aproveitamento de Água de chuva para fins não potáveis em condomínio horizontal

112
  UNIVERSIDADE POSITIVO CÉLIO JOSÉ CORDEIRO JÚNIOR THIAGO KLÜPPEL STROBEL APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA PARA FINS NÃO POTÁVEIS EM CONDOMÍNIO HORIZONTAL Curitiba 2013

Upload: celio-cordeiro-jr

Post on 04-Nov-2015

233 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

TCC Aproveitamento de Água de Chuva

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE POSITIVO

    CLIO JOS CORDEIRO JNIOR

    THIAGO KLPPEL STROBEL

    APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA PARA FINS NO POTVEIS

    EM CONDOMNIO HORIZONTAL

    Curitiba

    2013

  • 2

    CLIO JOS CORDEIRO JNIOR

    THIAGO KLPPEL STROBEL

    APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA PARA FINS NO POTVEIS

    EM CONDOMNIO HORIZONTAL

    Trabalho de Concluso apresentado ao curso

    de Engenharia Civil da Universidade Positivo

    como parte dos requisitos para graduao.

    Orientador: Prof. Dr. Karen do Amaral.

    Curitiba

    2013

  • 3

    RESUMO

    A gua, recurso natural essencial vida e s atividades humanas, tende a tornar-se um recurso cada vez mais escasso devido ao aumento populacional, degradao de recursos hdricos, uso indiscriminado, m distribuio e altos ndices de perda. Face a essa realidade, no restaro alternativas seno a breve adoo de medidas corretivas para alterar esse quadro preocupante ou ao menos ameniz-lo. A substituio de gua tratada por gua captada diretamente da chuva surge como uma dessas alternativas, em locais com ndices pluviomtricos propcios para esse fim. O presente trabalho teve como principal objetivo a avaliao do aproveitamento de gua de chuva para fins no potveis em condomnio horizontal, alm de dimensionar, determinar os custos e o tempo de retorno de investimento relativo a esse sistema de aproveitamento de gua de chuva. Alm disso, visando simular a obteno de resultados prticos e no apenas uma conjectura de situaes no plano terico, prope itens a serem adicionados conveno de condomnio, instrumento legal adequado para normatizar questes relativas a essa modalidade habitacional, os quais conduzam e orientem os moradores ao uso desse sistema. Destaca-se ainda a avaliao na reduo da produo de lodo em Estao de Tratamento de gua num cenrio que projeta a expanso do uso desse sistema em condomnios horizontais. A metodologia utilizou-se de um projeto de uma residncia de 831,20 m e condomnios de alto padro na cidade de Curitiba-PR, onde um questionrio foi aplicado com o intuito de identificar e quantificar os principais usos nos quais a gua de chuva poderia substituir a gua tratada. O mtodo de clculo adotado para estimar o tempo de retorno do investimento foi o Payback Simples, resultando em 107 meses para a amortizao completa dos investimentos do sistema, considerando um consumo mensal equivalente a 9,00 m de gua de chuva naquela residncia.

    Palavras Chave: Aproveitamento de gua de Chuva. Payback.

  • 4

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 CICLO HIDROLGICO. 19

    FIGURA 2 REPRESENTAO ESPACIAL DO NDICE DE PERDAS NA DISTRIBUIO DE GUA

    SEGUNDO OS ESTADOS. 21

    FIGURA 3 - ESQUEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA. 30

    FIGURA 4 - INDICAO PARA CLCULO DA REA DE CONTRIBUIO. 32

    FIGURA 5 - ESQUEMA PARA INSTALAO DE CISTERNA COM BOMBEAMENTO. 35

    FIGURA 6 - ILUSTRAO DO PROCEDIMENTO REALIZADO PARA DETERMINAO DO INDICE

    PLUVIOMTRICO 48

    FIGURA 7 - LOCALIZAO DO OBJETO DE ESTUDO. 61

    FIGURA 8 - ILUSTRAO DA IMPLANTAO DO OBJETO DE ESTUDO, CONDOMNIO

    HORIZONTAL. 62

    FIGURA 9 - QUADRA POLIESPORTIVA DO CONDOMNIO. 62

    FIGURA 10 - ACESSO DO CONDOMNIO. 62

    FIGURA 11 Amortizao mensal do investimento no sistema completo de aproveitamento

    de gua de chuva pelo Mtodo Payback Simples. 95

    FIGURA 12 - LOCALIZAO ESPACIAL DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS DE CURITIBA. 103

    FIGURA 13 - BACO UTILIZADO PARA DIMENSIONAMENTO DO CONDUTOR VERTICAL. 104

    FIGURA 14 - BACO PARA DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS EM FUNO DOS PESOS. 105

  • 5

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1-PARMETROS DE ENGENHARIA PARA CONSUMO EM REAS EXTERNAS UMA

    RESIDNCIA 26

    QUADRO 2-PARMETROS DE ENGENHARIA DE CONSUMO EM REAS EXTERNAS UMA

    RESIDNCIA 27

    QUADRO 3 VAZO NOS PONTOS NOS PONTOS DE UTILIZAO CONFORME APARLHO

    SANITRIO E PEA DE UTILIZAO 27

    QUADRO 4 - PARMETROS DE GUA DE CHUVA PARA FINS NO POTVEIS 28

    QUADRO 5 - PARMETROS DE QUALIDADE DE GUA PARA REUSO 29

    QUADRO 6- COEFICIENTES DE RUNOFF 31

    QUADRO 7- COEFICIENTES DE RUGOSIDADE CONFORME TIPO DE MATERIAL 34

    QUADRO 8 - DIMETROS DOS CONDUTORES HORIZONTAIS EM FUNO DA DECLIVIDADE E

    DA VAZO EM L.min-1 34

    QUADRO 9-VALORES DOS COEFICIENTES K EM FUNO DE CADA CONEXO 40

    QUADRO 10- VAZO NOS PONTOS DE UTILIZAO CONFORME APARELHO SANITRIO E

    PEA DE UTILIZAO 41

    QUADRO 11-DIMETRO MNIMOS DOS SUB RAMAIS 56

    QUADRO 12 - DISTNCIAS DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS EM RELAO AO OBJETO DE

    ESTUDO. 63

    QUADRO 13 - LISTA DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS DE CURITIBA. 64

    QUADRO 14 - CARACTERSTICAS DA ESTAO PLUVIOMTRICA PRADO VELHO. 65

    QUADRO 15-VALORES ENCONTRADOS PARA O DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE COLETA

    DE GUA DE CHUVA 67

    QUADRO 16-VALORES DOS VOLUMES DOS RESERVATRIOS DETERMINADOS PELOS

    MTODOS DE RIPLL E AZEVEDO NETTO 68

  • 6

    QUADRO 17-DIMENSIONAMENTO DO DIMETRO DO SISTEMA DE RECALQUE 68

    QUADRO 18-TOTAL PERDA DE CARGA LOCALIZADA NO RECALQUE 68

    QUADRO 19-VALORES ENCONTRADOS PARA DETERMINAO A ALTURA MANOMTRICA

    TOTAL 69

    QUADRO 20-DETERMINAO DOS DIMETROS DOS RAMAIS DE DISTRIBUIO 70

    QUADRO 21-DETERMINAO DOS DIMETROS DOS SUB RAMAIS DE DISTRIBUIO 70

    QUADRO 22-POTENCIAL DE CAPTAO DE GUA DE CHUVA APRESENTADOS PELA ENGEPLAS

    71

    QUADRO 23-ESTIMATIVA DO CONSUMO DE GUA NO POTVEL APRESENTADA PELA

    EMPRESA CONTATADA 71

    QUADRO 24-COMPARATIVO DOS VOLUMES DO RESERVATRIO 72

    QUADRO 25-RESUMO DA QUANTIDADE DE CONDOMNIOS E RESIDNCIAS LOCALIZADAS

    NOS BAIRROS DA REGIO OESTE DE CURITIBA 79

    QUADRO 26-PRODUO DE LODO DA ETA POR m DE GUA PRODUZIDA 80

    QUADRO 27-REDUO NA PRODUO DE LODO DA ETA PASSANA EM FUNO DO

    APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 80

  • 7

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1-PRECIPITAES MDIAS MENSAIS DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS ESTUDADAS66

