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  • 8/16/2019 Aprender Mais LP AnosFinais

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    LÍNGUA PORTUGUESA

    aprender mais

    ENSINO FUND MENT L – NOS FIN IS

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    Eduardo Henrique AcciolyGOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO

    Danilo Jorge de Barros CabralSECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO

    Nilton da Mota Silveira FilhoCHEFE DE GABINETE

    Margareth Costa ZaponiSECRETÁRIA EXECUTIVA DE GESTÃO DE REDE

    Aída Maria Monteiro da SilvaSECRETÁRIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

    Zélia Granja PortoGERENTE DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL

    Rosinete SalvianoCHEFE DE UNIDADE

    Maria Epifânia de França Galvão ValençaGERENTE DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS

    Wanda Maria Braga CardosoELABORAÇÃO - EQUIPE TÉCNICA DE ENSINO

    Campos

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    APRESENTAÇÃO

    A Secretaria de Educação, ao assumir o compromisso de assegurar a todos(as) os(as)estudantes o direito à educação pública de qualidade social, vem desenvolvendo um conjuntode ações com vistas à melhoria da qualidade do ensino na rede pública, de forma a garantir o

    acesso, a permanência e a terminalidade nos diversos níveis e modalidades de ensino aos queneles ingressem, com resultados bem sucedidos.Nessa direção, uma das prioridades da Secretaria de Educação de Pernambuco é

    oferecer aos(as) estudantes novas oportunidades de ensino e aprendizagens para os queencontram dificuldades nesse processo.

    É com essa compreensão que essa Secretaria elaborou o PROJETO APRENDER MAIS,em consonância com a LDB – 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, queestabelece como dever do Estado garantir padrões mínimos de qualidade do ensino e aobrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para

    casos de baixo rendimento escolar, como política educacional.O PROJETO APRENDER MAIS visa atender aos (as) estudantes da 4ª série/5º ano, 8ªsérie/9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio das escolas estaduais queapresentam defasagem e/ou dificuldades de aprendizagens em relação aos conteúdosministrados e prescritos no currículo escolar. Serão desenvolvidas ações de reensino, emhorários regulares e em horários complementares, de forma concomitante aos estudosrealizados no cotidiano da escola.

    Este Caderno contém um conjunto de ORIENTAÇÕES TEÓRICO METODOLÓGICASvisando contribuir com as práticas de docência, com foco nos descritores/conteúdoscurriculares estabelecidos pela Secretaria de Educação.

    É importante que você professor (a), ao identificar as dificuldades e possibilidades dosestudantes, organize as atividades pedagógicas desenvolvendo dinâmicas de sala de aula quepossibilitem ao (a) estudante construir o seu próprio conhecimento. A problematização desituações didáticas que estimulem a compreensão, interpretação, análise e síntese das novasaprendizagens, priorizando as diferentes linguagens devem ser desenvolvidas com dinâmicasdiversificadas, utilizando materiais existentes na escola – jogos didáticos, revista, livros, DVD eCD, entre outros.

    Considerando a complexidade desse processo, sabemos que os resultados em um grupode estudantes não são homogêneos. Essa realidade requer trabalhos e atendimentos

    pedagógicos específicos aos que apresentam dificuldades, de modo a possibilitar oaperfeiçoamento do desempenho escolar. Há estudantes que necessitam de mais tempo ou deoutras formas e metodologia para aprender.

    A Escola tem o papel social de promover todas as formas de ensino para que o (a)estudante desenvolva aprendizagem bem sucedidas, e você professor (a) desempenha papelprimordial como mediador no processo de construção do conhecimento junto ao estudante.

    É importante envolver a família do (a) estudante nesse processo uma vez que aeducação é tarefa de todos.

    Bom trabalho!

    DANILO CABRALSecretário de Educação do Estado

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    ORIENTAÇÕES

    Este caderno reúne um conjunto de atividades pedagógicas da área de conhecimento deLíngua Portuguesa com o objetivo de serem aplicadas em sequências didáticas para o ensinode conteúdos curriculares em que os alunos apresentem necessidades e dificuldades em

    conceitos que não foram consolidados a partir de diagnóstico das necessidades dos seusalunos e alunas.

    O trabalho com sequências didáticas permite a elaboração de contextos de produção deuso da linguagem de forma mais próxima da realidade, por meio de atividades e exercíciosmúltiplos e variados com a finalidade de ajudar o aluno a consolidar melhor um determinadogênero textual, uma regra ortográfica, compreensão de leitura, noções, técnicas e instrumentosque desenvolvam suas capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações decomunicação. Uma sequência didática é um conjunto de atividades escolares organizadas demaneira sistemática, em torno de um determinado conteúdo. Ela também serve para dar

    acesso aos alunos a práticas de linguagens novas ou de difícil apreensão. Por exemplo, oprofessor poderá organizar módulos, constituídos por várias atividades ou exercícios,utilizando, assim, instrumentos necessários para esse domínio de maneira sistemática eaprofundada. O professor poderá solicitar aos alunos uma produção final, pode por em práticaos conhecimentos adquiridos nas oportunidades de reensino e aferir os progressos alcançadospor alunos e alunas. Esta produção final poderá servir, também, para uma avaliação do tiposomativo, que incidirá sobre os aspectos trabalhados durante a sequência.

    Dessa forma, as sequências didáticas devem esclarecer quais são os elementos própriosda situação de comunicação em questão, levar o aluno a ter contato com os mais variados

    gêneros textuais e exercitá-los no domínio discursivo de suas particularidades. As etapas dasequência didática estão assim representadas:

    1. Apresentação da proposta de trabalho com um gênero textual, sempreassociada a questões de interesses do aluno;

    2. Partir dos conhecimentos prévios dos alunos;3. Estabelecer contato inicial com o gênero textual em estudo;4. Ampliação do repertório, com leitura e análise de vários textos do gênero

    escolhido;

    5. Propor a escrita de um texto no gênero, como forma de diagnosticar o queos alunos sabem sobre ele e o que precisa ainda ser aprendido;6. Organização e sistematização do conhecimento: estudo detalhado dos

    elementos constitutivos do gênero, suas situações de produção ecirculação;

    7. Produção de um texto coletivo, tendo o professor como mediador, paratornar o gênero e seus elementos um conteúdo partilhado pela classe;

    8. Produção individual de um texto o mais próximo possível do gêneroestudado;

    9. Revisão e reescrita do texto individual, respeitando elementos do gênero,coesão e coerência a correção ortográfica e gramatical.

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    LÍNGUA PORTUGUESA  | PROJETO APRENDER MAIS

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    Por fim, ao usar uma sequência didática, algumas questões devem ser formuladas:

    Qual o gênero será abordado?Quais as regras ortográficas que determinados alunos não compreenderam?O que os alunos e alunas respondem sobre esse conteúdo?

    Que forma assumirá a produção? Gravação? Uma peça de teatro?Quem participará, todos os alunos? Em grupos?

    Veja, por exemplo, o livro texto da BCC (Base Curricular Comum), a qual se encontraorganizada a partir de eixos teórico-metodológicos da língua, devendo servir como referencial àavaliação do desempenho dos alunos, atualmente conduzida pelo Sistema de AvaliaçãoEducacional do Estado de Pernambuco (SAEPE), que apresenta, através da Matriz deReferência, os descritores, conforme explicitado no quadro a seguir. Após a leitura, consulte asOTMs - Orientações Teórica Metodológicas, as quais são concebidas como referenciais

    estruturadores das práticas de ensino da Língua Portuguesa. Elas estão disponíveis no site daSecretaria, www.educacao.pe.gov.br . Consulte também os materiais pedagógicos e atividadesdo GESTAR II, disponíveis no site do MEC, www.mec.gov.br .

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    ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS

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    É dentro dessa perspectiva que se garante um espaço privilegiado para desenvolver umtrabalho com os gêneros textuais, manifestações das práticas discursivas que se estabeleceramno decorrer dos anos, para cumprir determinados propósitos comunicativos, e que continuamem mudança. Em todos os âmbitos de atuação do ser humano, desde as relações pessoais até ouniverso artístico, jurídico, escolar etc., há gêneros que preenchem determinadas funções

    sociais, como: o bilhete, o poema, a lei, o e-mail, o requerimento, a fábula, a piada, a históriaem quadrinhos, o blog, o conto, o diário, o debate, a receita, a notícia, a reportagem, aentrevista, o resumo, a biografia, o seminário, a peça de teatro, a letra de música etc. Cadagênero tem características e especificidades próprias, modos específicos de produção,circulação e recepção, além de implicações ideológicas particulares.

    Dessa forma, torna-se necessário trazer para a sala de aula as múltiplas práticas delinguagem, materializadas nos gêneros textuais, através de situações de ensino eaprendizagem desafiadoras. Contudo, apenas trazer gêneros variados para dentro da sala deaula não garante a construção e a ampliação de capacidade de leitura, escrita, oralidade e

    análise da língua. Ao serem levados de outras esferas para o ambiente escolar, os gêneros sãotratados conforme os objetivos da escola, relativos ao ensino e aprendizagem. Por exemplo, aolermos um poema fora da escola, não temos de responder a questões de leitura, o que ébastante comum quando se lê um poema em sala de aula. A escolarização não é um problemaem si, pois é função da escola tratar os gêneros segundo as necessidades de ensino eaprendizagem dos alunos. No entanto, deve-se ter o cuidado de, na escolarização dos gêneros,procurar não artificializar as práticas de leitura/escuta e produção, sem perder de vista o que énecessário aprender.

    Nesse contexto, consideramos de suma importância levar os alunos a refletirem sobre

    como se constituem esses gêneros, partindo dos aspectos mais amplos, como, por exemplo, ocontexto em que são produzidas as notícias, os critérios para considerar determinados fatospassíveis de serem noticiados, até aspectos mais pontuais, como o uso do tempo presente nostítulos das notícias, para dá a impressão de se tratar de acontecimentos recentes.

    Refletindo sobre como e por que razão um determinado gênero é produzido, o alunoestará mais habilitado a lê-lo de forma crítica e a produzi-lo de forma mais adequada, quandofor solicitado. É nesse âmbito que se integram as práticas pedagógicas de compreensão(leitura/escuta), análise lingüística e produção (escrita/oral), conforme vêm apontandopesquisas sobre ensino de língua materna e documentos oficiais que orientam esse processode ensino.

