apostila fundamentos metodologicos da ginastica
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Fundamentos dos Movimento GinásticoTRANSCRIPT
2012
Leonardo de Arruda Delgado
Curso de Licenciatura em Educação Física
Barra do Corda ‐ 2012
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DA GINÁSTICA – LEONARDO DE ARRUDA DELGADO
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Índice PALAVRAS DO PROFESSOR ............................................................................................ 3
UNIDADE I: NATUREZA, HISTÓRIA E GÊNESE DA GINÁSTICA ................................... 5
SEÇÃO 1: Conceitos ................................................................................................................. 6 SEÇÃO 2: Conhecendo a História da Ginástica ..................................................................... 7
Ginástica na Pré-História .................................................................................................... 7 A Ginástica na Antiguidade .............................................................................................. 8 A Ginástica no Oriente Próximo ........................................................................................ 10 A Ginástica na Grécia ....................................................................................................... 12 A Ginástica em Roma........................................................................................................ 16 A Ginástica na Idade Média (395-1453) ......................................................................... 18 A Ginástica no Renascimento .......................................................................................... 20 A Ginástica na Idade Contemporânea............................................................................... 21
SEÇÃO 3: Gênese e Natureza da Ginástica ......................................................................... 24 SEÇÃO 4: Classificação da Ginástica ................................................................................. 26
Ginástica de Condicionamento Físico ............................................................................... 26 Ginástica Geral (Gymnaestrada)..................................................................................... 27 Ginástica Formativa .......................................................................................................... 27 Ginástica Natural .............................................................................................................. 28 Ginástica Competitiva ....................................................................................................... 28
SEÇÃO 5: Classificação Geral dos Exercícios Físicos .......................................................... 28
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PALAVRAS DO PROFESSOR “Todas as partes do corpo que possuem uma função, se usadas com moderação e
exercitadas em algum trabalho físico, se conservam sadias, bem desenvolvidas e envelhecem lentamente, porém se não são trabalhadas, deixam de funcionar, se convertem
em enfermidades, defeituosas em seu crescimento e envelhecem antes do tempo“ (HIPÓCRATES, 460 A.C. a 377 A.C.)
Prezado Acadêmico: Você deve estar pensando, que será que vou aprender com meus estudos na disciplina de fundamentos Metodológicos da Ginástica?, será que vou estudar os exercícios físicos e os assuntos pertinentes a ele?, com um pensamento de hipócrates (o pai da Medicina) que está remontando em quase 2.500 anos, iniciamos essa discussão. Mas, para isso leia atentamente o que está escrito e reflita sobre a verdade em cada palavra com relação ao organismo humano e a necessidade primordial que seus ossos, músculos, articulações, sistemas e aparelhos possuem de constante movimento. E o mais importante é que esse movimento precisa ser dimensionado, constantemente avaliado e principalmente prescrito e aplicado de maneira correta, constituindo‐se em exercícios físicos, que venham a desenvolver as qualidades físicas inerentes ao corpo humano. A disciplina Fundamentos Metodológicos da Ginástica visam realizar descreva de forma clara e resumida alguns dos conteúdos que podem ser abordados no contexto escolar, seja na aula de educação física, no desporto escolar ou nas aulas de formação técnica, sobre a modalidade de ginástica. Veja que ao se falar sobre a Educação Física, faz‐se necessário caracterizar o homem como um ser holístico e que, dessa forma, ele necessita desenvolver‐se em três níveis de conhecimento:
‐ Sócio‐Afetivo, que visa o desenvolvimento do indivíduo como um ser humano social, buscando estímulo para formação de sua cidadania e de sua ética;
‐ Cognitivo, relacionado com seu desenvolvimento intelectual e seus processos reflexivos ;
‐ Motor, que enfoca o movimento humano em todas as suas áreas de estudo.
O Professor de Educação Física é o grande facilitador para que os três níveis de conhecimento anteriormente citados, se desenvolvam de forma harmoniosa e em sua plenitude, e dessa forma, faz‐se necessário que em nosso curso de graduação tenhamos conhecimento do corpo humano nos aspectos biológicos em disciplinas como Anatomia e Histologia. O conhecimento do homem enquanto ser é de fundamental importância, portanto, as disciplinas de História, Filosofia e Antropologia são estudadas já nos primeiros semestres. Complementando esta tríade, temos disciplinas que estudam e mensuram o corpo humano a partir dos movimentos que o mesmo executa (Cinesiologia) e de suas variáveis antropométricas (Medidas e Avaliação).
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No caso específico de nossa disciplina ‐ Fundamentos Metodológicos da Ginástica ‐ ela é um dos primeiros momentos na carreira de um Profissional de Educação Física, em que se conseguem subsídios técnico‐científicos, visando possibilitar a esse futuro profissional a condição de prescrever e aplicar exercícios físicos em classes de alunos com condições físicas e de saúde de um modo geral, muitas vezes um tanto heterogêneas. Nossos futuros alunos de instituições públicas e particulares estarão, por certo, esperando que tenhamos condições técnico‐didáticas de sugerir movimentos, que poderão, dos mais simples aos mais complexos, melhorar as diversas funções orgânicas, ajudando a construir gerações mais saudáveis e mais comprometidas com a manutenção da saúde e também utilização da ginástica e do exercício físico como elementos de prevenção contra patologias diversas. Nosso desafio foi tornar a tarefa da abordagem da Ginástica, disciplina na qual o eixo teoria‐prática é bastante representativo nos cursos de graduação presencial, em um processo significativo e vivo no módulo a distancia. Buscamos para isso integrar o texto do fascículo aos outros textos produzidos sobre o tema e aos vídeos que abordam o assunto. Sugerimos também algumas atividades que os professores poderão incluir em suas aulas ou simplesmente realizá‐las, caso se sinta à vontade para isso. Pensamos que o estudo da Ginástica nas aulas de Educação Física Escolar pode ser realizado de forma lúdica e prazerosa, despertando nos alunos o gosto pelo belo, pelos desafios corporais e pela criatividade. O material que ora apresentamos, delimita o conteúdo GINÁSTICA, de forma a facilitar sua aplicação nas aulas de Educação Física. A Estrutura Básica consiste no histórico, definição e classificação da ginástica, utilizando uma linguagem simples e informações atualizadas. A fim de subsidiar os professores de educação física no município de Barra do Corda/MA. Caro acadêmico do Curso de Graduação de Licenciatura em Educação Física, tenha bom proveito em seus estudos.
Leonardo de Arruda Delgado Ementa Gênese, Natureza e Classificação da Ginástica. Conceituação, generalidades e classificação da Ginástica e suas variações. Surgimento e evolução dos métodos Ginásticos. Estrutura da aula de ginástica. Objetivos
‐ Compreender a linha do tempo da história da ginástica. ‐ Identificar as principais formas de ginástica existentes. ‐ Diferenciar as diferentes formas de se realizar exercícios físicos.
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UNIDADE I: NATUREZA, HISTÓRIA E GÊNESE DA GINÁSTICA
Você pode achar que o pensamento constante no tópico Palavras do Professor, de autoria do Pai da Medicina ‐ hipócrates (460 A.C ‐ 377 A.C.), está um tanto quanto antigo ou ainda defasado. Porém, perceba que ele apresenta, de forma simplificada, toda a necessidade de que o corpo humano possui de se manter fisicamente ativo, executando movimentos naturais ou de maneira disciplinada e contínua da prática da ginástica. Certamente, lhe atinge‐lhe o fato de que uma das características da vida humana no mundo moderno e tecnológico é a falta ou a drástica redução da quantidade dos movimentos naturais executados pelo ser humano, caracterizando‐se no que denominamos por Sedentarismo. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), são sedentários todos os indivíduos que tiverem um gasto calórico inferior a 500 kcal por semana com atividades ocupacionais. A presença constante do automóvel, dos controles remotos e das escadas rolantes, faz com que o homem, nos dias de hoje, execute caminhadas em menor quantidade, dificilmente corre e os demais exercícios naturais como saltar, lançar, arremessar, saltitar e outros tantos são movimentos de uma raridade ímpar no cotidiano de um ser humano nos dias atuais.
Em contraponto, perceba que durante as últimas décadas, estamos vendo a constante relação feita entre a manter‐se fisicamente ativo e a saúde, isto se deve a preocupação, por parte da sociedade, na promoção e manutenção da saúde no seu amplo espectro conceitual, ou seja, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é o completo bem‐estar físico, mental e social.
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Portanto, quando em atuação profissional, tome a precaução de não iniciar ou elaborar um programa de exercícios físicos e unicamente relacioná‐los com a perfeição de linhas, mas principalmente, com a melhora ou manutenção da qualidade de vida dos mais variados tipos e biotipos de indivíduos, desde crianças até a terceira idade. Procure habilitar‐se para prescrever atividades físicas para os obesos que hoje já são parcela considerável da população principalmente nos países desenvolvidos, para os indivíduos portadores de necessidades especiais, que no caso do Brasil, estão próximos dos 15 milhões de pessoas, e um dos grandes campos de trabalho que se desenvolve atualmente, é a prescrição da ginástica laboral que funcionaria como uma espécie de compensação às atividades normalmente estressantes relacionadas ao trabalho diário. Para concluir, perceba que é notório e ao mesmo tempo paradoxal, os médicos recomendarem repouso absoluto para a maioria das enfermidades desenvolvidas pelo organismo humano, porém, são extremamente entusiastas na recomendação de atividades físicas regulares e orientadas, para a prevenção, controle e tratamento de inúmeras moléstias, fazendo‐nos perceber claramente o quanto hipócrates estava com a razão.
