ana gabriela rodrigues de souza - repositorio.ufrn.br
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
ANA GABRIELA RODRIGUES DE SOUZA
OCORRÊNCIA DE FÁRMACOS E COMPOSTOS DESREGULADORES
ENDÓCRINOS NA ÁGUA TRATADA DA ETA JIQUI, NATAL/RN
Natal – RN
2019
Ana Gabriela Rodrigues de Souza
Ocorrência de Fármacos e compostos Desreguladores de Endócrinos na água tratada da ETA
Jiqui, Natal/RN
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade
Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Ambiental.
Orientador (a):
Profª. Drª. Juliana Delgado Tinôco.
Natal – RN
2019
Souza, Ana Gabriela Rodrigues de. Ocorrência fármacos e compostos desreguladores de endócrinosna água tratada da ETA Jiqui, Natal/RN / Ana Gabriela Rodriguesde Souza. - 2019. 55 f.: il.
Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Ambiental,Natal, RN, 2019. Orientadora: Profa. Dra. Juliana Delgado Tinôco.
1. Microcontaminantes emergentes - Monografia. 2.Micropoluentes orgânicos - Monografia. 3. Fármacos - Monografia.4. Desreguladores endócrinos - Monografia. 5. IQA-CCME -Monografia. I. Tinôco, Juliana Delgado. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 628.16
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262
Ana Gabriela Rodrigues de Souza
Ocorrência de Fármacos e compostos Desreguladores de Endócrinos na água tratada da ETA
Jiqui, Natal/RN
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade
Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Ambiental.
Aprovado em 02 de Dezembro de 2019
Profa. Dra. Juliana Delgado Tinôco – Orientadora
Prof. Dr. Hélio Rodrigues dos Santos – Examinador interno
Prof. Dr. Julio Alejandro Navoni– Examinador externo
Natal-RN
2019
AGRADECIMENTOS
Ao concluir esta etapa me sinto imensamente grata primeiramente a Deus, por ter me
proporcionado a vontade de adquirir novos conhecimentos, a curiosidade e o encantamento pelo
meu curso e, agora, profissão. Obrigada Deus por me mostrar o caminho.
Agradeço a minha família pelos momentos de lazer, alegria e suporte, principalmente a
minha mãe Ana Patrícia, por toda compreensão e companheirismo, e a minha avó Creusa, por
todo carinho demonstrado nesse período de conclusão de curso.
Sou imensamente grata ao meu namorado Victor Paiva, que apesar dos quilômetros de
distância que se faz presente atualmente, é meu maior companheiro! Obrigada por todo amor,
carinho, cumplicidade e suporte. Você me trouxe paz nos momentos necessários.
Agradeço a minha orientadora Juliana Delgado Tinôco pela oportunidade de participar
desta pesquisa, pelos conhecimentos compartilhados e pelo tempo dedicado ao auxílio desse
trabalho. Sou muito grata por todos os conhecimentos adquiridos.
Agradeço aos meus colegas de pesquisa Danilo Santos, Guilherme Diniz, Herisson
Campos e Leonard Gomes, por toda ajuda e parceria nesses mais de um ano de atividades, assim
como as bolsistas anteriores Mailde e Renata, pelos esclarecimentos quando necessário. E assim
como a todos os familiares e amigos que sempre acreditaram no meu potencial.
Aos meus amigos de curso Carolinne Negreiros, Clara Andrade, Guilherme Arruda e
Natália Marion: deu certo! Obrigada por todos os momentos juntos, por todas conversas,
questionamentos... vocês fizeram parte disso.
Agradeço aos profissionais do LARHISA, por todo apoio dado durante as etapas
laboratoriais da pesquisa; a CAERN, em especial aos operadores e técnicos de laboratório,
obrigada pela parceria. E também a todos os profissionais envolvidos da Universidade Federal
de Ouro Preto (UFOP).
Por fim, Agradeço a FUNASA pelo apoio financeiro concedido a UFOP via TED
10/2014 que proporcionou este trabalho.
Muito Obrigada.
RESUMO
Os mananciais utilizados para abastecimento urbano da cidade de Natal/RN possuem
uma alta vulnerabilidade a cargas contaminantes devido à baixa cobertura do sistema de
esgotamento sanitário a algumas regiões do município, tornando-os potenciais fontes de
micropoluentes de interesse emergente. O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de 24
microcontaminantes emergentes, sendo dezesseis fármacos e oito desreguladores endócrinos
(DE), na água tratada da ETA Jiqui-Natal-RN, além de analisar a qualidade desta água a partir
da aplicação do Índice de Qualidade da Água Canadense (IQA-CCME) incorporando ao cálculo
os microcontaminantes detectados como variáveis de interesse. O trabalho experimental
consistiu de coletas e análises físico-químicas e microbiológicas realizadas durante o período
de 18 meses. Os parâmetros analisados foram os fármacos Aciclovir, Bezafibrato, Cafeína,
Diclofenaco, Diltiazem, Genfibrozila, Ibuprofeno, Linezolida, Loratadina, Losartan,
Metformina, Naproxeno, Paracetamol, Prometazina, Propranolol, Sulfametozaxol, e os
desreguladores endócrinos 4-Octilfenol, 4-Nonilfenol, Bisfenol A, Dexametasona, Estradiol,
Estriol, Estrona e Etinilestradiol, além dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos Cloro
Residual Livre, Cloretos, Coliformes Totais, Cor Aparente, Dureza Total, E. Coli, Ferro Total,
Nitrato, Nitrito, pH, Sólidos Totais Dissolvidos, Sulfatos e Turbidez, resultando em 37
parâmetros de controle. Entre os microcontaminantes emergentes monitorados foram
detectados 10 fármacos e 4 desreguladores endócrinos em pelo menos uma campanha de coleta.
Os fármacos detectados foram: Ibuprofeno, Naproxeno, Aciclovir, Sulfametoxazol, Propanolol,
Losartan, Genfibrozila, Metformina, Prometazina e Loratadina. Já em relação aos DEs foi
possível observar o 4-Octilfenol, 4-Nonilfenol, Bisfenol A e Estrona. O IQA-CCME calculado
foi de 91,19, o que confere a água tratada da ETA Jiqui, a categoria de BOA qualidade. Apesar
da detecção em água tratada, foi possível concluir que nenhum microcontaminante excedeu o
limite de exposição em comparação aos limites estabelecidos pelas Diretrizes Australianas para
Reciclagem de Água (fase 2/2008) para fins potáveis, do Governo Australiano, resultando em
nenhum risco significativo para a saúde do consumidor durante toda a vida útil de consumo
sendo realmente consistente com água de boa qualidade.
Palavras-chave: Microcontaminantes Emergentes, Micropoluentes Orgânicos, Fármacos,
Desreguladores Endócrinos, IQA-CCME.
ABSTRACT
The water sources used for urban supply in the city of Natal/RN have a high
vulnerability to contaminant loads due to the low coverage of the sanitary sewage system in
some regions of the city, making them potential sources of micropollutants of emerging interest.
The objective of this study was to evaluate the occurrence of 24 emerging microcontaminants,
sixteen drugs and eight endocrine disruptors (ED), in the treated water of ETA Jiqui, Natal/RN,
besides to analyze the quality of this water from the application of the Water Quality Index
Canadian (WQI-CCME) incorporating microcontaminants detected as variables of interest in
the calculation. The experimental work consisted of collections and physicochemical and
microbiological analyses performed for 18 months. The parameters analyzed were the drugs
Aciclovir, Bezafibrate, Caffeine, Diclofenac, Diltiazem, Gemfibrozil, Ibuprofen, Linezolid,
Loratadine, Losartan, Metformin, Naproxen, Acetaminophen, Promethazine, Propranolol, and
Sulfamethoxazole. The Endocrine Disrupting were Compounds 4-Octylphenol, 4-nonylphenol,
Bisphenol A, Dexamethasone, Estradiol, Estriol, Estrone, and Ethinylestradiol, besides of the
physicochemical and microbiological parameters Free Residual Chlorine, Chlorides, Total
Coliforms, Apparent Color, Total Hardness, E. Coli, Total Iron, Nitrate, Nitrite, pH, Solids
Dissolved Totals, Sulfates, and Turbidity, resulting in 37 control parameters. Among the
emerging microcontaminants monitored, ten pharmaceuticals compounds and four endocrine
disrupters were detected in at least one collection campaign. The drugs detected were Ibuprofen,
Naproxen, Acyclovir, Sulfamethoxazole, Propanolol, Losartan, Gemfibrozil, Metformin,
Promethazine, and Loratadine. Regarding the ED, it was possible to observe 4-Octylphenol, 4-
Nonylphenol, Bisphenol A, and Estrone. The calculated WQI-CCME was 91.19, which reaches
the category of GOOD quality for the treated water of ETA Jiqui. Despite detection in treated
water, it was concluded that no microcontaminant has exceeded the exposure limit compared
to the limits set by the Australian Guidelines for Water Recycling (phase 2/2008), resulting in
no significant risk to consumer health over the entire life of the consumer, being consistent with
good quality water.
Keywords: Emerging Contaminants, Organic Micropollutants, Drugs, Pharmaceuticals
Compounds, Endocrine Disruptors, WQI-CCME.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10
1.1. Objetivo Geral .............................................................................................................. 13
1.2. Objetivos Específicos ................................................................................................... 13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 13
2.1. Estação de Tratamento de Água (ETA) ....................................................................... 13
2.2. Microcontaminantes Emergentes ................................................................................. 14
2.2.1. Fármacos ............................................................................................................... 17
2.2.2. Desreguladores Endócrinos ................................................................................... 20
2.3. Riscos Associados à ingestão de Micropoluentes na Água Tratada ............................ 23
2.4. Índice de Qualidade das Águas .................................................................................... 26
2.5. Regulamentação dos Micropoluentes Orgânicos ......................................................... 28
3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 32
3.1. Área de Estudo ............................................................................................................. 32
3.2. Parâmetros de controle ................................................................................................. 34
3.3. Quantificação dos Fármacos e Desreguladores Endócrinos ....................................... 35
3.3.1. Coleta das Amostras .............................................................................................. 36
3.3.2. Procedimento de Filtração e Extração dos Analitos .............................................. 36
3.3.3. Análise Cromatográfica ......................................................................................... 37
3.4. Cálculo do IQA ........................................................................................................... 39
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 41
4.1. Ocorrência de Fármacos ............................................................................................... 41
4.2. Ocorrência de Desreguladores Endócrinos .................................................................. 44
4.3. Análise do IQA-CCME ................................................................................................ 45
5. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 48
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 50
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classes majoritárias de entrada de micropoluentes no meio ambiente. ________ 15
Tabela 2 – Classes e estruturas dos fármacos analisados (continua). __________________ 18
Tabela 3 – Alguns fármacos e suas respectivas subclasses __________________________ 20
Tabela 4 – Compostos, Fórmulas Estruturais e Moleculares e o uso associado aos
Desreguladores Endócrinos analisados (continua). ________________________________ 22
Tabela 5 – Modo de atuar e local de atuação de alguns Desreguladores Endócrinos no
organismo humano. ________________________________________________________ 24
Tabela 6 – Risco Associado a Fármacos expostos no Inventário do Anexo III. __________ 25
Tabela 7 – Relação das normas de qualidade ambiental de alguns microcontaminantes
relacionados. ______________________________________________________________ 28
Tabela 8 – Substâncias para verificar o efeito de limpeza na Suíça (continua) __________ 29
Tabela 9 – Valores de Orientação à Saúde da Alemanha referente a alguns fármacos analisados.
________________________________________________________________________ 30
Tabela 10 – Algumas diretrizes da Australian National Guidelines for Water Recycling (Phase
2). ______________________________________________________________________ 31
Tabela 11 - Parâmetros de controle e número de amostras. _________________________ 34
Tabela 12 – Metodologias analíticas utilizadas para análise dos parâmetros físico-químicos e
microbiológicos. ___________________________________________________________ 34
Tabela 13 – Limites de Detecção (LD) e Quantificação (LQ) do método GCMS. ________ 38
Tabela 14 – Limites de Detecção (LD) e Quantificação (LQ) do método LCMS/MS._____ 38
Tabela 15 – Valor máximo, mediana, quantidade de vezes detectado e frequência de detecção
dos compostos farmacêuticos presentes na água tratada da ETA Jiqui. _________________ 41
Tabela 16 – Valor máximo, mediana, quantidade de vezes detectado e frequência de detecção
dos compostos desreguladores endócrinos presentes na água tratada da ETA Jiqui._______ 44
Tabela 17 – Monitoramento dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água tratada
da ETA Jiqui. _____________________________________________________________ 46
Tabela 18 - Concentrações dos Micropoluentes Emergentes detectados, em ng/L, e suas
respectivas diretrizes estabelecidas pelo NRMMC, EPHC e NHMR (2008) do Governo
Australiano. ______________________________________________________________ 47
Tabela 19 – Resultado do Cálculo do IQA-CCME. _______________________________ 48
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Principais fontes e rotas de inserção dos micropoluentes no ambiente. ________ 16
Figura 2 – Mapa de Localização da Lagoa e ETA do Jiqui. _________________________ 33
Figura 3 - Aparato para extração em fase sólida de amostras de grandes volumes utilizando
pressão positiva. ___________________________________________________________ 37
10
1. INTRODUÇÃO
Um número crescente de substâncias orgânicas de origem natural e sintética têm sido
avaliadas em ambientes aquáticos nas últimas décadas. Essas substâncias incluem
plastificantes, pesticidas, compostos antibacterianos, hormônios, produtos farmacêuticos,
drogas ilícitas, assim como produtos para cuidados pessoais (MACHADO, K. C. et al, 2016;
BENOTTI et al, 2009; LEUNG, et al, 2013).
Um caminho significativo para a entrada e a disseminação destas substâncias nos cursos
hídricos é, por exemplo, quando as substâncias são carreadas pelo escoamento superficial ou
advindas da água residual. Muitos produtos químicos industriais e cotidianos já foram
detectados em águas superficiais, subterrâneas e, até mesmo, em água tratada (GIGER, 2002;
BENOTTI et al, 2009; LIMA et al, 2017).
Estes compostos químicos são encontrados em frações vestigiais na ordem de 𝑛𝑔 𝐿−1 e
𝜇𝑔 𝐿−1, sendo por isso denominados micropoluentes ou microcontaminantes de interesse
emergente. Apesar das baixas concentrações, há grande preocupação com a possível capacidade
desses compostos de produzir efeitos adversos aos organismos expostos.
No Brasil, considera-se potável a água que atenda aos requisitos estabelecidos na
Portaria da Consolidação nº 5/2017, anexo XX, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2017). No
entanto, essa norma não relaciona compostos como fármacos e desreguladores endócrinos em
seus padrões. Assim, é possível que uma água considerada potável apresente contaminação por
essas substâncias ainda não legisladas, as quais, podem ser potencialmente nocivas ao
ecossistema aquático e à saúde humana.
Fármacos são compostos biologicamente ativos em pequenas quantidades e alguns
efeitos podem ocorrer em doses muito inferiores àquelas utilizadas terapeuticamente, a
exposição em estágios de desenvolvimento humano em fase mais sensível (fetos, bebês e
crianças) pode ter efeitos em doses mais baixas do que a exposição durante outras fases da vida.
Também é limitada a compreensão acerca dos potenciais efeitos na saúde humana ocasionada
pela mistura de fármacos e outros químicos em baixos níveis, ao passo que as pessoas estão
expostas a complexas misturas de substâncias químicas e a maior parte dos estudos visa a um
químico por vez (SOARES, A. F. S.; LEÃO, M. M. D., 2015).