    Para produzir um trabalho com os gêneros textuais nos diversos eixos de ensino,acreditamos que as práticas de leitura/escuta na escola devem ultrapassar a identificaçãomanifesta, explorando-se estratégias de levantamento e checagem de hipótese, inferências,comparações, sínteses e extrapolações, além de outras.

    Em relação à produção oral e escrita, é necessário pensar em orientações claras sobreas condições de produção e circulação dos gêneros: qual o objetivo para elaborar o texto, qual ogênero, quem é o interlocutor, em que suporte será veiculado etc. Diante disso, torna-senecessário promover oportunidades para as etapas de planejamento, produção, revisão ereescrita/refacção.

    Importa, ainda, observar a necessidade de familiaridade com o tema do texto a serproduzido, o que implica um trabalho prévio de discussão, de leitura de outros textos sobre otema, de levantamento de idéias principais, dúvidas e eventuais polêmicas.

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    LÍNGUA PORTUGUESA  – PROJETO APRENDER MAIS

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    As atividades de análise lingüística propostas buscam, como primazia, a produção desentidos e a reflexão sobre o fenômeno da linguagem. Não propomos, nessas atividades, amemorização de nomenclaturas nem a resolução de exercícios de classificaçãomorfossintática. Então, julgamos necessário oportunizar ao aluno a reflexão sobre as regras deuso e funcionamento da língua, ajudando-o a construir definições a partir do trabalho com o

    texto ou a atividade. Dessa maneira, é fundamental que as suas falas sejam valorizadas esistematizadas de forma coletiva.É papel da escola propiciar o desenvolvimento de capacidades amplas de

    leitura/escuta, escrita, oralidade e análise linguística, além de uma exploração adequada dadiversidade textual em sala de aula, a qual pode contribuir para que os alunos sejam cada vezmais capazes de compreender e elaborar gêneros diversos, em várias situações de interaçãosocial.

    Supomos que algumas sequências parecerão mais atraentes para uma determinadaturma de alunos que outras e algumas demandarão mais trabalho que outras. De outra forma,

    uma sequência que tenha sido planejada para uma etapa de escolaridade (ciclo/série) pode serutilizada para alunos de outra fase (ciclo/série), desde que o professor faça as adaptaçõesnecessárias. Assim, a intervenção do professor com eventuais alterações e ampliações, serásempre bem aceita, atuando nesta empreitada como co-autor nessa incessante busca do que éaprender e ensinar.

    Na esteira dessas considerações, a aprendizagem dos alunos é o objetivo maior daproposta de trabalho de reforço escolar sugerida por esta gerência. Compreende-se, dessaforma, uma ação que deve consolidar e ampliar conhecimentos, enriquecer as experiênciasculturais e sociais dos alunos e auxiliá-los a vencer obstáculos em sua aprendizagem,

    favorecendo o sucesso na escola e na vida.Como toda ação pedagógica, o reforço exige um cuidadoso planejamento, a definiçãodas metas, a escolha de alternativas e o envolvimento dos interessados. Este caderno apontaalguns caminhos, propõe ações, e discute assuntos que consideramos importantes para que oreforço complemente com êxito o trabalho desenvolvido em sala de aula e, sobretudo, seja umaação articulada ao projeto educativo, compondo o plano pedagógico da escola.

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    TRABALHANDO COM GÊNEROS

     Tomamos como ponto de partida para realização desse trabalho a visão bakhtinianasobre gêneros do discurso. Bakhtin postula que tudo o que comunicamos só se faz possívelatravés de gêneros. Um dos aspectos mais interessantes dos gêneros, que alude de forma direta

    à questão do “uso” é o fato de que devemos considerar o gênero como meio social de produçãoe de recepção do discurso. Assim, a vivência das situações de comunicação e o contato com osdiferentes gêneros que surgem no cotidiano, exercitam a competência linguística dofalante/ouvinte produtor de textos. Essa competência é inerente ao ser humano social queinterage, comunica, cria e recria. Na medida em que um indivíduo avança em grau deescolaridade, ele tende a tornar-se cada vez mais proficiente na operacionalização de variadascategorias textuais. Sendo assim, pretendemos desenvolver a competência linguístico-discursiva e pragmática dos nossos alunos como cidadãos co-construtores do seu espaço nasociedade.

    I – CRÔNICA

    A Crônica, por ser um texto curto, leve, lírico ou humorístico, e algumas vezes crítico,aborda o dia-a-dia de nossa sociedade. Acreditamos que esse gênero pode ser experimentadopelos alunos nas aulas de língua materna, uma vez que a crônica é um dos gêneros maisutilizados pelos livros didáticos, sem prescindir da sua circulação no domínio midiático, comojornais e revistas.

    Objetivos: (re) conhecer características do gênero crônica, relacionando-as àstemáticas do cotidiano; reconhecer algumas estratégias discursivas de produção de sentido,como marcas da oralidade – uso de gíria, variantes linguísticas, repetições; paragrafação;perceber a relação de sentido entre os tempos verbais; produzir crônica a partir de um fato,destacando a particularidade sobre o cotidiano como ponto de partida para a produção.

    Normalmente, a crônica representa um diálogo explícito entre o produtor do texto e oleitor. Em alguns casos, ela é escrita na primeira pessoa, realçando a impressão do autor sobre

    um determinado assunto, definindo seu ponto de vista, o que resulta em uma maior interaçãocom o leitor. A linguagem utilizada não tem rebuscamento, assumindo, algumas vezes, um tominformal. As tipologias textuais predominantes são a narrativa e a descritiva, no entanto outrassequências tipológicas podem surgir no texto, como a argumentativa e expositiva.

    Assim, a produção de crônicas pelos alunos deve ser orientada com atenção,organizando o tempo em uma familiarização mais cuidadosa com o gênero para que elesconheçam as estratégias utilizadas pelos cronistas na elaboração destes textos. É interessantesensibilizar os alunos para que percebam o que há de particular, de único, de fascinante, deengraçado nas situações corriqueiras pelas quais passamos.

     BAKHTIN, M. A Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

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    CRÔNICA I | A minha São Paulo de 1985

    A lembrança mais forte é a de um cortejo

    passando pela esquina da Avenida Brasil com a rua

    onde eu morava, nos Jardins, a caminho do Aeroporto

    de Congonhas, saudado com lenços brancos por

    centenas de milhares de pessoas de rosto contraído,algumas chorando. Dava-se adeus a uma esperança,

    Tancredo Neves, o presidente que não chegou a ser. Ele

    havia sofrido sua longa agonia no Instituto do Coração,

    e o povo da cidade despedia-se dele com emoção.

    Aquela cidade vinha sendo

    agredida, mas o traço civilizado resistia nela

    bravamente. Nos muros das ruas por onde o esquife

    passava já havia, sim, algumas pichações, ainda com

    humor, como aquela frase "Rendam-se, terráqueos!",

    ou a outra, "Liberte o gay que existe em vossa senhoria",e a misteriosa e onipresente"Cão fila km 29", que até os

    órgãos de segurança andaram investigando.

    São Paulo, a principal meta das migrações

    que despovoaram os campos e incharam as cidades na

    década anterior, criando necessidades insolúveis,

    tentava manter seus costumes, localizáveis nos

    entremeios da elegância, do trabalho, da tradição, da

    cultura diversa, da solidariedade entre vizinhos.

    A violência ainda não impedia que

    houvesse, por exemplo, carros conversíveis de sucesso,

    como o Escort, e muros baixos nas residências. Não se

    usava o insufilm que esconde as pessoas dentro dos

    automóveis, para dificultar assaltos, dificultando

    também a cordialidade; dava-se adeusinho de um carro

    para outro, não raro uma piscada tinha êxito. À noite,

    podia-se ser surpreendido por uma brincadeira boba de

    adolescentes: quando passavam de carro por algum

    ajuntamento, eles baixavam a calça e colavam o

    bumbum no vidro das janelas, gritando para chamar

    atenção. O trânsito era ruim, mas não a ponto de

    infestarem a cidade com motoboys. Rodízio só havia odas churrascarias.

    Podia-se andar nas ruas à noite. Grande

    número de cinemas era de rua; os shopping centers,

    ainda poucos, eram focados nas compras, mal

    despertavam para o filão do entretenimento e da

    comida rápida. Muita gente ia a pé dos teatros da Bela

    Vista ou do centro para os restaurantes da área.

    Poucas pessoas bebiam vinho. Os jornais não

    dedicavam a ele um espaço semanal, porque não era

    cult, conhecê-lo não era então uma meta de status daclasse média. Padarias não faziam o sucesso

    gastronômico de hoje nem eram tratadas pelo

    diminutivo afetuoso de "padá". Comida japonesa não

    era comum, havia que buscá-la no bairro da Liberdade e

    em alguns enclaves de Pinheiros. Restaurantes finos

    abriam-se para as tendências mundiais, mas a cozinha,

    mesmo a internacional, era mais brasileira, se é que me

    entendem.

    Novidades? Inaugurado o Aeroporto de

    Cumbica. Descobre-se que o procurado médico nazistaJoseph Mengele viveu nos arredores da cidade;

    exumam-se seus ossos. Em junho o governo cria uma lei

    folgazã, antecipando para a segunda-feira todo feriado

    que caísse no meio da semana. Quanto tempo durou?

    Penso no verso de Manuel Bandeira: "Tão Brasil!".

    Tanta coisa não havia. Fashion Week, por

    exemplo. As moças podiam usar um ridículo laçarote de

    chiffon na cabeça, moda copiada da personagem Viúva

    Porcina, da telenovela que fazia enorme sucesso,

    Roque Santeiro. Não havia telefone celular, jogos decomputador, televisão a cabo, DVD. A moeda era o

    cruzeiro, de inflação esquizofrênica.

    Isso não impedia que a paulicéia dançasse

    desvairada em casas noturnas com nomes esquisitos

    como Napalm, Madame Satã, Rose Bom Bom ou

    Aeroanta sucessos do rock pesado estrangeiro, mas

    também das bandas brasileiras, gritando "a gente

    somos inútil" ou "nós vamos invadir sua praia". As

    menininhas ingênuas dançavam marcadinho com os

    Menudos. E Cazuza cantava com um travo amargo: "O

    tempo não pára..."

