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Assessoria de Comunicação Social ISSN: 2238-5053 Ano XIV Nº 114 Março 2014 Mudi Projeto reativa atividades de paleontologia na UEM Pág. 3 Taxonomia Grupo da UEM descobre e nomina novas espécies de peixes Pág. 6 e 7 Física Pesquisa de 20 anos descreve ponto de vista contrário ao de Einstein Pág. 8 e 9 Aniversário Humanização marca comemorações do Jubileu de Prata do HUM Pág. 10 Publicação Eduem lança mais de 50 livros Pág. 11 Canto Painel promove a integração entre regentes e coralistas Pág. 12 50 ANOS DO GOLPE MILITAR A interação entre a Academia e as Forças Armadas é tema de debate P. 4 e 5

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Assessoria de Comunicação Social

ISSN: 2238-5053

Ano XIV Nº 114 Março 2014

MudiProjeto reativa atividades de paleontologia na UEMPág. 3

TaxonomiaGrupo da UEM descobre e nomina novas espécies de peixesPág. 6 e 7

FísicaPesquisa de 20 anos descreve ponto de vista contrário ao de Einstein Pág. 8 e 9

Aniversário Humanização marca comemorações do Jubileu de Prata do HUM Pág. 10

PublicaçãoEduem lança mais de 50 livrosPág. 11

CantoPainel promove a integração entre regentes e coralistasPág. 12

50 ANOS DO GOLPE MILITAR

A interação entre a Academia e as Forças Armadas é tema de debateP. 4 e 5

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Nesta primeira edição do ano, o Jornal da UEM convida o leitor a

fazer uma reflexão no sentido de ava-liarmos os 50 anos do Golpe Militar no Brasil. O conjunto de eventos que resultaram no golpe se deu no dia 31 de março de 1964, mas 18 dias antes a Praça da República, na cidade do Rio de Janeiro, reuniu uma multidão para assistir a um dos comícios mais memo-ráveis da história recente brasileira. O então presidente João Goulart, ao lado do governador Leonel Brizola (Rio Grande do Sul), estabeleceu aliança com a esquerda e com o movimento sindical ao prometer reformas de base, incluindo a reforma agrária. O evento entrou para a história como o “Comí-cio das Reformas”, diante de 150 mil pessoas, na Estação da Central do Bra-sil, e foi a gota d`água para que forças conservadoras preparassem o golpe responsável por inserir o Brasil numa ditadura de 21 anos, marcada pela re-pressão aos movimentos sociais, falta de democracia, censura, perseguição, e supressão dos direitos constitucionais. Para marcamos a passagem desta data histórica, mas condenável, o Jornal da UEM, na tentativa de contribuir para o debate, publica a entrevista do profes-sor Francisco César Alves Ferraz, da Universidade Estadual de Londrina. Ele fala sobre as relações entre as Forças Armadas e a Universidade. Também visando a colaborar com a discussão na pesquisa científica, trazemos algumas considerações do físico André Koch Torres Assis, autor de pesquisas cujos

resultados contrariam teorias de gente famosa, entre elas Albert Einstein. Ain-da no campo da pesquisa, reportagem mostra, em detalhes, as novas espécies de peixes descobertas em várias bacias hidrográficas pelos profissionais do Núcleo de Pesquisa em Limnologia, Ictiologia e Aqüicultura (Nupélia), da UEM (foto abaixo).Interessante também o trabalho desen-volvido no Museu Dinâmico Interdis-ciplinar (Mudi) a respeito da ciência dos fósseis, por meio de um projeto de extensão sob a responsabilidade do professor do curso de geografia, Lucas Sant`Ana. Louvável, da mesma maneira, é o lan-çamento de mais 53 livros pela Editora da UEM, há alguns dias. Um evento se-lou a comemoração, que marca, ainda, os 40 anos das revistas Acta Scientia-rum. Homenagens prestadas na soleni-dade demonstraram o reconhecimento aos que contribuíram para o sucesso das quatro décadas da publicação.No campo cultural, o Jornal da UEM reforça a importância de uma parceria entre a Universidade Estadual de Ma-ringá e a Fundação Nacional de Artes (Funarte), para trazer à cidade, em maio, um painel destinado a estimular o desenvolvimento de estudos e pes-quisas na área do canto coral, além de promover a integração entre regentes e coralistas. Boa leitura!.

Paulo PupimAssessor de Comunicação Social

Reitor:Júlio Santiago Prates FilhoVice-reitora:Neusa AltoéAssessor de Comunicação SocialPaulo Pupim

Jornalista responsável e editora: Ana Paula Machado Velho (Reg. Prof. 16.314/RJ)Coordenadora de Imprensa: Tereza ParizottoReportagem: Ana Paula Machado Velho, Antônio Paulino Júnior, Murilo Benites, Juliana Daibert, Rose Koyashiki e Tereza ParizottoFotografia: Antonio C. Locatelli, Heitor MarconColaboradores: Flávio Kawakami, Sueli Nascimento Silva e Edi OliveiraISSN: 2238-5053Diagramação e Impressão: Folha de Londrina

Coordenadoria de ImprensaAvenida Colombo, 5.790 -Bloco Q-03 - Sala 7Telefone: (44) 3011-4213Site: www.jornal.uem.brE-mail: [email protected]

EXPEDIENTE

Lembrança amarga de um Golpe ocorrido

há 50 anos

Editorial ReconhecimentoEducação física será representada

em Fórum GlobalPOR TEREZA PARIZOTTO

O professor Giuliano Gomes de Assis Pimentel, do Departamen-

to de Educação Física da Universida-de Estadual de Maringá (UEM), foi convidado a participar do Fórum Global de Ensino de Educação Fí-sica (GoFPEP 2014). Mais de cem pesquisadores, originários de cerca de 60 países estarão no evento, que é realizado a cada dois anos, reu-nindo expertises de todo o mundo. Nesta edição do Fóum, o professor da UEM integra esse seleto grupo, junto com outros três pesquisadores brasileiros. O evento será realizado em Potche-fstroom, na África do Sul, entre os dias 15 e 17 de maio. Além de pa-lestrantes de renome mundial, a pro-gramação do evento inclui a apresen-tação de projetos que deram origem à boas práticas em educação física implantadas em escolas e ambientes comunitários, utilizando abordagem interdisciplinar.

Recreio nas Férias - Pimentel, que é doutor na área de Estudos do Lazer, recebeu o convite para participação no Fórum pela assessoria prestada no projeto Recreio nas Férias, atrelado ao Programa Segundo Tempo (PST), do Ministério do Esporte, cuja pro-posta é disponibilizar às crianças e adolescentes opções de esporte e la-zer durante o período de férias esco-lares, oferecendo à garotada práticas esportivas prazerosas e ao mesmo tempo construtivas e lúdicas.Implantado desde 2009, atualmente, o Recreio nas Férias já ganhou alcan-ce nacional, beneficiando mais de um milhão de crianças e jovens em todo o País, segundo Giuliano Pimentel. Junto com o professor Amauri Apa-recido Bassoli de Oliveira, também do Departamento de Educação Física da UEM, ele organizou o livro Re-creio nas Férias: reconhecimento do direito ao lazer. A obra foi publicada pela Editora da UEM (Eduem) e traz artigos de diversos pesquisadores. A proposta é atender diretamente aos

coordenadores e monitores dos Nú-cleos do Programa Segundo Tempo na implantação e consolidação do Recreio nas Férias, trabalhando com elementos para subsidiar o projeto na realização de colônias de férias para crianças e adolescentes nas diferen-tes regiões do Brasil. O livro está dis-ponível para download neste link.

Escola de Aventura – A participação de Pimentel no Fórum que será rea-lizado na África do Sul também está atrelada ao projeto Escola de Aven-tura, que é desenvolvido na UEM pelo Grupo de Estudos do Lazer, sob coordenação do professor. O proje-to, que tem parceria com o Museu Dinâmico Interdisciplinar, oferece à crianças e jovens ensino de esportes como skate, escalada, slackline (téc-nica de equilíbrio sobre uma fita) e le parkour (esporte que consiste em pu-lar obstáculos). Ou seja, práticas que atraem e caem no gosto da garotada.O diferencial do projeto, segundo Pimentel, é que o ensino do esporte traz consigo um modelo de gestão de

riscos, diminuindo a probabilidade de incidentes durante a prática. Além disso, a lógica que normalmente rege qualquer ensino na área, e que tem como parâmetro o esporte de alto rendimento, é invertida na Escola de Aventura. “A base do treinamen-to está pautada na criança real, que muitas vezes é tímida ou tem medo”, explica o professor. O esporte de alto desempenho pode até se concreti-zar ao longo da prática, mas não é o foco incial. Segundo o coordenador do projeto, também foi desenvol-vido um esquema de aula com re-sultados práticos e rápidos, o que é bastante motivador. “Em uma hora é possível ensinar qualquer pessoa a andar de skate. Pelo menos os fun-damentos básicos”, garante Pimen-tal, destacando que já desenvolveu o trabalho com diferentes públicos, incluindo educadores participantes do PDE (Programa de Desenvolvi-mento Educacional), por exemplo.

