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1 Ábila Mirella Engelmann Teixeira Acadêmica de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense,
Campus Toledo. E-mail:[email protected] 2
Professor Orientador Msc Cristiano Goulart, do curso de Engenharia Civil, da Universidade Paranaense, Campus Toledo. E-mail:[email protected]
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GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
UNIVERSIDADE PARANAENSE, CAMPUS DE TOLEDO/PR
TRABALHO FINAL DE CURSO - TFC
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO CONCRETO A PARTIR DA
SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AGREGADO MIÚDO POR BORRACHA DE PNEU
TRITURADO
Ábila Mirella Engelmann Teixeira1
Cristiano Goulart2
RESUMO
O atual condicionamento de pneus que não são mais utilizados vem criando uma preocupação
para diversos países, uma vez que os mesmos demoram em torno de 600 anos para de
degradar. Por outro lado, a escassez de materiais naturais e o alto custo dos mesmos utilizados
na construção civil têm provocado um déficit de infra-estrutura alarmante. Com isso, se viu a
necessidade de começar a estudar materiais que pudessem ser reaproveitados ou até mesmo
reciclados. Pensando no meio ambiente e no auto custo de materiais empregados na
construção civil, o referente trabalho busca desenvolver e comparar o concreto convencional
utilizado em obras, com o concreto contendo a substituição de uma porcentagem de areia por
borracha de pneu. A granulometria, utilizada para a substituição foi de 2 mm e a mesma se
deu nos valores de 5%, 10%, 15% e 30%. Os ensaios realizados foram feitos aos 7 e 28 dias
na máquina universal de ensaios. Desta forma, é possível chegar a conclusão de que a
substituição de areia por borracha de pneu, nessas porcentagens, não foi viável para a
resistência à compressão do concreto.
Palavras-chave: Concreto. Borracha de Pneu. Resistência à Compressão.
ABSTRACT
The current conditioning of tires that are no longer used has been creating a concern for
several countries, once they take around 600 years to degrade. On the other hand, the shortage
of natural materials and the high cost of the same used in construction have caused an
alarming infrastructure deficit. It saw the need to start studying materials that could be reused
or even recycled. Thinking about the environment and self cost of materials employed in
construction, the work seeks to develop and compare the conventional concrete used in
construction, with concrete containing a replacement rubber sand percentage tire. The particle
size, used for the replacement was of 2 mm and the same occurred in 5% values, 10%, 15%
and 30%. The tests were done at 7 and 28 days in the universal testing machine. In this way,
is possible to reach the conclusion that the replacement tire rubber sand, these percentages, it
wasn't feasible for the compressive strength of concrete.
Key words: concrete. Tire rubber. Compressive strength.
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1 INTRODUÇÃO
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2017, a
construção civil representa no PIB (Produto Interno Bruto) 6,2% do tamanho global. Isso
ocorre, pois a mesma apresenta capacidade de elevar a taxa de emprego, de produto e renda,
seja isso a curto ou médio prazo (FOCHEZATTO e GHENIS,2011).
Em números, trata-se da área econômica que emprega atualmente, segundo dados do
Ministério do Trabalho, cerca de 2,21 milhões de trabalhadores. No estado do Paraná, ela
representa a 3º posição em potencial econômico, atrás dos setores agropecuários e da indústria
segundo dados de 2018 do CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Analisar a construção civil, seus métodos e materiais, implica de uma forma direta
numa análise dos principais constituintes, e é nesse sentido que este trabalho visa debruçar-se.
Dentre todos os materiais, aborda-se o concreto, considerando que se trata do principal em
volume, de um dos custos mais representativos quando pensamos numa obra.
Até hoje, o concreto vem sendo o material mais utilizado no meio da construção, e o
mesmo é composto por uma mescla de cimento, agregado miúdo, agregado graúdo e quando
necessário uso de aditivos químicos (LIMA et al, 2014).
A pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP),
demonstra que o concreto é o segundo material mais utilizado no mundo, perdendo somente
para a água, portanto, é justificável que cada vez mais, um número maior de cientistas busque
melhorias no processo produtivo e nas relações de consumo com este material.