    (ANGELO, Ivan. In: Veja São Paulo 20 anos,Edição Especial de Aniversário, 07 de setembro de 2005).

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    CRÔNICA II | A Bola

    O pai deu uma bola de presente ao filho.

    Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua

    primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial

    de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico.

    Mas era uma bola.

    O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e

    disse “Legal!” Ou o que os garotos dizem hoje em dia

    quando gostam do presente ou não querem magoar o

    velho. Depois começou a girar a bola, à procura de

    alguma coisa.

    — Como é que liga? – perguntou.

    — Como, como é que liga? Não se liga.

    O garoto procurou dentro do papel de

    embrulho.

    — Não tem manual de instrução? 

    O pai começou a desanimar e a pensar que os

    tempos são outros. Que os tempos são decididamente

    outros.

    — Não precisa manual de instrução.

    — O que é que ela faz? 

    — Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.— O quê? 

    — Controla, chuta...

    — Ah, então é uma bola.

    — Claro que é uma bola. Uma bola, bola. Uma bola

    mesmo. Você pensou o quê? 

    — Nada, não.

    O garoto agradeceu, disse “Legal” de novo, e

    dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a

    bola nova ao lado, manejando os controles de um

    videogame. Algo chamado Monster Ball, em que times

    de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em

    forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que

    tentavam se destruir mutuamente. O garoto era bom no

     jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava

    ganhando da máquina.

    O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas

    embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé,

    como antigamente, e chamou o garoto.

    — Filho, olha.

    O garoto disse “Legal”, mas não desviou os

    olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a

    cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de

    couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de

    instrução fosse uma boa idéia, pensou. Mas em inglês,

    para a garotada se interessar.

    (VERÍSSIMO, Luis Fernando. A bola. Comédias da vida privada;

    edição especial para escolas. Porto Alegre: L&PM, 1996.p.96-7).

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    SUGESTÕES DE ATIVIDADES

    I - Eixo de Ensino | LEITURA E ORALIDADE

    1. Divida a turma em pequenos grupos e dê a cada grupo o título de uma das duascrônicas que serão lidas. Em seguida, informe aos alunos que irão trabalhar lerum texto com aquele título, para logo após, cada grupo explicará oralmentequal seria o assunto do texto. Após a análise pelo grupo, um representante iráapresentar para toda sala uma síntese oral de suas hipóteses sobre o assuntodo texto.

    2. Material didático: Tiras com os títulos das crônicas “A minha São Paulo de1985” e “A bola”.

    3. Comentários: O número de aulas nesta sequência é variável. Dependerá do

    número de alunos e do ritmo deles.

    II - Eixo de Ensino | LEITURA

    1. Entregue a cada grupo o texto correspondente ao seu título. Oriente cadaequipe para fazer a leitura de seu texto. Após a leitura, comente sobre o grupoque mais se aproximou da temática da crônica, e pergunte a essa equipe comoeles conseguiram se aproximar do tema.

    2. Material didático: Cópias das crônicas “A minha São Paulo de 1985” e “Abola”.

    3. Comentários: Com esta atividade, além de estarmos verificando as hipótesesiniciais dos alunos sobre o tema, estamos também solicitando que elesjustifiquem em que pistas do título se apoiaram para construir tais hipóteses.

    .

    III – Eixo de ensino | LEITURA

    1. Solicite que uma pessoa de cada equipe faça a leitura do seu texto em voz alta.Após a leitura, pergunte o que os textos têm em comum, em que sãoparecidos. Oriente-os para observarem o tema, a extensão, linguagem, apresença ou não de humor. Sistematize em um painel ou cartaz as respostasdos alunos e procure construir, junto com eles, uma definição provisória decrônica, que será retoma mais adiante.

    2. Material didático: Cópias das crônicas “A minha São Paulo de 1985” e “Abola”. Papel madeira ou cartolina para o cartaz.

    3. Comentários: Essa atividade procura despertar a atenção dos alunos para as

    características do gênero em estudo, tais como o humor, saudosismo,lembranças, a extensão curta e a abordagem de temas do cotidiano. Éinteressante fazer uma comparação da crônica com outro gênero (notícia,

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    ENSINO FUNDAMENTAL  – ANOS FINAIS

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    LÍNGUA PORTUGUESA  – PROJETO APRENDER MAIS

    fábula, conto de fadas) para que fiquem mais evidentes as suascaracterísticas.

    IV – Eixo de ensino | ESCRITA

    1. Baseando-se no texto lido, peça aos alunos que desenhem algo relacionado aotexto e, abaixo do desenho, uma palavra ou expressão que tenha relação comele. Concluída esta atividade, uma pessoa da equipe mostra seu desenho, ejustifica o porquê de tê-lo feito, assim como a relação da palavra ou fraseescrita com a crônica lida.

    2. Material didático: Papel ofício Giz de cera ou lápis de cor.3. Comentários: Essa atividade propicia aos alunos visualização do ambiente, o

    cenário ou o fato que serviu de inspiração para o cronista.

    V – Eixo de ensino | LEITURA E ANÁLISE LINGUÍSTICA

    1. Escreva no quadro a definição de crônica (“Relato – literário/jornalístico –breve de fatos do cotidiano, que pode ter caráter crítico, lírico e/ouhumorístico”). Os alunos deverão dizer se a definição serve para os textos lidosanteriormente e por quê. Após esse momento, retome a definição provisóriaque foi construída entre eles e compare as duas, solicitando que os alunos a

    ampliem e mudem o que for necessário naquela definição elaborada por estes.É interessante mostrar o modo de circulação das crônicas – jornal diário,revistas etc. e o perfil de alguns autores.

    Com base na crônica “A minha São Paulo de 1985”, de Ivan Ângelo, pergunte:

    ? • Que acontecimento deu origem à crônica? É um fato comum ouincomum nas grandes cidades?

    ? • Como o autor inicia a crônica? Expõe logo o acontecimento que

    originou a crônica? Por quê? Isso faz alguma diferença para odesenvolvimento do texto?? • Liste as idéias apresentadas em cada parágrafo do texto.? • Como o autor finaliza sua crônica? Há alguma ligação entre a frase

    que encerra e a que inicia a crônica?? • Há uma 'mensagem' que o autor quer passar com esse texto? Existe,

    na crônica, alguma frase que sintetize essa idéia?? • Qual o sentido produzido na última expressão do texto “o tempo não

    pára”? Por quê?? • Os períodos que descrevem a cidade no passado e no presente são

    logos ou curtos? Isso tem a ver com o ritmo do tempo? Por quê?? • Você gostou da crônica? Por quê?

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    ? • Como você faria uma ilustração para ser publicada no jornal, juntocom essa crônica?

    2. Material didático: Quadro, piloto/giz. Cópias da crônica3. Comentários: Nessa atividade, os alunos são confrontados entre a definição

    preliminarmente de crônica e com uma definição mais ampla. Isso faz comque o aluno se prepare para leitura da próxima crônica, avaliando se éhumorística, lírica, informativa etc.Os alunos devem perceber que a abertura da crônica tematiza uma dasgrandes questões abordadas na crônica: o saudosismo, lembranças de umacidade ideal, tranqüila, que será, no decorrer do texto, contrastado com umacidade moderna, agitada.Observar o olhar lírico e poético lançado pelo cronista sobre lembranças deuma cidade de outrora para uma grande cidade com toda a modernidade.

    VI – Eixo de ensino | ANÁLISE LINGUÍSTICA

    1. Escolha uma outra crônica, de forma que não tenha semelhança com as duasaqui trabalhadas. Distribua-a com cada grupo e solicite que os alunos façam aleitura nos seus grupos. Após a leitura, questione o grande grupo sobre: Quaisas diferenças e semelhanças entre os textos lidos anteriormente e este último?Verifique se eles perceberam os seguintes aspectos: (a) tema tratado; (b) fato

    real ou ficção; (c) ponto de vista – crítico, humorístico, lírico etc.; (d)linguagem utilizada – informal, formal, semiformal; (e) variações linguísticas;(f) predominância de diálogos ou de comentários do cronista; (g) coesão ecoerência estabelecidos nos tempos verbais; e outros questionamentos que oprofessor achar conveniente e pertinente com o nível do grupo.

    2. Material didático: Cópias da nova crônica escolhida pelo professor. Papelmadeira ou cartolina para o cartaz.

    3. Comentários: As crônicas podem ser literárias, quando se baseia em fatosmais universais do nosso cotidiano, ou jornalísticas, quando poderá seconstruir a partir de manchetes de jornal, de uma situação mais factual.É interessante que os alunos levantem um bom número de diferenças esemelhanças presentes nos dois textos, destacando-as em um cartaz. Issofacilitará o momento da produção escrita.

    VII – Eixo de ensino | ANÁLISE LINGUÍSTICA E ESCRITA

    1. Escreva no quadro um trecho com predominância mais na narrativa da crônicaanalisada acima, como: “Grande número de cinemas era de rua; os shoppingcenters, ainda poucos, eram focados nas compras, mal despertavam para ofilão do entretenimento e da comida rápida. Muita gente ia a pé dos teatros da

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    Bela Vista ou do centro para os restaurantes da área.”Destaque também um trecho com tipologia descritiva:“As moças podiam usar um ridículo laçarote de chiffon na cabeça, modacopiada da personagem Viúva Porcina, da telenovela que fazia enormesucesso, Roque Santeiro. Não havia telefone celular, jogos de computador,

    televisão a cabo, DVD. A moeda era o cruzeiro, de inflação esquizofrênica.”Após realizada a leitura compartilhada dos trechos da crônica, conduza adiscussão para que os alunos percebam em qual dos trechos o mais relevante écontar um certo fato (trecho narrativo) e em qual dos textos o que predomina éa descrição de características ( trecho descritivo).Exponha dialogicamente sobre a função da tipologia narrativa e descritiva naconstrução dos sentidos do gênero crônica. Nesse gênero, a narração faz ahistória avançar, familiariza o leitor com os fatos, porém não requer precisão econcisão, tal como a notícia; já a descrição (re) cria o cenário, o clima, as

    sensações envolvidas no acontecimento, expondo a visão do cronista.2. Material didático: Cópias da crônica.3. Comentários: O propósito desta atividade é analisar as sequências textuais

    (tipologia) predominantes na crônica.