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POR ANA PAULA MACHADO VELHO

Um projeto de extensão da UEM tem como foco ampliar

a atuação do Museu Dinâmico In-terdisciplinar (Mudi). A iniciativa, de responsabilidade do professor de Geologia e Paleontologia do Departamento de Geografia, Lucas Sant’ Ana, prevê a organização de cursos e eventos para a divulgação da ciência dos fósseis.

A primeira parte da iniciativa consiste em reativar a sala de ex-posição dos fósseis do acervo do Mudi para a promoção da Paleon-tologia tanto no meio acadêmico quanto para a comunidade externa à Universidade. Para começar, em 2013, acadêmicos de graduação e de pós-graduação nas áreas de ci-ências, biologia, geografia e geolo-gia participaram do curso de exten-são condensado em Capacitação de Monitores em Exposição Paleonto-lógica, que foi oferecido no Mudi.

A proposta do curso foi propor-cionar o conhecimento básico para quem se interessa em atuar na área de paleontologia do Museu. O con-teúdo programático abrangeu te-mas como: conceitos e princípios paleontológicos, jazigos fossilífe-ros brasileiros, a pesquisa paleon-tológica no Brasil, tafonomia, his-tórico e princípios de museologia, conservação de acervo paleontoló-gico, características do acervo local e prática em monitoria.

O professor Lucas Sant´Ana do Departamento de Geografia e o doutorando David Teixeira Guido-ti, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, foram os ministrantes do curso, que faz par-te do projeto de extensão Paleon-tologia: registros da vida como ela Era, do Mudi.

“A ideia foi desmitificar o que é a paleontologia. Poucas pessoas a conhecem de verdade. Muitos con-fundem com a arqueologia, citando Indiana Jones como paleontólogo. Mas é preciso dizer que este perso-nagem é um arqueólogo”, destaca o professor.

Definição – Sant’ Ana explica que paleontologia é a ciência que estuda os fósseis (ver quadro). Nas defini-ções fornecidas pelos cientistas em geral, diz-se que é o estudo da vida pré-histórica. Paleontologia quer dizer “o estudo da vida antiga”. A

palavra deriva do grego palaios = antigo; ontos = seres existentes; lo-gos = estudo. Em resumo, pode-se dizer que a paleontologia ocupa-se da descrição e da classificação dos fósseis, da evolução e da interação dos seres pré-históricos com seus antigos ambientes, da distribuição e da datação destes fósseis. A pale-ontologia moderna procura enten-der como a evolução física da Terra influenciou a evolução das formas de vida pré-históricas. Portanto, é uma ciência multidisciplinar, pre-ocupada em estudar as interações entre os organismos e o meio am-biente e, também, atualmente, tem como foco a conservação do patri-mônio de fósseis.

“O paleontólogo é o cientista que estuda a vida pré-histórica, a par-tir das evidências fornecidas pelos fósseis e pelas rochas. Na Antár-tida, por exemplo, há vestígios de fósseis de florestas, assim como já se encontrou fósseis de coníferas [ ] em áreas tropicais, o que mostra diferentes momentos destes am-bientes ao longo dos anos”, com-pleta Sant’ Ana.

Acervo do Mudi - Para dar conta de divulgar esse conhecimento que dificilmente se aprende na escola e

que reforça a importância da pale-ontologia, o Museu Interdisciplinar da UEM promove diversos eventos numa perspectiva de educação não-formal. Um deles ocorre no Dia da Paleontologia. Em 15 de junho, o Museu realiza atividades especiais. Entre elas está uma simulação de escavação de fósseis em que os

visitantes podem vivenciar essa experiência. Além disso, o públi-co que vai ao Mudi visita o espaço destinado à paleontologia, onde es-tão à mostra réplicas de fósseis de de animais e plantas, a reprodução de um sítio arqueológico, réplicas de crânios encontrados em várias regiões do Brasil, réplicas e origi-

nais de artefatos das culturas incas, maias e astecas, além de fósseis de répteis encontrados na Serra do Ca-deado, no centro do Paraná.

“Os visitantes de nosso museu descobrem, por exemplo, que, ao contrário do que a maioria imagi-na, a incidência maior de répteis do mesozóico era na América do Sul, predominantemente no Brasil e na Argentina. O Dinodontosaurus tur-pior que inspirou o Dino, de Flints-tones, era da região de Candelária, no Rio Grande do Sul, assim como o Karamuru vorax, maior predador do Triássico Médio”, conta o pro-fessor Sant’ Ana.

Outra iniciativa para que o co-nhecimento sobre a paleontologia chegue de forma correta é capaci-tando pessoas para serem guias em museus, especificamente na área de paleontologia. Pelo quarto ano consecutivo, será realizado um cur-so para aqueles que se interessam pelo assunto, abordando os princi-pais conceitos e princípios em pa-leontologia. As aulas ocorrerão no segundo semestre, mas ainda não há data definida.

Os interessados no acervo do mu-seu e em outras informações sobre paleontologia devem procurar o Mudi, que fica no câmpus sede da UEM, Bloco O-33. O horário de atendimento é das 8 às 11h30 e das 14 às 17 horas. O fone do Museu é (44) 3011-4930 ou pelo e-mail: [email protected].

Mudi

Projeto reativa atividades de paleontologia na UEM

Entender a história da terra e da vida por meio de

fósseis é uma das funções desta ciência que ganha

maior atenção no museu dinâmico da Universidade

Fósseis são restos ou vestígios de ani-mais, plantas ou outros seres vivos

que formam preservados em rochas, como moldes do corpo ou partes deste, rastros e pegadas. A palavra “fóssil” deriva do ter-mo latino fossilis que significa “ser desen-terrado”.

Embora muitas teorias tenham surgido ao longo dos tempos para interpretar o significado dos fósseis, o seu estudo cien-tífico só começou há cerca de 300 anos. Os paleontólogos já encontraram fósseis microscópicos de algas azuis, cuja idade foi calculada em quase 2 bilhões de anos. Recentemente foram descobertos fósseis de bactérias com cerca de 3 bilhões de anos.

O que são fósseis?

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Para marcar os 50 anos do Golpe Militar de 1964, a UEM recebeu o professor Francisco César Alves Ferraz. Ele possui graduação em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1988), mestrado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1994), e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (2003). Neste último, pesquisou a reintegração social e a memória coletiva

dos veteranos brasileiros da Segunda Guerra Mundial. Atualmente, é professor associado do Departamento de História, e coordenador do Programa de Pós-Graduação em História

Social da Universidade Estadual de Londrina (2013-2015). Ferraz foi um dos convidados do VI Congresso Internacional de História e falou sobre a relação das Forças Armadas

e a universidade, que devem superar velhas rugas.

50 anos do Golpe Militar

A interação entre a Academia e as Forças Armadas é tema de debatePOR ANTÔNIO PAULINO JR. E

ANA PAULA MACHADO VELHO

Em entrevista à Rádio Uni-versitária da UEM, Francis-

co Ferraz (na foto em detalhe)confessou que é complicado para a universidade pesquisar as forças armadas. Segundo o professor, há uma descon-fiança dos militares em rela-ção ao pessoal da Academia e vice-versa. Ferraz conta que, quando acontecem eventos que os unem, como, por exemplo, os da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, a Abed, o diálogo é bem produtivo e, às vezes, surpreendente por conta de que há um reconhecimento mútuo dos limites e falhas de cada instituição. Lembra que participou de algumas edições da ABED nas quais era reco-nhecido que houve tortura, mas também onde ficava claro que há um preconceito grande, isto é, que a maior parte do contin-gente das forças armadas ainda é educada para desconfiar siste-maticamente da universidade.

Ferraz destaca que, aqui no Brasil, por conta da participa-ção política dos militares de um lado, o da direita, e a tradição mais à esquerda da Academia, principalmente dos setores li-gados as Ciências Humanas, há um rompimento, um distancia-mento que hoje já não tem mais tanta razão de ser.

