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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Coordenação do Curso de Engenharia Ambiental Análise e Discussão sobre a Possível Criação de uma Unidade de Conservação na Bacia do Rio Doce Vinícius de Oliveira Marrafa Natal/RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia

Coordenação do Curso de Engenharia Ambiental

Análise e Discussão sobre a Possível Criação

de uma Unidade de Conservação na Bacia do

Rio Doce

Vinícius de Oliveira Marrafa

Natal/RN

2017

Vinícius de Oliveira Marrafa

Análise e Discussão sobre a Possível Criação

de uma Unidade de Conservação na Bacia

do Rio Doce

Trabalho de Conclusão de Curso (modalidade

TCC2) apresentado à Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como parte dos requisitos

para obtenção do título de Engenheiro

Ambiental.

Orientadora: Profª. Msc. Renata Cristina M. T. de Araújo

Coorientadora: Profª. Drª. Karina Patrícia V. da Cunha

Natal/RN

2017

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede,

Marrafa, Vinícius de Oliveira.

Análise e discussão sobre a possível criação de uma Unidade de

Conservação na Bacia do Rio Doce / Vinícius de Oliveira Marrafa. - 2017.

55 f.: il.

Monogradia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Graduação em Engenharia Ambiental. Natal, RN, 2017.

Orientadora: Profª. Msc. Renata Cristina M. T. de Araújo.

Coorientadora: Profª. Drª. Karina Patrícia V. da Cunha.

1. Área de Proteção Ambiental - Monografia. 2. Uso e ocupação do solo - Monografia. 3. Lagoa de Extremoz - Monografia. 4.

Qualidade da água - Monografia. 5. Geoprocessamento - Monografia.

I. Araújo, Renata Cristina M. T. de. II. Cunha, Karina Patrícia V.

da. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 502

Vinícius de Oliveira Marrafa

Análise e Discussão sobre a Possível Criação

de uma Unidade de Conservação na Bacia

do Rio Doce

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Engenheira Ambiental.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________

Msc. Renata Cristina M. T. de Araújo – Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

_________________________________________________________________

Drª. Karina Patrícia V. da Cunha – Coorientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

____________________________________________________________

Msc. Marcos André Capitulino de Barros Filho – Examinador Externo

Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – IDEMA-RN

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, se há algo que faz diferença na formação da

personalidade e na vida de uma pessoa é o amor que ela recebe. Vocês me

educaram com amor, se dedicaram e investiram na minha educação, me

deram amor. Vocês fizeram de mim a pessoa que hoje sou, e eu só tenho

motivos para agradecer.

À NuTEQ, agradeço por toda a bagagem de conhecimento que me doou de

bom grado, conhecimento extremamente necessário para ser o melhor

profissional e que não é ensinado em sala de aula. Tenho total certeza que a

NuTEQ me proporcionou ser hoje um profissional muito mais caro do que

antes dela.

À minha orientadora, Renata Cristina, que atuou não só como orientadora, mas

muitas vezes como uma mãe, sempre me dando suporte, incentivo e confiando em

mim para que eu realizasse o melhor trabalho. Uma profissional exemplar!

Ao Pedro do setor de unidades de conservação do IDEMA, por ter se

disponibilizado a ajudar na construção desse trabalho, oferecendo algumas

orientações e um material de suporte que foi chave para a construção do trabalho.

Aos meus colegas de turma, que estiveram sempre ao meu lado durante

todo o curso compartilhando momento de crescimento profissional e

pessoal.

E por fim, aos grandes amigos que a vida me proporcionou, que sempre

estiveram ao meu lado apoiando meu crescimento, dando suporte e

compartilhando as mais diversas experiências, em especial ao grupo que

me acompanha desde o colégio, juntamente com os maravilhosos

agregados, e ao grupo do Corais.

Muito obrigado!

RESUMO

O crescimento progressivo da população juntamente com os adensamentos urbanos

vem provocando constante pressão sobre os ambientes naturais. A lagoa de Extremoz

localizada na bacia do Rio Doce é um exemplo deste ambiente natural que fica localizada

próximo a grandes áreas urbanas, mais especificamente as cidades de Natal, Extremoz e Ceará

Mirim, e que vem sofrendo constante pressão antrópica.Com isso esse trabalho busca analisar

e discutir a possível criação de uma Unidade de Conservação (UC) na bacia do Rio Doce,

principalmente para a proteção de seus recursos hídricos, por meio de uma revisão

bibliográfica e pelo processamento de imagens de satélite utilizando-se o Quantum GIS

(QGIS). Analisou-se então o uso e cobertura do solo, a qualidade da água, a qualidade do solo

e a disponibilidade hídrica. O mapeamento de uso e cobertura do solo evidenciou uma grande

expansão urbana entre 1977 e 2017, contabilizando 81,6% de aumento só entre 2001 e 2017,

além de evidenciar atividades antrópicas dentro da área de proteção permanente estabelecida

por lei. A qualidade da água apresentou indícios de contaminação já em 2004, devido aos

altos valores de nitrogênio amoniacal e de coliformes, o que pode estar sendo agravado ao

longo do tempo. No estudo de qualidade do solo, percebe-se que todos os usos do solo

diminuem a sua qualidade em diferentes aspectos, de modo que a ação antrópica na região

ribeirinha pode estar contribuindo como fonte poluidora difusa da água. Por fim, a falta de

água ocorrida no primeiro semestre de 2017 mostra que a disponibilidade hídrica pode sim ser

um problema. Desse modo fica claro a necessidade de uma boa proteção e gestão deste

recurso, alicerçando a ideia de implantação de uma UC.

PALAVRAS-CHAVE: Uso e ocupação do solo; Lagoa de Extremoz; Qualidade da água;

Área de Proteção Ambiental; Geoprocessamento.

ABSTRACT

The progressive growth of the population with the urban densification has been

causing constant pressure on the natural environments. The Extremoz lagoon located in the

Rio Doce basin is an example of this natural environment that is located near large urban

areas, specifically the cities of Natal, Extremoz and Ceará Mirim, and which have been

suffering constant anthropic pressure. This work seeks to analyze and discuss the possible

creation of a Conservation Unit (CU) in the Rio Doce basin, mainly for the protection of its

water resources, through a bibliographical review and satellite image processing using the

Quantum GIS (QGIS). So, soil use and cover, water quality, soil quality and water availability

were analyzed. The mapping of land use and land cover showed a great urban expansion

between 1977 and 2017, accounting for 81.6% increase only between 2001 and 2017, in

addition showed anthropic activities within the area of permanent protection defined by law.

The quality of the water showed signs of contamination in 2004, due to the high values of

ammoniacal nitrogen and coliforms, which may be worsening over time. In the study of soil

quality, it is noticed that all uses of the soil diminish their quality in different aspects, so that

the anthropic action in the riverside region may be contributing as diffuse polluting source of

the water. Finally, the lack of water occurred in the first half of 2017 shows that water

availability can indeed be a problem. In this way it is clear the need for a good protection and

management of this resource, grounding the idea of implementing a CU.

KEYWORDS: Use and occupation of soil; Extremoz Lagoon; Water quality; Environmental

Protection area; Geoprocessing.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxograma dos procedimentos para criação de UC ............................................... 15

Figura 2 - Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Doce – RN. .............................. 25

Figura 3 – Mapa de uso e cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (2017) .. 28

Figura 4 – Rios e nascentes da bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (2017) ............................ 29

Figura 5 - Mapa de uso e cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (1977) ... 30

Figura 6 - Mapa de uso e cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (2001) ... 31

Figura 7 - Mapa de uso e cobertura do solo na proximidade da lagoa de Extremoz (2017) .... 32

Figura 8 – Mapa de uso e cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (2017) .. 34

Figura 9 – Curva de garantia de vazões. ................................................................................... 41

Figura 10 – Níveis de rebaixamento associados à vazão de exploração. ................................. 42

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resultados das análises bacteriológicas das amostras de água. .............................. 36

Tabela 2 – Valores máximo de acordo com as normas de potabilidade................................... 37

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AII Área de Influência Indireta;

ANA Agência Nacional de Águas;

APA Área de Proteção Ambiental;

APP Área de Preservação Permanente;

ARIE Área de relevante interesse ecológico;

CTC Capacidade de Troca de Cátions;

EIA Estudo de Impacto Ambiental;

ESEC Estação Ecológica;

FLONA Floresta Nacional;

FUNDEP Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Terra Potiguar do RN

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;

IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável;

MO Matéria Orgânica;

MONAT Monumento Natural;

MS Ministério da Saúde;

