aproveitamento de Água de chuva para fins não potáveis em condomínio horizontal
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TCC Aproveitamento de Água de ChuvaTRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE POSITIVO
CLIO JOS CORDEIRO JNIOR
THIAGO KLPPEL STROBEL
APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA PARA FINS NO POTVEIS
EM CONDOMNIO HORIZONTAL
Curitiba
2013
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CLIO JOS CORDEIRO JNIOR
THIAGO KLPPEL STROBEL
APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA PARA FINS NO POTVEIS
EM CONDOMNIO HORIZONTAL
Trabalho de Concluso apresentado ao curso
de Engenharia Civil da Universidade Positivo
como parte dos requisitos para graduao.
Orientador: Prof. Dr. Karen do Amaral.
Curitiba
2013
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RESUMO
A gua, recurso natural essencial vida e s atividades humanas, tende a tornar-se um recurso cada vez mais escasso devido ao aumento populacional, degradao de recursos hdricos, uso indiscriminado, m distribuio e altos ndices de perda. Face a essa realidade, no restaro alternativas seno a breve adoo de medidas corretivas para alterar esse quadro preocupante ou ao menos ameniz-lo. A substituio de gua tratada por gua captada diretamente da chuva surge como uma dessas alternativas, em locais com ndices pluviomtricos propcios para esse fim. O presente trabalho teve como principal objetivo a avaliao do aproveitamento de gua de chuva para fins no potveis em condomnio horizontal, alm de dimensionar, determinar os custos e o tempo de retorno de investimento relativo a esse sistema de aproveitamento de gua de chuva. Alm disso, visando simular a obteno de resultados prticos e no apenas uma conjectura de situaes no plano terico, prope itens a serem adicionados conveno de condomnio, instrumento legal adequado para normatizar questes relativas a essa modalidade habitacional, os quais conduzam e orientem os moradores ao uso desse sistema. Destaca-se ainda a avaliao na reduo da produo de lodo em Estao de Tratamento de gua num cenrio que projeta a expanso do uso desse sistema em condomnios horizontais. A metodologia utilizou-se de um projeto de uma residncia de 831,20 m e condomnios de alto padro na cidade de Curitiba-PR, onde um questionrio foi aplicado com o intuito de identificar e quantificar os principais usos nos quais a gua de chuva poderia substituir a gua tratada. O mtodo de clculo adotado para estimar o tempo de retorno do investimento foi o Payback Simples, resultando em 107 meses para a amortizao completa dos investimentos do sistema, considerando um consumo mensal equivalente a 9,00 m de gua de chuva naquela residncia.
Palavras Chave: Aproveitamento de gua de Chuva. Payback.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 CICLO HIDROLGICO. 19
FIGURA 2 REPRESENTAO ESPACIAL DO NDICE DE PERDAS NA DISTRIBUIO DE GUA
SEGUNDO OS ESTADOS. 21
FIGURA 3 - ESQUEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA. 30
FIGURA 4 - INDICAO PARA CLCULO DA REA DE CONTRIBUIO. 32
FIGURA 5 - ESQUEMA PARA INSTALAO DE CISTERNA COM BOMBEAMENTO. 35
FIGURA 6 - ILUSTRAO DO PROCEDIMENTO REALIZADO PARA DETERMINAO DO INDICE
PLUVIOMTRICO 48
FIGURA 7 - LOCALIZAO DO OBJETO DE ESTUDO. 61
FIGURA 8 - ILUSTRAO DA IMPLANTAO DO OBJETO DE ESTUDO, CONDOMNIO
HORIZONTAL. 62
FIGURA 9 - QUADRA POLIESPORTIVA DO CONDOMNIO. 62
FIGURA 10 - ACESSO DO CONDOMNIO. 62
FIGURA 11 Amortizao mensal do investimento no sistema completo de aproveitamento
de gua de chuva pelo Mtodo Payback Simples. 95
FIGURA 12 - LOCALIZAO ESPACIAL DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS DE CURITIBA. 103
FIGURA 13 - BACO UTILIZADO PARA DIMENSIONAMENTO DO CONDUTOR VERTICAL. 104
FIGURA 14 - BACO PARA DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS EM FUNO DOS PESOS. 105
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 1-PARMETROS DE ENGENHARIA PARA CONSUMO EM REAS EXTERNAS UMA
RESIDNCIA 26
QUADRO 2-PARMETROS DE ENGENHARIA DE CONSUMO EM REAS EXTERNAS UMA
RESIDNCIA 27
QUADRO 3 VAZO NOS PONTOS NOS PONTOS DE UTILIZAO CONFORME APARLHO
SANITRIO E PEA DE UTILIZAO 27
QUADRO 4 - PARMETROS DE GUA DE CHUVA PARA FINS NO POTVEIS 28
QUADRO 5 - PARMETROS DE QUALIDADE DE GUA PARA REUSO 29
QUADRO 6- COEFICIENTES DE RUNOFF 31
QUADRO 7- COEFICIENTES DE RUGOSIDADE CONFORME TIPO DE MATERIAL 34
QUADRO 8 - DIMETROS DOS CONDUTORES HORIZONTAIS EM FUNO DA DECLIVIDADE E
DA VAZO EM L.min-1 34
QUADRO 9-VALORES DOS COEFICIENTES K EM FUNO DE CADA CONEXO 40
QUADRO 10- VAZO NOS PONTOS DE UTILIZAO CONFORME APARELHO SANITRIO E
PEA DE UTILIZAO 41
QUADRO 11-DIMETRO MNIMOS DOS SUB RAMAIS 56
QUADRO 12 - DISTNCIAS DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS EM RELAO AO OBJETO DE
ESTUDO. 63
QUADRO 13 - LISTA DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS DE CURITIBA. 64
QUADRO 14 - CARACTERSTICAS DA ESTAO PLUVIOMTRICA PRADO VELHO. 65
QUADRO 15-VALORES ENCONTRADOS PARA O DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE COLETA
DE GUA DE CHUVA 67
QUADRO 16-VALORES DOS VOLUMES DOS RESERVATRIOS DETERMINADOS PELOS
MTODOS DE RIPLL E AZEVEDO NETTO 68
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QUADRO 17-DIMENSIONAMENTO DO DIMETRO DO SISTEMA DE RECALQUE 68
QUADRO 18-TOTAL PERDA DE CARGA LOCALIZADA NO RECALQUE 68
QUADRO 19-VALORES ENCONTRADOS PARA DETERMINAO A ALTURA MANOMTRICA
TOTAL 69
QUADRO 20-DETERMINAO DOS DIMETROS DOS RAMAIS DE DISTRIBUIO 70
QUADRO 21-DETERMINAO DOS DIMETROS DOS SUB RAMAIS DE DISTRIBUIO 70
QUADRO 22-POTENCIAL DE CAPTAO DE GUA DE CHUVA APRESENTADOS PELA ENGEPLAS
71
QUADRO 23-ESTIMATIVA DO CONSUMO DE GUA NO POTVEL APRESENTADA PELA
EMPRESA CONTATADA 71
QUADRO 24-COMPARATIVO DOS VOLUMES DO RESERVATRIO 72
QUADRO 25-RESUMO DA QUANTIDADE DE CONDOMNIOS E RESIDNCIAS LOCALIZADAS
NOS BAIRROS DA REGIO OESTE DE CURITIBA 79
QUADRO 26-PRODUO DE LODO DA ETA POR m DE GUA PRODUZIDA 80
QUADRO 27-REDUO NA PRODUO DE LODO DA ETA PASSANA EM FUNO DO
APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 80
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1-PRECIPITAES MDIAS MENSAIS DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS ESTUDADAS66
TABELA 2-PRECIPITAO MDIA O LONGO DOS ANOS NAS ESTAES ESTUDADAS 66
TABELA 3- DETERMINAO DO CONSUMO DE GUA NO POTVEL. 67
TABELA 4 CUSTO TOTAL DO SISTEMA POR FORNECEDOR 73
TABELA 5 CONSUMO DE GUA ESTIMADO PARA UMA RESIDNCIA DE ALTO PADRO NA
CIDADE DE CURITIBA 74
TABELA 6 - TARIFAS EXERCIDAS PELA COMPANHIA DE GUA E ESGOTO LOCAL 74
TABELA 7 ECONOMIA ANUAL NA CONTA DE GUA 75
TABELA 8 - TARIFAS EXERCIDAS PELA COMPANHIA DE ENERGIA ELTRICA LOCAL 75
TABELA 9 CONSUMO E CUSTOS DE ENERGIA ELTRICA DA BOMBA EMPREGADA NO
SISTEMA 76
TABELA 10 RESUMO DE VALORES PARA ENTRADA NO FLUXO DE CAIXA 76
TABELA 11 - PRECIPITAES MDIAS ANUAIS DAS ESTAES PLUVIOMTRICAS ESTUDADAS
96
TABELA 12 - DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO AZEVEDO NETO
ESTAO 2549075 97
TABELA 13 - DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO AZEVEDO NETO
ESTAO 2549002 98
TABELA 14 - DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO AZEVEDO NETO
ESTAO 2549006 99
TABELA 15- DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO RIPPL ESTAO
2549075 100
TABELA 16-DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO RIPPL ESTAO
2549002 101
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8
TABELA 17-DIMENSIONAMENTO DO RESERVATRIO PELO MTODO RIPPL ESTAO
2549006 102
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9
SUMRIO
1 INTRODUO 12
2 OBJETIVOS 15
2.1 OBJETIVO GERAL 15
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS 15
3 REVISO BIBLIOGRFICA 16
3.1 CONDOMNIOS HORIZONTAIS FECHADOS 16
3.2 CONVENO DE CONDOMNIOS 17
3.3 RELAO DA EXPANSO URBANA E DISPONIBILIDADE HDRICA 18
3.4 APROVEITAMENTO DE GUA DA CHUVA 22
3.4.1 Anlise dos Dados Hidrolgicos 24
3.4.2 Estimativa de Demanda Residencial de gua 26
3.4.3 Legislaes e Normas Vigentes 28
3.4.4 Normatizao Federal 28
3.4.5 Legislao Municipal 29
3.4.6 Sistemas de Captao de gua de Chuva 30
3.5 DISPOSITIVOS E ACESSRIOS PARA CAPTAO DA GUA DA CHUVA 31
3.5.1 rea de Contribuio 31
3.5.2 Calhas e Condutores Horizontais e Verticais 33
3.5.3 Reservatrio 34
3.5.4 Mtodos de Dimensionamento de Reservatrio 36
3.5.5 Sistema de Recalque e Distribuio de gua no Potvel 37
3.6 ESTAES DE TRATAMENTO DE GUA 41
3.6.1 Tratamento e Destinao de Lodo de ETA 42
3.7 ANLISE ECONMICA 42
3.7.1 Payback 43
3.7.2 Valor Presente Lquido - VPL 43
3.7.3 Taxa Mdia de Retorno - TMR 44
3.7.4 Taxa Interna de Retorno - TIR 44
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4 MATERIAIS E MTODOS 46
4.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 46
4.1.1 Determinao do ndice Pluviomtrico 46
4.1.2 Escolha das Estaes Pluviomtricas 47
4.1.3 Anlise e Coleta de Dados 47
4.1.4 Estabelecimento do ndice Pluviomtrico 48
4.1.5 Determinao da Demanda de gua Potvel e No Potvel 48
4.1.6 Dimensionamento do Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva 51
4.1.7 Critrios para Escolha dos Componentes do Sistema de Aproveitamento de gua
de Chuva 56
4.2 DETERMINAO DO CUSTO DE IMPLANTAO E TEMPO DE RETORNO 56
4.2.1 Payback Simples do Sistema 57
4.2.2 Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva 57
4.2.3 Economia Anual de gua Fornecida Pela Companhia de Abastecimento Local 58
4.2.4 Custo Anual Com Energia Eltrica 58
4.2.5 Custos Para Manuteno do Sistema 59
4.3 PROPOSTA DE ADIO DE ITENS CONVENO DE CONDOMNIO 59
4.4 CLCULO DA POSSVEL REDUO DE LODO DA ETA PASSANA COM O
APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 59
5 RESULTADOS 61
5.1 LOCAL DE ESTUDO 61
5.2 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 63
5.2.1 Escolha das Estaes Pluviomtricas 63
5.2.2 Anlise e Coleta de Dados 64
5.2.3 Estabelecimento do ndice Pluviomtrico 66
5.2.4 Determinao da Demanda de gua Potvel e No Potvel 66
5.2.5 Dimensionamento do Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva 67
5.2.6 Definio do Sistema Adotado para o Aproveitamento de gua de Chuva 71
5.3 DETERMINAO DO CUSTO DE IMPLANTAO E TEMPO DE RETORNO 72
5.3.1 Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva 72
5.3.2 Economia Anual de gua Fornecida pela Companhia de Abastecimento Local 74
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5.3.3 Custo Anual Com Energia Eltrica 75
5.3.4 Custos para Manuteno do Sistema 76
5.3.5 Mtodo Payback Simples Aplicado 76
5.3.6 Alternativas para Reduzir o Tempo de Retorno do Investimento pelo Mtodo
Payback Simples 77
5.4 PROPOSTA DE ADIO DE ITENS CONVENO DE CONDOMNIO 78
5.4.1 Itens Propostos para Aprovao de Projetos 78
5.5 DETERMINAO DA REDUO NA PRODUO DE LODO DA ETA PASSANA COM O
APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA 79
6 CONCLUSES E CONSIDERAES 81
7 RECOMENDAES 83
8 REFERNCIAS 85
9 APNDICES 90
10 ANEXOS 103
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1 INTRODUO
O ser humano mesmo dependendo da gua para sobrevivncia e para o desenvolvimento
econmico polui e degrada esse recurso, atingindo tanto as guas superficiais quanto as
subterrneas. O despejo de resduos lquidos e slidos em rios, lagos e represas e a destruio das
matas e reas alagadas tm produzido contnua e sistemtica deteriorao e perdas extremamente
elevadas em quantidade e qualidade de gua. Estudos mostram que apenas 15% dos 3% da gua do
planeta esto disponveis como gua doce, sendo falsa a concepo de que ela seja abundante.
