apostila mmem

68
APOSTILA E GUIA DE AULA MEDIDAS ELÉTRICAS E MATERIAIS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS Elaboração: Prof. Armando Souza Guedes. Unidade I – Definições Unidade II – Instrumentos de Medidas Elétricas Unidade III – Instrumentos AnalógicosxDigitais e Materiais Elétricos e Magnéticos

Upload: carlosengk8274

Post on 14-Sep-2015

240 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

apostila de medidas elétricas e materiais elétricos e magnéticos.

TRANSCRIPT

  • APOSTILA E GUIA DE AULA

    MEDIDAS ELTRICAS E MATERIAIS ELTRICOS E MAGNTICOS

    Elaborao: Prof. Armando Souza Guedes.

    Unidade I Definies

    Unidade II Instrumentos de Medidas Eltricas

    Unidade III Instrumentos AnalgicosxDigitais

    e Materiais Eltricos e Magnticos

  • ndice 1 DEFINIES............................................................................................................................7

    1.1 Definio de Medida .......................................................................................................................7

    1.2 Sistemas de Unidades ......................................................................................................................7

    1.3 Exatido, Preciso e Resoluo .....................................................................................................12

    1.4 Erros em Medidas..........................................................................................................................13

    1.5 Tratamento de erros em medidas...................................................................................................13

    2 ELEMENTOS DOS CIRCUITOS ELTRICOS....................................................................17

    2.1 Introduo......................................................................................................................................17

    2.2 Resistores.......................................................................................................................................17

    2.3 Capacitores ....................................................................................................................................20

    2.3 Indutores........................................................................................................................................22

    2.4 Fontes ............................................................................................................................................24

    EXERCCIOS DE APRENDIZAGEM UNIDADE I ...................................................................26

    3 INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELTRICAS ..................................................................28

    3.1 Introduo......................................................................................................................................28

    3.2 Classificao dos Instrumentos de Medidas Eltricas ...................................................................28

    3.3 Instrumentos Analgicos ...............................................................................................................30

    3.4 Instrumentos Digitais.....................................................................................................................36

    3.5 Instrumentos Bsicos de Medidas Eltricas...................................................................................40

    3.6 Multmetros ...................................................................................................................................44

    3.7 Ponte de Wheatstone .....................................................................................................................45

    EXERCCIOS DE APRENDIZAGEM UNIDADE II..................................................................47

    4 PRINCPIOS DE MEDIO ANALGICA E DIGITAL....................................................49

    4.1 Medio Analgica Baseada no Mecanismo de Bobina Mvel ....................................................49

    4.2 Medio Analgica Baseada no Mecanismo de Ferro Mvel .......................................................52

    4.3 Medio Digital .............................................................................................................................54

    5 MATERIAIS ELTRICOS E MAGNTICOS ......................................................................59

    5.1 Materiais Condutores.....................................................................................................................60

    5.2 Materiais Semicondutores .............................................................................................................62

  • 5.3 Isolantes ou Dieltricos .................................................................................................................64

    5.4 Materiais Magnticos ....................................................................................................................66

    EXERCCIOS DE APRENDIZAGEM UNIDADE III ................................................................68

  • Lista de Figuras Figura 1. 1 Medio para o padro de corrente eltrica...........................................................................11

    Figura 1. 2 Resoluo de uma escala analgica.......................................................................................12

    Figura 1. 3 Distribuio normal ou Gaussiana. .......................................................................................15 Figura 2. 1 - Exemplos de resistores comerciais: (a) de carbono; (b) de fio, para aquecimento; (c) termistor (resistor controlado por temperatura); (d) clula de carga (resistor controlado por esforo mecnico); (e) LDR (resistor controlado por luz). .....................................................................................17

    Figura 2. 2 Tipos de resistores e simbologia: (a) fixo, (b) varivel (potencimetro)...............................18

    Figura 2. 3 Smbolo do capacitor: (a) fixo; (b) varivel ou ajustvel. .....................................................20

    Figura 2. 4 - Capacitores comerciais: (a) eletroltico; (b) polister metalizado; (c) tntalo; (d) "disco", com dieltrico cermico; (e) varivel, com dieltrico de ar; (f) trimmer.................................................22

    Figura 2. 5 - Campo magntico criado por corrente: (a) em um condutor retilneo; (b) em uma bobina. ..23

    Figura 2. 6 - Indutores: (a) smbolo; (b) para montagem em circuito impresso; (c) com ncleo de ar; (d) com ncleo de ferrite (choke). ....................................................................................................................23

    Figura 2. 7 - Smbolos de fontes: (a) de CC fixa; (b) de CC varivel; (c) de CA.......................................25

    Figura 2. 8 - Fontes: (a) modelo de uma fonte alimentando uma carga; (b) caracterstica V x A de fonte ideal e real. .................................................................................................................................................25 Figura 3. 1 - Exemplos de multmetros: (a) analgico (Minipa Mod. ET-3021); (b) digital (Fluke Mod. MT330).......................................................................................................................................................29

    Figura 3. 2 - Exemplos de instrumentos classificados quanto sua capacidade de armazenamento de leituras: (a) indicador; (b) registrador; (c) totalizador. ...............................................................................30

    Figura 3. 3 - Classificao de escalas de acordo com a posio do zero: (a) zero direita; (b) zero central; (c) zero suprimido; (d) zero deslocado. (Simpson Electric Co.).................................................................32

    Figura 3. 4 - Espelho para correo do erro de paralaxe. ...........................................................................32

    Figura 3. 5 - Smbolo da tenso de prova. ..................................................................................................35

    Figura 3. 6 - Posio dos instrumentos de medida: (a) representao das diversas posies possveis; (b) simbologia usada. .......................................................................................................................................35

    Figura 3. 7 - Exemplos de displays de LEDs e de cristal lquido (LCD)....................................................37

    Figura 3. 8 - Categorias dos instrumentos digitais de medidas eltricas (Fluke do Brasil). .......................39

    Figura 3. 9 - Medida de corrente com ampermetro: (a) conexo do instrumento; (b) diagrama da ligao.....................................................................................................................................................................40

    Figura 3. 10 Instrumento digital de alicate...........................................................................................41

    Figura 3. 11 - Processo de multiplicao de escala de um ampermetro: (a) esquema de ligao; (b) resistores de derivao (shunt). ..................................................................................................................41

  • Figura 3. 12 - Medida de tenso com o voltmetro: (a) conexo do instrumento; (b) diagrama de ligao.....................................................................................................................................................................42

    Figura 3. 13 - Esquema de ligao para a ampliao de escala de um voltmetro......................................42

    Figura 3. 14 - Wattmetro analgico: (a) vista geral, com indicao das bobinas de tenso e de corrente; (b) smbolo e conexo a uma carga. ...........................................................................................................43

    Figura 3. 15 Alicate wattmetro (Minipa ET4050). .................................................................................43

    Figura 3. 16 - Medidor de kWh: (a) estrutura e ligao; (b) exemplo de display analgico de ponteiros. .44

    Figura 3. 17 - Multmetro analgico (esquerda) e digital (direita), com seus componentes principais. .....45

    Figura 3. 18 Circuito da ponte de Wheatstone. .......................................................................................46 Figura 4. 1 Construo bsica do instrumento Bobina Mvel.................................................................50

    Figura 4. 2 Princpio de funcionamento do instrumento Bobina Mvel..................................................51

    Figura 4. 3 Construo bsica do instrumento Ferro-Mvel de atrao. .................................................53

    Figura 4. 4 Construo bsica do instrumento Ferro-Mvel de repulso. ...............................................53

    Figura 4. 5 Funcionamento do instrumento Ferro-Mvel de repulso. ...................................................54

    Figura 4. 6 Processo de amostragem de um sinal analgico....................................................................55

    Figura 4. 7 Conversor analgico / digital de 3 bits. .................................................................................57 Figura 5. 1 Formao da barreira de potencial ou camada de depleo no diodo. ..................................63

    Figura 5. 2 Polarizao em um material isolante.....................................................................................64

  • Lista de Tabelas

    Tabela 1. 1 Unidades Fundamentais do SI. ...............................................................................................8

    Tabela 1. 2 Unidades Eltricas e Magnticas Derivadas do SI..................................................................8

    Tabela 1. 3 Mltiplos Submltipos do SI. .................................................................................................9 Tabela 2. 1 - Valores de resistividade e coeficiente de temperatura de alguns materiais usados em Eletrotcnica...............................................................................................................................................19

    Tabela 2. 2 - Constante dieltrica de alguns dieltricos usados em capacitores. ........................................22 Tabela 3. 1 - Valor fiducial de instrumentos de medida. ............................................................................33

    Tabela 3. 2 - Simbologia de instrumentos de medidas eltricas. ................................................................34

    Tabela 3. 3 - Classe de exatido de instrumentos de medidas eltricas......................................................36

    Tabela 3. 4 - Comparao entre displays de LEDs e de cristal lquido. .....................................................37 Tabela 5. 1 Resistividade dos principais metais utilizados na engenharia eltrica e eletrnica...............61

    Tabela 5. 2 Rigidez dieltrica de alguns materiais. .................................................................................65

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    7

    1 Definies

    1.1 Definio de Medida

    Medida um processo de comparao de grandezas de mesma espcie, ou

    seja, que possuem um padro nico e comum entre elas. Duas grandezas de mesma

    espcie possuem a mesma dimenso.

    No processo de medida, a grandeza que serve de comparao denominada de

    grandeza unitria ou padro unitrio.

    As grandezas fsicas so englobadas em duas categorias:

    a) Grandezas fundamentais (comprimento, tempo, massa, intensidade de corrente, intensidade luminosa, etc).

    b) Grandezas derivadas (velocidade, acelerao, fora, energia, carga, tenso eltrica, etc).

    1.2 Sistemas de Unidades

    um conjunto de definies que rene de forma completa, coerente e concisa

    todas as grandezas fsicas fundamentais e derivadas. Ao longo dos anos, os cientistas

    tentaram estabelecer sistemas de unidades universais como, por exemplo, o CGS

    (Centmetro, Grama, Segundo), MKS (Metro, Kilograma, Segundo), SI (Sistema

    Internacional de Unidades).

    Dentre os sistemas de unidades utilizados na atualidade o SI, derivado do

    MKS, foi adotado internacionalmente a partir dos anos 60. o padro mais utilizado

    no mundo, mesmo que alguns pases ainda adotem algumas unidades dos sistemas

    precedentes como Inglaterra e EUA que utilizam o Sistema Ingls English System

    por razes histricas.