SEÇÃO 1: Conceitos A ginástica é um conceito que engloba modalidades competitivas e não competitivas e envolve a prática de uma série de movimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental. GYMNKOS = Origem grega, adjetivo relativo ao exercício do corpo GYMNASTIQUE= Origem da língua francesa. Segundo BARBANTI (2003), o termo ginástica originou‐se aproximadamente em 400 a.C. É derivado de GYMNOS , que significa "nú", levemente vestido e geralmente se refere a todo tipo de exercícios físicos para as quais se tem de tirar as roupas de uso diário. Durante o curso da História as interpretações de Ginástica variaram. Atualmente o termo esta perdendo o seu uso e tem sido substituído por outras nomenclaturas de exercícios e/ou modalidades específicas. Conforme Aurélio (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2000), o termo ginástica é etimologicamente: o conjunto de exercícios sistematizados; o conjunto de movimentos, psicomotores para um objetivo. Desenvolveu‐se, efetivamente, a partir dos exercícios físicos realizados pelos soldados da Grécia Antiga, incluindo habilidades para montar e desmontar um cavalo e habilidades semelhantes a executadas em um circo, como fazem os chamados acrobatas. Naquela época, os ginastas praticavam o exercício nus (gymnos – do grego, nu), nos chamados gymnasios, patronados pelo deus Apolo. A prática só voltou a ser retomada ‐ com ênfase desportiva e militar ‐ no final do século XVIII, na Europa, através de Jean Jacques Rousseau, do posterior nascimento da escola alemã de Friedrich Ludwig Jahn ‐ de movimentos lentos, ritmados, de flexibilidade e de força ‐ e da escola sueca, de Pehr Henrik Ling, que introduziu a melhoria dos aparelhos na prática do esporte. Tais avanços geraram a chamada ginástica moderna, agora subdividida.
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Anos mais tarde, a Federação Internacional de Ginástica foi fundada, para regulamentar, sistematizar e organizar todas as suas ramificações surgidas posteriormente. Já as práticas não competitivas, popularizaram‐se e difundiram‐se pelo mundo de diferentes formas e com diversas finalidades e praticantes.
SEÇÃO 2: Conhecendo a História da Ginástica Nesta seção iremos estudar os papéis da Ginástica, suas denominações e seus objetivos no decorrer da história. Conforme Pereira (1988) a cultura física (terminologia utilizada para designar toda a parceria de cultura universal que envolve o exercício físico, como a Educação Física, a Ginástica, o Treinamento Desportivo e a Dança) caracterizou‐se por ser um fenômeno universal, pois existem vários exemplos de exercícios físicos em várias civilizações, em diversas regiões do planeta. Nesse sentido, podemos dizer que a Ginástica formou‐se a partir de diferentes conceitos, assumindo diversas funções, através dos tempos (desde 3.000 anos a.C. até hoje), nas diferentes culturas, obtendo diversos significados e objetivos, de acordo com a comunidade em que estava inserida e sua época.
Ginástica na Pré-História
É claro que a expressão "Ginástica" aplicada ao homem pré‐histórico é um tanto forçada, pois o exercício físico não estava sistematizado, regulamentado, metodizado, estudado cientificamente, etc.. Mas tudo isso que nós hoje procuramos atingir cientificamente (bem estar físico, saúde, força, velocidade, resistência, aperfeiçoamento das funções
fisiológicas, etc.), o homem primitivo atingiu e ultrapassou em muito. É que, pelas condições de vida, um dia na pré‐história, era uma contínua e completa aula de educação física. Para sobreviver ao perigo das feras e inimigos, para fugir as intempéries, para conseguir o alimento, para homenagear os deuses, para festejar vitórias, etc., o homem, em pleno contato com a natureza, precisava correr, saltar, marchar, arremessar, na dar, mergulhar, lutar, levantar e transportar ,equilibrar, trepar, quadrupedar, dançar, jogar, etc. Para fins de estudo, podemos classificar as atividades físicas na pré‐história dentro dos aspectos: Natural, Utilitário, Guerreiro, Recreativo, Religioso. 1 ‐ ASPECTO NATURAL: Aqui colocamos as atividades físicas feitas instintivamente, como meio de sobrevivência: Correr para fugir ao perigo ou para alcançar a caça; Nadar para atravessar os rios; Marchar (caminhar) a procura da caça, da pesca, do abrigo; Arremessar a pedra, a lança, para caçar, pescar, guerrear e ai sim por diante.
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2 ‐ ASPECTO UTILITÁRIO: Na caça ou na pesca, quantas vezes a lança foi atirada imperfeitamente, deixando o homem sem a sua desejada alimentação. Ele percebeu que precisava "treinar" aquele gesto para que, quando surgisse a situação real frente a sua presa, pudesse ter êxito no lance. Esse treino, essa atividade intencional, essa "evolução técnica" já não mais apenas instintiva, caracteriza o aspecto utilitário. 3‐ ASPECTO GUERREIRO: Aos poucos, vai o homem dominando a natureza: alguns grupos desenvolvem o pastoreio e a agricultura e já podem abandonar a vida nômade. Mas outros grupos, que ainda vivem da caça e da coleta de frutos silvestres, percebem a fartura daqueles e adestram‐se no manejo das armas para atacar e apossar‐se do excelente estoque de alimentos. Os sobreviventes do grupo atacado, por sua vez, percebem que não basta criar o gado e armazenar os cereais: é preciso dedicar muita atenção ao preparo para luta e às medidas de segurança. É a educação física sob o aspecto guerreiro. Mais tarde, o crescimento dos aglomerados humanos exige a especialização do trabalho e surgem os homens dedicados exclusivamente à segurança: os soldados. E é na caserna que a Educação Física, através de todos os tempos, encontra apoio enfático e perene. 4 ‐ ASPECTO RECREATIVO: Os homens primitivos brincavam de correr, saltar em altura e extensão; lutavam, dançavam, atiravam ao alvo faziam encenações representando episódios de caça, cenas cômicas, simulações de combates e etc. 5 ‐ ASPECTO RELIGIOSO: Para aplacar a ira dos deuses, ou para homenageá‐los, o homem pré‐histórico realizava atividades rítmicas e danças. Ao ritmo de bastões, tambores, palmas, gritos e outros ruídos, executavam movimentos simbólicos de braços mãos, dedos, cabeça, tronco, balanceamentos, saltitamentos, passos e corridas, batidas de pés e etc.
A Ginástica na Antiguidade Na Antigüidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos aparecem nas várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco, como exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação guerreira de maneira geral. A ginástica aparece aqui como elemento sinônimo de um conjunto de atividades físicas, baseada na massagem e nos movimentos respiratórios, com uma freqüência diária, e com objetivos médicos e morais. Com algumas particularidades, praticamente todas as civilizações antigas a que temos acesso, a partir de quarenta séculos antes de Cristo (através de desenhos, escrituras, etc.), tinham esta concepção.
Chineses: a) Os chineses constituem um dos povos mais antigos da terra. Sua história perde‐se na bruma dos tempos e no terreno lendário.
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Pode‐se, no entanto dizer que já há 3.000 anos A.C. possuíam uma educação organizada, com escolas de nível primário, médio e superior. b) A Ginástica não se restringia ao currículo escolar, e por isso alcançou alto nível entre os chineses, é que ela estava englobada nos preceitos morais e religiosos. Assim, graças aos sacerdotes e também aos filósofos (entre estes destacamos Confúcio que foi um grande ginasta) a Educação Física era encarada com muita seriedade pelo povo chinês. c) O Kong‐Fu era um notável tratado de Ginástica elaborado pelos monges da seita Tao‐Tse. Continha exercícios ativos, passivos e mistos; determinava a manutenção de posturas, as mudanças de posturas, os modos de respirar; explicava os vários tipos de massagens; indicava os benefícios fisiológicos e curativos de cada exercício. São famosas as "7 Regras de Saúde de Kong‐Fu": levantar cedo, purificar a boca, exercitar‐se, massagear‐se, banhar‐se, repousar, alimentar‐se. d) Além das práticas morais e higiênicas aconselhadas pelos filósofos e pelo Kong‐Fu, os chineses praticavam muitas outras atividades físicas: o arco e a flexa, a luta, o box, os jogos imitativos, a esgrima de sabre, o Tsu‐Chu (semelhante ao futebol), o voador (peteca) , a caça, danças religiosas e pantominas. e) A introdução do Budismo e a influência de alguns filósofos que pregavam a "inanição e a meditação para alcançar a sabedoria e a felicidade, prejudicaram o progresso da educação física e da própria China a partir de uns 2 séculos antes de Cristo. Na atualidade, o povo chinês reage aos séculos de obscurantismo e já comparece nas competições mundiais de basquete, atletismo, natação, ping‐pong, tênis, futebol.
Hindus: a) A Índia se originou há uns 2.000 anos A.C com a invasão dos ários que dominaram a vasta península triangular que vai do Himalaia ao Oceano Indico. Os hindus estavam organizados em 4 castas hierarquizadas: os brâmanes (sacerdotes, poetas, juízes, médicos); os guerreiros; os negociantes, pastores e agricultores; e os servos. Havia ainda os sem classe ou parias, desprezados e sem quaisquer direitos. b) As principais fontes históricas para estudo deste povo são os livros Vedas (livros sagrados do Bramanismo); Mahabárata (poema que relata uma guerra civil); Ramayana (poema épico que descreve as lutas de Rama para reaver sua esposa Sita) e
as Leis da Manu, o celebre legislador da índia.
