aplicaÇÃo de luz pulsada em depilaÇÃo de pelos brancos · 2020-06-04 · luz pulsada tenha uma...
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APLICAÇÃO DE LUZ PULSADA EM DEPILAÇÃO DE PELOS BRANCOS
Vanessa Estima B. C. Tonidandel1, Maria Magali Gosi1, Mariangela Almeida
Wada1, Maria Goreti de Vasconcelos2
1 Alunas do Curso de Pós-graduação em Estética da Faculdade Método de São Paulo. 2 Professora Orientadora do Trabalho e Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Estética da
Faculdade Método de São Paulo.
Resumo
O objetivo deste trabalho é discutir, por meio de estudo de caso, sobre a possibilidade de diminuição ou até eliminação de pelos brancos, bem como aprofundar estudo acerca do tipo de aparelho com o qual trabalham os profissionais de estética, não mais mediante a melanina, mas pela hemoglobina residual após uma depilação com cera, permitindo que a luz pulsada tenha uma ação de coagulação e morte desse pelo na área tratada. A fotodepilação dos pelos brancos é impossível pela técnica de utilização do laser, pois a melanina que permite a transformação da luz em calor é reduzida no pelo com essa pigmentação. O processo patenteado para a máquina ANTHELIA® consiste num tratamento vascular aplicado numa área previamente depilada por sistema mecânico. Após essa depilação, os sacos foliculares tornam-se sensíveis à luz especial amarela emitida pela máquina. Essa luz é transformada em calor e destrói as papilas dérmicas dos pelos em fase anágena a cada sessão. Algumas sessões foram necessárias para reduzir a densidade dos pelos brancos. É aconselhável validar a eficácia dessa técnica numa área pequena antes de prosseguir num tratamento longo. São necessárias normalmente de quatro a seis aplicações da área tratada seguido de um eventual tratamento de manutenção. A frequência das sessões foi de aproximadamente 30 dias em função do crescimento do pelo na área. Palavras-chave: Pelos brancos. Luz pulsada. Depilação definitiva.
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Introdução
O estilo de vida moderno, principalmente das mulheres devido à forte
integração no mercado de trabalho e ao acúmulo de responsabilidades e tarefas,
levou-as à busca de soluções rápidas e eficientes no que diz respeito à estética.
A beleza da pele, sua aparência e sua juventude fazem parte da
personalidade da mulher e da imagem que quer passar. Hoje em dia, pela higiene
e praticidade, tornaram-se comuns as técnicas de retirada de pelos, conhecidas
como depilação definitiva ou depilação em longo prazo, técnicas então
consideradas muito eficazes para quem não quer mais se preocupar com a
extração dos pelos por um grande período da vida.
O grande problema é que até então não havia sido criado um tipo de laser
ou luz pulsada que pudesse ser utilizado em pelos brancos, loiros ou ruivos devido
à sua falta de pigmentação (melanina) por onde atuam os mecanismos de laser ou
luz pulsada.
A fototerapia por lâmpada flash é uma nova resposta aos problemas de
pelo ou às alterações provocadas na pele processo de envelhecimento.
Lâmpada flash
Foi em 1972 que o americano Harte registrou a primeira patente sobre o
princípio da luz pulsada. Em sua patente, ele descreveu o mecanismo de
fotodepilação, dando valores de fluência e de duração da impulsão ainda hoje
válidos. Essa tecnologia foi testada durante mais de 30 anos para se chegar a
uma ótima administração do procedimento.
Desde então, enormes progressos foram feitos em relação aos aspectos
tecnológicos das máquinas suficientemente rápidas, utilizando-se em torno de 30
minutos para depilar, com qualidade, duas pernas.
A luz emitida pela lâmpada é uma luz branca que é a soma de
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todas as cores: do violeta ao vermelho. A luz branca não tem uma cor em
particular. É essa decomposição da luz que se pode observar em um arco-íris, por
exemplo, ou no momento da passagem de um raio de luz através de um prisma
(BAUMELOU, 2011).
A luz emitida é caracterizada pela distribuição espectral das diferentes
cores que a compõem. Nem todas as luzes brancas são idênticas: aquelas
qualificadas como quentes têm componentes vermelhos mais acentuados,
enquanto as luzes frias têm componentes azuis mais marcantes. É preciso
lembrar que uma luz que possui uma cor particularizada e precisa – um laser, por
exemplo – é caracterizada por um comprimento de onda único (uma raia).
Uma grande vantagem das lâmpadas flash é que elas utilizam uma luz
branca com grande espectro, que permite efetuar tratamentos diferentes. Em
função dos tratamentos, ou aplicações desejadas, a filtragem da luz será diferente.
