visita a flona tapajós - relatório
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ – UFOPA CENTRO DE FORMAÇÃO INTERDISCIPLINAR
MÓDULO: SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO
FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS: práticas sustentáveis na Comunidade do Maguari.
Santarém – Pará Junho/2013
FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS: práticas sustentáveis na Comunidade do Maguari.
Trabalho apresentado a Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA, como pré-requisito para obtenção de nota parcial no módulo: Sociedade, Natureza e Desenvolvimento, ministrada pela docente Ma. Andréa Leão.
Santarém – Pará Junho/2013
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 03
2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 05
2.1 Floresta Nacional 11
2.2 Floresta Nacional do Tapajós 12
3 COMUNIDADE DE MAGUARI 14
3.1 História 14
3.2 Localização Geográfica 14
3.3 População 14
3.4 Base Econômica 14
3.5 Acesso a Educação e Saúde 15
3.6 Cultura 15
3.7 Organização Política e Social 15
4 AS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA COMUNIDADE DO MAGUARI 15
4.1 Couro vegetal como principal matéria-prima de fonte de renda 15
4.2 Agricultura de subsistência 16
4.3 Fonte de renda alternativa 16
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 17
REFERÊNCIAS 19
3
1. INTRODUÇÃO
Considerado um dos biomas mais importantes do planeta, a Amazônia
passou a ter atenção redobrada quanto aos recursos naturais possíveis de serem
utilizados e aproveitados.
A Amazônia é uma região relevante para o Brasil, por ocupar 2/3 do país, ter
facilidade de acesso aos países das Américas Central e do Norte, e aos países
asiáticos, através do Canal do Panamá. Possui a maior diversidade biológica (flora,
fauna e hidrológica) em mais de 6 milhões de quilômetros quadrados,
correspondendo a 61% do território brasileiro. É um espaço de energia e biomassa,
tornando-a importante aos olhos do mercado, preocupando as políticas
governamentais.
Nas ultimas quatro décadas, a Amazônia brasileira passou por profundas
mudanças sociais, econômicas e políticas, acompanhadas por grandes alterações
territoriais. Princípios de modernização ou, em outras palavras, do modelo de
desenvolvimento da sociedade capitalista moderna, estiveram na base das
mudanças que ocorreram na Amazônia nas últimas décadas.
Como forma de se obter maiores informações sobre a vasta biodiversidade
através de pesquisas e preservar grandes áreas de florestas para futuras
explorações de forma que beneficie a economia e provoque poucos impactos à
natureza, leis foram elaboradas para que unidades de conservação ambientais
fossem estabelecidas a fim de garantir a segurança dessas áreas contra invasão e
aquisição de por outros meios.
As primeiras unidades de conservação legalmente reconhecidas no país
datam da década de trinta. A legislação brasileira vem criando instrumentos para
regular as diferentes categorias de unidades de conservação.
A Floresta Nacional do Tapajós é uma Unidade de Conservação do grupo
Uso Sustentável classificada na categoria Floresta Nacional. É uma área com
cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo
básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com
ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas (SNUC, 2000).
A Unidade administrativa da Floresta Nacional do Tapajós localiza-se na
cidade de Santarém, cerca de 50 km da Unidade de Conservação, pela Rodovia BR-
4
163. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade- ICMBio é o órgão
gestor da Unidade.
Este relatório tem como objetivo destacar existência e importância destas
reservas ambientais, dos órgãos responsáveis pela fiscalização, organização e
planejamento, dando ênfase a Floresta Nacional do Tapajós e às informações
obtidas através de uma visita técnica realizada nas Comunidades de Jamaraquá e
Maguari no dia quatro de junho de 2013.
5
2. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
As primeiras unidades de conservação legalmente reconhecidas no país
datam da década de trinta. A legislação brasileira vem criando instrumentos para
regular as diferentes categorias de unidades de conservação. A lei nº 4.771 de 15
de Setembro de 1965 estabeleceu o Código Florestal e instituiu as Reservas
Biológicas, Áreas de Preservação Permanente e Florestas Nacionais (FLONAS),
atribuindo a esta ultima, finalidade técnica, econômica e social (IBAMA/MMA, 2004).