    TABELA 2-PRECIPITAO MDIA O LONGO DOS ANOS NAS ESTAES ESTUDADAS 66

    TABELA 3- DETERMINAO DO CONSUMO DE GUA NO POTVEL. 67

    TABELA 4 CUSTO TOTAL DO SISTEMA POR FORNECEDOR 73

    TABELA 5 CONSUMO DE GUA ESTIMADO PARA UMA RESIDNCIA DE ALTO PADRO NA

    CIDADE DE CURITIBA 74

    TABELA 6 - TARIFAS EXERCIDAS PELA COMPANHIA DE GUA E ESGOTO LOCAL 74

    TABELA 7 ECONOMIA ANUAL NA CONTA DE GUA 75

    TABELA 8 - TARIFAS EXERCIDAS PELA COMPANHIA DE ENERGIA ELTRICA LOCAL 75

    TABELA 9 CONSUMO E CUSTOS DE ENERGIA ELTRICA DA BOMBA EMPREGADA NO

    SISTEMA 76

    TABELA 10 RESUMO DE VALORES PARA ENTRADA NO FLUXO DE CAIXA 76

    TABELA 11 - PRECIPITAES MDIAS ANUAIS DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS ESTUDADAS

    96

    TABELA 12 - DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO AZEVEDO NETO

    ESTAO 2549075 97

    TABELA 13 - DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO AZEVEDO NETO

    ESTAO 2549002 98

    TABELA 14 - DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO AZEVEDO NETO

    ESTAO 2549006 99

    TABELA 15- DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO RIPPL ESTAO

    2549075 100

    TABELA 16-DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO RIPPL ESTAO

    2549002 101

  • 8

    TABELA 17-DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO RIPPL ESTAO

    2549006 102

  • 9

    SUMRIO

    1 INTRODUO 12

    2 OBJETIVOS 15

    2.1 OBJETIVO GERAL 15

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS 15

    3 REVISO BIBLIOGRFICA 16

    3.1 CONDOMNIOS HORIZONTAIS FECHADOS 16

    3.2 CONVENO DE CONDOMNIOS 17

    3.3 RELAO DA EXPANSO URBANA E DISPONIBILIDADE HDRICA 18

    3.4 APROVEITAMENTO DE GUA DA CHUVA 22

    3.4.1 Anlise dos Dados Hidrolgicos 24

    3.4.2 Estimativa de Demanda Residencial de gua 26

    3.4.3 Legislaes e Normas Vigentes 28

    3.4.4 Normatizao Federal 28

    3.4.5 Legislao Municipal 29

    3.4.6 Sistemas de Captao de gua de Chuva 30

    3.5 DISPOSITIVOS E ACESSRIOS PARA CAPTAO DA GUA DA CHUVA 31

    3.5.1 rea de Contribuio 31

    3.5.2 Calhas e Condutores Horizontais e Verticais 33

    3.5.3 Reservatrio 34

    3.5.4 Mtodos de Dimensionamento de Reservatrio 36

    3.5.5 Sistema de Recalque e Distribuio de gua no Potvel 37

    3.6 ESTAES DE TRATAMENTO DE GUA 41

    3.6.1 Tratamento e Destinao de Lodo de ETA 42

    3.7 ANLISE ECONMICA 42

    3.7.1 Payback 43

    3.7.2 Valor Presente Lquido - VPL 43

    3.7.3 Taxa Mdia de Retorno - TMR 44

    3.7.4 Taxa Interna de Retorno - TIR 44

  • 10

    4 MATERIAIS E MTODOS 46

    4.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 46

    4.1.1 Determinao do ndice Pluviomtrico 46

    4.1.2 Escolha das Estaes Pluviomtricas 47

    4.1.3 Anlise e Coleta de Dados 47

    4.1.4 Estabelecimento do ndice Pluviomtrico 48

    4.1.5 Determinao da Demanda de gua Potvel e No Potvel 48

    4.1.6 Dimensionamento do Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva 51

    4.1.7 Critrios para Escolha dos Componentes do Sistema de Aproveitamento de gua

    de Chuva 56

    4.2 DETERMINAO DO CUSTO DE IMPLANTAO E TEMPO DE RETORNO 56

    4.2.1 Payback Simples do Sistema 57

    4.2.2 Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva 57

    4.2.3 Economia Anual de gua Fornecida Pela Companhia de Abastecimento Local 58

    4.2.4 Custo Anual Com Energia Eltrica 58

    4.2.5 Custos Para Manuteno do Sistema 59

    4.3 PROPOSTA DE ADIO DE ITENS CONVENO DE CONDOMNIO 59

    4.4 CLCULO DA POSSVEL REDUO DE LODO DA ETA PASSANA COM O

    APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 59

    5 RESULTADOS 61

    5.1 LOCAL DE ESTUDO 61

    5.2 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 63

    5.2.1 Escolha das Estaes Pluviomtricas 63

    5.2.2 Anlise e Coleta de Dados 64

    5.2.3 Estabelecimento do ndice Pluviomtrico 66

    5.2.4 Determinao da Demanda de gua Potvel e No Potvel 66

    5.2.5 Dimensionamento do Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva 67

    5.2.6 Definio do Sistema Adotado para o Aproveitamento de gua de Chuva 71

    5.3 DETERMINAO DO CUSTO DE IMPLANTAO E TEMPO DE RETORNO 72

    5.3.1 Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva 72

    5.3.2 Economia Anual de gua Fornecida pela Companhia de Abastecimento Local 74

  • 11

    5.3.3 Custo Anual Com Energia Eltrica 75

    5.3.4 Custos para Manuteno do Sistema 76

    5.3.5 Mtodo Payback Simples Aplicado 76

    5.3.6 Alternativas para Reduzir o Tempo de Retorno do Investimento pelo Mtodo

    Payback Simples 77

    5.4 PROPOSTA DE ADIO DE ITENS CONVENO DE CONDOMNIO 78

    5.4.1 Itens Propostos para Aprovao de Projetos 78

    5.5 DETERMINAO DA REDUO NA PRODUO DE LODO DA ETA PASSANA COM O

    APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 79

    6 CONCLUSES E CONSIDERAES 81

    7 RECOMENDAES 83

    8 REFERNCIAS 85

    9 APNDICES 90

    10 ANEXOS 103

  • 12

    1 INTRODUO

    O ser humano mesmo dependendo da gua para sobrevivncia e para o desenvolvimento

    econmico polui e degrada esse recurso, atingindo tanto as guas superficiais quanto as

    subterrneas. O despejo de resduos lquidos e slidos em rios, lagos e represas e a destruio das

    matas e reas alagadas tm produzido contnua e sistemtica deteriorao e perdas extremamente

    elevadas em quantidade e qualidade de gua. Estudos mostram que apenas 15% dos 3% da gua do

    planeta esto disponveis como gua doce, sendo falsa a concepo de que ela seja abundante.

    Destes 3%, aproximadamente 75% esto congeladas nas calotas polares e cerca de 10% esto

    reservados nos aquferos (TUNDISI, 2003).

    A desigualdade social agrava a escassez de gua no mundo. As diferenas registradas

    entre os pases desenvolvidos e em desenvolvimento evidenciam este fato. Em pases do Continente

    Africano, onde a situao de falta d'gua j atinge ndices crticos de disponibilidade o consumo de

    gua por pessoa de 10 a 15 L.pessoa-1. J em Nova York, h um consumo exagerado de gua

    tratada que pode chegar a 1,00m.dia-1. (CETESB, 2013).

    Para a ONU (2013), um bilho de pessoas tem acesso restrito a um abastecimento de

    gua que proporcione o suficiente para consumo, ou seja, uma fonte que possa fornecer 20 litros de

    gua por pessoa por dia a uma distncia no superior a mil metros. Essas fontes incluem ligaes

    domsticas, fontes pblicas, fossos, poos, nascentes protegidas e a coleta de guas pluviais.

    O sculo XXI considerado a era urbana, previsto que dois teros da populao

    mundial vivam nas cidades at o ano de 2025. A concentrao intensificada da populao nas

    cidades e a urbanizao tendem a agravar o estado de escassez de gua e inundao nas cidades

    (GROUP RAINDROPS, 2002).

    Ocupaes irregulares em reas de mananciais ocorrem em larga escala, sendo uma

    preocupao pertinente e que merece a devida ateno face aos problemas que podem ser criados

    relativos a fatores ambientais, uma vez que, ocupaes irregulares impedem o planejamento

    adequado por parte do poder pblico, contribuindo para degradao do ambiente e aumento da

    poluio, inclusive da gua. Em contra partida, existem algumas medidas de carter preventivo e

    corretivo da atual situao, podendo ser citadas, entre elas, o aproveitamento de guas pluviais em

    residncias, condomnios e indstrias de forma a minimizar a demanda per capita atravs destes

    sistemas alternativos (GARCIAS e SANCHES, 2009).

  • 13

    Como soluo para os problemas dessa era, faz-se necessria a utilizao de novas

    alternativas para a produo de gua. A reciclagem e o reuso devero fazer parte de um programa de

    substituio, com o objetivo de diminuir o consumo de gua potvel por gua de chuva (TOMAZ,

    2001).

    O sistema de captao de guas pluviais uma das alternativas para combater a escassez

    de gua e promover a conservao das guas dos mananciais. As guas pluviais so captadas e

    armazenadas para um posterior consumo em usos no nobres como, por exemplo, rega de jardim,

    lavagens de carro, etc. (COSTA et al., 2006).

    Em pases como Alemanha e Austrlia, a captao de gua de chuva uma prtica

    bastante utilizada. Aliada a essas prticas, novos sistemas vem sendo desenvolvidos (FERNANDES,

    2009).

    Na Alemanha, o aproveitamento de gua de chuva incentivado pelas autoridades

    pblicas com o financiamento das construes dos sistemas de captao de guas pluviais,

    incentivando a economia de gua potvel com o objetivo de suprir futuras demandas e tambm

    conservar guas subterrneas que so utilizadas como fontes de recursos hdricos em muitas cidades

    do pas, (GROUP RAINDROPS, 2002).

    O Japo referncia mundial no quesito aproveitamento de gua de chuva, pois trata-se

    de um dos pases que mais utiliza a gua de chuva. Pode-se citar com o exemplo a cidade de Tquio,

    onde regulamentos do governo obrigam que prdios que possuam rea construda superior a 30.000

    m, ou que utilize mais de 100 m por dia de gua para fins no potveis faam a reciclagem de

    chuva, (TOMAZ, 2003).

    A cidade de Curitiba aprovou em 2003 a Lei N 10.785 que trata do Programa de

    Conservao e Uso Racional de gua nas Edificaes PURAE. Esta lei tem como principal objetivo

    conscientizar a populao a respeito da importncia da conservao da gua (CURITIBA, 2003).

    De acordo com artigo publicado no site da empresa Engeplas, o diretor do Controle de

    Edificaes de Curitiba afirma que com a Lei N 10.785, queles que apresentam projetos para obter

    a concesso de alvar para uma nova construo so obrigados a assinar um termo de compromisso

    se responsabilizando pela instalao do sistema de coleta e filtragem de gua de chuva, assim como

    as demais exigncias da lei. A verificao do cumprimento da lei feita ao final da obra, e assim se

    procede a liberao do Habite-se, documento que libera a edificao para a ocupao.

    O diretor tcnico da construtora Baggio da regio de Curitiba cita que a procura por

    informaes sobre sistemas de coleta de guas pluviais aumentou 20% no ltimo ano. De acordo

    com ele, em um projeto de uma casa com 250 metros quadrados, a instalao de um sistema de

  • 14

    reutilizao da gua da chuva acrescenta de 6% a 8% ao custo hidrulico da obra. Um estudo

    realizado por outra grande construtora da regio (TH) estima que h a possibilidade de suprir por

    oito meses do ano as descargas de vasos sanitrios de um condomnio somente com a gua da chuva

    armazenada.

    Na busca por um ciclo urbano da gua sustentvel, novas tecnologias de aproveitamento

    de fontes alternativas de captao de gua, novos e modernos dispositivos economizadores de gua

    e as tcnicas de projeto de sistemas hidrossanitrios assumem papel importante neste quesito, como

    a normatizao de equipamentos sanitrios, que visa maior controle sobre quantidade de gua em

    descarga de vasos sanitrios e aeradores em torneiras, uma realidade em pases da Europa e Estados

    Unidos. Entretanto o comportamento humano surge como crucial na luta contra a escassez

    (GONALVES, 2006).

    O aproveitamento de gua de chuva tende a ser uma prtica cada vez mais difundida e

    comum, tendo em vista que a necessidade evidenciada, gerada pela diminuio da oferta de gua

    provocar mudanas de hbitos e consumo na populao. Alm disso, o surgimento de novas

    tecnologias e aprimoramento daquelas j existentes para esse fim possibilitar o barateamento dos

    custos desses sistemas de aproveitamento, tornando vivel sua utilizao por um nmero cada vez

    maior de pessoas nos mais diversos pases.

  • 15

    2 OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Avaliar o aproveitamento da gua da chuva para fins no potveis em um condomnio

    horizontal.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Dimensionar um sistema de aproveitamento de gua de chuva

    Determinar o custo de implantao e manuteno do sistema, bem como o tempo de retorno financeiro com a implantao do sistema;

    Propor medidas na conveno de condomnio que proporcionem o aproveitamento de gua de chuva de modo a garantir a economia de gua potvel e maneiras de incentivar tais prticas.

    Avaliar os impactos na produo de lodo da Estao de Tratamento de gua para um cenrio de expanso do sistema de aproveitamento de gua de chuva em condomnios horizontais.

  • 16

    3 REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 CONDOMNIOS HORIZONTAIS FECHADOS

    A modalidade habitacional que consiste na unio de inmeros domiclios localizados na

    mesma rea fechada, denominados condomnios horizontais fechados, est em crescimento

    constante, como facilmente observado nas mdias e grandes cidades brasileiras.

    Segundo definio do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econmico (IPARDES) o

    termo domiclio se refere ao local de moradia estruturalmente independente, constitudo por um ou

    mais cmodos, com entrada privativa. Os domiclios classificam-se como coletivo e particular

    (IPARDES, 2011).

    O domiclio da pessoa natural o lugar onde ela estabelece a sua residncia de forma

    definitiva (BRASIL, 2002).

    Os condomnios horizontais, fechados por excelncia, caracterizam-se por planos

    urbansticos de uso residencial resultantes da diviso de uma gleba em: unidades residenciais, reas

    de circulao, reas verdes e de lazer privativas comunidade que nele habita. As reas comuns

    internas so privadas e mantidas pelos moradores mediante o pagamento mensal de uma taxa

    condominial. Cada unidade residencial uma frao ideal do terreno, ou seja, h uma diviso das

    reas internas comuns proporcionais rea de cada unidade residencial. Em suma, todos os

    proprietrios so donos de uma rea em comum, da explica-se o termo condomnio (DACANAL e

    GUIMARES, 2005).

    Sobre a classificao dos condomnios, Nisgoski (2007) afirma que, o conceito de alto,

    mdio e baixo padro de um condomnio no est associado apenas ao valor de compra e venda do

    imvel, pois este valor pode variar de acordo com a localizao e os servios oferecidos aos

    moradores.

    Ainda, segundo Zylberstayn (2006 apud Nisgoski 2007), as trs palavras que definem o

    alto luxo so segurana, lazer e servios. Alto, mdio e baixo padro so classificados pela

    quantidade e qualidade destes itens de infraestrutura e servios oferecidos pelas construtoras.

    As casas podem ser edificadas pelo construtor do condomnio, antes da venda de cada

    unidade, o que chamam de condomnios de casas prontas, ou podem ser construdas pelos

  • 17

    prprios habitantes aps a compra do lote, e neste caso denominam-se condomnio de lotes

    (DACANAL e GUIMARES, 2005).