Destes 3%, aproximadamente 75% esto congeladas nas calotas polares e cerca de 10% esto
reservados nos aquferos (TUNDISI, 2003).
A desigualdade social agrava a escassez de gua no mundo. As diferenas registradas
entre os pases desenvolvidos e em desenvolvimento evidenciam este fato. Em pases do Continente
Africano, onde a situao de falta d'gua j atinge ndices crticos de disponibilidade o consumo de
gua por pessoa de 10 a 15 L.pessoa-1. J em Nova York, h um consumo exagerado de gua
tratada que pode chegar a 1,00m.dia-1. (CETESB, 2013).
Para a ONU (2013), um bilho de pessoas tem acesso restrito a um abastecimento de
gua que proporcione o suficiente para consumo, ou seja, uma fonte que possa fornecer 20 litros de
gua por pessoa por dia a uma distncia no superior a mil metros. Essas fontes incluem ligaes
domsticas, fontes pblicas, fossos, poos, nascentes protegidas e a coleta de guas pluviais.
O sculo XXI considerado a era urbana, previsto que dois teros da populao
mundial vivam nas cidades at o ano de 2025. A concentrao intensificada da populao nas
cidades e a urbanizao tendem a agravar o estado de escassez de gua e inundao nas cidades
(GROUP RAINDROPS, 2002).
Ocupaes irregulares em reas de mananciais ocorrem em larga escala, sendo uma
preocupao pertinente e que merece a devida ateno face aos problemas que podem ser criados
relativos a fatores ambientais, uma vez que, ocupaes irregulares impedem o planejamento
adequado por parte do poder pblico, contribuindo para degradao do ambiente e aumento da
poluio, inclusive da gua. Em contra partida, existem algumas medidas de carter preventivo e
corretivo da atual situao, podendo ser citadas, entre elas, o aproveitamento de guas pluviais em
residncias, condomnios e indstrias de forma a minimizar a demanda per capita atravs destes
sistemas alternativos (GARCIAS e SANCHES, 2009).
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Como soluo para os problemas dessa era, faz-se necessria a utilizao de novas
alternativas para a produo de gua. A reciclagem e o reuso devero fazer parte de um programa de
substituio, com o objetivo de diminuir o consumo de gua potvel por gua de chuva (TOMAZ,
2001).
O sistema de captao de guas pluviais uma das alternativas para combater a escassez
de gua e promover a conservao das guas dos mananciais. As guas pluviais so captadas e
armazenadas para um posterior consumo em usos no nobres como, por exemplo, rega de jardim,
lavagens de carro, etc. (COSTA et al., 2006).
Em pases como Alemanha e Austrlia, a captao de gua de chuva uma prtica
bastante utilizada. Aliada a essas prticas, novos sistemas vem sendo desenvolvidos (FERNANDES,
2009).
Na Alemanha, o aproveitamento de gua de chuva incentivado pelas autoridades
pblicas com o financiamento das construes dos sistemas de captao de guas pluviais,
incentivando a economia de gua potvel com o objetivo de suprir futuras demandas e tambm
conservar guas subterrneas que so utilizadas como fontes de recursos hdricos em muitas cidades
do pas, (GROUP RAINDROPS, 2002).
O Japo referncia mundial no quesito aproveitamento de gua de chuva, pois trata-se
de um dos pases que mais utiliza a gua de chuva. Pode-se citar com o exemplo a cidade de Tquio,
onde regulamentos do governo obrigam que prdios que possuam rea construda superior a 30.000
m, ou que utilize mais de 100 m por dia de gua para fins no potveis faam a reciclagem de
chuva, (TOMAZ, 2003).
A cidade de Curitiba aprovou em 2003 a Lei N 10.785 que trata do Programa de
Conservao e Uso Racional de gua nas Edificaes PURAE. Esta lei tem como principal objetivo
conscientizar a populao a respeito da importncia da conservao da gua (CURITIBA, 2003).
De acordo com artigo publicado no site da empresa Engeplas, o diretor do Controle de
Edificaes de Curitiba afirma que com a Lei N 10.785, queles que apresentam projetos para obter
a concesso de alvar para uma nova construo so obrigados a assinar um termo de compromisso
se responsabilizando pela instalao do sistema de coleta e filtragem de gua de chuva, assim como
as demais exigncias da lei. A verificao do cumprimento da lei feita ao final da obra, e assim se
procede a liberao do Habite-se, documento que libera a edificao para a ocupao.
O diretor tcnico da construtora Baggio da regio de Curitiba cita que a procura por
informaes sobre sistemas de coleta de guas pluviais aumentou 20% no ltimo ano. De acordo
com ele, em um projeto de uma casa com 250 metros quadrados, a instalao de um sistema de
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reutilizao da gua da chuva acrescenta de 6% a 8% ao custo hidrulico da obra. Um estudo
realizado por outra grande construtora da regio (TH) estima que h a possibilidade de suprir por
oito meses do ano as descargas de vasos sanitrios de um condomnio somente com a gua da chuva
armazenada.
Na busca por um ciclo urbano da gua sustentvel, novas tecnologias de aproveitamento
de fontes alternativas de captao de gua, novos e modernos dispositivos economizadores de gua
e as tcnicas de projeto de sistemas hidrossanitrios assumem papel importante neste quesito, como
a normatizao de equipamentos sanitrios, que visa maior controle sobre quantidade de gua em
descarga de vasos sanitrios e aeradores em torneiras, uma realidade em pases da Europa e Estados
Unidos. Entretanto o comportamento humano surge como crucial na luta contra a escassez
(GONALVES, 2006).
O aproveitamento de gua de chuva tende a ser uma prtica cada vez mais difundida e
comum, tendo em vista que a necessidade evidenciada, gerada pela diminuio da oferta de gua
provocar mudanas de hbitos e consumo na populao. Alm disso, o surgimento de novas
tecnologias e aprimoramento daquelas j existentes para esse fim possibilitar o barateamento dos
custos desses sistemas de aproveitamento, tornando vivel sua utilizao por um nmero cada vez
maior de pessoas nos mais diversos pases.
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o aproveitamento da gua da chuva para fins no potveis em um condomnio
horizontal.
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Dimensionar um sistema de aproveitamento de gua de chuva
Determinar o custo de implantao e manuteno do sistema, bem como o tempo de retorno financeiro com a implantao do sistema;
Propor medidas na conveno de condomnio que proporcionem o aproveitamento de gua de chuva de modo a garantir a economia de gua potvel e maneiras de incentivar tais prticas.
Avaliar os impactos na produo de lodo da Estao de Tratamento de gua para um cenrio de expanso do sistema de aproveitamento de gua de chuva em condomnios horizontais.
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3 REVISO BIBLIOGRFICA
3.1 CONDOMNIOS HORIZONTAIS FECHADOS
A modalidade habitacional que consiste na unio de inmeros domiclios localizados na
mesma rea fechada, denominados condomnios horizontais fechados, est em crescimento
constante, como facilmente observado nas mdias e grandes cidades brasileiras.
Segundo definio do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econmico (IPARDES) o
termo domiclio se refere ao local de moradia estruturalmente independente, constitudo por um ou
mais cmodos, com entrada privativa. Os domiclios classificam-se como coletivo e particular
(IPARDES, 2011).
O domiclio da pessoa natural o lugar onde ela estabelece a sua residncia de forma
definitiva (BRASIL, 2002).
Os condomnios horizontais, fechados por excelncia, caracterizam-se por planos
urbansticos de uso residencial resultantes da diviso de uma gleba em: unidades residenciais, reas
de circulao, reas verdes e de lazer privativas comunidade que nele habita. As reas comuns
internas so privadas e mantidas pelos moradores mediante o pagamento mensal de uma taxa
condominial. Cada unidade residencial uma frao ideal do terreno, ou seja, h uma diviso das
reas internas comuns proporcionais rea de cada unidade residencial. Em suma, todos os
proprietrios so donos de uma rea em comum, da explica-se o termo condomnio (DACANAL e
GUIMARES, 2005).
Sobre a classificao dos condomnios, Nisgoski (2007) afirma que, o conceito de alto,
mdio e baixo padro de um condomnio no est associado apenas ao valor de compra e venda do
imvel, pois este valor pode variar de acordo com a localizao e os servios oferecidos aos
moradores.
Ainda, segundo Zylberstayn (2006 apud Nisgoski 2007), as trs palavras que definem o
alto luxo so segurana, lazer e servios. Alto, mdio e baixo padro so classificados pela
quantidade e qualidade destes itens de infraestrutura e servios oferecidos pelas construtoras.
As casas podem ser edificadas pelo construtor do condomnio, antes da venda de cada
unidade, o que chamam de condomnios de casas prontas, ou podem ser construdas pelos
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prprios habitantes aps a compra do lote, e neste caso denominam-se condomnio de lotes
(DACANAL e GUIMARES, 2005).
