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Análise Táctica no Futebol: Estudo
exploratório dos comportamentos
tácticos desempenhados por
jogadores no campo relvado e no
campo pelado.
Carlos Miguel Morais Coelho Dias
Porto, 2009
Análise Táctica no Futebol: Estudo
exploratório dos comportamentos
tácticos desempenhados por
jogadores no campo relvado e no
campo pelado
Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Alto Rendimento – Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Orientador: Professor Doutor Júlio Garganta
Co-Orientador: Mestre Israel Teoldo da Costa
Autor: Carlos Miguel Morais Coelho Dias
Porto, 2009
Dias, C. (2009). Análise Táctica no Futebol: Estudo exploratório dos
comportamentos tácticos desempenhados por jogadores no campo relvado e
no campo pelado. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL; ANÁLISE DE JOGO; TÁCTICA; CAMPO
PELADO; CAMPO RELVADO.
Agradecimentos
III
Agradecimentos
Ao meu PAI…Obrigado por eu ser quem sou. Vivo para ti…
Ao Mestre Israel, pela disponibilidade que sempre demonstrou na
realização deste trabalho, pelos conhecimentos que transmite, pela ajuda, e
sobretudo pela amizade.
Ao Prof. Doutor Júlio Garganta, pela disponibilidade e compreensão
que demonstrou em todos os momentos.
Ao Paulo pela sua grandiosa amizade e ajuda.
Ao meu grande amigo Pedro pela disponibilidade.
Ao Bernardo o muito obrigado pela ajuda nos momentos mais difíceis.
Ao Cláudio Farias.
Ao Xuxa, ao Daniel, ao Tiago e ao Roberto, obrigado.
Aos meus amigos de longa data, Salgado, Romain, Ângela e Rocha.
À minha MÂE e IRMÃS obrigado por acreditarem.
À minha restante Família.
A ti Carolina por estares sempre comigo, obrigado.
Índice Geral
V
Índice Geral
Agradecimentos III
Índice Geral V
Índice de Quadros IX
Resumo XI
Abstract XIII
Résumé XV
Abreviaturas XVII
I – INTRODUÇÃO 1
II – REVISÃO DA LITERATURA 5
1. Futebol enquanto um jogo táctico 7
2. Táctica 9
3. Princípios de Jogo 11
3.1. Princípios Tácticos fundamentais da fase ofensiva 13
3.1.1. Princípio da Penetração 13
3.1.2. Princípio da Cobertura Ofensiva 13
3.1.3. Princípio da Mobilidade 13
3.1.4. Princípio do Espaço 13
3.1.5. Princípio da Unidade Ofensiva 14
3.2. Princípios Tácticos específicos da fase Defensiva 14
3.2.1. Princípio da Contenção 14
3.2.2. Princípio da Cobertura Defensiva 14
3.2.3. Princípio do Equilíbrio 15
3.2.4. Princípio da Concentração 15
3.2.5. Princípio da Unidade Defensiva 15
4. Análise do Jogo 16
5. Implicações dos tipos de pisos para a dinâmica do jogo
21
Índice Geral
VI
III – OBJECTIVOS 25
1. Objectivo Geral 27
2. Objectivos Específicos 27
IV – MATERIAL E MÉTODOS 29
1. Caracterização da Amostra 31
2. Instrumento 31
3. Procedimento 31
4. Material 31
5. Análise Estatística 32
6. Análise da Fiabilidade 32
V – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 35
5.1. Campo Relvado 37
1. Princípios Tácticos obtidos no piso relvado no teste “GR3-3GR”. 37
5.1.1. Acções Tácticas em função dos Princípios 37
2. Médias e Desvio Padrão das Variáveis na categoria Índice
Percentual Táctico no campo relvado.
40
5.1.2. Índice de Performance Táctica (IPT) 40
3. Média e desvio padrão das variáveis da categoria Percentual de
Erros (PE) no campo relvado.
42
5.1.3. Percentual de Erros (PE) 42
5.2. Campo Pelado 44
4. Princípios Tácticos obtidos no piso pelado no teste “GR3-3GR”. 44
5.2.1. Acções Tácticas em função dos Princípios 44
5. Médias e Desvio Padrão das Variáveis na categoria Índice
Percentual Táctico no campo pelado.
47
5.2.2. Índice de Performance Táctica (IPT) 47
6. Média e desvio padrão das variáveis da categoria Percentual de
Erros (PE) no campo pelado.
49
Índice Geral
VII
5.2.3. Percentual de Erros (PE) 49
VI – CONCLUSÕES E SUGESTÕES 53
Sugestões para trabalhos futuros 57
VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59
Índice de Quadros
IX
Índice de Quadros
Quadro 1 Princípios Tácticos obtidos no piso relvado no teste
“GR3-3GR”.
38
Quadro 2 Médias e Desvio Padrão das Variáveis na categoria
Índice de Performance Táctica no campo relvado.
40
Quadro 3 Médias e Desvio Padrão das Variáveis na categoria
Percentual de Erro no campo relvado.
42
Quadro 4 Princípios Tácticos obtidos no piso pelado no teste
“GR3-3GR”.
44
Quadro 5 Médias e Desvio Padrão das Variáveis na categoria
Índice de Performance Táctica no campo pelado.
46
Quadro 6 Médias e Desvio Padrão das Variáveis na categoria
Percentual de Erro no campo relvado.
48
Resumo
XI
Resumo
Com este trabalho pretende-se verificar como o comportamento táctico
dos jogadores de Futebol se apresenta em função do campo relvado e do
campo pelado, com o intuito de explorar de uma forma descritiva a frequência
de ocorrência dos princípios tácticos adoptados pelos jogadores nos distintos
pisos. A amostra integra 4023 acções tácticas desempenhadas por 72
jogadores, sendo 1893 acções no campo relvado e 2130 no campo pelado.
O instrumento utilizado para a recolha e análise dos dados foi o teste
“GR3-3GR” que permite avaliar as acções tácticas de acordo com dez
princípios tácticos fundamentais do jogo de Futebol. Foi realizada a análise
descritiva e o teste do Qui-quadrado ( ²), com um nível de significância
(p≤0,05) para ver a associação das variáveis. Os resultados indicaram
diferenças estatisticamente significativas (p≤0,05) nas variáveis analisadas.
Conclui-se que os jogadores no teste “GR3-3GR” tanto no campo relvado
como no campo pelado apresentaram mais dificuldades nos comportamentos
tácticos defensivos comparativamente com os comportamentos tácticos
ofensivos. Assim, o campo relvado propiciou a realização do princípio “unidade
ofensiva” e “cobertura defensiva” com o melhor índice de performance táctica,
enquanto que o princípio “penetração” e “equilíbrio” o maior percentual de
erros. Já o campo pelado propiciou a realização do princípio “espaço” e
“cobertura defensiva” com o melhor índice de performance táctica e o princípio
“unidade ofensiva” e “unidade defensiva” com o maior Percentual de Erros.
Palavras-Chaves: FUTEBOL; ANÁLISE DE JOGO; TÁCTICA; CAMPO
PELADO; CAMPO RELVADO.
Abstract
XIII
Abstract
The aim of this monography is to verify how the tactical behaviour of
football players change in both grass and dirt pitch, in order to explore in a
descriptive manner, the frequency of occurrences of the tactical principals
adapted by these players in the different football fields. The sample integrated
4023 tactical activities were observed, carried out by 72 players, and of these,
1893 were carried out on a grass field and 2130 on a dirt pitch.
“GR3-3GR” test was used to collect and analyze data, permitting the
evaluation of tactical actions according to ten fundamental principals of tactical
football. Both the descriptive analysis and the Chi-Square test ( ²) were carried
out using a significant value of p≤0,05 for variable associations. Results
demonstrated different statistical significance on the variables analysed. The
GR3-3GR test concluded that, football players in both fields had more
difficulties in defensive rather then offensive tactical moves. Therefore, the
grass field led to the realization of the offensive unity and defensive coverage
principles with the best tactical performance index, and in contrast, the
“penetration” and “equilibrium” principle had the greater percentage of error. Dirt
field, on the other hand, led to the realization of a greater performance tactical
index in the space and defensive coverage principles, while the greater error
percentage were found in the offensive and defensive unity principals.
Key words: FOOTBALL; GAME ANALYSIS; TACTIC; DIRT FIEL; GRASS
FIEL.
Resumé
XV
Résumé
Avec se travaille je prétends vérifier les comportements tactique des
footballeurs en fonction du terrain gazonné et du terrain nu, avec l‟intention
d‟explorer une forme descriptif de fréquence à l‟occurence des principes
tactique des joueurs sur les diferents sol. L‟échantillon est intégrer par 4023
(quatre mille et vingt trois) actions tactiques exercer par 72 (soixante douze)
footballeurs, soit 1893 (Mille huit cents quatre-vingt-treze) actions sur terrain
gazonné et 2130(deux mille cents trente) en terrain nu. L‟instrument de
recherche et d‟analyse utiliser a été le test “GR3-3GR” qui a permit évaluer les
actions tactiques en acord avec dix príncipes tactiques fondamental dans un jeu
de fooball. A été realisée l‟analyse descriptif et le test du Qui-Carré ( ²), avec
un niveau significatif p≤0,05 pour associé les variable. Les résultats indiquent
des différences significatives (p≤0,05) des variables en étude. Ceci conclut que
les footballeurs du test “GR3-3GR” tant sur le terrain gazonné comme sur le
terrain nu ont apresenté plus de dificulté aux tactiques defensive à comparer
aux tactiques offensive. Le terrain gazonné facilite la réalisation du principe
“unité offensive” et “coverture défensive” avec meilleur indice de performance
tactique, pendant que le principe “pénétration” et “équilibre” le plus fort
pourcentage d‟erreurs. Le terrain nu a permis le principe “espace” et
“couverture défensive” avec meilleur índice de performance tactique et príncipe
“unité offensive” et “unité défensive” avec plus de pourcentage d‟erreurs.
Mots-clés: FOOTBALL ; ANALYSE DU JEU ; TACTIQUE ; TERRAIN NU ;
TERRAIN GAZONNÉ.