Segundo a ABCP (2013) enquanto houve o aumento na utilização do cimento de 80%
entre 2005 e 2012, o concreto preparado em concreteiras teve um aumento do seu percentual
de 180%. Estima-se que no ano de 2012 as concreteiras tenham produzido 51 milhões de m³
de concreto no Brasil.
O alto custo dos materiais empregados na construção civil e a escassez de matéria
prima natural para fabricar os mesmos, têm provocado um déficit de infraestrutura alarmante.
Diante destes fatos é incontestável que engenheiros e pesquisadores procurem desenvolver
materiais que apresentem um baixo custo econômico, mas ao mesmo tempo sejam
relativamente ecológicos, ou ao menos que possam ser reutilizados na construção civil
(CORÓ,2002).
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Atrelado a esta problemática, observamos uma crescente no consumo de materiais
recicláveis e com isso grande quantidade de resíduos gerados e muitas vezes desperdiçado o
seu potencial de reuso.
Sendo assim, com um único objetivo, partindo de análises literárias existentes e ainda
lançando mão da experimentação científica, esta pesquisa buscará um concreto com maior
eficiência à resistência, a compressão na medida em que utilize quantidade menor de recursos
em sua produção e ainda reutilização de recursos oriundos de borracha triturada proveniente
de pneus, tendo como amostra o trabalho desenvolvido na Universidade Estadual de
Campinas, que obteve que a inclusão de borracha proveniente de pneu no concreto tende a se
tornar um promissor material em sua produção.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O CONCRETO
De acordo com Botelho, Marchetti (2016) as civilizações antigas utilizavam em
grande escala a pedra como material de construção, tanto para construção de moradias ou para
edificar grandes obras. A pedra servia como um ótimo material de construção pois o mesmo
era durável e resistia bem a esforços de compressão.
Com o passar do tempo tornou - se necessário a utilização de um material de
trabalhabilidade e moldagem mais fácil, que fosse maleável como o barro e resistente como a
pedra. Desta, veio o surgimento do concreto e com isso a necessidade de aperfeiçoá-lo para
que pudesse vencer grandes vãos, desta forma surgiu o concreto armado, que incentivou
pesquisas, que com o passar do tempo levou ao concreto protendido (BAUER, 2015).
O concreto em si se caracteriza por ser uma união de pedras, areia, cimento e água.
Sua primeira qualidade se dá pela resistência à compressão. A mesma se deve por duas
características principais relação água/ cimento da mistura e teor de cimento por m³ de
concreto (BOTELHO, MARCHETTI, 2016).
A partir da sua pega, o concreto é considerado um sólido, um material em constante
evolução. Sua idade e história preservam a importância para suas características e
propriedades (BAUER, 2015).
Segundo Petrucci (1998), as principais propriedades do concreto endurecido são
classificadas da seguinte maneira:
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Resistência aos esforços mecânicos: o concreto é um material que resiste muito bem
aos esforços de compressão, mas sua resistência aos esforços de tração é baixa. Os principais
aspectos que podem vir a afetar os esforços mecânicos são: relação água/cimento, idade,
forma e graduação dos agregados, tipo de cimento, forma e dimensão dos corpos de prova,
aplicação da carga de ensaio e velocidade.
Permeabilidade e absorção: para os concretos expostos a ataques agressivos de água, à
permeabilidade passa a ser a principal propriedade do concreto, a mesma tem como função
identificar a probabilidade de passagem de água através do material, enquanto isso, a absorção
é tido como um processo físico no qual o concreto retém a água nos poros e condutos
capilares;
Deformações: a deformação nada mais é, do que as mudanças de volume. É necessário
permitir as deformações devido às trações nas estruturas de concreto não armado ou
destinadas a reter água.
Segundo Neville (2016) o ensaio mais importante realizado no concreto endurecido é
o ensaio de resistência a compressão, isso ocorre por três variáveis, a primeira por ser um
ensaio de fácil realização se comparado com os outros, a segunda pelas características
desejáveis do concreto estarem ligadas diretamente a sua resistência e por fim devido a
importância da resistência à compressão do concreto em projetos estruturais.