PARNA Parque Nacional;

QGIS Quantum GIS;

RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

REBIO Reserva Biológica;

REFAU Reserva de Fauna;

RESEX Reserva Extrativista;

REVIS Refúgio Da Vida Silvestre;

RIMA Relatório de Impacto Ambiental;

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural;

SIG Sistema de Informação Geográfica;

TR Termo de Referência;

UC Unidade de Conservação.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 12

2.1 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PARA CRIAÇÃO DE UMA UC .................................... 12

2.2 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UMA UC ....................................................................... 14

2.3 ESTUDOS DE BASE E DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ................................................ 16

2.3.1 CARTOGRAFIA ............................................................................................................. 18

2.3.2 MEIO FÍSICO ................................................................................................................. 19

2.3.3 MEIO BIÓTICO .............................................................................................................. 21

2.3.4 MEIO SOCIOECONÔMICO .......................................................................................... 23

3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................. 24

3.1 ÁREA DE ESTUDO .......................................................................................................... 24

3.2 ATIVIDADES REALIZADAS .......................................................................................... 25

3.2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................................... 25

3.2.1 GEOPROCESSAMENTO .............................................................................................. 26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 27

4.1 USO E COBERTURA DO SOLO ..................................................................................... 27

4.2 QUALIDADE DA ÁGUA ................................................................................................. 33

4.3 QUALIDADE DO SOLO .................................................................................................. 38

4.4 DISPONIBILIDADE HÍDRICA ........................................................................................ 40

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 43

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 44

ANEXOS .................................................................................................................................. 48

10

1 INTRODUÇÃO

A população mundial vem crescendo progressivamente, com estimativa para 2030 em

8,5 bilhões de habitantes (ONU, 2015). Aliado a este aumento da população mundial têm-se o

crescimento da população urbana, causada, por exemplo, pelo processo de industrialização.

Só nas cidades em desenvolvimento a população urbana chega a crescer mais de 150.000

pessoas por dia (UNDESA, 2005). Porém, a urbanização em si não é o grande problema, mas

sim o crescimento sem planejamento, que pode criar problemas ambientais gravíssimos, tais

como: má utilização e ocupação do solo e poluição da água, do ar e do solo.

Ao longo de toda a história da humanidade o que pôde-se perceber foi a grande

preferência pelo desenvolvimento de cidades nos arredores dos corpos hídricos, por razões

óbvias, já que a população humana necessita de água para sua hidratação, higiene e irrigação,

por exemplo (FABER, 2011). Desta forma, ao aliar-se essa ocupação próxima a corpos

hídricos e o mal planejamento, o que se percebe é a perda de volume e principalmente de

qualidade da água, já que a qualidade está intimamente ligada a proteção dos recursos

hídricos, que por consequências depende fundamentalmente do uso e ocupação do solo.

A lagoa de Extremoz não se difere do contexto citado. Localizada próxima ao litoral

do Rio Grande do Norte, entre os municípios de Extremoz e São Gonçalo e próxima a zona

norte de Natal, vem sofrendo constante pressão imobiliária e industrial. Faustino et al (2014)

comentam que de acordo com cenas LANDSAT 1/MSS, em 1977, cerca de 23% da área da

bacia do Rio Doce, bacia na qual se encontra a lagoa de Extremoz, era coberta por vegetação

densa, já em 2001 cenas LANDSAT 7/ETM+ indicaram que esse valor diminuiu em 52,17%

atingindo a marca de 12% de vegetação densa. Além disso houve um crescimento de 11% de

campos antropizados e de 5% de solo exposto, tudo isso em 24 anos.

Essas modificações na cobertura do solo, além da perda na vegetação local, causam

diversas mudanças físicas, químicas e biológicas no solo; por exemplo: aumento do grau de

compactação superficial, aumento da densidade aparente, aumento da erodibilidade, aumento

do enriquecimento por matéria orgânica e nutriente alóctones (P e N), diminuição da taxa de

infiltração, diminuição da porosidade e diminuição da estabilidade dos agregados do solo

(ISLAM e WEIL, 2000). Porém essas transformações não interferem apenas na qualidade do

solo, o ciclo hidrológico interage com o solo de forma, que por ser um sistema aberto, os

11

impactos gerados nele acabam sendo ampliados para os corpos hídricos, tanto subterrâneos

quanto superficiais, podendo causar assoreamento, contaminação da água e eutrofização, por

exemplo (FARIA, 2013).

A lagoa de Extremoz é responsável por abastecer 70% da maior zona de Natal, a Zona

Norte, ressaltando-se a importância da proteção deste corpo hídrico e por consequência de

toda sua bacia (ACS CAERN, 2017). Além disso, dados levantados em estudo podem até

indicar que a água da lagoa apresenta ótima qualidade quanto a presença de clorofila a, ou

seja, tem baixa produção primária, no entanto o estudo também revela que a quantidade de

fósforo total se encontra bastante elevada, estabelecendo um nível entre eutrófico e

hipereutrófico, podendo supor uma possível correlação direta entre a quantidade elevada de

fósforo e a constante ação antrópica na região (MORAIS, 2015).

Diante dessa problemática, atenta-se para as Unidades de Conservação (UC), que

podem ser entendidas como uma forma de ordenamento territorial, que existem por diversas

motivações como a proteção dos recursos naturais, através da qual visa-se garantir um meio

ambiente ecologicamente equilibrado e a sadia qualidade de vida estabelecidos como direito

de todos (BRASIL 1988; BRASIL, 2000). E sendo a água presente na bacia do Rio Doce um

recurso natural de relevante importância, sua preservação garantirá que as presentes e futuras

gerações usufruam de suas características essenciais para a continuação da vida.

Com a criação de uma UC na região, haverá um processo de utilização da área gerido

de forma diferenciada, onde contará com setores específicos dentro do órgão responsável, que

para a região em questão seria o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente

do Rio Grande do Norte (IDEMA-RN), para o monitoramento e licenciamento de atividades,

ocorrendo uma análise mais detalhada dos possíveis impactos da atividade de forma a garantir

uma maior segurança da salubridade ambiental. Tornando este estudo sobre a implementação

de uma UC na região, de relevante importância.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho é justificar a possível criação de uma Unidade

de Conservação da bacia do Rio Doce, principalmente para a proteção de seus recursos

hídricos, por meio de uma revisão bibliográfica de trabalhos realizados na região e por

análises de imagens de satélite Proporcionando um maior embasamento técnico para um

futuro diagnóstico ambiental da área.

12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PARA CRIAÇÃO DE UMA UC

De acordo com a constituição Federal, no capítulo IV:

“Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do

povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se

ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-

lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito,

incumbe ao Poder Público:

III - definir, em todas as unidades da

Federação, espaços territoriais e seus componentes a

serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a

supressão permitidas somente através de lei, vedada

qualquer utilização que comprometa a integridade dos

atributos que justifiquem sua proteção; ”

Sendo assim, o artigo 225 e seus incisos oferecem garantias constitucionais para que

dentro de suas esferas de competência, o poder público possa criar áreas ambientalmente

protegidas, reconhecidas legalmente pela lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000 como unidades

de conservação.

A lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000 divide as unidades de conservação em dois

grupos, unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável. Unidades denominadas

de proteção integral são voltadas para proteção total da natureza, nas quais são permitidos

apenas usos indiretos previstos em lei, enquanto as unidades de uso sustentável visam a

conciliação entre a proteção da natureza e o uso sustentável.

13

O grupo das unidades de proteção integral são divididos em:

ESEC - Estação Ecológica;

REBIO - Reserva Biológica;

PARNA - Parque Nacional;

MONAT - Monumento Natural;

REVIS - Refúgio Da Vida Silvestre.

O grupo das unidades de uso sustentável são por sua vez divididos em:

APA - Área de Proteção Ambiental;

ARIE - Área de relevante interesse ecológico;

FLONA - Floresta Nacional;

RESEX - Reserva Extrativista;

REFAU - Reserva de Fauna;

RDS - Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

A lei em discussão caracteriza cada uma dessas divisões, porém, devido a localização

a ser trabalhada, pode-se destacar a definição da Área de Proteção Ambiental (APA), por se

encaixar com o contexto da bacia do Rio Doce, região a qual já apresenta um certo nível de

atividade antrópica, sendo ela:

“Art. 15 A Área de Proteção Ambiental é uma

área em geral extensa, com um certo grau de ocupação

humana, dotada de atributos abióticos, bióticos,

estéticos ou culturais especialmente importantes para a

qualidade de vida e o bem-estar das populações

humanas, e tem como objetivos básicos proteger a

diversidade biológica, disciplinar o processo de

ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos

recursos naturais.

