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PARA LER “BOLA” NO PAÍS DO FUTEBOL: DISCUSSÃO, ANÁLISE E
COMPARAÇÃO.
¹ Autor (a): Louise Anne de Santana – Universidade Federal do Ceará
[email protected]/[email protected]
O processo de ensino–aprendizagem da língua portuguesa é complexo, não
bastando a este fazer um plano de aula, descrever a atividade e realiza-la, o desafio do
ensino requer também estarmos atentos ao suporte que ele vai necessitar em casa, e no
processo de fixação posterior para que a aprendizagem seja de fato completa. Foi
pensando nestes pontos importantes e significativos que optamos por fazer uma breve
análise e promover discussões acerca da escolha do livro didático para a 1ª Série do
Ensino Fundamental I, série em que alunos e professores concretizam o desafio do
letramento e da alfabetização. O livro didático é diretamente responsável por este
conhecimento e prática, é ele que aproxima os familiares e responsáveis da criança das
discussões que estão sendo feitas em sala, do progresso destes pequenos no processo de
ensino–aprendizagem da escrita e da leitura, além de fazer o convite, na casa do próprio
aluno para que o conhecimento ministrado ultrapasse os muros da escola. Para nos
auxiliar nesta discussão iremos nos basear no estudo e na reflexão que fundamenta o
PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e o PNLD (Programa Nacional do Livro
Didático), e apresentaremos a partir desses dois documentos a análise, discussão e
comparação de dois livros referentes ao ensino de Letramento e Alfabetização para a 1ª
Série do Ensino Fundamental I. Esperamos contribuir com o aprimoramento da nossa
formação como profissionais que tem por desafio o exercício da leitura, comparação, e
reflexão da prática e dos instrumentos que buscam auxiliar á esta.
¹ Graduanda do 7º semestre do curso de Pedagogia Noturno da Universidade Federal do Ceará,
Monitora da Coordenadoria de Formação de Células Cooperativas, Monitora voluntária de Política
Educacional I.
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PARA LER “BOLA” NO PAÍS DO FUTEBOL: DISCUSSÃO, ANÁLISE E
COMPARAÇÃO.
A escolha do livro didático de Língua Portuguesa para a 1ª Série do Ensino
Fundamental I.
1. O pedagogo e a escolha do livro didático.
Quando optamos pela profissão de pedagogo assumimos um compromisso
social que nos responsabiliza pelo bem mais precioso que temos em nosso país, nossas
crianças; Seu entendimento de mundo, sua percepção, a identificação das coisas, sua
nomenclatura, o significado que é atribuído á cada nome, forma e cor, todas estas
incríveis descobertas contará com cada um de nós, munidos de nosso olhar e de nossos
cuidados, equipados com a vontade de fazer um Brasil melhor.
É a partir dessa constatação que também assumimos junto ao compromisso
anterior outro, o de zelarmos por este ofício, o de não esquecer jamais de sermos todos
os dias estudantes, curiosos, questionadores, dispostos a aprender, e a não aprender
também. Ao avaliar a tão falada práxis também nos deparamos com uma avaliação
pessoal, do quanto estamos verdadeiramente dispostos ao ofício do ensino, que nos
remete ao árduo, cansativo e prazeroso desafio do aprender.
Com o passar da prática, no entanto, cansamos, ás vezes desistimos, nos
remanejamos a outras tarefas, e alguns de nós infelizmente esquecemos-nos de
pequenos detalhes, que fazem toda a diferença nos resultados que buscamos ao final do
ano letivo. Para além do plano de aula, das atividades tão cuidadosamente elaboradas e
executadas, existe outro elemento indispensável na busca por estes objetivos, o livro
didático, que nos auxiliará no reforço do conteúdo ministrado em sala, que irá ajudar ás
nossas crianças a fixar o conhecimento, e que fará o importante convite á família para
também embarcar com a criança, ali, em casa mesmo, na viagem pela busca do saber.
