anÁlise modal de guias de ondas com meios

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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS COMPLEXOS, PARA MICROONDAS E FOTÓNICA Paulo Duarte Delgado Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Júri: Presidente: Professor Doutor José Manuel Bioucas Dias Orientador: Professor Doutor António Luís Campos da Silva Topa Vogal: Professor Doutor António Manuel Alves Moreira Julho 2009

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Page 1: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS COMPLEXOS,

PARA MICROONDAS E FOTÓNICA

Paulo Duarte Delgado

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Júri: Presidente: Professor Doutor José Manuel Bioucas Dias Orientador: Professor Doutor António Luís Campos da Silva Topa Vogal: Professor Doutor António Manuel Alves Moreira

Julho 2009

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Page 3: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

i

Agradecimentos

Ao Professor Doutor António Luís Campos da Silva Topa, meu orientador, pelo

imprescindível e valioso apoio prestado em todas as fases de execução desta

dissertação, o qual foi sempre pronto e frutuoso, a minha sincera gratidão e profundo

reconhecimento.

Ao Núcleo de Apoio aos Estudantes PALOP, pelos apoios e incentivos.

Aos meus colegas do Instituto Superior Técnico, e todos aqueles que, directa ou

indirectamente, contribuíram para a realização deste trabalho em especial ao Pita,

Mohamed e Alexandre.

Ao Instituto Superior Técnico, que forneceu o apoio necessário à realização deste

trabalho.

Aos meus irmãos, pelos incentivos e exemplos e, a minha namorada, pelo carinho e

companheirismo.

Por último (mas os últimos são sempre os primeiros), aos meus pais, pelo amor, vida e

educação, pela paciência e apoio, meus eternos agradecimentos.

Page 4: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

ii

Page 5: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

iii

Resumo

Este trabalho aborda o problema da propagação de ondas electromagnéticas em guias de

ondas contendo meios complexos. São revistas as principais equações de acordo com a

propagação electromagnética de cada meio. Aqui são analisados o uso de meios

anisotrópicos, das ferrites, dos meios quirais e dos meios ómega em guias de ondas.

Cada meio é analisado individualmente, onde se começa por analisar o caso mais

simples dos meios anisotrópicos. Estuda-se o comportamento de ondas

electromagnéticas em cristais uniaxiais e em seguida é analisado a anisotropia

magnética manifestada pelas ferrites. Em guias de ondas contendo ferrites aborda-se

tanto o caso do campo magnético aplicado ser transversal como também o caso em que

o campo magnético aplicado é longitudinal. Analisa-se também a influência da

anisotropia nos diferentes modos de propagação.

Depois prossegue-se com o estudo dos meios magneto-eléctricos (Quirais e ómega).

O conceito de guias contendo meios quirais, tem recebido muita atenção. Parte dessa

atenção é devido ao desempenho que estes têm na composição de materiais que são

quirais nas frequências ópticas. Por exibiram novas e interessantes características

analisa-se a influência da quiralidade nos modos de propagação. Para isso segue-se com

a dedução das equações modais e apresenta-se os respectivos diagramas de dispersão.

Finalmente analisa-se as características de propagação em guias contendo meios ómega.

Considera-se um guia Dieléctrico Não-Radiante pseudoquiral (Ω-NRD) em que a placa

dieléctrica convencional é substituída por uma lâmina pseudoquiral Ω. É feita uma

análise modal completa. Derivam-se as equações modais para os modos de Secção

Longitudinal Magnética (LSM) e de Secção Longitudinal Eléctrica (LSE). Apresenta-se

e analisa-se os diagramas operacionais, dando especial ênfase ao modo LSM01 por se

tratar do modo com melhores características de atenuação versus frequência.

Page 6: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

iv

Abstract

This work addresses the problem of guided wave propagation in complex media

waveguides. The basic equations describing the electromagnetic propagation in each

type of media are reviewed. Here, the use of anisotropic media, ferrite, chiral and omega

media in waveguide is considered.

Each media is analyzed individually. We begin by analyzing the most simple case of

anisotropic media. The behavior of electromagnetic waves in biaxial crystals is studied

and then the magnetic anisotropy exhibited by ferrites is analyzed.

In waveguides containing ferrites, the case of a transversely applied external magnetic

field as well the case of a longitudinally applied magnetic field are both considered. The

influence of anisotropy in the dispersion of the different modes is analysed.

Then, one continues with the study of the magneto-electric media (chiral and omega).

The concept of chirowaveguide, which has received considerable attention in the

literature, is addressed. This topic is very interesting due to the possibility of making

composite materials that are chiral at microwave frequencies. The novel and interesting

properties due to electromagnetic chirality’s, lead to the study of the influence of the

chirality’s in the propagation modes. The derivation of the modal equations and the

respective dispersion diagrams are presents.

Finally, the propagation characteristics in waveguides containing omega media are

analysed.

It’s considered a non-radiative dielectric waveguide (Ω-NRD), where the common

dielectric slab is replaced by an omega media slab. A full-wave analysis is made for the

modal equation. The modals equations for the Longitudinal Section Magnetic (LSM)

modes and the Longitudinal Section Electric (LSE) modes are derived. The operational

diagrams are presented and analyzed, with special emphasis to the LSM01

modes, due to its best characteristic of attenuation versus frequency.

Page 7: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

v

Palavras chave:

Meios complexos

Equações de Maxwell

Microondas

Fotónica

Guias de ondas

Meios Anisotrópicos

Ferrites

Quiral

Ómega

Keywords:

Complex media

Maxwell’s Equations

Microwaves

Photonic

Waveguides

Ferrites

Anisotropic media

Chiral

Omega

Page 8: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

vi

Page 9: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

vii

Índice Capítulo 1 Introdução ....................................................................................................................... 1 1.1. Tema da investigação ............................................................................................ 1 1.2. Motivações............................................................................................................. 3 1.3. Objectivos da dissertação ...................................................................................... 4 1.4. Organização do documento ................................................................................... 4 Capítulo 2 Guias Contendo Meios Anisotrópicos........................................................................... 7 2.1. Placa Dieléctrica Uniaxial Assente num Plano Condutor Perfeito....................... 8 2.1.1.Condições na Fronteira e Equação Modal.......................................................... 15 Capítulo 3 Guias Contendo Ferrites .............................................................................................. 21 3.1. Introdução........................................................................................................... 21 3.2. Placa de Ferrite Assente num Plano Condutor Perfeito com Campo Magnético Transversal ..................................................................................................................... 22 3.2.1.Condições na Fronteira e Equação Modal.......................................................... 26 3.3. Guia de Planos Paralelos com Campo Magnético Longitudinal ........................ 30 3.3.1.Condições na Fronteira e Equação Modal.......................................................... 35 Capítulo 4 Guias Contendo Meios Quirais ................................................................................... 39 4.1. Introdução........................................................................................................... 39 4.2. Guia Circular Metálico Quiral............................................................................ 40 4.3. Equação Modal ................................................................................................... 41 4.4. Resultados........................................................................................................... 44 Capítulo 5 Guias Contendo Meios Ómega .................................................................................... 47 5.1. Introdução........................................................................................................... 47 5.2. Guia Dieléctrico Não-Radiante (NRD) .............................................................. 48 5.3. Equações do Campo ........................................................................................... 49 5.4. Equações Modais................................................................................................ 53 5.3. Resultados Numéricos ........................................................................................ 56 5.4. Observações Finais ............................................................................................. 63

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viii

Capítulo 6 Conclusão ...................................................................................................................... 65 6.1. Sumário............................................................................................................... 65 6.2. Direcções Futuras ............................................................................................... 66 Apêndice A Propagação em Ferrites ............................................................................................... 67 Apêndice B Propagação em Meios Quirais..................................................................................... 75 D.1. Relações Constitutivas......................................................................................... 75 D.2. Equação de Onda em Meios Quirais ................................................................... 79 D.3. Ondas características ........................................................................................... 81 Apêndice C Linha H .......................................................................................................................... 84 Referências ..................................................................................................................... 88

Page 11: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

ix

Índice de Figuras Capítulo 2 Figura 2. 1. Placa dieléctrica uniaxial: (meio2) - placa dieléctrica uniaxial caracterizado por ( 0||μεε ⊥ ) e (meio1) - Ar caracterizado por ( 00με ) separados por um condutor perfeito.............................................................................................................................. 8 Figura 2. 2. Diagrama de dispersão dos Modos TM Pares............................................. 17 Figura 2. 3. Diagrama de dispersão dos Modos TE ímpares.......................................... 19 Capítulo 3 Figura 3. 1. Placa de Ferrite assente num plano condutor perfeito ................................ 22 Figura 3. 2. Diagrama de dispersão dos Modos TM pares ............................................. 29 Figura 3. 3. Guia rectangular contendo Ferrite com Campo Magnético Longitudinal .. 30 Figura 3. 4. Diagrama de Propagação de um guia de planos paralelos preenchido por ferrite com campo Magnético Longitudinal ................................................................... 37 Capítulo 4 Figura 4. 1. Secção transversal do guia circular metálico quiral, limitado por uma parede eléctrica, onde as componentes dos campos φE , ZE e RB são nulas. .......................... 40 Figura 4.2. Relação de Dispersão do Modo Fundamental 1,1HE e dos modos acima

1,0EH e 1,2HE no guia circular metálico quiral............................................................... 45 Capítulo 5 Figura 5. 1. Geometria de um guia (NRD) com uma lâmina dieléctrica isotrópica....... 48 Figura 5. 2. Guia Ω - NRD ou linha H em que a lâmina dieléctrica é um meio ómega. 49 Figura 5. 3. Orientação espacial pseudoquiral do Meio Ω uniaxial, composto por dois conjuntos de microestruturas condutoras em forma de, Ω ............................................ 49 Figura 5. 4. Diagrama operacional para os modos LSE01 e LSM01 de um guia Ω-NRD com uma lâmina pseudoquiral em que 2|| =ε , 3=⊥ε , 1|| =μ , 2=⊥μ e 1=Ω ............. 57 Figura 5. 5. Variação do parâmetro de corte cl λ/ com Ω para os primeiros modos LSMm1de um guia Ω .................................................................................................... 58 Figura 5. 6. Variação do parâmetro de corte b c/ λ com Ω para os primeiros modos LSMm1 de um guia Ω-NRD em que 2|| =ε , 3=⊥ε , 1|| =μ , 2=⊥μ e 2.1/ =lb . .......... 59 Figura 5. 7. Diagrama operacional para os primeiros modos LSMm1 de um guia Ω em que ||ε = 2, ⊥ε = 3, ||μ =1, ⊥μ =2 para diversos valores de Ω . .................................. 60 Figura 5. 8. Variação do número de onda longitudinal normalizado β com λ/l , para os primeiros modos LSM do guia Ω . As curvas a traço fino correspondem ao caso anisotrópico biaxial enquanto as curvas a traço grosso correspondem ao caso 0.1=Ω . 61 Figura 5. 9. Variação do número de onda longitudinal normalizado β com Ω para os primeiros modos LSM do guia Ω-NRD da Figura 4.12, quando 5.0/ =λl . .................. 62

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x

Page 13: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

xi

Abreviaturas e Símbolos

Abreviaturas GO Guias de Ondas

PCE Polarização Circular Esquerda

PCD Polarização Circular Direita

TE Transversal Eléctrico

TM Transversal Magnético

TEM Transversal electromagnético

LPP Linha de Planos Paralelos

LSM Longitudinal Section Magnetic

LSE Longitudinal Section Electric

NRD Non-Radiative Dielectric Símbolos

∇ Operador Gradiente

c Velocidade de Propagação no Vácuo

ω Frequência Angular

λ Comprimento de Onda

0λ Comprimento de Onda no Vácuo

k Número de Onda

0k Número de Onda no Vácuo

α Constante de Atenuação β Constante de Propagação Longitudinal ou de Fase

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xii

ε Constante Dieléctrica

rε Constante Dieléctrica Relativa

0ε Constante Dieléctrica do Vácuo ε Tensor de Permeabilidade Eléctrica

μ Permeabilidade Magnética

μ Permeabilidade Magnética Relativa

0μ Permeabilidade Magnética do Vácuo

μ Tensor de Permeabilidade Magnética

ξ Parâmetro Quiral Adimensional (Quiralidade)

cξ Admitância Quiral

ξ e ζ Tensores magneto-electricos adimensionais

nJ Função de Bessel de primeira espécie de ordem n

Ω Parâmetro Pseudoquiral Adimensional

cΩ Admitância Pseudoquiral

ξ e ζ Tensores magneto-electricos adimensionais

B Densidade de Fluxo Magnético

D Densidade de Fluxo Eléctrico

E Vector Campo Eléctrico

zyx EEE ,, Componentes do Campo Eléctrico nas direcções x, y e z

H Vector Campo Magnético

zyx HHH ,, Componentes do Campo Magnético nas direcções x, y e z

Page 15: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

1

Capítulo 1

Introdução

1.1 – Tema da Investigação Nos últimos anos tem havido um enorme interesse no estudo e análise de meios

complexos tanto para microondas como para fotónica.