§ 1o A Área de Proteção Ambiental é

constituída por terras públicas ou privadas.

14

§ 2o Respeitados os limites constitucionais,

podem ser estabelecidas normas e restrições para a

utilização de uma propriedade privada localizada em

uma Área de Proteção Ambiental. ”

2.2 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UMA UC

O processo de criação de uma UC é fundamentado em lei e é estabelecido nos

Capítulo IV da Lei 9.985 de 18 de julho de 2000 e no Capítulo I do Decreto nº 4.340, de 22 de

agosto de 2002. Neles são discutidos os procedimentos necessários para a sua oficialização,

tais como: critérios para a criação, estudos técnicos, consultas públicas, critérios para a

nomeação da UC, etc. A partir dessas informações Oliveira e Barbosa (2010) resumiram o

processo de criação em um manual, o “Roteiro para Criação de Unidades de Conservação

Municipais” do Ministério do Meio Ambiente, que pode ser exemplificado no seguinte

fluxograma:

15

Figura 1 - Fluxograma dos procedimentos para criação de UC

Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com o fluxograma em questão, pode-se destacar para este trabalho as etapas

técnicas iniciais que envolvem mais o interesse do presente trabalho, que vão desde a

“abertura do processo com identificação da demanda” até a “definição da categoria e da

proposta de limite preliminar”. Com intenções de serem encaminhadas, posteriormente, para

os órgãos cabíveis no município, com o intuito de colaboração preliminar.

16

a) Abertura do processo com identificação da demanda:

A abertura do processo de criação se dá pela apresentação da demanda ao órgão

ambiental responsável pela área na qual se deseja implantar a UC, este procedimento pode

ser realizado pelo envio de carta, ofício, memorando, etc; acompanhado ou não de estudo

técnicos, que podem ser relatórios técnicos, EIA/RIMA, artigos, monografias, entre

outros.

b) Avaliação da demanda:

Cabe ao técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente responsável avaliar o

potencial de criação de uma UC no local solicitado. Caso exista a instituição deverá dar

continuidade as próximas etapas.

c) Realização de estudos técnicos:

Para a realização dos estudos técnicos deve ser realizado um diagnóstico

ambiental, através de levantamento dos meios biológico, físico e socioeconômico da

região por profissionais especializados nas áreas, podendo estes serem do órgão público

responsável pela criação ou contratados por esse orgão.

Oliveira & Barbosa (2010) também comentam o quanto é importante que, antes de

dar inícios aos estudos, seja feito um levantamento de todos os trabalhos já realizados na

região, isso evitará duplicidade de estudos, perda de dinheiro e de tempo, otimizando todo

o processo, o que justifica a importância deste trabalho.

d) Definição da categoria e da proposta de limite preliminar:

Após o levantamento realizado, deve-se definir a categoria da UC de acordo com a

lei 9.985/2000 citada anteriormente, e avaliar a proposta inicial para os limites da UC.

2.3 ESTUDOS DE BASE E DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

Os estudos de base são parte essencial para a sequência de atividades relacionadas a

qualquer gestão ambiental. São eles que permitirão a obtenção de informações necessárias

para a identificação e previsão dos impactos positivos e negativos, seu posterior

monitoramento e a construção de planejamento de gestão ambiental efetivo.

17

Sánchez (2013) diz que os estudos de base funcionam como um pivô no processo de

elaboração de um estudo de impacto ambiental, e é a partir dele que gira todo os trabalhos

relacionados ao projeto, ou seja, as funções de um estudo de base na avaliação de impactos

ambientais são:

Fornecer insumos suficientes para a identificação e previsão dos impactos, e para sua

posterior avaliação;

Colaborar na definição dos programas de gestão ambiental (medidas

potencializadoras, mitigadoras, compensatórias e programas de monitoramento, isto é,

todos os componentes de um plano de gestão ambiental);

E estabelecer uma base de dados bem consolidada para um melhor monitoramento

ambiental, podendo-se comparar as situações reais e passadas.

Beanlands (1988) define estudo de base como “descrições estatisticamente válidas de

componentes ambientais selecionados, feita antes da implantação do projeto”. Dessa forma

percebe-se que os estudos de base não devem ser apenas uma acumulação de informações

disponíveis, deve seguir um foco de acordo com os componentes previamente selecionados

que possam ser afetados pela proposta em estudo, ou seja, deve reunir e organizar

informações selecionadas, para que atenda às funções dos estudos de base dentro de uma

avaliação de impactos ambientais.

Para um diagnóstico ambiental bem elaborado é necessário que antes tudo aja um

correto planejamento, de forma que se evite retrabalhos, coletas de informações desnecessária

ou não coleta de informações extremamente necessárias como no caso citado por Sánchez

(2013) que no projeto de uma fábrica de cimento e mina de calcário, um dos itens do

diagnóstico ambiental era a espeleologia. Dentro do estudo foi feito uma análise bibliográfica

e percebeu-se que não havia registro de cavernas na região, concluindo-se sobre a inexistência

das mesmas na área da mina. Em seguida o empreendimento foi aprovado, porém entidades

ambientalistas denunciaram o risco de destruição do patrimônio espeleológico da região, indo

até a imprensa e aos órgãos governamentais cabíveis. Dessa forma os órgãos responsáveis

abriram inquéritos e novos estudos tiveram que ser feitos. Durante estes estudos contatou-se a

presença de cavernas, mas apenas nos entornos, nenhuma realmente na região do

empreendimento. Dessa forma os estudos realizados posteriormente acabaram por solucionar

a problemática, mas que se tivessem sidos planejados e realizados anteriormente poderiam ter

evitado estes conflitos.

18

Com isso Sánchez (2013) estabelece que o planejamento dos estudos deve responder a

quatro perguntas:

1) Quais são as informações necessárias e quais as finalidades delas?

2) Como será feita a coleta dessas informações (dados primários ou secundários, com

inventário ou por amostragem, séries temporais ou amostragens únicas, amostragens

contínuas ou discretas, etc)?

3) Onde deverão ser coletadas, qual a área de estudo?

4) Qual deve ser a abrangência temporal (tempo, frequência, época do ano, etc) em que

serão coletadas?

No geral “os estudos de base formam uma descrição e análise da situação atual de uma

área de estudo feita por meio de levantamento de componentes e processos do meio ambiente

físico, biótico e antrópico e de suas interações, o que é usualmente chamado de diagnóstico

ambiental” (SÁNCHEZ, 2013), em outras palavras, compõe um retrato da situação ambiental

pré-projeto dos três meios. E para auxiliar na interpretação e compreensão espacial desses

meios surge a Cartografia.

2.3.1 CARTOGRAFIA

Compreender a distribuição espacial de dados obtidos durante os estudos de base

constitui uma ferramenta chave na elucidação de problemas das diversas áreas do

conhecimento, permitindo uma visão mais holística da problemática. Para isso surge os

Sistemas de Informação Geográficas (SIG) um sistema constituído por um conjunto de

programas computacionais, o qual integra dados, equipamentos e pessoas, objetivando

coletar, armazenar, recuperar, manipular, visualizar e analisar dados espacialmente

referenciados a um sistema de coordenadas previamente conhecido (FITZ, 2008).

Através do SIG surgem então os mapas e cartas, produtos essenciais para a

representação dessas distribuições espaciais e consequentemente essenciais para a

representação das informações produzidas ou compiladas nos estudos de base (SÁNCHEZ

2013), dessa forma a cartografia se torna essencial nos estudos de implementação de uma UC.

É importante entender-se as diferenças entre mapa e carta, Zuquette e Nakazawa

(1988) diferencia de acordo com o seguinte critério: o mapa apenas registra informações ou

19

atributos relativos ao meio físico, como um mapa topográfico, e uma carta interpreta

informações contidas em mapas para uma finalidade específica.

Sánchez (2013) comenta também em seu livro a necessidade de que ainda no

planejamento dos estudos algumas informações devem ser coletadas e algumas decisões

devem ser tomadas, tais como: disponibilidade de imagens de satélite, disponibilidade de

fotografias aéreas e qual escala dos mapas melhor se adequa a realidade do projeto. Por

exemplo, para projetos lineares como dutos e linhas de transmissão poderão se fazer

necessários escalas menores (tais como 1:100.000 ou 1:200.000) e projetos mais pontuais

como aterros sanitários ou pequenos empreendimentos deve-se trabalhar com escalas maiores

(por exemplo 1:10.000 ou 1:5.000), permitindo maior riqueza de detalhes. Dessa forma parte-

se da premissa de imagens de boa qualidade, de períodos específicos e que suportem o

trabalho com a escala escolhida, evidenciando a necessidade desse planejamento.