A participação do pedagogo nesta escolha é indispensável, posto que seja como
escolher um companheiro de luta, algo em que se confie e em que verdadeiramente o
pedagogo se perceba ainda que ausente, mas que leve sua marca junto ao aprendizado
que o aluno desenvolve para além dos muros da escola. Por conta desses tão
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significantes motivos, optamos por também discutir esta escolha, posto que a mesma
perpasse por uma avaliação da prática e também um convite ao desafio da leitura,
observação e comparação do material de trabalho por parte deste profissional.
É um convite para que o pedagogo se deixe encantar, tanto quanto ele gostaria
que seus alunos e alunas também se envolvessem com o universo do livro didático.
Para nos auxiliar na discussão acerca da escolha do livro didático iremos
consultar e saber o que versam documentos que orientam a nós pedagogos neste
exercício, que direcionam e nos mostram o que considerar e qual a importância de cada
item minuciosamente observado para esta escolha.
2. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
1) O que é o PCN?
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade
para a educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e garantir
a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões,
pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores
brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor
contato com a produção pedagógica atual.
Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexível, a ser concretizada
nas decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação da
realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e
pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e
impositivo, que se sobreporia à competência político - executiva dos Estados e
Municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões do País ou à autonomia
de professores e equipes pedagógicas.
O PCN é um importante referencial para a educação do ensino fundamental de
todo o Brasil. Ele não foi criado para ditar a forma da educação em nosso país, ou impor
o mesmo método e prática em todas as regiões do país, afinal temos artigos na própria
constituição federal e na LDB que nos lembram de trabalhar com as especificidades e
regionalidades de nosso país, mas o PCN vem na tentativa de orientar e dar sentido e
coerência ao nosso sistema educacional como um todo. Foi um instrumento criado para
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socializar as pesquisas, discussões e recomendações acerca das práticas pedagógicas
atuais em nosso país.
2) O processo de elaboração do PCN
O processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais teve início a
partir do estudo de propostas curriculares de Estados e Municípios brasileiros, da
análise realizada pela Fundação Carlos Chagas sobre os currículos oficiais e do contato
com informações relativas a experiências de outros países. Foram analisados subsídios
oriundos do Plano Decenal de Educação, de pesquisas nacionais e internacionais, dados
estatísticos sobre desempenho de alunos do ensino fundamental, bem como experiências
de sala de aula difundidas em encontros, seminários e publicações.
Formulou-se, então, uma proposta inicial que, apresentada em versão
preliminar, passou por um processo de discussão em âmbito nacional, em 1995 e 1996,
do qual participaram docentes de universidades públicas e particulares, técnicos de
secretarias estaduais e municipais de educação, de instituições representativas de
diferentes áreas de conhecimento, especialistas e educadores.
Os pareceres recebidos, além das análises críticas e sugestões em relação ao
conteúdo dos documentos, em sua quase totalidade, apontaram a necessidade de uma
política de implementação da proposta educacional inicialmente explicitada.
É importante colocar que no processo de formulação do PCN houve um
envolvimento de vários setores da sociedade, a partir da análise dos documentos e da
elaboração de pareceres que sugeriram diversas possibilidades de atuação das
universidades e das faculdades de educação para a melhoria do ensino nas séries
iniciais, as quais estão sendo incorporadas na elaboração de novos programas de
formação de professores, vinculados à implementação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais.
3) Função do PCN:
Cada criança ou jovem brasileiro, mesmo de locais com pouca infraestrutura e
condições socioeconômicas desfavoráveis, deve ter acesso ao conjunto de
conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para o
exercício da cidadania para deles poder usufruir. Se existem diferenças socioculturais
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marcantes, que determinam diferentes necessidades de aprendizagem, existe também
aquilo que é comum a todos, que um aluno de qualquer lugar do Brasil, do interior ou
do litoral, de uma grande cidade ou da zona rural, deve ter o direito de aprender e esse
direito deve ser garantido pelo Estado.
É nesse sentido que o estabelecimento de uma referência curricular comum
para todo o País, ao mesmo tempo em que fortalece a unidade nacional e a
responsabilidade do Governo Federal com a educação, busca garantir, também, o
respeito à diversidade que é marca cultural do País, mediante a possibilidade de
adaptações que integrem as diferentes dimensões da prática educacional.