Maluf (2005 apud Nisgoski, 2007) diz que a propriedade comum deve ter seu uso e
destinao disciplinados por conveno de condomnio e pelo regimento interno onde dever conter
os deveres e direitos de cada morador, proprietrio ou inquilino.
O Art. 1.334 do Cdigo Civil Brasileiro (Lei 10.406/2002) prev que a conveno coletiva
determinar, entre outros: V - o regimento interno . Neste item podero ser inseridas exigncias
para promover a economia de gua. O Art. 1.334 ainda prev IV - as sanes a que esto sujeitos os
condminos, ou possuidores.
A modalidade de condomnios horizontais vem crescendo de forma consistente. At
metade da dcada de 70 as principais modalidades habitacionais disponveis maioria dos brasileiros
nos mdios e grandes centros eram as casas e apartamentos implantados em lotes urbanos
convencionais. A partir de ento, o mercado imobilirio props novas opes de moradias, dentre as
quais, os condomnios horizontais fechados (MONACO DOS SANTOS, 2003).
Isso ocorreu aps a Lei 4.591 de Dezembro de 1964, que instituiu os Condomnios
Horizontais. O surgimento da lei ocorreu pela presso social, que tinha como principal anseio a
legalizao dos condomnios j existentes desde meados da dcada de 20 e, at ento irregulares
(SOARES, 1999).
Ainda segundo Soares (1999), a modalidade de condomnio permitida anteriormente era
relativa ao Decreto 5.481 de Junho de 1928 e fazia referncia apenas a prdios de dois ou mais
pavimentos.
Em Curitiba, os Condomnios dominam a regio oeste da cidade. Grandes lotes favorecem
a instalao desse tipo de imvel em bairros como Santa Felicidade, Campo Comprido, Cascatinha,
So Joo, So Braz e Santo Incio. Destaca-se que 62,9% dos terrenos dessa regio tm mais de 500
metros quadrados e 40,4% deles so superiores a 750 metros quadrados. Essa grande rea a
principal caracterstica dos imveis desta regio no municpio de Curitiba (GAZETA DO POVO, 2009).
3.2 CONVENO DE CONDOMNIOS
Esta categoria habitacional submete-se a uma organizao e estruturas especficas, ou
seja, um regime jurdico prprio. A propriedade horizontal possui estrutura prpria que diferencia-se
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de outros institutos jurdicos tradicionais, trata-se de um novo direito real, resultante da combinao
de direitos reais preexistentes. (LOPES, 2000).
Ainda segundo Lopes (2000), por essa razo que se faz necessria a criao de uma
norma para reger problemas internos, criando-se a figura da Conveno de Condomnio, a qual tem
carter estatutrio e institucional e suas definies atingem diretamente no s os moradores, os
quais podem ser denominados signatrios da mesma, bem como aqueles que ingressam
eventualmente no universo do condomnio, como funcionrios, amigos, familiares e convidados dos
moradores, prestadores de servio, dentre outros.
Por essas razes, a conveno de interesse de todos os condminos e, portanto, deve
representar a vontade de vrias pessoas, sobrepondo-se ao interesse individual, como consta nos
artigos que compe a Lei Federal conhecida como Lei de Condomnio n 4.591/1964, que dispe
sobre o condomnio em edificaes e as incorporaes imobilirias.
Em janeiro de 2003, entrou em vigor o novo Cdigo Civil (Lei Federal n 10.406/2002),
redigido no ano anterior e que trouxe novas e predominantes interpretaes sobre as disposies da
lei anterior, no caso a Lei de Condomnio de 1964 com seus 27 artigos. Tais disposies do novo
Cdigo Civil compem os Artigos 1.331 a 1.358 (SECOVI, sem data)
Entretanto, a Lei 4.591/1964 continua vlida para os assuntos que o novo Cdigo Civil de
2003 no abrange, principalmente no que tange ao direito a propriedade, procedimentos para
convocar e realizar assembleias, questes relativas despesas de condomnio, dentre outros
assuntos.
Por sua vez, o Cdigo Civil Brasileiro (Lei 10.406/2002) cria novas disposies dando a
devida ateno a questes como a diferenciao de reas comuns de privativas, diversas mudanas
relacionadas a multas em vrias categorias, como inadimplncia, multa por comportamento anti-
social e descumprimento de normas. H tambm alteraes tcnicas como no caso do Artigo 1.349
que dispe sobre a quantidade de condminos necessrios para destituir um sndico, passando dos
2/3 da Lei 4.591/1964 para a maioria absoluta, no caso metade mais um, de acordo com o novo
Cdigo Civil.
3.3 RELAO DA EXPANSO URBANA E DISPONIBILIDADE HDRICA
A gua pode ser encontrada na atmosfera sob a forma de vapor, partculas lquidas, ou
ainda em gelo e neve e est distribuda na atmosfera, na superfcie da terra e no subsolo.
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De acordo com Pinto et al. (1974) pela evaporao que se mantm o ciclo hidrolgico.
Destaca-se a importncia de apresentar os valores aproximados, obtidos para os Estados Unidos
referentes s propores das principais fases do movimento da gua. Do volume total que atinge o
solo, cerca de 25% alcanam os oceanos na forma de escoamento superficial, enquanto que 75%
retornam atmosfera por evaporao. Destes, 40% iro precipitar-se diretamente sobre os oceanos,
e 35% novamente sobre o continente, e somando-se contribuio 65% resultantes da evaporao
das grandes massas lquidas, para completar o ciclo.
A figura 1 apresenta o ciclo hidrolgico, onde aps precipitada parte desta gua infiltra no
solo abastecendo os lenis freticos e rios, parte evapora formando novas nuvens e parte escoa
superficialmente descarregando em mares e outros rios.
Colho (2001), a respeito do crescimento populacional na Terra, cita que com o avano da
tecnologia, da medicina e do conhecimento humano nas diversas reas a populao tem crescido de
forma extraordinria. No ano 1000 da era crist a populao era de 310 milhes de habitantes, em
1500 ramos 500 milhes de habitantes, em 1900 um bilho e 260 milhes de habitantes. Em 1950,
a populao era de dois bilhes e 250 milhes de habitantes, ou seja, em 50 anos duplicamos a
populao. Em 1999 alcanamos seis bilhes de habitantes e em 2011 a marca de sete bilhes j foi
atingida. Estima-se para o ano de 2050 uma populao de aproximadamente 9 bilhes de habitantes.
FIGURA 1 CICLO HIDROLGICO.
FONTE: PINTO et al., 1998
-
20
A taxa de evoluo populacional est em franco crescimento e muitas vezes de forma desordenada,
principalmente nos grandes centros urbanos.
Ainda segundo dados da Organizao das Naes Unidas, (ONU), mensalmente, pases em
desenvolvimento recebem cerca de 5 milhes de novos residentes. No , portanto, tarefa simples
garantir que todos recebam gua em qualidade e quantidade suficientes. Este problema se agrava
pelas constantes necessidades de ampliao de infraestrutura de abastecimento, ou ainda pelas
incertezas climticas e a sucesso de eventos crticos extremos como cheias e estiagens (TRIGUEIRO,
2005).
No mbito mundial, a disponibilidade de gua mostra a realidade alarmante, de que ela
um bem finito e que no um recurso abundante, ou seja, deve-se prezar pela manuteno,
qualidade dos recursos hdricos disponveis. Desta forma importante a conscientizao das pessoas
para que todos participem para a preservao dos nossos recursos hdricos, pois Colho (2001) se
refere necessidade da preservao destes recursos para que as populaes atuais e futuras no
recebam como herana a falta de gua.
Toda esta problemtica no se limita apenas preservao e conservao dos recursos
hdricos. importante destacar a necessidade do uso eficiente da gua que inclui toda medida que
reduza a quantidade de gua que se utiliza em qualquer atividade, e que favorea a manuteno e a
melhoria da qualidade da gua, (COLHO, 2001).
Para a Agncia Nacional de guas (ANA), no mbito nacional esta realidade no
diferente, apesar do Brasil possuir aproximadamente 12% da gua doce superficial disponvel na
Terra, h uma distribuio territorial natural bastante desigual desses recursos. Assim tem-se que
45% da extenso territorial do pais concentra 73,6% dos recursos hdricos do pas ANA (2009).
O Brasil tem caractersticas histricas relativas a sua colonizao e ocupao que explicam
a aparente contradio entre abrigar uma das maiores reservas de gua do planeta e ainda assim
sofrer com problemas de escassez. Hoje o Brasil concentra a maior parte da sua populao nas
regies Sudeste onde esta continua sendo a mais urbanizada, apresentando um grau de urbanizao
de 92,9%. As Regies Centro-Oeste e Sul tm, respectivamente, 88,8% e 84,9% de populao IBGE
(2010).
Tomaz (2001), destaca o fato de que 68,5% dos recursos hdricos do Brasil esto na regio Norte,
enquanto que o Nordeste apresenta 3,3%, Sudeste 6,0%, Sul 6,5% e Centro-Oeste 15,7%. O
interessante que apesar da regio norte possuir 68,5% da nossa gua doce, possui somente 6,83%
da populao, enquanto que o Nordeste tem 28,94%, a regio Sudeste 42,73%, o Sul 15,07% e o
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21
Centro-Oeste 6,43%. Observa-se, que o Brasil possui grande quantidade de gua distribuda de forma
no uniforme.
A realidade nacional bastante alarmante quando se entra no mrito das companhias de
abastecimento de gua. Os ndices de perda apresentam valores bastante significativos. Segundo
dados do Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento, SNIS (2010), o ndice mdio nacional
de perdas nas redes de distribuio de gua de 35,9%. Destaca-se o fato deste ser o menor ndice
nos ltimos 16 anos. Ainda segundo o SNIS, tais ndices esto diretamente associados qualidade da
infraestrutura e da gesto dos sistemas. Para explicar este fato, algumas hipteses podem ser
levantadas, tais como falhas na deteco de vazamentos, redes de distribuio funcionando com
presses muito altas, elevados problemas na qualidade da operao dos sistemas, dificuldade no
controle das ligaes clandestinas e na aferio/calibrao dos hidrmetros, ausncia de programa
de monitoramento de perdas, dentre outras hipteses.
A figura 2 apresenta a distribuio espacial do ndice de perdas na distribuio de gua
segundo os estados brasileiros.
Comparando com outros pases, Colho (2001) apresenta as perdas em algumas cidades
do mundo, tais como Frankfurt com perdas na ordem de 4,81%, Hamburgo com 5,67% de perdas e
ainda Groningen com 5,30% de perdas.
FIGURA 2 REPRESENTAO ESPACIAL DO NDICE DE PERDAS NA DISTRIBUIO DE GUA SEGUNDO OS ESTADOS.
FONTE: SNIS, 2010.
-
22
Segundo o Censo 2010, o Paran possui 10,44 milhes de habitantes, distribudos em 399
municpios, em sua maior parte inserido na regio hidrogrfica do Paran. Dos municpios que so
abastecidos exclusivamente por mananciais superficiais, 22% concentram-se nas pores leste e sul
do estado. J os que so abastecidos somente por mananciais subterrneos somam 56 % dos
municpios e outros 22% so abastecidos de forma mista (ANA, 2011).
importante destacar que o Paran apresenta uma das menores taxas de perdas na
distribuio de gua, algo na ordem de 32,4%, em 2010 (SNIS, 2010).
O Sistema de abastecimento de gua da Regio Metropolitana de Curitiba composto por
quatro sistemas produtores: Sistema Iguau, Ira, Passana e Miringuava. Apresenta ndice de
atendimento de gua igual a 100% e ndice de perdas de 38,1% dentro da mdia estadual que varia
de 30 a 40%.