    Nas Tabelas 1.1 e 1.2 apresentadas a seguir so mostradas as sete unidades

    fundamentais do SI e algumas unidades derivadas eltricas e magnticas

    respectivamente.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    8

    Tabela 1. 1 Unidades Fundamentais do SI.

    Grandeza Abreviatura Unidade Simbologia

    Comprimento [l] Metro [m]

    Massa [m] Kilograma [kg]

    Tempo [t] Segundo [s]

    Intensidade de Corrente [i] Ampre [A]

    Temperatura Termodinmica

    [T] Kelvin [K]

    Quantidade de Matria [M] Mole [mol]

    Intensidade Luminosa [I] Candela [cd]

    Tabela 1. 2 Unidades Eltricas e Magnticas Derivadas do SI.

    Grandeza Derivada Abreviatura Unidade Simbologia

    Carga [Q] Coulomb [C]

    Energia [e] Joule [J]

    Potncia [P] Watt [W]

    Tenso Eltrica [U] Volt [V]

    Resistncia [R] Ohm []

    Resistividade [] Ohm x metro [.m]

    Condutncia [S] Siemens [S]

    Capacitncia [C] Farad [F]

    Indutncia [L] Henry [H]

    Frequncia [f] Hertz [Hz]

    Campo Eltrico [E] Volt/metro [V/m]

    Fluxo Eltrico [] Volt x metro [V.m]

    Densidade de Fluxo Eltrico

    [D] Coulomb/metro2 [C/m2]

    Campo Magntico [H] mpere/metro [A/m]

    Fluxo Magntico [] Weber [Wb]

    Densidade de Fluxo Magntico

    [B] Weber/metro2 ou Tesla

    [Wb/m2] ou [T]

    Permissividade Eltrica [] Coulomb/

    metro x Volt

    [C/m.V]

    Permeabilidade Magntica

    []

    Weber/

    Metro x mpere

    [Wb/m.A]

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    9

    Curiosidade: a) A corrente pode ser medida at uma preciso de 2x10-6.

    b) A resistncia com uma preciso at 5x10-8 (com o condensador calculvel de Thompson-Lampard).

    c) A diferena de potencial com uma preciso de 3x10-8 (utilizando o efeito de Josephson).

    Para facilitar a representao de grandezas com mdulos extensos ou

    demasiadamente pequenos, o SI possui mltiplos e submltiplos para facilitar sua

    expresso grfica, veja a Tabela 1.3.

    Tabela 1. 3 Mltiplos Submltipos do SI.

    Prefixo Smbolo Potncia Multiplicador

    Iota [Y] 1024 1000000000000000000000000

    Zeta [Z] 1021 1000000000000000000000

    Exa [E] 1018 1000000000000000000

    Peta [P] 1015 1000000000000000

    Tera [T] 1012 1000000000000

    Giga [G] 109 1000000000

    Mega [M] 106 1000000

    Kilo [k] 103 1000

    Hecto [h] 102 100

    Deca [da] 101 10

    Unidade 100 1

    Deci [d] 10-1 0,1

    Centi [c] 10-2 0,01

    Mili [m] 10-3 0,001

    Micro [] 10-6 0,000001

    Nano [n] 10-9 0,000000001

    Pico [p] 10-12 0,000000000001

    Femto [f] 10-15 0,000000000000001

    Ato [a] 10-18 0,000000000000000001

    Zepto [z] 10-21 0,000000000000000000001

    Iocto [y] 10-24 0,000000000000000000000001

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    10

    Padro:

    Padro um elemento ou instrumento de medida destinado a definir, conservar

    e reproduzir a unidade base de medida de uma determinada grandeza. Possui uma

    alta estabilidade com o tempo e mantido em um ambiente neutro e controlado

    (temperatura, presso, umidade, etc... constantes)

    No SI existe um padro primrio para cada unidade. As unidades ditas

    suplementares e, que no so propriamente unidades, uma vez que no tm

    dimenses, so o radiano e o esteradiano (respectivamente as unidades de ngulo

    plano e de ngulo slido). Os padres podem ser classificados como:

    Padres Internacionais International Bureau of Weight and Measures (Paris), periodicamente avaliados tendo em conta as unidades fsicas fundamentais.

    Padres Primrios: Laboratrios Nacionais de Calibrao e Medida, que permitem calibrar e verificar os padres secundrios. No Brasil realizado pelo INMETRO.

    Padres Secundrios: Laboratrios de Calibrao e Medida Industriais Calibrados, verificados e certificados periodicamente nos laboratrios nacionais. Em Minas Gerais temos os Laboratrios em escolas tcnicas com SENAI e universidades como a PUC e a UFMG.

    Padres de Trabalho: Laboratrios Permitem calibrar e verificar os instrumentos. A cada instrumento deve estar associado o respectivo histrico de calibrao e teste.

    Padres de Grandezas:

    Massa: Definido para medir a grandeza massa, o quilograma passou a ser a "massa de um decmetro cbico de gua na temperatura de maior massa especfica, ou seja, a 4,44C". Para materializ-lo foi construdo um cilindro de platina iridiada, com dimetro e altura iguais a 39 milmetros.

    Metro: Dentro do Sistema Mtrico Decimal, a unidade de medir a grandeza comprimento foi denominada metro e definida como "a dcima milionsima parte da quarta parte do meridiano terrestre" (dividiu-se o comprimento do meridiano por 40.000.000). Para materializar o metro, construiu-se uma barra de platina de seco retangular, com 25,3mm de espessura e com 1m de comprimento de lado a lado.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    11

    Segundo: Durao de 9.192. 631.770 perodos da radiao correspondente transio entre os dois nveis hiperfinos do estado fundamental do tomo de csio 133. (Unidade de Base ratificada pela 13 CGPM - 1967.)

    Padres de Grandezas Eltricas:

    Corrente eltrica: O ampre a corrente constante que, mantida entre dois condutores paralelos de comprimento infinito e seo transversal desprezvel separado de 1m, Fig. 1.1, no vcuo, produz uma fora entre os dois condutores de 2x10-7 N por metro de comprimento. Na prtica so utilizados instrumentos chamados balanas de corrente, que medem a fora de atrao entre duas bobinas idnticas e de eixos coincidentes.

    Figura 1. 1 Medio para o padro de corrente eltrica.

    Tenso: O padro do volt baseado numa pilha eletroqumica conhecida como Clula Padro de Weston, constituda por cristais de sulfato de cdmio (CdSO4) e uma pasta de sulfato de mercrio (HgSO4) imersos em uma soluo saturada de sulfato de cdmio. Em uma concentrao especfica da soluo e temperatura de 20C a tenso gerada de 1,01830V.

    Resistncia: O padro do ohm normalmente baseado num fio de manganina (84% Cu, 12% Mn e 4% Ni) enrolado sob a forma de bobina e imerso num banho de leo a temperatura constante. A resistncia depende do comprimento e do dimetro do fio, possuindo valores nominais na prtica entre 10-4 e 106 .

    Capacitncia: O padro do Farad baseado no clculo de capacitores de geometria precisa e bem definidas com um dieltrico de propriedades estveis e bem conhecidas. Normalmente usam-se duas esferas ou 2 cilindros concntricos separados por um dieltrico gasoso.

    Indutncia: O padro do Henri tambm baseado no clculo de indutores sob a forma de bobinas cilndricas e longas em relao ao dimetro com uma nica camada de espiras.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    12

    1.3 Exatido, Preciso e Resoluo

    Em qualquer instrumento de medio de fundamental importncia o

    conhecimento desses trs parmetros, que definiro a qualidade final da medida, i.e.,

    permitem uma comparao direta entre instrumentos.

    Exatido: est relacionada com o desvio do valor lido em relao ao valor padro ou valor exato.

    Ex : padro = 1,000 ; instrumento (a) = 1,010 ; instrumento (b) = 1,100,

    Concluso: a) mais exato que (b).

    Preciso: est relacionada com a repetibilidade, i.e., o grau de proximidade entre vrias medidas consecutivas.

    Ex: instrumento (a)leitura 1= 1,002 instrumento (b) leitura 1= 1,101

    leitura 2= 1,050 = 0, 06 leitura 2= 1,098 = 0,003

    leitura 3= 0,990 leitura 2= 1,100

    Concluso: (b) mais preciso que (a).

    Resoluo: est relacionada com o menor intervalo mensurvel pelo instrumento.

    Ex : (a) 4 dgitos: 0 1,9999 1 parte em 2x104

    (b) 3 dgitos : 0 1,999 1 parte em 2x103

    (c) 12 bits: 1 parte em 212 = 4096

    (d) 8 bits: 1 parte em 28 = 256

    (e) Na escala do instrumento analgico como visto na Fig. 1.2, a menor percepo (distncia entre os traos menores) indica 0,2 unidades de medida.

    Figura 1. 2 Resoluo de uma escala analgica.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    13

    1.4 Erros em Medidas

    Toda medida experimental est sujeita a erros provenientes de vrias fontes,

    que podem ser identificados como sendo:

    a) Erros grosseiros: erros que o correm por falhas de leitura do

    instrumento pelo operador ou sistema de aquisio. So facilmente

    detectveis aps uma anlise cuidadosa dos dados. Ex. Erro de palaxe.

    b) Erros constantes: erros invariveis em amplitude e polaridade devido a

    imprecises instrumentais. Em geral podem ser facilmente corrigidos

    pela comparao com um padro. Ex. exatido do instrumento.

    c) Erros sistemticos: erros de amplitude varivel, mas de polaridade

    constante. Podem ser eliminados a partir de medidas diferenciais. Ex.

    Efeito da temperatura nos instrumentos ocasionando correntes de drift

    em transistores eletrnicos de instrumentos analgicos.

    d) Erros peridicos: erros variveis em amplitude e polaridade, mas que

    obedece a certa lei (por ex. a no linear idade de um conversor A/D).

    Podem ser eliminadas pela medio repetitiva sob condies distintas e

    conhecidas.

    e) Erros aleatrios: so todos os erros restantes, possuem amplitude e

    polaridade variveis e no seguem necessariamente uma lei sistemtica.

    So em geral pequenos, mas esto presentes em qualquer medida,

    provenientes de sinais esprios, condies variveis de observao,

    rudos do prprio instrumento. So determinsticos na preciso do

    instrumento.

