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Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
ANAIS
V Amostra de Pesquisas em Educação
__________________________
Junho 2011
__________________________
Organizador: Profª Drª Silvia Regina Ricco Lucato - PET Pedagogia
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
Faculdade de Ciências e Letras
Campus – Araraquara
Diretor: Prof. Dr. José Luis Bizelli
Vice-Diretor: Prof. Dr Luis Antonio Amaral
Tutora: Prof.ª Dr.ªSilvia Regina Ricco Lucato Sigolo
Programa de Educação Tutorial
Comissão Organizadora:
Amanda Fernandes Rosa Bueno
Auridiana Helena Laguna de Oliveira Carla Menezes Silvério
Carlos Samuel Rossi
Flavia Roberta Velasco Campos Jáina Vitória da Silva Oliveira
Juliana Nespolo Ferreira Pó
Laís Cassanho Silva
Luana Maria de Oliveira
Marina Nascimento Minarelli
Silvia Cristina Barbosa da Silva
Thainá Portela Rego Ribeiro
Thaise Fernanda Mendes Soares
Comissão Editorial: Auridiana Helena Laguna de Oliveira
Carlos Samuel Rossi
Caroline Aparecida Henriquez Dametto
Flavia Maria Uehara
Jáina Vitória da Silva Oliveira
Juliana Nespolo Ferreira Pó
Laís Cassanho Silva
Luana Maria de Oliveira
Maria Talita Baltieri da Costa
Rafaela de Katia Soares
Silvia Cristina Barbosa da Silva
Thainá Portela Rego Ribeiro
Thaís Rocha Baribieri Vatanabe
Thaíse Fernanda Mendes Soares
Apoio:
MEC/Secretária do Ensino Superior
Departamentos:
Ciências da Educação
Psicologia
Didática
SAEPE - Seção de Apoio ao Ensino
Pesquisa e Extensão
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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UNESP – Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Ciências e Letras - Câmpus de Araraquara
Rodovia Araraquara-Jaú, km 1
14800-901 – Araraquara – SP
Amostra de Pesquisas em Educação (5. : 2011 : Araraquara, SP)
Amostra de Pesquisas em Educação / V Amostra de Pesquisas em Educação;
Araraquara, 2011 (Brasil). – Documento eletrônico. - Araraquara : FCL - UNESP, 2011. –
Modo de acesso: <http://www.fclar.unesp.br/Home/Graduacao/Espacodoaluno/PET-
ProgramadeEducacaoTutorial/Pedagogia/anais_2011.pdf>.
ISBN 978-85-87361-82-0
1. Educação. I. Amostra de Pesquisas em Educação (5. : 2011 : Araraquara, SP)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FCLAr – UNESP.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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Apresentação
É com imensa satisfação que apresentamos os Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
promovida pelo PET Pedagogia, realizada nos dias 06 e 07 de junho de 2011. Nesta edição da
Amostra contamos com a participação da Profª Drª Dulce Consuelo Andreatta Whitaker que
proferiu a conferência de encerramento, desenvolvendo o tema – Pesquisa em Educação: Ética e
Interdisciplinaridade. Abordou de uma perspectiva histórica o início da pesquisa científica no
período da renascença, que teve seu auge no século XIX, sem desconsiderar a crítica à produção do
conhecimento científico como bem de mercado no contexto do capitalismo. Também abordou a
questão de que a pesquisa científica, nos dias atuais necessita se aprofundar nos recursos da
interdisciplinaridade, na qual duas ou mais ciências estudam um mesmo problema, como também
nos da transdisciplinaridade, na qual diferentes perspectivas teóricas se fundem e apresentam um
novo olhar interpretativo para o fenômeno. Por fim, ressaltou sobre o conceito de ética, moral e suas
influências nas visões dos investigadores e no desenvolvimento da pesquisa cientifica na
contemporaneidade.
Sem duvida alguma, pode-se compreender o processo de fazer pesquisa como uma atividade
inerentemente social, com base na interrelação entre o pesquisador e aqueles cujas investigações
serviram de base para a realização do trabalho científico e, da mesma forma, entre o pesquisador e
aqueles que se utilizarão deste conhecimento para produzir novas pesquisas. È com base nesta
premissa que o PET Pedagogia tem sido estimulado a organizar a Amostra de Pesquisas em
Educação, como uma oportunidade impar para que pesquisadores iniciantes possam debater o
trabalho de investigação com outros mais experientes e com isso aprimorar o próprio trabalho,
desmistificando a visão de o conhecimento se constitui em um processo solitário de fazer ciência.
Os Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação trazem um contingente significativo de trabalhos
que envolvem as áreas de Educação Infantil, Psicologia da Educação, História da Educação, Ensino
em Ciências Exatas, Humanas e Biológicas, Trabalho Docente, Política Educacional, Filosofia da
Educação, Educação Especial e Sociologia da Educação.
Para o momento de apresentação das pesquisas foram convidados os professores pesquisadores:
Profª Drª Relma Urel Carbone Carneiro; Profª Drª Márcia Cristina Argenti Perez; Profª Drª Maria
Regina Guarnieri; Prof. Dr. José Vaidergorn; Profª Drª Ângela Viana Machado Fernandes; Profª
Profª Msª Virginia Pereira da Silva de Avila; Prof. Dr. Leandro Osni Zaniolo; Profª Drª Rosebelly
Nunes Marques; Profª Drª Eliza Maria Barbosa e Prof. Dr. Denis Domeneghetti Badia, vinculados
aos Departamentos de Ciências da Educação, Didática e Psicologia da Educação para a coordenação
e debate das investigações, conferindo aos autores um momento privilegiado para aprimoramento
do trabalho cientifico.
Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo
Tutora PET Pedagogia
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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Sumário
SEÇÃO A – EDUCAÇÃO INFANTIL
A BANALIZAÇÃO DA INFÂNCIA ............................................................................................... 12
CONCEPÇÕES DAS CRIANÇAS SOBRE A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA
O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS. ......................................................................... 13
SEÇÃO B – PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
DA PSICOLOGIA DA ARTE DE VIGOTSKI AOS PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS: UMA ANÁLISE INICIAL.........................................................................................14
O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO NA ADOLESCÊNCIA SEGUNDO A PSICOLOGIA
HISTÓRICO-CULTURAL E A FORMAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE SEGUNDO AGNES
HELLER: APORTES TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ADOLESCENTES.....15
CARACTERIZAÇÃO DO CONCEITO DE RELAÇÃO SOCIAL EM PIAGET: UMA ANÁLISE A
PARTIR DOS CLÁSSICOS DA TEORIA SOCIOLÓGICA............................................................16
PERCEPÇÕES DE CRIANÇAS SOBRE SEXUALIDADE A PARTIR DA MÍDIA TELEVISIVA:
APONTAMENTOS DE PESQUISA. ..............................................................................................18
A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA A SUPERAÇÃO DAS DIFICUL-
DADES DE APRENDIZAGEM..................................................................................................... 19
ESTUDO DESCRITIVO-ANALÍTICO SOBRE A VIOLENCIA SEXUAL CONTRA O
ADOLESCENTE A PARTIR DE COMUNIDADES DO SITE DE RELACIONAMENTO
ORKUT ..............................................................................................................................................20
SEÇÃO C – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
A PROFISSÃO DOCENTE NO MAGISTÉRIO PÚBLICO PRIMÁRIO MINEIRO: HOMENS OU
MULHERES? SOLTEIROS OU CASADOS? (1907-1918).............................................................21
CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO “BENTO DE ABREU”
DE ARARAQUARA (1954-1971).....................................................................................................22
A RESISTÊNCIA DE PROFESSORES À DITADURA MILITAR NO BRASIL............................23
CARACTERIZAÇÃO DO PRIMEIRO GINÁSIO ESTADUAL DE ARARAQUARA (1932-
1956)...................................................................................................................................................24
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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INFÂNCIA E EDUCAÇÃO...............................................................................................................26
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS NEGROS NO BRASIL............................................................27
A EXPANSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO NO INTERIOR PAULISTA: ESTUDO HISTÓRICO
SOBRE A ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR HENRIQUE MORATO (1940-
1971)...................................................................................................................................................28
EDUCAÇÃO CONFESSIONAL: A GÊNESE DA EDUCAÇÃO EM JATAÍ-GO (1941 –
1945)...................................................................................................................................................29
SUD MENNUCCI E UM POSICIONAMENTO PEDAGÓGICO ESQUECIDO............................30
SEÇÃO D - ENSINO EM CIÊNCIAS EXATAS, HUMANAS E BIOLÓGICAS
AS EXPOSIÇÕES ITINERANTES DO CORPO HUMANO: APONTAMENTOS SOBRE O
FENÔMENO E SUAS CORRELAÇÕES COM A HISTÓRIA DA ANATOMIA............................31
ANSIEDADE À MATEMÁTICA: APLICAÇÃO DE UMA ESCALA PARA IDENTIFICAÇÃO
DE DIFERENTES GRAUS DE ANSIEDADE À MATEMÁTICA EM ESTUDANTES DO
ENSINO FUNDAMENTAL. ............................................................................................................33
A “EMEF EUGÊNIO TROVATTI”: LITERATURA, CONSERVAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO
DO MEIO AMBIENTE NO DISTRITO DE BUENO DE ANDRADA............................................34
POTENCIALIDADES PEDAGÓGICAS EM IMAGENS INTEGRANTES DA COLEÇÃO PROF.
EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA: CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DA
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS....................................................................36
“COMUNIDADE CIENTÍFICA DOS EDUCADORES”: REFERENCIAIS TEÓRICOS E
METODOLÓGICOS..........................................................................................................................38
A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO E A MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS: UM OLHAR
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR ESPECIALISTA.................................................................39
SEÇÃO E – TRABALHO DOCENTE
O CASO DE UMA PROFESSORA “BRAVA”.................................................................................40
MUDANÇAS NA ALFABETIZAÇÃO E RESISTÊNCIA DE PROFESSORAS DOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: IMPACTO DAS AÇÕES POLÍTICAS NAS
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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PRÁTICAS DOCENTES...................................................................................................................41
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE LICENCIATURA..........................................43
SITUAÇÕES DE ENSINO: CONTRIBUIÇÕES À IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES
FORMATIVAS DE PROFESSORES.................................................................................................44
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFESSORES DE RANCHARIA-SP SOBRE A ESCOLA
PÚBLICA E SEUS ALUNOS: EM BUSCA DA SUPERAÇÃO DE OBSTÁCULOS
COLOCADOS AO TRABALHO DOCENTE...................................................................................45
A IDENTIFICAÇÃO COM A DOCÊNCIA......................................................................................46
A EXPECTATIVA DISCENTE FRENTE À PRÁTICA DOCENTE.................................................48
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E AS NECESSIDADES DAS CLASSES POPULARES
NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.......................................................................49
LEVANTAMENTO DE TEMAS GERADORES NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS DE ARARAQUARA.......................................................................................................51
PIBID: EXPERIÊNCIAS, PRÁTICAS DE LINGUAGEM, DENTRO E FORA DA AULA DE
LÍNGUA MATERNA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES.......................................................53
A PROBLEMATIZAÇÃO DE TEMAS SOCIAIS A PARTIR DE TEXTOS NA
ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM ARARAQUARA...........................................54
ARTE, UMA EXPRESSÃO HUMANA: DOCÊNCIA EM ARTES.................................................56
CONHECENDO AS PRÁTICAS DE PROFESSORAS ALFABETIZADORAS DOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL A PARTIR DE PESQUISAS........................................58
O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNESP-ARARAQUARA EM FOCO........................................59
SEÇÃO F - POLÍTICA EDUCACIONAL
POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA ASSEMBLÉIA
CONSTITUINTE DE 1988................................................................................................................60
UM ESTUDO DO SISTEMA APOSTILADO EM ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
I...........................................................................................................................................................61
A ORALIDADE NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS......................................62
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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PROJETO DE EXTENSÃO “PET-GAEA NA ESCOLA” JUNTO À E. E. PROF. ELIAS DE
MELLO AYRES.................................................................................................................................63
BALANÇO DAS DISSERTAÇÕES E TESES DEFENDIDAS NO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESCOLAR (1999-2010) E SUA RELAÇÃO COM O ANO DE
2004....................................................................................................................................................64
EDUCAÇÃO, JUVENTUDE E POLÍTICAS PÚBLICAS: ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE
INCLUSÃO SOCIAL DA FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS - CAMPUS DE
ARARAQUARA: ANÁLISE DAS BOLSAS....................................................................................66
PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA BRASILEIRA E SUA
POTENCIALIDADE NA DÉCADA DE 90: INSERÇÃO NO ENSINO PÚBLICO E
PARTICULAR....................................................................................................................................67
APOSTILAS VIA INSTITUIÇÕES PRIVADAS E O PROFESSOR DA ESCOLA PÚBLICA: UM
LEVANTAMENTO DAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS NO PERÍODO DE (2000-
2010)...................................................................................................................................................69
INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA POLÍTICA EDUCACIONAL
VOLTADA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM............................................70
AS HORAS DE TRABALHO PEDAGÓGICO COLETIVO (HTPCS) PODEM SER UM
ESPAÇO/TEMPO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA E CONSTRUÇÃO DE SABERES
DOCENTES?.....................................................................................................................................71
ENTRE O CORPO E A ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE UM CAMPO
COLONIZADO..................................................................................................................................72
TRAZENDO ALFABETIZANDOS ADULTOS DE VOLTA À ESCOLA: CONTRIBUIÇÃO PARA
AS POLÍTICAS DE COMBATE AO ANALFABETISMO EM ARARAQUARA..........................73
AS ESCOLAS NO CAMPO E AS SALAS MULTISSERIADAS NO ESTADO DE SÃO PAULO:
UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DA EDUCAÇÃO NO MEIO RURAL ENTRE OS
ANOS DE 2009 E 2010.....................................................................................................................75
UNIVERSIDADES: SERVIÇO PÚBLICO OU EMPRESAS DE CAPITALISMO DE
ESTADO?...........................................................................................................................................76
A RELAÇÃO ENTRE CUIDAR E ASSISTIR NA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
BRASILEIRA.....................................................................................................................................77
POLÍTICA E GESTÃO DO ENSINO SUPERIOR E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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MÉDIO: ESTUDO DE CASO COM ALUNOS EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO NO
PROGRAMA PROUNI......................................................................................................................78
GESTÃO DO ENSINO MÉDIO E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO SUPERIOR: UM ES-
TUDO DE CASO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE MONTE ALTO..........................................79
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: UMA VISÃO POLÍTICA E PEDAGÓGICA..................................80
SEÇÃO G - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
PERSPECTIVAS PARA UMA EDUCAÇÃO AMORAL.................................................................81
A CIDADANIA MODERNA E A CENTRALIDADE DA POLÍTICA: O CAMINHAR EM
TORNO DO MESMO EIXO.............................................................................................................82
O ENSINO DE FILOSOFIA: POR QUE E PARA QUE?.................................................................83
SEÇÃO H - EDUCAÇÃO ESPECIAL
DEFICIÊNCIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: INCLUSÃO NA REDE PÚBLICA
DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA?...........................................................................................84
FORMAÇÃO INICIAL PIBID/PEJA: REFLEXÕES ACERCA DA ATUAÇÃO DOCENTE
FRENTE À INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.........................................85
QUESTÕES PARADIGMÁTICAS A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.........................................................................86
EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A
APRENDIZAGEM DE UM ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO
FUNDAMENTAL..............................................................................................................................88
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA ADOTIVA NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DO
ALUNO COM DEFICIÊNCIA..........................................................................................................89
O QUE É UMA BOA RELAÇÃO COM A ESCOLA? OPINIÃO DE PAIS DE CRIANÇAS PRÉ-
ESCOLARES INCLUÍDAS...............................................................................................................90
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ESTUDO
DE UM MUNICÍPIO.........................................................................................................................91
JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA NA EJA: UM ESTUDO DE CASO.........................92
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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ANÁLISE DO PERFIL E CONCEPÇÕES SOBRE O ALUNO COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: CONSIDERAÇÕES
PRELIMINARES DOS PROFESSORES..........................................................................................93
A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA REDE REGULAR DE
ENSINO: OS DESAFIOS DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE SÃO
CARLOS............................................................................................................................................94
ANÁLISE DAS PESQUISAS BRASILEIRAS SOBRE A ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: PRODUÇÕES DE 1988 A 2008....................95
REAPRENDENDO A OLHAR: APRENDIZAGENS E DESCOBERTAS DE FAMILIARES DE
CRIANÇAS PORTADORAS DE AUTISMO...................................................................................96
INCLUSÃO ESCOLAR DE DEFICIENTES VISUAIS NO ENSINO COMUM............................97
INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: UM ESTUDO
INICIAL DA REALIDADE DA CIDADE DE SÃO CARLOS-SP...................................................98
A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NA INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS
SURDOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.....................................................................................99
A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS LÚDICOS PARA A ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS........................................................................................................100
DESENVOLVIMENTO DE UM RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM
DE CONCEITOS CURRICULARES DE FÍSICA PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA
VISUAL...........................................................................................................................................101
INCLUSÃO ESCOLAR E SURDEZ: UM ESTUDO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE
PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL.........................................................................102
O TRABALHO COM A ESTIMULAÇÃO PRECOCE COM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN NA EDUCAÇÃO INFANTIL.............................................................................................103
PROFESSOR DO ENSINO REGULAR E PROFESSOR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM
ESTUDO DA INTERAÇÃO DESSES PROFISSIONAIS NA ELABORAÇÃO DE
ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL...............................................................................................................................104
OS ESTUDANTES COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E A INCLUSÃO NO
ENSINO REGULAR: QUAIS OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS
EDUCADORES?.............................................................................................................................105
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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SEÇÃO I - SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
“COMUNIDADE CIENTÍFICA” DOS EDUCADORES: REFERENCIAIS TEÓRICOS
METODOLÓGICOS. GTS ANPED................................................................................................106
VIOLÊNCIA, IMAGINÁRIO E EDUCAÇÃO ESCOLAR............................................................107
TRAJETÓRIAS DE ALUNAS E ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA................................108
MARCAS DE HETERONORMATIVIDADE: ESTUDO DE CASO SOBRE PROFESSORES/AS
ACERCA DA HOMOSSEXUALIDADE........................................................................................109
INDÚSTRIA ESCOLAR E PROCESSOS SEMIFORMATIVOS...................................................110
SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E REPRODUÇÃO SO-
CIAL.................................................................................................................................................111
DA FÁBRICA PATRONAL À COOPERATIVA AUTOGERIDA: PROCESSOS EDUCATIVOS E
MUDANÇA ESTRUTURAL DE PENSAMENTO.........................................................................112
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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SEÇÃO A – EDUCAÇÃO INFANTIL
A BANALIZAÇÃO DA INFÂNCIA.
Autora(a): Andreza Marques de Castro Leão ([email protected])
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
No cenário contemporâneo há uma nova mentalidade sobre o conceito de infância, mentalidade esta
que foi ao longo dos séculos sendo transformada. Neste contexto, o filme “Anjos do Sol”, abarca
esta nova concepção, desvendando a banalização da infância. O intuito do filme, o qual foca a
prostituição infantil, é ir além desta exposição, é problematizar a visão que se tem do ‘ser criança’
no início do século XXI. Deste modo, o presente estudo, que consiste numa pesquisa descritiva, é
analisar o filme à luz do novo século, e se debruçar a compreender a nova visão que se tem de
infância. No enredo do citado filme, a personagem principal, Maria, uma garota de 12 anos, mirrada,
de família nordestina miserável é vendida por seu pai. A seguir, ela percorre junto a seu comprador,
um longo caminho a pé, após é transportada num caminhão de forma desumana, escondida em
baixo de caixas. Sem se aperceber do que está acontecendo ela é comercializada como uma
mercadoria a uma cafetina. Esta veste Maria como uma prostituta, com roupas ínfimas, preparando-
a para o leilão que ocorreria em sua residência. Neste, a adolescente é leiloada para um fazendeiro e
político, que queria uma garota virgem para presentear o filho no seu aniversário. Assim, ela é
levada por este político para uma fazenda, sendo neste estuprada concomitantemente por ele e pelo
seu filho. Em seguida, logo após ter sido molestada sexualmente e emocionalmente, Maria é
novamente vendida, porém, desta vez ela é enviada para um local fixo de prostituição na cidade de
Socorro, localizada na região Amazônica. Neste, ela passa a ser obrigada a se prostituir em troca da
sua própria subsistência. Em linhas gerais, este filme retrata a imposição do adulto para a criança
assumir a identidade sexual que lhe convier. Desta maneira, constata-se que a infância é
subitamente encerrada, porquanto a criança é forçada a interromper etapas essenciais ao seu
desenvolvimento psicosocial, o que ocasiona desvirtuamento da identidade infantil. No início do
século XXI, percebe-se que a concepção de infância tão bem retratada no citado filme tem sido
deturpada, pois a indústria cultural auxilia indivíduos com comportamentos inadequados a
divulgarem exposições negativas que se tem do ser criança, dando-lhes uma conotação sensual,
erótica e/ou pornográfica. Um exemplo deste cenário é a pornografia infantil, a qual tem sido
largamente divulgada em sites da internet, filmes, fotos, entre outros meios. Por fim, analisando o
filme Anjos do Sol, pode-se dizer que o cerne deste é problematizar a exposição sexual da criança
pelo adulto, desvelar a banalização da sexualidade infantil, a qual tem instigado todo tipo de
desrespeito aos direitos constitucionais que as crianças apresentam, privando-as do que lhes é de
direito, o usufruto da infância.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
13
CONCEPÇÕES DAS CRIANÇAS SOBRE A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS.
Autor(a): Keila Hellen Barbato Marcondes ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
A transição da educação infantil para o ensino fundamental é considerado como um importante
momento na trajetória de escolarização das crianças, no qual é possível encontramos práticas de
continuidade e/ou descontinuidade. Tal momento, que já se mostra delicado, merece especial
atenção quando ocorre em um contexto de alteração de políticas educacionais, como no caso da
implementação do ensino fundamental de nove anos. Diante desse cenário, a presente pesquisa se
desenvolveu tendo como objetivo principal compreender como são percebidas e esperadas, pelas
crianças, as possíveis rupturas e continuidades entre Educação Infantil e Ensino Fundamental de
nove anos. O estudo mostra-se relevante uma vez que a literatura especializada na área vem
destacando a importância das crianças serem consideradas como sujeitos primordiais dos estudos,
uma vez que podem ser vistas como produto e produtores de cultura (Corsaro, 1997; Kramer, 2002;
Borba, 2006; Müller e Carvalho, 2010). Assim, sublinha-se a importância em se conhecer o que é
ser criança e ser aluno pelo olhar delas próprias permitindo, portanto, conhecer não somente suas
culturas, mas os fenômenos sociais que muitas vezes são deixados na penumbra pelo olhar do
adulto. O estudo adota como referencial teórico a Perspectiva Bioecológica de Bronfenbrenner e a
teoria da Sociologia da Infância de Corsaro e colaboradores. Foram sujeitos da pesquisa treze
crianças que durante o ano de 2009 freqüentavam as últimas etapas da Educação Infantil em um
município do interior do Estado de São Paulo, com idades que variavam entre 5 anos e meio e 6
anos e meio. Para a coleta de dados foram utilizadas como instrumento entrevistas semi-
estruturadas baseadas na produção de desenhos com as crianças. Os dados coletados foram
analisados e organizado em uma grande categoria denominada de Expectativa e concepções sobre o
ensino fundamental, a qual se subdividiu em: 1- Desejo ou não em ir para a o ensino fundamental;
2- Informações sobre a escola; 3- Hora da merenda; 4- Sala da outra escola; 5- Percepções sobre a
professora do ano que vem; 6- Expectativas sobre a aprendizagem no ensino fundamental e 7-
Tempo de brincadeiras. Os resultados destacam que todas as crianças demonstram um
conhecimento prévio em relação à organização, funcionamento e função do ensino fundamental,
baseado em experiências próprias ou relatos de outros sujeitos. Apresentam concepções de que o
ensino fundamental será diferente da pré-escola, principalmente ao que se refere a afetividade das
docentes e ao tempo de brincar. Pode-se afirmar, por meio das análises, que a transição da educação
infantil para o ensino fundamental mostra-se um momento de grande tensão onde as crianças
salientaram que há o desejo pelo crescimento e pelo “aprender”, contudo há temores e desencontros,
principalmente tratando-se de um momento em que ocorrem alterações advindas da implementação
oficial da obrigatoriedade dos nove anos no ensino fundamental.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
14
SEÇÃO B - PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
DA PSICOLOGIA DA ARTE DE VIGOTSKI AOS PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS: UMA ANÁLISE INICIAL.
Autor(a): Mariana de Cássia Assumpção ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Newton Duarte
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Esta pesquisa de iniciação científica alinha-se ao projeto: “Arte e Formação Humana em Lukács e
Vigotski”, desenvolvido pelo orientador Prof. Dr. Newton Duarte com bolsa de produtividade em
pesquisa pelo CNPq. Esse projeto tem os seguintes objetivos: analisar os estudos desenvolvidos por
Lukács no campo da estética e da crítica literária, buscando detectar as concepções do filósofo
húngaro acerca do papel da arte na formação do ser humano; analisar trabalhos de Vigotski que
abordem os efeitos das obras de arte na formação do psiquismo humano; analisar as possíveis
aproximações e distanciamentos entre Lukács e Vigotski no que se refere ao papel formativo da arte;
extrair, das análises definidas nos objetivos precedentes, contribuições para a teoria educacional no
que se refere às relações entre a formação dos indivíduos e as objetivações do gênero humano. O
objetivo desta pesquisa em andamento é realizar uma análise das relações entre arte e vida cotidiana
no volume 6 dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), tendo como referencial teórico a obra
Psicologia da Arte do psicólogo soviético L. S. Vigotski e a obra Estética: a peculiaridade do
estético do filósofo húngaro G. Lukács. Para analisarmos as relações entre a arte e a vida cotidiana
nos PCN devemos nos atentar ao fato de que o período histórico correspondente à elaboração desse
documento foi marcado pela disseminação do ideário construtivista refletindo, desta maneira, o
pensamento pedagógico hegemônico do final do século XX. Com a leitura, sistemática, dos
Parâmetros Curriculares Nacionais é possível explanar, num primeiro momento, como se
caracterizou o ensino da arte ao longo do século XX. O estudo da arte nas escolas é um fenômeno
recente que sofreu bruscas transformações em decorrência as novas perspectivas pedagógicas
presentes no cenário educativo mundial. O ensino da arte, sob o ângulo tradicional, que segundo os
PCN apenas ressaltam a transmissão de conhecimentos foi, paulatinamente sendo substituída pela
visão construtivista de educação, a qual valoriza o processo de aprendizagem da arte, resultante de
uma manifestação espontânea, que proporciona o desenvolvimento dos alunos sem a participação
ativa do corpo docente deste processo. Na concepção de Vigotski e de Lukács a obra de arte é
considerada o reflexo da autoconsciência humana, ou seja, da objetivação da consciência que o ser
humano tem num determinado momento histórico, de si mesmo e dos seus conflitos. Por essa razão,
a obra artística se situa no âmbito da objetividade par-si, diferentemente do âmbito da genericidade
em-si, a qual é vivida de forma espontânea, não exigindo uma relação de consciência do indivíduo
com a sua realidade, ou seja, reproduzindo-se na esfera da vida cotidiana alienada. Vale lembrar que
Vigotski analisou a arte como uma técnica criada pelo ser humano para dar uma existência social
objetiva aos sentimentos, possibilitando que os indivíduos se relacionem com esses sentimentos
como um objeto, como algo externo que se interioriza por meio da catarse. Com as definições da
vida cotidiana e arte, bem como as conseqüências que estas exercem no desenvolvimento e no
reconhecimento do gênero humano, podemos afirmar o quão relevante é o estudo das concepções
artísticas no Ensino Fundamental, para assim contermos o avanço da individualidade fetichizada da
sociedade capitalista.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO NA ADOLESCÊNCIA SEGUNDO A PSICOLO-
GIA HISTÓRICO-CULTURAL E A FORMAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE SEGUNDO
AGNES HELLER: APORTES TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ADOLES-
CENTES.
Autor: Ricardo Eleutério dos Anjos ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Newton Duarte
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Visando contribuir para a educação escolar de adolescentes, esta pesquisa teórica tem por finalidade
apontar algumas aproximações entre o desenvolvimento psicológico na adolescência segundo a
psicologia histórico-cultural e a formação da individualidade segundo Agnes Heller. A busca de
articulação entre a Escola de Vygotski – ou seja, a psicologia histórico-cultural – e a Escola de
Budapeste – especialmente a teoria das objetivações do gênero humano desenvolvida por Heller,
tem precedentes em Duarte (1993; 1996) e Rossler (2006), entre outros. Como indicam esses
estudos precedentes, a teoria de Agnes Heller aborda a questão da individualidade no escopo das
relações entre a esfera da vida cotidiana e as esferas mais elevadas de objetivação do gênero
humano, como a ciência, a arte e a filosofia. Considerando-se a temática específica a esta pesquisa,
concentrarei meus estudos na abordagem helleriana da individualidade que, seguindo a terminologia
adotada por Duarte (1993), chamarei de formação da individualidade para-si. Este trabalho pretende
responder a seguinte questão: Quais contribuições o esforço por aproximar a psicologia histórico-
cultural e a teoria filosófico-ontológica da individualidade para-si pode gerar para a educação
escolar de adolescentes? Embora se reconheça que a criança, mesmo na mais tenra idade, já esteja
no processo de formação dos conceitos, por meio das fases da formação de aglomerados sincréticos
e do pensamento por complexos, é somente na adolescência que os verdadeiros conceitos se
formam. E, segundo Vygotski (1996), somente por meio dos conceitos é que o conhecimento, a
ciência, a arte e demais produções sociais poderão ser corretamente apropriadas. Considerando-se
que: a) Para a psicologia histórico-cultural a adolescência é um momento privilegiado tanto pelo
desenvolvimento do pensamento por conceitos, como pela formação da concepção de mundo e
desenvolvimento da autoconsciência e; b) Para a teoria da individualidade para-si um dos fatores
decisivos na formação humana é o desenvolvimento de relações conscientes entre o indivíduo e as
esferas mais elevadas de objetivação do gênero humano como a ciência, a arte e a filosofia: a
hipótese deste trabalho é a de que a educação escolar pode contribuir decisivamente, por meio do
ensino do conhecimento sistematizado, para a formação da individualidade dos adolescentes no
sentido da superação dos limites da vida cotidiana. Para isso, esta pesquisa apresentará a
necessidade da superação dos significados de adolescência centrados em mitos, sintomas,
desequilíbrios emocionais e concepções naturalizantes evidenciados pelas correntes liberais em
psicologia. Essas concepções de adolescência contrastam com o ponto fulcral no qual Vygotski e
colaboradores concentraram suas pesquisas, a saber, a formação dos conceitos como um salto
qualitativo no desenvolvimento psicológico nesta fase por eles chamada “idade de transição”.
Diante da especificidade da educação escolar, qual seja, a transmissão do conhecimento científico,
mediada pelo professor, este trabalho defenderá que a prática pedagógica pode conduzir o indivíduo
no processo de passagem das funções psicológicas espontâneas às funções psicológicas voluntárias,
ou seja, a passagem do em-si ao para-si.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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CARACTERIZAÇÃO DO CONCEITO DE RELAÇÃO SOCIAL EM PIAGET: UMA
ANÁLISE A PARTIR DOS CLÁSSICOS DA TEORIA SOCIOLÓGICA.
Autor(a): Vanessa Cristina Treviso ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Lígia Márcia Martins
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Piaget (1973) ao discorrer sobre o que é um “ser socializado” propõe alguns estágios pelos quais o
indivíduo passa até chegar a essa conquista, ratificando que em cada momento existe uma forma de
interação social particular. Sendo assim, as fases definidoras das mais diferenciadas qualidades do
ser social acompanham as do desenvolvimento cognitivo e, constata-se que, Piaget reconhece a
socialização como parte do processo que compõe a inteligência. Piaget (1973) afirma que a
socialização é a passagem em que o indivíduo partindo de um pensamento e ações
naturais/individualizadas chegue ao pensamento e atos socializados, e, com isso, consiga se
relacionar com os outros. Dessa maneira, ao que parece Piaget estabelece uma dualidade entre o
individual e o social e, é a partir disso, que se busca realizar um estudo sobre o conceito de relação
social para o pensador, utilizando-se de uma fundamentação teórica dos clássicos da sociologia
(Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber) a respeito da categoria analítica, pois esses autores
discutem pontos importantes e diferentes metodologias de análise sobre as relações estabelecidas
entre indivíduo e sociedade, o que contribuirá para compreender e comparar o enfoque de Piaget na
questão. Diante de todo o debate que se trava em torno do pensamento de Piaget e, a partir da
hipótese de que o autor trata de maneira pertinente o “social” para a elaboração de sua obra, busca-
se esclarecer, sob uma abordagem de caráter sociológico, qual é a interpretação adotada por Piaget
para análise e explicação dessas relações. O objetivo é caracterizar o conceito de relação social em
Piaget procurando contribuir para uma discussão acerca da categoria no autor e as implicações que
dela resultam para o âmbito da educação escolar. Isso significa compreendê-la como parte
fundamental na elaboração da epistemologia piagetiana que atualmente se expressa na pedagogia
construtivista. A pesquisa é de natureza teórica e, para isso, será realizado um levantamento
bibliográfico dos clássicos da teoria sociológica e dos autores que abordam a temática proposta. As
teorias sociológicas clássicas se interessam pelo problema das relações entre indivíduo e sociedade.
Nesse sentido, Marx (2004), Durkheim (2002) e Weber (1979) desenvolvem conceitos e
pensamentos na tentativa de explicar essa relação, pois compreendem que algumas ações presentes
no cotidiano da vida em sociedade, não dizem respeito apenas à ação individual, mas também à
ação social. Para uma análise de como Piaget focaliza as relações entre indivíduo e sociedade para o
desenvolvimento dos processos cognitivos é preciso considerar que todo o debate piagetiano a
respeito da relação entre o desenvolvimento do indivíduo e a sociedade é norteado por uma
concepção bem delimitada de relação social. Esta concepção de relação social se expressa,
sobretudo, nas teorias educacionais apoiadas no pensamento de Piaget, uma vez que a educação
escolar só pode ser compreendida no contexto das relações sociais. Com isso, por meio da educação
escolar pode-se compreender a organização social que a sustenta. Por outro lado, a educação escolar
apresenta uma especificidade tanto no âmbito das relações sociais quanto no âmbito do
desenvolvimento do indivíduo: trata-se da questão do conhecimento. Nesse sentido, a epistemologia
de Piaget rompe radicalmente com a tradição ocidental, pois o conhecimento, para esse pensador,
remete à adaptação do indivíduo ao seu meio e, portanto, não diz respeito a algo existente fora do
sujeito. Segundo Duarte (2003), a pedagogia das competências, o construtivismo, a Escola Nova, as
teorias sobre o professor reflexivo agregam uma corrente educacional contemporânea chamada por
ele de pedagogias do “aprender a aprender”, uma vez que difundem ideários semelhantes e algumas
ilusões sobre a sociedade que atualmente a denominam de sociedade do conhecimento. Dessa
maneira, observa-se tomadas de posições valorativas no aprender a aprender e, criticá-lo exige ir
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
17
além das aparências, já que ele apresenta como sua finalidade o desenvolvimento da autonomia
intelectual, da criatividade e da independência do indivíduo. Dessa maneira, criticá-lo torna-se uma
tarefa difícil, pois é preciso esclarecer que isto não implica ser contrário a educar para a autonomia
ou para o desenvolvimento da criatividade. A questão é se realmente o aprender a aprender pretende
isso.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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PERCEPÇÕES DE CRIANÇAS SOBRE SEXUALIDADE A PARTIR DA MÍDIA
TELEVISIVA: APONTAMENTOS DE PESQUISA.