    VIII – Eixo de ensino | LEITURA

    1. Para atividade de casa, oriente os alunos para assistirem a um telejornal e

    anotar dados sobre uma notícia que mais se destacou para ele.Na próxima aula, peça para que os alunos apresentem oralmente a notíciaescolhida. Peça que eles comparem o modo como foi narrada a mesma notíciapor diferentes colegas, para que todos percebam que um mesmo fato pode sernarrado e também compreendido de diferentes maneiras.

    2. Material didático: Caderno e lápis.3. Comentários: Há uma grande possibilidade que muitos alunos tragam a

    mesma notícia. Assim, fica interessante ver como um mesmo fato pode sercontado por pessoas diferentes. Que aspectos da notícia serão enfatizadospelo aluno? Por que isso acontece?É fundamental, nesse momento, chamar a atenção do aluno para os diferentesolhares lançados sobre um mesmo fato, habilidade já utilizada peloscronistas.

    IX – Eixo de ensino | Leitura e Escrita

    1. Levando em consideração que muitos alunos trarão a mesma notícia, sugiraque estes levantem olhares diferentes sobre esse fato: humorístico/irônico;crítico/lírico. Retome com eles as crônicas lidas em sala de aula e o modocomo os autores lidos trabalharam com o lírico – saudosismo, lembranças,crítica.

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    Conduza os grupos a uma discussão em torno de que tipo de crônica poderiaser elaborado a partir da notícia que trouxeram, o que relataria etc. Os gruposdevem socializar essa discussão.Após esse momento, comece a elaborar, em conjunto, o parágrafo inicial deuma crônica, baseando-se na notícia discutida. Pergunte aos alunos qual

    título mais adequado teria essa crônica e inicie, no quadro, a escrita dessaparte do texto. Em seguida, o professor faz a leitura. Se houver algumadivergência para elaborar o parágrafo coletivamente, explique que isso se deveporque a crônica traz um olhar muito pessoal e que eles terão umaoportunidade em elaborar uma individualmente.

    2. Material didático: quadro, piloto/giz.3. Comentários: Se a notícia não for interessante para produzir uma crônica,

    mude-a e escolha outra.Alerte os alunos para o fato de que o olhar lançado dependerá muito da notícia

    lida. Algumas notícias levarão nosso olhar para o lado humorístico (porexemplo, um ladrão que fica entalado em uma janela ao tentar fugir dapolícia), enquanto outras direcionam um olhar mais crítico (um gari quedevolve uma grande soma de dinheiro encontrado, no mesmo dia em que sedescobre um novo escândalo de dinheiro público).

    X – Eixo de ensino | LEITURA E ESCRITA

    1. Peça que cada aluno escolha uma das notícias discutidas em sala ou mesmo aque ele trouxa para escrever uma crônica baseada nela.Retome, oralmente, as características da crônica com os alunos. Sugira aosalunos a anotarem livremente algumas idéias para a crônica, de forma queencontrem a melhor. Essas anotações funcionam como um roteiro provisório.Esclareça aos alunos que os cronistas também escrevem, reescrevem aabandonam algumas idéias no momento de criar seus textos.

    2. Material didático: anotações sobre as notícias. Caderno, lápis/caneta.3. Comentários: é fundamental resgatar as características da crônica, bem como

    aspectos relacionados à organização do texto ( paragrafação, ortografia,coesão, coerência etc.)

    XI – Eixo de ensino | ESCRITA. ANÁLISE LINGUÍSTICA

    1. Após avaliar as crônicas, entregue-as a cada autor e peça a reescrita final dotexto. É necessário esclarecer o aluno, com clareza, a situação a ser corrigida.Em relação à ortografia, por exemplo, as palavras com grafia errada podem sercirculadas para que o aluno as procure no dicionário.Se o texto produzido não tiver as características de uma crônica, é precisoapontar o que precisa ser alterado e também ler novamente, com a turma, as

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    características da crônica no painel, antes da reescrita do texto.Como sugestão, elabore um painel com o título “E a notícia vira crônica...” ecoloque as crônicas produzidas pelos alunos, para que fiquem expostas epossam ser lidas por todos da escola.

    2. Comentários: É importante que o material produzido pelos alunos circule, seja

    lido por outras pessoas. Ao saber que seus textos serão lidos por outroscolegas, a perspectiva de produção é outra. O texto terá outra finalidade, arelação do aluno com sua produção escrita será ressignificada dentro dessaperspectiva.Outras sugestões para produção de crônicas literárias: utilizar a imagem deuma revista; observar o comportamento dos colegas na hora do recreio ousaída da escola no final do turno para produzirem uma crônica.Para obter mais informações, procure o apêndice.

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    II – FÁBULAS

    A fábula é um dos gêneros textuais mais antigos conhecidos pelo homem. Atribui-se aEsopo (século VI a. C.), um escravo grego, a elaboração e difusão dessa narrativa na Grécia. Asfábulas que lhe são atribuídas sugerem normas de conduta que são exemplificadas pela ação

    dos animais (mas também de homens, deuses e mesmo coisas inanimadas). Esopo partia dacultura popular para compor seus escritos. Os seus animais falam, cometem erros, são sábiosou tolos, maus ou bons, exatamente como os homens. A intenção de Esopo, em suas fábulas,era mostrar como os seres humanos podiam agir, para bem ou para mal, sugerindo uma verdadeou provocando uma reflexão de ordem moral, destacada geralmente no final do texto. Com opassar do tempo, não foi diferente. Diversos autores recriaram essas fábulas e hoje, aqui noBrasil, temos exemplos de uma verdadeira recriação e intertextualidade desse gênero, comdestaque para Monteiro Lobato e o contemporâneo Millor Fernades.

    Pode-se afirmar que o uso de fábulas em sala de aula propicia discussões relevantesacerca de questões morais e éticas, normas de comportamento etc., ampliando essa idéia ao sefazer a relação com o cotidiano do aluno, com as polêmicas atuais. Recaindo o olhar para oaspecto essencial no ensino de língua materna, vislumbra-se a exploração da construçãodiscursiva das fábulas: a apresentação das ações de cada personagem pode revelar muito doseu caráter, de sua postura ética diante da vida; expressões utilizadas para se referiri aospersonagens podem sinalizar um ponto de vista a respeito de cada um.

    Baseados na discussão sobre essa temática, a qual favorece desenvolver habilidades

    orais dos alunos, estimulando-os a se posicionarem criticamente diante do texto lido,explicando e defendendo pontos de vista, podemos desenvolver várias estratégias de leitura,desde a antecipação, localizando as informações, até a inferência e a generalização,provocando o aluno a resgatar os seus conhecitos prévios.

    Em relação a produção, os alunos poderão criar fábulas, paródias de fábulas. Articula-se a produção de textos às reflexões sobre os usos linguístiocs peculiares desse gênero.

    Objetivos: levar o aluno a compreender e produzir fábulas, refletindo sobre sua funçãosocial, suas características linguístico-discursivas e seu conteúdo temático; ativarconhecimentos prévios e levantar hipóteses; observar a coerência global do texto na atividadeao recontar fábula; refletir sobre o uso de certas expressões linguísticas para se refrir aosanimais e seus efeitos de sentido; criar títulos; reconhecer a moral em diferentes fábulas;planejar a escrita de fábulas dentro das características desse gênero.

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    FÁBULA I | A raposa e as uvas

    Certa raposa esfaimada encontrou uma

    parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisas

    de fazer vir água na boca. Mas tão altos, que nem

    pulando.

    O matreiro bicho torceu o focinho:

    — Estão verdes – murmurou. – Uvas verdes, só para

    cachorros.

    E foi-se. Nisto, deu o vento e uma folha caiu.

    A raposa, ouvindo o barulhinho, voltou depressa, e pôs- 

    se a farejar.

    MORAL: Quem desdenha, quer comprar.

    (LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1991.) 

    FÁBULA I I| A raposa e as uvas

    De repente a raposa, esfomeada e gulosa,

    fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do

    areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral

    que descia por um precipício a perder de vista. Olhou e

    viu, além de tudo, à altura de um salto, cachos de uvasmaravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto,

    retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo

    das uvas. Caiu, tentou de novo, não conseguiu.

    Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo que tinha,

    não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas.

    Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: "Ah,

    também, não tem importância. Estão muito verdes." E

    foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente

    uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o

    local em que estavam os cachos de uva, trepou napedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e

    havia o risco de despencar, esticou a pata e. . .

    conseguiu ! Com avidez colocou na boca quase o cacho

    inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito

    verdes! 

    MORAL: A frustração é uma forma de julgamento tão

    boa como qualquer outra.

    ( FERNANDES, Millôr. Fábulas fabulosas. 14. Ed. Rio de Janeiro:

    Nórdica, 1997.) 

    FÁBULA ORIGINAL | A raposa e as uvas

    CUma raposa entrou faminta em um terreno

    onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras, cujoscachos se dependuravam, muito alto, em cima de sua

    cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de

    chupar aquelas uvas, mas, por mais que pulasse, não

    conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais

    uma vez os apetitosos cachos e disse:

    — Estão verdes...

    MORAL: É fácil desdenhar daquilo que não se alcança.

    (ESOPO. Fábulas. São Paulo: Martin Claret, 2006) 

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    SUGESTÕES DE ATIVIDADES

    I – Eixo de ensino | ORALIDADE

    1. Distribua tirar de papel com nomes de virtudes, de animais, de objetos, de

    plantas, de fabulistas, de títulos de fábulas famosas e morais de fábulas. Emseguida, organize os alunos em grupos por categorias: (a) fabulistas; (b)animais, objetos e plantas; (c) títulos de fábulas; (d) morais de fábulas.

    2. Material didático: Tiras de cartolinas preenchidas.3. Comentários: O número de aulas vai depender do número de alunos e do ritmo

    de trabalho deles.Essa atividade propicia a ativação dos conhecimentos prévios dos alunossobre o gênero fábula.

    II – Eixo de ensino | ORALIDADE E ESCRITA

    1. Provoque discussões sobre as tiras recebidas pelos alunos com o propósitodeles levantarem hipóteses sobre o gênero textual a ser trabalhado. Asquestões podem girar em torno de: “Com o título que tem em mãos, vocêsaberia contar uma história?”, “Quem é Monteiro Lobato?”Logo após, os grupos receberão tiras em branco, nas quais escreverãopeculiaridades da fábula, lerão em voz alta e afixarão no painel de

    características sobre o gênero fábula. Como sugestões de perguntas, seguem:(a) Para que são contadas e escritas as fábulas? (b) Que tipos de personagenssão mais comuns? (c) Como finalizam a maioria das fábulas?