2.3.2 MEIO FÍSICO

O meio físico é um dos componentes de extrema importância dentro de um

diagnóstico ambiental, Sánchez (2013) o cita inclusive como suporte em projetos de

engenharia, empregado tanto no sentido de fundação como no de lugar, podendo ser

considerado como passivo e/ou ativo, recebendo ou causando impactos e processos, em

resposta à interação com um certo empreendimento.

Dessa forma, devemos considerar o meio físico como "uma totalidade estruturada em

equilíbrio dinâmico, com seus vários aspectos guardando relações de interdependência em

termos causais, de gênese, evolução, constituição e organização" (LEITE et al, 1990).

A interação das diversas partes do meio físico cria a necessidade de uma abordagem

integrada, envolvendo desde fluxos energéticos atuantes no meio até seus componentes

materiais. Para isso a compreensão dos ciclos terrestres (ciclo da água, do ar, das rochas, etc)

se fazem extremamente indispensáveis, possibilitando justamente a noção da dinâmica

existente no meio físico (BITAR et al, 1990).

Os mapas e cartas compões uma das principais formas de descrição do meio físico de

acordo com Sánchez (2013), devido a sua capacidade de síntese (de levantamentos de campo,

de interpretação de imagens e de estudos anteriores) com a sua capacidade ilustrativa

20

possibilitando uma melhor comunicação com o leitor. Dessa forma diversas cartas temáticas

podem ser utilizadas para descrever o meio físico, tais como: carta de condições climáticas,

carta de solos, carta geológica, carta geomorfológica, carta hidrogeológica, entre outras.

Para cada tipo de projeto haverá então um determinado roteiro a se seguir de estudos a

serem realizado, o que é conhecido como Termo de Referência (TR). Para a criação de

Unidades de Conservação tecnicamente não há termos de referência disponíveis, já que o

órgão responsável pela sua implementação é quem irá ditar os estudos que deverão ser feitos

de acordo com a necessidade de cada projeto.

Sendo assim, para este trabalho recorre-se a estudos para projetos similares que já

tenham sido realizados, de forma a desenvolver-se um TR para a implementação da APA

desejada.

A Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Terra Potiguar do Rio Grande do

Norte (FUNDEP) realizou em 2007 um “Plano de Ação Emergencial do Parque Estadual do

Jiqui, Rio Grande do Norte” (SANTOS et al, 2007), e atualmente este projeto está sendo

utilizado como diagnóstico ambiental, pelo IDEMA-RN, da região da lagoa do Jiqui,

justamente, para a implantação de uma Unidade de Conservação com o objetivo de proteger

seu manancial, se encaixando perfeitamente com a proposta desse trabalho.

Dessa forma, no que se refere ao meio físico pode-se destacar, os seguintes pontos

(IBAMA, 2005; SANTOS et al, 2007):

Geologia, Geomorfologia e Solos:

A partir da caracterização das condições geológicas, geomorfológicas,

pedológicas e suas interações na bacia hidrográfica, considerando as características das

rochas, a distribuição espacial do solo e rochas, além da compartimentação

geomorfológica, avaliação do potencial erosivo, tendo como referência o grau de

estabilidade do leito do rio e de suas margens.

Caracterizar o tipo de relevo, identificando e delimitando os diversos padrões

de formas erosivas e deposicionais, sua constituição e dinâmica superficial, visando a

identificação de setores com diferentes graus de suscetibilidade a processos erosivos e

de deposição, tanto naturais como de origem antrópica.

21

Clima:

Caracterizar o clima da área de influência, destacando e avaliando as mudanças

ocorridas no comportamento dessa variável, bem como as mudanças microclimáticas

que poderão ocorrer após a implantação do empreendimento. O estudo deverá ser

baseado em séries de dados históricos, obtidos em estações climatológicas presentes

na bacia, além de indicar a metodologia e parâmetros utilizados. Para a área de

influência indireta (AII), caracterizar o clima, com relação a precipitação (médias

anuais e mensais), temperatura (médias mensais, máximas e mínimas absolutas)

umidade relativa, evapotranspiração e balanço hídrico.

Recursos Hídricos:

Caracterizar a rede hidrográfica da bacia, a partir de dados referenciais do

regime hidrológico dos principais cursos d’água (vazões média, mínima e máxima).

Esse estudo deverá indicar os cursos d’água perenes e intermitentes, as regiões de

cabeceiras e nascentes, as estações hidrometeorológicas existentes (localização, tipo e

período de operação) e as estruturas hidráulicas implantadas, bem como os grandes

usuários desse recurso. Essas informações deverão ser apresentadas também por meio

de mapas e planilhas.

Avaliar a qualidade das águas quanto aos aspectos físicos, químicos e

bacteriológicos dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, destacando as

principais fontes poluidoras. Esse estudo deverá contar com a indicação e justificativa

dos pontos de coleta e dos parâmetros selecionados, além de análise da influência

desses níveis de qualidade nas demais atividades da bacia.

2.3.3 MEIO BIÓTICO

Sendo o meio biótico toda a fauna e flora da região percebe-se que o diagnóstico do

meio biótico raramente pode prescindir trabalhos de campo, isso porque em empreendimentos

de grande porte pode ser necessário uma grande massa de especialista para a avaliação e

caracterização de cada espécime ali existente, tais como ornitólogos (aves), mastozoológos

(mamíferos), herpetólogos (répteis e anfíbios) e ictiólogos (peixes). Dessa forma os estudos

devem partir, preferencialmente, de levantamentos de dados secundários, como publicações e

22

relatórios, publicações científicas, teses e dissertações. Através desse levantamento pode-se

partir para um estudo primário (campo), quando necessário, com uma ideia melhor do que

poderá ser encontrado, o que tornará o planejamento mais bem estruturado e detalhado,

evitando desperdício de tempo e dinheiro (SÁNCHEZ, 2013).

No que se refere ao meio biótico, deverão ser caracterizados os ecossistemas terrestres

e aquáticos da bacia hidrográfica, de acordo com as informações a seguir (IBAMA, 2005;

SANTOS et al, 2007):

Deverá se utilizar de estudos secundários para o embasamento, desde que todos

devidamente referenciados. Para o diagnóstico da fauna e flora, deverá ser indicada

claramente à origem dos dados, a saber: dados primários, secundários ou fontes informais,

incluindo a descrição da metodologia utilizada, com justificativas.

Ecossistemas Terrestres

A caracterização e análise dos ecossistemas terrestres deverão abordar:

O mapeamento georreferenciado dos biótopos e ecótonos da área de influência,

indicando as fitofisionomias e a florística;

Identificação das espécies faunísticas (em especial as endêmicas, raras, e

ameaçadas de extinção, migratórias, bem como as de valor econômico e valor

ecológico significativo) e de seus hábitats, destacando as espécies mais

relevantes que utilizam áreas da bacia hidrográfica;

Avaliação do grau de conservação dos corredores ecológicos na bacia

hidrográfica e, para a AII, as conexões existentes com outros fragmentos, com

vistas a identificar as áreas a serem utilizadas para o suporte da fauna.

Classificação das áreas de sensibilidade ambiental localizadas na bacia,

apresentação de relação contendo as unidades de conservação e áreas

protegidas por legislação específica no âmbito federal, estadual e municipal,

ressaltando os ecossistemas existentes e as espécies protegidas, além da

distância ao empreendimento proposto. Estas informações deverão ser

georreferenciadas e apresentadas em escala compatível, em mapa temático

específico.

Avaliação da interferência do empreendimento nas espécies da fauna e flora, a

partir de dados qualitativos, caracterizando as inter-relações com o meio.

23

Ecossistemas Aquáticos

Caracterizar a ictiofauna da bacia, considerando a distribuição e diversidade

das espécies de interesse comercial, das espécies endêmicas e ameaçadas de

extinção para a AII. Destacar às espécies reofílicas, identificando as rotas

migratórias das espécies de maior relevância.

Caracterizar os mamíferos aquáticos da bacia e se haverá alguma influência

com a chegada da UC.

2.3.4 MEIO SOCIOECONÔMICO

O meio socioeconômico, muitas vezes chamado de meio antrópico, é o que costuma

conter maior abundância de dados secundários, devido aos censos e levantamentos sociais e

econômicos realizados por diversas instituições tais como o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), organizações estaduais e o DataSUS, no que se refere a dados sobre a

saúde, (SÁNCHEZ, 2013).