Autor(a): Evelin Oliveira de Rezende ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
IES: Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Departamento: Psicologia da Educação
A sexualidade está expressa nas relações humanas do sujeito, e por toda a sua vida, assim também
as crianças demonstram sua compreensão de sexualidade a partir de suas concepções de vida em
seu meio. Tais percepções se referem ao que elas observam e recebem da cultura, da mídia
televisiva e da família, ao que os adultos transmitem, ao que vivenciam na escola. A mídia
televisiva transmite valores e condutas que podem ser incorporados subliminarmente pelos
telespectadores mirins. Partindo desta reflexão, o presente estudo, de natureza analítica e descritiva,
teve como intuito centrar-se na questão do desenvolvimento da sexualidade infantil e a relação das
crianças com a mídia televisiva. Objetivou descrever a partir das falas de cinco crianças, sendo três
do sexo feminino e duas do sexo masculino, da quarta série do Ensino Fundamental de II Ciclo, de
uma escola pública, a percepção de mensagens da televisão que enfatizavam comportamentos e
valores sexuais. A primeira fase da pesquisa, a qual permeou todo o estudo consistiu na revisão da
literatura na área, seguida da observação dos sujeitos na escola. A terceira fase referiu-se a aplicação
de uma entrevista semi-estruturada com vinte e uma questões que ponderaram sobre a permanência
e preferência das crianças em assistir TV e outras mídias, como rádio e Internet. As considerações
que se pode apresentar evidenciam o fato das crianças se encontrarem isoladas para abordar e tirar
suas inquietações sobre sexualidade, pois o adulto muitas vezes esquiva-se de conversar sobre
sexualidade infantil e sobre as dúvidas que giram no tocante a esta temática. É imprescindível que
os pais e a escola aprofundem nos diálogos emancipados e críticos sobre a sexualidade infantil e
que acolham a criança na arena sexual.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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A CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS E BRINCADEIRAS PARA A SUPERAÇÃO DAS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.
Autor(a): Maria Rosângela da Silva Bunholli ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Érica Ramos Moimaz
IES: Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná.
Departamento: Educação
Dentro do contexto escolar encontramos uma porcentagem elevada de crianças que apresentam
algum transtorno ou dificuldade no processo ensino aprendizagem, sendo assim, torna-se
imprescindível a presença de um Psicopedagogo na escola, no entanto, a realidade e constrangedora,
pois na maioria das escolas não temos um psicopedagogo e os professores não são capacitados para
realizar um trabalho que possa ajudar a sanar ou amenizar as dificuldades das crianças. O
psicopedagogo dentro da escola pode realizar um trabalho preventivo juntamente com os
professores, através da orientação de como utilizarem os jogos e brincadeiras como instrumento de
trabalho, para ajudar as crianças a ampliar seus conhecimentos e assim possibilitar o aumento da
autoestima, no entanto, o psicopedagogo precisa alertar os professores da necessidade de respeitar
sempre o limite de cada criança. Todavia cabe ressaltar que o psicopedagogo precisará mediar esse
trabalho, pois o professor precisará saber como se dá o desenvolvimento da criança para utilizar os
jogos e brincadeiras de acordo com a maturidade da mesma, para não prejudicar ainda mais o
processo de ensino aprendizagem da criança. Foi dentro deste contexto que procurei através da
pesquisa bibliográfica ampliar meus conhecimentos em relação ao como e quando devo utilizar os
jogos e brincadeiras para facilitar a aquisição de novos conhecimentos por parte da criança, visto
que na realidade, podemos observar que a maioria dos professores não utilizam os jogos e
brincadeiras como instrumentos de trabalho, sendo assim, procurei aprender a planejar e executar
atividades que proporcionassem aprendizagem real a partir dos jogos e brincadeiras, pois os
professores devem utilizar os jogos e as brincadeiras como instrumento facilitador do processo
ensino aprendizagem. Vale a pena ressaltar que o jogo, a brincadeira implica para a criança muito
mais do que o simples ato de brincar, pois através dos mesmos, esta se comunica com o mundo e
também se expressa, experimenta novos papéis, internaliza regras de conduta e desenvolve ainda o
sistema de valores que desde já orienta seu comportamento. Posteriormente procurei transmitir
esses conhecimentos adquiridos às minhas colegas de trabalho, pois precisamos nos unir para
melhorar a qualidade do ensino dentro da escola, desta forma estaremos realizando um trabalho em
conjunto de caráter preventivo. Através desse trabalho conclui que as professoras acreditam que
podemos realizar um trabalho preventivo com a orientação de um psicopedagogo, visto que, como
já sabemos muitos transtornos ou dificuldades de aprendizagem são genéticos. Os professores
concordaram que precisamos desenvolver atividades direcionadas para ajudar sanar ou amenizar o
problema, pois todo o problema que é diagnosticado precocemente tem uma probabilidade maior de
ser solucionado e a criança poderá se desenvolver naturalmente sem prejuízos à sua aprendizagem e
afetividade, elevando sua autoestima. Acredito que este trabalho está diretamente vinculado a
Educação Especial.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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ESTUDO DESCRITIVO-ANALÍTICO SOBRE A VIOLENCIA SEXUAL CONTRA O
ADOLESCENTE A PARTIR DE COMUNIDADES DO SITE DE RELACIONAMENTO
ORKUT.
Autor(a): Thaise Fernanda Mendes Soares ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
A presente pesquisa se volta para o universo do adolescente que sofre violência sexual e pretende
investigar as percepções, sentimentos e conseqüências decorrentes desta violência, a nível real ou
simbólico, a partir das informações e depoimentos dados por um grupo de adolescentes membros de
comunidades do site de relacionamento Orkut. Não é raro ver o adolescente sendo relacionado com
a violência, tema que é hoje uma das grandes preocupações em nível mundial. Temos inúmeros
estudos sobre o assunto que tratam o adolescente como agente da violência, no entanto, na revisão
da literatura realizada verificamos que são poucos os estudos sobre o adolescente enquanto vítima
dos vários tipos de violência existentes, inclusive a violência sexual. A principal justificativa para o
desenvolvimento desta pesquisa, então, é justamente a existência de poucos estudos voltados
especificamente para a violência sexual contra o adolescente, não obstante a verificação do
significativo investimento de diferentes órgãos governamentais em campanhas contra a exploração
sexual e prostituição de menores, e contra a própria violência sexual. Pretendemos, neste estudo,
verificar como os adolescentes vítimas de violência sexual foram afetados pelas atitudes e ações
perpetradas contra eles, quais as principais queixas e sofrimentos que esses adolescentes trazem,
suas dificuldades de denunciar a violência e de procurar ajuda e a relação destes com a família. A
metodologia a ser utilizada é a pesquisa qualitativa online, feita inicialmente com a coleta de dados
por meio dos relatos em fóruns de cinco comunidades do Orkut voltadas especificamente para
vitimas de violência sexual. Esta metodologia permitirá fazer uma análise mais profunda sobre a
violência sexual contra o adolescente, uma vez que nestas comunidades os adolescentes sentem-se
mais à vontade para relatar e expressar o que sentem.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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SEÇÃO C – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
A PROFISSÃO DOCENTE NO MAGISTÉRIO PÚBLICO PRIMÁRIO MINEIRO:
HOMENS OU MULHERES? SOLTEIROS OU CASADOS? (1907-1918).
Autor: Jardel Costa Pereira ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Por meio desse trabalho pretende-se uma aproximação da identidade do professor no Grupo Escolar
de Lavras no período de 1907-1918, apresentando especificidades de gênero e estado civil. Dentre
os sujeitos recrutados para a ocupação, organização e funcionamento do tempo e do espaço no
Grupo Escolar de Lavras, encontravam-se o diretor, os professores, os alunos e os demais
funcionários. Atento à importância do resgate de todos esses atores sociais, foi de suma importância
os escritos do diretor Firmino da Costa Pereira, sendo que por meio deles consegui quase parte das
informações necessárias para as categorias de seu corpo docente. Ancorado nos pressupostos
teóricos e metodológicos que a história cultural oferece para a história da educação, o estudo utiliza
técnicas de pesquisa histórica em história da educação, numa análise interpretativa a partir do
cruzamento de informações recuperadas por meio das fontes encontradas. Ao ser destacada a
questão de gênero e estado civil espero ter trazido à tona novas categorias que permitam uma maior
compreensão do processo de feminização do magistério público primário no Brasil.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
22
CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO “BENTO DE
ABREU” DE ARARAQUARA (1954-1971).
Autor(a): Manuela Priscila de Lima Bueno ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Este trabalho visa expor a análise dos dados coletados do arquivo do Instituto de Educação “Bento
de Abreu” de Araraquara, traçando um panorama da população atendida pela escola compreendendo
as seguintes características: sexo, naturalidade, idade e residência. Para tal análise utilizei três Li-
vros de Matrícula referentes, respectivamente, aos períodos de 1954 a 1960; 1966 a 1968; e de 1968
a 1975. A análise feita é referente ao subprojeto intitulado “História do Instituto de Educação “Ben-
to de Abreu” de Araraquara (1954-1976)” vinculado ao projeto “Educação Secundária e Dissemina-
ção da Cultura Literária e Científica no Estado de São Paulo (1931 – 1982)” da Professora Doutora
Rosa Fátima de Souza Chaloba. A pesquisa em andamento fundamenta-se em procedimentos de
identificação, levantamento e coleta de dados, tendo em vista os procedimentos adequados à pes-
quisa histórica, com posterior organização e análise dos dados obtidos. Frente aos dados coletados e
organizados em tabelas comparativas pude depreender que em relação às classes da primeira série
do ensino normal a média de idade dos alunos ficou entre 17 e 18 anos, com exceção das classes do
noturno nas quais a média chegou até 28 anos e que a maioria dos alunos dos 1ºs anos era do sexo
feminino, porém em 1966 o “1º Normal A” era exclusivamente composto por alunos do sexo mas-
culino. A maioria dos alunos era de naturalidade araraquarense e residia no centro da cidade, análise
essa que se aplica também para as 2ªs e 3ªs séries do ensino normal no Instituto de Educação Bento
de Abreu. A 2ª série do ensino normal era composta predominantemente por alunos do sexo femini-
no e a média de idade ficava entre 18 e 19 anos. A população das 3ªs séries era quase que exclusi-
vamente feminina, com baixo número de homens ou nenhum por classe e a média de idade corres-
pondia à faixa entre 18 e 19 anos. A partir dos dados analisados, pude concluir que o Instituto de
Educação “Bento de Abreu” atendia a um número expressivo de alunos, pois em 1966 somente a
Escola de Professores tinha 309 alunos, sem considerar então todo o complexo de anexos que o I.E.
possuía. Também pude observar que a grande maioria dos alunos era do sexo feminino e essa popu-
lação residia no centro da cidade ou em bairros próximos refletindo a boa condição social e econô-
mica dos alunos que freqüentavam o Instituto. No tocante à média da faixa etária das classes de
ensino normal vê-se que na maioria das classes essa média correspondia a um ano a mais da possi-
bilidade de entrada na determinada série. Aqueles alunos que não eram de naturalidade araraquaren-
se, provinham de cidades do interior próximas à Araraquara, e em pequena quantidade pertenciam a
outros estados ou a outros países. É importante ressaltar que algumas classes eram do período no-
turno refletindo a expansão do ensino normal com vistas a atender às camadas que não tinham aces-
so à escola. A partir dos dados pode-se concluir que do momento em que foi fundado até seu fe-
chamento o Instituto de Educação Bento de Abreu esteve em franca expansão no que se refere à
Escola de Professores e aos cursos oferecidos por ela.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
23
A RESISTÊNCIA DE PROFESSORES À DITADURA MILITAR NO BRASIL.
Autor(a): Milene Cristina Hebling ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Massao Hayashi
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade da UFSCar
Neste trabalho, que está em andamento, pretende-se averiguar se professores de nível primário e
secundário utilizaram-se de sua profissão para atuar contra o regime militar imposto no Brasil, mais
especificamente durante o período de 1968 a 1974. Busca-se descobrir se o fato de ser professor
influenciou ou auxiliou nos modos de resistência à ditadura militar e, em caso positivo, como isso
ocorreu. Para tanto, serão utilizados os seguintes métodos: pesquisa documental e história oral. A
pesquisa documental terá como fonte documentos primários produzidos pelo Departamento
Estadual de Ordem Política e Social – DEOPS, do estado de São Paulo, que se refiram aos
professores de ensino primário e/ou secundário cujos nomes foram selecionados através de pesquisa
anterior (Hebling, 2009). O trabalho de história oral será realizado com esses professores e,
possivelmente, com colegas de trabalho e/ou parentes próximos. O recorte histórico contemplará os
anos entre 1968 e 1974, pois esse foi o período em que o regime autoritário no Brasil se fortaleceu e
tornou-se mais repressivo. Os dados obtidos serão analisados numa perspectiva sócio-histórica a
fim de possibilitar sua inter-relação, bem como sua relação com o contexto social no qual estavam
inseridos. Através dos documentos do DEOPS, obtém-se a versão oficial dos fatos. Com os
depoimentos dos professores que são a base deste trabalho, espera-se obter a versão não-oficial,
vinda das vozes que a própria ditadura militar tentou silenciar, visto que se trata de sujeitos
investigados e fichados por um órgão de repressão, reconstituindo as histórias de vida desses
sujeitos. Comparando ambas as fontes, documental e oral, espera-se obter o maior detalhamento
possível para entender como esses professores auxiliaram no processo de denúncia à ditadura e
busca pela redemocratização do país.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
24
CARACTERIZAÇÃO DO PRIMEIRO GINÁSIO ESTADUAL DE ARARAQUARA (1932-
1956).
Autor(a): Nayara Stival Navarro ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Este trabalho expõe a análise de dados coletados do Ginásio Estadual Bento de Abreu de Araraquara,
apresentando características dos discentes, a partir do sexo, idade, naturalidade, residência e
profissão do pai; vestígios do cotidiano escolar e como a imprensa noticiou a trajetória do primeiro
ginásio da cidade. O levantamento de dados foi realizado tendo em vista a leitura de reportagens
sobre a educação em jornais de Araraquara (Jornal Imparcial de 1932-1956), pesquisa nos livros de
matrículas de 1931 a 1934 e análise das atas de 1935-1961 e 1949-1960. A pesquisa realizada é
referente ao projeto de iniciação científica “História e Memória do Ginásio Estadual de Araraquara
(1932-1956)”, vinculado ao projeto “Educação Secundária e Disseminação da Cultura Literária e
Científica no estado de São Paulo (1931-1982)” coordenado pela Professora Dra. Rosa Fátima de
Souza Chaloba. O projeto em andamento assenta-se em levantamentos e coleta de dados que serão
realizados a partir de procedimentos de identificação adequados à pesquisa histórica, sendo
organizados e interpretados para uma análise posterior. Em relação aos dados coletados foi possível
realizar tabelas comparativas que puderam identificar características do Ginásio Estadual de
Araraquara, possuindo turmas de cursos preparatórios e exames de madureza, possível indicativo de
que a escola valorizava a educação, pois ambos preparavam alunos para continuar o ensino, apesar
de que tiveram seu fim antes da década de 30, mas ainda permaneceram até que criasse uma lei
geral para extinguir tais programas – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961-,
outros quatro fenômenos detectados nas análises foram: o número elevado de alunos no ginásio
depois da década de 30, intensa procura pelos ginásios na década de 30, estadualização do Ginásio
Estadual de Araraquara em 1932 e a Lei do Ensino Secundário de Francisco Campos que exigia a
frequência obrigatória ao ginásio –, o número maior de homens em relação ao de mulheres na sala
de aula – tradição de que os homens ingressavam na escola primeiro que as mulheres, pois estas
eram educadas para serem donas de casa – a grande procura pelo Ginásio Estadual de Araraquara,
que é justificado pelo fato da grande maioria dos alunos residirem no centro e serem naturais de
Araraquara, conhecendo a fama e o status que a escola oferecia e, além disso, a boa condição
financeira dos pais dos alunos já que a maioria era comerciante, lavrador, fazendeiro, entre outras
profissões que poderiam dar boas condições às famílias naquela época (claro que havia aquelas
famílias pobres que precisavam dos filhos para ajudar em casa e esse fato poderia justificar a
redução de alunos nas turmas), mas sempre colocando em destaque que esse fator não quer dizer
que os pais valorizavam ou não a educação, era uma questão de necessidade e valorização da
família já que houve a demora da estadualização do ginásio de Araraquara, o que poderia também
justificar a entrada tardia dos alunos. Em uma segunda análise dos dados coletados na escola, pude
observar vestígios do cotidiano escolar a partir da leitura das atas, na qual foi possível afirmar que
nestas constavam todo o histórico de como eram realizadas as reuniões, decisões relacionadas à
frequência, notas, reprovações, punições, prêmios, direitos e deveres de alunos e professores,
indicando a importância notória desde material para a cultura escolar. Busquei na imprensa (Jornal
Imparcial de Araraquara 1932-1950) artigos que retratavam como a construção da escola foi
recebida pela sociedade, a trajetória de sua consolidação até a estadualização e principalmente como
beneficiou a sociedade e as próximas gerações araraquarenses em aspectos intelectuais. Por fim,
trabalhar com os livros de matrículas e atas da Escola Estadual Bento de Abreu foi um progresso,
pois através desses documentos foi possível reconstruir um passado de prestígio, entendendo o seu
apogeu e delimitações, caracterizar a escola, seu corpo docente e discente, e, além disso, observar
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
25
como todo esse processo foi retratado pela imprensa araraquarense. Daí a contribuição para a
História da Educação do Brasil com dados específicos de uma História da Educação Local.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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INFÂNCIA E EDUCAÇÃO.
Autor(a): Luana Maria de Oliveira ([email protected] )
Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto da Silva Monarcha
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Vinculado à iniciação científica o presente estudo bibliográfico tem como tema as formas e modos
contemporâneos de reorganização familiar, para tanto utilizamos autores e títulos focados na
temática desde um ponto de vista histórico, cultural e sociológico. Levando-se em consideração os
objetivos estabelecidos, pretende-se inicialmente analisar os autores e títulos constantes na
bibliografia de referência. Para a realização de tal propósito neste trabalho pretende-se abordar os
conceitos de educação e infância na perspectiva de Ariès (1997) e Finkelstein (1986). Em seu texto
“La incorporación de la infância a la historia de la educación” Barbara Finkelstein aponta que os
historiadores têm incorporado das crianças e os jovens aos seus estudos por entenderem que o
processo de transmissão cultural seria incompleto e limitado sem estes agentes. A autora chama a
atenção para os estudos de Phillipe Ariès, os quais abordam a história da infância e a história da
educação como fenômenos conectados conceitual e psicologicamente, além de estarem relacionadas
no tempo e unidas social e institucionalmente. Tal abordagem conferiu uma nova visão à educação
das crianças no seio de sua família, sendo o colégio um agente fundamental na educação da infância.
Tal concepção propôs um estudo sistemático das crianças e dos jovens redimensionando a história
da educação. Phillipe Ariès, no verbete “Infância” analisa e explica a evolução do conhecimento da
criança e do seu caráter particular, na antiguidade romana, menos estudada que a evolução dos
sentimentos da infância na Idade Moderna. Assim o autor faz observações a respeito da maneiras de
representação da infância na antiguidade romana e conclui sobre profunda valorização da vida da
criança no decorrer da Idade Moderna e da Idade Contemporânea. Ou seja, explica como a criança
saiu do anonimato e da indiferença das idades remotas para tornar-se a criatura preciosa, rica de
promessas e de futuro. No verbete “Educação”, Ariès expõe as mudanças profundas ocorridas na
sociedade e sua maneira de conceber a educação. Um ponto a destacar no texto é o caráter não-
escolar da educação ao longo dos séculos e as profundas mudanças nos mecanismos de transmissão
cultural registrada a partir do século XV, ou seja, a educação passou a ser fornecida cada vez mais
pela escola. Temos assim a substituição da aprendizagem na companhia dos adultos pela
aprendizagem escolar acompanhada da preocupação dos pais em relação aos seus filhos. Esse
desejo dos pais em manter seus filhos perto o mais tempo possível resultou no século XVII em uma
proliferação das instituições escolares com o objetivo de aproximá-las das famílias que tiveram um
importante papel na realização da escolarização. Segundo Ariès a escolarização foi alcançada à
medida que atendeu as novas necessidades de uma nova família, a família contemporânea formada
pelos pais e filhos. Uma das marcas mais características desse tipo de organização familiar são a
preocupação de igualdade entre os filhos, fenômeno que gerou uma preocupação com a educação,
carreira e futuro de cada um dos filhos. Portanto, juntamente com Ariès e Finkelstein, vemos a
importância em se estudar a infância, a educação escolar e a organização familiar moderna como
esferas complementares. Philippe Ariès não deixa de nos mostrar como o sentimento da infância
evoluiu solidificando-se na intimidade, na afeição e no sentimento. Houve assim, na Idade Moderna,
a descoberta da infância cuja valorização permanece até os nossos dias. Tal descoberta do
sentimento de infância levou a valorização das instituições escolares ancoradas na preocupação das
famílias com a educação, carreira e futuro de seus filhos. Já Barbara Finkelstein chama atenção para
a infância e a formação da criança, sendo estes dois campos de fundamental importância que
deveriam caminhar juntos na investigação histórica da educação. Tal concepção exposta pelos
autores contribuiu para uma melhor compreensão da inter-relação da infância, escola e família.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS NEGROS NO BRASIL.
Autor(a): Auridiana Helena Laguna de Oliveira ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Considerando a participação e o contexto histórico em que os negros estavam inseridos na história
do país, tenho por interesse verificar como se deram as iniciativas educacionais desses grupos
desde o período da escravidão até atualmente. É interessante refletir como se deu o processo de
escolarização dos negros no Brasil e as propostas educacionais para essa camada da população que
ainda vivem em condições sociais de desigualdade social. Também, é importante verificar o
posicionamento deles frente as situação de desigualdade e discriminação que enfrentavam no
sistema educacional. Pretendo assim, verificar suas iniciativas que buscaram na escolarização o
meio para a ascensão social e a participação na sociedade. A partir das leituras feitas até o
momento foi possível identificar o conceito de educação vinculado entre o período de 1915-1937
em um estudo feito com base nos jornais da Imprensa Negra. A educação era entendida de modo
amplo. Ela envolvia “a formação do caráter, a formação intelectual, a formação cultural e
principalmente a formação de um espírito de solidariedade entre os negros”. Ela era apresentada
como o caminho para o negro ascender socialmente. Assim, eram feitas várias recomendações as
famílias para que educassem seus filhos. Também havia uma grande preocupação por parte dos
negros em relação ao grande numero de analfabetos nos grupos. O aprendizado da leitura e da
escrita era considerado como um meio para se alcançar a dignidade na sociedade brasileira.
Também é possível notar criticas feitas à falta de apoio do governo as escolas criadas pelas
associações negras. Essas escolas foram criadas como estratégia das comunidades negras frente ao
preconceito e outras dificuldades que as crianças encontravam em frequentar as escolas publicas.
Alguns grupos escolares que recebiam as crianças negras as recebiam porque era obrigatório, mas
os professores “menosprezavam a dignidade da criança negra”. Muitos pais, pelo pouco
desenvolvimento dos filhos resolviam tirá-los da escola. Assim, pretendo compreender como se
desenvolveram as estratégias desenvolvidas pelos negros, principalmente as relacionadas à
educação, na interação com a sociedade e o exercício da sua cidadania.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
28
A EXPANSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO NO INTERIOR PAULISTA: ESTUDO
HISTÓRICO SOBRE A ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR HENRIQUE MORATO
(1940-1971).
Autor: Carlos Alberto Diniz ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Rosa Fátima de Souza Chaloba
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
No século XX a educação brasileira passou por diversas transformações que permite a compreensão
da realidade educacional do país. A expansão do ensino secundário no interior do estado de São
Paulo a partir da década de 1930 contou com a participação do Poder Público Estadual em parceria
com o Executivo Municipal. A partir do arcabouço teórico oferecido pela História Cultural,
sobretudo no campo da cultura escolar e história das instituições escolares, o presente estudo incide
no exame da criação do primeiro Ginásio Estadual da cidade de Matão – SP, hoje denominado
Escola Estadual Professor Henrique Morato, data de 1940 com o intuito de analisar como se
estabeleceram as relações entre o poder público municipal e o estadual com vistas a promover a
difusão da educação secundária. Além disso, esta pesquisa objetiva também reconstituir de maneira
sistemática a trajetória do estabelecimento de ensino em questão entre os anos de 1940 a 1971, no
sentido de preservar a sua memória e evidenciá-la à comunidade local contribuindo assim com a
pesquisa desse ramo da história da educação, em especial, no interior paulista. Para esta
investigação estão sendo utilizados como fontes os artigos publicados no jornal local A Comarca,
Atas da Câmara Municipal de Matão, Relatórios de Recenseamento Geral do Brasil produzidos pelo
IBGE, Decretos, Portarias e Editais da Prefeitura Municipal dessa cidade, a Legislação Educacional
e as Mensagens dos governadores do Estado de São Paulo apresentadas à Assembléia Legislativa.
Além dessas fontes, outras têm sido incorporadas ao estudo para uma melhor compreensão da
cultura dessa escola, disponibilizadas em seu arquivo, como por exemplo, livros de matriculas,
livros ponto dos docentes e corpo técnico-administrativo, livros de atas de reuniões pedagógicas
e/ou outras, livros de ata de exames, portarias, fotografias, entre outros. Vale ressaltar que ainda
serão realizadas entrevistas com pessoas que fizeram parte do cenário educacional de Matão no
período já mencionado, em especial, ex-diretores, ex-professores, ex-funcionários e ex-alunos da
Escola Estadual Professor Henrique Morato, considerados a memória viva dessa escola, para
evidenciar a representação dessa escola para a sociedade local. Em suma, a história da educação
secundária é um campo de estudo que merece destaque e que ainda é pouco estudado no Brasil,
sendo essa pesquisa de âmbito local e regional uma contribuição para a compreensão da história da
educação brasileira.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
29
EDUCAÇÃO CONFESSIONAL: A GÊNESE DA EDUCAÇÃO EM JATAÍ-GO (1941 – 1945).
Autor(a): Ekristayne Medeiros de Lima Santos ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Vera Teresa Valdemarin
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O trabalho anseia pesquisar a gênese da Educação Agostiniana em Jataí – GO, tomando como por-
ta de entrada o Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, que foi fundado em 1941, pela Congre-
gação das “Irmãs Agostinianas Missionárias da Província de Cristo Rei”. Vindas da Espanha a
convite do Bispo de Jataí, Dom Germano Veja Campon, as irmãs traziam um Projeto Educacional
como parte do projeto de reorganização das atividades desenvolvidas pela Igreja Católica no Brasil.
Trata-se de uma pesquisa histórico-historiográfica que permitirá, a partir dos arquivos historiográfi-
cos locais, regionais e nacionais, além de outras fontes, historicizar a referida Instituição e algumas
das práticas educacionais ali desenvolvidas que, por mais de 70 anos ininterruptos, tem representa-
tividade na educação do Sudoeste Goiano. A primeira etapa da pesquisa está dedicada à organização
do arquivo da referida instituição e à seleção da documentação, que possibilitará também delimitar
com maior especificidade os objetivos. Espera-se que esses caminhos sejam trilhados a partir de um
referencial teórico, cunhado nas atuais discussões que configuram uma nova história e historiografia
da educação brasileira, onde “a história de uma instituição educativa constrói-se entre a materiali-
dade, a representação e a apropriação.” (MAGALHÃES, 1988, p.64). Desse modo “as instituições
educativas e por conseqüências a sua história constituem a representação discursiva, memorística e
antropológica das mais complexas dialéticas educacionais.” (idem). Muitas são as questões que ins-
tigam a buscar compreensão sobre a gênese da Educação Agostiniana em Jataí – GO a partir do
Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho como comunidade educativa, inserida em seu contexto
histórico: clima social, cultural/organizacional, atores sociais, projeto pedagógico e os reflexos polí-
ticos e econômicos da época. Entre essas inquietações, algumas chamam atenção, de uma maneira
mais próxima: Quais os anseios da sociedade e da Igreja Católica, nesse período? Esses anseios
foram contemplados? Qual o papel da família junto à instituição? Como se estabelecia a relação
colégio-sociedade-trabalho? Qual a dinâmica socioeconômica no processo de implantação dessa
proposta Filosófica-Pedagógica da educação agostiniana em Jataí? Como a proposta católica se arti-
culou com a legislação e com as vertentes filosóficas existentes no Brasil? O que foi instituído para
a sociedade em que está inserida? O que esse colégio com sua proposta educativa instituiu para si e
para seus sujeitos?Assim, na conjunção das especificidades da instituição analisada com a educação
estadual e nacional, pretende-se contribuir com os estudos em andamento no GEPCIE e no Progra-
ma de Pós-Graduação em Educação Escolar.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
30
SUD MENNUCCI E UM POSICIONAMENTO PEDAGÓGICO ESQUECIDO.
Autor: Henrique de Oliveira Fonseca ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinícius Fonseca
IES: Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
Departamento: Educação
O início da década de 1930 é considerado um momento emblemático para a História da Educação
brasileira, uma vez que em 1932 o afamado “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova” foi
publicado. Dentro dos estudos da História da Educação este período é evidenciado pelo conflito
entre os conservadores – representados por membros da Igreja Católica que buscavam a
manutenção dos espaços adquiridos historicamente pela instituição dentro da organização
educacional nacional – e os liberais – figurado majoritariamente pelos defensores das propostas
contidas no Manifesto, que pretendiam romper com os atrasos educacionais. Esse embate entre dois
grupos é foco de estudos das principais pesquisas sobre este período dentro da educação brasileira.
Contudo este artigo pretende fugir destas possibilidades de análises já postas. Assim procuramos
compreender uma corrente pedagógica distinta defendida neste período, portanto estudaremos o
intelectual Sud Mennucci, que no mesmo período dos pioneiros, propôs um projeto pedagógico
alternativo voltado ao campo, conhecido como “ruralismo pedagógico”. Tal proposta era uma clara
defesa ao meio rural, pois tinha como objetivo principal formar professores aptos ao campo, como
também fornecer uma estrutura adequada à escola campesina. “Seja o que for, deliberadamente ou
não, o ruralismo de Sud Mennucci, sem dúvida um homem moderno de sua época, trafegava na
contramão do contagiante imaginário urbano-industrial em ascensão denominado ‘Escola Nova’,
segundo ele próprio das sociedades de grande avanço industrial, porém inadequado para um Brasil
agrário”. (MONARCHA In: WERLE: 2007, p. 20). Concomitantemente, segundo informações
presente em sua biografia escrita por Ralph Mennucci Giesbrecht, Sud Mennucci não era
efervescido pelos preceitos católicos cristãos (GIESBRECHT: 1998), o próprio intelectual dizia que
“não sentia a menor vontade nem o menor desejo de ser religioso” (MENNUCCI In:
CAVALHEIRO: 1944, p.254). Nesta vertente diferenciada de compreender a sociedade e os rumos
do Brasil, Mennucci figurou como uma via distinta neste embate educacional, sua visão sobre a
sociedade buscava preservar as tradições, porém, a partir delas propunha melhorias, avançando para
o futuro com a bagagem do passado. Uma análise muito condizente seria um redirecionamento dos
preceitos de Walter Benjamin para a pedagogia, Clarisse Nunes descreve que: “O sujeito na
experiência benjaminiana dispõe da possibilidade de surpreender, e essa capacidade vem menos da
novidade das perspectivas e mais de um trabalho constante e subterrâneo que recupera o antigo e
lhe imprime nova camadas de significação, camadas tecidas e buriladas pela linguagem”. (NUNES
In: FARIA FILHO: 2008. p.96).Neste ponto, pode-se compreender a distinção clara no pensamento
de Mennucci em relação aos católicos e os pioneiros, situando esta diferença na relação da
utilização do passado e suas tradições. Os católicos pretendiam armar uma resistência aos espaços
alcançados na organização do aparelho educacional e os pioneiros da escola nova procuravam uma
superação das estruturas atrasadas e retrogradas. Mennucci procurava uma reavaliação do passado,
observando na agricultura o elemento historicamente organizador nacional. Conseqüentemente a
educação deveria voltar-se para o meio rural e buscar através da modernização em voga adequar a
nação aos progressos modernos. Para tanto, procuraremos analisar como os discursos pedagógicos
do período foram produzidos e quais possíveis motivos levaram os estudiosos da História da
Educação não darem muita atenção a outras correntes do período. Assim, aprofundaremos na
produção discursiva e no local da produção da trajetória de Sud Mennucci bem como sua atuação
dentro da política educacional. Nesse sentido buscamos indícios de seu posicionamento nos livros
de sua autoria sobre temática educacional, como também na “Revista do Professor”, periódico
oficial do Centro do Professorado Paulista (CPP) no qual Mennucci foi fundador e presidente.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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SEÇÃO D - ENSINO EM CIÊNCIAS EXATAS, HUMANAS E BIOLÓGICAS
AS EXPOSIÇÕES ITINERANTES DO CORPO HUMANO: APONTAMENTOS SOBRE O
FENÔMENO E SUAS CORRELAÇÕES COM A HISTÓRIA DA ANATOMIA.
Autor(a): Ana Carolina Biscalquini Talamoni ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Claudio Bertolli Filho.
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Bauru
Departamento: Programa de Pós Graduação em Educação para a Ciência
O presente trabalho deriva de resultados de pesquisa de doutorado, dedicado à análise compreensiva
do ensino de anatomia empreendido nas esferas formais e informais do ensino, utilizando como
abordagem metodológica a Antropologia Crítica de Clifford Geertz. Neste encaminhamento, foi
necessário também estabelecer relações entre o processo de objetivação do corpo no renascimento-
através do qual, a partir do século XIV, houve uma re-orientação das perspectivas sobre o corpo
humano, que do estatuto de “sagrado”, promovido pela cultura religiosa medieval, tornou-se alvo de
olhares curiosos e incursões anatômicas públicas – e o fenômeno das exposições itinerantes de
corpos, fenômeno pós-moderno que se pretende “educativo”. As dissecações públicas devem ser
compreendidas enquanto prática cultural e como um capítulo à parte no desenvolvimento da
disciplina anatômica, parte da história da ciência e que de certa forma culminou no advento, um
tanto polêmico, das exposições de corpos humanos re-inauguradas pelo anatomista alemão Gunther
von Hagens (1945- ), no século XX. Em entrevista realizada junto a uma turma de alunos de
licenciatura em Ciências Biológicas durante as primeiras aulas de Anatomia Geral e Humana,
constatou-se que 85% deles já tinham tido contato com peças anatômicas através das exposições
itinerantes. Essas exposições têm sido alvo de críticas e discussões por situarem o corpo humano,
objeto de estudo das ciências morfológicas e da saúde, em produções que se situam nos limites
entre o científico e o artístico, o educativo e o entretenimento. Em 1977, o médico e pesquisador
alemão Gunther von Hagens, criou o método de plastinação de cadáveres1, que o permitiu criar a
empresa “Body Worlds – The original exhibition of Real Human Bodies”, projeto destinado à
organização de exposições itinerantes de corpos plastinizados que, a partir do ano de 1995,
disseminaram-se pelo mundo2. Segundo o site oficial da “Body Worlds” (BODY WORLDS...,
2011), o objetivo do projeto é “educativo”, ou seja, proporcionar ao publico conhecimentos em
anatomia e fisiologia do corpo, salientando a importância da preservação da saúde e, sobretudo,
democratizando um conhecimento que foi incorporado com exclusividade pelas comunidades
médicas e científicas modernas. Os feitos de von Hagens, apelidado como “Dr. Frankenstein”,
situam-se nas fronteiras entre as esferas científica, cultural e mercadológica, tendo por pano de
fundo a “exploração/exposição” do corpo sob condições materiais que nenhuma instituição
acadêmico-científica do mundo tem atualmente. Segundo Rebollo (2003), as exposições
promovidas pela Body Worlds causam um misto de fascínio e inquietação, suscitando questões de
ordem ética e moral. Dentre estas críticas, são comuns as referências ao mórbido e ao grotesco de
suas “obras”, além de sua potencialidade educativa. Uma destas potencialidades está no fato das
exposições remeterem às dissecações públicas realizadas a partir do século XVI por cirurgiões
barbeiros, ou ainda, nas superlotadas sessões de dissecação e “ressuscitação” empreendidas por
filósofos naturais como o físico italiano Giovanni Aldini (1762-1834). Estas práticas ulteriores
1 Técnica considerada “revolucionária” por permitir a preparação de peças anatômicas duráveis, inodoras e atóxicas.
2 Segundo o site da Body Worlds, as exposições itinerantes já foram assistidas por mais de 32 milhões de pessoas ao
redor do mundo.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
32
materializaram a cultura da curiosidade que permeou os olhares humanos sobre o corpo (LE
BRETON, 1993), despertando um tipo de sensibilidade que inspirou trabalhos anatômicos de cunho
científico como os de Andreas Vesalius (1514-64) e de Leonardo da Vinci (1452-1519) e que
ajudaram a moldar o ensino ao mesmo tempo moderno e tradicional da anatomia no âmbito
acadêmico moderno. Sob os auspícios da moderna técnica científica, von Hagens tenta resgatar
através da prática secular da dissecação e exposição pública de cadáveres, restaurar a humanidade
dos mesmo, que dissimulam atividades cotidianas. A potencialidade educativa de seu trabalho reside,
portanto, nas questões de ordem ética, moral e filosófica que suscita, além de permitir uma
abordagem histórica do corpo no contexto do ensino anatômico.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
33
ANSIEDADE À MATEMÁTICA: APLICAÇÃO DE UMA ESCALA PARA
IDENTIFICAÇÃO DE DIFERENTES GRAUS DE ANSIEDADE À MATEMÁTICA EM
ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL.
