universidade federal de juiz de fora felipe costa alvim - ufv
Post on 16-Oct-2021
0 Views
Preview:
TRANSCRIPT
0
Universidade Federal de Juiz de Fora
Felipe Costa Alvim
INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO SINAL ELETROMIOGRÁFICO DO
MÚSCULO BÍCEPS BRAQUIAL EM DIFERENTES NÍVEIS DE FORÇA
ISOMÉTRICA VOLUNTÀRIA
Juiz de Fora
2012
1
Felipe Costa Alvim
INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO SINAL ELETROMIOGRÁFICO DO
MÚSCULO BÍCEPS BRAQUIAL EM DIFERENTES NÍVEIS DE FORÇA
ISOMÉTRICA VOLUNTÀRIA
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO
CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE
PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
FÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE JUIZ DE FORA COMO PARTE DOS
REQUISITOS PARA A OBTEÇÃO DO
GRAU DE MESTRE EM ASPECTOS
BIODINÂMICOS DO MOVIMENTO
HUMANO.
Dr. José Marques Novo Júnior
Orientador
Dr. David Sérgio Adães de Gouvêa
Co orientador
Juiz de Fora
2012
3
Felipe Costa Alvim
INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO SINAL ELETROMIOGRÁFICO DO
MÚSCULO BÍCEPS BRAQUIAL EM DIFERENTES NÍVEIS DE FORÇA
ISOMÉTRICA VOLUNTÀRIA
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO
CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE
PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
FÍSICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE JUIZ DE FORA COMO PARTE DOS
REQUISITOS PARA A OBTEÇÃO DO
GRAU DE MESTRE EM ASPECTOS
BIODINÂMICOS DO MOVIMENTO
HUMANO APROVADA EM:
__/__/__
_________________________________________________
Prof. Dr. José Marques Novo Júnior
__________________________________________________
Prof. Dr. David Sérgio Adães de Gouvêa
__________________________________________________
Prof. Dr. Márcio Nogueira de Souza
Juiz de Fora
4
2012
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais Sílvio de Oliveira Alvim e Maria do Perpétuo
Socorro Costa Silva Alvim pelo apoio e compreensão.
À minha irmã Silvia Maria Costa Alvim Macedo e ao meu cunhado Márcio
Campos Macedo pelo carinho.
Enfim, a minha família que de longe ou de perto, sempre com palavras de
apoio e incentivo fizeram nunca passar pela minha cabeça desistir.
Agradeço ao Antônio Paulo André de Castro pela parceria, pelos
momentos de divisão do saber e também pela partilha das aflições e das dúvidas.
Este texto também é fruto do seu trabalho.
Aos inúmeros colegas de laboratório por todos os momentos que
passamos juntos. Foi, de fato, um aprendizado que levarei para toda a vida
aquele que eu puder ter com todos vocês.
Ao meu orientador José Marques Novo Júnior por acreditar em mim e me
conceder essa oportunidade.
Ao meu co orientador David Sérgio Adães de Gouvêa pelo
desprendimento, por compartilhar tamanho conhecimento.
Agradeço aos mestres de toda a minha vida. Em especial à Jennifer Granja
Peixoto por plantar em mim a semente da pesquisa e a Paula Chagas pelo
exemplo.
Aos meus amigos, aos que me carregaram em seus braços até aqui. Eles
tornaram meus momentos de folga especiais e fizeram com que eu pudesse
retornar ao trabalho revigorado. Um agradecimento especial aos meus amigos
Rodrigo Reis de Oliveira, Diogo Simões Fonseca, Ricardo Valle de Melo e Camyla
Lotti.
Finalmente agradeço a Deus por me fazer seu instrumento, por ser o
responsável por todas as coisas maravilhosas que acontecem na minha vida.
Estou certo que não mereço tanto.
5
RESUMO
Introdução: O sistema nervoso central (SNC) utiliza o recrutamento de unidades
motoras e a modulação da frequência de ativação dessas unidades para controlar
a força voluntária exercida por um músculo. A eletromiografia de superfície
(sEMG) pode ser utilizada para captar o sinal elétrico resultante do somatório dos
potenciais de ação das fibras musculares recrutadas durante o processo de
produção de força. A análise da variável root mean square (RMS) e da frequência
mediana (Fm) tem sido utilizada para extrair informações a respeito dos
mecanismos de controle da força utilizados pelo SNC. Objetivos: Investigar as
propriedades do sinal eletromiográfico de indivíduos adultos através das variáveis
RMS, Fm e da análise da distribuição da potência por faixas de frequência em
contrações isométricas para os níveis de força iguais a 10%, 20%, 30%, 40%,
50%, 60%, 70%, 80% e 90% da contração isométrica voluntária máxima (CIVM).
Metodogia: Os sinais eletromiográficos foram obtidos a partir da contração
isométrica voluntária do bíceps braquial de vinte voluntários jovens saudáveis
bilateralmente nos níveis submáximos de força. Um algoritmo foi elaborado
visando identificar o trecho ideal do sinal eletromiográfico a ser analisado. As
variáveis RMS, Fm e a densidade de potências por faixa de 5 Hz e 10 Hz foram
calculadas. Resultados e discussão: A variável RMS apresentou aumento linear
com o incremento da força, conforme esperado. A variável Fm apresentou
aumento entre 10% e 30% da CIVM e diminuiu para níveis de força superiores.
Esse comportamento pode estar relacionado ao protocolo experimental conforme
indicado na literatura. A análise da densidade de potência por faixa mostrou uma
concentração da densidade de potência na faixa entre 40 e 50 Hz em 10% da
CIVM. Essa concentração de potência diminuiu progressivamente em 20% e 30%
do nível de força e voltou a ocorrer, na mesma faixa de frequência, em 40% da
CIVM. Esse comportamento pode estar relacionado ao acréscimo de fibras de
contração dos tipos IIa e IIb ao processo produção de força. Entre 40 e 90% da
CIVM a concentração de potência na faixa entre 40 e 50 Hz diminui. Conclusões:
As variáveis extraídas do sinal eletromiográfico apresentaram comportamento
compatível com o descrito na literatura em protocolos contendo contrações em
diversos níveis submáximos da CIVM. Suas variações podem estar relacionadas
a diferenças no protocolo experimental. A análise da densidade de potência por
faixa de frequências pode trazer informações adicionais estando relacionadas ao
processo de recrutamento e ativação das unidades motoras durante o incremento
de força.
6
Palavras chave: Força. Eletromiografia. Bíceps braquial.
ABSTRACT
Introduction: Central nervous system (CNS) uses the motor unit recruitment and
the rate coding of the recruited units to control the voluntary force exerted by a
muscle. Surface electromyography (sEMG) can be used to capture the electrical
signal resulting from the summation of the action potentials of the muscle fibers
recruited during the force production. The analysis of the variable root mean
square (RMS) and median frequency (Fm) has been used to extract information
about the control mechanisms of force used by the CNS. Objectives: To
investigate the properties of the electromyographic signal through RMS and Fm
variables and analyze the power density distribution in frequency bands in
isometric force levels equal to 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60%, 70%, 80% and
90% of maximal voluntary isometric contraction (MIVC). Methods: The signals
were obtained bilaterally from the isometric contraction of the biceps brachii
muscle of twenty young healthy volunteers in submaximals force levels. An
algorithm was developed to identify the ideal section of the electromyographic
signal to be analyzed. The variable RMS, Fm and power density distribution in
frequency bands of 5 Hz and 10 Hz were calculated. Results and discussion:
The variable RMS increased linearly with increasing force, as expected. The
variable Fm had increased between 10% and 30% MVIC and than decreased
toward high force levels. This behavior can be related to the experimental protocol
as described in the literature. The analysis of the power density distribution in
frequency bands showed a concentration of power density in the range between
40 Hz and 50 Hz in 10% MIVC. This power density concentration progressively
reduced in 20% to 30% of the MIVC and occurs again on the same frequency
range in 40% MVIC. This behavior may be related to increased fibers type IIa and
IIb to the force production process. From 40% to 90% of the MIVC the
concentration in power density in range between 40 Hz and 50 Hz decreases.
Conclusions: The variables extracted from the EMG signal showed behavior
compatible with the protocols described in the literature containing submaximal
contractions at different levels of MIVC. Their variations may be related to
differences in experimental protocol. The analysis of power density distribution in
frequency bands can provide additional information being related to the
recruitment and rate coding of motor units during the increase in voluntary force.
Key words: Force. Electromyography. Biceps Brachii.
7
SUMÁRIO
Capítulo 1. Introdução................................................................................ 8 1.1. Objetivo..................................................................................... 11 1.2. Organização do trabalho........................................................... 11 Capítulo 2. Fisiologia................................................................................. 13 2.1. Os sistemas nervoso e osteomioarticular................................. 13 2.2. Fibras musculares..................................................................... 14 2.3. Unidade motora........................................................................ 16 2.4. Placa motora............................................................................. 17 2.5. Sistema de condução............................................................... 18 2.6. Controle da produção de força e princípio do tamanho............ 18 2.7. Alterações no controle da produção de força........................... 20 Capítulo 3. Revisão da Literatura............................................................. 22 Capítulo 4. Avaliação da força muscular e eletromiografia................... 27 4.1. Dinamometria............................................................................ 27 4.2. Eletromiografia de superfície.................................................... 27 4.2.1. Domínio do tempo..................................................................... 28 4.2.2. Domínio da frequência.............................................................. 29 Capítulo 5. Aspectos teóricos................................................................... 31 5.1. Valor médio quadrático............................................................. 31 5.2. Função Densidade Espectral de Potência................................ 32 Capítulo 6. Material e metodologia........................................................... 35 6.1. Material..................................................................................... 35 6.2. Amostra..................................................................................... 35 6.3. Protocolo experimental............................................................. 36 6.4. Seleção dos trechos do sinal para análise............................... 38 6.5. Processamento dos dados....................................................... 40 6.5.1. RMS.......................................................................................... 40 6.5.2. Espectro de potência................................................................ 41 6.5.3. Frequência mediana................................................................. 41 6.5.4. Estimativa da densidade de potências por faixa de
frequência................................................................................. 42
6.6. Análise estatística..................................................................... 43 Capítulo 7. Resultados e discussão......................................................... 45 7.1. Amostra..................................................................................... 45 7.2. Sinal eletromiográfico no domínio do tempo............................. 47 7.3. Sinal eletromiográfico no domínio da frequência...................... 50 7.4. Análise da densidade de potência por faixa de frequência...... 56 Capítulo 8. Conclusões.............................................................................. 61 Referências bibliográficas......................................................... 62 Apêndices................................................................................. 66 Anexo....................................................................................... 73
8
1. INTRODUÇÃO
A produção e o controle da força muscular é um processo complexo do
qual participam o sistema nervoso central, o sistema nervoso periférico e o
sistema osteomioarticular.
O sistema nervoso central organiza o funcionamento dos músculos e os
controla de modo a graduar a força exercida por cada um deles visando permitir a
manutenção da postura ou produzir movimento (BURKE, 1981). Os principais
mecanismos utilizados pelo sistema nervoso central para controlar a força
exercida por um músculo são o recrutamento de unidades motoras e a modulação
na frequência de disparo das unidades motoras ativas (MILNER-BROWN, STEIN
e YEMM, 1973a). O sistema nervoso periférico é responsável por conduzir os
impulsos do sistema nervoso central até os órgãos efetores ou conduzir os
impulsos nervosos da periferia do corpo até o sistema nervoso central
(MACHADO, 2000). Já o sistema osteomioarticular tem como função produzir
força e movimento (GUYTON e HALL, 2002).
A produção de força pode ser influenciada por fatores como
envelhecimento, distúrbios metabólicos e neurológicos (MCCOMAS, 1998).
Entretanto, podem ocorrer adaptações no sistema nervoso central, periférico e no
sistema osteomioarticular com o objetivo de compensar os déficits gerados na
produção e no controle da força muscular (DANTES e MCCOMAS, 1991). Essas
compensações modificarão o padrão de recrutamento e ativação das fibras
musculares e alterarão o mecanismo de produção de força dos indivíduos
Alterações nos processos de recrutamento das fibras musculares dos diferentes
tipos e na ativação dessas fibras recrutadas poderão produzir alterações na
maneira como a força é produzida e, consequentemente, no movimento humano..
Uma unidade motora é composta por um motoneurônio e as fibras
musculares que este motoneurônio inerva. A transmissão do impulso do ramo do
axônio do motoneurônio para a fibra muscular ocorre nas placas motoras. A
ativação das fibras musculares depende da frequência de ocorrência dos
estímulos provenientes do sistema nervoso central. Esses estímulos,
compreendidos como um trem de impulsos elétricos, controlam o funcionamento
9
da fibra muscular que apresenta potencial elétrico negativo em repouso e
potencial elétrico positivo quando ativada. A excitação da fibra muscular promove
a alteração do potencial elétrico negativo para positivo, gerando um pulso elétrico
que percorre a fibra muscular nos sentidos proximal e distal, a partir da placa
motora, desencadeando a contração muscular (DE LUCA, 1979).
A captação dos potenciais elétricos das membranas das fibras musculares
pode ser realizada utilizando-se eletrodos de agulha implantados dentro do
músculo a ser estudado. Embora essa técnica forneça resultados relacionados ao
funcionamento de fibras musculares específicas, por ser um processo invasivo,
tem sido preterida a favor da EMG de superfície.
Na EMG de superfície o sinal captado é o somatório dos potenciais de
ação das fibras musculares localizadas sob eletrodos fixados na superfície da
pele dos indivíduos (DE LUCA, 1979). Embora o sinal eletromiográfico sofra
influências da quantidade de tecido adiposo subcutâneo interposto entre a
musculatura a ser avaliada e a superfície da pele, e da forma do posicionamento
e da distância utilizadas entre os eletrodos de captação do sinal, esta técnica é
não invasiva, de fácil aplicação e tem sido utilizada em um grande número de
trabalhos de pesquisa e em avaliações clínicas (DE LUCA, 1997).
O sinal eletromiográfico de superfície pode ser analisado no domínio do
tempo através da variável root mean square (RMS) para avaliar a potência
resultante do somatório dos potenciais de ação que percorrem as superfícies das
membranas das fibras musculares (MILNER-BROWN e STEIN, 1975; FARINA,
FOSCI e MERLETTI, 2002). A variável RMS tem sido utilizada para a
quantificação da potência do sinal eletromiográfico em contrações isométricas
com incremento de força de modo linear ou em contrações isométricas em níveis
de força submáximos pré-estabelecidos (GERDLE ET AL. 1997; E FARINA,
FOSCI e MERLETTI, 2002). Esses estudos evidenciam que, durante o incremento
da força voluntária, o aumento da variável RMS está relacionado ao aumento no
número de unidades motoras ativas ou ainda ao aumento do nível de ativação
das fibras musculares que já estavam ativas anteriormente.
No domínio da frequência, o sinal eletromiográfico de superfície pode ser
estudado através da frequência mediana. Esta variável é estimada a partir da
Função Densidade Espectral de Potência e representa a posição no eixo de
frequências que determina a divisão da potência total do espectro em duas partes
10
iguais. A variação da frequência mediana foi associada, segundo Solomonow
(1990), à variação da velocidade de condução média das fibras musculares ativas
em um determinado momento no músculo. A sua importância deve-se ao fato dos
pulsos com menores durações estarem relacionados às fibras musculares com
maiores velocidades de condução e que tendem a acrescentar energia ao
espectro do sinal em bandas de frequência mais altas. Por sua vez, pulsos com
maiores durações estão relacionados às fibras musculares com menores
velocidades de condução e que tendem a acrescentar energia ao espectro do
sinal em bandas de frequência baixas (HERZOG e NIGG, 2007).
A frequência mediana poderia ser uma variável sensível às modificações
no padrão de recrutamento muscular na medida em que fibras com velocidades
de condução diferentes fossem acrescentadas ao processo de contração
muscular e produção de força (SOLOMONOW, 1990 e ALVIM, 2010). Entretanto,
estudos que tinham como objetivo relacionar a evolução da frequência mediana
durante o incremento da força voluntária às estratégias motoras de recrutamento
de fibras de diferentes tipos para a produção de força muscular tiveram resultados
divergentes.
