anÁlise organizacional da...
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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ANÁLISE ORGANIZACIONAL DA PETROBRAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR
MARCELO SCOFIELD DE LEMOS
E
APROVADA EM
PELA COMISSÃO EXAMINADORA
DEBORAH MORAES ZOUAIN – DOUTORA EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PAULO ROBERTO MENDONÇA MOTTA – DOUTOR EM ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
LAMOUNIER ERTHAL VILLELA – DOUTOR EM ECONOMIA APLICADA
2
DEDICATÓRIA
A minha esposa Mônica e a minha filha Laura
que foram a fonte de energia final
para conclusão dessa dissertação.
AGRADECIMENTOS
Aos professores: Deborah Moraes Zouain, Paulo Roberto Mendonça Motta,
Lamounier Erthal Villela e em especial Valéria de Souza.
3
RESUMO
O presente trabalho pretende analisar a Petrobras em suas dimensões
contextuais, verificando o modelo organizacional adotado, e por conseguinte
analisando se a estrutura organizacional está congruente ou incongruente com o
contexto no qual ela está inserida.
A revisão da literatura tentará esclarecer conceitos chaves como, por exemplo: o
que é organização, organização burocrática, organização orgânica, ambiente
organizacional, estratégia, tecnologia e estrutura e que dará base para responder
a questão central: a Estrutura Organizacional da Petrobras está congruente com
sua realidade organizacional ?
ABSTRACT
This present work is intended to analyze Petrobras at its contextual dimensions
verifying the organization model (or role) adopted, and consequently analyzing if
the organizational structure is congruent or incongruent to its context in which it is
used.
The revision of the literature intends to clarify key concepts such as: organization,
bureaucratic organization, organic organization, organizational environment,
strategy, technology and structure which will be the basis to answer the principal
question: Is the organizational structure of Petrobras congruent to its
organizational reality?
4
.
Sumário
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 9
1.1 OBJETIVO DA DISSERTAÇÃO.................................................................................................................. 9
1.2 METODOLOGIA ....................................................................................................................................11
1.2.1 Tipo de Pesquisa ............................................................................................................................11
1.2.2 Coleta dos Dados...........................................................................................................................11
2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................................................13
2.1 CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO..............................................................................................................13
2.2 HISTÓRIA DO SURGIMENTO DAS ORGANIZAÇÕES MODERNAS ...........................................................16
2.2.1 Origens das Companhias ...............................................................................................................16
2.2.2 Mudanças nas organizações a partir da Revolução Industrial ....................................................19
2.2.3 Mudanças Organizacionais a partir dos anos 80..........................................................................34
2.2.4 Desafios das organizações na década de noventa........................................................................38
2.3 TEORIA DA ORGANIZAÇÃO .................................................................................................................40
2.3.1 Conceito..........................................................................................................................................40
2.3.2 Mudanças ocorridas na Teoria das Organizações........................................................................40
2.3.3 Paradigma da Organização Moderna versus o Pós-Moderna .....................................................43
2.3.4 Por que estudar as organizações ...................................................................................................45
2.3.5 Tipos de Organizações ..................................................................................................................48
2.3.5.1 Organização Burocrática/Mecanicista .......................................................................................49
2.3.5.2 Organização Orgânica e adhocracia ..........................................................................................52
2.3.6 Modelo de análise Organizacional................................................................................................53
2.3.7 Dimensões Contextuais .................................................................................................................55
2.3.7.1 Objetivo, Missão, Meta e Estratégia Organizacional.................................................................55
2.3.7.2 Conceito de Eficácia e Eficiência Organizacional......................................................................58
2.3.7.3 Ambiente Organizacional/Empresarial......................................................................................64
2.3.7.4 Tecnologia ...............................................................................................................................74
2.3.7.5 Dimensão ou Tamanho.............................................................................................................86
5
2.3.7.6 Estrutura..................................................................................................................................89
3 A PETROBRAS........................................................................................................................................102
3.1 BREVE HISTÓRIA DO SURGIMENTO DA PETROBRAS.....................................................................102
3.2 DIMENSÕES CONTEXTUAIS DA PETROBRAS.................................................................................104
3.2.1 Missão e Visão da PETROBRAS...............................................................................................104
3.2.1.1 Estratégia da Petrobras ........................................................................................................... 104
3.2.2 O Ambiente de Atuação da Petrobras ........................................................................................106
3.2.2.1 Setor Industrial ...................................................................................................................... 106
3.2.2.2 Setor de matérias-primas ........................................................................................................ 108
3.2.2.3 Mercado ................................................................................................................................ 110
3.2.2.4 Mudanças ambientais ............................................................................................................. 111
3.2.3 Tecnologia da Petrobras ..............................................................................................................112
3.2.4 Descrição e dimensões atuais da Petrobras................................................................................115
3.2.4.1 Áreas de produção ................................................................................................................. 116
3.2.4.2 Parque de refino..................................................................................................................... 117
3.2.4.3 Dutos de transporte ................................................................................................................ 118
3.2.4.4 Navios................................................................................................................................... 118
3.2.4.5 Estrutura da Petrobras ............................................................................................................ 119
3.2.4.6 Reestruração da Petrobras ...................................................................................................... 121
3.2.4.7 Estruturas de outras empresas de Petróleo ............................................................................... 126
4 CONCLUSÕES.........................................................................................................................................130
TECNOLOGIA E ESTRUTURA ....................................................................................................................132
5 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................135
ANEXOS:.............................................................................................................................................................141
ANEXO 1 .............................................................................................................................................................141
ANEXO 2 .............................................................................................................................................................142
ANEXO 3 .............................................................................................................................................................143
6
ANEXO 4 .............................................................................................................................................................144
ANEXO 5 .............................................................................................................................................................145
ANEXO 6 .............................................................................................................................................................146
ANEXO 7 .............................................................................................................................................................147
ANEXO 8 .............................................................................................................................................................149
ANEXO 9 .............................................................................................................................................................150
7
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - O HOMEM E SEU PATRÃO .........................................................................................................26
FIGURA 2 - CENA DO FILME “TEMPOS MODERNOS” ..............................................................................27
FIGURA 3 PARADIGMAS ORGANIZACIONAIS MODERNOS VERSUS PÓS-MODERNOS................44
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO MECANICISTA E ORGÂNICA ..................................................................53
FIGURA 4 - MODELO DE ANÁLISE ................................................................................................................54
FIGURA 5 - COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA MEDIR RESULTADOS............................................60
FIGURA 6 – QUADRO DE ANÁLISE AMBIENTAL ......................................................................................70
FIGURA 7 – QUADRO DE RELAÇÃO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS E FORMAS DE GESTÃO......73
FIGURA 8 - INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA................................................................................................75
FIGURA 9 - COMPARAÇÃO DE TECNOLOGIA VERSUS FORMAS ORGANIZACIONAIS.................78
FIGURA 11 - COMPARAÇÃO ENTRE TECNOLOGIAS ...............................................................................82
FIGURA 12 - TIPOS DE TECNOLOGIAS VERSUS TIPOS DE ORGANIZAÇÃO .....................................83
FIGURA 13 – DIAGRAMA DOS CAMINHOS SEGUIDOS PELAS RELAÇÕES ENTRE AS
DIMENSÕES DA ORGANIZAÇÃO E SUA ESTRUTURA...................................................................89
FIGURA 14 - ESTRUTURA FUNCIONAL.......................................................................................................92
FIGURA 15 - ESTRUTURA DIVISIONAL.......................................................................................................95
FIGURA 16 - ESTRUTURA HÍBRIDA .............................................................................................................98
FIGURA 17 - ESTRUTURA MATRICIAL........................................................................................................99
FIGURA 18 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO EM ÁGUAS PROFUNDAS .................................................103
FIGURA 19 – DISTRIBUIÇÃO DO VOLUME TOTAL DE INVESTIMENTOS........................................115
FIGURA 20- ÁREAS DE PRODUÇÃO ............................................................................................................116
FIGURA 21 - PARQUE DE REFINO ................................................................................................................117
FIGURA 22 – DISTRIBUIÇÃO DE DUTOS....................................................................................................118
FIGURA 23 – ANTIGO ORGANOGRAMA DA PETROBRAS ...................................................................120
FIGURA 24 – SITUAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE ÁREA DE CONTATO POR DIRETOR EM
AGOSTO DE 1998.....................................................................................................................................121
FIGURA 25 – ATUAL ORGANOGRAMA DA PETROBRAS .....................................................................123
FIGURA 26 – SITUAÇÃO ATUAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS DE CONTATO POR DIRETOR124
8
FIGURA 27 - ESTRUTURA DA EXXON MOBIL..........................................................................................126
FIGURA 28 - ESTRUTURA BP AMOCO ........................................................................................................127
FIGURA 29 - ESTRUTURA ROYAL DUTCH SHELL..................................................................................128
FIGURA 30 - ESTRUTURA PDVSA ................................................................................................................129
FIGURA 31 – RELAÇÃO FUNÇÕES GERENCIAIS/EFETIVO..................................................................134
9
1 Introdução
Em setembro de 1999 o Conselho de Administração da Petrobras aprovou o
Plano Estratégico para o período de 2000 a 2010, e como desdobramento deste,
uma Agenda de Mudança que tem como objetivo viabilizar a realização da Visão
“A Petrobras será uma empresa de energia com atuação internacional e líder na
América Latina, com grande foco em serviços e a liberdade de atuação de uma
corporação internacional”.
Essa Agenda está orientada pelas diretrizes gerenciais de rentabilidade,
produtividade, pessoas, e clientes. E no que diz respeito diretamente a diretriz
produtividade, que tem como objetivos buscar a elevação da eficiência da
organização, foi explicitado que um dos obstáculos para tal objetivo é o Modelo
organizacional da Petrobras.
A partir da constatação desse obstáculo foi criado um projeto de reestruturação
da Petrobras, que teve como primeiro desafio propor uma nova estrutura geral,
que foi aprovada em março de 2000.
Por estar envolvido diretamente com esse projeto de reestruturação, fui
impulsionado a realizar este trabalho de análise organizacional da Petrobras.
1.1 Objetivo da dissertação
10
Segundo Daft (1999, p.10) “Para conhecer e avaliar organizações é preciso
examinar as dimensões estruturais e contextuais”.
E concordamos inteiramente com Mintzberg (1995, p.10) ao afirma que “os
elementos de uma estrutura devem ser selecionados para alcançar uma
congruência interna ou harmonia, bem como uma congruência básica com a
situação da organização”.
O presente trabalho pretende analisar a Petrobras em suas dimensões
contextuais, verificando o quanto a organização é burocrática ou orgânica, e por
conseguinte analisando se a estrutura está congruente1 ou incongruente com
essa realidade organizacional.
A Estrutura Organizacional da Petrobras está congruente com sua realidade
organizacional ?
O referencial teórico a seguir tentará esclarecer conceitos chaves como, por
exemplo: o que é organização, organização burocrática, organização orgânica,
ambiente organizacional, estratégia, tecnologia e estrutura.
1 Nadler e Tushman (1988 p. 29) “ A relative degree of congruence and consistency exists
between each pair of organizational components. The congruence between two components is
defined as the degree to which the needs, demands, goal, objectives, and/or structures of one
component are consistent with the needs, demands, goal, objectives, and/or structures of another
component.”
11
1.2 Metodologia
1.2.1 Tipo de Pesquisa
Quanto aos fins, Vergara (1990), a pesquisa foi descritiva, uma vez que pretendeu
expor um quadro da situação da estrutura organizacional da PETROBRAS e
estabelecer relações entre as mudanças organizacionais da PETROBRAS e as
mudanças nas suas condições contextuais.
Quanto aos meios a pesquisa foi:
- bibliográfica, desenvolvida a partir do estudo sistematizado de livros, jornais e
revistas especializadas, teses, dissertações que tratem do tema;
- documental, feita através de documentos internos da PETROBRAS;
- estudo de caso, uma vez que o estudo tem como objetivo final analisar a
situação de uma empresa específica, ou seja, a PETROBRAS.
1.2.2 Coleta dos Dados
Dois foram os instrumentos de coleta de dados: investigação documental e
pesquisa bibliográfica.
12
A investigação documental buscou informações suplementares, como, por
exemplo, antigas estruturas da PETROBRAS, novas estruturas e políticas de RH
e da PETROBRAS, entre outros.
A pesquisa documental foi feita através da Intranet, normas, correspondências
internas, fax, vídeos institucionais e todos os documentos internos da
PETROBRAS acessíveis ao público em geral.
A pesquisa bibliográfica coletou dados pertinentes ao assunto em livros,
dicionários, revistas especializadas ou não, jornais, teses, dissertações e
publicações da própria PETROBRAS.
13
2 Revisão da Literatura
2.1 Conceito de organização
Repassando a literatura que trata diretamente sobre o tema organização
conseguimos extrair as seguintes definições que achamos de maior relevância
para o nosso estudo:
Para Pfiffner e Sherwood (1965, p.30) “organização é a disposição dos meios
pelos quais grande número de pessoas, demasiado grande para terem umas com
as outras contatos íntimos frente a frente, empenhadas em uma complexidade de
tarefas, se relacionam entre si no estabelecimento e realização consciente e
sistemática de objetivos em que concordam mutuamente.”
De acordo com Gaus (1957, p.66) organização “é o arranjo e a obtenção de
pessoal para facilitar a realização de algum objetivo de comum acordo, por meio
da distribuição de funções e responsabilidade”.
Segundo uma definição mais generalizada de Barnard (1963, p.73), a
organização formal é “um sistema de atividades ou forças conscientemente
coordenadas, entre duas ou mais pessoas”.
14
Para Mintzberg (1995, p.17) “as organizações são estruturas para apreender e
dirigir sistemas de fluxos e determinar os inter-relacionamentos das diferentes
partes.”
Weber(1946, p.58) faz uma distinção entre organização social e grupo
empresarial afirmando que este tem “um relacionamento social que ou está
fechado ou limita a admissão de estranhos por meio de regras.... na medida em
que sua ordem é imposta pela ação de indivíduos específicos cuja função regular
é esta, de um chefe ou ‘cabeça’ e, usualmente, também, de uma equipe
administrativa”
Outro aspecto importante no conceito de organização é a distinção entre
organizações sociais e organizações formais descrita por Blau e Scott (1970,
p.17), “é a de que elas (organizações formais) foram formalmente estabelecidas
com o propósito explícito de conseguir certas finalidades”.
Tanto conceito de organização de Weber como o de Blau e Scott são muito
importantes para o nosso trabalho, separando as organizações sociais em geral
das organizações como grupo empresarial, pois somente trataremos deste
segundo conceito.
Para Stoner (1995, p. 178) “em seu sentido mais amplo, organização pode ser
entendida como o processo pelo qual se faz com que a estrutura da organização
se ajuste a seus objetivos, a seus recursos e a seu ambiente.”
15
Para Lawrence & Lorsh (1972, p.3)“uma organização é a coordenação de
diferentes atividades de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar
transações planejadas com o ambiente”.
Para Daft (1999, p.7) “Organizações são entidades sociais que são dirigidas por
metas, são projetadas como sistemas de atividades deliberadamente estruturados
e coordenados e são interligadas ao ambiente externo.”
Um ponto comum dessas três últimas definições, e que usaremos em nosso
trabalho, é que as organizações são um sistema aberto, portanto exposta as
mudanças do ambiente. Esse conceito é fundamental quando da concepção de
um projeto organizacional, pois se não for levado em conta o resultado deste
projeto estará fadado a uma defasagem em relação às mudanças ambientais.
E as possíveis mudanças organizacionais com aparente característica interna
podem trazer conseqüências no atendimento das demandas do mercado, pois
uma organização não pode subsistir se não interage constantemente com seus
clientes, fornecedores, concorrentes, o governo, as associações e outros
elementos do ambiente externo.
Outro aspecto importante dessas definições é a coordenação entre as partes do sistema.
Para a norma NBR ISO 8402/1994 “Companhia, corporação, firma, órgão,
instituição ou empresa, ou uma unidade destas, pública ou privada, sociedade
16
anônima, limitada ou com outra forma estatutária, que tem funções e estrutura
administrativa próprias.”
Este conceito conceito acrescenta a figura jurídica de constituição da
organização, que também é assimilado em nosso trabalho.
Para a norma ISO/DIS 9000 “Group of pleople and facilities with an orderly
arrangement of responsibilities, authorities and relationships”.
2.2 História do surgimento das organizações modernas
2.2.1 Origens das Companhias
A palavra companhia surge na idade média já com a idéia de dividir os riscos e
garantir um aumento de financiamento para sustentar as dispendiosas cruzadas.
“Durante as cruzadas, os comerciantes tinham de colaborar para
dividir os riscos de suas incursões no exterior, e nas cidades-
estados italianas as firmas marítimas começaram a se
autodenominar compagnie, cujos membros "comiam pão" uns
com os outros (cum-panis).” (Sampson, 1996, p. 29)
Outro fator importante na idade média era o da “proibição” da usura, mas que na
verdade serviu para uma perseguição aos pequenos negociantes como os judeus,
pois os banqueiros italianos emprestavam grandes somas para financiar grandes
negócios, e o próprio Papa ia cobrá-los ameaçando com castigos espirituais caso
não fossem pagos.
17
Mas aos poucos a doutrina da Igreja foi se alterando devido a pressão crescente
de uma classe média comerciante que aumentava muito, e precisava de
financiamento para sua expansão.
O crescimento do comercio e das cidades, a introdução de uma economia
monetária, fez surgir a divisão do trabalho em duas categorias a rural e a da
cidade. Uma de produção agrícola que abastecia a crescente necessidade dos
que deixaram de produzir no campo e a outra voltada para produção industrial
emergente. Esta tinha uma forma primitiva quase que totalmente artesanal.
Começa uma grande mudança na situação do camponês, principalmente por
influência da imigração para os Estados Unidos na busca da abundância de terras
virgens fora do grande controle existente na Europa.
Apesar dessa influência vinda das novas terras e os senhores das terras já terem
percebido as vantagens de liberar os servos, pois receberiam dinheiro em vez de
trabalho em troca da terra arrendada, o que era mais atrativo tendo em vista o
interesse em adquirir artigos do crescente comercio, ainda existia uma grande
resistência por parte da Igreja tornando-se assim a maior adversária das idéias
emancipadoras.
Apesar das resistências existentes essas mudanças nos processos de
comercialização com a introdução da moeda como fator de troca, foi a base para
a chamada Revolução Comercial.
18
Mas as grandes precursoras das empresas atuais foram às companhias que
surgiram na Europa do século XVII, que contavam com o apoio dos governos que
lhes cediam monopólios em troca de impostos. Como nas cruzadas as viagens
dessas companhias mercantis eram muito dispendiosas e de algum risco para
que ficassem as custas de um único investidor, surge a figura das sociedades por
ação. Podemos citar companhias como a Companhia Moscovita, Companhia do
Levante ao Oriente Médio, mas a de maior importância talvez tenha sido a
Companhia das Índias Orientais britânica.
“A empresa mais importante era a Companhia das Índias
Orientais britânica, que durante dois séculos e meio proporcionou
uma continuidade comercial única e um modelo para outros
negócios. Elizabeth I concedeu a licença em 1600, para um grupo
de comerciantes que financiavam expedições à Índia, e logo ela
se tornou uma sociedade anônima, com um intervalo no século
XVIII, depois do qual ressurgiu como uma companhia "nova".
Alcançou sua outrora rival dominante, a Companhia das Índias
Orientais holandesa, que expirou no último dia do século XVIII, ao
mesmo tempo em que se tornava mais multinacional, com boa
parte de suas ações nas mãos de holandeses e outros
estrangeiros”. (Sampson, 1996, p. 30)
19
É no contexto dessas empresas mercantis que surge a figura dos administradores
profissionais, dos sócios e diretores, é a despersonalização das organizações,
caracterizando a base das nossas atuais multinacionais ou transnacionais.
Desde o seu aparecimento essas novas companhias já tem em sua constituição
uma diferença de classes seja expressa nos diferentes locais de trabalho, os
escritórios luxuosos para os diretores e principais administradores e o chão de
fábrica para os demais trabalhadores, ou seja nas moradias onde diferente dos
antigos comerciantes que moravam nos próprios negócios os novos
administradores profissionais tentam morar distantes das outras classes e do
local de produção.