    Maluf (2005 apud Nisgoski, 2007) diz que a propriedade comum deve ter seu uso e

    destinao disciplinados por conveno de condomnio e pelo regimento interno onde dever conter

    os deveres e direitos de cada morador, proprietrio ou inquilino.

    O Art. 1.334 do Cdigo Civil Brasileiro (Lei 10.406/2002) prev que a conveno coletiva

    determinar, entre outros: V - o regimento interno . Neste item podero ser inseridas exigncias

    para promover a economia de gua. O Art. 1.334 ainda prev IV - as sanes a que esto sujeitos os

    condminos, ou possuidores.

    A modalidade de condomnios horizontais vem crescendo de forma consistente. At

    metade da dcada de 70 as principais modalidades habitacionais disponveis maioria dos brasileiros

    nos mdios e grandes centros eram as casas e apartamentos implantados em lotes urbanos

    convencionais. A partir de ento, o mercado imobilirio props novas opes de moradias, dentre as

    quais, os condomnios horizontais fechados (MONACO DOS SANTOS, 2003).

    Isso ocorreu aps a Lei 4.591 de Dezembro de 1964, que instituiu os Condomnios

    Horizontais. O surgimento da lei ocorreu pela presso social, que tinha como principal anseio a

    legalizao dos condomnios j existentes desde meados da dcada de 20 e, at ento irregulares

    (SOARES, 1999).

    Ainda segundo Soares (1999), a modalidade de condomnio permitida anteriormente era

    relativa ao Decreto 5.481 de Junho de 1928 e fazia referncia apenas a prdios de dois ou mais

    pavimentos.

    Em Curitiba, os Condomnios dominam a regio oeste da cidade. Grandes lotes favorecem

    a instalao desse tipo de imvel em bairros como Santa Felicidade, Campo Comprido, Cascatinha,

    So Joo, So Braz e Santo Incio. Destaca-se que 62,9% dos terrenos dessa regio tm mais de 500

    metros quadrados e 40,4% deles so superiores a 750 metros quadrados. Essa grande rea a

    principal caracterstica dos imveis desta regio no municpio de Curitiba (GAZETA DO POVO, 2009).

    3.2 CONVENO DE CONDOMNIOS

    Esta categoria habitacional submete-se a uma organizao e estruturas especficas, ou

    seja, um regime jurdico prprio. A propriedade horizontal possui estrutura prpria que diferencia-se

  • 18

    de outros institutos jurdicos tradicionais, trata-se de um novo direito real, resultante da combinao

    de direitos reais preexistentes. (LOPES, 2000).

    Ainda segundo Lopes (2000), por essa razo que se faz necessria a criao de uma

    norma para reger problemas internos, criando-se a figura da Conveno de Condomnio, a qual tem

    carter estatutrio e institucional e suas definies atingem diretamente no s os moradores, os

    quais podem ser denominados signatrios da mesma, bem como aqueles que ingressam

    eventualmente no universo do condomnio, como funcionrios, amigos, familiares e convidados dos

    moradores, prestadores de servio, dentre outros.

    Por essas razes, a conveno de interesse de todos os condminos e, portanto, deve

    representar a vontade de vrias pessoas, sobrepondo-se ao interesse individual, como consta nos

    artigos que compe a Lei Federal conhecida como Lei de Condomnio n 4.591/1964, que dispe

    sobre o condomnio em edificaes e as incorporaes imobilirias.

    Em janeiro de 2003, entrou em vigor o novo Cdigo Civil (Lei Federal n 10.406/2002),

    redigido no ano anterior e que trouxe novas e predominantes interpretaes sobre as disposies da

    lei anterior, no caso a Lei de Condomnio de 1964 com seus 27 artigos. Tais disposies do novo

    Cdigo Civil compem os Artigos 1.331 a 1.358 (SECOVI, sem data)

    Entretanto, a Lei 4.591/1964 continua vlida para os assuntos que o novo Cdigo Civil de

    2003 no abrange, principalmente no que tange ao direito a propriedade, procedimentos para

    convocar e realizar assembleias, questes relativas despesas de condomnio, dentre outros

    assuntos.

    Por sua vez, o Cdigo Civil Brasileiro (Lei 10.406/2002) cria novas disposies dando a

    devida ateno a questes como a diferenciao de reas comuns de privativas, diversas mudanas

    relacionadas a multas em vrias categorias, como inadimplncia, multa por comportamento anti-

    social e descumprimento de normas. H tambm alteraes tcnicas como no caso do Artigo 1.349

    que dispe sobre a quantidade de condminos necessrios para destituir um sndico, passando dos

    2/3 da Lei 4.591/1964 para a maioria absoluta, no caso metade mais um, de acordo com o novo

    Cdigo Civil.

    3.3 RELAO DA EXPANSO URBANA E DISPONIBILIDADE HDRICA

    A gua pode ser encontrada na atmosfera sob a forma de vapor, partculas lquidas, ou

    ainda em gelo e neve e est distribuda na atmosfera, na superfcie da terra e no subsolo.

  • 19

    De acordo com Pinto et al. (1974) pela evaporao que se mantm o ciclo hidrolgico.

    Destaca-se a importncia de apresentar os valores aproximados, obtidos para os Estados Unidos

    referentes s propores das principais fases do movimento da gua. Do volume total que atinge o

    solo, cerca de 25% alcanam os oceanos na forma de escoamento superficial, enquanto que 75%

    retornam atmosfera por evaporao. Destes, 40% iro precipitar-se diretamente sobre os oceanos,

    e 35% novamente sobre o continente, e somando-se contribuio 65% resultantes da evaporao

    das grandes massas lquidas, para completar o ciclo.

    A figura 1 apresenta o ciclo hidrolgico, onde aps precipitada parte desta gua infiltra no

    solo abastecendo os lenis freticos e rios, parte evapora formando novas nuvens e parte escoa

    superficialmente descarregando em mares e outros rios.

    Colho (2001), a respeito do crescimento populacional na Terra, cita que com o avano da

    tecnologia, da medicina e do conhecimento humano nas diversas reas a populao tem crescido de

    forma extraordinria. No ano 1000 da era crist a populao era de 310 milhes de habitantes, em

    1500 ramos 500 milhes de habitantes, em 1900 um bilho e 260 milhes de habitantes. Em 1950,

    a populao era de dois bilhes e 250 milhes de habitantes, ou seja, em 50 anos duplicamos a

    populao. Em 1999 alcanamos seis bilhes de habitantes e em 2011 a marca de sete bilhes j foi

    atingida. Estima-se para o ano de 2050 uma populao de aproximadamente 9 bilhes de habitantes.

    FIGURA 1 CICLO HIDROLGICO.

    FONTE: PINTO et al., 1998

  • 20

    A taxa de evoluo populacional est em franco crescimento e muitas vezes de forma desordenada,

    principalmente nos grandes centros urbanos.

    Ainda segundo dados da Organizao das Naes Unidas, (ONU), mensalmente, pases em

    desenvolvimento recebem cerca de 5 milhes de novos residentes. No , portanto, tarefa simples

    garantir que todos recebam gua em qualidade e quantidade suficientes. Este problema se agrava

    pelas constantes necessidades de ampliao de infraestrutura de abastecimento, ou ainda pelas

    incertezas climticas e a sucesso de eventos crticos extremos como cheias e estiagens (TRIGUEIRO,

    2005).

    No mbito mundial, a disponibilidade de gua mostra a realidade alarmante, de que ela

    um bem finito e que no um recurso abundante, ou seja, deve-se prezar pela manuteno,

    qualidade dos recursos hdricos disponveis. Desta forma importante a conscientizao das pessoas

    para que todos participem para a preservao dos nossos recursos hdricos, pois Colho (2001) se

    refere necessidade da preservao destes recursos para que as populaes atuais e futuras no

    recebam como herana a falta de gua.

    Toda esta problemtica no se limita apenas preservao e conservao dos recursos

    hdricos. importante destacar a necessidade do uso eficiente da gua que inclui toda medida que

    reduza a quantidade de gua que se utiliza em qualquer atividade, e que favorea a manuteno e a

    melhoria da qualidade da gua, (COLHO, 2001).

    Para a Agncia Nacional de guas (ANA), no mbito nacional esta realidade no

    diferente, apesar do Brasil possuir aproximadamente 12% da gua doce superficial disponvel na

    Terra, h uma distribuio territorial natural bastante desigual desses recursos. Assim tem-se que

    45% da extenso territorial do pais concentra 73,6% dos recursos hdricos do pas ANA (2009).

    O Brasil tem caractersticas histricas relativas a sua colonizao e ocupao que explicam

    a aparente contradio entre abrigar uma das maiores reservas de gua do planeta e ainda assim

    sofrer com problemas de escassez. Hoje o Brasil concentra a maior parte da sua populao nas

    regies Sudeste onde esta continua sendo a mais urbanizada, apresentando um grau de urbanizao

    de 92,9%. As Regies Centro-Oeste e Sul tm, respectivamente, 88,8% e 84,9% de populao IBGE

    (2010).

    Tomaz (2001), destaca o fato de que 68,5% dos recursos hdricos do Brasil esto na regio Norte,

    enquanto que o Nordeste apresenta 3,3%, Sudeste 6,0%, Sul 6,5% e Centro-Oeste 15,7%. O

    interessante que apesar da regio norte possuir 68,5% da nossa gua doce, possui somente 6,83%

    da populao, enquanto que o Nordeste tem 28,94%, a regio Sudeste 42,73%, o Sul 15,07% e o

  • 21

    Centro-Oeste 6,43%. Observa-se, que o Brasil possui grande quantidade de gua distribuda de forma

    no uniforme.

    A realidade nacional bastante alarmante quando se entra no mrito das companhias de

    abastecimento de gua. Os ndices de perda apresentam valores bastante significativos. Segundo

    dados do Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento, SNIS (2010), o ndice mdio nacional

    de perdas nas redes de distribuio de gua de 35,9%. Destaca-se o fato deste ser o menor ndice

    nos ltimos 16 anos. Ainda segundo o SNIS, tais ndices esto diretamente associados qualidade da

    infraestrutura e da gesto dos sistemas. Para explicar este fato, algumas hipteses podem ser

    levantadas, tais como falhas na deteco de vazamentos, redes de distribuio funcionando com

    presses muito altas, elevados problemas na qualidade da operao dos sistemas, dificuldade no

    controle das ligaes clandestinas e na aferio/calibrao dos hidrmetros, ausncia de programa

    de monitoramento de perdas, dentre outras hipteses.

    A figura 2 apresenta a distribuio espacial do ndice de perdas na distribuio de gua

    segundo os estados brasileiros.

    Comparando com outros pases, Colho (2001) apresenta as perdas em algumas cidades

    do mundo, tais como Frankfurt com perdas na ordem de 4,81%, Hamburgo com 5,67% de perdas e

    ainda Groningen com 5,30% de perdas.

    FIGURA 2 REPRESENTAO ESPACIAL DO NDICE DE PERDAS NA DISTRIBUIO DE GUA SEGUNDO OS ESTADOS.

    FONTE: SNIS, 2010.

  • 22

    Segundo o Censo 2010, o Paran possui 10,44 milhes de habitantes, distribudos em 399

    municpios, em sua maior parte inserido na regio hidrogrfica do Paran. Dos municpios que so

    abastecidos exclusivamente por mananciais superficiais, 22% concentram-se nas pores leste e sul

    do estado. J os que so abastecidos somente por mananciais subterrneos somam 56 % dos

    municpios e outros 22% so abastecidos de forma mista (ANA, 2011).

    importante destacar que o Paran apresenta uma das menores taxas de perdas na

    distribuio de gua, algo na ordem de 32,4%, em 2010 (SNIS, 2010).

    O Sistema de abastecimento de gua da Regio Metropolitana de Curitiba composto por

    quatro sistemas produtores: Sistema Iguau, Ira, Passana e Miringuava. Apresenta ndice de

    atendimento de gua igual a 100% e ndice de perdas de 38,1% dentro da mdia estadual que varia

    de 30 a 40%.