Meios complexos aqui referem-se a meios utilizados em dispositivos electrónicos, que

possuem propriedades extraordinárias não encontradas em meios comuns. De meios

comuns percebe-se, meios lineares nos seus efeitos de propagação de ondas

electromagnéticas e isotrópicas em termos de suas propriedades direccionais [1]. Meios

complexos electromagnéticos descrevem o estudo de campos electromagnéticos em

materiais com propriedades de resposta complicada [2].

Certas características, como anisotropia, dispersão temporal, dispersão espacial, e

quiralidade, que são todos observados em comprimentos de ondas ópticas, resultam da

estrutura microscópica dos átomos ou moléculas que constituem os materiais. Algumas

dessas características podem ser difíceis de observar fora da banda óptica. Em

frequências mais baixas o período da oscilação pode ser muito mais longo do que o

tempo de relaxamento atómico constante, excluindo os efeitos de retardação.

Realmente quando se quer controlar dispositivos de microondas, o uso de materiais

complexos anisotrópicos ou com propriedades não lineares é necessário. Da mesma

forma quando se deseja certos comportamentos direccionais baseados na propagação

não recíproca de ondas electromagnéticas, deve então ser encontrado um meio não

recíproco. Estes podem exibir anisotropia quando a acção não recíproca é obtida por

aplicação de um campo magnético controlado. A não-reciprocidade pode por exemplo

ser obtida em ferrites por aplicação de um campo magnético estático.

Page 16: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

2

Desde o aparecimento de materiais ferro magnéticos de baixas perdas - as ferrites, a

propagação de ondas electromagnéticas em meios com anisotropia magnética tem

merecido atenção acrescido.

Van Trier [3] estudou o caso de guias de onda circulares preenchidos por ferrite

analisando a sua influência na direcção de propagação.

Kales [4] estudou o caso de guia de ondas circular preenchido com ferrite e com

magnetização na direcção de propagação.

Fix [5] e Arditi [6] concentraram-se no estudo sobre o uso de ferrites em linhas

impressas, sendo o primeiro, pioneiro no uso de uma lâmina de ferrites entre duas linhas

impressas (strip-line).

Os meios quirais são vulgarmente conhecidos como materiais que possuem actividade

óptica. A actividade óptica foi primeiro descoberta por Arago [7]. O físico e astrónomo

francês constatou, que os cristais de quartzo fazem girar o plano de polarização da luz

polarizada linearmente.

Em 1815, Biot [8] descobre que a actividade óptica não se limita a sólidos cristalinos

mas também aparece noutros meios, tais como terebintina, óleos e soluções aquosas.

Em 1822, Fresnell [9] mostra que, um raio de luz propagando ao longo do eixo de um

cristal de quartzo, separa em dois raios polarizados circularmente, com sentidos opostos

e velocidades de fase desiguais.

Em 1968, Jin Au Kong [10] introduziu pela primeira vez o conceito de meio

bianisotrópico. Estes meios para além de serem anisotrópicos exibem ainda a

propriedade de acoplamento magnetoeléctrico. Nos últimos anos a quiralidade

electromagnética e materiais quirais têm sido extensivamente investigados devido a um

grande número de aplicações nomeadamente no campo dos microondas e regimes

ópticos. Embora exista meios quirais na natureza, a maioria dos materiais usados em

dispositivos electrónicos são obtidos de forma artificial.

Em 1992, Saadoun e Engheta [11] apresentaram pela primeira vez os meios ómega ou

pseudo-quirais. Estes meios podem ser obtidos por “dopagem” de um meio dieléctrico

hospedeiro com microestruturas condutoras compostas por uma espira e dois fios

coplanares, resultando num acoplamento magneto eléctrico.

Page 17: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

3

Portanto tanto o campo eléctrico como o campo magnético induz polarização, eléctrica

e magnética simultaneamente. Ao contrário dos meios quirais as polarizações, eléctricas

e magnéticas são perpendiculares entre si. Embora os meios ómega não sejam

opticamente activas têm recebido muita atenção pois as suas características especiais

conduzem a novas aplicações tais como: lamina retardadora recíproca, transformadores

de fase, guias de ondas etc.

1.2 – Motivações

A busca por materiais complexos para aplicações em engenharia electromagnética tem

sido um objectivo de investigação activa. Parte desta atenção é devido a possibilidade

de micro e nano-fabricação de dispositivos para microondas e ondas milimétricas. O

desenvolvimento da nanotecnologia permitiu grandes avanços tecnológicos e as novas

tendências fazem com que os investigadores desta área tenham novos desafios.

As ferrites são materiais ferro magnéticas de baixas perdas, para as quais facilmente o

spin dos electrões entra em ressonância. A descoberta destes materiais com anisotropia

magnética despertou um maior interesse na comunidade científica.

Os meios quirais constituíam há já algum tempo um tópico de grande importância. Um

meio quiral isotrópico pode ser obtido através de uma distribuição aleatória de hélices

num substrato isotrópico.

Os meios ómega surgem como uma alternativa aos meios quirais. A síntese de meios Ω

consegue-se devido a à inclusão de microestruturas condutoras Ω no seio do substrato

isotrópico.

Os meios Bianisotrópicos (ómega e quirais) são magneto-eléctricos diferenciando na

forma como se da o acoplamento. Os meios ómega ate possuem algumas propriedades

semelhantes as ferrites embora, ao contrário das ferrites, sejam recíprocos.

Surgem portanto uma variedade de novas características modais que podem ser

exploradas e aplicadas na elaboração de dispositivos electrónicos.

Page 18: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

4

Assim como disse N. Engheta e M. Saadoun [14] [15] a motivação por trás deste estudo

é a potencial aplicação desses materiais no fabrico de novos dispositivos e componentes

para microondas e ondas milimétricas.

1.3 – Objectivos da Dissertação

Este Trabalho tem como objectivo o estudo e análise das características de propagação

de ondas electromagnéticas em meios complexos. Usando conceitos teóricos já

desenvolvidos quer a nível de materiais como da física analisa-se o comportamento de

ondas electromagnéticas em guias de ondas e o respectivo impacto em aplicações a

dispositivos de microondas. Considera-se Guias de Ondas (GO) contendo meios

Anisotrópicos, Ferrites, meios Quirais e meios Ómega ou pseudo-Quirais. Cada capítulo

assim como cada guia em cada capítulo contem um determinado meio. A partir das

equações de Maxwell e das propriedades do meio procura-se os modos de propagação,

as equações modais que os define e os respectivos diagramas de dispersão. Tratando-se

de meios complexos (não lineares) as equações modais a encontrar-se são também não

lineares pelo que se usa um método numérico de regressão não linear para encontrar as

soluções. A ferramenta de simulação que se vai utilizar é o matlab onde se pode

visualizar as soluções gráficas para cada meio e finalmente comparar os diferentes guias

em termos de suas estruturas de propagação. Convém salientar que os dados utilizados

nas simulações não são dados reais.

1.4 - Organização do Documento

No capítulo 2, estudam-se os guias preenchidos com Meios Anisotrópicos. Considera-se

uma placa de cristal uniaxial assente num plano condutor perfeito [secção 2.1]. Analisa-

se as possíveis estruturas de propagação obtendo-se as equações dos modos e os

respectivos diagramas de dispersão.

Page 19: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

5

Os guias contendo Ferrites são abordados no capítulo 3. Na secção 3.1 analisa-se um

guia com o campo magnético transversal enquanto na secção 3.2 é abordado o caso em

que o campo magnético está orientado no sentido longitudinal. Para ambos os casos

analisa-se as equações modais. Obtém-se os diagramas de dispersão tanto para os

modos transversais eléctricos como também para os modos transversais magnéticos

analisando as características de propagação.

No capítulo 4, ocupa-se com o estudo dos Meios Quirais. Para isso começa na secção

4.1 por analisar um guia metálico quiral de secção circular como o objectivo de

desvendar as características de propagação. Prossegue-se na secção 4.2 com a dedução

da equação modal e obtém-se o diagrama de dispersão para os modos de propagação.

Na secção 4.3 analisa-se as características de propagação a partir dos diagramas de

dispersão.

Finalmente no capítulo 5, os guias contendo Meios Ómega ou pseudoquirais são alvos

de uma análise electromagnética completa com o objectivo de conhecer as possíveis

estruturas de propagação. Começa-se na secção 5.1 por estabelecer as equações das

componentes do campo, quer para os modos híbridos de Secção Longitudinal

Magnética (LSM) como para os modos de Secção Longitudinal Eléctrica (LSE).

Derivam-se as equações modais na secção 5.2 para que na secção 5.3 seja apresentada e

analisada os resultados numéricos.

Page 20: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

6

Page 21: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

7

Capítulo 2

Guias Contendo Meios

Anisotrópicos

Um meio diz-se dieléctrico quando a sua condutividade σ é desprezável, ou seja a suas

propriedades eléctricas e magnéticas são completamente determinadas pela

permeabilidade magnética (µ) e pela constante dieléctrica (ε).

O caráter da passagem da luz através de uma substância está determinado por suas

propriedades dielétricas nas freqüências ópticas.

Num meio isotrópico como o ar, as vibrações do campo eléctrico segundo x e y podem

ser quaisquer, dependendo das suas relações de fase e amplitude.

Pode se dizer que para os meios isotrópicos, a permeabilidade dielétrica ε e o

coeficiente de refração não depende da direção. O vector de indução elétrica dado por

Δ = ε E e o vector de intensidade do campo E coincidem na direção.

Para os meios anisotrópicos:

(2.1)

onde os εij são componentes do tensor de segunda ordem. A permeabilidade dielétrica e

o coeficiente de refração do meio anisotrópico dependem substancialmente da direção.

No caso geral, os vetores Δ e E não coincidem na direção ou seja, estes meios embora

possuem um arranjo regular de átomos e moléculas, suas propriedades ópticas não são

as mesmas em todas as direções(anisotropia óptica no espaço).

Neste capítulo considera-se o caso de guias preenchidos por meios anisotrópicos, em

especial por cristais uniaxiais.

jiji Eε=Δ

Page 22: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

8

2.1 – Placa Dieléctrica Uniaxial Assente num Plano

Condutor Perfeito

Figura 2. 1. Placa dieléctrica uniaxial: (meio2) - placa dieléctrica uniaxial caracterizado por ( 0||μεε ⊥ ) e (meio1) - Ar caracterizado por ( 00με ) separados por um condutor perfeito.

Prossegue-se assim com o estudo de uma placa dieléctrica uniaxial assente num plano

condutor perfeito Figura 2.1, analisando a influência das características do meio nos

modos de propagação. Objectiva-se obter as equações características dos modos e os

respectivos diagramas de dispersão.

Assim, considerando que a propagação se efectue na direcção do eixo dos zz, na forma xjkxe− , que o guia tem uma estrutura infinita segundo o eixo dos yy, então as derivadas

segundo estes dois eixos são respectivamente:

(2.2)

(2.3)

jkz

−=∂∂

0=∂∂y

1

X

YZ

2

00με

0||μεε ⊥ d

Page 23: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

9

0. =∇ D

As equações de Maxwell para um meio, uniforme e não magnético são:

(2.4.a)

(2.4.b)

(2.4.c)

(2.4.d)

Admite-se ainda que o meio 2 exibe anisotropia eléctrica ou seja o tensor dieléctrico

tem a forma de uma matriz diagonal:

(2.5)

e as relações constitutivas do meio são:

(2.6)

(2.7)

em que B representa a indução magnética e D o deslocamento eléctrico.

A partir das equações de Maxwell pode-se derivar uma relação definindo a propagação

das ondas do campo electromagnético – equação da onda. Assim aplicando o rotacional

a equação (2.4.c), recorrendo a equação (2.4.a) e usando a identidade vectorial:

(2.8)

0. =∇ B

HxjE r )(0μωμ−=×∇

HΒ 0μμ=

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎡=

εε

ε

000000||

ε

ΕεD 0ε=

−−−∇−∇∇=×∇×∇ EEE 2).()(

ExjH r )(0εωε=×∇

Page 24: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

10

obtém-se as equações de onda para o campo eléctrico:

(2.9)

Seguindo o mesmo raciocínio obtêm-se a equação da onda para o campo magnético:

(2.10)

Considerando os casos da classe dos modos transversais eléctricos (TE) e transversais

magnéticos (TM) com soluções gerais da forma [ ])(exp kzwtj − pode-se facilmente

deduzir as equações de onda para os respectivos modos.

