antroponímia em língua umbundu no bié: nomes portugueses e
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS
Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes
portugueses e umbundu
MÁRIO VICOMO AFONSO
Tese orientada pela Prof.ª Doutora Esperança Cardeira, especialmente
elaborada para a obtenção do grau de Mestre em Linguística.
2020
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS
Antroponímia em Língua Umbundu no Bié: Nomes
portugueses e umbundu
MÁRIO VICOMO AFONSO
DISSERTAÇÃO
MESTRADO EM LINGUÍSTICA
2020
I
ÍNDICE LISTAS DE FIGURAS ____________________________________________________ III
LISTAS DE TABELAS ____________________________________________________ IV SÍMBOLOS FONÉTICOS, CONVENÇÕES E DIACRÍTICOS ___________________ V
ABREVIATURAS _______________________________________________________ VII AGRADECIMENTOS ___________________________________________________ VIII
RESUMO ________________________________________________________________ IX ABSTRACT ______________________________________________________________ X
INTRODUÇÃO ___________________________________________________________ 1 CAPÍTULO I
BREVE RESENHA HISTÓRICA ____________________________________________ 3 Os Ovimbundu ______________________________________________________ 3
1.1. A origem dos Ovimbundu: teorias e história ____________________________ 3 1. Localização geográfica dos Ovimbundu __________________________________ 9
O Bié ______________________________________________________________ 13 2.1. A origem do Bié: lenda e história ____________________________________ 13
2.2. Localização geográfica do Bié _______________________________________ 18 A língua: umbundu __________________________________________________ 20
3.1. O alfabeto umbundu _______________________________________________ 28 3.2. Particularidades da língua umbundu _________________________________ 33
3.3. Particularidades dos nomes umbundu ________________________________ 42 As tradições ________________________________________________________ 48
4.1 Iniciação, casamento, nascimento e morte _____________________________ 48 4.2. Estrutura familiar e sucessão _______________________________________ 53
4.3. Atribuição dos nomes ______________________________________________ 56 CAPÍTULO II
ANTROPONÍMIA PORTUGUESA E ANTROPONÍMIA UMBUNDU ____________ 60 O sistema antroponímico português ____________________________________ 60
1.1. Elementos do nome (nome próprio, sobrenome, apelido) _________________ 63 1.2. Evolução do sistema _______________________________________________ 68
1.3. O sistema atual ___________________________________________________ 73
II
O sistema antroponímico Bantu _______________________________________ 77
2.1. O sistema umbundu _______________________________________________ 79 2.2. A escolha dos nomes _______________________________________________ 83
Influência europeia no sistema antroponímico de Angola __________________ 84 Caraterísticas e composição dos antropónimos do Bié _____________________ 92
CAPÍTULO III ___________________________________________________________ 99 ANÁLISE DOS DADOS ___________________________________________________ 99
1. OBJECTIVOS ______________________________________________________ 99 2. METODOLOGIA __________________________________________________ 101
3. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS __________ 104 3.1. Resultados estatísticos ___________________________________________ 104 3.2. Constituição de nomes nos registos da Conservatória e da Igreja __________ 106 3.3. Constituição de nomes por década nos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié ___________________________________________ 109 3.4. Frequência dos nomes nos registos da Conservatória e da Igreja Congregacional
no Bié _________________________________________________________ 111 3.5. Frequência dos primeiros nomes dos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié ___________________________________________ 114 3.6. Frequência dos segundos nomes dos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié ___________________________________________ 116 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ___________________________________ 117
5. SÍNTESE _________________________________________________________ 124 CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________________ 126 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________________ 128
APÊNDICES ____________________________________________________________ 136 Apêndice A- Etimologia e significados de alguns nomes em Umbundu _________ 136 Apêndice B- Assento de nascimento da Conservatória Civil do Bié ____________ 145 Apêndice C - Modelo de transcrição manual de nomes _____________________ 146 Apêndice D- Registo de batismo da Igreja Evangélica do Bié ________________ 147 Apêndice E - Lista de nomes do registo do Bié ____________________________ 148 Apêndice F - Composição dos nomes do Bié da década de 70 – 90 ____________ 185
ANEXOS _______________________________________________________________ 211 Anexo 1- Carta para autorização de recolha de dados _______________________ 211 Anexo 2- Carta de autorização de recolha de dados da Comissão Multissetorial __ 212 Anexos 3- Decreto-Lei n.º 10/85 de 18 de outubro sobre a composição dos nomes
angolanos _________________________________________________ 213
III
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1- Processo migratório dos povos Bantu ___________________________________ 4
Figura 2- Mapa geográfico de Angola ___________________________________________ 8
Figura 3- Mapa dos reinos Ovimbundu- século XIX _______________________________ 9
Figura 4- A dinastia do reino Viye ____________________________________________ 15
Figura 5- Mapa geográfico e etnográfico de Angola _______________________________ 17
Figura 6- Mapa geográfico do Bié _____________________________________________ 19
Figura 7- Classificação das línguas Bantu _______________________________________ 22
Figura 8- Mapa geográfico e linguístico de Angola _______________________________ 24
Figura 9- Línguas faladas em Angola __________________________________________ 25
Figura 10- Línguas mais faladas em casa, distrito do Bié ___________________________ 26
Figura 11- Representação ortográfica dos sons africanos ___________________________ 29
Figura 12- Representação fonemática e ortográfica do umbundu _____________________ 31
Figura 13- Estrutura familiar dos Ovimbundu ___________________________________ 54
Figura 14- Relação familiar entre tios, tias, sobrinhos e netos _______________________ 54
Figura 15- Nomes masculinos mais frequentes nos processos da inquisição de Lisboa entre 74
Figura 16- Nomes femininos mais frequentes nos processos da inquisição entre ________ 75
Figura 17- Origem dos nomes próprios e apelidos e alcunhas na antroponímia umbundu __ 82
Figura 18- Composição dos nomes nas ex-colónias portuguesas em África ____________ 87
Figura 19- Origem dos nomes próprios e apelidos na antroponímia do Bié _____________ 98
LISTAS DE QUADROS
Quadro 1- Nasalização obrigatória na língua umbundu ____________________________ 32
Quadro 2- Exemplos de semelhança lexical entre tchokwe e umbundu ________________ 34
Quadro 3- Prefixos nominais do umbundu ______________________________________ 36
Quadro 4- Prefixos nominas compostos ________________________________________ 43
Quadro 5- Prefixos e pré-prefixos do umbundu __________________________________ 46
Quadro 6- Terminologia de consanguinidade dos Ovimbundu ______________________ 55
Quadro 7- Antropónimos aportuguesados _______________________________________ 91
IV
LISTAS DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Composição dos nomes do Registo da Conservatória do Bié ______________ 106
Gráfico 2- Composição dos nomes do Registo de Batismo da Igreja Congregacional do Bié
_______________________________________________________________________ 107
Gráfico 3- Composição dos nomes nos dois Registos _____________________________ 107
Gráfico 4- Sistema de nomes mais frequentes na antroponímia do Bié, 1976-2000 ______ 108
Gráfico 5- sistema antroponímico do Bié por décadas ____________________________ 109
Gráfico 6- Sistema de nomes mais frequentes do Registo de Batismo da Igreja
Congregacional do Bié em 3 décadas __________________________________________ 110
Gráfico 7- Sistema de nomes mais frequentes nos dois registos da antroponímia do Bié entre
as décadas de 70, 80 e 90 ___________________________________________________ 111
Gráfico 8- Frequentes dos nomes próprios e apelidos no Registo da Conservatória do Bié 112
Gráfico 9- Frequência dos primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes do Registo de
Batismo da Igreja Congregacional do Bié ______________________________________ 112
Gráfico 10- Frequência dos primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes dos Registos da
Conservatória do Bié e da Igreja Congregacional do Bié __________________________ 113
Gráfico 11- Frequência dos prenomes femininos nos Registos da Conservatória do Bié e da
Igreja Congregacional do Bié ________________________________________________ 114
Gráfico 12- Frequência dos prenomes masculinos nos Registos da Conservatória do Bié e da
Igreja Congregacional do Bié ________________________________________________ 115
Gráfico 13- Frequência dos segundos nomes nos Registos da Conservatória do Bié e da Igreja
Congregacional do Bié _____________________________________________________ 116
LISTAS DE TABELAS
Tabela 1- Dados do Registo de batismo da Igreja Evangélica ______________________ 104
Tabela 2- Dados do registo de nascimento da Conservatória do Bié _________________ 105
V
SÍMBOLOS FONÉTICOS, CONVENÇÕES E DIACRÍTICOS
Vogais orais e nasais
[ɐ͂] vogal média ou central, semifechada, nasal
[ɛ] vogal anterior ou palatal, semiaberta, oral
[e] vogal anterior ou palatal, semifechada, oral
[e͂] vogal anterior ou palatal, semifechada, nasal
[i] ou [y] vogal anterior ou palatal, fechada, oral
[ĩ] ou [~y] vogal anterior ou palatal, fechada, nasal
[ɔ] vogal posterior ou velar, semiaberta, oral
[o] vogal posterior ou velar, semifechada, oral
[õ] vogal posterior ou velar, semifechada, nasal
[u] vogal posterior ou velar, fechada, oral
[ũ] vogal posterior ou velar, fechada, nasal
Consoantes
[p] consoante oclusiva, bilabial, surda, oral
[~b] consoante oclusiva, bilabial, sonora, nasal
[t] consoante oclusiva, linguodental, surda, oral
[~d] consoante oclusiva, linguodental, sonora, nasal
[k] consoante oclusiva, velar, surda, oral
[~g] ou [ng] consoante oclusiva velar vozeada, nasal
[m] consoante oclusiva, bilabial, sonora, nasal
[n] consoante oclusiva, alveolar, sonora, nasal
[ŋ] ou [ñ] consoante velar, nasal
[ɲ] ou [ny] consoante oclusiva, palatal, sonora, nasal
[f] consoante fricativa, labiodental, surda, oral
[v] consoante fricativa, labiodental, sonora, oral
VI
[s] consoante fricativa, linguodental, surda, oral
[z] consoante fricativa, linguodental, sonora, oral
[tʃ] consoante fricativa, pós alveolar não vozeada, oral
[l] consoante lateral, alveolar, sonora, oral
[ʎ] consoante lateral, palatal, sonora, oral
[w] semivogal velar, oral
[w̃] semivogal velar, nasal
SIMBOLOS CONVENCIONAIS
[ ] transcrição fonética
/ / representação fonológica
> evoluiu para
< deriva de
~ variantes fonéticas
= significado
SIMBOLOS DIACRÍTICOS
~ vogal nasal
' vogal acentuada
´ tom alto
H tom alto
L tom baixo
º tom flutuante
levantamento do tom
¯ abaixamento do tom
ˇ tom ascendente
ˆ tom descendente
VII
ABREVIATURAS
s substantivo
v verbo
sl singular
pl plural
m masculino
f feminino
m masculino
adv advérbio
adj adjetivo
VIII
AGRADECIMENTOS
Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus, que me deu saúde e forças para superar
todos os desafios que surgiram ao longo desta caminhada, à Doutora Esperança Cardeira pela
orientação e paciência durante a fase da elaboração deste trabalho, à Comissão Multissetorial
para a Ratificação do Novo Acordo Ortográfico, especialmente à Doutora Paula Henriques pela
confiança e consideração. Agradeço a família Jairo Afonso, em especial a minha mãe,
Conceição Maria Afonso, aos meus filhos.
Sem esquecer todo o apoio moral e material vindo da Pastora Idalina Sitanela, da
Doutora Dora Etaungo, dos membros da Igreja Presbiteriana de Algés em Lisboa, dos meus
colegas da Universidade de Lisboa, em especial a Maura Fernanda Inácio Romão, a Joana Alda
da Costa Mbambi, Hilário Nambalo, Arnaldo Samulingua, a Dona Maria do Céu e a todos que
direta ou indiretamente estiveram presentes nos momentos difíceis.
“A vida não é feita de grandes sacrifícios e deveres, mas de
pequenas coisas; entre as quais o sorriso e a gentileza que
habitualmente dispensamos são o que ganha e preserva a
afeição”.
(Sir Humphry Davy 1778-1829)
IX
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar um ensaio sobre a tipologia dos antropónimos do
Bié, analisando a atribuição de nomes em língua umbundu, a constituição e a frequência dos
nomes do Bié. Trata-se de um estudo sobre a Antroponímia em língua umbundu: nomes
portugueses e nomes umbundu
Realizou-se um estudo sistemático sobre a frequência e a constituição de nomes do Bié, de
acordo com as seguintes fontes documentais: registos de batismo e de nascimento do Registo
Civil da Conservatória do Bié e da Igreja Evangélica Congregacional do Bié.
Os resultados obtidos mostram que o sistema antroponímico do Bié na década de 70 era
constituído por nomes de dois elementos, na década de 80 por nomes de três elementos e na
década de 90 por nomes de quatro elementos. Quanto a frequência registou-se que Maria,
António e José são os nomes próprios mais frequentes e Jamba, Cassinda e Ngueve como
segundos, terceiros e quartos nomes mais frequentes.
Acreditamos que a constituição e a frequência dos nomes do Bié estão relacionadas com a
influência do sistema europeu e a substituição de nomes africanos por nomes europeus na era
colonial.
De acordo com os resultados obtidos podemos concluir que o sistema antroponímico do Bié
tem semelhanças com o sistema antroponímico europeu, melhor dizendo, trata-se de um sistema
combinatório (nomes europeus e nomes africanos). Os nomes europeus e cristãos, ocorrem
como nomes próprios e apelidos. Os nomes umbundu ocorrem como complemento
antroponomástico (sobrenomes e apelidos).
A constituição de nomes umbundu está associada a critérios de natureza antropológica. Por
consequência, os pais e os padrinhos não têm papel decisivo na escolha do nome da criança.
Em suma, os nomes do Bié, atualmente, são constituídos por 5 elementos, conforme prescreve
o Decreto-Lei n.º 10/85 de 19 de outubro.
Palavras-Chave: onomástica, história, língua umbundu, léxico.
X
ABSTRACT
This is a study about Anthroponymy in Umbundu language: Portuguese names and Umbundu
names. This work aims to present an essay about the typology of Bié anthroponyms and to
analyze the names in Umbundu language, the constitution and frequency of Bié names. A
systematic study of the frequency and constitution of Bié names was realized, according to the
following documentary sources: baptism and birth names from the Civil Registry of the Bié
Conservatory and the Evangelical Congregational Church of Bié. The results show that Bié's
anthroponomic system in the 70s consisted of names of two elements, in the 80s names of three
elements and in the 90s was constituted by names of four elements. As for frequency, it was
registered that Maria, António and José are the most frequent proper names, on the other hand,
Jamba, Cassinda and Ngueve are the most frequent names as second, third and fourth names.
We believe that the constitution and frequency of Bié names are related to the influence of the
European system and the substitution of African names by European names in the colonial era.
According to the results obtained, we can conclude that Bié's anthroponomic system has
similarities to the European anthroponomic system, in other words, it is a combinatorial system
(European names and African names). European and Christian names occur as first names and
surnames. Umbundu names occur as anthroponomical complements (surnames).
The constitution of umbundu names is associated to anthropological criteria. Consequently,
parents and godfathers do not play a decisive role in choosing the child's name.
In short, Bié's names are currently made up of 5 elements, as prescribed by Decree-Law n. º
10/85 of October 19.
Keywords: onomastics, history, umbundu language, lexicon.
1
INTRODUÇÃO
A antroponímia em língua umbundu está relacionada com o nascimento e a morte. Em
princípio, trata-se de dois processos culturais em que as famílias procuram constituir epata (=
família) para a procriação e o anseio de conceber filhos, assim como entender os mistérios da
morte, o que implica a escolha de determinados nomes que traduzam o momento do seu
nascimento. Por outro lado, os Ovimbundu adotam também a nomes de um antepassado vivo
ou morto com a preocupação de se perpetuar a memória deste ente querido1. É comum
verificarmos neste sistema os seguintes nomes: Cassinda, Chilombo, Ngueve, António.
“Chamar pelo seu nome é evocar a pessoa naquilo que tem de mais íntimo. [...] E quem ouve
chamar pelo seu nome deve responder, eis-me aqui. Reconhece que existe uma relação entre
ele e o seu nome” Yambo (2003:28).
Este trabalho enquadra-se na área da antroponímia, baseada nos parâmetros da
antroponímia portuguesa e umbundu. Este estudo foi realizado com base nos dados do distrito
do Bié, na localidade de Cuíto. É um distrito histórico constituído por um vasto mosaico cultural
e multilinguístico. O trabalho tem como objetivo apresentar a constituição dos nomes do Bié,
bem como a frequência de nomes masculinos, femininos e nomes em português e umbundu e
refletir sobre a razão da escolha de nomes europeus, cristãos e umbundu, na antroponímia do
Bié.
Trata-se de um estudo pioneiro, posto que não há investigações anteriores sobre os
nomes do Bié nem na área da antroponímia angolana. Este trabalho poderá servir de apoio a
estudos futuros sobre a antroponímia angolana e na elaboração de dicionários onomásticos e
etimológicos dos nomes do Bié. Também poderá contribuir para o conhecimento dos critérios
de atribuição de nomes na cultura Ovimbundu.
Este trabalho está constituído por três partes essenciais. No capítulo I, apresentamos a
descrição genealógica, a caraterização geográfica e os principais reinos Ovimbundu. Apesar da
complexidade cultural, no distrito do Bié, os bienos são maioritariamente Ovimbundu.
Outrossim, procuramos também descrever a situação geolinguística, cultural, tradicional dos
1 Chamo-me Mário Vicomo Afonso, nome composto pelos prenomes Mário Vicomo, com origem no tio materno e Afonso, apelido paterno.
2
bienos. É de referir que os aspetos culturais são indispensáveis para a compreensão dos
processos de atribuição de nomes na antroponímia em língua umbundu no Bié.
O capítulo II refere-se ao sistema antroponímico português e em língua umbundu.
Considerando que se trata de dois modelos diferentes, achamos por bem especificar o
funcionamento de cada sistema de nomes. Nesse ponto procuramos descrever as caraterísticas
de cada sistema antroponímico, a legislação sobre a composição dos nomes completos, a
terminologia antroponímica e a evolução dos sistemas.
Relativamente ao Capítulo III, trata-se de uma apresentação dos dados e análise dos
resultados do registo de nascimento da Conservatória do Bié e do registo de batismo da Igreja
Congregacional do Bié.
Nesse ponto, testamos os resultados e comparamo-los de acordo com os registos
selecionados para o efeito. Analisamos também a frequência de cada elemento do nome e a
constituição dos nomes em língua umbundu, por meio de figuras e quadros estatísticos
devidamente legendados.
3
CAPÍTULO I
BREVE RESENHA HISTÓRICA
Os Ovimbundu
1.1. A origem dos Ovimbundu: teorias e história
Referimos neste ponto, a origem dos povos Bantu e Ovimbundu. De acordo com
Figueira (1938:11) “o termo Bantu foi utilizado pela primeira vez na Comparative Grammar of
South African Languages de Bleek em 1867”. Ainda o mesmo autor diz que em quicongo,
Bantu é o plural de muntu (pessoa), no umbundu - omanu é o plural de omunu (pessoa). O termo
Bantu é também utilizado para se referir a origem das línguas dos povos africanos que têm
como base a raiz ntu como designativo do ser, gente ou pessoa. Ainda Figueira (1938:11)
adianta que os Bantu são “habitantes da África Negra, desde as zonas de influência equatorial
ao Cabo da Boa Esperança - a Cape Town”.
Segundo a teoria, os ancestrais dos povos Bantu eram habitantes da confluência do rio
Benuê e Camarões que migraram para o Leste e Sul do continente africano. Silva (1996:449,
citado por Lopes, 2011:36) afirma que “os ancestrais dos povos que hoje habitam ao sul, a
sudeste e a sudoeste da confluência do rio Benuê e Níger, como iorubás, edos, nupês e ibos,
etc., vivem nessa região provavelmente há milhares de anos”. Redinha (1975:7) afirma que a
“composição étnica dos Bantos Ocidentais apresenta traços nigerianos e camaroneses na sua
zona noroeste, e fusões importantes de sangue etíope, e fortes marcas dos Camitas Orientais
nos Grupos do Sudoeste”. O movimento migratório Bantu aconteceu entre 1000 antes de Cristo
e 1100 depois de Cristo. Por conseguinte, há diferentes opiniões sobre a possível origem dos
Bantu, tal como se pode observar na figura 1.
4
Fonte: Andrade (2007:23)
De acordo com a figura 1, note-se que Jonhston (1919; 1923) e Philipson (1976; 1985)
concordam que o processo migratório tenha começado na Nigéria e Camarões ao oriente, Leste
e sul de África. Para Heine, Hoff e Vossen (1977) o processo migratório teria surgido na região
da Nigéria e estendeu-se até a África Central (Congo, Sudão e Uganda) e posteriormente para
o oeste e sul da África Austral. Guthrie (1962ab; 1971) e Oliver (1966) supõem que os povos
Bantu tenham vindo do sul da República do Congo, da Zâmbia a África oriental (Malawi e
Moçambique). Alguns autores afirmam que o limite dos povos Bantu parte da linha do equador
ao sul de África, tal como argumenta Lopes (2011):
[…] o povoamento da bacia do rio Congo e seus arredores, incluindo o antigo Zaire, Angola,
Congo, Gabão e Zâmbia, está ligado à longa e sucessiva migração dos bantos a partir dos atuais
Chade e Camarões. Entre 300 e 100 a.C., uma dessas levas de migrantes, vinda já do leste do
continente, da região dos Grandes Lagos, chega à região. (Lopes, 2011:52)
Este autor considera que a origem dos Bantu está relacionada com as sucessivas
migrações que partem do Chade e Camarões até a bacia do rio Congo e região dos Grandes
Lagos. Alguns migrantes vindos da zona leste de África, provavelmente da região dos grandes
Figura 1- Processo migratório dos povos Bantu
5
lagos teriam chegado a Angola, Congo, Zaire, Gabão e Zâmbia entre os anos 300 e 100 antes
de Cristo. Em contrapartida, o Dicionário Eletrónico Infopédia Porto Editora (2003) descreve
o seguinte:
[…] este povo, oriundo dos Camarões, iniciou por volta do ano 1000 a. C. um movimento
migratório que o levou para além dos seus assentamentos agrícolas e o trouxe até ao Centro, o
Este e o Sul da África, chegando até ao Sudoeste da Costa Sul Africana nos séculos III e IV d.
C.
Partindo deste pressuposto, os Bantu oriundos dos Camarões no ano 1000 a. C migraram
para o centro, este e sul de África à procura de melhores condições de vida entre os séculos III
e IV depois de Cristo. Segundo a tradição oral, a origem dos povos Ovimbundu está relacionada
com o processo migratório que parte da fronteira entre Nigéria e Camarões, África Central,
Oriental e Sul. Deste modo, a semelhança lexical entre os Ovimbundu e Igbo (Nigéria) é muito
próxima2.
Devido ao movimento migratório dos povos Bantu no centro, leste e sul de África, os
costumes têm a mesma origem e são idênticos. A título de exemplo, verifica-se a aproximação
lexical do Kiswahili e do umbundu3.
Para Petter (2015) as populações bantu teriam atingido a atual República dos Camarões
durante o segundo milénio a. C.. A expansão prosseguiu gradativamente para o leste e sudeste,
para se tornar um fenómeno maior: a expansão dos bantos. Alguns povos bantu progrediram
para a margem norte da floresta equatorial e atingiram a região dos grandes lagos, por volta do
primeiro milénio a. C.. Acredita-se que a expansão na floresta parece ter seguido os cursos da
água. Os Bantu teriam descido os afluentes da margem direita do rio Congo e subido para a
margem esquerda antes de atingirem as savanas ao Sul da floresta. Ainda Petter (2015:53) “a
partir dessa região e a partir da África oriental, a expansão prosseguiu para o Sul; os bantos
chegaram ao Sul do Zambeze no século IV e ao Limpopo, no Século seguinte”.
2 Veja-se, p. ex., em Igbo- Chukwu (Deus) e umbundu - Suku (Deus). 3 Por exemplo, em Kiswahili – ngombe (boi, vaca), nyoka (cobra), mume (marido), mbua (cão), mti (árvore), kulala (dormir), tal como em umbundu- ongombe (boi, vaca), onyoha (cobra), ombua (cão), mume (irmão mais velho), uti (árvore), okulala (dormir).
6
Por outro lado, as migrações dos povos bantu oriundos do Sul da África é considerada
como uma das possíveis origens dos povos Ovimbundu. Conforme a descrição de Petter, os
Benue-Congo ocupam uma área bastante extensa, desde a África ocidental, Central, oriental e
austral: Os Benue- Congo ocupam aproximadamente dois terços do Sul da Nigéria e da República dos
Camarões, a parte Sul da república Centro Africana e do Congo, grande parte da República
Democrática do Congo, Tanzânia, Uganda, Quênia, Ilhas comores, Moçambique, Angola
Ruanda, Burundi, Namíbia, Zâmbia, Maláui, Zimbábue, Botsuana, Suazilândia, África do Sul,
Lesoto, Guiné Equatorial e Gabão, assim como uma pequena parte da Somália.
(Petter 2015:60)
Para Figueira (1938) os povos bantu oriundos da África do Sul penetraram em Angola
pelo oriente do Continente Negro. Segundo a tradição encontrada pelos navegadores
portugueses e primeiros exploradores, supõe-se que tenha sido um século antes da descoberta
da “África Bantu”, por volta de 1380. A semelhança cultural e linguística tem sido o principal
fundamento de que os Ovimbundu sejam descendentes dos povos Bantu oriundos da África do
Sul.
Relativamente aos Bantu-Congo e Bantu-Lunda pressupõe-se que migraram para o
planalto de Benguela e posteriormente para o centro de Angola à procura de terras favoráveis à
agricultura, pastoreio, caça e fabricação de ferro. Mcculloch (1952) afirma:
[…] os povos Ovimbundu representam a fusão de diversos povos. Principalmente do sul do
Bantu e do Congo ou do Bantu central. As famílias dominantes em grande parte são oriundas
das Lunda. Entraram no planalto de Benguela durante a século XVII e começaram a formar os
seus próprios reinos. (Mcculloch 1952:4-5)
Os jagas bangalas oriundos das Lundas migraram para as terras de Benguela durante o
século XVII. Presume-se que o contacto linguístico e cultural entre estes povos fez com que
houvesse grandes semelhanças lexical e gramatical entre si.
É indubitável a semelhança lexical do umbundu e do Lunda-Cokwe. Provavelmente, o
contato cultural e linguístico pode ter sido a causa desta semelhança. Para Figueira (1932),
Mcculloch (1952), Capello & Ivens (1882) e Childs (1942) a origem dos Ovimbundu estará
7
relacionada com o processo migratório dos Lunda Tchokwe para o interior de Angola. Em
conformidade com Childs (1942), a origem dos Ovimbundu tem que ver com quatro fatores:
[…] a evidência disponível sobre origens e migrações dos Ovimbundu é principalmente de
quatro tipos: (1) linguística; (2) lendária, seja dos vários grupos dos Ovimbundu ou das tribos
das quais eles parecem ter surgido; (3) histórico; (4) evidência de vizinhos. (Childs 1942:169)
Os povos Bantu migraram pelo sudoeste angolano, tendo atingido as regiões do planalto
de Angola. Em conformidade com Redinha (1975):
as atuais populações angolanas são constituídas por Bantos, por alguns pré-Bantos e um número
apreciável de não Bantos. Os Bantos angolanos pertencem à grande divisão dos Bantos
Ocidentais, conquanto haja a assinalar, no sudoeste da Província, uma penetração relativamente
extensa de Bantos Meridionais, atingindo para norte os Umbundos, até aos Bienos e Bailundos.
(Redinha 1975:7)
Na opinião de Redinha, os Bantu são resultado da divisão dos povos Ocidentais e
Meridionais provenientes da Nigéria e Camarões. As migrações bantu em Angola, segundo
Martins (1993), são constituídas por 9 grupos étnicos: Kikongos (século XIII), Nyaneka (século
XV ou XVI), Jagas (século XVI), Hereros (século XVI), Ngangelas (século XVII), Kiokos
(século XVIII), Ambos (século XVIII), Kwangalis (século XIX) e Makokolos (século XIX).
Note-se que o grupo 4, Hereros, parte do Oriente africano, isto é, Congo Belga, Zâmbia
a Luena, centro (Bié e Huambo), sudoeste (Benguela) e Sul de Angola (Namibe, Huila e
Cunene). De acordo com este mapa, percebe-se que a presença dos Ovimbundu nas regiões da
Huila, Namibe e Cunene até à atualidade é fruto do processo migratório dos povos Bantu em
Angola. Na perspectiva de Daniel (2002:11) “fazem parte do grupo Bantu: os Quicongos,
Quimbundos ou Ndongos, Lunda-Quiocos, Mbundos ou Ovimbundu, Ganguelas, Nhanecas-
Humbe, Hereros e Ambós ou Ovambos ou Cuanhamas. Os Xindongos fazem parte das línguas
sanas e os Bosquímanos das línguas Koikoi”. Esta perspectiva de Daniel parece ser contradiótia,
uma vez que os Xindongos fazem parte dos (Ovambos) e os Bosquimanos são povos Khoisan
do Norte / setentrional. Khoisan é o menor dos quatro troncos linguísticos da África, faladas na
maior parte do Botsuána, Namibia e em alguns conclaves de países vizinhos, tais como: sul de
Angola e da Zâmbia, oeste do Zimbábue, norte da África do Sul, (Petter 2015). Observa-se na
figura 2, o processo migratório de povos em Angola.
8
Fonte: Martins (1993:41)
É importante relembrar que o processo migratório de povos em Angola deu-se a partir
de vários pontos do continente africano. A figura 2 confirma mais uma vez que os Ovimbundu
resultaram de processos miscigenares de povos vindo do Leste, Sul e Norte.
Petter (2015) diz que as populações africanas se miscigenaram em grande escala no
continente africano e os grupos humanos agrupavam-se nos vales dos rios e nas bacias lacustres,
por razões climáticas, ecológicas e outras.
Portanto, os Ovimbundu provêm do grupo Benuê, habitantes do leste da Nigéria que
migraram para a República Democrática do Congo. Mais tarde estes povos deslocaram-se para
Leste de Angola (Lundas Tchokwe) até atingirem a costa Oeste, território dos Nano (Planalto
de Benguela). A fusão de povos vindos de diferentes partes do continente é sem dúvida a
hipótese mais acertada sobre a origem dos Ovimbundu. Efetivamente, a origem dos povos
Bantu está vinculada ao processo miscigenar resultado das migrações Bantu do Ocidente ao
Oriente e Sul do continente africano.
Figura 2- Mapa geográfico de Angola
9
1. Localização geográfica dos Ovimbundu
Os Ovimbundu são considerados como um dos maiores grupos étnico-linguístico de
Angola pelo facto de o Umbundu ser a língua nacional mais falada em quase todo o território
angolano. Antes da chegada dos portugueses os Ovimbundu já estavam organizados em reinos
e governados por um rei (ou soba) que era responsável por aquele espaço territorial. Os
membros do reino eram obrigados a prestar tributo e respeito ao chefe da tribo. Henderson
(1990:23) diz que “em finais do século XIX, os Umbundu estavam organizados politicamente
em doze reinos, dos quais o do Bailundo, o do Huambo, Bié, Chiyaka, Galangue e Andulo”.
Como podemos ver na figura abaixo.
A
Fonte: Edward (1962)
Tal como referimos anteriormente, os doze reinos Ovimbundu são: Mbailundu, Viye,
Ciyaka, Ndulu, Ngalangi, Wambu, Cassongue, Civula, Kalukembe, Citata, Cingolo e Caconda.
Milheiros (1951) afiança que os Ovimbundu pertencem ao grupo que abrange as tribos que
ocupam a parte central de Angola desde o litoral, espalhando-se até aos concelhos de Ambriz,
Figura 3- Mapa dos reinos Ovimbundu- século XIX
10
Amboim, Ambaca, Quibala, Ganda, Caconda, Alto Cunene, Huambo, Caala, Bailundo, Libolo,
Benguela, Porto Amboim, Bié e Alto Cuanza. Mcculloch (1952:2) relata que “os Ovimbundu
não tinham organização política centralizada, mas o seu território era dividido em reinos e cada
um estava tradicionalmente sob o controlo de um soba”.
Existiam cerca de vinte e dois reinos antes da ocupação dos portugueses. Os reinos
tributários prestavam contas aos reinos independentes. Deste modo, Mcculloch classifica dois
grupos:
(i) Reinos Independentes – Mbailundu (Bailundu, baIlundo, Balundo, Balhundo),
Viye (Ovi Ye, Bié, Bihe, Bieno, Biheno), Wambu (Huambu, Huambo, Hambo),
Ciyaka (Quiyaca, quiaca), Ngalangi (Galangue, Galange, Galangi, Ngalangi),
Civula (Quibula), Ndulu (Andulo, Ondulo, Ondura), Cingolo (Quingolo),
Kalukembe (Caluquembe, Calunguembe, Caluqueme), Sambu (Sambo, Sambos),
Eketete (Quiquete), Kakonda ou Cilombo-conoma (Caconda ou Quilombo) e
Citata (Quitata).
(ii) Reinos Tributários – destacam-se os seguintes: Kasongi (Cassongue), Ngalanga
(Galanga), Namba, Sanga, Cenge (Cienge), Cipeyo (Quipeyo), Mbongo (Bongo),
Elende (Lende).
De acordo com Milheiro (1951), os Ovimbundu pertencem ao grupo que abrange as
tribos que ocupam a zona central de Angola, a partir do litoral e espalhando-se pelas
circunscrições e Concelhos do Ambriz, Amboim, Ambaca, Quibala, Ganda, Caconda, Alto
Cunene, Huambo, Caala, Bailundo, Lobito, Benguela, Porto Amboim, Bié, Alto Cuanza.
the homeland of the Ovimbundu is the Benguella Highland in west central Angola. Strictly
speaking, the Highland comprises those regions which have an elevation of 4, 000 feet or more,
and the boundaries of Ovimbundu territory closely correspond with this area”.
(Mcculloch 1952:3)
Segundo Mcculloch, a terra natal dos Ovimbundu está localizada no centro oeste de
Angola, no planalto de Benguela, e compreende todas as regiões que possuem uma elevação
superior a 4.000 pés, equivalente a 1. 219, 2 metros. Segundo o mesmo autor, os limites dos
11
Ovimbundu situam-se entre as províncias administrativas do Bié, Benguela e Huila, isto é, do
distrito de Benguela, Huambo, Cuanza Sul, Bié e Huila até à costa atlântica.
De acordo com Daniel (2002), os Ovimbundu estão difundidos em quase todo o
território angolano, isto é, desde o oriente, centro, norte e sul de Angola. Após o período de
guerra civil, os Ovimbundu deslocaram-se para as outras províncias, o que resultou na expansão
dos Ovimbundu, com exceção das regiões dos Lunda-Cokwe e Bacongo:
o povo Umbundu ocupa as províncias de Benguela, Cuanza- Sul, Namibe, Huila, Huambo,
Cuando-Cubango, Bié e Moxico refletindo-se noutras províncias tais como: Luanda, Bengo,
Kwanza-Norte, Malange, Cunene e Lundas. (Daniel 2002:11)
Os Ovimbundu pertencem ao grupo que abrange as tribos que ocupam a parte central
de Angola desde o litoral, espalhando-se até aos concelhos de Ambriz, Amboim, Ambaca,
Quibala, Ganda, Caconda, Alto Cunene, Huambo, Caala, Bailundo, Libolo, Benguela, Porto
Amboim, Bié e Alto Cuanza (Milheiros 1951). Childs (1949:168-181) descreve os quatro reinos
Ovimbundu mais importantes:
(1) Ndulu – é considerado como um dos mais antigos reinos Ovimbundu e segundo a
lenda, os fundadores seriam de regiões próximas da margem do rio Kwanza e
Luando. Teriam conquistado as terras depois de terem expulsado os Luimbe que
vivem no Leste de Ndulu. A imigração resultou da guerra entre os portugueses e os
reinos de Angola, que terminou em 1671.
(2) Bailundu – segundo a lenda, são oriundos de Cipala, região sujeita ao domínio de
Bailundu até ao fim do século XVIII. É de Cipala que vem a mulher do rei de
Bailundu. Segundo a lenda, a sua fundação não foi antes de 1700. Também segundo
a lenda, a fundação da tribo de Sambu está relacionada com uma mulher descendente
de Bailundu.
(3) Wambu – o primeiro soba foi Wambu Kalunga proveniente de Sela, nordeste do
Bailundu. Quanto à origem da família real do reino de Ciyaka, acredita-se terem sido
parentes de Wambu Kalunga que os expulsou da tribo de Ndombe (sul Bantu) no
reino de Ciyaka, durante a primeira metade do século XVII. Segundo Childs, o rei
12
Wambu Kalunga foi progenitor dos fundadores da dinastia do Cingolo, Citata ou
Cikuma, Kalukembe, Elende e Eketete.
(4) Viye – estima-se que Viye era um caçador de elefantes dos povos Humbi que chegou
ao vale do Kwanza e que se casou com a princesa do povo de Songo. O seu filho
Ulundu fundou o reino de Viye. Childs (1949:6) considera ter isso acontecido em
1750. Magyar (1859, citado por Mcculloch, 1952:7) comenta que os habitantes do
Viye são originários das tribos Ngangela. A origem do reino Viye está ligada à lenda
dos ancestrais e das migrações contemporâneas dos Lunda na bacia do Congo e no
ocidente de Angola.
Henderson (1990:22) afirma que os Ovimbundu “estabeleceram-se a Sul do rio Cuanza,
no planalto central, dispersando-se pelos distritos mais populosos de Angola: Huambo,
Benguela e Bié”. Ainda o mesmo autor comenta que no século XIX, a imbo (plural ovaimbo =
aldeias) era composta por dez a cinquenta fogos, com uma população que oscilava entre as 100
e 1000 pessoas.
Por conseguinte, os Ovimbundu estão localizados no planalto de Angola, isto é,
Huambo, Bié, Benguela, onde o umbundu é falado fluentemente. Por outro lado, o umbundu é
falado em outros distritos, mas não como língua nativa, por exemplo, Bié, Huila, Benguela,
Cuanza Sul, Namibe e nas zonas fronteiriças.
Os Ovimbundu são povos que viviam da agricultura, da caça, da criação de animais e
do comércio no interior de Angola e na África Central. Segundo a tradição oral existiam vinte
e dois reinos. O território dos Ovimbundu compreendia uma vasta área no centro ocidental de
Angola desde o litoral até ao planalto de Benguela.
Note-se que os Ovimbundu são o povo que mais teve participação ativa na vida
económica e social de Angola, desde o contacto com os portugueses, sobretudo na construção
do caminho-de-ferro em Moçâmedes, nas minas e pescas em Benguela, na recolha de café no
norte de Angola, no corte de cana em Catumbela (Benguela) pelo facto de serem os mais
independentes e numerosos.
13
O Bié
2.1. A origem do Bié: lenda e história
Segundo a tradição oral havia um homem chamado Kopeta, do clã Humbi, na região da
Wila, que tinha um filho Vingongombanda Kopeta, caçador de elefantes. Durante a caça atingiu
um elefante. Convencido de que o animal estava morto, voltou à aldeia a pedir que o ajudassem
a transportá-lo. Naquela altura era raro um homem caçar um elefante. Dadas as circunstâncias,
deduziram que talvez Vingongombanda tivesse poderes místicos como um feiticeiro. Por esta
razão, foi expulso da aldeia. Inconformados com a situação, os seus familiares decidiram
acompanhá-lo até ao local da caça. Constataram que o animal não tinha sido morto.
Uma vez expulso da aldeia alguns homens decidiram acompanhá-lo nesta jornada,
seguindo os rastos do elefante. Alcançaram a região de Etalala, localizada na margem do rio
Kukema. Decidiram comunicar ao soba de Etalala a sua missão, enquanto aproveitavam para
descansar. O soba prontificou-se a ajudá-los a localizar o animal.
Durante o tempo que passaram na região de Etalala, Vingongombanda aprendeu a caçar
animais de pequeno porte com auxílio dos bois. Havia estabelecido contrato com os
proprietários de bois, para que sempre que voltasse da caça pudessem repartir a carne. Todas
as vezes que Vingongombanda precisava de ir à caça utilizava a seguinte expressão: olongombe
Viye, que em português significa ‘tragam os bois’. Vingongombanda decidiu continuar a
viagem até chegar ao local onde o animal fez um enorme buraco. Presumindo que o elefante
talvez tivesse passado ali a noite atribuiu a este local o nome de Ndjamba (elefante), nome atual
de um município no distrito da Huila.
Depois de muitos dias de viagem, o caçador chegou à região da Lubya onde encontrou
a princesa Kahanda que estendia a carne ao sol. Vingongombanda, ansioso por saber se aquela
carne era do animal que procurava, dirigiu-se a Kahanda. Esta, assustada, saudou-o com gestos.
Ela encontrava-se no acampamento com o seu irmão e seus acompanhantes. Vingongombanda
explicou as razões da sua trajetória até atingir o acampamento. Depois de terem confirmado
que o animal havia atravessado os rios Kwanza e Luango, Vingongombanda achou por bem
desistir da trajetória e voltar a Huila. No pouco tempo que Vingongombanda permaneceu no
acampamento apaixonou-se por Kahanda. O irmão mais velho da princesa não concordou com
o namoro dos dois.
14
Após o sucedido, o irmão de Kahanda saiu do acampamento com alguns dos seus
homens e partiu para a sua terra, deixando Vingongombanda e Kahanda no acampamento, com
alguns acompanhantes da princesa. Quando o irmão de Kahanda chegou à sua terra, foi
questionado pelo seu pai sobre o paradeiro de sua irmã. Depois de tomarem conhecimento do
sucedido, os pais de Kahanda pediram que os dois viessem ao Songo, terra natal de Kahanda.
Os pais da princesa queriam saber qual era o desejo do caçador.
O facto de pertencerem a tribos diferentes estava na base da rejeição deste
relacionamento. Depois de muita persistência por parte da princesa, os pais decidiram aceitar o
casamento. Enviaram alguns acompanhantes que pudessem auxiliar Kahanda e decidiram voltar
à região de Etalala (Kukema) para pedir ao soba que lhes concedesse um lugar para morar.
Portanto, Kahanda, depois de algum tempo, gerou um filho que se chamou Viye4, mas segundo
as circunstâncias do nascimento era suposto atribuir-lhe os seguintes nomes: Humbi, Songo ou
Luimbi, de acordo com a tradição de atribuição de nomes.
Devido às circunstâncias da sua trajetória depois de ser expulso de sua terra natal e afim
de evitar constrangimentos, decidiu nomear Viye ao seu filho, expressão que em umbundu
significa “venham”. Segundo a lenda, a origem do Bié está, assim, relacionada com fatores
muito anteriores à chegada dos portugueses a Angola.
estando a filha do soba Bomba nesta povoação de Ungundo a visitar as parentas, aconteceu
chegar ao país um ousado caçador de elefantes chamado Bié, filho do soba do Humbe, que, com
grande comitiva, tinha passado o Cunene e estendidas as suas excursões venatórias até àquelas
remotas terras. [...] pouco depois do encontro dos dois jovens, Cahanda era raptada e Bié
plantava a estacada de grande povoação que ainda hoje é a capital do país, país a que deu o seu
nome, fazendo-se aclamar soba. (Pinto 1881:138-139)
Pinto, seguindo a tradição oral, faz menção da existência de um caçador de elefantes
que fundou o distrito do Bié e de sua esposa Cahanda. Por outro lado, Keiling (1934:24)
comenta que “elegeram um chefe que, a partir deste momento, foi independente e deixou de
reconhecer o rei Humbe como soberano, formando uma nação, que se chamou Bié, derivado do
4 O mesmo que Bié. Em umbundu as letras b, d, g, j não aparecem isoladas. A letra b em “Bié” surge por adaptação portuguesa de Viyé. Outrossim, as letras b, d, j e g ocorrem sempre antecedidas de m ou n segundo o alfabeto umbundu.
15
nome da sua fundadora – Viyé- irmã de Galangue”. Para Keiling, a origem dos bienos está
relacionada com o nome de uma mulher, irmã do soba Galangue.
Por outro lado, Dias de Carvalho (1890, citado por Mcculloch, 1957) refere dois chefes,
“Quingúri e Schakambindi, dos antepassados do reino do Viyé, que teriam vindo das terras de
Moropu (Lunda) e que conquistaram o Songo e instalaram-se em Luanda”. Posteriormente,
estes chefes deslocaram-se para a margem sul do rio Cuquema, onde viviam os Ngangela, para
fundarem o reino do Viyé. Capello & Ivens (1882) reforçam a mesma ideia da seguinte forma:
continuando as conquistas para o oeste, estabeleceram diversos ramos, como o do Bié, que
parece ser originário de Muzumbo-Tembo, cuja filha ou neta se relacionou com um monarca do
Sul, dando como resultado os ganguellas, bienos, bailundos, que assim naturalmente, pouco a
pouco conquistaram as terras em que se acham. (Capello & Ivens 1882:173-174)
Os bienos seriam, pois, originários da união de um rei do Sul com uma filha ou neta de
Muzumbo-Tembo. O resultado deste relacionamento deu origem aos bienos, ganguelas e
bailundos. Segundo os mesmos autores, o soba N´Dembo-Tembo tomou para si ao Sul as terras
de Cassai, ao Oeste o Jombo, ao Norte o Mieji, ao poente o Songo. Cassanje-Tembo ocupou
para si as terras do Norte entre Cuango e Tala-Magongo. Segundo a tradição oral, os bienos são
descendentes dos quiôcos, que depois fundaram os seus próprios reinos e começaram a
relacionar-se com outras raças, o que veio a dar origem aos bienos. Veja-se na figura 4 a dinastia
dos sobas do reino Viye.
