anÁlise da viabilidade econÔmico e financeira de...
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ANÁLISE DA VIABILIDADE
ECONÔMICO E FINANCEIRA DE UM
PROCESSO DE AUTOMAÇÃO: ESTUDO
DE CASO EM UMA EMPRESA
SALINEIRA
Lycia Nascimento Rabelo (UFRN)
Livia Nascimento Rabelo (UFERSA)
Julia Lorena Marques Gurgel (UFRN)
Izabelle Virginia Lopes de Paiva (UFRN)
Vanessa Stephanie de Azevedo Arruda (UFRN)
O presente trabalho tem por objetivo avaliar a viabilidade econômica e
financeira da automação de um processo de produção de fardos de sal,
antes realizado manualmente, o qual foi implantando em um dos
setores da salina responsável pela fabricação de sal moído, em uma
indústria salineira situada no Rio Grande do Norte. A pesquisa trata-
se de um estudo de caso de carácter descritivo e exploratório, e baseia-
se em uma abordagem quantitativa. O método empregado seguiu uma
sequência de etapas, respaldadas por uma pesquisa bibliográfica, que
consiste em: levantamento dos dados referentes ao processo em estudo
e às receitas e gastos incrementais oriundas da aquisição de uma
enfardadeira; construção do fluxo de caixa incremental e avaliação
econômico-financeira por meio da análise dos resultados do Valor
Presente Líquido (VPL), da Taxa Interna de Retorno (TIR), do Payback
descontado e do Índice de Rentabilidade (IR). Para tanto, o fluxo de
caixa foi simulado para um espaço temporal de dez anos e os
resultados obtidos apontam que o investimento é viável, cujo retorno
financeiro ocorrerá em aproximadamente 35% do período total da
análise, sendo bastante atrativo para o negócio.
Palavras-chave: Automação, viabilidade econômico-financeira,
Indústria salineira
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
O cenário atual, que as organizações se encontram inseridas, é marcado pelos constantes
avanços tecnológicos e pela intensa competitividade no mercado. Dentro desse contexto, as
empresas devem estar constantemente reavaliando seus produtos e processos, alinhadas a uma
política contínua de crescimento e inovação, como forma de garantir sua sobrevivência. Face
ao exposto, eventualmente observa-se a necessidade de novos projetos de investimento, cujo
capital pode ser obtido por meio de financiamentos ou recursos próprios.
O investimento muitas vezes pode fornecer benefícios financeiros imediatos, porém não
compensatórios em relação ao capital aplicado. Conforme abordado por Ross et al (1995), o
investimento deve ser comparado com uma alternativa relevante disponível no mercado
financeiro e se não for tão atraente é melhor recorrer ao mercado em vez de realizar o projeto.
Outro ponto importante a ser analisado e que deve estar atrelado às decisões financeiras é o
risco associado ao investimento.
A principal finalidade de um gestor financeiro da empresa é aumentar o valor econômico
desta, consequentemente, aumentar o seu valor para os acionistas. Dentro dessa ideia, Assaf
Neto (2006) defende que bons investimentos são aqueles capazes de cobrir e remunerar o
capital nele aplicado. Corroborando com o autor, Samanez (2009) afirma que uma alternativa
de investimento deve ser avaliada em função de sua rentabilidade e viabilidade econômica.
Para tanto, existem diversas técnicas que estabelecem esses parâmetros de viabilidade.
A pesquisa buscou avaliar um processo recente de substituição de um processo manual de
produção de fardos de sal moído por um processo automatizado, por meio da aquisição de
novas enfardadeiras. Em meio ao exposto, buscou-se responder a seguinte problemática: Os
benefícios advindos com a automação do processo compensam os recursos investidos? Para
tal, o estudo de caso objetivou avaliar a viabilidade econômica e financeira do processo, por
meio da análise do fluxo de caixa incremental e de métodos matemáticos de análise
financeira.
Este artigo seguiu a seguinte estrutura: a seção 1 aborda os aspectos introdutórios; na seção 2
uma fundamentação teórica com os conceitos base desta pesquisa; a seção 3 apresenta o
delineamento do método utilizado para o estudo; a seção 4 expõe a análise e discussão dos
resultados e por fim, a seção 5 mostra as considerações finais obtidas com a pesquisa.