O professor lembra que hou-ve um tempo em que o acadê-mico tinha que explicar porque estava denominando o aconte-cimento de abril de 1964 como golpe militar. Os militares ainda resistiam a esta denominação, especialmente, quando vinha de intervenções da Academia. Hoje, em certos círculos, isso já não é necessário. Ele acre-dita que, dentro das próprias Forças Armadas, principal-mente os militares reformados [aqueles que se aposentam nas forças armadas se chama refor-ma, os de pijama] se ressentem muito que está havendo uma esquerdização do país, fruto da posição dos partidos políticos no poder. Mas os setores res-ponsáveis, os da ativa, têm que

lidar com outras questões mui-to maiores e mais importantes, que fazem parte do presente e do futuro. Uma fronteira per-meável tem que ser vigiada, a adaptação tecnológica à guerra moderna tem que ser feita, por exemplo.

“Se nós não temos recursos temos que dissuadir qualquer veleidade de invasão ou ação que possa ser hostil à própria nação. Os Estados Unidos,

obviamente, têm incalculavel-mente muito mais recursos que nós. Então, é necessário que as forças armadas ajam no sen-tido de pensar alternativas de defesa. É para isso que o con-tribuinte paga impostos, paga o salário das forças armadas, para que seja protegido. En-fim, não adianta ficar olhando o passado com ressentimento, a gente tem tarefas do presente que têm que ser feitas, não im-

porta a ideologia. Nesse caso, a defesa da soberania do País está além das discussões de er-ros do passado. Imagine você, se a fermast, o exército ale-mão, ficasse brigando com seu passado da época do nazismo? Não adianta! Houve erros, a maior parte dos que erraram já morreram, então vamos refazer e o que interessa pra nós... De-fender a pátria!”

É a partir deste ponto de vista que o professor Ferraz acredita que a universidade brasileira tem muito que contribuir com a defesa do País. Ele lembra que o trabalho sempre foi árduo. Quando começou a pesquisar

as forças armadas, em 1987, ainda na graduação, decidiu que iria fazê-lo para não deixar que outras pessoas construís-sem apenas a versão da Insti-tuição ou a versão mais conve-niente para as intenções políti-cas. Lembra que não foi só ele. Destaca o trabalho do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, que fez uma série de entrevistas que resulta-ram em três livros sobre os mi-litares de 64, sobre as visões do golpe, a repressão e a abertura. O grupo entrevistou oficiais gerais, almirantes, brigadei-ros, coronéis, enfim, a cúpula que estava viva ainda. Ferraz destaca que o professor Celso Castro, que hoje é o diretor do CPDOC dentro da universida-de, sofreu muito no processo. Mas o docente garante que os milicólogos – como Castro ba-tizou os estudantes das forças armadas no Brasil –, hoje, já têm temos mais espaço, uma abertura, inclusive dentro das Forças Armadas.

“Mas, realmente, há ainda reservas dos dois lados, é uma pena, mas isso só o tempo e o trabalho é que vai ajudar. Todos estão relacionados com o pas-sado, nós somos o que fizemos há um minuto atrás, ou há um século atrás, somos produtos da nossa ação. Isso me lembra muito uma metáfora que a filó-sofa Hanna Arendt fez de que é como se tivéssemos um para-lelogramo de forças em que ao mesmo tempo temos que olhar pro presente e pro futuro, mas há uma pressão do passado e estamos sempre nesse meio

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A interação entre a Academia e as Forças Armadas é tema de debatedessas duas forças. Mas isso quer dizer que a gente não tem que rever o passado, a gente tem que ver a questão da Co-missão da Verdade, tem que ser vista, tem que ser repensada. Os crimes cometidos durante o regime militar têm que ser esclarecidos, não dá pra fugir disso, não dá pra passar uma pedra no assunto, mas isso não quer dizer que nós temos que pautar sempre com rancor. Fo-ram momentos diferentes e que isso nos sirva de lição pra que certos eventos e certos proces-sos nunca mais aconteçam.”

Universidade – Porém, é fun-damental, na visão de Ferraz, que haja um fortalecimento da relação das forças armadas com a sociedade. Especialmente, é necessário rever o estremecido relacionamento da Instituição com a Academia.

“Isso, no ponto de vista do fortalecimento das forças ar-madas não é bom. Em países como os EUA e alguns da Eu-ropa, a universidade e as forças armadas estão ligadas de certa maneira, até o limite da auto-nomia de cada uma. As for-ças armadas americanas, por exemplo, contam com o apoio tecnológico que a universidade pode proporcionar. Então, não há uma distância tão grande. A universidade monta, organiza grupos e iniciativas de estudo, de pesquisa para atender às en-comendas das Forças Armadas. Não podemos esquecer que a própria internet foi uma destas encomendas do Departamento de Estado americano visando à Guerra Fria. Então, a própria comunicação em rede, além de todo o projeto Manhattan, por exemplo, que criou a bomba atômica, foi fruto realmente de uma aproximação da universi-dade e das Forças Armadas”, esclarece.

Ferraz também comentou a guerra cibernética que se tra-duz na espionagem dos Estados Unidos no Brasil, apontando, mais uma vez, a necessidade da universidade e das forças armadas e do Ministério de Re-lações Exteriores trabalharem juntos; isto é, todos aqueles

grupos dentro do Estado Nacio-nal que lidam com a segurança da soberania e a segurança das informações. É a universidade quem deve estudar e criar me-canismos e dispositivos para aumentar a segurança das in-formações. A colaboração da universidade e do setor dos grupos tecnológicos tem que ser bem grande, exatamente por conta dessa necessidade.

“Agora, é interessante e im-portante ver que, dentro da própria nação hegemônica dos Estados Unidos, há pessoas e grupos que se opõem a esse processo. Há grupos que não estão contentes com isso e que não veem como algo legítimo e como algo decente. Até porque esse tipo de ação não evita con-flitos ou garante a paz mundial, mas muito pelo contrário, ofe-rece informações privilegiadas para governos, amigos e, prin-cipalmente, empresas amigas, distorcendo completamente as relações internacionais. Então, devem ser tratados como caso de delinquência e não como um caso de política de estado. Por isso, acho que a atitude da

presidente Dilma de questionar os EUA oficialamente foi bas-tante interessante e contunden-te até por conta desse tipo de ação que não deveria ser legiti-mado, respaldado em nenhum momento. Aliar-se a isso e fa-zer de conta que não existe é o pior. Um país que se respeita tem que zelar pelas suas infor-mações e, principalmente, pe-las informações seguras, ainda mais no mundo atual, em que há uma grande pressão. Certos movimentos, não apenas em re-lação à segurança internacional, como o terrorismo e o próprio crime organizado, entenderam melhor e se adaptaram melhor ao mundo globalizado trans-nacional. Para esses grupos de tráfico de armas, de drogas, de órgãos, de quaisquer forma de crime organizado, de lavagem de dinheiro, a globalização se tornou uma benção, exatamen-te por conta de que eles não têm regras, pague o dinheiro que deve e pronto. Enquanto, ofi-cialmente, é preciso negociar cada conjunto de informações. Realmente, existe uma necessi-dade de informações, mas isso

não quer dizer que você tem que obter essas informações espionando. É necessário criar vínculos com os órgãos de re-pressão, contra o crime orga-nizado, a lavagem de dinheiro mundial e, por outro lado, no caso do terrorismo, há que ter colaboração, não espionagem”, explica o pesquisador.

O cenário contemporâneo - Questionado sobre os aconte-cimentos populares do Brasil, em 2013, especificamente, as manifestações de rua, o profes-sor Francisco Ferraz disse que não vê essas questões do pon-to de vista da defesa. Para ele, há uma questão de desordem pública que foi mal resolvida, mas por conta de um treina-mento inadequado das forças armadas para lidar com massas em protestos e manifestações. Para Ferraz, todo protesto, em última análise, é legítimo, a violência é que deve ser refrea-da. Mas, fora isso, não vê pro-blema de ordem em relação à segurança.

“Certo que o historiador não é bom pra fazer previsões.