    1.5 Tratamento de erros em medidas

    Com o intuito de minimizar e identificar os vrios tipos de erros presentes

    numa medida, um tratamento estatstico pode ser aplicado num conjunto de dados

    obtidos em condies idnticas e/ou conhecidas. Este tratamento estatstico baseado

    na observao repetitiva eficaz na minimizao de erros peridicos e aleatrios.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    14

    Erros aleatrios: caractersticas e limitaes:

    os valores obtidos possuem uma distribuio estatstica;

    cada medida independente das outras;

    erros pequenos ocorrem com maior probabilidade que os grandes;

    erros importantes so aperidicos;

    erros maiores e menores possuem mesma amplitude, probabilidade de ocorrncia e freqncia.

    Com isso podemos atribuir ao erro s seguintes caractersticas estatsticas:

    Mdia Aritmtica :

    1= valores medidos

    onde : nmero de medidas

    n

    iii

    xx

    n n = =

    =

    (1.1)

    Resduo r : Diferena entre a mdia e cada uma das medidas.

    ir x= (1.2)

    Erro ou desvio padro : encontrado a partir de uma srie de leituras e fornece uma estimativa da amplitude do erro presente nestas medidas e consequentemente

    sua preciso. A determinao precisa do erro ou desvio padro implica num grande

    nmero de leituras.

    2

    2 2 2 211 2

    1

    sendo : ( ) ( ) ... ( )1

    n

    i ni

    i n

    i

    r

    r x x xn

    ==

    = = + + +

    (1.3)

    A partir do desvio padro e da mdia , pode-se representar a distribuio de

    probabilidades para o erro a partir da curva de Gauss, visto na Fig. 1.3. A rea

    hachurada na curva representa 68,3% da rea total que equivale ao conjunto de todas

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    15

    as medidas. O erro padro de uma srie de medidas indica ento uma

    probabilidade de 68,3% que o valor verdadeiro da medida esteja entre e + do

    valor mdio do conjunto de dados.

    Consequentemente 295,4% e 399,7% de que o valor real da medida

    esteja entre os valores medidos e a mdia.

    2

    2

    ( )

    2

    2

    1

    2

    x

    y e

    = 2 Varincia (1.4)

    Figura 1. 3 Distribuio normal ou Gaussiana.

    Erro Limite L:

    Forma de indicao da margem de erro baseada nos valores extremos (mximo

    e mnimo) possveis. Em geral definido como uma porcentagem do valor padro

    ou fundo de escala. Supe uma probabilidade terica de 100% de que o valor

    verdadeiro (yv) esteja no intervalo y L.

    Ex:

    a) R=10k 5%;

    b) C=10F + 20% - 10%;

    c) Em um instrumento: preciso = 5% (o termo preciso utilizado aqui deve ser substitudo por erro.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    16

    Obs.: Apesar de menos rigorosa, esta medida de erro mais popular que o erro

    padro, pois indica o erro de forma mais direta e facilmente compreensvel por um

    leigo. Numa avaliao rigorosa de dados, sempre que possvel deve-se usar a

    definio de erro padro.

    Determinao do valor mais provvel xp:

    O valor verdadeiro xv da grandeza a ser medida , em geral, desconhecido.

    Atravs da teoria de erros pode-se determinar, com alto grau de exatido, o valor

    mais provvel da grandeza xp e o quanto este valor difere do valor verdadeiro.

    Num conjunto de medidas onde os erros predominantes so aleatrios, o valor

    mais provvel corresponde mdia aritmtica: xp .

    Intervalo de Confiana: Faixa de valores compreendida entre xp (ou 2, 3, ...) ou xp L. Considerando um conjunto de medidas quaisquer, a probabilidade de que o valor verdadeiro xv esteja presente em xp de 68,3%. De forma complementar, a probabilidade de que um resduo qualquer r seja superior em mdulo de 31,7 %.

    Em resumo, tem-se que quanto maior a quantidade de medies que se

    aproxime da mdia aritmtica , que apresentem resduo r menor que 1 , 2, 3, ...,

    mais prximo do valor verdadeiro xv da grandeza estaremos.

    Aferio e Calibrao:

    Aferio: Procedimento de comparao entre o valor lido por um instrumento e o valor padro apropriado de mesma natureza. Apresenta carter passivo, pois os erros so determinados, mas no corrigidos.

    Calibrao: Procedimento que consiste em ajustar o valor lido por um instrumento com o valor de mesma natureza. Apresenta carter ativo, pois o erro, alm de determinado, corrigido.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    17

    2 Elementos dos Circuitos Eltricos

    2.1 Introduo

    Um circuito eltrico pode ser composto de vrios dispositivos, como

    interruptores, motores e lmpadas, interligados por condutores (fios ou cabos).

    Para facilitar os processos de anlise, muitas vezes convm trabalhar com

    modelos fsicos desses dispositivos. Tais modelos so construdos a partir de

    quatro elementos bsicos, tambm chamados ideais: resistores, indutores,

    capacitores e fontes de alimentao.

    2.2 Resistores

    A resistncia a grandeza que quantifica o grau de oposio que um corpo

    oferece passagem de corrente eltrica. Resistores so elementos especialmente

    construdos para apresentarem resistncia.

    Algumas das aplicaes dos resistores so a limitao da corrente eltrica e a

    produo de calor; lmpadas incandescentes tambm aproveitam a resistncia de seu

    filamento para a produo de luz. Porm o fenmeno da resistncia pode ser

    utilizado por dispositivos que operam com outras grandezas fsicas, como esforos

    mecnicos ou temperatura, Fig. 2.1.

    Figura 2. 1 - Exemplos de resistores comerciais: (a) de carbono; (b) de fio, para aquecimento; (c) termistor (resistor controlado por temperatura); (d) clula de carga (resistor controlado por esforo mecnico); (e) LDR (resistor controlado por luz).

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    18

    Os resistores podem ser fixos ou variveis; estes, tambm chamados de

    potencimetros, podem ter sua resistncia alterada mediante o giro de um eixo ou

    deslizando-se um contato. Os smbolos de resistores so mostrados na Fig. 2.2.

    (a) (b)

    Figura 2. 2 Tipos de resistores e simbologia: (a) fixo, (b) varivel (potencimetro).

    Se uma tenso u aplicada a um corpo, por este circular uma corrente i. A

    resistncia desse corpo dada pela relao conhecida como Lei de Ohm:

    uR

    i= (2.1)

    cuja unidade o ohm (smbolo ). Resistores comerciais vo da faixa de dcimos

    de ohms a milhes de ohms.

    Denomina-se Condutncia (G), o inverso da resistncia, i.e.

    1 ou

    iG G=

    R u= (2.2)

    cuja unidade o Siemens (smbolo S).

    A resistncia de um corpo depende de suas dimenses fsicas e do material

    com que confeccionado. Se l o comprimento do corpo (no sentido do

    deslocamento da corrente) e A rea de seo reta, sua resistncia R dada por:

    lR =

    A

    (2.3)

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    19

    onde a chamada resistividade do material. No SI a resistividade dada por m,

    porm uma unidade mais prtica o mm2/m. A Tabela 2.1 mostra a resistividade

    de alguns materiais usados em Eletrotcnica.

    A temperatura tambm exerce influncia sobre o valor da resistncia: nos

    condutores metlicos a resistncia diretamente proporcional temperatura; porm

    em certos materiais, como o carbono, esta variao se d de forma indireta. O

    coeficiente de temperatura a grandeza que relaciona a resistncia e a

    temperatura: se Rref a resistncia de um corpo temperatura de referncia Tref

    (usualmente 20C), para outra temperatura T, a resistncia desse corpo ser:

    [1 ( )]ref refR = R T T+ (2.4)

    No SI a unidade do coeficiente de temperatura 1/C = C-1 e a Tabela 2.1

    mostra o valor de para alguns materiais usados em Eletrotcnica.

    Tabela 2. 1 - Valores de resistividade e coeficiente de temperatura de alguns materiais usados em Eletrotcnica.

    Material Resistividade

    (mm2/m)

    Coeficiente de Temperatura

    (C-1)

    Ao 0,971 11x10-6

    Alumnio 0,0265 0,0039

    Borracha 1x1019 -

    Carbono (grafite) 35,00 -0,0005

    Cobre 0,0172 0,0068

    Constanta1 0,49 1x10-5

    Germnio 4,6x105 -0,05

    Manganina2 0,4820 2x10-6

    Nicromo3 1,5 0,0004

    Silcio 6,4x108 -0,07

    1Liga com 55% de Cu e 45% Ni 2Liga com 86% de Cu, 12% de Mn e 2% de Ni 3Liga com 61% de Ni, 23% de Cr e 16% de Mo

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    20

    A potncia associada a resistores pode ser determinada conjugando-se as

    equaes:

    22

    ou, utilizando a lei de Ohm :

    ou

    p ui

    u p = Ri p

    R

    =

    = (2.5)

    Se uma corrente i (ou uma tenso u) aplicada a um resistor R durante um

    intervalo de tempo t, a energia E associada ao elemento :

    22 t ou E

    uE = Ri t

    R = (2.6)

    2.3 Capacitores

    Capacitores so elementos compostos por duas superfcies condutoras,

    chamadas armaduras, isoladas uma da outra por um dieltrico. Na Figura 2.3 v-se o

    smbolo genrico de capacitores (fixos e variveis).

    (a) (b)

    Figura 2. 3 Smbolo do capacitor: (a) fixo; (b) varivel ou ajustvel.

    Quando um capacitor submetido a uma tenso u, certa quantidade de cargas

    eltricas negativas (-q) armazenada em uma das armaduras; para atender ao

    equilbrio eletrosttico, a outra armadura ficar carregada positivamente com carga

    (+q), de mesmo mdulo. A carga em cada uma dessas armaduras depender da

    tenso aplicada, segundo a equao:

    q Cu= (2.7)

    onde C uma constante de proporcionalidade denominada capacitncia, tendo por

    unidade o Farad (F). Em termos prticos, essa unidade muito grande, de forma que

    a ordem de grandeza dos capacitores comerciais so o microfarad (F), nanofarad

    (nF) e picofarad (pF).