Em seres humanos e animais a desregulação endócrina é um mecanismo de efeito
relacionado ao funcionamento do sistema endócrino. A origem da hipótese da ação destes
micropoluentes deve-se a acontecimentos importantes, tais como, o aparecimento de câncer no
sistema reprodutivo de filhas de mulheres que usaram Dietilestilbestrol (DES) na gravidez,
11
entre os anos de 1940 a 1970; anomalias no sistema reprodutivo observadas em jacarés que
habitavam um lago na Flórida contaminado com pesticidas e em estudos na Europa, Estados
Unidos e em outros países, indicando declínio da qualidade do sêmen e aumento de duas a
quatro vezes na incidência de câncer testicular (entre os anos de 1938 e 1990), associado com
a exposição do feto masculino a níveis supranormais de estrogênio, como o DES (BILA, D. M.;
DEZOTTI, M., 2007).
Pesquisas mostram que quantidades significativas de micropoluentes de interesse
emergente são liberados no ambiente, por exemplo, devido à disposição de efluentes brutos ou
mesmo tratados (GROSSELI, G. M., 2016; LIMA, D. R. S. et al., 2017; SOUZA, N. C., 2011).
De fato, algumas moléculas podem persistir o tempo suficiente para entrar nos sistemas de água
potável, pois as técnicas de tratamento de água implementadas atualmente não são destinadas à
remoção destes compostos. O potencial de efeitos adversos não deve, portanto, ser
negligenciado, principalmente porque pouco se sabe sobre os riscos ambientais ou à saúde
humana. Além disso, independentemente da ausência de riscos comprovados, a água potável
será sempre um grande foco de preocupação do consumidor, por se tratar de uma rota direta
para o corpo humano, para quaisquer compostos micropoluentes que possam estar presentes
(JONES, O. A.; LESTER, J. N.; VOULVOULIS, N, 2005).
Além da preocupação com a saúde acerca dos possíveis efeitos associados a ingestão
destes compostos, a presença destes novos contaminantes na água tratada, por menor que seja,
provavelmente contribuirá com a atitude já negativa do público em geral, em relação à
reutilização da água. Por isso, há razões para avanços em estudos toxicológicos e possíveis
limitações a exposição aos micropoluentes emergentes através da água tratada.
Essa provável adoção de padrões a exposição de diversos micropoluentes emergentes
na água tratada tem criado espaço no meio científico, com um crescimento abrangente em
estudos toxicológicos em diversos países (EPA, 2009; ECHA, 2019; L’ACADÉMIE
NATIONALE DE PHARMACIE, 2019; ANSES, 2019; UBA, 2019). Porém, nas legislações
de potabilidade analisadas nesta pesquisa pouco ou nenhum fármaco e/ou desregulador
endócrino possui padrão com restrição de presença na água potável, com exceção nas diretrizes
australianas de água reciclada para fins potáveis.
O controle da qualidade de um produto ou de um bem tem como objetivo,
fundamentalmente, atestar sua conformidade com normas e padrões preestabelecidos e isto não
se difere quando se trata da água. Uma forma de obter comparabilidade e representatividade
dos resultados na amostragem para o monitoramento da qualidade da água (seja bruta ou
tratada), com a possibilidade de demonstrar ou comunicar os padrões de qualidade do produto,
12
é a utilização de indicadores de qualidade. Neste aspecto, os índices e indicadores ambientais
surgiram como resultado da crescente preocupação social com os aspectos ambientais e
tornaram-se fundamentais no processo decisório das políticas públicas e no acompanhamento
de seus efeitos, de forma sintética e acessível, para os tomadores de decisão. (MARQUES, M.
N. et al, 2007).
Entre os índices de qualidade de água para abastecimento público estão os criados pela
Companhia de Saneamento do Estado do Paraná (SANEPAR), que adota o Índice de Qualidade
da Água Produzida – (IQAP); e o Índice Geral de Qualidade de Água Distribuída (IQAD),
desenvolvido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Além
destes índices utilizados para indicar o nível de qualidade da água tratada adotados no Brasil,
há o índice desenvolvido pelo Conselho Canadense do Ministério do Meio Ambiente (Canadian
Council of Ministers of the Environment – CCME), o IQA-CCME, no qual apresenta-se como
uma proposta de avaliação com características mais abrangentes, por permitir que o índice
aplicado ao monitoramento possa agregar todos os parâmetros que foram efetivamente medidos
e julgados necessários, que possuam diretrizes preestabelecidas, para se definir a qualidade do
corpo hídrico. Por conta da flexibilidade da metodologia, o IQA-CCME não impõe restrição
quanto ao número ou quais parâmetros físico-químicos devem ser medidos permitindo
modificar as variáveis analisadas de acordo com o interesse do estudo e/ou do tipo de água ou
corpo d’água avaliado (MARQUES, M. N. et al, 2007).
Em relação a área de estudo, na cidade de Natal/RN o abastecimento de água do
município é dividido em dois subsistemas: Norte e Sul. O Subsistema Sul é responsável pelo
atendimento das regiões Sul, Leste e Oeste de Natal, que corresponde geograficamente à área
da cidade que fica ao Sul do estuário do Rio Potengi (aqui denominada Zona Sul), onde residem
cerca de dois terços da população da cidade (PMSB, 2015). A Estação de Tratamento de Água
(ETA) Jiqui fornece cerca de 30% da água distribuída pelos subsistema Sul, sendo os 70%
restantes provenientes de poços artesianos (PMSB, 2015). Esta ETA trata a água proveniente
da Lagoa do Jiqui, que é alimentada por águas superficiais (Rio Pitimbu) e subterrâneas
(aquífero Dunas-Barreiras). A baixa cobertura, ou até mesmo, inexistência de sistema de
esgotamento sanitário a algumas zonas que compreende as bacias Hidrográficas dos mananciais
utilizados para captação, compromete a qualidade da água tornando-os potenciais fontes de
micropoluentes.
Inserido nesta problemática esta pesquisa foi norteada pelo questionamento se há
ocorrência de fármacos e/ou desreguladores endócrinos na água tratada fornecida pela Estação
de Tratamento de Água do Jiqui e como a presença destes novos contaminantes interferem na
13
qualidade da água a ser distribuída a população natalense, levando em consideração as diretrizes
australianas para incorporação dos fármacos e desreguladores endócrinos como variáveis no
cálculo do IQA-CCME.
1.1. OBJETIVO GERAL
O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência de dezesseis fármacos e oito
desreguladores endócrinos na água tratada da ETA Jiqui-Natal-RN.
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Comparar as concentrações de fármacos e desreguladores endócrinos detectados na
água tratada da ETA Jiqui-Natal-RN com os valores preconizados nas Diretrizes Australianas
para Reciclagem de Água fase 2/2008 do Governo Australiano.
- Avaliar a qualidade da água tratada da ETA Jiqui-Natal-RN, a partir da aplicação do
Índice de Qualidade da Água Canadense (IQA-CCME) com a incorporação dos
microcontaminantes detectados como variáveis de interesse emergente;
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA)
Os sistemas de tratamento de água no Brasil tem o objetivo de adequar a água bruta aos
padrões estabelecidos na Portaria da Consolidação nº 5/2017, anexo XX, do Ministério da
Saúde. A escolha da tecnologia mais adequada deve ser guiada pelos seguintes fatores: i)
características da água bruta; ii) custos envolvidos; iii) manuseio e confiabilidade dos
equipamentos; iv) flexibilidade operacional; v) localização geográfica e características da
população (LIBÂNIO, M., 2010).
As principais tecnologias de tratamento para a adequação da água para o consumo
humano adotadas no Brasil são: Filtração em múltiplas etapas (FIME), filtração direta
ascendente (FDA), filtração direta descendente (FDD), dupla filtração (DF), floto-filtração (FF)
e ciclo completo (CC) (BERNARDO, L. DI; PAZ, L. P. S., 2010).
Estas tecnologias de tratamento para potabilização de água, normalmente utilizadas no
país, não são adequadas para promover a remoção de micropoluentes. O método convencional
para tratamento de águas de abastecimento, denominado de “ciclo completo”, constitui a técnica
mais complexa dentre as que são atualmente adotadas no país e não remove, de forma eficiente,
uma série de micropoluentes orgânicos, tais como agrotóxicos, fármacos, produtos de higiene
14
pessoal e outros (SOARES, A. F. S.; LEÃO, M. M. D., 2015).
Nessa modalidade de tratamento a água bruta é coagulada geralmente com um sal de
alumínio ou de ferro e, na sequência, floculada (coagulação-floculação). Esses métodos, se bem
conduzidos, são eficientes na remoção dos sólidos que conferem turbidez e cor às águas. No
entanto, têm-se mostrado ineficientes para a remoção de micropoluentes emergentes, ao passo
que várias tecnologias de tratamento avançado, tais como ozonização, processos avançados de
oxidação (POA), adsorção em carvão ativado, osmose reversa e nanofiltração, mostraram-se
mais eficientes. Cabe ressaltar que tais técnicas de tratamento ainda não apresentam viabilidade
econômica, se aplicadas em grande escala (SOARES, A. F. S.; LEÃO, M. M. D., 2015).
A norma de potabilidade também é restrita, no que concerne ao estabelecimento de
padrões para esses contaminantes. Assim, a água pode atender aos requisitos da portaria de
potabilidade, isto é, ser considerada potável, e não estar isenta de substâncias possivelmente
maléficas à saúde (SOARES, A. F. S.; LEÃO, M. M. D., 2015).
No que se refere a área de estudo desta pesquisa, a ETA Jiqui possui como tecnologia o
método de filtração direta descendente (FDD), de ciclo incompleto, por lhe faltar as fases de
floculação e decantação. Possui apenas os processos de coagulação química, filtração e
desinfecção através de cloro. Esta unidade é responsável pelo tratamento da água que irá
abastecer parte da Zona Sul de Natal e sua capacidade é de 2.000 m³/h de água tratada (PMSB,
2015).
2.2. MICROCONTAMINANTES EMERGENTES
Os microcontaminantes emergentes (ME), também nominados micropoluentes
orgânicos, compreendem uma ampla classe de substâncias de origem antropogênica e natural
presentes em produtos consumidos, como remédios, cosméticos, produtos de limpeza,
pesticidas, etc. ou excretados, como hormônios, metabólitos, resíduos farmacêuticos não
metabolizados, entre outros. Essas substâncias apresentam propriedades toxicológicas,
persistentes e bioacumulativas que podem causar efeitos negativos no meio ambiente e/ou nos
organismos vivos. Ocorrências em ambientes aquáticos têm sido observadas nas últimas
décadas, tornando-os preocupação de abrangência mundial pela possibilidade de causar
malefícios tanto à saúde humana quanto ambiental (PONÇANO, V. M. e PLOSNKI, G. A.,
2019; ALVES, T. C.; GIRARDI, R. PINHEIRO, A., 2017).
Atualmente centenas de substâncias classificadas como contaminantes de interesse
emergente estão presentes no ambiente, impulsionando a comunidade científica em não
somente identificar a ocorrência dos micropoluentes nos compartimentos ambientais, mas
15
também procurar entender a rota de inserção e seu destino no ambiente, assim como avaliar a
sua toxicidade potencial a biota (GROSSELI, G. M., 2016). Na Tabela 1 estão categorizadas e
identificadas as principais fontes de origem desta classe de contaminantes nos corpos hídricos.
Tabela 1 – Classes majoritárias de entrada de micropoluentes no meio ambiente.
Classes Descrição Fontes Principais
Fármacos
Anti-inflamatórios não estereoidais (NSAIDs),
anticonvulsantes, antibióticos, antidepressivos,
estimulantes, analgésicos, drogas psiquiátricas,
diuréticos, antidiabéticos, antihipertensivos,
contrastes de raio-X, etc.
Efluentes sanitários (águas amarelas e
pretas) e efluentes hospitalares;
escoamento superficial a partir de criações
de animais confinados e aquicultura.
Produtos de
Higiene Pessoal
Fragrâncias, desinfetantes, filtros solares e
repelentes.
Efluentes sanitário (águas cinzas),
piscinas, efluentes hospitalares,
escoamento superficial a partir de criações
de animais confinados e aquicultura.
Desreguladores
Endócrinos
Estrógenos
Efluente sanitário e escoamento
superficial a partir de criações de animais
confinados e aquicultura.
Surfactantes não-iônicos Efluentes sanitário (águas cinzas)
Plastificantes e retardantes de chama Efluentes industriais e sanitários (pela
lixiviação do material)
Inseticidadas, fungicidas e herbicidas
Efluente sanitário (limpeza imprópria de
jardins, escoamento superficial de áreas de
jardim, rodovias, e escoamento superficial
agropecuário.
Fonte: Adaptado de Luo et al. (2014).
Como podemos observar na Tabela 1, as principais fontes de introdução dos
contaminantes orgânicos no ambiente provêm das atividades antrópicas, principalmente através
dos efluentes sanitários, industriais e hospitalares. Além disso, também segundo Grosseli
(2016), o escoamento superficial e o vazamento de fossas sépticas e aterros sanitários também
atuam como fontes de dispersão desses contaminantes orgânicos.
As rotas de inserção de fármacos e de outros microcontaminantes orgânicos no ambiente
é abrangente e complexa. A Figura 1 ilustra, por meio de um fluxo simplificado, as principais
vias de entrada no meio ambiente.
16
Figura 1 - Principais fontes e rotas de inserção dos micropoluentes no ambiente.
Fonte: Autoria Própria.
A preocupação com microcontaminantes tem aumentado expressivamente nos últimos
anos. Estes poluentes estão presentes no meio ambiente em concentrações na ordem de 𝑛𝑔 𝐿−1 e
𝜇𝑔 𝐿−1 e a grande preocupação está relacionada com a possibilidade de produzir efeitos
adversos aos organismos expostos mesmo em concentrações muito baixas.
Fármacos e desreguladores endócrinos são classes de micropoluentes muito
investigadas devido, principalmente, a possibilidade de serem ligeiramente transformadas,
permanecer na forma inalterada ou ainda conjugados com outras moléculas, além de interferir
no sistema endócrino de humanos e outros animais e, com isso, afetar a saúde, o crescimento e
17
a reprodução (BILA, D. M.; DEZOTTI, M., 2007).
A revisão bibliográfica sobre definições e ocorrência para alguns compostos das classes
de Desreguladores Endócrinos e Fármacos, avaliados neste trabalho, serão discutidos a seguir.
2.2.1. FÁRMACOS
Segundo Rang, et al. (2016), um fármaco pode ser definido como uma substância
química de estrutura conhecida, que não seja um nutriente ou um ingrediente essencial da dieta,
o qual, quando administrado a um organismo vivo, produz um efeito biológico; podem ser
substâncias químicas sintéticas, substâncias químicas obtidas a partir de plantas ou animais ou
produtos de engenharia genética.
Considerado como a principal via de entrada de micropoluentes ao ambiente, os
fármacos podem ser administrados oralmente, topicamente (aplicação na pele e mucosas), ou
parenteralmente (injeções e infusões). Após administração, essas substâncias são absorvidas,
distribuídas, parcialmente metabolizadas, e finalmente excretadas do corpo via urina, fezes e/ou
suor na sua forma inalterada ou na forma de metabólitos. As estações de tratamento de esgoto,
quando existem, configuram-se como o principal destino dos contaminantes orgânicos bem
como fonte emissora destes para o ambiente aquático, uma vez que as ETEs não são projetadas
para remoção desta classe de compostos (QUEIROZ, F. B., 2011; GROSSELI, G. M., 2016).