Mas, olhando o passado, dá pra perceber que realmente são momentos diferentes, que merecem análises diferentes. As possibilidades de comu-nicação, em 64, eram, princi-palmente, via imprensa. Hoje, elas são, incalculavelmente mais pulverizadas, capilariza-das em redes sociais, e elas não têm um controle, não têm um centro. Então, é um desafio, é algo novo que cientistas so-ciais, historiadores, muita gen-te está tentando entender ainda o alcance disso. É como tentar entender o que está acontecen-do aquele barulhinho no motor de carro com o carro andando. É um momento interessan-te em que a tradição política ocidental, de certa maneira, é colocada na berlinda. Assim, é preciso repensar diversos pon-tos. Por outro lado, no entanto, propostas do tipo “uma demo-cracia digital” me parecem fora de qualquer questão, já que a internet é um instrumento me-diado por forças empresariais. Isso não sustenta um processo democrático.”

6Taxonomia

Grupo da UEM descobre e nomina novas espécies de peixesPOR ROSE KOYASHIKI

Os peixes que foram nomeados até o momento pela UEM são

provenientes das bacias Amazô-nica, do alto rio Paraná, Iguaçu, Paraguai, Tocantins-Araguaia, Xingu, São Francisco, Costeira e Paraguaçu. O trabalho é executado pela equipe da Coleção Ictiológica do Núcleo de Pesquisas em Lim-nologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), composta pela curado-ra Carla Simone Pavanelli, pelos pesquisadores Cláudio Henrique Zawadzki, Weferson Júnio da Gra-ça, Wladimir Marques Domin-gues e Sandra Regina de Souza, todos doutores, além de estudantes de graduação e pós-graduação da UEM. Zawadzki (foto a direita) ex-plica que, para determinar se o pei-xe é uma nova espécie ou não, são analisadas características morfoló-gicas (comprimento, cor, tamanho de olho e de nadadeiras, existência de pintas ou faixas, presença e tipo de parasitos presentes, número de dentes, dentre outros). Também são feitas diafanizações para che-car a musculatura, as cartilagens e os ossos e ainda são processados outros exames que forneçam dados sobre evidências enzimáticas, dos cromossomos e de marcadores do DNA. Cita ainda que é feita uma extensa pesquisa bibliográfica e em outras coleções. Comenta que seu primeiro trabalho de descrição demorou 12 anos e que, atualmen-te, mesmo após a aquisição acu-mulada do conhecimento e da ex-periência, o processo para determi-nar se determinado peixe é ou não uma nova espécie ainda leva cerca de um ano. Hoje com a expertise reconhecida, o grupo é procurado por outros centros de pesquisa para auxiliar na identificação das espé-cies e seus artigos são mais facil-mente aceitos por grandes revistas científicas internacionais.

Know-how - Para Zawadzki, o conhecimento é fundamental tanto para preservação como para o con-trole das espécies ou sua explora-ção comercial. Disse, por exemplo, que a ictiofauna da América do Sul é estimada em 5 mil a 8 mil espé-cies, das quais, ainda não se conhe-ce o potencial econômico em gran-de escala. O professor acredita que isso possa ser possível no futuro, com o aumento do conhecimento tecnológico e do know-how. Cita que, no Pantanal, os pesquisadores

estão tentando desenvolver caviar de cascudo e que o México intro-duziu o cascudo no país e agora enfrenta problemas. Lá, o peixe se tornou uma praga e se alastrou por não encontrar predador. Repre-sentantes daquele país tiveram que vir ao Brasil, à Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em busca de tec-nologia para produção de farinha e de processamento desse peixe para transformação em produto mais aplicado.

A experiência dos pesquisadores

da UEM está sendo aproveitada não só na identificação de novas es-pécies, mas também em um grande projeto do Instituto Chico Mendes

de Conservação da Biodiversida-de (ICMBio), para reavaliação de todas as espécies de vertebrados e alguns invertebrados ameaçados do Brasil. Pavanelli informa que, a partir daí, vão ser detectadas e rea-valiadas todas as espécies, mesmo as que não estão em nenhuma ca-tegoria de ameaça, e que, de posse desses levantamentos, serão feitos planos de ação, conservação e de manejo. O conhecimento gerado pelo Nupélia também serve para embasar outras ações de conscien-tização sobre a importância da pre-servação ambiental.

Pró-Ivaí-Piquiri - O doutorando do PEA, Robertson Fonseca Aze-vedo, explica que o Movimento

Pró-Ivaí-Piquiri, que possui uma fan page no Facebook, utiliza como uma das ferramentas o co-nhecimento produzido no Nupélia/PEA. “São diversas iniciativas de levar à população e aos gestores dos municípios dos vales dos rios Piquiri e Ivaí informações sobre os impactos ambientais, econômi-cos, sociais dos empreendimentos elétricos propostos para essa re-gião. Isso para que a comunidade, sabendo que novas espécies estão sendo descobertas, valorize esse ambiente e, portanto, faça juízo de valor mais informado sobre a possibilidade de transformação de um rio íntegro e de tudo que está associado a ele”.

Os especialistas comentam que a transformação de rios em lagos, por meio de barragens, pode fazer com que determinadas espécies de peixes sejam extintas regional-mente ou obrigadas a migrarem. O problema maior é com as espécies endêmicas, isto é, restritas a uma determinada área geográfica, ou as que dependem de condições espe-cíficas do ambiente, como a exis-tência de árvores na margem ciliar que forneçam determinados frutos ou de corredeiras para que possam fazer a piracema. Pavanelli alerta que se um local é muito afetado pela ação humana o risco de ame-açar a fauna é aumentado. Outra questão é destacada por Zawadzki: com a diminuição da população

Quarenta delas já foram descobertas, analisadas e descritas em trabalhos científicos de pesquisadores e alunos de pós-graduação

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Grupo da UEM descobre e nomina novas espécies de peixes

e, consequentes cruzamentos con-sanguíneos, alterações genéticas podem ocorrer nos peixes. Ocorre a depleção, isto é, a espécie perde a maleabilidade genética e os genes defeituosos vão se expressando, gerando infertilidade, propiciando o aumento de doenças e gradual-mente levando à extinção.

Racionamento - Além dos im-pactos ambientais, as barragens provocam consequências econô-micas e sociais. Grandes áreas produtivas são submersas e, por-tanto, ficam improdutivas, muitas famílias são desalojadas de suas terras e lares, ocorrendo o êxodo, e o Paraná, que exporta energia elétrica para outros estados, não recebe ICMS disso. Outro aspecto questionado por Azevedo é que a energia produzida vai essencial-mente para o setor industrial a um custo menor. “E quando se fala em racionamento, ele é cobrado das pessoas e não das indústrias, que usam 84% do total produzido no País. E os maiores consumidores são de capital internacional”.

Azevedo cita outro grave pro-blema vinculado a barragens: do-enças. “O Paraná tinha erradica-do a malária até 1981. A partir de Itaipu, a malária voltou. E aliás, do que o mosquito da dengue gos-ta? De água parada e limpa, que é exatamente o que você encontra numa barragem”. Menciona ainda

o drama de famílias que têm que desenterrar seus mortos para le-varem para outro lugar, já que os cemitérios têm que ser desativados antes da submersão da área.

Readequação - Só dois dos 16 projetos apresentados para o rio Pi-quiri afetam 800 propriedades ru-rais. “São milhares de pessoas que vivem e querem continuar lá. Um dado do professor Éder Gubiani, da Unioeste, demonstra que, se todas as barragens de grande e pequeno porte fossem construídas na bacia do rio Piquiri, elas equivaleriam à produção de apenas uma turbina da hidrelétrica de Itaipu. A alternativa mais eficiente seria a readequação das usinas já existentes. Isso sig-nificaria 30% de todo potencial energético. Se houvesse a troca das turbinas, geraria incremento de 30% na produção energética”, defende Azevedo.As iniciativas do Movimento Pró-Ivaí-Piquiri já trouxeram resultados concretos. Diversos municípios abrangidos pelas bacias do Ivaí e do Piquiri criaram leis municipais declaran-do de interesse local a manutenção dos rios como rios. Existem tam-bém pedidos de tombamento do Salto Paiquerê no rio Goioerê e do Apertados no rio Piquiri junto ao Conselho Estadual do Patrimônio Cultural e, se aprovados, tornarão os rios imunes a barragens.

O material, coletado pela equipe da UEM ou re-cebido de outros centros de pesquisa por meio

de doação ou permuta, faz parte da Coleção de Pei-xes do Nupélia (http://peixe.nupelia.uem.br/), criada no início da década de 1990 e que atualmente conta com cerca de 17 mil lotes. Os lotes (de um a vários peixes da mesma espécie) recebem um número de tombo que fica atrelado a eles para sempre. O acervo conta com espécies de várias localidades não só do Brasil, inclusive de rio da Antártida, algumas delas raras e ameaçadas de extinção. Sua curadora, Carla Pavanelli, explica que as coleções científicas trazem diversos benefícios e, para a comunidade acadêmi-ca, são essenciais. São fontes de informações e de lastro para pesquisas e trabalhos realizados, isto é, os exemplares (testemunho) servem para compro-vação da pesquisa. As coleções permitem também o subsídio para estudos voltados para preservação das espécies e de seus ambientes.

