasil, após a divulgação pelo IBGE da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílio (PNAD), edição de 2007, as projeções foram se confirmando com a

continuidade da baixa taxa de fecundidade e mortalidade3, quando comparadas ao

Censo 2010. Segundo as projeções vislumbradas pelo Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (IPEA, 2009), após a divulgação da pesquisa, esse fenômeno

está ocorrendo de forma acelerada, acarretando rápidas mudanças no ritmo de

crescimento da população e a mais importante é o crescimento populacional

brasileiro. No Brasil, a expectativa do IBGE é de que a população com mais de 60

anos de idade seja aproximadamente de 11% da população geral até o ano de 2020.

Dados do IBGE (2010) confirmaram as previsões do instituto divulgadas em

2002. O índice de envelhecimento aponta para mudanças na estrutura etária da

população brasileira. Em 2008, para cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos

existiam 24,7 idosos de 65 anos ou mais. Em 2050, o quadro mudará, e para cada

100 crianças de 0 a 14 anos existirão 172,7 idosos. Um exame das estruturas etárias

projetadas mostra, também, a transformação nas relações entre pessoas que

ingressam (e permanecem) nas idades ativas e aquelas que atingem as chamadas

idades potencialmente inativas.

Segundo o IBGE (2000), tínhamos a seguinte realidade: para 1 pessoa com 65

anos ou mais de idade, aproximadamente, 12 estavam na faixa etária chamada de

potencialmente ativa (15 a 64 anos). Já em 2050, para cada pessoa com 65 anos ou

mais de idade, pouco menos de 3 estarão na faixa etária potencialmente ativa. No

tocante às crianças e jovens, existirão cada vez mais pessoas em idade

potencialmente ativa “destinadas” a suprir suas necessidades.

Dados do último Censo descrito pelo IBGE (2010) nos revelaram que

[...] o aumento da esperança de vida ao nascer em combinação com a queda

do nível geral da fecundidade resulta nos aumentos absoluto e relativo da

população idosa. A esperança média de vida no Brasil era, em 2009, de 73,1

3 As taxas de fecundidade e mortalidade, aliado aos movimentos migratórios, fazem parte da dinâmica

demográfica de uma região ou país.

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anos de idade. A vida média ao nascer, de 1999 para 2009, obteve um

incremento de 3,1 anos, com as mulheres em situação bem mais favorável

que a dos homens (73,9 para 77,0 anos, no caso das mulheres, e 66,3 para

69,4 anos para os homens). Em 2009, a diferença entre a maior esperança de

vida do sexo feminino, 79,6 anos, no Distrito Federal, e a menor do sexo

masculino, 63,7 anos, no Estado de Alagoas, corresponde a uma diferença de

quase 16 anos a favor dessas mulheres. (p. 31).

Para o IBGE (2010), em consonância com a PNAD (2009), a diminuição das

taxas de fecundidade e de natalidade pode ser observada a partir da análise da

composição etária da população brasileira. A redução da população infantil e jovem e

o consequente aumento da população adulta e idosa estão associados à queda

continuada dos níveis de fecundidade e ao aumento da esperança de vida. O que nos

mostra um ritmo de crescimento sistemático e consistente. No período de 1999 a

2009, o peso relativo dos idosos (60 anos ou mais de idade) no conjunto da população

passou de 9,1 para 11,3%, faixa etária considerada para fins de estudos demográficos

e, também, como limite da condição de velhice nos países mais desenvolvidos.

Gráfico 1 – Esperança de vida ao nascer, segundo as grandes regiões brasileiras – 2009.

Fonte: IBGE (2010).

Os avanços da medicina e as melhorias nas condições gerais de vida da

população repercutem no sentido de elevar a média de vida do brasileiro (expectativa

de vida ao nascer) de 45,5 anos de idade, em 1940, para 72,7 anos, em 2008, ou

seja, mais 27,2 anos de vida. Segundo a projeção do IBGE (2010), o país continuará

galgando anos na vida média de sua população, alcançando em 2050 o patamar de

72,2%

70,4%74,6%

75,2%74,3%

NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE

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81,29 anos, basicamente o mesmo nível atual da Islândia (81,80), Hong Kong, China

(82,20) e Japão (82,60).

Com os dados da PNAD (2009), as mulheres são a maioria (55,8%), assim

como os brancos (55,4%), e 64,1% dos idosos ocupavam a posição de referência no

domicílio. A escolaridade dos idosos brasileiros ainda é baixa: 30,7% tinham menos

de um ano de instrução. Pouco menos de 12,0% viviam com renda domiciliar per

capta de até ½ salário-mínimo e cerca de 66% já se encontravam aposentados.

O IBGE vem alertando por meio de indicadores sociais e demográficos,

divulgados no Brasil, que a estrutura etária está mudando e que o grupo de

idosos é, hoje, um contingente populacional expressivo em termos absolutos

e de crescente importância relativa no conjunto da sociedade brasileira, daí

recorrendo de uma série de novas exigências e demandas em termos de

políticas públicas de saúde e inserção ativa dos idosos na vida social. (IBGE,

2010, p. 196).

Chaimowicz (1998) mencionou que o Brasil era considerado um país jovem. A

partir de 1980, iniciou a observação do aumento de sua população com mais de 60

anos. A fase de aumento rápido da proporção de idosos, que já se iniciou, deverá se

intensificar dentro de 10 ou 15 anos. No ano de 2020 o país terá a sexta população de

idosos no mundo (33 milhões), correspondendo a quase 14% da população total: um

processo que a sociedade terá que se adaptar.

Para a OMS (2007), o número de quedas aumenta em magnitude, à medida

que o número de adultos mais velhos aumenta em muitas nações do mundo. As

quedas aumentaram exponencialmente com as mudanças biológicas associadas à

idade; portanto, um significativo número de pessoas com mais de 80 anos deverá

desencadear um aumento substancial de quedas e dos ferimentos a elas

relacionados, em níveis alarmantes.

Freitas et al. (2006) demonstraram preocupação com o aumento do número de

idosos no Brasil, pois impacta diretamente a família que nem sempre tem condições

de proporcionar-lhe a ajuda de que necessita, situação que é agravada pela pobreza e

pela escassez de serviços públicos e privados de atendimento médico e social ao

idoso, principalmente quando se encontra fragilizado.

Segundo o estudo do IBGE (2010), a população residente total de pessoas de

60 anos ou mais de idade no Brasil é de 191.796, a distribuição percentual segundo

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os grupos de idade correspondem a 60 a 64 anos (3,5%), 65 a 69 anos (2,8%), 70 a

74 anos (2,1%), 75 a 79 anos (1,4%) e 80 anos ou mais (1,5%).

De acordo com o Suplemento de Saúde da PNAD (2008), apenas 22,6% dos

idosos declararam não ter doenças crônicas. Entre aqueles com 75 anos ou mais,

este percentual caiu para 19,7%. Quase metade (48,9%) dos idosos sofria de mais de

uma doença crônica, e, no subgrupo a partir de 75 anos, o percentual atingia 54%. A

hipertensão foi a enfermidade que mais se destacou, com proporções em torno de

50%. Dores na coluna e artrite ou reumatismo atingiram, respectivamente, 35,1% e

24,2% das pessoas de 60 anos ou mais. Enquanto 77,4% dos idosos declararam

sofrer de doenças crônicas, 45,5% afirmaram que seu estado de saúde era “muito

bom” ou “bom”. Apenas 12,6% disseram ter a saúde “ruim” ou “muito ruim”, e, entre

estes últimos, destacaram-se aqueles com 75 anos ou mais, os pretos ou pardos e os

que viviam com renda familiar de até ½ salário mínimo per capita.

Para o IBGE (2010), o percentual de idosos que não conseguiam ou tinham

grande dificuldade em caminhar 100 metros passou de 12,2% no ano de 2003 para

13,6% em 2008. Esse aumento pode ser explicado pela elevação da esperança de

vida. Entre aqueles com 75 anos ou mais, o percentual dos que declararam

dificuldade ou incapacidade era de 27,2%. Como as mulheres são maioria nesse

grupo, 15,9% das mulheres declararam ter dificuldade de caminhar 100 metros, contra

10,9% dos homens.

Kalache et al. (2000 apud OMS, 2007) afirmaram que a ausência de medidas

realmente efetivas sobre o aumento da expectativa de vida e do aumento

consequente de quedas

é um reflexo da saúde, na velhice, „ser negligenciada em países em

desenvolvimento‟. A prevenção de quedas é uma das questões que não tem

recebido atenção suficiente. Ao contrário do mundo desenvolvido, que ficou

rico antes de envelhecer, os países em desenvolvimento estão envelhecendo

antes de ficar ricos. (p. 13).

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Gráfico 2 – Distribuição percentual das pessoas idosas por capacidade de andar 100 metros,

segundo características etárias e sexo.

Fonte: IBGE (2010).

Debert (1999) entendeu o envelhecimento como um processo inevitável,

dinâmico e progressivo, de modificações ao longo do tempo em nível social. Em cada

um de nós esse processo revela-se profundamente interpelante e desafiante: novos

comportamentos, expectativas e valores participam nos anos de vida e produzem

novas formas de sociabilidade e convivência.

a velhice é o que acontece às pessoas que ficam velhas; impossível encerrar

essa pluralidade de experiências num conceito, ou mesmo numa noção. Pelo

menos, podemos confrontá-las umas com as outras, tentar destacar delas as

constantes e dar as razões de suas diferenças. (BEAUVOIR, 1990, p. 345).

2.3 Geriatria e Gerontologia

Para Maddox et al. (2001), geriatria é o estudo dos aspectos médicos de

pessoas mais velhas que o jovem adulto e a aplicação dos conhecimentos

relacionados com os aspectos biológicos, biomédicos, comportamentais e sociais do

envelhecimento para prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados dessas pessoas.

O termo „geriatria‟ foi utilizado pelo médico americano Ignatz Nascher (1863-

1944 apud MADDOX, 2001) em reconhecimento da similaridade com o domínio da

pediatria. Os aspectos médicos do envelhecimento foram estudados desde o início da

civilização e receberam vários nomes, até chegar em Geriatria. O idoso deve ser

integrado dentro de cuidados de saúde primários e ramos da especialidade da

medicina, por exemplo, medicina Geriátrica, Psiquiátrica Geriátrica e Neurológica

13,6%

27,3%

10,9%15,7%

60 anos ou mais 75 anos ou mais homem mulher

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Geriátrica. Embora 65 anos de idade seja frequentemente usado em países

desenvolvidos para indicar o início da idade avançada, essa idade é claramente

arbitrária por parte das decisões de política social.

Susman (apud MADDOX, 2001) descreveu a Geriatria como uma disciplina

médica em coordenação com os aspectos clínicos, preventivos, corretivos e sociais da

doença no adulto idoso. Geriatria não é uma disciplina separada da prática diária da

maioria dos clínicos, mas uma disciplina que exige que os profissionais de saúde

mantenham bons princípios básicos mentais e de cuidados.

O termo „gerontologia‟ foi usado pela primeira vez por Elie Metchnikoff (1908

apud NERI, 2006), que o compôs a partir da língua grega, na qual geron significa

homem velho e logia estudo.

Metchnikoff, cientista Russo e que trabalhava no Instituto Pasteur em Paris,

afirmava que

[...] a velhice é uma doença infecciosa crônica, caracterizada por

degeneração ou por enfraquecimento de elementos nobres e pela atividade

excessiva dos macrófagos. Tais processos causariam um distúrbio no

equilíbrio das células que compõem o organismo e dariam origem a uma luta

interna que conduziria ao envelhecimento [...]. (NETTO, 2007, p. 38).

Metchnikoff (apud NETTO, 2007) acreditava enganosamente que uma vida

longeva e uma velhice saudável dependeriam de evitar e/ou retardar esse processo.

O mesmo autor profetizou que a Gerontologia teria crescente importância no decorrer

do século XX, em virtude dos ganhos em longevidade para os indivíduos e para as

populações, ganhos esses provocados pelos avanços das ciências naturais e da

medicina.

De acordo com Green (1993) a Gerontologia pertenceu na primeira fase de sua

curta história ao domínio dos médicos e biólogos. Na segunda fase foi criado um

espaço para os psicólogos e sociólogos, ao lado de economistas e demógrafos. Agora

a Gerontologia está no início de seu terceiro estágio, e passa por um período de

renovação, baseado na cooperação de geógrafos, linguistas, hermeneutas e

semiólogos em torno dos problemas do envelhecimento.

Para Neri (2006) a área de maior concentração de grupos na Gerontologia é a

da saúde, compreende: medicina, fisioterapia, terapia ocupacional, enfermagem,

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fonoaudiologia; das ciências humanas: educação, psicologia e linguística; e das

ciências sociais: antropologia, sociologia e serviço social.

De acordo com Green (1993) é uma ciência “muito jovem”. O autor localiza seu

nascimento no fim da década de 1940, mas observa um atraso no seu

reconhecimento acadêmico até 1970.

Harris (1998) definiu a Gerontologia como um estudo científico dos aspectos

biológicos, psicológicos e sociais do envelhecimento. Para Freitas et al. (2006) a

Gerontologia é um amplo campo disciplinar e profissional, que abriga numerosos

temas, interesses e questões relacionados ao idoso, à velhice e ao envelhecimento.

Não é campo unificado em termos de linguagem, teorias e metodologias, fato que

responde pela pulverização de dados e prática que a caracteriza.

Green (1993) afirmou que a Gerontologia é a disciplina que estuda

sistematicamente o envelhecimento. A partir de dois pontos de vista: como o

envelhecimento afeta o indivíduo e como uma população que envelhece vai mudar a

sociedade.

Os estudos na área da Gerontologia são ricos e se fazem necessários, porém

estão num processo de lenta e gradual construção. Pereira et al. (2002) mencionaram

que os gerontólogos e os geriatras colocam a velhice como uma questão importante a

ser debatida.

Neri (2000) e Pereira et al. (2002) concordaram em definir a Gerontologia como

disciplina multidisciplinar e interdisciplinar, voltada para a descrição e a explicação das

mudanças típicas do envelhecimento e de seus determinantes genético-biológicos,

psicológicos e socioculturais. Também está voltada para o estudo das características

das pessoas maduras e idosas, das várias experiências de velhice e envelhecimento,

ocorrendo em diferentes contextos socioculturais e históricos. Abrange aspectos do

envelhecimento normal e patológico. Compreende a consideração dos níveis atuais

de desenvolvimento e do potencial para o desenvolvimento.

Freitas et al. (2006) alertaram para a Gerontologia, como ciência do

envelhecimento com a responsabilidade de ser o centro do qual emanam suas

ramificações: gerontologia social, gerontologia biomédica e geriatria, que, em

conjunto, atuam sobre os múltiplos aspectos do fenômeno do envelhecimento e suas

consequências.

Consoante Mckee (1982), Borgatta e Mc Cluskey (1980) (apud GREEN, 1993),

não há uma só disciplina que responda ao nome “Gerontologia”. A velhice é estudada

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a partir de perspectivas de muitas disciplinas independentes, que juntas constroem o

campo da Gerontologia quando aplicadas num mesmo objeto

Cumpre também inquirir, segundo Neri (2006), os campos profissionais

específicos procurando discriminar o que eles têm para oferecer aos idosos. O que

pode render programas educacionais, orientados à realidade e, nesse sentido,

contribuir genuinamente para a geração de novos espaços profissionais.

Nos escritos de Freitas et al. (2006), a Gerontologia é um amplo campo

disciplinar e profissional que abriga numerosos temas, interesses e questões

relacionadas ao idoso, à velhice e ao envelhecimento.

Para Neri (2000), a Gerontologia hoje considera o velho como uma pessoa em

desenvolvimento, dentro de um novo paradigma, que é chamado de life-span, ou

curso de vida, que focaliza o desenvolvimento do ponto de vista das inter-relações do

desenvolvimento individual, familiar e societário ao longo do tempo. A essência do

modelo reside na análise da sincronia ou assincronia entre o tempo individual, o

tempo familiar e o tempo histórico.

Para Freitas et al. (2006) o Brasil, além de enfrentar os desafios decorrentes de

numerosas condições financeiras, intelectuais e políticas, os estudiosos e os

profissionais que atendem às necessidades dos mais velhos têm que se haver com

práticas preconceituosas e discriminativas em relação aos idosos.

2.4 Quedas

Quantos sonhos em sonhos acordo aterrado. A terrores

noturnos minha alma se leva, é um insight soturno, é o

futuro passando, na velocidade terrível da queda. Lobão

É expressamente relevante adotarmos uma definição para a queda. Dessa

forma, evitaremos que seja interpretada pelos pacientes e/ou profissionais de saúde

como perda de equilíbrio. Adotaremos neste estudo a definição baseada na OMS em

encontro global realizado em 2007 no Canadá. Antes dela, não existia uma definição

conscienciosa sobre o fenômeno operacional da queda na velhice. Para a OMS

(2007) as quedas na velhice originaram um relatório, pertinente à população mundial.

Sobre as quedas, relataram:

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As quedas têm expressiva predominância entre os fatores externos de

ferimentos não intencionais. São codificadas como E880 -E880, na

Classificação Internacional das doenças (CID-9), e como W00-W19, na CID-

10, que incluiu um amplo leque de quedas, abrangendo inclusive as que

ocorrem no mesmo nível, de nível mais alto e outras quedas não

especificadas. As quedas são definidas, comumente como “vir a

inadvertidamente ficar no solo ou em outro nível inferior, excluindo mudanças

de posição intencionais para se apoiar em móveis, paredes ou outros

objetos”. Relatório global da OMS4 (2007, p.9).

Para Studensk e Wolter (2002), queda era definida como um deslocamento não

intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de

correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais que

comprometem a estabilidade.

A queda teve definições semelhantes para diferentes autores, Moura et al.

(1999, p. 15) a definiram como: “Um evento não intencional que tem como resultado a

mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo, em relação à sua posição

inicial.”

Guimarães e Cunha (2004) articularam que cair nos dois extremos da vida nos

remete a distintos significados. Enquanto na infância marca a aquisição de

mecanismos que vão garantir a postura e a locomoção, na velhice indica a

deterioração desses sistemas. Cair constitui a manifestação não específica de

etiologia multifatorial, que resulta da interação de fatores intrínsecos, situacionais e

ambientais.

A OMS (2007) incluiu nos riscos de queda, além dos fatores socioambientais,

biológicos, os riscos comportamentais, que estão relacionados às ações humanas,

emoções ou escolhas diárias. Comportamento de risco: compreende excesso de

medicamentos, uso excessivo de álcool e sedentarismo.

Freitas et al. (2006) aludiram que a habilidade de evitar quedas, em qualquer

situação, depende inteiramente da extensão na qual a perturbação do equilíbrio e a

falência do sistema de controle postural em compensar essa perturbação em

situações desestabilizantes mínimas podem ser facilmente compensadas por adultos

mais jovens.

4 O Relatório do encontro técnico sobre prevenção de quedas na velhice da OMS foi realizado em

Victória, Canadá, em fevereiro de 2007. Nesse encontro profissionais da saúde, representando governos, instituições acadêmicas e sociedade civil de todos os continentes apresentaram e discutiram

ampla e profundamente as questões relacionadas aos temas contidos neste relatório.

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Hargreaves (2006) demonstrou, em seus estudos, a comparação entre idosos

e crianças, as quais também possuem elevada taxa de queda. Os idosos apresentam

dez vezes mais hospitalizações e oito vezes mais mortes consequentes a essas

quedas, taxa que aumenta em proporção direta com os anos de sobrevida.

Netto (2007) contextualizou que a frequência de quedas em pessoas idosas é

muito mais alta do que se imagina, documenta ou se notifica; uma vez que os idosos

as aceitam como um acontecimento inevitável do envelhecer e normalmente não as

relatam, a menos que interrogados.

De acordo com Netto (2007), as quedas nos idosos constituem uma importante

causa de morbidade e mortalidade, pois com frequência, após uma queda, o idoso

pode sofrer desde uma pequena lesão até a perda significativa da independência

funcional e mesmo a morte.

Os pesquisadores Kane et al. (2004, p.201) afirmaram que os acidentes são a

quinta causa principal de morte entre as pessoas de mais de 65 anos5 e as quedas

são responsáveis por 66% dessas mortes acidentais. De todas as quedas registradas

nos EUA, mais de 70% ocorrem entre os 11% da população que tem mais de 65 anos

de idade. O medo de cair pode afetar negativamente o estado funcional dos indivíduos

idosos.

Uma das grandes escritoras sobre o assunto: queda em idosos, Perracini

(2000), descreveu a queda como um evento comum para a maioria dos idosos e que

pode ter consequências desastrosas. A participação das quedas na mortalidade

proporcional por causas externas no Brasil, entre os anos de 1984 a 1994, cresceu de

3 para 4,5%. Para Bodachine (1994), a frequência de quedas tem aumentado em

função do aumento da população idosa.