Abreviaturas
XVII
Abreviaturas
AJ – Análise do Jogo
DS – Diferenças Significativas
GR – Guarda-redes
IPT – Índice de Performance Táctica
JD – Jogos Desportivos
JDC – Jogos Desportivos Colectivos
PE – Percentual de Erro
SPSS - Statistical Package for Social Science
I. INTRODUÇÃO
Introdução
3
Introdução
No futebol, tal como nos jogos desportivos colectivos (JDC), a essência
do rendimento é fundamentalmente táctica (Pinto, 1996). Assim, a análise da
performance táctica tem sido objecto de elevado interesse para investigadores
e treinadores, pois a eficácia das equipas depende em grande parte da acção
táctica dos jogadores. Segundo Garganta (1998), para os investigadores a
reflexão acerca da táctica visa o aumento dos conhecimentos sobre o
processo, o conteúdo e a lógica do jogo, enquanto que para os treinadores o
estudo da táctica tem o objectivo de modelar as situações de treino para
alcançar eficácia competitiva. A análise táctica já constituiu tema de vários
estudos (Bayer, 1986; Gréhaigne & Guillon, 1992; Konzag, 1983) que
realçaram a elevada importância desta faceta na performance dos jogadores e
das equipas.
Perante a necessidade de analisar o jogo, alguns investigadores têm
recorrido à Análise Notacional (Hughes & Franks, 1997) que permite ao
treinador e ao investigador aceder às informações consideradas mais
relevantes, no que respeita ao desempenho dos jogadores e às tendências do
jogo (Garganta, 1997).
Com a evolução constante do futebol e o aumento das exigências na
qualidade de jogo, é necessário que os treinadores tenham informações
concretas a que possam recorrer para melhorarem a acção das suas equipas e
dos seus jogadores. Desta forma, a análise notacional em desporto poderá ser
a resposta à limitada capacidade dos treinadores para recolher e tratar a
informação, assim como eliminar a inevitável emoção e parcialidade que o liga
ao jogo e aos seus jogadores, ajudando na reformulação das suas opiniões
preestabelecidas e que condicionam toda a informação recolhida durante a
competição (Caldeira, 2001). Esta análise fornece indicações para melhor
interpretar as performances desportivas (Lopes, 2007).
A pertinência deste trabalho está ligada à possibilidade de aceder a
conhecimentos sobre a forma como os jogadores se comportam tanto no piso
relvado como no pelado, para que essas informações sejam aproveitadas para
trazer benefícios ao processo de ensino e de treino e ainda para a competição.
Introdução
4
É indispensável que se jogue Futebol de múltiplas maneiras, com
diversas bolas, com diversos tamanhos e se possível descalço, porque é ai que
está a sensibilidade…Devemos procurar a instabilidade, ou seja, a variância de
pisos como um processo fundamental para trabalhar a proprioceptividade. Não
se cai da mesma forma, não se dribla da mesma maneira, no relvado e no
pelado. É fundamental nas idades mais tenras proporcionar aos jovens
jogadores essas diferenças de pisos para melhorarem a relação com a bola,
dado que essas idades são uma etapa crucial para o seu desenvolvimento
(Frade, 2008).
O nosso estudo é composto por oito pontos. No ponto I, são
apresentados os propósitos da realização do trabalho, com a realização da
introdução. O ponto II reporta-se à revisão da literatura, que tem como
finalidade conferir sustentabilidade teórica ao nosso estudo. Na III parte, damos
a conhecer qual o objectivo que pretendemos alcançar com a realização do
trabalho. No ponto IV, material e métodos, descrevemos o procedimento
utilizado para a recolha dos dados, a sua organização e o tratamento
estatístico. No ponto V, apresentamos os resultados da recolha dos dados. No
ponto VI, fazemos uma reflexão e interpretação do corpus de estudo, tentando
dar resposta ao objectivo formulado. As principais conclusões constituem o
ponto VII, que tem como propósito expor as considerações finais mais
relevantes do nosso estudo. O ponto VIII ficou reservado para as referências
bibliográficas utilizadas.
II. REVISÃO DA LITERATURA
Revisão da Literatura
7
1. Futebol enquanto um jogo Táctico
Devido à riqueza das situações que proporcionam, os jogos desportivos
colectivos (JDC) constituem um meio formativo por excelência (Mesquita,
1992), na medida em que a sua prática, quando correctamente orientada, induz
ao desenvolvimento de competências em vários planos dos quais se podem
salientar o táctico-cognitivo, o técnico e o sócio-afectivo (Garganta, 1994).
Para Castelo (1996) o jogo de Futebol é um jogo desportivo colectivo
que opõe duas equipas formadas por 11 jogadores num espaço claramente
definido, numa luta incessante pela conquista de bola com o objectivo de a
introduzir o maior número vez possível na baliza adversária e evitar que esta
entre na sua própria baliza.
Teodorescu (1984) define o jogo de futebol como um desporto colectivo,
com carácter lúdico, agonístico e processual, em que os 11 jogadores que
constituem as duas equipas se encontram numa relação de adversidade típica
não hostil, denominada de rivalidade desportiva.
O jogo de futebol, segundo Castelo (1994), é o conjunto de acções
ofensivas e defensivas que se formam num determinado espaço e tempo de
jogo. Mediante estas características, o autor assegura que em cada país,
campeonato, clube ou treinador se atribui às equipas particularidades
específicas que lhe emprestam um carácter verdadeiramente único.
Para que o objectivo do jogo seja alcançado é necessário adoptar
comportamentos de apoio entre os elementos da própria equipa e desenvolver
uma atitude forte de oposição para com os elementos da equipa adversária.
Segundo Garganta e Pinto (1994) a relação de sinal contrário que se
verifica em duas equipas que disputam um jogo de futebol faz com que os
jogadores de cada uma delas, individualmente ou em grupo, adoptem diversos
comportamentos de forma a criarem situações favoráveis para a concretização
dos seus objectivos.
Muitos treinadores adoptam uma concepção de treino que privilegia a
desmontagem e remontagem de gestos técnicos elementares e o seu transfer
para o jogo. Nesta perspectiva não deve ser ensinado o modo de fazer
Revisão da Literatura
8
(técnica) é separado das razões de fazer (táctica). Face ao jogo, o primeiro
problema que se coloca ao indivíduo que actua é sempre de natureza táctica,
isto é, o praticante deve saber o que fazer e como fazer para poder resolver o
problema subsequente, seleccionando e utilizando a resposta motora mais
eficaz.
Para Garganta (1994) existem três formas didáctico-metodológicas de
abordar o ensino do jogo de futebol:
- Utilizando uma forma centrada nas técnicas, um solução imposta que parte da
abordagem analítica das técnicas para o jogo formal;
- Utilizando uma forma centrada no jogo formal, por ensaio e erro, com a
utilização exclusiva do jogo formal;
- Utilizando uma forma centrada nos jogos condicionados, com uma procura
dirigida partindo do jogo para as situações particulares. Contudo o autor
defende que até se chegar ao jogo formal, há que resolver um conjunto de
problemas de carácter hierárquico em função da estrutura dos elementos do
jogo. Desta forma, no ensino do jogo, deve ter-se em conta etapas de
referência que correspondem a diversos níveis de estado evolutivo dos atletas
No ensino do futebol, para além de se ter em conta as características e
princípios comuns a outros jogos desportivos colectivos, importa atender à
especificidade do jogo (Garganta, 1994).
De acordo com a importância que a táctica demonstra exercer nos jogos
desportivos (JD), apresentamos segundo Queiroz (1983) as suas componentes
fundamentais:
- As fases - etapas percorridas no desenvolvimento, quer do ataque quer
da defesa desde o seu início até à sua conclusão;
- Os princípios - normas de base segundo as quais os jogadores
individualmente, em grupo ou colectivamente, devem coordenar a sua
actividade durante o desenvolvimento das fases (defesa e ataque);
- Os factores - meios que os jogadores utilizam, qualquer que seja a fase
do jogo, tendo em conta a aplicação dos respectivos princípios;
- As formas - estruturas organizadoras da actividade durante o jogo e
nas diversas fases.
Revisão da Literatura
9
2. Táctica
No futebol, assim como nos JDC, a essência do rendimento é
fundamentalmente táctica apesar desta depender de uma interligação
adequada de todos os factores, como a “técnica” e “condição física”. Táctica
não era mais do que a distribuição mais ou menos equilibrada e racional dos
jogadores no espaço de jogo. Foi esta vertente estrutural que durante muito
tempo prevaleceu. Táctica era falar do sistema clássico, do WM, do 4x4x2, do
4x3x3, entre outros (Pinto, 1996).
As características do jogo alteram-se de uma forma significativa com o
aumento da autonomia e o alargamento do espaço de acção dos jogadores e,
desta forma, as equipas passam a ser vistas como um todo, como um sistema
em que um conjunto de jogadores em interacção dinâmica está organizado em
função de um objectivo (Pinto, 1996).
Segundo Moreno (1993), táctica é definida como “acções de ataque e de
defesa que se podem realizar para surpreender ou contrariar o adversário,
durante uma partida e com a bola em jogo”.
Duprat (2007) refere táctica pela organização espacial dos jogadores no
campo, face às circunstâncias da partida, relativamente às movimentações da
bola e às alternativas de acção, tanto dos companheiros como dos adversários.
Essa capacidade táctica confere um destaque especial para as movimentações
e posicionamento no campo, deixando perceber a capacidade do jogador para
ocupar e/ou criar espaços livres em função dos princípios tácticos adequados
para o momento.
Esta relação entre jogadores, equipas e o contexto do jogo origina
padrões (normalmente designados como padrões de jogo) e transições entre
eles. Estas transições ocorrem baseadas em processos auto-organizados num
sistema com muitos graus de liberdade em contínua interacção (Araújo et al.,
2006). Sendo assim, tem de haver mais que um comportamento predefinido ou
pré-programado para o jogo (Araújo et al., 2005). De facto, os jogadores
expressam acções exploratórias e performativas com os outros jogadores e, no
contexto do jogo, visando um objectivo. Durante este processo, as decisões
Revisão da Literatura
10
comportamentais emergem da interacção dos constrangimentos do jogador, do
seu objectivo e do contexto.
Costa et al. (2009b) referem que no Futebol as interacções geradas
pelas equipas nas diferentes situações de jogo requerem uma ajustada e
continuada atitude táctica dos jogadores, na medida em que os mesmos são
chamados a perceber e até a antecipar as movimentações dos companheiros e
dos adversários, formulando respostas ajustadas, baseadas em princípios de
jogo que consubstanciam regras de acção para jogar de modo eficaz.