Em diversos estudos (MORITANI e MURO, 1987; GERDLE, ERIKSSON e
BRUNDIN, 1990; GERDLE et al., 1991; MERLETTI et al. 1992; BERNARDI et al.,
1995) foi mostrado que a frequência mediana aumentou com o incremento da
força muscular exercida pelo voluntário. Por outro lado, os estudos de Petrofsky e
Lind (1980) e Vitassalo e Komi( 1978) demonstraram não haver variação da
frequência mediana em decorrência do aumento na força exercida.
Adicionalmente, estudos realizados por Westbury e Shaughhnessy (1987);
Knaflitz, Merletti e DeLuca (1990) e Rainoldi (1999) mostraram, ainda, que a
frequência mediana diminuiu com o aumento da força muscular.
Existem inúmeras teorias para explicar os motivos do comportamento
díspare da frequência mediana decorrente do aumento da força voluntária. As
diferenças entre as velocidades de condução das fibras musculares podem ser as
responsáveis por esse comportamento da frequência mediana (RAINOLDI 1999).
As diferenças no protocolo experimental também podem ser as responsáveis pela
variação no comportamento da freqüência mediana (RAINOLDI, 1999). Além
disso, as diferenças na profundidade das fibras musculares recrutadas durante o
incremento de força podem atenuar o potencial de ação até que este seja captado
11
pelos eletrodos na superfície da pele e, portanto, acrescentam menos energia ao
sinal eletromiográfico de superfície (FARINA, FOSCI e MERLETTI, 2006).
Embora a literatura utilize as variáveis RMS, no domínio do tempo, e
frequência mediana, no domínio da frequência, como indicadores da variabilidade
dos sinais eletromiográficos a forma de onda da Função Densidade Espectral de
Potência não tem sido investigada. Alterações da forma de onda, considerando
uma redução na potência em torno da frequência mediana e um incremento
equilibrado nas bandas de baixa e alta frequências, poderiam não alterar o valor
desta variável apesar de indicar modificações no processo. Desta forma, a
investigação da composição da potência espectral por faixas de frequências
poderia fornecer informações relevantes para a análise do sinal eletromiográfico,
como tem sido utilizado para sinais eletroencefalográficos (NIEDERMEYER,
1993) e sinais de variabilidade da frequência cardíaca (ACHARYA et al., 2006).
1.1. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é investigar as propriedades do sinal
eletromiográfico de indivíduos adultos normais através da variável RMS, da
frequência mediana e da distribuição da potência por faixa de frequências, para
sinais eletromiográficos adquiridos durante contrações isométricas para os níveis
de força iguais a 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60%, 70%, 80%, e 90% da
contração isométrica voluntária máxima (CIVM).
1.2. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
No capítulo 2 é realizada uma revisão de conceitos relacionados à fisiologia
muscular.
O capítulo 3 mostra uma revisão de literatura que descreve estudos
relacionados ao tema desta dissertação.
12
Aspectos relevantes para a compreensão da metodologia de investigação
da força muscular e dos sinais eletromiográficos são abordados no capítulo 4.
O capítulo 5 apresenta os fundamentos teóricos relacionados ao valor
RMS, à frequência mediana, à Função Densidade Espectral de Potência e à
análise da potência por faixa utilizada para o processamento dos sinais de força e
EMG. Adicionalmente, são comentados os testes estatísticos usados no trabalho.
No capítulo 6 estão descritos os materiais e a metodologia empregada
neste trabalho visando cumprir o objetivo proposto.
No capítulo 7 os resultados são mostrados e discutidos considerando a
metodologia utilizada neste trabalho. Adicionalmente, neste capítulo, os
resultados são comparados com aqueles encontrados na literatura.
As conclusões estão resumidas no capítulo 8.
13
2. FISIOLOGIA
2.1. OS SISTEMAS NERVOSO E OSTEOMIOARTICULAR
O sistema nervoso central organiza o funcionamento dos músculos,
responsáveis pela produção de tensão mecânica, de modo a exercerem somente
a força necessária naquele momento, tanto para a manutenção de uma
determinada postura quanto para produzir um movimento específico. Para isso, o
sistema nervoso central utiliza estratégias variadas que combinam o recrutamento
das unidades motoras e a ativação das fibras musculares para que os músculos
ativos possam produzir uma intensidade maior ou menor de força (BURKE, 1981).
O sistema nervoso periférico é formado por fibras nervosas, gânglios
nervosos e órgãos terminais. As fibras nervosas podem ser aferentes,
responsáveis por conduzir impulsos nervosos da periferia do corpo até o sistema
nervoso central, ou eferentes, responsáveis por conduzir os impulsos do sistema
nervoso central até o órgão efetor. As fibras nervosas responsáveis por conduzir o
impulso elétrico do sistema nervoso central até os músculos esqueléticos são
denominadas motoneurônios (MACHADO, 2000).
O sistema osteomioarticular é formado pelos ossos, articulações e
músculos do corpo. Os músculos são responsáveis por receber os impulsos do
sistema nervoso central e produzir força. O nível de tensão a ser gerado é
definido pelo sistema nervoso central através da modulação dos impulsos
elétricos enviados ao músculo. A força gerada nos músculos é transmitida aos
ossos através dos tendões e aponeuroses. Os ossos, sob os efeitos das forças
musculares e da força da gravidade, interagem entre si pelas articulações
formando alavancas e produzem movimento ou mantém a postura desejada
(HERZOG e NIGG, 2007).
A produção e o controle do movimento também contam com a participação
do sistema vestibular, responsável pela sensação do posicionamento do corpo no
espaço, e do sistema visual, que fornecem ao sistema nervoso central
informações a respeito da ação que está sendo executada. Esses sistemas são
denominados de sistemas de feedback.
14
2.2. FIBRAS MUSCULARES
As fibras musculares são células alongadas, multinucleadas e que contém
organelas citoplasmáticas especializadas na transformação de energia química
em energia mecânica. Essa energia mecânica promove o encurtamento
longitudinal das fibras musculares e, consequentemente, o encurtamento
muscular.
OLSON, CARPENTER e HENNEMAM (1965) foram os primeiros
pesquisadores a dissecar e estimular axônios motores individualmente, e seus
experimentos mostraram que as propriedades contráteis das fibras musculares,
inervadas por diferentes neurônios, podem diferir consideravelmente mesmo
dentro de um mesmo músculo. Pesquisas posteriores foram capazes de
identificar que as fibras musculares estriadas esqueléticas possuem
características mecânicas e metabólicas variáveis entre si. Os diferentes tipos de
fibras podem ser identificados com base na sua velocidade de encurtamento ou
de acordo com a fonte energética utilizada por elas na formação de ATP.
As fibras que possuem moléculas de miosina com baixa capacidade de
metabolizar o ATP possuem velocidades de contração menores e, por isso, são
conhecidas como fibras de contração lenta ou tipo I. Já as fibras de contração
rápida (ou tipo II) possuem moléculas de miosina com alta capacidade em
metabolizar o ATP e produzir energia. Essa velocidade aumentada das reações
irá determinar o número de ligações realizadas entre as moléculas de actina e
miosina em um intervalo de tempo, aumentando a velocidade de encurtamento da
fibra muscular.
As fibras musculares também podem ser classificadas de acordo com a
disponibilidade celular de enzimas disponíveis para a síntese de ATP. Segundo
Burke (1981), algumas fibras tem uma capacidade maior de realizar a glicólise
aeróbia, enquanto outras exibem uma capacidade maior em realizar a glicólise de
maneira anaeróbia. As fibras com alta capacidade de realizar a glicólise aeróbia
possuem um número elevado de mitocôndrias e, portanto, uma alta capacidade
de realizar a fosforilação de maneira oxidativa. As fibras que possuem grande
concentração desse tipo de organelas citoplasmáticas especializadas na
fosforilação oxidativa do ADP durante o processo de produção do ATP são
15
chamadas fibras oxidativas. Existem, ainda, fibras com um número pequeno de
mitocôndrias que, entretanto, possuem uma concentração elevada de enzimas
glicolíticas e uma grande reserva de glicogênio. Essas fibras têm como
característica metabólica a produção de ATP de forma anaeróbia, ou seja, sem a
presença do oxigênio, e são denominadas fibras glicolíticas.
De acordo com as características encontradas nas fibras musculares,
podemos distinguir, em um músculo saudável, três tipos principais de fibras
musculares:
Fibras lentas oxidativas (tipo I): combinam uma baixa capacidade
em metabolizar ATP com uma alta capacidade em produzir o ATP
de maneira oxidativa.
Fibras rápidas oxidativas glicolíticas (tipo IIa): combinam alta
capacidade em metabolizar o ATP, alta capacidade oxidativa e uma
capacidade glicolítica moderada.
Fibras rápidas glicolíticas (tipo IIb): combinam uma alta capacidade
na metabolização do ATP e um metabolismo preferencialmente
glicolítico.
O diâmetro médio de uma fibra muscular é frequentemente correlacionado
com seu tipo histoquímico. Quanto maior o diâmetro das fibras musculares, maior
a possibilidade desta fibra ser do tipo II.
As fibras do tipo I possuem, em geral, menores diâmetros, mas apresentam
proporcionalmente maior superfície em contato com os capilares sanguíneos. Tal
fato favorece as trocas de gases e nutrientes dessas fibras, cujo metabolismo é
predominantemente aeróbio. A desvantagem dessas fibras é a menor quantidade
de miofibrilas e menos força a ser produzida (KUGELBERG e LINDEGREN, 1979
e ROMANUL, 1965).
As fibras também diferem entre si quanto à sua capacidade em resistir à
fadiga. As fibras musculares do tipo I produzem ATP de maneira oxidativa e, por
possuírem uma fonte constante de oxigênio e glicose, apresentam alta resistência
à fadiga e conseguem manter a produção de força por longos períodos com
pequenas perdas na quantidade de tensão mecânica gerada, enquanto as fibras
do tipo IIb fadigam rapidamente.
O número de fibras musculares e a proporção de cada um dos tipos de
fibras podem variar de músculo para músculo e de indivíduo para indivíduo. De
16
acordo com KLEIN (2003) o bíceps braquial de um homem adulto pode possuir
até 260 mil fibras musculares. Deste total de fibras, aproximadamente 40%
pertencem ao tipo I, enquanto os 60% restantes pertencem aos tipos IIa e IIb.
Desta faixa, consideram-se que 50% são do tipo IIa e 50% são do tipo IIb.
2.3. UNIDADE MOTORA
O conjunto formado por um motoneurônio e as fibras musculares inervadas
pelos ramos deste motoneurônio é chamado de unidade motora (GUYTON e
HALL, 2002). A figura 2.1 mostra todos os componetes de uma unidade motora e
como esses componentes estão organizados. O número total e a proporção dos
tipos de unidades motoras variam entre diferentes músculos e diferentes
indivíduos. As estimativas do número de unidades motoras para diferentes
músculos em humanos podem variar, em média, de 87 no extensor curto dos
dedos a 411 unidades nos músculos da eminência hipotenar (MCCOMAS, 1998).
Figura 2.2 – Ilustração das estruturas das Unidades Motoras. Adaptado de Katch,
McArdle e Katch (2011).
17
O número de fibras musculares inervadas por um dado motoneurônio é
chamado de razão de inervação para aquela unidade motora. A razão de
inervação pode variar entre os diversos músculos. No bíceps braquial essa razão
pode variar entre 600 e 1.700, enquanto em músculos menores, essa razão pode
variar entre 100 e 340 (primeiro lumbrical) (FEINSTEIN, 1955).
As unidades motoras cujas fibras tenham perfis histoquímicos diferentes
podem apresentar velocidades de encurtamento diferentes. Unidades motoras
que apresentam uma lenta resposta em consequência a um estímulo tendem a
apresentar fibras musculares que produzem, todas elas, pequenas tensões
musculares. Em oposição às unidades motoras de contração rápida que
apresentam fibras musculares que tem a possibilidade de exercer maior tensão
muscular em consequência a um estímulo (APPELBERG e EMONET-DÉNAND,
1967). Desta forma, considerando os perfis histoquímicos diferenciados das fibras
do tipo I, tipo IIa e tipo IIb, estudos têm confirmado a existência de três faixas nos
tempos de contração nas unidades motoras humanas (ANDREASSEN e
ARENDT-NIELSEN, 1987).
2.4. PLACA MOTORA
A placa motora é formada pela porção terminal de um motoneurônio e a
região da membrana plasmática da fibra muscular que este neurônio inerva. A
função desta placa é transmitir o impulso nervoso do motoneurônio para a
membrana da fibra muscular que ele inerva. Essa transmissão é realizada por
enzimas sinápticas liberadas pelo axônio do motoneurônio que se ligam aos
receptores na membrana da fibra muscular e estimulam a sua despolarização,
dando origem ao potencial de ação da fibra muscular (GUYTON e HALL, 2002).
As placas motoras das fibras musculares dos diferentes tipos apresentam limiares
de disparo diferentes. O limiar de disparo corresponde à frequência mínima de
impulsos conduzidos pelo motoneurônio que desencadeará a despolarização das
fibras musculares inervadas por ele (BURKE, 1981).
Placas motoras das fibras do tipo IIb tendem a apresentar maiores
vesículas de enzimas sinápticas e mais receptores nas membranas das fibras
18
musculares quando comparadas às das fibras do tipo I (PADYKULA e
GAUTHIER, 1970). Já as fibras do tipo IIa apresentam essas estruturas pré e pós
sinápticas em tamanho e quantidade intermediárias. É possível que o tamanho e
a complexidade das estruturas pré e pós sinápticas influenciem na velocidade
com quem os potenciais de ação são transmitidos dos neurônios motores até as
membranas das fibras musculares.
2.5. SISTEMA DE CONDUÇÃO
O sistema de condução é composto pelos motoneurônios responsáveis por
conduzir o estimulo elétrico proveniente do sistema nervoso central até as fibras
musculares. A velocidade de condução do pulso elétrico pelo motoneurônio e a
força gerada pelas fibras musculares inervadas foram relacionadas à variação do
tamanho neuronal, e isto se tornou conhecido como o princípio do tamanho
(OLSON, CARPENTER e HENNEMAN, 1968). Esses fatos foram corroborados
pelos achados de Appelberg e Emonet-Dénand (1967) que atestaram que
unidades motoras que produzem pouca força muscular tendem a ser inervadas
por neurônios que apresentam menor velocidade de condução do pulso elétrico.
Esses estudos estabeleceram uma relação em que quanto maior o corpo celular
de um motoneurônio, maior é a velocidade de condução do seu axônio e maior é
a força de contração muscular quando ele é estimulado. Adicionalmente, esses
motoneurônios conseguem aumentar as suas taxas de disparo mais rapidamente
e alcançar suas frequências de disparo máximas mais rapidamente (MILNER-
BROWN, STEIN e YEMM, 1973a).
2.6. CONTROLE DA PRODUÇÃO DE FORÇA E PRINCÍPIO DO TAMANHO
O sistema nervoso central possui dois mecanismos principais para
controlar a força exercida por um músculo. O primeiro é a modulação da
frequência de disparo das fibras musculares ativas e o segundo é o mecanismo
19
de recrutamento de novas fibras musculares que estavam inativas em níveis mais
baixos de força (MILNER-BROWN, STEIN e YEMM, 1973a).
O mecanismo de recrutamento controla a quantidade de fibras utilizadas no
processo de geração de tensão mecânica considerando a necessidade de
incremento da força muscular.
A modulação da frequência de disparos das fibras musculares ativas
permite que, após ultrapassar o limiar de disparo de uma unidade motora,
aumentos da frequência de despolarização correspondem a aumentos na
quantidade de força exercida pelo músculo.
Segundo Milner-Brown, Stein e Yemm (1973a), apenas em baixos níveis
de força o recrutamento é o principal mecanismo de incremento de força. Esse
comportamento foi observado para o primeiro músculo interósseo dorsal. Já em
níveis de força intermediários e altos, o incremento na frequência de disparo é o
mecanismo mais importante de modulação da força (MILNER-BROWN, STEIN e
YEMM, 1973a). Neste estudo, foram utilizados sinais eletromiográficos obtidos
pela introdução de eletrodos de agulha no primeiro interósseo dorsal da mão e,
nos seus resultados, o número de novas unidades motoras recrutadas durante um
incremento de força diminuiu rapidamente quanto maior o nível de força
voluntária. Isso sugere que mesmo que unidades motoras recrutadas em altos
níveis de força voluntária gerem mais tensão mecânica, a contribuição do
recrutamento para aumentar a força voluntária diminui conforme aumenta o nível
de força (MILNER-BROWN, STEIN e YEMM, 1973a).