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    21

    Se a tenso nos terminais de um capacitor sofrer variao, haver variao da

    carga acumulada nas armaduras; nesse caso, a movimentao das cargas se

    constituir em corrente. De fato, derivando a equao (2.7) em relao ao tempo:

    ( )dq du tC

    dt dt= (2.8)

    De acordo com a equao 2.8, o termo mais esquerda representa a corrente i

    no capacitor, logo:

    ( )du ti C

    dt= (2.9)

    A anlise desta equao deixa claro que s haver corrente num capacitor se

    a tenso em seus terminais variar. No caso de tenses constantes, a corrente ser

    sempre zero, seja qual for o mdulo; diz-se, assim, que um capacitor se comporta

    como um circuito aberto quando submetido a CC aps o regime transitrio.

    A energia armazenada no campo eltrico de um capacitor de capacitncia C

    dada por:

    2

    2

    duE pdt uidt u C dt C udu

    dt

    uE C

    = = = =

    =

    (2.10)

    A capacitncia uma grandeza que depende, fundamentalmente, das

    dimenses das armaduras, da distncia entre elas e do dieltrico usado.

    A Tabela 2.2 relaciona alguns dieltricos e sua constante dieltrica (),

    grandeza adimensional que indica quantas vezes a capacitncia de um capacitor

    usando tal dieltrico seria maior que a de outro, idntico, porm usando o vcuo

    como dieltrico.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    22

    Tabela 2. 2 - Constante dieltrica de alguns dieltricos usados em capacitores.

    Material Constante Dieltrica

    () Material

    Constante Dieltrica

    ()

    Vcuo 1 Papel parafinado 2,5

    gua destilada 80 Plstico 3

    Ar (1 atm) 1,0006 Poliestireno 2,5 2,6

    Ar (100 atm) 1,0548 Pyrex 5,1

    Mica 3 7 Silcio fundido 3,8

    leo 4 Teflon 2

    Papel 4 - 6 Titanatos 50 10000

    Os capacitores comerciais podem ter denominao de acordo com a forma de

    suas armaduras (placas planas, tubulares, etc.) e/ou conforme o dieltrico utilizado

    (mica, poliestireno, etc.). A Figura 2.4 mostra alguns capacitores comercialmente

    disponveis.

    Figura 2. 4 - Capacitores comerciais: (a) eletroltico; (b) polister metalizado; (c) tntalo; (d) "disco", com dieltrico cermico; (e) varivel, com dieltrico de ar;

    (f) trimmer. 2.3 Indutores

    No entorno de um condutor percorrido por corrente, um campo magntico

    criado, (Fig. 2.5a); se este condutor enrolado em forma de bobina (Fig. 2.5b), este

    campo reforado. Os campos magnticos so representados por linhas, e o nmero

    de linhas por unidade de rea denominado fluxo magntico ().

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    23

    Figura 2. 5 - Campo magntico criado por corrente: (a) em um condutor retilneo; (b)

    em uma bobina.

    importante observar que o fluxo diretamente proporcional ao mdulo da

    corrente. No caso de um enrolamento com N espiras, o fluxo total :

    N Li = (2.11)

    onde L uma constante de proporcionalidade chamada indutncia, cuja unidade no

    SI o Henry (H). Indutores so elementos que se caracterizam por apresentar

    indutncia. Na Fig. 2.6 so mostrados o smbolo destes elementos e alguns exemplos

    de indutores disponveis no comrcio.

    Figura 2. 6 - Indutores: (a) smbolo; (b) para montagem em circuito impresso; (c) com ncleo de ar; (d) com ncleo de ferrite (choke).

    Em meados do sculo XIX, Faraday demonstrou a interao existente entre

    variaes do campo magntico e a gerao de tenso. Segundo a lei que leva seu

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    24

    nome, se o fluxo magntico total em uma bobina varia com o tempo, entre seus

    terminais ser induzida uma tenso (u) proporcional velocidade da variao do

    fluxo magntico, i. e.:

    du N

    dt

    = (2.12)

    Conjugando as equaes 2.11 e 2.12:

    diu L

    dt= (2.13)

    Os indutores referidos no pargrafo anterior so elementos ideais; na prtica,

    h que se considerar a resistividade do condutor com o qual se faz o enrolamento. A

    menos que se diga em contrrio, os indutores referidos neste texto so ideais.

    A energia que est armazenada no campo magntico de um indutor dada por:

    2

    2

    diE pdt uidt i L dt L idi

    dt

    iE L

    = = = =

    =

    (2.14)

    2.4 Fontes

    Fontes so elementos cuja funo alimentar os circuitos, isto , fornecer-lhes

    a energia necessria para seu funcionamento. Caracterizam-se por apresentar entre

    seus terminais de sada uma tenso, muitas vezes chamada de fora eletromotriz

    (f.e.m.), que pode ser contnua ou alternada; assim, as fontes podem ser classificadas

    em:

    fontes de CC, que fornecem uma tenso constante, como as pilhas e baterias automotivas;

    fontes de CA, em cuja sada tem-se uma tenso senoidal, como nos alternadores.

    Os smbolos usados para os dois tipos de fontes so mostrados na Fig. 2.7.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    25

    (a) (b) (c)

    Figura 2. 7 - Smbolos de fontes: (a) de CC fixa; (b) de CC varivel; (c) de CA.

    Quando uma carga conectada sada da fonte haver circulao de corrente,

    cuja intensidade depender das exigncias da carga (Fig. 2.8a). Uma fonte de tenso

    ideal aquela cuja tenso de sada (u) independe da corrente (i) fornecida carga;

    sua caracterstica V x A , portanto, uma reta paralela ao eixo das abscissas, como

    mostra a linha tracejada na Fig. 2.8b.

    Figura 2. 8 - Fontes: (a) modelo de uma fonte alimentando uma carga; (b) caracterstica

    V x A de fonte ideal e real.

    Na prtica as fontes reais se comportam como ideais dentro de certo intervalo

    de correntes: medida que a carga exija correntes mais altas, a tenso nos terminais

    da fonte comea a decrescer (Fig. 2.8b, em linha cheia).

    A tenso nominal da fonte aquela que existe nos terminais de sada quando a

    corrente zero, ou seja, quando no h carga conectada fonte (diz-se que os

    terminais da fonte esto em aberto). Nesse caso:

    nu E= (2.15)

    onde En a tenso nominal da fonte. Assim, diz-se que a tenso nominal de uma

    bateria automotiva 12 V ou que a tenso de uma pilha AA comum 1,5 V, etc.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    26

    Exerccios de Aprendizagem Unidade I

    1) Defina: a - Medida: b - Sistema de Unidade: c - Padro: 2) Quais os tipos de padres existentes? Qual a finalidade de cada um? 3) Cite pelo menos 7 grandezas eltricas e suas respectivas unidades no SI. 4) Como definido o padro de corrente eltrica no SI. 5) Demonstre como so obtidos as grandezas abaixo a partir das 7 grandezas fundamentais do SI: a - Carga: b - Tenso: c - Potncia: d - Energia: e - Freqncia: f - Resistncia: 6) Utilize um mltiplo ou submltiplo do SI para expressar as grandezas abaixo: a) 8x106 A = b) 56x10-6 F = c) 8,2x10-3 H = d) 100x101 V = e) 560x106 = f) 10000 = g) 0,001 W = h) 10000000 W = i) 0,000000000054 F = 7) Defina: a - Exatido: b - Preciso: c - Resoluo: 8) Cite os principais erros encontrados em uma medio e seu principal fator de causa. 9) A tabela a seguir representa um conjunto de medies elaboradas em um laboratrio para aferio de um ampermetro. Defina qual o erro padro apresentado por este instrumento.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    27

    Amostras (n)

    Valores (A)

    Amostras (n)

    Valores (A)

    1 1,049 18 0,960

    2 1,060 19 0,943

    3 1,040 20 0,955

    4 1,035 21 0,951

    5 1,030 22 0,948

    6 1,008 23 0,965

    7 1,010 24 0,970

    8 1,020 25 0,985

    9 1,015 26 0,980

    10 1,003 27 0,999

    11 1,001 28 0,992

    12 1,000 29 0,975

    13 1,025 30 0,996

    14 1,045 31 0,997

    15 1,004 32 1,057

    16 0,940 33 1,052

    17 0,990

    10) Cite aplicaes dos resistores, capacitores e indutores num circuito eltrico: 11) Qual a energia dissipada por um resistor de 10 , cuja a corrente circulante de 10A? 12) Qual a energia dissipada por um resistor de 10 , cuja a tenso de alimentao de 100V? 13) Calcule a energia acumulada por uma por um capacitor de 100F alimentado por uma tenso de 20V. 14) Calcule a energia acumulada por uma por um indutor de 10mL cuja corrente circulante de 10A. 15) Defina: a) Resistncia: b) Indutncia: c) Capacitncia: 16) Uma fonte de energia apresenta uma tenso de 90V quando alimenta uma carga de 10 . Sabe-se que sua tenso nominal de 100V. Calcule a resistncia interna desta fonte.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    28

    3 Instrumentos de Medidas Eltricas

    3.1 Introduo

    Para verificao do correto funcionamento de um circuito eltrico, comparar

    com os valores pr-definidos de projeto, estabelecer comparaes para proteo ou

    realizar a tarifao, necessrio realizar medies das grandezas eltricas.

    As medies so realizadas atravs de instrumentos especficos, geralmente

    realizadas de forma indireta (atravs de outra grandeza). Estes dependendo do

    princpio de funcionamento podem ser classificados como analgicos e digitais. Os

    instrumentos analgicos baseiam seu princpio de funcionamento atravs da

    inteirao de campos eletromagnticos, enquanto que os digitais atravs da

    amostragem de uma tenso proporcional a grandeza.

    3.2 Classificao dos Instrumentos de Medidas Eltricas

    Os instrumentos de medidas eltricas podem ser classificados de vrias formas,

    de acordo com o aspecto considerado

    a) Quanto grandeza a ser medida:

    Ampermetro: para a medida de corrente; Voltmetro: adequado para a medida de tenso; Wattmetro: capaz de medir potncia ativa; Varmetro: para a medida de potncia reativa; Fasmetro (ou cosifmetro): apropriado para a medida de defasagem (cos); Ohmmetro: para a leitura de resistncia; Capacmetro: capaz de medir capacitncia; Frequencmetro: que mede freqncia, etc.