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2. Fundamentação teórica
Para auxiliar no processo decisório de alternativas de investimento, existem diversos métodos
e critérios que são comumente utilizados. Será dada uma breve explanação acerca dos
métodos usados na execução desse trabalho.
As abordagens mais comuns envolvem a integração de procedimentos de valor do dinheiro no
tempo, considerações quanto ao risco e retorno e conceitos de avaliação para selecionar
investimentos de capital condizentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza dos
proprietários. (GITMAN, 2010, p.364).
2.1 Fluxo de caixa
Weygandt et al (2005) afirmam que a demonstração de fluxos de caixa permite a visualização
dos recebimentos, pagamentos e da variação líquida no caixa, tratando-se do resultado de
atividades operacionais, de investimento e de financiamento de uma empresa durante um
período, conciliando assim, os saldos de caixa iniciais e finais.
Parafraseando Samanez (2009), o fluxo de caixa permite conhecer a rentabilidade e a
viabilidade econômica do projeto, uma vez que este expõe o resumo das entradas e saídas
efetivas de dinheiro ao longo do tempo. Ainda conforme o autor, o fluxo de caixa trata-se da
matéria-prima principal e indispensável para estimar o valor de uma empresa, medir a
lucratividade de um projeto de investimento, planejar operações ou estabelecer a capacidade
de pagamento de uma dívida. O Quadro 1 representa a estrutura de um fluxo de caixa de um
projeto de investimento.
Quadro 1 – Estrutura do fluxo de caixa para análise de projetos de investimento
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Fonte: Samanez (2009, p.64)
Para a análise da viabilidade econômica de um investimento, deve-se elaborar o fluxo de
caixa livre de cada uma das propostas e/ou cenários. Lemes júnior et al (2005) conceituam o
fluxo de caixa livre como sendo o fluxo de caixa líquido do projeto após os ajustes de gastos
que não envolvam saídas de caixa relativas à depreciação, exaustão, ativos dados em
pagamento, financiamentos não onerosos, entre outros.
Se tratando de análises de investimentos, os fluxos de caixa devem ser estimados em base
incremental, uma vez que as variáveis que não sofrem variação alguma em função dessa
decisão de investimento não representam nenhum interesse para a representação do fluxo de
caixa (SAMANEZ, 2009; LEMES JÚNIOR et al, 2005). Em suma, “os fluxos de caixa
incrementais são os fundos diferenciais comprometidos (receitas e custos) resultantes da
decisão de investir.” (SAMANEZ, 2009, p.83).
2.2 Métodos matemáticos de análise de investimento
A viabilidade econômica e rentabilidade do investimento foi avaliada no decorrer do artigo
por meio dos métodos mais comumente utilizados: o Valor Presente Líquido (VPL); a Taxa
Interna de Retorno; o Payback descontado e o Índice de Rentabilidade (IR).
Como exposto por Samanez (2009), o VPL mede o valor presente dos fluxos de caixa gerados
pelo investimento ao longo de sua vida útil. Nesse contexto, o método analisa se há ganho de
valor para o investidor, ou seja, se os fluxos de caixa gerados são capazes de compensar o
investimento e gerar receita. Ele pode ser calculado a partir da equação (1), no qual, se o VPL
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for positivo (VPL>0), o projeto é economicamente viável; se o VPL for negativo (VPL<0), o
projeto é economicamente inviável;
Sendo:
FCt: fluxo de caixa no t-ésimo período;
I: investimento inicial;
K: custo do capital ou taxa mínima de atratividade (TMA);
t: tempo de desconto de cada entrada de caixa;
n: tempo de desconto do último fluxo de caixa;
Por definição, a TIR é a própria taxa de retorno do investimento. Para Samanez (2009), esta
objetiva encontrar uma taxa intrínseca de rendimento, trata-se de uma taxa hipotética que
anula o VPL, ou seja, é o valor que torna verdadeira a equação (2).