Entre os desafios dos curadores das coleções, prin-cipalmente das que não são vinculadas a um museu e sim a instituições de ensino superior, são o des-conhecimento de seu papel e importância e a falta

de estrutura e reconhecimento. Pavanelli comenta que uma das frentes de luta da Rede Paranaense de Coleções Biológicas, a Taxonline (www.taxonline.ufpr.br), da qual, é vice-coordenadora, é justamen-te reverter esses reveses no Estado. “Um dos novos objetivos dessa nova etapa é sensibilizar as institui-ções, principalmente as universidades, da necessida-de de regulamentação das coleções e de um cargo de curador oficial, porque a gente precisa disso para ser credenciado no CNPq, no Conselho Gestor de Patrimônio Genético. Precisamos desse reconheci-mento institucional. A ideia é fazer encontros nas universidades do interior e realizar reuniões com os Conselhos de Administração para sensibilizar sobre a importância da perpetuação do acervo”.

O Nupélia conta ainda com outras coleções, como a do Herbário e a de Ictioplâncton (ovos e larvas de peixes). As coleções estão sendo possíveis graças a projetos apresentados pelos pesquisadores junto a órgãos de fomento, já que não contam com rubrica institucional.

Espécie Autores BaciaApareiodon vladii Pavanelli, 2006 Alto rio ParanáCharacidium heimostigmata Graça & Pavanelli, 2008 Alto rio ParanáGymnogeophagus setequedas Reis, Malabarba & Pavanelli, 1992 Alto rio ParanáHypostomus denticulatus Zawadzki, Weber & Pavanelli, 2008 Alto rio Paraná

Zawadzki, Weber & Pavanelli, 2008 Alto rio ParanáHypostomus multidens Jerep, Shibatta & Zawadzki, 2007 Alto rio ParanáNeoplecostomus corumba Zawadzki, Pavanelli & Langeani, 2008 Alto rio ParanáNeoplecostomus selenae Zawadzki, Pavanelli & Langeani, 2009 Alto rio ParanáNeoplecostomus yapo Zawadzki, Pavanelli & Langeani, 2010 Alto rio ParanáNeoplecostomus bandeirante Roxo, Oliveira & Zawadzki, 2013 Alto rio ParanáNeoplecostomus botucatu Roxo, Oliveira & Zawadzki, 2014 Alto rio ParanáNeoplecostomus langeani Roxo, Oliveira & Zawadzki, 2015 Alto rio ParanáSteindachnerina corumbae Pavanelli & Britski, 1999 Alto rio ParanáCharacidium xanthopterum Silveira, Langeani, Graça, Pavanelli & Buckup, 2008 Alto rio Paraná & Tocantins-AraguaiaHypostomus faveolus Zawadzki, Birindelli & Lima, 2008 AmazônicaHypostomus kopeyaka Carvalho, Lima & Zawadzki, 2010 AmazônicaHypostomus weberi Carvalho, Lima & Zawadzki, 2011 AmazônicaJenynsia diphyes Lucinda, Ghedotti & Graça, 2006 AmazônicaAstyanax guaricana Oliveira, Abilhoa & Pavanelli, 2013 CosteiraAncistrus abilhoai Bifi, Pavanelli & Zawadzki, 2009 Rio IguaçuAncistrus agostinhoi Bifi, Pavanelli & Zawadzki, 2010 Rio IguaçuAncistrus mullerae Bifi, Pavanelli & Zawadzki, 2011 Rio IguaçuAstyanax jordanensis Alcaraz, Pavanelli & Bertaco, 2009 Rio IguaçuHypostomus nigropunctatus Garavello, Britski & Zawadzki, 2013 Rio IguaçuMicroglanis carlae Alcaraz, Graça & Shibatta, 2008 Rio IguaçuTatia jaracatia Pavanelli & Bifi, 2009 Rio IguaçuHypostomus jaguar Zanata, Sardeiro & Zawadzki, 2013 Rio ParaguaçuBatrochoglanis melanurus Shibatta & Pavanelli, 2005 Rio ParaguaiCharacidium nupelia Graça, Pavanelli & Buckup, 2008 Rio ParaguaiHypostomus peckoltoides Zawadzki, Weber & Pavanelli, 2010 Rio ParaguaiMetynnis cuiaba Pavanelli, Ota & Petry, 2009 Rio ParaguaiCorydoras limnades Tencatt, Alcaraz, Britto & Pavanelli, 2013 Rio São FranciscoHisonotus bocaiuva Roxo, Silva, Oliveira & Zawadzki, 2013 Rio São FranciscoApareiodon argenteus Pavanelli & Britski, 2003 Rio Tocantins-AraguaiaApareiodon cavalcante Pavanelli & Britski, 2004 Rio Tocantins-AraguaiaApareiodon tigrinus Pavanelli & Britski, 2005 Rio Tocantins-AraguaiaHypostomus delimai Zawadzki, Oliveira & Debona, 2013 Rio Tocantins-AraguaiaCharacidium xavante Silveira, Langeani, Graça, Pavanelli & Buckup, 2008 Rio XinguHypostomus kuarup Zawadzki, Birindelli & Lima, 2012 Rio Xingu

Coleção de Peixes do Nupélia reúne espécies de várias regiões

Novas espécies de peixes catalogados

8Física

Professor da Unicamp vai de encontro à teoria de Einstein

POR EDI OLIVEIRA, FLÁVIO KAWAKAMI E ANA PAULA MACHADO VELHO

UEM: Como o senhor de-finiria a importância da

Física na nossa vida?André Koch: Eu acho que ela afeta em tudo no nosso dia a dia. Desde a caminhada, a queda dos corpos, o futebol, os esportes. É uma das ciên-cias fundamentais que a gente tem, juntamente com biolo-gia, a matemática. Mas o que eu acho mais fascinante, que sempre me atraiu muito para Física, é que mesmo as coisas mais simples ainda têm mui-tos mistérios ainda que a gen-te não consiga resolver.

UEM: Pode falar, por exem-plo, sobre a origem do uni-verso?André Koch: Nossa, esse é um tema bem amplo (risos). Hoje em dia, a gente tem a fa-mosa teoria do Big Bang, que tudo teria começado há 13 ou 15 bilhões de anos, numa grande explosão e que tudo estaria em expansão. A minha previsão particular, minha, do André, não é essa. Para mim o universo é eterno e vai em todas as direções, sempre existiu. Não é assim uma vi-são tão diferente da teoria do Big Bang, mas há algumas especificidades.

UEM: Por que o senhor teria essa visão?André Koch: Porque eu acho difícil compreender o fato de que uma coisa surgir do nada. Na física, a gente tem a lei de conservação da matéria e da

energia. Então, se a matéria e a energia se conservam não pode ter surgido tudo isso do nada. Desta forma, acho que é mais de acordo com as leis da Física: o universo sempre existiu e tem sempre conser-vada a matéria e a energia. Para mim, isso é mais intui-tivo, mais simples e mais de acordo com as leis da física, embora esteja contrária a vi-são dominante de hoje em dia. UEM: Distante também da visão religiosa...André Koch: Tanto da vi-são religiosa quanto da visão cientifica, que é o Big Bang. É até curioso que a pessoa

que criou essa expressão Big Bang foi um astrônomo bri-tânico, Fred Royal, falecido há poucos anos. Ele disse a expressão pela primeira vez numa entrevista de rádio para BBC britânica e ele também era contrário a ela, porque, na visão de Royal, violava as leis de conservação. Ele falou essa expressão Big Bang go-zando da teoria. Tenho até um amigo na Universidade Fede-ral de Minas Gerais, um as-trônomo, Domingos Soares, que traduziu a expressão Big Bang para o português como “estrondão”, para gozar mes-mo, porque é o espírito com o qual essa expressão foi cria-da, por uma crítica à teoria