Fonte: Adaptado de Pinto (1881:141)
Figura 4- A dinastia do reino Viye
16
Pinto (1881) relata que da união de Bié e da formosa Cahanda nasceu um único filho
varão, que teve o nome de Jambi, e que sucedeu ao seu pai. Jambi teve dois filhos, dos quais o
primogénito se chamou Giraúl e o segundo Cangombi. Giraúl herdou o poder por morte do seu
pai. Com receio do seu irmão, que tinha grande influência no povo, fê-lo prender secretamente
de noite e vendeu-o como escravo, em Luanda. Cangombi foi comprado pelo governador-geral,
de quem foi escravo.
Sobre a fundação da capitania portuguesa, Santos (1986:347) assegura que “em 1769
foi fundada a capitania-mor do Bié pelo governador Dom Francisco Inocêncio de Sousa
Coutinho, passando desde então a ser habitada por sertanejos dedicados ao comércio de
escravos”. Ainda a mesma autora afirma que “em 1846, Rodrigues Graça descreve que esta
província se acha no centro das riquíssimas possessões dos potentados do Andulo, Bailundo,
Camexe, Bunda, Ambuelas, Quiboco, Mazaza, Cassaby e Lumbige”. Childs (1970, citado por
Santos, 1986: 347) considera que Bié (Viye) era um reino do povo Ovimbundu fundado no
princípio do século XVIII. Este grupo Bantu anexou vários grupos, muitos dos quais não eram
Ovimbundu, e alguns nunca foram assimilados.
Os bienos dedicavam-se ao comércio de longa distância, tal como destaca Santos
(1986:34): “a formação da base social deste comércio de longa distância, com centro no reino
umbundu do Bié (planalto central de Angola), começou após a criação daquela capitania-mor
em 1769, quando ali se fixaram sertanejos brancos, negros e mestiços dedicados ao comércio
de escravos”. Ainda segundo a mesma autora o primeiro capitão-mor do Bié foi Joaquim José
Rodrigues, nomeado em 1770 com a finalidade de dominar a desordem entre negociantes, que
havia naquele sertão.
Em síntese, há três teorias sobre a origem dos bienos segundo a tradição: (1) são
descendentes dos Mohumbes; (2) a irmã de Galangue é a fundadora do Viye (3) são
descendentes dos quiôcos e lundas.
A primeira teoria está associada à origem do caçador de elefante que fundou o distrito
do Bié. Capelo & Ivens (1886:161) afirmam que “um vasto distrito ou província se estendia
desde o Bié para além do Cuanhâma e era governado por um chefe conhecido pelo nome de
Humbi-Inêné”. Para Pinto (1881) os mohumbes estão difundidos em vários pontos, tais como
Namibe, Benguela e Bié. Hoje, a verdadeira raça mohumbe, no Bié, é representada pela nobreza
e gente rica do país. Pinto refere que os bienos são descendentes da raça Humbe:
17
os bienos são mohumbes, nome que na África Austral de oeste dão aos descendentes da raça do
Humbe, os quais não se encontram só no Bié, mas estão também espalhados em outros pontos,
sobretudo frente da costa entre Moçâmedes e Benguela, misturados com os Mundombes, que
são a verdadeira raça daquele país. (Pinto 1881:139)
Quanto à segunda teoria, Keiling (1934) afiança que a origem do Bié está relacionada
com a irmã de Galangue, que fundou o reino e difundiu o nome Viye. Contrariamente, a tradição
oral menciona apenas o caçador de elefante, o fundador do Viye.
A terceira hipótese, segundo Capello & Ivens (1882), Dias de Carvalho (1890) e
Mcculloch (1952), pretende que os bienos são descendentes dos Lundas Tchokwe.
Certo é que existem 11 grupos étnicos: 9 grupos Bantu: Kikongo, Kimbundu, Lunda-
Tchokwe, Ovimbundu, Nganguela, Helelo, Nyaneka- Lucumbi, Vambo, Oshindonga e 2
grupos não Bantu: Cuissis e Bosquímanos. O contacto linguístico e cultural entre povos
vizinhos é um fenómeno natural; por esta razão é normal encontrarmos regiões fronteiriças com
mais de uma língua nativa e com semelhanças culturais, como podemos observar no mapa
seguinte, que mostra os processos migratórios de povos vindos de vários pontos do continente
e que se instalaram em Angola.
Fonte: Martins (1993:37)
Figura 5- Mapa geográfico e etnográfico de Angola
18
O Bié é constituído por vários grupos étnicos, tais como: Ovimbundu, Nganguela,
Luimbe e Tchokwe e uma pequeníssima área de Kimbundu nas fronteiras entre Andulo, Cuanza
Sul e Malanje. A sua localização geográfica está na base da multiculturalidade e diversidade
linguística, devido às zonas fronteiriças entre as zonas 2, 3, 4 e 5 (vd. Figura 5). Os bienos são
oriundos de vários grupos étnicos que cruzaram o território angolano durante o período
migratório e a familiaridade cultural e linguística entre Lundas-Tchokwe, Kimbundu,
Bacongos, Nyaneka-Humbi, Ngangelas e Ovimbundu é tão próxima que evidencia
miscigenação dos povos bantu de Angola.
2.2. Localização geográfica do Bié
Angola é um país da costa ocidental da África, limitado a norte e a Nordeste pela
República Democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano
Atlântico. Angola é composta por 18 províncias: Luanda, Malanje, Cabinda, Zaire, Uíge,
Lunda-Sul, Lunda-Norte, Bengo, Cuanza-Sul, Cuanza-Norte, Benguela, Huíla, Huambo, Bié,
Moxico, Cunene, Cuando Cubango e Namibe.
No século XIX, “o Bié limita ao N. com o sertão do Andulo, N. O. com o Bailundo, a
O. com o país de Moma, a S. O. com os Gonzelos de Caquingue, ao S. e L. com os povos
ganguelas livres” (Pinto 1881:138). Ainda segundo o mesmo autor, o rio Cuquema limitava o
distrito do Bié a oeste, sul e leste. O Bié possuía uma área de 2.500 milhas quadradas (4.023.360
m) e uma população com cerca de 95 000 habitantes, o que resulta em 38 habitantes por milhas
quadradas. O distrito do Bié pertence ao planalto central de Angola (Huambo, Bié e Benguela).
De acordo com a descrição recente, o Bié está delimitado ao Norte pela província do Cuanza-
Sul, Malanje e Lunda-Sul, a Leste pelo Moxico, a Sul pelo Cuando Cubango e a Oeste pelos
distritos da Huíla e Huambo.
Segundo os dados do Censo Populacional e Habitacional de Angola em 2016, a
população do Bié é de aproximadamente 1. 455 255 milhões de habitantes com uma área de 70.
314 km2. Localizando-se no centro de Angola, o Bié é constituído administrativamente por 9
municípios, nomeadamente: Cuíto, Chinguar, Andulo, Camacupa, Chitembo, Cunhinga,
Catabola, Cuemba e Nhârea, como podemos observar na figura abaixo.
19
Fonte: adaptado de Fundo de Apoio Social5
É de salientar que a extensão do distrito do Bié vai até à costa setentrional sul com uma
latitude de 11º e 15º e ao oeste meridianos com 14º e 18º. A capital do Cuíto tem cerca de
974 000 habitantes e é composta pelas seguintes comunas: Cunje, Trumba, Chicala,
Cambândua e Cuíto.
A população do Bié é constituída por diferentes etnias e línguas, tais como: os
Ovimbundu (Cuíto, Chinguar, Camacupa, Cunhinga, Nhârea, Catabola e Andulo); os Tchokwe
(Cuemba), provenientes do nordeste de Angola (Lunda-Tchokwe e Moxico) e residentes na
zona leste (Cuemba); os Nganguela (Chitembo), provenientes do Cuando Cubango e residentes
na zona sul do Bié e por último, os Luimbi (na fronteira entre Chitembo e Moxico), pequeno
grupo étnico incorporado na zona Sul entre Chitembo e Moxico. Apesar de ser um distrito
multilingue, o Umbundu é a língua maioritariamente falada pelos bienos.
5 Disponível em: http://fas.co.ao/mat/fas-bie/. Acesso Julho de 2019.
Figura 6- Mapa geográfico do Bié
20
A língua: umbundu
Nessa secção apresentamos a origem e a classificação das línguas africanas,
particularmente as línguas bantu, a situação linguística em Angola, o alfabeto umbundu, a
semelhança lexical do umbundu e tchokwe, os prefixos nominais para a formação de nomes.
É importante salientar que as línguas Bantu são faladas na África do Sul, Angola,
Botswana, Burundi, Camarões, Comores, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, Lesoto, Malawi,
Moçambique, Namíbia, Quénia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo,
Ruanda, Suazilândia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue. Greenberg (1963, citado por
Ngunga, 2004:26-27) classifica as línguas africanas em quatro grupos linguísticos, tais como:
Afro-asiático (Semítico, Egípcio, Cushítico, Berber, Chádico); Nilo-Sahariano (Songhai,
Sahariano, Maban, Fur, Chari-Nilo, Koman); Congo-Kordofaniano (Níger-Congo e
Kordofaniano); Khoi e San (Khoi, San, Sandawe, Iraqw, Hatsa ou Hadza).
Segundo Greenberg (1963:7), “as línguas bantas são oriundas do Leste da Nigéria,
concretamente do Vale Central do Benuê, entre a Nigéria e Camarões”. Ainda Greenberg (1963,
citado por Guldemann, 2018:3) considera quatro grupos de línguas africanas (Sudánica, Bantu,
Hamítica, Semítica e Bosquímano). Guldemann (2010:27) diz que “accordingly the Bantuistic
linguistic tradition has been and still is very important for the discipline as a whole. Westermann
(1927, 1935, 1949) and Greenberg (1949, 1963) established the genealogical relationship of
Bantu to the rest of Niger-Congo”. “Greenberg criticou o uso de critérios tipológicos e não
linguísticos para a classificação genética das línguas africanas” (Petter 2015:56).
A proposta apresentada por Greenberg (1963) que previa quatro famílias de línguas
africanas (Khoisan, Congo-Kordofaniana, Nilo-Saharaniana e Afro-asiática) tem sido
questionada por vários especialistas em linguística histórica e comparativa sobre os critérios de
classificação (Campbell & Poster 2008).
Para Dixon (1997, citado por Guldemann 2018:2) “most parts of Greenberg’s
classification are indeed not based on evidence according to mainstream criteria of the general
discipline”. “Greenberg’s (1963a) classification is not only entrenched deeply among
Africanists, however. This is reflected by the reluctance of non-specialist linguists to take into
account relevant and publicly available findings that question important parts of Greenberg’s
scheme” (Guldemann 2018:3). Por esta razão, (Westphal 1962a, 1962b, 1971; Sands 1998b;
Güldemann e Voßen 2000), não consideraram, desde o início, a hipótese Khoisan sugerida por
Greenberg.
21
A proposta apresentada por Greenberg (1963) sobre a existência de quatro grupos de
línguas africanas, bem como as subclassificações: afro-asiático, nigero-conglês e nilo-sahariano
apresentadas por Dimmendaal (2013) não apresentam fundamentos claros sobre os critérios
utilizados para a classificação das línguas africanas.
As teorias sobre a origem das línguas Bantu propõem a existência de um grupo Benuê-
congo, tal como afirma Zerbo (2010:332): “existem quatro divisões fundamentais dentro do
Benuê-congo: 1. Línguas do planalto; 2. Jukunóide; 3. Rio Cross, cuja principal língua é a da
comunidade efik-ibibio; 4. Bantóide, que corresponde ao Bantu”.
Por outro lado, Petter (2015) considera dois grandes grupos linguísticos: nigero-
congolesas e afro-asiáticas. Do mesmo modo, Guldemann (2018:258-260) confirma a
existência de dois grandes grupos: “Niger-Congo e Afro-Asiático”. Para Guldemann (2018),
os supergrupos Khoisan e Nilo-Sahariano devem, por enquanto, ser decompostos em várias
unidades mais pequenas.
As línguas Bantu apresentam semelhanças ao nível morfológico, lexical e de estruturas
tipológicas. Petter (2015) sugere que as línguas africanas devem ser classificadas de acordo
com os seguintes critérios: (i) a relação entre uma mesma língua de origem próxima; (ii) a
proximidade geográfica e (iii) a classificação genética.
Guthrie (1948:74-82) diz que as línguas africanas estão classificadas em “16 zonas (A,
B, C, D, E, F, G, H, K, J, L, M, N, P, R, S)”, como se pode ver na figura 7.
Pelo contrário, Guldemann (2010:3) sugere uma macro-area constituida por 5 zonas
linguísticas "the African macro-areas […] are from north to south (I) Sahara spread zone, (II)
Chad-Ethiopia, (III) Macro-Sudan belt, (IV) Bantu spread zone, (V) Kalahari Basin”.
Com base na classificação de Guthrie (1948) pode-se dizer que o Bié faz parte de duas
zonas linguísticas: (i) zona R “umbundu” (do sul de Angola, Namíbia ao Botswana); e (ii) zona
K “Kyoko / Ngangela” (nordeste de Angola, Congo Kinshasa a Zâmbia). É importante referir
que o Bié tem quatro línguas nacionais (Umbundu, Tchokwe, Luimbe e Nganguela).
22
Fonte: adaptado do Bantu zones6
De acordo com o Dicionário Houaiss (2001) “o umbundu é a língua falada pelos
habitantes das zonas meridional e central de Angola que compreende as variantes de amboim,
biene, bailundo, sambo, huambe, galange, nganda e caconda”. Daniel (2002) afirma que a
língua umbundu ocupa atualmente um vasto espaço territorial desde o litoral centro, meio da
metade do Oeste, centro Norte do Cunene até as terras altas. Está difundida em quase todo o
território nacional; por consequência, é a segunda língua mais falada depois do português:
a língua umbundu, apesar de hoje ser entendida quase em todo o país, é concretamente a língua
dos Ovimbundu, povo que ocupa um vasto espaço retangular do Litoral centro ao meio da
metade oeste e do centro Norte ao Cunene, subindo da beira-mar para as terras altas.
(Daniel 2002:11)
Segundo Lusakalalu (2005:14) “existem os Ovimbundu do Wambu, Ovimbundu do
Sambu, Ovimbundu do Mbalundu, Ovimbundu do Viye, Ovimbundu de Kakonda e Ovimbundu
do Ndombe”. Para Fernandes & Ntondo (2002:54) “a língua umbundu é constituída pelas
6Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas bantas#/media/Ficheiro: Bantu zones.png. Acesso 17 de fevereiro de 2020.
Figura 7- Classificação das línguas Bantu
23
seguintes variantes: Ambei, Kacisanje, Kakonda, Lumbu, Mbalundu, Mawanya, Ndombe,
Nganda, Sambu, Sele, Sumbi, Viye, Cikuma e Wambu”.
No tocante à formação de glossónimos, etnónimos e xeno-etnónimos, em umbundu
acrescenta-se ao radical prefixos nominais, tais como (u- oci-), para o singular; (ovi- e va-), para
o plural. Para Lusakalalu (2005) os glossónimos em umbundu podem ser constituídos da
seguinte maneira: u-+ mbundu (auto-glossónimo no singular para indicar a língua). Para a
formação de etnónimos adiciona-se o prefixo nominal ovi- + mbundu (auto - etnónimo no plural
para indicar o grupo étnico).
Para a formação de gentílicos no singular utiliza-se o prefixo (u-), por exemplo: uwambu
(do Huambo), usambu (do Sambo), uviye (do Bié), ukakonda (de Kakonda), ulisboa (de
Lisboa), undombe (do Ndombe). Para o plural utiliza-se o prefixo (va-), como em: Vawambu
(os do Huambo), Vasambu (os de Sambo), Vaviye (os do Bié), Vakakonda (os de Kakonda),
Valisboa (os de Lisboa), Vandombe (os de Ndombe).
Note-se que na língua portuguesa, o glossónimo português que corresponde a “língua”
e o etnónimo português que corresponde a “povo português” são a mesma palavra. No umbundu
a formação de glossónimo obtém-se a partir do prefixo (u-) + mbundu (a língua) e ovi-
+mbundu (o povo). Do mesmo modo, obtém-se o etnónimo por meio do prefixo u- (no singular)
e va- (no plural), por exemplo, umbalundu (o povo do Bailundo) – vambalundu (o povo do
Bailundu); para a formação de glossónimos e etnónimos em umbundu não existe um único
prefixo para o singular e plural.
Para a formação de topónimos utiliza-se prefixos específicos, como oci- (singular) e ovi-
(plural), como se vê em ocimbundu e Ovimbundu:
O glossónimo Umbundu apresenta morfologicamente o prefixo nominal u- e a raiz -mbundu.
Esta raiz com zero prefixo nominal não corresponde a nenhum topónimo. Acopla-se ao prefixo
ci- ou (tchi-), dependendo da ortografia usada. A forma plural deste prefixo é vi-. Estas formas
fazem-se acompanhar dum chamado pré́-prefixo o-, também chamado simplesmente vogal
inicial ou aumento, por certos linguistas. Assim obtêm-se os etnónimos ocimbundu no singular
e Ovimbundu no plural. (Lusakalalu 2005:14)
Umbundu é a língua nativa mais falada em quase todo o território angolano e, tal como
nos assegura Daniel (2015), o Bié é a região onde a variante do umbundu das missões
evangélicas se manteve sem nenhuma influência das línguas europeias até ao século XX:
24
1- Bié, que até ao fim do século vinte conservou o umbundu sem influências das
línguas europeias, mas somente a de América do Norte por causa da
Evangelização dos Missionários.
2- Bailundo; Andulo; Mungo; Huambo; Sambo; Caconda; Ngalangi, onde o
Umbundo é a única língua nativa.
3- Moxico; Lundas; Malange; Huila; Benguela; Namibe; Cuando-Cubango; Cuanza
Sul; Zumbe; Cassongue; Ciyaka; Chingue e Mussende, onde para além de
Umbundu, há bastantes línguas nativas. (Daniel 2015:12)
Como se pode observar na figura 8, as línguas nativas aparecem distribuidas por zonas
e destacadas a cor, segundo mapa geográfico e linguitisco do Censo (2016).
Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Angola (2016:5)
De acordo com os dados do Censo (2016) existem cerca de 8 línguas nativas mais
faladas: Fiote, Kikongo, Kimbundu, Cokwe, Umbundu, Muhumbi, Kwanhama e Nganguela.
Para além destas línguas existem cerca de 20 a 40 línguas e dialetos.
Figura 8- Mapa geográfico e linguístico de Angola
25
A língua umbundu compreende uma vasta extensão territorial que parte do oeste ao
leste, do centro ao sul e norte de Angola. A língua umbundu é a única língua nativa falada no
Huambo e Benguela; embora o umbundu seja a língua maioritariamente falada em Benguela,
Huambo e Bié, é também a língua falada em algumas localidades de Angola como Huila,
Cuando-Cubango, Moxico, Namibe, Cuanza-Sul, Malange, Lundas e Luanda.
Costa (2016:367) afirma que “com o acabar da guerra, em 2002, este número aumentou
significativamente, pois desde aí houve uma explosão do povo umbundu que viveu vários anos
no cativeiro da UNITA”. Ainda a mesma autora diz que com o alcance da paz, os Ovimbundu
regressaram às cidades. Ainda conforme Costa (2016:379) “em Angola, o facto de a língua
portuguesa funcionar como língua oficial, língua da administração e língua do sistema de
ensino, facilita a sua aprendizagem mesmo até em meios informais”. Segundo os dados
estatísticos do Censo populacional em Angola o português ocupa o primeiro lugar como língua
oficial.
Em relação à língua umbundu, Fernandes & Ntondo (2002:62) afirmam que “a língua
umbundu é uma das línguas mais importantes faladas no planalto central de Angola”. O
umbundu é a segunda língua mais falada no território angolano depois do português (vd. figura
9).
Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Angola (2016:51)
Figura 9- Línguas faladas em Angola
26
Na figura 9, verifica-se um diferencial de 54 % do português e umbundu contrastando
com 45 % das demais línguas nacionais. Acreditamos que as línguas nacionais tendem a
desaparecer, na medida em que o português ocupa 71,1 % de falantes em Angola. Angola é um
país multilingue e multicultural, mas carece de políticas que preservem as línguas nativas. Por
consequência, regista-se uma redução de falantes de línguas nativas, embora a língua umbundu
no Bié seja a mais falada em casa, veja-se a figura 10.
Deste modo, “as línguas Bantu e não bantu, consideradas nacionais, não gozam de
nenhum estatuto definido, servindo somente de línguas de comunicação a micro - nível, quer
dizer, entre os membros de um mesmo grupo etnolinguístico” (Fernandes & Ntondo 2002:18).
É evidente que as línguas nativas de Angola tendem a desaparecer, ou seja, estão a ser
substituídas pelo português e Lingala (língua da República Democrática do Congo) por
influência do contacto linguístico. Mingas (2000:36) afirma que “a língua umbundu ocupa o
primeiro lugar, totalizando cerca de 2.500.00 locutores, num universo constituído por diversas
línguas nacionais”.
Ademais, o Censo Populacional e habitacional (2016) no distrito do Bié, mostra que a
língua umbundu é a mais falada em casa com 68,7%, português 52,4 %, Nganguela 10, 4%, o
Tchokwe 5,5%, Nyaneka 2,6%, Kimbundu 1,6%, Fiote 1,2% e o Kikongo 1,2%. Veja-se a
figura 10.
Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Angola (2016:16)
Figura 10- Línguas mais faladas em casa, distrito do Bié
27
Verifica-se um diferencial de 16,3% entre o umbundu e o português. Esta diferença pode
ser crucial nos próximos tempos, visto que as línguas nativas não fazem parte do sistema de
educação angolano e não são ensinadas pelos pais, particularmente nas zonas suburbanas e
urbanas.
Sobre o ensino das línguas nativas de Angola, no período colonial, nas missões ou
escolas missionárias evangélicas americanas, canadianas e portuguesas, no centro e sul de
Angola, o Decreto n.º 77 de 9 de dezembro de 1921 do alto-comissário da República de Angola
José Mendes Ribeiro Norton de Matos determinava o seguinte:
Artigo 1. É vedado na catequese das missões, nas suas escolas e em qualquer
relação com os indígenas, o emprego das línguas indígenas por escrito.
Artigo 2. Não é permitido ensinar, nas escolas das missões, línguas indígenas.
Artigo 3. O uso da língua indígena só é permitido, em linguagem falada, na
catequese.
Nas Escolas Missionárias, as línguas nativas não podiam ser ensinadas e nem escritas;
a língua oficial a ser ensinada era a língua portuguesa, segundo a portaria n.º 7079 do Governo
português.
Em relação às escolas missionárias, o uso do português era a principal diferença entre
católicos e evangélicos. As escolas católicas eram seminários fundados para promover e
despertar a vocação sacerdotal. Nas missões evangélicas, o ensino tinha como objetivo a
formação académica e profissional de quadros. Ensinavam diferentes disciplinas, em particular
o português. “O curso tinha a duração de três anos e dividia-se em três secções: a academia, a
bíblia e a industrial. Na primeira seção estudava-se português, história, ciências e matemática”
(Henderson 1990:167). Após a criação da “Escola Means” em 1950, passaram a ensinar a ler e
escrever umbundu e português. Ainda conforme Henderson (1990:168), “os alunos estudavam
durante três ou quatro anos para aprender os rudimentos da leitura, da escrita em umbundu e da
aritmética, iniciando-se também na aprendizagem da língua portuguesa e da Bíblia”. Depois
dos Missionários Norte Americanos aprenderem a língua local, fixaram o sistema ortográfico e
fonológico da língua umbundu. Por consequência, surgiram diversas obras escritas em
umbundu de acordo com o sistema ortográfico americano, tais como: Lyra Evangélica de Hinos
Evangélicos em umbundu, compilado pelo Reverendo Collins & Arthur Steed, (1925),
Viovusenge “do mato” de Mabel Stokey, (1916), Alivulu Akuala Olondaka Viwa kuenda
28
Ovilinga Viovapostolo “Os Quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos”, British and Foreign
Bible Society, (1923), Ungende Wukuakristru, “O peregrino” (1955). Para Costa (2016:373),
“o ensino bíblico e da catequese, nas missões facilitou o desenvolvimento das línguas locais”.
Para Henderson (1990:163):
a tarefa mais importante para as missões protestantes, depois da sua sobrevivência, era sem
dúvida a tradução das Escrituras para as línguas locais [...] em troca dos serviços prestados e do
ensino do quimbundo, do kikongo ou do umbundu, os missionários comprometiam-se a ensinar-
lhes a ler e a escrever. (Henderson 1990:163)
Henderson descreve o interesse dos jovens que se juntavam para ajudar os missionários,
e que tinham vontade de aprender a ler e escrever em troca dos serviços prestados nas missões
protestantes. Portanto, a língua umbundu passou a ser usada nas escolas missionárias no estudo
bíblico a partir da década de 50.
3.1. O alfabeto umbundu
Relativamente à ortografia das línguas africanas, a África foi influenciada por três
sistemas alfabéticos, de acordo com Batibo (2015), desde o século XVIII, depois da chegada
dos colonizadores e missionários (francês, ingleses e portugueses):
the Roman alphabet was introduced into Africa mainly from the eighteenth century onwards,
after the arrival of the European colonialists and missionaries. The three main colonial powers,
the British, the French, and the Portuguese, and each interpreted African sounds according to
their own writing systems and traditions”. (Batibo 2015:153)
Ainda conforme Batibo (2015:155) “the orthographic imperfections in the ex-colonial
languages have also been exported to the African continent. In English, for example, there is
not a one-to-one relationship between the sounds of the language and the corresponding
graphemes”. Vê-se que no Inglês não há relação entre os sons e grafemas (k-kin, ck-kick, ch-
choir, q-quick e c-cow). Veja-se, na figura 11, três tipos de ortografias para a representação
dos sons africanos.
29
Fonte: Batibo (2015:153)
O alfabeto da língua umbundu é constituído por 24 grafemas, dos quais 19 para a
representação ortográfica de consoantes e 5 grafemas para a representação de vogais e
semivogais. De acordo com o Instituto Nacional de Línguas (1980), o alfabeto umbundu é
constituído pelas seguintes letras e grupos: a, mb, c, nd, nj, e, f, ng, h, i, k, l, m, n, ny, ŋ, o, p, s,
t, u, v, w, y). Para além dos grupos nasais mb [𝑏"], nd [𝑑$], nj [𝚥]̃, ng [𝑔(] existem no umbundu
sequências nasais constituídas por consoantes seguidas da glide /w/, como: fw, hw, kw7, lw, mw,
nyw, pw, sw, tw, mbw, ndw, ngw, njw. Segundo o Instituto Nacional de Línguas, o sistema
fonológico do umbundu é composto por: (i) consoantes oclusivas surdas (p, t, c, k); oclusivas
sonoras (b, d, j, g); fricativas surdas (f, s, h); fricativas sonoras (v); lateral (l); (ii) semivogais
(w, y); (iii) nasais (m, n, ny, ŋ); (iv) vogais orais (i, e, a, o, u) e nasais (ã, ẽ, ĩ, õ, ũ). De acordo
com Schadeberg (1982) a língua umbundu possui um sistema vocálico subjacente de três vogais
nasais (𝚤̃– 𝑎(– 𝑢() e cinco vogais orais (a-e-i-o-u) em comparação com o sistema de superfície de
cinco vogais nasais (𝑎(– �̃�– 𝚤–̃ 𝑜(– 𝑢() e cinco vogais orais (a-e-i-o-u). Daniel (2015) refere que:
em umbundu as letras m e n precedem as oclusivas sonoras para formarem as seguintes
sequências: mb, ng, nj, ny, que equivalem apenas a meio tom e não se consideram como letras
ou sons. Por este facto, funcionam como grupos (mb- Mb; nd-Nd; nj- Nj; ny-Ny).
(Daniel 2015:919)
Em umbundu os grafemas b, d, j e g não aparecem isolados como no português e são
sempre antecedidas de m e n. Daniel (2015) considera que as letras m e n só têm meio tom e
juntam-se a outras letras para formarem um tom, como em: mb, nd, nj e ng.
7 Kwosi (todos os), mwange (meu), pwãi (afinal!) mbwa (cão).
Figura 11- Representação ortográfica dos sons africanos
30
É importante realçar que estes grupos só têm som quando são associados a uma vogal
para a formação de [mba], [mbe], [nda], [nde], [nja], [nje] e [nga], [nge]8. Para o Instituto
Nacional de Línguas (1980), no contexto natural (m e n + b, d, j, g), o n equivale a nasal
obrigatória. As oclusivas pós-nasais sonoras (mb, nd, nj, ng) não aparecem isoladas na língua.
Schadeberg (1982) diz que as consoantes sonoras b, d, j, g ocorrem geralmente após as nasais
homorgânicas (mb, nd, nj, ng) que são os únicos encontros consonâticos no Umbundu:
the voiced stops b, d, j, g occurs only after homorganic nasals, and the resulting mb, nd, nj [ɲj],
and ng [ŋg] are the only consonant clusters in Umbundu. They are always tautosyllabic, and
phonetically they might be considered as prenasalized (voiced) stops. Morphology provides the
following four alternations: (1) b, d, j, g / N_ v, l, y, Ø / elsewhere.
(Schadeberg 1982:110-111)
Relativamente as letras t, c, k, constituem um caso excecional à regra obrigatória de pós
nasais. Por exemplo: /ótáva/, /óndáva/ (aceita/guarda-me); /ótála/, /ondála/ (feiticeiro /
serpente); /ókúkála/, /okúkekama/ (ficar/ajoelhar-se); /ókukápa/ (pôr).
Na conceção de Vieira (1919), os grafemas q, c equivalem aos fonemas [k] e [s]. Por
exemplo, okamoko (faquinha, faca pequena); osekulu (o velho). Ainda o mesmo autor
argumenta que a letra g corresponde ao fonema [g] mesmo antes do E ou I, como, usenge (o
mato), upange (trabalho), lingi (façam). Quanto ao h, não é letra inútil, mas representa sempre
aspiração como o da língua inglesa (ohenda-compaixão, handanga-substituto, ohali-
sofrimento). Ainda Vieira (1919:49) refere que “não usamos nh e ch em umbundu embora estes
sons existam como em português, mas preferimos traduzi-los pelas fórmulas fonéticas
adaptadas na escrita das línguas africanas9”.
No que diz respeito a representação fonológica, gráfica e lexical com base no sistema
tonal do umbundu, podemos verificar na figura 12, as 24 letras do alfabeto umbundu e seus
respetivos fonemas.
Em umbundu o grafema <ñ> corresponde ao fonema velar /ŋ/, tal como em ñala [ŋala]-
(senhor), nyañula [ɲaŋula]- (tirar), ñuatisi [ŋwatisa] (ajuda). Este fonema é distinto do fonema
palatal /ɲ/, como em português venho [vɐɲu]. Para Batibo (2015:153-154) “moreover, in the
8 Por exemplo /mba/lundu, /mbe/mbwa, /nda/tembo, /nde/mba/, /nja/mba, /nje/nga /nga/pa, /nge/va. 9 Ny=nh e Ty=tch.
31
case of the Bantu languages, the common pre-nasal consonants [mb], [nd], [nz], [ɲJ] and [ŋg]
cannot be properly represented”. Por outro lado, Batido refere que “three graphemes (ng') were
used to represent a single sound [ŋ] in a language like Kiswahili; similarly, the graphemes tch
represent a single sound [tʃ] in Monokotuba (spoken in the Democratic of Congo)”.
Por conseguinte, na língua umbundu os grafemas ng=ñ correspondem ao fonema velar
[ŋ], distinto dos grafemas nh=ny10 que equivalem ao fonema palatal [ɲ]. Portanto, estes fonemas
são produzidos no mesmo ponto de articulação, mas em modo de articulação diferentes.
Fonte: Instituto Nacional de Línguas (1980:121)
No tocante à nasalização vocálica do umbundu, o quadro 1 mostra que as combinações
de vogais e consoantes (VCV, VhV, Y e não y, VŋV), podem desencadear nasalidade específica.
10 Por exemplo, ovinyama /óvíɲáma/ (os animais), onyma (atrás, costas), okunyama / ókú ɲyãma/ (mamar, chuchar), tyalua / calua - / tʃálwa/ (muito), otchimbaka / ocimbaka / ótʃ ímbáka/ (muro).
Figura 12- Representação fonemática e ortográfica do umbundu
32
O Instituto Nacional de Línguas descreve 6 séries de combinações (vogais e consoantes) que
dão origem a nasalização obrigatória do umbundu.
Quadro 1- Nasalização obrigatória na língua umbundu
Série I- VCV11 com a consoante lateral /l/ – /kwãlã/ (quatro), /nõlã/ (escolha),
/hẽlã/ (ontem).
Série II- VhV com a fricativa velar /h/ – /ámálẽhẽ/ (rapazes), /ókúkomõhã/
(admirar).
Série III- C ou V antes de /w/12 e V ou SV no final- /ekwĩ/ (dez), /óhúkwĩ/ (pobre).
Série IV- Os segmentos (n, s, v) – são suscetíveis de assinalar a nasalização das
vogais próximas, em certos contextos- /nõ/ (em), /ókútékãvã/ (escurecer),
/ósãi/ (lua).
Série V- y e não y13 – realiza-se como consoante e semivogal. Por exemplo:
/ólónõyi/ (heróis), /ekãi/ (mulheril), /pwãi/ (pois), /útõi/ (coragem),
/ólóhũi/ (lenha).
Série VI- VŋV – /óŋõŋõ/ (corcunda), /ókútyẽŋã/ (torcer, enrolar).
Fonte: adaptado do Instituto Nacional de Línguas (1980:111-114)
Por outro lado, Schadeberg (1982:109) diz que “the most striking feature of Umbundu
phonology is provided by nasalized segments, both vowels and consonants”. Ainda segundo
Schadeberg (1990) o seguimento sistemático fonético do umbundu é constituído por 10
segmentos nasais: três consoantes verdadeiras (𝑣(, 𝑙$, ℎ"), duas semivogais (𝑦(, 𝑤5) e cinco vogais
(𝑎(, �̃�, 𝚤,̃ 𝑜(, 𝑢(). Ademais, as consoantes nasalizadas: labiodental [v(], lateral [l$] e a fricativa glotal
ou próximas [h"] são todas contínuas sonoras, à medida em que, as semivogais [y(] e [w5 ] ocorrem
frequentemente como variantes nmonossilábicas das vogais (i e u). Deste modo, ocorrem entre
alomorfes pré-vocálicos dos prefixos nominais oku (classe 15) e ovi- (classe 4), por exemplo,
/ókwamà/ (acompanhar), /óvyamé/ (ofertas).
11 V-vogal; C- consoante; SV- semivogal. 12 O (w) em umbundu tem valor da semivogal /u/. 13 Em umbundu o (y) é sempre antecedido de vogal. Funciona como consoante, como em: yalua, yange, otyeñga. Por outro lado, é semivogal quando seguido da vogal /i/: onalavãyi, pwãyi, ekãyi, olonõyi.
33
Para Schadeberg (1982) uma característica notável na fonologia umbundu está
relacionada com a propagação bidirecional da nasalidade (v�̃�v – 𝑣(�̃�𝑣(). Ao passo que, a
propagação unidirecional é a mais frequente nas línguas, com base num segmento nasal em
cada uma das duas posições periféricas da sílaba. Nas sequências (𝑣(�̃�𝑣() [+nasal], a ocorrência
de uma vogal nasal depende da nasalização da consoante seguinte. Por conseguinte, nos radicais
monossilábicos nasalizados os traços [+nasal] são inerentes a vogal particularmente em
segmentos nasalizados. De acordo com Schadeberg (1982) a nasalidade em umbundu estende-
se da esquerda para a direita em silabas iniciais e da direita para esquerda em silabas finais:
the nasalized consonants 𝑣", 𝑙%, ℎ', and less so 𝑦" are rare in the languages of the world. It is
extremely unusual to assign them phonemic status. Their highly marked status may explain
another unusual feature of Umbundu phonology: Generally, nasality spreads either left-to-right
(normally from syllable-initial nasals) or right-to-left (normally from syllable-final nasals). In
Umbundu, nasality spreads both ways from nasalized consonants.
(Schadeberg 1982:131)
Com efeito, a língua umbundu dispõe de seguimentos que permitem a propagação
bidirecional da nasalidade tanto em sílabas iniciais, bem como em sílabas finais. De outro
modo, verifica-se também a existência de cincos vogais nasais e orais a nível da estrutura de
superfície e cinco vogais orais e três nasais ao nível da estrutura subjacente. A nasalização
obrigatória ocorre sempre com as consoantes pré-nasais (mb, nd, nj, ng), enquanto a nasalização
especifica está relacionada com o seguimento sistemático fonético do umbundu.
3.2. Particularidades da língua umbundu
A língua umbundu apresenta estruturas gramaticais e lexicais semelhantes ao Tchokwe
e Nganguela, conforme argumenta Mcculloch (1952:9) “in general structure, however,
umbundu shows remarkable similarity in grammar and vocabular to Luena, Luchazi and other
Languages of the Ganguella [Nganguela] group”. Ainda Mcculloch (1952) descreve as
seguintes características da língua umbundu:
34
(i) Presence of nasal vowels before and after ‘l’, ‘h’, ‘v’ and ‘w’14.
(ii) In certain nasal compounds, subtraction occurs, involving the second consonant,
but not nasal, e.g. muntu is realized as omunu.
(iii) Compared with the Lunda-Luena Languages Umbundu exhibits an unusually large
number of defective verbs.
(iv) A vowel system of five vowels.
(Mcculloch 1952:9)
As observações feitas por este autor referem: (i) a presença de vogais nasais antes de (l,
h, v e w). Seguindo o mesmo ponto de vista, o Instituto Nacionais de Línguas faz também
menção à ocorrência da nasalização obrigatória; (ii) a semelhança fonológica e semântica entre
muntu = pessoa em kikongo e omunu = pessoa em umbundu; (iii) a existência de inúmeros
verbos defetivos; (iv) a existência de um sistema vocálico composto por cinco vogais. Note-se
que o alfabeto tchokwe é constituído por 31 grafemas e dígrafos: a, mb, c, nd, ndv, e, f, ng, h, i,
j, k, kh, l, m, n, ny, o, p, ph, s, t, th, tf, tv, u, v, w, x, y, z.
As principais semelhanças entre o umbundu e tchokwe têm que ver com: (i) a ocorrência
de consoantes pré-nasais no tchokwe (m e n). (ii) ocorrência de oclusivas sonoras pós-nasais
(mb, nd, ng); (iii) nasal palatal (ny); (iv) semelhança lexical. Observa-se no quadro 2 a
semelhança lexical entre o umbundu e tchokwe.
Quadro 2- Exemplos de semelhança lexical entre tchokwe e umbundu
14 Em Kikongo muntu (pessoa – singular) e em umbundu omunu (pessoa – singular). O sistema da nasalização em umbundu é motivado por mecanismos que desencadeiam a nasalidade. Isto é, a nasalização em umbundu não ocorre apenas com os grafemas (m e n). A nasalização surge quando o 'l', 'h', 'v', 'y' e 'w' surgem na posição intervocálica, por exemplo: /écélãlã/, /nõlã/, /kulíhã/, /ókútékãvã/, /ónálavãyi/, /pwãyi/. (cf. Instituto Nacional de Línguas 1980).
Tchokwe Umbundu Significado
Ngalo Ongalu Cesto, balaio
Ku kanga / hanga Okukanga Fritar
Kulu / ngulu Ongulu Porco
Phoko Omoko Faca
Ku jikúla Okuykula / okuyulula Abrir
Longa/nonga Elonga Prato
Kutonga Okutonga Coser a roupa
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Costa (2016:373) diz que “as línguas Bantu têm um sistema linguístico com
características próprias que as distinguem de outras línguas não bantu”. Ainda segundo a mesma
autora apresenta as seguintes caraterísticas do umbundu:
1. Não há oposição de género (masculino e feminino);
2. Não há especificação de sistema de classes;
3. Não existem as letras q, r, x e z e o som [r] é substituído por [l];
4. O diacrítico til é usado para representar o alofone velar [ñ] variante [n];
5. As letras f, h, k, l, m, n, p, s, t, v equivalem a um único fonema, ao passo que b nunca
aparece isolada, mas sim antecedida pela letra m 15;
6. A letra c tem valor sonoro [tʃ] como do [ch] em inglês16;
7. A letra d aparece sempre acompanhado da letra n 17;
8. A letra n aparece sempre ligada às letras g e j que formam o grupo consonântico ndj
e ng18.
As características do umbundu sugeridas por Costa (2016) apresentam algumas
controvérsias relativamente a não distinção de classes nominais, fonemas e grafemas.
Deste modo, sugerimos apresentar algumas características do umbundu, tais como: o
sistema de classes nominais, língua sintética aglutinante e língua tonal.
Podemos considerar que o sistema de classes da língua umbundu é constituído por
desinências que servem para marcar o número singular e plural. Melhor dizendo, a flexão dos
nomes é feita através da adição de um prefixo nominal singular ou plural (PN-S e PL) ao radical,
veja-se os exemplos 1 a, b e c:
1 (a) O - manu- a- manu
PN-S + radical. PN- PL + radical
(pessoa) (pessoas)
(b) I- mbo Ova-mbo/Ova + imbo
15 Ombolo “o pão”, ombembua “a paz”, Ocivimbi “o morto”. 16 Change, Choose, Ocivimbi, Ocali “de graça”, Calua “muito”. 17 Ondjala “a fome”, Ondjamba “o elefante”, Ñgala “Senhor, Deus”. 18 Ondjango “casa feita de pau e capim em forma redonda”.
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PN-S+radical PN-PL + radical
(aldeia) (aldeias)
(c) Oci- mbundu Ovi- mbundu
PN-S + radical PN-PL + radical
(nevoeiro) (nevoeiros)
Malumbu (2006:68) assevera que a flexão do número plural é feita “por meio das
desinências (a-, ova-, olo-, ovo) em substituição dos radicais do singular (e, i, o e u)”. Tomemos
como exemplo os seguintes substantivos: elunda (aldeia abandonada) - alunda ou ovalunda
(aldeias abandonadas), imbo (aldeia) - ovambo ou ovaimbo (aldeias), ombolo (pão) – olombolo
(pães), utima (coração) - ovitima ou itima (corações). Em contrapartida, Daniel (2015:920) diz
que “em umbundu o plural forma-se antepondo às palavras os prefixos: olo-, a-, i-, ovo-, ovi-,
otu-, va-, vo-, por exemplo, omoko (faca) – olomoko (facas), ocihemba (remédio) - ihemba,
ovihemba (remédios), okulu (perna) – ovolu (pernas), tate (pai) – votate (pais) e mãi (mãe) –
vomãi (mães)”.
Os prefixos em umbundu, segundo Malumbu (2006) e Daniel (2015), servem para a
formação do género e número dos nomes. Para outros autores como Fernandes & Ntondo
(2002) existem 15 classes de prefixos substantivais para a marcação do número singular e
plural, e 3 classes para a formação do locativo, tal como se vê no quadro 3.
Quadro 3- Prefixos nominais do umbundu
Classes Prefixos Exemplos Significado
1ª omu-, u-, o- omulemba, ufeko, osanji Figueira, rapariga, galinha
2ª oma-, ova-, a- omanu, ovambo, alundi, pessoa, aldeias, intrigas
3ª u- uvey, ungende Doença, viagem
4ª ovi- ovikolo Cordas
5ª e- elimi, epito Língua, porta
6ª a-, ova- alimi, apito, Línguas, portas
7ª oci- ocimboto, ociluvialuvia Sapo, figura
8ª ovi- ovimboto, oviluvialuvia Sapos, figuras
9ª o Ø- ohondo, ohole Quarto, pecado
10ª olo- olongombe Bois
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Fonte: adaptado de Fernandes & Ntondo (2002:75)
Segundo Fernandes & Ntondo (2002:32) “a classe de nomes que indicam o grau de
parentesco em umbundu pertence às 1ª e 2ª classes, de prefixo nominal zero”. Desta forma,
subtrai-se o prefixo nominal, como em onekule- nekulu (neto), ondombua-ndombua (noiva),
ondatembo- Ndatembo (sogro). Este processo é frequente na língua umbundu quando se
pretende simplificar nomes. Por influência do português os nomes tendem a começar por
consoantes, o que não é uma caraterística específica do umbundu. Os nomes em umbundu foram
aportuguesados e simplificados, o que causou a omissão dos grafemas iniciais dos prefixos
nominais, mas conservando os seus traços morfológicos e sintáticos. Por exemplo: /óngevé /
ngévé/, ónjámba / jámba/, óhósi / hóssi/.
Ademais, Schadeberg (1990:10) refere que “nouns have prefIxes which are the basis for
dividing nouns into classes”. Como se pode observar na classificação de prefixos nominais de
Schadeberg, existem 15 classes de prefixos nominais e 3 classes de locativos:
Forma Antes de Antes de Nasal
Básica CV V irregular Exemplo
1. u- omu- úkáyi (mulher)
2. a- ova- ova- oma- álúme (homens)
3. u- ow- omu- úliví (armadilha)
4. ovi óvitá (guerra)
5. e- Æ épúmbu (nó)
6. a- ova- ova- ásénjele (leite)
7. oci- ócinhamà (animal)
9. on- óndímba (coelho)
11ª olu- olunjenje, olunjalo, olunjala Franja, travessa, unha
12ª oka- okalenge Gato
13ª otu- otulenge Gatos
14ª u- Ulongisi, umeke Mestre, cegueira
15ª oku- Okulisola, okulipolapo Conciliação, sossego
16ª pa Locativo
17ª ku Locativo
18ª vu Locativo
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10. olo-n- ólombóngo (dinheiro)
11. olu- ólusapó (estória)
12. oka- okalenge (gato)
13. otu- ótuló (sono)
15. oku- ókulu (perna)
16. pa- pépúmbu (no nó)
17. ku- kónjilà (no caminho)
18. vu- vúliví (na armadilha)
Por outro lado, Schadeberg (1990) diz que as formas singular e plural dos nomes
contáveis pertencem a classes diferentes. Por consequência, as classes nominais de 1 a 15
podem ser agrupadas em 10 pares ou géneros, como se pode observar nos exemplos de
Schadeberg (1990:10-11):
1. género I (classe 1/2) – /úfeko / áféko/ (rapariga-raparigas), /ómunù / ómanù/ (pessoa-
pessoas);
2. género II (classe 3/4) – /útí / óvití/ (árvore-árvores);
3. género III (classe 5/6) – /ékambà / ákambà/ (amigo-amigos), /épyá / óvapyá/ (lavra-
lavras), /imbo / óvambò/ (aldeia-aldeias);
4. género IV (classe 7/4) – /óciná / óviná/ (coisa-coisas);
5. género V (classe 9/10) – /ónjíla / ólonjíla/ (passaro – pássaros), /ómbwá / ólombwá/
(cão – cães);
6. género VI (classe 11/10) – /ólwí / ólondwí/ (rio – rios);
7. género VII (classe 11/6) – /ólusingá / álusingá/ (veias)
8. género VIII (classe 12/13) – /ókafwandà / ótukafwandà/ (tarântula-tarântulas);
9. género IX (classe 3/6) – /úlimà / álimà/ (ano, anos), / útá / óvotá/ (arma – armas),
/ómongwá / óvongwà/ (sal – sais), /ómwengè / ámwengwè/ (cana-de açucar, canas-
de-açucar);
10. género X (classe 15/6) – ( /ókulù / óvolù/ (perna – pernas), /ókwók (w)o / óvók
(w)o/ákwók(w)o/ (braço – braços).