A aprovação da Lei nº 9.985 de 18/07/2000 pelo Congresso Brasileiro,
estabeleceu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC sob a
coordenação do Ministério do Meio Ambiente – MMA e o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA como órgão executor
responsável pela implementação do SNUC no âmbito federal, e regulamentada pelo
Decreto nº 4.940 de 22/08/2002 que estabelece critérios e normas para a criação,
implementação e gestão de unidades de conservação.
As unidades de conservação, também conhecidas como parques e reservas,
estão sob a gerência atualmente do Instituto Chico Mendes. Essas unidades estão
divididas em dois grandes grupos: o de Proteção Integral e o de Uso Sustentável se
enquadrando ao todo em 12 categorias.
GRUPO DE PROTEÇÃO INTEGRAL:
Estação Ecológica (ESEC):
Áreas destinadas para pesquisas científicas, o uso indireto dos recursos
naturais desde que não envolva consumo, coleta, dano ou destruição destes
recursos.
Geralmente essas áreas não são abertas para visitação pública, exceto se
com objetivo educacional de acordo com o Plano de Manejo ou regulamento
específico desta categoria de Unidade de Conservação. Dependendo de autorização
prévia do Instituto Chico Mendes com condições e restrições por ele estabelecidas.
Reserva Biológica (REBIO):
Objetiva à preservação integral da fauna e flora, sem interferência humana
direta ou modificações ambientais. A visitação pública é proibida, com exceção para
fins educacionais, de acordo com o Plano de Manejo da unidade. O Instituto Chico
Mendes também é responsável pela autorização prévia.
6
Parque Nacional (PARNA):
Antiga categoria de Unidade de Conservação, segundo a legislação brasileira,
é destinada a preservar ecossistemas de grande relevância ecológica e beleza
cênica, além da realização de pesquisas científicas e atividades educacionais,
recreação e turismo ecológico. Cada Parque nacional possui seu regime de visitação
segundo o seu Plano de Manejo.
Refúgio de Vida Silvestre (REVIS):
Podem ser constituídos por áreas particulares, desde que haja objetivos
mútuos quanto a utilização da terra e dos recursos naturais com a manutenção da
preservação do mesmo. Seu principal objetivo é proteger ambientes naturais flora e
fauna residente ou migratória.
GRUPO SUSTENTÁVEL:
Área de Proteção Ambiental (APA):
A maioria já possui um certo grau de ocupação humana, mas o objetivo de
suas criações foi manter a diversidade biológica dessas áreas, disciplinando o
processo de ocupação e assegurando a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais pela população local. A visita pública é controlada pelo Instituto Chico
Mendes.
Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE):
De pequenas extensões, com poucas ou nenhuma ocupação humana,
abrigam em sua maioria exemplares raros da biota regional. Manter esses
ecossistemas naturais de importância regional ou local é o objetivo de sua criação.
Floresta Nacional (FLONA):
Foram criadas com o objetivo básico de uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais e pesquisa científica, além de pesquisas de métodos de exploração
sustentável destas florestas nativas. Populações tradicionais que habitam a área
mantiveram seu direito de permanecer nos locais após a criação das FLONAS. A
visitação pública é permitida desde que condições e restrições específicas do Plano
de manejo sejam respeitadas. Cabe ao Instituto Chico Mendes a autorização prévia,
além da realização de pesquisas.
Reserva Extrativista (RESEX):
Sua criação visa a proteger os meios de vida e a cultura das populações
extrativistas tradicionais, cujo sustento baseia-se na agricultura de subsistência e
criação de animais de pequeno porte. Essas populações possuem contrato de
7
concessão de direito real de uso, visto que a área é de domínio público. A visitação
pública e pesquisa são permitidas mediante autorização do Instituto Chico Mendes.