Existem evidências do recrutamento ordenado de unidades motoras cada
vez maiores durante uma contração voluntária, baseado na amplitude do
potencial de ação registrado através de eletrodos de agulha introduzidos dentro
do músculo (MILNER-BROWN, STEIN e YEMM, 1973a). Unidades motoras cada
vez maiores são recrutadas de forma ordenada, considerando o nível de força
gerado, durante contrações voluntárias com incremento de força (MILNER-
BROWN, STEIN e YEMM, 1973a). Esta maneira com que o sistema nervoso
central organiza das fibras musculares durante contrações com incremento de
força ficou conhecida como princípio do tamanho.
O princípio do tamanho que coordena o processo de recrutamento pode
variar de acordo com o comando do sistema nervoso central, como ocorre em
todos os processos biológicos (BURKE, 1981). Segundo, Milner-Brown e Stein
20
(1972), é possível que o recrutamento ordenado de fibras musculares cada vez
mais fortes só se aplique a movimentos simples. Burke (1981) demonstrou que
contrações em altas velocidades podem não respeitar o princípio do tamanho e
todas as unidades motoras, contendo fibras dos diferentes tipos, podem ser
recrutadas ao mesmo tempo. Além disso, a frequência de disparo em todas as
unidades motoras recrutadas pode ser mais alta em movimentos balísticos
(GRIMBY e HANNERZ, 1977).
Burke e Tsairis (1973) encontraram a mesma quantidade de fibras
musculares tanto em unidades motoras grandes, quanto em unidades motoras
pequenas. Portanto, é mais provável que a diferença na força exercida pelas
unidades motoras de tipos deferentes esteja relacionada ao tamanho das suas
fibras musculares. Unidades motoras de contração rápida possuem fibras
musculares com maior calibre e, por isso, produzam mais força (MILNER-
BROWN e STEIN, 1975). Segundo Milner-Brown, Stein e Yemm (1973a) a
variação da força produzida por uma unidade motora é linear em função do nível
de força voluntária na qual ela foi recrutada.
Considerando a diferença na quantidade de força que as fibras musculares
dos diferentes tipos podem gerar, foi estabelecido que em até 35% da força
máxima, apenas fibras musculares oxidativas estariam recrutadas (GOLLNICK,
PIEHL e SALTIN, 1974).
2.7. ALTERAÇÕES NO CONTROLE DA PRODUÇÃO DE FORÇA
Diversas situações podem influenciar o processo de produção de força.
Segundo Grimby e Hannerz (1977) as formas de recrutamento e ativação podem
variar conforme a atividade exercida. O sistema nervoso central apresenta, em
contrações vigorosas em um curto intervalo de tempo, uma estratégia de controle
motor diferente de contrações com incremento de força lento. Consequentemente,
os resultados obtidos pelos pesquisadores, quando o objetivo é pesquisar as
estratégias de controle da força, podem ser influenciados pela forma com que os
protocolos experimentais são elaborados.
21
Alterações na fisiologia do sistema nervoso e no sistema osteomioarticular
também podem promover alterações no controle motor. O envelhecimento é um
processo que pode reduzir o número de unidades motoras ativas (MCCOMAS,
1998), seja pela modificação no tipo predominante de unidades motoras que
compõem um músculo (KLEIN, 2003), seja pela redução no número total de
unidades motoras de um músculo (GALEA, 1996). Em pacientes diabéticos, o
número de unidades motoras ativas também pode se alterar (MCCOMAS, 1998).
Já em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica as unidades motoras que
perdem a inervação, voltam a ser inervadas após algum tempo, em decorrência
da brotamento axonal que ocorre nos motoneurônios sobreviventes. Entretanto,
os motoneurônios sobreviventes podem, originalmente, ser responsáveis pela
inervação de unidades motoras de outros tipos, o que influenciará nas
características histoquímicas das fibras musculares que receberão a nova
inervação (DANTES e MCCOMAS, 1991) e modificarão o padrão de recrutamento
das fibras musculares e a produção de força dos indivíduos.
22
3. REVISÃO DA LITERATURA
Diversos estudos têm reportado a variação da frequência mediana
conforme o nível de força exercido pelos voluntários. As características da
amostra, do protocolo experimental e do processamento variam entre os estudos
e tais diferenças podem ser responsáveis pelos resultados divergentes
encontrados.
Petrofsky e Lind (1980) investigaram sinais eletromiográficos de superfície
dos músculos flexores dos dedos em quatro homens e quatro mulheres durante
contrações isométricas. As durações das contrações variaram de intervalos de
três segundos a intervalos maiores durante os quais a fadiga ocorria. Os
resultados mostraram que a frequência mediana foi independente do nível de
força exercida nas contrações de pequena duração. Entretanto, durante as
contrações com maiores durações a frequência mediana diminuiu com o tempo
quando a tensão exercida pelo voluntário foi maior que 25% da CIVM.
Moritani e Muro (1987) elaboraram um protocolo experimental em que doze
voluntários realizavam uma contração isométrica do músculo bíceps braquial. A
força aumentava gradativamente de zero até 80% da força de contração máxima.
Os resultados deste estudo evidenciaram um aumento significativo da amplitude
do sinal eletromiográfico de superfície e da frequência mediana com o aumento
da força.
Knaflitz, Merletti e DeLuca (1990) mostraram que em contrações
isométricas voluntárias do tibial anterior, cuja tensão muscular variou entre 20% e
80% da força máxima, a frequência média e a frequência mediana do sinal
eletromiográfico aumentaram. Entretanto, quando a contração foi eletricamente
estimulada com eletrodos posicionados sobre a superfície da pele o
comportamento da frequência mediana do sinal eletromiográfico variou entre os
voluntários.
No protocolo elaborado por Gerdle et al. (1990), além de outras avaliações,
os autores avaliaram a contração isométrica do bíceps braquial com incremento
de força de zero até 100% da contração isométrica voluntária e em contrações
isométricas em 20%, 40%, 60% e 80% da força máxima. Nesse estudo, os
pesquisadores observaram um aumento de cerca de 10% no valor da frequência
23
mediana estimada para o sinal eletromiográfico quando o nível de força aumentou
de 20% para 60% da CIVM. Além disso, não houve aumento da frequência
mediana do sinal eletromiográfico em contrações isométricas maiores que 60% do
valor máximo.
Gerdle et al. (1991) utilizaram um protocolo com contrações isométricas de
extensores de joelho com incremento de força em dez voluntárias e captaram os
sinais eletromiográficos dos músculos vasto lateral, vasto medial e reto femoral.
De acordo com os resultados, houve um aumento significativo de 10% da
frequência mediana quando a força de contração passou de 40% a 100% da
CIVM em todos os músculos avaliados. Além disso, tanto a frequência mediana
quanto a potência do sinal eletromiográfico apresentaram correlação positiva com
a força exercida.
Moritani, Oddsson e Thorstensson (1991) utilizaram um protocolo
experimental constituído pela avaliação dos músculos sóleo e gastrocnêmio em
atividades com demandas por força e velocidade diferentes. A amostra foi
constituída de dez voluntários jovens saudáveis e a investigação foi realizada
para os sinais EMG dos músculos. Os estudos destes autores mostram que
podem ocorrer modificações nas estratégias de recrutamento e ativação das
fibras musculares, dependendo da velocidade e da força de contração. Desta
forma, o recrutamento do músculo gastrocnêmio, que contém mais fibras do tipo
IIa e IIb, foi maior nas atividades motoras mais rápidas. Os autores sugerem,
ainda, que o recrutamento de fibras de contração com maiores velocidades de
condução pode ocorrer durante contrações rápidas em um único músculo.
Merletti et al. (1992) avaliaram a frequência mediana dos sinais
eletromiográficos referentes às contrações isométricas do tibial anterior de quinze
idosos saudáveis. Os resultados mostraram um aumento médio de 16% da
frequência mediana quando a força de contração passou de 20% para 80% da
força de contração máxima.
Sanchez et al. (1993) investigaram a frequência mediana do sinal EMG do
músculo bíceps braquial de treze voluntários jovens saudáveis, para um protocolo
de contração muscular em duas situações distintas. Na primeira situação a
contração foi realizada com incremento contínuo linear de força entre 0 e 100%
da força de contração máxima. Para a segunda situação as contrações foram
feitas em níveis submáximos discretos, predefinidos a cada 10% da força de
24
contração máxima. Os resultados mostraram que a freqüência mediana apresenta
comportamentos diferentes para cada situação analisada. Para o incremento
contínuo linear de força a frequência mediana aumentou entre 0 e 70% da força
de contração máxima e depois disso, diminuiu. Para o incremento discreto de
força a frequência mediana alcançou seu maior valor em 50% da força de
contração máxima.
Bernardi et al. (1995) investigaram a frequência mediana do sinal
eletromiográfico captado do reto femoral e do semitendíneo durante a flexão e a
extensão do joelho e encontraram um aumento dessa variável associado ao
aumento do nível de força isométrica. O maior valor desse parâmetro foi
alcançado entre 40% e 60% da CIVM. Uma diminuição no valor da frequência
mediana foi encontrada em contrações em níveis elevados de força.
Rainoldi et al. (1999) investigaram os valores de freqüência mediana para
sinais EMG de dez voluntários jovens e saudáveis, utilizando um protocolo de
contrações isométricas do bíceps braquial durante 30 segundos. Estes autores
utilizaram trechos do EMG no inicio da contração muscular (0,5 segundos) para
estimativa da freqüência mediana e reportaram uma diminuição significativa dos
valores desta variável entre os níveis de força de 10%, 30%, 50% e 70%. De
acordo com os autores, a frequência mediana é o parâmetro extraído do sinal
eletromiográfico no domínio da frequência que apresenta a maior confiabilidade,
pois consegue se repetir entre as diferentes contrações de um mesmo sujeito e é
sensível a diferenças individuais entre eles. Entretanto, embora os valores da
freqüência mediana apresentassem redução com o incremento do nível de força
os autores consideraram que esta influencia é pequena e pode ter sido
mascarada por fatores aleatórios ou diferenças no protocolo experimental.
Adicionalmente os autores verificaram evidências de que a freqüência mediana
possa sofrer influência do tempo de execução da contração, uma vez que os
valores desta variável diminuíram com o tempo.
Kleine et al. (2001) investigaram o comportamento da frequência mediana
em um protocolo experimental que consistia na contração isométrica do músculo
bíceps braquial em 20% da força de contração voluntária máxima durante 15
minutos em dez voluntários jovens saudáveis. Além disso, os autores comparam
os resultados obtidos experimentalmente a sinais simulados atribuindo diferentes
níveis de sincronização dos disparos dos potenciais de ação das unidades
25
motoras. A comparação entre os sinais obtidos experimentalmente e os sinais
simulados permitiu aos autores concluir que a sincronização pode aumentar a
potência do espectro do sinal eletromiográfico em bandas mais baixas de
frequência reduzindo, assim, o valor numérico da frequência mediana.
Farina, Fosci e Merletti (2006) avaliaram o valor médio retificado e a
frequência mediana do sinal eletromiográfico em contrações isométricas do
bíceps braquial de voluntários jovens saudáveis e compararam esses dados às
contrações simuladas. De acordo com os autores, o valor médio retificado
aumenta ao longo de toda a rampa de contração, independentemente da posição
das unidades motoras recrutadas, corroborando os resultados de Rainoldi et al.
(1999). De acordo com os autores, apesar de a frequência mediana aumentar
com o incremento de força, os resultados mostraram que um índice baseado no
maior valor assumido pela frequência mediana durante o processo de
recrutamento não reflete o fenômeno relacionado ao controle central. Assim como
as variáveis espectrais, as variáveis que demonstram a potência do sinal no
domínio do tempo não podem ser usadas para determinar o recrutamento de
unidades motoras, pois elas também são influenciadas pelo recrutamento de
novas unidades motoras, pela sua localização e pelo aumento na sua frequência
de ativação.
Alvim et al. (2010) (ANEXO 1) analisaram a influência da duração do
potencial de ação da membrana da fibra muscular sobre a variação da frequência
mediana durante o incremento de força em sinais simulados. Segundo esses
autores, a frequência mediana do sinal eletromiográfico tende a aumentar na
medida em que potenciais de ação com menores durações são acrescentados ao
processo de produção de força.
Vila-Chã, Falla e Farina (2010) investigaram os efeitos do treinamento de
força e de resistência muscular, sobre a musculatura, para grupos distintos. O
trabalho avaliou 30 indivíduos sedentários e registrou pela EMG de superfície,
entre outros, parâmetros relacionados à potência do sinal e à velocidade de
condução média das fibras musculares, recrutadas durante a contração
isométrica voluntária em 10% e 30% da força de contração máxima. Os indivíduos
foram separados em três grupos. O primeiro grupo foi submetido a um
treinamento de força muscular, enquanto o segundo grupo foi submetido a um
treinamento de resistência. Dados de um terceiro grupo, considerado controle,
26
foram utilizados para comparação. O protocolo de treinamento foi elaborado
prevendo a realização de reavaliações após três e seis semanas a partir do seu
inicio. A amplitude do sinal eletromiográfico e a velocidade de condução das
unidades motoras recrutadas aumentaram para os grupos que realizaram
treinamento de força e resistência muscular. Entretanto e aparentemente, estas
variáveis mostraram maior incremento para o grupo que realizou treinamento de
força muscular, embora não tenha sido descrito teste estatístico.
Klaver-Król et al. (2010) avaliaram, pela EMG de superfície, a velocidade
de condução no bíceps braquial de 15 corredores de velocidade e 18 corredores
fundistas. A avaliação foi feita no bíceps braquial em contrações isométricas em
10% e em 20% da força voluntária máxima. Os resultados mostraram que a
velocidade de condução foi maior nos atletas dedicados às corridas de
velocidade. De acordo com os autores estes resultados podem estar relacionados
a fatores hereditários em virtude desta musculatura não estar especificamente
envolvida no treinamento desses atletas.
A fadiga é um fator que também deve ser levado em consideração na
análise do comportamento do sinal eletromiográfico. Houtman et al. (2003)
avaliaram a amplitude e a velocidade de condução, medida através do sinal
eletromiográfico de superfície, durante contrações de longa duração em 30% e
40% da força de CIVM de cinco voluntários jovens saudáveis. Os resultados deste
estudo mostraram que a velocidade de condução tende a diminuir ao longo do
tempo de manutenção da força em decorrência da fadiga das fibras musculares
recrutadas. O estudo mostra, ainda, que a diminuição da velocidade de condução
está relacionada ao nível de força exercida pelo voluntário, ou seja, em níveis de
força maiores a velocidade de condução tende a diminuir mais rapidamente.
Segundo os autores, essa diminuição da velocidade de condução fará com que os
potenciais de ação passem a ser representados no espectro de frequência do
sinal eletromiográfico em bandas mais baixas e, consequentemente, o valor
numérico da frequência mediana tenderá a diminuir.
27
4. AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR E ELETROMIOGRAFIA
4.1. DINAMOMETRIA
A dinamometria é uma técnica de avaliação da força muscular na qual é
mensurado o torque de um segmento corporal, resultante da contração muscular
isométrica. O torque é o produto da força muscular pelo braço de alavanca da
força muscular. Desta forma, inferências indiretas a respeito da força exercida
pelo músculo podem ser feitas a partir do torque.
Diversos estudos têm utilizado (MORITANI, ODDSSON e
THORSTENSSON, 1991 e RAINOLDI et al., 1999) a dinamometria para
determinar a quantidade de força exercida por um determinado grupamento
muscular paralelamente à aquisição dos sinais eletromiográficos de superfície.
Essa associação tem como objetivo estudar a variação dos parâmetros
relacionados à condução elétrica do músculo que irá, em última análise,
desencadear a contração muscular e produzir força.