    O jornal Gazeta do Povo publicou reportagem afirmando que, de acordo com a

    Organizao das Naes Unidas (ONU), uma pessoa precisa de 110 litros de gua tratada por dia para

    satisfazer, com conforto, suas necessidades bsicas de consumo e higiene. No entanto, entre as dez

    maiores cidades do Paran, em trs delas o gasto per capita est acima do ndice recomendado.

    Informaes da Companhia de Saneamento do Paran, mostram que Londrina, Maring e Curitiba,

    nesta ordem, so os municpios mais gastadores de gua, com taxas de consumo mdio domiciliar

    per capita de 121,79, 121,60 e 115,61 litros ao dia, respectivamente. Os valores referem-se ao

    perodo entre julho de 2010 e julho de 2011.

    Em uma residncia de alto padro, o consumo de gua de 250 L.hab-1.dia-1 (SANEPAR

    2010).

    Diante de todas as questes que envolvem a gua, onde se estima que a populao

    mundial atinja a casa de 9 bilhes de habitantes em 2050 e os desafios de garantir que todos

    recebam gua em qualidade e quantidade suficientes, se faz necessrio a utilizao de novos meios

    de aproveitamento de gua de modo a minimizar os impactos causados por toda a problemtica

    envolvendo a gua.

    3.4 APROVEITAMENTO DE GUA DA CHUVA

    A chuva, em grande parte da Regio Sul e no caso especfico do Estado do Paran, uma

    fonte de gua facilmente obtida. Aproveitar a gua da chuva ser uma das medidas contra o

  • 23

    racionamento. Ento, pode-se dizer que esse aproveitamento uma alternativa para evitar a crise da

    gua no mundo (GROUP RAINDROPS, 2002).

    Tomaz (2007) define gua de chuva como sendo aquela que coletada nos telhados

    inclinados ou planos onde no haja passagem de pessoas ou veculos. Cita ainda que no se deve

    utilizar o termo reuso de gua de chuva, ou reaproveitamento, para o aproveitamento de gua de

    chuva, dado que o termo reuso utilizado para casos onde a gua j foi utilizada pelo homem para

    a lavagem das mos, bacias sanitrias, lavagem de roupas e banhos. E o termo reaproveitamento

    semelhantemente ao reuso, tambm no se aplica, pois indica que a gua da chuva j foi utilizada.

    A questo da disponibilidade de gua para consumo humano torna-se a cada dia que

    passa mais crtica. Com o aumento da populao, o aumento da disponibilidade e manuteno da

    qualidade da gua para saciar este aumento na demanda, contrasta com o paradoxo relativo

    problemtica enfrentada na conservao e uso adequado dos recursos hdricos, diretamente

    afetados pela ocupao humana desordenada em reas de mananciais. Diante deste fato, faz-se

    necessria a busca por novas alternativas na obteno deste recurso, sendo uma delas, o

    aproveitamento de gua de chuva.

    Tomaz (2007) afirma que os motivos que decidem pela utilizao da gua da chuva ou

    no, so os seguintes:

    Conscientizao e sensibilidade da necessidade da conservao da gua;

    Regies com disponibilidade hdrica inferior a 1200m.hab. Ano;

    Elevadas tarifas de gua das concessionrias de pblicas;

    Retorno de investimento (Payback) muito rpido;

    Instabilidade do fornecimento de gua pblica;

    Exigncia de lei especfica;

    Regies onde a estiagem maior que 5 meses por ano;

    Regies onde o ndice de aridez seja menor ou igual a 0,50.

    Para Sautchuk (2004), o aproveitamento da gua de chuva apresenta alguns aspectos

    positivos, onde se destaca a diminuio do consumo de gua potvel, desonerando as companhias

    de saneamento no quesito fornecimento de gua potvel e tambm o fato da edificao em questo

    promover a diminuio do problema de possveis enchentes.

    Para Fendrich e Oliynik (2002), a tecnologia para operar um sistema de utilizao de guas

    pluviais deve integrar as seguintes tcnicas:

    Coleta das guas pluviais dos telhados, coberturas, marquises, etc;

    Armazenamento das guas pluviais em reservatrios;

  • 24

    Verificao da qualidade das guas pluviais;

    Abastecimento local pelo uso das guas pluviais;

    Drenagem do excesso das guas pluviais provocado pelas chuvas intensas;

    guas pluviais complementares s do abastecimento pblico das cidades, em pocas de estiagem (emergncias);

    Eliminao da gua coletada no incio das chuvas.

    No Paran, a deteno de guas pluviais tem seus primeiros passos dados em 1982, no

    estudo pioneiro realizado no reservatrio de deteno das guas pluviais na cidade de Planaltina do

    Paran, com capacidade mxima de 9.700m.

    3.4.1 Anlise dos Dados Hidrolgicos

    Para Pinto et al. (1976) em sntese, o estudo da hidrologia compreende a coleta de dados

    bsicos, como por exemplo, a quantidade de gua precipitada ou evaporada e a vazo de rios.

    Segundo Pinto et al. (1976), para o correto processamento dos dados observados nos

    pontos pluviomtricos se faz necessrio proceder algumas anlises que visam verificar os valores a

    serem utilizados. Tais como:

    Deteco de erros grosseiros;

    Preenchimento de Falhas;

    Verificao da Homogeneidade dos dados;

    3.4.1.1 Deteco de Erros Grosseiros

    Ainda segundo Pinto et al. (1976), inicialmente deve-se procurar a deteco de erros,

    como observaes marcadas em dias que no existem, como 30 de fevereiro, quantidade de chuva

    absurda que sabidamente no podem ter ocorrido.

    Pinto et. al (1976) salienta a respeito da importncia da fase de coleta de dados. A

    hidrologia baseia-se, essencialmente em elementos observados e medidos no campo. O

    estabelecimento de postos pluviomtricos ou fluviomtricos e a sua manuteno ininterrupta ao

    longo do tempo so condies absolutamente necessrias ao estudo hidrolgico. Desta forma alguns

    procedimentos so necessrios em caso de inconsistncia nos dados hidrolgicos.

  • 25

    3.4.1.2 Preenchimento de Falhas

    Pode haver dias sem observao ou mesmo intervalos de tempo maiores, por

    impedimento do encarregado, ou pelo aparelho estar estragado (PINTO et al., 1976).

    Neste caso, Teixeira (2010), afirma que o mtodo da Ponderao Regional pode ser

    adotado. Trata-se de um mtodo simplificado utilizado para o preenchimento de sries mensais ou

    anuais de precipitaes, visando homogeneizao do perodo de informaes e a anlise estatstica

    das precipitaes. Para Pinto et. al (1976), a srie de dados que dispe uma estao X, dos quais se

    conhece a mdia Mx, num determinado nmero de anos, apresenta lacunas que devem ser

    preenchidas. Em geral adota-se o seguinte procedimento:

    1) Supe-se que a precipitao no ponto X(Px) seja proporcional s precipitaes nas estaes

    vizinhas A, B, e C, num mesmo perodo, que sero representadas por Pa, Pb e Pc.

    2) Supe-se que o coeficiente de proporcionalidade seja a relao entre a mdia Mx e as mdias

    Ma, Mb e Mc, no mesmo intervalo de anos, isto , que as precipitaes sejam diretamente

    proporcionais a suas mdias.

    3) Adota-se como valor Px a mdia ponderada entre os trs valores calculados a partir de A, B e

    C.

    +

    +

    = Pc

    McMxPb

    MbMxPa

    MaMx

    NPx ....1

    (1)

    Onde:

    N o nmero de estaes comparadas;

    Mx, Ma, Mb e Mc so as mdias das precipitaes nas estaes X, B, C e D em mm/ms;

    Pa, Pb e Pc so as precipitaes observadas nas estaes B, C e D no perodo de falha em mm/ms.

    Teixeira (2010), complementa que a escolha dos postos a serem utilizados no mtodo da

    ponderao regional deve levar em considerao um intervalo mnimo de srie (usualmente 30 anos)

    e estar em uma regio climatolgica semelhante.

  • 26

    3.4.1.3 Verificao de Homogeneidade dos Dados

    De acordo com o Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS), para anlise de

    consistncia de sries pluviomtricas, devem ser elaboradas curvas duplo-acumulativas, tambm

    denominadas dupla-massas. So critrios fundamentais que sejam utilizados dados de postos de

    medies com a mesma caracterstica climatolgica, onde os registros totais mensais acumulados

    sejam comparados com dados de um posto confivel ou de valores mdios de vrios outros postos.

    A ONS destaca ainda que para a correta anlise dos dados pluviomtricos devem ser identificados

    perodos comuns entre as estaes evitando preenchimentos de falhas.

    3.4.2 Estimativa de Demanda Residencial de gua

    Tomaz (2000, apud May, 2004) cita que a gua para consumo humano pode ser

    distinguida da seguinte forma:

    gua potvel onde poder ser utilizada para beber, preparao de alimentos e higiene pessoal;

    gua no potvel, utilizada para irrigao, lavagem de jardins e veculos e descarga de vasos sanitrios.

    O quadro 1 apresenta parmetros de engenharia para consumo interno de uma residncia e seus

    principais usos.

    USO INTERNO UNIDADE PARMETROS

    INFERIOR SUPERIOR MAIS PROVVEL

    Gasto mensal m.pessoa.ms 3 5 4

    Nmero de pessoas na casa Pessoa 2 5 3,5

    Descarga na bacia sanitria Descarga.pessoa.dia 4 6 5

    Volume de descarga da bacia sanitria Litros.descarga 6,8 18 9

    QUADRO 1-PARMETROS DE ENGENHARIA PARA CONSUMO EM REAS EXTERNAS UMA RESIDNCIA FONTE: Adaptado de TOMAZ (2007)

    J o quadro 2 apresenta parmetros de engenharia para consumo externo de uma

    residncia.

  • 27

    Consumo em reas externas de uma residncia

    USO EXTERNO UNIDADE QUANTIDADE

    Gramado ou jardim Litros.dia.(m) 2

    Lavagem de carros Litros.lavagem.carro 150

    Frequncia de lavagem de carros Lavagem.ms 4

    Mangueira de jardim 1/2" x 20m Litros.dia 50

    Tamanho da casa m 30 a 450

    Tamanho do lote m 125 a 750

    QUADRO 2-PARMETROS DE ENGENHARIA DE CONSUMO EM REAS EXTERNAS UMA RESIDNCIA FONTE: Adaptado de TOMAZ (2007)

    A NBR 5626 (ABNT, 1998), estabelece exigncias e recomendaes relativas ao projeto,

    execuo e manuteno da instalao predial de gua fria. Trata fundamentalmente a respeito dos

    princpios de bom desempenho da instalao e da garantia de potabilidade da gua no caso de

    instalao de gua potvel. O Quadro 3 apresenta vazes de dimensionamento em funo do

    aparelho sanitrio e pea de utilizao.

    Vazo nos pontos de utilizao conforme aparelho de utilizao

    Aparelho sanitrio Pea de utilizao

    Vazo de

    projeto (L.s-1)

    Banheira Caixa de gua 0,15

    Vlvula de descarga 1,7

    Bebedouro Registro de presso 0,3

    Bid Misturador (gua fria) 0,1

    Chuveiro ou ducha Misturador (gua fria) 0,1

    Chuveiro eltrico Registro de presso 0,2

    Lavadora de pratos ou roupas Registro de presso 0,1

    Lavatrio Torneira ou misturador (gua fria) 0,3

    Mictrio cermico

    Com sifo integrado Vlvula de descarga 0,15

    Sem sifo integrado Caixa de gordura, registro de presso, ou vlvula de descarga para mictrio

    0,5

    0,15

    Mictrio tipo calha Caixa de descarga ou registro de presso

    0,15 por

    metro de

    calha

    Pia Torneira ou misturador (gua fria) 0,25

    Torneira eltrica 0,1

    Tanque Torneira 0,25

    Torneira de jardim ou lavagem geral Torneira 0,2

    QUADRO 3 VAZO NOS PONTOS NOS PONTOS DE UTILIZAO CONFORME APARLHO SANITRIO E PEA DE UTILIZAO

    FONTE: Adaptado da NBR 5626 (ABNT, 1998)

  • 28

    3.4.3 Legislaes e Normas Vigentes

    No Brasil ainda no existe uma legislao especfica para aproveitamento de gua de

    chuva que tenha como objetivo estabelecer padres de qualidade que esta gua deva atender para

    os seus diferentes usos. Desta forma torna-se necessrio adotar a legislao vigente, mesmo que em

    carter temporrio.