Reserva de Fauna (REFAU):
Apesar de não haver nenhuma Unidade de Conservação desta categoria
criada pelo Instituto Chico Mendes, na teoria essas áreas são destinadas para
estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável dos recursos
faunísticos, podendo haver comercialização dos produtos e subprodutos resultantes
das pesquisas, desde que obedecidas o disposto na legislação brasileira sobre
fauna, sendo proibida na área a prática da caça amadorística ou profissional. A
visitação pública é permitida de acordo com o Plano de Manejo da unidade.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS):
Área que abriga populações tradicionais, vivendo de forma sustentável da
exploração de recursos naturais, adaptados às condições ecológicas locais. Um
contrato de concessão de direito real de uso também é feito com a população local
pois a área da RDS é de domínio público.
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN):
Localizam-se em áreas privadas, mas destinam-se a conservar a diversidade
biológica ali existente, incentivando o cidadão responsável pelo terreno à proteção
do ecossistema com isenção de impostos. O SNUC especifica o que é compatível a
conservação da natureza nessas áreas, com o uso sustentável de parcela de seus
recursos ambientais renováveis, bem como dos processos ecológicos essenciais,
mantendo a biodiversidade e atributos ecológicos. Uso sustentável aqui subentende-
se a realização de pesquisa científica e visitação pública com finalidade turística,
recreativa e educacional.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é uma autarquia
em regime especial. Criado dia 28 de agosto de 2007, pela Lei 11.516, o ICMBio é
vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e integra o Sistema Nacional do Meio
Ambiente (Sisnama). Cabe ao Instituto executar as ações do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e
monitorar as UCs instituídas pela União. Cabe a ele ainda fomentar e executar
programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e
exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das Unidades de Conservação
federais (ICMBio).
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RELAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO COM PLANO DE MANEJO:
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11
12
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2.1 Floresta Nacional
Originalmente, as Florestas Nacionais foram concebidas como reserva de
madeira. São áreas com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas
e têm como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a
pesquisa científica. É admitida a permanência de populações tradicionais que a
habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e
no Plano de Manejo da unidade. A visitação pública e a pesquisa científica são
permitidas, condicionadas às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo
órgão responsável por sua administração. A Flona terá de um Conselho Consultivo,
presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por
representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for
o caso, das populações tradicionais residentes. A unidade desta categoria, quando
criada pelo governo estadual ou pela prefeitura, será denominada, respectivamente,
Floresta Estadual e Floresta Municipal (WWF).
Dentre as leis relacionadas às florestas nacionais destacam-se:
Lei nº 4.771 de 15 de Setembro de 1965 – Que institui o Código Florestal.
Decreto nº 1.298, de 27 de outubro de 1994 – Regulamento das Florestas
Nacionais.
Lei nº 9.985 de 18/07/2000 – Institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza.
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2.2 Floresta Nacional do Tapajós
O nome da Floresta Nacional é decorrência do rio com o qual faz limites, o
Rio Tapajós. Este, por sua vez, faz menção ao povo indígena Tapajó, o qual
segundo Nimuendajú (2001), habitou a região por alguns séculos e foi extinto como
tribo autônoma no final do século XVII, após a ocupação da região pelos
portugueses (IBAMA/MMA, 2004).
A Floresta Nacional do Tapajós integra-se no Bioma Amazônia, abrangendo
uma área de 544.927 hectares (600 mil há no Decreto de Criação), localizado nos
territórios dos municípios de Aveiro, Belterra, Placas e Rurópolis no Estado do Pará,
cujas coordenadas geográficas ou UTM são 2º 45 a 4º 10’ S e 54º45’ a 55º30’ W.
Limita-se ao norte com o paralelo que cruza o km 50 da Rodovia Cuiabá-Santarém
(BR 163); ao sul com a Rodovia Transamazônica e os rios Cupari e Cuparaitinga ou
Santa Cruz; a leste com a Rodovia Cuiabá-Santarém (BR 163); e a oeste com o Rio
Tapajós. A base do IBAMA localiza-se na comunidade de São Domingos (limite
Norte da Flona, margem do Rio Tapajós) dista 20 km da sede do Município de
Belterra; no km 83 da BR 163 dista 83 km do centro urbano de Santarém. O acesso
pode ser realizado por transportes fluviais pelo Rio Tapajós ou por terra pela BR
Cuiabá-Santarém (BR 163).
