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IBSN: 0000.0000.000 Página 1 ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA EVOLUÇÃO DE FORMAS DE USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NAS UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS DA ZONA COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE GOIANA/PE Júlia Stefane da Silva Vieira (a) , Osvaldo Girão da Silva (b) (a) Departamento de Ciências Geográficas DCG/Universidade Federal de Pernambco UFPE, [email protected] (b) Departamento de Ciências Geográficas DCG/Universidade Federal de Pernambco UFPE, [email protected] Eixo: Zonas costeiras: processos, vulnerabilidade e gestão. Resumo/ A área de estudo compreende as praias de Carne de Vaca e Ponta de Pedras, além do ambiente estuarino do rio Megaó, na zona costeira do município de Goiana, litoral Norte de Pernambuco. Tal município vem sendo caracterizado, nos últimos 10 anos, pelo seu crescimento socioeconômico a partir da implementação de empreendimentos privados e estatais, exercendo influência sobre a crescente ocupação da sua zona costeira municipal. A orla apresenta-se com pontos de avançados processos erosivos, afetando os ecossistemas locais, patrimônios históricos, além de acarretar perdas econômicas e imobiliárias. Procurou-se, utilizando-se do geoprocessamento, com a análise de e imagens de satélite, interpretar e diagnosticar a repercussão das modificações causadas pelas formas de uso ocupação da terra nas unidades geomorfológicas Planícies costeira e fluvial, encostas de tabuleiros, vales dissecados e tabuleiros inseridas na área estudo, considerando o período de 2000 a 2018, que apresentam a princípio, significativos impactos negativos a paisagem. Palavras Chave: Erosão. Morfodinâmica. Zona Costeira. Urbanização. 1. Introdução As zonas costeiras e estuarinas são caracterizadas por serem sistemas dinâmicos e complexos, além de geomorfologicamente instáveis, pois se tratam de ambientes de transição entre áreas continentais e oceânicas (DIAS, 2011). Esta instabilidade decorre das alterações na dinâmica de processos naturais e antrópicos, que se revelam em modificações na

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ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA EVOLUÇÃO DE FORMAS DE

USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NAS UNIDADES

GEOMORFOLÓGICAS DA ZONA COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE

GOIANA/PE

Júlia Stefane da Silva Vieira(a), Osvaldo Girão da Silva(b)

(a) Departamento de Ciências Geográficas – DCG/Universidade Federal de Pernambco – UFPE,

[email protected]

(b) Departamento de Ciências Geográficas – DCG/Universidade Federal de Pernambco – UFPE,

[email protected]

Eixo: Zonas costeiras: processos, vulnerabilidade e gestão.

Resumo/

A área de estudo compreende as praias de Carne de Vaca e Ponta de Pedras, além do ambiente estuarino do rio

Megaó, na zona costeira do município de Goiana, litoral Norte de Pernambuco. Tal município vem sendo

caracterizado, nos últimos 10 anos, pelo seu crescimento socioeconômico a partir da implementação de

empreendimentos privados e estatais, exercendo influência sobre a crescente ocupação da sua zona costeira

municipal. A orla apresenta-se com pontos de avançados processos erosivos, afetando os ecossistemas locais,

patrimônios históricos, além de acarretar perdas econômicas e imobiliárias. Procurou-se, utilizando-se do

geoprocessamento, com a análise de e imagens de satélite, interpretar e diagnosticar a repercussão das

modificações causadas pelas formas de uso ocupação da terra nas unidades geomorfológicas – Planícies costeira

e fluvial, encostas de tabuleiros, vales dissecados e tabuleiros – inseridas na área estudo, considerando o período

de 2000 a 2018, que apresentam a princípio, significativos impactos negativos a paisagem.

Palavras Chave: Erosão. Morfodinâmica. Zona Costeira. Urbanização.