4) A LDB e o PCN:
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. 9.394),
aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolidou e ampliou o dever do poder público
para com a educação em geral e em particular para com o ensino fundamental. Assim,
vê-se no art. 22 dessa lei que a educação básica, da qual o ensino fundamental é parte
integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável para o exercício
da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”,
fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de terminalidade
e de continuidade.
Essa LDB reforçou a necessidade de se propiciar a todos a formação básica
comum, o que pressupõe a formulação de um conjunto de diretrizes capaz de nortear os
currículos e seus conteúdos mínimos, incumbência que, nos termos do art. 9º, inciso IV,
é remetida para a União. Para dar conta desse amplo objetivo, a LDB consolida a
organização curricular de modo a conferir uma maior flexibilidade no trato dos
componentes curriculares, reafirmando desse modo o princípio da base nacional comum
(Parâmetros Curriculares Nacionais), a ser complementada por uma parte diversificada
em cada sistema de ensino e escola na prática, repetindo o art. 210 da Constituição
Federal.
Em linha de síntese, pode-se afirmar que o currículo, tanto para o ensino
fundamental quanto para o ensino médio, deve obrigatoriamente propiciar
oportunidades para o estudo da língua portuguesa, da matemática, do mundo físico e
natural e da realidade social e política, enfatizando-se o conhecimento do Brasil.
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É importante colocar que o surgimento e o aprimoramento do PCN estão
diretamente vinculados á promulgação da Lei de Diretrizes e Base da Educação
Brasileira, que levou o país a uma reflexão acerca da formação básica comum em toda a
União. Vale–se ressaltar que apesar dessa “formação comum” há também uma maior
flexibilidade para se trabalhar as peculiaridades locais, a especificidade dos planos dos
estabelecimentos de ensino e as diferenças individuais dos alunos.
5) A relação PCN, áreas, conteúdos e Livro Didático:
Área
O tratamento da área e de seus conteúdos integra uma série de conhecimentos
de diferentes disciplinas, que contribuem para a construção de instrumentos de
compreensão e intervenção na realidade em que vivem os alunos. A concepção da área
evidencia a natureza dos conteúdos tratados, definindo claramente o corpo de
conhecimentos e o objeto de aprendizagem, favorecendo aos alunos uma construção de
representações sobre o que estudam. Essa caracterização da área é importante também
para que os professores possam se situar dentro de um conjunto definido e
conceitualizado de conhecimentos que pretendam que seus alunos aprendam condição
esta, necessária para proceder a encaminhamentos que auxiliem as aprendizagens com
sucesso.
Se avaliarmos como importante definir os contornos das áreas, é também
essencial que estes se fundamentem em uma concepção que os integre conceitualmente,
e essa integração seja efetivada na prática didática.
O delineamento da área de abordagem é essencial para que os instrumentos que
auxiliam no processo de aprendizagem sejam construídos e utilizados de maneira
qualificada. Isso está diretamente relacionado á perspectiva de linearidade na construção
não só dos objetivos que se espera de uma criança no processo do aprender, mas
também de uma continuidade dos objetos que irão permear a construção deste
conhecimento. È para além do desafio de definição dos conteúdos também o desafio de
contextualização de aproximação do que se espera daquilo que também a criança está
disposta ou por questões culturais ou formativas a oferecer.
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Conteúdos
Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem uma mudança de enfoque em
relação aos conteúdos curriculares: ao invés de um ensino em que o conteúdo seja visto
com um fim em si mesmo, o que se propõe é um ensino em que o conteúdo seja visto
como meio para que os alunos desenvolvam as capacidades que lhes permitam produzir
e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos.
É a formação do aluno numa perspectiva continuada, nunca findada, e na
verdade é este o real processo de aprendizagem recorrente, em que nem professor nem
aluno sente que tudo está completo, havia antes uma necessidade de que os conteúdos
viessem a sanar todos os problemas antecessores a fase em que a criança estava, mas
não é assim. O conhecimento não é degenerativo, em que para aprender algo, tudo o que
antes havia torna–se inválido, pelo contrário, o conhecimento é acumulativo, e os
conteúdos por sua vez devem ser da mesma maneira. O aluno não está isento da
sociedade e contextualizar a mesma, dar sentido a esta em sala de aula e envolve-la com
o que é ensinado tem sido o grande desafio do professor.