Comunidades existentes e residentes na Flona Tapajós: São Domingos;
Maguari; Jamaraquá; Acaratinga; Jaguarari; Pedreira; Piquiatuba; Marai; Nazaré;
Tauari; Pini; Prainha; Itapaiúna; Paraíso.
Criada pelo Decreto nº 73.684 de 19 de fevereiro de 1974, tinha como
primeiro objetivo, servir como reserva de madeira e exploração florestal. Após uma
consultoria sobre o manejo de fauna, um plano foi estabelecido com base a atender
três objetivos:
I Fornecer subsídios e alternativas para exploração da fauna pelas
comunidades ribeirinhas e reduzir ao máximo o impacto da caça de subsistência
sobre o recurso;
II Preservar o recurso fauna;
III – Diminuir ao máximo os impactos da exploração madeireira sobre a fauna
(Leeuwenberg, 1992 apud IBAMA/MMA, 2004).
Com o início do Programa para Proteção das Florestas Tropicais – PPG-7,
foram financiadas ações de pré-investimento na Flona do Tapajós através do
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Componente 4 do Programa de Apoio ao Manejo Florestal na Amazônia –
ProManejo. Essas atividades incluíram a contratação de consultoria para elaboração
do Plano Diretor da Flona do Tapajós, coordenado pelo Instituto de Manejo e
Certificação Florestal e Agrícola – IMAFLORA e desenvolvido em cooperação com o
IBAMA e Ministério do Meio Ambiente (IMAFLORA, 1996 apud IBAMA/MMA, 2004).
O Plano Diretor teve como foco a definição do zoneamento da Unidade,
considerando que a existência de conflitos fundiários com as comunidades
ribeirinhas era um dos principais obstáculos para a definição e implementação de
ações estratégicas do ProManejo. Além do Zoneamento, o Plano Diretor apresentou
também um plano de atividades organizado nas áreas de apoio ao desenvolvimento
sustentável das comunidades ribeirinhas; vigilância e proteção; prevenção ao fogo e
à caça e pesca predatória; manejo floresta em escala industrial; zona de uso
indeterminado; fortalecimento administrativo; revisão do plano diretor e documentos
complementares (IBAMA/MMA, 2004).
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3. COMUNIDADE DE MAGUARI
3.1 História
Segundo CROMBERG e GRECO, as comunidades residentes na FLONA
TAPAJÓS são resultado da miscigenação do povo indígena Tapajó, com imigrantes
nordestinos, trazidos para a região para trabalhar nos seringais e, mesmo em menor
número, com povos africanos, trazidos como escravos pelos colonos portugueses.
A Comunidade de Maguari teve origem a partir de moradores do município de
Belterra que após a exploração da borracha pela Empresa Ford, resolveram viver
definidamente nas áreas que eram destinadas a colheita da látex da seringueira.
A origem do nome da comunidade se deu pela presença de muitos pássaros
conhecidos por maguari (ave ciconiiforme da família Ciconiidae).
3.2 Localização Geográfica
A comunidade de Maguari localiza-se na Floresta Nacional do Tapajós, à
margem direita do rio Tapajós.
De Santarém, o acesso à Flona do Tapajós pode ser feito via fluvial ou via
terrestre pela Rodovia BR 163 - Cuiabá-Santarém. O acesso fluvial é feito através do
Rio Tapajós, em viagens que tomam de 5 horas até a Comunidade Maguari. O
acesso terrestre pode ser feito em carros particulares – preferencialmente veículos
com tração, ou em ônibus intermunicipais que ligam Santarém e Belterra até a
comunidade do Maguari (IBAMA/MMA, 2004).
3.3 População
A Comunidade de Maguari dispunha de 52 (cinquenta e duas) famílias
segundo o IBAMA/MMA em 2004, no entanto nas palavras do Sr. Almir1 na verdade
existem 86 (oitenta e seis) famílias.
