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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
RENATA FOGAGNOLI CONCEIÇÃO
ATRESIA ANAL EM CÃES E GATOS
CURITIBA
2016
RENATA FOGAGNOLI CONCEIÇÃO
ATRESIA ANAL EM CÃES E GATOS
Trabalho de conclusão de curso apresentado
como quesito parcial para obtenção do título de
Médica Veterinária no Curso de Medicina
Veterinária, Universidade Tuiuti do Paraná.
Orientador: Professor MSc. Milton Mikio
Morishin Filho.
CURITIBA
2016
Reitor
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró-Reitora Promoção Humana
Prof. Ana Margarida de Leão Taborda
Pró-Reitor
Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos
Pró-Reitora Acadêmica
Prof. Carmen Luiza da Silva
Pró-Reitor de Planejamento
Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos
Diretor de Graduação
Prof. João Henrique Faryniuk
Secretário Geral
Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz
Coordenador do Curso de Medicina Veterinária
Prof. Welington Hartmann
Supervisora de Estágio Curricular
Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns
Campus Barigui
Rua Sydnei A Rangel Santos, 238
CEP: 82010-330 – Curitiba – PR
Fone: (41) 3331-7958
TERMO DE APROVAÇÃO
RENATA FOGAGNOLI CONCEIÇÃO
ATRESIA ANAL EM CÃES E GATOS
Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de Médico Veterinário no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do
Paraná.
Curitiba, 01 de Dezembro de 2016.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. MSc. Milton Mikio Morishin Filho.
__________________________________________
Prof. Rogério Guedes
__________________________________________
Daniel Hyroito Sano
Dedico este trabalho de conclusão de
curso aos meus pais, que sempre me
apoiaram, me deram todo suporte
necessário, e é por causa deles que a
realização desta conquista se tornou
possível!
“ Todos querem o perfume das flores, mas
poucos sujam as suas mãos para cultivá-
las. ” (Augusto Cury)
AGRADECIMENTOS
À minha família, em especial ao meus pais, por sempre me apoiar e não me deixar
desistir em nenhum momento e me deram suporte e condições para trilhar esse
caminho que escolhi, permitindo me dedicar em tempo integral à realização deste
sonho. Obrigada Fer, Flá e Vó Maria.
À Simone por toda a paciência, dedicação, amizade e pelo aprendizado que me
passou, por ter me aguentado todos esses anos e me apoiando não me deixando
desistir, meu exemplo de luta e perseverança que com certeza levarei para a vida.
Aos residentes Charlene e Caio por me acolherem, pela paciência, dedicação,
ajuda e pela amizade que já existia, mas que com certeza levarei para a vida.
Ao professor Milton pela oportunidade de fazer estágio no setor de clinica cirúrgica,
pelo aprendizado, paciência e por ter aceitado ser o meu orientador.
Ao meu namorado Eduardo por ser paciente e por todo apoio, ajuda e
companheirismo, sempre me fortalecendo e compreendendo a minha ausência e
dedicação.
Aos meus amigos que me acompanharam nessa jornada, sempre me aguentando,
me ajudando, me fortalecendo e proporcionando momentos de diversão e risadas:
Emanuelle, Letícia, Lígia, Lucas, Tathiana, Talita, Gabrielle, Bruno, Paula e Aline.
À toda a equipe do hospital público Anclivepa em São Paulo, pela oportunidade de
aprendizado, conhecimento, me proporcionando grande experiência prática.
À toda equipe do CEMV -UTP, professores e residentes, pela paciência, ajuda,
dedicação e ensinamentos.
E por último, mas não menos importante aos animais, em especial meus filhos de
quatro patas Costelinha e Mel por serem meus maiores incentivos para a escolha
desta profissão.
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo apresentar as atividades
desenvolvidas durante o período de estágio curricular supervisionado em clínica
cirúrgica, realizado a primeira parte do estágio no Hospital Público Veterinário -
Anclivepa em São Paulo na sede da Zona Leste no período de 3 de agosto até 16 de
setembro de 2016, mostrando a casuística no setor de atendimento cirúrgico, cirurgias
e procedimentos ambulatoriais acompanhados durante o período de estágio. A
segunda parte do estágio curricular foi realizada na Clínica Escola de Medicina
Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná – CEMV – UTP no período de 10 de
outubro até dia 2 de novembro de 2016, mostrando também a casuística do setor de
atendimento clínico cirúrgico, cirurgias e procedimentos ambulatoriais acompanhados
durante o período de estágio.
A segunda parte do trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre atresia
anal e dois relatos de caso relacionado ao assunto da revisão de literatura em cadela
lhasa apso e uma gata SRD atendidas na CEMV-UTP e submetidas ao tratamento
cirúrgico.
Palavras chave: Anomalias, fístula retovaginal, defeitos anorretais.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fachada do HPVA-SP/2016………………………............................. 15
Figura 2: Recepção do HPVA-SP/2016………………………………………….. 16
Figura 3: Consultórios do HPVA-SP/2016……………………………………….. 16
Figura 4: Sala de radiografia do HPVA-SP/2016……………………………... 17
Figura 5: Sala da ultrassonografia junto a sala de elaboração de laudos do
HPVA-SP/2016………………………...………………………………...
17
Figura 6: Enfermaria junto à farmácia do HPVA-SP/2016……………………... 18
Figura 7: Sala de internamento para cães e gatos do HPVA-SP/2016………. 19
Figura 8: Consultórios de clínica cirúrgica e oftalmologia do HPVA-
SP/2016………………………………..........…………………………...
19
Figura 9: Centro Cirúrgico do HPVA-SP/2016…………………………………... 20
Figura 10: Internamento de pré/pós-operatório do HPVA-SP/2016……………. 20
Figura 11: Fachada do CEMV- UTP 2016…………………………………........... 22
Figura 12: Consultórios do CEMV- UTP 2016……………………………………. 22
Figura 13: Sala de emergência do CEMV- UTP 2016……………………........... 23
Figura 14: Sala de radiografia do CEMV- UTP 2016…………………………….. 23
Figura 15: Sala de ultrassonografia junto a sala de elaboração de laudos do
CEMV- UTP 2016………………………………………………………..
24
Figura 16: Farmácia do CEMV- UTP 2016………………………………….......... 24
Figura 17: Sala de internamento e consultório para atendimento de felinos do
CEMV- UTP 2016……………………………………............................
25
Figura 18: Sala de imunização do CEMV- UTP 2016……………………………. 25
Figura 19: Sala de internamento para animais portadores de doenças
infecciosas do CEMV- UTP 2016………………………………...........
26
Figura 20: Sala pré-operatória do CEMV- UTP 2016……………………………. 26
Figura 21: Centro de procedimentos odontológicos e ambulatoriais do CEMV-
UTP 2016………………………………………………………………….