Livro Didático
Todo material é fonte de informação, mas nenhum deve ser utilizado com
exclusividade. É importante haver diversidade de materiais para que os conteúdos
possam ser tratados da maneira mais ampla possível.
O livro didático é um material de forte influência na prática brasileira de
ensino. É preciso que os professores estejam atentos à qualidade, à coerência e a
eventuais restrições que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos.
Além disso, é importante considerar que o livro didático não deve ser o único material a
ser utilizado, pois a variedade de fontes de informação é que contribuirá para o aluno ter
uma visão ampla do conhecimento.
Há uma real necessidade de nos aprofundarmos em conhecer o nosso grande
parceiro de trabalho, o livro didático, mas o mesmo, não deve ser tudo, a escolha do
livro didático é imprescindível, pois este material vai permear toda a relação de
aprendizagem que o aluno vai desenvolver durante todo um ano, mas é importante
ressaltar que nada melhor do que a sensibilidade do professor para trazer adequações
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pertinentes à necessidade de contextualização que os textos ou as atividades propostas
pelo livro venham a trazer.
6) Os PCN e as orientações quanto ao ensino da Língua Portuguesa
Para o tratamento didático dos conteúdos é preciso considerar também o
estabelecimento de relações internas ao bloco e entre blocos. Exemplificando: os blocos
de conteúdos de Língua Portuguesa são língua oral, língua escrita, análise e reflexão
sobre a língua; é possível aprender sobre a língua escrita sem necessariamente
estabelecer uma relação direta com a língua oral; por outro lado, não é possível aprender
a analisar e a refletir sobre a língua sem o apoio da língua oral, ou da escrita. Dessa
forma, a inter-relação dos elementos de um bloco, ou entre blocos, é determinada pelo
objeto da aprendizagem, configurado pela proposta didática realizada pelo professor.
É mais uma vez chamar atenção para que, na abordagem da língua nada é
absoluto, não há um método perfeito que vai tornar este ou aquele indivíduo apto a
exercer o poder de fala e compreensão de uma hora para a outra. O Essencial neste caso
é realmente uma inter – relação entre o que se deve ensinar e o que se pode aprender. A
língua está em um eterno movimento e pode a qualquer hora mudar, e para que ela não
se dissolva, porque ela é um bem diluído, é necessário que a oralidade e a escrita
caminhem juntas e consigam sempre dialogar e propor uma á outra a análise e a
reflexão.
7) Os PCN e os Objetivos Gerais para o Ensino Fundamental:
Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes
situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de
tomar decisões coletivas;
A importância da oralidade para as relações interpessoais dentro do convívio
social.
Utilizar as diferentes linguagens — verbais, matemática, gráfica, plástica e
corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias,
interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e
privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
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O poder da comunicação para expressar–se, trazer ao conhecimento do outro o
que você é, quem é e como deseja se definir. É a oportunidade de dar a si próprio, ás
suas vontades, ações e convicções um nome, para a criança é o próprio processo de
reconhecimento como ser social e sociável.
3. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
1) Um Breve Histórico acerca do PNLD
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é o mais antigo dos
programas voltados à distribuição de obras didáticas aos estudantes da rede pública de
ensino brasileira e iniciou-se, com outra denominação, em 1929. Ao longo desses 80
anos, o programa foi aperfeiçoado e teve diferentes nomes e formas de execução.
Atualmente, o PNLD é voltado à educação básica brasileira, tendo como única exceção
os alunos da educação infantil.