"...nenhuma instituição, por mais sábia que seja, e por mais
pensamento que tenha sido posto em sua organização, pode unir
classe a classe como deveriam ser ligadas, a menos que a
montagem de tal instituição coloque os indivíduos das diferentes
classes em contato pessoal efetivo. Esse intercâmbio é o
verdadeiro hálito da vida”. (Sampson, 1996, p. 36)
2.2.2 Mudanças nas organizações a partir da Revolução Industrial
20
O crescimento das organizações, em virtude da Revolução industrial fez com que
os donos dos negócios perdessem o controle direto sobre a produção e os
empregados.
As ferrovias também introduzem alterações sociais no trabalho, pois exigia um
novo dirigente que cuidava dos negócios em proporções sem precedentes em
escala nacional e internacional.
Nesse mesmo período os pequenos negócios de família estavam passando por
uma crise pelo desafio da produção em escala industrial.
O único padrão de empresa na proporção das estradas de ferros ou mesmo das
companhias mercantis era o exército, e logicamente este serviu de base paro o
modelo de organização, inclusive os primeiros dirigentes das estradas de ferro
eram capitães do exército. Este modelo poderia ser percebido até nos uniformes
usados pelos empregados.
As ferrovias deram a base para as indústrias de escala, com seus diversos níveis
gerenciais e técnicos e sua disciplina era muito importante para segurança do
transporte, na verdade se assemelhava com um exército sempre em prontidão, o
que não está muito distante da realidade, tendo em vista que, alguns países
consideravam os ferroviários como reservistas.
Outro processo de grande repercussão para o crescimento das companhias foi,
como já tinha sido citado, o processo de desenvolvimento da sociedade por
21
ações, onde milhares de pequenos investidores poderiam aplicar seus recursos,
que foi normalizada na Grã-Bretanha em 1855 como de responsabilidade limitada,
levando todas companhias desse tipo terminar seu nome com limitada.
Essa nova forma de companhia marca definitivamente a separação entre os
gerentes e administradores dos donos do negócio. Peter Drucker faz a seguinte
referência:
"Essa nova corporation, essa nova “société anonyme”, essa nova
“:Aktiengesellschaft” não podia ser explicada como uma reforma,
que era como o novo exército, a nova universidade, o novo
hospital se apresentavam. Era claramente uma inovação genuína
[...] Foi a primeira instituição nova autônoma em centenas de
anos, a primeira a criar um centro de poder que estava dentro da
sociedade, mas era independente do governo central do Estado
nacional". (Drucker, 1986, p.170)
As mudanças ocorridas nesse período foram tantas que ficou difícil reconhecer
como era o mundo dos negócios de 50 anos atrás. Mas essas mudanças não
ocorreram somente na Europa e na América, ocorreram também no outro lado do
mundo, no Japão, que saiu de um modelo feudal e de monopólio comercial das
famílias para empresas industriais familiares.
Este modelo de desenvolvimento industrial familiar apesar de se tornar dominante
na cultura das organizações japonesas perdem a dependência das famílias
fundadoras, através dos administradores profissionais.
22
Isto é semelhante com o que ocorreu no ocidente com o desenvolvimento dos
administradores profissionais, mas o oriente tinha uma formação confusionista
que fazia com que os empregados se sentissem mais satisfeitos de realizar
trabalhos coletivos e despersonalizados.
No contexto desse processo de despersonalização das organizações aparece a
figura do gerente científico, que de forma sistemática veio afetar profundamente a
relação do indivíduo com o trabalho nas grandes organizações, através da figura
do homem máquina.
Mas é na chamada “Segunda Revolução Industrial” que efetivamente começam a
busca por uma forma mais científica de administração com conseqüências sobre
o aumento da produção.
Essa busca do aumento da produtividade através da chamada administração
científica, teve seu grande expoente em Frederick Winslow Taylor, que foi visto na
época como um fanático na cronometragem. Taylor veio de uma família de origem
“quacres” por um lado e puritana por outra.
Esta origem logicamente influenciou sua forma de ver o trabalho, mas apesar
dessas características Taylor era mais humano do que muitos donos de fábricas
de sua época, pois apregoava uma maior remuneração pelo aumento de
produtividade, uma distribuição mais eqüitativa de responsabilidades, e uma
maior cooperação entre a direção e os trabalhadores.
23
A grande influência de Taylor é afirmada por Peter Drucker dizendo que este
“causou tanto impacto quanto Marx ou Freud”.
Mas o empresariado na verdade vinculou as idéias de Taylor a linha de
montagem e com isso levaram a mecanização a extremos, levando os
trabalhadores ao máximo de produção sem se preocuparem com o aumento do
bem estar destes próprios trabalhadores.
Cinco elementos são fundamentais no pensamento da Administração Cientifica de
Taylor, o primeiro são as normas rígidas descrevendo detalhadamente o que cada
empregado deve fazer, tendo como objetivo implícito o aperfeiçoamento do
trabalho e a padronização, o segundo é a seleção cuidadosa de cada empregado,
buscando aqueles que conseguem seguir os métodos implantados, o terceiro é a
constante supervisão sobre os empregados, o quarto é o pagamento de
bonificações diárias pelo trabalho bem executado e o quinto elemento é a divisão
eqüitativa do trabalho e responsabilidade.
Para efetivar esses cinco elementos eram necessárias práticas de gestão de
recursos humanos mais sofisticadas, por exemplo, a seleção que passou a ser
individualizada abandonando assim a prática de recrutamento em massa que era
muito comum na época.
24
A individualização é um ponto fundamental no pensamento de Taylor, e mais
ainda, ele considerava que em qualquer hipótese o trabalho em grupo era menos
produtivo que o trabalho individual.
É importante ressaltar que o taylorismo teve um rápido desenvolvimento, pois
existia inicialmente um ambiente de crise onde era importante a diminuição dos
custos e o aumento da produtividade e como conseqüência da guerra havia uma
grande pressão sobre necessidade de aumento de produção.
Henry Ford foi quem efetivamente colocou em sua empresa, inspirado pelos
pensamentos de Taylor, a mais completa figura do homem máquina no processo
de produção em massa, desenvolvendo uma nova proposta para a linha de
montagem. Esta tinha como meta à busca da melhor relação de tempos e
movimentos fazendo com que o operário se desloque o menos possível dentro da
fabrica, sendo abastecidos de peças para montagem dos automóveis por esteiras.
E esse modelo de produção em linha passa a ser chamado de fordismo.
Essa nova forma de abastecimento do operário muda sua relação com a
máquina, pois é esta que de certa maneira determina o ritmo de trabalho,
tornando-se um instrumento para maior controle do empresário sobre o processo
produtivo. Apesar desse modelo aumentar o poder da empresa sobre os
empregados, ainda permanecia uma grande dependência da produção frente ao
trabalhador, pois o fordismo não introduziu nenhuma inovação revolucionária nas
maquinarias, desta maneira o parcelamento das tarefas torna-se um fator para
amenizar essa dependência.
25
Mas Ford como Taylor tinha alguns aspectos que estavam a frente de seu tempo
em termos humanitários. Ele no início tinha idealismo como direito iguais para
brancos, negros e mulheres, desejava que todos os empregados pudessem
desfrutar de longas férias, dizia que seu primeiro dever era proporcionar serviço,
em vez de lucros e era inimigo da burocracia. Ou seja, na verdade o fordismo
introduz um projeto de melhoria social através da melhoria das condições de vida
do trabalho.
Outro ponto importante no fordismo foi implantar efetivamente o repasse dos
ganhos de produtividade aos salários, ocasionando, em virtude da reprodução
desta prática por outras empresas, um aumento de consumo e por conseguinte
de investimentos.
26
FIGURA 1 - O HOMEM E SEU PATRÃO
FONTE: TOYNBEE, ANOLD. UM ESTUDO DA HISTÓRIA. SÃO PAULO: MARTINS FONTES, 1987.
Este mural foi encomendado pela Ford Motor Works, de Detroit, e celebra
solenemente o lugar subordinado do homem no processo industrial.
Porém era claro para todos, inclusive para o próprio Ford, que seu sistema de
produção em massa era desumanizador.
27
FIGURA 2 - CENA DO FILME “TEMPOS MODERNOS”
FONTE: TOYNBEE, ANOLD. UM ESTUDO DA HISTÓRIA. SÃO PAULO: MARTINS FONTES, 1987.
Esta figura retirada do filme “Tempos Modernos”, que tem como subtítulo “Uma
história da indústria, ou da independência individual – a cruzada da humanidade
em busca da felicidade”, de Charles Chaplin, talvez seja uma das maiores críticas
da época ao fordismo. No filme Chaplin mostra o trabalho repetitivo, tornando os
seres praticamente zumbis, a separação entre empregados e a direção da
empresa, a submissão do homem à máquina, chegando inclusive, em uma das
cenas o operário interpretado por Chaplin sendo engolido pela máquina, mas ao
final do filme apresenta a possibilidade de recuperação dos valores individuais
através de um trabalho mais criativo.
28
O sucesso conseguido em termos empresariais pelo fordismo, através da
produção em massa nas linhas de montagem, teve um alto custo pago pela
diminuição do espaço para iniciativa individual.
Cabe destacar que todo o processo de implantação do modelo taylorista e fordista
foi seguido por fortes resistências por parte do sindicato e trabalhadores em geral,
não foram poucos os movimentos grevistas para fazer frente às mudanças
impostas pelas Companhias. Dois fatores motivadores desses movimentos são
importantes destacar, o primeiro seria o da revolta com os processos desumanos
de produção, e o outro era o aumento do desemprego em virtude do aumento de
produtividade.
Por outro lado, a partir dos anos 20 são feitos estudos, liderados por Elton Mayo
na fábrica de Hawthorne, que inicialmente tinham o objetivo de verificar as
relações entre condições de trabalho e incidência de fadiga e monotonia entre os
empregados em uma perspectiva taylorista, mas acabou sendo ampliado para
uma análise mais ampla da situação do trabalho, incluindo atitudes, preocupações
dos empregados e fatores do ambiente social fora do trabalho.
É com base neste estudo que surgem as teorias da motivação, tais como a de
Abraham Maslow, que descreveu o ser humano como um ser que luta para
satisfazer as suas necessidades sejam de ordem física ou de ordem psicológica.
E estas teorias desde então passam a ter grande influência sobre as
organizações, como destaca Motta (1996, p.186):
29
Ao longo dos anos, pelo senso comum, dirigentes e supervisores
passaram associar eficiência com motivação. Tornaram-se
freqüentes as afirmações que explicam baixo rendimento,
absenteísmo e atraso pela falta de motivação. Essa mesma razão
justifica o tédio, a frustração, a insatisfação e a ineficiência. Para
uns, a desmotivação é um problema psicológico; para outros, a
falta de algo para motivar. Assim, busca-se a motivação através
de apelos à emoção do indivíduo ou da introdução de tarefas e
métodos novos. A motivação traria entusiasmo, dedicação,
cooperação e produtividade.
A entrada da mulher nas organizações modernas significou um marco do começo
da verdadeira revolução social nesses primeiros períodos do século XX. Pois
durante praticamente todo o século XIX, as mulheres de classe média viveram
aliadas de qualquer empresa. O primeiro impulso natural da entrada da mulher foi
através dos serviços de datilografia nos escritórios. Mas a grande invenção que
definitivamente impulsionou a mulher para as organizações foi o telefone, que
absorveu um grande contigente feminino nas mesas telefônicas.
A primeira Guerra Mundial deu um grande impulso na entrada das mulheres nas
organizações, principalmente na Europa, mas elas ainda ficaram restritas as
funções administrativas ou operárias.
Nestes anos várias organizações prosperaram com suas estruturas mecanicistas,
como a Standard Oil, General Motors, IBM, Lever, ICI, Shell e outras, mas o crash
da bolsa fez visível a fragilidade dos modelos de organização e que a busca
30
constante de aumento de produtividade criou o fenômeno do desemprego
permanente.
A segunda Grande Guerra foi um fator decisivo para que as grandes
organizações se consolidassem como novos fatores de desenvolvimento
econômico e social. A guerra por outro lado reforçou as gestões autocráticas, por
que tudo era justificado em favor do esforço de guerra. Trabalhar em uma grande
organização passa a ter um caráter de servir a nação.
Outros fatores importantes de influência da guerra foram, o reforço dos modelos
militares de organização nas grandes empresas, e a expansão da atuação da
mulher nas grandes organizações, tanto em termos quantitativos como em
assumir funções de maior hierarquia que eram restritas aos homens.
Em 1946 Peter Drucker no seu livro Conceito da Empresa, declarava que a mão
de obra deveria ser considerada como um recurso, não um custo, e ressaltava os
malefícios do isolamento dos executivos e de sua forma militar de pensar.
Também alerta que as grandes empresas tinham uma grande responsabilidade
social.
A GM foi a grande organização que tentou se humanizar nesse período, dando
maior responsabilidade aos trabalhadores e mais autonomia as unidades fabris,
mas essa tentativa fracassou em virtude das resistências tanto dos sindicatos
como da direção da GM. No entanto, as idéias de Peter Drucker, que inspiraram a
31
tentativa da GM foram absorvidas por outras companhias tanto americanas como
japonesas.
A sociedade começava a se rebelar contra o grande poder exercido pelas
grandes organizações, na década de 60 os executivos eram acusados pelos
estudantes de fomentadores de guerra, racistas, mentirosos ou poluidores. Mas
as revoltas foram radicalizadas, gerando a perda do apoio popular e uma forte
reação da direita.
A mudança de relação de empregados e empresa pode também ser sentido pelo
aumento do absenteísmo, e pelo crescimento dos movimentos de reivindicação
de melhores salários e condições de trabalho. Essas revoltas, o aumento de
absenteísmo e o crescimento dos movimentos reivindicatórios marcaram
definitivamente o fim do aparente consenso entre empresas e sociedade
conseguido através de bandeiras patrióticas usadas desde a guerra, é o fim do
chamado consenso do pós-guerra.
Talvez o protesto que mais tenha tido impacto ocorreu na Itália, no chamado
“outono quente” de 1969, quando operários da Fiat queimaram carros em protesto
contra a forma de trabalhar na linha de montagem.
Apesar deste contexto, em 1964, as cem maiores empresas dos Estados Unidos
tiveram lucro e foi somente com o surto de competição internacional na década de
70 que as mesmas se deram conta de que seus modelos de administração
32
estavam esgotados. Esse choque dos anos 70 foi sentido tanto pelas empresas
americanas como na empresas européias.
As empresas americanas e européias também foram surpreendidas pelas
empresas japoneses com seus modelos gerenciais, onde a participação do
empregado no processo decisório era muito maior. Os japoneses, apesar de sua
fascinação pelas máquinas, tinham uma atitude mais orgânica e menos
mecanicista em comparação aos americanos e europeus e gostavam de utilizar
imagens retiradas da natureza ou da família para representar as empresas.
Em conseqüência de suas estruturas mais orgânica e flexíveis e velozes, as
empresas japonesas tomavam decisões com mais rapidez, conseguindo
desenvolver e colocar novos produtos no mercado antes de suas rivais européias
e americanas.
Os grandes computadores que foram desenvolvidos desde a Segunda Grande
Guerra e no decorrer dos anos 50 e 60, ficaram restritos aos trabalhos
administrativos nas grandes organizações privadas e algumas áreas de governo,
como por exemplo a seguridade social, e no uso por pesquisadores em centros
de pesquisas.
As empresas de computadores ou ligadas as atividades de informática deste
período, por exemplo, a IBM tinham estruturas quase que militares, refletindo as
origens de seus fundadores que eram militares ou engenheiros que atuaram no
esforço de guerra.
33
É na metade da década de 70 que surgi os microcomputadores, baseados nas
invenções anteriores do chip de silício e do transistor, substituído posteriormente
pelos circuitos integrados. Essas invenções vão afetar, a partir do final dos anos
80, a relação já difícil de homem e máquina, pois são através dessas que as
linhas de produção têm um salto em termos de automação e produtividade.
Em termos de impacto sobre os modelos de gestão organizacional, o advento da
informática teve seu papel a partir do desenvolvimento do Vale do Silício na
década de 70. Foi lá que ocorreu uma nova explosão de inovações tecnológicas
através de jovens inventores e oportunistas.
O Vale do Silício não tinha ouro, petróleo, nenhum tipo de minério ou qualquer
matéria prima, o recurso era unicamente cérebro e educação. Esse movimento foi
patrocinado principalmente pela Universidade de Stanford, que estimulou que
seus alunos criassem suas próprias empresas baseadas em tecnologia de
eletrônica. Ele foi o berço de empresas que se tornaram gigantescas como
Hewlett-Parckard.
Talvez a empresa que mais contribui para o desenvolvimento dos
microcomputadores foi a Xerox através de seu centro de pesquisa de Palo Alto
(PARC), onde foi desenvolvido o primeiro computador pessoal (PC). É neste
centro que surgiu uma das primeiras estruturas planas, suprimindo a figura do
gerente médio.
34
Dois bons exemplos de empresas de sucesso que mantiveram estruturas
flexíveis, que pareciam completamente anárquicas para a época, foram a
Microsoft de Bill Gates e da Apple de Steve Jobs. Essas empresas demonstram
definitivamente a possibilidade de empresas americanas conquistarem sucesso
com organizações mais planas e flexíveis.
2.2.3 Mudanças Organizacionais a partir dos anos 80
As empresas surgidas nesse movimento tecnológico dos anos 60 e 70 chegam
aos anos 80 parecendo mais com equipes temporárias, onde a união se dava em
torno dos projetos, ao final destes as equipes se dispersavam. Isto era quase que
um retorno ao conceito de companhia do século XVI. E essa flexibilidade das
empresas do Vale do Silício talvez tenha sido o maior fator para a sua
sobrevivência as ameaças econômicas e da grande concorrência.
Nos anos 80, o descontentamento migrou para a direita em relação a atuação do
estado, reivindicando diminuição de impostos, gastos com bem-estar social e
menos interferência na livre iniciativa. Nem iniciativa privada e governo se sentiam
responsáveis pela manutenção dos empregos, afetando assim, o sentido de
segurança tanto de gerentes como de empregados, ou seja, o mundo das
organizações torna-se mais hostil.
35
A década de 80 é marcada também pelas grandes organizações passando por
uma crise de identidade ao se defrontarem com um mundo de concorrência cada
vez mais acirrada e de mudanças rápidas.
É na crise americana dos anos 80, frente principalmente a concorrência japonesa,
que são colocadas em xeque os modelos empresariais taylorista de produção em
massa, de racionalismo extremado e de impessoalidade. Autores como Charles
Handy conclamavam que nesses momentos de rápidas mudanças e
descontinuidades, era necessário repensar todo o processo, questionando o
tamanho das empresas, os horários inflexíveis de trabalho e a necessidade de
tantos níveis gerenciais.
Esses anos são marcados também por uma onda de atuações de consultores
junto aos principais executivos, principalmente pela necessidade de sacudir a
gestão das empresas frente a nova realidade, mas também para aumentar a
concentração de poder no topo através da eliminação de estruturas rivais e
simplificando as linhas de comando, com as áreas se reportando diretamente ao
topo.
As industrias automobilísticas americanas foram as que mais sentiram o choque
em suas estruturas taylorista, amargaram grandes prejuízos em virtude da perda
de mercado para as empresas japonesas. E é exatamente em suas maiores
concorrentes, que as empresas americanas de automóveis vão buscar seus
novos modelos de gestão mais flexíveis, participativos e voltados para qualidade
do produto.
36
As grandes companhias de petróleo, chamadas de as “Sete Irmãs”, também
sofreram enormes perdas nesse período, a Gulf desapareceu, a Texaco encolheu
a Exxon amargou enormes perdas tendo que demitir 40% do seu efetivo.
A crise dos anos 80 atingiu quase todas as grandes e antigas empresas, por
razões de maior competição internacional, por acionistas cada vez mais
exigentes, pelas desregulamentações de diversos setores ou principalmente pelos
furacões econômicos.
De todas as grandes empresas que sofreram nos últimos anos da década de 80 e
inicio da de 90, a que talvez tenha sido a mais espetacular, foi a queda da IBM,
que perdeu seu domínio nos mercados mais promissores de microcomputadores
e de softwares e inclusive sofreu perdas em seu market share no mercado de
computadores de grande porte, principalmente no exterior. Essa crise vivida pela
IBM, que ocasionou grandes demissões, foi um choque sobre as organizações
que foram exemplo de paternidade, segurança e estabilidade.