4.2. ELETROMIOGRAFIA DE SUPERFÍCIE
A EMG de superfície é uma técnica na qual um sinal elétrico é captado por
eletrodos na superfície da pele e corresponde ao somatório dos potenciais de
ação conduzidos pelas membranas das fibras musculares e que vão desencadear
a contração muscular (DE LUCA, 1979). A figura 4.1 é uma apresentação
esquemática de um sinal EMG de uma única unidade motora. Neste esquema
observa-se que a forma de onda do sEMG relaciona-se ao somatório dos
potenciais de ação das fibras musculares próximos ao eletrodo.
28
Figura 4.1 - Representação esquemática do sinal EMG de uma unidade motora durante
uma contração, adaptado de Konrad (2005) (referências).
O sinal eletromiográfico registrado através de um sistema de aquisição
apropriado é processado posteriormente para a extração das variáveis a serem
analisadas no domínio do tempo ou no domínio da frequência.
4.2.1. DOMÍNIO DO TEMPO
As variáveis mais utilizadas do sinal eletromiográfico no domínio do tempo
fornecem informações a respeito da potência contida no sinal durante um
intervalo de tempo definido. Para tanto, as variáveis mais utilizadas tem sido o
valor médio retificado (ARV) e a raiz média quadrática (RMS). A contribuição dos
potenciais de ação das membranas das fibras musculares sobre a potência do
sinal eletromiográfico de superfície está relacionada ao nível de força exercida
pelo músculo (MILNER-BROWN, STEIN e YEMM, 1973b).
Segundo Olson, Carpenter e Hennemam (1968) as unidades motoras
recrutadas em altos níveis de força geram potenciais elétricos de maior amplitude
Placa Motora Final
Fibra Muscular
Eletrodos de
Captação
Motoneurônio - alfa
Potenciais de Ação:
+
+
+
=
Sinal EMG resultante da
superposição dos potenciais deação individuais das fibras daunidademotora
1
2
3
n
29
que unidades recrutadas em baixos níveis de força. Desta forma, as unidades
motoras recrutadas em altos níveis de força contribuem com uma maior tensão
elétrica ao sinal eletromiográfico de superfície (MILNER-BROWN e STEIN, 1975).
Através da análise das variáveis de amplitude do sinal eletromiográfico,
podemos observar que elas variam aproximadamente da mesma maneira que a
força exercida por um músculo Sendo assim, um aumento na quantidade de força
implica no aumento da amplitude da variável RMS, por exemplo (FARINA, FOSCI
e MERLETTI, 2006).
4.2.2. DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
A frequência mediana é uma variável frequentemente utilizada para análise
do sinal eletromigráfico e é estimada a partir da Função Densidade Espectral de
Potência e representa a posição no eixo de frequências que determina a divisão
da potência total do espectro em duas partes iguais.
A forma de onda do espectro de potência do sinal eletromiográfico depende
de uma série de fatores. Entre esses fatores, pode-se citar a forma de onda do
potencial de ação, a velocidade de condução com que o potencial se propaga e a
distância entre a posição de despolarização da membrana da fibra muscular até
os eletrodos. Adicionalmente, a diferença entre os protocolos de aquisição dos
sinais eletromiográficos e a presença de processos patológicos podem inserir
alterações no sinal eletromiográfico, as quais são refletidas na forma do espectro
e nas estimativas da frequência mediana.
Farina, Fosci e Merletti (2006) consideraram que a largura do potencial de
ação conduzido pelas membranas das fibras musculares recrutadas em níveis
mais altos de força seria menor em virtude de sua velocidade de condução ser
cada vez maior, o que influenciaria o espectro do sinal eletromiográfico de modo a
aumentar a potência nas componentes de altas frequências. Tal influência, em
último caso, elevaria o valor da frequência mediana no espectro.
Com o resultado de seu estudo, Farina Fosci e Merletti (2006) observaram que
o ponto máximo da frequência mediana mostrou muita variação, o que dificulta o
uso desta variável para determinar o instante em que o recrutamento não é mais
30
o responsável pelo aumento na força exercida pelos voluntários. A distância entre
as fibras musculares recrutadas em níveis mais altos de força e os eletrodos pode
ter influenciado nos achados desse estudo, pois, quanto maior a distância entre a
membrana da fibra muscular até os eletrodos de captação do sinal
eletromiográfico, menor será a potência com que os potenciais de ação serão
captados pelos eletrodos e menor será a potência em bandas de frequências
mais altas (FARINA, FOSCI e MERLETTI, 2006). Unidades motoras, ainda que de
grosso calibre e alta velocidade de condução, porém localizadas profundamente
no músculo, podem contribuir para o espectro do sinal eletromiográfico em baixas
frequências e até causar a diminuição da frequência mediana.
Entretanto, se o recrutamento acontece de acordo com um padrão
geométrico (primeiramente, as unidades motoras superficiais e depois, as
profundas ou vice e versa), o que a conclusão do estudo de Farina Fosci e
Merletti (2006) não exclui nem confirma, é possível existir um padrão constante no
comportamento da frequência mediana conforme aumenta a força voluntária tal
como observado por Bernardi et al. (1995). Além disso, o aumento das variáveis
espectrais tais como a frequência mediana, na fase de recrutamento é uma
situação mais provável porque, se unidades motoras profundas são recrutadas,
elas contribuem em frequências mais baixas, entretanto seu sinal tem menos
energia e menos influência no espectro do sinal eletromiográfico (FARINA FOSCI
e MERLETTI, 2006).
31
5. ASPECTOS TEÓRICOS
5.1. VALOR MÉDIO QUADRÁTICO
O valor médio quadrático ψ2 é definido através da equação 5.1 e
representa o valor médio da magnitude ao quadrado de um sinal, avaliado
durante o intervalo de tempo “T”.
T
0
dttxΨ2
T
12
(Equação 5.1)
O valor médio quadrático também pode ser avaliado para um intervalo de
tempo definido entre dois instantes de tempo específicos (T1 e T2), como na
equação 5.2.:
T2
T1dttx
2
T1-T2
1T2T1,
2Ψ (Equação 5.2)
Para sinais discretos a “integral” das equações anteriores é substituída pelo
“somatório” obtendo-se as equações 5.3. e 5.4.:
N
1n
2
N
12nxΨ
(Equação 5.3)
n2
n1n
2
1n1-n2
12nxn2n1,Ψ
(Equação 5.4)
Onde N é número de amostras do sinal durante o intervalo de tempo do
sinal eletromiográfico considerado para análise e n1 e n2 são as ordens das
amostras limites deste intervalo.
32
Neste estudo, para os sinais discretos obtidos a partir do protocolo
experimental, o valor RMS foi definido como a raiz quadrada do valor médio
quadrático e representa a potência do sinal ou de um trecho do mesmo. Desta
forma, o valor RMS pode ser descrito como nas equações abaixo, considerando
as formas discretas (equações 5.5. e 5.6.):
N
1n
2nxN
1RMS
(Equação 5.5)
n2
n1n
2nx1n1-n2
1n2n1,RMS
(Equação 5.6)
5.2. FUNÇÃO DENSIDADE ESPECTRAL DE POTÊNCIA
O espectro de freqüências X(f) de um sinal x(t), contínuo no tempo, pode
ser calculado através da Transformada de Fourier descrita na equação 5.7. A
magnitude das componentes de freqüências é calculada como o valor do módulo
das componentes de freqüências, estimadas no espectro de freqüências
(BENDAT e PIERSOL, 1971; BRIGHAN, 1974).
dtetxfX
tf π2 j
(Equação 5.7)
O espectro de freqüências, para sinais discretos, pode ser descrito na
forma exponencial discreta mostrada na equação 5.8., onde a magnitude é
descrita por processo análogo (BENDAT e PIERSOL, 1971; MARPLE, 1987):
tf 2 j1N
0nex(n))X(fn
(Equação 5.8)
33
O espectro de potências G(f) pode ser calculado através dos valores das
magnitudes das componentes de freqüências ao quadrado, estimadas através da
Transformada de Fourier do sinal analisado ou de um trecho do mesmo, como
descrito para a forma discreta, utilizada neste estudo, mostrada na equação 5.9.
2)X(ffG nn (Equação 5.9)
Embora a Função Densidade Espectral de Potências possa ser estimada
através do espectro de potências do sinal analisado procedimentos adicionais
pode ser realizados, visando reduzir as variabilidades relacionadas às
propriedades de aleatoriedade do sinal.
Um dos procedimentos associados a uma melhor estimativa da Função
Densidade Espectral de Potências é o janelamento. Este procedimento consiste
em multiplicar o trecho do sinal a ser analisado por uma janela de mesma
duração, mas com forma de onda específica (HARRIS, 1978). O procedimento de
janelamento produz a redução das amplitudes das amostras iniciais e finais do
trecho do sinal no domínio do tempo e promove a redução do leakage, ou
dispersão de potência no espectro.
Outro procedimento utilizado que visa melhorar a estimativa da Função
Densidade Espectral de Potências é o processo de promediação. Neste
procedimento um espectro de potência médio é obtido através da adição de
vários espectros de potência, estimados para trechos sucessivos do sinal, e pela
posterior divisão pelo número de espectros utilizados. A promediação visa reduzir
a variabilidade das magnitudes ao quadrado utilizadas para descrever o espectro.
Entre os vários procedimentos de promediação, utiliza-se o processo de
Welch. Neste processo, o trecho de sinal a ser analisado é subdividido em sub
trechos, os quais são janelados e posteriormente promediados. Neste caso,
embora a resolução espectral seja reduzida o efeito de dispersão de potência no
espectro e a tendência da estimativa diminuem.
A Função Densidade Espectral de Potencias G(f) permite avaliar como a
potência do sinal está distribuída pelas componentes de freqüência (MARPLE,
1987). No caso do espectro de potências normalizado pela área sob a curva,
34
entre duas componentes de freqüências específicas, representa a porcentagem
de potência na faixa investigada.
35
6. MATERIAL E METODOLOGIA
6.1. MATERIAL
Para aquisição dos sinais eletromiográficos de cada voluntário foram
utilizados álcool, gaze, dois eletrodos circulares de 8 mm de diâmetro do tipo
cardiológico, cabos medindo 1,5m ligando os eletrodos ao conversor A/D dos
sinais eletromiográficos da marca EMG System do Brasil® e um microcomputador.
A aquisição dos sinais de força foi realizada utilizando-se um dinamômetro
de tração da marca EMG System do Brasil®. Um cabo medindo 1,5m fio
conectado ao dinamômetro e ao mesmo conversor A/D dos sinais
eletromiográficos para a transmissão dos sinais. O torque gerado pelo voluntário
durante a contração voluntária foi transmitida ao dinamômetro através de uma fita
inextensível medindo 1m de comprimento. A parte da fita colocada em contato
com o punho do voluntário foi protegida com uma empunhadura emborrachada.
A aquisição dos sinais de força e EMG foi realizada com uma frequência de
2 kHz para cada sinal. Um filtro anti aliasing passa faixa do tipo Butterworth de
quinta ordem com frequências de corte em 20 e 500 Hz foi aplicado ao sinal
eletromiográfico. A filtragem foi feita de forma direta e reversa.
Os procedimentos computacionais elaborados foram implementados
utilizando-se o software MatLab® (versão 7.1; MathWorks, Inc., Licença obtida
com apoio da FAPEMIG/Brasil, Processo No. APQ-01284-09).
6.2. AMOSTRA
Para a realização deste trabalho, foram utilizados os sinais de força e os
sinais eletromiográficos de superfície adquiridos com 20 voluntários do sexo
masculino com idade variando entre 20 e 30 anos, recrutados na comunidade
acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora.
36
Todos os voluntários assinaram termo de consentimento livre e esclarecido
(Apêndice 1), devidamente aprovado pelo comitê de ética e, quando aplicável, o
termo de consentimento para utilização de imagem (Apêndice 2).
Cada voluntário foi submetido a uma série de avaliações visando coletar os
dados necessários. Inicialmente foi realizada uma entrevista quando foi
preenchido um questionário com o auxílio do pesquisador (Apêndice 3), contendo
informações tais como idade, sexo, dominância de membros superiores, nível,
tipo e tempo de prática de atividades físicas. O questionário conteve, também,
informações sobre lesões prévias nos membros superiores, dor muscular nos
membros superiores nos últimos seis meses e possível diagnóstico clínico de
alguma doença inflamatória, degenerativa crônica ou doença neuromuscular.
Foram excluídos do estudo os voluntários que apresentaram histórico de
dor muscular crônica nos últimos seis meses; histórico de lesões ósseas ou
articulares nos membros superiores nos últimos seis meses; ou ainda, histórico de
doença inflamatória, doença degenerativa crônica ou doença neuromuscular
diagnosticada.
Os avaliadores foram treinados para realizar os procedimentos de
aquisição dos sinais de forma a normatizar os procedimentos. Desta maneira,
foram padronizados o incentivo verbal durante os testes de esforço isométrico, as
explicações técnicas aos voluntários bem como os procedimentos de colocação
dos eletrodos e ajuste do dinamômetro.
As aquisições dos sinais de força e EMG de cada voluntário foram
realizadas em um único dia, pelos avaliadores nas dependências da Sala de
Avaliação Física do Setor de Métodos Gráficos do HU/CAS da Universidade
Federal de Juiz de Fora.
6.3. PROTOCOLO EXPERIMENTAL
Inicialmente, a pele foi limpa com álcool e gaze visando diminuir a
impedância da região na qual seriam colocados os eletrodos para captação do
sinal eletromiográfico. Em nenhum dos voluntários houve a necessidade da
tricotomia. Os dois eletrodos auto-adesivos foram colocados no ponto médio da
37
linha que vai do processo coracóide da escápula homolateral ao músculo bíceps
braquial a ser avaliado à linha flexora anterior do cotovelo com um espaço de 2
cm entre eles ficando, então, sobre o músculo bíceps braquial (figura 6.1). O
eletrodo de referência foi posicionado sobre o epicôndilo medial do úmero,
homolateral ao músculo bíceps braquial, onde a captação dos sinais
eletromiográficos foi realizada.
Figura 6.1: Posicionamento dos eletrodos de superfície sobre o músculo bíceps braquial (vista frontal). O eletrodo de referência está posicionado sobre o epicôndilo
medial do úmero.
Ao voluntário foi solicitado que permanecesse inicialmente relaxado em
posição ortostática com os cotovelos estendidos, quando foi realizada a captação
dos sinais eletromiográficos referentes ao repouso muscular.
Posteriormente, o voluntário foi colocado na posição do teste (figura 6.2),
posição ortostática, com o cotovelo fletido em 90º, e a fita adaptada ao
dinamômetro posicionada em seu punho, durante 15 segundos. Em seguida,
foram realizados três testes para determinar a força de CIVM. Os testes tiveram
duração de 5 segundos, sendo seguidos de um relaxamento da sua musculatura
flexora do braço. Para as estimativas dos níveis de força submáximos, foi
considerada a média dos valores obtidos para a força de CIVM.
38
Figura 6.2: Posição do voluntário durante o protocolo experimental.
Após a realização das três testes para a determinação da CIVM os valores
submáximos equivalentes a 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80 e 90% da CIVM foram
estimados considerando o valor médio obtido nas três tentativas. Posteriormente,
os voluntários foram solicitados a exercerem uma das contrações submáximas
calculadas previamente. A ordem dos níveis de força solicitados foi aleatória.
Durante as contrações submáximas, os voluntários possuíam feedback visual do
valor da força exercida na tela do microcomputador. Todo o procedimento foi
repetido no bíceps contralateral.
6.4. SELEÇÃO DOS TRECHOS DO SINAL PARA ANÁLISE
Ao final de cada contração, o sinal da curva de força obtida foi analisado
para que verificar a existência de um trecho com duração de 1 segundo, no qual o
voluntário tenha mantido, em média, a força muscular isométrica que lhe havia
sido solicitada com variância inferior a unidade. A análise foi realizada durante o
intervalo de repouso dos voluntários entre as contrações. Caso o algoritmo
elaborado no ambiente MatLab® não detectasse na curva de força, uma janela
que atendesse aos critérios estabelecidos, a tentativa, naquele nível de força, era
39
repetida ao final de todas as outras contrações. As contrações nos níveis de força
que não atenderam aos critérios estabelecidos na segunda tentativa não foram
repetidas, sendo desconsideradas para a análise posterior.