Autor(a): Bruna Cristina Comin ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. João dos Santos Carmo
IES: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Departamento: Psicologia (DPsi).
A matemática escolar tem sido considerada por diversas estudantes como altamente aversiva.
Provavelmente não se trata de uma característica intrínseca à disciplina, e sim a somatória de uma
série de fatores, como: metodologia inadequada de ensino; uso de controle aversivo durante de seu
ensino em sala de aula; falta de formação específica de muitos professores; crenças e regras
inadequadas acerca da matemática que são disseminadas por nossa cultura. Uma prolongada
história de fracasso na tentativa de aprender a matemática escolar está na raiz de um fenômeno
chamado, pela literatura internacional, de ansiedade à matemática. A ansiedade à matemática
caracteriza-se pela presença de reações emocionais, cognitivas e comportamentais diante de
situações que envolvem a matemática. Dentre essas reações, pode-se citar: taquicardia; alterações
na pressão arterial; sudorese; desconfortos gástricos; ausência das aulas; esquiva e fuga em relação
ao estudo da matemática; desenvolvimento de regras e auto-atribuições negativas. Alguns estudos
conduzidos pelo segundo autor e colaboradores têm identificado graus diferenciados de ansiedade à
matemática em estudantes do Ensino Fundamental. Dados iniciais de aplicação da escala têm
evidenciado a presença de maior ansiedade à matemática em alunos da 6ª série de escolas públicas,
dentre estudantes da 5ª à 8ª série. O presente estudo visou ampliar os achados na medida em que
propõe aplicar uma escala de ansiedade à matemática a fim de identificar graus diferenciados de
ansiedade e relacionar esses dados à idade, série, sexo dos estudantes de Ensino Fundamental, em
um range que abrange crianças da 4ª à 8ª série. Pretende-se, ainda, ampliar a amostra para alunos da
4ª série e verificar as diversas correlações, incluindo correlações entre quesito da escala que mais
gera ansiedade e tipo de escola (pública ou privada). A partir dos dados obtidos, ter-se-á um
parâmetro mais claro acerca da distribuição de ansiedade à matemática por série, sexo, idade,
quesito e escola pública ou particular, podendo-se desenvolver programas de auxílio a estudantes
com elevado grau de ansiedade, a partir do uso de estratégias múltiplas de rearranjo do ambiente de
estudo e de dessensibilização em relação à matemática.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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A “EMEF EUGÊNIO TROVATTI”: LITERATURA, CONSERVAÇÃO E
CONSCIENTIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO DISTRITO DE BUENO DE ANDRADA.
Autor: Carlos Samuel Rossi ([email protected])
Co-autor(es): Adriele Gonçalves da Silva; Auridiana Helena Laguna de Oliveira; Carolina Santos
Rodrigues; Cíntia Lins Rocha; Flávia Roberta Velasco Campos; Jáina Vitória da Silva Oliveira; Laís
Cassanho Silva; Luana Maria de Oliveira; Tamires Aparecida do Amaral; Thainá Portela Rêgo
Ribeiro; Thaise Fernanda Mendes Soares.
Orientador(a): Profª. Drª. Silvia R. Lucato Sigolo
Departamento: Psicologia da Educação
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Na contemporaneidade temos observado o quanto questões referentes aos problemas ambientais no
nosso planeta e a busca de ações possíveis para amenizá-los estão presentes no nosso cotidiano e até
mesmo nos Parâmetros Curriculares Nacionais. O grupo PET Pedagogia da Unesp de Araraquara
desenvolveu um projeto junto aos alunos e professores do ensino fundamental da Escola do Campo
Eugenio Trovatti, localizada no distrito de Bueno de Andrada, na cidade de Araraquara, de modo a
despertar o senso crítico das crianças em relação a este tema, além problematizar o que já era de
conhecimento deles. O tema centrou, em um primeiro momento, na divulgação e preservação do
Aquífero Guarani, pelo fato da maioria da população não conhecer este recurso presente em nossa
região e do significado que este apresenta para a qualidade de vida das pessoas a fim de alcançar a
utilização sustentável e conservação do manancial. No segundo momento, inserimos uma discussão
sobre a preservação ambiental com o apoio da literatura infanto-juvenil com a finalidade de refletir
sobre as práticas sobre o destino correto do lixo e as consequências que traz a ação inadequada
deste. Finalmente pretendeu alertar, de maneira lúdica, para a importância da separação do lixo.
Inicialmente foi feito um levantamento de informações oriundas de três fontes: coleta de dados no
Departamento de Água e Esgoto de Araraquara (DAAE); coleta de informações de entrevistas com
a população; levantamento de dados obtidos em uma visita monitorada a Estação de Tratamento de
esgoto (ETE) e ao córrego Itaquerê em Bueno de Andrada. Trabalhamos conceitos relacionados à
sustentabilidade e conservação do meio ambiente. Produzimos materiais, os quais foram expostos
na escola para divulgação aos pais e à comunidade. Posteriormente foi realizada uma gincana com
jogos que objetivavam a consciência ambiental. Utilizamos a literatura como recurso metodológico
para aquisição de temas referente ao meio ambiente. Na primeira etapa do trabalho foi escolhido o
livro “O caminho para o vale perdido de autoria de Patrícia Engel Secco” do acervo da própria
escola. Utilizou-se como recurso pedagógico a contação da história. Os alunos discutiram e
produziram desenhos e textos sobre os temas: natureza versus lixo; e o destino correto do lixo assim
como no livro. Na última etapa do projeto, os integrantes do grupo PET elaboraram e ministraram
aulas, de acordo com o nível de desenvolvimento de cada ano. A preparação do roteiro das aulas
teve embasamento no livro “O Jogo de Não Jogar – Uma História Contra o Desperdício, de autoria
de Julieta de Godoy Ladeira”, cujo foco principal era a conscientização ambiental. Finalizamos
através de uma gincana com todos os alunos, com provas que retomavam os conteúdos sobre
sustentabilidade, reciclagem e consumismo de forma a avaliar a apreensão dos conteúdos
trabalhados. Os alunos mostravam-se interessados e discutiam a respeito daquilo que julgavam
importante fazer para a preservação da natureza e, com isso, nós acrescentávamos aquilo que os
alunos desconheciam, como por exemplo, o reaproveitamento de alimentos, para produção de
adubo e a reciclagem de materiais específicos. Essa discussão foi muito importante na confecção de
materiais pelos próprios alunos. O projeto foi de grande relevância, pois conscientizou os alunos
dos primeiros anos do ensino fundamental em relação à preservação do meio ambiente e as
implicações de ações desordenadas do homem que comprometem a vida futura das novas gerações.
Nesse aspecto, o Grupo PET-Pedagogia, concluiu satisfatoriamente por perceber a sensibilização
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
35
dos alunos e da população do Distrito de Bueno de Andrada em relação às questões ambientais.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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POTENCIALIDADES PEDAGÓGICAS EM IMAGENS INTEGRANTES DA COLEÇÃO
PROF. EDUARDO DE OLIVEIRA E OLIVEIRA: CONTRIBUIÇÕES PARA A
CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS.
Autor: Flávio Santiago ([email protected])
Orientador: Profª. Drª. Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva
IES: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Departamento: Metodologia de Ensino (DME)
Este trabalho teve como principal objetivo a busca de potencialidades pedagógicas em imagens
integrantes da Coleção Professor Eduardo de Oliveira e Oliveira. O foco de análise centrou-se nas
possibilidades de tais materiais, cuja utilização possa vir a contribuir positivamente para a
construção da educação das relações etnicorraciais, na prática pedagógica em espaços escolares.
Materias com potencialidades pedagógicas para a educação das relações etnicorraciais, conforme
sugere Evaldo Ribeiro Oliveira (2009), seriam aqueles que gerariam aprendizagens significativas
para a vida dos envolvidos nos processos de ensinos e de aprendizagens em que se objetiva a
construção de uma sociedade mais equânime. É importante destacar que tais materiais devem
expressar visões de mundo de ascendência africana, mostrar a produção e a capacidade das pessoas
negras, e ajudem a resolver problemas. As Imagens com potencialidades pedagógicas transmitem
significados que se entrecruzam entre o olhar do criador – o fotografo-, em relação ao fato ou objeto
retratado, e a interpretação do observador que contempla a fotografia, tendo em conta as
experiências e conhecimentos que tem acumulado ao longo da vida. Buscar potencialidades
pedagógicas para a educação das relações etnicorraciais nas imagens da Coleção Professor Eduardo
de Oliveira e Oliveira é uma forma de valorizar a história e cultura da população negra, garantindo
o estudo e a divulgação da participação de africanos e de seus descendentes na construção do Brasil
(BRASIL, 2004, p. 22). Eduardo de Oliveira e Oliveira deixa um legado documental de denúncia e
combate a discriminação da população negra na sociedade brasileira, apresentando a situação do
negro no Brasil como um problema político que só politicamente poderá ser resolvido. As
potencialidades pedagógicas para a educação das relações etnicorraciais, presentes nos materiais da
Coleção Prof. Eduardo Oliveira e Oliveira, poderiam sirvam como elementos para professores (as) e
educadores, na construção da sua prática pedagógica. A identificação das potencialidades
pedagógicas teve como guia os princípios para a promoção da educação das relações étnico-raciais,
conforme estabelecido pelo Parecer CNE/CP3/2004: “consciência política e histórica da diversidade;
fortalecimento de identidades e de direitos; ações educativas de combate ao racismo e a
discriminações” (BRASIL, 2004, p. 18-19). As imagens da Coleção Professor Eduardo de Oliveira
e Oliveira nos permitem compreendermos percepções múltiplas e plurais da sociedade, aqui
entendidas por visões de mundo ou cosmo visões, maneira como a pessoa identifica sua maneira
etnicorracial e conduz sua existência. Esta ação ao se construir de forma positiva permite que todas
as crianças, adolescentes e jovens se vejam representadas no ambiente escolar, e assim seja
incentivado a construir uma autoimagem positiva, valorizado o seu pertencimento etnicorracial.
Dessa forma podemos perceber que as imagens contribuiriam para que as crianças negras tenham
uma autoimagem valorizada e que as crianças não negras consigam perceber a heterogeneidade
etnicorracial que forma a nação brasileira. Múltiplas são os significados que podem ser explorados,
e novos podem ser percebidos pelos alunos negros e não-negros, entre possíveis significados estão:
a valorização do papel das mulheres negras, homens negros, e das crianças negras para a construção
da nação brasileira também pode ser um elemento, fundamental a ser trabalhado a partir das
imagens, construindo diálogos que afirmem a importância dessas pessoas para o desenvolvimento
do processo histórico da formação da nação brasileira. A utilização destas imagens pode ser
desenvolvida de inúmeras formas, não existindo uma maneira única para seu uso, contudo deve se
tomar sempre cuidado para não reproduzir estereótipos em relação à população negra, conduzindo
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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sempre os procedimentos educativos, adequados no sentido da construção da educação das relações
etnicorraciais de modo positivo.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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“COMUNIDADE CIENTÍFICA DOS EDUCADORES”: REFERENCIAIS TEÓRICOS E
METODOLÓGICOS.
Autor(a): Mariana de Fátima Tartarini ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O estudo da perspectiva científica na pesquisa educacional requer uma referência à filosofia e à
epistemologia da ciência, uma vez que não há ainda uma identificação do fenômeno educativo
como uma ciência autônoma e madura, possuidora de métodos e técnicas próprios que o possa
distinguir dos outros campos de investigação. Por não ter tais atributos, não se identifica na
educação um paradigma, condição para a consolidação da comunidade científica e da própria
ciência. O trabalho em andamento, esta sendo desenvolvido na construção do modelo de análise
através do confronto das proposições de, entre outros autores, Kuhn, Popper, Lakatos, Bachelard,
Marx, Weber, Foucault, Bourdieu etc. De posse deste modelo, será iniciada a análise da produção
dos grupos de pesquisa da área educacional catalogados no CNPq e dos grupos de trabalho da
ANPEd, como representantes das tendências relevantes, para em seguida verificar, por amostragem,
a validação do modelo nas teses de doutoramento defendidas nos Programas de Pós-Graduação de
Educação a partir de 2009. Os grupos cadastrados no CNPq fazem parte de uma base de dados
utilizada pela comunidade científica e tecnológica no dia-a-dia do exercício profissional, sendo um
eficiente instrumento para o intercâmbio de informações entre pesquisadores. O mapeamento dos
grupos cadastrados no CNPq objetivou os pressupostos epistemológicos, conforme o modelo
proposto por Kuhn, que permitem reconhecer o grau de amadurecimento do campo educacional
enquanto comunidade científica, através da construção de um modelo fundado na produção
acadêmica de programa de pós-graduação e de eventos qualificados. Este trabalho desenvolve uma
análise entre concepções científicas, a respeito da natureza social da ciência. Uma aproximação
entre essas perspectivas pode ser traçada em função da importância que ambos atribuem à questão
da adesão a valores como um elemento fundamental para a compreensão da atividade científica.
Conferindo centralidade à noção de comunidade científica, convergem para a análise da ciência
como prática que se define a partir de um conjunto de crenças, princípios e normas compartilhados
por uma determinada coletividade. Ainda que apontando algumas diferenças substantivas entre as
perspectivas em questão pretende destacar a relevância de se considerar as crenças e os valores
institucionalizados como uma dimensão essencial a orientar as ações concretas dos pesquisadores.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO E A MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS: UM
OLHAR NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR ESPECIALISTA
Autor: Rogério Colaço da Silva ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Denise S. Vilela.
IES: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Departamento: Metodologia de Ensino (DME)
Tendo como referencia as dificuldades que o professor especialista encontra no ensino da disciplina
de matemática para alunos da 5ª série e a ainda as experiências obtidas em estágios supervisionados,
em um primeiro esforço para compreender a formação do aluno da escola básica de uma forma
completa e indissolúvel, este trabalho tem como objetivo conhecer a formação matemática do
professor das séries iniciais. Com a necessidade de delimitar o objeto de estudo, nos atentamos
apenas ao curso de pedagogia da UFSCar, implantado em 1971, conta atualmente com 45 vagas no
período noturno e 45 vagas no período matutino e tem duração de 10 semestres. Tomamos como
referência para conhecer o curso de pedagogia os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) ciclos
I e II e a prática dos professores das séries inicias e de docentes da UFSCar que atuam diretamente
com a educação matemática. Foi realizado um levantamento bibliográfico, abrangendo teses de
mestrado e doutorado, revistas eletrônicas e impressas, artigos das áreas de educação e educação
matemática, análise dos PCN’s ciclos I e II e da proposta curricular do curso de pedagogia, foram
realizados questionários com os alunos do último ano do curso de pedagogia e com os professores
atuantes nas séries iniciais nas redes públicas e privadas, foram realizadas também entrevistas semi-
estruturadas com as professoras formadoras, ou seja, com as docentes da Universidade que atuam
na formação dos futuros pedagogos e pedagogas. Percebemos que a continuidade do trabalho com
os alunos de 5ª série não é favorecido pela diferença na formação, entre o pedagogo e o licenciando
em matemática (professor especialista), essa diferença na formação ficou explicitada, tanto na grade
horária do curso de pedagogia, que destina um baixo percentual do total de horas do curso ao ensino
de praticas de ensino de matemática, quanto nas opiniões dos formandos em pedagogia e dos
decentes da Universidade. Temos, portanto, que o professor especialista pode contribuir para
amenizar essas diferenças na formação, trabalhando de forma conjunta, tanto na formação do futuro
professor, quanto na sua prática diária.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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SEÇÃO E - TRABALHO DOCENTE
O CASO DE UMA PROFESSORA “BRAVA”.
Autor(a): Adriele Gonçalves da Silva ([email protected])
Co-Autor(a): Elaine Cristina Scarlatto ([email protected])
Orientadora: Profª. Drª. Marilda da Silva
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
O objetivo desta pesquisa é apresentar facetas violentas do habitus professoral. Fundamentamo-nos
em Pierre Bourdieu (1989) e Silva (2003), uma vez que buscamos os modos pelos quais os/as
professores/as exercem o conjunto de suas ações em sala de aula. Dessa forma, observamos 50
horas/aulas ministradas por uma professora do Ciclo I de uma escola pública situada em
Araraquara-SP. Esta possui 20 anos de carreira docente. Fatos, gestos, acontecimentos,
comportamentos, opiniões expressas e ações daquela profissional foram alvos de nossa investigação.
Trata-se, portanto, de um estudo de caso de natureza qualitativa. Ou seja, temos uma variante com
seus limites, mas que pode trazer ricos apontamentos para pensarmos o trabalho docente. Os
resultados evidenciaram que tais facetas são: gritos, humilhações e chacoalhões. Esses
comportamentos foram repetidos cotidianamente durante nossas observações. Logo, a relação
professora-alunos investigada é violenta. Neste contexto as crianças demostraram expressões de
medo, susto, evidenciavam sentir receio até mesmo de tirar uma dúvida acerca do conteúdo que era
exposto e diziam reiteradamente que a professora é “brava”. A reflexão que fazemos é em relação
ao tipo de habitus professoral que está sendo desenvolvido e reproduzido por nossos educadores no
que tange à violência em meio escolar. Assim, revelamos atos violentos provocados por uma
docente em sala de aula, a fim de encontrarmos alternativas para erradicar este fenômeno e
promover a paz em nossas escolas.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
41
MUDANÇAS NA ALFABETIZAÇÃO E RESISTÊNCIA DE PROFESSORAS DOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: IMPACTO DAS AÇÕES POLÍTICAS NAS
PRÁTICAS DOCENTES.
Autor(a): Ana Teresa Scanfella ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Maria Regina Guarnieri
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
Este trabalho tem por objetivo analisar a resistência de professoras alfabetizadoras em relação às
ações políticas voltadas à alfabetização e materializadas em programas de formação continuada
visando alterar as práticas docentes. Considera-se que a prática pedagógica está fundamentada em
procedimentos definidos por saberes oriundos de aspectos que compõem a trajetória de vida de cada
docente. De acordo com Borges (1998) é na prática pedagógica e no decorrer do processo formativo
que os professores constroem saberes, os quais se constituem num saber-fazer que direciona suas
ações e, com isso, lhes possibilita estabelecer relações com o conhecimento já sistematizado.
Muitos professores, no entanto, tendem a enfatizar e valorizar a prática em detrimento da teoria
adquirida em sua formação inicial e/ou continuada. Deste modo, evidencia-se uma fragmentação
entre teoria e prática que limita a ação do professor, pois de acordo com Gimeno Sacristán (2000, p.
48) “[...] a teoria deve servir de instrumento de análise da prática, em primeiro lugar, e apoiar a
reflexão crítica que torne consciente a forma como as condições presentes levam à falta de
autonomia”. Com a democratização do acesso à escola pública por volta da década de 1960, devido
ao crescimento urbano, à industrialização e o direito ao ensino, tais instituições passam a atender
uma demanda cada vez maior de alunos (MARIN, GIOVANNI e GUARNIERI, 2004). Amplia-se
assim a quantidade de pesquisas acadêmicas relacionadas ao assunto e o poder público brasileiro, na
década de 1990, passa a investir em Parâmetros Nacionais que direcionam o currículo das
instituições escolares, bem como incentivar medidas de formação continuada para os professores
devido, principalmente, aos altos índices de fracasso escolar, retenção e evasão. Neste contexto,
destacam-se ações políticas que procuraram implementar novas concepções teóricas e
metodológicas à alfabetização, por meio de cursos e/ou materiais teóricos destinados a formação
continuada do professor. Como exemplo destaca-se o PROFA (Programa de Formação de
Professores Alfabetizadores) formulado pela Secretaria de Educação Fundamental e apoiado pelo
Ministério da Educação, cujo início ocorreu no final da década de 1990. Outro programa de
alfabetização destinado à formação continuada de professores é o Pró-Letramento, realizado pelo
MEC em parceria com universidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada e com
adesão dos estados e municípios, passando a vigorar um pouco depois do programa anteriormente
citado e procurou implementar propostas metodológicas direcionadas ao trabalho do professor
alfabetizador. É possível notar o esforço das ações políticas no sentido de promover mudanças no
que tange à alfabetização, no entanto, muitas vezes os professores demonstram resistência a tais
propostas e as “ressignificam” em suas práticas cotidianas. De acordo com Marcelo (1999) a
conduta dos professores se modifica somente quando diante de pequenas mudanças que não
oferecem riscos, caso contrário, apresentam resistência à mudança, a qual diz respeito aos fatores
que os impedem de realizar novos encaminhamentos à sua prática pedagógica. Assim sendo,
almeja-se pesquisar alguns programas de alfabetização desenvolvidos por uma Secretaria Municipal
de Educação do interior paulista a partir da década de 1990, analisando as concepções que os
embasam e comparando aspectos relativos aos métodos de ensino por eles abordados. Além disso,
pretende-se realizar entrevistas com professoras alfabetizadoras experientes objetivando apontar
reações de resistência em relação aos programas propostos para alfabetizar. Diante disso, cabe
levantar as especificidades e regularidades existentes entre os programas e comparar tais dados com
as manifestações das professoras, com o propósito de reconhecer e categorizar os tipos de
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
42
resistências presentes, bem como verificar por quais bases de saberes as professoras resistem,
ressignificam e mantêm estratégias pedagógicas de contorno a métodos, medidas e projetos
institucionais desenvolvidos a partir dessas ações políticas voltadas à alfabetização.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
43
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE LICENCIATURA.
Autor(a): Andréia da Cunha Malheiros Santana ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
Este trabalho tem como principal objetivo estudar o estágio supervisionado dentro de um curso de
licenciatura, tendo como local escolhido para observação o curso de Letras da Faculdade de
Ciências e Letras do Câmpus de Araraquara. Estudos mostram o estranhamento do docente iniciante
ao enfrentar a realidade da sala de aula, uma das causas encontradas para este estranhamento é a
falta de preparo prático do professor iniciante. Muitas vezes ele sai da graduação sem imaginar o
que vai encontrar, o que mostra que os cursos de formação de professores não estão atendendo a
todos os seus objetivos, de acordo com Schõn (2.000), tal fenômeno está acontecendo em diversas
áreas, mas é na área da educação que as críticas são mais intensas. Ao buscar um respaldo teórico
para entender esta realidade, pude perceber que a situação não é recente e que o problema há muito
já vem sendo discutido. Se há um tema que surgiu com vigor nos últimos anos, obrigando a
reformular os estudos sobre formação de professores, referimo-nos certamente às pesquisas que se
têm desenvolvido em torno do amplo descritor "aprender a ensinar" (Marcelo, 1998, p. 51). Dentro
do descritor aprender a ensinar, este trabalho pretende focalizar seus estudos no que se relaciona ao
estágio, entretanto, isto não significa que ele seja o único responsável pelas falhas na formação
pedagógica do professor, mas que será dada mais ênfase a ele no contexto em que está inserido,
com o intuito de centralizar o estudo num dos vértices bastante importante da formação docente. O
principal objetivo do curso de Letras é formar professores e pesquisadores nas diversas áreas:
Linguistica, Língua Portuguesa, Teoria Literária, Literatura Portuguesa e Brasileira, Filologia
Românica, Línguas e Literaturas Estrangeiras: Inglês, Francês, Alemão, Italiano, Grego e Latim. A
primeira turma do curso de Letras teve seu ingresso em 1.960 e conclusão em 1.963. A formação
pedagógica caberia às seguintes disciplinas: História da Educação: 68 horas aulas; Filosofia da
Educação: 54 horas aulas; Psicologia: 95 horas aulas; Didática Geral: 57 horas aulas e Didática
Especial: 58 horas aulas. Tais disciplinas totalizavam 332 horas aulas dedicadas à área pedagógica.
Em 1.996 surge a nova LDB e os cursos de graduação precisam modificar-se para atendê-la. A lei
no. 9.394 no seu artigo 65 postula, anos depois, para a prática de ensino um total de 300 horas no
mínimo e termina este item com o seguinte parágrafo: A experiência docente é pré-requisito para o
exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério nos lermos das normas de cada
sistema de ensino. Embora a lei date de 1.996, a sua adaptação pela resolução Unesp (59) somente
foi publicada no Diário Oficial em 05/08/2.000 (seção I, página 30), revogando-se as disposições
contrárias e produzindo seus efeitos às turmas ingressantes a partir de 1.997. A partir desta data, a
formação pedagógica integrada passou a ter 525 horas distribuídas em 35 créditos, dos quais 15, o
equivalente há 225 horas somente para estágio, esta mudança reflete uma preocupação maior com a
importância da formação prática para os futuros professores. O projeto pedagógico para a
licenciatura focaliza o objetivo de formar professores que além do domínio na sua área de
conhecimento, também tenham uma visão ampla da educação, que incorporaria os aspectos
epistemológicos da função docente, a vivência da realidade de escola e a fundamentação teórica
necessária para que se possa refletir sobre os vários aspectos da educação.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
44
SITUAÇÕES DE ENSINO: CONTRIBUIÇÕES À IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES
FORMATIVAS DE PROFESSORES.
Autor(a): Camila José Galindo ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
O presente estudo situa-se no campo do trabalho docente e da formação de professores. É fruto da
Tese de Doutorado da autora intitulada “Análise de necessidades formativas de professores: uma
contribuição às propostas de formação”, defendida no contexto do Programa de Pós Graduação em
Educação Escolar da Unesp-Araraquara (Galindo, 2011), a qual contou com um período de estudo
na Universidade de Lisboa-Portugal no ano de 2010 para fins de aprofundamento teórico e
metodológico. O recorte aqui apresentado está teoricamente calcado na produção acadêmica
brasileira e internacional relacionada aos temas do trabalho docente (Tardif e Lessard, 2007;
Korthagen, 2009), da formação continuada de professores (Garcia, 1999; Day, 2001; Josso, 2002) e
da análise de necessidades formativas (Wilson e Easen, 1995; Rodrigues e Esteves, 1993; Rodrigues,
2006; Galindo, 2007; entre outros). Os autores utilizados contribuem para intensificar as discussões
relativas, especialmente, as necessidades formativas docentes no contexto de atuação profissional
na escola, bem como para ampliar as possibilidades de alcance teórico e prático dessa área em
formação, a qual está em comunhão com as demandas atuais de renovação da escola por meio da
formação e do trabalho docente. Objetiva-se com esse trabalho oferecer elementos para se
identificar e distinguir necessidades formativas de professores em situações de ensino, bem como
problematizar os processos de identificação de necessidades formativas, historicamente utilizados e
propor novas estratégias de identificação e de análise. A metodologia utilizada para o estudo com
características da etnografia (Rockwell, 2009) focalizou as situações de ensino de duas professoras
atuantes no primeiro ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental de uma escola pública periférica
da cidade de Araraquara-SP- Brasil, durante o segundo semestre do ano de 2009. Utilizou-se a
observação participante como técnica principal de coleta de dados. Os dados obtidos no contexto da
sala de aula foram registrados em Caderno e Notas de Campo e contrastados com outros dados
coletados por meio de fontes diversas relativas ao ensino e ao contexto de vida dos alunos. As
análises dos dados apontam que a centralidade do ensino na prática profissional docente reflete, de
diversas formas, necessidades formativas que podem ser alvo de propostas de formação na escola.
Os dados apontam ainda para a emergência de estratégias de identificação de necessidades
formativas dirigidas à complexidade das necessidades docentes, as quais repercutem diretamente
nas concepções de necessidades formativas, de formação docente e de trabalho docente. Os
resultados identificam que a rotina inerente ao trabalho docente constitui o centro do processo de
análise de necessidades em situações de ensino, a qual norteia o desempenho docente. Ela ainda se
apresenta paradoxalmente como via de acesso e desafio às propostas de formação baseadas em
análise de necessidades na escola.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
45
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFESSORES DE RANCHARIA-SP SOBRE A
ESCOLA PÚBLICA E SEUS ALUNOS: EM BUSCA DA SUPERAÇÃO DE OBSTÁCULOS
COLOCADOS AO TRABALHO DOCENTE.
Autor(a): Gabriela Reginato de Souza ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Yoshie Ussami Ferrari Leite
IES: IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Presidente Prudente
Departamento: Educação
Ao tratamos dos problemas que se colocam atualmente ao trabalho dos professores é importante
termos clareza de que a escola pública que conhecemos hoje, democratizada, é bastante recente.
Trata-se de uma conquista, não cabendo nenhum tipo de saudosismo em relação à escola elitista do
passado (BEISIEGEL, 1980). Dentre os desafios que se colocam atualmente à melhora qualitativa
da escola, está a formação de professores, tanto inicial quanto contínua, que vem apresentando
deficiências na preparação de profissionais para atuar na complexidade deste contexto educacional
(GHEDIN, LEITE e ALMEIDA, 2008). Outro ponto a ser considerado, quando pensamos na
superação dos problemas presentes na escola pública atual é a questão das representações sociais
dos professores (JODELET, 2001), que podem levá-los ter ações ou menos favoráveis em relação
aos alunos, incidindo sobre o sucesso de seu trabalho, já que de acordo com Rosenthal de Jacobson
(1983) os sujeitos tendem a agir de acordo com as expectativas que se tem em relação a eles.
Considerando estes aspectos foi realizada uma pesquisa que teve como objetivos realizar um
levantamento bibliográfico que se constituiu como base teórica para a pesquisa; investigar as
representações sociais dos professores de Rancharia-SP acerca da escola pública e seus alunos e
aprofundar os dados obtidos em relação a essas representações. Os dados referentes às
representações sociais dos professores da rede municipal de ensino de Rancharia-SP foram
coletados por meio de um questionário aplicado a 91 professores. Nesta fase da pesquisa foi
empregado o método da evocação de palavras que foram tabuladas com o auxílio do software
EVOC, que as organiza por ordem de evocação e de importância dentro das representações sociais.
Depois disso, foi efetuado o aprofundamento das representações detectadas através de entrevistas
semi-estruturadas aplicadas a 15 dos professores que participaram da primeira fase da pesquisa. A
tabulação e análise dos dados foram feitas manualmente por meio da análise de conteúdo. A análise
das representações sociais dos professores de Rancharia-SP sobre a “escola ideal” e a “escola
pública de hoje” bem como ao que se refere ao “aluno ideal” e ao “aluno da escola pública de hoje”,
mostra que tanto a escola quanto os alunos ideais são caracterizados de forma muito positiva,
enquanto que a escola e o aluno com os quais o docente se depara no cotidiano de seu trabalho são
vistos de forma negativa no núcleo central e no sistema periférico de suas representações sociais. O
perfil dos docentes nos trouxe a informação de que em sua totalidade são do sexo feminino e que a
maioria cursou instituições particulares de ensino superior. Ao aprofundarmos as representações
sociais expressas pelos docentes nossa investigação demonstrou que estas representações negativas
em relação à escola e ao aluno atuais são explicadas a partir da responsabilização de três agentes,
sendo eles: as famílias dos alunos, os alunos e os próprios professores, ou seja, a forma como
realizam seu trabalho. Constatou-se a necessidade de haver mais parceria entre famílias e escola e
também uma posição crítica dos docentes em relação ao trabalho realizado em sala de aula e sua
influência sobre a instituição escolas e seus alunos. Além disso, um dado relevante é que apesar das
dificuldades apontadas a maioria dos docentes afirma que é possível trabalhar com os atuais alunos
da escola pública. Por isso reiteramos a necessidade que os processos de formação considerem as
representações sociais dos professores possibilitando que estes profissionais reflitam sobre a
complexidade de seu trabalho e os desafios que se colocam cotidianamente nas escolas públicas,
buscando meios para a sua superação, possibilitando o acesso a uma educação de qualidade a todos
os alunos que conquistaram o direito à educação.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
46
A IDENTIFICAÇÃO COM A DOCÊNCIA.
Autor(a): Jáina Vitória da Silva Oliveira ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Maria Regina Guarnieri
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
O presente trabalho visa compreender como se dá o processo de constituição de identidade do
professor e como este é reafirmado, abordando questões sobre o que leva o sujeito a se direcionar
para a docência, o que o motiva a permanecer na profissão e o que faz com que este obtenha
realização e gosto pelo trabalho realizado. Para uma aproximação inicial sobre o tema realizou-se
leituras de livros, teses e dissertações referentes ao trabalho docente e identidade de professores. Os
estudos analisados (FONTANA, 2000; MOGONE, 2001; SILVA, 2006) destacam que o ensino
ainda é escolhido como profissão devido a fatores de ordem material, pessoal ou profissional e o
tornar-se professor muitas vezes está ligado à questão da “vocação”. Deste modo encontram-se
relatos de professores que afirmam a escolha pela profissão por vocação, por gostarem de crianças,
pelas aulas de catecismo que ministraram e gostaram, por já terem cuidado de crianças (como babás,
de irmãos menores ou primos) e por possuírem o desejo de ensinar e de partilhar o saber; há
também aqueles que se encaminharam para a docência pelo fato de, como profissionais, “terem
liberdade de ação” e “horários flexíveis” que possibilitam “ter uma vida familiar normal”,
“acompanhar os filhos”. Para Mogone (2001) o trabalho de professor é vinculado a um desempenho
que exige outra qualificação, sendo concebido de menor valor quando comparado a outros trabalhos,
isso ocorre devido ao fato de que o papel do professor inclui vários trabalhos “invisíveis” presentes
nas condições da vida cotidiana (como o trabalho doméstico), de cuidado, socialização e educação
infantil. Tais funções não são remuneradas (no cotidiano) e possuem fortes conotações de expressão
afetiva e obrigação moral. A autora destaca que para ser um “bom profissional” não basta ter
vocação para o ensino, pois quando alguns desses professores se dirigem para a prática docente não
conseguem lidar com as dificuldades imprevisíveis do dia-a-dia da sala de aula. Segundo Mogone
(2001), há professores que se descobrem em uma identidade pedagógica com o passar do tempo na
profissão, há também àqueles que adquirem uma orientação mais positiva sobre sua função e se
satisfazem cada vez mais a partir de novos desafios ou aspectos do seu trabalho ou em relação aos
colegas de profissão. Além disso, apesar do trabalho do professor ser desvalorizado financeiramente
ou escolhido por falta de opção por outro trabalho, a própria prática docente pode se tornar a
motivação do profissional. O que dá energia e motivação ao docente, muitas vezes, é a relação que
possuem com as crianças, jovens e seres humanos, e pelo fato de contribuir para o crescimento dos
alunos. Os professores concordam que sem o “gosto” o trabalho docente seria meramente
insuportável e não haveria professores, porém, deve-se levar em consideração que o gostar docente
varia muito de professores a professores e que mesmo havendo professores que demonstrem um
enorme orgulho por gostar da profissão e prazer no que fazem não significa ausência de crítica em
relação as suas condições como é o caso dos salários baixos e do ambiente escolar de trabalho estar
longe do ideal. Porém, de todos os relatos coletados por Fontana (2000) evidencia-se que a maior
queixa dos professores referentes à profissão docente está em segundo lugar vinculada ao baixo
salário, e em primeiro lugar está a falta de reconhecimento social da magnitude e da importância da
educação. De acordo com Silva (2006), os professores estão vivenciando uma crise profissional que
se configura em uma desvalorização econômica, social e política. Econômica devido às questões
salariais; social pelo fato de que ora o professor é visto como único retentor de informações, ora não,
e a forma como a profissão é situada publicamente e socialmente tem um peso considerável; e por
fim política, visto que por mais que os professores formem uma categoria, esta não possui força
suficiente para mudar a situação em que se encontram. Conclui-se que o processo de constituição de
identidade de cada professor se dá de modos distintos e a reafirmação desta identidade ocorre no
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
47
cotidiano do trabalho docente, e compete ao professor buscar o melhor para sua profissão, tanto se
dedicando de forma digna ao trabalho, quanto se aperfeiçoando, atualizando seus conhecimentos, e
aprendendo no dia-a-dia da sala de aula qual a melhor forma de ensinar, de preparar seus alunos
para o futuro.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
48
A EXPECTATIVA DISCENTE FRENTE À PRÁTICA DOCENTE.