Figura 1. Espectro de luz branca de lâmpada flash não filtrada.
Legenda: As partes perigosas do espectro serão filtradas, portanto, suprimidas e será mantida somente a parte útil do espectro. Anthélia, por exemplo, está equipada com duas peças manuais (PAM) filtradas diferentemente para as duas aplicações HR e SR. Anthélia pode receber outras PAM, filtradas para outras aplicações.
A energia é um conceito que permite quantificar as interações entre
fenômenos bem diferentes. A unidade de medida de energia oficial é o Joule (J).
Na área da nutrição, expressa-se frequentemente a energia em calorias (1 caloria
= 4,18 J). Na eletricidade, usa-se o watt-hora (Wh), que consiste na energia
consumida durante uma hora por um aparelho que tenha potência de um Watt.
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Quanto à potência, é a energia fornecida por um elemento dividido pela duração
dessa energia (BAUMELOU, 2011).
Em suma, P = E/t.
A potência é medida em Watts (1 W = 1 J/s). Nesse caso, a energia
representa a quantidade de luz que sai do condutor ótico. Por outro lado, a
fluência representa a quantidade de luz ou de energia que sai de uma área de um
cm² (BAUMELOU, 2011).
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Figura 2. Duto e energias ópticas na máquina. Fonte: Eurofeedback Manual, 2011).
A fluência é a característica mais importante de uma máquina, e sua
unidade de medida é expressa em joules/cm². Para obter uma boa qualidade no
tratamento, um nível mínimo de fluência é indispensável. Graças a esse nível de
fluência, pode-se obter uma elevação de temperatura suficiente do alvo pelo vaso
sanguíneo (BAUMELOU, 2011).
Geralmente, os tratamentos necessitam de fluência mínima de 12 J/cm² no
caso de uma eliminação fácil, e de uma fluência da ordem de 20 J/cm² para
espessura vascular, obviamente, dependendo da forma individual que essa
energia luminosa seja de qualidade, ou seja, bem filtrada, bem calibrada e precisa,
sendo condição importante para um bom tratamento (BAUMELOU, 2011).
A fluência é medida por um aparelho formado por uma cabeça composta de
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um corpo de cor preta que absorve a luz e de uma medida de temperatura
associada a um mostrador. Os joule/metros podem ser configurados para mostrar
diretamente a medida de fluência (BAUMELOU, 2011).
Pele
A pele constitui a primeira linha de defesa do corpo humano contra as
agressões do meio externo, sendo, assim, o mais extenso órgão sensorial
respondendo a estímulos táteis, térmicos e dolorosos (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
Além de suas funções – como nutrição, pigmentação, termorregulação,
perspiração, defesa e absorção –, a pele é também considerada um órgão de
grande relevância social e emocional (BAUMELOU, 2011).
Para Peyrefitte, Martini e Chivot (1998, p 326):
Nosso revestimento cutâneo se afirma como um órgão ‘de relação’ de primeira importância, pois seu relevo, sua tez, suas imperfeições se inscrevem na primeira imagem, no primeiro contato, oferecidos aos circunstantes, da mesma maneira que o olhar, o gesto, a atitude.
O tecido cutâneo é uma membrana de camada dupla, epiderme e derme,
que envolve toda a superfície exterior do corpo (HARRIS; 2005).
Obagi (2004), em seus estudos, afirma que a pele pode ser dividida em três
partes principais: epiderme, derme e seus apêndices e camada subcutânea.
Ainda assim, pode-se afirmar sobre as pesquisas de Harris (2005) que no
organismo existem dois tipos diferentes de pele: a pele glabra, sem pelos, como
na palma das mãos e planta dos pés; e a pele pilificada, que pode estar em todo o
restante do corpo humano.
De acordo com Du Vivier (2005), a epiderme é formada por um epitélio
escamoso, contendo várias camadas (estratificado).
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Figura 3. Camadas da pele - Imagem ilustrativa de um corte da derme e da epiderme evidenciando o pelo, seu folículo, vasos sanguíneos e o músculo eretor do pelo. Fonte: Manual Eurofeedback , 2011.
Entre as células em maior quantidade, os queratinócitos, encontram-se os
melanócitos, que são de extrema importância para a pele, responsável também
pela proteção desta contra os raios ultravioleta e sua absorção em diferentes
níveis (SOUZA, 2004).