Para a OMS (2007) as principais causas subjacentes de todas as admissões ao

hospital relacionadas à queda são: fratura de quadril, lesões traumáticas no cérebro e

ferimentos dos membros superiores. Com o aumento do envelhecimento mundial e da

fragilidade, os idosos têm probabilidade de ficar hospitalizados, após uma lesão

causada por uma queda, pelo resto de sua vida. Após as quedas, 20% morrem em

um período de um ano depois da fratura do fêmur e quadril. Adicionalmente, as

quedas podem resultar em síndromes pós-queda que incluem dependência, perda da

5 Dado comparativo com idade do idoso em país desenvolvido de acordo com a OMS (2007).

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autonomia, confusão, imobilização e depressão, que levarão a restrições ainda

maiores nas atividades de vida diária. Para Kane et al. (2004, p. 202),

[...] os indivíduos que apresentam mais quedas tem níveis altos de utilização

subseqüente dos serviços de saúde e de estado funcional mais precário. A

incapacidade de levantar-se após uma queda pode ser indício de prognóstico

desfavorável. O fato é que a maioria dos indivíduos que cai não procura

atendimento médico. Cerca de metade de todas as quedas podem ser

classificadas como acidental. Tropeço ou escorregão acidental pode ser

provocado por um risco ambiental somado a outros fatores. Alguns idosos

desenvolvem forte apego a objetos desarrumados e podem necessitar de

estímulos ativos para fazer alterações necessárias, mas muitos podem não

perceber os riscos, até que sejam especificamente assinalados.

Para Guimarães e Cunha (2004), a ocorrência de quedas aumenta o risco de

hospitalização e, nos idosos mais frágeis, o risco de morte. Por vezes no caso de

hematoma subdural crônico, a consequência pode demorar meses para se

manifestar, e cerca de ¼ dos idosos com quedas recorrentes diminui a atividade e o

relacionamento social. Segundo Kane et al. (2004, p. 201),

[...] as quedas e suas complicações associáveis deveriam ser evitáveis, é

mais fácil identificar os fatores de risco para quedas do que evitar a

ocorrência de quedas. Estudos cada vez mais numerosos sugerem que pelo

menos alguns tipos de quedas podem ser evitados. Os autores acham

possível evitar as consequências das quedas, ou seja, fraturas.

Embora seja evidente o aumento do evento queda entre a população idosa, a

literatura gerontológica e geriátrica brasileira têm efetuado poucos estudos

epidemiológicos sobre esse assunto. Como mostrado por Becker et al. (1999), a

mesma problemática é encontrada na Alemanha.

Freitas et al. (2006) defenderam que as quedas são hoje consideradas como

um dos “gigantes da Geriatria”, ou seja, uma das formas comuns pelas quais doenças

agudas se manifestam de maneira não específica entre a população mais velha.

Rubenstein (2006) denunciou em seus escritos que a queda responde a 40%

de todas as mortes relacionadas por ferimentos.

É consciencioso a todos que a queda é comum a qualquer fase da vida. E os

relatos de quedas ganham destaque midiático quando penalizam personalidades

idosas de destaque social, visto que o envelhecimento alcançou proporções mundiais,

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demonstrando a democratização do evento “queda” que pode ocorrer em diferentes

épocas, pessoas, classes sociais e faixas etárias.

Na obra da filósofa Simone de Beauvoir, intitulada Uma morte muito suave,

traduzida para o português no ano de 1984, Beauvoir relatou o sofrimento de sua

mãe, ao sofrer uma queda no banheiro e fraturar o fêmur. Posteriormente, narrou o

choque e a angústia ao descobrir que a mãe padecia de câncer. É uma leitura

emocionante sobre o desenvolvimento da fratura femoral e posteriormente a morte de

sua mãe com câncer, como podemos observar:

[...] A fratura do colo do fêmur em si mesma, não é coisa de muita gravidade;

mas uma imobilidade prolongada provoca escaras que, nas pessoas idosas

são difíceis de cicatrizar. A posição deitada fatiga os pulmões: o paciente

contrai uma pneumonia que o leva [...]. [A mãe de Beauvoir sofreu uma queda

no banheiro de casa, depois de trinta dias, morre, provavelmente de uma

fratura patológica por câncer metastático de origem primária em intestino, o

que provocou a síncope e a queda] [...] [Beauvoir relatou que sua mãe teve

uma morte muito suave, uma morte privilegiada] [...] um câncer, uma embolia,

uma congestão pulmonar, uma queda é tão brutal e imprevista como a

paralisação de um motor em pleno céu. [...] Todos os homens são mortais:

mas para cada homem sua morte é um acidente e, mesmo que ele a conheça

e a consinta, Uma violência indevida. (BEAUVOIR, 1994, p. 98).

A falecida Rainha Mãe da Inglaterra também sofreu quedas, algumas em

público; porém a mais preocupante, segundo BBC Brasil (2000), foi ocorrida em casa

no dia 4 de agosto de 2000 quando estava sozinha, o que resultou em fratura da

clavícula esquerda.

Em matéria do Jornal on-line Estadão (2006) há um relato sobre a queda do

Papa João Paulo II, no banheiro de sua residência, no ano de 1994. Consequente ao

ocorrido fraturou o fêmur com necessidade de cirurgia de protetização. Após a fratura

femoral, o Papa foi impedido de beijar o solo das cidades por onde visitava.

O ex-presidente da República Federativa do Brasil Fernando Henrique

Cardoso, aos 73 anos de idade, sofreu uma queda em seu sítio, no interior de São

Paulo, na cidade de Ibiúna no dia 25 de agosto de 2003, em decorrência da queda

fraturou 3 costelas, necessitando de hospitalização, segundo o Terra (2003).

Outro exemplo de queda que ficou na história política mundial, muito

comentado e destacado em telejornais mundiais e demais recursos informativos, foi a

queda não acidental do líder cubano Fidel Castro, ocorrida em uma cerimônia de

formatura no ano de 2004, na qual o cubano caiu e fraturou o joelho esquerdo e o

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braço direito (LEPIANI, 2004). Essa queda levantou rumores políticos diversos sobre a

saúde precária de Fidel Castro. Ao tropeçar em público e cair no chão, Fidel Castro

pôs fogo nas especulações sobre sua capacidade de continuar a governar. De acordo

com a Revista Veja (LEPIANI, 2004), Fidel castro falou sobre si mesmo: “[...] A idade é

um inimigo que el comandante en jefe não pode prender, torturar nem fuzilar no

paredón [...]”.

A Veja (LEPIANI, 2004) expôs a fragilidade de Fidel Castro, aos 78 anos de

idade, o qual quis convencer os cubanos de que “eram” falsos os rumores sobre seus

problemas de saúde. A queda ocorreu após um discurso de formatura em Santa

Clara, no interior da ilha. Muitos dos espectadores das primeiras filas no auditório

simplesmente saíram correndo, querendo distância do que estava ocorrendo, seja lá o

que fosse. Socorrido pelos guarda-costas, Fidel pegou o microfone e tentou

tranquilizar o público presente à cerimônia. Com expressão de dor, explicou que havia

caído, machucado o braço e o joelho, e avisou: "Estou inteiro". Apesar da queda ter

sido registrada pelas câmeras de televisão e pelos fotógrafos, a televisão cubana não

exibiu a cena do acidente. Só os cubanos com acesso às transmissões internacionais

souberam o que tinha acontecido.

O Correio Braziliense (AGÊNCIA BRASIL, 2009) informou que Oscar Niemeyer

sofreu uma queda aos 98 anos de idade com fratura em colo femoral e precisou

passar por tratamento cirúrgico. Oscar foi entrevistado pelo Jornal Correio Braziliense,

que relatou sobre sua aparente fragilidade após a cirurgia. O Correio Braziliense

(AGÊNCIA BRASIL, 2009):

[...] No apartamento de paredes brancas, algumas marcadas pelo traço

mágico do arquiteto, ele comparecia diariamente, de domingo a domingo, das

9h às 20h, até o dia do acidente sofrido em casa, em 8 de outubro, quando

tropeçou no tapete da sala, caiu e fraturou o fêmur. Mesmo cedendo à

humanidade de seu corpo, o mítico criador demonstrou mais uma vez sua

incrível resistência e capacidade de superação. Eu sou um sujeito realista,

não penso que tudo é fácil, que tudo está bom, que a vida é boa. É preciso

pesar as palavras para não passar a idéia errada para as pessoas, avisou

Niemeyer logo de saída, recolhido em uma cadeira onde seu corpo parecia

afundar. A fragilidade, porém, era só aparente. Primeiro com o olhar e depois

com as palavras, Niemeyer domina rapidamente o ambiente. E a força que a

partir de então o envolve nos faz acreditar que nada neste mundo é capaz de

lhe dobrar a lucidez, a coerência e a vitalidade. No escritório na Avenida

Atlântica, que das janelas parece um portal na entrada do mar de

Copacabana, Niemeyer recebeu o Correio um dia antes de completar 99

anos. Ele tinha acabado de sair de uma hora da cansativa fisioterapia diária

que enfrenta desde a cirurgia no fêmur. „Você não fica chateado comigo se eu

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não responder algumas perguntas?‟, perguntou, com uma simplicidade

desconcertante. Parte da conversa foi assim, parte terminou por escrito, como

ele, muito cansado, preferiu [...].

Para o Jornal eletrônico O Globo (2011), a secretária de Estado americana

Hillary Clinton sofreu uma queda ao embarcar no avião que a levou de volta a Omã

após uma visita ao Iêmen, não teve consequências significativas. Porém, Hillary

sofreu outras quedas públicas com gravidade: após cair em Washington sofreu uma

fratura em seu cotovelo direito, necessitando de cuidados médicos.

Conforme o portal G1 (2010), a atriz Cleyde Yáconis aos 86 anos de idade

sofreu uma queda e fraturou o fêmur. A queda foi abordada nacionalmente na mídia

brasileira, explicitada e comentada abundantemente em novela Passione exibida pela

Rede Globo de televisão brasileira.

Rosa e Rosa (2011) mencionaram as quedas de Jean Paul Sartre em artigo

sobre a finitude do filósofo, que sofreu no decorrer de sua vida três ataques

isquêmicos cerebrais (prováveis Acidentes Vasculares Encefálicos – AVEs), dentre as

descrições pertinentes à finitude, o escritor sofreu diversas quedas sóbrio e após

embriaguês. Sartre sofreu diversas lesões pós-quedas.

Para Fontes, Fukukima e Cardeal (2010), o portador de Acidente Vascular

Cerebral (AVC) e da Doença de Parkinson é predisposto por diversos fatores a sofrer

maior risco de quedas.

Rosa e Rosa (2011), sobre a finitude de Sartre, fizeram alusões sobre Simone

de Beauvoir, que, embora fosse a cuidadora principal de Sartre, também sofreu

queda, destacada em um dos passeios vespertinos com Sartre. Simone foi assaltada

e empurrada, não conseguiu se equilibrar, e ao cair luxou o ombro esquerdo. Após o

ocorrido decidiu não sair mais à noite.

Conforme descreveu o jornal O Fluminense (2011), o ator Lima Duarte, com 81

anos de idade, sofreu uma fratura no joelho no início das gravações de Araguaia,

novela brasileira transmitida pela Rede Globo de televisão. Essa fratura o fez realizar

menos cenas em que montava em cavalos. Sem praticar exercícios, o ator demorou

para se recuperar totalmente do incidente. Lima Duarte sofreu anos antes um AVE, o

que pode ter contribuído para instabilidade. “Se me colocarem no cavalo, eu fico, eu

aguento. Não dá para ficar subindo e descendo”, explicou.

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43

2.4.1 Etiologia e magnitude da queda

Consideramos uma elucidação pertinente, de Freitas et al. (2006), a

comparação de que o corpo humano ereto é um pêndulo invertido com elos múltiplos.

Essa imagem constitui um modelo biomecânico do corpo, em que a massa do mesmo

se coloca situada no limite superior de uma barra rígida que se equilibra sobre uma

articulação na base (o tornozelo). Em um pêndulo invertido com elos múltiplos, os

segmentos do corpo (pés, coxas, tronco etc.) são representados por elos separados

que são interconectados nas articulações (joelhos, tornozelos). Para se obter o

equilíbrio postural, é necessário que o centro de massa desses elos esteja

posicionado na base de suporte; no entanto, os elos são inerentemente instáveis,

devido à força da gravidade. Outras forças desestabilizadoras se fazem presentes

devido ao movimento do corpo e sua interação com o ambiente. Para Netto (2007, p.

562), “o motivo pelo qual a queda se transforma em um importante risco para a saúde

nos indivíduos idosos é conseqüência da interação complexa e pouco compreendida

de fatores biomédicos, fisiológicos, psicossociais e ambientais.”

Downton (1998) apontou estudos de base populacional bem desenhado e com

grande número de sujeitos indicando uma estimativa de incidência de 28 a 35% de

quedas em idosos com mais de 65 anos de idade, 35% naqueles com mais de 70

anos e 32 a 42% nos indivíduos com mais de 75 anos de vida. Gabell, Simons e

Nayak (1985) mencionaram que os idosos mais saudáveis caem com menos

frequência, cerca de 15% dos idosos saudáveis caem em um ano. Em um estudo

prospectivo Finlandês da população geral, Freitas et al. (2006) descreveram em seus

escritos que a incidência de quedas com lesões levando a hospitalizações ou morte

era maior entre os grupos mais velhos. A incidência por 1.000 pessoas/ano era de 3,7

para a faixa de 60 – 69 anos, 7,0 para 70, 79 anos e 27,0 para os indivíduos com mais

de 80 anos.

Para Netto (2007), a morbidade mais expressiva causada por quedas inclui o

período de imobilização ou hospitalização de tecidos moles. Independentemente da

gravidade da lesão, as sequelas provenientes das quedas podem ser devastadoras.

Freitas et al. (2006) discorreram sobre um grupo estudado de 149.504

pacientes com mais de 65 anos de idade que receberam alta de hospitais no estado

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de Washington em 1989 (EUA), e identificaram que 7.873, 5,3%, foram hospitalizados

por lesões em decorrência de quedas. De acordo com os autores,

a maior parte dos constituídos eram mulheres, e esses pacientes tendiam a

ser mais velhos que os pacientes admitidos por outras razões. Aqueles que

caíram também tendiam mais a serem encaminhados a casas de repouso. É

mais difícil derivar estimativas de pacientes institucionalizados, mas pelo

menos (50%) das pessoas idosas em instituições correm risco de quedas [...].

(FREITAS et al., 2006, p. 629).

Para a OMS (2007), a incidência de algumas lesões relacionadas às quedas,

tais como fraturas e lesões à medula, aumentaram marcantemente até a ordem de

131% nas últimas três décadas. Caso não sejam tomadas medidas preventivas no

futuro imediato, o problema será muito maior. O número projetado por lesões pós-

quedas é estimado para 100% a mais para o ano de 2030.

2.4.2 Mecânica da fratura

Calkins et al. (1997) descreveram os estudos de Cummings, o qual formulou a

hipótese de que uma pessoa com o andar ou marcha lenta apresenta pouco

momentum para frente e apresenta uma maior probabilidade de cair de lado caso

perca o equilíbrio. Uma pessoa com uma velocidade de marcha ou andar normal

provavelmente cairá para frente e sofrerá uma fratura de pulso. É provável que uma

combinação da mecânica de queda e a densidade óssea regional específica da face

medial do fêmur determine o tipo específico e o grau da fratura.

2.4.3 Fatores de risco para quedas

Para Calkins et al. (1997) cerca de 80% das fraturas de quadril e colo de fêmur

ocorrem em pessoas idosas capazes de andar sozinhas, vivendo independentemente

na comunidade. Alguns estudos associam que a lentidão no andar ou na marcha e a

densidade mineral óssea reduzida estão associadas ao risco aumentado de fratura.

Freitas et al. (2006) elucidaram sobre o uso de medicamentos, má nutrição,

dieta pobre em cálcio, vitamina D e pouca exposição à luz solar. Perturbações muito

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intensas resultam em quedas, mesmo em indivíduos adultos jovens. A habilidade de

se evitar quedas, em qualquer situação, depende inteiramente da extensão na qual a

perturbação desafia a capacidade de estabilização do sistema de controle postural.

Existem evidencias crescentes de que um risco aumentado de quedas pode resultar

de uma habilidade reduzida no sistema de controle postural em se recuperar de

perturbações, possivelmente mesmo em situações de desestabilização mínima que

seriam facilmente compensadas por adultos jovens saudáveis.

Fontes, Fukujima e Cardeal (2010) mostraram que pessoas idosas com AVC

têm maior risco de sofrer quedas do que os idosos da população geral:

[...] Aproximadamente 75% dos indivíduos com AVC têm queda durante os 6

meses após a alta hospitalar. Um estudo de Langhorne et al apud Fontes et

al. (2007) ,mostraram uma freqüência de queda no período de hospitalização

de 25%. Esta intercorrência durante ou após o período de internação pode,

em muitos casos, causar fraturas e, consequentemente, piorar o quadro

clínico, e deve-se considerar também os aspectos emocionais (medo ou

insegurança na locomoção. [...] Pacientes com doença de Parkinson têm um

risco de queda muito alto, podendo levar a fraturas graves e aumentando

consequentemente o risco de sua morbidade. (p.131).

A Figura 1, a seguir, é baseada no estudo da OMS (2007), que abrange os

fatores de risco e a interação deles sobre as quedas e as lesões relacionadas. À

medida que aumenta a exposição aos fatores de risco, maior é o risco de cair e se

ferir.

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Figura 1 – Os fatores de risco para quedas e lesões relacionadas a quedas.

Fonte: OMS (2007).

As quedas incorrem em custos indiretos que são críticos para a família, além

da perda de produtividade dos cuidadores desses pacientes.

2.4.4 Causas de quedas

Kane et al. (2004) previram em seus estudos sobre causas de quedas em

idosos resultantes de fraturas uma em cada três mulheres e um em cada seis homens

sofrerão fraturas de quadril, sendo responsáveis por 15% dos óbitos. As fraturas de

quadril e colo de fêmur, quando associadas à osteoporose, estão entre as maiores

causas de imobilização, incapacidade e gastos de saúde com os idosos.

No entanto, Zinni e Pussi (2003) identificaram que a maior parte das quedas

não resulta em morte, a queda ainda está associada com morbidade significativa. De

QUEDAS NA VELHICE

Fatores de risco comportamentais

Múltiplos Medicamentos

Uso Excessivo de Álcool

Comportamento Sedentário

Fatores de Risco Biológicos

Idade

Gênero

Raça

Sarcopenia

Doenças Crônicas

Fatores Sócio Ambientais

Moradia

Acesso Limitado à Educação

Falta de Recurso à Saúde e Financeiro

Fatores de Risco Ambientais

Degraus

Escadas

Calçadas

Falta de Iluminação

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80 a 90% das fraturas de fêmur ocorrem por consequência de quedas. No idoso, a

massa muscular e dos tecidos moles em torno dos quadris costuma estar diminuída,

de modo que o quadril e fêmur são menos capazes de resistir ao impacto da queda.

Quadro 1 – Referente às causas mais comuns de quedas.

Acidentes

Acidentes propriamente ditos (escorregão, tropeço etc.);

Interações entre riscos ambientais e fatores que aumentam a suscetibilidade; Síncope;

Ataques de queda (fraqueza súbita das pernas com perda de consciência); Tontura e/ou vertigem

Doença vestibular;

Doença do sistema nervoso central; Hipotensão ortostática

Hipovolemia ou débito cardíaco reduzido;

Disfunção autônoma;

Redução do retorno venoso;

Repouso prolongado no leito;

Hipotensão induzida por fármacos

Hipotensão pós-prandial;

Causas relacionadas com fármacos e outras substâncias

Diuréticos;

Anti-hipertensivos;

Antidepressivos tricíclicos;

Sedativos;

Antipsicóticos;

Hipoglicemiantes;

Álcool;

Doenças específicas Qualquer tipo de doença aguda (“queda premonitória”) Cardiovasculares

Arritmias;

Cardiopatia valvar (estenose aórtica);

Síncope do seio carotídeo; Causas neurológicas

Ataque Isquêmico Transitório (AIT);

Acidente Vascular Encefálico (agudo);

Distúrbio convulsivo;

Doença de Parkinson;

Espondilose cervical ou lombar (com compressão da medula espinhal ou das raízes nervosas);

Doença cerebelar;

Hidrocefalia com pressão normal (distúrbio da marcha);

Lesões do sistema nervoso central (p. ex.: tumor, hematoma subdural); Idiopática, sem qualquer causa específica detectável.

Fonte: Kane et al. (2004).

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Figura 2 – Mostra a relação plurifatorial e fatores que contribuem como causa para quedas

em indivíduos idosos.

Fonte: O‟Sullivan e Schmitz (2004), Kane et al. (2004).

Para Kane et al. (2004), os lares de indivíduos idosos frequentemente estão

repletos de riscos ambientais: mobiliário instável, escadas sem solidez e com corrimão

inadequado, ressaltos no piso, tapetes desfiados, iluminação precária. O

reconhecimento desses fatores deve ser investigado para evitar morbidade e

mortalidade nesse contexto.

Quadro 2 – Referente aos perigos, considerados como riscos ambientais mais comuns.

Mobiliário antigo, irregular e colocado em posição baixa; Camas a vasos sanitários de altura inadequada; Inexistência de barras de segurança; Degraus irregulares e corrimões inadequados; Ressaltos no piso, tapetes, fios e cordas no caminho; Pisos molhados e banheiras escorregadias; Iluminação inadequada ou ofuscante; Calçadas quebradas e irregulares.

Fonte: Kane et al. (2004).