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c) Os livros mencionados nos dão conta de que os hindus praticavam ginástica, exercícios respiratórios? Massagens, hidroterapia, a equitação, o box, lutas, corrida, natação, dança, pólo, esgrima, lançamentos. Eram guerreiros temíveis. Possuíam cidades fortificadas; usavam os elefantes nas batalhas colocando no dorso desses animais dezenas de arqueiros que espalhavam a morte e a destruição entre seus inimigos. A Ginástica tinha grande destaque no sistema escolar e ainda recebia especial atenção no culto familiar e nos templos. Os preceitos higiênicos faziam parte da essência moral e religiosa do povo. Manu preconizava: “Para a sociedade a hierarquia das castas e para o indivíduo a pureza física e moral”. A purificação era feita pelo fogo, (fumigações) pela respiração e pela água. A Ioga é uma interessante prática que nos legaram os hindus. Ela consiste em técnicas respiratórias, manutenção de posições do corpo, exercícios feitos suavemente e atitude mental em busca da tranqüilidade interior e das "forças cósmicas”. d) Na atualidade, após longo domínio e por influencia inglesa, os hindus praticam futebol, tênis, pólo, hockey, cricket, golf, atletismo.
A Ginástica no Oriente Próximo Egípcios, caldeus, assírios, hebreus, medos, persas, fenícios e insulares, são os grupos mais conhecidos entre os povos da antigüidade, no Oriente Próximo. Vamos dizer apenas que os fenícios eram hábeis navegadores; que os assírios e caldeus eram guerreiros cruéis; que os hebreus legaram preciosos princípios higiênicos; que os medos e os persas eram inteligentes, dinâmicos, honrados e guerreiros. Detenhamo‐nos um pouco mais nos Egípcios e nos Cretenses.
Egípcios: Através de escavações realizadas pelos pesquisadores franceses Champollion e Botta e o inglês Rawilson no Egito, encontraram nas paredes das tumbas e hipogeus, pinturas e desenhos que revelaram as práticas físicas que faziam parte do ume egípcio, dentre os quais, os exercícios gímnicos. MALTA (1994), declara a existência de uma ginástica egípcia, devido a grande variedade de atividades físicas praticadas no Egito, destacando a constatação do trabalho de algumas qualidades físicas (equilíbrio, força, resistência muscular e flexibilidade) como também a utilização de alguns materiais de apoio {árvore, lança e pesos).
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a) No vale do rio Nilo, nordeste da África, floreceu, há mais de 4.000 A.C., a civilização egípcia.Os egípcios eram altos, de ombros largos, de quadris estreitos, pernas e braços longos, peles amorenada pelo sol, alegres, trabalhadores, cultos e religiosos. b) Vivendo em país de clima quente e recebendo as cheias periódicas do Nilo, era natural que os egípcios desenvolvessem adequadamente seus preceitos higiênicos, exercícios, hábitos alimentares e vestuário. c) Assim, a natação era bastante praticada por homens e mulheres (lembram‐se do episódio bíblico que narra o achado de Moisés pela filha do Faraó durante um banho no rio Nilo?). O remo, a navegação e a caça de aves e animais selvagens nos rios e pântanos eram muito apreciados (hipopótamos, gazelas, bois selvagens, raposas, lebres, leões, leopardos, crocodilos). Os jovens perseguiam a nado os crocodilos levavam na mão um bastão ponte agudo nos dois extremos e ofereciam o ante‐braço ao animal; quando este tentava abocanhá‐lo nada conseguia além de ficar espetado. A ginástica rítmica e as danças tiveram alta expressão no Egito, seja sob o aspecto religioso, como sob o profano e militar. Desenvolveram a arte da luta. Nos túmulos de Beni‐Hasan foram encontradas figuras de lutadores, pintadas em verme lho e preto, para melhor compreensão da técnica dos golpes,em que aparecem mais de uma centena de fases de luta. Sob o aspecto militar, além do manejo do arco e da flexa, praticavam a corrida de carros de guerra, o arremesso de lança, a esgrima com um bastão numa das mãos e com escudo na outra, corridas de velocidade e resistência. d) Em tão alto conceito tinham os egípcios a educação física que o próprio herdeiro do trono se exercitava junto com os demais membros da nobreza. E todo o juramento feito em nome do Faraó, terminava com a expressão “Vida, Saúde, Força”. Nos Locais dos exercícios físicos, assim como fazemos hoje nos estádios e vestiários, havia frases de incentivos aos praticantes: "Teu braço é mais forte que o dele; não cedas"; "Nosso grupo é mais forte que o deles; força, companheiros”.
Cretenses: a) Entre os insulares, ou povos do mar, brilhou, há mais de 2.000 anos A.C., a civilização cretense. Embora ainda não tenha sido possível decifrar os signos da escrita cretense, pelas ruínas, quadros, pinturas e esculturas, pode‐se conhecer algo deste povo extraordinário, precursor e inspirador da civilização grega no campo da Educação Física. b) Os cretenses eram baixos, morenos, queimados pelo sol, esbeltos, ágeis, enérgicos, usavam roupas leves (uma simples tanga e saiote ricamente bordado, com uma cinta que
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ressaltava o talhe atlético); as mulheres usavam saias soltas, camisas rendadas, elegantes chapéus, colares, jóias e braceletes. c) Seus templos e palácios possuíam inteligente distribuição de ar, luz, água, drenagens, instalações sanitárias e salas de banho. d) Hábeis marinheiros e possuindo um tipo de barco guarda‐costas muito veloz, não precisavam de muros e fortificações para guarnecer seu litoral. Eram apaixonados pelos exercícios de força e destreza. Para seus espetáculos, construíram os primeiros teatros e estádios do mundo. Apreciavam as lutas de gladiadores e os combates de homens e mulheres contra as feras. A coragem e a habilidade acrobática dos cretenses se desenvolveram a tal ponto que casais de toureiros, desarmados, brincavam com o touro furioso, dando cambalhotas e saltos sobre o dorso do animal. Conheciam o pugilismo e já dividiam os lutadores nas três clássicas categorias: leves, médios e pesados. Os lutadores cobriam o corpo com óleo. Como outros povos, os cretenses também praticaram as danças religiosas e recreativas, as corridas, natação e massagem.
A Ginástica na Grécia
Na Grécia, definiu‐se o primeiro conceito de Ginástica. Os exercícios ginásticos tinham de ser praticados com o corpo nú, banhados com óleo, nos ginásios, sob uma orientação determinada por preparadores físicos e filósofos, objetivando a formação do ser humano, no seu aspecto físico, intelectual, filosófico, artístico (vinculado à estética e à música), e moral, desenvolvidos a partir do seu método, “a orquestrica e a palestrica”: “Pouco antes de Platão a ginástica foi erigida em instituição nacional. Foi metodizada e codificada, juntamente com a instituição dos atletas, e com a dos pedotribas (professores) que se consagravam exclusivamente nos exercícios corporais, com o fim de concorrerem aos jogos públicos....