    3.4.4 Normatizao Federal

    Padres de qualidade da gua da chuva que podero ser adotados conforme a NBR 13969

    (ABNT, 1997), Tanques spticos Unidades de tratamento complementar e disposio final dos

    efluentes lquidos Projeto, Construo e Operao, onde o item 5.6 citado que o esgoto tratado

    deve ser reutilizado para fins que exigem qualidade de gua no potvel, mas sanitariamente segura,

    tais como irrigao dos jardins, lavagem dos pisos e dos veculos automotivos, na descarga dos vasos

    sanitrios, na manuteno paisagstica dos lagos e canais com gua, na irrigao dos campos

    agrcolas e pastagens, etc.

    A NBR 15527 (ABNT, 2007), gua de Chuva Aproveitamento de Coberturas em reas

    urbanas para fins no potveis fornece requisitos para o aproveitamento de gua de chuva de

    cobertura em reas urbanas para fins no potveis, como: descarga em bacias sanitrias, irrigao de

    gramados e plantas ornamentais, lavagem de veculos, limpeza de caladas e ruas, limpeza de ptios,

    espelhos dgua e usos industriais, conforme dados constates no quadro 4.

    Parmetros de gua de Chuva para Fins No potveis

    PARMETRO ANLISE VALOR

    Coliformes totais Semestral Ausncia em 100 mL

    Coliformes termotolerantes Semestral Ausncia em 100 mL

    Cloro residual livre Mensal 0,5 a 3,0 mg/L

    Turbidez Mensal < 2,0 uT para usos menos restritivos e < 5,0 uT

    Cor aparente Mensal < 15 uT

    pH Mensal 6,0 a 8,0 no caso de tubulaes de ao carbono ou galvanizado

    QUADRO 4 - PARMETROS DE GUA DE CHUVA PARA FINS NO POTVEIS FONTE: Adaptado da NBR 15527 (ABNT, 2007).

    A norma NBR 5626 (ABNT, 1998), estabelece exigncias e recomendaes relativas ao

    projeto, execuo e manuteno da instalao predial de gua fria.

  • 29

    A NBR 10844 (ABNT, 1989), fixa exigncias e critrios necessrios aos projetos das

    instalaes de drenagem de guas pluviais, visando a garantir nveis aceitveis de funcionalidade,

    segurana, higiene, conforto, durabilidade e economia.

    Alm das normas e portarias citadas anteriormente, possvel adotar como referncia na

    questo do aproveitamento de gua da chuva, a publicao Conservao e Reuso da gua de Chuva

    em Edificaes, realizado pela Agncia Nacional de guas (ANA), Superintendncia de Conservao

    de gua no Solo (SAS/ANA), Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (FIESP), Sindicato da

    Indstria da Construo do Estado de So Paulo (SindusCon-SP) e Comit de Meio Ambiente do

    SindusCon-SP (COMASP), que indica valores de parmetros de qualidade de gua para reuso

    apresentados no quadro 5.

    Parmetros de Qualidade de gua para Reuso

    PARMETRO UNIDADE CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3 CLASSE 4

    Coliformes Fecais NMP.100 ml-1 No Detectveis 1000 200/100 -

    pH - 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 5,0 - 8,3

    Cor uH 10 - < 30 -

    Turbidez UT 2 - < 5 -

    Odor e aparncia - No Detectveis No desagradveis - -

    leos e Graxas mg . L-1 No Detectveis 1,0 - -

    DBO mg . L-1 10 30 < 20 -

    DQO mg . L-1 - - - 75

    Compostos Orgnicos Volteis - Ausentes Ausentes - -

    Nitrato mg . L-1 10 - - -

    Nitrogncio Amoniacal mg . L-1 20 - - -

    Nitrito mg . L-1 1 - - -

    Nitrognio total mg . L-1 - - 5 - 30 -

    Fosforo total mg . L-1 0,1 - - -

    Slido Suspenso Total mg . L-1 5 30 < 20 5000

    Slido dissolvido total mg . L-1 500 - - 1000

    Cloretos mg . L-1 - - - 600

    Dureza mg . L-1 - - - 850

    Alcalinidade mg . L-1 - - - 500

    Sulfatos mg . L-1 - - - 680

    QUADRO 5 - PARMETROS DE QUALIDADE DE GUA PARA REUSO FONTE: Adaptado de SAUTCHUCK et al., (2005)

    3.4.5 Legislao Municipal

    O municpio de Curitiba aprovou a Lei n 10.785 de 18 de dezembro de 2003 que trata do

    Programa de Conservao e Uso Racional da gua nas Edificaes PURAE. Esta lei objetiva instruir

    medidas que promovam o uso racional de gua, utilizando fontes alternativas para captao de gua

    e conscientizando o usurio a respeito da importncia da conservao da mesma. O artigo 5 da lei

  • 30

    ainda prev que as novas edificaes utilizem aparelhos e dispositivos que promovam a economia de

    gua e, nos casos de apartamentos, os hidrmetros de medio de gua devero ser individuais.

    Ainda segundo a PURAE (2003), fazem parte das aes de utilizao de fontes alternativas

    a captao, armazenamento, e a utilizao de gua proveniente das chuvas e guas servidas, onde

    estas sejam aproveitadas para fins no potveis, como consta no artigo 7 da mesma Lei que cita

    usos especficos como: rega de jardins e hortas, lavagem de roupas, lavagem de veculos, caladas e

    pisos. (PURAE, 2003.)

    3.4.6 Sistemas de Captao de gua de Chuva

    Mazer (2010) afirma que um sistema de captao de gua de chuva consiste em

    armazenar a gua de chuva que primeiramente cai sobre o telhado ou lajes das edificaes e escoa

    at um reservatrio de acumulao por meio de calhas, condutores horizontais e verticais passando

    por equipamentos de filtragem e descarte de impurezas. Eventualmente alguns sistemas podem ser

    dotados de sistema de descarte das primeiras guas da chuva. Aps armazenada, a gua e bombeada

    para um segundo reservatrio (elevado), de onde a gua distribuda por condutores exclusivos at

    o seu destino final.

    A figura 3 apresenta um esquema do funcionamento de um sistema de aproveitamento

    de gua de chuva. Neste caso a chuva precipitada na rea de captao direcionada at a calha

    coletora, em seguida a gua segue para o condutor vertical e o condutor horizontal at o

    reservatrio de gua. A normas NBR 10844 (ABNT, 1989), fornece os requisitos para instalaes

    prediais de guas pluviais.

    FIGURA 3 - ESQUEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA.

    FONTE: Adaptado de Sempre Sustentvel (s.d.)

  • 31

    3.5 DISPOSITIVOS E ACESSRIOS PARA CAPTAO DA GUA DA CHUVA

    Tomaz (2007) cita que algumas definies so importantes para o entendimento do

    aproveitamento de gua de chuva, so elas:

    gua no potvel: a gua que no atende a portaria n 2.914/2011 do Ministrio da Sade.

    Calhas e condutores horizontais e verticais: devem atender a NBR 10844/89 e so dimensionadas para atender vazes de pico para determinado tempo de retorno especificado.

    Reservatrio Intermedirio: local onde a gua de chuva dever ser armazenada para posterior utilizao

    rea de Captao: rea em metros quadrados projetadas na horizontal da superfcie onde a gua captada

    Coeficiente runoff (C) ou escoamento superficial: coeficiente que representa a relao entre volume total escoado e volume total precipitado variando conforme superfcie, apresentado no quadro 6.

    Coeficientes de Runoff

    Material Telhado Coeficiente runoff

    Telhas Cermicas 0,8 a 0,9

    Telhas Esmaltadas 0,9 a 0,95

    Telhas corrugadas de metal 0,8 a 0,9

    Cimento amianto 0,8 a 0,9

    Plstico, PVC 0,9 a 0,95

    QUADRO 6- COEFICIENTES DE RUNOFF FONTE: Adaptado de TOMAZ (2007)

    3.5.1 rea de Contribuio

    A NBR 10844 (ABNT, 1989), define que rea de contribuio a soma das reas das

    superfcies que interceptam a chuva e a conduz at determinado ponto da instalao. A norma ainda

    diz que para o clculo da rea de contribuio deve-se utilizar a equao 2.

    bhaAc .2

    +=

    (2)

  • 32

    J para o clculo da vazo de projeto a mesma norma preconiza a utilizao da equao

    (3).

    60.AIQ =

    (3)

    Onde:

    Q = Vazo de projeto, em L.mm-1

    I = Intensidade pluviomtrica, em mm.h-1;

    A = rea de contribuio, em m.

    Para Fendrich (2003, apud Mazer 2010) o clculo da intensidade de precipitao mxima

    de acordo com o tempo de retorno, para a regio de Curitiba, deve ser feita atravs da equao

    atualizada mostrada a seguir:

    041,1

    159,0

    )41(.64,726.5

    +=

    t

    Ti r

    (4)

    Onde:

    i = intensidade de precipitao mxima mdia em mm.h-1;

    t = tempo de durao da chuva em min;

    Tr = tempo de recorrncia em anos.

    FIGURA 4 - INDICAO PARA CLCULO DA REA DE CONTRIBUIO.

    FONTE: Adaptado da NBR 10844 (ABNT, 1989)

  • 33

    A norma NBR 10844 (ABNT, 1989), ainda diz que o perodo de retorno deve ser fixado

    segundo as caractersticas da rea a ser drenada, obedecendo ao estabelecido a seguir:

    T = 1 ano, para reas pavimentadas, onde empoamentos possam ser tolerados;

    T = 5 anos, para coberturas e/ou terraos;

    T = 25 anos, para coberturas e reas onde empoamentos ou extravasamento no possa ser

    tolerado.

    3.5.2 Calhas e Condutores Horizontais e Verticais

    CALHAS

    Calhas so canais que recebem as guas provenientes do telhado, terraos ou similares e

    as conduzem a um ponto de destino

    NBR 10844 (ABNT, 1989).

    Ainda segundo a NBR 10844 (ABNT, 1989), o dimensionamento das calhas deve ser

    realizado pela equao de Manning-Strickler, indicada a seguir:

    2/13/2.. iRh

    n

    SKQ =

    (5)

    Onde:

    Q =Vazo de projeto, em L.min

    S =rea da seo molhada, em m

    n = coeficiente de rugosidade (ver quadro 7)

    R h= raio hidrulico, em m

    P = permetro molhado, em m

    i = declividade da calha, em m.m-1

    K = 60.000

    A NBR 10844 (ABNT, 1989), tambm cita os coeficientes de rugosidade a serem adotados

    conforme o material utilizado. Os coeficientes esto apresentados quadro 7.

  • 34

    Material n

    Plsticos, fibrocimento, ao, metais no-ferrosos 0,011

    Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0,012

    Cermica, concreto no-alisado 0,013

    Alvenaria de tijolos no-revestida 0,015

    QUADRO 7- COEFICIENTES DE RUGOSIDADE CONFORME TIPO DE MATERIAL FONTE: Adaptado da NBR 10844 (ABNT, 1989)

    CONDUTORES VERTICAIS

    De acordo com a NBR 10844 (ABNT, 1989). Condutores verticais so tubulaes verticais

    que recebem as guas das calhas e as conduzem a parte inferir do edifcio.