Percebe-se que nas últimas décadas houve um aumento significativo em todo o mundo
no consumo de medicamentos de diversas classes tais como antipiréticos, analgésicos, anti-
inflamatório, reguladores lipídicos, antibióticos, drogas contraceptivas e outras. A preocupação
da comunidade científica com a presença de fármacos no meio ambiente tem se tornado cada
vez maior uma vez que se caracterizam como substâncias biologicamente ativas. A presença
dos mesmos no ambiente aquático significa um risco potencial para a saúde humana se
estiverem presentes na água de consumo, além de oferecerem riscos para os animais aquáticos,
como no caso dos antibióticos, provocarem resistência bacteriana (QUEIROZ, F. B., 2011).
Os contaminantes de interesse emergente da classe dos fármacos tem sido amplamente
detectados em águas superficiais, filtradas e até mesmo pós tratamento, em diversos países, tais
como Brasil (SOUZA, et al., 2011), China (LEUNG, H.W. et al., 2013), Sérvia (PETROVIĆ,
M. et al., 2014), Estados Unidos (FURLONG, E. T. et al., 2017), Japão (SIMAZAKI, D. et al.,
2015), entre outros.
A Tabela 2 expõe algumas das principais classes terapêuticas de fármacos encontrados
no meio ambiente, as quais, foram materiais de estudo desta pesquisa.
18
Tabela 2 – Classes e estruturas dos fármacos analisados (continua).
Classes Composto Cas Number Fórmula Estrutural Fórmula
Molecular
AINE*
Ibuprofeno IBU 15687-27-1
𝐶13𝐻18𝑂2
Paracetamol PCT 103-90-2
𝐶8𝐻9𝑁𝑂2
Diclofenaco DCF 15307-86-5
𝐶14𝐻11𝐶𝑙2𝑁𝑂2
Naproxeno NPX 22204-53-1
𝐶14𝐻14𝑂3
Antibióticos e
Antiviral
Aciclovir ACV 59277-89-3
𝐶8𝐻11𝑁5𝑂3
Linezolida LNZ 165800-03-3
𝐶16𝐻20𝐹𝑁3𝑂4
Sulfametoxazol SMX 723-46-6
𝐶10𝐻11𝑁3𝑂3𝑆
Anti-
hipertensivos
Propranolol PNL 525-66-6
𝐶16𝐻21𝑁𝑂2
Diltiazem DTZ 42399-41-7
𝐶22𝐻26𝑁2𝑂4𝑆
Losartan LST 114798-26-4
𝐶22𝐻23𝐶𝑙𝑁6𝑂
*AINE: Anti-inflamatórios não esteroides.
Fonte: Chemical Book (2019).
19
Tabela 2 – Classes e estruturas dos fármacos analisados (conclusão).
Classes Composto Cas Number Fórmula Estrutural Fórmula
Molecular
Outros
Fármacos
Genfibrozila GEN 25812-30-0
𝐶15𝐻22𝑂3
Metformina MET 657-24-9
𝐶4𝐻11𝑁5
Cafeína CAF 58-08-2
𝐶8𝐻10𝑁4𝑂2
Prometazina PTZ 60-87-7
𝐶17𝐻20𝑁2𝑆
Bezafibrato BZF 41859-67-0
𝐶19𝐻20𝐶𝑙𝑁𝑂4
Loratadina LRT 79794-75-5
𝐶22𝐻23𝐶𝑙𝑁2𝑂2
Fonte: Chemical Book (2019).
A primeira classe apresentada corresponde aos Anti-inflamatórios não esteroides
(AINEs). Entre os fármacos analisados podemos caracterizar o Ibuprofeno, Paracetamol,
Diclofenaco e Naproxeno, como fármacos quimicamente heterogêneos, de ação anti-
inflamatória, mas que também possuem propriedades analgésicas, antitérmicas e
antitrombóticas. Os AINEs encontram-se entre os medicamentos mais prescritos em todo o
mundo, incluindo a aspirina e vários outros agentes inibidores da ciclo-oxigenase (COX),
seletivos ou não (OPAS/OMS, 2011; BATLOUNI, M. 2009).
Aciclovir, Linezolida e Sulfametoxazol configuram o grupo composto por Antibióticos
e Antiviral. Antibióticos são compostos naturais ou sintéticos capazes de inibir o crescimento
ou causar a morte de fungos ou bactérias. Podem ser classificados como bactericidas, quando
20
causam a morte da bactéria, ou bacteriostáticos, quando promovem a inibição do crescimento
microbiano. A Linezolida e o Sulfametoxazol são antibióticos de origem sintética
(GUIMARÃES, D. O.; MOMESSO, L. S.; PUPO, M. T., 2010). O Aciclovir, como o fármaco
representante da ação antiviral, é o principal agente utilizado no tratamento das infecções pelos
vírus do Herpes Simples (HSV) (KATZUNG, B. G.; MASTERS, S. B.; TREVOR, A. J, 2014).
Os Anti-hipertensivos representados pelo Propanolol, Diltiazem e Losartan são
fármacos atuantes na redução da pressão arterial, como também na redução dos eventos
cardiovasculares fatais e não fatais, e, se possível, na taxa de mortalidade (KATZUNG, B. G.;
MASTERS, S. B.; TREVOR, A. J, 2014). O grupo denominado outros fármacos abrange
medicamentos com distintos mecanismos de atuação com suas respectivas subclasses descritas
na Tabela 3.
Tabela 3 – Alguns fármacos e suas respectivas subclasses
Compostos Subclasse
Genfibrozila GEN Antilipêmico
Metformina MET Antihiperglicêemico
Cafeína CAF Alcaloide
Prometazina PTZ Anti-histamínico
Bezafibrato BZF Antilipêmico
Loratadina LRT Anti-histamínico
Fonte: Adaptado de Castro (2017).
Apesar das reconhecidas vantagens no uso de medicamentos no que tange a qualidade
de vida humana e animal, estudos esclarecem que o crescente consumo de fármacos traz
consequências ao meio ambiente, o que pode ser demonstrado através da presença de diferentes
produtos farmacêuticos em efluentes e águas superficiais (GROSSELI, G. M., 2016).
PETROVIĆ, M. et al. (2014) relacionou em sua pesquisa resíduos de 81 produtos farmacêuticos
mais frequentemente utilizados na Sérvia. O estudo mostrou que a maioria das amostras
investigadas continha resíduos de medicamentos. No total, 47 dos 81 medicamentos
investigados foram detectados em distintos grupos terapêuticos.
A existência desses compostos em corpos hídricos deu origem a preocupação quanto
aos riscos para a saúde humana e ecológica. Diante desta problemática, os riscos associados a
ingestão de fármacos por meio de matrizes aquosas sem o devido controle, será discutido de
forma mais detalhada ao longo desse documento.
2.2.2. DESREGULADORES ENDÓCRINOS
A respeito dos desreguladores endócrinos (DEs), conforme elucidado por Bila e Dezotti
21
(2007), de acordo com a Environmental Protection Agency (EPA), um desregulador endócrino
é definido como um “agente exógeno que interfere com síntese, secreção, transporte, ligação,
ação ou eliminação de hormônio natural no corpo que são responsáveis pela manutenção,
reprodução, desenvolvimento e/ou comportamento dos organismos”. O Programa Internacional
de Segurança Química (IPCS), em conjunto com o Japão, os EUA, o Canadá, a OECD e a União
Europeia, adotou a seguinte definição: “Um desregulador endócrino é uma substância ou um
composto exógeno que altera uma ou várias funções do sistema endócrino e tem,
consequentemente, efeitos adversos sobre a saúde num organismo intacto, sua descendência,
ou (sub) populações”.
Concentrações extremamente baixas de um determinado hormônio geram um efeito,
produzindo uma resposta natural. Entretanto, estes receptores hormonais também podem se
ligar a outros compostos químicos, explicando o porquê de determinados DEs presentes no
organismo, mesmo em baixíssimas concentrações, serem capazes de gerar um efeito,
provocando, consequentemente, uma resposta (SOUZA, N. C., 2011).
Segundo Souza (2011) e Reys (2001), a alteração no sistema endócrino ocorre quando
o DE interage com os receptores hormonais, modificando a sua resposta natural, e para isso
processos distintos podem ser desencadeados. Portanto, os DE podem ser classificados em
relação ao modo de ação no organismo, como:
Agonistas: imitam os efeitos dos hormônios naturais, ocupando os receptores hormonais;
Antagonistas: bloqueiam os receptores hormonais naturais;
Estimuladores: estimulam a formação de receptores hormonais nas células;
Depletores hormonais: aceleram a degradação e eliminação dos hormônios naturais;
Inibidores enzimáticos: interferem com as enzimas que metabolizam os hormônios
naturais;
Destruidores hormonais: reagem direto ou indiretamente, com um hormônio natural,
modificando a sua estrutura ou influenciando o ritmo da síntese de hormônios naturais;
Os estrogênios naturais estrona e 17β-estradiol, e sintéticos 17αetinilestradiol, recebem
uma atenção especial, pois são continuamente e diariamente excretados no esgoto (BILA, D.
M.; DEZOTTI, M., 2007). Eles são excretados na urina, por mulheres, animais fêmeos e, em
menor quantidade, por homens na forma de conjugados polares inativos, assim como pelas
fezes (na forma livre), apresentando variações com relação à solubilidade em água, taxa de
excreção e catabolismo biológico (SOUZA, N. C., 2011).
Alguns agentes terapêuticos e farmacêuticos estão na lista das substâncias classificadas
como DEs. São estrogênios sintéticos usados como contraceptivos orais, na reposição
terapêutica na menopausa ou na prevenção do aborto, tais como, dietilestilbestrol (DES) e o
22
17β-etinilestradiol (EE2). A maior aplicação médica do 17β-etinilestradiol tem sido no
desenvolvimento de pílulas contraceptivas, que contêm de 30 a 50 µg de 17β-etinilestradiol por
pílula (BILA, D. M.; DEZOTTI, M., 2007).
A maioria do material estrogênico excretado provém de seres humanos, e, portanto,
presente em esgotos sanitários. As vias de disseminação mais comuns dos hormônios naturais
e sintéticos são os efluentes domésticos descartados em águas superficiais (SOUZA, N. C.,
2011).
Entre os desreguladores endócrinos existentes, a Tabela 4 expõe os quais foram material
de estudo nesta pesquisa.
Tabela 4 – Compostos, Fórmulas Estruturais e Moleculares e o uso associado aos Desreguladores
Endócrinos analisados (continua).
Classe Composto Fórmula Estrutural Fórmula
Molecular Uso
Desreguladores
Endócrinos
4-Octilfenol 4OP
𝐶14𝐻22𝑂 Surfactante
4-Nonilfenol 4NP
𝐶15𝐻24𝑂 Surfactante
Bisfenol-A BPA
𝐶15𝐻16𝑂2 Plastificante
Estrona E1
𝐶18𝐻22𝑂2
Hormônio
Esteróide
Feminino
Estradiol E2
𝐶18𝐻24𝑂2
Hormônio
Esteróide
Feminino
Estriol E3
𝐶18𝐻24𝑂3
Hormônio
Esteróide
Feminino
Fonte: Adaptado de Raimundo (2011).
23
Tabela 4 – Compostos, Fórmulas Estruturais e Moleculares e o uso associado aos Desreguladores
Endócrinos analisados (conclusão).
Classe Composto Fórmula Estrutural Fórmula
Molecular Uso
Desreguladores
Endócrinos
Etinilestradiol EE2
𝐶20𝐻24𝑂2 Estrogênio
Sintético
Dexametasona DXM
𝐶22𝐻29𝐹𝑂5
Fármaco
Glicocorticoide
Sintético
Fonte: Adaptado de Raimundo (2011).
Os desreguladores endócrinos abrangem uma grande faixa de substâncias distintas,
incluindo substâncias naturais e uma grande quantidade sintética, como também hormônios
sintéticos e naturais. Caracterizados como uma categoria recente de poluentes ambientais por
possuir a capacidade de interferir no sistema endócrino, atualmente, são fonte de inúmeras
pesquisas sobre efeitos adversos à saúde humana e animal (IPCS, 2002; BILA, D. M.;
DEZOTTI, M, 2007; DUARTE, P. A. F, 2008)
2.3. RISCOS ASSOCIADOS À INGESTÃO DE MICROPOLUENTES NA ÁGUA TRATADA
Nos últimos anos, a presença e persistência de Micropoluentes Emergentes (ME) nos
meios hídricos tem suscitado um número crescente de estudos e publicações científicas acerca
do seu impacto ambiental e risco para a saúde humana (REYS, L. L., 2001; IPCS, 2002;
KÜMMERER, K. 2001, 2004, 2008).
A identificação dos perigos reais que estas substâncias podem causar no meio ambiente
é ainda um assunto controverso por necessitar de estudos mais aprofundados e avaliações mais
detalhadas de modo a priorizar o risco associado aos ME decorrente da sua capacidade de
bioacumulação, persistência e toxicidade (DIAS, D. F. F, 2014).
Segundo avaliação realizada por Duarte (2008) sobre os principais impactos de
compostos desreguladores endócrinos na saúde pública, verificou-se que nos últimos 70 anos
que houve um aumento de efeitos no ser humano relacionados aos hormônios estrógenos e
andrógenos, o denominado Câncer de Mama e a Síndrome da Disfunção Testicular, o qual
24
compreende a baixa qualidade de esperma, o câncer dos testículos, a criptorquidia e a
hipospádia, principalmente em países desenvolvidos.
Ainda segundo Duarte (2008), os efeitos relacionados a desregulação endócrina podem
ser observados como se indica a seguir:
- Reprodução: Fertilidade e Razão Sexual; Qualidade do Esperma; Anomalias no órgão
reprodutor masculino; Endometriose, entre outros.
- Sistema Neurológico.
- Sistema Imunitário.
- Câncer: Mama; Endometrial; Testículos; Próstata e Tiroide.
- Obesidade.
Muitos dos efeitos apresentados são devidos a acidentes e, consequentemente, a níveis
de exposição elevados, os efeitos possivelmente originados por níveis de exposição mais baixos
são ainda pouco documentados (IPCS, 2002; DUARTE, P. A. F., 2008). No entanto, levando
em conta que os hormônios atuam a níveis extremamente baixos, pode-se esperar que
exposições a níveis baixos de agentes hormonais ativos sejam preocupantes, principalmente
durante o desenvolvimento fetal (DUARTE, P. A. F., 2008).
Na Tabela 5 observamos o local de atuação de alguns desreguladores endócrinos
relacionados.
Tabela 5 – Modo de atuar e local de atuação de alguns Desreguladores Endócrinos no organismo
humano.
Químicos Sintéticos Modo de Atuar Local de Atuação
Bifenilos Policlorados Agonista e inibidor enzimático Sistema neurológico e reprodutor
Dioxinas Agonista/antagonista Sistema neurológico e imunológico
Ftalatos Antagonistas Sistema reprodutor
Bisfenol A Agonista/antagonista Sistema reprodutor; neurológico e
imunitário
PBDEs Agonista/antagonista Sistema reprodutor; Tiróide
Fitofarmacêuticos
Pesticidas
DDT e DDE* Agonistas/antagonistas Sistema imunológico e reprodutor;
Câncer
Atrazina Agonistas/antagonistas Sistema reprodutor e neurológico
Viclozina Antagonista Sistema reprodutor
Orgânicos
TBT* Agonista e inibidor enzimático Sistema imunológico, reprodutor e
obesidade
Naturais
Fitoestrogênio Possível carcinogênico;
Sistema reprodutor Isoflavona Agonista/antagonista
*DDT – Dicloro-Difenil-Tricloroetano; DDE – Dicloro-Difenil-Dicloroetano; TBT – Tributil estanho.
Fonte: DUARTE, P. A. F., 2008. Adaptado pelo autor.
A Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA) compilou um inventário de
25
substâncias suscetíveis de cumprir os critérios constantes do Anexo III do Regulamento
REACH (Registration, Evaluation, Authorisation and restriction of Chemicals), regulamento
da união europeia que entrou em vigor em 1 de junho de 2007 e substituiu várias diretivas e
regulamentos europeus por um único sistema. Com um banco de dados de cerca de 64.899
substâncias e última atualização registrada em maio de 2016, a ECHA disponibiliza indicações
de propriedades toxicológicas ou ecotoxicológicas perigosas, juntamente com informações
sobre as utilizações e outras informações relevantes.
Entre as substâncias relacionadas no inventário de substâncias suspeitas de cumprir os
critérios do anexo III do REACH, encontra-se exposto na Tabela 6 os fármacos pertencentes ao
inventário, os quais foram materiais de análise nesta pesquisa.
Tabela 6 – Risco Associado a Fármacos expostos no Inventário do Anexo III.
Compostos Cas Number Risco Associado
Aciclovir ACV 59277-89-3 Suspeita de cancerígeno; perigo para o ambiente aquático;
mutagênico; e persistência no ambiente.
Sulfametoxazol SMX 723-46-6 Suspeita de cancerígeno; perigo para o ambiente aquático;
mutagênico; persistência no ambiente; e toxicidade para a
reprodução.
Propranolol PNL 525-66-6 Suspeita de toxicidade aguda por via oral; risco para o
ambiente aquático; persistência no ambiente;
sensibilização da pele; e toxicidade para a reprodução.
Diltiazem DTZ 42399-41-7 Suspeita de perigo para o ambiente aquático; persistência
no ambiente; e sensibilização da pele.
Genfibrozila GEN 25812-30-0 Suspeita de toxicidade aguda por via oral; cancerígeno;
risco para o ambiente aquático; persistência no ambiente;
sensibilização da pele; e toxicidade para a reprodução.
Cafeína CAF 58-08-2 Suspeita de perigo para o ambiente aquático; mutagênico;
persistência no ambiente; e toxicidade para a reprodução.
Prometazina PTZ 60-87-7 Suspeita de bioacumulação; cancerígeno; perigo para o
ambiente aquático; persistência no ambiente; e toxicidade
para a reprodução.
Loratadina LRT 79794-75-5 Suspeita de bioacumulação; cancerígeno; perigo para o
ambiente aquático; mutagênico; persistência no ambiente;
sensibilização da pele.
Fonte: ECHA (2016).
O inventário não constitui uma ferramenta de classificação, indicando apenas motivos
de preocupação além de, o fato de uma substância não constar nesta lista não implica
necessariamente que os critérios para o Anexo III não sejam preenchidos (ECHA, 2016).
Um estudo realizado por Leung et al (2013) na China obteve entre os seus resultados
uma avaliação de risco a saúde humana com a ingestão de produtos farmacêuticos na água
tratada. Foi realizada uma abordagem mais conservadora integrando diferentes fatores de
exposição específicos à idade para avaliar os riscos em diferentes estágios da vida. Entre os
26
estágios de vida avaliados, os bebês (nascimento a 12 meses) e crianças (idade de 1 a 11 anos)
obtiveram pelo menos 1,2 a 5,8 vezes maiores riscos associados em comparação com a
adolescência e a idade adulta, que obtiveram variações aproximadamente constantes. Uma
maior ingestão de água tratada com presença de fármacos, com base no peso corporal nesses
estágios iniciais da vida, pode ser responsável por maiores níveis de exposição e, portanto,
maiores riscos do que em adultos.
As toxicidades de misturas e possíveis interações entre os micropoluentes ainda não são
bem compreendidas, em particular a exposição crônica a quantidades vestigiais de misturas
farmacêuticas e seus metabólitos correspondentes. Além disso, devido a suscetibilidade durante
o desenvolvimento pré-natal é necessário avaliar as exposições da água tratada no útero como
também através da amamentação em avaliações futuras, em diferentes estágios da vida
(LEUNG, et al, 2013).
2.4. ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
Segundo Almeida (2012), os Índices de Qualidade de Água integram uma gama de
informações obtidas no monitoramento e converte em apenas um resultado. Este resultado pode
demonstrar a qualidade de um corpo d’água, refletindo as intervenções humanas, como o uso
agrícola, urbano e industrial, permitindo também inferências sobre aspectos específicos do
curso d’água, tal como biodiversidade e toxicidade. Dessa forma, podem transmitir um número
cada vez maior de informações, de forma sintética e acessível, para os responsáveis por
processos de decisão e público em geral (VON SPERLING, 2007).
As desvantagens de um IQA incluem a perda de informação sobre as variáveis simples
e a perda de informação sobre as interações entre as variáveis. Em virtude disso, os índices não
devem ser utilizados de modo a se desconsiderar a avaliação individualizada de cada um de
seus componentes. É importante lembrar que os índices de qualidade de água não se constituem
em instrumento de avaliação normativo estabelecido pela legislação ambiental, mas sim em
instrumento de comunicação para o público sobre as condições ambientais dos corpos d’água
(VON SPERLING, 2007; ALMEIDA, G. S., 2012).
Várias metodologias têm sido desenvolvidas para a elaboração de IQAs, dentre elas a
mais utilizada até o momento é a da National Sanitation Foundation (NSF) que foi adaptada,
no Brasil, pela CETESB, e está em uso desde a década de 70. Do mesmo modo, se tem
desenvolvido índices para os diversos usos da água, a exemplo de índices para abastecimento
humano, proteção da vida aquática, áreas de águas salobras e de estuário, etc. As fórmulas
“engessadas” dos índices já existentes contribuem para a propagação de diferentes índices, com
27
a aplicação de pesos específicos para as suas variáveis, sendo que, torna-se impossível calcular
o índice quando não se mede uma das variáveis (MARQUES, M. N. et al, 2007).
O IQA-CETESB é o principal índice de qualidade da água utilizado no Brasil,
atualmente. Este índice vem sendo utilizado por vários pesquisadores e órgãos ambientais como
ferramenta de avaliação da qualidade das águas; é composto por nove parâmetros, tais como:
oxigênio dissolvido; coliforme termotolerantes; potencial hidrogeniônico (pH); demanda
bioquímica de oxigênio; temperatura da água; nitrogênio total; fósforo total; turbidez e resíduo
total. Todos com seus respectivos pesos, que foram fixados em função da sua importância para
a conformação global da qualidade da água (ANA, 2012).
A Agência Nacional das Águas (ANA), considerando a utilização para abastecimento
público, expõe que a avaliação da qualidade da água obtida por meio do IQA-CETESB
apresenta limitações, tendo em vista que este índice não incorpora vários parâmetros
importantes para o abastecimento, tais como substâncias tóxicas, a exemplo de metais pesados,
pesticidas, compostos orgânicos, assim como, protozoários patogênicos e substâncias que
interferem nas propriedades organolépticas da água (ANA, 2012).
Entre os índices de qualidade de água para abastecimento público estão os criados pela
Companhia de Saneamento do Estado do Paraná (SANEPAR), que adota o Índice de Qualidade
da Água Produzida – (IQAP); e o Índice Geral de Qualidade de Água Distribuída (IGQA),
desenvolvido pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Esses
índices procuram atender às exigências das empresas para a caracterização da água produzida
em conformidade com a legislação vigente, além dos aspectos qualitativo e quantitativo do
monitoramento dessa água (MARQUES, M. N. et al, 2007).
Dentre os vários índices criados atualmente, foi proposto em 2001, pela Subcomissão
Técnica formada pelo grupo de trabalho das Diretrizes de Qualidade da Água em cooperação
com o grupo de trabalho Estado do Meio Ambiente, ambos do Canadian Council of Ministers
of the Environment (CCME), o IQA-CCME. Assim como os outros índices, o IQA-CCME é
uma ferramenta que objetiva tornar mais simples os resultados de qualidade de água; ele
possibilita a definição dos parâmetros analisados conforme objetivo do monitoramento,
considerando, de maneira flexível, as características do corpo d’água avaliado (CCME, 2001a).
A grande vantagem do IQA CCME é que as variáveis, os objetivos e o período de
tempo utilizado para o cálculo deste índice não são especificados, dessa forma a sua utilização
torna-se favorável nas diferentes regiões e respectivas condições locais. As limitações dos
outros índices podem ser superadas com o IQA-CCME, que além de continuar compilando o
resultado de vários parâmetros em um único número, agrega uma variedade de variáveis
28
possibilitando uma representação mais real da qualidade do corpo d’água avaliado (CCME,
2001b).
2.5. REGULAMENTAÇÃO DOS MICROPOLUENTES ORGÂNICOS
Observa-se, nos últimos anos, um aumento significativo da quantidade de
regulamentações para novas classes de contaminantes, especialmente em países desenvolvidos,
devido à crescente consciência pública da necessidade de proteger tantos os ecossistemas
quanto à saúde humana de riscos associados à poluição de compostos químicos (ALVES, T. C.;
GIRARDI, R.; PINHEIRO, A. 2017).
Em função da importância, buscou-se a regulamentação em alguns países, ou conjunto
de países, para servir como base dos padrões referentes aos compostos químicos na água para
consumo humano.
Foi publicada em 12 de agosto de 2013, diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho
que altera as Diretivas 2000/60/CE e 2008/105/CE no que respeita às substâncias prioritárias
no domínio da política da água (Diretiva 2013/39/UE). Foram apresentadas relações das
substâncias que devem ser monitoradas, visando o estabelecimento de prioridades futuras.
Foram selecionadas substâncias prioritárias no domínio da política da água que podem
representar risco significativo para o meio aquático, bem como suas respectivas normas de
qualidade ambiental. Alguns dos micropoluentes relacionados pela diretiva europeia encontra-
se expostos na Tabela 7 (PARLAMENTO EUROPEU, 2013).
Tabela 7 – Relação das normas de qualidade ambiental de alguns microcontaminantes relacionados.
Diretiva Europeia 2013/39/UE
Micropoluentes Média anual (µg/l) Conc. Máx. Permitida (µg/l)
Nonilfenóis (4-nonilfenol) 0,3 2,0
Octilfenol 0,1 Não aplicável
Etinilestradiol 3,5 𝑥 10−5 Não aplicável
Estradiol 4 𝑥 10−4 Não aplicável
Diclofenaco 0,1 Não aplicável
Fonte: Adaptado de Parlamento Europeu (2013).
Apesar de não fazer parte da Diretiva Europeia de padrões para potabilidade, o
Ibuprofeno é fonte de estudos desde a década de oitenta. Foi constatado por meio de estudos
toxicológicos realizados pela Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA), que a
substância em estudo induziu efeitos tóxicos no rim de macacos após exposição oral repetida.
Os níveis mais baixos de exposição foram de 40 mg/kg de peso corporal e resultaram em
patologia grosseira ao sistema urinário (ECHA, 2019).
Dentro do continente europeu podemos citar os avanços referente a gestão adequada de
29
micropoluentes na França, com os estudos atualmente em andamento. Os principais textos
relativos à qualidade da água são essencialmente a adaptação das diretivas comunitárias da
união, porém, contaminantes estão sendo avaliados para identificar os níveis associados de
presença e risco, para possível inclusão em listas específicas de poluentes. Entre estes
contaminantes, podemos citar resíduos dos medicamentos relacionados à carbamazepina,
epóxido de carbamazepina, ibuprofeno (carboxi e hidroxiibuprofeno), cetoprofeno,
diclofenaco, paracetamol, sulfametoxazol, oxazepam, ofloxacina, metformina (L'ACADÉMIE
NATIONALE DE PHARMACIE, 2019).
Como parte de suas missões e no âmbito do Plano Nacional de Ação Ambiental e Saúde
da França (2004-2008), a Agência Francesa de Alimentos, Meio Ambiente e Saúde e Segurança
Ocupacional (ANSES) iniciou um programa nacional sobre valores de referência de toxicidade
(TRVs) em 2004, com o objetivo de desenvolver conhecimentos que pudessem ser
compartilhados pelas várias autoridades competentes nessa área (ANSES,2019). A Agência
confiou a validação dos TRVs ao Comitê de Especialistas (CES) em "Valores de Referência de
Saúde". Consequentemente, critérios foram estabelecidos para as várias substâncias e entre elas
podemos citar o composto orgânico da família dos alquilfenóis, os Nonilfenóis, declarado com
tipo de toxicidade subcrônica e com valor de referência de toxicidade de 0,03 𝑚𝑔 𝑘𝑔−1𝑑𝑖𝑎−1
(ANSES, 2019).
Na Suíça, a fim de proteger os recursos de água potável, animais e plantas, o Parlamento
adotou um financiamento destinado a todo o país para o desenvolvimento de Estações de
Tratamento de Esgoto (ETE) selecionadas e adaptou a Lei de Proteção da Água de acordo com
emendas e regulamentos para garantir a eliminação de substâncias vestigiais orgânicas. Essas
ETEs devem ter um efeito de limpeza de 80% nas águas residuais brutas para substâncias
vestigiais orgânicas. O efeito de limpeza é verificado por meio de doze substâncias (Tabela 8)
monitoradas nas águas residuais tratadas biologicamente (BUNDESAMT FÜR UMWELT,
2015).
Tabela 8 – Substâncias para verificar o efeito de limpeza na Suíça (continua)
Nome da substância Grupo Substância
Amissulprida Fármaco
Carbamazepina Fármaco
Citalopram Fármaco
Claritromicina Fármaco
Diclofenaco Fármaco
Hidroclorotiazida Fármaco
Metoprolol Fármaco
Venlafaxina Fármaco
Benzotriazol Proteção contra corrosão
30
Tabela 8 - Substâncias para verificar o efeito de limpeza na Suíça (conclusão)
Nome da substância Grupo Substância
Candesartan Fármaco
Irbesartan Fármaco
4-metilbenzotriazol e 5-metilbenzotriazol Proteção contra corrosão
Fonte: BUNDESAMT FÜR UMWELT (2015).
A UBA (Umweltbundesamt), Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha,
disponibilizou em maio de 2019 uma lista de substâncias avaliadas quanto ao valor de
orientação para a saúde cuja possível presença na água tratada não é regulada por um valor
limite, mas é considerada humanamente tóxica. Entre as substâncias relacionadas, podemos
destacar as expostas na Tabela 9.
Tabela 9 – Valores de Orientação à Saúde da Alemanha referente a alguns fármacos analisados.
Substância Valores de orientação à saúde
Aciclovir 0,3 µg / L
Diclofenaco 0,3 µg / L
Ibuprofeno 1,0 µg / L
Metformina 1,0 µg / L
Fonte: UBA (2019).
A denominada “Lei da Água Potável Segura”, legislação de potabilidade dos Estados
Unidos, inclui um processo que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) deve seguir para
identificar e listar contaminantes não regulamentados que possam exigir uma regulamentação
nacional sobre água potável no futuro. As emendas da lei exigem que, a cada cinco anos, a
EPA emita uma nova lista de não mais de 30 contaminantes não regulamentados para serem
monitorados pelos sistemas públicos de água. A EPA deve publicar a chamada “Lista de
Candidatos a Contaminantes” ou CCL, e decidir se deve regular pelo menos cinco ou mais
contaminantes na lista (denominada “Determinações Regulatórias”). A EPA usa essa lista de
contaminantes não regulamentados para priorizar os esforços de pesquisa e coleta de dados para
nos ajudar a determinar se devemos regular um contaminante específico. O monitoramento
realizado de 2013 a 2015 incluiu 30 contaminantes, sendo 28 produtos químicos e 2 vírus. Entre
os contaminantes analisados podemos citar os hormônios, como 17-β-estradiol, 17-α-
etinilestradiol (etinilestradiol), 16-α-hydroxiestradiol (estriol), equilin, estrona, testosterona e
4-androstene-3,17-dione (EPA, 2018). Apesar de não serem parte integrante da legislação de
potabilidade atualmente vigente nos Estados Unidos, são fonte de estudos para regulação futura.