De acordo com essa diferenciação de pigmentação, pode-se observar o
quadro de diferenciação da pele humana, segundo Fitzpatrick (1975):
Fototipos* Descrição Sensibilidade ao Sol
I - Branca Queima com facilidade, nunca bronzeia Muito sensível
II - Branca Queima com facilidade, bronzeia muito pouco Sensível
III - Morena Clara Queima moderadamente, bronzeia moderadamente Normal
IV - Morena Moderada Queima pouco, bronzeia com facilidade Normal
V - Morena Escura Queima raramente, bronzeia bastante Pouco sensível
VI - Negra Nunca queima, totamente pigmentada Insensível
Quadro 1. Classificação da pele segundo Fitzpatrick (1975).
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Pelo
Com função específica, os pelos são responsáveis pela conservação da
temperatura da camada córnea, e por uma boa proteção de injúrias físicas
(SOUZA, 2004).
São estruturas delgadas e queratinizadas, que se desenvolvem a partir de
uma invaginação da epiderme para a derme e para o tecido subcutâneo. A região
de crescimento da maioria dos pelos consequentemente se encontra no tecido
subcutâneo abaixo da derme. Sua cor, tamanho e disposição variam com a raça e
a região do corpo (CORMACK, 2003).
Os pelos estão presentes em praticamente toda a superfície corporal, com
exceção de algumas regiões bem delimitadas (pele glabra). Os pelos são
estruturas que crescem continuamente, intercalando fases de repouso e fases de
crescimento (CORMACK, 2003).
Figura 4. Imagem ilustrativa de um corte da derme e da epiderme evidenciando o pelo, seu folículo, vasos sanguíneos e o músculo eretor do pelo. Fonte: Manual Eurofeedback , 2011
O folículo piloso apresenta uma dilatação terminal, o bulbo piloso, contendo
a papila dérmica. As células que recobrem a papila dérmica formam a raiz do pelo.
As células centrais da raiz do pelo produzem células grandes, vacuolizadas e
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fracamente queratinizadas, que formam a medula do pelo. Em seguida e
lateralmente, aparecem células dispostas compactamente que dão origem ao
córtex do pelo, que se dispõe envolvendo o córtex como escamas. Finalmente, as
células epiteliais mais periféricas dão origem às duas bainhas epiteliais – uma
interna e outra externa –, que envolvem o eixo do pelo na sua porção inicial e os
melanócitos localizados entre a papila e o epitélio da raiz do pelo, que fornece
melanina às células de seu córtex e medula (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
De maneira cíclica e totalmente independente, cada folículo, como um ioiô,
desce até o interior da derme durante sua fase de crescimento (fase anágena),
depois sobe (fase telógena), após o que desce novamente e sobe. Se todos
nossos pelos ou cabelos estivessem na mesma fase ao mesmo tempo, eles
passariam todos simultaneamente pela fase telógena (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2004).
O processo de crescimento segue certa cronologia. O pelo se forma e
cresce por uma divisão intensa das células do folículo piloso. A raiz do pelo está
profundamente situada na derme com um tamanho relativamente importante e
bem pigmentada (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
A maioria dos pelos e cabelos se encontra na fase de crescimento. Essa
fase também é a mais longa do ciclo. Quanto maior for a fase de crescimento mais
o pelo cresce durante esse período (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
A fase de involução, também chamada de fase de regressão ou de
repouso, é a mais curta do ciclo e dura apenas de 2 a 3 semanas (fase catágena e
telógena). Portanto, somente uma pequena fração de folículos pilosos encontra-se
nessa fase em um dado momento. No decorrer dessa fase de involução, as
células do folículo param de se dividir: o folículo piloso se estreita e cresce em
direção à epiderme próxima à saída da glândula sebácea. Um novo ciclo anágeno,
catágeno, telógeno tem início. Os folículos são programados para efetuar 25 a 30
ciclos pilosos de 3 a 5 anos cada um, durante a vida humana, mas por razões
hormonais, genéticas ou fisiológicas, o ciclo piloso pode se desregular
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
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Figura 5. Imagem representativa das 3 fases de crescimento do pelo: anágena, catágena e telógena.
Fonte: Manual Eurofeedback , 2011.
Depilação
Com o objetivo de parecerem mais femininas e belas, as mulheres têm
utilizado desde o início dos tempos todos os artifícios que possuem para se
livrarem de seus pelos indesejados. Quanto aos homens, eles logo
compreenderam a vantagem de se livrar dos pelos no rosto para parecerem mais
jovens e sedutores.
Os pelos podem ser eliminados por meio de formas mecânicas nos quais
chamamos de arrancamento como, por exemplo, utilizando pinças, mas que,
nesse caso, deve ser feito apenas em pequenas áreas. Pode ser também
retirados mediante lâminas com o inconveniente do retorno desse pelo de 2 a 3
dias (AVÉ, 2004).