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Ainda Schadeberg (1990:11) “the locative nominal prefix is place before the inherent
nominal prefix; in this position (always before a vowel) the locative NPx loses its own vowel”.
Por exemplo: classe 16 – /pólwí/ (no rio), /púliví/ (na armadilha); classe 17 – /kólwí/ (no rio),
/kúliví/ (armadilha para); classe 18 – /vólwí/ (no rio), /vúliví/ (na armadilha).
Quanto ao processo de aglutinação, em umbundu os pronomes pessoais e verbos são
sempre aglutinados, ao passo que os nomes comuns podem dar origem a novas palavras, veja-
se os exemplos 2 a, b, c, d:
2 (a) Nangasole = onanga (pano) + sole (gosta de);
(b) Katchilingitchimwe= Ka (não) + tchilingi (faz) +tchimwe
(nada/mal);
(c) Ndilisukula= ndi (eu) + li (me) + sukula (lavo);
(d) Tuapandula= tua (nós) + pandula (agradecer, dizer obrigado).
Os exemplos 2 a, b estão relacionados com a aglutinação de duas ou mais formas
nominais, verbais e pronominais para a formação de novas palavras. Pelo contrário, os
exemplos 2 c, d demonstram que a aglutinação de morfemas verbais e pronomes reflexos não
dão origem a novas palavras. Melhor dizendo, em umbundu as desinências pessoais aparecem
antes dos pronomes pessoais e de formas verbais. Nesta língua há sujeito nulo como em 2 c “[-
] ndilisukula (lavo-me) = ame ndilisukula (eu lavo-me)”. Podemos afirmar que o processo de
aglutinação em umbundu é frequente em casos específicos como em 2 c, d. Além disso, utiliza-
se para aglutinar preposições e nomes com valor de locativo, quando as duas palavras iniciam
com vogais, como ko + ondjo = k’ondjo (em casa), ku + upange= k’upange (no serviço / no
trabalho).
Em relação ao sistema tonal, o Instituto Nacional de Línguas de Angola (1980)
considera que na língua umbundu é marcado por um tom alto representado pelo sinal / ´/ sobre
a vogal, ao passo que as vogais sem notação tonal são lidas em tom baixo. Por outro lado, no
umbundu existem tons baixos marcados pelo sinal ¯, por exemplo: /ó¯nala/ó¯ndala (fome /
palavra); e tons altos marcados pelo sinal , como /ókúpúla/ ókútúla/ (perguntar / tirar da
cabeça). A posição dos acentos tonais pode influenciar o significado de uma mesma palavra.
Note-se que: /ónjíla/ ¹ /ónjila/- (caminho, pássaro), /ótála/ ¹ /ótala/=feiticeiro, feitiço.
Relativamente aos tons ascendente / ˇ/ e descendente / ˆ /, eles prolongam a duração da silaba
alvo e modificam a entoação da palavra, como /kalungӑ/=saudação, /ómbâmbi/=frio. Os tons
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complexos são opostos aos tons de base /ómbâmbi/ ¹ /ómbámbi/=frio/cabra do mato. Por
último, os tons intermédios alteram o significado de uma mesma palavra, quando ocorrem no
meio da palavra ou na penúltima sílaba: /ókúlóngí¯sa/ ¹ /ókúló¯ngi¯sa/= ensinar, cavar fundo.
Observa-se que no exemplo /ókúlóngí¯sa/ todas as sílabas são marcadas por tons altos
exceto a última sílaba (-sa). Muitos fonemas do umbundu são nasais e os tons desta língua
podem mudar o sentido da palavra de acordo com o contexto, tal como referimos no parágrafo
anterior, como ómbâmbi¹ómbámbi.
Para Schadeberg (1986:427) “umbundu has three contrastive tones: low (L), high (H),
and downstepped high ('H). […] high-to-Low falling tones are extremely rare; they occur in
some demonstratives and in one particular verb form”, como se pode ver nos exemplos abaixo:
/tùlevalisa/ (emprestar); /ócilandisà/ (vender); /kàtúkacitólà/ (nós não vamos rasgar)
L LLL L HHH HL L H H H º H
Schadeberg (1990:8) “a word can also contain floating tones, i.e., tones which are not
linked to any vowel. There are on1y Low floating tones in surface representations, and they
only occur between High tones”. Schadeberg (1990) diz que (i) um tom baixo flutuante baixa
todos os tons altos seguintes, como em: HLHH – u-lume (homem); (ii) um tom baixo flutuante
antes da última sílaba tem uma representação mais direta, isto é, na penúltima sílaba há uma
passagem de tom alto para tom baixo e na última sílaba permanece o mesmo nível de descida
de tom alto para tom baixo, por exemplo: HHL º H – o-mah" i (pé); (iii) quando dois tons altos
estão no início de palavras são imediatamente seguidos por uma descida de tom. Por
consequência, o primeiro tom alto é realizado num tom mais baixo que o segundo, como em:
HHL º H H – oku-tanga (ler, estudar).
No umbundu todos os prefixos nominais são totalmente idênticos, pois dependem
inteiramente do radical. Além disso, os tipos de tons resultam do número de sílabas do radical,
do prefixo e do número de tons do radical:
phonologically speaking, nouns may be classified according to (i) the number of syllables in the
stem, (ii) the number "of syllables of the prefix, and (iii) the tone of the noun stem. All nominal
prefixes are tonally identical, thus the tone type of a noun depends entirely on its stem.
(Schadeberg 1986:428)
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Por conseguinte, todas as vogais podem ser nasalizadas desde que precedam um
segmento consonântico que desencadeia a nasalização (l e h), embora não sejam grafadas com
diacrítico til (~). As consoantes médias /h/ e /l/ no final de palavras só desencadeiam a
nasalização obrigatória quando a vogal que as precede é nasal e não oral, em certos contextos.
Por exemplo, [hika] (esforçar-se), [halisa] (aconselha) e [helie] (quem), [okulala] (dormir),
[okulekisa] (mostrar), [okuleluka] (ser justo) ≠ /hẽlã/hĩse/- (ontem, mais ou menos), [aswelẽlã]
(lágrimas) que desencadeiam a nasalização obrigatória.
Por outro lado, as consoantes médias /h/ e /l/ no final de sílaba desencadeiam a
nasalização obrigatória, por exemplo: /ñalã/, /nõlã/, /tãlõ/, /kwãlã/ (senhor / escolher / cinco /
quatro); /nyalẽ´hã/ (estende), /twĩhẽ/ (dê-nos), /ámálẽhẽ/ (rapazes), /kulĩhã/ (conhece). Nem
sempre é necessário representar os sons nasais na escrita, já que não alteram o sentido das
palavras. Deste modo, evita-se sobrecargas desnecessárias, a não ser em casos raros que possam
causar ambiguidade a nível lexical, por exemplo: /ókúfẽla / ókúféla/ = (cavar/ encher de ar),
/ócípãla / ócípála/ = (distante / cara).
Os tons altos e baixos auxiliam na distinção de palavras homónimas, na medida em que
algumas palavras só possuem tons baixos, /¯kwãlã/, outras tons altos, /ocipãla/, /ócípálã/ e
outras tons altos e baixos, /ombela / ómbélá/ (chuva torrencial) ≠ /o¯mbéla/ (chuva). Por
consequência, a entoação tonal é crucial para a determinação do significado de nomes. Um
nome mal entoado não pode ser decifrável e o portador não o reconhece como seu nome.
Por regra, todos os prefixos nominais têm tons idênticos. Assim, o tipo de tom de um
nome depende do seu radical. Por outro lado, verifica-se também a oposição de tons no início
e final de sílaba (cf. Schadeberg 1986). Radicais monossilábicos: classe 5 /é-yó / è-yo/ (dente),
classe 6 /óva-yò / òva-yo/ (dentes), classe 9 /ón-jó / òn-jó / (casa), classe 13 /ótu-ló / òtu-ló/
(sono), classe 15 /óku-lyá / òku-lyá/ (comida) – radicais dissilábicos: classe 9 /ón-dukò / òn-
duko/ (nome), classe 3 /ú-lume/ ù-lúme (homem); radicais trissilábicos: classe 5 /é-kokolò/ è-
kokolo/ (lagarto), classe 6 /á-sénjele / à-sénjele/ (leite), /é-ce𝑙$á𝑙$á / è-ce𝑙$á𝑙$á (oito); radicais
quadrissilábicos: classe 5 /é-salamiℎ"ò / è- salamiℎ"o/ (suor), /ú-yéveleli / ù-yéveleli/ (escutar).
Podemos dizer que no umbundu os tons variam de acordo com o número de silaba do
prefixo, o número de silaba do radical e da sua função morfossintática, por exemplo:
/hácindelèkó/ (não é homem branco) /ócindéle/ (homem branco). É importante referir que o tom
baixo (L) no início de sílabas pode significar “tamanho, quantidade ou qualidade” /ònjó/ ¹
/ónjó/ (casa grande, casa).
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3.3. Particularidades dos nomes umbundu
Conforme Malumbu (2016:76), “a atribuição do género faz-se através de nome ou
apelidos vernaculares. Existem nomes e apelidos que, na sua origem, podem ser atribuídos
somente a pessoas do sexo masculino e outros para o sexo feminino”. Em umbundu, os nomes
de pessoas são constituídos por um prefixo nominal que se junta ao nome para indicar o género.
Chimbinda (2009) distingue três classes de nomes (nomes sinalizados, nomes não sinalizados
e comum de dois géneros). Consideramos mais abrangente a terminologia nomes marcados,
nomes não marcados e nomes uniformes, pelo que a usaremos nos parágrafos seguintes:
a) Nomes marcados
Estes nomes são constituídos por um prefixo que determina o género masculino e
feminino. Segundo Chimbinda (2009) os nomes marcados apresentam sempre marcas do
prefixo que indica a progenitura: (i) nomes marcados acrescidos dos prefixos nominais sa-, se-
, so- (pai de) que indicam o género masculino. Por exemplo: Sa+ngombe (boi); Sa- + mbenje,
(cabaça); Se- + eyala (lixeira); So- (pai de) + onjamba (gémeos); (ii) nomes marcados
acrescidos dos prefixos nominais na-, ne-, no- (mãe de) para a marcação do género feminino;
Nangombe Na- + mbenje; Neyala Ne- + eyala; Sonjamba, So- + onjamba; Nonjamba No- +
onjamba.
Para Malumbu (2016), existe a possibilidade de transformar um nome masculino em
feminino e vice-versa, desde que se lhe anteponha um prefixo (na- ou sa-) para o género para
que se pretende transitar:
existem nomes que originariamente designam somente pessoas do sexo masculino e que podem
ser atribuídos a pessoas do sexo feminino com a condição de que lhes se anteponha a partícula
na- como Navita (de Vita), Nakativa (de Kativa). Por outro lado, existem nomes atribuídos
somente a pessoas do género feminino, mas que toleram ser atribuídos a pessoas do género
masculino, com a condição de que lhes se anteponha a partícula sa- como Savihemba (de
Vihemba), Sangueve (de Ngueve), Sakahita (de Kahita), Sawandi (de Wandi).
(Malumbu 2016:77)
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No entanto, estes nomes não fazem parte do nome completo dos pais, mas servem como
simples alcunhas que significa “mãe de ou pai de”. Os progenitores não precisam mudar de
nomes, embora sejam tratados no seio familiar e por amigos próximos, como “Sambenje” (o
pai) e “Nambenje” (a mãe). Segundo a tradição, Sonjamba, pai de gémeos e Nonjamba, mãe de
gémeos.
Portanto, os nomes de filhos derivados do nome da mãe e do pai são atribuídos aos
primogénitos e noutros casos aos secundogénitos, por exemplo: ‘Njamba’ derivado de
Sonjamba e Nonjamba são atribuídos aos primogénitos e ‘Ngueve’ (segundo gémeo) derivado
de ‘Sangueve’ e ‘Nangueve’ são atribuídos aos secundogénitos.
Atualmente, são atribuídos sem terem em conta a regra de atribuição, por exemplo, os
filhos podem se chamar Savita ou Navita, ao invés de 'Vita'. É provável que o fenómeno “xará”
tenha motivado o surgimento destes nomes quando as regras não são observadas por meio de
princípios circunstanciais ligados ao nascimento. Achamos por bem apresentar exemplos de
nomes derivados de alcunhas dos progenitores formados a partir dos prefixos nominais: sa-, se-
, so, e na-, ne-, no-.
Quadro 4- Prefixos nominas compostos
Pai Mãe Filhos Sambenje Nambenje Mbenje
Sanjila Nanjila Canjila
Sangueve Nangueve Ngueve
Samuto Namuto Muto
Siessingui Nessingui Chissingui
Sachivango Nachivango Chivango
Sambundo Nambundo Bundo
Sanganjo Nanganjo Canganjo
Sachilombo Nachilombo Chilombo
Sachingolo Nachingolo Chingolo
Samandele Namandele Mandele
Sachivinda Nachivinda Chivinda
Sachindemba Nachindemba Chindemba
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b) Nomes não marcados
São nomes específicos para cada género e só se distinguem por meio do significado.
Segundo Chimbinda (2009), os nomes não marcados são atribuídos de acordo com o género
(masculino ou feminino). Ainda segundo o mesmo autor, estes nomes indicam sempre as
circunstâncias que tenham ocorrido antes, durante e após a gestação. Estes nomes devem estar
sempre relacionados com determinados critérios como a profissão, o cargo ou traços
psicológicos e físicos. Como por exemplo: (i) nomes masculinos não marcados, Tchivinda
(ferreiro), Nguvenge (homem bêbado), Kalei (Ministro ou substituto), Handanga (genro do rei)
Epalanga (irmão mais novo, adjunto, Vice-presidente, Vice-rei ou substituto), Kaliata
(segurança ou guarda-costas de alguma entidade); (ii) nomes femininos não marcados, por
exemplo, Tchindumba (mulher sem marido), Wendo (mulher que nasceu depois de vários
abortos), Ngalo (peneira, crivo), Tchilombo (acampamento). Para Malumbu (2016), há nomes
que só podem ser atribuídos a pessoas do género masculino, tais como: Kativa, Savihemba,
Tchakusanga, Kasoma, Ulika, Kapiñgala, Tchivukuvuku, Tchikomo. Por outro lado, há nomes
que só podem ser atribuídos a pessoas do género feminino, tais como: Kawende, Navihemba,
Nakatumbu, Ngeve, Tchilepa, Ndembele, Tuluka, Kandjala, Tchitula.
c) Nomes uniformes
São aqueles que não apresentam marcas de distinção do género. Por exemplo, Ndala
(víbora), Numelye (desamparada ou desamparado), Kalunga (morte, falecimento), Kalitangi
(criança que nasce com o umbigo enrolado no corpo), Muhongo (criança que nasce depois de
Sangandala Nangandala Ngandala
Sassusso Nassusso Susso
Sanduva Nanduva Nduva
Sapitia Napitia Capitia
Seyala Neyala Eyala
Sambango Nambango Bango
Savita Navita Cavita
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nove meses de gravidez), Katanha (órfão de pais desde a nascença), Henda (compaixão, pena,
piedade, caridade).
As partículas, tchi-/ci-, ka-, u-, ku- com função de afixos verbais, na língua umbundu,
juntam-se aos nomes e adjetivos para a formação de novas palavras a partir de outras já
existentes. Os prefixos tchi-/ci- e ka- servem para designar profissão ou agente, ao passo que o
prefixo u-, tchi-/ci- e ka- serve para exprimir qualidade ou estado dos substantivos e adjetivos.
Os prefixos ka- e u- também podem designar origem ou naturalidade, tendo em conta as
palavras de Malumbu (2016):
os afixos verbais tchi e ka podem designar profissão, ou agente: katetavilonga, tchipilika. O
afixo u- pode designar estado ou qualidade dos substantivos: ulungi, utende, ungandji. Os afixos
ka, tchi e ku podem designar estado ou qualidade do adjetivo: tchendangolo, kulivela, katalahai.
Os afixos ka- e u- podem designar origem ou naturalidade: kaputu, umbalundu. O afixo tchi
pode designar aumento, ou grandeza: otchitapalo, otchihosi. (Malumbu 2016:213)
O prefixo tchi-/ci- também pode ter valor pejorativo ou designar aumento ou grandeza.
Em certos casos, o prefixo tchi-/ci- é também funciona como argumento com traços [+
humanos] e [+ animado], por exemplo, tchikambi (falta + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo); tchikapa
(põe + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo); tchisanga (encontra + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo),
(tchikuata apanha + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo), tchitali (olha + o, a, lhe, isto, isso ou aquilo);
pode também ter valor de (estado ou qualidade): tchivela (enfermo, magro), tchitende (louco).
Alguns afixos em língua umbundu, quando adicionados a um nome podem mudar de
significado. Por exemplo, U (classe 1) “pronome demonstrativo, origem ou estado” –
Utchinguar “os de Chinguar”, Ulika “solitário”; Va (classe 2) “origem”- Vambalundu “os de
Bailundo”, Valisboa “os de Lisboa”; Ci- / Tchi- (classe 7) pode ser “aumentativo ou designar
efeito da ação”- Chipilika, Chimuku; o prefixo Ka- (classe 12) pode ser diminutivo, negação,
pejorativo, origem, pronome obliquo reto, acusativo ou dativo”- Kambissi “peixe pequeno”,
Kaputu “de Portugal”, Kapule “pergunta-lhe”, Kataleco “observa-o; Ku- (classe 17) “negação
ou locativo” – Kupiti “não passas”, Ku Viye “no Bié”.
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Por outro lado, os prefixos para a formação de nomes compostos podem ter os seguintes
valores: (procedência) Sa- Se- So – “pai de” – Sonjamba (pai de Jamba/gémeos); Na- Ne- No
(mãe de) – Nonjamba (mãe de Jamba/gémeos); (negação) Si - Sikuete “não tenho”, Sipopi “não
falo”; Sa - Sandele “não fui”. Por último, as palavras compostas pelo prefixo “Ca- / Tcha” pode
ter valor de (estado ou qualidade), por exemplo, Tchakusola “agradável, alegre”, Cakusuka
“maduro”, Calela “leve”. No quadro 6 podemos constatar que há prefixos para a formação de
nomes a partir de verbos e nomes comuns.
Quadro 5- Prefixos e pré-prefixos do umbundu
Prefixo Função Exemplo Prefixos verbais
OKa- (classe 12)
-Marcador de negação - Argumento
Kapiti (não passe); Kapule (pergunta-lhe).
Oci- /Tchi- (classe 7)
- Argumento -Cikapa (põe isto ou aquilo); tchikambi (falta + o, a, lhe, isto, isso)
Ku- (Classe 17)
-Marcador de negação
Kumoli (não verás); Kupekela (não vais dormir)
Sa- Si-
-Marcador de negação
Sandele (não fui) Sakuvanja (não te vi) Sitavi (não vou aceitar) Sipopi (não vou falar);
Prefixos nominais
U- (Classe 1)
-Indicador de origem; -Indicador de estado ou qualidade; -Marcador do singular.
-Umbalundu (do Bailundo) -Ulika (solitário); -Uvye (do Bié)
Va- (Classe 2)
-Indicador de origem -Marcador do plural
-Vambalundu (os de Bailundo); -Vaviye (os do Bié)
E- (Classe 3)
-Marcador de estado ou qualidade; -Indicador de número e género.
-Essuvo (ódio); Essoco (calunia); -Epito (porta); Esualali (soldado)
A- (Classe 5)
-Marcador do plural Apito (portas); assualali (soldados).
Oci- /Tchi- /Ci- (classe 7)
-Aumentativo; -Efeito da ação ou qualidade; -Marcador do singular
-Cimuku (rato grande); -Civinda (Ferreiro); -Cimunu (de omunu =ladrão)
47
Olo- / Lo- (Classe 10)
-Marcador de concordância (plural)
Olo/Lonamba (tubérculos); Olo/Longonjo (pernas)
OKa- (Classe 12)
-Diminutivo; -Designador de profissão; -Indicador de origem, naturalidade
-Kandimba (coelho pequeno); -kaluwongo (enfermeiro); -Kaputu (de Portugal)
Ku- (Classe 17)
-Locativo (=direção) -Kussenge (na mata)
Mu- (Classe 18)
-Locativo; (indicam interioridade depois de verbos de movimento);
Mussenge (no interior da mata); Mutunda (sair do interior).
Prefixos para a formação de nomes composto
Na- Ne No-
-Indica filiação; -Marcadores de género feminino e singular.
Navita (mãe de Vita); Neyala (mãe de Eyala); Nonjamba (mãe de Jamba)
Sa- Se- So-
-Indica filiação; -Marcadores do género masculino e singular
Savita (pai de Vita); Seyala (pai de Eyala); Sonjamba (pai de Jamba)
Ca- / Tcha- -Prefixo pré-radical que indica qualidade ou estado
Calepa (alto) Calenda (inflamado)
Podemos considerar que os prefixos para a formação de nomes compostos, na-, ne-, no-
(= mãe de) e sa-, se-, so- (= pai de) são utilizados exclusivamente para a formação de nomes
atribuídos aos progenitores segundo a circunstância do nascimento dos filhos. Os prefixos sa-,
se-, so- para além de serem utilizados na formação de nomes compostos, servem também como
marcadores de negação quando antecedem as formas verbais (cf. quadro 5). Os prefixos
nominais “olo-, o-, na-, tcha-/ca-” são subtraídos quando aportuguesados ou transformados a
nomes de pessoas, por exemplo, olonamba > namba, olomoko > moko, osoma > soma,
tchakuvala > kuvala. Podemos afirmar que os prefixos em umbundu podem ter várias
significações e a sua interpretação só é possível de acordo com o contexto em que ocorrem.
48
As tradições
4.1 Iniciação, casamento, nascimento e morte
Nesse ponto reportamos alguns aspetos da cultura dos Ovimbundu e a relação que existe
entre a tradição e a atribuição de nomes. É importante referir que muitos nomes em umbundu
surgem por influência de acontecimentos da vida como a iniciação, o casamento, o nascimento,
as doenças, a morte e problemas familiares.
O processo de iniciação para os homens e mulheres começa a partir dos 12 aos 15 anos.
Para os rapazes começa com a circuncisão e para as raparigas desde o aparecimento da primeira
menstruação, embora estas fases difiram de região para região. A circuncisão era um ritual
hereditário praticado apenas pelos membros pertencentes ao mesmo clã e era feita sem qualquer
anestesia, sem queixa e sem remédio.
Em relação à iniciação nas mulheres, Milheiros (1951:91) afiança que “nalgumas tribos
as raparigas ficam fechadas na Embala19 do soba, durante oito dias”. No decorrer desse período,
os pais fazem testes para confirmar se as filhas estão realmente virgens para o alembamento
(casamento tradicional)20, usando o desvirginamento artificial ou outras condições exigidas
pelo noivo.
Na perspetiva de Kakumba (2013:25) “a iniciação cultural é o rito da puberdade que
consiste na educação sociocomunitária e cultural dos indivíduos”. Os adolescentes aprendem
desde pequenos o hábito e o gosto pela sua cultura. Os valores culturais são passados nesta fase,
de acordo com a tradição de cada tribo. Segundo Kakumba (2013), transmitia-se a cultura de
geração em geração. Os conhecimentos obtidos nos ondjango21 não podiam ser revelados a mais
ninguém. Mcculloch diz que o processo de iniciação nos Ovimbundu também era realizado em
acampamentos:
tribal initiation for boys (okulisevisa evamba) and girls (uso wakãı) is carried on in camps or
“schools” in southern and southern-eastern Umbundu chiefdoms, especially in Kalukembe,
19 Habitação do soba, do chefe de uma tribo africana, cubata. 20 Tributo de honra que o homem presta à família do noivo. 21 Local de reuniões e de transmissão de costumes ou saberes da comunidade aos mais novos bem como histórias, provérbios e preparação para a vida conjugal (alembamento).
49
Kakonda and Ngalangi. Sporadic instances of individual camps have also occurred recently in
Viye, Bailundu, Sambu, Wambu, Cingolo and Cikuma”. (Mcculloch 1952:44)
Após o cumprimento do ritual de iniciação e circuncisão, os adolescentes começam a
frequentar as reuniões em ondjango com os restantes membros da tribo. Os ondjango são
instituições tradicionais onde os membros do clã se reúnem para discutirem assuntos da
comunidade, contar anedotas, advinhas, histórias e até mesmo para partilharem refeições. Para
Figueira (1930:110-111) “o onjango das aldeias é o local onde os adultos se reúnem. Os rapazes
só o podem frequentar uma vez atingida a maioridade”. Milheiros (1951:57) refere que “o
onjango é frequente nas sanzalas constituídas por uma palhota redonda com paus a toda a volta
e coberta de capim”. De acordo com Mcculloch (1952:26) “o onjango é constituído por um teto
em forma de viga, fixado em postes robustos de madeira e deixado em aberto para que todos
possam ver e ouvir o que acontece no interior”. Etimologicamente, ondjango é uma palavra que
deriva de ondjo (casa) + yo (de) ohango (capim) que significa “casa de partilha, de festas e de
resolução de problemas”.
O ondjango é o local onde se realizam os julgamentos tradicionais, a partilha alimentar
comunitária, a conversa, a narrativa das tradições, a solidariedade, a transição de valores
culturais, a educação e os ritos de iniciação. São considerados como escolas primárias da vida,
onde os jovens adquirem conhecimentos diversos. Kavaya (2006, citado por Kakumba,
2013:25) afirma que “onjango é uma realidade inspiradora para uma conceção pedagógica que
tem em conta o homem como ser aberto à vida e ao diálogo interpessoal”.
Childs (1949, citado por Mcculloch, 1952: 44-45) menciona o plano educativo dos
Ovimbundu, sobretudo: (i) no âmbito psicológico, o medo de perigos reais ou imaginários é
transmitido pela mãe, pelo irmão mais velho e pelos avós; (ii) no âmbito social, uma criança de
oito anos deve aprender tudo sobre etiqueta e uso social, principalmente os meninos; (iii)
treinamento de habilidades antes dos oito ou nove anos de idade, imitando atividades dos
adultos.
Os contos tradicionais baseados em provérbios e cânticos tradicionais transmitidos em
ondjango eram fundamentais para a vida social dos Ovimbundu, tal como descreve Kavaya
(2006):
50
[...] com os provérbios o homem muntu reforça os seus argumentos filosóficos seja para
solucionar um conflito, como para ensinar sábias sentenças, ou moralidade tirada de uma
história, e com a variedade das suas imagens comunicam-se os encantos poéticos, estéticos e
morais. (Kavaya 2006:152)
Os provérbios têm carácter pedagógico e fazem parte dos ensinamentos dos povos
africanos desde a adolescência até à fase adulta. Para Kavaya, os provérbios servem para
reforçar um argumento, ensinar lições da vida social. Os provérbios constituem outra fonte de
nomes nos Ovimbundu. Alguns nomes, para além de se referirem aos acontecimentos da vida,
também tinham caráter pedagógico, ou seja, todos os nomes na língua umbundu possuem
caráter educativo.
Em relação ao casamento, a escolha da noiva dependia de costumes familiares, bem
como do grau de parentesco. Quando a família tivesse fama de feitiçaria ou maus hábitos na
aldeia era motivo suficiente para a rescisão do alembamento. Figueira (1938) sustenta que na
união vital se respeita a consanguinidade. Não se permite o envolvimento de parentes diretos,
o que vai até ao segundo grau de parentesco não colateral. Tanto os homens como as mulheres
procuram união fora do elumbo (=tribo). Ainda o mesmo autor relata que, antigamente, os
Ovimbundu não casavam por qualquer sentimento, mas sim por simpatia ou por determinação
paterna da tradição secular. Aos oito anos de idade a rapariga ficava comprometida à primeira
pessoa que a tinha pedido aos pais em casamento.
O alembamento era uma festa que variava segundo as condições de cada família. No dia
do alembamento o noivo devia entregar, obrigatoriamente, à família da noiva os requisitos
exigidos na carta de pedido como lenços, panos africanos, fatos, vestidos, calçados, bebidas
fortes (garrafão de vinho, garrafas de aguardente, cerveja, refrigerantes) e valores monetários.
O não cumprimento era passível de uma coima estipulada pelos tios maternos da noiva.
Deste modo, quando alguém quisesse casar tinha de pedir opinião aos seus parentes
mais velhos para darem um parecer sobre os costumes e hábitos, como eram os seus óbitos,
alegrias, tristezas, doenças e só assim podiam escolher a futura esposa.
Para Mcculloch (1952:18) “the oluse and the oluina are both divided into male and
female sides: the oñele yohonji (the side of the bow) and the oñele yohumba (the side of the
basket)”. Segundo Kakumba (2013:40-41) o alembamento nos Ovimbundu ocorre em duas
fases:
51
1. A primeira fase tinha a duração de um ano sem nenhum contacto sexual. Atualmente,
nas zonas urbanas, este princípio deixou de ser cumprido e por consequência muitas
adolescentes ficam gestantes antes mesmo do alembamento. A família do noivo devia
entregar um litro de óleo de palma, uma missanga, uma enxada e um garrafão de
vinho;
2. A segunda fase tinha também a duração de um ano, que terminava com uma festa.
Kakumba afirma que o casamento era uma coisa sagrada e era precedido de três
rituais (okuvala, okulomba e okutambela22).
A união conjugal para os povos Bantu tem como objetivo fundamental a procriação. De
acordo com Yambo (2003:10) “o muntu considera a procriação como um dom inestimável que
Suku Kalunga, Ndala-Kalitanga ou Nzambi deu à humanidade”. No pensamento Bantu, espera-
se com ansiedade e alegria o surgimento de novos membros na família. Pelo contrário a morte
dos filhos, em especial de gémeos, ou a infertilidade são motivos para a realização de certos
rituais, por exemplo, os banhos com ervas aromáticas e adivinhos. Procura-se entender as
causas das mortes, doenças no lar, a morte de recém-nascidos e da infertilidade.
Na perspetiva de Yambo (2013:19) “os Ovimbanda ou Asakuli (Terapeutas
Tradicionais) e ocimbanda c'ongombo (adivinho) têm o poder de intercetar o mal que se abate
sobre uma família ou mesmo na Comunidade e como tal detêm também certos poderes
sobrenaturais”. Estes costumes são frequentes entre os Ovimbundu, e as tradições estão ligadas
aos processos de nomeação.
Cada família possuía um ocimbanda, membro da família ou da aldeia que era
especialista neste tipo de tratamentos espirituais por meio de adivinhos, plantas medicinais
fervidas e banhos terapêuticos com ervas aromáticas. Yambo (2003:17) diz que “para o muntu
a conceção humana é para gerar seres vivos e sãos continuadores da prole e do Clã, além da
Etnia”.
No que se refere à tradição oral, durante a gravidez a mulher é proibida de pegar ou
cruzar-se com certos animais. Acredita-se que o bebé pode nascer com alguma deficiência
22 Okuvala- consiste num acordo que se fazia entre os familiares do noivo e da noiva, mas o devido ritual fazia-se normalmente antes da idade da puberdade da futura noiva; Okulomba- o mesmo que alembamento, ou seja, a família do noivo deve trazer um casaco para o pai da noiva e um jogo de panos para a mãe; Okutambela- apresentação oficial do noivo aos restantes familiares da futura noiva, isto para fortalecer o desejo feito na primeira fase “Okuvala” (Cf. Kakumba, 2013:38-39).
52
corporal. Nas regiões de Chiumbe, Lundas e Luenas “é vedado a mulher grávida pegar em
certos animais para que os filhos não se pareçam com eles, ou comer determinados seres ou
alimentos” (Milheiros 1951:73). Nos últimos meses de gravidez, dão à mulher medicamentos
compostos de plantas trituradas e fervidas para fortificar a mãe e auxiliar o desenvolvimento do
feto. Figueira (1938:125) destaca que “a posição do feto é observada constantemente nos
últimos dias da gravidez. Deve-se evitar o encontro de animais feios, tais como cobras,
macacos, lobos, onças e certas aves”. Sempre que nasce um filho faz-se uma cerimónia com
batuques, danças tradicionais, comezainas, libações e caçadas.
Na conceção de Mcculloch (1952), durante o parto a mulher é sempre acompanhada
pelas anciãs da aldeia e pela família do marido, uma vez que o homem não pode se fazer
presente no momento do parto, ou seja, não é permitida a presença de um homem durante o
parto, a não ser que surjam complicações que impliquem a presença de um médico tradicional:
durante o primeiro parto, a mulher é assistida por mulheres mais velhas da vila. Geralmente,
parentes do marido. Nenhum homem deve estar presente, a menos que o atraso do parto
implique a presença de um médico ou de um ocimbanda. (Mcculloch 1952:40)
No tocante ao nascimento de gémeos, Childs (1949, citado por Mcculloch, 1952:40-41)
considera que “os gémeos são bem-vindos, mas são considerados prodígios. O nascimento
requer a consulta de um Ocimbanda”. Ainda o mesmo autor comenta que após o nascimento
dos gémeos, enquanto as crianças crescem, toda a vila participa de uma cerimónia para
preservar as suas vidas.
Em caso de morte de um dos gémeos, os pais são expressamente proibidos de chorar,
para que o outro gémeo não se aperceba da infelicidade do seu irmão. Segundo a tradição,
muda-se a casa do óbito para que o gémeo vivo não tome conhecimento do óbito. Este
pensamento é também apresentado por Kakumba (2013):
no funeral dos gémeos se transferia o óbito para uma outra casa. A mãe não podia chorar, para
não manifestar a angústia, evitando que o irmão vivo tivesse o mesmo destino. O funeral do
gémeo era feito no cruzamento de dois caminhos. (Kakumba 2013:40)
53
As crianças mortas em resultado de aborto espontâneo ou parto normal e que não tenham
chorado durante o nascimento devem ser enterradas em olonacas23. Muitos destes rituais
tradicionais já não são praticados nas áreas urbanas. Por exemplo, há regiões em que se faz a
substituição do gémeo morto criando uma estátua antropomórfica pequena com o mesmo traje
da roupa do gémeo vivo e que deverá sempre ser transportada pela mãe.
De acordo com esses aspetos tradicionais, os futuros filhos destes casais que tenham
sofrido ou experienciado tais acontecimentos serão nomeados consoante a circunstância
incomum do nascimento. A tradição é o principal recurso para a atribuição de nomes na cultura
Ovimbundu. Não se pode compreender o processo de nomeação dos Ovimbundu sem ter em
conta as tradições, sobretudo a vida e a morte.
4.2. Estrutura familiar e sucessão
As famílias africanas são constituídas por vários membros, ou seja, duas ou mais
famílias unidas por meio de um único homem. Aghassian, Augé, Grandin, Héritier, Marie &
Messiant (1975) distinguem família elementar ou restrita (constituída por um homem, esposa e
filhos) e família composta ou extensa (unidades familiares mais vastas). Ainda segundo
Aghassian et al. (1975:22) “o laço de filiação (social) é entre a mãe e o filho, o irmão da mãe
(tio materno) e o pai é apenas considerado como progenitor”.
O grau de consanguinidade e reciprocidade é frequente entre os Bantu, por exemplo:
Mãy (mãe biológica) em comparação com Mãy (irmã da mãe - tia materna), Tate (pai biológico)
em relação a Tate (irmão do pai - tio paterno). De acordo com Milheiros (1951:121) “a família
Ovimbundu é constituída pelo marido, mulher, sobrinhos, filhos e netos”.
De acordo com a figura 13, podemos dizer que a estrutura familiar dos Ovimbundu está
constituída por duas partes: família paterna (oluse) e família materna (oluina). Conforme
proposto por Aghassian et al. (1975), os filhos de dois irmãos são entre si primos e os filhos de
duas irmãs são irmãos.
Por outras palavras, “os filhos de dois irmãos ou de duas irmãs são uma variedade
particular de irmãos e irmãs entre si e os primos paralelos chamam pai ao irmão do pai e mãe à
irmã da mãe” (Aghassian et al. 1975:136-137).
23 Terreno húmido e fértil próximo ao rio utilizado para pequenas plantações em qualquer época do ano. Cf. José
Redinha (1974:40) “Onaca” agricultura laboriosa, cuidada, regada e estrumada.
54
Segundo Milheiros (1951:109) “os filhos pertencem à mãe, embora o verdadeiro poder
paterno pertença ao tio (irmão da mãe) da criança”. Veja-se na figura 14, a relação de tio
materno e sobrinho uterino.
Como se observa nas figuras 13 e 14, podemos dizer que há distinção entre tio paterno
e tio materno pelo facto de que os tios maternos têm uma relação muito próxima com os
sobrinhos uterinos (de pai para filho). A relação entre tio e sobrinho na linhagem patrilinear nas
famílias africanas consiste apenas numa relação de familiaridade de pai e sobrinho. Outra
Pakulu (avó)
Nhohonu (tio paterno)
Epalume (primo) Cepua (prima)
Sohãy (Pakãy)(tia paterna)
Makulu (avô)
Família paterna e materna
Tate (pai ou tio materno)
Mãy (mãe ou tia materna)
Onekulu (neto)Ocimumba(sobrinho uterino)
Pakulu (avó)
Nhohonu (tio paterno) Sohãy (Pakãy)
(tia paterna)
Makulu (avô)
Tate (pai ou tio materno)
Mãy (mãe ou tia materna)
Onekulu (neto)
Ocimumba(sobrinho uterino)
Tio mãe
Eu
Irmã (tia)
Irmão (tio)
Sobrinhos uterinosFilhos
Netos
Irmã Irmão
Figura 13- Estrutura familiar dos Ovimbundu
Figura 14- Relação familiar entre tios, tias, sobrinhos e netos
55
particularidade existente nas famílias Ovimbundu consiste na relação de fraternidade entre os
filhos do irmão e os filhos da irmã. Com base no quadro 4, entende-se que a estrutura familiar
dos Ovimbundu é constituída por parentes próximos e colaterais.
Quadro 6- Terminologia de consanguinidade dos Ovimbundu
Terminologia Significado Reciprocidade Significado
Pakulu Avô Onekulu Neto (a)
Makulu Avó Onekulu Neto (a)
Tate Pai Omõla Filho (a)
Mãy Mãe Omõla Filho (a)
Mume Irmão Mukãy Irmã
Huvange / Kota Irmão mais velho Huvange / Kota Irmã mais velha
Nhohonu / Manu Tio materno Mãy Tia materna
Tate Tio paterno Sohãy / Pahãy /
Tatekãy
Tia paterna
Mandji Irmão mais novo Mandji Irmã mais nova
Epalume Primo Cepua Prima
Ocimumba Sobrinho Ocimumba Sobrinha
Onekulu Neto Onekulu Neta
Mbwale Meu senhor Mbwale Minha senhora
Sando-mbwa Noivo Ndombwa Noiva
Ndatembo Sogro Ndatembo Sogra
Nawa Cunhado Nawa Cunhada
Em relação à sucessão da herança, ela recai no irmão, ou primogénito dos filhos da irmã
mais velha. Em alguns casos, se uma tribo passou a pertencer a uma mulher, os sobrinhos desta
passam a ser os herdeiros de todos os bens. A título de exemplo, na sucessão de sobas24 herdam
os filhos mais velhos, caso não existam herda um neto ou sobrinho mais velho. Os tios são mais
considerados do que os pais biológicos. Nas sociedades africanas a herança transmite-se por
24 Típico dos povos africanos. Os sobas têm os mesmos poderes que um rei. Este governo é constituído por um sistema hierárquico: um Mwekalia (Vice); Epalanga (Assistente); Kaley (Porta-voz); Nganbole (Juiz); Komandanti (Conselheiro), entre outros.
56
via uterina (=filiação matrilinear). A herança recai sempre nos filhos mais velhos e na ausência
destes recai nos netos ou sobrinhos uterinos.
Adão (2010:145) reforça esse ponto, dizendo que “nas culturas bantu a herança e a
sucessão atende à consanguinidade e à idade, isto é, numa mesma família por via de regra herda
o primogénito”. O mesmo autor comenta que existem alguns critérios culturais a que os povos
Bantu obedecem, como por exemplo:
1. Herda o filho mais velho da irmã mais velha do de cujus.
2. Herda o irmão mais velho. Quando o de cujus é do sexo feminino, sucede-lhe a
filha mais velha, na falta, a irmã mais velha.
3. No caso do de cujus ser do género masculino e possuir várias mulheres, herda o
filho primogénito, qualquer que seja a sua mãe.
4. Um avô pode considerar como seu filho um neto natural e dar origem a nova
família com diferente forma de sucessão.
De acordo com Kakumba (2013:160) “o sobrinho, filho da irmã, é herdeiro de tudo o
que é do tio, assim como o filho”. Esta prática ainda é frequente entre os povos bantu de Angola.
Podemos afirmar que os processos de sucessão e atribuição de nomes em umbundu funcionam
da mesma forma. Por exemplo, se um neto ou sobrinho é herdeiro da gestão de bens dos avós,
ou tios maternos, o mesmo ocorre com o processo de atribuição de nomes. Existe uma relação
muito próxima entre netos e avós, sobrinhos uterinos e tios maternos.
Os primogénitos e secundogénitos herdam nomes dos avós maternos e paternos, e os restantes
filhos herdam nomes dos tios maternos. Este costume está presente no sistema de nomes em
língua umbundu até ao presente momento. De acordo com Adão (2010), os netos são
considerados como filhos naturais dos avós.
4.3. Atribuição dos nomes
A atribuição de nomes nos Ovimbundu pode ser da responsabilidade dos avós e dos
pais. Para Milheiros (1951: 81) “é a avó que escolhe o nome aos netos”. Por seu turno, Sayango
(1997: 34) diz que “é o pai, e não a mãe, que tem a prioridade na escolha do nome de um
57
membro da sua família para ser o sando25 do primeiro bebé, quer se trate dum menino ou duma
menina”. Ainda segundo o mesmo autor, se o pai não tiver a quem nomear, a mãe do bebé pode
escolher o nome dos seus pais ou irmãos. Em relação aos Kimbundu e Bacongo a
responsabilidade recai nos pais. Nos Kyokos a responsabilidade é da parteira e para os
Nganguelas é das anciãs pertencentes ao clã. Segundo Sayango (1997), seleciona-se o nome de
um parente vivo ou morto para se manter a linhagem:
escolhe-se o nome do bebé depois do parto, nunca antes. O casal pede conselhos aos pais, tias e
tios ou outros parentes sobre o familiar, vivo ou morto, que poderá ser o sando do recém-
nascido, dando-lhe o seu nome para assim manter a perpetuidade desse nome.
(Sayango 1997:33)
Por regra, a atribuição de nomes nos Ovimbundu é feita por meio do fenómeno xará que
consiste em atribuir o mesmo nome de um parente próximo para que seja lembrado vivo ou
morto. Atualmente, os nomes são escolhidos antes ou depois do nascimento, dependendo do
desejo dos progenitores.
Segundo os costumes previamente consignados no ponto anterior sobre a sucessão,
atribui-se obrigatoriamente o nome dos avós maternos ou paternos aos primogénitos. Aos
secundogénitos e restantes filhos atribuem-se nomes dos tios ou tias maternas e paternas,
embora não seja uma regra fixa. Os primeiros nomes são sempre do xará e os segundos refletem
o momento ou a circunstância de nascimento. Tomemos como exemplo as seguintes
circunstâncias: miséria, guerra, paz, acampamento, sofrimento, óbito, dias de semana, meses
do ano, doenças e queimaduras. As circunstâncias podem ser de natureza diversa e servem para
a formação de segundos nomes em língua umbundu.
Os nomes opcionais são originários de alcunhas e nomes de família. É comum registar
nomes de caráter pejorativo relacionados com a época ou momento do nascimento. Por
exemplo, se o individuo nasceu na época da colheita de feijão chamar-se-á Cipoke.
Ademais, muitos indivíduos optavam por alcunhas que designavam objetos ou coisas
incomuns tanto em português como em umbundu como: bacio, remendo, sabonete, quintal,
sapato, chapéu, mosquito, botão, fantasma, feiticeiro, canivete, Londovi (casca da árvore
utilizada para fazer corda artesanal), cipala (fase), sanji (galinha), ngulu (porco) cingufo
25 O mesmo que xará, ou seja, aquele que tem o mesmo nome que outro.
58
(instrumento musical), nambi (óbito), visimilo (pensamento, conhecimento), longuembia
(mágoa, sofrimento), chilulu (fantasma, alma de outro mundo).
Na cultura africana a vida e a morte são processos extremamente importantes para a
constituição de nomes. Segundo Vasconcellos (1928:245) “os povos selvagens denominam os
seus filhos, segundo circunstâncias que acompanham o nascimento”. Com efeito, os nomes na
cultura Ovimbundu são na maior parte relacionados com nomes de objetos, nomes proverbiais,
nomes de acontecimentos, nomes de animais e de superstições.