27
Figura 22: Centro cirúrgico do CEMV- UTP 2016………………………….......... 28
Figura 23: Sala de internamento pós-operatório do CEMV- UTP 2016….......... 28
Figura 24: Internamento para cães do CEMV- UTP/2016………………………. 29
Figura 25: Laboratório para análises clínicas e hematológicas do CEMV-
UTP/2016………………………………………………………………….
30
Figura 26: Representação dos tipos de atresia anal……………………………... 38
Figura 27: Vista perineal de paciente fêmea, espécie canina com ausência do
orifício anal (seta) - CEMV –UTP/ 2016……………………………….
40
Figura 28: A seta destaca o botão de contraste que não progrediu - CEMV –
UTP/ 2016……………………………………………….........................
41
Figura 29: A seta mostra o resultado final anoplastia em cão - CEMV – UTP/
2016…………………………………………………………....................
42
Figura 30: Resultado após 6 meses da anoplastia - CEMV –UTP/
2016…………………………………………………………....................
43
Figura 31: Radiografia mostra a distensão abdominal com conteúdo gasoso
(seta 1) no estômago e sem trânsito intestinal com acúmulo de
fezes (seta 2) CEMV –UTP/ 2016……………………………………...
44
Figura 32: Paciente com sondagem uretral e a seta indica ausência de ânus
perfurado CEMV–UTP/2016……………………………………………
45
Figura 33: Paciente com sondagem uretral e com a localização da fístula
perfurado CEMV –UTP/ 2016…………………………………………..
45
Figura 34: Presença da comunicação retovaginal perfurado - CEMV –UTP/
2016…………………………………………………………....................
46
Figura 35: Resultado final da anoplastia perfurado - CEMV –UTP/ 2016.......... 46
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Casuística acompanhada no atendimento da clínica cirúrgica e
no centro cirúrgico do HPVA-SP/2016………………………….......
31
Gráfico 2: Casuística acompanhada na clínica cirúrgica separada por
espécie do HPVA-SP/2016............................................................
32
Gráfico 3: Casuística do atendimento da cirurgia geral acompanhada e
separada por especialidades do HPVA-SP/2016………………….
32
Gráfico 4: Casuística da cirúrgica geral acompanhada e separada por
espécie do HPVA-SP/2016............................................................
34
Gráfico 5: Casuística da cirúrgica geral acompanhada e separada por
especialidades do HPVA-SP/2016................................................
34
Gráfico 6: Casuística acompanhada no atendimento da clínica cirúrgica e
no centro cirúrgico do CEMV – UTP 2016.....................................
35
Gráfico 7: Casuística acompanhada na clínica cirúrgica separada por
espécie do CEMV – UTP 2016......................................................
35
Gráfico 8: Casuística do atendimento da cirurgia geral acompanhada e
separada por especialidades do CEMV – UTP 2016……………..
36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Casuística do atendimento da cirurgia geral acompanhada e separada por procedimentos, quantidade, porcentagem e especialidades do Hospital Público Anclivepa – SP 2016................................................................................................
33 Tabela 2 Casuística do atendimento da cirurgia geral acompanhada e
separada por procedimentos, quantidades, porcentagem e especialidades do CEMV – UTP 2016............................................
36
LISTA DE QUADRO
Quadro 1: Escala de atividades do período de 03 de agosto à 16 de
setembro de 2016…………………………………………………….
31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Adj: Adjunto.
ANCLIVEPA: Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais.
BID: A cada 12 horas.
CEMV-UTP: Clínica Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do
Paraná
cm: Centímetros
DTUIF: Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos.
FAST: Exame de ultrassonografia para avaliação em casos de emergência.
g: Grama
HPVA-SP: Hospital Público Veterinário da ANCLIVEPA – São Paulo
kg: Quilograma ou quilo
mg: Miligrama
mg/kg: Miligrama por Quilo
ml: Mililitro
MPA: Medicação pré anestésica
MSc: Mestre
M.V.: Médica Veterinária
n°: Número
SID: A cada 24 horas
S.P.: São Paulo
®: Símbolo de marca registrada
TID: A cada 8 horas.
Z.L.: Zona leste
SUMÁRIO
1. RELATÓRIO DE ESTÁGIO………………………………………………..... 14
1.1. OBJETIVO………………………………………………………………..... 14
1.2. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO................................................................ 14
1.2.1. LOCAL DO ESTÁGIO.......................................................................... 14
1.2.2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS........................................................ 30
1.3. CASUÍSTICA HPVA – SP.................................................................... 31
1.4. CASUÍSTICA CEMV – UTP…………………………………………....... 34
2. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 37
2.1. CLASSIFICAÇÃO……………………………………………………........ 37
2.2. SINAIS CLÍNICOS……………………………………………………….... 38
2.3. FÍSTULA RETOVAGINAL………………………………………………... 39
2.4. DIAGNÓSTICO.................................................................................... 39
2.5. TRATAMENTO…………………………………………………………..... 39
2.6. PROGNÓSTICO…………………………………………………………... 40
3. RELATO DE CASO 1……………………………………………………….... 40
4. RELATO DE CASO 2………………………………………………………… 44
5. DISCUSSÃO............................................................................................. 47
6. CONCLUSÃO........................................................................................... 48
REFERÊNCIAS…….................................................................................. 50
14
1. RELATÓRIO DE ESTÁGIO
O estágio obrigatório foi realizado durante o décimo período para a conclusão
do curso de Medicina Veterinária dividido em dois hospitais veterinários, iniciado em
03 de agosto à 16 de setembro de 2016, no total de 256 horas realizadas no HPVA-
SP, unidade da zona leste (figura 1). E do dia 10 de outubro à 11 de novembro de
2016, no total de 184 horas realizadas na CEMV-UTP, sob orientação acadêmica do
professor Adj. Milton Mikio Morishin Filho.
A escolha pelo estágio no HPVA-SP foi pela grande demanda do atendimento
e a casuística alta. No período da manhã são realizados atendimentos agendados e
durante o período da tarde é atendido somente casos de urgência e emergência,
devido a essa rotina intensa foi possível acompanhar casos bem diferenciados. E a
escolha de terminar o período de estágio na CEMV -UTP foi por ser um hospital
universitário que concilia a educação, pesquisa e prática unindo todos os setores
envolvidos e agregando mais conhecimento.
O relatório mostra a rotina acompanhada no HPVA-SP e na CEMV - UTP nos
atendimentos dos setores de clínica cirúrgica, centro cirúrgico e procedimentos
ambulatoriais.