A partir da resistência à compressão do concreto, consegue obter sua classificação
como convencional ou de alto desempenho. É tido como concreto convencional aquele cuja
variável a ser controlada é a relação água/cimento. Já o aumento da resistência mecânica para
o concreto de alto desempenho se deve pela otimização da zona de transição (RECENA,
2011).
2.2 PRINCIPAIS COMPONENTES DO CONCRETO
Petrucci (1998) defende que um dos fatores primordiais para a qualidade do concreto
decorre da qualidade dos agregados nele utilizado, portanto é preferível procurar adotar
agregados que não oscilem entre ótimo e regular.
Segundo Neville (2016) o concreto é composto de pelo menos 3/4 de agregado no seu
volume total. Os mesmos podem delimitar a eficiência do concreto, visto que se obtiverem
propriedades indesejáveis, não resultará um concreto resistente, visto que suas propriedades
poderiam ocasionar uma perda significativa na durabilidade e no desempenho do concreto.
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Os agregados desempenham uma influência positiva sobre algumas características do
concreto, tais como: retração, ganho da resistência ao desgaste, sem provocar perda da
resistência aos esforços mecânicos. Pois os agregados de boa qualidade apresentam
resistência mecânica superior à da pasta de aglomerantes (PETRUCCI, 1998).
Os mesmos são materiais particulados, incoesivos, de ação química praticamente nula.
A denominação agregado é de uso propagado na tecnologia do concreto. Sua classificação
varia de acordo com sua origem, dimensões das partículas e o peso específico aparente do
agregado (BAUER, 2015).
Em relação a sua origem Petrucci (1998) classifica os agregados em dois grupos,
sendo eles os naturais e os artificiais. Os agregados denominados de naturais são aqueles
encontrados na natureza sob sua forma, tais como: as areias de minas ou de cursos d’água, e
os pedregulhos ou seixos rolados. Por outro lado, como agregado artificial, entende-se todo
aquele, que teve que passar por um processo de aperfeiçoamento pelo homem, exemplo disso
são as areias e pedras obtidas por moagem de fragmentos maiores.
A principal divisão é estabelecida pelos agregados miúdos e é regularmente
denominada de areia, com proporção inferior a 4 mm, e os agregados graúdos com proporção
mínima de 5mm (NEVILLE, 2016).
No grupo dos agregados mais utilizados para se obter o concreto, se têm as seguintes
classificações:
Filler é o material que passa na peneira de nº200;
Areia é o material que passa na peneira de nº4 e que é encontrado no seu estado
natural;
Pedrisco passa pela peneira de nº4 é chamado também de areia artificial é obtido pela
fragmentação de rocha;
Seixo rolado é retido na peneira nº4, é encontrado fragmentado na natureza, no fundo
do leito dos rios ou em jazidas;
Pedra britada é retida na peneira de nº4, é o material obtido por trituração de rocha
(PETRUCCI, 1998).
Segundo Neville (2016) o concreto não pode apresentar uma resistência à compressão
muito superior que a resistência da maior parte dos agregados nele presentes, mesmo não
sendo fácil se obter a resistência a compressão das partículas isoladas dos agregados.
Maior parte, da resistência e da elasticidade dos agregados consiste de sua
composição, sua textura e sua estrutura. Para uma apropriada resistência a compressão do
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agregado tem - se uma média em torno de 200 (megapascal) MPa, mas encontram- se
excelentes agregados com resistência de aproximadamente 80 MPa, um dos valores mais
elevados visto foi de 530 MPa, para uma determinada classe de rocha metamórfica conhecida
como quartzito.
Pelo fato das tensões que ocorrem na interface das partículas isoladas do concreto, a
resistência estabelecida para o agregado é significativamente maior que a gama normal de
resistências do concreto. No entanto agregados que apresentam baixos ou moderados,
resultados a resistência e ao módulo de elasticidade podem ser indispensáveis para manter a
integridade do concreto, visto que as mudanças de volume, causadas pelas movimentações
das ações da umidade e da temperatura que se dão pela tração e retração, convertem-se em
menores tensões na pasta de cimento, quando o agregado é compressível , com tudo a
compressibilidade do agregado pode ajudar a diminuir os danos no concreto, já num agregado
com maior resistência e rígido, pode acabar resultando na fissuração da pasta de cimento
(NEVILLE, 2016).