Segundo os costumes tradicionais, os nomes em umbundu são reflexo de
acontecimentos históricos que marcam o início de uma nova vida. Os ocimbanda ou curandeiros
tradicionais eram detentores de poderes sobrenaturais. Influenciavam a atribuição de nomes
com base na consulta de espíritos e adivinhos, conforme declara Yambo (2003:19) “aquilo que
o adivinho ou o terapeuta disser não é matéria de discussão, é uma ordem que deve ser cumprida
sob pena de maiores calamidades”. Ainda segundo o mesmo autor, o consenso que se apurar
durante as consultas será determinante na escolha de um nome, para que os próximos filhos não
sejam levados à morte por espíritos malignos. Henderson (1990:70) assevera que “os
otulupokopoko, ou espíritos dos bebés já falecidos, representavam uma ameaça muito especial
para os bebés vivos, e, por conseguinte, os pais tentavam enganar os espíritos pondo aos seus
filhos nomes de animais tão desprezíveis como é o porco”. De modo a confundir os
otulopokopoko era frequente o surgimento de determinados nomes desprezíveis, quando numa
família os filhos anteriores tivessem todos morrido por causa destes espíritos. Filho (2008)
apresenta o mesmo ponto de vista que Henderson (1990), ao afirmar que os nomes depreciativos
confundiam os espíritos malignos que tentassem atacar as crianças:
acredita-se que os espíritos malignos têm uma preferência especial em atacar as crianças
pequenas. Um dos modos de evitar isto é retardar a nomeação, pois a falta de nome faz com que
essas entidades tenham dificuldade em reconhecer sua possível vítima, sendo assim uma das
formas usadas para ludibriá-los. Outra forma de enganá-los é atribuir nomes repulsivos às
crianças. (Filho 2008:10)
Muitas famílias retardam o processo de nomeação quando se registam antecedentes
infelizes, e de maneira a evitar que se repita a mesma situação atribuem nomes desagradáveis
para que estes espíritos não vitimizem os bebés recém-nascidos. Segundo a filosofia africana
59
acredita-se que os nomes com significados ruins podem afastar os espíritos malignos de se
apoderarem das almas como é o Cilulu (fantasma, alma do outro mundo). Atribuem-se também
nomes de animais ferozes e não ferozes, tal como Ondjamba (elefante ou gémeos), Hombo
(cabrito), Ngulu (porco). Os problemas do casal em gerar filhos são considerados como uma
das motivações para a atribuição de nomes, por exemplo, Yambo (2003:34) diz que “Canjika26
é o nome próprio que se dá a uma criança depois de muitos que precederam terem todos
falecidos”. Ainda segundo Yambo (2003) os ciclos da vida, tais como o nascimento, o
casamento e a morte têm grande influência no surgimento de nomes que indicam circunstâncias
incomuns. Por exemplo, Civimbi (quando uma criança nasce depois de muitos irmãos mortos),
Sapalo (nome que se dá às crianças que nascem no sábado); Tchilombo (criança que a mãe
concebeu sem ser iniciada e deu à luz quando ainda se encontrava na iniciação); Kapiñala
(herdeiro de tudo o que é dos mais velhos, desde o feitiço até aos bens), Mwenyo (criança que
sobrevive depois de muitos problemas de saúde).
Além disso, os nomes que surgem depois de muitas mortes na família são atribuídos
segundo a causa da morte. No nascimento de um novo membro realiza-se uma cerimónia
familiar que dá início ao processo de atribuição do nome. Yambo (2003) assegura que os nomes
não são atribuídos por acaso, há sempre uma razão por detrás de cada nome. Para Bastide (1981,
citado por Filho, 2008:9) a multiplicidade do indivíduo, com seus diversos laços de
pertencimento social, encontra expressão nos diversos nomes que ele recebe.
Presume-se que a criança deve herdar traços físicos ou comportamentais do xará. Por
exemplo, o provérbio ou sabedoria kikoongo: “otumbula o muntu kesokolola ezina ko”
significa que o filho tem sempre o mesmo comportamento que o xará (Damba, 2011)27. Para os
Ovimbundu: “Wa piñala ocipa cukongo, lolona viaco ale” – o herdeiro assume todas as
consequências da herança; “wa piñala ongunda, haeye o piñala akolokolo” – quem herda os
haveres, herda os deveres.
26 Canjika- de oka/ka (classe 12) + onjika. 1. Pau aguçado que se estaca na terra para assegurar a parede de uma casa; 2. Pau biforcado e espetado na terra; 3. Milho cozinhado com carnes e legumes.
27 Disponível em: http://www.mundamba.com/article-os-nomes-ou-cognominos-kikongos-82681091.html, acesso 15 de janeiro de 2020.
60
CAPÍTULO II
ANTROPONÍMIA PORTUGUESA E ANTROPONÍMIA
UMBUNDU
O sistema antroponímico português
O sistema antroponímico português no período medieval era constituído por nomes de
um único elemento. Para Santos (2003) durante o século X e meados do século XI a maioria
dos indivíduos possuía apenas um nome. Após a invasão germânica na península ibérica, os
nomes latinos foram substituídos por nomes germânicos. Segundo Rowland (2008:13) “a
natureza e a intensidade da penetração germânica em cada região, teve variações no grau e
rapidez da substituição de nomes latinos por nomes germânicos durante os primeiros séculos
da Idade Média”. Percebe-se que o surgimento de novos costumes e nomes de origem
germânica causou alterações no sistema português no período medieval. É importante realçar
que a influência germânica teve impacto sobre a antroponímia e toponímia, ao passo que a
influência islâmica foi a nível do léxico comum. Segundo Piel (1960) o léxico antroponímico
foi influenciado pela contribuição germânica, enquanto que o léxico comum foi influenciado
pela contribuição lexical árabe.
Os nomes germânicos consistiam na aglutinação de dois elementos. Segundo Piel (1942,
citado por Bobone 2017:21) a população ibérica “estava farta de chamar aos seus filhos Primus,
Secundus, Quintus, Septimus, etc., e quando ouviu os lindos nomes que os godos traziam, tão
sonoros, tão exóticos, não puderam resistir à tentação de se chamarem também como eles”.
Ainda segundo o mesmo autor, “fica assim caracterizada a natureza do fenómeno: a moda”. Na
obra “Arte Visigótica em Portugal” Fernando António de Almeida e Silva Saldanha fazem
menção ao uso dos nomes godos no período da Reconquista até ao século XIII:
praticamente a entrada do povo Visigodo só se verificou em 509 quando, depois da batalha de
Vouillé, foi arrasada Tolosa; mas, por outro lado, a tradição das suas qualidades, ficou. Por isso,
mais tarde, quando da Reconquista, era de bom tom ser-se ou pretender-se ser um rebento da
61
velha cepa germânica. Foi mesmo a moda, até ao séc. XIII, tomarem-se nomes godos.
(Almeida & Saldanha 1962:23)
Os nomes romanos eram opostos aos nomes germânicos por serem limitados e rígidos,
ao passo que os nomes germânicos disponham de uma diversidade semântica. Note-se que os
romanos tinham o costume de atribuir nomes de acordo com a ordem de nascimento. Bobone
(2017:21) diz que “pelo final do primeiro milénio cristão, quase toda a população tinha adotado
nomes germânicos”. Por esta razão, muitos nomes eram compostos por nomes romanos e nomes
germânicos.
Por outro lado, o surgimento do sistema de dois nomes deveu-se ao conselho da Igreja
que pretendia anexar o nome de um santo depois do nome pessoal, com o objetivo de difundir
os nomes cristãos no sistema medieval. A reconquista cristã no século XV possibilitou a
formação dos reinos peninsulares medievais das maiores regiões da Espanha a nível económico
e cultural. “Só nos finais do século XI começam a mesclar-se com estes os nomes dos santos
mais venerados: Pedro, João e Maria, num primeiro tempo, depois os nomes de apóstolos e
mártires como Vicente, Estevão, Lourenço e Bartolomeu” (Bobone 2017:23). José Mattoso
(1999, citado por Bobone, 2017:24) “já no final do século XII estes nomes já se tinham
estendido a todo o território Entre Douro e Minho”. Durante a contrarreforma da igreja Católica
e do Rituale Romanum de 1614, o Concílio de Trento de 1545 a 1563 estabeleceu normas sobre
como os párocos poderiam proceder para o registo de batismo, casamentos e óbitos.
De acordo com Santos (2003), o sistema antroponímico português passou a ser
constituído por dois e três elementos entre os séculos XII e XV. Para Gonçalves (1971), o
modelo mais comum no período medieval era constituído por um nome próprio e a este
juntavam-se outros elementos. Bobone (2017:59) afirma que desde o século XII se verificou o
alargamento do nome na sua forma carateristicamente medieval – uma composição de três
elementos: nome próprio, patronímico e apelido. Segundo Neves (2001), o aumento
populacional e o surgimento de homónimos originaram mudanças no sistema antroponímico
português:
à medida que as populações aumentavam, tornava-se difícil distinguir as pessoas por um só
nome que, por vezes, se teria de repetir. Os romanos foram obrigados a complicar o processo,
passando a nomear os cidadãos com três ou quatro vocábulos. (Neves 2001:7)
62
Em tempos remotos era costume repetir um mesmo nome, o que dificultava a
identificação de pessoas em centros mais povoados; o surgimento do patronímico ligado ao
nome de batismo fez com que as formas homónimas desaparecessem.
Considera-se rico o sistema antroponímico, quando composto por diferentes
combinações antroponímicas. Pelo contrário, considera-se pobre se for constituído por
homónimos. De acordo com Santos (2003:230) “na Idade Média, a evolução do antropónimo
de um só nome para uma forma constituída por dois elementos foi talvez, o marco mais
significativo do processo de formação do sistema antroponímico”.
Outro fator que também pode ser considerado é a semelhança da estrutura familiar dos
latinos e portugueses, como nos afirma Soledade (2012):
vincula-se ao sistema latino que, em princípio, refletia a estrutura familiar inserida na
organização social do patriciado romano. Mas, na língua do Lácio, a antroponímia foi sendo,
paulatinamente, reformulada pelos seus falantes, devido, entre outros fatores, à ascensão política
e social da plebe, à integração dos chamados bárbaros e à promoção do Cristianismo.
(Soledade 2012:324)
Neste sentido, as novas tendências provocadas pela influência dos povos germânicos a
nível político, social, cultural e religioso tiveram impacto sobretudo na antroponímia. E após
um longo período de transformações linguísticas e culturais, o sistema antroponímico português
passou a ser constituído por diversas combinações. Para Santos (2003) os nomes com um, dois,
três ou quatro elementos consistiam em diferentes combinações não fixas. Ainda segundo a
mesma autora, os nomes compostos por dois elementos eram os mais usados, geralmente
constituídos por um nome próprio seguido de um patronímico; na sua ausência figuravam
outros designativos como “Martim Negro” e “Estevão Sapateiro”. Quanto aos nomes
compostos por três e quatro elementos apresentavam semelhanças ao nome composto por dois
elementos. É importante reafirmar que não existia uma regra fixa para diferentes combinações
nominais, veja-se: Vasco Martins de Vilela, Domingos Eanes Calvo Mata Mouros. Para Bourin
(1990, citado por Franco, 1995:24), entre 1125 - 1130, o nome único entra em queda cedendo
a sua primazia ao novo sistema constituído por dois elementos: nome próprio e sobrenome. Esta
nova forma de identificar os indivíduos, a partir da segunda metade do século XII (1160),
abrange 80% das formas antroponímicas, enquanto que na França meridional ela atinge os 90%.
63
Segundo Câmara Jr. (1997, citado por Silva, 2012) os nomes eram constituídos por um
prenome, sobrenome ou apelido:
um indivíduo possuía dois ou mais nomes formados por uma locução constituída por um
prenome seguido de um sobrenome, ou apelido, que indica melhor a proveniência geográfica
ou toponímica, a profissão, a filiação, a particularidade física e moral ou a circunstância do
nascimento. (Silva 2012:34)
Ainda segundo o mesmo autor cada elemento desempenhava uma função especifica, tal
como indicar a proveniência geográfica, a profissão, a filiação e particularidades físicas, morais
ou circunstâncias do nascimento. Podemos afirmar que o sistema antroponímico português foi
evoluindo de acordo com a influência cultural de outros povos. Santos (2003) sugere que a
desagregação do sistema constituído por um nome e a sua substituição por um sistema
constituído por dois a quatro nomes foi a mais importante evolução que ocorreu durante a época
medieval. Segundo Monteiro (2008:52) “a regra da acumulação de morgados estimulou o
aumento do número dos nomes. [...] esta prática ficou reforçada quando a legislação pombalina
de 1769 baniu as restrições à acumulação de morgados”. Ainda segundo o mesmo autor, “era
normal que um primogénito e senhor de casa acumulasse uma apreciável quantidade de
apelidos, ao contrário daquilo que era anteriormente a prática corrente”.
1.1. Elementos do nome (nome próprio, sobrenome, apelido)
O nome é o conjunto de elementos portadores de significado que funcionam como
marcadores de identidade pessoal, geralmente atribuído no momento do batismo. Sobre este
ponto, Vasconcellos (1928:9) considera “nome completo, ou conjunto formado pela designação
individual propriamente dita, acompanhada de outra ou outras designações que de ordinário se
lhe juntam”. Ainda segundo o mesmo autor a palavra nome tem quatro aceções: (i) nome
próprio (nome de batismo, registo ou crisma); (ii) nome completo (conjunto formado pela
designação individual acompanhada de outras designações); (iii) elementos do nome (apelido
e sobrenome); (iv) alcunha. Diogo & Oliveira (2009) sustentam que o nome é um dos primeiros
atributos que um individuo recebe. Para Ainiala, et al. (2012) os nomes podem ser analisados
em duas perspetivas: (i) o nome como combinação de palavras; (ii) o nome como identificador
individual. Por outras palavras, o nome atribui identidade a uma pessoa após o nascimento. Em
64
função disso, um individuo sem nome é socialmente desconhecido. O nome exerce um papel
insubstituível na vida social do cidadão, ou seja, está diretamente relacionado com o sujeito.
O nome não pode ser concebido apenas como um conjunto de elementos sonantes, mas
como um sistema interligado de elementos que desempenham diferentes funções. Segundo
Rowland (2008) a função principal do nome consiste em identificar uma pessoa, destacando a
personalidade de cada indivíduo:
a função denotativa do nome serve em teoria apenas para marcar a identidade pessoal, ou a
individualidade, de cada um, distinguindo-o, tal como o número do bilhete de identidade, de
todas as restantes pessoas no interior de determinada população de referência. (Rowland 2008:2)
Os componentes do nome desempenham uma função importantíssima, ou seja, indicam
a linhagem ou a origem familiar. A motivação do nome varia consoante a cultura, a localidade,
os costumes e a época, e pode estar relacionada com a religião, o local de nascimento, a
profissão, a tradição familiar, a apropriação de nomes estrangeiros e a moda. Vasconcellos
(1928:141-143) afiança que os nomes podem ter várias motivações, tais como: “o nascimento,
o batismo, a devoção particular e o apadrinhamento”. Ainda segundo o mesmo autor os nomes
podem ter origem em apelidos do padrinho ou de um protetor, dos avós ou de outros parentes
ou apelidos adotados por circunstâncias especiais. Do ponto de vista de Santos (2003), a
atribuição de nomes está relacionada com nomes religiosos (nomes de santos), nomes de origem
familiar (pais, avós ou bisavós), nomes de personagens locais e nomes políticos ou militares.
Relativamente aos elementos do nome, Bobone (2017:71) assevera que “as palavras
apelido, sobrenome, cognome, alcunha e nome próprio são usadas indiferentemente, nos
autores clássicos para definir o conjunto dos nomes que aparecem depois do primeiro”.
O nome completo no período medieval era composto por nome próprio, sobrenome,
alcunhas e apelidos (Vasconcellos 1928). Segundo Nunes (1999), o prenome simples e
prenome composto correspondem a primeiros nomes e apelido ou sobrenome correspondem a
segundos nomes.
O nome próprio designa apenas um sujeito e pode variar segundo o género da pessoa.
Segundo Oliveira (2005), o nome próprio é um designador rígido por representar um indivíduo
de uma maneira única e direta.
Segundo a tradição cristã, o nome próprio é atribuído no batismo, conforme explica
Vasconcellos (1928:8) “o nome próprio é a designação que a pessoa recebe no batismo, no
65
registo, em crisma”. Para Cabral (2008:241) “o nome próprio é o “nome de pia” (batismal) que,
à luz da tradição cristã, transporta a sacralidade da pessoa humana, qualificando-a no que tem
de mais essencial. É o nome da alma”. Raposo & Nascimento (2013) consideram nomes
canónicos ou antropónimos os nomes de batismo e de família que funcionam semanticamente
como nomes próprios. Ainda segundo Raposo & Nascimento (2013:998) o nome próprio pode
ser entendido em três perspetivas: “(i) dimensão formal que consiste no número de elementos
que compõem o nome próprio; (ii) dimensão semântica baseada em critérios de obrigatoriedade
e motivação semântica; (iii) dimensão ontológica relacionada com a natureza do seu referente”.
Naidea Nunes, em Antroponímia Primitiva da Madeira (1999:27) afirma que “a atribuição dos
prenomes realiza-se com base nas influências externas: tradição religiosa, tradição literária e
tradição histórica. A preferência de determinado prenome em detrimento de outro varia com o
tempo, segundo a moda e a popularidade dos nomes”.
Existem nomes próprios simples quando constituídos de um único elemento e
compostos quando constituídos por mais de um elemento feminino ou masculino, geralmente
com ou sem a preposição de. Por exemplo: Maria João, João Maria, Ana Sofia, Maria das
Dores, Maria da Esperança, João de Deus, Maria da Ascensão, Maria do Carmo. Conforme
afirma Vasconcellos (1928:327) “do mesmo modo que o nome próprio e o sobrenome, também
o apelido pode ser simples ou composto: melhor certamente seria dizer complexo”. Vale
ressaltar que o nome próprio é indispensável para distinguir um ou mais indivíduos enquanto o
sobrenome insere o sujeito no contexto familiar.
Nessa sequência, podemos dizer que não há homem sem nome, nem nome sem
sobrenome. De acordo com Franco (1995:22) “o sobrenome era o segundo designativo de
identificação e tinha como função indicar o nome próprio do pai”. Durante o período medieval
os sobrenomes passaram a ser usados como apelidos, como se verá adiante sobre a transição
dos patronímicos a nomes de família. Segundo Bobone (2017:72) “a gramática de João de
Barros, em 1540, define o sobrenome como sinónimo de patronímico”. Vasconcellos (1928:11)
sustenta que “sobrenome é um patronímico, nome de pessoa, expressão religiosa ou outra, que
se junta imediatamente ao nome individual, com o qual como que forma corpo: Méndiz,
Augusto, César, da Conceição”.
Iria Gonçalves, em Amostra da Antroponímia Alentejana (1971), refere que o
patronímico podia ser constituído pelo nome próprio do pai, quer na forma genitiva, quer na
forma nominativa. Ao contrário do que se pensava sobre o período de desagregação do
patronímico na forma genitiva, Iria Gonçalves sugere que este processo em Portugal tenha
66
durado até ao século XVI. Para Carvalhinho (2007:5) “sobrenome é tudo aquilo que não pode
ser considerado nome de batismo”. Segundo Franco (1995:103) “o sobrenome faz com que o
indivíduo tenha consciência da sua existência ao evidenciar a sua família, ao esclarecer a sua
origem”. Ainda segundo a mesma autora, o sobrenome representa uma interpretação sobre o
passado e o presente do sujeito, "impondo" a presença da família a que pertence. Diante deste
pressuposto podemos dizer que o sobrenome, para além de estar relacionado com o nome do
pai, indica similarmente a relação existente entre o sujeito e seus antepassados. Na conceção de
Vasconcellos (1928:144) “o nome e sobrenome formam de certo modo um nome duplo ou
composto (nome próprio): José António, Maria da Conceição”. Ainda segundo o mesmo autor,
quando um nome se compõe por nome e sobrenome, sem apelido, o sobrenome deixa de ser
independente.
Por conseguinte, o sobrenome funciona como a segunda parte do nome que tem a função
de identificar a origem familiar de um sujeito. Antigamente muitos sobrenomes eram
transmitidos depois do matrimónio. Desta forma, no século XIX por influência da burguesia,
as mulheres passaram a acrescentar o sobrenome do marido ao seu nome depois do casamento.
Apelido é o designativo familiar que se transmite de geração a geração, e que vem a
seguir ao nome próprio. De acordo com Vasconcellos (1928:11) “apelido é designação de
família, transmitida ordinariamente de geração em geração”. Bobone (2017) considera os
apelidos como património familiar por serem intransmissíveis a qualquer sujeito que não
pertença à mesma família.
Os apelidos especificam a proveniência da linhagem do sujeito independentemente do
estrato social. Por outras palavras, o apelido é genérico, isto é, comum a toda a família ao passo
que o sobrenome é individual, conforme afirma Vasconcellos (1928), que o sobrenome pode
ser comum a vários irmãos, a alcunha é simplesmente nome não opcional, e o apelido é relativo
a toda família:
a diferença fundamental entre sobrenome e apelido, na nomenclatura atual, e mais corrente, está
em que aquele é individual, ou apenas comum a vários irmãos, embora às vezes transmissível a
filhos, e o apelido é genealógico, isto é, comum na essência á família toda. A alcunha é
adventícia. (Vasconcellos 1928:12)
67
Segundo Bobone (2017:51-52) “o apelido propriamente dito, nasce nos séculos XI e XII
nos reinos cristãos da Reconquista”; “os apelidos nasceram de alcunhas, dos nomes de terras
de onde as pessoas são naturais ou terras que possuem, dos nomes de profissão ou de invocações
religiosas”.
No decorrer da Idade Média, também o patronímico paterno passou a ser usado como
nome de família. A distinção entre sobrenome e apelido nem sempre foi clara, já que os
sobrenomes e alcunhas podem ser apelidos, conforme nos diz Vasconcellos (1928:13-14)
“encontramos, por exemplo, nos livros de Linhagens (sec. XIV, ou XIII-XIV), sobrenome, no
sentido de apelido, e bem assim no de alcunha”. Na época da reconquista cristã, entre o século
XI e XV, o sobrenome passou a ser usado como nome de família.
Segundo Vasconcellos, “hoje não falta quem por sobrenome entenda tudo o que se junta
ao nome, seja sobrenome propriamente dito, seja apelido, seja um e outro” (1928:14). Queiroz
e Moscatel (2016:167) afirmam que “a história dos apelidos em Portugal pauta-se pela ausência
de regras claras, embora possam ser identificados costumes, por vezes específicos de certos
estratos sociais, de certas épocas, e até de determinadas regiões”. Ainda segundos os mesmos
autores, a noção de apelido também foi entendida de modo diferente ao longo dos séculos. Para
Vasconcellos (1928:118) “o contacto de portugueses com os forasteiros fazia nascer apelidos
novos, e contribuía para modificar o antigo sistema de denominação, ainda que há apelidos de
fora, que se adaptaram aos que cá existiam, como Geraldes”.
De acordo com Bobone (2017) o termo apelido não apresenta correspondência
semântica com as línguas mais próximas:
a palavra “apelido”, que em português e espanhol significa nome de família, parece ser uma
criação original da Península Ibérica, pois não tem parentesco com os seus sinónimos nas
línguas mais próximas: cognomen em latim, cognome em italiano, surnom em francês.
(Bobone 2017:323)
Ivo Castro, em O nome dos portugueses (2001), diz que os nomes de família ocupam
sempre a posição final. Podem desempenhar funções conjuntivas, quando identificam todos os
sujeitos pertencentes a mesma família. E quando os distinguem de todos os que não pertencem
à mesma família desempenham funções separativas.
68
1.2. Evolução do sistema
O sistema latino era constituído por três nomes, isto é, nome de identificação pessoal,
nome de clã e de família. Vasconcellos (1928:101) afirma que “os cidadãos romanos
costumavam juntar ao praenomen, um nomen gentilicium, e um cognomen que era uma
designação de um ramo da gens”.
[...] no que tange ao Império Romano, a distinção das pessoas era feita através do prenomen,
gentílicum e cognomen. O primeiro representava o nome próprio de cada indivíduo; o segundo
repetia a designação do clã ou da gens a que ele pertencia e o último se referia à sua família ou
seu grupo familiar inserido na gens. (Câmara Jr. (1979, citado por Silva 2012:34)
As invasões germânicas do século V foram cruciais para a decadência do sistema
romano. Morlet (1972) salienta que a conquista da Gália pelos Bárbaros resultou no declínio
do sistema antroponímico latino composto por três designações que deu lugar ao sistema de um
único nome usado pelos invasores. Para Bobone (2017), o sistema tria nomen foi substituído
após os séculos V e VI pelo sistema germânico, que identificava as pessoas por meio de um
único nome. Em compensação, o sistema germânico, com uma ampla variedade onomástica,
aglutinava dois elementos, p. ex., Adefonso (Athal = nobre) + (funs = inclinado), Rodorigus
(Horths = fama) + (Riks = rei, poderoso).
De acordo com Bobone (2017:31) “desagregando-se o sistema romano que identificava
a pessoa, a linhagem e o ramo particular de que era originária, exploraram durante alguns
séculos a variedade e a riqueza luxuriante dos nomes bárbaros”. Deste modo, começou-se a
utilizar o patronímico, formado a partir do nome do pai associado a um sufixo latino que
designava filiação. Nas palavras de Vasconcellos (1928:11) “o patronímico é o nome de pessoa,
expressão religiosa ou outra, que se junta imediatamente ao nome individual”. João de Barros
(1541, citado por Bobone, 2017:65) adianta que “patronymico nome é aquelle que significa
filho, neto, ou descendente daquele que tem o nome donde o nós formámos ou derivámos: como
Ioam Fernandez, filho de Fernando, António Gonçalvez, filho de Gonçalo: Diogo Nunes, filho
de Nuno”. Para Bobone (2017:31) “o patronímico é o elemento identificativo que se situa entre
o nome próprio e o apelido”. Bobone (2017:32) sustenta que “nas línguas da Península Ibérica
os patronímicos formaram-se a partir da declinação latina dos nomes”.
69
Durante a Idade Média, o patronímico difundiu-se em toda a Península Ibérica, como
complemento do nome próprio. Além disso, “a exuberância germânica perdeu-se, passaram a
repetir-se com frequência os mesmos nomes, e o sobrenome cresceu em importância, pois
ajudava a distinguir pessoas homónimas” (Bobone 2017:41). De acordo com Gonçalvez
(1971:349) “durante os tempos medievais, a avassaladora maioria dos portugueses usava, como
identificativo pessoal, um patronímico”. Ainda conforme Gonçalves (1971:349) “o patronímico
começou por ser construído, em toda a parte, a partir do nome próprio do pai”.
Ora, “a estrutura do nome medieval gozou poucos séculos de estabilidade, pois começa
a desagregar-se no século XV” (Bobone 2017:63). Nos finais da Idade Média, o patronímico
entrou em declínio e passou a funcionar como nome de família. Vasconcellos (1928:117) diz
que “a decadência do patronímico principia depois dos meados do século XV, e que o sistema
já estava desorganizado no século XVI”. Para Nunes (1999:41) “em finais do século XV e
inícios do século XVI, os patronímicos teriam já perdido o valor como indicativo de filiação”.
Como resultado, os patronímicos perderam a significação original e difundiram-se como
apelidos ou nome de família. Bobone (2017:33) afirma que “Pelos finais da Idade Média os
patronímicos começam a perder o caráter mutável, tornando-se apelidos que perduram na
mesma família, embora alguns povos se tenham mantido fiéis à forma patronímica por alguns
séculos”. Queiroz e Moscatel (2016:167) afirmam que “nos finais do século XV, já alguns
patronímicos começavam a ser usados como apelido, ou seja, como forma de identificar uma
família”. Bobone (2017:63) declara que “os patronímicos começam a ser usados como apelidos,
a ser transmitidos por gerações sucessivas, em vez de serem derivados, a cada geração, do nome
próprio do pai” e Vasconcelos (1928:120): “depois de extinta a significação do patronímico, e
ele passar a apelido, continua este muitas vezes ainda agora a seguir-se regularmente ao nome
próprio”.
Ainda segundo Vasconcellos (1928:117) uma das principais razões do desaparecimento
do patronímico “devia estar na confusão que provinha de fazer de apelido um simples
patronímico” e (1928:328) “à medida que a função do patronímico se ia obliterando, este
tornava-se apelido, amiúde reforçado com a adjunção de alcunhas e apelidos geográficos: e
assim as gerações sucessivas acharam-se de posse de apelidos de várias espécies”.
70
As alcunhas estão relacionadas com as particularidades físicas ou morais, profissionais,
usadas em vez do nome próprio, ou seja, servem para especificar uma particularidade pessoal.
Segundo Nunes (1999:45) “as alcunhas ou sobrenomes são, inicialmente, atributos individuais
com pleno sentido que identificam socialmente os indivíduos”.
Para Vasconcellos (1928) a alcunha nasce de uma significação pejorativa ou generosa.
Na Idade Média as alcunhas começaram a ser usados como apelidos, conforme comenta Bobone
(2017), e algumas personagens poderosas adotaram alcunhas como apelidos, na época das
primeiras navegações ultramarinas, tal como João Gonçalves Zarco. Algumas alcunhas
passaram a nomes de família (Castro 1987).
Segundo Vasconcellos (1928:191), “nascem a cada passo alcunhas, e das alcunhas
apelidos”. Note-se que os patronímicos e apelidos são de caráter hereditário, transmitidos de
pais para filhos, enquanto as alcunhas são designações pessoais de caráter não hereditário.
Portanto, podem derivar de nomes geográficos, nomes de animais, de plantas, de
profissões, nomes de comida, de bebida, vestuário, nomes religiosos e outras circunstâncias.
Segundo Nunes (1999:42) “para designar melhor um individuo, juntava-se ao nome, ora a
indicação da sua terra, ora uma alcunha”. É oportuno referir que “a geografia gera apelidos por
vários modos: dando um nome próprio, ou comum, de lugar, sítio, região, etc., ou dando um
adjetivo, que pode chamar-se étnico” (Vasconcellos 1928:155). Nunes (1999:43) assevera que
“os nomes de origem geográfica ou toponímica indicam a naturalidade ou residência dos
indivíduos”. Após a decadência dos patronímicos, os nomes geográficos começaram a ser
usados como apelidos.
De acordo com Vasconcellos (1928:158) “os apelidos retirados diretamente de nomes
geográficos começaram, [...] por designar locais de nascimento, residência ou procedência, mas
também senhorios (honras, coutos, terras, simples quintas, etc.)”. Para Bobone (2017) as
alcunhas ou apelidos geográficos foram substituindo os patronímicos. Por conseguinte, os
apelidos geográficos perderam a sua função original de indicativo de procedência e
transformaram-se em simples nomes de família. A título de exemplo, “um individuo natural de
Sintra veio viver para Lisboa, e os vizinhos começaram a denominá-lo o Sintra, e a dizerem a
família do Sintra” (Vasconcellos 1928:173).
Segundo Nunes (1999:42) “com o tempo os patronímicos perderam a sua significação
primitiva e passaram à classe de meros apelidos de família; o mesmo aconteceu às designações
geográficas e às alcunhas”.
71
É importante apresentar nesta secção a distinção de sobrenome, apelido, alcunha e
cognome, conforme as seguintes aceções:
1. Sobrenome
“nome que se segue ao nome de batismo; apelido, nome de família; alcunha ou
cognome acrescentado ao nome próprio de uma pessoa ou família”.
(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)
“datação: sXIV, nome de família, que se segue ao nome de batismo; apelido, nome
ou alcunha que se acrescenta ao nome próprio de uma pessoa ou família; palavra ou
frase que qualifica pessoa ou coisa”.
(Dicionário Eletrónico da Língua Potuguesa, 2001–2009)
“nome que se acrescenta ao nome de baptismo; nome de família. = apelido;
designação, geralmente distintiva e não ofensiva, que se se usa em vez do nome de
pessoas ou de certos grupos. = alcunha”.
(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008 – 2020)
2. Patronímico
“relativo ao nome dos pais; (antropónimo) que derivou do nome dos pais e que é
comum a todos os descendentes de uma pessoa; nome que designa uma filiação ou
uma linhagem de sangue ou de adoção”.
(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)
“datação: 1540; diz-se de nome antroponímico formado do nome do pai ou de nome
de ascendente; etimologia: gr. Patronumikós, -ê, -ón, tirado do nome do pai, pelo
lat. Patronymicus, a, um”.
(Dicionário Eletrónico da Língua Portuguesa, 2001–
2009)
72
“do grego (patronumikós, -ê, -ón); relativo ao nome do pai ou do ascendente (ex.:
sufixo patronímico); diz-se de ou nome derivado do nome do pai ou do ascendente
e comum a todos os descendentes (e.: nome patronímico; Heráucidas [descendentes
de Hércules] são patronímicos). = patrónimo.
(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008–2020)
3. Apelido
“nome de família; sobrenome; denominação por qualidade ou característica ilustre;
cognome; Brasil: alcunha; Antiquado, ato ou efeito de convocar ou chamar;
chamamento”.
(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, 2003 – 2020)
“datação: 1055–1065, ato ou efeito de convocar, chamamento; nome de família,
sobrenome; qualificação ou titulação que aponta determinada característica peculiar
de alguém ou de algo; regionalismo: Brasil, o mesmo que alcunha (denominação ou
qualificativo). Ex.: Jerónimo, por apelido, o Careca”.
(Dicionário Eletrónico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001–2009)
4. Alcunha
“nome de família. = sobrenome; designação particular que se usa em vez do nome
próprio de certas pessoas ou de certos grupos. = alcunha”.
(Dicionário Priberam, 2008 – 2020)
“datação: sXV, diacronismo: antigo. Epónimo (nome de animal, planta, topônimo
etc.) que se acrescentava ao nome próprio como um sobrenome; qualificativo
especial (p. ex., nobre, leal etc.) que os reis atribuíam às vilas e cidades denominação
ou qualificativo, por vezes depreciativo, que se usa em lugar do nome próprio de
alguém, ou em acréscimo deste, ou em lugar do nome designativo de um grupo de
pessoas, um povo etc.
(Dicionário Eletrónico Houaiss da Língua Portuguesa, 2001–2009)
73
“qualificativo, por vezes depreciativo, que se usa em lugar do nome próprio de
alguém, ou que é acrescentado a esse nome (geralmente derivado de uma
particularidade física ou moral); cognome, epíteto.
(Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa (2003 –2020)
5. Cognome
“datação: 1533, o mesmo que alcunha (denominação ou qualificativo)” (Dicionário
eletrónico Houaiss (2003–2009).
“epíteto; apelido; alcunha; nome de família” (Dicionário Infopédia da Língua
Portuguesa 2003–2020).
Como se pode confirmar nas aceções anteriores, o sobrenome, o patronímico, o apelido
alcunha e o cognome possuem significações diferentes em Portugal bem como no Brasil.
Em Portugal, o apelido refere-se ao nome de origem familiar, enquanto o patronímico
deriva do nome dos pais. Ao passo que, a alcunha resulta de características físicas ou morais de
um indivíduo. Geralmente, no interior de Portugal, os indivíduos são conhecidos pelas suas
alcunhas por serem mais notáveis. Pelo contrário, no Brasil, os indivíduos são conhecidos pelo
sobrenome ou apelido, muitas vezes originários de acontecimentos, de características físicas e
morais.
Deste modo, usa-se apelido ou nome de família, em Portugal e sobrenome ou apelido,
no Brasil. É importante relembrar que os apelidos podem derivar do nome próprio, do
sobrenome e de alcunhas.
1.3. O sistema atual
O sistema antroponímico português pode ser composto pelos seguintes elementos,
segundo (Gonçalves 1971): N- nome próprio; P- patronímico; A- Apelido ou alcunha; E-
qualquer outro elemento que se junta ao nome sem fazer parte dele.
Na verdade, o sistema antroponímico atual é resultado de um longo processo evolutivo
que teve início na Idade Média. Para Belo (1997:7) “o nome tal como hoje é usado, isto é, o
74
nome próprio ou de batismo ou prenome, acrescido do patronímico ou sobrenome ou nome de
família só se usa há quatro séculos”.
Recentemente, o sistema antroponímico português é constituído por diferentes
combinações nominais de origem latina, grega e hebraica, tal como nos afirma Neves (2001:9)
“no português, a maioria dos nossos nomes baseia-se nas línguas latina, grega, hebraica e nos
germanismos”. É importante realçar que no século XVI a reforma cristã definiu novos modelos
de nomeação.
De acordo com Rowland (2008:13), “o processo de nomeação em boa parte da Europa
deveu-se ao movimento da Contrarreforma católica e, mais especificamente, ao Concílio de
Trento (1545-1563)”. Ademais, a “atribuição de nomes estava muito ligada ao culto católico
dos santos e havia regras de transmissão de nomes (entre padrinhos e afilhados, entre avós e
netos, de pai para filho mais velho)” (Cabral 2008:243). Rowland (2008) observa a frequência
dos nomes masculinos e femininos nos processos de inquisição entre os séculos XVI – XIX,
figuras 15 e 16.
Fonte: Rowland (2008:24)
Como podemos observar na figura 15, os nomes masculinos mais frequentes eram: João
(século XVI), e Manuel (século XVII/XIX).
Figura 15- Nomes masculinos mais frequentes nos processos da inquisição de Lisboa entre o século XVI e XIX
75
Fonte: Rowland (2008:24)
Quanto aos nomes femininos mais frequentes, como se pode ver na figura 16, eram:
Isabel (século XVI) e Maria (séculos XVII-XIX).
Atualmente o sistema é regulado pela Lei n.º 131/95 de 06 de junho, no artigo 103º:
1- O nome do registando é indicado pelo declarante ou, quando este o não faça,
pelo funcionário perante quem foi apresentada a declaração.
2- O nome completo deve compor-se, no máximo, de seis vocábulos gramaticais
simples, dos quais só dois podem corresponder ao nome próprio e quatro a
apelidos, devendo observar-se, na sua composição, as regras seguintes:
a) Os nomes próprios devem ser portugueses, de entre os constantes da
onomástica nacional ou adaptados, gráfica e foneticamente, à língua
portuguesa, não devendo suscitar dúvidas sobre o sexo do registando;
Figura 16- Nomes femininos mais frequentes nos processos da inquisição entre os séculos XVI-XIX
76
b) São admitidos os nomes próprios estrangeiros sob a forma originária, se
o registando for estrangeiro ou tiver outra nacionalidade além da
portuguesa, desde que tais nomes sejam admitidos no respetivo país;
c) A irmãos não pode ser dado o mesmo nome próprio, salvo se um deles for
falecido;
d) Os apelidos são escolhidos entre os que pertençam a ambos ou só a um
dos pais do registando ou a cujo uso qualquer deles tenha direito,
podendo, na sua falta, escolher-se um dos nomes por que sejam
conhecidos;
e) Se a filiação não ficar estabelecida, pode o declarante escolher os apelidos
a atribuir ao registando e, se não o fizer, observa-se o disposto no artigo
108º.
3- As dúvidas sobre a composição do nome são esclarecidas por despacho do
diretor-geral dos Registos e do Notariado, por intermédio da Conservatória dos
Registos Centrais.
Recentemente, a escolha de nomes é responsabilidade dos pais, que procuram dar nomes
de estrelas mundiais, atores famosos ou de personagens bíblicas. Alguns nomes atuais são de
origem estrangeira, embora haja restrições na escolha de nomes, de acordo com os critérios
exigidos por lei. Os nomes de origem estrangeira são adaptados à fonética e à grafia portuguesa.
Belo (1997:9) comenta que “os nomes próprios obedecem a modas e, mais do que isso, a ciclos,
ou seja, são muito usados em determinadas épocas para depois entrarem em desuso e mais tarde
voltarem a estar na moda”.
Podemos afirmar que não há uma norma que estabeleça o uso ou desuso de sistemas de
nomes ou mesmo a frequência de nomes, pois variam de geração a geração. Note-se que os
nomes religiosos eram mais frequentes na Idade Média e menos frequentes na época moderna.
Atualmente os indivíduos procuram buscar nomes de diferentes línguas e origens como símbolo
de distinção.
77
O sistema antroponímico Bantu
O nome numa comunidade Bantu pode ser entendido de várias formas. Yambo
(2003:29) defende que “o nome é uma mensagem e não uma simples etiqueta posta sobre a
cabeça do indivíduo. E esta mensagem tem um sentido que convém captar e compreender”.
Ainda segundo o mesmo autor, na cultura Bantu a pessoa que dá o nome funciona como
emissor, o nome como mensagem que se dirige ao recetor, sendo a o suporte da mensagem a
criança a quem é atribuído o nome. No pensamento africano existe uma relação indissociável
entre o nome e a pessoa. Esse facto é verificado por Ainiala et. al (2012:138) “all over Africa,
a name’s meaning is traditionally quite significant and the relationship between a person and
his name is perceived as being nearly inseparable”.
Para os africanos, o nome é uma pessoa ao passo que no pensamento europeu o nome
refere-se a uma pessoa, conforme sugerem Ainiala et al. (2012:138) “according to European
thinking, a name refers to a person, a name in African thinking is a person”. Segundo Richard
Alford (1988, citado por Ainiala et al. 2012:125) “in the first place, they tell the other members
of the community who the individual in question is and secondly, they tell the community who
he is or who he is expected to be”.
Filho (2008:7), por seu lado, afirma que “nomear é fazer a individuação e assinalar uma
posição no sistema de relações sociais (a família, a linhagem, o clã, a localidade, a casta, o
estado)”. Ainda segundo Filho (2008), a perspetiva do prenome nas práticas de nomeação
europeias serve para identificar um sujeito dentro de uma localidade ou grupo familiar, ao
contrário dos nomes pessoais africanos que têm valor referencial e sempre relacionados com a
alma da pessoa.
É oportuno referir que, na antroponímia Bantu o número de nomes tem que ver com a
diferença cultural das comunidades africanas. O sistema antroponímico africano era,
geralmente, formado por um ou dois nomes. “The number of given names varies a great deal in
different communities. There is often one given, sometimes two, one of which can be a secret
name, the other public” (Ainiala et al. 2012:139).
Em relação ao número de nomes no sistema africano, José Leite de Vasconcellos
(1928:581), especifica o seguinte: “os que nas cidades desempenham serviços, ou não artífices,
usam nomes únicos, por exemplo, António, ou acompanham-nos de apelidos dos patrões”.
Ainiala et al. (2012) elencam um conjunto de fatores associados ao momento ou circunstância
do nascimento:
78
(…) a child may, for example, be given the name of the day of the week on which he was born
(‘Friday’). These weekday names are quite common in West Africa. Similarly, a child may be
given a name after the season or time of day at his moment of birth (‘dry season’, ‘night’). A
name may also convey a wide variety of events associated with his time of birth: the community
has suffered from hunger, it has been a rainy day or the child’s father had been hunting or at
war. (Ainiala et al. 2012:139)
De facto, os nomes Bantu são conexos a determinados princípios da cultura africana.
Partindo desse pressuposto, o sistema antroponímico Bantu é formado por nomes de
nascimento, nomes individuais, alcunhas e nomes coletivos, como se pode ver em Ainiala et al.
(2012:140-141):
1. Birth name (temporary names descriptive of the child or names according to the
time of birth, derogatory-protective names etc.).
2. Individual name (main name):
a) Names given in a name giving ceremony (namesakes, names according
to the time of birth, systematic names, names descriptive of the child,
names of aspiration, proverbial names etc.);
b) Names given/adopted later in life (initiation names, monarch names,
teknonyms etc.).
3. Bynames referring to an individual (nicknames, pejorative names, war names,
hunter names, wanderer names, monarch names, dance names, society names,
praise names, initiation names, ox names).
4. Collective names (clan names, soldier group names, initiation group names,
professional community names etc.).
Alford (1988, citado por Ainiala et al. 2012:128) refere que se usa, frequentemente, o
nome de um parente a fim de preservar a sua memória:
79
(…) namesakes quite often have common traits. Sharing the same name in many cultures also
concerns the notion of preserving the memory of an ancestor or even his reincarnation back
into the family. Sometimes, it is understood that namesakes will also fill the same place in the
network of relatives. It is clear, that name sharing in this kind of community emphasises the
common features of namesakes and draws attention away from their individuality.
(Ainiala et al. 2012:128)
Para concluir, podemos afirmar que algumas destas práticas de atribuição de nomes em
África ainda são frequentes, particularmente nas zonas rurais. Ademais, o sistema
antroponímico africano não é uniforme, na medida em que há uma diversidade cultural. No
sistema antroponímico Bantu os nomes são atribuídos de acordo com o momento ou a
circunstância relacionada com o dia, mês, ano, mortes, alcunhas, nomes sociais, nomes
ancestrais, nomes de dança e nomes de iniciação. José Leite de Vasconcellos (1928), também
relata a ideia de que os povos indígenas:
denominam os seus filhos, segundo circunstâncias que acompanham o nascimento: se na ocasião
deste se vê um animal, se se observa um fenómeno da Natureza, ou se se dá certo acontecimento,
escolhem o nome do acontecimento, do fenómeno, do animal. (Vasconcellos 1928:245)
Por outro lado, Filho (2008) diz que na antroponímia africana alguns nomes são dados
após o nascimento e outros nomes são adquiridos consoante o caráter, a idade e o cargo. Em
alguns povos é comum uma criança não ter nome fixo até uma semana, por causa das ameaças
à sobrevivência que, segundo a cultura, os espíritos malignos podem causar aos recém-nascidos.
2.1. O sistema umbundu
O sistema de nomes em língua umbundu depende de aspetos culturais que estão
diretamente relacionados com o processo de escolha do nome. Há uma forte conexão entre o
sistema antroponímico Ovimbundu e o sistema Bantu, no que diz respeito aos processos de
constituição de nomes. Segundo Filho (2008:108-109) “a prática mais comum para associar
alguém aos membros das gerações ascendentes do grupo de parentesco é dar à pessoa o nome
de um parente morto ou de um ancestral ou ainda que remeta a estes”. O modelo de Sayango
(1997:34-35) especifica três processos de constituição de nomes em língua umbundu:
80
1. Onduko yovomola ou yokucitiwa (nome de nascimento, ou de infância).
Trata-se de uma prática cultural, a qual designamos por fenómeno sando28 (xará) que
consiste na escolha do nome de um parente direto matrilinear ou patrilinear vivo ou morto.