Atendendo:

(2.11)

por analogia com o campo eléctrico e substituindo na equação (2.4.c) obtém-se o

seguinte conjunto de equações

(2.12)

(2.13)

(2.14)

zyxA ˆˆˆ0

ˆˆˆ~~~

xA

xAjkAjkA

AAA

jkx

zyx

yzxy

zyx

∂+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

+−=

⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢

−∂∂

=×∇

2

2

22

2 ),(1),(t

txEcx

txE∂

∂=

∂∂

2

2

22

2 ),(1),(t

txBcx

txB∂

∂=

∂∂

yrz

x Hxjx

EjkE )(0μωμ=∂

∂+

zry Hxj

xE

)(0μωμ−=∂

xry HxjjkE )(0μωμ−=

Page 25: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

11

Das equações (2.12 e 2.14) obtêm-se respectivamente:

(2.15)

(2.16)

Igualmente para o campo magnético, agora por substituição na equação (2.4.d) resulta:

(2.17)

(2.18)

(2.19)

A partir de (2.17) e de (2.19) obtêm-se respectivamente:

(2.20)

(2.21)

yr

x Ex

kH0)( μωμ

−=

xE

xjH y

rz ∂

∂=

0)(1

μωμ

xy EjjkH 0||εωε−=

yz

x Ejx

HjkH 0εωε ⊥−=∂

∂+

zy Ej

xH

0εωε ⊥−=∂

yx HkE0||εωε

−=

xH

jE yz ∂

∂=

⊥ 0

1εωε

Page 26: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

12

220

2 )( kkxk rx −= ⊥εμ

Substituindo as equações (2.15) e (2.16) na equação (2.18); as equações (2.20) e (2.21)

na equação (2.13) obtêm-se respectivamente para os modos TM e TE:

(2.22)

(2.23)

Estas equações podem ser reescritas como:

(2.24)

(2.25)

em que xk assume respectivamente(para TM e TE) as formas:

(2.26)

(2.27)

e

(2.28)

sendo que xk representa o número de onda transversal e 0k a constante de propagação

no vazio.

)( 220||

||

2 kkkx −= ⊥ μεεε

0022

0 μεω=k

0))(( 2202

2

=−+∂

∂⊥ yr

y EkkxxE

εμ

0)( 220||

||2

2

=−+∂

∂⊥

yy Hkk

xH

μεεε

022

2

=+∂

∂yx

y HkxH

022

2

=+∂

∂yx

y EkxE

Page 27: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

13

Assumindo yy HE ,=φ , tem-se finalmente:

(2.29)

Usando o método de separação de variáveis, verifica-se que as soluções desta equação

diferencial, para ambos os modos são da forma:

(2.30)

com 211 DDC += e ( )122 DDjC += .

Para explorar melhor as características de propagação, para ambos os meios os modos

são analisados separadamente.

As soluções para o meio 2 são definidas através da componente suporte y ( yE e yH ),

baseando também no facto de não haver propagação para (x=0) por se tratar de um

condutor perfeito.

Assim sendo, para, ( ) 00 ==xE y quando 2C =0, obtêm-se soluções que apenas

caracteriza os modos transversais eléctricos impares (TE impares):

(2.31)

Analogamente, para, ( ) 00 ==xEz quando 1C =0, obtêm-se soluções que apenas

caracteriza os modos transversais magnéticos pares (TM pares):

(2.32)

( )xkCxE xy sin)( 1=

( )xkCxE xy cos)( 2=

( ) ( ) ( )xkCxkCeDeDx xxxjkxjk xx cossin 2121 +=+= −φ

( ) 022

2

=⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+

∂∂ xkx x φ

Page 28: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

14

Uma vez que só são aceitáveis as soluções que garantem a condição,

(2.33)

para o meio (1) fica:

(3.34)

Assumindo:

(2.35)

resulta então:

(2.36)

(2.37)

(2.38)

(2.39)

( ) xeDx αφ −= 1

⎩⎨⎧

>−<<

=dxj

dxhkx ,

0,α

( )( )

⎩⎨⎧

>

<<=

−− dxBedxhxA

H dxy 0cos

α

( )⎩⎨⎧

>−

<<=

∂−− dx

0)cos(dx

y

BedxhxAh

xE

αα

( )( )

⎩⎨⎧

>

<<=

−− dxBedxhxA

Edxy α

0sin

( )⎩⎨⎧

>−

<<−=

∂−− dxBehxAh

xH

dxy

αα

dx0 )sin(

Page 29: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

15

⎩⎨⎧

>≤≤

=dx

dxxr

2

1 0)(

μμ

μ

2.1.1 Condições na Fronteira e Equação Modal

i) Modos Transversais Magnéticos (TM)

Substituindo a equação (2.39) na equação (2.19) obtêm-se:

(2.40)

Tendo em conta que a placa dieléctrica é caracterizada por:

(2.41.a)

(2.41.b)

resulta:

(2.42)

Considerando as condições na fronteira (c.n.f) e na superfície, isto é:

(2.43)

⎩⎨⎧

>≤≤

=dx

dxxr

2

1 0)(

εε

ε

( )( )⎩

⎨⎧

=

=

dxE

dxH

z

y

⎩⎨⎧

>−

<<−=

−−⊥ dxeB

dxhxhCExj

dxz

0)sin()(

)(2

0 ααεωε

⎪⎩

⎪⎨

>−

<<−=

−−

dxeB

dxhxhCEj

dxz

0)sin(

)(

2

0αα

εωε

Page 30: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

16

condições essas que impõe a continuidade das componentes tangenciais dos campos

eléctricos e magnéticos obtém-se:

(2.44)

Reescrevendo sob a forma matricial vem:

(2.45)

Para que esta equação possua soluções não triviais anula-se o determinante ou seja:

(2.46)

(2.47)

Com alguma manipulação e com introdução de variáveis normalizadas:

(2.48)

(2.49)

a equação modal assume a forma final:

(2.50)

hdu =

dw α=

( ) ( )

⎪⎩

⎪⎨

−=−

=

−−

−−

)(2

2

)sin(

cos

dx

dx

eBhxhCBehxC

α

α

αε

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡=⎥

⎤⎢⎣

⎡×⎥

⎤⎢⎣

−−

−−⊥

−−

00

)sin()cos( 2

)(

)(

BC

ehdhehd

dx

dx

α

α

αε

0)sin()cos( )()( =+− −−−−⊥

dxdx ehdhehd αααε

)cot(hddhd αε⊥=⇒

)cot(uwu ⊥= ε

Page 31: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

17

A partir de 2.50 e por simulação numérica obtém-se o diagrama de dispersão para os

modos TM Pares que se represente na Figura 2.2.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.61

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

1.7

1.8

1.9

2

d/lambda

k/ko

TMpar 0TMpar 1TMpar 2TMpar 3

Figura 2. 2. Diagrama de dispersão dos Modos TM Pares

i) Modos Transversais Eléctricos (TE)

Para os modos TE ímpares substitua-se a equação (2.38) na equação (2.14) obtendo-se:

(2.51)

⎩⎨⎧

>−

<<=−

−− dxeBdxhxhC

Hxjdxzr

0)cos()(

)(2

0 ααμωμ

Page 32: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

18

A equação (2.41b) permite reescrever (2.51) como:

(2.52)

As relações de continuidade nas interfaces do campo electromagnético transversal

conduzem a seguinte equação de dispersão:

(2.53)

pelo que para a equação matricial escreve-se:

(2.54)

Da mesma forma, para que a equação (2.54) possua soluções não triviais faz-se anular o

determinante ou seja:

(2.55)

Finalmente para a equação modal escreve-se:

(2.56)

⎪⎪⎩

⎪⎪⎨

>−

<<

=−−− dxeB

dxhxhC

Hjdx

z

0)cos(

)(

0

0

2

0αα

μ

μωμ

( ) ( )

⎪⎩

⎪⎨

−=

=

−−

−−

)(

00

2

2

)cos(

sin

dx

dx

eBhxhCBehxC

α

α

αμμ

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡=⎥

⎤⎢⎣

⎡×⎥

⎤⎢⎣

⎡ −−−

−−

00

)cos()sin( 2

)(00

)(

BC

ehdhehd

dx

dx

α

α

αμμ

)cot(uuw −=

0)cos()sin( )(0

)(0 =−−−− dxdx ehdhehd αα μαμ

Page 33: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

19

1202

22

210 −=−= ndknnndkv

A frequência normalizada é dada por,

(2.57)

Trata-se de um parâmetro estrutural que serve para determinar os diversos modos de

propagação que o guia suporta.

0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.41

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

1.7

1.8

1.9

2

d/lambda

k/ko

TMimpar 0TMimpar 1TMimpar 2TMimpar 3

Figura 2. 3. Diagrama de dispersão dos Modos TE ímpares

As Figuras 2.2 e 2.3, representam respectivamente, os diagramas de dispersão dos

modos TM par e TE impar. Pelos gráficos nota-se pouca diferença no que diz respeito

ao comportamento entre esses modos de propagação.

Page 34: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

20

Na Figura 2.2 verifica-se que a curva de dispersão do primeiro modo começa numa

frequência menor em comparação com a curva do primeiro modo da Figura 2.3. Isto

deve-se ao facto de obedecerem raízes de funções com paridades diferentes. Cada curva

representa um determinado modo de propagação, ou seja uma determinada configuração

de campos, com valores particulares de frequência de corte (fc). Portanto pode-se dizer

que a diferencia essencial está na frequência de corte. Recorda-se que aumentando a

frequência, aumenta também o parâmetro estrutural (v), parâmetro este que como já se

tinha referido determina quantos e quais os modos suportados por um determinado guia

de ondas.

Page 35: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

21

Capítulo 3

Guias Contendo Ferrites

3.1 – Introdução Certos materiais com características especiais podem ser usados para absorver a energia

de ondas electromagnéticas, como aquelas emitidas por antenas de comunicações

móveis, circuitos electrónicos em cavidades ressonantes, bem como as emitidas por

radar.

As ferrites são materiais importantes com elevada resistividade eléctrica, boas

propriedades magnéticas (nomeadamente anisotropia magnética), com várias aplicações

tecnológicas pelo que se tem atraído muito a atenção nas últimas décadas. A fim de

satisfazer às exigências de equipamentos modernos geradores de microondas, o

interesse na caracterização e no desenvolvimento de técnicas de fabricação destes

materiais tem sido renovado.

Neste capítulo estuda-se a propagação de ondas electromagnéticas em guias contendo

ferrites. Numa primeira parte faz-se o estudo para quando o campo magnético é

transversal, objectivando se obter as equações características dos modos (TE e TM) e os

respectivos diagramas de dispersão. Também far-se-á o estudo para quando o campo

magnético é longitudinal onde os modos são híbridos.

Page 36: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

22

3.2 – Placa de Ferrite Assente num Plano Condutor

Perfeito com Campo Magnético Transversal

Β

Figura 3. 1. Placa de Ferrite assente num plano condutor perfeito

Seguindo o mesmo raciocínio usado no capítulo 2, pode-se facilmente encontrar as

equações e os diagramas de dispersão para os modos TE e TM.

Considera-se que a propagação se efectue na direcção do eixo dos zz, na forma xjkxe− e

que o guia tem uma estrutura infinita segundo o eixo dos yy pelo que:

(3.1)

(3.2)

As equações de Maxwell podem assim ser desdobradas:

(3.3)

(3.4)

jkz

−=∂∂

0=∂∂y

HμEBE .0ωμjt

−=×∇⇔∂∂

−=×∇

EHDH .εωε ojt

=×∇⇔∂∂

=×∇

Page 37: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

23

onde

(3.5)

Considerando o campo magnético transversal e que o meio exibe anisotropia magnética,

o tensor de permeabilidade magnética é dado por:

(3.6)

e as relações constitutivas definidas por:

(3.7)

(3.8)

Tendo em conta que:

(3.9)

Por analogia pode-se substituir o (A) pelo campo eléctrico (E) e as derivadas conhecidas

pelos seus valores, resultando:

(3.10)

zjkxx

ˆˆ −∂∂

=∇

−=

μμμ

μμ

000

0

||

x

x

j

ED εε 0=

zyA

xA

yz

AxAx

zA

yA

AAAzyx

zyx

A xyxzyz

zyx

ˆˆˆ

ˆˆˆ

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

+∂

∂+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

+∂∂

+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂

∂+

∂∂

=∂∂

∂∂

∂∂

=×∇

zx

EyjkE

xExjkE

EEE

jkx

zyxy

xz

y

zyx

ˆˆˆ0

ˆˆˆ

∂+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ +

∂∂

−=−∂∂

=×∇ E

HμB ⋅= 0μ

Page 38: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

24

De modo análogo obtém-se a equação de onda para o campo magnético:

(3.11)

Por comparação de (3.3) com (3.10) conhece-se o seguinte conjunto de equações:

(3.12)

(3.13)

(3.14)

Resolvendo as equações (3.12) e (3.14) em ordem a xH e zH obtém-se

respectivamente:

(3.15)

(3.16)

A equação (3.13) relaciona apenas yH com xE e zE pelo que deve existir modos TM

com componentes yE , xH e zH .

zx

yx HjEkH⊥⊥

−−=μμ

μωμ0

xxy

z Hjx

EjH

⊥⊥

+∂

∂=

μμ

μωμ0

1

zx

HyjkH

xHxjkH

HHH

jkx

zyxy

xz

y

zyx

ˆˆˆ0

ˆˆˆ

∂+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ +

∂∂

−=−∂∂

=×∇ H

( )zxxy HjHjjkE μμωμ +−= ⊥0

yxz HjjkE

xE

||0μωμ−=−∂

∂−

( )zxxy HHjj

xE

⊥+−−=∂

∂μμωμ0

Page 39: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

25

De modo análogo, pode-se determinar as equações dos modos TE. Assim substituindo

(∇ ×H) da equação (3.11) pelo seu equivalente dado por (3.4) obtêm-se o seguinte

conjunto de equações:

(3.17)

(3.18)

(3.19)

A partir das equações (3.10), (3.12) e (3.19) obtém-se expressões para xE e zE , assim

definidas:

(3.20)

(321)

A equação (3.18) relaciona yE com xH e zH pelo que deve existir modos TE com

componentes yE , xH e zH .