Numa equipa é a táctica que, a partir de um conjunto de jogadores todos
diferentes, cria uma unidade homogénea, fazendo aparecer características
próprias da equipa que podem não reflectir em absoluto as características dos
seus elementos (Pinto, 1996).
Segundo Araújo (2005: p.24), a acção táctica é “uma sequência
interdependente de decisões e de acções que devem ser tomadas em tempo
útil, num contexto em mudança e para um determinado fim contribuindo para o
projecto colectivo da equipa”.
Ao nível do alto rendimento desportivo, os jogadores e as equipas
possuem uma forte disciplina táctica entendida como a observância dos
princípios que permitem operacionalizar o modelo de jogo preconizado
(Garganta, 1998).
A táctica exprime-se por comportamentos observáveis e não depende do
livre arbítrio. Decorre de um processo decisional metódico regulado por
normas, que depende de um certo grau de consciência, pressupondo
informação e conhecimento. Conhecimento este referente aos sujeitos da
acção, às condições em que se desenvolve o confronto, à relação intrínseca
com os objectivos, ao carácter sistemático reflectido nos planos e alternativas
para a resolução dos problemas colocados (Gréhaigne, 1992). O mesmo autor
refere ainda que a táctica é a adaptação instantânea da estratégia às
configurações do jogo e à circulação da bola, logo há oposição.
Diante da importância das transformações operadas no jogo, tem
aumentado o número de estudos que visam avaliar a respectiva dimensão
táctica e/ou organizacional (Barreira, 2006; Cunha, Binotto, & Barros, 2001;
Revisão da Literatura
11
Ferreira, Paoli, & Costa, 2008; Garganta,1997; Gréhaigne, Godbout, &
Bouthier, 1997), o que revela a importância que lhe é reconhecida,
nomeadamente no que respeita à sua influência no rendimento das equipas e
dos jogadores.
3. Princípios de Jogo
Observa-se na literatura que as definições dos princípios de jogo ainda
se encontram num plano conceptual, no qual os autores utilizam variadas
terminologias, referências e características para defini-los.
Segundo Garganta e Pinto (1994), princípios de jogo são um conjunto de
normas sobre o jogo que proporcionam aos jogadores a possibilidade de
atingirem rapidamente soluções tácticas para os problemas advindos da
situação que defrontam. Assim os princípios de jogo precisam ser
subentendidos e estar presentes nos comportamentos dos jogadores durante
uma partida, para que a sua aplicação facilite atingir objectivos que conduzem
à marcação de um golo ou ao seu impedimento. Colectivamente, a aplicação
dos princípios auxilia a equipa no melhor controlo do jogo, a manter a posse de
bola, a realizar variações na sua circulação, a alterar o ritmo de jogo e a
concretizar acções tácticas visando romper o equilíbrio da equipa adversária e,
consequentemente, alcançar mais facilmente o golo (Aboutoihi, 2006). Por isso,
quanto mais ajustada e qualificada for a aplicação dos princípios tácticos
durante o jogo, melhor poderá ser o desempenho da equipa ou do jogador na
partida.
Dos vários conceitos apresentados pelos diferentes autores acerca dos
princípios de jogo, parte deles relacionam a organização táctica dos jogadores
no campo de jogo, com os princípios gerais, operacionais e fundamentais. Os
princípios gerais são comuns às diferentes fases do jogo e aos outros
princípios (operacionais e fundamentais), pautando-se em três conceitos
advindos das relações espaciais e numéricas, entre os jogadores da equipa e
os adversários nas zonas de disputa pela bola:
(i) não permitir a inferioridade numérica;
Revisão da Literatura
12
(ii) evitar a igualdade numérica;
(iii) procurar criar a superioridade numérica.
(Queiroz, 1983;Garganta; Pinto, 1994).
Os princípios operacionais relacionam os conceitos para as duas fases
do jogo (defesa e ataque).
Na defesa:
(i) anular as situações de finalização;
(ii) recuperar a bola;
(iii) impedir a progressão do adversário;
(iv) proteger a baliza;
(v) reduzir o espaço de jogo adversário.
No ataque:
(i) conservar a bola;
(ii) construir acções ofensivas;
(iii) progredir pelo campo de jogo adversário;
(iv) criar situações de finalização;
(v) finalizar na baliza adversária.
Os princípios fundamentais representam um conjunto de regras de base
que orientam as acções dos jogadores e da equipa nas duas fases do jogo
(defesa e ataque), com o objectivo de criar desequilíbrios na organização da
equipa adversária, estabilizar a organização da própria equipa e propiciar aos
jogadores uma intervenção ajustada no “centro de jogo” (Worthington, 1974;
Hainaut & Benoit, 1979; Queiroz, 1983; Garganta; Pinto, 1994; Castelo, 1999).
Costas et al. (2009b) referem cinco princípios para cada fase de jogo
condizentes com os seus objectivos. Na defesa, os princípios são os seguintes:
(i) da contenção, (ii) da cobertura defensiva, (iii) do equilíbrio, (iv) da
concentração e (v) da unidade defensiva; e no ataque os princípios são: (i) da
penetração, (ii) da mobilidade, (iii) da cobertura ofensiva, (iv) do espaço e (v)
da unidade ofensiva. Estes princípios possuem uma relação dialéctica, ou seja,
para cada um dos cinco princípios do ataque (penetração, cobertura ofensiva,
mobilidade, espaço e unidade ofensiva) existem outros tantos da defesa
Revisão da Literatura
13
(contenção, cobertura defensiva, equilíbrio, concentração e unidade defensiva)
que possuem objectivos opostos.
3.1. Princípios Tácticos fundamentais da fase ofensiva
3.1.1. Princípio da Penetração
O princípio da penetração caracteriza-se pelo destabilizar da
organização defensiva adversária, atacando directamente o adversário ou a
baliza e ao mesmo tempo intentando criar situações vantajosas para o ataque
em termos numéricos e espaciais.
3.1.2. Princípio da Cobertura Ofensiva
Caracteriza-se pelo apoio ao portador da bola oferecendo-lhe opções
para dar sequência ao jogo e assim diminuir a pressão adversária sobre o
portador. Pretende-se criar desequilíbrios na organização defensiva adversária
criando superioridade numérica e mantendo a posse de bola.
3.1.3. Princípio da Mobilidade
O princípio da mobilidade caracteriza-se por criar situações de ruptura
na organização defensiva adversária com linhas de passe em profundidade e
nas “costas” do último homem da defesa, de forma a criar instabilidade nas
acções defensivas da equipa adversária e a aumentar substancialmente as
hipóteses de marcar um golo.
3.1.4. Princípio do Espaço
Dentro deste princípio táctico podemos verificar o princípio táctico do
espaço sem bola e espaço com bola.
Relativamente ao espaço sem bola, as acções deste princípio iniciam-se
após a recuperação da posse da bola, quando todos os jogadores da equipa
procuram e exploram posicionamentos que propiciam a ampliação do espaço
de jogo ofensivo, tanto em largura como em profundidade, com movimentos
para espaços de menor pressão, tendo como orientação os comportamentos
técnico-tácticos dos seus companheiros e adversários em função da
Revisão da Literatura
14
localização da bola. Assim, quanto mais espaço a equipa tiver para atacar,
melhor serão as respostas dadas às exigências do próprio jogo.
No espaço com bola, são realizadas movimentações do portador da bola
em direcção à linha lateral ou à própria baliza com o intuito de ganhar espaço e
tempo para dar sequência ao jogo.
3.1.5. Princípio da Unidade Ofensiva
Movimentações de apoio ofensivo realizadas por um ou mais jogadores
que se colocam e agem na retaguarda dos jogadores atacantes, garantindo a
equipa organizada e permitindo linhas de passe, para manter a posse de bola
com o objectivo de facilitar o deslocamento da equipa para o campo de jogo
adversário com a equipa a atacar em unidade ou em bloco.
3.2. Princípios Tácticos específicos da fase Defensiva
3.2.1. Princípio da Contenção
Acção de oposição do jogador da defesa ao portador da bola, com um
posicionamento entre a bola e a própria baliza, de forma a orientar a
progressão do portador da bola, restringindo as possibilidades de passe a
outros adversários, assim como impedir a finalização. Movimento que
proporciona ganho de tempo para ajudar na organização defensiva.
3.2.2. Princípio da Cobertura Defensiva
O princípio da cobertura defensiva está relacionado com as acções de
apoio de um jogador “às costas” do primeiro defensor, de forma a reforçar a
marcação defensiva e a evitar o avanço do portador da bola em direcção à
baliza. Tem como objectivo servir de novo obstáculo ao portador da bola, caso
esse ultrapasse o jogador de contenção. Transmite segurança ao jogador da
contenção, permitindo que ele tenha a iniciativa de combate às acções
ofensivas do adversário com bola.
Revisão da Literatura
15
3.2.3. Princípio do Equilíbrio
No que concerne ao equilíbrio, podemos verificar o princípio táctico do
equilíbrio defensivo e o princípio de equilíbrio de recuperação. O principio
táctico do equilíbrio defensivo refere-se à organização defensiva da equipa
possuindo superioridade, ou no mínimo igualdade numérica de jogadores de
defesa no “centro do jogo”, posicionados entre a bola e a própria baliza,
reajustando o posicionamento defensivo em relação às movimentações dos
adversários, com intenção de obstruir certas linhas de passe, assegurando a
estabilidade defensiva na região de disputa de bola e apoio aos companheiros
que executam as acções de contenção e cobertura defensiva.
O princípio táctico do equilíbrio de recuperação refere-se à recuperação
da posse de bola que se realiza nas costas do portador da bola e dentro do
centro de jogo.
3.2.4. Princípio da Concentração
Direccionar o jogo ofensivo adversário para zonas menos vitais do
campo de jogo, evitando que surjam espaços livres principalmente nas costas
dos jogadores que realizam a contenção, a cobertura defensiva e o equilíbrio
defensivo. As acções de concentração podem ser feitas em qualquer zona do
campo de jogo, bastando que para isso todos os jogadores envolvidos na
acção tenham consciência da importância da sua movimentação na redução do
espaço e no incremento da pressão no “centro de jogo”. As acções
características deste princípio podem ser observadas quando os jogadores da
defesa mais distantes em relação ao portador da bola conseguem “aglutinar”,
adoptando posicionamentos mais próximos entre si, de forma a limitar as
opções ofensivas do adversário.
