análise do interesse das Áreas de atuação dos acadêmicos

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1 Análise do interesse das Áreas de Atuação dos acadêmicos ingressantes (2018) no Curso de Engenharia de Produção Agroindustrial da UNESPAR Amanda Cristina de Lima, EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão [email protected] Solange Maria do Nascimento, EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão [email protected] Luana do Nascimento Procópio, EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão [email protected] Tainara Rigotti de Castro, EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão [email protected] Resumo: O presente artigo teve como finalidade analisar o interesse dos acadêmicos ingressantes, no ano de 2018, no Curso de Engenharia de Produção Agroindustrial (EPA) da Universidade estadual do Paraná (UNESPAR) Campus de Campo Mourão - em relação às Áreas de atuação/ conhecimento da Engenharia de Produção (EP), bem como identificar os motivos de tal escolha. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário, e os resultados obtidos possibilitaram a caracterização dos ingressantes, a identificação das Áreas de conhecimento da EP em que estes possuíam interesse, a fim de analisar os principais motivos que os levaram a tal escolha. Sendo assim, foi possível observar que a maioria dos ingressantes possui Áreas de interesse com as quais se identificam, que os mesmos classificam o ensino (professor, universidade, disciplina) como grandes influenciadores de suas decisões e que a Área da Educação possui rejeição entre eles. Palavras-chave: Áreas da Engenharia de Produção; Interesse acadêmico; Escolhas de áreas de atuação. 1. Introdução A Engenharia de Produção (EP) é o ramo da Engenharia que lida com a concepção, projeto e gerenciamento de sistemas produtivos de bens e serviços, caracterizados pela integração entre homens, materiais, equipamentos e o meio ambiente, para o incremento da produtividade e qualidade (OLIVEIRA NETTO, 2006). O Curso de graduação em Engenharia de Produção Agroindustrial (EPA) da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR Campus de Campo Mourão) foi fundado em 1998, e proporciona anualmente 40 vagas em período integral e possui uma duração mínima de 5 anos. Tem por objetivo formar um profissional com uma visão sistêmica, que seja capaz de atuar em todos os elos das diversas cadeias de produção agroindustrial. O Curso apresenta uma carga horária total de 4.454 horas aulas, contemplando 306horas de Estágio Curricular Supervisionado, que é necessário ser realizado no último semestre, após a efetivação de todas as disciplinas (FECILCAM, 2010). A UNESPAR é uma instituição de ensino superior pública e gratuita, com sede no município de Paranavaí, que se dispõe dos seguintes campi: Apucarana, Campo Mourão,

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Análise do interesse das Áreas de Atuação dos acadêmicos

ingressantes (2018) no Curso de Engenharia de Produção

Agroindustrial da UNESPAR

Amanda Cristina de Lima, EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão

[email protected]

Solange Maria do Nascimento, EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão

[email protected]

Luana do Nascimento Procópio, EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão

[email protected]

Tainara Rigotti de Castro, EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão

[email protected]

Resumo: O presente artigo teve como finalidade analisar o interesse dos acadêmicos

ingressantes, no ano de 2018, no Curso de Engenharia de Produção Agroindustrial (EPA)

da Universidade estadual do Paraná (UNESPAR) – Campus de Campo Mourão - em relação

às Áreas de atuação/ conhecimento da Engenharia de Produção (EP), bem como identificar

os motivos de tal escolha. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário, e os

resultados obtidos possibilitaram a caracterização dos ingressantes, a identificação das

Áreas de conhecimento da EP em que estes possuíam interesse, a fim de analisar os

principais motivos que os levaram a tal escolha. Sendo assim, foi possível observar que a

maioria dos ingressantes possui Áreas de interesse com as quais se identificam, que os

mesmos classificam o ensino (professor, universidade, disciplina) como grandes

influenciadores de suas decisões e que a Área da Educação possui rejeição entre eles.

Palavras-chave: Áreas da Engenharia de Produção; Interesse acadêmico; Escolhas de

áreas de atuação.