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A Ginástica foi dividida em dois grupos:
‐ A orquestrica (formação cultural e moral dos jovens, atitudes por meio de gestos, música, caráter, dignidade do cidadão, danças rítmicas)
‐ A palestrica (preparo de atletas para os jogos públicos, diversas modalidades de exercícios físicos e eram realizados nos ginásios)” (BONORINO, op.cit., p.19 e 20)
A Grécia antiga compreendia a extremidade da península balcânica, uma serie de ilhas nos mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo e alguns pontos nas costas da Ásia Menor. Vários povos cruzaram a Grécia, mas é com os Helenos, que a invadiram no século XVI A.C., que o povo grego surge ante a face da História. Os helenos se dividiam em quatro tribos: aqueus, eólios, dórios e jônios. Os dórios se estabeleceram em Esparta e os jônios em Atenas e essas duas cidades‐estado lideraram por largos períodos a vida dos povos gregos. Embora da mesma raça, os gregos não possuíam unidade política. Apenas em casos de guerras com outros povos havia uma união temporária entre algumas cidades. Somente o desporto e a religião, através dos jogos Pan‐helênicos, conseguiam uma efetiva unidade nacional. Os gregos, pela harmonia de suas linhas, proporção de seus segmentos e delicadeza de semblante, inteligência, coragem e cultura, foram considerados o protótipo da beleza humana. Separados política e geograficamente, era natural que diferentes fossem os tipos de educação dos Gregos. Os espartanos eram rudes, fortes, enérgicos, belicosos, colocando o amor a Pátria acima de tudo. Por isso a educação espartana visava a formar soldados eficientes e prontos a morrer pela Pátria. Até os 7 anos a criança ficava com a mãe; era então entregue ao Estado passando a viver em comum com outras crianças, tendo uma alimentação sóbria, realizando exercícios violentos e habituando‐se aos rigores da natureza. Aos 13 anos ingressava em regime ainda mais violento, praticando exercícios militares como equitação, funda, arco e flexa, manejo da lança. Formavam bandos de adolescentes e eram mandados a assaltar sítios e viajantes para prover sua própria alimentação. Se não conseguissem atingir seu intuito eram severamente castigados. Dos 18 aos 20 anos o jovem espartano passava a guardar a cidade e a treinar os grupos mais jovens nos exercícios físicos e militares. Dos 20 aos 30 anos entrava nos plenos poderes militares, podendo comandar tropas. Depois dos 30 gozava de privilégios políticos; após os 60 podia aspirar os mais altos postos da vida política. Por tudo isso, é fácil concluir‐se que a Educação consistia quase que exclusivamente na Educação Física. Afora, e a educação cívica, os jovens recebiam apenas
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alguns rudimentos de aritmética, leitura, e poesia. As meninas também recebiam uma educação física intensa e, para escândalo dos de mais gregos, participavam dos jogos públicos; corriam, manejavam o arco e a flecha, dirigiam um carro de guerra e lutavam como qualquer homem; tinham obrigação de manter‐se belas, fortes e saudáveis a fim de que aos 20 anos fossem desposadas e pudessem gerar filhos saudáveis. Eram educadas a colocar o amor a Pátria acima do amor maternal. Já a educação em Atenas era diferente. Até aos 7 anos os meninos ficavam ao inteiro cuidado materno, brincando livremente. Aos 7 anos ingressavam na escola onde aprendiam as primeiras letras, canto, musica, jogos, como comportar‐se em sociedade. Vemos, então que os atenienses buscavam a formação integral do indivíduo: alma; corpo, mente. Dos 12 anos aos 15 estudos se aprofundavam (Desenho, Astronomia, Matemática, Legislação, Literatura e etc.) e a ginástica ia se tornando cada vez mais dura. Dos 15 anos aos 18, recebiam a ginástica mais difícil e dedicavam‐se ao atletismo. Dos 18 aos 20 ingressavam na efebia, espécie de aspiração militar. Além do treinamento cívico e militar, recebiam ensinamentos sobre política, administração e oratória. As meninas eram educadas pela mãe Sua educação era voltada para o lar; aprendiam a fiar, coser, bordar, ler, escrever, tocar citara, dançar e praticar alguns jogos. Por esse tipo de educação compreende‐se porque o ateniense era forte, bravo, amante da sua Pátria, do seu lar, da sua liberdade, e tenha atingido altos níveis em todos os ramos das ciências e das artes, causando admiração e servindo de exemplo para todos nós. Os gregos possuíam excelentes locais para as práticas gimnicas e desportivas: a) Estádio ‐ local onde se realizavam as corridas de velocidade e resistência. Ficava na planície junto ou entre morros nos quais construiam‐se arquibancadas. "Estádio" é uma medida grega que corresponde mais ou menos a 192 metros. No estádio realizavam‐se as corridas, lutas saltos e arremessos. b) Palestra ‐ (palé = luta) ‐ recinto destinado às lutas. Alem do local das lutas havia vestiários, salas de ginástica, banheiros frios e quentes, salas de reuniões e salas de massagens. c) Hipódromo ‐ local destinado às corridas à cavalo e de carro. d) Ginásio – Local destinado à prática da ginástica e dos jogos, englobando às vezes também à educação intelectual. Com o tempo, o ginásio passou a constituir um conjunto desportivo completo (hoje, nós usamos a palavra “estádio” para designar o conjunto desportivo). Assim como em nossos dias, também na velha Grécia o desporto exerceu extraordinária missão de paz. Nem sábios, nem políticos conseguiram unir os gregos; isso só o desporto o fez. Por ocasião dos jogos Pan‐helêmcos, toda a Grécia se reunia e confraternizava, ressaltando o valor do povo grego e homenageando a seus deuses.
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Os mais célebres jogos foram os Olímpicos, Nemeus, Píticos e Istmicos. Os Istmicos eram realizados em Corinto; os Píticos em Delfos; os Nemeus em Neméia; e os Olímpicos em Olímpia, (em Élis). Além desses Jogos de caráter geral, cada cidade‐estado tinha seus próprios "jogos municipais". Pelo seu esplendor e importância, detenhamo‐nos um pouco mais nos Jogos Olímpicos. Eram celebrados de 4 em 4 anos, em honra de Zeus, o rei dos deuses. Tiveram início em 776 A.C. e foram extintos em 394 D.C. pelo imperador romano Teodósio, tendo sido celebradas 291 Olimpíadas ao longo de um período de quase 1.200 anos! Os jogos eram organizados e dirigidos pelos 10 helanoicas, homens da mais destacada envergadura moral e social de Elis. Em junho saiam os arautos por toda a Grécia pregando a Trégua Sagrada e convidando para os Jogos. Cessavam então todas as guerras entre os Gregos! As cidades se reconciliavam; todos tinham livre trânsito para Olímpia e ninguém podia ser molestado; as armas não entravam na cidade no período dos Jogos. Na noite de 27 de julho realizavam‐se banquetes, procissões e ritos sagrados e ao alvorecer o dia 28, com um majestoso desfile, preces e apresentação dos atletas, iniciavam‐se os Jogos. Uma entusiástica multidão de 40.000 pessoas, (só homens) vibrava com os feitos dos atletas, considerados como semi‐deuses. Para participar dos jogos o atleta passava por severos testes e provas: ter sido vencedor em sua cidade, submeter‐se a estágio em Olímpia, ser grego de nascimento, ser do sexo masculino, não ter sido concebido na velhice dos pais, não ter cometido crimes contra o Estado ou a Religião, não chegar atrasado, jurar obedecer às regras e às autoridades. A primeira Olimpíada constou apenas da corrida de um estádio; depois foram incluídas outras provas e a programação passou a durar uma semana: corridas de resistência,arremesses de disco e dardo, lutas, saltos em distância, corridas à cavaIo e de carro, pentatlo. O pentatlo consistia em corrida, salto, arremesso de dardo, arremesso de disco e luta. Os pentatletas iam sendo em parte eliminados, a medida que se realizavam as provas, até que na última prova, a luta,ficassem somente dois concorrentes. Terminadas as disputas, os atletas eram coroados com uma coroa de louros diante do templo de Zeus e recebiam um ramo de Oliveira. Seguiam‐se outras solenidades religiosas, banquetes e comemorações. Que a contemplação dessa magnífica época e o exemplo que ela nos dá nos ajude a levar nossa Pátria pelos caminhos do desenvolvimento sem perda dos padrões morais e espirituais. Com o tempo, especialmente após a invasão romana, a Olimpíada foi perdendo seu caráter espiritual e de pureza moral. Surgiram o profissionalismo disfarçado, a corrupção, as apostas; os atletas recebiam grandes vantagens materiais em suas cidades; os romanos viam nos jogos apenas um divertimento. Esse afrouxamento, como é fácil de se concluir, trouxe consigo a decadência para a própria Grécia.
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Sócrates (468‐399 a.C), Aristócles, mas conhecido pelo cognome Platão ( 429‐347 a.C), Hipócrates (430‐377 a.C.) e Aristóteles (348‐322 a.C.) deixaram grandes contribuições no que se refere às atividades físicas. Por exemplo as idéias pedagógicas sobre ginástica para o corpos música para a alma, que influenciaram as bases educacionais defendidas por Platão. Segundo Oliveira (1987), as artes da Ginástica (todos os exercícios físicos, inclusive o esporte) e da Música (cultura espiritual) formaram o que os gregos chamavam de Paidéia, o que hoje é entendido corno tradição, cultura, educação, enfim, a própria formação do Homem PEREIRA (1988), relata que na cultura grega, foi a primeira prática de atividades físicas realizadas em grupos, de forma consciente, metodizada e intencional. A cultura física era marcante no universo grego, sendo usual a exercitação física conjunta, entre amigos, em suas próprias residências, de cunho físico e social; Na vida atlética dos cidadãos gregos estendia‐se até a velhice; os ginásios viviam tomados de pessoas exercitando se... .
A Ginástica em Roma Com a derrota militarista da Grécia (145 a.C), na passa a combater a ginástica grega, pois achavam imoral e repulsiva a nudez dos atletas e ginastas gregos (MARINHO 1981). TUBINO (1992) descreve que as atividades físicas romanas possuíam características militaristas bem marcantes, porém com a decadência do império Romano foi aos poucos elo cruéis espetáculos circenses de gladiadores, pugilatos, luta livre e naumaquias. Deste período romano surgiu a frase "Mens sana in corpore sano'', que até hoje está relacionada aos estudos dos problemas da Educação Física.
Guerreiros, e de espírito prático, os romano viam na educação física apenas o instrumento para adestrar suas aguerridas legiões. A educação física tinha, portanto, um caráter eminentemente militar. Como em Esparta e Atenas, o pai tinha plenos poderes sobre a família, podendo aceitar ou recusar e filho recém‐nascido. Se aceita, a criança ficava aos cuidados da mãe até 7 anos. Dos 7 anos aos 12, o menino era entregue ao "Ludus Magister", ou a um preceptor particular se a família tivesse maiores posses. Nessa fase a educação limitava‐se a rudimentos de ler, escrever, contar e jogar, e pequenas tarefas agrícolas ou militares. Dos 12 aos
16 anos ia para a escola do "grammaticus" onde avançava mais na literatura, na gramática e estudava um pouco de ciências. Dos 16 aos 18 anos ia para a escola de "Retórica", ande aprendia direito, filosofia, retórica e uma esmerada educação militar; Aos 18 anos tornava‐se cidadão, trocando a Toga Pretexta pela Toga Viril em bela cerimônia pública. Os romanos de todas as idades praticavam diariamente a educação física no campo de Marte, situado às margens do Tibre. Era uma bela planície, rodeada de bosques e monumentos nacionais. Eles corriam, nadavam, saltavam, transportava pesos, arremessavam a lança, lutavam, esgrimiam, jogavam harpastum (espécie de antepassado do futebol), praticavam a equitação.