1.1. OBJETIVO
O estágio obrigatório curricular tem como objetivo aprimorar os conhecimentos
adquiridos na graduação, desenvolver o conhecimento e raciocínio, lógica e
diagnóstico, melhorar habilidades com cuidados com animais internados e do pós-
operatório inserido o graduando no mercado de trabalho de maneira ética na rotina
hospitalar.
1.2. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO
1.2.1. Local do Estágio
O hospital público veterinário ANCLIVEPA de São Paulo (figura 1) situado na Rua
Platina, 570, bairro Tatuapé, São Paulo. A unidade da zona leste possui uma grande
casuística, atendendo cães e gatos.
O HPVA-SP foi inaugurado no dia 2 de julho de 2013 é administrado pela
Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo
15
(ANCLIVEPA –SP), o projeto surgiu e faz parte das ações da coordenadoria
especial de proteção a animais domésticos, criada pela prefeitura de São Paulo.
O HPVA-SP faz atendimento exclusivo aos munícipes da cidade de São Paulo,
com prioridade aqueles que são assistidos nos programas sociais de bolsa família,
renda mínima, renda cidadã ou outro programa equivalente a esses do governo
federal.
A ANCLIVEPA também oferece atividades de graduação, pós-graduação,
aprimoramento, oferece vagas para estágio curricular e extracurricular do curso de
medicina veterinária.
Figura 1: Fachada do Hospital Público Veterinário Anclivepa, Zona Leste-SP, 2016
O atendimento ocorre de segunda a sexta feira das 6hs ás 17hs e aos sábados
o atendimento é das 7hs ás 12hs apenas casos emergências e urgências, sendo
realizadas 8 horas de estágio por dia. O hospital oferece serviços em várias
especialidades, tais como cardiologia, dermatologia, odontologia, anestesiologia,
oftalmologia, ortopedia, oncologia, endoscopia, neurologia, radiologia,
ultrassonografia, acupuntura, além de cirurgia geral, oncológica, ortopédica e
neurocirurgia.
A estrutura é composta por uma recepção (figura 2), 4 consultórios (figura 3),
sala de radiografia (figura 4), sala da ultrassonografia (figura 5), enfermaria (figura 6)
e a sala de emergência (figura 7).
16
Figura 2: Recepção do Hospital Público da Anclivepa – SP 2016
Na recepção é feita a distribuição de senhas por ondem de chegada e a triagem
dos pacientes para a área destinada, também é onde os proprietários assinam os
termos de cirurgia e de anestesia dos pacientes.
Figura 3: Consultório do Hospital Público da Anclivepa – SP 2016
17
Figura 4: Sala de Radiografia do Hospital Público da Anclivepa – SP 2016
Figura 5: Sala de Ultrassonografia junto a sala de elaboração de laudos do Hospital Público
da Anclivepa – SP 2016
A sala de radiografia é composta de um aparelho de radiografia com
processadora digital dos laudos e a sala de ultrassonografia é composta por um
aparelho portátil de ultrassom sem função doppler.
18
Figura 6: Enfermaria do hospital junto a farmácia do Hospital Público da Anclivepa – SP 2016
A enfermaria recebe os pacientes para procedimentos como, administração de
medicamentos, acesso venoso, pesagem do paciente e curativos e bandagens,
monitoramento dos pacientes críticos que aguardam procedimentos cirúrgicos ou
atendimento com a clínica médica e é composta ainda por uma pequena farmácia. A
equipe da enfermaria é composta por um médico veterinário e enfermeiros que
também atendem a sala de emergência do hospital.
No segundo andar está situado o internamento (figura 8), consultórios da clínica
cirúrgica e oftalmologia (figura 9) e o bloco cirúrgico (figura 10), composto de 2 centros
cirúrgicos destinados a cirurgia de tecidos moles, oncologia, endoscopia, oftalmologia
e um centro cirúrgico exclusivo para ortopedia. Além disso, há um espaço para
procedimentos ambulatoriais e internamento pré/pós-operatório dos pacientes (figura
11), central de esterilização de materiais, uma biblioteca no terceiro andar, um
refeitório com armários no quarto andar do prédio.
19
Figura 7: Sala de Internamento para cães e gatos do Hospital Público da Anclivepa – SP
2016
Figura 8: Consultórios de clínica cirúrgica e oftalmologia do Hospital Público da Anclivepa –
SP 2016
Os três centros cirúrgicos são equipados por um aparelho de anestesia
inalatória com ventilador mecânico, monitor multiparamétrico e uma tv de 30
polegadas que auxilia durante o exame de endoscopia e visualização de radiografias
digitais, além de um microscópio cirúrgico para cirurgias oftálmicas.
20
Figura 9: Centro cirúrgico do Hospital Público da Anclivepa – SP 2016
A sala de pré e pós-operatório do é composta por gaiolas e macas.
Procedimentos ambulatoriais como a sondagem uretral, sondagem esofágica,
reposicionamento de prolapso de reto e até o preparo do paciente para a cirurgia são
realizados nesta área.
Figura 10: Internamento de Pré/ Pós-operatório do Hospital Público da Anclivepa – SP 2016
21
O segundo local de estágio foi realizado na Clínica Escola de Medicina
Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná (CEMV -UTP), localizada na Rua Sidney
Antônio Rangel Santos, 238, no bairro Santo Inácio, Campos Prof. Sydnei Lima
Santos (Barigui), em Curitiba (figura12).
A CEMV-UTP oferece atendimento veterinário para cães e gatos prestado por
docentes e médicos veterinários residentes. O horário de atendimento é das 8hs às
12hs e das 14hs às 18hs de segunda à sexta feira. A clínica oferece várias
especialidades com atendimento clínico em anestesiologia, cardiologia, clínica
médica, dermatologia, neurologia, odontologia, oftalmologia, oncologia, ortopedia,
radiologia, ultrassonografia, videocirurgia, além de cirurgia geral.
Na CEMV-UTP a estrutura é composta de uma recepção, três consultórios
didáticos (espaço para grande quantidade de alunos) para execução de aulas práticas
(figura 13), sala de emergência (figura 14), sala de radiografia (figura 15), sala de
ultrassonografia junto a sala de elaboração de laudos (figura 16), farmácia (figura 17),
internamento e consultório exclusivo para atendimento de felinos (figura 18),
internamento exclusivo para animais portadores de doenças infectocontagiosas
(figura 19), sala de imunização (figura 20), sala pré-operatória (figura 21), centro
cirúrgico para procedimentos odontológicos e ambulatoriais (figura 22), centro
cirúrgico (figura 23), sala de internamento pós-cirúrgico (figura 24), internamento para
cães (figura 25), laboratório para análises clinicas e hematológicas (figura 26) e além
disso a clínica conta com uma central de esterilização de materiais cirúrgicos, expurgo,
vestiário feminino e masculino e uma amplo centro cirúrgico para administração de
aulas práticas de técnica cirúrgica, sala dos residentes, dormitório e a sala dos
professores.