    Para o correto dimensionamento dos condutores verticais necessrio a utilizao do

    baco, mostrado no anexo 1, segundo a mesma norma.

    CONDUTORES HORIZONTAIS

    Condutores horizontais so dispositivos, canais ou tubulaes, responsveis por conduzir

    as guas pluviais at locais permitidos pelos dispositivos legais NBR 10844 (ABNT, 1989).

    O dimensionamento do dimetro do condutor horizontal determinado em funo da

    declividade e da vazo utilizando o quadro 8.

    Dimetro interno (mm) n=0,011

    0,50% 1,00% 2,00% 4,00%

    50 32 45 64 90

    75 95 133 188 267

    100 204 207 405 575

    125 370 521 735 1040

    150 602 847 1190 1690

    200 1300 1300 1820 2570

    250 2350 3310 4660 6620

    300 3820 5380 7590 10800

    QUADRO 8 - DIMETROS DOS CONDUTORES HORIZONTAIS EM FUNO DA DECLIVIDADE E DA VAZO EM L.min-1 FONTE: Adaptado da NBR 10844 (ABNT, 1989)

    3.5.3 Reservatrio

    O reservatrio dever ser coberto com tampa de inspeo e ser dotado de extravasor

    para o caso de ocorrer excesso de gua no interior do reservatrio. O reservatrio dever possuir

  • 35

    unidade se recalque e no fundo um sistema de drenagem para proporcionar eventuais manutenes

    (FENDRICH 2002, apud MAZER 2010).

    De acordo com a NBR 5626 (ABNT, 1998), o reservatrio inferior dever ser concebido

    para permitir sua efetiva operao e manuteno de forma simples e econmica. Deve-se ainda ser

    executado dentro de compartimento prprio. O compartimento deve ser dotado de drenagem por

    gravidade, ou bombeamento, sendo que, neste caso, a bomba hidrulica deve ser instalada em poo

    adequado e dotada de sistema eltrico que adverte em casos de falha no funcionamento na bomba.

    A figura 5 apresenta o corte esquemtico de uma cisterna dotada de sistema de

    bombeamento. A gua da chuva conduzida por meio de uma tubulao horizontal at o filtro,

    onde slidos em suspenso sero retidos. Em seguida a gua filtrada ser direcionada at a

    cisterna. A entrada da tubulao se d pela parte superior e em seguida segue para o fundo da

    cisterna at o freio dgua. O nvel de gua ser controlado por um sistema de boia, onde em

    caso de excesso de gua, esta ser direcionada para um extravasor e em seguida at o sistema

    de drenagem de guas pluviais do condomnio. O sistema de bombeamento est localizado fora

    da cisterna, facilitando possveis manutenes. Sua instalao necessria para conduzir a gua

    do interior da cisterna at o reservatrio superior.

    Muitas iniciativas em utilizar as guas pluviais para os consumos no potveis da

    populao esto em andamento no pas. Leis, decretos, planos diretores de drenagem urbana e

    normas tcnicas apontam para que, cada vez mais, o Aproveitamento de gua de Chuva seja

    adotado. No entanto, as atuais recomendaes tcnicas para tais medidas so um tanto divergentes,

    FIGURA 5 - ESQUEMA PARA INSTALAO DE CISTERNA COM BOMBEAMENTO.

    FONTE: Aqualimp (2010)

  • 36

    no que diz respeito ao dimensionamento do reservatrio para armazenamento da gua coletada

    (DORNELLES et al., 2010).

    3.5.4 Mtodos de Dimensionamento de Reservatrio

    MTODO DE RIPPLL

    Para determinar a capacidade de um reservatrio, alguns mtodos tm como base o

    Perodo Crtico, ou seja, de pouca chuva, utilizam e identificam sequncia de dados onde a demanda

    maior que a produo. Um exemplo deste mtodo o de Rippl (ANNECCHINI, 2005).

    GARCEZ (1974, apud PROSAB, 2006) diz que o mtodo de Rippl utilizado para calcular o

    volume de armazenamento necessrio para que se possa garantir uma vazo regularizada e

    constante, durante o perodo em que haja estiagem crtica.

    Neste caso podem ser usadas sries histricas mensais ou dirias NBR 15527 (ABNT,

    2007).

    A equao utilizada para o mtodo de Rippl a seguinte:

    )()()( ttt QDS =

    (6)

    Q(t) = C x precipitao da chuva (t) x rea de captao

    V = S(t), somente para valores S(t) > 0

    Sendo que: S(t) < Q(t)

    Onde:

    S(t) o volume do reservatrio no tempo t;

    Q(t) o volume de chuva aproveitvel no tempo t;

    D(t) a demanda de consumo no tempo t;

    V o volume do reservatrio;

    C o coeficiente de escoamento superficial.

  • 37

    MTODO AZEVEDO NETO

    Este mtodo utiliza a precipitao anual relacionada com a quantidade de meses com

    pouca ou nenhuma chuva. O volume do reservatrio definido como 4,2% do produto entre o

    volume de chuva coletada e nmero de meses com pouca ou nenhuma chuva, identificando o

    volume de gua aproveitvel como sendo o volume de gua do reservatrio (FONTANELA, 2010).

    O Volume de chuva obtido pela seguinte equao:

    TAPV ...0042,0=

    (7)

    P o valor numrico da precipitao mdia anual, expresso em milmetros (mm);

    T o nmero de meses de pouca chuva ou seca;

    A o valor numrico da rea de coleta em projeo, expresso em metros quadrados (m);

    V o valor numrico do volume de gua aproveitvel e o volume de gua do reservatrio, expresso

    em litros (L).

    3.5.5 Sistema de Recalque e Distribuio de gua no Potvel

    ESTIMATIVA DO CONSUMO DIRIO

    O consumo dirio de uma residncia de alto padro de 250L.hab-1.dia-1, (SANEPAR,

    2010).

    Reali et al. (2002) afirma que para a estimativa do consumo dirio de gua potvel em

    uma residncia deve-se multiplicar o nmero de pessoas residentes pelo consumo de gua por

    habitante dia, como mostra a equao a seguir.

    PNCD .=

    (8)

    Onde:

    CD o consumo dirio em L.hab-1.dia-1;

    N o nmero de moradores da residncia;

    P o valor de consumo de gua em L.hab-1.dia-1;

  • 38

    SISTEMA DE RECALQUE

    Segundo Reali et al. (2002), a vazo de recalque deve ser de 15 a 20% do consumo dirio

    de uma residncia expressa em metro cbico por hora, mostrada na equao a seguir.

    CDXQh .=

    (9)

    Onde:

    Qh vazo horria de recalque em m.h-1;

    X a porcentagem do consumo dirio de residncia, entre 15 e 20%;

    CD o consumo dirio em m.h-1;

    Reali et al. (2002) cita ainda que o tempo de operao diria de uma bomba e dada pela

    razo do consumo dirio de gua e a vazo horria, mostrada na equao a seguir.

    QhCDHf =

    (10)

    Onde:

    Hf o tempo de funcionamento dirio da bomba de recalque em horas;

    CD o consumo dirio de gua em L;

    Qh vazo horria de recalque em L.s-1;

    Segundo a NBR 5626 (ABNT, 1998), um sistema de recalque consiste no bombeamento de

    gua de um reservatrio inferior para um reservatrio superior.

    Azevedo Neto et al. (1998) afirma que as bombas devem ser abrigadas em locais

    apropriados, isoladas de forma a no produzir rudos excessivos. Devem ainda possuir ventilao e

    ser suficientemente espaadas para possibilitar sua movimentao e ou manuteno. Um sistema de

    recalque deve possuir no mnimo 2 conjuntos elevatrios, sendo um reserva do outro.

    Zocoler et al. (2004) afirma que para um sistema de recalque cuja operao no se d de

    forma contnua, o dimetro econmico pode ser determinado pela equao de Forchheimer,

    mostrada a seguir:

  • 39

    4/12/1..3,1 TQrD =

    (11)

    Onde:

    D o dimetro da tubulao;

    T o nmero de horas dirias de funcionamento da bomba dividido por 24 horas;

    Qr a vazo de recalque m.s-1.

    A NBR 5626 (ABNT, 1998), cita que as tubulaes devem ser dimensionadas de modo que

    a velocidade da gua, em qualquer trecho de tubulao, no atinja valores superiores a 3 m.s-1. Esta

    mesma norma no faz meno velocidade mnima.

    Azevedo Neto et al. (1998) citam que as tubulaes no se constituem apenas de trechos

    retilneos e de mesmo dimetro. Usualmente incluem peas especiais e conexes que, pela forma e

    disposies elevam a turbulncia provocando atritos e causando o choque entre partculas dando

    origem a perda de carga. So classificadas como perdas contnuas e perdas localizadas.

    NETO et al (1998) afirmam que para tubulaes de pequenos dimetros as perdas de

    carga continuas so determinadas atravs da frmula de Fair-Whipple-Hsiato apresentada a seguir:

    571,0 714,2.934,55/ DQj =

    (12)

    Onde:

    j a perda de carga contnua na tubulao em m.m-1;

    Q a vazo de projeto em m.s-1;

    D o dimetro da tubulao de recalque em m;

    Azevedo Neto et al. (1998) determinam que todas as perdas localizadas podem ser

    expressas por:

    gVKHf2

    .

    2

    =

    (13)

  • 40

    Onde:

    Hf a perda de carga localizada em m;

    K constante relativa s conexes utilizadas;

    V a velocidade de escoamento na tubulao em m.s-1;

    g a acelerao da gravidade m.s-1

    A seguir apresentada o quadro 9 com os valores aproximados dos coeficientes K.

    Valores Aproximados de K (Perda de Carga Localizada)

    Conexo K Conexo K

    Ampliao Gradual 0,30 Juno 0,40 Bocais 2,75 Medidor Venturini 2,50 Comporta aberta 1,00 Reduo Gradual 0,15 Controlador de vazo 2,50 Registro de ngulo aberto 5,00 Cotovelo 90 0,90 Registro de gaveta aberto 0,20 Cotovelo 45 0,40 Registro de globo aberto 10,00 Crivo 0,75 Sada de canalizao 1,00 Curva 90 0,40 T, passagem direta 0,60 Curva 45 0,20 T, sada de lado 1,30 Curva 22 1/2 0,10 T, sada bilateral 1,80 Entrada normal em canalizao 0,50 Vlvula-de-p 1,75 Entrada de Borda 1,00 Vlvula de reteno 2,50 Existncia de pequena derivao 0,03 Velocidade 1,00 QUADRO 9-VALORES DOS COEFICIENTES K EM FUNO DE CADA CONEXO

    FONTE: Adaptado de Azevedo Netto (1998)

    RAMAIS DE DISTRIBUIO DE GUA

    A NBR 5626 (ABNT, 1998), afirma que por razes de economia usual estabelecer como

    provvel, uma demanda simultnea menor que do que a mxima possvel. Esta demanda simultnea

    pode ser estimada pelo mtodo dos pesos elaborado a partir da experincia acumulada na

    observao de instalaes hidrulicas similares, (ABNT, 1998).

    Este mtodo estabelece empiricamente pesos relativos a vazes de projeto e dado pela

    equao a seguir:

    PQ = 3,0

    (14)

    Onde:

    Q a vazo estimada na seo considerada, em litros por segundo;

  • 41

    P a somatria dos pesos relativos de todas as peas de utilizao alimentadas pela tubulao

    considerada;

    A seguir est apresentado quadro 10 com os pesos relativos em funo de cada aparelho

    sanitrio e ou pea de utilizao.