1. Introdução

A Engenharia de Produção (EP) é o ramo da Engenharia que lida com a concepção,

projeto e gerenciamento de sistemas produtivos de bens e serviços, caracterizados pela

integração entre homens, materiais, equipamentos e o meio ambiente, para o incremento da

produtividade e qualidade (OLIVEIRA NETTO, 2006).

O Curso de graduação em Engenharia de Produção Agroindustrial (EPA) da

Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR – Campus de Campo Mourão) foi fundado em

1998, e proporciona anualmente 40 vagas em período integral e possui uma duração mínima

de 5 anos. Tem por objetivo formar um profissional com uma visão sistêmica, que seja capaz

de atuar em todos os elos das diversas cadeias de produção agroindustrial. O Curso apresenta

uma carga horária total de 4.454 horas aulas, contemplando 306horas de Estágio Curricular

Supervisionado, que é necessário ser realizado no último semestre, após a efetivação de todas

as disciplinas (FECILCAM, 2010).

A UNESPAR é uma instituição de ensino superior pública e gratuita, com sede no

município de Paranavaí, que se dispõe dos seguintes campi: Apucarana, Campo Mourão,

2

Curitiba I, Curitiba II, Paranaguá, Paranavaí e União da Vitória (UNESPAR, 2016). O

Campus de Campo Mourão tornou-se universidade no ano de 2012, anteriormente, era

Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM). No momento

atual, a instituição oferece cursos de graduação, pós-graduação em nível de especialização e

mestrado (CASTRO; GROFF; OLIVEIRA, 2017).

O profissional formado em EP combina conhecimentos de engenharia com os de

administração, atuando no gerenciamento de indústrias e empresas. Tal profissional é

conhecido por sua multidisciplinaridade para que compreenda e atue eficientemente no

processo produtivo. Essa multidisciplinaridade é advinda de sua habilitação, visto a

possibilidade de sua atuação em 10 grandes áreas de conhecimento de acordo com a

Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO, 2018): 1. Engenharia de

Operações e Processos de Produção; 2. Logística; 3. Pesquisa Operacional; 4. Engenharia da

Qualidade; 5. Engenharia do Produto; 6. Engenharia Organizacional; 7. Engenharia

Econômica; 8. Engenharia do Trabalho; 9. Engenharia da Sustentabilidade; 10. Educação

em Engenharia de Produção.

Conforme o Jornal Correio (2017), há muitos desafios no cenário do ensino superior

brasileiro, incluindo acesso, êxito e qualidade, entre outros. Contudo, o ciclo de expansão

e o crescimento econômico que ocorreram no Brasil, há alguns anos, enfrentaram diversos

obstáculos, a situação tornou-se particularmente complicada em áreas em que faltam

profissionais no país, como nas engenharias. Além disso, ainda é possível observar uma

tendência de mercado onde há falta de interesse desses profissionais em relação a algumas

áreas específica como, por exemplo, a Educação.

Nesse contexto, o objetivo geral desse artigo foi analisar quais áreas de conhecimento

da EP os ingressantes do Curso de EPA, da UNESPAR, do ano de 2018, possuem interesse

e quais os motivos que os levaram a tal escolha. Também é foco da presente pesquisa,

identificar o interesse da referida população acerca da Área de Educação em Engenharia de

Produção, visto a falta de interesse de engenheiros por esta Área.

A presente pesquisa está estruturada em cinco partes. Na primeira parte apresentou-

se a contextualização da pesquisa, seus objetivos e sua justificativa. Na segunda, definiu-se

a EP e suas áreas, seguida da Metodologia adotada. Na quarta parte têm-se os Resultados e

Discussões. Por fim, na quinta parte, têm-se as Considerações Finais seguidas das

Referências.

2. Engenharia de Produção (EP)

De acordo Fleury (2008), a EP trata do projeto, aperfeiçoamento e implantação dos

sistemas integrados de pessoas, materiais, informações, equipamentos e energia, para a

produção de bens e serviços, de maneira econômica, respeitando os preceitos éticos e

culturais. Tem como base os conhecimentos específicos e as habilidades associadas a

ciências físicas, matemáticas e sociais, assim como aos princípios e métodos de análise da

engenharia de projeto para especificar, predizer e avaliar os resultados obtidos por tais

sistemas. Outros tipos de sistemas de produção têm outras configurações de recursos. Uma

empresa industrial ou de serviços tem pessoas, tem equipamentos, tem materiais, tem

informações, tem energia, e a função do engenheiro de produção é organizá-los para que a

função produção de bens e serviços seja de maneira econômica, respeitando os preceitos

éticos culturais.