O jornal Gazeta do Povo publicou reportagem afirmando que, de acordo com a
Organizao das Naes Unidas (ONU), uma pessoa precisa de 110 litros de gua tratada por dia para
satisfazer, com conforto, suas necessidades bsicas de consumo e higiene. No entanto, entre as dez
maiores cidades do Paran, em trs delas o gasto per capita est acima do ndice recomendado.
Informaes da Companhia de Saneamento do Paran, mostram que Londrina, Maring e Curitiba,
nesta ordem, so os municpios mais gastadores de gua, com taxas de consumo mdio domiciliar
per capita de 121,79, 121,60 e 115,61 litros ao dia, respectivamente. Os valores referem-se ao
perodo entre julho de 2010 e julho de 2011.
Em uma residncia de alto padro, o consumo de gua de 250 L.hab-1.dia-1 (SANEPAR
2010).
Diante de todas as questes que envolvem a gua, onde se estima que a populao
mundial atinja a casa de 9 bilhes de habitantes em 2050 e os desafios de garantir que todos
recebam gua em qualidade e quantidade suficientes, se faz necessrio a utilizao de novos meios
de aproveitamento de gua de modo a minimizar os impactos causados por toda a problemtica
envolvendo a gua.
3.4 APROVEITAMENTO DE GUA DA CHUVA
A chuva, em grande parte da Regio Sul e no caso especfico do Estado do Paran, uma
fonte de gua facilmente obtida. Aproveitar a gua da chuva ser uma das medidas contra o
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racionamento. Ento, pode-se dizer que esse aproveitamento uma alternativa para evitar a crise da
gua no mundo (GROUP RAINDROPS, 2002).
Tomaz (2007) define gua de chuva como sendo aquela que coletada nos telhados
inclinados ou planos onde no haja passagem de pessoas ou veculos. Cita ainda que no se deve
utilizar o termo reuso de gua de chuva, ou reaproveitamento, para o aproveitamento de gua de
chuva, dado que o termo reuso utilizado para casos onde a gua j foi utilizada pelo homem para
a lavagem das mos, bacias sanitrias, lavagem de roupas e banhos. E o termo reaproveitamento
semelhantemente ao reuso, tambm no se aplica, pois indica que a gua da chuva j foi utilizada.
A questo da disponibilidade de gua para consumo humano torna-se a cada dia que
passa mais crtica. Com o aumento da populao, o aumento da disponibilidade e manuteno da
qualidade da gua para saciar este aumento na demanda, contrasta com o paradoxo relativo
problemtica enfrentada na conservao e uso adequado dos recursos hdricos, diretamente
afetados pela ocupao humana desordenada em reas de mananciais. Diante deste fato, faz-se
necessria a busca por novas alternativas na obteno deste recurso, sendo uma delas, o
aproveitamento de gua de chuva.
Tomaz (2007) afirma que os motivos que decidem pela utilizao da gua da chuva ou
no, so os seguintes:
Conscientizao e sensibilidade da necessidade da conservao da gua;
Regies com disponibilidade hdrica inferior a 1200m.hab. Ano;
Elevadas tarifas de gua das concessionrias de pblicas;
Retorno de investimento (Payback) muito rpido;
Instabilidade do fornecimento de gua pblica;
Exigncia de lei especfica;
Regies onde a estiagem maior que 5 meses por ano;
Regies onde o ndice de aridez seja menor ou igual a 0,50.
Para Sautchuk (2004), o aproveitamento da gua de chuva apresenta alguns aspectos
positivos, onde se destaca a diminuio do consumo de gua potvel, desonerando as companhias
de saneamento no quesito fornecimento de gua potvel e tambm o fato da edificao em questo
promover a diminuio do problema de possveis enchentes.
Para Fendrich e Oliynik (2002), a tecnologia para operar um sistema de utilizao de guas
pluviais deve integrar as seguintes tcnicas:
Coleta das guas pluviais dos telhados, coberturas, marquises, etc;
Armazenamento das guas pluviais em reservatrios;
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24
Verificao da qualidade das guas pluviais;
Abastecimento local pelo uso das guas pluviais;
Drenagem do excesso das guas pluviais provocado pelas chuvas intensas;
guas pluviais complementares s do abastecimento pblico das cidades, em pocas de estiagem (emergncias);
Eliminao da gua coletada no incio das chuvas.
No Paran, a deteno de guas pluviais tem seus primeiros passos dados em 1982, no
estudo pioneiro realizado no reservatrio de deteno das guas pluviais na cidade de Planaltina do
Paran, com capacidade mxima de 9.700m.
3.4.1 Anlise dos Dados Hidrolgicos
Para Pinto et al. (1976) em sntese, o estudo da hidrologia compreende a coleta de dados
bsicos, como por exemplo, a quantidade de gua precipitada ou evaporada e a vazo de rios.
Segundo Pinto et al. (1976), para o correto processamento dos dados observados nos
pontos pluviomtricos se faz necessrio proceder algumas anlises que visam verificar os valores a
serem utilizados. Tais como:
Deteco de erros grosseiros;
Preenchimento de Falhas;
Verificao da Homogeneidade dos dados;
3.4.1.1 Deteco de Erros Grosseiros
Ainda segundo Pinto et al. (1976), inicialmente deve-se procurar a deteco de erros,
como observaes marcadas em dias que no existem, como 30 de fevereiro, quantidade de chuva
absurda que sabidamente no podem ter ocorrido.
Pinto et. al (1976) salienta a respeito da importncia da fase de coleta de dados. A
hidrologia baseia-se, essencialmente em elementos observados e medidos no campo. O
estabelecimento de postos pluviomtricos ou fluviomtricos e a sua manuteno ininterrupta ao
longo do tempo so condies absolutamente necessrias ao estudo hidrolgico. Desta forma alguns
procedimentos so necessrios em caso de inconsistncia nos dados hidrolgicos.
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25
3.4.1.2 Preenchimento de Falhas
Pode haver dias sem observao ou mesmo intervalos de tempo maiores, por
impedimento do encarregado, ou pelo aparelho estar estragado (PINTO et al., 1976).
Neste caso, Teixeira (2010), afirma que o mtodo da Ponderao Regional pode ser
adotado. Trata-se de um mtodo simplificado utilizado para o preenchimento de sries mensais ou
anuais de precipitaes, visando homogeneizao do perodo de informaes e a anlise estatstica
das precipitaes. Para Pinto et. al (1976), a srie de dados que dispe uma estao X, dos quais se
conhece a mdia Mx, num determinado nmero de anos, apresenta lacunas que devem ser
preenchidas. Em geral adota-se o seguinte procedimento:
1) Supe-se que a precipitao no ponto X(Px) seja proporcional s precipitaes nas estaes
vizinhas A, B, e C, num mesmo perodo, que sero representadas por Pa, Pb e Pc.
2) Supe-se que o coeficiente de proporcionalidade seja a relao entre a mdia Mx e as mdias
Ma, Mb e Mc, no mesmo intervalo de anos, isto , que as precipitaes sejam diretamente
proporcionais a suas mdias.
3) Adota-se como valor Px a mdia ponderada entre os trs valores calculados a partir de A, B e
C.
+
+
= Pc
McMxPb
MbMxPa
MaMx
NPx ....1
(1)
Onde:
N o nmero de estaes comparadas;
Mx, Ma, Mb e Mc so as mdias das precipitaes nas estaes X, B, C e D em mm/ms;
Pa, Pb e Pc so as precipitaes observadas nas estaes B, C e D no perodo de falha em mm/ms.
Teixeira (2010), complementa que a escolha dos postos a serem utilizados no mtodo da
ponderao regional deve levar em considerao um intervalo mnimo de srie (usualmente 30 anos)
e estar em uma regio climatolgica semelhante.
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26
3.4.1.3 Verificao de Homogeneidade dos Dados
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS), para anlise de
consistncia de sries pluviomtricas, devem ser elaboradas curvas duplo-acumulativas, tambm
denominadas dupla-massas. So critrios fundamentais que sejam utilizados dados de postos de
medies com a mesma caracterstica climatolgica, onde os registros totais mensais acumulados
sejam comparados com dados de um posto confivel ou de valores mdios de vrios outros postos.
A ONS destaca ainda que para a correta anlise dos dados pluviomtricos devem ser identificados
perodos comuns entre as estaes evitando preenchimentos de falhas.
3.4.2 Estimativa de Demanda Residencial de gua
Tomaz (2000, apud May, 2004) cita que a gua para consumo humano pode ser
distinguida da seguinte forma:
gua potvel onde poder ser utilizada para beber, preparao de alimentos e higiene pessoal;
gua no potvel, utilizada para irrigao, lavagem de jardins e veculos e descarga de vasos sanitrios.
O quadro 1 apresenta parmetros de engenharia para consumo interno de uma residncia e seus
principais usos.
USO INTERNO UNIDADE PARMETROS
INFERIOR SUPERIOR MAIS PROVVEL
Gasto mensal m.pessoa.ms 3 5 4
Nmero de pessoas na casa Pessoa 2 5 3,5
Descarga na bacia sanitria Descarga.pessoa.dia 4 6 5
Volume de descarga da bacia sanitria Litros.descarga 6,8 18 9
QUADRO 1-PARMETROS DE ENGENHARIA PARA CONSUMO EM REAS EXTERNAS UMA RESIDNCIA FONTE: Adaptado de TOMAZ (2007)
J o quadro 2 apresenta parmetros de engenharia para consumo externo de uma
residncia.
-
27
Consumo em reas externas de uma residncia
USO EXTERNO UNIDADE QUANTIDADE
Gramado ou jardim Litros.dia.(m) 2
Lavagem de carros Litros.lavagem.carro 150
Frequncia de lavagem de carros Lavagem.ms 4
Mangueira de jardim 1/2" x 20m Litros.dia 50
Tamanho da casa m 30 a 450
Tamanho do lote m 125 a 750
QUADRO 2-PARMETROS DE ENGENHARIA DE CONSUMO EM REAS EXTERNAS UMA RESIDNCIA FONTE: Adaptado de TOMAZ (2007)
A NBR 5626 (ABNT, 1998), estabelece exigncias e recomendaes relativas ao projeto,
execuo e manuteno da instalao predial de gua fria. Trata fundamentalmente a respeito dos
princpios de bom desempenho da instalao e da garantia de potabilidade da gua no caso de
instalao de gua potvel. O Quadro 3 apresenta vazes de dimensionamento em funo do
aparelho sanitrio e pea de utilizao.
Vazo nos pontos de utilizao conforme aparelho de utilizao
Aparelho sanitrio Pea de utilizao
Vazo de
projeto (L.s-1)
Banheira Caixa de gua 0,15
Vlvula de descarga 1,7
Bebedouro Registro de presso 0,3
Bid Misturador (gua fria) 0,1
Chuveiro ou ducha Misturador (gua fria) 0,1
Chuveiro eltrico Registro de presso 0,2
Lavadora de pratos ou roupas Registro de presso 0,1
Lavatrio Torneira ou misturador (gua fria) 0,3
Mictrio cermico
Com sifo integrado Vlvula de descarga 0,15
Sem sifo integrado Caixa de gordura, registro de presso, ou vlvula de descarga para mictrio
0,5
0,15
Mictrio tipo calha Caixa de descarga ou registro de presso
0,15 por
metro de
calha
Pia Torneira ou misturador (gua fria) 0,25
Torneira eltrica 0,1
Tanque Torneira 0,25
Torneira de jardim ou lavagem geral Torneira 0,2
QUADRO 3 VAZO NOS PONTOS NOS PONTOS DE UTILIZAO CONFORME APARLHO SANITRIO E PEA DE UTILIZAO
FONTE: Adaptado da NBR 5626 (ABNT, 1998)
-
28
3.4.3 Legislaes e Normas Vigentes
No Brasil ainda no existe uma legislao especfica para aproveitamento de gua de
chuva que tenha como objetivo estabelecer padres de qualidade que esta gua deva atender para
os seus diferentes usos. Desta forma torna-se necessrio adotar a legislao vigente, mesmo que em
carter temporrio.