Vários e diferentes fatores estão relacionados à queda em instituições de longa

permanência para idosos de acordo com Gill et al. (2000). O reconhecimento desses

fatores torna-se fundamental para evitar a morbidade e mortalidade nesse contexto,

que pode estar associado predominantemente aos riscos ambientais, que podem ser

observados na Figura 3.

Distúrbios Clínicos e psiquiátricos

+

Déficits Visuais e Auditivos

+

Alterações da Função

Prescrição Incorreta de

Fármacos e ou Uso Indevido

QUEDA

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Figura 3 – Fatores associados a quedas em idosos residentes de ILPIs.

Fonte: Gill et al. (2000).

2.4.5 Doenças nos pés que podem favorecer quedas

Netto (2006) orientou o profissional de saúde para adotar uma conduta

sistêmica durante as primeiras entrevistas com os pacientes, “é preciso interrogar

sobre as quedas”. Os problemas nos pés que prejudicam o andar do idoso, como

calos, joanetes, doenças nas unhas, deformidades nas articulações, são comuns e

corrigíveis. Os pacientes demenciados podem apresentar uma dificuldade maior em

lidar com essas alterações, desenvolvendo maior tendência para cair.

Figura 4 – Paciente MLS com dedos em garra (pé esquerdo).

Fonte: HSPESP (2010).

INTERNAÇÃO RECENTE EM ILPI

DEMÊNCIA

FRAQUEZA NO QUADRIL

FÁRMACOS CARDIOVASCULARES

O USO DE AGENTES PSICOTRÓPICOS

QUE CAUSAM SEDAÇÃO DURANTE

O DIA

ATIVIDADES ESPECÍFICAS (USAR O BANHEIRO, LEVANTAR-

SE DA CAMA)

USO DE MÚLTIPLOS FÁRMACOS

RELAÇÃO INSUFICIENTE ENTRE

RESIDENTES, CUIDADORES E

EQUIPE DE APOIO

ATIVIDADES SEM SUPERVISÃO

MOBILIÁRIO INSEGURO

PISOS ESCORREGADIOS

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O‟Sullivan e Schmitz (2004) citam a sinovite crônica, que enfraquece o arco

transverso, os metatarsos se separam, podendo ocorrer um alargamento do antepé

(pé espalmado), dependendo de onde a sinovite se localiza, pode ocorrer

metatarsalgia (dor no metatarso). Pode ocorrer hálux valgo e joanete (uma bursite

dolorosa sobre a face medial da primeira articulação metatarsofalangeana. Quando a

subluxação plantar metatarsofalangeana se combina com a flexão das

interfalangeanas proximais e hiperextensão das interfalangeanas distais, faz com que

essa combinação seja conhecida como dedos em martelo. Quando as

metatarsofalangeanas exibem subluxação plantar da cabeça do metatarso com flexão

das articulações interfalangeanasproximais e distais, chamamos de dedos em garra.

Para Thomson, Skinner e Piercy (1994), o hálux valgo é uma condição em que

o hálux consta de uma abdução anormal do 1º metatársico e adução das falanges, em

casos graves o hálux pode ficar sob ou sobre o 2º artelho. Essa condição parece

afetar mais mulheres do que homens, pode aparecer na adolescência ou mais tarde,

dependendo da causa. Que pode ser devida à anomalia do desenvolvimento dos

metatársicos com varismo do 1º metatársico. O hálux, que se desenvolve na idade

adulta e pode prejudicar o idoso, pode ter origem em diversas doenças, como a artrite

reumatoide e gota. O problema pode ser exacerbado pelo uso inadequado de

calçados.

Kaszuba et al. (1998) e Evans (1998) descreveram que a infecção por

dermatófitos afeta aproximadamente 40% da população mundial e representa 30% de

todas as infecções micóticas cutâneas, sendo as mais comuns as que afetam a pele e

as mucosas. Para Gupta et al. (1998), as onicomicoses são as mais frequentes das

doenças das unhas, representando de 18 a 40% de todas as onicopatias. A

onicomicose do hálux frequentemente está associada com tinea interdigitale ou tinea

pedis plantar. Jaffe (1998) pesquisou e observou que em alguns países, como a

Irlanda, 15 a 20% das pessoas, entre 40 e 60 anos de idade, sofrem da doença,

sendo a prevalência maior nos idosos.

A onicomicose pode agravar outras afecções clínicas, especialmente no

indivíduo idoso; tal como as amputações de membros inferiores nos portadores de

diabetes mellitus correlacionadas à onicomicose. Os pacientes diabéticos apresentam

prevalência mais alta de onicomicose do que os não diabéticos. A prevalência de

onicomicose na unha do pé em pessoas diabéticas em Ontário e Massachusetts é

estimada em 32,3 e 34,9%, respectivamente.

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Figura 5 – Paciente MLS com hálux valgo, joanete e onicomicoses em diversas unhas, além

de rushes cutâneos no pé direito, além de edema em tornozelo direito.

Fonte: HSPESP (2010).

Nos pés neuropáticos, conforme relatou Oda (2004), geralmente as úlceras são

plantares, a temperatura dos pés é mantida, os pulsos são palpáveis, a pele é seca e

com fissuras, e geralmente não há presença de dor pela perda de sensibilidade

protetora plantar. Neles são encontradas deformidades como proeminências de

metatarsos, dedos em garra ou martelo, hipotrofia de interósseos, alterações do arco

plantar e artropatia de Charcot, vaso dilatação no dorso do pé, e o pé é de aspecto

róseo. É a ruptura da integridade de um tecido, que pode apresentar diferentes

profundidades, podendo atingir a epiderme, a derme ou alcançar o tecido celular

subcutâneo, a fáscia e o tecido muscular. Nos pés isquêmicos há comprometimento

arterial sendo que as úlceras são geralmente laterais e/ou dorsais, o pé é frio e

arroxeado, fica pálido com a elevação, há rubor postural, os pulsos pediosos e tibiais

posteriores estão geralmente diminuídos ou ausentes e as lâminas ungueais crescem

pouco.

Figura 6 – Paciente MLS com ferida neuropática (diabética) em pé direito, homolateral à

fratura femural.

Fonte: A autora.

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A amputação de membros inferiores é uma das principais consequências do

diabetes mellitus e das ulcerações nos pés. Segundo Spicher et al. (2001), Most e

Sinnock (1983) e Van Houtum, Lavery e Harkless (1995), os doentes diabéticos têm

um risco 15 vezes maior de serem submetidos a amputações de membros inferiores

do que os que não têm a doença; 1,7% de todas as internações relacionadas com o

diabetes podem ser atribuídas a esse procedimento, e aproximadamente 10% dos

custos com os cuidados de saúde dos pacientes diabéticos estão associados às

amputações.

2.4.6 Patologias associadas a maior prevalência de quedas

Para Guimarães e Cunha (2004), as doenças agudas ou crônicas constituem

fator de risco, amplificado na presença de comorbidade. A queda deve ser

considerada como um sintoma de doença subjacente. O termo de „queda

premonitória‟ designa aquelas que constituem manifestação de doenças muitas vezes

ainda não identificadas. Pacientes com infecção urinária, pneumonia, entre outras

podem cair antes mesmo que os sintomas peculiares à doença básica sejam

evidentes. Alterações hemodinâmicas por si só já elevam a probabilidade de cair,

ainda mais se estiver associada à hipotensão ortostática e a outros fatores de risco.

Todos os mecanismos relacionados à inibição cardíaca reflexa constituem fator de

risco, entre os quais a hipersensibilidade do seio carotídeo e o desencadeamento do

fenômeno de Valsava, presente nas quedas associadas à micção (geralmente

noturna) ou esforço durante a defecação.

De acordo com Kane et al. (2004) e Guimarães e Cunha (2004), existe um

fenômeno chamado de Dropp attack que é um tipo específico de queda, ainda não

definido, ou esclarecido, o que sabemos é que pode corresponder à compressão de

vasos cervicais.

Para Guimarães e Cunha (2004), das patologias crônicas dos transtornos

cerebrovasculares, a Doença de Parkinson é a mais comum encontrada entre os

idosos que sofrem quedas.

O IBGE (2010) impressionou ao relatar que somente 22,6% das pessoas de 60

anos ou mais de idade declararam não possuir doenças. Para os de 75 anos ou mais

de idade, essa proporção cai para 19,7%. Quase metade dos idosos brasileiros sofre

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com mais de uma doença crônica, e no subgrupo de 75 ou mais anos de idade, a

proporção atingia mais da metade (54,0%); como descreve o gráfico a seguir com a

proporção de pessoas com 60 anos ou mais de idade que declaram sofrer de algum

tipo de doença crônica, segundo os principais tipos.

Gráfico 3 – Proporção de pessoas com 60 anos ou mais de idade que declaram sofrer de

algum tipo de doença crônica, segundo os principais tipos.

Fonte: Adaptado de IBGE (2010).

Guimarães e Cunha (2004) atribuem também às doenças do sistema

osteoarticular, lesões do pé, toda doença que provoque restrições de atividades, e

que contribua com a instabilidade postural e quedas. Pacientes com problemas

pulmonares e com redução da capacidade respiratória tendem a cair com mais

frequência. Pacientes com fraqueza muscular, medicação específica para algumas

patologias, fatores ambientais, alterações oriundas de patologias específicas que

alteram a marcha e/ou com, até mesmo, distúrbio do sono têm maior probabilidade de

sofrer queda.

Perracini (2000) escreveram que as mudanças fisiológicas da idade fazem com

que as feridas no idoso curem-se mais lentamente do que nos jovens, favorecendo

que as mesmas se tornem crônicas. A idade tem se revelado como um fator

importante no desenvolvimento de úlceras venosas, arteriais, diabéticas e por

pressão. A diminuição da resposta inflamatória, granulação retardada, redução da

53,3%

35,1%

22,2% 17,3%

16,1%

20,9%

Hipertensão Arterial Sistêmica Lombalgia ou Doença na Coluna

Artrite ou Reumatismo Doenças do Coração

Diabetes Outras Doenças

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interligação e organização das fibras de colágeno, baixa resistência à tensão do tecido

cicatricial, baixa taxa de epitelização e vasos cutâneos mal organizados são algumas

das alterações comuns em pessoas mais velhas.

2.4.6.1 A queda no portador de osteoporose

Para o Consenso Brasileiro de Osteoporose de 2002 (apud MURAYAMA et al.,

2007), a osteoporose (OP) é definida como um distúrbio osteometabólico

caracterizado pela diminuição da densidade mineral óssea (DMO), com deterioração

da microarquitetura óssea, levando a um aumento da fragilidade esquelética e do

risco de fraturas. É muito frequente na população feminina e vai se desenvolvendo de

forma lenta, silenciosa, pois é assintomática, ou seja, a pessoa não apresenta

nenhum sintoma e muitas vezes só é diagnosticada quando já se instalou e as

fraturas ocorrem.

Segundo o artigo de Domiciano e Pinheiro (2011) a osteoporose é uma doença

de etiologia multifatorial, que depende em aproximadamente de 70% de fatores

genéticos e 30% de fatores ambientais. Portanto um único fator de risco não é capaz

de identificar indivíduos com ou sem fratura.

De acordo com Goldenberg (2009), a incidência de osteoporose está

crescendo no mundo inteiro em proporções epidêmicas. No Brasil, já atinge mais de

10 milhões de pessoas, porém apenas um terço dos portadores tem o quadro

diagnosticado. Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, em 2006 (apud

GOLDENBERG, 2009) o SUS gastou R$ 49.884 milhões com internações de idosos

por fratura de fêmur e R$ 20 milhões com medicamentos para tratamento da

osteoporose. As expectativas são de que esse custo deva subir com o crescimento da

população idosa. Paralelamente, cresce a incidência de fratura em ambos os sexos.

As consequências tendem a ser mais graves para o sexo masculino.

Cembrowicz e Allain (2007) explicaram que as mudanças mais complexas nos

hormônios ocorrem nas pessoas mais idosas. Geralmente não há nenhum sinal

perigoso de que os ossos estão ficando osteoporóticos até que eles se quebrem.

Freitas et al. (2006) descreveram que, embora a perda óssea pareça ser uma

consequência normal do envelhecimento, nem todos os indivíduos idosos

desenvolvem fraturas devido à osteoporose. Muitos fatores determinam

definitivamente qual indivíduo desenvolverá fraturas, mas o fator determinante das

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fraturas parece ser o limiar baixo da densidade mineral óssea, no qual resulta uma

maior chance significante no risco de fraturas.

Figura 7 – Radiografia sugestiva de baixa densidade mineral óssea evidenciando fratura em

região trocantérica. Paciente AMS.

Fonte: A autora.

Domiciano e Pinheiro (2011) relataram sobre o método diagnóstico mais

utilizado (além dos fatores clínicos de risco, uma vez que a doença é assintomática

até o evento da fratura), acurado, preciso e validado em grandes estudos

populacionais é a densitometria óssea. É realizada na coluna lombar e fêmur

proximal, permitindo o diagnóstico precoce da enfermidade, avaliação do risco de

fratura e monitorização do tratamento. Utiliza radiação ionizante (dupla fonte de raios

X, uma de alta e outra de baixa energia, que interage com os tecidos moles e o tecido

ósseo) Dual X-ray absorptiometry (DXA), com o propósito de medir o conteúdo

mineral ósseo (BMC) e área projetada pela estrutura óssea (cm²).

Murayama et al. (2007) mencionaram a classificação da osteoporose como

primária ou pós menopausa e secundária ou senil, tipo II. Em ambos os casos, existe

um importante componente hereditário, de modo que a osteoporose seja uma doença

que pode ser considerada como genética, pois cerca de 60 a 80% de massa óssea é

determinada geneticamente.

Domiciano e Pinheiro (2011) descreveram os principais fatores de risco para

osteoporose e fraturas são etnia branca ou oriental, sexo feminino, baixo peso, fratura

prévia, história familiar de fratura em parentes de primeiro grau, sedentarismo,

tabagismo, tabagismo, baixa ingestão de alimentos ricos em cálcio e menopausa

precoce. Com relação especificamente às fraturas vertebrais em indivíduos acima de

65 anos, o estudo desses autores, em São Paulo, evidenciou que o fator de risco mais

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importante associado foi à baixa densidade mineral óssea no fêmur em ambos os

sexos, sendo a idade também um fator relevante nas mulheres idosas.

Para Goldenberg (2009) cerca de 200 mil brasileiros morrem anualmente em

decorrência de fraturas osteoporóticas. A maioria dessas lesões provoca dor,

limitação funcional, perda de capacidade laborativa, perda de independência ou até

mesmo dependência a longo prazo.

Murayama et al. (2007) em seus escritos destacaram os tipos de osteoporose:

tipo I e a tipo II. Tipo I foi descrito em mulheres especificamente pós-menopausa,

devido à queda de estrógeno, predominantemente atinge o osso trabecular, sendo

comum nesse tipo de osteoporose as fraturas vertebrais e do rádio. Tipo II, afeta a

população idosa de homens e mulheres na proporção de 1 para 3, de modo que

nesse tipo a perda é lenta, atingindo osso cortical e o trabecular, favorecendo a fratura

femural proximal, úmero e vértebras.

O primeiro estudo epidemiológico realizado em amostra representativa da

população brasileira adulta (Brazos The Brasilian Osteoporosis Study), descrito por

Domiciano e Pinheiro (2011), mostrou uma prevalência de fratura por baixo impacto

em 12,8% dos homens e 15,1% das mulheres.

Recentemente, Lopes et al. (apud DOMICIANO; PINHEIRO, 2011), em um

estudo que analisou uma amostra representativa da população brasileira idosa,

encontraram prevalência radiográfica de fraturas vertebrais de 27,5% em mulheres e

31,8% em homens. Por outro lado, não existem estudos epidemiológicos consistentes

sobre a incidência de fratura de quadril em amostragem representativa da população

brasileira.

Goldenberg (2009) relatou que a fratura mais grave de todas é a fratura do

quadril. A incidência dessa fratura ultrapassa o câncer de mama, que aflige uma em

cada nove mulheres. Estima-se que em 2025 serão registradas cerca de 3,94 milhões

fraturas (2,78 milhões em mulheres e 1,16 milhão em homens). Esse número pode

chegar a 6,3 milhões em 2050.

2.4.6.2 Sarcopenia

Sarcopenia é uma palavra de origem grega que literalmente significa “perda de

carne” (sarx = carne e penia = perda). No entanto, esse termo se refere a várias

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mudanças na composição corporal e funções corporais relacionadas, como descreveu

Rosenberg (1997).

Os autores Forbes e Reina (1970), Tzankoff e Norris (1997), Fleg e Lakatta

(1988) estimaram que, a partir dos 40 anos, ocorreria perda de cerca de 5% de massa

muscular a cada década, com declínio mais rápido após os 65 anos. Janssen et al.

(2000) acreditam particularmente que a perda maior ocorra nos membros inferiores.

Doherty e Brown (1993) estudaram diversos cadáveres com diferentes

métodos radiológicos, como ultrassonografia, tomografia computadorizada e

ressonância magnética, e demonstraram que ocorre uma redução de 40% da área

seccional transversa de vários grupos musculares (quadríceps, bíceps e tríceps

braquial) com a idade.

Figura 8 – Conteúdo muscular normal em adulto fisicamente ativo (A) e sarcopenia em idoso sedentário (B).

Fonte: Adaptado de Roubenoff e Hughes (2000).

Para Baumgartner et al. (1998 apud SILVA et al., 2006), o meio mais utilizado

para o diagnóstico de sarcopenia é a densitometria óssea de corpo total para a

avaliação da composição corporal – massa óssea, massa magra e massa adiposa

total. As vantagens dessa técnica são a praticidade, a aquisição de medidas objetivas

em tempo curto de exame (20 a 30 minutos), o custo relativamente baixo quando

comparada a outras metodologias, pouca radiação ionizante (25% da radiografia

simples de tórax) e boa reprodutibilidade.

Forbes e Reina (1970), Tzankoff e Norris (1997), Fleg e Lakatta (1988)

aludiram sobre a correlação da sarcopenia e o envelhecimento. Para esses autores

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existe uma aparente perda preferencial pelas fibras tipo II (contração rápida) isso está

relacionado com a redução na força muscular, uma vez que essas fibras são

consideradas grandes responsáveis pelo trabalho de força. A perda das fibras

musculares do tipo II significa para o corpo uma diminuição das proteínas de cadeias

pesadas de miosina, que se transformam para o tipo mais lento, o que poderia afetar

a velocidade do ciclo das pontes transversas de actina e miosina durante as ações

musculares, além de uma concomitante diminuição de atividade da miosina ATPase.

2.4.7 Fratura

Para Thompson, Skinner e Piercy (1994) fratura é uma interrupção na

continuidade do osso, que pode ser um rompimento completo ou incompleto. A

maioria das fraturas é devida a algum tipo de trauma. Pode ser um choque direto com

força considerável, como pode ocorrer em um acidente automobilístico, queda de

certa altura ou um peso que atinge algum local no corpo.

De acordo com Adams e Hamblen (1994) a fratura pode ser considerada como

uma interrupção completa ou uma rachadura parcial. As fraturas são divididas de

acordo com a etiologia em três grupos: fraturas de fadiga ou estresse, fraturas

patológicas e fraturas por traumas. O termo patológico é usado para a fratura que

ocorre num osso já debilitado anteriormente por alguma doença. Em geral, o osso

cede por trauma banal ou até mesmo espontaneamente. As fraturas por trauma

podem ser causadas por choque direto no osso ou por choque indireto no osso (que é

o caso da queda). Uma fratura pode ser fechada ou simples, exposta ou composta.

Fratura fechada ou simples é quando não há comunicação entre o foco da fratura e a

parte externa do corpo. Fratura exposta ou composta é quando há comunicação com

o meio externo, com o meio ambiente.

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Figura 9 – Fratura fechada ou simples (Fig. 1). Fratura exposta ou composta (Fig. 2).

Fonte: Adams e Hamblen (1994).

Na Figura 9 (Fig. 1), observamos a fratura fechada ou simples. Não há

comunicação entre o osso fraturado e a superfície do corpo. Já na Figura 9 (Fig. 2),

observamos fratura exposta ou composta. Há um ferimento que se comunica com o

foco da fratura. Organismos podem penetrar através da ferida e infectar o osso.

Para Adams e Hamblen (1994) as fraturas em geral são classificadas de

maneira descritiva, com indicações de forma ou tipo de superfícies fraturadas. Os

tipos de fraturas são de interesses que ultrapassam os meios acadêmicos. Podem

indicar a natureza de um trauma-causa e assim oferecer um método de redução mais

fácil.

Figura 10 – Mostra padrões comuns de fraturas. 1 – fratura transversal. 2 – fratura oblíqua. 3

– fratura espiral. 4 – fratura cominutiva. 5 - Fratura compressiva. 6 – fraturas de galho verde.

Fonte: Adams e Hamblen (1994).

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Figura 11 – Referente a características clínicas das fraturas. Uma fratura transversa é estável,

enquanto que a fratura oblíqua ou espiralada está sujeita à ação elástica dos músculos.

Fonte: Adams e Hamblen (1994).