Substituindo as equações (3.20) e (3.21) na equação (3.13), obtém-se para os modos

TM:

(3.22)

com

(3.23)

xy EjjkH εωε 0=

yz

x Ejx

HjkH εωε0=∂

∂+

yx HkEεωε 0

=

xH

jE yz ∂

∂−=

εωε 0

1

( ) 02||

202

2

=−+∂

∂y

y HkkxH

εμ

0022

0 μεwk =

zoy Ej

xH

εωε=∂

Page 40: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

26

Fazendo:

(3.24)

e reescrevendo a equação (3.22) resulta:

(3.25)

As características dos modos transversais magnéticos pares são obtidas a partir de (3.25)

sujeitas às condições apropriadas de contorno nas interfaces dos diferentes meios.

3.2.1 – Condições na Fronteira e Equação Modal Começa-se por resolver a equação diferencial que tem soluções da forma:

(3.26)

para BAC += e )( BAjD += .

Admite-se xk definido na forma paramétrica como:

(3.27)

Para tx > , xy AeHB α−=⇒= 0 , indicando uma onda atenuada exponencialmente.

Para x < t, o modo terá duas componentes em ressonância transversal. A componente

suporte definirá a paridade desses modos.

2||

20

2 kkkx −= εμ

022

2

=+∂

∂yx

y HkxH

( ) ( )xkDsenxkCHBeAeH xxyxjkxjk

yxx +=⇔+= − cosº

⎩⎨⎧

>−<

=txj

txhkx ,

Page 41: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

27

Assim para 00)0( =⇒== DxEz , obtém-se soluções que apenas caracteriza os modos

transversais magnéticos pares (TM pares).

De acordo com o exposto:

(3.28)

e a derivada:

(3.29)

Para uma dedução mais exaustiva da equação modal, é necessário contabilizar o

percurso de ( )xE z quando 0>x .

Para isso basta comparar a derivada de yH dada por (3.29) com a equação da mesma

derivada dada por (3.19) pelo que se escreve:

(3.30)

Contabilizando as propriedades características do meio resulta:

(3.31)

( )⎩⎨⎧

>

<<=

−− txSetxhxR

Htxy ,

0),cos(α

( )⎩⎨⎧

>−

<<−=

∂∂

−− txeStxxhRh

xH

txy

,0),sin(

αα

( )⎩⎨⎧

>−

<<−=

−− txeStxxhRh

xEjtxz ,

0),sin()(0 αα

εωε

( )⎪⎪⎩

⎪⎪⎨

>−

<<−=

−− txeS

txxhhR

xEjtx

z

,

0),sin()(

2

10

α

εα

εωε

Page 42: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

28

Para a mesma dedução exaustiva, é igualmente essencial impor a continuidade de yH e

zE .

Para isso impõe-se as condições na fronteira, )( txH y = e )( txEz = às equações (3.28)

e (3.31) pelo que se obtém:

(3.32)

(3.33)

Este resultado pode ainda ser representado na sua forma matricial como:

(3.35)

A equação característica para os modos de propagação no meio é obtida por

desenvolvimento da equação (3.35). Assim para que esta possua soluções não triviais

faz-se anular o determinante ou seja:

(3.35)

Introduzindo variáveis normalizadas:

(3.36)

(3.37)

a equação (3.35) toma a sua forma final:

(3.38)

( )txhtS −−= αRe)cos(

( )txeRhthS −−−=− α

εα

ε 21

)sin(

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡⎥⎦

⎤⎢⎣

−−

−−

−−

00

)sin()cos(

)(12

)(

RS

ehtheht

tx

tx

α

α

αεε

)tan()sin()cos(2

1)(2

)(1 hthttehthhte txtx =⇒−=− −−−−

εεαεαε αα

uht =

wt =α

)tan(2

1 uuw =εε

Page 43: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

29

Finalmente representa-se na Figura 3.2 o diagrama de dispersão para os modos TM

pares.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 11.5

2

2.5

3

d/lambda

k/k0

TMpar 0 TMpar 1TMpar 2TMpar 3

Figura 3. 2. Diagrama de dispersão dos Modos TM pares

Os efeitos de não reciprocidade associados aos modos TM estão presentes no diagrama

de dispersão da Figura 3.2. Estes efeitos podem ser controlados através da variação da

intensidade do campo externo aplicado. Olhando para a figura verifica-se que não existe

muita diferencia em termos de propagação face ao meio estudado no capítulo1 (Cristais

biaxiais) também eles anisotrópicos.

Page 44: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

30

3.3 – Guia de Planos Paralelos com Campo

Magnético Longitudinal

Figura 3. 3. Guia rectangular contendo Ferrite com Campo Magnético Longitudinal

Considera-se agora um guia rectangular com campo magnético longitudinal, sendo as

estruturas de propagação híbridas.

Admite-se que a propagação se efectue na direcção do campo aplicado 0B (eixo dos

zz) na forma xjkxe− e que o guia tem uma estrutura infinita segundo o eixo dos yy.

Portanto relativamente aos eixos dos zz e dos yy as derivadas são respectivamente:

(3.39)

(3.40)

βjz

−=∂∂

0=∂∂y

Page 45: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

31

Para o campo magnético longitudinal, o tensor de permeabilidade magnética é dado por:

(3.41)

e as relações constitutivas do meio dadas por:

(3.42)

(3.43)

em que ε representa a constante dieléctrica relativa e μ o tensor da permeabilidade

magnética relativa.

As equações de Maxwell podem ser desdobradas da seguinte forma:

(3.44)

(3.45)

onde

(3.46)

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎡=

10000

μμμμ

x

x

jj

μ

ED εε 0=

HμB ⋅= 0μ

HμEBEBE .0ωμω jjt

−=×∇⇔−=×∇⇔∂∂

−=×∇

EHDHDH εωεω ojjt

=×∇⇔=×∇⇔∂∂

=×∇

zjkxx

ˆˆ −∂∂

=∇

Page 46: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

32

De modo análogo ao que se procedeu na secção (3.1), a equação (3.9) fornece:

(3.47)

(3.48)

Das equações (3.45) e (3.48) obtêm-se por substituição:

(3.49)

(3.50)

(3.51)

Igualmente para o campo magnético, substituindo (3.44) em (3.47) resulta:

(3.52)

(3.53)

(3.54)

zt

EyEj

xExEj

EEE

jx

zyxy

xz

y

zyx

ˆˆˆ0

ˆˆˆ

∂+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ +

∂∂

−=−∂∂

=×∇ βββE

zt

HyHj

xHxHj

HHH

jx

zyxy

xz

y

zyx

ˆˆˆ0

ˆˆˆ

∂+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ +

∂∂

−=−∂∂

=×∇ βββH

xy EjHj εωεβ 0=

yz

x Ejx

HHj εωεβ 0=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

+−

zoy Ej

xH

εωε=∂

( )yxxy HjHjEj μμωμβ +−= 0

( )yxxz

x HHjjx

EEj μμωμβ +−=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

∂∂

+− 0

zy Hj

xE

0ωμ−=∂

Page 47: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

33

De (3.49) e (3.51) obtém-se por substituição:

(3.55)

(3.56)

Igualmente de (3.52) e (3.54) obtém-se por substituição:

(3.57)

(3.58)

Substituindo as equações (3.55), (3.56) e (3.57) na equação (3.53); as equações (3.57) e

(3.58) na equação (3.50) obtêm-se respectivamente para os modos TM e TE:

(3.59)

(3.60)

Resolvendo (3.59) em ordem a yH obtém-se:

(3.61)

yx HEεωε

β

0

=

xH

jE yz ∂

∂−=

εωε 0

1

yx

yx HjEHμμ

μωμβ

−−=0

xE

jH yz ∂

∂=

0

1ωμ

yx

yxy EjHk

xH

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−=⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛−

−+

∂β

μμεωεβ

μμμε 0

220

22

2

2

( ) yx

yy HjEk

xE

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛=⎥

⎤⎢⎣

⎡−+

∂β

μμωμβεμ

μ 022

02

2 1

( )⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡−+

∂= y

y

xy Ek

xE

jH 22

02

2

0

11 βεμμβ

μμωμ

Page 48: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

34

Por introdução de variáveis normalizadas:

(3.62)

(3.63)

(3.64)

(3.65)

e por substituição de (3.61) em (3.59) resulta:

(3.66)

Seja:

(3.67)

(3.68)

Começa-se por definir ( )xEy em função de ( )xAφ e ( )xBφ como sendo:

(3.69)

( )220

1 βεμμ

−= ka

βμμωμ xja 0'=

220

22

βμ

μμε −−

= kb x

μμεωε xjb 0' −=

( ) 0''' 2

2

2

2

=−+∂

∂−=

∂y

yy EbaabxE

ab

xH

( ) ( ) ( )xhsenRxhx AAAA += cosφ

( ) ( ) ( )xhsenRxhx BBBB += cosφ

( ) ( ) ( )xBxAxE BAy φφ +=

Page 49: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

35

Aplicando a derivada de segunda ordem a (3.69) resulta:

(3.70)

Introduzindo novamente variáveis normalizadas:

(3.72)

(3.73)

e substituindo (3.70) em (3.66) obtém-se:

(3.74)

Por derivação de (3.73) obtém-se:

(3.75)

3.3.1 – Condições na Fronteira e Equação Modal

Aplicando as relações de continuidade nas interfaces do campo electromagnético

longitudinal obtém-se:

para ( ) 00 ==xE y

(3.75)

( ) ( )xBhxAhxE

BBAAy φφ 22

2

2

−−=∂

Aa

ha AA

2

21 −

Ba

ha BB

2

21 −

( ) ( ) ( )xxxH BBAAy φφ Γ+Γ=

( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ]xhsenxhRhxhsenxhRhx

HBBBBBAAAAA

y −Γ+−Γ=∂

∂coscos

0=+ BA

Page 50: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

36

para ( ) 0== txE y :

(3.76)

Para ( ) 00 ==xEZ :

(3.77)

Para ( ) 0== txEZ :

(3.78)

Através das equações (3.76) e (3.78) resulta:

(3.79)

Finalmente para a equação modal obtém-se:

(3.78)

( ) ( )[ ] ( ) ( ) 0coscos =⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡ΓΓ

−+− thsenhhthsenRthth B

BB

AAAABA

ABB

AABBBBAAA R

hhRRhRh

ΓΓ

−=⇒=Γ+Γ 0

( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ] 0coscos =Γ+Γ−Γ−Γ thsenhthsenhthhthhR BBBAAABAAAAAA

( ) ( )( ) ( )

( ) ( )( ) ( )thsen

hhthsen

thththhthhthsenhthsenh

BBB

AAA

BA

BAAAAA

BBBAAA

ΓΓ

−−=

Γ−ΓΓ+Γ coscos

coscos

( ) ( ) ( ) ( )[ ]1coscos212

−ΓΓ

=⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ΓΓ

+ ththhhthsenthsen

hh

BABB

AABA

BB

AA

Page 51: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

37

A partir 3.78 obtém-se o diagrama de propagação do guia de planos paralelos.

Figura 3. 4. Diagrama de Propagação de um guia de planos paralelos preenchido por ferrite com campo Magnético Longitudinal

Apresenta-se igualmente a constante de propagação β , para o modo quase TEM

calculada em função de λ/D e μμ /x . A curva λ/D =0.5 corresponde ao

comportamento de um guia de ondas com espaçamento entre os planos paralelos

de 2/λ em que λ é o comprimento de onda intrínseco associado à propagação no

material.

Para espaçamentos menores que 2/λ , a dependência de β com μμ /x aproxima-se a

uma curva circular: 122

=+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ βμμx .

Este resultado é útil no projecto de dispositivos uma vez que relaciona de forma simples

a constante de propagação e a anisotropia.

Para espaçamentos maiores (por exemplo λ/D = 1.6) esta tendência é invertida. A

constante de propagação cresce com a anisotropia em vez de diminuir. Esta particular

correspondência implica que o guia de ondas se comporta como uma estrutura de onda

lenta para espaçamentos elevados de onda rápida para estruturas com espaçamentos

pequenos.

Page 52: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

38

Page 53: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

39

Capítulo 4

Guias Contendo Meios Quirais

4.1 – Introdução

Meios Quirais são materiais macroscopicamente contínuos, composto de objectos

quirais equivalentes, uniformemente distribuídos e orientados de forma aleatória [21].

Um material quiral tem um enrolamento em volta da sua estrutura, resultante do

agrupamento de partículas ou moléculas que se espalhem como hélices. O sentido do

enrolamento pode ser voltado à esquerda ou à direita. A consequência electromagnética

disto é que ondas com polarização circular à direita propagam-se com diferentes

velocidades e absorção das ondas com polarização circular à esquerda.

Um objecto tridimensional quiral não pode ser posta em congruência com a sua imagem

de espelho por rotação ou translação [22].

Face a estas interessantes características tem havido recentemente um renovado

interesse nestes materiais, descobertos no século XIX.