Para a determinação do trecho do sinal de força a ser utilizado para
análise, o sinal da curva de força foi janelado em trechos de 2000 amostras (um
segundo) com sobreposição de 1999 amostras. O valor médio de cada janela do
sinal da curva de força foi comparado ao valor solicitado ao voluntário para aquela
contração. Nesta comparação, foi realizado teste t com significância de 5%. A
variância da janela foi testada através do teste chi-quadrado e janelas cujas
variâncias foram maiores que 1% foram rejeitadas para análise. Desta forma, o
algoritmo selecionava a primeira janela do sinal da curva de força que atendia, ao
mesmo tempo, aos critérios estabelecidos para a média e para a variância.
O trecho do sinal eletromiográfico a ser utilizado para o cálculo das
variáveis a serem analisadas foi correspondente à janela da curva de força
selecionada pelos critérios descritos acima (figura 6.3). A utilização desses
critérios tinha como objetivo selecionar um trecho de um segundo da curva de
força no qual o valor seu valor médio fosse igual ao valor da contração
submáxima solicitada ao voluntário e que a variação em torno da média dos
valores da janela fosse pequena. O algoritmo utilizado para a seleção do trecho
do sinal de força gerava um gráfico com o referido sinal com delimitações nas
posições inicial e final do trecho selecionado, de acordo com as restrições de
valor médio e variância. Para que o trecho do sinal de força selecionado fosse
considerado válido o mesmo era investigado através de inspeção visual pelos
avaliadores. No caso de pertinência do trecho do sinal de força analisado o trecho
do sinal EMG correspondente era utilizado.
A figura 6.3 mostra a curva de força e o sinal eletromiográfico, obtidos
durante uma contração. O retângulo indica, na curva de força, onde o algoritmo
identificou um trecho da curva de força que obedeceu aos critérios estabelecidos
e, no sinal EMG, indica o trecho do sinal eletromiográfico correspondente.
40
Figura 6.3: Curva de força (A) e sinal eletromiográfico (B) da contração isométrica voluntária de um dos voluntários em 30% da força de contração máxima. O retângulo
mostra os trechos dos sinais delimitados para análise.
6.5. PROCESSAMENTO DOS DADOS
6.5.1. RMS
O valor RMS foi calculado para as três tentativas de CIVM. Inicialmente, o
valor médio e a tendência do sinal eletromiográfico foram removidos. O sinal
eletromiográfico da contração isométrica máxima foi janelado em 1000 amostras
com sobreposição de 900 amostras. A variável RMS foi calculada para cada uma
das janelas e o maior valor obtido para uma janela foi considerado o RMS máximo
para aquele voluntário.
Para o cálculo da variável RMS nos níveis de força submáximos o sinal
eletromiográfico selecionado para análise, de acordo com a metodologia descrita
no item anterior, teve o valor médio e a tendência removidos. Posteriormente, o
sinal foi janelado em 1000 amostras com sobreposição de 900 amostras. O valor
da variável RMS foi calculado para cada uma das onze janelas e o valor médio de
todos os valores da variável RMS obtidos para cada uma das janelas foi
considerado o valor RMS para aquele voluntário naquele nível de força.
41
Posteriormente os valores da variável RMS obtidos para os níveis
submáximos de força foram normalizados em relação ao valor do RMS máximo
obtido para aquele voluntário.
6.5.2. ESPECTRO DE POTÊNCIA
Para o cálculo dos espectros de potência o valor médio e a tendência do
sinal foram removidos do sinal eletromiográfico selecionado para análise. O sinal
de cada nível de contração submáxima foi janelado em 1000 amostras com
sobreposição de 900 amostras. Para a redução do leakage foi feito o janelamento
de hanning em cada uma das janelas. A Função Densidade Espectral de Potência
foi calculada pelos valores de amplitude ao quadrado, obtidos a partir da
transformada rápida de Fourier para cada uma das onze janelas do sinal.
Finalmente, os espectros resultantes foram promediados.
6.5.3. FREQUÊNCIA MEDIANA
A frequência mediana foi estimada como o valor de frequência que dividia a
energia total contida no espectro de potência em duas partes iguais para cada um
dos trechos de contração analisado. Para o cálculo da frequência mediana o valor
médio e a tendência do sinal foram removidos do sinal eletromiográfico
selecionado para análise. O sinal de cada nível de contração submáxima foi
janelado em 1000 amostras com sobreposição de 900 amostras. Para a redução
do leakage foi feito o janelamento de hanning em cada uma das janelas. A
Função Densidade Espectral de Potência foi calculada pelos valores de amplitude
ao quadrado, obtidos a partir da transformada rápida de Fourier para cada uma
das onze janelas do sinal. A energia total de cada um dos espectros e a
frequência mediana foram calculadas a partir do método dos trapézios. Para as
análises posteriores, o valor médio dos onze valores de frequência mediana
obtidos para cada um dos sinais de força submáximos foi considerado.
42
6.5.4. ESTIMATIVA DA DENSIDADE DE POTÊNCIAS POR FAIXA DE
FREQUÊNCIAS
Para a estimativa da Densidade de Potências por faixas de frequências os
trechos dos sinais eletromiográficos selecionados para análise tiveram o seu valor
médio retirado. A função Densidade Espectral de Potência de cada um dos
trechos dos sinais eletromiográficos foi estimada pelo periodograma de Welch
com janelamento de 1000 amostras e sobreposição de 900 amostras. O espectro
de potência foi normalizado em relação a sua energia total calculada pelo método
dos trapézios. Desta forma, o espectro normalizado mostra a distribuição do
percentual da potência total do trecho do sinal eletromiográfico para cada
componente de frequência e a quantidade relativa de potência contida em uma
faixa específica de frequências pode ser estimada calculando-se a área abaixo da
curva do espectro normalizado, delimitado pelas componentes. Neste trabalho a
resolução para a estimativa da Densidade de Potências por Faixa de Freqüência
foi definida considerando-se faixas de 10 Hz e 5 Hz a partir da componente de
freqüência de 20 Hz. A figura 6.4 mostra os trechos utilizados em cada um dos
espectros para determinar a densidade de potência para cada faixa de 10 Hz.
43
Figura 6.4: Curva do espectro de potências com indicação das Densidades
Espectrais de Potência por faixas normalizado pelo valor de potência máxima para fins
explicativos.
6.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para a comparação dos valores médios das janelas obtidas a partir das
curvas de força ao valor solicitado ao voluntário, foi utilizado o teste t de Student.
Para a comparação entre as variâncias das janelas da curva de força ao
valor estabelecido como limite para a variância foi utilizado o teste chi-quadrado.
Para caracterização da amostra avaliada neste estudo adotou-se
estatística descritiva (valor médio ± desvio padrão, valor mínimo e máximo) das
variáveis idade, peso, altura e IMC.
A normalidade dos valores referentes à variável frequência mediana e à
potência por faixa foi testada através da aplicação do teste de Shapiro-Wilk.
Considerando que a maioria dos dados apresentou distribuição gaussiana
aplicou-se o teste de análise da variância de duas vias (Anova two-way) para
medidas repetidas. Esse teste foi aplicado para testar as possíveis diferenças
entre os valores de frequência mediana dos sinais eletromiográficos dos
voluntários entre os diferentes níveis de força. O teste foi aplicado também com o
objetivo de testar as possíveis diferenças entre as potências por faixa de
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 2500
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Frequência (Hz)
Po
tên
cia
No
rma
liza
da
Potência por Faixa
44
frequência dos espectros dos sinais eletromiográficos estimados para cada uma
das contrações dos voluntários entre os diversos níveis de força estudados. Para
identificação das diferenças significativas entre os valores de frequência mediana
e das potências por faixas de frequência aplicou-se post-hoc de Tukey.
Para todos os teste foi considerado o nível de significância de 5% (p<0,05).
45
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.1. AMOSTRA
Na tabela 7.1 estão descritos os valores médios e os desvios padrão, além
dos valores mínimo e máximo para as variáveis idade, peso, altura e IMC dos
voluntários. Conforme pode ser observado, os voluntários apresentaram pouca
variação quanto à idade, altura e IMC e uma variação maior em relação ao peso.
Esta variação, entretanto, não indica alterações nas características do grupo
considerando que, de acordo com os valores de IMC, a maior parte dos
voluntários apresentou-se no peso ideal em relação a sua altura.
Tabela 7.1: Valores médios, desvios padrão, valores mínimos e máximos das variáveis idade, peso, altura e IMC dos voluntários (n=20):
Média ± DP Min. Max.
Idade (anos) 24,5 ± 2,21 21 28
Peso (kg) 78,1 ± 8,51 62,3 99,3
Altura (m) 1,77 ± 0,06 1,68 1,87
IMC (kg/m2) 24,8 ± 2,11 19,2 29
Os voluntários apresentaram variações quanto à atividade física praticada
e quanto ao tempo de realização dessa atividade. Dos vinte voluntários avaliados,
cinco declararam ser sedentários, oito declaram praticar musculação
exclusivamente, quatro declararam praticar musculação e exercício aeróbico
regularmente e três disseram que praticavam apenas exercício aeróbico regular.
O tipo de atividade física praticada pelos voluntários não sedentários bem
como os intervalos de tempo médios e os desvios padrão, dedicado a essa
atividade estão descritos na tabela 7.2. Para que o voluntário fosse considerado
praticante de uma das modalidades de exercício físico, descritas neste estudo, ele
deveria praticar regularmente essa atividade há pelo menos três meses. Além
46
disso, só foi considerado o tempo de prática de atividade física quando não houve
interrupções maiores que três meses.
Tabela 7.2: Intervalo de tempo de prática das modalidades de exercício físico, valores médios e desvios padrão, valores mínimos e máximos relatados pelos voluntários:
Musculação
(n=8)
Exercício
aeróbico
(n=3)
Exercício
aeróbico e
musculação
(n=4)
Tempo (meses) 21 ± 22,42 46 ± 24,25 29,75 ± 44,27
Valor mínimo
(meses)
3 18 5
Valor máximo
(meses)
48 60 96
Os intervalos de tempo de prática das atividades físicas relatados pelos
voluntários apresentam grande variabilidade como pode ser observado através
dos valores médios e de desvios padrão para as três modalidades consideradas.
Aparentemente, a realização de diferentes modalidades de atividades
físicas durante grandes intervalos de tempo podem induzir a adaptações
musculares diferentes e, desta forma, constituir uma limitação deste estudo. Tal
fato tem sido levado em consideração para a prescrição do treinamento de acordo
com as possibilidades de obtenção de resultados diferentes. Desta forma, a
realização de exercícios de musculação durante longo intervalo de tempo poderia
modificar as características da musculatura dos indivíduos de acordo com o
exercício realizado. Entretanto, não só as características do treinamento físico
deveriam ser consideradas na avaliação dos resultados de um programa de
treinamento, mas também fatores genéticos que pudessem alterar a proporção
dos diferentes tipos de fibras em um ou mais grupamentos musculares.
Achados de VILA-CHÃ e FARINA (2010), que investigaram a influência dos
exercícios aeróbicos e de musculação realizados durante seis semanas, de forma
separada, em indivíduos saudáveis, evidenciaram um aumento da força de CIVM,
47
da amplitude e velocidade de condução do sinal eletromiográfico para todos os
indivíduos. Tal fato poderia indicar que a diferença da realização de exercícios
aeróbicos ou de musculação, entre os indivíduos, não influencia os resultados.
Sendo assim, as alterações nos resultados do presente estudo, induzidas pela
modalidade de exercício físico praticada pelos voluntários, poderiam não ser
diferentes. Por outro lado, diferenças nos resultados relacionados à distribuição
das velocidades de condução do bíceps braquial foram encontradas por KLAVER-
KROL (2010) que investigaram atletas corredores de curta e longa distancia. Em
decorrência da musculatura avaliada neste estudo não sofrer influência direta da
modalidade de treinamento praticada por esses atletas, as alterações
encontradas foram atribuídas a fatores genéticos.
A comparação entre trabalhos depende do protocolo utilizado na
investigação e de considerações adicionais como aptidões genéticas e tempo de
treinamento, o que dificulta conclusões mais abrangentes. Por outro lado, o
número de indivíduos considerados na casuística deste trabalho não permite
avaliações mais robustas considerando o agrupamento de dados, o que desta
forma não foi realizado.
7.2. SINAL ELETROMIOGRÁFICO NO DOMÍNIO DO TEMPO
Na figura 7.1 estão mostradas as curvas dos valores RMS estimados e
normalizados, para os trechos dos sinais eletromiográficos de todas as
contrações válidas de todos os voluntários, considerando o percentual dos níveis
de força para o lado dominante e não dominante. Nesta figura, observa-se o
aumento dos valores de potência relativa relacionadas ao incremento do nível de
força de contração. Para os níveis iniciais do incremento de força (entre 10% e
30% aproximadamente) o aumento do RMS provavelmente deve-se ao
recrutamento de fibras do tipo I, conforme sugerido por (GOLLNICK, PIEHL e
SALTIN, 1974). Para os níveis superiores o aumento do RMS provavelmente
relaciona-se ao recrutamento de fibras do tipo IIa e IIb.
Para as contrações realizadas em 90% da CIVM podem ser observados
valores da variável RMS normalizada maiores que 1. Esse comportamento indica
48
que a amplitude absoluta do sinal eletromiográfico durante as contrações em 90%
da força máxima desses indivíduos foi maior que a amplitude do sinal
eletromiográfico obtida durante a CIVM. Sabe-se que mesmo durante contrações
voluntárias máximas não ocorre o recrutamento de todas as fibras musculares
existentes nos músculos. Por outro lado as fibras inativas inicialmente podem ser
acrescentadas ao processo de produção de força na medida em que as fibras
recrutadas entrem em processo de fadiga. Como as fibras possuem
profundidades e amplitudes do potencial de ação diferentes a potência que cada
fibra muscular recrutada acrescenta ao sinal eletromiográfico pode variar e, desta
forma, produzir sinais eletromiográfico com maiores amplitudes mesmo em níveis
de força ligeiramente mais baixos. É importante ressaltar que para todas as
contrações de todos os voluntários, verificou-se que a força submáxima exercida
pelo voluntário foi, de fato, aquela solicitada a ele. Por outro lado, deve-se
considerar a atuação do incremento da freqüência de despolarização das fibras,
que atuando junto ao recrutamento promove o aumento do RMS (MILNER-
BROWN e STEIN, 1975). Adicionalmente, ressalta-se a influência da diferença
das amplitudes dos potenciais de ação das fibras dos diversos tipos,
considerando que as fibras recrutadas em níveis mais altos de força tendem a
acrescentar mais energia ao sinal EMG (MILNER-BROWN, STEIN e YEMM,
1973a).
Figura 7.1: Curvas dos valores RMS normalizados estimados para os trechos dos sinais eletromiográficos, nos níveis de força para os lados: (A) dominante e (B) não dominante.
49
Os valores médios e os desvios padrão da variável RMS, para os diversos
níveis submáximos de força, considerando os lados dominante (linha preta) e não
dominante (linha cinza) encontram-se mostrados na figura 7.2.
Como observado na figura, e citado anteriormente, os valores médios da
variável RMS aumentam de maneira aparentemente linear, conforme o nível de
força exercida pelos voluntários aumenta, corroborando os achados de Rainoldi et
al. (1999). O comportamento da variável RMS é semelhante entre os dois
membros, cujas curvas aparentemente superpõem-se. Embora possam ocorrer
diferenças no padrão de recrutamento e ativação das fibras musculares entre os
lados dominante e não dominante, devido a variações fisiológicas (ADAM et al.,
1998), é possível que essas diferenças não introduzam variações no
comportamento da variável RMS durante o incremento de força.
Devido a ausência de diferenças dos valores médios da variável RMS, entre
os lados dominante e não dominante, sugere a investigação dos dados
relacionados apenas ao lado dominante.
Figura 7.2: valores médios da variável RMS nos diferentes níveis de força do lado dominante (linha preta) e do lado não dominante (linha cinza).
50
7.3. SINAL ELETROMIOGRÁFICO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
A comparação estatística dos valores de frequência mediana, estimadas
para o lado dominante e para o lado não dominante dos voluntários, não
apresentou diferenças significativas entre os lados para todos os níveis de força.
Portanto, para simplificação, a mostra dos resultados e a discussão dos mesmos,
no domínio da frequência, foram realizadas exclusivamente para o lado
dominante dos voluntários.