Nos escritos de Thompson, Skinner e Piercy (1994), o tipo de fratura ainda

pode fornecer se há indicação da estabilidade provável de fragmentos. As

características clínicas imediatamente após as fraturas foram mencionadas em geral,

estão presentes as seguintes características: choque, dor, deformidade, edema,

sensibilidade local acentuada, espasmo muscular, movimento anormal e crepitação,

perda da função.

2.4.8 Fratura no fêmur

De acordo com Adams e Hamblen (1994) as fraturas femorais podem ser

classificadas em 5 grupos (observadas nas Figuras 11 e 12).

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Figura 12 – 1. fratura do colo do fêmur; 2. fratura da região trocantérica6; 3.fratura de diáfise

do fêmur; 4.fratura supracondileana; 5.fratura condileana.

Fonte: Adams e Hablen (1994).

Figura 13 – Mostra a extremidade superior do fêmur com demarcações das regiões de fraturas do colo do fêmur e do trocânter.

Fonte: Adams e Hamblen (1994).

Downton (1998) conjecturou sobre as fraturas do colo femoral, com causas

reconhecidas de declínio e habilidades funcionais em relação ao estado pré-fratura,

havendo evidências de que outros tipos de fraturas podem ter influência significativa

sobre a independência.

Para Adams e Hamblen (1994) a fratura do colo do fêmur é comum em

pessoas acima de 60 anos que apresentem tendência à fragilidade óssea como

consequência da osteoporose generalizada. Uma queda ou um tropeção, na maioria

dos casos a fratura no fêmur é causada por uma força rotacional. Nos casos comuns

com desvio, a fratura é obvia e não há engano, porém, em alguns casos de fratura

6 Deve ficar claro que de acordo com Adams e Hamblen, (1994) alguns cirurgiões usam o termo „fratura

do colo do fêmur‟ genericamente para as fraturas trocantéricas e também para as fraturas do colo femoral propriamente dito. Portanto, reconhecem dois tipos de fratura do colo femoral: 1.fratura intracapsular ou transcervical (a fratura do colo femoral propriamente dita) e 2. fratura extracapsular ou

trocantérica.

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impactada em abdução as alterações radiológicas são mínimas e a fratura pode

passar despercebida. Exceto em crianças (nas quais essa fratura é rara), a

imobilização com gesso não é confiável e tampouco confortável; assim, o tratamento

aceito é fixar os fragmentos internamente com um dispositivo metálico adequado.

2.4.9 Consolidação de fraturas

Para Murayama et al. (2007) o osso é um tecido vivo e complexo, com dois

componentes principais: matriz orgânica rígida, que é fortalecida pelo componente

mineral (sais de cálcio) e componente celular (osteoblastos, osteoclastos e

osteócitos). A estrutura dos ossos é composta de duas camadas; a mais externa que

é a camada cortical que é a mais dura, e a mais interna que é a esponjosa e

suscetível à osteoporose, chamada de osso trabecular.

Para Murayama et al. (2007), o osso cortical é responsável por 80% da massa

esquelética e o osso trabecular pelos 20% restantes. A matriz orgânica do osso é

constituída de 90 a 95% de fibras de colágeno, proporcionando ao osso sua poderosa

força elástica. Os principais componentes minerais são o cálcio e o fosfato,

conhecidos como hidroxiapatitas, que possuem propriedades físicas semelhantes ao

mármore e uma grande força de compressão. Esses tecidos de sustentação estão em

constante remodelação, numa espécie de “manutenção preventiva”.

Goldemberg (2009) lembra que o osso não é idêntico em todas as partes do

organismo. O osso das vértebras difere do osso do fêmur. O ritmo de renovação dos

dois tipos de ossos não é o mesmo, cerca de 30% do osso trabecular se renova

anualmente, e apenas 3% do osso cortical é substituído nesse período.

Contudo, Ham e Harris (1956) estudaram e descreveram histologicamente a

consolidação de fraturas de costelas em coelhos, e as evidências sugerem que a

reparação é semelhante em humanos, porém nos alertam para que fiquemos atentos

porque o tipo de consolidação não é constante para todos os tipos de ossos e

circunstâncias. Uma fratura começa a se consolidar assim que o osso quebra, e se as

condições forem favoráveis, o processo de consolidação se dá por uma série de fases

até que o osso esteja totalmente consolidado.

Para explicar esse processo claramente, Thompson, Skinner e Piercy (1994)

exemplificaram em cinco estágios, que podem ser observados ocorrendo ao mesmo

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tempo em partes diferentes do local da fratura: estágio de hematoma; estágio de

proliferação celular subperiosteal e endosteal; estágio de formação de calo; estágio de

consolidação; e estágio de remodelação.

Para Adams e Hamblen (1994) o tempo de consolidação de uma fratura é tão

variável que não dá para traçar regras rígidas sobre o tempo de consolidação. Porém

em um osso adulto, sob condições favoráveis, sem patologias, esse tempo pode ser

de aproximadamente três meses, para alguns casos pode ser estendido para até

cinco meses, no caso do fêmur. No geral, a consolidação tende a ser mais rápida em

ossos dos membros superiores, por serem mais finos e não sustentarem o peso

corporal.

Figura 13 – Diagrama dos estágios de consolidação da fratura. 1. estágio do hematoma, com

necrose do osso juntamente à fratura; 2. estágio de proliferação subperiostal e endostal. 3. estágio de calo. 4. estágio de consolidação. 5. remodelação.

Fonte: Adams e Hamblen (1994).

Figura 13, no estágio 2, o tecido celular, que pode conter ilhas de cartilagem,

cresce de cada um dos lados da fratura à custa do coágulo, que é absorvido e tem

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participação nula ou muito pequena na reparação. No estágio 3, as células

proliferantes dão origem a osteoblastos, formam uma substância intercelular,

calcificando e formando o osso primário ou o calo. No estágio 4, os osteoblastos

continuam o processo de reparação, formam o osso lamelar à custa do osso primário.

E no estágio 5, o osso é fortalecido nas linhas de força e reabsorvido em outros

pontos. O osso é, então, restaurado mais ou menos à sua forma original.

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3 MÉTODO

3.1 Abordagem Metodológica

A opção metodológica recaiu, aqui, sobre a abordagem quantitativa.

Justificamos essa opção pela afinidade com nossos objetivos.

3.2 Local de Realização do Trabalho

Esta pesquisa foi realizada no Hospital do Servidor Público Estadual de São

Paulo, no setor de ortopedia, que está localizado à Rua Pedro de Toledo, nº 1.800,

Vila Clementino, São Paulo, CEP: 04039-004.

Trata-se do principal hospital de assistência especializada dos servidores

públicos do estado de São Paulo, com cerca de 26.500 internações por ano.

Fundado em 1961 para oferecer atendimento médico de qualidade aos

servidores públicos do estado, seus dependentes e agregados, o Hospital do Servidor

Público Estadual Francisco Morato de Oliveira (HSPE) figura hoje entre os maiores do

estado de São Paulo, tanto em estrutura quanto em modernização de equipamentos,

serviços e tratamentos. Contando com mais de 43 diferentes especialidades médicas

e um quadro de profissionais de reconhecida capacidade, o hospital presta

atendimento em todos os níveis de atenção executando procedimentos desde os mais

simples até os de mais alta complexidade. O HSPE dispõe de diversos programas de

saúde, como os de Assistência Domiciliar, Planejamento familiar e Atenção ao Idoso,

além dos Bancos de Sangue, de Olhos e de Leite Humano.

O HSPESP foi inaugurado em 9 de julho de 1961, na capital, completando 47

anos de existência em 2008. Desde que foi criado passou por mudanças estruturais

até chegar ao modelo atual que é o Iamspe. É mantido pelo desconto de 2% em

holerite do funcionalismo público estadual, oferece um sistema de saúde de alta,

média e baixa complexidade e de baixo custo aos seus usuários. O acesso ao

Hospital se faz pelas diversas portarias situadas no número 1.800 da Rua Pedro de

Toledo. Situado na Vila Clementino, próximo ao metrô Santa Cruz, onde a circulação

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de ônibus é também abundante, os usuários visitantes podem contar com diversas

opções de transporte.

O município tem um território de 1.590 km2. Possui 10.615.844 habitantes.

Destes, aproximadamente, 10.39991 são idosos, o que corresponde a 9,79% da

população do município (FUNDAÇÃO SEADE, 2009).

No interior do estado, o atendimento médico se divide por meio de 18 Centros

de Atendimento Médico Ambulatorial (Ceamas), espalhados pelas principais regiões

do estado. O Instituto de Assistência ao Servidos Público Estadual (Iamspe) realiza

todo ano uma série de atividades com foco na prevenção de quedas em pessoas a

partir de 60 anos. Sendo grande referência nacional a atendimentos ortopédicos

imediatos e preventivos em idosos. Diversas rotinas médicas e administrativas

garantem o bom funcionamento do serviço.

O Iamspe é uma autarquia ligada à Secretaria Estadual de Gestão Pública cujo

principal objetivo é prestar atendimento médico aos funcionários públicos estaduais,

seus dependentes e agregados.

O Instituto possui três departamentos que são o Hospital do Servidor Público

Estadual “Francisco Morato de Oliveira” (HSPE-FMO), o Departamento de

Administração e o Departamento de Convênios e Assistência Médica (Decam), que

coordena 18 Ceamas espalhados pelas principais cidades do interior paulista, além de

centenas de convênios com importantes hospitais, clínicas e laboratórios, que

atendem aos funcionários dentro de suas próprias regiões.

O Instituto oferece todo ano, cursos, congressos e capacitações voltados para

o público idoso, voltados para prevenção e tratamento de quedas.

3.3 Delineamento do Estudo

Este é um estudo observacional de corte transversal.

Pereira (1995 apud BASTOS; DUQUIA, 2007) recomendam a utilização dos

estudos transversais para estimar a frequência com que um determinado evento de

saúde se manifesta em uma população específica. Com relação ao modo como os

dados são coletados, é possível distinguir os estudos observacionais, quando o

pesquisador não intervém, apenas observa e registra as informações que lhe

interessam para posterior análise. Nesse sentido, cabe explicitar que os estudos

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transversais constituem uma subcategoria dos estudos observacionais, e é importante

lembrar que uma relação de associação não sugere, necessariamente, uma

causalidade, ou efeito.

3.4 População de Estudo

O período de coleta foi de outubro de 2010 até o mês de fevereiro de 2011. A

pesquisa foi desenvolvida no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo no

Setor de Ortopedia, em fase pré-operatória, com pessoas de idade a partir de 60

anos, totalizando 40 pacientes,sendo 31 do sexo feminino e 9 do sexo masculino.

A população de servidores do estado de São Paulo é composta basicamente

de pessoas na faixa etária de mais de 40 anos (57,8%), grupo considerado

tradicionalmente como de risco para as doenças crônicas.

Para a coleta de dados, o instrumento elaborado (questionário) foi composto de

cinco partes, delineadas no decorrer deste estudo.

Os critérios de exclusão foram de não sofrer queda acidental, idade inferior a

60 anos,e possuir o prontuário médico com questões não inquiridas no tema.

3.5 Metodologia

O trabalho foi primeiramente apresentado para entrevista e ingresso no

Programa de Estudos Pós Graduados em gerontologia da PUC/SP. Após aprovação

na universidade e ingresso no curso, o trabalho foi apresentado para o diretor do setor

de ortopedia do HSPESP, Dr. Roberto Dantas Queiróz – Ortopedista e

Traumatologista; em todas as etapas, foi demonstrado muito interesse, quanto à sua

realização. A pesquisadora foi designada a refazer um novo projeto, com devida

documentação endereçada à PUC e ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do

HSPESP, com o objetivo de ser autorizada para iniciar o trabalho conforme os

parâmetros legais.

Após liberação de ética em pesquisa (aproximadamente 2 meses após o

pedido formal no CEP), foi iniciada a aplicação teste em 10 pacientes. Foi percebida a

inviabilização de sua aplicação, pois o questionário tinha um total de seis páginas, o

que dificultava a entrevista, por estar muito extenso, cansativo para o paciente e

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incômodo aos funcionários de enfermagem que precisavam realizar procedimentos

com o paciente, o que de forma justificável interrompia o andamento da entrevista. Foi

necessário reduzir o questionário para três páginas e aplicado em 15 pacientes,

probatoriamente.

Utilizou-se as entrevistas aplicadas no período probatório para congressos e

confecção de outras pesquisas, juntamente com alguns profissionais do HSPESP e

trabalhos nacionais e internacionais pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em

Gerontologia da PUC/SP.

Após afinidade e confiança da aplicabilidade das entrevistas, deu-se início

efetivamente às entrevistas nos quarenta pacientes.

Apresentar o planejamento e a organização do estudo e entrevistas em

organograma se torna essencial para a melhor compreensão do delineamento

realizado (Figura 14).

Figura 14 – Descritor de sistematização de entrevista e coleta de dados.

3.5.1 Triagem de pacientes

Pesquisar e averiguar pacientes, a partir de 60 anos de idade que sofreram

fratura de fêmur pós-queda (excluindo a queda patológica) em fase pré-operatória,

hospitalizados no setor de ortopedia no Hospital do Servidor Público Estadual de São

Paulo, que respectivamente aceitaram participar do estudo.

Setor de Ortopedia do Hospital do Servidor Público Estadual de

São Paulo

Avaliação de Prontuários e Avaliação de

Exames Complementares

Entrevista com o

Paciente e Cuidador

Avaliação das Funções Mentais e depressão Geriátrica

InformaçõesAdcionais com o Paciente e ou

Cuidador

Barthel Index

Tipo de Deambulante

antes da Fratura Atual

Descrição e Quantificação

de Dados

Triagem de Pacientes

Autorização de Pacientes: TCLE e Autorização de Uso

e Imagem

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Alguns dos pacientes estudados foram admitidos na unidade, advindos de

outros hospitais após vislumbramento da gravidade do problema, tempo de internação

e gastos financeiros (o hospital conveniado com o Iamspe recebe pacientes

conveniados).

De acordo com Fontes, Fukujima e Cardeal (2010) a triagem consiste na coleta

de dados referentes ao serviço de procedência do paciente e/ou profissional que o

indicou.

Após a triagem e assinaturas dos termos de consentimentos para o estudo, que

seguem em (Anexo 1 e Anexo 2) foi realizada a avaliação de prontuários e a avaliação

de exames complementares.

3.5.2 Avaliação de prontuários e avaliação de exames complementares

Estudar documentos implica partir do ponto de vista de quem os produziu, o

que requer cuidado e perícia por parte do pesquisador para não comprometer a

validade do seu estudo. Segundo Bravo (1991), entende-se por documentos todas as

realizações produzidas pelo homem que se mostram como indícios de sua ação e que

podem revelar suas ideias, opiniões e formas de atuar e viver.

Com base nesse conceito, buscou-se iniciar as respostas ao questionário a

partir de uma pesquisa documental pregressa em prontuários e exames

complementares dos pacientes do estudo.

Os exames complementares mais prevalentes foram os exames radiológicos

femorais, para confirmar o tipo de fratura femoral. Nos ossos, a radiografia acusa

fraturas, tumores, distúrbios de crescimento e postura. Foram utilizados também

exames laboratoriais sanguíneos do tipo hemograma completo7, que é constituído

pela contagem das células brancas (leucócitos), células vermelhas (hemácias),

hemoglobina (Hb), hematócrito (Ht), índices das células vermelhas e contagem de

plaquetas.

7 Hemograma completo consiste do hemograma mais a contagem diferencial dos leucócitos.

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3.5.3 Entrevista com o paciente e/ou cuidador

Enelow et al. (1999) descreveram a origem da palavra „anamnese‟ como sendo:

ana + mnesis tem origem grega (do grego ana, trazer de novo, e mnesis, memória). A

anamnese é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde com o seu paciente.

Sendo que uma entrevista eficaz é a chave para inspirar o indispensável sentimento

de confiança, tornando provável a adesão, por parte do paciente, ao tratamento

recomendado, e aumentando a probabilidade de um desfecho favorável.

Fontes, Fukujima e Cardeal (2010) descreveram a anamnese como a etapa de

maior relevância da avaliação, conhecida como etapa interrogatória. Por meio de

perguntas, o entrevistador colhe informações quanto às características pessoais e à

história do paciente (Figura 15).

Figura 15 – Esquema da entrevista com o paciente e/ou cuidador.

3.5.3.1 Demografia geral

Dutton (2008) descreveu a demografia como uma seção que inclui informações

sobre raça, sexo, idade, peso, estado civil e nacionalidade. Essas informações são

preditivas em algumas condições relacionadas à raça, sexo e idade. O autor

exemplifica com a prevalência de câncer de próstata em homens acima de 50 anos de

idade. Da mesma forma que a osteoporose e a osteoartrite estão associadas à

população mais velha. Além disso, a resposta individual à dor e disfunções tende a

Entrevista "ANAMNESE"

Demografia Geral

Instrução + Dados

Profissionais

Comportamento Etílico +

Comportamento Tabágico

Histórico Pregresso Patológico do

Paciente

Sintomatologia, Aparato Locomotor, Ocorrência de

Fraturas Pregressas e Aditamento de Marcha.

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ser determinada pela formação cultural e pelas condições sociais, educacionais e

econômicas (Quadro 3).

Quadro 3 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo.

Anamnese – Parte I. Demografia Geral.

Dia de Internação Hospitalar:__________________

Data da Avaliação____/____/_____Onde o senhor (a) está agora?________________

Nome:________________________________________________________________ Endereço:_____________________________________________________________ Telefone:() - _________________________ Celular:___________________________

Idade:______________________Data de Nascimento:______/______/____________ Local de Nascimento:____________________________________________________ Há quanto tempo reside em São Paulo? _____________________________________

Sexo: ( ) F / ( ) M . Tipo de Moradia: ( ) Casa; ( ) Apartamento; ( ) Instituição de longa permanência - Residência Própria? ( ) Sim; ( ) Não ____________________________ Raça: ( ) Negro; ( ) Branco; ( ) Amarelo; ( ) Pardo; ( ) ___________________________

Estado civil: ( ) Casado; ( ) Solteiro; ( ) Viúvo; ( ) Divorciado; ( ) Separado, há quanto tempo?_______________________________________________________________ É casado mais de uma vez? ( ) N; ( ) S

Existe alguma pessoa constituída para cuidar do (a) Sro (a) no hospital e em casa? ( ) N; ( ) S; Grau de parentesco ___________________________________________ Tem filhos? ( )N; ( ) S; Nº de filhos__________________________________________

Seus filhos moram com o (a) Senhor (a)? ( ) S; ( ) N Tem netos? ( ) N: ( ) S; Quantos? _Seus netos moram com o (a) Senhor (a)? ( ) S; ( ) N

3.5.3.2 Grau de instrução e dados profissionais

As informações sobre o grau de instrução e ocupação podem determinar as

posturas habituais ocupacionais ou sedentárias. Dutton (2008) aponta a prevalência

de quedas em idosos sedentários, demonstrando que a compreensão da história de

pacientes pode auxiliar a orientar possíveis intervenções (Quadro 4).

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Quadro 4 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo.

Anamnese – Parte II. Grau de Instrução e Dados Profissionais.

Grau de instrução: ( ) analfabeto; ( ) alfabetizado; ( )ensino fundamental incompleto; ( ) Ensino fundamental completo; ( ) Ensino médio incompleto; ( ) Ensino médio completo; ( )Ensino superior incompleto; ( ) Ensino superior

completo;( ) pós graduação incompleto; ( ) pós graduação completo, Curso de:____________________________________________________________ Profissão____________________________________________________________________

Aposentado: ( ) N; ( ) S; Há quanto tempo?__________________________________________ Trabalha em alguma outra função? ( ) N; ( ) S; Qual?__________________________________

3.5.3.3 Comportamento etílico e comportamento tabágico

Para Noto e Moreira (2005), entre 2 e 3% dos alcoólatras têm mais de 65 anos.

Os dados mais atualizados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas

Psicotrópicas (Cebrid), divulgados em 2005, atestaram que a parceria com o álcool,

depois dos 60 anos, amplia em até oito vezes o desenvolvimento de doenças

cognitivas (demência e doença de Alzheimer).

Dutton (2008) e Perracini et al. (2009) concordam que o uso de álcool em

idosos tende a atingir maiores concentrações no sangue mesmo com doses

pequenas. Suas manifestações caracterizam dificuldade no andar, confusão e

negligência consigo mesmo. Acentua a falta de memória. Pode haver mudança de

humor, com excitação seguida de depressão e agressividade, podendo se confundir

com demência. Facilita as quedas e ferimentos, e com frequência há distúrbios como

diarreia e incontinência urinária.

Para Kane et al. (2004), a utilização de medicamentos na velhice é muito alta,

representando cerca de (25%) dos medicamentos vendidos. Há uma tendência nessa

faixa etária para a automedicação, e para o uso continuado e sem critério. A comum

utilização de medicamentos caseiros e não prescritos e sem controle para a venda,

como laxantes, antiácidos, vitaminas, antigripais, pode levar a consequências

indesejáveis quando associada a outros medicamentos, e isso pode ocorrer sem

conhecimento do médico. A utilização rotineira do álcool com frequência leva a

conflitos com os medicamentos prescritos e/ou utilizados.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (apud BRASIL, 2009), o tabaco é a

segunda causa de mortalidade no mundo. É responsável pela morte de um em cada

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dez adultos, somando cerca de cinco milhões de mortes anualmente. Se os padrões

atuais de consumo continuar, estima-se que o tabagismo causará cerca de 10 milhões

de mortes por ano em 2020. Metade das pessoas que fumam atualmente, cerca de

650 milhões, eventualmente morrerá por doenças relacionadas ao tabaco.