A Austrália possui um guia com diretrizes sobre água potável, o Australian Drinking
Water Guidelines (ADWG), formulado pelo Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica
(NHMRC) e Conselho Ministerial Nacional de Gestão de Recursos (NRMMC). No entanto,
não são relatados hormônios e fármacos nos padrões relacionados. Porém, de maneira proativa,
31
também associado ao Conselho de Proteção e Patrimônio Ambiental (EPHC), a Austrália
desenvolveu diretrizes aplicáveis ao abastecimento de água potável por efluentes municipais
tratados, a Australian National Guidelines for Water Recycling (Phase 2), mesmo não sendo
prática internacional comum fornecer diretrizes para produtos farmacêuticos em água potável.
O uso desses valores de referência é recomendado para avaliação de risco, com a ocorrência de
contribuição significativa do efluente municipal para o abastecimento de mananciais, seja forma
intencional ou não (NRMMC, EPHC, NHMRC, 2008).
Esta publicação inclui discussões sobre inúmeros produtos farmacêuticos, produtos de
cuidado pessoal e compostos com potencial atividade desreguladora endócrina, principalmente
em maior extensão do que nas Diretrizes para Água Potável da Austrália (NHMRC; NRMMC,
2011) ou na Fase 1 das diretrizes de reciclagem de água (NHMRC, EPHC, AHMC, 2006). Entre
os contaminantes relacionados podemos exemplificar os expostos na Tabela 10 com suas
respectivas diretrizes recomendadas para fins potáveis; estes, portanto, entre os micropoluentes
analisados nesta pesquisa, são os que possuem diretrizes recomendadas pela normativa
australiana.
Tabela 10 – Algumas diretrizes da Australian National Guidelines for Water Recycling (Phase 2).
Austrália
Micropoluentes Consumo tolerável Diretriz recomendada para
água potável (µg / L)
4-nonilfenol 0,15 (mg/kg/dia) 500
4-octilfenol 0,015 (mg/kg/dia) 500
Bezafibrato 8,6 (µg/kg/dia) 300
Bisphenol A 0,05 (mg/kg/dia) 200
Cafeína 1,5 (µg/kg/dia) 0,35
Diclofenaco 0,5 (µg/kg/dia) 1,8
Diltiazem 1,7 (µg/kg/dia) 60
Estradiol 0,05 (µg/kg/dia) 0,175
Estriol 1,4 x 10-3(µg/kg/dia) 0,05
Estrona 8,6 x 10-4(µg/kg/dia) 0,03
Etinilestradiol 4,3 x 10-5(µg/kg/dia) 0,0015
genfibrozila 17 (µg/kg/dia) 600
Ibuprofeno 11,4 (µg/kg/dia) 400
Metformina 7,1 (µg/kg/dia) 200
Naproxeno 6,3 (µg/kg/dia) 220
Paracetamol 50 (µg/kg/dia) 175
Propanolol 1,14 (µg/kg/dia) 40
Sulfametozaxol 10 (µg/kg/dia) 35
Fonte: Adaptado de NRMMC, EPHC, NHMR (2008).
32
O aumento da discussão sobre esses contaminantes em potencial, reflete uma
preocupação crescente quando a água reciclada é usada para aumentar o suprimento de água
potável, por possíveis riscos à saúde humana e ao meio ambiente.
Por meio de consulta das regulamentações de micropoluentes orgânicos em diferentes
países, percebe-se que está iniciando um movimento para regular alguns hormônios e fármacos
em água, porém, pouco efetivado no aspecto legislativo nos dias atuais. Em sua grande maioria,
os países encontram-se em fases de monitoramento, pesquisas e estudos toxicológicos das
substancias. Portanto, a Austrália se destaca entre os países desenvolvidos por possuir, desde
2008, diretrizes para reúso da água tratada com um uso potável, englobando uma variedade
imensa de microcontaminantes orgânicos.
No Brasil, os padrões de potabilidade da água são regulamentados pela Portaria da
Consolidação n.º 5, de 28 de setembro de 2017, porém não faz menção aos hormônios e
fármacos, assim como as últimas diretrizes para qualidade da água publicada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) (BRASIL, 2017; OMS, 2011).
3. METODOLOGIA
3.1. ÁREA DE ESTUDO
Este trabalho foi desenvolvido na ETA Jiqui, localizada em Parnamirim/RN, às margens
da Lagoa do Jiqui (Figura 2) cuja concepção é do tipo filtração direta descendente em linha. O
sistema de tratamento consiste de pré-oxidação com cloro (gás), coagulação com policloreto de
alumínio (PAC), filtração descendente em filtro de areia e desinfecção com cloro (gás), com
funcionamento de 24 horas diárias e capacidade de aproximadamente 555 L/s de água tratada
(PMSB, 2015).
A Lagoa de Jiqui, manancial superficial utilizado para captação (Figura 2), possui
capacidade máxima volumétrica de 439.774,96 m³ e área de bacia hidráulica de 15,36 ha
(SEMARH, 2019). Encontra-se inserida no próprio leito do Rio Pitimbu, pertencente a bacia
hidrográfica litorânea endorréica de nome homônimo. Esta bacia possui área de contribuição
de 127 km², compreendendo territorialmente os municípios de Macaíba (43%), Natal (10%) e
Parnamirim (47%), integrantes da Região Metropolitana de Natal (BORGES, A. N, 2002).
A Bacia Hidrográfica do Rio Pitimbu apresenta clima tropical chuvoso, segundo
classificação de Köppen, com estação invernosa ausente e forte precipitação anual (em torno
de 1.400 mm/ano), concentradas nos meses de Março a Julho (BORGES, A. N, 2002).
33
Figura 2 – Mapa de Localização da Lagoa e ETA do Jiqui.
Fonte: Autoria Própria.
O Rio Pitimbu possui aproximadamente 33 km de extensão, sendo a sua nascente no
município de Macaíba/RN. Este rio drena a lagoa do Jiqui, indo desaguar no Riacho Taborda,
em Parnamirim (LUCENA, L. R. F. et al., 2008). Aproximadamente 13 km da sua extensão são
caracterizados por áreas rurais, predominantemente localizados no município de Macaíba, de
modo que à medida que adentra nos municípios de Parnamirim e Natal, apresenta aglomerações
urbanas e industriais nas suas margens. Em decorrência das atividades antrópicas, é observado
modificações da composição vegetal, desflorestamento para implantação de cultivos agrícolas
e pastagens, deposição irregular de resíduos industriais e domésticos, efluentes sanitários e
focos de assoreamento, e além do exposto, diversos barramentos irregulares construídos por
agricultores são constatados por estudos (BARBOSA, 2006; SENA, D. S. 2008; OLIVEIRA,
2016). Esse curso d’água apresenta-se perene em toda sua extensão, tendo em vista ser
alimentado continuamente por ressurgência das águas subterrâneas. (BORGES, A. N, 2002).
Ressalta-se que esse rio, bem como lagoa do Jiqui, encontram-se enquadrados na Classe 2
(águas que podem ser destinadas ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
convencional, além de outros usos), da Resolução CONAMA nº 357/2005 conforme Decreto
estadual Nº 9.100/84 (BORGES, A. N, 2002).
34
3.2. PARÂMETROS DE CONTROLE
Na Tabela 11 apresentam-se os parâmetros físico-químicos, microbiológicos e os
microcontaminantes emergentes monitorados, com seus respectivos número de amostras
analisadas. As metodologias analíticas utilizadas para os parâmetros físico-químicos e
microbiológicos encontram-se apresentados na Tabela 12.
Para detecção dos microcontaminantes emergentes selecionados utilizaram-se os
métodos descritos por Sanson (2012).
Tabela 11 - Parâmetros de controle e número de amostras.
Nº Parâmetros de
Controle Nº de Amostras Nº
Parâmetros de
Controle Nº de Amostras
1 Cloro Residual Livre* 141 19 Cafeína 12
2 Cloretos 10 20 Dexametasona 12
3 Coliformes Totais 10 21 Diclofenaco 12
4 Cor Aparente* 144 22 Diltiazem 12
5 Dureza Total 10 23 Estradiol 11
6 E. Coli 10 24 Estriol 11
7 Ferro Total 10 25 Estrona 11
8 Nitrato 10 26 Etinilestradiol 11
9 Nitrito 10 27 genfibrozila 11
10 pH* 144 28 Ibuprofeno 11
11 Sólidos Totais
Dissolvidos 10
29 Linezolida 12
30 Loratadina 12
12 Sulfatos 10 31 losartan 12
13 Turbidez* 144 32 Metformina 12
14 4-nonilfenol 11 33 Naproxeno 12
15 4-octilfenol 11 34 Paracetamol 11
16 Aciclovir 12 35 Prometazina 12
17 Bezafibrato 12 36 Propanolol 12
18 Bisphenol A 11 37 Sulfametozaxol 12
*Os parâmetros: Cloro Residual Livre, Cor Aparente, pH e Turbidez, foram analisados a cada 2 horas
por 24 horas, nos dias de campanha de coleta.
Fonte: Autoria Própria.
Tabela 12 – Metodologias analíticas utilizadas para análise dos parâmetros físico-químicos e
microbiológicos.
Parâmetros de Controle Metodologia Analítica Referência
Cloro Residual Livre mg/L Colorímetrico DPD APHA4500CL (2005)
Cloretos mg/L Titulométrico -
Argentométrico APHA4500Cl B (2005)
Coliformes Totais Ausência/100ml Membrana Filtrante APHA (2005)
Cor Aparente uH Comparação visual e
colorimétrica APHA2120 (2005)
Dureza Total mg/L Titulométrico - EDTA APHA2340C (2005)
E. Coli Ausência/100ml Membrana Filtrante APHA (2005)
Ferro Total mg/L Espectrofotométrico -
Fenantrolina APHA3500Fe- B (2005)
35
Tabela 12 - Metodologias analíticas utilizadas para análise dos parâmetros físico-químicos e
microbiológicos.
Parâmetros de Controle Metodologia Analítica Referência
Nitrato mg/L Espectroscópico –
Região do UV 4500NO3 - B (2005)
Nitrito mg/L Método colorimétrico da
diazotização APHA 4500NO2 – B (2005)
pH Eletrométrico -
Potenciométrico APHA4500H+B (2005)
Sólidos Totais
Dissolvidos mg/L
Eletrométrico-
Condutivimétrico APHA2510 (2005)
Sulfatos mg/L Turbidimétrico APHA4500-SO4 E (2005)
Turbidez uT Nefelométrico APHA2130B (2005) NOTA: Todas as análises laboratoriais realizadas na CAERN são feitas de acordo com as especificações presentes
no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 21ª edição (APHA, 2005).
Fonte: Adaptado da CAERN (2019).
Ressalta-se que os parâmetros físico-químicos e microbiológicos listados na Tabela 12,
foram fornecidos pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN). Os
dados cedidos pela CAERN foram distintos de duas maneiras em relação a frequência de
monitoramento e número de análises. Os resultados acerca das análises de Cor Aparente,
Turbidez, pH e Cloro Residual Livre foram fornecidos por meio de análises realizadas
diariamente a cada 2 horas, resultando em 12 análises diárias. O restante dos parâmetros físico-
químicos e microbiológicos foram analisados por meio de uma coleta pontual realizada
mensalmente durante o período de monitoramento.
As concentrações resultantes de Genfibrozila, Bisfenol A, Estrona e 4-octilfenol das
campanhas 1 e 2, foram retiradas do trabalho de Tavares (2018). Em relação aos compostos
Paracetamol, Ibuprofeno, Diclofenaco, Genfibrozila, e Naproxeno, as concentrações detectadas
foram relatadas no trabalho de Pureza (2019), das campanhas 3 a 9.
Os procedimentos de preparo do material de coleta e extração dos fármacos e
desreguladores endócrinos foram realizados no Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento
Ambiental (LARHISA) do programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental
(PPGESA) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). As etapas de eluição, o
processo de derivatização e as análises por cromatografia gasosa e líquida, foram de
responsabilidade do DEQUI-UFOP, com metodologias desenvolvidas no Laboratório de
Caracterização Molecular de Espectrometria de Massas, da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP), Minas Gerais.
3.3. QUANTIFICAÇÃO DOS FÁRMACOS E DESREGULADORES ENDÓCRINOS
Para a avaliação da ocorrência dos micropoluentes de interesse na água tratada, o
trabalho experimental foi dividido em três etapas:
36
1ª Etapa: Coletas das amostras;
2ª Etapa: Preparação das amostras por filtração, quelação dos metais e posterior
extração em fase sólida (SPE);
3ª Etapa: Eluição, derivatização e análise por cromatografia gasosa acoplada a
espectrometria de massas (GCMS) para quantificação dos compostos Ibuprofeno (IBU),
Paracetamol (PCT), 4-octilfenol (4OP), 4-nonilfenol (4NP), Genfibroliza (GEN), Bisfenol-A
(BPA), Estrona (E1), Estradiol (E2), Etinilestradiol (EE2), Estriol (E3); e análise por
Cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas em série (LCMS/MS) para
quantificação dos fármacos Metformina (MET), Aciclovir (ACV), Cafeína (CAF), Linezolida
(LNZ), Propanolol (PNL), Diltiazem (DTZ), Prometazina (PTZ), Losartan (LST), Bezafibrato
(BZF), Diclofenaco (DCF), Dexametasona (DXM), Loratadina (LRT), Sulfametozaxol (SMX),
Naproxeno (NPX).
3.3.1. COLETA DAS AMOSTRAS
As amostras foram coletadas na torneira AD1 (referente a adutora 1) da Estação de
Tratamento de Água do Jiqui localizada no laboratório de análise da ETA. As coletas foram
iniciadas no mês de Dezembro de 2017 com finalização em Maio de 2019 resultando em 18
meses de atividades.
O volume coletado compreendeu o somatório de doze alíquotas de 85 mL, totalizando
1.020 mL, obtidas a cada 2 horas em um período de 24 h. As amostras eram acumuladas em
recipientes de vidro âmbar para evitar a fotodegradação dos analitos de interesse.
3.3.2. PROCEDIMENTO DE FILTRAÇÃO E EXTRAÇÃO DOS ANALITOS
A filtração, principal procedimento que antecede a extração dos compostos com a
finalidade de evitar a colmatação dos cartuchos, seguiu as recomendações metodológicas
descritas por Quaresma (2014) e Queiroz (2011). O processo é realizado a vácuo com papéis
de filtro de acetato de celulose, faixa branca (24 μm) e faixa azul (8 μm), respectivamente,
seguidos por filtros de fibra de vidro (1,2 μm).
Ressalta-se que antecedendo o processo de filtração era adicionado o Tiossulfato de
Sódio (Na2S2O3) baseado na concentração média de cloro residual livre presente nas amostras
de água, com intuito de neutraliza-lo.
Após finalização da filtração, antes do processo de extração, era corrigido o pH para
2,0 ± 0,2, pela adição de solução de ácido clorídrico (HCl) a 50% v/v. Na sequência, adicionava-
se ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) para a quelação dos metais eventualmente
presentes na amostra.
37
O método de extração adotado foi o recomendado por Sanson et al (2014) de Extração
em Fase Sólida (SPE) demonstrado na Figura 3Erro! Fonte de referência não encontrada..