1. Introdução

As zonas costeiras e estuarinas são caracterizadas por serem sistemas dinâmicos e

complexos, além de geomorfologicamente instáveis, pois se tratam de ambientes de transição

entre áreas continentais e oceânicas (DIAS, 2011). Esta instabilidade decorre das alterações na

dinâmica de processos naturais e antrópicos, que se revelam em modificações na

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disponibilidade de sedimentos, no clima de ondas, na altura do nível relativo do mar e nas

formas de uso e ocupação da terra em áreas costeiras (MUEHE, 1998).

Em decorrência do comprovado crescimento econômico e populacional dos municípios

compreendidos no litoral norte de Pernambuco, ocasionado pela implantação dos

empreendimentos voltados para o polo automotivo da FIAT/Chrysler (Jeep) e empresas

subsidiárias, além de empresas estatais, a exemplo da Empresa Brasileira de Hemoderivados

(HEMOBRAS), o uso e ocupação da planície costeira, fluvial, interflúvios e áreas tabulares

compreendida na área de estudo, vêm sendo intensificados, alterando sua dinâmica natural.

Partindo deste pressuposto, a presente proposta almejou analisar a evolução

morfodinâmica nas unidades geomorfológicas compreendidos na área de estudo ao longo do

período de 2000 a 2018, e os impactos ambientais que estão sendo impetrados ao litoral e as

zonas estuarinas do município de Goiana, diante da expansiva ocupação no ambiente praial, de

caráter residencial e de lazer, assim como estes estão influenciando sobre formas e processos

geomorfológicos.

Esta análise compreende a comparação espaço-temporal da evolução das diferentes

formas de uso e ocupação da terra nos compartimentos geomorfológicos em questão, dentro da

temporalidade proposta, por meio de dados geoprocessados, visando o diagnóstico e

interpretação das modificações causadas pelas alterações tanto pelo viés natural quanto

antrópico, na referida região.

2. Materiais e métodos

2.1 Caracterização da Área de estudo

A área de estudo localiza-se na planície costeira do município de Goiana-PE, este recém

integrado a Região Metropolitana do Recife (Figura 1), abarcando duas unidades de praias:

praia de Ponta de Pedras e praia de Carne de Vaca, sendo estas denominadas pelos núcleos

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urbanos presentes nas mesmas. Foram delimitadas as orlas costeiras, onde também está inserido

o ambiente estuarino do rio Megaó, próximo à praia de Carne de Vaca.

Este compartimento do litoral norte pernambucano corresponde a uma sequência

estratigráfica, que compõem a Bacia Sedimentar Costeira Pernambuco-Paraíba (CPRH, 2003),

equivalendo as Formações Cretáceas (Beberibe e Gramame), e Terciárias (Barreiras e Maria

Farinha), além de depósitos Quaternários. Ambos sobrepondo-se o Embasamento Cristalino

Pré-Cambriano (DOMINGUEZ, 2018).

Figura 1 – Localização da área de estudo no litoral do município de Goiana-PE – praia de Ponta de Pedras e

praia de Carne de Vaca. Organizado pelo autor, 2019.

A zona costeira, e proximidades continentais (Figura 2), estão situadas em unidade

geológica formada por terrenos quaternários e terciários inconsolidados (Formação Barreiras e

Depósitos Flúvio-marinhos e Aluvionares), que sustentam as feições de planícies e tabuleiros

ou baixos planaltos sedimentares, que fazem parte da Bacia Sedimentar Paraíba, que

compreende uma faixa costeira limitada, estruturalmente, entre o Alto de Mamanguape ao

norte, e o Lineamento Pernambuco, ao sul.

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O clima predominante é o tropical chuvoso tipo As’, de acordo com uma adaptação da

classificação climática de Köppen-Geiger, influenciado diretamente pelos sistemas

atmosféricos que se desenvolvem no oceano Atlântico como os Distúrbios Ondulatórios de

Leste, Frentes Frias, Vórtices Ciclonicos de Altos Níveis e a Zona de Convergência do

Intertropical. A ação de variados sistemas ocasiona uma condição de instabilidade

meteorológica que se manifesta em forma de chuvas, com máximas no outono-inverno (março

a setembro). Este tipo climático apresenta temperaturas medias em torno de 26 °C e medias

pluviométricas superiores a 1.800 mm/ano.