22
Figura 11: Fachada do CEMV –UTP/ 2016
Figura 12: Consultório do CEMV –UTP/ 2016
A sala de emergência é a primeira sala da CEMV – UTP sendo diretamente
interligada com o bloco cirúrgico para facilitar a entrada de paciente que precise de
atendimento cirúrgico emergencial. A sala é equipada com ponto de oxigênio, armário
com medicamentos emergenciais, monitor multiparamétrico, sala climatizada, um
ultrassom portátil Esaote® Pie Medical Aquila (para realização de exame FAST) e kit
de material cirúrgico estéril para procedimentos de emergências. Há uma escala diária
entre todos os residentes da CEMV-UTP para o atendimento emergencial e
internamento.
23
Figura 13: Sala de emergência do CEMV – UTP/ 2016
A sala de radiografia e composta por um aparelho de raio – x Raicenter®,
acoplada a uma sala onde fica a processadora automática de raio – x da marca TEC
α- 36. A sala de ultrassonografia é climatizada e composta por um aparelho de
ultrassom fixo de mesa Sonoace® 8000 EX Prime Medison que contém função
doppler. Na sala também contém um armário para armazenar os laudos e filme
radiográfico dos pacientes, negatoscópios para a elaboração de laudos e uma tv 42
polegadas para o acompanhamento dos exames pelos proprietários. Os dois
residentes da área de diagnóstico por imagem, são responsáveis pela realização dos
exames de ultrassonografia e radiografia da CEMV –UTP.
Figura 14: Sala de Radiografia do CEMV –UTP/ 2016
24
Figura 15: Sala de Ultrassonografia junto a sala de elaboração de laudos do CEMV –UTP/
2016
Figura 16: Farmácia do CEMV –UTP/ 2016
Para o atendimento exclusivo dos felinos o CEMV – UTP dispõem de um
consultório e internamento exclusivo para felinos com telas de proteção, utensílios
apenas de felinos e equipamento de rotina hospitalar.
25
Figura 17: Internamento e consultório para atendimento de felinos do CEMV –UTP/ 2016
A sala de imunização é equipada exclusiva para atender pacientes ainda
filhotes que precisam da primeira vacinação, evitando o contado de pacientes jovens
não imunizados com outros pacientes enfermos da CEMV-UTP.
Figura 18: Sala de Imunização do CEMV –UTP/ 2016
26
Figura 19: Sala de internamento para animais portadores de doenças infecciosas do CEMV –
UTP/ 2016
O pré-operatório é uma sala destinada para a preparação do paciente, com
uma porta para a área externa da clínica, com a intenção de que o paciente já entre
na clínica nessa área e aguarde os preparativos para o procedimento cirúrgico, como
o acesso venoso, a tricotomia na área desejada ao procedimento cirúrgico, afim de
evitar a contaminação dentro do centro, aplicação da medicação pré-anestésica. A
sala de MPA localiza-se em uma área mais tranquila e menos movimentada da CEMV,
oferecendo maior conforto ao paciente que aguarda o efeito da medicação antes do
procedimento.
Figura 20: Sala pré-operatória do CEMV –UTP/ 2016
27
Além do centro cirúrgico a CEMV-UTP tem um centro cirúrgico destinado
exclusivamente para procedimentos odontológicos e ambulatoriais, climatizado,
equipado com dois aparelhos de anestesia, um aparelho Oxigen® 1722 com
ventilação mecânica e outro aparelho portátil Brasmed® além de um monitor
multiparamétrico da marca Brasmed®, saída de oxigênio e material para
procedimentos hospitalar.
Figura 21: Centro para procedimentos odontológicos e ambulatoriais do CEMV –UTP/ 2016
Os centros cirúrgicos são equipados com mesas cirúrgicas automáticas,
aparelhos de anestesia com ventilação mecânica controlada da marca Oxigen 1722®,
foco cirúrgico de teto e móvel, monitores multiparamétrico da Brasmed® , dopplers,
bomba de infusão, no break, saída de oxigênio, uma torre completa Karls Storz® de
vídeocirurgia, eletrocautério bipolar, aspirador cirúrgico, microscópio cirúrgico,
negatoscópio. O espaço é amplo e é possível realizar dois procedimentos cirúrgicos
simultaneamente. A entrada dele é pelo bloco cirúrgico e a saída para o pós-
operatório, além de ser uma sala climatizada, tem acesso fácil central de esterilização
de material cirúrgico e à sala de técnica cirúrgica onde são realizadas aulas de técnica
cirúrgica para os alunos do curso de medicina veterinária. Em todo o bloco cirúrgico é
obrigatório o uso de vestimenta adequada pois é uma área restrita, como o uso de
pijama cirúrgico, toca, máscara e sapato fechado. Os alunos podem acompanhar as
cirurgias que estão ocorrendo desde que já tenham cursado ou estejam cursando a
matéria de técnica cirúrgica.
28
Figura 22: Centro cirúrgico do CEMV –UTP/ 2016
Figura 23: Sala de internamento pós-cirúrgico do CEMV –UTP/ 2016
29
Figura 24: Internamento para cães do CEMV –UTP/ 2016
O laboratório para análises clínicas e hematológicas é composto por uma
centrífuga Fanem®, uma estufa Odontobrás®, outra centrífuga de micro hematócrito
Fanem®, equipamento de banho maria e microscópio óptico. Nesse laboratório é
possível realizar exames como citologias de nódulos/ massas/ lesão, citologia de
medula óssea e coleta de medula óssea; exames de hematologia, como hemograma
com contagem de plaquetas, hematócrito e proteínas plasmáticas,; exames
bioquímicos são realizados apenas albumina, alamino transferase (ALT), colesterol,
creatinina, fosfatase alcalina (FA), fibrinogênio, gama glutaril transferase (GGT),
triglicerídeos e uréia; os exames de líquidos e urina como a urinálise, análise de
líquidos cavitários e líquor dos pacientes. O número de exames por dia é limitado com
apenas 10 exames, o responsável por realizar exames no laboratório é o residente da
área de laboratório clínico.
30
Figura 25: Laboratório para análises clinicas e hematológicas do CEMV –UTP/ 2016
1.2.2. Atividades Desenvolvidas
No período de estágio obrigatório em ambos os hospitais a estagiária pôde
acompanhar o atendimento das consultas encaminhadas para a equipe da cirurgia,
acompanhar e realizar procedimentos ambulatoriais, como a passagem de sonda
uretral em animais obstruídos, redução manual de prolapso de reto para fazer o
reposicionamento, passagem de sonda esofágica. Também realizou a preparação do
paciente para os procedimentos cirúrgico e auxiliou em cirurgias, sempre com a
supervisão de um médico veterinário.