3

2.1 Áreas da Engenharia de Produção (EP)

2.1.1 Engenharia de Operações e Processos de Produção

De acordo com a ABEPRO (2018), a Área de Engenharia de Operações e Processos

de Produção está relacionada a projetos, operações e melhorias dos sistemas que criam e

entregam os produtos (bens ou serviços) primários de certa empresa. Essa área possui 6

subáreas, que são: i) Gestão de Sistemas de Produção e Operações; ii) Planejamento,

Programação e Controle da Produção; iii) Gestão da Manutenção; iv) Projeto de Fábrica e

de Instalações Industriais: organização industrial, layout/arranjo físico; v)Processos

Produtivos Discretos e Contínuos: procedimentos, métodos e sequências; iv) Engenharia de

Métodos.

2.1.2 Logística

A logística, é tradicionalmente era compreendida como uma companhia que tratava

da simples entrada de matérias primas ou o fluxo de saída dos produtos acabados em sua

definição. Tendo atualmente uma definição mais englobada a logística se trata também da

gestão de fluxos entre marketing e produção, principal fornecedor de serviços. O processo

logístico atravessa todas as áreas funcionais, criando assim importantes interfaces.

Subordina os objetivos mais amplos da empresa a objetivos da função individual

(DORNIER, et al., 2013). Essa área possui 7 subáreas, que são: i) Gestão da Cadeia de

Suprimentos; ii) Gestão de Estoques; iii) Projeto e Análise de Sistemas Logísticos; iv)

Logística Empresarial; v) Transporte e Distribuição Física; vi) Logística Reversa; vii)

Logística de Defesa.

2.1.3 Pesquisa Operacional

Conforme a ABEPRO (2018), a Pesquisa Operacional é a resolução de problemas

reais que envolvem situações de tomada de decisão, através de modelos matemáticos

habitualmente processados computacionalmente, em que se aplicam conceitos e métodos de

outras disciplinas científicas na concepção, no planejamento ou na operação de sistemas para

atingir seus objetivos. Procura também introduzir elementos de objetividade e racionalidade

nos processos de tomada de decisão, sempre preservando os elementos subjetivos e de

enquadramento organizacional que caracterizam os problemas. Essa área possui 7 subáreas,

que são: i) Modelagem, Simulação e Otimização; ii) Programação Matemática; iii) Processos

Decisórios; iv) Processos Estocásticos; v) Teoria dos Jogos; vi) Análise de Demanda; vii)

Inteligência Computacional.

2.1.4 Engenharia da Qualidade

A Engenharia da Qualidade pode ser vista como um conjunto de atividades

operacionais, gerenciais e de engenharia que uma organização utiliza para garantir que as

características de qualidade de um produto estejam no nível nominal ou requerido

(MONTGOMERY, 1996 apud CARVALHO, 2008). Essa área possui 5 subáreas, que são:

i) Gestão de Sistemas da Qualidade; ii) Planejamento e Controle da Qualidade; iii)

Normalização, Auditoria e Certificação para a Qualidade; iv) Organização Metrológica da

Qualidade; v) Confiabilidade de Processos e Produtos.

2.1.5 Engenharia do Produto

Conforme Chiavenato (2005), a Engenharia do Produto trata do desenvolvimento de

produtos e é também a área que cuida de todos os estudos e pesquisas que envolvem a

4

criação, adaptação, melhorias e aprimoramento dos produtos produzidos por tal empresa.

Essa área possui 3 subáreas, que são: i) Gestão do Desenvolvimento de Produto; ii) Processo

de Desenvolvimento do Produto; iii) Planejamento e Projeto do Produto.