De acordo com Freitas et al. (2006), existem poucos estudos sobre a

prevalência do tabagismo na terceira idade no Brasil e no mundo; acredita-se que esta

seja em torno de 10 a 11% da população geral de fumantes. O idoso que fuma

apresenta vários problemas de saúde, alguns merecem maior destaque, como a

diminuição do déficit cognitivo; sendo que a única opção para reduzir a piora dos

padrões cognitivos é a cessação do tabagismo. O aparelho respiratório, por receber

toda a carga tabágica, é o local mais frequente de doenças como o câncer e Doença

Obstrutiva Crônica (DPOC), e também se pode afirmar que a deterioração desse

aparelho diminui a qualidade de vida.

Para Perracini et al. (2009) e Freitas et al. (2006), o consumo de cigarros

representa fator de risco para osteoporose. O próprio processo de envelhecimento já

causa dano ósseo, mas é agravado pelo hábito de fumar, porque há a redução da

densidade mineral óssea como resultado da diminuição da absorção do cálcio com

hiperparatireodismo secundário e aumento da reabsorção óssea.

Portanto, Freitas et al. (2006) concluíram que o fumante idoso que já utiliza o

tabaco por várias décadas torna-se vítima preferencial, principalmente devido ao

longo tempo de exposição continuada do seu organismo às mais de quatro mil

substâncias químicas inaladas a cada tragada. Portanto, sabe-se que existe relação

entre o consumo do tabaco, sob qualquer forma, e o aparecimento de vários

problemas de saúde (Quadro 5).

Quadro 5 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo.

Anamnese – Parte III. Comportamento etílico e comportamento tabágico.

É tabagista? ( ) N; ( ) S; Quantos maços/ dia?_______________________________________

Etilista? ( ) N; ( ) S; O que bebe?_________________________________________________

Quantas vezes ao dia faz uso de bebida alcoólica?___________________________________

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3.5.3.4 Histórico pregresso patológico do paciente

Ganz et al. (2007), Mahant (2001) e Cavanillas et al. (2000), citados por

Buksman et al. (2009), descreveram que doenças como hipertensão arterial sistêmica,

diabetes mellitus e doenças neurológicas ou osteoarticulares, que afetem a força

muscular, o equilíbrio e a marcha, são fatores de risco comuns. A hipotensão

ortostática deve ser pesquisada sistematicamente devido à sua alta prevalência. As

doenças agudas ou condições crônicas descompensadas que afetem a perfusão

cerebral também podem precipitar uma queda. Distúrbios de marcha e equilíbrio

podem ser decorrentes do próprio envelhecimento, predispondo a quedas quando

ocorre declínio da força e da resistência abaixo do limiar mínimo para realização

independente das atividades da vida diária (Quadro 6).

Quadro 6 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo.

Anamnese – Parte IV. Histórico pregresso patológico do paciente.

1. Já realizou alguma cirurgia no passado? ( ) N ; ( ) S ; Quais?________________

2. Tem algum problema de saúde abaixo? ( ) Diabetes Mellitus; ( ) AVC; ( ) Osteoporose; ( )Hipertensão arterial sistêmica; ( ) câncer;( ) Doença Cardiovascular; ( ) DPOC; ( ) Depressão; ( ) Parkinson; ( ) Não sabe;

( )Outras:________________________Faz uso de medicação todos os dias? ( ) N; ( ) S 3. O (A) senhor (a) lembra dos nomes de seus remédios diários? Quais?____________________________________________________

4. Usa óculos? ( )N; ( )S 5. No momento da queda estava com seu óculos? ( )N; ( )S 6. Qual foi a última vez que passou no oftalmologista para fazer exame de vista?

( ) Não lembra; _________________________________________________ 7. Já tomou vacina contra gripe comum? ( ) N; ( ) S 8. Qual foi a última vez que tomou vacina contra influenza ?_____________________

9. Tem algum problema nos pés que prejudique seu andar? ( ) N; ( ) S ( ) Calosidades; ( ) Joanetes; ( ) Deformidades de unhas; ( ) ulceração; ( ) outras_____ 10. Já fez fisioterapia alguma vez na vida? ( ) N; ( ) S Com que finalidade?___

11. No último ano o Sr(o) caiu alguma vez?( ) N;( ) S Sofreu alguma fratura ( )N; ( ) S 12. Qual parte do corpo foi fraturado?_______________________________________ 13. Conseguiu levantar imediatamente? ( )S; ( ) N

14. Quanto tempo demorou para ser socorrido (a)?_____________________________ 15. Que horário o (a) senhor (a) caiu?_______________________________________ 16. Como foi o socorro? ( ) Não houve ( ) foi imediato ( ) tardio

17. Com que frequência cai? 18. ( ) raramente; ( ) Sempre; ( ) Dificilmente; ( ) Primeira vez 19. Em que lugar caiu?_______________________________________________

20. Quanto tempo ficou caído sem condições de pedir socorro? ______________ 21. Que atividades realizava antes da internação hospitalar no seu dia a dia? __________________________________________________________________

22. Relato do cuidador sobre o ocorrido: ___________________________________________________________________ 23. Sabia que iria cair? ( ) S; ( ) N

24. Após a queda sabia o que tinha ocorrido? ( ) S; ( )N

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3.5.3.5 Sintomatologia, aparato locomotor, ocorrência de fraturas pregressas e

aditamento de marcha

Cruz et al. (2009) realizaram um estudo transversal com duração de 12 meses

com 213 idosos acima de 60 anos com dor há mais de um ano e que responderam

sobre a ocorrência de quedas no último ano. A sua prevalência foi de (56,29%). Os

resultados apontaram que idosos com dor há mais de um ano, intensa ou moderada,

relataram maior número de quedas do que os idosos com dores leves. Não foram

encontradas associações entre local e frequência dos episódios de dor e relato de

quedas no último ano.

Em um estudo, Komatsu (2000 apud BUKSMAN et al., 2009) verificou que os

idosos que já sofreram uma queda apresentam risco mais elevado para cair, entre 60

e 70% no ano subsequente. Os idosos mais saudáveis caem menos, cerca de 15%,

em um ano, comparativamente aos idosos que residem em instituição de longa

permanência para idosos, cujo percentual sobe até 50%. Entre 20 e 30% dos

caidores8 que sofreram alguma lesão apresentarão redução da mobilidade, da

independência e aumento do risco de morte prematura.

Para Sudarsky e Tideiksa (1997 apud BUKSMAN et al., 2009), o temor de

novas quedas é tão prevalente quanto as mesmas, ocorrendo em 30 a 73% dos

idosos. A perda de confiança na capacidade de deambular com segurança pode

resultar em piora do declínio funcional, depressão, baixa autoestima e isolamento

social.

Perracini et al. (2009) consideraram extremamente oportuna a assistência

externa para deambular com segurança; assim, dispositivos auxiliares podem ser

indicados, entre os quais a bengala, a muleta e o andador. A seleção inadequada do

dispositivo, no entanto, pode prejudicar ainda mais o desempenho. Qualquer que seja

o caso, será sempre necessário que um fisioterapeuta faça a indicação, instrução e o

treinamento para o uso correto e seguro desses dispositivos.

Para Dutton (2008) a seleção do padrão de marcha apropriado, para orientar o

paciente, depende da força de equilíbrio, do estado cardiovascular, da coordenação,

das necessidades funcionais e da condição de apoio de peso. Sendo assim, dois

pontos requer um auxílio de bengala ou muletas. O padrão de três pontos envolve o

8 Idosos caidores: idosos com mais de duas quedas por ano que sofrem mais riscos de sofrer lesões

(Buksman et al., 2009).

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uso de duas muletas ou de um andador. O padrão de quatro pontos, que requer um

dispositivo auxiliar (muletas ou bengalas) em cada lado do corpo, é mais adequado

quando o paciente necessita de assistência máxima no equilíbrio e na estabilidade

(Quadro 7).

Quadro 7 – Questionário de pacientes que sofreram fraturas no fêmur: Hospital do Servidor

Público Estadual de São Paulo.

Anamnese - Parte V. Sintomatologia, aparato locomotor, ocorrência de fraturas pregressas e

aditamento de marcha.

25 Desmaiou? ( ) N; ( ) S 26 Teve algum sintoma antes de cair? ( ) Tontura

( ) Vertigem ( ) Palpitações ( ) Falta de ar

( ) Fraqueza ou dormência no corpo ( ) Fala enrolada ( ) Fraqueza nas pernas

( ) Dificuldade em falar ( ) Flashes de luz 27 Existiam relatos antigos de:

Fraqueza nas pernas?______________________________________ Tremor em repouso?________________________________________ Estado mental anormal?______________________________________

28 Mobilidade antes da internação hospitalar: ( )deambulava independentemente; ( )deambulava com auxílio;

( )Não deambulava 29 Qual auxílio utilizava para marcha? ( )bengala;

( )andador; ( )bengala quadrangular ( ) cadeira de rodas, capaz de transferir-se independentemente;

( ) cadeira de rodas, incapaz de transferir -se precisa de ajuda para locomover-se e realizar transferência.

3.5.4 Avaliação das funções mentais e depressão geriátrica

Para Fontes, Fukujima e Cardeal (2010), Freitas et al. (2006) e Guimarães e

Cunha (2004), o miniexame do estado mental é hoje o instrumento mais utilizado

mundialmente, possuindo versões em diversas línguas e países. Já foi validado para a

população brasileira. Fornece informações sobre diferentes parâmetros cognitivos,

contendo questões agrupadas em sete categorias, cada uma delas planejada com o

objetivo de avaliar "funções" cognitivas específicas, como a orientação temporal (5

pontos), orientação espacial (5 pontos), registro de três palavras (3 pontos), atenção e

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cálculo (5 pontos), recordação das três palavras (3 pontos), linguagem (8 pontos) e

capacidade construtiva visual (1 ponto).

O escore do MEEM pode variar de um mínimo de 0 pontos, o qual indica o

maior grau de comprometimento cognitivo dos indivíduos, até um total máximo de 30

pontos, o qual, por sua vez, corresponde à melhor capacidade cognitiva. Neste estudo

o MEEM (Anexo 5) e a escala de depressão geriátrica (Anexo 6) foram aplicados em

todos os pacientes, mesmo nos pacientes já diagnosticados. A situação de internação

hospitalar foi pertinente a esses testes, devido à fragilidade instalada no paciente

acamado.

A avaliação indiscriminada do MEEM, para Guimarães e Cunha (2004), é

inapropriada e consumiria muito tempo. Devendo ser rotineira somente em casos de

delirium (pertinente após fraturas de fêmur), depressão, diabetes, doença de

Parkinson, internação hospitalar ou deterioração funcional inexplicada.

Buksman et al. (2009) descreveram que mesmo um déficit discreto de

memória, pode aumentar o risco de quedas.

Guimarães e Cunha (2004) afirmam que a depressão é uma síndrome

psiquiátrica caracterizada por humor deprimido, perda do interesse ou prazer,

alterações do funcionamento biológico, com repercussões importantes na vida do

indivíduo e com uma duração, sem tratamento, de meses a anos. Concernente à

depressão, foi utilizado neste estudo a Escala de Depressão Geriátrica (EDG), muito

conhecida e utilizada como um dos instrumentos mais frequentes para o rastreamento

de depressão em idosos. Ela pode ser utilizada para o rastreamento de sintomas

depressivos na população geriátrica. A escala original tem 30 itens e foi desenvolvida

especialmente para o rastreamento dos transtornos de humor em idosos, com

perguntas que evitam a esfera das queixas somáticas. Entre as suas vantagens,

destacam-se: é composta por perguntas fáceis de serem entendidas; e tem pequena

variação nas possibilidades de respostas (Anexo 3).

3.5.5 Informações adicionais com o paciente e/ou cuidador

Para Dutton (2008) e Fontes, Fukujima e Cardeal (2010), ter conhecimentos

sobre exames subsidiários e/ou complementares a que o paciente foi submetido ou

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solicitar a execução de algum deles corrobora o raciocínio quanto ao quadro

cinesiológico funcional.

Sobre a coleta de informações adicionais com o cuidador do idoso, Karsch

(2003) mencionou em seus escritos a importância do cuidador, na atualidade, não

apenas no aumento da sobrevida dos pacientes, mas também na possibilidade de

poder colaborar com as questões que surgem; ou seja, a importância do cuidador

reside não somente no sentido de zelar pelo outro, mas também de ser responsável

pela recuperação do paciente. Contudo, essa preocupação deveria ser dos agentes

de saúde pública e não de quem cuida, pois significa que o cuidador toma para si a

responsabilidade do sucesso ou fracasso do paciente.

3.5.6 Barthel index e informações sobre as AVDs antes da fratura

De acordo com Bonardi, Souza e Moraes (2007), a incapacidade funcional

limita a autonomia do idoso na execução das atividades de vida diária, reduz a

qualidade de vida e aumenta o risco de dependência, institucionalização, cuidados e

morte prematura; além de também aumentar o risco de quedas com limitações de

força muscular, equilíbrio, marcha e mobilidade.

O Índice de Barthel foi desenvolvido em 1965, e descrito por Guimarães e

Cunha (2004), para avaliar o potencial funcional e os resultados do tratamento de

reabilitação dos pacientes que sofreram um AVC, pois o índice de Barthel mede o

grau de assistência exigido em dez atividades.

Fontes, Fukujima e Cardeal (2010) descreveram o Índice de Barthel como

pertencente ao campo de avaliação das atividades da vida diária (AVDs) com a

finalidade de mensurar a independência funcional no cuidado pessoal, mobilidade,

locomoção e eliminações. Na versão original, cada item é pontuado de acordo com o

desempenho do paciente em realizar tarefas de forma independente, com alguma

ajuda ou de forma dependente. Uma pontuação geral é formada atribuindo-se pontos

em cada categoria, a depender do tempo e da assistência necessária a cada paciente.

A pontuação varia de 0 a 100, em intervalos de cinco pontos, e as pontuações mais

elevadas indicam maior independência (Anexo 4).

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3.6 Avaliação Individual Inicial

Trata-se da pesquisa que procura analisar propriedades da teoria em que o

pesquisador está interessado, em vez de empregá-la como sustentáculo do problema

a ser estudado (LUNA, 1996).

Na presente pesquisa, a coleta de dados ocorreu por meio da visita a arquivos

de prontuários médicos e entrevistas semiestruturadas (descritas no texto e no Anexo

3), realizadas todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira e finais de semana,

num total aproximado de 16 horas por semana.

Essa avaliação sempre ocorria no leito do paciente pela pesquisadora Ana

Elisa Sena Klein da Rosa, na presença de um cuidador constituído e/ou familiar.

Quando o paciente não possuía acompanhante, a entrevista era realizada na frente de

um profissional da enfermagem ou da fisioterapia. A filmagem e as fotografias foram

realizadas em apenas duas avaliações, os pacientes relataram muito desconforto para

a realização de filmagens e/ou fotografias. Decidiu-se realizar as descrições por

escrito, em extenso. A captação escrita durou aproximadamente 45 minutos e o

questionário utilizado encontra-se em anexo (Anexo 3).

O questionário foi elaborado pela pesquisadora Ana Elisa Sena Klein da Rosa,

com base em questionários da área de saúde, importantes para a clínica e para a

pesquisa nas áreas biológicas e sociais, utilizados para vários propósitos, como:

ferramentas estatísticas, registro e coletas de dados e ferramenta educacional

(conforme descrito e justificado anteriormente).

O questionário contém variáveis sociodemográficas sobre o cuidador, moradia

de filhos, existência de netos, uso de medicamentos, óculos, frequência ao

oftalmologista, comorbidades, problemas nos pés mais comuns, realização e

finalidade de fisioterapia pregressa à queda atual, quedas no último anos, tempo de

atendimento, horário de queda, frequência de queda antes da atual fratura, locais

mais frequentes de queda, atividades de vida diária, ocorrências de alteração do

movimento, utensílios mais utilizados para a deambulação, tipo de fratura, tipo de

deambulante e local de queda, de acordo com os sexos.

Foram selecionadas para a pesquisa somente questões pertinentes à

problemática estudada. A pesquisadora preencheu devidamente todos os

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questionários. Todo material utilizado foi devidamente registrado e armazenado para

análise.

3.7 Análise Estatística

A descrição dos pacientes foi feita por média do desvio padrão (dp), da

mediana, com valores mínimos, com valores máximos e porcentagem. A análise da

associação entre características da queda e do sexo foi feita pelo teste de Fisher. Em

todas as análises foi considerado estatisticamente significativo quando p < 0,005.

Inicialmente foi realizado o levantamento de dados, em relação a todos os

parâmetros de interesse dessa pesquisa.

3.8 Pacotes Estatísticos

A base de dados foi digitada em planilha de Excel, em dupla digitação para

fazer a consistência da mesma. Todas as análises estatísticas foram feitas pelo

Software Statistical Package for the Social Sciences para Windows, na versão 15.0.

3.9 Aspectos Éticos

Para Francesconi e Goldim (2005), no Brasil, os aspectos éticos envolvidos em

atividades de pesquisa que envolvam seres humanos estão regulados pelas Diretrizes

e Normas de Pesquisa em Seres Humanos, através da Resolução nº 196 do

Conselho Nacional de Saúde, estabelecida em outubro de 1996. Essas diretrizes

foram detalhadas para pesquisas envolvendo novos fármacos, medicamentos,

vacinas e testes diagnósticos através de uma outra Resolução, a de nº 251, de agosto

de 1997. Novas resoluções estão sendo elaboradas para tratar de outras áreas

temáticas especiais.

A pesquisa foi submetida ao comitê de ética em pesquisa do HSPESP e

aprovado em 27 de abril de 2010, conforme o Anexo 2.

Todos os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (Anexo 1). Os pacientes estavam cientes quanto à ausência de riscos

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durante sua participação. Eram de seu conhecimento os benefícios, tanto individuais

quanto para diversos idosos, que seriam gerados pelos resultados deste trabalho.

Segundo Francesconi e Goldim (2005), o objetivo maior da avaliação ética de

projetos de pesquisa é garantir três princípios básicos:

1. Beneficência;

2. Respeito à pessoa;

3. Justiça.

A garantia deve ser adicionada a todas as pessoas que possam vir a ter

alguma relação com a pesquisa, seja o sujeito da pesquisa, o pesquisador, o

trabalhador das áreas onde a mesma se desenvolve e, em última análise, a sociedade

como um todo.

A pesquisadora manteve sigilo e anonimato das informações e no banco de

dados não consta o nome dos pacientes.

3.10 Variáveis de Estudo

As variáveis de estudo foram as características sociodemográficas, o sexo, a

idade, o estado civil, a escolaridade, a aposentadoria, a raça, o local de

origem/nascimento, possuir residência própria, a existência de cuidador, a moradia de

filhos, ter filhos vivos, o uso de medicamentos, o uso de óculos e a frequência ao

oftalmologista, fazer uso de medicação diária, lembrança do nome da medicação,

estar de óculos no momento da queda, data da última visita ao oftalmologista, as

comorbidades, diagnóstico de câncer, diagnóstico de doença cardíaca, portar DPOC,

diagnóstico de diabetes mellitus, o AVC, o diagnóstico de osteoporose, portar HAS, a

depressão, a existência de relatos de doença de Parkinson, doença de Alzheimer ou

demência, alguma amputação transtibial ou amputação transmetatársica, transtorno

bipolar, neuropatia, doença de Paget, glaucoma, epilepsia, insuficiência renal,

hiperplasia de próstata, gastrite, labirintite, problemas nos pés, realização de

fisioterapia no passado, a finalidade de fisioterapia pregressa à queda atual,

ocorrência de quedas e o número de quedas no último ano, tempo que demorou para

ser atendido, horário que sofreu a queda, os locais mais frequentes de queda, o local

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de ocorrência, as atividades de vida diária realizadas antes da queda, ocorrências de

alteração do movimento, sensação de fraqueza ou tremor antes da queda, a forma de

deambulação antes da queda (se eram deambulantes sociais ou domiciliares) e as

órteses mais utilizadas para a deambulação. Com isso procurou-se identificar o tipo

de fratura mais encontrado nos 40 pacientes e finalmente correlacionar com os sexos,

para observar se existe uma predominância sexual estatística nas quedas.

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4 RESULTADOS

A idade dos sujeitos desta pesquisa variou de 62 a 97 anos, com média de

idade igual a 78,9 anos, desvio padrão de 9,5 anos (dp= 9,5 anos) e mediana de 79

anos.

As quedas ocorreram, predominantemente, em mulheres (77,5%). Todas as

quedas foram descritas com ligeira lateralização corporal.

4.1 Número e porcentagem de pessoas segundo características

sociodemográficas

A pesquisa foi realizada com 40 pessoas, sendo 31 (77,5%) mulheres e 9

(22,5%) homens. As mulheres tinham faixa etária predominante entre 62-79 anos

(52,5%). A maioria (55,0%) dos idosos era viúvo, 72,5% aposentado, 20,0% cursaram

ensino médio completo, 82,5% da raça branca, o local de maior prevalência de

origem, com 47,5%, foi o interior de São Paulo. Setenta e cinco por cento dos idosos

residiam em habitações próprias.