Segundo o pensamento dos povos Bantu de Angola, acredita-se que o recém-nascido
apresentará as mesmas caraterísticas físicas ou emocionais do xará. Ainiala et al. (2012:139)
dizem que “it is believed – and hoped – that the features of a namesake will be passed on to a
child because, according to African thinking, the name may influence the bearer’s personality”.
“A característica extremamente difundida na África Ocidental é a dos nomes pessoais dizerem
respeito aos traços físicos ou da personalidade do nomeado” (Filho 2008:11).
No pensamento africano, dar o nome de um ancestral falecido permite que esse ancestral
retorne à família. Geralmente os primogénitos recebem o nome do avô paterno e as
primogénitas o nome da avó materna:
Giving a namesake, that is, naming a child after other individuals, such as relatives, friends or
deceased ancestors, is quite common. As a child is given a deceased ancestor’s name, this
ancestor is also thought to return amongst his family. Sometimes being named after family is
quite systematic. The tendency, for example, is that the first son will always be given his father’s
father’s name and the daughter will be given the father’s mother’s name whereas the next are
named after the mother’s parents and so on. (Ainiala et al. 2012:139)
Para a compreensão desse facto nos Ovimbundu, tenhamos em mente as seguintes
palavras de Yambo: “é o desejo de ver reincarnado na criança o ente querido defunto. E quantas
vezes não se ouviu “dizer em segredinho”: o fulano “voltou” através do filho do beltrano ou
sicrano” (Yambo 2003:22).
2. Okulisapa (elogiar-se), nome que vem depois do nome próprio. Geralmente, por
iniciativa própria ou sugerido por alguém, mas sempre relacionado com o momento do
nascimento:
28 O mesmo que xará (individuo com o mesmo nome que outro).
81
1- Nomes em umbundu que indicam circunstâncias particulares relacionadas
com o dia e o mês. É importante dizer que a atribuição de nomes referente
aos dias de semana está relacionada com a umbundização dos dias de semana
em português. Sapalo (criança que nasce no sábado), Sesa / Osesa (se nascer
na sexta-feira), Kaquarta (se a criança nascer na quarta-feira), Kaquinta
(criança que nasceu na quinta-feira), Lumingu (criança que nasceu num
domingo). Quanto aos meses do ano civil tem que ver com as estações do ano,
por exemplo, Susu (janeiro, mês de pobreza e fome), kayovo (fevereiro, mês
da salvação ou de pequenas colheitas), Elombo (março, mês de colheita de
muitos produtos como, batata doce, pepino, abobóra e outros), Kavambi
(junho, mês de frio e de preparação das nacas), Kanyenye (agosto, mês da
colheita de milho e feijão; mês de separar os grãos do sabugo e de descascar
o feijão).
2- Nomes que indicam circunstâncias relacionadas com o momento do
nascimento: Tchocovava (chuva torrencial) ou Tchitenha (estiagem),
quando um individuo tenha nascido numa época de fenómenos naturais;
Sandambongo (criança que nasceu quando o pai esteve em viagem de
negócio); Kamenga (cadeia) criança que nasceu quando o pai esteve na
cadeia, Vitangui (problema) quando a criança nasceu num período de
conflitos conjugais; Mbela (chuva) criança que nasceu num dia de chuva;
Vita (vida) se a criança nascer num período de guerra.
3- Nomes proverbiais ou sabedoria umbundu: Simwila- (hokandjupe tchange,
ñasi ale likalyange)29; Katulo- (lyanga otulo, hokalyange ovisokasoka)30;
Visoka- (ovisoka-soka vyovutima)31; Ohombo- (ya lia oluku; ocive ya telako
29 A uma viúva que cuida sozinha dos filhos, não lhe peça nada emprestado. 30 Durma antes e pensa depois, de contrário, o sono não vem. 31 O coração pensa em tudo e às vezes sem razão.
82
omõla)32; Cikola- (cikola citumala, chivola cifa)33; Onjila- (viosi vi lale;
miapia ka lale)34.
3. Cikambi - derivado de okukamba (faltar), nomes que indicam deficiência física:
Chitende de Ocitende (mudo) criança que nasce com afasia ou disfasia; Mbei (doente) criança
que nasceu com uma doença crónica ou prolongada; Mwenyo de omwenyo (vida) na infância
esta criança estive muito doente e a doença deixou sequelas. Os nomes de circunstâncias do
nascimento da criança são escolhidos depois da criança receber o nome do seu xará.
Na figura 17, apresentamos um modelo de constituição de antropónimos em língua
umbundu. Este sistema é constituído por: (1) nomes próprios: onduko yomãlã e okulisapa.
Como se pode ver, onduko yomãlã corresponde ao primeiro nome de nascimento que tem
origem em nomes ancestrais. Os okulisapa são os segundos nomes, que exprimem
circunstâncias históricas e nomes de iniciação; (2) nomes opcionais: ocikambi- alcunhas físicas
e morais. Ocikoti- nomes opcionais que funcionam como nome de família ou apelidos. Este
sistema tradicional é seguido até à atualidade, particularmente nas zonas rurais.
32 Tal mãe, tal filha. 33 Coisa madura demora a crescer, coisas frágeis morrem. 34 Dormem os filhos, mas a mãe não.
Figura 17- Origem dos nomes próprios e apelidos e alcunhas na antroponímia umbundu
83
2.2. A escolha dos nomes
No que respeita à escolha de nomes, ela tem que ver com os costumes dos povos
africanos, sendo o sistema umbundu semelhante ao sistema antroponímico Bantu. Yambo
(2003:22) salienta que o grupo de nome “o mais variado, vai das circunstâncias palpáveis em
que a criança nasce à preocupação de perpetuar a memória deste ou daquele ente querido
(Ociluke c´ange)”. Depois do nascimento “o casal pede conselhos aos pais, tias e tios ou outros
parentes sobre o familiar, vivo ou morto, que poderá ser o sando do recém-nascido, dando-lhe
o seu nome para assim manter a perpetuidade desse nome” (Sayango 1997:33). Chimbinda
(2009)35, por seu lado, sugere que o processo de seleção de nomes nos Ovimbundu consiste em
escolher o nome de um sando associado ao nome que exprime circunstância do nascimento.
Segundo os costumes, os pais chamam pai, mãe, irmão ou mano aos filhos primogénitos ou
secundogénitos pelo facto de ser xará dos avós, tios e tias.
De acordo com Chimbinda (2009), é comum os filhos serem chamados tate yange (meu
pai) ou ndatembo yange (meu sogro), por este ter os mesmos nomes que o xará. Yambo
(2003:23-24) enumera doze razões que estão na base da escolha de nomes:
1. A classe de nascença;
2. Os gémeos segundo o que nasce em primeiro, em segundo e aos que
nascem depois dos gémeos;
3. Os dias de semana;
4. O nome do progenitor;
5. Os traços físicos do recém-nascido;
6. As circunstâncias ligadas ao nascimento;
7. Coincidência com acontecimentos sociais
(viagens, prisões, falecimentos e festas);
8. Falecimento dos seus antecessores;
9. Relações sociais;
10. Nomes de mensagens (agradecimento a Deus,
pedido de proteção, lamentações, censuras,
35 Disponível em: https://www.voaportugues.com/a/angola-book-umbundu/1609814.html, acesso maio de 2019.
84
preocupações quotidianas);
11. Nomes teóforos;
12. Nomes teóforos e nomes de honra.
Os Ovimbundu tinham o costume de atribuir nomes de animais ferozes aos gémeos e
trigémeos. Em alguns reinos Ovimbundu como Wambu, Mbalundu, Ciyaka e Galange,
considera-se Jamba (elefante) o primeiro gémeo sem distinção do género; Ngueve
(hipopótamo) a segunda gémea; Hosi (Leão) o segundo gémeo. Assim sendo, nos reinos de
Ndulu e Viye, Njamba é o primeiro gémeo sem dissemelhança do género; Ngueve o segundo
gémeo, masculino ou feminino, e Hosi o terceiro gémeo, independentemente do género. Em
todos os reinos Ovimbundu, segundo os costumes, Kasinda (empurrar) é a criança que vem
após os gémeos ou trigémeos, sem distinção do género.
Por um lado, existem princípios que têm que ver com as regras de atribuição de nomes,
por exemplo, existem nomes masculinos que são transformados em nomes femininos sem terem
em conta o significado e o género do nome. Por outro lado, não se pode atribuir nomes em que
a circunstância está relacionada com o doador do nome e não com o herdeiro do nome. A título
de exemplo, o nome do xará Kamakangua (=queimadura) não pode ser transferido para o filho
por se tratar de eventos diferentes. Por consequência, os progenitores não obedecem, por vezes,
às regras de atribuição de nomes.
Influência europeia no sistema antroponímico de Angola
Na conceção de Cabral (2008:259) “os nomes de pessoas, tal como eles evoluíram na
Península Ibérica e, mais ou menos contemporaneamente, se espalharam pelo mundo através
do processo de expansão colonial, são um instrumento social para constituir pessoas com
características determinadas”. Segundo Richard (1988, citado por Ankumah, 2014:207), “antes
da colonização, os apelidos não eram comuns na África”. Este processo só foi possível depois
da colonização europeia e do domínio total dos territórios africanos. Conforme Ainiala et al.
(2012) o sistema antroponímico africano sofreu mudanças após a extensão da colonização
europeia e do cristianismo, nos finais do século XIX:
85
however, not until the extension of Christianity and European colonization did they truly begin
to revolutionize the African naming systems starting at the end of the 19th century – the same
as traditional cultures that otherwise ended up getting completely made over.
(Ainiala et al. 2012:141)
Outro ponto de vista encontramos em José Leite de Vasconcellos (1928:581) “por
nomes coloniais entendem-se aqui os nomes usados nas nossas colónias e os que se usaram em
territórios ultramarinos que já foram nossos e hoje o não são. Eles têm duas origens
fundamentais: indígena, e portuguesa”.
A introdução de nomes cristãos e europeus foi o início da transformação do sistema
africano. Conforme Ainiala et al. (2012:141) “the Europeans that had arrived in Africa favoured
the use of biblical and European names in the colonies because African names were difficult
for them to pronounce”. Por um lado, a adoção de nomes europeus e cristãos significava para
os africanos tornar-se assimilado. Por outro lado, os cristãos africanos mudavam de nomes
quando fossem batizados. “Um dos desdobramentos da implementação do Estado colonial em
África foi o esforço para domesticar as práticas de nomeação indígenas e adaptá-las às formas
europeias” (Filho 2008:12).
Segundo Figueira (1938:21) “alguns nomes se perderam devido à ação colonizadora da
Europa, à Civilização que substituiu muitos nomes nativos por europeus”. Leite de
Vasconcellos (1928) também faz referência à substituição de nomes africanos em Angola por
nomes de coisas, dias de semana e nomes vulgares:
os Pretos em Angola, quando vão trabalhar com os Portugueses, não declaram os seus nomes
nativos, mas substituem-nos por outros, iguais a nomes de coisas, como (no Lobito, planalto de
Chimbôa): Sapralo (=sobrado), Colungo «antilope»; candieiro, muito vulgar, e se há mais de
um, chamam-se Candieiro 1º, Candieiro 2º [...]; Carruagem, Cicleta (de bicicleta). Nomes de
mulheres: Caquinta «2.ª feira». (Vasconcellos 1928: 581)
86
De acordo com Ainiala et al. (2012) há quatro períodos que se deve ter em conta na
evolução do sistema antroponímico africano:
(1) Period of traditional naming system;
(2) Coexistence of traditional and new names;
(3) Replacement of African names;
(4) Renaissance of African names.
(Ainiala et al. 2012:142)
As observações feitas por Ainiala et al. (2012) revelam que o primeiro período é anterior
ao colonialismo, isto é, antes de meados do século XIX, quando o sistema de nomes africanos
não tinha sofrido nenhum contacto cultural e linguístico. Quanto ao segundo período, está
relacionado com a forte presença colonial e do cristianismo com início no final do século XIX.
O terceiro período regista a forte presença europeia em África antes da Segunda Guerra
Mundial.
O quarto período, o renascimento de nomes africanos, situa-se após a Segunda Guerra
Mundial, entre a década de 50 e 60, quando algumas colónias africanas, como a República
Democrática do Congo e a África do Sul, já se tinham tornado independentes. A título de
exemplo, no Zaire em 1972 os nomes africanos tornaram-se obrigatórios. Segundo as mesmas
autoras, os nomes africanos voltaram a ser utilizados a partir de 1950, quando as colónias
africanas começaram a se tornar independentes em quase todo o continente africano:
african personal names became popular again in the 1950s and 1960s when African nationalism
gained strength and the colonies began to become independent in different parts of the continent.
Personal names became one visible way to indicate a new African identity.
(Ainiala et al. 2012:141)
Consequentemente, a maior parte dos nomes completos na zona Norte de Angola ocorre
em línguas nativas, o que pressupõe a valorização de nomes tradicionais nos povos Bacongo.
Por exemplo, Mbiyavanga Nangonde Mbambi, Lulendo Menakuntuala, Nsoki Malengue.
A influência colonial nos povos Bacongo não foi completa, ao contrário dos povos do
Sul de Angola. Nos anos 50 e 60 o sistema antroponímico angolano já tinha evoluído para um
sistema combinatório (nomes europeus, cristãos e africanos). Veja-se a figura abaixo.
87
Fonte: Filho (2008:16)
Os dados apresentados por Filho (2008) revelam que os países com maior frequência de
nomes combinados são a Guiné e Angola. De acordo com estes dados, fica evidente que o
sistema de nomes em Angola era preferencialmente constituído por nomes cristãos seguidos de
nomes africanos.
Os angolanos adotaram o sistema de composição de nomes europeus introduzido no
período colonial, de acordo com os princípios da Lei de composição de nomes da década de 60
e da combinação de nomes europeus e em línguas nativas. Ademais, regista-se a ausência de
patronímico no sistema de nomes do Bié, tal como afirma Filho (2008:16) “patronímicos: a
ausência, pura e simples. É como se a cadeia sintagmática fosse constituída de dois conjuntos
de termos o dos prenomes seguido por um conjunto vazio”.
A ausência de patronímicos na antroponímia africana deve-se, por um lado, ao sistema
antroponímico dos países africanos. Por outro lado, aos processos de seleção e combinação de
nomes africanos, europeus e cristãos.
Podemos dizer que o sistema de nomes africanos assumiu características do modelo
europeu integradas no modelo africano. Por consequência, na antroponímia do Bié os nomes
cristãos e europeus aparecem sempre seguidos de nomes africanos que equivalem a sobrenomes
ou apelidos. É necessário referir que antes da colonização o sistema de nomes era regulado por
costumes tradicionais. Após a colonização criou-se um plano de organização e controlo da
população por meio de registo civil.
Figura 18- Composição dos nomes nas ex-colónias portuguesas em África
88
Chimbinda (2009) defende que a atribuição de nomes na cultura europeia é descontínua
e na cultura umbundu é contínua. Ainda segundo o mesmo autor, apesar de haver na cultura
umbundu a atribuição do nome do xará, isso não anula a aceitação de Ocikote (nome do clã)
que é também considerado atualmente como nome de família. Segundo este autor, um sistema
é descontinuo quando os nomes são transmitidos de pais para filhos, impossibilitando a
continuidade dos nomes que indicam a linhagem familiar. Por seu turno, o sistema é contínuo
quando os nomes são transmitidos de avós para netos indicando a linhagem materna e paterna.
Assim sendo, os avós doam os seus nomes aos netos e os pais esperam ter netos para o fazerem
de forma contínua.
Na verdade, o fenómeno xará é ainda seguido nas comunidades rurais e urbanas, embora
haja alternância na escolha do xará, nas zonas urbanas. Atualmente este processo sofreu
mudanças. De acordo com Filho (2008:12) “um dos desdobramentos da implantação do estado
colonial em África foi o esforço para domesticar as práticas de nomeação indígenas e adaptá-
las às formas europeias”. Durante o processo colonial o sistema europeu foi inserido para
revolucionar a prática de nomeação africana e como resultado muitos nomes clânicos africanos
perderam o seu valor semântico. Por outras palavras, muitos nomes africanos foram
aportuguesados ou adaptados à grafia e fonética europeia.
Ainiala et al. (2012:136) dizem que “an anthroponymic system can change for reasons
both internal and external to the language. Changes that happen in language reflect in the
anthroponymy especially in such systems that have semantically transparent names”. Ainda as
mesmas autoras afirmam que o sistema pode mudar com base na aculturação, devido ao
empréstimo de certos elementos de uma cultura para outra. A inserção de novos padrões
culturais e linguísticos acaba por mudar a nomenclatura nominal da cultura recetora.
Tal como referimos, a estrutura antroponímica do Bié, é formada por nomes próprios e
apelidos (em português e línguas nativas). Por exemplo, Mateus Cassinda, Jorge Antunes,
Fernando Jamba Rodrigues, António Pedro Cussumua. Este sistema consiste em combinar
nomes próprios e apelidos simples ou compostos. Os primeiros nomes aparecem sempre em
português e são seguidos de apelidos em português ou umbundu.
Na apreciação de Ainiala et al. (2012) uma das características do sistema antroponímico
ocidental consiste em ter um ou mais nomes e sobrenomes. Um sujeito pode ter vários nomes
oficiais o que não é comum a todos os países africanos:
89
a common feature of most Western anthroponymic systems is that a person has one or
more given names and a surname. In addition to this official personal name, a person
can have various unofficial bynames. However, this system is not common to all
countries. (Ainiala et al. 2012:126)
Entende-se que cada sistema cria um modelo natural que pode ser influenciado por
outros sistemas antroponímicos. Em teoria, um sistema onomástico rico reúne vários nomes
estrangeiros na sua estrutura antroponímica com inserção de nomes estrangeiros de uma cultura
para outra, como consequência do processo de aculturação.
É oportuno referir que antes da independência de Angola, os nomes angolanos eram
regulados pela lei n.º 47 678 de 5 de maio de 1967 que prescrevia o seguinte:
Artigo 130º
1. O nome completo compor-se-á no máximo de seis vocábulos gramaticais simples,
dos quais só dois podem corresponder ao nome próprio, e quatro a apelidos de
família.
2. Os nomes próprios devem ser portugueses ou, quando de origem estrangeira,
traduzidos ou adaptados, gráfica e foneticamente, à língua portuguesa, e não devem
nem envolver referências de carácter político, nem se confundir com meras
denominações de fantasia, apelidos de família, nomes de coisas, animais ou
qualidades, salvo tratando-se de nomes de uso vulgar na onomástica portuguesa.
3. São admitidos os nomes próprios estrangeiros, sob a forma originária, se o registando
for estrangeiro ou tiver outra nacionalidade além da portuguesa.
4. Os apelidos são escolhidos entre os pertencentes às famílias dos progenitores do
registando, devendo o último ser um dos apelidos usados pelo pai ou, na sua falta,
um dos apelidos a cujo uso o pai tinha direito, ou pelo qual seja conhecida a sua
família.
90
5. Se os pais do registando forem desconhecidos, a escolha do apelido obedecerá ao
disposto no artigo 137.º
Artigo 137º
1. Compete ao funcionário que lavrar o assento atribuir ao registando um nome
completo, constituído no máximo por três vocábulos, devendo escolhê-los de
preferência entre os nomes de uso mais vulgar, ou derivá-los de alguma caraterística
particular do registando ou do lugar em que foi encontrado, mas sempre de modo a
evitar denominações equívocas ou capazes de recordarem a sua condição de
abandonado.
2. Na escolha do nome deve, todavia, respeitar-se qualquer indicação escrita encontrada
em poder do abandonado, ou junto dele, ou por ele próprio fornecida.
Esta legislação, no ponto 2 do artigo 130º, proíbe a ocorrência de nomes de coisas,
animais ou de uso vulgar. Por outro lado, os nomes africanos estão relacionados com coisas,
animais ou nomes vulgares. Esta legislação mostra bem a influência europeia no sistema de
nomes do Bié. A adoção de apelidos de origem cristã e europeia é visível na onomástica do Bié
até ao presente momento.
Se um pai tiver nacionalidade ou ascendência europeia de certeza que o nome do filho
será europeu, mas se tiver ascendência africana o nome poderá ser africano ou europeu; o
resultado consiste na miscigenação de nomes de várias origens.
Note-se que os apelidos maternos e paternos estão previstos na lei sobre a composição
dos nomes angolanos (nº 10/85 de 18 de outubro). A administração angolana, após a
independência, deu sequência ao sistema de nomeação europeu, iniciado no período colonial,
que consiste na utilização de sobrenomes ou apelidos maternos e paternos.
Segundo Ainiala et al. (2012:141) “european names may be used at workplaces and
other areas of public life whereas African names are mostly used amongst family and friends”,
o que explica a frequência de variados nomes na antroponímia do Bié a partir da década de 50.
Em síntese, a influência europeia enriqueceu o sistema antroponímico africano por apresentar
na sua nomenclatura nomes de diferentes origens.
91
É importante mencionar que na antroponímia do Bié os nomes em língua umbundu
foram aportuguesados. De acordo com o Decreto-Lei n.º 47 678 todos os nomes em línguas
nativas devem ser adaptados à grafia e fonética portuguesa. Veja-se o quadro abaixo.
Quadro 7- Antropónimos aportuguesados
Nomes em umbundu Aportuguesamento Significado
Kasova Cassova Alternar
Kasinda Cassinda Empurrar- aquele que vem
depois dos gémeos
Ndala Dala Víbora/ Chefes
Kalei / Kaley Calei Sucessor/ Representante
Kusumwa Cussumua Tristeza
Ondimba/ Kandimba Candimba Coelho
Pesela Pessela Perder/ esbanjar
Ondjamba / Ndjamba Jamba Elefante- nome do(a) primeiro(a)
gémeo
Okalunga / Kalunga Calunga Mar
Kavita Cavita Problema/ Problemático
Tchilombo /Cilombo Chilombo Acampamento
Ndandula Dandula Acompanhar/ Seguir
Lukamba Lucamba Destemido
Tchivinda / Civinda Chivinda Ferreiro
Kangombe Cangombe Boi pequeno
Ofeka / Feka Feca Pátria/ País/Terra
Antes da ocupação portuguesa em Angola as línguas nativas eram ágrafas. Por
consequência, durante o processo colonial alguns nomes foram adaptados à escrita portuguesa,
ao passo que outros nomes permaneceram na forma original. Por exemplo: Nanga, Elombo,
Nambi, Epalanga, Ekuikui.
92
Caraterísticas e composição dos antropónimos do Bié
Antes da chegada dos portugueses, no século XIV, o sistema antroponímico dos
Ovimbundu era constituído por nomes de um único elemento, relacionado com nomes
geográficos, gentílicos, alcunhas ou palavras que designassem o momento ou a circunstância
do nascimento.
Nesse período, segundo a tradição oral, os nomes dos Ovimbundu passaram a ser
constituídos por dois elementos. O segundo elemento funcionava como um complemento do
nome, que servia para distinguir um individuo de outros que tinham o mesmo nome.
Assim, o sistema antroponímico do Bié, nos meados da década de 70 e finais da década
de 80 do século XX, era constituído por nomes de dois elementos. Nos finais da década de 90
os nomes do Bié já eram constituídos por três e quatro elementos.
Atualmente, o sistema antroponímico do Bié é constituído pelo nome do xará simples
ou composto, sobrenome da mãe, apelidos paternos ou maternos. A legislação angolana sobre
a composição de nomes, do Ministério da Justiça, exarada no Decreto-Lei n.º 10/85 de 18 de
outubro, prescreve o seguinte:
Artigo 1º
1. O nome completo compor-se-á, no máximo, de cinco vocábulos gramaticais simples,
dois dos quais só podem corresponder ao nome próprio e os restantes ao apelido.
2. Em casos devidamente justificados, atendendo à composição dos apelidos dos
progenitores, o número máximo de vocábulos poderá ser elevado a seis, mantendo-
se, contudo, o limite de dois para o nome próprio.
3. Os nomes próprios, ou pelo menos um deles, será em língua nacional ou em língua
portuguesa.
4. Os nomes próprios em outras línguas serão admitidos na sua forma originária ou
adaptada.
5. Os apelidos são obrigatórios e serão escolhidos entre os pertencentes às famílias
paternas, maternas ou ambas dos progenitores do registando. No caso dos
93
progenitores do registando não terem apelido será este escolhido pelo declarante, de
preferência de acordo com o funcionário perante quem for prestada a declaração.
A lei prevê que todos os nomes devem ser constituídos de acordo com os critérios
exigidos no artigo 1º. Deste modo, o artigo 2º, no ponto 1 e 2 diz o seguinte:
1. Os conservadores só poderão recusar a escolha de nomes que se mostrem
manifestamente inadequados à luz da dignidade e seriedade de que se deve revestir
a atribuição do nome às pessoas.
2. Da recusa cabe recurso hierárquico nos termos gerais previstos no Código do
Registo Civil, faculdade que deverá ser obrigatoriamente comunicada aos
interessados.
Esta Lei é abrangente, por permitir a inclusão de nomes nativos africanos e estrangeiros.
Os nomes em língua estrangeira podem ser adaptados para o português ou manter-se na sua
forma original. Sobre a composição de nomes, prevê-se cinco elementos no máximo, dos quais
um ou dois nomes próprios e os restantes como apelido. Os apelidos são obrigatórios no sistema
antroponímico angolano (artigo1º, ponto 5) e serão escolhidos entre os pertencentes às famílias
paternas e maternas dos progenitores, o que explica a presença de apelidos em português e
umbundu no sistema antroponímico do Bié.
Na antroponímia do Bié a maior parte dos nomes próprios e apelidos tem relação como
nome de um familiar direto (pais ou avós). No entanto, há nomes que não estão relacionados
com os avós e pais. Normalmente estes nomes são de parentes próximos, por exemplo, um tio
ou tia materna ou paterna. Atente-se nos seguintes exemplos:
a) Apelido do avô paterno
Alberto Jamba, filho de Justino Feca e de Antónia Chinja, neto paterno de Alberto
Jamba.
94
Marcolino Saiovo, filho de Santo Marcelino e de Augusta Nassande, neto paterno
de Marcolino Saiovo e de Canduva, neto materno de Avelino Cafumo e de
Guilhermina Nachilunga.
Inácio Catende, filho de Inácio Abrão e de Natália Chivela, neto paterno de Inácio
Catende.
b) Apelidos do avô materno
Vitorino Chiúca, filho de Bibiana Chova Chiúca, neto materno de Vitorino Chiúca.
Antónia Gambo Chivimbi, filha de Rosa Yamuno Chivimbi, neto materno de André
Chivimbi.
Marta Nambunda, filha de Eugénio Bémbua Ngongoiavo e de Isabel Cuyela, neto
materno de Aurélio Salomanda e de Marta Nambunda.
Lucas da Silva Mualunga, filho de Higino Culivela e Evalina Lussati, neto paterno
de Mualunga.
Alfredo Manuel Sahunjo, filho de Manuel Watchitchi e de Paulina Nacheta, neto
paterno de Alfredo Sahunjo.
Mário Chali, filho de Joaquim Bunda e de Emília Chali, neto materno de Mário
Chali.
Nalguns casos apenas coincide o apelido e noutros o nome próprio simples ou composto.
Segundo os costumes da antroponímia do Bié, os nomes dos avós surgem por influência do
fenómeno xará.
95
c) Nomes provenientes dos tios ou tias
Mariano Canguende, filho de Guilherme Chamoleha e de Emília Ngombe, neto
paterno de Francisco Chihamba e Teresa Ilunga, neto materno de Nicolau Davoca
e de Carolina Nanjoaquim.
Maria Ngoi Nachiquete, filha de Antunes Chingui e de Josefina Cussacala, neto
paterno de Chingui e de Ana, neto materno de Mango e de Dofília Nachiquele.
Albino Sandove, filho de Mateus Chicanga e de Paulina Viqueia, neto paterno de
Feliciano Canjaviti e de Melita Sapí, neto materno de Albino Londovi e de Helena
Cassova.
Rodrina Henda, filha de Lucas Aurélio e de Domingas Isabel Nalumba, Neto
paterno de Aurélio Capamba e de Angelina Duva, neto materno de Salomão
Chissingui e de Beatriz Nassolu.
Francisco Mário Capiñgala, filho de Mário Castro e de Rodrina Ngalule e de
Samuchuca Chiuale e de Lucélia Nateculo, neto materno de Luciano Dale e de
Namuipui Dudia.
Paulo Malengue, filho de Bilingue e de Maria Sindo, neto paterno de António
Chindungu e de Mariana Tumba, neto materno de Laurindo Tchivimbi e de Teresa
Cahuta.
Como se pode verificar, nestes nomes não há nenhuma relação com o nome dos pais e
avós. Sem margem de dúvida, estes nomes têm proveniência no nome dos tios maternos ou
paternos. Por outro lado, verifica-se a junção de nomes portugueses e umbundu com ou sem
pré-nasalização “Nanjoaquim”; Nanjoão (mãe de João), Nanjosé (mãe de José); Nanjuliana
(mãe de Juliana), Nalumingu (mãe de Domingo), Natividade (mãe de Atividade), Nangeral.
96
d) Apelidos dos pais
Elsa Maria Cassinda Chilingutila, filha de Hilário Chilingutila e de Aurora
Filomena Chilingutila, neto paterno de Bento Chicueca e de Maria Cassinda, neto
de Amós Joaquim e Lilita Chitula.
Merciana Henda Isabel Kalandula, filho de Aurélio Kalandula e de Isabel
Nacussinga, neto paterno de Benjamim Kapitango e de Aurora Nalissimo, neto
materno de Joaquim Lussasse e de Rosalina Susso.
Cristina Natota Albino Chimbuenjo, filha de Armando Chimbuenjo e de Joana
Francisca Siendiovo Albino, neto paterno de Artur Domingos e de Cristina Natota,
neto materno de Albino Catango e Domingas Siendiovo.
Inácio Chipongue Chissingui, filho de José Chissingui e de Teresa Nalungo, neto
paterno de Bernardo Lumbombo e de Maria de Lurdes da Cruz, neto materno de
Chico Brinco e de Isabel Nanduva.
Nos exemplos acima, observa-se que os filhos apenas herdam os apelidos do pai ou da
mãe, como é o caso de “Cristina Natota Albino, filha de Joana Francisca Siendiovo Albino; Elsa
Maria Cassinda Chilingutila, filha de Hilário Chilingutila”.
e) Casos excecionais: apelidos originários dos pais e dos avós.
Gomes Sanjala Caliata, filho de Elias Caliata e de Margarida Nangeral, neto
paterno de António Caliata e de Laurinda Vissapa.
António Estevão Domingos Ngunga, filho de Domingos Ngunga e de Maria de
Fátima Antónia, neto paterno de António Estevão e de Francisca Teresa.
Celestino Campos Secuva Lucamba, filho de António Chingala Lucamba e de
Antónia Chicupe Secuva, neto paterno António Lucamba e de Paulina Luvinga,
neto materno de Martinho Secuva e Maria Ngoleca.
97
Henriqueta Laura Chipilica, filha de Daniel Sanjala Chipilica e Aurora Cassova
Tiago, neto materno Ricardo Chipilica e de Leonor Muagufo, neto materno de
Tiago Filipe e de Ruth Baca.
Feliciano Vitato Cassinda Canjundo, filho de Romeu Canjundo e de Augusta
Nassoma, neto de Canjundo e de Vita, neto materno de Cassinda e Câmbua.
Na antroponímia do Bié há apelidos maternos e paternos que podem ser atribuídos de
avós para netos e de pais para filhos. Por outro lado, na antroponímia do Bié o nome completo
ou parte do nome pode ser transmitido de avós para netos, de tios para sobrinhos e de pais para
filhos. O fenómeno xará na antroponímia do Bié possui atualmente três fontes: (i) nome próprio
e apelido dos pais; (ii) nome próprio e apelido dos avós; (iii) nome próprio dos tios maternos.
Os nomes originários dos tios maternos, em alguns casos, figuram apenas como nomes
próprios associados ao apelido dos pais, por exemplo, Marcelino Ndavoca Pedro, filho de
Simeão Londaca Pedro, António Capuca Simão, filho de Marcolino Seteca Simão. “Entre os
angolanos, o paradigma dos prenomes era o mais sensível à influência da tradição europeia
(nomes como José Catume)” (Filho 2008:20).
No sistema de nomes angolanos, particularmente da antroponímia umbundu, os
prenomes de origem europeia são mais frequentes do que qualquer nome africano. Os nomes
africanos desempenham as funções de complementos do nome, ou seja, ocorrem como
sobrenomes e apelidos.
Em relação às alcunhas, na língua umbundu elas têm origem em traços físicos ou morais
que estejam associados ao portador. Escolhem-se nomes que indicam as circunstâncias
ocorridas antes ou depois do nascimento, por exemplo, Candimba (coelho) nome dado a pessoa
que cresce com esperteza, Katito, que deriva de ka (pequeno/a ou baixinho/a) individuo com
estatura baixa, Katimba, que deriva de ka (pequeno/a) + etimba =corpo - pessoa que nasce com
corpo pequeno (o prefixo ka- é utlizado como marcador do grau diminutivo e por vezes com
valor pejorativo).
Em suma, tal como podemos observar na figura 19, os nomes próprios e apelidos do Bié
podem ter as seguintes origens: (i) nomes dos avós; (ii) nomes dos tios maternos; (iii) nomes
dos pais. Por outro lado, os nomes dos padrinhos não fazem parte do sistema de nomes do Bié.
Os padrinhos servem apenas como testemunhas do ato compromissivo no registo civil ou
98
religioso, mas conservando o valor de segundo pai ou responsável legal em casos de
falecimento dos pais biológicos ou de outras circunstâncias.
Este modelo representa as três fontes de nomes na antroponímia do Bié, que consiste
numa relação muito próxima entre o xará e o recetor do nome. No primeiro caso, os nomes
originários dos avós são atribuídos diretamente aos primeiro e segundo filhos. Se for um neto,
o nome do avô e se for uma neta, o nome da avó. Como já referimos no capítulo I, os nomes
originários dos tios maternos são atribuídos aos restantes filhos.
A relação existente entre tios maternos e sobrinhos uterinos é a mesma que a de pai para
filho ou de mãe para filho, dado que os filhos de uma irmã são chamados filhos e os filhos dos
irmãos são chamados simplesmente sobrinhos.
Figura 19- Origem dos nomes próprios e apelidos na antroponímia do Bié
99
CAPÍTULO III
ANÁLISE DOS DADOS
1. OBJECTIVOS
Pretende-se estudar a antroponímia em língua umbundu, por meio de fontes
documentais do Registo de batismo da Conservatória e da Igreja Evangélica Congregacional
do Bié. Com este estudo piloto pretendemos contribuir para o conhecimento da antroponímia
em língua umbundu na província do Bié, identificando a origem e o significado dos nomes na
cultura Ovimbundu, a estrutura do sistema antroponímico e a constituição dos nomes do Bié.
Para este efeito, iremos, em primeiro lugar, verificar quais os nomes mais frequentes nos
Registos de batismo da Conservatória e da Igreja Evangélica Congregacional do Bié.
Em seguida, iremos comparar os resultados por décadas, para testar o comportamento
dos nomes do Bié ao longo dos tempos. É, ainda, objetivo deste trabalho:
a) identificar os primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes mais frequentes;
b) verificar a ocorrência de nomes gentílicos, geográficos, étnicos, alcunhas,
nomes de plantas e animais;
c) verificar o aparecimento dos apelidos na unidade antroponímica do Bié;
d) finalmente, tentaremos contrastar a constituição dos antropónimos
portugueses, guineenses, moçambicanos e do Bié para avaliar as semelhanças
e dissemelhanças entre eles.
100
Pretende-se contribuir para a compreensão dos fatores que causaram alterações ou
evolução na cadeia antroponímica do Bié, antes e depois da independência de Angola, bem
como apresentar propostas para uma tipologia do sistema antroponímico do Bié.
Este estudo visa contribuir para a elaboração de Dicionários etimológicos onomásticos
e de estudos futuros sobre a Antroponímia do Bié. Pode servir também de base para a elaboração
de trabalhos sobre a antroponímia angolana.
101
2. METODOLOGIA
Para a constituição da base de dados sobre os antropónimos do Bié utilizamos duas
fontes documentais: os registos de batismo da Igreja Evangélica Congregacional do Bié de 1976
a 2000, com 1142 entradas, e o registo de nascimento da Conservatória do Bié de final de 1994,
princípio de 1995, a1999, com 330 entradas. Os dados foram recolhidos de Janeiro a Fevereiro
de 2019, na cidade do Cuíto, distrito do Bié.
Utilizámos um critério que consiste na recolha de todos os nomes constituídos por
vocábulos em português e umbundu. Para o efeito, consultamos os seguintes assentos de
nascimento: livro nº13, 1992, 1993, 1994, 1995, livro nº9, 1994, livro nº 8, 1995, livro nº7,
1995, livro nº6, 1995, livro nº5, 1995, livro nº1, 1996, livro nº2, 1996, livro nº10, 1997, livro
nº5, 1998, livro nº2, 1998, livro nº12, 1998, livro nº4, 1999, livro nº8, 1999, livro nº7, 1999. A
informação recolhida na Igreja Evangélica Congregacional do Bié foi feita por meio de
fotocópias das cédulas de batismo de adultos e crianças, referentes aos seguintes anos: 1976-
1980, 1977, 1978, 1980-1982, 1983, 1986, 1987, 1989, 1992, 1998, 1999 e 2001-2002.
O registo de batismo da igreja apresenta de mais dados por ser o único cujo acesso nos
foi disponibilizado de imediato sem qualquer restrição. Os dados recolhidos englobam extratos
de nomes de alguns municípios que constituem o distrito do Bié que são falantes nativos da
língua Umbundu, nomeadamente: Cuíto, Andulo, Chinguar, Nhârea, Camacupa, Cunhinga e
Catabola, com exceção de Chitembo e Cuemba falantes da língua Nganguela e Tchokwe.
Utilizámos o programa Microsoft Excel, que nos permitiu fazer o tratamento estatístico
dos dados recolhidos e organizá-los por ordem alfabética e letras iniciais maiúsculas de cada
constituinte do nome, num total de 1 472 entradas registadas. Na primeira fase, separamos os
tipos de nomes de cada registo e de seguida juntamo-los numa única unidade antroponímica de
acordo com a tipologia de cada nome completo. Os nomes constituídos por um e cinco
elementos não são muito frequentes; por este facto, consideramos apenas os nomes compostos
por dois a quatro elementos entre nomes próprios, sobrenomes ou apelidos e alcunhas, por
exemplo (António Cangombe, Margarida Ferreira Nawimbu, João Cativa Elavaco Artur). Este
método possibilitou-nos verificar o comportamento de cada grupo analisado.
102
Quanto à etimologia e significado dos nomes em português consultamos o Dicionário
onomástico Etimológico da Língua Portuguesa de J. Pedro Machado, Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea (I e II volumes) da Academia das Ciências, Dicionário de nomes
próprios de Orlando Neves, Antroponímia Portuguesa de José Leite de Vasconcellos e Nomes
próprios de Ana Belo. Para os nomes em Umbundu consultamos o Dicionário da língua
umbundu de Henriques Etaungo Daniel, Dicionário de Umbundu de José Francisco Valente, o
Pequeno Dicionário Antroponímico de Francisco Xavier Yambo, a Gramática da língua
umbundu de José Francisco Valente, a Gramática de Umbundu de Moisés Malumbu, a
Gramática de Umbundu de José Pereira do Nascimento.
Note-se que a língua Umbundu não dispõe de uma grafia consensual. Existem dois
modelos de escrita (i) o da Igreja Católica, por exemplo, “Tchitula, Cassova” (com grafia e
fonologia portuguesa); (ii) o modelo das Igrejas Evangélicas Missionárias, por exemplo, Citula
[tʃitu¢la], Kasova [kasɔ ¢va] (grafia e fonologia inglesa)”. Procuramos transcrever os
antropónimos de acordo com a grafia que consta nos documentos originais. Encontramos
dificuldades na distinção do género dos seguintes nomes “Graça, Felicidade e Piedade” quando
ocorrem como nomes masculinos e femininos. Além disso, foi também difícil fazer a distinção
do género de nomes em Umbundu (Jamba, Cassinda, Ngueve e Cassova) e umbundisados
(Evaristo/Evalisto, Capitão-mor/Capitamõlo).
Relativamente à proveniência de certos nomes utilizamos como metodologia a análise
documental a partir da informação fornecida pelo assento de nascimento e cédula de
nascimento, como é o caso de nomes da linhagem materna e paterna.
As ferramentas do programa Microsoft Excel possibilitaram-nos verificar a ocorrência
de alguns nomes de profissão, nomes geográficos, gentílicos, étnicos, alcunhas, nomes
derivados de plantas e animais. Analisamos também a frequência dos primeiros, segundos,
terceiros e quartos nomes, de acordo com a posição em que ocorrem. Separamos os dados em
três décadas e analisamos a evolução do sistema antroponímico do Bié ao longo do tempo, antes
e depois da independência de Angola. Convém referir que os registos mais antigos da
Conservatória do Bié foram destruídos no período de guerra Civil. Deste modo, foram feitos
novos registos a partir de finais de 1994, com o cessar fogo dos confrontos armados na cidade
do Cuíto, capital do distrito do Bié.
103
Tivemos dificuldades no acesso aos registos da Conservatória do Bié devido à política
de proteção de dados e à falta de colaboração da Instituição durante a consulta dos dados. A
única maneira encontrada para recolher a informação na Conservatória do Bié foi por meio de
fotografias tiradas com telemóvel em alguns assentos de nascimento e por transcrição manual
de todos os nomes. Segundo orientações do Conservador fomos obrigados a trabalhar apenas
no período vespertino devido à afluência dos utentes durante o período matinal.
Constatamos, também, a falta de estudos linguísticos sobre antroponímia angolana,
embora haja algumas obras sobre antropologia cultural, como a de Jorge Chimbinda, Avelino
Sayango, Francisco Yambo, e dissertações sobre a antropologia cultural e antroponímia
Umbundu, Kimbundu, Oshikwanhyama, Nganguela, Cokwe, Olunhaneka e Kikongo, mas, para
além dos aspetos culturais e gráficos dos nomes, não apresentam dados sobre a constituição dos
nomes angolanos.
Por conseguinte, achamos por bem considerar os dados da Igreja Evangélica
Congregacional do Bié como dados representativos das mudanças do sistema dos nomes do
Bié, na medida em que a evolução demonstrada neste registo poderá refletir-se também na
tradição católica por se tratar de povos com as mesmas tradições e rituais.
104
3. APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS
3.1. Resultados estatísticos
Constituímos tabelas que mostram a percentagem dos dados em cada ano, como
podemos verificar, na tabela 1. Estes dados estão distribuídos por nomes formados por dois,
três e quatro elementos.
Tabela 1- Dados do Registo de batismo da Igreja Evangélica
Registo de Batismo da Igreja Evangélica Congregacional do Bié
Anos 2 nomes % 3 nomes % 4 nomes %
1976 87 19% 32 9% 7 2%
1977 31 7% 11 3% 17 5%
1978 32 7% 30 9% 58 17%
1980 108 23% 12 4% 3 1%
1983 13 3% 29 9% 54 16%
1986 56 12% 49 15% 55 16%
1987 20 4% 44 13% 32 9%
1989 37 8% 43 13% 43 13%
1992 16 3% 20 6% 22 6%
1997 18 4% 23 7% 10 3%
1999 27 6% 26 8% 20 6%
2002 20 4% 18 5% 19 6%
Total /Ano 465 100% 337 100% 340 100%
Total / Registo 1142
105
Na tabela acima estão representados os dados relativos ao Registo de nascimento da
Igreja Evangélica Congregacional em Angola, no Bié. Podemos observar que os dados estão
organizados por o ano. Por outro lado, os dados estão organizados por nomes de dois elementos,
nomes de três elementos e nomes de quatro elementos.
Verificamos que nos anos 1976 e 1977 os nomes com maior percentagem são os
constituídos por dois elementos (19% e 7%). Em 1978 os nomes constituídos por três nomes
correspondem a 17%. No ano de 1980, os nomes mais frequentes são constituídos por dois
elementos com (23%).
Tabela 2- Dados do registo de nascimento da Conservatória do Bié
Os dados estatísticos da conservatória do Bié, mostram que o grupo de nomes
compostos por dois elementos era o mais frequente em 1995 (28%) e 1996 (16%); os nomes
compostos por três elementos eram os mais frequentes em 1995 (23%), 1998 (17%) e 1999
(19%), ao passo que os nomes compostos por quatro elementos eram mais frequentes em 1999
(25%), 1998 (19%) e 1995 (22%).
Registo da Conservatória do Bié
Anos
2
nomes
Percentagem
3
nomes
Percentagem
4
nomes
Percentagem
1994 11 11% 18 14% 15 15%
1995 27 28% 30 23% 22 22%
1996 16 16% 17 13% 9 9%
1997 12 12% 19 14% 10 10%
1998 15 15% 23 17% 19 19%
1999 17 17% 25 19% 25 25%
Total /Ano
98 100% 132 100% 100 100%
Total 330
Total
1472
100%
106
3.2. Constituição de nomes nos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional
Nesta secção apresentamos os resultados obtidos nos dados do Bié, sendo 1142 entradas
do registo da Igreja Evangélica do Bié e 330 entradas do registo de nascimento da Conservatória
do Bié, o que perfaz o total de 1 472 nomes completos.
O gráfico 1, revela-nos que 132 ocorrências do registo da Conservatória do Bié são de
nomes formados por três elementos (40%), contra 100 e 98 ocorrências de nomes constituídos,
respetivamente, por dois e quatro elementos com (30%).
Das 1142 ocorrências do registo da Igreja Congregacional, observamos que os 3 grupos
apresentam resultados acima de 100 ocorrências. 465 ocorrências (40,7%) são nomes
constituídos por dois elementos; 337 ocorrências (29,5%) correspondem aos nomes
constituídos por três elementos e 340 ocorrências (29,7%) são nomes constituídos por quatro
elementos. (Veja-se o gráfico 2).