Além de conseguir desenvolver o treinamento para uma raciocínio rápido para
diagnósticos e desenvolver a prática da rotina hospitalar vivenciando a rotina dos
médicos veterinários.
31
1.3. CASUÍSTICA DO HPVA – SP
Durante o período de estágio no HPVA-SP foram acompanhados 119 casos no
atendimento da clínica cirúrgica. As atividades do hospital foram desenvolvidas em
sistema de rodízio entre na clínica cirúrgica o atendimento ambulatorial e entre o
centro cirúrgico (quadro 1), sendo o atendimento no período da manhã das 8hr às
12hs na segunda e sexta-feira e na terça à quinta feira do período das 8hs às 12hs e
das 14hs às 18hs foi acompanhado a rotina no centro cirúrgico, no total de 332
cirurgias.
Quadro 1 – Escala de atividades do período de 03 de agosto à 16 de setembro de 2016.
Segunda feira Terça feira Quarta feira Quinta feira Seta feira
8:00 - 12:00 Atendimento Centro Cirúrgico
Centro Cirúrgico
Centro Cirúrgico Atendimento
12:00 - 14:00
-
-
-
-
-
14:00 - 18:00
Centro Cirúrgico
Centro Cirúrgico
Centro Cirúrgico
Centro Cirúrgico
Centro Cirúrgico
Entre os 119 casos acompanhados, 54 deles eram da espécie felina e 65 deles
eram da espécie canina, conforme mostra o gráfico 2.
Gráfico 1 – Casuística acompanhada no atendimento da clínica cirúrgica e no centro cirúrgico do
Hospital Público Anclivepa – SP 2016. (n=451)
26%
74%
Atendimento clínica cirúrgica
Centro cirúrgico
32
Gráfico 2 – Casuística acompanhada na clínica cirúrgica e separada por espécie do Hospital Público
Anclivepa – SP 2016. (n= 119)
Devida a demanda de estagiários não foi possível fazer o rodízio entre as
especialidades da clínica médica como ortopedia, oftalmologia, cardiologia,
nefrologia, ginecologia e odontologia. A acadêmica acompanhou apenas a área de
clinica cirúrgica geral e no gráfico 3 está representada a casuística do atendimento da
cirurgia geral que foi bastante variada, possibilitando um bom conhecimento das
técnicas cirúrgicas acompanhada no período de estágio. A tabela 1 representa os 119
casos acompanhados no atendimento da cirurgia geral separada por especialidades.
Gráfico 3 – Casuística do atendimento da cirurgia geral acompanhada e separada por especialidades
do Hospital Público Anclivepa – SP 2016. (n=119)
55%45%
Canino
Felino
24%
8%
26%
26%
4%
12% Gastroenterologia
Nefrologia
Obstetrícia
Oncologia
Outros
Urologia
33
Tabela 1 - Casuística do atendimento da cirurgia geral acompanhada e separada por procedimentos,
quantidades, porcentagem e especialidades do Hospital Público Anclivepa – SP 2016. (n=119)
Procedimento Quantidade % Especialidade
Caudectomia 2 1,68% Outros
Cistotomia 2 1,68% Nefrologia
Corpo Estranho Intestinal 9 7,56% Gastroenterologia
DTUIF 8 6,72% Nefrologia
Enterectomia 1 0,84% Gastroenterologia
Enterotomia 3 2,52% Gastroenterologia
Eventração 9 7,56% Gastroenterologia
Megacólon 1 0,84% Gastroenterologia
Hemometra 3 2,52% Obstetrícia
Morte e Retenção fecal 9 7,56% Obstetrícia
Neoplasias 31 26,05% Oncollogia
Obstrução Uretral 4 3,36% Urologia
Penectomia 1 0,84% Urologia
Piometra 17 14,29% Obstetrícia
Prolapso Retal 3 2,52% Gastroenterologia
Reação ao Fio 1 0,84% Outros
Ruptura Diafragmática 2 1,68% Outros
Sofrimento Fetal 2 1,68% Obstetrícia
Torção Gástrica 2 1,68% Gastroenterologia
Uretrostomia 4 3,36% Urologia
Urolitíase 5 4,20% Urologia
Total: 119 100,00%
Entre as 332 cirurgias acompanhadas no período do estágio obrigatório a maioria
foi realizada em cães, sendo 195 cirurgias realizadas em cães e 137 em gatos, como
mostra o gráfico 4. O gráfico 5 mostra a casuística da cirurgia geral acompanhada e
separada por especialidades, relatando a grande demanda de cirurgias de obstetrícia
como casos de morte e retenção de fetos, sofrimento fetal, piometra, hemometra são
as cirurgias mais realizadas, outras cirurgias como caudectomia, ruptura diafragmática
entram na classificação como outros.
34
Gráfico 4 – Casuística da cirúrgica geral acompanhada e separada por espécie do Hospital Público
Anclivepa – SP 2016. (n=332).
Gráfico 5 – Casuística da cirúrgica geral acompanhada e separada por especialidades do Hospital
Público Anclivepa – SP 2016. (n=332).
1.4. CASUÍSTICA DO CEMV – UTP
Durante o período de estágio no CEMV – UTP foram acompanhados 41 casos no
atendimento da equipe cirúrgica, as atividades do hospital foram desenvolvidas
acompanhando a agenda dos dois residentes de cirurgia, no período das 8 ás 12hs e
das 14 ás 18hs.
59%
41%
Canino
Felino
18%
17%
24%
23%
18%Gastroenterologia
Nefrologia
Obstetrícia
Oncologia
Outros
35
Entre os 41 casos, 22 casos no atendimento da clínica cirúrgica e foi acompanhado
a rotina no centro cirúrgico, no total de 19 cirurgias (gráfico 6).
Gráfico 6 – Casuística acompanhada no atendimento da clínica cirúrgica e no centro cirúrgico do
CEMV – UTP 2016. (n=41)
Gráfico 7 – Casuística acompanhada na clínica cirúrgica separada por espécie do CEMV – UTP
2016. (n=22)
Devido ao pouco tempo de estágio obrigatório no CEMV – UTP o número de casos
acompanhados foi pequeno, mas a clínica recebe uma boa quantidade de casos de
ortopedia e oncologia. As cirurgias de enucleação, hérnia perineal, conchectomia
entram na classificação definida como outros.