Guias de ondas preenchidos com meios quirais apresentam um grande número de

características especiais favorecendo diversos tipos de aplicações, nomeadamente no

campo de microondas como também nos sistemas de comunicações ópticas [11].

Este capítulo tem com objectivo o estudo das características de propagação de ondas

electromagnéticas ao longo de guias preenchidos com meios quirais.

Apresenta-se de seguida a análise modal de um guia metálico quiral a partir da qual será

possível representar os diagramas de dispersão das estruturas de propagação.

Page 54: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

40

4.2- Guia Circular Metálico Quiral

cξμε ,, 11

Figura 4. 1. Secção transversal do guia circular metálico quiral, limitado por uma parede eléctrica, onde as componentes dos campos φE , ZE e RB são nulas.

Considera-se um guia de ondas de raio R, limitado por um condutor eléctrico perfeito

Figura 4.1 preenchido com um meio quiral homogéneo com permeabilidade relativa

escalar 11 =ε , permeabilidade magnética 11 =μ e admitância quiral msc 1=ξ .

Na dispersão como nas hélices, a incidência de um campo eléctrico induz um momento

magnético paralelo ao campo eléctrico, assim como o momento eléctrico; e vice-versa.

Isto fornece termos adicionais às relações constitutivas que podem ser escritas (ver

apêndice D) como:

(4.1)

(4.2)

em que o parâmetro χ representa a quiralidade do meio. Quiralidade é assim a

generalização do fenómeno mais familiar - actividade óptica.

HED 000 μεχεε i+=

EHB 000 μεχμμ i−=

Page 55: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

41

Um meio quiral é recíproco, justificando-se o porque do parâmetro χ aparecer em

ambas as equações constitutivas.

Modos híbridos existem se ou 0≠zH . Designam-se neste caso modos

híbridos HE ou EH, dependendo de ZE ou ZH respectivamente, terem a maior

contribuição para o campo transversal.

Como todos os modos de um guia de ondas metal quiral são híbridos [13], [14] a

designação nmEH é aqui usada para representar cada modo híbrido que degenera num

modo nmTM no caso aquiral e nmHE é usado para designar os modos híbridos que

degeneram em modos nmTE no caso aquiral. Quando ordenados por aumento da

frequência de corte, o índice n implica uma variação azimutal de φjne , e o índice m

indica a ordem do modo.

4.3- Equação Modal As propriedades dos campos eléctricos e magnéticos dentro e fora do guia podem ser

encontradas olhando para as soluções apropriadas das equações de Maxwell. As

condições de contorno nas interfaces são usadas para determinar as características de

propagação dos modos.

Conforme descrito em [14] e [15] (ver também Apêndice B) para um guia de ondas

quiral as componentes longitudinais do campo ZE e ZH podem ser expressas em

termos as funções +U e −U como:

(4.3)

(4.4)

e

(4.5)

(4.6)

−−++ += UpUpEz

−−++ += UqUqH z

02 =+∇ +++ UpUt

02 =+∇ +++ UpUt

0≠ZE

Page 56: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

42

onde:

(4.7)

(4.8)

(4.9)

(4.10)

(4.11)

(4.12)

(4.13)

(4.14)

em que +k e −k são os números de onda das ondas características com polarização

circular direita e esquerda, respectivamente.

Para descrever o comportamento das soluções +U e −U no interior do guia, isto é, para

R<ρ , faz-se uso, de coordenadas cilíndricas ( )z,,φρ . Assume-se também que o

condutor eléctrico é perfeito.

( )22 β−= ++ kp

( )22 β−= −− kp

( )( )cj

pkkqξμω 22

22

4+−+

+−

=

( )( )cj

pkkqξμω 22

22

4−−+

−−

=

( )22cc kk ωμξωμξ ++±=±

μεω=k

rμμμ 0=

rεεε 0=

Page 57: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

43

Assim:

(4.15)

(4.16)

onde nJ representa a função de Bessel de ordem n, 1A e 2A são constantes a

determinar.

Levando em conta as condições de continuidade nas interfaces entre os meios, isto é

R=ρ , vem:

(4.17)

A partir das expressões de φE em função de zE e zH em conjunto com as expressões

de (4.1) a (4.14) e após algumas manipulações chega-se a um conjunto de equações,

que passa-se a representar na sua forma matricial:

(4.18)

para:

(4.19)

( ) ( )

( )

( )( )( )

( )( )

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+

+

+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +

+

++

=

−−−−

++++

−−

+++

+−

qpjbqRpp

qpjbqRpp

RpqjapRpjnJ

RpqjaqRpJp

RpJpRpJp

Q

n

n

n

n

nn

'

'

J

J

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡=⎥

⎤⎢⎣

⎡00

2

1 QAA

( ) φρ jnn epJAU +=+ 1

( ) φρ jnn epJAU −=− 2

( ) ( )RzRz EEEEE

==−=++×=

ρφρφρρ φzzφρ0

Page 58: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

44

onde:

(4.20)

(4.21)

(4.22)

(4.23)

são constantes [16]. Para que se obtenha uma solução não trivial, é necessário impor:

(4.24)

onde [ ]A é a matriz de coeficientes.

4.4- Resultados

Apresenta-se na Figura 4.2 os resultados obtidos para os diagramas de propagação do

guia circular metálico quiral da Figura 4.1.

Como já se sabia inicialmente todos os modos encontrados num guia de ondas circular

contendo meios quirais são híbridos, mesmo que o número angular do modo, n = 0.

Cada modo quiral é dividido em dois ramos com diferentes constantes de propagação

dependendo do sinal de n, mantendo-se no entanto iguais as frequências de corte.

( )[ ] ( )( )2222

222 2/

−+

−+

−−−+

=kk

kkaββ

ββ

( )( )( )[ ]2222

22

−+ −−

+=

kkk

bββ

βωμ

( )( )[ ]2222

222

−+ −−=

kkp c

βββξμω

( )( )( )[ ]2222

22

−+ −−+

=kk

kq c

βββωμξ

[ ] 0det =A

Page 59: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

45

Para n=0 existe apenas um ramo. Uma outra característica importante encontrada nesses

guias é que o meio quiral restringe os modos guiados cuja polarização é oposta ao seu

próprio sentido.

Conforme aumenta a frequência de funcionamento, ou diminui a ordem dos modos, as

características de dispersão são mais facilmente influenciadas no interior do guia do que

nas fronteiras. A razão disso é que com o aumento da frequência de funcionamento a

energia das ondas fica mais concentrada na área central.

1.5 2 2.5 30

0.5

1

1.5

KoR

Bet

a/K

o

k+/k-HE 1,1HE-1,1EH 0,1HE 2,1HE-2,1

Figura 4.2. Relação de Dispersão do Modo Fundamental 1,1HE e dos modos acima 1,0EH e

1,2HE no guia circular metálico quiral

A razão axial de polarização tende para 1 a medida que a admitância quiral cξ aumenta.

Nas altas frequências, para 0>cξ a constante de propagação aproxima-se de +k (PCD)

enquanto para 0<cξ , a constante de propagação aproxima-se de −k (PCE) isto num

meio quiral ilimitado. Pode-se verificar esta característica na Figura 4.2 onde

445.1/ ≈+ okk .

Page 60: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

46

Invertendo a direcção de propagação e fazendo nn −→ , a amplitude das constantes de

propagação mantém-se, pois trata-se de um meio recíproco. Fica claro também a

importância da relação entre a direcção de propagação e o sinal de n.

Finalmente assim como para meios preenchidos por ferrites, estes não recíprocos, existe

uma região onde a velocidade de fase e de grupo tem sinais oposto.

Para os resultados discutidos considera-se a admitância quiral cξ positiva e negativa.

Uma conclusão importante é que se houver uma mudança de sinal por parte da

admitância, todas as características relacionadas com um ramo HE vai afectar também o

ramo EH e vice-versa.

Page 61: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

47

Capítulo 5

Guias Contendo Meios Ómega

5.1 – Introdução

Entre os vários meios complexos, alguns já estudados em capítulos anteriores, existem

os meios ómega ou pseudoquirais. Os meios ómega foram propostos em 1991 por N.

Engheta e M. Saadoun [3] como uma variante aos meios quirais. Os materiais

pseudoquirais podem ser obtidos dopando um meio isotrópico hospedeiro com

microestruturas condutoras compostas por partículas ómega (uma espira e dois fios

coplanares - Ω ) ordenadas ao longo de uma direcção preferencial. O campo eléctrico

induz não só polarização eléctrica como magnética e vice-versa, resultando num

acoplamento magneto-eléctrico. Os meios ómega diferenciam-se dos meios quirais pela

forma como se dá o acoplamento. Enquanto nas hélices de um meio quiral estas

polarizações são paralelas, no caso das microestruturas em forma de Ω essas

polarizações são perpendiculares entre si. Portanto, embora o conceito de meios ómega

tenha surgido a partir dos meios quirais e de partilharem relações constitutivas

similares, a verdade é que em termos de iteração com ondas electromagnéticas são

consideravelmente diferentes.

Uma análise adequada da propagação e do espalhamento de ondas electromagnéticas

em meios complexos permite investigar potenciais aplicações. Recentemente tem-se

verificado que a iteração de ondas electromagnéticas com os meios pseudoquirais

favorece muitas aplicações nomeadamente lâminas retardadoras recíprocas [15], guias

pseudoquirais entre outros dispositivos ópticos.

Page 62: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

48

5.2 - Guia Dieléctrico Não-Radiante (NRD)

O guia dieléctrico não-radiante foi proposto por Yoneyama e Nishida [24] para

aplicações de microondas. Desde então esta tecnologia tem sido largamente usada em

vários dispositivos tais como: filtros, acopladores, guias de ondas etc. Devido a

características excepcionais como por exemplo baixas perdas de transmissão, esta

tecnologia tem sido bastante solicitado em guias dieléctricas como forma de minimizar

as perdas por radiação nas secções curvas ou descontinuidades transversais destes guias.

O NRD é basicamente constituído por uma lâmina dieléctrica isotrópica entre dois

planos condutores como mostra a Figura 1. A distância entre os planos condutores

perfeitos é menor que meio comprimento de onda. Esta constitui a principal diferencia

entre um guia NRD e uma linha-H (Apêndice C) [23]. A distribuição de campo é

confinada dentro do material dieléctrico decaindo exponencialmente no mecanismo de

ar. Esta propriedade permite ao NRD suprimir radiação indesejada reduzindo os

fenómenos de interferência nas descontinuidades do guia.

Figura 5. 1. Geometria de um guia (NRD) com uma lâmina dieléctrica isotrópica

Neste capítulo aborda-se o estudo da propagação de ondas electromagnéticas num guia

dieléctrico não-radiante, em que se substitui a lâmina isotrópica por um meio Ω . Este

guia é conhecido no domínio das altas frequências como guia Ω - NRD. Suporta modos

de secção longitudinal magnética (LSM - longitudinal-section magnetic) e de secção

longitudinal eléctrica (LSE – longitudinal-section electric). Apresenta-se de seguida

uma análise electromagnética completa derivando as equações modais tanto para os

modos LSM como para os LSE. Apresenta-se os diagramas operacionais como tambem

as curvas de dispersão para os primeiros modos.

Page 63: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

49

5.3 – Equações do Campo

A estrutura a ser analisada está representada na Figura 5.2. Trata-se de uma lâmina

ómega disposta entre dois planos condutores perfeitos ( Ω - NRD).

Ω

Figura 5. 2. Guia Ω - NRD ou linha H em que a lâmina dieléctrica é um meio ómega.

Em vez de se incluir apenas um conjunto de microestruturas em forma de Ω , considera-

se apenas o caso de um meio Ω uniaxial em que se inclui num substrato dois conjuntos

de microestruturas com orientação ortogonal (ver Figura 5.3). A designação de meio

ómega uniaxial [17], [18] deve-se ao facto de não existir direcção preferencial no plano

YZ.

Figura 5. 3. Orientação espacial pseudoquiral do Meio Ω uniaxial, composto por dois conjuntos de microestruturas condutoras em forma de, Ω .

As relações constitutivas do meio ómega uniaxial, tratando-se de um meio

bianisotrópico devem ser escritas na forma [25]:

(5.1)

(5.2)

HD ⋅+⋅= ξε E

HB ⋅+⋅= μζ E

Page 64: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

50

Agora, os tensores da permitividade eléctrica e da permeabilidade magnética relativos

são dados da seguinte forma uniaxial:

(5.3)

(5.4)

Os tensores magneto-eléctricos adimensionais ξ e ζ assumem a seguinte

representação diádica [7]:

(5.5)

(5.6)

Tratando-se de um meio recíproco, verifica-se nestas condições, T

ξζ −= .