A IBM se somou aos diversos exemplos de grandes organizações que tiveram
que demitir em massa e esse processo criou uma nova relação dos empregados
em geral e dos gerentes em particular, com as grandes organizações, que eram
vistas como um oásis de segurança.
37
É finalmente nos anos 80 e 90 que se efetiva o que diversos autores tinham
previsto desde os anos 50, que os computadores gerariam o desemprego
estrutural de massa.
As escolas de administração desenvolveram sistemas impessoais de unidades de
negócios, centro de lucros etc., porem dificilmente era levado em conta as
questões humanas, que estavam se tornando mais importantes principalmente
nos empreendimentos que exigiam grande criatividade.
Por outro lado, de forma geral os choques sofridos nos anos 80 e início dos anos
90 fizeram com que as grandes empresas principalmente as americanas se
tornassem mais flexíveis.
Segundo Sampson (1996) na década de 90, houve uma explosão no número de
empresas transnacionais, que eram de 7 mil em 1970, para 35 mil. Mais do que
as empresas multinacionais, quem estava agora abalando sociedades e governos
era o fluxo de capital, que oferecia ampla liberdade de ação para a especulação
contra moedas ou títulos.
Vem ocorrendo um movimento de aparência contraditória nessa segunda metade
dos anos 90, onde por um lado, as grandes corporações são outra vez
pressionadas para processos descentralizados, isto poderia ser classificado como
uma volta do federalismo, e por outro lado, são verificadas grandes fusões de
empresas.
38
2.2.4 Desafios das organizações na década de noventa
Destacamos abaixo alguns dos grandes desafios da década de noventa para as
organizações, extraídos da bibliografia de autores como Peter Ducker, Jay R.
Galbraith, Paulo R. Motta e Richard L. Daft:
Competição Global, onde você adquire um produto em qualquer parte do mundo
e sua origem pode ser de qualquer outro lugar. As empresas tendem a produzir
seus produtos em países que conseguem obter mais vantagem em termos
competitivos. Hoje você compra um produto que dificilmente pode destinguir sua
origem devido às diversas origens de seus componentes. Por exemplo, você pode
comprar uma malha na Benetton, que o tecido veio dos Estados Unidos, mas foi
montada na Malásia.
Renovação organizacional as empresas tem sido impactadas por modelos de
mudança organizacional, como a reengenharia que repensa radicalmente os
processos organizacionais e tem trazido como resultado inúmeras demissões, o
downsing que achatou as estruturas eliminando os níveis hierárquicos
intermediários, o empowerment que levou maior autonomia para as equipes de
trabalho e as organizações de aprendizagem onde é valorizado o aprendizado
contínuo.
Vantagem competitiva as empresas estão se posicionando para conseguirem
vantagens competitivas em seus mercados, seja através de um relacionamento
39
mais profundo com fornecedores e clientes, ou seja, através do menor tempo de
resposta na colocação de novos produtos em um mercado cada vez mais
exigente.
Relacionamento dos funcionários tende a modificar radicalmente, pois cada
vez mais pessoas estarão trabalhando em casa e ou em locais indeterminados
principalmente junto aos clientes, do que em escritórios onde era possível manter
um relacionamento próximo entre os mesmos.
Diversidade as empresas vão viver cada vez mais intensamente a diversidade
interna entre os diversos grupos étnicos dentro das organizações, e deixar a
velhas práticas uniformizantes do comportamento para aceitar e se beneficiar das
diferenças e tipicidades culturais.
40
2.3 Teoria da Organização
2.3.1 Conceito
A teoria da organização não é uma coleção de fatos; é uma
maneira de pensar sobre organizações. A teoria da organização é
uma forma de ver e analisar organizações de modo mais acurado
e profundo. O modo de ver e pensar sobre organizações baseia-
se em padrões e métodos do projeto e comportamento
organizacional. Os estudiosos de organizações procuram esses
métodos, os definem, medem e os tornam disponíveis para todos
nós. Os fatos da pesquisa não são tão importantes como os
padrões e visões gerais do funcionamento organizacional.
Achamos muito adequada a definição de Daft (1999, p.14), destacada acima, pois
ressalta que a Teoria da Organização traz uma forma estruturada de entender e
analisar as organizações.
2.3.2 Mudanças ocorridas na Teoria das Organizações O estudo sistematizado das organizações modernas tem seus precursores na
Administração em Taylor e Fayol. Taylor afirmava que todo o processo de
intervenção na organização e nos cargos deveria ser baseado em processos
puramente científicos minuciosos e individuais. Fayol traça princípios
administrativos onde cada subordinado recebe ordens de um único superior, que
41
é o princípio de unidade de comando, e as atividades semelhantes numa
organização devem ser agrupadas sob um único chefe, que é o princípio da
unidade de direção, que são pontos importantes para o estudo da organização.
Após estes estudos, da chamada teoria clássica de administração, aparecem os
estudos de Hawthorne, apresentando questões ligadas ao comportamento onde
através do tratamento positivo dos empregados poderia se conseguir a motivação
e a conseqüente aumento da produtividade dos empregados.
No final dos anos 40 surgem os trabalhos encabeçados por Max Weber sobre o
modelo burocrático de organização, que trataremos mais profundamente
posteriormente.
A partir dos anos 50, o desenvolvimento gerencial se tornou a nova moda, devido
ao grau cada vez maior de profissionalização das organizações, ocasionado
principalmente em virtude do desaparecimento dos seus respectivos fundadores.
E esse desenvolvimento mais do que buscar soluções técnicas para resolver
problemas físicos de produtos e da produção, concentrava-se na relações das
pessoas. Mas contraditoriamente o desenvolvimento gerencial fez aumentar as
estruturas e a afastar cada vez mais do processo decisório os trabalhadores da
base.
Esses modelos organizacionais que eu chamaria de modelo clássico de
organização racional burocrática, que aparentemente trouxeram resultados
principalmente nas empresas americanas nos anos 50 e 60 tiveram sua validade
42
questionada, pois esses resultados não se repetiram nos anos 70 e 80, isso
apontando para que o sucesso aparente poderia estar na verdade baseado no
momento histórico do pós guerra, onde a Europa e o Japão ainda estavam se
recuperando da destruição causada pela a mesma, deixando o espaço aberto
para as empresas americanas, mas já nos anos 70 com a recuperação destas
áreas houve um aumento da concorrência internacional, que deixou visível a
incapacidade de empresas americanas concorrerem com a agilidade
principalmente com as empresas japonesas.
Essa queda do lucro fez com que companhias acordassem para outras possíveis
teorias sobre a relação indivíduo – trabalho. Teorias como de Frederick Herzberg,
que defendia o enriquecimento do emprego e o autodesenvolvimento individual.
Douglas McGregor rejeitava a “Teoria X”, que pressupunha que os empregados
tinham de ser coagidos e punidos para trabalhar, substituindo-a pela “Teoria Y”, a
qual permitia a possibilidade das pessoas gostarem do seu trabalho com a ajuda
de gerentes que podiam motivá-las e inspirá-las.
Várias empresas começaram a investir em programas de “desenvolvimento
organizacional” (DO), com o objetivo de aumentar a produtividade através da
maior felicidade de seus empregados.
Esse quadro de grande concorrência internacional veio exigir novos modelos de
organização que respondessem mais rapidamente as exigências do meio
ambiente em rápida mudança, esse momento de grandes mudanças que começa
43
nos anos 70 e que se acelera até esse final de milênio, é chamado de pós-
moderno.
Outro ponto importante na evolução da Teoria das Organizações é as influencias
de outras ciências, é o caso da teoria do caos, segunda a qual até pequenos
eventos podem afetar a organização, pois há uma interligação entre todos os
fatos, sendo assim seria impossível o controle total do ambiente em que a
empresa esta inserida. Nesta visão o todo tem maior importância que as partes, a
organização tem que se preocupar em resguardar sua missão e objetivos macros
dando mais autonomia para as partes.
2.3.3 Paradigma da Organização Moderna versus o Pós-Moderna
Como citado anteriormente, as organizações modernas surgem na revolução
industrial em substituição as organizações ligadas a agricultura ou artesanais.
Essas se caracterizavam por ter um ambiente relativamente estável, seu maior
desafio é aumentar a produtividade para diminuir e conseguir maiores ganhos de
escala e ter estruturas burocráticas com processos de comunicação formais,
principalmente através de memorandos.
Nas chamadas organizações pós-modernas o ambiente é instável, seu maior
desafio é sua capacidade de obter informação e manter seus empregados
motivados, tem estruturas mais flexíveis com processos de comunicação
44
informais, principalmente através de formas diretas verbais ou através de meios
eletrônicos.
Modernos Variáveis Contextuais Pós-modernos
Estável Ambiente Turbulento
Dinheiro, prédios, máquinas Forma de Capital Informações
Rotineira Tecnologia Não-rotineira
Grande Dimensão Pequena e média
Crescimento e eficiência Metas Aprendizagem, eficácia
Presença esperada de
empregados
Cultura Empregados com poder de
decisão
Resultado Organizacional Rígida e centralizada,
fronteiras distintas
Estrutura Flexível e descentralizada,
fronteiras indistintas
Autocrática Liderança Liderança funcionária
Formais, escritas Comunicações Informais, verbais
Burocrático Controle Descentralizado, autocontrole
Gerentes Planejamento e tomada de
decisões
Todos
Patriarcais Princípios de orientação Igualitários
FIGURA 3 PARADIGMAS ORGANIZACIONAIS MODERNOS VERSUS PÓS-MODERNOS
Fonte: Daft (1999, p.15)
Esta figura acima destaca as principais diferenças entre as características
contextuais das organizações modernas e pós-modernas.
45
2.3.4 Por que estudar as organizações
Segundo Daft (1999, p.8) “o conhecimento da teoria da organização capacita os
administradores a projetar organizações para que funcionem com maior eficácia.”
Hoje, o mundo - e portanto o mundo dos negócios está passando
por uma mudança mais profunda e de maior alcance como jamais
se viu desde o alvorecer da idade moderna e da revolução
científica cerca de quinhentos anos atrás. Assim como a
civilização se alterou irremediavelmente na transição da era
agrária para a era industrial, os eventos emergentes modificarão
as formas pelas quais interagimos uns com os outros em nossas
vidas pessoais e profissionais. As antigas formas de organização
e métodos de gerência são inadequados para enfrentar os novos
problemas no mundo pós-moderno emergente. O efeito resultante
do ambiente empresarial e do estudo da teoria da organização
em evolução é uma abordagem nova e mais flexível para a
gerência e a utilização de uma teoria de contingência para
descrever e divulgar conceitos organizacionais.
Este trecho extraído de Daft (1999, p.14) destaca claramente que vivemos um
momento de mudanças profundas no ambiente empresarial e que precisamos
usar ferramentas de estudo e intervenção organizacional, para que as empresas
atuais possam sobreviver a essas mudanças.
46
Podemos extrair de nossa experiência e de alguns autores que as organizações
começam a se preocupar em fazer uma auto-análise quando se deparam com os
seguintes aspectos:
§ Apresentar prejuízo;
§ Crescer % em número de empregados mais que no crescimento das vendas;
§ Maior necessidade de velocidade de decisão e mudanças.
Isto foi ilustrado por Daft (1999), quando relata as dificuldades que viveu a IBM
passando de um lucro de U$ 6 bilhões para o prejuízo de U$ 5 bilhões, teve que
cortar mais de 140.000 empregados, suas ações caíram despencaram de preço
indo de U$ 176 para U$ 40. A clareza que um estudo organizacional pode trazer
sobre a relação desta com o meio ambiente, e seu de como funciona o seu
processo interno, poderia ajudar os gerentes da IBM em antecipar as dificuldades
pelo o que passaram.
Quando a organização tem consciência de seu processo de desenvolvimento e
estado atual pode proporcionar uma maior possibilidade de acerto em possíveis
mudanças que terão que ser realizadas. E em uma análise sistemática pode-se
verificar onde estão os problemas de falta de coordenação interna para uma
resposta rápida as necessidades do mercado. Empresas como HP e Kodak
passaram por processos de mudanças baseadas e instrumentos de T.O. e
conseguiram se recuperar frente aos problemas enfrentados.
47
Sinteticamente podemos destacar as seguintes vantagens de se estudar as
organizações:
§ Os gerentes terão a possibilidade de entender melhor a relação da
organização com o meio ambiente, diagnosticando as incongruências internas
e seus impactos sobre essa relação;
§ É um ferramental para entendermos o que ocorreu e podermos nos preparar
para o futuro, ou seja, capacita os administradores a poderem projetar
organizações mais eficazes;
§ Este tipo de estudo é uma necessidade presente tendo em vista as mudanças
ocorridas nos ambientes que as empresas operam em virtude de um processo
crescente de globalização de mercados;
§ O administrador de uma organização tendo uma clara visão dos fatores
contextuais e estruturais poderá optar por uma forma estrutural que esteja
mais de acordo com a estratégia escolhida, e trabalhar no sentido de
potencializar as vantagens inerentes ao tipo de estrutura e minimizadas suas
desvantagens.
Tenho profunda convicção que a teoria das organizações é um modelo eficaz
para analisarmos o que ocorreu com uma empresa que enfrentou dificuldades
buscando novas alternativas e pode trazer elementos para atingir um futuro
determinado em uma visão.
48
2.3.5 Tipos de Organizações
Segundo Hall (1993, p.28) “os esquemas de classificação destinam-se a indicar
uma diferença significativa entre os tipos ou classes identificados. A classificação
permite que uma pessoa veja o mundo; sem ela, o indivíduo é cercado por um
caos de estímulos, seria inteiramente incapaz de funcionar.”
Para o nosso trabalho seria impossível fazer uma análise organizacional da
Petrobras se não usássemos uma tipologia. Escolhemos, para simplificar nossa
análise, o conceito amplo de organização burocrática/mecanicista e
orgânica/adhocracia, tendo em vista a diversidade de tipologias existente entre os
analistas organizacionais.
Tom Burns e G.M. Stalker usa a terminologia mecanicista e orgânica para se
reportar a dois grupos distintos de organização obtidos frutos dos resultados uma
pesquisa em empresas industriais. O grupo de empresas denominadas
mecanicistas se caracterizavam por ter e seguir normas e procedimentos, uma
clara hierarquia de autoridade e um processo decisório centralizado no topo da
organização, e um segundo grupo com normas e regulamentos não formalizados,
pouca clareza na hierarquia de autoridade e um processo decisório
descentralizado.
49
2.3.5.1 Organização Burocrática/Mecanicista
Segundo Mintzberg (1995, p.41) “as organizações que inicialmente se apoiaram
na formalização do comportamento para alcançar a coordenação geralmente são
referidas como burocracias”.
A palavra burocracia é derivada da palavra francesa bureau, que significa
escrivaninha ou escritório. Ela assume um significado mais complexo e profundo
com os trabalhos de Max Weber.
Max Weber em seu livro Ensaios de Sociologia deu destaque a seis
características gerais da burocracia:
I. Rege o princípio de áreas de jurisdição fixas e oficiais, ordenadas
de acordo com regulamentos, ou seja, por leis ou normas
administrativas;
II. Os princípios da hierarquia dos postos e dos níveis de autoridades
significam um sistema firmemente ordenado de mando e
subordinação, no qual há uma supervisão dos postos inferiores
pelos superiores;
III. A administração de um cargo moderno se baseia em documentos
escritos ("os arquivos"), preservados em sua forma original ou em
esboço;
50
IV. A administração burocrática, pelo menos toda a administração
especializada que e caracteristicamente moderna - pressupõe
habitualmente um treinamento especializado e completo;
V. Quando o cargo está plenamente desenvolvido, a atividade oficial
exige a plena capacidade de trabalho do funcionário, a despeito do
fato de ser rigorosamente delimitado o tempo de permanência na
repartição, que lhe é exigido;
VI. O desempenho do cargo segue regras gerais, mais ou menos
estáveis, mais ou menos exaustivas, e que podem ser aprendidas.
Sinteticamente as características que Weber de maior destaque são: normas e
procedimentos descritos e padronizados, a especialização e qualificação técnica,
clara divisão do trabalho, linha hierárquica bem definida, processo formal de
comunicação escrita e a separação dos cargos das pessoas.
Destacamos abaixo um trecho do livro The Management of Innovation de Burnes
e Stalker (1991, p.5) que contêm algumas características do sistema mecanicista:
In mechanistic systems the problems and tasks facing the concern
as a whole are broken down into specialisms. Each individual
pursues his task as something distinct from the real tasks of the
concern as whole, as if it were the subject of a sub-contract.
‘Somebody at the top’ is responsible for seeing to its relevance.
The technical methods, duties, and powers attached to each
51
functional role are precisely defined. Interaction within
management tends to be vertical, i.c., between superior and
subordinate. Operations and working behaviour are governed by
instructions and decisions issued by superiors. This command
hierarchy is maintained by the implicit assumption that al
knowledge about the situation of the firm and its tasks is, on
should be, available only to the head of the firm. Management,
often visualized as the complex hierarchy familiar in organization
charts, operates a simple control system, with information flowing
up through a succession of filters, and decisions and instructions
flowing downwards through a succession of amplifiers.
Mintzberg (1995, p.43) define sinteticamente que a estrutura é burocrática “na
proporção em que seu comportamento seja predeterminado ou previsível, na
realidade padronizado”.
Para Morgan (1996, p.24) “as organizações planejadas e operadas como se
fossem máquinas são comumente chamadas de burocracias”.
De acordo com Hampton (1993, p.468) “a burocracia é uma espécie de estilo
impessoal de administração que procura assegurar às pessoas serem promovidas
com base na competência, que os empregados tenham áreas definidas de
responsabilidade, que exista uma cadeia de comando, e que uma rede coerente
de regras prescrevam de que forma devem as atividades ser conduzidas e os
casos particulares tratados”.
52
2.3.5.2 Organização Orgânica e adhocracia
Por ter sido uma fonte importante na formação do conceito de organização
orgânica de destacamos abaixo algumas características do sistema orgânico
descritas por Burns e Stalker (1961, p.5):
Organic systems are adapted to unstable conditions, when
problems and requirements for action arise which cannot be
broken down and distributed among specialist roles within a
clearly defined hierarchy. Individual have to perform their special
tasks in the light of their knowledge of the tasks of the firm as a
whole. Jobs lose much of their formal definition in terms of
methods, duties, and powers, which have a task. Interaction runs
laterally as much as vertically. Communication between people of
different ranks tends to resemble lateral consultation rather than
vertical command. Omniscience can no longer be imputed to the
head of the concern.
Para Mintzberg (1995, p.43) a estrutura orgânica se define “pela ausência de
padronização na organização”.
Segundo Morgan (1996, p.43) “as organizações são concebidas como sistemas
vivos, que existem em um ambiente mais amplo do qual dependem em termos da
satisfação das suas várias necessidades”.
53
Mecanicista Orgânica
1. As tarefas são subdivididas em partes
especializadas e separadas
1. Os empregados contribuem para a tarefa
comum do departamento
2. As tarefas são rigidamente definidas 2. As tarefas são ajustadas e redefinidas
mediante o trabalho em equipe dos
empregados
3. Existem uma estrita hierarquia de
autoridade e controle e também muitas
regras.
3. Existem menos hierarquia de autoridade e
controle e também poucas regras.
4. O conhecimento e o controle das tarefas
são centralizados no topo da organização
4. O conhecimento e o controle das tarefas
são localizados em qualquer ponto da
organização
5. A comunicação é vertical 5. A comunicação é horizontal
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO MECANICISTA E ORGÂNICA
FONTE: DAFT (1999, P.62)
2.3.6 Modelo de análise Organizacional
Para entendermos a organização torna-se imprescindível a utilização de um
modelo para análise da mesma, tendo em vista a complexidade que é analisar os
fatores que compõe as organizações modernas.
O modelo é descrito por Daft (1999) propõe uma análise da organização através
de suas dimensões estruturais e contextuais.
As dimensões estruturais seriam as características puramente internas de uma
organização, enquanto as dimensões contextuais extrapolam as fronteiras da
mesma, segundo Daft (1999, p.10) “elas podem ser encaradas como um conjunto
54
de elementos superpostos subjacentes à estrutura e aos processos de trabalho
de uma organização”.