A metodologia descrita consiste nas etapas de: Condicionamento externo do cartucho com
solventes apropriados; Conexão do Sistema com entrada do 𝑁2; Passagem do volume desejado
da amostra pelo cartucho; Passagem de nitrogênio para secagem do cartucho; Descarte do
material eluido e; devido acondicionamento dos cartuchos sob refrigeração (-20ºC).
Figura 3 - Aparato para extração em fase sólida de amostras de grandes volumes utilizando pressão
positiva.
Fonte: Sanson (2014).
Para a utilização da metodologia de extração em fase sólida descrita (Figura 3) foram
utilizados os cartuchos Strata X (Phenomenex ®) 500 mg/6ml, condicionados através da
passagem de 5 ml de acetonitrila, 5 ml de metanol e 5 ml de água ultrapura, respectivamente.
As amostras foram submetidas a uma determinada pressão a gás nitrogênio, após iniciada a
extração, no qual, as 1.020 mL da amostra passa pelo cartucho, utilizando uma vazão de
aproximadamente 5 mL/min. Após a extração em fase sólida, os cartuchos eram enviados para
análise cromatográfica na UFOP.
3.3.3. ANÁLISE CROMATOGRÁFICA
Cromatografia Gasosa acoplada à espectrometria de Massas (GCMS)
A análise foi realizada no cromatógrafo a gás modelo GC-2010 acoplado ao
espectrômetro de massas GCMS-QP2010 Plus (Shimadzu) utilizando uma coluna
38
cromatográfica Zebron ZB-5MSi (30 m × 0,25 mm × 0,25 µm, Phenomenex).
Cromatografia Líquida acoplada à espectrometria de Massas em série LCMS/MS)
As análises foram realizadas no equipamento LCMS-8040 (Shimadzu), acoplado ao
UHPLC modelo Nexera (Shimadzu) com os seguintes módulos: controladora CBM-20A, 3
bombas LC-30AD, amostrador SIL30AC, forno de coluna CTO-30A, desgaseificador DGU-
20As. Foi utilizada a coluna cromatográfica C18 modelo Kinetex (Phenomenex) com 100 mm
× 2,1 mm × 2,6 µm.
Para quantificação dos microcontaminantes de interesse, os limites de detecção (LD) e
quantificação (LQ) de seu respectivo analito seguem expostos nas Tabela 13 e Tabela 14. Os
valores de LD e LQ variaram na metodologia GCMS devido troca da coluna cromatográfica
em que realizaram as análises na UFOP. As colunas modificadas são de mesma fase
estacionária, mas as condições da coluna (principalmente em relação ao desgaste ocasionado
pela matriz complexa que é analisada) provocam alterações no perfil dos picos e linha de base.
Tabela 13 – Limites de Detecção (LD) e Quantificação (LQ) do método GCMS.
Limite de Detecção – LD Limite de Quantificação – LQ
campanhas
de 1 a 7
campanhas
de 8 e 9
campanhas
de 10 a 12
campanhas
de 1 a 7
campanhas
de 8 e 9
campanhas
de 10 a 12
Ibuprofeno 1,4 0,30 0,4 4,6 0,90 1,3
Paracetamol 0,4 0,20 0,8 1,3 0,70 2,5
4-octilfenol 0,5 0,20 0,4 1,8 0,70 1,1
4-nonilfenol 0,7 0,10 1,6 2,5 0,30 4,7
Genfibroliza 1,0 0,30 0,3 3,4 1,10 0,9
Bisfenol-A 0,2 0,00 0,1 0,7 0,10 0,2
Estrona 0,2 0,10 1,7 0,5 0,20 5,0
Etradiol 0,7 0,30 0,8 2,4 0,80 2,3
Etinilestradiol 0,6 0,40 1,7 2,1 1,30 5,2
Estriol 1,0 0,10 0,7 3,2 0,30 2,0
Fonte: Autoria Própria.
Tabela 14 – Limites de Detecção (LD) e Quantificação (LQ) do método LCMS/MS.
Limite de Detecção - LD Limite de Quantificação - LQ
Metformina 1,4 4,6
Aciclovir 0,9 3,2
Cafeína 162,1 540,2
Linezolida 1,7 5,8
Propanolol 8,3 27,7
Diltiazem 1,2 4,1
Prometazina 0,3 1,0
Losartan 1,0 3,3
39
Tabela 14 - Limites de Detecção (LD) e Quantificação (LQ) do método LCMS/MS.
Limite de Detecção - LD Limite de Quantificação - LQ
Bezafibrato 71,7 239,1
Diclofenaco 118,7 395,7
Dexametasona 2,9 9,5
Loratadina 1,9 6,3
Sulfametozaxol 2,0 6,8
Naproxeno 37,5 125,0
Fonte: Autoria Própria.
3.4. CÁLCULO DO IQA
Para determinação do IQA da água tratada da ETA Jiqui foi aplicada a metodologia
proposta pelo Canadian Council of Ministers of the Environment – CCME. O índice incorpora
três elementos, baseando-se em medidas denominadas de escopo, frequência e amplitude dos
valores que estão fora dos estipulados pelas normas adotadas como referência: F1, o número de
variáveis que apresentaram valores fora dos padrões, (escopo); F2, a frequência com que valores
das análises apresentam-se fora dos padrões (frequência); e F3, quanto se distanciam dos
valores-padrão, (amplitude). Eles são combinados para produzir um único valor (entre 0 e 100)
que descreva a qualidade de água. Esses números são divididos em 5 categorias descritivas para
simplificar a apresentação. (MARQUES, M. N. et al, 2007).
O Escopo (F1) representa a porcentagem das variáveis que não se encontram dentro
dos padrões estipulados pelas normas, relativa ao número total das variáveis medidas:
(1)
𝐹1 = (𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑖𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑖𝑠 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎𝑠) 𝑥 100
A Frequência (F2) representa a porcentagem dos testes individuais que não se
encontram dentro dos padrões estipulados pelas normas:
(2)
𝐹2 = (𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑜𝑠
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠) 𝑥 100
A Amplitude (F3) representa quanto os valores dos testes falhos estão fora dos
estipulados pelas normas e é calculada em três etapas.
i) Sempre que uma concentração individual for maior que o valor estipulado pelas
normas, ele será denominado “excluído” e expresso como segue:
(3)
𝐸𝑥𝑐𝑙𝑢í𝑑𝑜𝑖 = (Valor do teste falho𝑖
Valor estipulado pelas normas𝑗) − 1
40
Para os casos em que o valor do teste não deve ser menor que o valor mínimo estipulado
pelas normas: (4)
𝐸𝑥𝑐𝑙𝑢í𝑑𝑜𝑖 = (Valor estipulado pelas normas𝑖
Valor do teste falho𝑗) − 1
Para os casos em que o valor determinado no teste é igual a zero:
(5) 𝐸𝑥𝑐𝑙𝑢í𝑑𝑜𝑖 = Valor estipulado pelas normas𝑖
ii) Calcula-se quanto os testes individuais, na coletividade, estão fora dos valores
estipulados pelas normas somando os excluídos de cada teste falho individual e dividindo-os
pelo número total dos testes realizados. Essa variável refere-se à razão do somatório dos
excluídos e do número de testes realizados, ou o nse, sendo calculado como:
(6)
𝑛𝑠𝑒 =∑ 𝐸𝑥𝑐𝑙𝑢í𝑑𝑜𝑖𝑖=1
# 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠
iii) F3 é calculado, então, por uma função assintótica que normaliza a soma dos
excluídos (nse) para obter uma escala entre 0 e 100.
(7)
𝐹3 = (𝑛𝑠𝑒
0,01𝑛𝑠𝑒 + 0,01)
Uma vez obtidos os fatores, o índice próprio pode ser calculado. O IQA-CCME:
(8)
𝐼𝑄𝐴𝐶𝐶𝑀𝐸 = 100 − (√𝐹12 + 𝐹22 + 𝐹3²
1,732)
Os valores resultam em um intervalo entre 0 e 100, onde 0 representa a "pior" qualidade
da água e 100 representa a "melhor". Uma vez determinado o valor, a qualidade da água é
expressa relacionando-o a uma das seguintes categorias:
Excelente: (valor 95-100) - a qualidade da água é protegida com uma ausência de ameaça
ou prejuízo; condições muito próximas aos níveis naturais.
Bom: (Valor 80-94) - a qualidade da água é protegida, mas com um grau menor de
ameaça ou pouco afetado; as condições raramente se distanciam dos níveis naturais ou
desejáveis.
Regular: (Valor 65-79) - a qualidade da água é geralmente protegida, mas
ocasionalmente ameaçada ou prejudicada; as condições às vezes se distanciam dos níveis
naturais ou desejáveis.
Ruim: (Valor 45-64) - a qualidade da água é frequentemente ameaçada ou prejudicada;
condições se distanciam da natureza ou níveis desejáveis frequentemente.
Péssima: (Valor 0-44) - a qualidade da água quase sempre é ameaçada ou prejudicada;
condições geralmente se distanciam dos níveis naturais ou desejáveis.
41
Ressalta-se que no cômputo do 𝐼𝑄𝐴𝐶𝐶𝑀𝐸 foram excluídos os parâmetros Aciclovir
(ACV), Dexametasona (DXM), Linezolida (LNZ), Loratadina (LRT), Losartan (LST) e
Prometazina (PTZ), em função da indisponibilidade atual de regulação em normas de água
potável.
Os valores padrões utilizados no cálculo foram baseados na Portaria da Consolidação
nº 5/2017, do Ministério da Saúde – Brasil para os parâmetros físico-químicos e
microbiológicos, e nas Diretrizes Australianas para Reciclagem de Água fase 2/2008 do
Governo Australiano para os produtos farmacêuticos e compostos desreguladores endócrinos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. OCORRÊNCIA DE FÁRMACOS
De uma forma geral, os resultados indicaram a presença de dez compostos
farmacológicos distintos nas amostras de água tratada coletadas na ETA Jiqui. Dos dezesseis
analitos avaliados, foram detectados, em pelo menos uma campanha de coleta o Ibuprofeno
(IBU), Naproxeno (NPX), Aciclovir (ACV), Sulfametoxazol (SMX), Propanolol (PNL),
Losartan (LST), Genfibrozila (GEN), Metformina (MET), Prometazina (PTZ) e Loratadina
(LRT). No entanto, nenhum dos compostos encontrados obtiveram uma frequência de detecção
superior a 50%, considerando todas as campanhas realizadas nos 18 meses de atividades de
pesquisa.
Aciclovir, Losartan, Genfibrozila e Loratadina foram os medicamentos de maior
destaque em relação a frequência de detecção variando entre 40% a 50% das campanhas
realizadas, conforme é possível observar na Tabela 15.
Tabela 15 – Valor máximo, mediana, quantidade de vezes detectado e frequência de detecção
dos compostos farmacêuticos presentes na água tratada da ETA Jiqui.
Classes Compostos Máximo
(ng/L)
Mediana
(ng/L)
Vezes detectado
(*n = 12)
Detecção
(%)
AINE **IBU 64,02 43,96 2 18
NPX 276,32 276,32 1 8
Antiviral ACV 184,06 122,77 5 42
Antibiótico SMX 231,2 231,2 1 8
Anti-
hipertensivos
PNL 236,76 81,96 3 25
LST 93,06 36,33 6 50
Outros
Fármacos
**GEN 90,01 78,91 5 45
MET 88 88 1 8
PTZ 150,32 110,45 2 17
LRT 16,08 14,665 6 50
*n = número de campanhas realizadas durante o período de pesquisa; ** Foram realizadas apenas onze (11)
42
campanhas de coleta para Ibuprofeno e Genfibrozila.
Fonte: Autoria Própria.
Os demais compostos (Paracetamol, Diclofenaco, Linezolida, Dialtizem, Cafeína e
Bezafibrato) resultaram em valores menores que o Limite de Detecção e Quantificação dos
métodos de análise.
No geral, as concentrações de produtos farmacêuticos detectados nas amostras
excederam 60 ng/L (com exceção da Loratadina) resultando em valores mais expressivos aos
relatados em estudos realizados em outros países (STACKELBERG et al., 2007; HUERTA-
FONTELA et al., 2008; BENOTTI, M. T. et al. 2009; LEUNG et al., 2013; GAFFNEY et al.,
2014).
No grupo dos anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), foram identificadas duas
substâncias: Ibuprofeno (IBU) e Naproxeno (NPX). As concentrações de IBU variaram de 23,9
a 64,01 ng/L, enquanto o NPX resultou em uma detecção pontual dentre as campanhas
realizadas com concentração de 276,32 ng/L. Os resultados obtidos neste trabalho foram
superiores ao reportado por Gaffney et al. (2015) que encontraram concentrações máximas de
21 e 6 ng/L de IBU e NPX, respectivamente, na água tratada distribuída a população de Lisboa,
em Portugal. Simazaki et al. (2015) reportaram concentrações de 6 ng/L de IBU, na água tratada
em uma ETA no Japão, que possui processos avançados de tratamento de água, incluindo
ozonização e adsorção com carvão ativado granular para remoção de precursores de
trihalometano e vestígios químicos.
O Aciclovir (ACV) como único antiviral avaliado nesta pesquisa obteve destaque com
42% de frequência de detecção e concentração máxima de 184,06 ng/L. Segundo Boulard et al.
(2018), em um estudo na Alemanha, não foi encontrado aciclovir em água tratada, mas é
relatado em água superficial com concentração máxima de 70 ng/L, bem inferior a concentração
observada na água tratada da ETA Jiqui. Alguns estudos constatam remoção do aciclovir (>
80%) em ETEs urbanas na Alemanha (BOULARD et al. 2018; NANNOU, C. et al. 2019),
provavelmente devido à biotransformação quase completa da droga durante o processo de lodo
ativado. Em geral, é relatado que a remoção do aciclovir nas ETEs com sistema de lodo ativado
é elevada (> 95%). No entanto, não se sabe se é parcialmente transformado ou mineralizado
(NANNOU, C. et al. 2019). Sabemos que o rio Pitimbu não recebe efluente de ETE, portanto
a elevada frequência deste composto confirma a ausência de tratamento em possíveis
disposições inadequadas de esgoto, seja de forma direta ou indireta.
Com ocorrência em apenas uma campanha de coleta, o antibiótico Sulfametozaxol
(SMX) obteve ainda um elevado valor de quantificação (231,2 ng/L) se mostrando bem acima
43
do relatado por Gaffney et al.(2015), na água de abastecimento de Lisboa, em Portugal; e por
Furlong et al. (2017), que em análise de 25 estações de tratamento de água distribuídas pelos
Estados Unidos, observou uma concentração máxima de 8,20 ng/L de SMX em água tratada.
Em relação aos anti-hipertensivos detectados, o Losartan (LST) foi observado em 50%
das campanhas realizadas com concentração máxima em torno dos 93 ng/L, ao contrário do
relatado na Sérvia por Petrović et al. (2014) e na Espanha por Huerta-Fontela et al. (2011) onde
não foi possível quantificar o LST em amostras de água tratada. Segundo Pereira et al. (2016),
o LST é o anti-hipertensivo mais utilizado no Brasil e isto pode estar associado com a maior
ocorrência registrada em relação aos fármacos avaliados. O Propranolol (PNL), apesar de ser
observado em apenas 25% das campanhas, obteve também valores superiores ao relatado em
outros estudos (236,76 ng/L): Furlong et al. (2017) relatou concentração máxima de apenas
2,50 ng/L em amostras de água tratada dos Estados Unidos, assim como Gaffney et al. (2015),
na água de abastecimento de Lisboa, em Portugal, observou concentração de apenas 6,7 ng/L.