    Pesos relativos nos pontos de utilizao identificados em funo do aparelho sanitrio e da pea de utilizao

    Aparelho sanitrio Pea de utilizao Vazo de

    projeto (L.s-1) Peso

    relativo

    Bacia sanitria Caixa de descarga 0,15 0,3

    Vlvula de descarga 1,7 32

    Banheira Misturador (gua fria) 0,3 1

    Bebedouro Registro de presso 0,1 0,1

    Bid Misturador (gua fria) 0,1 0,1

    Chuveiro ou ducha Misturador (gua fria) 0,2 0,4

    Chuveiro eltrico Registro de presso 0,1 0,1

    Lavadora de pratos ou roupas Registro de presso 0,3 1

    Lavatrio Torneira ou misturador (gua fria) 0,15 0,3

    Mictrio cermico

    Com sifo integrado Vlvula de descarga 0,5 2,8

    Sem sifo integrado Caixa de descarga, registro de presso ou vlvula de descarga para mictrio

    0,15 0,3

    Mictrio tipo calha Caixa de descarga, registro de presso 0,15 por metro

    de calha 0,3

    Pia Torneira ou misturador (gua fria) 0,25 0,7

    Torneira eltrica 0,1 0,1

    Tanque Torneira 0,25 0,7

    Torneira de jardim ou lavagem geral Torneira 0,1 0,4

    QUADRO 10- VAZO NOS PONTOS DE UTILIZAO CONFORME APARELHO SANITRIO E PEA DE UTILIZAO FONTE: Adaptado da NBR 5626 (ABNT, 1998)

    3.6 ESTAES DE TRATAMENTO DE GUA

    Richter e Azevedo Netto (1991) afirmam que muitos imaginam que a gua uma

    substncia simples. Por se tratar de excelente solvente, ningum, at hoje pode v-la em estado

    100% pura. Ainda, mesmo sem impurezas, quimicamente sabe-se que a gua a mistura de 33

    substncias distintas. As impurezas encontradas nas guas na sua forma natural so inmeras, vrias

    delas incuas, destas, poucas desejveis e algumas extremamente nocivas sade, dentre elas

    podemos encontrar vrus, bactrias, parasitos, substncias txicas e, at mesmo elementos

    radioativos.

  • 42

    Richter (2001) cita que no uma prtica atual a destinao dos resduos de uma estao

    de tratamento de gua em cursos de guas prximos a estao, sendo frequente que a prpria fonte

    que abastece a estao receba estes resduos.

    A correta destinao dos resduos slidos gerados pelas estaes de tratamento de gua

    de extrema importncia para a preservao do meio ambiente. Desta forma se torna um grande

    desavio a busca por novas alternativas que sejam tcnica e economicamente viveis a reduo dos

    impactos ambientais causados pela falta tratamento dos resduos de uma Estao de Tratamento de

    gua.

    3.6.1 Tratamento e Destinao de Lodo de ETA

    Richter, (2001) diz que o tratamento de lodo de uma estao de tratamento de gua tem

    como principal objetivo a remoo de gua para concentrar os slidos, e desta forma reduzir o

    volume de lodo produzido pela Estao de Tratamento de gua.

    Existem cerca de 7.500 ETAs no Brasil, destas, 70% lanam seus resduos slidos

    diretamente em corpos dgua mais prximos. Os impactos ambientais so: aumento da quantidade

    de slidos nos corpos dgua; assoreamento dos corpos dgua; aumento da cor, turbidez e

    concentrao de alumnio na gua; a toxicidade crnica dos organismos (MORITA, s.d).

    Nos ltimo anos o tratamento e disposio final dos lodos vem se tornando uma etapa

    crucial no processo de tratamento de guas, consumindo uma significativa frao do oramento da

    produo de gua para abastecimento pblico. As Estaes de Tratamento de gua (ETAs)

    convencionais geram como resduo o lodo. Este lodo composto por impurezas retiradas da gua

    bruta. Por este motivo a disposio deste lodo tem se mostrado extremamente danosa ao meio

    ambiente e aos seres humanos, levando ao surgimento de legislaes ambientais severas, exigindo

    prticas racionais para disposio deste tipo de resduo (GONALVES, 1999).

    3.7 ANLISE ECONMICA

    A anlise econmica para o aproveitamento de gua de chuva na residncia deve

    considerar em sua metodologia de clculo os seguintes itens:

    Sistema de aproveitamento de gua de chuva;

    Economia anual de gua fornecida pela companhia de abastecimento local;

  • 43

    Custo anual com energia eltrica;

    Custos para manuteno do sistema.

    Os investimentos necessrios nesses itens devem estar pautados por decises justificadas

    atravs de clculos obtidos pelos mtodos adequados.

    A seguir, sero descritas algumas alternativas de mtodos os quais podem ser utilizados

    para esse fim.

    3.7.1 Payback

    Tambm definido como Perodo de Retorno do Investimento, o Payback nada mais do que

    o nmero de perodos necessrios para que os benefcios de um projeto superem o capital nele

    despendido (SOUZA e CLEMENTE, 2009)

    O Payback pode ser simples ou descontado. O mtodo simples considera em seu clculo o

    valor presente, enquanto que o descontado considera custo de oportunidade e custo de capital. As

    taxas de descontos internacionais mais utilizadas so a Libor e a Prime Rate. Enquanto a Libor a

    taxa mnima de juros pagas pelos bancos centrais em Londres, a Prime Rate da mesma forma a taxa

    utilizada pelo Federal Reserve (FED). No Brasil o piso utilizado habitualmente tem sido a caderneta

    de poupana (BRITO, 2003).

    3.7.2 Valor Presente Lquido - VPL

    Para validar a implementao de um projeto atravs do Mtodo VPL, o mesmo deve

    apresentar um fluxo de caixa futuro maior que seu custo inicial. O VPL de um projeto deve ser aceito

    se seu resultado for maior ou igual a zero. Em contrapartida, projetos com valores negativos devem

    ser rejeitados para evitar prejuzos (GROPPELLI e NIKBAKHT, 2006)

    Ainda segundo GROPPELLI (apud NIKBAKHT, 2006), o Valor Presente Lquido de um

    projeto tem por definio a seguinte expresso:

    IVPVPL .=

    (16)

    Onde:

  • 44

    VPL o valor presente lquido;

    VP o valor presente;

    I o investimento inicial.

    3.7.3 Taxa Mdia de Retorno - TMR

    Segundo GROPPELLI (apud NIKBAKHT, 2006) a TMR talvez seja o mtodo de oramento de

    capital mais antigo utilizado como tcnica para clculo de negcios. Essa tcnica considera o Lucro

    Lquido mdio para um determinado perodo divido pela metade do Investimento Mdio. Embora

    seja um mtodo simples e de fcil entendimento e aplicao, deve-se ter em mente que existem

    algumas imperfeies no mtodo como:

    No considera o valor do dinheiro no tempo;

    Usa lucro contbil e no fluxo de caixa;

    Ignora depreciao;

    Desconsidera a sequncia cronolgica dos lucros lquidos.

    Sua frmula pode ser expressa, por:

    I

    MLTMR.

    21=

    (17)

    Onde:

    TMR a taxa mdia de retorno;

    ML a mdia dos lucros lquidos anuais futuros;

    I o investimento inicial.

    3.7.4 Taxa Interna de Retorno - TIR

    A TIR uma medida da taxa de rentabilidade muito utilizada no oramento de capital.

    Define-se como uma taxa de desconto que iguala o valor presente dos fluxos de caixa futuros ao

    investimento inicial, ou seja, de modo simplificado pode-se defini-la como uma taxa de desconto que

    iguala o VPL a zero. O grande problema desse mtodo o fato de no considerar o valor do dinheiro

  • 45

    durante o tempo e amortizao, diferentemente, por exemplo, do mtodo payback (GROPPELLI e

    NIKBAKHT, 2006).

  • 46

    4 MATERIAIS E MTODOS

    A metodologia para o desenvolvimento deste trabalho foi embasada em uma reviso

    bibliogrfica de modo a adquirir conhecimento terico necessrio para compreender a situao,

    assim como a legislao vigente, abrangendo artigos, leis, normas, resolues, documentos, citaes

    e dissertaes, de autores especialistas em Gesto de Recursos Hdricos, Meio Ambiente,

    Desenvolvimento e Economia, entre outros.

    A realizao deste trabalho abrangeu os seguintes passos:

    Dimensionamento do Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva;

    Determinao do custo de implantao e Tempo de retorno;

    Avaliao das consequncias junto a Companhia de Abastecimento de gua com o Aproveitamento de gua de Chuva.

    Proposio de itens na Conveno de Condomnio visando a implementao de um sistema de reaproveitamento de gua de chuva, promovendo o incentivo de prticas sustentveis.

    4.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA

    Para o dimensionamento do sistema de aproveitamento de gua de chuva para fins no

    potveis das residncias foram adotadas metodologias com base nas prescries da norma NBR

    15527 (ABNT, 2007) para o dimensionamento do reservatrio de acumulao e da NBR 10844 (ABNT,

    1989) para rea de contribuio dos telhados para Captao de gua de Chuva.

    4.1.1 Determinao do ndice Pluviomtrico

    Nesta etapa foram desenvolvidos estudos para o estabelecimento do regime

    pluviomtrico, traduzidos pelos histogramas de precipitaes mdias mensais e anuais.

    A metodologia adotada preconizou a seguinte sequncia de atividades:

    Escolha das Estaes Pluviomtricas localizadas no municpio de Curitiba;

    Anlise e Coleta de Dados;

    Estabelecimento do ndice Pluviomtrico.

  • 47

    4.1.2 Escolha das Estaes Pluviomtricas

    Com o auxlio da ferramenta Hidroweb, da Agncia Nacional de guas (ANA), foi possvel

    localizar as estaes pluviomtricas para a determinao dos ndices pluviomtricos. Adotou-se

    como parmetro para a escolha das Estaes Pluviomtricas as mais prximas do objeto de estudo, e

    que estivessem situadas dentro dos limites do municpio de Curitiba. Outra condio para a escolha

    foi que, no perodo de operao, as estaes possussem sries histricas ininterruptas de 30 anos ou

    mais.

    4.1.3 Anlise e Coleta de Dados

    As estaes inicialmente selecionadas de acordo com os critrios do item anterior, foram

    analisadas com o objetivo de verificar a ocorrncia de erros grosseiros, a necessidade de possveis

    preenchimentos de falhas e verificao da homogeneidade dos dados.

    Para o preenchimento das falhas foram selecionadas trs estaes pluviomtricas vizinhas

    estao estudada. Destaca-se a importncia de que as estaes vizinhas devam apresentar perodo

    comum de observao de dados e sejam climatologicamente semelhantes. O mtodo da ponderao

    regional, para o preenchimento de falhas, utiliza a seguinte equao (1), p.25.

    +

    +

    = Pc

    McMxPb

    MbMxPa

    MaMx

    NPx ....1

    O passo seguinte foi a verificao da homogeneidade dos dados com o auxlio do mtodo

    da curva duplo acumulativa, onde adotou-se o seguinte procedimento. Trs estaes da regio foram

    selecionadas como base de comparao. Para cada tempo (ms) determinou-se a precipitao mdia

    do conjunto de estaes selecionadas, acumulou-se esta precipitao mdia e plotou-se os valores

    no eixo das abscissas, acumulou-se a precipitao da estao em anlise e plotou-se os valores no

    eixo das ordenadas. Se o resultado obtido for prximo de uma reta, consideraram-se os dados

    homogneos, caso haja uma mudana brusca de alinhamento, os dados no foram considerados

    homogneos.

  • 48

    4.1.4 Estabelecimento do ndice Pluviomtrico

    Com as Estaes Pluviomtricas j escolhidas, o prximo passo foi determinar as

    precipitaes mdias anuais e mdias mensais

    A figura a seguir ilustra o procedimento realizados onde os dados foram processados da

    seguinte forma: com o auxlio do software Excel, os dados foram ordenados de forma que as colunas

    B a M apresentassem os meses de observao que compreenderam o perodo de janeiro a dezembro

    de cada ano e nas linhas 3, 4 e 5 foram apresentados os anos de observao. As clulas N3, N4 e N5

    mostram a mdia das precipitaes anuais do ano de 2009, 2010 e 2011. As clulas B7 a M7

    apresentam as mdias mensais de janeiro a dezembro dos anos de observao.

    Desta forma foi possvel determinar as precipitaes mdias mensais e mdias anuais.