As dimensões estruturais são: grau de formalização, de especialização, de
padronização, a hierarquia de autoridade, a complexidade, a centralização, o
profissionalismo e o grau de pessoal.
As dimensões contextuais são: ambiente, metas e estratégias, dimensão,
tecnologia, cultura e estrutura.
FIGURA 4 - MODELO DE ANÁLISE
FONTE: DAFT (1999, P.10)
Esta figura baseada em Daft (1999, p. 10) é uma representação gráfica que
representa a interligações entre as diversas dimensões organizacionais.
Analisaremos sinteticamente cada uma dessas dimensões separadamente, para
depois nos determos na dimensão estrutura que daremos maior foco nessa
dissertação.
Metas eEstratégias
Ambiente
Cultura
Dimensão
Tecnologia
Estrutura
55
É importante destacarmos que esse modelo de análise tem como princípio o
conceito de organização como um sistema aberto por isso é necessário
analisarmos detidamente as dimensões contextuais compõem este sistema.
2.3.7 Dimensões Contextuais
2.3.7.1 Objetivo, Missão, Meta e Estratégia Organizacional
2.3.7.1.1 Conceito
Para Etzioni (1977, p14) “um objetivo da organização é uma situação desejada, e
que a organização tenta atingir.”
Lawrence & Lorsch (1972, p.3) afirmam que “a medida que as organizações se
tornam mais complexas, notamos que é muito difícil, se não impossível,
apresentar seus “objetivos” numa exposição breve, conveniente e cômoda.”
Etzioni (1977, p.16) também alerta para dificuldade de se encontra os objetivos da
organização e aconselha “o pesquisador definirá como objetivos reais da
organização as situações futuras para as quais se dirige a maioria dos recursos
da organização e os principais compromissos dos participantes e que têm nitida
prioridade em casos de conflito com objetivos estabelecidos, mas que controlam
poucos reucursos.”
56
Para Daft (1999, p.31) “uma meta representa um resultado ou um ponto em
direção ao qual são orientados os esforços organizacionais.”
Vários autores costumam classificar os diversos níveis de meta, neste trabalho
nos deteremos em dois níveis, o primeiro muitos autores chamam de missão onde
é definido o objetivo macro da organização e o segundo chamado de metas
operacionais ou operativas, onde são descritos especificamente como as tarefas
devem ser executadas e são geralmente mensuráveis e de curto prazo. As metas
operativas estão geralmente classificadas em desempenho geral, recursos,
mercado, progressão de funcionários, inovação e produtividade.
Para Daft (1999, p. 32), “O objetivo básico de uma organização é muitas vezes
denominado missão – a razão da existência da organização. A missão descreve a
visão da organização, seus valores e crenças compartilhadas e sua razão de ser.”
Para Daft (1999,p. 32), “metas operacionais designam os fins procurados por
meio dos verdadeiros procedimentos operacionais da organização e explicam o
que a organização está de fato procurando fazer. As metas operacionais
descrevem resultados mensuráveis específicos e são muitas vezes previstas para
curto prazo.”
Sinteticamente que as metas operacionais são orientadoras para o dia-a-dia
decisório nas diversas atividades dos departamentos. As metas ditam orientações
sobre o desempenho geral da organização, como exemplo o índice de
lucratividade; recursos necessários, como exemplo a definição de quantidade de
57
matéria prima para produção ou custo de uma unidade produzida; posição de
mercado, como exemplo o percentual de participação em relação à concorrência;
recursos humanos, como exemplo índice de produtividade; e a velocidade de
inovação, como exemplo a quantidade de novos produtos lançados em um
determinado período de tempo.
Enquanto a missão tem um propósito mais de legitimação da organização as
metas operacionais vão orientar as tarefas da organização.
Segundo Daft (1999, p.35), ”uma estratégia é um plano para interagir com o
ambiente competitivo e alcançar os objetivos organizacionais....,os objetivos
definem para onde a organização deseja ir, e as estratégias indicam como chegar
lá”.
Após o estudo de algumas empresas Michael E. Porter consolidou três tipos de
estratégias com suas respectivas formas organizacionais. A estratégia de
liderança de baixo custo, a estratégia de diferenciação e a de foco. (Daft 1999,
p.36)
Cada estratégia vai determinar uma forma de estrutura, pois uma organização
com foco no baixo custo vai tentar ao máximo a melhor eficiência das instalações,
reduzir seus custos e efetuar um grande controle sobre a qualidade do produto, e
isto vai significar uma estrutura muito enxuta que busca a estabilidade e muito
formalizada. Por outro lado uma organização que adotou a uma estratégia de
diferenciação estará sempre tentando ter um produto e ou serviço distinto de seu
58
concorrente, e isto exigira uma estrutura bastante flexível que propicie a
mudança. Já na estratégia de foco busca uma atuação ou de baixo custo ou de
diferenciação para um mercado determinado, e isto vai exigir uma estrutura
especializada para o mercado escolhido, que pode ser geográfico, por tipo de
cliente etc.
2.3.7.2 Conceito de Eficácia e Eficiência Organizacional
Para Etzioni (1976, p18) “a eficiência real de uma organização específica é
determinada pala medida em que atinge seus objetivos. A eficácia de uma
organização é medida pela quantidade de recursos utilizados para fazer uma
unidade de produção.”
Os conceitos de eficácia e eficiência organizacional são muito amplos e implicam
inúmeros fatores e variáveis, mas podemos sinteticamente definir que eficácia
organizacional é o quanto uma organização atingiu os seus objetivos
predeterminados e a eficiência é a razão entre as entradas de insumos e saídas
de produtos, ou seja, seria a otimização dos recursos utilizados para a produção
de uma unidade de produto.
A forma de medir a eficácia organizacional tem várias abordagens que
poderíamos sintetizar em três linhas clássicas principais, medir a eficácia por
resultados, por recursos do sistema e por processo interno.
59
Medir a eficácia por resultados é medir pela saída do sistema, que poderíamos
exemplificar com resultados em termos de lucratividade, satisfação do cliente,
retorno sobre investimento, participação de mercado etc... . Essa linha tem
dificuldade de englobar em seu processo objetivos com maior subjetividade, como
por exemplo a satisfação dos empregados com o trabalho.
Medir a eficácia por resultados seria a capacidade da organização de explorar seu
ambiente na obtenção de recursos escassos e valiosos. Podemos exemplificar
utilizando uma organização sem fins lucrativos que vive de doações particulares,
poderíamos medir sua eficácia pela capacidade de conseguir recursos, outro
exemplo seria a capacidade de uma instituição de ensino atrair alunos. Essa linha
poderá levar a uma preocupação exclusiva com a entrada de recursos e
negligenciando como efetivamente são utilizados esses recursos.
E por último medir a eficácia por processo interno é medir a eficiência interna
desconsiderando o ambiente externo. Podemos exemplificar utilizando uma
industria automobilista que verifica a sua produtividade pelo o número de
empregados por carro produzido, ou uma Universidade pelo número de alunos
formandos pelo valor do orçamento. Essa ultima linha tende a ser uma avaliação
somente de eficiência interna não levando em conta o ambiente externo e a
eficácia da organização.
Usar por exemplo uma única linha para medir a eficácia organizacional pode ser
de mais fácil aplicação em empresas comerciais com diversidade de atuação
reduzida, mais muitas empresas tem linhas de atuação distintas, que geram
60
conflitos entre os objetivos departamentais e os macros objetivos da organização,
por isso tendem a ter mais de uma linha de medição de sua eficácia.
E conforme os dois modelos, sintetizados na figura abaixo, tentamos mostrar que
existe uma interação maior do que a primeira figura tenta mostra entre entrada,
processamento e saída do sistema. Podemos exemplificar usando uma empresa
que tem excelentes resultados de lucratividade passa ter uma capacidade maior
para conseguir recursos em condições mais favoráveis ou uma empresa industrial
que consegue obter matéria prima em um quadro de escassez frente a sua
concorrência pode conseguir maior participação de mercado pela sua capacidade
de ter produtos produzidos.
FIGURA 5 - COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA MEDIR RESULTADOS
FONTE: BASEADO EM DAFT (1999)
Entrada Processamento Saída
Recursos do Sistema
Processo Interno Resultados
Entrada Processamento Saída
Recursos do Sistema
Processo Interno Resultados
61
Na busca por uma linha para medir a eficácia organizacional que efetivamente
fosse mais abrangente em termos de organização, tem surgido algumas proposta
como a abordagem de interessados apresentado por Daft(1999), onde os
indicadores são definidos pelos diversos grupos interessados nos resultados da
organização. Estes grupos seriam formados pelos proprietários, empregados,
clientes, credores, comunidade, fornecedores e governos.
2.3.7.2.1 Processo de Definição do Objetivo/Missão, Metas e Estratégias
De forma sintética, uma organização é criada e se desenvolve para alcançar um
objetivo e ou missão. Esse objetivo ou missão muitas vezes é definida pela a alta
administração posteriormente a um processo de análise do ambiente externo,
com suas ameaças e oportunidades e uma análise do ambiente interno, que é
uma avaliação da empresa verificando pontos fortes e fracos para serem
comparados com os concorrentes.
Após a definição da missão ou objetivo organizacional geralmente são definidas
as metas e estratégias operacionais por cada departamento as. O passo seguinte
às definições das metas, estratégias é estabelecer qual o projeto organizacional
adequado, todo esse processo decisório terá um grande impacto na eficácia
organizacional.
62
A teoria da organização tem um papel importante de orientar para um projeto
organizacional que atenda a missão ou meta estabelecida, que será conseguido
através das definições de estrutura, da tecnologia de informação e os sistemas de
controle, do tipo de tecnologia de produção, das políticas de recursos humanos,
da cultura e dos possíveis vínculos com outras organizações.
Logicamente esse processo não é estático e sim dinâmico, pois principalmente as
metas e estratégias operacionais serão sempre revistas, pois a avaliação que se
fizer em relação da eficácia organizacional realimentará todo o processo, podendo
inclusive naturalmente forçar a rever o objetivo ou missão organizacional.
2.3.7.2.2 Estratégia e Estrutura
A ligação entre a estratégia e a estrutura de uma empresa tem sido um tema
muito abordado por diversos autores. A estrutura geralmente tende a refletir a
adoção de uma ou outra estratégia que a organização traça em termos de
mercado, produto, cliente etc. Podemos usar um exemplo de um banco que
define em suas estratégias o aumento de clientes corporativos, possivelmente
este banco criará uma estrutura para atender essa necessidade, ou se uma
empresa industrial tem como estratégia a diminuição de custo, possivelmente
optará por uma estrutura mais centralizada.
63
Woodward (1977, P.97) diz que “o critério para determinar se uma estrutura é
apropriada para uma determinada organização deve ser baseado na extensão em
que essa estrutura facilita o alcance dos objetivos da empresa...”
Hampton (1983, p. 237) cita uma pesquisa realizada pelo Massachusetts Institute
of Technology onde são comparadas algumas empresas que fizeram
agrupamentos dos empregado com base funcional e outras empresas que fizeram
agrupamentos com base no produto e concluíram que as que fizeram o
agrupamento com base funcional obtinham um melhor produto. Baseado no
resultado da pesquisa Hamptom conclui afirmando que “se a superioridade do
produto for crítica à estratégia da empresa, deve-se aplicar, então, a estrutura
funcional.”
Por outro lado Hampton(1983, p.239) afirma que “embora as estruturas funcionais
estivessem associadas a produtos tecnicamente superiores, as estruturas por
produto estavam associadas a um melhor histórico de cumprimento de
cronogramas e controle de custos”, e afirma também que “um estudo feito pela
Universidade de Harvard em 385 empresas mostrou que as empresas com
estruturas por produto eram mais eficazes no que se refere à criação e venda de
produtos novos do que aquelas que não tinham esse tipo de estrutura.” E
Hampton conclui que a estrutura por produto é mais adequada quando a
estratégia é focada em custos e em inovação de produto.
64
2.3.7.3 Ambiente Organizacional/Empresarial
2.3.7.3.1 Conceito de Ambiente Organizacional/Empresarial
É a partir do conceito de organização como um sistema aberto, que o ambiente
torna-se um fator indispensável para análise das organizações.
Para Hawley (1968 p. 330) o ambiente é formado por “todos os fenômenos que
são externos à população em estudo e que a influenciam pontencial ou
realmente.”
Segundo Litterer (1970, p.469) o ambiente é “a parte do mundo externo à
organização com a qual ela entra em contato.”
O ambiente representa todo o universo que envolve externamente
uma empresa tomada como ponto de referencia; é tudo aquilo
que está situado fora da empresa. O ambiente é a própria
sociedade maior, constituída de outras empresas, organizações,
grupos sociais etc. As empresas não vivem no vácuo, isoladas e
totalmente auto-suficientes, mas funcionam dentro de um
contexto, do qual dependem para sobreviver e crescer. É do
ambiente que as empresas obtêm os recursos e informações
necessárias para sua subsistência e funcionamento, e é no
65
ambiente que colocam os resultados de suas operações.
Chiavenato (1987, p.91)
O trecho de Chiavenato que destacamos acima traz um conceito muito amplo de
ambiente, mas introduz a inter-relação da organização com ambiente que ela está
inserida.
Um conceito mais delimitado é dado por Stoner (1985, p42) quando afirma que “o
ambiente externo consiste nos elementos de fora de uma organização que são
importantes para seu funcionamento.”
Por outro lado Daft (1999, p.54) diz que o “ambiente organizacional é definido
como todos os elementos que existem fora dos limites da organização e que têm
o poder de afetar toda ou parte dela.”
Para efeito de análise vamos explorar o ambiente que a organização pode
influenciar e o ambiente que influencia diretamente a organização.
2.3.7.3.2 Análise do Ambiente
Na leitura de diversos autores constatamos que o conceito de ambiente é algo
muito amplo, mas com o objetivo de analisarmos a influência do ambiente em
uma organização específica é necessário especificar ao qual ambiente estamos
66
referindo, ou seja, aqueles elementos que estão fora da organização que afeta o
seu negócio.
Oliveira (1988, p.370) divide o ambiente em três dimensões, ambiente
empresarial; que é o conjunto de todos os fatores externos à empresa que de
forma direta ou indireta, proporcionam ou recebem influência sobre a referida
empresa; ambiente direto; que representa o conjunto de fatores através dos quais
a empresa tem condições não só de identificar, mas também de avaliar ou medir,
de forma mais efetiva e adequada, o grau de influência recebido e/ou
proporcionado; e o ambiente indireto, que representa o conjunto de fatores
através dos quais a empresa identificou, mas não tem condições, no momento, de
avaliar ou medir o grau de influência entre as partes.
De outra forma Daft (1999) divide o ambiente organizacional em “de tarefa” e
“geral”, sendo a primeira formada de setores que a organização interage
diretamente e que tem impacto direto na capacidade da organização em alcançar
seus objetivos e a segunda formada de setores que podem não ter um impacto
direto nas operações diárias da organização.
O ambiente de tarefa Daft (1999) subdividiu em:
Setor industrial que é composto pelos elementos que vão determinar a
concorrência, excluindo no que trata sobre os clientes, ou seja, os concorrentes
em si, o tamanho da industria, o nível de competitividade, os produtos
concorrentes e ou substitutos, as marcas etc.
67
§ Setor de matérias-primas é composto pelos fornecedores, matérias-primas
substitutas, a logística de transporte de matérias-primas etc.
§ Setor de recursos humanos é composto pelo mercado de trabalho, sindicatos,
escolas e universidades, concorrentes de mão de obras, agências de
emprego, escolas profissionalizantes etc.
§ Setor de mercado é composto pelos clientes, os clientes da concorrência os
clientes em potencial etc.
§ Setor internacional, composto por todos os elementos que afetam a
concorrência e que tem origem em outro país.
O ambiente geral Daft (1999) dividiu em:
§ Setor de tecnologia, composto pelos centros de pesquisa, patentes, tecnologia
da informação, hardware, software, Internet etc.
§ Setor de condições econômicas, composto pelas taxas de crescimentos,
índices inflacionários, índices sociais etc.
§ Setor financeiro é composto de bancos, financeiras, bancos governamentais
de fomento, bolsa de valores, investidores individuais etc...
§ Setor governamental, composto pelas leis, resoluções, medidas provisórias,
sistema político etc.
§ Setor sociocultural, composto valores, conjunto de crenças, religião etc.
68
Mintzberg (1995, p.139) propõe focalizar a análise do ambiente em 4 dimensões,
estabilidade, complexidade, diversidade de mercado e hostilidade.
A Estabilidade segundo Mintzberg (1995) é uma dimensão que varia do estável,
onde existe uma variedade pequena e previsível de fatores, até o dinamismo que
tem uma variedade grande e imprevisível de fatores.
A complexidade seria, de acordo com Mintzberg, uma dimensão que varia do
simples até o complexo dependendo do tipo de tecnologia utilizada na produção
dos produtos.
Para Mintzberg a diversidade de mercado é uma dimensão que varia de integrado
até diversificado de acordo com a quantidade de produtos diferentes produzidos,
os clientes e as diferentes áreas geográficas de atuação.
A Hostilidade é uma dimensão que varia do magnânimo até hostil, dependendo
da competição da organização por espaço nos elementos do ambiente ou por
recursos.
Por outro lado Daft (1999, p.57) propõe analisar o ambiente pela complexidade e
estabilidade. A complexidade está em “muitos elementos externos diferentes
interagem com a organização e a influenciam. Num ambiente simples, apenas
três ou quatro elementos externos semelhantes influenciam a organização.” E a
estabilidade está relacionada com “a dinâmica dos elementos do ambiente. Um
69
domínio ambiental é estável se permanece o mesmo durante um período de
meses ou anos.”
Dependendo da dimensão de atuação da organização no ambiente, pode tornar
esse ambiente mais complexo ou simples em termos de análise e monitoramente
bem como de velocidade de mudança. Por exemplo, as empresas de
telecomunicações têm vivido em um ambiente particularmente conturbado em
virtude das mudanças tecnológicas e da própria influencia que a comunicação
tem hoje no contexto social e de desenvolvimento de um país, faz com empresas
desse setor interajam com muitos elementos externos diferentes. A rede de
telecomunicações afeta profundamente aspectos culturais complexos de uma
sociedade.
Por outro lado, por exemplo, uma pequena loja de artigos de papelaria em uma
pequena cidade do interior está inserida em um ambiente menos complexo,
apesar que pode se observado que a entrada dos grandes magazines e shopping
centers tem afetado grandemente esse tipo de negócio tornando o seu ambiente
pouco estável.
Sinteticamente a complexidade está relacionado a quantidade e homogeneidade
dos elementos do ambiente que uma organização interage, por outro lado à
estabilidade está relacionada ao grau e velocidade de mudanças dos elementos.
Analisar o ambiente de acordo com essas duas dimensões cria um modelo
simples de análise ambiental que resumimos no quadro abaixo:
70
Dimensões ambientais
Estável
Instável
Complexo
- Grande número de
elementos
- Os elementos sofrem
poucas e ou lentas
mudanças
- Grande número de
elementos
- Os elementos sofrem
muitas e ou rápidas
mudanças
Simples
- Pouco número de
elementos
- Os elementos sofrem
poucas e ou lentas
mudanças
- Pouco número de
elementos
- Os elementos sofrem
muitas e ou rápidas
mudanças
FIGURA 6 – QUADRO DE ANÁLISE AMBIENTAL
FONTE: BASEADO EM DAFT (1999)
Esse modelo poderá servir de base para uma análise do ambiente organizacional
de uma determinada organização.
2.3.7.3.3 Respostas organizacionais ao ambiente externo
As organizações tentam de uma forma ou outra monitorar o ambiente, pois este
está em constantes mudanças e essas mudanças podem afetar grandemente a
71
organização seja na obtenção de recursos seja em suas saídas. Por outro lado,
elas tentam conviver com as incertezas ambientais buscando se adaptar as
mesmas ou influenciar nas mudanças ou ate tentar estabilizar o ambiente.
As empresas nunca dispõem de todas as informações necessárias sobre o
ambiente para se posicionar adequadamente, bem como informações para prever
as mudanças.
Para Hampton (1983, p. 235) “geralmente, quanto mais plácido e previsível for o
meio ambiente, mais fácil se torna para o administrador promover a organização
de sua empresa com base em funções e processos permanentes. Quanto mais
instável e turbulento for o meio ambiente, maior é a necessidade para organizar
em bases mais temporárias, que permitam uma percepção e reações rápidas as
mudanças que ocorrem fora da empresa”.