2.3 CIMENTOS PORTLAND
Usualmente, no dia-a-dia, as palavras cimento e concreto são confundidas no
linguajar popular. Os materiais cimentícios são aglomerantes, por tanto no concreto o cimento
tem como função de cobrir as partículas dos agregados a fim de formar uma massa monolítica
(PATTON, 1978).
Segundo Neville (2016) a palavra cimento pode ser caracterizada sendo um material
com características adesivas e coesivas, que o tornam um material capaz de unir fragmentos
minerais na forma de uma unidade coesa.
A aplicabilidade do cimento é bastante antiga, desde os Egípcios, quando se utilizava
gesso impuro. Somente no século XVIII ocorreram avanços sobre o conhecimento do
cimento. Em 1824 veio a nascer a patente “cimento Portland” obtida por Joseph Aspdin,
pedreiro e construtor. Em 1845 foi produzido o protótipo do cimento moderno por Isaac
Johnson ao realizar a calcinação de uma mistura de argila e giz até formar a clinquerização. O
nome do cimento Portland se atribuiu à semelhança da cor e qualidade do cimento
consolidado com a pedra Portland ( calcário extraído em Dorset) (NEVILLE,2016).
Segundo Bauer (2015) o cimento Portland é obtido pela pulverização de clínquer (é
um material de natureza granular, que resulta da calcinação, após isso é transportada até a
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temperatura de fusão incipiente), composto principalmente de silicatos hidráulicos de cálcio
natural, constituído de algumas adições de substâncias que alteram suas características ou que
facilitam seu uso.
Os principais materiais que fazem parte da composição do cimento são: cal (CaO) de
60 a 67%, sílica (SiO2) de 17 a 25%, alumina (Al2O3) de 3 a 8%, óxido de ferro (Fe2O3) de
0,5 a 6%, magnésia (Mgo) de 0,1 a 6,5% , álcalis (Na2O e K2O) de 0,5 a 1,3% e sulfatos
(SO3) de teor máximo constituinte de 3% (PETRUCCI,1998).
2.4 LIXO
Nos últimos trinta anos, o enriquecer do conhecimento sobre a relação do homem com
a natureza, e a eficácia de recursos energéticos do planeta, o aumento dos resíduos e seu
destino final, a mudança do meio físico e a possível crise energética e de água potável,
proporcionaram um novo olhar para os problemas que relacionam o lixo e a natureza
(MANCINI, 2015).
A problemática do despejo final do lixo assume uma alarmante magnitude.
Considerando-se somente os resíduos urbanos e públicos, o que se pode observar é uma
generalizada ação dos poderes públicos locais, em apenas afastar o lixo das zonas urbanas.
Fazendo com que diversas vezes locais inadequados passem a ser depósitos de lixo. Mais de
80% dos municípios liberam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em
regiões que são protegidas ambientalmente, com a maior predominância de catadores, entre
eles crianças, tendo em vista disso percebe se a problemática social causada pela má
administração do lixo (Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da
República (SEDU, 2001)).
Segundo a SEST (Serviço Social do Transporte) e SENAT (Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte) no Brasil em média 450 mil toneladas de pneus são descartados
por ano. Os mesmos podem chegar a demorar 600 anos para se decompor na natureza, sendo
que ainda se tornam criadouros para mosquitos.
Conforme (ROMÃO, W. et al) o maior bloqueio para o aumento da reciclagem no
Brasil são os altos impostos que incidem sobre a matéria prima reutilizada, pois os produtos
reciclados tem incidência de impostos de 2% maior que os produtos de resina virgem.
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2.5 CARACTERÍSTICAS DA BORRACHA DE PNEU
Em 1830 o americano Charles Goodyer, de forma acidental obteve a borracha cozida a
altas temperaturas com enxofre, constatou-se que a mesma mantinha suas condições elásticas
tanto no frio quanto no calor. Sua trajetória iniciou no Brasil em 1934 quando foi implantado
o Plano Geral de Viação Nacional (SINPEC-Sindicato Nacional da Indústria de Pneumáticos,
Câmaras de Ar e Camelback).