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Nos primeiros tempos não praticavam a ginástica por considerar imoral o nú dos ginastas gregos e não ver nela uma direta preparação para a guerra; também não apreciavam a dança que julgavam um divertimento muito baixo. Os romanos apreciavam grandes espetáculos públicos onde houvesse perigo de vida e corresse sangue. Construíram notáveis anfiteatros (Coliseu) e circos (Máximus). Aí realizavam as lutas de gladiadores, veação, condenação às feras, naumaquias, corridas de carros. Os gladiadores eram em geral escravos que lutavam por dinheiro ou pela liberdade. Havia vários tipos: Mirmilões (pesadamente protegidos e levando lanças e escude), Reciários (rede, tridente e punhal), Laceários (laço com nó corrediço), Andábatos (à cavalo). Veaçao era o combate de feras contra homens, ou de feras contra feras. Milhares de animais africanos eram trazidos pelos imperadores e jogados nas arenas romanas. Condenação às feras era o castigo imposto aos primitivos cristãos que morriam despedaçados pelas feras famintas, sob o gargalhar e o deboche das multidões. A Naumaquia consistia na luta entre barcos cheios de escravos armados. Cada barco era embandeirado com cores diferentes do outro. Transformava‐se a arena em lago artificial e aí travava‐se a naumaquia. Depois de certo tempo, os promotores da luta davam o sinal de suspensão das hostilidades. O barco que tivesse maior número de homens vivos era considerado vencedor e eles ganhavam a liberdade. As corridas de carros eram espetáculos empolgantes. Nos frágeis carros, puxados por dois (bigas) ou quatro (quádrigas) cavalos os áurigas realizavam prodígios de equilíbrio, coragem, destreza, força e resistência. O Circo Máximo era o mais importante, com capacidade para 400.000 espectadores. O Coliseu, o mais famoso anfiteatro, tinha capacidade para.... 100.000 pessoas. Os romanos também realizavam jogos de estádio, como as competições atléticas e eqüestres, mas sem o entusiasmo pelos jogos de circo e anfiteatro. Também realizavam jogos e festas em homenagem aos deuses e em comemoração às datas significativas na vida da cidade. Os imperadores, na ânsia de agradar o povo para se manter no poder, aumentavam cada vez mais o número de jogos e dias feriados, e distribuíam alimento para a população. Houve um tempo em que o ano tinha mais dias feriados que dias úteis. Juvenal, o célebre poeta satírico, sentindo a decadência de sua Pátria, publica, no século II, as suas "Sátiras”, onde crítica a educação e a vida romana. Nessa obra é que encontramos a frase tão divulgada por nós da Educação Física: Mente sã em corpo forte. Eis o verso de Juvenal: “Orandem est ut sit mens sana in corpore sano, Fortem posce animum, mortis terrore ca‐rentem" (Ora por uma mente sã em corpo sadio, Alma forte que, friamente, a morte enfrenta). E o poeta diz com amargura: "onde está aquele povo que lutava por um lugar de perigo na frente de combate e conquistava impérios? Agora se contenta com pão e circo”. Esse afrouxamento físico e moral, aliado a outras causas, foi o germe da decadência de Roma.
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Mas antes de concluir este ponto,permitam que eu lhes diga algo sobre uma belíssima contribuição romana ã Educação Física: as Termas eram as casas de banho dos romanos. Eles espalharam o hábito salutar do banho por todo o seu vasto império. As Termas eram edifícios imponentes, muito ricamente decorados e construídos em mármore. As principais de pendências eram: vestiários, salas de ar quente ou morno (seco ou úmido), piscinas quentes e frias, salas de refeição, de leitura, de jogos sociais e desportivos, salas de massagem. As principais Termas foram as de Agripa, de Nero, de Caracala, de Trajano. Havia Termas com mais de 8.000 banheiros separados. Roma chegou a ter mais de 800 Termas além de mil piscinas para o banho público. Até os escravos, mediante uma módica taxa, podiam participar dos banhos.
A Ginástica na Idade Média (395-1453) Com a morte do imperador Teodósio e a divisão do império Romano (395) começa, segundo alguns historiadores, a Idade Média.
Esse período caracteriza‐se pela quebra do poder real de Roma, surgindo pequenos reinos e senhores em toda a Europa. Assim surgiu o feudalismo, regime em que um senhor mais forte reunia em torno de si senhores mais fracos e dava‐lhes domínio hereditário sobre certas terras em troca de obediência e ajuda em caso de guerra (os primeiros eram os "suzeranos" e os segundos os "vassalos"). Aqueles vassalos, por sua vez, dominavam sobre pessoas mais humildes, chamadas "servos da gleba". Os servos da gleba utilizavam as terras dando uma parte do produto para o seu senhor; também combatiam a serviço
do senhor. Um castelo forte, com terras cultivadas, algumas habitações e campos de criação ao redor é a paisagem característica da Idade Média. Isso constituía um feudo. Como os jogos na velha Grécia eram uma oferenda a deuses pagãos e como em Roma eram espetáculos sanguinários nos quais os cristãos foram muitas vezes sacrificados, o cristianismo, dominando o mundo, exterminou com eles e acabou com todas as suas manifestações. E ainda mais, pregando que o corpo era vil e fonte de muitos pecados, a Igreja combatia toda a atenção que se pudesse a ele dedicar, para que as atenções se voltassem exclusivamente para a parte espiritual. Essa atitude negativa da Igreja em relação à E.F. prejudicou a evolução da E.F. por muito tempo, somente se modificando com o surgimento da Cavalaria e das Cruzadas.
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Nos feudos, as atividades físicas consistiam na caça, pesca, jogos infantis (as crianças daquela época tinham mais jogos e brincadeiras que as nossas), danças a jogos populares, lutas e arremessos. Um dos jogos mais populares era a "soule" antepassado do futebol. Até os padres, após a missa dominical, se misturavam com o povo e jogavam a "soule". Consistia em atingir com a bola, jogada de qualquer maneira, um alvo defendido pela equipe contrária. Havia “soles” entre povoados vizinho. A vitória consistia em levar a bola até à praça do povoado adversária. A nobreza participava das Justas e dos Torneios e do jogo da "paume”, jogo da "palma", antepassado, do tênis, ou "pela" além das danças. A Justa consistia numa disputa “amistosa” entre dois cavaleiros que, à cavalo, protegidos por armaduras, munidos de lança e espada, investiam um contra o outro, tentando derrubar e dominar o adversário. No inicio, não havia muitas regras, e a Justa era quase igual a uma batalha real, havendo, seguidamente, mortes. Mais tarde criaram‐se as "armas de cortesia", isto é, a lança de ferro foi substituída pela de madeira com um florão na ponta. Também surgiram regras mais amenas: bastava derrubar o adversário da sela, ou quebrar a própria lança no impacto contra o adversário para ser considerado vencedor. As justas eram realizadas em campo aberto, ou com um muro, (liça) à altura do peito do cavalo. Consta que a última Justa realizou‐se em 1559 para festejar o casamento de Margarida, lrmã do rei Henrique II da França. O Rei participou da festa "justando" com o conde de Montqomery. Na primeira lança, o rei venceu facilmente, derrubando o conde; na segunda, ambos atingem o alvo e as lanças voaram em estilhaços, mas o conde de Montgomery, com o impulso da arremetida e com o pedaço de lança que sobrara atravessou a viseira do rei ferindo‐lhe o olho esquerdo. Dez dias de pois, com grande sofrimento, falece o rei e as Justas se apagam. Os Torneios obedeciam aos mesmos princípios das Justas, porém eram disputados por duas equipes. A codificação dos torneios foi feita pelo cavaleiro francês Geoffroy de Preuilly, no século XI. Um senhor feudal promovia a festa, convidando tantos cavaleiros quantos pudesse, ou convidando um outro senhor feudal e sua equipe.
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Formavam‐se dois partidos: armavam‐se as tribunas e arquibancadas; escolhiam‐se os juizes; embandeiravam‐se os Iocais da disputa, os animais, as armas e os cavaleiros; realizavam‐se treinamentos; os disputantes faziam os juramentos de lealdade às regras e aos adversários; havia homenagens, danças e banquetes; e quando o entusiasmo popular estava no auge, realizava‐se o Torneio. Às vezes o combate ia de sol a sol. Ao final, todos confraternizavam e os esfalfados combatentes, com toda a dignidade e cortesia, participavam das festas e danças que eram realizadas em sua homenagem. Os torneios evoluíram desportivamente até ao ponto de originar o "carrossel" e as "cavalhadas" onde havia apenas combates simulados e demonstração de habilidade eqüestre. A Cavalaria, nobreza dentro da nobreza é o facho luminoso da Educação Física na Idade Média. O cavaleiro cultivava o ideal de defender à Igreja, à Pátria, as mulheres, os fracos e os oprimidos. A Igreja apóia a cavalaria e assim começa a modificar sua atitude em relação à Educação Física. O jovem nobre desde pequeno vai se preparando física, moral e espiritualmente para se tornar cavaleiro. E então, em plena mocidade, em bela cerimônia cívica e espiritual, recebe as armas de cavaleiro. Ate chegar a esse momento, ele passou muitos anos adestrando‐se na Luta, natação, arremessos, Levantamento de pesos, boas maneiras, conhecimento de Leis, exercício das práticas religiosas e etc.
