analise redes sociais
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DIAGNÓSTICO UTILIZANDO ANÁLISE DE REDES SOCIAIS
Francisco José Zamith Guimarães
Elisete de Sousa Melo
PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO
DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ESPECIALISTA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA
EMPRESARIAL.
Aprovado por:
_____________________________________________________
Prof. Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc.
_____________________________________________________
Profa. Raquel Borba Balceiro, D.Sc.
_____________________________________________________
Prof. Paulo Josef Hirsch, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
NOVEMBRO DE 2005
i
Guimarães, Francisco José Zamith
Melo, Elisete Sousa
Diagnóstico Utilizando Análise de Redes Sociais
[Rio de Janeiro] 2005
VIII, 51 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, Especialização,
Engenharia de Produção, 2005)
Projeto Final – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Gestão do Conhecimento
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
ii
Dedicamos esse trabalho a memória de Luiz Carlos Zamith.
iii
Agradecemos às nossas famílias, que durante este período, nos incentivaram e souberam
compreender nossa ausência nos finais de semana.
Agradecemos a minha orientadora Raquel Borba Balceiro pelo suporte e zelo
dispensado a equipe.
Agradecemos ao Sr. Alexandre Korowajczuk pelo incentivo a fazer o curso e a
realização desse trabalho.
Agradecemos a toda equipe do DSG pela ajuda.
Agradecemos a Petróleo Brasileiro S.A. pelo apoio propiciado a realização desse
trabalho.
iv
Resumo do Projeto Final apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Especialista em Gestão do Conhecimento e
Inteligência Empresarial.
DIAGNÓSTICO UTILIZANDO ANÁLISE DE REDES SOCIAIS
Francisco José Zamith Guimarães
Elisete de Sousa Melo
Novembro/2005
Orientadora: Raquel Borba Balceiro
Programa: Engenharia de Produção
A principal característica do conhecimento tácito é sua dificuldade de ser
explicitado. A principal forma de transferência desse tipo de conhecimento é por meio
do contato entre as pessoas. Portanto, para que essa transferência ocorra de uma maneira
eficiente, é de vital importância o entendimento de como se dá a interação entre as
pessoas. Uma forma de ter esse entendimento é com a ajuda da técnica de análise de
rede social. Esse trabalho apresenta a aplicabilidade da técnica dentro do contexto da
Gestão do Conhecimento, mostrando seu valor para o entendimento do fluxo de
conhecimento tácito dentro de uma organização.
v
Abstract of Final Project presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of specialist in Knowledge Management and Enterprise
Intelligence.
EVALUATION USING SOCIAL NETWORK ANALYSIS
Francisco José Zamith Guimarães
Elisete de Sousa Melo
Novembro/2005
Advisor: Raquel Borba Balceiro
Department: Industrial Engineering
The main characteristic of the tacit knowledge is his difficult of being
explicitated. The principal way of transfer this kind of knowledge is through the
connection of people face-to-face. Therefore, for this transfer be effective, is important
the understanding of how happens the people connections. One way to have this
understand is with the use of the social network analysis method. This work presents the
method applicability into the Knowledge Management context, presenting your value to
understand the flow of tacit knowledge into an organization.
vi
Índice de texto
1 - Introdução............................................................................................................. 1 2 - Análise de Rede Social – Visão Geral.................................................................. 3
2.1 Visão básica...................................................................................................... 3 2.2 Histórico da técnica .......................................................................................... 4 2.3 Aplicações ........................................................................................................ 7 2.4 Benefícios esperados ........................................................................................ 8
3 - A Técnica de Análise de Rede Social................................................................... 9 3.1 Análise da rede pessoal..................................................................................... 9 3.2 Análise da rede em grupos fechados .............................................................. 12
3.2.1 Identificação do grupo estratégico.......................................................... 13 3.2.2 Construção do questionário .................................................................... 14 3.2.3 Coleta das informações........................................................................... 17 3.2.4 Análise das informações......................................................................... 19
3.2.4.1 Análise visual ..................................................................................... 20 3.2.4.2 Análise quantitativa ............................................................................ 23
3.2.5 Apresentação do resultado...................................................................... 25 3.3 Análise comparativa entre as técnicas ............................................................ 26
4 - Uso da S.N.A. na área de Gestão do Conhecimento .......................................... 28 4.1 Aplicação em gestão de mudanças ................................................................. 28 4.2 Aplicação em diagnósticos de Gestão do Conhecimento............................... 28 4.3 Aplicação em ferramenta de Páginas Amarelas ............................................. 29 4.4 Aplicação em Comunidades de Prática .......................................................... 29 4.5 Gestão de Competências................................................................................. 30
5 - Exercício de aplicação da técnica de S.N.A. ...................................................... 32 5.1 Técnica utilizada............................................................................................. 32
5.1.1 Identificação do grupo estratégico.......................................................... 32 5.1.2 Construção do questionário .................................................................... 33 5.1.3 Coleta das informações........................................................................... 34 5.1.4 Análise das informações......................................................................... 35 5.1.5 Apresentação dos resultados................................................................... 35
5.2 Resultados obtidos.......................................................................................... 36 5.3 Conclusões sobre os resultados ...................................................................... 45
6 - Considerações Finais .......................................................................................... 47 7 - Referências Bibliográficas.................................................................................. 48
vii
Índice de Figuras
Figura 1 - Ilustração da análise da rede pessoal. (Fonte: elaboração própria, 2005) .. 10 Figura 2 - Ilustração da análise da rede em grupos fechados. (Fonte: elaboração própria, 2005) ................................................................................................................. 13 Figura 3 - Exemplo básico de rede de consciência das competências. (Fonte: elaboração própria, 2005) ............................................................................................... 20 Figura 4 - Subgrupos em uma rede. (Fonte: elaboração própria, 2005)...................... 21 Figura 5 - Padrões em uma rede. (Fonte: elaboração própria, 2005) .......................... 23 Figura 6 - Questionário utilizado na coleta das informações do exercício de aplicação. (Fonte: Petrobras, Gerência de Gestão do Conhecimento, 2005)................................... 34 Figura 7 - Rede de conhecimento de pessoas (quem conhece quem?). (Fonte: Petrobras, Gerência de Gestão do Conhecimento, 2005) ............................................... 36 Figura 8 - Rede de comunicação regular (quem se comunica regularmente com quem?). (Fonte: Petrobras, Gerência de Gestão do Conhecimento, 2005)..................... 39 Figura 9 - Rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar (quem tem conhecimento para me ajudar?). (Fonte: Petrobras, Gerência de Gestão do Conhecimento, 2005) ..................................................................................................... 42 Figura 10 - Interseção entre as redes de comunicação regular e de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar. (Fonte: elaboração própria, 2005)............. 45
viii
Índice de tabelas
Tabela 1 - As quatros principais escolas. (MOLINA, 2004) ..................................... 6 Tabela 2 - Questionário básico de análise de redes em grupo fechado. (Fonte: elaboração própria, 2005) ............................................................................................... 15 Tabela 3 - Quadro comparativo entre as várias formas de coleta das informações. (Fonte: elaboração própria, 2005) .................................................................................. 19 Tabela 4 - Métricas básicas de rede. (Fonte: elaboração própria, 2005) ................. 24 Tabela 5 - Tabela de densidades da figura 6. (Fonte: elaboração própria, 2005).... 25 Tabela 6 - Quadro resumo com os tipos de redes versus as práticas de Gestão do Conhecimento. (Fonte: elaboração própria, 2005) ......................................................... 31 Tabela 7 - In-degree e out-degree dos nós da rede de conhecimento de pessoas. (Fonte: elaboração própria, 2005) .................................................................................. 37 Tabela 8 - Densidades de conexão entre as faixas de experiência para rede de conhecimento de pessoas desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005)............................................................. 38 Tabela 9 - Densidades de conexão entre novos e antigos para rede de conhecimento de pessoas desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005) ............................................................................................... 38 Tabela 10 - In-degree e out-degree dos nós da rede de comunicação regular. (Fonte: elaboração própria, 2005) ............................................................................................... 40 Tabela 11 - Densidades de conexão entre as faixas de experiência para rede de comunicação regular desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005) .................................................................................. 41 Tabela 12 - Densidades de conexão entre novos e antigos para rede de comunicação regular desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005) ............................................................................................... 41 Tabela 13 - In-degree e out-degree dos nós da rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar. (Fonte: elaboração própria, 2005) ................................. 43 Tabela 14 - Densidades de conexão entre as faixas de experiência para rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005) ............................. 44 Tabela 15 - Densidades de conexão entre novos e antigos para rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005) .................................... 44 Tabela 16 - Grau de densidade e de reciprocidade das 3 redes analisadas. (Fonte: elaboração própria, 2005) ............................................................................................... 46
1
1 - Introdução
Uma das questões mais relevantes dentro de Gestão do Conhecimento é a forma
de se lidar com o “conhecimento que está na cabeça das pessoas”, ou seja, o
conhecimento tácito1. É muito difícil propagá-lo, mas principalmente medi-lo e avaliá-
lo nas organizações.
Isso pode parecer um pouco distante da fria realidade empresarial porém,
segundo Rasmus (2002), de todo conhecimento necessário para uma empresa funcionar
(100%), o mesmo está distribuído da seguinte forma: 4% encontra-se descrita
explicitamente em bancos de dados (informação explícita estruturada), 16% encontra-se
descrita explicitamente em documentos Word, Excel, PowerPoint, etc. (informação
explícita não estruturada), e os outros 80% encontra-se na cabeça das pessoas
(conhecimento tácito).
Como o conhecimento tácito é dificilmente explicitado, a principal forma de
transferência do mesmo é por meio do contato entre as pessoas. Dessa forma, é de vital
importância o entendimento de como se dá a interação entre as pessoas da organização.
Por meio da técnica de análise de rede social, conhecida também por Social
Network Analysis (S.N.A.), é possível fazer esse tipo de diagnóstico. Uma vez coletada
as informações é possível ter uma visão abrangente de como ocorre à transferência de
conhecimento dentro da organização.
Esse trabalho visa mostrar a aplicabilidade da técnica dentro do contexto da
Gestão do Conhecimento, mostrando seu valor para o entendimento do fluxo de
conhecimento tácito dentro de uma organização.
O objetivo desse trabalho é mostrar que a técnica de S.N.A. é uma ferramenta de
diagnóstico, e pode ser proficuamente utilizada dentro do contexto da GC.
Para alcançarmos o objetivo supracitado, o presente trabalho está organizado da
seguinte forma: no capítulo 1, apresenta-se a introdução; no capítulo 2, apresenta-se
uma perspectiva geral da técnica de S.N.A. proporcionando uma visão básica da técnica,
seu histórico, e aplicações existentes; no capítulo 3, discorre-se sobre os principais
métodos de aplicação da técnica; no capítulo 4, aborda-se a relação da técnica com a
Gestão do Conhecimento; no capítulo 5, detalha-se um exercício de aplicação da técnica
de S.N.A. na indústria do petróleo; no capítulo 6, apresenta-se a conclusão do trabalho; 1 O conhecimento tácito é pessoal, específico ao contexto e, assim, difícil de ser formulado e comunicado. Ele inclui elementos cognitivos (modelos mentais) e técnicos (know-how concreto, técnicas e habilidades). (Polanyi (1966), citado por (NONAKA & TAKEUCHI, 1997))
2
e, finalmente, no capítulo 7, são relacionados os possíveis trabalhos futuros
vislumbrados.