2.1.6 Engenharia Organizacional

A Engenharia Organizacional é um conjunto de conhecimentos relacionados à gestão

das organizações, englobando em seus tópicos o planejamento estratégico e operacional, é

estratégias de produção, gestão empreendedora, propriedade intelectual, avaliação de

desempenho organizacional, sistemas de informação e sua gestão e arranjos produtivos

(ABEPRO, 2018). Essa área possui 9 subáreas, que são: i) Gestão Estratégica e

Organizacional; ii) Gestão de Projetos; iii) Gestão do Desempenho Organizacional; iv)

Gestão da Informação; v) Redes de Empresas; vi) Gestão da Inovação; vii) Gestão da

Tecnologia; viii) Gestão do Conhecimento; ix) Gestão da Criatividade e do Entretenimento.

2.1.7 Engenharia Econômica

Conforme Gonçalves et al. (2008), a Engenharia Econômica é um campo de

conhecimento que pode ser utilizado em: gestão econômico-financeira de empresas e de

organizações produtivas, sejam elas públicas ou privadas, que pode ser exercida por

engenheiro, economista, administrador ou contador. Essa área possui por 4 subáreas, que

são: i) Gestão Econômica; ii) Gestão de Custos; iii) Gestão de Investimentos; iv) Gestão de

Riscos.

2.1.8 Engenharia do Trabalho

Conforme ABEPRO (2018), a Engenharia do Trabalho diz respeito ao

aperfeiçoamento, implantações e avaliações de tarefas, que envolvem sistema de trabalho,

produto, ambientes, habilidades e capacidades das pessoas, desejando melhor qualidade e

produtividade, mas primeiramente preservando a saúde e integridade física. Seus

conhecimentos são usados na compreensão das interações entre os humanos e outros

elementos de um sistema, pode também afirmar que esta área trata da tecnologia da interface

máquina - ambiente - homem - organização. Essa área possui 4 subáreas, que são: i) Projeto

e Organização do Trabalho; ii) Ergonomia; iii) Sistemas de Gestão de Higiene e Segurança

do Trabalho; iv) Gestão de Riscos de Acidentes do Trabalho.

2.1.9 Engenharia da Sustentabilidade

A Engenharia da Sustentabilidade é o Planejamento de utilização dos recursos

naturais nos sistemas produtivos diversos, da destinação e tratamento dos resíduos e

efluentes destes sistemas, como a implantação de sistema de gestão ambiental e

responsabilidade social (ABEPRO, 2018). Essa área possui 7 subáreas, que são: i) Gestão

Ambiental; ii) Sistemas de Gestão Ambiental e Certificação; iii) Gestão de Recursos

Naturais e Energéticos; iv) Gestão de Efluentes e Resíduos Industriais; v) Produção mais

Limpa e Ecoeficiência; vi) Responsabilidade Social; vii) Desenvolvimento Sustentável.

2.1.10 Educação em Engenharia de Produção

De acordo com ABEPRO (2018), a área da Educação em Engenharia de Produção

diz respeito ao universo de inserção da educação superior em engenharia (graduação, pós-

graduação, pesquisa e extensão) e suas áreas afins, que a partir de uma abordagem sistêmica

englobando a gestão dos sistemas educacionais em todos os seus aspectos como a formação

de pessoas (corpo docente e técnico administrativo); a organização didático pedagógica,

5

especialmente o projeto pedagógico de curso; as metodologias e os meios de

ensino/aprendizagem. Pode-se considerada como uma “Engenharia Pedagógica”, que busca

consolidar estas questões, que visa apresentar como resultados concretos das atividades

desenvolvidas, alternativas viáveis de organização de cursos para o aprimoramento da

atividade docente, campo em que o professor já se envolve intensamente sem encontrar

estrutura adequada para o aprofundamento de suas reflexões e investigações. Essa área

possui 4 subáreas, que são: i) Estudo da Formação do Engenheiro de Produção; ii) Estudo

do Desenvolvimento e Aplicação da Pesquisa e da Extensão em Engenharia de Produção;

iii) Estudo da Ética e da Prática Profissional em Engenharia de Produção Práticas

Pedagógicas e Avaliação Processo de Ensino-Aprendizagem em Engenharia de Produção;

iv) Gestão e Avaliação de Sistemas Educacionais de Cursos de Engenharia de Produção.

