aplicação de um balanced scorecard a uma organização sem

93
MESTRADO EM ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Aplicação de um Balanced Scorecard a uma Organização sem Fins Lucrativos: o caso da ESN Porto Francisco Faria da Silva M 2021

Upload: others

Post on 19-Mar-2022

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MESTRADO EM ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

Aplicação de um Balanced Scorecard a

uma Organização sem Fins Lucrativos:

o caso da ESN Porto

Francisco Faria da Silva

M 2021

Aplicação de um Balanced Scorecard a uma Organização sem Fins Lucrativos: o caso da ESN Porto

Francisco Faria da Silva

Dissertação

Mestrado em Economia e Administração de Empresas

Orientado por Professora Dra. Renata Blanc Esteves Bento de Melo

2021

i

Agradecimentos

Começo por agradecer à Professora Renata Blanc por toda a sua disponibilidade e

orientação ao longo da elaboração desta dissertação. A sua vontade de levar este trabalho a

um nível superior foi fundamental para o resultado final.

Em segundo lugar, um obrigado à ESN Porto, não só por toda a ajuda neste desafio, mas

também pelo companheirismo e aprendizagem desde a minha entrada na organização. São

inumeráveis o número de experiências vividas e contactos criados ao contribuir para uma

Erasmus Generation que tanto nos diz. Students Helping Students não podia ficar tão bem

demonstrado.

Naturalmente, um enorme obrigado à minha família por estarem sempre aqui e serem o

meu porto de abrigo. Não há palavras que consigam traduzir aquilo que sinto por vós. Ao

meu pai, que com certeza estaria orgulhoso.

Depois, um agradecimento também a todos os meus amigos de infância e da universidade

por todos os momentos que passámos em conjunto. Toda esta grande caminhada não seria

a mesma sem vós.

Por fim, mas não menos importante, uma palavra a todos os voluntários deste mundo que

dedicam uma parte do seu tempo profissional, familiar e social em prol de uma causa

maior.

ii

Resumo

Numa altura de constantes mutações no contexto em que as organizações se encontram

inseridas, os sistemas de gestão de desempenho têm um papel cada vez mais relevante na

capacidade competitiva das empresas. Assim, um sistema de mensuração do desempenho

quantifica a eficácia e eficiência das atividades organizacionais (Neely et al., 1995),

permitindo não só recolher informação necessária à tomada de decisão por parte da gestão,

como também implementar e monitorizar a performance da estratégia organizacional definida

(Russo, 2015).

Das várias metodologias de monitorização de desempenho existentes, o Balanced

Scorecard (BSC) será a metodologia abordada nesta dissertação. Para além de ser um

instrumento de medição de desempenho, o BSC é também um modelo de gestão

estratégica, visto que permite, de forma equilibrada e flexível, traduzir a estratégia de uma

organização em objetivos, indicadores de desempenho, metas e iniciativas estratégicas.

O objeto de estudo desta dissertação será a aplicação de um BSC numa Organização Sem

Fins Lucrativos (OSFL), mais concretamente à Erasmus Student Network Porto (ESN

Porto). A ESN Porto é uma componente local da ONG europeia Erasmus Student

Network, que representa e trabalha em prol dos cidadãos internacionais que beneficiam de

um período de mobilidade nos campos da educação, formação e voluntariado promovendo

atividades e diversas iniciativas, cujo objetivo é a inclusão e o suporte dos mesmos na

comunidade local.

Na presente dissertação analisar-se-á a organização em questão, a fim de perceber como se

mede atualmente o desempenho nesta organização, apresentando-se os fundamentos que

justificam a utilização de um Balanced Scorecard. Adicionalmente, será proposto um

Balanced Scorecard, nomeadamente no que respeita às suas componentes Mapa

Estratégico, indicadores de monitorização de desempenho, metas e iniciativas estratégicas.

Palavras-chave: indicadores; ESN Porto; Balanced Scorecard; estratégia; desempenho

iii

Abstract

At a time of constant change in the context in which organizations are inserted,

performance management systems play an increasingly relevant role in the competitive

capacity of companies. Thus, a performance measurement system promotes a 360º

assessment of the organization, which allows to collect of essential information for

decision-making and implement and control the performance of organizational strategy

(Russo, 2015).

Of the several performance monitoring methodologies, the Balanced Scorecard (BSC) will

be the one approached in this dissertation. In addition to being a performance

measurement instrument, the BSC is also a strategic management model as it allows, in a

balanced and flexible way, to translate an organization's strategy into objectives,

performance indicators, goals and strategic initiatives.

The object of study of this dissertation will be the application of a BSC in a Nonprofit

Organization (NPO), more specifically to the Erasmus Student Network Porto (ESN

Porto). ESN Porto is a local component of the European NGO Erasmus Student Network

that represents and works on behalf of international citizens, who benefit from a mobility

period in the fields of education, training and volunteering, promoting diverse activities and

initiatives whose objective is to support and include those in the local community.

This dissertation will analyze the mentioned organization, to understand how performance

is currently being measured, presenting the fundamentals that justify the use of a Balanced

Scorecard. Additionally, a Balanced Scorecard will be proposed, namely concerning its

Strategic Map components, performance indicators, targets and strategic initiatives.

Keywords: indicators; ESN Porto; Balanced Scorecard; strategy; performance

iv

Glossário

BSC – Balanced Scorecard

CE – Comissão Europeia

ESN – Erasmus Student Network

EI – Estudantes Internacionais

EUF – European University Foundation

ME – Mapa Estratégico

ONG – Organização Não Governamental

OSFL – Organização sem Fins Lucrativos

OKRs - Objective and Key Results

PDCA – Plan-Do-Check-Act

SEBS - Social Enterprise Balanced Scorecard

TQM – Total Quality Management

v

Índice

Agradecimentos .................................................................................................................................... i

Resumo .................................................................................................................................................. ii

Abstract ................................................................................................................................................ iii

Glossário .............................................................................................................................................. iv

Índice ..................................................................................................................................................... v

Índice de Figuras................................................................................................................................ vii

Índice de Tabelas .............................................................................................................................. viii

1 Introdução .................................................................................................................................... 1

2 Revisão de Literatura .................................................................................................................. 4

2.1 A Orçamentação e a sua insuficiência ............................................................................. 4

2.2 Sistemas de Medição de Desempenho ............................................................................ 6

2.3 O Balanced Scorecard ........................................................................................................ 8

2.3.1 Os elementos core ........................................................................................................ 9

2.3.2 O Mapa Estratégico e as Perspetivas .................................................................... 12

2.3.3 Indicadores, Metas e Iniciativas ............................................................................. 17

2.4 Outras metodologias ........................................................................................................ 19

2.4.1 OKRs ......................................................................................................................... 19

2.4.2 Hoshin Kanri ............................................................................................................... 20

2.4.3 Comparação com o BSC ......................................................................................... 21

2.5 As Organizações sem Fins Lucrativos .......................................................................... 23

2.6 O Balanced Scorecard em OSFL ................................................................................... 26

3 Metodologia ............................................................................................................................... 31

4 Estudo de Caso.......................................................................................................................... 36

4.1 A ESN Porto ..................................................................................................................... 36

4.1.1 Enquadramento ........................................................................................................ 36

vi

4.1.2 Missão, Visão, Valores e Causas ............................................................................ 37

4.1.3 O ESNcard ................................................................................................................ 39

4.1.4 Modelo de Negócio ................................................................................................. 40

4.1.5 Análise SWOT .......................................................................................................... 41

4.2 Motivações para o BSC ................................................................................................... 41

4.3 Proposta Balanced Scorecard ......................................................................................... 43

4.3.1 Mapa Estratégico ...................................................................................................... 43

4.3.2 Justificação dos Objetivos e Indicadores ............................................................. 45

4.3.3 Reflexão da Proposta ............................................................................................... 61

5 Conclusão ................................................................................................................................... 64

5.1 Conclusões ......................................................................................................................... 64

5.2 Limitações e Sugestões .................................................................................................... 65

Referências Bibliográficas ................................................................................................................ 67

Anexos ................................................................................................................................................. 79

Anexos 1 – Guiões de Entrevista ............................................................................................... 79

Entrevista Presidente ................................................................................................................ 79

Entrevista Vice-Presidente ...................................................................................................... 79

Entrevista Tesoureiro ............................................................................................................... 80

Entrevista Events Manager ..................................................................................................... 80

Anexo 2 – Tabela-Resumo Indicadores .................................................................................... 81

vii

Índice de Figuras

Figura 1: Modelo simples de um Mapa Estratégico .................................................................... 13

Figura 2: Balanced Scorecard proposto por Kaplan para as OSFL .......................................... 27

Figura 3: Exemplo de um BSC sugerido por Niven para as OSFL .......................................... 29

Figura 4: Mapa Estratégico proposto para a ESN Porto ............................................................ 44

viii

Índice de Tabelas

Tabela 1: Business Model Canvas da ESN Porto .............................................................................. 40

Tabela 2: Análise SWOT da ESN Porto ....................................................................................... 41

Figura 4: Mapa Estratégico proposto para a ESN Porto ............................................................ 44

Tabela 3: Perspetiva Sustentabilidade Financeira – ESN Porto ................................................ 46

Tabela 4: Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento – ESN Porto ...................................... 49

Tabela 5: Perspetiva dos Processos Internos ................................................................................ 53

Tabela 6: Value Propostion Canvas – ESN Porto ............................................................................ 57

Tabela 7: Perspetiva dos Estudantes Internacionais – ESN Porto ........................................... 58

Tabela 8: Matriz TOWS - ESN Porto............................................................................................ 62

1

1 Introdução

A complexidade, incerteza e volatilidade dos negócios tem vindo a aumentar devido às

fortes relações e conexões presentes no ambiente organizacional (Mack, 2016). Segundo

este autor, o contexto atual acarreta a necessidade de obter um conhecimento mais amplo

sobre como reagir aos desafios do amanhã, através da aplicação de novos conceitos e

estruturas, que forneçam mais informação para lidar com estas ocorrências de mudança

rápida e imprevisível. Deste modo, é fundamental a criação e implementação de

instrumentos que permitam às organizações compreender o caminho que estão a seguir,

rever o modo como operam, perceber qual o ambiente que as rodeia e gerir os seus

recursos de forma eficaz face às incertezas que vão surgindo. Consequentemente, em

resultado da eficácia das vantagens mencionadas, as organizações garantem que estão

consistentes com os objetivos e a estratégia da organização acabando por gerar, e criar,

mais valor para os seus clientes (Mack, 2016).

Atualmente, não só as empresas privadas necessitam de implementar ferramentas de

controlo, mas também as OSFL face à sua crescente relevância no panorama económico-

social, tornando-se imprescindível a utilização destes meios para auxiliar o seu crescimento

(Niven, 2003). De facto, medidas de controlo evidenciam-se ainda mais importantes neste

tipo de organizações, já que os seus recursos são limitados e têm que se concentrar num

número reduzido, mas eficaz, de esforços produtivos (Drucker, 1989). Além disso, as

organizações do terceiro setor diferem das restantes pela sua missão, que funciona como

um lembrete sistemático de análise externa onde a causa que servem está localizada num

patamar superior aos resultados, ajudando a definir a ação e estratégias específicas para

atingir os objetivos cruciais (Drucker, 1989). Todavia, as OSFL apresentam fraquezas na

forma como medem o seu desempenho, utilizando indicadores errados ou então, sendo

relutantes no investimento nestes, pois receiam que as conduza a um desvio do seu

principal propósito (Niven, 2003).

Mas porque é que é tão importante mensurar? Como refere William Thomson1, se não

conseguirmos expressar algo em números, dificilmente o nosso conhecimento sobre o que

1 "Quando é possível medir o que dizemos e expressá-lo em números, sabemos algo sobre o assunto; mas

quando não é possível medir e expressá-lo em números, o nosso conhecimento é frágil e insatisfatório."

2

está em questão poderá ser conclusivo. Então, ao medir tudo aquilo que é fulcral para as

organizações, é possível avaliar e comunicar o desempenho face aos resultados, isto é, e no

caso das organizações sem fins lucrativos, se a causa está a ter impacto e a provocar a

diferença nos clientes.

Para permanecerem competitivas, as organizações devem desenvolver uma estratégia

adequada, implementar táticas adequadas de suporte à mesma e mensurar o resultado das

iniciativas em relação aos seus objetivos estratégicos (Niven, 2003). Embora estratégia

esteja entre um dos tópicos mais discutidos e debatidos no panorama da sociedade, uma

vez que está presente em todo o lado, seja em empresas, equipas desportivas ou a nível

individual, a execução da estratégia é mais importante e essencial do que a sua formulação,

sendo vários os fatores em ter em consideração para a eficácia da implementação e gestão

da estratégia (Niven, 2003).

Ao abordar o tema do Balanced Scorecard, é obrigatório mencionar David Norton e

Robert Kaplan, professores da Harvard Business School, que decidiram, nos meados dos

anos noventa, analisar um conjunto de empresas norte-americanas de forma a perceber

como é que estruturavam as suas estratégias. Como resultado dessa análise, identificaram

vários entraves a uma boa execução da estratégia e apresentaram o BSC como uma

metodologia que permite ultrapassar essas barreiras, tendo sido criado com o propósito de

explorar novos métodos de medir o desempenho das organizações. Podemos definir o

Balanced Scorecard como um conjunto selecionado de medidas quantificáveis, que

traduzem a estratégia da organização, permitindo concentrar no essencial, nos poucos

impulsionadores críticos de sucesso que impulsionam a estratégia e conduzem à realização

da missão (Kaplan & Norton, 1992).

A presente dissertação está estruturada em cinco capítulos, nomeadamente Introdução,

Revisão de Literatura, Metodologia, Estudo de Caso e Conclusão. No primeiro capítulo, é

efetuada a abordagem inicial ao tema através de uma contextualização daquilo que se

pretende estudar. No segundo capítulo, apresenta-se a Revisão de Literatura, em que são

abordados um conjunto de conceitos de suporte ao estudo. No terceiro capítulo é

apresentada a Metodologia seguida para este trabalho, sendo que esta consiste na realização

de estudo de caso em contexto real. Já no quarto capítulo, surge o estudo de caso realizado,

decorrente da aplicação da metodologia proposta na organização em estudo. Por fim, no

3

quinto capítulo são apresentadas as conclusões do estudo, as limitações associadas e

sugestões para investigações futuras.

O contributo desta dissertação assenta numa dimensão relevante para a ESN Porto, que

beneficiará de um estudo específico para introduzir melhorias no seu desempenho,

permitindo deste modo um cumprimento mais cabal da sua missão. Em resultado, e uma

vez que a ESN Porto é uma OSFL, a comunidade em que está inserida beneficiará

indiretamente também com esta implementação.

4

2 Revisão de Literatura

2.1 A Orçamentação e a sua insuficiência

O orçamento é considerado um dos processos de planeamento e controlo mais antigos de

uma organização. Segundo Waal, Hermkens-Janssen e van de Ven (2011), um orçamento é

um plano acordado, expresso em termos financeiros, onde é medido e comparado o

desempenho futuro esperado. Desta maneira, o orçamento é um reflexo financeiro do

plano operacional anual de uma organização, que traduz os objetivos estratégicos de longo

prazo em ações de curto prazo, ou seja, o orçamento pode ser visto também como um

instrumento de decisão e de ação (Waal, Hermkens-Janssen et al., 2011). A orçamentação

ocorre através de um processo interativo entre os vários níveis organizacionais, onde são

estipuladas as metas a serem alcançadas (Waal, Hermkens-Janssen et al., 2011). Atualmente,

o orçamento é “(...) still regarded as an organizational imperative if costs are to be controlled and

financial performance to be achieved” (Frow et al., 2010, p. 445), sendo considerado uma

ferramenta importante para implementar as estratégias das empresas e cumprir uma ampla

gama de outras tarefas (Hansen et al., 2003). Yakhou e Sulzen (2010) afirmam que o

orçamento é descrito tanto na literatura, como na prática, como a “pedra angular” do

processo de controlo de gestão, através do qual as empresas implementam as suas

estratégias.

Em geral, são quatro os principais objetivos associados ao orçamento: planear, coordenar e

comunicar, auxiliar na avaliação e motivar (Merchant & Van der Stede, 2017). Em relação

ao planeamento, o orçamento permite estabelecer metas e elaborar planos de ação para o

futuro. No que diz respeito ao segundo objetivo, o orçamento requer a coordenação de

todas as atividades da organização, colocando todos a trabalhar para atingir os mesmos

objetivos. Depois, o orçamento facilita a supervisão e a avaliação, uma vez que permite

comparar os resultados reais com os orçamentados e verificar o impacto das mudanças

incorporadas. Por fim, as metas estabelecidas no orçamento motivam os colaboradores a

atingir certos objetivos, visto que estão ligados à avaliação do desempenho que vão

determinar os incentivos.

5

Contudo, e apesar do seu uso generalizado, ao longo dos últimos anos, o orçamento tem

sido objeto de muitas críticas adversas, por estar desatualizado e ser incapaz de atender às

necessidades do ambiente competitivo atual (Ekholm & Wallin, 2000; Nguyen et al., 2018;

Waal, Hermkens-Janssen et al., 2011). De acordo com Ekholm e Wallin (2000), os adjetivos

ineficiente, ineficaz e incompreensível fornecem uma boa imagem do que muitos pensam

sobre o orçamento. Assim, as principais limitações apontadas na literatura à orçamentação

são, a) os recursos despendidos, visto que preparar e negociar um orçamento leva a

elevados custos e absorve demasiado tempo para benefícios incertos, b) a inflexibilidade

que apresenta, uma vez que os orçamentos envelhecem rapidamente e encorajam a um

planeamento rígido, que é incapaz de facilitar mudanças na organização, c) o

desalinhamento com a estratégia organizacional, na medida em que os orçamentos levam a

um foco interno de curto prazo, ao invés de um foco externo alinhado com a estratégia de

longo prazo da organização, ou seja, a organização visa cumprir primeiramente o

orçamento em vez de melhorar a oferta de valor oferecida aos clientes, d) o

desenvolvimento de comportamentos disfuncionais, através da adoção de budget games para

atingir os objetivos do orçamento mais rapidamente, e por fim, f) a sua estrutura vertical e a

centralização da tomada de decisão, que reprimem a iniciativa dos colaboradores,

dificultam a comunicação entre departamentos e influenciam a perceção dos colaboradores

sobre como o seu trabalho está relacionado com a estratégia da empresa (Hansen et al.,

2003; Hope & Fraser, 2003; Rickards, 2006).

De facto, o orçamento é uma prática com mais de cem anos, desenvolvida numa época

diferente das dos dias de hoje, a qual não era caracterizada por contextos de elevada

incerteza e competitividade. Em resultado das insuficiências apresentadas, ao longo do

tempo, foram várias as alternativas que foram surgindo para complementar ou, inclusive,

substituir o orçamento (Ekholm & Wallin, 2000). De acordo com os mesmos autores, estas

novas alternativas surgiram para disponibilizar uma maior antecipação, monitorização e

capacitação, e um controlo e planeamento menos rígido. Assim, e consoante alguns

estudos, as empresas procuram um sistema híbrido composto por orçamentação, rolling

forecasts e o uso de diversas medidas não financeiras alinhadas aos objetivos estratégicos

(Hansen et al., 2003). Em relação ao último aspecto mencionado, o pressuposto concerne

por alcançar o desempenho financeiro e os objetivos estratégicos desejados da organização,

através de níveis apropriados de desempenho nas outras medidas não financeiras incluídas,

6

isto é, idêntico à noção essencial dos sistemas de medição de desempenho, como por

exemplo o Balanced Scorecard (Ekholm & Wallin, 2000; Hansen et al., 2003).

2.2 Sistemas de Medição de Desempenho

Um sistema de medição de desempenho é uma parte vital da gestão de uma organização e

pode ser definido como um conjunto de medidas aplicadas para quantificar a eficácia e

eficiência das atividades organizacionais (Neely et al., 1995). Na verdade, a gestão e

medição de desempenho funcionam como duas faces da mesma moeda num processo

interativo entre ambas (Lebas, 1995). A falta de critérios bem definidos para avaliar o

desempenho de uma organização, e dos seus respectivos colaboradores, dificulta o

planeamento e controlo das suas operações, bem como o nível de motivação dos seus

funcionários (Globerson, 1985). Neste prisma, Neely et al. (1995) sugere que estes sistemas

devem estar estruturados em três distintos níveis, nomeadamente um primeiro nível

composto por indicadores individuais, um segundo nível constituído por um conjunto

indicadores de monitorização de desempenho e, um terceiro nível que demonstre a relação

entre o sistema de medição e o ambiente em que está inserido. Desta forma, os modelos de

medição de desempenho normalmente pretendem fornecer uma visão holística do

desempenho de uma organização, considerando diferentes perspetivas de desempenho

(Looy & Shafagatova, 2016). Por este motivo, é crucial que os indicadores utilizados

capturem a essência do desempenho organizacional (Gunasekaran et al., 2004).

São quatro os processos associados a um sistema de medição de desempenho: projeção,

implementação, aplicação e revisão (Franco-Santos et al., 2007; Nudurupati et al., 2011).

Inicialmente, na projeção de medidas de desempenho, questões como o significado da

medida, a frequência da medição e a fonte dos dados devem ser consideradas, uma vez que

projetar indicadores é mais do que fornecer uma fórmula complexa (Neely et al., 1997).