A borracha é um polímero que pode ser natural ou artificial. O polímero da borracha é
um polímero de adição, conhecido como poli – isopreno. A composição da borracha natural
se dá pela extração de látex das seringueiras. No entanto a borracha sintética mais utilizada
atualmente é obtida por meio da polimerização do acetileno (FOGAÇA, 2018).
Segundo a SINPEC (Sindicato Nacional da Indústria de Pneumáticos, Câmaras de Ar
e Camelback) a composição dos pneus se dá pela combinação de borracha natural, derivados
de petróleo, aço e produtos químicos. A parcela de cada material para a fabricação do pneu,
depende para que tipo de automóvel o mesmo será utilizado.
Para pneus utilizados em automóveis de passeio, a borracha utilizada é 27% sintética e
14% natural, o negro fumo (material produzido pela combustão incompleta de derivados de
petróleo) constitui 28% da composição, derivados de petróleo e produtos químicos
representam 17% da composição, aço 10% e o têxtil por fim 4% (SINPEC - Sindicato
Nacional da Indústria de Pneumáticos, Câmaras de Ar e Camelback).
3 METODOLOGIA
O referente trabalho embasou-se em revisão bibliográfica e pesquisas experimentais e
exploratórias. Para Gil (2007) a pesquisa experimental consiste em fazer com que o problema
passe por condições e processos controlados e conhecidos pelo investigador, a mesma pode
ser realizada em laboratório ou no campo. Por outro lado, a pesquisa exploratória tem como
objetivo tornar o problema mais explícito ou construir hipóteses.
Tendo em vista que, o trabalho tem como objetivo comparar o concreto convencional
com o concreto com substituição de areia por borracha de pneu, desenvolveu-se um traço com
Fck de 25 Mpa por meio do método da ABCP, seguindo a mesma relação água/ cimento. O
traço referência se deu da seguinte maneira:
1: 2: 2,5: 0,5 (cimento: areia: brita: água).
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Quadro 1 – Massa especifica aparente dos materiais utilizados
Fonte: O autor, 2018.
Figura 1 - Resíduo de borracha de Pneu de 2mm
Fonte: O autor, 2018.
A partir do traço de referência, foi feita a substituição em volume de parte do agregado
miúdo por borracha de pneu na granulométrica de 2 mm, a porcentagem estabelecida foi de
10%, 15% e 30%, que segundo Marques, Nirschl e Akasaki (2006) o valor limite para a
adição de borracha no concreto está entre 25% e 30%.
A pesquisa experimental se desenvolveu no laboratório de Estruturas na Universidade
Paranaense na cidade de Toledo / PR.
Segundo a NBR 5.738/ Emd. 1:2008, foram adotados os corpos de prova cilíndrico
tendo 10cm de diâmetro e 20cm de altura, o adensamento ocorreu de forma manual com a
mesma haste usada para o slump test. Durante as primeiras 72 horas os corpos de prova foram
armazenados em local contra intempéries, após esse tempo se deu o processo de
desmoldagem e identificação dos primeiros 40 corpos de prova, estes foram submersos em
solução saturada de hidróxido de cálcio (cal hidratado) até a data do dia 17 de setembro de
MATERIAIS MASSA ESPECÍFICA (Kg/dm³)
Cimento Portland (CP II-Z-32) 3,15
Areia Média 2,63
Brita 1 2,65
Borracha - 2mm 1,09
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2018 quando os mesmo foram rompidos. Nesta mesma data foram desmoldados e
identificados outros 40 corpos de prova, os quais foram submersos em solução saturada de
hidróxido de cálcio até a data de rompimento, dia 08 de outubro de 2018.
As proporções em massa utilizada para confecção dos quatro tipos de traço podem ser
visualizadas no Quadro 2.