3
2 - Análise de Rede Social – Visão Geral
O objetivo desse capítulo é fornecer uma visão básica da técnica, seu histórico, e
aplicações existentes.
2.1 Visão básica
S.N.A. surge no contexto das Ciências Humanas em meados dos anos 30, nos
anos 60 é conduzido para o estudo da teoria dos gráficos (grafos) e a partir dos anos 70
é aplicada a diversas áreas do conhecimento, especialmente utilizado na Sociologia
como instrumento para mapear os movimentos sociais.
A Social Networking Analysis trata-se de uma técnica interdisciplinar que
propicia uma leitura dinâmica das interações sociais. Propicia uma alternativa à
interpretação “estática” (no momento da leitura) do papel social do indivíduo ou grupo
dentro de um contexto. Pressupõe uma análise de tendência em um determinado
contexto e não afirmações absolutas, isto é, a técnica é utilizada para oferecer uma
perspectiva.
A aplicação da técnica numa organização ou área de uma empresa visa
reconhecer oportunidades ou desafios, identificando lacunas no fluxo de conhecimento.
Ela possibilita mapear a interação de conhecimento de uma pessoa ou grupo na estrutura
de uma organização, onde os movimentos e contatos não são aleatórios. Pode-se dizer
que enquanto a estrutura organizacional é hierárquica, as redes sociais numa empresa
são flexíveis (característica de sua natureza), e têm o poder de dominar (entravar) os
processos da empresa. Karen Stephenson fala sobre o poder das redes (ROSENBURG,
2003) “... trata-se de um sistema invisível, mas muito poderoso e que é ignorado por
muitos executivos”.
Na análise de redes sociais são observados os atores sociais, seus papéis e suas
ligações. A análise de rede social é uma ciência interdisciplinar especializada no
comportamento. Ela está fundamentada na observação que os atores sociais são
interdependentes e que as conexões entre eles possuem importantes conseqüências para
cada indivíduo. (FREEMAN, 2004)
S.N.A. trata de sistemas interativos de relações entre pessoas ou grupos. O que
interessa é o posicionamento estrutural de cada ator dentro de um contexto, isto é, sua
posição na rede.
4
2.2 Histórico da técnica
A técnica de análise de redes sociais interessa a pesquisadores de vários campos
do conhecimento que, na tentativa de compreenderem o impacto da rede sobre a vida
social, deram origem a diversas técnicas de análise que têm como base as relações entre
os indivíduos, em uma estrutura em forma de redes (MARTELETO & SILVA, 2004).
Uma prova concreta do parágrafo anterior é o histórico de aplicação da técnica
nos diversos campos de conhecimento (MORTON et al., 2004):
• O primeiro uso da técnica data de 1933, onde o psiquiatra Jacob Levi
Moreno apresentou o sociograma, ferramenta essa originária de seu trabalho
em sociometria. Moreno criou o método para analisar relacionamentos
emotivos interpessoais dentro de um grupo. Por meio dessa ferramenta era
possível identificar líderes, e indivíduos isolados. (MORTON et al., 2004)
• Radcliffe Brown (1940) e John Barnes (1954) inventaram o termo “rede
social”, pois o foco deles estava nas características da estrutura global da
sociedade e não nas características das redes pessoais.
• Em 1951, Lewis, em sua teoria de campo, focou nas propriedades estruturais
do espaço social.
• Nas décadas de 1960 e 1970, antropólogos associados ao Rhodes
Livingstone Institute (Universidade de Manchester), coordenado por Max
Gluckman e, posteriormente, por J. Clyde Mitchell, desenvolveram diversas
pesquisas sobre os processos migratórios rural-urbanos em países africanos,
tendo como principal foco analítico a identificação das redes sociais da
migração.
• Frank Harary (1963) aplicou a teoria dos gráficos na Antropologia, na
Sociologia e na Psicologia.
• David Douglas Massey (1990) utilizou a técnica de S.N.A. para explicar os
processos migratórios de mexicanos para os EUA.
• Dimitri Fazito e Weber Soares (1991) utilizaram à técnica para compreender
as redes de migração interna no Brasil.
A análise de redes pessoais é derivada de quatro principais escolas, segundo
Molina (2004): escola de Manchester, de estudos de comunidades, de estudos de
estimação do tamanho das redes pessoais e de capital social.
5
Os antropólogos urbanos da escola de Manchester estavam interessados nas
redes sociais para explicar o comportamento que não podia ser explicado por um
paradigma teórico estrutural-funcionalista, o qual mostra a existência de uma rede ativa
de instituições que permitia dar conta da vida social do individuo. Estes pesquisadores
documentaram a relação entre a estrutura da rede pessoal e a conduta pessoal em
situações baseadas em lutas políticas, conflitos sociais em alguns ambientes, tais como
ambiente de trabalho.
A escola de estudos de comunidade é conhecida como a tradicional no estudo da
investigação centrada na localização das redes de apoio social. São redes constituídas
por parentes, amigos e vizinhos que proporcionam socialização, informação e ajuda em
geral. Este estudo possibilita conhecer características globais das redes pessoais.
Já a escola de estudo de estimação do tamanho das redes pessoais tem seu ponto
de partida na resposta obtida à pergunta “A quantas pessoas conheces?” – a resposta a
essa questão dá lugar ao estudo. Suas características são os experimentos entre eles o
cálculo do volume total de conhecidos de uma pessoa utilizando listas telefônicas e a
aplicação aproximada das redes pessoais, segundo os critérios de contatos acumulados,
contatos ativos e laços fortes.
Por último, a escola de estudo do capital social e redes pessoais, escola centrada
em três grupos: o capital social com foco na pessoa, o capital social centrado na rede e o
capital social focado na rede de associações (sociedades civis). No primeiro uso, o
capital social é algo inerente às pessoas, isto é, ao número e a qualidade de relações,
determinado por sua classe social. No segundo sentido, o capital social reside nos
recursos das propriedades da rede de relações, mais que nas pessoas. A terceira
aplicação associa o êxito econômico de uma região do país com a rede de entidades
civis e econômicas existente na região.
A tabela 1 apresenta um quadro com o resumo das principais escolas, e
estudiosos sobre a técnica de S.N.A..
6
Tradição
Enfoque teórico Principais estudos Métodos
Escola de Manchester Complemento do paradigma estrutural - funcionalismo em um mundo urbano fluído.
Barnes (1954) Bott (1955,1957) Epstein (1957, 1963) C. Mitchell (1969) Boissevain (1973) Kapferer (1972)
Sociogramas, Observação de participante, conceitos sobre teoria de gráficos e matrizes..
Escola de Estudos de Comunidade
Laços comunitários além dos limites residenciais, apoio social e troca da rede pessoal ao longo do tempo. Movimentos sociais.
Laumann (1973) Fisher (1982) Wellman (1979, 1982, 1988, 1997, 1999) Litwin (1996) Tilburg (1998) Ferrand (1999)
Grandes pesquisas egocéntricas. Bases de dados públicos com dados de redes sociais.
Escola de Estimativa do tamanho das redes pessoais
Tamanho, estrutura ou amostras representativas de redes pessoais.
Poole y Kochen (1978) Killworth e Bernard (1978, 1984) Killworth et al. (1998,1990) Freeman e Thompson (1989) Bernard (1990, 1998) McCarty (1997, 2000)
Amostras de guias telefônicas locais ou listas de nomes, “Mundo Pequeno ao contrário, RSW”, método “Scale-up”.
Escola Capital Social Acesso a pessoas em posições sociais superiores e seus recursos associados. Gerador de nomes a partir de posições sociais, gerador de nomes a partir de recursos acessíveis.
Lin (1982, 2001), Lin et al. (2001), Burt (1992), Flap et al. (1999), van der Gaag e Snijders (2003)
Gerador de nomes a partir de posições sociais. Gerador de nomes a partir de recursos acessíveis.
Tabela 1 - As quatros principais escolas. (MOLINA, 2004)
No Brasil, a literatura é restrita. Após uma pesquisa foram identificados os
professores e autores Regina Marteleto e Eduardo Marques, entre outros que publicaram
artigos sobre o uso de S.N.A. como ferramenta para análise. Marteleto usou a técnica
para estudar os movimentos sociais, enquanto Marques usou a técnica dentro da
empresa CEDAE-RJ (Companhia Estadual de Águas e Esgoto – Rio de Janeiro).
Outra referência sobre o tema no Brasil é o trabalho de Tonia Marta Barbosa
Macedo sobre a importância das redes informais para um sistema de inteligência
competitiva. Nesse trabalho, ela realizou pesquisa empírica entre os profissionais do
Centro de Desenvolvimento de R.H. da Petrobras.
Os Programas de Mestrado e de Doutorado em Sociologia e Ciência Política da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais –
Fafich/UFMG ofereceu em 2004, um curso avançado de Introdução à análises de redes
sociais dentro do curso de Metodologia Quantitativa (http://www.fafich.ufmg.br/~mq/
7
ementas.htm - ver cursos avançados). O curso teve por objetivo apresentar a técnica
para os alunos de forma instrumental e aplicada.
2.3 Aplicações
Entre as principais aplicações da técnica de S.N.A. descrevemos algumas a
seguir.
Na área médica, a técnica é aplicada para estudar a propagação e evolução de
diversos tipos de doenças. Cohen et al. (2000), com seu estudo sobre como uma rede
social diversa influencia a saúde do indivíduo, é um típico exemplo de aplicação nesse
campo.
Na sociologia, essa técnica é utilizada para estudar a formação das redes sociais
humanas. Os cientistas sociais observaram que as redes sociais tendem a aproximar as
pessoas com interesses mútuos.
A S.N.A. também é aplicável em sistemas de recomendação de especialistas.
Nesses sistemas, os resultados da aplicação de uma dinâmica de S.N.A. podem ser
usados em dois momentos: utilizar a opinião das demais pessoas da rede para indicar o
grau de competência de uma determinada pessoa e, também, para ordenar uma lista de
especialistas priorizando os mais próximos da rede social da pessoa que fez a busca.
McDonald (2003) aborda a utilização da técnica para filtrar e ordenar a resposta à busca
de um especialista. Segundo o sistema proposto, os especialistas seriam apresentados
em ordem de proximidade na rede social do usuário que faz a pesquisa no sistema.
Percebemos a S.N.A. também como ferramenta útil ao campo da Gestão de
Conhecimento (BUSCH at el., 2001; CROSS at el., 2001; PARKER at el., 2001). É
importante observar, no entanto que dentro da literatura sobre Gestão do Conhecimento
são raros os artigos que abordam aplicações de S.N.A.. Um exemplo de aplicação da
técnica é a sua utilização para avaliar a evolução da implantação de uma comunidade.
A técnica também pode ser utilizada para identificar as dificuldades de
comunicação entre pessoas de um mesmo processo chave ou grupo no interior de uma
organização. A dificuldade de comunicação tende a surgir devido à grande
fragmentação existente ao longo do processo (fronteiras funcionais, hierárquicas e
físicas).