    Muitos desses instrumentos so especificados para operao em corrente

    contnua (CC) ou corrente alternada (CA).

    b) Quanto forma de apresentao dos resultados:

    Analgicos, nos quais a leitura feita de maneira indireta, usualmente atravs do posicionamento de um ponteiro sobre uma escala, como o mostrado na Fig. 3.1a;

    Digitais, que fornecem a leitura diretamente em forma alfa-numrica num display, exemplificado na Fig. 3.1b.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    29

    Figura 3. 1 - Exemplos de multmetros: (a) analgico (Minipa Mod. ET-3021); (b)

    digital (Fluke Mod. MT330).

    Os instrumentos digitais ganham a cada dia destaque entre os dispositivos de

    medidas eltricas. Dois fatores so apontados para seu sucesso:

    Comodidade do operador muito mais fcil ler o resultado diretamente no display do que deduzi-lo a partir da posio de um ponteiro sobre uma escala;

    Queda dos preos nos ltimos anos o custo dos instrumentos digitais reduziu-se vertiginosamente.

    No entanto, a utilizao de medidores analgicos ainda muito intensa

    devido a fatores tais como:

    Grande nmero de instrumentos de oficinas e painis de controle de indstrias ainda tm por base instrumentos analgicos;

    De uma maneira geral, instrumentos analgicos so mais robustos que os digitais, tornando aqueles mais apropriados em determinadas situaes;

    Em algumas aplicaes onde h variaes rpidas da grandeza a ser medida (VU meters, por exemplo), mais interessante observar o movimento de um ponteiro do que tentar acompanhar a medida atravs de dgitos.

    c) Quanto capacidade de armazenamento das leituras:

    Indicadores, capazes de fornecer somente o valor da medida no instante em que a mesma realizada;

    Registradores, capazes de armazenar certo nmero de leituras; Totalizadores, que apresentam o valor acumulado da grandeza medida.

    A Fig. 3.2 mostra exemplos desses instrumentos.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    30

    Figura 3. 2 - Exemplos de instrumentos classificados quanto sua capacidade de

    armazenamento de leituras: (a) indicador; (b) registrador; (c) totalizador.

    d) Quanto ao princpio fsico utilizado para a medida:

    Bobina mvel; Ferro mvel; Ferrodinmico; Bobinas cruzadas; Indutivo; Ressonante (lminas vibrteis); Eletrosttico.

    Esses tipos de medidores so tipicamente analgicos; os aparelhos digitais

    utilizam majoritariamente circuitos eletrnicos comparadores.

    e) Quanto finalidade de utilizao:

    Para laboratrios: aparelhos que primam pela exatido e preciso; Industriais: embora no sejam necessariamente to exatos quanto os de

    laboratrio, tm a qualidade da robustez, mostrando-se apropriados para o trabalho dirio sob as mais diversas condies.

    f) Quanto portabilidade

    De painel, fixos; De bancada, portteis.

    3.3 Instrumentos Analgicos

    O instrumento analgico tem como fundamentao bsica a medida de

    corrente (ampermetro); adaptaes feitas neste medidor permitem que seja usado

    para a medida de outras grandezas, como tenso e resistncia.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    31

    Caractersticas construtivas:

    Os instrumentos analgicos baseiam sua operao em algum tipo de fenmeno

    eletromagntico ou eletrosttico, como a ao de um campo magntico sobre uma

    espira percorrida por corrente eltrica ou a repulso entre duas superfcies

    carregadas com cargas eltricas de mesmo sinal. So, portanto, sensveis a campos

    eltricos ou magnticos externos, de modo que muitas vezes necessrio blind-los

    contra tais campos.

    O mecanismo de suspenso a parte mais delicada de um instrumento

    analgico. ele quem promove a fixao da parte mvel (geralmente um ponteiro) e

    deve proporcionar um movimento com baixo atrito. Os tipos de suspenso mais

    utilizados so:

    Por fio, usado em instrumentos de preciso, devido ao excepcional resultado que proporciona;

    Por piv (conhecido tambm como mecanismo dArsonval), composto de um eixo de ao (horizontal ou vertical) cujas extremidades afiladas se apiam em mancais de rubi ou safira sinttica;

    Suspenso magntica, devida fora de atrao (ou repulso) de dois pequenos ms, um dos quais presos parte mvel e o outro fixado ao corpo do aparelho.

    A escala um elemento importante nos instrumentos analgicos, j que

    sobre ela que so feitas as leituras. Entre suas muitas caractersticas podem-se

    ressaltar as seguintes:

    Fundo de escala ou calibre: Mximo valor que determinado instrumento capaz de medir sem correr o risco de danos.

    Linearidade: Caracterstica que diz respeito maneira como a escala dividida. Quando valores iguais correspondem divises iguais, diz-se que a escala linear (ou homognea), como aquelas mostradas na Fig. 3.3; caso contrrio, a escala chamada no-linear (heterognea), como a que aparece acima do espelho da Fig.3.4.

    Posio do zero: a posio de repouso do ponteiro, quando o instrumento no est efetuando medidas (zero) pode variar muito: zero esquerda, zero direita, zero central, zero deslocado ou zero suprimido (aquela que inicia com valor maior que zero).

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    32

    Na Fig. 3.3 so mostrados alguns tipos de escalas que se diferenciam quanto

    posio do zero. Costuma-se explicitar a posio do zero atravs da designao da

    escala. Por exemplo:

    0 200 mA - miliampermetro, escala com zero esquerda. 120 0 120 V - voltmetro, escala com zero central. 40 0 200 V - voltmetro, escala com zero deslocado. 10 200 A - ampermetro, escala com zero suprimido.

    Figura 3. 3 - Classificao de escalas de acordo com a posio do zero: (a) zero

    direita; (b) zero central; (c) zero suprimido; (d) zero deslocado. (Simpson Electric Co.).

    Para Correo do efeito de paralaxe, muitos instrumentos possuem um

    espelho logo abaixo da escala graduada, como mostrada na Fig. 3.4; neste caso, a

    medida dever ser feita quando a posio do observador tal que o ponteiro e sua

    imagem no espelho coincidam.

    Figura 3. 4 - Espelho para correo do erro de paralaxe.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    33

    Caractersticas construtivas:

    a) Sensibilidade:

    Todos os instrumentos analgicos possuem uma resistncia interna, devida

    existncia dos enrolamentos, conexes e outras partes; portanto, quando inseridos

    em um circuito, esses aparelhos causam uma mudana na configurao original. A

    sensibilidade (S) uma grandeza que se relaciona resistncia interna dos

    instrumentos; no caso de medidores analgicos, ela calculada tomando-se como

    base a corrente necessria para produzir a mxima deflexo no ponteiro (Imx). O

    conceito de sensibilidade para instrumentos digitais ser analisado em uma seo

    posterior.

    1

    mx

    SI

    = (3.1)

    Considerando a Lei de Ohm (equao 2.1), para a qual 1A = 1V/ , deduz-se

    que a sensibilidade dada em ohms por volts (/V). Quanto maior for

    sensibilidade de um instrumento, melhor este ser. De uma maneira geral, os

    instrumentos de bobina mvel so aqueles que apresentam melhor sensibilidade

    entre os medidores analgicos, podendo atingir valores da ordem de 100k/V.

    b) Valor Fiducial:

    o valor de referncia para a especificao da classe de exatido (ver prxima

    seo) do instrumento. Este valor determinado de acordo como tipo de escala do

    medidor, no que se refere posio do zero, de acordo com a Tabela 3.1.

    Tabela 3. 1 - Valor fiducial de instrumentos de medida.

    Tipo de escala Valor fiducial

    Zero esquerda Valor de fundo de escala

    Zero central ou deslocado Soma dos valores das duas escalas

    Zero suprimido Valor de fundo de escala

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    34

    c) Resoluo:

    Determina a capacidade que tem um instrumento de diferenciar grandezas com

    valores prximos entre si. No caso de instrumentos analgicos, a diferena entre

    esses valores dada por duas divises adjacentes em sua escala.

    Simbologia:

    Os painis dos instrumentos de medidas analgicos normalmente apresentam

    gravados em sua superfcie uma srie de smbolos que permitem ao operador o

    conhecimento das caractersticas do aparelho.

    a) Tipo de instrumento:

    Os smbolos para alguns dos principais tipos de medidores so mostrados na

    Tabela 3.2.

    Tabela 3. 2 - Simbologia de instrumentos de medidas eltricas.

    b) Tenso de prova:

    simbolizada por uma estrela encerrando um algarismo, o qual indica a tenso

    (em kV) que deve ser aplicada entre a carcaa e o instrumento de medida para testar

    a isolao do aparelho (Fig. 3.5). Na ausncia de algarismo, a tenso de prova

    igual a 500 V.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    35

    Figura 3. 5 - Smbolo da tenso de prova.

    c) Posio:

    Instrumentos de painel usualmente so projetados para funcionamento na posio

    vertical, porm outras posies podem ser viveis. A Fig. 3.6 mostra as possveis

    posies de instrumentos de painel, bem como a simbologia usada para sua

    representao. O uso de um instrumento em posio diferente daquela para a qual

    foi projetado pode ocasionar erros grosseiros de leitura.

    Figura 3. 6 - Posio dos instrumentos de medida: (a) representao das diversas

    posies possveis; (b) simbologia usada.

    d) Classe de exatido:

    A classe de um instrumento fornece o erro admissvel entre o valor indicado

    pelo instrumento e o fiducial, levando-se em considerao o valor do fundo de

    escala. indicada no painel do instrumento por um nmero expresso em algarismos

    arbicos. Por exemplo, se ampermetro de classe 0,5 tem amplitude de escala de 0 a

    200mA, isto significa que o erro mximo admissvel em qualquer ponto da escala :

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    36

    0,5x2001mA

    100 = = (3.2)

    Portanto, se o aparelho indicar 50mA, a variao admissvel ser 501mA; se

    estiver indicando 150mA, a variao ser igualmente 1501mA.

    As classes de preciso de instrumentos de medidas eltricas so dadas na Tabela

    3.3.

    Tabela 3. 3 - Classe de exatido de instrumentos de medidas eltricas.

    Classe de exatido Aplicao

    0,1 a 0,3 Instrumento de preciso

    0,5 a 1,5 Instrumento de ensaio

    2,0 a 5,0 Instrumento de servio

    3.4 Instrumentos Digitais

    Se nos instrumentos analgicos o modelo bsico o ampermetro, a operao

    dos aparelhos digitais tem como fundamento a medida de tenso (voltmetro). A

    alterao da configurao inicial permite que sejam medidas outras grandezas, como

    corrente, resistncia, freqncia, temperatura e capacitncia.

