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ARQUIGRAFIA www.arquigrafia.org.br

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Publicação que apresenta o projeto Arquigrafia, ambiente colaborativo para difusão de imagens de arquitetura.

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ARQUIGRAFIAwww.arquigrafia.org.br

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ARQUIGRAFIAentre 2009 e 2014

org.Artur Simões Rozestraten

Diogo Augusto Mondini Pereira

São Paulo, 2015

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TítuloARQUIGRAFIAentre 2009 e 2014

OrganizaçãoArtur Simões RozestratenDiogo Augusto Mondini Pereira

Projeto GráficoDiogo Augusto Mondini Pereira

Publicação e produção gráficaLPG FAUUSPJosé Tadeu de Azevedo Maia

RevisãoRuth Cuiá TroncarelliTatiana Kurchar

FICHA CATALOGRÁFICA

Arquigrafia entre 2009 e 2014 / Organização de Artur Simões Rozestraten e Diogo Augusto Pereira. São Paulo : FAUUSP, 2014.

153 p. : il. ISBN :978-85-8090-049-5 1. Fotografia (Arquitetura) 2. Redes sociais 3. Ambiente colaborativo 4. Comunicação

digital 5. Imagem digital I. Rozestraten, Artur Simões, org. II. Pereira, Diogo Augusto org. III. Título.

CDD 778.944

Serviço de Biblioteca e Informação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Reitor Marco Antonio Zago

Vice-reitorVahan Agopyan

Pró-reitora de Cultura e Extensão Maria Arminda do Nascimento Arruda

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

DiretoraMaria Angela Faggin Pereira Leite

Vice-diretorRicardo Marques de Azevedo

BIBLIOTECA FAUUSP

DiretoraDina Uliana

Presidente do Conselho da BibliotecaRodrigo Cristiano Queiroz

São Paulo, abril de 2015

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Apresentação

O ARQUIGRAFIA é um ambiente colaborativo digital público, sem fins lucrativos, dedicado à difu-são de imagens de arquitetura, com especial atenção à arquitetura brasileira. Este projeto é desenvolvi-do desde 2009 na Faculdade de Arquitetura e Ur-banismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), em parceria com o Instituto de Matemática e Esta-tística (IMEUSP) e a Escola de Comunicação e Ar-tes (ECAUSP). Abrigado desde 2012 no Núcleo de Apoio à Pesquisa em Ambientes Colaborativos na Web (NaWEB), o ARQUIGRAFIA recebeu ao longo de sua história apoio da RNP, da FAPESP, do CNPq e das Pró-Reitorias de Pesquisa e de Cultura e Ex-tensão da USP. O objetivo principal deste projeto é contribuir para o estudo, a docência, a pesquisa e a difusão da cultura arquitetônica e urbanística e pro-mover interações colaborativas entre pessoas e ins-tituições na Internet.

Desde 2011 a equipe do projeto ARQUIGRAFIA

realiza também um trabalho de conservação e digi-talização do acervo original de imagens fotográficas do Setor Audiovisual da Biblioteca da FAU e solicita aos autores de imagens uma autorização específica para difusão de tais fotografias na Internet para fins acadêmicos e de difusão, voltados ao ensino e à pes-quisa.

O ARQUIGRAFIA recebeu o primeiro prêmio da Agência de Inovação USP na categoria de Tecnolo-gias Sociais Aplicadas e Humanas em 2011. Em 2012 o projeto recebeu chancela do Ministério da Cultura por sua relevante contribuição à cultura brasileira. Em 2014 o ARQUIGRAFIA foi o projeto selecionado pelo Ministério da Cultura na área de Arquitetura no Edital Cultura na Copa.

A equipe do projeto trabalha hoje no aperfei-çoamento do sistema de avaliação de imagens por diferenciais semânticos (binômios de qualidades plástico-espaciais) e, breve disponibilizará uma

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versão do aplicativo Android para acesso ao siste-ma via smartphone. Espera-se, assim, estimular os usuários – estudantes de arquitetura, professores, arquitetos, fotógrafos e demais interessados no as-sunto –, a navegarem no acervo georeferenciado do ARQUIGRAFIA enquanto circulam pelas cidades, visualizando as imagens disponíveis, interagindo entre si, e também colaborando para o crescimento contínuo do acervo sempre que enviarem suas pró-prias imagens para o sistema, com os direitos auto-rais preservados por licenças Creative Commons.

Esta publicação organiza e documenta a trajetó-ria deste projeto entre 2009 e 2014, como resultado da pesquisa de Iniciação Tecnológica realizada pelo aluno Diogo Pereira com o apoio do CNPq - PIBIT.

Artur Simões Rozestraten

Professor FAUUSPVice-coordenador do núcleo de apoio à pesquisa NaWEBCoordenador do projeto ARQUIGRAFIA

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Parceria Biblioteca da FAUUSP e ARQUIGRAFIA

O acervo de diapositivos da Biblioteca da FAUUSP foi

criado na década de 1960 com a finalidade de auxiliar nos

seminários e aulas da Faculdade, sobretudo para o Depar-

tamento de História da Arquitetura.

Esta coleção somada ao Índice de Arquitetura Bra-

sileira (Indexação de artigos de revistas de arquitetura

brasileira), criado em 1950, tornaram-se ferramentas in-

dispensáveis para os pesquisadores de arquitetura, antes

do evento da informática, que revolucionou a forma de

acessar imagens.

Desde sua criação até os anos 1980 as doações dos

professores e alunos para o acervo de diapositivos conta-

bilizaram mais de 80 mil unidades.

Essa documentação reúne imagens do Brasil e do ex-

terior, com o olhar do arquiteto acompanhando a evolu-

ção dos tempos. A partir de pesquisas tais imagens foram

todas catalogadas individualmente, segundo classificação

criada por professores da faculdade juntamente com as

bibliotecárias da FAU, sendo que a responsável pelo setor

audiovisual da Biblioteca da FAU desde o seu início foi a

bibliotecária Suzana Alessio de Toledo.

Cada diapositivo recebia então um número de tombo,

com as informações de procedência, data e assunto. Du-

rante muitos anos os diapositivos representaram a fonte

de consulta principal para os seminários, aulas, palestras,

publicações, exposições dos professores, alunos e pesqui-

sadores de arquitetura.

Essas informações foram indispensáveis no momento

do estabelecimento da parceria da Biblioteca com o proje-

to ARQUIGRAFIA.

A digitalização deste material e o acesso via web, tor-

nou possível o conhecimento desta preciosa documenta-

ção que cobre um período de ouro da arquitetura brasilei-

ra, para um público mais abrangente.

Para a implementação do ARQUIGRAFIA foi forma-

do um grupo de trabalho multidisciplinar com unidades

da USP (IME - Instituto de Matemática e Estatística, ECA

- Escola de Comunicações e Arte e Faculdade de Arquite-

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tura e Urbanismo - FAU), além da contratação de especia-

listas na área de preservação e digitalização de imagens.

O cuidado com o direito autoral, que viabilizasse o uso

dessas imagens na internet foi estabelecido desde o início

dessa parceria do Arquigrafia com a Biblioteca da FAU,

com o apoio do Prof. Juliano Maranhão da FD - Faculdade

de Direito e da Procuradoria Geral da USP. Assim, foram

identificados os créditos das imagens, e solicitado a cada

autor a autorização para seu uso via web conforme uma

licença Creative Commons (CC).

Os participantes da equipe do ARQUIGRAFIA – alu-

nos e funcionários - foram orientados a partir de curso

ministrado pelo especialista Leandro Melo sobre os pro-

cedimentos para a higienização dos slides, etapa impres-

cindível para a conservação do material original que per-

manece armazenado nos armários da biblioteca da FAU.

A participação dos estudantes de biblioteconomia da

ECA, orientados pela Professora Vânia Lima possibilitou

uma troca de informações muito profícua sobre cataloga-

ção e indexação de imagens com toda equipe do ARQUI-

GRAFIA.

Utilizando-se das informações já existentes, e crian-

do novos campos para facilitar a busca no meio digital,

o ARQUIGRAFIA transformou em realidade o acesso re-

moto via Internet a essas imagens que contam a história

da arquitetura de um período da maior relevância para o

cenário sobretudo nacional, possibilitando ainda sua ex-

pansão contínua com novas contribuições.

Eliana de Azevedo Marques

Responsável pela Seção de Materiais Iconográficos Biblioteca FAUUSP

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SUMÁRIO

Introdução

ARQUIGRAFIA: um breve histórico

Cronologia

Artigos

Imagens selecionadas

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33

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INTRODUÇÃO

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A ideia e o programa do museu se transformaram

profundamente ao longo da história. Nessa mudança se

destaca a abertura dos acervos artísticos para um público

mais abrangente. Pode-se dizer que o conceito moderno

de museu se inicia com os ideais iluministas, que preten-

diam oferecer acesso à arte para uma maior proporção da

população. Se antes as grandes obras de arte eram restri-

tas aos acervos particulares ou destinadas a ornamentar

espaços determinados, o museu moderno se propõe como

uma instituição revolucionária, na qual a arte passa a ser

um objeto autônomo, deixando de ser um ornamento ou

uma alegoria para se tornar o centro do programa arqui-

tetônico.

Os primeiros espaços a abrigar as obras de arte dentro

dessa proposta são palácios convertidos em museus, onde

a arte se adaptava a uma arquitetura palaciana. Exemplo

dessa transformação é o Museu do Louvre, o qual passou

de palácio monárquico para espaço museológico público,

que se propunha a abrir a cultura artística para a cidade.

Posteriormente ocorreria o inverso: a arquitetura se

adaptaria à arte nos projetos modernos de museus, que

almejavam, sobretudo, entender a relação entre a obra de

arte e o seu espectador. São os modernistas, já no século

XX, os primeiros a pensar o projeto de um espaço exclu-

sivamente dedicado à arte e ao acesso público à arte. A

arquitetura moderna trouxe consigo os conceitos da pró-

pria arte moderna na sua produção de museus. Exemplo

disso é a postura sobre a produção artística defendida na

proposta do arquiteto Le Corbusier (1887 - 1965) para o

Museu de Crescimento Ilimitado (Figura 01). Corbusier

considerava o museu não mais um espaço para exibir cole-

ções de artes estáticas. A dinâmica do museu estava, justa-

mente, em se expandir junto com a produção artística, en-

tendendo a arte como uma cultura de produção constante.

Tal qual o espaço expansível de Le Corbusier, Frank

Lloyd Wright (1857 - 1959), grande expoente do movi-

mento moderno norte-americano, projeta o Museu Gug-

genheim, construído em Nova Iorque (Figura 02). A pro-

posta era ter um museu que deixasse de ser uma sucessão

de salas, tal qual o palácio neoclássico. No Museu Gugge-

nheim o visitante caminha por um espaço linear em espi-

ral, como uma rua. A espiral ascendente do Guggenheim é

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talvez uma realização física da ideia do museu ilimitado: a

rua acaba por suas limitações físicas, mas conceitualmen-

te demonstra o caminho infinito da arte moderna, com

seu grande átrio iluminado, que costura os tempos da arte

num só espaço.

Em São Paulo Lina Bo Bardi (1914 – 1992) propôs no

MASP (Museu de Arte de São Paulo) uma nova aproxima-

ção entre arquitetura e obra de arte. A ideia de Bardi era o

museu não mais interferir entre o espectador e a obra de

arte. Suspensa sobre o solo, a caixa de vidro proporcio-

na dois salões transparentes (Figura 03). Sem paredes as

obras são dispostas sobre suportes vítreos. Isto posicionou

a obra de arte numa condição nova, finalmente, despre-

gada da arquitetura. Lina abriria caminho no MASP para

uma nova museologia, onde não havia história a contar

sobre a obra de arte, o observador era livre para construir

a sua própria história da arte.

Bardi pareceu concordar, em sua proposta, com a

ideia de Aby Warburg (1866 - 1929), historiador da arte

alemão da virada do século XIX para o XX, que pretendia

que as obras de arte contassem por si mesmas a história

Figura 01: Croqui de Le Corbusier para o Museu de Crescimento Ilimitado.

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da arte, e sugerissem novas interpretações continuamen-

te. Warburg propunha a partir do uso da imagem foto-

gráfica, uma interpretação da história da arte que pres-

cinde de textos teóricos e organizações cronológicas. No

seu Atlas Mnemosyne (Figura 04), Aby Warburg colocou

em prática essa teoria: confrontando-se a própria obra de

arte. Buscando nos elementos que se repetem ao longo da

história o significado daquela obra dentro do seu contexto

histórico.

Uma revolução na forma de se interpretar as obras

artísticas também era o que pretendia Heinrich Wölfflin

(1864 - 1945). O historiador, na sua obra “Conceitos fun-

damentais da história da arte”, procurava desvelar as in-

terpretações baseadas puramente em preceitos estilísticos

e cronológicos, focalizando a leitura nas qualidades ine-

rentes à própria obra. Wöllflin, assim como Aby Warburg,

também pretendia confrontar obras de arte, porém defi-

nido-as dentro de um sistema de polaridades díspares:

linear ou pictórica, plana ou profunda, forma fechada ou

aberta.

O MASP era, afinal, um espaço que permitiu essa lei-

Figura 03, acima: O pavilhão de exposições do MASP.

Figura 02, ao lado: Fotografia do in-terior do museu Guggen heim.

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tura até então teórica: o espectador era convidado a in-

terpretar a obra de arte pelo caminhar pelas obras livres

das paredes, assim como Warburg e Wölfflin convidavam

o leitor a conhecer as obras de arte livres das descrições

tradicionais.

Para além do espaço do museu ou as páginas de li-

vros, hoje em dia, as obras artísticas, as peças de teatro,

os concertos musicais etc. deixaram seus espaços físicos

- isto é, os museus, teatros, cinemas etc. As manifestações

artísticas percorrem as ruas, as praças, infiltram-se nos

espaços públicos, subvertem usos tradicionais do espaço.

Em happenings, performances e instalações artísticas o

espectador e a cidade tornam-se parte fundamental da

fruição da obra. Que significado teria isso? Seria o fim dos

museus ou seria na verdade uma expansão do moderno

conceito do museu, encarando a cidade inteira como um

grande museu ao ar livre? Contra a institucionalização da

arte, confinada em espaços afastados, já sem tanto impac-

to sobre a própria sociedade, talvez efeitos colaterais do

século XX, a arte assume um papel de guerrilha no final

do século XX e neste início século XXI. Ela agora invade

Figura 04: Imagem do Atlas Mnemosyne de Aby Warburg, Warburg pretendia uma interpretação da arte através da imagem, livre do texto, ele procurava os elementos que se repetiam, pathos formeln, que ajudariam a entender o porquê da arte além de estilos e cronologias.

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todos os espaços e se revela nas mais inusitadas formas.

Assistimos, portanto, à dessolidificação do conceito

do museu com o passar do tempo, sua arquitetura vai fi-

cando cada vez mais abstrata e menos sólida: percorrendo

os caminhos do Guggenheim como uma rua, abraçando o

infinito como na proposta de Le Corbusier para seu Museu

do Crescimento Ilimitado, eliminando paredes e hierar-

quias, elevando o protagonismo da arte no MASP de Lina

Bo Bardi. E, por fim, ganhando as ruas da cidade como

numa peça do Teatro da Vertigem - grupo teatral que em

2012 ocupou as ruas e espaços abandonados do bairro do

Bom Retiro em São Paulo.

O progresso tecnológico da época da fotografia colo-

rida e da possibilidade de impressão de imagens de alta

definição em larga escala, fizeram André Malraux (1901 –

1976) pensar uma outra possibilidade para a existência do

museu. Ele observou que o museu, ainda que fosse pensa-

do como espaço público, era um local ao acesso de poucos,

normalmente os residentes em grandes centros urbanos,

de cidades ricas o suficiente para manter um acervo de

arte. Com os recursos de impressão e difusão qualquer

Figura 05: André Malraux seleciona as imagens para o Museu Imaginário.

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biblioteca, sala de leitura ou estante poderia se transfor-

mar num pequeno museu, o Museu Imaginário (Figura

05). Hoje a Internet é um local onde a ideia de Malraux

ganha dimensões ainda mais abrangentes: é possível não

apenas ver as imagens da arte, como podemos também

virtualmente caminhar dentro de museus pelo mundo e

por entre as obras em nossos computadores.

Imaginando-se o ambiente virtual, possível transla-

dar esses conceitos sobre a arte para o mundo da interação

digital entre usuário, fotografia e arquitetura. A internet é

um espaço onde imagens de arquitetura podem se multi-

plicar ilimitadamente, não há restrições para o armazena-

mento de informações. Também é um espaço que permite

que o usuário navegue pelas imagens, protagonistas do

ambiente colaborativo virtual, assim como percorreriam

as obras no museu de Lina Bo Bardi.

Sobretudo, espera-se que tais contribuições possam

revelar um pouco mais da arquitetura de nossas cidades,

fora do mainstream retratado em repetidas fotos de revis-

tas e livros de arquitetura. Espera-se tornar possível a per-

cepção do museu a céu aberto, em constante transforma-

ção, que é a cidade, cuja arquitetura, os espaços urbanos e

seus habitantes são simultaneamente peça e personagem,

espectador e artista, rompendo os limites de produtor e

consumidor de conteúdo através da internet.

Diogo A. M. Pereira

aluno da graduação FAUUSP em Iniciação Tecnológica pelo programa PIBITI/USP 2013/2014

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ARQUIGRAFIA: UM BREVE HISTÓRICO

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Em 2014 o projeto do ambiente colaborativo

ARQUIGRAFIA (www.arquigrafia.org.br) completou

cinco anos de atividades multidisciplinares, que visam ex-

plorar o universo da imagem fotográfica na Internet. Esta

publicação pretende refletir sobre os trabalhos realizados

nesses anos de projeto. Entre conceito, testes, desenhos,

redesenhos e parcerias queremos que essa publicação não

sirva apenas de documento, mas que, sobretudo, norteie

a continuidade desse trabalho e torne público os esforços

para a construção coletiva desse espaço virtual, que con-

tou desde o início com o apoio de professores, funcioná-

rios, alunos, fotógrafos, técnicos, webdesigners e, obvia-

mente, de seus usuários.

O projeto de um ambiente colaborativo para o com-

partilhamento de imagens de arquitetura se inicia na

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universida-

de de São Paulo no ano de 2008, idealizada e coordena-

da pelo Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten, convidando

alunos da graduação e da pós-graduação para debater as

possibilidades do novo tipo de mídia no ensino da arqui-

tetura.

Uma fonte de inspiração essencial foi a experiência

dos anos 1960 aos anos 1980 que montou, de forma cola-

borativa, o acervo de slides fotográficos de obras arquite-

tônicas e urbanas da Biblioteca FAUUSP, que conta com

mais de 80 mil imagens. Esse caráter colaborativo pode

aumentar a qualidade das imagens de arquitetura dispo-

níveis na Internet.

Nas mídias digitais para acesso público há, certamen-

te, uma grande gama de imagens disponíveis dos edifícios

mais icônicos, mas de alguns edifícios não tão simbólicos,

às vezes é possível deparar-se com imagens de baixa re-

solução ou até mesmo nenhuma imagem. Um ambiente

colaborativo dedicado a compartilhar imagens seria então

uma forma de atrair o público que já fotografava muitas

arquiteturas, no entanto as mantém para uso pessoal ou

em redes de acesso privado. A vantagem em colaborar

com o acervo aberto do ARQUIGRAFIA é criar e poder se

valer de um grande número de imagens de arquitetura em

constante expansão.

Outro ponto importante levantado nas reuniões ini-

cias que esboçaram o projeto era a necessidade de novos

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recursos que estimulassem novas interações dos usuários

com a rede, algo que tornasse o acervo útil em si mesmo,

não apenas como fonte para ilustrar trabalhos acadêmi-

cos. Para tanto entendia-se que o site deveria fazer parte

da chamada web 2.0, isto é, Internet centrada nos usuá-

rios, permitindo recursos que os convidassem a interagir

com a rede e a interpretar imagens.

Para viabilizar a realização do projeto ARQUIGRAFIA

montou-se um grupo de pesquisas multidisciplinar com

apoio do Departamento de Ciências da Computação do

Instituto de Matemática e Estatística da USP, com sua

frente de programação e sofware livre, e da Escola de

Comunicação e Artes da mesma universidade com sua

frente de redes sociais e usabilidade. Em 2009 o projeto

multidisciplinar recebeu apoio da FAPESP, coordenado

pelos Profs. Drs. Artur Simões Rozestraten (FAUUSP),

Marco Aurélio Gerosa (IMEUSP) e Maria Laura Martinez

(ECAUSP), o que permitiu o desenvolvimento de uma pri-

meira versão de ambiente colaborativo. Este amparado

por grupos focais entre potenciais usuários: estudantes,

arquitetos e fotógrafos, testes de usabilidade. Criando e

Figura 06: Isabella Mendonça, bolsista Aprender com Cultura e Extensão, graduanda do IMEUSP examina gavetas com o acervo de slides da FAUUSP.

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testando versões preliminares e desenhando suas múl-

tiplas funções como ambiente colaborativo e webdesign.

Para as questões autorais as licenças Creative Commons

(CC), que permitem uma fácil aplicação e são voltadas

para o compartilhamento de conteúdo na Internet, foram

adotadas para as imagens alocadas no ARQUIGRAFIA.

A pesquisa abriu frentes em suas diversas áreas para

projetos de iniciação científica, mestrados e doutorados

relacionados. Também passou a contar com o apoio da Bi-

blioteca da FAUUSP, no processo de digitalização e com-

partilhamento do seu acervo de slides e negativos fotográ-

ficos, fazendo com que o material que inspirou a criação

da rede fosse associado a ela mesma.

Em 2011 o projeto recebeu o primeiro prêmio na

categoria Tecnologias Sociais Aplicadas e Humanas na

Olimpíada de Inovação da FAPESP. Em 2012 o projeto

estimulou a proposição do Núcleo de Apoio à Pesquisa em

Ambientes Colaborativos na Web (NaWEB) em edital da

pró-reitoria de pesquisa da USP. No mesmo ano a versão

beta foi lançada a fim de servir como teste para aprimora-

mentos de suas funcionalidades e webdesign. A versão foi,

Figura 07: Equipe multidisciplinar discutindo o projeto na bibli-oteca da FAUUSP.

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então, aberta aos usuários interessados em se cadastrar e

já oferece gratuitamente acesso às imagens dos usuários

que compartilham imagens e parte do acervo digitalizado

da Biblioteca da FAUUSP e do Quadro do Paisagismo no

Brasil (QUAPÁ), laboratorio da FAUUSP que conta com

grandioso acervo de imagens de espaços públicos brasilei-

ros, incluindo fotografias aéreas, possibilitando o downlo-

ad de imagens de arquitetura em alta resolução a quem se

cadastrar, criando um login.

O projeto ARQUIGRAFIA concluiu com sucesso sua

primeira fase, possibilitando assim acesso a imagens de

qualidade da arquitetura brasileira, inéditas no formato

digital. Conta também com colaboradores interessados

em compartilhar imagens. Entre as funções disponíveis

estão o agrupamento das imagens em galerias, a avalia-

ção de características da imagem, inserção de tags (pa-

lavras-chave), georreferencialmento por Google Maps e

comentários. É possível criar redes e seguir usuários es-

tabelecendo vínculos entre os usuários, espera-se que tal

função possa incentivar passeios fotográficos ou possíveis

discussões de assuntos afins. A explicação mais detalhada

do funcionamento atual do site e das ideias presentes em

suas funções é apresentada a seguir nesta obra.

Atualmente o projeto se encontra em sua segunda

fase, na qual busca-se aperfeiçoar o webdesign, atendendo

a demanda por melhorias no decorrer da análise do fun-

cionamento da versão beta na primeira fase do projeto.

Estima-se que após o redesenho o ambiente colaborativo

ARQUIGRAFIA possa contar com mais acessos e receber

novos usuários interessados. Também incluirá um maior

conteúdo digitalizado de imagens do acervo da Biblioteca

da FAUUSP.

Com maior número de adeptos e um acervo em ex-

pansão os próximos passos do ARQUIGRAFIA serão a

compatibilização com aparelhos portáteis através de apli-

cativos para smartphones e tablets, além da ampliação

para novas mídias e o desenvolvimento de novas funcio-

nalidades.