A Ginástica no Renascimento Com o Renascimento (1400 a 1727), período de transformações e despertamento cultural e ideológico, que além de libertar as ciências e as artes também serviu para o ressurgimento da cultura física. Como o homem sempre teve interesse no seu próprio corpo, o período da Renascença fez explodir novamente a cultura física, as artes, a música, a ciência e a literatura. A beleza do corpo, antes pecaminosa, é novamente explorada surgindo grandes artistas como Leonardo da Vinci (1452‐1519), responsável pela criação utilizada até hoje das regras proporcionais do corpo humano. Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas famosas como por exemplo a de Davi, esculpida por Michelângelo Buonarroti (1475 ‐ 1564). Considerada tão perfeita que os músculos parecem ter movimentos. A dissecação de cadáveres humanos deu origem à Anatomia como a obra clássica "De Humani Corporis Fábrica" de Andrea Vesalius (1514‐1564). A volta de Educação Física escolar se deve também nesse período a Vitorio de Feltre (1378‐1466) que em 1423 fundou a escola "La Casa Giocosa" onde o conteúdo programático incluía os exercícios físicos. O Renascimento foi um período marcante e positivista para a cultura física, fazendo renascer o interesse e o prazer pela prática de atividades físicas o verdadeiro renascimento da cultura em geral e da Educação Física. O movimento contra o abuso do poder no campo social chamado de iluminismo surgido na Inglaterra no século XVII deu origem a novas idéias. Como destaque dessa época os
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alfarrábios apontam: Jean‐Jaques Rousseau (1712‐1778) e Johann Pestalozzi (1746‐1827). Rousseau propôs a Educação Física como necessária à educação infantil. Segundo ele, pensar dependia extrair energia do corpo em movimento. Pestalozzi foi precursor da escola primária popular e sua atenção estava focada na execução correta dos exercícios.
A Ginástica na Idade Contemporânea É na Idade Contemporânea que ocorre o aparecimento do esporte moderno, a sistematização da ginástica e o amadurecimento da educação física escolar. Por esse motivo, é à luz do estudo dos princípios doutrinários que marcaram essa época que poderemos compreender e analisar as atuais tendências da educação física mundial. Langlade divide a educação física contemporânea em três grandes momentos: 1800‐1900, caracterizado pela formação das grandes escolas; 1900‐1939, quando surgem os grandes movimentos; e de 1939 em diante, com o aparecimento das influências recíprocas e da universalização de conceitos. LANGLADE & NELLY (1970), identificam o delineamento de quatro grandes escolas:
- Alemã; - Nórdica; - Francesa; - Inglesa.
Escola Alemã O seu desenvolvimento foi dirigido por intelectuais e médicos, mas o impulso decisivo para a implantação dos alicerces da Escola Alemã veio da pedagogia. Inicialmente, podemos citar os alemães Basedow e Salzmann, que, com suas instituições escolares denominadas "Philantropinum", abriram as portas para a implantação da educação física escolar. Foi também decisiva a influência sobre os autores citados do suíço Jean Jacques Rousseau que, ao escrever o Emílio, em 1762, muito acentuou a tendência humanista do "Philantropinum" de Basedow e, posteriormente, do de Salzmann. Não podemos esquecer também a influência de outro suíço: Johann Heinrich Pestalozzi, “o maior gênio, a figura mais nobre da educação e da pedagogia, o educador por excelência e o fundador da escola primária popular". Assinale‐se que Pestalozzi foi seguidor das idéias de Rousseau. Mas o aparecimento da ginástica pedagógica moderna tem o seu início efetivo com o alemão Johann Christoph Friedrich Guts Muths (1759‐1839), que veio a ser o "novo fundador da educação através do exercício físico" (16, pág. 243). Iniciou seus trabalhos no "Philantropinum" de Salzmann e, em 1793, escreveu Ginástica para a juventude, primeiro livro de ginástica da nova época. Admirador de Rousseau, sua ginástica compreendia todas as variações de exercícios corporais, sem nunca ir contra a natureza. Incluía a ginástica entre os
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deveres da vida humana e, sob este aspecto, muito lembrava os princípios da educação grega. Porém as idéias pedagógicas de Guts Muths foram, de certo modo, sufocadas na Alemanha pelo aparecimento de um novo modelo ginástico, de conteúdo patriótico‐social, criado por Friedrich Ludwig Jahn (1778‐1852). A derrota que Napoleão infligiu aos alemães em Jena, em 1805, provocou o despertar de um profundo sentimento nacionalista popular. A nova ginástica alemã ‐ Jahn havia substituído a palavra ginástica por Turnkunst, em 1811 ‐ ia ao encontro das necessidades do povo, pois Jahn não teve, "durante toda sua existência, outra aspiração senão despertar o sentimento nacional e a realização da unidade alemã" (30, pág. 56). Jahn somente queria formar o forte. "Viver quem pode viver", era o seu lema. Para ele, os exercícios físicos não eram meios de educação escolar, mas sim da educação do povo. Inventou aparelhos como a barra fixa, barras paralelas e o cavalo, sendo portanto o precursor do esporte que hoje se chama ginástica olímpica. Registramos que, até a I Guerra Mundial, o sistema nacional de ginástica adotado na Alemanha foi o de Jahn. Finalmente, é necessário mencionar Adolf Spiess (1810‐1858), muito influenciado pelas idéias de Pestalozzi. Dedicou toda sua vida à educação física, e o que lhe dá permanência histórica foi ter conseguido introduzir definitivamente a educação física nas escolas alemãs. Combateu a ginástica de Jahn, na medida em que esta não atendia ao desenvolvimento infantil. Spiess ainda tem o mérito de ser um dos maiores estimuladores da educação física feminina.
Escola Nórdica Foi nos países nórdicos que mais frutificaram as idéias de Guts Muths. Inicialmente na Dinamarca ‐ considerada na época a metrópole intelectual dos países nórdicos ‐, com Franz Nachtegall (1777‐1847), fundador da ginástica no seu país. O pioneirismo é a marca fundamental de seu currículo. Em 1799 funda o seu próprio instituto de ginástica; em 1801 consegue que se inclua a ginástica na escola primária; em 1804 é o responsável pela fundação de um instituto militar de ginástica, o mais antigo instituto especializado do mundo; em 1808 inaugura um instituto civil de ginástica, para formação de professores de educação física; em 1828, como coroamento de seu trabalho, implanta‐se obrigatoriamente a ginástica nas escolas, fazendo com que a Dinamarca adiante‐se de alguns decênios a outros países europeus. Sua obra identifica‐se com a de Spiess, na Alemanha, pois além de ser o responsável pela criação da educação física escolar dinamarquesa, a educação física feminina foi outra de suas grandes preocupações. Em 1799, chega em Copenhague o sueco Pedro Enrique Ling (1776‐1839) e, no Instituto de Nachtegall, entra em contato com as idéias de Guts Muths. Assim como Nachtegall, Ling havia chegado à conclusão de que:
"Uma educação física harmônica do corpo humano e de suas faculdades dinâmicas, em completa dependência de correlação com todas as forças físicas e espirituais do corpo, tinha que ser uma parte essencial da formação do povo" (16, pág. 149).
Ling voltou à Suécia em 1804 e, neste momento, tem início, efetivamente, a história da ginástica sueca. A Suécia encontrava‐se arrasada em virtude da guerra com a Rússia e, assim como Jahn na Alemanha, Ling era possuído de um enorme sentimento patriótico.
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Pretendia que a ginástica colaborasse para elevar o moral do povo sueco. Além disso, "esperava obter, através de uma ginástica racional e científica, uma raça liberta do alcoolismo e da tuberculose" (7, pág. 6). Em 1813, Ling conseguiu autorização do Rei Carlos XIII para fundar o Real Instituto Central de Ginástica de Estocolmo (hoje Escola Superior de Ginástica e Esporte), instituição que dirigiu até o fim da vida. Ling preocupou‐se com a execução correta dos exercícios, emprestando‐lhes um espírito corretivo, como já o havia feito Pestalozzi. Com esta idéia de conferir uma finalidade corretiva aos exercícios, Ling acaba por cimentar as bases da ginástica sueca. Seu principal seguidor foi o filho Hjalmar Ling (1820‐1886). Sistematizou a obra do pai e distinguiu‐se como o verdadeiro criador da educação física escolar sueca, pois seu pai não havia incluído as crianças nos seus estudos. Até a I Guerra Mundial, nenhuma outra influência fora da órbita lingiana acrescenta algo significativo à educação física sueca.
Escola Francesa É da maior importância o estudo dessa escola, pois dela chegaram os primeiros estímulos que vieram a constituir os alicerces da educação física brasileira. Neste período realça a figura de Dom Francisco Amoros y Ondeano (1770‐1848), militar espanhol que chega à França em 1814 e, em 1816, adquire a cidadania francesa. A sua figura é de grande relevância histórica, pois foi quem introduziu a ginástica naquele país, sendo conhecido como o "pai da ginástica francesa". A sua ginástica reflete influências que podem ser definidas a partir da fórmula: Rabelais/Guts Muths/Jahn/Pestalozzi. Pode‐se considerar que era uma ginástica utilitária (Rabelais), com intenção pedagógica (Guts Muths), acrobática (Jahn) e atrativa (Pestalozzi). Mas o que caracterizava a ginástica amorosiana era o seu marcante espírito militar e "nunca poderíamos admiti‐la como um método de ginástica escolar" (4, pág. 98). Langlade compartilha dessa opinião quando afirma que a citada ginástica "não tinha uma finalidade escolar ainda que as crianças também a praticassem" (42, pág. 28). Apesar disso, foi introduzida nas escolas francesas em 1850, sendo ministrada quase sempre por suboficiais do exército, sem cultura geral e com deficiências de formação pedagógica. Somente no final do século, por influência de Pierre de Coubertin, inicia‐se uma campanha para que se crie uma autêntica educação física escolar francesa. Registramos, ainda, a presença menos marcante, mas também influente, de Phoktion Heinrich Clias (1782‐1854) que, entre outras iniciativas, cria a calistenia, em 1829 ‐ como ginástica feminina com tendências estéticas e derivadas dos gestos de dança ‐, de tão larga divulgação no Brasil. É importante assinalar, em virtude da influência que exerceu sobre a educação física brasileira, a criação do Instituto de Ginástica do Exército Francês, em 1852, na Escola de Joinville‐le‐Pont.