3.2.5. Princípio da Unidade Defensiva
Este princípio permite à equipa defender em unidade ou em bloco,
reduzindo o espaço de jogo, com diminuição da amplitude ofensiva da equipa
adversária na sua largura e profundidade, para obstruir possíveis linhas de
passe para os jogadores que se encontram fora do centro de jogo. Os
Revisão da Literatura
16
jogadores responsáveis por cumprir o princípio da unidade defensiva
necessitam ser coerentes nos seus deslocamentos, como por exemplo, a
movimentação do jogador lateral para o centro do campo para ajudar na
compactação da equipa, quando a acção do jogo está a ser desenvolvida no
lado oposto.
4. Análise do Jogo
Garganta (2001) identifica na literatura o uso de diferentes expressões
para designar o estudo do jogo a partir da observação da actividade dos
jogadores e das equipas – observação do jogo (game observation), análise
notacional (notational analysis) e análise do jogo (match analysis). Mas existirá
realmente alguma diferença entre estes três conceitos?
Garganta (2000) indicia uma opinião idêntica ao referir que a AJ é
entendida como o estudo do jogo a partir da observação da actividade dos
jogadores e das equipas.
Bacconi e Marella (1995) consideram que a observação do jogo engloba
apenas a recolha e colecção de dados da partida em tempo real, enquanto que
a AJ diz respeito à recolha e colecção de dados em tempo diferido, sendo que,
os eventuais erros cometidos durante a observação poderão ser corrigidos a
posteriori durante o processo de análise.
A análise notacional em desporto poderá ser a resposta à limitada
capacidade dos treinadores para recolher e tratar a informação, assim como
eliminar a inevitável emoção e parcialidade que o liga ao jogo e aos seus
jogadores, ajudando na reformulação das suas opiniões preestabelecidas e
que condicionam toda a informação recolhida durante a competição (Caldeira,
2001). Esta análise fornece indicações para melhor interpretar as performances
desportivas (Lopes, 2007).
Daqui resulta a ideia de que a AJ parece já englobar a fase da
observação e notação, sendo por isso a expressão mais utilizada na literatura
(Garganta, 1997).
Revisão da Literatura
17
A análise táctica do jogo Gr+3x3+Gr vai também de encontro com aquilo
que Garganta (1997) considera ser o desejável sentido de evolução da
investigação nos jogos desportivos colectivos: i) a incidência nos jogadores
enquanto produtores do jogo; ii) a não subvalorização do contexto táctico em
que as acções decorrem, uma vez que é este que dá sentido ao
comportamento dos jogadores; iii) a análise de sequências em detrimento dos
dados avulsos; iv) as características dos processos que conduzem a diferentes
produtos, ou que tipo de condutas emergem como consequência de
determinados comportamentos.
Com a evolução constante do futebol e o aumento das exigências na
qualidade de jogo, é necessário que os treinadores tenham informações
concretas a que possam recorrer para o melhoramento das suas equipas e dos
seus jogadores.
Na opinião de Garganta (2000), conforme se quer jogar, assim se deve
treinar. Deve existir uma relação de interdependência entre a preparação e a
competição. A especificidade aconselha o treino dos aspectos que se
relacionam directamente com o jogo, privilegiando o transfere das aquisições
operadas no treino para o contexto específico do jogo.
Garganta (2001), destaca a importância da AJ para o processo de treino
– a valoração, a recolha, o registo, o armazenamento e o tratamento dos dados
a partir da observação das acções de jogo são actualmente uma ferramenta
imprescindível para o controlo, avaliação e reorganização do processo de
treino e competição nos JDC e cada vez mais determinantes na optimização do
rendimento dos jogadores e das equipas. Oliveira (1993) considera que é
necessário desenvolver sistemas e métodos de observação que possibilitem o
registo de todos os factos relevantes do jogo, para que o processo de análise
tenha fidelidade e validade.
De acordo com Blasquez (1990), a avaliação das habilidades
desportivas pode ser realizada fora do contexto competitivo ou em situação de
jogo, que aporta realismo e maior validade tal como acontece no nosso estudo.
A AJ pode ser realizada de várias formas, ainda que o mais frequente seja
estabelecer um procedimento de observação de um jogo, gravar os dados ou
Revisão da Literatura
18
imagens (observação indirecta) que se consideram relevantes e voltar a rever
as vezes necessárias aquilo que foi gravado (García, 2000), permitindo ainda a
utilização de computador. Estes dois meios, segundo Riera (1995), vieram
revolucionar a observação e o registo dos acontecimentos desportivos.
Para Kapesidis & Gronbach (2001), analisando a própria equipa ou o
adversário, garante-se às equipas ou aos atletas uma vantagem competitiva
sempre desejada. As equipas podem variar os seus padrões de jogo, de
acordo com as características da oposição oferecida pelo adversário (Hughes,
1996).
A partir dessa informação é possível aumentar os conhecimentos acerca
do jogo e definir a forma como podemos alterar ou potenciar determinados
comportamentos ou que tipo de estratégias o treinador pode utilizar para tentar
alcançar o melhor resultado possível, melhorando assim a qualidade da
prestação dos jogadores e das equipas, a partir da modelação das situações
de treino (Garganta, 2001,1998).
Garganta (2001) aponta três grandes pilares de estudo na análise de
jogo: a) análise centrada no jogador – usada para definir perfis, decorrentes de
estudos de casos, com intuito de comparar jogadores com características
semelhantes ou distintas; b) análise nas acções ofensivas – acções que
conduzem à obtenção do golo; c) análise centrada no jogo – possibilita estudar
comportamentos evidenciados pelos jogadores no quadro das acções
colectivas.
Em síntese, a AJ tem como principais funções diagnosticar, coligir e
tratar os dados recolhidos e disponibilizar informação sobre a prestação dos
jogadores e das equipas, permitindo identificar as acções realizadas por
aqueles e as exigências que lhes são colocadas para as produzirem (Garganta,
1998). Com a AJ, esboça-se uma tentativa de descrição da performance a um
nível comportamental, através da codificação das acções dos indivíduos ou dos
grupos que possuem relevância para jogadores e treinadores (Franks &
McGarry, 1996). As informações que dela se retiram podem representar uma
ajuda preciosa para o treino (Gowan, 1987), sendo por isso um processo que
deve ser sempre realizado ao longo de uma época desportiva, tornando-se
Revisão da Literatura
19
imprescindível na preparação de uma equipa, quando se visa a optimização da
prestação competitiva (Moutinho, 1991). Com a mesma opinião, Garganta
(2009) refere que a informação sobre o desempenho táctico torna-se essencial
para perseguir a eficácia individual e colectiva porque constitui um preceito
fundamental para dar coerência ao processo de treino na relação com a
competição que o legitima.
Identificadas as principais características e exigências tácticas a partir
delas é possível tornar o treino mais especifico e adequar outros programas de
aprimoramento do desempenho. A análise da performance táctica para
treinadores e investigadores possibilita a identificação de regularidades e
contingências, com base na observação do modo como jogadores e equipas
engendram e gerem eventos de jogo. Segundo Garganta (2001), as
informações recolhidas com a análise de jogo são subsídios para a avaliação
do desempenho de atletas e equipas assim como úteis para a preparação das
competições.
Na opinião de Garganta (2001), várias são as vantagens na realização
da análise do jogo, tais como: configurar modelos de actividade dos jogadores
e das equipas; identificar os traços da actividade cuja presença ou ausência se
correlaciona com a eficácia de processos e a obtenção de resultados positivos;
promover o desenvolvimento de métodos de treino que garantam uma maior
especificidade; indiciar tendências evolutivas das diferentes modalidades
desportivas.
A análise sistemática do jogo apenas é viável se os propósitos da
observação estiverem claramente definidos (Garganta & Gréhaigne, 1999). A
observação sistemática é assim designada, na medida em que utiliza métodos
e técnicas rigorosas para obviar as limitações da situação e a subjectividade
dos observadores (Brito, 1994).
Em primeiro lugar, na análise de jogo “encontra-se” as categorias e os
indicadores e só depois se procura as suas formas de expressão no jogo
(Garganta, 2000). Desta forma os sistemas computorizados podem ser muito
úteis.
Revisão da Literatura
20
Garganta (1998: 13) traduz a complexidade da análise de um jogo de
Futebol, na seguinte frase: “… ao nível do jogo coexistem variáveis diversas
que interagem permanentemente, o que dificulta a recolha de dados acerca da
prestação dos jogadores e torna muito complexa a tarefa de entender a quota-
parte de participação dessas variáveis no rendimento”.
Ortega e Contreras (2000) fazem referência a cinco factores principais
que determinam a dificuldade da AJ: (i) o elevado número de jogadores que
participam no jogo (ii) o carácter interactivo das condutas dos jogadores; (iii) o
grau de evolução do Futebol e a sua lógica interna; (iv) o grande número de
factores que afectam directa e indirectamente o rendimento e (v) a dimensão
que deriva da própria competição.
Garganta e Gréhaigne (1999) referem que tudo tem sido feito para
descrever a estrutura do rendimento no Futebol, e, apesar de alguns factores
poderem já ser reunidos com alguma extensão, os catálogos de prioridades e
as estruturas hierárquicas estabelecidas pouco mais têm conseguido do que
reproduzir pequenas e desarticuladas fracções do jogo. Quando a informação
extraída da AJ consiste num inventário de acções demasiado parcelarizadas
dos jogadores, esta não é capaz de transmitir uma imagem dos
acontecimentos mais representativos, não constituindo informação importante
para treinadores e investigadores (Garganta, 1998).
A construção de sistemas de observação deve englobar categorias
integrativas, cuja configuração permita passar da análise centrada na
quantidade das acções realizadas pelos jogadores à análise centrada nas
quantidades da qualidade das acções de jogo, no seu conjunto (Garganta,
1998).
A realidade tem demonstrado que a pertinência do estudo dos
problemas inerentes ao jogo e ao jogador deverá situar-se mais ao nível da
inter-relação dos factores do que em cada um deles individualmente (Garganta
& Gréhaigne, 1999).
Revisão da Literatura
21
5. Implicações dos tipos de pisos para a dinâmica do jogo
O tipo de piso influencia o ressalto da bola, determinando o tipo de jogo
que se vai desenrolar (Hohm, 1987). No campo pelado, o ressalto da bola é
alto e lento, enquanto que no campo relvado o ressalto da bola é baixo e muito
veloz, tornando o jogo mais rápido (Fonseca & Garganta, 2007).