Depois, a fase de implementação estimula mudanças organizacionais e promove, quer a

aprendizagem organizacional por meio da aquisição, armazenamento, análise, interpretação

e distribuição de dados, quer o conhecimento sobre o próprio desempenho (Garengo et al.,

2007). Se a implementação for bem-sucedida, o próximo desafio passa por medir e manter

adequadamente a relevância do sistema. Durante o processo de revisão, o propósito passa

por manter o alinhamento entre o sistema e a estratégia organizacional (Braz et al., 2011);

uma vez que as estratégias organizacionais estão sujeitas a rápidas mudanças face a fatores

7

externos, os indicadores têm que ser revistos para se manterem relevantes e de acordo com

a mesma (Bourne et al., 2000).

De acordo com Neely et al. (1996), os objetivos principais de um sistema de medição de

desempenho são, a) fornecer dados para monitorizar o desempenho passado e planear o

desempenho futuro, b) demonstrar como os resultados se relacionam com as decisões, c)

prevenir a inclusão de indicadores contraditórios, d) reforçar estratégias organizacionais, e)

ser compatível com a cultura organizacional e com os sistemas de recompensa disponíveis

e, por fim, f) fornecer dados para benchmarking. Para que isto seja possível, os seus

indicadores devem ser quantitativos e reter valores objetivos ao invés de subjetivos. Deste

modo, devem ser diretos e fáceis de entender, consistentes e coerentes ao longo do tempo,

visíveis a todos os envolvidos no processo e, multidimensionais (Globerson, 1985; Neely et

al., 1996, 1997). Além disso, as medidas de desempenho devem estar relacionadas com

todos os níveis hierárquicos organizacionais (Attadia & Martins, 2003) e também

vinculadas aos processos de tomada de decisão (Gunasekaran et al., 2004). Conforme é

possível observar, os sistemas de medição de desempenho alteram a forma como as

pessoas interagem com as informações antes, e depois, da implementação do sistema; os

procedimentos administrativos são alterados, que por sua vez modificam outros aspectos,

como a comunicação intraorganizacional, atitudes, valores e habilidades (Franco-Santos &

Bourne, 2003; Ukko et al., 2007). Ainda assim, fornecer informações de desempenho por si

só, não é suficiente para melhorar os resultados das atividades, na medida em que o

verdadeiro sucesso reside no comportamento das pessoas na adoção dessas informações

nas suas práticas (Hill et al., 1993).

O desempenho organizacional sempre exerceu uma considerável influência nas ações de

uma organização, havendo hoje um maior esforço nas organizações em mensurar o que

gerem à vista disso (Heckl & Moormann, 2010; Neely et al., 1995; Richard et al., 2009).

Consequentemente, a medição do desempenho é um tópico multidisciplinar e central na

literatura e nas organizações, no qual as formas e os meios de medir com precisão o

desempenho são percebidos como um campo de pesquisa cada vez mais importante (Folan

& Browne, 2005; Looy & Shafagatova, 2016). Todavia, Goshu e Kitaw (2017) defendem

que, embora haja uma grande discussão sobre esta temática, a literatura ainda carece de

consenso sobre quais devem ser as condições necessárias e suficientes para as

características de um sistema de mensuração. Os mesmos autores argumentam ainda, que

8

falta uma teoria sólida que sustente a mensuração do desempenho com o contexto

situacional dos vários níveis da organização (e.g. máquinas individuais ou estações de

trabalho); isto é, são necessárias mais pesquisas no campo do inter-relacionamento dos

sistemas com a integração hierárquica (Goshu & Kitaw, 2017). Finalmente, de acordo com

vários autores (Bain Company, 2015; Heckl & Moormann, 2010; Richard et al., 2009), o

Balanced Scorecard (tema central desta dissertação) é das metodologias de medição de

desempenho mais utilizadas no mundo das organizações. De seguida, serão introduzidas

várias técnicas de mensuração, a fim de perceber como se distinguem do BSC e em que

contextos têm vindo a ser mais aplicadas.

2.3 O Balanced Scorecard

O Balanced Scorecard proporciona à gestão os instrumentos que precisa para navegar em

direção ao sucesso vindouro. Atualmente, as organizações competem em ambientes

complexos, os quais exigem às organizações uma compreensão precisa dos seus objetivos e

dos métodos para os atingir. O BSC traduz a missão e estratégia de uma organização num

conjunto de medidas avaliadoras de desempenho que fornecem a estrutura para um sistema

estratégico de mensuração e gestão. O scorecard mede o desempenho organizacional através

de quatro perspetivas equilibradas entre si, a) a perspetiva financeira, b) a perspetiva dos

clientes, c) a perspetiva dos processos internos e, d) a perspetiva de aprendizagem e

crescimento. Cada perspetiva do BSC deve conter objetivos, indicadores, metas e

iniciativas, para que seja possível cumprir os objetivos estratégicos da organização. Posto

isto, esta ferramenta permite acompanhar os resultados financeiros, ao mesmo tempo em

que se monitoriza o progresso na construção de capacidades e na obtenção de ativos

intangíveis essenciais para crescimento futuro (Kaplan & Norton, 1996).

Embora sejam muitas as empresas que possuem sistemas para avaliar a sua performance,

compostos quer por medidas financeiras quer por medidas não financeiras, muitas usam

essas medidas de forma inadequada; as medidas não financeiras são meramente aplicadas

para melhorias locais, enquanto as medidas financeiras são usadas pela gestão como um

sumário composto pelos resultados das operações realizadas. Então, o que há de novo

neste apelo a um conjunto de medidas balanceadas entre si? Ao combinar as perspetivas

financeiras, de clientes, de processos internos e de aprendizagem e crescimento, o BSC

ajuda a gestão a compreender, pelo menos implicitamente, muitos relacionamentos

9

existentes, isto é, este entendimento pode ajudar a gestão a ultrapassar as noções

tradicionais sobre barreiras funcionais e, em última instância, contribuir para uma melhor

tomada de decisão e solução de problemas (Kaplan & Norton, 1992; 1996).

Segundo os mesmos autores, a funcionalidade do Balanced Scorecard é muito mais do que

expor uma coleção de diferentes formas de determinar a performance financeira e não

financeira de uma organização. De facto, este instrumento traduz a missão e a estratégia de

uma organização em objetivos e medidas tangíveis por meio de uma abordagem top-down.

As medidas representam um equilíbrio entre medidas externas, para acionistas e clientes, e

entre medidas internas para processos críticos de negócios, inovação, aprendizagem e

crescimento. Além disso, o BSC é mais do que um sistema de mensuração tático, na

medida em que várias empresas adoptaram o scorecard como um sistema de gestão

estratégico, utilizando esta ferramenta para realizar processos de gestão críticos como:

esclarecer a sua visão e estratégia organizacional, comunicar e conectar objetivos para essa

estratégia, planear e alinhar iniciativas estratégicas, e melhorar o feedback recolhido para

aprimorar a sua estratégia (Kaplan & Norton, 1996). Adicionalmente, Niven (2003)

acrescentou que o BSC é também uma ferramenta de comunicação, para além de um

sistema de mensuração e gestão estratégico. Deste modo, este atributo é visto como o mais

valioso de todos os elementos que compõem o BSC, na medida em que quando bem

construído descreve eloquentemente a estratégia definida por via das medidas de

desempenho precisas e objetivas designadas (Niven, 2003).

2.3.1 Os elementos core

Estratégia, missão e visão estão no núcleo de qualquer organização eficaz ao inspirar todas

as partes e ao ajudar na orientação das suas decisões. Identicamente, e sendo uma das

funções da metodologia do BSC a aplicação destes conceitos, estes estão, naturalmente,

também no seu seio. É através da missão que se iniciam os esforços para descodificar

objetivos e indicadores, para cada uma das quatro perspetivas do Balanced Scorecard

(Niven, 2003).

2.3.1.1 Missão e Visão

A missão define o propósito central das organizações, o porquê de existirem, e articula a

todas as partes interessadas. É errado pensar que a missão é apenas uma aparência ilusória,

10

na verdade, o próprio sucesso das empresas públicas e sem fins lucrativos muitas vezes

depende, pelo menos em parte, do desenvolvimento de uma adequada missão.

Adicionalmente, independentemente do setor em que esteja inserida a organização, a sua

missão deve descrever como é que está a servir o interesse público (Niven, 2003). Segundo

o mesmo autor, ao contrário de estratégias e objetivos, que podem ser alcançados com o

tempo, a missão nunca está totalmente satisfeita. Deste modo, atua como um farol para o

trabalho, constantemente perseguido, mas nunca totalmente alcançado. Assim, é um

enunciado de propósitos gerais e permanentes (contínuos) que expressam as intenções da

organização proporcionando orientações para o seu desenvolvimento futuro.

Segundo Niven (2003), são quatro as propriedades que devem compor a declaração da

missão a fim de a tornar mais duradoura e eficaz. Assim, a missão deve, a) ser simples e

clara, estando focada no necessário para atingir objetivos específico, e não uma imensidão

de boas intenções, b) inspirar mudança, já que nunca totalmente realizada, deve estimular

mudanças e impulsionar para um crescimento positivo, c) estar orientada para o longo

prazo, permanecendo como o alicerce base da organização servindo como um suporte para

todas as decisões futuras e, d) ser fácil de compreender e comunicar, considerando que

uma missão convincente e memorável é aquela que motiva as pessoas a servir ao propósito

da organização.

O conceito de visão pode ser descrito através de uma analogia, na qual visão é vista como

um porto onde a organização quer aportar, na procura de um destino comum (Cruz, 2009).

Por outras palavras, a visão de uma organização concebe uma imagem geral daquilo que se

pretende tornar. Em sentido contrário ao conceito de missão, onde as suas declarações são

frequentemente abstratas, a visão deve conter uma imagem o mais concreta possível do

estado desejado e fornecer a base para a formulação de estratégias e objetivos.

São vários os elementos que têm de estar presentes para uma visão eficaz, nomeadamente,

a) ser concisa, captando a atenção e atraindo o indivíduo rapidamente, b) equilibrar

elementos internos e externos, a fim de conjugar como a organização contribui para uma

sociedade melhor através do que providenciar internamente, juntamente com todos os

stakeholders, c) ser consistente com a missão, pois a visão contempla um estado futuro que

se pretende alcançar para atingir a missão, d) ser verificável e viável, visto que é definida

para um espaço de tempo e é necessário saber quando alcançada, e, por fim, e) ser

11

inspiradora, não só para orientar, como também despertar uma paixão coletiva entre todos

os envolvidos (Niven, 2003).

2.3.1.2 Estratégia

Estratégia está entre os tópicos mais discutidos e debatidos pelas organizações, havendo

uma variedade de estudos empíricos que evidenciam uma correlação positiva entre

planeamento estratégico e desempenho organizacional, na qual as organizações têm maior

probabilidade de sucesso ao investirem mais tempo na formulação e implementação de

estratégias (Albertsen & Lueg, 2014). Embora seja um conceito dominante em toda a

sociedade, segundo Tapinos et al. (2011), não há uma definição ou descrição geralmente

aceite sobre estratégia e as suas ferramentas. Todavia, há concordância que a sua

implementação e execução é mais importante, e mais valiosa, do que a sua formulação, isto

é, uma coisa é sentar e criar o que parece ser uma estratégia vencedora, porém concretizar

com sucesso é outra totalmente distinta (Alexander, 1985; Niven, 2003). Mas porque é

então a execução de uma estratégia tão importante e quais as principais barreiras à sua

execução?

A maioria das tentativas de implementação de uma estratégia por parte das organizações,

não é bem sucedida, não por culpa da estratégia em si, mas sim pela sua execução (Niven,

2003). Segundo Roney (2004), esta circunstância pode ser vista como o calcanhar de

Aquiles da gestão estratégica. Desta maneira, na literatura é frequentemente assumido que a

percentagem de insucesso das iniciativas estratégicas varia entre 50% a 90% (ver Cândido

& Santos, 2015, para mais). Posto isto, os criadores do BSC identificaram quatro barreiras

específicas que justificam este entrave, nomeadamente, a) pobre tradução da visão e

estratégia da organização, b) divergência da estratégia face às metas para departamentos,

equipas e indivíduos da organização, c) inadequada articulação da alocação de recursos às

prioridades estratégicas, e por último, d) falta de feedback sobre o estado do processo de

implementação da estratégia (Kaplan & Norton, 1996). De acordo com Ivančić et al.

(2016), esta lista pode ser bem mais longa, porém, em alguns casos, as causas são idênticas,

mas rotuladas de forma diferente, dando a impressão de um novo problema.

Por sua vez, estratégia pode ser definida como as principais prioridades adotadas por uma

organização face ao seu ambiente operacional no cumprimento da sua missão (Niven,

2003), ou seja, tem como finalidade determinar os caminhos pelos quais os meios são

12

usados para alcançar fins (Khalifa, 2020a). Este último autor, num estudo focado

concretamente na definição deste conceito, apresentou a seguinte definição:

“Strategy, rendered as a cohesive core of guiding decisions, is an entity’s evolving theory of winning

high-stake challenges through power creating use of resources and opportunities in uncertain

environments.” (Khalifa, 2020b, p. 136)

Por conseguinte, abordadas estas temáticas, que corresponderam ao ponto de partida para

esta metodologia, é necessário explorar e encontrar formas de a descrever adequadamente,

e de pensar em soluções concretas para a sua implementação. O mapa estratégico fornece

uma maneira uniforme e consistente de descrever a estratégia de uma organização,

representando o elo perdido entre a formulação e execução de uma estratégia (Kaplan &

Norton, 2004). Na prática, permitem descrever como a organização cria valor (Cruz, 2009).

2.3.2 O Mapa Estratégico e as Perspetivas

O mapa estratégico é a representação visual da estratégia, mostrando, numa única página,

como a estratégia liga os ativos intangíveis a processos que criam valor. Segundo os

arquitetos do BSC, um mapa estratégico é um diagrama que descreve como uma

organização cria valor ao conectar os objetivos estratégicos em relações de causa-efeito ao

longo das diferentes perspetivas que compõem o BSC. Deste modo, é um painel

multidimensional, visto que é construído em torno das quatro perspetivas, a fim de integrar

e combinar os objetivos de cada uma para a descrição da estratégia (Kaplan & Norton,

2004). A figura 1 apresentada abaixo mostra um modelo simples de um mapa estratégico.

13

Figura 1: Modelo simples de um Mapa Estratégico Fonte: Kaplan e Norton (2004)

Os mesmos autores sugerem que a composição do mapa estratégico deve seguir uma

abordagem top-down, colocando no topo os indicadores financeiros, seguidos por rotas de

perspetivas cruzadas para atingir essas mesmas medidas. Exemplificando, é pressuposto

que os resultados financeiros só sejam alcançados, caso os clientes-alvo da organização

estejam satisfeitos; por sua vez, a proposta de valor direcionada aos clientes descreve como

aumentar as vendas e a fidelidade dos seus clientes-alvo; em sequência, os processos

internos criam e fazem cumprir a proposta de valor oferecida, sendo que os ativos

intangíveis que respaldam os processos internos sustentam os quatro pilares da estratégia

(Kaplan & Norton, 1996). Resumindo, as quatro perspetivas permitem um equilíbrio entre

os objetivos de curto e longo prazo e, entre os resultados desejados e os impulsos de

desempenho desses resultados, ou seja, o alinhamento de cada perspetiva é a chave para a

criação de valor, e, portanto, para uma estratégia focada e dotada de consciência interna

(Kaplan & Norton, 2004; Niven, 2003).

14

Na literatura existem vários estudos que corroboram a aplicabilidade dos mapas

estratégicos. Banker et al. (2004) evidenciaram que, ao avaliar o desempenho de uma

unidade de negócios, os indivíduos quando presentes com um mapa estratégico, tomavam

decisões mais consistentes de acordo com os objetivos estratégicos. Da mesma forma,

Vera-Muñoz et al. (2007) mostraram que um mapa estratégico pode aperfeiçoar a

capacidade em compreender e gerir relações complexas entre as métricas de desempenho

incorporadas num sistema de mensuração.

2.3.2.1 A perspetiva Financeira

As medidas de desempenho da perspetiva Financeira indicam se a implementação e

execução da estratégia da empresa estão a contribuir para a melhoria dos resultados

financeiros. Segundo os autores, as estratégias financeiras são simples, na medida em que as

empresas podem aumentar a sua rentabilidade vendendo mais ou gastando menos (Kaplan

& Norton, 2004). Por norma, os objetivos estratégicos típicos desta perspetiva estão

relacionados com a rentabilidade, taxa de crescimento e aumento do valor para os

acionistas (Kaplan & Norton, 1992). Assim, esta perspetiva responde à questão de como a

empresa olha para os seus acionistas (Kaplan & Norton, 1992).

A disparidade entre melhorias no desempenho operacional e decepcionantes mensurações

financeiras é uma realidade, uma vez que nem todas as estratégias de longo prazo são

lucrativas. Quando vivenciada nesta situação, a gestão deve voltar a repensar na sua

estratégia ou nos seus planos de implementação. De forma a reduzir este impasse, todos os

objetivos e indicadores das restantes perspetivas devem estar associados à realização de um

ou mais objetivos da perspetiva Financeira, através das relações causa-efeito anteriormente

mencionadas. O desafio é, assim, aprender como fazer esta correta ligação entre as

restantes operações e a área financeira (Kaplan & Norton, 1992; 1996).

2.3.2.2 A perspetiva de Clientes

Hoje em dia, uma missão concentrada no cliente é predominante entre as organizações,

acabando por levar a que o seu desempenho percecionado pelos mesmos seja visto como

uma prioridade. O Balanced Scorecard exige, assim, que a declaração da missão exposta

pela gestão, seja composta por medidas específicas que reflitam os fatores que realmente

importam para os clientes (Kaplan & Norton, 1992).

15

Conforme Kaplan e Norton (1992) mencionam, as preocupações dos clientes tendem a

ficar agrupadas em quatro categorias, designadamente tempo, qualidade, par

desempenho/serviço e custo. Com a finalidade de tornar o BSC exequível, a organização

deve articular os objetivos das primeiras três preocupações referidas (tempo, qualidade e

par desempenho/serviço), e, posteriormente, traduzir esses objetivos em medidas de

desempenho específicas. Além de medidas de tempo, qualidade e desempenho/serviço, as

empresas devem permanecer sensíveis ao custo de seus produtos, contudo os clientes vêem

o preço como apenas uma componente de custo, quando incorrem aos seus fornecedores.

Ao escolher indicadores na perspetiva de Clientes, as organizações devem responder a duas

perguntas críticas: Quem são nossos clientes-alvo? Qual é a nossa proposta de valor?

(Niven, 2003). A título de exemplo, as principais medidas incluem a quota de mercado e os

níveis de satisfação, retenção, aquisição e rentabilidade dos clientes; todavia, esta perspetiva

também deve incluir medidas específicas das propostas de valor que a organização oferece

aos seus clientes incluídos nos segmentos do seu mercado-alvo. Por conseguinte, as últimas

medidas acabam por representar os fatores que são críticos para o cliente mudar ou

permanecer fiel à organização (Kaplan e Norton, 1996). Conforme é observado, a definição

de alguns dos indicadores nesta perspetiva pode depender da avaliação dos clientes, na

medida em que a organização necessita de ver o seu desempenho através dos seus olhos

(Kaplan & Norton, 1992).

2.3.2.3 A perspetiva dos Processos Internos

As medidas baseadas no cliente são importantes, mas devem ser traduzidas em medidas

que a empresa deve fazer internamente para atender às expectativas dos seus clientes, já

que um excelente desempenho do cliente deriva de processos, decisões e ações que

ocorrem em toda a organização. Desta maneira, a gestão precisa de fortalecer as operações

internas críticas que lhe permitem satisfazer as necessidades dos seus clientes (Kaplan e

Norton, 1992).

Niven (2003) afirma que para satisfazer os clientes, pode ser necessário identificar

processos internos inteiramente novos, ao invés de concentrar os esforços na melhoria

incremental de atividades já existentes. Efetivamente, Kaplan e Norton (1996) mencionam

que os sistemas de medição de desempenho mais convencionais estão direcionados,

apenas, para a monitorização e melhoria do custo, a qualidade, e para medidas de tempo

16

dos processos existentes. Por outro lado, a abordagem do Balanced Scorecard permite que

a medição do desempenho dos processos internos seja derivada das expectativas de

constituintes externas específicas (Kaplan & Norton, 1996). Esta perspetiva responde à

questão de quais os processos a organização deve ter com destaque a fim de satisfazer os

seus clientes (Kaplan & Norton, 1992).

Resumidamente, a mensuração, com base nesta perspetiva, deve ser efetuada a partir dos

processos que têm o maior impacto na satisfação do cliente, nos quais a organização deve

identificar e medir as suas competências essenciais, bem como as tecnologias críticas

necessárias para garantir que é líder no mercado em que opera (Kaplan & Norton, 1992).

2.3.2.4 A perspetiva de Aprendizagem e Crescimento

Em última análise, a capacidade de cumprir metas ambiciosas dos objetivos financeiros,

clientes e processos internos depende das capacidades organizacionais de aprendizagem e

crescimento (Kaplan & Norton, 1996). As medidas de desempenho desta quarta perspetiva

do BSC são impulsionadoras das outras três perspetivas, na medida em que as medidas aqui

projetadas ajudarão a preencher lacunas existentes e garantir um desempenho sustentável

para o futuro. De que forma a empresa pode continuar a melhorar e criar valor é pergunta

que esta perspetiva pretende responder (Kaplan & Norton, 1992).