    2. Material didático: Tiras de cartolina preenchidas. Tiras de cartolina em branco.Cartolina.

    3. Comentários: O ideal é que esse painel inicial nesta etapa seja retomado,reconstruído e reformulado ao longo da sequência, devendo manter-se afixadona sala durante essa atividade.Organize o painel, junto com os alunos, usando alguns critérios para dividi-lo e

    melhor organizar a caracterização das fábulas: objetivo, tipos de personagensetc.

    III – Eixo de ensino | ORALIDADE E ANÁLISE LINGUÍSTICA

    1. Retome o aspecto “moral da história”, interaja com seus alunos o que seriamoral, levantando perguntas, tais como: (a) Quando utilizamos a expressão“Moral da história...”?; (b) Qual o sentido de “moral”?; (c) Por que uma boa

    parte das fábulas termina com uma moral?Sistematize no quadro algumas contribuições dos alunos. Após essainteração, escreva no quadro o significado da palavra 'moral' (“conjunto das

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    regras, preceitos etc. característicos de determinado grupo social que osestabelece e defende”).Provoque os alunos a responderem essa pergunta: Por que se diz que a fábulatem um caráter moralizante?

    2. Material didático: quadro, piloto/giz.

    3. Comentários: Essa atividade leva os alunos a familiarizarem-se com o conceitode 'moral'. Demonstrar a diferença desse conceito, para que não confundamcom o de 'ética'. Enquanto a moral tem um caráter prático, dizendo como nosportar dentro de um conjunto de valores, regras de comportamento, costumesestabelecidos por uma sociedade, a ética possui um caráter reflexivo, pois aela recorremos para avaliar nosso comportamento. Entende-se como umaespécie de “juízo da moral”.

    IV– Eixo de ensino | LEITURA, ORALIDADE E ESCRITA

    1. Distribua fábulas diferentes entre os alunos para leitura individual esocialização nos grupos com o objetivo de debaterem sobre os valores moraiscontidos na narrativa. Após a leitura, leve os alunos a responderem asquestões: (a) Que virtudes ou vícios a fábula enfatiza?; (b) Quais personagensos representam? Por quê?; (c) No modo de vida da sociedade atual pode-seaplicar a moral da fábula?; (d) O texto traz valores que são princípiosessenciais para a convivência humana, válidos para qualquer época, lugar e

    cultura?; (e) Pode-se dizer que ao longo do tempo a mudança dos valoresmorais deu um 'aspecto atrasado' aos princípios éticos trazidos pelas fábulas?Após a discussão dessas perguntas, os alunos sistematizarão, em um cartaz,as principais conclusões, para depois socializarem no grande grupo.

    2. Material didático: Cópias de fábulas diversas. Cartolina. Piloto3. Nesse momento, os alunos estarão refletindo sobre os valores éticos e morais

    pertinentes nas fábulas e de que forma as alegorias os representam.Nesse momento, revise com os alunos o texto do cartaz, para, se necessáriofor, fazer alguma correção.

    V – Eixo de ensino | ORALIDADE

    1. Escolha alguns títulos e morais de fábulas e escreva-os em tiras de cartolinas.Distribua-as com os alunos. Pergunte se eles já conhecem os títulos da históriae se já conhecem a moral que finaliza as fábulas. Leve os alunos a perceberemque é comum os provérbios encerrarem fábulas.Questione o que pensam sobre esses provérbios, sobre o seu carátermoralizante, de ensinamento.Logo após, com base nos títulos e provérbios recebidos, os grupos tentarãorecontar ou criar oralmente a fábula. Em seguida, os alunos receberão a

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    história original e compararão quanto à adequação ao título e à moralrecebida.Promova uma discussão, após esse momento, sobre características comunsencontradas na produção oral dos alunos, ampliando o painel.

    2. Material didático: Tiras de cartolina, piloto. Cópia de fábulas

    3. Comentários: O professor deverá conhecer as fábulas que tiveram seus títulose morais selecionados e ter uma cópia de uma delas.O propósito é explorar a coerência entre o título, a moral e a fábula criada, deforma a desafiar os alunos a criar uma narrativa dentro do gênero fábula tendocomo sinalizadores o título e a moral.Mostre a importância, na hora da contação das fábulas, de utilizar os recursosnão-verbais, como gestos, pausas etc. Nesse momento, auxilie a turma a seorganizar quanto ao tempo necessário para planejar, ensaiar e apresentar otexto.

    VI – Eixo de ensino | LEITURA, ANÁLISE LINGUÍSTICA

    1. Distribua com os alunos a fábula “A raposa e as uvas” nas versões de MonteiroLobato e de Millôr Fernandes. Eles irão ler e refletir sobre a estrutura, alinguagem e o (re) dimensionamento da temática em momentos históricosdiferentes.Em seguida, levá-los a refletir sobre a moral das duas fábulas (a diferença nas

    duas fábulas, o caráter de ensinamento na versão de Monteiro Lobato e apresença do humor na versão de Millôr Fernandes, a atualização dosprovérbios, o recurso da paródia para “distorcer a moral clássica” da primeiraversão.Para promover a discussão, proponha perguntas do tipo: (a) Como cada fábulainicia sua narração?; (b) Qual a atuação da raposa em cada uma?; (c) O queresolve fazer a raposa, em cada fábula, ao encontrar o empecilho para comeras uvas?; (d) Como termina cada fábula?; (e) Qual das duas versões é maisengraçada? Por quê?

    2. Material didático: Cópias da fábula A raposa e as uvas, nas versões deMonteiro Lobato e de Millôr Fernandes. Cartolina, piloto.

    3. Comentários: Comente com os alunos que a fábula “A raposa e as uvas”original foi escrita por Esopo, antes de Cristo. Mostre para os alunos o recursoutilizado na produção de Millôr Fernandes: a paródia. Essa diferençaproduzida nas partes da narrativa por este autor muda sobremaneira algumasnuances: (a) na orientação - caracterização de personagens, tempo e espaçoda narrativa; (b) na complicação – o fato que gera a narrativa; nessa fábula, asuvas estarem inacessíveis; (c) na resolução – a conseqüência da complicação;na fábula, a s ações da raposa após ser mal sucedida na tentativa de pegar asuvas; (d) na avaliação- na fábula, destaca-se a moral.

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    VII – Eixo de ensino | LEITURA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA

    1. Os alunos deverão indicar no texto o processo de referenciação – expressõesutilizadas para designar cada personagem ou lugar – e de adjetivação – comosão descritos os personagens e outros elementos da narrativa: a raposa, os

    cachos e as uvas nas duas versões das fábulas.Oriente-os a sistematizarem no quadro essas diferenças, para que percebam amudança na linguagem e os efeitos de sentido pretendidos pelos autores,através de questões, como: (a) Em que versão a raposa parece mais faminta?Por quê?; (b) Em que versão a linguagem está mais próxima da atualidade?Exemplifique.

    2. Material didático: Cópias da fábula A raposa e as uvas, nas versões deMonteiro Lobato e de Millôr Fernandes.

    3. Comentário: É importante levar os alunos a refletir sobre as possíveis

    intenções do autor ao usar alguns adjetivos e como essas escolhas serelacionam com a moral pretendida. Na maioria das vezes, o uso dos artigosdefinidos ou indefinidos ( uma raposa/a raposa) ou a forma de nomear ospersonagens ( cordeiro/cordeirinho ) revelam aspectos importantes paracompreender o humor e a ironia entre efeitos de sentido.

    VIII – Eixo de ensino | LEITURA, ANÁLISE LINGUÍSTICA E ESCRITA.

    1. Distribua com os alunos a fábula “O leão e o rato”, de La Fontaine. Apósfazerem a leitura, mostre-os as expressões utilizadas para designar ospersonagens ( leão – o rei das selvas; o grandalhão ).Em seguida, os alunos escreverão, em um cartaz, as expressões que designampersonagens, respondendo as questões: (a) Por que o leão é chamado dessaforma?; (b) Esse fato ajudou a conhecer melhor o personagem e sua atuaçãona fábula? Explique.

    2. Material didático: cópias da fábula “O leão e o rato” (Anexo I). Cartolina,piloto.

    3. Comentários: Nessa atividade, poderá ser utilizada uma outra fábula. Oimportante é destacar a cadeia referencial dos personagens – expressõesusadas para designar um personagem ao decorrer do texto. A cadeiareferencial pode sinalizar sobre as mudanças nas personagens ou na maneiracomo o narrador as encara ao longo da narrativa.

    IX – Eixo de ensino | ESCRITA.

    1. Distribua aos alunos diversas fábulas, sem o título e sem a moral. Proponha osalunos a produzirem um título e uma moral para as fábulas recebidas.Após a produção, escreva no quadro as sugestões dos alunos e depoiscompare-as com os títulos e as morais originais.

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    2. Material didático: Cópias de diversas fábulas. Lápis, papel. Quadro, piloto/giz.3. Para que o aluno produza o título, é necessário que identifique a unidade

    temática do texto. Discuta, com seus alunos, as produções elaboradas por elese leve-os a perceber quais títulos melhor se articulam ao tema da fábula. Damesma forma se dá com a produção da moral.

    X – Eixo de ensino | LEITURA, ANÁLISE LINGUÍSTICA E ORALIDADE.

    1. Distribua tiras aos alunos pedindo que eles recuperem aspectoscaracterísticos do gênero fábula. Através das respostas trazidas nas tiras, oprofessor deverá trazer o painel da caracterização para que os alunos retomemas características iniciais sobre o texto, ampliando com outras característicasque surgiram no decorrer dessa atividade.

    2. Material didático: Papel ofício, lápis/caneta. Painel.3. Comentários: professor, traga para o centro das discussões outras

    características do gênero fábula, como: (a) quem produz? (b) quem escuta/lê,atualmente, e quem escutou/leu em outras épocas? (c) onde pode serencontrado esse gênero? (d) que outros textos usam fábulas? (propagandas,poemas, músicas etc.)

    XI – Eixo de ensino | ESCRITA.