Mintzberg (1995, p.140) destaca que “não é o ambiente de per si que importa mas
a habilidade da organização para enfrentá-lo – para predizê-lo, compreendê-lo,
tratar com sua diversidade e responder rapidamente a ele. “ E propõe cinco
hipóteses de respostas organizacionais as condições ambientais:
Hipótese 1 – quanto mais dinâmico o ambiente, mais orgânica será a estrutura.
Hipótese 2 – quanto mais complexo o ambiente, mais descentralizada será a
estrutura.
Hipótese 3 – quanto mais diversificados forem os mercados da organização,
maior a propensão para ela se dividir em unidades por mercado.
72
Hipótese 4 – a extrema hostilidade em seu ambiente leva qualquer organização a
centralizar temporariamente sua estrutura.
Hipótese 5 – disparidades no ambiente encorajam a organização a descentralizar
seletivamente em constelações diferenciadas de trabalho.
A questão chave em ternos de ambiente organizacional, é que tipo de resposta a
organização dará para as condições ambientais que está inserida, ou seja, qual
será sua estrutura em termos de departamentalização, integração organizacional,
planejamento e coordenação.
Em termos de departamentalização à medida que a organização atua em um
ambiente mais complexo, tende a aumentar sua estrutura para atender esse
ambiente, pois por exemplo a área de compras tem inúmeros fornecedores e
produtos alternativos para avaliar e se relacionar a área de marketing disputa
participação em vários mercados com características diferentes etc.
Normalmente os departamentos de uma grande organização têm influências e
atuam em ambientes externos distintos, fazendo que tenham uma forma diferente
de se estruturar para responder aos mesmos, ou seja, o departamento que esta
inserido em um ambiente externo muito complexo e com grande instabilidade
tende a ser especializar em conviver com as incertezas.
As organizações também podem usar a figura de intermediação do ambiente
externo com a organização este conceito foi desenvolvido por Thompsom (1967),
73
onde é mantido um núcleo técnico sendo suprido pelas funções de intermediação
com o ambiente externo.
Na pesquisa realizada por Burns e Stalker (1991) eles destacam que empresas
que estão inseridas em um ambiente de maior instabilidade tendem a ter formas
mais orgânicas e menos mecanicista de gestão2.
O quadro abaixo é uma síntese da influência do nível de complexidade e
estabilidade do ambiente sobre a forma de gestão como resposta ao ambiente,
baseado na pesquisa de Burns e Stalker.
Dimensões ambientais
Estável
Instável
Complexo
- Estrutura mecanicista
- Centralização
- Muitos departamentos
- Estrutura orgânica
- Descentralização
- Muitos departamentos
Simples
- Estrutura mecanicista
- Centralização
- Poucos departamentos
- Estrutura orgânica
- Descentralização
- Poucos departamentos
FIGURA 7 – QUADRO DE RELAÇÃO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS E FORMAS DE GESTÃO
FONTE: BASEADO EM DAFT (1999)
2 Ver capítulo itens 3.5.1 e 3.5.2
74
As organizações frente a um ambiente instável tendem a copiar modelos de
outras organizações, na busca de uma maior estabilidade do ambiente.
As organizações tentam controlar o ambiente na busca de uma estabilidade na
obtenção de recursos, sejam financeiro, materiais ou qualquer outro tipo que seja
essencial para sua atividade. Essa busca de estabilidade de recursos leva as
organizações tomar diversas medidas como:
- buscar parcerias, para diminuir o risco de investimentos;
- realizar um processo de verticalização;
- recrutamento de pessoas que tenham influência no ambiente;
- ampliar o mercado captador;
- adquirir participação acionário em empresas fornecedoras de recursos;
- buscar associações, para regulamentar o mercado.
Para Hampton (1983, p.237) a estrutura funcional se adapta melhor a um
ambiente estável, mas em contrapartida, “se este começa a mudar rapidamente,
necessitando de um aumento substancial no número e de diversidade de
produtos ou serviços, a estrutura funcional pode mostrar desvantagens sérias.”
2.3.7.4 Tecnologia
2.3.7.4.1 Conceito de Tecnologia
75
Mintzberg (1995, p.131) faz uma distinção entre o conceito de tecnologia e
sistema técnico, onde o primeiro seria “o conhecimento base da organização” e o
segundo seria “os instrumentos utilizados no núcleo operacional para transformar
as entradas e saídas”. Podemos exemplificar usando o exemplo de uma
secretária que utiliza um computador de última geração para produzir documentos
através de um editor de texto, ela utiliza relativamente pouco conhecimento
técnico em um sofisticado sistema técnico.
Daft (1999, p.79) define a tecnologia como sendo “as ferramentas, técnicas e
ações utilizadas nas organizações para transformação das entradas em saídas. A
tecnologia é então o processo de produção aplicado por uma organização que
inclui a maquinaria e os procedimentos de trabalho”. Podemos exemplificar
usando o exemplo de uma industria de confecção de roupas onde a tecnologia
está presente desde o tipo de tecido (matéria prima), maquinário de corte,
aviamento, etc., no conhecimento técnico do figurinista, como no processo de
distribuição do produto final. Ou seja, nesse conceito a tecnologia esta em todas
as etapas produtivas seja nas entradas, no processamento como nas saídas.
FIGURA 8 - INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA
FONTE: BASEADO EM DAFT (1999)
Entrada SaídaProcessamento
Tecnologia
76
Para o nosso trabalho usaremos o conceito mais amplo de tecnologia, ou seja,
tecnologia seria o conhecimento, as técnicas e os equipamentos utilizados no
processo de transformação de entradas em saídas, sem excluir com isso a
tecnologia preexistente nas entradas.
Poderíamos avaliar parcialmente o grau de tecnologia de uma organização, pela
quantidade de produtos novos introduzidos no mercado, pelo grau de automação
do processo e pela diversidade e complexidade das entradas
2.3.7.4.2 Tecnologia versus Estrutura
Existe uma grande interligação entre a estrutura e a tecnologia de uma
organização, pois a tecnologia pode influenciar no processo de definição da
estrutura como a estrutura pode limitar ou potencializar a utilização de uma
determinada tecnologia. Podemos exemplificar através de uma empresa industrial
com diversas unidades produtivas dispersas geograficamente, gerando a
necessidade de reproduzir varias unidades de apoio em virtude da falta de
tecnologia que viabilizasse a concentração destas atividades em uma única
unidade.
Em organizações grandes e complexas geralmente ocorre que cada área
desenvolve uma tecnologia própria para atender seus objetivos.
77
Segundo Daft(1999) a forma normalmente segue a função, de modo que a
estrutura da organização deve ser ajustada para atender às necessidades da
tecnologia de produção.
Woodward (1977) realizou uma pesquisa em cem empresas de produção e pode
com os resultados desenvolver uma escala por tipo de produção, ou poderíamos
chamar de graus de complexidade técnica na produção. Ela agrupou as empresas
em três tipos, o primeiro com empresas com produção de pequenos lotes e
unidades, o segundo de produção de grandes lotes e em massa e o terceiro de
produção em processo contínuo. A complexidade técnica de produção aumenta
do primeiro grupo para o terceiro grupo de empresas.
A partir destes agrupamentos Woodward correlacionou diversas características
organizacionais como número de níveis hierárquicos, amplitude de comando,
proporcionalidade entre mão de obra direta e mão de obra indireta, grau de
centralização e características da organização.
78
Complexidade técnica na produção Características organizacionais
produção de pequenos lotes e unidades
de grandes lotes e em massa
produção em processo contínuo
níveis hierárquicos 3 4 6
amplitude de comando
23 48 15
proporcionalidade entre mão de obra direta e mão de obra indireta
9-1 4-1 1-1
grau de centralização
baixo alto baixo
características da organização
orgânica mecanicísta orgânica
FIGURA 9 - COMPARAÇÃO DE TECNOLOGIA VERSUS FORMAS ORGANIZACIONAIS
FONTE: BASEADO EM WOODWARD (1977)
Possivelmente a pesquisa de Woodward (1977, p.81) realizada nos dias atuais,
onde foram introduzidas novas tecnologias de produção integradas ao
computador, obteria resultados diferentes, mas o importante é destacarmos a
conclusão que ela chegou de que “tecnologias diferentes impõem diferentes tipos
de demandas sobre as pessoas e sobre a organizações, e essas demandas têm
de ser satisfeitas mediante uma estrutura apropriada”.
Outro ponto importante na pesquisa de Woodward, foi a correlação que ela fez
entre tecnologia, estrutura e sucesso, concluindo que as empresas com melhores
resultados dentro dos grupos de complexidade técnica, eram as que guardavam
79
coerência entre a tecnologia e a estrutura. As empresas de produção unitária com
estruturas mais orgânicas ou as empresas de produção de massa com estruturas
mais mecanicísta tendiam e a ter mais sucesso do que as empresas de seu grupo
de complexidade técnica que se afastavam muito destas características
estruturais de seu grupo.
Em termos de tecnologia podemos destacar três processo que integrados estão
causando grandes mudanças, que são os processos de automação do controle
administrativo/gestão, os processo de fabricação assistida por computador e os
processos de projeto assistido por computador.
Mas segundo Daft (1999, p.85) “a tecnologia sozinha não pode proporcionar às
organizações os benefícios da flexibilidade, qualidade, produção crescente e
maior satisfação do cliente.”. E Daft ainda cita várias pesquisas recentes que
demonstram que os processos integrados ao computador podem virar um peso
competitivo em vez de uma vantagem, a menos que as estruturas organizacionais
e os processos gerenciais sejam reformulados para tirar proveito da nova
tecnologia.
A produção integrada ao computador pode ajudar as empresas a ser mais
competitivas se a alta administração assumir o compromisso de implementar
novas estruturas e processos que proporcionem empowerment aos trabalhadores
e dêem suporte a um ambiente de aprendizagem e de criação de conhecimento.
O conhecimento da natureza da tecnologia de serviços auxilia os gerentes a
alinhar a estratégia, a estrutura e os processos de gerência que podem ser
80
inteiramente diferentes daqueles de uma tecnologia tradicional ou baseada no
produto.
2.3.7.4.3 Tecnologia entre as áreas
Toda organização complexa tem áreas, departamentos e ou funções de
engenharia, P&D, recursos humanos, propaganda, controle de qualidade,
finanças e dezenas de outras funções. Cada área utiliza um nível de tecnologia
diferente da outra.
Para analisarmos as organizações complexas em suas diversas áreas seria
interessante buscarmos um modelo que nos auxilie a verificar as diferenças
tecnológicas entre elas e em contrapartida suas necessidades estruturais.
O modelo em questão foi retirado de Charles Perrow (1972), onde ele define duas
dimensões: o grau de variedade e a capacidade de análise.
O grau de excepcionalidade se refere à freqüência de eventos inesperados ou
novos que ocorrem no processo de trabalho. Quando as pessoas encontram um
grande número de situações inesperadas, com problemas freqüentes, a variedade
é considerada grande. Quando existem poucos problemas, e os requisitos do
trabalho do dia-a-dia são repetitivos, a tecnologia tem variedade pequena. A
variedade nos departamentos pode ir desde a repetição de uma única ação, como
81
numa linha de montagem, até trabalhar numa série de problemas ou projetos sem
relação entre si.
A Capacidade de análise se refere à possibilidade de o trabalho pode ser
reduzido a etapas mecânicas e os participantes podem seguir um procedimento
computacional objetivo para resolver problemas. A solução de problemas pode
incluir a utilização de procedimentos padronizados, como instruções e manuais,
ou de conhecimento técnico, como o de um livro ou de um guia. Por outro lado,
alguns trabalhos não são analisáveis. Quando surgem problemas, é difícil identificar a
solução correta. Não existe um estoque de técnicas ou procedimentos que digam a uma
pessoa exatamente o que fazer. A causa ou a solução de um problema não é
clara, de modo que os empregados confiam na experiência acumulada, na
intuição e no bom senso.
As dimensões de grau excepcionalidade e capacidade de análise formam a base
para quatro grandes categorias de tecnologias: rotineira, de ofícios, de engenharia
e não-rotineira.
As tecnologias rotineiras são caracterizadas por pequena excepcionalidade de
tarefas e utilização de procedimentos claramente definidos. As tarefas são
formalizadas e padronizadas. Podemos exemplificar citando o trabalho do
atendente em uma cadeia de fast food.
As tecnologias artesanais se caracterizam por um fluxo estável de atividades, mas
com o processo pouco analisável ou bem compreendido. As tarefas exigem
82
grande treinamento e experiência porque os empregados agem com base no
conhecimento, intuição e experiência.
As tecnologias de engenharia tendem a ser complexas porque existe uma grande
variedade de atividades executada, entretanto as diversas atividades geralmente
são realizadas com base em fórmulas, procedimentos e técnicas estabelecidas. O
empregados normalmente consultam um corpo de conhecimento bem
desenvolvido para tratar os problemas. As tarefas de engenharia e de
contabilidade geralmente se enquadram nessa categoria.
As tecnologias não-rotineiras têm uma grande variedade de tarefas e o processo
de conversão não é analisável ou bem compreendido. Nesse tipo de tecnologia,
um grande esforço é dedicado à análise de problemas e atividades. A experiência
e o conhecimento técnico são utilizados para solucionar problemas e executar o
trabalho. A pesquisa básica, o planejamento estratégico e outros trabalhos que
envolvem novos projetos e problemas inesperados são não-rotineiros.
Tecnologias
pouca Artesanal Não-rotineira
muita Rotineira Engenharia
Baixo Elevado
Cap
acid
ade
de a
nális
e
Grau Excepcionalidade
FIGURA 11 - COMPARAÇÃO ENTRE TECNOLOGIAS
FONTE: DAFT(1999, P.75)
83
Depois de identificada a tecnologia da área poderia partir para desenhar a
estrutura adequada. Determinada tecnologia utilizada por uma área geralmente
exige alguns tipos de componentes organizacionais específicos seja em termos
de comunicação, nível de treinamento dos empregados.
FIGURA 12 - TIPOS DE TECNOLOGIAS VERSUS TIPOS DE ORGANIZAÇÃO
FONTE: DAFT (1999, P. 90)
Dependendo do tipo de tecnologia da área, essa seguirá um modelo mais
burocrático ou orgânico em termos de: formalização, centralização, qualificação
de pessoal, abrangência do controle e comunicação.
Artesanal Não-Rotineira
Rotineira Engenharia
1.1.1 Burocrática Alta formalização Alta centralização Pouco treinamento ou experiência Ampla abrangência Comunicações verticais e escritas
1.1.2 Orgânica/Burocrática Formalização Centralização Qualificações de pessoal Abragência do controle Comunicações e Coordenação
1.1.3 Predominantemente Burocrática
Formalização moderada Centralização moderada Treinamento formal Abrangência moderada Comunicações escritas e verbais
1.1.4 Orgânica Baixa formalização Baixa centralização Treinamento e experiência Abrangência moderada a estreita Comunicações horizontais, reuniões
1.1.5 Predominantemente Orgânica
Formalização Moderada Centralização moderada Experiência de trabalho Abrangência moderada a ampla Comunicações horizontais e verbais
84
Na tecnologia não-rotineira a formalização é baixa, ou seja, poucas atividades são
previstas por normas o procedimentos formais, em contrapartida a tecnologia
rotineira tem uma formalização alta.
Essas diferenças entre as tecnologias poderão ser sinteticamente observadas na
figura 8, adaptada de Daft.
Tecnologias avançadas de informação têm afetado profundamente a forma de
trabalho nas organizações, entre varias aplicações podemos destacar: os
sistemas de informações gerenciais, os sistemas de groupware e os sistemas de
automação do fluxo de trabalho.
As principais implicações em termos de gestão seriam: maior participação nas
decisões, tomada de decisão mais rápida e melhor obtenção e distribuição de
informações organizacionais, inclusive identificação mais rápida de problemas e
oportunidades.
Com essas implicações em termos de gestão o projeto da organização pode sofre
alterações possibilitando estruturas mais achatada diminuindo os números de
níveis hierárquicos, flexibiliza o movimento de centralizar o descentralizar a
organização, permite uma melhor coordenação mesmo com grandes distâncias
geográficas e aumenta a necessidade de profissionalização dos empregados.
85
Podemos destacar também que a tecnologia de informação teve um grande
avanço com a Internet que permitiu uma maior participação nas decisões e na
melhora na distribuição de informações.
86
2.3.7.5 Dimensão ou Tamanho
2.3.7.5.1 Conceito de Dimensão
Podemos caracterizar a dimensão como sendo o tamanho da organização que
pode ser medido pelos números de unidades organizacionais, tamanho e
variedade de mercados de atuação, volume de vendas, o número de empregados
etc..
2.3.7.5.2 Tamanho das Organizações
A discussão sobre dimensão ou tamanho da organização tem recebido atenção
de alguns especialistas de administração e na imprensa em geral, torna-se assim
importante destacarmos as características, vantagens e desvantagens das
grandes organizações em relação as pequenas organizações.
Reunimos de diversos autores as seguintes vantagens das grandes organizações:
tem grande capacidade de economia de escala em nível global, conseguem maior
poder de barganha junto a fornecedores, conseguem desenvolver fornecedores
mundialmente, tem grande capacidade de investimento em pesquisa e
desenvolvimento.
Mais em contrapartida em termos estruturais e de gestão podemos destacar as
seguintes desvantagens: o processo de padronização para ganhos de escala leva
geralmente a um extremo e complexo processo burocrático, a estrutura aumenta
87
em termos verticais criando um grande número de níveis hierárquicos e gerando
dificuldades no processo decisório e de comunicação.
Podemos destacar as seguintes vantagens das empresas pequenas: tem
capacidade de reagir rapidamente às necessidades de mudança do mercado,
conseguem detectar e melhor atender nichos de mercado neglicenciado pelas
grandes organizações.
Uma alternativa seria o que alguns autores e executivos com Jack Welch chamam
de “híbrido grande empresa/pequena empresa”, que seria a busca de conciliar as
vantagens inerentes as grandes organizações citadas acima, com a flexibilidade
que a estrutura e a gestão de pequenas organizações.
2.3.7.5.3 Dimensão versus Características Estruturais
O tamanho da organização é um fator de vital importância para definição do tipo
de estrutura, para Daft (1999, p.111) o tamanho influência diretamente em três
fatores:
“A formalização,..., refere-se às normas, procedimentos e documentação escrita,
como manuais de políticas e descrições de cargos, que determinam os direitos e
deveres dos funcionários. A evidencia confirma a hipótese de que as grandes
organizações são mais formalizadas. O motivo disso é que as grandes
organizações apoiam-se em normas, procedimentos e documentação para atingir
a padronização e o controle de seus numerosos funcionários e departamentos,
88
enquanto dirigentes de uma organização pequena podem utilizar a observação
pessoal para controlar....”
“A centralização refere-se ao nível da hierarquia com autoridade para tomar
decisões. Nas organizações centralizadas, as decisões tendem a ser tomadas no
topo.... Assim as pesquisas sobre tamanho de organizações indicam que as
maiores organizações permitem maior descentralização....”
“A complexidade refere-se tanto ao número de níveis da hierarquia (complexidade
vertical) quanto ao número de departamentos ou cargos (complexidade
horizontal). Grandes organizações apresentam um padrão definido de maior
complexidade.”
Por outro lado, Mintzberg (1995) relaciona 3 hipóteses relacionadas ao tamanho
da organização e sua estrutura:
Hipótese 1 – quanto maior a organização, mais elaborada é a estrutura – quer
dizer, suas tarefas são mais especializadas, suas unidades mais diferenciadas e
seus componentes administrativos mais desenvolvidos.
Hipótese 2 – quanto maior a organização, maior o tamanho médio de suas
unidades.
Hipótese 3 – quanto maior for a organização, mais formalizado será seu
comportamento.
89
FIGURA 13 – DIAGRAMA DOS CAMINHOS SEGUIDOS PELAS RELAÇÕES ENTRE AS
DIMENSÕES DA ORGANIZAÇÃO E SUA ESTRUTURA
FONTE: MINTZBERG (1995, P. 130)
2.3.7.6 Estrutura
2.3.7.6.1 Conceito de Estrutura
Para Daft (1999, p.133) “a estrutura de uma organização reflete-se em seu
organograma. Esse diagrama é a representação visível de um conjunto completo
de atividades e processos subjacentes de uma organização.”