2) Seleção de Material Didático para o Ensino da Língua Portuguesa:
I. Relativos à natureza do material textual selecionado
O conjunto de textos que um LDP oferece para o ensino-aprendizagem de
Língua Portuguesa deve justificar-se pela qualidade da experiência de leitura que possa
propiciar ao aluno, contribuindo para a sua formação como leitor proficiente, inclusive
como leitor literário. Uma coletânea deve, portanto:
Estar isenta tanto de fragmentos sem unidade de sentido quanto de pseudotextos,
redigidos com propósitos exclusivamente didáticos;
Ser representativa da heterogeneidade própria da cultura da escrita – inclusive
no que diz respeito a autoria, a registros, estilos e variedades (sociais e
regionais) linguísticas do Português –, de forma a permitir ao aluno a percepção
de semelhanças e diferenças entre tipos de textos e gêneros diversos,
pertencentes a esferas socialmente mais significativas de uso da linguagem;
Ser adequada – do ponto de vista da extensão, da temática e da complexidade
linguística – ao nível de escolarização em jogo;
Incluir, de forma significativa e equilibrada, em relação aos demais, textos da
tradição literária de língua portuguesa (especialmente os da literatura brasileira);
Incentivar professores e alunos a buscarem textos e informações fora dos limites
do próprio livro didático.
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II. Relativos ao trabalho com o texto
No trabalho com o texto, em qualquer de suas dimensões (leitura e
compreensão, produção de textos orais e escritos, construção de conhecimentos
linguísticos), é fundamental a diversidade de estratégias, assim como a articulação entre
os vários aspectos envolvidos, de forma a garantir a progressão nos estudos. Além
desses, em cada um dos componentes de Língua Portuguesa outros critérios afiguram-se
fundamentais para garantir à coleção um desempenho ao menos satisfatório, em termos
metodológicos.
Leitura
As atividades de compreensão e interpretação do texto têm como objetivo final
a formação do leitor (inclusive a do leitor literário) e o desenvolvimento da proficiência
em leitura. Portanto, só podem constituir-se como tais na medida em que:
Encararem a leitura como uma situação de interlocução leitor/autor/texto
socialmente contextualizada;
Respeitarem as convenções e os modos de ler próprios dos diferentes gêneros,
tanto literários quanto não literários;
Desenvolverem estratégias e capacidades de leitura, tanto as relacionadas aos
gêneros propostos, quanto as inerentes ao nível de proficiência que se pretende
levar o aluno a atingir.
Produção de textos escritos
As propostas de produção escrita devem visar à formação do produtor de texto
e, portanto, ao desenvolvimento da proficiência em escrita. Nesse sentido, não podem
deixar de:
Considerar a escrita como uma prática socialmente situada propondo ao aluno,
portanto, condições plausíveis de produção do texto;
Abordar a escrita como processo, de forma a ensinar explicitamente os
procedimentos envolvidos no planejamento, na produção e na revisão e reescrita
dos textos;
Explorar a produção de gêneros ao mesmo tempo diversos e pertinentes para a
consecução dos objetivos estabelecidos pelo nível de ensino visado;
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Desenvolver as estratégias de produção relacionadas tanto ao gênero proposto
quanto ao grau de proficiência que se pretende levar o aluno a atingir.
III. Relativos ao trabalho com a oralidade
A linguagem oral, que o aluno chega à escola dominando satisfatoriamente, no
que diz respeito a demandas de seu convívio social imediato, é o instrumento por meio
do qual se efetivam tanto a interação professor-aluno quanto o processo de ensino-
aprendizagem. Será com o apoio dessa experiência prévia que o aprendiz não só
desvendará o funcionamento da língua escrita como estenderá o domínio da fala para
novas situações e contextos, inclusive no que diz respeito a situações escolares como as
exposições orais e os seminários. Assim, caberá ao LDP, no que diz respeito a esse
quesito:
Recorrer à oralidade nas estratégias didáticas de abordagem da leitura e da
produção de textos;
Valorizar e efetivamente trabalhar a variação e a heterogeneidade linguísticas,
situando nesse contexto sociolinguístico o ensino das normas urbanas de
prestígio;
Propiciar o desenvolvimento das capacidades e formas discursivas relacionadas
aos usos da linguagem oral próprios das situações formais e/ou públicas
pertinentes ao nível de ensino em foco.