Genfibrozila (GEN) e Loratadina (LRT) foram outros fármacos de maior frequência de
detecção com 45% e 50%, respectivamente. O GEN estava presente em quase metade das
amostras de água tratada coletadas nos Estados Unidos (7 de 18 amostras) com concentração
máxima relatada de 2,1 ng/L (BENOTTI et al. 2009), valor esse bem inferior ao relatado na
ETA Jiqui (90 ng/L). No Brasil, Reis et al. (2019) observaram uma concentração máxima de
85 ng/L de GEN em amostras de água tratada de seis ETAs de ciclo completo, localizadas na
região metropolitana de Belo Horizonte, sendo o resultado que mais se aproxima ao encontrado
nas amostras de água tratada da ETA Jiqui.
Em relação a LRT apesar da elevada frequência (50%) a concentração máxima
observada (16,08 ng/L) foi a menor entre os demais fármacos detectados. Reis et al. (2019)
relatou valores superiores de LRT na água tratada distribuída a população de Belo Horizonte
(cerca de 67 ng/L). Já em estudos realizados na Espanha (HUERTA-FONTELA et al. 2011) e
nos Estados Unidos (FURLONG et al. 2017) não houve ocorrência deste fármaco em água
tratada.
É possível observar uma maior ocorrência no Brasil do antilipêmico Genfibrozila e do
anti-histamínico Loratadina em relação a ocorrência na Espanha, China e Estados Unidos
(HUERTA-FONTELA et al. 2011; LEUNG et al., 2013; FURLONG et al. 2017). Este fato
pode estar associado a diversos fatores, seja maior consumo da população a estes fármacos,
menor eficiência de remoção em ETEs ou menor proteção dos mananciais utilizados para
abastecimento público, trazendo estes contaminantes por disposições inadequadas de excretas.
Em relação a Metformina e Prometazina, estes fármacos obtiveram baixas frequências
44
de detecção, com concentrações máximas de 88 e 150,32 ng/L, respectivamente. Estudos acerca
da presença destes compostos farmacêuticos em água tratada não foram encontrados.
4.2. OCORRÊNCIA DE DESREGULADORES ENDÓCRINOS
Em relação aos compostos Desreguladores Endócrinos (DEs), dos oitos avaliados
inicialmente, quatro foram identificados em concentrações acima dos limites LD e LQ: o 4-
Octilfenol (4OP), 4-Nonilfenol (4NP), Bisfenol A (BPA) e Estrona (E1) (ver Tabela 16). O
destaque foi para o BPA presente em 91% das campanhas, seguido pelo 4OP em 64%, 4NP
com 36% e E1 com 18% de frequência em água tratada.
Tabela 16 – Valor máximo, mediana, quantidade de vezes detectado e frequência de detecção dos
compostos desreguladores endócrinos presentes na água tratada da ETA Jiqui.
Classe Compostos Máximo
(ng/L)
Mediana
(ng/L)
Vezes Detecção
(*n = 11)
Detecção
(%)
Desreguladores
Endócrinos
BPA 114,4 21,6 10 91
4OP 80,83 28,32 7 64
4NP 577,1 271,23 4 36
E1 13 11,1 2 18
*n = número de campanhas realizadas durante o período de pesquisa;
Fonte: Autoria Própria.
Em estudo realizado por Benotti et al. (2009), nos Estados Unidos, amostras de água
tratada de 19 concessionárias de abastecimento foram analisadas e foi observada a ocorrência
de 4-Nonilfenol (4NP) com concentração máxima de 100 ng/L. Em relação ao Bisfenol A
(BPA), Benotti et al. (2009) obtiveram uma concentração de 25 ng/L.
Na Itália, Riva et al. (2018) também relataram em amostras de água tratada a presença
do composto 4-Nonilfenol (4NP), porém com concentração máxima de 16 ng/L, inferior ao
relatado por Benotti et al.(2009) (100 ng/L) e ao observado na ETA Jiqui (577,1 ng/L). As
amostras de água tratada advinham de poços distribuídos pela cidade de Milão e eram
submetidos a tratamentos que consistiam principalmente em filtros de carvão ativado ou osmose
reversa e desinfecção. Esta concentração inferior de 4NP relatada por Riva et al. (2018) pode
estar associada a maior proteção do manancial de origem.
Em relação ao Bisfenol A (BPA), Riva et al. (2018) observaram concentração máxima
de 683 ng/L e mediana de 23,1 ng/L. Segundo exposto pelos autores, é provável que a alta
concentração de BPA seja um erro externo causado por uma contaminação pontual e imediata,
exigindo que seja necessária uma investigação mais aprofundada.
Da mesma forma, devido à elevada frequência de detecção do BPA (91%) na água
45
tratada da ETA Jiqui, em comparação com os demais micropoluentes analisados nesta pesquisa,
podemos pressupor a possibilidade de contaminação externa em manuseio laboratorial, já que
diversos recipientes e materiais possuem em sua composição o micropoluente em questão
tornando difícil considera-lo como um bom indicador de contaminação em água tratada.
Estudos acerca da ocorrência do 4-Octilfenol e Estrona em água tratada não foram
encontrados.
4.3. ANÁLISE DO IQA-CCME
Na Tabela 17 apresentam-se os valores dos parâmetros físico-químicos e
microbiológicos fornecidos pela CAERN, correspondentes ao período de monitoramento do
presente estudo, bem como os valores máximos preconizados pela Portaria da Consolidação nº
5/2017 do Ministério da Saúde (MS). De acordo com a Tabela 17, apenas o ferro, cloro residual
livre, pH e turbidez ultrapassaram os limites impostos pela citada portaria. Assim, levando em
consideração o método para o cálculo do índice canadense, apenas estes quatros parâmetros
físico-químicos interferiram negativamente no cálculo do 𝐼𝑄𝐴𝐶𝐶𝑀𝐸 .
46
Tabela 17 – Monitoramento dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água tratada da ETA Jiqui.
Fonte: Adaptado da CAERN (2019).
Campanha Cloretos Coliformes
Totais Dureza E. Coli
Ferro
Total Nitrato Nitrito
Sólidos Totais
Dissolvidos Sulfato
Cloro
Residual
Livre
Cor
Aparente pH Turbidez
Padrão 250 mg/L AUSÊNCIA
em 100 ml 500 mg/L
AUSÊNCIA
em 100 ml 0,30 mg/L 10 mg/L 1 mg/L 1000 mg/L 250 mg/L
0,2 – 2
mg/L 15,00 uH 6 -9,5 0,5 uT
1 22,37 Ausente 22,56 Ausente <0,1 1,77 <0,01 60,8 <1 1,99 4,70 6,43 0,53
2 23,79 Ausente 22,61 Ausente <0,1 1,54 <0,01 65,2 <1 1,71 9,90 6,38 1,09
3 23,08 Ausente 17,86 Ausente 0,72 1,43 <0,01 62,8 <1 2,95 5,55 6,33 0,80
4 23,43 Ausente 23,21 Ausente 0,29 1,53 <0,01 72,1 <1 1,16 38,70 6,66 3,77
5 21,64 Ausente 21,91 Ausente <0,1 1,57 <0,01 64,7 <1 0,90 34,65 6,37 3,03
6 24,14 Ausente 18,34 Ausente <0,1 1,84 <0,01 60,8 <1 1,51 11,15 6,18 0,84
7 24,19 Ausente 22,6 Ausente <0,1 2,05 <0,01 61,1 <1 1,39 8,20 6,20 0,51
8 22,28 Ausente 23,69 Ausente <0,1 2,1 <0,01 63,1 <1 1,46 8,65 6,34 0,59
9 - - - - - - - - - 2,00 8,65 6,30 0,48
10 28,11 Ausente 24,72 Ausente <0,1 1,44 <0,01 61,7 <1 1,90 6,90 6,28 1,01
11 - - - - - - - - - 1,85 8,10 6,27 1,42
12 24,85 Ausente 19,72 Ausente <0,1 1,75 <0,01 56,2 <1 2,36 9,70 6,20 1,79
Percentual
de falha 0% 0% 0% 0% 10% 0% 0% 0% 0% 17% 17% 0% 92%
47
Na Tabela 18 apresentam-se as concentrações dos Micropoluentes Emergentes
analisados e suas respectivas diretrizes estabelecidas pelo NRMMC, EPHC e NHMR (2008) do
Governo Australiano. Dentre os 14 micropoluentes emergentes detectados, apenas 10 estão
relacionados entre as diretrizes (IBU, NPX, SMX, PNL, GEN, MET, 4OP, 4NP, BPA, E1). Por
conseguinte, quatro analitos não foram computados no 𝐼𝑄𝐴𝐶𝐶𝑀𝐸 , conforme explicitado em
materiais e métodos.
Tabela 18 - Concentrações dos Micropoluentes Emergentes detectados, em ng/L, e suas respectivas
diretrizes estabelecidas pelo NRMMC, EPHC e NHMR (2008) do Governo Australiano.
Campanha Data IBU NPX SMX PNL GEN MET 4OP 4NP BPA E1
Diretriz (ng/L) 400000 220000 35000 40000 600000 200000 500000 500000 500000 200000
1 07/12/2017 <LD <LQ <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD
2 24/01/2018 <LD <LD <LD <LD 69,30 <LD <LD <LD 25,7 <LD
3 07/02/2018 - 276,32 <LD <LD - <LD - - - -
4 18/04/2018 <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD <LD 21 <LD
5 02/05/2018 <LD <LD 231,20 <LD <LD <LD 7,3 <LD 9,8 <LD
6 24/07/2018 <LD <LD <LD <LD 70,60 <LD 37,3 577,1 62,1 9,2
7 15/08/2018 23,90 <LQ <LD <LD 83,70 <LD 66,7 <LD 114,4 13
8 12/09/2018 <LD <LD <LD 236,76 <LD <LD 5,3 11 18,5 <LD
9 26/09/2018 <LD <LD <LD 81,96 <LD 88,00 <LD 21 22,2 <LD
10 27/03/2019 <LD <LD <LD 50,07 78,91 <LD 25,81 <LD 34,88 <LD
11 10/04/2019 <LD <LD <LD <LQ <LD <LD 80,83 521,46 0,85 <LD
12 08/05/2019 64,02 <LD <LD <LD 90,01 <LD 28,32 <LD 14,75 <LD
Fonte: Autoria Própria.
É possível observar através dos resultados expostos na Tabela 18 que nenhum dos
fármacos e desreguladores detectados, os quais possuem diretriz estabelecida pelo governo
australiano, excederam os limites para uso de água com fins potáveis.
Segundo NRMMC, EPHC, NHMRC (2008), devido dados científicos inconclusivos ou
únicos dados disponíveis serem acerca de estudos com animais, os valores das diretrizes
relacionadas aos fármacos e desreguladores são muito conservadores e são calculados usando
uma série de fatores de segurança. Portanto, as concentrações dos microcontaminantes
emergentes encontradas, com base no conhecimento atual e em comparação com as diretrizes
australianas, não resultam em nenhum risco significativo para a saúde do consumidor durante
toda a vida útil do consumo e é consistente com água de boa qualidade.
Na Tabela 19 encontra-se exposto o 𝐼𝑄𝐴𝐶𝐶𝑀𝐸 resultante para a água tratada da ETA
Jiqui após cálculos dos elementos necessários.
48
Tabela 19 – Resultado do Cálculo do IQA-CCME.
Variáveis com Falha Nº de testes com
falha (𝒏𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝟏𝟐)
Porcentagem
de Falhas (%) Elementos do IQA-CCME
Turbidez 11 92 F1 12,90
Cor 2 17 F2 4,65
Cloro Residual Livre 2 17 F3 6,69
Ferro Total* 1 10 IQA-CCME 91,19 *O ferro total se diferencia das demais variáveis por possuir apenas 10 análises no número total de testes.
Fonte: Autoria Própria.
Os resultados dos percentuais de parâmetros falhos (F1), de análises falhas (F2) e da
amplitude (F3) possibilitaram obter comprovações a respeito da influência destes resultados,
no resultado final do índice IQA-CCME. O índice resultou em 91,19 classificando a água
tratada em uma boa qualidade. Esta classificação compreende uma água protegida com apenas
um grau menor de ameaça ou prejuízo, com condições que partem dos níveis naturais ou
desejáveis em algumas situações.
Com a realização do IQA-CCME foi possível confirmar que a atual concentração
existente dos microcontaminantes emergentes avaliados, não provocam impacto na qualidade
da água efluente da ETA Jiqui, sendo a alteração existente ocasionada por alterações pontuais
nos parâmetros físico-químicos, com o destaque maior para a turbidez com 92% de falha ao
total de todas as análises, seguido pelo cloro residual livre e cor aparente (17%) e ferro total
(10%). Apesar da água estar caracterizada como de boa qualidade, o índice, sem outras
avaliações mais específicas, não conduz a uma melhor interpretação dos resultados em relação
aos padrões físico-químicos. A estação deve sempre produzir água confiável em 100% do
tempo, e as oscilações de alguns parâmetros que ultrapassem a portaria devem ser corrigidos.
5. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos foi verificada a ocorrência de 14 micropoluentes
emergentes entre os 24 avaliados, sendo entre eles 10 produtos farmacêuticos (Ibuprofeno,
Naproxeno, Aciclovir, Sulfametozaxol, Propranolol, Losartan, Genfibrozila, Metformina,
Prometazina e Loratadina) e 4 compostos desreguladores endócrinos (Bisfenol A, 4-Octilfenol,
4-Nonilfenol, Estrona) detectados na água tratada fornecida pela ETA Jiqui.
O resultado encontrado para o Índice de Qualidade da Água canadense (𝐼𝑄𝐴𝐶𝐶𝑀𝐸 =
91,19) configura a água tratada da ETA Jiqui como de BOA qualidade, já que em comparação
com a normativa australiana, nenhum dos fármacos ou desreguladores endócrinos detectados
que possuem valor de referência, excederam o limite de exposição permitido para água
49
destinada a fins potáveis, configurando em relação a este novo aspecto, em nenhum risco
significativo para a saúde do consumidor durante toda a vida útil do consumo sendo realmente
consistente com água de boa qualidade.
50
REFERÊNCIAS
ACADÉMIE NATIONALE DE PHARMACIE. Médicaments et environnement. Paris,
France. March, 2019
ALMEIDA, G. S. Utilização do Índice de Qualidade das Águas IQA-CCME para
Avaliação do Monitoramento em Bacia Hidrográfica. Estudo de Caso: Bacia Hidrográfica
Joanes Ipitanga, Estado da Bahia. Projeto de Pesquisa. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil – Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, 2012.
ALVES, T. C.; GIRARDI, R. PINHEIRO, A. Micropoluentes orgânicos: ocorrência,
remoção e regulamentação. REGA, Porto Alegre, v. 14, e1, 2017.
ANA. Agência Nacional de Águas. Abastecimento Urbano de Água na região metropolitana
de Natal/RN. 2010. Disponível em:
http://atlas.ana.gov.br/Atlas/forms/analise/RegiaoMetropolitana.aspx?rme=16. Acesso em 12
de setembro de 2019.
ANSES. French Agency for Food, Environmental and Occupational Health & Safety. Liste des
Valeurs Toxicologiques de Référence (VTR) construites par l’Anses. Disponível em
<https://www.anses.fr/fr/content/liste-des-valeurs-toxicologiques-de-
r%C3%A9f%C3%A9rence-vtr-construites-par-l%E2%80%99anses>. Acesso em 11 de
setembro de 2019.
ANUÁRIO DE NATAL. Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo. SEMURB,
2017.
BATLOUNI, M. Anti-Inflamatórios Não Esteroides: Efeitos Cardiovasculares, Cérebro-
Vasculares e Renais. Arq. Bras. Cardiol. São Paulo, v. 94, n. 4, p. 556-563, abril de 2010.