O parâmetro pseudoquiral adimensional Ω que aparece nas equações (5.5) e (5.6) dos

tensores magneto-eléctrico pode relacionar-se com a admitância pseudoquiral

cΩ através de:

(5.7)

Consideram-se coordenadas cartesianas e assume-se que a propagação se efectue

segundo o eixo dos zz na forma exp( )− ′j zβ . Para o operador gradiente tem-se:

(5.8)

( )zzyyxx ˆˆˆˆˆˆ|| ++= ⊥εεε

( )zzyyxx ˆˆˆˆˆˆ|| ++= ⊥μμμ

( )yzzy −Ω= jξ

( )yzzy −Ω= jζ

0YcΩ

=Ω ⊥μ

Page 65: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

51

A partir das equações de Maxwell e por substituição das equações dos tensores (5.3),

(5.4), (5.5) e (5.6) nas relações constitutivas (5.1) e (5.2), consegue-se obter um

conjunto de equações que relaciona as componentes dos campos na lâmina dieléctrica

ómega e que se passa a escrever:

(5.9.i)

(5.9.ii)

(5.9.iii)

(5.10.i)

(5.10.ii)

(5.10.iii)

Pode mostrar-se que com esta geometria e com os parâmetros característicos do meio, o guia Ω - NRD apenas suporta modos híbridos LSE ( )0=xE e LSM ( )0=xH .

Desta forma para os modos LSM, tomando 0=xH em (5.9), (5.10) e preferindo yH

como a componente de suporte do campo, consegue obter-se facilmente a seguinte equação diferencial:

(5.11)

( ) xyzy Ejj ||εβ∂ =+− ′ HH

zyxzx jEjj HHH Ω+=+ ⊥′ εβ∂ )(

yzxyyx jEj HHH Ω−=∂−− ⊥′′ ε∂ )(

( ) xyzy EjEj H||μβ∂ =+′

( ) zyxzx EjEjEj Ω+=+− ⊥′ Hμβ∂

( ) yzxyx EjEEyj Ω−=− ⊥′′ Hμ∂∂

yyyyx HHH ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−Ω−−=+ ⊥

⊥⊥′⊥

′2

||

22

||

2 βεεμε∂

εε∂

Page 66: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

52

yyyyx EEE ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−Ω−−=+ ⊥

⊥⊥′⊥

′2

||

22

||

2 βμμεμ∂

εε∂

( )yyyx EE 22

||'

1 ββμ

−∂−=H

Para obter as restantes componentes do campo em função da componente suporte, basta

impor 0' =∇ B , pelo que resulta:

(5.12)

(5.13)

(5.14)

(5.15)

Analogamente ao caso dos modos LSE, tomando 0=xE em (5.19) e (4.10) e

escolhendo yE como componente de suporte do campo, resulta na seguinte equação

diferencial:

(5.16)

Da mesma forma para obter as restantes componentes do campo em função da

componente suporte, basta impor 0' =∇ D , pelo que resulta:

(5.17)

(5.18)

(5.19)

(5.20)

yyz j HH ′−= ∂β1

)(1 22

||yyyxE HH β

βε−∂−= ′

( )yyyxyyE HH ′′′⊥

Ω−= ∂∂∂βε

1

( )yyxz jE HH Ω−−= ′⊥

∂ε1

yyz EjE '

1∂−=

β

( )yyyxyy EE '''

1∂Ω+∂∂−=

⊥βμH

( )yyxz EEj Ω−∂=⊥

'

H

Page 67: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

53

5.4 – Equações Modais

Procede-se de um modo geral ao estudo dos modos LSE mn e LSM mn . Começa-se por

analisar os modos LSM mn onde se exprime yH como um produto de duas funções com

vista a obtenção das equações modais. Assim:

(5.21)

tais que:

(5.22.i)

(5.22.ii)

onde:

(5.23.i)

(5.23.ii)

Por substituição de (5.22) em (5.11), obtém-se facilmente as relações entre os números

de onda normalizados ou seja:

( )h y2 2 2 2+ + = −⊥

⊥ ⊥εε

β β ε μ||

Ω (5.24)

e

− + + =α β β2 2 2 1y (5.25)

( ) ( ) ( )zjygxfy ′−′′= βexpH

( ) 022 =′+′ xff xx β∂

( ) 022 =′+′ ygg yy β∂

0/ kk xx =β

0/ kk yy =β

Page 68: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

54

( ) ( )'' sin yGyg yβ=

Tendo em conta as condições na fronteira, as componentes do campo, à superfície dos

planos condutores perfeitos, devem satisfazer:

( ) 0,0 '' == byEx (5.26.i)

( ) 0,0 '' == byEz (5.26.ii)

pelo que é plausível escrever:

(5.27)

para (n=1, 2, 3, …) e

(5.28)

sendo

bkb 0' = (5.29)

O índice n representa o número de meios comprimentos de onda no interior do guia,

segundo a coordenada y. A partir das equações (5.14) e (5.15) verifica-se que as

componentes do campo eléctrico yE e zE são assimétricas em relação ao plano de

simetria geométrica do guia ( 0' =x ).

'bny

πβ =

Page 69: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

55

( ) 222

||

2 Ω−=++ ⊥⊥⊥ εμββ

μμ

yh

Deste modo escreve-se:

( )

[ ]

( )[ ]

( )[ ]⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪

′>′−′−

′<′<′+′

′−<′′+′

=′

lxlxF

lxxhRxhF

lxlxF

xf

,exp

0,sin)cos(

,)(exp

3

2

1

α

α

(5.30)

em que ′ =l k l0 .

Impondo a continuidade das componentes tangenciais do campo em ambos os planos

'' lx −= e '' lx = obtém-se a equação modal. Tendo em conta (13) e (15), esta

imposição conduz as seguintes relações:

(5.31)

(5.32)

Para os modos LSM obtém-se finalmente, a seguinte equação modal:

(5.33)

tratando-se portanto de uma equação par em Ω .

Procedendo-se da mesma forma pode-se facilmente deduzir a equação modal para os

modos LSE. Agora o numero de onda transversal normalizado no interior da lâmina

pseudoquiral vem dado por:

(5.34)

( ) ( )[ ] ( )+−−

±=∂=±=Ω−±=∂ ''''''''

1 lxflxflxfxxε

( ) ( )+− ±==±= '''' lxlxf

( )[ ] ( )[ ] 0tancot 2'' =Ω+−⋅+ ⊥⊥ αεαε hlhhlh

Page 70: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

56

Neste caso a imposição das condições na fronteira ao invés de (5.35) conduzem a

seguinte equação:

(5.35)

a partir da qual se obtém a seguinte equação modal para modos LSE:

(5.36)

tratando-se igualmente de uma equação par em Ω .

As condições na fronteira (5.31) e (5.32) são esclarecedores relativamente a não

existência de qualquer acoplamento entre os modos híbridos LSE e LSM. No entanto

convêm referir que as condições na fronteira podem ser satisfeitas separadamente por

cada um dos modos. Cada conjunto de inteiros (m, n) que aparece nos símbolos LSE mn

e LSM mn define um modo de propagação ou seja uma certa configuração de campos

com valores particulares de constante de propagação, frequência de corte etc.

O índice m (com m=0, 1, 2, …) fornece uma indicação sobre a ordenação das soluções

das equações modais (5.33) e (5.36). Quando 0→Ω , estas mesmas equações modais se

convertem num produto de duas equações modais elementares correspondentes a modos

pares e impares do caso isotrópico. O plano 0' =x neste caso converte-se num plano de

simetria electromagnética e as estruturas de propagação LSE e LSM podem dividir-se

em modos pares e ímpares.

5.3 – Resultados Numéricos As soluções das equações modais (5.33) e (5.34) em conjunto com as relações entre os

números de onda transversais dadas por (5.24) e (5.25) ou (5.25) e (5.34) conduzem a

resultados numéricos a ser apresentados e analisados.

( ) ( )[ ] ( )+−−

±=∂=±=Ω+±=∂ ''''''''

1 lxflxflxfxxμ

( )[ ] ( )[ ] 0tancot 2'' =Ω+−⋅+ ⊥⊥ αεαμ hlhhlh

Page 71: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

57

Antes de definir os parâmetros convêm saber que quando se inserem estruturas Ω no

seio de um meio isotrópico a permeabilidade e permitividade relativa aumenta de

acordo com as direcções laterais.

0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.50

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

b/lamda

l/lam

da

LSE01LSM01

Figura 5. 4. Diagrama operacional para os modos híbridos LSE01 e LSM01 de um guia Ω-NRD com uma lâmina pseudoquiral em que 2|| =ε , 3=⊥ε , 1|| =μ , 2=⊥μ e 1=Ω .

Os diagramas operacionais, permitem saber quantos modos se propagam, como também

quais os modos que se encontram acima do corte.

Assim segundo a figura 5.3 espera-se ||εε >⊥ e ||μμ >⊥ .

O ponto de cruzamento que se vê entre as curvas corresponde aos dois modos, o que

mostra a não existência, de qualquer acoplamento entre as duas estruturas de

propagação.

Page 72: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

58

A figura 5.5. representa a variação do parâmetro de corte cl λ com o coeficiente Ω

para os primeiros modos 1mLSM , considerando 4.0=λb .

0 0.5 1 1.5 2 2.50

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Omega

l/la

mbda

c

LSM01LSM11LSM21LSM31

Figura 5. 5. Variação do parâmetro de corte cl λ/ com Ω para os primeiros modos LSMm1de

um guia Ω com ||ε = 2, ⊥ε = 3, ||μ =1, ⊥μ =2, e λ/b = 4.0.

Para este caso o corte de cada modo é imposto pela condição de corte dos guias

fechados ( 0=β ). Existe um valor crítico ( 2≈Ωc ), a partir do qual deixa de haver

propagação guiada na estrutura. Este valor consegue-se a partir de:

(5.37)

2

||yc β

εεμε ⊥

⊥⊥ −=Ω

Page 73: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

59

A equação 5.3 fornece yβ para n = 1.

Na figura 5.6 apresenta-se a variação do parâmetro de corte b c/ λ com Ω para os

mesmos representados na figura anterior.

0 50 100 150 200 2500.2

0.25

0.3

0.35

0.4

0.45

0.5

0.55

Ómega

b / l

ámbd

a c

..........LSM01LSM11LSM21LSM31LSM41

Figura 5. 6. Variação do parâmetro de corte b c/ λ com Ω para os primeiros modos LSMm1 de um guia Ω-NRD em que 2|| =ε , 3=⊥ε , 1|| =μ , 2=⊥μ e 2.1/ =lb .

A linha mais inferior representa o valor mínimo de b c/ λ , sendo que este ocorre para

β = 0 , quando h → 0 , e é obtido a partir de:

(5.38)

( )2||2

1/Ω−

=

⊥⊥⊥

μεεε

λcb

Page 74: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

60

Na figura 5.7 apresenta-se o diagrama operacional do guia pseudoquiral para diversos

valores do parâmetro Ω .

0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 0.55 0.60

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

b/lambda

l / la

mbd

a

LSM21

LSM11

LSM01

Figura 5. 7. Diagrama operacional para os primeiros modos LSMm1 de um guia Ω em que

||ε = 2, ⊥ε = 3, ||μ =1, ⊥μ =2 para diversos valores de Ω .

As curvas a traço mais fino representam o caso em que Ω anula-se, passando o meio a

ser anisotrópico biaxial. Supondo que os modos LSE não são excitados, a largura de

banda do regime monomodal no guia Ω-NRD está limitada inferiormente pelo corte do

modo LSM01 e superiormente pelo corte do modo seguinte, i.e., o modo LSM11, ou pela

condição de supressão de radiação (b / .λ < 0 5 ). Mesmo após a inclusão de

microestruturas Ω, o modo principal mantém uma frequência de corte nula para

5.0/ >λb . Portanto, à excepção do modo LSM01, todos as outras estruturas sofrem um

incremento na frequência de corte devido à pseudoquiralidade.

Page 75: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

61

A largura de banda do regime monomodal pode ser determinada a partir da Figura 5.8.

Convém salientar que em certos casos, essa a largura de banda pode ser estendida.

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.50

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

l / lámbda

Bet

a

LSM01

LSM11

LSM21

Figura 5. 8. Variação do número de onda longitudinal normalizado β com λ/l , para os primeiros modos LSM do guia Ω . As curvas a traço fino correspondem ao caso anisotrópico biaxial enquanto as curvas a traço grosso correspondem ao caso 0.1=Ω .

Assim, para um certo ponto de funcionamento P0, essa largura de banda é proporcional

à distância entre as curvas do modo LSM01 e do modo LSM11, medida sobre a recta que

une a origem das coordenadas e o ponto P0.

A variação do número de onda longitudinal normalizado β com l / λ para 0=Ω e

1=Ω , quando b / .λ = 0 4 , pode ser visualizada na Figura 5.10.

As curvas a traço fino correspondem ao caso anisotrópico biaxial ou seja de não-

pseudoquiralidade ( 0=Ω ).

Page 76: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

62

( ) 22||max yβμε

εε

β −Ω−= ⊥⊥⊥

0 0.4 0.8 1.2 1.6 20

0.4

0.8

1.2

1.6

2

Ómega

Bet

a

LSM01LSM11LSM21LSM31

Figura 5. 9. Variação do número de onda longitudinal normalizado β com Ω para os primeiros modos LSM do guia Ω-NRD da Figura 4.12, quando 5.0/ =λl .

Para ∞→λ/l (isto no limite das altas frequências), 0→h , pelo que número de onda

logitudinal converge para o seu valor mais alto que se obtém a partir:

(5.39)

Para o modo LSM11, o incremento verificado no valor do parâmetro de corte l c/ λ faz

com que a região de operação monomodal seja maior relativamente ao caso não-

pseudoquiral conseguindo assim uma maior largura de banda.