    Caractersticas construtivas:

    A caracterstica bsica dos instrumentos digitais a converso dos sinais

    analgicos de entrada em dados digitais. Esta converso analgico-digital (ou A/D)

    realizada por circuitos eletrnicos cuja operao foge ao escopo deste curso.

    A parte mais evidente em um instrumento digital seu display (visor), que

    pode ser de 2 tipos:

    Display de LEDs, dispositivos semicondutores capazes de emitir luz quando percorridos por corrente eltrica. Esses displays tm fundo escuro, para proporcionar maior destaque ao brilho dos LEDs.

    Display de cristal lquido (LCD), constitudos por duas lminas transparentes de material polarizador de luz, com eixos polarizadores alinhados perpendicularmente entre si; entre as lminas existe uma soluo de cristal

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    37

    lquido, cujas molculas podem se alinhar sob a ao da corrente eltrica, impedindo a passagem da luz.

    A Fig. 3.7 mostra alguns modelos desses displays anteriormente

    mencionados.

    Figura 3. 7 - Exemplos de displays de LEDs e de cristal lquido (LCD).

    A Tabela 3.4 apresenta as principais vantagens e desvantagens de cada um

    desses tipos de display. O conhecimento dessas caractersticas pode auxiliar na

    tomada de deciso sobre qual tipo de visor mais adequado s condies da medida.

    Tabela 3. 4 - Comparao entre displays de LEDs e de cristal lquido.

    Tipo Vantagens Aplicao

    LED

    pode ser visualizado virtualmente de qualquer ngulo; proporciona leituras mais fceis distncia; via de regra mais durvel que os LCDs; pode ser usado em ambientes com pouca luz; seu tempo de resposta varia muito pouco com a temperatura ambiente; pode ser usados em condies ambientais mais adversas.

    consumo de energia mais elevado que os LCDs; difcil leitura sob a luz solar.

    LCD

    permite leituras em ambientes externos, mesmo sob incidncia direta de luz solar; consumo de energia muito baixo.

    uso em ambientes com pouca luz exige iluminao de fundo (backlight); tempo de resposta decresce em baixas temperaturas.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    38

    Caractersticas operacionais:

    a) Resoluo

    Como no caso dos instrumentos analgicos, esta caracterstica est relacionada

    capacidade de diferenciar grandezas com valores prximos entre si. Em um

    instrumento digital, a resoluo dada pelo nmero de dgitos ou contagens de seu

    display.

    Um instrumento com 3 dgitos tem 3 dgitos completos (isto , capazes de

    mostrar os algarismos de 0 at 9) e 1 meio dgito, que s pode apresentar 2

    valores: 0 (nesse caso o algarismo est apagado) ou 1; portanto, este instrumento

    pode contar at 1999. Um outro instrumento de 4 dgitos tem maior resoluo, pois

    pode apresentar 19999 contagens. Instrumentos com contagem de 3000 (3 dgitos),

    4000 (34/5 dgitos) ou 6000 (36/7 dgitos) tambm so fabricados, at com resolues

    maiores.

    b) Exatido

    De forma semelhante aos instrumentos analgicos, a exatido dos medidores

    digitais informa o maior erro possvel em determinada condio de medio.

    expresso atravs de percentual da leitura do instrumento, importante ressaltar que a

    exatido de um aparelho analgico est relacionada com o valor de fundo de escala,

    enquanto que em um aparelho digital a exatido aplicada sobre a leitura do display.

    Por exemplo, se um instrumento digital com 1% de exatido est apresentando uma

    medida de 100 unidades em seu display, o valor verdadeiro estar na faixa de 99 a

    101 unidades. A especificao da exatido de alguns instrumentos inclui o nmero

    de contagens que o dgito mais direita pode variar. Assim, se um voltmetro tem

    exatido de (1% + 2) e seu display mede 220 V, o valor real pode estar entre 217,78

    e 222,22 V.

    c) Categoria

    Esta caracterstica diz respeito segurana, tanto do instrumento em si como

    de seu operador. No basta que a proteo se d pela escolha de instrumento com

    escalas com ordem de grandeza suficiente para medir o que se quer: necessrio

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    39

    levar-se em considerao, ainda, a possibilidade da existncia de transientes de

    tenso, que podem atingir picos de milhares de volts em determinadas situaes. Os

    instrumentos digitais so hierarquizados em categorias numeradas de I a IV, cada

    uma delas abrangendo situaes s quais o medidor se aplica como mostra a Fig.

    3.8.

    Figura 3. 8 - Categorias dos instrumentos digitais de medidas eltricas (Fluke do Brasil).

    d) True RMS:

    A maioria dos medidores de tenso e corrente fornece indicaes bastante exatas

    quando operam grandezas constantes (CC) ou formas senoidais puras (CA); no

    entanto deixam a desejar quando a grandeza sob anlise tem outra forma de onda.

    Nesse caso, somente os instrumentos classificados com True RMS daro a indicao

    exata.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    40

    3.5 Instrumentos Bsicos de Medidas Eltricas

    Neste trabalho, denominamos bsicos os instrumentos destinados medida das

    grandezas eltricas bsicas: corrente, tenso, potncia e energia. Outras grandezas

    eltricas como resistncia e capacitncia - podem ser determinadas a partir de

    adaptaes feitas nesses medidores bsicos.

    a) Ampermetro:

    Utilizado para medir correntes, sempre ligado em srie com elemento cuja

    corrente quer-se medir; isto significa que um condutor dever ser aberto no ponto

    de insero do instrumento, como mostra a Fig. 3.9a. O smbolo do ampermetro

    est mostrado no diagrama esquemtico da Fig. 3.9b.

    Figura 3. 9 - Medida de corrente com ampermetro: (a) conexo do instrumento; (b)

    diagrama da ligao.

    Se a interrupo do circuito impraticvel pode-se usar um ampermetro-

    alicate (Fig. 3.10), capaz de medir a corrente pelo campo magntico que esta produz

    ao passar no condutor. A resistncia interna de um ampermetro deve ser a menor

    possvel, a fim de que o instrumento interfira minimamente no circuito sob inspeo.

    Um ampermetro ideal aquele que tem resistncia interna igual a zero, ou seja,

    equivale a um curto-circuito. Na prtica, a menos que se busque grande exatido em

    uma medida, pode-se considerar que os ampermetros so ideais.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    41

    Figura 3. 10 Instrumento digital de alicate.

    Por vezes faz-se necessrio medir correntes de magnitudes superiores de

    fundo de escala do ampermetro; para isso, liga-se em paralelo com o instrumento

    um resistor (chamado derivao ou shunt), que desviar a parcela de corrente que

    excede o fundo de escala. Este procedimento, chamado multiplicao de escala,

    mostrado na Fig. 3.11a; a Fig. 3.11b mostra dois tipos de resistores de derivao.

    Figura 3. 11 - Processo de multiplicao de escala de um ampermetro: (a) esquema de

    ligao; (b) resistores de derivao (shunt).

    Em muitos modelos de ampermetros analgicos deve-se atentar para a

    ligao, relativamente ao sentido da corrente, pois uma inverso na mesma far com

    que o ponteiro se desloque no sentido errado da escala; quando isso acontece,

    devem-se inverter os terminais da conexo (alguns modelos tm uma chave que

    permite inverter internamente a conexo).

    b) Voltmetro:

    Instrumento destinado medida de tenses, o voltmetro deve ser ligado em

    paralelo com o elemento cuja tenso quer-se determinar (Fig. 3.12a e b).

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    42

    Figura 3. 12 - Medida de tenso com o voltmetro: (a) conexo do instrumento; (b)

    diagrama de ligao.

    Tambm no caso dos voltmetros possvel a ampliao de escalas, isto ,

    utilizar um voltmetro com fundo de escala inferior tenso que se quer medir. Para

    tanto, conecta-se em srie com o instrumento um resistor cujo valor seja apropriado

    para receber o excesso de tenso (Fig. 3.13). A mesma observao relativa

    ligao dos ampermetros analgicos vale para os voltmetros: a inverso na

    conexo do instrumento ocasiona a inverso do sentido de deslocamento do

    ponteiro.

    Figura 3. 13 - Esquema de ligao para a ampliao de escala de um voltmetro.

    c) Wattmetro:

    o aparelho apropriado para a medida de potncia ativa. Os wattmetros

    analgicos (Fig. 3.14a) possuem duas bobinas, uma para a medida de tenso

    (tambm chamada bobina de potencial) e outra para medir a corrente. O aparelho

    construdo de tal forma que o ponteiro indica o produto dessas duas grandezas

    multiplicado, ainda, pelo cosseno da defasagem entre elas (fator de potncia). Na

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    43

    Fig. 3.14b mostra-se o smbolo geral usado para wattmetros e sua conexo para a

    medio de potncia em uma carga.

    Figura 3. 14 - Wattmetro analgico: (a) vista geral, com indicao das bobinas de

    tenso e de corrente; (b) smbolo e conexo a uma carga.

    Nos wattmetros digitais, um circuito eletrnico calcula, por amostragem,

    tenso e corrente eficazes e, atravs delas, as potncias ativa e aparente, bem como o

    fator de potncia da carga. Esses instrumentos so, geralmente, do tipo alicate,

    facilitando sobremaneira a conexo para as medidas, veja Fig. 3.15.

    Figura 3. 15 Alicate wattmetro (Minipa ET4050).

    d) Quilowatt-hormetro:

    Popularmente chamado relgio de luz, este um medidor de energia ativa,

    utilizado por todas as concessionrias de energia eltrica para aferir o consumo das

    instalaes eltricas. Sua construo semelhante do wattmetro, tendo uma

    bobina de potencial e outra de corrente; sua estrutura e ligao so vista na Fig.

    3.16a.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    44

    cada vez mais freqente a instalao de medidores de energia digitais, porm

    ainda so muito numerosos os analgicos, tambm chamados instrumentos de

    ponteiro. A leitura destes exige ateno, pois os diversos ponteiros giram em

    sentidos opostos; comea-se pelo ltimo ponteiro e vai-se anotando o ltimo

    algarismo ultrapassado pelo ponteiro. No exemplo da Fig. 6.16b, o valor lido

    14.924 kW.

    Figura 3. 16 - Medidor de kWh: (a) estrutura e ligao; (b) exemplo de display

    analgico de ponteiros.