Destaca-se no projeto o esforço não apenas de execu-

tar e aperfeiçoar o ambiente colaborativo, mas também o

seu caráter investigativo, teórico e prático sobre o papel

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da imagem e do imaginário da arquitetura. Desenvolve-

ram-se no decorrer do projeto ARQUIGRAFIA ativida-

des relacionadas aos estudos da imagem de arquitetura

como workshops, mini-cursos, palestras, grupos de estu-

dos, iniciações científicas e tecnológicas visando fomen-

tar o debate sobre a imagem, que serve também como

inspiração para o desenvolvimento do próprio projeto

ARQUIGRAFIA.

Figura 08: Estagiárias do curso de biblioteconomia da ECAUSP trabalham na análise do acervo de fotografias em papel.

Diogo A. M. Pereira

aluno da graduação FAUUSP em Iniciação Tecnológica pelo programa PIBITI/USP 2013/2014

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CRONOLOGIA

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A seguir será apresentada em tópicos a cronologia

das principais atividades realizadas pela equipe do projeto

ARQUIGRAFIA, organizada ano a ano.

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2009

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39

2009

Os estudos para a criação de um website para a difusão de imagens de arquitetura se iniciaram na FAUUSP no pri-

meiro semestre deste ano. A equipe do projeto contava, inicialmente, com o professor Dr. Artur Rozestraten, o aluno de

mestrado da POLIUSP Rodolfo Jambas Guilherme e os alunos de graduação em Arquitetura e Urbanismo Lucas Caracik,

Guilherme Arruda e Diogo Pereira.

As primeiras especulações indicavam a necessidade de um website capaz de contar com a contribuição ativa do usuário

para a construção do acervo, o que caracterizava uma rede social. Também seria desejado que a página não apenas listasse

as imagens, mas fosse um ambiente em simulação tridimensional no qual os usuários pudessem “colher” imagens, “seme-

ar” imagens e organizar suas próprias “constelações de imagens” em abóbadas-galerias iconográficas.

A proposição da rede social levou o projeto a se expandir para outras unidades da USP, que garantiriam o avanço do

webdesign e da programação do sistema para a área da tecnologia e da comunicação. Para isso o projeto contou com a cola-

boração do Departamento de Ciências da Computação do IMEUSP e da Escola de Comunicação e Artes (ECA), vinculando

ao projeto os professores Marco Aurélio Gerosa (IMEUSP) e Maria Laura Martinez (ECAUSP). Ao final do primeiro ano de

trabalho foi feita a submissão do projeto de pesquisa à FAPESP, como Auxílio Regular.

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Figuras 09 e 10: Primeiras montagens realizadas pela equipe sobre a possível difu-são de imagens na Internet: duas composições inspira-das no Atlas Mnemosyne de Warburg uniam as imagens numa reflexão sobre a qua-lidade do espaço arquitetô-nico. À esquerda - pátios e espaços de caráter público. À direita - janelas e elemen-tos arquitetônicos de filtro de luz.

2009

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Figura 11: Ao lado organograma apresentando as possibilidades para a página inicial e ações do website, explorando as questões de espacialidade.Tais estudos deram origem à proposta de parede infinita de imagens, como forma de navega-ção pelo site.

2009

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Figura 12: Primeira montagem con-siderando os binômios como for-ma de caracterizar uma imagem de arquitetura. A partir das ideias de Henrich Wölfflin no seu Conceitos fundamentais da história da arte, pretende-se que a partir da percep-ção do usuário sobre aspectos ar-quitetônicos da imagem consiga-se estabelecer relações entre imagens com características similares. As-sim como nos primeiros estudos que consideravam o Atlas Mnemosyne de Aby Warburg como forma de or-ganização de imagens.

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Figura 13: Montagem de um corredor infinito de imagens de arquitetura a ser per-corrido pelo usuário. Ideia retomada na página inicial - homepage - implementada na revisão de 2014 como um plano infinito de imagens.

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2010

Neste ano projeto começou a receber apoio formal da FAPESP para as diversas frentes de pesquisas integradas ao

projeto ARQUIGRAFIA. A equipe multidisciplinar estabelecida começou os estudos sobre o ambiente colaborativo, pro-

gramação e usabilidade realizando reuniões periódicas no IME e na FAU USP. Sob a coordenação da professora Maria

Laura Martinez (ECA) foram realizadas pesquisas com usuários e primeiros testes sobre o ARQUIGRAFIA. Ao mesmo

tempo, também foram organizados grupos focais com três grupos alvo de usuários: estudantes de arquitetura, fotógrafos

de arquitetura e arquitetos.

Em novembro deste ano o Grupo de Estudos da Fotografia, que era organizado por alunos da FAUUSP em conjunto

com o professor Artur Rozestraten, organizou uma Mesa Redonda com os fotógrafos João Musa, Nelson Kon, Daniel Ducci

e Tuca Vieira através do Grupo de Estudos para a Expofau.

Uma comunicação do projeto de pesquisa foi aceita no primeiro Seminário Nacional de Arquitetura e Documentação

(ArqDoc 2010) na UFBA em Salvador. Neste seminário foi apresentado o primeiro protótipo do ambiente colaborativo

elaborado durante o ano de 2010, com apoio técnico da equipe do IME coordenada pelo professor Marco Gerosa. A equipe

debateu com usuários os resultados dos primeiros testes e organizou a primeira revisão crítica do webdesign do ambiente

colaborativo. O projeto de logotipo e comunicação visual do ARQUIGRAFIA foi desenvolvido pelo aluno Lucas Caracik.

Ao longo de 2010 o projeto recebeu o apoio dos professores da FAU Luiz Munari, Julio Katinsky, do IMEUSP Fábio

Kon, dos fotógrafos de arquitetura Nelson Kon, Cristiano Mascaro e do editor Abílio Guerra, do site Vitruvius.

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Figura 14: Primerio protótipo navegável do site apresentado no Seminário ArqDoc na Bahia. O modelo foi desenvol-vido pela Equipe do IME-USP a partir dos estudos desenvolvidos em 2010.

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Figuras 15, 16, 17, 18 e 19: Imagens dos testes de usabilidade e grupos focais.

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Figura 20, à esquerda: cartaz do evento realiza-do durante a EXPOFAU 2010 pelo Grupo de Es-tudos de Fotografia de Arquitetura, design feito pelo aluno Victor Buck. O grupo ocorreu em pa-ralelo aos trabalhos do ARQUIGRAFIA e ajudou a aproximar seus partici-pantes da refelxão teóri-ca e do trabalho prático da fotografia de arquite-tura.

Figuras 21 e 22, À direita: imagens da mesa redon-ta abaixo: Nelson Kon e João Musa participam do debate sobre fotografia e arquitetura.

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Figuras 23 e 24: Identidades visuais desenvolvidas pelo aluno Lucas Caracik em 2010.

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Neste ano a empresa de webdesign Benchmark foi contratada, com recursos da FAPESP, para auxiliar o webdesign do

novo protótipo do site e comunicação visual, redesenhado com os resultados do último ano de pesquisa sobre usabilidade

e design. Também foi lançada a primeira versão do ARQUIGRAFIA para usuários selecionados para os testes.

A partir de janeiro se iniciou a parceria com a Biblioteca FAUUSP e o ambiente colaborativo ARQUIGRAFIA para digi-

talização e disponibilização do acervo de slides da faculdade, colaborando para dar continuidade à proposta do acervo, que

inspirou a criação do próprio projeto de ambiente colaborativo. Iniciaram-se, neste período, os trabalhos de higienização,

catalogação e digitalização dos slides referentes a imagens de arquitetura brasileira em colaboração com o Setor Áudio-Vi-

sual da Biblioteca da FAUUSP com base nos esforços já realiazados no infoslide. Em novembro, foi feita uma comunicação

para o II Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação em Belo Horizonte - MG.

O Quadro do Paisagismo no Brasil (QUAPÁ), laboratório da FAUUSP cedeu seu acervo de fotografias de espaços pú-

blicos brasileiros, incluindo imagens aéreas, para divulgação no ARQUIGRAFIA.

O projeto de pesquisa do ambiente colaborativo ARQUIGRAFIA foi vencedor neste ano na categoria Humanas e Ciên-

cias Sociais Aplicadas da Olimpíada USP de inovação.

A empresa de webdesign BRZ foi contratada, também com recursos da FAPESP, no final do ano para possibilitar o

lançamento da versão beta, aberta ao público interessado.

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Figura 25, à esquerda: reunião da equipe multidisciplinar no IME-USP.

Figura 26, à direita: representante da rede Wikimedia, Alexandre Abdo, que disponibiliza imagens de livre distribuição através da licença Creative Commons, usada principalmente em artigos da Wikipedia. Na reunião se debatem o uso das ferramentas Creative Commons e a possibilidade de utilizar as imagens do ambiente colaborativo ARQUIGRAFIA para artigos Wikipedia / Wikimedia.

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Figura 27: equipe ARQUIGRAFIA recebe o primeiro prêmio da Olimpíada USP de inovação.Na imagem a pró-reitora adjunta Belmira Bueno, Artur Rozestraten, Ana Paula Oliveira dos Santos, Maria Laura Martinez e Strauss Michalsky.

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Figura 28: a bibliotecária Eliana de Azevedo Marques apresen-ta o acervo de imagens da Biblioteca FAUUSP no II Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação, Belo Horizonte - MG

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Neste ano foi apresentado o relatório FAPESP sobre as atividades do projeto do ambiente colaborativo ARQUIGRAFIA.

Também neste mesmo ano o projeto passou a contar com o apoio da Pró-reitoria de Cultura e Extensão, edital 2010-2012.

A partir de 2012 o projeto ARQUIGRAFIA passou a contar com a assessoria do Prof. Dr. Juliano Maranhão da Faculdade de

Direito da USP para questões relativas a direitos autorais na web. Também estabeleceu-se uma parceria entre os projetos

ARQUIGRAFIA e OnAir da professora Renata Wasserman do IMEUSP.

A experiência multisdisciplinar inciada pelo ARQUIGRAFIA estimulou a criação do Núcleo de Apoio à Pesquisa em

Ambientes Colaborativos na web (NaWEB), formalizado junto à Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) no Edital NAPs 2011. O

projeto ARQUIGRAFIA foi apresentado em reunião do núcleo NaWEB.

No segundo semestre, foi lançado ao público a nova versão (beta) da rede social com apoio de webdesign da empresa

BRZ. O projeto é apresentado do projeto no Seminário Nacional de Arquitetura e Documentação, ArqDoc em Belém - PA

na UFPA.

Em dezembro foi feita uma comunicação do ARQUIGRAFIA para o Seminário Cartografias Colaborativas, evento

organizado pelo Ministério da Cultura em Brasília - DF, cujo vídeo da apresentação se encontra no site do evento para

visualização: http://culturadigital.br/cartografiacolaborativa.

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Figura 29, acima: Equipamento de digitlização de slides na empresa Scannsystem.

Figura 30, à direita: Reunião da equipe ARQUIGRAFIA com a empresa de webdesign BRZ.

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Figura 31: Empresa BRZ e a equipe do projeto ARQUIGRAFIA discutem detalhes para revisão do webdesign do ambiente co-laborativo

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Figura 32: O arquiteto, historiador e professor Carlos Lemos assina a autorização de difusão de suas imagens de arquitetura.

Figura 33: O fotógrafo e professor Cristiano Mascaro assina a autorização de difusão de suas imagens de arquitetura.

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2012

Figura 34, acima: Artur Rozestraten apresenta no IMEUSP o projeto durante a primeira reunião geral do NaWEB

Figura 35, à esquerda: O professor da FAUUSP e historiador da arquitetura Benedito Lima de Toledo, junto com Suzana Aléssio de Toledo, concede o direito autoral de suas imagens guardas no acervo da faculdade para a divulgação no ambiente colaborativo ARQUIGRAFIA

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Figura 36: Página inicial da versão beta lançada em 2012. Desenvolvida em parceria com a empresa BRZ

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2013

Neste ano se realizou o curso de Higienização do Acervo Fotográfico com o arquiteto Leandro Lopes (Tupã), que tam-

bém coordenou o treinamento da equipe de higienização, catalogação e digitalização trabalhando com o acervo de slides e

negativos da Biblioteca da FAUUSP. Neste período a empresa Scansystem começou a prestar serviços de apoio para digita-

lização dos slides higienizados e catalogados pela equipe ARQUIGRAFIA. Foi feito um vídeo com a direção do aluno Lucas

Caracik e com o apoio do VideoFAU para divulgação do projeto nas mídias sociais. Iniciou-se o redesenho da inferface do

ARQUIGRAFIA, com recursos do Edital 2012 da PRCEU, em parceria com a empresa BRZ.

Foi realizada em 2013, também, a Apresentação do Diagnóstico do Acervo fotográfico da Biblioteca da FAUUSP. Além

disso neste ano uma comunicação do projeto de pesquisa do ambiente colaborativo ARQUIGRAFIA foi apresentada no III

Seminário Ibero-Americano de Arquitetura e Documentação em Belo Horizonte - MG.

Destaca-se neste ano atividades a palestra do professor e fotógrafo Cristiano Mascaro, apoiador do projeto

ARQUIGRAFIA desde sua idealização, que expôs alguns de seus trabalhos em aula realizada na FAUUSP. Também nesse

sentido foi realizado o mini-curso sobre Imaginário da Arquitetura com o professor Jean-Jacques Wunenburger, da Facul-

dade de Filososfia da Université Jean Moulin, Lyon 3.

A frente de estudos ontológicos sobre os temas específicos de arquitetura empregados no ARQUIGRAFIA se consoli-

dou o projeto OnAir-ARQUIGRAFIA, sob coordenação da Prof. Renata Wassermann (IME) e Prof. Vânia Mara Alves (ECA)

envolvendo as alunas Marisol Solis Yucra (mestrado IME) e Amanda Stenghel (graduação FAU). A partir das pesquisas

sobre ontologia em redes sociais estabeleceu-se a parceria entre o ARQUIGRAFIA e o STOA, coordenado pelo Prof. Ewout

ter Haar do Instituto de Física da USP.

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Figura 37, acima: Procedimento de higienização do acervo.

Figura 38, ao lado: Imagem do curso de higienização com Leandro Lopes

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Figura 40: Cartaz chama-da para apresentação do diagnóstico do acervo de imagens em slides, negati-vos e em papel do setor de Áudio-Visual da FAUUSP. Design dos alunos Lucas Caracik e Diogo Pereira

Figura 39: Cartaz chamada para palestra com o fotógrafo de arquitetura Cristiano Mascaro, realizado na FAUUSP. Design feito por Lucas Caracik e Ilka Paulini

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Figura 41, acima: Fotografia da palestra com o professor e fotó-grafo Cristiano Mascaro.

Figura 42, à direita: Cristiano Mascaro apresenta ampliações de suas fotografias.

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Figura 43: O professor Jean Jacques Wunenburg da Faculdade de Filosofia da Universidade de Lyon 3 e os participantes do mini-curso sobre Imaginário da Arquitetura realizado na FAUUSP

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Figura 44, acima: Apresentação do projeto Arquigrafia no Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação. Na foto as alunas Ruth Troncarelli e Fernanda Adams.

Figura 45, à direita: O professor da FAUUSP e historiador da arquitetura Hugo Segawa assina a cessão de direitos autorais de suas imagens para divulgação no ARQUIGRAFIA.

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Figura 46: Versão em desenvolvimento para a segunda fase do pro-jeto ARQUIGRAFIA. Webdesign desenvolvido em parceria com a em-presa BRZ.

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Figura 47: Vídeo de divulgação ARQUIGRAFIA. Roteiro: Artur S. Rozestraten e Lucas Caracik. Direção: Lucas Caracik. Edição: Maki Shintate. Produção: VideoFAU. Atores: Ana Clara Santana, Lucas Caracik, Mauricio Lam

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Foi realizado o Workshop Citinet entre as faculdades de arquitetura La Salle (Barcelona), Universidad San Jorge (Za-

ragoza), FAUUSP - primeiro workshop a utilizar as funcionalidades do ARQUIGRAFIA como ambiente colaborativo em

parceria com o laboratório ARC. (Arquitetura, Representación, Computación) sobre a plataforma SDR da universidade

catalã La Salle.

O ARQUIGRAFIA foi o projeto selecionado pelo Ministério da Cultura no edital “Cultura na Copa” na área de arqui-

tetura.

Em julho a empresa L3 Conservação de Acervos é contratada para trabalhar sobre a higienização e acomodação de

fotografias em papel e negativos em acetato do acervo da Biblioteca FAUUSP.

Em balanço realizado pela equipe do projeto ARQUIGRAFIA junto ao Seção Audiovisual da Biblioteca da FAU, até

Dezembro de 2014, o trabalho atingiu:

Acervo da Biblioteca da FAU30.000 slides higienizados25.000 slides digitalizados10.000 slides catalogados6.000 ampliações em papel higienizadas e acondicionadas

QUAPÁTotal de imagens do Acervo Quapá no site: 1270 imagensTotal de imagens catalogadas: 1550

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Figura 48: Atual proposta para a revisão da interface do ARQUIGRAFIA elaborada em 2014 em colaboração entre a equipe Arquigrafia e a empresa de webdesign BRZ, visando implementar a segunda fase do projeto.

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Figura 49, à esquerda: Cartaz chamada para o taller citinet FAUUSP - La Salle. Design dos alunos Marcelo Figueiredo e André Chou.

Figura 50, acima: Imagem de conversa do taller citinet, dis-cutindo o texto base para a atividade de fotografias.

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Figuras 51 e 52: Alunos utlizam os ambientes colaborativos ARQUIGRAFIA, à esquerda, e SDR, à direita, durante o workshop Citinet.

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Figuras 53, acima: Reunião da equipe com o parceiro em higienização e conservação de acervo, Leandro Lopes.

Figura 54, à direita: Equipe analisa as condições de uma ampliação em papel do acervo da Biblioteca FAUUSP.

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ARQUIGRAFIA betaSeu universo de imagens de arquitetura

Figura 55: Redesenho do logo feita pelo aluno Lucas Caracik em 2014.

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Conceito do logotipo

O logotipo do projeto ARQUIGRAFIA, que foi criado

no início de 2010, possui como referência de trabalho o

Museu do Crescimento ilimitado, projeto do arquiteto Le

Corbusier (figura 56).

A ideia inicial do desenho foi transformar a planta do

museu em uma marca para o site, pois o projeto também é

um acervo que nunca deixará de crescer, ilimitado tal qual

o projeto de Corbusier.

Como era necessária a presença do nome do projeto

juntamente com a marca, propôs-se, inicialmente, aproxi-

mar a planta do museu às proporções dos tipos, planos e

sem serifa, evidenciando ainda mais a bidimensionalida-

de e a simplicidade da proposta. A planta, originalmente

quadrada e modulada sobre a proporção áurea foi então

modulada novamente sobre a mesma proporção para se

tornar retangular (figura 57).

O desenho resultante foi utilizado inicialmente no

lugar da letra Q (figura 58), por semelhança formal. No

entanto, para facilitar a leitura e a compreensão, por vezes

não tão clara, o símbolo do projeto foi deslocado para fora

do nome (figura 59).

Ao longo do tempo, no entanto, o logotipo foi utiliza-

do e testado de diversas maneiras, chegando-se à conclu-

são de que as linhas formadoras do logo não permitiam

uma leitura clara quando em uso na web. Com o redese-

nho do site em andamento, em Janeiro de 2014 o logotipo

foi refeito com linhas mais finas e os textos foram recon-

figurados ao seu redor, buscando sempre a melhor leitura,

juntamente com os alinhamentos e proporções preserva-

das (figura 60).

Lucas Caracik de Camargo Andrade

Arquiteto colaborador do projeto ARQUIGRAFIA bolsista de iniciação científica FUPAM sobre os binô-mios do ambiente colaborativo.

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Figura 56

Figura 57

Figura 58

Figura 59

Figura 60

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Crédito das imagens

pág. 20, Figura 01 - architecturalmoleskine.blogspot.compág. 21, Figura 02 - Diogo Pereirapág. 21, Figura 03 - espacohumus.compág. 22, Figura 04 - thenewinquiry.compág. 23, Figura 05 - galerie.parismatch.compág. 30, Figura 06 - Eliana Marquespág. 31, Figura 07 - Eliana Marquespág. 33, Figura 08 - Eliana Marquespág. 42, Figura 09 - Artur Rozestratenpág. 42, Figura 10 - Artur Rozestratenpág. 43, Figura 11 - Guilherme Arruda, Lucas Caracik, Diogo Pereirapág. 44, Figura 12 - Artur Rozestratenpág. 45, Figura 13 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 50, Figura 14 - IMEUSPpág. 51, Figura 15 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 51, Figura 16 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 51, Figura 17 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 51, Figura 18 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 51, Figura 19 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 52, Figura 20 - Vitor Buckpág. 52, Figura 21 - Gabriel Mentonepág. 52, Figura 22 - Gabriel Mentonepág. 53, Figura 23 - Lucas Caracikpág. 53, Figura 24 - Lucas Caracikpág. 58, Figura 25 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 58, Figura 26 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 59, Figura 27 - Agência USP de Notíciaspág. 60, Figura 28 - bibfauusp.wordpress.compág. 64, Figura 29 - Martim Passospág. 64, Figura 30 - Eliana Marquespág. 65, Figura 31 - Eliana Marques

pág. 66, Figura 32 - Eliana Marquespág. 66, Figura 33 - Eliana Marquespág. 67, Figura 34 - frame de vídeo: Cartografias Colaborativaspág. 67, Figura 35 - Eliana Marquespág. 68, Figura 36 - BRZpág. 72, Figura 37 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 72, Figura 38 - Eliana Marquespág. 73, Figura 39 - Lucas Caracik, Ilka Paolinipág. 73, Figura 40 - Lucas Caracik, Diogo Pereirapág. 74, Figura 41 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 74, Figura 42 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 75, Figura 43 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 76, Figura 44 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 76, Figura 45 - Eliana Marquespág. 77, Figura 46 - BRZpág. 78, Figura 47 - Youtubepág. 82, Figura 48 - BRZpág. 83, Figura 49 - André Chou, Marcelo Figueiredopág. 83, Figura 50 - Marcelo Figueiredopág. 84, Figura 51 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 84, Figura 52 - Acervo ARQUIGRAFIApág. 85, Figura 53 - Eliana Marquespág. 85, Figura 54 - Eliana Marquespág. 86, Figura 55 - Lucas Caracikpág. 89, Figura 56 - Lucas Caracikpág. 89, Figura 57 - Lucas Caracikpág. 89, Figura 58 - Lucas Caracikpág. 89, Figura 59 - Lucas Caracikpág. 89, Figura 60 - Lucas Caracik

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ARTIGOS

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A seguir serão apresentados artigos sobre o projeto

ARQUIGRAFIA publicados em anais de seminários e con-

gressos.

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REDE SOCIAL ARQUIGRAFIA-BRASIL Estudos Iconográficos da Arquitetura Brasileira na Web 2.0Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo.

Profa. Dra. Maria Laura Martinez,Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo.

Prof. Dr. Marco Aurélio Gerosa, Prof. Dr. Fábio Kon, Ana Paula Oliveira dos SantosInstituto de Matemática e Estatística, Universidade de São Paulo.

Introdução

O estudo da arquitetura deve ser feito, preferencialmente, in loco, vivenciando di-retamente o espaço, percebendo suas estruturas fixas e suas dinâmicas, intuindo suas interações locais e sua inserção na paisagem (Zevi, 1996). Quando esta visita não é possível, as representações entram em cena e desempenham seu papel histórico. Desde a Antiguidade, quem visita um lugar, um edifício ou uma cidade, e se encanta com seu espaço arquitetônico, tenta retê-lo na memória e, para tanto, muitas vezes, elabora representações que procuram recriá-lo “em miniatura” para levá-lo consigo à distância, como fizeram Vitrúvio (80-70 a.C.- 15 a.C.) e Pausânias (séc. II) em textos; Villard de Honnecourt (séc. XIII) em desenhos; e tantos outros mestres-de-obras, profissionais construtores, arquitetos e amadores ao longo do tempo com desenhos, palavras e ma-quetes.

A este conjunto tradicional de representações gráficas e tridimensionais, a fotogra-fia veio se somar como recurso moderno de criação de imagens. A partir dos anos 1990, com o advento das câmeras digitais, a fotografia popularizou-se ainda mais e merece, portanto, uma atenção especial deste projeto.

Em meados do séc. XIX, Eugène Viollet-le-Duc (1814-1879) já percebera que a fo-tografia trazia uma contribuição indispensável ao registro e documentação da arquite-tura e a incluía em seu procedimento metodológico para o registro do patrimônio arqui-tetônico francês (Viollet-le-Duc, 2000; Lamers-Schütze, 2003). Ao longo da segunda metade do séc. XIX, a fotografia viria a assumir definitivamente seu papel documental na história contemporânea.