Page 77: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

63

Na Figura 5.12, apresenta-se a variação de Ω com β, quando 4.0/ =λb e 5.0/ =λl . Para

cada modo existe um limite máximo para a amplitude do parâmetro pseudoquiral Ω, a

partir do qual a estrutura de propagação entra ao corte.

5.4 – Observações Finais

Neste capítulo analisou-se a propagação de ondas electromagnéticas em guias de ondas

pseudoquirais. Apresentou-se o guia dieléctrico não-radiante pseudoquiral (Ω- NRD).

Este guia consegue-se por substituição da lâmina isotrópica no guia NRD, por uma

lâmina ómega. Características únicas de propagação associadas a esta estrutura foram

apresentadas. Demonstrou-se que este guia suporta os modos híbridos LSE e LSM.

Apresentou-se uma análise electromagnética completa derivando as equações modais

tanto para os modos LSM como para os modos LSE. Verificou-se que para qualquer

modo LSM, existe um certo valor para a amplitude do parâmetro pseudoquiral acima do

qual o modo atinge o corte e um valor acima do qual em que deixa mesmo de haver

propagação guiada no meio.

A estrutura analisada é semi-aberta pelo que o corte pode ser determinado pela condição

de corte dos guias abertos ou fechados, dependendo do valor de b / λ .

No modo de operação do guia NRD, os planos condutores paralelos estão separados por

uma distancia menor que meio comprimento de onda. Com efeito o corte é determinado

pela condição de corte de um guia fechado.

O aumento da pseudoquiralidade na região 5.0/ >λb provoca geralmente um aumento

nas frequências de corte dos modos de ordem superior, sendo que isto não se verifique

apenas para o modo fundamental LSM01. De qualquer forma mostrou-se que a inclusão

de microestruturas condutoras Ω, faz aumentar a largura de banda do modo

fundamental.

Page 78: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

64

Page 79: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

65

Capítulo 6

Conclusão

6.1 – Sumário Neste trabalho forneceu-se uma análise modal completa no que diz respeito a

propagação de ondas electromagnéticas em guias de ondas preenchidos com

determinados meios complexos. Também destacou-se a importância das características

de propagação destes meios na elaboração de dispositivos para microondas e ondas

milimétricas.

No Capítulo 1 discutiu-se a propagação de ondas electromagnéticas em meios

anisotrópicos nomeadamente em cristais biaxiais. Para isso considerou-se uma placa

dieléctrica anisotrópica assente num plano condutor perfeito. A partir das propriedades

do meio e das equações de Maxwell derivou-se as equações modais apresentando os

diagramas de dispersão para os modos TE e TM.

Ainda acerca dos meios anisotrópicos analisou-se no capítulo 2 o comportamento de

ondas electromagnéticas em meios que apresentam anisotropia magnética – as ferrites.

Recorda-se que estes materiais ferromagnéticos, são não-recíprocos sendo que a

anisotropia pode ser manifestada através da aplicação de um campo magnético

controlado. Assim começou-se por analisar o caso em que o campo magnético aplicado

é transversal. Calculou-se as equações modais analisando as principais características de

propagação para os modos TE e TM. Seguidamente considerou-se um Guia de Planos

Paralelos com Campo Magnético Longitudinal. Ficou claro que quando o campo

aplicado é longitudinal as estruturas que se propaguem são híbridas.

A propagação de ondas electromagnéticas em guias contendo meios quirais foi

analisada no capítulo 4.

Deduziu-se as equações modais onde foi possível mostrar que os modos TE e TM se

degeneram em estruturas híbridas EH e HE com frequências de cortes similares.

Page 80: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

66

Nota-se portanto a ausência de qualquer modo transversal puro. A partir das equações

modais efectuou-se uma simulação numérica onde se pode comprovar os resultados.

Finalmente analisou-se as características de propagação dos meios ómega. Para este

estudo considerou-se um guia dieléctrico não-radiante (NRD). Derivou-se as equações

modais e apresentou-se os diagramas operacionais. Verificou-se que só se pode ter

estruturas híbridas de propagação.

6.2 – Direcções Futuras

A partir das equações de Maxwell e conhecendo as propriedades dos materiais foi

possível derivar as equações modais dos possíveis modos de propagação. Fez-se uma

simulação numérica no Matlab dando maior credibilidade aos resultados encontrados.

Na prática ainda não existe aplicações para todos os meios aqui analisados. Entretanto

com este estudo é possível elaborar estes materiais de forma artificial e usa-los como

meios de propagação em guias de ondas. O trabalho fica de certa forma limitado por

falta desta componente experimental mas o que foi feito constitui uma boa base para

trabalhos futuros. O número de materiais que se pode estudar é variado. Ultimamente

tem-se falado muito em meios matemateriais. Demonstrações experimentais recentes,

destes materiais, compostos com índice de refracção negativo, abrem um novo caminho

no projecto de novos tipos de dispositivos. Pode-se dizer que o futuro para os meios

complexos promete ser brilhante.

Page 81: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

67

Apêndice A

Propagação em Ferrites

Geralmente, num meio anisotrópico, as ondas características são por definição as únicas

que conservam a sua polarização durante a propagação.

Segue-se o estudo da propagação de ondas electromagnéticas planas monocromáticas

numa ferrite considerada como meio ilimitado, supondo que se encontra imersa num

campo aplicado de indução magnética estático e uniforme tal que:

aa BzB ˆ= (A.1)

Admite-se também que a ferrite pode ser escrita nestas circunstâncias pelas seguintes

relações constitutivas:

ED εε 0= (A.2)

HμB ⋅= 0μ (C.3) (A.3)

onde, μ (tensor da permeabilidade magnética relativa) é dado pela seguinte matriz:

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎡−= ⊥

||0000

μμμμμ

x

x

jj

μ (A.4)

Page 82: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

68

Considera-se ainda, 0// =∂∂=∂∂ yx e βjz −=∂∂ / o que faz zβj−=∇ .

Começa-se por escrever as equações de Maxwell sem fontes no campo e no domínio da

frequência:

BE ωj−=×∇ (A.5)

DH ωj=×∇ (A.6)

( ) 00 =⋅∇=⋅∇ ED εε (A.7)

( ) 00 =⋅⋅∇=⋅∇ HμB μ (A.8)

Por substituição das equações (A.2), (A.3) nas equações de Maxwell (A.5), (A.6),

obtém-se:

HμE ⋅−=×∇ 0ωμj (A.9)

EH εωε 0j=×∇ (A.10)

É possível entender muitos fenómenos em ondas electromagnéticas complexas

estudando o caso simples de uma onda plana que se propaga num meio ilimitado.

Supondo que a propagação de tal onda se efectue segundo o eixo dos zz, os campos

eléctricos e magnéticos podem respectivamente ser escritos (na forma complexa) como:

( )[ ]ztj βω −= exp0EE (A.11)

( )[ ]ztj βω −= exp0HH (A.12)

0E e 0H , representam as amplitudes complexas dos campos eléctrico e magnético respectivamente. Estas amplitudes podem ser decompostas nas suas componentes rectangulares:

zyxE ˆˆˆ 000 zoyx EEE ++= (A.13)

zyxH ˆˆˆ 000 zoyx HHH ++= (A.14)

Page 83: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

69

O termo zt βω − representa a fase da onda, enquanto zβ é o desfasamento relativamente a distância z.

Portanto as Equações (A.9) e (A.10) podem ser reescritas como:

( )00

0ˆ HμEz ⋅=×β

ωμ (A.15)

00ˆ EHz

βεωε

−=× (A.16)

De (A.13) e (A.14) verifique-se:

0ˆ 0 =⋅ Ez (A.17)

( ) 0ˆ 0 =⋅⋅ Hμz (A.18)

A partir de (A.17) e (A.18) deduz-se que 00 =zE e 00 =zH . O mesmo pode ser verificado através de:

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎡+−

+=⋅ ⊥

z

yxx

yxox

HHHj

HjH

0||

00

0

0

μμμ

μμHμ (A.19)

Verifica-se então, que as ondas planas e monocromáticas que se propagam na ferrite são

ondas TEM com 000 == zz HE .

A partir de (A.14) escreve-se:

( ) ( )00

0 ˆˆˆ EzHzz ×−=××β

εωε (A.20)

Page 84: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

70

Pela regra do produto externo:

( ) ( ) ( ) 000 ˆˆˆˆˆˆ HHzzzHzHzz −=⋅−⋅=×× o (A.21) Por substituição de (A.21) em (A.20) obtém-se:

( )0ˆ EzH ×=β

εωε oo (A.22)

Substituindo (A.15) em (A.22) e com alguma manipulação resulta:

(A.23)

Recorda-se que:

(A.24)

pelo que (A.23) pode assim ser reescrita:

(A.25)

Introduzindo a variável normalizada ξ tal que:

20

2

kεβξ = (A.26)

e substituindo-a em (A.25) obtém-se finalmente a equação de valores próprios:

00 HHμ ξ=⋅ (A.27)

00

2

2

HμH ⋅=ooεεμω

β

λπωμεω 2

000 ===c

k

020

2

HμH ⋅=ok εβ

Page 85: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

71

A partir desta equação determina os valores próprios ξ e os vectores próprios 0H do

tensor μ .

Os valores próprios são as soluções da equação característica:

( ) 0det =− Iμ ξ (A.28)

Levando em consideração que 00 =zH a equação (A.27) pode ser escrita na forma reduzida

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡=⎥

⎤⎢⎣

⎡⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡−−

00

0

0

y

x

x

x

HH

jj

ξμμμξμ

(A.29)

Para que a equação possua soluções não triviais faz-se anular o determinante:

( ) 022 =−−⊥ xμξμ (A.30)

Verifica-se a existência de dois valores próprios ±= ξξ tais que:

xμμξ ±= ⊥± (A.29)

Estes dois valores próprios correspondem a duas ondas características cujas constantes de

propagação são ±= ββ pelo que a partir de (A.26) escreve-se:

( ) 2

02 kxμμεβ ±= ⊥± (A.30)

Para conhecer as polarizações correspondentes aos valores próprios faz-se a substituição

dos mesmos na equação (A.29) obtendo-se:

±⊥

±⊥

−=

−=

ξμμ

μξμ x

xox

oy jjHH

(A.31)

Page 86: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

72

Verifica-se portanto que:

⎪⎪⎩

⎪⎪⎨

+=⇒=

−=⇒=

+

jHH

jHH

x

y

x

y

0

0

0

0

ξξ

ξξ (A.32)

Ao valor próprio += ξξ associa-se um vector de Jones correspondente a uma polarização circular direita (PCD):

( )yxR ˆˆ2

1ˆ j−= (A.33)

Analogamente ao valor próprio −= ξξ associa-se um vector de Jones correspondente a uma polarização circular esquerda (PCE):

( )yxL ˆˆ2

1ˆ j−= (A.34)

O campo total que se propaga na ferrite é geralmente uma combinação linear das duas

ondas características com constantes de propagação +β e −β respectivamente,

assumindo a forma:

( ) ( ) ( )⎣ ⎦ ( )tjzjAzjAtz LR ωββ expexpˆexpˆ, −+ −+−= LRE (A.35)

Page 87: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

73

Exemplo Seja

( ) ( )tjAtz ωexpˆ,0 0xE == (1) a equação de uma onda, verifica-se que:

( ) ( ) ( )tjAtz ωexpˆˆ2

,0 0 LRE +== (2)

Deste modo, 20A

AA LR == .

Calcula-se o campo eléctrico em dz = , introduzindo os seguintes parâmetros

( )d−+ −= ββψ21 (3i)

( )d−+ += ββφ21 (3ii)

para ψφβ +=+ d e ψφβ −=− d . Resulta portanto para z = d:

( ) ( )( ) ( )tjjAtdz ωψφ expsinˆcosˆexp, 0 yxE −Ψ−== (4)

A chamada rotação de Faraday é evidenciada nesta equação. Para z = 0, a polarização

linear na direcção x , através da propagação na ferrite, converta-se numa polarização

linear segundo um ângulo ψ em dz = , descrita pela razão de polarização:

ψtan−=x

y

EE

Page 88: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

74

Page 89: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

75

Apêndice B

Propagação em Meios Quirais

D.1 – Relações Constitutivas Um meio material é caracterizado pelas seguintes relações constitutivas

PED += 0ε (B.1)

( )MHB += 0μ (B.2)

Na descrição da polarização P e a magnetizaçãoM pode-se distinguir a contribuição

dos campos E e H , ficando

me PPP += (B.3)

me MMM += (B.4)

Pelas equações (B.3) e (B.4) verifica-se a dependência de E e H simultaneamente nos

campos de indução eléctrica D e magnética B .

Em meios isotrópicos, a indução eléctrica D e o campo magnético B apenas

dependem, respectivamente, de E e do campo induzido H . Equivalentemente, pode-se

afirmar que 0=mP e 0=eM .