3.4 Base Econômica
Na comunidade de maguari um aspecto interessante é que seu principal
sustento financeiro não tem origem na venda do pescado ou na produção agrícola,
17
devido estar situada em uma unidade de conservação, diferente de uma
comunidade não conservadora. Seu principal sustento financeiro vem do artesanato
(biojoias), ecoturismo, e a produção do couro vegetal que se tornou o principal
produto de exportação e tendo uma das maiores parcelas da economia da
comunidade.
3.5 Acesso a Educação e Saúde
A comunidade dispõe de uma escola de nível fundamental e médio. Segundo
o Sr. Almir1, morador da comunidade: “Houve uma grande melhoria na educação
desde quando passou a ser uma unidade de conservação”. Avaliando a educação
como sendo boa. Moradores que se interessam em continuar os estudos para o
nível superior migram para a cidade de Santarém – Pará.
3.6 Cultura
Possui como principal manifestação cultural a festa da padroeira: Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro, cuja festividade tem duração de uma semana. Nesse
período a comunidade em sua maioria participa dos preparativos do evento,
decretando feriado local. A festa recebe visita de moradores de outras localidades e
da cidade de Belterra.
3.7 Organização Política e Social
Segundo o morador Sr. Almir1, os moradores da comunidade são apartidários,
sua política social é comunitária, onde todas as famílias da comunidade possuem
participação nas decisões e resolução de problemas locais. Possui um
representante ou presidente comumente conhecido, o senhor Raimundo Pedroso.
4. AS PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA COMUNIDADE DO MAGUARI
4.1 Couro Vegetal como principal matéria-prima de fonte de renda
1 Morador da Comunidade de Maguari em relato obtido durante a visita técnica a Flona Tapajós realizada em 04
de jun. de 2013.
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A partir da ideia de um turista, que ao observar a imensa quantidade de
seringueiras existente na região, sugeriu aos moradores da comunidade o projeto
para confecção e venda de produtos do látex da seringueira a exemplo de
observações deste em comunidades no Estado do Acre.
Com a iniciativa dos moradores da comunidade e auxilio dos órgãos
responsáveis pela FLONA TAPAJÓS, barracões e equipamentos foram adquiridos
para a confecção de folhas de couro vegetal, fazendo desta matéria prima a principal
fonte de renda da maioria das famílias.
A partir de 1989 a comunidade de Maguari passou a confeccionar produtos
(calçados, bolsas, acessórios) do couro vegetal ou ambiental criado a partir do látex
da seringueira colhida dentro da Floresta Nacional do Tapajós, aos arredores da
comunidade, sob supervisão e autorização dos órgãos responsáveis pela Flona
Tapajós.
A venda das folhas de couro vegetal e produtos deste se dão tanto por
atacado quanto por varejo, sob encomenda, comercializados para municípios como
Santarém, Belém, Manaus; a Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e até países
da Europa.
Atualmente 18 famílias trabalham diretamente com o material látex na
comunidade.
4.2 Agricultura de subsistência
Há o plantio de mandioca para a fabricação de farinha para consumo próprio
e como outra fonte de renda alternativa da comunidade. A quantidade de produção é
em pequena proporção para venda nas comunidades vizinhas e cidades de Belterra
e Santarém, além disso, encontram-se pequenas hortas para o plantio de verduras e
legumes para consumo familiar.
4.3 Outras fontes de renda alternativa
A confecção de biojoias a partir de sementes, pedras, couro vegetal e cipós é
mais uma alternativa de vendas.
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A comunidade está aberta para visitação pública com prévia autorização do
ICMBio, onde a procura pelas praias é o principal atrativo natural.