Essa abundância de dados secundários é de extrema utilidade para os estudos de base,

porém muitas vezes mascararam a visão dos dados necessários. Eles tendem a ser ótimos

contextualizadores da região e do local, no entanto de acordo com Sánchez (2013) nem

sempre trazem informações qualitativas a escala local, que na maioria das vezes é a necessária

para a avaliação de impactos. Com isso surgem os levantamentos amostrais através de

questionários e entrevistas, que permitirão um melhor diagnóstico local.

Por se tratar de um trabalho com pessoas o diagnóstico socioeconômico deve ser

abordado de uma forma diferenciada, pois diferente dos seres ou coisas, avaliados nos estudos

do meio biofísico, os envolvidos, a população, tem a capacidade de falar por si próprias,

evidenciando ainda mais a necessidade de entrevistas e consultas públicas (BOOTHROYD,

1995).

Dentro do estudo comentado anteriormente, utilizado para o diagnóstico da lagoa do

Jiqui, não foram realizados estudos do meio Socioeconômico, o que pode até ser justificado

pelas diversas etapas posteriores, dentro do processo de criação de uma UC, de consulta

pública. Porém um diagnóstico prévio dará um melhor embasamento para analisar-se os

24

impactos gerados na sociedade e na economia (SÁNCHEZ, 2013), proporcionando debates

mais bem fundamentados.

Desse modo, como sugestão, pode-se ser apresentado um diagnóstico, podendo ser

utilizados dados secundários, onde deverão constar os aspectos relacionados à dinâmica dos

municípios, indicando definições básicas quanto ao uso e ocupação dos solos na bacia, além

de uma caracterização da estrutura produtiva regional. Para a AII avaliar a evolução,

distribuição espacial e crescimento da população residente na área da bacia hidrográfica, a

situação de infraestrutura e dados culturais (IBAMA, 2005; SÁNCHEZ, 2013).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo fica localizada próxima ao litoral leste do Rio Grande do Norte entre

os paralelos 05º 45’ 49” e 05º 38’ 41” de latitude Sul e os meridianos de 35º 38’ 33” e 35º

12’15” a Oeste de Greenwich, compreendendo uma área de 386,5 km². Por ser uma bacia de

considerável tamanho, abrange o total de oito municípios, sendo eles: Natal, Extremoz, São

Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim, Ielmo Marinho, Taipu, Poço Branco e Bento Fernandes.

A Bacia é formada por três rios principais e uma lagoa, sendo eles os Rios Guajiru e do

Mudo, em que sua confluência forma a lagoa de Extremoz, dando origem em seguida ao Rio

Doce, que termina o fluxo da bacia desaguando no estuário do Rio Potengi (Figura 02)

(AZEVEDO, 2010).

O clima da região é tropical chuvoso com verão seco e estação chuvosa, entre o mês

de fevereiro e setembro. A temperatura média anual é de 26,1 ºC, com máxima de 30 ºC e

mínima de 21 ºC, com 2700h de insolação e umidade média anual de 77% (IDEMA, 2008).

25

Figura 2 - Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Doce – RN.

Fonte: Faustino e Silva (2015).

3.2 ATIVIDADES REALIZADAS

3.2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Para a criação da APA é imprescindível a realização de estudos de base objetivando

avaliar a atual qualidade ambiental da bacia, como comentado anteriormente, com isso seria

necessária uma grande diversidade de estudos envolvendo os meios biótico, físicos, antrópico

e suas relações. No entanto, por se tratar de um projeto que busca trazer justificativas para a

implantação de uma APA, percebe-se que não cabe neste momento a realização de um

diagnóstico ambiental completo, a qual demandaria muito custo e esforço, inviabilizando o

atual trabalho, dessa forma optou-se por levantar alguns dados principais que pudessem ajudar

a clarear a necessidade desta APA. A partir desse estudo espera-se que o trabalho possa

evoluir para o diagnóstico e em seguida para a real implantação da área de proteção.

26

Dessa forma priorizou-se, dentro dos tópicos mostrados no referencial teórico,

relativos ao diagnóstico ambiental, trabalhar alguns eixos que supõe-se sofrer maior impacto

devido as ações antrópicas, de forma que clareie a necessidade ou não da implantação de uma

APA na região, sendo eles:

Uso e cobertura do solo: considerando-se o atual uso, a expansão no decorrer dos anos

e sua influência na qualidade da água;

Qualidade da água: considerando-se os aspectos físicos, químicos e bacteriológicos;

Qualidade do solo: caracterizando-se o solo, principalmente da região ribeirinha,

considerando os aspectos físicos e químicos, de forma a analisar a qualidade e os

impactos sofridos;

Disponibilidade hídrica: analisando-se a capacidade de atendimento hídrico para a

população.

Com os temas devidamente selecionados partiu-se para coleta de estudos que

envolvessem os temas selecionados, através de uma pesquisa bibliográfica exploratória

qualitativa.

3.2.1 GEOPROCESSAMENTO

Dentro do tópico relacionado ao uso e cobertura do solo fez-se necessário a criação de

um novo mapa que permitisse uma análise atual da expansão antrópica sobre a região, para

isso utilizou-se o software QGIS 2.18.3. Sendo assim, a execução do trabalho iniciou-se com

a aquisição de arquivos shapefile da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (SEMARH, 2015) e das

delimitações Municipais (GMAPAS, 2012), permitindo a compreensão e delimitação da área

de estudo. A imagem de satélite utilizada foi obtida através do complemento OpenLayers

Plugin datada do ano de 2017 (ASTRIUM, CNES / Spot Image, Digitalglobe) presente no

próprio QGIS, o qual traz uma ligação direta das imagens da Google com o software,

propiciando-se trabalhar com imagens de boa qualidade de forma simplificada.

De posse das imagens de satélite e das delimitações da área de estudo, foi possível

caracterizar as demais áreas de interesse do trabalho. Para esta pesquisa, optou-se por utilizar

primeiramente o sistema de referência de coordenadas WGS84, pelo fato de ser o sistema

adotado nas imagens do OpenLayers e por ter sido o sistema base para a construção do

27

sistema SIRGAS 2000, sistema de referência convencionalmente utilizado nas américas,

gerando pouquíssimo erro após o processo de conversão. Ao finalizar-se a construção de

todos os arquivos shapefile, eles foram convertidos para o sistema SIRGAS 2000 25S, assim

como uma imagem raster foi recortada do OpenLayers e fixada também no mesmo sistema.

Para a classificação e elaboração dos mapas de uso e ocupação do solo teve-se que

determinar temas ou classes a serem traçados dentro da área de estudo, os quais foram

selecionados: área urbana, mangue, lagoa de Extremoz, demais corpos hídricos, vegetação

densa, campo antropizado e dunas. Cada tema ou classe foi traçado através de análise visual

das imagens de satélite.

Utilizou-se também a ferramenta Buffer de distância fixa, esta ferramenta permitiu a

criação automática da faixa de proteção permanente de 100 m para a lagoa de Extremoz, de

30 m para os rios e córregos, 50 m para os demais corpos hídricos e 50m para as nascentes,

sendo esses valores correspondentes as faixas de proteção estabelecidas pela RESOLUÇÃO

CONAMA Nº 303, de 20 de março de 2002, para corpos hídricos em regiões rurais com

superfície maior que 20 hectares, para cursos d’água com menos de 10 m de largura, para

corpos d’água com menos de 20 hectares de superfície e para as nascentes em geral,

respectivamente.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 USO E COBERTURA DO SOLO

A figura 3 mostra o mapa de uso e cobertura do solo obtido através da classificação da

imagem de satélite disponibilizada pelo plugin OpenLayers referente ao ano de 2017. Nela

foram classificados os 7 temas comentados anteriormente e o que pôde-se perceber é a grande

relevância da agricultura na região, já que 65,63% da área da bacia corresponde a campos

antropizados, os quais englobam principalmente a agricultura, seguida do desmatamento.

28

Figura 3 – Mapa de uso e cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (2017)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Percebe-se que essas áreas agricultáveis ficam no geral muito próximas aos rios e às

nascentes encontradas a oeste da bacia (figura 4), já que nessa região encontra-se melhores

solos e maior disponibilidade hídrica (FAUSTINO et al, 2014). Porém, esta é uma região de

altíssima importância para o abastecimento da lagoa e consequentemente para o

abastecimento da população, e de acordo com Oliveira-Filho e Lima (2002), a agricultura é

responsável por diversos fatores impactantes, como a erosão, que é considerada pelos autores

fator de destaque, pois quanto mais acentuada for, maior será seu poder poluidor, facilitando o

transporte de partículas sólidas, incluindo agrotóxicos e corretivos/ adubos, para os leitos dos

rios e reservatórios, prejudicando a qualidade desses ambientes, causando danos como:

assoreamento, contaminação, enriquecimento de nutrientes, morte de peixes, entre outros.