Para Mintzberg (1995, p.10) “a estrutura de uma organização pode ser
simplesmente definida como a soma total das maneiras pelas quais o trabalho é
dividido em tarefas distintas e como é feita a coordenação entre essas tarefas.”
90
A norma NBR ISO 8402/1994 define como “responsabilidades, vinculações
hierárquicas e relacionamentos, configurados segundo um modelo, através do
qual uma organização executa suas funções”.
A norma ISO/DIS 9000 “orderly arrangement of responsibilities, authorities and
relationships between people.”
Para Stoner (195, p.178) “A estrutura organizacional pode ser definida como a
disposição e a inter-relação entre as partes componentes e os cargos de uma
empresa. A estrutura de uma organização especifica sua divisão das atividades
do trabalho e mostra como funções ou atividades diferentes estão interligadas; em
certo sentido também mostra o nível de especialização das atividades do
trabalho. Também indica a estrutura de hierarquia e de autoridade da
organização, mostrando suas relações de subordinação.”
Para uso neste trabalho definiremos que a estrutura organizacional estará em
parte representada através do seu organograma. A estrutura deverá refletir o
processo hierárquico com as possíveis subordinações, os níveis hierárquicos e a
abrangência de comando; o agrupamento das atividades e pessoas e o processo
de comunicação, coordenação e integração.
A estrutura organizacional será fortemente influenciada pelas variáveis
contextuais apresentadas nos tópicos anteriores e estas se influenciam
mutuamente.
91
2.3.7.6.2 Conceito de Organograma
Stoner (1985, p.180) diz que “para mostrar a estrutura da organização, os
administradores normalmente fazem um organograma, que diagrama as funções,
os departamentos ou os cargos da organização e mostra como eles se
relacionam”.
Representação gráfica que apresenta as subordinações, níveis hierárquicos,
abrangência de comando, e os agrupamentos de atividades e ou processos de
uma organização.
2.3.7.6.3 Tipos de Estrutura
O projeto estrutural de organização deverá atender as estratégias definidas pela
organização, como abordamos anteriormente, e por conseqüência terá um tipo
mais adequado de estrutura.
Os tipos de estruturas mais encontrados na bibliografia que pesquisamos são:
funcional, divisional, híbrida e matricial.
2.3.7.6.3.1 Funcional
Hampton (1981, p.236) cita que “a estrutura organizacional divide as unidades
empresariais de modo que cada unidade tenha um conjunto de deveres e
responsabilidades não semelhantes. Tipicamente, em uma empresa industrial,
92
isto significa que engenharia, produção e vendas seriam departamentos
separados, cada um dos quais lidando com todos os produtos da empresa.”
O tipo de estrutura funcional é uma forma de agrupar funções, processos e ou
conhecimentos e habilidades similares em uma mesma unidade organizacional.
FIGURA 14 - ESTRUTURA FUNCIONAL
FONTE: BASEADO EM GALBRAITH E LAWLER III (1995)
Vantagens da Estrutura Funcional
Hampton(1981, p. 236) cita basicamente duas vantagens na estrutura funcional, o
reforço eficiente da especialidade técnica e a capacidade de produzir produtos
melhores que empresas que tem agrupamentos estruturais por produto.
Segundo Stoner (1985, p. 182) as vantagens seriam a utilização eficiente de
recursos especializados, a facilidade de supervisão, pois existe uma pequena
variação de especialização e qualificação, adaptada a um ambiente estável,
promove o desenvolvimento da especialização, exige um mínimo de coordenação
interna e exige menos capacidade de relacionamento pessoal.
Para Daft(1999, p. 142) os pontos fortes são possibilidade de economia de escala
dentro dos departamentos funcionais, capacita o desenvolvimento de habilidades
Presidente
ComercializaçãoR.H. Produção Financeiro
93
mais abrangentes, possibilita que a organização alcance as metas funcionais, é
melhor nas organizações
Tanto para Stoner como para Daft a estrutura funcional é mais aplicada em
pequenas e médias organizações com apenas um ou poucos produtos.
Desvantagens da Estrutura Funcional
Hampton (1981, p. 237) destaca a seguinte desvantagem para a estrutura
funcional:
“As estruturas funcionais tendem a dar menor ênfase à
cooperação interdepartamental. Elas criam fronteiras entre os
departamentos. E sempre que urna atividade requeira urna
cooperação urgente entre departamentos, essa fronteira pode
ficar muito semelhante ao Muro de Berlim. Isto acontece porque a
alta administração estabelece padrões de desempenho e
orçamentos para cada departamento individual e em uma
estrutura funcional, a alta administração está normalmente
inclinada para avaliar cada departamento segundo o modo como
ele atinge os seus padrões e cumpre os orçamentos. Os gerentes
dos departamentos dão-se conta disto e concentram os seus
esforços no sentido de cumprimento com estes requisitos, em vez
de reagirem às necessidades dos clientes da empresa.”
94
Segundo Stoner (1985, p. 182) as desvantagens são a resposta lenta nas
grandes organizações, provoca pontos de estrangulamento devido à execução
seqüencial das tarefas, menos inovadora, pode provocar conflitos de prioridades
de produtos e voltada para subtarefas.
Para Daft(1999, p.142) os pontos fracos são resposta lenta às modificações
ambientais, pode fazer com que as decisões se acumulem nos níveis mais
elevados, leva à má coordenação horizontal entre os departamentos, resulta em
menos inovações, envolve uma visão restrita das metas organizacionais.
2.3.7.6.3.2 Divisional
Daft (1999, p.140-143) separa a definição de estrutura divisional da geográfica,
sendo a primeira “significa que as pessoas são organizadas de acordo com o que
a organização produz” ou “de forma genérica para algo que às vezes é chamado
de estrutura de produto ou unidades estratégicas de atividades”, para a segunda
ele usa para agrupamento organizacional por cidade, estado, região, país e etc.
Tanto Stoner (1985) como Hampton (1983) dividem a estrutura divisional em três
tipos: por produto que agrupa as unidades com base nos produtos, geográfica
que divide as unidades com base em elementos territoriais e por clientela que
95
divide as unidades de modo que cada uma atenda um cliente ou grupo de clientes
diferentes.
Usaremos neste trabalho um conceito mais amplo de estrutura divisional, como
sendo uma forma de agrupar de acordo com o mercado, cliente, produto,
geograficamente ou por negócio.
FIGURA 15 - ESTRUTURA DIVISIONAL
FONTE: BASEADO EM GALBRAITH E LAWLER III (1995)
Geralmente a estrutura divisional geográfica é utilizada por empresas de grande
porte com abrangência nacional em países de grandes extensão geográfica e por
empresas multinacionais.
Na estrutura divisional que grande agrupamento organizacional pode ter
internamente uma estrutura funcional para atender suas necessidades de RH,
P&D etc.
Vantagens da Estrutura Divisional
Para Hampton (1983, p.239) as estruturas por produto aumentam a possibilidade
de identificar responsabilidade por resultados, melhora o cumprimento de
Presidente
Div. Produto CDiv. Produto A Div. Produto B Div. Produto D
96
cronogramas e do controle de custos, facilita a inovação. Hampton ainda destaca
que “Estas vantagens incluem maior cooperação entre especialistas e
concentração dos seus esforços combinados no desempenho da empresa, isto é,
a lucratividade de um produto.”
Para Daft (1999) a estrutura divisional tem as seguintes vantagens: adequada
para rápidas mudanças em ambiente instável, leva à satisfação do cliente porque
a responsabilidade sobre os produtos e os pontos de contatos é clara, envolve
grande coordenação entre as funções, permite que as unidades se adaptem às
diferenças em produtos, regiões e clientes e descentraliza a tomada de decisões.
Segundo Stoner (1985, p.184) a estrutura divisional tem a vantagem de se
adaptar rapidamente a mudança, permite muita visibilidade dos produtos, permite
uma concentração em tempo integral nas tarefas, define claramente as
responsabilidades e permite a execução paralela de muitas tarefas.
Desvantagens da Estrutura Divisional
Para Hampton (1983, p.240) são duas as desvantagens na estrutura divisional por
produto, “..paracem ser uma excelência técnica diminuída em várias
especialidades funcionais e um provável aumento da insegurança dos
funcionários.”
Stoner destaca as seguintes desvantagens: promove a política na alocação dos
recursos, não promove a coordenação das atividades, restringe a solução dos
97
problemas às necessidades das tarefas, permite a diminuição de capacidades
aprofundadas, cria conflitos entre tarefas e prioridades.
Para Daft os pontos fracos são: elimina a economia de escala nos departamentos
funcionais, leva à má coordenação entre as linhas de produtos, elimina a
competência e a especialização técnica mais abrangente e dificulta a integração e
a padronização entre as linhas de produtos.
2.3.7.6.3.3 Híbrida
Para Daft (1999, p.145) a estrutura híbrida é “... multifocalizada no sentido de que
os produtos e as funções, ou os produtos e a geografia, são priorizados
simultaneamente.”
Geralmente em grandes organizações são encontrados diversos tipos de
estrutura convivendo simultaneamente como destaca Hampton (1983, p. 246),
“especialmente para grandes organizações é de se esperar encontrar
praticamente quase todos os tipos de estruturas organizacionais.”
O tipo de estrutura Híbrida é possuir na mesma organização a uma agrupamento
funcional e divisional.
98
FIGURA 16 - ESTRUTURA HÍBRIDA
FONTE: BASEADO EM GALBRAITH E LAWLER III (1995)
2.3.7.6.3.4 Matricial
Segundo Stoner (1985, p.185) “numa estrutura matricial, os empregados têm
como efeito, dois chefes – quer dizer, estão sob dupla autoridade.... Por isso, a
estrutura matricial é, muitas vezes, chamada de “sistema de comando múltiplo.”
O tipo de estrutura matricial é uma forma de agrupar combinando as caraterísticas
da funcional com as características da divisional, onde existe dupla subordinação
dos empregados tanto para com a hierarquia funcional como para a divisional.
Presidente
ComercializaçãoR.H. Produção Financeiro
Div. Produto CDiv. Produto A Div. Produto B Div. Produto D
99
FIGURA 17 - ESTRUTURA MATRICIAL
FONTE: BASEADO EM GALBRAITH E LAWLER III (1995)
Vantagens da Estrutura Matricial
Para Stoner (1985, p. 186) as vantagens são: maior flexibilidade da organização,
estimula a cooperação interdisciplinar, envolve, motiva e desafia as pessoas,
desenvolve as qualificações dos empregados e libera a direção para o
planejamento.
Os pontos fortes da estrutura matricial para Daft (1999,p.151) são o de permitir a
coordenação necessária para atender as duplas demandas do ambiente, facilitar
um compartilhamento flexível de recursos humanos entre produtos, ser mais
adequada para decisões complexas e modificações freqüentes em ambientes
instáveis e proporcionar oportunidades para o desenvolvimento de habilidades
funcionais e de produto.
Presidente
ComercializaçãoR.H. Produção Financeiro
Div. Produto C
Div. Produto A
Div. Produto B
Div. Produto D
100
Desvantagens da Estrutura Matricial
São três as desvantagens que Hampton (1983, p. 246) destaca:
“Tendência para a anarquia – confusão sobre quem deve
obedecer a quem e um sentimento resultante de não obedecer a
ninguém;
Disputas excessivas sobre poder – os gerentes de produto e
funcionais lutando pela supremacia;
“Grupite” – excesso de reuniões e muitas tomadas de decisão em
grupo, a ponto de envolver os participantes em detalhes sem
importância e inúteis, desconhecidos dos mesmos.”
Para Stoner (1985, p. 186) a estrutura matricial leva a um risco de criar um
ambiente de anarquia, estimula as lutas pelo poder, pode provocar mais
discussão do que ação e é de implantação clara.
2.3.7.6.4 Características Organizacionais Associadas
Segundo Daft (1999, p.141), cada tipo de estrutura está mais associada a um
grupo de características organizacionais.
101
Dimensões Contextuais
Ambiente Tecnologia Tamanho Estratégia,
metas
Funcional baixa incerteza ,
estável
rotineira , de baixa
interdependência
pequena , média eficiência
interna ,
qualidade
técnica
Divisional Incerteza
moderada a alta ,
mutável
Não rotineira , de
alta
interdependência
entre os
departamentos
Grande Eficiência
externa e
satisfação do
cliente
Híbrida Incerteza
moderada a alta,
mutáveis
demandas dos
clientes
Rotineira ou não,
com alguma
interdependência
entre as funções
Grande Eficácia
externa e
adaptação
com eficiência
em algumas
funções
Matricial Alta incerteza Não rotineira,
muitas
interdependências
Médio porte,
poucas linhas de
produtos
Inovação de
produtos e
especializaçã
o técnica
Tipo de estrutura associada as dimensões contextuais
Fonte: Daft (1999, p.1410)
Tip
os d
e E
stru
tura
102
3 A PETROBRAS
3.1 Breve história do surgimento da PETROBRAS
Segundo informações colhidas da Home page da PETROBRAS, foi nos Estados
Unidos que a indústria do petróleo começou sua fase realmente comercial, por
volta do ano de 1859, e poucos anos depois já apareceram dezenas de pequenas
companhias petrolíferas.
De acordo com Dias (1993) o petróleo foi descoberto pela primeira vez no Brasil
em 1939, na região de Lobato, Bahia. Anteriormente a esta descoberta foi criado
o Conselho Nacional de Petróleo (CNP) e decretado também a propriedade
estatal das jazidas de petróleo e do parque de refino. Mas a consolidação desse
processo começou na década de 50 com o movimento do “petróleo é nosso”.
A PETROBRAS foi criada em 3 de outubro de 1953, através da Lei 2.004, dando
inicio de suas atividades através de um acervo recebido do antigo Conselho
Nacional do Petróleo (CNP). É importante destacar que a PETROBRAS nasce
sobre uma bandeira nacionalista.
Em 1974, é realizada a descoberta de óleo na Bacia de Campos, que
posteriormente se tornou a maior área petrolífera do país, e onde foi aplicada
tecnologia de ponta, em termos internacionais, de exploração e produção em
águas profundas.
103
Os campos de Garoupa, Namorado, Anchova, Pampo e Badejo entram em
atividade em 1981, fazendo um total de 54% da produção marítima do Pais.
FIGURA 18 - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO EM ÁGUAS PROFUNDAS
FONTE: WWW.PETROBRAS.COM.BR – MARÇO/1999
No art 177 da Constituição Federal de 1988 é garantido o monopólio da União
sobre pesquisa e lavra de jazidas de hidrocarbonetos fluidos, o refino de petróleo
nacional ou estrangeiro, a importação e exportação de petróleo e seus derivados
básicos, assim como o transporte marítimo e por dutos de petróleo e seus
derivados, sendo a PETROBRAS a única executora do monopólio da União.
A produção de petróleo sai do patamar de 2500 barris por dia em 1954, para
1.000.000 barris por dia em 1997, com um investimento aproximado nesse
período na ordem de US$ 94 bilhões, dos quais US$ 83 bilhões com recursos
próprios.
Em 6 de agosto de 1997 é sancionada a Lei nº 9478, que “dispõe sobre a política
energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o
104
Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá
outras providências”, esta lei quebrou o monopólio da Petrobras.
3.2 Dimensões Contextuais da PETROBRAS
3.2.1 Missão e Visão da PETROBRAS
A Petrobras tem sua missão e sua visão para 2010 estabelecidas no
Planejamento Estratégico:
Missão:
“Atuar de forma rentável nas atividades da indústria de óleo e
gás, e nos negócios relacionados, nos mercados nacional e
internacional, fornecendo produtos e serviços de qualidade,
respeitando o meio ambiente, considerando os interesses dos
seus acionistas, e contribuindo para o desenvolvimento do País
Visão:
“A Petrobras será uma empresa de energia com atuação
internacional e líder na América Latina, com grande foco em
serviços e a liberdade de atuação de uma corporação
internacional”
3.2.1.1 Estratégia da Petrobras
105
As estratégias da Petrobras vêm evoluindo desde a década de 50, tendo
atualmente uma estratégia focada na competitividade e na rentabilidade para os
ativos do acionista.
No Planejamento Estratégico da Petrobras aparece também uma evolução
histórica dos desafios e das estratégias que destacamos abaixo:
- Na década de 50 o desafio era criar e implantar a Petrobras e por
conseqüência a estratégia era formar pessoas para a base de conhecimento
da indústria;
- Na década de 60 o desafio foi de tornar-se auto-suficiente em derivados de
petróleo e por conseqüência a estratégia era implantar a indústria de refino no
País;
- Na década de 70 o desafio foi minimizar a vulnerabilidade do País em relação
à fontes externas de suprimento e o equilíbrio do balanço de pagamentos
tendo a Estratégia de incrementar a capacidade de refino, terminais e dutos,
iniciando a exploração e produção de óleo offshore;
- Na década de 80 o desafio foi produzir 500 mil barris por dia e por
conseqüência a estratégia foi desenvolver tecnologia e produzir petróleo em
águas profundas;
- Na década de 90 o desafio foi desenvolver a produção das descobertas de
campos gigantes em águas profundas levando a estratégia de produzir
106
petróleo na Bacia de Campos e adequar as refinarias para processar petróleo
pesado;
- Para a próximos cinco anos o Desafio 2005 será de valorizar os ativos do
acionista e suas fontes de receita num cenário de abertura de mercado e
conseqüentemente a estratégia será de consolidar a liderança no mercado
brasileiro de petróleo, dentro das novas regras de concorrência do setor e
expandir a atuação internacional.
3.2.2 O Ambiente de Atuação da Petrobras
3.2.2.1 Setor Industrial
3.2.2.1.1 Concorrentes
A Petrobras esta saindo de uma situação de monopólio do mercado de
exploração, produção, refino, comercialização, importação e distribuição
(excluindo postos de gasolina) de petróleo e derivados, para uma situação de livre
concorrência, em virtude da Lei 9478 citada anteriormente.
Segundo reportagem da revista Exame3, “hoje, a exploração de petróleo no país é
uma tarefa entregue a 35 novas empresas – 29 estrangeiras e 6 brasileiras.”
3 Revista Exame. Você ainda Não Viu Nada. 10 de janeiro de 2001, p.44.
107
No mercado interno a concorrência em termos de distribuição de combustíveis
automotivos e de aviação, é feita próprios clientes4 e estes são em muitos casos
grandes conglomerados internacionais da industria do petróleo.
3.2.2.1.2 Tamanho e Competitividade da Industria
A industria de petróleo em termos internacionais tem sido ultimamente marcada
por um processo de fusões e aquisições5, tornando um mercado com um número
de participantes (payers) menor e de grande porte.
No mercado nacional estão sendo prevista novas concorrências para exploração
e produção de petróleo em áreas demarcadas pela ANP6, com possíveis entrada
de novas empresas no mercado.
3.2.2.1.3 Industrias Relacionadas
As industrias relacionadas são automotiva, metalúrgica, cerâmica, siderurgia,
transporte mercantil, química fina, químico-farmacêutica entre outras, isso faz
com que o ambiente de atuação da Petrobras seja complexo.
4 Ver Clientes capítulo 4 item 4.2.2.3.2
5 Ver anexo 7
6 Ver anexo 7
108
3.2.2.2 Setor de matérias-primas
Nos concentraremos no petróleo cru que é a maior matéria prima da Petrobras,
que segundo quadro da ANP7, a maior importação foi feita de países como a
Argélia, Nigéria, Arábia Saudita e Argentina, respectivamente em termos de
volume.
Mas de acordo com o gráfico abaixo, baseado nos anexos 2 e 3 em 1999 houve
um crescimento da produção nacional de petróleo em torno de 12% e em
contrapartida uma diminuição da importação de petróleo na ordem de 11%,
diminuindo a dependência de matéria prima, ou seja, o volume de óleo cru
importado representou em torno 30% do total.
Gráfico: Evolução da Produção Nacional e Importação de Petróleo Fonte: ANP – Terceiro Anuário Estatístico da Indústria Brasileira de Petróleo
7 Ver Anexo 2
0
400
800
1.200
1.600
2.000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
Ano
103 b
arri
s/d
ia
Importação
Produção
109
Destacamos abaixo, trecho da sinopse do Terceiro Anuário Estatístico da
Indústria Brasileira de Petróleo, que destaca a posição da Petrobras em no
ranking mundial de produção de petróleo e o aumento da produção nacional:
No ano de 1999, a produção mundial alcançou 71,5 milhões de
barris/dia, 2,4% inferior àquela de 1998. Esta queda decorreu,
principalmente, do corte na produção realizado pelos países-
membros da OPEP que, ao contrário do ocorrido em 1998, foi
respeitado por todos os membros da organização. A participação
dos países da OPEP, no total mundial produzido, representou
40,9% e a participação do Oriente Médio foi de 30,4% do total
produzido.