A aprendizagem e o crescimento organizacional são provenientes de três fontes principais:

pessoas, sistemas e procedimentos organizacionais. Conforme indicado, os objetivos

financeiros, dos clientes e dos processos internos, irão revelar, não só lacunas entre as

capacidades dos colaboradores, os sistemas e os procedimentos da organização, como

também o que será necessário para atingir um desempenho inovador. Com intuito de

fechar estas lacunas, as empresas terão que investir na requalificação dos indivíduos, no

aprimoramento tecnológico e no alinhamento dos procedimentos e rotinas organizacionais

(Niven, 2003).

Por último, a intensa competição global exige que as instituições façam melhorias contínuas

nos seus produtos e processos existentes e, que tenham capacidade para lançar produtos

totalmente novos com recursos mais amplos. A capacidade de uma organização de inovar,

melhorar e aprender está diretamente ligada ao seu valor da empresa (Kaplan & Norton,

1992).

17

2.3.3 Indicadores, Metas e Iniciativas

Após a desmembração da génese do Balanced Scorecard, dos pilares que sustentam esta

metodologia e dos elementos necessários para a criação do mapa estratégico, é um bom

ponto para analisar o caminho a seguir. Posto isto, para esta ferramenta ficar completa é

necessário transcrever os objetivos estratégicos previamente definidos em indicadores e

desenvolver as correspondentes metas e iniciativas de cada um. De acordo com Niven

(2003), os indicadores de desempenho salientam o essencial para executar a estratégia

definida e como avaliar o seu progresso, as metas representam os resultados a alcançar e,

por fim, as iniciativas correspondem às práticas que ajudarão a atingir esses mesmos

resultados. Assim, é com a articulação dos objetivos estratégicos com estas componentes

que a organização consegue comunicar de forma clara e sistemática o que pretende e

navegar em sentido à sua missão (Simons, 1999).

A atribuição de indicadores, metas e iniciativas aos objetivos estratégicos de cada perspetiva

é semelhante à construção de uma casa. Independentemente da situação a abordar, há

várias questões a serem retidas em mente como aquilo que se pretende atingir, quais os

trade-offs explícitos e quais os aspectos essenciais e aqueles que dependem de estratégias e

objetivos específicos (Simons, 1999). Por conseguinte, Becsky (2011) argumenta que esta

alocação torna mensurável e controlável a concretização do objetivo estratégico em

questão.

Conforme mencionado, segundo Niven (2003) indicadores podem ser considerados como

padrões utilizados para avaliar, quantificar e comunicar o desempenho do objetivo

estratégico em relação ao resultado esperado. Kaplan e Norton (1996) distinguem dois

tipos de indicadores essenciais que um BSC eficaz deve conter: indicadores de resultados

(lagging) e indicadores de indução (leading). Assim, os indicadores de resultados demonstram

o desempenho atingido com foco no que foi alcançado após um período de tempo,

enquanto os indicadores de indução espelham o que levou ao desempenho alcançado

atuando como driver dos resultados obtidos. O Balanced Scorecard deve conter um mix

equilibrado e adequado destes dois tipos de indicadores, uma vez que se complementam e

quando observados de forma isolada não refletem a totalidade da realidade. Deste modo,

um BSC meramente composto por indicadores de resultado transmite apenas dados

históricos do desempenho, que revelam pouco de como as operações acontecem e se a

18

estratégia está a ser implementada com sucesso; em contrapartida, um BSC meramente

composto por indicadores de indução não irá expôr se as melhorias incrementadas estão

efetivamente a levar a um aumento do desempenho (Kaplan & Norton, 1996; Niven,

2003).

De acordo com Niven (2003), as medidas de desempenho para serem eficazes e articularem

a estratégia adequadamente, devem ser criadas com base em diversos critérios,

nomeadamente a) perceptibilidade, b) coerência entre as quatro perspetivas, c)

adaptabilidade, d) acessibilidade, e) quantitatividade e, por fim, f) intemporabilidade. Além

disso, Simons (1999) menciona três testes que os indicadores devem ser submetidos para

determinar se são adequados aos objetivos estratégicos atribuídos. Segundo o autor,

idealmente os indicadores devem ser objetivos, completos e reativos: um indicador objetivo

é mensurado e verificado de forma independente, não dependendo do julgamento pessoal

de alguém; um indicador completo revela todos os atributos que são alcançados; e por fim,

um indicador reativo reflete todas as ações que influenciam a avaliação efetuada.

No que concerne às metas, correspondem aos resultados desejados que a organização

pretende para cada indicador. As metas dão vida às aspirações da organização e são uma

referência na comunicação a toda a organização dos níveis esperados de desempenho para

atingir o sucesso pretendido, atuando como uma poderosa ferramenta de comunicar as

necessidades da mudança. Por último, podem ser definidas mensalmente, semestralmente,

trimestralmente, anualmente ou plurianualmente (Kaplan & Norton, 1996; Niven, 2003).

Após estabelecidas as metas correspondentes aos indicadores de cada perspetiva que

compõem o Balanced Scorecard, emerge a necessidade de criar as iniciativas que as vão

ajudar a atingir esses resultados. Deste modo, iniciativas são programas, atividades, projetos

ou ações que vão assegurar a obtenção do desempenho pretendido; as iniciativas são

bastante diversas, uma vez que podem variar entre a construção de um programa de

desenvolvimento de carreiras ou entre a construção de um portal de atendimento ao cliente

no website da organização. Embora a natureza das iniciativas seja bastante variada, todas elas

devem possuir uma corrente comum baseada no encadeamento criado entre objetivos,

indicadores e metas estratégicas (Kaplan & Norton, 1996; Niven, 2003).

19

2.4 Outras metodologias

2.4.1 OKRs

OKRs é a abreviação de Objectives and Key Results, uma metodologia de gestão, de

desenvolvimento de metas, criada em empresas de tecnologia do Vale do Silício, como a

Google e a Intel, mas que rapidamente se expandiu para outros setores. Doerr (2018, p.15)

definiu os OKRs como “a management methodology that helps to ensure that the company focuses

efforts on the same important issues throughout the organization”. Conforme o nome indica, os

OKRs são constituídos por duas componentes: o objetivo, qualitativo e inspirador, e os

resultados-chave, quantitativos e mensuráveis. Em relação à primeira, um objetivo é

simplesmente o que deve ser alcançado, devendo ser por definição concretos, significativos

e orientados para ação. Por outro lado, os resultados-chave avaliam e monitorizam como se

alcança o objetivo, daí precisarem de ser específicos, verificáveis e calendarizados; por

conseguinte, as metas dos resultado-chave são alcançadas, ou não, ao fim de um

determinado período. Deste modo, o processo de definição dos OKRs é deduzido a,

primeiramente, estabelecer objetivos, depois, determinar os principais resultados para cada

objetivo e executar ações para atingir os mesmos, e por fim, fornecer feedbacks regulares

(Doerr, 2018).

De acordo com o mesmo autor, esta ferramenta apresenta quatro "superpoderes",

nomeadamente foco, alinhamento, rastreio e alongamento. Relativamente ao primeiro, um

sistema OKR permite conectar os objetivos à missão da organização. Assim, funciona

como uma ferramenta de comunicação precisa para toda a organização, ficando claro qual

o trabalho mais importante a desempenhar. De seguida, a transparência dos OKR, onde os

objetivos são partilhados entre todos, promove o envolvimento e a inovação na

organização. Consequentemente, os colaboradores vinculam os seus objetivos aos da

empresa, identificam as relações de dependência e coordenam o seu desenvolvimento com

outras equipas, obrigando a que sejam respeitadas metas e prazos. Em relação ao rastreio,

esta metodologia promove um feedback constante das atividades da organização, fruto de

uma classificação e reavaliação contínua dos dados que guiam os OKRs. Por último, os

OKRs são uma fonte de motivação orientada para o destaque, que expande os limites da

organização lutando pelo que pode parecer fora de alcance (Doerr, 2018). O mesmo autor,

analogicamente, compara os OKRs a um canivete suiço face à versatilidade e flexibilidade

20

que apresentam; no entanto, reforça que não podem substituir o bom senso, uma boa

liderança ou uma cultura criativa no local de trabalho (Doerr, 2018).

Uma das limitações apresentadas a este sistema consistiu em ter sido apresentado

abordando, somente, organizações com fins lucrativos e de grande dimensão. Embora não

existam regras fixas para OKRs e, que todo o processo possa ser adaptado para atender às

necessidades de várias organizações, uma segunda limitação apontada é que os OKRs

foram expostos através de organizações com metas relativamente estáveis para os próximos

anos (Hoerger, 2020). Por fim, Trinkenreich et al. (2019) argumentam que a literatura sobre

OKRs fornece um bom conhecimento (i.e. exemplos, boas práticas, dicas e conceitos) para

construir OKRs e monitorar os resultados, no entanto, não há nenhuma direção ou

procedimento prático sobre como reunir informações contextuais e transformar um

objetivo qualitativo em uma meta mensurável para um resultado-chave.

2.4.2 Hoshin Kanri

Desenvolvido no Japão por meados da década de sessenta, em empresas como a Toyota e a

Sumitomo, Hoshin Kanri é descrito como um modelo sistemático de avaliação de

desempenho, concebido para nortear as ações diárias dos níveis inferiores da organização

com a visão estratégica da empresa, para que seja eficaz e se alcance os resultados

pretendidos (Cowley & Domb, 1997). O princípio é que cada colaborador da organização

incorpore nas suas rotinas uma contribuição para as prioridades estratégicas da organização

(Witcher & Chau, 2007), com a finalidade de as estratégias de médio e longo prazo se

materializarem em mudanças incrementais nas rotinas do dia-a-dia fruto de melhoria

contínua (Akao, 1991, citado em Tenera & Dias, 2020). Deste modo, o que torna diferente

esta metodologia diferente das restantes é a aplicação do Total Quality Management (TQM),

que deve vir sempre em primeira instância. Apesar disso, é um tipo particular de TQM,

uma vez que é baseado no modelo americano de gestão por objetivos PDCA (Plan-Do-

Check-Act), o qual deve ser aplicado em todos os níveis e em todos os processos da

organização (Witcher & Butterworth, 1997).

Traduzido à letra, Hoshin Kanri significa, respectivamente, direção e administração; como

um conjunto, expressa o controlo sobre a direção que a organização segue (Nicholas,

2016). Neste prisma, Yang e Yeh (2009) mencionam que a gestão Hoshin Kanri é um

21

processo de foco e alinhamento. Inicialmente, a organização desenvolve a visão e os

objetivos de longo e médio prazo. Seguidamente, é necessário implantar e compartilhar a

direção, objetivos e abordagens estabelecidos para cada unidade da organização, incluindo

todos os seus colaboradores - para garantir que todo o trabalho seja conduzido de acordo

com o plano. Durante este período de implementação, a gestão avalia, investiga e

retroalimenta os resultados que estão a ser alcançados e, alternativamente, aplica o ciclo

PDCA numa tentativa de melhorar o desempenho da organização de forma contínua

(Kondo, 1998). Por outras palavras, a missão, visão e estratégia de longo prazo levam ao

desenvolvimento de um plano de médio prazo, que, por consequência, é estendido ao

desenvolvimento de um plano anual Hoshin Kanri. Por sua vez, este último plano leva à

realização de action steps individuais (Bechtell, 1996). Por fim, estes procedimentos são

repetidos anualmente e é fulcral que todos os objetivos sejam mensuráveis (Bechtell, 1996).

2.4.3 Comparação com o BSC

Conforme já mencionado, o BSC é um sistema de medição de desempenho composto por

uma combinação de medidas financeiras e não financeiras, para que as organizações

possam medir, gerir e avaliar a sua performance. Uma das principais características desta

abordagem é a capacidade de reproduzir a estratégia de uma organização em ação, através

de um mapa estratégico onde são observadas as relações causa-efeito entre cada conjunto

de objetivos, indicadores, metas e iniciativas distribuídos por cada uma das quatros

perspetivas - financeira, clientes, processos internos e, aprendizagem e crescimento (Kaplan

& Norton, 1992, 1996, 2004). Depois, o BSC é também uma ferramenta de gestão

estratégica, o que o distingue de muitas outras metodologias que são utilizadas somente

para medir o desempenho organizacional, empregando, nesta lógica, quer indicadores de

indução, quer indicadores de resultado, a fim de demonstrar ao máximo possível a total

realidade da organização (Lueg & Vu, 2015).

Todavia, sendo uma das metodologias mais aplicadas e investigadas no contexto

organizacional e académico, é natural também que seja alvo de várias críticas. Desta

maneira, alguns autores (Bontis et al., 1999; Bourguignon et al., 2004; Voelpel et al., 2006)

consideram o BSC bastante rígido porque a única consideração sobre o ambiente externo

da organização dentro das quatro perspetivas é, principalmente, limitada à dos clientes; o

modelo raramente aborda outros stakeholders, como fornecedores e parceiros, que são

22

também importantes para a organização (Neely et al., 2001; Phillips, 2007). Outra limitação

presente na literatura, consiste na falta de diretrizes básicas para selecionar os indicadores e

para estabelecer metas para os mesmos, isto é, o BSC desenvolve muito conteúdo sobre

estes tópicos, porém diz pouco sobre como deve ser efetuado (Dror, 2008; Shah et al.

2012; Witcher & Chau, 2007).

Comparativamente com os sistemas descritos nos parágrafos supra, há pontos de

interseção entre todos, mas também algumas discrepâncias. De facto, todos eles partilham

o mesmo ADN - aliás, Witcher e Butterworth (2001) afirmam que o BSC retirou ideias

similares ao Hoshin Kanri - mediante o estabelecimento de metas e, através da medição do

progresso em direção aos objetivos estratégicos definidos (Perdoo, 2018; Yang & Yeh,

2009). Ademais, para uma aplicação de sucesso é fundamental nutrir e incorporar os três

sistemas na cultura organizacional, visto que funcionam como uma base contínua para

mudança organizacional e execução da estratégia.

Em contrapartida, uma das principais diferenças diz respeito ao caráter temporal dos

sistemas. Desta maneira, a força do Balanced Scorecard reside na capacidade em redigir

objetivos e medidas que ficam em vigor no longo prazo, enquanto os OKRs e Hoshin Kanri

são sistemas mais concentrados no curto prazo, onde os objetivos são alterados mais

frequentemente (Perdoo, 2018; Witcher & Butterworth, 2001). Outra diferença chave

consiste no campo de ação em que atuam: o BSC, apresenta uma visão geral e holística da

organização face às suas quatro perspetivas e a relação causa-efeito entre elas; em oposição,

o Hoshin Kanri engloba todos os colaboradores da organização nas suas atividades diárias e

os OKRs atuam mais trimestralmente com base no que é mais importante, nos diversos

campos da organização (Perdoo, 2018; Witcher & Chau, 2007).

Em conclusão, o essencial é ter um motivo convincente para implementar qualquer uma

das metodologias, e não porque a Google, a Toyota ou outra empresa o fizeram. As

realidades entre as organizações variam drasticamente e cada organização deve adoptar um

sistema com base no seu contexto estratégico, que tenha sido amplamente bem

comunicado e que seja percetível por toda a organização (Perdoo, 2018).

23

2.5 As Organizações sem Fins Lucrativos

As Organizações sem Fins Lucrativos representam um setor de longa data em muitas

economias e, ao longo do tempo, têm crescido em tamanho, alcance, propósito e impacto

social (Hoque & Parker, 2015; Pennerstorfer & Rutherford, 2019). As organizações neste

sector são caracterizadas por serem distintas do Governo, serem autogovernadas e por

abrangerem associações e serviços de voluntariado (Parker, 2007). De acordo com Niven

(2003), este setor tenta preencher lacunas existentes na sociedade, aproximando as pessoas,

propondo alternativas, defendendo mudanças e implementando soluções. Além disso, as

OSFL estão organizadas para fornecer serviços sociais a terceiros, sem se preocupar com a

obtenção de lucro; ao invés disso, aplicam os fundos criados para fornecer ainda mais e

melhores serviços (Jacobs & Polito, 2012). Alguns estudos (ver Unerman & O’Dwyer,

2006, 2010a, 2010b, para mais) corroboram o importante desempenho social, económico e

político que as OSFL representam na comunidade.

O mundo das OSFL é bastante complexo e dinâmico (Kong, 2007). Niven (2003) chega

mesmo a afirmar que, só quando verdadeiramente se faz uma pausa para refletir sobre o

terceiro setor, é possível perceber o quão imenso e amplo ele é. Apesar das organizações de

ajuda humanitária serem, muitas vezes, as primeiras a vir à mente quando se aborda as

OSFL, na verdade, este tipo de organizações representam apenas um de todos os players

existentes (Niven, 2003). De facto, são vários os campos em que as OSFL atuam, tais como

na educação, na saúde, nas artes, no desporto e em muitas outras áreas da vida nacional e

internacional (Hoque & Parker, 2015). Posto isto, este tipo de organizações operam em

ambientes próprios e exclusivos com distintas estruturas, dimensões, recursos financeiros e

associados (Salamon et al., 2004). O ponto em comum entre elas consiste em terem como

base da sua atividade a sua missão (Niven, 2003).

As Organizações Não Governamentais (ONGs) representam um conjunto de OSFL, que

estão mais focadas no desenvolvimento social e económico (Salamon & Anheier, 1998).

Em conformidade com Salamon e Anheier (1992), este tipo de organizações devem

apresentar cinco características críticas: serem formais, privadas, sem fins lucrativos,

autogovernadas e ter como base o voluntariado. Além disso, Otto (1996) argumenta que as

ONGs representam um terceiro sistema entre o Estado e o mercado, alegando que, pelo

menos, o poder deste setor mitiga o exercício em excesso do poder político formal e

24

económico. Desta maneira, as atividades das ONGs acabam por se sobrepor a muitos

outros órgãos envolvidos em reformas sociais e interferem em políticas, práticas de

governo e mudanças sociais (Ahmed & Hopper, 2015; Joachim, 2007; Koslinski & Reis,

2009). Estes movimentos sociais nascem de encontros informais espontâneos de pessoas

com pontos de vista semelhantes, nos quais o seu comportamento coletivo origina

associações voluntárias sustentadas em objetivos predeterminados, intencionais e de longo

prazo (Ahmed & Hopper, 2015). Independentemente das suas origens, as OSFL, e

concretamente as ONGs, compartilham a ideologia de promover os objetivos públicos e

atender às necessidades coletivas (Salamon & Anheier, 1998).

Com base nas características e atributos mencionados nos parágrafos supra, torna-se

complexo resumir o trabalho vital realizado pelas organizações deste setor. São várias as

vantagens que se pode desde já destacar, tais como a flexibilidade e inovação que

apresentam, a capacidade de alcance nos seus públicos-alvo e, sobretudo, a capacidade de

mobilização das comunidades que pretendem atingir para a implementação dos seus

projetos (Ahmed & Hopper, 2015). Estas vantagens são manifestadas pela principal força

deste setor, que segundo vários autores (Kaplan, 2001; Salamon, 1994) são as pessoas que

nele operam, na medida em que fazem justiça com as próprias mãos e estão organizadas

para prover direitos básicos. Pennerstorfer e Rutherford (2019) vão mais longe e referem

que os voluntários são, muitas vezes, o único fator de contribuição em muitas OSFL.

Embora muitos autores mencionam que as OSFL, e o próprio setor, cresceram ao longo

dos tempos e que irão continuar na mesma trajetória, subsiste pouca discussão sobre a

melhor forma de como medir esse crescimento (Pennerstorfer & Rutherford, 2019). No

mesmo estudo, os autores referem ainda que o terceiro setor incorpora idiossincrasias que

dificultam a mensuração do crescimento e que podem explicar a grande variedade de

medidas utilizadas (Pennerstorfer & Rutherford, 2019). Nas tentativas de desenvolvimento

de ferramentas de avaliação de desempenho para este tipo de entidades, foram efetuadas

algumas adoções de frameworks criados para o tecido empresarial para este setor, no entanto

as suas peculiaridades nunca foram levadas em conta (Micheli & Kennerly, 2005). Em

harmonia, Moura et al. (2019) agruparam os principais fatores que mais influenciam o design

de sistemas de medição de desempenho em OSFL: o propósito da organização, os seus

stakeholders e o tipo de gestão. Outros autores, como Moxham (2009) e, Waal,

Goedegebuure e Geradts (2011), argumentam que na literatura há pouco consenso sobre

25

os critérios para mensurar o desempenho em OSFL, não havendo uma resposta correta de

como realizar esse processo.

Nesta linha de pensamento, Forbes (1998) observou que as OSFL têm dificuldade em

desenvolver medidas de desempenho concretas, visto que frequentemente apresentam

objetivos e serviços que são intangíveis. Além disso, os resultados do empreendedorismo

social são mais difíceis de medir do que os resultados do empreendedorismo empresarial

(Jacobs & Polito, 2012). Kaplan (2001) acrescenta que este tipo de organizações,

normalmente determina o seu progresso através do cumprimento das metas das iniciativas

apresentadas anualmente; conforme o Balanced Scorecard previamente apresentado, ao

qual um autor é um dos fundadores, esta situação deveria ser revertida, uma vez que as

iniciativas são meios para atingir fins, que existem para ajudar a organização a atingir seus

objetivos estratégicos. Depois, embora várias Organizações sem Fins Lucrativos adotem

sistemas de medição de desempenho, apenas um pequeno número de organizações aplica

no processo de tomada de decisão a informação proveniente dessas metodologias (Lee &

Clerkin, 2017b).