    1. Agora, os alunos deverão produzir uma fábula, utilizando outras alegorias –animais, objetos ou algum elemento de referência do seu cotidiano quesimbolize alguma virtude ou vício. Retome o painel da caracterização.O professor deverá solicitar a (re) escrita dos textos produzidos, destacando aorganização textual-discursiva dos textos (pontuação, discurso direto eindireto, elementos da narrativa, marcadores de tempo-espaço, adjetivação,cadeia referencial, figuras de linguagem, dentre outros aspectos que oprofessor julgar necessário e pertinente).

    2. Material didático: Painel da caracterização. Papel, lápis/caneta.

    3. Comentários: dessas produções elaboradas pelos alunos poderá sair algumaparódia referentes à vida cotidiana, com personagens reais, que representemvícios e virtudes, como alguns artistas, políticos ou outras pessoasconhecidas. Os alunos poderão os mais variados cenários voltados para ohumor etc. É importante manter a essência do gênero, destacando oensinamento com o uso de alegorias, como animais, objetos, plantas, pararepresentar vícios e virtudes humanas.Outra forma de produção é solicitar aos alunos que parodiem uma mesmafábula e, daí, eleger a melhor versão.

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    O leão e o rato | Jean de La Fontaine

    Um rato, bastante perturbado,sai da sua toca. Quando olhapara frente, dá de cara com umleão! Para sua sorte, o rei daselva ou teve piedade ou nãoestava com fome naquela hora,pois nada fez ao bicho,deixando-o ir embora. Mas obem que o leão fez foi bem pago.Quem diria que, um dia, ele iriaprecisar daquele insignificanteratinho! E foi o que aconteceu.Ao passar pela extensa floresta,o leão caiu numa rede enganosa!Logo ele que não conhecia atraição por ser forte e corajoso!Fez de tudo: rugiu, esforçou-se,porém não conseguiu fugir.

    E não é que aparece o rato paraacudir o grandalhão das selvas?

    — Mas como você poderá meajudar com esse pequenotamanho? – pergunta o leão.

    O rato não responde, e começa aroer as grades da prisão.

     Com seus dentes finos, rompe os fios que prendem o leão. Ele consegue libertaraquele que um dia lhe fez bem, pagando, assim, uma dívida com o leão. Com isso,deixa uma lição para as pessoas: de serem sempre gratos com quem lhes ajuda. Emais: mostra que o trabalho, quando feito com paciência, tem melhor resultado doque a força e a imprudência daqueles que, nervosos, tentam realizar suasobrigações.

    (La Fontaine, Jean de Fábulas de Esopo. Adaptação: Lúcia Tulchinski. São Paulo: Scipione, 2008)

    ANEXO I

    Para obter mais informações, procure o apêndice.

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    III – CARTA DO LEITOR

    A 'Carta do Leitor' é um gênero que circula no domínio jornalístico, veicula em revistase jornais de circulação regional e nacional em uma seção específica para este fim. Caracteriza-se como uma carta aberta dirigida a destinatários desconhecidos. Do ponto de vistaorganizacional geral, a carta do leitor se assemelha às cartas pessoais, que por sua vez advémdo gênero epistolar, o qual obedece a elementos que contribuem para a unidade interna dotexto. As características que permeiam este gênero: texto com intencionalidade persuasiva;com formato semelhante ao da carta pessoal, apresentando data, vocativo, corpo do texto,expressão cordial de despedida, assinatura, cidade de origem, sendo que nem todas essaspartes são encontradas na carta do leitor. Esses elementos contribuem para a unidade interna

    do texto. Nessas seções, encontramos elementos identificadores de lugar, tempo, destinatário,remetente, saudação, despedida, dentre outros, que podem variar de acordo com o tipo decarta – carta pessoal, carta comercial, carta do leitor, carta aberta etc. – sendo cada uma comcaracterísticas diferentes. Esta diversidade se dá em razão dos propósitos comunicativosdesses gêneros.

    Na sua produção e versão final, a carta do leitor é composta dos elementos estruturaispertinentes a esse gênero. Contudo, ao chegar à redação, essa carta é editada antes da suapublicação, por uma questão de espaço físico do jornal/revista, pertinência ao tema,

    prolixidade, dentre outros. Assim como a carta poderá não ser publicada, até pela quantidadede cartas com o mesmo tema, ficando a editora a decidir qual a mais viável para publicação.Dessa forma, a relação de poder entre o leitor (interlocutor da carta) e o jornal/revista (editor) éassimétrica: o jornal ou revista é que decide o que será publicado, de que forma e quando.

    Nessas cartas, o leitor/interlocutor reivindica, solicita, critica, agradece ou elogia algoque foi publicado ou mesmo algum fato da comunidade, regional ou nacional. A linguagem éclara e objetiva, estilo simples, pessoal (emprego dos pronomes e verbos na 1ª pessoa) ou maisimpessoal (empregando pronomes e verbos na 3ª pessoa) ou ainda a possibilidade de utilizar os

    dois tipos de linguagem ao mesmo tempo; menor ou maior impessoalidade, de acordo com aintenção do autor, no entanto são produzidas no registro formal da língua. Quando se trata dealguma reclamação ou reivindicação, é necessário convencer os leitores e/ou ouvintes a aceitar

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    os pontos de vista expostos, convencendo as pessoas a acreditarem no que é dito e aderirem aoque se reivindica. Assim, as sequências argumentativas e expositivas são mais freqüentes.Outras vezes, é necessário relatar fatos ou ações em uma seqüência temporal e causal, quandoprevalecem as sequências narrativas.

    O uso da carta do leitor em sala de aula proporciona ao aluno o contato com um gêneroescrito. A introdução deste gênero no espaço escolar favorece a descoberta da função suasocial, criando oportunidades para uma reflexão sobre o porquê das pessoas escolherem estegênero para expressar suas opiniões, comentar algo etc., qual a sua importância no efetivocontato entre o veículo e leitor etc., quais temas são mais recorrentes.

    Objetivos: familiarizar-se com o gênero carta do leitor, buscando compreender

    e refletir sobre as usas especificidades, assim como produzi-loadequadamente; perceber elementos estruturadores do gênero carta do leitor;ler e produzir cartas do leitor, levantando os pontos de vista e argumentos paracriticar, elogiar, sugerir, indagar, solicitar ou denunciar.

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    SUGESTÕES DE ATIVIDADES

    I – Eixo de ensino | LEITURA E ORALIDADE

    1. Organize a turma em grupos e distribua exemplares de jornais, revistas e gibis.

    Oriente para que os alunos busquem a seção 'carta do leitor' e observemcriteriosamente para verificar em que parte desses suportes são publicadas ascartas dos leitores. Questione-os: (a) Vocês encontraram a seção em que aspessoas expõem suas idéias, sua opinião, reivindicação, reclamação etc.? (b)Encontraram o nome que identifica essa seção? (c) Nessa seção, há algumainformação sobre as pessoas que escrevem para eles? Quais?Faça uma tabela no quadro ou cartolina para escrever os dados de cadasuporte identificado por seção:

    Logo em seguida, explore os diversos nomes identificados na seção de carta doleitor. Alguns meios de comunicação apresentam essa seção como: “Correio

    do Cebolinha” ou algum outro personagem do gibi ou mesmo o nome do leitor,no caso dos gibis, outros veículo divulgam endereço para correspondência e onome do leitor. É interessante levar o aluno a fazer essa comparação e análisepara provocar uma reflexão de como funcionam os diferentes meios decomunicação, mesmo com o nome da mesma seção.

    2. Recursos didáticos: Exemplares de jornais, revistas e gibis; Cartolina. Quadro.Piloto/Giz.

    3. Comentários: O número de aulas dependerá do número de alunos e ritmodestes. As respostas deverão ser afixadas em local visível de maneira que eles

    percebam as diversas identificações encontradas nos veículos decomunicação à seção 'Carta do Leitor', assim como outros elementosidentificadores dos leitores, como: sexo, idade, lugar de onde escrevem,profissão etc.)

    II – Eixo de ensino | LEITURA E ANÁLISE LINGUÍSTICA.

    1. Mostre aos alunos, no mínimo, 2 modelos de carta do leitor de cada suporte de

    mídia. Incentive-os a lerem as cartas, logo após, pergunte em que veículo elasforam publicadas. Mostre aos alunos exemplares de carta pessoal e carta doleitor, com o intuito de identificar as características destes gêneros. Apósobservarem os gêneros, pergunte: (a) A carta enviada pelo leitor à redação de

    Nome da

    Revista

    Nome do

    Gibi

    Nome do

     JornalNome / Suporte

    Nome da Seção

    Identificaçãodo remetente

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    jornais, revistas, gibis, rádio, TV etc., é semelhante às que ele envia para umamigo?Neste momento, apresente um exemplo da carta pessoal e outro da carta doleitor. Continue interagindo com seu aluno, perguntando: (a) O que podemosver na carta pessoal? (b) Como escreve o remetente para que possamos

    perceber de onde a carta é e quando foi produzida ( Local e data)? (c) O que sepercebe no conteúdo da carta após a saudação? De que forma a carta foiconcluída ( Despedida e assinatura)? (d) Ao ler a carta, podemos perceber opropósito dela?Faça anotações nas margens da carta pessoal dos pontos comentados pelosalunos. Em seguida, convide-os a observarem a carta do leitor, oriente-os deque eles irão observar agora a carta do leitor e levante as seguintes questões:(a) Como a carta é iniciada? (b) Como o remetente interage com a redação darevista/jornal/gibi? (c) Como essas mídias identificam o remetente? (d) Qual o

    propósito dessas cartas?Registre a fala dos alunos nas margens da carta analisada, o fim de queidentifiquem elementos, como: solicitações, elogios, reclamações, sugestões,respostas etc. possivelmente presentes nesses gêneros.

    2. Recursos didáticos: Cartolina. Piloto/Giz. Quadro. Exemplares: carta pessoal (Anexo 1) e carta do leitor ( Anexo 2) ou cartas apresentadas pelo professor.

    3. Comentários: Utilize esse momento para refletir com os alunos que, apesar doadvento da internet, como o e-mail, as cartas ainda são utilizadas porinterlocutores/leitores. Oriente o aluno a perceber a estrutura do gênero

    textual carta: (a) Local das saudações, vocativo; (b) corpo do texto – sequênciaargumentativa, narrativa, descritiva; (c) fecho da carta, despedidas. Provocaruma reflexão acerca dos seguintes elementos: lugar, tempo, destinatário,remetente, saudação, despedida, entre outros, e que podem ser explanadospelos seus produtores/leitores em diferentes posições nas cartas. O propósitocomunicativo da carta é o que vai definir essa diversidade de modelos.