Autor(a): Juliana Rossi Duci ([email protected])
Co-Autoras: Claudia Roberta Küll ([email protected]); Gisleine Cristina Mazzolin
([email protected]); Lilian Silva de Carvalho ([email protected]).
Orientador(a): Profª. Drª. Vanessa Girotto
IES: Universidade Federal de Alfenas
Departamento: Didática
O presente trabalho de pesquisa teve como norte a disciplina Profissão Docente na Sociedade
Contemporânea do curso de Especialização Ética, Valores e Saúde na Escola, do Programa
UNIVESP/USP o qual apresenta como ponto central a investigação e reflexão sobre a expectativa
discente frente a prática docente em escolas da rede pública e privada do interior de São Paulo,
região central. Observamos as motivações, buscas e expectativas dos estudantes das 7ª séries/8º
anos, perante a prática docente no cotidiano da sala de aula. Sobre esta visão buscamos analisar as
intenções, buscas e sugestões que os estudantes apontaram, pensando sempre na motivação que
perpassaram suas respostas. Na metodologia foram utilizados dados coletados através da aplicação
de questionário com questões abertas e fechadas. O método de análise qualitativo e descritivo
exploratório subsidia a avaliação e apresentação dos argumentos que contemplam nossa
investigação. A questão proposta tem por finalidade compreender a relação da profissão docente no
mundo contemporâneo e, nesse sentido, buscamos desenvolver nossa pesquisa, a fim de investigar
quais são as expectativas dos alunos em relação à prática utilizada pelos professores em sala de
aula. A partir da análise da sociedade da informação e do conhecimento (CASTELS,1999)
compreendemos que o ambiente escolar e o processo de ensino aprendizagem revela inúmeras
contradições que precisam ser debatidas, e buscando colaborar com esse debate apresentamos nossa
pesquisa, a qual tem por base a metodologia de pesquisa Problem Based-learning (PBL ou
Aprendizagem Baseada em Problemas e por Projetos - ABPP), além da utilização de análise
qualitativa a partir de questionário aplicado a um universo de cerca de 140 alunos, esses inseridos
em escolas da rede pública e privada do interior de São Paulo. A reflexão proposta parte da
apresentação de como se encontra, na contemporaneidade, a profissão docente, seus principais
desafios e compromissos, assim como também abordamos o papel do estudante (aluno) em um
contexto de grandes expectativas e exigências do mercado. Em conseqüência desse panorama
buscamos discutir qual é a realidade encontrada por professores e alunos no cotidiano escolar, a
partir do viés da motivação que cada componente escolar desenvolve ao longo do processo
educacional. Nesse sentido apresentamos discussões sobre como os professores podem estabelecer
laços de interação entre os estudantes a fim de conseguir estimular a proximidade, e
conseqüentemente desenvolver a motivação para que o estudante se torne ativo em seu processo de
aprendizagem (JESUS, 2002). Ao realizar a pergunta: “Qual a expectativa discente frente à prática
docente?” temos como foco a compreensão das motivações que levam os estudantes a estarem na
escola e assim compreenderem a sala de aula como espaço de construção do conhecimento, e nesse
sentido apontar algumas possibilidades de ações que os professores podem desenvolver em
convergência com as sugestões e necessidades indicadas pelos estudantes entrevistados. Desta
forma, através de um estudo descritivo exploratório, valendo-se de questionários aplicados a alunos
do 8ª ano (7ª série) do Ensino Fundamental II, apresentamos uma análise de dados a qual promove o
debate sobre a nossa pergunta inicial, visando assim apresentar de forma clara e objetiva as
expressões dos estudantes frente à prática docente. Toda a investigação depreendida ao longo da
pesquisa também se pautou na abordagem dos temas transversais que tem como preocupação a
educação em valores, com a busca da solução de problemas sociais, bem como a tentativa de
ligação dos conteúdos científicos e culturais com a vida das pessoas, as quais devem ser sujeitos da
educação nos processos de construção dos conhecimentos.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
49
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E AS NECESSIDADES DAS CLASSES
POPULARES NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.
Autor: Marcos Vinicius Marques ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Fernando Donizete Alves
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Departamento de Educação Física e Motricidade Humana
Entende-se ser uma das principais necessidades das classes populares, na busca de condições mais
dignas e justas de vida, a oportunidade de apropriação de forma crítica do saber sistematizado
construído historicamente pela humanidade, sendo o professor o mediador entre o aluno e estes
saberes, os quais em sua maioria lhe são negados através de ideologias capitalistas presentes na
escola, que se manifestam muitas vezes pelas tendências pedagógicas materializadas em seu projeto
político pedagógico (PPP). Este trabalho é de cunho qualitativo, sendo uma pesquisa de campo do
tipo exploratório, que tem por objetivo entender como se dá a relação entre o projeto político
pedagógico da escola e as necessidades das classes populares, para apontar caminhos em direção a
uma mudança no sentido do atendimento das necessidades/anseios dessa classe e da valorização da
Educação Física como uma importante área de conhecimento. Com base na revisão bibliográfica,
que diz respeito à pedagogia histórico-crítica como tendência pedagógica que apresenta idéias
essenciais em relação ao atendimento das necessidades das classes populares e ao projeto político
pedagógico, que deveria ser construído de forma coletiva e comprometida com as reais
necessidades da população que a escola atende, foi analisado de uma forma descritiva e crítica o
PPP de uma escola estadual de um município do Estado de São Paulo. Além disso, como
instrumento de coleta de dados, foram também realizadas entrevistas, do tipo semi-estruturada, com
os professores de Educação Física da mesma escola (três), a fim de identificar e entender como se
dá a relação da prática pedagógica dos mesmos com o projeto político pedagógico e com as
necessidades das classes populares. Através da análise do PPP e da transcrição e categorização das
entrevistas construiu-se os resultados, que se referem principalmente à alienação da prática docente,
principalmente dos professores de Educação Física, à desarticulação entre o projeto e a realidade. E
isso é um fato de extrema importância, pois como diz Vasconcellos (2002), o PPP “é um
instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de
organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação”
(VASCONCELLOS, 2002, p. 169) e por isso não pode ser construído e concretizado de uma forma
alienada. Além desses fatores constatamos uma necessidade de mudança no sentido do
cumprimento da verdadeira função da escola pública, que acredita-se ser a mediação entre o saber
do aluno e o saber historicamente construído pela humanidade, a ser apropriado de forma crítica.
Segundo Saviani (1991), as classes populares precisam da escola para ter acesso ao saber
sistematizado erudito e, ao mesmo tempo, usufruírem da cultura popular de uma forma elaborada,
para poderem, apropriadas realmente dos conhecimentos historicamente acumulados, provando na
prática a ontologia do ser social, ter instrumentos de contestação social. Segundo a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), lei nº 9.394/96, artigo 12, inciso I: “Os
estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
incumbência de elaborar e executar a sua proposta pedagógica” (BRASIL, 1996). Faz-se necessário
uma ação pedagógica mais comprometida e mútua, no sentido da participação de todos envolvidos
com o processo educativo na elaboração e construção desta proposta pedagógica (PPP), o que
geraria um maior comprometimento destes com as reais necessidades da escola e,
conseqüentemente, da população que a mesma atende. É preciso também, a cada dia mais, que o
professor de Educação Física tome consciência do seu papel de docente e mediador entre o aluno e
o conhecimento historicamente acumulado, para, assim, poder contribuir como uma escola mais
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
51
LEVANTAMENTO DE TEMAS GERADORES NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS DE ARARAQUARA.
Autor(a): Raquel Rocha Geraldo ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Didática
A importância de se trabalhar com temas geradores na alfabetização de jovens e adultos é facilitar a
articulação entre o saber popular e a experiência de vidas dos alunos e os conteúdos do saber escolar.
O tema gerador constitui um recorte da realidade ao mesmo tempo em que remete para um texto e
para palavras geradoras que possibilitam o domínio da linguagem escrita. Como explica Brandão
(1981, p. 38-39), os temas geradores são: “Temas concretos da vida que espontaneamente aparecem
quando se fala sobre ela, sobre seus caminhos, remetem a questões que sempre são as das relações
do homem: com o seu meio ambiente, a natureza, através do trabalho; com a ordem social da
produção de bens sobre a natureza; com as pessoas e grupos de pessoas dentro e fora dos limites da
comunidade, da vizinhança, do município, da região; com os valores, símbolos, ideias.” Cada tema
é como se fosse uma ponte para ligar a realidade vivida (a “leitura do mundo”) com a realidade
estudada na escola por meio de textos e exercícios (a “leitura da palavra”). Portanto, para
selecionar temas geradores há a necessidade de se pesquisar a realidade local e social dos
educandos, percebendo não só o que existe nessa realidade, os problemas, conflitos, desafios, mas
também as conquistas, avanços e possibilidades de transformação. Dessa forma o procedimento
pedagógico que utiliza os temas geradores permite que o indivíduo se aproprie dos signos da cultura
elaborada, superando gradativamente a visão de senso comum, aproximando-se do saber universal,
historicamente acumulado, mas dando a esse conhecimento um significado concreto e um sentido
transformador. O Projeto “Formação Continuada de alfabetizadores do MOVA/Brasil Alfabetizado
de Araraquara”, vem desenvolvendo um processo integrado de pesquisa e extensão com os(as)
alfabetizadores(as) desse programa, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino, por meio
da produção de materiais pedagógicos e sequências de atividades didáticas que vem sendo
elaborados de forma participativa e colaborativa e aplicados nas salas de aula. Ao mesmo tempo, os
produtos da pesquisa de materiais e atividades didáticas vêm sendo utilizados para ações de
formação continuada com esse grupo de alfabetizadores. O início do processo de produção do
material didático deu-se a partir de encontros e conversas com os alfabetizadores. A partir desses
encontros foram levantados temas geradores que fariam parte do universo cultural dos educandos.
Esse procedimento foi utilizado tendo em vista que as aulas ainda não haviam se iniciado, não
sendo possível levantar os temas diretamente com os alfabetizandos. Ao mesmo tempo, os
alfabetizadores levantaram temas que consideraram importantes para formação crítica e cidadã.
Surgiram nesses debates temas como: trabalho, família, qualidade de vida, violência doméstica,
dentre outros. Ao final de algumas reuniões chegou-se a uma lista com 36 Temas Geradores,
apresentados a seguir:
Tabela 1: Lista de temas geradores
Catástrofes naturais Higiene pessoal Saúde Trabalho
A passagem do
tempo Educação escolar Políticas públicas Comunicação
Criminalidade Amizade Violência doméstica Migração
Autoestima Política Meios de comunicação Redes Sociais
Atividade física e
saúde Recursos naturais Consumo Cultura regional
Qualidade de vida Solidariedade Meios de transporte Família
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
52
Fé Industrialização Cuidados pessoais e
beleza Velhice
Futebol Alimentação
saudável
Qualificação
profissional Folclore
Sexualidade O homem e o lixo Solidão Religião
Fonte: Projeto “Formação Continuada de alfabetizadores do MOVA/Brasil Alfabetizado de
Araraquara”
Esse rol de temas foi utilizado para selecionar 50 textos e 50 palavras que estão sendo trabalhadas
na alfabetização de jovens e adultos. O conjunto temas, textos e palavras com respectivos exercícios
de uso da linguagem escrita estão sendo sistematizados em uma coleção de quatro cadernos
didáticos, de acordo com níveis de dificuldade de aprendizado que vão do nível 1 ao 5. Esses níveis
foram estruturados de forma representativa de acordo o grau de instrução ortográfica necessária em
cada nível. À medida que vai sendo produzido, esse material de apoio vai sendo aplicado pelos(as)
alfabetizadores(as) gerando sugestões de aperfeiçoamento. Ao utilizarmos os temas geradores
propusemos assuntos relevantes ao universo dos educandos, com o objetivo de resgatar sua
compreensão da realidade e sua cultura e, ao mesmo tempo, superar a consciência ingênua,
formulando uma visão mais crítica dessa realidade.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
53
PIBID: EXPERIÊNCIAS, PRÁTICAS DE LINGUAGEM, DENTRO E FORA DA AULA DE
LÍNGUA MATERNA, E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
Autor: Renan Bolognin ([email protected])
Co-autor(a): Vânia Cristina de Oliveira ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Valencise Gregolin
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Departamento de Metodologia e Ensino (DME)
“O desafio é não transformar o ensino em mera transmissão de saberes e conhecimentos, mas que
queiram implementar uma educação cujo objetivo essencial é aprender a aprender” (Geraldi,1996
p. 73). Durante muito tempo acreditou-se que o ensino de língua deveria estar baseado no ensino de
estruturas e regras gramaticais. Com o desenvolvimento de teorias que privilegiavam o social e
discursivo, passou-se a defender este ensino deveria estar calcado em aspectos pragmáticos. O
trabalho com a linguagem, considerada como a capacidade humana de articular significados
coletivos e compartilhá-los, deve levar em conta não somente o trabalho específico com a língua,
mas priorizar as diversas possibilidades de articulação entre os conhecimentos prévios dos alunos e
os conhecimentos específicos de cada área (BRASIL, 2000). Com isso, o advento de teorias como a
sociolinguística interacional (BRONCKART, 1999) possibilitou que a reflexão sobre a língua se
baseasse em uma perspectiva pragmática, de modo a proporcionar ao aluno, na aula de língua
materna, novas práticas de linguagem. Pensando essa concepção socioconstrutivista de ensino de
línguas (Rojo, 1996) e as múltiplas possibilidades de atividades em sala de aula, o presente trabalho
apresenta resultados de pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID/UFSCar). O objetivo central do PIBID é oferecer a alunos das várias
licenciaturas da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos – vivências em escolas públicas que
contribuam com sua formação, levando em conta os diferentes aspectos envolvidos na profissão
docente. Os dados utilizados para análise no presente trabalho foram coletados durante o
planejamento e desenvolvimento de atividades elaboradas e implementadas, colaborativamente, por
licenciandos em Letras e professores de uma escola pública do interior de São Paulo. As atividades
propostas tiveram como eixo norteador a necessidade de buscar novas estratégias que contribuíssem
com a melhoria da qualidade de ensino de língua, a partir de uma perspectiva sócio-interacionista,
que levou a uma reflexão sobre o funcionamento da linguagem (BRASIL, 1997) na
problematização de aspectos de uso em situações de interação. A partir de uma perspectiva crítico-
reflexiva (Almeida Filho, 1999; Schön, 2000), a pesquisa teve como objetivo desenvolver refletir
sobre a ação em sala de aula de língua materna. Inicialmente, foram analisadas práticas de ensino de
língua e, após essa etapa inicial, foram propostas e implementadas práticas de ensino que
privilegiassem o uso significativo e intercultural por meio do trabalho com diferentes gêneros
textuais. Por meio da reflexão, análise e problematização de situações práticas do cotidiano da sala
de aula de línguas, o processo de ação-reflexão-ação esteve presente nas soluções encontradas pelos
licenciandos para resolução de problemas. Os resultados alcançados evidenciam que a experiência
de convívio no ambiente de escola pública entre licenciandos e professores possibilitou o
desenvolvimento da capacidade de reflexão sobre aspectos relacionados à docência, o que
contribuiu para a constituição identitária de futuros profissionais críticos-reflexivos e o
amadurecimento, por parte dos universitários, de questionamentos teóricos que envolviam o ensino
nas instituições públicas e que agora também estão sendo, de certa forma, vivenciadas de maneira
prática. Nessa exposição serão apresentadas as atividades desenvolvidas, as principais dificuldades
no momento de implementação e os desafios que ainda devem ser enfrentados para que o trabalho
com a linguagem em sala de aula possa se dar de forma mais significativa.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
54
A PROBLEMATIZAÇÃO DE TEMAS SOCIAIS A PARTIR DE TEXTOS NA
ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM ARARAQUARA.
Autor(a): Renata Braga ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
Na alfabetização de jovens e adultos, um dos desafios enfrentados pelos educadores é a dificuldade
de encontrar um material adequado para a essa faixa etária, que traga temas e textos que os
estimulem a continuar estudando e não torne o processo de aprendizagem desvinculado dos
problemas sociais vividos fora da escola. Selecionar e utilizar textos que problematizem a realidade
é uma ferramenta importante para que alfabetização promova um desenvolvimento dos educandos
como sujeitos críticos e participativos. A pesquisa, desenvolvida através do Núcleo de Ensino, com
o projeto: “Formação Continuada de Alfabetizadores do MOVA/BRASIL Alfabetizado de
Araraquara”, está possibilitando a elaboração de um material didático para ajudar os alfabetizadores
de Araraquara a realizarem essa problematização. Com esse material pretende-se contribuir para a
redução da evasão e aumento do interesse e envolvimento dos alunos nas atividades propostas. A
produção do material didático está sendo desenvolvida a partir de um conjunto de Temas Geradores
levantados junto aos alfabetizadores, abordando questões sociais como: trabalho, desemprego,
violência, questões de moradia, drogas, política, entre outros. Esses temas foram utilizados para
selecionar 50 textos e 50 palavras geradoras que estão sendo trabalhados na alfabetização de jovens
e adultos no âmbito do programa Brasil Alfabetizado/MOVA. O conjunto de temas, textos e
palavras com respectivos exercícios de uso da linguagem escrita estão sendo organizados em uma
coleção de quatro cadernos didáticos, de acordo com níveis de dificuldade de aprendizado que vão
do nível 1 ao 5. Esses níveis foram estruturados de forma representativa de acordo o grau de
instrução ortográfica necessária em cada nível. À medida que vai sendo produzido, esse material de
apoio vai sendo aplicado pelos (as) alfabetizadores (as) gerando sugestões de aperfeiçoamento e de
novas atividades didáticas. O trabalho com cada Texto Gerador no material parte do processo de
problematização para relacionar a leitura da palavra com a “leitura do mundo” (PAULO FREIRE).
Um exemplo de texto selecionado para compor o material ilustra esse processo:
A partir desse texto podem ser
levantadas várias Questões
Problematizadoras, como por exemplo:
Por que o pai confunde os significados
da palavra bala (doce x munição)?
Quais as consequências da banalização
da violência e sensacionalismo da
mídia? Por que os dois personagens
possuem características afro-brasileiras?
Como reagir a esse tipo de situação? O
debate sobre essas questões com os
alfabetizandos abre espaço para a
abordagem de temas sociais como: a
violência, os meios de comunicação de
massa, as desigualdades étnicas, etc.
Além do desenvolvimento de uma
reflexão crítica sobre a realidade vivida,
essa abordagem facilita a compreensão
do SENTIDO do texto, incentivando a
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
55
formação de um leitor ativo, que dialoga com o texto a partir de suas experiências pessoais e sociais.
Dessa forma a linguagem escrita pode ser apropriada como uma ferramenta de desenvolvimento e
transformação da realidade vivida pelos alfabetizandos jovens e adultos em Araraquara.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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ARTE, UMA EXPRESSÃO HUMANA: DOCÊNCIA EM ARTES.
Autor(a): Rosane Kloh Biesdorf ([email protected])
Orientador(a): Profª. Me. Marli Ferreira Wandscheer
IES: Universidade do Oeste de Santa Catarina
Departamento: Artes Visuais
A presente pesquisa realizada durante o estágio de docência, estuda a arte como necessidade de
expressão do ser humano. A arte se revela e se transforma ao longo dos períodos da história, na
contemporaneidade ela se manifesta de diversas formas e linguagens, sendo uma das mais
significativas, dessa forma, torna-se fundamental o estudo da mesma junto ao ensino fundamental e
médio. Diante de tal pensamento, e para garantir a eficiência da proposta, partiu-se da pesquisa-
ação de caráter etnográfica, qualitativa a qual é defendida por Marli André em sua obra Etnografia
da prática escolar. Inicialmente, buscamos embasamento teórico, analisando diversas abordagens
teóricas e metodológicas que versam sobre a Arte-Educação como João Francisco Duarte Júnior,
Anamélia Bueno Bouro, Ernest Fischer, entre outros. Temática essa, abordada e desenvolvida por
meio do estágio de docência junto aos educandos do ensino fundamental e médio do município de
Iporã do Oeste, SC. Elencamos como problema para a proposta de pesquisa: identificar de que
modo é possível propor uma prática educativa em arte, focada como necessidade humana na
educação básica. Para tanto, foi lançada uma proposta de ensino-aprendizagem em Arte-Educação,
que possibilitasse ao educando perceber a arte como elemento presente em seu cotidiano. Por meio
das propostas de estudos teóricos, desenhos, práticas artísticas, produções tridimensionais,
socializações entre outras atividades, investigou-se de que forma o educando se expressa e
compreende as diversas manifestações da Arte contemporânea; quais os valores, costumes, crenças,
hábitos presentes no ambiente escolar; de que forma a comunidade escolar compreende, aceita e
respeita as diversas manifestações artísticas, as diversas atividades e a avaliação desenvolvida em
Artes... A compreensão dos resultados da proposta da pesquisa resultou na reflexão das experiências
vivenciadas durante o processo no qual o pesquisador objetiva estudar cientificamente um problema
de modo a orientar, corrigir e avaliar suas ações e decisões, sendo desta forma o papel do
pesquisador o de encontrar ou não respostas às questões em pesquisa. Durante o estudo, utilizou-se
uma metodologia em que efetuamos registros em diários de aula, análise de produções, registros
fotográficos, registros esses, que posteriormente foram identificadas como unidades significativas,
das quais resultaram as essências fenomenológicas, para a compreensão dessas, buscamos suporte
em autores que versam sobre as mesmas. Além das questões que se objetivava pesquisar, outras
surgiram no decorrer do processo, as quais não podem ser desconsideradas pelo educador
pesquisador, entre as principais essências destacam-se: a falta de criatividade, de espontaneidade, de
auto expressão nas atividades propostas; a cópia, imitação e modelos prontos; a aceitação de uns e a
rejeição de outros pelas atividades propostas apresentadas; a indisciplina presente no ambiente
escolar; a desconsideração pela avaliação em Artes, entre outras essências. O processo de ensino-
aprendizagem em Arte-Educação atualmente oferece diversos desafios tanto aos educandos como
também aos educadores, faz-se necessária a compreensão por toda a comunidade escolar de que é
na escola que se dá a construção do saber, sendo tarefa do educador realizar a intermediação entre o
conhecimento e o educando, bem como de que a disciplina de Artes é de grande importância e valia
no despertar da criatividade e na construção do processo ensino aprendizagem dos educandos. Nesta
trajetória de estudo muitos conceitos foram criados, outros mudados, sendo a graduação de
licenciatura em Artes um processo de formação no qual encontrei significados sobre seu ensino,
bem como sobre a prática da docência. As atividades propostas e vivenciadas em artes
proporcionam o desenvolvimento da criatividade dos educandos, é necessário despertá-los das suas
capacidades, somente assim passarão a acreditar em suas potencialidades. O processo de pesquisa-
ação possibilitou a reflexão acerca do processo de ensino-aprendizagem em arte-educação,
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
57
vivenciando a docência percebeu-se as aulas de artes como momentos em que o educando possui a
oportunidade de expor sua identidade, seus sentimentos, suas vivências por meio das atividades
propostas, pois a arte em seu sentido nato é expressão de momentos, ideias, sentimentos. Não se
encontrou respostas, todos os questionamentos acerca do ensino-aprendizagem em arte-educação, o
processo de pesquisa-ação esclareceu algumas delas, mas outras tantas surgiram, e continuam sendo
objetos da incessante e incansável pesquisa, buscando compreender a arte como expressão fruto da
relação do homem com o mundo.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
58
CONHECENDO AS PRÁTICAS DE PROFESSORAS ALFABETIZADORAS DOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL A PARTIR DE PESQUISAS.
Autor(a): Suzana Tais Betoni ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Maria Regina Guarnieri
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
Este trabalho tem por objetivo central conhecer as práticas de professoras alfabetizadoras dos anos
iniciais do ensino fundamental a partir do que dizem as pesquisas, identificando-se nos estudos os
problemas vivenciados no dia-a-dia da docência. Trata-se de estudo de natureza bibliográfica que
possibilita indicar as principais tendências do campo da educação e apontar enfoques, abordagens
diversas e lacunas a serem preenchidas pelos pesquisadores (Marin, Bueno, Sampaio, 2005).
Buscou-se mapear o tema em foco em periódicos científicos da área de educação nos bancos de
dados SCIELO e INEP, compreendendo os anos de 2004 a 2010. A seleção dos artigos foi realizada
a partir de consulta aos títulos que constam no sumário de cada periódico e por meio dos descritores
“prática de professoras alfabetizadoras” e “alfabetização” resultando na localização de
aproximadamente 40 títulos sobre ao tema. A seguir procedeu-se com a leitura dos resumos dos
artigos cujo título mais se aproximava do tema sobre as práticas de professoras alfabetizadoras
resultando em nove artigos lidos na íntegra. Após a identificação e leitura dos artigos selecionados
organizou-se o material coletado em forma de quadro-síntese, conforme modelo proposto no estudo
de Vieira (2007). Com base nas análises feitas dos artigos sobre as práticas de professoras
alfabetizadoras foi possível identificar que, as docentes desenvolvem seu trabalho na perspectiva
voltada para o construtivismo, porém, utilizam alguns elementos do método tradicional, havendo
situações de alfabetização em que proporcionam atividades diversificadas e dão espaço para a
participação efetiva dos alunos. As professoras com sucesso no processo de alfabetizar parecem ter
tido uma boa formação e sabem como lidar com as situações em sala de aula e como enfrentar
diversas situações típicas do trabalho docente (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008). A
relação entre os sujeitos que participam do sistema escolar é bastante conturbada, principalmente
para professoras iniciantes, pois estas sofrem com a insegurança e falta de apoios típicos desta fase
(NONO; MIZUKAMI, 2006). O aprendizado fica prejudicado quando as professoras não
conseguem fazer uma avaliação eficaz de seus alunos e não sabem como direcionar suas ações no
processo de ensino-aprendizagem (SALLES; PARENTE, 2007). Relações entre professoras e seus
colegas de profissão, condições físicas e materiais da instituição escolar são relevantes para que as
docentes atinjam ou não o sucesso no ensino. As alfabetizadoras investigadas manifestaram que a
formação inicial não foi suficiente e que aprendem a ser professoras na prática (AMBROSETTI;
ALMEIDA, 2009). A partir desse estudo foi possível concluir que são poucas as pesquisas que
focalizam diretamente as práticas de professoras alfabetizadoras, sendo necessária a revisão do tema
proposto em mais publicações, além de procurar investigar sobre a dificuldade em encontrar estudos
nesta vertente, já que muitas das pesquisas analisadas enfocam mais os problemas do dia a dia
docente do que as práticas em si.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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O CURSO DE PEDAGOGIA DA UNESP-ARARAQUARA EM FOCO.
Autor(a): Thaise Fernanda Mendes Soares ([email protected])
Co-Autores: Adriele Gonçalves da Silva, Auridiana Helena Laguna de Oliveira, Carlos Samuel
Rossi, Flávia Roberta Velasco Campos, Jáina Vitória da Silva Oliveira, Laís Cassanho Silva, Luana
Maria de Oliveira, Thainá Portela Rego Ribeiro
Orientador(a): Profª. Drª. Regina Ricco Lucato Sigolo
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
A Formação Docente é um campo de pesquisa que tem sido foco de muitos estudos, devido às
condições de caráter histórico e político, que vem influenciando a formação e prática docente.
Tendo em vista o interesse em analisar tais problemáticas, o grupo PET – Pedagogia vem
desenvolvendo desde 2008 a temática Educação: Docência e Trabalho, cujo objetivo é estabelecer
uma base para a compreensão das propostas contemporâneas de formação docente e investigar o
próprio curso de formação. Para tanto, buscamos fundamentação teórica, a partir de leituras e
revisão bibliográfica, que direcionou-se à investigação empírica. Um dos principais autores
estudados foi Dermeval Saviani, o qual deu base histórica e política para compreensão dos
caminhos percorridos pelos cursos de formação de professores até a contemporaneidade, o que nos
permite uma análise crítica das políticas atuais. Para efetivação da pesquisa foi aplicado um
questionário para alunos do 4º ano com o intuito de analisar sistematicamente as possibilidades e
limites da formação oferecida pelo curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências e Letras de
Araraquara – UNESP-FCLAr. As questões abordadas tinham como temas norteadores as Políticas
Educacionais, Organização do Curso - Eixos de Formação e Trabalho Docente. Os entrevistados
revelam que as finalidades da educação devem estar voltadas para o desenvolvimento das
potencialidades do ser humano e para a formação de cidadãos críticos, conscientes de deveres e
direitos. Já o bom professor, segundo eles, deve ter por características uma formação acadêmica
sólida e humanizadora e um constante aperfeiçoamento da sua formação, além de transmitir os
conteúdos com clareza. Também salientam a importância das características pessoais como
paciência, criatividade, sensibilidade entre outras. Quanto às políticas mais precisamente o
processo de municipalização do ensino apontam como uma condição que favorece o trabalho do
professor ao lhe oferecer condições de trabalho mais adequadas. Poucos se referem a uma visão
critica desta iniciativa. Parte significativa dos respondentes aponta que o curso sofre influencia das
reformas educacionais, sobretudo, pela primazia da prática sobre a teoria, e pela extinção de
conteúdos da educação especial e educação inclusiva de sua grade curricular. Com relação à
Organização do Curso – Eixos de Formação os entrevistados revelam que as disciplinas de estágio
em Educação Infantil e Ensino Fundamental I são as que oferecem subsídios para a prática
educacional. Além disso, afirmam que todos os conteúdos são interessantes e na maior parte houve
correspondência entre os objetivos e conteúdos divulgados no programa do curso. Afirmam que a
grade curricular é relativamente adequada para a formação, mas apontam a ausência de disciplinas
de educação especial e sobre inclusão escolar. O último eixo temático aborda o Trabalho Docente,
no qual os participantes apontam que a escola deve principalmente oferecer materiais como
subsídio para a consolidação do trabalho do professor, seguida de uma gestão escolar adequada. No
que se refere às propostas de Formação Continuada a maioria diz ser importante para se manter
atualizado e ampliar o conhecimento, no entanto, uma grande parte dos entrevistados respondeu de
forma superficial, não discorrendo muito sobre o tema. Os resultados apontam para pontos positivos
que devem ser enaltecidos na formação do pedagogo de nossa Unidade, mas ainda é possível
identificar algumas fragilidades como alguns conceitos não muito claros entre os alunos e ainda
algumas lacunas de conhecimento que precisariam ser trabalhadas.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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SEÇÃO F - POLÍTICA EDUCACIONAL
POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA ASSEMBLÉIA
CONSTITUINTE DE 1988.
Autor(a): Adriana Duarte de Souza Carvalho ([email protected])
Co-autor(a): Profª. Drª. Maria do Socorro Braga
IES: Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos.
Departamento: Ciências Sociais
A Constituição é um documento jurídico-político que fundamenta e legitima as instituições
democráticas de um sistema político. O modelo liberal de constitucionalismo, cuja maior expressão
é a Constituição americana, previa que caberia aos textos constitucionais garantirem a liberdade,
colocando limites ao poder dos governantes. Assim, as constituições liberais apresentavam
dispositivos que garantiam a tripartição dos poderes e a tutela dos direitos civis e políticos dos
cidadãos. É apenas no século XX, no período entre-guerras, que as constituições começam a
apresentar capítulos contendo direitos sociais, primeiramente no México, em 1917, seguida pela
Constituição de Weimar, em 1919. Nasce, assim, o chamado constitucionalismo social, movimento
que enfatiza a necessidade de incorporação de dispositivos programáticos de conteúdo social e
econômico às Constituições. É somente a partir de 1934 que nossos textos constitucionais começam
a incorporar capítulos contendo direitos sociais. Ao constitucionalizar direitos sociais, nossos
constituintes atribuíam objetivos, fins e princípios para o Estado, obrigando-o a empreender a tutela
dos bens jurídicos preconizados por esses dispositivos. O texto de 1988 é aquele que mais inovou
nessa área, incorporando um enorme conjunto desses direitos, inclusive direitos sociais à educação.
Nunca, até então, uma constituição brasileira havia agregado um número tão extenso de direitos
sociais. A literatura, contudo, apresenta severas críticas à constitucionalização de direitos sociais à
educação empreendida pela Assembleia Constituinte de 1986-88. O problema levantado é que a
Constituição de 1988 não prevê condições reais para a concretização plena desses direitos, o que
acaba transformando-os em meras promessas não cumpridas pelo Estado ou então em figuras de
retórica sem nenhum vigor coercitivo. Os direitos sociais à educação, constitucionalizados em 88,
não teriam um caráter jurídico, limitando-se a serem apenas um simples conjunto de decisões
políticas, sem nenhum caráter coercitivo. A Constituição não teria determinado uma proteção
juridicamente exigível aos direitos sociais, pois esses dependem de mecanismos institucionais que
um juiz não pode, pelo tipo de cargo que ocupa, criar. Em outras palavras, a efetivação dos direitos
sociais depende de decisões que são políticas, não jurídicas, ou seja, está sujeita à da implementação
de políticas públicas. Os direitos sociais, portanto, não seriam de fato autênticos direitos, mas
apenas princípios dirigentes da política social do Estado ou então meros programas de ação para os
governantes. Assim, o objetivo dessa pesquisa é realizar uma análise da Constituinte de 1986-88,
especificamente no que diz respeito às questões referentes aos direitos à Educação. Os discursos
constituintes são locais fundamentais para analisar como nossos atores políticos pensaram e
equacionaram soluções para os problemas colocados pelo seu tempo, uma vez que muitas ações
políticas são consumadas por meio de discursos. Através da Constituinte poderemos observar e
analisar a maneira pelas quais os direitos sociais à educação foram constitucionalizados em 1988 e
entender como nossos atores políticos constituintes problematizaram as questões que envolviam a
eficácia e vigência plena desses direitos. Uma vez que os direitos sociais à Educação são objeto de
tantas polêmicas, somente ao analisarmos seu processo de constitucionalização é que poderemos
identificar seus distintos níveis de significação.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
61
UM ESTUDO DO SISTEMA APOSTILADO EM ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
I.