3. Metodologia

Quanto aos métodos abordados no problema, a pesquisa classifica-se como mista,

pois foram abordados métodos quantitativos e qualitativos (CRESWEEL, 2007). Quanto aos

objetivos classifica-se como descritiva, pois tem como foco conhecer as características de

uma determinada população e examinar as possíveis relações (FREITAS; GONÇALVES,

2015). Quanto aos procedimentos de coleta de dados, classifica-se como bibliográfica, pois

foram realizadas pesquisas de informações sobre o assunto (BOOTH; COLOMB;

WILLIANS, 2005), levantamento, e solicitadas informações (GIL, 1999), através de

questionários e estudo de caso, pois foi feito um estudo para permitir conhecimento amplo e

detalhado (GIL, 1999).

Para a coleta de dados foi elaborado um questionário (Apêndice A) que foi aplicado

aos ingressantes do Curso de EPA, do ano de 2018, via Google Forms. O link foi enviado

para os entrevistados via Facebook e Whatsapp durante o mês de agosto do ano de 2018. A

totalidade de acadêmicos contatados foi de 19 ingressantes. O índice de retorno foi

correspondente a 89,90%, visto que 17 questionários foram respondidos.

4. Resultados e discussões

Considerando que a identidade dos participantes foi preservada, os mesmos foram

classificados de acordo com a idade e sexo. Da totalidade de entrevistados, 17,60% possuem

17 anos, 47,10% possuem 18 anos, 23,50% possuem 19 anos, 5,90% possui 20 anos e, 5,90%

possuem 21 anos. De acordo com G1 (2012) devido às alternativas de ingresso às

universidades, os jovens têm iniciado o ensino superior cada vez mais cedo.

Quanto ao sexo, 58,80% dos entrevistados são mulheres, e 41,20% são homens.

Conforme a Gazeta do povo (2017) a cada ano, mais mulheres ingressam nos cursos de

Engenharia, em todas as áreas. De acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e

Agronomia (CONFEA), entre os anos de 2011 a 2017, o número de profissionais mulheres

nas engenharias saltou de 8.413 a 11.405 no Estado do Paraná, apresentando um aumento de

35% na participação feminina. No entanto, se compararmos com a participação masculina,

existe uma grande disparidade: 79.035 profissionais homens registrados no Paraná,

chegando a um percentual de 592% de diferença. Entretanto, pode se afirmar que o índice

de mulheres na Engenharia esta crescendo gradativamente.

Em relação à escolha de cursar EP, a maioria dos entrevistados (52,90%) afirma ter

escolhido o Curso devido ao amplo mercado de trabalho. Observa-se ainda que as causas se

6

relacionam com: Identificação com Curso (11,80%), Influência de familiares (17,60%),

Localidade da Universidade (5,90%) e, Outros (11,80%).

FIGURA 1 – Causas relacionadas à escolha de cursar EP.

Quando perguntado aos entrevistados se os mesmos estão se identificando com o

Curso, a maioria (88,20%) respondeu “sim”, como pode ser visto na Figura 2.

FIGURA 2 - Identificação com o curso.

Em relação à pretensão de exercer a profissão, a maioria (88,20%) respondeu

positivamente à pergunta (Figura 3).

FIGURA 3 - Pretensão de exercer a profissão.

Em relação às Áreas da EP que os entrevistados possuem interesse e/ou pretendem

atuar, observa-se (Figura 4) que 47,70% ainda não se decidiram. Entretanto, é possível

observar que a maioria dos entrevistados já aponta interesse em Áreas relacionadas:

Engenharia de Operações e Processos de Produção (17,60%), Logística (11,80%),

52,90%

11,80%

17,60%

5,90%

11,80% Amplo mercado de trabalho

Reconhecimento na sociedade

Se identificou com o curso

Por ser pública

Influência familiar

Po ser próxima a sua residência

Outros

88,20%

11,80%

Sim

Não

88,20%

11,80%

Sim

Não

7

Engenharia da Qualidade (11,80%), Engenharia do Trabalho (5,90%) e, Educação em

Engenharia de Produção (5,90%).

FIGURA 4 - Áreas de interesse.

As justificativas das respostas da questão anterior estão dispostas no Quadro 1.

QUADRO 1 – Justificativa da escolha da Área de conhecimento.