3.4.4 Normatizao Federal
Padres de qualidade da gua da chuva que podero ser adotados conforme a NBR 13969
(ABNT, 1997), Tanques spticos Unidades de tratamento complementar e disposio final dos
efluentes lquidos Projeto, Construo e Operao, onde o item 5.6 citado que o esgoto tratado
deve ser reutilizado para fins que exigem qualidade de gua no potvel, mas sanitariamente segura,
tais como irrigao dos jardins, lavagem dos pisos e dos veculos automotivos, na descarga dos vasos
sanitrios, na manuteno paisagstica dos lagos e canais com gua, na irrigao dos campos
agrcolas e pastagens, etc.
A NBR 15527 (ABNT, 2007), gua de Chuva Aproveitamento de Coberturas em reas
urbanas para fins no potveis fornece requisitos para o aproveitamento de gua de chuva de
cobertura em reas urbanas para fins no potveis, como: descarga em bacias sanitrias, irrigao de
gramados e plantas ornamentais, lavagem de veculos, limpeza de caladas e ruas, limpeza de ptios,
espelhos dgua e usos industriais, conforme dados constates no quadro 4.
Parmetros de gua de Chuva para Fins No potveis
PARMETRO ANLISE VALOR
Coliformes totais Semestral Ausncia em 100 mL
Coliformes termotolerantes Semestral Ausncia em 100 mL
Cloro residual livre Mensal 0,5 a 3,0 mg/L
Turbidez Mensal < 2,0 uT para usos menos restritivos e < 5,0 uT
Cor aparente Mensal < 15 uT
pH Mensal 6,0 a 8,0 no caso de tubulaes de ao carbono ou galvanizado
QUADRO 4 - PARMETROS DE GUA DE CHUVA PARA FINS NO POTVEIS FONTE: Adaptado da NBR 15527 (ABNT, 2007).
A norma NBR 5626 (ABNT, 1998), estabelece exigncias e recomendaes relativas ao
projeto, execuo e manuteno da instalao predial de gua fria.
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29
A NBR 10844 (ABNT, 1989), fixa exigncias e critrios necessrios aos projetos das
instalaes de drenagem de guas pluviais, visando a garantir nveis aceitveis de funcionalidade,
segurana, higiene, conforto, durabilidade e economia.
Alm das normas e portarias citadas anteriormente, possvel adotar como referncia na
questo do aproveitamento de gua da chuva, a publicao Conservao e Reuso da gua de Chuva
em Edificaes, realizado pela Agncia Nacional de guas (ANA), Superintendncia de Conservao
de gua no Solo (SAS/ANA), Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (FIESP), Sindicato da
Indstria da Construo do Estado de So Paulo (SindusCon-SP) e Comit de Meio Ambiente do
SindusCon-SP (COMASP), que indica valores de parmetros de qualidade de gua para reuso
apresentados no quadro 5.
Parmetros de Qualidade de gua para Reuso
PARMETRO UNIDADE CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3 CLASSE 4
Coliformes Fecais NMP.100 ml-1 No Detectveis 1000 200/100 -
pH - 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 5,0 - 8,3
Cor uH 10 - < 30 -
Turbidez UT 2 - < 5 -
Odor e aparncia - No Detectveis No desagradveis - -
leos e Graxas mg . L-1 No Detectveis 1,0 - -
DBO mg . L-1 10 30 < 20 -
DQO mg . L-1 - - - 75
Compostos Orgnicos Volteis - Ausentes Ausentes - -
Nitrato mg . L-1 10 - - -
Nitrogncio Amoniacal mg . L-1 20 - - -
Nitrito mg . L-1 1 - - -
Nitrognio total mg . L-1 - - 5 - 30 -
Fosforo total mg . L-1 0,1 - - -
Slido Suspenso Total mg . L-1 5 30 < 20 5000
Slido dissolvido total mg . L-1 500 - - 1000
Cloretos mg . L-1 - - - 600
Dureza mg . L-1 - - - 850
Alcalinidade mg . L-1 - - - 500
Sulfatos mg . L-1 - - - 680
QUADRO 5 - PARMETROS DE QUALIDADE DE GUA PARA REUSO FONTE: Adaptado de SAUTCHUCK et al., (2005)
3.4.5 Legislao Municipal
O municpio de Curitiba aprovou a Lei n 10.785 de 18 de dezembro de 2003 que trata do
Programa de Conservao e Uso Racional da gua nas Edificaes PURAE. Esta lei objetiva instruir
medidas que promovam o uso racional de gua, utilizando fontes alternativas para captao de gua
e conscientizando o usurio a respeito da importncia da conservao da mesma. O artigo 5 da lei
-
30
ainda prev que as novas edificaes utilizem aparelhos e dispositivos que promovam a economia de
gua e, nos casos de apartamentos, os hidrmetros de medio de gua devero ser individuais.
Ainda segundo a PURAE (2003), fazem parte das aes de utilizao de fontes alternativas
a captao, armazenamento, e a utilizao de gua proveniente das chuvas e guas servidas, onde
estas sejam aproveitadas para fins no potveis, como consta no artigo 7 da mesma Lei que cita
usos especficos como: rega de jardins e hortas, lavagem de roupas, lavagem de veculos, caladas e
pisos. (PURAE, 2003.)
3.4.6 Sistemas de Captao de gua de Chuva
Mazer (2010) afirma que um sistema de captao de gua de chuva consiste em
armazenar a gua de chuva que primeiramente cai sobre o telhado ou lajes das edificaes e escoa
at um reservatrio de acumulao por meio de calhas, condutores horizontais e verticais passando
por equipamentos de filtragem e descarte de impurezas. Eventualmente alguns sistemas podem ser
dotados de sistema de descarte das primeiras guas da chuva. Aps armazenada, a gua e bombeada
para um segundo reservatrio (elevado), de onde a gua distribuda por condutores exclusivos at
o seu destino final.
A figura 3 apresenta um esquema do funcionamento de um sistema de aproveitamento
de gua de chuva. Neste caso a chuva precipitada na rea de captao direcionada at a calha
coletora, em seguida a gua segue para o condutor vertical e o condutor horizontal at o
reservatrio de gua. A normas NBR 10844 (ABNT, 1989), fornece os requisitos para instalaes
prediais de guas pluviais.
FIGURA 3 - ESQUEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA.
FONTE: Adaptado de Sempre Sustentvel (s.d.)
-
31
3.5 DISPOSITIVOS E ACESSRIOS PARA CAPTAO DA GUA DA CHUVA
Tomaz (2007) cita que algumas definies so importantes para o entendimento do
aproveitamento de gua de chuva, so elas:
gua no potvel: a gua que no atende a portaria n 2.914/2011 do Ministrio da Sade.
Calhas e condutores horizontais e verticais: devem atender a NBR 10844/89 e so dimensionadas para atender vazes de pico para determinado tempo de retorno especificado.
Reservatrio Intermedirio: local onde a gua de chuva dever ser armazenada para posterior utilizao
rea de Captao: rea em metros quadrados projetadas na horizontal da superfcie onde a gua captada
Coeficiente runoff (C) ou escoamento superficial: coeficiente que representa a relao entre volume total escoado e volume total precipitado variando conforme superfcie, apresentado no quadro 6.
Coeficientes de Runoff
Material Telhado Coeficiente runoff
Telhas Cermicas 0,8 a 0,9
Telhas Esmaltadas 0,9 a 0,95
Telhas corrugadas de metal 0,8 a 0,9
Cimento amianto 0,8 a 0,9
Plstico, PVC 0,9 a 0,95
QUADRO 6- COEFICIENTES DE RUNOFF FONTE: Adaptado de TOMAZ (2007)
3.5.1 rea de Contribuio
A NBR 10844 (ABNT, 1989), define que rea de contribuio a soma das reas das
superfcies que interceptam a chuva e a conduz at determinado ponto da instalao. A norma ainda
diz que para o clculo da rea de contribuio deve-se utilizar a equao 2.
bhaAc .2
+=
(2)
-
32
J para o clculo da vazo de projeto a mesma norma preconiza a utilizao da equao
(3).
60.AIQ =
(3)
Onde:
Q = Vazo de projeto, em L.mm-1
I = Intensidade pluviomtrica, em mm.h-1;
A = rea de contribuio, em m.
Para Fendrich (2003, apud Mazer 2010) o clculo da intensidade de precipitao mxima
de acordo com o tempo de retorno, para a regio de Curitiba, deve ser feita atravs da equao
atualizada mostrada a seguir:
041,1
159,0
)41(.64,726.5
+=
t
Ti r
(4)
Onde:
i = intensidade de precipitao mxima mdia em mm.h-1;
t = tempo de durao da chuva em min;
Tr = tempo de recorrncia em anos.
FIGURA 4 - INDICAO PARA CLCULO DA REA DE CONTRIBUIO.
FONTE: Adaptado da NBR 10844 (ABNT, 1989)
-
33
A norma NBR 10844 (ABNT, 1989), ainda diz que o perodo de retorno deve ser fixado
segundo as caractersticas da rea a ser drenada, obedecendo ao estabelecido a seguir:
T = 1 ano, para reas pavimentadas, onde empoamentos possam ser tolerados;
T = 5 anos, para coberturas e/ou terraos;
T = 25 anos, para coberturas e reas onde empoamentos ou extravasamento no possa ser
tolerado.
3.5.2 Calhas e Condutores Horizontais e Verticais
CALHAS
Calhas so canais que recebem as guas provenientes do telhado, terraos ou similares e
as conduzem a um ponto de destino
NBR 10844 (ABNT, 1989).
Ainda segundo a NBR 10844 (ABNT, 1989), o dimensionamento das calhas deve ser
realizado pela equao de Manning-Strickler, indicada a seguir:
2/13/2.. iRh
n
SKQ =
(5)
Onde:
Q =Vazo de projeto, em L.min
S =rea da seo molhada, em m
n = coeficiente de rugosidade (ver quadro 7)
R h= raio hidrulico, em m
P = permetro molhado, em m
i = declividade da calha, em m.m-1
K = 60.000
A NBR 10844 (ABNT, 1989), tambm cita os coeficientes de rugosidade a serem adotados
conforme o material utilizado. Os coeficientes esto apresentados quadro 7.
-
34
Material n
Plsticos, fibrocimento, ao, metais no-ferrosos 0,011
Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0,012
Cermica, concreto no-alisado 0,013
Alvenaria de tijolos no-revestida 0,015
QUADRO 7- COEFICIENTES DE RUGOSIDADE CONFORME TIPO DE MATERIAL FONTE: Adaptado da NBR 10844 (ABNT, 1989)
CONDUTORES VERTICAIS
De acordo com a NBR 10844 (ABNT, 1989). Condutores verticais so tubulaes verticais
que recebem as guas das calhas e as conduzem a parte inferir do edifcio.
Para o correto dimensionamento dos condutores verticais necessrio a utilizao do
baco, mostrado no anexo 1, segundo a mesma norma.