Autor(a): Alessandra Aparecida Cain ([email protected])
Co-autor(a): Prof.ª Dr.ª Maria Teresa Miceli Kerbauy
IES: Universidade Estadual Paulista
Departamento: Ciências da Educação
O projeto de pesquisa de doutoramento em Educação (2010-2014) objetiva aprofundar a
investigação das relações entre as esferas pública e privada na educação com vistas a analisar as
consequências da implantação de sistema apostilado na gestão e organização do trabalho na escola,
por meio de estudo de casos em duas escolas públicas municipais em um município paulista
intencionalmente selecionado por adotar sistema apostilado para o ensino fundamental I (1.º ao 5.º
ano) há mais de dois anos. Esta investigação integra a pesquisa institucional: As parcerias público-
privadas para a compra de sistema de ensino: análise das consequências para a organização do
trabalho na escola (2009-2011) financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq. Considera-se que as reformas no campo educacional produzidas no país a
partir dos anos 1990, ao adotar uma perspectiva gerencial de administração contribuem
substancialmente para a formulação de políticas assentadas em padrões de eficiência e eficácia
próprios ao mercado; evocando a competência do setor privado na gestão, inclusive pública, e
estimulando que se tenha como parâmetros a definir a qualidade da escola pública, aspectos
próprios ao mercado, como a homogeneização de processos visando o melhor resultado possível e
no menor tempo (ADRIÃO; ARELARO; BORGHI; GARCIA, 2009). Apresenta-se, então, o marco
legal que, inicialmente, permeia este projeto de pesquisa. Na década de 1990, o Plano Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado instituiu o setor “público não estatal”. A reforma foi orientada
pelos valores de eficiência e qualidade gerencial na prestação de serviços públicos e pela
disseminação de uma cultura gerencial nas organizações, como modelo de uma forma moderna de
gestão pública (PERONI, 2003). Em 1996, o governo federal criou e regulamentou o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, gerando
um forte estímulo à municipalização do ensino fundamental e induzindo as prefeituras a assumirem
a responsabilidade deste atendimento (PINTO, 2007). Ainda, em 1996, o governo estadual paulista
instituiu o Programa de Ação de Parceria Educacional Estado-Município para Atendimento do
Ensino Fundamental – Municipalização, responsabilizando as redes municipais sobre a oferta do
ensino fundamental; muitos municípios passaram a adotar políticas educacionais estabelecendo
parcerias entre as esferas pública e privada, as quais se constituem no principal mecanismo de
privatização da educação no Estado de São Paulo (ADRIÃO, 2006).Têm se tornado uma constante
no país, sobretudo a partir das medidas instituídas em meados dos anos 1990, as parcerias firmadas
entre o setor público e o setor privado para atendimento a demandas educacionais. Conforme
diversos estudiosos analisam, configura-se uma tendência à transposição de responsabilidades sobre
a educação pública para a esfera privada (ADRIÃO, 2007; ARELARO, 2007; CURY, 2002;
PERONI, 2003). Tais parcerias constituem-se como estratégias à implantação do modelo de
administração gerencial, sob a alegação de produzir uma administração pública supostamente mais
eficiente e eficaz. Exemplo disso é a compra de sistemas de ensino apostilado.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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A ORALIDADE NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
Autor(a): Aline Soler ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Calmon Nabuco Lastória
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da educação
A oralidade é um dos temas que perpassa todo o volume de Língua Portuguesa dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, de modo a figurar, basicamente, como de mesma importância que a escrita.
Se, como bem afirma Saviani (2000), a escola é o local do saber sistematizado, e a oralidade, a
priori, pertence ao que se pode chamar de saber não sistematizado, aquele cuja transmissão deveria
ocorrer no cotidiano, há de se questionar o motivo pelo qual ela é um dos principais temas do
documento. No intento de compreender o motivo pelo qual a oralidade figura no documento – pois
que compreender sua função nos dias de hoje implicaria numa reflexão muito mais profunda e
cuidadosa – é necessário compreender o papel que esta exerceu durante muitos séculos e que
ultimamente vem sendo abalado. Para isto, propõe-se aqui uma pequena incursão no texto “O
narrador, observações sobre a obra de Nikolai Leskov” de Walter Benjamin. De acordo com este, a
narrativa oral, durante muito tempo, exerceu papel fundamental na constituição e transmissão da
experiência, da sabedoria que perpassa gerações. Todavia, nos tempos modernos estaríamos
passando por uma crise da experiência, que, cada vez mais, encontra empecilhos em sua
transmissão para outrem. Mas, se a oralidade narrativa não se apresenta predominante nos dias de
hoje, tal qual a transmissão de experiências, não se pode afirmar, por outro lado, que a oralidade
deixou de exercer papel fundamental na sociedade, apenas que, em consonância com as condições
históricas, se presta a outras funções. E o desenvolvimento das mídias e da indústria cultural só viria
corroborar a importância da oralidade, ao lado da imagem. No que tange aos Parâmetros
Curriculares Nacionais e a função da oralidade nestes, poder-se-ia argumentar que diz respeito à
valorização da transmissão de experiências, no intento de promover uma valorização da cultura dita
popular e uma reflexão a respeito de seu papel (muitas vezes negligenciado) na história. Entretanto,
o próprio documento declara não ser este o objetivo de se tratar da oralidade na escola. Partindo do
pressuposto de que os Parâmetros estão inseridos no contexto neoliberal da década de 1990 e que
estiveram vinculados à preocupação de preparar mais adequadamente para o mercado de trabalho o
cidadão (Campos, 2009; Miranda, 2005), o que se sugere aqui é que a oralidade no documento
também seja compreendida sob a mesma ótica. A esta oralidade se propõe chamar de oralidade
instrumental, em oposição à oralidade narrativa. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
“[...] nas inúmeras situações sociais do exercício da cidadania que se colocam fora dos muros da
escola – a busca de serviços, as tarefas profissionais, os encontros institucionalizados, a defesa de
seus direitos e opiniões – os alunos serão avaliados (em outros termos aceitos ou discriminados) à
medida que forem capazes de responder a diferentes exigências de fala e de adequação às
características próprias de diferentes gêneros do oral.” (PCN, 1998, p.25, grifos meus). Fica
evidente no modo como a sentença se encontra articulada que a posição do documento é conivente
com as práticas discriminatórias ao afirmar que o aluno necessita do domínio da linguagem oral
para ser avaliado positivamente, ou seja, aceito. Mais do que o domínio da linguagem oral, o que
está em questão é o domínio de um gênero em específico da linguagem oral, como meio de inserir-
se na sociedade, aquele muitas vezes exigido pelo mercado de trabalho, como demonstram os
exemplos elencados pelo próprio documento. Assim, colocando seus pressupostos multiculturalistas
em xeque, os Parâmetros, que tanto defendem a valorização das variações linguísticas distintas,
acabam assumindo uma atitude discriminatória para com estas. Se pretende que a pequena análise
crítica que se prestou possa ser profundada e estendida para outros aspectos do documento no que
aborda o tema da oralidade.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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PROJETO DE EXTENSÃO “PET-GAEA NA ESCOLA” JUNTO À E. E. PROF. ELIAS DE
MELLO AYRES.
Autor: André E. Miyashita
Co-autores: Camila R. Peregrino, Caroline Ucella, Eliane Afonso, Letícia Sartori, Lucas Iugas e
Matheus Polo.
Orientador: Prof. Dr. Evaristo M. Neves
IES: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP);
Departamento: Economia, Administração e Sociologia da ESALQ/USP
O projeto “PET-GAEA na Escola” tem como objetivo geral fazer extensão universitária,
perpassando pela pesquisa e ensino em seu desenvolvimento, de modo que a comunidade absorva e
utilize de forma autônoma os conhecimentos transmitidos. Como objetivo específico o grupo PET-
GAEA buscará despertar o interesse dos alunos da E. E. Prof. Elias de Mello Ayres pela
Universidade pública, fazendo com que os mesmos tomem conhecimento das oportunidades
oferecidas e sintam-se capazes de ingressar na Metodologia. Foram feitas 4 atividades com alunos
do segundo ano do Ensino Médio, sendo: a primeira atividade uma apresentação do grupo e das
atividades realizadas ao longo dos quatro encontros; a segunda apresentação de uma palestra sobre
“Inteligência Múltipla”, com a presença da pedagoga Varuna Viotti; a terceira atividade foi a vinda
dos alunos à ESALQ, para despertar o interesse deles pela universidade pública e a quarta e última
atividade consistiu em mostrar todas as oportunidades que os alunos encontram dentro das
universidades públicas, tanto para a graduação quanto para se manter financeiramente. Os
resultados obtidos foram o despertar dos alunos pelo interesse nas universidades públicas e o
conhecimento das várias oportunidades que existem para assegurar que o aluno tenha uma boa
formação acadêmica e um bem-estar enquanto esteja na universidade. Alunos que antes não se
interessavam por nenhuma profissão ou que não tinham conhecimento dos vestibulares e das
variadas profissões passaram, a partir do programa, a se interarem das informações necessárias para
a escolha do curso e para o ingresso nas grandes universidades públicas. A partir da realização do
projeto, os alunos da escola Mello Ayres passaram a conhecer as diferentes universidades públicas
existentes em nosso país, as informações necessárias para ajudá-los a ingressar em uma delas e as
oportunidades que terão se formados numa delas. Assim feito, conseguimos atingir nosso objetivo,
o de passar a pessoas fora da nossa comunidade acadêmica um pouco do que sabemos e assim
ajudá-los no sentido de prover um maior conhecimento do assunto escolhido para as atividades.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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BALANÇO DAS DISSERTAÇÕES E TESES DEFENDIDAS NO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESCOLAR (1999-2010) E SUA RELAÇÃO COM O ANO
DE 2004.
Autor: Antônio Netto Júnior ([email protected])
Co-autores: Ana Teresa Scanfella ([email protected]); Elisangela Ferreira Sentanin
([email protected]); Talita Mazzini Lopes ([email protected]).
Orientador: Prof. Dr. Edson do Carmo Inforsato
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática.
O presente trabalho se encontra situado no cenário da pesquisa em educação e tem como tema
principal a produção intelectual discente do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar
(PPGEE) da Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Campus de Araraquara-SP. O mesmo,
desenvolvido como exigência da disciplina “Pesquisa em Educação – Mestrado” oferecida no 2º
semestre de 2010 pelo referido programa, teve como objetivo investigar e caracterizar as teses e
dissertações produzidas pelo programa de 1999 a 2010. A pesquisa em educação no Brasil passa por
análises e avaliações que tem questionado o seu sentido, a qualidade de sua produção e as
tendências de investigação. Assim, estudos dessa natureza se justificam, pois a consulta à literatura
que trata o tema educação evidencia que “mesmo situada no térreo da pesquisa científica, a
produção discente nos programas de pós-graduação em educação é poupada dos crivos que estão
necessariamente implicados nessa espécie de investigação” (WARDE, 1993, p.1). Para atingirmos
os objetivos propostos, foi realizada a análise documental dos resumos das teses e dissertações. Na
primeira etapa da pesquisa a turma que cursava a disciplina foi dividida em 12 duplas que
analisaram aproximadamente 34 resumos (de um universo de 418), os quais foram classificados de
acordo com as seguintes variáveis: assuntos (primário e secundário), referencial teórico,
metodologia, instrumento de pesquisa, fonte, âmbito geográfico, período e objetivo. Com o intuito
de cotejar os dados analisados na primeira etapa, cada dupla realizou numa segunda etapa a análise
de mais 34 resumos que já haviam sido classificados na etapa anterior por outras duplas. A terceira e
última etapa, foco central do trabalho aqui apresentado foi realizada por grupos de trabalhos
constituídos por quatro integrantes. Coube, então, ao nosso grupo analisar os dados referentes à
variável “assunto” de 30 trabalhos do ano de 2004 e, posteriormente, correlacioná-los com dados
produzidos e disponibilizados pelos outros grupos relativos aos anos de 1999 a 2005 referentes à
mesma variável. Para tanto, este trabalho baseou-se em uma pesquisa realizada por Warde (1993)
que por meio de um levantamento bibliográfico analisou dissertações e teses na área da educação no
Brasil, compreendidas entre 1982 a 1991. Os resultados obtidos evidenciam um alto grau de
dispersão temática tanto no ano de 2004 quantos nos demais anos, característica esta própria do
campo da educação que abrange uma diversidade e multiplicidade de temas. Dentre os assuntos
principais, os grupos temáticos mais abordados nas dissertações e teses do ano de 2004 foram
“Sistemas de Ensino” e “Temas pedagógicos”. Apesar de merecerem destaque não só em 2004
como nos demais anos, cabe ressaltar o declínio ao longo dos anos na abordagem do grupo temático
“Temas pedagógicos”, o qual reflete produções limitadas a solucionar problemas pontuais e de
ordem prática, tal fato pode demonstrar uma queda de interesses imediatistas dos estudantes,
evidenciando um aumento de vínculo do estudante em relação à pesquisa e/ou carreira acadêmica,
bem como melhores condições oferecidas pelos programas de pós-graduação, referentes a questões
que envolvem: grade curricular, linhas de pesquisa, orientações gerais, apoio/auxílio financeiro,
entre outros. Além disso, destaca-se também, a ascensão do grupo temático “Sistemas de ensino” o
que pode refletir tanto um maior interesse e preocupação dos pesquisadores em aprofundar estudos
sobre as questões internas (administrativa/burocrática) dos níveis de ensino, quanto uma pressão
dos agentes externos em financiar pesquisas que abordem a qualidade e as políticas educacionais.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
65
Diante dos resultados obtidos, concluímos que este trabalho pode contribuir para uma maior
reflexão acerca do que se têm produzido nesse PPGEE, bem como sobre a qualidade das pesquisas
produzidas, uma vez que dissertações e teses são importantes fontes bibliográficas que norteiam
futuras produções científicas. Sendo assim, esperamos que algumas questões possam ser revisitadas
nesse programa acerca do dilema existente entre o quantitativo x qualitativo, pois ao se pensar a
qualidade da pesquisa parece-nos que essa evolui para um conflito, visto que órgãos de fomento
como a CAPES têm colocado exigências que visam padrões de ordem quantitativa para a produção
intelectual de docentes e discentes.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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EDUCAÇÃO, JUVENTUDE E POLÍTICAS PÚBLICAS: ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE
INCLUSÃO SOCIAL DA FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS - CAMPUS DE
ARARAQUARA: ANÁLISE DAS BOLSAS.
Autor(a): Deidiane Pereira da Silva ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Ângela Viana Machado Fernandes
IES: Faculdade de Ciências e Letras – UNESP
Departamento: Ciências da Educação
A Bolsa BAAE-I (Bolsa de Apoio Acadêmico e Extensão) é uma política de inclusão social da
Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Araraquara. Atualmente, está no valor de R$ 290,00 e
destina-se aos alunos de comprovada carência socioeconômica. Contudo, será que o aluno
contemplado por este auxílio sente-se participante do universo acadêmico? Ele consegue, além de
pagar as suas despesas, tirar xérox, comprar livros, frequentar palestras, congressos, shows, entre
outros? Esta pesquisa busca analisar este contexto, ou seja, de que forma o bolsista BAAE paga
suas despesas e, vive no campus. Atualmente, estamos coletando informações referentes à situação
financeira familiar dos bolsistas desde 2006, que foram disponibilizadas pelo NAE (Núcleo de
Apoio ao Estudante), através de um banco de dados do Programa Access, que é composto pelo
cadastro geral de todos os bolsistas da FCLAr, com mais de 20 campos e 1800 registros. Contudo,
já podemos apontar qual é a situação socioeconômica da maioria dos bolsistas BAAE-I: Renda
Bruta: até R$ 1.635,00; Renda Per Capta: até R$ 545,00. Estes dados demonstram que o grupo de
alunos que usufruem ou solicitam a bolsa BAAE estão no grupo social pertencente aos que
sobrevivem com 3 salários mínimos, portanto, não fazem parte da elite como apontado em alguns
estudos e refletidos na própria mídia, cuja justificativa é a privatização das universidades públicas.
Nosso trabalho faz parte da pesquisa da Profª. Drª. Ângela Viana Machado Fernandes, que tem
como título: Educação, juventude e políticas públicas: análise das políticas de inclusão social da
Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara. E está diretamente vinculado com a área
de Política Educacional. A metodologia utilizada é de cunho qualitativo e analisa artigos,
dissertações e teses sobre o assunto, bem como documentos e entrevistas embasados por
bibliografia sobre política educacional, legislação da UNESP e o contexto brasileiro.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA BRASILEIRA E SUA
POTENCIALIDADE NA DÉCADA DE 90: INSERÇÃO NO ENSINO PÚBLICO E
PARTICULAR.
Autor(a): Ediane Carolina Peixoto Marques Lopes ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Roseana Costa Leite
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da educação
O presente trabalho é uma propositura de pesquisa para a dissertação de mestrado em educação
escolar em que desenvolvo atualmente na FCLAr/UNESP em Araraquara. A pesquisa tem como
tema central a educação a distância no Brasil e seus incrementos potenciais na década de 90. Os
objetivos do trabalho são: analisar o contexto histórico da modalidade EAD no Brasil, enfatizando a
década de 90 com a reforma do aparelho de estado; interpretar alguns documentos oficiais federais
(LDB 9394/96, decreto nº 5622/05, PNE e PDE); aduzir dois atuais programas de educação à
distância, sendo um deles oferecido no âmbito particular (UNISEB interativo) e outro público
(UNIVESP). Frente às transformações advindas do atual processo de globalização aliadas a
ideologia político/institucional do neoliberalismo observa-se que, atualmente tal conjuntura
manifesta-se em diferentes esferas, sejam elas, econômicas, sociais, políticas ou educacionais.
Analisa-se também que a globalização tornar-se-ia um ponto fundamental, em que é possível atrelar
entre si o cotidiano de sociedades diversas, com o auxílio das mais avançadas tecnologias, a um
imaginário, porém factual, sistema-mundo. Diante disso, as sociedades apregoadas nos sentidos
econômicos, políticos e, também, educacionais, são disseminados como modelos prestes a serem
plagiados, através de uma persuasão ideológica neoliberal. Todavia, não obstante dessa realidade,
nosso país imerge profundamente neste contexto através de sua reforma de estado. No Brasil, a
partir dos anos de 1990, instituem-se mecanismos para minimizar a ação do estado em sentido
estrito na vida em sociedade como seu papel na condução da mesma. Tal momento esteve atrelado a
idéia do mercado como instância central para organizar a vida coletiva, desse modo, trazendo à tona
a expansão do neoliberalismo como, “conjunto de políticas e processos que permitem a um número
relativamente pequeno de interesses particulares controlar a maior parte possível da vida social com
o objetivo de maximizar seus benefícios individuais” (CHOMSCKY, 2002, p. 07). Ressalta-se, no
campo social, que o neoliberalismo incentiva a desativação dos programas sociais públicos e o
estado deve-se ater somente a programas de auxílio a pobreza. Segundo Arce (2001), dentro desse
preceito, a educação é eleita como chave mágica para a erradicação da pobreza, pois, investindo-se
no indivíduo, dando-lhe a instrução, ele poderá ser capaz de buscar seu lugar ao sol. Nesse aspecto,
destaca-se a educação a distância, uma possível modalidade de ensino, que busca atender a essa
demanda educacional, ampliando o campo de oportunidades dos mais desfavorecidos, de modo a
que pudessem competir menos desigualmente com os demais. O atual avanço de projetos de
educação a distância, atrelado ao incremento e possibilidades das recentes tecnologias, vem sendo
observada como uma forma eficiente de lidar com problemas de política educacional e de permitir o
acesso de alunos às instituições educacionais, tendo em vista uma sociedade igualitária de
informação. Mediante as preposições legislativas lançadas (LDB 9394/96, decreto nº 5622/05, PNE
e PDE), bem como o atual processo de globalização e a ideologia do neoliberalismo, o que está em
jogo é o mercado de serviços educacionais, setor no qual, foi inserido na pauta da organização
mundial do comércio (OMC). Em seus estudos o autor Leher observa que “a inclusão da educação
no tratado de livre comércio tem o objetivo de promover a liberalização dos mercados, por meio do
fim das barreiras estabelecidas em leis autóctones, em especial para viabilizar cursos à distância
com a grife de instituições conhecidas no mercado educacional” (2001, p. 151). Contudo, a pesquisa
propõe a responder perguntas tais como: por que só então depois de quase um século a EAD
manteve por tanto tempo tão baixo grau de legitimidade? Que pressupostos sustentam a
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
68
credibilidade dessa modalidade atualmente? Que perspectivas o avanço acelerado da educação à
distância tem em relação à reforma do aparelho de estado no Brasil?
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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APOSTILAS VIA INSTITUIÇÕES PRIVADAS E O PROFESSOR DA ESCOLA PÚBLICA:
UM LEVANTAMENTO DAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS NO PERÍODO DE (2000-2010).
Autor: Edimar Aparecido da Silva
Orientador(a): Profª. Drª.Yoshie Ussami Ferrari Leite
IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Presidente Prudente
Departamento: Educação
O presente resumo apresenta reflexões iniciais de uma pesquisa de Mestrado em Educação, que tem
como objetivo compreender quais limites e possibilidades o uso de apostilas procedente de
instituição privada traz para a melhoria do atendimento das características da escola pública e para o
trabalho docente, de acordo com os professores que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental
da rede municipal de Álvares Machado-SP. Nesse sentido, questionar o uso de apostilas fornecidas
por empresas educativas para a realização do trabalho docente é permitir uma discussão sobre o que
consideramos a principal motivação para esta medida, ou seja, a busca da qualidade na escola
pública. Em conformidade com as idéias de Beisiegel (1980), consideramos que a escola pública
mediante ao processo de democratização obteve uma grande conquista no que se refere aos seus
aspectos quantitativos, isto é, a escola elitista do passado estendeu-se aos setores mais amplos da
população, proporcionando o acesso da classe trabalhadora. Notadamente, esta expansão não veio
conduzida por condições de permanência, como a adequação entre os conteúdos transmitidos, as
expectativas e as necessidades dos alunos das camadas populares e a eficácia na formação dos
professores para atuarem na construção e melhoria desta escola. Estes problemas apresentam o que
Leite e Di Giorgi (2004) pontuam e acreditamos como, a falta de aspectos qualitativos na mesma
medida que os aspectos quantitativos. Como nos explica Oliveira e Araújo (2005) entendemos que é
difícil chegar a um consenso do que seriam tais aspectos qualitativos, devido a polissemia do termo
“qualidade”, categoricamente no âmbito da educação, uma vez que esta contempla diversos olhares
paradigmáticos, conduzidos por transformações na sociedade em geral. Neste contexto, a falta de
indicadores claros para uma intervenção qualificada na educação pública delineia-se pelo
despreparo de quase um terço dos municípios paulistas que adquiriram “sistemas de ensino”
privados, na oferta de apostilas (ADRIÃO. et.al, 2009), o que sem dúvida pressupõe uma análise
premente e reflexiva que contemple uma investigação com os professores, atores desta política.
Portanto daí,decorre o objeto de estudo de nossa pesquisa. Em levantamento realizado,
considerando o período de 2000 a 2010, nos programas de Pós-Graduação em Educação das
instituições de ensino superior públicas, UFSCAR, UNESP e USP, e em uma instituição particular,
PUC-SP, localizamos 9 trabalhos, entre teses e dissertações, que se dedicaram ao estudo da temática
das “apostilas” no âmbito do ensino fundamental municipalizado. Constatamos também que o
Programa de Pós Graduação da UNESP de Rio Claro destaca-se, apresentando 4 das dissertações
encontradas. De modo geral as produções acadêmicas sobre “apostilas”, levantam importantes
elementos que contemplam a análise destas como parcerias público-privadas, reflexão crítica sobre
o uso delas e o processo formativo do aluno ou até mesmo na busca de um significado do que diz
esta política para os professores. Em compensação apesar da relevância do tema não observamos
nenhum trabalho que trate de modo específico o uso das apostilas, via instituição privada, como
desafio e possibilidade de refletirmos sobre a formação e organização do trabalho docente. Portanto,
reconhece-se a necessidade de indagar: Diante desta tendenciosa política de parcerias público-
privadas, como o professor compreende a melhoria do seu trabalho e formação com o uso de
apostilas?
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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INCLUSÃO DIGITAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA POLÍTICA EDUCACIONAL
VOLTADA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM.
Autor(a): Elisângela Ferreira Sentanin ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Benedito Gomide de Souza
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara
Departamento: Departamento de Didática
Nos últimos anos assistimos a uma revolução cultural, originada por mudanças de valores e paradigmas
e, associada a essas mudanças, está a educação que vem se expandindo e buscando novas metodologias
de ensino. Uma das tendências emergentes é a geração de inovações que vem causando profundo
impacto na configuração da escola brasileira. Sendo assim, é provável que na elaboração de futuras
políticas educacionais, essas características estejam presentes nos planejamentos dos sistemas escolares
(CAMPOS, 2007). Pretto e Pinto (2006) reforçam que o espaço da escola, associado às novas
tecnologias, é o mais apropriado para a transformação na formação do povo brasileiro. Sendo assim este
trabalho relata a experiência de uma política educacional de inclusão digital voltada à educação infantil
com a finalidade de mudar a antiga concepção de ensino e aprendizagem para concepções em que o
conhecimento, cultura e comunicação aproximam-se, a partir do momento em que são pensados como
novos parâmetros conceituais (BARBOSA, MOURA e NAGEM, 2002). Teve por objetivo avaliar as
propostas de reforma no processo de ensino e aprendizagem das crianças de 5 e 6 anos de uma rede
pública municipal de educação infantil no interior de São Paulo, por meio de uma política de
implantação de um sistema digital. Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa que, segundo
André (1983), possui algumas vantagens, pois busca significados diferentes nas experiências do
cotidiano escolar e auxilia a compreensão entre os indivíduos, seu contexto e suas ações. Sendo
assim, realizou-se um estudo de caso em uma escola piloto onde foram implantados notebooks com
softwares educativos para duas sala de aula que atendem crianças de 6 anos, buscando atender ao
Programa de Inclusão para Educação Infantil (PID-E.I) da prefeitura da cidade e objetivando inserir
esta tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. Foram oferecidos cursos de formação aos
professores para que proporcionassem ao aluno uma intenção de aprendizagem contribuindo para a
formação de pessoas críticas (MATTEI, 2001; FONSECA, 2001). O acompanhamento e avaliação
foram constantes, por meio da observação das aulas, questionários e entrevistas realizadas com pais,
professores e familiares, e testes com as crianças. Com o propósito de verificar a aceitação do
sistema e também avaliar os professores quanto à utilização dos computadores associada à sua
prática pedagógica e a proposta pedagógica da escola, este trabalho centrou no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos. Destacando os benefícios da tecnologia no processo de ensino-
aprendizagem das crianças, com a realização deste trabalho, percebe-se que o sistema piloto de
inclusão digital obteve a melhora dos aspectos cognitivos, ampliação das possibilidades de
construção do conhecimento pelas crianças, aceitação dos professores e alunos e bom desempenho
frente às tecnologias de informação e comunicação, desenvolvimento de trabalho criativo associado
ao currículo e à proposta pedagógica da escola, participação efetiva de todos sem que ocorresse a
exclusão digital e a troca de experiência entre os educadores realizada de forma efetiva. Todos os
envolvidos foram conduzidos ao processo de “aprender a aprender” e a dominarem os recursos
tecnológicos que muito contribuíram no processo de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento
das habilidades intelectuais.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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AS HORAS DE TRABALHO PEDAGÓGICO COLETIVO (HTPCS) PODEM SER UM
ESPAÇO/TEMPO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA E CONSTRUÇÃO DE SABERES
DOCENTES?
Autor(a): Gabriela Reginato de Souza ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Yoshie Ussami Ferrari Leite
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Presidente Prudente
Departamento: Departamento de Educação
Neste resumo, iremos apresentar os dados obtidos até o momento como parte do aprofundamento
teórico para a realização de nossa pesquisa de mestrado que procura investigar se as Horas de
Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPCs) no município de Rancharia-SP, vem se constituindo como
espaços de formação contínua e construção de saberes docentes capazes de permitir aos professores
desenvolverem um trabalho de sucesso no contexto da atual escola pública. Ao abordarmos a
formação de professores é preciso considerar também o complexo contexto de seu trabalho, ou seja,
a escola pública, que deixou de ser uma instituição elitista para abrir-se à maioria da população
(BEISIEGEL, 1980). Levando em conta a importância de alcançar a melhora qualitativa da escola
pública, acreditamos que a formação contínua de professores tem um importante papel a
desempenhar. Compreendemos, com base em Silva (2000, p.21) que esta modalidade de formação,
refere-se basicamente ao “conjunto de atividades que se realizam após a formação inicial, que tem
como objetivo desenvolver os conhecimentos e as competências dos professores tendo em vista o
seu aperfeiçoamento profissional” (SILVA, 2000, p.21). Ao longo do tempo a formação contínua foi
designada de diversas maneiras. Tais denominações relacionam-se a determinadas ideologias e
interesses, de acordo com o contexto social e educacional (ALVARADO PRADA, FREITAS E
FREITAS, 2010). É possível perceber que desde a sua origem a formação contínua sempre irá
apresentar uma profunda ligação com o contexto social mais amplo em que a educação está inserida,
sendo expressão, em muitos casos, não das necessidades docentes, mas sim, dos interesses externos
que predominam em cada momento histórico. Muitos equívocos foram e ainda são cometidos,
quando se trata de formação contínua, ainda assim, é preciso considerar que esta modalidade de
formação é imprescindível para promover as necessárias mudanças em direção à melhoria do ensino
escolar público. Uma das questões que vem sendo discutidas é a importância de que a formação
contínua esteja centrada na escola, partindo das necessidades que surgem das situações concretas de
trabalho dos professores. Neste sentido, vemos as Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo – HTPCs,
como um espaço/tempo que pode se constituir em oportunidade de formação contínua. Disso
provém a nossa preocupação em tornar as HTPCs objeto de estudo em nossa investigação. Em
levantamento realizado nos programas de Pós-Graduação em Educação de instituições de ensino
superior públicas - UFSCAR, UNESP, UNICAMP, USP - e da uma instituição privada, a PUC-SP,
encontramos ao todo oito trabalhos que se dedicaram ao estudo da temática das HTPCs, no período
abordado em nosso levantamento, ou seja, de 2000 a 2011. Além disso, realizamos também um
levantamento na base de teses e dissertações da Capes/MEC, em que foram identificados seis
trabalhos relacionados às HTPCs. Alguns trabalhos, apesar de terem seus títulos e autores
localizados, não puderam ser analisados, por não estarem disponíveis nos sites das universidades.
Nesta breve apresentação das produções acadêmicas sobre as HTPCs, correspondendo ao período
de 2000 a 2011 foi possível perceber que os trabalhos realizados trazem importantes elementos para
a reflexão sobre as falhas que estes espaços/tempo de formação ainda apresentam. Em contrapartida
estas pesquisas também apontam que muitos professores reconhecem a escola como um importante
local de formação, ainda que apresentem insatisfação no que se refere a alguns pontos. Isto
demonstra que a formação contínua que acontece em espaços e tempos do cotidiano da escola, pode
se reverter em desenvolvimento profissional docente o que significa também a melhora da
qualidade da escola pública.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
72
ENTRE O CORPO E A ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE UM CAMPO COLONIZADO.
Autor: Gregory de J. G. Cinto
Orientador(a): Profª. Drª. Sueli Aparecida Itman Monteiro
IES: Universidade Estadual Paulista – UNESP/FCLAr
Departamento: Psicologia da Educação
Neste trabalho analisamos o processo educacional num esforço de compreensão sobre um campo de
fronteira configurado entre o corpo e a escola. A partir disso, observamos como se constitui um
movimento suficientemente forte para o estabelecimento de vínculos. Contudo, o modo como estas
formas se apresentam demarcam uma espécie de território que vem sendo intensamente colonizado
pelas forças do mercado capitalista neoliberal. Não obstante o movimento dos vínculos e as formas
de expressão situadas nesta fronteira se sintetizam naquilo que podemos denominar como ternura.
Nesta reflexão mostramos como estas fronteiras entre o corpo e a escola são submetidas por uma
dinâmica de poder, na medida em que percebemos que um sistema econômico global se torna
hegemônico e começa a colonizar todo este território onde a vida acontece. Para sustentar nossas
análises, pesquisadores nos informam claramente sobre dispositivos de empresariamento da vida
por parte do mercado neoliberal. (AMBRÓZIO 2011). Há também quem denuncia a arrogância do
mercado em se apresentar como uma nova religião operando com intensos movimentos de
arrebanhamento das massas (DUFOUR, 2005). As categorias de biopoder e bipolítica como nos
apresenta Michel Foucault, contribuem para o estudo sobre estes dispositivos de colonização. Nosso
ponto de partida se situa nas cenas oferecidas pelo filme Taare Zameen Par (2007) (Como Estrelas
na Terra: Toda Criança é Especial), uma obra do cinema indiano contemporâneo dirigida por Aamir
Khan. No primeiro momento refletimos sobre o filme Taare Zameen Par (2007) a partir da
categoria da ternura, na medida em que esta sofre os mecanismos de colonização dentro da
dinâmica de poder que se institui como forma de interdição dos movimentos de criação. Mostramos
também como as instituições em foco, a escola e a família, que ao se encontrarem dominadas pelas
forças do mercado têm dificuldades em lidar com movimentos de invenção. Em segunda parte do
texto apresentamos nossas reflexões estabelecidas a partir do diálogo com o livro O direito à
Ternura (1998), de Luis Carlos Restrepo. Aqui, a ternura é apresentada como um vínculo
estabelecido entre educador e educando na perspectiva do estabelecimento de um direito
fundamental ao desenvolvimento humano. Assim situamos os pólos das relações, pois de um lado
um corpo reclama pela ternura, e de outro, uma instituição, expõem seus limites. Nesta situação
enfatizamos como tal direito vem sendo negado aos educandos. Por fim enfatizamos a atitude do
educador em sua lida com a ternura, mostrando que ela pressupõe o exercício de um deslocamento
que Foucault (2005) identifica como uma vivência própria da modernidade. A atitude moderna que
o filósofo francês aponta aparece para nós no modo como o educador reinventa a sua autoridade. Na
medida em que esse educador reinventa sua autoridade na experiência do vivido, ele trava uma
guerra contra as forças que empurram o menino Ishaam, personagem principal do filme, para o
abismo existencial em meio a situações marcadas por extremo sofrimento. Nossa análise do
contexto do filme se faz com o auxílio da leitura do texto O que são as Luzes (2005).
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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TRAZENDO ALFABETIZANDOS ADULTOS DE VOLTA À ESCOLA: CONTRIBUIÇÃO
PARA AS POLÍTICAS DE COMBATE AO ANALFABETISMO EM ARARAQUARA.
Autor: Haroldo Campos ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Francisco José Carvalho Mazzeu
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
Apresentamos neste resumo um recorte a partir das atividades de pesquisa realizadas no âmbito do
projeto: “Formação Continuada de alfabetizadores do MOVA/Brasil Alfabetizado de Araraquara”,
ação de pesquisa e extensão vinculada ao Núcleo de Ensino da FCL/Araraquara. O projeto está
fundamentado nas contribuições da abordagem sócio-cultural de Vigotsky, Luria e Leontiev, da
Pedagogia Histórico-Crítica e do método Paulo Freire. Desenvolvem-se atividades tanto de
produção de material didático e propostas de ensino quanto um trabalho de formação continuada
dos professores alfabetizadores, cadastrados na Prefeitura Municipal de Araraquara, para atuarem
no projeto MOVA – Brasil Alfabetizado. O projeto é financiado com recursos decorrentes de
convênio entre a FUNDUNESP e a Prefeitura, tendo se iniciado em 2010. Um dos aspectos que tem
sido objeto de investigação é a dificuldade do programa Brasil Alfabetizado/MOVA, como Política
Pública, para atingir o universo dos jovens e adultos do município. Embora não haja números
precisos, estima-se que existam cerca de 5.000 pessoas nessa condição. No entanto o número de
matriculados nas classes de alfabetização não chega a 500 ao ano e vem decrescendo. Mesmo entre
os que são matriculados há um índice elevado de evasão. Metodologia: Um dos principais
instrumentos de levantamento de dados da pesquisa tem sido os debates com os educadores e a
realização de uma entrevista com educandos, através da técnica de “grupo focal”. A realização da
pesquisa com grupo focal foi desenvolvida no Parque São Paulo, bairro periférico de Araraquara,
onde foi constatada, por meio de dados secundários obtidos junto à Prefeitura Municipal, a
existência de um grande número de adultos analfabetos e jovens e adultos que interromperam os
estudos nos anos iniciais da Educação Básica. Com a participação da Direção e Coordenação
Pedagógica da Escola Estadual Sergio Pedro Speranza, foi conduzida uma reunião com os pais dos
alunos, com o propósito de dialogar, levantando problemas e identificando alternativas. Dessa
forma, ao mesmo tempo em que são investigadas as dificuldades para inclusão dos analfabetos no
programa e os índices de evasão, são discutidas, com os envolvidos, ações pedagógicas e sociais
que podem reduzir esses problemas. Utiliza-se, portanto, uma abordagem dialética fundamentado
no método instrumental de pesquisa, já que se trata de apresentar situações problematizadoras aos
sujeitos envolvidos, sugerindo e elaborando em conjunto instrumentos que superam essas situações
e verificando a aplicação prática desses instrumentos. Resultados: Ficou constatado que, entre
outros, os motivos mais recorrentes para a falta de procura pelo programa estão ligados às
condições de trabalho dos alunos, descompasso entre os horários de trabalho e o horário das aulas.