BENOTTI, M. T. et al. Pharmaceuticals and Endocrine Disrupting Compounds in US
Drinking Water. Environmental science & technology. 2009.
BERNARDO, L. DI; PAZ, L. P. S. Seleção de tecnologias de tratamento de água. São Carlos:
LDiBe, 2010. p. 868.
BILA, D. M.; DEZOTTI, M. Desreguladores endócrinos no meio ambiente: efeitos e
consequências. Quím. Nova, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 651-666, junho de 2007.
BILA, D. M.; DEZOTTI, M. Fármacos no meio ambiente. Quím. Nova, São Paulo, v. 26, n.
4, p. 523-530, agosto de 2003.
BORGES, A. N. Implicações ambientais na bacia hidrográfica do rio Pitimbu (RN)
decorrentes das diversas formas de uso e ocupação do solo. Dissertação de Mestrado, UFRN,
Natal/RN, 2002.
BOULARD, L., DIERKES, G., TERNES, T. Utilization of large volume zwitterionic
hydrophilic interaction liquid chromatography for the analysis of polar pharmaceuticals
in aqueous environmental samples: benefits and limitations. J. Chromatogr. A 1535, Pages
27–43. 2018.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 357, de 17 de
março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o
seu enquadramento. Diário Oficial da União, nº 053, Brasília, DF, de 18 de Mar. de 2005, págs.
58-63.
51
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 396, de 03 de
abril de 2008. Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das
águas subterrâneas e dá outras providências. Diário Oficial da União, nº 66, de 7 de abril de
2008, Seção 1, páginas 64-68.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 430, de 13 de
maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes. Diário Oficial
da União, Brasília, DF.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico. Congresso Nacional, Brasília, DF.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF.
BRASIL. Lei nº 9433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o
inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março
de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Congresso Nacional,
Brasília, DF.
BRASIL. Portaria da Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017. Dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro, Brasília, DF.
BUNDESAMT FÜR UMWELT. Erläuternder Bericht zur Änderung der
Gewässerschutzverordnung. Schweizerische Bundesrat. Schweiz, 2015.
CASTRO, L. V. Avaliação da remoção de fármacos e desreguladores endócrinos em filtros
de polimento para tratamento de esgoto doméstico. Dissertação de mestrado - UFMG,
Escola de Engenharia. 2017.
CCME - Canadian Council of Ministers of the Environment. Canadian water quality guidelines for the
protection of aquatic life: CCME Water Quality Index 1.0, Technical Report. Canada, 2001a. 13 f.
Disponível em: <http://ceqg-rcqe.ccme.ca/download/en/137>. Acesso em: 09 novembro 2019
CCME - Canadian Council of Ministers of the Environment. Canadian water quality guidelines for the
protection of aquatic life: CCME Water Quality Index 1.0, User’s Manual. Canada, 2001b. 5 f.
Disponível em: <http://ceqg-rcqe.ccme.ca/download/en/138>. Acesso em: 09 novembro de 2019.
CHEMICAL BOOK. Disponível em: <https://www.chemicalbook.com/>. Acesso em 18 de
outubro de 2019.
CHIARADIA, M. C.; COLLINS, C. H.; JARDIM, I. C. S. F. O estado da arte da
cromatografia associada à espectrometria de massas acoplada à espectrometria de massas
na análise de compostos tóxicos em alimentos. Quím. Nova, São Paulo , v. 31, n. 3, p. 623-
636, 2008 . 0.
COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L.; BONATO, P. S. Em Introdução a Métodos
Cromatográficos; 7ª edç.; Editora da Unicamp: Campinas, 1997.
52
DIAS, D. F. F. Filtração reativa em meios porosos foto-oxidativos. Dissertação de Mestrado.
Universidade do Minho, Escola de Engenharia, 2014.
DUARTE, P. A. F. Novos poluentes. Principais impactos de compostos desreguladores
endócrinos na saúde pública. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade Nova de Lisboa. 2008.
ECHA. European Chemicals Agency. Disponível em: <https://echa.europa.eu/>. Acesso em
09 de novembro de 2019.
EPA. Drinking Water Contaminant Candidate List (CCL) and Regulatory
Determination. United States Environmental Protection Agency. 2018. Disponível em
<https://www.epa.gov/ccl>. Acesso em 18 de outubro de 2019.
EPA. Office of the Science Advisor Science Policy Council U.S. Environmental Protection
Agency Washington, DC. The U.S. Environmental Protection Agency’s Strategic Plan for
Evaluating the Toxicity of Chemicals. Washington/DC,2009.
FURLONG, E. T. et al. Nationwide reconnaissance of contaminants of emerging concern
in source and treated drinking waters of the United States: Pharmaceuticals. Science of
The Total Environment, Volume 579, 2017, Pages 1629-1642.
GAFFNEY, V. J. et al. Occurrence of pharmaceuticals in a water supply system and
related human health risk assessment. Water Research. Volume 72, 2015, Pages 199-208.
GIGER, W. Produits chimiques: facteurs de risque pour l’environnement et la sante.
EAWAG news, v. 53, n. 1, p. 3-5, 2002.
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Decreto Nº 9.100 de 22 de
outubro de 1984. Enquadra cursos e reservatórios d’água do Estado na classificação
estabelecida na Portaria nº 13/76 do Ministério do Interior, e dá outras providências.
GROSSELI, G. M. Contaminantes emergentes em estações de tratamento de esgoto
aeróbia e anaeróbia. Tese de doutorado - UFSCar, São Paulo, 2016.
GUIMARÃES, D. O.; MOMESSO, L. S.; PUPO, M. T. Antibióticos: importância
terapêutica e perspectivas para a descoberta e desenvolvimento de novos agentes. Quím.
Nova, São Paulo , v. 33, n. 3, p. 667-679, 2010 .
HUERTA-FONTELA, M.; GALCERAN, M. T.; VENTURA, F. Occurrence and removal of
pharmaceuticals and hormones through drinking water treatment. Water Research,
Volume 45, Issue 3, 2011, Pages 1432-1442.
IPCS. International Programme on Chemical Safety. Global assessment of the state-of-the-
science of endocrine disruptors. World Health Organization, 2002.
JONES, O. A.; LESTER, J. N.; VOULVOULIS, N. Pharmaceuticals: a threat to drinking
water? Trends in Biotechnology, Volume 23, Issue 4, 2005, Pages 163-167. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.tibtech.2005.02.001> Acesso em:
KATZUNG, B. G.; MASTERS, S. B.; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica & Clínica - 12ª
Ed. 2014 - Porto Alegre, AMGH.
KÜMMERER, K. Pharmaceuticals in the Environment: Sources, Fate, Effects and Risks.
1ª, 2ª e 3ª ed. 2001, 2004 e 2008.
53
LEUNG, H.W. et al. Pharmaceuticals in Tap Water: Human Health Risk Assessment and
Proposed Monitoring Framework in China. Environmental Health Perspectives. Volume
121, nº 7. July, 2013.
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 3ª Ed. Campinas, SP:
Editora Átomo, 2010.
LIMA, D. R. S. et al. Fármacos e desreguladores endócrinos em águas brasileiras:
ocorrência e técnicas de remoção. Eng. Sanit. Ambiental. Rio de Janeiro, v. 22, n. 6, p. 1043-
1054, 2017.
LUCENA, L. R. F. de; MEDEIROS, J. D. F; SANTOS, N. C. F. A disponibilidade hídrica
das lagos Jiqui e Pium e o caráter local efluente em relação ao aquífero barreiras – Litoral
Sul de Natal/RN. Águas Subterrâneas, v.22, n.01, p.59-72, 2008.
LUO, Y.; GUO, W.; NGO, H. H.; NGHIEM, L. D.; HAI, F. I.; ZHANG, J.; LIANG, S.; WANG,
X. C. A review on the occurrence of micropollutants in the aquatic environment and their
fate and removal during wastewater treatment. Science of the Total Environment, 473–474:
619–641, 2014.
MACHADO, K. C. et al. A preliminary nationwide survey of the presence of emerging
contaminants in drinking and source waters in Brazil. Science of The Total Environment,
Volume 572, 2016, Pages 138-146.
MARQUES, M. N. et al. Avaliação de um índice dinâmico de qualidade de água para
abastecimento: um estudo de caso. Universidade Nove de Julho. Exacta, vol. 5, núm. 1, jan-
jun, 2007, p. 47-55. São Paulo, Brasil.
NANNOU, C. et al. Antiviral drugs in aquatic environment and wastewater treatment
plants: A review on occurrence, fate, removal and ecotoxicity. Science of The Total
Environment, Volume 699, 2020.
NHMRC, EPHC, AHMC. National Guidelines for Water Recycling (phase 1). National
Water Quality Management Strategy. Natural Resource Management Ministerial Council,
Environment Protection and Heritage Council, Australian Health Ministers Conference.
Commonwealth of Australia, Canberra. 2006
NHMRC, NRMMC. Australian Drinking Water Guidelines 6. National Water Quality
Management Strategy. National Health and Medical Research Council, National Resource
Management Ministerial Council, Commonwealth of Australia, Canberra. 2011
NRMMC, EPHC, NHMRC. Australian Guidelines for Water Recycling - Augmentation of
Drinking Water Supplies (phase 2). Natural Resource Management Ministerial Council,
Environment Protection and Heritage Council and the National Health and Medical Research
Council. Commonwealth of Australia, Canberra. 2008
OLIVEIRA, V. M. M. Sustentabilidade: Uma proposta de indicadores para bacia
hidrográfica. 2016. Dissertação de Mestrado, IFRN, Natal/RN, 2016.
OMS. Organização Mundial de Saúde. Diretrizes para a qualidade da água potável - 4ª ed.
2011
OPAS/OMS. Organização Pan-Americana da Saúde. Uso Racional de Anti-inflamatórios
Não Esteroides. Uso Racional de medicamentos: temas selecionados, nº 5. Brasília, DF, 2011.
54
PARLAMENTO EUROPEU. Diretiva 2013/39/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de
12 de agosto de 2013. Altera as Diretivas 2000/60/CE e 2008/105/CE no que respeita às
substâncias prioritárias no domínio da política da água. Jornal Oficial da União Europeia, 2013.
PEREIRA, C. D. et al. Occurrence of pharmaceuticals and cocaine in a Brazilian coastal
zone. Science of the Total Environment. p. 148 -154, 2016.
PETROVIĆ, M. et al. Determination of 81 pharmaceutical drugs by high performance
liquid chromatography coupled to mass spectrometry with hybrid triple quadrupole–
linear ion trap in different types of water in Serbia. Science of The Total Environment,
Volumes 468–469, 2014, Pages 415-428, ISSN 0048-9697.
PUREZA, D. S. Ocorrência de fármacos no sistema produtor de água potável do Jiqui,
Natal-RN. 2019. 48f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental)
- Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, 2019.
PMSB. Plano Municipal de Saneamento Básico do Município de Natal/RN. Situação dos
Serviços de Abastecimento de Água Potável e de Esgotamento Sanitário. Prefeitura Municipal
de Natal/RN. Abr, 2015.
PONÇANO, V. M. e PLOSNKI, G. A. Líquido e certo: Cuidando da qualidade da água no
Brasil. Gestão do Conhecimento e Inovação – Volume 8. Belo Horizonte/MG: Editora Poisson,
2019.
QUARESMA, A. V. Monitoramento de Microcontaminantes Orgânicos por Métodos
Cromatográficos Acoplados à Espectrometria de Massa e Elementos Inorgânicos por
Fluorescência de Raios – X por Reflexão Total nas Águas da Bacia do Rio Doce.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós- Graduação em Engenharia Ambiental, UFOP, Ouro
Preto/MG, 2014.
QUEIROZ, F. B. Desenvolvimento e validação de metodologia para determinação de
fármacos e perturbadores endócrinos em amostras de esgoto utilizando extração em fase
sólida e cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas. Dissertação de
Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, UFOP, Ouro Preto/MG,
2011.
RAIMUNDO, C. C. M. Contaminantes emergentes em água tratada e seus mananciais =
sazonalidade, remoção e atividade estrogênica. Tese de doutorado - Universidade Estadual
de Campinas, Instituto de Química, Campinas, SP, 2011.
RANG, H. P; RITTER, J. M.; FLOWER, R.J.; HENDERSON, G. Rang & Dale Farmacologia.
8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
REIS, E. O. et al. Occurrence, removal and seasonal variation of pharmaceuticals in
Brasilian drinking water treatment plants, Environmental Pollution. Volume 250, 2019,
Pages 773-781.
REYS, L. L. Tóxicos ambientais desreguladores do sistema endócrino. Revista da Faculdade
de Medicina de Lisboa. 6: 213-225 p. 2001.
55
RIVA, F. et al. Monitoring emerging contaminants in the drinking water of Milan and
assessment of the human risk. International Journal of Hygiene and Environmental Health,
Volume 221, Issue 3, 2018, Pages 451-457.
SANSON, A. L. Estudo da Extração e Desenvolvimento de Metodologia para
Determinação Simultânea de Microcontaminantes Orgânicos em Água Superficial por
GC-MS e Métodos Quimiométricos. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Ambiental, UFOP, Ouro Preto/MG, 2012.
SANSON, A. L. et al. Equipamento de baixo custo para extração em fase sólida em
amostras aquosas de grande volume utilizando pressão positiva de N2. Química Nova, v.37,
n.1, p.150-152, 2014.
SEMARH. Ficha Técnica do Reservatório Lagoa do Jiqui. Disponível em:
<http://servicos.searh.rn.gov.br/semarh/sistemadeinformacoes/consulta/cResFichaTecnica.asp
?IdReservatorio=1037>. Acesso em 10 de outubro de 2019.
SENA, D. S. de. Avaliação da qualidade da água do Rio Pitimbu-RN. 2008. Dissertação de
Mestrado em Engenharia Sanitária e Ambiental, UFRN, Natal/RN, 2008.
SIMAZAKi, D. et al. Occurrence of selected pharmaceuticals at drinking water
purification plants in Japan and implications for human health. Water Research. Volume
76, 2015, Pages 187-200.
SOARES, A. F. S.; LEÃO, M. M. D. Contaminação dos mananciais por micropoluentes e
a precária remoção desses contaminantes nos tratamentos convencionais de água para
potabilização. Revista jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Belo
Horizonte, v.14, n.24, p.36-85, jan./jun., 2015.
SOUZA, N. C. Avaliação de micropoluentes emergentes em esgotos e águas superficiais.
2011. 166 f. Tese de Doutorado em Engenharia Civil, UFC, Fortaleza, 2011.
STACKELBERG, P.E. et al. Efficiency of conventional drinking-water-treatment
processes in removal of pharmaceuticals and other organic compounds. Sci. Total Environ.
377, 255–272. 2007.
STRELAU, J. R. M. Estudo comparativo de métodos de extração para determinação de
compostos orgânicos em lixiviados de aterros sanitários por cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massas (GC/MS). Dissertação de Mestrado - UFSC.
Florianópolis, 2006.
TAVARES, R. N. Ocorrência de desreguladores endócrinos e fármacos na ETA do Jiqui,
Natal/RN. 2018. 26 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Ambiental, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018.
UBA. Umweltbundesamt. Gesundheitliche Orientierungswerte (GOW) für nicht relevante
Metaboliten (nrM) von Wirkstoffen aus Pflanzenschutzmitteln (PSM). Deutschland, 2019.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3ª ed.
Belo Horizonte, MG: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFMG, 2005.
VON SPERLING, M. Estudos e modelagem da qualidade da água de rios. Belo Horizonte.
UFMG, 588 p. V 7. 2007.