Gráfico 1- Composição dos nomes do Registo da Conservatória do Bié
107
No gráfico 3, verifica-se os resultados dos dois registos numa perspetiva comparada.
Podemos observar que os nomes compostos por dois nomes elementos do registo de batismo
da Igreja Evangélica Congregacional do Bié com (40,7%) são os mais frequentes e os nomes
compostos por três elementos do registo da Conservatória do Bié com (40%) são os mais
Gráfico 2- Composição dos nomes do Registo de Batismo da Igreja Congregacional do Bié
Gráfico 3- Composição dos nomes nos dois Registos
40,7%
29,5% 29,7%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
Dois nomes Três nomes Quatro nomes
Registo de Batismo da Igreja Congregacional do Bié
30%
40%
30%
40,7%
29,5% 29,7%
0%5%
10%15%20%25%30%35%40%45%
Dois nomes Três nomes Quatro nomes
Comparação do Registo da Conservatória do Bié e da Igreja Evangélica Congregacional do Bié
Registo da Conservatória do BiéRegisto de Batismo da Igreja Evangélica Congregacional do Bié
108
frequentes. A diferença entre os dois registos pode estar relacionada com a prática de nomeação
dos Ovimbundu antes do período colonial e com a evolução do sistema de registo colonial.
Do total de 1 472 ocorrências 563 (38,2%) correspondem aos nomes constituídos por
dois vocábulos e 469 ocorrências (31,8%) correspondem aos nomes compostos por três
elementos. Os nomes constituídos por quatro elementos registaram apenas 440 ocorrências
(29,8%).
Observamos também que os dois últimos grupos apresentam resultados acima de 100
ocorrências e com um diferencial de 94 ocorrências para os nomes constituídos por três nomes
e 123 ocorrências para os nomes constituídos por quatro elementos, em relação ao primeiro
grupo. Constatamos também que os nomes formados por dois elementos nos dois registos
ocupam (51%), sendo (23%) no registo da igreja em 1980 e (28%) no registo da conservatória
do Bié em 1995.
Gráfico 4- Sistema de nomes mais frequentes na antroponímia do Bié, 1976-2000
38,2%
31,8%29,8%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
Dois nomes Três nomes Quatro nomes
Distribuição Geral do no Registo da Conservatória e da Igreja
109
Verificamos que das 1 472 ocorrências apenas as duas últimas décadas apresentam
resultados acima das 300 ocorrências. A década de 80 corresponde a 598 ocorrências (40,6 %)
e na década de 90, 569 ocorrências (38,6%). Apenas 305 ocorrências (20,7 %) na década de 70.
Registamos uma diferença entre a década de 70 e 80 de 293 ocorrências (20%) e 264
ocorrências (18%), tal como observamos no gráfico 5.
A década de 70 apresenta menos dados em relação às outras décadas pelo facto de só
encontrarmos informações anos 1976, 1977 e 1978 no registo da Igreja Congregacional do Bié.
A diferença percentual entre a década de 70, 80 e 90 pode estar, também, relacionada com a
adoção do sistema de nomes europeus pela administração angolana após a independência.
3.3. Constituição de nomes por década nos registos da Conservatória e da
Igreja Congregacional no Bié
Apresentar-se-á, de seguida, os dados agrupados em décadas, no registo da Igreja
Congregacional do Bié. As 234 ocorrências, na década de 70 são de nomes formados por dois
elementos. Por outro lado, verificamos que às décadas de 80 e 90 (187 e 177) correspondem os
nomes compostos por três e quatro elementos, tal como podemos observar no gráfico 6.
Gráfico 5- sistema antroponímico do Bié por décadas
40,6% 38,6%
20,7%
0,0%5,0%
10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%
Década de 70 Década de 80 Década de 90
Distribuição de nomes por décadas
Dois nomes Três nomes Quatro nomes
110
Os dados do registo da Conservatória apenas aparecem representados na década de 90
devido ao período de guerra civil em Angola. Por consequência perderam-se os registos mais
antigos, isto é, da era colonial até ao final dos conflitos armados no Bié.
É importante referir que o registo da conservatória apenas teve início oficial no princípio
de 1995, após a guerra de 1993-1994. Pelo contrário, o registo da igreja congregacional foi
conservado até ao presente momento.
De acordo com o gráfico 6, os nomes formados por três elementos são frequentes no
registo da igreja congregacional entre a década de 70 (20%), 80 (15%) e 90 (16%); na década
de 90 observamos um equilíbrio, mas com maior tendência para nomes formados por dois e
quatro elementos.
Das 1 472 ocorrências, no gráfico 7, os nomes constituídos por dois elementos aparecem
como os mais representados nas décadas de 7, com (10%) 150 ocorrências, e de 80, com 16%)
234 ocorrências. Na década de 90, por outro lado, os nomes constituídos por três elementos são
os mais frequentes, com (15%) 219 ocorrências.
Gráfico 6- Sistema de nomes mais frequentes do Registo de Batismo da Igreja
Congregacional do Bié em 3 décadas
13%
6% 7%
20%
15% 16%
7% 8% 6%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
Década de 70 Década de 80 Década de 90
Registo de nomes da Igreja Evangélica Congregacional do Bié
Dois nomes Três nomes Quatro nomes
111
3.4. Frequência dos nomes nos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié
De seguida, apresentar-se-á os dados do Bié segundo a frequência dos nomes.
Apresentamos os dados por classes, de acordo com a seguinte organização: classe A “primeiros
nomes”, classe B “segundos nomes”, classe C “terceiros nomes” e classe D “quartos nomes”.
Sobre os dados do registo da Conservatória do Bié, no gráfico 8, podemos observar que
na classe A os nomes Maria (6 ocorrências) e José (6 ocorrências) constituem os primeiros
nomes mais frequentes. Na classe B Jamba (6 ocorrências), e Chilombo (5 ocorrências)
aparecem como segundos nomes mais frequentes. Na classe C os nomes Jamba (4 ocorrências)
e Ngueve (4 ocorrências) são os terceiros nomes mais frequentes. Na classe D Cossengue (3
ocorrências) aparece como o quarto nome mais frequente.
Gráfico 7- Sistema de nomes mais frequentes nos dois registos da antroponímia do Bié entre
as décadas de 70, 80 e 90
10%
16%
12%
5%
12%
15%
6%
13%12%
0%2%4%6%8%
10%12%14%16%18%
Década de 70 Década de 80 Década de 90
Registo da Conservatória e da Igreja Nomes distruidos por categorias
Dois nomes Três nomes Quatro nomes
112
Como podemos observar no gráfico 9, no registo de batismo da Igreja Congregacional
constatamos que na classe A os primeiros nomes mais frequentes são: Maria (20 ocorrências)
e António (18 ocorrências). Na classe B os segundos nomes mais frequentes são: Jamba (36
Gráfico 8- Frequentes dos nomes próprios e apelidos no Registo da Conservatória do Bié
Gráfico 9- Frequência dos primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes do Registo de
Batismo da Igreja Congregacional do Bié
113
ocorrências) e Cassinda (25 ocorrências). Na categoria C Jamba (16 ocorrências) é o terceiro
nome mais frequente. Na classe D Chipangue (7 ocorrências) é o quarto nome mais frequente.
No gráfico 10, reunimos o registo da Conservatória e da Igreja. Verificamos que na
classe A os primeiros nomes mais frequentes são: José (20 ocorrências), António (23
ocorrências) e Maria (26 ocorrências). Na classe B os segundos nomes mais frequentes são:
Jamba (42 ocorrências) e Cassinda (25 ocorrências). Na classe C os terceiros nomes mais
frequentes são: Jamba (20 ocorrências), Cassinda (13 ocorrências) e José (11 ocorrências). Por
último, na classe D os quartos nomes mais frequentes são: Chipangue com (7 ocorrências),
Miguel (6 ocorrências) e Cangombe (6 ocorrências). Os nomes de origem portuguesa ocorrem
como primeiros nomes com uma percentagem de 17,6%. Os nomes em umbundu ocorrem
maioritariamente como segundos, terceiros e quartos nomes, correspondendo a 23,5%. Os
nomes com maior frequência são, pois, na sua maior parte, nomes cristãos introduzidos na
cultura umbundu pela colonização.
Dos resultados obtidos no gráfico 9 e 10, constamos que os primeiros nomes mais
frequentes no registo da Conservatória são José e Maria, enquanto no registo da Igreja
Congregacional os nomes mais frequentes são Maria e António. Relativamente aos segundos
nomes os mais frequentes no registo da Conservatória são Jamba e Chilombo e no registo da
Igreja Congregacional são Jamba e Cassinda. Para os terceiros nomes no registo da
Gráfico 10- Frequência dos primeiros, segundos, terceiros e quartos nomes dos Registos da
Conservatória do Bié e da Igreja Congregacional do Bié
114
Conservatória os nomes mais frequentes são Jamba e Ngueve e no registo da Igreja
Congregacional é Jamba. Por último, Cossengue é o quarto nome mais frequente no registo da
conservatória e Chipangue no registo da Igreja Congregacional. Em suma: os nomes europeus
ocorrem maioritariamente como primeiros nomes, reservando-se o uso dos nomes africanos
para as classes dos sobrenomes e apelidos.
3.5. Frequência dos primeiros nomes dos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié
Em relação aos nomes femininos do registo da Conservatória do Bié e da Igreja
Congregacional do Bié, na figura abaixo, podemos verificar que Maria é sempre o nome
feminino mais frequente nos dois registos. Acreditamos que Maria passou a ser frequente por
influência da figura cristã de Santa Maria. Por esta razão, na antroponímia do Bié nas décadas
de 70, 80 e 90 ocorre como o prenome feminino mais frequente.
Gráfico 11- Frequência dos prenomes femininos nos Registos da Conservatória do Bié e da
Igreja Congregacional do Bié
115
No gráfico 11, constatamos que Maria, com 26 ocorrências (20,2 %), é o nome mais
frequente. Em segundo lugar, surge Laurinda, com 17 ocorrências (13,2 %). Em terceiro lugar,
Domingas e Alice, com 14 ocorrências (10,9 %). Margarida, com 13 ocorrências (10,1 %),
ocupa a quarta posição.
No gráfico 12, verificamos que António, com 23 ocorrências (18,3 %), é o primeiro
nome masculino mais frequente. José, com 20 ocorrências (15,9 %) é o segundo nome
masculino mais frequente. Em terceiro lugar, surge João, com 16 ocorrências (12,7 %). Em
último lugar, Eduardo, com 15 ocorrências (11,9 %).
Das 1 472 entradas, 784 ocorrências (53,3 %) são nomes femininos e 688 ocorrências
(46,7 %) são nomes masculinos. Maria é o prenome feminino mais frequente e António é o
prenome masculino mais frequente.
Gráfico 12- Frequência dos prenomes masculinos nos Registos da Conservatória do Bié e da
Igreja Congregacional do Bié
116
3.6. Frequência dos segundos nomes dos registos da Conservatória e da Igreja
Congregacional no Bié
Observamos, no gráfico 13, que os nomes em umbundu mais frequentes na
Conservatória do Bié são: Jamba (42 ocorrências) e Cassinda (25 ocorrências), Ngueve (15
ocorrências) e Chitula (14 ocorrências). Jamba é o nome mais frequente que ocorre como
segundo e terceiro nome, em comparação aos nomes Maria e António que surgem como
prenomes. Os nomes Jamba e Cassinda refletem o sistema de atribuição de nomes dos
Ovimbundu. Regra geral, estes nomes são atribuídos a gémeos e podem ser, também, nomes de
um xará que tenha sido gémeo.
42
25
15 1411 11
5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Jamba Cassinda Ngueve Chitula Cassova Vihemba Chilombo
Segundos nomesRegisto da Conservatória e da Igreja Evangélica do Bié
Gráfico 13- Frequência dos segundos nomes nos Registos da Conservatória do Bié e da Igreja
Congregacional do Bié
117
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Nesta secção, discutir-se-ão os dados descritos anteriormente. A ocorrência de nomes
formados por dois elementos parece ser um fenómeno característico em quase todas as culturas.
Bobone (2017:29) afirma que foram poucas as culturas que usaram o sistema de nomes
completos como os romanos. Segundo Bobone (2017:61), na antroponímia alentejana do século
XV mais de 50% da população usava nomes com dois elementos, constituídos por um nome
próprio e um patronímico. Ainda o mesmo autor sugere que é raro encontrar na antroponímia
alentejana dessa época nomes com apenas um ou com quatro elementos. Na antroponímia
Guineense, o Balanta (grupo étnico da Guiné Bissau) possuía apenas um nome próprio
acompanhado de um complemento, geralmente um apelido masculino da parte paterna para o
homem e um apelido feminino da parte materna para a mulher (Carreira & Quintino 1966:158).
No Antigo Testamento as pessoas tinham um ou dois nomes, isto é, um nome próprio
seguido do nome do pai, da profissão ou do seu povo. Tomemos como exemplo, Lucas 1:13 “...
Zacarias não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e
lhe porás o nome de João”. Por influência da atividade que exercia começou a ser chamado
João o Baptista, tal como descreve Mateus 3:1: “naqueles dias, apareceu João o Baptista
pregando no deserto da Judeia [...]”. Segundo Belo (1992:35) Baptista provém do grego
“baptistea =o que emerge, o que batiza”.
Também para a antroponímia umbundu, os dados recolhidos mostram maior ocorrência
de nomes constituídos por dois elementos até à década de 90. Presume-se que o papel
desempenhado pelo latim, no caso das línguas ibéricas ocidentais tenha sido idêntico ao papel
do português relativamente ao umbundu e outras línguas de Angola, apesar de que os
acontecimentos referentes ao umbundu tenham ocorrido há mais de duzentos anos. Por outro
lado, a combinação de nomes europeus e nomes africanos pode estar na base da evolução da
composição dos nomes de dois para três e quatro elementos.
Apresentar-se-á, de seguida, a discussão dos resultados da frequência dos primeiros,
segundos, terceiros e quartos nomes. Santos (2017:58) afirma que no período antes da
independência de Angola os nomes em línguas nativas eram em número reduzido e aumentaram
após da independência devido à iniciativa de valorização das línguas nacionais. Ao
observarmos os dados apresentados no gráfico 11, verificamos que os primeiros nomes na
118
Antroponímia do Bié são maioritariamente em português devido ao contacto dos portugueses
com o reino do Congo e Ngola. A título de exemplo, o governador do condado do Sohio, tio do
Rei Mani Congo, foi o primeiro a converter-se ao cristianismo e batizado com o nome Manuel.
Segundo Santos (1965):
[…] e entregou a Diogo Cão alguns moços para serem batizados e instruídos na fé Católica (…)
estes foram confiados aos padres dos Lóios, e dois anos depois receberam batismo, tendo o
Çacuta (Nsálu), o mais importante deles, recebido o nome de João, em homenagem ao Rei, e os
outros nomes dos mais importantes cortesãos. (Santos 1965:27)
De acordo com Kilger (1948:18) “a 3 de maio baptizaram já o rei Nzinga-a-Nkuwa que,
tomando o nome de D. João I, deu princípio a uma dinastia cristã num reino negro cristão”. E
a sua mulher Mani Mombada foi baptizada com o nome de Leonor, em honra da bondosa
Rainha das Misericórdias (Santos 1965:28). Além disso, “Em 1622, Luís Mendes de
Vasconcelos, que sucedeu no governo de Angola a João Correia de Sousa, teve a satisfação de
fazer batizar na igreja matriz de Luanda a célebre Embaixatriz, Rainha Nzinga Mbandi, com o
nome de D. Ana de Sousa” (Santos 1965:152). Este sistema de atribuição de nomes foi vigente
durante séculos e continuou até à atualidade. Também na Antroponímia da Guiné Portuguesa,
os nomes portugueses são usados como nomes próprios completados por segundos nomes
gentílicos ou crioulos com função de apelido. Carreira & Quintino (1966:167) afirmam que os
guineenses usam nomes da linhagem masculina e feminina, por exemplo: Albino Sampa
(linhagem masculina), Agostinho Mango (linhagem masculina), Mariana Gonhi (linhagem
feminina), Domingas Makanha (linhagem feminina).
Constatámos que os nomes Maria e António são os mais frequentes na Antroponímia
em língua umbundu. Para José Pedro Machado (2003) Maria é o nome da virgem mãe de Jesus
Cristo, e por isso nome de mulher muito frequente. Em Portugal surge como nome de invocação
religiosa de Nossa Senhora, no século XIII. O nome ocorre isolado ou acompanhado de
atributos, por exemplo, (Maria das) Dores, (Maria da) Conceição e ou (Maria) Celeste.
Segundo o Dicionário Infopédia (2003) “é um antropónimo cristão desde a Alta Idade Média,
e um dos mais comuns até aos nossos dias, sobretudo em Portugal e na Espanha”.
Segundo Vasconcelos (1928:31) Maria é um nome de origem hebraica, Mirjam, tomado
do egípcio que significa ‘amada de Amon’. Pereira (2003:305) afirma que Maria passou do
Hebraico para o grego e posteriormente para o latim. Ainda o mesmo autor refere que Maria é
119
usado nas cantigas de Santa Maria de Afonso X. É também considerado como o nome mais
corrente em Portugal desde a primeira metade do século XIV até 1970. Pereira (2003:306)
afirma que foi um nome usado por rainhas de Portugal, Escócia, Espanha, França, Imperatrizes
de Alemanha, de Bizâncio, do Brasil e infantas de Portugal. No Novo Testamento Maria é o
nome mais usado por personagens bíblicas como Maria mãe de Jesus e Maria Madalena (cf.
Lucas1:26, Mateus 27:55-61, Marcos 15:47, Marcos 16:9 e Lucas 8:2). Segundo Belo
(1992:134) Maria é o nome mais frequente em quase todo o mundo como primeiro e segundo
nomes e a sua composição com outros nomes é a mais comum e infinita, por exemplo “Maria
Clara, Maria Francisca, Maria Cláudia, Maria Cristina, Maria Helena, Maria João, Maria
Luísa entre outros”. Na rubrica “Tempo da Língua” do Instituto Camões, afirma-se que: (i)
Joham e Maria eram os nomes mais frequentes, em Lisboa, na primeira metade do século XIV,
em finais do século XV e finais do século XVI. Por outro lado, no século XX os nomes mais
frequentes eram: Maria e José (1960), Maria e Paulo (1970), Ricardo e Ana (1980), por último
João e Ana (1990). Gonçalves (1973, citado por Santos, 2003:236) “num estudo sobre a
onomástica de Lisboa quinhentista, constatou que o nome feminino Maria correspondia a 14%
do universo de nomes femininos por si estudados”. Santos faz referência a Amadeu Ferraz de
Carvalho, que, num estudo realizado no concelho de Coimbra em 1950, verificou que o nome
feminino Maria correspondia a 37%.
Segundo Vasconcellos (1928:59) António passou a ser um nome popular por resultado
da devoção ao Santo António de Lisboa. Ainda o mesmo autor afirma que muitos nomes de
batismo resultam da influência do dia do santo, como por exemplo, António, Francisco, João,
José, Joaquim, Manuel, Ana, Maria e Rosa. Segundo o Instituto Camões “Tempo da Língua”
António aparece em Lisboa como o segundo nome mais frequente em 1960. Vasconcellos
(1928:84) afirma que “sendo os portugueses, como são, povo católico, ninguém se admirará de
que eles vão muitas vezes á religião escolher nomes”. Assim, é também provável que a
influência religiosa na Antroponímia do Bié seja um fator a ser considerado. Se os nomes em
língua nacional são pouco frequentes, talvez não seja pela falta de valorização dos aspetos
linguísticos e culturais africanos, mas sim devido às políticas de imposição e adaptação dos
nomes, bem como à proibição do uso e do ensino das línguas nativas durante o período colonial.
Com efeito, a preferência por nomes em português era obrigatória, por exigência dos decretos-
lei nº 47 678 de 5 de Maio de 1967 e nº 10/85 de 19 de outubro. Esta preferência tornou-se um
hábito que continua até ao momento atual.
120
Assim, muitos nomes em umbundu foram aportuguesados. Por exemplo, Soba > osoma
(=soma), Cassova (=Kasova), Calei (=Kaley), Cassinda (=Kasinda). Este processo não
aconteceu apenas em Angola, mas em todas as ex-colónias portuguesas em África.
De facto, a estrutura antroponímica do Bié apresenta comportamentos idênticos aos da
Antroponímia moçambicana e guineense. Segundo Ribeiro (1998:145), o nome completo de
uma pessoa na Antroponímia moçambicana consta de três elementos: primeiro nome (europeu),
nome do pai (europeu ou nativo), apelido do pai xivongo “apelido ou nome de família”.
Para os Ovimbundu a ordem canónica de atribuição de nomes segue a seguinte ordem:
(i) primeiros nomes e segundos nomes (obrigatórios), provenientes do nome dos avós ou dos
tios maternos (xará) e de circunstâncias incomuns; (ii) terceiros e quartos nomes (opcionais)
provenientes de alcunhas e nomes de família. Na Antroponímia do Bié juntam-se um ou dois
nomes do xará seguido de um ou dois nomes dos progenitores, como se pode observar:
(i) Florbela Mussande Marcolino Chissapa, filha de Augusto Chissapa e de Alberta
Marcolino;
(ii) Firmino Chipindu Samuala, filho de Vicente Samuala e de Rufina Nanguia, neto
paterno de Firmino Chipindu e Maria Nachiungo;
(iii) Graça Lemos Soares Yambo, filho de Elias Yambo e de Carla Emília Paulino
Soares.
Enquanto os apelidos portugueses, segundo Nunes & Kremer (2014:43), são atribuídos:
(i) por via paterna: Luis Lopez, filho de Diogo Lopez e de Margarida Luis;
(ii) por via materna: Simão Gomez, filho de Viçente Afonso e de Antónia Gomez.
No sistema antroponímico do Bié os apelidos são atribuídos:
(i) por via paterna ou materna: Camila Graça Tchihungulo, filha de António
Tchihungulo e Margarida Elavaco; Maria Sambowe Chipuku, filha de Marcolino
Sambowe e de Antonieta Chipuku.
(ii) por via dos avós:
Paulino Chowana Essuvo, neto paterno de Paulino Chowana, filho de António
Manuel e de Laureta Chipembe.
(iii) por via dos tios/tias: Carlos Sapalo, filho de Eduardo Tenente e Delfina Pedro
Tchicumbo, neto paterno de Paulino e Laurinda Wendo.
121
Antigamente, os nomes em língua umbundu tinham proveniência no nome dos avós e
tios. Ora, no final do século XX e início do século XXI, parece haver uma maior tendência para
o uso do apelido do pai.
Depois da independência de Angola, a escolha dos nomes passou a ter maior liberdade,
podendo ser de origem nativa, portuguesa ou estrangeira, mas de acordo com a Lei nº 10/85 de
19/10, no ponto 5 do artigo 1º, “os apelidos são obrigatórios e serão escolhidos entre os
pertencentes às famílias paternas, maternas ou ambas dos progenitores do registando”.
Por isso, atualmente a estrutura antroponímica do Bié admite a ocorrência dos nomes
dos pais. Antigamente esta prática não era frequente, tratando-se de uma prática imposta
durante a era colonial.
Os dados que recolhemos mostram que os nomes constituídos por três elementos só ocorrem
com maior frequência a partir da década de 80. É provável que essa mudança resulte da Lei nº
47 678 de 5 maio de 1967 no ponto 1 do artigo 137º, que determinava que: “compete ao
funcionário que lavrar o assento atribuir ao registando um nome completo.”.
Verifica-se que na antroponímia do Bié há também nomes em língua umbundu, que
ocorrem como segundos, terceiros e quartos nomes, como Jamba, Ngueve, Cassinda, Chitula,
Chipangue, Cossengue, Cangombe. Segundo a cultura Ovimbundu, Jamba está relacionado
com um dos nomes dados aos gémeos. Para os Ovimbundu os gémeos ou “Ondjamba” são
nomeados de acordo com o nome dos animais mais ferozes da fauna. Nos reinos do Bailundu,
Wambu, Ciyaka e Ngalangi, o primeiro gêmeo masculino ou feminino chama-se Jamba
“elefante” e o segundo se for homem será chamado Hosi “Leão” e se o segundo gémeo for
feminino chama-se Ngueve “Hipopótamo”. Nos reinos do Viye e Ndulu, o primeiro gémeo
independentemente do género chama-se Jamba (=elefante), o segundo gémeo masculino ou
feminino chama-se Ngueve (=Hipopótamo). Quanto aos trigémeos, o último sem distinção do
género chama-se Hosi (=Leão). Nos reinos Bailundu, Wambu, Ciyaka e Ngalangi Ndulu e Viye,
o sujeito que vem depois dos gémeos ou trigémeos independentemente do sexo (masculino ou
feminino) chama-se Cassinda, do verbo (okusinda) que significa ‘empurrar, aquele que é
empurrado após os gémeos’.
Na classe B encontramos também o nome Cassova que por vezes se confunde com
Cassinda que deriva do verbo okusoveka que significa ‘alternar’. Normalmente, este nome é
dado sem distinção do género da criança, sempre que antes nascerem dois, três ou mais filhos
do género masculino ou feminino. É assim que surgem as seguintes expressões, de acordo com
Yambo (2003:59), Kasova ka alume, “Cassova dos rapazes” quando nasce uma filha depois de
122
vários rapazes ou Kasova k´akãi “Cassova das raparigas”, quando nasce um rapaz depois de
umas tantas raparigas.
De acordo com os dados apresentados, podemos colocar duas hipóteses sobre a
ocorrência dos nomes de gémeos na estrutura antroponímica do Bié: (i) os nomes Jamba,
Ngueve e Cassinda são frequentes por terem nascido muitos gémeos no Bié, ou (ii)
eventualmente, muitos indivíduos receberam estes nomes por via do xará e passaram a chamar-
se Jamba, Ngueve, Hossi e Cassinda. Sayango (1997) propõe que os nomes okulisapa podem
ser transmitidos por via do Sando “xará”, por exemplo, a criança sando de Kahendagongo
“sofredor” embora não tenha passado por nenhum sofrimento será chamado assim por toda a
vida. Segundo a tradição Ovimbundu herda-se o nome do xará para simbolizar a herança
nominal e a perpetuidade do nome. Para os Ovimbundu o fenómeno xará é sagrado. Durante a
gestação os pais escolhem o nome do xará de acordo com a tradição familiar e da tribo.
Em seguida, discutiremos a ocorrência do género dos nomes em umbundu. O género
dos nomes em língua umbundu é uma situação complexa, na medida em que há formas
marcadas para o masculino e feminino e outras não marcadas (para ambos os géneros). Para os
Ovimbundu é frequente a atribuição de nomes provenientes da fauna e da flora, circunstâncias
incomuns ou mesmo eventos da vida. Nesses casos, nem sempre é fácil fazer a distinção de
género, sobretudo para os nomes não marcados. Por exemplo, segundo os dados obtidos no
gráfico 13 os nomes, Jamba, Cassinda e Cassova são atribuídos aos dois géneros, enquanto os
nomes “Jamba, Cassinda, Ngueve, Chitula, Cassova, Vihemba e Chilombo” são apenas para o
género feminino. Os nomes Jamba, Cassinda e Ngueve podem ser comuns a dois géneros,
dependendo da variante. Por conseguinte, Ngueve é comum a dois géneros no Bié, ao passo que
no Huambo é usado apenas para o género feminino.
Os nomes circunstanciais representam a maior fonte de nomes na antroponímia
umbundu e funcionam como sobrenomes maternos ou paternos e como apelidos de família. Os
nomes circunstanciais de animais mais ferozes como elefante, leão, hipopótamo e nomes
abstratos como Chilulu (fantasma), Chilingussumba (coisa que mete medo, perigoso),
Chendilene (não vou convosco), segundo a crença africana são atribuídos para afugentar
espíritos malignos ou podem significar bravura e valência.
123
Por outro lado, atribuem-se nomes circunstanciais com sinónimo de bondade: Henda
(piedade), Elavoko (esperança), Bêmbua (paz) para afastar malefícios aos filhos. Veja-se por
exemplo, a variação de Vicomo / Tchicomo (maravilha, admiração, aquilo que mete medo),
Vissimilo / Tchissimilo (pensamento) na região de Bié. Ao nosso ver, estes nomes são atribuidos
independentemente da distinção do número e regem-se de acordo com a moda. Nos exemplos
de Schadeberg (1990:11) “ócilendé / óvilendé” verfica-se que as classes 4 (ovi-) e 7 (oci-/tchi)
podem ser agrupadas. Segundo a crença africana acredita-se que o nome pode ter influências
positivas ou negativas na vida da criança.
124
5. SÍNTESE
Os resultados obtidos mostram que:
1. Os nomes do Bié, apesar de apresentarem caraterísticas Bantu, foram influenciados
pela antroponímia portuguesa.
2. Os nomes em língua umbundu são determinados por fatores sociais e tradicionais. Os
nomes em umbundu são atribuídos com base em determinadas circunstâncias da vida, com base
nos costumes tradicionais. O sistema Okulisapa (nomes de circunstâncias incomuns) é crucial,
durante o processo da gestação até ao nascimento da criança.
3. O conceito de apelido não fazia parte da cadeia antroponomástica dos nomes em
língua umbundu.
4. A antroponímia do Bié combina nomes europeus e autóctones; os nomes em língua
umbundu funcionam como complementos onomásticos.
No Bié, os prenomes são maioritariamente em português. A publicação da Lei nº 47 678
de 5 de Maio de 1967 sobre a constituição dos nomes nas ex-colónias africanas desencadeou a
ocorrência de prenomes e apelidos em português ao decretar que “os nomes devem ser
portugueses ou, quando de origem estrangeira, traduzidos e adaptados, gráfica e foneticamente,
à língua portuguesa”. A ocorrência de nomes em português e de apelidos mudou
significativamente a estrutura antroponímica do Bié devido ao contacto linguístico e
sociocultural durante o período colonial.
Quanto aos nomes em língua umbundu, estão todos relacionados com fatores sociais e
culturais. Os nomes em língua umbundu são portadores de conteúdo informativo relacionado
com as circunstâncias da vida. Ovimbundu é um grupo étnico muito conservador e o significado
dos nomes para os Ovimbundu é um património linguístico-cultural de extrema importância.
Apesar do efeito da Lei nº 47 678 de 5 de maio de 1967, os nomes em língua umbundu
funcionam como complementos onomásticos dos nomes europeus e continuam a ser
predominantes como segundos, terceiros e quartos nomes (como apelidos paternos e maternos,)
verificando-se também o registo de nomes dos avós e tios como nomes próprios.
125
A Lei nº 47/678 de 5 de maio de 1967, sobre a composição dos nomes nas ex-colónias
portuguesas, também determinou o surgimento do apelido (conceito que não fazia parte da
terminologia antroponomástica umbundu) levando a que os nomes africanos passassem a ser
constituídos por nomes próprios, sobrenomes ou apelidos.
Por último, verificámos que o sistema antroponímico do Bié apresenta algumas
semelhanças com os sistemas moçambicano e guineense na atribuição de prenomes, apelidos e
na ocorrência de nomes em línguas nativas depois de nomes em português, motivadas pela
colonização e imposição cultural e linguística em África.
126
CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em conta os objetivos enunciados no início deste trabalho, analisámos a estrutura
do sistema antroponímico do Bié. Consideramos que os resultados obtidos dão conta da
semelhança do sistema antroponímico europeu e africano, a frequência de diferentes
combinações de nomes europeus e africanos, bem como a origem de nomes em umbundu com
base no fenómeno xará e nas circunstâncias do nascimento.
Este trabalho poderá servir de ponto de partida e incentivo para a elaboração de artigos
científicos, sobre a antroponímia angolana e do Bié.
Esperamos que os resultados obtidos possam contribuir para compreender a
antroponímia do Bié e as mudanças que sofreu durante a era colonial.
Com base nestes resultados, avançamos as seguintes conclusões:
1. A revolução do sistema antroponímico umbundu deveu-se à imposição de nomes
europeus durante a era colonial. O surgimento do cristianismo, assim como do
estatuto de assimilado, deu início ao processo de substituição de nomes africanos
por nomes cristãos e europeus.
2. Os nomes em língua umbundu foram transformados em sobrenomes e apelidos no
atual sistema antroponímico (daí a sua posição preferencial como segundos,
terceiros e quartos nomes).
3. Os nomes próprios mais frequentes na antroponímia do Bié são portugueses: Maria,
António e José, ao passo que os segundo, terceiro e quarto nomes mais frequentes
são em umbundu: Jamba, Cassinda e Ngueve.
127
Dada a complexidade e as limitações do trabalho, muito fica por fazer. Procuraremos,
num próximo estudo, desenvolver os seguintes tópicos:
(i) Testar a frequência dos nomes geográficos, alcunhas, nomes profissionais, nomes
gentílicos em umbundu.
(ii) Analisar a transformação de nomes de origem paterna e materna como Navita e
Savita (= mãe de Vita e pai de Vita), que passaram a nome de filhos no atual sistema
antroponímico do Bié.
(iii) Medir a frequência de nomes compostos ligados ou não pela preposição de.
(iv) Testar o comportamento dos nomes do Bié a partir do ano 2000 em diante, alargar
as fontes documentais e as amostras;
(v) Desenvolver a análise do género dos nomes em língua umbundu no Bié.
(vi) Dar conta da influência tonal no significado, segundo as regras dos nomes em
umbundu.
Em síntese, esperamos, que este trabalho tenha contribuído para a compreensão da
cultura umbundu, particularmente no que diz respeito ao sistema de nomes na antroponímia do
Bié.
128
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Zerbo, J. K. (2010). História Geral da África: Metodologia e pré-história da África. Brasil:
Unesco. Vol. I.
136
APÊNDICES
Apêndice A- Etimologia e significados de alguns nomes em Umbundu
Assuelela s. Lágrima, pranto, choro.
Bunji s. (De ombunji). 1. Salalé. 2.
Diferente de ombunje = bola, esfera.
Chacusola adj. (De okusola). 1.
Amar, gostar, adorar, querer. 2.
Risonho, nome feminino. 3. Nome
dado às crianças que nasce num
período de alegria, paz, harmonia no
lar.
Chakusanga s. Nomes próprio que se
dá quando ocorrem acontecimentos
tristes a alguém ou a uma família.
Quando um individuo nasceu em
tempos de problemas. O mesmo que
Changuedela.
Chakuvala v. (De okuvala = doer).
Chambassuku s. (De okwimba). 1.
Deitar fora. 2. Aquilo que Deus rejeita,
proíbe.
Changuendela s. 1. Acontecimentos
tristes. 2. Nome de uma criança que
nasce em momentos de tristeza.
Capama v. (De okupama / capama) 1.
Fortificar, guarnecer/temperado. 2.
Forte rijo, consistente, compacto,
fortalecido.
Chatuloña v. (De okulõna = almejar).
1. Seguir para; dirigir-se para; ir em
direção de; ir para). 2. Nome dado a
alguém que nasce em momentos de
tristeza, problemas. 3. O mesmo que
Canguendela e Kusumua.
Chendovava s. (De okwenda = ir /
tchenda vai + ovava = água). 2. entrar
água.
Chicoca v. 1. (De cikoka = causar,
originar, provocar, incitar, induzir,
atrair). 2. Arrastar, aliciar, seduzir.
Chicomo adj. 1. Aquilo que mete
medo. 2. Perigoso, assustador.
Chicoti s. (De ocikoti). 1. Açoita,
chibata, chicote.
Chicuamanga s. (De ocikuamanga =
corvo, pássaro).
Chiengo s. (De ociyenjo = balde). 1.
Recipiente apoiado em uma corda,
utilizado para retirar água no tanque ou
poço.
Chihunga adj. 1. Embriagado, ébrio,
extasiado. 2. Adejado, flutuante,
revolitado.
Chihungulo s. (De ocihungulo =
coruja).
Chikembe adj. (De cikembe =
bondoso, comprazedor).
Chilanda v. (De okulanda = comprar).
Chilemo s. (De ocilemo = peso, carga,
fardo).
137
Chilingussumba s. (De okulinga =
fazer / dar + usumba = admirar, meter
medo, surpresa, atormentar,
preocupar, inquietar, desassossegar.
Chilova v. (De okulova = enfeitiçar,
fascinar, embruxar, seduzir).
Chilulo s. (De ocilulu). 1. Fantasma,
alma do outro mundo.
Chimbapo s. Nome próprio dado a
alguém que tem segredos ou vícios que
não pode deixar; que não pode
abandonar; que não pode desprezar.
Chimbungule s. (De ocimbungule). 1.
Fruta imatura, verde. 2. imaturo.
Chimela s. (De ci = grande + omela /
ocimela = boca.
Chimuco s. (Do prefixo ci = grande +
omuku). 1. Rato, rato grande;
ratazana.
Chinene adj. (De cinene). 1. Grande,
volumoso, enorme, largo, espaçoso,
amplo, vasto.
Chinguelessi s. (De ocingelesi =
inglês). 1. corruptela de Inglês. 2.
pessoa que fala a língua inglesa.
Chinossole s. Nome de alegria que
manifesta a satisfação de um desejo,
do esperado.
Chinumbi s. (De ci = grande +
onumbi). 1. Dúvida, incerteza,
hesitação, indecisão. 2. Informação,
indicação, diretriz. 3. Simplicidade,
credulidade, inocência, conselho,
parecer, opinião; 3. Mistério, enigma,
segredo.
Chipango s. (De epango =
deliberação, propósito, decisão).
Chipepe adv. (De ocipepi = perto,
próximo).
Chipessi s. (De ocipesi = cachimbo).
Chipilica v. (De okulipilika). 1.
Insistir, teimoso, perseverante.
Chipindo s. (De Ocipinduko
(profissão, ocupação, trabalho)
Chipuku s. (De ocipuku). 1. Casa de
espíritos. 2. Templo de adoração de
espíritos dos antepassados.
Chiquemala v. (De okukemalisa). 1.
Exprimir. 2. Cantar. 3. Engrandecer-
se, ilustrar-se, notabilizar-se, exaltar,
glorificar, dignificar-se, enobrecer-se.
Chiquemba v. (De okukemba). 1.
Mentir, enganar, aldrabar, impostor,
vigarizar.
Chissaluquila s. (De ocisalukila). 1.
Surpreender-se, inesperado,
imprevisível, repentino, súbito.
Chissapa s. (De ocisapa = ramo,
galho). 2. Aquele que nasceu na mata.
Chissingui s. (De ocisingi). 1. Tronco,
cepo, estirpe, lenho, resto de árvore
cortada.
Chissoca s. (Do prefixo ci+ okusoka =
pensar, cogitar, imaginar, refletir). 2.
Colocar cobertura de uma casa.
Chissolossi- s. (De osi = terra). 1.
Tudo o que se planta desenvolve.
138
Chissonde s. (De ocisonde formiga
brava).
Chitala v. (De okutala = ver,
observar).
Chiteculo adj. 1. Benfeitor; Bondoso;
2. Pessoa bondosa e prestável.
Chitende s. (De ocitende). 1. Mudo. 2.
Pepino com espinhos. 3. Desleixado,
negligente, descuidado.
Chitombi s. (De ocitombi). 1. Trança,
madeixa de cabelos entrelaçados.
Chitula s. (De ocitula / Utula). 1.
Aldeia, vila. 2. Nome dado a uma
criança que nasce numa casa
provisória em condições precárias.
Chitumba s. (De citumba). 1. Nome
próprio dado a uma pessoa que nasceu
em viagem ou no campo.
Chitunga v. (De okutunga). 1. Fazer,
construir, fabricar, produzir, criar. 2.
Residir, permanecer habitar, fixar-se,
estar.
Chivala adj. (De civala). 1.
Complicado, difícil de resolver,
trabalhoso árduo, complexo.
Chivinda s. m. (De ocivinda). 1.
Ferreiro, artífice. 2. Aquele que
trabalho com ferro.
Chohila adj. (De cohîla). 1. calado,
calmo, silencioso, tranquilo, quieto,
sossegado, sereno.
Chongolola adj. 1. Nome próprio. 1.
Suave, agradável, meigo, aprazível,
afável, Delicioso. 2. Nome de alguém
que congrega todos.
Culivela v. (De okulivela). 1.
Lamentar-se, queixar-se. 2. Desejar,
pretender, tencionar, ansiar.
Cussumua s. (De esumuo). 1.
Tristeza, aflição, mágoa, angústia. 2.
Nome dado a um individuo que nasce
depois de dois ou mais anos depois do
casamento devido a problemas
familiares ou mesmo em ter filhos.
Cuvanja v. (De okuvanja). 1. Olhar,
espionar, avaliar. 2. Verificar,
identificar, confirmar, provar.
Dungue s. (De olondungue = juízo,
discernimento, apreciação).
Efuqui adj. (De efuki (tristeza, tortura,
castigo mazela).
Ekuikui s. m. 1. Alcunha de bravura,
de majestade. 2. Nome de uma ave
rapinante que arranca as penas de
outras aves para fazer o seu ninho. 3.
Os chefes (reis) adotam este nome para
exprimir o seu domínio ou poder sobre
os outros.
Elavoco s. (De elavoko = o mesmo que
ekolelo). 1. Esperança, expectativa. 2.
Penitencia, abstinência. 3. Esperança,
por ter nascido na véspera do Natal, ou
por ser sobrevivente depois de muitas
tentativas do casal.
Elombo s. Estrume de animal; nome
dado a um bebé que fez cocó horas
depois de nascer.
139
Epalanga s. (De epalanga liange =
irmão mais novo). 1. Adjunto,
substituto. 2. Meu amigo e parceiro. 3.
Meu contemporâneo.
Epandi s. Persistência, perseverança,
teimosia, permanência.
Epesse s. (De epese). 1. Desperdício,
aventura, esbanjamento.
Epuco s. 1. Desprezo,
desconsideração, menosprezo; 2.
Onda, água que se agita.
Essanji adj. (De esangi). 1. Alegria,
prazer, satisfação. 2. Colar, gola.
Essanjo adj. (De esanju). 1. Alegria
júbilo, satisfação. 2. Festa, banquete,
comemoração.
Essoco s. (De esoko. Calunia,
difamação, maledicência).
Essokyo s. (De esukiyo. Fim, final,
conclusão, limite).
Essuvo s. (De esuvu = odio,
execração, inveja, cobiça, inimizade,
antipatia, sentimento de desgosto,
reservado).
Henda s. f. Caridade, bondade,
compaixão.
Hisse adv. (De hise = bom, melhor,
mais ou menos).
Hukui s. (De ohukui = pobre,
mendigo, necessitado).
Ulunga s. 1. Nome dado a uma criança
cujos predecessores foram sempre
morrendo. 2. Deriva de walunga =
castigo merecido).
Jamba s. (De onjamba = gémeos). 1.
Nome do primeiro gémeo a nascer sem
restrição do género.
Kachumbo s. m. (De ka = pequeno +
ocumbo = pomar).
Kafeca s. (Do prefixo ka = pequena +
ofeka = pais, terra, nação, região). 1. O
mesmo que safeka.
Kafundanga s. (De ka = pequena +
ofundanga = pólvora).
Kalala v. (De okukalala = ralar, moer,
triturar, peneirar).
Kalei s. Ministro, vice-ministro,
secretário de estado, o mesmo que
Kasoma.
Kaliata s. 1. Nome próprio. 2.
Segurança. 3. Guarda-costas de uma
entidade.
Kalima v. (Do prefixo ka = não +
okulima = cultivar, lavrar a terra). 2.
Ano passado.
Kalitangui v. (Do prefixo ka = não +
okulitanga = amarrar-se, atar-se,
acorrentar-se, prender-se, agarrar-se,
apegar-se).
Kalule s. (Do prefixo ka = não +
okulula = vestir, tirar a roupa, despir-
se) 2. Amargar, dissaborear.
Kalundungo s. 1. (De oludungu =
picante, produto que excita o paladar,
tempero). 2. Boa para uns e má para
outros.
140
Kalungo s. (De kalungulungu =
chama, centelha, faúlha, brasa,
labareda, fogo).
Kalongo s. Papagaio, loquaz,
palrador.
Kalungui s. (De okulunga). 1. Andar,
sair, marchar. 2. Tremer, ter medo,
admirar, abalar, assustar. 3. Nome
dado a uma pessoa teimosa que não
aprende).
Kalupeteka v. (Do prefixo ka =
pronome obliquo átono + okupeteka =
vergar, curvar, torcer, dobrar, inclinar,
converter-se, recostar).
Mungomba s. Músico, compositor.
Kambambi s. (Do prefixo ka =
pequeno + ombambi = cabra, cabrito).
Kambili s. (Do prefixo ka = pouca /
sem + ombili = rapidez, ligeireza, zelo,
celeridade, efémero). 2. Aquele que
está sem vontade.
Kamela s. f. (Do prefixo ka = pequena
+ omelã = boca, abertura, orifício).
Kamoli v. (Do prefixo ka = não +
okumola = ver, olhar, observar,
contemplar, reparar).
Kandimba s. m. (Do prefixo ka =
pequeno + ondimba = coelho, lebre,
láparo, lombelo).
Kandombua s. f. (Do prefixo ka
=pequena + ondombua =noiva,
nubente).
Kanganjo s. (De ngandjo). 1. Cubata,
senzala. 2. Nome dado as crianças que
nascem em condições modestas.
Namba s. f. 1. agulha de madeira. 2.
Enfeite de cabelos.
Kanguende s. m. (Do prefixo ka +
ungende = viagem). 1. Nome próprio.
2. Pessoa que nasceu em viagem ou no
campo. 3. Peregrino.
Kangulo s. m. (Do prefixo ka =
pequeno + ongulu = porco). 2. Carro
de mão.
Kanhanga v. (De okunyanga). 1.
Agilizar, tornar ágil, rápido,
habilidoso. 2. Andar de calcanhar,
andar despercebidamente.
Kanjeque s. m. 1. Saco pequeno. 2.
Sacola pequena.
Kanjundo s. (Do prefixo ka =
pequeno + onjundo = segurança,
recurso). 2. Marreta, maço de ferro
para martelar outros ferros.
Kapiñgala s. m. 1. Irmão mais novo;
Vice-presidente. 2. Adjunto;
substituto.