Atualmente, a maioria das OSFL estão mais concentradas no desenvolvimento e na

utilização de métodos para medir o seu desempenho, fruto da intensificação que este

aspecto teve dentro do setor (Carman, 2007; LeRoux & Wright, 2010). Realmente, quer o

aumento da responsabilidade pela gestão de fundos, quer o crescimento da competição por

fontes de financiamento, foram uma realidade à qual uma eficaz mensuração das suas

atividades é um caminho para garantir o financiamento contínuo e preservar a confiança

pública (Carman, 2009; Lee & Clerkin, 2017a; Lee & Nowell, 2015). A obtenção de fundos

é uma das maiores fontes de rendimento deste género de organizações, visto que precisam

de limitar os seus recursos num conjunto de objetivos específicos e, mesmo em tempos

económicos difíceis, quando os recursos do governo diminuem e as necessidades sociais

aumentam, carecem de atender às necessidades de um número crescente de clientes (Jacobs

& Polito, 2012; Kaplan, 2001). Contudo, os grants são limitados no tempo e, normalmente,

focados no curto prazo (Dickinson et al., 2012). Em consequência, a incerteza e

insegurança aumentam neste tipo de organizações, incentivando a um foco

desproporcional em metas de desempenho de curto prazo (Moxham & Boaden, 2007).

Assim, a capacidade do setor desenvolver sistemas de medição eficazes, orientados para o

futuro e com foco no cliente é limitada pelas exigências daqueles que os financiam e pela

26

necessidade de licitações frequentes para garantir um financiamento novo ou repetido

(Taylor e Taylor, 2014).

2.6 O Balanced Scorecard em OSFL

O sucesso nas Organizações sem Fins Lucrativos deve ser avaliado pela eficácia e eficiência

com que atendem às necessidades dos seus associados (Kaplan, 2001). Para Niven (2003), o

trabalho que se desenvolve neste tipo de organizações tem como finalidade servir um

propósito maior, na medida em que o fundamental é a execução da sua missão para um

maior impacto social (Kaplan & Norton, 2004). As questões financeiras podem apresentar

um papel moderador, porém raramente serão o objetivo principal a ser atingido (Kaplan,

2001), contrariamente às organizações privadas que estão projetadas para criar valor para os

seus acionistas (Kaplan & Norton, 2004).

Bontis e Serenko (2009) argumentam que a natureza da organização influencia as práticas

de gestão que são aplicadas. Desta forma, Kaplan e Norton (2004) referem que as

organizações do terceiro setor, comparativamente a organizações privadas, precisam de um

sistema abrangente composto por indicadores financeiros e não financeiros para motivar e

avaliar o seu desempenho. O Balanced Scorecard é um dos sistemas de medição de

desempenho mais difundido ao setor público e OSFL, sendo inúmeros os artigos que

descrevem as suas aplicações (Micheli & Kennerly, 2005; Treinta, et al., 2020). Segundo

Niven (2003), a metodologia do Balanced Scorecard pode ser igualmente bem aplicada às

OSFL e está concebida para facilitar uma transação rápida para a implementação neste

setor. Os seus criadores partilham da mesma ideia e defendem, ainda, que o BSC pode ser

extremamente útil também para a gestão de OSFL, mas referem que é importante fazer

algumas distinções importantes, no sentido de identificar os elementos e os fenómenos que

afetam positiva e negativamente o seu funcionamento (Kaplan & Norton, 2004).

A maioria das Organizações sem Fins Lucrativos tiveram dificuldades com a

implementação da arquitetura original do BSC (Kaplan, 2001). Conforme mencionado, a

definição de sucesso para estas organizações corresponde ao seu desempenho no

cumprimento da sua missão (Kaplan & Norton, 2004), surgindo aqui o primeiro grande

contraste na adaptação desta metodologia. Neste prisma, Kaplan (2001) propôs uma nova

variante do BSC para as OSFL, na qual a missão da organização está posicionada no topo e

27

conduz a estratégia organizacional; ao contrário da versão tradicional em que são os

objetivos estratégicos da perspetiva Financeira. A perspetiva de Clientes também é

reajustada e surge em paralelo com a perspetiva Financeira, após a missão da organização.

Desta forma, a missão satisfaz os clientes (destinatários dos serviços sociais), enquanto

atende à perspetiva Financeira (doadores) por meio de processos eficientes e eficazes,

utilizando os seus recursos estratégicos. Os nomes destas duas perspetivas também é

alterado em virtude do número de stakeholders com que este tipo de entidades lida. A

seguinte figura retrata o BSC proposto por Kaplan (2001):

Embora este modelo de BSC para OSFL tenha-se tornado popular, alguns autores

questionaram a sua utilidade. Kong (2008) aborda três preocupações sobre a

sustentabilidade do BSC para as OSFL. Primeiramente, debate a definição de quem são os

clientes, questionando se os clientes são os doadores ou os beneficiários e, caso sejam

ambos, se compartilham expectativas semelhantes. De facto, Gumbus e Eilson (2004)

referem que determinar quem é que é realmente servido pelas OSFL é uma tarefa difícil,

face à variedade de players envolvidos. Em segundo lugar, a segunda preocupação

apresentada pelo autor corresponde à falta de explicação sobre a satisfação dos stakeholders,

sendo que a definição dos mesmos é parte do problema. Por último, a terceira questão

consiste na falta de clareza nas relações de causalidade entre as perspetivas, nomeadamente

se ambos, doadores ou beneficiários, devem estar igualmente ponderados nas relações

Figura 2: Balanced Scorecard proposto por Kaplan para as OSFL Fonte: Kaplan (2001)

28

apresentadas (Kong, 2008). Adicionalmente, Sayed (2013) argumenta que o BSC não é

muito adequado para instituições de ensino superior que operam sem fins lucrativos, visto

que não expõe suficientemente a qualidade do serviço e a satisfação das partes interessadas.

Baseado no modelo de Kaplan (2001), Niven (2003) apresentou uma outra versão de um

BSC para OSFL, reorganizando a ordem causal das perspetivas para melhor delinear o

papel desempenhado pela perspetiva Financeira. Equitativamente, o autor afirma também

que a missão deve ser posicionada no topo da estrutura, visto que demonstra quem a

organização deve servir e como os seus requisitos podem ser atendidos. Sem embargo, na

sua reestruturação a perspetiva Financeira aparece como antecedente causal da perspetiva

de Processos Internos e não vice-versa, conforme assinalado por Kaplan (2001). Ademais,

a estratégia organizacional deve estar direcionada para o controlo orçamental e aumento de

receitas, uma vez que os recursos financeiros são necessários para desenvolver os ativos

intangíveis. Conforme mencionado no capítulo 2.5 - As Organizações sem Fins Lucrativos,

os voluntários pertencentes às OSFL são um aspecto bastante importante para as suas

operações, pelo que a promoção do seu desenvolvimento é uma atividade essencial

(Benedetti & Terzi, 2010). Nesta versão de BSC, a perspetiva de Aprendizagem e

Crescimento compreende os recursos primários das OSFL, ao invés de o BSC mais clássico

que vê esta perspetiva como secundária em relação às outras (Benedetti & Terzi, 2010). Por

último, Niven (2003) argumenta que não só os objetivos estratégicos da perspetiva de

Aprendizagem e Crescimento contribuem para os objetivos estratégicos da perspetiva de

Processos Internos, mas também os da perspetiva Financeira. A figura 3 representa um

exemplo de BSC sugerido por Niven (2003) para as OSFL.

29

Figura 3: Exemplo de um BSC sugerido por Niven para as OSFL Fonte: Niven (2003)

À medida que se foram realizando mais estudos, outras alternativas de BSC surgiram

adaptadas às diversas OSFL. A título de exemplo, Somers (2005) sugere um Social

Enterprise Balanced Scorecard (SEBS) que é o modelo clássico transformado e focado para

empresas sociais. No SEBS a perspetiva Financeira é expandida para enfatizar a

sustentabilidade, a perspetiva de Clientes é alargada para agrupar um maior número de

stakeholders e estão incluídos também objetivos sociais. O seu estudo revelou que as

organizações que implementaram o SEBS alcançaram melhores resultados e aumentaram o

valor social oferecido aos stakeholders. Adicionalmente, Yang et al. (2005, citado em Soysa et

al., 2017) desenvolveram e validaram um modelo de BSC para hospitais Taiwaneses, que

era composto por cinco perspetivas: Clientes, Processos Internos, Aprendizagem e

Crescimento, Financeira e Compromisso de Sociedade. Os autores concluíram que o BSC é

30

adequado para OSFL, mas destacaram a importância de um maior refinamento do seu

próprio modelo para ficar mais generalizado (Soysa et al., 2017).

Como notas finais, é primordial destacar o papel, ainda que inalterável, de estratégia como

peça nuclear de todos estes modelos, ainda que as OSFL regularmente apresentem

dificuldades em cultivar uma estratégia clara e concisa (Niven, 2003). Kong (2010)

evidencia que o terceiro setor é bastante diverso, pelo que a aplicação do BSC de forma

inquestionável poderá acarretar algumas incompatibilidades. Assim, Gumbus e Eilson

(2004) referem que Kaplan e Norton viram as quatro perspetivas como um template e que

encorajam as organizações a desenvolver as perspetivas adequadas às suas operações, para

assegurar flexibilidade e customização. Com efeito, os exemplos demonstrados evidenciam

a variedade das dimensões que podem ser usadas, sendo que na literatura são encontrados

outros casos, tais como Ambiente, Comunidade, Liderança e Fornecedores (Gumbus &

Wilson, 2004). Por conseguinte, ao aplicar um BSC a uma OSFL é crucial que o seu

framework contenha os valores essenciais refletidos na missão da organização (Gumbus &

Wilson, 2004).

31

3 Metodologia

Nesta dissertação foi utilizada uma metodologia qualitativa, com recurso a um estudo de

caso e a investigação-ação. Embora estas abordagens de investigação tenham pontos de

convergência, e possam ser aplicadas em conjunto, não devem ser confundidas. O estudo

de caso tende a ser mais centrado na pesquisa, através da observação dos participantes, a

fim de fornecer um retrato holístico do ambiente de pesquisa e a compreensão do mesmo.

Por outro lado, a investigação-ação envolve um plano de ação colaborativo visando uma

mudança específica, na qual os participantes do local de pesquisa atuam como co-

investigadores (Cousin, 2005).

O estudo de caso expressa um papel importante em muitas ciências sociais e tem como

objetivo explorar, descrever e analisar um ambiente, isto é, o caso. Este relato deve ser rico,

intensivo e holístico, com o propósito de fornecer uma compreensão do caso como um

todo. Assim, os dados são uma característica importante desta abordagem, frequentemente

recolhidos e analisados em simultâneo, devendo ser detalhados e cobrir vários aspectos do

campo de investigação (Cousin, 2005; Ylikoski & Zahle, 2019). Segundo Yin (2018), a

eleição deste método ocorre quando, a) as principais questões na pesquisa são "como" ou

"porquê", b) o investigador tem pouco controlo sobre os eventos, e c) o foco de estudo é

um fenómeno contemporâneo dentro de um contexto real. O mesmo autor, define estudo

de caso como um método empírico que investiga um fenómeno em profundidade dentro

de um contexto real, beneficiando do desenvolvimento de uma proposta teórica, com

muitas fontes de evidência, para conduzir o estudo (Yin, 2018).

Conforme o nome sugere, a investigação-ação é uma abordagem de pesquisa que visa tanto

agir como criar conhecimento. Em oposição aos métodos mais tradicionais, que somente

aspiram a criar conhecimento, a investigação-ação acrescenta o objetivo de levar a

mudanças (Coghlan & Brannick, 2005). São vários os atributos que caracterizam esta

abordagem: em primeiro lugar, a ideia central consiste no uso de uma abordagem científica

para estudar a resolução de importantes questões sociais, ou organizacionais, juntamente

com aqueles que vivenciam essas questões diretamente; seguidamente, a investigação é uma

parceria, pelo que os participantes do sistema que está em estudo participam ativamente

neste processo; terceiro, e conforme já mencionado, investigação-ação envolve pesquisa

32

simultânea com ação; por fim, esta abordagem é uma sequência de eventos focada na

resolução de problemas, desafiando o status quo. No seguimento deste último atributo, a

investigação-ação funciona por meio de um processo cíclico composto por, a)

planeamento, b) ação e c) avaliação, que por sua vez este último leva a novos planeamentos

reiniciando todo o procedimento (Argyris et al. 1985; Coghlan & Brannick, 2005).

A investigação-ação pode ser externa, na qual um investigador apenas está presente na

organização para realizar a investigação, ou interna, onde o investigador faz parte da

organização que está a investigar (Coghlan, 2001). Frequentemente, a investigação-ação

interna é desenvolvida por colaboradores num âmbito académico, com o intuito de

terminar os seus estudos e obter certificação. Desta maneira, pode ocorrer tanto em

programas de tempo integral como de tempo parcial, quer para os níveis de doutorado ou

mestrado, e pode ser elaborada quer em empresas, no Governo ou em organizações do

terceiro setor (Gosling & Ashton, 1994; Zuber-Skerritt & Perry, 2002).

Segundo Coghlan (2001), uma das vantagens da investigação-ação interna em relação à

externa são as suas dinâmicas, uma vez que o investigador está imerso na organização e

possui conhecimentos do processo que está em estudo, face à sua experiência. Além disso,

Coghlan e Brannick (2005) referem que o investigador pode estar constantemente a

recolher informação para o seu projeto, não precisando obrigatoriamente de um inquérito

ou uma entrevista. Inversamente, as vantagens mencionadas podem também acarretar

alguns desafios. Em primeiro lugar, em virtude do conhecimento e experiência na

organização, o investigador pode ser imparcial e ignorar, ou desvalorizar, sinais na recolha

de dados, acabando por expor informação ambígua. Desta forma, a fim de efetuar uma

avaliação mais criteriosa, o investigador deve equilibrar a sua dualidade de papéis, isto é, o

novo papel adicional de investigador juntamente com as suas funções mais rotineiras. Por

último, o sistema político da organização e as normas em vigor também afetam o

desenvolvimento do trabalho. Durante o processo de pesquisa, é necessário balancear o

que a empresa procura, com o que o investigador pretende e com o que é considerado vital

estar presente numa investigação; desta forma, o investigador tem que atender a todos os

players intervenientes e perceber como os pode envolver (Coghlan, 2001; Coghlan &

Brannick, 2005).

Pelo acima exposto, as duas abordagens de investigação explicadas foram consideradas as

mais adequadas para o desenvolvimento desta dissertação. De facto, o objetivo do estudo

33

passava por responder às questões de porquê e como ser necessário implementar um

Balanced Scorecard na organização em causa. Além disso, o estudo foi realizado por um

dos membros voluntários da organização num âmbito académico, com o intuito de

terminar os seus estudos e completar a sua dissertação de Mestrado.

Como técnicas de recolha de informação foram utilizados focus groups, entrevistas e análise

de documentos da organização. Focus groups são uma forma de entrevista de grupo semi-

estruturada, com um número de participantes compreendido entre quatro a doze pessoas,

com o objetivo de explorar um conjunto específico de questões para criar dados (Kitzinger,

1995; Liamputtong, 2013). As entrevistas são entendidas como diálogos individuais frente a

frente, nos quais o entrevistador procura explorar as experiências dos entrevistados e obter

informações (Rowley, 2012; Tong et al., 2007).

Embora as dinâmicas de grupo sejam frequentemente percepcionadas como uma maneira

rápida, e conveniente, de recolher dados simultaneamente de várias pessoas, a interação

entre todos os participantes é a premissa deste método (Kitzinger, 1995; Morgan, 1997). A

ideia consiste em ajudar os participantes a explorar e esclarecer os seus pontos de vista, que

seriam menos evidentes numa entrevista individual. Deste modo, os focus group são

particularmente apropriados quando o investigador tem uma série de questões abertas e,

em vez de questionar as individualmente, os intervenientes são incentivados a comunicar

entre eles, através do relato de experiências e partilha de pontos de vista diferentes

(Kitzinger, 1995; Krueger & Casey, 2014). Em conformidade com Kitzinger (1995), as

entrevistas de grupo permitem explorar o conhecimento e as experiências das pessoas,

possibilitando não só examinar o que elas pensam, mas como pensam e o porquê de

pensarem dessa forma. Através desta comunicação interpessoal, composta por momentos

de humor, discordância e consenso, e diferentes narrativas, o investigador consegue

identificar o conhecimento comum e partilhado pelo grupo, os seus valores (sub)culturais e

as suas normas (Kitzinger, 1995). Todavia, as dinâmicas de grupo podem limitar vozes

individuais de dissidência, que são silenciadas pelas normas do grupo. No entanto, não

deve ser pressuposto que os grupos são inibidores de tópicos privados numa entrevista

grupal ou que são inadequados para abordar tópicos delicados; muito pelo contrário. De

facto, o trabalho em grupo pode ativar a discussão de tópicos tabu, uma vez que os

elementos menos inibidos podem quebrar o gelo para outros participantes mais tímidos.

34

A entrevista é um dos métodos mais importantes de recolha de dados (Qu & Dumay,

2011). Esta técnica é aplicada quando o investigador está interessado em reunir factos ou

compreender opiniões, atitudes, experiências e comportamentos do entrevistado (Rowley,

2012; Qu & Dumay, 2011). De acordo com Rowley (2012), as entrevistas podem ser

classificadas em três tipos face ao seu nível de estrutura. As entrevistas podem ser

estruturadas quando foi previamente definido um conjunto de questões a serem colocadas

com uma ordem já estabelecida. Por outro lado, as entrevistas são não estruturadas quando

são conduzidas mediante um certo número de tópicos dando ênfase à liberdade que o

entrevistado dispõe para falar sobre o tema. Em alternativa, as entrevistas semiestruturadas

são o estilo de entrevista mais comum e consistem num mix dos dois tipos anteriores,

tendo como base a sua variabilidade e adaptabilidade (Rowley, 2012).

Face à situação sanitária vivida durante o processo de recolha de informação, o mesmo foi

todo realizado via online. Os entrevistados foram quatro dos cinco membros da Direção da

ESN Porto e foram escolhidos consoante o contributo e adaptabilidade da sua posição

para cada possível perspetiva do BSC a ser futuramente construído. As entrevistas foram

direcionadas a cada cargo do entrevistado (ver Anexo I) e foram realizadas entrevistas

semiestruturadas, na medida em que no decorrer das mesmas foram questionadas outras

questões para além das apresentadas nos guiões. Os quatro membros escolhidos da

Direção foram: a Presidente, por ser a figura máxima da organização e pelo seu contacto

com entidades externas; a Vice-Presidente, por ser supervisora dos recursos humanos e

responsável pela estrutura interna da secção; o Tesoureiro, uma vez que todos os aspectos

financeiros da ESN Porto passam pelo mesmo; por fim, a Events Manager, que é a

responsável por todas as diversas atividades e iniciativas que a ESN Porto organiza

direcionadas ao seu público-alvo. Por motivos de confidencialidade, o anexo I expõe

apenas as questões formuladas, sendo que a informação recolhida foi tratada de forma a

corporificar a proposta apresentada no capítulo 4 – Estudo de Caso. Por outro lado, as

entrevistas de grupo serviram para a apresentação do BSC aos membros da Direção, que

era uma metodologia desconhecida para a maioria, e para a elaboração de diversas

ferramentas que ajudaram a perceber melhor toda a dinâmica em redor da ESN Porto e,

consequentemente, a obter uma melhor perceção de quais os objetivos estratégicos a ser

definidos em cada uma das perspetivas. Para além dos quatro membros previamente

35

descritos, os focus group contaram com a presença do restante membro da Direção, a

Representante Local, a fim de ter mais um arguente e proporcionar uma maior discussão.

36

4 Estudo de Caso

4.1 A ESN Porto

4.1.1 Enquadramento

A ESN Porto - Erasmus Student Network Porto - é uma Organização sem Fins Lucrativos,

com base no voluntariado, pertencente à ONG europeia Erasmus Student Network (ESN),

que é a maior associação juvenil da Europa. A ESN Porto representa e trabalha em prol

dos cidadãos internacionais que beneficiam de um período de mobilidade nos campos da

educação, formação e voluntariado na cidade do Porto, promovendo atividades e diversas

iniciativas cujo objetivo é a inclusão e o suporte destes estudantes de mobilidade na

comunidade local. A ESN opera numa rede composta por mais de 15000 voluntários,

dividida em três níveis - local, nacional e internacional - e está presente em mais de 1000

Instituições de Ensino Superior de 42 países (Erasmus Student Network [ESN], 2020,

2021a). Segundo o último relatório anual do programa Erasmus+ (Comissão Europeia,

2019), a ESN em 2019 representou cerca de 350000 Estudantes Internacionais (EI), ano

em que os números de mobilidade no ensino superior aumentaram novamente,

sublinhando o contínuo interesse e relevância da mobilidade entre estudantes.