Entre as causa da evasão foram apontados: o cansaço e a desmotivação dos alunos. Entretanto, o
grupo de alunos e colaboradores participantes do projeto constatou também o uso de material
didático inadequado para a alfabetização de educandos adultos. Na pesquisa com o grupo focal, os
indivíduos presentes mostraram grande interesse em voltar a estudar. O público que teve maior
participação foi o gênero feminino, uma vez que estavam em maior número. As mulheres
mostraram e apontaram diversos motivos pelo qual tiveram que romper os estudos. Algumas delas
relataram ter trabalhado quando ainda eram jovens, o principal motivo era a pobreza vivenciada
pela família. Outras pessoas fizeram queixas em relação ao programa de alfabetização de jovens e
adultos dizendo que o material utilizado era sempre o mesmo, não havia novidades nem uma
preocupação em elevar o conhecimento a um grau de dificuldade mais avançado. Os indivíduos do
sexo masculino apresentaram dificuldades em retornar a escola por motivo de trabalho, mudanças
de turno ou viagens fora da cidade. Apresentamos também propostas de flexibilidade quanto à
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
74
assiduidade e um possível cronograma com aula aos sábados para que os mesmos efetivamente
retornassem à escola. Algumas pessoas se mostraram mais rígidas quanto ao retorno dizendo que o
tempo livre aos finais de semana seria com a família e lazer. Esses dados estão sendo sistematizados
com vistas à elaboração de propostas para melhor adequação da oferta de programas de
Alfabetização de Jovens e Adultos por parte do município de Araraquara (a serem discutidas com os
gestores públicos responsáveis), bem como para subsidiar a melhoria das atividades pedagógicas e
materiais didáticos utilizados, contribuindo para a ampliação da presença e permanência dos
trabalhadores analfabetos ou pouco escolarizados, gerando resultados relevantes para o resgate da
sua cidadania e superação das desigualdades sociais.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
75
AS ESCOLAS NO CAMPO E AS SALAS MULTISSERIADAS NO ESTADO DE SÃO
PAULO: UM ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DA EDUCAÇÃO NO MEIO RURAL
ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2010.
Autor(a): Jaqueline Daniela Basso ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Luiz Bezerra Neto
IES: Universidade Federal de São Carlos- UFSCar
Departamento: Educação
A educação brasileira ocorre primeiramente no meio rural, devido à predominância agrária do país,
que inicialmente se dedicava à produção e exportação de gêneros alimentícios para a Europa,
contudo, aqueles que vivem no campo tem acesso restrito à educação. No Estado de São Paulo esta
situação não é diferente. Objetiva-se, portanto, nesta pesquisa identificar a abrangência da educação
no meio rural paulista através da quantificação de municípios e escolas que a ofertavam entre os
anos de 2009 e 2010, bem como analisar as condições infra-estruturais, pedagógicas e de formação
docente neste contexto educacional. Os resultados parciais desta pesquisa, que será concluída em
março de 2013, nos dão alguns indícios da dificuldade de acesso à educação no meio rural paulista.
Dentre os 645 municípios deste Estado, apenas 265 deles, até o ano de 2009, possuíam escolas no
campo de acordo com o Plano de Ações Articuladas- PAR. Em 2009, os 157.164 alunos campesinos
(http://www.educasensomec.inep.gov.br/basica/censo/default.asp), eram atendidos em 357 escolas
estaduais e 1129 escolas municipais, que em sua maioria se limitam a ofertar os primeiros anos do
Ensino Fundamental, de acordo com os indicadores do PAR. Além da falta de escolas, no meio rural
persiste um tipo de organização escolar já extinto nas cidades: as salas multisseriadas. De acordo
com Santos e Meneses (2002), nas salas multisseriadas, o professor trabalha com alunos em
diferentes níveis de desenvolvimento em um mesmo ambiente, geralmente com infraestrutura
precária e prejuízos nos processos de ensino e aprendizagem.
(http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=71). No Estado de São Paulo, até 2009,
ainda existiam 987 turmas multisseriadas no Ensino Fundamental, o que representa
aproximadamente 16% das turmas deste nível educacional
(http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/sinopse/sinopse.asp). Ao término do levantamento
quantitativo pretendido, será realizado um estudo de campo junto às escolas paulistas no meio rural
e à uma amostra dos representantes do Programa Escola Ativa, única política pública nacional
voltada para as salas multisseriadas.A partir destes levantamentos e do estudo de campo, será
desenvolvido um estudo descritivo e analítico acerca das condições qualitativas e estruturais da
educação no meio rural paulista entre os anos de 2009 e 2010.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
76
UNIVERSIDADES: SERVIÇO PÚBLICO OU EMPRESAS DE CAPITALISMO DE
ESTADO?
Autor(a): Laís Cassanho Silva ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Este estudo pretende analisar a política atual proposta para o ensino superior, a princípio verificando
as concepções das propostas para este nível de ensino, ou seja, as bases que subsidiam as medidas a
serem implementadas para o conjunto do ensino superior. Pretendemos, através deste estudo,
verificar a qual tipo de ciência se dá mais validade, se a teórica ou a aplicada. Ou seja, a proposta
baseia-se na idéia de que atualmente, no mundo globalizado no qual vivemos e onde a corrida que
se firma é por tecnologia de ponta, tentaremos verificar a que se destina o conhecimento produzido
na universidade, se a produção de um saber desinteressado ou a interesses de desenvolvimento
econômico do país apenas. Deste modo, propomos examinar quais são as concepções de
universidade, ciência e tecnologia presentes nas propostas políticas que se apresentam nos
documentos do Ministério da Educação e de seus organismos (CNE, Capes) e no Ministério de
Ciência e Tecnologia. Seria a universidade um locus privilegiado de demandas empresariais ou há
uma disposição em expandir a formação desinteressada para a ciência? A hipótese, após esta
primeira análise, é a de que o conhecimento que se quer desenvolver é aquele capaz de produzir
uma nova tecnologia, ou seja, um conhecimento aplicável. Por haver um ideal da sociedade sobre a
importância do conhecimento científico como fator chave para o desenvolvimento econômico do
país com a conseqüente possibilidade de mobilidade social ascendente, se faz necessário um
aprofundamento para a discussão das políticas governamentais para o ensino superior e produção
acadêmica de ciência. Pretendemos verificar o discurso governamental sobre o pensamento
educacional e científico divulgado pelo Governo Federal e seus ministérios para obtenção de um
consenso social, acerca das medidas que pretende implementar para o ensino superior e a produção
de ciência e tecnologia na universidade. A partir desta observação, examinaremos o real papel da
universidade, se realmente se resume à produção e aplicação de tecnologia ou se apresenta uma
produção mais ampla de conhecimento. Tendo em vista o papel de destaque que a universidade tem
na sociedade, cabe verificar se as decisões que estão sendo tomadas para o ensino superior
contemplam as expectativas nele depositado. Esta pesquisa terá como base uma metodologia
analítica, de base teórica e comparativa, abordando os documentos oficiais que regem o ensino
superior e os investimentos em produção de ciência e tecnologia nas universidades brasileiras,
identificando as medidas que tem como referência as diretrizes contidas nos planos nacionais de
educação e outros documentos e suas execuções, limitados no ano de 2011.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
77
A RELAÇÃO ENTRE CUIDAR E ASSISTIR NA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO
INFANTIL BRASILEIRA.
Autor(a): Lilyann Rebeka Bondancia ([email protected])
Co-autores: Luciana Regina Valentim ([email protected]), Tamis Eliza Alves (ta-
Orientador(a): Profª. Me. Gabriela de Campos Tebet
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Educação Infantil
Este trabalho é fruto do estudo de vários autores e de pesquisas feitas durante a disciplina Políticas
de Educação Infantil, do curso de Especialização em Educação Infantil da UFSCar. A discussão
sobre a necessidade de atendimento adequado à criança de 0 a 6 anos, no Brasil, inicia-se no fim do
século XIX, devido ao fim da escravidão e a alta mortalidade infantil nas casas de acolhimento.
Contudo, políticas públicas específicas voltadas para o atendimento das crianças em idade pré-
escolar começaram a ser implantadas somente no século XX, na década de 30, por exigência social
de mulheres em emancipação no mercado de trabalho. Desde então, as instituições voltadas para a
infância assumiram o caráter de cuidado e assistência. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (Lei 9.394) determinou que as creches, que até então eram mantidas pela Assistência So-
cial, passassem a integrar a Educação Básica, como parte do Sistema Educacional. Essa determina-
ção trouxe duas grandes problemáticas: a dissociação da creche ao assistencialismo e a segunda,
quando ela se tornou uma instituição educacional, passou-se a interpretar que devesse seguir o mo-
delo educacional vigente no Ensino Fundamental, tornando-se assim, escolar. A primeira problemá-
tica torna-se conflitiva quando se diferencia educação, cuidado e assistência. Para muitos educado-
res, educar restringe-se ao sentido escolar do termo, ou seja, à transmissão dos conhecimentos acu-
mulados, por meio de conteúdos programáticos e avaliações, enquanto cuidar diz respeito à higiene,
alimentação, conforto e segurança. Para muitos pesquisadores, como Rosemberg (2002) esses dois
aspectos são indissociáveis na Educação Infantil. A segunda é um problema na medida em que se
entende Educação Infantil como ensino e se trata a criança como aluno. Destarte, as escolas dessa
modalidade de ensino deveriam comportar uma série de conteúdos, organizados num currículo, que
determinasse o que as crianças deveriam saber no fim de cada série e formas de avaliá-las. Para
muitos estudiosos essas concepções apontam para uma escolarização precoce e, ao privilegiar o
sujeito escolar, fere a criança enquanto sujeito de direitos. Assim pretende-se, nesse trabalho, discu-
tir como se instala o debate sobre as relações educar-cuidar-assistir no atendimento de crianças pe-
quenas. Para tal, utilizar-se-á de pesquisas bibliográficas e pesquisas da Legislação voltada à Edu-
cação Infantil.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
78
POLÍTICA E GESTÃO DO ENSINO SUPERIOR E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO
MÉDIO: ESTUDO DE CASO COM ALUNOS EGRESSOS DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO
NO PROGRAMA PROUNI.
Autor(a): Maria Aparecida Bovério ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O atual contexto educacional brasileiro aponta que existe uma demanda pelo ensino superior de
pessoas que não conseguem ingressar no sistema universitário público. São pessoas das classes so-
ciais que antes eram majoritariamente excluídas deste nível de ensino, classes trabalhadoras em
busca de novas opções de vida, ou ainda, em busca de apenas se manter em seus postos de trabalho
ou de almejar possibilidades de crescimento pessoal e profissional. Muitas dessas pessoas, apesar de
frequentarem cursinhos pré-vestibulares, gratuitos ou mesmo pagos, não conseguem ingressar no
ensino superior público, pois, ao se analisar a relação candidato-vaga, verifica-se que a concorrência
é acirrada. O acesso ao ensino superior que, no início dos anos 60, atingia de 2 a 5% da população
de 18 a 24 anos e, hoje, atinge cerca de 25,2%, demonstra a dificuldade histórica de ascensão a este
nível de ensino e, por isso, boa parte dos estudantes que estão no ensino superior compõem a pri-
meira geração de formação deste nível da sua respectiva família. O problema desta pesquisa é veri-
ficar se a política pública do governo federal, através do Programa Universidade para Todos (PRO-
UNI) – após 5 anos de sua implantação – está funcionando em uma instituição de ensino superior
privada de Monte Alto, interior do Estado de São Paulo, e em outras instituições que ficam em regi-
ões próximas à esta cidade, uma vez que o programa não soluciona as várias indagações sobre o
acesso e permanência dos alunos no ensino superior, mas é, como política pública, uma forma de
incentivo e acesso imediato para as classes mais pobres, que não conseguem, nem vêem possibili-
dades de acesso ao ensino superior público. O objetivo geral desta pesquisa é investigar se o pro-
grama PROUNI, enquanto política pública de ensino superior está atendendo às expectativas das
pessoas que estudam e das que já concluíram o curso em uma instituição de ensino superior privada
na cidade de Monte Alto, interior do Estado de São Paulo e de outros estudantes e/ou concluintes
que estudam e/ou estudaram em outros cursos, de outras instituições, abrangendo as regiões próxi-
mas à esta cidade. Será realizado inicialmente um estudo piloto de caso com os alunos que utilizam
e com os que já utilizaram o PROUNI, provenientes das escolas públicas de ensino médio que estu-
dam ou estudaram em um curso que permita estabelecer alguns critérios para a extensão posterior
da pesquisa – no caso, o estudo se dará junto ao Curso de Administração da Faculdade de Monte
Alto (FAN). Serão estudados, a seguir, e considerando os resultados do estudo piloto, outros estu-
dantes e/ou concluintes que estudam e/ou estudaram em outros cursos, de outras instituições, abran-
gendo as regiões próximas à cidade de Monte Alto, por processo de amostragem. Para a coleta de
dados, serão aplicados questionários e será feita uma entrevista focus group, para cumprir com os
objetivos propostos nesta pesquisa, ou seja, conhecer as opiniões, crenças, sentimentos, interesses e
expectativas de cada um. Os questionários e/ou as entrevistas serão realizados de acordo com a dis-
ponibilidade dos entrevistados. Serão utilizados, também, os recursos da pesquisa documental para
analisar o programa PROUNI.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
79
GESTÃO DO ENSINO MÉDIO E SUA ARTICULAÇÃO COM O ENSINO SUPERIOR: UM
ESTUDO DE CASO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE MONTE ALTO.
Autor(a): Maria Aparecida Bovério ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. João Augusto Gentilini
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Esta pesquisa de mestrado abordou a temática da formação do aluno do Ensino Médio Público,
especialmente no que concerne a seu interesse de prosseguimento nos estudos de nível superior e
centra a questão do papel do Projeto Político-Pedagógico, da atuação dos gestores perante esta
demanda e a articulação entre estes níveis de ensino. A interação entre o Ensino Superior e o Ensino
Médio se faz necessária, pois é no Ensino Superior que são formados os profissionais responsáveis
por diversas áreas de nossa sociedade, inclusive os docentes que atuarão no Ensino Médio Público.
Desenvolver um Projeto Político-Pedagógico que atenda às necessidades dos alunos é a
consolidação da função social da escola. Firmamos o compromisso de identificar, documentar e
analisar esta questão através da pesquisa documental, da fala dos gestores escolares (diretores, vice-
diretores e coordenadores) e também através de pesquisa por amostragem com alunos do 3º ano do
Ensino Médio público, com o objetivo de verificar se o Projeto Político-Pedagógico das escolas de
Ensino Médio públicas de Monte Alto contemplam esta preocupação. Objetivamos apontar, no
âmbito das três escolas públicas envolvidas nesta pesquisa quais são as responsabilidades do Ensino
Médio Público perante a formação de seus egressos, principalmente no que diz respeito à
continuidade de seus estudos em nível superior. Analisamos as respostas dos questionários-
entrevistas aplicadas aos atores educacionais envolvidos no Projeto Político-Pedagógico das escolas,
que refletem as dificuldades vivenciadas e os avanços obtidos na consolidação da ação prática que
envolve a questão pesquisada, e estes foram confrontados com as respostas dos alunos e com os
Projetos Político-Pedagógicos no período de 2003 a 2006. Como resultados da pesquisa, pode-se
apontar que os alunos apresentam indicadores de baixa renda familiar, predominando o rendimento
de, no máximo, até três salários mínimos para famílias de quatro pessoas. A escolaridade das mães e
pais é baixíssima, predominando de 1ª a 4ª séries. Este cenário nos revela alunos com falta de
capital cultural necessário para cursar um ensino superior. A pesquisa revelou que as três escolas
públicas de Monte Alto, no âmbito de seus Projetos Politico-Pedagógicos, tentam desenvolver
competências gerais, habilidades especificas e práticas culturais. Porém, nas três escolas não foi
identificado nenhum projeto especifico que atendesse as expectativas de seus alunos egressos com
interesse nos estudos de nível superior. Democratizar o ensino, enquanto processo de construção da
cidadania, é oferecer também o ensino superior a todos os jovens que desejarem nele ingressar,
principalmente para os que são egressos da escola pública e que, geralmente, não possuem
condições de pagar um ensino particular de qualidade. Para estes, caberá a cada escola pública de
Monte Alto proporcionar meios, através de seu Projeto Político-Pedagógico, de suprir as
necessidades de vida social e capital cultural, atendendo assim, as demandas da comunidade escolar
e sendo o espaço comprometido com o desenvolvimento integral do educando, criando, no âmbito
dos Projetos Políticos-Pedagógicos, propostas que contemplem atividades curriculares, culturais e
extra-curriculares, na perspectiva da interdisciplinaridade e da contextualização, que atendam ao
interesse desses alunos pelo ensino superior, articulando, assim o Ensino Médio com o Ensino
Superior.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
80
EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: UMA VISÃO POLÍTICA E PEDAGÓGICA.
Autor(a): Thainá Portela Rêgo Ribeiro ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
A tecnologia de nossa sociedade contemporânea tem invadido a vida de cada cidadão de uma
maneira especial. Já faz algum tempo que a tecnologia é utilizada na comunicação e, mais
recentemente, ela tem sido cogitada como um poderoso meio para a educação e transmissão do
conhecimento. O uso da tecnologia na educação propiciou o desenvolvimento da Educação à
Distância, que já está em funcionamento em muitos países, sendo muito utilizada na área da
educação. Esta pesquisa apresenta-se a fim de conhecer o instrumento da Educação à Distância,
enquanto medida para a expansão do acesso ao ensino superior, através de um estudo comparativo
de dois cursos de pedagogia, um oferecido através do instrumento da educação à distância e outro
oferecido no modo presencial. Torna-se importante, dada a centralidade atribuída ao conhecimento,
investigar e questionar a realização desta medida política educacional, enquanto medida principal
para a expansão do acesso ao ensino superior. Esta pesquisa tem por objetivo conhecer, através de
um estudo comparativo, um dos cursos que utiliza a modalidade da educação à distância, o curso de
pedagogia oferecido pela UNIVESP, no campus de Araraquara. Pretende-se verificar se a formação
desses estudantes é a mesma daqueles que estão no curso de pedagogia presencial oferecido pela
UNESP. Para isso, será analisado o projeto pedagógico do curso oferecido pela UNIVESP,
juntamente com o material didático, ambiente de aprendizagem, método de avaliação, entrevista
com os professores/tutores, em seguido será comparado o projeto pedagógico do curso de
pedagogia à distância com o curso de pedagogia presencial da UNESP do campus de Araraquara,
uma vez que todos os cursos de pedagogia da UNESP estão buscando uma aproximação das grades
curriculares. Para a consecução dos objetivos acima, propõe-se realizar uma breve análise da
Universidade Aberta do Brasil, destacando o número de pólos, quais cursos são oferecidos, se existe
alguma semelhança curricular ou parceria entre a UAB e a UNIVESP (Universidade Virtual do
Estado de São Paulo) e o porquê da criação da Universidade Virtual do Estado de São Paulo se já
existe a Universidade Aberta do Brasil. Essa pesquisa tem por método comparativo, através da
análise da UAB e da UNIVESP em seu curso de pedagogia e com o mesmo curso oferecido no
campus de Araraquara. A comparação se dará através dos projetos pedagógico dos cursos, nos seus
aspectos de conteúdo, material didático, grade horária (carga horária por disciplina), ambiente de
aprendizagem e o método de avaliação.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
81
SEÇÃO G - FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
PERSPECTIVAS PARA UMA EDUCAÇÃO AMORAL.
Autor: José Francisco Navas ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Paula Ramos de Oliveira
IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Tem-se que as regras que gerem o social, necessitam de uma ordem de caráter moral e a exigência
perante o individuo de agir de forma coesa em relação a tal ordem, implicando ainda um caráter
subjetivo, ou seja, diante de um ambiente discursivo deve-se agir e falar em conformidade com o
que pensa. Ao se analisar o papel da moral dentro do campo educacional, percebe-se a influencia de
valores sentimentos e juízos pré-concebidos, que irão moldar os inúmeros modelos, ou seja, é de
suma importância dar-se conta de tais afetações dentro da resolução de conflitos escolares, junto a
diversidade que corresponde as complexas teias relacionais. Acredito que o conceito de moral
transborda uma assimilação simplista dada pela grande maioria dos estudiosos dentro da educação,
ou seja, uma idéia voltada exclusivamente para a formação de um “bom cidadão”, ciente dos seus
deveres cívicos. Na medida em que se faz necessário enxergar dentro do estudo da moral uma
possibilidade para se repensar a construção de personalidades morais, fato esse que irá contribuir
para o pensamento das inter-relações entre razão e emoção, por exemplo. Para assim de alguma
maneira, repensar o desenvolvimento do ser humano como um todo, criar-se assim uma
sensibilidade tamanha, que poderá possibilitar a resolução de conflitos em busca de uma sociedade
verdadeiramente democrática. Dentro desse contexto acerca de uma reinterpretação da moral,
retomo a discussão antropológica em torno dos esforços para (des)organizar ainda mais os
consensos interpretativos, dicotomias dadas como certas , no âmbito de certas escolas do
pensamento , estão entrando em falência, é o caso da noção de Primitivo/Civilizado (Eles e Nós),
Natureza/Cultura (Um e Múltiplo) e, Indivíduo/Sociedade (Parte e Todo). É notório, a presença de
idéias novas como de simetria ou simetrização (que extrai todas as implicações da falência do
contraste entre primitivo e civilizado), de multiplicidade (que desloca o dilema da unidade e da
pluralidade) e de rede (que dissolve a distinção entre parte e todo). Na educação é fato que
conhecimento, habilidades e moral são alinhados sob uma perspectiva universalizante que deve
perseguir uma verdade única. O sujeito, por conseqüência, como encarnação dessa consciência
universal, torna-se um sujeito transcendente. A formação obedece a essa tarefa de transformar o
homem em um sujeito ideal: as particularidades da experiência devem ser elevadas ao universal.
Assim acredito que o verdadeiro ensino, esclarecido por essência, deriva do pensamento no qual
revela-se a ilusão do conhecimento universal: não há razão (como condição humana ) que dê conta
do mundo. O mundo não cabe na razão, à realidade não cabe no pensamento.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
82
A CIDADANIA MODERNA E A CENTRALIDADE DA POLÍTICA: O CAMINHAR EM
TORNO DO MESMO EIXO.
Autor(a): Juliana Tiburcio Silveira ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Maria Eliza Brefere Arnoni
IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de São José do Rio Preto
Departamento: Departamento de Educação
Este trabalho se propõe a analisar o que representa em termos histórico-ontológico na luta por uma
comunidade humanamente emancipada, tomar a política como princípio de inteligibilidade da
totalidade social, considerando-se que para Marx, o trabalho é a matriz fundante do ser social.
Pautando-se, especialmente, na discussão abordada por Tonet (2009), em seu livro Descaminhos da
esquerda: da centralidade do trabalho à centralidade da política, procura-se, por meio de estudo
bibliográfico de alguns escritos de Marx, além da obra supracitada, discutir, também, de que forma
estes “descaminhos” articulados ao propósito de se formar para a cidadania, o ideal de formação
humana proclamado pela sociedade capitalista, mostram-se extremamente limitados e incapazes de
superar o capital. E, que, apesar da ênfase na política e no papel do Estado no atual momento
histórico, o indivíduo, assim como, a sociedade, continuarão caminhando em torno do mesmo eixo:
o eixo alienante, desumanizador, que caracteriza a sociedade capitalista, ou seja, o eixo do trabalho
abstrato, baseado no valor-de-troca, que tem como finalidade única o lucro, uma forma de trabalho
que separa o homem de si, de sua humanidade, sendo apenas um meio de garantir sua sobrevivência.
É possível inferir que enquanto esta forma de trabalho for predominante, as relações sociais serão
marcadas pela exploração do homem pelo homem, o que o impede de dar o salto qualitativo rumo à
emancipação humana.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
83
O ENSINO DE FILOSOFIA: POR QUE E PARA QUE?
Autor(a): Katherine Cortiana Fagundes ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Paula Ramos de Oliveira
IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
Encontramos nas leis e parâmetros que regem a educação básica no Brasil discursos similares e
complementares, os quais enfatizam a necessidade de formarem cidadãos aptos a atuarem no
mercado de trabalho; desta maneira, o professor passa a exercer papel similar a de um técnico
incumbido de transmitir competências. É neste cenário que o ensino de filosofia volta a ser
obrigatoriedade no nível Médio. Mas, o que esperar desta disciplina em meio a uma realidade
educacional neoliberal? Quando indagados sobre as contribuições do ensino de filosofia para os
alunos, os professores e pesquisadores da área são quase unânimes ao declararem que a disciplina
vem a contribuir para a formação de cidadãos críticos, criativos e politizados, mas não teria esta
mesma pretensão o discurso defendido pelos parâmetros educacionais, os quais tanto criticamos? Se
fizermos uma leitura superficial dos PCNs para o nível médio em relação ao ensino de Filosofia não
notaremos as diferenças nos discursos (de professores, pesquisadores e parâmetros), porém, ao
fazermos uma análise mais atenta as discrepâncias serão nítidas. Quando falamos de ensino de
filosofia logo pensamos no perfil dos alunos que queremos formar – críticos, criativos, éticos,
politizados, etc – relegando a um segundo plano como e o que ensinar – a história da filosofia ou o
filosofar? – É provável que ao ensinarmos a história da filosofia e as concepções filosóficas
defendidas pelos grandes pensadores, sem praticar o exercício do filosofar, não estaremos
contribuindo para a formação dos cidadãos que almejamos, pois, continuaremos a reproduzir o
ensino que tanto criticamos, aquele denominado por Freire (1980) de educação bancária. O filosofar
é entendido aqui pelo exercício da reflexão que se concretiza através do diálogo, o mesmo praticado
por Sócrates e seus discípulos. É pelo diálogo com o outro que se constrói e se desconstrói
conceitos, idéias, valores, verdades... e é pela prática do mesmo, que provavelmente, conseguiremos
afetar nossos alunos. Segundo Spinosa (2003) o afeto é gerado em nós através das nossas interações,
desta maneira, deveríamos refletir sobre os afetos que buscamos motivar nos educandos, serão eles
afetos tristes ou alegres? O afeto alegre aumenta a potência de agir do individuo, impulsionando-o a
pensar sobre si e o mundo. O afeto triste, ao contrário, oprime, deprime, impossibilitando o
individuo de pensar e agir por si, para si e pelos outros. A partir de tais considerações se faz
necessário investir num ensino de filosofia que desperte nos alunos um afeto alegre, motivando-os
na construção de uma nova relação com o conhecimento, uma relação afetiva, que os permitam
“pensar por si”, “pensar de outra maneira”, “questionar o que pensam”. Acreditamos que é pelo
conhecimento de si e do outro que o educando aprende a ler o mundo, analisando e contestando
suas contradições.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
84
SEÇÃO H - EDUCAÇÃO ESPECIAL
DEFICIÊNCIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: INCLUSÃO NA REDE
PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA?
Autor(a): Heloisa Silva Neves ([email protected])
Co-autor(a): Ana Heloisa Souza Lima
Orientador(a): Profª. Drª. Maria Júlia Canazza Dall´Acqua
IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação.
O presente trabalho tem por propósito investigar a inclusão de pessoas com deficiências, por meio
de matrículas, em salas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) nas escolas da rede pública de
ensino do município de Araraquara/SP. Embora não haja número significativo de pesquisas e nem
dados conclusivos acerca da temática - EJA e alunos com deficiências - no Brasil, estima-se que no
contexto do analfabetismo na população brasileira tal população represente significativo
contingente, em decorrência de um conjunto complexo de fatores, dentre eles a falta de acesso e
permanência na escola. Segundo Ferreira (2009), sem ingresso na idade apropriada, sofrendo ainda
com a institucionalização ou com processos insatisfatórios de inclusão, jovens e adultos com
deficiências continuam à margem de serviços educacionais, mesmo quando percebe-se um número
crescente de matrículas nessa modalidade de ensino. Segundo dados do Resumo Técnico – Censo
Escolar 2010 (BRASIL, 2010), registra-se um declínio no número de matrículas na modalidade EJA
da ordem de 5%, com redução de 374.098 matrículas a menos e totalizando assim um montante de
4.234.956 matrículas em 2010. Nesse contingente, os dados oficiais mostram uma expansão de
alunos com deficiências, respectivamente nos anos de 2007 a 2010, passando de 28.295 para 41.385
matrículas. Percentualmente, de 0,7% de matrículas no ano de 2009, houve um crescimento para
0,9% em 2010. Com base nessa problemática e na urgência da construção de política públicas
voltadas para esta população, a partir do estudo em questão pretende-se caracterizar a oferta de EJA
para jovens e adultos com deficiência matriculados em escolas municipais de Araraquara, para
assim identificar e analisar os desafios que se colocam ao sistema educacional brasileiro para
assegurar a este grupo social o direito à alfabetização em condições de igualdade com seus pares.
Dessa forma estabeleceu-se como metodologia de pesquisa realizar levantamento bibliográfico
acerca da temática deficiência e a EJA e sobre o que a literatura pode contribuir para ampliar o
entendimento sobre o tema de pesquisa, bem como entrevistas com o responsável pelo Núcleo da
Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do município de Araraquara, para
levantamento de dados relativos às pessoas com deficiência que freqüentam a EJA. De posse das
primeiras informações passar-se-á a uma investigação de campo nas escolas municipais e no
Movimento de Alfabetização (MOVA), onde as aulas são ministradas por educadores populares,
selecionados a partir de critérios estabelecidos pelos Municípios. Como pesquisa em andamento, até
o presente momento, dispõe-se da informação de que no município há 20 salas de EJA, em quatro
escolas, (sendo uma delas o Núcleo de Educação de Jovens e Adultos). No MOVA há 19 salas, 19
professores, sendo parte delas sediadas em escolas e igrejas. Os dados fornecidos pela Secretaria
indicam que, no universo de todos os alunos de Araraquara há apenas um aluno com Síndrome de
Down matriculado, o que por certo contrasta com as hipóteses derivadas da literatura consultada.
Em continuidade pretende-se iniciar a pesquisa de campo.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
85
FORMAÇÃO INICIAL PIBID/PEJA: REFLEXÕES ACERCA DA ATUAÇÃO DOCENTE
FRENTE À INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.
Autor(a): Karina Ruiz Alves ([email protected])
Co-autor(a): Larissa de Paula Ferreira ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Maria Júlia Canazza Dall’Acqua
IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação.
Este trabalho apresenta um estudo de caso com base no relato de uma experiência de observação
participante em sala de Educação de Jovens e Adultos (EJA) situada em uma EMEF na cidade de
Araraquara/SP, por meio da formação inicial propiciada pelo Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID/CAPES). Nesse contexto, as informações referem-se ao atendimento
educacional de uma aluna com deficiência física e intelectual matriculada no primeiro segmento.
Considerando a importância da inclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais
(NEE) na escola, a educação dessas pessoas é hoje um conceito que engloba diversas propostas
educativas, entre as quais a educação especial para alunos jovens e adultos em contextos
especializados e a educação inclusiva, com apoio, em contextos regulares, ou salas de aula comuns.
Neste sentido, com a presente investigação pretende-se abordar os recursos e condições usados por
uma professora em sala de EJA, para a inclusão de uma aluna com deficiências, como ponto de
partida para uma análise acerca dessa vivência para a formação inicial de duas bolsistas
PIBID/PEJA, alunas de cursos de graduação da FCL/UNESP/CAr. Levando em conta o papel e a
importância da EJA e da Educação Inclusiva no recente cenário educacional brasileiro, avalia-se e
esse estudo poderá vir a contribuir para uma compreensão mais aprofundada do processo de
inclusão dos alunos com deficiências no que se refere ao desenvolvimento de habilidades,
competências e atitudes comunicativas, bem como para que seja possível estabelecer uma relação
entre as duas temáticas apontadas, com vistas a contribuir para preencher uma lacuna significativa
de estudos que, até então, têm sido desenvolvidos separadamente. Neste sentido, a pesquisa tem
como objetivo investigar em que medida e de que forma professores da EJA desenvolvem práticas
pedagógicas voltadas para a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais, visando
apreender e analisar suas práticas pedagógicas frente à inclusão. Para tanto, realizar-se-á
levantamento bibliográfico que possa propiciar um cenário para contextualizar a pesquisa em seus
fundamentos, quais sejam: EJA, educação inclusiva e formação de professores, bem como
observações em sala de aula e entrevista com as participantes (professora e aluna), no sentido de
apreensão da estrutura física da escola, organização curricular e prática pedagógica. Empreendendo
análise de cunho qualitativo, não se pretende, porém, negar a importância dos aspectos
quantitativos, a serem usados se necessário. Os primeiros resultados apontam que a prática
pedagógica da professora da sala não difere da maneira como ela também age com os demais
alunos, dando instruções da mesma forma, apresentando o material sem nenhuma adaptação, sem
estratégias ou apoios que possam contribuir para possibilitar o acesso da aluna ao currículo. Sua
atuação é significativamente semelhante àquela que realiza com os alunos sem necessidades
educacionais especiais, de forma que esse agir faz com que a aluna fique à margem do processo
realizado com o grupo de colegas, mesmo já estando freqüentando salas de EJA há 10 anos.
Observou-se que nos meses de março e abril, período em que as observações foram realizadas, a
professora não desenvolveu práticas pedagógicas inclusivas, melhor dizendo, as práticas não
focaram as necessidades e singularidades da aluna.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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QUESTÕES PARADIGMÁTICAS A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES.
Autor: Saulo Fantato Moscardini ([email protected])
Orientador(a): Prof.ª Dr.ª Silvia Regina Ricco Lucato Sigolo
IES: Universidade Estadual Paulista - Campus de Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação
Nessa análise pretende-se apontar os aspectos centrais que norteiam uma pesquisa que vem sendo
realizada em nível de mestrado e que se encontra em fase de conclusão que busca incidir sobre as
fissuras que marcam o ensino ofertado ao aluno com deficiência intelectual inserido no ensino
comum, enaltecendo as práticas pedagógicas que são encampadas com esses sujeitos tanto no
contexto das salas de aula regulares nas quais se encontram, quanto durante as sessões de
Atendimento Educacional Especializado (AEE) que devem freqüentar. Essa proposta de estudo se
justifica tendo em vista que as crianças que apresentam essa condição, de acordo com Siqueira
(2008), são aquelas atingidas mais diretamente pelas controvérsias próprias ao processo inclusivo
em razão do compromisso assumido pela escola com a aprendizagem acadêmica, o que, em virtude
das dificuldades inerentes a deficiência intelectual, acaba se transformando em uma barreira para o
desenvolvimento cognitivo dos sujeitos que encerram esse quadro. No entender de Pletsch (2010), a
Educação Especial, na forma do AEE, mesmo em tempos de inclusão continua assumindo a
responsabilidade pela educação da criança com deficiência intelectual, o que se relaciona
diretamente com a indefinição que cerca o papel a ser adotado por essa modalidade de apoio que
vem se afastando do oferecimento de atividades que tenham como meta afiançar a estimulação das
funções psíquicas inerentes à aprendizagem dos alunos atendidos. A função a ser atribuída ao
Atendimento Educacional Especializado poderá ser melhor compreendida se forem levadas em
consideração as demandas dos indivíduos que lhe atribuem sentido, já que para que esse serviço
possa assumir no bojo do processo inclusivo um papel diferenciado que afiance a aproximação do
aluno com deficiência do currículo trabalhado no ensino regular, deve ser desencadeado nessa
realidade procedimentos de ensino que priorizem a compreensão dos processos envolvidos na
construção de pensamentos e na elaboração de conceitos. A presente investigação, definida como
um estudo qualitativo de caráter descritivo que se ancora nos pressupostos da Psicologia Sócio-
Histórica, se debruça sobre o exame das práticas encampadas com cinco alunos que se encontravam
matriculados em uma escola pública municipal que oferecia o primeiro ciclo do ensino fundamental,
acompanhando esses sujeitos por quatro meses tanto durante as suas sessões no AEE, quanto
enquanto permaneciam nas salas de aula comuns. A coleta dos dados necessários para realização
desse trabalho se valeu do emprego da observação participante como principal ferramenta de estudo.