A figura 7.3 mostra um espectro de frequências obtido para uma contração
em 20% da CIVM para o membro dominante de um dos voluntários. Podemos
observar a ausência de uma componente de frequência em 60 Hz com amplitude
que pudesse estar relacionada à introdução de energia devido á influência do
campo eletromagnético, gerado pela rede elétrica. Além disso, não são
observadas interferências nas componentes das harmônicas superiores: 120, 180
e 240 Hz. Este fato foi verificado para os espectros de amplitude de todos os
sinais EMG utilizados, os quais foram avaliados através de inspeção visual.
A ausência de interferências ocasionadas pela influência do campo
eletromagnético nos sinais EMG justifica a não utilização de filtro rejeita faixa para
filtragem dos sinais, uma vez que essa filtragem poderia reduzir a potência nas
componentes de 60 Hz (e harmônicas) relacionadas ao sinal eletromiográfico.
51
Figura 7.3: Espectro de frequências de um sinal EMG para contração de
20% da CIVM.
Na figura 7.4 estão mostrados os valores de frequência mediana obtidos a
partir dos espectros de potência, estimados para os trechos dos sinais EMG dos
voluntários, considerando os diferentes níveis de força.
Através da inspeção visual dos resultados observa-se que a maioria dos
valores encontra-se na faixa de frequência entre 60 e 100 Hz, embora valores
outliers sejam observados em alguns níveis de força. Adicionalmente, nota-se
uma grande variação dos resultados, provavelmente relacionada à variabilidade
inter-individual.
52
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
Nível de força (%)
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
Fre
qu
ên
cia
me
dia
na
(H
z)
Figura 7.4: Valores de freqüência mediana dos sinais EMG, para os diferentes níveis de força, para o lado dominante. Cada linha mostrada no gráfico representa um
voluntário.
Na figura 7.5 estão mostrados os valores médios e desvios padrão
estimados para os valores da frequência mediana para os diferentes níveis de
força. Nesta figura, através da inspeção visual, observa-se que os valores médios
apresentam um aumento entre os níveis de força entre 10% e 30%. Entretanto,
estes valores mostram uma tendência geral à redução com o incremento do nível
de força realizado. A variabilidade observada através dos elevados valores dos
desvios padrão reflete a dispersão dos resultados citados anteriormente.
O teste estatístico aplicado (ANOVA para medidas repetidas) evidenciou
diferenças significativas entre os valores médios de frequência mediana apenas
para os níveis de força entre 20% e 90% (p=0,044966), entre 30% e 80%
(p=0,040266), entre 30% e 90% (p=0,001398), entre 40% e 90% (p=0,032606) e
entre 50 e 90% (p=0,016424). Estes resultados reforçam as observações
realizadas anteriormente, no sentido da redução dos valores de freqüências
medianas, após 30% da CIVM, com o incremento de força.
53
Figura 7.5: Valores médios e desvios padrão da Frequência Mediana nos diferentes níveis de força, para o lado dominante.
Os valores médios de frequência mediana, encontrados neste trabalho
para o músculo bíceps braquial, mostram um incremento entre os níveis de força
de 10%, 20% e 30%, que corroboram resultados mostrados por Sanches et al.
(1993), onde os valores médios desta variável aumentaram até um nível de
contração de 50%. A partir destas porcentagens do nível de contração (30% e
50% respectivamente) os valores médios desta variável decrescem. Estes
resultados, entretanto, opõem-se aos observados por Rainoldi et al. (1999) para
os valores entre 10% e 30% da força de contração máxima, mas concordam para
valores superiores do nível de contração.
Embora os protocolos experimentais nestes três trabalhos mostrem
semelhanças, considerando a contração muscular iniciada de forma rápida, os
procedimentos de estimativa dos valores de frequência mediana podem mostrar
diferenças, devido à forma de delimitação dos trechos dos sinais analisados. No
trabalho de Rainoldi et al. (1999) os autores utilizaram trechos de 0,5 segundos
dos sinais EMG, obtidos para a primeira janela após o intervalo de tempo de um
segundo a partir do inicio da contração muscular, com delimitação aparentemente
realizada através de inspeção visual. Para o trabalho realizado por Sanches et al
(1993) o trecho do sinal EMG também foi de 0,5 segundos, mas a posição da
janela de investigação do sinal, em relação ao inicio da contração, não foi citada.
Neste trabalho, foi solicitado aos voluntários que realizassem esforço muscular
54
até alcançarem os valores de porcentagens de força definidos, sem preocupações
relacionadas a um intervalo de tempo mínimo, como utilizado por Rainoldi et al.
(1999). Adicionalmente, o trecho do sinal EMG foi delimitado através do sinal de
força com duração de um segundo, considerando-se critérios estatísticos, onde o
valor médio da força deveria aproximar-se do valor definido e a variabilidade do
sinal deveria ser inferior a unidade.
A utilização de um protocolo com contração muscular de início abrupto,
segundo Moritani Oddsson e Thorstensson (1991), poderia induzir ao
recrutamento adicional de fibras musculares com velocidade de condução mais
rápida, visando à realização do esforço. Desta forma, a composição do sinal EMG
poderia apresentar uma maior densidade de potência em componentes de altas
freqüências, gerando uma freqüência mediana relativamente elevada. Tal fato
deveria ocorrer de forma semelhante para as contrações musculares rápidas
realizadas em todos os níveis de força. Por outro lado, nas contrações
musculares realizadas em elevados níveis de força, processos de sincronização
dos potenciais de ação poderiam ocorrer (PERKEL, GERSTEIN e MOORE,
1967), o que resultaria em alterações na composição do sinal EMG, deslocando a
densidade de potência espectral para componentes de freqüências mais baixas e
reduzindo os valores de freqüência mediana (KLEINE et al., 2001). Apesar de
investigarem os efeitos da sincronização em contrações isométricas em baixos
níveis de força e longa duração, os achados de Kleine et al. (2001) podem ser
extrapolados para contrações isométricas de curta duração em níveis mais altos
de força. Uma vez que o recrutamento de fibras adicionais e o aumento na
frequência de disparo das fibras musculares durante o processo de incremento de
força muscular pode fazer com que mais potenciais de ação ocorram no mesmo
instante de tempo e tornem-se sincronizados. Assim os resultados de Rainoldi et
al. (1999) poderiam mostrar uma maior influência do recrutamento de todas as
fibras musculares, para baixos níveis de força, e uma influência mais elevada do
processo de sincronização dos potenciais de ação para níveis de força mais altos.
Neste trabalho, os trechos do EMG provavelmente não relacionam-se
diretamente ao inicio do processo de contração, em virtude da utilização dos
procedimentos estatísticos para definição dos trechos dos sinais de força e do
sinal eletromiográfico. Embora os valores e a variabilidade do trecho do sinal de
força estivessem dentro das faixas esperadas, a posição do trecho selecionado
55
pode ter sofrido deslocamentos temporais em relação ao inicio do processo de
contração muscular. Desta forma, estes trechos podem estar relacionados a
outras estratégias de recrutamento de fibras musculares, considerando uma
possível estabilização dos sinais de força. Neste caso a contração em baixos
níveis de força estaria relacionada ao recrutamento de unidades motoras com
velocidade de condução mais lenta, e o incremento do nível de força (10%, 20% e
30%) estaria relacionado ao acréscimo de fibras com velocidade de condução
progressivamente mais rápida, produzindo o aumento da freqüência mediana.
Para valores superiores a estes níveis de força o processo poderia ser
semelhante ao observado por Rainoldi et al. (1999), apresentando incremento do
número de fibras recrutadas com maiores níveis de ativação, promovendo uma
sincronização dos potencias de ação e uma redução dos valores de freqüência
mediana (Kleine et al., 2001).
No trabalho desenvolvido por Sanches et al. (1993) a metodologia de
determinação da janela do sinal EMG não está descrita de forma a permitir
comparações com os protocolos dos trabalhos anteriores. Entretanto, os
resultados mostrados por estes autores sugerem que as hipóteses discutidas
possam ser aplicadas, tanto para níveis de contração inferiores a 30% (ou 50% no
caso de Sanches et al., 1993), como acima destes valores.
A freqüência mediana tem sido utilizada em investigações das
características eletromiográficas de músculos diversos com diferentes protocolos
de contração. Em oposição aos achados deste trabalho os valores médios de
freqüência mediana reportados por Merletti (1992) para o músculo tibial anterior,
apresentaram aumento, quando a força voluntária isométrica passou de 20% para
80%. Para este estudo, o comportamento da freqüência mediana aparentemente
sugere um controle de recrutamento diferenciado na musculatura descrita, em
relação ao bíceps braquial. Desta forma, as diferenças entre os protocolos de
investigação e as musculaturas envolvidas dificultam comparações adicionais
com o trabalho desenvolvido.
Além dos fatores citados ressalta-se que a profundidade das fibras
musculares, recrutadas durante o incremento de força, também poderia
influenciar as propriedades do sinal EMG. Neste caso uma atenuação do
potencial de ação poderia ocorrer devido a influência dos tecidos muscular,
adiposo subcutâneo e epitelial, que funcionam como um filtro espacial (FARINA,
56
FOSCI e MERLETTI, 2006). Assim, as formas de onda dos potenciais de ação,
captados pelos eletrodos na superfície da pele, poderiam mostrar amplitudes e/ou
frequências alteradas, modificando as características espectrais.
A fadiga muscular é outro fator que poderia influenciar o padrão de
recrutamento das fibras musculares nas contrações do protocolo experimental
deste estudo. Entretanto, os intervalos de tempo das contrações musculares
foram inferiores a dez segundos, com intervalos de tempo entre contrações de, no
mínimo, 2 minutos. Desta forma, considera-se que o intervalo de tempo de
recuperação das fibras musculares do bíceps braquial foi apropriado (INNES,
1999).
7.4. ANÁLISE DA DENSIDADE DE POTÊNCIA POR FAIXA DE
FREQUÊNCIA
Na figura 7.6 estão mostrados os valores médios e desvios padrão
estimados para as distribuições de potência por faixa de frequência, obtidas
através do procedimento da promediação de Welch, para os níveis de força
consecutivos, considerando faixas de frequência de 10Hz.
Nesta figura observa-se que os valores de potência por faixa acima de 150
Hz aproximam-se de zero, indicando a pequena contribuição de informação das
faixas superiores de freqüência. Esta situação foi observada para as curvas de
potência por faixa em todos os níveis de contração.
Na figura 7.6 observa-se que, para todos os níveis de força, os valores
máximos de potência ocorrem na faixa entre 40 e 50 Hz e, adicionalmente,
pequenas diferenças são observadas entre as curvas de potência para as faixas
de freqüências entre 30 e 40 Hz, entre 50 e 60 Hz e entre 70 e 90 Hz. No gráfico
que mostra a comparação entre os níveis de força de 30 e 40% a concentração
da potência na faixa entre 40 e 50 Hz do nível superior de força foi
estatisticamente significativa (p=0,000047). Esse incremento da potência em 40%
da força sugere uma alteração no processo de recrutamento das fibras
musculares. Esta alteração aparentemente relaciona-se aos achados de Gollnick,
Piehl e Saltin (1974), que apontam que, só a partir de 35% do nível de força,
57
fibras de contração do tipo IIa e IIb são recrutadas. Estas fibras apresentam
potenciais de ação com maiores amplitudes, em comparação às fibras do tipo I, e
poderiam alterar a densidade de potência no espectro.
Por outro lado, o processo de recrutamento de fibras do tipo IIa e IIb
poderia inserir componentes de freqüências mais elevadas no espectro de
potências do EMG, uma vez que estas fibras apresentam maiores velocidades de
condução do potencial de ação. Entretanto, os valores de pico das curvas de
potencia para os níveis de força de 30% 40% são observados para a mesma faixa
de freqüência.
Os valores da velocidade de condução dos potenciais de ação das fibras
musculares citados por Andreassen e Arendt-Nielsen (1987) indicam variação
entre 2,6 e 5,3 m/s, com valor médio de 3,7± 0,3 m/s (ANDREASSEN e ARENDT-
NIELSEN, 1987), para todas as fibras. Entretanto, as faixas de superposição das
velocidades de condução das diferentes fibras ainda não estão esclarecidas.
Desta forma, fibras diferentes poderiam apresentar velocidades de condução
próximas e mostrar influência nas mesmas faixas de freqüência na densidade de
potência do espectro. Esta influência poderia ser verificada para faixas de
freqüências distintas, desde que as estimativas da densidade de potência por
faixa permitissem uma resolução espectral apropriada.
58
Figura 7.6: Distribuições de potência por faixa de freqüência: valores médios e desvios padrão para os sinais EMG do bíceps braquial. A figura mostra a comparação da
potência a cada faixa de 10 Hz nos níveis de força consecutivos.
59
Nas figuras 7.7 (A e B) estão mostradas as curvas de densidade de
potência por faixa, para as resoluções espectrais de 10 Hz e 5 Hz. Nestas figuras
nota-se o aumento do número de detalhes observados por inspeção visual,
devido à passagem da resolução espectral de 10 Hz para 5 Hz.
Na figura 7.7(A) observa-se a variabilidade das amplitudes das curvas de
potência por faixa que mostram valores máximos para a faixa entre 40 e 50 Hz,
nos esforços musculares de 10% e 40%. A diferença entre os valores de
amplitude entre as faixas de 30% e 40%, comentados anteriormente, mostram-se
claros, e podem ser melhor apreciados na figura 7.7 (B).
A dispersão curvas de potência por faixa não mostra grande variação
quando analisadas para resolução de 10 Hz. Entretanto esta dispersão apresenta-
se mais expressiva para a resolução de 5 Hz, conforme sugerido.
A diferença entre as distribuições de potência por faixa, amplitude e
dispersão, para cada nível de força, evidencia a presença de possíveis alterações
no processo de recrutamento das fibras musculares.
60
Figura 7.7 (A) curvas de densidade de potência por faixa para as resoluções espectrais de 10 Hz e (B) curvas de densidade de potência por faixa para as resoluções
espectrais de e 5 Hz.
61
8. CONCLUSÕES
As modalidades de exercício físico, bem como o tempo dedicado a esta
modalidade, apresentou grande variabilidade entre os indivíduos. Além disso, não
foram encontradas na literatura justificativas para o agrupamento dos indivíduos
em diferentes grupos considerando a influência diferenciada da sua modalidade
de atividade física sobre as variáveis estudadas. Portanto, os resultados foram
analisados considerando um único grupo de voluntários.
A variável RMS apresentou incremento conforme a força muscular
voluntária exercida pelos voluntários aumentou. Esse aumento está relacionado
às estratégias de recrutamento e ativação das fibras musculares durante a
produção de força.
A variável frequência mediana apresentou um incremento entre os níveis
de força de 10% a 30% da CIVM. A partir do valor máximo, obtido em 30% da
força de CIVM, os valores da frequência mediana apresentaram uma redução
conforme o nível de força aumentou. Esse comportamento pode refletir as
estratégias de recrutamento e ativação utilizadas pelo sistema nervoso central
para a modulação da força. Entretanto, essas estratégias de controle da força
muscular também podem se modificar de acordo com a tarefa motora solicitada
aos voluntários, portanto, resultados díspares podem estar relacionados a
variações no protocolo experimental.
A comparação dos resultados obtidos através da investigação da
freqüência mediana e da densidade de potência por faixa de freqüências permite
verificar informações adicionais. Estas informações relacionam-se ao processo de
recrutamento e ativação das unidades motoras durante o incremento de força.
62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACHARYA, U.R. et al. Heart Rate Variability: a review. Medical & Biological Engineering & Computing. v. 44, n. 12, 1031-1051, 2006.