Um dado significativo levantado no trabalho de Oliveira-Filho e Lima (2002) é a

explicitação da expressiva quantidade de produtos químicos de são utilizados nas lavouras.

São utilizadas toneladas de substâncias químicas, que em muitos momentos não são

totalmente absorvidas pelas culturas, podendo então serem lixiviados para os corpos hídricos.

29

Figura 4 – Rios e nascentes da bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (2017)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Outro dado importante que pode ser percebido é o domínio urbano a leste da área

mapeada, na região mais próxima do litoral, que corresponde a 49 km² da área da bacia

(figura 3), sendo ela composta principalmente pela zona norte de Natal-RN.

Coincidentemente a área urbana se encontra bem próxima a lagoa de Extremoz, que é

justamente o reservatório principal no abastecimento dessa região.

Sabe-se que as áreas urbanas têm alto poder degradativo, pois na maioria das vezes

estão associadas a desmatamentos, impermeabilização do solo, despejos irregulares de

esgotos nos corpos hídricos, resíduos sólidos dispostos de forma errada, etc. Percebe-se então,

a relevância no controle dessa expansão urbana na região, para que a qualidade da água não

seja prejudicada e muito menos o abastecimento.

Em um estudo anterior, relativo também ao uso e cobertura do solo na referida bacia,

Faustino et al (2014) realizaram dois mapeamentos, sendo eles de imagens referentes aos anos

de 1977 e 2001 (figuras 5 e 6, respectivamente). Quando comparado os três mapas (Figuras 3,

5 e 6) consegue-se perceber principalmente um aumento significativo da área urbana. Nota-se

30

que em 1977 não ocorreram grandes adensamentos urbanos, no entanto após 24 anos houve o

surgimento de uma área urbana correspondente a 7% da área da bacia e atualmente, em 2017,

percebe-se uma área urbana equivalente a 12,71% da área da bacia, totalizando um

crescimento de 81,6% em relação a 2001.

Figura 5 - Mapa de uso e cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (1977)

Fonte: Faustino et al (2014)

31

Figura 6 - Mapa de uso e cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (2001)

Fonte: Faustino et al (2014)

Em contra partida os dados relativos a vegetação densa de 2017 se manteve

praticamente o mesmo de 2001 e os dados relativos a campo antropizado tiveram uma leve

redução em relação aos mapas de 1977 e 2001, porém essa diferença pode ter ocorrido devido

a algumas distinções na forma de realização dos estudos. O trabalho de Faustino et al (2014)

utilizou-se de imagens de satélite LANDSAT 1/MSS e LANDSAT 7/ETM, que apresentam

menor resolução e maior presença de nuvens, enquanto este trabalho fez uso de imagens do

plugin OpenLayer, as quais apresentam resoluções bem melhores e na maioria das vezes sem

nuvens. Além disso a técnica de vetorização também foi diferente, enquanto neste trabalho foi

permitido se trabalhar com classificação visual o estudo de Faustino et al (2014) trabalhou

com classificação supervisionada pixel a pixel, o que, aliado a baixa resolução das imagens

LANDSAT, pode ter prejudicado a diferenciação de alguns tons de verde por exemplo,

dificultando a diferenciação de vegetação e campos antropizados.

Apesar desses desvios que podem ter prejudicado principalmente a diferenciação dos

campos antropizados e da vegetação densa, acredita-se que os mesmos não se tornam tão

válidos para a classificação das áreas urbanas, já que esta contém uma característica visual

32

bem mais destaca em relação as demais. Dessa forma, conseguiu-se evidenciar o avanço da

área urbana durante estes 40 anos em direção a lagoa de Extremoz, o que por sua vez pode

estar contribuindo intensamente para a degradação dos corpos hídricos, assim como da fauna

e flora local.

Na figura 7 pode-se ver também o uso e cobertura do solo nas proximidades da lagoa

de Extremoz juntamente com o traçado da APP existente na região estabelecida pela

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 303, de 20 de março de 2002, que dispõe sobre parâmetros,

definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. E o que já se pode perceber é uma

certa quantidade de habitações/campos antropizados dentro deste limite, ou seja, de forma

irregular, e que se estendem ao longo de boa parte dos corpos hídricos da bacia, até mesmo

das nascentes, prejudicando intensamente a salubridade deste ambiente.

Deste modo, percebe-se que há uma grande necessidade do ordenamento da expansão

antrópica na região, ou caso contrário este ambiente irá sofrer cada vez mais pressão e perderá

a capacidade de fornecer um recurso hídrico de qualidade para a sociedade e em quantidade

suficiente.

Figura 7 - Mapa de uso e cobertura do solo na proximidade da lagoa de Extremoz (2017)

Fonte: Elaborada pelo autor.

33

4.2 QUALIDADE DA ÁGUA

Durante o mapeamento pôde-se perceber diversas atividades que podem estar

causando danos as águas subterrâneas e superficiais da bacia, sendo elas:

Atividades industriais;

Atividades agrícolas;

Atividades urbanas;

Aterro sanitário.

As atividades industriais se concentram na região mais a leste da área de trabalho, na

região da zona norte de Natal, onde pode-se encontrar desde industrias de pequeno até grande

porte, como a AMBEV, a Guararapes Confecções e a Vicunha Têxtil. Apesar dessas

industrias no geral contarem com plantas de tratamento de efluente ainda há um grande

potencial poluidor por parte delas.

As atividades agrícolas a se destacar dizem respeito ao cultivo de cana de açúcar, que

se localizam na região ao sul de Ceará Mirim, com uso de adubos e agrotóxicos, que podem

vir a contaminar a água (ENGESOFT, 2004).

As atividades urbanas apresentam grande potencial poluidor das águas superficiais e

subterrâneas principalmente por nitrato devido a utilização de fossas sépticas e sumidouros

(ENGESOFT, 2004). Dentro dessas atividades pode-se destacar a cidade de Extremoz, na

margem norte da lagoa de Extremos; a cidade de Ceará Mirim, na região norte da bacia do

Rio Doce; e a zona norte da cidade do Natal, localizada a leste da bacia.

A região central da bacia hidrográfica do Rio Doce também conta com a presença do

aterro sanitário metropolitano de Natal (Figura 8), a qual constitui uma atividade de alto risco

de contaminação da água. Os contaminantes envolvidos nessa atividade incluem matéria

orgânica, nitratos, e metais pesados (ENGESOFT, 2004). Ensaios realizados no solo da região

do aterro por Sereco (2003) conduziram aos seguintes valores de condutividade hidráulica:

1,26x10-4 a 2,7x10-4 cm/s, e que segundo o autor caracterizam um solo com uma certa

vulnerabilidade, enfatizando a importância dos cuidados na administração desse aterro.

34

Figura 8 – Mapa de uso e cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Doce/RN (2017)

Fonte: Elaborada pelo autor.

Partindo-se então do pressuposto que a água da lagoa de Extremoz é utilizada,

prioritariamente, para o abastecimento humano, então suas características físicas, químicas e

bacteriológicas devem ser ditadas principalmente em relação a sua potabilidade para o

abastecimento humano.

Durante o ano de 2004 a Agência Nacional de Águas (ANA) realizou, através da

empresa EngeSoft Engenharia e Consultoria, a quantificação da oferta hídrica da lagoa de

Extremoz, e dentro desse trabalho foi realizado diversas análises de água, sendo 28 amostras

para análises físico-químicas e 10 amostras para análises microbiológicas.

O trabalho foi realizado considerando-se os mais diversos parâmetros de qualidade e

seus resultados podem ser encontrados nos ANEXOS A1, A2 e A3, porém sabendo-se que o

objetivo deste estudo é buscar motivos que justifiquem a criação da APA na região da bacia,

não caberia discutir todos os resultados do trabalho citado. Sendo assim parte-se para os

resultados chaves e para a conclusão do trabalho.

35

As águas subterrâneas apresentaram algumas amostras com cor e turbidez elevadas,

principalmente no caso dos piezômetros. Isto é justificado haja vista que a manipulação e

limpeza do piezômetro são de relativa complexidade, o que pode ter proporcionado uma perda

da qualidade da análise relativa a esses parâmetros. E no caso das águas superficiais o valor

atribuído a cor é em geral elevado, o que é justificado no trabalho pelos altos índices

pluviométricos no período da coleta (ENGESOFT, 2004).