Kapitango s. m. 1. Capitão; oficial
superior do exército; oficial de justiça.
Kapitiya s. 1. Interprete, tradutor,
transmissor. 2. Mediador, conciliador,
intermediário.
Kapuca s. 1. Bebida fermentada feita
com cana de açúcar, aguardente,
bagaceira. O mesmo que owalende. 2.
Nome de planta, antidoto de veneno e
141
quem tiver sido envenenado come essa
planta e livra-se do veneno ingerido.
Kapule v. (Do prefixo ka = pronome
obliquo átono + okupula perguntar).
Kapussu s. m. General, comandante,
chefe do exército.
Kaputo s. m. (Do prefixo ka = origem
+ putu- corruptela de Portugal). 1.
Individuo português. 2. Boa vida. 3.
Tudo de bom. 4. Tudo vai bem
Kasapi s. m. 1. Pequeno. 2. Miúdo. 3.
Coisa de pouco valor. 4.
Insignificante. 5. chave pequena.
Kasinda s. 1. Aquele que nasce depois
dos gémeos independentemente do
género.
Kassanga v. (De ka = pronome de
obliquo átono = a, o, lhe + okusanga =
encontrar); não encontrar; não achar;
não descobrir; não deparar.
Kassicote s. m. (Do prefixo ka =
pequeno + osikote = açoite. 1. Açoite
pequeno, chibata pequena.
Kassoma s. m. 1. Vice-Ministro,
adjunto, substituto, pregador, orador,
anunciador.
Kassova s. (De okusoveka = alternar)
1. Dá-se este nome a criança do sexo
feminino que nasce depois de dois, três
ou mais do sexo oposto ao seu. 2.
Kasova ka alume (quando nasce uma
filha depois de vários rapazes). 3.
Kasova k´akãi (quando nasce um
rapaz depois de umas tantas raparigas).
Kataleco v. (De okutala = ver + Ko =
lá. 1. Vai ver.
Katanga v. (De ka = não + okutanga
= aprender). 1. Aquele que não estuda.
2. Aquele que não lê. 3. Aquele que
não aprende.
Kateia v. (De okuteya). 1. Partir,
quebrar; fragmentar, rachar.
Katiavala s. m. (Origem incerta). 1.
De Katyavala (soberano) + Bwila
(povos que vagam); 2. Rei dos povos
que vagam).
Kativa s. m. Moderador, regulador,
aquele que estabiliza.
Katihe adv. Referente a uma situação
grave (morte, guerra, doença).
Kawissi s. (De owisi). 1. Fumo
brando. 2. Moderado, prudente,
cauteloso.
Kayambo s. (De eyambo). 1. Túmulo,
sepulcro, tumba, esquife, féretro,
campa. 2. Burlador, enganoso, astuto,
mentiroso, corruptor.
Kayovo s. Referente ao mesmo de
fevereiro; segundo mesmo do ano.
Kopumi v. (Do prefixo ko = não +
okupuma = bater). 1. Bater, fustigar. 2.
Capinar, cortar o capim. 3. Dar
porrada, surrar.
Kulitalula v. (De okulitalula). 1.
Entreter-se, retardar-se, reter-se,
iludir-se, impedir.
Kunateque v. 1. (De okutateka =
impedir, impossibilitar, obstruir,
142
empatar). 2. Pessoa que nega uma
coisa que quer.
Londaca s. (De ondaka, olondaca =
palavra, termo, opinião).
Londovi s. f. (De olundovi = corda).
Longonjo s. f. (De olungonjo = perna).
Lumbungululu s. f. (De
olumbungululu =estrela, astro).
Lumingu s. m. corruptela de
Domingos.
Lupessi adv. (De olupesi, lolupessi
=depressa, velozmente, rapidamente).
Mbei s. f. (De ombei = doente,
enfermo, débil).
Mbueti s. (De ombueti = vara, bastão,
cajado, pau).
Mbumba v. Amassar, converter em
pasta ou massa, misturar, amolgar,
ensopar.
Mundombe s. f. túmulo feminino
construído de pedras assentadas.
Mussengue s. (Do prefixo mu =
interior, no meio de + usenge = mata).
Nacalumbo s. f. (Do prefixo na =mãe
de + elumbu = surpresa) 1. Kalumbuı
(nome dado a uma criança concebida
num período menstrual irregular). 3.
Gravidez inesperada. 4. Mistério.
Nalupale s. f. (Do prefixo na = mãe de
+ lupale = cidade, centro, urbe).
Nambi s. (Deriva de Onambi = óbito,
infelicidade, falecimento, passamento,
morte).
Nambissi s. f. (Deriva do prefixo na =
mãe de + ombisi = peixe).
Nambuete s. f. (Deriva do prefixo na
= mãe de + ombueti = vara, bastão,
cajado, pau). 1. Pessoa que anda com
bengala.
Nanga s. f. (De onanga = pano,
tecido).
Natcheia s. f. (De na = mãe de + weya
/ ceya =veio). 2. Algo que veio no seio
de uma família.
Ndatembo / Natembo s. Sogro, sogra.
Ndavoca s. m. (De okulavoka =
esperar, esperançoso).
Ndovala s. m. facto prometido.
Netossi s. f. (De etosi = gota, pingo,
lágrima.
Ngandu s. m. (De ongandu
=crocodilo, hemorroida).
Ngunja s. m. (De ongunja = força,
pessoa que trabalha muito). 1.
Lavrador, fazendeiro. 2. Rico,
milionário.
Nguenda v. (De okwenda = deslocar-
se; ir; mover-se; caminhar).
Nguendangolo s. m. (De okwenda =
andar + kongolo = joelho). 1. Girafa.
2. Robusto das larvas que estragam as
plantas semeadas.
Nguvulu s. m. (De onguvulu
(=governador, dirigente,
administrador, diretor).
143
Njila s. (Deriva de onjila = caminho,
trilho, trajeto). 2. (De onjila = pássaro,
ave).
Njivala v. (De okuvala =doer). 2.
Esquecimento.
Njolela s. m. (De onjolela, satisfação,
alegria). 1. Nome de alguém que tenha
nascido depois de situações
desagradáveis na família.
Nunda s. (De onunda (sobrinho,
sobrinha).
Nuñulo adj. De Nuñulu (primogénito;
o primeiro filho).
Sachilulu s. m. (Do prefixo Sa (pai de)
+ ocilulu (=fantasma, alma de outro
mundo).
Sachipia s. m. (Do prefixo Sa = pai de
+ okupia = queimar).
Sacussumba s. m. (De usumba =
medo, temor, pavor). 2. Pessoa
respeitada, venerada, honrada.
Safeka s. f. (Do prefixo sa = pai de +
ofeka = terra, pais, nação, região). 1.
Aquele que é nativo; nunca mudou.
Sahombo s. m. (Do prefixo sa = pai de
+ hombo = cabrito, chibato).
Sambo s. m. Nome de uma aldeia, no
distrito do Huambo.
Sandele v. (Do prefixo sa = não +
okwenda = ir). 1. Pessoa que nega
fazer alguma coisa.
Sandombua s. m. Indivíduo que está
para se casar, noivo, nubente.
Sanjala s. f. (De osanjala = bairro).
Sapuila v. (De okusapula = queixar,
denunciar). 1. anunciar, comunicar. 2.
Explicar, interpretar, exprimir,
explanar. 3. Comunicar algo
importante.
Savicolo s. m. (Do prefixo sa = pai de
+ ukolo, ovikolo = corda, amarra). 1.
Pessoa que prepara a corda.
Siandele v. (Do prefixo sa = não
+okwenda, (ir/caminhar).
Sikuete v. (Do prefixo si = não +
okukukuete = possuir, ter, dispor). 1.
Pessoa que não tem.
Silivondela v. (Do prefixo si = não +
okulivondela). 1. Apaziguar, acalmar.
2. Pedir favores, humilhar-se,
arrepender-se, submeter-se.
Sipopi s. f. (Do prefixo si = não +
okupopia = falar, dizer, proferir).
Sitaluka s. f. 1. nome dado a criança
que nasceu dum relacionamento
proibido. 2. Primeira filha de um
relacionamento com um homem de
idade avançada. 3. De okutala >
sitaluka (não vou olhar, observar,
aceitar). 4. Pessoa que não vacila ao
fazer alguma coisa.
Sõi s. f. (De osõi = vergonha,
opróbrio).
Songo s. m. (De osongo, osovo =milho
grelado e seco).
Tchali s. m. (De ocali = de graça,
oferta). 1. Sacrifício, oferenda. 2.
144
Esmola. 3. Pessoa que tem pena dos
outros.
Tchikola adj. Santo, sagrado, puro,
imaculado. Aquilo que é sagrado.
Tchimboto s. m. (Deriva de ocimboto
=sapo).
Tchissolossi- s. m. 1. O que se planta
desenvolve bem. 2. Aquilo que se
planta desenvolve.
Tchongolola v. (De okwongolola). 1.
Recolher, colher, abrigar, alojar.
Ulica s. m. (De ulika). 1. Solidão,
desamparo, desprotegido.
Ulombe s. m. (De okulombela orar). 1.
Coisa bem preparada ou desejada.
Umba s. (Doença que ataca as
crianças quando é bebé). 1. Nome
dado a um bebé que tenha adoecido; 2.
Bem-aventurança.
Veta v. (De okuveta = bater, dar surra).
1. Capar, extrair, castrar).
Vicomo s. m. (De ocikomo /
ocikomoho). 1. Maravilha, admiração,
prodígio, milagre, espanto,
contemplação).
Vihemba s. f. (De ovihemba =
remédio, medicamento).
Vimbuando s. f. (De ovimbuandu). 1.
sereia, sereiba, mangue.
Vissapa s. f. (De ocisapa, ovisapa =
ramos e folhagem da árvore); 1.
Durante a gravidez a mãe teve
tratamentos derivados em plantas
(fitoterapia).
Vissimilo s. m. (De ocisimilo /
ovisimilo = pensamento, opinião,
parecer).
Vitangui s. m (De ocitangi =
problema, dificuldade, obstáculo).
Vituñgayala s. m (De okutuñayala); 1.
Inquietar-se, estar perturbado, estar
distraído, olhar para todos os lados,
agitar-se; 2. Desconfiar, suspeitar,
recear, duvidar.
145
Apêndice B- Assento de nascimento da Conservatória Civil do Bié
146
Apêndice C - Modelo de transcrição manual de nomes
147
Apêndice D- Registo de batismo da Igreja Evangélica do Bié
148
Apêndice E - Lista de nomes do registo do Bié
Assento de Nascimento da Conservatória do Bié – Cuito
Nomes completos constituidos por dois (2) nomes 1994 Género
Anastácio Savicolo M Carlos Sapalo M Gregório Tchimbanjela M Frederico Chivala M Constantino Jamba M Eurico Tchicambi M Eliseu Chindumula M Valentina Jamba F António Kundjole M Fernanda Nachilila F Alberto Vissoca M
1995 Género Vitorino Chiúca M Mateus Bongue M Felix Cassanga M Guilhermina Umba F Marcelino Cachimbombo M Alberto Jamba M António Braga M Victor Chicoti M Julia Chilombo F Aurora Nachissomba F Celestina Chinossole F Rosalina Chova F Manuel Sacutalica M Domingas Vissuli F Mariana Nauaia F Teodora Sepalnga F Clementino Cambole M Rodrigues Dumba M Marta Nambunda F Higíno Satuala M Albertina Homba F Ana Nauape F Feliciano Sambimbi M Luís Muhongo M
149
Natália Umba F Paula Vihemba F Luzia Tchiconde F
1996 Género Julieta Uimbo F Marcolino Saiovo M Mariano Canguende M Albino Sandove M Carlos Silepo M Laurindo Cativa M Ernesto Canguenhe M Augusta Nunda F Laurinda Ulica F Judith Jamba F Estevão Chilingussumba M Marcelina Mone F Ruth Henda F Albertina Canhimongo F Cristina Feca F Manuel Vitangui M
1997 Género Mario Chali M Arão Sachilombo M Inácio Catende M Adelino Ngongo M Rodrina Henda F Loide Cayambo F Gabriel Sapalo M Luís Cavita M Paulo Malengue M Júlia Chilombo F Afonso Muila M Feliciano Mande F Isaias Cumba M
1998 Género Joaquim Munango M Idalina Moco F Maria Ndongua F Emídio Cassoma M Florindo Sepuca M João Chivinda M Piedoso Epandi M Rodé Cassova F
150
Rosalina Cambili F Domingos Bunji M Delfino Cassossi M Marta Tchissolossi F Rosalina Eiala F Madalena Catchova F Marcela Cassungo F
1999 Género Albino Sawanga M Francisco Samutavo M Estevão Chilova M Florindo Canganjo M Manuel Ecolelo M Marcolino Sandala M Felícia Sanjimbi F Beatriz Catihe F Laurindo Tchimbungo M José Tchaievala M Agostinho Tchilua M Rodrigues Camoli M António Nangongo M Tavita Natchissende F Maurício Nambelo M Isabel Vitungãiala F Priscila Vihemba F Nomes completos constituidos por três (3) nomes
1994 Género Camila Graça Tchihungulo F Simão Luvamba Tchiuende M Maria Cassova Cotetula F Firmino Chipindu Samuala M Alberto Vonguma Chinumbi M Margarida Nambuete Enoque F Daniel Choca Ndungo M Afonso Domingo Jamba M Coelho Ngongoiavo Cavando M Alex Vitungaiãla Salumbo M Flora Cassova Cassinda F Albina Bongue Nachulu F Ângelo Chindumbo Sassongo M Laurinda Dala Chilombo F Juliana Cambanda Nambundo F Amélia Chissapa Jamba F
151
Maurício Baptista Chicoca M Adelino Sandambongo Kanjengo M
1995 Género Mateus José Chilanda M Leonilde Wini Samalanga F Henriqueta Jamba Sahemba F Lucia Catihe Ngueve F Bartolomeu Camela Cassova M António Gambo Chivimbi M Madalena Nambaca Sembuangolo F Gomes Sanjala Caliata M Bonefácio Ndavoca Sanjala M João dos Santos Sandemba M Manuel Natal Nguendangolo M João Valério Feca M Abílio Calungo Canguende M José Maria Capusso M Lucas da Silva Mualunga M Paulino Chowana Essuvo M José António Ndala M Abel Catchapile Carvalho M Luciana Natchumbo Capule F Orlando Eurico Sieponde M Ana Catihe Calungulungo F Anastácia Luciano Mussengue F Rodrigues Feliciano Jamba M Avelina Nolundo Salumbuei F Paulino Mateus Simba M Paulina David Longuembia F Rufino Sanganjo Albano M Ana Cutala Samalinha F Florinda Chipangue Paula F Julieta Chilombo Ramos F
1996 Género Salomão Cangombe Chicumbo M Florença Nachilombo Fundi F Judith Laura Chitula F Maria Ngoi Nachiquete F Carlos Chimuco Saviombo M Inácio Chipongue Chissingui M Luís Muehombo Camalata M Henriqueta Laura Chipilica F Junior Jamba Chunjingi M
152
Leontina Cassinda Chipa F Celestina Bundo Sanjala F Romão Matias Bambi M Dêbora Crispino Tchovonga F Agostinho Chipasso Kussumua M Silvestre Chissingui Londaca M Claudeth Chipessi Rosária F Luísa Afonso Chissolossi F
1997 Género José Sipitali Chicapa M Francisco Mário Capingãla M João Baptista Ngolongo M Eduardo Elombo Caiangula M Benilde Marcolino Sachipipa F Mário Arão Dumba M André Ngueve Sassapi M Ernesto Ulombe Jembo M Leonor Preciosa Cândida F Júlia Scahipindo Jucelma F Paulo Eponde Ekuikui M Simão Njiluca Kanganjo M Adriana Tchongolola Mutito F Carlos Lemos Horácio M Palmira Wima Teresa F Delfino Fortuna Chivangue M Mayele Nguvulu Pedro M Irina Chilombo Augusto F Neira Feliciana Catalaio F
1998 Género Eduardo Martinho Canjamba M Judith Mário Cayovo F Débora da Conceição Munga F Idalina Lussinga Chiquemba F Adriana Felicia Chiwaia F Adelina Maurícia Lumingo F Manuel Junqueira Sambala M Adelina Chilombo Jamba F Anabela Rosa Chinossole F Donilde Felícia Ngueve F Claudeth Felizberta Wimbo F Valentina Jamba Chissapa F Mariana Nélia Sambaca F Moisés Capusso Chivala M
153
Antónia Cuvanja Nambi F Miguel Pascoal Jesus M Lídia Catihe Ekuikui F Justina Nangueve Cananga F Wilson Mbimbi Afonso M Piedade Longuenda Eyala F Elisa Francisca Alfredo F Jonas Sangueve Proença M Faustino Sanduva Chiuvila M
1999 Género Alexandre Chitumba Sacuandela M Ernesto Chiwila Sitongua M Jideão Adriano Canjili M Gertrudes Chitula Abílio F João Baptista Cassuque M Aurora Essanji Sequetali F Eugênia Maria Naviti F Verónica Nachiúca Sapalo F Aires Jorge Vipunda M Benita Cuvala Guilherme F Estevão Cachumbo Jorge M Teresa Chimela Elalo F José Capingãla Mbinga M Avelino Chipindo Safeca M Horácio Zaqueu Chivela M Alice Venâncio Siandele F Basto Vitato Calamua M Emília Nambovo Capamba F Adelino Sangandela Lunjunjo M Conceição Ngueve Chilemo F Osvaldo Arlindo Henda M Berta Ngueve Sõi F Benevides Laurindo Lamenhe M Evalina Setaca Savoli F Albertina Adelina Tchicongo F Nomes completos compostos por quatro (4) nomes
1994 Género Florbela Mussande Marcolino Chissapa F Abrão Jamba Bambi Muhongo M Joaquim Basto Tchinguelessi Tchimboto M Albertina Nangungo Simba Wanga F Domingas Sousa Pinto Caputo F
154
Marta de Aparição Vassuatala Chicungo F Aniceto dos Santos Ngueve Major M Gaspar Chitengui Miséria Chipenhe M Azenaide Mendes Jóia Kumba F Victória Sambundo Navemba Susso F Jucelma Chissacoa Clementina Sassoma F Evalina Caquele Nachilombo Augusto F Luciana Candombua Eurico Caliata F Teresa Capitia Netumo Catihe F Julino Sanende Chicapa Silili M
1995 Género Teresa Nangueve Bumba Pessela F Adelino Isaias Celestino Seliongo M Graça Lemos Soares Yambo M Alfredo Beatriz Dombe Cossengue M Uraca Ilde Manuel Cambuta F Arlete Miséria Massaco Dungo F Malaquias Chindembe Chipitica Cassinda M Victoria Rodrigues Jorge Capama F Cristina Suraia Mendonça Satula F Carla Elisa Mila Canjungo F Carlos Machado Fernandes Cassoma M Verónica Domingos Chimuma Hukui F Domicília da Conceição Nayuma Sachova F Marinela Beatriz Alice Canganjo F Edgar Vladmir Moisés Sachinguile M Carlitos Mutunda Nachipeio Massóia M Tertuliano Calupeteca Vissoka Ngando M Gracieth Numala Penina Tchimbungule F Leontina Nacalume Lopessa Tchingular F Maria Fátima Graça Silili F Eunice Edna Alice Cangajo F Aniceto Guilherme Cassinda Cangombe M
1996 Género Alcides Martinho Faustino Songuile M Adalberta Elizabeth Vissuli Chiungue F Marciana Henda Isabel Kalandula F António Estevão Domingos Ngunga M Cristina Natota Albino Chimbuenjo F Leovigildo Henda Eurico Sanguele M Belmiro de Oliveira Baptista Mualunga M Emanuel Fortunato Justino Longonjo M Augusta Antónia Calimbue Satumba F
155
1997 Género Feliciano Vitato Cassinda Canjundo M Escolástica Venâncio Justina Cambundo F Elizabeth Gabriel Nonjamba Silivondela F Juliana Catchambalele Ngoi Filipe F Julieta Chavaia Cuvala José F Alice chissanga Chipuco Chambuembue F Arlete Cuvanja Namussoca Martins F Ermelinda Satuala Candomba da Silva F Francisco Canjengo Belina Mundombe M Elina Domingas Arão Sananga F
1998 Género César Dorivaldo José Chicala M Augusta Claudina José Chicala F Inocência Costa Jonatão Chipitia F Laurindo Hisse Teresa Wanga M Samuel José Pedro Catihe M Maria Ana Menezes Chissaluquila F Estanislau Paciência Dinis Cossengue M Cornélio Sachilañele Sangambole Nambamba M Victor Capuca Sachitula Nelombo M Maria Soma Domingas Segunda F Teresa Cassinda Catembo Henda F Arlete Muenho Numbi Vitangui F Ermelinda Evalina Victória Sanjimbi F Palmira Madalena Chinengue Vissimilo F Mateus Gouveia Noloti Cossengue M Júlia Pedro Wimbo Zeferino F Fernando Jamba Troco Nachanga M Victória Nambi Júlia Isabel F Euraca Catiavala Catumbo Navombo F
1999 Género Victória Chissuvo Chivava Sayoano F Celestino Campos Secuva Lucamba M Laurinda Numala Naculusso dos Santos F Aderito Saturnino Ngueve Chimbondo M Inês Ngueve Beatriz Chipessi F Pedro Severino Catihe Sawendo M Cecília Chemba Chova Chinumbi F Laurinda Ana Ecundi Cachuco F Ilda Delfina Vissapa Tchingongolo F Jacinto Chipepe Januário Samba M Marcolino Henriques Sacuandela Satingo M
156
José Correia Muhongo Freire M Fávio Hermercim Paz Salongue M Ernesto Chiengo Tchilombo Tchimunga M Henriqueta Nonjamba Canjala Cayeye F Cecília Chipuco Nassinda Samessele F Avelino Jamba Cassova Tchitumba M Dulce Nanjinga João Nanga F Teresa Mimi Lucas Sachilulo F Adelaide Nelombo Lumbungululo Calamua F Laureta Vira Nangombe Chivalala F Augusta Jamba Tchimbotia Tchissala F Altino Tchissingui Jesus Camateli M Ana Augusta Cassanga Mbueti F Melba Viviana Hama Tchitangua F
Registo da Igreja Evangélica Congregacional em Angola
Nomes completos constituidos por (1) um nome 1977 Género
Maria F 1978 Género
Chissococua F Nomes completos constituidos por (2) dois nomes
1976-1980 Género Maurício Savili M Betualiana Salima F Eugénia Chimbotia F Ervim Sangambo M Valentina Mbimbi F Leopoldina Silepo F Eduardo Kupua M Vitorina Cassinda F Mariana Vissupe F Isabel Cafeca F Vitorina Cassinda F Augusta Navemba F Leonardo Cassinda M Alberta Epandi F Jacinto Henda M Victor Cambambi M Sebastião Calei M Fernando Canjamba M
157
Pedro Canjonjo M Beatriz Nassalala F Joaquina Cafeca F Laurinda Kafeca F Fernanda Cassova F Alvaro Chimbundo M Rodé Chinhañala F Rebeca Pindali F Domingas Nanduva F Isabel Nambali F Justina Chitula F Isaac Kanguende M Piedosa Sipitali F Joaquim Chilombo M Rosalina Henda F Paulo Samilongo M Jorgina Cassamua F Judith Nonjamba F Metuliana Nguelengue F Cecília Ingui F Enoque Sakunguka M Isaac Ngongo M Kindumbo Chombela M Guilherme Homba M Júlia Cassova F Alberto Muhongo M Natália Kepo F Mendonça Changala M Artur Viti M Esperança Sivala F Amélia Chinaossole F Marcolino Cambambi M Floriana Cassinda F Juliano Catchumbo M Florinda Nandindi F Lutero Nhime M Alberta Ngueve F Danisa Nangombe F Carlos Tchali M Vasco Tchivonde M Silva Chombo M Florinda Nacufa F Marcolino Chioca M
158
Adriana Nessingui F Abílio Cassoma M Doliana Nassando F Emilia Eyala F Augusto Chipipa M Diogo Cambinga M Jeremias Chissingui M Lúcio Ulica M Natália Nonjamba F Vasco Ngonguela M Marcelina Namango F Zaqueu Cambuta M Conceição Massanga F Isabel Nafundanga F Margarida Naheque F Teresa Chitula F Dinís Chipalavela M Natália Lussati F Alberta Wandi F Suzeth Vianga F Mariano Cassule M Celestina Vihemba F Bastos Cativa M Fernanda Nanjúlia F Berta Vimbundo F Amélia Nanjondo F
1977 Género Judtih Cayalo F Avelina Wima F Celestina Cafundi F Rosalina Nonjamba F Carlos Siquete M Verónica Kaquinda F Verónica Chilombo F Angelina Nangassole F Laurindo Chipati M Maria Cambundo F Celestina Vissapa F Emília Sinangui F João Layululo M Leonor Ngueve F Cristina Vihemba F Justina Nassenda F
159
Eduardo Camota M Albertina Kunateque F Emília Chilimbo F Oliveira Sanjila M Alice Najoão F Oliveira Jamba M Ermelinda Elombo F Martins Cambinda M Ana Essanjo F Abrantes Chimbili M Domingas Nangueve F Cristina Catihe F Delfina Chitula F Adriano Capata M Diamantino Chipongue M
1978 Género António Sacunganga M Maria Chambula F Berta Chohila F Julieta Nené F Armando Kuchina M Flora Hipálito F Violeta Nassapalo F Arminda Manhonga F Dêbora Sipopi F Margarida Serrado F Priscila Vihemba F Albino Chipango M Argentino Mimoso M Mélvire Cassova F Helena Henda F Miséria Tessuelela F Aurora Nessamba F Amélia Nacalumbo F Silva Chivavi M Miguel Fastudo M Francisca Ngongo F Joaquim Sangombe M Isaura Vihemba F Giné Nachiwika F Avelino Sapusso M Rocha Carvalho M Marcelina Ndola F
160
Albano Calassi M Ezequias Cambandi M Graciano Sacalandula M Alice Njivala F Deolinda Chitula F
1980-1982 Género Memória Sambo F Xavier Sambalundo M Leonor Chitula F Isabel Chapucula F Luca Lohango M Rosa Camuanhe F Adelino Sanjongo M Albina Wimbo F Priscila Kamala F Delfino Cassinda M Mário Capalua M Rosário Efuqui M António Calilossi M Dora Naviti F Ruth Chatuloña F Adolfo Muambungue M Armindo Chitende M Florença Wandi F Isaac Canguia M Camila Chiombo F Eunice Naquinta F João Chiuvila M Evalina Natembo F Cláudia Wimbo F António Wanga M Anito Henda M José Chinganda M Victoria Chipuku F Eugénia Nachova F Domingos Kulitalula M Solmé Katanga M Leonardo Chingangu M Severina chambula F Angelina Nguenda F Adelina Nachinhãngala F Abílio Salau M Laurentina Kambuinda F
161
Ernesto Chilemo M Armanda Kangupe F Merina Nassapa F Aida Essokiyo F Teresa Calumbo F Berta Napapa F António Epalanga M Alberto Catihe M Galatias Kapiñala M Antunes Essakalalo M Margarida Nachivela F Priscila Assuelela F Domingos Canjunju M Luciana Nakufa F Victorino sapalo M Domingas Susso F Alice Citula F Inês Boano F Emanuel Eiuva M Leonardo Veta M Filipe Chinguengue M Lucas Sachicombela M Dina Chinossole F Celeste Kanama F Eugénia Kaliña F Domingas Nachimanyo F Feliciana Humbe F Paulina Vicomo F Estefânia Jamba F Pedro Cossengue M Sara Chitula F Almeida Mussiva F Elisa Navitangui F Albertina Chilombo F Frederico Capitia M Domingos Eiambi M Adelaide Kayovo F Albertina Ekolelo F Miquelina Vikuata F Margarida Kassova F Adelina Caua F Lídia Nanjundo F Eduardo Kapessela M
162
Fernanda Chitula F Júlia katembo F Job Salongue M Rebeca Nassoma F Castro Muyeye M Avita Jamba F Florindo Samesse M Dolina Kumbelembe F Berta Nassoma F Eugénia Kasehua F Josefina Cafeca F Evalina Songo F Rodrigues Sanjungulo M Abel Catota M Rodrina Nangombe F Augusta Navemba F Verónica Cassinda F Joaquina Kassuvala F Faustino Chiteque M Laurinda Nacuta F Nicolau Jamba M Emília Kenga F Tavita Caiovo F Aurélio Elavoco M Abel Sopite M Laurindo Lussati M Judith Vihemba F Feliciana Catihê F
1983 Género António Chissingui M Efraim Calumolo M Isabel Vitória F José Kuica M Valéria Nacumba F Bernice Chitula F Joaquina Nacungungu F Suzana Natchilombo F Graça Silepo F Afonso Silili M Eurico Vissoca M Rodrigues Calupai M Marta Chilunguila F
163
1986 Género Francisco Chicuma M José Epesse M Julieta Vihemba F Teresa Goi F Sabina Caionda F Teresa Vatuca F Margarida Chiombo F Ana Malesso F José Sambali M Horácio Cassoma M Xavier Cassinda M Albertina Cassinda F Mariana Nawaya F Lurdes Jamba F Glória Nangombe F Venâncio Chissingui M Emílio Bumbuita M Delfina Wandi F Delfina Ngonja F Ernestina Nangueve F Aurélio Canjaia M Helena Chinene F Samuel Sandemba M Basto Jamba M Geovana Samba F Fernando Cassinda M Eduardo Jamba M Laurinda Cassova F Ernesto Socupia M Lídia Tchombela F Rodé Jambela F Antónia Nangongo F Laurinda Cassova F Maurício Mango M Ester Nandonuco F Delfina Chivi F Filipe Mbundo M Laurinda Vihemba F Ana Vassuelela F Antónia Chicomo F Luséria Cassinda F Leonor Nelombe F
164
Madalena Hisse F Victorina Vihemba F Rebeca Cafeca F Fadília Nassapalo F Emília Polonga F Feliciano Henda M Antónia Nonjamba F Isabel Sovangue F Domingas Chiemba F Juliana Cassinda F Laurinda Chimbotia F Domingos Gessuvi M Pedro Mango M Domingos Ulica M
1987 Género Horácio Sacossengue M Margarida Cambundo F Ana Malessu F Feliciano Essuvo M Adriano Chicuma M Joaquim Cambinda M Domingas Yombombo F Florindo Nangueve M Julieta Vihemba F Graça Catihê F Luís Monguende M Adelina Caluwawala F Nicolau Sahombo M Maria Nacolo F Laurinda Essanjo F Isaías Cachilenga M Eduardo Octávio M Efraím Catema M Armando Capusso M Aldino Essinde M
1989 Género Adriana Elombo F Dofilia Caiovo F Amélia Culembe F Ermelinda Cambundu F Daniel Chambala M Evalina Nambuende F Estefania Kuvanja F
165
Florinda Wimbo F Rosa Nangongo F Eduardo Molossonde M Alzira Ngueve F Domiana Cassissi F Linda Chitula F Cristina Miniha F Evalina Lissimo F Emília Nachilombo F Laurinda Cassinda F Donisa Namgumbe F Beatriz Calungui F José Tulumba M Rodrigues Cassinda M Alberta Jamba F Julieta Camana F Palmira Capumo F Salomão Cateua M Helena Wanjimba F Guilhermina Essoco F Alfredo Lussendo M Álvaro Chali M Adelaide Cassamua F Pedro Cussumua M Lucélia Jamba F Benilde Jamba F Maria Capumo F Bernarda Cassova F Eduardo Chitombi M Alberto Sanjila M
1992 Género João Savihemba M Edith Vissenga F Jacinta Noloti F Victória Napata F Adriana Cuvala F Paulino Catumbela M Felícia Chitende F Lucas Sanhanga M Idalina Canjala F Manuel Cassinda M Silvano Kachipui M Deolinda Nandenda F
166
Bernadeth Henda F Valentim Jamba M Aristóteles Cawaia M Rebeca Jamba F
1997-1998 Género Samuel Guerra M Paulino Chipondia M Helena Chicondo F Verônica Jamba F Laurinda Vissenga F Antónia Jamba F Fausta Mangui F Augusto Cussumua M Felizmina Cassinda F João Sauape M Angélica Lucamba F Isabel Lohuma F Ernesto Vitangui M Madalena Chipa F Albertina Cassinda F Sofia Chitunga F Inês Canjilo F Lucinda Elombo F
1999 Género Maria Jamba F Nunes Jamba M José Cassinda M Estevão Epamba M Bernarda Cassova F Albino Sachilombo M Pedro Canganjo M Adelina Canjuluca F Margarida Nachivela F Lucéria Ngola F Idalina Cambundo F Valentina Naluca F Isabel Ngueve F Palmira Cafeca F Emiraldina Nangueve F Ferreira Salohuma M Sara Nachilepa F Agostinho Sessoquele M Celestina Cuvanja F
167
Rosalina Nalussati F Geraldo Camela M Mateus Walima M Donana Vissapa F Eduardo Candimba M Domingas Sõi F António Cassinda M Rosalina Massela F
2001-2002 Género Domingas Capitango F Margarida Cossengue F Ruth Nassipitali F Felipe Sitaqui M Fernando Jamba M Deonilde Silepo F Belarmina Cassinda F Maria Chilombo F Abílio Copila M Raiumundo Chissingui M Tomar Lucusso M Mário Henda M Estevão Bilhete M Victor Lissimo M Laurinda Naiombo F Madalena Chitula F Augusto Chipongue M Graciano Cassicote M Eugénia Cawissi F Emília Chemba F
Nomes completos compostos por (3) três nomes
1976-1980 Género José Monteiro Nambi M Isaac Celestino Mbei M Guilhermina Chiquemala Lourenço F Job Bernando Cassinda M Esperança Nachilala Mimoso F João Chundumula M Artur Culivela Fuato M Julieta Wimbo Tiago F Rosa Isabel Chitula F Gabriel Luvumba Luciano M Carolina Fundi Feliciano F
168
Alfredo Maurício Capitango M Calmina Nambissi David F Valentim Maurício Capitango M Flora Pindali Salomão F Teodoro Cussumua Francisco M Aline Lucrécia Katuta F Arão Chivela Marques M Mário Carlos Sapembe M Esmeralda Simão Sambamgo F Eugénia Justino Ngueve F Fernando José Candele M Eliote Chindovi Gomes M Emília Nassululo Artur F Cacilda Arlete Silva F Maria Necandi Bartolomeu F Amélia Tinha Chambula F Guilhermina Chiquemala Cassinda F Jorge Chilulo Júlio M Eulínda Vita Luciano F Albertina Vissaqui Jacinto F Fernandes Euclides Canjondele M
1977 Género Angelina dos Santos Duva F João Baptista Chendovava M António Ekolelo Saiovo M Profírio Castro Chendovava M Oliveira dos Santos Maurpinia M Claudeth Rosa Henda F Elizabeth Nauanga Canjulo F Dadinho Bernardo Lungelo M Elinda Nassapalo Chitombi F Cláudio Paulino Canhanga M Helena Chalula Vitangui F
1978 Género Emídio Chicambi Daniel M Rosalina Moisés Chova F Antunes Chingololo Rufino M Madalena Epuco Samuel F Hélder Selombo Kalupeteka M Deolinda Eme Jacinto F António Sapalo Muhongo M Celestina Chipenhe Fernando F Eurico Bié Camarata M
169
Joaquim Ngueve Kapusso M Américo Francisco Songo M Américo Ecolelo Cabral M Guilhermina Capanda Samuel F Osvaldo Samuel Jila M Daniel Nuñulo Baio M José Custódio Wandangoi M Eveneces Ngueve José M Anabela Carlota José F Rosério Madaleno Vitangui M Margarida Jamba José F Madalena Calungo Joaquim F Domingos Alberto Epamba M Rafael Faiema Graça M Daniel Raimundo Savihemba M Freitas Lussenje Savihemba M Ernélio Teteiro Fernando M Aurélio Ngumbo António M Adélia Jinga Moroz F Daniel Navinlundo José M Feliciano Nachinalio José M
1980-1982 Género Jeremias Lucamba Bailundo M José dos Santos Ngongoiavo M Eduardo Morais Pavala M Sara Nanguengo Manuel F Fernanda Nandulo Manuel F Beatriz Wandy Manuel F Maria Glória Cassova F Vasco Fernando Chiteculo M Florindo Moisés Jamba M Alice Wimbu Leonardo F Fernanda Lessau Chissesso F Genoveva Ngombo Mariano F
1983 Género Calmira Nambissi David F Adélia Nanjala Adriana F Marcos Nunda Chihungulo M Cândida Epesse Walter F Zacarias Ecolelo Simão M Lucas Nuñulo Abílio M Marcelino Salufumo Abílio M Piedade Naqueia Domingos F
170
António Teixeira Salucamba M Verónica Natcheia Gomes F Ovídio Epandi Lucondo M Feliciano Sanhanga Nunda F Bernarda Muafeca Luís F Raúl Chissingui Afonso M Vanda Vitória Chiuavi F Donald Xavier Chitombi M Miradeth Natchissoquele Job F Augusta Miriame Nalissimo F Afrânio Eurico Calimã M Ester Chitula Simba F Rosalina Mbimbi Calongole F Maria Jambela David F Ngolar Charle Ndumba M Arminda Naivimbo Sandongue F José Chicalanga Sandemba M Rita Catihê Remendo F Osvaldo David Malanga M Baltazar Elias Capusso M
1986 Género Domingos da Glória Songuile M Ana Maria Cangombe F Antenor Brandão Capata M António Mateus Cassinda M Martinho Chipenye Jorge M Margarida Mangui Jorge F Fernando Henda Emídio M Lucas Domingos Viti M Cristovão Lourenço Vimbuando M Armindo Chipongue Mimoso M Amadeu Wanda Kassuki M Orlando Mimoso Ngunga M Daisy Yolanda Eurico F Armindo Capiñala Manuel M Maria Jamba Manuel F Felizberto Rodrigues Chihungulo M Wilson Cavamba Mendes M Cesaltino Sambowe Lilunga M Claudina Jamba Canjeque F Argentino Constâncio Savihemba M Almantina Miquilina Jamba F Priscila Yungui Cornélio F
171
Admison Edimo Jamba M Alfredo Sandombua Eurico M Justina Domingos Naviti F Adelina Massengo Colombo F Acolhedora Chipula Colombo F Teresa Vitangui Aurélio F Emília Ecandi Aurélio F Cristina Nambovo Victorino F Valdemar Epesse Sandemba M Dionísia Maria Chilombo F Afonso Chombo Capule M Betuliana Cassinda Cavindele F Eduardo Carlos Cauaia M Domingas Nahossi Chimo F Delfino Rosa Chingongo M Alberta Maria Chilombo F Filomena Nandulo Paulo F Luisa Namosso Lunganga F Estevão Lucas Lucamba M Bebé Nassoma Alexandre F Cornélio João dos Santos M Costa Sessongo Chicuavo M Nunes Silas Sanjimba M Rodrina Vimbuando Canganjo F Emanuel Mbambi Mucumba M Abílio Chipanga Sanders M Inês Jamba ferramenta F
1987 Género Lídia da Graça Sitaqui F Carlos Sachilombo Gabriel M Alice da Conceição Chimbotia F Severino Ecungungu Chacussola M Domingos Cauaia Sachipia M Raquel Sorte Epandi F Abel Osvaldo Samuto M Mário Vicomo Afonso M Graciana Ngueve Jacinto F Esmeralda Nambundo Cambuta F Lisdália Chocalie Leonardo F Louvivaldo Octávio Jamba M Moisés Lussenje Pedro M Afonso Pombal Cumba M Romeu Manuel Wanga M
172
Gabriel Ernesto Canengula M Isabel Francisco Cangombe F Angelina Jamba Costa F Rosa Arlete Chiwingui F Ana Paula Gonde F Onória Jangundo Dias F Clara Chissengo Cambimbia F Carlos David Sandongua M Amós José Chissingui M Antónia Laurinda Nassoma F Luciano Essanjo Gideão M Vitorino Elonle Nomboca M Albano Bernardo Nomboca M Jerónimo Catanha Sachipia M Nelson João Sahumo M Alzira Isabel Catumbela F Henrique Bom-Ano Yongamba M Imaculda Paula Caladissa F Madalena Cassova Mandume F Angelina Naule Daniel F Maria Alquímia Cauaia F Donald Savihemba Ilunga M Horácio dos Santos Chipilica M Caima Custódia Calungo F Albertina Natália Chitombi F Laura Canjila Daniel F Agnaldo Chitende Lena M Dionísia Cassinda Martinho F Alfredo Joaquim Chinguelessi M
1989 Género Arline Cecília Mucumba F Albino Calitangui Satanda M Feliciano Chimbungule Jeremias M Zebedeu Chilombo Cahissongo M Domingas Cohuma Juica F Luciano Sanhanga Mangolo M Florindo Manuel Chiteculo M Raimundo Avelino Wanga M Francisco Gedeão Augusto M Daniel Armando Bulica M Evalina Nassusso Lissimo F Holinda Namuhongo Cassova F Juliana Cassova Quintas F
173
Melina Esperança Jamba F Argentina Manuela Hinsse F Simão Izequias Sicuete M Helder Cassinda Calala M Odeth Domiana Necumbi F Joaquina Ngueve Capusso F Margarida Nambendo Catende F Laureta Chova Maria F Elsa Júlia Chipembe F Florentino Paulino Setila M Valentina Santos Chitula F Luzia Olimpia Nangassole F Sara Jungo Eliseu F Laurinda Elisa Ngueve F Rita Chimuma Divula F Amilcar Satumbo Marcolino M Delfina Namalinha Jamba F Alice Nachipango Vontade F António Jolela Gideão M Rebeca Cassinda Faustino F Rebeca Lupessi Capule F Luciana Nachumbo Afonso F Gabriel Silva Sapalo M Analberto Chalo Canjundo M Alcides Félix Cacupa M Pedro Sachiveto Sapanda M Angelica Cristina Chitula F Claudeth Rosalina Chitandula F Arlindo Lázaro Calundungo M Aurora Chapua Victor F
1992 Género João dos Santos Sandumba M Adelaide Flora Caveia F Esperança Naumbuco Musseno F Maria da Conceição Njinga F Carolina Vissupe Fernando F Justina Venâncio Chiquemba F António Mateus Cassinda M Oliveira Cavikolo Simão F Mendes Cossengue Nunda M Cristina Naheyo Chiungulo F Brígida Teresa Salvambe F Matelina Essenje Augusto F
174
Argentina Ume Doutor F António Celestino Cavili M Elisa Sandala Francisco F Isabel Chitalala Eduardo F Aldina Mágda Capamba F Fernanda Naquinda Gabriel F Costântino Chotando Viúme M Benedito Rosário Sacupalica M
1997-1998 Género Henriqueta Vanhali Siquete F Suzana Chimela Segunda F Maria Tumba Cativa F Madaleno Mateus Kuyela M Benilde Ester Candimba F Emília Francisco Wanga F Horácio Cassoma Luciano M Elisa Mungola Jorge F Celeste Chitula Colembi F Paulino Chilingutila Laurinda M Janice Adelina Nassoma F Vasco Mora Chipipa M Benjamim Cambambi Wanga M Teylher Soares Nongava M Natália Chitula Augusto F Imirene Leonardo Chicoca F Ester Nginga Sachocale F Leonardo Domingos Samuhongo M Amós Agnaldo Kachambelele M Arlete Leonor Dunduma F Efigénia Jambela Mendonça F Rebeca Essanjo Vita F Alberto Sapuila Saluma M
1999 Género Adélia Chiqueta Simão F Clarimundo Franklim Salumbongo M Valério Chipuco Buenanga M Joana Ngueve Miguel F Rosa Maria Canhanga F Henrique Chicumua Benguela M Zito Horácio Cussema M Adelina Odeth Chipilica F Gracinda Sara Ngueve F Edmilson Chilombo Cafundanga M
175
Victor Domingos Cambuta M João Marques Cussumua M Betuliana Vihemba Jamba F Félix Cacupa Chissamba M Aurora Isabel Sachilulo F Ivandra Eduardo Chissonde F Cecília José Sapilinjo F Ana Graça Lohuma F Eduardo Cahamba Gonçalves M Venceslau Lourenço Cutalela M Abrão Chilulo Massoli M Santos Caculo Londaca M Teodoro Artur Candimba M Palmira Luyako Cassinda F António Capitango Chipenhe M Teresa Natália Simbaluca F
2001-2002 Género Araújo Júlia Simba M Maurício Sanhimeni Afonso M Arminda Jaime Jamba F Alcina Judith Capusso F Beatriz Silonque Cândido F Alice Nambolovende Jimbi F Ruth Jamba Wanga F Rodrino Mucanda Caveia M Domingas Benvida Nandope F Jacinto Feca da Cruz M Paulo Cassinda Salussuva M Marlene Laurinda Ngueve F Adelino Sacongo Manguecha M Laureta Nassoma Manguecha F António Mateus Cassinda M Laureta Vita Chivala F Isaac Nambi Costa M Maria Jolela Bernardo F