Figura 2 – Mapa das unidades geomorfológicas compreendidas na área de estudo. Organizado pelo autor, 2019.

A área em foco, bem como outros pontos das áreas litorâneas do estado de Pernambuco,

está submetida a impactos relacionados à crescente ocupação antrópica pertinente ao litoral de

Pernambuco, que agravam processos erosivos costeiros devido ao paulatino avanço de tais

ocupações sobre pontos incidentes de erosão (MADRUGA, 2017).

2.2 Metodologias

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Os trabalhos pertinentes à proposta, concentram-se, à priori, em uma etapa pré-campo,

tendo ocorrido nos meses de julho de 2018 e janeiro de 2019. Nesta revisão de bibliografia

buscou-se realizar uma caracterização de aspectos físicos/naturais e a evolução do sistema de

uso e ocupação das terras costeiras, sendo tal caracterização embasada em dados bibliográficos

e cartográficos coletados na Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco

(CONDEPE/FIDEM), incluindo um mapa 3D do ano de 2015 da área de estudo (Pernambuco

em Mapas), e textos temáticos de banco de monografias, dissertações e teses de universidades

federais e órgãos públicos.

Quanto aos dados geoprocessados, os softwares utilizados e modelos evolutivos do

relevo, incluindo a vetorização de compartimentos geomorfológicos, foram produzidos em

formato digital, utilizando os softwares Google Earth Pro e ArcGis 10.3. Para o processamento

de imagens utilizadas para a análises de uso e ocupação da terra na temporalidade proposta,

utilizou-se imagens de satélite extraídas do Google Earth Pro.

3. Resultados e Discussões

As regiões costeiras podem ser caracterizadas como espaços de grande valor ambiental,

os quais exercem grande importância socioeconômica devido a rentabilidade de suas matérias

transformadas em recursos. É em decorrência disto, que estes locais são instáveis e vulneráveis

devido a influência direta exercida pelo mar, além de conflitos e pressões sociais (MANSO,

2006).

De acordo com mapeamentos realizados pela CPRH (2003), no que concerne aos

padrões de uso e ocupação da terra em relação aos elementos constituintes destas áreas

mapeadas, o litoral norte de Pernambuco subdivide-se em: áreas com predominância de

atividades agropecuárias; áreas com predominância de uso urbano, industrial ou urbano

industrial; e ecossistemas naturais.

Destaca-se ainda, a conceituação de alguns processos morfogenéticos que podem estar

associados as diferentes formas de uso e ocupação da terra, identificadas nas unidades

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gemorfológicas identificadas neste estudo, a saber: erosão laminar, erosão linear e movimento

gravitacional de massa. A duas primeiras, na leitura de Rubira (2016), ficam a cargo da ação

hídrica superficial, sendo a linear oriunda de fluxos canalizados e desencadeadoras de sulcos,

ravinas e voçorocas (encontradas principalmente em áreas declivosas) e a laminar como um

produto do escoamento difuso, apresentando-se em áreas de menor declive. Finalmente, por

movimento gravitacional de massa, entende-se como o movimento de descida pela encosta

abaixo, de material rochoso, sob a direta influência gravitacional (WINCANDER; MONROE,

2009).

Tomando como basilar estas classificações, esquematizou-se os dados analisados

quanto as formas de uso e ocupação da terra na área de estudo através das imagens de satélite

do Google Earth dos anos de 2004, 2007, 2018, relacionando as Unidades Geomorfológicas

aos seus respectivos conceitos, formas de Uso e Ocupação da terra, processos morfogenéticos

e Impactos Ambientais da seguinte maneira:

Tabela I – Resumo das formas de uso e ocupação das unidades geomorfológicas presentes na área de estudo e

seus impactos resultates.

Unidades

Geomorfológicas

Conceitos propostos

por Guerra (1987)

Formas de uso e

ocupação da terra e

Processos

morfogenéticos

Impactos

Ambientais

Planície Costeira

Extensão de terreno

mais ou menos plano

onde os processos de

agradação superam

os de degradação; do

tipo costeiro.