Conforme Gitman (2002), o critério para a decisão do projeto de investimento é:
TIR>TMA, aceita-se o projeto;
TIR<TMA, rejeita-se o projeto;
Outro método bastante utilizado é o Payback, o qual é conceituado por Lemes Junior et al
(2005, p.156), como sendo “[...] o período de tempo necessário para que as entradas líquidas
de caixa recuperem o valor a ser investido no projeto”. Para que o projeto de investimento
seja aceitável, o payback deve ser inferior ou igual ao período de tempo máximo esperado
pela empresa para obter retorno sobre o seu investimento.
A fim de aproximar o resultado da realidade, é mais indicado o uso do Payback descontado, o
qual indica o período de tempo necessário para recuperar o investimento inicial, levando-se
em consideração os fluxos de caixa descontados (LEMES JUNIOR et al, 2005).
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Diferentemente do payback anterior, o payback descontado leva em consideração o valor do
dinheiro no tempo. Segundo Samanez (2009), esse método consiste em determinar o valor de
„T‟ na equação (3).
Lemes Junior et al (2005, p.160), ainda traz um quarto índice, o qual descreve como sendo “o
índice que mede o número de vezes que as entradas de caixa descontadas (é descontado o
valor do dinheiro no tempo ao custo de capital proposto) cobrem o investimento realizado no
projeto”. Nesse cenário, quanto maior for o índice de rentabilidade melhor será o projeto. Se
IR>1 o projeto é aceito; se IR<1 o projeto é rejeitado. Este índice pode ser calculado por
meios das equações (4) e (5).
3. Método de pesquisa
A pesquisa trata-se de um estudo de caso, de carácter descritivo e exploratório, e de
abordagem quantitativa. Esta desenvolveu-se em uma empresa salineira situada no interior do
Rio Grande do Norte e o objeto principal de estudo da pesquisa é o processo de produção de
fardos de sal situado no setor responsável pela produção de sal moído (Caiçara). A empresa
apresenta duas salinas, sendo que a salina estudada é composta por quatro setores de produção
de sal: Refinaria 1; refinaria 2; caiçara e o setor de moagem 2. Nesse contexto, analisou-se um
processo de automação implantado no setor caiçara.
O processo de formação de fardos que antes era executado por um grupo de seis operadores
diretos (quatro responsáveis pela formação de fardos e dois responsáveis pelo loteamento de
pallets), teve seu trabalho manual substituído pela aquisição de duas enfardadeiras (Indumak
enfardadeira NK 30) que, por sua vez, necessitam apenas de um operador direto (responsável
pelo loteamento) e um operador de máquina (responsável pela regulagem e manutenção das
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máquinas) para a execução da operação. A figura 1 demonstra as etapas do processo de
produção de sal moído no setor caiçara.
Figura 1 – Etapas do processo de produção de sal moído
Fonte: Autores (2015)
A aplicação do método se deu por meio de três etapas principais:
Levantado dos dados referentes às receitas e os gastos incrementais decorrentes do
processo de automação estudado;
Construção do fluxo de caixa incremental, representando os efeitos positivos e/ou
negativos no caixa provocados pelo investimento;
Cálculo dos indicadores (VPL, TIR, Payback descontado e IR), para atestar a
viabilidade econômica do investimento;
O levantamento dos dados se deu por meio de entrevistas com o gerente geral da salina, o
contador e alguns profissionais atuantes no setor em estudo (o operador direto do processo de
produção de fardos de sal, o operador de máquina e o técnico responsável pela manutenção do
setor), bem como análises documentais acerca de custos, despesas e receitas referentes ao
cenário anterior à aquisição das máquinas e do cenário posterior à implementação destas.
Dessa forma, pôde-se iniciar a montagem do fluxo de caixa e posterior análise financeira.
4. Análise e discussão dos resultados
Após a coleta dos gastos e receitas incrementais, e dos dados referentes às variáveis que
caracterizam o ambiente financeiro que a empresa está inserida, pôde-se realizar a construção
do fluxo de caixa incremental que, para Samanez (2009), trata-se do único fluxo relevante
para a decisão de prosseguir ou não com o projeto de investimento.