Escola Inglesa Baseada nos jogos e nos esportes, é a única das quatro escolas desse período que tem uma orientação não‐ginástica. Representa o terceiro grande impulso na história do
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esporte, precedido pelas competições nos estádios gregos e, posteriormente, pelos estímulos recebidos da época medieval. Thomas Arnold (1795‐1842), diretor do Colégio de Rugby, surge como líder de um movimento denominado "cristianismo muscular", concebido em virtude de "um certo desajustamento na juventude inglesa" (44, pág. 116). Educador imbuído de um elevado espírito humanista, incorporou, no âmbito escolar, o esporte com uma conotação verdadeiramente educativa, haja vista a importância que era dada ao fair‐play. Importante considerar que Arnold não foi, propriamente, um criador de jogos, como o foram no campo da ginástica, Jahn, Ling e Amoros. Seu maior mérito foi a integração dos esportes no quadro pedagógico da escola que dirigia. A iniciativa de Arnold foi seguida por quase todas as escolas inglesas, apesar da resistência oferecida por vários setores:
"O clero não podia admitir que a força física tivesse um papel primordial na educação moral O médico julgava imprudente fazer trabalhar o organismo de uma maneira tão intensa. O intelectual temia que o nível de estudos experimentasse uma queda prejudicial ao país. A imprensa sustinha, com seu poder, todas as críticas que se elevavam contra a iniciativa de Arnold" (30, pág. 65).
A relevância dada ao esporte no campo da educação física ficou restrita à Inglaterra, até a realização da I Lingíada, em 1939, quando as escolas passaram a sofrer influências recíprocas. É ainda digna de nota a atuação de Clías, também na Inglaterra, onde chegou em 1822, destacado para o treinamento de tropas militares. Dedicando‐se à ginástica terapêutica, marca o início da implantação de uma educação física sistemática inglesa.
SEÇÃO 3: Gênese e Natureza da Ginástica A gênese da ginástica, bem como algumas abordagens de sua natureza, são essenciais para entender a importância da atividade física e dos exercícios para a saúde e a qualidade de vida das pessoas. A ginástica também pode ser entendida como uma prática de exercícios físicos, de forma individual e ou coletiva, com ou sem implementos. A mesma pode ter objetivos utilitários, pedagógicos ou terapêuticos, servindo tanto para o fortalecimento corporal do ser humano, para o lazer e para a reabilitação física. A ginástica pode ser compreendida a partir de inúmeros fins relacionados com o corpo em movimento, tais como: estéticos, de reabilitação, posturais, de preparação física e de relaxamento, dentre outros. Assim sendo, qualquer ação que objetiva melhoria da aptidão física e ou, a melhoria da qualidade de execução pode ser entendida como ginástica. Uma das características da vida humana no mundo moderno e tecnológico é a drástica redução da quantidade dos movimentos naturais executados pelo ser humano. Indubitavelmente, o homem, nos dias de hoje, executa caminhadas em menor quantidade, dificilmente corre e os demais exercícios naturais como saltar, lançar,
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arremessar, saltitar e outros tantos são movimentos de uma raridade ímpar no cotidiano de um ser humano nos dias atuais. Você sabia que no início do século XX, um terço de toda energia utilizada nas fábricas de grande porte americanas era de origem humana, ou seja nossos músculos ? É alarmante da falta de prática de exercícios físicos do homem moderno, menos de 1% da energia consumida provém da força muscular. Este fato causado pela automatização em fábricas e lares, torna a prática de exercícios físicos imprescindível no mundo moderno, pois o mesmo estará funcionando como um regulador entre a energia ingerida através dos alimentos e a energia gasta nas atividades do cotidiano. Você, por certo, já tenha se matriculado em algumas academias e com certeza nota, de forma clara, que as mesmas se proliferam indefinidamente, tendo a mídia dado sua contribuição quando insiste no estabelecimento de estereótipos masculinos e femininos de perfeição física anatômica, com belos corpos esculpidos em horas intermináveis de causticantes exercícios físicos. Não esqueça! Muitas vezes, tais corpos, podem ser simples combinações de cores e imagens, produzidos por programas de computadores que nos são enviados pela tela “mágica” da televisão e normalmente aceitos pelos nossos olhos como exemplos de beleza física. Outro fator de motivação à prática de exercícios físicos e desportos diversos, principalmente entre os jovens, é a exploração de grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas, Copas do Mundo, Meeting Internacionais e outros, em que se mostram atletas recebendo cifras astronômicas para participação em tais eventos, ou seja, o espírito olímpico imaginado pelo Barão Pierre de Courbetin e seus colaboradores em 23 de junho de 1894, ao fundarem o Comitê Olímpico Internacional (C.O.I.), no âmago idealizado pelo Barão, está extremamente distante de ocorrer em eventos de tal natureza. As atividades físicas que utilizem pesos, tais como a musculação, exercem sobre os adolescentes do sexo masculino um grande fascínio, visto a influência do cinema e da televisão, em filmes que mostrem atores musculosos, que se mostram muitas vezes imbatíveis em combates intermináveis com seus também musculosos algozes e invariavelmente devido a sua exagerada hipertrofia muscular saem‐se vitoriosos. Nunca é demais lembrar que o conceito de beleza física mudou em extremos com o passar dos anos, ou seja, principalmente o sexo feminino, que outrora esbanjava em fartura de linhas e abundância de dobras cutâneas, talvez até pela excessiva quantidade de roupas usadas, hoje, muitas vezes, se auto flagela na realização de exercícios físicos. O belo é relativo e regionalizado sendo infelizmente relacionado e muito com a hipertrofia muscular ou mesmo com a magreza muitas vezes exagerada e de difícil manutenção com o passar dos anos.
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SEÇÃO 4: Classificação da Ginástica A idéia de classificar vem da necessidade de se ordenar e/ou organizar um determinado ramo do conhecimento humano, face ao grande volume de informações que o mesmo acumulou em virtude do tempo ou mesmo do grande número de estudiosos que desenvolvem suas pesquisas. Dessa forma, ocorre com a ginástica, pois é uma vertente do conhecimento que remonta os milhares de anos, sendo normal, portanto, que existam muitos livros e tratados deste assunto. Lembre‐se você que em termos anatômicos o corpo humano alterou‐se muito pouco no que tange a prática de exercícios, porém as alterações são bastante consideráveis com relação à forma de executar os exercícios e principalmente aos recursos disponíveis nos tempos atuais. Resumidamente, grandes mudanças na forma e pequenas mudanças no conteúdo. Existem inúmeras definições para a ginástica, porém, pode‐se afirmar que a mesma é uma ação repetitiva com o objetivo de melhorar a aptidão física e ou a aquisição de uma habilidade (Pérez Gallardo, 2002).
Ginástica de Condicionamento Físico É a ginástica indicada para manutenção da boa forma e do bom desempenho das funções orgânicas. Praticada em academias ou na forma de atividade física livre, respeitando uma freqüência, intensidade e duração adequadas. Os benefícios da atividade física têm sido comprovados pela ciência moderna. No entanto, não é só a prática de exercícios físicos que contribui para a boa saúde. As condições de vida de uma população ou de um indivíduo, com suas inúmeras variáveis, são determinantes para seu estado de saúde. Deste modo, podemos afirmar que a ausência de doenças, o saneamento básico, a habitação, o transporte, a qualidade da alimentação e os hábitos pessoais são aspectos essenciais quando se trata de saúde. A sociedade moderna tornou o homem um ser sedentário (não praticamente de atividade física), gerando doenças orgânicas em vários níveis. Para minimizá‐las, a prática de atividade física permanente produz efeitos benéficos. Isto por que, quando impomos ao corpo uma atividade acima da freqüência, intensidade e duração habitual, exigimos que ele produza energia‐indispensável ao movimento humano, com mais intensidade, forçando o sistema circulatório e respiratório a trabalhar com maior velocidade, melhorando e aumentando sua capacidade de trabalho no final de um determinado tempo. Assim podemos usufruir dos benefícios que a atividade física produz no organismo, tais como: melhor qualidade de vida, aumentando no volume de Oxigênio ( VO2 ), modalidade de vida, neo‐formação de Capilares, aumento no volume de capacidade pulmonar, aumento no número e volume de mitocôndrias ), aumento na produção de ATP, liberação da agressividade e ansiedade, aumento da auto‐estima e auto‐confiança, aumento na produção
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de hormônios que proporciona bem‐estar, bom humor e mais resistência a dor e ao cansaço, aumento no número de amigos, maior segurança nas relações sociais, etc. Com o avanço da ciência e da medicina esportiva, que comprovam os benefícios da atividade física na manutenção da saúde física, mental e social, ampliou‐se as alternativas de atividade física para atender as necessidades e gostos dos que desejam e/ou precisam se exercitar. Dentre elas destacamos:
‐ Ginástica Calitênica ‐ Ginástica de Academia; ‐ Musculação; ‐ Ginástica Localizada; ‐ Hidroginástica;
Ginástica Geral (Gymnaestrada) Atualmente essa nomenclatura serve para designar o que os alemães chamam de GYMNAESTRADA, que seria uma ginástica de massa, que reúne ginástica e dança sem grandes exigências técnicas e com fins de espetáculo. Entretanto para fins didáticos, consideramos a ginástica geral, a união das ginásticas que englobam o conhecimento no âmbito escolar nos níveis teórico/prático.