Áreas com

predominância de

Uso Urbano/Erosão

Linear e Laminar

Diminuição do

pós-praia;

comprometimento

dos ecossistemas

locais e da

balneabilidade das

praias.

Encostas de tabuleiros

Declive nos flancos

de um morro, de uma

colina ou de uma

Serra.

Áreas com

predominância de

Uso Urbano e

Atividades

Agropecuárias/Erosão

Laminar e Linear e

Movimento

gravitacional de

massa

População sujeita

a movimentos de

massa em áreas de

declive;

Destruição de

parte da vegetação

natural pela

produção agrícola.

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Planície Flúvio-Marinha

Extensão de terreno

mais ou menos plano

onde os processos de

agradação superam

os de degradação; do

tipo continental,

sujeita à dinâmica

fluvial e marinha.

Áreas com

predominância de

Uso Urbano e

Ecossistemas

Naturais/Erosão

Fluvial

Comprometimento

de ecossistemas

naturais.

Tabuleiros Costeiros

Forma topográfica de

terreno que se

assemelha a

planaltos, terminando

geralmente de forma

abrupta.

Áreas com

predominância de

Uso Urbano e

atividades

agropecuárias/Erosão

Laminar e Linear

Produção centrada

da cana de açúcar

resulta na

destruição de boa

parte da cobertura

vegetal natural das

várzeas e das

encostas com altas

declividades.

Vales Dissecados

Corredor ou

depressão de forma

longitudinal (em

relação ao relevo

contíguo) que por

vezes tem vários

quilômetros de

extensão.

Ecossistemas

Naturais

Comprometimento

de ecossistemas

naturais.

Diante do que foi exposto na tabela I, pôde-se constatar uma maior evolução das formas

de uso e ocupação da terra relativas a áreas urbanizadas, centrada na planície costeira, local em

que desencadeou-se, a priori, a ocupação antrópica da área. Com o passar dos anos,

especialmente após a fixação de empreendimentos industriais impetrados no município de

Goiana a partir da década de 2000, foi possível acompanhar a expansão urbana não mais apenas

restrita a planície costeira, mas também sua propagação, e consequente adensamento

populacional, nas áreas de encostas dos tabuleiros.

Nos tabuleiros, as formas de uso e ocupação da terra presentes modificaram-se em

menor expressão, onde as áreas agrícolas preservaram-se, inclusive é nesta unidade

geomorfológica que se concentra a lavoura canavieira, ocupando todos os topos e encostas de

tabuleiros. Vale ressaltar que a expansão do cultivo da cana-de-açúcar, tem impulsionado a

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degradação de boa parte da cobertura florestal das áreas várzeas e encostas com declividade

acentuada, conforme é possível observar nas figuras 3 e 4. (CPRH, 2003)

Figura 4 – Evolução das formas de uso e ocupação nas áreas de encosta no ano de 2004. Google Earth, 2019.

Figura 4 – Evolução das formas de uso e ocupação nas áreas de encosta e várzea e a expansão da atividade

agrícola no ano de 2018. Google Earth, 2019.

Apesar de não apresentarem uma evolução expressiva nas formas de uso e ocupação da

terra, no que concerne a ocupações antrópicas, as áreas de vales e planície flúvio-marinha,

demarcadas pela presença de ecossistemas naturais – Manguezais e vegetação remanescente da

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Mata Atlântica (CPRH, 2003) – atestam presenças de atividades ligadas à agropecuária,

resultando na degradação dos seus respectivos ecossistemas naturais e em solos expostos,

apesar da predominância da cobertura vegetal. Segundo Trindade (2005), foi justamente o

extenso cultivo de cana-de-açúcar – em especial no Nordeste brasileiro – que levou a

fragmentação da Floresta Atlântica, configurando-se como uma ruptura de uma unidade de

paisagem (Figuras 3 e 4).