No Brasil, desde a na virada do século XIX/XX, o escritório de Ramos de Azevedo já fazia uso sistemático da fotografia, com negativos de vidro, para registro de seus canteiros de obras e documentação de sua produção (Lemos, 1993; Acervo FAUUSP; Fabris, 2008). A partir de 1940, com a popularização mundial de câmeras fotográfi-cas em pequeno formato e, alguns anos depois, de filmadoras portáteis, milhares de pessoas passaram a registrar em fotos e filmes suas vivências arquitetônicas. A foto-grafia, então, incorporou-se definitivamente à historiografia da arquitetura brasileira, e

esse momento associa-se às imagens de George Kidder Smith (1913-1997) (1990) para a exposição e o catálogo Brazil Builds: New and Old 1652-1942 do MoMA (Goodwin, 1943). Além de Smith, há que se mencionar também o trabalho pioneiro com fotografia de arquitetura feito por Marcel Gautherot (1910-1996), Hugo Zanella, José Moscardi (1916-1999), José Moscardi Jr., e Hans Gunter Flieg (1923-1980) (2009) dentre outros.

As revistas brasileiras de arquitetura há tempos incorporaram a imagem fotográ-fica ao texto, como é o caso do projeto editorial da revista Acrópole (1938-1971) (Sera-pião, 2006), e, posteriormente da revista Projeto, lançada em 1977 e ainda ativa hoje com o nome ProjetoDesign.

O uso da imagem fotográfica como principal recurso de representação da arqui-tetura, à frente do próprio texto, é evidente também na edição do livro inaugural da historiografia da arquitetura moderna no Brasil, Modern Architecture in Brazil (1956), trabalho do arquiteto Henrique Mindlin (1911-1971), cuja primeira edição em língua portuguesa só foi produzida em 2000 (Mindlin, 2000)i. Outro livro fundamental na construção de uma síntese a respeito da história da arquitetura moderna no Brasil, Arquitetura Contemporânea no Brasil (2003), de Yves Bruand (2003), editado pela primeira vez em 1981, também apresenta um acervo significativo de fotografias, que durante anos foi uma fonte indispensável na formação do imaginário e da cultura visual de milhares de arquitetos.

Em meados dos anos 90, a tese de doutorado de Cristiano Mascaro (1994) sobre as relações entre fotografia e arquitetura, e o estudo iconográfico sobre a Arquitetura rural na Serra da Mantiqueira elaborado pelo arquiteto Marcelo Ferraz (1996b), trouxeram importantes contribuições à sistematização do tema e à valorização da fotografia de ar-quitetura. Desde 1997, iniciativas como o Amantes da Fotografia (Vuolo, 1999; 2006), sob a coordenação da fotógrafa Cândida Maria Vuolo, mantém a produção e a reflexão sobre imagens fotográficas de arquitetura em pauta permanente na FAUUSP, com a participação intensa de alunos, professores e funcionários, o que amplia o alcance dos trabalhos e possibilita atingir outras instâncias da sociedade.

No âmbito editorial e acadêmico, na segunda metade dos anos 90 e início de 2000 houve uma renovação significativa quanto a publicações monográficas, com novos e originais conjuntos de fotografias, como a série do Instituto Lina Bo e P.M. Bardiii, a coleção Espaços da Arte Brasileira da editora Cosac & Naifyiii, e outras iniciativas inde-pendentesiv. Tais iniciativas estimularam outras produções e aproximações ao tema, de modo que nos últimos anos houve um incremento substancial na divulgação e reflexão sobre a imagem fotográfica e a fotografia de arquitetura, com lançamentos de novos

i A edição original, de 1956, foi publicada apenas em inglês, francês e alemão, sem texto em portuguêsii Ferraz, 1996a; Ferraz, 1997; Latorraca, 1999.iii Conduro, 2000; De Camargo, 2000; Osorio, 2000; Siqueira, 2001; Wisnik, 2001; Kamita, 2001.iv Melo, 1994; Lima, 1997; Segawa, 1999; Katz & Hamburger, 1999; Teixeira, 1999; Persichetti, 2000; Mascaro, 2000; Guerra, 2001; Piñon, 2002; Artigas, 2002; Katinsky, 2003; Segre, 2003; Forty & Andreoli, 2004; Under-wood, 2002; Iacocca, 2004; Kon, 2004

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títulosv, assim como a conclusão de pesquisas acadêmicas específicas sobre o assuntovi.Como mencionou o arquiteto e fotógrafo de arquitetura Nelson Kon (2008), houve

um hiato de cerca de 20 anos, entre meados dos anos 60 e meados dos 80, na produ-ção de fotografia de arquitetura no Brasil. Hiato que viria a ser preenchido, em grande parte, pelos esforços conjugados em torno do Laboratório de Recursos Audiovisuais da FAUUSP, criado por iniciativa do Prof. Dr. Nestor Goulart Reis Filho em 1979, dirigido inicialmente por Cristiano Mascaro, e que reunia os fotógrafos João Musa, Raul Gar-cez e Sérgio Burgi. A partir dessa iniciativa a interação entre fotografia e arquitetura tornou-se ainda mais intensa, e o trabalho desenvolvido neste Laboratório estimulou a formação de novos trabalhos com fotografia de arquitetura, como o do próprio Kon.

Conforme depoimento do Prof. Dr. Julio Katinsky (2008), houve, justamente nesse período mencionado por Kon (2008), uma iniciativa dos alunos da FAU, organizada em torno do MUSEU, que deu início a formação do acervo de diapositivos do Setor de Audiovisual da Biblioteca da FAUUSP. Incomodados com a ausência de material visual sobre a arquitetura brasileira, os alunos da graduação – com o apoio do Grêmio da FAU e de alguns professores colaboradores –, iniciaram uma produção coletiva e sistemática de diapositivos de edifícios e espaços urbanos aproveitando visitas, viagens de férias, etc. Cedidos à biblioteca, tal conjunto de diapositivos constitui hoje o maior acervo de slides da arquitetura brasileira, que somado a imagens de arquiteturas de ou-tras partes do mundo, chega a mais de 82 mil imagens, provavelmente o maior acervo de slides de arquitetura do hemisfério sul. Até o início dos anos 2000, esse acervo de slides foi o principal recurso visual de apoio às aulas, seminários e atividades docentes da FAUUSP, quando, então, passou gradativamente a ser substituído por imagens re-tiradas da Internet (especialmente de sites de busca como o Google images), montadas em Powerpoint e projetadas em Datashow.

Na última década, a relação entre imagens eletrônicas (fotografias, desenhos au-xiliados por computador, vídeos e modelos virtuais) e a Internet trouxe novas pos-sibilidades, questões e desafios para a representação da arquitetura, a cultura visual arquitetônica, e a educação formal das futuras gerações, contexto que conforma a ca-racterização do problema que move este projeto de pesquisa.

A ação colaborativa que entre os anos 60 e 80 – em outro contexto e com outros recursos técnicos –, formou o acervo atual de slides da FAUUSP, pode ser hoje refor-mulada, com o mesmo caráter colaborativo, mas em uma escala muito mais abrangen-te, por meio de uma rede social na Web 2.0. Tal iniciativa poderá reunir rapidamente imagens digitais – fotografias, desenhos e vídeos – de todos os recantos do país pro-duzidas por arquitetos, estudantes, professores, fotógrafos e pessoas interessadas em arquitetura, conformando uma rede iconográfica da arquitetura brasileira que depois pode ser ampliada à arquitetura mundial. Disponível on line, esse acervo de imagens digitais denominado Arquigrafia-Brasil, poderá ter amplo acesso público, garantindo v Costa & Rodrigues da Silva, 2004; Wolfenson, 2004; Garcez, 2005; Miranda, 2005; Fanucci & Ferraz, 2005; No-bre, Milheiro & Wisnik, 2006; Acayaba, 2007; Artigas, 2000 e 2007; Faquini, 2008; Mossinger, 2009; Fernandes Junior, Alves de Lima & Valadares, 2007; Kossoy, 2007; Fernandes Junior, Garcia & Martins, 2009. vi Palma, 2003; Monteiro, 2004; Chahinian, 2007; Gouveia, 2008.

também o gerenciamento dos direitos autorais sobre as imagens. Como visto, ao longo do século XX, a imagem fotográfica consolidou-se como um

dos principais recursos para a construção do conhecimento sobre a arquitetura. O co-nhecimento arquitetônico da maioria dos arquitetos contemporâneos formou-se em boa parte sobre representações e, mais especificamente, formou-se sobre um conjunto de imagens selecionadas por critérios acadêmicos, ou editoriais, que veio a circular nas publicações e alcançou as faculdades e seus alunos. O processo de construção do conhe-cimento individual de cada arquiteto, esteve amparado, portanto, em grande parte, em um conjunto de imagens (relativamente restrito) ao qual associam-se interpretações consolidadas da História e da Crítica de Arquitetura, como conhecimento coletivo. Em outras palavras, alguns poucos autores, com algumas poucas imagens pautaram o co-nhecimento, a interpretação, e o imaginário de gerações de arquitetos.

Como se daria a construção do conhecimento coletivo, apoiado na visualidade da arquitetura, se este pudesse ser construído não apenas por alguns poucos autores, mas por milhares de coautores? Como essa construção ativa, conjunta e abrangente do co-nhecimento coletivo interferiria na construção do conhecimento individual e alteraria os juízos feitos a respeito das representações da arquitetura? Como estimularia a for-mação de olhares interpretativos, críticos, capazes de romper a superfície da imagem e perceber aspectos arquitetônicos, espaciais, tridimensionais?

O projeto Rede Social Arquigrafia-Brasil se propõe a investigar estas questões analisando como a construção do conhecimento individual se relaciona com a cons-trução do conhecimento coletivo, compartilhando subjetividades sobre experiências interativas e comunicativas relativas a um acervo coletivo online de imagens digitais da arquitetura brasileira que, em um momento futuro, poderá ser ampliado à arquitetura mundial.

Contribuição cultural e educacional do projeto

Além da contribuição em termos de pesquisa acadêmica sobre a construção do en-tendimento individual a respeito da arquitetura com base em representações visuais coletivamente reunidas, o projeto também origina uma rede social na Web 2.0 para compartilhamento de imagens digitais de arquiteturas brasileiras, possibilitando asim a construção colaborativa de um acervo específico e integrado de desenhos, fotografias e vídeos – imprescindível e ainda inexistente – de livre acessovii com licenças de copyri-ght pautadas pela Creative Commons (http://creativecommons.org/international/), o que pode apoiar e dar origem a diversas outras iniciativas culturais e educacionais futuras.

Tal maneira de constituir o acervo, com a cessão de imagens originais, evita os entraves legais relativos a direitos autorais, estimula a contribuição crescente dos usu-ários, e possibilita a ampliação constante de imagens disponíveis on line. Será possível assim, compor um amplo acervo público digital de imagens originais da arquitetura vii O projeto se pautará pelo movimento internacional de Acesso Aberto (OA, Open Access) a seu conteúdo.

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brasileiraviii, cedidas, catalogadas e interpretadas pelos próprios usuários, conforme certos dados de registro, palavras-chave e conceitos plástico-espaciais para sua inser-ção, acervamento e apresentação no Arquigrafia-Brasil.

Estudantes, professores, pesquisadores, arquitetos e todos os interessados em arquitetura poderão contribuir para a formação desse acervo e valerem-se dele para aprofundarem e ampliarem seus conhecimentos sobre o tema.

A ênfase na interação visual com o universo da arquitetura configura uma contri-buição complementar ao enfoque historiográfico tradicional, no qual predomina o texto como principal representação da arquitetura, e as imagens têm, geralmente, função ilustrativa. O esforço de valorização da imagem da arquitetura aqui proposto tem seus fundamentos teóricos nas abordagens metodológicas de Aby Warburg (1866-1929), na conceituação de Alois Riegl (1858-1905) e Henri Focillon (1881-1943) (1939), nas proposições pedagógicas de Bruno Zevi (1918-2000) (1996), no enfoque fenomenoló-gico dos estudos de Christian Norberg-Schulz (1926-2000) (1975, 1980), e em estudos acerca das representações da arquitetura como os de Holl, Pallasmaa & Pérez-Gómez (1996), Pérez-Gomez & Pelletier (2000) e Summerfield & Hayman (2005).

• A contribuição complementar que o Arquigrafia-Brasil oferece às iniciativas edi-toriais impressas e eletrônicas já existentes diz respeito aos seguintes aspectos:

• A ênfase na imagem assume e reforça a importância da cultura visual no pro-cesso de conhecimento e na comunicação de conteúdos arquitetônicos que é es-pecialmente importante para o público leigo e para os estudantes de graduação. Espera-se que essa ênfase estimule não só a visualização e a interpretação das imagens existentes mas, também, a produção de novas imagens feitas pelos usu-ários (que assim assumem uma posição ativa na produção de conhecimento) e, finalmente, a visita e a experiência direta das arquiteturas.

• A imagem é apresentada sem interpretações a priori, estimulando assim inter-pretações particulares, originais (Michaud, 2007; Warburg, 1999; Ginzburg, 1989; Gombrich, 1986).

• O questionamento da periodização tradicional da história das artes e da arquite-tura. Ao invés da periodização tradicional da história que fragmenta em seções, aparentemente estanques e homogênas, o contínuo do processo histórico, o que se propõe é a reunião de imagens de diferentes períodos históricos, e diferentes procedências geográficas, sob um mesmo tema sugerindo continuidades, ruptu-ras, re-significações, e revisões constantes das interpretações construídas.

• A organização e disposição temática do acervo. Formato que, valendo-se de con-ceitos-chave, cria eixos trans-históricos e trans-geográficos e trata com o mesmo padrão visual expressões arquitetônicas do período colonial, do séc. XX e do mundo contemporâneo, advindas das várias regiões do país, e abertas a relações

viii O sistema de gestão do conteúdo do acervo da rede se alinhará pelo movimento internacional de Iniciativa dos Arquivos Abertos (OAI).

com expressões arquitetônicas de outras épocas e lugaresix.

• O enfoque poligráfico ou multigráfico. Ao reunir diferentes arquiteturas, de di-ferentes arquitetos e diferentes períodos – como poli ou multigrafia –, o proje-to configura uma alternativa crítica ao formato monográfico (que se concentra sobre um único período ou um único arquiteto) predominante nas iniciativas editoriais e na organização dos Bancos de Imagens. O acervo reúne trabalhos de arquitetura diversos – anônimos, às vezes – produzidos em períodos e lu-gares distintos, para usos diferentes, com sistemas construtivos distintos, mas alinhavados por um mesmo conceito-chave ligado a aspectos plástico-espaciais.

• A apresentação simultânea de imagens ao invés da convencional apresentação isolada figura a figura. Essa condição visual sui generis de uma poli-imagem-sín-tese expõe, necessariamente, tensões entre as imagens – contrastes, semelhan-ças e diferenças – e sugere novas percepções e interpretações das qualidades plásticas (matéria e espaço) das arquiteturas apresentadas.

• A especificidade da visualidade da arquitetura. A intenção de se construir um en-foque sobre a arquitetura dentro da especificidade desta arte, isto é, não simples-mente como história dos edifícios, ou história dos arquitetos, mas principalmen-te como história das formas de concepção e composição do diálogo entre matéria e vazio, ou história das configurações plástico-espaciais e suas representações.

Breve descrição do possível funcionamento da Rede Social Arquigrafia--Brasil

Dado que a rede está em construção, os pressupostos iniciais do projeto, apre-sentados a seguir, poderão ser reforçados ou ainda modificados e acrescidos durante o processo de design centrado no usuário focado em análise de usabilidade, que será descrito mais adiante.

Ao acessar a rede social, o usuário navegará em meio a imagens de arquiteturas brasileiras (edifícios e espaços urbanos) reunidas de maneira temática e recombinadas sucessivamente conforme palavras-chave, tags, e conceitos-chave, compondo conjun-tos simultâneos, sem as cronologias e os recortes geográficos convencionais, proporcio-nando então espaços para infinitos “passeios arquitetônicos” em Galerias Imaginárias.

Em uma mesma galeria encontram-se, por exemplo, simultaneamente e lado a lado, imagens de arquiteturas de tempos e lugares distintos. Não há sentido único, ou correto, a ser desvendado nestas imagens, mas sim inúmeros sentidos válidos a serem propostos por cada usuário e aceitos ou recusados pela coletividade. Na Figura 1 é apre-ix Para Riegl (1959), dois enfoques complementares devem ser dirigidos à arquitetura. Um que atenta à continui-dade da arquitetura como arte da construção – real ou sugerida – de profundidade, e outro que atenta às carac-terísticas específicas de certas arquiteturas, representativas de uma cultura artística, que manifestam composições espaciais distintas. O primeiro enfoque ultrapassa as divisões ou períodos históricos, e o segundo se detêm em arquiteturas específicas, tidas como exemplares, que possibilitam a partir do entendimento de suas características plásticas (entre a matéria e o espaço) a indução das concepções espaciais de uma dada cultura.

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sentada a tela de entrada do protótipo já desenvolvido do projeto.Mesmo que o tempo passado não possa mais ser vivenciado, alguns de seus es-

paços e objetos ainda estão aqui, como patrimônio contemporâneo, e é a partir deles que se propõe a construção de um conhecimento que induza, das particularidades dos exemplos específicos, à formulação de conceitos gerais. Tais exemplos, recolhidos den-tre as arquiteturas de todos os tempos passados que continuam a existir atualmente, sincronizados numa mesma imagem síntese, conformariam uma espécie de teia icono-gráfica que ultrapassaria as divisões cronológicas fundindo todos os tempos em um só: o presente contínuo.

Os conceitos-chave plástico-espaciais, associados às informações catalográficas básicas de registro (título da imagem, arquiteto, data da obra, data da foto e local) e às palavras-chave (tags), compõem os eixo de organização tématica do acervo de ima-gens. Os conceitos, em especial, são as principais chaves para a interpretação visual das imagens, e todo usuário será convidado a fazer um juízo interpretativo da imagem a partir de pares opostos de qualidades (Wolfflin, 2006; Dondis, 1997; Zevi, 1996). Toda imagem, ao ser inserida na rede social, poderá ser interpretada por seu autorx quanto às palavras-chave (tags) que a identificam, e também quanto aos conceitos-chave refe-rentes a suas qualidades plástico-espaciais. É possível escolher para cada quesito uma certa intensidade, por exemplo, entre os extremos de 100% opaco e 100% transparente. Essa interpretação do autor da imagem é salva e registrada como a interpretação ori-ginal. A Figura 2 apresenta a tela onde o usuário é convidado a fazer a caracterização de uma imagem.

Não há dúvida de que toda interpretação é subjetiva e, portanto, passível de ques-tionamentos, críticas e divergências. Por esse motivo, toda imagem manterá registra-da sua interpretação original, e continuará aberta a outras interpretações, igualmente válidas. Poderá, assim, sofrer interferências dos usuários que vierem a acessá-la, de modo que, ao longo de sua história no Arquigrafia-Brasil, as imagens a cada novo aces-so receberão novas interpretações. Tal acúmulo de opiniões será capaz de conduzir a subjetividade das interpretações individuais a ganhar, com o tempo, uma certa objeti-vidade coletiva.

Será possível, então, estabelecer, para toda imagem, uma perspectiva comparativa entre sua interpretação original, as interpretações posteriores, e a média de todas as in-terpretações já realizadas que compõem seu índice de interpretação atual, transitório, e passível de alterações futuras. O sistema possibilitará também exibir, no momento da classificação, outras imagens que foram classificadas de forma similar, por um grande número de usuários, para efeitos de julgamento e comparação do usuário com suas escolhas. Essas mudanças de juízo serão registradas e, posteriormente, analisadas. Se-rão também comparadas as interpretações de um mesmo usuário frente às diversas interpretações coletivas de modo a identificar perfis e preferências. Com isso, afirma-se

x Não é obrigatório que o autor da imagem faça uma interpretação de suas qualidades para realizar o upload. De-pois de inserida no acervo, qualquer usuário que acessar a imagem pode interpretá-la e iniciar o processo coletivo de interpretação de suas qualidades plástico-espaciais.

uma reflexão crítica contínua acerca da permanência e da transitoriedade dos juízos individuais sobre as representações, e suas interações na configuração de juízos coleti-vos, sociais e históricos. Juízos que, como mostram a história da arte e da arquitetura, resistem, oscilam, alteram-se, e são indistintos e indissociáveis dos movimentos que constituem a dinâmica própria da cultura humana. As combinações randômicas de imagens para compor as exposições nas Galerias Imaginárias Coletivas serão baseadas nos dados estatísticos das interpretações de cada imagem conforme os conceitos-chave plástico-espaciais propostos.

A partir dos dados de localização da arquitetura, cada imagem estará vinculada ao Google Maps de modo que os usuários poderão relacionar imagens e espaços identifi-cando, por exemplo, o acervo iconográfico disponível sobre uma região durante uma visita. Ao chegar a uma cidade, bairro ou quadra o usuário poderá pesquisar e visualizar arquiteturas de interesse na área. Essa sugestão de pontos de interesse locais amplia as possibilidades de interação da comunidade e atrai mais usuários-colaboradores a participarem da rede social. No momento está sendo desenvolvida uma versão da rede social para o sistema operacional Android da Google para dispositivos móveis do tipo smart phone. Por meio destes dispositivos, os usuário poderão se comunicar, criar cam-panhas de visitação, promover debates, além de fazer downloads e uploads de imagens. Na Figura 3 estão apresentadas telas do protótipos para o Android já desenvolvidas.

Considerando as metas e o andamento dos trabalhos, espera-se que esta pesqui-sa possa trazer contribuições metodológicas e iconográficas ao estudo da arquitetura brasileira, ampliando a compreensão dos processos de construção do conhecimento individual e suas interações com a construção do conhecimento coletivo acerca de con-teúdos arquitetônicos a partir de imagens digitais.

Desafios científicos e tecnológicos e os meios e métodos para superá-los

Boa parte dos desafios ligados a construção e implementação do Arquigrafia-Brasil estão ligados ao desenvolvimento de software. A participação de pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação do IME/USP contribuirá para mitigar estes desafios. Sob a orientação do Prof. Marco Aurélio Gerosa, participante deste projeto, o IME/USP desenvolve o projeto Groupware Workbench (http://ccsl.ime.usp.br/pt-br/bancada_groupware) que fornece uma bancada de componentes de software para a construção de sistemas colaborativos na Web 2.0. Esta bancada será utilizada no Arqui-grafia Brasil de modo a reduzir os custos e dificuldades no desenvolvimento do sistema.

Outra maneira de reduzir os custos e os desafios relacionados ao desenvolvimento é utilizar APIs (interfaces de programação) de outros sistemas de modo a promover a integração, conhecida na Web 2.0 como Mashup. O projeto Arquigrafia-Brasil será in-tegrado ao Google Maps (http://maps.google.com/) (uma primeira versão da integra-ção já foi avaliada na construção do protótipo). Através desta integração, a localização de cada imagem será exibida em um mapa e será possível realizar buscas e seleções a partir de uma determinada área. Serão também estudadas integrações com outros sites

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de imagens que oferecem APIs próprias para o reúso, como Flickr e Picasa. Pretende-se ainda disponibilizar o código fonte do Arquigrafia-Brasil na forma de software livre, o que possibilitará contribuições e estudo de outros desenvolvedores da comunidade. A disponibilização do código fonte possibilitará também o reaproveitamente da mesma infraestrutura para a criação de outras redes sociais para compartilhamento e interpre-tação de imagens de outras áreas, por exemplo, uma rede social para imagens radiológi-cas, voltada para estudantes e profissionais de medicina. O Centro de Competência em Software Livre (http://ccsl.ime.usp.br), associado ao projeto internacional QualiPSo (http://qualipso.org) apóia este projeto e poderá hospedar, divulgar e dar suporte a seu desenvolvimento.

Outro desafio importante a ser vencido é conseguir projetar uma interface adap-tada aos principais perfis de usuários e que propicie satisfação além de efetividade e eficiência de uso. A participação de uma pesquisadora do Centro de Estudos Design de sistemas virtuais centrado no Usuário: CEDUS (http://www.cedus.usp.br/) contribui-rá especialmente neste sentido. O CEDUS é um grupo de pesquisa cadastrado no CNPq e sediado na Escola de Comunicações e Artes da USP. Tem caráter interdisciplinar e natureza inter-departamental e inter-institucional e é aberto a saberes plurais.