O piso duro, característico do campo pelado, torna-se muito cansativo,
principalmente para as articulações dos membros inferiores, o que pode reduzir
o índice de performance do jogador de futebol.
Ao contrário do campo relvado que é predominantemente regular, o
campo pelado é maioritariamente irregular, fazendo com que o jogo seja
construído sob condições de elevada variabilidade e instabilidade (Fonseca &
Garganta, 2007). Essas condições adversas do terreno dificultam a condução
de bola e reduzem o tempo de contacto com a mesma, promovendo uma maior
circulação desta.
Cruyff (2002) refere que uma das razões da falta de qualidade técnica
em muitos jogadores está relacionada com o lugar onde os jovens aprendem a
jogar futebol. Acrescenta ainda o autor que, no seu tempo, a academia mais
popular para descobrir os segredos do Futebol era a rua, onde as carências
eram supridas com imaginação e ilusão.
De certa forma, o campo pelado apresenta algumas semelhanças no
que concerne às irregularidades do piso, com o da rua, local onde a
aprendizagem era feita de uma forma não organizada, na rua ou em terrenos
baldios e irregulares, com bolas de diferentes texturas e dimensões e sem a
presença de qualquer treinador, através de pequenos jogos de 3x3 ou 4x4,
consoante o número de participantes existentes, em espaços variados (largos
ou compridos), com dimensões reduzidas e era feita por ensaio e erro, em que
o jogador controlava a sua própria aprendizagem, o que originou o
aparecimento de muitos jogadores dotados de um grande virtuosismo técnico
(Pacheco, 2001). Daí que alguns analistas desportivos, como por exemplo
Lobo (2007), o apelidem de “Universidade de craques”. Para Cruyff (2002), na
rua aprende-se muito. Num campo relvado, após um choque por mais
Revisão da Literatura
22
aparatoso que pareça, cais e não há qualquer lesão. Na rua, se chocas com
um jogador e cais, magoas-te. O jogador é obrigado a despertar, a aprender a
movimentar-se e a decidir com mais rapidez.
Assim, não surpreende que técnicos e analistas desportivos da
actualidade lamentem o não aparecimento de grandes talentos desportivos e
um certo empobrecimento técnico dos nossos actuais futebolistas, devido em
grande parte, ao desaparecimento do denominado “Futebol de Rua” (Pacheco,
2005). Este permitia o desenvolvimento da liberdade intuitiva e da criatividade
dos jovens que aprendiam a tomar as decisões mais adequadas no decurso do
jogo.
Na opinião de Rui Costa, ex-jogador de Futebol, as bases e os
conhecimentos que se vão aprendendo nesse futebol de rua vão ser muito
úteis no futuro. Se perderem o hábito de jogar na rua, no alcatrão, na terra, na
pedra…não quer dizer que se vai ter mais dificuldades, mas vai-se perder a
base. Até porque nesse Futebol de rua, não se tem os relvados de hoje e por
isso com as condições precárias onde se jogava, ajuda-se principalmente a
incrementar o desenvolvimento da técnica e da criatividade. Reforçando esta
ideia, Sócrates (s/d), pelo facto de ter aprendido a jogar desta maneira, afirma
que foi excelente, pois com o piso irregular e cheio de árvores, criava-se a
necessidade de desenvolver uma série de habilidades, e além de olhar para a
bola e para o jogo, tinham de olhar para as mangueiras e para as raízes das
árvores.
Portanto é indispensável que se jogue Futebol de múltiplas maneiras,
com diversas bolas, com diversos tamanhos e se possível descalço, porque é
ai que está a sensibilidade…Devemos procurar a instabilidade, ou seja, a
variância de pisos como um processo fundamental para trabalhar a
proprioceptividade. Não se cai da mesma forma, não se dribla da mesma
maneira no relvado ou pelado. É fundamental nas idades mais tenras
proporcionar aos jovens jogadores essas diferenças de pisos para melhorarem
a relação com bola, sendo essas idades uma etapa crucial para o seu
desenvolvimento (Frade, 2008).
Revisão da Literatura
23
“Só na rua se podem treinar certos automatismos: na rua, a bola não
chega tão bem, sai em qualquer direcção, há que utilizar uma quantidade de
coisas que normalmente não usarás num campo relvado.” (Cruyff cit in
Valdano, 2002).
Segundo Fonseca & Garganta (2006), o terreno irregular beneficia até os
melhores. Procurando reforçar esta ideia, os autores citam Choshi (2000:19)
que apresenta um interessante exemplo: “…quando se projecta um carro, o
que se pensa inicialmente é fazer um carro bastante estável, ou seja, o
pensamento básico é o controle de feedback. Mas é interessante verificar que,
apesar de na construção eles se preocuparem com a estabilidade, controle,
entre outras caracteristicas, quando a qualidade do carro vai ser testada, ele é
levado para o mato, neve, safari, isto é, o carro é colocado nas condições mais
instáveis possíveis para testar o que foi adquirido durante a estabilização.
Portanto, o carro é considerado bom quando ele tem a capacidade de
adaptação demonstrada nessas situações diversificadas. O ambiente estável
para o qual ele foi projectado tem pouca importância. Apesar da diversidade de
pisos que podemos encontrar nos campeonatos portugueses dos diferentes
escalões, os jogadores são considerados bons quando têm a capacidade de se
adaptar às diferentes circunstâncias.
Revisão da Literatura
24
III. OBJECTIVOS
Objectivos
27
1. Objectivo Geral
O presente estudo tem como objectivo descrever os comportamentos
tácticos desempenhados por jogadores de Futebol no campo pelado e no
campo relvado.
2. Objectivos Específicos
Verificar quais os princípios tácticos ofensivos e defensivos que
possuem maior frequência de acções tácticas no jogo “GR3-3GR” no
campo relvado.
Verificar quais os princípios tácticos ofensivos e defensivos que
possuem maior frequência de acções tácticas no jogo “GR3-3GR” no
campo pelado.
Verificar quais os princípios tácticos ofensivos e defensivos com melhor
índice de performance táctica no campo relvado.
Verificar quais os princípios tácticos ofensivos e defensivos com melhor
índice de performance táctica no campo pelado.
Verificar qual a fase de jogo que apresenta um índice de performance
táctico superior no campo relvado.
Verificar qual a fase de jogo que apresenta um índice de performance
táctico superior no campo pelado.
Verificar quais os princípios tácticos ofensivos e defensivos com maior
percentual de erros no campo relvado.
Verificar quais os princípios tácticos ofensivos e defensivos com maior
percentual de erros no campo pelado.
IV. MATERIAL E MÉTODOS
Material e Métodos
31
1. Caracterização da Amostra
A amostra integra 4023 acções tácticas desempenhadas por 72
jogadores de Futebol, sendo 1893 acções no campo relvado e 2130 acções no
campo pelado.
2. Instrumento
O instrumento utilizado para a recolha e análise de dados foi o teste
“GR3-3GR” desenvolvido no Centro de Estudos dos Jogos Desportivos da
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (Costa et al., 2009).
O teste “GR3-3GR” é aplicado num campo reduzido de 36 metros de
comprimento por 27 metros de largura, durante 4 minutos de jogo. Durante a
sua aplicação é solicitado aos jogadores avaliados que joguem de acordo com
as regras oficiais do jogo, com excepção da regra de “fora-de-jogo”.
O teste visa avaliar as acções tácticas desempenhadas por cada um dos
jogadores participantes, com e sem bola, de acordo com dez princípios tácticos
fundamentais do jogo de Futebol, tendo em conta a localização da acção no
campo de jogo e o resultado final da mesma.
3. Procedimento
Após a formação das equipas e a entrega dos coletes numerados para
identificação, os atletas receberam a explicação acerca do objectivo do teste.
Foram concedidos aos jogadores 30 segundos para “familiarização” com o
teste, findos os quais se deu início à avaliação propriamente dita.
4. Material
Para a gravação dos jogos foi utilizada uma câmara digital SAMSUNG
modelo H106. O material de vídeo obtido foi introduzido em formato digital num
computador portátil (marca LG modelo E500 processador Intel T2370) via cabo
(IEEE 1394), convertendo-os em ficheiros “.avi”. Para o tratamento de imagem
e análise do jogo foi utilizado o software Utilius VS, software informático
específico destinado à análise e arquivo dos registos observados.
Material e Métodos
32
A categorização do material foi realizada a posteriori, com recurso ao
software Utilius VS, com base num sistema de observação sistemática em
contexto natural desenvolvido para tal efeito.
5. Análise Estatística
Para o tratamento dos dados foi utilizado o software SPSS (Statistical
Package for Social Science) for Windows®, versão 17.0. Foi realizada a análise
descritiva (Frequência, Percentual, Média e Desvio-Padrão). Para a variável
“Princípio”, recorreu-se ao teste do Qui-quadrado ( ²), com um nível de
significância p≤0,05, aplicado para analisar como o comportamento e
desempenho táctico dos jogadores de Futebol se apresenta em função dos
dois tipos de piso. A distribuição normal dos dados foi verificada através do
teste de Kolmogorov-Smirnov. Para os dados onde o teste de normalidade (p≤
0,05) era aceitável recorreu-se ao teste Oneway Anova e Test T –
Independentes. Para os dados onde o teste de normalidade (p≤0,05) não era
aplicável recorreu-se ao Teste de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney para verificar
entre quais os princípios que existiam essas diferenças. O coeficiente Kappa
de Cohen foi utilizado para verificar a fiabilidade inter-observador e intra-
observador.
6. Análise da Fiabilidade
As observações do teste “GR3-3GR” foram realizadas por três
observadores treinados que possuíam concordância inter-observadores
superior a 0,80. Foi também verificada a fiabilidade intra-observador,
recorrendo-se ao índice Kappa de Cohen. Para efeitos de aferição da
fiabilidade foram reavaliadas 563 acções tácticas desempenhadas pelos
jogadores, o que representa 14,3% da amostra, ou seja, um valor superior ao
de referência (10%), apontado pela literatura (Tabachnick & Fidell, 1989).
Material e Métodos
33
As sessões para determinar a fiabilidade intra-observador foram
realizadas com um intervalo de 10 dias. Os resultados da fiabilidade intra-
observadores exibiram valores de Kappa de 0,95 (erro padrão=0,014), 0,89
(erro padrão=0,022) e 0,92 (erro padrão=0,018) para o primeiro, segundo e
terceiro avaliadores, respectivamente, sendo portanto superiores aos valores
de referência (0,75) apontados pela literatura (Bakeman & Gottman, 1989;
Fleiss, 1981).
V. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS
Apresentação e Discussão dos Resultados
37
De acordo com o objectivo delineado, intenta-se descrever os
comportamentos tácticos desempenhados por jogadores de Futebol no campo
pelado e no campo relvado.
5.1. Campo Relvado
5.1.1. Acções Tácticas em função dos Princípios
No Quadro 1 são apresentadas as frequências e os percentuais dos
Princípios tácticos ofensivos e defensivos, executados no campo relvado.
Neste quadro verificamos a diferença em relação às frequências
observadas entre os vários princípios, sendo essas diferenças significativas se
p≤0.05.
Quadro 1 – Princípios Tácticos obtidos no piso relvado no teste “GR3-3GR”.
Princípios Tácticos
N
%
Sig (p≤0,05)*
Ofensivos
Penetração (1) 95 10,72 2; 3
Cobertura Ofensiva (2)
246 27,77 1; 3; 4; 5
Espaço (3) 364 41,08 1; 4; 5
Mobilidade (4) 91 10,27 2; 3
Unidade Ofensiva (5)
90 10,16 2; 3
Defensivos
Contenção (6) 209 20,75 7; 8; 10;
Cobertura Defensiva (7)
37 3,67 6; 8; 9; 10
Equilíbrio (8) 160 15,89 6; 7; 9; 10
Concentração (9)
219 21,75 7; 8; 10
Unidade Defensiva (10)
382 37,93 6; 7; 8; 9
Total de Jogo 1893
*Diferenças Significativas quando p≤0,05.
1;2;3;4;5;6;7;8;9;10: Verificadas diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes princípios
Apresentação e Discussão dos Resultados
38
Da análise do Quadro 1, constatou-se que existem diferenças
estatisticamente significativas nas frequências em termos ofensivos na variável
“Penetração” em relação ao princípio: “Cobertura Ofensiva” ( 2=66,865;
p<0,001) e “Espaço” ( 2=157,65; p<0,001).
No princípio “Cobertura Ofensiva” foram verificas diferenças
estatisticamente significativas em relação ao princípio: “Espaço” ( 2=2978,07;
p<0,001): ao princípio “Mobilidade” ( 2=71,291; p<0,001) e ao princípio
“Unidade Ofensiva” ( 2=72,429; p<0,001).
Em termos defensivos existiam diferenças estatisticamente significativas
na variável “Contenção” em relação ao princípio: “Cobertura Defensiva”
( 2=120,26; p<0,001); ao princípio “Equilíbrio” ( 2=6,51; p<0,011), ao princípio
“Unidade Defensiva” ( 2=50,64; p<0,001). Em relação ao princípio “Cobertura
Defensiva” verificamos diferenças estatisticamente significativas em relação ao
princípio: “Equilíbrio” ( 2=76,80; p<0,001); na variável “Concentração”
( 2=129,39; p<0,001); e na variável “Unidade Defensiva” ( 2=284,07; p<0,001).
Respectivamente ao princípio “Equilíbrio” constatamos diferenças em relação
ao princípio: “Concentração” ( 2=9,19; p<0,001) e “Unidade Defensiva ”
( 2=90,93; p<0,001)
Por fim, na variável “Concentração” verificamos diferenças
estatisticamente significativas em relação ao principio ” Unidade Defensiva”
( 2=44,21; p<0,001).
Ao analisar o conjunto dos princípios tácticos realizados pelos jogadores,
verificamos um total de 1893 acções tácticas realizadas no campo relvado.
Comparando os dados referentes aos princípios tácticos ofensivos e
defensivos, averiguamos que a frequência das acções ofensivas (886 acções)
são menos utilizadas que os princípios tácticos defensivos (1007 acções),
podendo-se assim inferir que estes jogadores não conseguiram ter muita posse
de bola, apesar de neste tipo de piso, predominantemente regular, seja mais
fácil a circulação de bola, tal como referem Fonseca & Garganta (2007). Apesar
desse valor inferior, é possível verificar que estes jogadores privilegiaram um
tipo de Futebol apoiado na circulação de bola devido aos valores elevados do
Apresentação e Discussão dos Resultados
39
princípio da “cobertura ofensiva” (246 acções) e “espaço” (364 acções),
abdicando da criação de situações individuais do 1x1, o que pode ser explicado
com o baixo valor do princípio da “penetração” (95 acções). Este resultado
contraria o verificado no estudo de Amaral & Garganta (2004) ao revelarem que
no futsal os jogadores entram em situações de 1x1 fundamentalmente com a
intenção de ultrapassar os adversários directos para assim progredirem no
terreno de jogo, em detrimento da circulação de bola.
Ao analisar a frequência de acções relativas à globalidade dos
princípios de jogo, percebe-se que as acções tácticas relacionadas com os
princípios ofensivos de “cobertura ofensiva” (246 acções) e de “espaço” (364
acções) evidenciam valores superiores, quando comparadas com as acções
respeitantes à fase defensiva, nomeadamente no que respeita aos princípios
de “cobertura defensiva” (37acções) e de “concentração” (209 acções).
No nosso estudo, durante a fase defensiva nota-se, uma menor
incidência das acções tácticas relacionadas com o princípio de “cobertura
defensiva” (37 acções) em relação aos demais princípios assim como no
estudo de Costa et al. (2009g). As causas poderão ser atribuídas à fraca
capacidade táctica destes jogadores e assim, preferirem em termos defensivos
a utilização de uma marcação individual, como se pode verificar através do
elevado valor apresentado do princípio da “contenção” (209 acções), ou seja,
estão sempre perto do adversário directo.
Em contrapartida, observou-se uma elevada frequência das acções para
o principio da “Unidade Defensiva” (382 acções), revelando diferenças
significativas perante todos os outros princípios defensivos, o que poderá ser
explicado devido às dimensões do campo utilizado no teste induzir o aumento
da incidência de bolas que saem pela linha de fundo e, consequentemente, os
momentos de reposição de bola por parte do guarda-redes. Assim, podemos
verificar que a equipa adversária recue e se reposicione, com o intuito de
conseguir tempo e espaço para organizar o sistema defensivo colectivo tal
como foi verificado no estudo de Costa et al. (2009g) assim como num outro
estudo dos mesmos autores (2009f), onde reiteram que pode ser devido aos
jogadores marcarem os adversários individualmente, ficam obrigatoriamente
Apresentação e Discussão dos Resultados
40
muito longe do centro do jogo e daí a elevada frequência do princípio da
“unidade defensiva”.
5.1.2. Índice de Performance Táctica (IPT)
No Quadro 2 são apresentados os resultados da análise do Índice de
Performance Táctica (IPT) no campo relvado na realização do teste “GR3-
3GR”. Neste quadro verificamos as Médias, Desvio-Padrão e a existência de
diferenças estatisticamente significativas entre os princípios tácticos.
Quadro 2 – Médias e Desvio Padrão das Variáveis na categoria Índice Percentual Táctico
no campo relvado.
Princípios Tácticos
Índice de Performance
Táctica
Sig (p≤0,05)*
Ofensivos
Penetração (1) 55,66±27,59
Cobertura Ofensiva (2)
54,35±16,22 3
Espaço (3) 55,19±24,92 2; 4; 5
Mobilidade (4) 43,19±8,52 3
Unidade Ofensiva (5)
64,78±26,78 3
Defensivos
Contenção (6) 26,62±12,93
Cobertura Defensiva (7)
36,01±28,63
Equilíbrio (8) 29,18±15,33
Concentração (9)
28,77±8,00
Unidade Defensiva (10)
28,07±7,65
Fase de jogo
Fase Ofensiva (11)
50,00±11,01 12
Fase Defensiva (12)
28,47±5,12 11
Jogo 38,67±5,99
*Diferenças Significativas quando p≤0,05
1;2;3;4;5;6;7;8;9;10;11;12: Verificadas diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes princípios
Apresentação e Discussão dos Resultados
41
No Quadro 2 pode observar-se o índice de performance táctica dos
jogadores no campo relvado. Tais índices foram calculados para cada princípio,
por cada fase de jogo (ofensiva e defensiva) e por cada jogo.
Segundo o Teste Anova One-Way verificamos que existem diferenças
significativas (p≤0.05) em termos ofensivos na categoria índice de performance
táctica entre o princípio “Cobertura Ofensiva” e “Espaço” (p=0.006). No
princípio “Espaço” constatamos diferenças significativas com o princípio
“Unidade Ofensiva” (p=0,002). No que respeita ao princípio “Mobilidade”
existem diferenças significativas em relação ao princípio “ Espaço” (p=0,036).
Foram ainda encontradas diferenças estatisticamente significativas entre a
variável “Fase Ofensiva” e a “Fase Defensiva” (p<0,001).
De realçar que em termos defensivos na categoria IPT não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas.
Ao debruçarmos a nossa atenção sobre o índice de performance táctica,
podemos perceber que, apesar de no ponto anterior referirmos que em termos
defensivos se realizaram mais acções, na verdade o índice de performance
táctica da fase defensiva (28,47±5,12) é inferior comparativamente com o
índice de performance táctica da fase ofensiva (50±11,01), assim como no
estudo de Costa et al. (2009g) onde os jogadores também revelaram mais
dificuldades para realizar acções tácticas relacionadas com os princípios de
jogo defensivos. Estas diferenças podem dever-se ao facto dos treinadores de
formação nos treinos centrarem-se mais no ensino dos princípios tácticos
ofensivos. Prova disso são os nossos resultados, onde podemos constatar que
tanto no Quadro 2 como no Quadro 4, o índice de performance táctica na fase
ofensiva é muito elevado comparativamente com o índice de performance
táctica da fase defensiva.
A partir do Quadro 2, podemos constatar que o princípio da “unidade
ofensiva” (55,66±27,59) foi o que apresentou um valor superior e o princípio da
“mobilidade” (43,19±8,52) um valor inferior em termos ofensivos.
Defensivamente, o princípio da “cobertura defensiva” (36,01±28,63) evidenciou
Apresentação e Discussão dos Resultados
42
valores superiores e o princípio da “contenção” (26,66±12,93) valores
inferiores, comparativamente com os restantes.