A origem da organização remonta a 1987, quando a Comissão Europeia (CE) aprovou um

plano de ação, entre os países europeus, para criar um esquema de mobilidade dedicado ao

Ensino Superior. O propósito deste plano consistia na criação de programas, que

permitissem aos estudantes a oportunidade de passar parte dos seus estudos num país

estrangeiro. Dois anos mais tarde, em 1989, após uma reunião de avaliação do plano,

composta também por ex-alunos, surge o ponto de partida para a ESN. De facto, nessa

reunião foram reportados diversos problemas evidentes nos programas, que só uma

organização por detrás iria ajudar na mitigação dos mesmos. Consequentemente, os ex-

alunos presentes fundaram a ESN com intuito de combater as adversidades mencionadas,

sob o mote de “Students Helping Students”, que ainda hoje, é um dos lemas mais importantes

dos voluntários da organização. Rapidamente, foram estabelecidas as primeiras secções

locais em várias universidades europeias e, com o apoio financeiro da CE, a organização

37

ficou legalizada numa reunião com a participação de 49 representantes de todos os estados

membros da CE (Erasmus Student Network [ESN], 2021b).

A ESN trabalha com os princípios e objetivos de, a) representar as necessidades e direitos

dos cidadãos internacionais em programas de mobilidades nos diferentes níveis em que

atua, b) defender os interesses dos seus associados, através da promoção dos valores

europeus na sua integração prática e social, c) contribuir para a criação de um ambiente

educacional mais móvel, flexível e acessível, com intuito de melhorar a mobilidade

estudantil, e d) valorizar e promover o voluntariado e a cidadania ativa (ESN, 2021a).

4.1.2 Missão, Visão, Valores e Causas

A ESN tem como missão enriquecer a sociedade através dos Estudantes Internacionais. A

sua visão consiste de, em 2025, ser a rede global da Erasmus Generation, comprometida em

melhorar a educação internacional e fornecer oportunidades de autodesenvolvimento a

dois milhões de jovens, promovendo a compreensão intercultural e criando mudanças

positivas na sociedade. Por sua vez, os valores da ESN que todos os seus voluntários

defendem e trabalham são, a) students helping students, conforme mencionado previamente

um dos primeiros valores a ser defendido, b) unity in diversity, diversity in the unity, apesar de

todos os voluntários terem raízes diferentes, partilham o mesmo objetivo, c) arbítrio pela

dimensão internacional da vida, com gosto pela descoberta, cooperação e interação para

quebrar fronteiras, d) amor pela Europa como uma área de paz e intercâmbio cultural, e,

por fim, e) respeito, tolerância e integração (ESN, 2021c).

As Causas da ESN são uma caracterização da sua missão, visão e valores nas suas

operações diárias. Desde a organização de atividades de integração para estudantes de

intercâmbio, até à contribuição para o aumento da empregabilidade dos jovens, a finalidade

do trabalho é muito ampla. Desta maneira, a organização reúne jovens de várias origens

culturais e educacionais que contribuem para a diversidade do trabalho da organização,

criando oportunidades para o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus pares. Esta

variedade de atividades está dividida em seis grandes Causas defendidas a todos os níveis

organizacionais: cultura, educação e juventude, sustentabilidade ambiental, saúde e bem-

estar, skills e empregabilidade, e inclusão social (ESN, 2020).

38

Face ao caráter da organização, é facilmente percetível que cultura é um elemento chave

presente em todas as suas atividades. Deste modo, uma boa parte dos esforços

organizacionais são direcionados em iniciativas para aproximar os EI, não só da cultura

local do país de destino do programa de mobilidade, como também na promoção e partilha

de cultura entre todos. Em relação à segunda Causa, a ESN reconhece a educação como

uma ferramenta de transformação social, chave para melhorar a sociedade, defendendo

uma educação de qualidade com uma forte dimensão internacional e social na qual a

mobilidade desempenha um papel fundamental. Além disso, a organização acredita na

importância de proporcionar aos jovens oportunidades e espaços para o seu

desenvolvimento pessoal e o seu envolvimento na vida cívica e democrática. Relativamente

à sustentabilidade ambiental é, atualmente, um dos maiores desafios da sociedade, atuando

a ESN neste campo continuamente há mais de 10 anos. Através de diversas campanhas de

sensibilização, formação de voluntários em matéria de sustentabilidade ou em cooperação

com outras associações, a divulgação da sustentabilidade é procurada continuamente como

forma de desenvolver todas as ações da ESN. Em quarto lugar, a Causa da saúde e bem-

estar está centrada na promoção de maneiras para diminuir o humor prejudicial e elevar os

níveis de satisfação na comunidade, através de atividades desportivas e informação sobre

estilos de vida e práticas saudáveis. De seguida, a Causa das skills e empregabilidade diz

respeito às habilidades essenciais para encontrar um emprego e mantê-lo (Mohnacki, 2019).

De facto, o mais recente estudo da União Europeia sobre o impacto Erasmus mostra

claramente como a mobilidade representa um verdadeiro impulso para a empregabilidade e

como é uma ferramenta poderosa para o crescimento pessoal e profissional (Comissão

Europeia, 2019). Finalmente, relativamente à Causa da inclusão social, a ESN tem entre as

suas maiores prioridades garantir que a mobilidade internacional seja cada vez mais

inclusiva e que cada vez mais meios sejam colocados em prática, para que cidadãos de

contextos desfavorecidos consigam desfrutar dos benefícios da educação internacional

(Mohnacki, 2019).

Em suma, a ESN está envolvida em dois campos interdependentes cujas ações se cruzam e

um não pode acontecer sem o apoio do outro. Por um lado, a ESN aborda e trabalha com

Instituições de Ensino Superior e órgãos do Governo sobre programas de mobilidade e

direitos dos estudantes e jovens. Por outro lado, a ESN desenvolve projetos, atividades e

iniciativas para melhorar as experiências de mobilidade realizadas globalmente,

nacionalmente e em comunidades locais, como é o caso da ESN Porto.

39

4.1.3 O ESNcard

O ESNcard é o cartão de associado da Erasmus Student Network e representa a filiação de

um Estudante Internacional a uma secção local e, portanto, indiretamente, a toda a rede da

ESN. O cartão foi essencialmente criado para alargar o número de hipóteses de melhorar a

mobilidade estudantil, fornecendo ofertas exclusivas aos Estudantes Internacionais que se

tornem associados da organização por via do mesmo.

Desta maneira, o cartão serve, principalmente, para dois propósitos. Por um lado, é um

cartão de associado que garante exclusividade nas diversas atividades e iniciativas da ESN.

Por outro lado, a aquisição do ESNcard proporciona aos alunos a oportunidade de

usufruírem de descontos em serviços, ou produtos, dos parceiros da ESN, quer a nível

internacional, nacional e local e em vários setores de atividade, tais como transportes,

alojamento, restauração ou serviços de aprendizagem digital. Por outras palavras, o

ESNcard funciona como a porta de entrada para os EI se envolverem com tudo o que a

organização lhes pode oferecer. O cartão tem a validade de um ano, período que

corresponde ao tempo máximo de um programa de mobilidade. Por sua vez, as vantagens

que o ESNcard proporciona são também especializadas para este período, impulsionando,

assim, a sua compra para o início dos programas de mobilidade.

O ESNcard foi criado no ano de 2004 e, rapidamente, tornou-se numa das maiores fontes

de financiamento de todas as componentes da ESN. De facto, o número de adesões tem

aumentado anualmente, sendo que a fase de maior crescimento ocorre a partir de 2017, ano

que marca a celebração de vários acordos com entidades parceiras de forte renome

internacional. Durante o ano letivo de 2018/2019 foram distribuídos cerca de 150,000

cartões em toda a rede, sendo que a percentagem correspondente à ESN Porto é de,

aproximadamente, 3% deste número, o que representa cerca de 4,500 cartões vendidos

nesse ano.

Por último, em relação ao ESNcard os Estudantes Internacionais podem ser classificados

em três grupos. O primeiro grupo corresponde à maioria dos estudantes e incorpora

aqueles que adquirem o ESNcard e participam ativamente nos eventos da sua secção local.

Depois, o segundo grupo é composto por estudantes que adquirem o ESNcard para

descontos específicos, como por exemplo o desconto da Ryanair. Por fim, o terceiro grupo

40

reúne os estudantes que raramente se inscrevem nas atividades da ESN e nem adquirem o

ESNcard, representando o potencial que as vendas ainda podem atingir.

4.1.4 Modelo de Negócio

Um Business Model Canvas descreve a lógica de como uma organização cria, entrega e

captura valor. Pode ser visto como uma linguagem compartilhada para descrever, visualizar,

avaliar e mudar os modelos de negócio e, é importante porque permite mostrar como uma

empresa funciona, facilitando a definição de ideias e a organização das ações, utilizando

uma representação gráfica de variáveis. O Business Model Canvas é composto por nove

blocos que cobrem as quatro principais áreas de um negócio de uma organização: clientes,

oferta, estrutura interna e viabilidade financeira (Osterwalder & Pigneur, 2010).

O quadro abaixo representa Business Model Canvas da ESN Porto elaborado durante as

dinâmicas de grupo com os membros da Direção. Através do mesmo, é possível observar

como a ESN Porto opera e como decorre o seu funcionamento.

Tabela 1: Business Model Canvas da ESN Porto Fonte: Elaboração própria baseada no modelo elaborado pela Direção da ESN Porto

41

4.1.5 Análise SWOT

A análise SWOT é usada para analisar os pontos fortes e fracos de uma organização, e

identificar oportunidades e ameaças potenciais. É uma ferramenta atraente devido à sua

simplicidade e por facilitar resultados rápidos e profundos. A análise SWOT procura

encontrar respostas a quatro perguntas, que avaliam a organização internamente e dentro

do ambiente em que se encontra. Das quatro perguntas, duas tratam de áreas benéficas

para a organização - pontos fortes e oportunidades - e duas abordam áreas prejudiciais para

a organização - fraquezas e ameaças.

Para melhor perceber as razões por detrás da necessidade da aplicação de um BSC na ESN

Porto e quais os objetivos estratégicos que lhe podem estar associados, foi realizada

também uma análise SWOT com os membros da Direção. A seguinte tabela demonstra as

forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da ESN Porto.

Pontos Fortes Pontos Fracos

Presença Institucional

Rede europeia

Alcance da maioria dos EI

Eventos realizados

Falta de know-how especializado

Falta de acompanhamento das tendências das

TI

Falta de uma estrutura sólida

Oportunidades Ameaças

Entrada de novos países em programas de

mobilidade

Novo orçamento Programa Erasmus+

Crescente importância dada ao associativismo

e voluntariado

Mobilidade mista

Concorrência profissional

Forte dependência de terceiros

Tabela 2: Análise SWOT da ESN Porto Fonte: Elaboração própria baseada no modelo elaborado pela Direção da ESN Porto

4.2 Motivações para o BSC

De forma semelhante, as motivações para a aplicação de um BSC na ESN Porto

apresentam muitos pontos de interseção com os motivos que levaram ao desenvolvimento

do próprio BSC e a sua consequente criação. Recordando, esta metodologia surge para

42

corrigir e complementar algumas insuficiências dos processos mais tradicionais utilizados

pelas organizações, que colocavam em causa a execução das suas estratégias.

A medição de desempenho na ESN Porto é meramente financeira, excetuando alguma

avaliação subjetiva das suas atividades e iniciativas, processos internos e ativos intangíveis.

O orçamento é a única ferramenta de controlo aplicada na organização, que, conforme já

abordado, quando usado em si mesmo pode não atender às necessidades para as quais é

utilizado. Contudo, face ao caráter não lucrativo da organização, a utilização de uma

ferramenta de controlo já é satisfatória, embora este contexto possa ser melhorado,

sobretudo para aumentar a flexibilidade da organização em reagir a causas exógenas que

coloquem em causa os seus planos. Deste modo, uma das finalidades da criação de um

Balanced Scorecard na ESN Porto passa por melhorar este cenário. Ademais, consoante o

Business Model Canvas apresentado, uma das maiores fontes de financiamento da secção é

proveniente de instituições públicas. Este procedimento é cada vez mais exigente, face ao

elevado número de candidaturas de organizações do setor, e os fundos têm diminuindo

gradualmente. Desta maneira, uma correta gestão dos recursos da ESN Porto é

imprescindível, daí a criação do BSC ser também necessária, para esclarecer quais são os

fatores críticos de sucesso e atuar sobre eles.

Relativamente à avaliação de desempenho não financeira, é superficial e realizada

essencialmente por avaliações 360º. Escasseiam algumas medidas de desempenho concretas

para quantificar as operações da organização, que acabam por afetar o processo de tomada

de decisão e a sua capacidade para criar valor. Apoiado neste fator, procede outra

justificação para a necessidade da criação de um BSC. Adicionalmente, conforme

mencionado no capítulo 2.5 - As Organizações sem Fins Lucrativos, de acordo com

Kaplan (2001), as OSFL normalmente determinam o seu progresso através do

cumprimento das metas das iniciativas apresentadas anualmente, o que por sua vez não

devia de acontecer. Realmente, na ESN Porto o mesmo se sucede, uma vez que é

apresentado o Plano Anual de Atividades no início de cada mandato, onde estão incluídas

as iniciativas a ser concluídas para esse ano e, por sua vez, o Relatório de Atividades e

Contas no término desse mesmo ano, onde é evidenciado o cumprimento ou não das

mesmas. Assim, com a criação do BSC esta situação poderá ser revertida, com o uso das

iniciativas estratégicas como um meio para atingir um fim e não vice-versa.

43

Por último, conforme é perceptível, e de forma idêntica ao mencionado no primeiro

parágrafo, são também várias as razões para a elaboração deste instrumento na ESN Porto

que corroboram a literatura existente sobre OSFL. Recordando, e de acordo com o que foi

descrito no capítulo 2.5 - As Organizações sem Fins Lucrativos, segundo Forbes (1998) e

Jacobs e Polito (2012), os resultados organizacionais das OSFL são mais difíceis de medir,

visto que os seus objetivos e serviços são, frequentemente, intangíveis, e as organizações

deste tipo apresentam dificuldade em desenvolver medidas de desempenho concretas.

4.3 Proposta Balanced Scorecard

4.3.1 Mapa Estratégico

O Mapa Estratégico descreve como uma organização cria valor, ao conectar os objetivos

estratégicos de cada uma das diferentes perspetivas que compõem o BSC através de

relações de causa-efeito. Tem como objetivo explicitar o planeamento estratégico de uma

organização e orientar todos os seus colaboradores para implementar e concretizar a

estratégia organizacional definida. A composição do mapa estratégico deve seguir uma

abordagem top-down, isto é, estabelecendo em primeiro lugar os objetivos que a organização

tenciona alcançar em última instância e ilustrando, depois, o caminho que contribuirá para

tal. Assim, alinhar os objetivos das quatro perspetivas é a chave para a criação de valor e,

portanto, para uma estratégia focada e internamente consistente (Kaplan & Norton, 2004).

A figura 4 representa o Mapa Estratégico proposto para a ESN Porto onde estão retratadas

as perspetivas escolhidas, e a sua respectiva ordem, e os objetivos estratégicos definidos,

com as relações de causalidade entre os mesmos. Todo o ME foi desenhado de acordo

com a informação recolhida das entrevistas e dinâmicas de grupo efetuadas, da análise de

documentos internos referentes à ESN Porto e da experiência do investigador na

organização.

44

Figura 4: Mapa Estratégico proposto para a ESN Porto Fonte: Elaboração própria

No que concerne à seleção e disposição das perspetivas, na mesma linha de pensamento

que Kaplan (2001) e Niven (2003) apresentaram, a missão da ESN foi colocada no topo do

ME. Depois, a perspetiva Financeira foi retirada do topo do Mapa Estratégico face à

natureza organizacional da ESN Porto. Deste modo, foi recolocada na base do ME para

realçar como os limitados recursos financeiros impactam toda a sua atividade e exijam que

estejam aplicados nos objetivos críticos da associação. O seu nome foi alterado para a

perspetiva de Sustentabilidade Financeira, uma vez que o propósito dos objetivos

estratégicos definidos são para garantir um desenvolvimento suportável da ESN Porto, ao

45

invés de criar e distribuir lucro. A outra grande alteração ocorreu na modificação do nome

da perspetiva de Clientes para a perspetiva dos Estudantes Internacionais. Na prática a

ESN Porto não tem clientes, apesar de realizar eventos e diversas iniciativas; esforça-se é

para cumprir uma causa maior, trabalhando e representando em prol dos EI. Em relação às

restantes perspetivas, a aplicação do BSC na ESN Porto seguiu os parâmetros mais

tradicionais.

Conforme abordado no capítulo 2.3.3 – Indicadores, Metas e Iniciativas, é necessário

associar a cada objetivo estratégico um número de indicadores para que seja possível

mensurar a sua execução. De forma igualmente importante, é necessário desenvolver as

metas e iniciativas ligadas a cada um. Esta temática será desenvolvida no próximo capítulo.

4.3.2 Justificação dos Objetivos e Indicadores

Após exposto o Mapa Estratégico, é importante justificar a escolha dos objetivos

estratégicos e apresentar os indicadores, metas e iniciativas que vão transcrever os mesmos.

Destes três últimos elementos do BSC, os indicadores serão os abordados com mais

detalhe, sendo testados quanto à sua qualidade de acordo com Simons (1999), para verificar

se são objetivos, completos e reativos, e sendo apresentada também a sua fórmula de

cálculo. De destacar que todas as metas e iniciativas foram estipuladas com um espaço

temporal de um ano, salvo indicação contrária, dado que a ESN Porto trabalha por anos

letivos.

Este processo iniciou-se através da perspetiva da Sustentabilidade Financeira, ou seja, pela

base do Mapa Estratégico, de modo a evidenciar o impacto que os recursos financeiros têm

em organizações do tipo a ESN Porto e como acabam por determinar toda a sua atividade.

4.3.2.1 Perspetiva da Sustentabilidade Financeira

Conforme já apresentado no Business Model Canvas, as duas principais fontes de receita da

ESN Porto são a venda de ESNcards e os fundos provenientes de instituições públicas.

Deste modo, a seleção dos objetivos estratégicos nesta perspetiva acabaram por ser,

naturalmente, baseados nestas duas fontes, a fim de normalizar cada uma. Como é possível

observar pelo ME, a concretização destes objetivos levaria diretamente a um maior

investimento nos ativos intangíveis da organização e nos processos que criam valor para os

seus associados.

46

A seguinte tabela demonstra os indicadores, metas e iniciativas estratégicas associados a

cada objetivo estratégico.

Objetivos Indicadores Meta Iniciativas

1. Reforçar grants

Taxa de crescimento de

fundos

Nº candidaturas enviadas

Sucesso candidaturas (%)

> 2%

> 6uni

> 70%

a1) Construir uma base de

dados dos grants

disponíveis;

b1) Enviar as candidaturas a

submeter para revisão

externa;

2. Solidificar

vendas de

ESNcards

Taxa de crescimento das

vendas > 5%

a2) Distribuir o cartão por

dois novos meios;

b2) Criar mais uma parceria

institucional;

Tabela 3: Perspetiva Sustentabilidade Financeira – ESN Porto Fonte: Elaboração própria

1. Reforçar grants

Os fundos institucionais ajudam a garantir a sustentabilidade financeira da organização

através de duas vias: pela cobertura de parte das despesas anuais e pela aplicação direta do

fundo no propósito que é criado (e.g. programa Formar+). Contudo, uma vez que os

fundos são provenientes de terceiros e, na maioria dos casos, envolvem candidaturas

anuais, a sua estabilidade e continuidade não estão confirmadas, devendo a ESN Porto

continuamente procurar novos projetos para apoiar as suas operações. Os indicadores

considerados apropriados para mensurar este objetivo foram a taxa de crescimento dos

fundos, o número de candidaturas submetidas e a taxa de sucesso das candidaturas.

Relativamente ao primeiro indicador, indica o ritmo de crescimento dos fundos recebidos

pela ESN Porto das diversas instituições, permitindo avaliar a sua evolução e ajudar em

planeamentos futuros. Quanto à sua natureza, o indicador é objetivo e completo, no

entanto não é reativo, uma vez que a capacidade de controlo por parte da ESN Porto é

limitada. Este indicador pode ser calculado pela seguinte fórmula:

47

Total fundos Ano n-Total fundos Ano n-1

Total fundos Ano n-1

*100

Em relação ao segundo indicador, determina o total de candidaturas submetidas pela ESN

Porto ao longo de um ano. A informação obtida dá uma ideia da proporção de

candidaturas enviadas, comparativamente com o número máximo possível de candidaturas.

No que diz respeito à sua qualidade, o indicador é objetivo e reativo, mas incompleto visto

que dá pouca informação sobre a qualidade das candidaturas que são submetidas. A sua

fórmula de cálculo corresponde ao somatório de todas as candidaturas submetidas.

Por último, o indicador sucesso das candidaturas (%) demonstra o resultado das

candidaturas submetidas pela organização, com o intuito de analisar o efeito das

candidaturas enviadas e tentar compreender se estão em concordância com o que a ESN

Porto procura e o que as instituições oferecem. O teste efetuado ao indicador validou a sua

objetividade e completitude, porém não a sua reatividade, na medida em que nenhum

voluntário da organização consegue influenciar a avaliação efetuada pelas entidades. Este

indicador pode ser expresso da seguinte maneira:

Nº candidaturas submetidas

Nº candidaturas aceites*100

2. Solidificar vendas de ESNcards

A venda de ESNcards é a principal fonte de receita da ESN Porto, portanto entender o

comportamento desta variável é crucial para o desenvolvimento da secção. Conforme já

explicado, a venda de cartões ocorre principalmente no início dos programas de mobilidade

e está fortemente dependente do número de Estudantes Internacionais anualmente. A ESN

Porto possui, assim, pouco controlo sobre as vendas, visto que fatores externos, como por

exemplo a pandemia da Covid-19, podem afetar drasticamente a mobilidade internacional.