8
2.4 Benefícios esperados
Alguns benefícios esperados da aplicação da técnica de S.N.A. observados por
CROSS & PARKER (2004) são os seguintes:
• Integrar a rede de pessoas que participam de processos de negócios da
empresa.
• Identificar os indivíduos centralizadores de informação da rede pesquisada.
Motivá-los para disseminar informações entre seus pares.
• Capacidade de avaliar o desempenho de um grupo de pessoas que deve
trabalhar de forma integrada.
9
3 - A Técnica de Análise de Rede Social
Há duas formas de se fazer uma análise de rede social: uma por meio da análise
do perfil de relacionamentos de um indivíduo, sem qualquer restrição sobre a fonte do
relacionamento; e a outra, por meio da análise dos relacionamentos de um grupo de
pessoas onde os relacionamentos estão restritos ao grupo.
Cada uma dessas formas tem uma maneira diferente de condução, com
vantagens e desvantagens distintas para cada uma delas.
3.1 Análise da rede pessoal
Resumidamente, na análise da rede pessoal, é solicitada a pessoa mapeada que
identifique outras pessoas que são importantes para a execução de uma dada função ou
tarefa (por exemplo: obtenção de informação, consolidação de idéias etc.) sendo que
para cada pessoa identificada deve-se responder um conjunto de questões sobre esse
relacionamento.
Nessa técnica pode-se ou não limitar o grupo de pessoas que podem ser
apontadas pelo indivíduo mapeado. Por exemplo, pode-se restringir o mapeamento
somente às pessoas que trabalham na mesma empresa da pessoa mapeada, ou pode-se
fazer sem qualquer limitação, coletando informações de relacionamentos provenientes
de qualquer natureza (pessoas do mesmo departamento, colegas de empresa, amigos de
escola, familiares etc.). Normalmente, a técnica é aplicada sem qualquer limitação sobre
a fonte do relacionamento.
Após o levantamento dos relacionamentos da pessoa mapeada, é feita a análise
destes tendo por base uma distribuição de relacionamentos ideal que a pessoa deveria
seguir. A partir dos hiatos existentes entre a distribuição de relacionamentos ideal e a
distribuição de relacionamentos atual desta pessoa é elaborado um diagnóstico com uma
recomendação sobre com quais grupos ela deve procurar se relacionar mais.
10
A figura 1 ilustra a técnica de análise da rede pessoal.
Figura 1 - Ilustração da análise da rede pessoal. (Fonte: elaboração própria, 2005)
Na etapa de “construção do questionário” objetiva-se elaborar o questionário que
será utilizado para coleta das informações. Normalmente o questionário na análise da
rede pessoal é aberto, onde o respondente pode apontar seus principais relacionamentos
para um determinado contexto (busca de informações, solução de problemas etc.). Para
cada relacionamento apontado pelo respondente, o mesmo deve fornecer algumas
informações que permitam identificar as suas principais tendências de relacionamento
(por exemplo: indicar a localização geográfica das pessoas com que se relaciona).
O segredo na construção do questionário está na definição precisa do contexto
que o respondente deve utilizar para apontar seus relacionamentos, e nas informações
extras que ele deve indicar para cada relacionamento. Alguns exemplos dessas
informações extras podem ser:
• Posição hierárquica da pessoa com quem ele se relaciona (acima, igual,
abaixo).
• Proximidade física da pessoa com quem ele se relaciona (mesma sala,
mesmo andar, mesmo prédio, mesma cidade, mesmo país).
• Tempo de relacionamento com a pessoa (menos de 1 ano, entre 1 e 3 anos,
entre 3 e 7 anos, mais de 7 anos).
• Freqüência com que interage com essa pessoa (todo dia, uma vez por
semana, uma vez por mês).
Construção do questionário
Coleta das informações
Apresentação dos resultados
Análise das informações
Questionário ……………..
Proximidade Mesmo Andar = 4 pessoas Mesmo Prédio = 2 pessoas Mesma Cidade = 0 pessoas
Posição Hierárquica Acima = 0 pessoas Mesma = 1 pessoas Abaixo = 5 pessoas
Tempo de relacionamento 1 – 3 anos = 2 pessoas 3 – 6 anos = 2 pessoas
+ de 6 anos = 2 pessoas
Devido ao seu perfil de gerente, é
sugerido: - aumentar a interação com superiores. - aumentar a interação com pessoas em outras cidades.
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Na etapa de “coleta das informações” mapeiam-se os relacionamentos da pessoa
alvo. A coleta das informações pode acontecer por meio de entrevistas ou por meio da
resposta individual ao questionário. Devido a maior simplicidade do questionário em
comparação com o questionário da técnica de análise da rede em grupos fechados
(seção 3.2.2), a resposta individual a esse questionário não apresenta maiores
dificuldades para o respondente.
Na etapa de “análise das informações” se compara a distribuição dos
relacionamentos da pessoa com uma distribuição ideal2, segundo o perfil da pessoa. Por
exemplo, é provável que a distribuição ideal de relacionamentos para gerentes de nível
médio seja composta de pessoas que estejam presentes em vários locais geográficos da
empresa. Se na análise das informações coletadas de um gerente de nível médio
encontra-se somente relacionamento com pessoas de uma única localidade, esse seria
um possível hiato de relacionamento para esse gerente, segundo a distribuição ideal.
Por fim, na etapa de “apresentação dos resultados” aponta-se o hiato entre a
distribuição da pessoa analisada em comparação com essa distribuição ideal. A partir da
análise destes hiatos a pessoa alvo pode ser mais pró-ativa na criação de novos
relacionamentos visando equilibrar a sua rede pessoal, procurando assim atingir sua
distribuição ideal.
2 A distribuição ideal varia conforme o perfil de trabalho do indivíduo que está sendo analisado. Por exemplo, um gerente teria uma distribuição ideal de relacionamentos diferente de um pesquisador.
12
3.2 Análise da rede em grupos fechados
Na análise da rede em grupos fechados, deve-se começar delimitando o grupo
estratégico que se deseja analisar para, posteriormente, coletar de cada uma das pessoas
que compõem esse grupo o seu tipo e grau de relacionamento com as outras pessoas
desse mesmo grupo. Após essa coleta é realizada a análise do relacionamento do grupo
como um todo, como também uma análise do papel de cada indivíduo dentro desse
grupo. Por fim, é apresentado o retorno do diagnóstico para o grupo.
A figura 2 ilustra a técnica. Na etapa de “identificação do grupo estratégico”
escolhe-se o grupo alvo para aplicação da técnica; na etapa de “construção do
questionário” elabora-se o questionário utilizado para coleta das informações; na etapa
de “coleta das informações” há a coleta propriamente dita; na etapa de “análise das
informações” as informações dos vários membros do grupo são analisadas em conjunto;
e por fim na etapa de “apresentação dos resultados” divulgam-se as conclusões do
trabalho.
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Figura 2 - Ilustração da análise da rede em grupos fechados. (Fonte: elaboração própria, 2005)
A seguir, abordaremos com mais detalhes cada uma das etapas.
3.2.1 Identificação do grupo estratégico
O primeiro passo para realizar uma análise de rede em grupo fechado é
identificar e delimitar o grupo que será analisado. Grupos onde a colaboração entre seus
membros traz um grande diferencial para a empresa são fortes candidatos a serem
analisados por essa técnica. É interessante realizar a análise nesses grupos tanto para
identificar as características que conduzem a uma boa colaboração, nos que funcionam
bem, como também para otimizar a colaboração, nos que funcionam mal.
Iden
tific
ação
do
gru
po
estr
atég
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Con
stru
ção
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Col
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Questionário ……………..
14
Os grupos a serem analisados não precisam necessariamente estar dentro de uma
mesma unidade organizacional da empresa. A delimitação dos grupos dentro de uma
empresa pode se dar, por exemplo, das seguintes formas: pessoas que se encontram em
mesma função, pessoas que contribuem para execução de um processo, pessoas que
trabalham em uma mesma unidade organizacional etc.
Nessa etapa é importante saber delimitar o grupo de forma a manter o seu
tamanho aceitável para execução da coleta das informações. Apesar de teoricamente a
análise poder ser feita para um grupo de tamanho arbitrário, na prática algumas questões
de ordem técnica devem ser levadas em conta na hora da definição das pessoas que
terão suas informações coletadas (por exemplo: número de pessoas a terem suas
informações coletadas e o tempo de preenchimento dos questionários). Para casos onde
o grupo é muito grande (maior que 200 pessoas), uma boa prática é realizar a análise
somente em uma amostra dessa população, a ser definida segundo critérios de
confiabilidade estatísticos.
Caso seja realmente necessário trabalhar com grupos com mais de 200 pessoas
uma solução pode ser a análise dos e-mails enviados pelas pessoas desse grupo. Na
seção sobre coleta das informações abordam-se os prós e contras dessa forma.
O produto desta etapa é o conjunto dos nomes das pessoas que compõem o
grupo a ser analisado. Isso serve como base para a construção do questionário que será
aplicado às pessoas do grupo para coletar os tipos e graus de relacionamentos.
3.2.2 Construção do questionário
O objetivo do questionário em uma análise de rede social é coletar informações
sobre os relacionamentos de cada pessoa que compõe o grupo de forma a que se possa
entender claramente a forma de trabalho do grupo que está sendo analisado. Esse
entendimento é alcançado através do cruzamento das respostas ao questionário dos
diversos componentes do grupo. A tabela 2 apresenta um questionário básico de análise
de redes em grupo fechado, baseado em (CROSS & PARKER, 2004).
15
Questionário para análise da rede social
<EXPLICAÇÃO DOS OBJETIVOS DA COLETA DAS INFORMAÇÕES>
<EXPLICAÇÃO DE COMO SERÃO UTILIZADAS AS INFORMAÇÕES COLETADAS> < AGRADECIMENTOS >
Prefácio
Por favor, preencha as seguintes informações sobre você:
Nome:
Função:
Departamento:
Posição hierárquica:
Localização geográfica:
Tempo de empresa:
Informações sobre o
respondente
Informações sobre sua rede
Segue abaixo 3 questões sobre sua rede. Se você não conhece a pessoa listada no questionário, favor preencher com zero, caso contrário selecionar a resposta apropriada de 1 a 5.
Questão 1: Informação – Eu contato esta pessoa com que freqüência para obter informações sobre tópicos relativos ao trabalho.
0 = Eu não conheço essa pessoa. 1 = Nunca. 2 = Raramente.
3 = Às vezes. 4 = Freqüentemente. 5 = Muito freqüentemente.
Questão 2: Consciência – Eu compreendo os conhecimentos e competências dessa pessoa. Você não tem que necessariamente possuir os mesmos competências e conhecimentos, porém deve compreende quais competências essa pessoa possui e quais conhecimentos ela domina. 0 = Eu não conheço essa pessoa. 1 = Discordo fortemente. 2 = Discordo.
3 = Neutro. 4 = Concordo. 5 = Concordo fortemente.
Questão 3: Comunica mais – Eu seria muito mais efetivo no meu trabalho se eu fosse capaz de me comunicar mais com essa pessoa.
0 = Eu não conheço essa pessoa. 1 = Discordo fortemente. 2 = Discordo.
3 = Neutro. 4 = Concordo. 5 = Concordo fortemente.