Page 90: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

76

Desprezando-se a dispersão espacial, tem-se para meios isotrópicos e lineares,

( ) ( ) ( )∫∞−

=t

e dttttt '''0 , EPe χε (B.5)

( ) ( ) ''',)( dtttttt

m HMm ∫∞−

= χ (B.6)

onde eχ e mχ são, respectivamente, a susceptibilidade eléctrica e magnética. Os limites

de integração de (B.5) e (B.6) expõem que a polarização de um meio não é uma reposta

instantânea, sendo consequência da sua historia. Considerando ainda que o meio é

invariante no tempo

( ) ( )'', tttt −= χχ (B.7)

e causal

( ) ( ) 00 ,'

, =⇔=− τχχ meme tt para 0<τ (B.8)

os limites das expressões (B.5) e (B.6) podem-se alargar, obtendo-se as expressões de

convoluções temporais

( ) ( ) ( )∫+∞

∞−

−= τττχε dtt e EPe 0 (B.9)

( ) ( ) τττχ dtt m −= ∫+∞

∞−

HMm )( (B.10)

Page 91: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

77

Que no domínio da frequência passam a

( ) ( ) ( )ωωχεω EPe e0= (B.11)

( ) ( ) ( )ωωχω HMm m= (B.12)

Assim, as relações constitutivas (B.1) e (B.2) dum meio isotrópico linear, invariante no

tempo e casual podem ser reescritas como

( ) EED εεχε 00 1 =+= e (B.13)

( ) HHB μμχμ 00 1 =+= m (B.14)

Para um meio biisotrópico, as susceptibilidades cruzadas não são nulas, existindo a

polarização mP devida ao campo induzido H e a magnetização eM devida ao campo

eléctrico E. Este acoplamento magnetoeléctico permite a actividade óptica destes meios.

Para os meios quirais, também eles biisotrópicos, e segundo Kong, esses termos de

acoplamento podem ser descritos por:

HPm 00μεχi= (B.15)

0

00

μμεχ E

Me

i−= (B.16)

onde o parâmetro χ se assume como a quiralidade do meio (adimensional).

Page 92: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

78

Agora, nas expressões (B.3) e (B.4) deixa de haver elementos nulos sendo,

HEP 000 μεχχε ie += (B.17)

HE

M m

μμεχ

+−=0

00 (B.18)

Que aplicadas nas equações (B.1) e (B.2) levam às relações constitutivas dos meios

quirais,

ki HED 000 μεχεε += (B.19)

EHB 000 μεχμμ i−= (B.20)

Kong escreveu ainda estas relações explicitando a impedância no vácuo

001

00 εμ== −YZ tomando então a forma

( )HED χεε 00 iZ+= (B.21)

( )EHB χμμ 00 iY−= (B.22)

Estas relações aplicam-se a meios compostos por quaisquer objectos quirais,

isotrópicos, recíprocos e sem perdas.

Este modelo não destaca a dispersão espacial. No entanto, recordando as equações de

Maxwell-Faraday e Maxwell-Ampère, no domínio da frequência e na ausência de fontes

BE ωi=×∇ (B.23)

DH ωi−=×∇ (B.24)

Page 93: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

79

Que utilizando as relações constitutivas (B.22) e (B.21), respectivamente, aparecem

como

( )EHE χμωμ 00 iYi −=×∇ (B.25)

( )HEH χεωε 00 iZi +−=×∇ (B.26)

Os termos E×∇ e H×∇ mostram uma relação não espacial entre os campos,

explicitando a chamada dispersão espacial. Isto significa que o comportamento do meio

não resulta unicamente dos campos E e H instantâneos num determinado ponto,

dependendo dos seus valores na vizinhança desse ponto.

D.2 – Equação de Onda em Meios Quirais

Na dedução da equação de onda num meio quiral assume-se como relações constitutivas

do meio as expressões (B.20) e (B.21) com χ , ε e μ constantes. Considera-se ainda a

propagação de ondas planas monocromáticas ( )[ ]ti ω−rk.exp onde k representa o vector

de onda e r o vector posição. Como o meio é isotrópico, não existe direcção de

propagação privilegiada.

As equações de Maxwell podem ser escritas no domínio da frequência e na ausência de

fontes como:

0=⋅∇ D (B.25)

0=⋅∇ B (B.26)

BE ωi=×∇ (B.27)

DH ωi−=×∇ (B.28)

Page 94: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

80

Substituindo as relações constitutivas (B.21) e (B.20) nas equações (B.25) e (B.26)

respectivamente, vem

( ) 000 =⋅∇+⋅∇ HE χεε iZ (B.29)

( ) 000 =⋅∇−⋅∇ EH χμμ iY (B.30)

Que corresponde na forma matricial a

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡=⎥

⎤⎢⎣

⎡⋅∇⋅∇

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡− 0

0

000

000

HE

μμχμχεεε

YiZi

(B.31)

Caso tenha determinante não nulo, a sua única solução passa por ter

0=⋅∇ E (B.32)

0=⋅∇ H (B.33)

Evidenciando que os campos E e H são solenoidais.

Recorrendo agora as equações de Maxwell (B.27) e (B.28), nas quais se substitui

também as relações (B.21) e (B.20), respectivamente, chega-se a

( )EHE χμωμ 00 iYi −=×∇ (B.34)

( )HEH χεωε 00 iZi +−=×∇ (B.35)

Onde se retira por manipulação matemática as seguintes expressões para E e H

μωμμχ

00

EEH ×∇−= iiY (B.36)

εωεεχ

00

HHE ×∇+= iiZ (B.37)

Page 95: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

81

Após a substituição de (B.36) em (B.37) e vice-versa, chega-se às equações de onda

( )⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

×∇+⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

−=⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

×∇×∇HE

HE

HE

χχεμ 020

2 2kk (B.38)

Em que 000 μεω=k .

Atendendo que EEEE 22 −∇=∇−⋅∇∇=×∇×∇ devido ao carácter solenoidal de E já

referenciado, a expressão (B.38) passa a

( ) 02 020

22 =⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

×∇+⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

−+⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

∇HE

HE

HE

χχεμ kk (B.39)

D.3 – Ondas características A incidência de uma onda polarizada linearmente num meio quiral gera duas ondas

características de diferente constante de propagação. Sucede-se agora a determinação

dessas constantes, assim como a demonstração do sentido da polarização, que as

distingue já que ambas têm polarização circular.

Considerando uma onda plana monocromática ( )[ ]ti ω−⋅rkexp , pode-se adoptar a

derivação em ordem ao espaço

ki=∇ (B.40)

Em que k representa o vector de onda. Assim, introduzindo-se a diádica identidade I, a

equação de onda (B.39) fica na forma

( )[ ] 02 020

22 =⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

⋅×+−+−HE

IkII χχεμ ikkk (B.41)

Page 96: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

82

Pode-se simplificar a expressão anterior utilizando uma outra diádica

( )[ ] IkIW ×−−−= χχεμ 020

22 2ikkk (B.42)

Ou seja, a equação de onda (B.41) aparece no formato elementar

0=⎭⎬⎫

⎩⎨⎧

=HE

W (B.43)

As constantes de propagação das ondas características são alcançadas através das

soluções não triviais da anulação do determinante da diádica W, ( ) 0det =W . Para obter

essas soluções torna-se útil escrever W como

IuIW ×+= λ (B.44)

Onde aplicaram as substituições

( ) 20

22 kk χεμλ −−= (B.45)

ku χ02ik−= (B.46)

As soluções não triviais de:

( ) ( ) 0det 2 =⋅+= uuW λλ (B.47)

São, obviamente,

0=λ (B.48)

02 =⋅+ uuλ (B.49)

Page 97: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

83

Como as soluções expressas por (B.48) não têm significado físico, retiram-se as

constantes de propagação da equação (B.49).

Assim, as duas ondas características têm constantes de propagação dadas por

( ) 0kk χεμ ±=± (B.50)

As constantes +k e −k correspondem, respectivamente, às ondas com RCP e LCP.

Como os campos são solenoidais, conclusão retirada das expressões (B.32) e (B.33),

aplica-se a derivação espacial (B.40):

00 =⋅⇒=⋅∇ EkE (B.51)

00 =⋅⇒=⋅∇ HkH (B.52)

Ou seja, as ondas características são TEM. Pode-se assim, sem perda de generalidade

devido à isotropia do meio, atribuir-lhes um sentido de propagação zk ˆk= , tendo os

campos apenas as componentes segundo x e y

( ) ( )ikzEEEE yxyx expˆˆˆˆ 00 yxyxE +=+= (B.53)

( ) ( )ikzHHHH yxyx expˆˆˆˆ 00 yxyxH +=+= (B.54)

Substituindo (B.53) na equação de onda (B.41) chega-se ao quociente

( ) 220

20

0

2kk

kkiEEp

y

ox

−−==

χεμχ (B.55)

Page 98: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

Apêndice C

Linha H

A linha H é constituída por uma lâmina dieléctrica, uniforme na direcção longitudinal z,

limitada no plano transversal xy por uma linha de planos condutores paralelos (LPP).

As propriedades constitutivas no interior do meio são caracterizadas por 0μμ = e por

uma constante dieléctrica relativa ( )xrε tal que:

(C1)

Neste meio só se propaga modos híbridos. Em guias de ondas (abertos ou fechados)

com preenchimento heterogéneo só se propaga modos TE ou TM quando as condições

na fronteira não conduzem ao acoplamento entre as componentes dos campos. Quando

variam em y ou seja para zE e zH não nulos só existem modos híbridos. De facto o

campo electromagnético varia sobre as interfaces lx ±= (também podem existir modos

0pTE mas não modos 0pTM ). Aqui vai-se considerar apenas modos híbridos LSM com

0=xH , isto é:

(C.2)

(C.3)

(C.4)

(C.5)

(C.6)

( )⎪⎩

⎪⎨⎧

>

<=

lxn

lxnxr ,

,22

21ε

( ) ( ) ( )ygxfkdy

gdxfEx2

2

2

+−=

dydg

dxdfEy =

dxdfyjkgEz )(−=

( ) ( ) ( )ygxkfxH ry εωε 0=

( ) ( )dydgxfxjH ry εωε 0−=

Page 99: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

85

A existência de planos condutores em by ±= , conduz a

(C.7)

Uma solução possível é:

(C.8)

onde:

(C.9)

Em que m = 0, 1, 2, … Considerar apenas o caso em que m = 0 ⇒ bk y 2/π= . Uma vez que o plano x = 0 é simétrico os modos podem ser pares ou ímpares.

Assim quando x = 0 é um plano magnético, os modos são pares e quando x = 0 é um

plano eléctrico os modos são ímpares. Neste estudo vai-se levar em conta apenas o caso

dos modos pares. Portanto consideração a simetria da estrutura tem-se,

(C.10)

Assim, de acordo com (C.9) tem-se ( ) 00 ==xf e, trivialmente, 0== zy HH em

0=x (isto é, o plano 0=x é, na verdade, um plano magnético). As condições fronteira

em lx = impõem a continuidade de zyy EEE ,, e zH .

Desta forma tem-se:

(C.11)

( ) ( ) 0=±==±= byEbyE yx

)cos()( ykGyg y=

bmky 2

)12( π+=

( )⎩⎨⎧

>

<<=

− lxeF

lxhxFxf lx ,

0),sin()(

2

( ) ( )+− === lxfnlxfn 22

21

Page 100: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

86

(C.12)

A partir de (C.9) e (C.10) vem:

(C.13)

onde se definiu novamente:

hlu = , alw =

A existência de soluções não triviais implica:

(C.14)

ou seja

(C.15)

Que corresponde a equação modal dos modos pares desta estrutura. A equação (C.16)

por si só, não é suficiente para determinar u (ou v ). Vem,

(C.16) (C.17)

Atendendo a (C12) e tendo introduzido a variável normalizada

(C.18)

( ) ( )+− === lxdxdflx

dxdf

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡=⎥

⎤⎢⎣

⎡⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡− 0

0sin

cos

2

122

21 F

Fnunwuu

0cossin 22

21 =+ uunwwn

uunnw cot2

1

22−=

( ) ( ) 2220

21

2 aulknkl −−=

( ) ( ) 2220

22

2 awlknkl −+=

bla

=

Page 101: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

87

De acordo com (8) onde 0=m . Desta forma introduzindo ainda a frequência normalizada:

(C.19)

Resulta de (15) que:

(C.20)

A equação (C.14) em conjunto com (C.18), permite, então calcular u (ou v ). Definindo o índice de refracção modal 0/ kkneff = é possível calcular effn a partir da

equação (C.15) vindo então:

(C.21)

Uma vez que ck //2 00 ωλπ == . Além disso, vem:

(C.22)

(C.23)

levando em consideração que:

(C.24)

Sabe-se que, um modo híbrido obtido através da (C.14) é um modo LSM par. Em geral

estes modos designam-se por modos pqrLSM , onde o índice q refere-se à variação do

campo segundo x, e o índice r tem a ver com a variação do campo segundo y. O

primeiro modo pqrLSM é o modo pLSM 11 também designado por pHE11 .

22

210 nnlkv −=

222 vwu =+

( )222

02

2au

lnn +⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛−=

πλ

ng0λλ =

ncv f =

fg vk //2 ωλπ ==

Page 102: ANÁLISE MODAL DE GUIAS DE ONDAS COM MEIOS

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