Nomes completos compostos por (4) nomes
1976-1980 Género Dêbora Jamba Chiuaia Daniel F Florence Chova Enoque Soares F Edite Domingas Nanga Daniel F Aquilino Chovongo Rodrina Sanjala M Domingas Vimbuando Vicunga Cachimbango F
176
Adelaide Joaquina Chovongo Dopi F Santos Goss Rodília Chambassuco M
1977 Género Osmar Daniel Chissoca Chitungo M Lote Moisés Pereira Cassoma M Anacleto Clemente Canganjo Hulo M Ângelo dos santos Luciano Sassoma M Álvaro Moisés Santos Satumbuengue M Marcelina Clotilde Epandi Simão F Florentino Sachissoquele Paulino Setila M Óscar Ucelo Bambi Chipupa M Paulo Trindade de Cangongo Chicapa M Victorino Silvano Sacussumba Messele M Vlademiro Henda Francisco do Só-Teu M Florbela Esperança Sequessa Lusitano F Ana Augusta Chacussola Lusitano F Carlos Alberto Chimuco Lusitano M Isidora Vitóia de Campos Chissoca F Florindo Sicato Sachilulo Chacala M Eliseu Ecuicui Chambingo Catotola M
1978 Género Ovídio Quessongo Silvano Cambalanganja M Assunção Catihe Pedro Correia F Leopoldino Rosa Artur Chipangue M Joaquim Osvaldo Artur Chipangue M Emanuel Jorge Santos Samone M Nelson Azevedo Santos Samone M Danilo Mendes Elavoco Golusio M Isaura Vita Cassinda João F Claudina Bela Wimbo Nunes F Crispino Fernando Ngueve Canjungo M Lupertino Jamba Frederico Canjungo M Lígia Margarida Sicato Mário F Arlindo madaleno jamba Retrato M Velasco Chimbenjua Namundombe Luís M Engrácia Wimbo Scato Luís F Alice Preciosa Socola Jaime F Osória Ngueve Netossi Caieie F Nelson Maurício Jamba Stover M Angela Chipembe Jamba Ernesto F Osmir Bernardo Gregório Chingala M José Nelson Artur Chipangue M Agnalda Judith Artur Chipangue F
177
Suzana Nachilombo Kassuvala Sachipia F Augusta Chimbótia Ngueve Cateia F Emídio Junge Marcial Estevão M Florindo Copumi Jené Kapusso M Araújo Ngueve Luciano Stóver M Aristide Jamba Luciano Stóver M Aldinho Fernandes Casimiro Guilherme M Inocêncio Elias José Nomboka M Generosa Chilombo Marques Bango F Aguilpina Victória Cassova Cachimunho F Adelino Chisseva Faustino Moma M Graças Madalena Jamba Retrato F Nilton Calule Chilepa Mendonça M Octávio Carlita Feliciano Catumbaiala M Filomena Laura Dinís Cossengue F Dalva Malesso Alberto Fernando F Ludmila Chilombo Nassipitali Alfredo F Odeth Adelina Massengo Lungelo F Esmeralda Júlia Cassamua Savihemba F Kapassui Abel chandawima Canongue M Amilton Ruben Sicato Mário M Aristides Jamba Luciano Stóver M Araujo Ngueve Luciano Stóver M Osvaldo Samuel Chissaluquila Amós M Odete Lemba Domingos Corréia F Beatriz Sinai Basto Elamba F Ângelo Lutucuta Rufino Sacuandela M Beatriz Júlia Nessinda Savihemba F Angelina Namussili Nessinda Savihemba F Velasco Chimbenjua Namundombe Luís M Mariana Filomena Chitula Vieira F Salvador Santos Nanjando António M Arlindo Amós Nanjondo António M Aniceto Jamba Nanjondo António M Elvira Nené Nachilombo Inácio F Ermelinda Cassova Boio e Juliano F Orlando Avelino Capata Soares M
1980-1982 Género Judtih Tavita Chova Miguel F Maria Fernanda de Fátima Chitemo F Américo Francisco Chakuvala Chinjengue M
1983 Género Osvaldina Adriana Nanjembe David F
178
Matilde Neciva Cambundo Cambinga F Evaristo Eliote Abrão Copumi M Zita Sílvia Chilingutila Tayengo F Felicidade Tavita Raposo Valeriano F Argentino Francisco Namba Soares M Sandra Madalena Jamba Chiambo F Israel Alfredo Capitango Maurício M Belina Canimouji Ana Malengue F António Ernesto Dinís Cossengue M Augusto Nelson Calei Vicongue M João Francisco Abel Chicapa M Argentino Pessela Ume Doutor M Eduardo Pátini Ume Doutor M Suzete Elinda Estevão Chipepe F Victória Namechana Florindo Tomás F Celina Nachipati Florindo Estevão F Ireneu Fadário Máquina Chingala M Airosa Octávia Jamba Estevão F Rebeca Galo Nepuca Guilherme F Esperança Henda Mussungo Paiva F Altino Day Elavoco Emílio M Elina Tita Vinene Emílio F Eliseu Chipilica Mimoso Emílio M Margarida Nassinda Mimoso Emílio F Florbela Ermelinda Aurélio Lucondo F Ivo Eduardo Sicato Mário M Ancelmo Marcelino José Chombossi M Arlinda Luísa Nanunda Cambuta F Zacarias César Tibério Ngueve M Analdina Feia Ekuikui Catotala F Mariana Filomena Munga Ndovala F Castro Félix Ndumbi Sambone M Daniel Nongando Malheiro Chicapa M Adelaide Marta Albino Chicomo F Paulino Stranguay Chipilica Capumi M Osvaldo Paulino Selelo Lilunga M Alice Chinossole Canjungo Luciano F Olímpia Lima Chitala Vihemba F Amílio Aristoteles Cassinda Cangombe M Maria Jambela Justina Zeferino F Nildrita Jamba José Sanches F Graça Vilonda José Sanches F Laurinda Gulungo Sikuete Sandongua F
179
Anabela Leontina Germano Cangombe F Elisa Idalina Chissole Mussili F Arnaldo Chitombi Afonso Paulino M Metuliana Kaquinda Nangassole Job F Helena Ndembeleki Alberto Sopite F Lizandro Delfino Chimbalanha Dídimo M Almerina Wimbo Catema Rafael F Baltazar Adriano Chingala Milambo M Augusto Nelson Calei Vicomo M Evalina Jamba José Henriques F
1986 Género Belarmino Francisco Chingala Milambo M Benilde Henda Nalissimo Dias F Etelvina Henda Germano Cangombe F Filomena Jamba Mateus Saqui F Analdina Ngueve Mateus Saqui F Azevedo Fernando Cambambi Francisco M Evaristo Chongolola Cambambi Francisco M Armando Chissapa Vasco Miguel M Jaime Caunda Chingunji Segunda M Calvino Eduardo Baio Pataca M Ranel Silva Baptista Mualunga M Hélder Vando Baptista Mualunga M Aristides Paulo Jamba Longua M Rebeca Joia Artur Chipangue F Altino Daniel Artur Chipangue M Jorge Firmino Cavaleca Capusso M Demócrito Benardo Joaquim Caieie M Mário Epandi Calei Caiove M Adriana Anselmo Chitula Simba F Débora Evone Chitula Simba F Jerónimo Cangombe Afonso Huambo M Inês Baca António Warubu F Adalberto Eliseu Canganjo Cauaia M Armando Chombela Faca Lutero M Silvio Francisco Bernardo Lunjelo M Jerónimo Muenho Madaleno Matenda M Dembeleki Isaias Cumba Chipilica M Alice Alda Nangolo Jamba F Adérito Eliseu Major Essuvu M Isaac Nambi Natália Job M Geoveth Arão Chinguelessi Chitende M Florindo Novita Ume Doutor M
180
Celestina Ema Cambambi Francisco F Eunice Kamene João Tomás F Asmino Guiomar Cangunga Sousa M Benedita Águida Sangueve Jeremias F Elisa Chambanda Sangueve Jeremias F Alice Vissapa Cassinda Vicongue F Amilcar Celestino Sangueve Lumbombo M Juliana Graça Chilepa Vicongue F Wilma Ilda Essanjo Rafael F Analdeth Canjilo Marcolino Rodrigues F Florêncio Óscar Dinis Cossengue M Antunes Alfredo Nunda Chissole M Belinda Nassando Metuliano Martinho F Aida Jamba Augusto Domingos F Generosa Cassova Elinha Chiwawala F Celestina Ema Alberto Cambambe F Odete Florência Prego Coquilo F Jeorgina Chinossole Domingos Miguel F Miguel Feliciano Sanhanga Germano M Henriqueta Justina Nawanga Teodoro F Carlos Ulombe Esperança da Silva M Octávio Daniel Coquilo Jamba M Alberto Marcos Faria Canhanga M
1987 Género Fonseca Cassinda Nunda Guilherme M Elisa Idalina Chinengue Mussili F Delfina Nandumbo Nunes Sandande F Osvaldo Fonseca Sicato Cangombe M Canora Domingas Nguenda Ferreira F Cristina Evalina Job Cachota F Esmeralda Nanjango Calei Caiovo F José Graça Samone Fernando M Isaac Nelson Savihemba Zebedeo M Dália Jamba Eliseu Vihemba F Carlos Fernando Araújo Calundungo M Adérito António João Sahumba M Henriqueta Ngueve Elombo Chioca F Deolinda Divine Latino Elavoco F Armanda Silepo Leonardo Cataleco F Joelma Adelina Muali Chendovava F Mariana Segunda Deolinda Chinguelessi F Luciano Anastor Chivava José M Amihudi Chitalacumbi Vasco Miguel F
181
Maria Emília Chitula Yongamba F Raquel Nambovo Songo Teixeira F Elsa Domingas da Costa Matenda F Angelina Jamba Mucumba Nguendangolo F Felismina Lucusso Floriano Chissaluquila F Virgínia Mariza Canjungo Luciano F Edimárcia Leonor Capata Lumbo F Arlinda Jolela Nanganjo Simão F Silva Nuñulo Eurico Martelo M Maria Clara Cambambi Francisco F Gabriel Gati Ngongo Madaleno M Angelina Nachinonolo Sassapi Limbindo F Gilson Samba Chipembe Samucono M
1989 Género Victor Fernando Wanga Mussili M Azevedo Dionísio Brito Capepula M Benvinda Numélia Domingas Soneha F José Caputo Eduardo Chipindo M Ladislau Ticló Latino Elavoco M Constântino Cachilombo Chimbapo Domingos M Maria Antónia Nachipilin Fernando F Valentim Maurício Capitango M Deolina Chitula Maia Nguenda F Adelina Navita Nonjamba Ecavo F Bernardo Amiton Henrique Chitambi M Horácio Eliote Adelino Cauaia M Adélia Wimbo Maria Afonso F Silvestre Bento Tutuvala Chilulo M Estevão João Afonso Capamba M Analdeth Verônica Leonardo Vissoca F Lonilde Elizabeth Essanjo Capusso F Geni Luzia Cassenhe Pinto F Fernando Gangula da Costa Calungulungo M Hugo Dovala da Costa Vongula M Tiago Capoco Costa Fernando M Clara Isabel Avelino Chivaca Candomba F Esmeraldo José Chissonde Calundungo M Camussi Eduardo Chissonde Calundungo M Dembeleki Rosa Eduarda Chissonde M Elizabeth Nawanga Navita Cangulo F Celmira Chela Caputo Isaias F Ângelo Lutucuta Rufino Sacuandela M Cláudio Helena Palmira Wanga M
182
Balbina Estrela Nalupale Pessoa F Frederico Hermenegildo Nunda Chiambo M Anselmo Rodrino da Silva Sandande M Analtino Belita Chivava Candomba M Rosalina Mone Navita Cangoi F Abílio Anapaz Chandala da Silva M Balanche Miguel Capuca Chendovava M Cláudio Cutatela Candombua Sahuma M Leonel Eloi Chivaca Samukinda M Eduardo José Eurico Chitali M Arlindo Lázaro Chissonde Calundungo M Carlos Chicuamanga Cassinda João M Alcino Chiungue Domingos Chali M Daniel Mussueto Vissambe Cassoma M
1992 Género João Epalanga Henda Kefas M Laurinda Jamba Guilherme Castro F Margarida Ângela Lili Sassango F Aldina Leonilde Liyunga Jacinto F Nginga Luisa Elombo Luciano F Artur Chinguli Venâncio Menezes M Isaura Vihemba João Guido F Roland Rosa António Salvambe F Felisberta Orlanda Rosa Chissonde F Efigênia Singa Cassule Camila F Anastácia da Glória Catema Alfredo F Adelaide Saque Canjila Chitombi F Alda Adriana Joana Sandando F Alexandrina Essanju Marieiro Lunguena F Analide Melita Abílio Catimba F Leopoldina Rosa Artur Chipangue F Beatriz Numala Cassoma Artur F Gizelda Augusta Numala Chipilica F Celestina Chacussola Santos Miguel F Domília Jambela Cambundo Máquima F Anacleta Clotilde Chissonde Adelino F Elias Canganjo Correia Mango M
1997-1998 Género Mariana Filomena Chitula Vieira F Valdemiro Israel Jocob Cavita M João Sachissimile Laurindo Chindai M Azevedo Ngueve Chova Sacho M Alice Sungo Chatuala Samba F
183
Deolinda Clotilde Albino Chicomo F Aldemiro Valério Chitula Martinho M Adilson Eugénio Eduardo Chissonde M António Mandembue Felizberto Ngonga M Maria Fernanda Jorge Samuhongo F
1999 Género Edmilson Chingue Cafundanga M Serina Chipuco Domingas Cachanga F Gisilda Monzinho Dungue Paulino F Osvaldo Salomé Jamba Chimo M Olivia Natália Manuel Goveia F Anadir Maria Naule Cangombe F Ceísa Peregrino Elavoco Cangombe F Justino Cucuimba Pires Nguendangolo M Valente Fábio Mango Chitem M Edson Ventura Jesus Caieie M Adilson Calume Chivaca Luciano M António Oliveira Nené Ngungi M Edmilson António Salohembe Pedro M Ester Chissenda Belo Cumba F Evaristo Sitaque Mateus Calundungo M Dêbora Zenilda Isaias Cassoma F Ivalqueny Júlia Chiombo Sapalo F Ezequiel Luís Chissonde de Sousa M Alarilde Palmira da Glória Chilulo F Benita Chissi Canhenhe Missas F
2001-2002 Género Armando Chipopo Vasco Miguel M Axelson Paulo Jonatão Essuvo M Madureira Elombo Lilunga João M Adelaide Natália Chopecumbi da Silva F Edson Ladislau Felizberto Ngunga M Valdemiro Jaime Chissonde Saluambe M Constântino Sapalo José Justo M José Zeca António Chicoca M Perdeneiro Rosário Catema Rafael M Romualdo Augusto Natema Chitumba M Moisés LombungoNatema Chitumba M Costântino Vasco Cambole Eialo M Fernando Francisco Cussema Arão M Teresa Domingas Cussema Arão F Esperança Navitangui Chemba Capingala F Artur Eugénio Nina Wanga M
184
Ângelo Jamba Mateus Sake M Mariano Samutango Siquete Nessingui M Jonatão Chilende Ferramenta Cassapi M Total dos dois registos
Percentagem
Masculino Feminino M F 688 784 688 784
Total 1472 46,7 53,3 Total 1472 100
185
Apêndice F - Composição dos nomes do Bié da década de 70 – 90
Assento de Nascimento da Conservatória do Bié Nomes completos constituidos por dois (2) nomes
1994
Primeiro nome Segundo nome Terceiro nome Quarto nome Anastácio Savicolo
Carlos Sapalo
Gregório Tchimbanjela
Frederico Chivala
Constantino Jamba
Eurico Tchicambi
Eliseu Chindumula
Valentina Jamba
António Kundjole
Fernanda Nachilila
Alberto Vissoca
1995 Vitorino Chiúca
Mateus Bongue
Felix Cassanga
Guilhermina Umba
Marcelino Cachimbombo
Alberto Jamba
António Braga
Victor Chicoti
Julia Chilombo
Aurora Nachissomba
Celestina Chinossole
Rosalina Chova
Manuel Sacutalica
Domingas Vissuli
Mariana Nauaia
Teodora Sepalnga
Clementino Cambole
Rodrigues Dumba
Marta Nambunda
Higíno Satuala
Albertina Homba
Ana Nauape
Feliciano Sambimbi
186
Luís Muhongo
Natália Umba
Paula Vihemba
Luzia Tchiconde
1996 Juleita Uimbo
Maroclino Saiovo
Maraino Canguende
Albnio Sandove
Carlos Silepo
Lauirndo Cativa
Ernseto Canguenhe
Augsuta Nunda
Lauirnda Ulica
Judtih Jamba
Estveão Chilingussumba
Mareclina Mone
Rut hHe Henda
Albretina Canhimongo
Critsina Feca
Maneul Vitangui
1997 Mário Chali
Arão Sachilombo
Inácio Catende
Adelino Ngongo
Rodrina Henda
Loide Cayambo
Gabriel Sapalo
Luís Cavita
Paulo Malengue
Júlia Chilombo
Afonso Muila
Isaias Cumba
1998 Joaquim Munango
Idalina Moco
Maria Ndongua
Emídio Cassoma
Florindo Sepuca
João Chivinda
Piedoso Epandi
Rodé Cassova
187
Rosalina Cambili
Domingos Bunji
Delfino Cassossi
Marta Tchissolossi
Rosalina Eiala
Madalena Catchova
Marcela Cassungo
1999 Albino Sawanga
Francisco Samutavo
Estevão Chilova
Florindo Canganjo
Manuel Ecolelo
Marcolino Sandala
Felícia Sanjimbi
Beatriz Catihe
Laurindo Tchimbungo
José Tchaievala
Agostinho Tchilua
Rodrigues Camoli
António Nangongo
Tavita Natchissende
Maurício Nambelo
Isabel Vitungãiala
Priscila Vihemba
Nomes completos constituidos por três (3) nomes
1994
Camila Graça Tchihungulo
Simão Luvamba Tchiuende
Maria Cassova Cotetula
Firmino Chipindu Samuala
Alberto Vonguma Chinumbi
Margarida Nambuete Enoque
Daniel Choca Ndungo
Afonso Domingo Jamba
Coelho Ngongoiavo Cavando
Alex Vitungaiãla Salumbo
Flora Cassova Cassinda
Albina Bongue Nachulu
Ângelo Chindumbo Sassongo
Laurinda Dala Chilombo
Juliana Cambanda Nambundo
188
Amélia Chissapa Jamba
Maurício Baptista Chicoca
Adelino Sandambongo Kanjengo
1995 Mateus José Chilanda
Leonilde Wini Samalanga
Henriqueta Jamba Sahemba
Lucia Catihe Ngueve
Bartolomeu Camela Cassova
António Gambo Chivimbi
Madalena Nambaca Sembuangolo
Gomes Sanjala Caliata
Bonefácio Ndavoca Sanjala
João Santos Sandemba
Manuel Natal Nguendangolo
João Valério Feca
Abílio Calungo Canguende
José Maria Capusso
Lucas da Silva Mualunga
Paulino Chowana Essuvo
José António Ndala
Abel Catchapile Carvalho
Luciana Natchumbo Capule
Orlando Eurico Sieponde
Ana Catihe Calungulungo
Anastácia Luciano Mussengue
Rodrigues Feliciano Jamba
Avelina Nolundo Salumbuei
Paulino Mateus Simba
Paulina David Longuembia
Rufino Sanganjo Albano
Ana Cutala Samalinha
Florinda Chipangue Paula
Julieta Chilombo Ramos
1996
Salomão Cangombe Chicumbo
Florença Nachilombo Fundi
Judith Laura Chitula
Maria Ngoi Nachiquete
Carlos Chimuco Saviombo
Inácio Chipongue Chissingui
Luís Muehombo Camalata
Henriqueta Laura Chipilica
189
Junior Jamba Chunjingi
Leontina Cassinda Chipa
Celestina Bundo Sanjala
Romão Matias Bambi
Dêbora Crispino Tchovonga
Agostinho Chipasso Kussumua
Silvestre Chissingui Londaca
Claudeth Chipessi Rosária
Luísa Afonso Chissolossi
1997
José Sipitali Chicapa
Francisco Mário Capingãla
João Baptista Ngolongo
Eduardo Elombo Caiangula
Benilde Marcolino Sachipipa
Mário Arão Dumba
André Ngueve Sassapi
Ernesto Ulombe Jembo
Leonor Preciosa Cândida
Júlia Scahipindo Jucelma
Paulo Eponde Ekuikui
Simão Njiluca Kanganjo
Adriana Tchongolola Mutito
Carlos Lemos Horácio
Palmira Wima Teresa
Delfino Fortuna Chivangue
Mayele Nguvulu Pedro
Irina Chilombo Augusto
Neira Feliciana Catalaio
1998
Eduardo Martinho Canjamba
Judith Mário Cayovo
Débora Conceição Munga
Idalina Lussinga Chiquemba
Adriana Felicia Chiwaia
Adelina Maurícia Lumingo
Manuel Junqueira Sambala
Adelina Chilombo Jamba
Anabela Rosa Chinossole
Donilde Felícia Ngueve
Claudeth Felizberta Wimbo
Valentina Jamba Chissapa
Mariana Nélia Sambaca
190
Moisés Capusso Chivala
Antónia Cuvanja Nambi
Miguel Pascoal Jesus
Lídia Catihe Ekuikui
Justina Nangueve Cananga
Wilson Mbimbi Afonso
Piedade Longuenda Eyala
Elisa Francisca Alfredo
Jonas Sangueve Proença
Faustino Sanduva Chiuvila
1999
Alexandre Chitumba Sacuandela
Ernesto Chiwila Sitongua
Jideão Adriano Canjili
Gertrudes Chitula Abílio
João Baptista Cassuque
Aurora Essanji Sequetali
Eugênia Maria Naviti
Verónica Nachiúca Sapalo
Aires Jorge Vipunda
Benita Cuvala Guilherme
Estevão Cachumbo Jorge
Teresa Chimela Elalo
José Capingãla Mbinga
Avelino Chipindo Safeca
Horácio Zaqueu Chivela
Alice Venâncio Siandele
Basto Vitato Calamua
Emília Nambovo Capamba
Adelino Sangandela Lunjunjo
Conceição Ngueve Chilemo
Osvaldo Arlindo Henda
Berta Ngueve Sõi
Benevides Laurindo Lamenhe
Evalina Setaca Savoli
Albertina Adelina Tchicongo
Nomes completos compostos por quatro (4) nomes
1994 Florbela Mussande Marcolino Chissapa Abrão Jamba Bambi Muhongo Joaquim Basto Tchinguelessi Tchimboto Albertina Nangungo Simba Wanga
191
Domingas Sousa Pinto Caputo Marta de Aparição Vassuatala Chicungo Aniceto dos Santos Ngueve Major Gaspar Chitengui Miséria Chipenhe Azenaide Mendes Jóia Kumba Victória Sambundo Navemba Susso Jucelma Chissaoa Clementina Sassoma Evalina Caquele Nachilombo Augusto Luciana Candombua Eurico Caliata Teresa Capitia Netumo Catihe Julino Sanende Chicapa Silili
1995 Teresa Nangueve Bumba Pessela Adelino Isaias Celestino Seliongo Graça Lemos Soares Yambo Alfredo Beatriz Dombe Cossengue Uraca Ilde Manuel Cambuta Arlete Miséria Massaco Dungo Malaquias Chindembe Chipitica Cassinda Victoria Rodrigues Jorge Capama Cristina Suraia Mendonça Satula Carla Elisa Mila Canjungo Carlos Machado Fernandes Cassoma Verónica Domingos Chimuma Hukui Domicília da Conceição Nayuma Sachova Marinela Beatriz Alice Canganjo Edgar Vladmir Moisés Sachinguile Carlitos Mutunda Nachipeio Massóia Tertuliano Calupeteca Vissoka Ngando Gracieth Numala Penina Tchimbungule Leontina Nacalume Lopessa Tchingular Maria Fátima Graça Silili Eunice Edna Alice Cangajo Aniceto Guilherme Cassinda Cangombe
1996 Alcides Martinho Faustino Songuile Adalberta Elizabeth Vissuli Chiungue Marciana Henda Isabel Kalandula António Estevão Domingos Ngunga Cristina Natota Albino Chimbuenjo Leovigildo Henda Eurico Sanguele Belmiro de Oliveira Baptista Mualunga Emanuel Fortunato Justino Longonjo
192
Augusta Antónia Calimbue Satumba 1997
Feliciano Vitato Cassinda Canjundo Escolástica Venâncio Justina Cambundo Elizabeth Gabriel Nonjamba Silivondela Juliana Catchambalele Ngoi Filipe Julieta Chavaia Cuvala José Alice chissanga Chipuco Chambuembue Arlete Cuvanja Namussoca Martins Ermelinda Satuala Candomba da Silva Francisco Canjengo Belina Mundombe Elina Domingas Arão Sananga
1998 César Dorivaldo José Chicala Augusta Claudina José Chicala Inocência Costa Jonatão Chipitia Laurindo Hisse Teresa Wanga Samuel José Pedro Catihe Maria Ana Menezes Chissaluquila Estanislau Paciência Dinis Cossengue Cornélio Sachilañele Sangambole Nambamba Victor Capuca Sachitula Nelombo Maria Soma Domingas Segunda Teresa Cassinda Catembo Henda Arlete Muenho Numbi Vitangui Ermelinda Evalina Victória Sanjimbi Palmira Madalena Chinengue Vissimilo Mateus Gouveia Noloti Cossengue Júlia Pedro Wimbo Zeferino Fernando Jamba Troco Nachanga Victória Nambi Júlia Isabel Euraca Catiavala Catumbo Navombo
1999 Victória Chissuvo Chivava Sayoano Celestino Campos Secuva Lucamba Laurinda Numala Naculusso dos Santos Aderito Saturnino Ngueve Chimbondo Inês Ngueve Beatriz Chipessi Pedro Severino Catihe Sawendo Cecília Chemba Chova Chinumbi Laurinda Ana Ecundi Cachuco Ilda Delfina Vissapa Tchingongolo Jacinto Chipepe Januário Samba
193
Marcolino Henriques Sacuandela Satingo José Correia Muhongo Freire Fávio Hermercim Paz Salongue Ernesto Chiengo Tchilombo Tchimunga Henriqueta Nonjamba Canjala Cayeye Cecília Chipuco Nassinda Samessele Avelino Jamba Cassova Tchitumba Duclce Nanjinga João Nanga Teresa Mimi Lucas Sachilulo Adelaide Nelombo Lumbungululo Calamua Laureta Vira Nangombe Chivalala Augusta Jamba Tchimbotia Tchissala Altino Tchissingui Jesus Camateli Ana Augusta Cassanga Mbueti Melba Viviana Hama Tchitangua
Igreja Evangélica Congregacional em Angola
Nomes completos constituidos por (2) dois nomes 1976-1980
Primeiro nome Segundo nome Terceiro nome Quarto nome Maurício Savili
Betualiana Salima
Eugénia Chimbotia
Ervim Sangambo
Valentina Mbimbi
Leopoldina Silepo
Eduardo Kupua
Vitorina Cassinda
Mariana Vissupe
Isabel Cafeca
Vitorina Cassinda
Augusta Navemba
Leonardo Cassinda
Alberta Epandi
Jacinto Henda
Victor Cambambi
Sebastião Calei
Fernando Canjamba
Pedro Canjonjo
194
Beatriz Nassalala
Joaquina Cafeca
Laurinda Kafeca
Fernanda Cassova
Alvaro Chimbundo
Rodé Chinhañala
Rebeca Pindali
Domingas Nanduva
Isabel Nambali
Justina Chitula
Isaac Kanguende
Piedosa Sipitali
Joaquim Chilombo
Rosalina Henda
Paulo Samilongo
Jorgina Cassamua
Judith Nonjamba
Metuliana Nguelengue
Cecília Ingui
Enoque Sakunguka
Isaac Ngongo
Kindumbo Chombela
Guilherme Homba
Júlia Cassova
Alberto Muhongo
Natália Kepo
Mendonça Changala
Artur Viti
Esperança Sivala
Amélia Chinaossole
Marcolino Cambambi
Floriana Cassinda
Juliano Catchumbo
Florinda Nandindi
Lutero Nhime
Alberta Ngueve
Danisa Nangombe
Carlos Tchali
Vasco Tchivonde
Silva Chombo
Florinda Nacufa
Marcolino Chioca
Adriana Nessingui
195
Abílio Cassoma
Doliana Nassando
Emilia Eyala
Augusto Chipipa
Diogo Cambinga
Jeremias Chissingui
Lúcio Ulica
Natália Nonjamba
Vasco Ngonguela
Marcelina Namango
Zaqueu Cambuta
Conceição Massanga
Isabel Nafundanga
Margarida Naheque
Teresa Chitula
Dinís Chipalavela
Natália Lussati
Alberta Wandi
Suzeth Vianga
Mariano Cassule
Celestina Vihemba
Bastos Cativa
Fernanda Nanjúlia
Berta Vimbundo
Amélia Nanjondo
1977 Judtih Cayalo
Avelina Wima
Celestina Cafundi
Rosalina Nonjamba
Carlos Siquete
Verónica Kaquinda
Verónica Chilombo
Angelina Nangassole
Laurindo Chipati
Maria Cambundo
Celestina Vissapa
Emília Sinangui
João Layululo
Leonor Ngueve
Cristina Vihemba
Justina Nassenda
Eduardo Camota
196
Albertina Kunateque
Emília Chilimbo
Oliveira Sanjila
Alice Najoão
Oliveira Jamba
Ermelinda Elombo
Martins Cambinda
Ana Essanjo
Abrantes Chimbili
Domingas Nangueve
Cristina Catihe
Delfina Chitula
Adriano Capata
Diamantino Chipongue
1978 António Sacunganga
Maria Chambula
Berta Chohila
Julieta Nené
Armando Kuchina
Flora Hipálito
Violeta Nassapalo
Arminda Manhonga
Dêbora Sipopi
Margarida Serrado
Priscila Vihemba
Albino Chipango
Argentino Mimoso
Mélvire Cassova
Helena Henda
Miséria Tessuelela
Aurora Nessamba
Amélia Nacalumbo
Silva Chivavi
Miguel Fastudo
Francisca Ngongo
Joaquim Sangombe
Isaura Vihemba
Giné Nachiwika
Avelino Sapusso
Rocha Carvalho
Marcelina Ndola
Albano Calassi
197
Esequias Cambandi
Graciano Sacalandula
Alice Njivala
Deolinda Chitula
1980-1982 Memória Sambo
Xavier Sambalundo
Leonor Chitula
Isabel Chapucula
Luca Lohango
Rosa Camuanhe
Adelino Sanjongo
Albina Wimbo
Priscila Kamala
Delfino Cassinda
Mário Capalua
Rosário Efuqui
António Calilossi
Dora Naviti
Ruth Chatuloña
Adolfo Muambungue
Armindo Chitende
Florença Wandi
Isaac Canguia
Camila Chiombo
Eunice Naquinta
João Chiuvila
Evalina Natembo
Cláudia Wimbo
António Wanga
Anito Henda
José Chinganda
Victoria Chipuku
Eugénia Nachova
Domingos Kulitalula
Solmé Katanga
Leonardo Chingangu
Severina chambula
Angelina Nguenda
Adelina Nachinhãngala
Abílio Salau
Laurentina Kambuinda
Ernesto Chilemo
198
Armanda Kangupe
Merina Nassapa
Aida Essokiyo
Teresa Calumbo
Berta Napapa
António Epalanga
Alberto Catihe
Galatias Kapiñala
Antunes Essakalalo
Margarida Nachivela
Priscila Assuelela
Domingos Canjunju
Luciana Nakufa
Victorino sapalo
Domingas Susso
Alice Citula
Inês Boano
Emanuel Eiuva
Leonardo Veta
Filipe Chinguengue
Lucas Sachicombela
Dina Chinossole
Celeste Kanama
Eugénia Kaliña
Domingas Nachimanyo
Feliciana Humbe
Paulina Vicomo
Estefânia Jamba
Pedro Cossengue
Sara Chitula
Almeida Mussiva
Elisa Navitangui
Albertina Chilombo
Frederico Capitia
Domingos Eiambi
Adelaide Kayovo
Albertina Ekolelo
Miquelina Vikuata
Margarida Kassova
Adelina Caua
Lídia Nanjundo
Eduardo Kapessela
Fernanda Chitula
199
Júlia katembo
Job Salongue
Rebeca Nassoma
Castro Muyeye
Avita Jamba
Florindo Samesse
Dolina Kumbelembe
Berta Nassoma
Eugénia Kasehua
Josefina Cafeca
Evalina Songo
Rodrigues Sanjungulo
Abel Catota
Rodrina Nangombe
Augusta Navemba
Verónica Cassinda
Joaquina Kassuvala
Faustino Chiteque
Laurinda Nacuta
Nicolau Jamba
Emília Kenga
Tavita Caiovo
Aurélio Elavoco
Abel Sopite
Laurindo Lussati
Judith Vihemba
Feliciana Catihê
1983 António Chissingui
Efraim Calumolo
Isabel Vitória
José Kuica
Valéria Nacumba
Bernice Chitula
Joaquina Nacungungu
Suzana Natchilombo
Graça Silepo
Afonso Silili
Eurico Vissoca
Rodrigues Calupai
Marta Chilunguila
1986 Francisco Chicuma
200
José Epesse
Julieta Vihemba
Teresa Goi
Sabina Caionda
Teresa Vatuca
Margarida Chiombo
Ana Malesso
José Sambali
Horácio Cassoma
Xavier Cassinda
Albertina Cassinda
Mariana Nawaya
Lurdes Jamba
Glória Nangombe
Venâncio Chissingui
Emílio Bumbuita
Delfina Wandi
Delfina Ngonja
Ernestina Nangueve
Aurélio Canjaia
Helena Chinene
Samuel Sandemba
Basto Jamba
Geovana Samba
Fernando Cassinda
Eduardo Jamba
Laurinda Cassova
Ernesto Socupia
Lídia Tchombela
Rodé Jambela
Antónia Nangongo
Laurinda Cassova
Maurício Mango
Ester Nandonuco
Delfina Chivi
Filipe Mbundo
Laurinda Vihemba
Ana Vassuelela
Antónia Chicomo
Luséria Cassinda
Leonor Nelombe
Madalena Hisse
Victorina Vihemba
201
Rebeca Cafeca
Fadília Nassapalo
Emília Polonga
Feliciano Henda
Antónia Nonjamba
Isabel Sovangue
Domingas Chiemba
Juliana Cassinda
Laurinda Chimbotia
Domingos Gessuvi
Pedro Mango
Domingos Ulica
1987 Horácio Sacossengue
Margarida Cambundo
Ana Malessu
Feliciano Essuvo
Adriano Chicuma
Joaquim Cambinda
Domingas Yombombo
Florindo Nangueve
Julieta Vihemba
Graça Catihê
Luís Monguende
Adelina Caluwawala
Nicolau Sahombo
Maria Nacolo
Laurinda Essanjo
Isaías Cachilenga
Eduardo Octávio
Efraím Catema
Armando Capusso
Aldino Essinde
1989 Adriana Elombo
Dofilia Caiovo
Amélia Culembe
Ermelinda Cambundu
Daniel Chambala
Evalina Nambuende
Estefania Kuvanja
Florinda Wimbo
Rosa Nangongo
202
Eduardo Molossonde
Alzira Ngueve
Domiana Cassissi
Linda Chitula
Cristina Miniha
Evalina Lissimo
Emília Nachilombo
Laurinda Cassinda
Donisa Namgumbe
Beatriz Calungui
José Tulumba
Rodrigues Cassinda
Alberta Jamba
Julieta Camana
Palmira Capumo
Salomão Cateua
Helena Wanjimba
Guilhermina Essoco
Alfredo Lussendo
Álvaro Chali
Adelaide Cassamua
Pedro Cussumua
Lucélia Jamba
Benilde Jamba
Maria Capumo
Bernarda Cassova
Eduardo Chitombi
Alberto Sanjila
1992 João Savihemba
Edith Vissenga
Jacinta Noloti
Victória Napata
Adriana Cuvala
Paulino Catumbela
Felícia Chitende
Lucas Sanhanga
Idalina Canjala
Manuel Cassinda
Silvano Kachipui
Deolinda Nandenda
Bernadeth Henda
Valentim Jamba
203
Aristóteles Cawaia
Rebeca Jamba
1997-1998 Samuel Guerra
Paulino Chipondia
Helena Chicondo
Verônica Jamba
Laurinda Vissenga
Antónia Jamba
Fausta Mangui
Augusto Cussumua
Felizmina Cassinda
João Sauape
Angélica Lucamba
Isabel Lohuma
Ernesto Vitangui
Madalena Chipa
Albertina Cassinda
Sofia Chitunga
inês Canjilo
Lucinda Elombo
1999 Maria Jamba
Nunes Jamba
José Cassinda
Estevão Epamba
Bernarda Cassova
Albino Sachilombo
Pedro Canganjo
Adelina Canjuluca
Margarida Nachivela
Lucéria Ngola
Idalina Cambundo
Valentina Naluca
Isabel Ngueve
Palmira Cafeca
Emiraldina Nangueve
Ferreira Salohuma
Sara Nachilepa
Agostinho Sessoquele
Celestina Cuvanja
Rosalina Nalussati
Geraldo Camela
204
Mateus Walima
Donana Vissapa
Eduardo Candimba
Domingas Sõi
António Cassinda
Rosalina Massela
2001-2002 Domingas Capitango
Margarida Cossengue
Ruth Nassipitali
Felipe Sitaqui
Fernando Jamba
Deonilde Silepo
Belarmina Cassinda
Maria Chilombo
Abílio Copila
Raiumundo Chissingui
Tomar Lucusso
Mário Henda
Estevão Bilhete
Victor Lissimo
Laurinda Naiombo
Madalena Chitula
Augusto Chipongue
Graciano Cassicote
Eugénia Cawissi
Emília Chemba
Nomes completos constituidos por três (3) nomes
1994 Camila Graça Tchihungulo
Simão Luvamba Tchiuende
Maria Cassova Cotetula
Firmino Chipindu Samuala
Alberto Vonguma Chinumbi
Margarida Nambuete Enoque
Daniel Choca Ndungo
Afonso Domingo Jamba
Coelho Ngongoiavo Cavando
Alex Vitungaiãla Salumbo
Flora Cassova Cassinda
Albina Bongue Nachulu
Ângelo Chindumbo Sassongo
205
Laurinda Dala Chilombo
Juliana Cambanda Nambundo
Amélia Chissapa Jamba
Maurício Baptista Chicoca
Adelino Sandambongo Kanjengo
1995 Mateus José Chilanda
Leonilde Wini Samalanga
Henriqueta Jamba Sahemba
Lucia Catihe Ngueve
Bartolomeu Camela Cassova
António Gambo Chivimbi
Madalena Nambaca Sembuangolo
Gomes Sanjala Caliata
Bonefácio Ndavoca Sanjala
João Santos Sandemba
Manuel Natal Nguendangolo
João Valério Feca
Abílio Calungo Canguende
José Maria Capusso
Lucas da Silva Mualunga
Paulino Chowana Essuvo
José António Ndala
Abel Catchapile Carvalho
Luciana Natchumbo Capule
Orlando Eurico Sieponde
Ana Catihe Calungulungo
Anastácia Luciano Mussengue
Rodrigues Feliciano Jamba
Avelina Nolundo Salumbuei
Paulino Mateus Simba
Paulina David Longuembia
Rufino Sanganjo Albano
Ana Cutala Samalinha
Florinda Chipangue Paula
Julieta Chilombo Ramos
1996 Salomão Cangombe Chicumbo
Florença Nachilombo Fundi
Judith Laura Chitula
Maria Ngoi Nachiquete
Carlos Chimuco Saviombo
Inácio Chipongue Chissingui
206
Luís Muehombo Camalata
Henriqueta Laura Chipilica
Junior Jamba Chunjingi
Leontina Cassinda Chipa
Celestina Bundo Sanjala
Romão Matias Bambi
Dêbora Crispino Tchovonga
Agostinho Chipasso Kussumua
Silvestre Chissingui Londaca
Claudeth Chipessi Rosária
Luísa Afonso Chissolossi
1997 José Sipitali Chicapa
Francisco Mário Capingãla
João Baptista Ngolongo
Eduardo Elombo Caiangula
Benilde Marcolino Sachipipa
Mário Arão Dumba
André Ngueve Sassapi
Ernesto Ulombe Jembo
Leonor Preciosa Cândida
Júlia Scahipindo Jucelma
Paulo Eponde Ekuikui
Simão Njiluca Kanganjo
Adriana Tchongolola Mutito
Carlos Lemos Horácio
Palmira Wima Teresa
Delfino Fortuna Chivangue
Mayele Nguvulu Pedro
Irina Chilombo Augusto
Neira Feliciana Catalaio
1998 Eduardo Martinho Canjamba
Judith Mário Cayovo
Débora Conceição Munga
Idalina Lussinga Chiquemba
Adriana Felicia Chiwaia
Adelina Maurícia Lumingo
Manuel Junqueira Sambala
Adelina Chilombo Jamba
Anabela Rosa Chinossole
Donilde Felícia Ngueve
Claudeth Felizberta Wimbo
207
Valentina Jamba Chissapa
Mariana Nélia Sambaca
Moisés Capusso Chivala
Antónia Cuvanja Nambi
Miguel Pascoal Jesus
Lídia Catihe Ekuikui
Justina Nangueve Cananga
Wilson Mbimbi Afonso
Piedade Longuenda Eyala
Elisa Francisca Alfredo
Jonas Sangueve Proença
Faustino Sanduva Chiuvila
1999 Alexandre Chitumba Sacuandela
Ernesto Chiwila Sitongua
Jideão Adriano Canjili
Gertrudes Chitula Abílio
João Baptista Cassuque
Aurora Essanji Sequetali
Eugênia Maria Naviti
Verónica Nachiúca Sapalo
Aires Jorge Vipunda
Benita Cuvala Guilherme
Estevão Cachumbo Jorge
Teresa Chimela Elalo
José Capingãla Mbinga
Avelino Chipindo Safeca
Horácio Zaqueu Chivela
Alice Venâncio Siandele
Basto Vitato Calamua
Emília Nambovo Capamba
Adelino Sangandela Lunjunjo
Conceição Ngueve Chilemo
Osvaldo Arlindo Henda
Berta Ngueve Sõi
Benevides Laurindo Lamenhe
Evalina Setaca Savoli
Albertina Adelina Tchicongo
Nomes completos compostos por quatro (4) nomes
1994 Florbela Mussande Marcolino Chissapa Abrão Jamba Bambi Muhongo
208
Joaquim Basto Tchinguelessi Tchimboto Albertina Nangungo Simba Wanga Domingas Sousa Pinto Caputo Marta de Aparição Vassuatala Chicungo Aniceto dos Santos Ngueve Major Gaspar Chitengui Miséria Chipenhe Azenaide Mendes Jóia Kumba Victória Sambundo Navemba Susso Jucelma Chissaoa Clementina Sassoma Evalina Caquele Nachilombo Augusto Luciana Candombua Eurico Caliata Teresa Capitia Netumo Catihe Julino Sanende Chicapa Silili
1995 Teresa Nangueve Bumba Pessela Adelino Isaias Celestino Seliongo Graça Lemos Soares Yambo Alfredo Beatriz Dombe Cossengue Uraca Ilde Manuel Cambuta Arlete Miséria Massaco Dungo Malaquias Chindembe Chipitica Cassinda Victoria Rodrigues Jorge Capama Cristina Suraia Mendonça Satula Carla Elisa Mila Canjungo Carlos Machado Fernandes Cassoma Verónica Domingos Chimuma Hukui Domicília da Conceição Nayuma Sachova Marinela Beatriz Alice Canganjo Edgar Vladmir Moisés Sachinguile Carlitos Mutunda Nachipeio Massóia Tertuliano Calupeteca Vissoka Ngando Gracieth Numala Penina Tchimbungule Leontina Nacalume Lopessa Tchingular Maria Fátima Graça Silili Eunice Edna Alice Cangajo Aniceto Guilherme Cassinda Cangombe
1996 Alcides Martinho Faustino Songuile Adalberta Elizabeth Vissuli Chiungue Marciana Henda Isabel Kalandula António Estevão Domingos Ngunga Cristina Natota Albino Chimbuenjo Leovigildo Henda Eurico Sanguele
209
Belmiro de Oliveira Baptista Mualunga Emanuel Fortunato Justino Longonjo Augusta Antónia Calimbue Satumba
1997 Feliciano Vitato Cassinda Canjundo Escolástica Venâncio Justina Cambundo Elizabeth Gabriel Nonjamba Silivondela Juliana Catchambalele Ngoi Filipe Julieta Chavaia Cuvala José Alice chissanga Chipuco Chambuembue Arlete Cuvanja Namussoca Martins Ermelinda Satuala Candomba da Silva Francisco Canjengo Belina Mundombe Elina Domingas Arão Sananga
1998 César Dorivaldo José Chicala Augusta Claudina José Chicala Inocência Costa Jonatão Chipitia Laurindo Hisse Teresa Wanga Samuel José Pedro Catihe Maria Ana Menezes Chissaluquila Estanislau Paciência Dinis Cossengue Cornélio Sachilañele Sangambole Nambamba Victor Capuca Sachitula Nelombo Maria Soma Domingas Segunda Teresa Cassinda Catembo Henda Arlete Muenho Numbi Vitangui Ermelinda Evalina Victória Sanjimbi Palmira Madalena Chinengue Vissimilo Mateus Gouveia Noloti Cossengue Júlia Pedro Wimbo Zeferino Fernando Jamba Troco Nachanga Victória Nambi Júlia Isabel Euraca Catiavala Catumbo Navombo
1999 Victória Chissuvo Chivava Sayoano Celestino Campos Secuva Lucamba Laurinda Numala Naculusso dos Santos Aderito Saturnino Ngueve Chimbondo Inês Ngueve Beatriz Chipessi Pedro Severino Catihe Sawendo Cecília Chemba Chova Chinumbi Laurinda Ana Ecundi Cachuco
210
Ilda Delfina Vissapa Tchingongolo Jacinto Chipepe Januário Samba Marcolino Henriques Sacuandela Satingo José Correia Muhongo Freire Fávio Hermercim Paz Salongue Ernesto Chiengo Tchilombo Tchimunga Henriqueta Nonjamba Canjala Cayeye Cecília Chipuco Nassinda Samessele Avelino Jamba Cassova Tchitumba Duclce Nanjinga João Nanga Teresa Mimi Lucas Sachilulo Adelaide Nelombo Lumbungululo Calamua Laureta Vira Nangombe Chivalala Augusta Jamba Tchimbotia Tchissala Altino Tchissingui Jesus Camateli Ana Augusta Cassanga Mbueti Melba Viviana Hama Tchitangua
211
ANEXOS
Anexo 1- Carta para autorização de recolha de dados
212
Anexo 2- Carta de autorização de recolha de dados da Comissão Multissetorial
213
Anexos 3- Decreto-Lei n.º 10/85 de 18 de outubro sobre a composição dos nomes
angolanos