De um modo geral as águas da região da lagoa de Extremoz apresentaram uma

excelente qualidade química, existindo, entretanto, algumas restrições quanto a concentração

de nitrogênio amoniacal em alguns poços quando comparados aos padrões da Organização

Mundial da Saúde (OMS, 2011) e da PORTARIA nº 2914, de 12 de dezembro de 2011, que

podem ser vistos no Tabela 2, de forma que 10 dos casos analisados são superiores a 1,5 mg/l,

ou seja, estão acima do padrão máximo, tais como os pontos P-4 com 5,61 mg/l, Pz-4 com

2,54 mg/l e Pz-12 com 21,71 mg/l (ANEXO A2) (ENGESOFT, 2004). Inclusive 5 pontos

estavam com valores maiores que os estabelecidos para as águas de classe 2 na

RESOLUÇÃO CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, ou seja, de acordo com a

resolução eles se encontram na Classe 3, de forma a estarem impróprios para o contato

primário.

Já em relação as análises bacteriológicas a OMS (2011) e a PORTARIA nº 2914/2011

estabelecem que as amostras de água submetidas a análises bacteriológicas devem ser isentas

de coliformes fecais. Porém as taxas de coliformes encontradas se mostraram bastante

elevadas em seis pontos da lagoa de Extremoz (Tabela 1), como a amostra do Rio Guajirú de

Cima que apresentou coliformes fecais de 950 UFC/100 ml, indicando, portanto, uma

contaminação recente e a necessidade de tratamento para o consumo humano (ENGESOFT,

2004).

Os dados encontrados também indicaram em sua maioria uma água de classe 2, de

acordo com o que é estabelecido pela RESOLUÇÃO CONAMA nº 357/2005 (Tabela 2),

porém, nota-se que no Rio Guajirú de Cima o valor encontrado está próximo do limite para a

classe 2, pondo em risco o contato primário com esta água caso aja algum pequeno aumento.

36

Tabela 1 – Resultados das análises bacteriológicas das amostras de água.

LOCALIZAÇÃO

COLIFORMES

TOTAIS

UFC/100ML

COLIFORMES

TERMOTOLERANTES

UFC/100ML

Lagoa - 1 830 410

Lagoa - 2 790 325

Lagoa - 3 810 400

Lagoa - 4 900 450

Lagoa - 5 16 10

Lagoa - 6 Ausência Ausência

Rio Guajirú de Cima - 01 1200 950

Rio Guajirú de Baixo-01 720 300

Rio Do Mudo de Cima - 02 10 2

Rio Do Mudo de Baixo - 02 8 6

Fonte: EngeSoft (2004).

Além dos parâmetros comentados pode-se destacar também o estudo de Pinto e

Becker (2014), no que se refere a microbiologia do reservatório, que constatou, na lagoa de

Extremoz, que apesar de não apresentar presença de cianobactérias tóxicas, todas as espécies

descritoras do estudo são cianobactérias mostrando a necessidade de estudos posteriores de

acompanhamento.

Com todos os dados coletados nesse trabalho o que pôde-se perceber é que a água

presente na Bacia do Rio Doce apresenta uma ótima qualidade, porém há diversos dados de

nitrogênio amoniacal e de coliformes que apontam uma contaminação deste recurso hídrico

que deve estar sendo causada pela utilização de fossas sépticas e por esgotamentos

irregulares, isso em um trabalho realizado no ano de 2004, logo com o avanço da área urbana

observado no mapeamento do uso e cobertura do solo feito anteriormente, há grandes chances

de a situação atual, 13 anos depois, estar bem agravada, ostentando a necessidade da proteção

desse manancial.

37

Tabela 2 – Valores máximo de acordo com as normas de potabilidade.

Características

Físico-químicas

CONAMA 357/2005 Portaria

2914/2011 OMS 2011

Classe 1 Classe 2

Cor Nível de cor natural

do corpo de água 75 15 15

Odor Virtualmente ausente Virtualmente ausente Intensidade

6

Virtualmente

ausente

Sabor Virtualmente ausente Virtualmente ausente Intensidade

6

Virtualmente

ausente

Turbidez (UNT) 40 100 5 5

pH 6 - 9 6 - 9 6 - 9,5 6,5 - 8,5

Sólidos

Dissolvidos

Totais (mg/L)

500 500 1000 600

Dureza Total

(mg/L CaCO3) 500 500

Cálcio (mg/L)

100 - 300

Ferro Total

(mg/L) 0,3 0,3 0,4 0,3

Sódio (mg/L)

200 200

Cloreto (mg/L) 250 250 250 200 - 300

Sulfato (mg/L) 250 250 250 250

Nitrogênio

Amoniacal

(mg/L)

3,7 p/ pH ≤ 7,5

2,0 p/ 7,5 < pH ≤ 8,0

1,0 p/ 8,0 < pH ≤ 8,5

0,5 p/ pH > 8,5

3,7 p/ pH ≤ 7,5

2,0 p/ 7,5 < pH ≤ 8,0

1,0 p/ 8,0 < pH ≤ 8,5

0,5 p/ pH > 8,5

1,5 1,5

Nitrato (mg/l) 10 10 10

50 como íon

nitrato

11 como

nitrato-

nitrogênio

Coliformes Fecais

(UFC/100ml) 200 1000 Ausente Ausente

Fonte: Elaborada pelo autor.

38

4.3 QUALIDADE DO SOLO

O solo de forma geral é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes

sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e

orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso

planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e,

eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas (EMBRAPA, 2006).

Sendo assim o solo constitui uma estrutura passível de degradação, a qual pode sofrer danos

tanto por fenômenos naturais como por intervenções antrópicas (FARIA, 2013). Logo,

percebe-se claramente que o tipo de uso e cobertura do solo interferem diretamente do estado

qualitativo deste solo de diferentes formas.

Qualidade do solo por sua vez é, de acordo com Doran (1997), “a capacidade de um

solo funcionar dentro dos limites de um ecossistema natural ou manejado, para sustentar a

produtividade de plantas e animais, manter ou aumentar a qualidade do ar e da água e

promover a saúde das plantas, dos animais e dos homens”. Ou seja, é a capacidade do solo

em: funcionar como meio para o desenvolvimento das plantas; estocar e promover a ciclagem

de elementos na biosfera; regular e compartimentalizar o fluxo de água no ambiente; e servir

como tampão ambiental na formação, atenuação e degradação de compostos prejudiciais ao

ambiente (LARSON & PIERCE, 1994; KARLEN et al,1997).

A definições trazidas no parágrafo acima deixam ainda mais claro a total relação do

solo com a água, e considerando que o principal interesse deste trabalho é proteger os

recursos hídricos presentes na bacia do Rio Doce, entender a qualidade atual do solo se torna

um ponto chave na justificativa de criação de uma APA e na criação de um futuro plano de

manejo. Partindo-se deste ponto buscou-se estudos realizados na região que avaliassem a

qualidade do solo e seu potencial de poluição para o manancial.

Faria (2013) realizou exatamente a avaliação do solo citada anteriormente, efetuando

diversas análises de solo na região ripária da lagoa de Extremoz, considerando os diversos

tipos de ocupação e cobertura do solo existentes, sendo eles: vegetação natural, pastagem,

agricultura, área urbanizada e indústria, e os resultados de suas análises podem ser

visualizados nos ANEXOS B1, B2 e B3, porém mais uma vez não cabe a este trabalho

apresentar todos os dados obtidos no trabalho citado, sendo assim parte-se para as

informações mais relevantes levantadas em seu estudo.

39

O solo da região é arenoso, sendo assim apresenta pobreza em nutrientes, baixa

capacidade reativa da fração mineral, baixa agregação das partículas, alta infiltração e maior

aeração (FARIA, 2013). Desta forma, apresenta baixa capacidade de atuar como filtro,

podendo lixiviar nutrientes e metais pesados para o corpo hídrico. Essa falta de capacidade

também pode ser agravada pela perda de matéria orgânica da superfície.

A substituição da vegetação natural pelo uso agrícola, industrial e urbano provocou

alterações na reação química do solo gerando uma tendência a alcalinização e o aumento de P

disponível. Obteve-se no trabalho de Faria (2013) teores mais elevados de Ca²+, Mg²+, K+ e

P nos solos urbanos, industrial e agrícola o que indicou adição de corretivos como adubo e

calagem ou até mesmo de resíduos. A adubagem por sua vez pode ser um grande risco para a

salubridade desse ambiente, isso porque muitas vezes as plantas não absorvem todos os

nutrientes oferecidos e o P acaba sendo lixiviado para a água eutrofizando-a (CONLEY et al,

2009; CARPENTER et al, 2011).