do Big Bang, que é a minha posição. UEM: O senhor recebeu o premio Jabuti na categoria ciências exatas por duas ve-zes: em 96, pelo livro Ele-trodinâmica de Weber, e em 2012, pelo livro Eletrodinâ-mica de Ampère. O senhor poderia falar um pouco so-bre esses dois trabalhos.André Koch: Fico contente por você ter lembrado disso, porque o meu trabalho dentro da Física tem uma vinculação muito forte com a história da ciência e eu tento fazer um resgate de teorias que, es-sencialmente, estão esqueci-das hoje em dia. Weber, por exemplo, foi um físico mui-to importante da Alemanha, contemporâneo do Maxwell, trabalhou junto com o Gauss, em Göttingen, e ali ele tinha uma teoria que foi abandona-da, foi esquecida e é uma teo-ria que eu trabalho e acredito muito. Tenho tentado fazer um resgate dela e, por sorte, um livro que a gente publicou foi agraciado com o Jabuti e versa sobre a eletrodinâmica de Weber. Ele, por sua vez, se baseou numa teoria de um físico francês, o Ampère, que embora hoje em dia seja um nome mais conhecido, a gen-te fala de corrente elétrica, tantos ampères e tudo, mas a própria teoria do Ampère, aquilo que ele fez mesmo, também foi abandonado e, para resgatá-la, oriento um trabalho de doutorado de um aluno, João Paulo Shaibe. A tese dele foi um trabalho de tradução completa do prin-cipal livro do Ampère, do

francês para o português. Nós fizemos um resgate de forma comentada e, depois, edita-mos o trabalho na forma de um livro, que agora também ganhou o Jabuti. Acreditamos que e porque é a primeira tra-dução completa dessa obra do Ampère. O livro não tinha sido publicado nem em in-glês, alemão, para nenhuma outra língua. É bom fazer um resgate dos clássicos, é uma coisa que eu faço com muita paixão, porque eu acredito muito nisso. Acho que a gen-te precisa disso, inclusive, para contribuir com a cultura nacional. Não adianta ficar publicando no exterior. Em geral, publico em inglês e em português. Às vezes, primei-ro em português depois em inglês. Faço questão de au-xiliar, na medida do possível, a formação de estudantes e, principalmente, cultivar neles uma visão crítica, para que não aceitem tudo aquilo que está nos livros sem refletir.

UEM: E o apoio para essas pesquisas?André Koch: Isso, felizmen-te, eu sempre tive. Estou há 23 anos como professor da Uni-camp, desenvolvendo pes-quisas nessa área, orientando alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado. Esses dois livros que eu publiquei foram pela editora da Uni-camp e também já recebi mui-tas bolsas no exterior: fiquei um ano na Inglaterra, um ano nos Estados Unidos e dois anos na Alemanha, desenvol-vendo pesquisas nessas áreas. Agora, vou ficar abril, maio,

A TV UEM entrevistou o professor e doutor André Koch Torres Assis, um dos grandes nomes da física no Brasil, autor dos livros Eletrodinâmica de Weber, Mecânica Relacional, Uma Nova Física e

Eletrodinâmica de Ampère. Ele esteve na Universidade Estadual de Maringá para falar sobre mecânica relacional. Na conversa, falou de suas pesquisas que discordam de algumas teorias de gente famosa

como Einstein. Confira a conversa que o Jornal da UEM publica abaixo, na íntegra.

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Professor da Unicamp vai de encontro à teoria de Einsteinjunho fazendo pesquisa sobre a eletrodinâmica de Weber na universidade de Dresden, na Alemanha, com uma bol-sa concedida pela fundação Humboldt, de lá. Então, feliz-mente, tenho tido apoio.

UEM: Eu gostaria que o se-nhor falasse um pouquinho mais sobre mecânica rela-cional, tema que o trouxe aqui para a universidade.André Koch: A essência está baseada numa experiência de Newton, que é conhecida como a experiência do balde de Newton. O análogo que a gente teria hoje em dia seria um liquidificador com água. Quando a água está parada no balde, no liquidificador, ela é plana. Na hora que está girando no balde ou no liqui-dificador a água vai ganhando velocidade e sobe pelas pare-

des do recipiente e abaixa ao longo do eixo. Então, ela for-ma uma figura côncava, tipo uma parábola. Newton foi o primeiro a fazer essa experi-ência e ele descreve no livro mais importante dele, Prin-cípios Matemáticos de Fi-losofia Natural. A questão é entender por que a água está plana quando ela está parada e ganha o formato côncavo quando ela está girando. A gente pode falar: “bom, mas é claro que num caso ela está parada e no outro está giran-do”. Mas aí surge a pergunta do Newton: girando em rela-ção a quê? Newton mostra no livro que quando a água está parada e na situação em que a água está girando a terra só puxa para baixo, é o peso que atua sobre ela. Ela não sobe sob a dinâmica de rotação da terra, está girando em rela-ção ao espaço vazio, que ele

deu o nome de espaço abso-luto. Duzentos anos depois de Newton veio um filósofo austríaco, Ernest Mach, e fa-lou que o Newton estava er-rado, tinha que ser a rotação da água em relação às estre-las, e o Einstein gostou des-sas idéias. Toda a teoria da relatividade que ele criou foi pra implementar as ideias do Mach. Para ele, se eu deixar o balde parado aqui e girar as estrelas ao redor do eixo do balde, a água vai subir pelas paredes, só que a gente não pode fazer a experiência. En-tão, Einstein tentou provar nas contas que isso aconte-cia. Ele queria isso, mas na teoria da relatividade isso não acontece. As estrelas, todas elas, assim como na teoria do Newton, fazem força resul-tante zero e na mecânica re-lacional isso já não acontece. Na mecânica relacional, se eu

deixo o balde parado aqui na mesa ou aqui na terra e girar todo o universo uma vez por segundo ao redor do eixo do balde, vai aparecer uma força centrifuga real de origem gra-vitacional que vai fazer subir a água para as paredes. Isto mostra que o efeito é relati-vo e que a curvatura da água é porque ela está girando não em relação ao espaço vazio do Newton ou do Einstein, mas porque estaria girando em relação às estrelas.

UEM: Essa dedução seria um complemento àquilo que eles já descobriram? Ou isso seria realmente uma crítica?André Koch: É uma crítica, porque, por exemplo, Eins-tein queria implementar esse

efeito. Ele criou a teoria para isso, mas não conseguiu. Ele acreditava nas ideias desse filósofo Mach, mas a teoria matemática dele, aplicada na teoria da relatividade, o efei-to não acontece. Einstein até tentou criar outros termos, mas o que fez mesmo foi abandonar a teoria do Mach e ficou com a teoria dele. Eu, particularmente, prefiro aban-donar as ideias do Einstein e voltar para as ideias do Ernest Mach, que são, para mim, mais intuitivas. Se eu girar a água sobe e se eu deixar ela parada e girar o universo ao contrário o mesmo efeito tem que acontecer. A mecânica relacional implementa es-sas ideias. Então, é isso que a gente está defendendo nas nossas pesquisas atuais.

ServiçoOs livros do professor André Koch Torres Assis.

- Eletrodinâmica de WeberUnicamp1995Esgotado

- Mecânica Relacional Centro de Lógica, Epistemo-logia e História das Ciências, Campinas-SP Disponível na Internet, no endereço http://www.ifi.uni-camp.br/~assis/Mecanica-Relacional-Mach-Weber.pdf1998

- Uma Nova FísicaEditora Perspectiva. Páginas: 1762002R$ 27,00

- Eletrodinâmica de AmpèreAndré Koch Torres Assis João Paulo Martins De Castro ChaibEditora UnicampPáginas: 6002011R$ 76,00

Saiba mais sobre:James Clerk Maxwell - Físico e matemático britânico, co-nhecido por ter dado forma final à teoria moderna do eletro-magnetismo, que une a eletricidade, o magnetismo e a óptica. Esta é a teoria que surge das equações de Maxwell, em que junta a lei de Ampère, modificada por Maxwell e a lei de Gauss.

Carl Friedrich Gauss - Matemático, astrônomo e físico ale-mão que contribuiu muito em diversas áreas da ciência, dentre elas a teoria dos números, estatística, análise matemática, ge-ometria diferencial, astronomia e óptica.

Isaac Newton - Cientista inglês, mais reconhecido como físi-co e matemático. Sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, é considerada uma das mais influentes na his-tória da ciência. A obra descreve a lei da gravitação univer-sal e as três leis de Newton, que fundamentaram a mecânica clássica. Construiu o primeiro telescópio refletor operacional e desenvolveu a teoria das cores baseada na observação que um prisma decompõe a luz branca em várias cores do espec-tro visível. Ele também formulou a uma lei empírica de res-friamento e estudou a velocidade do som.