Indicação dos tipos de relacionamentos que se deseja
mapear
Questão 1: Informação
Questão 2: Consciência
Questão 3: Comunica mais
1. João da Silva
2. Pedro Ernesto
3. Jorge Celso
4. Ana Paula
5. Pedro Santos
6. Nelson Pereira
7. Simone Martins
8. Arnaldo Machado
9. César Mariano
Espaço para entrada das inform
ações sobre a rede
Tabela 2 - Questionário básico de análise de redes em grupo fechado. (Fonte: elaboração própria, 2005)
16
Conforme a tabela 2, o questionário básico de S.N.A. é composto das seguintes
partes:
• Prefácio – É nesse espaço que se indicam ao respondente os objetivos da
coleta das informações, como as informações serão utilizadas, e os
agradecimentos à participação. Outras considerações que podem ocupar esse
espaço são apresentadas em BORGATTI & MOLINA (2005).
• Informações sobre o respondente - Nesse espaço o respondente deve colocar
suas informações pessoais. É importante escolher com cuidado que
informações devem ser preenchidas, pois durante a etapa de análise das
informações pode ser necessária a realização de agrupamentos sobre essas
informações. É importante também avaliar se algumas dessas informações
podem ser obtidas previamente dentro de sistemas da empresa.
• Indicação dos tipos de relacionamentos que se deseja mapear – Nesse espaço
deve-se indicar ao respondente os tipos de relacionamentos que se deseja
coletar de sua rede. Podemos analisar assim que cada questão forma uma
rede de relacionamento de um tipo distinto.
• Espaço para entrada das informações sobre a rede pessoal – É nesse espaço
que o respondente preenche as informações relativas à sua rede de
relacionamentos.
A principal característica do questionário em uma análise de rede em grupo
fechado é que a priori o universo de pessoas que cada indivíduo pode indicar o seu tipo
de relacionamento é enumerado explicitamente no questionário, conforme mostra a
tabela anterior. Essas pessoas são as que compõem o grupo que está sendo analisado.
Uma etapa importante na elaboração do questionário é definir os tipos de
relacionamento que se deseja mapear entre os membros do grupo analisado. Um ponto
central para o entendimento da dinâmica do grupo é fazer o mapeamento de sua rede de
comunicação, porém somente esse tipo de relacionamento não é suficiente. Outros tipos
de relacionamentos que podem ser coletados são os seguintes (CROSS & PARKER,
2004):
• Relacionamentos que revelam o grau de colaboração – Isso é possível por
meio do mapeamento da rede de comunicação, de aquisição de informação,
de resolução de problemas e de inovação.
17
• Relacionamentos que revelam o potencial de compartilhamento de
informação – Descobertos através do mapeamento da rede de consciência
das competências, de acesso, de engajamento e de segurança.
• Relacionamentos que revelam a rigidez – Revelados de acordo com o
mapeamento da rede de tomada de decisão, de desejo de comunicar mais, de
fluxo de tarefas e de poder e influência.
• Relacionamentos que revelam o bem estar e encorajamento – Definidos por
meio do mapeamento da rede de simpatia, de amizade, de suporte a carreira,
de suporte pessoal, de energia, de confiança.
Os tipos de redes de relacionamentos que devem ser coletados devem ser
cuidadosamente estudados, sempre tendo em vista os objetivos que o grupo deseja
alcançar. Por exemplo, se o objetivo do líder do grupo é aumentar seu grau de
confiança, é muito mais importante coletar informações sobre as pessoas que cada um
dos membros confia (rede de confiança) do que coletar informações sobre as pessoas
que cada um dos membros utiliza para resolver um problema (rede de resolução de
problemas).
Apesar de ser possível mapear todos os tipos de relacionamentos existentes
dentro de um grupo, a chave é identificar relacionamentos que avaliam um desafio ou
imperativo estratégico do grupo analisado e que sejam passíveis de modificação, uma
vez que se verifiquem áreas para possíveis melhorias (CROSS & PARKER, 2004).
Segundo CROSS & PARKER (2004), os principais tipos de relacionamento que são
mapeados na maioria das dinâmicas de S.N.A. são: quem tem informação necessária
para o indivíduo realizar o seu trabalho, de quem o indivíduo tem consciência sobre as
competências e os conhecimentos, que pessoas o indivíduo desejaria se comunicar mais
para desempenhar melhor o seu trabalho.
O produto desta etapa é um questionário contendo a lista das pessoas que
compõem o grupo e os tipos de relacionamentos que se deseja mapear. Isso serve como
subsídio para a etapa seguinte de coleta das informações dos membros do grupo.
3.2.3 Coleta das informações
A coleta das informações é uma etapa sensível da análise de rede social. É nesse
ponto que há a primeira interação com o grupo analisado.
18
Para que a análise de rede social seja bem sucedida, é necessária uma alta taxa
de resposta das pessoas do grupo analisado (algo em torno de 80% das pessoas). A falta
de resposta de algumas pessoas chaves da rede pode comprometer toda a análise.
As principais formas de coleta das informações são:
• Entrevista com os membros do grupo – A coleta é efetuada por meio de
entrevista com cada um dos membros do grupo. Antes de iniciar a coleta das
informações, o entrevistador faz uma breve apresentação dos objetivos do
trabalho, do que ele consiste e de como serão utilizadas as informações. Essa
modalidade tem duas grandes vantagens: propicia um maior entendimento e
confiança no processo, pois o relacionamento entre respondente e
entrevistado para coleta da informação é feito face a face, tende a ter uma
maior taxa de respostas uma vez que há alguém em busca delas. A
desvantagem dessa forma é seu grande custo de tempo e recursos, uma vez
que cada membro do grupo deve ser entrevistado.
• Resposta off-line ao questionário – A coleta é feita por meio da resposta
voluntária ao questionário por cada um dos membros do grupo. A diferença
dessa modalidade para a apresentada anteriormente está na inexistência de
um entrevistador, uma vez que os questionários das duas formas são os
mesmos. Essa forma tem como vantagem a rapidez para coleta das
informações, pois os membros podem responder o questionário
simultaneamente. As desvantagens são: menor grau de confiança do
respondente na utilização de suas informações, e a tendência a uma baixa
taxa de resposta ao questionário.
• Formas indiretas de obtenção das informações – Um exemplo de forma
indireta de obtenção das informações é analisar para cada pessoa a
freqüência de e-mails para as demais pessoas do grupo. Apesar de diminuir o
tempo de coleta das informações, muito pouco se pode extrair dessa maneira,
pois não há precisão sobre o tipo de relacionamento que é mapeado (pode-se
inferir principalmente a rede de comunicação / conhecimento).
A tabela 3 apresenta um quadro comparativo entre as três formas de coleta das
informações. Dada uma situação específica, através dessa tabela pode-se rapidamente
definir a melhor forma de fazer uma coleta das informações.
19
Característica Forma de coleta
Custo da
coleta Tempo de coleta
Entendimento do processo pelo
grupo
Tamanho do grupo analisado
Tipo de relacionamento
mapeável
Entrevista Alto
Alto, pois depende de
entrevista a cada membro
Bom entendimento, pois é possível
fazer uma apresentação
prévia
Pequeno, não indicado para mais que 100
pessoas
Qualquer tipo.
Questionário individual Baixo
Médio, pois cada membro pode
responder simultameamente ao questionário
Entendimento razoável, pois há
o prefácio do questionário
Médio, não indicado para mais que 200
pessoas
Qualquer tipo.
Obtenção indireta das informações
Baixo Baixo Nulo
Ilimitado, pois não necessita
interação com os membros do
grupo
Somente rede de comunicação / conhecimento.
Tabela 3 - Quadro comparativo entre as várias formas de coleta das informações. (Fonte: elaboração própria, 2005)
O produto desta etapa é um conjunto de informações sobre os vários tipos de
relacionamentos entre os membros do grupo analisado. Isso serve como insumo para a
etapa seguinte de análise dos resultados coletados.
3.2.4 Análise das informações
A partir das informações coletadas na etapa anterior, é possível cruzar e
visualizar todas as respostas dos membros do grupo, criando assim várias redes que
descrevem diferentes tipos de relacionamentos.
É possível elaborar manualmente as diversas redes de relacionamentos do grupo
analisado, porém para grupos acima de 10 pessoas é indicada a utilização de software
específico para essa tarefa. Alguns exemplos de software são: UCINET (BORGATTI et
al., 2002), Krackplot (KRACKHARDT et al., 2005), e InFlow (KREBS, 2005). A
vantagem da utilização desse tipo de software é que, além de fazer o desenho da rede de
relacionamento, ele também possui muitas das métricas utilizadas para uma análise
quantitativa da rede. É importante salientar que a entrada de dados para a maioria dos
softwares de S.N.A. ocorre por meio de uma matriz de adjacência3, portanto é
necessária a conversão das informações que se encontra tabulada para esse formato
matricial.
3 A matriz de adjacência A = [aij] de um grafo rotulado (nós são númerados) G com p nós é a matriz p x p em que aij = 1 se vi (nó i) é adjacente com vj (nó j) e aij = 0 caso contrário. (HARARY, 1972)
20
Os dois subitens a seguir discutem a análise visual e a análise quantitativa de
uma rede de relacionamento.
3.2.4.1 Análise visual
Uma vez coletada as informações dos membros do grupo, é possível visualizá-
las por meio de um grafo, também chamado de rede. Na rede, os nós representam os
membros do grupo, e as setas representam os relacionamentos entre eles.
Cada seta na análise possui um sentido específico que indica o sentido do
relacionamento entre os dois membros que são interligados por ela. Isso acontece pois
muitas vezes os relacionamentos não são recíprocos. O tamanho da seta que liga dois
nós não tem nenhuma importância na análise.
A semântica das setas varia conforme o tipo de relacionamento que se está
mapeando. Por exemplo, caso se esteja mapeando uma rede de confiança, as setas
indicam quem confia em quem.
A figura 3 apresenta um exemplo simples de rede. O tipo de relacionamento
descrito nessa rede indica quem tem consciência da competência de quem. Pode-se,
olhando para a rede, concluir que: João conhece as competências de Maria
(relacionamento 1); Maria conhece as competências de João (relacionamento 2); João
conhece as competências de Pedro (relacionamento 3).
No exemplo da figura 3 se observa que o relacionamento entre João e Maria é
recíproco, enquanto o relacionamento entre João e Pedro não é. Dependendo do tipo de
relacionamento que se está mapeando, isso pode ser sinal de incoerência de uma das
partes (por exemplo, João diz conhecer Pedro, mas Pedro não diz que conhece João).
Figura 3 - Exemplo básico de rede de consciência das competências. (Fonte: elaboração própria, 2005)
Outro recurso útil para análise, que a maioria dos softwares de S.N.A. fornece, é
a capacidade de modificar o nós da rede (forma e cor) segundo uma característica
especifica dos membros da rede (demografia). A figura 4 apresenta um exemplo onde a
cor dos nós distinguem pessoas que trabalham em 2 departamentos distintos. Essas
Maria
João
Pedro
1
2
3
21
características são aquelas coletadas nas “informações sobre o respondente” no
questionário.
Figura 4 - Subgrupos em uma rede. (Fonte: elaboração própria, 2005)
Quando a informação demográfica é analisada em conjunto com o diagrama da
rede, é possível identificar se um subgrupo tem uma característica específica que os
segrega dos demais grupos, tal como tempo de empresa, localização, idade, posição
hierárquica, função etc.