    3.6 Multmetros

    Multmetros ou multitestes (Fig. 317) so instrumentos projetados para medir

    diversas grandezas. Todo o multmetro capaz de medir, pelo menos, tenso (CC e

    CA), corrente (normalmente s CC) e resistncia.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    45

    Figura 3. 17 - Multmetro analgico (esquerda) e digital (direita), com seus

    componentes principais.

    Multmetros analgicos so baseados nos ampermetros; a insero de

    resistores em srie permite a medida de tenso e a adio de uma fonte externa (uma

    bateria de 9V, por exemplo), permita que se meam resistncias. Por conveno, a

    ponta de prova preta ligada ao terminal (COMUM) e a vermelha ao terminal +

    (vivo); alguns instrumentos tm terminais apropriados para medidas especficas,

    tais como valores mais elevados de corrente, temperatura (ponta com um termopar)

    ou decibis.

    3.7 Ponte de Wheatstone

    um circuito utilizado para medir resistncias e sua estrutura bsica vista na

    Fig. 3.18, onde Rx a resistncia desconhecida, R1 e R2 so valores conhecidos de

    resistncia e Rp um potencimetro. O circuito alimentado por uma fonte de CC

    com tenso nominal E e possui, ainda, um ampermetro sensvel (galvanmetro).

    Com o ajuste do potencimetro, cujo valor pode ser lido em um painel,

    leitura no ampermetro vai-se alterando e, para um determinado valor de Rp, no

    haver indicao de corrente no instrumento: diz-se que, nessa situao, a ponte est

    em equilbrio. Quando isso ocorre, demonstra-se que o valor da resistncia

    desconhecida dada por:

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    46

    2

    1x p

    RR R

    R=

    (3.3)

    Figura 3. 18 Circuito da ponte de Wheatstone.

    A ponte de Wheatstone muito utilizada para a determinao indireta de

    outras grandezas; para isso utiliza-se um sensor (no lugar de Rx) do qual se conhea

    a relao entre a grandeza a ser determinada e sua resistncia eltrica. o caso das

    clulas de carga (strain gage) para a medida de presso e esforos mecnicos e de

    termmetros resistivos.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    47

    Exerccios de Aprendizagem Unidade II

    1) Responda: a - Porque necessrio o uso de instrumento de medida eltrica? b - Quanto grandeza a ser medida quais so os tipos de instrumento de medidas eltricas? c - Quanto forma de apresentao de resultados, como so classificados os instrumentos de medidas digitais? d - Cite vantagens e desvantagens do uso de instrumentos digitais em relao aos analgicos. e - Quanto a capacidade de armazenamento de leituras como se pode classificar os instrumentos de medidas eltricas? f - Quanto ao princpio fsico como se podem classificar os instrumentos de medidas eltricas? 2) Em que se baseia a medio dos instrumentos analgicos? Cite suas partes construtivas e funcionalidades. 3) Quanto a escala de um instrumento analgico, como podemos caracteriz-las? 4) O que a sensibilidade de um instrumento analgico? Se um instrumento bobina mvel necessita de 1mA para produzir um deslocamento em sua escala em 1 unidade (considere 10 divises por unidade) qual sua sensibilidade? 5) Classifique os instrumentos conforme a simbologia abaixo:

    a) b) c) d) e)

    f) g) h) i) j) 6) Determine o maior erro admissvel dos instrumentos abaixo considerando que a classe de exatido de 0,5%.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    48

    7) A exatido em instrumentos analgicos e digitais podem ser definidos da mesma forma? Explique a diferena. 8) Considere um ampermetro com resistncia interna RA = 0,1 . Se ele utilizado para medir a corrente de uma carga de 10 alimentada por uma tenso de 100V e resistncia interna nula, responda? a - Qual o valor da corrente indicada? b - Qual o erro percentual da medio? 9) Considere um voltmetro com resistncia interna RV = 1k. Se ele utilizado para medir a tenso de uma carga de 50 alimentada por uma tenso de 100V e resistncia interna de 1 , responda? a - Qual o valor da tenso indicada? b - Qual o erro percentual da medio? 10) Determine o valor do resistor Shunt que deve ser adicionado no circuito de um ampermetro que possui fundo de escala de 10A e RA = 0,1 , para que ele mea correntes de at 100A. 11) Determine o valor do resistor Srie que deve ser adicionado no circuito de um voltmetro que possui fundo de escala de 100V e RV = 1k, para que ele mea tenses de at 600V. 12) Desenhe o esquema de ligao de um wattmetro para medio de potncia em uma carga. 13) Demonstre e determine o valor de Rx para ponte Wheatstone abaixo:

    Considere: R1 = 1k, R2 = 2k, Rp = 1,2k, E = 10V.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    49

    4 Princpios de Medio Analgica e Digital

    A medio das grandezas eltricas nos instrumentos analgicos ou de

    ponteiros baseada, sobretudo, na inteirao de campos magnticos produzidos pela

    corrente que circula numa bobina e um campo fixo geralmente produzido por um

    im.

    Os instrumentos digitais se baseiam na amostragem de um sinal de tenso

    proporcional a grandeza medida (feita por conversores A/D) e, sua posterior

    converso em uma quantidade conhecida.

    4.1 Medio Analgica Baseada no Mecanismo de Bobina Mvel

    Os instrumentos eltricos empregados na medio das grandezas eltricas

    (eletromecnicos - de ponteiros) apresentam um conjunto mvel que deslocado

    aproveitando um dos efeitos da corrente eltrica. Preso a um conjunto mvel, est

    um ponteiro que se desloca na frente de uma escala graduada de valores da grandeza

    que o instrumento destinado a medir.

    Os instrumentos mais utilizados em medidas eltricas so os instrumentos de

    Bobina Mvel Im Permanente (BMIP) e os de Ferro Mvel (FM). Todos

    funcionam com inteirao de dois campos magnticos, segundo a Lei de Ampre,

    que geram um binrio de foras (conjugado eletromagntico).

    No caso dos instrumentos analgicos a base de seu funcionamento um

    medidor de corrente muito baixo chamado de Galvanmetro de Bobina Mvel ou

    Galvanmetro de D'Arsonval, o qual consiste de uma bobina que pode ser

    movimentada e que est colocada entre os plos de um im. A Fig. 4.1 ilustra a

    construo bsica deste dispositivo.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    50

    Figura 4. 1 Construo bsica do instrumento Bobina Mvel.

    As principais partes e as principais caractersticas do instrumento bobina

    mvel so:

    Im permanente de peas polares cilndricas, fornecendo no entreferro uma induo magntica de cerca de 0,125 Wb/m2;

    Ncleo cilndrico de ferro doce, com a finalidade de tornar radiais as linhas de fluxo magntico;

    Quadro retangular de metal condutor, em geral feito de alumnio, com a finalidade de servir de suporte bobina e produzir amortecimento por corrente de Foucault (corrente parasita);

    Bobina de fio de cobre, enrolada sobre o quadro de alumnio, por onde circular a corrente a medir.

    A Fig. 4.2 mostra como ocorre inteirao dos campos para criao das foras

    que movimentam o ponteiro. Quando um condutor percorrido por uma corrente i,

    na presena de um campo magntico (B), fica submetido a uma fora F cujo sentido

    dado pela regra da mo direita, e cujo mdulo dado por: F = B.i.l.sen(); onde l

    o comprimento do condutor sob a ao do campo magntico B, e o angulo entre

    B e a direo i.l no espao.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    51

    Figura 4. 2 Princpio de funcionamento do instrumento Bobina Mvel.

    Assim a corrente i a medir, ao percorrer a bobina vai dar origem s foras F.

    Deste modo, percebe-se que se a corrente i mudar de sentido, F tambm mudar de

    sentido, fazendo com que o ponteiro se desloque no sentido de 0 para 1 ou no

    sentido de 0 para 2. Se i mudar de sentido muito rapidamente, as foras F mudaro

    tambm de sentido, mas o conjunto mecnico no acompanhar essa mudana,

    devido sua inrcia, ou seja, o sistema no serve para medidas na freqncia

    industrial (50 - 60 Hz).

    As principais vantagens do instrumento bobina mvel so:

    Baixo consumo prprio;

    Alta sensibilidade;

    Uniformidade da escala e possibilidade de escalas bastante amplas;

    A possibilidade de um simples instrumento ser utilizados com Shunts e resistores Srie apropriados, para cobrir uma ampla gama de correntes e tenses;

    Livre de erros devido histerese e campos magnticos externos;

    Amortecimento perfeito, simplesmente obtido por correntes parasitas no metal (carretel de alumnio), que suporta e forma a bobina mvel;

    Excelente preciso;

    Escala Uniforme.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    52

    As principais desvantagens do instrumento bobina mvel so:

    S so usados em corrente contnua;

    So instrumentos polarizados;

    Construo complexa e sensvel;

    Devido a sua alta sensibilidade, danifica-se muito rapidamente, caso no seja utilizado com muito cuidado.

    4.2 Medio Analgica Baseada no Mecanismo de Ferro Mvel

    Tambm conhecidos como instrumentos ferromagnticos ou eletromagnticos.

    O seu princpio de funcionamento baseado na ao do campo magntico, criado

    pela corrente a medir percorrendo uma bobina fixa, sobre uma pea de ferro doce

    mvel.

    Existem dois tipos de instrumentos bsicos:

    Instrumento de atrao ou de ncleo mergulhador;

    Instrumento de repulso ou de palheta mvel.

    A corrente i circulando pela bobina fixa, faz surgir um campo magntico que

    atrai o ncleo de ferro doce, dando uma leitura proporcional corrente circulante. A

    Fig. 4.3apresenta de forma esquemtica um instrumento de ferro mvel de atrao.

    a) representa a bobina magnetizante;

    b) representa a placa de ferro fixa;

    c) representa a placa de ferro mvel, acoplada ao ponteiro.

    A Fig. 4.4 ilustra a construo do instrumento de Ferro-Mvel de repulso.

    Quando colocado no interior de uma bobina duas laminas de ferro, com a passagem

    da corrente eltrica, as duas lminas tero identidade de polarizao, isto , haver

    formao de plos iguais nos seus extremos. Portanto, as duas lminas iro repelir-

    se, uma vez que, pela lei de atrao e repulso, plos iguais se repelem.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    53

    Figura 4. 3 Construo bsica do instrumento Ferro-Mvel de atrao.

    Figura 4. 4 Construo bsica do instrumento Ferro-Mvel de repulso.