Para fazer frente a este desafio, o Arquigrafia-Brasil encontra seu principal suporte teórico metodológico no campo da Interação Humano-Computador (IHC), do Design Centrado no Usuário (DCU) e do Design Centrado na Comunidade (DCC) apresentado por Preece (2000). Utiliza e adapta o método de design centrado no usuário propos-to por Martinez (2002) e aperfeiçoado através de anos sucessivos de pesquisa, ensino e aplicaçãoxi, esquematizado na Figura 4. O método adotado também está de acordo com a norma ISO 13407 (International Organization for Standardization) de 1999 que fornece orientações sobre como atingir uma boa qualidade de uso ao incorporar as ati-vidades do projeto centrado no usuário ao ciclo de vida de sistemas computacionais interativos.

O método se baseia no design centrado no usuário e incorpora sucessivos ciclos de “análise-concepção e testes”, o que, conforme Cybis, Betiol & Faust (2007), está de acordo com a norma ISSO 13407. A cada ciclo se segue a prototipação da interface do sistema que é submetida a testes de usabilidade com representantes de usuários reais. Os testes simulam a realização de tarefas reais. A cada ciclo de desenvolvimento, os protótipos melhoram sua fidelidade indo de protótipos em papel até protótipos imple-mentados e plenamente funcionais. Os resultados das avaliações permitem construir versões melhores otimizando a qualidade da interação humano-computador. Esta di-nâmica permite que a interface responda cada vez melhor às expectativas e demandas dos usuários, reduzindo os risco de falhas conceituais e o custo relativo à manutenção e ao treinamento, além de aumentar a satisfação subjetiva do usuário com o ambiente. O xi Em 2006, a Avaliação de Usabilidade do Portal JEMS (Journal Event Management System: sistema de submis-são de artigos em congressos adotado pela Sociedade Brasileira de Computação), sob a orientação deste método, conquistou o 1º lugar na Competição de Avaliação de Usabilidade de Sistemas, na categoria de pós-graduação, proposta pelo Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC2006), promovido pela SBC (Sociedade Brasileira de Computação) e pela ACM (Association for Computing Machinery).

método proposto também está de acordo com o conceito do “Ciclo de vida Estrela” (Hix, 1993, pg.102), centrado em avaliação de usabilidade: para este modelo, a avaliação é re-levante em todos os estágios do ciclo de vida e não somente no fim do desenvolvimento do produto como sugere o tradicional modelo em cascata (waterfall) da engenharia de software (Pressman, 1992).

Breve descrição das etapas do método adotado

A análise de requisitos é uma etapa inicial deste projeto e é composta basicamente por análises de perfil do usuário, de tarefas e de aplicação (que inclui análise de sis-temas similares, de funcionalidades e de necessidades) e pela definição de metas de usabilidade.

O intuito das análises de perfil de usuário e de tarefas é obter informações a res-peito dos grandes grupos de usuários que compõem o perfil de público, investigando seus estilos de vida, interesses, motivações e necessidades individuais, além de hábitos e formas de se relacionar entre si e com o conteúdo da aplicação em desenvolvimento. Estas análises também incluem a investigação dos seus principais objetivos, relacio-nados à aplicação, e as possíveis ações para atingí-los, identificando situações típicas e críticas. Esta etapa também investiga as necessidades e características da comunidade de usuários, procurando compreender sua dinâmica e dar suporte aos processos de interação social (Preece,2000).

Para realizar as análises de perfil de usuário e de tarefas foram selecionadas algu-mas técnicas formativas analíticas e empíricas (Hix & Hartson, 1989). São exemplos: questionários, grupos focais, ‘personas’ e cenários de tarefas (Faulkner, 2000; Hackos & Redish, 1998; Cooper & Reimann, 2003 e Mayhew, 1999).

A análise de requisitos também envolve a análise de sites similares, o planejamento de funcionalidades (serviços, ferramentas e elementos interativos), a análise de sua real necessidade para atender às demandas da comunidade e dos indivíduos, e a definição de metas de usabilidade estabelecendo padrões quantitativos e qualitativos de desem-penho e de satisfação a serem perseguidos pelo projeto.

A especificação da interface é o passo seguinte dentro do método adotado e faz parte da modelagem conceitual do sistema. Contempla, entre outros, a implementa-ção de protótipos de fidelidade crescente e a avaliação de usabilidade feita sobre esses protótipos.

A especificação de implementação e distribuição aborda, entre outros aspectos, estratégias para dar boas-vindas e consolidar a comunidade já que, para que a comu-nidade sobreviva, esta não deve ser abandonada quando o software estiver pronto. É necessário, para tanto, criar um grupo central cuja atividade encoraje outros a partici-parem, semeando e alimentando seu crescimento contínuo.

Todas as fases da análise de requisitos, bem como todas as tarefas relacionadas à melhoria da usabilidade do sistema serão realizadas de modo a serem integradas com o método ágil utilizado pela equipe de desenvolvimento, chamado Scrum (Schwaber

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& Beedle, 2001). Métodos ágeis possuem como base o manifesto do Desenvolvimento Ágil de Software (http://www.agilemanifesto.org). Scrum aplica a filosofia ágil para o gerenciamento de desenvolvimento de software.

A seguir, são apresentados resultados iniciais obtidos da análise de requisitos.

Resultados preliminares da Análise de Requisitos

Análise de perfil de usuário e de tarefasInicialmente foi realizada uma análise de perfil entre os membros da comunida-

de de usuários de imagens arquitetônicas. Tal estudo teve como proposta identificar e descrever o perfil em termos de características etárias, físicas (incluindo deficiências), de formação (escolaridade), culturais e motivacionais. Também desenvolveu uma ins-peção preliminar de tarefas realizadas pelo usuário relativas ao uso de imagens de ar-quitetura.

Para realizar este estudo foram selecionadas quatro técnicas: aplicação de questio-nário, de grupos focais, elaboração de ‘personas’ (Cooper, 2003) e de cenários de tare-fas dada a facilidade de aplicação e a profundidade de inspeção permitida, adequada a nossa realidade. Destas somente os questionários e grupos focais serão abordados aqui.

Questionário

A técnica de questionário foi selecionada e utilizada para obter informações acer-ca do usuário, da sua relação com imagens de arquitetura, do ambiente de trabalho e opiniões gerais. Inicialmente foram levantadas hipóteses sobre o perfil de público e ambiente de trabalho que revelaram nossos pressupostos iniciais ao elaborar a pesqui-sa. A idéia foi procurar descrever a população de usuários em termos de características relevantes ao projeto e que poderiam influenciar o design da interface. Estas hipóteses foram posteriormente confrontadas com a análise do questionário.

A população teórica é formada por todos os interessados em imagens de arquite-tura, incluindo alunos de graduação e de pós graduação, professores, arquitetos, fotó-grafos e outros interessados.

Foram recebidas 175 respostas completas entre os aproximadamente 500 usuários que viram o questionário. Deste total, foram eliminadas 10 respostas, sendo 4 por não estar na condição alvo (i.e. os respondentes disseram que não usam e nem estão inte-ressados em fotografias de arquitetura), 5 por conteúdo vazio e 1 por conteúdo replica-do. Tal procedimento resultou em 165 respostas na condição alvo, que deram origem a este estudo.

Principais Resultados do Questionário

Quanto à distribuição de perfis de usuários, a análise das respostas ao questionário

evidenciou as categorias de estudantes e professores de arquitetura, estudantes e pro-fessores de outros cursos, arquitetos, fotógrafos e outros profissionais interessados nas imagens de arquitetura.

Entre os respondentes, 40% são estudantes de graduação e pós em arquitetura, 10% são estudantes de outros cursos, 24% são arquitetos, 5% são professores de ar-quitetura, 2% são professores de outros cursos, 2% são fotógrafos profissionais e os restantes 18% são outros interessados em fotografia de arquitetura.

Todas as respostas foram analisadas, inicialmente de forma geral e, depois, por corte de perfil: estudantes, arquitetos, professores e fotógrafos.

Grupos Focais

A técnica de grupos focais foi selecionada e utilizada para enriquecer as informa-ções acerca dos perfis predominantes de usuário, e iniciar uma inspeção de tarefas vinculadas à relação destes usuários com imagens de arquitetura, suas expectativas e problemas, baseados no debate, opiniões e depoimentos.

Foram realizadas três sessões de grupos focais onde o público-alvo selecionado representava os perfis dominentes esperados como usuários do sistema: arquitetos, fotógrafos e estudantes de arquitetura.

Foi solicitado aos participantes que descrevessem como realizam sua atividades de estudo, trabalho ou lazer com fotografias de arquitetura e que apontassem pontos positivos e negativos referentes a essas atividades. Tal direcionamento serviu apenas como base, pois o objetivo dos grupos focais é descobrir novas vertentes sobre o assun-to estudado, através do conhecimento dos seus participantes, que podem abrir novos enfoques e conduzir a discussão a novas perspectivas não previamente definidas. Todas as sessões foram registradas em áudio e vídeo, gerando cerca de quatro horas e trinta minutos de gravação.

Principais Resultados dos grupos focais

A técnica de grupos focais permitiu-nos examinar situações de tarefas e, junto com os resultados dos questionários, inspirou a criação de ‘personas’ e cenários. Esta técnica e a de questionários geraram um volume enorme de dados que também influenciou o levantamento de funcionalidades e de necessidades e a escolha de sites similares para análise.

A definição de personas e cenários baseia-se nos usuários reais que participaram das sessões e questionários, compondo cenários ricos em detalhes e que descrevem situações reais vivenciadas pelos participantes. Além disso, as tarefas descritas nesses cenários servem de insumo para o levantamento das funcionalidades do sistema, que poderão ser avaliadas por meio de protótipos, possibilitando assim a realização da ava-liação de usabilidade com usuários típicos do sistema.

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Considerações finais

O projeto encontra-se em uma etapa de conclusão da análise de requisitos, que conduzirá à especificação das características formais e funcionais da interface e à ava-liação crítica de protótipos experimentais, de caráter exploratório, envolvendo uma configuração básica da rede social proposta. Estas etapas serão sucedidas pela especifi-cação de parâmetros de implementação e de distribuição e será feita a implementação plenamente funcional do Arquigrafia-Brasil.

O apoio transdisciplinar e colaborativo revelou-se de extrema riqueza para garantir a eficiência e a qualidade do desenvolvimento. O projeto acadêmico ao ser executado deparou-se com restrições práticas ao desenvolvimento como falta de recursos orça-mentários, pouco tempo para o desenvolvimento e falta de disponibilidade integral dos membros da equipe. Devido a isto, as técnicas escolhidas e a análise das mesmas têm sido adaptadas para superar as limitações e dificuldades reais que a prática introduz à teoria e para atender às diferentes etapas do projeto, mantendo a qualidade.

Agradecimentos

Profa. Dra. Roberta Lima Gomes – Depto. de Informática, UFES; Prof. Dr. Mag-nos Martinello – Depto. de Informática, UFES; Colaboradores: Prof. Dr. Julio Rober-to Katinsky – Depto. de História da Arquitetura e Estética do Projeto, FAUUSP; Prof. Dr. Luiz Américo de Souza Munari - Depto. de História da Arquitetura e Estética do Projeto, FAUUSP; Profa. Dra. Sueli Mara Soares Pinto - Depto. de Biblioteconomia e Documentação, ECAUSP; Consultores: Prof. Dr. Cristiano Mascaro, arquiteto, fotógra-fo, consultor especializado em fotografia de arquitetura; Arq. Nelson Kon, fotógrafo, consultor especializado em fotografia de arquitetura; Alunos participantes: Straus Mi-chalsky Martins, mestrando, IMEUSP; Carlos Leonardo Herrera Muñoz, mestrando, IMEUSP; Edith Zaida Sonco Mamani, mestrando, IMEUSP; Geiser Chalco Challco, mestrando, IMEUSP; Glaucus Augustus Grecco Cardoso, mestrando, IMEUSP; Lucas Santos de Oliveira, mestrando, IMEUSP; Mauricio José de Oliveira de Diana, mestran-do, IMEUSP; Straus Michalsky Martins, mestrando, IMEUSP; Victor Williams Stafusa da Silva, mestrando, IMEUSP; Victoriano Alfonso Phocco Diaz, mestrando, IMEUSP; Diogo Augusto, graduando em arquitetura e urbanismo, FAUUSP; Guilherme Arruda Nogueira Cesar, graduando em arquitetura e urbanismo, FAUUSP; Lucas Caracik, gra-duando em arquitetura e urbanismo, FAUUSP; Gustavo Henrique Braga, graduando, IMEUSP; Claudio Roberto Franca Pereira, graduando, UFES; Flavio Schiavini Abe, graduando, UFES; Leonardo Veronez Simões, graduando, UFES.

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Artigo publicado nos anais do I ArqDoc - UFBA, Salvador, 2010

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ARQUIGRAFIA - Ambiente colaborativo para o compartilhamento de ima-gens de arquitetura

Rozestraten, Artur S.; Martinez, Maria L.; Gerosa, Marco A.; KON, Fabio; dos Santos, Ana Paula O.; Michalsky, Straus; Marques, Eliana de Azevedo; Neves, Elisabete da C.; Alves, Rejane; Fukumoto, Samuel C. G.

1. introdução

O projeto Arquigrafia visa a criação de um ambiente colaborativo para a visuali-zação, interação e compartilhamento de imagens digitais de arquitetura – fotografias, desenhos e vídeos –, na Internet.

O sistema também pode ser acessado por dispositivos móveis – smartphones e tablets –, valendo-se de aplicativos da plataforma Android/Google, de modo que os usuários – estudantes de arquitetura, professores, arquitetos, fotógrafos e demais interessados no assunto –, podem navegar no acervo georeferenciado do Arquigrafia enquanto circulam pelas cidades, visualizando imagens, interagindo com outros usuá-rios, e colaborando para o crescimento contínuo do acervo ao enviarem suas próprias imagens para o sistema, com os direitos autorais preservados pelo Creative Commons.

O objetivo principal do projeto é contribuir para o estudo, a docência, a pesquisa e a difusão da cultura arquitetônica e urbanística, ao promover interações colaborativas entre pessoas e instituições, compartilhando opiniões sobre um acervo iconográfico especializado. O processo de projeto do website, e a dinâmica de composição e uso deste acervo original, possibilitam à equipe de pesquisadores a investigação científica e o desenvolvimento de tecnologias quanto:

• à integração de metodologias ágeis e de usabilidade no desenvolvimento de pro-jetos na Web, em contextos centrados nos usuários e nas comunidades;

• ao desenvolvimento de um ferramental de software livres, baseado em compo-nentes para a construção de sistemas colaborativos na Web 2.0, que poderá ser adaptado e aplicado a outros casos análogos, futuramente;

• ao desenvolvimento de aplicativos para sistemas móveis, com base no sistema operacional Android;

• ao estudo dos critérios de catalogação de imagens, digitalização de acervos de slides, e padronização de acervos iconográficos conforme parâmetros interna-cionais (Formato MARC, Machine Readable Cataloging) e do AACR2 (Código de Catalogação Anglo-Americano);

• ao estudo das interações entre os processos de construção de conhecimento individuais e coletivos, a partir da formulação e compartilhamento de juízos/

interpretações sobre aspectos plásticos-espaciais percebidos em imagens de ar-quitetura;

• ao estudo da cultura Open acess, suas possibilidades de intercâmbio, e seus des-dobramentos interativos nas relações virtuais e nas relações reais nas cidades.

Considerando a inexistência de um acervo específico de imagens de arquitetura, organizado e disponível para amplo acesso na Internet, esse projeto permitirá a criação coletiva e colaborativa de um conjunto iconográfico que virá a complementar o material visual existente a respeito da arquitetura brasileira, colaborando para estimular a cultu-ra arquitetônica, e promover a interação entre diferentes perfis de usuários na Internet, e também em diferentes espaços urbanos reais.

A convergência de duas experiências anteriores fundamenta conceitualmente a proposta do projeto Arquigrafia.

A primeira delas é a iniciativa de doação de imagens fotográficas que originou o acervo de slides da Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universi-dade de São Paulo, FAUUSP. Tal ação coletiva, empreendida por alunos e professores articulados em torno do MUSEU e do Grêmio dos alunos da FAU,GFAU, desde meados dos anos 60, resultou na composição do maior acervo de imagens de arquitetura do hemisfério sul, com mais de 82 mil imagens.

A segunda é o projeto do Museu de Crescimento Ilimitado (1939) de Le Corbusier (1887-1965), proposto como uma espiral quadrada, que configuraria um ambiente li-near capaz de se expandir continuamente, no ritmo da ampliação permanente de seu acervo.

A iniciativa colaborativa que, entre os anos 60 e 80, em outro contexto e com ou-tros recursos técnicos, formou o acervo atual de slides da FAUUSP, pode ser refor-mulada hoje no Arquigrafia, com o mesmo caráter, mas em uma escala muito mais abrangente, em um ambiente virtual na Web 2.0, de crescimento contínuo e ilimitado. Tal iniciativa tem o potencial de reunir, em curto espaço de tempo, imagens digitais de todos os recantos do país produzidas por arquitetos, estudantes, professores, fotógrafos e pessoas interessadas em arquitetura, conformando um acervo que, posteriormente, pode ser ampliado à arquitetura mundial.

Muito embora o Arquigrafia tenha se concentrado em criar condições para a com-posição de um acervo digital original – até como uma alternativa às dificuldades de digitalização e restrições de direitos autorais vigentes sobre acervos já constituídos –, evidencia-se hoje a possibilidade de integração dessa iniciativa a acervos iconográficos institucionais consolidados.

No momento, o projeto confere especial atenção à experiência de digitalização e integração gradual dos slides do acervo da Biblioteca da FAUUSP referentes à arquite-tura brasileira – cerca de 37 mil imagens –, catalogando individualmente as imagens no Banco DEDALUS da USP, utilizando o formato MARC e o código AACR2, reconhecen-do os direitos autorais de cada autor (Creative Commons), e as características específi-

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cas desse acervo fotográfico singular, especialmente rico quanto à arquitetura paulista.O protótipo experimental do Arquigrafia, em teste, já demonstra sua plena exequi-

bilidade e viabilidade técnica e, conforme o cronograma dos trabalhos em curso, uma versão Beta perpétuo, com um primeiro rol de funcionalidades, estará disponível na Internet, em novembro deste ano, para amplo acesso público e gratuito.

Este artigo apresenta uma contextualização histórica da Biblioteca da FAUUSP, seguida por uma descrição dos procedimentos técnicos empregados na digitalização dos slides, para, então, apresentar as características complementares do projeto Ar-quigrafia com relação a outras iniciativas no campo da arquitetura e do urbanismo, e finalizar com seus desdobramentos futuros e conclusões.

1.1 Breve Histórico do Serviço de Biblioteca e Informação da FAUUSP

Criada em 1948, como parte fundamental do projeto e programa de ensino da Fa-culdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a Biblioteca da FAU, tem como objetivo o auxílio ao estudo, pesquisa e extensão universitária.

Além dos materiais convencionais - livros e periódicos - a Biblioteca possui diver-sos materiais especiais, organizados em setores: setor de projetos originais, setor de mapas, setor audiovisual. Hoje conta no seu acervo cerca de 200 mil documentos.

Oferece também serviços diferenciados como a oficina de reparos e a indexação de artigos de revistas nacionais especializadas em arquitetura, publicado desde 1950 no Índice de Arquitetura Brasileira, obra única no país.

O setor de projetos originais possui um acervo de cerca de 400.000 (quatrocen-tos mil) desenhos originais de arquitetura de renomados arquitetos que se destacaram na história da arquitetura paulista, tais como: Ramos de Azevedo, Victor Dubugras, Gregori Warchavchik, Jacques Pilon, Elisiário Bahiana, Carlos Millan, João Batista Vi-lanova Artigas entre outros.

Em 1974 foi criada a Biblioteca ramal de pós-graduação que funciona junto ao pré-dio localizado à rua Maranhão, 88. Possui um acervo constituído de teses e livros de uso do corpo docente e discente da pós, num total de 15.000 volumes. Realiza serviços de orientação para a normalização de trabalhos disciplinares e programados, além de realizar levantamentos bibliográficos para os usuários.

Às vésperas de completar 30 anos de uso das instalações da Biblioteca de Gradua-ção, que se localiza em edifício tombado pelo CONDEPHAAT, de autoria do arquiteto Vilanova Artigas, foi realizada a sua reforma, concluída em junho de 1998. Este projeto de autoria do arquiteto José Armênio de Brito Cruz e coordenado pelo Prof. Dr. Júlio Roberto Katinsky, foi financiado pela FAPESP, e ganhou prêmio na 4a. Bienal de Ar-quitetura de 1999.

A Biblioteca da Pós-Graduação, localizada no edifício Vila Penteado em Higienópo-lis, um dos últimos remanescentes art nouveau de São Paulo, também passou por refor-mulação com verba FAPESP. O projeto de arquitetura também de autoria do arquiteto José Armênio de Brito Cruz e a coordenação do Prof. Dr. Júlio Roberto Katinsky in-

cluiu restauro de paredes e forros decorados. A obra foi concluída em outubro de 2002.

1.1.1 Setor audiovisual – coleção e a digitalização de slides

A constituição sistemática do material audiovisual da Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo teve seu início na década de 1960. Eram alguns poucos diapositivos e filmes que tiveram seu uso largamente expan-dido com a aplicação dos métodos de educação visual considerados modernos à época. O acervo foi iniciado com reproduções de livros ou de outro material gráfico.

As coleções de arquitetura, plantas, cortes, reconstituição ou vistas de obras ar-quitetônicas; as coleções de pinturas, cerâmica ou escultura, ou as simples ilustrações de plantas de cidades antigas foram utilizadas, desde então, com excelente resultado, como apoio de considerável importância nas aulas de história da arte, arquitetura e urbanismo.

A Biblioteca da FAU, na década de 60, contava com cerca de 6000 diapositivos. Nessa época, constatou-se a necessidade da preparação de um manual de processos técnicos para o cadastramento e recuperação do material.

Na gestão do então Diretor da FAU, Professor Lourival Gomes Machado, foi ela-borada, sob sua orientação, uma classificação e catalogação, cujo núcleo central contou com o trabalho das bibliotecárias Teresa Almasio Hamel e futuras expansões por Euni-ce R. Ribeiro Costa e Suzana Alessio de Toledo.

Um dos polarizadores da pesquisa sobre Arquitetura no Brasil foi o Cento de Es-tudos Folclóricos da FAUUSP. Nesse centro foram desenvolvidos os primeiros estudos de Arquitetura no Brasil por iniciativa dos professores Gustavo Neves da Rocha Filho, Nestor Goulart Reis Filho e Benedito Lima de Toledo. Posteriormente, o centro passou a chamar-se Centro de Estudos Brasileiros.

Os autores e obras que despontavam na crítica de arquitetura eram objeto de semi-nários, com exposições de artes plásticas e fotografias, projeção de imagens, edição de textos, cursos e debates com participação de pessoas convidadas pelo Centro.

O material iconográfico resultante desses eventos passou a fazer parte do acervo do então setor audiovisual da Biblioteca da FAU, complementado por imagens registradas em viagens de estudo realizadas pelos professores do Departamento de História, junto com seus alunos.

Contribuíram grandemente para enriquecer o acervo da Biblioteca fotografias de autoria dos professores Benedito Lima de Toledo, Flávio Mota, Gustavo Neves da Ro-cha Filho, Nestor Goulart Reis Filho, Paulo Bruna, entre tantos outros que, em viagens de estudo, registravam imagens de grande interesse didático.

Na sequência, doações, trabalhos de graduação e pós-graduação, ou mesmo com-pra de coleções de diapositivos, deram continuidade ao acervo. Negativos de vidro e fotografias, material precioso e raro, foram também recebidos como doação. Como exemplo, o acervo original de negativos de vidro do escritório Ramos de Azevedo.

Para o armazenamento da coleção de diapositivos foram adquiridos arquivos de

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aço com gavetas especialmente projetadas com divisórias. A manutenção e limpeza adequadas a cada diapositivo sempre foram executadas visando sua preservação.

O acervo slides da Biblioteca da FAUUSP é especializado em artes, arquitetura, paisagismo e planejamento territorial urbano. Formado por compra, doações de pro-fessores, alunos, pesquisadores e também pela reprodução de imagens realizada pelo Laboratório de Recursos Audiovisuais da FAU (LRAV-FAU). Criado em novembro de 1959, o acervo hoje possui 82.150 slides processados os quais são divididos em dois catálogos denominados Brasil e Exterior. Os seus assuntos englobam a arte primiti-va, arquitetura, desenho industrial, pintura, mobiliário, colagem, gravura, paisagismo, ruas, cidades, mosaicos, tapeçaria, cenografia, etc.