Tabela 1 – Número e porcentagem de pessoas segundo características sociodemográficas.

VARIÁVEL CATEGORIA NÚMERO PORCENTAGEM

SEXO Feminino 31 77,5

Masculino 09 22,5 FAIXA ETÁRIA

(ANOS)

62 – 79 21 52,5 80 - 97 19 47,5

ESTADO CIVIL

Casado 13 32,5 Solteiro 02 5,0 Viúvo 22 55,0

Separado 02 5,0 Divorciado 01 2,5

ESCOLARIDADE

Analfabeto 06 15,0 Alfabetizado 06 15,0 Ens. Fund. Inc. 06 15,0

Ensino Fund. Comp. 07 17,5 Ensino Méd. Inc. 02 5,0 Ensino Méd. Comp. 08 20,0

Ensino Sup. Comp. 05 12,5 APOSENTADORIA

Sim 29 72,5

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Não 11 27,5

RAÇA Negro 01 2,5 Branco 33 82,5

Amarelo 02 5,0 Pardo 04 10,0

LOCAL DE ORIGEM

/ NASCIMENTO

Estrangeiro / Portugal 01 2,5 São Paulo – Interior 19 47,5

São Paulo – Capital 08 20,0 Ceará 01 2,5 Bahia 04 10,0

Minas Gerais 04 10,0 Paraná 01 2,5 Rio Grande do Norte 01 2,5

Sergipe 01 2,5 RESID. PRÓPRIA

Sim 30 75,0

Não 10 25,0

TOTAL 40 100,0%

Fonte: HSPESP (2010/2011).

4.2 Associação quanto à Ocupação Profissional e Sexo

Quanto à ocupação, 35,0% dos idosos do sexo feminino eram profissionais do

lar; entre os idosos do sexo masculino, 5,0% trabalhava como pedreiro, 5,0% como

gerente de compras e 5,0%, motorista.

Tabela 2 – Associação quanto à ocupação profissional e sexo.

VARIÁVEL CATEGORIA

PROFISSIONAL

FEMININO

Nº %

MASCULINO

Nº %

OCUPAÇÃO PROFISSIONAL

Administrador Escolar

Auxiliar de Enfermagem

Atendente de Enfermagem

Auxiliar de Terapia Ocupacional

Cabeleireira

Costureira

Dentista

Dona de Casa

Empregada Doméstica

01 2,5

01 2,5

01 2,5

01 2,5

01 2,5

01................2,5

14................35,0

01................2,5

01 2,5

01 2,5

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Faxineira

Gerente de Compras

Inspetor de Ensino

Mecânico de Autos

Motorista

Pedreiro

Perita Contábil

Professor

Secretária

Tecelã

01 2,5

02 5,0

01 2,5

04 10,0

01 2,5

01 2,5

02 5,0

01 2,5

02 5,0

02 5,0

TOTAL 31 100,0 09 100,0

Fonte: HSPESP (2010/2011).

4.3 Número e Porcentagem de Pessoas Segundo Cuidador e Família

Setenta e dois vírgula cinco por cento tinham como principal cuidador um

familiar, 92,5% tinham filhos vivos, destes, 47,5% não possuíam filhos residindo em

sua moradia e 45,0% tinham os filhos residindo em na casa dos pais.

Tabela 3 – Número e porcentagem de pessoas segundo cuidador e família.

VARIÁVEL CATEGORIA NÚMERO PORCENTAGEM

Cuidador Não tem cuidador 04 10,0 Cuidador profissional 07 17,5

Cuidador familiar 29 72,5 Idoso com filhos vivos

Sim 37 92,5 Não 03 7,5 Filhos

Não tem 03 7,5% Não moram com os pais 19 47,5 Moram com os pais 18 45,0

Total 40 100,0%

Fonte: HSPESP (2010/2011).

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4.4 Número e Porcentagem de Pessoas Segundo o Uso de Medicamentos,

Óculos e Frequência no Oftalmologista

Verificou-se o uso de medicação diária, apenas 1 idoso (2,5%) não utilizava

medicação diária. Noventa e sete vírgula cinco por cento dos idosos usavam

medicação todos os dias, somente 7,5% sabiam os nomes das medicações utilizadas,

principalmente durante a internação hospitalar. Oitenta por cento utilizavam óculos;

destes, 20% utilizavam óculos no momento da queda.

No que diz respeito à frequência a consultas oftálmicas:

6 idosos (15,0%) frequentaram o oftalmologista em até 60 dias;

2 idosos (5,0%) frequentaram o oftalmologista de 61-180 dias;

6 idosos (15,0%) frequentaram o oftalmologista em 181-365 dias;

6 idosos (15,0%) frequentaram o oftalmologista de 1 até 1,9 anos;

8 idosos (20,0%) frequentaram o oftalmologista de 2 até 3,9 anos;

4 idosos (10,0%) frequentaram o oftalmologista em 4 anos ou mais;

8 idosos (20,0%) não souberam responder a essa questão.

Tabela 4 – Número e porcentagem de acordo com o uso de medicamentos, óculos e

frequência no oftalmologista.

VARIÁVEL CATEGORIA NÚMERO PORCENTAGEM

Fazem uso de

medicação diária

Sim 39 97,5% Não 01 2,5%

Lembram do nome da medicação diária

Sim 03 7,5

Não 36 90,0 Não fazem uso

contínuo 01 2,5%

Usam óculos Sim 32 80,0 Não 08 20,0

Estava de óculos no momento da queda

Sim 08 20,0

Não 24 80,0 Última visita ao oftalmologista

Não sabem 08 20,0 Até 60 dias 06 15,0 61 a 180 dias 02 5,0

181 a 365 dias 06 15,0 366 a 730 dias 06 15,0 731 a 1460 dias 08 20,0

1461 a 3650 dias 04 10,0

Total 40 100,0% Fonte: HSPESP (2010/2011).

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4.5 Número e Porcentagem de Doenças Pregressas Encontradas nos Pacientes

com Fratura Femoral

Como doenças pregressas encontradas nos pacientes com fratura femoral têm-se:

(85%) HAS;

(42,5%) Diabetes mellitus;

(41,0%) Osteoporose;

(17,5%) Doença cardíaca e doença de Alzheimer;

(15,0%) Depressão, labirintite, DPOC e Parkinson;

(10,0%) Demência;

(7,5%) Focos primários de câncer, AVC pregresso, neuropatias, glaucoma e

gastrite;

(5,0%) Amputação transmetatársica, epilepsia e hiperplasia de próstata;

(2,5%) Amputação transtibial, transtorno bipolar, doença de paget e

insuficiência renal.

Tabela 5 – Número e porcentagem de doenças pregressas encontradas nos pacientes com fratura femoral.

DOENÇA NÚMERO PORCENTAGEM

CÂNCER 03 7,5 DOENÇA CARDÍACA 07 17,5 DPOC 06 15,0

DIABETES MELLITUS 17 42,5 AVC 03 7,5 OSTEOPOROSE 16 41,0

HAS 34 85,0 DEPRESSÃO 06 15,0 PARKINSON 07 17,5

ALZHEIMER 04 10,0 DEMÊNCIA 03 7,5 AMP. TRANSTIBIAL 01 2,5

AMP. TRANSMETATÁRSICA 02 5,0 TRANST. BIPOLAR 01 2,5 NEUROPATIA 03 7,5

DOENÇA DE PAGET 01 2,5 GLAUCOMA 03 7,5 EPILEPSIA 02 5,0

INS. RENAL 01 2,5 HIPERPLASIA DE PRÓSTATA 02 5,0 GASTRITE 03 7,5

LABIRINTITE 06 15,0

Obs.: * % Porcentagem calculada em relação às 40 pessoas.

Fonte: HSPESP (2010/2011).

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4.6 Número e Porcentagem de Relatos dos Problemas Encontrados nos Pés, e

Realização e Finalidade de Fisioterapia Pregressa à Queda

Quanto aos problemas nos pés que prejudiquem o andar, têm-se: úlcera

diabética (2,5%); dedo em garra (7,5%); joanete (5,0%); hálux valgo (15,0%); edema

(2,5%); feridas (2,5%); joanetes + hálux valgo (7,5%); joanetes + edema (2,5%);

edema + feridas (2,5%); amputação + feridas (2,5%); e úlcera diabética + dedo em

garra + joanetes (2,5%).

Do total, 57,5% já realizaram fisioterapia pregressa à queda atual. As

finalidades do tratamento fisioterapêutico pregresso à queda mais encontradas foram:

fraturas antigas (7,5%); algias (7,5%); AVC (2,5%); para melhorar a marcha e quedas

(10,0%); amputação (2,5%); fraturas antigas + algias (12,5%); fratura antiga + melhora

da marcha e quedas (2,5%); algias + melhora de marcha e quedas (5,0%); fraturas

antigas + algias + melhora de marcha e quedas (5,0%); e algias + melhora de marcha

e quedas + amputação (2,5%).

Tabela 6 – Relato de números e porcentagens sobre os problemas encontrados nos pés, e

realização e finalidade de fisioterapia pregressa à queda.

VARIÁVEL CATEGORIA NÚMERO PORCENTAGEM

Problema nos pés Úlcera diabética 01 2,5

Dedo em garra 03 7,5 Joanete 02 5,0 Hálux valgo 06 15,0

Edema 01 2,5 Feridas 01 2,5 Joanete + hálux valgo 03 7,5

Joanete + edema 01 2,5 Edema + feridas 01 2,5 Amputação + feridas 01 2,5

Amputação + feridas + úlcera diabética + dedo em garra + joanetes

01 2,5

Realizavam

fisioterapia antes da queda

Sim 23 57,5

Não 17 42,5 Finalidade do tratamento

fisioterapêutico antes da queda

Fratura antiga 03 7,5

Algias 03 7,5 AVC 01 2,5 Melhora de marcha e quedas 04 10,0

Amputação 01 2,5

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Fratura antiga + algias 05 5,0

Fratura antiga + melhora de marcha e quedas

01 2,5

Algias + melhora de marcha e quedas 02 5,0

Fratura antiga + algias + melhora de marcha e quedas

02 5,0

Algias + melhora da marcha e quedas

+ amputação

01 2,5

Total 40 100,0

Fonte: HSPESP (2010/2011).

4.7 Conforme Queda no Último Ano, Demora no Atendimento, Horário de Queda

e Frequência antes da Fratura Estudada.

A queda foi frequente no último ano, pois 82,5% sempre caíam, 15% raramente

e 2,5% dificilmente.

Os tempos de atendimento foram:

28 até 59 minutos (70,0%);

01 a 4,4 horas (15,0%);

4,5 a 10 horas (7,5%);

10,1 a 12,4 horas (2,5%);

12,5 horas a 24 horas (2,5%);

48 horas ou mais (2,5%).

Horário que sofreu a queda: 17 caíram de manhã (42,5%), 14 caíram à tarde

(35,0%), 07 caíram à noite (17,5%), e 02 idosos caíram de madrugada (5,0%).

Frequência de queda: 32 sempre caem (80,0%), 05 dificilmente caem (12,5%), e 03

raramente caem (7,5%).

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Tabela 7 – Conforme queda no último ano, demora no atendimento, horário de queda e

frequência antes da fratura estudada.

VARIÁVEL CATEGORIA NÚMERO PORCENTAGEM

Caiu no último ano

Sempre 33 82,5 Raramente 06 15,0 Dificilmente 01 2,5

Tempo que demorou para ser socorrido

Até 59 minutos 28 70,0

01 a 4,4 horas 06 15,0 4,5 a 10 horas 03 7,5 10,1 a 12,4 horas 01 2,5

12,5 a 24 horas 01 2,5 48 horas ou mais 01 2,5 Horário que sofreu a

queda

Manhã 17 42,5 Tarde 14 35,0

Noite 07 17,5 Madrugada 02 5,0 Frequência da queda

Sempre 32 80,0 Dificilmente 05 12,5 Raramente 03 7,5

Total 40 100,0

4.8 Local de Ocorrência da Queda

Perfil do local de ocorrência da queda: 22,5% no quarto; 22,5% na rua; na

sala/hall de entrada, 12,5%; na cozinha, 10,0%; na escada, 10,0%; na área de

serviço/lavanderia, 7,5%; no corredor, 7,5%; no banheiro, 5,0%; e, no quintal, 2,5%.

Quanto ao local da queda, 09 caíram na rua (22,5%) e 31 caíram em casa (77,5%).

Tabela 8 – Número e porcentagem do local de ocorrência da queda.

VARIÁVEL CATEGORIA NÚMERO PORCENTAGEM

Local de ocorrência da queda

Quarto 09 22,5 Rua 09 22,5 Sala/hall de entrada 05 12,5

Cozinha 04 10,0 Escada 04 10,0 Área de serviço/lavanderia 03 7,5

Corredor 03 7,5 Banheiro 02 5,0 Quintal 01 2,5

Local de queda Casa 31 77,5 Rua 09 22,5

Fonte: HSPESP (2010/2011).

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4.9 Referente às Atividades de Vida Diária e Ocorrência de Alterações de

Movimento

Concernente às atividades de vida diária e ocorrência de alterações de

movimento, têm-se:

42,5% realizavam suas AVDs sem auxílio;

42,5% realizavam suas AVDs com pequeno auxílio;

15,0% realizavam suas AVDs com muita ajuda.

Quarenta por cento imaginavam que um dia poderiam sofrer queda; 97,4%

permaneceram conscientes no pós-queda; 75,0% dos idosos sentiam fraqueza antes

da queda; e 27,5% apresentavam queixas de tremor antes da queda. Antes da queda

a deambulação dos idosos era da seguinte forma:

Andavam independentemente, sem auxílio (27,5%);

Andavam independentemente, com necessidade de aditamentos (72,5%).

Tabela 8 – Referente às atividades de vida diária e ocorrência de alterações de movimento.

VARIÁVEL CATEGORIA NÚMERO PORCENTAGEM

AVDs

Realiza sem auxílio 17 42,5 Realiza com pequeno auxílio 17 42,5 Realiza com muita ajuda 06 15,0

Imaginava que poderia sofrer queda

Sim 16 40,0

Após a queda permaneceu consciente

Sim 39 97,4 Sentiam fraqueza antes da queda

Sim 30 75,0 Apresentavam tremor antes da queda

Sim 11 27,5 Forma de deambulação antes da

queda

Independente, sem auxílio 11 27,5 Independente com necessidade

de órtese

29 72,5

TOTAL 40 100,0

Fonte: HSPESP (2010/2011).

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4.10 Número e Porcentagem referente a Utensílio ou Aditamento Utilizado para

Deambulação, Tipo de Fratura e Tipo de Deambulante

Quanto ao utensílio ou aditamento utilizado para deambulação, 11 (27,5%) não

utilizavam nenhum utensílio; 24 (60,0%) utilizavam bengala; 04 (10,0%) idosos

utilizavam andador; e 01 (2,5%) idoso utilizava muleta. Quanto ao tipo de fratura, 23

(57,0%) tiveram fraturas transtrocanteriana; 14 (35,0%), fraturas de colo de fêmur; 02

(10,0%), fraturas diafisárias; e 01 (2,5%) teve fratura condiliana. Quanto ao tipo de

deambulante, 23 (57,5%) são deambulantes domiciliares; e 17 (42,5%), deambulantes

sociais.

Tabela 9 – Número e porcentagem referente a utensílio ou aditamento utilizado para

deambulação, tipo de fratura e tipo de deambulante.

VARIÁVEL CATEGORIA NÚMERO PORCENTAGEM

Utensílio utilizado para deambulação

Nenhum 11 27,5 Bengala 24 60,0 Andador 04 10,0

Muletas 01 2,5 Tipo de fratura Colo de fêmur 14 35,0

Transtrocanteriana 23 57,0 Diafisária 02 10,0 Condiliana 01 2,5

Tipo de deambulante Domiciliar 23 57,5 Social 17 42,5

Total 40 100,0

Fonte: HSPESP (2010/2011).

4.11 Associação Estatística Quanto ao Local e Frequência de Queda Atual,

Segundo o Sexo

Existe associação estatisticamente significativa entre o local da queda e o sexo

(p = 0,001), onde a maioria das mulheres cai em casa (90,3%) e a maioria dos

homens cai na rua (66,7%). Existe associação estaticamente significativa entre a

frequência de quedas e os sexos, onde as mulheres sempre caem (96,8%) e a

maioria dos homens cai raramente e/ou dificilmente (66,7%).

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Tabela 10 – Associação estatística quanto ao local e frequência de queda atual, segundo o

sexo.

VARIÁVEL CATEGORIA FEMININO Nº %

MASCULINO Nº %

P

Local da queda Rua 03 9,7 06 66,7 0,001 Casa 28 90,3 03 33,3 0,001

Frequência de queda

Raramente/Dificilmente 01 3,2 06 66,7 0,001

Sempre 30 96,8 03 33,3 0,001 Realizou fisioterapia antes

da queda

Fonte: HSPESP (2010/2011).

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5 DISCUSSÃO

Não é fácil imaginar que nosso próprio corpo, tão cheio de frescor e muitas

vezes de sensações agradáveis, pode ficar vagaroso, cansado e desajeitado.

Não podemos imaginá-lo, e, no fundo, não o queremos. Dito de outra

maneira, a identificação com os velhos e com os moribundos

compreensivelmente coloca dificuldades especiais para as pessoas de outras

faixas etárias. Consciente ou inconscientemente, elas resistem à idéia de seu

próprio envelhecimento e morte tanto quanto possível. (ELIAS, 2001, p. 80).

O processo de envelhecimento do corpo é peculiar à individualidade de cada

ser e acontece pela ação do tempo. Nosso corpo tem diferentes formas de se

comunicar com o mundo. Acredita-se que todas as formas de comunicação se

revelam através de nossos movimentos. Portanto, nosso corpo configura-se como um

grande comunicador e condutor de todas as nossas emoções.

Por mais que 40% dos pacientes deste estudo acreditassem que uma queda

grave poderia ocorrer em suas vidas, foi impossível para eles imaginar a situação na

qual se encontravam. A fratura femoral produziu um choque ao observar a decadência

funcional do próprio corpo; de um ponto de vista externo à “sua decadência funcional”,

simbolizava o princípio de seu fim.

É indispensável refletir sobre a complexidade de sentir o corpo e perceber no

corpo uma fratura femoral. Nessa perspectiva, Mucida (2004) elucidou

pertinentemente que na velhice o real da castração se impõe de forma irrevogável,

uma vez que as perdas, não somente as relacionadas à imagem corporal, remetem o

sujeito à fase do espelho quebrado, pois, se na infância essa fase remete a uma

imagem totalizante, na velhice, o idoso se depara com um corpo fragmentado,

despedaçado, corpo para a morte.

[essa] vivência de despedaçamento vivida muitas vezes na velhice é, ao

contrário, uma antecipação sem retorno, pois várias mudanças em curso não

oferecem perspectivas de novas aquisições. Ao contrário, tratando-se da

imagem, são perdas que não encontram nenhuma reparação e com as quais

o sujeito deverá se conformar e se adaptar. (MUCIDA, 2004, p. 109).

Como escutar um corpo se por muitas vezes ele é negado? Como reagir e até

mesmo prevenir quedas com um corpo que não lhes parece seu? Seria a queda na

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velhice uma violação exaustiva de um organismo num corpo sem diálogo,

desconhecido, sem identificação? Como viver num corpo parcialmente ou totalmente

estranho para nós?

Novamente entra em cena o sofrimento subjetivo/social vivenciado de maneira

diferente em cada idoso. A percepção do corpo é diferente da vivencia dele, e tal fato

instaura um mal-estar que deve ser elaborado para que esse idoso não viva em

descompasso. Os resultados encontrados neste estudo possuem significados muito

relevantes, pois a fratura femoral pode levar o idoso à injúria, incapacidade funcional e

à morte.

Acredita-se que o organismo emite evidências sutis ao corpo de que a queda

pode ocorrer. Algumas intervenções para prevenir quedas incluem treinamento de

força, equilíbrio, modificações ambientais, redução de fármacos etc. Dessa forma, a

prevalência de quedas entre os idosos pode ser reduzida drasticamente com

programas antiquedas, que contemplem a educação preventiva por meio de ações na

área da educação, da saúde, da habitação, do planejamento urbano e da previdência

social, respeitando a subjetividade.

Para Goldfarb (2006), a condição de fragilidade será maior se, ante a realidade

de perdas funcionais, afetivas, sociais e existenciais, o sujeito se sentir desamparado

e não encontrar situação de ajuda, amparo ou proteção.

A fratura femoral torna-se um evento que produz no idoso um choque de

realidade, pois o mesmo não se apropria desse corpo envelhecido e “frágil”; o que

pode levá-lo a diferentes perspectivas de sua vida, principalmente quando o que está

em jogo, nas entrelinhas, é a ideia de finitude. Seu “padrão” de corpo é baseado em

valores sociais e culturais vigentes em sua sociedade; a imagem construída a partir da

expectativa do outro que cria normas e regras baseadas na generalização, em

modelos de perfeição a serem seguidos. Porém, a incidência da fratura femoral

evidencia que tal modelo não pode ser seguido, e, nesse contexto, o idoso sofre por

não conseguir ser aquilo estipulado pelo outro, não reconhece os limites de seu corpo

e o próprio processo de envelhecimento.