A matéria orgânica (MO) teve pouca variação, pois todas as áreas amostradas tinham

uma certa cobertura vegetal, e o solo de uso agrícola e de pastagem pode ter menos MO

devido a colheita/consumo dos animais. Da mesma forma a área urbana pode ter mais MO

devido a incorporação de resíduo orgânico (FARIA, 2013).

A redução da MO contribui para a diminuição da CTC, visto que a MO passa a ter

relevância ainda maior na capacidade reativa no tipo de solo encontrado, Neossolos

Quartzarênicos. Podendo indicar que mesmo com a correção da acidez os sítios de troca que

perderam os elementos ácidos não foram ocupados por bases ou nutrientes. Sendo assim, sob

uso agrícola isso evidencia o manejo inadequado, já que era esperado um aumento da CTC

por bases trocáveis através da calagem e da adubação (FARIA, 2013).

O solo referente a área urbana apresentou mais similaridade com o solo de uso

industrial, principalmente devidos aos teores elevado de Mn, Zn e Pb, mas também se

encontro similar ao solo agrícola no que se refere aos altos teores de Ca²+, P, pH e saturação

por bases, o que pode indicar uma contribuição dos resíduos urbanos ricos em elementos

básicos, como resíduos de construção civil, que foram encontrados aterrados neste solo por

Faria (2013). Além disso o pH 8,06 dificulta a absorção de nutriente que assumem formas

químicas menos disponíveis para as plantas, impedindo seu desenvolvimento, fragilizando a

estrutura do solo e por consequência provocando erosões, que é ainda mais agravada pela

impermeabilização do solo devido as construções e estradas.

40

Em relação aos metais pesados, o estudo de Faria (2013), até o momento do trabalho,

não encontrou teores que apresentassem risco ecológico ou a saúde humana (CONAMA

420/2009). Mas o autor pondera que as alterações no uso do solo atentam para a importância

do seu monitoramento.

Por fim conclui-se que os diferentes usos e coberturas do solo estão sim interferindo

na sua qualidade, somado a isso o tipo de solo encontrado, Neossolo Quartzarênico, é um solo

com baixa capacidade de filtração e alta taxa de infiltração, dessa forma as alterações

químicas citadas se tornam um potencial poluidor dos recursos hídricos da região, pelo aporte

de nutriente e contaminantes em excesso, funcionando então como uma fonte poluidora

difusa. Com isso faz-se claro a necessidade do ordenamento da expansão antrópica nessa área,

o que pode ser feito através da implantação da APA no local.

4.4 DISPONIBILIDADE HÍDRICA

O presente estudo busca avaliar a necessidade de proteção do manancial da bacia de

Extremoz, visando a garantia do abastecimento hídrico para a população, logo nada é mais

básico do que se analisar a oferta hídrica do mesmo.

O estudo comentado anteriormente realizado em 2004 pela empresa EngeSoft

Engenharia e Consultoria teve como foco a quantificação da oferta hídrica da lagoa de

Extremoz, logo nele foram realizadas simulações para analisar-se o comportamento da lagoa

de acordo com a utilização da água, observando-se a garantia de abastecimento (Figura 9).

Dentro dessas simulações, os autores constataram que a reserva hídrica da bacia garante um

bom volume, capaz de sustentar o abastecimento da época (2004) de 650 L/s com garantia de

98% e com rebaixamento máximo de 4,13 m em relação a cota máxima de 10 m, o que

segundo o autor, trata-se de uma boa garantia do sistema.

41

Figura 9 – Curva de garantia de vazões.

Fonte: EngeSoft (2004).

Porém, não sendo o abastecimento 100% garantido a EngeSoft (2004) também

estabelece uma estratégia de controle, baseada numa proposta utilizada no Ceará, para a

garantia do abastecimento, de forma que seja protegido o fornecimento de água e ao mesmo

tempo a cota mínima (7 m) do reservatório permitisse a preservação da fauna e flora aquática

da lagoa de Extremoz. A estratégia estabelecida foi então manter a demanda constante e

reduzir para 50% quando a cota atingisse o nível de alerta, que no caso da lagoa foi estipulado

em 2 m de rebaixamento, mantendo uma folga de mais 1 m até que o nível mínimo do

reservatório fosse atingido. Com isso conseguiu-se alcançar a oferta de 270 L/s a 690 L/s,

para uma garantia de 100% e rebaixamentos máximo de 1m e 4m, respectivamente (figura

10).

42

Figura 10 – Níveis de rebaixamento associados à vazão de exploração.

Fonte: EngeSoft (2004).

Compreende-se, portanto, com o trabalho da EngeSoft (2004) que através da correta

gestão a reserva hídrica da lagoa de Extremoz tem capacidade de garantir um bom

abastecimento, mesmo em momentos mais críticos.

No entanto fatos mais recentes indicam que o abastecimento não está tão garantido

como o calculado, resultando em um sistema de rodízio no abastecimento no primeiro

semestre de 2017 (ACS CAERN, 2017), prejudicando a população da Zona Norte de Natal.

Essa seca, por sua vez, pode ser justificada por diversos motivos, tais com: precipitação

abaixo do previsto, mal gerenciamento da oferta e da demanda, aumento do consumo da água

pela expansão urbana, consumo irregular, degradação do corpo hídrico, etc. Porém,

independentemente da causa esse acontecimento mais recente mostra uma fragilidade no

quesito abastecimento de água, evidenciando ainda mais a necessidade da melhor proteção e

manejo deste recurso tão precioso, de forma a evitar os inconvenientes gerados pela falta de

água / sistema de rodízio.

43

5 CONCLUSÃO

Sendo assim, os estudos analisados juntamente com o mapeamento do uso e ocupação

do solo permitiram perceber que o manancial da bacia do Rio Doce ainda apresenta uma boa

qualidade e até disponibilidade, porém está sofrendo uma grande pressão antrópica, o que está

fazendo que aos poucos ele perca essa qualidade. Com isso gera-se o respaldo necessário para

a criação de uma Unidade de Conservação na bacia, de forma a proteger a salubridade desse

ambiente na forma que é estabelecido na Constituição Federal capítulo IV, confirmando a

ideia de criação de uma APA na região da bacia do Rio Doce não só como aceitável, mas

como necessária.

No entanto, para melhor precisão dos mapas de uso e cobertura do solo sugere-se a

utilização de visitas de campo, pois isso permite, quando necessário, a correção das feições

criadas a partir da visualização das imagens de satélite às quais não estão adequadamente

nítidas a que temas se enquadram, ou seja, estas visitas possibilitariam confirmar se uma

determinada área pertence a tal tema ou a outro quando não se fosse possível afirmar com

certeza apenas pela visualização das imagens de satélite.

Também faz-se necessário um estudo aprofundado em relação as vantagens

econômicas na proteção do manancial, avaliando-se os custos de implantação da UC, as

economias com tratamento de água e demais custos. De modo, que seja possível calcular a

viabilidade econômica da criação da UC, de forma a não se limitar nas vantagens ambientais,

as quais já estão suficientemente claras.

Por fim, mostrada a necessidade de implantação da UC, sugere-se que aja a

continuidade do trabalho, através da realização do Diagnóstico Ambiental da área,

caracterizando-se os meios físico, biótico e socioeconômico.

44

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48

ANEXO A1 – Resultado das análises Físicas das amostras de água coletadas na região da

bacia do Rio Doce.

Fonte: EngeSoft, 2004.

49

ANEXO A2 – Resultado das análises químicas das amostras de água coletadas na região da bacia do Rio Doce.

Fonte: EngeSoft (2004).

50

ANEXO A3 – Resultados do balanço de massas e minerais dissolvidos nas amostras de água

coletadas na região da bacia do Rio Doce.

Fonte: EngeSoft (2004).

51

ANEXO A4 – Valores máximos, médios e mínimos de parâmetros hidroquímicos das

amostras de água coletadas na região da bacia do Rio Doce.

Fonte: EngeSoft (2004).

52

ANEXO B1 – Resultado da granulometria das amostras de solo coletadas na região da bacia

do Rio Doce.

Fonte: Faria (2013).

53

ANEXO B2 – Resultados da análise química das amostras de solo coletadas na região da bacia do Rio Doce.

Fonte: Faria (2013).

54

ANEXO B3 – Resultadoda análise de metais das amostras de solo coletadas na região da

bacia do Rio Doce.

Fonte: Faria (2013).