Uma vez compreendido os elementos que compõem uma rede, é possível fazer
inferências apenas observando algumas características, ou seja, padrões de uma dada
rede. Por exemplo, dependendo do relacionamento mapeado, uma pessoa com várias
setas apontando para ela pode representar um expert, como também pode ser indício de
gargalo na rede.
Os principais padrões de relacionamento que se pode observar em uma rede são
os seguintes (CROSS & PARKER, 2004):
• Conectores centrais ou hubs, pessoas que possuem um desproporcional
número de relacionamentos na rede. A primeira vista isso pode ser visto
como algo positivo, porém conforme o tipo de relacionamento que está
sendo mapeado e o desempenho da rede na execução de seus objetivos, isso
pode ter interpretação oposta. Quando uma pessoa da rede se encaixa nesse
tipo de padrão ou ela é um expert ou um gargalo para rede, conforme já
mencionado. Na figura 5, Maria exerce esse padrão.
• Interfaceadores ou Boundary spanners são pessoas que conectam subgrupos
de uma rede fazendo o papel de interface entre esses subgrupos. Elas
Maria
João Pedro
Fábio
José
Marketing
Engenharia
22
provêem ligações críticas entre dois subgrupos que podem ser definidos por
aspectos funcionais, geográficos (localização física), ou por posição
hierárquica, evitando assim o isolamento desses subgrupos. Normalmente os
boundary spanners se conectam aos hubs dos outros subgrupos. Na figura 5,
Fábio exerce esse padrão.
• Intermediários de informação ou Information brokers são as pessoas que
estão mais próximas, mesmo que indiretamente, a todos os membros da rede.
Essas pessoas normalmente se encontram no menor caminho entre 2 pessoas
para a maioria das pessoas da rede. Os information brokers possuem uma
grande influência no fluxo de informação na rede, portanto são as pessoas
certas para se iniciar a disseminação de informações e também promover um
aumento de conectividade na rede. Na figura 5, Paula exerce esse padrão.
• Pessoas periféricas ou Peripheral people são pessoas que tem poucas
conexões dentro da rede. Pessoas que estão nesse papel, na maioria dos
casos, devem ter seu número de conexões aumentado uma vez que
representam recursos pouco utilizados. Esse padrão é típico de pessoas novas
na rede, ou pouco motivadas. Caso a pessoa seja novata na rede, uma forma
de aumentar a suas conexões é por meio de um programa de mentoring que o
introduza ao conhecimento de outras pessoas. Na figura 5, Sandra e Bia
exercem esse padrão.
23
Figura 5 - Padrões em uma rede. (Fonte: elaboração própria, 2005)
A partir desses padrões podemos focar em trabalhos direcionados com membros
específicos da rede. Uma vez detectado que determinadas pessoas se encaixam em um
padrão é melhor fazer uma entrevista somente com essas pessoas para compreender e
melhorar a sua atuação na rede.
3.2.4.2 Análise quantitativa
A análise visual permite que se tenha uma visão da rede como um todo. Porém,
para redes com muitos nós essa visão pode ficar confusa, devido a grande quantidade de
nós e relacionamentos. Uma solução para essa questão é utilizar-se o recurso da análise
quantitativa.
Podemos dividir as métricas em dois conjuntos:
• Métricas para um nó (membro) na rede. Essas métricas são pertinentes a um
único nó da rede.
• Métricas para subgrupos na rede. Essas métricas são pertinentes a um
conjunto de nós da rede.
A tabela 4 apresenta algumas métricas básicas de uma rede (CROSS &
PARKER, 2004).
Maria
João
Pedro
Fábio
José Marketing
Engenharia
Joca
Jorge
Ana
Paula
Bia
Carla
Andrea
Carol
Sandra
Hub
Boundary Spanner
Information Broker
Peripheral People
24
Métricas para um nó
Métrica Descrição Cálculo
in-degree centrality É o número de setas que entram em um
nó em um dado tipo de rede. Fornece
uma perspectiva de centralidade local.
Somatório das setas que
entram no nó.
out-degree centrality É o número de setas que saem de um nó
em um dado tipo de rede. Fornece uma
perspectiva de centralidade local.
Somatório das setas que
saem do nó.
betweenness centrality É um indicador de quanto um nó
particular está entre os vários outros nós
na rede.
Número de vezes que o
nó aparece como caminho
entre todos os nós,
dividido pelo número de
caminhos existentes entre
todos os nós.
closeness centrality É um indicador de quanto um nó está no
menor caminho entre outros vários nós
da rede. Fornece uma perspectiva de
centralidade global.
Somatório da distância
entre de um determinado
nó para com todos os
outros da rede. Esse valor
é normalizado em relação
ao nó de menor valor.
Métricas para Grupos
Métrica Descrição Cálculo
densidade É o número de conexões existentes
dividido pelo número de conexões
possíveis.
Número de conexões
existentes dividido pelo
número de conexões
possíveis.
reciprocidade Indica qual a proporção de conexões que
tem uma relação de reciprocidade.
Número de conexões
bidirecionais (recíprocas)
dividido pelo número de
conexões.
coesão É o menor caminho médio entre cada
par de nós da rede.
Somatório dos tamanhos
dos menores caminhos
entre todos os nós da rede
dividido pelo número de
caminhos.
Tabela 4 - Métricas básicas de rede. (Fonte: elaboração própria, 2005)
Comparando-se alguns padrões de relacionamentos apresentados na seção 3.2.2
com as métricas para um nó da tabela anterior, pode-se concluir que:
25
• Conectores centrais ou hubs são os nós da rede que possuem in-degree ou
out-degree máximo.
• Boundary spanners provavelmente são os nós da rede com alto valor de
betweenness.
• Information brokers são os nós da rede com alto valor de closeness.
• Peripheral people são os nós da rede que possuem in-degree ou out-degree
mínimo.
Um uso para a métrica de densidade é analisar a densidade de conexões entre
subgrupos da rede. Por exemplo, pode-se utilizar essa métrica para analisar a densidade
de relacionamentos entre o departamento de marketing e o departamento de engenharia
na figura 6. A partir da análise dos subgrupos constrói-se a tabela de densidades, onde a
diagonal da tabela apresenta a densidade dentro do próprio subgrupo. Olhando para esta
tabela é possível ter uma visão clara da densidade de relacionamentos entre os
subgrupos, encontrando assim possíveis gargalos. A tabela 5 apresenta as densidades
entre os subgrupos
ParaDe Engenharia Marketing
Engenharia 35% 2% Marketing 4% 21%
Tabela 5 - Tabela de densidades da figura 6. (Fonte: elaboração própria, 2005)
A maioria das métricas apresentadas nessa seção se encontra automatizada
dentro da maioria dos softwares para análise de rede social (por ex.: UCINET e
Krackplot).
Os produtos da etapa de análise das informações são: uma ou mais redes onde os
nós são as pessoas e os vértices são os relacionamentos da rede em questão, um
conjunto de indicadores sobre a rede, e a análise das informações coletadas. Essas
informações servem de instrumentos para a etapa seguinte de apresentação dos
resultados.
3.2.5 Apresentação do resultado
Uma vez executada a análise das informações coletadas nas etapas anteriores,
procede-se a uma etapa de apresentação dos resultados e conclusões da análise.
A apresentação dos resultados deve ocorrer a 2 atores distintos: ao demandante
da análise e ao grupo que participou da análise. Vale enfatizar mais uma vez aqui os
limites de como as informações coletadas poderão ser utilizadas, questão essa definida
26
no prefácio do questionário de análise de rede social. Quanto à forma de apresentação
dos resultados, ela varia de relatórios a apresentações em grupos.
Uma forma de trabalhar o conteúdo que parece positiva é a descrita por CROSS
& PARKER (2004). Segundo os autores, as oficinas de apresentação de resultados
ocorrem em duas etapas: etapa de apresentação dos resultados, e etapa de brainstorm.
Na etapa de apresentação dos resultados, mostram-se os resultados resumidos da
análise mostrando as redes e principais tendências observadas. É importante que antes
da apresentação ocorra um nivelamento conceitual básico de como interpretar os
resultados apresentados. Caso isso não ocorra, corre-se o risco de um entendimento
errôneo das informações apresentadas pelos participantes da oficina. O objetivo da etapa
de apresentação dos resultados é gerar uma percepção comum sobre questões
importantes observadas nas redes.
Após a apresentação dos resultados vem a etapa de brainstorm onde os
participantes da oficina se dividem em grupos e fazem um brainstom das formas de
promover a conectividade apropriada às redes apresentadas e também as formas de
garantir que posteriormente essa conectividade se mantenha em padrões adequados.
Juntamente com os resultados da análise, os resultados coletados do brainstorm com os
grupos serão utilizados para posterior plano de ação.
Ainda de acordo com os autores, durante as duas etapas da oficina, deve-se
sempre procurar evitar questionamento sobre por que uma pessoa ou departamento é
central ou periférico, sendo mais construtivo focar em como a organização pode superar
padrões improdutivos.
3.3 Análise comparativa entre as técnicas
As características da análise de rede pessoal são:
• Vantagem 1 - Descobre todos os relacionamentos que são importantes para
uma pessoa independente do grupo dos quais são provenientes (empresa,
amigos, família etc.).
• Vantagem 2 - A coleta das informações é realizada de uma forma simples e
rápida, uma vez que são coletadas de uma única pessoa.
• Vantagem 3 - O retorno do diagnóstico é realizado de uma forma mais
simples, pois é focada em uma única só pessoa.
• Desvantagem 1 - Só pode ser usada para análise dos relacionamentos de uma
única pessoa.
27
• Desvantagem 2 – Como não é limitada, a pessoa – no momento da coleta –
pode-se lembrar de nomes menos relevantes do que outros não citados.
As características da análise de rede em grupos fechados são:
• Vantagem 1 - É possível por meio dessa técnica analisar o relacionamento
dentro de um grupo muito bem delimitado, possibilitando a compreensão da
sua dinâmica.
• Vantagem 2 – Todos os membros daquele grupo são pesquisados, pois são
listados a priori.
• Desvantagem 1 - A coleta das informações com cada pessoa do grupo pode
ser muito demorada para grupos muito grandes.
• Desvantagem 2 - Pode desconsiderar relacionamentos importantes por
estarem fora do grupo estratégico, sendo assim não levantados. Para certos
tipos de grupos (por exemplo: vendedores e pesquisadores) isso pode ser
muito prejudicial, pois muitas vezes relacionamentos importantes
ultrapassam a fronteira do grupo.
Algumas desvantagens de cada um dos métodos podem ser minimizadas na
aplicação de um método híbrido. Esse foi o método escolhido para realização do nosso
estudo de caso.
28
4 - Uso da S.N.A. na área de Gestão do Conhecimento
Esse capítulo explora possíveis aplicações da técnica de análise de rede social
para o campo da Gestão do Conhecimento. Deve-se ressaltar que esse capítulo é
resultado de pesquisa empírica sobre o assunto, e conversas com especialistas, pois há
pouca literatura sobre o assunto.