Figura 1: Aspectos do Setor Audiovisual da Biblioteca da FAUUSP

Fonte: fotografias de Artur Rozestraten, 2011.

Destacam-se neste acervo as coleções alguns de arquitetos, expoentes da arquitetu-ra brasileira, como Ramos de Azevedo, Victor Dubugras, Rino Levi, Carlos Millan, João Batista Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer, Eduardo Kneese de Mello, Paulo Mendes da Rocha, Carlos Lemos entre outros.

Em 2000 foi desenvolvido o software Infoslide (HABE & SOUZA, 2006), para oti-mizar o fluxo da informação do setor. Entre outras coisas, o software permite o cadas-tramento e a recuperação tanto dos dados bibliográficos quanto das imagens dos slides processados. Este software utilizou como plataforma a linguagem Pascal aplicável em sistema operacional Windows em equipamentos PC.

A digitalização era feita pela captura da imagem do slide, por meio de um scanner apropriado. A imagem tinha como definição padrão de qualidade de resolução 400 x 400 pontos por polegadas, 256 cores e no tamanho 2,5 x 3,5 cm e salva em formato JPEG.

Após a digitalização utilizava-se o programa de tratamento de imagens para corri-gir o equilíbrio de cor, luminosidade e saturação. Logo após era inserido o logotipo da

FAUUSP que identifica a imagem digitalizada como parte do acervo da biblioteca da FAUUSP (HABE; SOUZA, 2006)

1.1.2 Situação atual

Diante da proposta do projeto Arquigrafia, paralelamente à digitalização das imagens, vimos a importância de incluir a descrição bibliográfica dos slides no Banco DEDALUS (Catálogo On-line das Bibliotecas da USP), utilizando também o formato MARC (Machine Readable Cataloging) como padrão internacional para catalogação.

A descrição bibliográfica dos slides segue as normas internacionais do AACR2 (Có-digo de Catalogação Anglo-Americano), o código utilizado pelas Bibliotecas da USP e também inclui os metadados das imagens de acordo com o Vocabulário Controlado do SIBi/USP.

Feita a catalogação, a pesquisa no Banco DEDALUS pelas diversos termos de busca como autor, assunto, título ou período levará o usuário ao Arquigrafia, através de um hiperlink na descrição bibliográfica do registro com a imagem no site.

Na literatura identificamos muitas experiências sobre a digitalização de documen-tos, algumas delas descritas por Arellano (2004), que destaca a importância da preser-vação dos documentos digitais, sejam eles reprodução de outros documentos ou criados originalmente no formato digital, promovendo o acesso ao conteúdo dos documentos, sem deixar de lado a importância da mídia utilizada para este acesso.

No caso do formato digital oriundo da digitalização do acervo de slides sobre ar-quitetura brasileira da Biblioteca da FAUUSP, todas as imagens receberão uma marca d’água, discreta, no canto inferior esquerdo, com o logotipo da FAU, para identificação de sua procedência, e poderão ser visualizadas livremente por todos os usuários do Ar-quigrafia. Aquelas que não tiverem recebido ainda, por parte dos autores, uma licença de cessão de direitos não estarão disponíveis para download, somente visualização em tela, enquanto que todas as que tiverem uma licença de direitos atribuída por seus auto-res, ou herdeiros, estarão disponíveis para download, com a marca d’água.

Quanto à cessão de direitos, todos os autores de slides originais do acervo, ou seus respectivos familiares, serão contatados, por meio de carta e e-mail, para autorizarem a difusão das imagens na Internet, definindo as respectivas licenças Creative Commons para o conjunto de suas doações. As opções de licença poderão ser as seguintes:

• para uso não comercial, permitindo que outros façam download se suas obras, e remisturem, adaptem e utilizem a sua obra noutras obras, para fins não comer-ciais, desde que atribuam o devido crédito pela obra origiinal adaptada;

• para uso não comercial, proibindo obras derivadas, permitindo somente que outros façam download das suas obras, e as partilhem, desde que lhe sejam atri-buídos os devidos créditos, mas não podendo alterá-las de nenhuma forma, nem utilizá-las para fins comerciais.

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Definidas as características da licença, aplicar-se-á a mesma a todo o conjunto de imagens de um mesmo autor, sendo claras as restrições de uso para todos os usuários do sistema. Gradativamente, então, à medida que forem obtidas tais licenças, novos conjuntos de imagens digitalizadas e abertas à visualização estarão também à disposi-ção dos usuários para download no ambiente colaborativo do Arquigrafia.

2. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

Os procedimentos metodológicos, de caráter técnico, empregados no trabalho que aqui se apresenta, foram realizados em etapas sequenciais, e interdependentes, que serão descritas a seguir.

2.1 Aproximação

O acervo de imagens fotográficas de arquitetura da Biblioteca da FAUUSP é o maior da América Latina, com cerca de 37 mil fotografias.

O registro inicial destas imagens seguiu os procedimentos de catalogação adotados pela Biblioteca vigentes naquele momento, com as seguintes informações:

• número de tombo, sequencial;

• classificação, seguindo a Classificação Decimal de Dewey;

• entrada, autor do projeto ou a cidade retratada;

• título, nome da arquitetura representada; descrição, parte representada na ima-gem;

• data do tombo, dia, mês e ano de doação ou compra da mesma; forma de aqui-sição, doação ou compra;

• procedência, origem ou doador da imagem;

• o crédito da imagem, autor da fotografia, direitos autorais;

• às vezes contém a informação do ano no qual foram tiradas as fotografias.

O primeiro registro é referente a um diapositivo com data de 11 de novembro de 1959, classificada como 38E2 (3_Antiguidade, 8_Grécia, E_Escultura, 2_Época arcai-ca), que retrata uma escultura de cabeça feminina, doada por Prof. Lourival Gomes Machado.

A partir de 2003, as imagens começaram a ser digitalizadas e catalogadas no In-foslide, facilitando o acesso, a consulta e a identificação dos diapositivos, pois o siste-ma contém, em sua catalogação, uma imagem digitalizada de referência, mostrando o conteúdo do slide. Esse é o caráter da digitalização prévia, uma representação da

imagem do slide, em baixa resolução, apenas para o reconhecimento do material. Cabe registrar também, que a maioria dos slides que foram digitalizados e incorporados no Infoslide retrata a arquitetura ou obras de arte da Europa, da Bacia do Mediterrâneo, e do Oriente-próximo, especialmente da Antiguidade, produções que não se encontram no foco do projeto Arquigrafia, concentrado, nesse momento, na criação de um acervo original de imagens digitais da arquitetura brasileira.

2.2 Nova digitalização

Observou-se, então, que, devido à baixa resolução das imagens disponíveis no In-foslide, fazia-se necessária uma nova digitalização, e definiu-se como ponto de partida, para tanto, o conjunto de imagens relativas à obra do arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1915-1985). A nova digitalização em andamento está sendo feita utilizando-se um scanner de filmes, Nikon super coolscan 5000 ED, com um adaptador para slides, Nikon SF-210, que tem capacidade para digitalizar lotes de 50 slides automaticamente.

Figura 2: Aspectos do Scanner de filmes, Nikon super coolscan 5000 ED, com um adaptador para slides, Nikon SF-210 do Setor Audiovisual da Biblioteca da FAUUSP

Fonte: fotografias de Artur Rozestraten, 2011.

O software do scanner possibilita a elaboração de padrões diferenciados de digi-talização, definindo a qualidade das imagens, tamanho e a possível remoção de ruídos dos slides, com a tecnologia Digital ICE. Para o scanneamento do acervo em foco, foi criado um padrão Arquigrafia, no qual se fixa a resolução da imagem, numa relação de altura e largura fixas, 5782 por 3946 pixels, com aproximadamente 65,3 MBytes, numa proporção de 4000 Pixels/Polegada.

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Figura 3: Telas da configuração do padrão Arquigrafia no Nikon Scan 4.0

Fonte: imagem gerada por Rejane Alves e Straus Michalsky, 2011.

Para preservar as características do material original, o único tratamento digital que se faz nas imagens é o uso do recurso de remoção de alterações superficiais, que tem efeito semelhante à limpeza física dos slides.

Figura 4: Tela de aplicação do recurso de remoção de alterações superficiais no Nikon Scan 4.0 Fonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, imagem gerada por Rejane Alves e Samuel Fukumoto, 2011.

Na lida com imagens que chegam a ter 50 anos, a tecnologia Digital ICE, de remo-ção de alterações superficiais mostrou-se muito eficiente e positiva na digitalização dos slides, pois não modifica as informações originais do diapositivo – como cor, brilho, contraste, e saturação –, mas reduz, sensivelmente, os efeitos de patologias do filme, como mofo, poeira e riscos, que podem prejudicar bastante a visualização da imagem.

Figura 5: Slide colorido digitalizado com poeiras e riscos no Nikon Scan 4.0 Fonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, imagem gerada por Rejane Alves e Samuel Fukumoto, 2011.

Figura 6: Slide colorido digitalizado e tratado com recurso de remoção das alterações superficiais Fonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, imagem gerada por Rejane Alves e Samuel Fukumoto, 2011.

O mesmo recurso, entretanto, quando aplicado a uma figura em preto e branco, tende a realçar contrates, interpretando as escalas intermediárias de cinzas como “ru-ídos” na imagem. Tal interpretação modifica consideravelmente as informações ori-ginais da fotografia, alterando a imagem. Para preservar as características originais dos slides em preto e branco foi necessário criar um outro padrão Arquigrafia, com a mesma resolução e tamanho do aplicado a imagens coloricas, porém sem o recurso de remoção de alterações superficiais ou “ruídos”.

Figura 7: Tela de aplicação do recurso de remoção de alterações superficiais no Nikon Scan 4.0

Fonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, imagem gerada por Rejane Alves e Samuel Fukumoto, 2011.

Figura 8: Slide preto e branco digitalizado com poeiras e riscos no Nikon Scan 4.0 Fonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, imagem gerada por Rejane Alves e Samuel Fukumoto, 2011.

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Figura 9: Slide preto e branco digitalizado e tratado com recurso de remoção das alterações superficiais, resul-tando em distorções no contraste da imagem original

Fonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, imagem gerada por Rejane Alves e Samuel Fukumoto, 2011.

Um aspecto que interfere diretamente no processo de scanneamento e no ritmo do trabalho são as diferentes molduras de slides. No acervo da FAUUSP há molduras mais recentes, em plástico, e molduras mais antigas em papel, que também são mais espessas e mais frágeis no contato com a lingueta metálica do sistema automático do adaptador Nikon SF-210.

Figura 10: Diversos tipos de moldura de diapositivo em papel e plástico, e slide danificado pela guia do adap-tador para slides, Nikon SF-210

Fonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, fotografias de Samuel Fukumoto e Artur Rozestraten, 2011.

Tais diferenças exigem ajustes na regulagem do dispositivo de saída para evitar que, no movimento de ejeção, os slides com molduras em papel sejam pressionados contra a lateral da lingueta metálica e se abram, fragmentando-se e expondo o filme a rasgos, dobras e perfurações. Estuda-se nesse momento uma adaptação do sistema para evitar os danos aqui mencionados, e permitir um ritmo de trabalho mais acelerado com os conjuntos emoldurados em papel.

2.3 Catalogação no sistema Arquigrafia

O trabalho de digitalização e catalogação tem sido feito em parceria entre funcio-nários da Biblioteca da FAU e um bolsista em treinamento técnico (TT1) do Auxílio Regular da FAPESP ao Arquigrafia. Essa equipe faz uso de computadores em rede e pastas compartilhadas para facilitar e agilizar o processo. As imagens são digitalizadas

e nomeadas com os números de tombo, para facilitar e agilizar o processo, utiliza-se o software Xnview, que possibilita uma renomeação em lote. Abre-se a pasta das imagens que foram digitalizadas – que estarão nomeadas pela ordem da digitalização, e não pelo número de tombo –, então seleciona-se a imagem, confere-se a imagem com o número de tombo, aperta-se F2 e escreve-se o número de tombo referente.

Figura 11: Tela do InfoslideFonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, imagem gerada por Rejane Alves, 2011.

Nas primeiras semanas, as imagens eram digitalizadas e colocadas todas em uma mesma pasta, o que se mostrou ineficaz, com o tempo, pois ao invés das imagens es-tarem organizadas pela sequência de entrada – permitindo, assim, a proximidade na planilha de catalogação das imagens referentes ao mesmo projeto –, estavam organiza-das pelo número de tombo, inviabilizando tal relação de proximidade. Identificada essa questão, a partir do final do primeiro mês de trabalho, as imagens passaram a ser digi-talizadas e organizadas por dia de digitalização, em pastas, por gaveta e fileira de slides, o que facilita a comunicação e a identificação do slide original, possibilitando a locali-zação da imagem no acervo físico, sem a necessidade de consulta aos livros de tombo.

Figura 12: Gavetas de slides da Seção de Audiovisual da Biblioteca da FAUUSPFonte: Acervo de slides da Biblioteca da FAUUSP, imagem de Artur Rozestraten, 2011.

A planilha de catalogação adotada para o acervo contém os seguintes campos com-pletados a partir dos livros de tombo:

• número de tombo;

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• caracterização, adotando o padrão MARC;

• nome, mesmo que título;

• autor da imagem, mesmo que crédito da imagem;

• data da imagem, mesmo que ano da fotografia;

• autor da obra, mesmo que entrada;

• descrição.

Considerando que o Arquigrafia irá georeferenciar as imagens, gerenciar as licen-ças de direitos autorais com base no Creative Commons, e possibilitar busca no siste-ma, fez-se necessário acrescentar os seguintes campos adicionais:

• cidade, Estado, País, Bairro, Rua, Número;

• tipo de Licença Creative Commons;

• tags separadas em três campos, Materiais, Elementos e Tipologias;

• ano da obra;

• data da catalogação.

Figura 13: Trecho de planilha de catalogação das imagens digitalizadas

Fonte: Concepção e imagem de Samuel Fukumoto, 2011.

Posteriormente observou-se a necessidade de inclusão de novo campo de catalo-gação, como “observações”, no qual são inseridas características visuais particulares da imagem, como manchas, riscos, nitidez, cor, brilho, entre outras. Tal informação pretende orientar eventuais exclusões e restauro de imagens em razão do comprometi-mento do diapositivo original.

O processo de catalogação é iniciado selecionando-se um grupo de imagens digi-talizadas; a seguir, os números de tombo individuais são inseridos na planilha; então, consultam-se os livros de tombo a fim de completar os campos possíveis; completados esses campos, pesquisam-se os incompletos, em suma, o logradouro e o ano da obra, e conferem-se as informações inseridas. Após a fase de pesquisa, os slides passam a ser analisados detidamente, um a um, como registro iconográfico de uma determinada arquitetura, para que sejam feitas sugestões e inserções de palavras-chave, tags, para cada uma das imagens fotográficas, referenciando sua busca no sistema Arquigrafia e na Internet, como um todo.

Visando o resguardo dessas informações, a preservação do trabalho, e a seguran-ça do material, foi adquirido um HD externo de 1TB, e criada uma conta no Dropbox <www.dropbox.com>, como recursos complementares de backup, físico e virtual, res-pectivamente. Ao final de cada dia de trabalho, executam-se os backups de todos os arquivos e imagens.

Figura 14: Processo de scanneamento, remoção de alterações superficiais, e catalogação das imagens digi-talizadas

Fonte: Fotografias de Artur Rozestraten, 2011.

Até o final de setembro de 2011, após três meses de trabalho, foram digitalizadas 3586 imagens, sendo que destas 1170 estão catalogadas no sistema Arquigrafia e, pos-teriormente, serão catalogadas no banco DEDALUS. As imagens catalogadas represen-tam hoje 32,6% das imagens digitalizadas. No total, 9,7% do acervo de diapositivos re-ferentes à arquitetura brasileira já está digitalizado, e 3,2% do acervo catalogado, o que permite uma projeção de finalização do processo de digitalização em cerca de 24 meses.

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Figura 15: Tela do software Xnview do processo de scanneamento e organização em pastasFonte: Imagem gerada por Rejane Alves e Samuel Fukumoto, 2011.

3. CONTRIBUIÇÃO

Desde seu início em 2008, o projeto Arquigrafia pautou-se por um entendimento da complementaridade de seus esforços com relação a outras iniciativas existentes no universo editorial impresso, e na Internet. A equipe de pesquisadores entende que a contribuição complementar que esse projeto oferece diz respeito aos seguintes aspec-tos:

• a ênfase na imagem, reforçando a importância da cultura visual no processo de conhecimento e na comunicação de conteúdos arquitetônicos. Esse enfoque iconográfico é especialmente importante para o público leigo e para os estudan-tes de graduação, como campo de aproximação ao universo da arquitetura e do urbanismo. Espera-se que tal ênfase estimule, não só a visualização e a inter-pretação das imagens existentes mas, também, e principalmente, a produção de novas imagens fotográficas feitas pelos usuários ao assumirem uma posição ativa na produção de conhecimento, conduzindo à visita, à experiência direta das arquiteturas e espaços urbanos, e ao amadurecimento de um olhar crítico sobre tais vivências;

• a imagem é apresentada sem interpretações a priori, estimulando assim in-terpretações particulares, subjetivas e originais, que podem ser expostas a um grupo e, então, comparadas, debatidas e avaliadas comparativamente a outras interpretações no ambiente da Rede Social em pauta;

• frente ao excesso de imagens disponíveis na Web e à cultura de vizualização rá-pida de imagens, pretende-se promover no ambiente do Arquigrafia o estímulo ao olhar atento, concentrado e detido na imagem, reforçando essa atenção com convites à sua análise e interpretação, para estimular a apreensão da arquitetu-

ra – em seus conteúdos plásticos, espaciais e construtivos –, visível na imagem fotográfica;

• o questionamento da periodização tradicional da história das artes e da arqui-tetura, sugerindo, ao invés da periodização tradicional da história que fragmen-ta em seções, aparentemente estanques e homogênas, o contínuo do processo histórico. O que se pretende no ambiente do site é a reunião de imagens de diferentes períodos históricos, e diferentes procedências geográficas, sugerindo associações, continuidades, rupturas, re-significações, e revisões constantes das interpretações já constituídas;

• a organização e disposição temática do acervo. Formato que, valendo-se de con-ceitos-chave, binômios e tags, cria eixos trans-históricos e trans-geográficos e trata com o mesmo padrão visual expressões arquitetônicas do período colonial, do séc. XX e do mundo contemporâneo, advindas das várias regiões do país, e abertas a relações com expressões arquitetônicas de outras épocas e lugares;

• o enfoque poligráfico ou multigráfico. Ao reunir diferentes arquiteturas, de di-ferentes arquitetos e diferentes períodos – como poli ou multigrafia –, o proje-to configura uma alternativa crítica ao formato monográfico (que se concentra sobre um único período ou um único arquiteto) predominante nas iniciativas editoriais e na organização dos Bancos de Imagens. A proposta é reunir traba-lhos de arquitetura diversos – anônimos, às vezes – produzidos em períodos e lugares distintos, para usos diferentes, com sistemas construtivos distintos, mas possíveis de serem alinhavados por um mesmo conceito-chave, binômio ou tag relativo a aspectos plástico-espaciais;

• a apresentação simultânea de imagens ao invés da convencional apresentação isolada figura a figura. Essa condição visual sui generis, de uma poli-imagem--síntese, pode construir tensões entre as imagens – contrastes, semelhanças e diferenças – e assim, sugerir novas percepções e interpretações das qualidades plásticas (matéria e espaço) das arquiteturas apresentadas;

• a especificidade da visualidade da arquitetura. A intenção de se construir um en-foque sobre a arquitetura dentro da especificidade desta arte, isto é, não simples-mente como história dos edifícios, ou história dos arquitetos, mas principalmen-te como história das formas de concepção e composição do diálogo entre matéria e vazio, ou história das configurações plástico-espaciais e suas representações.

3.1 Desdobramentos

Em uma próxima etapa, a iniciar-se ainda este ano, o projeto Arquigrafia irá inte-grar o acervo digital de imagens de arquitetura brasileira do site Vitruvius à sua Rede Social, firmando assim uma parceria há tempos desejada. O acervo de imagens fotográ-

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ficas digitais de arquitetura do Portal Vitruvius é hoje o mais significativo conjunto de imagens sobre arquitetura e espaços urbanos brasileiros acessível on line, com cerca de 35 mil fotografias, sem, contudo, estar catalogado nem organizado criteriosamente por palavras-chave, autor, referências tipológicas, cronológicas ou geográficas. Além de organizar o acervo mencionado, pretende-se inserir integralmente tais imagens no sistema do Arquigrafia, respeitando os direitos autorais sob licenças livres Creative Commons. Com o apoio da FAPESP e da Pró-reitoria de pesquisa da Universidade de São Paulo, a integração do acervo digital de imagens de arquitetura do projeto Vitruvius – generosamente cedido pelo arquiteto Prof. Dr. Abilio Guerra, coordenador da equipe do site –, trará uma contribuição inestimável à constituição de um acervo integrado e especializado sobre arquitetura, de amplo acesso público na Internet, com base na Rede Social Arquigrafia.

4. Conclusão

O trabalho descrito aqui tem uma inserção especial dentro da história do projeto Arquigrafia pois retoma e materializa um desejo inicial da equipe de pesquisadores: a colaboração com a digitalização e a difusão na Internet do acervo de slides da Biblio-teca da FAUUSP. Desde o início, entendia-se que o trabalho sobre esse acervo seria um projeto piloto, que poderia estimular outras instituições – bibliotecas, faculdades, institutos e fundações – que também possuem acervos de imagens da arquitetura bra-sileira a colaborarem com a Rede Arquigrafia. A parceria com o portal Vitruvius vem justamente somar-se a esse esforço, convergindo para a constituição de um ambiente colaborativo na Web, em torno da iconografia digital da arquitetura brasileira, reu-nindo imagens fotográficas, desenhos e vídeos, para amplo acesso público. Espera-se, que a partir dessas primeiras experiências aqui relatadas, outros acervos institucionais venham somar-se ao Arquigrafia, tornando real a coexistência complementar, em um mesmo ambiente na Internet, de acervos institucionais e acervos particulares cedidos pelos usuários como estratégia de enfrentamento dos desafios educacionais contempo-râneos no Brasil. O conjunto iconográfico que pode ser assim constituído, certamente ampliará e aprofundará o conhecimento sobre a produção histórica da arquitetura no Brasil, tornando visível e passível de reflexão a diversidade das produções locais nos mais singulares lugares e espaços urbanos do país.

Agradecimentos

À diretoria da FAUUSP pelo apoio a esse trabalho, a todos os funcionários da Bi-blioteca da FAUUSP, especialmente àqueles do Setor Audiovisual, à sua diretora, Dina Uliana, pelo apoio e colaboração fundamentais, e à Suzana Alessio de Toledo, ex-dire-tora da Biblioteca da FAU, pela gentil colaboração com esse texto.

Referências

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CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Dicionário da arquitetura brasileira. São Paulo: Edart, 1972. 472 p.

DEWEY, Melvil. Dewey decimal classification and relative index. 22. ed. Ohio: Online Computer Library Cen-ter, 2003. 4v.

HABE, Neuza Kazue; SOUZA, João Carlos Bezerra de. Digitalização de diapositivos de arte e arquitetura: uma ex-periência a compartilhar. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 14., 2006, Salvador. Anais... Salvador: UFBA, 2006. 1 CD-ROM.

MARQUES, Eliana de Azevedo. Serviço de Biblioteca e Informação da FAUUSP. Revista do Programa de Pós-Gradu-ação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, n. 20, p. 226-235, dez. 2006.

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Santos, Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa, Alves, Rachel Cristina Vesú. Metadados e Web Semântica para estruturação da Web 2.0 e Web 3.0. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, v.10, n.6, dez. 2009. Disponível em: < http://www.datagramazero.org.br/dez09/Art_04.htm >. Acesso em: 18 ago. 2011.