Um método um pouco mais duradouro é a depilação por meio da cera, cujo
tempo para repetição do procedimento deverá ser feito entre 15 e 30 dias. Os
pelos só poderão ser retirados novamente após o aparecimento deste e que
atinjam certo comprimento para que possam ser arrancados (AVÉ, 2004).
Outro método utilizado há alguns anos é a depilação elétrica que permitia a
eliminação prolongada dos pelos indesejados. O médico introduz, em cada orifício
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de pelo, uma agulha bem fina e coagula somente o bulbo com uma corrente
elétrica leve (AVÉ, 2004).
Existem também técnicas mais duradouras como, por exemplo, o laser e a
luz intensa pulsada. A depilação a laser vem sido muito estudada como um dos
melhores métodos para depilação. Este método vem ganhando cada vez mais
espaço.
A depilação com luz intensa pulsada é uma inovação dos modos de
depilação e oferece hoje todas as vantagens em qualidade e segurança para se
tornar indispensável (AVÉ, 2004).
Essa técnica de lâmpadas flash apresenta eficácia, rapidez, economia e
também é menos dolorosa que as técnicas de depilação por eletrólise e laser.
Luz pulsada
A primeira razão por ser luz pulsada é para obter uma luz bem branca
(espectro de luz adaptado ao alvo antes da filtragem). É indispensável manipular
os níveis de corrente de várias centenas de Ampères dentro do tubo, e então as
potências instantâneas são muito importantes para o funcionamento contínuo
(AVÉ, 2004).
A segunda razão está ligada às energias necessárias para um bom
resultado terapêutico. Para emitir tais níveis de energia, é importante estocar
durante o tempo de carga essa energia em um reservatório, depois de enviá-la
brutalmente por intermédio do flash de luz intensa (AVÉ, 2004).
É relevante observar que o espectro de emissão da lâmpada depende da
temperatura do plasma dentro do tubo e, portanto, da corrente do tubo. Por esse
motivo, é possível adaptar o espectro de emissão da lâmpada ao alvo, escolhendo
a boa corrente dentro do tubo. O operador, selecionando as configurações de
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tratamento, escolhe ao mesmo tempo um espectro de luz bem adaptado ao alvo
(AVÉ, 2004).
Figura 6. Curvas de reflexo da pele As curvas de reflexo de luz da pele mostram que é necessário enviar energias mais elevadas sobre as peles brancas para manter a mesma absorção global dos tecidos.
Fonte: Eurofeedback Manual, 2011.
Figura 7. Curvas de absorção dos cromóforos da pele.
Fonte: Eurofeedback Manual, 2011.
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A luz que penetra nos tecidos durante o flash será absorvida pelos
principais cromóforos que são o sangue, a melanina e a água. Pode-se observar
que a oxihemoglobina é o cromóforo dominante abaixo de 600 nm. Entre 600 nm e
1200 nm, a melanina absorve a maior parte da luz. Sem melanina, nessa faixa de
600 a 1200 nm, a absorção dos tecidos é mais fraca e será propícia a uma
iluminação em profundidade. Além de 1200 nm, a absorção luminosa da água
torna-se importante (BAUMELOU, 2011).
O efeito térmico da luz pulsada sobre os tecidos biológicos é um processo
complexo, resultando três fenômenos distintos: conversão de luz em calor;
transferência de calor; e reação do tecido ligada à temperatura e à duração do
aquecimento. Essa interação conduz à desnaturação ou à destruição de um
volume de tecido (BAUMELOU, 2011).
A fonte de calor é induzida por conversão da luz pulsada em calor depois
da absorção dessa luz pelos diferentes cromóforos. A conversão em calor da luz
absorvida dentro do cromóforo é a origem de uma fonte de calor a que se pode
chamar de primária (BAUMELOU, 2011).
A condução pode ser considerada uma transferência de energia por
interação das partículas do tecido. Essa transferência se faz das partículas mais
quentes em direção às mais frias e leva a um volume aquecido secundário mais
volumoso que a fonte primária, na qual se efetua a conversão da luz em calor. É
esse volume aquecido secundário que se precisa levar em consideração para
estudar a desnaturação do tecido (BAUMELOU, 2011).
A desnaturação do tecido é o resultado final da ação térmica sobre esse
tecido. O conhecimento da cinética dessa transformação é necessário para
descrever o processo de desnaturação. Essa cinética depende da temperatura
atingida dentro dos tecidos, assim como a duração desse aquecimento. A
suscetibilidade do tecido ou seu comportamento ante a agressão térmica também
é um parâmetro capital a ser considerado no mecanismo de desnaturação. Esse
mecanismo fototérmico chama-se fotocoagulação seletiva (BAUMELOU, 2011).