4.1 Aplicação em gestão de mudanças
Qualquer modificação de um processo em uma empresa gera conflitos, pois
dificilmente essa modificação agradará a todos os envolvidos. Quando se introduz
conceitos e práticas de Gestão do Conhecimento em uma empresa, esses conflitos
podem ocorrer.
Um recurso muito utilizado para evitar ou mitigar possíveis problemas
decorrentes da mudança é a introdução de uma etapa de gestão de mudanças na
condução da modificação do processo. Essa etapa tem em seu cerne o uso da
comunicação focada aos diversos públicos afetados pela modificação introduzida,
tentando sempre mostrar como a modificação atuará positivamente para aquele público.
A técnica de S.N.A. é útil para a condução desse processo. O mapeamento da
rede de confiança (quem confia em quem?) e da rede de aquisição de informação
(com quem você busca informação sobre determinado assunto?) auxilia nessa etapa.
Uma vez que, através da técnica, é possível evidenciar quem são as pessoas mais
influentes (information brokers e hubs) dentro do grupo que será afetado pela mudança,
é possível ter uma atuação ainda mais focada nesses indivíduos, fazendo um esforço
inicial maior para sensibilizar esses durante a etapa de comunicação dos benefícios da
mudança.
4.2 Aplicação em diagnósticos de Gestão do Conhecimento
Uma questão muito complicada em diagnósticos de G.C. é a compreensão do
fluxo de conhecimento dentro de um grupo que está sendo diagnosticado. Essa
dificuldade deriva do fato que a maioria dos diagnósticos focam em compreender os
aspectos culturais que levam a padrões que degeneram o fluxo de conhecimento na rede,
dando menor importância à compreensão e identificação da própria rede.
A técnica de S.N.A. vai justamente ao encontro a essa questão. Por meio dessa
técnica é possível construir redes tais como a de consciência das competências (de
quais pessoas você conhece as competências?) e de aquisição de informação (com
29
quem você busca informação sobre determinado assunto?), permitindo assim que se
tenha uma visão de como ocorre o fluxo de conhecimentos dentro do grupo. Através
dessas redes é possível descobrir também as pessoas que possuem as competências
críticas para a empresa.
É interessante fazer essa análise não só olhando para os indivíduos do grupo,
mas também para os subgrupos de interesse dentro desse grupo. Através da observação
dessas redes é possível descobrir onde estão os gargalos de conhecimento dentro do
grupo.
4.3 Aplicação em ferramenta de Páginas Amarelas
Entre as várias práticas ou ferramentas de Gestão do Conhecimento, as Páginas
Amarelas têm como intuito permitir que uma pessoa que não detenha conhecimento
prévio da rede de competências possa facilmente localizar um indivíduo com
determinada competência.
Na análise de rede social, a rede de consciência das competências (de quais
pessoas você conhece as competências?) é um indicativo de quanto um determinado
grupo se conhece em termos de suas competências e conhecimentos.
Acredita-se que a utilização de S.N.A. pode ser útil nesse caso tanto para indicar
como também para permitir o acompanhamento e a avaliação da implantação de uma
ferramenta de Páginas Amarelas dentro de um grupo.
4.4 Aplicação em Comunidades de Prática
Segundo Etienne Wenger et al. (2002), uma comunidade de prática é a
combinação única de três elementos fundamentais: um domínio de conhecimento, que
define um conjunto de questões; uma comunidade de pessoas que se preocupam com
esse domínio; e as práticas compartilhadas que a comunidade de pessoas está
desenvolvendo para ser efetiva nesse domínio.
Na análise de rede social, redes como as de aquisição de informação (com
quem você busca informação sobre determinada prática?) e redes provenientes da
análise da rede pessoal de algumas pessoas-chave dentro de uma prática, podem ajudar
na escolha de participantes da comunidade de prática em questão, permitindo definir
com mais clareza quem inserir e quando inserir as pessoas dentro da comunidade
conforme a sua evolução.
Outra utilização de S.N.A. no contexto das Comunidades de Prática é a
utilização dessa técnica como uma das formas de avaliar a efetividade da Comunidade
30
de Prática ao longo do tempo. Comparações entre as diversas redes de aquisição de
informação geradas ao longo do tempo permitem uma maior compreensão e avaliação
da comunidade como fonte de informação da prática.
4.5 Gestão de Competências
A Gestão de Competências trata do conhecimento, habilidades e atitudes das
pessoas. Ela tem como ponto de partida o entendimento de que competências são
necessárias para o sucesso do negócio. Sabendo isso, o esforço de atrair, manter,
motivar e desenvolver as pessoas deve ser feito para ter pessoas com as competências
certas no lugar certo, na hora certa, ao custo certo. (FONSECA, 2005)
Um projeto de Gestão de Competências é composto pelas seguintes fases
(FONSECA, 2005):
• Estabelecer as competências essenciais da organização. Competências
essenciais são aquelas competências da organização que representam sua
vantagem competitiva no mercado.
• Identificar os processos de maior impacto para realização das metas
estratégicas.
• Traduzir as atividades dos processos estratégicos em competências
necessárias para sua realização.
• Atribuir aos indivíduos, que desempenham cargos estratégicos, os perfis de
competência requeridas do seu cargo.
• Avaliar as competências atuais dos indivíduos que trabalham na organização.
• Analisar os hiatos existentes entre as competências atuais dos indivíduos em
relação às competências requeridas para seus cargos.
• Elaborar um plano de desenvolvimento visando auxiliar a eliminação desses
hiatos.
• Implantar uma cultura de aprendizagem visando auxiliar a eliminação desses
e de futuros hiatos.
Uma das fases mais complexas na implantação desse instrumento é justamente a
avaliação do indivíduo quanto ao seu nível de proficiência em determinada
competência. São normalmente aplicadas as formas tradicionais de avaliação, tais como
provas, auto-avaliação, ou a percepção do superior hierárquico do indivíduo avaliado.
Esses métodos têm por base a percepção de um conjunto pequeno de indivíduos, sem
levar em conta a percepção do grupo no qual efetivamente esse indivíduo tem que atuar.
31
Uma forma de levar em consideração a perspectiva do grupo onde o indivíduo
trabalha, na hora de mensurar a proficiência em determinada competência desse
indivíduo, é por meio da técnica de S.N.A.. Um mapeamento da rede de consciência
das competências (de quais pessoas você conhece as competências?) dentro do grupo
de trabalho do indivíduo pode fornecer subsídios para enriquecer a mensuração da
proficiência desse indivíduo.
Essa forma de avaliar se assemelha muito com a idéia da “avaliação 360°”.
Enquanto a “avaliação 360°” utiliza o grupo que compõem a “rede pessoal profissional”
do indivíduo como parâmetro, a análise S.N.A. utiliza uma rede extensa.
A tabela 6 apresenta um quadro resumo com os tipos de redes versus as práticas
de Gestão do Conhecimento que essas redes podem auxiliar. Rede
Prática de G.C.
Confiança (quem confia em quem?)
Aquisição de Informação (com quem você busca
informação sobre determinado assunto?)
Consciência das Competências (de quais pessoas você conhece as
competências?)
Análise da rede pessoal
Processo de gestão de mudanças
X X
Diagnósticos de G. C. X X
Ferramenta de Páginas Amarelas
X
Comunidades de Prática X X
Gestão de Competências X
Tabela 6 - Quadro resumo com os tipos de redes versus as práticas de Gestão do Conhecimento. (Fonte: elaboração própria, 2005)
32
5 - Exercício de aplicação da técnica de S.N.A.
Esse capítulo apresenta um exercício de aplicação da técnica de análise de rede
social. O resultado dessa análise foi utilizado como complemento de um diagnóstico de
Gestão do Conhecimento realizado. O exercício de aplicação foi realizado para uma
atividade de suporte na Petrobras no ano de 2005.
A Petrobras é uma empresa de economia mista que tem como visão para 2015
ser uma empresa de energia com forte presença internacional e líder na América Latina.
Segundo esse mesmo relatório, a empresa teve um lucro líquido de 17,861 bilhões de
reais no ano de 2004. Sua atuação extrapola as fronteiras brasileiras, tendo unidades de
negócio espalhadas por Colômbia, Bolívia, Argentina, Nigéria, Angola, Estados Unidos.
(Relatório Anual, 2004)
O sistema Petrobras contratou em torno de 13 mil novos empregados petroleiros
ao longo de 2000 a 2004, o que representa um acréscimo de 33% em relação à sua
situação em 2000. (Relatório Anual, 2004)
Pode-se observar que ocorreu a entrada de um contingente grande de pessoas,
que na sua maioria possuem pouca experiência, em um curto espaço de tempo. Dessa
forma, é importante que se acompanhe como está a interação entre esses novos
empregados com as pessoas já presentes na empresa. O exercício de aplicação focará
em avaliar como se dá a dinâmica de troca de conhecimentos entre os novos
empregados e os antigos.
5.1 Técnica utilizada
Foi utilizada a análise da rede em grupos fechados conforme apresentado no
capítulo 3.2. A seguir ressalta-se o que foi executado em cada uma das etapas.
5.1.1 Identificação do grupo estratégico
Foi escolhida a aplicação dessa técnica dentro desse grupo, pois todos os seus
componentes participavam de um mesmo tipo de atividade. Dado o perfil desta
atividade, a aplicação da técnica torna-se pertinente devido ao alto potencial de troca de
conhecimentos entre os participantes da atividade.
O grupo analisado é composto de 19 pessoas. Todas se encontram trabalhando
no mesmo espaço geográfico.
33
5.1.2 Construção do questionário
Conforme citado anteriormente, uma questão que deve ser trabalhada dentro da
análise é a interação entre os funcionários novos e antigos. Assim, a área de
“Informações sobre o respondente” deve permitir que o respondente informe seu tempo
de experiência na empresa, pois assim na etapa de análise das informações pode-se
analisar a interação entre as faixas de experiência dentro da empresa.
No questionário aplicado, decidiu-se coletar informações para o mapeamento de
3 tipos de redes:
• Rede de conhecimento de pessoas (quem conhece quem?).
• Rede de comunicação regular (quem se comunica regularmente com quem?),
que é muito parecida com a rede de acesso entre as pessoas (quem tem
acesso a quem?) proposta por CROSS & PARKER (2004).
• Rede de pessoas com potencial de conhecimento para ajudar (quem tem
conhecimento para me ajudar?), muito semelhante a rede de consciência das
competências entre as pessoas (quem tem consciência da competência de
quem?) proposta por CROSS & PARKER (2004).
Escolheu-se o mapeamento dessas três redes, pois elas permitem avaliar o
potencial de compartilhamento de conhecimento dentro do grupo em questão.
A figura 6 apresenta o questionário resultante utilizado na coleta das
informações das redes.
34
Figura 6 - Questionário utilizado na coleta das informações do exercício de aplicação. (Fonte:
Petrobras, Gerência de Gestão do Conhecimento, 2005)
Diferentemente do tipo de questionário discutido na seção 3.2.2, esse
questionário não apresenta a priori o nome das pessoas que compõem o grupo. Apesar
do nome dos membros do grupo analisado não aparecer discriminado dentro do
questionário, a análise continua sendo de uma rede de grupo fechado, pois esse grupo
será restrito durante a dinâmica de “Coleta das informações” da rede.