De acordo com Motta (2002), o sentimento que temos do corpo nos produz

uma inquietante estranheza, algo familiar, longe do imaginário idealizado. Como

descreveu, pensar a si próprio é na velhice um duplo exercício, pois, à medida que o

sujeito se define, o faz por contraste com o outro. Inclusive com aquele outro que é o

seu eu jovem.

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Quando se avalia os dados da literatura, não se encontra estudo cruzando sexo

e causa, o que seria muito conveniente para direcionar os principais objetivos de uma

campanha de prevenção.

Na avaliação do tipo de fratura mais comum, tivemos como resultado, neste

estudo, que 57,0% dos idosos sofreram fratura transtrocanteriana (Tabela 9). O que

vai ao encontro do apresentado na literatura, que aponta que essas fraturas

representam as maiores incidências de fraturas do fêmur proximal.

Assunção et al. (2009) selecionaram 31 pacientes (18 mulheres e 11 homens)

com o diagnóstico de fratura transtrocanteriana (que sofreram queda e

atropelamentos). Os pacientes foram submetidos a tratamento cirúrgico e

acompanhados por um período de seis meses após a data do trauma. No período de

setembro de 2005 a agosto de 2006, 11 pacientes não possuíam história de quedas

prévias, 11 tiveram antecedentes de quedas sem fraturas e 9 tinham história de

quedas com fraturas (anteriores). No acompanhamento ambulatorial, foram avaliados:

início da marcha com ou sem apoio, qualidade da marcha, grau de mobilidade e

complicações ortopédicas e clínicas. O estudo identificou quatro novas informações: o

número de doenças pregressas deve ser menor que quatro; não ter sofrido fraturas

concomitantes à fratura transtrocanteriana; início da marcha anterior a 30 dias; e

ausência de complicações ortopédicas no pós-operatório.

Para Sakaki et al. (2004), existe uma influência importante da fratura do fêmur

proximal na sobrevida desses pacientes, principalmente se forem comparados os

índices encontrados na população sem fraturas. A taxa de mortalidade em quatro

meses salta de zero para aqueles sem nenhuma doença associada para 4% quando

há uma, 15% quando há duas, 26% quando há três e 47% quando há quatro ou mais

doenças concomitantes à fratura femoral. A escala de risco anestésico da Sociedade

Americana de Anestesia (American Society of Anestesiology) relaciona-se diretamente

à presença de um número maior de doenças crônicas. Dessa forma, Dzupa et al.

(2002 apud SASAKI et al., 2004) encontraram uma incidência maior de mortes após a

fratura de fêmur nos idosos com ASA maior. Aqueles com ASA 1 têm 0%, ASA 2 têm

4,3%, ASA 3 têm 21,3%, ASA 4 têm 42,1% e ASA 5 têm 68,9% de mortalidade em um

ano.

A falta de recursos financeiros dos idosos se traduz em precariedade de

adequação ambiental frente às atuais necessidades e/ou limitações funcionais. Em

alguns casos faltam recursos financeiros para adaptações ambientais, que são

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observadas “tardiamente” após o episódio da queda com a fratura femoral e/ou a

limitação funcional já instalada.

Ornstein, Prado e Lopes (2010) aludem sobre a dificuldade de mudança

ambiental dos idosos, pois o sentimento de apego ao lugar em que vivem mostrou-se

muito dependente da qualidade da experiência dos idosos com os ambientes e com

as lembranças associadas a tais locais, independentemente do tempo de moradia na

área.

Para Doll (2002), a viuvez sempre teve uma conotação feminina, sendo

principalmente relacionada às mulheres, pois as viúvas sofrem mais as

consequências, como perda do papel social, diminuição ou perda total da renda e

isolamento social. Este último é mais evidente quando a identidade da mulher é

fortemente ligada ao marido. Entre os homens idosos, a perda da companheira pode

ser agravada por eventos que geralmente ocorrem nessa fase da vida, como

aposentadoria e outras perdas de papéis sociais, o que, de acordo com Doll (2002),

aumenta os riscos de problemas psicológicos, como a depressão. A maioria (55%) de

nossos idosos pesquisados vive civilmente em viuvez.

Neste estudo as fraturas ocorreram mais entre as mulheres 77,5% (conforme

observado na Tabela 1). A diferença por sexo e a incidência de quedas encontrada no

estudo está em consonância com a prevalência de sexo na literatura já descrita, uma

vez que aproximadamente 40% das quedas ocorrem em mulheres com mais de 75

anos de idade resultam em fraturas, comparados com 27% em homens.

Brito e Costa (2001) descreveram em estudo epidemiológico que as mulheres

apresentam taxas mais elevadas de quedas do que os homens, e que esta aumenta

conforme a idade, subindo de 30 a 50 quedas por 100 pessoas/ano na idade de 65

anos, para 60 a 90 quedas por 100 pessoas/ano naqueles idosos com mais de 75

anos.

Em virtude das alterações hormonais da menopausa, a taxa de perda óssea da

mulher acentua-se após esse evento, fazendo com que esta venha a apresentar um

risco de fratura três vezes maior do que o homem. Também se acredita que o

fenômeno da feminilização da velhice pode estar relacionado, visto que as quedas são

frequentes em determinados idosos. De acordo com o IBGE (2010), as mulheres

idosas são maioria, com 55,8%, assim como os brancos, com 55,4%.

Quanto aos aspectos ocupacionais (conforme observado na Tabela 2), a

prevalência de quedas nesse estudo foi de 35,0% para as donas de casa, mulheres

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que cuidam do lar, e com baixa escolaridade. A dor crônica pode ser um dos fatores

para a ocorrência de quedas. Segundo alguns estudos sobre a dor crônica, ela é

prevalente e pouco combatida em donas de casa (Gráfico 4).

Gráfico 4 – Associação quanto à ocupação profissional e sexo.

Fonte: HSPESP (2010/2011).

De acordo com os estudos de Latorre et al. (2010) sobre prevalência de dor e

escolaridade, entre as pessoas com 15 anos ou mais de estudo, a prevalência de dor

foi de 23,5%, chegando a 33,7% entre os analfabetos. A dor está mais presente em

aposentados (36,0%), autônomos (35,7%) e donas de casa (33,3%).

Quanto à moradia, 75% dos idosos pesquisados (conforme observado na

Tabela 1) possuíam casa própria; e 45% tinham filhos morando com eles (Tabela 3), o

que significa que esse idoso é fundamental para economia familiar.

Pelas projeções do IPEA (2009), a participação dos idosos na renda familiar

cresceu não só pelos ganhos de aposentadorias e pensões, mas também pelos

rendimentos vindos do trabalho. Essa situação esboça uma população menos

2,5%

2,5%

2,5%

2,5%

2,5%

2,5%

5,0%

35,0%

2,5%2,5%5,0%

5,0%

2,5%

5,0%

5,0%

2,5%

10,0%

2,5%

2,5%

Administrador Escolar (M)

Auxiliar de Enfermagem (F)

Atendente de Enfermagem (F)

Auxiliar de Terapia Ocupacional (F)

Cabeleireira (F)

Costureira (F)

Dentista (F/M)

Do Lar (F)

Empregada Doméstica (F)

Faxineira (F)

Gerente de Compras (M)

Inspetor de Ensino (F)

Mecânico de Autos (M)

Motorista (M)

Pedreiro (M)

Perita Contábil (F)

Professor (F)

Secretária (F)

Tecelã (F)

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dependente de filhos e netos. O número de idosos chefes de família aumentou,

passando a ser a condição predominante inclusive para as mulheres. Em 2009,

aproximadamente 13,8 milhões de pessoas com mais de 60 anos eram chefes de

família; destes, 42,7% eram mulheres. Em cerca de 6 milhões de famílias em que o

idoso era chefe ou cônjuge, havia filhos adultos, e, em 2,3 milhões de famílias, havia

netos. Nessas famílias, os idosos contribuíam com mais da metade da renda familiar,

invertendo uma tradicional relação de dependência.

Dos idosos pesquisados, 72,5% tinham cuidador familiar (Tabela 3). De acordo

com o Ministério da Saúde (2008), nem sempre se pode escolher ser cuidador,

principalmente quando a pessoa cuidada é um familiar ou amigo. É fundamental ter a

compreensão de se tratar de uma tarefa nobre, porém complexa, permeada por

sentimentos diversos e contraditórios.

Para Karsch (1998), as ações de cuidar de um idoso dependente são

entendidas como algo inerente e natural às pessoas, sem uma contextualização

sócio-histórica e mesmo cultural. Sem o conhecimento técnico dos cuidados, a pessoa

que assume essa tarefa se vê sem saber como começá-las e terminá-las.

Cuidar de um idoso pós-fratura femoral é uma atividade nova e inesperada.

Então, estaria o cuidador familiar preparado para tal atividade, ou o ato de cuidar

configuraria uma necessidade?

Um dado alarmante encontrado neste estudo foi que 97,5% dos idosos faziam

uso de mais de três medicações diárias. Nesse sentido, Hamra, Ribeiro e Miguel

(2007) desenvolveram um estudo sobre a correlação entre fratura por queda em

idosos e uso prévio de medicamentos. É impressionante como o uso de

medicamentos por idosos é frequente e tem crescido a cada dia em virtude do

aumento da expectativa de vida no Brasil. Algumas dessas drogas, quando

administradas, podem provocar efeitos colaterais, como tontura e diminuição dos

reflexos, podendo ocasionar quedas e consequentes fraturas.

Drogas psicotrópicas, cardiovasculares, corticosteroides e anti-inflamatórios

não hormonais são as mais frequentes. As drogas psicotrópicas, particularmente os

benzodiazepínicos (meia-vida curta ou longa) e neurolépticos (típicos e atípicos) têm

sido mais constantemente relacionadas ao risco de quedas. Wang et al. (2001) e

Landi et al. (2005) ampliaram seus estudos para residentes de casas de repouso que

faziam uso de mais de quatro medicações prescritas e concluíram que estes

apresentaram risco até três vezes maior de quedas.

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Hamra, Ribeiro e Miguel (2007) realizaram um estudo no ano de 2004 com 205

pacientes a partir de 60 anos de idade internados com fratura por queda e

compararam estatisticamente com um grupo-controle de 205 pacientes do mesmo

grupo etário sem fratura. Nesse trabalho ficou evidente que o uso de medicamentos

pode ser considerado como fator de risco para fratura por queda.

No presente estudo, constatou-se que dos 97,5% dos idosos que faziam uso de

medicação somente 7,5% sabiam o nome das medicações diárias (Tabela 4). Sem

saber o nome do medicamento, poderia esse sujeito esquecer ou trocar alguma

embalagem, ou até mesmo reproduzir a ingesta, sofrer um mal-estar e cair? Os idosos

recebiam as medicações de seus cuidadores, ou ingeriam seus medicamentos, pelo

rotineiro e pouco confiável hábito de reconhecimento da embalagem, um dado

“alarmante” no que tange a medicalização do idoso.

O uso de óculos foi frequente em 80% dos pacientes e no momento da queda

somente 20% estavam de óculos (conforme a Tabela 4). Desses idosos, 20% não

lembravam ou não sabiam quando tinham passado em consulta com um

oftalmologista nos últimos 11 anos.

Para Ramrattan et al. (2001), Romani (2005) e Jessa et al. (2007), o declínio na

função visual dos idosos é fonte de preocupação no âmbito da saúde pública. Mesmo

com alta prevalência de debilidade visual, a maioria dos idosos não refere queixa da

visão por considerar esse déficit típico da idade avançada.

Sakaki et al. (2004) estudaram a mortalidade na fratura proximal de fêmur em

idosos e identificaram quatro fatores intimamente relacionados a uma maior

mortalidade nesses pacientes: idade avançada, grande número de doenças

associadas, sexo masculino e presença de deficiências cognitivas. Outros fatores

mostraram uma fraca correlação com a mortalidade, como capacidade deambulatória

prévia, índice de risco anestésico da Sociedade Americana de Anestesia (ASA),

anemia, hipoalbuminemia, linfopenia e existência de AVC prévio.

Fabrício et al. (2004) realizaram um estudo sobre causas e consequências de

quedas em idosos atendidos em hospital público de Ribeirão Preto, com amostra de

50 idosos de ambos sexos que haviam sido atendidos em duas unidades de um

hospital público. Os dados obtidos mostraram uma realidade que não difere muito da

encontrada neste estudo, a maioria das quedas ocorreu em idosos do sexo feminino

(66%), com idade média de 76 anos, e as quedas ocorreram no próprio lar do idoso

(66%).

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Barbosa e Nascimento (2001) realizaram um estudo retrospectivo com o

objetivo de levantar o número de idosos que foram internados num hospital geral em

Taubaté devido a quedas no período de janeiro de 1993 a dezembro de 1997. Foram

estudados 481 pacientes: 66,5% eram mulheres e 25,1% destas estavam na faixa

etária acima de 81 anos de idade; 74,8% dos pacientes estudados tiveram trauma em

membros inferiores com predomínio de fraturas femorais; 64,0% tinham alguma

doença associada, antes da queda; e 7,9% dos pacientes morreram durante o período

de internação.

Tida (2005 apud ORNSTEIN; PRADO; LOPES, 2010) adverte que pessoas

com 60 anos precisam do triplo da intensidade de luz em relação ao jovem de 20

anos. A idade afeta a fadiga visual de diversas maneiras. Se torna difícil focalizar

objetos próximos por endurecimento das lentes.

É salutar mencionar que a audição é o principal canal sensorial para obtenção

de informações sensoriais e espaciais distantes do indivíduo. É a partir da percepção

que desenvolvemos a orientação espacial.

Berger e Porell (2008), Bicas (2002) e WHO (2004), citados por Luiz et al.

(2009) afirmam que o

comprometimento visual é usualmente definido pelo valor da acuidade visual,

que é parte da visão funcional de um indivíduo. A acuidade visual é o

parâmetro que expressa de forma mais genérica a capacidade de

discriminação de formas e contrastes, além de ser um método para se medir

o reconhecimento da distância entre dois pontos no espaço e da resolução de

suas respectivas imagens sobre a retina. É o melhor valor que, sozinho,

caracteriza a perda visual, sendo utilizado como critério para definir o

comprometimento visual pela Organização Mundial da Saúde. (p. 445).

Assim, de acordo com o estudo de Luiz et al. (2009), a dificuldade de

permanecer estável frente a ambientes e tarefas complexas pode predispor o idoso às

quedas. É importante que os idosos tenham conhecimento sobre como a deficiência

visual afeta a execução das tarefas do cotidiano e o equilíbrio na interação com o

ambiente, predispondo à queda. Para a WHO (2004 apud LUIZ et al., 2009), as

projeções baseadas na população mundial preveem 75 milhões de cegos em 2020,

sendo que as estimativas em relação à baixa visão afetam aproximadamente três

vezes mais pessoas. Nesse estudo, Luiz et al. (2009) não mencionaram a associação

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de problemas visuais em pacientes dementes, o que aumentaria relativamente a

probabilidade de quedas.

A doença crônica mais comum encontrada (conforme Tabela 5 e Gráfico 5) foi

a HAS, com 85% de prevalência, sendo o fator de risco principal para o AVC. O que

demonstra que as doenças crônicas aumentam a incidência de quedas. A segunda

incidência de doença crônica foi o diabetes, com 42,5%. A diabetes, para os

pesquisadores Alvarenga, Pereira e Anjos (2010), proporciona o declínio da

funcionalidade motora e o surgimento de déficits cognitivos relacionados a processos

mais complexos, como a função executiva, o que pode levar a um maior risco de

quedas. A terceira prevalência de doenças pregressas à fratura femoral foi a

osteoporose, com a prevalência de 41% nos idosos estudados. Na União Europeia, a

cada 30 segundos uma pessoa sofre de fratura em virtude da osteoporose. Estima-se

que em 2050, na América Latina e na Ásia, a frequência de fraturas no fêmur e quadril

decorrente da osteoporose deverá ser para um em cada dois casos. Outras pesquisas

mostram que no Oriente Médio vai triplicar o número de fraturas no quadril causadas

pela doença, nos próximos 20 anos. O Gráfico 5, a seguir, apresenta as principais

doenças pregressas encontradas na população desta pesquisa.

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Gráfico 5 – Porcentagem de doenças pregressas encontradas nos pacientes com fratura

femoral.

Fonte: HSPESP (2010/2011).

Problemas nos pés (conforme Tabela 6) somaram 60%, que em uma somatória

fatorial podem estar relacionados a maiores chances do idoso cair.

De todos os idosos que realizam sessões de fisioterapia pregressas a fraturas

consequentes de quedas, segundo identificaram Álvares, Lima e Silva (2010), a

ocorrência de reumatismo e doenças da coluna apresentou maior prevalência nas

quedas seguidas de fraturas. Estudos têm verificado que o processo degenerativo

causado pela osteoartrose influencia na redução da capacidade física, desencadeia

processo álgico e interfere no equilíbrio ou controle da postura, o que por sua vez

favorece os episódios de quedas.

Neste estudo, 57,5% dos idosos estudados que realizavam fisioterapia

pregressa à queda identificaram a diminuição da marcha e prevenção de quedas

como objetivo da fisioterapia (conforme Tabela 6).

85,0%

42,5%

41,0%

17,5%17,5% 15,0% 15,0%

15,0%10,0%

7,5%

7,5%7,5%

7,5%7,5%

7,5%

5,0%5,0%

5,0%2,5%

2,5%2,5%

2,5%

HAS DIABETES MELLITUS OSTEOPOROSEDOENÇA CARDÍACA PARKINSON DPOCDEPRESSÃO LABIRINTITE ALZHEIMERCANCER AVC DEMÊNCIANEUROPATIA GLAUCOMA GASTRITEAMP. TRANSMETATÁRSICA EPILEPSIA HIPERPLASIA DE PRÓSTATAAMP. TRANSTIBIAL TRANSTORNO BIPOLAR DOENÇA DE PAGETINSUF. RENAL

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É expressivo que 82,5% dos idosos estudados sempre sofriam quedas durante

os últimos 365 dias (Tabela 7). Sua recorrência pode ser evitada com medidas

preventivas adequadas, identificando causas e desenvolvendo métodos para reduzir

sua ocorrência. É necessário que o idoso entenda por que ele caiu, somente assim

ele poderá evitar. Para prevenir quedas, é necessária uma criteriosa avaliação que

predispõe avaliação multiprofissional com levantamento multifatorial de riscos

eminentes. A educação pode compulsar soluções específicas com particularidades

subjetivas, visto que o envelhecimento, a velhice, a funcionalidade, as doenças e a

queda são particulares a cada sujeito. Detectar e controlar os fatores de risco

ambientais, fisiológicos e patológicos devem ser obrigatórios aos profissionais da

saúde.

No que se refere ao socorro imediato (conforme Tabela 7), 70% foram

socorridos em até 59 minutos. A frequência do horário da queda dos idosos estudados

(Tabela 8) prevaleceu no período da manhã, com 42,5%. É salutar observar que em

pacientes com déficits de memória (quando a queda ocorria sem que o familiar e/ou

cuidador estivesse presente) o socorro demorou devido à pouca colaboração do

paciente e credibilidade da família e/ou cuidador, mesmo quando o idoso apresentava

queixas persistentes de dor.

O local mais comum de ocorrência de quedas foi a casa (Tabela 11), com

77,5%; a rua obteve 22,5%. O idoso que cai em casa geralmente é considerado mais

dependente, mesmo que tenha a marcha preservada; é provável que ele seja um

deambulante predominantemente domiciliar. Com raras exceções, o idoso que cai na

rua sai sozinho, e, eventualmente, cai por causa de buracos, má-iluminação, ou pela

junção de fatores já descritos neste trabalho. Seriam esses pacientes obrigados a

privatizarem suas vidas, sendo excluídos socialmente porque a nossa cidade não está

devidamente adaptada para elencar o idoso no dia a dia?

Ornstein, Prado e Lopes (2010) descreveram a difícil tarefa de envelhecer em

uma cidade sem conforto:

As calçadas representam, em sua maioria, um risco de queda para a

população que envelhece e que apresenta uma diminuição da densidade

óssea e do equilíbrio. Estas calçadas em geral apresentam-se com

pavimentação inadequada, pisos irregulares e escorregadios, com desníveis

vencidos por degraus ou rampas muito íngremes. São ocupadas por lixeiras e

telefones nas áreas de circulação. (p. 62).

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Persistindo no assunto, os autores descreveram o amedrontamento do idoso

aos transportes coletivos, começando pelos altos degraus, o vão entre as plataformas

e os veículos, além de todo o sistema, que compreende os acessos e circulação nos

pontos de parada, terminais ou estações nada adequados à fragi lidade dessas

pessoas. O que se torna ainda pior, se forem consideradas as barreiras psicológicas e

a percepção de estarem inseridos em um local que não os acolha.