Durante a visita de turistas, pratos típicos da região e doces produzidos com
frutas regionais também são produtos que favorecem a economia local.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir o trabalho podemos notar que na região da Flona Tapajós foram
desenvolvidos vários Projetos de acordo com o Plano de Manejo às comunidades
como o manejo das seringueiras, confecção de artesanatos a partir de matérias
primas naturais como biojoias e turismo com ênfase nas riquezas naturais locais
como praias, igapós e florestas. O projeto que mais destacou a atenção foi o de
educação ambiental desenvolvido nas comunidades com fins de promover a
conscientização e sensibilização ecológica tendo como finalidade fazer com que os
moradores protejam os recursos naturais presentes na região onde residem. Essa
iniciativa de educação foca no indivíduo ao atribuir a responsabilidade dos
problemas ambientais, assumindo condutas adequadas para a conscientização e a
sensibilização dos moradores e visitantes da FLONA para processos importantes no
desenvolvimento da educação ambiental. No entanto, não são suficientes para gerar
mudanças de comportamentos, pois são necessários outros processos para que
ocorra tal mudança, já que esta depende que os sujeitos disponham de
conhecimentos contínuos e qualificados, incentivo moral e condições materiais e
sociais favoráveis a essa mudança. O que se pode observar na visita a FLONA
TAPAJÓS é que os moradores da região tem essa vontade mais ainda não tem o
conhecimento suficiente para realizar esse trabalho, sendo necessários mais
investimentos no que tange o desenvolvimento sustentável daquela região.
Outro ponto a destacar é o ecoturismo que foi outra forma viável escolhida
pelos órgãos administradores da unidade de conservação para que as comunidades
pudessem adquirir sustento financeiro sem recorrer à exploração exacerbada dos
produtos naturais existentes na região, o que contrariaria o Plano de Manejo da
Unidade Florestal. Mas a deficiência de infraestrutura para o turismo foi um ponto
evidente observado, pois se a intenção é receber um público que aprecie as belezas
naturais e consuma os produtos oferecidos pelas comunidades, é necessário que
haja um mínimo de conforto para hospedagem, alimentação e permanência desses
visitantes no local por um curto período de tempo. Assim, investimentos em
pousadas, restaurantes de pequeno porte, elaboração de eventos de lazer como
“piracaias”, pequenas festividades noturnas, palestras e seminários ecológicos ao
público, passeios fluviais agendados e organizados e trilhas ecológicas sinalizadas
com percurso melhor estruturado que garanta menos esforço físico e uma melhor
21
oportunidade do visitante para apreciar as belezas florísticas é uma opinião a
sugerir. Outro ponto também evidente e que não poderia deixar de ser mencionado,
é a importância de haver uma unidade de saúde para prestar assistência de
primeiros socorros, visto que tanto em trilhas, quanto no cotidiano do dia,
imprevistos e acidentes podem ocorrer, e a intervenção médica é primordial para
que sequelas e danos a saúde sejam amenizados.
22
REFERÊNCIAS
CROMBERG, Marina. GRECO, Thiago Machado. Estratégias de Adaptação das
comunidades na Floresta Nacional do Tapajós. Projeto de Pesquisa. Disponível
em
<http://www.ncsu.edu/project/amazonia/brazil_proj/Result/Greco_Cromberg_tapajos.
pdf> Acesso em 28 mai 2013 às 17:41 horas.
IBAMA. Ministério do Meio Ambiente. Floresta Nacional do Tapajós: Plano de
Manejo. Vol I. Brasília: DF. Ministério do Meio Ambiente, 2004.
ICMBio. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Unidades de
Conservação nos Biomas. Disponível em <
http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-
brasileiros.html> Acesso em 17 jun 2013 às 19:45 horas.
IPAM. Unidades de Conservação. Disponível em < http://www.ipam.org.br/saiba-
mais/Unidades-de-Conservacao/2> Acesso em 17 jun 2013 às 19:00 horas.
SNIF. Sistema Nacional de Informações Florestais. Sistema Nacional de unidade s
de Conservação. Disponível em < http://www.florestal.gov.br/snif/recursos-
florestais/sistema-nacional-de-unidades-de-conservacao> Acesso em 17 jun 2013
às 19:15 horas.
WWF. Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Disponível em <
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/unid/unid_us/>
Acesso em 17 jun 2013 às 19:30 horas.
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