Estes valores podem ser fundamentais para o treinador ter um
conhecimento aprofundado acerca da performance táctica dos jogadores,
permitindo um planeamento mais consciente, tendo em consideração as
dificuldades apresentadas segundo a análise efectuada e, posteriormente,
enfatiza-las nas sessões de treino.
5.1.3. Percentual de Erro (PE)
No Quadro 3 são apresentados os resultados da Análise do Percentual
de Erros (PE) do campo relvado na realização do teste de “GR3-3GR”. Neste
quadro verificamos as Médias e o Desvio-padrão e a existência de diferenças
estatisticamente significativas entre os princípios tácticos (p≤0.05).
Quadro 3 - Média e desvio padrão das variáveis da categoria Percentual de Erros (PE) no
campo relvado.
Princípios Tácticos
Percentual de Erros
Sig (p≤0,05)*
Ofensivos
Penetração (1) 33,03±35,14 2; 4
Cobertura Ofensiva (2)
5,88±15,37
Espaço (3) 3,49±11,34
Mobilidade (4) 2,89±7,89 5
Unidade Ofensiva (5)
8,91±18,36 4
Defensivos
Contenção (6) 3,06±1,99 9; 10
Cobertura Defensiva (7)
13,04±27,04 9; 10
Equilíbrio (8) 45,63±33,29 9; 10
Concentração (9)
6,65±12,04 6; 7; 8
Unidade 17,89±17,16 6; 7; 8
Apresentação e Discussão dos Resultados
43
Defensiva (10)
Fase de jogo
Fase Ofensiva (11)
6,31±5,70 12
Fase Defensiva (12)
27,48±10,16 11
Jogo 33,79±11,00
*Diferenças Significativas quando p≤0,05
1;2;3;4;5;6;7;8;9;10;11;12: Verificadas diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes princípios
Segundo o teste Mann-Whitney verificamos que na categoria percentual
de erros existem diferenças estatisticamente significativas em termos ofensivos
entre o princípio “Penetração” em relação ao princípio: “Cobertura Ofensiva”
(p=0,006) e ao principio “Mobilidade” (p=0,002). No princípio “Mobilidade” foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas entre este princípio e o
princípio “Unidade Ofensiva” (p=0,009).
Defensivamente, existem diferenças estatisticamente significativas
(p≤0.05) entre o princípio “Contenção” em relação ao princípio: “Concentração”
(p<0,001) e ao principio “Unidade Defensiva (p<0,001). No princípio “Cobertura
Defensiva” constatamos diferenças estatisticamente significativas com o
princípio ”Concentração” (p=0,003) e com o principio “Unidade Defensiva”
(p<0,001). Já no princípio “Equilíbrio” verificamos diferenças estatisticamente
significativas em relação ao principio “Concentração” (p<0,001) e ao princípio
”Unidade Defensiva” (p<0,001).
Foram ainda encontradas diferenças estatisticamente significativas
entre a fase “Fase Defensiva” e a “Fase Ofensiva” (p=0,001).
Ao analisarmos estes resultados, podemos constatar quais os princípios
tácticos em que os jogadores cometem mais erros. Verifica-se que os
jogadores cometem mais erros defensivos (27,48±10,16) comparativamente
com os princípios de jogo ofensivos (6,31±5,7). Apesar de a literatura referir
que no campo relvado, o terreno regular facilita o contacto com a bola, como
refere Fonseca & Garganta (2007), é curioso que os jogadores neste piso
erraram mais vezes o princípio táctico “penetração” (33,03±35,14), maior PE
Apresentação e Discussão dos Resultados
44
em termos ofensivos, pois, segundo Hohm (1987), neste piso o ressalto da bola
é baixo e muito veloz, tornando o jogo mais rápido e desta forma aumentar a
probabilidade de perder o contacto com a bola.
Dos princípios de jogo defensivos constatamos um elevado percentual
de erros no princípio de jogo do “equilíbrio” (45,63±33,29), permitindo assim
reforçar a ideia de no ponto anterior revelarmos que este grupo de jogadores
em termos defensivos utiliza a marcação individual, o que pode ser um factor
importante para percebermos o elevado défice em termos tácticos defensivos.
Desta forma, podemos comprovar o elevado percentual de erro em
termos defensivos nos jogadores desta amostra neste tipo de piso.
Tanto o percentual de erro como o índice de performance táctico podem
ser excelentes materiais de apoio aos treinadores.
5.2. Campo Pelado
5.2.1. Acções Tácticas em função dos Princípios
No Quadro 4 são apresentadas as frequências dos Princípios Tácticos
ofensivos e defensivos, executados no campo pelado.
Neste Quadro verificamos a diferença em relação às frequências
observadas entre os vários princípios, sendo essas diferenças significativas se
p≤0.05.
Quadro 4 – Princípios Tácticos obtidos no piso pelado no teste “GR3-3GR”
Princípios
Tácticos
N
%
Sig (p≤0,05)*
Ofensivos
Penetração (1) 112 11,11 2; 3
Cobertura Ofensiva (2)
214 21,23 1; 3; 4; 5
Apresentação e Discussão dos Resultados
45
Espaço (3) 430 42,66 1; 2; 4; 5
Mobilidade (4) 125 12,40 2; 3
Unidade Ofensiva (5)
127 12,60 2; 3
Defensivos
Contenção (6) 194 17,29 10
Cobertura Defensiva (7)
27 2,41 8; 9
Equilíbrio (8) 165 14,71 7; 10
Concentração (9)
197 17,56 7; 10
Unidade Defensiva (10)
539 48,04 6; 8; 10
Total de Jogo 2130
*Diferenças Significativas quando p≤0,05
1;2;3;4;5;6;7;8;9;10: Verificadas diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes princípios
Da análise do Quadro 4, constatou-se que existiam diferenças
estatisticamente significativas em termos ofensivos entre o princípio
“Penetração” em relação ao princípio: “Cobertura Ofensiva” ( 2=31,91;
p<0,001) e ao princípio "Espaço” ( 2=186,58; p<0,001). No principio “Cobertura
Ofensiva” verificamos diferenças estatisticamente significativas deste princípio
com o principio “Espaço” ( 2=72,45; p<0,001); ”Mobilidade” ( 2=23,37; p<0,001)
e “Unidade Ofensiva” ( 2=22,20; p<0,001). No que diz respeito ao principio
“Espaço” verificamos diferenças estatisticamente significativas entre este
princípio e o principio “Mobilidade” ( 2=167,61; p<0,001) e o principio “Unidade
Ofensiva” ( 2=164,83; p<0,001).
Em termos defensivos existiam diferenças estatisticamente significativas
no principio “Contenção” comparativamente com o princípio “Unidade
Defensiva” ( 2=162,38; p<0,001). Em relação ao princípio “Cobertura
Defensiva” verificamos diferenças estatisticamente significativas em relação ao
principio: “Equilíbrio” ( 2=99,19; p<0,001) e ao principio “Concentração”
( 2=129,02; p<0,001). Respectivamente ao principio “Equilíbrio” constatamos
diferenças estatisticamente com o principio “Unidade Defensiva” ( 2=198,69;
p<0,001). Por fim, constatamos diferenças estatisticamente significativas entre
Apresentação e Discussão dos Resultados
46
o principio “Concentração” e o princípio “Unidade Defensiva” ( 2=158,92;
p<0,001).
Foram avaliadas 2130 acções tácticas no campo pelado das quais, em
termos ofensivos ocorreram 1008 acções e defensivamente contabilizaram-se
1122 acções. Podemos verificar através desses dados que estes jogadores
não conseguiram ter muita posse de bola e daí constatarmos as dificuldades
acrescidas, devido ao piso, maioritariamente irregular, e que determina o tipo
de jogo que se vai desenrolar, tal como refere Hohm (1987). Apesar da
inferioridade de ocorrência dos princípios de jogo ofensivos em relação aos
defensivos, analisamos que estes jogadores preocupavam-se em manter a
posse de bola, utilizando um ataque organizado tal como se pode averiguar
através dos valores apresentados pela ocorrência do princípio da “cobertura
ofensiva” (21,23% da variação) e pelo princípio do “espaço” (42,66% da
variação). Aliás, em termos ofensivos foram verificadas diferenças
estatisticamente significativas (p≤0,05) entre o princípio da “cobertura ofensiva”
e os restantes princípios de jogo ofensivos, assim como entre o princípio de
jogo “espaço” e os restantes.
O princípio da “penetração” (11,11% da variação) foi o menos utilizado
dos princípios de jogo ofensivos, o que pode ser explicado devido às
dificuldades em controlar a bola neste tipo de piso, tal como referiu Costa et al.
(2009f) no seu estudo.
Em relação às acções defensivas, os resultados denotam uma elevada
frequência de ocorrência no princípio da “unidade defensiva” (48,05% da
variação), comparativamente com os demais princípios. Tal como já referimos
anteriormente também Costa et al. (2009c) no seu estudo verificou a elevada
ocorrência do princípio da “unidade defensiva” constatando-se que poderá
ocorrer devido às dimensões do campo utilizado no teste e induzir o aumento
da incidência de bolas que saem pela linha de fundo e, consequentemente, os
momentos de reposição de bola por parte do guarda-redes. Neste caso, obriga
a equipa adversária a recuar e se reposicionar, com o intuito de conseguir
tempo e espaço para organizar o sistema defensivo colectivo. Também
Apresentação e Discussão dos Resultados
47
podemos aferir que este valor pode ser ilustrativo do défice de reacção à perda
da bola por parte destes jogadores, realizando transições muito lentas de
ataque/defesa.
O princípio da “cobertura defensiva” (2,41% da variação) foi o menos
utilizado, provavelmente porque os jogadores sentem o tamanho reduzido do
campo, o que pode intimidar os jogadores de apoio ao jogador que está a
realizar o princípio da contenção motivo este apresentado por Costa et al.
(2009d) no seu estudo.
5.2.2. Índice de Performance Táctica (IPT)
No Quadro 5 são apresentados os resultados da análise do Índice de
Performance Táctica (IPT) no campo pelado na realização do teste “GR3-3GR”.
Neste quadro verificamos as Médias, Desvio-Padrão e a existência de
diferenças estatisticamente significativas entre os princípios tácticos.
Quadro 5 – Médias e Desvio Padrão das Variáveis na categoria Índice Percentual Táctico
no campo pelado.