Normalmente, as vendas anuais de ESNcards são estáveis e vão ao encontro das previsões

da ESN Porto, daí a inclusão deste objetivo estratégico como controlo e prevenção para

alguma situação atípica.

48

O indicador escolhido expõe a variação do número de cartões vendidos num ano

relativamente ao ano anterior e possibilita à organização monitorizar a sua evolução. Em

relação à sua natureza, este indicador é objetivo e completo, no entanto não reativo, face

aos motivos explicados acima. A fórmula de cálculo do indicador é:

ESNcards vendidos Anon-ESNcards vendidos Anon-1

ESNcards vendidos Anon-1

*100

4.3.2.2 Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento

A ESN Porto depende fortemente das competências, dedicação e comprometimento dos

seus voluntários para alcançar a sua missão. Revendo Kaplan (2001) e Salamon (1994), os

dois autores argumentam que as pessoas que operam em OSFL, maioritariamente em

trabalho voluntário, são a principal força destas organizações por desenvolverem toda a sua

atividade visando um melhor bem-estar social. Como tal, os recursos humanos da ESN

Porto estão por detrás de todos os processos de criação de valor, necessitando a

organização de garantir que todos eles possuem as ferramentas necessárias nos seus papéis

e um bom clima organizacional para estimular um melhor desenvolvimento.

Igualmente importante, são os restantes ativos intangíveis da ESN Porto, que

complementam as capacidades dos colaboradores e os procedimentos da organização.

Desta maneira, o aprimoramento tecnológico não deve ser colocado de parte, a fim de

manter a secção o mais atual possível face às suas necessidades. Semelhante à formação dos

seus voluntários, o desenvolvimento tecnológico contribuirá também para o alinhamento

organizacional e para a prossecução da estratégia da ESN Porto.

A tabela 4 demonstra os indicadores, metas e iniciativas estratégicas associados a cada

objetivo:

49

Objetivos Indicadores Meta Iniciativas

3. Qualificar

voluntários

Nº ações formação

Volume formação/voluntário

Horas formação externa (%)

> 10uni

> 30h

> 40%

a3) Promover 4 ações de

formação P2P;

b3) Realizar 4 ações de

formação certificada;

c3) Realizar 5 ações de

formação técnicas e

comportamentais;

4. Melhorar

Sistemas de

Informação

Investimento em SI (%) > 5%

a4) Designar 5% do

orçamento para melhorias

dos SI

b4) Criar uma plataforma de

gestão interna;

5. Alinhar clima

organizacional

Satisfação voluntários (%)

Taxa de rotatividade

> 75%

< 15%

a5) Realizar 3 teambuildings

por semestre;

b5) Recolher feedback dos

voluntários

semestralmente;

Tabela 4: Perspetiva de Aprendizagem e Crescimento – ESN Porto Fonte: Elaboração própria

3. Qualificar voluntários

É amplamente conhecido e partilhado hoje em dia, que as empresas para se manterem

competitivas precisam de investir nos seus colaboradores. A ESN Porto não é alheia a este

fator e, face ao seu caráter organizacional, procura investir nos seus voluntários,

principalmente, através de ações de formação e desenvolvimento. Segundo a entrevista à

Vice-Presidente, os próprios voluntários vêem o seu tempo na ESN Porto como uma

oportunidade de evoluírem as suas competências e capacidades, seja para desenvolvimento

pessoal, seja como preparação para o mercado de trabalho. Com efeito, o compromisso da

ESN Porto de ajudar os Estudantes Internacionais não estaria totalmente conseguido, se a

organização não se concentrar também nos seus voluntários.

50

O primeiro indicador escolhido para este objetivo estratégico, conforme o nome refere,

indica o número de ações de formação realizadas. O teste ao indicador validou a sua

objetividade, completitude e reatividade, assumindo que um maior número de sessões

traduz diretamente numa maior qualificação dos membros da ESN Porto. A sua fórmula

de cálculo corresponde ao somatório de todas as ações de formação.

Por conseguinte, o segundo indicador selecionado, permite mensurar o número médio de

horas de formação por voluntário e, através deste indicador, a ESN Porto consegue

perceber se o número de horas anuais de formação está dentro dos parâmetros

aconselhados. No que diz respeito à sua avaliação, o indicador é ideal, uma vez que é,

cumulativamente, objetivo, completo e reativo. A sua fórmula de cálculo pode ser expressa

da seguinte forma:

Nº horas de formação*Nº formandos

Total de Voluntários

Por fim, o terceiro indicador, horas de formação externa (%), calcula o rácio de formações

corresponde a formações provenientes de entidades externas, normalmente certificadas,

que os voluntários da ESN Porto beneficiam ao longo de um ano. Este indicador é

particularmente importante por sinalizar a proporção de formação que a secção

disponibilizou aos seus membros, que será reconhecida e valorizada no mercado de

trabalho. Sem embargo, não é a intenção deste indicador desvalorizar as restantes

formações da ESN Porto, mas sim destacar as externas das demais, uma vez que as internas

são, essencialmente, focadas nas suas operações diárias ou no desenvolvimento de soft skills.

Em relação à sua natureza, o indicador é objetivo, completo e reativo e pode ser expresso

pela seguinte fórmula:

Nº horas de formação externa

Nº horas de formação total*100

4. Melhorar Sistemas de Informação

O capital tecnológico-informacional disponibiliza informações e conhecimentos para toda a

organização. De forma similar ao capital humano, o seu verdadeiro valor só é alcançado se

estiver contextualizado na estratégia da organização (Kaplan e Norton, 2004). A ESN

Porto dispõe de uma plataforma, que regista e centraliza as informações relativas aos seus

associados e eventos, porém carece na recolha de alguns dados avaliadores do seu

51

desempenho, uma vez que é somente usada para o seu ambiente externo e como um

sistema de registo. A definição deste objetivo estratégico passa por ajudar à otimização do

fluxo de informação, possibilitando um acesso em tempo real a diferentes dados e,

consequentemente, uma melhor tomada de decisão.

O indicador investimento em SI (%) foi o considerado indicado para medir a concretização

deste objetivo, dado que permite determinar o investimento efetuado em sistemas de

informação. Por sua vez, quanto ao seu teste, é um indicador objetivo, completo e reativo,

presumindo que o empenho no aperfeiçoamento do sistema atual e o desenvolvimento de

novos softwares estão a ser suficientes para uma concreta melhoria dos sistemas de

informação. O indicador é demonstrado através da seguinte expressão:

Despesas em desenvolvimento e aquisição de SI Anon

Receitas Anon

*100

5. Alinhar clima organizacional

O aumento das capacidades e competências dos colaboradores juntamente com o

aprimoramento tecnológico são fundamentais, no entanto não servem de nada isolados; é

crucial que contribuam para mobilizar e sustentar o processo de mudança necessário para

executar a estratégia da organização (Kaplan e Norton, 2004). A definição deste objetivo

estratégico, tem como finalidade integrar as skills dos voluntários da ESN Porto, o acesso a

nova e melhor informação, com um ambiente interno que estimule o trabalho pelos

melhores interesses da organização. Ambos os indicadores estipulados têm como propósito

perceber o nível de comprometimento dos voluntários da ESN Porto e tentar perceber

como esse aspecto influencia o desempenho organizacional.

Assim, o primeiro indicador estabelecido, satisfação dos voluntários (%), expressa a

percentagem de voluntários satisfeitos. Através do grau de satisfação, é possível verificar o

estado do clima organizacional e avaliar pontos positivos que devem ser mantidos ou, em

sentido contrário, captar pontos negativos que podem piorar se não forem atenuados. No

que diz respeito à sua natureza, o indicador é objetivo e completo, mas não reativo, pois a

satisfação é intrínseca a cada individuo e a ESN Porto não consegue influenciar

diretamente o resultado do indicador. Este indicador pode ser calculado pela seguinte

fórmula:

52

Voluntários Satisfeitos

Total de Voluntários*100

O segundo indicador, taxa de rotatividade, revela a percentagem de voluntários que saíram

da ESN Porto durante o período em análise. Mediante a dimensão da percentagem, esta

medida permite avaliar o estado do clima organizacional e perceber se há algum problema

que impeça a obtenção de um bom desempenho. Relativamente à sua qualidade, o

indicador é objetivo, completo, porém não reativo, uma vez que à margem do indicador

anterior, a saída dos voluntários da ESN Porto está sujeita ao comportamento individual de

cada um, sendo vários os motivos que podem justificar a saída. Este indicador pode ser

manifestado pela fórmula abaixo:

Saída de Voluntários

Total de Voluntários*100

4.3.2.3 Perspetiva dos Processos Internos

Após definidos os objetivos estratégicos focados em melhorar as capacidades dos ativos

intangíveis da associação, se a ESN Porto espera criar valor para os estudantes que

representa, a excelência nos seus processos críticos é uma necessidade.

Os eventos que a secção organiza são o fator mais importante para o seu sucesso, e

consequentemente, para a sua missão de enriquecer a sociedade através dos Estudantes

Internacionais. É a partir dos mesmos que a ESN Porto promove a relação, valores e

causas com o seu público-alvo, daí ser fundamental garantir um bom desempenho nos

processos por detrás da realização dos mesmos, que conduzirão, posteriormente, a uma

maior satisfação dos EI.

A tabela 5 demonstra os indicadores, metas e iniciativas estratégicas associados a cada

objetivo da perspetiva de Processos Internos.

53

Objetivos Indicadores Meta Iniciativas

6. Consolidar

parcerias

Taxa retenção de parcerias

Eventos com parceiros (%)

> 90%

> 80%

a6) Incluir metade dos

parceiros nas iniciativas e

atividades;

b6) Elaborar 1 plano de

promoção

semestralmente;

c6) Procurar 3 novas

parcerias;

7. Inovar eventos

Investimento inovação (%)

Nº eventos novos

Taxa de inscrição em novos

eventos (%)

> 5%

> 5uni

> 70%

a7) Designar 5% do

orçamento para despesas

de inovação;

b7) Promover 2 momentos de

brainstorm semestralmente;

8. Divulgar

eventos

atempadamente

Eventos anunciados com

atraso (%)

Tempo médio de preparação

em dias por mês

< 20%

~15uni

a8) Requerer relatórios

quinzenais sobre o estado

dos eventos;

b8) Criar guias de apoio à

organização dos eventos;

Tabela 5: Perspetiva dos Processos Internos Fonte: Elaboração própria

6. Consolidar parcerias

As parcerias, sejam elas institucionais ou comerciais, são um elemento crucial para a ESN

Porto desenvolver a sua atividade. Primeiramente, são uma fonte alternativa de

financiamento por meio de duas vias, a) por contribuírem nos eventos que a associação

organiza, ajudando a reduzir custos e diminuindo o preço de venda aos EI, e b) por

acordos de affiliate marketing, através dos quais os portadores de ESNcard têm acesso a

descontos, que geram receitas para a secção. Depois, as parcerias são também fundamentais

pela partilha de conhecimentos formada, visto que, por diversas ocasiões, a ESN Porto

54

celebra parcerias em âmbitos que não possui conhecimentos e os seus parceiros auxiliam a

colmatar esta limitação.

Posto isto, o indicador taxa retenção de parcerias mede a percentagem de parcerias que a

organização conservou ao longo do período em análise. Por meio deste indicador, a ESN

Porto consegue avaliar a sua capacidade em manter relacionamentos com os seus parceiros

e analisar o que poderá melhorar para criar relações mais duradouras. Quanto ao seu teste,

o indicador é objetivo, completo e reativo, sendo, assim, considerado um indicador ideal. A

sua fórmula de cálculo pode ser expressa do seguinte modo:

Nº parceiros final anon-Nº novos parceiros durante anon

Nº parceiros início anon

*100

Relativamente ao segundo indicador escolhido, indica a percentagem das atividades e

iniciativas que a ESN Porto organizou que contaram com a participação dos seus parceiros.

Conforme mencionado, o uso de parceiros nos eventos da ESN Porto é fundamental para

as suas operações. Por outro lado, os eventos organizados são também o melhor meio de

comunicação e promoção de parceiros que a organização dispõe. Desta forma, as parcerias

ajudam na satisfação das necessidades da ESN Porto, dos próprios parceiros, e, mais

importante, dos Estudantes Internacionais. Em relação ao seu teste, o indicador é objetivo

e reativo, porém incompleto, dado que o indicador não revela a variedade de parceiros

utilizados. Por fim, o indicador por ser calculado através da seguinte fórmula:

Eventos com parceiros incluídos

Total de eventos realizados*100

7. Inovar eventos

A inovação na ESN Porto ocorre pela melhoria dos eventos atuais e no aumento da gama

de eventos novos realizados anualmente. Em relação ao primeiro aspecto, já é uma prática

comum na organização, sobretudo a nível ambiental, a fim de tornar os seus eventos o

máximo sustentáveis possível. Relativamente ao segundo aspecto, a intenção é manter os

eventos atualizados de acordo com as necessidades dos Estudantes Internacionais e

tendências do momento.

Em primeiro lugar, o indicador investimento em inovação (%) foi considerado apropriado

para medir a concretização deste objetivo, dado que permite determinar o investimento

55

efetuado em ações de inovação. Deste modo, a ESN Porto consegue identificar os

montantes investidos na melhoria dos eventos ou, na criação de novos, e ter assim mais

dados para uma melhor tomada de decisão. O teste ao indicador validou a sua objetividade,

completitude e reatividade, assumindo que um maior investimento traduz diretamente

numa maior inovação. O indicador pode ser calculado através da seguinte fórmula:

Despesas em Inovação Anon

Receitas Anon

*100

A seguir, o segundo indicador escolhido, número de eventos novos, enumera o número de

novos eventos que a ESN Porto criou, permitindo avaliar se o esforço na inovação está a

ser recuperado. Em relação à sua natureza, o indicador é objetivo, completo e reativo, ou

seja, é um indicador ideal segundo este teste. A sua fórmula de cálculo corresponde ao

somatório de todos os eventos novos.

Por último, o terceiro indicador selecionado determina a percentagem de ocupação dos

novos eventos, possibilitando à ESN Porto avaliar a adesão do seu público aos novos

eventos e analisar o impacto que tiveram. Quanto ao seu teste, o indicador é objetivo e

completo, porém não é reativo na medida em que as inscrições não dependem diretamente

da organização. A sua fórmula de cálculo pode ser expressada pela seguinte maneira:

Nº inscrições em novos eventos

Nº máximo de inscrições em novos eventos*100

8. Divulgar eventos atempadamente

De acordo com as entrevistas realizadas ao Tesoureiro e Events Manager da ESN Porto, os

maiores desvios no orçamento e falhas na organização, respectivamente, aconteceram por

atrasos na divulgação dos eventos, que levaram a despesas não previstas e a uma redução

na ineficiência dos eventos. Embora o objetivo estratégico definido aparente evidente e

natural, na prática é das maiores adversidades que a organização sente e que coloca mais em

risco as suas operações. Em outras palavras, o tempo despendido na preparação dos

eventos é a variável imprescindível de todo o processo de operações da ESN Porto até à

comunicação com o seu público-alvo.

Foi então considerado indicado para monitorizar a concretização deste objetivo a seleção

do indicador eventos anunciados com atraso (%), que avalia a percentagem do número de

56

eventos anunciados com atraso, tendo por base o tempo estipulado que a Events Manager da

ESN Porto considera apropriado. Complementarmente, o indicador possibilita à ESN

Porto perceber se os timings na preparação estão ajustados ao calendário previsto e perceber

que tipos de eventos apresentam tendências de atraso durante a preparação. Quanto à sua

qualidade, o indicador é objetivo, completo e reativo, logo ideal. A sua fórmula de cálculo é

a seguinte:

Nº eventos anunciados com atraso

Total de eventos realizados*100

Ademais, o segundo indicador, tempo médio de preparação em dias por mês, determina o

tempo que, em média, as equipas responsáveis pelos eventos demoram na sua preparação

até à sua divulgação. Desta forma, permite avaliar o comportamento e a agilidade dos

voluntários ao longo da elaboração do evento e, à margem do primeiro indicador escolhido

para este objetivo estratégico, adaptar o calendário previsto à realidade do trabalho dos

membros da ESN Porto. No que diz respeito à sua natureza, o indicador é objetivo,

reativo, no entanto incompleto em virtude de dizer pouco sobre a concretização do

objetivo estratégico definido. A sua fórmula de cálculo pode ser expressa da seguinte

forma:

∑ tempo30i=1 (dias) de preparação mensal dos eventos

Nº mensal de eventos

4.3.2.4 Perspetiva dos Estudantes Internacionais

Os Estudantes Internacionais são o principal público-alvo da ESN Porto, pelo que a

satisfação das suas necessidades conduz ao cumprimento da missão da organização.

Embora a ESN Porto represente e trabalhe em prol de todos os cidadãos internacionais

que beneficiam de um período de mobilidade nos campos da educação, formação e

voluntariado na cidade do Porto, os EI representam a vasta maioria deste total. Por

conseguinte, a organização cria valor para os mesmos promovendo atividades e diversas

iniciativas, cujo objetivo é a inclusão e o suporte destes estudantes de mobilidade na

comunidade local.

Com a finalidade de perceber melhor o perfil dos Estudantes Internacionais e como a

oferta de valor da ESN Porto atua sobre os mesmos, foi desenvolvido um Value Proposition

Canvas (Osterwalder, et al., 2014). Esta ferramenta está dividida em dois lados: o lado do

57

perfil dos clientes que se pretende entender e o lado com o mapa de valor que descreve

como a organização pretende criar valor para esses clientes. O perfil dos clientes especifica

quais são as tarefas dos clientes, sejam elas funcionais, emocionais, ou sociais, e quais os

ganhos ou dores que o cliente pode vivenciar ao concretizar essas mesmas tarefas. Por sua

vez, o mapa de valor define como os produtos e serviços oferecidos pela organização

originam criadores ou analgésicos, respectivamente para cada ganho e dor (Osterwalder, et

al., 2014).

O seguinte quadro corresponde ao Value Proposition Canvas elaborado para a ESN Porto,

realizado durante as dinâmicas de grupo efetuadas ao longo da composição desta

dissertação.

Proposta de valor

Perfil Cliente

Produtos e

serviços

Representação e

trabalho em prol

dos EI,

promovendo

atividades e

diversas

iniciativas

Criadores

Atividades e iniciativas

que recaem sobre:

cultura, educação e

juventude, skills e

empregabilidade, saúde

e bem-estar, e

sustentabilidade

ambiental

Ganhos

Enriquecer a educação

Desenvolver novas skills

Conhecer e partilhar

novas culturas

Aumentar a rede de

contactos

Tarefas

Estudantes

Internacionais a

efetuar um

programa de

mobilidade

estudantil para

fins académicos

Analgésicos

Acolhimento, integração

e inclusão na

comunidade local

Reunião de pessoas com

necessidades idênticas

Dores

Desafios na procura de

alojamento

Falta de integração e

inclusão na comunidade

de destino

Tabela 6: Value Propostion Canvas – ESN Porto Fonte: Elaboração própria baseada no modelo elaborado pela Direção da ESN Porto

58

Fundamentado na informação do quadro acima, foi então construído a tabela com os

objetivos estratégicos, indicadores, metas e iniciativas inerentes a esta perspetiva.

Objetivos Indicadores Meta Iniciativas

9. Garantir uma

boa integração

Taxa satisfação

Taxa conversão

Nº welcome sessions realizadas

> 70%

> 70%

> 40uni

a9) Realizar mais de 90 atividades

e iniciativas de integração;

b9) Assegurar um ESNbuddy a

cada EI que o solicite;

10. Diversificar

oportunidades de

desenvolvimento

Eventos por Causa (%) > 20% a10) Dedicar 20% do número

total eventos a cada Causa;

11. Minimizar

entraves na

procura de

alojamento

Nº bookings efetuados

através de parceiros (%)

Nº ações de divulgação de

informação ocorridas

Nº EI que reportaram

situações indesejadas (%)

> 25%

> 16uni

< 15%

a11) Efetuar 2 campanhas de

promocionais de alojamento;

b11) Facultar informações de

alojamento por 4 canais

distintos;

c11) Criar um portal de

queixa/ajuda dedicado ao

alojamento;

Tabela 7: Perspetiva dos Estudantes Internacionais – ESN Porto Fonte: Elaboração própria

9. Garantir uma boa integração

A seleção deste objetivo estratégico corresponde ao propósito máximo pelo qual a ESN

Porto trabalha. De facto, um dos principais motivos para a origem da organização remonta

ao combate das principais dificuldades sentidas pelos primeiros estudantes num período de

mobilidade. Além disso, de acordo com o Value Proposition Canvas apresentado, uma má

integração, ou a falta dela, é um dos maiores obstáculos que os EI procuram evitar durante

o seu período de mobilidade. Foram considerados três indicadores para a monitorização

deste objetivo estratégico

59

Em primeiro lugar, o indicador taxa de satisfação determina a percentagem de EI satisfeitos

com o trabalho realizado pela ESN Porto ao longo do seu período de mobilidade. Por

questões logísticas no cálculo do indicador, foram considerados apenas os estudantes que

se tornaram associados da organização. Quanto à sua natureza, o indicador é objetivo e

completo, no entanto não reativo pois a ESN Porto não consegue influenciar o resultado

do mesmo. O indicador pode ser calculado através da seguinte fórmula:

Nº ESNcard holders satisfeitos

Total de ESNcard holders*100

Em segundo lugar, o indicador taxa de conversão designa a proporção de inscrições, face

ao número total de inscrições possíveis. Desta forma, possibilita à ESN Porto avaliar a

adesão dos Estudantes Internacionais às suas atividades e iniciativas. O indicador é objetivo

e completo, mas a sua capacidade de controlo é limitada sendo, assim, não reativo. A

fórmula de cálculo do indicador é a seguinte:

Total de inscrições

Nº máximo de inscrições possíveis *100

Por último, segundo a entrevista efetuada à Presidente da ESN Porto e o Business Model

Canvas apresentado, é através das welcome sessions realizadas em parceria com as Instituições

de Ensino Superior que a organização consegue estabelecer, desde cedo, o primeiro

contacto com os Estudantes Internacionais. Quanto mais sessões a ESN Porto realizar,

maior será o número de estudantes que consegue interagir, logo maior também a sua

capacidade de garantir uma boa integração. O indicador selecionado corresponde ao

somatório das welcome sessions e o seu teste validou a sua objetividade, completitude e

reatividade, dado que dentro da lista de sessões divulgada das diversas Instituições de

Ensino Superior a ESN Porto consegue influenciar as quais está presente.