54%46% Atendimento clínica cirurgica
Centro cirúrgico
86%
14%
Canino
Felino
36
Tabela 2 - Casuística do atendimento da cirurgia geral acompanhada e separada por procedimentos,
quantidades, porcentagem e especialidades do CEMV – UTP 2016. (n=19)
Ablação do conduto auditivo 1 5% Outros
Cesária 1 5% Obstetrícia
Colocefalectomia 2 11% Ortopedia
Embricamento 3° pálpebra 1 5% Oftalmologia
Enucleação 1 5% Oftalmologia
Esplenectomia 1 5% Outros
Excisão tumoral 2 11% Oncologia
Flap de Avanço 1 5% Oncologia
Herniorrafia perineal 1 5% Outros
Mastectomia 3 16% Oncologia
Osteossíntese 3 16% Ortopedia
Ovariosalpingohisterectomia 1 5% Obstetrícia
Piometra 1 5% Obstetrícia
TOTAL 19 100%
Gráfico 8 – Casuística do atendimento da cirurgia geral acompanhada e separada por especialidades
do CEMV – UTP 2016. (n=19)
16%
16%
26%
11%
32%Outros
Obstetrícia
Ortopedia
Oftalmologia
Oncologia
37
REVISÃO DE LITERATURA - ATRESIA ANAL
2. INTRODUÇÃO
A atresia anal é uma condição que acomete filhotes de cães e gatos na abertura
do ânus e do reto, resultando no fechamento da saída anal e/ ou em uma saída
anormal das fezes por meio da vagina ou pela uretra, formando a fístula retovaginal,
que pode ocorrer simultaneamente comunicando o reto com a vagina e promovendo
a saída das fezes pela vagina (SLATTER et al., 2007).
Existe alguns tipos de atresia anal, com diversas variações, mas todas impedem
a saída das fezes regularmente, causando uma descompensação importante no
paciente, que por ser um paciente jovem e fraco ainda pode apresentar uma anorexia
e fraqueza, um crescimento retardado pela falta de absorção dos nutrientes
adequadamente.
O presente trabalho relata dois casos: o primeiro caso é de uma cadela lhasa apso
de 38 dias de idade, foi atendida na CEMV-UTP, pesando 700g, histórico de tenesmo
desde o nascimento e defecação pela vulva, uma importante distensão abdominal e
uma sensibilidade à palpação. O segundo caso é de uma gata SRD, com 35 dias de
idade atendida na CEMV –UTP, pesando 400g, histórico de apatia, tenesmo, dor e
distensão abdominal.
2.1. CLASSIFICAÇÃO
Existem variações de atresia, que pode ser classificada em quatro tipos. O tipo I
é definida pelo ânus imperfurado que ocorre quando existe a persistência de uma
membrana sobre a abertura anal e o reto termina com uma bolsa cega cranial ao ânus
fechado. No tipo II o ânus está fechado como no tipo I, mas a bolsa retal fica localizada
cranialmente a membrana sobreposta do ânus. E no tipo III a mesma bolsa cega do
tipo I e II, se localiza dentro do canal pélvico. Já o tipo IV acomete as fêmeas e consiste
em uma comunicação entre o reto e a vagina formando uma fístula retovaginal ou
entre o reto e a uretra formando a fístula retouretral (ETTINGER et al., 2008).
38
Figura 26: Representação dos tipos de atresia anal.
Fonte: GONZÁLEZ et al., 2012.
2.2. SINAIS CLÍNICOS
Quando acontece a obstrução total da saída das fezes, os filhotes desenvolvem
distensão e desconforto abdominal, geralmente os sinais começam a aparecer com 2
a 6 semanas de idade (ETTINGER et al., 2008).
Os sinais clínicos podem variar entre tenesmo, ausência de fezes, ausência da
abertura do ânus, distensão abdominal, eritema perivulvar (CURTI et al., 2011).
Esse quadro pode levar ao filhote à uma perda da vitalidade e o animal começa a
apresentar anorexia. Também pode ocorrer irritação vulvar, cistite, hematúria,
dermatite perianal, diarreia e magacólon (ETTINGER et al., 2008).
39
2.3. FÍSTULA RETOVAGINAL
A fístula retovaginal é causada por uma má-formação congênita na fêmea,
caracterizada pela excreção do material fecal pela abertura vaginal e em muitos casos
há também imperfuração anal. (BIRCHARD et al 2008).
Também pode ocorrer incontinência fecal persistente pela vagina cansando
dermatite perivulvar, distensão do cólon quando o filhote de cão ou gato inicia o
consumo de alimentos sólidos (BIRCHARD et al 2008).
2.4. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é basicamente clínico, no tipo I o exame físico revela a protrusão de
períneo, mas pode não estar aparente no tipo III. No tipo I e II existe a ausência de
abertura anal e nesses dois tipos e o tipo III também é comum observar desconforto
abdominal (ETTINGER et al., 2008).
É importante realizar uma radiografia abdominal, mais precisamente com o
contraste, para saber o tipo de atresia anal que o animal está apresentando e a
localização do reto.
Como o diagnóstico muitas vezes é tardio, a distensão crônica do reto e do cólon
pode causar lesões irreversíveis. Caso ocorra lesão no esfíncter anal externo ou da
sua inervação pode ocorrer incontinência fecal temporária ou permanente (RIBINSKI,
et al.,2011).
2.5. TRATAMENTO
O tratamento para essa anomalia é a correção cirúrgica, e cada tipo de atresia
requer um tipo de procedimento. As lesões do tipo IV requerem fechamento dos
defeitos retais, vaginais e uretrais; porém, é necessária a abordagem abdominal para
mobilizar o cólon distal e o reto. Já o tipo I, há pouco mais que o tecido cutâneo e
subcutâneo permanecendo imperfurado, sendo possível uma reconstrução cirúrgica
satisfatória desde que o esfíncter muscular e o reto sejam adequadamente
preservados. Nos casos em que há tipos II e III, além da membrana imperfurada, há
necessidade de divulsão da região anal para tração do reto e abertura do mesmo
(CURTI et al., 2011).
40
Segundo o ETTINGER (2008, p. 1333) “uma atresia anal por ser corrigida como
um primeiro estágio de reparo e quaisquer outras anomalias associadas, como uma
fístula retovaginal ou retouretral podem ser reparadas em um outro momento
posterior, quando o animal estiver em risco anestésico mais apropriado”.
Entre as complicações observadas após a cirurgia podem ser, incontinência fecal, é
uma das mais importantes, que pode estar associada com a falta de motilidade
intestinal, possível ausência de esfíncter anal externo, ou um dano nervoso durante o
procedimento cirúrgico. Outras complicações podem incluir, constipação e tenesmo,
odor da glândula anal, edema da região anal, prolapso retal, incontinência urinária,
estenose anal e deiscência de pontos da ferida (RAHAL et al., 2007).