CONDUTORES HORIZONTAIS
Condutores horizontais so dispositivos, canais ou tubulaes, responsveis por conduzir
as guas pluviais at locais permitidos pelos dispositivos legais NBR 10844 (ABNT, 1989).
O dimensionamento do dimetro do condutor horizontal determinado em funo da
declividade e da vazo utilizando o quadro 8.
Dimetro interno (mm) n=0,011
0,50% 1,00% 2,00% 4,00%
50 32 45 64 90
75 95 133 188 267
100 204 207 405 575
125 370 521 735 1040
150 602 847 1190 1690
200 1300 1300 1820 2570
250 2350 3310 4660 6620
300 3820 5380 7590 10800
QUADRO 8 - DIMETROS DOS CONDUTORES HORIZONTAIS EM FUNO DA DECLIVIDADE E DA VAZO EM L.min-1 FONTE: Adaptado da NBR 10844 (ABNT, 1989)
3.5.3 Reservatrio
O reservatrio dever ser coberto com tampa de inspeo e ser dotado de extravasor
para o caso de ocorrer excesso de gua no interior do reservatrio. O reservatrio dever possuir
-
35
unidade se recalque e no fundo um sistema de drenagem para proporcionar eventuais manutenes
(FENDRICH 2002, apud MAZER 2010).
De acordo com a NBR 5626 (ABNT, 1998), o reservatrio inferior dever ser concebido
para permitir sua efetiva operao e manuteno de forma simples e econmica. Deve-se ainda ser
executado dentro de compartimento prprio. O compartimento deve ser dotado de drenagem por
gravidade, ou bombeamento, sendo que, neste caso, a bomba hidrulica deve ser instalada em poo
adequado e dotada de sistema eltrico que adverte em casos de falha no funcionamento na bomba.
A figura 5 apresenta o corte esquemtico de uma cisterna dotada de sistema de
bombeamento. A gua da chuva conduzida por meio de uma tubulao horizontal at o filtro,
onde slidos em suspenso sero retidos. Em seguida a gua filtrada ser direcionada at a
cisterna. A entrada da tubulao se d pela parte superior e em seguida segue para o fundo da
cisterna at o freio dgua. O nvel de gua ser controlado por um sistema de boia, onde em
caso de excesso de gua, esta ser direcionada para um extravasor e em seguida at o sistema
de drenagem de guas pluviais do condomnio. O sistema de bombeamento est localizado fora
da cisterna, facilitando possveis manutenes. Sua instalao necessria para conduzir a gua
do interior da cisterna at o reservatrio superior.
Muitas iniciativas em utilizar as guas pluviais para os consumos no potveis da
populao esto em andamento no pas. Leis, decretos, planos diretores de drenagem urbana e
normas tcnicas apontam para que, cada vez mais, o Aproveitamento de gua de Chuva seja
adotado. No entanto, as atuais recomendaes tcnicas para tais medidas so um tanto divergentes,
FIGURA 5 - ESQUEMA PARA INSTALAO DE CISTERNA COM BOMBEAMENTO.
FONTE: Aqualimp (2010)
-
36
no que diz respeito ao dimensionamento do reservatrio para armazenamento da gua coletada
(DORNELLES et al., 2010).
3.5.4 Mtodos de Dimensionamento de Reservatrio
MTODO DE RIPPLL
Para determinar a capacidade de um reservatrio, alguns mtodos tm como base o
Perodo Crtico, ou seja, de pouca chuva, utilizam e identificam sequncia de dados onde a demanda
maior que a produo. Um exemplo deste mtodo o de Rippl (ANNECCHINI, 2005).
GARCEZ (1974, apud PROSAB, 2006) diz que o mtodo de Rippl utilizado para calcular o
volume de armazenamento necessrio para que se possa garantir uma vazo regularizada e
constante, durante o perodo em que haja estiagem crtica.
Neste caso podem ser usadas sries histricas mensais ou dirias NBR 15527 (ABNT,
2007).
A equao utilizada para o mtodo de Rippl a seguinte:
)()()( ttt QDS =
(6)
Q(t) = C x precipitao da chuva (t) x rea de captao
V = S(t), somente para valores S(t) > 0
Sendo que: S(t) < Q(t)
Onde:
S(t) o volume do reservatrio no tempo t;
Q(t) o volume de chuva aproveitvel no tempo t;
D(t) a demanda de consumo no tempo t;
V o volume do reservatrio;
C o coeficiente de escoamento superficial.
-
37
MTODO AZEVEDO NETO
Este mtodo utiliza a precipitao anual relacionada com a quantidade de meses com
pouca ou nenhuma chuva. O volume do reservatrio definido como 4,2% do produto entre o
volume de chuva coletada e nmero de meses com pouca ou nenhuma chuva, identificando o
volume de gua aproveitvel como sendo o volume de gua do reservatrio (FONTANELA, 2010).
O Volume de chuva obtido pela seguinte equao:
TAPV ...0042,0=
(7)
P o valor numrico da precipitao mdia anual, expresso em milmetros (mm);
T o nmero de meses de pouca chuva ou seca;
A o valor numrico da rea de coleta em projeo, expresso em metros quadrados (m);
V o valor numrico do volume de gua aproveitvel e o volume de gua do reservatrio, expresso
em litros (L).
3.5.5 Sistema de Recalque e Distribuio de gua no Potvel
ESTIMATIVA DO CONSUMO DIRIO
O consumo dirio de uma residncia de alto padro de 250L.hab-1.dia-1, (SANEPAR,
2010).
Reali et al. (2002) afirma que para a estimativa do consumo dirio de gua potvel em
uma residncia deve-se multiplicar o nmero de pessoas residentes pelo consumo de gua por
habitante dia, como mostra a equao a seguir.
PNCD .=
(8)
Onde:
CD o consumo dirio em L.hab-1.dia-1;
N o nmero de moradores da residncia;
P o valor de consumo de gua em L.hab-1.dia-1;
-
38
SISTEMA DE RECALQUE
Segundo Reali et al. (2002), a vazo de recalque deve ser de 15 a 20% do consumo dirio
de uma residncia expressa em metro cbico por hora, mostrada na equao a seguir.
CDXQh .=
(9)
Onde:
Qh vazo horria de recalque em m.h-1;
X a porcentagem do consumo dirio de residncia, entre 15 e 20%;
CD o consumo dirio em m.h-1;
Reali et al. (2002) cita ainda que o tempo de operao diria de uma bomba e dada pela
razo do consumo dirio de gua e a vazo horria, mostrada na equao a seguir.
QhCDHf =
(10)
Onde:
Hf o tempo de funcionamento dirio da bomba de recalque em horas;
CD o consumo dirio de gua em L;
Qh vazo horria de recalque em L.s-1;
Segundo a NBR 5626 (ABNT, 1998), um sistema de recalque consiste no bombeamento de
gua de um reservatrio inferior para um reservatrio superior.
Azevedo Neto et al. (1998) afirma que as bombas devem ser abrigadas em locais
apropriados, isoladas de forma a no produzir rudos excessivos. Devem ainda possuir ventilao e
ser suficientemente espaadas para possibilitar sua movimentao e ou manuteno. Um sistema de
recalque deve possuir no mnimo 2 conjuntos elevatrios, sendo um reserva do outro.
Zocoler et al. (2004) afirma que para um sistema de recalque cuja operao no se d de
forma contnua, o dimetro econmico pode ser determinado pela equao de Forchheimer,
mostrada a seguir:
-
39
4/12/1..3,1 TQrD =
(11)
Onde:
D o dimetro da tubulao;
T o nmero de horas dirias de funcionamento da bomba dividido por 24 horas;
Qr a vazo de recalque m.s-1.
A NBR 5626 (ABNT, 1998), cita que as tubulaes devem ser dimensionadas de modo que
a velocidade da gua, em qualquer trecho de tubulao, no atinja valores superiores a 3 m.s-1. Esta
mesma norma no faz meno velocidade mnima.
Azevedo Neto et al. (1998) citam que as tubulaes no se constituem apenas de trechos
retilneos e de mesmo dimetro. Usualmente incluem peas especiais e conexes que, pela forma e
disposies elevam a turbulncia provocando atritos e causando o choque entre partculas dando
origem a perda de carga. So classificadas como perdas contnuas e perdas localizadas.
NETO et al (1998) afirmam que para tubulaes de pequenos dimetros as perdas de
carga continuas so determinadas atravs da frmula de Fair-Whipple-Hsiato apresentada a seguir:
571,0 714,2.934,55/ DQj =
(12)
Onde:
j a perda de carga contnua na tubulao em m.m-1;
Q a vazo de projeto em m.s-1;
D o dimetro da tubulao de recalque em m;
Azevedo Neto et al. (1998) determinam que todas as perdas localizadas podem ser
expressas por:
gVKHf2
.
2
=
(13)
-
40
Onde:
Hf a perda de carga localizada em m;
K constante relativa s conexes utilizadas;
V a velocidade de escoamento na tubulao em m.s-1;
g a acelerao da gravidade m.s-1
A seguir apresentada o quadro 9 com os valores aproximados dos coeficientes K.
Valores Aproximados de K (Perda de Carga Localizada)
Conexo K Conexo K
Ampliao Gradual 0,30 Juno 0,40 Bocais 2,75 Medidor Venturini 2,50 Comporta aberta 1,00 Reduo Gradual 0,15 Controlador de vazo 2,50 Registro de ngulo aberto 5,00 Cotovelo 90 0,90 Registro de gaveta aberto 0,20 Cotovelo 45 0,40 Registro de globo aberto 10,00 Crivo 0,75 Sada de canalizao 1,00 Curva 90 0,40 T, passagem direta 0,60 Curva 45 0,20 T, sada de lado 1,30 Curva 22 1/2 0,10 T, sada bilateral 1,80 Entrada normal em canalizao 0,50 Vlvula-de-p 1,75 Entrada de Borda 1,00 Vlvula de reteno 2,50 Existncia de pequena derivao 0,03 Velocidade 1,00 QUADRO 9-VALORES DOS COEFICIENTES K EM FUNO DE CADA CONEXO
FONTE: Adaptado de Azevedo Netto (1998)
RAMAIS DE DISTRIBUIO DE GUA
A NBR 5626 (ABNT, 1998), afirma que por razes de economia usual estabelecer como
provvel, uma demanda simultnea menor que do que a mxima possvel. Esta demanda simultnea
pode ser estimada pelo mtodo dos pesos elaborado a partir da experincia acumulada na
observao de instalaes hidrulicas similares, (ABNT, 1998).
Este mtodo estabelece empiricamente pesos relativos a vazes de projeto e dado pela
equao a seguir:
PQ = 3,0
(14)
Onde:
Q a vazo estimada na seo considerada, em litros por segundo;
-
41
P a somatria dos pesos relativos de todas as peas de utilizao alimentadas pela tubulao
considerada;
A seguir est apresentado quadro 10 com os pesos relativos em funo de cada aparelho
sanitrio e ou pea de utilizao.