Artigo publicado nos anais do II Seminário Ibero-Americano de Arquitetu-ra e Documentação, Belo Horizonte, 2011

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Arquigrafia – ambiente colaborativo para o compartilhamento de imagens de arquitetura: procedimentos metodológicos junto ao acervo de slides da Seção Audiovisual da Biblioteca da FAUUSP

Artur Simões RozestratenDepartamento de Tecnologia, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, USPMarco Aurélio Gerosa, Aurélio Akira M. Matsui,Ana Paula Oliveira dos Santos, Straus MichalskyDepartamento de Ciência da Computação, Instituto de Matemática e Es-tatística, USPMaria Laura MartinezDepartamento de Jornalismo e Editoração, Escola de Comunicações e Ar-tes, USPJuliano Souza de Albuquerque MaranhãoDepartamento de Filosofia e Teoria do Direito, Faculdade de Direito, USPEliana de Azevedo Marques, Elisabete da Cruz Neves, Rejane Alves,Serviço de Biblioteca e Informação da Faculdade de Arquitetura e Urba-nismo, USPSamuel Carvalho Gomes Fukumoto, Ruth Cuiá Troncarelli,Ilka Apocalypse Jóia PauliniAlunos de graduação em Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquite-tura e Urbanismo, USP

1 INTRODUÇÃO

O tema do patrimônio arquitetônico comparece aqui duplamente. Primeiro, por-que estão em foco os procedimentos metodológicos utilizados na catalogação, importa-ção/upload e difusão de um acervo fotográfico que, por si só, é considerado patrimônio cultural público nacional: o conjunto de diapositivos da Biblioteca da FAUUSP. Segun-do, porque este conjunto iconográfico, por sua vez, documenta em imagens originais e únicas exemplares significativos do patrimônio arquitetônico e urbanístico brasileiros.

Os procedimentos que serão expostos pautam a integração destas imagens à Rede Social Arquigrafia < www.arquigrafia.org.br > e ampliam à Web a mesma dinâmica coletiva e colaborativa que constitui tal acervo iconográfico ao longo de décadas.

Desde meados dos anos 1960, professores e alunos da FAUUSP, organizados em torno do MUSEU e do Grêmio dos alunos da FAU, GFAU, fotografaram arquiteturas e espaços urbanos pelo mundo afora e doaram sistematicamente estas imagens à Biblio-teca, reunindo assim o maior acervo de slides de arquitetura do hemisfério sul, com mais de 82 mil imagens. Hoje, transferida para a Internet, esta mesma dinâmica pode aproximar-se do conceito de Museu de Crescimento Ilimitado (Le Corbusier, 1939), e

expandir-se continuamente com a colaboração de milhares de estudantes de arquite-tura, arquitetos, professores, fotógrafos e pessoas interessadas no tema, possibilitando a construção não apenas de um banco de imagens especializado, mas de um ambiente Web para a interpretação de imagens, a revisão historiográfica e a construção de co-nhecimento crítico sobre a realidade arquitetônica e urbanística, tendo o Brasil como ponto de partida.

A Biblioteca da FAU, na década de 1960, contava com cerca de 6000 diapositivos quando se constatou a necessidade de composição de um Manual de processos técnicos para o cadastramento e a conservação/recuperação do material.

Na gestão do então diretor da FAU, Professor Lourival Gomes Machado (1962-1966), foi elaborada, sob sua orientação, uma classificação e catalogação dos slides, levada adiante pelas bibliotecárias Teresa Almasio Hamel, Eunice R. Ribeiro Costa e Suzana Alessio de Toledo.

Para a expansão e enriquecimento deste acervo fotográfico, foram fundamentais as iniciativas pioneiras de pesquisa sobre arquitetura no Brasil coordenadas pelo Centro de Estudos Folclóricos da FAUUSP (depois denominado Centro de Estudos Brasilei-ros), realizadas pelos professores Gustavo Neves da Rocha Filho, Nestor Goulart Reis Filho e Benedito Lima de Toledo.

Os autores e obras que despontavam na crítica de arquitetura eram objeto de semi-nários, com exposições de artes plásticas e fotografias, projeção de imagens, edição de textos, cursos e debates com participação de pessoas convidadas pelo Centro.

O material iconográfico resultante destas pesquisas e demais atividades correlatas - seminários, exposições, sessões de projeção de imagens, publicações, cursos e debates – passou gradualmente a fazer parte do acervo do então Setor audiovisual da Biblioteca da FAU, complementado por imagens realizadas em viagens de estudo propostas por professores do Departamento de História, junto com seus alunos.

Ao longo das décadas de 1970, 1980 e 1990, doações várias de professores, alunos e ex-alunos, de imagens relacionadas a pesquisas, trabalhos de graduação e de pós-gra-duação, reproduções de imagens em publicações (feitas pelo Laboratório de Recursos Audiovisuais da FAU, LRAV-FAU), e mesmo a aquisição de coleções de diapositivos, deram continuidade à ampliação e enriquecimento deste acervo.

A partir do início dos anos 2000, com a informatização, as câmeras digitais e a crescente substituição em sala de aula dos projetores de slides por aparelhos datashow, praticamente interrompeu-se a expansão deste acervo, e houve uma redução signifi-cativa da participação destes diapositivos na formação do imaginário das novas ge-rações de arquitetos e urbanistas. Raramente consultado por professores, alunos ou pesquisadores, o acervo de diapositivos permaneceu guardado em armários de aço, distanciando-se, contudo, do ensino, da pesquisa e da extensão universitária. Desde então, coordenando esforços para evitar a invisibilidade deste patrimônio iconográfico, iniciou-se um processo técnico de digitalização dos diapositivos originais.

Em 2000 a Biblioteca da FAU desenvolveu o software Infoslide (HABE; SOUZA, 2006), para informatizar os dados do Setor Audiovisual, e permitir o cadastramento e

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a recuperação tanto dos dados catalográficos, quanto da própria referência visual dos slides processados. Este software utilizou como plataforma a linguagem Pascal apli-cável em sistema operacional Windows em equipamentos PC, tendo ainda o apoio de um scanner para a captura da imagem do slide. As imagens digitais resultantes tinha resolução 400 x 400 pontos por polegadas, 256 cores, tamanho 2,5 x 3,5 cm e salva em formato JPEG. Após a digitalização utilizava-se um programa de tratamento de imagens para corrigir o equilíbrio de cor, luminosidade e saturação, e inseria-se sobre a imagem o logotipo da FAUUSP para identificá-la como proveniente do acervo da Bi-blioteca (HABE; SOUZA, 2006).

A partir de 2003, os slides começaram a ser digitalizadas e catalogadas no Infosli-de, facilitando o acesso, a consulta e a identificação das imagens, pois o sistema exibe na catalogação uma imagem de referência, em baixa resolução. O objetivo principal desta primeira digitalização não foi a difusão do material na Internet, mas o registro e o reconhecimento do material original a partir de um banco de dados informatizado. Cabe registrar também, que a maioria dos slides que foram digitalizados e incorporados no Infoslide retrata arquiteturas ou obras de arte da Europa, da Bacia do Mediterrâneo, e do Oriente-próximo, especialmente da Antiguidade, e não exatamente edifícios e es-paços urbanos brasileiros.

Quando houve a primeira aproximação da equipe do projeto Arquigrafia ao Setor Audiovisual da Biblioteca da FAU, em 2008, a intenção era difundir na Web o acervo já digitalizado pelo Infoslide, contudo, frente à baixa resolução das imagens disponíveis e à pouca representatividade da arquitetura brasileira dentre os arquivos, tornou-se imprescindível iniciar um nova digitalização, com novos parâmetros técnicos e outros protocolos, o que começou a ser feito com o apoio de um Auxílio Regular FAPESP (2009/18342-0) a partir de meados de 2011.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para tanto, definiu-se como ponto de partida o conjunto de diapositivos referentes à obra do arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), e a digitalização come-çou a ser feita com o uso de um scanner de filmes, Nikon super coolscan 5000 ED, com um adaptador para slides, Nikon SF-210, que possui capacidade para que sejam digitalizados automaticamente, lotes com 50 slides.

O scanner utiliza um software que permite pré-definir padrões de digitalização, de maneira a padronizar a mesma qualidade e tamanho das imagens digitais para lotes de slides, além de automatizar a remoção de alterações superficiais ou “ruídos” das imagens, por meio da tecnologia Digital ICE.

Os procedimentos técnicos realizados em etapas sequenciais, e interdependentes, desde serão descritos a seguir.

2.1 DIGITALIZAÇÃO

O novo escaneamento dos slides foi feito com base em um padrão denominado Arquigrafia, em que a resolução da imagem é fixada, em uma relação de altura de 5782 pixels, e de largura de 3946 pixels, com cerca de 65,3 MBytes, resultando em uma pro-porção de 4000 Pixels/Polegada. Considerou-se importante que as marcas do tempo, ou seja, as alterações cromáticas e demais transformações pelas quais passaram os slides desde 1960 fossem respeitadas e mantidas, a fim de registrar e expor o acervo com suas características históricas, cientes de que há software disponíveis capazes de amparar a recuperação digital da imagem original e este procedimento pode ser feito pelos próprios usuários, quando a licença Creative Commons (CC) atribuída o permitir. O único tratamento digital aplicado à imagem é a remoção de alterações superficiais, que pode ser comparado a uma limpeza física dos slides.

Ao lidar com imagens que chegam a ter 50 anos, a tecnologia Digital ICE, de remo-ção de alterações superficiais demonstrou ser muito eficiente e positiva, pois não altera as informações originais do diapositivo, como, por exemplo, cor, brilho, contraste e sa-turação, e diminui sensivelmente os efeitos das patologias no filme, como mofo, riscos, poeira, que chegam a atrapalhar a visualização da imagem. Porém, quando esse recurso é utilizado em uma figura em preto e branco, os contrastes são realçados, pois as escalas intermediárias de cinzas são interpretadas como “ruídos” na imagem, e há alterações consideráveis nas informações presentes na fotografia original. Para essas imagens em preto e branco criou-se, portanto, um padrão específico Arquigrafia P/B, com a mesma resolução e tamanhos já descritos anteriormente, porém sem a aplicação desse recurso de remoção de alterações superficiais.

Os slides do acervo da FAUUSP apresentam, ainda, em parte dos slides, antigas molduras em papel que interferem no ritmo de digitalização, pois tais molduras são mais grossas e mais frágeis do que as de plástico, mais recentes, e costumam se rom-per ao contato com a lingueta metálica presente no sistema automático do adaptador Nikon SF-210.

As molduras em papel exigem ajustes na regulagem do dispositivo de saída, a fim de evitar que, ao ser ejetado, os slides sejam pressionados contra a lateral da lingueta metálica e se abram, fragmentando-se e expondo o filme a rasgos, dobras e/ou perfu-rações.

No decorrer do processo verificou-se que o escaneamento automático de lotes com diferentes molduras resultava frequentemente em danos às molduras em papel, poden-do oferecer riscos à integridade do próprio filme. Para evitar o comprometimento dos originais, considerando as características do equipamento, adotou-se provisoriamente o escaneamento individual de slides que está longe de ser o ideal.

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2.2 CATALOGAÇÃO

A catalogação do acervo de slides de arquitetura brasileira da Biblioteca da FAUUSP, com cerca de 37 mil imagens no Arquigrafia, é realizada com base nas in-formações extraídas dos livros de registro, apresentados a seguir na ordem em que constam nos registros:

• Procedência: origem ou doador da imagem;

• Data de doação ou compra das imagens;

• Crédito da imagem: autor da fotografia;

• Número de tombo;

• Classificação: seguindo a Classificação Decimal de Deweyi;

• Entrada: com o nome do autor do projeto ou a cidade retratada;

• Título: nome da arquitetura representada acompanhado de uma descrição da parte representada na imagem;

• Data do tombo: dia, mês e ano que a imagem foi catalogada;

• Observações: por exemplo, algumas imagens podem conter dúvidas ou impreci-sões quanto à data em que foi feito o registro fotográfico.

O trabalho de digitalização e catalogação dos slides no ambiente Arquigrafia tem sido feito conjuntamente por Rejane Alves, funcionária da Biblioteca da FAUUSP, que fica encarregada da digitalização, Samuel Carvalho Gomes Fukumoto e Ruth Cuiá Troncarelli, estagiários graduandos em Arquitetura e Urbanismo na FAUUSP, respon-sáveis pela catalogação, e Ilka Apocalypse Jóia Paulini, bolsista em treinamento técnico FAPESP (TT1), também aluna da FAUUSP, responsável pela importação de imagens já digitalizadas para o ambiente colaborativo Arquigrafia. Esta equipe se comunica por meio de uma rede interna comum, com pastas compartilhadas, para facilitar o processo de arquivamento.

As imagens escaneadas estão identificadas pela ordem de digitalização, e precisam também estar identificadas pelos números de tombo. Esse processo é facilitado pelo emprego do software Xnview, que permite que as imagens sejam renomeadas em lotes. Para tanto, abre-se a pasta em que estão as imagens recém digitalizadas, seleciona-se uma imagem e, a partir de um processo de verificação, confirma-se se esta imagem coincide com o seu número de tombo específico. Em caso afirmativo, habilita-se, então, a renomeação da imagem pelo número de tombo referente, com a tecla F2.

Inicialmente, as imagens digitalizadas eram colocadas todas em uma mesma pasta. Contudo, frente ao volume de imagens, este procedimento demonstrou ser ineficaz, pois as imagens estavam organizadas pelo número de tombo, ao invés de estarem ar-i Tabela de classificação adotada pela Biblioteca. DEWEY, Melvil. Dewey decimal classification and relative index. 16th ed. Lake Placid Club, N.Y., Forest Press, 1958.

ranjadas conforme a entrada, dificultando a inserção conjunta de várias imagens pro-venientes de um mesmo lugar ou projeto na planilha de catalogação.

Corrigida essa questão, as imagens passaram a ser digitalizadas, salvas com o seu número de tombo, e organizadas em pastas, por dia de digitalização. De modo que a pasta 03.05.2012, contém as digitalizações realizadas no mês 03 – março -, do dia 05, do ano de 2012. Cada pasta abriga subpastas, identificadas pelo número da gaveta e da fileira de slides, de maneira que o código 35_1, se refere ao número da gaveta, 35, e o número 1 é a fileira no qual estão os slides.

Esta organização facilita a comunicação e a identificação do slide original, possibi-litando a localização de qualquer imagem no acervo físico, sem a necessidade de con-sulta aos livros de tombo, caso se queira retirar o slide, verificar a imagem ou confirmar algum dado presente na fotografia.

Simultaneamente à digitalização, iniciou-se a catalogação dos arquivos digitais com a montagem de uma planilha na qual foram inseridas informações presentes nos campos dos livros de registro, tais como:

• Número de tombo;

• Classificação, que é o assunto dado a imagem;

• Nome, que é a mesma informação que título da imagem;

• Autor da imagem, que é o mesmo que crédito da imagem;

• Data da imagem, que corresponde ao ano em que a fotografia foi realizada;

• Autor da obra, informação vinda do campo entrada;

• Descrição da imagem;

Como o ARQUIGRAFIA georeferencia as imagens, gerencia as licenças de direitos autorais com base no Creative Commons, e possibilita buscas no sistema, foi necessário acrescentar à planilha os campos adicionais apresentados a seguir:

• País, Estado, Cidade, Bairro, Rua – dados relativos ao conteúdo da imagem;

• Data da obra;

• Tags ou palavras-chave separadas em três campos, Materiais (referentes aos ma-teriais de construção visíveis e predominantes na imagem), Elementos (referen-tes aos elementos arquitetônicos também visíveis e predominantes na imagem) e Tipologias (referente ao tipo de edificação ou espaço visível e predominante na imagem);

• Tipo de Licença Creative Commons, definida por cada autor;

• Data da catalogação da imagem pela equipe do Arquigrafia.

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Paralelamente à inclusão das imagens no Arquigrafia, a Biblioteca da FAU aprovei-tou este momento de digitalização dos slides, para incluir no Banco DEDALUS – Banco de Dados Bibliográficos da USP, os slides digitalizados, fazendo um link para a imagem no Arquigrafia, desta forma o acesso à imagem acontece também pelo catálogo da bi-blioteca, que fica associada à outros itens do acervo com o mesmo assunto ou autoria.

Utiliza-se para esta catalogação no Banco DEDALUS, o formato MARC 21 (Format for Bibliographic Date), o Código de Catalogação AACR2ii e o Vocabulário Controlado da USP – SIBIXiii, padrões internacionais adotados pelas bibliotecas da USP, para tra-tamento dos itens de seus acervos.

A Catalogação no DEDALUS teve início recentemente, após as URLs das imagens se tornarem fixas, e é realizado pelas funcionárias Rejane Alves e Elisabete da Cruz Neves.

Notou-se que seria interessante ainda incluir um novo campo de catalogação, iden-tificado por “observações”, no qual constariam as características visuais particulares de cada imagem, como por exemplo, manchas, riscos, patologias, falta de nitidez, cor ou brilho. Esta informação almeja orientar eventuais exclusões, revisões e restauros de imagens em razão do comprometimento do diapositivo original.

O processo de catalogação do acervo digitalizado inicia-se com a seleção de uma pasta que contém as últimas imagens digitalizadas. Esta pasta é copiada integralmente então para outra pasta denominada “Catalogadas” que, por sua vez, está identificada com a data de catalogação. Ressalta-se que nesse processo ocorre uma mudança no nome da pasta, e passa a prevalecer a data de catalogação (mês/dia/ano) feita pela equipe Arquigrafia.

Assim, ao abrir, por exemplo, a subpasta 35_1, a planilha de catalogação começa a ser preenchida pelos números de tombo de cada imagem. Então, consultam-se os livros de tombo para que se complete a maior quantidade de campos possíveis. Os campos que permanecem em branco ficam aberto para serem completados com pesquisas adi-cionais em fontes confiáveis. Após a pesquisa e o preenchimento dos dados, inicia-se um registro iconográfico da arquitetura de cada slide, para que possam ser feitas suges-tões e inserções de tags para cada uma das imagens.

No que diz respeito ao campo “caracterização”, a consulta ao livro Classificação e Catalogação de Diapositivos e Fotografias de Arte, de 1974, 3º edição (Laboratório de Artes Gráficas, 1974) mostrou-se extremamente útil no preenchimento do campo de tags tipologia, pois por meio dos códigos ali proposto é possível referenciar algumas das tipologias características de cada imagem fotográfica.

Finalizada a pesquisa necessária ao processo de catalogação das imagens, alguns campos eventualmente ainda permanecem em branco, e a imagem é importada mesmo assim, pois o sistema prevê a colaboração dos próprios usuários do Arquigrafia, em uma dinâmica Wikiiv filtrada por moderadores, para a complementação destas infor-ii Código de Catalogação Anglo-Americano. 2. ed. São Paulo: FEBAB, 2002. 2 v. iii UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Vocabulário Controlado do SIBiUSP. Disponível em: <http://www.usp.br/sibi>. Acesso em 02.08.2012. iv Toma-se aqui como referência a dinâmica de constituição da Wikipédia, quando a interação entre pessoas em

mações.Cabe ressaltar que a catalogação original feita pela equipe junto à Biblioteca da

FAU é sempre preservada, sendo os acréscimos sugeridos pelos usuários avaliados por moderadores que são a própria equipe Arquigrafia, as bibliotecárias da FAUUSP, assim como arquitetos, professores e pesquisadores colaboradores convidados.

Recentemente a equipe enfrentou o aprimoramento de dois aspectos relacionados à catalogação das imagens digitais, o primeiro referente a datas, e o segundo às licenças Creative Commons.

No registro de tombo a data existente em geral não corresponde à data real do registro fotográfico, mas sim à data em que o slide foi tombado, o que gera equívocos, conflito de informações e imprecisões.

Para enfrentar esta questão iniciou-se um diálogo interno à equipe quanto à análi-se comparativa do Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR2), mais especifica-mente o que diz respeito ao item 1.4F7, e do formato ISO 8601 (ISO, 2004), para que se compusesse um formato de representação/apresentação das datas (“Data da imagem”; “Data da obra”; “Data de catalogação”) padronizado para o Arquigrafia, que fosse o mais preciso possível e também comum a usuários institucionais e usuários particula-res. A partir deste diálogo multidisciplinar e de dinâmicas de representação, comunica-ção e usabilidade, percebeu-se que nenhuma das duas referências conseguiam atender plenamente a todos os quesitos, o que levou à proposição de uma forma híbrida que tem como base o formato ISO 8601 e adiciona ao final das datas, - quando estas forem incertas - o ponto de interrogação, característico do Código AACR2.

O campo relacionado às Licenças do Creative Commons, por sua vez, começou a ser completado na medida em que os autores (ou seus herdeiros) assinaram um termo de autorização de difusão de imagens, redigido com o amparo legal da Procuradoria Geral da Universidade de São Paulo, no qual os autores atribuem licenças específicas para todo o seu conjunto de imagens. Inicialmente os termos continham apenas duas licenças, ambas não-comerciais:

1. permissão de que terceiros façam download de minhas imagens, remisturem--nas, adaptem-nas e utilizem-nas em outras obras, para fins não comerciais, desde que atribuam o devido crédito pela obra original adaptada (BY-NC);

2. permissão de que terceiros façam download de minhas imagens e partilhem-nas, desde que sejam atribuídos os devidos créditos; vedadas obras derivadas e a alteração, sob qualquer forma, das imagens, bem como a sua utilização para fins comerciais (BY--NC-ND).

A sigla BY significa que ao se fazer o uso permitido da imagem, deve-se indicar quem é autor ou detém os direitos da obra. A sigla NC significa licença apenas para uso não comercial. Quanto à sigla ND, significa que se permite sua redistribuição.

Para uma melhor caracterização das licenças, após investigações internas da equi-um ambiente Web cria e revisa continuamente um determinado conteúdo.

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pe e a orientação especializada de colaboradores da Faculdade de Direito da USP, refor-mulou-se o termo com as seguintes licenças também não-comerciais:

1. permissão de que terceiros façam download de minhas imagens, remisturem--nas, adaptem-nas e utilizem-nas em outras obras, para fins não comerciais, desde que atribuam o devido crédito pela obra original adaptada, e a distribuam com a mesma licença (BY-NC-SA);

2. permissão de que terceiros façam download de minhas imagens e partilhem-nas, desde que sejam atribuídos os devidos créditos; vedadas obras derivadas e a alteração, sob qualquer forma, das imagens, bem como a sua utilização para fins comerciais (BY--NC);

Sendo que a sigla SA significa “same” em inglês, e indica que a licença permite modificações, desde que na redistribuição da imagem remisturada ou adaptada seja usada a mesma licença.

Até o início de setembro de 2012, como medida de segurança das informações e preservação do trabalho, os backups eram feitos no servidor de hospedagem junto ao Centro de Computação Eletrônica( CCE) da USP, em um servidor localizado na Biblio-teca da FAU e em um HD externo de 1TB periodicamente. A partir de fins de setembro, novos procedimentos de backup foram implementados, e cópias passaram a ser feitas em um servidor exclusivo do projeto Arquigrafia, além de cópias regulares em DVDs, método que se mostrou o mais prático, seguro e viável economicamente frente às con-dições de desenvolvimento dos trabalhos.

2.3 IMPORTAÇÃO DE IMAGENS

A importação gradual das imagens digitais para o ambiente colaborativo Arqui-grafia pode se concretizar com o início das assinaturas dos termos de autorização de difusão de imagens de slides digitalizados e a respectiva atribuição de licenças CC. Na medida do andamento da assinatura dos termos as imagens foram importadas em lotes para o sistema, conjuntamente àquelas cuja autoria consta nos registros da Biblioteca como FAU ou LRAV (Laboratório de Recursos AudioVisuais da FAUUSP).

No processo de inserção das imagens para o site, cada imagem recebe um número de identificação (ID), e como a importação dos slides digitalizados é feito por lotes, estes recebem IDs seriados, na medida em que iam sendo inseridos no site. Notou--se neste processo a necessidade de uma uniformização na maneira de organização das imagens para a importação/upload, e adotou-se como modelo a criação de uma pasta (Importadas) na qual há subpastas onde se encontram as imagens a serem e/ou aquelas já importadas. Estas estão identificadas pela data de importação e o nome do autor das imagens, como por exemplo, a subpasta 2012-09-01-Julio Roberto Katinsky, apresentada no formato ano_mês_dia_nome do autor. Em cada uma destas subpastas inserem-se as imagens relativas à importação, além de uma planilha com os dados es-

pecíficos deste conjunto de imagens, separados da planilha de catalogação geral.Após a finalização da revisão da planilha e da verificação das imagens, a pasta é co-

piada para o servidor específico localizado na própria Biblioteca, por meio do programa WinSCP, de modo que os arquivos são transmitidos usando SSH, que é um protocolo criptografado. Só a partir deste passo é que as imagens são inseridas no Arquigrafia.

A cada importação são gerados relatórios (Import Reports), a fim de verificar pos-síveis erros de catalogação. Em caso de erros, a correção é feita em futuras importações, reunindo em uma nova pasta as imagens que apresentaram problemas, juntamente com uma nova planilha com as informações corrigidas.