2.6. PROGNÓSTICO
O prognóstico é desfavorável e a mortalidade cirúrgica é elevada, pois estes
pacientes são jovens e apresentam más condições físicas, o que aumenta os riscos
anestésicos e cirúrgicos (CURTI et al., 2011).
3. RELATO DE CASO 1
Uma cadela lhasa apso com apenas 38 dias de idade foi atendida em 3 de
fevereiro de 2016 na CEMV-UTP, pesando 700g. o proprietário relatou que a paciente
defecava pela vulva desde o nascimento apresentava um histórico de tenesmo desde
que nasceu (figura 27).
Figura 27: Vista perineal de paciente fêmea, espécie canina com ausência do orifício anal (seta) -
CEMV –UTP/ 2016
41
No exame físico a paciente apresentou uma importante distensão abdominal e
sensibilidade à palpação, foi medicada com 1ml de lactulona, BID, em 11 de fevereiro
de 2016 o animal retornou para realizar uma radiografia abdominal por enema baritado
pelo orifício anal com sonda, com o propósito de averiguar o transito intestinal e
avaliação da fístula reto vaginal.
Figura 28: A seta destaca o botão de contraste que não progrediu - CEMV –UTP/ 2016
Baseado no histórico, exame físico e radiográfico foi diagnosticada atresia anal com
fistula reto vaginal e indicada a cirurgia para correção do ânus. O preparatório para a
cirurgia foi realizado enema baritado para averiguar o transito intestinal, na
radiográfica conseguimos observar que não houve progressão com o contraste,
mostrando que havia um orifício anal mas não havia comunicação do anus para o
cólon. Devido à falta de comunicação e de progressão do contraste foi realizado outro
exame radiográfico com contraste do trato gástrico intestinal.
A paciente foi diagnosticada atresia anal com fistula reto vaginal, megacólon e um
intenso conteúdo fecal acumulado e indicada a cirurgia para correção do ânus.
Para a indução anestésica foi utilizado morfina na dose de 0,4mg/kg intramuscular,
e então realizou a intubação com sonda traqueal 3,0 e utilizado para manutenção da
anestesia inalatória o isoflurano.
A paciente foi submetida a procedimento cirúrgico no dia 12 de fevereiro para uma
anoplastia que iniciou com uma incisão em cruz na membrana que recobre o ânus
com um bisturi de pele, após foi feita a divulsão do subcutâneo para ter acesso à
ampola retal, que apresentava totalmente obstruída.
O fundo cego foi encontrado à 2cm cranialmente ao ânus imperfurado, e realizado
uma divulsão para tracionar a ampola retal até a abertura do ânus imperfurado e
42
realizar a anoplastia. A sutura do reto ao ânus foi realizada utilizando-se fio de nylon
n°4.0 com pontos de padrão simples interrompido para a reconstrução do orifício anal,
suturando a mucosa retal na pele com pontos isolados simples. Em seguida foi
realizada uma incisão pré retro-umbilical e identificado cólon descendente para
realização de enterotomia e retirada das fezes.
A enterorafia na porção do cólon descendente foi realizada com fio de nylon n° 4.0
com pontos de padrão simples interrompidos. A síntese da musculatura abdominal foi
feita com fio de poliglactina 910 n° 3.0 em padrão sultan e a síntese da pele foi
realizada com fio nylon n° 3.0 no padrão de sutura simples interrompido. A figura 30
mostra o resultado final da reconstrução do orifício anal.
Figura 29: A seta mostra o resultado final anoplastia em cão - CEMV – UTP/ 2016
Para o tratamento pós-operatório foi prescrito ceftriaxona na dose de 30mg/kg BID
por 10 dias, uma dose única de meloxicam na dose de 0,05mg/kg SID, dipirona na
dose de 25mg/kg TID, por 5 dias, metronidazol na dose de 15mg/kg BID por 7 dias,
todas as medicações prescritas para a paciente foram realizadas pela via intravenosa
durante o período de internamento.
Após 5 dias ocorreu deiscência quase total dos pontos. A paciente foi submetida a
um novo procedimento cirúrgico de anoplastia, e a sutura anal foi realizada novamente
com nylon n°4.0 com o mesmo padrão de sutura simples interrompido, e as
medicações foram mantidas por mais 10 dias. Durante todo o pós-operatório, a
43
paciente foi tratada com lactulona na dose de 1ml BID e óleo mineral na dose de 1ml
SID.
A paciente foi alimentada com uma ração pastosa e úmida comercial, porém
frequentemente haviam episódios de defecação diarreica e outros de constipação
profunda, onde a paciente sentia fortes dores e passava dias sem defecar.
Após 10 dias do pós-operatório o animal ainda apresentava disquesia, devido a
estenose anal que ocorreu e está limitação ainda permaneceu por aproximadamente
4 meses, quando foi instituída a terapia empírica com tamarine geléia, com uma colher
de chá BID e também domperidona na dose de 0,2ml BID, como um reforço para
estimular a motilidade gastrointestinal.
O animal ficou incontinente fecal após os procedimentos cirúrgicos.
Aproximadamente aos 6 meses de idade a alimentação passou a ser com a ração
gastrointestinal e a paciente apresentou grande melhora do quadro clínico
apresentando fezes com consistência normal.
Figura 30: Resultado estético após 6 meses da anoplastia - CEMV –UTP/ 2016
44
4. RELATO DE CASO 2
Uma gata SRD, com 35 dias de idade, pesando 400g, com histórico de apatia,
tenesmo, dor e distensão abdominal. A proprietária relatou que a paciente defecava
pela vagina uma pequena porção de fezes sólidas, apenas uma vez por semana.
No exame físico a paciente apresentou uma grande distensão abdominal,
sensibilidade a palpação e ausência do orifício anal. Sendo prescrito o uso de 1ml/kg
de lactulona, BID, no dia. Dois dias após retornou para realização de uma radiografia
abdominal contrastada do trato intestinal e avaliação da fístula reto vaginal. Foi
diagnosticada a atresia anal com um fundo cego, presença de fístula reto vaginal,
megacólon e um intenso conteúdo fecal acumulado.
Figura 31: Radiografia mostra a distensão abdominal com conteúdo gasoso (seta 1) no estômago e
sem trânsito intestinal com acúmulo de fezes (seta 2) CEMV –UTP/ 2016.
Devido a condição apresentada, foi indicado a correção cirúrgica do defeito
anorretal. Para tanto, foi utilizada como medicação pré anestésica a metadona na
dose de 0,3mg/kg intramuscular, a indução anestésica foi utilizado propofol na dose
de 5mg/kg. Para a manutenção foi utilizada a máscara com isoflurano e no
transoperatório foi utilizada analgesia com fentanil na dose de 3mg/kg em bolus.