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De acordo com Baumelou (2011), a ação térmica do flash de luz pode se
resumir, conforme o grau e o tempo de aquecimento do tecido, em duas ações
principais:
a) A hipertermia: significa uma elevação moderada da temperatura, de alguns
graus Celsius, podendo corresponder, portanto, a temperaturas de 41 °C a 44 °C
durante várias dezenas de minutos e encadeiam morte celular retardada para
atingir processos enzimáticos.
b) A coagulação: corresponde a uma necrose irreversível sem destruição imediata
do tecido. A temperatura atinge (de 50° a 100°), durante um período da ordem do
segundo. Produz dessecação, branqueamento e uma retração dos tecidos por
desnaturação das proteínas e do colágeno. Os tecidos vão secundariamente se
eliminando – desbridamento – com aparição, em seguida, do processo de
cicatrização.
Figura 8. Imagem representativa do espectro de uma lâmpada “flash” filtrada HR a 600 nm.
Fonte: Eurofeedback Manual, 2011.
A fase anágena precoce é o melhor momento para a epilação. Nesse
estado, o folículo piloso tem toda sua integridade e está menos profundo que no
estado anágeno mais tardio. Ele também está mais pigmentado em sua base. O
prazo de crescimento dos pelos pode ser diferente para cada indivíduo. É
imprescindível esperar que eles tenham crescido ao menos 3 mm antes de fazer
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uma nova sessão. A duração total de um tratamento é a mesma do ciclo do pelo
considerado.
Fotodepilação de pelos brancos
Por não possuir melanina em sua composição, o tratamento de epilação em
pelos brancos deve ser feita com um protocolo diferenciado já que o órgão-alvo
não será a melanina e sim a hemoglobina residual. (BAUMELOU, 2011)
De acordo com Baumelou (2011), na fotodepilação dos pelos brancos,
deve-se observar que:
a) O tratamento assemelha-se ao tratamento vascular grosso, e a
hemoglobina-alvo está situada na raiz do pelo a uma profundidade de 2 a 4 nm;
b) A energia deve ser importante;
c) O tempo de flash deve ser adaptado (30 ms);
d) Uma leve pressão na pele é possível.
Materias e métodos
A pesquisa foi realizada em paciente branco, fototipo 2, dificuldade em
pegar sol, 57 anos, casado, pelos brancos em barba referida desde 28 anos de
idade. Foram realizadas três sessões, sendo uma sessão a cada trinta dias. Antes
do procedimento, foi feita depilação com cera quente em todos os pelos para que
a luz pudesse alcançar a hemoglobina residual proveniente do arrancamento do
pelo e, assim, armazenar calor, enfraquecendo a região bulbo papila.
Protocolo de tratamento
O protocolo de tratamento foi realizado da seguinte forma:
a) Alvo: hemoglobina residual no interior do folículo piloso após sua extração;
b) Objetivo: temperatura hemoglobina acima de 80 graus centígrados;
c) Meio: luz intensa filtrada a 475 nm;
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d) Ação: coagulação da matriz e do bulbo piloso;
e) Resultado: eliminação dos pelos brancos na fase anágena.
O objetivo do tratamento foi a proporcionar ao pelo coagulação do sangue
residual após a extração feita com a cera quente.
Tratamento
Deve-se realizar um depilação com cera quente, aguardar 5 minutos para
que ocorra a coagulação sanguínea e iniciar a fotodepilação, que será realizada
com padrões de tratamento vascular grosso, já que esse pelo não tem melanina e
o resultado é obtido por meio da hemoglobina, configurando a máquina para o
fototipo do paciente. Logo após a aplicação, deve-se resfriar a área tratada por
aproximadamente cinco a dez minutos com bolsa de gelo.
A exposição ao sol não é recomendada antes de duas semanas da data da
aplicação.
Considerações
Em três meses e meio de acompanhamento entre uma sessão e outra, o
paciente demonstrou gostar do tratamento, posto que apresentou falhas em sua
barba e acredita que, com a continuidade das sessões, possivelmente terá
melhora nos resultados já que a quantidade de sessões ainda não foi suficiente.
Nesse período de tratamento, notaram-se pelos mais finos e, sobretudo, o
lapso de tempo entre as barbeações do cliente com uso de aparelho de barbear
foi alterado ao longo do tratamento, o que pode ser atribuído à depilação com cera
quente feita antes da aplicação de luz pulsada.
Para um resultado mais eficaz, convém aguardar novas sessões e assim
por diante, até que os pelos acabem por completo.
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Referências
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