André-Marie Ampère - Físico, filósofo, cientista e ma-temático francês que fez importantes contribuições para o estudo do eletromagnetismo. Estruturou e criou a teoria que possibilitou a construção de um grande número de aparelhos eletromagnéticos. Além disso, inventou o primeiro telégra-fo elétrico.

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POR JULIANA DAIBERT Um grande evento sobre humani-zação hospitalar a ser realizado em duas etapas foi escolhido para mar-car os 25 anos do Hospital Universi-tário Regional de Maringá (HUM), comemorados em 2014.

De acordo com a superintendente Magda Lúcia Félix de Oliveira, o tema central da homenagem é uma forma de valorizar as conquistas ob-tidas por todos os diretores e servido-res que trabalharam no HUM desde sua implantação como pronto-socor-ro no final da década de 1990, além de reforçar um dos propósitos que têm norteado as ações das últimas diretorias que passaram pela insti-tuição. O tema também responde a uma proposta do Ministério da Saú-de, que promove a Semana Nacional de Humanização em várias cidades brasileiras, de 7 a 11 de abril. Parte da ação da semana será construída por quem faz a humanização do Sis-tema Único de Saúde (SUS), cuja mobilização tem por objetivo anali-sar os dez anos de humanização no sistema público de saúde.

“Humanizar é assumir, como roti-na, práticas que fazem do ambiente hospitalar um lugar que harmoniza a técnica e o humano. E graças ao empenho de todos temos conquista-do espaços importantes em todos os setores do HUM”, afirma a superin-tendente.

Os dois momentos do evento se-rão realizados em maio e agosto. O primeiro deles será um seminário restrito a profissionais e acadêmicos da saúde com uma autoridade no

Aniversário

assunto humanização. No segundo momento, o HUM vai expor para a comunidade externa as ações de humanização desenvolvidas den-tro do hospital pelos integrantes do Grupo de Trabalho de Humaniza-ção (GTH). Integram o GTH repre-sentantes do complexo da saúde da

UEM, formado pelo HUM, Hemo-centro, Laboratório de Ensino e Pes-quisa em Análises Clínicas (Lepac) e departamentos de Enfermagem, Medicina e Odontologia, além de um voluntário social, totalizando 25 pessoas.

Humanização marca comemorações do Jubileu de Prata do HUM

A história do HUM tem início em 23 de dezembro de 1986, data em que a prefeitura celebrou um convênio de cooperação com a Universidade Estadual de Ma-ringá (UEM) para a construção de um pronto-socorro, demonstrando, a partir daí, a intenção de construir um hospital escola.

O pronto-socorro foi erguido em terreno do câmpus e equipado com auxílio da Fundação Caetano Mu-nhoz da Rocha e doações de instituições públicas e privadas. A nova unidade entrou em funcionamento em 20 de janeiro de 1989, atendendo, em regime 24 horas, urgências e internações de curta permanência de procura espontânea e de encaminhamentos da rede ambulatorial de Maringá e região em pediatria, clíni-ca médica, traumatologia e cirurgia geral de pequeno porte.

Atualmente, o HUM integra a linha de cuidado re-gional do SUS como referência nas seguintes áreas

e ações: urgência e emergência nível II, UTI tipo II, Ambulatório de Atendimento de Ostomizados e Tra-tamento de Feridas, Hemoterapia 24 horas, Centro de Controle de Intoxicações (CCI), Serviço de Infor-mações sobre Medicamentos (SIM), Banco de Leite Humano, Hospital Dia para AIDS, Gestação de Alto Risco, Transplantes de Córnea, Cirurgia Bariátrica, Videocirurgia/CPRE, Parto Humanizado e Método Canguru.

Órgão suplementar da UEM, vinculado à reitoria e, academicamente, ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), o HUM tem por missão promover a forma-ção profissional, a produção científica e a assistência integral em saúde, com visão de futuro estabelecida para 2015 “ter construído um complexo hospitalar reconhecido por sua excelência nas áreas de ensino, produção científica e assistência”.

HUM, primeiro hospital público de Maringá

Maringá é uma cidade que costuma celebrar o pioneirismo, for-ma de homenagear os chamados desbravadores, aqueles que vie-ram primeiro e iniciaram o caminho que constituiu sua grandeza.

Embora o HU tenha sido inaugurado em 28 de outubro de 1988 e iniciado suas atividades em 20 de janeiro de 1989, ele ostenta a condição de primeiro hospital público de Maringá, um núcleo urbano que contava mais de quatro décadas de fundação. Em vez de celebrar esse pioneirismo, o fato enseja reflexão.

Maringá se converteu, muito cedo, não apenas em polo de ampla região, potencial que estava inscrito no seu planejamento inicial, mas também no terceiro mais importante município do Estado. Não obstante a pujança do município havia histórica defasagem de oferta de serviços públicos de saúde, quando se encontrava consolidada e qualificada a estrutura de serviços privados. Assi-nalou a professora Maria Cristina da Silva, em pesquisa de pós-graduação: “a forte presença da iniciativa particular e a desigual-dade no atendimento à população são dois aspectos que “nasce-ram” e evoluíram sob o “olhar” atento e incentivador do poder público.”

Tal situação dá a dimensão da responsabilidade histórica do HU, desafio que vem sendo enfrentado, nas duas décadas e meia de sua existência, com dedicação, competência e paixão pelos agentes que compõem seu corpo profissional e pela Universidade Estadu-al de Maringá (Reginaldo Benedito Dias, doutor em História).

CRONOLOGIA1990*passa a ser chamado Hospital Universitário Regional de Ma-ringá*chegada dos primeiros acadê-micos de Medicina*incorporação do Hemocentro Regional de Maringá*Pronto-socorro passa a chamar Unidade de Pronto Atendimento (PA)*implantação do Banco de Leite Humano*instalação das unidades de te-rapia intensiva adulto e neonatal

2000*ativação de oito leitos da UTI adulto e pronto-socorro 24 ho-ras*HUM recebe título “Hospital Amigo da Criança”*UTI pediátrica entra em fun-cionamento*ampliação do Banco de Leite

2010*início das atividades da Unida-de de Mama*credenciamento do programa TELESSaúde Paraná Redes

História de lutas e conquistas

11Publicação

Eduem lança mais de 50 livros

A Rede SciELO Livros visa a publicação on-line de cole-ções nacionais e temáticas de livros acadêmicos com o

objetivo de maximizar a visibilidade, acessibilidade, uso e impacto das pesquisas, ensaios e estudos que publicam.

As obras são selecionadas segundo controles de qualidade aplicados por um comitê científico e os textos em formato digital são preparados segundo padrões internacionais que permitem o controle de acesso e de citações e são legíveis nos leitores de ebooks, tablets, smartphones e telas de com-putador.

Além do Portal SciELO Livros as obras serão acessíveis por meio dos buscadores da Web e serão publicados também por portais e serviços de referência internacional.

POR TEREZA PARIZOTTO

Anualmente, a Eduem, Edi-tora da Universidade Esta-dual de Maringá, promove o lançamento coletivo dos livros. Este ano o evento foi realizado na sexta-feira, dia 28 de março, quando houve a cerimônia de lançamento das publicações da Eduem de 2012 a 2014. Nesta categoria, estão 53 livros, dos quais três são da Coleção Documentos e História, além de 15 números da Coleção Fundamentum e 24 novas Revistas Acta Scien-tiarum. A festa de lançamento levou dezenas de pessoas ao auditório do Bloco B-33, no câmpus da Universidade.

Um dos destaques na ceri-mônia foi a presença do pes-quisador alemão Gerd Koh-lhepp, professor e diretor do Instituto Geográfico da Uni-versidade de Tubingen, Ale-manha. Kohlhepp teve uma obra sua (Agrar Colonisation in Nord) traduzida do alemão para o português e publicada pela Eduem. O tradutor foi o professor Paulo Astor Soethe, da Universidade Federal do Paraná, doutor em Literatura Alemã.

“O livro acaba de ser im-presso sob o título Coloni-zação Agrária no Norte do Paraná”, anuncia o diretor da Eduem, professor Alessandro Lucca Braccini, destacando que a obra avalia a coloniza-ção nesta região a partir da estrutura social, econômica e estrutural que a moldou. Na obra também está descrita a mudança de perspectiva eco-nômica promovida na região a partir da chamada geada negra de 1975, que acabou substituindo o plantio de café por outros produtos como al-godão e soja.