5.1.3 Coleta das informações
A coleta das informações dos membros do grupo foi executada de uma forma
diferente das apresentadas na seção 3.2.3. A execução da coleta foi feita por meio de
uma dinâmica de grupo, facilitada pelo grupo consultor em G.C..
A dinâmica, que envolveu as 19 pessoas que compõem o grupo alvo, consiste na
apresentação de cada um dos membros a todos os outros. O membro que se apresentava
deveria fornecer as seguintes informações a seu respeito: nome, departamento de
trabalho, breve histórico de experiência na atividade. Ao final da apresentação, os
demais membros deveriam preencher uma linha do questionário de S.N.A., que fora
previamente distribuído, com as informações pertinentes àquele membro que acabara de
se apresentar. Ao final da dinâmica os membros do grupo entregavam os questionários
preenchidos ao grupo consultor de G.C.. O tempo de duração da dinâmica foi de 30
minutos aproximadamente.
35
Essa forma de coleta apresentou as seguintes vantagens:
• Obteve uma alta taxa de respostas (94% das pessoas responderam),
• Propiciou rapidez na coleta das informações (30 minutos),
• Garantiu maior precisão no entendimento das informações pelo respondente,
pois o grupo consultor de G.C. estava à disposição, suportando o processo o
tempo todo.
A desvantagem dessa forma de coleta está na dificuldade de executá-la em
grupos maiores que 40 pessoas, uma vez que o tempo de dinâmica acima de 1 hora
torna-a proibitiva.
5.1.4 Análise das informações
Para a etapa de análise das informações foram utilizadas as seguintes
ferramentas: o Microsoft Excel 2003 para a tabulação dos resultados coletados, o
UCINET 6 for Windows (BORGATTI, et al., 2002) para análise quantitativa das redes
coletadas, e o NetDraw 2.10 para análise visual das redes coletadas. O NetDraw vem
integrado ao pacote UCINET.
Nessa etapa foram gerados:
• Os 3 gráficos das redes (conhecimento de pessoas, comunicação regular, e
pessoas com potencial de conhecimento para ajudar) com os nós agrupados
por tempo de experiência das pessoas.
• O gráfico da interseção entre as redes de comunicação regular e de pessoas
com potencial de conhecimento para ajudar.
• As métricas de in-degree e out-degree de cada nó da rede para todas as
redes.
• As densidades de conexão entre as faixas de experiência para todas as redes.
• As densidades de conexão total para todas as redes.
• O grau de reciprocidade total para todas as redes.
Os resultados obtidos nessa etapa são discutidos na seção 5.2.
5.1.5 Apresentação dos resultados
A apresentação dos resultados dessa análise foi feita por meio de um relatório de
diagnóstico entregue ao gerente da área analisada.
36
5.2 Resultados obtidos
A primeira rede mapeada foi a rede de conhecimento de pessoas (quem conhece
quem?). A figura 7 apresenta o desenho da rede, onde cada nó representa uma pessoa do
grupo. Conforme a legenda ao lado do gráfico, cada cor representa um tempo de
empresa, e o formato do nó representa a sua posição hierárquica.
Figura 7 - Rede de conhecimento de pessoas (quem conhece quem?). (Fonte: Petrobras, Gerência de
Gestão do Conhecimento, 2005)
A rede de conhecimento de pessoas possui uma densidade de conexão total de
0,77, ou seja, de todas as conexões possíveis na rede, 77% delas estão presentes. Para
essa mesma rede, o grau de reciprocidade entre as conexões é de 0,73, ou seja, de todas
as conexões existentes na rede, 73% delas são bidirecionais. É importante evidenciar
que esses cálculos foram feitos desconsiderando as pessoas que não responderam o
questionário.
37
A tabela 7 apresenta as métricas de in-degree e out-degree para a rede de
conhecimento de pessoas. A partir dessa tabela podemos observar que:
• Os nós 2 e 11 apresentam uma grande evidência em relação aos demais nós
da rede, onde ambos são conhecidos por outros 17 nós (in-degree = 17).
Apesar do nó 2 possuir menos de 3 anos de empresa, ele é conhecido da
maioria dos outros nós.
• O nó 8 apresenta um baixo grau de evidência em relação aos demais nós da
rede (in-degree = 7).
• O nó 18 conhece o maior número de nós da rede (out-degree = 18).
• O nó 19 conhece o menor número de nós da rede (out-degree = 9),
desconsiderando o nó 17 que não respondeu.
• O nó 11 é o que tem maior capacidade de articulação da rede, uma vez que
possui o maior somatório de in-degree e out-degree (33).
• O nó 8 é o que tem menor capacidade de articulação da rede, uma vez que
possui o menor somatório de in-degree e out-degree (18), desconsiderando o
nó 17 que não respondeu.
Nós da rede de
conhecimento de pessoas
In-degree Out-degree Nós da rede de
conhecimento de pessoas
In-degree Out-degree
2 17 15 12 15 17 1 14 16 11 17 16 7 13 11 19 13 9 5 16 12 17 14 0 6 14 10 18 13 18 4 14 13 9 10 14 3 12 11 14 12 14 10 14 14 15 14 15 16 11 17 13 10 17 8 7 11
Tabela 7 - In-degree e out-degree dos nós da rede de conhecimento de pessoas. (Fonte: elaboração própria, 2005)
38
A tabela 8 apresenta as densidades de conexão entre as faixas de experiência
para rede de conhecimento de pessoas e a tabela 9 apresenta as densidades de conexão
entre novos e antigos para rede de conhecimento de pessoas. Para elaboração dessa
tabela foram desconsideradas as pessoas que não responderam o questionário. A partir
dessa tabela pode-se observar que:
• Não há nenhuma densidade menor que 0,50 entre os nós com menos de 6
anos de empresa e os nós de mais de 6 anos de empresa (faixa clara da
tabela), o que indica um alto grau de interação entre essa duas faixa. Assim
podemos concluir que as pessoas mais novas no grupo conhecem bem as
pessoas mais antigas e vice-versa.
• A tabela 9 de densidades de conexão entre novos e antigos corrobora a
conclusão de que as novas pessoas do grupo e as antigas estão bem
integradas nessa rede.
Para
De
0-3 anos de empresa (7
nós)
3-6 anos de
empresa (3 nós)
6-12 anos de empresa
(1 nó)
12-18 anos de empresa (4 nós)
18-25 anos de empresa (2 nós)
mais de 25 anos de empresa
(1 nó) 0-3 anos de empresa
(7 nós) 0,79 0,62 0,71 0,79 0,86 0,86
3-6 anos de empresa (3 nós) 0,90 0,83 0,67 0,83 1,00 0,67
6-12 anos de empresa (1 nó) 0,71 0,67 0,00 0,75 0,00 0,00
12-18 anos de empresa (4 nós) 0,82 0,83 0,00 0,83 1,00 1,00
18-25 anos de empresa (2 nós) 0,64 0,50 0,00 0,88 1,00 1,00
mais de 25 anos de empresa (1 nó) 0,86 0,67 0,00 0,75 1,00 0,00
Tabela 8 - Densidades de conexão entre as faixas de experiência para rede de conhecimento de pessoas desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005)
ParaDe
0-6 anos de empresa (10 nós)
mais de 6 anos de empresa (8 nó)
0-6 anos de empresa (10 nós) 0,78 0,81
mais de 6 anos de empresa (8 nó) 0,75 0,72
Tabela 9 - Densidades de conexão entre novos e antigos para rede de conhecimento de pessoas desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005)
39
A segunda rede mapeada foi a rede de comunicação regular (quem se comunica
regularmente com quem?). A figura 8 apresenta o desenho da rede, onde cada nó
representa uma pessoa do grupo. Conforme a legenda ao lado do gráfico, cada cor
representa um tempo de empresa, e o formato do nó representa a sua posição
hierárquica.
Figura 8 - Rede de comunicação regular (quem se comunica regularmente com quem?). (Fonte:
Petrobras, Gerência de Gestão do Conhecimento, 2005)
A rede de comunicação regular possui uma densidade de conexão total de 0,39,
ou seja, de todas as conexões possíveis na rede, 39% delas estão presentes. Para essa
mesma rede, o grau de reciprocidade entre as conexões é de 0,50, ou seja, de todas as
conexões existentes na rede, 50% delas são bidirecionais. É importante evidenciar que
esses cálculos foram feitos desconsiderando as pessoas que não responderam o
questionário.
O fato do grau de reciprocidade da rede de comunicação regular ter ficado em
torno de 50% é preocupante. Isso significa que em 50% dos casos em que uma pessoa
menciona ter comunicação regular com outra pessoa, a relação inversa não ocorre. Esse
número tão baixo indica um grau muito grande de inconsistências nas repostas, ou seja,
A fala que se comunica regularmente com B e B fala que não se comunica regularmente
com A.
40
A tabela 10 apresenta as métricas de in-degree e out-degree para a rede de
comunicação regular. A partir dessa tabela podemos observar que:
• O nó 2 apresenta uma grande evidência em relação aos demais nós da rede,
onde 14 outros nós da rede mencionam ter comunicação regular com ele (in-
degree = 14). É interessante observar que o nó 2 diz ter comunicação regular
com somente 8 nós (out-degree = 8), o que dá um delta de percepção (|in-
degree – out-degree|) de 6 nós.
• O nó 8 apresenta um baixo grau de evidência em relação aos demais nós da
rede (in-degree = 3).
• O nó 12 tem comunicação regular com o maior número de nós da rede (out-
degree = 11). Pode-se observar que apesar dos nós 18 e 13 apresentarem o
mesmo valor de out-degree que o nó 12, a percepção dos demais nós da rede
quanto aos nós 18 e 13 diferem muito (in-degree do nó 18 = 5 e in-degree do
nó 13 = 4).
• Os nós 8 e 3 têm comunicação regular com o menor número de nós da rede
(out-degree = 2), desconsiderando o nó 17 que não respondeu.
• O nó 12 é o que tem maior capacidade de articulação da rede, uma vez que
possui o maior somatório de in-degree e out-degree (23).
• O nó 8 é o que tem menor capacidade de articulação da rede, uma vez que
possui o menor somatório de in-degree e out-degree (5).
Nós da rede de
comunicação regular
In_degree Out_degree Nós da rede de
comunicação regular
In_degree Out_degree
2 14 8 12 12 11 1 7 6 11 10 9 7 6 7 19 5 9 5 10 6 17 6 0 6 6 9 18 5 11 4 6 7 9 5 7 3 5 2 14 3 6 10 11 4 15 5 6 16 3 5 13 4 11 8 3 2
Tabela 10 - In-degree e out-degree dos nós da rede de comunicação regular. (Fonte: elaboração própria, 2005)
41
A tabela 11 apresenta as densidades de conexão entre as faixas de experiência
para rede de comunicação regular e a tabela 12 apresenta as densidades de conexão
entre novos e antigos para rede de comunicação regular. Para elaboração dessas tabelas
foram desconsideradas as pessoas que não responderam o questionário. A partir dessas
tabelas pode-se observar que:
• Conforme é de se esperar, os maiores valores de comunicação regular são
para os nós mais antigos, isso indica certa preferência a esse público em
detrimento ao público mais novo.