ADAM, A.; De Luca, C. J.; Erim, Z. Hand dominance and motor unit firing behavior. Journal of Neurophysiology. v. 80, n. 3, 1373-1382, 1998. ANDREASSEN, S; Arendt-Nielsen, L. Muscle fiber conduction velocity in motor units of the tibial anterior muscle: a new size principle parameter. The Journal of Physiology. v. 391, n. 1, 561-571, 1987. APPELBERG, B, Emonet-Dénand, F. Motor units of the first superficial lumbrical muscle of the cat. Journal of Neurophysiology. v. 30, n. 1, 154-160, 1967. BENDAT, J. S.; Piersol, A. G. Randon Data: Analysis and Measurement Procedures. New Yourk: John Wiley & Sons, Inc. 1971. BERNARDI et al. Motor unit recruitment strategy of knee antagonist muscles in a step-wise, increasing isometric contraction. European Journal of Applied Physiology and Occupational Physiology. v. 70, n. 6, 493-501, 1995. BURKE, R. E.; Tsairis, P. Anatomy and innervation ratios in motor units of a cat gastrocnemius. The Journal oh Physiology. v. 234, n. 3, 749-765, 1973. BURKE, R.E. Motor units: anatomy, physiology and functional organization. In: Handbook of physiology: The nervous system. Vol. 2. Bethesda: V.B. Books, 1981. Capítulo 10, 345-422. BRIGHAN, E. R. The Fast Fourier Transform. New Jersey: Englewood Clifs, 1974. DE LUCA, C, J. Phisyology and Mathematics of Myoelectric Signals. IEEE Transactions on Biomedical Engineering. v. 26, n.6, 313-325, 1979. DE LUCA, C, J. The use of surface electromyography in biomechanics. Journal of Applied Biomechanics. v.13, n. 2, 135-163, 1997. DANTES, M; McComas, A. J. The extent and time course of motoneuron involvement in amyotrophic lateral sclerosis. Muscle and Nerve. v.14, n.5, 416-421, 1991. FARINA, D.; Fosci, M.; Merletti, R. Motor unit recruitment strategies investigated by surface emg variables. Journal of Applied Physiology. v.92, n.1, 235-247, 2002. FEINSTEIN et al. Morphologycal studies of motor units in normal human muscles. Acta Anatomica. v. 23, n. 2, 127-142, 1955.
63
GALEA, V. Changes in motor unit estimates with aging. Journal of Clinical Neurophysiology. v, 13, n. 3, 253-260, 1996. GERDLE, B.; Eriksson, N. E.; Brundin, L. The behaviour of the mean power frequency of the surface electromyogram in biceps brachii with increasing force and during fatigue. With special regard to the electrode distance. Electromyography and clinical neurophysiology. v. 30, n. 8, 483-489, 1990. GERDLE et al. Dependence of the mean power frequency of the electromyogram on muscle force and fibre type. Acta Physiologyca Scandinavica. v. 142, n. 4, 457-465, 1991. GERDLE et al. The relationships between EMG and muscle morphology throughout sustained static knee extension at two submaximal force levels. Acta Physiologyca Scandinavica. v. 160, n. 4, 341-351, 1997. GOLLNICK, P. D.; Piehl, K.; Saltin, B. Selective glycogen depletion pattern in human muscle fibres after exercise of varying intensity and at varying pedalling rates. The Journal of Physiology. v. 241, n.1, 45-57, 1974. GRIMBY, L.; Hannerz, J. Firing rate and recruitment order of toe extensor motor units in different modes of voluntary contraction. The Journal of Physiology. v. 264, n. 3, 865-879, 1977.
GUYTON, A. C.; Hall, J. C. Tratado de fisiologia médica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 973 p. HARRIS, F. J. On the use of Windows for Harmonic Analysis with the Discrete Fourier Transform. Proceedings of the IEEE. v. 66, n. 1, 51-83, 1978. HERZOG, W.; Nigg, B. M. Biomechanics of the musculo-skeletal system. 3ª e.d. West Sussex: Wiley. 2007. 672 p. HOUTMAN, C. J. et al. Changes in muscle fiber conduction velocity indicate recruitment of distinct motor unit populations. Journal of Applied Physiology. v. 95, n. 3, 1045-1054, 2003. INNES, E. Handgrip strength testing: A review of the literature. Australian Occupational Therapy Journal, v. 46, p. 120–140, 1999. KATCH, V. L.; McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.. Essentials of Exercise Physiology. Foruth Edition. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins, a Wolters Kluwer business, 2011. KLAVER-KRÓL, E. G. et al. Distribution of motor unit potential velocities in the biceps brachii muscle of sprinters and endurance athletes during short static contractions at low force levels. Journal of Electromyography and Kinesiology. v. 20, n. 6, 1107-1114, 2010.
64
KLEIN, C. S. et al. Muscle fiber number in the biceps brachii muscle of young and old men. Muscle and Nerve. v. 28, n. 1, 62-68, 2003. KLEINE, B. U. et al. Influence of motoneuron firing synchronization of semg characteristics in dependence of electrode position. Journal of Applied Physiology. v. 91, n. 4, 1588-1599, 2001. KNAFLITZ, M., Merletti, R., De Luca, C. J. Inference of motor unit recruitment order in voluntary and electrically elicited contractions. Journal of Applied Physiology. v. 68, n. 4, 1657-1667, 1990. KONRAD, P. The ABC of EMG. A Pratical Introduction to Kinesiological electromyography. Norax Inc. USA, 2005. KUGELBERG, E. e Lindegren, B. Transmission and contraction fatigue of rat motor units in relation to succinate dehydrogrenase activity of motor units fibers. The Journal of Physiology. v. 288, 285-300, 1979. MACHADO, A. Neuroanatomia funcional. 2ª e.d. São Paulo: Atheneu. 2000. 363 p. MARPLE, L. Digital Spectral Analysis: with Applications. New York: Englewood Clifs. 1987. MC COMAS, A.J. Motor units: how many, how large, what kind? Journal of Electromyography and Kinesiology. v.8, n.6, 391-402, 1998. MERLETTI et al. Age related changes in surface myoelectric signals. Scandinavian Journal of Rehabilitation Medicine. v. 24, n. 1, 25-36, 1992. MILNER-BROWN, H.S.; Stein, R.B.; Yemm, R. Changes in firing rate of human motor units during linearly changing voluntary contractions. The Journal of Physiology. 230, 371-390. 1973a.
MILNER-BROWN, H.S.; Stein, R.B.; Yemm, R. The orderly recruitment of motor units during voluntary isometric contractions. The Journal of Physiology. 230, 359-370. 1973b. MILNER-BROWN, H.S.; Stein, R.B. The relation between the surface electromyogram and muscular force. The Journal of Physiology. v. 246, n. 3, 549-569, 1975. MORITANI, T.; Muro, M. Motor unit activity and surface electromyogram power spectrum during increasing force of contraction. European Journal of Applied Physiology and Occupational Physiology. v. 56, n. 3, 260-265, 1987. MORITANI, T.; Oddsson, L.; Thorstensson, A. Activation patterns of the soleus and gastrocnemius muscles during different motor tasks. Journal of Electromyography and Kinesiology. v. 1, n. 2, 81-88, 1991.
65
NIEDERMEYER, E.; Lopes da Silva, F. Electroencephalography: Basic Principles, Clinical Applications, and Related Fields. 3ª Ed. Baltimore: Willians & Wilkins. 1993. OLSON, C. B.; Carpenter, D. O.; Henneman, E. Orderly recruitment of muscle action potentials. Archives of Neurophysiology. v. 19, n. 6, 591-597, 1968. PADYKULA, H. A.; Gauthier, G. F. The ultrastructure of the neuromuscular junctions of mammalian red, white and intermediate skeletal muscle fibers. The Journal of Cell Biology. v. 46, n. 1, 27-41, 1970. PERKEL, D. H.; Gerstein, G. L.; Moore, G. P. Neuronal spike trains and stochastic point processes. II. Simultaneous spike trains. Biophysical Journal. v. 7, n. 4, 419-440, 1967.
PETROFSKY, J. S.; Lind, A. R. Frequency analysis of the surface electromyogram during sustained isometric contractions. European Journal of Applied Physiology and Occupational Physiology. v. 43, n. 2, 173-182, 1980. RAINOLDI et al. Repeatability of surface EMG variables during voluntary isometric contractions of the biceps brachii muscle. Journal of Electromyography and Kinesiology. v. 9, v. 2, 105-119, 1999. ROMANUL, F. C. A. Capillary supply and metabolism of muscle fibers. Archives of Neurophysiology. v. 12, n. 5, 497-509, 1965. SANCHEZ et al. Control strategies of the elbow antagonist muscle pair during two types of increasing isometric contractions. Journal of Electromyography and Kinesiology. v. 3, n.1, 33-40, 1993. SOLOMONOW et al. Electromyogram power spectra frequencies associated with motor unit recruitment strategies. Journal of Applied Physiology. v. 68, n. 3, 1177-1185, 1990. VILA-CHÃ, C.; Falla, D.; Farina, D. Motor unit behavior during submaximal contractions following six weeks of either endurance or strength training. Journal of Applied Physiology. v. 109, n. 5, 1455-1466, 2010. VITASSALO, J. T.; Komi, P. V. Interrelationships of EMG signal characteristics at different levels of muscle tension and during fatigue. Electromyography and clinical neurophysiology. v. 18, n. 3, 167-178, 1978. WESTBURY, J. R.; Shaughnessy, T. G. Associations between spectral representation of the surface electromyogram and fiber type distribution and size in human masseter muscle. Electromyography and clinical neurophysiology. v. 27, n. 6, 427-435, 1987.
66
APÊNDICES
APÊNDICE 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar
da pesquisa “INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO SINAL
ELETROMIOGRÁFICO DOS MÚSCULOS BÍCEPS BRAQUIAL E VASTO
LATERAL ATRAVÉS DA COMPARAÇÃO ENTRE SINAIS EXPERIMENTAIS E
SINAIS SIMULADOS”. Neste estudo pretendemos aperfeiçoar um programa
computacional para a simulação de sinais elétricos musculares. Para isso, serão
introduzidas alterações computacionais que aproximem a simulação do
funcionamento muscular normal, e comparar os sinais simulados aos sinais
obtidos experimentalmente em seres humanos sob diferentes condições.
O motivo que nos leva a realizar tal estudo é a utilidade dos
simuladores na pesquisa das características da condução elétrica muscular. Além
disso, a construção de simuladores que funcionem de maneira próxima ao
fenômeno da condução elétrica muscular pode ser útil em estudos futuros e
também no estudo de parâmetros que não podem ser controlados em voluntários.
Para este estudo, declaro estar ciente que os pesquisadores
responsáveis adotarão os seguintes procedimentos:
Após a assinatura deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
responderei a um questionário contendo informações como nome, idade, sexo,
dominância de membros superiores e inferiores, quantidade e tipo de prática de
atividade física. Também conterá informações sobre lesões nos membros
superiores e inferiores, dor muscular nos membros superiores e inferiores nos
últimos seis meses e possível diagnóstico médico de alguma doença inflamatória,
degenerativa crônica ou doença neuromuscular. Posteriormente, serão realizadas
as demais avaliações descritas a seguir, feitas em um único dia com cada
voluntário, pelo mesmo avaliador nas dependências da Sala de Avaliação Física
do Setor de Métodos Gráficos do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de
Fora.
67
Serão captados os sinais elétricos dos músculos bíceps braquial (parte da
frente do braço) e vasto lateral de coxa (parte da frente da coxa) dos dois lados.
Para a realização dessa coleta a pele será preparada com a raspagem dos pelos,
caso seja necessário, e limpa com álcool e uma bucha vegetal antes da colagem
dos eletrodos iguais aos utilizados na realização de um eletrocardiograma. Serão
conectados cabos a esses eletrodos e esses, por sua vez, serão conectados a um
condicionador de sinais. Durante a coleta serei solicitado a realizar três esforços
máximos de flexão do antebraço (dobrar o cotovelo) e de extensão da perna
(esticar o joelho) de cada lado. Após essas três contrações serei solicitado(a) a
realizar contrações em 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80 e 90% do meu valor máximo
em cada membro. A ordem dessas contrações será sorteada. O intervalo entre as
contrações será de, no mínimo, dois minutos, podendo ser maior caso eu relate
aos pesquisadores cansaço muscular. Durante os testes da força muscular do
bíceps braquial, uma fita acolchoada estará fixada em meu punho e esta fita será
conectada a um aparelho capaz de medir a quantidade de força exercida por mim.
Já durante o teste da força muscular da coxa, a mesma fita será fixada em minha
perna próxima ao tornozelo.
Declaro estar ciente que o procedimento descrito acima poderá provocar
dolorimento leve na musculatura utilizada no teste. Fui informado(a) que os riscos
para a minha participação nesta pesquisa são mínimos e que não terei nenhum
tipo de benefício pessoal nem ressarcimento financeiro participando deste projeto
de pesquisa.
Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá
qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido (a) sobre o estudo em
qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a
participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a
qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não
acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo
pesquisador.
O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de
sigilo.
Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu
nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua
permissão. Todo instrumento de coleta (questionário, e arquivos contendo os
68
sinais elétricos da contração muscular) ficarão arquivados aos cuidados do
pesquisador por 5 anos, contados a partir do término da pesquisa.
O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que possa
resultar deste estudo.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo
que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, na Sala de
Avaliação Física do Setor de Métodos Gráficos do HU/CAS e a outra será
fornecida a você.
Caso haja danos decorrentes dos riscos previstos, o pesquisador assumirá
a responsabilidade pelos mesmos.
Em caso de necessidade, poderei entrar em contato com o pesquisador
responsável no Departamento de Fundamentos da Faculdade de Educação Física
e Desportos da UFJF ou pelo telefone (32)9949 3305
Eu, ____________________________________________, portador do
documento de Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos
do estudo “INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO SINAL
ELETROMIOGRÁFICO DOS MÚSCULOS BÍCEPS BRAQUIAL E VASTO
LATERAL ATRAVÉS DA COMPARAÇÃO ENTRE SINAIS EXPERIMENTAIS E
SINAIS SIMULADOS”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas.
Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar
minha decisão de participar se assim o desejar.
Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste
termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e
esclarecer as minhas dúvidas.
Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 201__.
____________________________________________________________
Nome Assinatura participante Data
____________________________________________________________
Nome Assinatura pesquisador Data
____________________________________________________________
Nome Assinatura testemunha Data
69
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você
poderá consultar o CEP HU – Comitê de Ética em Pesquisa HU/UFJF Hospital
universitário Unidade Santa Catarina
Prédio da Administração Sala 27
CEP 36036-110
E-mail: cep.hu@ufjf.edu.br
70
APÊNDICE 2: TERMO DE CONSENTIMENTO PARA UTILIZAÇÃO DE
IMAGEM
TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA UTILIZAÇÃO DE IMAGEM
Eu,_________________________________________________________
___ portador do documento de identidade nº:_______________________
autorizo a veiculação de minha imagem, através de fotos, nas publicações
científicas decorrentes do estudo “INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DO
SINAL ELETROMIOGRÁFICO DOS MÚSCULOS BÍCEPS BRAQUIAL E VASTO
LATERAL ATRAVÉS DA COMPARAÇÃO ENTRE SINAIS EXPERIMENTAIS E
SINAIS SIMULADOS”, do Prof. Dr. José Marques Novo Júnior, bem como em
apresentações de natureza técnico-científicas. Sei que a qualquer momento
poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de autorizar a
utilização das imagens.
Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 201_.
____________________________________________________________
Nome Assinatura participante Data
____________________________________________________________
Nome Assinatura pesquisador Data
____________________________________________________________
Nome Assinatura testemunha Data
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você
poderá consultar o CEP HU – Comitê de Ética em Pesquisa HU/UFJF Hospital
universitário Unidade Santa Catarina
Prédio da Administração Sala 27
CEP 36036-110
E-mail: cep.hu@ufjf.edu.br
71
APÊNDICE 3: QUESTIONÁRIO
QUESTIONÁRIO
1- Identificação:
Nome:_________________________________________Sexo:_________
Idade:_____Data de Nascimento:__/__/____Profissão:________________
2- Dominância de membros:
Dominância de Membros Superiores:______________
Dominância de Membros Inferiores:_______________
3- Lesões:
O voluntário sofreu alguma lesão (muscular, articular ou fratura) nos
últimos seis meses?________________
O voluntário apresentou alguma dor constante nos membros superiores ou
nos membros inferiores nos últimos seis meses?_____________
O voluntário já teve, em algum momento da sua vida um diagnóstico clínico
de alguma doença inflamatória?_____________
O voluntário já teve, em algum momento da sua vida um diagnóstico clínico
de alguma doença degenerativa crônica_____________
O voluntário já teve, em algum momento da sua vida um diagnóstico clínico
de alguma doença neuromuscular?_____________
4- Atividade Física:
O voluntário pratica alguma atividade física regular?______________
Qual atividade física o voluntário pratica regularmente?____________
72
Com qual a frequência (número de vezes por semana) o voluntário pratica
essa atividade física?_________________
Há quanto tempo (meses) o voluntário pratica essa atividade
física?__________
Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 201__.