Além desse instrumental, foi efetivado um exame minucioso das atividades propostas aos alunos
observados no intuito de avaliar se durante o período acompanhado essas crianças alcançaram
níveis mais complexos de aprendizagem. As informações elencadas foram analisadas segundo os
preceitos da teoria de análise de conteúdo de Laurence Bardin, sendo organizadas em categorias que
foram estruturadas de acordo com as questões centrais que orientam a implementação dessa
pesquisa, tomando como norte os preceitos inerentes ao referencial teórico que subsidia a sua
realização. Apesar desse estudo ainda se encontrar em fase de conclusão, a inexistência de uma
proposta de trabalho comum que agregue as iniciativas encampadas no ensino regular e as medidas
tomadas no Atendimento Educacional Especializado que abarca os alunos com deficiência
intelectual inseridos nesse contexto deve ser pontuada. O distanciamento existente entre esses
ambientes inviabiliza a implementação de práticas de ensino que sejam voltadas para a supressão
das singularidades encerradas nesses sujeitos, fragmentando o seu desenvolvimento cognitivo e
inviabilizando que esse avanço ocorra de maneira plena. A superficialidade que marca as iniciativas
encampadas tanto no contexto do ensino comum, quanto no AEE também merece ser destacada, à
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
87
medida que essas atividades, via de regra, se limitam a tarefas concretas e infantilizadas,
dificultando assim a plena estimulação cognitiva das crianças atendidas.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
88
EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE
A APRENDIZAGEM DE UM ALUNO COM SÍNDROME DE DOWN NO ENSINO
FUNDAMENTAL.
Autor(a): Alessandra Braz ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Márcia Duarte
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
Todas as pessoas têm o direito à educação e a uma educação de qualidade, incluindo as pessoas com
deficiência independente das diferenças que apresentam e à garantia de que a educação dessas
pessoas se integre ao sistema educativo. A inclusão é entendida como a flexibilização da sociedade
para poder inserir as pessoas com necessidades educacionais especiais em prol de desfrutarem de
seus direitos sociais, educacionais e morais (SAAD, 2003). A Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) enfatiza a atuação da educação
especial articulada à educação comum, mas sem sua substituição. Este estudo aborda a temática da
inclusão escolar, focando as questões da aprendizagem escolar de um aluno com síndrome de Down
matriculado no Ensino Fundamental I em uma escola da Rede Municipal de uma cidade do interior
do estado de São Paulo. Segundo Flórez (1994) é necessário considerar que as pessoas com
síndrome de Down apresentam limitações no processo de aprendizagem e não seguem padrões
idênticos, variando de pessoa para pessoa. Além disso, a elaboração mental dessas pessoas é
observada em diferentes indivíduos com essa síndrome que se deve a diferentes variações na
alteração do desenvolvimento do sistema nervoso central, diferenças na educação e estimulo
recebido do ambiente em que vivem. Entender que tal síndrome tem em suas características a
deficiência intelectual. Smith (2008) define deficiência intelectual como uma incapacidade sendo
expressa no funcionamento individual do sujeito, limitando-o na habilidade conceitual, prática e
social, do nascimento até aos 18 anos de idade. Porém sabe-se que atualmente o desenvolvimento
das pessoas com síndrome de Down é como o de qualquer outra pessoa e que necessita de
influências sociais e culturais, ressaltando nas potencialidades dessas pessoas. As mesmas
dependem de procedimentos e técnicas pedagógicas capazes de tornar o aprendizado efetivo
resultando em seu desenvolvimento social e cognitivo (VITAL, 2010). O objetivo do presente
estudo foi traçar o perfil de um aluno com síndrome de Down do Ensino Fundamental I,
especificamente quanto aos seus processos de aprendizagem, elegendo a leitura e escrita como
indicador de resultados de ações pedagógicas por parte das escolas regulares. Foi utilizado como
referência metodológica o enfoque qualitativo, a partir da perspectiva do estudo de caso, ou seja, a
pesquisa visa investigar a realidade local e suas especificidades. Esta pesquisa encontra-se em
andamento, mas com os resultados preliminares foi possível nos aproximarmos de uma dada
realidade e constatar a complexidade que envolve o processo de inclusão escolar dos alunos com
síndrome de Down.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA ADOTIVA NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DO
ALUNO COM DEFICIÊNCIA.
Autora(a): Aline Mercêz Silva ([email protected])
Orientador(a): Profª Drª Márcia Duarte
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
A carência de trabalhos nesta área tão desconhecida transmite a idéia de que a adoção e
escolarização de alunos com deficiência são assuntos dispersos, um pensamento errôneo, pois a
família é um dos fatores principais que contribuem para o desenvolvimento positivo do processo de
aprendizagem dos alunos. “A família é considerada a primeira agência educacional do ser humano e
é responsável, principalmente, pela forma com que o sujeito se relaciona com o mundo, a partir de
sua localização na estrutura social.” (OLIVEIRA, 2010 p. 100). “Assim, a escola que toma como
objeto de preocupação levar o aluno a querer aprender precisa ter presente à continuidade entre a
educação familiar e a escolar, buscando formas de conseguir a adesão da família para sua tarefa de
desenvolver nos educando atitudes positivas e duradouras com relação ao aprender e ao estudar.
Grande parte do trabalho do professor é facilitada quando o estudante já vem para a escola
predisposto para o estudo e quando, em casa, ele dispõe da companhia de quem, convencido da
importância da escolaridade, o estimule a esforçar-se ao máximo para aprender.” (PARO, 1999 p. 3).
No Brasil a legalização do processo de adoção teve início no século XX, quando pela primeira vez o
tema foi abordado no código civil brasileiro em 1916. A partir de 1957 ocorreram às primeiras
aprovações de leis, Em 1957, da Lei nº. 3.133; em 1965, da Lei nº. 4.655; e em 1979 da Lei nº.
6.697, que estabelece o Código Brasileiro de Menores. Atualmente a legislação que vigora sobre a
adoção no Brasil é Constituição Federal; Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA; Código Civil
Brasileiro; e a lei n. 12.010, de 3 de agosto de 2009. Sendo assim, o presente trabalho tem como
objetivo identificar famílias que tenham adotado filhos com deficiência e avaliar a participação dos
pais no processo de escolarização do aluno. Os participantes deste estudo são duas famílias que
possuem filhos adotivos. A coleta de dados ocorrerá por meio de entrevistas semi-estruturadas,
serão entrevistados os pais e professores dos alunos com deficiência. Os dados preliminares indicam
que a adoção de pessoas com deficiência antes de tudo deve ser considerada como uma ação de
grande responsabilidade, pois além de envolver sentimentos é preciso que haja a oferta de recursos
disponíveis e eficientes que possam possibilitar educação e assegurar uma escolarização de
qualidade ao filho adotado.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
90
O QUE É UMA BOA RELAÇÃO COM A ESCOLA? OPINIÃO DE PAIS DE CRIANÇAS
PRÉ-ESCOLARES INCLUÍDAS.
Autor(a): Danielli Silva Gualda ([email protected])
Co-autor(a): Laura Borges ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Fabiana Cia
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
Os princípios necessários para construção de um ambiente inclusivo na pré-escola são: cuidado,
confiança e reflexão, junto a uma articulação coletiva, ou seja, o compartilhamento de ideias para
construção da identidade, tanto dos alunos quanto dos professores envolvidos no processo
educacional, para que não haja preconceito e exclusão (SEKKEL; CASCO, 2008). O currículo e os
objetivos gerais são os mesmos para todos, inclusive para as crianças com necessidades
educacionais especiais (NEE), porém se necessário, há possibilidade de algumas modificações nos
objetivos específicos, materiais didáticos e barreiras arquitetônicas. Essas mudanças têm
contribuído para o benefício de todos na melhoria da escola e na transformação das práticas
pedagógicas (BRASIL, 2006). Além das mudanças nas práticas pedagógicas para um processo de
inclusão mais favorável, vários documentos também apontam para a importância da relação família
e escola. No âmbito político há diferentes menções no que se diz respeito à relação família e escola
e suas interferências no desenvolvimento do aluno. Por exemplo, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional-9394/96 afirma que a família deve agir juntamente com o Estado para promover
a educação. No Estatuto da Criança e do Adolescente, a família é contemplada em todas as etapas
da formação da criança/adolescente (CHACON, 2008). No entanto, família e escola, apesar de
reconhecerem a importância de uma relação estreita entre ambas, carecem de informações de como
estabelecer uma verdadeira parceria. Assim, o objetivo deste estudo foi o de descrever a opinião dos
pais de crianças pré-escolares incluídas, sobre o seu papel no sucesso escolar do filho e o que é uma
boa relação entre família e escola. Participaram do estudo sete mães e dois pais, que tinham filhos
com NEE (dois com atraso no desenvolvimento, dois com deficiência física, dois com autismo, um
com Síndrome de Down, um com deficiência visual e um com deficiência auditiva) incluídos em
pré-escolas municipais. Os pais tinham média de idade de 28 anos, com o nível de escolaridade que
variava de ensino fundamental incompleto a superior incompleto e a maioria tinha poder aquisitivo
médio a médio baixo. Os pais preencheram o “Questionário sobre a relação família e escola no
processo de inclusão – Versão para Pais”, que continha dados de identificação e duas questões
abertas, sendo: Em sua opinião, como a sua colaboração poderá ter influências no sucesso do seu
filho? Por favor, especifique e O que é para si uma boa relação entre família e a escola? Com os
dados coletados realizou-se análise de conteúdo, em que participaram dois juízes para elaboração
das categorias. Considerando a opinião dos pais de como a sua colaboração ajuda no sucesso do
filho, têm-se que para 33,3% a sua colaboração ocorre ao levar o filho em profissionais da área da
saúde, 22,2% colaboram dando continuidade ao que o filho aprende na escola e outros 22,2%
colaboram na educação que oferecem aos seus filhos. Quanto à opinião dos pais sobre o que é uma
boa relação família e escola, 44,4% relatam que é ter uma boa comunicação entre pais e professores,
33,3% apontam que é os pais participarem das reuniões escolares e dos eventos da escola. Por fim,
para 11,1% dos pais a boa relação entre família e escola é quando a escola informa aos pais sobre os
procedimentos que trabalham com o filho e outros 11,1% apontou que não sabia de uma boa relação.
Conclui-se que os pais têm pouco conhecimento da importância do seu papel para o
desenvolvimento dos filhos e que a boa comunicação que estabelecem com a escola é o aspecto
mais importante para manter uma boa relação família e escola. Tais dados indicam sugestões de
possíveis intervenções com pais e professores para melhorar a relação família e escola e das práticas
parentais favorecedoras do desenvolvimento infantil.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
ESTUDO DE UM MUNICÍPIO.
Autor(a): Roberta Karoline Gonçalves Rodrigues ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Fabiana Cia
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
De acordo com a lei nº 9394/96, o atendimento educacional especializado (AEE) às pessoas com
necessidades educacionais especiais (NEE) deve ser ofertado, preferencialmente, na rede regular de
ensino, quando for necessário para atender às necessidades específicas, sendo que a oferta destes
serviços deve iniciar-se na educação infantil, ou seja, na idade de zero a seis anos (BRASIL, 1996).
Considera-se que a função do AEE seja de: identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e
de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas
necessidades específicas sendo um complemento e/ou suplementação a formação dos alunos com
vista à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008). Em documento mais
recente, os alunos com NEE têm direito à educação realizada em classes comuns e ao AEE
complementar ou suplementar à escolarização, que deve ser realizada preferencialmente em SRMs
na escola onde estejam matriculados, em outra escola, ou em centros de atendimento educacional
especializado, ressaltando-se que o AEE não possui caráter substitutivo à classe regular de ensino
(NOTA TECNICA, 2010). Segundo o Ministério da Educação (MEC), as SRMs, espaço destinado
ao AEE, devem ser espaços organizados com materiais didáticos, pedagógicos equipamentos e
profissionais com formação para o atendimento às NEE (BRASIL, 2008). Nelas os professores
devem considerar diversas áreas do conhecimento, os aspectos relacionados ao estágio de
desenvolvimento cognitivo dos alunos, quais os recursos específicos para que ocorra seu
aprendizado e as atividades de complementação e suplementação curricular (BRASIL, 2006). Como
as SRMs foram implementadas há pouco tempo, pouco se sabe sobre o processo de implementação,
como ocorre o AEE e quais são os alunos atendidos nesta sala, ou seja, quais são os critérios para
que o aluno receba atendimento nas SRMs. Assim, o objetivo do estudo foi o de identificar como
ocorre o AEE nas SRMs e os critérios para as crianças pré-escolares receberem o AEE. Participou
do estudo uma chefe da divisão de educação especial, de um município do interior do estado de São
Paulo. A participante respondeu a uma entrevista semi-estruturada, para caracterizar as SRMs na
educação infantil. Como principais resultados, têm-se que quanto ao AEE nas SRMs da educação
infantil, inicialmente o professor faz uma avaliação do aluno e traça os objetivos para as habilidades
que têm que trabalhar. A partir disso, identifica-se o que precisa ser estimulado nessa criança e
inicia o atendimento. As SRMs geralmente são espaços que dispõe de recursos, de atividades
pedagógicas que propiciam o interesse da criança, o atendimento lúdico, com brincadeiras e
estimulação. Em relação aos critérios para o aluno receber o AEE, o primeiro ponto é o mesmo do
ensino fundamental, que é a criança ter deficiência. Mas, como na educação infantil existem várias
crianças em situação de riscos, crianças prematuras com atraso no desenvolvimento, já inicia um
trabalho de estimulação com as crianças que apresentam atraso na linguagem, atraso motor e/ou
cognitivo. Conclui-se que o AAE na educação infantil foca-se na estimulação das diversas áreas do
desenvolvimento e que os critérios de inclusão incluem, além das crianças com deficiência, as
crianças com atraso no desenvolvimento. Tal medida pode diminuir os riscos destas crianças virem
a ter problemas de desempenho acadêmico ao longo de sua trajetória escolar.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA NA EJA: UM ESTUDO DE CASO.
Autor(a): Rafaela Lopes ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Juliane Ap. de Paula Perez Campos
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
Especificamente em relação à Educação de Jovens e Adultos (EJA), no ano de 2009 houve 37.985
matrículas de alunos com deficiência (INEP/ MEC), sendo 34.730 na EJA nível fundamental, e
3.255 no nível médio. Tal alunado corresponde a 0,81% do número de matrículas totais da
Educação de Jovens e Adultos, com prevalência de matrículas no nível ensino fundamental. Vale
ressaltar, ainda, que quando comparados os censos escolares dos anos de 2008 e 2009, nota-se o
aumento no número de matrículas de alunos com deficiência apenas nos anos finais do Ensino
Fundamental, no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos. De acordo com a Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) as
modalidades de educação de jovens e adultos e educação profissional apresentam-se como
possibilidades de ampliação de oportunidades de escolarização, formação para a inserção no mundo
do trabalho e efetiva participação social das pessoas com deficiência. Por outro lado, a história tem
demonstrado que a Educação de Jovens e Adultos ainda esta longe de ser um espaço de inclusão de
pessoas com deficiência, caracterizado pela ausência de uma articulação efetiva desta modalidade
de ensino com a da Educação Especial. Segundo Haddad e Di Pierro (2000), o desafio da expansão
do atendimento na educação de jovens e adultos já não reside apenas na população que jamais foi à
escola, mas se estende àquela que freqüentou os bancos escolares, mas neles não obteve
aprendizagens suficientes para participar plenamente da vida econômica, política e cultural do país
e seguir aprendendo ao longo da vida. A pesquisa foi realizada em uma escola da rede municipal da
cidade de São Carlos-SP que possui alunos com deficiência matriculados na modalidade de
Educação de Jovens e Adultos. No ano de 2010, a escola participante contava, no período noturno,
com 179 alunos matriculados na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), sendo oito
alunos com deficiência, com idade variando entre 16 a 25 anos, e a maioria com deficiência
intelectual oriundos da APAE. Já no período da manhã, havia uma sala de EJA com 13 alunos,
sendo dois alunos com deficiência intelectual, um com baixa visão, e um com condutas típicas.
Participaram do estudo dois gestores, sendo um diretor e uma coordenadora; três professores da
EJA que tinham em suas classes alunos com deficiência; e a professora da educação especial. Todos
leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas entrevistas
semi-estruturadas junto aos gestores, sendo contempladas, por exemplo, questões referentes à
escolarização e ao processo de inclusão de jovens e adultos com deficiência na EJA, à parceria entre
profissionais da educação especial e da EJA, e à certificação de conclusão de escolaridade dos
alunos com deficiência da EJA. De acordo com os dados analisados, verificou-se que a escola
possui alunos com deficiência que frequentam a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no período
matutino e noturno. No período noturno, há cerca de nove alunos com deficiência na EJA, com
variando entre 16 a 25 anos, sendo a maioria com deficiência intelectual oriundos da APAE. A
escola conta com professor especializado em educação especial, dando suporte aos professores da
EJA como também aos demais níveis de ensino. Verificou-se, ainda, que os gestores entrevistados
apresentam dificuldades no entendimento de conceito de terminalidade específica. Além disto, um
dos grandes desafios esta na inserção destes no mercado de trabalho.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
93
ANÁLISE DO PERFIL E CONCEPÇÕES SOBRE O ALUNO COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: CONSIDERAÇÕES
PRELIMINARES DOS PROFESSORES.
Autor(a): Jessica de Brito ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Juliane Ap. de Paula Perez Campos
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
O censo de 2010 (MEC/INEP) revela 528.261 matrículas de alunos com deficiência em classes
comuns nos diferentes níveis de ensino da educação básica e da Educação de Jovens e Adultos. Esse
número comparado ao Censo escolar de 2009 que apresenta 450.407 matrículas mostra que além do
aumento no número de matriculas no ensino fundamental, médio e Educação de Jovens e adultos
(EJA), ainda sinaliza a crescente presença desse novo alunado: os jovens e adultos com deficiência
e mais especificamente os alunos com deficiência intelectual, ou seja, quais as concepções dos
professores sobre o processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com deficiência
intelectual? A presente pesquisa tem como objetivo conhecer o perfil dos alunos com deficiência
intelectual matriculados na educação de jovens e adultos, bem como investigar as concepções dos
professores de educação de jovens e adultos sobre o aluno com deficiência intelectual. A pesquisa
está sendo realizada junto a uma escola da rede municipal da cidade de São Carlos- SP, no período
noturno, que possui alunos com deficiência matriculados na modalidade de Educação de Jovens e
Adultos. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas junto aos professores, da Educação de
Jovens e Adultos e com a Educadora Especial que atende o aluno jovem e adulto com deficiência
intelectual, sendo contempladas questões referentes à concepções do professor sobre o aluno com
deficiência na EJA e sobre a relações do Educador Especial com os professores da EJA e com os
alunos com deficiência. Os resultados iniciais constatam que a escola possui 37 alunos matriculados
na EJA, sendo 27 alunos no Termo I 10 alunos do Termo II. O termo I da EJA possui um aluno com
deficiência intelectual que tem atendimento educacional especializado na escola em que o estudo
está sendo realizado. No que tange sobre a Concepção do professor da EJA sob o perfil de seu aluno
que possui deficiência intelectual em sua sala de aula, revela, além do desconhecimento sobre a
deficiência deste, ainda ressalta sua descrença em seu aprendizado, construindo uma “profecia” do
não sucesso escolar de tal alunado. Já a educadora especial que atende o aluno jovem e adulto com
deficiência intelectual caracteriza-o com a impossibilidade do aprendizado desse sujeito, já que este
se encontra na presente escola desde 2006. A concepção da educadora especial permite-nos a
reflexão de que este aluno está pautado no lugar do “não saber” perpetuado, termo enfatizado por
Naujorks (2010), não permitindo a mudança de sua concepção, nem mesmo do professor da EJA.
Verificou-se ainda que ambos os docentes possuem dificuldades conceituais sobre o termo
“Terminalidade Específica”. Ainda são poucos estudos sobre os jovens e adultos com deficiência
intelectual na EJA, bem como sobre a educação de jovens e adultos na interface com a educação
especial. É imprescindível a existência de políticas públicas efetivas que contemplem investimentos
financeiros, técnicos e científicos à educação de jovens e adultos com deficiência intelectual;
normalmente marcados pela exclusão e pela impossibilidade de serem tratados como cidadãos.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
94
A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NA REDE REGULAR DE
ENSINO: OS DESAFIOS DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE SÃO CARLOS.
Autor(a): Tamis Eliza Alves ([email protected])
Co-autor(a): Lilyann Rebeka Bondancia; Luciana Regina Valentim
Orientador(a): Profª. Drª. Edna Aparecida Cursino
IES: Centro Universitário Central Paulista - UNICEP
Departamento: Departamento de Psicologia
A elaboração deste trabalho se deu a partir do estudo de vários autores e pesquisas feitas durante a
disciplina de Metodologia Científica e Técnica em Pesquisa, do curso de Psicologia do Centro
Universitário Central Paulista – UNICEP e das várias questões e reflexões que passei a fazer, em
momento oportuno, através das experiências de estágios e do trabalho docente na área de educação,
referente as dificuldades e desafios, vivenciados por professores de escolas regulares, na cidade de
São Carlos, com crianças do processo inclusivo nas salas de aulas. O principal conceito da inclusão
compreende em ir além da incorporação daqueles que estavam segregados, ela exige mudanças na
forma de se ver ás diferenças. É preciso enxergar o outro em toda a sua globalidade, em todas as
suas dimensões. O professor deve buscar o desenvolvimento integral de cada um de seus alunos.
Infelizmente, tornar a educação de fato totalmente inclusiva é um desafio ainda muito complexo e
um objetivo distante da prática pedagógica diária dos professores. Apontados como um dos
principais obstáculos para a efetivação da inclusão escolar educadores e suas ações pedagógicas
pouco ou em nada a têm colaborado para a efetivação da inclusão, tanto na relação aos conteúdos
estudados, quanto no trabalho pedagógico. Diante dessa complexidade, e relevância do tema, é que
se faz a necessidade de se investigar a inserção de crianças com necessidades especiais inclusas na
rede regular de ensino, a partir do olhar de seus professores, para uma compreensão mais detalhada
da realidade. Para tanto, tomamos como campo empírico, escolas de rede regular de ensino no
município de São Carlos/SP, e como sujeito de pesquisa 20 (vinte) professores que lecionam nestas
instituições. Como suporte pedagógico, adotamos a abordagem quantitativa e qualitativa, elegendo
o questionário (entrevista) como ferramenta. Esta pesquisa pretende investigar quais são os
principais desafios enfrentados no cotidiano escolar dos profissionais em questão, que impedem que
a inclusão aconteça de fato, na tentativa de indicar norteadores e de oferecer subsídios para
superação das possíveis dificuldades, na busca de uma educação livre de preconceitos e mais justa.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
95
ANÁLISE DAS PESQUISAS BRASILEIRAS SOBRE A ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: PRODUÇÕES DE 1988 A 2008.
Autor(a): Jessica de Brito ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Juliane Ap. de Paula Perez Campos
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
Dentre os muitos desafios que se coloca a educação inclusiva, está a educação de jovens e adultos
com deficiência, dentre estes se destacam aqueles com deficiência intelectual. Normalmente o que
se observa é que a trajetória escolar dessas pessoas é lembrada mais por histórias de fracasso do que
por possibilidades de sucesso. (Re)conhecer como a escola brasileira foi, é, e esta sendo organizada
para os jovens e adultos com deficiência intelectual, torna-se fundamental nesse momento; ou seja,
qual tem sido o foco de interesse nas pesquisas sobre educação de jovens e adultos com deficiência
intelectual? A presente pesquisa teve como objetivo investigar as produções científicas brasileiras
sobre a educação de jovens e adultos com deficiência intelectual, localizadas em dissertações e teses
defendidas no período de 1988 a 2008. Tendo como referência a pesquisa bibliográfica, realizou-se
o levantamento das dissertações e teses junto ao portal da CAPES, através da busca com descritores
específicos que contemplassem a educação de jovens e adultos, educação especial, e deficiência
intelectual ou mental. A partir desta etapa, seguida de leitura exploratória e seletiva, houve a
catalogação das informações contidas nos resumos informados, sendo identificados: instituição; ano
de defesa; programa de pós-graduação, tipo de documento; tema principal; tema secundário;
objetivos; tipo de pesquisa; participantes; instrumentos/ procedimentos para coleta dos dados; fonte
de coleta dos dados; resultados e conclusão. Após a seleção dos resumos, totalizando em vinte
produções que contemplassem o foco da pesquisa, a pesquisadora teve acesso à obra completa,
sendo realizados a leitura, levantamento e análise das informações contidas nas produções. Os
dados foram categorizados e organizados em tabelas. Dos vinte resumos analisados, apenas dez
produções foram selecionadas e analisadas, sendo oito dissertações e duas teses, a maioria
defendida ao longo da década de 2000. A maior parte das instituições de ensino superior (IES) das
produções defendidas localiza-se nas regiões sudeste e sul do país, sendo 78% oriundas das IES
públicas e 22% das privadas. Dentre os objetivos dos trabalhos analisados, 50% deles trataram
sobre a alfabetização de jovens e adultos com deficiência intelectual, 30% focaram sobre a tríade
família, escola e sociedade; e os 20% restantes trataram sobre a terminalidade específica e os
projetos político-pedagógicos de instituições beneficentes, públicas e privadas. As informações
levantadas, pautadas na análise descritiva, crítica e interpretativa dos dados possibilitaram uma
reflexão acerca das convergências e divergências entre diferentes realidades sobre a educação de
jovens e adultos com deficiência intelectual, encontradas nas produções científicas brasileiras; bem
como a necessidade de futuras pesquisas.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
96
REAPRENDENDO A OLHAR: APRENDIZAGENS E DESCOBERTAS DE FAMILIARES
DE CRIANÇAS PORTADORAS DE AUTISMO.
Autor: Diego Tadeu Mota Baptista. ([email protected])
Co-autores: Elisangela Cristina Baldan Pereira Neto; Joice Mariana Baldesin; Pérsio Aparecido
dos Santos; Rosemary Almeida Vasconi. Universidade Camilo Castelo Branco.
Orientador(a): Profª. Me. Giseli Renata Gouvea.
IES: Universidade Camilo Castelo Branco - UNICASTELO
Departamento: Psicologia.
O Presente trabalho se construiu através da experiência vivenciada na APAE de Porto Ferreira,
desenvolvida durante o estágio supervisionado da disciplina de Intervenções em Psicologia do
Portador de Necessidades Especiais do curso Psicologia da Universidade Camilo Castelo Branco.
No decorrer do estágio buscamos compreender as condições dos portadores de autismos na
dinâmica familiar e nos processos educacionais desenvolvidos apreendidos pela família dentro da
instituição de educação especial. O autismo é cientificamente conceituado como um dos transtornos
globais do desenvolvimento, tendo três núcleos centrais: relação; comunicação e linguagem e
ausência de flexibilidade mental e de comportamento, (COOL, 2004, p. 234). Sprovieri (2001) em
seus trabalhos notificou que, na maioria das famílias de autistas são as mães que são as lideres da
família, e o casal em muitos casos apresentam traços frigidos, pois a crise freqüente afeta a
estruturação de todos os membros da família, que sim a família esta em momentos de crise, porém
vê como uma crise momentânea onde a família passara por algumas mudanças para a adaptação
daquela realidade. O procedimento metodológico para a para a obtenção dos dados da pesquisa
consistiu na realização de entrevistas semiestruturadas com 03 famílias de alunos portadores de
autismo, também utilizamos fichas de relatório diário e relatórios semanais para o armazenamento
de dados coletados. Após a análise dos dados pudemos perceber a existência de uma preocupação
latente dos pais em relação ao futuro dos seus filhos, procurando o apoio psicoeducacional dentro
da instituição, almejando buscar novas informações sobre o autismo. Com relação os pais de
autistas recém-descobertos existem uma euforia maior, para obtenção de novas informações, e após
o processo de aceitação e descoberta das características dos filhos autismos pudemos perceber uma
maior seriedade na postura estabelecida entre os familiares e o autista, existindo uma busca
constante pela melhoria na qualidade de vida de seus filhos, buscando entre inúmeros instrumentos
a utilização do Método Teacch, que ajuda o estabelecimento de rotina para o cotidiano do indivíduo
portador de autismo. O método TEACCH é utilizado para auxilio dos profissionais para
desenvolver a aprendizagem, independência, habilidades e comunicação do autista, (KWEE, 2006,
p.235). A importância deste método se estabelece devido à estruturação de atividades de vida diária,
possibilitando a construção de uma melhor qualidade de vida para os portadores de autismo. Apesar
dos pais apresentarem a preocupação em relação à melhoria da qualidade de vida dos seus filhos,
pôde perceber durante as entrevistas que não existe uma extensão educacional da utilização do
método TEACCH em suas casas, pois existe para eles uma significação diferenciada do é ser pais e
o que é ser professor, e muitas vezes esse modo de pensar pode ser prejudicial para o
desenvolvimento do autista, pois limita o exercício diário dos processos de aprendizagem do
método TEACCH.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
97
INCLUSÃO ESCOLAR DE DEFICIENTES VISUAIS NO ENSINO COMUM.
Autor: Vanderlei Balbino da Costa. ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Luiz Gonçalves Junior.
IES: Universidade Federal de São Carlos/PPGEEs-UFSCar.
Departamento: Departamento de Educação Física e Motricidade Humana.
O presente resumo é resultado da pesquisa, intitulada “A Prática Social da Convivência Escolar
Entre Estudantes Deficientes Visuais e seus Docentes: o estreito caminho em direção à inclusão” é
resultado de um trabalho realizado entre 2007 e 2008 nas escolas da rede básica da cidade de São
Carlos/SP. Identificamos nesse estudo que durante décadas as pessoas com deficiência foram
marginalizadas, excluídas e segregadas. Assim, nesse processo não se respeitava o outro, o
dessemelhante enfim, o deficiente. Justifica-se esse estudo a partir da necessidade de que na escola
as pessoas com deficiência precisam ser vistas, olhadas, percebidas enfim, respeitadas. Nesse
trabalho procuramos abordar como vem se dando o processo de inclusão escolar dos (as) estudantes
deficientes visuais regularmente matriculados nas escolas do ensino fundamental e médio desse
município. Deste modo, nossa questão suleadora nesse estudo foi: “Quais os processos educativos
vivenciados por estudantes Deficientes Visuais na prática social da convivência escolar no ensino
regular, em especial nas relações entre os (as) discentes com seus docentes?”. Os objetivos deste
estudo buscaram: compreender os processos educativos decorrentes da prática social da convivência
escolar, em especial nas relações entre os (as) estudantes Deficientes Visuais com seus (as)
docentes, particularmente se estão contribuindo para que aqueles(as) possam se perceber enquanto
estudantes incluídos(as) no ensino escolar regular; e investigar como vem se dando o processo de
inclusão dos(as) estudantes Deficientes Visuais no ensino regular em escolas onde são ministradas
aulas para estudantes considerados normais. Nossa opção metodológica nesse estudo foi a pesquisa
qualitativa com base nos princípios filosóficos da Fenomenologia, cujo enfoque é a observação, a
descrição compreensiva das vivências que realizei durante três meses com estudantes deficientes
visuais e a dialogicidade entre esses sujeitos e com esses sujeitos por meio da observação
participante. Os procedimentos foram: aproximação nas escolas e em seu entorno; convivência em
diferentes contextos educacionais com esses DVs bem como observação em sala de aula através do
convívio. O referencial teórico centrou-se nos escritos de Dussel, Freire, Fiori, Brandão, entre
outros(as) que nos possibilitou entender um pouco mais sobre a educação escolar. Utilizamos ainda
referenciais que abordam a temática da Inclusão em especial as que se referem às pessoas com
deficiência no ensino regular. Finalmente, para a Construção dos Resultados, utilizei as observações
feitas em três escolas de ensino regular, registrando os dados sistematicamente em notas de campo
(NC), bem como as entrevistas realizadas com seis estudantes deficientes visuais regularmente
matriculados nas escolas observadas. Os resultados obtidos nessa pesquisa nos levaram a pensar que
o processo de Inclusão ainda vem se efetivando de forma parcial, pois percebemos a necessidade de
formação docente, aquisição de recursos didático-pedagógicos, bem como adaptação na estrutura da
escola para receber com eficácia o ingresso e permanência dos (as) estudantes com deficiência
visual nas escolas de educação básica da cidade de São Carlos/SP.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
98
INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: UM ESTUDO
INICIAL DA REALIDADE DA CIDADE DE SÃO CARLOS-SP.
Autor(a): Chaiane Candido dos Santos. ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Márcia Duarte.
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia.
A educação inclusiva se caracteriza como um acesso à educação das pessoas historicamente
excluídas em função de sua classe, etnia, gênero, idade e deficiência. A proposta da inclusão escolar
enfatiza, dentre outros aspectos, que os sistemas de ensino devem respeitar e atender as
necessidades educacionais das pessoas com deficiência na classe regular. Para tanto, as escolas
dispõem de vários serviços, recursos e estratégias, como: salas de recursos multifuncionais ou de
apoio pedagógico, atendimento educacional especializado, acesso ao currículo. Dentre os vários
documentos nacionais e internacionais que têm norteado a discussão e os movimentos da educação
inclusiva, cabe-nos destacar alguns que ressaltam a educação especial e priorizam a escolarização
das pessoas com deficiência nas escolas do ensino regular. São eles: Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1988), Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994), Lei de Diretrizes e Bases da
Educação n. 9.394/ 96 (BRASIL, 1996), Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). A inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual tem
sido um dos principais pontos de discussão no âmbito educacional. Tais discussões visam refletir
acerca das demandas de um alunado que apresenta especificidades e que possui o direito de acesso e
permanência na escola e a um ensino de qualidade. Assim, considerando a proposta da inclusão
escolar, o objetivo do estudo aqui apresentado, foi mapear o número de alunos diagnosticados com
deficiência intelectual incluídos no ensino fundamental, nas classes da rede estadual e municipal de
uma cidade do interior do estado de São Paulo, e verificar como está ocorrendo a inclusão escolar
desses alunos na visão dos gestores da Educação Especial. O presente estudo teve como referência
metodológica a pesquisa exploratória, a partir da perspectiva do estudo de caso, ou seja, o estudo de
uma realidade local e suas especificidades. A pesquisa está sendo realizada na Secretaria Municipal
de Educação e na Diretoria de Ensino de uma cidade do interior do estado de São Paulo, tendo
como foco as escolas do ensino fundamental que possui alunos com deficiência intelectual
matriculados. Foi realizada entrevista semiestruturada com os gestores responsáveis pela Educação
Especial das respectivas redes de ensino. A cidade de São Carlos localiza-se no centro geográfico do
estado de São Paulo, com população estimada de aproximadamente 222.000 habitantes, sendo 96%
pertencentes na área urbana (IBGE, 2010). Dados do censo escolar de 2009 (MEC/INEP) revelam
39.171 matrículas de alunos na educação básica pública no município investigado, sendo 14.336
alunos matriculados na rede municipal de ensino, onde 189 matrículas são de alunos com
deficiência em classes comuns dos diferentes níveis de ensino. Os dados analisados até o presente
momento mostram que no ano de 2010, a rede estadual de São Carlos conta com 31 escolas do
Ensino Fundamental e tem em suas classes 109 alunos com deficiência intelectual matriculados,
sendo que 41 desses alunos frequentam a sala de recursos. Segundo o responsável pela Educação
Especial “a inclusão nas escolas de rede estadual é um processo em curso. O estado ideal de
inclusão é difícil de atingir uma vez que não há escolas inteiramente pronta e preparada,
considerando a diversidade que se constata entre os alunos ingressantes, o que requer sempre novas
medidas adaptativas além de flexibilização e dinamização do currículo para atender, efetivamente,
as necessidades educacionais dos alunos”.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
99
A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NA INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS
SURDOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.
Autor(a): Daiane Natalia Schiavon. ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Luci Pastor Manzoli.
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática
A inclusão educacional requer uma completa reestruturação nas ações de gestão e nas ações
educacionais de todo o sistema, o qual deve garantir todo o suporte necessário às condições de cada
aluno, assegurando uma resposta educacional adequada às suas necessidades, especialmente no
tocante às necessidades dos alunos surdos. Dessa maneira, os estudos bibliográficos têm apontado
que uma das maiores preocupações dos professores a partir do processo inclusivo, tem sido de
como ensinar alunos com deficiências em suas turmas comuns, uma vez que isso requer
reformulação de suas práticas pedagógicas. (OMOTE, 1996). Sob esta perspectiva, a inclusão se
configura como um longo caminho a ser trilhado, especialmente no tocante às necessidades de
alunos surdos, que possuem características de comunicação bastante diferenciadas das demais
pessoas. Atualmente a comunidade surda defende o uso da língua de sinais como forma de
linguagem mais acessível aos surdos, pois é considerada sua língua natural. Assim, a educação
bilíngue propõe a língua de sinais no trabalho educacional como fundamental para a aquisição da
linguagem pela pessoa surda, ou seja, esta é ensinada como língua materna. (GOLDELD, 2002).