Na primeira importação dos primeiros autores, houve incompatibilidade das in-formações contidas nas planilhas com o sistema desenvolvido para a importação. O sistema considera como erros: duplo espaçamento, palavras com base na nova lei orto-gráfica; a diferenciação das maiúsculas e minúsculas; inserção da data de tombamento. Frente aos erros percebidos, as imagens que estavam no site precisaram ter suas infor-mações revisadas e foram importadas novamente, método que se mostrou o mais ágil para a correção de lotes de arquivos.

3 RESULTADOS

Até o mês de setembro de 2012, foram digitalizados em torno de 11.500 slides dos cerca de 37.000 referentes à arquitetura brasileira, sendo que destes 6.678 já estão catalogados. As imagens catalogadas representam hoje 58,06% das imagens digitali-zadas. No total, 31,08% do acervo de diapositivos referentes à arquitetura brasileira já está digitalizado, e 18,04% do acervo catalogado.

Desde fins de 2011 o contato com os autores-doadores identificados tem sido feito sistematicamente, e há uma planilha específica para o registro dos dados de autoria, quantidades de imagens, e data de assinatura do termo de autorização de difusão. Atualmente, o Arquigrafia conta com as autorizações dos professores Carlos Lemos, Julio Katinsky, Cristiano Mascaro, Benedito Lima de Toledo, Silvio Soares Macedo, Lucio Grinover, Sheila Walbe Ornstein, Gustavo Neves da Rocha, Maria Ruth Amaral de Sampaio e Eduardo Kneese de Mello (cuja autorização foi gentilmente concedida pelos seus filhos Yola de Mello Guimarães e Eduardo Augusto Quintanilha de Mello), além dos arquitetos ex-alunos Débora Chenker e Rogério Akamine e Andrea Augusta de Aguiar.

3.2 DESDOBRAMENTOS

Almeja-se como desdobramento principal deste esforço conjunto da equipe do Arquigrafia e da Biblioteca da FAU a integração de outras instituições brasileiras de-dicadas ao ensino e à pesquisa em Arquitetura e Urbanismo, que também têm seus acervos de imagens e reconhecem nestes conjuntos de imagens seu caráter patrimonial como imaginário de patrimônio construído. Espera-se, como consequência deste tra-

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balho inicial, a integração colaborativa e convergente de diversas Bibliotecas de Uni-versidades, Faculdades e Centro Universitários brasileiros, públicos e privados, para a ampliação contínua do Arquigrafia.

Hoje os trabalhos desenvolvidos conjuntamente pela equipe do projeto Arquigrafia e da Biblioteca da FAU têm como desdobramentos, a curto prazo:

• a conclusão do processo de catalogação, digitalização e difusão de todo o acervo de slides referente à arquitetura brasileira;

• a extensão destes procedimentos ao acervo de negativos em acetato (cerca de 5 mil tiras) e fotografias PB ampliadas (cerca de 10 mil);

• a consolidação de uma frente experimental para a inserção de vídeos no am-biente do Arquigrafia;

• o desenvolvimento de um projeto piloto para a inserção no sistema de desenhos originais de arquitetura digitalizados.

Outro desdobramento que começa a se delinear é a expansão da Rede Social Ar-quigrafia aos países lusófonos, começando por Portugal, e mais especificamente por parcerias em andamento com a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Considera-se com especial atenção esta abertura, pois a comunidade lusófona compar-tilha, para além da língua, raízes comuns desdobradas em distintas expressões constru-tivas, soluções espaciais e conformações urbanas mundo afora.

4 CONCLUSÕES

A conjugação de esforços multidisciplinares no aprimoramento dos procedimen-tos metodológicos descritos pretende não apenas qualificar continuamente o processo específico de digitalização em andamento junto à Biblioteca da FAU, mas principal-mente servir de parâmetro para esforços semelhantes que possam vir a ser realizados em outras instituições de ensino de Arquitetura e Urbanismo brasileiras e convirjam para o Arquigrafia. A colaboração entre usuários, instituições públicas e privadas das várias regiões do país pode consolidar a construção coletiva contínua de um imaginário arquitetônico e urbanístico que ampare, enriqueça e aprofunde o ensino e a pesquisa sobre nossos edifícios e cidades, documentando o patrimônio material histórico, e fun-damentando projetos e intervenções mais sensíveis e criteriosos.

AgradecimentosÀ FAPESP, à Pró-reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo, à diretoria da

FAUUSP, à todos os funcionários da Biblioteca da FAUUSP, na pessoa de sua diretora Dina Uliana, ao Conselho da Biblioteca da FAUUSP e a todos os professores, arquitetos, alunos e fotógrafos que, com entusiasmo, colaboram, apoiam e estimulam o desenvol-vimento do projeto Arquigrafia.

REFERÊNCIAS

Classificação e catalogação de diapositivos e fotografias de arte. 3 ed. São Paulo: Laboratório de Artes Gráfi-cas – FAU, 1974.

Código de Catalogação Anglo-Americano. 2. ed. São Paulo: FEBAB, 2002. 2 v.

DEWEY, Melvil. Dewey decimal classification and relative index. 16th ed. Lake Placid Club, N.Y., Forest Press, 1958.

HABE, Neuza Kazue; SOUZA, João Carlos Bezerra de. Digitalização de diapositivos de arte e arquitetura: uma experiência a compartilhar. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 14., 2006, Salva-dor. Anais... Salvador: UFBA, 2006. 1 CD-ROM.

International Organization for Standardization. ISO 8601:2004. 3.ed. Geneve: ISO. 2004. Disponível em: <http://dotat.at/tmp/ISO_8601-2004_E.pdf>. Acesso em: 02.08.2012.

LE CORBUSIER, Jeanneret Pierre. Oeuvre complete: 1938-1946. Erlenbach-Zurich: Les Editions d’architecture. 1946. 199p.

MARQUES, Eliana de Azevedo. Serviço de Biblioteca e Informação da FAUUSP. Revista do Programa de Pós--Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, n. 20, p. 226-235, dez. 2006.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Vocabulário Controlado do SIBiUSP. Disponível em: <http://www.usp.br/sibi>. Acesso em 02.08.2012.

Artigo publicado nos anais do II Seminário Nacional Arquitetura e Docu-mentação, ArqDoc, UFPA, Belém, Pará

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REFLEXÕES METODOLÓGICAS SOBRE A CONSERVAÇÃO, CATALOGA-ÇÃO E DIFUSÃO DE IMAGENS FOTOGRÁFICAS DA ARQUITETURA BRA-SILEIRA DO ACERVO DA BIBLIOTECA DA FAUUSP NA INTERNET NO AMBIENTE COLABORATIVO ARQUIGRAFIA

ROZESTRATEN, ARTUR SIMÕES; LIMA, VÂNIA MARA ALVES; MAR-QUES, ELIANA DE AZEVEDO; NEVES, ELISABETE DA CRUZ; ORTH, GA-BRIELA PREVIDELLO; MELO, LEANDRO LOPES PEREIRA DE; DOMIN-GOS, FERNANDA ADAMS;TRONCARELLI, RUTH CUIÁ;

1. INTRODUÇÃO

As considerações que serão feitas a seguir referem-se ao desenvolvimento de uma frente de trabalho específica do projeto ARQUIGRAFIA em parceria com a Bibliote-ca da FAUUSP concentrada na conservação, digitalização e difusão Web de imagens fotográficas da arquitetura brasileira, especialmente slides, diapositivos ou cromos ar-quivados no Setor Audiovisual desta Biblioteca no Edifício Vilanova Artigas, na Cidade Universitária em São Paulo. Este projeto integra-se ao Núcleo de Apoio à Pesquisa em Ambientes Colaborativos na Web (NAWEB) que recebe apoio da Pró-reitoria de Pes-quisa da Universidade de São Paulo para o triênio 2012-2015, e reúne pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Escola de Comunicação e Artes, e do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, São Paulo.

Os aspectos do trabalho descritos nesse artigo abordam os processos de diagnós-tico e conservação do mesmo, além do processamento de informação referentes ao tombamento e catalogação, digitalização das imagens e sua indexação ao site. O artigo em questão abrange o período das atividades desenvolvidas entre janeiro de 2013 a setembro de 2013, e assim como projeto constitui um ambiente colaborativo na web, este é formado da mesma maneira.

Os procedimentos que serão expostos tiveram início em Novembro de 2012 com a aprovação do projeto ´Difusão de imagens fotográficas da Arquitetura Brasileira do acervo da Biblioteca da FAUUSP na Internet no ambiente colaborativo ARQUIGRA-FIA´ no Programa Especiais e Editais 2012 da Pró-reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo (PRCEU-USP), com horizonte de desenvolvimento até Novembro de 2013. Como o diagnóstico realizado sobre o acervo no início de 2013 identificou quantidades de imagens maiores do que as previamente estimadas e con-dições de conservação mais delicadas também, a equipe formulou um novo projeto de ´Conservação do acervo de imagens fotográficas da Arquitetura Brasileira da Biblioteca da FAUUSP: Higienização, Acondicionamento e Difusão Pública na Web´ que foi re-centemente aprovado pela PRCEU-USP no Programa de Editais 2013 na linha de Pre-servação de Acervos Documentais, Memórias e Monumentos, ampliando o cronograma de trabalho até meados de 2015.

As considerações que serão desenvolvidas nesta comunicação tem um sentido metodológico, como aproximação reflexiva e crítica sobre as estratégias e técnicas empregadas para a conservação e difusão do acervo em pauta, com vista ao aprimora-mento dos modos de operar no caso específico da frente em andamento na Biblioteca da FAUUSP, mas também como referencial para que outras coleções e acervos possam convergir para o mesmo ambiente colaborativo já constituído.

A formação do acervo de imagens fotográficas da Biblioteca da FAUUSP se deu a partir da década de 1960, quando alunos e professores passaram a doar sistematica-mente à Biblioteca da FAU suas fotografias com o objetivo de constituir um ´Museu Imaginário´ (André Malraux, 1947) da Arquitetura o que levou à formação de um acer-vo de mais de 80 mil imagens, sendo que destas cerca de 37 mil imagens originais - e em boa parte inéditas -, referem-se a edifícios e espaços urbanos brasileiros.

O projeto ARQUIGRAFIA tem como objetivo ampliar esta dinâmica colaborativa que constituiu o acervo físico da FAUUSP à Web, promovendo em uma escala mais abrangente, a convergência de coleções particulares de usuários e acervos institucio-nais públicos e privados, constituindo algo como um Museu de Crescimento Ilimitado (Le Corbusier, 1939). A intenção é que o acervo de imagens digitais no ARQUIGRAFIA possa se expandir continuamente com a contribuição de fotógrafos, estudantes de ar-quitetura, professores e demais interessados no tema.

Com este esforço o projeto espera contribuir com a ampliação do debate acerca da arquitetura e das representações fotográficas, com a documentação do patrimônio arquitetônico e urbanístico, além de estimular o juízo crítico sobre a produção arquite-tônica e urbanística no Brasil.

2. PROCEDIMENTOS

A representação da arte e da arquitetura para fins de documentação e pesquisa é um campo de intensa investigação e de caráter complexo. A internet possibilitou o acesso às informações outrora restritas aos ambientes de bibliotecas e museus, mas, em contrapartida, gerou necessidades de organização da informação e do conhecimento que não estavam previstas em normas e padrões firmados até então. Neste novo contex-to web deve-se levar em conta ainda a dificuldade das instituições em caracterizar seu público específico e suas necessidades de acesso em acervos e ambientes de informação de maneira a garantir acessos adequados e seguros. Além disso, as especificidades dos documentos iconográficos assim como das mudanças tecnológicas forçaram as institui-ções não só a revisarem seus procedimentos para representação, descritiva e temática, deste material, mas também a buscarem padrões e normas emergentes, os quais pos-sam ser aplicados em seus acervos e ambientes de informação de maneira colaborativa, garantindo pleno acesso à informação por parte dos usuários.

As fotografias de arquitetura são representações de uma obra ou evento e, portanto não são a própria obra, ainda que este material iconográfico figure muitas vezes como fonte de informação, referenciando projetos em papel já catalogados na biblioteca,

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tornando-se material de apoio didático, a disponibilização de suas informações pelo Arquigrafia potencializa a exploração e o uso destes materiais, possibilitando a criação de narrativas independentes por parte dos usuários, acomodando inclusive, interven-ções destes nas próprias imagens.

O projeto interdisciplinar ARQUIGRAFIA ao incluir o tratamento da informação contida neste material iconográfico enriquece a pesquisa no domínio da arquitetura brasileira e possibilita a exploração de seu conteúdo como um elemento ativo, dinâmico e em rede, frente às novas possibilidades em ambientes colaborativos web.

Os procedimentos descritos a seguir demonstram o desafio em sistematizar as ações sobre estes documentos. Tais procedimentos englobam a necessidade de guarda permanente e preservação dos originais, a digitalização e preservação de documentos digitalizados (repositórios digitais, back ups e conservação de ambientes computacio-nais para a leitura de informação digital) e os processos para representação, descritiva e temática da informação, como também para a catalogação, classificação e indexação no site e acesso de usuário.

O primeiro desafio neste processo de trabalho foi a integração da própria equipe transdisciplinar do projeto, composta por alunos de graduação dos cursos de Arquite-tura e Urbanismo da FAUUSP, Ciência da Computação do IMEUSP e Biblioteconomia da ECAUSP, para que cada agente envolvido compreendesse os procedimentos de tra-balho tanto localmente, em sua própria área, como globalmente, entendendo o projeto como um todo. Nesta etapa foram definidas as metodologias para os procedimentos de tratamento da informação do material iconográfico, bem como cronogramas de ati-vidades. Neste último quesito, definiu-se que as etapas ocorreriam simultaneamente, havendo poucos momentos onde a necessidade de término de uma etapa fosse requisito para o início da próxima.

Os alunos envolvidos no projeto passaram por capacitações ministradas pelo conservador-restaurador Arq. Leandro Melo (responsável pela assessoria técnica de conservação dos materiais fotográficos) e pela Profa. Dra. Vânia Mara Alves Lima (res-ponsável pela equipe de catalogação e processamento de informação).

Constam deste processo as seguintes fases, relatadas nas seções seguintes: diag-nóstico e quantificação, conservação e acondicionamento, processamento de informa-ção, digitalização e indexação de fotografias e informações na base de dados do site.

2. 1 Diagnóstico

Para início dos trabalhos foi realizado um diagnóstico no acervo fotográfico. Entre março e maio de 2013 foram analisados três conjuntos de documentos:

• a coleção de cerca de 80.000 slides acondicionado em mobiliário específico;

• o conjunto de cerca de 80.500 documentos fotográficos armazenados em enve-lopes que aguardavam tombamento e classificação, constituído por filmes, nega-

tivos e diapositivos, fotografias em papel avulsas e álbuns fotográficos;

• e a coleção de cerca de 9.000 fotografias em papel avulsas, já catalogadas e acon-dicionadas em jaquetas de poliéster e pastas suspensas de cartão alcalino, arma-zenadas em arquivo deslizante.

Os dois primeiros conjuntos estão localizados no Setor Audiovisual e de Projetos de Arquitetura, enquanto que o último conjunto encontra-se próximo a setores de tra-balho interno da Biblioteca.

O diagnóstico de conservação visou especificar a quantidade de documentos fo-tográficos por suporte, formato (fotografia avulsa, filme negativo em tiras, slides etc.), cromia e dimensões padronizadas. Também buscou dimensionar os principais proble-mas de conservação dos documentos, para prever seu impacto no projeto (como a defi-nição dos procedimentos de higienização e o tempo necessário para tanto) e quantificar os documentos com conteúdo pertinentes ao projeto ARQUIGRAFIA.

Para as fotografias que aguardavam catalogação o diagnóstico foi feito por amos-tragem sistemática. Cada envelope ou pasta que continha as fotografias em papel e fil-me foi considerado uma unidade de levantamento, estimando-se 1300 unidades. De acordo com a calculadora de tamanho de amostras desenvolvida pelo Creative Research System, uma amostra de 297 unidades numa população de 1.300 indivíduos (total de envelopes), com 95% de confiabilidade, resulta numa margem de erro de aproximada-mente 5%. Por segurança, a amostra foi aumentada para 300 unidades (mantendo a margem de erro para uma população de até 1.370 indivíduos).

Os envelopes que foram selecionados para o diagnóstico do conjunto das fotogra-fias para serem catalogados foram descritos em uma planilha eletrônica com os se-guintes campos:

• localização, com identificação de armário e envelope;

• suporte e cromia: filme negativo em tira em preto e branco ou colorido, filme negativo em chapa em preto e branco ou colorido, slide colorido, foto avulsa colorida ou em preto e branco, contato em preto e branco;

• dimensões e quantidades de filmes: 135 (número de tiras), 120 (6x6cm – núme-ro de tiras), 120 (6x9cm – número de tiras), 4x5” (10x12,7cm)

• dimensões e quantidades de fotos: até 10x15cm, até 14,5x20cm, até 20x25cm, até 24x30cm, maior que 24x30cm;

• se há informações suficientes para classificação das fotografias;

• se há autoria identificada ou se a foto foi produzida pela FAUUSP;

• problemas de deterioração dos filmes: abrasão, filmes aderidos entre si ou com embalagens, adesivos, alteração de cor, deformação, enrugamento, espelhamen-to, fungos, manchas, “melado” (substância viscosa);

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• os problemas de deterioração das fotos: abrasão, fotos aderidas entre si ou com embalagens, adesivos, alteração de cor, dobras, espelhamento, fungos, manchas, metais (clipes ou grampos), perdas (partes faltantes), rasgos.

Ao final, o diagnóstico apresentou a seguinte quantificação, resultando em um total de 80.500 documentos fotográficos para catalogar e receber tratamento de conserva-ção:

• 31.000 fotografias em papel nos envelopes (inclui fotos avulsas ou em álbuns e

contatos, coloridos ou em preto e branco);

• 49.500 filmes nos envelopes (total de fotogramas em filmes, em tiras ou em cha-pas, negativos ou diapositivos, coloridos ou em preto e branco).

No gráfico abaixo (Figura 1) são apresentados os danos encontrados no conjunto de filmes a catalogar. Os danos mecânicos (abrasão, deformação) provavelmente resultam da falta de embalagens adequadas. Danos químicos, como manchas, aderência, espe-lhamento e alteração de cor também são acentuados pelos materiais inadequados das embalagens. Condições ambientais desfavoráveis, com situações de umidade relativa prolongadas, podem ter favorecido os danos de aderência entre os filmes e a presença de fungos.

Figura 1 - Gráfico dos principais danos diagnosticados nos filmes do acervo da Biblioteca da FAUUSP. Imagem: Leandro Lopes.

No conjunto de fotografias em papel as manchas aparecem como a deterioração mais recorrente, seguida de danos mecânicos (abrasão e dobras). Outro risco de dano químico significativo, a corrosão do papel fotográfico por ferrugem, também foi iden-tificado como resultado do contato de metais (grampos e clipes) com as fotografias. O espelhamento, encontrado nas áreas escuras das fotografias em preto e branco, também é comume. A presença de adesivos nas fotografias, principalmente no verso dos papéis fotográficos, aponta para outro risco de dano químico causado pela migra-ção de elementos ácidos desses adesivos para a superfície com imagem. A presença de contaminações biológicas aponta para a inadequação das condições ambientais de

armazenamento.O diagnóstico desse primeiro conjunto indicou um número de documentos muito

superior ao inicialmente previsto, evidenciando a necessidade de continuidade do pro-jeto em andamento por mais 15 meses, ao menos. O diagnóstico também será utilizado para definir o melhor acondicionamento dessas fotografias, em consonância com suas características físicas, seu uso, o mobiliário e o ambiente de armazenamento, após as etapas de tratamento da informação e de higienização.

O diagnóstico dos slides, que compõem o segundo conjunto de documentos, tam-bém foi feito por amostragem sistemática, com a descrição somente da cromia e dos problemas de conservação, já que o conjunto apresentava as mesmas características de suporte e formato, totalmente tombado e catalogado pela Biblioteca.

Considerou-se o conjunto de 80.000 slides catalogados e disponíveis para consul-ta, distribuídos em 23 armários com 417 gavetas (43 gavetas estão vazias). O diagnós-tico foi realizado em todo o conjunto pois, embora a etapa atual do Projeto ARQUI-GRAFIA preveja a higienização e digitalização dos 37.000 slides referentes ao Brasil, os demais slides serão avaliados para futuramente serem integrados, total ou parcial-mente, a este projeto.

Foram analisados 380 slides, garantindo 95% de confiabilidade e 5% de margem de erro no diagnóstico. Os 380 slides foram escolhidos a partir da seleção de 38 gavetas, distribuídas em intervalos uniformes. Dentro de cada gaveta escolhida (que em média possui 200 slides) foram diagnosticados 10 slides.

• As planilhas de diagnóstico dos slides traziam os seguintes campos:

• identificação, com número de tombo;

• localização, com número de armário e gaveta;

• localização na gaveta do slide inicial para diagnóstico;

• cromia: colorido ou em preto e branco;

• problemas de deterioração: abrasão, adesivos, alteração de cor, deformação, marcas de digitais, enrugamento, esmaecimento, espelhamento, fungos, man-chas, sujidade intensa.

O diagnóstico confirmou a predominância de slides coloridos (73,9%) sobre slides em preto e branco (26,1%). A abrasão foi o dano mais recorrente, provavelmente cau-sada pelo manuseio inadequado dos documentos (também identificado por marcas de digitais em parte dos documentos) e também por sua utilização sistemática até fins dos anos 1990 em equipamentos de projeção.

A alteração de cor é um dano químico dos slides coloridos acentuado por fatores ambientais como temperatura e umidade relativa elevadas e poluentes. O ambiente inadequado também contribuiu para a manifestação de outros danos, como presen-ça de fungos, espelhamento, esmaecimento e sujidade intensa. Esses documentos são

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armazenados diretamente nas gavetas do mobiliário, que possuem divisórias para esse fim. A ausência de acondicionamento em caixas favorece a ventilação dos documentos, mas os deixam mais suscetíveis à deposição de poeira, o que exigirá que a higienização seja realizada com solventes na maioria dos casos. O enrugamento detectado em peque-na parcela dos documentos aponta para a necessidade de identificar materiais fílmicos que já atingiram etapas adiantadas da Síndrome do Vinagre.

Tais problemas foram expressos no seguinte gráfico (Figura 2):

Figura 2 - Gráfico dos principais danos diagnosticados nos slides do acervo da Biblioteca da FAUUSP. Imagem de

Leandro Lopes.

O conjunto das 9000 fotografias em papel já catalogadas, acondicionadas em cerca de 1000 pastas suspensas de cartão alcalino, que compõe o terceiro conjunto de docu-mentos, não teve diagnóstico por amostragem. Foram somente quantificadas as 800 fotografias que não possuíam acondicionamento em jaquetas de poliéster com cartão alcalino e estavam em envelopes de papel Kraft, dentro das pastas suspensas, ou que estavam fora das pastas suspensas por terem dimensões maiores. Identificou-se, en-tão, a necessidade de troca de todos os envelopes de pastas suspensas, que apresentam manchas de fungos e sujeira acumulada em sua parte interna.

É relevante a contribuição metodológica que o diagnóstico trouxe para uma maior compreensão das características do acervo em termos quantitativos e qualitativos, possibilitando maior precisão na identificação de necessidades de tratamento e maior controle de custos e cronograma de trabalho. A partir dos resultados do diagnóstico as etapas de trabalho foram revistas, com o devido redimensionamento de algumas ações. O ambiente de armazenamento na Biblioteca não foi avaliado em profundidade neste diagnóstico devido à perspectiva de mudança do acervo fotográfico para outro local no edifício. A quantificação e a caracterização dos documentos permitirá também o ade-quado planejamento desse novo espaço, com mobiliário e outras condições ambientais

favoráveis à conservação e preservação das imagens fotográficas.

2.2 Higienização

Encerrado o diagnóstico iniciaram-se os procedimentos de higienização do acer-vo. Primeiramente os slides das gavetas ainda não higienizadas foram transportados para gavetas vazias já higienizadas, em suportes. Para a organização do trabalho, foram formadas duplas de alunos, responsáveis por cada gaveta. Para o controle da produ-ção, formulou-se uma tabela, com os seguintes dados a serem preenchidos: número do armário, seguido do número da gaveta; identificação da dupla responsável por aquela gaveta; data e quantidade dos slides higienizados no dia; e data de conclusão da hi-gienização.