____________________________________________________________
Nome Assinatura participante Data
1/4 XXII CBEB 2010
PROPOSTA DE UM MODELO PARA SIMULAÇÃO DE SINAIS
ELETROMIOGRÁFICOS DE SUPERFÍCIE
Alvim, Felipe C.*, Castro, Antônio P. A.
*, Fonseca, Diogo S.***,
Novo Junior, J. M.*, Gouvêa, D. S. A.
**
*Programa de Mestrado em Educação Física / FAEFID, UFJF, Juiz de Fora, Brasil
**Curso de Engenharia Elétrica / FENG, UFJF, Juiz de Fora, Brasil
***Programa de Mestrado em Engenharia Biomédica /, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil
e-mail: felipe.alvim@gmail.com
Abstract: This work suggests changes in a surface
myoelectric signal simulator underlying patterns,
considering physiological parameters such as the
type of muscle fibers, its activation and recruitment
patterns and their propagation of electrical pulse
speeds. The evaluation of the median frequency,
estimated by Fourier Transform, for successive
windows of the EMG signals, shows results similar to
those expected in the literature, highlighting the
influence of temporal profiles used.
Palavras-chave: Simulação, Freqüência Mediana,
Transformada de Fourier, EMG.
Introdução
A eletromiografia (EMG) é o sinal composto pelos
potenciais de ação de fibras musculares organizadas em
unidades funcionais chamadas de unidades motoras
(MUs). EMG pode ser detectado por eletrodos fixados
na superfície da pele ou com eletrodos de agulha
introduzidos no tecido muscular [1].
Na eletromiografia o desenvolvimento de modelos
matemáticos apresenta grande interesse e aplicabilidade,
em virtude da possibilidade de se realizar estimativas
para quantificação de parâmetros, como o controle
motor e a força muscular desenvolvida, e a investigação
de fenômenos neuromusculares como o processo de
fadiga, os quais traduzem o desempenho muscular do
indivíduo [2]. Tais modelos podem levar em
consideração diversas propriedades de variáveis
fisiológicas [3], ou serem elaborados a partir de
estruturas baseadas nas características estocásticas dos
sinais [4].
Rosa et al, 2008 [2] desenvolveram um simulador
de sinais eletromiográficos utilizando a taxa de disparo
das unidades motoras, o número de unidades motoras
ativas e um perfil temporal para o comportamento
destas variáveis, durante a contração muscular.
Entretanto, esse modelo não considera a existência de
diferentes tipos de unidades motoras e as velocidades de
propagação do pulso elétrico. Desta forma, apesar do
valor médio quadrático do sinal simulado apresentar
variação semelhante à esperada para o sinal
experimental [1], a frequência mediana (Fmed) não
apresenta a variação esperada durante uma contração
máxima, conforme descrito por Farina et al, 2002 [5].
O objetivo desse trabalho é propor um modelo de
um simulador de sinais mioelétricos de superfície,
baseado no modelo proposto por Rosa et al, 2008 [2],
considerando parâmetros fisiológicos como os
diferentes tipos de fibras musculares, suas diferentes
proporções nos músculos, as diferentes formas de
recrutamento e ativação e as diferentes velocidades de
propagação do pulso elétrico.
Materiais e Métodos
Simulador proposto por Rosa et al, 2008 [2] – No
simulador proposto por Rosa et al, 2008 [2] um sinal
y1(t) é obtido através da convolução entre um processo
aleatório p(t) e um pulso h(t), conforme equação 1.
(1)
A função p(t) é obtida como um somatório de
processos aleatórios, os quais representam os instantes
de tempo de ocorrência de impulsos de despolarização
nas diversas fibras musculares.
A função h(t) representa a resposta impulsiva de
uma unidade motora, ou pulso de despolarização da
mesma, relacionada à velocidade de propagação através
das fibras musculares.
O comportamento temporal do processo aleatório
p(t) é determinado pelos perfis temporais de dois
parâmetros do simulador, µ e γ, que se relacionam,
respectivamente com a freqüência de despolarização de
uma unidade motora (UM) e o número de unidades
motoras recrutadas.
Para determinar o processo aleatório p(t) a variável
auxiliar r(t) é gerada conforme equação 2, onde N(0,1)
representa uma distribuição Gaussiana com média 0 e
variância unitária. Para cada instante de tempo uma
variável aleatória α é sorteada a partir de uma
distribuição uniforme (0 1) e comparada com o
parâmetro µ que controla a taxa de disparo.
2/4 XXII CBEB 2010
(2)
O processo aleatório p(t) é obtido através da equação
3, onde γ representa o número de UMs recrutadas.
1 )()( i t
irtp (3)
Ao sinal y1(t) é adicionado um ruído branco
gaussiano n(t) com uma relação sinal/ruído desejada,
obtendo-se o sinal EMG simulado, conforme equação 4.
)()(1)( tntyty (4)
O potencial de ação da unidade motora h(t) foi
definido como uma função Hermite-Rodrigez wλ(t) de
primeira ordem (equação 5), onde λ é um fator de escala
considerado igual a 0,005 para um potencial com
duração de 30 ms [2].
/
221
2
1 tt ew
(5)
Os perfis temporais dos parâmetros µ e γ foram
determinados de acordo com a equação 6, onde “k” foi
considerado igual a 6.
tkefiVinVfiVtf )()( (6)
Esta equação mostra forma de onda exponencial
crescente ou decrescente, dependendo do valor inicial
(Vin) e final (Vfi) desejado. Estes parâmetros estão
associados ao valor mínimo e máximo do número de
fibras recrutadas, da taxa de disparo das fibras e do
intervalo de tempo definido. Estes intervalos descrevem
as atividades musculares: relaxamento inicial, transição
relaxamento-contração, período de contração, transição
contração-relaxamento e relaxamento final. Os valores
mínimos e máximos das variáveis µ e γ, relacionados
aos intervalos de tempo de relaxamento e contração,
estão descritos na Tabela 1, e as formas dos perfis
temporais dessas variáveis são mostradas na Figura 1.
Tabela 1 – Valor mínimo e máximo dos parâmetros µ e
γ utilizados no simulador µ γ
Mínimo 15 10
Máximo 70 70
Alterações implementadas – Com o objetivo de
introduzir um detalhamento diferenciado, baseado na
fisiologia muscular, o perfil temporal utilizado no
modelo proposto por Rosa et al, 2008 [2] foi dividido
em diferentes processos. Estas alterações foram
baseadas nas propriedades das fibras musculares:
oxidativas de contração lenta (SO),
oxidativas/glicolíticas de contração intermediária (FO) e
glicolíticas de contração rápida (FG) [6].
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 50.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Tempo
Ativação R
ela
tiva
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 510
20
30
40
50
60
70
Tempo
Núm
ero
de f
ibra
s r
ecru
tadas
Figura 1: Perfis temporais: (A) Variável µ, (B) Variável
γ.
Dessa forma, cada tipo de UMs foi descrita por um
parâmetro µ e um parâmetro γ específico, resultando em
seis parâmetros de controle: µSO, µFO, µFG, γSO, γFO e γFG.
Essa alteração possibilitou a construção de um perfil
temporal característico para cada um dos tipos de fibra
muscular, de acordo com o nível de contração a ser
realizado Farina et al., 2002 [5].
Os perfis temporais das fibras (equação 6) foram
alterados neste estudo preliminar visando uma melhor
descrição do comportamento das variáveis µ e γ no
início e no final da contração muscular de acordo com
De Luca, 2006 [1]. Desta forma, nos perfis temporais
que descrevem o intervalo relaxamento-contração das
fibras SO, FO e FG adotou-se para “k” os valores 5, 6 e
8, respectivamente. Para os três tipos de fibras nos
perfis temporais que descrevem o intervalo contração-
relaxamento o valor “k” foi mantido igual a 6. Estes
valores visam descrever o comportamento mais lento na
variação da ativação e do recrutamento das fibras do
tipo SO e o comportamento mais rápido das fibras FG,
em relação às fibras do tipo FO.
Com a nova definição dos perfis temporais das
variáveis µ e γ foram estabelecidos novos valores
mínimo e máximo para o número de fibras contraídas e
(A)
(B)
3/4 XXII CBEB 2010
para a taxa de disparo. Os valores atribuídos a esses
parâmetros também foram escolhidos visando tornar a
simulação mais próxima da fisiologia da contração
muscular [7], nesse caso, o músculo escolhido foi o
bíceps braquial. Os valores numéricos atribuídos as
variáveis µ e γ estão descritos nas tabelas 2 e figura 2.
Tabela 2 - Valor mínimo e máximo dos parâmetros: µ e
γ, utilizados no simulador:
µ SO FO FG
Mínimo 0.1 0 0
Máximo 0.55 0.73 1
γ SO FO FG
Mínimo 100 0 0
Máximo 300 500 500
1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 100000
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Ativação R
ela
tiva
Tempo
SO
FO
FG
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 50
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Núm
ero
de f
ibra
s r
ecru
tadas
Tempo
SO
FO
FG
Figura 2: Perfis temporais das fibras: SO, FO e FG: (A)
variável “µ”. (B) Variável “γ”.
Finalmente, considerando a velocidade diferenciada
de propagação dos pulsos elétricos nas UMs do tipo SO,
FO e FG o valor do parâmetro λ (equação 5) foi alterado
para 0,005, 0,0025 e 0,00125, respectivamente. Desta
forma, a duração do pulso em cada tipo de fibra
muscular foi modificada sendo maior nas fibras de
contração lenta e progressivamente menor até as fibras
de contração rápida. A amplitude dos pulsos foi
normalizada com valor máximo unitário.
As funções p(t) para cada tipo de UM, considerando-
se os perfis das variáveis µ e γ específicas, foram
convoluídas com seus respectivos pulsos h(t). Ao sinal
y1(t) foi adicionado ruído branco gaussiano, com a
mesma relação sinal/ruído sugerida por Rosa et al, 2008
[2], para obtenção do sinal EMG simulado.
Metodologia de Avaliação – Os dois simuladores
descritos foram utilizados considerando-se o mesmo
número total de fibras e os perfis temporais específicos.
Os sinais EMG simulados foram comparados através da
inspeção visual da freqüência mediana (FMed).
A estimativa da FMed foi realizada calculando-se a
freqüência que possibilitasse a divisão da potência total
em duas partes iguais. Esta potência foi estimada
através da Transformada de Fourier, obtida para trechos
sucessivos do sinal EMG simulado após janelamento,
utilizando uma função Hanning.
O comprimento dos trechos dos sinais EMG foi de
1000 amostras (1 seg.) e a superposição dos trechos foi
de 100 amostras (0,1 seg.).
A implementação dos simuladores, bem como a
análise dos dados foi realizada no software MATLAB©.
Resultados e Discussão
A figura 3 mostra um sinal EMG gerado pelo
simulador proposto por este estudo que apresenta
semelhança ao sinal modelado pelo simulador proposto
por Rosa et al, 2008 [2]. Estes sinais assemelham-se,
também, a sinais EMG obtidos experimentalmente,
considerando que o perfil temporal da força obtida para
esta contração se assemelhe aos perfis temporais das
variáveis µ e γ mostrados nas figuras 2 deste estudo.
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
Tempo
Ativação
Figura 3: Exemplo de um sinal EMG gerado pelo
simulador proposto por este estudo.
A figura 4 mostra o resultado obtido para a Fmed a
partir do simulador de Rosa et al, 2008 [2], nota-se que
os valores médios e os desvios padrão mostram uma
relativa invariância durante toda a simulação. Tal fato
decorre da utilização de perfis temporais para apenas
um tipo de fibra e apenas um tipo de pulso.
A figura 5 mostra a Fmed obtida para o simulador
proposto neste trabalho onde observa-se a influência dos
perfis temporais para os três tipos de fibras e a variação
dos valores médios e dos desvios padrão, resultantes da
(A)
(B)
4/4 XXII CBEB 2010
utilização dos três pulsos de despolarização definidos
com diferentes durações. O incremento dos valores da
Fmed, no trecho do sinal correspondente à contração
muscular, decorre da inserção de pulsos com menores
durações. Tal inserção aumenta a magnitude das
componentes de frequências mais elevadas no espectro
de potências.
Na figura 5 nota-se ainda a proximidade entre os
valores médios e desvios padrão, obtidos para o
primeiro e último intervalos do procedimento, os quais
estão relacionados ao estado de relaxamento. Estes
valores aproximam-se daqueles obtidos na figura 4 para
o simulador de Rosa et al, 2008 [2], em virtude da
utilização de perfis para apenas um tipo de fibra e um
único pulso.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 9045
50
55
60
Janela
Fm
ed
Figura 4: Valores médios e desvio padrão da Fmed, para
sinais gerados pelo simulador de Rosa et al, 2008 [2].
0 10 20 30 40 50 60 70 80 9040
50
60
70
80
90
100
110
Fm
ed
Janela
Figura 5: Valores médios e desvio padrão da Fmed,
para sinais gerados pelo simulador proposto por este
estudo.
Segundo Robertson et al, 2004 [8] a Fmed obtida a
partir de um sinal de EMG de uma contração muscular
tende a aumentar com o incremento da força realizada e
diminuir com o decremento da mesma. Tal fato
corrobora os resultados encontrados para a Fmed dos
sinais gerados pelo simulador proposto e comentados a
partir da figura 5.
O valor médio mostrado por Farina et al., 2002 [5],
estimado por inspeção visual em torno de 130 Hz,
mostra-se superior aos resultados encontrados neste
trabalho. Entretanto, deve-se ressaltar que estas
diferenças podem ocorrer em virtude dos valores dos
parâmetros utilizados para a simulação dos sinais EMG.
Neste caso, ajustes dos valores dos parâmetros µ e γ,
assim como na velocidade de propagação do pulso, e
alterações nos perfis de ativação temporal relativos de
cada fibra, poderiam aproximar os resultados obtidos
por Farina et al., 2002 [5].
Conclusão
O simulador proposto neste estudo mostra uma
forma de onda da variabilidade da Fmed que se
aproximam daqueles descritos na literatura, durante a
contração máxima isométrica. Essa variabilidade se
deve à utilização de pulsos com menores durações
durante o período de contração muscular, os quais
aumentam a magnitude das componentes de mais altas
frequências do sinal. Desta forma, a utilização de pulsos
elétricos com diferentes velocidades de propagação
permitiu uma melhor aproximação entre os resultados
da simulação e da fisiologia da contração muscular.
Referências
[1] De Luca, C., Adam, A., Wotiz, R., Gilmore, L.D.,
Nawab, S.H. (2006), “Decomposition of Surface EMG
Signals”. J Neurophysiolo 96: 1646-1657.
[2] Rosa I da, G., Garcia, M.A., and Souza, M.N.
(2008), “A novel electromyographic signal simulator for
muscle contraction studies”. Comput Methods Programs
Biomed 89(3): p. 269-74.
[3] Dick, F.S., et al. (2000), “Surface EMG models:
properties and applications”. Journal of
electromyography and kinesiology : official journal of
the International Society of Electrophysiological
Kinesiology 10(5): p. 313-326.
[4] McGill, K.C. (2004), “Surface electromyogram
signal modeling”. Med Biol Eng Comput 42(4): p. 446-
54.
[5] Farina, D., Fosci, M., Merletti, R. (2002), “Motor
unit recruitment strategies investigated by surface EMG
variables”. J Apll Physiol 92: 235-247.
[6] Herzorg, W. (2007), “Muscle”. In: Biomechanics of
the Musculo-skeletal System. Eds: Nigg, B.M. and
Herzog. New York: John Wiley and Sons, p. 169-225.
[7] Elder, G.C., Bradbury, k. and Roberts, R. (1982),
“Variability of fiber type distributions within human
muscles”. J Appl Physiol 53: 1473-1480.
[8] Robertson, D.G.E, Caldwell, G.E., Kamen, G.,
Whittlesey, S.N. (2004), “Research methods in
biomechanics”. United States: Human Kinetcs, 2004.
top related