Por meio do Quadro 1 observam-se as justificativas pelas quais os entrevistados já

sabem ou não a Área com a qual possuem mais identificação, seja pela busca ou falta de

conhecimentos prévios, curiosidade ou interesse. Chama atenção o fato de quase metade dos

entrevistados (47,10%) indicarem não saber qual a Área de interesse. Entretanto, essa

indeterminação decorre do fato dos entrevistados ainda não terem tido contato profundo com

as Áreas de conhecimento. De acordo com Fecilcam (2010), o foco, no Primeiro ano de

17,60%

11,80%

011,80%

00

5,90%

0

5,90%

0

47,10%

Engenharia de Operações e Processos

de ProduçãoLogística

Pesquisa Operacional

Engenharia da Qualidade

Engenharia do Produto

Engenharia Organizacional

Engenharia do Trabalho

Engenharia da Sustentabilidade

Educação em Engenharia de Produção

Engenharia econômica

Ainda não sei

ENTREVISTADO RESPOSTA

1 “Me identifico na área”

2 “Ainda não tive contato com as matérias específicas”

3 “Me identifico melhor com a parte prática da profissão”

4 “Me identifico bastante com a área”

5 “Não me identifiquei com o curso”

6 “São várias áreas que almejo por isso o motivo a qual ainda não escolhi em qual atuar”

7 “Me identifico nessa área, pois já trabalhei na área que envolve processos da produção”

8 “Acho interessante o ramo da logística já que mexe com o transporte, armazenamento e

distribuição de produtos”

9 “Não consegui me decidir ainda, me interesso por várias áreas, mas nenhuma específica

ainda”

10 “No primeiro momento é uma das áreas que eu mais me identifico devido a suas ações,

mas pode ser que com o decorrer do curso outra área também me chame atenção”

11 “Porque é uma área bastante interessante e que envolvem os processos de produção”

12 “Por ser uma área que me interessa”

13 “Pois ainda preciso conhecer um pouco mais sobre cada uma dessas áreas”

14 “Necessito conhecer mais as áreas”

15 “Acho que é a área que melhor me identifiquei e tenho interesse em trabalhar no setor

de qualidade”

16 “Por que eu quero trabalhar na área da construção e não na área da indústria”

17 “Preciso conhecer mais as áreas”

8

Curso, está nas disciplinas de Física, Química, Geometria Analítica, Cálculo Numérico,

Estatística e Matemática, que estão ligadas as disciplinas do núcleo básico, conhecidas como

disciplinas clássicas que caracterizam um curso de Engenharia.

Durante o Primeiro ano de Curso, um conhecimento prévio relacionado às 10 Áreas

de conhecimento da EP é ofertado por meio da disciplina de Introdução à Engenharia de

Produção. Percebe-se que acadêmicos mais curiosos e/ou interessados focam numa Área,

tornando dela sua “preferida”, fazendo com que busquem conhecimento e/ou materiais fora

das disciplinas. Outros não se identificam apenas por meio do contato prévio e necessitam

de cursar alguma disciplina realmente focada na Área e compará-la com o que foi aprendido

em outras disciplinas para que identifiquem necessariamente um interesse. Cabe salientar

que ambos os comportamentos são aceitos, pois os indivíduos reagem de maneira distinta

frente às ferramentas e/ou conhecimentos ofertados.

É possível observar (Figura 5) que a maioria dos entrevistados (70,60%) já se

deparou, no Curso, com ferramentas ligadas a EP. Isso vem de encontro com o já discutido

em relação à disciplina de Introdução a Engenharia de Produção que aborda conhecimentos

básicos das grandes áreas da EP que serão detalhadas com mais complexidade ao decorrer

do Curso em disciplinas específicas.

FIGURA 5- Quantidade de entrevistados que já tiveram contato com ferramentas ligadas a EP.

Quando perguntado em relação ao interesse pela área da Educação em Engenharia

de Produção, observa-se que a maioria dos entrevistados (58,80%) respondeu que de maneira

negativa (Figura 6).

FIGURA 6 - Interesse pela área da Educação.