Pesos relativos nos pontos de utilizao identificados em funo do aparelho sanitrio e da pea de utilizao
Aparelho sanitrio Pea de utilizao Vazo de
projeto (L.s-1) Peso
relativo
Bacia sanitria Caixa de descarga 0,15 0,3
Vlvula de descarga 1,7 32
Banheira Misturador (gua fria) 0,3 1
Bebedouro Registro de presso 0,1 0,1
Bid Misturador (gua fria) 0,1 0,1
Chuveiro ou ducha Misturador (gua fria) 0,2 0,4
Chuveiro eltrico Registro de presso 0,1 0,1
Lavadora de pratos ou roupas Registro de presso 0,3 1
Lavatrio Torneira ou misturador (gua fria) 0,15 0,3
Mictrio cermico
Com sifo integrado Vlvula de descarga 0,5 2,8
Sem sifo integrado Caixa de descarga, registro de presso ou vlvula de descarga para mictrio
0,15 0,3
Mictrio tipo calha Caixa de descarga, registro de presso 0,15 por metro
de calha 0,3
Pia Torneira ou misturador (gua fria) 0,25 0,7
Torneira eltrica 0,1 0,1
Tanque Torneira 0,25 0,7
Torneira de jardim ou lavagem geral Torneira 0,1 0,4
QUADRO 10- VAZO NOS PONTOS DE UTILIZAO CONFORME APARELHO SANITRIO E PEA DE UTILIZAO FONTE: Adaptado da NBR 5626 (ABNT, 1998)
3.6 ESTAES DE TRATAMENTO DE GUA
Richter e Azevedo Netto (1991) afirmam que muitos imaginam que a gua uma
substncia simples. Por se tratar de excelente solvente, ningum, at hoje pode v-la em estado
100% pura. Ainda, mesmo sem impurezas, quimicamente sabe-se que a gua a mistura de 33
substncias distintas. As impurezas encontradas nas guas na sua forma natural so inmeras, vrias
delas incuas, destas, poucas desejveis e algumas extremamente nocivas sade, dentre elas
podemos encontrar vrus, bactrias, parasitos, substncias txicas e, at mesmo elementos
radioativos.
-
42
Richter (2001) cita que no uma prtica atual a destinao dos resduos de uma estao
de tratamento de gua em cursos de guas prximos a estao, sendo frequente que a prpria fonte
que abastece a estao receba estes resduos.
A correta destinao dos resduos slidos gerados pelas estaes de tratamento de gua
de extrema importncia para a preservao do meio ambiente. Desta forma se torna um grande
desavio a busca por novas alternativas que sejam tcnica e economicamente viveis a reduo dos
impactos ambientais causados pela falta tratamento dos resduos de uma Estao de Tratamento de
gua.
3.6.1 Tratamento e Destinao de Lodo de ETA
Richter, (2001) diz que o tratamento de lodo de uma estao de tratamento de gua tem
como principal objetivo a remoo de gua para concentrar os slidos, e desta forma reduzir o
volume de lodo produzido pela Estao de Tratamento de gua.
Existem cerca de 7.500 ETAs no Brasil, destas, 70% lanam seus resduos slidos
diretamente em corpos dgua mais prximos. Os impactos ambientais so: aumento da quantidade
de slidos nos corpos dgua; assoreamento dos corpos dgua; aumento da cor, turbidez e
concentrao de alumnio na gua; a toxicidade crnica dos organismos (MORITA, s.d).
Nos ltimo anos o tratamento e disposio final dos lodos vem se tornando uma etapa
crucial no processo de tratamento de guas, consumindo uma significativa frao do oramento da
produo de gua para abastecimento pblico. As Estaes de Tratamento de gua (ETAs)
convencionais geram como resduo o lodo. Este lodo composto por impurezas retiradas da gua
bruta. Por este motivo a disposio deste lodo tem se mostrado extremamente danosa ao meio
ambiente e aos seres humanos, levando ao surgimento de legislaes ambientais severas, exigindo
prticas racionais para disposio deste tipo de resduo (GONALVES, 1999).
3.7 ANLISE ECONMICA
A anlise econmica para o aproveitamento de gua de chuva na residncia deve
considerar em sua metodologia de clculo os seguintes itens:
Sistema de aproveitamento de gua de chuva;
Economia anual de gua fornecida pela companhia de abastecimento local;
-
43
Custo anual com energia eltrica;
Custos para manuteno do sistema.
Os investimentos necessrios nesses itens devem estar pautados por decises justificadas
atravs de clculos obtidos pelos mtodos adequados.
A seguir, sero descritas algumas alternativas de mtodos os quais podem ser utilizados
para esse fim.
3.7.1 Payback
Tambm definido como Perodo de Retorno do Investimento, o Payback nada mais do que
o nmero de perodos necessrios para que os benefcios de um projeto superem o capital nele
despendido (SOUZA e CLEMENTE, 2009)
O Payback pode ser simples ou descontado. O mtodo simples considera em seu clculo o
valor presente, enquanto que o descontado considera custo de oportunidade e custo de capital. As
taxas de descontos internacionais mais utilizadas so a Libor e a Prime Rate. Enquanto a Libor a
taxa mnima de juros pagas pelos bancos centrais em Londres, a Prime Rate da mesma forma a taxa
utilizada pelo Federal Reserve (FED). No Brasil o piso utilizado habitualmente tem sido a caderneta
de poupana (BRITO, 2003).
3.7.2 Valor Presente Lquido - VPL
Para validar a implementao de um projeto atravs do Mtodo VPL, o mesmo deve
apresentar um fluxo de caixa futuro maior que seu custo inicial. O VPL de um projeto deve ser aceito
se seu resultado for maior ou igual a zero. Em contrapartida, projetos com valores negativos devem
ser rejeitados para evitar prejuzos (GROPPELLI e NIKBAKHT, 2006)
Ainda segundo GROPPELLI (apud NIKBAKHT, 2006), o Valor Presente Lquido de um
projeto tem por definio a seguinte expresso:
IVPVPL .=
(16)
Onde:
-
44
VPL o valor presente lquido;
VP o valor presente;
I o investimento inicial.
3.7.3 Taxa Mdia de Retorno - TMR
Segundo GROPPELLI (apud NIKBAKHT, 2006) a TMR talvez seja o mtodo de oramento de
capital mais antigo utilizado como tcnica para clculo de negcios. Essa tcnica considera o Lucro
Lquido mdio para um determinado perodo divido pela metade do Investimento Mdio. Embora
seja um mtodo simples e de fcil entendimento e aplicao, deve-se ter em mente que existem
algumas imperfeies no mtodo como:
No considera o valor do dinheiro no tempo;
Usa lucro contbil e no fluxo de caixa;
Ignora depreciao;
Desconsidera a sequncia cronolgica dos lucros lquidos.
Sua frmula pode ser expressa, por:
I
MLTMR.
21=
(17)
Onde:
TMR a taxa mdia de retorno;
ML a mdia dos lucros lquidos anuais futuros;
I o investimento inicial.
3.7.4 Taxa Interna de Retorno - TIR
A TIR uma medida da taxa de rentabilidade muito utilizada no oramento de capital.
Define-se como uma taxa de desconto que iguala o valor presente dos fluxos de caixa futuros ao
investimento inicial, ou seja, de modo simplificado pode-se defini-la como uma taxa de desconto que
iguala o VPL a zero. O grande problema desse mtodo o fato de no considerar o valor do dinheiro
-
45
durante o tempo e amortizao, diferentemente, por exemplo, do mtodo payback (GROPPELLI e
NIKBAKHT, 2006).
-
46
4 MATERIAIS E MTODOS
A metodologia para o desenvolvimento deste trabalho foi embasada em uma reviso
bibliogrfica de modo a adquirir conhecimento terico necessrio para compreender a situao,
assim como a legislao vigente, abrangendo artigos, leis, normas, resolues, documentos, citaes
e dissertaes, de autores especialistas em Gesto de Recursos Hdricos, Meio Ambiente,
Desenvolvimento e Economia, entre outros.
A realizao deste trabalho abrangeu os seguintes passos:
Dimensionamento do Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva;
Determinao do custo de implantao e Tempo de retorno;
Avaliao das consequncias junto a Companhia de Abastecimento de gua com o Aproveitamento de gua de Chuva.
Proposio de itens na Conveno de Condomnio visando a implementao de um sistema de reaproveitamento de gua de chuva, promovendo o incentivo de prticas sustentveis.
4.1 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE GUA DE CHUVA
Para o dimensionamento do sistema de aproveitamento de gua de chuva para fins no
potveis das residncias foram adotadas metodologias com base nas prescries da norma NBR
15527 (ABNT, 2007) para o dimensionamento do reservatrio de acumulao e da NBR 10844 (ABNT,
1989) para rea de contribuio dos telhados para Captao de gua de Chuva.
4.1.1 Determinao do ndice Pluviomtrico
Nesta etapa foram desenvolvidos estudos para o estabelecimento do regime
pluviomtrico, traduzidos pelos histogramas de precipitaes mdias mensais e anuais.
A metodologia adotada preconizou a seguinte sequncia de atividades:
Escolha das Estaes Pluviomtricas localizadas no municpio de Curitiba;
Anlise e Coleta de Dados;
Estabelecimento do ndice Pluviomtrico.
-
47
4.1.2 Escolha das Estaes Pluviomtricas
Com o auxlio da ferramenta Hidroweb, da Agncia Nacional de guas (ANA), foi possvel
localizar as estaes pluviomtricas para a determinao dos ndices pluviomtricos. Adotou-se
como parmetro para a escolha das Estaes Pluviomtricas as mais prximas do objeto de estudo, e
que estivessem situadas dentro dos limites do municpio de Curitiba. Outra condio para a escolha
foi que, no perodo de operao, as estaes possussem sries histricas ininterruptas de 30 anos ou
mais.
4.1.3 Anlise e Coleta de Dados
As estaes inicialmente selecionadas de acordo com os critrios do item anterior, foram
analisadas com o objetivo de verificar a ocorrncia de erros grosseiros, a necessidade de possveis
preenchimentos de falhas e verificao da homogeneidade dos dados.
Para o preenchimento das falhas foram selecionadas trs estaes pluviomtricas vizinhas
estao estudada. Destaca-se a importncia de que as estaes vizinhas devam apresentar perodo
comum de observao de dados e sejam climatologicamente semelhantes. O mtodo da ponderao
regional, para o preenchimento de falhas, utiliza a seguinte equao (1), p.25.
+
+
= Pc
McMxPb
MbMxPa
MaMx
NPx ....1
O passo seguinte foi a verificao da homogeneidade dos dados com o auxlio do mtodo
da curva duplo acumulativa, onde adotou-se o seguinte procedimento. Trs estaes da regio foram
selecionadas como base de comparao. Para cada tempo (ms) determinou-se a precipitao mdia
do conjunto de estaes selecionadas, acumulou-se esta precipitao mdia e plotou-se os valores
no eixo das abscissas, acumulou-se a precipitao da estao em anlise e plotou-se os valores no
eixo das ordenadas. Se o resultado obtido for prximo de uma reta, consideraram-se os dados
homogneos, caso haja uma mudana brusca de alinhamento, os dados no foram considerados
homogneos.
-
48
4.1.4 Estabelecimento do ndice Pluviomtrico
Com as Estaes Pluviomtricas j escolhidas, o prximo passo foi determinar as
precipitaes mdias anuais e mdias mensais
A figura a seguir ilustra o procedimento realizados onde os dados foram processados da
seguinte forma: com o auxlio do software Excel, os dados foram ordenados de forma que as colunas
B a M apresentassem os meses de observao que compreenderam o perodo de janeiro a dezembro
de cada ano e nas linhas 3, 4 e 5 foram apresentados os anos de observao. As clulas N3, N4 e N5
mostram a mdia das precipitaes anuais do ano de 2009, 2010 e 2011. As clulas B7 a M7
apresentam as mdias mensais de janeiro a dezembro dos anos de observao.
Desta forma foi possvel determinar as precipitaes mdias mensais e mdias anuais.