45
Figura 32: Paciente com sondagem uretral e a seta indica ausência de ânus perfurado - CEMV –
UTP/ 2016.
Figura 33: Paciente com sondagem uretral e com a localização da fístula perfurado - CEMV –UTP/
2016.
Foi submetida ao procedimento cirúrgico de anoplastia. Posicionada em decúbito
esternal com membros pélvicos estendidos, foi realizada a sondagem uretral até a
vesícula urinária para manter a referência anatômica da uretra (figura 32), após foi
realizada uma incisão sobre a pele que sobrepunha o orifício anal, sendo feita uma
divulsão para localizar o fundo cego da ampola retal assim como a fístula retovaginal,
uma comunicação do cólon com a vulva, para criar um novo orifício anal, a anoplastia.
46
Após a localização do reto, foi realizada a técnica de “pull-through” para exteriorizar
o mesmo, uma vez exposto, foi realizada uma punção em estocada para abertura do
reto e as bordas isoladas para que fosse realizada a rafia à pele, com padrão simples
interrompido utilizando fio de poliglactina 910 n° 3.0.
Em seguida foi retirada a sonda uretral para averiguar se ainda existia alguma
comunicação retovaginal. Uma vez que a presença persistia (figura 34), foi optado
pela oclusão desta comunicação, através da aproximação da mucosa vaginal dorsal
utilizando mesmo padrão de sutura e fio cirúrgico utilizados anteriormente, finalizando
o procedimento (figura 35).
Figura 34: Presença da comunicação retovaginal perfurado - CEMV –UTP/ 2016.
Figura 35: Resultado final da anoplastia perfurado - CEMV –UTP/ 2016.
47
Para tratamento pós-operatório foi prescrito amoxicilina com clavulanato de
potássio 20mg/kg, BID por 10 dias, dose única de meloxicam 0,5mg/kg, tramadol
3mg/kg, TID, por 4 dias e lactulona 1ml/kg, BID, até novas recomendações e
domperidona 0,2ml/kg, BID até novas recomendações.
A paciente teve recomendações para alimentação com ração pastosa e úmida
comercial, porém não retornou para retirada dos pontos. Foram realizadas diversas
tentativas de contato com proprietário, porém o mesmo não atendeu ou retornou os
mesmos.
5. DISCUSSÃO
A atresia anal pode ocorrer de formas diferentes devido ao sexo do animal, nos
machos as fístulas se desenvolvem entre o reto e a uretra e nas fêmeas entre a porção
terminal do reto e a uretra ou a parede vaginal dorsal (MANJABOSCO et al., 2013).
Devido a formação dessa comunicação as fêmeas acabam defecando pela vulva,
podendo ser fezes amolecidas ou não, mas no caso dos machos a literatura relata
fezes mais amolecidas que facilita a passagem pela uretra. Segundo Rocha et al,
(2010) relata um caso de atresia anal em bezerro “a passagem de material fecal por
meio da uretra observada nesse bezerro provavelmente ocorreu em razão da
presença de atresia anal, associada à característica das fezes bovinas, que são mais
viscosas e fluidas que as de outras espécies, facilitando sua passagem por meio da
uretra”. Não há relato na literatura de cães e gatos machos que tenham sobrevivido a
tempo de uma intervenção cirúrgica para correção dessa anomalia.
Segundo Ettinger et al (2008) “uma atresia anal pode ser corrigida como um
primeiro estágio de reparo e quaisquer outras anomalias associadas, como uma fístula
retovaginal ou retouretral podem ser reparadas em um outro momento posterior,
quando o animal estiver em risco anestésico mais apropriado”.
No caso relatado de um cão, fêmea com atresia anal foi realizado dois
procedimentos cirúrgicos na mesma intervenção, afim de realizar a anoplastia e a
enterotomia para a retidada do conteúdo fecal com o objetivo de recuperação da
motilidade intestinal, já que a paciente apresentava um megacólon. O segundo caso
apresentado da gata, fêmea, optou-se por não realizar dois procedimentos cirúrgicos
48
na mesma intervenção, pois a paciente apresentava instabilidade durante a cirurgia,
devido a isso foi realizada apenas a anoplastia, pois uma cirurgia do trato digestório é
complicada devido à grande quantidade de bactérias, aumentando o risco de infecção
e de complicações pós cirúrgicos.
Segundo Curti et al (2011) o prognóstico é desfavorável e a mortalidade cirúrgica
é elevada por ser pacientes jovens e que apresentam más condições físicas, o que
aumenta os riscos anestésicos e cirúrgicos, no caso relatado da paciente lhasa apso,
chegou aos 10 meses de idade, mostrando uma melhora e recuperação do segundo
procedimento cirúrgico, se alimenta apenas de ração gastrointestinal e defecando
fezes consistentes com raros episódios de diarreia, apresentando uma boa condição
de vida e superando as expectativas da literatura.
No estudo de Rahal et al (2007) relata que as complicações observadas após a
cirurgia podem ser, incontinência fecal, é uma das mais importantes, que pode estar
associada com a falta de motilidade intestinal, possível ausência de esfíncter anal
externo, ou um dano nervoso durante o procedimento cirúrgico. Outras complicações
podem incluir, constipação e tenesmo, odor da glândula anal, edema da região anal,
prolapso retal, incontinência urinária, estenose anal e deiscência de pontos da ferida.
No caso relatado do cão, a paciente apresentou alguns dessas complicações, como
a incontinência fecal e deiscência de pontos de ferida da anoplastia.
Nos dois casos apresentados de atresia anal, no 1° relato de caso, do cão lhasa
apso, apresentou um tipo 3 de atresia anal, devido a anatomia formada do cólon com
a formação da bolsa cega dentro da cavidade abdominal, e no 2° relato de caso, da
gata SRD com atresia anal, apresentou o tipo 4 devido à ausência do orifício anal e a
presença da fístula retovaginal.
6. CONCLUSÃO
A oportunidade de realizar o estágio obrigatório em dois locais diferentes,
possibilitou a oportunidade de acompanhar cirurgias e casos clínicos, diferenciados.
A grande casuística acompanhada no HPVA – SP e na CAMV –UTP possibilitou
acompanhar a rotina hospitalar do médico veterinário.
O tratamento de atresia anal é através de procedimento cirúrgico, porém as
complicações pós-cirúrgicas como processo infeccioso, incontinência fecal e
49
deiscência dos pontos são as ocorrências mais comuns. Mas os cuidados pós-
operatórios também devem fazer parte para um sucesso no tratamento, desde a
correta administração das drogas até o cuidado e limpeza na ferida cirúrgica.
50
REFERÊNCIAS
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Manole: Barueri, 2007.
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