A pesquisa tem por objetivo analisar os efeitos da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS na
escolarização de alunos surdos do ensino fundamental, mais especificamente das séries iniciais,
bem como analisar o processo de ensino aprendizagem destes alunos juntamente com o professor da
sala de recursos especializado na área da surdez e com a professora do ensino comum. Neste
tocante, especificamente pretende-se analisar a influência da LIBRAS no processo de ensino-
aprendizagem do aluno surdo em sala de recursos; e a descrever as estratégias de ensino utilizadas
pela professora especialista e as adaptações da professora do ensino comum. Este trabalho se
constituiu numa pesquisa de cunho qualitativo. A pesquisa vem se realizando em uma escola da
Rede Municipal de uma cidade de pequeno porte do interior do Estado de São Paulo. Os
participantes da pesquisa são 4 professores de sala comum do ensino regular, uma professora de
sala de recursos especialista em surdez, e seus 4 respectivos alunos surdos. Utilizaremos a
observação como recurso fundamental de investigação, visando identificar as práticas pedagógicas
utilizadas pelos professores; um questionário a ser aplicado com os professores do ensino regular; e
uma entrevista com a professora especialista em surdez acerca da relevância da Língua de Sinais e
os efeitos desta na escolarização dos alunos surdos. As observações estão em curso e são realizadas
semanalmente. Os dados coletados, de maneira geral, serão analisados, categorizados e atrelados à
bibliografia levantada, bem como com a realidade verificada. As categorias serão determinadas
tendo em vista os itens apontados no protocolo de observação das aulas, bem como do
questionário/entrevista aplicado com os professores, os quais abordarão especificamente: atuação
com alunos surdos; apoio ou orientação; ações comunicativas; estratégias pedagógicas; língua de
Sinais. Os resultados preliminares já apontam avanços significativos na aprendizagem dos alunos
surdos por meio da língua de sinais e de sua apropriação e indicam a divergência das metodologias
encontradas nas práticas dos professores envolvidos.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
100
A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS LÚDICOS PARA A ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS
COM NECESSIDADES ESPECIAIS
Autor(a): Rafaela Marchetti. ([email protected])
Orientador(a): Profª. Me. Janaína Lopes.
IES: Faculdade São Luis-Jaboticabal.
Departamento: Pós Graduação Lato Senso em Educação.
Com esta pesquisa demonstrarei como a utilização de recursos lúdicos pode facilitar o processo de
ensino e aprendizagem das crianças com necessidades especiais, em seu processo de alfabetização
na Educação Infantil, ampliando as possibilidades de atuação da criança no mundo apesar dos
déficits que apresenta, de forma a proporcionar novas e constantes aprendizagens à criança,
respeitando sempre seu ritmo de desenvolvimento e aprendizagem. Este trabalho tem como objetivo
apresentar estratégias de ensino diversificadas a fim de facilitar o processo de alfabetização para
crianças com necessidades educacionais especiais na Educação Infantil, sendo esta etapa de suma
importância para o desenvolvimento integral do educando. Para este trabalho utilizarei de um
referencial teórico, embasado em documentos oficiais, e bibliografias que abordam este tema em
seus vários aspectos, em seguida uma pesquisa de campo, a fim de contrastar a teoria com a prática
realizada. O trabalho será estruturado da em três capítulos: o primeiro capítulo constará em um
referencial teórico sobre os conceitos de alfabetização e letramento, o segundo capítulo tratará sobre
a definição de recursos lúdicos, enfocando em jogos, relacionando a utilização dos mesmos como
forma para se trabalhar a alfabetização de crianças com necessidades especiais na Educação
Infantil , o terceiro capítulo será um estudo de caso com uma criança com a Síndrome de Duchenne ,
apresentando algumas possibilidades de intervenções utilizando de jogos para trabalhar a
alfabetização da referida criança. Para finalizar foi realizado um contrastamento entre o referencial
teórico, e sobre a aplicação das intervenções, considerando como foi de suma importância esta
relação entre a teoria e a pratica.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
101
DESENVOLVIMENTO DE UM RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO E
APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CURRICULARES DE FÍSICA PARA ESTUDANTES
COM DEFICIÊNCIA VISUAL.
Autor(a): Josiane Pereira Torres. ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Enicéia Gonçalves Mendes.
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
A política de inclusão escolar implica num processo de reforma e de reestruturação das escolas
como um todo, de forma que assegure a todos os estudantes o acesso e permanência no processo
educativo com qualidade. Mittler (2003) esclarece que entre as demais oportunidades que a escola
deve dispor para atender a esta política, está a disponibilização de recursos didáticos que possam
contribuir neste processo. Em relação a aprendizagem dos conceitos físicos, no ensino médio surge
uma preocupação, pois esta requer o uso do sentido visão, o qual parece dominar a compreensão do
mundo físico (CAMARGO, 2005). Diante disso, Cerqueira e Ferreira (1996) esclarecem que os
recursos didáticos assumem grande importância no processo educativo de pessoas com deficiência
visual (DV). Dessa forma, entendemos por recursos didáticos os meios alternativos desenvolvidos
para fins educacionais, com o intuito de contribuir para a aprendizagem do conteúdo curricular.
Partindo do pressuposto de que os estudantes com DV podem não conseguir acompanhar as
explicações sobre os conceitos físicos, trabalhados no ensino médio, identificamos nos recursos
didáticos meios potencializadores que podem contribuir na aprendizagem e no desenvolvimento
destes conhecimentos. Proporcionando de forma tátil que os conceitos possam ser manipulados
pelos estudantes com DV de forma que estes consigam identificar como ocorrem os fenômenos
físicos que são trabalhados no currículo da disciplina de física. Pesquisas que se propuseram a
desenvolver recursos didáticos para o ensino de física (MEDEIROS et al. 2007 ; CAMARGO, 2007,
2008; DOMINICI, 2008), apresentam propostas relevantes. No entanto, nestas propostas notamos
que há certo limite de aplicabilidade e modificações, além de exigirem tempo de planejamento e
terem curta durabilidade. Aliado a esta preocupação buscamos identificar materiais para o
desenvolvimento um recurso didático que possa permitir inúmeras variações, de modo que as
situações dos conceitos físicos possam ser montadas e manipuladas durante a aula, proporcionando
ao aluno com DV uma experiência mais significativa e contextualizada do fenômeno estudado,
garantido que tenha uma maior durabilidade e portabilidade. Acreditamos que um recurso com tais
características poderá subsidiar o trabalho pedagógico do professor com seus alunos com DV de
modo que estes possam acompanhar o desenvolvimento da aula juntamente com seus colegas sem
deficiência. Para tanto, temos por objetivo desenvolver um recurso didático para estudantes com
DV que possa proporcionar o desenvolvimento do trabalho pedagógico acerca dos fenômenos
físicos. A presente investigação encontra-se em andamento e tem como processo metodológico a
construção de um protótipo (recurso didático). Os procedimentos metodológicos se dividem em três
etapas. A primeira consistirá numa análise de livros didáticos de física para identificar a forma como
os conceitos são abordados para reorganizá-los de forma tátil. A segunda visa dimensionar e listar
os materiais que serão utilizados para a confecção do protótipo. E finalmente a terceira etapa será a
de aprimoramento do protótipo, que se dará com a participação de cinco alunos, cujo critério de
inclusão será: ser cego e estar no ensino médio. A fase de aprimoramento do protótipo acontecerá
em encontros com os alunos cegos. Os instrumentos usados será entrevista semi-estruturada, diário
de campo, gravações e filmagens.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
102
INCLUSÃO ESCOLAR E SURDEZ: UM ESTUDO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE
PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Autor(a): Daiane Natalia Schiavon ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Luci Pastor Manzoli.
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Didática.
Há em nosso país um grande número de pessoas com surdez, e a sua principal repercussão
relaciona-se a um canal efetivo de comunicação. Um dos maiores comprometimentos relacionados
a estes distúrbios, especificamente no contexto educacional, é a ausência de práticas pedagógicas
realmente inclusivas, ou seja, que contribuam com a inserção deste alunado em classes comuns do
ensino regular. Neste sentido, conforme aponta Marchesi (1995, p.219) “a comunicação e a
linguagem na educação dos surdos é um dos pontos mais importantes que deve estar presente em
todo o processo de ensino-aprendizagem”. O trabalho teve por objetivo analisar o processo de
educação de surdos, período inicial de alfabetização, sob a ótica dos professores que atuam com
esses alunos, observando se as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores eram realmente
inclusivas. E neste tocante, especificamente a identificar como se configuram as barreiras
comunicativas em sala de aula no que se refere à relação do professor com o aluno surdo e
descrever as práticas pedagógicas dos professores que permeiam o processo educativo do aluno
surdo e comparar com o que estes denominam como sendo sua prática. Este trabalho se constituiu
numa pesquisa de cunho qualitativo, que de acordo com Bogdan e Biklen (1982, p.13) [...] “envolve
a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada
[...]”. A pesquisa desenvolveu-se em duas escolas de Ensino Fundamental da Rede Municipal de
uma cidade de pequeno porte do Estado de São Paulo. Foi aplicado junto aos docentes um
questionário/entrevista constituído por reflexões acerca de sua própria prática pedagógica, referente
ao ensino aprendizagem do aluno surdo. Os resultados reforçam a idéia de que cabe aos educadores
estarem mais próximos ao desenvolvimento dos alunos, fazendo adaptações do currículo e
estruturando estratégias comunicativas e pedagógicas para cada um. Evidenciam a necessidade da
continuidade da formação dos professores, que atuam com estes alunos, e ainda apontam
dificuldades relacionadas ao padrão de comunicação entre a professora e o aluno, oriundas da
importância da LIBRAS como canal efetivo de compreensão entre ambos. Os dados mostraram
também a importância da formação contínua e o aprendizado da língua de sinais principalmente
para aqueles professores que possuem em suas classes alunos surdos. Também apontaram a
necessidade de uma atuação conjunta dos professores especializados na área de surdez a estar
orientando os do ensino regular, ressaltando ainda, a importância da presença do intérprete junto ao
aluno surdo, para que ele possa desfrutar do ensino inclusivo com mais qualidade. O trabalho
mostrou em todos os sentidos, que ao lidar com o aluno surdo nas escolas inclusivas, o fator
preponderante é a comunicação e o restante dos acontecimentos surgidos, são conseqüências, pois,
não só os dados deste estudo mostram que o problema vital que a maioria dos surdos enfrenta, é de
ordem sócio-cultural. Devido a sua incapacidade lingüística de receber informações do mundo que
o cerca, torna-se isolado por possuir características lingüísticas próprias, ou seja, diferente das
demais pessoas ouvintes. Para que a inclusão se concretize precisamos de profissionais
comprometidos com a educação que atuem para a ruptura de paradigmas que limitam e
estigmatizam o surdo, e que tenham a consciência de que para ser educador é preciso estar disposto
a aprender formando-se continuamente.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
103
O TRABALHO COM A ESTIMULAÇÃO PRECOCE COM CRIANÇAS COM SÍNDROME
DE DOWN NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Autor(a): Rafaela Marchetti. ([email protected])
Orientador(a): Profª. Me. Fabiana Chinalia.
IES: Faculdade São Luis-Jaboticabal
Departamento: Pós Graduação Lato Senso em Educação.
O Trabalho com a estimulação precoce com crianças com Síndrome de Down na Educação Infantil.
Este trabalho tem como objetivo apresentar a eficácia do trabalho com a estimulação precoce em
crianças com necessidades educacionais especiais na Educação Infantil, sendo esta etapa de suma
importância para o desenvolvimento integral do educando. Com esta pesquisa demonstrarei como a
estimulação precoce realizada na educação infantil, efetivamente amplia as possibilidades de
atuação da criança no mundo apesar dos déficits que apresenta, de forma a proporcionar novas e
constantes aprendizagens a criança, respeitando sempre seu ritmo de desenvolvimento e
aprendizagem. Para este trabalho utilizarei de um referencial teórico, embasado em documentos
oficiais, e bibliografias que abordam este tema em seus vários aspectos, em seguida uma pesquisa
de campo, a fim de contrastar a teoria com a prática realizada. O trabalho será estruturado da
seguinte forma: Em cinco capítulos, sendo o primeiro sobre a estimulação precoce e algumas
informações relevantes, o segundo sobre o roteiro de anamnese realizado na pesquisa de campo,
visando conhecer e obter dados sobre a criança em questão, o terceiro um estudo da faixa etária de
0-3 anos segundo as teorias de Jean Piaget, o quarto um pequeno estudo sobre as principais
características da Síndrome de Down e o quinto a elaboração de seis intervenções que também
serão realizadas na pesquisa de campo, a fim de aplicar efetivamente a estimulação precoce. Para
finalizar o trabalho as considerações finais visando contrastar a pesquisa teórica, com os dados
obtidos na pesquisa de campo.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
104
PROFESSOR DO ENSINO REGULAR E PROFESSOR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: UM
ESTUDO DA INTERAÇÃO DESSES PROFISSIONAIS NA ELABORAÇÃO DE
ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.
Autor(a): Aline Nathalia Marques. ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Márcia Duarte.
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Psicologia
A educação e principalmente a educação especial, foram se modificando de acordo com sua época.
A educação para as pessoas com deficiência ocorreu em hospitais psiquiátricos, instituições
filantrópicas, salas especiais, até chegar ao que hoje chamamos de inclusão. Hoje o aluno com
deficiência deve estar matriculado meio período na escola regular e no contra-turno, no
Atendimento Educacional Especializado, podendo ser uma escola especializada ou uma sala de
recursos multifuncional. De acordo com as Diretrizes Operacionais para a Educação Especial, deve
haver uma transversalidade entre os ensinos regular e especial. Para isso é indispensável a ação
colaborativa entre os professores do ensino regular e do ensino especial. A ação colaborativa
proporciona aos professores novas experiências, e permite ao aluno que ele avance no processo de
ensino-aprendizagem, já que o professor do ensino regular é especialista em currículo e conteúdo e
o professor do ensino especial é especialista em avaliação, instruções e estratégias de ensino. Assim,
o objetivo dessa pesquisa é investigar como está ocorrendo o trabalho de colaboração entre os
professores do ensino regular e ensino especial em uma cidade de médio porte do interior do estado
de São Paulo na aprendizagem do aluno com deficiência intelectual, e analisar como este trabalho
auxilia nas adaptações curriculares. Os dados estão sendo coletados através de entrevistas semi-
estruturadas realizadas com dois professores do ensino regular e com dois professores de educação
especial, (professores do mesmo aluno com deficiência intelectual). Os relatos destes professores
deixam transparecer, a carência nos conteúdos específicos da educação especial, a insuficiência do
número de professores da educação especial para atender à demanda de alunos com deficiência
intelectual, por outro lado, a os professores investigados realizam adaptações curriculares, e
apontam benefícios na sua relação com o professor da educação especial na elaboração de
estratégias metodológicas para os alunos.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
105
OS ESTUDANTES COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E A INCLUSÃO
NO ENSINO REGULAR: QUAIS OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS EDUCADORES?
Autor(a): Bruna Cristina Comin. ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Márcia Regina Onofre.
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Metodologia de Ensino.
O interesse pelo tema surgiu em 2009, quando na realização da disciplina de Estágio supervisionado
em docência (com um 4° ano), houve contato com uma estudante com Síndrome de Down, com a
qual foi realizado um atendimento mais individualizado. Essa experiência foi à grande responsável
pela motivação de buscar entender, de forma mais aprofundada, o funcionamento da Educação
Especial. As temáticas da Inclusão e da Educação Especial tornam-se evidentes a partir do instante
em que observamos a presença cada vez maior de estudantes com necessidades educacionais
especiais nas redes de ensino regular, graças à atual proposta governamental de inclusão que visa
oferecer uma boa escola para todos. Diante de tal fato, o objetivo principal desse trabalho foi o de
trazer uma discussão sobre como tem se dado a inclusão da criança com necessidades educacionais
especiais no sistema de ensino regular, considerando a visão dos educadores, a partir de entrevistas
com pesquisadores e professores da área da Educação Especial. Tomando como referência Bogdan
e Biklen (1994); Ludke e André (1986); Goode e Hatt (1977) e Triviños (1987), a metodologia deste
trabalho foi basicamente experimental de caráter qualitativo, com a aplicação de questionários aos
participantes. Sobre a disposição dos participantes, é possível considerar que ao todo foram quatro:
uma professora da rede pública de ensino, um professor da APAE, uma coordenadora de curso da
pós-graduação na área da Educação Especial e uma pesquisadora na área. A escolha destes
profissionais foi importante para que a compreensão dos olhares de diferentes profissionais da área
e experiências em relação ao processo de inclusão. De forma a preservar a identidade dos mesmos,
os quatro entrevistados serão classificados de acordo com o cargo que ocupam em seu ambiente
profissional. Os sujeitos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os
resultados tidos estiveram relacionados aos diversos obstáculos enfrentados pelos educadores, tais
como: falta de infra-estrutura na escola, falta de material pedagógico, falta de clareza sobre o que é
a inclusão de fato e a presença de uma cultura que vê a necessidade especial como deficiência. Pelo
questionário, notou-se que os profissionais que lidam bem com a inclusão o fazem com sua conta
em risco, devido a essas precárias condições de trabalho que impedem muitas vezes um trabalho
com êxito. Sobre a formação inicial e continuada, foi observado que, apesar de permitir a reflexão,
não abrange toda a dimensão da educação especial, fazendo com que os educadores tenham
dificuldade para lidar com a inclusão de estudantes com necessidades especiais no ensino regular.
Apesar dos obstáculos, todo o esforço acaba valendo à pena quando o estudante realiza um pequeno
avanço que seja. Outro resultado marcante foi o significado diferente que cada profissional da à
Inclusão de acordo com o professor da APAE, pois poucos profissionais têm clareza sobre os
processos de inclusão às pessoas com deficiências, o que dificulta o trabalho do professor da sala de
apoio.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
106
SEÇÃO I - SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
“COMUNIDADE CIENTÍFICA” DOS EDUCADORES: REFERENCIAIS TEÓRICOS
METODOLÓGICOS. GTS ANPED.
Autor(a): Ana Paula Barbim Taricio ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara.
Departamento: Ciências da Educação
O presente trabalho, ainda não concluído, tem como objetivo analisar as metodologias científicas
aplicadas à Educação, bem como seus referenciais teóricos, que servirão de sustentação para a parte
empírica que será investigada adiante. Os autores Fernando Gewandsznajder e Alda Judith Alves-
Mazzotti fazem comparações entre paradigmas das ciências naturais e sociais, Alda Judith Alves-
Mazzotti analisa paradigmas qualitativos a partir dos conceitos do construtivismo social, pós-
positivismo, e teoria crítica. Thomas S. Kuhn, basicamente, afirma que o desenvolvimento da
ciência e aperfeiçoamento de determinadas teorias ocorrem principalmente com o decorrer da
história. As pesquisas realizadas pelos grupos de trabalho da ANPED foram analisadas a partir dos
conceitos estudados da autora Alda Judith Alves-Mazzotti.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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VIOLÊNCIA, IMAGINÁRIO E EDUCAÇÃO ESCOLAR.
Autor(a): Ana Paula Poli ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Denis Domeneghetti Badia
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara.
Departamento: Ciências da Educação.
O projeto em questão, de iniciação científica, sob orientação do Professor Dr. Denis Domeneghetti
Badia traz a pesquisa feita de outubro de 2010 a maio de 2011. Essa tem o intuito de mostrar aquilo
que os etólogos chamam de “homo violens”, cuja presença foi estudada não só por Konrad Lorenz,
mas por filósofos e antropólogos como G. Bataille, R. Dadoun e R. Girard, evidenciando a “parte
maldita”. Em um outro momento foi estudado, a partir do levantamento realizado por Marília
Pontes Spósito (2001), como se delineia a pesquisa sobre violência escolar no Brasil. Sendo assim,
até o momento, objetivou-se equacionar o fenômeno da violência segundo a etologia, a psicanálise e
a sócio-antropologia e tomar contato e conhecimento da pesquisa escolar no Brasil. Em princípio
foi feito um estudo através da leitura na integra do livro intitulado “A violência: ensaio acerca do
“homo violens”” do autor Roger Dadoun. O propósito do livro em questão é o de introduzir uma
característica ao homem: a violência. O homo violens, que de acordo com o autor é o ser humano
definido e estruturado, intrínseco e fundamentalmente pela violência. Dadoun mostra em seu livro
até onde pode ir a violência e seus extremos. As formas de violência executadas por parte do
homem como o extermínio, os massacres, o terrorismo e os genocídios marcam toda a história do
inicio dos tempos até os dias de hoje. Voltando-se mais precisamente para a educação, o autor fala
que seria inútil pensar que o sistema educativo pode “transformar o potencial de violência do
sujeito”, uma vez que a educação trata a violência com violência. E ela, a escola, faz isso através de
suas “funções”. Nota-se, então, que o que existe dentro das escolas é um ritual de uma inegável
violência, com situações manipuladoras, regras normatizadoras, imposição de atitudes autoritárias,
toda uma cerimônia acontece com o intuito de gerar a “paz” e formar cidadãos. Sendo assim, o que
a pesquisa do livro de Dadoun mostra e é sintetizado aqui é a violência comum ao homem e que
esse, dessa forma, é sem dúvida, primordialmente, “um ser de violência, homo violens”, minúsculo,
mas decisivo “desvio” do homo sapiens sapiens. Em um outro momento do estudo foi trabalhado, já
tendo visto algumas formas e figuras da violência, a leitura do artigo “Um breve balanço da
pesquisa sobre a violência escolar no Brasil” escrito por Marília Sposito Pontes na Revista da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. No presente artigo o balanço das pesquisas
apresentadas se refere ao período após a década de 80 e seu enfoque está nas escolas situadas em
locais sob a influência do tráfico ou do crime organizado. Após mostrar sua pesquisa, usando
diversos fatores, (como os tipos de violência, se ocorreu em escolas publicas ou privadas, quem foi
o objeto principal do estudo, qual foi o pesquisador e etc.), essa sinaliza que deveria haver novos
estudos, em outras cidades brasileiras que trouxessem novos elementos, que inovassem. Para ela, a
própria escola deveria, então, ser um campo de pesquisa e, portanto, de crítica, já que é nela que
incidem tais conflitos. Portanto, com base no visto até o presente momento, procura-se com o
presente trabalho dar inicio, de fato, a entender o que acontece nessas relações sociais, nesses
contextos sociais, divergentes e diversos para poder, então, achar o problema real envolto as
situações de violência num ambiente que deveria estar rodeado pelo saber. Contata-se, dessa forma,
que existem ainda algumas lacunas e a necessidade de novas investigações para que essa área de
estudos se consolide.
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TRAJETÓRIAS DE ALUNAS E ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA.
Autor(a): Darbi Masson Suficier ([email protected])
Orientadora: Profª. Drª. Luci Regina Muzzeti
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara
Departamento: Didática
Objetiva-se analisar a trajetória social de graduandos do curso de Pedagogia de uma universidade
pública, provenientes das camadas populares. Com isso, pretende-se verificar o porquê desses
jovens terem optado pela profissão docente, através da análise da constituição de seus habitus.
Compreende-se o habitus como sistema de disposições duráveis, gerador e estruturador das práticas
e das representações desses agentes (Bourdieu, 1983). Para este estudo propõe-se utilizar o
referencial teórico elaborado por Pierre Bourdieu e equipe. Nesta perspectiva sociológica, a noção
de trajetória é compreendida “como série de posições sucessivamente ocupadas por um mesmo
agente (ou um mesmo grupo) num espaço que é ele próprio um devir, estando sujeito a incessantes
transformações” (Bourdieu, 1996, p.189). Tendo em vista a redução no número de candidatos aos
cursos de Pedagogia das universidades públicas paulistas, perguntamo-nos: Porque os alunos
pesquisados optaram pela carreira de professor? O diploma de nível superior, na perspectiva dos
agentes, traz ascensão social? Quais as estratégias empregadas? Quais os fatores que auxiliaram na
escolha do curso e da universidade? Quais os fatores externos às instituições públicas de ensino
superior responsáveis pela redução no número de candidatos dos cursos de licenciatura na década
atual? Assim, este trabalho busca o entendimento do papel que a escolarização possui para os
agentes (alunos e familiares) das camadas populares, buscando colaborar para os estudos de
trajetória social de alunos provenientes das camadas populares que almejam o ingresso na profissão
docente.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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MARCAS DE HETERONORMATIVIDADE: ESTUDO DE CASO SOBRE
PROFESSORES/AS ACERCA DA HOMOSSEXUALIDADE.
Autor: Hamilton Édio dos Santos Vieira ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Luzia Sigoli Fernandes Costa.
IES: Universidade Federal de São Carlos
Departamento: Ciências da Informação.
Esta pesquisa tem como objetivo pensar as marcas de heteronormatividade nas significações sobre
homossexualidade construídas pelos/as professores/as de uma unidade escolar pública da cidade de
São Carlos-SP, e principalmente a partir de observações feitas nesta sala de professores/as. A
experiência ocorreu em junho de 2010 no Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), na
perspectiva de um estudo de caso do tipo etnográfico (ANDRÉ, 2005; MACEDO, 2006), e de
abordagens sobre educação sexual, educação e diversidade sexual (DINIS, 2008; FURLANI, 2003;
LOURO, 2007) e heteronormatividade (JUNQUEIRA, 2010; LOURO, 2009; MISCKOLCI, 2002;
MORENO, 1999; SABO, 2002). Um grupo de 19 professores/as (com 14 mulheres e 5 homens)
concordaram em participar de dois momentos: na primeira parte cada professor/a criaria
construções relacionais entre cinco figuras geométricas (com diferentes formas e cores) nomeadas
“masculino” e outras “feminino”. Em um segundo momento foi projetado 19 imagens com registro
de três palavras que lhes ocorressem espontaneamente. Nas análises preliminares, dos 20
participantes, apenas seis desses, construíram relações entre feminino/feminino (02) e
masculino/masculino (04). Porém, esses mesmos seis, descartaram ainda uma das figuras
geométricas e construíram a segunda relação com masculino/feminino ou feminino/masculino.
Interessante observar que muitos/as professores/as usaram essas formas geométricas para criarem
forma de uma casa, cuja matriz remete ao conceito de casamento e relacionamento monogâmico.
Ou mesmo da constante necessidade de associar sexualidade, como se não pudessem existir outras
práticas sexuais, por exemplo, ligadas somente ao prazer, que para Junqueira (2010) seria como se
somente as práticas de vínculo com a afetividade e relacionamento fossem naturalizadas e corretas.
As relações aqui são permeadas fortemente por uma noção normativa que transforma sexo-gênero-
sexualidade em mesmas instâncias definidoras do sujeito (Guacira, 2009) e convergem a idéia de
uma referência heterossexual, revelando que o(s) sujeito(s) constitui (em)-se em normatividade,
silenciando os que extrapolam essa territorialidade. A prática da invisibilidade muitas vezes
aparecia nos silêncios quando se projetavam imagens (que por ora apenas se registram na memória
do pesquisador), mas que materializavam muitas vezes na dificuldade de expressarem-se, por
exemplo, quando projetada imagem de dois homens se beijando. Um dos caminhos possíveis de
análise seria pensar sobre essas construções de relações de poder e naturalização da
heteronormatividade na escola pelas inúmeras nuances da normatização. Por isso, perceber como
esse/a professora elabora suas concepções sobre homossexualidade e entender que o cotidiano
escolar também é permeado dessas questões, e interferem diferentemente no processo de construção
de sujeitos dentro desses espaços.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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INDÚSTRIA ESCOLAR E PROCESSOS SEMIFORMATIVOS.
Autor: João Mauro G. V. de Carvalho ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Luiz A. Calmon Nabuco Lastória.
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus Araraquara
Departamento: Psicologia da Educação.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados obtidos até o momento em pesquisa
de iniciação científica. Partimos dos conceitos de indústria cultural e semiformação para refletir
sociologicamente acerca das atuais condições da educação escolar brasileira. O conceito de
indústria cultural foi desenvolvido por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, no livro Dialética
do esclarecimento, enquanto o conceito de semiformação foi posteriormente trabalhado por Adorno
no ensaio Teoria da semiformação, como um complemento à teoria da indústria cultural. A partir
dessas teorias, é possível refletir criticamente acerca das implicações da organização industrial
sobre a educação escolar e a cultura de modo geral. Andréas Gruschka ressalta a importância de
pensar a escola na situação social de subsunção da Educação à Economia. Assim, não se trata
apenas de investigar o modo como os conteúdos da indústria cultural são incorporados pela prática
educacional - de modo consciente ou não -, mas sim de pensar a escola como um elemento
constitutivo da indústria cultural. Além das já mencionadas teorias, é importante referir-se também
ao trabalho de Herbert Marcuse sobre a Ideologia da sociedade industrial, em que o filósofo
demonstra as consequencias da organização industrial sobre a política, teorizando o fechamento do
universo político e do universo locucional. Essa teoria é de grande valia para refletir a respeito das
políticas educacionais brasileiras, conforme aparecem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação e
nos Parâmetros Curriculares Nacionais. No tocante a essa questão, referimo-nos ainda à
investigação sociológica de Thomas S. Popkewitz sobre a reforma educacional norte-americana, e
aos estudos de Dermeval Saviani sobre a institucionalização da nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira. Por fim, retomamos a reflexão teórica de Adorno, dessa vez para refletir sobre
qual seria a importância da educação no mundo administrado, dominado pela razão instrumental,
cujo paradigma maior se expressa pelo horror de Auschwitz. Baseando-se em uma experiência
histórica concreta, Adorno apresenta um novo imperativo para a educação: impedir que a barbárie
se perpetue.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
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SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E REPRODUÇÃO
SOCIAL.
Autor(a): Lívia Bocalon Pires de Moraes ([email protected])
Orientador(a): Profª. Drª. Renata Medeiros Paoliello
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara.
Departamento: Antropologia, Política e Filosofia.
Esta pesquisa tem como objeto de estudo a formação de professores de Sociologia pela UNIVER-
SIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP – nos cursos de Ciências Sociais oferecidos pela
mesma nos campi de Araraquara e Marília, e visa a identificar em que medida a licenciatura nesses
cursos contribui para que os discentes formados através dela não reproduzam, em sua prática en-
quanto professores, a valorização social de uma educação utilitarista e de cunho dominante. Para tal,
intenta analisar, a partir da teoria sociológica de Pierre Bourdieu, e de suas noções de reprodução,
poder simbólico, capital cultural, e habitus, o processo de reestruturação dos referidos cursos, fina-
lizado em 2007, bem como o impacto cotidiano da atual grade curricular na formação dos discentes.
Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, operando tanto no âmbito da Instituição quanto no da
prática, tendo inicialmente duas instâncias diferentes de avaliação, para apreender as dimensões
prescritiva e performativa deste processo: a análise dos documentos da Legislação sobre o Ensino
de Sociologia no Ensino Médio, dos currículos lattes dos professores da licenciatura, dos currículos
dos dois cursos de Ciências Sociais estudados, e dos documentos advindos dos Conselhos de Curso
dos campi de Araraquara e Marília conjuntamente com entrevistas semiestruturadas realizadas com
os antigos membros destes conselhos; e a análise das demais entrevistas (com docentes de discipli-
nas pedagógicas, discentes que as cursam, representantes dos Centros Acadêmicos e professores de
Sociologia recém formados) e da observação empírica das disciplinas da licenciatura. Num segundo
momento da análise estes dois âmbitos serão considerados conjuntamente, a fim de evidenciar como
se dá a relação entre eles, e de que maneira dão-se na prática as determinações legalmente instituí-
das. Desse modo, esta primeira instância de análise tem por objetivo esboçar historicamente os sen-
tidos assumidos pela Sociologia enquanto ciência, ferramenta, e principalmente disciplina, ao longo
de sua história no Brasil, enfocando, sobretudo, as relações de poder (político e institucional) que
determinaram seus encaminhamentos tanto em sua legalização enquanto disciplina do Ensino Mé-
dio, quanto na estruturação dos cursos de Ciências Sociais a partir desta, no caso da UNESP. A aná-
lise das entrevistas e observações empíricas a serem realizadas ao longo do desenvolvimento deste
trabalho pretende, a partir da sistematização das mesmas, apontar aspectos recorrentes encontrados
nas observações e falas registradas, identificando, a partir destes, se com a mudança dos parâmetros
legais para a constituição dos cursos, e consequente reformulação dos mesmos, está se formando
um novo habitus na licenciatura em Ciências Sociais, e nos segmentos do Ensino Médio a ela vin-
culados. Assim, a partir dessas análises será possível relacionar teoria e prática, determinando em
que medida as alterações na esfera legal e institucional vinculadas ao ensino de sociologia apresen-
taram reflexos na dimensão prática dessa questão, estabelecendo em que medida os parâmetros ins-
tituídos são de fato norteadores das ações cotidianas dos agentes envolvidos no ensino de sociologia.
Anais da V Amostra de Pesquisas em Educação
112
DA FÁBRICA PATRONAL À COOPERATIVA AUTOGERIDA: PROCESSOS
EDUCATIVOS E MUDANÇA ESTRUTURAL DE PENSAMENTO.
Autor(a): Nelia Maria Puccini Burigo ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. José Vaidergorn.
IES: Universidade Estadual Paulista – Campus de Araraquara
Departamento: Ciências da Educação
O objetivo de nossa investigação é analisar a transição, os processos educativos envolvidos na
mudança de uma estrutura de pensamento que viabilizou trabalhadores de uma determinada fábrica
a aderirem à forma de cooperativa autogerida. A reestruturação do processo de trabalho, mediação
entre o velho e o novo modo de produzir, nas relações de trabalho e pedagogia daí originada,
permite apreender os fatores análogos que podem fazer um contraponto com as novas pedagogias
escolares. O campo desta pesquisa situa-se em Nova Odessa/SP, criada como Núcleo Colonial em
1905 e que teve, desde o início, a atenção das autoridades para a educação. Ao mesmo tempo a
transmissão do conhecimento de uma geração à outra era predominantemente garantida pela
participação das crianças nos trabalhos dos adultos. Na década de 1950, com a instalação de uma
fábrica de grande porte, migrantes oriundos da área rurais que a ela foram conduzidos, chocaram-se
com modernismo da “racionalização”, administração científica do trabalho na fábrica.
Aparentemente, tal estranhamento diluiu-se no decorrer do tempo, com os trabalhadores
incorporando valores até então identificados com os status superiores, como a escolarização do
filhos (Búrigo, 1997). Em setembro de 1997, a diretoria da fábrica emitiu um comunicado aos seus
funcionários anunciando a falência da empresa e sugeriu a formação de uma cooperativa. Esta
alternativa proposta pelos diretores revolveu a estrutura psicológica de cada trabalhador, que apesar
de aderirem, ainda se sentiam intimidados pelos antigos gerentes. Mas ao descobrirem
procedimentos dos ex-gerentes que contrariavam o estatuto da cooperativa passam a reestruturar a
mesma. Esta mudança para o sistema de cooperativa autogerida traz indagações, pois as duas
formas de gerir o trabalho são consideravelmente diferentes. Na administração racional, o saber
científico do administrador estabelece a liderança e a subordinação, então como esses trabalhadores
adquiriram a igualdade no poder de decisão? Aplicaremos os conceitos de sociogênese e
psicogênese de Norbert Elias, nos quais aborda – num processo de longa duração - as
transformações sociais que vão refletir nas estruturas psicológicas dos indivíduos, de maneira a
influenciar e modificar as mesmas; assim como as alterações ocorridas nas estruturas psicológicas
dos indivíduos estão intrinsicamente ligadas às transformações sociais. Considerando tais conceitos,
utilizou-se a análise de documentos e a aplicação de entrevistas para identificar como o
comportamento e a vida afetiva da população estudada – operários e sua família – foram ajustados à
experiência histórica porque passaram, da posição de empregados para a de cooperados, e as
conseqüências deste movimento para sociedade local. As técnicas qualitativas utilizadas são -
entrevistas semi-estruturadas, depoimentos, questionários e observação, diário de campo. Técnicas
quantitativas - pesquisa documental e análise de seu conteúdo.