IV. Relativos ao trabalho com os conhecimentos linguísticos
O trabalho com os conhecimentos linguísticos tem por objetivo levar o aluno a
refletir sobre aspectos da língua e da linguagem relevantes para o desenvolvimento tanto
da proficiência oral e escrita quanto da capacidade de analisar fatos de língua e de
linguagem. Por isso mesmo, seus conteúdos e atividades devem:
Abordar os diferentes tipos de conhecimentos linguísticos em situações de uso,
articulando-os com a leitura, a produção de textos e o exercício da linguagem
oral;
Considerar e respeitar as variedades regionais e sociais da língua, promovendo o
estudo das normas urbanas de prestígio nesse contexto sociolinguístico;
Estimular a reflexão e propiciar a construção dos conceitos abordados;
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4. Análise, Discussão e Comparação de Livros da 1ª Série do Ensino
Fundamental I.
Iremos apresentar a seguir uma análise discutida de dois livros da 1ª Série do
Ensino Fundamental I, e também faremos uma comparação entre os livros apresentados.
Optei por analisar inicialmente este livro, Novo Eu
Gosto – 6 anos de Célia Passos e Zeneide Silva, e
infelizmente observamos que ele está destoante com as
indicações do PNLD que já foram aqui expostas. Ele não
traz a partir de suas atividades e discussões uma perspectiva
de aperfeiçoamento da formação como leitor e produtor de
textos escritos para as crianças sugeridas na faixa etária
abordada.
O PNLD indica que o sumário de um livro didático
de Português reflita claramente a organização dos conteúdos
e atividades propostas, além de permitir a rápida localização
das informações; O que observamos, no entanto, é uma
descrição de palavras que nem sequer sugerem o conteúdo
abordado nestas unidades, não torna nem mesmo o decorrer
do livro convidativo a leitura, no tocante ao professor e
também ao aluno.
O PNLD sugere que os textos expostos para
consulta em um livro de estudo da Língua Portuguesa não
traga pseudotextos, que tenham sido redigidos com
propósitos exclusivamente didáticos; É o que observamos
nas propostas de textos de estudo e atividades sugeridas
pelo livro e apresentadas a seguir.
No tocante ás atividades sugeridas propostas é que tratam –
se apenas de réplicas de palavras em uma perspectiva de
memorização de pequenas regras de escrita.
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A legibilidade gráfica adequada para o nível de
escolaridade visado, do ponto de vista do desenho e do
tamanho das letras sugeridos pelo PNLD é claro ao colocar
que o espaçamento entre letras, palavras e linhas também
irá influenciar para a compreensão da criança no tocante á
promoção da leitura e contextualização; Ele também é claro
com relação ao formato, no tocante a dimensões e
disposição dos textos na página; Vemos, no entanto, um
texto exprimido e sem um aprofundamento que traga
significado para o processo de aprendizagem da criança.
Outra crítica que fazemos aos textos expostos para
abordagem do conteúdo propostos pelo livro é que eles não
levam em consideração as recomendações do PNLD no
tocante a formular textos que incentivem professores e
alunos a buscarem textos e informações fora dos limites do
próprio livro didático. Até porque as atividades propostas
para uma “fixação” do texto também não trazem essa
abertura.
Quanto ao estudo do
texto proposto pelo livro
abordado sentimos falta de
três importantes aspectos
elencados pelo PNLD:
A leitura deve ser
encarada como uma situação
de interlocução
leitor/autor/texto socialmente
contextualizada;
O recomendável é que se desenvolva e se respeite a partir da leitura proposta as
convenções e os modos de ler próprios dos diferentes gêneros, tanto literários
quanto não literários;
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Após essa avaliação do livro apresentado e fundamentada no PCN e no PNLD,
documentos que versam sobre a importância e os padrões do livro didático no processo
de ensino-aprendizagem de nossos alunos, foi possível perceber que este livro não está
apto a ser adotado como recurso didático no ensino de Língua Portuguesa na 1ª Série do
Ensino Fundamental I, afinal, as contradições com as propostas feitas pelo PNLD,
documento de consulta e uso do profissional que recomenda critérios ao livro didático, e
também o PCN, que trata de questões da aprendizagem que o aluno deve adquirir e
exercer ao final do ano letivo, são muitas.