Para
De
0-3 anos de empresa (7
nós)
3-6 anos de
empresa (3 nós)
6-12 anos de empresa
(1 nó)
12-18 anos de empresa (4 nós)
18-25 anos de empresa (2 nós)
mais de 25 anos de empresa
(1 nó) 0-3 anos de empresa
(7 nós) 0,40 0,33 0,29 0,43 0,43 0,57
3-6 anos de empresa (3 nós) 0,38 0,17 0,33 0,42 0,17 0,33
6-12 anos de empresa (1 nó) 0,14 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00
12-18 anos de empresa (4 nós) 0,54 0,25 0,00 0,67 0,88 1,00
18-25 anos de empresa (2 nós) 0,29 0,17 0,00 0,38 1,00 1,00
mais de 25 anos de empresa (1 nó) 0,14 0,00 0,00 0,75 0,00 0,00
Tabela 11 - Densidades de conexão entre as faixas de experiência para rede de comunicação regular desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005)
ParaDe
0-6 anos de empresa (10 nós)
mais de 6 anos de empresa (8 nó)
0-6 anos de empresa (10 nós) 0,36 0,40
mais de 6 anos de empresa (8 nó) 0,33 0,53
Tabela 12 - Densidades de conexão entre novos e antigos para rede de comunicação regular desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário. (Fonte: elaboração própria, 2005)
42
A terceira rede mapeada foi a rede de pessoas com potencial de conhecimento
para ajudar (quem tem conhecimento para me ajudar?). A figura 9 apresenta o desenho
da rede, onde cada nó representa uma pessoa do grupo. Conforme a legenda ao lado do
gráfico, cada cor representa um tempo de empresa, e o formato do nó representa a sua
posição hierárquica.
Figura 9 - Rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar (quem tem conhecimento
para me ajudar?). (Fonte: Petrobras, Gerência de Gestão do Conhecimento, 2005)
A rede de pessoas com potencial de conhecimento para ajudar possui uma
densidade de conexão total de 0,62, ou seja, de todas as conexões possíveis na rede,
62% delas estão presentes. Para essa mesma rede, o grau de reciprocidade entre as
conexões é de 0,42, ou seja, de todas as conexões existentes na rede, 42% delas são
bidirecionais. É importante evidenciar que esses cálculos foram feitos desconsiderando
as pessoas que não responderam o questionário.
É natural um valor baixo (42%) para o grau de reciprocidade na rede de pessoas
com potencial de conhecimento para me ajudar. Isso ocorre pois é natural que se A
considera que B pode lhe ajudar, então há uma probabilidade menor da relação inversa
ocorrer.
43
A tabela 13 apresenta as métricas de in-degree e out-degree para a rede de
pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar. A partir dessa tabela podemos
observar que:
• Os nós 2 (in-degree = 16), 5 (in-degree = 15) e 10 (in-degree = 15)
apresentam uma grande evidência em relação aos demais nós da rede. Para
cada um, outros 15 nós da rede mencionam esses como possuidores de
potencial conhecimento para lhes ajudar. Isso é natural para os nós 5 e 10,
que possuem acima de 18 anos na empresa, porém para o nó 2, que possui
abaixo de 3 anos, é indicativo de um nó relevante de ser acompanhado.
• O nó 8 e o nó 18 apresentam um baixo grau de evidência em relação aos
demais nós da rede (in-degree = 7).
• O valor médio de in-degree, considerando todos que responderam ao
questionário é de aproximadamente 11. Quanto maior esse número melhor é
o conhecimento do grupo sobre as competências de cada indivíduo desse
grupo.
Nós da rede de pessoas
com potencial de
conhecimento para me ajudar
In_degree Out_degree Nós da rede de pessoas
com potencial de
conhecimento para me ajudar
In_degree Out_degree
2 16 8 12 14 6 1 11 18 11 12 5 7 10 12 19 13 5 5 15 8 17 8 0 6 9 11 18 7 12 4 11 11 9 8 18 3 8 10 14 9 18 10 15 10 15 9 8 16 6 18 13 9 11 8 7 8
Tabela 13 - In-degree e out-degree dos nós da rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar. (Fonte: elaboração própria, 2005)
44
A tabela 14 apresenta as densidades de conexão entre as faixas de experiência
para rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar e a tabela 15
apresenta as densidades de conexão entre novos e antigos para rede de pessoas com
potencial de conhecimento para me ajudar. Para elaboração dessas tabelas foram
desconsideradas as pessoas que não responderam o questionário. A partir dessas tabelas
pode-se observar que:
• Conforme podemos observar na tabela 15, os valores de densidade partindo
dos mais novos é muito maior que os valores de densidade partindo dos mais
antigos. Isso é natural e saudável, pois os mais novos vêem um potencial de
aprendizado maior no grupo que os mais antigos. Porém, é importante que a
densidade partindo dos mais antigos não seja muito baixa, pois isso seria um
indicativo de que esse público não vê potencial de aprendizado na rede.
• Os nós mais antigos são considerados com potencial maior de ensinamento à
rede, pois o somatório das densidades é maior na coluna dos nós de mais de
6 anos de empresa na tabela 15 (1,36).
Para
De
0-3 anos de empresa (7
nós)
3-6 anos de
empresa (3 nós)
6-12 anos de empresa
(1 nó)
12-18 anos de empresa (4 nós)
18-25 anos de empresa (2 nós)
mais de 25 anos de empresa
(1 nó) 0-3 anos de empresa
(7 nós) 0,67 0,62 0,57 0,79 0,86 1,00
3-6 anos de empresa (3 nós) 0,86 0,67 0,67 0,75 1,00 1,00
6-12 anos de empresa (1 nó) 0,43 0,67 0,00 0,50 0,50 0,00
12-18 anos de empresa (4 nós) 0,32 0,25 0,00 0,58 0,38 0,75
18-25 anos de empresa (2 nós) 0,57 0,17 0,50 0,63 1,00 1,00
mais de 25 anos de empresa (1 nó) 0,57 0,00 0,00 0,75 1,00 0,00
Tabela 14 - Densidades de conexão entre as faixas de experiência para rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário.
(Fonte: elaboração própria, 2005)
ParaDe
0-6 anos de empresa (10 nós)
mais de 6 anos de empresa (8 nó)
0-6 anos de empresa (10 nós) 0,70 0,81
mais de 6 anos de empresa (8 nó) 0,37 0,55
Tabela 15 - Densidades de conexão entre novos e antigos para rede de pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar desconsiderando as pessoas que não responderam o questionário.
(Fonte: elaboração própria, 2005)
45
5.3 Conclusões sobre os resultados
Em relação à análise dos indivíduos na rede pode-se destacar que:
• O nó 2 aparece em grande evidência dentro das 3 redes, sendo de especial
relevância o seu destaque na última rede (potencial de conhecimento para me
ajudar). Apesar de ser um nó novo dentro da rede (menos de 3 anos de
empresa), já demonstra seu potencial de liderança dentro do grupo.
• O nó 8, que tem entre 6 a 12 anos de empresa, é o nó mais isolado dentro das
3 redes. Provavelmente, deve-se trabalhar o aspecto motivacional desse
indivíduo dentro do grupo.
A figura 10 apresenta a interseção entre as redes de comunicação regular e de
pessoas com potencial de conhecimento para me ajudar. A rede resultante dessas dessa
interseção fornece uma visão do potencial que uma pessoa tem em obter conhecimento
quando ela se depara com um novo problema ou oportunidade. A densidade dessa rede
é de 0,39%, ou seja, de todas as conexões possíveis na rede, 39% delas estão presentes.
Figura 10 - Interseção entre as redes de comunicação regular e de pessoas com potencial de
conhecimento para me ajudar. (Fonte: elaboração própria, 2005)
46
A tabela 16 apresenta o grau de densidade e de reciprocidade das 3 redes
analisadas anteriormente mais a rede resultante da interseção. Pode-se observar que,
devido a sua baixa densidade, a rede de comunicação regular restringe o aumento da
densidade da rede de potencial de conseguir conhecimento. Deve-se assim atacar
primeiro a questão de comunicação regular, ou seja, acesso entre as pessoas. Práticas de
G.C. que aumentem o acesso entre as pessoas são indicadas para esse grupo em um
primeiro momento.
Posteriormente, podem-se propor práticas que aumentem o conhecimento das
competências das pessoas da rede ao membro do grupo. Um exemplo de prática nesse
sentido é a implantação de uma base de especialista (páginas amarelas).
MétricasRede
Densidade total da rede
Reciprocidade total da rede
Conhecimento de pessoas 77% 73%
Comunicação regular 39% 50% Pessoas com potencial de conhecimento para
me ajudar 62% 42%
Potencial de conseguir conhecimento 39% ----------
Tabela 16 - Grau de densidade e de reciprocidade das 3 redes analisadas. (Fonte: elaboração própria, 2005)
47
6 - Considerações Finais
Uma dificuldade encontrada durante a análise das redes foi a falta de dados
históricos que permitissem distinguir com clareza se um valor obtido por uma das
métricas era bom ou ruim. Na pesquisa para realização desse trabalho não encontramos
fontes de um benchmarking para as métricas.
A principal conclusão desse trabalho é que, independente das métricas e técnicas
utilizadas, o fato de se enxergar não mais o indivíduo e sim o grupo de indivíduos
permite uma compreensão mais aprofundada do contexto ao qual o grupo está inserido.
As técnicas apresentadas nesse trabalho provavelmente podem ser extrapoladas para
outros campos do conhecimento.
Sugerimos, portanto, alguns possíveis trabalhos futuros, que possam
complementar esta análise:
• Estudar formas de extrair as informações da rede de uma forma indireta
através dos vários sistemas que os usuários utilizam para interagir entre si.
Apesar disso já ser feito por meio de e-mail, é necessário avançar nessa
tecnologia para extrair as informações de uma maneira mais rica, desde que
respeitando os limites de privacidade e ética exigidos na relação empresa-
empregado, isto é, contando com o consentimento dos envolvidos.
• Estudar a possibilidade de embarcar esse tipo de conhecimento extraído após
essa análise em sistemas de informática visando melhorar a sua interação
com o usuário. McDonald (2003) utilizou isso para sistemas de indicação de
especialistas, porém outras categorias de sistemas podem fazer uso desse
mesmo recurso (por exemplo, sistema para colaboração).
• Estudar outras métricas que possam ser utilizadas para aumentar o
entendimento da rede e sua dinâmica.
• Gerar um histórico de benchmarks de padrão de redes a partir de
experimentações.
• Aplicar a técnica de S.N.A. dentro das diversas práticas de Gestão do
Conhecimento apontadas no capítulo 4.
48
7 - Referências Bibliográficas
BORGATTI, S. P. ; MOLINA, J. L. Toward ethical guidelines for network research in
organizations, Social Networks, v.27, n. 2, p. 107-117, 2005.
BORGATTI, S. P. ; EVERETT, M. ; FREEMAN, L. UCINET 6 for Windows Software
for Social Network Analysis – USER’S GUIDE, 2002.
BUSCH, P. A. ; RICHARDS, D. ; DAMPNEY, C. N. G. Visual mapping of articulable
tacit knowledge. Australian Symposium on Information Visualization , Sydney,
Australia, 2001. Disponível em: <http://crpit.com/confpapers/ CRPITV9Busch.pdf>.
Acesso em: 22 ago. 2005.
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