10. Diversificar oportunidades de desenvolvimento

São várias as motivações que levam os Estudantes Internacionais a embarcar em programas

de mobilidade, pelo que a ESN Porto, para aumentar a sua integração e perfazer todas elas,

deve diversificar o tipo de eventos que realiza. As Causas da ESN compreendem a

generalidade das motivações dos EI, ou seja, realizar eventos em concordância com as

Causas da organização possibilita, de forma quase automática, proporcionar diferentes

experiências e diferentes oportunidades de crescimento a todos.

60

Naturalmente, o indicador definido vai ao encontro da ideia do parágrafo supra e mede a

proporção de eventos associados a cada Causa, comparativamente ao número total de

eventos realizados. É, portanto, um indicador objetivo, completo e reativo demonstrando

na totalidade o cumprimento do objetivo estratégico. Deve ser calculado seis vezes, uma

por cada Causa da ESN, e pode ser expresso pela seguinte fórmula:

Nº eventos por Causa i

Total de eventos realizados*100

11. Minimizar entraves na procura de alojamento

Segundo o relatório elaborado pela European University Foundation – Campus Europae e

pela Erasmus Student Network (2017), o alojamento é um dos maiores desafios que os EI

enfrentam durante o período de mobilidade. Desde a falta de conhecimento por parte dos

stakeholders envolvidos, à falta de informação disponível para os estudantes, ou à barreira da

linguagem e diferenças culturais, são vários as condicionantes existentes. A seleção deste

objetivo estratégico procura integrar as adversidades mencionadas e tentar minimizar os

seus impactos aquando a procura de alojamento por parte dos EI. Assim, a ideia é oferecer

uma forma segura e de qualidade na procura de alojamento e tentar reduzir o risco de os EI

sofrerem alguma tentativa de fraude.

O primeiro indicador escolhido, número de bookings efetuados através de parceiros (%),

está relacionado com o uso de parceiros da ESN Porto na mitigação deste problema. Face

à diversidade da organização, a mesma dispõe de uma rede de parceiros também diversa

que permite atuar em diferentes áreas. Deste modo, o indicador avalia o número de

reservas realizadas através de parceiros em relação ao número total de ESNcard holders,

indicando o número de estudantes que confiaram nas parcerias da ESN Porto para

arrendamento. Quanto ao seu teste, o indicador é objetivo e completo, mas não reativo, na

medida em que a ESN Porto não tem um impacto direto na sua mensuração. O indicador

pode ser calculado da seguinte forma:

Nº bookings efetuados através de parceiros

Total de ESNcard holders*100

Em segundo lugar, o indicador número de ações de divulgação de informação ocorridas

recai sobre a falta de informação disponível para os EI na procura de alojamento. Por sua

vez, o indicador quantifica os meios de informação disponibilizados pela ESN Porto,

61

permitindo analisar com resultados futuros, quer do número de bookings através de

parceiros, quer do número de ocorrências de fraude. Relativamente à sua natureza, o

indicador é ideal, porque é cumulativamente objetivo, completo e reativo. A sua fórmula de

cálculo corresponde ao somatório de todas as ações.

Por último, o indicador número de EI que reportaram situações indesejadas (%) exprime

os efeitos do objetivo estratégico definido; se o número de fraudes for reduzido e diminuir

gradualmente ano após ano, é sinal que a ESN Porto está a minimizar uma das maiores

adversidades que os EI enfrentam. Conforme o nome indica, enumera o número de

situações indesejadas em relação ao número total de associados da organização. O seu teste

validou a sua objetividade e completitude, porém invalidou a sua reatividade, devido ao

elevado número de fatores presentes que a ESN Porto não controla. O indicador pode ser

expresso da seguinte maneira:

Nº total de reportes

Total de ESNcard holders*100

4.3.3 Reflexão da Proposta

Em primeira instância, pelo exposto acima, é possível confirmar a aplicabilidade da

metodologia do BSC à ESN Porto. A aplicação foi ajustada ao carácter não lucrativo e

estrutural da organização, o que levou a alterações na implementação em comparação, quer

ao modelo original, quer aos vários modelos focados em OSFL. Durante o processo de

elaboração, fruto das várias análises realizadas, a ESN Porto conseguiu compreender

melhor tudo aquilo que exerce e a forma como atua na comunidade em que está inserida.

De seguida, para melhor compreender de que forma a implementação do BSC vai ajudar a

capitalizar as forças, diminuir fraquezas e, também a aproveitar as oportunidades e

ultrapassar as ameaças apresentadas no capítulo 4.1.5 – Análise SWOT, foi desenvolvida

uma matriz TOWS. Esta matriz é uma variante da análise SWOT, que a complementa, e

ajuda a identificar opções estratégicas que vão ao encontro dos resultados da análise SWOT

executada. O quadro 8 apresenta a matriz TOWS elaborada para a ESN Porto, tendo em

consideração a análise SWOT apresentada e as iniciativas estratégicas propostas. Foi criada

com o intuito de entender como as iniciativas estratégicas fixadas vão ao encontro do

contexto atual da organização. Por motivos de apresentação, apenas foram selecionadas as

iniciativas estratégicas críticas para cada quadrante.

62

Pontos Fortes Pontos Fracos

Oportunidades

a1) Construir uma base de dados

dos grants disponíveis;

b1) Enviar as candidaturas a

submeter para revisão externa;

b2) Criar mais uma parceria

institucional;

a4) Designar 5% do orçamento

para melhorias dos SI

b3) Realizar 4 ações de formação

certificada;

b4) Criar uma plataforma de

gestão interna;

Ameaças

a2) Distribuir o cartão por dois

novos meios;

a9) Realizar mais de 90 atividades

e iniciativas de integração;

a10) Dedicar 20% do número

total eventos a cada Causa;

a3) Promover 4 ações de

formação P2P;

c3) Realizar 5 ações de formação

técnicas e comportamentais;

a8) Requerer relatórios quinzenais

sobre o estado dos eventos;

b8) Criar guias de apoio à

organização dos eventos;

Tabela 8: Matriz TOWS - ESN Porto Fonte: Elaboração própria

Por último, o Balanced Scorecard proposto engloba 11 objetivos estratégicos

monitorizados por 24 indicadores, sendo que este rácio vai ao encontro das recomendações

de Kaplan e Norton (1996). Todos os indicadores foram testados, segundo Simons (1999),

quanto a serem objetivos, completos e reativos. Nos indicadores em que um dos requisitos

não foi verificado, foram identificados outros indicadores para o complementarem; apenas

com o indicador taxa de crescimento das vendas, do objetivo estratégico número dois, o

mesmo não se sucedeu, na medida em que não foram distinguidos outros indicadores

adequados à realidade da ESN Porto que fossem possíveis mensurar na prática. O Anexo 2

resume todos os indicadores definidos, na qual é revista a fórmula de cálculo e o teste de

todos eles, e onde também são classificados os indicadores quanto ao seu tipo de acordo

Kaplan e Norton (1996): resultado ou indução. Embora Parmenter (2015) defenda que é

um mito que se possa definir metas anuais relevantes, a periodicidade dos indicadores,

metas e iniciativas foi considerada anual, salvo indicação contrária, em virtude da ESN

Porto trabalhar por anos letivos e a sua base no voluntariado levar à falta de recursos para

63

estabelecer outro tipo de metas. Finalmente, todas as iniciativas foram criadas para serem

SMART.

64

5 Conclusão

5.1 Conclusões

A realidade vivida em todo o mundo ao longo do último ano veio corroborar a

complexidade, incerteza e volatilidade que as organizações enfrentam nos tempos atuais.

Neste contexto, para se manterem competitivas, as organizações precisam de investir em

novas ferramentas para desenvolver uma estratégia adequada e assegurar uma correcta

monitorização da mesma para conseguirem lidar o melhor possível com estas ocorrências

de mudança rápida e imprevisível. O Balanced Scorecard é um sistema de medição e gestão

de desempenho que surgiu para colmatar as fragilidades dos sistemas tradicionais de

medição de desempenho e apoiar as organizações a responder às dificuldades descritas no

parágrafo anterior. O BSC é uma metodologia multidimensional e equilibrada entre si, que

permite monitorizar o desempenho financeiro simultaneamente com os ativos incorpóreos

necessários para o crescimento futuro. Com efeito, traduz a missão e a estratégia de uma

organização em objetivos e medidas tangíveis por meio de uma abordagem top-down,

focada nos fatores críticos criadores de valor para uma organização.

Ao longo do tempo, o BSC começou a ser aplicado também a outro tipo de organizações,

nomeadamente nas Organizações sem Fins Lucrativos, ajustando-se gradualmente às

características das organizações deste setor. De facto, as OSFL estão organizadas para

fornecer serviços sociais a terceiros e tentam corrigir falhas existentes na sociedade, sem

estarem preocupadas com a criação e distribuição de lucro. Embora a diversidade deste

tipo de organizações seja enorme, tendo cada uma diferentes estruturas e atuando em

ambientes singulares, todas elas têm em comum a sua missão como base de todas as suas

operações. Todavía, as OSFL sentem dificuldades na mensuração do seu desempenho e em

desenvolver medidas de desempenho concretas, seja por serem reticentes no seu

investimento, seja por desenvolverem objetivos e serviços que são intangíveis, que são mais

difíceis de medir. Deste modo, a maioria das OSFL tiveram dificuldades com a

implementação da arquitetura original do BSC e foram obrigadas a reajustá-la, a fim de ficar

mais apropriada às suas particularidades.

Após uma abordagem da envolvente teórica do Balanced Scorecard e das OSFL, o

desenvolvimento desta dissertação consistiu na aplicação do BSC a uma organização

65

inserida neste contexto, concretamente a ESN Porto. As motivações para a proposta foram

bastante idênticas às analisadas na literatura de BSC e de OSFL; isto é, a ESN Porto

apresenta uma baixa correlação entre a monitorização dos seus ativos intangíveis e a sua

estratégia organizacional e apresenta debilidades gerais na monitorização do seu

desempenho face à sua natureza organizacional. Por sua vez, a proposta de Balanced

Scorecard à ESN Porto seguiu, maioritariamente, os padrões mais convencionais de

aplicação do BSC em OSFL: a missão da associação foi colocada no topo do Mapa

Estratégico e a perspectiva Financeira foi reajustada. Além disso, os nomes das perspectivas

de Clientes e Financeira foram alterados para estarem de acordo com a realidade da ESN

Porto, para perspectiva dos Estudantes Internacionais e Sustentabilidade Financeira,

respectivamente. A definição dos objetivos estratégicos, indicadores, metas e iniciativas

propostos seguem o modelo de Kaplan e Norton e ilustram um percurso coerente entre a

perspectiva da Sustentabilidade Financeira e a missão da ESN Porto, evidenciado o

impacto dos seus recursos financeiro em todos os seus ativos intangíveis.

Por último, caso a ESN Porto prossiga com a implementação da proposta apresentada,

beneficiando de uma melhor avaliação do seu desempenho e ajudando ao cumprimento da

sua missão, é possível confirmar a aplicabilidade do BSC em mais uma OSFL,

corroborando a flexibilidade associada a este modelo.

5.2 Limitações e Sugestões

A presente dissertação tinha como objeto de estudo propor a aplicação de um BSC à ESN

Porto, pelo que uma das suas principais limitações passa por não abordar a implementação

do modelo na prática. Efetivamente, para o processo de implementação ficar completo

seria necessário, a) inicialmente, contextualizar os restantes voluntários da secção sobre o

Balanced Scorecard, b) comunicar a proposta exposta aos mesmos e, eventualmente,

realizar algum ajuste de acordo com o feedback recolhido, e, por fim, c) testar o modelo e

proceder à avaliação dos resultados. Contudo, todo este processo seria inexequível

logisticamente, por ser necessário mais de um ano para obter os resultados, ciclo que não

corresponde ao período de elaboração deste estudo.

Adicionalmente, seria também importante abordar as causas que levam às principais falhas

na implementação de sistemas como o Balanced Scorecard, e se possível com evidência no

66

setor estudado. Desta maneira, a ESN Porto estaria mais capaz de evitar esses erros e

proceder a uma melhor implementação final do BSC.

Finalmente, em estudos focados no nível inferior de organizações estruturadas em diversos

e distintos níveis, como é o caso da ESN que opera a nível local, nacional e internacional,

investigações futuras podem aplicar o procedimento de cascata, não só internamente, como

também realizá-lo no sentido inverso e sugerir um BSC para os níveis superiores da

organização, com intuito de comparar as diferenças e semelhanças entre eles e como cada

um contribui de forma distinta para a missão final da organização.

67

Referências Bibliográficas

Ahmed, Z., & Hopper, T. (2015). Politics, Development and NGO Accountability. In

Performance Management in Nonprofit Organizations (pp. 40-65). Routledge.

Albertsen, O., & Lueg, R. (2014). The balanced scorecard’s missing link to compensation A

literature review and an agenda for future research. Journal of Accounting &

Organizational Change, 10(4), 431-465.

Alexander, L. (1985). Successfully Implementing Strategic Decisions. Long Range Planning,

18(3), 91-97.

Argyris, C., Putnam, R., & Smith, D. (1985). Action science. Jossey-Bass.

Attadia, L., & Martins, R. (2003). Medição de desempenho como base para evolução da

melhoria contínua. Produção, 13(2), 33-41.

Bain Company. (2015). Management Tools & Trends 2015. Obtido de Bain & Company:

https://www.bain.com/insights/management-tools-and-trends-2015

Banker, R., Chang, H., & Pizzini, M. (2004). The Balanced Scorecard: Judgmental Effects

of Performance Measures Linked to Strategy. Accounting Review, 79(1), 1-23.

Bechtell, M. (1996). Navigating organizational waters with hoshin planning. National

Productivity Review, 15(2), 23-42.

Becsky, A. (2011). The Application of Balanced Scorecard in Team Sports. Applied Studies in

Agribusiness and Commerce, 5(3), 29-32.

Benedetti, M., & Terzi, S. (2010). Proposal of a Performance Measurement System for

Professional Non-profit Service Organizations. In B. Vallespir, & A. Thcle,

Advances in Production Management Systems: New Challenges, New Approaches (Vol. 338,

pp. 483-490). Springer.

Bontis, N., & Serenko, A. (2009). A causal model of human capital antecedents and

consequents in the financial services industry. Journal of Intellectual Capital, 10(1), 53-

69.

68

Bontis, N., Dragonetti, N., Jacobsen, K., & Roos, G. (1999). The knowledge toolbox:: A

review of the tools available to measure and manage intangible resources. European

Management Journal, 17(4), 391-402.

Bourguignon, A., Malleret, V., & Norrekli, H. (2004). Balanced Scorecard Versus French

Tableau de Bord: Beyond Dispute, A Cultural and Ideological Perspective.

Management Accounting Research, 15(2), 107-134.

Bourne, M., Mills, J., Wilcox, M., Neely, A., & Platts, K. (2000). Designing, implementing

and updating performance measurement systems. International Journal of Operations &

Production Management, 20(7), 754-771.

Braz, R., Scavarda, L., & Martins, R. (2011). Reviewing and improving performance

measurement systems: An action research. International Journal of Production Economics,

133(2), 751-760.

Cândido, C., & Santos, S. (2015). Strategy implementation: What is the failure rate? Journal

of Management & Organization, 21(2), 237-262.

Carman, J. (2007). Evaluation practice among community-based organizations research

into the reality. American Journal of Evaluation, 28(1), 60-75.

Carman, J. (2009). Nonprofits, Funders, and Evaluation Accountability in Action. The

American Review of Public Administration, 39(4), 374-390.

Coghlan, D. (2001). Insider Action Research Projects: Implications for Practising

Managers. Management Learning, 32(1), 49-60.

Coghlan, D., & Brannick, T. (2005). Doing Action Research In Your Own Organization (2 ed.).

SAGE Publications.

Comissão Europeia. (2019). Erasmus+ higher education impact study. Obtido de

https://op.europa.eu/en/publication-detail/-/publication/94d97f5c-7ae2-11e9-

9f05-01aa75ed71a1/language-en

Cousin, G. (2005). Case Study Research. Journal of Geography in Higher Education, 29(3), 421-

427.

69

Cowley, M., & Domb, E. (1997). Beyond Strategic Vision, Effective Corporate Action With Hoshin

Planning. Butterworth-Heinemann.

Cruz, C. (2009). Balanced Scorecard: concentrar uma organização no que é essencial (2 ed.). Vida

Económica.

Dickinson, H., Allen, K., Alcock, P., Macmillan, R., & Glasby, J. (2012). The Role of the

Third Sector in Delivering Social Care. National Institute for Health Research.

Doerr, J. (2018). Measure What Matters: How Google, Bono and the Gates Foundation Rock the

World with OKRs. Penguin USA.

Dror, S. (2008). The Balanced Scorecard versus quality award models as strategic

frameworks. Total Quality Management & Business Excellence, 19(6), 593-593.

Drucker, P. (1989). What Business Can Learn from Nonprofits. Harvard Business Review,

67(4), 88-93.

Ekholm, B.-G., & Wallin, J. (2000). Is the annual budget really dead. European Accounting

Review, 6(4), 519-539.

ESN. (2020). ESN Annual Report 2019-2020. Obtido de ESN Annual Report:

https://issuu.com/esnint/docs/annual_report_2019-2020

ESN. (2021a). About. Obtido de https://esn.org/about

ESN. (2021b). History. Obtido de https://esn.org/history

ESN. (2021c). Mission, Vision & Values. Obtido de https://esn.org/mission-vision-values

European Foundation University; ESN. (2017). HousErasmus+ Research Report.

Folan, P., & Browne, J. (2005). A review of performance measurement: towards

performance management. Computers in Industry, 56(7), 663-680.

Forbes, D. (1998). Measuring the Unmeasurable: Empirical Studies of Nonprofit

Organization Effectiveness from 1977 to 1997. Nonprofit and Voluntary Sector

Quarterly, 27(2), 183-202.

70

Franco-Santos, M., & Bourne, M. (2003). Factors that play a role in “managing through

measures”. Management Decision, 41(8), 698-710.

Franco-Santos, M., Kennerley, M., Micheli, P., Martinez, V., Mason, S., Marr, B., . . . Neely,

A. (2007). Towards a definition of a business performance measurement system.

International Journal of Operations & Production Management, 27(8), 784-801.

Frow, N., Marginson, D., & Ogden, S. (2010). ‘‘Continuous” budgeting: Reconciling

budget flexibility with budgetary control. Accounting, Organizations and Society, 35(4),

444-461.

Garengo, P., Nudurupati, S., & Bititci, U. (2007). Understanding the relationship between

PMS and MIS in SMEs: an organizational life cycle perspective. Computers in

Industry, 58(7), 677-686.

Globerson, S. (1985). Issues in developing a performance criteria system for an

organization. International Journal of Production Research, 23(4), 639-646.

Goshu, Y., & Kitaw, D. (2017). Performance measurement and its recent challenge: a

literature review. International Journal of Business Performance Management, 18(4).

Gosling, J., & Ashton, D. (1994). Action Learning and Academic Qualifications. 25(2), 263-

274.

Gumbus, A., & Eilson, T. (2004). Designing and Implementing a Balanced Scorecard:

Lessons Learned in Nonprofit Implementation. Clinical Leadership and Management

Review, 18(4), 226-232.

Gunasekaran, A., Mcgaughey, R., & Patel, C. (2004). A Framework for Supply Chain

Performance Measurement. International Journal of Production Economics, 87(3), 333-

347.

Hansen, S., Otley, D., & Van der Stede, W. (2003). Practice Developments in Budgeting:

An Overview and Research Perspective. Journal of Management Accounting Research,

15(1), 95-116.

71

Heckl, D., & Moormann, J. (2010). Process Performance Management. In Handbook on

Business Process Management: Strategic Alignment, Governance, People and Culture (2 ed., pp.

115-135). Springer-Verlag Berlin Heidelberg.

Hill, D., Kurstedt, H., & Koelling, P. (1993). Developing a set of indicators for measuring

information-oriented performance. Computers & Industrial Engineering, 24(3), 379-

390.