Reinteramos aqui a importância do olhar do pedagogo, do envolver-se, do se
perceber aprendendo e entendendo o percurso que seu educando faria ao ter como
auxílio de sua aprendizagem um livro didático como o apresentado anteriormente.
Mas vamos em frente, a seguir um segundo livro para nossa apreciação e
discussão:
O texto deve trazer estratégias e capacidades de leitura, tanto as relacionadas
aos gêneros propostos, quanto as inerentes ao nível de proficiência que se
pretende levar o aluno a atingir.
O que se pode observar a partir do texto extraído do livro é que este objetivo não é
buscado na proposta do texto, que é extenso para o nível sugerido, ou na atividade de
“fixação” do mesmo.
Isso é observado na proposta de texto que o livro traz, mas não é explorado
nas atividades propostas para o estudo do texto, em que se pede do aluno respostas
fechadas e de acordo com a grafia do texto.
Nós escolhemos esses
dois livros porque um é a
complementação do outro,
ambos são abordados no 1º ano
e trazem uma abordagem
completa e bastante enriquecida
da experiência de Letramento e
Alfabetização para Crianças.
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Á partir do próprio Sumário observa-se
como a abordagem é diferenciada, a preocupação
de apresentar as letras e trazer uma aproximação a
partir da contextualização deste momento com a
realidade em que a própria criança está inserida.
O estudo das vogais é feito de modo
diversificado, e também respeitando a sugestão
de respeito a regionalidades e especificidades
locais. Os desenhos são desenhos próximos da
realidade da criança e pertinentes ao seu
entendimento, contextualização e convívio.
A abordagem do alfabeto por vezes é
trabalhada no processo de Letramento e
Alfabetização, esta atividade traz a perspectiva de
linearidade na construção do alfabeto e de sentido
na colocação das letras, facilitando o processo de
visualização, memorização e aprendizagem. O
livro também traz atividades que trazem a
utilização das letras do alfabeto na formulação de
palavras cotidianas dos alunos, além de trabalhar a
oralidade a partir da abordagem sonora das letras e
das palavras.
No livro 2 inicia-se um aprimoramento da
criança, começando com uma abordagem
diferenciada para cada dígrafo, além de trazer as
atividades com uma linguagem bem específica para
a idade abordada. É um livro interessante, fácil de
compreender e com atividades objetivas, mas que
buscam a contextualização com a faixa etária e com
a perspectiva de especificidades da própria
formação da criança.
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Nas últimas unidades do livro temos então a
famosa produção textual, que coloca para o aluno o
desafio de juntar todo o conhecimento adquirido e de dar
sentido a um emaranhado de letras, frases e por
consequência ao que vem a ser o próprio texto. Mais uma
vez vale–se ressaltar a abordagem pedagógica dinâmica e
diferenciada que o livro traz, além de uma sugestão de
produção textual a partir de elementos cotidianos da
vivência da criança.
Com a aproximação textual já iniciada com o uso
das frases, neste momento o livro sugere um novo desafio o
de classificar as palavras nas frases, de maneira leve e com
uma abordagem bastante dinâmica, observamos aqui o
estudo do verbo e dos significados de plural e singular em
sua utilização.
A partir da abordagem de letras, palavras e de sua
aplicação em frases, o livro também propõe a compreensão
do sentido que estas frases trazem, do que é ser uma frase que
contenha palavras como sim e que são afirmativas. Enfim, foi
um fato que também nos chamou atenção, a metodologia
adotada pelo livro para fazer essa interação entre frases e
sentidos a partir da abordagem da pontuação.
Este tipo de atividade traz para a criança o desafio de
começar a utilizar de maneira mais completa tudo que ela já
observou, como letras, sílabas e palavras, e também de
começar a observar que estas palavras fazem parte de um
outro conjunto o de frases. Achamos enquanto equipe bastante
interessante o método utilizado para promover uma
compreensão de todo por parte das crianças, que as frases são
um conjunto de palavras com significado.