    III – Eixo de ensino | ESCRITA, LEITURA, ORALIDADE E ANÁLISE LINGÜÍSTICA.

    1. Neste momento, iremos confrontar as características e especificidades dosgêneros textuais 'carta do leitor' e 'carta pessoal'. Então, pergunte aos seusalunos quais elementos são semelhantes e/ou diferentes que estão presentesnestes gêneros em tela. Elabore um quadro, seguindo este modelo:

    Semelhanças Diferenças

    Carta do leitor Carta Pessoal Carta do leitor Carta Pessoal

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    Busque evidenciar as características e especificidades dos gênerostrabalhados, explorando os pontos levantados pelos alunos.

    2. Recursos didáticos: Cartolina. Piloto3. Inicie uma discussão oral baseando-se nos pontos listados nas tabelas.

    Pontue no quadro as respostas dos alunos para que os mesmos observem as

    especificidades do gênero trabalhado nos modelos de carta.

    IV – Eixos de ensino | LEITURA.

    1. Divida a turma em grupos, distribua um exemplar de uma carta do leitor“Meninos” (Anexo 1), enviada a um jornal pernambucano. Logo após, lance asperguntas: (a) Do que trata o leitor em sua carta? (b) O que o leitor quermostrar? (c) Há alguma reivindicação ou denúncia implícita, nas entrelinhas?

    Qual? (d) O leitor convence você a acreditar na situação apresentada?Nesse momento, você poderá utilizar outras cartas do leitor, com enfoque deoutras estratégias mobilizadas pelo leitor para expor suas idéias.

    2. Recursos didáticos: Carta do leitor (Anexo 1). Outras cartas de leitores.3. Comentários: Aproveite esse momento para enfocar a importância dos

    argumentos dos remetentes, sua importância para o convencimento dopúblico leitor.

    V – Eixos de ensino | ESCRITA E ORALIDADE.

    1. Trabalhe com seus alunos a temática da comunidade ou bairro em que mora,levantando algum problema que eles gostariam de denunciar, ou mesmoreivindicar alguma obra para melhoria da comunidade, utilizando-se da seçãocarta do leitor.Cada grupo lançará seu tema e o professor deverá colocar no quadro e, por fim,oriente-os a escolherem um dos temas levantados para que possam produziruma carta à redação do jornal.No momento da produção, leve os alunos a refletirem sobre: (a) O problema aser abordado; (b) estratégias argumentativas para convencer o jornal adivulgar a denúncia ou reivindicação, como também convencer os leitoresdaquela mídia de comunicação.Após a produção dessa carta, aproveite o momento para orientá-los quanto aforma do preenchimento do envelope e postá-lo, junto com o texto, no correio.

    2. Recursos didáticos: caneta, papel, envelope de carta.3. Comentários: O professore deverá escolher, em conjunto com os alunos, um

    jornal de grande circulação na cidade ou estado. Lembramos que os jornaisregionais e nacionais já disponibilizam espaços interativos em sites oficiaispara leitões ou alguma comunidade poder se manifestar. Assim, outra opção éutilizar o laboratório de informática e produzir um e-mail com as mesmascaracterísticas da carta do leitor.

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    Outro fator importante é incentivar a leitura no jornal em que fora enviado acarta ou e-mail, para daí, verificarem se foi publicado. É o momento paraverificar o que acontece com as cartas ao serem publicadas, ou seja, a ediçãoque sofrem esses textos.

    VI – Eixo de ensino | LEITURA, ORALIDADE E ESCRITA.

    1. O professor poderá trabalhar com gibis, incentivando os alunos a produziremtextos direcionados a redação desta revista. Levante questões sobre qualpersonagem de história em quadrinhos ele gostaria de contar uma história e,dessa forma, enviar para a redação da revista. Daí, eles produziriam seustextos enviando sugestões para a editora. Lembrando que as cartas deverãoser postadas.

    2. Recurso didático: gibis (que contenham seção carta do leitor), papel,caneta/lápis, envelope.3. Comentários: Os alunos poderão comentar matérias exibidas em edições

    anteriores ou sugerir novas histórias. As cartas deverão ser revisadas em seuconteúdo, na sua ortografia e na organização do texto. Não esqueça que estaatividade poderá ser desenvolvida através do e-mail.

    Para obter mais informações, procure o apêndice

    ANEXO I ANEXO II ANEXO III

    Fonte: Jornal do Commércio, 02/06/09

    Fonte: Jornal do Commércio, 03/06/09 Fonte: google/imagens/cartas - acesso 01/06/09

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    IV – O POEMA

    O poema, texto literário, se diferencia daprosa pela sua organização no suporte utilizadopara a produção escrita. Geralmente apresenta-

    se em versos, cada um apresentando e extensãodesejada pelo poeta com objetivo de destacar umcerto ritmo durante a leitura do texto. É bomlembrar que poema e poesia são unidadesdistintas. Podemos dizer que a poesia se desvelacomo uma expressão cultural e criativa dohomem, que pode se manifestar em qualquerobra de arte, como: um poema, um conto, umromance, uma pintura, uma escultura, uma

    música etc. enquanto o poema é um gênero quematerializa a visão do poeta sobre o mundoatravés da expressão poética.

    Trabalhar com poemas em sala de aula éincentivar a leitura e a produção textual defruição. Para tanto, deve-se envolver o aluno emum clima propício para a expressão artística paraque o mesmo se sinta estimulado a produzir tais textos. O poema é uma (re) criação da

    realidade, composto, geralmente, por versos, que podem ser agrupados em duas ou maisestrofes, tem presença do ritmo e musicalidade. Poderá ter rimas, assonâncias e aliterações. Écomum o uso de metáforas, onomatopéias e neologismos.

    A linguagem do poema tem uma singularidade particular. Assim, cada palavrautilizada, cada comparação, um sinal de pontuação a disposição dos versos na página, dentreoutras características, apresentam uma relevância comum, uma razão de ser. Portanto, éinteressante sensibilizar os alunos para apreciar o enfoque poético, de forma que se interessempelo gênero e leiam com prazer.

    No momento da produção desses textos, o professor deverá intervir apenas no ponto devista gramatical (ortografia, concordância, coesão etc.). Devemos reconhecer que o poetaescolhe as palavras estrategicamente para expressar suas emoções e sentimentos.

    Objetivos: Entrar em contato com poemas, reconhecendo-os como expressões dasubjetividade; perceber como os recursos não-verbais (entonação, pausas, ritmo, expressãofacial, gestos) utilizados na leitura soa fundamentais no processo de (re) construção desentidos; usar pistas textuais para (re)construir interpretações possíveis na leitura de poemas;verificar a organização estrutural do poema (estrofes e versos) como importante recurso naconstrução dos sentidos e na condução da leitura a ser realizada; observar recursos linguísticospeculiares a poemas, como: rimas, ritmo, metáforas; produzir e revisar poemas.

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    SUGESTÕES DE ATIVIDADES

     I – Eixo de ensino | LEITURA E ORALIDADE.

    1. Prepare a sala disponibilizando diversos poemas em murais, quadro, paredes,

    caixas surpresas, bexigas, em cordão etc. Poderá colocar um som ambiente epedir que os alunos circulem livremente, lendo os poemas.Logo em seguida, proponha que alguns alunos leiam o poema que maisgostaram. Peça que os alunos justifiquem suas escolhas. Pergunte aos alunosse eles reconhecem o gênero que leram. Indague se foi uma notícia, umareceita, uma carta etc. Em seguida, leia um poema, destacando a entonaçãopertinente, com ênfase em algumas palavras, a expressão facial e os gestos, aspausas etc. Mostre para os alunos que essa é a maneira ideal para se declamarum poema.

    2. Recursos didáticos: Poemas vários afixados em murais, paredes, colocadosem caixas, cordões etc.

    3. Comentários: O número de aulas necessárias nesta sequência dependerá donúmero de alunos na turma e do ritmo de trabalho deles.O primeiro momento dessa atividade versa sobre uma leitura de deleite, deprazer, de descoberta. P professor poderá utilizar poemas que despertam aatenção do aluno. No anexo, há algumas sugestões.É interessante organizar a sala antes dos alunos entrarem. Utilize papéiscoloridos e letras grandes afixados nas paredes. Lembre-se que a leitura

    expressiva de poemas é essencial para ativar o gosto pela leitura desse gênero.Durante a sequência de aulas, deixe os poemas afixados nos locais escolhidosno momento inicial, deixando espaço para os poemas trazidos pelos alunos eaté produzidos, posteriormente, por eles.

    II – Eixo de ensino | LEITURA E ORALIDADE.

    1. Organize a sala em grupos e peça que eles escolham um poema e depois, um

    colega do grupo para fazer a leitura expressiva do poema selecionado. Elesdeverão dispor de algum tempo para ensaiar. Destaque os recursos não-verbais que os alunos poderão utilizar no momento da declamação.

    2. Recursos didáticos: Cópia de poemas escolhidos pelos alunos.3. Comentários: Nesse instante, o professor deverá visitar os grupos e verificar

    como estão os ensaios de declamação, até para melhor poder orientá-los.Ajude-os a perceber qual a melhor entonação, quando haver pausas, algumoutro gesto etc. Os alunos poderão visitar a biblioteca e escolher outrospoemas.

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    III – Eixo de ensino | LEITURA E ORALIDADE.

    1. Aproveite os poemas trazidos pelos alunos e peça que eles desenhem algo querepresente o poema escolhido. Em seguida, cada aluno deverá apresentar nafrente da sala o seu desenho e os demais alunos deverão inferir de que trata o

    poema. Após algumas hipóteses levantadas, o aluno deve ler o poema. Prepareum mural, com o título “Belos Poemas”, e afixe os poemas trazidos pelosalunos.Logo após, pergunte aos alunos o que é um poema. Elenque no quadro asrespostas. Inicie a leitura do poema “Aquarela”, de Toquinho/Vinícius deMoraes, e discuta com os alunos qual o possível assunto do texto. Peça queeles opinem sobre o presente e o futuro abordados no poema, de que formavêem expressas essas idéias. Esse poema foi musicado por Toquinho. Éinteressante colocar a forma musicada, em CD, para que os alunos apreciem o

    efeito dessa musicalidade e verificar as multiformas de abordagem de umpoema.2. Recursos didáticos: Poemas trazidos pelos alunos. Cópias do poema/música

    “Aquarela” (Anexos). Quadro, piloto/giz. Cartolina. Música do poema (CD),aparelho de som.