4.1 Fluxo de caixa incremental
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Para a automação do processo de produção de fardos foram adquiridas duas enfardadeiras,
culminando em um investimento de R$ 1.000.000,00 (R$ 500.000,00 por máquina). Ao
analisar os dois cenários (anterior e posterior à implantação das máquinas) foram observadas
mudanças (aumento e/ou redução) em termos de receitas e gastos, são elas:
Aumento de receita oriunda de um aumento na capacidade produtiva de fardos de sal
(passou de 7ton/h para 12 ton/h);
Custo adicional com manutenção das máquinas, cujo valor médio mensal observado
foi de R$ 164,12 para cada máquina, totalizando um valor incremental de R$ 328,24
ao setor;
Custo adicional com energia elétrica, cujo valor médio mensal observado foi de R$
285,49 para cada máquina, totalizando um valor incremental de R$ 570,98 ao setor;
Economia de mão de obra decorrente da eliminação de 5 operadores diretos (cujo
salário é de R$ 800,00) e do ganho de um operador de máquina (o salário é de R$
1200,00);
Custo adicional com matéria-prima, cujo valor unitário é de R$70,00 a tonelada,
totalizando um valor incremental mensal de R$92.400,00.
O ganho financeiro ocorreu devido ao setor ofertar uma quantidade inferior à demandada,
portanto, houve demanda suficiente para atender o volume adicional produzido. O setor
trabalha 12/dia e apresenta 22 dias úteis por mês. A tabela 1 apresenta a demonstração dos
ganhos financeiros incrementais com o novo cenário, e o quadro 2 resume as mudanças (em
termos financeiros) do cenário atual.
Tabela 1 – Cálculo do ganho incremental em receita bruta mensal e anual
Fonte: Autores (2015)
Quadro 2 – Mudanças incrementais obtidas com o novo cenário
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Fonte: Autores (2015)
Para inicializar a montagem do fluxo, foi necessário tomar conhecimento de algumas
variáveis, são elas:
Taxa mínima de atratividade de 12%;
Alíquota global de IPI, ICMS, PIS e COFINS de 26,25% (o IPI não incide sobre o
faturamento do sal);
Taxa média de aumento anual dos salários de 10% (observado nos últimos anos);
Vida útil da máquina de 10 anos;
Depreciação linear de R$50.000,00 para cada máquina;
Alíquota global de IR e CSLL de 30%;
Valor residual de R$63.352,8 para cada máquina;
Taxa de inflação média anual de 5,69%, resultado de uma média das taxas de inflação
dos últimos 5 anos;
Para o cálculo do valor residual realizou-se uma pesquisa de mercado, obtendo-se um valor
atual de venda para a máquina usada de R$ 55.000,00 (valor econômico). Partindo da
premissa que o dinheiro possui valor no tempo, para estimar esse valor em 10 anos foi
incidida sobre ele a taxa média de inflação anual, obtendo um valor de R$86.796,93 para cada
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máquina. Sobre o valor de venda foi retirado os impostos incidentes, obtendo o valor residual
dito anteriormente. A taxa de inflação foi incidida sobre os valores de preço de venda do
produto, manutenção e energia elétrica ao longo dos anos no fluxo de caixa. A figura 5
apresenta o fluxo de caixa incremental calculado para um espaço temporal de 10 anos.
Tabela 2 – Fluxo de caixa incremental calculado para um espaço temporal de 10 anos
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Fonte: Autores (2015)
4.2 Valor presente líquido
O VPL representa a quantia final que se obtém a partir do somatório dos valores dos FCL ao
longo dos 10 anos, levando-se em consideração a taxa mínima de atratividade do projeto
(12%).
VPL = - 1.000.000 + 496.416,25 + 523.969,36 +...+ 940.962,87 = R$ 2.492.815,02
(1,12)¹ (1,12)² (1,12)10
O valor encontrado para o VPL (R$2.492.815,02) é positivo, o que indica que o retorno
compensa o capital investido. Dessa forma, pode-se afirmar que por meio da análise do VPL o
investimento é economicamente viável.