Além dos novos títulos, a editora da UEM comemora 40 anos de de publicação das Revistas Acta Scientiarum

Dupla comemoração – Além do lançamento dos livros, que já é um ato fes-tivo, a Eduem também está comemorando os 40 anos de publicação das Revistas Acta Scientiarum. Durante a ceri-mônia, foram homenageadas várias pessoas que fizeram parte da história ao longo destas quatro décadas.

O diretor da Eduem explica que a publicação teve início

em 1974, então com o nome de Unimar. “Era impressa apenas uma edição anual da revista que trazia em mé-dia onze artigos, de todas as áreas do conhecimento”. Em 1998, ela passou a chamar-se Acta Scientiarum, nome que, segundo Braccini, foi esco-lhido para expressar o con-teúdo e a filosofia da revista, que publica artigos científicos inéditos.

Braccini destaca que, hoje, a Eduem edita oito volumes da Acta Scientiarum, dividi-dos por área do conhecimen-to. “No conjunto publicamos mais de 200 artigos por ano”, frisa.

Literatura, história e para-sitologia - O diretor também explica o porquê de a soleni-dade deste ano ter englobado as publicações desde 2012. “É que, em 2013, não promo-vemos o lançamento coletivo em razão de alguns eventos em caráter excepcional”, diz. Um deles foi o lançamento do primeiro livro de Literatura editado pela Eduem: Borda-dos do Brasil: a arte de Mi-litão dos Santos, organizado por Jacirema Cléia Ferreira e Olinda Evangelista.

Também houve o lançamen-to da primeira edição, em in-glês, com o selo da Editora: o livro Brazil-U.S. Relations in the 20th and 21st Centuries, organizado pelos professores Sidnei Munhoz e Francis-co Teixeira. O lançamento foi feito durante a Feira de

Frankfurt, da qual a Eduem participou.

O outro evento foi a tarde de autógrafos por conta do livro Parasitas de Peixes de Água Doce do Brasil, que tem en-tre os organizadores, o pro-fessor Gilberto Pavanelli. O evento também fez parte das comemorações dos 30 anos de criação do Núcleo de Pes-quisa em Limnologia, Ictiolo-gia e Aquicultura (Nupélia) e 40 anos do curso de Ciências Biológicas da UEM.

Cultura Xetá – Na lista de lançamentos estão dois livros que foram produzidos com a colaboração do povo Xetá, incluindo as ilustrações. São eles: Vocabulário Ilustrado Xetá e Jané Rekó Paranuhá: narrativas Xetá. O diretor da Eduem explica que foram en-caminhados projetos que irão concorrer em editais que ga-rantam recursos para a distri-buição das obras em escolas dos anos iniciais e do ensino fundamental de todo o Bra-sil.

Braccini também anuncia uma novidade que promete aumentar ainda mais a visibi-lidade da Eduem, que é a in-dexação da editora no SciElo Livros. “Essa aprovação era aguardada desde 2012 e foi recebida com entusiasmo por todos”, comemora o diretor, dizendo que dos sete livros que já foram encaminhados para indexação, seis já foram aceitos. O diretor ainda lem-bra que a Eduem tem duas revistas Acta indexadas no SciELO.

ServiçoVeja a relação dos lançamentos no link http://www.uem.br/images/stories/2014/lancamentos-livros-eduem-2014.pdf.

O que é a SciELO Livros?

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POR MURILO BENITES

Uma parceria entre a UEM e a Fundação Nacional de

Artes (Funarte), órgão ligado ao ministério da Cultura, re-sultará em um Painel de Re-gência Coral, programado para ocorrer entre 19 e 24 de maio, na Universidade. A proposta é estimular o desenvolvimento de estudos e pesquisas na área do canto coral, além de promover a integração entre regentes e co-ralistas.

Várias cidades brasileiras já sediaram o projeto, que pela primeira vez vem a Maringá. A expectativa é reunir cerca de 200 participantes, em um even-to gratuito e com a presença de nomes importantes da área. Segundo a coordenadora local do Painel e professora do De-partamento de Música (DMU) da UEM, Andréia Anhezini, o evento terá cursos e oficinas, além de apresentações abertas ao público em geral. A coor-denação local irá trabalhar em conjunto com a Funarte na or-ganização geral do evento.

A professora explica que a parceria com a Funarte é resul-tado de um longo processo, de três anos de negociação com a direção do projeto. “Nós entra-mos em uma espécie de fila para

Painel promove a integração entre regentes e coralistas

Canto

Evento é fruto de um trabalho pioneiro de expansão e aperfeiçoamento da prática coral em todo o Brasil

participar, já que esse projeto é muito requisitado. Nesse tempo, sinalizamos nosso interesse em sediar o Painel, encaminhando um material com informações sobre nossas ações e um pouco da realidade da nossa região na área coral”, pontua, comemo-rando o resultado do trabalho.

O Painel - Neste ano, além de

Maringá, o evento será realiza-do em Maceió (AL), Macapá (AP) e São João Del Rei (MG). Os Painéis da Funarte prolon-gam uma reconhecida atuação do então Instituto Nacional de Música da Funarte que, a partir de 1979, sob a direção da maes-trina Elza Lakschevitz, iniciou um trabalho pioneiro de expan-são e aperfeiçoamento da práti-ca coral em todo o Brasil, com a realização de cursos, concursos e edições de partituras.

Depois de alguns anos de in-terrupção, a retomada do proje-to se deu em 2007, com orien-tação pedagógica de Eduardo Lakschevitz e coordenação do Centro da Música da Funarte.

Programação - Durante os

seis dias do evento, os inscritos, que podem ser regentes, líderes de grupos musicais, alunos e professores de música, partici-parão de aulas práticas e teóri-cas, sobre noções de técnica de

regência, dinâmica de coro e en-saio, análise de repertório e téc-nica vocal. Andréia Anhenzini explica que a programação foi

elaborada pela própria Funarte, e que as atividades serão condu-zidas por profissionais de gran-de expressão e experiência.

Com mais de quarenta anos de carreira, o regente e compositor Samuel Kerr será um dos res-ponsáveis pelas atividades do Painel em Maringá. Sua vasta carreira acadêmica, atuações em diversos e importantes co-ros no Brasil, obras literárias, direções de espetáculos, além de inúmeros prêmios, o trans-formaram em um ícone do can-to coral e grande fomentador da atividade no país. Eduardo Lakschevitz, coordenador pe-dagógico do Painel de Regên-cia Coral da Funarte, também

estará na edição maringaense do evento. Lakschevitz desen-volve pesquisas voltadas para a música comunitária e projetos ligados à educação corporativa, nos quais a linguagem musical é utilizada como ferramenta de capacitação de recursos hu-manos. O Painel ainda contará com a participação do pianista Mario César e da coordenadora do Centro de Música da Funar-te, Zezé Queiroz.

Ao final do evento, será rea-lizado um concerto de encer-ramento, com um grande coro, encabeçado pelos profissionais escalados para o Painel, e com a participação de todos os ins-critos, além de pessoas que qui-serem participar. Segundo An-dréia Anhezini, a apresentação, aberta ao público contará com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, e funcionará como uma mostra das atividades da semana. “Será uma grande chance de trabalhar com exce-lentes regentes” ressalta.

A inclusão da UEM na organização do Painel da Funarte vem em momento oportuno, já

que, neste ano, o projeto de extensão Coros do Departamento de Música, coordenado por An-dréia Anhezini, completa dez anos de existência, contribuindo para a implantação, crescimento e fortalecimento da atividade coral no curso de graduação em Música da UEM, na comunidade acadêmica e em Maringá e região.

O projeto conta com 160 participantes, distri-buídos em seis corais, de diferentes perfis: Coral

da Escola de Música, Coro Feminino do Centro de Ciências Humanas, Coral Infanto-Juvenil, Oficina Coral, Coro do Curso de Graduação em Música e Coro do Laboratório de Regência. A professora analisa essa atuação expressiva da atividade coral na UEM como uma extensão da vocação de “cidade canção” que Maringá possui. “As pessoas cantam muito aqui. Temos muitos coros, de igreja e de várias instituições, como escolas, empresas e outros centros de en-sino”, destaca.

ServiçoPainel de Regência Coral Data: 19 a 24 de maioLocal: câmpus sede da UEMHorário: 14h às 17h e 18h às 21hInscrições: no site www.dmu.uem.br, e-mail [email protected] ou secretaria do Departamento de Mú-sica (Bloco 8, sala 8). As inscrições são gratuitas e as vagas serão preenchidas de acordo com a ordem de chegada.Informações: (44) 3011-4092 ou (44) 9921-1042

Dez anos de corais na UEM