    4.1.5 Determinao da Demanda de gua Potvel e No Potvel

    Para esta etapa do trabalho foi realizada uma pesquisa de campo utilizando-se um

    questionrio, apresentado no apndice 1, o qual foi aplicado aos moradores de condomnios

    localizados em dois bairros da cidade de Curitiba, Butiatuvinha (Condomnio Reserva Allameda) e

    Campo Comprido (Chcara Shangai, Vista da Serra e Green Park). Ressalta-se que alm do

    condomnio Reserva Allameda que o objeto do estudo, os demais, Chcara Shangai, Vista da Serra e

    Green Park apresentam o mesmo padro de residncias.

    Os questionrios foram distribudos num total de 10 casas. O objetivo da aplicao desse

    questionrio foi a determinao das principais fontes de consumo de gua no potvel, assim como a

    verificao da aceitao em relao ao aproveitamento de gua de chuva.

    O objetivo inicial era aplicar o questionrio apenas no Condomnio Reserva Allameda, mas

    o nmero reduzido de questionrios respondidos no mesmo fez com que a pesquisa se estendesse a

    FIGURA 6 - ILUSTRAO DO PROCEDIMENTO REALIZADO PARA DETERMINAO DO INDICE PLUVIOMTRICO

  • 49

    outros trs condomnios com caractersticas semelhantes e residncias de mesmo padro, de modo a

    garantir um amostra que pudesse embasar o desenvolvimento do projeto.

    Aps a aplicao deste questionrio, dados como nmero de moradores, frequncia de

    lavagem de carros, quantidade de banheiros que utilizam vasos sanitrios com vlvulas de descarga,

    tempo de lavagem de caladas e regas de jardim, informaes relevantes para a determinao das

    fontes de consumo de gua foram obtidos. Para a determinao da demanda de gua no potvel

    por residncia adotou-se o seguinte procedimento. Em funo do nmero de moradores da

    residncia, quantidade de banheiros que utilizam descarga por meio de vlvula de descarga e a

    nmero de vezes que cada pessoa utiliza a descarga utilizou-se a seguinte equao:

    )1000/30...( VdNdNpVp =

    (18)

    Onde:

    Vp o volume de gua utilizado em ;

    Np o nmero de pessoas;

    Nd o nmero de descargas dirias;

    Vd o volume de gua utilizada por descarga.

    Em seguida foi necessrio determinar foi necessrio determinar o volume utilizado para

    rega de jardim, levando em considerao a vazo de uma torneira pelo tempo seu tempo de

    utilizao e a frequncia com que usada, utilizou-se a equao a seguir:

    )1000/..60.( FuQuTuVr =

    (19)

    Onde:

    Vr o volume de rega de jardim em;

    Tu o tempo de utilizao em minutos;

    60 o valor de converso de segundos para minutos;

    Qu o volume de gua utilizada pela torneira (L.s-1);

  • 50

    Fu frequncia de utilizao da torneira.

    Em seguida determinou-se o volume de utilizao para lavagem dos carros, com a

    seguinte equao:

    ).1000/..( VuFuQvVc =

    (20)

    Onde:

    Vc o volume de gua para lavagem dos carros em m;

    Qv quantidade de veculos;

    Fu frequncia de lavagem dos carros;

    Qu o volume de gua utilizado por lavagem de carro em L.

    Em seguida determinou-se o volume de utilizao para lavagem de caladas, com a

    seguinte equao.

    )1000/.60..( FuTuQuVca =

    (21)

    Onde:

    Vca o volume para lavagem de caladas em;

    Qu o volume de gua utilizada pela torneira (L.s-1);

    Tu o tempo de utilizao em minutos;

    60 o valor de converso de segundos para minutos;

    Fu frequncia de utilizao da torneira.

    Estes procedimentos anteriores foram realizado para cada questionrio aplicado, num

    total de 10. Em seguida os valores obtidos foram somados totalizando a demanda mdia de gua de

    chuva para cada residncia.

    Em seguida foi feita a mdia ponderada em funo dos resultados obtidos, com a

    utilizao da equao a seguir

  • 51

    =

    =

    Np

    NpDtXp

    n

    i 1).(

    (22)

    Onde:

    Xp a mdia ponderada em m;

    Dt e a demanda total por residncia, em m

    Np o nmero de pessoas por residncia;

    4.1.6 Dimensionamento do Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva

    O dimensionamento do sistema de aproveitamento de gua de chuva seguiu os seguintes

    passos:

    Escolha de um projeto arquitetnico que represente uma residncia de alto padro, objeto do estudo;

    Determinao da rea de coleta de gua de chuva;

    Dimensionamento das calhas coletoras;

    Dimensionamento dos condutores verticais e horizontais;

    Dimensionamento do volume reservatrio de gua de chuva (cisterna);

    Dimensionamento do sistema de recalque de gua para o reservatrio superior;

    Dimensionamento dos ramais de distribuio de gua de chuva.

    Para o dimensionamento da calha e condutores utilizou-se a norma NBR 10844 (ABNT,

    1989). J para o dimensionamento do reservatrio foram utilizados dois mtodos, Rippl e Azevedo

    Neto, ambos recomendados pela NBR 15527 (ABNT, 2007).

    ESCOLA DO PROJETO ARQUITETNICO

    Uma pesquisa na internet foi realizada com a finalidade de encontrar um projeto

    arquitetnico que representasse uma residncia de alto padro, semelhante s encontradas no

    Condomnio Reserva Allameda, objeto do estudo. Os critrios adotados foram os seguintes: o projeto

    arquitetnico deveria possuir uma metragem mnima de 500m, nmero mnimo de banheiros igual

  • 52

    a 6; nmero mnimo de quartos incluindo sutes igual a 3; rea mnima de jardim igual a 300m e

    garagem para no mnimo 2 carros

    REA DE COLETA DE GUA DE CHUVA

    A cobertura (telhado) do projeto arquitetnico foi analisado de forma a obter parmetros

    para a utilizao da equao (2), p.31, e determinar a rea efetiva de coleta de gua de chuva igual a

    110m.

    bhaAc .2

    +=

    CALHA COLETORA

    A intensidade de precipitao mxima foi determinada pela equao atualizada de

    Fendrich, para a regio de Curitiba, equao (4), p.32. Os parmetros utilizados foram os seguintes:

    Coeficiente K: 60000;

    Largura da calha: 0,15m;

    Altura da lmina de gua: 0,06m;

    Borda livre: 0,04m

    Declividade: 0,5%

    rea molhada (S): 0,0090m

    Coeficiente de rugosidade (n): 0,0011

    041,1

    159,0

    )41(.64,726.5

    +=

    t

    Ti r

    De acordo com a NBR 10844 (ABNT, 1989), os parmetros utilizados para o

    dimensionamento da calha coletora foram os seguintes:

    rea de Cobertura (A): 110m;

    Tempo de retorno (T): 5 anos;

    Durao da Chuva (t): 5 minutos;

  • 53

    Em seguida em funo da rea de coleta de gua, verificada no projeto arquitetnico e

    com a utilizao da equao (3), p.32, obteve-se a vazo de projeto.

    60.AIQ =

    Comparou-se a vazo de projeto com a capacidade da calha que foi determinada pela

    equao de Manning-Strickler, equao (5), p.33, esta verificao foi necessria para a verificao da

    capacidade da calha coletora.

    2/13/2.. iRh

    n

    SKQ =

    COLETOR VERTICAL

    Aps a determinao da vazo de projeto, foi necessrio dimensionar os coletores

    verticais e horizontais para suportar a vazo calculada. Para tal, utilizou-se o baco apresentado no

    anexo 1. A primeira verificao foi feita com a localizao da vazo de projeto determinada

    anteriormente no eixo das abscissas, uma linha foi projetada paralela ao eixo das ordenadas at

    interceptar a linha pontilhada referente ao comprimento da tubulao, projetou-se esta interseco

    no eixo das ordenadas e assim se determinou o dimetro da tubulao.

    A segunda verificao consistiu em localizar a vazo de projeto determinada no eixo das

    abscissas, projetou-se uma linha paralela ao eixo das ordenadas at interceptar a linha cheia,

    referente altura da lmina liquida na calha, em seguida projetou-se esta interseco at o eixo das

    ordenadas e assim foi determinado o dimetro da tubulao. Das duas verificaes adotou-se o

    maior dimetro determinado. Vale lembrar que o menor dimetro deve ser igual a 75mm, de acordo

    com a NBR 5626 (ABNT, 1998).

    COLETOR HORIZONTAL

    Para o dimensionamento do condutor horizontal adotou-se a mesma vazo determinada

    para o dimensionamento do condutor vertical. Foi adotada uma declividade de 0,5% conforme

    quadro 8, p.34 e coeficiente n=0,011, quadro 7, p.34, ambos preconizados pela NBR 10844 (ABNT,

    1989).

  • 54

    RESERVATRIO

    A norma NBR 15527 (ABNT, 2007) sugere, entre outros, que o reservatrio de gua seja

    dimensionado pelos mtodos de Rippl e Azevedo Neto.

    Mtodo de Rippl

    Para o mtodo de Rippl, neste trabalho, foi utilizada uma srie de precipitao mdia

    mensal, sem desconsiderar a primeira chuva de lavagem do telhado. Entende-se que desta forma o

    dimensionamento do reservatrio estar a favor da segurana. Para o coeficiente de escoamento

    runoff utilizou-se o valor de 0,8 referente a telhas cermicas, quadro 6, p.31. Para a rea de captao

    ser adotada a calculada em funo do projeto arquitetnico utilizado, igual a 110 m. Foram

    avaliados os reservatrios para cada uma das estaes pluviomtricas selecionadas.

    Mtodo Azevedo Neto

    A metodologia aplicada para o mtodo Azevedo Neto tem como principal caracterstica a

    utilizao da quantidade de meses de pouca ou nenhuma chuva. Esta varivel no utilizada por

    nenhum outro mtodo indicado pela NBR 15527 (ABNT 2007). O dimensionamento do reservatrio

    pelo mtodo Azevedo Neto foi feito utilizando a precipitao mdia anual de todo o perodo de

    observao de todas as trs estaes pluviomtricas selecionadas. Para rea de contribuio adotou-

    se o valor de 110m. Para os meses de pouca ou nenhuma chuva a NBR 15527 (ABNT 2007) no faz

    meno de detalhes para meses de pouca ou nenhuma chuva, desta forma, adotaram-se como

    parmetro as precipitaes onde os valores sejam inferiores ou iguais a 40 mm no ms, o que

    considerado um valor baixo para Curitiba.

    DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE RECALQUE

    Com a finalidade de determinar os componentes do sistema de recalque que transportar

    a gua do reservatrio inferior ao o superior foi adotado o seguinte procedimento. Primeiramente foi

    estabelecido o consumo mdio dirio de gua de chuva, dividindo-se o valor mdio determinado

    com a utilizao do questionrio aplicado aos condminos, apndice 1, por 30 dias. Em seguida com

    a utilizao da equao (9), p.38, foi determinada a vazo horria do sistema.

    CDXQh .=

  • 55

    Nesta etapa tambm foi determinado o tempo de operao diria da bomba, pela

    equao (10), p.38.

    QhCDHf =

    O passo seguinte foi determinar o dimetro da tubulao de recalque, por meio da

    equao (11), p.39.

    4/12/1..3,1 TQrD =

    Com o dimetro de recalque determinado o passo seguinte foi levantar a extenso e o

    percurso da tubulao de recalque que se inicia na bomba e finaliza no reservatrio superior.

    A partir do percurso da tubulao foram determinadas as conexes e vlvulas que

    compe o recalque.

    A partir do projeto arquitetnico foi possvel estabelecer o desnvel geomtrico que

    corresponde diferena da cota altimtrica do nvel de gua no reservatrio superior e a cota

    altimtrica de fundo do reservatrio de aproveitamento de gua de chuva. A partir deste desnvel

    determinou-se a altura manomtrica que a soma do desnvel geomtrico e das perdas de carga

    distribudas e localizadas, e foi escolh