A produção nacional, incluindo os líquidos de gás natural – LGN,
alcançou 1,1 milhão barris/dia, em 1999, apresentando um
crescimento de 13,0% sobre a produção de 1998. Desta forma, o
Brasil alcançou a 18ª posição no mercado internacional de
produtores de petróleo.
A produção nacional concentrou-se na extração offshore,
responsável por 81,0% do total produzido. O estado do Rio de
Janeiro foi o maior produtor, com 94,9% do total offshore e 76,8%
do total nacional. O Rio Grande do Norte foi o maior produtor
onshore, com 39,5% de toda produção em terra e 7,5% da
produção total brasileira.
110
O aumento da produção nacional contribuiu para a redução da
participação do petróleo importado nas refinarias nacionais,
passando de 36,6%, em 1998, para 28,9%, em 1999.
3.2.2.3 Mercado
O mercado da Petrobras e extremamente amplo e complexo e virtude do grande
número de clientes e de produtos produzidos, cujos principais são: gás
combustível, gás liqüefeito, gasolina de aviação, gasolina automotiva, MTBE,
querosene de aviação, querosene de iluminação, óleo diesel, óleos combustíveis,
coque verde, gás residual, solventes, naftas, gasóleo petroquímico, óleos
lubrificantes, óleos isolantes, graxas, parafinas, resíduos aromático e asfáltico,
asfaltos e fertilizantes.
3.2.2.3.1 Participação no Mercado
Apesar da perda do monopólio a Petrobras ainda detém quase 100% do mercado
de produção e refino de petróleo, de acordo com a reportagem do jornal O Estado
de São Paulo8, “a estatal criada por Getúlio Vargas ainda domina 99,7% da
produção de petróleo e 98% de refino do produto no País”.
3.2.2.3.2 Clientes
8 Ver anexo 1
111
Em virtude do grande número de produtos isso reflete em um grande número de
clientes diretos e indiretos, citaremos que os principais clientes9 diretos são as
grandes distribuidoras Shell, Esso, Ipiranga, Texaco e a própria BR distribuidoras
para combustíveis de uma forma geral seja automotivos ou para aviação e as
distribuidoras de gás natural.
Gráfico: vendas de derivados de petróleo em 1999
Fonte: ANP – Terceiro Anuário Estatístico da Indústria Brasileira de Petróleo
3.2.2.4 Mudanças ambientais
Como a IBM que sofreu uma grande mudança em seu mercado, como citamos
anteriormente, a PETROBRAS está vivendo momentos de grandes mudanças no
seu mercado. Essas mudanças vão exigir um novo comportamento da
organização em termos de qualidade e tempo de resposta.
Destacamos, abaixo, as principais mudanças ambientais sofridas pelas Petrobras:
9 Ver anexo 5 Lista completa de distribuidoras
Vendas totais:88.726 x 103 m3
Óleo Diesel40%
Gasolina Automotiva
26%
Outros 1
3%Querosene de Aviação
5%Óleo
Combustível12%
GLP14%
112
§ Criação da Agencia Nacional de Petróleo – ANP;
§ Entrada de novas empresas de exploração e produção de petróleo;
§ Criação de uma subsidiária de Transporte a Transpetro permitindo o livre
acesso a sua infra-estrutura de transporte de petróleo e derivado;
§ Abertura para importação de petróleo e derivados por outras companhias;
§ A execução de parcerias em exploração, produção, refino e distribuição de
petroleo e derivados com outras companhias;
§ Pressões crescentes da sociedade em termos de meio ambiente em virtude de
dois grande vazamentos.
3.2.3 Tecnologia da Petrobras
“A Petrobras é líder mundial em exploração em águas profundas.
Em 1992, a Companhia recebeu o prêmio da Offshore
Technology Conference (OTC), reconhecimento internacional à
tecnologia na produção até os dois mil metros de profundidade.
Dois anos depois, bateu o recorde mundial com produção em
lâmina d'água de 1.027 metros. Hoje, a Petrobras mantêm a
liderança na produção de petróleo em águas profundas
produzindo a 1.853 metros, no campo de Roncador.”
Este texto retirado da homepage da Petrobras10, mostra que a Petrobras alcançou
um patamar de excelência em tecnologia de exploração e produção em águas
10 www.petrobras.com.br/tecnologia (03/2001)
113
profundas, fato decisivo para o desenvolvimento da empresa tendo em vista que a
maiores reservas do País se encontra nessas condições.
É importante destacar que a Petrobras tem feito grandes investimentos em
tecnologia e para exemplicar em termos de mudança tecnológica que causaram
grande impacto organizacional, podemos destacar três programas, o Programa de
Recuperação Avançada de Petróleo (PRAVAP), o Programa de Capacitação
Tecnológica em Sistemas de Exploração para Águas Profundas (PROCAP) e o
Programa de Desenvolvimento de Tecnologias Estratégicas de Refino (PROTER).
Especificamente o PROTER segundo texto contido na homepage pretende, em
seis anos - de 1995 a 2001 - gerar uma redução de custos de cerca de US$ 1
bilhão. E tem como objetivo conciliar a crescente produção petróleos pesados,
produzidos na Bacia de Campos, com a necessidade de aumentar a produção de
óleo diesel e gasolina disponíveis no mercado brasileiro, ou seja, o programa tem
o objetivo de ao mesmo tempo, atender à demanda da sociedade por produtos de
melhor qualidade, desenvolver novas rotas tecnológicas procurando reduzir o
volume de investimentos necessário, aumentar a margem de refino e,
consequentemente, os ganhos resultantes da maximização da conversão de
resíduos.
114
Eduardo Falabella11 define a industria do Petróleo em termos de downstream com
sendo uma “indústria complexa, dinâmica e de capital intensivo que, mediante
processamento em unidades, transforma o petróleo nos derivados necessários à
demanda do mercado consumidor. É Complexa porque inclui grande número de
processos interdependentes, é dinâmica porque evolui constantemente para
acompanhar a demanda quantitativa e qualitativa do mercado de derivados e é de
capital intensivo porque requer alocação de grandes recursos para implantação”.
Podemos confirmar a afirmação acima através dos valores previstos de
investimentos12 para os próximos 4 anos, que são da ordem total de U$ 29
bilhões sendo de U$4,3 bilhões para o Downstream, distribuídos em 37% no
aumento da qualidade do diesel e da gasolina, 34% para ampliar a conversão de
produtos pesados em produtos de maior valor, 10% no aumento da automação
conforme padrões internacionais.
11 CD Rom com a apresentação do Seminário de Downstream – Distribuição e Comercialização de
Derivados. Rio de Janeiro, 29 e 30 de março de 2000.
12 Apresentação aos Investidores da Petrobras em 20/02/2001
115
FIGURA 19 – DISTRIBUIÇÃO DO VOLUME TOTAL DE INVESTIMENTOS
FONTE: WWW.PETROBRAS.COM.BR
3.2.4 Descrição e dimensões atuais da Petrobras
A Petróleo brasileiro S.A. - PETROBRAS é uma empresa que atua nas áreas de
exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo e seus
derivados, no Brasil e no exterior. Também atua nas áreas de gás natural e
fertilizante, de distribuição de derivados de petróleo e de petroquímica.
Sua sede está localizada na cidade do Rio de Janeiro, e possui escritórios em
importantes cidades brasileiras, como Brasília, Salvador e São Paulo, e no
exterior, em Londres e Nova Iorque, além de estar presente em várias localidades
nas quais existem subsidiárias.
116
3.2.4.1 Áreas de produção
FIGURA 20- ÁREAS DE PRODUÇÃO
FONTE: WWW.PETROBRAS.COM.BR
É importantes destacar a enorme dimensão geográfica de atuação da
PETROBRAS, e que a maior extração de óleo bruto se localiza no mar,
principalmente na Bacia de Campos.
117
3.2.4.2 Parque de refino
FIGURA 21 - PARQUE DE REFINO
FONTE: WWW.PETROBRAS.COM.BR
O parque de refino da PETROBRAS conta com 11 refinarias no Brasil e duas
refinarias na Bolívia, sendo uma de xisto, 2 fábricas de fertilizantes e 1 de asfalto.
A maior concentração de refinarias está no sul-sudeste com um total de 9
instalações.
Esta sendo fechado um acordo de troca de ativos com a Repsol, onde está
passará a deter 30% de participação na Refinaria Alberto Pasqualine – REFAP.
118
3.2.4.3 Dutos de transporte
FIGURA 22 – DISTRIBUIÇÃO DE DUTOS
FONTE: WWW.PETROBRAS.COM.BR
Os dutos são de grande importância estratégica, pois necessitam de baixos
investimentos, barateiam o custo de transporte e ocasionam menos perigo para o
meio ambiente.
3.2.4.4 Navios
A Frota Nacional de Petroleiros (Fronape), criada no dia 25 de abril de 1950, foi
transformada em Unidade Operacional da Petrobras, três anos após, para atuar
com exclusividade no transporte marítimo de petróleo e derivados.
119
Transformou-se na maior frota de petroleiros do Hemisfério Sul e a terceira maior
do mundo, empregando mais de 60% do efetivo da Marinha Mercante Brasileira.
Com 73 navios próprios e mais de cinco milhões de toneladas de porte bruto, a
Fronape está presente na exploração e produção em águas profundas,
principalmente na Bacia de Campos e no Alto Amazonas. Em 1996, por exemplo,
a Fronape transportou em seus 73 navios cerca de 50 milhões de m3 e deu
origem a 1,33 m3 de poluição.
A Petrobras foi obrigada por força da Lei 9478 art.6513, a constituir uma
subsidiária a Transpetro que está operando seus dutos e terminais e permitindo o
livre acesso para outras companhias que tenham interesse de transportar seus
produtos.
3.2.4.5 Estrutura da Petrobras
3.2.4.5.1 Estrutura Anterior
13 Art. 65. A PETROBRAS deverá constituir uma subsidiária com atribuições
específicas de operar e construir seus dutos, terminais marítimos e embarcações
para transporte de petróleo, seus derivados e gás natural, ficando facultado a
essa subsidiária associar-se, majoritária ou minoritariamente, a outras empresas.
120
A PETROBRAS tinha sua estrutura organizacional formada por órgãos voltados
para as atividades fins da companhia como também órgãos corporativos de
assessoramento à administração superior e de suporte às áreas de negócios no
desenvolvimento de suas atividades. Estes órgãos são responsáveis pelas
funções de comunicação institucional, engenharia, finanças, jurídica, suprimento
de materiais, planejamento, recursos da informação, recursos humanos,
qualidade, segurança industrial, meio ambiente e modernização empresarial. E
existe ainda o centro de pesquisas, órgão que tem sido responsável por grandes
avanços tecnológicos, como a exploração de águas profundas, e é reconhecido
internacionalmente pela sua competência.
FIGURA 23 – ANTIGO ORGANOGRAMA DA PETROBRAS
FONTE: WWW.PETROBRAS.COM.BR
121
É importante destacar que a Diretoria Executiva da PETROBRAS atua de forma
colegiada tendo cada diretor suas respectivas áreas de contato, e era composta
da seguinte forma:
Função Áreas de Contato
Presidente Braspetro (presidente), Planejamento, Comunicação Institucional, Jurídico,
Gerência de Administração de São Paulo, Escritório de Brasília, Auditoria
Interna, Secretaria Geral da Presidência e Novos Contatos e Parcerias
Diretor A Exploração & Produção
Diretor B Abastecimento/Logística, Abastecimento/Transporte, Meio Ambiente e Serviço
Executivo do Rio de Janeiro
Diretor C Abastecimento/Refino, Recursos Humanos e Modernização Empresarial
Diretor E PETROBRAS Distribuidora (presidente), Finanças, Escritório de Nova Iorque,
Escritório de Londres e Seguridade
Diretor F Petroquisa (presidente), Abastecimento/Marketing & Comercialização e
Informática/Telecomunicações
Diretor G Gaspetro (presidente), Engenharia, Pesquisa, Material e Gerência de
Administração da Bahia
FIGURA 24 – SITUAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE ÁREA DE CONTATO POR DIRETOR EM
AGOSTO DE 1998
3.2.4.6 Reestruração da Petrobras
Como mencionamos anteriormente a Petrobras passou por um processo de
reestruturação, e de acordo com o foi apresentado14 pelo Diretor
Ronnie teve três fatores determinantes, uma nova estratégia de negócios da
14 Apresentação sobre a reestruturação realizada pelo Diretor Ronnie Vaz Moreira em 23/10/2000,
disponível na homepage da Petrobras.
122
Petrobras, mudanças na indústria do petróleo e uma elevação das expectativas
em relação ao futuro da Companhia.
Segundo essa mesma apresentação, existiam os seguintes fatores que
restringiam a atuação da Petrobras voltada para os resultados:
Ø Dificuldade de responsabilização (accountability) por resultados de
atividades e negócios-chave;
Ø Duplicidade, superposição de atividades, e diluição de responsabilidades;
Ø Grande quantidade de unidades funcionais (em relação ao número de
unidades operacionais);
Ø Número elevado de níveis hierárquicos e a baixa amplitude de comando;
Ø Integração limitada das subsidiárias com a Petrobras.
Frente a esses fatores foram estabelecidas as seguintes diretrizes para a
reestruturação:
§ Promover a utilização do conceito de unidades de negócios, quando aplicável,
com a clara aferição de resultados financeiros;
§ Promover a transparência, autonomia, e a responsabilização por resultados de
negócios;
§ Reduzir níveis hierárquicos e aumentar a amplitude de comando, para
fortalecer a capacidade de reação da empresa (maior flexibilidade,
responsabilidade, e autonomia);
123
§ Utilizar, quando aplicável, o conceito de serviços descentralizados, e se
possível, compartilhados;
§ Integrar as subsidiárias às operações da Petrobras visando fortalecer sinergias
e reduzir duplicações funcionais.
3.2.4.6.1 Nova Estrutura
FIGURA 25 – ATUAL ORGANOGRAMA DA PETROBRAS
FONTE: WWW.PETROBRAS.COM.BR
No quadro abaixo destacamos as novas área de contato de cada Diretor, é
importante notar em comparação ao quadro anterior que agora a distribuição
guarda uma certa coerência entre as áreas de um mesmo Diretor:
124
Função Áreas de Contato
Presidente Áreas de Meio ambiente, Comunicação Institucional, Jurídico, Estratégia
Corporativa, Gestão de Desempenho Empresarial, Novos Negócios e BR
Distribuidora.
Diretor A Área de Exploração & Produção
Diretor B Área de Abastecimento
Diretor C Área de Gás & Energia
Diretor E Área Internacional
Diretor F Área de Serviços
Diretor G Área Financeira
FIGURA 26 – SITUAÇÃO ATUAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS DE CONTATO POR DIRETOR
Os principais resultados da reestruturação foram os seguintes
§ Limitação do número de unidades corporativas e de apoio, a 20 sendo sete
unidades corporativas ligadas diretamente ao presidente – Comunicação
institucional; Gestão de desempenho empresarial; Estratégia corporativa;
Jurídico; Novos negócios; Recursos humanos; Saúde, meio-ambiente e
segurança, e a área de auditoria ligada ao Conselho de Administração, seis
financeiras - Planejamento financeiro e Gestão de riscos; Finanças e
tesouraria; Financiamento de projetos; Contabilidade; Relacionamento com
Investidores e Administração tributária e seis de serviços - Desenvolvimento
de sistemas de gestão; Engenharia; Materiais; P&D; Serviços compartilhados
e Tecnologia da informação;
§ Redução de um nível hierárquico em todas as estruturas, limitando as de sede
a três níveis.;
125
§ Descentralização de cerca de 50% das atividades de sede do E&P para as
suas unidades de negócios;
§ Reorganização do Abastecimento criando UN’s sem, contudo, perder a
integração da cadeia de valor;
§ Criação da área de negócio para Gás e Energia, concentrando atividades
anteriormente dispersas no Sistema Petrobras;
§ Criação da área Internacional;
§ Criação de uma unidade de administração tributária;
§ Simplificação das estruturas das subsidiárias Gaspetro, Braspetro e
Petroquisa e integração das suas atividades às operações da Petrobras.
126
3.2.4.7 Estruturas de outras empresas de Petróleo
FIGURA 27 - ESTRUTURA DA EXXON MOBIL
Fonte: www.exxon.com (agosto de 2000)
A Exxon Mobil tem a maioria de suas unidades de upstream e downstream
divididas regionalmente, a área de químicos tem uma organização baseada em
linhas de produto.
Presidente & Presidente do Conselho
Upstream Global Downstream Global Químicos Globais
Serviços Globais (Sistemasde Informação / Compras)
Exploração (1)
Desenvolvimento (1)
Produção (1)
Pesquisa deProdução
Marketing GásNatural (1)
Refino &Suprimentos (1)
MarketingCombustíveis (1)
Lubrificantes &Especialidades de
petróleo(1)
Pesquisa &Engenharia
Químicos (2)
Tesouraria (3)
Controladoria (3)
Recursos Humanos (3)
Planej. Corporativo (3)
Jurídico (3)
Relações Públicas (3)
Relações com investidores /Secretaria da Presidência (3)
Meio ambiente&segurança (3)
Tributário (3)
Vice Presidente do Conselho
ServiçosCorporativos
Carvão & Minerais
127
FIGURA 28 - ESTRUTURA BP AMOCO
Fonte: www.bp.co.uk (agosto de 2000)
Na BP Amoco os serviços de apoio das áreas de upstream e downstream são
compostos por área funcionais de Compras, Avaliação de Desempenho, RH,
Finanças & Controladoria, Aquisições & Desinvestimentos, Meio Ambiente, Saúde
e Segurança, Tecnologia de Informação, Serviços Regionais Compartilhados
(upstream), Programas de Marketing (downstream)
PresidentePresidente
Upstream(BPX)
Presidente adjuntoPresidente adjunto
Downstream(BP Óleo) Químicos Solar Políticas &
Tecnologia Finanças ConselheiroGeral
45 unidades denegócio deupstream(exploração,produção)
7 unidades denegócio demidstream(marketing de gás,dutos, energia)
Vários serviços desuporte paraupstream (1)
Estratégia deupstream
18 unidades denegócio derefino9 unidadesmarketing decomercialização12 unidades denegócio demarketing devarejo7 unidades denegócio paramercadosemergentes4 unidades denegócio detrading &transporte
5 unidades desuprimento &logística
Vários serviçosde suporte paradownstream (1)
Estratégia dedownstream
19 unidadesde negócio,orientadaspor linha deprodutos
Tecnologia
RecursosHumanos
Tecnologia deInformação
Governo &RelaçõesPúblicas
Saúde,Segurança &Meio Ambiente
Chefe do Grupo de Apoio• Planejamento• Controle & Medição de Desempenho• Relações com Investidores• Marca• Relações de Imprensa
Finanças
Tributário
Contabilidade
Auditoria
Instalações &Serviços
128
FIGURA 29 - ESTRUTURA ROYAL DUTCH SHELL
Fonte: www.shell.co.uk (agosto de 2000)
É importante que a Shell tem uma estrutura por tipo de negócio, com
desdobramentos regionais e estruturas funcionais corporativas que dão suporte
ao negócio.