Quadro 2 – Proporções de mistura para os traços com borracha e de referência
Traço Consumo dos materiais Kg/ dm³
Cimento Água Areia Brita Borracha
Referência 12,6 6,3 25,2 31,5 0
T - 10% 12,6 6,3 22,68 31,5 2,52
T - 15% 12,6 6,3 21,42 31,5 3,78
T - 30% 12,6 6,3 17,64 31,5 7,56
TOTAL 50,4 25,2 86,94 126 13,86 Fonte: O autor, 2018
Para cada um dos traços foram confeccionados 20 corpos de prova, totalizando 80
corpos de prova, os mesmos foram rompidos aos 7 e 28 dias, como mostra o Quadro 3.
Quadro 3 - Classificação das amostras
Quantidade de C.P Descrição Testes à compressão
7° dia 28° dia
20 Concretagem Convencional 10 10
20 Concretagem com 10% de agregado 10 10
20 Concretagem com 15% de agregado 10 10
20 Concretagem com 30% de agregado 10 10 Fonte: O autor, 2018.
Para a realização do ensaio de compressão axial foram seguidos os critérios da NBR
5.739. Foi feita a utilização de uma prensa, a mesma exerceu uma força vertical sobre o corpo
de prova até seu rompimento. Com o processo realizado se obteve os resultados referentes aos
esforços de compressão, que os corpos de prova resistiam. Tendo desta forma, os resultados
necessários para formulação de resultados e conclusões.
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Figura 2 – Ensaio de compressão
Fonte: O autor, 2018.
4 RESULTADOS E CONCLUSÃO
Após a coleta de dados iniciou-se a análise estatística dos mesmos, onde serão
demonstrados as médias de resistência a compressão, o desvio padrão e o nível de
significância das amostras.
Para tal análise primeiro foi adotado o critério de Chauvenet que para Callegaro
(2014) é um método estatístico, ele se baseia no cálculo do valor da amostra menos a média,
dividido pelo desvio padrão. Para saber se o resultado é aceitável se faz a comparação dele
com a tabela de chauvenet, o número escolhida da tabela se dá pela quantidade de amostras
coletadas, para os 10 corpos de prova dos 7 dias e 28 dias, para tanto foi usado o critério de
1,96. No Quadro 4 constara a aceitação das amostras conforme traço e data de rompimento.
Quadro 4 – Número de aceitação das amostras
Idade Traço
Referência T - 10% T-15% T - 30%
7 Dias 10 10 10 10
28 Dias 10 10 10 10 Fonte: O autor, 2018
Nos Quadros 5 e 6 estará os resultados da média e do desvio padrão, referente aos dias
de rompimento, 7 dias e 28 dias.
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Quadro 5 – Resistência a compressão axial aos 7 dias
Traço
Referência T - 10% T - 15% T - 30%
Média (MPa) 16,057 9,718 7,349 4,403
Desvio Padrão 2,5206 1,6037 0,6586 0,4143
Fonte: O autor, 2018.
Ao observar as médias obtidas aos 7 dias pode–se verificar que se comparado o
concreto de referência, com o que contém 10% da substituição de areia por pneu de borracha,
à uma perda considerável na resistência compressão axial de 39,47%, logo com a substituição
de 15% proporcionou uma perda de 54,23% e quando teve uma substituição de 30% teve uma
perca de 72,58%.
No gráfico 1, pode verificar a média de resistência a compressão dos corpos de prova
aos 7 dias.
Gráfico 1 – Resistência a compressão aos 7 dias
Fonte: O autor, 2018.
Quadro 6 – Resistência à compressão axial aos 28 dias
Traço
Referência T - 10% T - 15% T - 30%
Média (MPa) 21,432 12,617 9,735 5,474
Desvio Padrão 2,9689 2,4671 1,0386 0,3338 Fonte: O autor, 2018.
Analisando as médias obtidas aos 28 dias pode–se verificar que se comparado o
concreto de referência, com o que contém 10% da substituição de areia por pneu de borracha,
16,06
9,72
7,35
4,4
Referência 10% Pneu 15% Pneu 30% Pneu
Resistência a compressão
Resistência a compressão
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a uma perda considerável na resistência compressão axial de 41,13%, logo com a substituição
de 15% proporcionou uma perda de 54,57% e quando teve uma substituição de 30% teve uma
perca de 74,45%.