4.1.5 Determinao da Demanda de gua Potvel e No Potvel
Para esta etapa do trabalho foi realizada uma pesquisa de campo utilizando-se um
questionrio, apresentado no apndice 1, o qual foi aplicado aos moradores de condomnios
localizados em dois bairros da cidade de Curitiba, Butiatuvinha (Condomnio Reserva Allameda) e
Campo Comprido (Chcara Shangai, Vista da Serra e Green Park). Ressalta-se que alm do
condomnio Reserva Allameda que o objeto do estudo, os demais, Chcara Shangai, Vista da Serra e
Green Park apresentam o mesmo padro de residncias.
Os questionrios foram distribudos num total de 10 casas. O objetivo da aplicao desse
questionrio foi a determinao das principais fontes de consumo de gua no potvel, assim como a
verificao da aceitao em relao ao aproveitamento de gua de chuva.
O objetivo inicial era aplicar o questionrio apenas no Condomnio Reserva Allameda, mas
o nmero reduzido de questionrios respondidos no mesmo fez com que a pesquisa se estendesse a
FIGURA 6 - ILUSTRAO DO PROCEDIMENTO REALIZADO PARA DETERMINAO DO INDICE PLUVIOMTRICO
-
49
outros trs condomnios com caractersticas semelhantes e residncias de mesmo padro, de modo a
garantir um amostra que pudesse embasar o desenvolvimento do projeto.
Aps a aplicao deste questionrio, dados como nmero de moradores, frequncia de
lavagem de carros, quantidade de banheiros que utilizam vasos sanitrios com vlvulas de descarga,
tempo de lavagem de caladas e regas de jardim, informaes relevantes para a determinao das
fontes de consumo de gua foram obtidos. Para a determinao da demanda de gua no potvel
por residncia adotou-se o seguinte procedimento. Em funo do nmero de moradores da
residncia, quantidade de banheiros que utilizam descarga por meio de vlvula de descarga e a
nmero de vezes que cada pessoa utiliza a descarga utilizou-se a seguinte equao:
)1000/30...( VdNdNpVp =
(18)
Onde:
Vp o volume de gua utilizado em ;
Np o nmero de pessoas;
Nd o nmero de descargas dirias;
Vd o volume de gua utilizada por descarga.
Em seguida foi necessrio determinar foi necessrio determinar o volume utilizado para
rega de jardim, levando em considerao a vazo de uma torneira pelo tempo seu tempo de
utilizao e a frequncia com que usada, utilizou-se a equao a seguir:
)1000/..60.( FuQuTuVr =
(19)
Onde:
Vr o volume de rega de jardim em;
Tu o tempo de utilizao em minutos;
60 o valor de converso de segundos para minutos;
Qu o volume de gua utilizada pela torneira (L.s-1);
-
50
Fu frequncia de utilizao da torneira.
Em seguida determinou-se o volume de utilizao para lavagem dos carros, com a
seguinte equao:
).1000/..( VuFuQvVc =
(20)
Onde:
Vc o volume de gua para lavagem dos carros em m;
Qv quantidade de veculos;
Fu frequncia de lavagem dos carros;
Qu o volume de gua utilizado por lavagem de carro em L.
Em seguida determinou-se o volume de utilizao para lavagem de caladas, com a
seguinte equao.
)1000/.60..( FuTuQuVca =
(21)
Onde:
Vca o volume para lavagem de caladas em;
Qu o volume de gua utilizada pela torneira (L.s-1);
Tu o tempo de utilizao em minutos;
60 o valor de converso de segundos para minutos;
Fu frequncia de utilizao da torneira.
Estes procedimentos anteriores foram realizado para cada questionrio aplicado, num
total de 10. Em seguida os valores obtidos foram somados totalizando a demanda mdia de gua de
chuva para cada residncia.
Em seguida foi feita a mdia ponderada em funo dos resultados obtidos, com a
utilizao da equao a seguir
-
51
=
=
Np
NpDtXp
n
i 1).(
(22)
Onde:
Xp a mdia ponderada em m;
Dt e a demanda total por residncia, em m
Np o nmero de pessoas por residncia;
4.1.6 Dimensionamento do Sistema de Aproveitamento de gua de Chuva
O dimensionamento do sistema de aproveitamento de gua de chuva seguiu os seguintes
passos:
Escolha de um projeto arquitetnico que represente uma residncia de alto padro, objeto do estudo;
Determinao da rea de coleta de gua de chuva;
Dimensionamento das calhas coletoras;
Dimensionamento dos condutores verticais e horizontais;
Dimensionamento do volume reservatrio de gua de chuva (cisterna);
Dimensionamento do sistema de recalque de gua para o reservatrio superior;
Dimensionamento dos ramais de distribuio de gua de chuva.
Para o dimensionamento da calha e condutores utilizou-se a norma NBR 10844 (ABNT,
1989). J para o dimensionamento do reservatrio foram utilizados dois mtodos, Rippl e Azevedo
Neto, ambos recomendados pela NBR 15527 (ABNT, 2007).
ESCOLA DO PROJETO ARQUITETNICO
Uma pesquisa na internet foi realizada com a finalidade de encontrar um projeto
arquitetnico que representasse uma residncia de alto padro, semelhante s encontradas no
Condomnio Reserva Allameda, objeto do estudo. Os critrios adotados foram os seguintes: o projeto
arquitetnico deveria possuir uma metragem mnima de 500m, nmero mnimo de banheiros igual
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52
a 6; nmero mnimo de quartos incluindo sutes igual a 3; rea mnima de jardim igual a 300m e
garagem para no mnimo 2 carros
REA DE COLETA DE GUA DE CHUVA
A cobertura (telhado) do projeto arquitetnico foi analisado de forma a obter parmetros
para a utilizao da equao (2), p.31, e determinar a rea efetiva de coleta de gua de chuva igual a
110m.
bhaAc .2
+=
CALHA COLETORA
A intensidade de precipitao mxima foi determinada pela equao atualizada de
Fendrich, para a regio de Curitiba, equao (4), p.32. Os parmetros utilizados foram os seguintes:
Coeficiente K: 60000;
Largura da calha: 0,15m;
Altura da lmina de gua: 0,06m;
Borda livre: 0,04m
Declividade: 0,5%
rea molhada (S): 0,0090m
Coeficiente de rugosidade (n): 0,0011
041,1
159,0
)41(.64,726.5
+=
t
Ti r
De acordo com a NBR 10844 (ABNT, 1989), os parmetros utilizados para o
dimensionamento da calha coletora foram os seguintes:
rea de Cobertura (A): 110m;
Tempo de retorno (T): 5 anos;
Durao da Chuva (t): 5 minutos;
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Em seguida em funo da rea de coleta de gua, verificada no projeto arquitetnico e
com a utilizao da equao (3), p.32, obteve-se a vazo de projeto.
60.AIQ =
Comparou-se a vazo de projeto com a capacidade da calha que foi determinada pela
equao de Manning-Strickler, equao (5), p.33, esta verificao foi necessria para a verificao da
capacidade da calha coletora.
2/13/2.. iRh
n
SKQ =
COLETOR VERTICAL
Aps a determinao da vazo de projeto, foi necessrio dimensionar os coletores
verticais e horizontais para suportar a vazo calculada. Para tal, utilizou-se o baco apresentado no
anexo 1. A primeira verificao foi feita com a localizao da vazo de projeto determinada
anteriormente no eixo das abscissas, uma linha foi projetada paralela ao eixo das ordenadas at
interceptar a linha pontilhada referente ao comprimento da tubulao, projetou-se esta interseco
no eixo das ordenadas e assim se determinou o dimetro da tubulao.
A segunda verificao consistiu em localizar a vazo de projeto determinada no eixo das
abscissas, projetou-se uma linha paralela ao eixo das ordenadas at interceptar a linha cheia,
referente altura da lmina liquida na calha, em seguida projetou-se esta interseco at o eixo das
ordenadas e assim foi determinado o dimetro da tubulao. Das duas verificaes adotou-se o
maior dimetro determinado. Vale lembrar que o menor dimetro deve ser igual a 75mm, de acordo
com a NBR 5626 (ABNT, 1998).
COLETOR HORIZONTAL
Para o dimensionamento do condutor horizontal adotou-se a mesma vazo determinada
para o dimensionamento do condutor vertical. Foi adotada uma declividade de 0,5% conforme
quadro 8, p.34 e coeficiente n=0,011, quadro 7, p.34, ambos preconizados pela NBR 10844 (ABNT,
1989).
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RESERVATRIO
A norma NBR 15527 (ABNT, 2007) sugere, entre outros, que o reservatrio de gua seja
dimensionado pelos mtodos de Rippl e Azevedo Neto.
Mtodo de Rippl
Para o mtodo de Rippl, neste trabalho, foi utilizada uma srie de precipitao mdia
mensal, sem desconsiderar a primeira chuva de lavagem do telhado. Entende-se que desta forma o
dimensionamento do reservatrio estar a favor da segurana. Para o coeficiente de escoamento
runoff utilizou-se o valor de 0,8 referente a telhas cermicas, quadro 6, p.31. Para a rea de captao
ser adotada a calculada em funo do projeto arquitetnico utilizado, igual a 110 m. Foram
avaliados os reservatrios para cada uma das estaes pluviomtricas selecionadas.
Mtodo Azevedo Neto
A metodologia aplicada para o mtodo Azevedo Neto tem como principal caracterstica a
utilizao da quantidade de meses de pouca ou nenhuma chuva. Esta varivel no utilizada por
nenhum outro mtodo indicado pela NBR 15527 (ABNT 2007). O dimensionamento do reservatrio
pelo mtodo Azevedo Neto foi feito utilizando a precipitao mdia anual de todo o perodo de
observao de todas as trs estaes pluviomtricas selecionadas. Para rea de contribuio adotou-
se o valor de 110m. Para os meses de pouca ou nenhuma chuva a NBR 15527 (ABNT 2007) no faz
meno de detalhes para meses de pouca ou nenhuma chuva, desta forma, adotaram-se como
parmetro as precipitaes onde os valores sejam inferiores ou iguais a 40 mm no ms, o que
considerado um valor baixo para Curitiba.
DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE RECALQUE
Com a finalidade de determinar os componentes do sistema de recalque que transportar
a gua do reservatrio inferior ao o superior foi adotado o seguinte procedimento. Primeiramente foi
estabelecido o consumo mdio dirio de gua de chuva, dividindo-se o valor mdio determinado
com a utilizao do questionrio aplicado aos condminos, apndice 1, por 30 dias. Em seguida com
a utilizao da equao (9), p.38, foi determinada a vazo horria do sistema.
CDXQh .=
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Nesta etapa tambm foi determinado o tempo de operao diria da bomba, pela
equao (10), p.38.
QhCDHf =
O passo seguinte foi determinar o dimetro da tubulao de recalque, por meio da
equao (11), p.39.
4/12/1..3,1 TQrD =
Com o dimetro de recalque determinado o passo seguinte foi levantar a extenso e o
percurso da tubulao de recalque que se inicia na bomba e finaliza no reservatrio superior.
A partir do percurso da tubulao foram determinadas as conexes e vlvulas que
compe o recalque.
A partir do projeto arquitetnico foi possvel estabelecer o desnvel geomtrico que
corresponde diferena da cota altimtrica do nvel de gua no reservatrio superior e a cota
altimtrica de fundo do reservatrio de aproveitamento de gua de chuva. A partir deste desnvel
determinou-se a altura manomtrica que a soma do desnvel geomtrico e das perdas de carga
distribudas e localizadas, e foi escolh