A higienização dos slides é feita de forma mecânica (Figura 3), com o borrifador de ar e um lenço não abrasivo. Apenas em alguns casos em que há excesso de sujeira, fungos ou manchas de digitais, por exemplo, é realizada também a higienização com solventes depois da higienização mecânica. Os solventes utilizados são o álcool etílico P.A., o álcool isopropílico P.A. e uma solução de álcool etílico em água deionizada a 70%. Nos slides que apresentam espelhamento, não devem ser aplicados os solventes.

Figura 3 - Equipe de alunos trabalhando na higienização de slides no interior da Seção Audiovisual da Biblioteca da FAUUSP. Fotografia de Eliana de Azevedo Marques.

A partir de uma planilha de controle, os casos especiais com os seguintes proble-mas são revisados um a um:

• MCH (manchas causadas durante a higienização);

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• DIG (manchas de digital ou gordura que não foram removidas durante a higie-nizarão);

• ADS (adesivos sobre o filme fotográfico) e outros (descrever).

Higienizados, os slides são devolvidos aos seus respectivos armários e gavetas, sen-do estes também higienizados. Tais gavetas são então identificadas com uma etiqueta com a letra “H”, na parte externa, para maior controle visual do que já foi higienizado.

2.3 Tratamento da Informação

Após o início da etapa de tratamento físico de conservação de slides, negativos e ampliações em papel, deu-se início a etapa de tratamento da informação, isto é, re-presentação descritiva (catalogação) e temática (classificação e indexação) para fins de recuperação do acervo.

O material selecionado nesta etapa foi o conjunto das ampliações em papel, cerca de 31.000 ampliações fotográficas que estavam em envelopes numerados com breve descrição de seu conteúdo.

Para que o tratamento da informação fosse uniforme foi elaborada uma planilha com as informações relevantes a serem recuperadas um manual de instruções para seu preenchimento. Como exemplo, apresentamos a seguir uma planilha aplicada à foto-grafia abaixo (Figura 4):

Figura 4 - Exemplo de imagens catalogadas para o Projeto ARQUIGRAFIA. Imagem do Acervo FAUUSP.

• PLANILHA TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO ICONOGRÁFICA

• TOMBO: 10045

• CARACTERIZAÇÃO (NÚMERO CLASSIFICAÇÃO): 728.3

• AUTOR DA OBRA (ENTRADA:ARQUITETO ou LOCAL): Pucci, José

• NOME (TÍTULO DA OBRA): Residencia de José Pucci

• PAÍS: Brasil

• ESTADO: SP

• CIDADE: São Paulo

• BAIRRO: Bela Vista

• RUA: Av Paulista, 346

• COLEÇÃO:

• AUTOR DA IMAGEM: sem identificação

• DATA DA IMAGEM: 1930

• LICENÇA:

• DESCRIÇÃO (IMAGEM): Imagem da construção da residencia de José Pucci localizada na Avenida Paulista, esquina com a Rua Carlos Sampaio

• DESCRIÇÃO (SUPORTE): p&b ; 9 x 11 cm

• TAGS MATERIAIS: madeira, alvenaria

• TAGS ELEMENTOS: Estrutura de madeira, pilar, telhado, muro

• TAGS TIPOLOGIA: Habitação, residência, casa

• ASSUNTO (Biblioteca): residencia(728.3)

• PROCEDÊNCIA: Doação Ebe Reale

• OBSERVAÇÕES

• DATA DE TOMBO: 23.07.13

• CATALOGADOR: Ana Claudia/Renato

Além dos dados recuperados nos envelopes originais ou inscritos nas próprias fotografias, foram levantadas informações adicionais sobre as imagens em arquivos e bases de dados, tanto da própria biblioteca como via internet. Os campos da planilha seguem a norma de catalogação Anglo American Cataloguing Rules 2 (AACR2) e a lista de assuntos utilizadas pela Biblioteca da FAU para o tratamento dos documentos icono-gráficos, sendo incorporados campos para as tags, oriundas de uma lista elaborada para o ARQUIGRAFIA a partir de dicionários e thesauri de arquitetura.

A pesquisa ad-hoc para o tratamento da informação proporcionou a análise de aspectos conceituais e práticos referentes à catalogação, classificação, indexação e ela-boração de linguagens documentárias (vocabulário controlado), assim como também a

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utilização de metadados para a representação da informação iconográfica.A partir desta análise, observa-se, por exemplo, a urgência no desenvolvimento

de linguagens de representação que ofereçam interoperabilidade entre sistemas e sejam fluentes o suficiente para operar tanto nos ambientes da biblioteca quanto na web, além de dialogar com usuários finais que ´tagueiam´ suas próprias produções. Para este último aspecto, identificamos a necessidade de recuperação via sistema, das palavras-chaves utilizadas para buscas pelos usuários no ARQUIGRAFIA, as quais po-dem indicar se a indexação realizada está adequada assim como funcionar como uma ferramenta para coleta de novos termos gerados pela área de domínio.

Os esforços previstos no eixo do tratamento da informação para futuras etapas do projeto concentram-se nos seguintes aspectos:

• Criação de uma interface amigável entre o ambiente de informação da Biblioteca e do ARQUIGRAFIA, e destes com o contexto web.

• Análise da pertinência dos campos de catalogação do AACR2 para a representa-ção de imagens, especialmente imagens de arquitetura.

• Possível adequação dos campos descritivos de catalogação AACR2 para padrões atualizados como o conjunto RDAi/FRBRii ou RDA/CCOiii, que são interoperá-veis com o ambiente web e permitem, por exemplo, a descrição de fotografias a partir de uma única entrada como conjunto e a aplicação de ontologias con-ceituais.

• Exploração de novas tipologia de tags a partir das facetas do AAT Getty Thesau-rusiv, onde outros aspectos além dos atributos físicos das obras, tais como estilos, períodos, agentes e atividades, seriam considerados;

• Mapeamento e gerenciamento do conjunto de tags para incorporação no voca-bulário controlado do projeto;

• Análise de padrões de metadados a partir das tabelas de indexação usadas pela equipe, desde a catalogação até a digitalização

• Organização da informação a partir de padrões internacionais para uma possível modelagem de dados entrelaçados, que operem em ambientes de web semân-tica.

i Cf. a este respeito: http://www.rda-jsc.org/rda.html, acesso em: 01/10/2013. ii Cf. a este respeito: http://www.ifla.org/publications/functional-requirements-for-bibliographic-records, acesso em 01/10/2013. iii Cf. a este respeito: http://cco.vrafoundation.org/, acesso em: 01/10/2013. iv Cf. a este respeito: http://www.getty.edu/research/tools/vocabularies/aat/about.html, acesso em: 01/10/2013.

2.4 Digitalização

Até o final do ano de 2012 a digitalização dos diapositivos, slides ou cromos do acervo foi realizada nas dependências do Setor Audiovisual da Biblioteca da FAUUSP com um scanner Nikon super coolscan 5000 ED, com um adaptador para slides, Nikon SF-210. Com este recurso foram digitalizados aproximadamente 10 mil slides que hoje encontram-se em boa parte catalogados nas planilhas do ARQUIGRAFIA.

Em meados de 2013, com recursos da PRCEU-USP (Edital 2012) foi contratada uma empresa para que fossem feitas as digitalizações do restante dos slides (cerca de 27 mil), e início deste procedimento para as tiras de negativos em acetato (estimadas então em cerca de 5 mil) e fotografias em papel, em tamanhos variados (estimadas em cerca de 10 mil imagens).

Para tanto, foram definidos certos procedimentos protocolares, tanto para a reti-rada e devolução do material, quanto para padrões, técnicas de digitalização, e bases digitais a serem entregues.

Para o transporte, os slides foram acondicionados em caixas de metal que com-portam 125 slides (Figura 5). Cada caixa recebe uma identificação, na qual constam informações referentes à localização no acervo da Biblioteca (armário e gaveta), além da quantidade precisa de slides.

Figura 5 - Caixa para transporte de slides e scanner para digitalização de slides. Fotografia de Martim Passos.

As caixas são identificadas por meio de duas etiquetas, no exterior e interior da caixa com as seguintes informações:

• IDENTIFICAÇÃO EXTERNA:

CAIXA 00 (identificação da caixa)

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Armário 00 (identificação do número do armário dos slides)Gaveta 00 (identificação da gaveta)Colunas 01/02/03 (colunas das gavetas que estão contidas na caixa)

• IDENTIFICAÇÃO INTERNA:

Nome da gaveta (de acordo com registro do acervo)Armário 00 Gaveta 00 (localização do armário e da gaveta)Coluna 01/02/03 (colunas contidas na caixa)Coluna 01: 00 slidesColuna 02: 00 slidesColuna 03: 00 slidesQuantidade de slides totais: 00 slides

Além disso, estas mesmas informações estão também reproduzidas em um docu-mento impresso, com a identificação dos responsáveis pela retirada/devolução dos sli-des pela empresa contratada e pelo encaminhamento/recebimento por parte do projeto ARQUIGRAFIA e Biblioteca da FAU.

Inicialmente, foram definidos os padrões de digitalização em TIFF uncompress 600x600 dpis color, JPG 80% de compressão para todas as imagens, e Pdf-A 2u com compressão para disponibilizar imagens na web. Porém, após os primeiros testes de digitalização, verificou-se que para manter a mesma resolução das imagens já disponí-veis no ARQUIGRAFIA deveria ser definido um padrão de 4000 dpis, e uma largura de 5782 pixels por uma altura de 3946 pixels aproximadamente.

A cada devolução do material, as caixas com os slides originais e os arquivos digi-tais são conferidos para que o material retorne aos seus respectivos armários-arquivo.

2.5 Cadastramento de fotografias e informações no site

Os slides digitalizados e catalogados são importados para o site ARQUIGRAFIA na medida em que cada autor autoriza a difusão de sua coleção de imagens por meio de um Termo de autorização da difusão web, atribuindo também uma licença Crea-tive Commons (CC) a tais imagens. Conforme são assinados os termos, a coleção de imagens de um mesmo autor é separada em uma pasta, com uma planilha eletrônica na qual estão contidos dados como: número de tombo, descrição da imagem, endere-ço, autor da imagem, data da obra, autor da obra, entre outros campos presentes na planilha de catalogação. Cada imagem individualmente está identificada pelo número de tombo, o que permite cruzar e relacionar os dados da planilha com cada uma das imagens. As pastas são identificadas pela data, seguida do nome do autor, e são então copiadas para o servidor, para que e equipe de programadores do IME possa importar as imagens para o site.

As imagens são importadas para o sistema por lotes, recurso bastante útil no caso

de autores com grandes quantidades de imagens na pasta. No processo de importação são executadas quatro atividades, de forma sequencial, para cada planilha recebida, a saber: leitura das linhas, verificação de informações, geração de imagens e armazena-mento de informações.

Na leitura das linhas cada linha da planilha é transformada em objetos de negócio a serem utilizados pelo sistema. Para realizar essa transformação, foi utilizada a biblio-teca The Apache ODF Toolkitv que disponibiliza uma interface de comunicação entre a planilha e o sistema para a extração e transformação de informações.

A verificação de informações, por sua vez, consiste em validar os dados de cada linha para que contenham apenas informações consistentes, como por exemplo: que cada imagem tenha um número de tombo, corretamente referenciado na planilha; que as datas estejam no formato certo, e o nome do autor corretamente identificado. Caso a linha contenha algum erro, sua importação não é realizada.

A atividade de geração de imagens consiste na criação de imagens (e armazena-mento das mesmas no sistema de arquivo) em quatro diferentes tamanhos para serem apresentadas ao usuário. Para realizar essa criação de forma eficiente, foi utilizada a biblioteca GraphicsMagickvi, que disponibiliza funcionalidades para manipulação e processamento de imagens.

Por fim, a atividade de armazenamento de informações consiste em criar associa-ções entre os objetos de negócios e o armazenamento dos mesmos no banco de dados. Assim que a associação de objetos for realizada (o autor está associado a uma foto, e esta a um endereço) o sistema utiliza a biblioteca de persistência Hibernatevii para armazená-los no banco de dados Mysqlviii.

Até o mês de setembro de 2013, os seguintes autores já autorizaram a difusão de sua coleção de imagens no ARQUIGRAFIA: Carlos Alberto Cerqueira Lemos, Julio Ro-berto Katinsky, Rogerio Akamine, Debora Chenker, Andrea Augusta de Aguiar, Cris-tiano Alckmin Mascaro, Eduardo Augusto Kneese de Mello, Benedito Lima de Toledo, Gustavo Neves da Rocha Filho, Silvio Soares Macedo, Hugo Massaki Segawa, Alexan-dre Luiz Rocha, Ruy Gama, José Borelli Neto e Marlene Milan Acayaba.

3. Considerações finais

O Projeto ARQUIGRAFIA oferece para o escopo da Ciência da Informação a opor-tunidade de olhar com acuidade para as questões de organização do conhecimento, especificamente no que tange à representação de imagens de artes e arquitetura, voca-bulários da área e interoperabilidade entre sistemas. O projeto promove também mais uma interface para o acesso às informações oriundas da Biblioteca da FAU, e neste fluxo, confronta os procedimentos controlados de representação da informação com a potencialidade semântica de organização da informação para a web e as redes co-v The Apache ODF Toolkit. http://incubator.apache.org/odftoolkit. vi GraphicsMagick Image Processing System. http://www.graphicsmagick.org. vii Hibernate. Relational Persistence for Java. http://www.hibernate.org. viii Mysql Database. http://www.mysql.com.

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laborativas.Entre Maio e Setembro de 2013 foram higienizados cerca de 14.807 slides, sendo

que destes 5.225 já haviam sido digitalizados, e 2.254 foram digitalizados a partir de Ju-lho pela empresa contratada. Do acervo de slides até o momento, 2.746 imagens foram importadas para o ambiente web ARQUIGRAFIA.

Nos próximos meses de 2013 os trabalhos simultâneos nas frentes aqui descritas serão levados adiante com vista a encerrar a higienização de slides em meados de 2014. Espera-se também que nos primeiros meses de 2014 seja intensificado o trabalho sobre as ampliações em papel e os negativos em acetato.

O apoio da PRCEU-USP (Edital 2013) prevê a contratação de uma equipe terceiri-zada, o que permitirá intensificar o ritmo de trabalho neste frente de maneira comple-mentar ao trabalho realizado pelo grupo de alunos-estagiários no projeto.

Neste momento o conjunto de pesquisadores do ARQUIGRAFIA dedica-se tam-bém ao redesenho do sistema, tanto em aspectos de webdesign quanto em aspectos de programação, considerando a natureza de um ambiente beta-perpétuo, em contínuo aperfeiçoamento.

Duas outras ações integradas se articulam à intenção da equipe de registrar os tra-balhos já realizados e de estimular outras instituições públicas e privadas detentoras de acervos de imagens de arquitetura a colaborarem com o ambiente ARQUIGRAFIA.

A primeira é a publicação em versão digital e impressa de um breve manual técnico de orientação quanto aos procedimentos de conservação de materiais originais, digi-talização, catalogação e upload no sistema que pode ser util às instituições parceiras e também aos usuários particulares.

A segunda é também uma publicação, em versão digital e impressa, do histórico do projeto ARQUIGRAFIA construído nestes 05 anos de trabalho, documentando os fun-damentos conceituais do projeto, as características metodológicas do trabalho empre-endido, a evolução do sistema, e outros aspectos que podem ser de interesse do público específico, usuários e instituições.

Como desdobramento deste projeto, espera-se a consolidação de uma frente ex-perimental em andamento desde 2010, que articula equipes técnicas da Biblioteca da FAUUSP, do curso de Biblioteconomia da ECAUSP ao projeto Arquigrafia, e ao Núcleo de Apoio à Pesquisa em Ambientes Colaborativos (NAWEB), com o objetivo comum de consolidar um portal iconográfico na Web para ampla difusão pública e gratuita do acervo iconográfico da Biblioteca da FAUUSP.

Este trabalho também almeja que iniciativas futuras, empreendidas pela própria Biblioteca e/ou por professores-pesquisadores da FAUUSP, que venham a se dedicar à digitalização de desenhos de arquitetura, por exemplo, já encontrem parâmetros téc-nicos que balizem a definição de procedimentos de conservação de originais e digita-lização de imagens, assim como possam dispor de um ambiente web capacitado à sua difusão junto ao público interessado.

Artigo publicado nos anais do III Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação, 2013 Belo Horizonte - MG

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IMAGENS SELECIONADAS

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A seguir serão apresentadas fotografias que fazem

parte do acervo do site ARQUIGRAFIA, sendo algumas

originárias do acervo da Biblioteca FAUUSP, do QUAPÁ

ou de alunos usuários do ambiente colaborativo.

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Estação Rodoviária de Jaúimagem: FAU 1973-1976 JaúJoão Batista Vilanova Artigas

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Faculdade de História e GeografiaImagem: FAU 1970 São Paulo

Eduardo Corona

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Residência Milton GuperImagem: Carlos Lemos 1965 São Paulo

Rino Levi, Cerqueira César, Luís Roberto Franco

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Escritório Oscar NiemeyerImagem: Carlos Lemos 1940 Rio de Janeiro

Oscar Niemeyer

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Residência em RecifeImagem: Eduardo Kneese de Mello Recife

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Palácio Gustavo CapanemaImagem: Débora Chenker 1992

Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Ernani Vasconcellos, Affonso Reidy, Jorge Moreira

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Vista Aérea do Vale do AnhangabaúImagem: César Assis (acervo Quapá) 1997

Jamil Kfouri, Rosa Kliass, Jorge Wilheim

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Cassino da Pampulha (Atual Museu de Arte da Pampulha)Imagem: Hugo Segawa 1985

Oscar Niemeyer

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Edifício LouveiraImagem: Julio Katinsky entre décadas de 1960 e 1970

Vilanova Artigas

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Palácio Itamaraty (Palácio dos Arcos)Imagem: Hugo Segawa 1981

Oscar Niemeyer

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Pesquisadores

CoordenadorProf. Dr. Artur Simões Rozestraten - FAUUSP

ColaboradoresProf. Dr. Marco Aurélio Gerosa - IMEUSPProfa. Dra. Maria Laura Martinez - ECAUSPProf. Dr. Fábio Kon - IMEUSPProfa. Dra. Renata Wassermann - IMEUSPProf. Dr. Julio Roberto Katinsky - FAUUSPProf. Dr. Luiz Américo de Souza Munari - FAUUSPProf. Dr. Abílio Guerra e equipe VITRUVIUSProfa. Dra. Roberta Lima Gomes - Informática UFESProf. Dr. Magnos Martinello - Informática UFESProf. Dr. Juliano Maranhão - FDUSPProfa. Dra. Vania Mara Alves Lima - ECAUSPDina Uliana - Diretora biblioteca FAUUSPEliana de Azevedo Marques - Biblioteca FAUUSPElizabete da Cruz Neves - Biblioteca FAUUSPRejane Alves - Biblioteca FAUUSPProf. Dr. Cristiano Mascaro - Consultor de fotografiaArq. Nelson Kon - Consultor de fotografiaArq. Rodrigo Luiz Minot Gutierrez - SENAC / UNIUBEArq. Rodolfo Jambas

Alunos participantesAurelio Akira M. Matsui - Doutorando Universidade de TokyoStraus Michalsky - Doutorando IMEUSPVladimir Rocha - Doutorando PoliUSPAna Paula Oliveira dos Santos - Mestre IMEUSPLucas Santos de Oliveira - Mestre IMEUSPVictor Williams Stafusa da Silva - Mestre IMEUSPJosé Teodoro - Mestrando IMEUSPLaécio Freitas - Mestrando IMEUSPAndré Luís de Lima - Mestrando FAUUSPCarlos Leonardo Herrera Muñoz - Mestrando IMEUSPEdith Zaida Sonco Mamani - Mestrando IMEUSPAndré Jin Teh Chou - Graduando FAUUSPAmanda Stenghel - Graduanda FAUUSPAna Clara Souza Santana - Graduanda FAUUSPBhakta Krpa das Santos - Graduando FAUUSPBruna Sellin Trevelin - Graduanda Direito USPDiogo Pereira - Graduando em IC FAUUSPEnzo Toshio S. L. de Mello - FITOFernanda Adams Domingos - Graduanda FAUUSPGabriela Previdello Ferreira Orth - Graduanda ECAUSPGuilherme A. Nogueira Cesar - Graduando FAUUSPGiuliano Magnelli - Graduando FAUUSPIlka Apocalypse Jóia Paulini - Graduanda FAUUSPIsabella Mendonça - Graduanda IMEUSPJéssica Maria Neves Lúcio - Graduanda FAUUSP

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Joel Marques - Graduando FAUUSPKarina Silva de Souza - Graduanda FAUUSPKevin Ritschel - Graduando FAUUSPLucas Caracik - Graduação FAUUSPLuciana Molinari Monteforte - Graduanda FAUUSPMarina de Souza Barbosa Ferreira - Graduanda ECAUSPMartim Passos - Graduando FAUUSPNita Napoleão Encola - Graduanda ECAUSPRenato Veras de Paiva - Graduando ECAUSPRodrigo Ciorciari Salandim - Graduando EACHUSPRuth Cuiá Troncarelli - Graduanda FAUUSPSamuel Carvalho G. Fukumoto - Graduando FAUUSPTatiana Kuchar - Graduanda FAUUSPThaísa Miyahara - Graduanda FAUUSPValdeci Antônio dos Santos - Graduando ECAUSP

Parceiros de desenvolvimentoJean Pierre Chamouton - Benchmark Design TotalPedro Emilio Guglielmo - RCKT ComunicaçãoTiago Ortlieb - BRZ ComunicaçãoAlexandre Hannud Abdo - WikimediaLeandro Lopes Pereira de Melo - L3 Conservação de Acervos

Apoio institucionalUniversidade de São Paulo (USP)Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (CNPq)Ministério da Cultura (MinC)Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP)Instituto de Matemáticas e Estatística da Universidade de São Paulo (IMEUSP)Escola de Comunicação e Arte da Unversidade de São Paulo (ECAUSP)Centro de Competência em Software Livre - IMEUSP (CCSL)Quadro do Paisagismo no Brasil (QUAPÁ)Portal VITRUVIUS

AgradecimentosCristiano Mascaro, João Luiz Musa, Nelson Kon, Tuca Reinés, Katia Kuwabara, Daniel Ducci, Bebete Viégas, Fran Parente, Tuca Vieira e Pedro Kok

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RELAÇÃO DE AUTORIZAÇÕES DE DIFUSÃO DE IMAGENS PARA O ARQUIGRAFIA EM ORDEM CRONOLÓGICA

Carlos Lemos (12/01/2012)Julio Roberto Katinsky (30/01/2012)Lucio Grinover (20/03/2012)Cristiano Mascaro (11/04/2012)Débora Chenker (01/08/2012)Rogério Akamine (03/08/2012)Sheila Ornstein (06/08/2012)Silvio Soares Macedo (10/08/2012)Eduardo Augusto Kneese de Mello por Yola de Mello Guima-rães e Eduardo Augusto Quintanilha de Mello (11/08/2012)Benedito Lima de Toledo (16/08/2012)Andrea Augusta de Aguiar (28/08/2012)Maria Ruth Amaral de Sampaio (04/09/2012)Gustavo Neves da Rocha Filho (04/09/2012)Floriano Meili (13/12/2012)Hugo Segawa (06/02/2013)Ruth Verde Zein (22/02/2013)Eduardo L.P.R. de Almeida (19/08/2013)José Borelli Neto (19/08/2013)Gilda Collet Bruna (23/08/2013)Alexandre Rocha (02/09/2013)Marlene Milan de Azevedo Acayaba (04/09/2013)Leandro Lopes Pereira de Melo (16/10/2013)

Lucio Gomes Machado (10/12/2013)Silvia Raquel Chiarelli (11/02/2014)Fanny S. Freitas Araújo (11/02/2014)Ruy Gama por Mara Gama (12/02/2014)Francisco Segnini Jr. (13/05/2014) João Walter Toscano por Odiléa Setti Toscano (17/07/2014)Odiléa Setti Toscano (17/07/2014)Ruy Ohtake (01/10/2014)Caio Santo Amore de Carvalho (01/10/2014)Jefferson Lafaiette Keese (01/10/2014)Carlos Manuel Pedroso Neves Cristo (01/10/2014)Siegbert Zenettini (01/10/2014)Luiz Carlos Chichierchio (01/10/2014)Eduardo de Castro Melho (03/10/2014)

Page 159: Arquigrafia: entre 2009 2014