No gráfico 2, pode verificar a média de resistência a compressão dos corpos de prova
aos 28 dias.
Gráfico 2 – Resistência à compressão aos 28 dias
Fonte: O autor, 2018.·.
No gráfico 3, pode se observar a diferença da resistência a compressão aos 7 dias e aos
28 dias.
Gráfico 3 – Diferença da resistência aos 7 dias e 28 dias
Fonte: O autor, 2018.
21,44
12,62
9,74
5,48
Referência 10% de Pneu 15% de Pneu 30% de Pneu
Resistência a Compressão
Resistência a Compressão
16,06
9,72
7,35
4,4
21,44
12,62
9,74
5,48
Referência 10% de Pneu 15% de Pneu 30% de Pneu
Resistência a Compressão - 7 Dias
Resistência a Compressão - 28 Dias
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Continuando as análises estatísticas das amostras, foi usada a análise de variância mais
conhecida como ANOVA que segundo Anjos (2010) é um procedimento utilizado para
comprar três ou mais tratamentos, tendo como finalidade demonstrar se há ou não diferença
significativa sobre as amostras. Como o teste do ANOVA não demonstra em qual amostra
houve uma maior ou menor diferença significativa foi utilizado também o teste de Tukey que
Anjos (2010) define ele como um teste complementar do ANOVA, em que podemos concluir
qual é a melhor amostra para ser adotada.
Seguindo os critérios das análises estatísticas que as amostras sofreram, é possível
constatar que houve uma diferença significativa entre o traço de referência aos demais onde
houve a substituição de areia por pneu. Analisando os resultados das amostras temos as
seguintes situações:
Aos 7 dias, comparando o traço de referência com o concreto em que houve a
substituição de areia por pneu de borracha, houve uma diferença significativa
entre o traço de referencia e o traço de 15%. Conforma figura 3, onde pode
observar os resultados do teste ANOVA.
Figura 3 – Teste do ANOVA aos 7 dias
Fonte: O autor, 2018.
Aos 28 dias os corpos de prova contendo a substituição de areia por pneu,
apresentaram uma grande diferença significativa. Conforma figura 4, onde
pode observar os resultados do teste ANOVA.
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Figura 4 – Teste do ANOVA AOS 28 DIAS.
Fonte: O autor,2018.
Pode-se concluir deste estudo, que em função da resistência a compressão axial o
valor limite para a substituição de areia por borracha estaria entre 5% e 10%. Isto pode ser
observado logo no traço T-10% onde houve a substituição de areia por borracha e o mesmo
apresentou uma perda na resistência de 39,47% aos 7 dias e de 41,13% aos 28 dias.
Ressalta-se que há no mercado vários tipos de resíduos de borracha provenientes da
reciclagem de pneus, sendo necessário fazer estudos abrangendo resíduos de outras
procedências.
A pesquisa deixa em aberto vários caminhos para a sua continuidade. Primeiramente,
poderá se verificar uma menor adição de borracha. Pode-se fazer um estudo referente à
durabilidade do concreto com borracha, visto que a mesma é um material que demora anos
para se decompor. Realizar um estudo da resistência a tração do concreto com a adição ou
substituição da borracha por areia. Tentar executar uma granulometria menor que a
empregada que foi de 2 mm ou até mesmo usar a borracha como um aditivo invés de usá-la
como substituinte da areia.
Visto que o concreto utilizado para o estudo era referente ao concreto estrutural, pode-
se fazer a analise para que futuramente o concreto com a substituição de borracha, possa ser
usado em outras formas, como por exemplo, em pisos para calçadas, áreas molhadas, ou
outras finalidades provenientes do concreto.
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REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. ABCP. Disponível em
http://www.abcp.org.br/cms/imprensa/noticias/pesquisa-inedita-e-exclusiva-revela-cenario-
do-mercado-brasileiro-de-concreto/ . Acesso em 24 de junho de 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5.738/ Emd 1:2008:
Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro,2015.
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