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4.3 Taxa interna de retorno
A TIR representa uma taxa hipotética que zera o VPL, demonstrando a taxa mínima para o
projeto tornar-se economicamente viável.
VPL = - 1.000.000 + 496.416,25 + 523.969,36 +...+ 940.962,87 = 0
(1+ TIR)¹ (1+TIR)² (1 + TIR)10
TIR = 54,19%
O valor encontrado para a TIR reflete que a partir de uma taxa mínima de 54,19%, o
investimento se torna atraente. Como o valor encontrado é maior que a taxa mínima de
atratividade requerida para o projeto (12%), podemos afirmar que o investimento realizado é
economicamente viável.
4.4 Payback descontado
Para uma análise mais próxima da realidade, calculou-se o valor do payback descontado, uma
vez que este método considera os fluxos de caixa descontados. O método desconta o valor do
dinheiro no tempo à taxa mínima de atratividade de 12%. O quadro 2 apresenta os fluxos de
caixa descontados e o cálculo do payback descontado.
Quadro 2 – Cálculo do Payback descontado
Fonte: Autores (2015)
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O tempo de retorno ocorrerá no início do 3° ano. Considerando o tempo de 10 anos para o
cálculo do fluxo de caixa, correspondente ao tempo de vida útil da máquina pode-se afirmar
que o projeto é economicamente viável e de baixo risco, por apresentar retorno sobre o
investimento em torno de 35% do tempo total da análise.
4.5 Índice de Rentabilidade
Para a situação em estudo, encontrou-se um índice de rentabilidade de 4,49, indicado assim
que o número de vezes que as entradas de caixa descontadas cobrem o investimento inicial é
de 3,49. Como o IR>1, o projeto é aceitável.
IR = 3.492.815,02 = 3,49
1.000.000
5. Considerações finais
Com base nos resultados obtidos por meio dos cálculos dos indicadores financeiros utilizados
na pesquisa, pôde-se concluir que a automação do processo de formação de fardos de sal do
setor em estudo será capaz de compensar o capital inicial investido. O tempo de retorno
encontrado a partir do cálculo do payback descontado reflete um baixo risco ao projeto, uma
vez que além de ser economicamente viável, o retorno sobre o investimento ocorrerá após
aproximadamente 35% do período total da análise.
Entretanto, antes de qualquer tomada de decisão, devem-se analisar todas as variáveis
intrínsecas ao processo, seja de âmbito político, econômico, social e ambiental. Baseado
nisso, além do projeto ser viável do ponto de vista econômico e financeiro, podemos ressaltar
os benefícios gerados advindos do processo de automação, o qual permitiu à empresa atender
um número maior de pedidos, além de reduzir o tempo de entrega destes, uma vez que a
demanda pelo produto fabricado (sal moído) é alta, aumentando assim sua receita bruta.
Além do ponto de vista econômico, um projeto em automação gera benefícios como:
modernização de seus processos, colaborando com a evolução da empresa dentro desse
cenário competitivo de mercado; redução de desperdícios (refugos, defeitos e/ou falhas);
maior constância da capacidade produtiva, uma vez que reduz problemas como taxa de
absenteísmo, ociosidade da mão de obra, redução da capacidade do trabalhador devido a
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problemas como baixa motivação, cansaço físico, doença, entre outros. Contudo, no âmbito
social, observou-se que o investimento culminou com a eliminação de cinco trabalhadores.
Como forma de reverter esse quadro, aconselha-se que estes fossem realocados nas demais
linhas de produção da organização.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 656 p.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2010. 800 p.
LEMES JUNIOR, A. B., RIGO, C. M., CHEROBIM, A. P. Administração financeira.
Princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 547 p.
ROSS, S. A., WESTERFIELD, R. W., JAFFE, J. F. Administração Financeira Corporate
Finance. Tradução Antonio Zoratto Sanvincente. São Paulo: Atlas, 1995. 674 p.
SAMANEZ, C. P. Engenharia econômica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. 210 p.
WEYGANDT, J.J., KIESO, D.E. e KIMMEL, P.D. Contabilidade financeira. 3. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2005.
____________ . Disponível em: <cimsal.com.br>. Acesso: 10 de março de 2015.