    3. Comentários: O mural com os poemas deverá ficar durante toda a sequênciadessas aulas. Essa ação poderá motivar os alunos a valorizar os exemplarescoletados por eles mesmos. Tente discutir com os alunos sobre a definição depoema. Isso leva os alunos a refletirem sobre o gênero. Indague-os por que os

    poemas são escritos, de que eles falam, para que servem.

    IV – Eixo de Ensino | LEITURA E ORALIDADE.

    1. Para trabalhar a compreensão do texto, “Aquarela”, elabore algumasperguntas, como: (a) Que faz o autor nas três primeiras estrofes? Como surgiua gaivota e o que ela faz? (b) Por que o autor utiliza a expressão “Numa folhaqualquer”? (c) Qual o sentido da expressão “navio de partida”? (d) Na visão do

    autor como é o “futuro”? Descreva-o com exemplos retirados do texto. (e) Quala relação do título com o texto do poema?Tente valorizar as respostas dos alunos. Trabalhe com as rimas, palavras queterminam com o mesmo som. Escreva no quadro os pares dessas palavras.Discuta com os alunos se as rimas enriquecem o poema, tornando-o maisinteressante para o leitor e por quê.Organize a turma em pequenos grupos e entregue a cada um o poema“Canteiros”, de Cecília Meireles (Anexo III). Fragmente o poema, deixandolacunas para as seguintes palavras contidas no poema: SAUDADE –FELICIDADE – INVENTO – CONTENTAMENTO – DIA – ALEGRIA –FRAMBOESA – TRISTEZA – VIDA – PARECIDA. Objetiva-se fazer com que oaluno produza efeitos de sentido no texto e que rimem com o que está naestrofe.

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    Logo após, sistematize as respostas no quadro, fazendo listas das palavraspara cada estrofe. Abra uma discussão com os alunos, utilizando as palavrasescolhidas e verifique se deixaram o texto coerente e se rimam com o final doverso anterior. Discuta com os alunos a característica da rima.

    2. Recursos didáticos: Cópias do poema “Aquarela” (Anexo I). Cópias do poema

    “Canteiros” (Anexo III), lacunado.3. Comentários: Lembrar que um poema é passível de muitas interpretações,assim como existem poemas sem rimas, com o mesmo valor que os demais.Para a atividade de preenchimento das lacunas, o professor poderá utilizaroutros poemas, de forma que não fique resumido só a preencher lacunas embusca de rima, mas produzir efeitos de sentido. O interessante é promover ainteração com o que o texto diz, com coerência.

    V – Eixo de ensino | LEITURA E ANÁLISE LINGÜÍSTICA E ESCRITA.

    1. Distribua cópias do poema original e peça que os alunos façam uma leiturasilenciosa, destacando em quantas estrofes o poema está dividido. Abra umadiscussão com os alunos sobre por que o poema se divide em estrofes. Cadaestrofe remete a que cena da história contada?Utilize, agora, o poema “Por que Deus permite que as mães vão-se embora?”,de Carlos Drummond de Andrade, (Anexo II) e trabalhe com os alunos arespeito da construção do poema sem estrofes. Leve os alunos a refletirem que

    o poema pode vir com várias estruturas e que a sua temática pode ser, além deoutros temas, voltada para um desabafo.Em seguida, distribua com os alunos cópias do poema “Os bichinhos e ohomem” de Vinícius de Moraes (Anexo I), e peça para que eles analisem atemática desse poema. Como o supostamente feio (moscas, baratas,besouros, carrapatos etc.) podem fazer parte de um poema de uma maneiracriativa e com coerência, haja vista que as palavras não estão soltas, pois naúltima estrofe, esses bichos têm a sua função para o homem. Levar o aluno arefletir sobre o que o texto diz.

    2. Recursos materiais: Cópias do poema “Aquarela”, de Toquinho/Vinícius(Anexo I).Cópias do poema “Os bichinhos e o homem” de Vinícius de Moraes(Anexo I) e do poema “Por que as mães vão-se embora?”, de Carlos Drummondde Andrade (Anexo II).

    3. Comentários: O interessante com essa atividade a explorar as estrofes comoum recurso de organização do texto, das temáticas tratadas. Essas estrofesservem para dá ritmo ao poema. No entanto, observa-se que Drummond nãoutiliza em seu poema o recurso das estrofes, mas de versos dispostosaleatoriamente, sugerindo uma interação próxima com o leitor, com a suabeleza própria. Mostrar para os alunos que uma construção de um textopoético não deverá ficar preso a forma de sua estrutura.

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    VI – Eixo de ensino | ORALIDADE E ESCRITA.

    1. Proponha para os alunos a elaborarem um poema, baseados em algo que lheschame a atenção. Os alunos poderão utilizar jornais, revistas ou fotos para queestimulem a enxergá-los de um jeito diferente do comum. Pensar nas imagens

    ou objetos em outras perspectivas, como por exemplo, a derrubada de umaárvore para poder construir uma mesa para a casa de alguém que não a tenha.Oriente os alunos e faça as intervenções formais do texto. No final, peça quecada aluno leia o seu texto.

    2. Recursos didáticos: Jornais, revistas, fotos, objetos diversos.3. Comentários: Nessa atividade objetiva-se estimular o olhar poético sobre uma

    cena comum. Caso alguns alunos apresentem alguma dificuldade, instigue-osa ver objetos e cenas sob outra perspectiva. Mostre que os poemas nemsempre tem formas fixas, que não precisa de rima. Afixe os poemas em um

    mural de produções dos alunos.

    Para obter mais informações, procure o apêndice.

    AquarelaComposição: Toquinho / Vinicius de Moraes / G.Morra / M.Fabrizio

    Numa folha qualquerEu desenho um sol amareloE com cinco ou seis retasÉ fácil fazer um castelo...

    Corro o lápis em tornoDa mão e me dou uma luva

    E se faço choverCom dois riscos

    Tenho um guarda-chuva...

    Se um pinguinho de tintaCai num pedacinho

    Azul do papelNum instante imagino

    Uma linda gaivotaA voar no céu...

    Vai voandoContornando a imensa

    Curva Norte e SulVou com ela

    Viajando HavaíPequim ou Istambul

    Pinto um barco a velaBranco navegandoÉ tanto céu e marNum beijo azul...Entre as nuvens

    Vem surgindo um lindoAvião rosa e grená

    Tudo em volta colorindoCom suas luzes a piscar...

    Basta imaginar e ele estáPartindo, sereno e lindo

    Se a gente quiserEle vai pousar...

    Numa folha qualquerEu desenho um navio de partida

    Com alguns bons amigosBebendo de bem com a vida...

    De uma América a outraEu consigo passar num segundo

    Giro um simples compassoE num círculo eu faço o mundo...

    Um menino caminhaE caminhando chega no muro

    E ali logo em frenteA esperar pela gente

    O futuro está...

    E o futuro é uma astronaveQue tentamos pilotar

    Não tem tempo, nem piedadeNem tem hora de chegar

    Sem pedir licençaMuda a nossa vidaE depois convidaA rir ou chorar...

    Nessa estrada não nos cabeConhecer ou ver o que viráO fim dela ninguém sabeBem ao certo onde vai dar

    Vamos todosNuma linda passarela

    De uma aquarelaQue um dia enfim

    Descolorirá...

    Numa folha qualquerEu desenho um sol amarelo

    (Que descolorirá!)E com cinco ou seis retasÉ fácil fazer um castelo

    (Que descolorirá!)Giro um simples compassoNum círculo eu faço

    O mundo(Que descolorirá!)...

    Imagem extraída do vídeo AQUARELA do site www.mundodacrianca.com.br 

    Nossa irmã, a moscaÉ feia e tosca

    Enquanto que o mosquitoÉ mais bonitoÉ mais bonito

    Nosso irmão, besouroQue é feito de couro

    Mal sabe voarMal sabe voar

    Nossa irmã, a barataBichinha mais chataÉ prima da borboleta

    Que é uma caretaQue é uma careta

    Nosso irmão, o griloQue vive dando estrilo

    Só pra chatearSó pra chatear

    E o bicho-do-péQue gostoso que ele é

    Quando dá coceiraCoça que não é brincadeira

    E o nosso irmão carrapatoQue é um outro bicho chato

    E primo-irmão do baciloQue é irmão tranqüiloQue é irmão tranqüilo

    E o homem que pensa tudo saberNão sabe o jantar que os bichinhos vãoter

    Quando o seu dia chegarQuando o seu dia chegar

       A  n  e  x  o

       I

       F  o  n   t  e  :   h   t   t  p  :   /   /   l  e

       t  r  a  s .   t  e  r  r  a .  c  o  m .   b  r   /  v   i  n   i  c   i  u  s -  e -   t  o  q  u   i  n   h  o   / -  a  c  e  s  s  a   d  o  e  m    0

       1   /   0

       6   /   0   9

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    Os Bichinhos e o HomemVinicius de Moraes | Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

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    Fonte: http://www.literatus.blogspot.com

    Anexo II

    Canteiros

    (Cecília Meireles)

    Quando penso em você fecho os olhos de saudade

    Tenho tido muita coisa, menos a felicidade

    Correm os meus dedos longos em versos tristes que inventoNem aquilo a que me entrego já me traz contentamento

    Pode ser até manhã, cedo claro feito dia

    mas nada do que me dizem me faz sentir alegria

    Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa

    Para correr entre os canteiros e esconder minha tristeza

    Que eu ainda sou bem moço para tanta tristeza

    E deixemos de coisa, cuidemos da vida,

    Pois se não chega a morte ou coisa parecida

    E nos arrasta moço, sem ter visto a vida.

    Fonte: http://www.aindamelhor.com/poesia/poesias11-cecilia-meireles.php - acessado em 01/06/09.

    Anexo III

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    ENSINO FUNDAMENTAL  – ANOS FINAIS

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