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Com a leitura e análise deste livro podemos observar outra abordagem do
processo de letramento e alfabetização da criança, com uma abordagem diversificada e
atividades que se relacionam com a realidade da criança e com a fase de aprendizagem
vivida por ela. Porém é importante chamar a atenção para os dizeres evangélicos
impressos nas páginas de conteúdo do livro e vale-se ressaltar que para estar de acordo
com as discussões do PNLD e as diretrizes do PCN bem como os atuais parâmetros
curriculares do nosso país falta neste livro o cumprimento da compreensão de estado
laico adotada pelo Brasil, é necessário salientar que em um livro didático, abordado em
uma escola, que é lugar de todos e todas, dizeres que fazem referência a uma única
religião e Deus não venham impressos, afinal, temos em nossas salas de aula crianças de
famílias diferentes que possuem orientações quer sejam religiosas, culturais e sexuais
também diferentes. No entanto, o livro trata da criança e de seu processo de aquisição e
aprimoramento das letras, da leitura e da compreensão desta de maneira bastante ampla
e diversificada, dando suporte para um trabalho didático enriquecido e aprimorado para
o pedagogo em sala e para além desta.
Conclusão
Após todo o estudo do PCN e do PNLD, a abordagem destes direcionada a
importância do livro didático e análise de dois livros de Língua Portuguesa da 1ª Série
do Ensino Fundamental I, esperamos ter contribuído com o aprimoramento da nossa
formação como um todo. Porque foi exatamente isso que aconteceu comigo, a partir do
exercício de ler, comparar, refletir e também opinar acerca de um dos principais
integrantes do nosso material de trabalho: o Livro Didático.
É realmente imprescindível perceber que será o livro o responsável por
trabalhar com o aluno nos espaços fora da escola, é ele que o aluno mostra aos pais
como símbolo e troféu de seus avanços no processo de aprendizagem, é ele que dirá aos
pais acerca do árduo e prazeroso trabalho do pedagogo com o seu filho em sala.
O livro só não é o bastante, é preciso planejar, exercitar, aplicar, avaliar, e ler,
compreender, encantar-se e encantar para que nossa tão importante missão seja
cumprida, mas sei que estamos no caminho certo, refletir sobre este novo aspecto me
abriu também outros horizontes, me alertou sobre uma formação cada vez mais
complexa e inovadora, e este é o convite que faço com este trabalho.
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Agradecimentos
Deixo aqui meus sinceros e carinhosos agradecimentos ás professoras Ana
Paula Medeiros, que sempre me incentiva a ver-me além de minha graduação, e a Ana
Iório, ambas me ensinaram a ler de um jeito especial, novo e diferente nossa prática e
exercício enquanto pedagoga, na disciplina de Ensino da Língua Portuguesa, onde tive a
oportunidade de fazer este estudo e desenvolver sobre orientação delas estas reflexões.
Agradeço também ás minhas companheiras e amigas de viagem Ana Caroline
Ribeiro, Kariane Lima Marques, Mayara Alves de Castro e o amigo Anderson Viana,
afinal, foi com estes que em equipe descobrimos como é importante termos consciência
de quem nos acompanhará durante todo um ano letivo e quem nos representará junto a
nossos alunos e suas famílias.
A um querido amor que me incentivou a escrever estes pensamentos, e que leu,
página a página, sempre opinando e parabenizando-me a cada parágrafo.
Ao meu doce mestre Messias Dieb que um dia ensinou a uma curiosa monitora
de Metodologia Científica a escrever, pesquisar, construir em cima de minha prática.
E aos que lerem e interessarem-se e encantarem-se e assumirem como seus o
tão importante e especial ofício de perceber-se dia-a-dia como um pedagogo, leia-se, um
eterno aprendiz, intrigado e sempre curioso, querendo nunca deixar de descobrir.
Bibliografia
PNLD - Guia de livros didáticos: PNLD 2011: Língua Portuguesa. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.
PCN - Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros
curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF,
1997.
BARGUIL, Paulo Meireles. O Homem e a conquista dos espaços – o que os
alunos e os professores fazem, sentem e aprendem na escola. Fortaleza, Gráfica e
Editora LCR, 2006.