Royal Dutch PetroleumRoyal Dutch PetroleumShellShell Transporte & Transporte & TradingTrading
Exploração &Produção Derivados Downstream
Gás & Energia Química
Grupo de Diretores ExecutivosGrupo de Diretores Executivos
América do Norte/Europa
América do Sul/África
Oriente Médio/FSU
Ásia Pacífica
Tecnologia
Estratégia &Planejamento
Finanças
Europa
Leste
Sul
NegóciosGlobais
Marketing
SoluçõesGlobais Shell
Finanças
RH
Conselho Geral
Estratégia &Portfólio &Meio Ámbiente
Ásia Pacífica
Europa NO
Oriente Médio,Leste Europeu,Sul da Ásia
AméricaLatina& África
Suportes aoNegócio
América doNorteNegóciosGlobais
Europa/África
Ásia Pacífica/Oriente Médio
Américas
Performancedos Produtos
ProdutosDiferenciados &Especialidades
Tecnologia
Portfólio &DesenvolvimentoSustentável
Química Básica&Intermediários
Finanças/Sistemas de Negócio
RH
Conselho Geral
Renováveis
Carvão
Controllers
Finanças
RH
Jurídico
Planejamento,Meio Ambiente &QuestõesExternas
Shell ServiçosInternacionais
129
FIGURA 30 - ESTRUTURA PDVSA
Fonte: www.pdvsa.com (agosto de 2000)
AssembléiaAssembléia
BoardBoard
PresidentePresidente
Comitê de ConselhoComitê de Conselho
• Executivo
• Contratos
• Controle Interno
Comitê ExecutivoComitê Executivo• Meio Ambiente, Saúde &
Segurança• Planejamento & Finanças• Tecnologia da Informação• Desenvolvimento Executivo
Centros de ExcelênciaCentros de Excelência
• Bariven
• Tecnologia deInformação
• Intevep
• Projetos deEngenharia
• Análise de Processo
• Centros deConhecimento
Serviços CompartilhadosServiços Compartilhados
• Serviços PDVSA - Finanças e Controle
- Recursos Humanos- Suporte Jurídico- Questões Públicas- Administração &Serviços
• Centro de Treinamento• Suporte a Agricultura• Programa de
Participação Acionária
PlanejamentoPlanejamento
• PlanejamentoCorporativo
• Novos Negócios
• EstudosEconômicos
• Monitoramento deFiliais Estrangeiras
QuímicaQuímica
• Pequiven
• Processamento
• Desenvolvimento
• Química
E&PE&P
• Exploração
• Produção
• Faja
• Bitor/Carbozulia
• CVP
Manufatura &Manufatura &ComercializaçãoComercialização
• Refino &Comercialização
• PDV-Marina
• Deltaven
• Isla
• Bopec/Borco
• PDVSA Gás
Vices-Presidentes FuncionaisVices-Presidentes Funcionais• Corporativo
• Finanças
• Projetos de Transformação
• Projetos de Gás
Unidades CorporativasUnidades Corporativas• Meio Ambiente,
Saúde & Segurança
• Controle Interno
• Consultoria Judicial
• Controle & Prevençãode Perdas
130
4 Conclusões
Ao longo dos próximos parágrafos estão sinteticamente expostas as conclusões,
com base nas informações coletadas, concernentes as dimensões estruturais de
estratégia, ambiente, tecnologia e dimensão que de alguma forma influenciam e
estrutura da Petrobras.
Estratégia e Estrutura
Em sua missão15 a Petrobras defini que quer “atuar de forma rentável nas
atividades da indústria de óleo e gás,...” e isso esta refletido em sua estrutura16
quando além das áreas já existentes de Exploração e Produção (E&P) e a área
de Abastecimento, concentrou todas as atividades já existentes de gás em uma
nova estrutura de Gás e Energia.
Quando também define em sua missão que quer atuar “nos mercados nacional e
internacional,...”, e aparece em sua estratégia para 201017 “..expandir a atuação
internacional”, isto também esta refletido na sua estrutura com a criação de uma
área internacional.
15 Ver Missão e Visão da Petrobras no capítulo 4 item 4.2.1
16 Ver Nova Estrutura no capítulo 4 item 4.2.3.7.1
17 Ver Estratégia da Petrobras no capítulo 4 item 4.2.1.1
131
E aparece na sua missão o principio de respeito ao meio ambiente, isto está
refletido na estrutura com a criação de uma área de meio ambiente ligada
diretamente ao Presidente.
Na Visão é dito que “a Petrobras será uma empresa de energia...”, essa parte da
visão está aparecendo na estrutura com a criação da área de Gás e Energia.
No que trata a visão de “com grande foco em serviços e a liberdade de atuação
de uma corporação internacional”, no que trata sobre o foco em serviços esta
sendo respondido estruturalmente com a criação de uma subsidiária de transporte
a Transpetro18, mas acontecimentos recentes19 demonstraram que a Petrobras
ainda não tem uma grande liberdade de atuação.
Em termo de estratégia e estrutura concluímos que em nossa opinião existe uma
congruência entre a estratégia e a estrutura da Petrobras.
Ambiente e Estrutura
A quebra do monopólio como foi citado anteriormente, criou um dinamismo com
uma variedade grande e imprevisível de fatores, por exemplo, a entrada de
empresas multinacionais para atuar na exploração e produção de petróleo, a
possibilidade de importação de petróleo e derivados por outras companhias, o
18 Ver Navios no capítulo 4 item 4.2.3.4
19 Ver Anexo 6
132
aumento do número de clientes em virtude da desregulamentação do setor de
distribuição de combustíveis automotivos, um grande número de clientes em
virtude do grande número de produtos, as pressões sociais sobre a questão de
meio ambiente, entre outras citadas anteriormente20.
De acordo com o modelo de análise ambiental citado na capítulo 321 o ambiente
que esta hoje inserido a Petrobras seria em nossa opinião complexo e instável,
pois existem um grande número de elementos e estes estão sofrendo muitas e
rápidas mudanças e esse contexto levaria a uma estrutura mais orgânica, a uma
descentralização e muitos departamentos.
A uma forte tendência a descentralização quando da criação das Unidades de
Negócio, foram criadas um total de 40 unidades em toda a Petrobras. Mas ainda
persiste a estrutura de características funcionais que podem dificultar uma
resposta rápida as mudanças do ambiente22.
Tecnologia e Estrutura
Como foi citado anteriormente, os grandes investimentos em mudanças
tecnológicas estão fazendo que a Petrobras saia de uma condição fortemente
20 Ver Mudanças ambientais capítulo 2 item 4.2.2.5
21 Ver Análise do Ambiente capítulo 3 item 3.7.2.2
22 Ver Respostas organizacionais ao ambiente externo capítulo 3 item 3.7.2.3
133
rotineira, principalmente na área de downstream, para uma condição de
engenharia e não rotineira em grande parte da organização.
Essa mudança de tipo de tecnologia23 vai exigir uma estrutura menos
centralizada, e isso pode ser identificado quando da reestruturação da Petrobras
foram criadas de 40 unidades de negócio e na diminuição dos níveis hierárquicos.
Dimensão e Estrutura
Fica claro que a Petrobras, conforme foi apresentado anteriormente24, tem
dimensões comparáveis as maiores empresas petrolíferas do mundo, e está cada
vez mais assumindo um caráter de empresa multinacional, e sua estrutura reflete
essa dimensão pelo número de departamentos e pela proporção de gerencias em
relação ao efetivo de pessoal, ver gráfico abaixo, mesmo essa proporção seja
menor que outras grandes empresas em geral.
23 Ver Tecnologia entre as áreas capítulo 3 item 3.7.3.3
24 Ver Descrição e Dimensões da Petrobras capítulo 4 item 4.2.4
134
FIGURA 31 – RELAÇÃO FUNÇÕES GERENCIAIS/EFETIVO
FONTE: SARATOGA INSTITUTE BRASIL (1999)
Os diversos departamentos são especializados em sua atividades, por exemplo o
abastecimento é especializado em comercialização, logística e refino de petróleo
e derivados, o E&P é especializado em exploração e produção de petróleo e
derivados e o Financeiro é especializado em toda parte financeira da Petrobras.
135
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142
Anexo 2
IMPORTAÇÃO DE PETRÓLEO (ÓLEO CRU E CONDENSADO) SEGUNDO A ORIGEM [103 m3]
1990 - 1999
Descrição 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 99/98 (%)
Total 33.122 30.510 32.124 29.210 32.173 29.023 32.163 32.123 30.354 26.909 -11,35
América Latina 1.226 2.741 5.077 5.896 8.822 10.576 12.591 13.024 10.987 7.009 -36,20
Argentina - 66 372 4.063 5.881 6.119 8.081 7.396 6.063 3.661 -39,62
Colômbia - - - - - - 79 84 - 475 -
Equador - - 54 114 - 263 195 62 57 - -
México - 157 1.553 702 - - - - - - -
Trinidad-Tobago - - - - - - 1 - - - -
Venezuela 1.226 2.518 3.098 1.017 2.941 4.194 4.235 5.482 4.867 2.873 -40,97
Oriente Médio 28.661 23.013 22.973 17.542 17.477 14.381 13.313 10.299 7.401 6.859 -7,32
Arábia Saudita 9.168 11.732 10.795 10.327 9.957 9.146 7.320 6.061 5.248 5.033 -4,10
Coveite 1.125 - 732 3.443 3.762 1.519 - - - - -
Emirados Árabes Unidos1 644 947 899 - 280 81 154 28 323 - -
Iêmem - - - - - 1.353 1.641 1.173 143 - -
Irã 5.803 8.551 8.827 3.103 3.087 2.116 4.198 3.037 1.687 656 -61,13
Iraque 8.725 - - - - - - - - 956 -
Líbia - - - - - - - - - 152 -
Omã 304 348 - - - - - - - - -
Catar 2.170 1.434 826 382 296 - - - - - -
Síria - - - - - - - - - 62 -
Zona Neutra2 723 - 894 287 95 166 - - - - -
África 2.571 4.490 4.075 5.771 5.874 4.066 6.158 8.800 11.677 13.041 11,68
Angola 637 989 164 124 132 157 870 305 287 140 -51,36
Argélia 1.038 1.442 3.757 3.686 2.099 1.092 3.331 3.402 4.340 6.275 44,58
Camarões 125 - - - - - - - - - -
Congo - - - - 146 - - - - - -
Egito - - - - - - 162 150 - - -
Gabão 285 157 - - - 155 - - - - -
Nigéria 485 1.902 154 1.961 3.497 2.662 1.795 4.943 7.050 6.627 -6,00
Oceânia/Ásia 664 266 0 0 0 0 100 0 289 0 -
Austrália - - - - - - 100 - 137 - -
China 664 266 - - - - - - - - -
Indonésia - - - - - - - 152 - -
Fonte: Petrobras até 1998 e Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) - Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior em 1999.1 Inclui Abu Dabi, Dubai, Ras Al Khaimah e Sharjah.2 Produção distribuída igualmente entre a Arábia Saudita e o Coveite.
143
Anexo 3
Descrição 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 99/98 (%)
Brasil 36.632.447 36.189.326 36.544.516 37.329.832 38.764.651 40.216.494 45.605.631 48.831.924 56.586.973 63.920.972 12,96
Terra 10.937.471 10.375.371 10.847.089 10.593.513 10.421.764 10.489.511 11.524.597 11.574.265 12.351.390 12.159.243 -1,56
Amazonas 215.952 303.178 557.092 709.231 756.755 725.634 1.095.243 1.343.982 1.891.024 1.975.043 4,44
Ceará 249.950 257.408 254.150 194.141 167.739 148.144 156.231 182.206 186.090 172.198 -7,47
Rio Grande do Norte 3.452.955 3.532.595 3.719.252 3.670.525 3.759.301 4.045.711 4.660.626 4.770.734 5.011.420 4.802.773 -4,16
Alagoas 442.525 374.599 355.215 326.384 278.131 248.708 238.348 231.540 246.517 277.542 12,59
Sergipe 1.945.083 1.849.437 1.819.940 1.700.440 1.573.137 1.575.478 1.559.950 1.492.663 1.431.980 1.389.511 -2,97
Bahia 3.892.118 3.386.902 3.469.098 3.338.097 3.261.775 3.086.313 3.139.816 2.918.095 2.866.997 2.728.882 -4,82
Espírito Santo 694.888 628.252 538.342 476.695 447.926 461.510 473.853 450.430 515.940 610.003 18,23
Paraná (xisto) 44.000 43.000 134.000 178.000 177.000 198.013 200.530 184.615 201.422 203.291 0,93
Mar 25.694.976 25.813.955 25.697.427 26.736.319 28.342.887 29.726.983 34.081.034 37.257.659 44.235.583 51.761.729 17,01
Ceará 750.800 753.353 824.589 780.221 757.004 684.459 687.810 696.998 664.452 651.572 -1,94
Rio Grande do Norte 782.856 704.087 759.373 669.089 631.935 593.843 546.237 483.121 477.425 673.966 41,17
Alagoas - - - - - - 2.940 27.131 34.622 41.072 18,63
Sergipe1657.760 581.225 535.495 499.662 502.645 505.024 481.789 427.867 609.645 807.526 32,46
Bahia 185.057 127.479 135.305 111.749 88.640 112.754 132.175 117.216 96.766 - -
Espírito Santo 147.593 149.511 128.785 146.228 117.313 68.961 52.554 42.466 32.099 23.544 -26,65
Rio de Janeiro 23.170.910 23.485.520 23.196.520 24.338.090 25.626.100 27.126.210 31.293.809 34.661.766 41.647.215 49.109.881 17,92
São Paulo - - - 104.200 241.250 224.130 295.741 238.769 199.090 153.114 -23,09
Paraná - 12.780 117.360 87.080 356.930 410.662 587.979 562.325 474.269 301.054 -36,52
Santa Catarina - - - - 21.070 940 - - - - -
Fonte: ANP - Boletim Mensal de Produção submetido a ANP.1 Inclui a produção da UP Petróleo Brasil (UP) a partir de 1999.
PRODUÇÃO NACIONAL DE PETRÓLEO (ÓLEO CRU, CONDENSADO E ÓLEO DE XISTO) [m3]
1990 - 1999
144
Anexo 4
Descrição 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 99/98 (%)
Total Geral 68.095.366 66.133.157 68.525.473 68.768.931 73.052.278 71.207.555 77.499.301 80.325.357 86.900.087 90.354.117 3,97
Total Nacional 36.952.443 36.439.722 36.946.343 37.073.530 39.113.957 41.362.517 45.691.890 48.240.984 55.134.234 64.220.851 16,48
Terra e Mar 36.952.443 36.439.722 36.946.343 37.073.530 39.113.957 41.362.517 45.691.890 48.240.984 55.134.234 64.220.851 16,48
Total Importado 31.142.923 29.693.435 31.579.130 31.695.401 33.938.321 29.845.038 31.807.411 32.084.373 31.765.853 26.133.266 -17,73
América Latina 907.430 2.930.594 4.526.789 5.703.334 8.480.405 10.291.151 12.446.896 13.183.925 11.249.686 6.408.892 -43,03
Argentina - 50.055 228.333 3.439.975 5.819.585 5.944.167 7.880.068 7.474.154 6.207.801 3.845.413 -38,06
Colômbia - - - - - - 131.191 75.309 - 468.360 -
Equador - - 52.217 103.401 - 265.062 191.514 65.140 56.287 - -
México - 138.412 1.409.699 872.458 - - - - - - -
Venezuela 907.430 2.742.127 2.836.540 1.287.500 2.660.820 4.081.922 4.244.123 5.569.322 4.985.598 2.095.119 -57,98
Oriente Médio 27.408.968 22.125.059 23.979.425 20.375.151 19.601.536 15.083.842 13.005.407 10.657.279 7.714.451 6.745.703 -12,56
Arábia Saudita 8.574.568 11.203.367 11.123.399 13.024.882 12.228.786 9.372.363 7.395.314 6.451.996 5.525.180 5.140.958 -6,95
Coveite 1.086.468 16.051 757.226 2.793.554 4.206.806 1.766.441 - - - - -
Emirados Árabes Unidos1 636.243 1.106.333 827.347 - 217.392 1.002 125.548 27.123 299.161 - -
Iêmem - - - - - 1.306.700 1.628.315 1.318.262 112.229 - -
Irã 5.054.709 8.154.161 9.357.062 4.001.399 2.518.921 2.402.298 3.856.230 2.859.898 1.777.881 639.195 -64,05
Iraque 9.018.238 6.443 - - - - - - - 903.462 -
Omã 255.145 304.923 187.506 - - - - - - - -
Catar 2.160.585 1.318.207 1.012.077 261.443 342.138 6.386 - - - - -
Síria - - - - - - - - 62.088 -
Zona Neutra2 623.012 15.574 714.808 293.873 87.493 228.652 - - - - -
África 2.315.844 4.254.700 3.065.236 5.616.916 5.856.380 4.470.045 6.277.209 8.243.169 12.545.953 12.977.558 3,44
Angola 551.511 889.463 281.305 112.867 134.921 139.886 819.541 277.625 283.508 - -
Argélia 901.071 1.443.743 2.319.869 3.575.701 2.115.780 1.338.738 3.616.866 3.586.469 5.157.980 6.673.361 29,38
Camarões 117.370 953 43.742 75.864 45.928 - - - - - -
Congo - - - 70.273 130.319 - - - - - -
Egito - - - 78.984 31.328 - 168.254 144.801 - - -
Gabão 268.181 167.161 7.369 - - 174.329 - - - - -
Líbia - - - - - - - - - 300.032 -
Nigéria 477.711 1.753.380 412.951 1.703.227 3.398.104 2.817.092 1.672.548 4.234.274 7.104.465 6.004.165 -15,49
Oceânia/Ásia 510.681 383.082 7.680 0 0 0 77.899 0 255.763 1.113 -99,56
Austrália - - - - - - 77.899 - 118.075 1.113 -99,06
China 510.681 383.082 7.680 - - - - - - - -
Indonésia - - - - - - - - 137.688 - -
Fonte: ANP - Dados informados com base na Portaria CNP n.º 348 de 13 de setembro de 1982.1 Abu Dabi, Dubai, Ras Al Kaimah e Sharjah. 2 Produção dividida igualmente entre a Arábia Saudita e Coveite.
PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E CONDENSADO NAS REFINARIAS NACIONAIS SEGUNDO A ORIGEM [m3]1990 - 1999
145
Anexo 5
DISTRIBUIDORA % DISTRIBUIDORA (continuação) %
OUTROS TOTAL 10
Sabbá 1,200 CJ 0,023 Mercoil 0,938 Bomm Petro 0,019 Satélite 0,578 Central 0,019 Equatorial 0,566 Ecológica 0,019 Fox 0,533 Minas Oil 0,019 Petroforte 0,488 Alcobraz 0,015 Petroamazon 0,383 Americanoil 0,015 Acelub 0,364 Buffalo 0,015 SP 0,349 Ciapetro 0,015 Ale 0,338 Extensão 0,015 Wal 0,244 Jumbo 0,015 Petrobahia 0,233 Star 0,015 Tecsat 0,233 Taurus 0,015 Ipê 0,225 Unipetro 0,015 Frannel 0,218 Asadiesel 0,011 Petroxim 0,206 Galática 0,011 Charrua 0,199 Pelikano 0,011 Polipetro 0,188 Sauro 0,011 Potencial 0,161 Triângulo 0,011 Dalçoquio 0,158 Uberlândia 0,011 BP 0,143 Avan 0,008 Carajás 0,139 DCP 0,008 TA 0,131 Dominium 0,008 Petroalcool 0,120 Glória 0,008 Max 0,109 LM 0,008 Flag 0,098 Latina 0,008 Simarelli 0,086 Mega Union 0,008 Saara 0,079 Petroleum 0,008 Petroserra 0,075 Safra 0,008 Pollus 0,064 Transo 0,008 Novoeste 0,056 Zema 0,008 Ocidental 0,056 American Petroleum 0,004 Small 0,053 Caribean 0,004 TM 0,053 Comelli 0,004 Caomé 0,049 Dispal 0,004 Dislub 0,049 Fino Petro 0,004 Petropar 0,049 Fórmula 0,004 Rejaile 0,049 Isabella 0,004 Rio Branco 0,049 Jetgas 0,004 Goiás 0,045 Macom 0,004 Chebabe 0,041 Master 0,004 Atlas 0,038 Monte Carmelo 0,004 Idaza 0,038 Noroeste 0,004 Salemco 0,038 Onyx 0,004 Fic 0,030 Petro-Garças 0,004 Petroazul 0,030 Realpetro 0,004 Total 0,030 S (Esse) 0,004 Walendowsky 0,030 Torrão 0,004 Jomap 0,026 TR 0,004 Petromil 0,026 Udipetro 0,004 Rede Brasil 0,026 Fonte: ANP - Postos registrados com base na Portaria MME nº 009 de 16 de janeiro de 1997.
POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS AUTOMOTIVOS POR DISTRIBUIDORA - 1999
Participação percentual das distribuidoras classificadas como Outras na Figura 39.