O baixo interesse pela área da Educação em meio a Engenharia pode ser explicado

pela cultura brasileira e atual cenário político, em que o professor é mal remunerado,

70,60%

29,40%Sim

Não

41,20%

58,80%

Sim

Não

9

confrontado pelos alunos, esquecido pelo governo e desvalorizado pela sociedade. Além

disso, leva-se em consideração que um professor do nível superior tem a necessidade de

especialização (mestrado e/ou doutorado). Geralmente, os mestrandos e doutorandos

recorrem a bolsas de estudo para se manterem, visto a dedicação integral à pesquisa. No

Brasil, além da quantidade de bolsas serem baixas, o valor pago pelas agências de fomento

à pesquisa desvalorizou bastante em relação ao custo de vida (CASTRO; GROFF, 2018).

Ainda, de acordo com Castro e Groff (2018), devido à carência brasileira por

engenheiros, grande parte dos recém-formados, muitas vezes, já saem das universidades

empregados devido ao estágio realizado. Cabe ressaltar que os engenheiros de produção,

pelo seu conhecimento multidisciplinar, costumam ser requisitados em diversas áreas como

a industrial, serviços de varejo, turismo, finanças, saúde, entre outras. Por isso, as

oportunidades para esses profissionais são bastante abrangentes, já que podem transitar nas

diferentes áreas e ocupar diversos cargos. É comum também encontrar empregos nos setores

alimentício, siderúrgico, civil e agroindustrial. Outro ponto importante é que, mesmo em

momentos de crise, esses profissionais costumam ser absorvidos com facilidade pelo

mercado de trabalho. Isso acontece porque o engenheiro de produção é responsável por

repensar o processo produtivo, readequando os processos e reduzindo custos. É um

profissional importante para empresas que pretendem inovar e ao mesmo tempo diminuir os

gastos nas épocas de crise (UNIVERSIA, 2017).

Quanto a Área da Educação, os entrevistados foram questionados a respeito de quais

motivos os levariam a trabalhar na mesma. Mais da metade deles (52,90%) indicou a

inexistência desses motivos, visto que não se imaginam sendo professores (Figura 7). Os

fatores que os levariam a trabalhar na Área são: Interesse em fazer mestrado e/ou doutorado

(29,40%), Interesse em ser Professor no ensino superior (11,80%) e, Necessidade financeira

(5,90%).

FIGURA 7 - Motivos para trabalhar na Área da Educação.

Quanto à influência do ensino (professor, universidade, disciplina) na escolha

profissional referente à Área de atuação, a maioria dos entrevistados (94,10%) afirma que

sim (Figura 8), o professor, a universidades e a maneira como uma disciplina é abordada

pode ser responsável pela criação de interesses e afinidades.

0,00%

29,40%

11,80%

5,90%

00

52,90%

Trabalhar com pesquisas

Fazer mestrado e doutorado

Interesse em ser professor no ensino

superiorNecessidade financeira

Ser valorizado

Outros

Não me vejo sendo professor

10

FIGURA 8 - O ensino como influência na escolha profissional referente à Área de atuação.

As justificativas da resposta anterior podem ser observadas no Quadro 2. Por meio

delas é possível observar que os discentes observam os docentes, a universidade e a maneira

como a disciplina é conduzida como grandes atores influenciadores de suas decisões e

escolhas.

QUADRO 2 – Justificativa da influência do ensino na escolha profissional referente à Área de atuação.

5. Considerações Finais

Por meio da pesquisa foi possível coletar e analisar informações quanto aos

ingressantes do Curso de EPA da UNESPAR, do ano de 2018, bem como identificar as áreas

94,10%

5,90%

Sim

Não

ENTREVISTADO RESPOSTA

1 “Sim, mas também pelo retorno financeiro”

2 “Sim, devido a eminência de interesse do acadêmico”

3 “Sim, pois alguns professores expõem suas opiniões em relação a cada uma das áreas de

atuação”

4 “Somos influenciados por pessoas a todo tempo e isso pode acarretar na escolha de

determinada área de atuação”

5 “Sim, porque são os professores que nos incentivam”

6 “Sim, pois eles têm um conhecimento a mais”

7 “Pode influenciar sim, pois posso gostar de uma disciplina e me interessar em trabalhar

na área da mesma”