Princípios Tácticos
Índice de Performance
Táctico
Sig (p≤0,05)*
Ofensivos
Penetração (1) 54,44±17,48 4
Cobertura Ofensiva (2)
51,29±15,45 3
Espaço (3) 62,92±22,11 2; 4
Mobilidade (4) 44,24±8,61 1; 3
Unidade Ofensiva (5)
51,14±24,95
Defensivos
Contenção (6) 25,29±8,19
Cobertura Defensiva (7)
34,88±29,92
Equilíbrio (8) 25,75±13,89
Concentração (9)
28,85±8,02 10
Unidade 22,86±6,60 9
Apresentação e Discussão dos Resultados
48
Defensiva (10)
Fase de jogo
Fase Ofensiva (11)
49,26±7,20 12
Fase Defensiva (12)
24,87±4,42 11
Jogo 36,3±3,72
*Diferenças Significativas quando p≤0,05
1;2;3;4;5;6;7;8;9;10;11;12: Verificadas diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes princípios
Segundo o Teste Oneway Anova verificamos que existem diferenças
estatisticamente significativas (p≤0.05) em termos ofensivos na categoria índice
de performance táctica entre o princípio “Penetração” e o princípio “Mobilidade”
(p=0,028). Verificamos diferenças estatisticamente significativas entre o
princípio “Cobertura Ofensiva” em relação ao princípio: “Espaço” (p=0,020) e
ao princípio “Mobilidade” (p<0,001).
Defensivamente, existem diferenças estatisticamente significativas entre
o princípio “Concentração” e o princípio “Unidade Defensiva” (p=0,009).
Por fim, constatamos diferenças estatisticamente significativas entre a
“Fase Defensiva” e a “ Fase Ofensiva” (p<0,001).
Ao fazermos uma análise do Quadro 5, apuramos que no campo pelado
o índice de performance táctica da fase ofensiva situa-se nos 49,26±7,2 e na
fase defensiva apresenta apenas 24,87±4,42. Apesar de no Quadro 4
constarmos que a frequência de ocorrência dos princípios tácticos defensivos
são superiores, podemos verificar que apresentam um índice de performance
táctica muito baixo, logo estes jogadores mostram sérias dificuldades em
termos defensivos.
O princípio de jogo “espaço” (62,92±22,11) apresentou um valor superior
comparativamente com os restantes princípios, enquanto que o princípio
“mobilidade” (44,24±8,61) apresentou o valor mais baixo em termos ofensivos,
contrariando então Costa et al. (2009g) ao concluir que o índice de
performance táctica mais elevado refere-se ao princípio de jogo “mobilidade”
em termos ofensivos.
Apresentação e Discussão dos Resultados
49
Defensivamente, o princípio da “cobertura defensiva” (34,88±29,92)
evidenciou valores superiores e o princípio da “unidade defensiva” (22,86±6,6)
valores inferiores comparativamente com os restantes princípios. De acordo
com o nosso estudo, Costa et al. (2009g) aponta o princípio de jogo “cobertura
defensiva” também com um índice de performance táctica superior. Este
princípio no Quadro 4 está referenciado com o valor mais baixo em termos de
frequência de ocorrência, o que denota que foi realizado poucas vezes mas de
uma forma correcta.
5.2.3. Percentual de Erros (PE)
No Quadro 6, são apresentados os resultados da análise do Percentual
de Erros (PE) do campo pelado na realização do teste de “GR3-3GR”. Neste
quadro verificamos as Médias e o Desvio-padrão e a existência de diferenças
estatisticamente significativas entre os princípios tácticos (p≤0.05).
Quadro 6 - Média e desvio padrão das variáveis da categoria Percentual de Erros (PE) no
campo pelado.
Princípios Tácticos
Percentual de Erros
Sig (p≤0,05)*
Ofensivos
Penetração (1) 15,34±24,18 4
Cobertura Ofensiva (2)
5,74±18,12 5
Espaço (3) 0,76±4,29
Mobilidade (4) 5,57±12,69 1; 5
Unidade Ofensiva (5)
43,6±33,89 2; 4
Defensivos
Contenção (6) 58,85±24,13 7; 9
Cobertura Defensiva (7)
46,25±47,49 6; 8; 9; 10
Equilíbrio (8) 56,28±31,81 7; 9
Concentração (9)
29,11±30,34 6; 7; 8; 10
Unidade 65,4±21,60 7; 9
Apresentação e Discussão dos Resultados
50
Defensiva (10)
Fase de jogo
Fase Ofensiva (11)
10,89±9,29 12
Fase Defensiva (12)
55,63±14,97 11
Jogo 66,53±24,26
*Diferenças Significativas quando p≤0,05 1;2;3;4;5;6;7;8;9;10;11;12: Verificadas diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes princípios
Segundo o teste Mann-Whitney verificamos que na categoria percentual
de erros existem diferenças estatisticamente significativas em termos ofensivos
no princípio “Penetração” em relação ao princípio “Mobilidade” (p<0,001).
Apuramos diferenças estatisticamente significativas no principio “Unidade
Ofensiva” em relação ao principio “Cobertura Ofensiva” (p=0,023) e ao princípio
“Mobilidade” (p<0,001).
Defensivamente, existem diferenças estatisticamente significativas
(p≤0.05) no princípio “Contenção” em relação ao princípio: “Cobertura
Defensiva” (p=0,010) e ao princípio “Concentração” (p=0,002). Já o princípio
“Cobertura Defensiva” apresenta diferenças estatisticamente significativas com
os princípios: “Equilíbrio” (p=0,029); “Concentração” (p<0,001) e “Unidade
Defensiva” (p=0,010). O princípio “Concentração” apresenta diferenças
estatisticamente significativas com o princípio “Equilíbrio” (p=0,002) e com o
principio “Unidade Defensiva” (p<0,001). Por fim verificamos diferenças
estatísticas significativas entre a “Fase Defensiva” e a “Fase Ofensiva”
(p<0,001).
No Quadro 6, podemos verificar quais os princípios de jogo que os
jogadores revelam mais dificuldades, ou seja, onde o percentual de erros é
mais evidente.
Constatamos que cometem mais erros na “fase defensiva” (55,63±24,26)
do que na “fase ofensiva” (10,89±9,29). Apesar do campo pelado ser
maioritariamente irregular, fazendo com que o jogo seja construído sob
condições de elevada variabilidade e instabilidade, tal como referem Fonseca &
Garganta (2007) estes jogadores adaptaram-se a estas condições. Portanto na
Apresentação e Discussão dos Resultados
51
opinião de Choshi (2000), o jogador é considerado bom quando ele tem a
capacidade de adaptação demonstrada nessas situações diversificadas.
Comparando os dados referentes aos princípios de jogo ofensivos,
conferimos que o princípio “unidade ofensiva” (43,6±33,89) apresenta um
percentual de erros mais elevado e o princípio “espaço” (0,76±4,29) apresenta
um valor mais baixo. Este elevado valor do princípio de jogo “unidade ofensiva”
pode ser causada pela falta de motivação destes jogadores na realização do
teste, porque a equipa quando está em posse de bola, parte dos jogadores não
acompanham a subida da equipa no terreno. Esta desmotivação pode dever-se
ao local onde o teste foi realizado, ou seja, no campo pelado. Os jovens
jogadores não compreendem que é fundamental nas idades mais tenras
proporcionar essas diferenças de pisos para melhorar a relação com bola,
sendo essas idades uma etapa crucial para o seu desenvolvimento (Frade,
2008).
No que diz respeito à fase defensiva, conferimos que o princípio de jogo
que apresenta um percentual de erros mais elevado é o princípio “unidade
defensiva” (65,4±21,16) e o que apresenta um valor mais baixo o princípio
“concentração” (29,11±30,34). Assim, podemos referir que o elevado
percentual de erros em relação ao princípio “unidade defensiva” é mais um
dado para percebermos da desmotivação destes jogadores, perdem a posse
de bola e não descem no terreno para defender. Apresentam dificuldades na
transição ataque/defesa.
Assim, estes valores são úteis para permitir ao treinador ter um
conhecimento mais aprofundado a partir da avaliação sobre as habilidades e as
dificuldades de cada jogador, para assim poder melhorá-las através do
processo de formação.
VI. CONCLUSÕES
Conclusões
55
Considerando os objectivos e os resultados do presente estudo pode-se
concluir que:
O campo relvado propiciou que os jogadores realizassem mais
comportamentos tácticos ofensivos relacionados ao princípio “espaço”.
O campo relvado propiciou que os jogadores realizassem mais
comportamentos tácticos defensivos relacionados ao princípio “unidade
defensiva”.
O campo pelado propiciou que os jogadores realizassem mais
comportamentos tácticos ofensivos relacionados ao princípio “espaço”.
O campo pelado propiciou que os jogadores realizassem mais
comportamentos tácticos defensivos relacionados ao princípio “cobertura
defensiva”.
O campo relvado propiciou a realização do princípio “unidade ofensiva”
em termos ofensivos com o melhor índice de performance táctica.
O campo relvado propiciou a realização do princípio “cobertura
defensiva” em termos defensivos com o melhor índice de performance
táctica.
O campo pelado propiciou a realização do princípio “espaço” em termos
ofensivos com o melhor índice de performance táctica.
O campo pelado propiciou a realização do princípio “cobertura
defensiva” em termos defensivos com o melhor índice de performance
táctica.
Conclusões
56
A fase ofensiva no campo relvado apresenta um índice de performance
táctica superior comparativamente à fase defensiva.
A fase ofensiva no campo pelado apresenta um índice de performance
táctica superior comparativamente à fase defensiva.
O campo relvado propiciou a realização do princípio “penetração” em
termos ofensivos com o maior percentual de erros.
O campo relvado propiciou a realização do princípio “equilíbrio” em
termos defensivos com o maior percentual de erros.
O campo pelado propiciou a realização do princípio “unidade ofensiva”
em termos ofensivos com o maior percentual de erros.
O campo pelado propiciou a realização do princípio “unidade defensiva”
em termos defensivos com o maior percentual de erros.
Sugestões para Trabalhos Futuros
57
Sugestões para Trabalhos Futuros
Desta forma consideramos importante clarificar aspectos abordados
neste trabalho, assim como reflectir sobre outras questões relacionadas com
esta temática, como por exemplo:
Estudar os comportamentos tácticos da mesma equipa nos diferentes
pisos.
.
VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Referências Bibliográficas
61
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ACTIO. 2006.
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