Ginástica Formativa Englobam todas as modalidades que tem por objetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo normal e/ou atleta. “É aquela que auxilia o desenvolvimento corporal” (TEIXEIRA, 1997). Nela estão incluídos os movimentos que desenvolvem a flexibilidade, a força, a velocidade, o equilíbrio, a resistência, a agilidade e a coordenação. Assim como, a consciência dos movimentos das partes do corpo. Desta forma, é fundamental propor situações em que a criança possa explorar tudo que o cerca, deixando‐a agir, criar e descobrir de acordo com seus interesses, possibilitando a aquisição de valiosas experiências motoras que lhes darão um melhor conhecimento do corpo e suas possibilidades de movimento indispensáveis ao desenvolvimento da sua consciência corporal. Tendo como objetivo a formação de uma personalidade ativa corporalmente e participativa desde o início da escolaridade, estimula‐se o desejo de realização constante de atividades físicas. Assim, a ginástica formativa, contribui para um aluno conhecedor dos valores positivos da atividade física, estimulando‐o a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo à prática de exercícios físicos no seu dia a dia, desenvolvendo um estado de satisfação pessoal e bem estar geral.
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Ginástica Natural Utiliza todas as habilidades específicas que fazem parte do repertório motor humano e que permitem ao homem interagir com seu meio ambiente. Pode ser desenvolvida na forma de atividades pré‐esportivas, jogos e brincadeiras, oferecidas em todas as possibilidades lúdicas e recreativas. É ideal para a aquisição de bases de experiências motoras e a melhoria das condições físicas generalizadas.
Ginástica Competitiva Tem sua origem na ginástica formativa, apresentando regulamentos específicos com objetivos competitivos. Aparece na forma de festivais e eventos esportivos, sendo que geralmente se organiza em federações.
SEÇÃO 5: Classificação Geral dos Exercícios Físicos Por ocasião dessa seção, necessitamos diferenciar o conceito de exercício físico em relação ao conceito de atividade física, podendo dessa forma citar que: O que é exercício físico? O Exercício físico é uma atividade realizada com repetições sistemáticas de movimentos orientados, com conseqüente aumento no consumo de oxigênio devido à solicitação muscular, gerando, portanto, trabalho (BARROS NETO, 1999). O que é atividade física ? A atividade física é definida como um conjunto de ações que um indivíduo ou grupo de pessoas pratica, envolvendo gasto de energia e alterações do organismo, por meio de exercícios que envolvam movimentos corporais, com aplicação de uma ou mais aptidões físicas, além de atividades mental e social, de modo que terá como resultados os benefícios à saúde (MARCELLO MONTTI, 2005). A partir dos conceitos acima, percebe‐se que a atividade física indica um conceito mais amplo, enquanto que o exercício físico demonstra ser algo mais restrito. Os processos de classificação dos exercícios físicos vão ajudar você a compreender, de forma bastante clara, os diversos tipos de exercícios físicos que podemos desenvolver para o corpo humano. Perceba você que na seção anterior (Divisão da Ginástica) estão permeados conhecimentos com da seção atual. Este fato é bastante interessante, pois permite a você acadêmico, contrapor conhecimentos de autores diversos. Veja algumas formas mais utilizadas: a) Segundo a Forma de Execução: Neste item abordamos alguns meios possíveis de se dividir os exercícios físicos quanto a sua forma de execução, ou seja:
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1) Exercícios Naturais: repare você que a palavra cotidiano caracteriza esses exercícios, pois são aqueles utilizados para manutenção e desenvolvimento das necessidades primárias do ser humano. Vamos, dentre vários, destacar o andar, o correr, o lançar, o arremessar, o saltar, o quadrupedar, o escalar, o rastejar, o rolar, o saltitar e outros. Modernamente, o andar e o correr são exemplos de atividades físicas que se tornaram um hábito de muitos indivíduos. 2) Exercícios Rítmicos: Utiliza basicamente os exercícios naturais para o desenvolvimento das qualidades físicas em conjunto com a criatividade e a expressão corporal através de músicas, palmas, sons instrumentais e ordens de comando. Atualmente, as academias oferecem ao público um sem número de atividades com exercícios rítmicos que muitas vezes se diferenciam entre si na freqüência rítmica utilizada e no caráter comercial de cada um de seus criadores. 3) Exercícios Formativos: Destinados especificamente ao desenvolvimento e/ou manutenção de qualidades físicas inerentes ao ser humano como a força, flexibilidade, resistência, velocidade e coordenação. 4) Exercícios Laborais: Geralmente realizados em algumas situações especiais, os exercícios laborais se prestam a amenizar problemas adquiridos (no trabalho) ou congênitos, atualmente, encontram‐se bastante difundidos em países industrializados e são sub‐divididos em:
‐ Exercícios de Compensação ‐ Na sua realização visam corrigir assimetrias
musculares causadas por situações de excessivas cargas de trabalho em determinados grupos musculares. A realização de exercícios físicos que venham a atingir musculaturas agonistas e antagonistas é a característica principal de tais exercícios.
‐ Exercícios Corretivos ‐ São aplicados após um diagnóstico médico do problema. Normalmente estão relacionados com problemas posturais, maus hábitos ou retorno das funções ósteo‐musculares normais de segmentos corporais.
‐ Exercícios de Manutenção ‐ São estabelecidos a partir de um padrão estipulado que o indivíduo julga como sendo o ideal para o seu organismo, levando em consideração fatores como a idade, o meio social, o cotidiano e outros. Os exercícios de manutenção possuem como finalidade principal a estabilização das qualidades físicas adquiridas através da prática de atividade física.
A classificação apresentada anteriormente não deve ser utilizada apenas de forma individualizada, ou seja, pode‐se prescrever por exemplo um exercício físico que seja formativo e tenha caráter rítmico e vice‐versa. b) Segundo o Esforço Esta classificação é bastante subjetiva, pois está diretamente relacionada com a condição física e anamnese atlético‐desportiva do praticante. Os exercícios físicos são divididos em:
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1) Exercícios Fracos: são aqueles que o dispêndio de energia para sua realização é pequeno. Normalmente são utilizados no início de uma sessão ou aula ou ainda por indivíduos em início de treinamento, com idade avançada ou em recuperação de doenças ou cirurgias. 2) Exercícios Médios: são aqueles que consomem razoável quantidade de energia para sua realização e executados por pessoas com relativa condição física. 3) Exercícios Fortes: são aqueles que para sua realização requerem grandes quantidades de energia e somente devem ser executados por indivíduos em plena condição atlética.
c)Segundo a Ação Na classificação por ação, nos interessa vislumbrar a região do corpo humano que o exercício irá atuar com maior intensidade. Para tanto, os mesmos são classificados da seguinte maneira:
1) Generalizados ou Sintéticos: relacionado com as grandes funções do organismo, geralmente são exercícios naturais e principalmente destinados a melhoria da capacidade aeróbica. 2) Localizados ou Analíticos: denominação utilizada para os exercícios físicos que atingem apenas algumas cadeias cinéticas (grupo de ossos, músculos e articulações) do corpo humano.
RESUMO Os exercícios físicos podem ser classificados segundo uma série de itens e também de acordo com uma série de autores. Dessa forma, podemos por ocasião de prescrevermos exercícios físicos e aplicarmos em nossas turmas de alunos, podermos indicar aqueles exercícios mais condizentes com o estado físico geral dos nossos alunos. Procedimentos interessantes podem ser utilizados por ocasião da realização dos exercícios físicos, tais como a utilização do peso do próprio corpo ou de companheiros por ocasião de exercícios de elevação de cargas ou ainda a utilização de ritmos variados (música, palmas ou sons de apitos) quando desejarmos a execução de exercícios rítmicos. Um campo de trabalho para profissionais de educação física são os exercícios laborais ou ainda a ginástica laboral, que preconiza a execução de movimentos simples e por pequeno intervalo de tempo, durante o próprio expediente de trabalho, com função de prevenção de lesões, alongamento muscular e melhora da circulação sanguínea. Atividades 1. Pesquise e descreva de forma detalhada cinco exercícios naturais e que possam ser executados em grupos de três indivíduos. 2. Pesquise e descreva de forma detalhada cinco exercícios que possam ser desenvolvidos dentro de um escritório, mantendo os indivíduos sentados em suas cadeiras. 3. Pesquise e descreva de forma detalhada cinco exercícios que possam ser enquadrados como exercícios de compensação para profissionais que trabalhem por muito tempo sentados. 4. Pesquise e descreva cinco exercícios que possam atuar nos grupos musculares glúteos e que possam ser executados sem a utilização de aparelhos ou equipamentos especiais. 5. Pesquise e descreva cinco exercícios que possam atuar nos grupos musculares da parte interna das coxas e nos grupos musculares do pescoço.
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