Quanto aos impactos resultantes a determinadas formas de uso e ocupação da terra

impetradas, o processo erosivo encontra-se em maior expressão na planície costeira em quase

sua totalidade, estendendo-se por ambas a praias compreendidas na referida área de estudo

impondo mudanças no seu balanço sedimentar e modificando morfologias costeiras primárias.

Isto pôde ser observado na planície costeira, onde as construções antrópicas já

ultrapassam o pós-praia e estendem-se pelo estirâncio, além de mudanças na morfologia

costeira, com trechos pontuais de progradação e retrogradação da linha de costa, que apesar da

curta temporalidade aqui adotada, puderam ser observadas ao longo da análise (Figuras 5 e 6).

Figura 6 – Mudanças na morfologia do cordão litorâneo nas proximidades do ambiente estuarino do Rio Megaó

no ano 2004. Google Earth, 2019.

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Figura 6 – Mudanças na morfologia do cordão litorâneo nas proximidades do ambiente estuarino do Rio Megaó

no ano 2018. Google Earth, 2019.

Ademais, cabe ressaltar que os dados pertinentes ao objeto de investigação desse

projeto de iniciação científica, encontram-se em andamento. Portanto, descreveu-se apenas a

primeira fase de natureza bibliográfica, fazendo parte das atividades de gabinete já citadas.

Portanto, adverte-se que os dados quantitativos podem oscilar ou apresentar resultados mais

precisos após a realização das atividades de campo.

4. Considerações Finais e Agradecimentos

4.1 Considerações finais

Devido ao seu valor paisagístico, as zonas costeiras tem sido o grande objeto de procura

desde a eclosão da expansão urbana, na década de 1970. Por ser um ambiente naturalmente

vulnerável, regiões costeiras, são altamente susceptíveis a destruição, devido a atividades

antrópicas locais e sua própria dinâmica natural.

O processo de urbanização exacerbado ao qual foi submetido o município de Goiana,

conferiu a zona costeira do município diversos problemas ambientais, sendo a erosão de praias

o mais notável deles. Sem dúvidas implementação de indústrias no município, na última década,

foi um processo decisivo no que tange a expansão urbana e conflitos socioambientais local.

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Ademais, em linhas gerais, foi possível compreender como as diferentes formas de uso

e ocupação da terra impetradas numa região tão vulnerável como a zona costeira, desencadeiam

impactos socioambientais severos, de cujos não sendo diagnosticados e solucionados, podem

acarretar consequências drásticas a longo prazo.

Acredita-se que a finalidade de apresentar produtos de análises qualitativas e

quantitativas, incluindo a utilização do geoprocessamento, acerca da orla costeira do município

considerado irá contribuir como diagnóstico ambiental e territorial, constituindo-se em uma

primeira aproximação para o fornecimento de dados e informações relevantes sobre o

mecanismo de forças que atuam na contemporaneidade neste sistema transicional que é a orla

costeira, auxiliando no avanço de estudos sobre as dinâmicas naturais – clima, movimentos

eustáticos, tectonismo e a ação as ondas – e ocupacionais, assim como possibilitando subsídios

para o planejamento e gestão de tais espaços junto aos gestores públicos e mesmo

empreendimentos privados.

4.2 Agradecimentos

Os agradecimentos destinam a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e ao CNPq

pela viabilidade de execução do projeto, ao Laboratório do Grupo de Estudos do Quaternário

do Nordeste brasileiro (LabGEQUA) e ao Grupo de Pesquisa em Antropogeomorfologia

(ANTRPOGEO) – visto que este projeto de iniciação científica encontra-se ligado a uma tese

de doutorado do mesmo – propiciando subsídios para atividades subordinadas à pesquisa

proposta, bem como pelas dependências cedidas de gabinete. E finalmente, ao Professor adjunto

do Departamento de ciências geográficas da UFPE, Osvaldo Girão, o qual dedicou-se

integralmente a orientação deste Projeto de IC, mostrando-se sempre disponível para tirar

dúvidas e auxiliar na elaboração do mesmo.

5. Referências Bibliográficas

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