8 “Sim, pois o professor pode dar um feedback do que ele acha de cada área”

9 “Sim, porque o ensino transfere informações e conhecimento aos alunos na sala de aula e através disso eles vão atrás de pesquisar e conhecer, e no fim acabam se interessando

por algo que já ouviram falar”

10 “Ao meu ver, o professor, a universidade e a disciplina são ícones fundamentais para

que o acadêmico se espelhe, sendo assim os mesmos podem promover atividades que

influenciem na escolha profissional”

11 “Sim, pois tenho o professor como um espelho a ser seguido, uma influência”

12 “Sim, pois temos eles como base na nossa formação”

13 “Sim, pois é através do ensino que vamos ter uma noção de como é o mercado de

trabalho e das nossas preferências”

14 “Sim, acadêmicos, muitas vezes, “se espelham” em educadores”

15 “Acredito que não basta apenas estudar, o que determina suas opções são as áreas que

chamam a atenção e como o professor incentiva. Eu, por exemplo, não me identifiquei

com o agro, mas não vejo problemas em trabalhar numa indústria”

16 “Não”

17 “Sim, porque é ainda no período de graduação que o acadêmico começa a se identificar

e optar a sua área de atuação”

11

da EP em que eles possuem interesse e os principais motivos que os levaram a tal escolha.

Ao término, foi possível identificar que existem ingressantes que ainda não sabem em quais

áreas possuem interesse ou afinidades. Isso pode ser explicado devido o fato de que no

Primeiro ano de Curso o foco fica em torno de disciplinas do núcleo básico da Engenharia

e, que um conhecimento mais detalhado relativo as 10 grandes áreas da EP são

desenvolvidos em anos posteriores. Entretanto, a maioria dos entrevistados aponta Áreas

com a qual possuem mais identificação, seja pela busca de conhecimentos prévios

relacionados, curiosidade ou puro interesse.

Cabe ainda ressaltar que os ingressantes acreditam que o ensino (professores,

universidade, disciplina) influencia em suas escolhas profissionais referentes à Área de

atuação. Sendo assim, fica como sugestão a realização de projetos, por parte de professores

e Instituição, que desenvolvam o interesse por áreas específicas, principalmente relacionadas

Educação, visto a rejeição dos entrevistados por essa Área.

Referências

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2018. Disponível em:<http://portalabepro.educacao.ws/a-profissao/>. Acesso em 27 de Agosto de 2018>.

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Apêndice A – Questionário de Áreas de atuação em EP e expectativas profissionais

Nome completo:

Idade:

Sexo: ( ) Masculino( ) Feminino

1- Por que você optou por cursar EP? ( ) Amplo mercado de trabalho ( ) Reconhecimento na sociedade ( ) Se identificou com o curso

( ) Influência familiar ( ) Outro

2- Está se identificando com o curso?

( ) Sim ( ) Não

3- Pretende exercer a profissão?

( ) Sim ( ) Não

4- Pretende atuar em qual(s) área(s) da EP?

( ) Engenharia de Operações e Processos de Produção

( ) Logística

( ) Pesquisa Operacional

( ) Engenharia da Qualidade ( ) Engenharia do Produto

( ) Engenharia Organizacional

( ) Engenharia do Trabalho

( ) Engenharia da Sustentabilidade

( ) Educação em Engenharia de Produção

( ) Engenharia Econômica

( ) Ainda não sei

5- Justifique a resposta da questão anterior:___________________________________________

6- Tem interesse pela área da Educação?

( ) Sim ( ) Não

7- Quais os motivos que levariam você a trabalhar na área da educação?

( ) Trabalhar com pesquisas

( ) Fazer mestrado e doutorado

( ) Interesse em ser professor no ensino superior ( ) Ser valorizado

( ) Necessidade financeira

( ) Não me vejo sendo professor

( ) Outros

8- Você acha que o ensino (professor, universidade, disciplinas) pode influenciar em sua escolha

profissional referente a área de atuação?

( ) Sim ( ) Não

9- Justifique a resposta da questão anterior:__________________________________________

10- Você já estudou, no curso, ferramentas ligadas as áreas de Engenharia de Produção?

( ) Sim ( ) Não