    Note que quando a corrente eltrica circula pela bobina A, ser formada um

    campo magntico, que magnetizar as placas B e C. Como estas placas esto

    alinhadas na mesma direo, elas se magnetizaro com plos iguais. Por isso a placa

    mvel C tender se afastar (repulso) da placa fixa B, arrastando consigo o ponteiro.

    O afastamento da placa mvel C da placa fixa B ser maior ou menor, de

    acordo com o valor da corrente que estiver circulando pela bobina. Os instrumentos

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    54

    de medida eltrica tipo ferro mvel funcionam tanto em corrente contnua como em

    corrente alternada. A Fig. 4.5 ilustra o funcionamento do instrumento ferro mvel de

    repulso.

    Figura 4. 5 Funcionamento do instrumento Ferro-Mvel de repulso.

    4.3 Medio Digital

    O sinal analgico continuo no tempo e em nvel, contm uma infinidade de

    valores. Os meios de comunicao digital tm banda limitada, desta forma,

    transmitimos apenas certa quantidade de valores deste sinal. A medio digital

    baseia-se na amostragem de um valor de tenso proporcional a grandeza que se

    deseja medir. A amostragem realizada em intervalos de tempos regulares,

    denominado perodo ou frequncia de amostragem. obvio que quando maior a

    frequncia de amostragem, mais fcil ser reproduzir o sinal, mas haver desperdcio

    de banda ocupada sem nenhuma melhoria na qualidade. A Fig. 4.6 mostra como o

    processo realizado.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    55

    Figura 4. 6 Processo de amostragem de um sinal analgico.

    O circuito que permite amostrar o sinal uma simples chave que se fecha por

    um brevssimo instante, na cadencia da frequncia de amostragem. Por exemplo, se

    a frequncia de amostragem for de 8 kHz, a chave se fecha 8000 vezes por segundo,

    ou seja, a cada 125 s. Como a chave se fecha por um tempo extremamente curto,

    teremos na sua sada um sinal em forma de pulsos estreitos, com amplitude igual ao

    valor instantneo do sinal, chamados pulsos PAM (Pulsos Modulados em

    Amplitude).

    Cada amostra deve ser convertida para o seu respectivo valor decimal / binrio,

    feito a partir de circuitos conversores Analgicos / Digitais. O conversor

    analgico-digital (frequentemente abreviado por conversor A/D) um dispositivo

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    56

    eletrnico capaz de gerar uma representao digital de uma grandeza analgica. Por

    exemplo, um conversor A/D de 10 bits, preparado para um sinal de entrada

    analgica de tenso varivel de 0V a 5V pode gerar nmeros binrios de 0

    (0000000000) a 1023 (1111111111) (ou seja, capturar 1024 pontos do sinal),

    dependendo do sinal de entrada. Se o sinal de entrada do suposto conversor A/D

    estiver em 2,5V, o valor binrio gerado ser 512.

    O conversor A/D do tipo paralelo provavelmente a forma mais simples e

    direta de converso. A Fig. 4.7 mostra o diagrama bsico para sada em trs dgitos

    binrios.

    Os blocos C1 a C7 so comparadores: se o sinal em (+) for maior que em (-), a

    sada 1 e nula nos demais casos. Suponhamos, por exemplo, que 2 volts so

    aplicados na entrada analgica: C1, C2 e C3 tero sada 1 e C4, C5, C6 e C7 tero

    sada 0. Ou, de baixo para cima, 0001111. X1 a X7 so blocos tipo OU

    EXCLUSIVO, ou seja, a sada nula se as entradas so iguais e 1 se as entradas so

    diferentes.

    Considerando a entrada anterior (C1 a C7 = 0001111), temos as sadas X1 a

    X7 = 0010000. Portanto, um nvel de tenso na entrada analgica convertido em

    uma nica sada 1 nos blocos X1 a X7. Se a entrada analgica nula (ou melhor,

    menor que 0,6 V neste caso), todas as sadas X sero nulas e, portanto, as sadas

    digitais ABC tambm sero nulas (devido a esta situao particular, so usados 7

    comparadores e 7 portas XOR e no 8).

    Nos demais casos, apenas uma das sadas X tm valor 1, dependendo da faixa

    da tenso analgica de entrada. Para a transformao em uma seqncia de dgitos

    binrios, os diodos nas sadas so suficientes, dispensando decodificadores mais

    elaborados. Os nmeros binrios nas sadas dos diodos indicam a situao quando a

    sada da respectiva porta X est em 1. Assim, tenses analgicas na entrada so

    convertidas em nmeros binrios de 3 dgitos.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    57

    Figura 4. 7 Conversor analgico / digital de 3 bits.

    evidente que a converso se d de forma escalonada, isto , tenses que

    variam dentro de valores consecutivos do divisor tm a mesma sada digital

    (exemplo: no circuito dado, uma tenso de 0,8 V tem a mesma sada digital de uma

    tenso de 1,1 V). Isso tambm ocorre com os outros tipos e o valor mnimo de

    variao que perceptvel pelo circuito chamado resoluo do mesmo.

    tambm fcil concluir que a resoluo depende do nmero de dgitos binrios

    (bits) da sada. No exemplo dado, de 3 bits, temos resoluo = 1/23 = 0,125 ou

    12,5%.

    Este tipo de conversor , conforme j mencionado, simples e eficiente. No caso

    de variaes rpidas da tenso de entrada, a resposta depende somente das

    caractersticas dos circuitos comparadores e portas lgicas. Outro aspecto positivo:

    no exemplo dado, R0 a R7 tm o mesmo valor e, portanto, a sada varia linearmente

    com a entrada. O uso de valores adequadamente diferenciados permite converses

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    58

    no lineares (logartmicas, por exemplo). Embora isto seja possvel com outros

    tipos, o processo no to fcil quanto s simples seleo de valores de resistores.

    Entretanto, o circuito apresenta uma limitao prtica devido ao elevado

    nmero de componentes necessrios. Pelo circuito dado, pode-se concluir que o

    nmero de resistores, comparadores e portas XOR (sem contar os diodos) (2n - 1)

    para cada, onde n o nmero de bits de sada. Considerando que o mnimo usual 8

    bits, esse nmero seria 255. Para 16 bits, 65535. Outros tipos foram desenvolvidos

    para evitar esse inconveniente como o conversor do tipo rampa digital, tipo

    rastreamento ou atualmente o Sigma-Delta.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    59

    5 Materiais Eltricos e Magnticos

    O Estudo de Materiais Eltricos constitui-se em um tema bsico para que

    sejam estudados tpicos de Instalaes Eltricas, Projeto de Mquinas, Eletrnica

    Industrial, entre outras. O objetivo bsico do tema permitir que um Engenheiro

    possa analisar as propriedades dos materiais de que so construdos equipamentos e

    componentes eletrnicos, que fornece subsdio para que o Engenheiro possa

    raciocinar em termos de matrias primas e, eventualmente, de sua adaptao a novas

    condies de servio ou de sua substituio por outros mais adequados. Neste

    sentido sero introduzidos os seguintes temas:

    Materiais Condutores; Materiais Semicondutores; Materiais Isolantes.

    Tambm de interesse especial o estudo dos materiais magnticos, que podem

    ser divididos em materiais ferromagnticos, diamagnticos e paramagnticos.

    Os materiais podem ser caracterizados por diversas mtricas, destacando-se a

    Condutibilidade (trmica, eltrica), a Ductibilidade (capacidade de ser transformada

    em fios), a Maleabilidade (ser malevel, e ter a capacidade de ser transformado em

    uma lmina), a Elasticidade (ser esticado e voltar ao normal) e a Tenacidade

    (resistncia trao).

    Os materiais podem ser classificados com base no valor da resistividade do

    material. A resistividade a capacidade de um corpo qualquer se opor a passagem

    de corrente eltrica quando existe uma diferena de potencial aplicada a ele. O

    critrio de classificao dos materiais com base em sua resistividade dado por:

    Condutores: 10-2 a 10 mm2/m; Semicondutores: 10 a 1012 mm2/m; Isolantes: 1012 a 1024 mm2/m.

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    60

    5.1 Materiais Condutores

    Do ponto de vista prtico, a maior parte dos materiais condutores formada

    por metais. Isso se d pela estrutura atmica dos metais, em que os eltrons da

    camada de valncia podem fluir livremente de um tomo para outro. Quando uma

    corrente eltrica estabelecida em um condutor metlico, um nmero muito elevado

    de eltrons livres passa a se deslocar neste condutor. Neste movimento, os eltrons

    podem colidir entre si e com os tomos que constituem o material, encontrando certa

    dificuldade para se deslocar, no entanto, esta resistncia passagem de corrente

    oferecida muito pequena. Deve ser destacado que existem no metais que so bons

    condutores de eletricidade, como o grafite, a gua salgada ou qualquer material em

    estado de plasma.

    Os principais metais so o cobre, alumnio, ferro, prata, ouro, titnio, zinco,

    estanho, chumbo. Na natureza, os metais so obtidos unidos a outros materiais

    (oxignio, enxofre, sais e cidos) em forma de minrio. Processos de metalurgia

    podem separar os diversos componentes.

    Tambm de particular interesse o estudo de ligas metlicas, formadas por

    diversos metais, devido melhoria em aspectos como a resistncia mecnica. Os

    metais apresentam boas caractersticas de condutividade eltrica e tambm boa

    condutividade trmica, alm de apresentar boa resistncia mecnica. Em particular,

    o cobre apresenta caractersticas que lhe garante posio de destaque entre os

    materiais condutores.

    A Tabela 5.1 mostra a resistividade para os principais metais utilizados como

    condutores. A escolha do material mais adequado para uma aplicao deve satisfazer

    simultaneamente uma srie de requisitos quanto resposta a esforos mecnicos,

    trmicos, magnticos, luminosos, entre outros. Os metais mais utilizados na

    eletrnica so:

  • Medidas e Materiais Eltricos e Magnticos

    61

    Tabela 5. 1 Resistividade dos principais metais utilizados na engenharia eltrica e eletrnica.

    Nome do Metal Resistividade

    (mm2/m)

    Ouro 0,0240

    Prata 0,0162

    Cobre 0,0169

    Alumnio 0,0262

    Nquel 0,072

    Zinco 0,059

    Mercrio 0,960

    Chumbo 0,205

    Ferro 0,098

    Platina 0,100

    Tungstnio 0,055

    Estanho 0,114

    Cobre: Pequena resistividade, boas caractersticas mecnicas, baixa oxidao, fcil deformao a quen