Hoerger, M. (2020). Measure what matters: How Google, Bono, and the Gates Foundation

rock the world with OKRs by J. Doerr. Journal of Psychosocial Oncology, 38(5), 645-647.

Hope, J., & Fraser, R. (2003). Beyond Budgeting : How Managers Can Break Free from the Annual

Performance Trap. Harvard Business School Press.

Hoque, Z., & Parker, L. (2015). Accountability, Governance and Performance

Management in Nonprofit Organizations: An Overview. In Performance Management

in Nonprofit Organizations (pp. 26-39). Routledge.

Ivančić, V., Jelenc, L., & Mencer, I. (2016). Failing strategy implementations. In

Contributions to Management Science (pp. 95-112). Springer.

Jacobs, G., & Polito, J. (2012). How faith-based nonprofit organizations define and

measure organizational effectiveness. International Journal of Organization Theory &

Behavior, 15(1), 29-56.

Joachim, J. (2007). Agenda Setting, the UN, and NGOs: Gender Violence and Reproductive Rights.

Georgetown University Press.

Kaplan, R. (2001). Strategic Performance Measurement and Management in Nonprofit

Organizations. Nonprofit Management & Leadership, 11(3), 353-370.

Kaplan, R., & Norton, D. (1992). The Balanced Scorecard - Measures that Drive

Performance. Hardvard Business Review, 70(1), 71-79.

Kaplan, R., & Norton, D. (1996). The Balanced Scorecard: Translating Strategy into Action.

Harvard Business Press.

Kaplan, R., & Norton, D. (2004). Mapas Estratégicos: convertendo ativos intangíveis em resultados

tangíveis. (A. Serra, Trad.) Editora Campus.

72

Khalifa, A. (2020a). Strategy, nonstrategy and no strategy. Journal of Strategy and Management.

Khalifa, A. (2020b). Strategy: restoring the lost meaning. Journal of Strategy and Management,

13(1), 128-143.

Kitzinger, J. (1995). Qualitative Research: Introducing Focus Groups. BMJ Clinical Research,

311(7000), 299-302.

Kondo, Y. (1998). Hoshin Kanri – A participative way of quality management in Japan. The

TQM magazine, 10(6), 425-432.

Kong, E. (2007). The strategic importance of intellectual capital in the non-profit sector.

Journal of Intellectual Capital, 8(4), 721-731.

Kong, E. (2008). The Development of Strategic Management in the Non-Profit Context:

Intellectual Capital in Social Service Non-Profit Organizations. International Journal of

Management Reviews, 11(3), 281-299.

Kong, E. (2010). Analyzing BSC and IC’s usefulness in nonprofit organizations. Journal of

Intellectual Capital, 11(3), 284-304.

Koslinski, M., & Reis, E. (2009). Transnational and Domestic Relations of NGOs in Brazil.

World Development, 37(3), 714-725.

Krueger, R., & Casey, M. (2014). Focus Groups. A Practical Guide for Applied Research. (5 ed.).

SAGE Publications.

Lebas, M. (1995). Performance measurement and performance management. International

Journal of Production Economics, 41(1-3), 23-35.

Lee, C., & Clerkin, R. (2017a). The Adoption of Outcome Measurement in Human Service

Nonprofits. Journal of Public and Nonprofit Affairs, 3(2), 111-134.

Lee, C., & Clerkin, R. (2017b). Exploring the Use of Outcome Measures in Human Service

Nonprofits: Combining Agency, Institutional, and Organizational Capacity

Perspectives. Public Performance & Management Review, 40(3), 601-624.

Lee, C., & Nowell, B. (2015). A Framework for Assessing the Performance of Nonprofit

Organizations. American Journal of Evaluation, 36(3), 299-319.

73

LeRoux, K., & Wright, N. (2010). Does Performance Measurement Improve Strategic

Decision Making? Findings From a National Survey of Nonprofit Social Service

Agencies. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 39(4), 571-587.

Liamputtong, P. (2013). Qualitative Research Methods (4 ed.). Oxford University Press.

Looy, A., & Shafagatova, A. (2016). Business process performance measurement: a

structured literature review of indicators, measures and metrics. Springer Plus,

5(1797).

Lueg, R., & Vu, L. (2015). Success factors in Balanced Scorecard implementations – a

literature review. Management Revue, 26(4), 306-327.

Mack, O., Khare, A., & Burgartz, T. (2016). Perspectives on a VUCA World. In Managing in

a VUCA World (pp. 3-19). Springer International Publishing.

Merchant, K., & Van der Stede, W. (2017). Management Control Systems: Performance

Measurement, Evaluation, and Incentives (4 ed.). Pearson.

Micheli, P., & Kennerly, M. (2005). Performance measurement frameworks in public and

non-profit sectors. Production Planning & Control,, 16(2), 125-134.

Mohnacki, T. (2019). The Causes of ESN. Obtido de ESNblog:

https://esn.org/blog/causes-esn

Morgan, D. (1997). Focus Groups as Qualitative Research (2 ed.). SAGE.

Moura, L., Lima, E., Deschamps, F., Aken, E., Costa, S., Treinta, F., & Cestari, J. (2019).

Designing performance measurement systems in nonprofit and public

administration organizations. International Journal of Productivity and Performance

Management, 68(8), 1373-1410.

Moxham, C. (2009). Performance measurement - examining the applicability of the existing

body of knowledge to nonprofit organisations. International Journal of Operations &

Production Management, 29(7), 740-763.

Moxham, C., & Boaden, R. (2007). The impact of performance measurement in the

voluntary sector: Identification of contextual and processual factors. International

Journal of Operations & Production Management, 27(8), 826-845.

74

Neely, A., Adams, C., & Crowe, P. (2001). The performance prism in practice. Measuring

Business Excellence,, 5(2), 6-12.

Neely, A., Gregory, M., & Platts, K. (1995). Performance measurement system design: a

literature review and research agenda. International Journal of Operations & Production

Managemen, 15(4), 80-116.

Neely, A., Mills, J., Platts, K., Gregory, M., & Richards, H. (1996). Performance

measurement system design: should process based approaches be adopted?

International Journal of Production Economics, 46-47, 423-431.

Neely, A., Richards, H., Mills, J., Bourne, M., & Platts, K. (1997). Designing performance

measures: a structured approach. International Journal of Operations & Production

Management, 17(11), 1131-1152.

Nguyen, D., Weigel, C., & Hiebl, M. (2018). Beyond budgeting: review and research

agendaBeyond budgeting: review and research agenda. Journal of Accounting &

Organizational Change, 14(3), 314-337.

Nicholas, J. (2016). Hoshin kanri and critical success factors in quality management and

lean production. Total Quality Management & Business Excellence, 27(3-4), 250-264.

Niven, P. (2003). Balanced Scorecard: Step-by-step for Government and Nonproft Agencies. Wiley.

Nudurupati, S., Bititci, U., Kumas, V., & Chan, F. (2011). State of the art literature review

on performance measurement. Computers & Industrial Engineering, 60(2), 279-290.

Osterwalder, A., & Pigneur, Y. (2010). Business Model Generation: A Handbook for Visionaries,

Game Changers, and Challengers. John Wiley & Sons.

Osterwalder, A., Pigneur, Y., Smith, A., Bernarda, G., & Papadakos, P. (2014). Value

Proposition Design: How to Create Products and Services Customers Want. John Wiley &

Sons.

Otto, D. (1996). Nongovernmental Organizations in the United Nations System: The

Emerging Role of International Civil Society. Human Rights Quarterly, 18(1), 107-

141.

75

Parker, L. (2007). Boardroom Strategizing in Professional Associations: Processual and

Institutional Perspectives. Journal of Management Studies, 44(8), 1454-1480.

Parmenter, D. (2015). Key Performance Indicators: Developing, Implementing, and Using Winning

KPIs (3 ed.). John Wiley & Sons.

Pennerstorfer, A., & Rutherford, A. (2019). Measuring Growth of the Nonprofit Sector:

The Choice of Indicator Matters. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, 48(2), 440-

456.

Perdoo. (2018). OKR vs Balanced Scorecard - Paul Niven explains the difference. Obtido de

Perdoo: https://www.perdoo.com/resources/okr-vs-balanced-scorecard/

Phillips, P. (2007). The balanced scorecard and strategic control: a hotel case study analysis.

The Service Industries Journal, 27(6), 731-746.

Qu, S., & Dumay, J. (2011). The qualitative research interview. Qualitative Research in

Accounting & Management, 8(3), 238-364.

Richard, P., Devinney, T., Yip, G., & Johnson, G. (2009). Measuring Organizational

Performance: Towards Methodological Best Practice. Journal of Management, 35(3),

718-804.

Rickards, R. (2006). Beyond Budgeting: Boon or Boondoggle? Investment Management and

Financial Innovations, 3(2), 62-76.

Roney, C. (2004). Strategic Management Methodology. Praeger.

Rowley, J. (2012). Conducting research interviews. Management Research Review, 35(3/4), 260-

271.

Russo, J. (2015). Balanced Scorecard para PME e Pequenas e Médias Instituições. Lidel.

Salamon, L. (1994). The rise of the nonprofit sector. Foreign Affairs, 73(4), 109-122.

Salamon, L., & Anheier, H. (1992). In search of the non-profit sector. I: The question of

definitions. Voluntas: International Journal of Voluntary and Nonprofit Organizations,

13(2), 125-152.

76

Salamon, L., & Anheier, H. (1998). Introduction: The Nonprofit Sector in the Developing

World. In The Nonprofit Sector in the Developing world: a comparative analysis (pp. 1-50).

Mancherster University Press.

Salamon, L., List, R., & Sokolowski, W. (2004). Global civil society: an overview. In Global

Civil Society: Dimensions of the Nonprofit Sector, Volume Two (pp. 3-60). Kumarian Press.

Sayed, N. (2013). Ratify, reject or revise: balanced scorecard and universities. International

Journal of Educational Management, 27(3), 203-220.

Shah, L., Etienne, A., Siadat, A., & Vernadat, F. (2012). (Value, Risk)-based Performance

Evaluation of Manufacturing Processes. IFAC Proceedings Volumes, 45(6), 1586-1591.

Simons, R. (1999). Performance Measurement and Control Systems for Implementing Strategy (1 ed.).

Pearson.

Somers, A. (2005). Shaping the balanced scorecard for use in UK social enterprises. Social

Enterprise Journal, 1(1), 43-56.

Soysa, I., Jayamaha, N., & Grigg, N. (2017). Validating the balanced scorecard framework

for nonprofit organisations: an empirical study involving Australasian healthcare.

Total Quality Management & Business Excellence, 30(2), 1-21.

Tapinos, E., Dyson, R., & Meadows, M. (2011). Does the Balanced Scorecard make a

difference to the strategy development process? Journal of the Operational Research

Society, 62(5), 888–899.

Taylor, M., & Taylor, A. (2014). Performance measurement in the Third Sector: the

development of a stakeholder-focussed research agenda. Production Planning &

Control: The Management of Operations, 25(16), 1370-1385.

Tenera, A., & Dias, R. (2020). Integrating Balanced Scorecard and Hoshin Kanri a review

of approaches. Independent Journal of Management & Production, 11(7), 2899-2924.

Tong, A., Sainsbury, P., & Craig, J. (2007). Consolidated criteria for reporting qualitative

research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups.

International Journal for Quality in Health Care, 19(6), 349-357.

77

Treinta, F., Moura, L., Cestari, J., Lima, E., Deschamps, F., Costa, S., . . . Leite, L. (2020).

Design and Implementation Factors for Performance Measurement in Non-profit

Organizations: A Literature Review. Frontiers in Psychology, 11(1799).

Trinkenreich, B., Santos, G., Barcellos, M., & Conte, T. (2019). Combining

GQM+Strategies and OKR - Preliminary Results from a Participative Case Study in

Industry. In Product-Focused Software Process Improvement (pp. 103-111). Springer.

Ukko, J., Rantanen, H., & Tenhunen, J. (2007). Performance measurement impacts on

management and leadership: perspectives of management and employees.

International Journal of Production Economics, 110(1-2), 39-51.

Unerman, J., & O'Dwyer, B. (2006). On James Bond and the importance of NGO

accountability. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 19(3), 305-318.

Unerman, J., & O'Dwyer, B. (2010a). NGO Accountability And Sustainability Issues In

The Changing Global Environment. Public Management Review, 12(4).

Unerman, J., & O'Dwyer, B. (2010b). Enhancing the Role of Accountability in Promoting

the Rights of Beneficiaries of Development NGOs. Accounting and Business Research,

40(5), 451-471.

Vera-Muñoz, S., Shackell, M., & Buehner, M. (2007). Accountants' usage of causal business

models in the presence of benchmark data: A note. Contemporary Accounting Research,

24(3), 1015-1038.

Voelpel, S., Eckhoff, R., & Leibold, M. (2006). The tyranny of the Balanced Scorecard in

the innovation economy. Journal of Intellectual Capital, 7(1), 43-60.

Waal, A., Goedegebuure, R., & Geradts, P. (2011). The impact of performance

management on the results of a non-profit organization. International Journal of

Productivity and Performance Management, 60(8), 778-796.

Waal, A., Hermkens-Janssen, M., & van de Ven, A. (2011). The evolutionary adoption

framework: explaining the budgeting paradox. Journal of Accounting & Organizational

Change, 7(4), 316-336.

78

Witcher, B., & Butterworth, R. (1997). Hoshin kanri: A preliminary overview. Total Quality

Management, 8(2-3), 319-323.

Witcher, B., & Butterworth, R. (2001). Hoshin Kanri: Policy Management In Japanese-

Owned UK Subsidiaries. Journal of Management Studies, 38(5), 651-674.

Witcher, B., & Chau, V. (2007). Balanced scorecard and hoshin kanri: dynamic capabilities

for managing strategic fit. Management Decision, 45(3), 518-538.

Yakhou, M., & Sulzen, K. (2010). Changes in Budgeting. Corporate Ownership & Control, 7(3),

465-469.

Yang, C.-C., & Yeh, T.-M. (2009). An integrated implementation model of strategic

planning, BSC and Hoshin management. Total Quality Management & Business

Excellence, 20(9), 989-1002.

Yin, R. (2018). Case Study Research and Applications (6 ed.). SAGE Publications.

Ylikoski, P., & Zahle, J. (2019). Case study research in the social sciences. Studies in History

and Philosophy of Science, 78, 1-4.

Zuber-Skerritt, O., & Perry, C. (2002). Action research within organisations and university

thesis writing. Organisational Learning, 9(4), 171-179.

79

Anexos

Anexos 1 – Guiões de Entrevista

Entrevista Presidente

1. Onde, e porquê, a organização teve sucesso no passado? Quais foram as principais falhas?

2. Que tendências, inovações e dinâmicas estão a alterar o ambiente em que a organização

está inserida?

3. Como vê a organização daqui a três anos?

4. Quais são as principais entidades com que a ESN Porto coopera e porque é que são

importantes para a organização?

5. Em sentido contrário, o que é que essas entidades esperam da ESN Porto e porque é que a

organização é importante para elas?

6. Como avalia o impacto das causas da ESN Porto na comunidade local? E nos estudantes

internacionais?

7. A ESN Porto é uma Organização Sem Fins Lucrativos. Explique como este fator pode

influenciar o desempenho da organização, positivamente ou negativamente.

8. Como funciona o planeamento estratégico da ESN Porto? Com que periodicidade é revisto

e como é mensurado?

9. Que fatores considera críticos para o sucesso da ESN Porto?

10. Que fatores considera essenciais desenvolver para alcançar um bom desempenho futuro?

O que considera que está em falta de momento?

Entrevista Vice-Presidente

1. Onde, e porquê, a organização teve sucesso no passado? Quais foram as principais falhas?

2. Que tendências, inovações e dinâmicas estão a alterar o ambiente em que a organização

está inserida?

3. Como vê a organização daqui a três anos?

4. A organização tem como base o voluntariado. Explique como este fator pode influenciar o

desempenho da organização, positivamente ou negativamente.

5. Como caracteriza a cultura organizacional da ESN Porto? Considera que existe o nível

cultural organizacional desejado para atingir sucesso?

80

6. Na sua opinião, quais são as principais expectativas dos voluntários em relação à

organização?

7. Considera que os membros da organização possuem as ferramentas necessárias para atingir

um bom desempenho organizacional? Porquê?

8. Que processos considera essenciais para o bom funcionamento da organização? Que

fatores são críticos para o seu sucesso?

9. Como avalia as TI da organização? Que dados seriam importantes recolher que não são

recolhidos?

10. Que fatores considera essenciais desenvolver para alcançar um bom desempenho futuro?

O que considera que está em falta de momento?

Entrevista Tesoureiro

1. Onde, e porquê, a organização teve sucesso no passado? Quais foram as principais falhas?

2. Que tendências, inovações e dinâmicas estão a alterar o ambiente em que a organização

está inserida?

3. Como vê a organização daqui a três anos?

4. Financeiramente, que fatores considera críticos para a ESN Porto?

5. Como é efetuada a medição do desempenho? Que indicadores são utilizados?

6. Como funciona o planeamento financeiro da ESN Porto? Com que periodicidade é

revisto?

7. Quais são as principais despesas e receitas da organização? Quais são as principais

limitações?

8. Com que frequência são analisados os desvios? É frequente surgir muitos desvios entre o

real e o previsto? Se sim, qual é a causa?

9. Até que ponto o caráter não lucrativo da organização influencia a oferta de valor para os

stakeholders e o investimento noutras áreas da organização?

10. Quais os objetivos estratégicos chave que considera fulcrais para assegurar um bom

desempenho futuro? O que está em falta no momento?

Entrevista Events Manager

1. Onde, e porquê, a organização teve sucesso no passado? Quais foram as principais falhas?

2. Que tendências, inovações e dinâmicas estão a alterar o ambiente em que a organização

está inserida?

3. Como vê a organização daqui a três anos?

81

4. Como estão estruturadas as atividades e iniciativas da ESN Porto? Como são

operacionalizadas anualmente?

5. Como avalia o impacto das causas da ESN Porto na comunidade local? E nos estudantes

internacionais?

6. Que fatores considera críticos para garantir o sucesso das atividades e iniciativas da ESN

Porto?

7. Que processos considera fundamentais para as atividades e iniciativas da organização?

8. Como é efetuada a medição do desempenho dos eventos e que indicadores são utilizados

para o efeito?

9. Que fatores considera essenciais desenvolver para alcançar um bom desempenho futuro?

O que considera que está em falta de momento?

Anexo 2 – Tabela-Resumo Indicadores

Indicador Fórmula de cálculo Teste Tipo

Taxa de crescimento de

fundos

Total fundos Ano n-Total fundos Ano n-1

Total fundos Ano n-1

*100 Objetivo +

Completo Resultado

Nº candidaturas

enviadas Somatório Objetivo + Reativo Indução

Sucesso candidaturas

(%)

Nº candidaturas submetidas

Nº candidaturas aceites*100

Objetivo+

Completo Indução

Taxa de crescimento das

vendas

ESNcards vendidos Anon-ESNcards vendidos Anon-1

ESNcards vendidos Anon-1

*100 Objetivo +

Completo Resultado

Nº ações formação Somatório Ideal Indução

Volume de formação

por voluntário

Nº horas de formação*Nº formandos

Total de Voluntários Ideal Indução

Horas formação externa

(%)

Nº horas de formação externa

Nº horas de formação total*100 Ideal Indução

Investimento em SI (%) Despesas em desenvolvimento e aquisição de SI Anon

Receitas Anon

*100 Ideal Indução

Satisfação voluntários

(%)

Voluntários Satisfeitos

Total de Voluntários*100

Objetivo +

Completo Resultado

Taxa de rotatividade Saída de Voluntários

Total de Voluntários*100

Objetivo +

Completo Resultado

82

Taxa retenção de

parcerias

Nº parceiros final anon-Nº novos parceiros durante anon

Nº parceiros início anon

*100 Ideal Resultado

Eventos com parceiros

(%)

Eventos com parceiros incluídos

Total de eventos realizados*100 Objetivo + Reativo Indução

Investimento inovação

(%)

Despesas em Inovação Anon

Receitas Anon

*100 Ideal Indução

Nº eventos novos Somatório Ideal Indução

Taxa de inscrição em

novos eventos (%)

Nº inscrições em novos eventos

Nº máximo de inscrições em novos eventos*100

Objetivo +

Completo Resultado

Eventos anunciados

com atraso (%)

Nº eventos anunciados com atraso

Total de eventos realizados*100 Ideal Indução

Tempo médio de

preparação em dias por

mês

∑ tempo30i=1 (dias) de preparação mensal dos eventos

Nº mensal de eventos Objetivo + Reativo Indução

Taxa satisfação Nº ESNcard holders satisfeitos

Total de ESNcard holders*100

Objetivo +

Completo Resultado

Taxa conversão Total de inscrições

Nº máximo de inscrições possíveis *100

Objetivo +

Completo Resultado

Nº welcome sessions

realizadas Somatório Ideal Indução

Eventos por Causa (%) Nº eventos por Causa i

Total de eventos realizados*100 Ideal Indução

Nº bookings efetuados

através de parceiros (%)

Nº bookings efetuados através de parceiros

Total de ESNcard holders*100

Objetivo +

Completo Resultado

Nº ações de divulgação

de informação ocorridas Somatório Ideal Indução

Nº EI que reportaram

situações indesejadas

(%)

Nº total de reportes

Total de ESNcard holders*100

Objetivo +

Completo Resultado

FAC

ULD

AD

E D

E E

CO

NO

MIA