Quando a queda ocorria no lar, o local de prevalência (Tabela 8) foi o quarto,

com 22,5%. Os pacientes deste estudo passavam grande parte do tempo em casa,

visto que a queda na sala teve um percentual de 12,5%. Esses idosos descreveram

uma vida com poucos passeios sociais, isto é, eram predominantemente

deambulantes domiciliares. As mulheres (90%) caíram mais em casa (Tabela 11),

enquanto os homens (66,7%) caíram mais na rua. Quanto à frequência de quedas, as

mulheres (96,8%) sempre caíam, os homens (66,7%) “relataram” que raramente

sofriam quedas. Essa pergunta (sobre a frequência de quedas) foi repetida por duas

vezes, com contradição de respostas, no entanto foram consideradas as duas

respostas e decidiu-se descrevê-las em diferentes momentos.

Proteções que se encaixam sobre a cabeça do fêmur podem reduzir em até

84% o risco de fraturas no quadril ou cabeça do fêmur. Segundo a OMS (2007), o

novo produto já está em uso nos Estados Unidos e promete eliminar entre 252 mil a

300 mil casos de fraturas entre os idosos. Naquele país, cerca de um em cada quatro

idosos hospitalizados por fraturas desse tipo morre no período de um ano. Cada

protetor, no formato de uma mão e posicionado no local por uma roupa íntima

elástica, é desenhado para proteger a cabeça do fêmur próxima ao ponto de encontro

com o quadril. Quando ocorrer a queda, o dispositivo deslocará a força do impacto

para longe, protegendo o quadril e a cabeça do fêmur. Espera-se que em breve esse

mecanismo esteja em teste no Brasil e disponível gratuitamente nos serviços de

saúde pública brasileiros.

A adaptação ambiental é fundamental e a urbanização dos espaços públicos é

um passo importante para reduzir riscos de quedas, além de incentivar e criar

condições para o idoso frequentar novos ambientes sociais, desenvolver atividades

fora de casa, melhorar a autoestima e elevar a qualidade de vida.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo descreveu o perfil da população estudada: a idade variou de

62 a 97 anos, com média de idade igual a 78,9 anos, desvio padrão de 9,5 anos (dp =

9,5 anos) e mediana de 79 anos.

A partir do levantamento multifatorial de um idoso com alto risco de quedas,

tem-se a prevalência dos seguintes perfis: 77,5% são do sexo feminino; 55% viúvos;

20% com ensino médio completo; 72,5% aposentados; 82,5% brancos; 47,5%

nascidos no interior do estado de São Paulo; 75% possuíam residência própria; 72,5%

recebiam cuidados, quando necessário, de um cuidador familiar; e 45% tinham filhos

que moravam em sua residência.

Concernente ao uso de medicação, 97,5% faziam uso de medicação diária e

90% não sabiam ou não lembravam o nome da medicação. Oitenta por cento dos

idosos tinham alterações visuais, com necessidade de usar óculos; no momento da

fratura, 20% faziam uso de seus óculos. Vinte por cento foram ao oftalmologista num

intervalo de 2 anos e 1 dia a 4 anos; concomitantemente, 20% não lembravam se

tinham passado no oftalmologista para consulta e/ou exames periódicos.

A doença crônica prevalente, com 85%, foi a HAS, seguida por 42,5% de

diabetes mellitus e 41% com Osteoporose. Setenta e nove por cento não

apresentaram problemas nos pés. Cinquenta e sete vírgula cinco por cento já

realizaram fisioterapia alguma vez, sendo 10% objetivavam a melhora da marcha e

quedas.

Preponderaram na ocorrência de queda anual, 82,5% do total; 70% dos idosos

receberam socorro em até 70 minutos; 42,5% sofreram a fratura pela manhã; 80% dos

idosos sofriam quedas frequentes antes da fratura atual; e 77,5% sofreram queda em

casa.

A prevalência do local de quedas em casa foi 22,5% no quarto, 42,5%

realizavam AVDs sem auxílio e a mesma proporção realizava AVDs com pequenos

auxílios; 40% dos idosos imaginavam que poderiam um dia sofrer uma queda com

complicações ósseas; 97,4% permaneceram conscientes após a fratura; e 75%

apresentavam tremor antes da fratura.

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Teve-se a predominância (72,5%) da marcha independente com pequeno

auxílio de aditamento para marcha; 60% dos idosos que utilizavam aditamento

usavam a bengala. A fratura predominante, com 57%, foi a transtrocanteriana; e

57,5% eram deambulantes domiciliares.

O local da queda segundo sexo revelou que 90,3% das mulheres caíram em

casa e 66,7% dos homens sofreram queda na rua.

Após descrever o perfil sociodemográfico dos idosos deste estudo, conclui-se

que não existe um fator isolado de risco para quedas em idosos. Portanto, os achados

deste estudo constituem fontes importantíssimas acerca de quedas em idosos,

principalmente quando vistas em conjunto, podendo fornecer um cenário para a

implantação de ações preventivas pertinentes ao tema.

As expressões vivas do corpo frente à queda na velhice são multifatoriais. Por

isso, sugere-se que investigações posteriores contemplem o perfil sociodemográfico

de idosos com fratura de fêmur pós-queda, com uma população mais abrangente, em

outras regiões do país e em outros níveis de atenção à saúde, tendo em vista a

relevância da temática.

Por fim, ressalta-se a importância de uma reflexão crítica das expressões

multifatoriais vivas do corpo frente à queda na velhice, as quais são impostas pelo

corpo idoso.

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ANEXOS

Anexo 1 – TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido9

Você é convidado a participar, como voluntário, em uma pesquisa sobre: O perfil das quedas em idosos

com fratura de fêmur EM NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO CIRÚRGICA atendidos pela equipe de

ortopedia no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Que visa descrever o perfil dos idosos

com história de queda, identificando fatores e o local de ocorrência. Após ser esclarecido (a) sobre as

informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assinale ao final deste documento, que está em

duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado

de forma alguma e poderá deixar de participar do estudo. Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos

profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. As informações obtidas serão

analisadas em conjunto com outros pacientes, não sendo divulgada a identificação de nenhum paciente, não há

despesas pessoais para o paciente em qualquer fase do estudo, também não há compensação financeira

relacionada a sua participação.

A pesquisadora se compromete em utilizar os dados somente para esta pesquisa ou eventuais que

decorrer do trabalho mencionado. A principal investigadora é a Senhora: ANA ELISA SENA KLEIN DA ROSA , que

pode ser encontrada no endereço:1.800 da Pedro de Toledo, no Hospital do Servidor Público Estadual de São

Paulo, no setor de ortopedia de Segunda a Sexta feira no período da 08:00 às 12:00 horas, telefone: 6218 – 2635,

se você tiver alguma dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o comitê de ética em pesquisa: CEP

– Rua Pedro de Toledo, 1.800, sala 348, 3º andar, ala central, fone/fax: 5088-8175.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim,

descrevendo o estudo sobre: O perfil das quedas em idosos com fratura de fêmur EM NECESSIDADE DE

INTERVENÇÃO CIRÚRGICA atendidos em fase pré-operatória pela equipe de ortopedia no Hospital do

Servidor Público Estadual de São Paulo.

Discuti com o Srº (a)_________________________________________________

Sobre minha decisão em participar deste estudo. Ficaram claros os propósitos, procedimentos, seus desconfortos,

garantias de confidencialidades e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro que minha participação é isenta de

despesas, deste estudo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar meu consentimento

a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades em meu atendimento neste serviço. EU,

___________________________RG: _______________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo

sobre: O perfil dos usuários idosos com fratura de quadril atendidos pela equipe de ortopedia n o Hospital do

Servidor Público Estadual de São Paulo, como sujeito. Fui devidamente informado (a) e esclarecido pela

pesquisadora ANA ELISA SENA KLEIN DA ROSA - sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim

como os benefícios de minha participação. Foi garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento,

sem que isso interrompa meu tratamento nessa instituição.

LOCAL:HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO.

________________________________________________Data: ___/___/______

Assinatura do paciente ou responsável legal

________________________________________________Data: ___/___/______

Assinatura da Testemunha

9 De acordo com a resolução 196/96 do conselho nacional de saúde.

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*Para pacientes analfabetos ou com alteração auditiva ou visual, ou demências.

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o consentimento livre e esclarecido deste paciente

ou representante legal para a participação deste estudo.

__________________________________________Data: ___/___/______

Assinatura do Responsável Pelo Estudo

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Anexo 2 – Autorização de Uso e Imagem

EU, ______________________________________________________________,

RG:_________________________________ CPF:_______________________

Residente:___________________________________________________________________________________

________CEP:_____________________________,

Estado___________________, BRASIL. Autorizo o uso de minha imagem, fotografada por Ana Elisa Sena Klein da

Rosa RG:________________CPF:___________________SÃO PAULO, BRASIL.

Para a pesquisa realizada no Servidor Público Estadual de São Paulo, que poderá ser utilizada em

trabalhos veiculados em território nacional e internacional em peças de PDV (display e banner), por tempo

indeterminado e sem fins lucrativos. Esta utilização não implicará em ônus financeiro para a pesquisadora.

Sua participação é absolutamente voluntária, asseguro sua identidade e sigilo, caso não queira participar do estudo

nada influenciará seu tratamento e cuidado hospitalar.

SÃO PAULO, _____/_____/__________.

Assinatura do fotografado:______________________________________________

Assinatura do pesquisador:_____________________________________________

Digital do fotografado (caso paciente seja analfabeto)

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Anexo 3 – Questionário de Pacientes que Sofreram Fraturas no Fêmur: Hospital

do Servidor Público Estadual de São Paulo

Dia de Internação Hospitalar:__________________ Data da Avaliação____/____/_____Onde o senhor (a) está agora?________________ Nome:_____________________________________________________________ Endereço:__________________________________________________________ Telefone:() - _______________________ Celular:___________________________ Idade:____________________Data de Nascimento:______/______/____________ Local de Nascimento:________________________________________________ Há quanto tempo reside em São Paulo? __________________________________ Sexo: ( ) F / ( ) M . Tipo de Moradia: ( ) Casa; ( ) Apartamento; ( ) Instituição de longa permanência - Residência Própria? ( ) Sim; ( ) Não ____________________ Raça: ( ) Negro; ( ) Branco; ( ) Amarelo; ( ) Pardo; ( ) _____________________ Estado civil: ( ) Casado; ( ) Solteiro; ( ) Viúvo; ( ) Divorciado; ( ) Separado, há quanto tempo?_____________________________________________________________ É casado mais de uma vez? ( ) N; ( ) S Existe alguma pessoa constituída para cuidar do (a) Sro (a) no hospital e em casa? ( ) N; ( ) S; Grau de parentesco ________________________________ Tem filhos? ( )N; ( ) S; Nº de filhos___________________________ Seus filhos moram com o (a) Senhor (a)? ( ) S; ( ) N Tem netos? ( ) N: ( ) S; Quantos? ______________________ Seus netos moram com o (a) Senhor (a)? ( ) S; ( ) N Grau de instrução: ( ) analfabeto; ( ) alfabetizado; ( )ensino fundamental incompleto; ( ) Ensino fundamental completo; ( ) Ensino médio incompleto; ( ) Ensino médio completo; ( )Ensino superior incompleto; ( ) Ensino superior completo;( ) pós graduação incompleto; ( ) pós graduação completo, Curso de:_____________________ Profissão______________________________________________________ Aposentado: ( ) N; ( ) S; Há quanto tempo?____________________________ Trabalha em alguma outra função? ( ) N; ( ) S; Qual?_____________________ É tabagista? ( ) N; ( ) S; Quantos maços/ dia?____________________________ Etilista? ( ) N; ( ) S; O que bebe?_______________________________________ Quantas vezes ao dia faz uso de bebida alcoólica?_________________________ Já realizou alguma cirurgia no passado? ( ) N ; ( ) S ; Quais?________________ 1. Tem algum problema de saúde abaixo? ( ) Diabetes Mellitos; ( ) AVC; ( ) Osteoporose; ( )Hipertensão arterial sistêmica; ( ) câncer;( ) Doença Cardiovascular; ( ) DPOC; ( ) Depressão; ( ) Parkinson; ( ) Não sabe; ( )Outras:________________________Faz uso de medicação todos os dias? ( ) N; ( ) S, 2. O (A) senhor (a) lembra dos nomes de seus remédios diários? Quais?____________________________________________________ 3. Usa óculos? ( )N; ( )S 4. No momento da queda estava com seu óculos? ( )N; ( )S 5. Qual foi a última vez que passou no oftalmologista para fazer exame de vista? ( ) Não lembra; _________________________________________________ 6. Tem algum problema nos pés que prejudique seu andar? ( ) N; ( ) S; ( ) Calosidades; ( ) Joanetes; ( ) Deformidades de unhas; ( ) ulceração; ( ) outras_________________________________________________________ 7. Já fez fisioterapia alguma vez na vida? ( ) N; ( ) S Com que finalidade?___ 8. No último ano o Sr(o) caiu alguma vez? ( ) N; ( ) S; 9. sofreu alguma fratura ( )N; ( ) S; 10. Qual parte do corpo foi fraturado?________________________________ 11. Conseguiu levantar imediatamente? ( )S; ( ) N; 12. Quanto tempo demorou para ser socorrido (a)?____________________ 13. Que horário o (a) senhor (a) caiu?________________________________ 14. Como foi o socorro? ( ) Não houve ( ) foi imediato ( ) tardio 15. Com que freqüência cai? ( ) raramente; ( ) Sempre; ( ) dificilmente; ( ) Primeira vez 16. Em que lugar caiu?___________________________________________ 17. Quanto tempo ficou caído sem condições de pedir socorro? ______________________________________________________________ 18. Que atividades realizava antes da internação hospitalar no seu dia- a dia? ______________________________________________________________ 19. Relato do cuidador sobre o ocorrido: ______________________________________________________________ 20. Sabia que iria cair? ( ) S; ( ) N

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21. Após a queda sabia o que tinha ocorrido? ( ) S; ( )N; 22. Desmaiou? ( ) N; ( ) S; 23. Teve algum sintoma antes de cair? ( ) Tontura ( ) Vertigem ( ) Palpitações ( ) Falta de ar ( ) Fraqueza ou dormência no corpo ( ) Fala enrolada ( ) Fraqueza nas pernas ( ) Dificuldade em falar ( ) Flashes de luz 24. Existiam relatos antigos de: Fraqueza nas pernas?______________________________________ Tremor em repouso?________________________________________ Estado mental anormal?______________________________________ 25. Mobilidade antes da internação hospitalar: ( )deambulava independentemente; ( )deambulava com auxílio; ( )Não deambulava; 26. Qual auxílio utilizava para marcha? ( )bengala; ( )andador; ( )bengala quadrangular ( ) cadeira de rodas, capaz de transferir-se independentemente; ( ) cadeira de rodas, incapaz de transferir-se precisa de ajuda para locomover-se e transferência. Data : ___/___/______ ____________________________ Assinatura do Pesquisador Entrada: ______/______/__________. Saída: ______/______/____________.

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Anexo 4 – Índice de Barthel

Activity Score

FEEDING

0 = unable

5 = needs help cutting, spreading butter, etc., or requires modif ied diet

10 = independent ______

BATHING

0 = dependent

5 = independent (or in shower) ______

GROOMING

0 = needs to help w ith personal care

5 = independent face/hair/teeth/shaving (implements provided) ______

DRESSING

0 = dependent

5 = needs help but can do about half unaided

10 = independent (including buttons, zips, laces, etc.) ______

BOWELS

0 = incontinent (or needs to be given enemas)

5 = occasional accident

10 = continent ______

BLADDER

0 = incontinent, or catheterized and unable to manage alone

5 = occasional accident

10 = continent ______

TOILET USE

0 = dependent

5 = needs some help, but can do something alone

10 = independent (on and off, dressing, wiping) ______

TRANSFERS (BED TO CHAIR AND BACK)

0 = unable, no sitting balance

5 = major help (one or two people, physical), can sit

10 = minor help (verbal or physical)

15 = independent ______

MOBILITY (ON LEVEL SURFACES)

0 = immobile or < 50 yards

5 = wheelchair independent, including corners, > 50 yards

10 = walks with help of one person (verbal or physical) > 50 yards

15 = independent (but may use any aid; for example, stick) > 50 yards ______

STAIRS

0 = unable

5 = needs help (verbal, physical, carrying aid)

10 = independent ______

TOTAL (0–100): ______

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Anexo 5 – Teste Minimental

Observar orientação, memória e fala. Realizar a Adaptação do Folstein Mini Mental Status Examination, em

pacientes diagnosticados com demência

Adaptação do Folstein MINI MENTAL Status Examination TOTAL

Orientação Data (que dia é hoje ? registre os itens omitidos)

_________________________________________________

dia ( ), mês ( ), ano ( ), dia da semana ( ), manhã / tarde ( )

Orientação Local (onde você está ? pergunte os itens omitidos)

país ( ), estado ( ), cidade ( ), local ( ), andar ( )

Registro de objetos (nomeie clara e lentamente 3 objetos e peça ao paciente para repetir)

janela ( ), casaco ( ), relógio ( )

Sete Seriado (diminuir 7 de 100 sucessivamente ou soletrar MUNDO ao contrário)

93 ( ), 86 ( ), 79 ( ), 72 ( ), 65 ( ) ou O ( ), D ( ), N ( ), U ( ), M ( )

Recordar Objetos (relembrar os 3 objetos citados anteriormente)

janela ( ), casaco ( ), relógio ( )

Denominação (aponte para o relógio e pergunte “O que é isto ?”. Repita com um lápis)

relógio ( ), lápis ( )

Repetição (repetir a frase “casa de Ferreiro, espeto de pau” ou “nem aqui, nem ali, nem lá”)

repetição correta na 1ª tentativa ( )

Comando Verbal (pegue o pedaço de papel, dobre-o ao meio e coloque-o sobre a mesa)

pegar o papel ( ), dobrar ao meio ( ), colocar sobre a mesa ( )

Comando Escrito (mostrar um pedaço de papel com a frase “Feche os olhos”)

fechou os olhos ( )

Escrita (escrever uma frase)

________________________________________________

Sentença com sujeito + verbo e que faça sentido ( )

Desenho (copiar o desenho da interseção de 2 pentágonos)

figura com 10 cantos e 2 linhas de interseção ( )

TOTAL (máximo = 30)

Interpretação:

Somar um 1 ponto para cada um dos itens ( ) respondidos corretamente e registrar o total na coluna da direita. O

escore final é a soma dos pontos, sendo considerado normal quando superior a 24. Bertolucci e col., 1994

aplicaram o FMMS em 530 brasileiros com vários graus de escolaridade e obtiveram os seguintes pontos de corte

para normalidade: analfabetos = 13; 1 a 8 anos escolaridade = 18 e > 8 anos escolaridade = 26

_____________________________________________

Assinatura do Paciente ou Responsável

______________________________

Assinatura do Pesquisador

Data:____/____/________.

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Anexo 6 – Escala de Depressão Geriátrica

ESCALA GERIÁTRICA DE DEPRESSÃO10

(Yesavage, 1983)

PACIENTE: ____________________________________________________

DATA DA AVALIAÇÃO: __________ AVALIADOR: _________________

1. Você está satisfeito com sua vida? ( ) Sim ( ) Não

2. Abandonou muitos de seus interesses e atividades? ( ) Sim ( ) Não

3. Sente que sua vida está vazia? ( ) Sim ( ) Não

4. Sente-se freqüentemente aborrecido? ( ) Sim ( ) Não

5. Você tem muita fé no futuro? ( ) Sim ( ) Não

6. Tem pensamentos negativos? ( ) Sim ( ) Não

7. Na maioria do tempo está de bom humor? ( ) Sim ( ) Não

8. Tem medo de que algo de mal vá lhe acontecer? ( ) Sim ( ) Não

9. Sente-se feliz na maioria do tempo? ( ) Sim ( ) Não

10. Sente-se freqüentemente desamparado, adoentado? ( ) Sim ( ) Não

11. Sente-se freqüentemente intranqüilo? ( ) Sim ( ) Não

12. Prefere ficar em casa em vez de sair? ( ) Sim ( ) Não

13. Preocupa-se muito com o futuro? ( ) Sim ( ) Não

14. Acha que tem mais probl de memória que os outros? ( ) Sim ( ) Não

15. Acha bom estar vivo? ( ) Sim ( ) Não

16. Fica freqüentemente triste? ( ) Sim ( ) Não

17. Sente-se inútil? ( ) Sim ( ) Não

18. Preocupa-se muito com o passado? ( ) Sim ( ) Não

19. Acha a vida muito interessante? ( ) Sim ( ) Não

20. Para você é difícil começar novos projetos? ( ) Sim ( ) Não

21. Sente-se cheio de energia? ( ) Sim ( ) Não

22. Sente-se sem esperança? ( ) Sim ( ) Não

23. Acha que os outros têm mais sorte que você? ( ) Sim ( ) Não

24. Preocupa-se com coisas sem importância? ( ) Sim ( ) Não

25. Sente freqüentemente vontade de chorar? ( ) Sim ( ) Não

26. É difícil para você concentrar-se? ( ) Sim ( ) Não

10

Pontuação: 0 quando for diferente da resposta em negrito 1 quando for igual à resposta em negrito

Total > 10 = suspeita de depressão

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27. Sente-se bem ao despertar? ( ) Sim ( ) Não

28. Prefere evitar as reuniões sociais? ( ) Sim ( ) Não

29. É fácil para você tomar decisões? ( ) Sim ( ) Não

30. O seu raciocínio está tão claro quanto antigamente? ( ) Sim ( ) Não

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Anexo 7 – Comprovante de Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo