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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE ECONOMIA
ALEXANDRE RICARDO DE ARAGÃO BATISTA
Estrutura Produtiva Brasileira na Era dos Serviços
Uma Análise Baseada na Matriz de Insumo-Produto
Campinas, 2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE ECONOMIA
ALEXANDRE RICARDO DE ARAGÃO BATISTA
Estrutura Produtiva Brasileira na Era dos Serviços
Uma Análise Baseada na Matriz de Insumo-Produto
Professor Dr. Renato de Castro Garcia - Orientador
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência
Econômica da Universidade estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre em
Ciência Econômica
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL
DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO
ALEXANDRE RICARDO DE ARAGÃO BATISTA E ORIENTADO PELO PROF. DR. RENATO DE CASTRO
GARCIA.
Orientador
Campinas, 2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE ECONOMIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ALEXANDRE RICARDO DE ARAGÃO BATISTA
Estrutura Produtiva Brasileira na Era dos Serviços
Uma Análise Baseada na Matriz de Insumo-Produto
Defendida em 14/02/2019
COMISSÃO JULGADORA
Prof. Dr. Renato de Castro Garcia
Instituto de Economia/Unicamp
Prof. Dr. Marcelo Pereira da Cunha
Instituto de Economia/Unicamp
Prof. Dr. Paulo Henrique Assis Feitosa
Universidade de São Paulo A ata de defesa, assinada pelos membros da
Comissão Examinadora, consta no processo
de vida acadêmica do aluno.
Para todos aqueles acometidos por
depressão e outros transtornos
psicológicos: sempre há uma saída e
é possível vencer.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
Agradeço ao Prof. Dr. Célio Hiratuka e aos brasileiros pela alocação destes recursos.
Agradeço à minha Mãe Helena Toyoko Nakai por ter me ajudado de todas as
maneiras a vida toda. Ao meu tio Hiromi pelos papos e apoio. Também aos demais da
minha família e minha quase família Adriana Teixeira. Não posso deixar de agradecer a
meu cachorro Salsicha, fonte de minha vontade de viver.
Agradeço aos meus companheiros da URSAL, Renan, Jão, Vítor, Andrés,
Fortaleza, Chicão. Sem a ajuda do Renan e do Jão eu não poderia ter feito o curso no IE.
Tenho enorme gratidão ao meu orientador Prof. Dr. Renato de Castro Garcia que
me aguentou durante um ano enviando trilhões de zaps e me fez refazer a dissertação 2
bilhões e uma vez. Tenho muita honra de poder ter trabalhado ao seu lado. Da mesma
maneira o Prof. Dr. Marcelo Cunha que acreditou no meu potencial e me ajudou a
crescer como pessoa e profissional.
Estendo minha gratidão aos demais professores doutores do IE/UNICAMP: André
Biancarelli, Lopreato, Simone de Deos, Fracalanza, Ivete, Marcelo Pereira, Adriana e
demais.
Não posso deixar de agradecer também a Professora Doutora Anita Kon da
PUC/SP, uma das principais colaboradoras deste trabalho e ao Prof. Dr. Claílton Freitas
da UFSM.
Agradeço aos professores da FEA/USP que contribuíram para este trabalho, em
especial ao professor Haddad por ajuda metodológica. Da mesma maneira o pessoal do
IME/USP, sejam professores, sejam alunos, do curso de BMAC. Sempre foi bom perder
um bom tempo debatendo política e mandando memes nos grupos de zap uspianos.
Agradeço ao meu amigo Prof. Dr. Paulo de Tarso da FEA/USP por ter me ajudado
de todas as maneiras nos meus momentos mais difíceis.
Sem a amizade, o carinho e a paciência de meus amigos eu não sobreviveria
jamais. Portanto deixo meus agradecimentos de amizade à Patty, Denise, Daniel, Lau,
Sertanejo, Pércio, pessoal do UEFANSO, Ahmad, Raquel, Rayanne, Tiagão, Tabiner,
Gabriel, à Ana e Pedro do BMAC, ao Makoto, Biagioni, Márcia Muller, Maikão, Paulão
e todos que não citei porque a folha tá acabando.
Agradeço, finalmente, a Monique Marques, por mudar minha vida em tão curto
espaço de tempo e fazer acreditar que ainda existe esperança na busca da felicidade.
RESUMO
O estudo tem como objetivo verificar as ligações intersetoriais entre as atividades
produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto, com especial atenção para o Setor
Terciário. Nesse sentido, procura responder qual o impacto de Serviços para o estímulo
das atividades econômicas no Brasil, dado que sua participação relativa ultrapassou
70% do Produto Interno Bruto na década de 2010. Especificamente, é realizado um
conjunto de medições, cujos indicadores apresentam, a destacar: a) o número de
empregos e de produção adicionados com uma unidade monetária (dada em milhões de
reais) de uma determinada atividade. b) as atividades que têm maior encadeamento ou
que são setores-chave, isto é, identificar as que conseguem estimular o ambiente
econômico acima das demais. c) o quão heterogêneos, em termos de oferta e produção,
são os setores Primários, Secundário e Terciário, baseados em desigualdades dos
coeficientes técnicos de Leontief. d) o quão concentradas ou dispersas estão as
atividades em termos de oferta e demanda de produtos e serviços, com base nos
coeficientes técnicos de Leontief. Para tanto, utiliza-se metodologia baseada na Matriz
de Insumo-Produto, provida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
no ano de 2015. A partir desta, são feitas avaliações por meio de Indicadores de
Rasmussen-Hirschman, de Indicadores Puros Normalizados de GHS, de
Multiplicadores de Produto e Emprego, de Extração Hipotética, da Matriz de Impacto,
do Campo de Influência, de um indicador desenvolvido a partir do Gini - o Indicador de
Desigualdade Tecnológica Intersetorial, de Análise de Sistema de Redes e, por fim, é
desenvolvido um Ranking para tentar capturar, como um saldo, as atividades mais
importantes nestes indicadores. Os principais resultados indicam que os setores-chave,
em comum, nos índices mais importantes de ligação intersetorial (Rasmussen-
Hirschman e GHS), são os de Refino de petróleo e coquerias (19), Transporte Terrestre
(41) e Telecomunicações (50). Outras atividades com altas pontuações nestes
indicadores são Comércio de atacado e varejo (41), Abate e produtos de carne (8),
Intermediação financeira (53), Outros produtos alimentares (10), Construção (40),
Administração pública (61), Agricultura (1), Fabricação de químicos, resinas (21). Os
resultados indicam que as atividades do Terciário que têm melhor desempenho nos
índices utilizados estão relacionadas a canais de transporte, distribuição,
telecomunicação, financiamento e público-burocrático, ou seja, serviços que
complementam a produção do Secundário. Já as atividades mais destacadas no
Secundário e Primário estão vinculadas à exploração e transformação de recursos
naturais, tais como agricultura e refino de petróleo. A indústria da construção também
desempenha importante papel no Brasil, assim como a química, que mostra forte
encadeamento na Economia. As informações atualizadas neste trabalho corroboram
maior encadeamento do Setor de Serviços frente aos trabalhos anteriores. Isto pode ser
decorrente da evolução do processo de flexibilização de segmentos produtivos,
especificamente fabris, nos quais terceirizam atividades, mas mantém vínculos
operacionais.
Palavras-chave: Indústria de Serviços; Estrutura Industrial e Mudança Estrutural;
Insumo-Produto
Classificação JEL: O14, L16, C67
ABSTRACT
The study aims to verify the inter-sectoral links between productive activities expressed
in the Input-Output Matrix, with special attention to the Tertiary Sector. In this sense, it
seeks to answer the impact of Services to stimulate economic activities in Brazil, since
its relative share exceeded 70% of the Gross Domestic Product in the decade of 2010.
Specifically, a set of measurements is performed, whose indicators show the highlight:
a) the number of jobs and production added with a monetary unit (given in millions of
reais) of a given activity. b) activities that have the greatest linkage or are key sectors,
that is, identify those that can stimulate the economic environment above the others. c)
how heterogeneous, in terms of supply and production, are the Primary, Secondary and
Tertiary sectors, based on inequalities in Leontief's technical coefficients. d) how
concentrated or dispersed are the activities in terms of supply and demand of products
and services, based on the Leontief technical coefficients. For that, a methodology
based on the Input-Output Matrix, provided by the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (IBGE) in the year 2015, is used. From this, evaluations are made through
Rasmussen-Hirschman Indicators, Pure Indicators of GHS, of Product and Employment
Multipliers, of Hypothetical Extraction, of the Impact Matrix, of the Influence Field, of
an indicator developed from Gini - the Indicator of Intersectorial Technological
Inequality, System Network Analysis and, finally, a ranking is developed to try to
capture, as a balance, the most important activities in these indicators. The main results
indicate that the key sectors in common in the most important indices of intersectoral
linkage (Rasmussen-Hirschman and GHS) are Petroleum Refining and Coking (19),
Land Transport (41) and Telecommunications (50). Other activities with high scores in
these indicators are: Wholesale and retail trade (41), Slaughter and meat products (8),
Financial intermediation (53), Other food products (10), Construction (40), Public
administration (61), Agriculture (1), Manufacture of chemicals, resins (21). The results
indicate that the Tertiary activities that perform better in the indexes used are related to
transport, distribution, telecommunication, financing and public-bureaucratic channels,
that is, services that complement Secondary production. On the other hand, the most
outstanding activities in the Secondary and Primary are linked to the exploration and
transformation of natural resources, such as agriculture and petroleum refining. The
construction industry also plays an important role in Brazil, as does chemistry, which
shows a strong link in the economy. The updated information in this work corroborates
the greater connection of the Service Sector with the previous works. This may be due
to the evolution of the flexibilization process of productive segments, specifically
manufacturing, in which they outsource activities, but maintain operational links.
Keywords: Manufacturing and Service Industries; Industrial Structure and Structural
Change; Input–Output Models
JEL Classification: O14, L16, C67
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Produto Interno Bruto brasileiro, em milhões de reais a valores de 2018, de
2010 a 2018. ................................................................................................................... 30
Figura 2: Taxa de crescimento do PIB brasileiro, de 2010 a 2018. ................................ 31
Figura 3: Composição (%) do PIB do Brasil em relação aos setores entre 1947 e 2013.
........................................................................................................................................ 32
Figura 4: Composição (%) do PIB do Brasil em relação aos setores entre 1995 e 2017.
........................................................................................................................................ 32
Figura 5: Participação no Valor Adicionado a Custo de Fatores das 67 atividades, em
2015. ............................................................................................................................... 69
Figura 6: Participação no Consumo Intermediário das 67 atividades, em 2015. ........... 71
Figura 7:Participação na composição do Salário das 67 atividades, em 2015. .............. 72
Figura 8: Participação na composição do Consumo das Famílias das 67 atividades, em
2015. ............................................................................................................................... 74
Figura 9: Participação na composição da Formação Bruta de Capital Fixo das 67
atividades, em 2015. ....................................................................................................... 75
Figura 10: Participação na composição da pauta de exportações das 67 atividades, em
2015. ............................................................................................................................... 77
Figura 11: Participação na composição dos Gastos do Governo das 67 atividades, em
2015. ............................................................................................................................... 78
Figura 12 : Índice de Ligação para Frente (Ui) de RH, com 67 setores, em 2015. ........ 80
Figura 13: Índice de Ligação para Trás, (Uj) de RH, com 67 setores, em 2015. ........... 81
Figura 14: Índice de Dispersão para Frente, (Vi) de RH, com 67 setores, em 2015. ..... 83
Figura 15: Índice de Dispersão para Trás, (Vj) de RH, com 68 setores, em 2015. ........ 84
Figura 16: Distribuição dos coeficientes do índice PBLN de GHS, em 2015................ 90
Figura 17: Distribuição dos coeficientes do índice PFLN de GHS, em 2015. ............... 92
Figura 18: Distribuição dos coeficientes do índice PTLN de GHS, em 2015. ............... 94
Figura 19: Distribuição dos Multiplicadores de Produção do Tipo I, em 2015. ............ 97
Figura 20: Distribuição dos Multiplicadores de Produção do Tipo II, em 2015. ........... 99
Figura 21: Distribuição dos Multiplicadores de Emprego do Tipo I, em 2015. ........... 100
Figura 22: Distribuição dos Multiplicadores de Emprego do Tipo II, em 2015. ......... 101
Figura 23: Distribuição das reduções percentuais causadas sobre a demanda das
atividades econômicas no PIB, após extração Hipotética, em 2015. ........................... 103
Figura 24: Distribuição das reduções percentuais causadas sobre a demanda das
atividades econômicas, após extração Hipotética do Setor 42, em 2015. .................... 105
Figura 25: Distribuição dos coeficientes dos IDTI-DT e IDTI-OT na economia e por
setores, em 2015. .......................................................................................................... 106
Figura 26: Topografia da Matriz de Intensidade para a Economia Brasileira em 2015.
...................................................................................................................................... 109
Figura 27: Campo de Influência, em 2015. .................................................................. 113
Figura 28: Grafo da tabela de recursos e usos da MIP de 2015 com aplicação de filtro.
...................................................................................................................................... 115
Figura 29: Grafo Setorial de 2013 em termos de fluxos ponderados ........................... 115
Figura 30: Centralidade de grau 2015 – destacam-se os setores 1, 19, 38, 40, 41, 42, 52.
...................................................................................................................................... 117
Figura 31: Centralidade de grau ponderado 2015 – destacam-se os setores 1, 8, 10, 19,
42, 41, 52. ..................................................................................................................... 118
Figura 32: Loop 2015 – destacam-se os setores 19, 21, 38, 40, 41, 42, 52. ................. 120
Figura 33: Desempenhos das atividades considerando o Ranking de PTS, em 2015. . 124
Figura 34: Desempenhos das atividades considerando o Ranking de PTP, em 2015. . 125
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
no Valor Adicionado a Custo de Fatores em 2015. ........................................................ 68
Quadro 2: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
no Consumo Intermediário em 2015. ............................................................................. 70
Quadro 3: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
na composição de Salários em 2015. .............................................................................. 71
Quadro 4: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
no Consumo das Famílias em 2015. ............................................................................... 73
Quadro 5: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
na Formação Bruta de Capital Fixo em 2015. ................................................................ 74
Quadro 6: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
na pauta de exportação em 2015..................................................................................... 76
Quadro 7: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
nos Gastos do Governo em 2015. ................................................................................... 77
Quadro 8: Os 10 maiores e menores coeficientes de Ligação para Frente (Ui) de RH, em
2015. ............................................................................................................................... 79
Quadro 9: Os 10 maiores e menores coeficientes de Ligação para Trás (Uj) de RH, em
2015. ............................................................................................................................... 80
Quadro 10: Os 10 Menores e maiores coeficientes de Dispersão para frente (Vi) de RH,
em 2015. ......................................................................................................................... 82
Quadro 11: Os 10 maiores e menores coeficientes de Dispersão para Trás (Vj) de RH,
em 2015. ......................................................................................................................... 83
Quadro 12: Atividades consideradas chave para a Matriz Insumo-Produto de 2015 pelo
índice de RH. .................................................................................................................. 85
Quadro 13: Os dez maiores coeficientes PBL e PBLN do Índice de GHS, em 2015. ... 89
Quadro 14: Os dez menores coeficientes PBL e PBLN do Índice de GHS, em 2015. .. 89
Quadro 15: Os dez maiores coeficientes PFL e PFLN do Índice de GHS, em 2015. .... 90
Quadro 16: Os dez menores coeficientes PFL e PFLN do Índice de GHS, em 2015. ... 91
Quadro 17: Os dez maiores coeficientes PTL e PTLN do Índice de GHS, em 2015. .... 92
Quadro 18: Os dez menores coeficientes PTL e PTLN do Índice de GHS, em 2015. ... 93
Quadro 19: Atividades consideradas chave para a Matriz Insumo-Produto de 2015 pelo
método GHS. .................................................................................................................. 94
Quadro 20: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Produção MP
do Tipo I, em 2015. ........................................................................................................ 97
Quadro 21: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Produção MP
do Tipo II, em 2015. ....................................................................................................... 98
Quadro 22: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Emprego ME
do Tipo I, em 2015. ........................................................................................................ 99
Quadro 23: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Emprego ME
do Tipo II, em 2015 ...................................................................................................... 101
Quadro 24: Dez maiores e menores reduções percentuais causadas sobre o PIB, após
extração Hipotética de uma atividade, em 2015. .......................................................... 102
Quadro 25: Dez maiores reduções percentuais causadas sobre a demanda das atividades
econômicas, após extração Hipotética do Setor 42, em 2015. ..................................... 104
Quadro 26: Atividades com os maiores e menores coeficientes de ligações para trás
(demanda) na Matriz de Intensidade, em 2015............................................................. 107
Quadro 27: Atividades com os maiores e menores coeficientes de ligações para frente
(oferta) na Matriz de Intensidade, em 2015 .................................................................. 108
Quadro 28: Os dez maiores Coeficientes na Matriz de Intensidade com os setores
ofertantes e Demandantes, em 2015 ............................................................................. 108
Quadro 29: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência
de oferta, em 2015 ........................................................................................................ 110
Quadro 30: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência
de demanda, em 2015. .................................................................................................. 111
Quadro 31: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência
no total, em 2015 .......................................................................................................... 112
Quadro 32: As dez atividades com maiores e menores interações em Centralidade de
Grau, em 2015. ............................................................................................................. 116
Quadro 33: As dez atividades com maiores e menores interações em Centralidade de
Grau Ponderado, em 2015. ........................................................................................... 117
Quadro 34: As dez atividades com maiores e menores interações em nível de Loop, em
2015. ............................................................................................................................. 119
Quadro 35: Resumo dos Indicadores utilizados no Trabalho com suas principais
vantagens e algumas limitações. ................................................................................... 121
Quadro 36: Indicadores contidos no Ranking Geral. ................................................... 122
Quadro 37: As dez melhores atividades no Ranking Geral, considerando os PTS, em
2015. ............................................................................................................................. 123
Quadro 38: As dez melhores atividades no Ranking Geral, considerando os PTP, em
2015. ............................................................................................................................. 124
QUADROS DO APÊNDICE A
Quadro A 1: Índice Rasmussen-Hirschman de Ligação Para Frente Ui, para Trás Uj,
Dispersão Para Frente Vi e Para Trás Vj, para o Ano de 2015 ..................................... 147
Quadro A 2: Índice GHS de Ligação Para Frente Ui, para Trás Uj, Dispersão Para
Frente Vi e Para Trás Vj, para o Ano de 2015 ............................................................. 149
Quadro A 3: Multiplicador de Produto (MP) e Emprego (ME) Tipo I e Tipo II, para o
Ano de 2015 ................................................................................................................. 151
Quadro A 4: Extração Hipotética dos Setores e impacto percentual em termos de
retração na Produção Nacional, em 2015. .................................................................... 153
Quadro A 5: Coeficientes da Matriz de Intensidade pelo lado da Oferta e da Demanda,
em 2015 ........................................................................................................................ 155
Quadro A 6: Coeficientes do Campo de Influência em 2015. ...................................... 157
Quadro A 7: Ordem de classificação no Sistema de Análise de Redes para Centralidade
Grau, Grau Ponderado (GrauP) e Loop, em 2015. ....................................................... 159
Quadro A 8: Pontuação Simples (PTS) e Ponderada (PTP) no Ranking Geral, em 2015
...................................................................................................................................... 161
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Atividades da Economia agrupadas em três grandes setores. ........................ 65
Tabela 2: Coeficientes do Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial ........ 105
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas
DECOMTEC Departamento de Competitividade e Tecnologia
DT Demanda Tecnológica
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GHS Guilhoto, Sonis e Hewings
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDTI Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LRF Lei de Responsabilidade Fiscal
MEI Multiplicador de Emprego Tipo I
MEII Multiplicador de Emprego Tipo II
MIP Matriz Insumo-Produto
MPI Multiplicadores de Produção Tipo I
MPII Multiplicadores de Produção Tipo II
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OT Oferta Tecnológica
PAEG Programa de Ação Econômica do Governo
PAC Plano de Aceleração ao Crescimento
PIA Pesquisa Industrial Anual
PBL Índice Puro de Ligação para Trás
PBLN Índice Puro de Ligação para Trás Normalizado
PBM Plano Brasil Maior
PED Programa Estratégico de Desenvolvimento
PFL Índice Puro de Ligação para Frente
PFLN Índice Puro de Ligação para Frente Normalizado
PIA Pesquisa Industrial Anual
PIB Produto Interno Bruto
PME Pesquisa Mensal de Emprego
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PND Plano Nacional de Desenvolvimento
PP Pontos Ponderados
PRIM Primário
PS Pontos Simples
PTP Pontos Totais Ponderados
PTL Índice Puro de Ligação Total
PTLN Índice Puro de Ligação Total Normalizado
PTS Pontos Totais Simples
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
RH Rasmussen-Hirschman
RMSP Região Metropolitana do Estado de São Paulo
SEC Secundário
SNA System Network Analysis
SNC Sistema de Contas Nacionais
TER Terciário
TI Tecnologia de Informação
Ui Índice de Ligação para Frente
Uj Índice de Ligação para Trás
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
Vi Índice de Dispersão para Frente
Vj Índice de Dispersão para Trás
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 19
2. CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................... 24
2.1 SÍNTESE HISTÓRICA PELO VIÉS DO PLANEJAMENTO
GOVERNAMENTAL ................................................................................................. 24
2.2 INDICADORES DE PIB E DEBATES ATUAIS ................................................. 29
2.2.1 INDICADORES ECONÔMICOS ................................................................. 30
2.2.2 DESINDUSTRIALIZAÇÃO ......................................................................... 33
2.2.3 SERVIÇOS .................................................................................................... 38
2.3 ESTUDOS PRÉVIOS COM UTILIZAÇÃO DE MATRIZ INSUMO-PRODUTO
.................................................................................................................................... 44
3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 51
3.1 MATRIZ INSUMO-PRODUTO .......................................................................... 53
3.2 ÍNDICE DE RASMUSSEN-HIRSCHMAN ........................................................ 54
3.3 ÍNDICE PURO DE GUILHOT, HEWINGS E SONIS (GHS) ............................ 56
3.4 MULPLICADORES DE PRODUÇÃO E EMPREGO ........................................ 57
3.5 EXTRAÇÃO HIPOTÉTICA ................................................................................ 59
3.6 INDICADOR DE DESIGUALDADE TECNOLÓGICA INTERSETORIAL .... 61
3.7 MATRIZ DE INTENSIDADE ............................................................................. 63
3.8 CAMPO DE INFLUÊNCIA ................................................................................. 64
3.9 ANÁLISE DE SISTEMA DE REDES ................................................................. 64
3.10 RANKING ........................................................................................................... 67
4. RESULTADOS E ANÁLISE...................................................................................... 68
4.1 ABORDAGEM DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO.......................................... 68
4.2 ÍNDICE DE RASMUSSEN-HIRSCHMAN (RH) ............................................... 78
4.2.1 ÍNDICES DE LIGAÇÃO PARA FRENTE E PARA TRÁS .......................... 78
4.2.2 ÍNDICES DE DISPERSÃO PARA FRENTE E PARA TRÁS ...................... 81
4.2.3 SETORES-CHAVE ........................................................................................ 84
4.3 ÍNDICE PURO DE GUILHOTO, HEWINGS E SONIS (GHS) ......................... 88
4.4 MULTIPLICADORES DE PRODUTO E DE EMPREGO ................................. 96
4.5 EXTRAÇÃO HIPOTÉTICA .............................................................................. 102
4.6 INDICADOR DE DESIGUALDADE TECNOLÓGICA INTERSETORIAL .. 105
4.6 MATRIZ DE INTENSIDADE ........................................................................... 107
4.8 CAMPO DE INFLUÊNCIA ............................................................................... 110
4.9 ANÁLISE DE SISTEMA DE REDES ............................................................... 114
4.10 ANÁLISE GERAL ........................................................................................... 120
4.10.1 RANKING GERAL ....................................................................................... 120
4.10.2 ANÁLISE COMPARATIVA SINTÉTICA DOS PRINCIPAIS RESULTADOS
.................................................................................................................................. 126
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 129
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 139
APÊNDICE A .............................................................................................................. 147
19
1. INTRODUÇÃO
O Setor Terciário (ou de Serviços) mostra elevada participação no Produto Interno
Bruto (PIB) na maioria dos países. Dados do Banco Mundial mostram que mais de 50%
das localidades avaliadas, em seus levantamentos, tem Serviços com participação
relativa acima de 50% do Valor Adicionado na composição do PIB para o ano de 2015.
Estas estatísticas incluem países como os Estados Unidos com aproximadamente 75%,
Reino Unido com 70%, Japão com 70% e França com 70%.
Isso não é novidade. Em 1999, Téboul (1999) lançou o livro ―A Era dos
Serviços‖, cujo título sugestivo mostrou um novo arranjo estrutural em que havia uma
preponderância pautada no Terciário. Serviços detinha participação relativa do PIB em
torno de 70% nos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, França, Alemanha e Itália,
dentre outros. Para o ano de 2001, Wölfl (2005), apresentou dados da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em que Suécia, Estados Unidos,
Dinamarca, Países Baixos, França, Austrália e Reino Unido tinham o setor com
participação superior a 70% no Valor Adicionado Bruto de seus respectivos PIBs.
No caso brasileiro, a história econômica nacional mostra que a partir da Era
Vargas e o início de políticas governamentais em direção a diversas reformas, um novo
patamar estrutural com grande peso na indústria foi forjado. De país extremamente
agrário, passa-se a ter um crescimento industrial em que sua participação relativa no
PIB chegou ao ponto máximo por volta das décadas de 1970 e 1980, com farta
diversificação que ia desde o processamento de alimentos até o fabrico de veículos
militares. É nessa época que há indícios de um começo de crescimento acelerado do
setor Terciário. Enquanto em meados dos anos de 1980 a faixa percentual deste beirava
a ordem de 50% do PIB, os finais dos anos 2010 apresentavam valor estabilizado ao
redor de 70%.
O ganho de espaço do Terciário tem duas principais explicações no Brasil que são
aprofundadas no capítulo 2, mas que se adianta aqui:
A primeira frente diz respeito a um processo de desindustrialização. Neste caso,
conforme FIESP e DECOMTEC (2013), após uma fase de industrialização bem-
sucedida com aumento de renda per capita, há uma ampliação de serviços mais
especializados como comunicações, internet, consultorias, etc., e Serviços acaba por
ganhar espaço na composição relativa do PIB. Contudo, o caso brasileiro apresentou
uma desindustrialização precoce em que serviços mais intensivos em conhecimento não
20
conseguem absorver a mão de obra desempregada pela indústria. Desta feita,
proliferaram atividades com baixa produtividade e subempregos.
A segunda frente é associada a um próprio processo dinâmico natural que aparece
em certas atividades de Serviços. Conforme observado em Kon (2015), esta
dinamicidade seria decorrente, por exemplo, de aspectos relacionados à necessidade de
diferenciação de produtos e qualidades, não apenas preços. Nesta ilustração, por meio
de uma interação entre a manufatura e Serviços, os mercados são atendidos e ocorre a
geração de riqueza. Além disso, inovação e tecnologia melhoraram a produtividade e
vantagens competitivas do setor. Com a modernização tecnológica, uma das
consequências foi que muitos serviços auxiliaram nas implementações do comércio
internacional de forma mais acelerada das mais variadas atividades produtivas. Outro
ponto a destacar é a ampliação de terceirização - a empresa dedicar-se-ia mais às
atividades fins e transferiria a outrem as atividades meio. Nesta perspectiva, muitas
empresas passaram a ser particionadas e se concentraram em suas atividades de maior
interesse.
Dado este cenário, o estudo tem como objetivo verificar as ligações intersetoriais
entre as atividades produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto, com especial
atenção para o Setor Terciário. Nesse sentido, procura responder qual o impacto de
Serviços para o estímulo das atividades econômicas no Brasil, dado que sua
participação relativa ultrapassou 70% do Produto Interno Bruto na década de 2010.
Especificamente, é realizado um conjunto de medições, cujos indicadores apresentam, a
destacar: a) o número de empregos e de produção adicionados com uma unidade
monetária (dada em milhões de reais) de uma determinada atividade. b) as atividades
que têm maior encadeamento ou que são setores-chave, isto é, identificar as que
conseguem estimular o ambiente econômico acima das demais. c) o quão heterogêneos,
em termos de oferta e produção, são os setores Primários, Secundário e Terciário,
baseados em desigualdades dos coeficientes técnicos de Leontief. d) o quão
concentradas ou dispersas estão as atividades em termos de oferta e demanda de
produtos e serviços, com base nos coeficientes técnicos de Leontief.
Por ter o Setor Terciário com maior peso relativo no PIB brasileiro, há um arranjo
intersetorial, ou de encadeamento, da estrutura produtiva brasileira em que suas
atividades impactam na economia como um todo. Este trabalho ajuda a investigar estes
efeitos de encadeamento e, principalmente, identificar as atividades que mais estimulam
a criação de produto. Os resultados obtidos na pesquisa permitem que agentes
21
econômicos tenham melhor previsibilidade no que se refere aos fluxos de insumos e
produtos. Como consequência, fornece ferramenta auxiliar em planejamentos
econômicos, que serve aos interesses tanto de entes privados, quanto públicos. A
organização de informações providas nesta pesquisa permite que os recursos sejam mais
bem aproveitados e a economia, em sua totalidade, possa ser impulsionada com
incentivos a determinados setores de modo mais racional. Possibilita, também,
encontrar estrangulamentos em determinados segmentos que necessitam maiores
investimentos ou modernizações, dentre outros. Em adição, este trabalho contribui para
a atualização de trabalhos prévios, de modo a acreditar que a conquista de maior
participação no Terciário possa ter alterado alguns resultados obtidos de pesquisas
anteriores. Além disso, ao fazer uso de vários indicadores, permite confrontar seus
resultados e verificar se estes convergem a resultados similares.
Para o tratamento dessa problemática levantada, faz-se uso, como metodologia, de
indicadores baseados na Matriz de Insumo-Produto (MIP) de 2015, provida pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além da própria MIP, os Índices
de Rasmussen-Hirschman (RH), os Índices Puros Normalizados de Guilhoto, Sonis e
Hewings (1996) (GHS), a Análise de Sistema de Redes (ou System Network Analysis –
SNA), a Extração Hipotética, são utilizados, principalmente, para identificar setores-
chave e as atividades com maior encadeamento, bem como adensamentos intersetoriais.
Assim como a Análise de redes, a Matriz de Impacto e o Campo de Influência auxiliam
a prover informações de modo visual da estrutura produtiva brasileira baseada nos
segmentos econômicos e seus efeitos de encadeamento. Os Multiplicadores de Produto
e Emprego são usados para mostrar os números de produção e empregos gerados com
uma unidade monetária de uma dada atividade. Para a pesquisa, foi desenvolvido um
indicador a partir do Gini - o Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial que
permite identificar a desigualdade tecnológica entre os grandes setores.
Ainda na metodologia, foi elaborado um Ranking para tentar capturar, como um
saldo, as atividades mais importantes dos principais indicadores. O desenvolvimento
desta métrica se valeu pela ressalva posta por Guilhoto et al.(1994). O autor alertou que
índices como o de Rasmussen-Hirschman para a identificação de setores-chaves podem
não ter muito acordo entre os pesquisadores, mas existe consenso na existência de que
alguns setores contribuem de modo acima da média para a economia, fazendo com que
esta, como um todo, acabe sofrendo mudanças. É decorrente desta observação que se
22
faz uso, neste trabalho, de mais de um índice nas medições e, portanto, como um
indicador-resumo, foi desenvolvido o Ranking.
Em virtude da dificuldade de se empregar o método aqui utilizado ano a ano até o
presente, opta-se, neste estudo, por comparar os resultados obtidos com trabalhos
anteriores tais como os de Pereira (2012), Pereira (2014) e Lugli (2015), dentre outros.
Estes trabalhos abrangeram anos variados e/ou fizeram uso de técnicas ou temáticas
similares. Desta maneira, com a ajuda de outros autores é possível tecer considerações
atualizadas e, mesmo com a obtenção de resultados diferentes, identificar tendências de
divergências/convergências, da estrutura produtiva nacional e, em especial, do setor de
Serviços, que enriquecerá deveras o debate.
Neste sentido, alguns trabalhos cuja temática e metodologia são similares
merecem ser destacados. Pereira (2012) apresentou uma análise sistêmica do setor de
serviços com o estudo de sua evolução estrutural de interações. Isto é, procurou
responder as questões de como era a demanda de seus insumos pelos Primário e
Secundário, qual era sua estrutura de interação e o impacto de variações na produção
entre os demais segmentos produtivos da economia. Além de fazer uso da metodologia
de insumo-produto, utilizou também os Multiplicadores de Produto e Emprego e os
índices relacionados ao encadeamento produtivo tais como o de Rasmussen-Hirschman
(RH). O autor aplicou a metodologia para os anos de 2000 e 2005. Seus principais
resultados indicaram que havia alta capacidade de geração de emprego por parte do
setor de serviços, mas baixa capacidade de geração de produto. Também encontrou
inexistência de atividades de Serviços como setor-chave em ambos os anos.
Já Pereira (2014), avaliou se o processo de terciarização da economia brasileira,
entre os anos de 2000 e 2009, deslocou força de trabalho para atividades com maior
contribuição para o crescimento. Utilizou a metodologia da matriz de insumo-produto,
dos multiplicadores de produção e emprego, dos índices de RH e de GHS. Concluiu que
o setor de serviços elevou sua participação de emprego na economia, mas o rendimento
médio do setor e a produtividade caíram, uma vez que a terciarização brasileira é
sustentada com baixos salários, efeitos multiplicadores em salário e produto e índices de
ligação. Não encontrou setores-chave por RH, mas encontrou Comércio, Intermediação
Financeira e Transporte Terrestre como atividades-chave pelo método de GHS.
Lugli (2015) analisou de forma detalhada o setor de serviços no Brasil entre os
anos de 2000 e 2012. O estudo compreendeu o entendimento da mudança estrutural
dentro do terciário, dinâmica e seus impactos sobre o desenvolvimento econômico
23
brasileiro. Na metodologia usou também as matrizes de Insumo-Produto. Dentre alguns
resultados, a autora não encontrou setores-chave do setor de Serviços para a economia
ao utilizar o índice de RH. Também notou que os multiplicadores de emprego são muito
baixos em relação aos da indústria, em que se destaca o refino de petróleo e coque e
produtos de fumo.
Assim, além da Introdução, o trabalho está dividido em mais quatro capítulos com
subcapítulos. O Capítulo 2 inicia com um resumo por viés histórico, cujos detalhes
mostram as principais decisões que fomentaram a alavancagem da estrutura produtiva
brasileira. Em seguida, é apresentado um quadro com alguns indicadores
macroeconômicos relacionados ao Produto Interno Bruto para se capturar o cenário
econômico nacional. Ainda no capítulo são abordados dois temas que tentam explicar a
crescente participação de Serviços na economia, a desindustrialização e reflexões
teóricas e empíricas acerca do Setor de Serviços no Brasil. Finalmente, são apresentadas
algumas contribuições de outros autores para a problemática aqui determinada.
O capítulo 3 é o capítulo onde a metodologia é exposta. Esta é baseada na Matriz
Insumo-Produto (MIP) de 2015, provida pelo IBGE. A partir desta, uma série de índices
são aplicados.
O capítulo 4 traz os resultados de todas as aplicações sobre a MIP. Apresenta
análises objetivas baseadas nas métricas obtidas e em seguida são verificados os
aspectos qualitativos. Além disso, comparam-se os resultados de trabalhos anteriores
com o do presente estudo.
O Capítulo 5 traz as considerações finais com um resumo geral do que foi
encontrado na pesquisa, as principais perspectivas, respostas para os problemas
propostos, limitações encontradas e sugestões futuras.
Há também um apêndice que traz os quadros com os resultados encontrados nos
indicadores.
24
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tenta prover uma visualização panorâmica da estrutura produtiva
brasileira em termos históricos, dos principais debates, de alguns indicadores
estatísticos e trabalhos correlacionados com o escopo deste estudo. Acredita-se ser apoio
necessário para ajudar a entender o desenvolvimento intertemporal da estrutura
produtiva nacional, de modo que se possa contextualizar aos resultados obtidos nesta
pesquisa.
É sabido que existem diversas opções para se abordar o processo histórico
econômico nacional. Dentre estas, o viés do planejamento governamental é escolhido e
resumido aqui, ainda que já tenha sido extensamente explorado na literatura. Explica-se
pelo fato de que grande parte da estrutura produtiva moderna brasileira foi
impulsionada, de alguma maneira, por várias decisões estratégicas de governos que
passaram, sobretudo, a serem mais ativos a partir da Era Vargas. Isto se verá em
seguida, a partir do item 2.1.
2.1 SÍNTESE HISTÓRICA PELO VIÉS DO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL
A análise histórica aqui apresentada é fundamentada nas políticas de
planejamento, uma das principais artífices para o fortalecimento da estrutura produtiva
nacional. Para o Brasil, Tavares (1998) analisa que o processo de acumulação de capital
oriundo do complexo cafeeiro e sua diferenciação urbano-rural explicariam o
surgimento da indústria bem como sua articulação com o movimento cíclico da própria
economia cafeeira. O assalariamento e a urbanização criou um mercado interno em
expansão de bens o qual abriu alternativas para aplicações de capitais financeiros,
inclusive voltados à indústria, ainda que não tão rentáveis, a princípio. Tais
investimentos se materializavam quando não havia espaço no núcleo básico do café. O
desenvolvimento da indústria no Brasil não passou pelo processo clássico de
industrialização com uma acumulação ―originária‖ e a passagem da manufatura para a
grande indústria. No país, nasceu certa grande indústria que produzia bens de consumo
e em seguida a indústria leve de bens de produção.
Este estágio corresponderia à primeira fase de industrialização caracterizada pela
predominância dos interesses dos setores comercial e agrícola, com rara intenção de
industrializar o Brasil. Já a segunda fase compreenderia o período dos anos 1930 e 50,
25
quando a política econômica passou a apoiar o crescimento da produção industrial
(Suzigan, 1975). É a partir da era varguista que surge uma política deliberada de
desenvolvimento industrial, sendo esta apresentada por Vargas a qual mostraria
contornos precisos de um planejamento governamental (nacional) desenvolvimentista
(Suzigan, 1975; Bastos, 2009).
Este período inicial consolidou os segmentos produtores de bens de consumo não
duráveis, duráveis menos complexos, alguns empreendimentos de produtos
intermediários e bens de capital no processo de substituição de importações. O próximo
grande programa seria o Programa de Metas (1956/60) que atribuía prioridade absoluta
à complementação industrial. Contudo, já em 1962, elaborava-se o Plano Trienal para o
período 1963/65 cuja conjuntura econômica apresentava desgaste do modelo de
substituição de importações, com o agravante de aceleração da taxa de inflação e queda
da taxa de crescimento. Abandonado o plano Trienal, sobretudo decorrente de
instabilidade política, adotou-se o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG)
(1964/66) que pouco se diferenciava do anterior, mas com foco no controle do processo
inflacionário (Guimarães e Ford, 1975).
Vindo a público em 1967, o Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED)
para o período 1968/70 seria um novo ponto de inflexão na história econômica
brasileira. Imbuído de ideário progressista, poderia ser resumido a partir daquele que
seria o futuro Ministro da Fazenda:
―O ideal que desejamos atingir pode resumir-se em duas proposições básicas:
1) a maximização da taxa de desenvolvimento econômico do
País, com uma extensão tão rápida quanto seja possível dos benefícios de tal
desenvolvimento a todos os cidadãos;
2) uma descentralização do poder político que torne possível a
todos os cidadãos desfrutar, livremente, desses benefícios.‖ (DELFIM
NETTO, 1966, p. 11)
Contudo, nem a primeira e nem a segunda proposição vingaram no curto prazo,
exceto o rápido e exuberante crescimento que o país vivenciou no período 1967/73.
Conforme atesta Lago (1990), o PED intencionava operar no momento inicial por meio
de melhor utilização da capacidade existente até então, em seguida elevar a taxa de
investimento, cujo este governamental deveria ser concentrado em infraestrutura,
mineração, habitação, saúde, educação e agricultura. Também enfatizava promover uma
redução progressiva da participação do setor público global. Como consequência do
PED, o Brasil apresentou taxas de crescimento superiores a 8% desde 1968, culminando
26
em torno de 10% em 1973. Além disso, foi celebrado o controle inflacionário e o
balanço superavitário. Este suposto milagre foi ―[...] o corolário da aplicação de um
modelo econômico bem estruturado e acompanhado de um bom tempero de
pragmatismo [...]‖ (SIMONSEN; CAMPOS, 1974, p.1).
O documento de Metas e Bases para o período 1970/71 dava continuidade à
ênfase do PED com prioridades na educação, saúde, saneamento, agricultura e
abastecimento, desenvolvimento científico e tecnológico e o fortalecimento da
competitividade da indústria nacional. Já o I Plano Nacional de Desenvolvimento
(PND) entra em uma conjuntura distinta quando da elaboração do PAEG e do PED, pois
sua formulação era baseada na retomada do processo de crescimento e manutenção de
elevada taxa de expansão. Seus objetivos incluíam colocar o Brasil no rol das nações
desenvolvidas, duplicar até 1980 a renda per capita, alcançar taxas de crescimento na
ordem de 8% a 10%, expandir o emprego e reduzir a inflação (Guimarães e Ford, 1975).
O II PND foi o último grande plano e trouxe como aspiração principal levar o país
à fronteira do desenvolvimento pleno, cuja configuração definitiva seria o Brasil com
perfil industrial. A ênfase seria dada nas Indústrias Básicas, sobretudo o setor de Bens
de Capital e Eletrônica Pesada, assim como a produção de Insumos Básicos, cujo intuito
ainda se mantinha no ideário de substituição de importações. Além destes setores
considerados prioritários, entrou na pauta a mineração (Lessa, 1998).
O modelo para subsistir em seu intento se valeu principalmente de endividamento
externo, seja pelas empresas estatais, seja por empresas privadas que, posteriormente,
acabaram por socializar suas dívidas. Não se tratava de algo incomum para a época esse
tipo de mecanismo. Contudo, com as duas crises do petróleo de 1973 e 1979, o
programa teve de alterar suas táticas, mas conservava a estratégia de desenvolvimento a
qualquer custo em essência como o original. Isso pode ser observado, conforme
Hermann (2005), com os embates de Simonsen, cuja baixa tolerância à inflação e
preconização de necessidade de recessão descontentou o empresariado nacional, além
de gerar sérios debates. Sua renúncia foi o apogeu da questão que levou Delfim Netto a
assumir o Ministério do Planejamento em 1979.
O fato foi que se criou um grande endividamento externo com consequências
macroeconômicas futuras. Dado que as crises internacionais fizeram aumentar os juros
da dívida e surgiu relativo clima de instabilidade com aversão aos riscos relacionados
aos países em desenvolvimento, principalmente após a moratória mexicana de 1982,
que contraiu a cessão de investimentos oriundos do exterior, o Brasil entrou numa
27
espiral de insolubilidade da dívida externa e aumento inflacionário. Porém, se por um
lado alguns autores atestam o II PND como fracasso (Lessa, 1977), outros veem que o
intento foi praticamente um sucesso (Hermann, 2005), o qual levou o país a ter uma
estrutura que não mais caracterizaria o subdesenvolvimento (Castro e Souza, 1985).
Após o II PND, embora houvesse sido elaborado o III PND em 1979, dada a
conjuntura econômica da época, este sequer funcionou como plano, mas apenas como
um conjunto de intenções. Já na Nova República, seguiram-se o I Plano Nacional de
Desenvolvimento da Nova República, o Plano de Ação Governamental (ambos
anteriores à Constituição de 1988) e os Planos Plurianuais (91, 96 e 2000). Este
conjunto de planos do período pós – II PND até 1996 é praticamente a falência do
planejamento no Brasil, consumado com enorme descrédito de seu potencial. É somente
a partir de 1996 que há a retomada da importância do planejamento (Matos, 2002).
Findado os problemas estruturais de 1981/84 no que diz respeito à falta de balança
superavitária, o novo viés de importância econômica se concentrou na estabilização
econômica por meio do combate à inflação. De 1985 a 1994 podem-se destacar os
planos Cruzado I, Bresser, Verão, Collor I, Collor II e, finalmente, o Plano Real.
Alcançada a estabilização inflacionária, o período de 1995-2002 foi marcado, de acordo
com Giambiagi (2005), com reformas aprofundadas em termos de privatizações, fim
dos monopólios estatais nos setores petrolíferos e de telecomunicações, mudança do
capital estrangeiro, saneamento do sistema financeiro, reforma (parcial) da Previdência
Social, renegociação das dívidas Estaduais, aprovação da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), ajuste fiscal a partir de 1999, criação de agências reguladoras de serviços
de utilidade pública e estabelecimento do sistema de Metas de Inflação.
A nova orientação de diminuição da participação do Estado na estrutura produtiva
econômica acompanhada da LRF trouxe mudanças institucionais cuja intenção era
fechar os canais de descontrole monetário, desmontar a forma de atuação do Estado
modelado sob a égide do PAEG e, ao mesmo tempo, intervir na disciplina dos entes
subnacionais. Definir-se-ia a integração da economia brasileira ao movimento da
economia globalizada. Ainda assim, apesar de tais restrições impostas, e sem
desrespeitá-las, o período de 2003/11 é marcado novamente por um aparente caráter
desenvolvimentista cujo alvo era acelerar o crescimento. O Plano de Aceleração ao
Crescimento (PAC), iniciado a partir de 2007, trouxe de volta o espírito do
planejamento. Articularam-se ações entre empresas públicas e privadas, instituições
públicas e de instrumentos fiscais apoiariam o crédito, cujos esforços eram direcionados
28
a projetos de infraestrutura e programas sociais. Além de políticas anticíclicas contra a
eclosão da crise mundial de 2008, ações sistêmicas de apoio ao campo industrial são
tomadas tal como a Política de Desenvolvimento Produtivo (Lopreato, 2013).
Já em agosto de 2011 foi anunciado o Plano Brasil Maior (PBM) que apresentava
um conjunto articulado de medidas de apoio à competitividade do setor produtivo
brasileiro baseado em política industrial, tecnológica e de comércio exterior pelo
governo federal. Estas medidas podiam ser dividas em três blocos que enfatizavam os
propósitos de redução dos custos dos fatores de produção e oferta de crédito para
investimentos; desenvolvimento das cadeias produtivas, indução de desenvolvimento
tecnológico e qualificação profissional e; por fim, promoção das exportações e defesa
do mercado interno. No seu curto espaço de tempo até 2014, fora diagnosticado que a
política industrial tinha contribuído para impedir uma recessão no Brasil e garantido
crescimento de emprego e qualidade de renda da população brasileira (ABDI, 2014).
Tal estratégia industrialista já sinalizava contradições em 2013 devido à elevação
da taxa de juros e o abrir de mão por parte do governo da regulação cambial. A partir de
junho de 2013 a política fiscal teve um escopo expandido para compensar os impactos
negativos do aumento de juros (Mello e Rossi, 2017). Ainda em um cenário adverso, ao
final de 2014, diante de novos choques econômicos, ocorreu forte desaceleração da
atividade. Disto acarretou retração de arrecadações e pioras significativas de resultados
fiscais. Como consequência, medidas restritivas foram adotadas em 2015, que levou a
um dos maiores ajustes fiscais da história recente (Dweck; Teixeira, 2017).
Por fim, conforme Oreiro e Marconi (2016), o final de 2015 apresentou um
cenário econômico com retração do PIB anual na ordem de 3,8%, desemprego perto de
9% e inflação por volta de 11%. Dado que para os autores a indústria de transformação
seria a locomotiva de crescimento da economia no longo prazo, a estagnação da
produção industrial foi responsável também pela estagnação do PIB. Isto seria derivado
do fato de que o estímulo de demanda transbordava para o exterior na forma de
importação e o setor de serviços tradicional (não vinculado às operações industriais), de
menor produtividade, foi beneficiado pela apreciação cambial.
29
2.2 INDICADORES DE PIB E DEBATES ATUAIS
Conforme dito anteriormente, este estudo tem como objetivo verificar as ligações
intersetoriais entre as atividades produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto,
com especial atenção para o Setor Terciário. Isto permite responder qual o impacto de
Serviços para o estímulo das atividades econômicas no Brasil, dado que sua
participação relativa ultrapassou 70% do Produto Interno Bruto na década de 2010. Um
suporte estatístico e teórico, baseado nos principais debates, ajuda a explicar o porquê
do ganho de participação do Terciário. Este subcapítulo tenta contribuir ao prover
detalhes de alguns indicadores econômicos interessantes ao objeto de estudo, o caso da
―desindustrialização‖ e o entendimento do que seja ―Serviços‖, bem como suas
características.
Os indicadores econômicos retratam como têm sido o desempenho nas últimas
décadas do PIB brasileiro. Além disso, este é dividido em participações compostas por
Agropecuária, Indústria e Serviços, conforme metodologia de IBGE (2007). A partir de
então, graficamente, é possível retirar informações visuais da composição da estrutura
produtiva brasileira.
O resgate do tema de desindustrialização é relevante ao trabalho porque traz
possíveis respostas teóricas e empíricas que ajudam a explicar o processo de
transformação estrutural que culminou com o domínio do Terciário no país. Assomado
aos indicadores, fica viável tecer algumas considerações de como foi o processo de
domínio do Setor de Serviços, intertemporalmente, na economia nacional. Contudo, o
texto apenas tenta fornecer um suporte básico, sem aprofundamento no assunto, de
modo que é recomendável consulta bibliográfica apresentada no final do texto principal,
caso existam maiores interesses no tema.
Analogamente, ainda neste subitem, faz-se breve relatório de discussões inerentes
às conceituações de ―Serviços‖. O texto levanta a dificuldade de sua definição e
características. Além disso, recupera trabalhos inerentes às últimas pesquisas
relacionadas quanto ao caso brasileiro, no que se refere às tendências do setor. Tal
perspectiva colabora no entendimento dos resultados obtidos conforme o objetivo
proposto.
30
2.2.1 INDICADORES ECONÔMICOS
O Produto Interno Bruto do Brasil (PIB), a preços de 2018, de acordo com dados
do Banco Central Brasileiro e IBGE, mostrou inclinação positiva desde 2010 até 2014.
Houve queda no PIB de 2014 a 2016 e a partir daí começou a haver uma recuperação
gradual. O desempenho do PIB pode ser visto no gráfico da Figura 1.
Figura 1: Produto Interno Bruto brasileiro, em milhões de reais a valores de 2018, de
2010 a 2018.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central Brasileiro e IBGE.
As quedas do PIB nos anos de 2015 e 2016 estão na faixa de 3,55% e 3,31%
respectivamente. Castro e Camara (2017) avaliam que uma das principais causas para as
retrações está relacionada às questões dos desencontros políticos da época, que afetou as
conduções das políticas econômicas. Tal fato notadamente ficou evidenciado no
aumento da taxa de desocupados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD). Já Carvalho (2018), avalia que os números revistos apontam a queda de 2015-
2016 para em torno de 8,2%. O gráfico das taxas de crescimento conforme dados do
Banco Central Brasileiro e do IBGE podem ser visualizados no gráfico 2.
31
Figura 2: Taxa de crescimento do PIB brasileiro, de 2010 a 2018.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central Brasileiro e IBGE.
No que diz respeito à estrutura produtiva do Brasil, a Figura 3 mostra a
composição relativa do PIB entre os setores da economia para os anos de 1947 a 2013 a
valores de 2000. Verifica-se que, a partir de meados da década de 1980, há aumento
significativo do ganho relativo de participação do Setor de Serviços. Visualmente, há
correlação negativa entre este e a Indústria1. A Agropecuária demonstra queda relativa
até a metade da década de 1990, quando aparenta ter adquirido certa estabilidade. Com
esta análise, entende-se que Serviços ganhou importância percentual não apenas sobre o
Setor Industrial, mas também sobre o Agropecuário.
Cabe, contudo, certas ressalvas, a primeira é que a década de 1980 até 1994 foi
bastante marcada por problemas crônicos de inflação e cambiais. Bem como uma série
de planos baseados em congelamento de preços foram postos em prática. De acordo
com Bonelli e Pinheiro (2012), as perdas da indústria de transformação foram mais
acentuadas em 1981-83 e 1987-92 (neste caso coincidiu com anos de abertura comercial
mais intensa) e durante períodos de valorização do câmbio real (1996-99 e 2004-09). A
segunda grande ressalva diz respeito ao processo de avaliação metodológica do IBGE
que não foi constante ao longo do tempo.
1 Coeficientes de Correlação, usando as observações 1947 – 2013, 5% valor crítico (bicaudal) = 0,2404
para n = 67, apontam correlação entre Agropecuária e Indústria = -0,1882, Agropecuária e Serviços = -
0,6628 e Serviços e Indústria = -0,6107.
32
Figura 3: Composição (%) do PIB do Brasil em relação aos setores entre 1947 e 2013.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IPEADATA e IBGE.
Já ao se analisar a série de 1995 a 2017, a preços de 2010, cuja metodologia do
IBGE não contempla o período de maior volatilidade inflacionária, a tendência do
ganho de espaço de Serviços, em termos relativos, também é evidente em comparação
com a série a partir de 1947. O gráfico em colunas da Figura 4 mostra forte evidência da
grande presença do Setor de Serviços, quando a partir de 2014 ultrapassa 70% de
participação relativa no sistema produtivo para não mais cair abaixo desse patamar. A
Indústria mantém queda de 2010 a 2017, mas aparenta estabilidade, assim como o setor
Agropecuário.
Figura 4: Composição (%) do PIB do Brasil em relação aos setores entre 1995 e 2017.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
19
47
19
51
19
55
19
59
19
63
19
67
19
71
19
75
19
79
19
83
19
87
19
91
19
95
19
99
20
03
20
07
20
11
Agropecuária
Indústria
Serviços
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
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Agropecuaria
Industria
Serviços
33
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IPEADATA e IBGE.
Observa-se que estes indicadores econômicos corroboram uma era
preponderantemente dominada por serviços, na participação relativa do PIB brasileiro,
na mesma tendência já observada por Téboul (1999) em nível mundial. Dentre as várias
vertentes que tentam explicar essa questão, destacam-se dois grupos de pesquisas:
Primeiro aqueles que defendem uma causa relacionada à desindustrialização. Segundo
aqueles que veem Serviços como um processo de desenvolvimento natural econômico.
Um breve resumo de ambos os debates são mostrados nos itens 2.2.2 e 2.2.3
subsequentes.
2.2.2 DESINDUSTRIALIZAÇÃO
Conforme exposto, o tema de desindustrialização é de relevo ao trabalho. Isto
porque apresenta um debate teórico e empírico no qual apresenta uma alternativa para
compreender o processo de transformação estrutural, que culminou com o domínio do
Terciário. O texto aqui se limita a discutir sua tipologia, mas apresenta alguns escritos
que discutem o fenômeno, em nível nacional. Os principais questionamentos gravitam
em torno de tentar entender se a desindustrialização é benéfica ou prejudicial ao país e
se isso traz como consequência uma maior preponderância do setor de Serviços no
Brasil.
Ante de discutir a desindustrialização, é necessário comentar acerca da indústria,
um dos temas mais recorrentes na história do pensamento econômico. Além das fortes
relações comerciais que propulsionaram o sistema capitalista, a questão industrial é,
talvez, o âmago deste, desde seus primórdios. A partir da Indústria foram argumentados
a Divisão do Trabalho por Adam Smith (1723-1790), a Mais-Valia por Karl Marx
(1818-1883), a economia de aglomeração de Alfred Marshall (1842-1924), o modelo de
―big-push‖ de Rosenstein-Rodan (1902-1985). Foi também argumentado como o
caminho para o desenvolvimento pela Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe (CEPAL), nos anos de 1948-60, dentre muitos outros temas organizados por
autores e agências pesquisadoras.
Dentre outras qualidades, a Indústria gera empregos diretos e indiretos e provém
ampliação de encadeamento entre os vários setores econômicos. A capacidade de
ampliar tais efeitos permite o acesso ao consumo a uma variedade de produtos. Estes
aspectos virtuosos podem ser vistos no trabalho de Squeff (2012), que abrange a
relevância da Indústria por meio de Nicholas Kaldor (1908-1986). Neste, destaca-se que
34
o setor detém nível de produtividade maior que os demais, locus onde ocorre grande
parte da inovação tecnológica, economias de escala que permitem crescimento mais
rápido que o Produto, e o dinamismo intersetorial que gera externalidades positivas ao
resto da economia.
Todos esses efeitos benéficos podem ser alterados quando ocorre a
desindustrialização. Neste caso, segundo Oreiro e Feijó (2010), o conceito ―clássico‖ de
―desindustrialização‖ está em muito associado a uma redução persistente tanto da
participação do emprego industrial quanto do valor adicionado total de um país ou
região. Em regra geral, vê-se que, ainda que haja uma redução absoluta da produção em
termos físicos, não necessariamente ocorre desindustrialização, uma vez que a medida
que a qualifica se pauta nas variáveis valor adicionado e emprego em termos relativos
ao restante da economia. Disto deriva dois tipos conceituais de desindustrialização
bastante citados na literatura, a ―positiva‖ e a ―negativa‖:
1) Desindustrialização ―positiva‖: Neste caso, a redução de emprego industrial e
valor adicionado total pode ser acarretada em função da transferência para o exterior das
atividades manufatureiras mais intensivas em trabalho e/ou com menor valor
adicionado. Caso ocorra um aumento produtivo decorrente de melhoria tecnológica e
maior valor adicionado na pauta de exportações, a desindustrialização pode ser
considerada ―positiva‖ (Oreiro e Feijó, 2010).
2) Desindustrialização ―negativa‖ ou no sentido ―pejorativo‖: Nesta situação não
há melhorias tecnológicas industriais nem tampouco transferências de atividades na
forma mão de obra intensiva ao exterior. Contudo, podem surgir agravantes de retorno à
exportação de bens primários, inclusive, decorrente de questões macroeconômicas
associadas tais como apreciação da taxa real de câmbio resultante da descoberta de
recursos naturais escassos num determinado país ou região (Oreiro e Feijó, 2010).
Na literatura, uma explicação bastante comum das causas da desindustrialização é
o caso da ―Doença Holandesa‖, muito levantado por Bresser-Pereira (2008) e de ordem
macroeconômica. O autor a define como uma falha de mercado decorrente da existência
de ―recursos humanos‖ ou ―naturais‖ que sobrevalorizam a moeda de um país por
tempo indeterminado. Isso faz com que a produção de bens comercializáveis que
utilizam tecnologias mais atuais não seja lucrativa. Se um país sofre de Doença
Holandesa, é a demanda pela manufatura da indústria local que está ―doente‖. O país
pode incorrer na desindustrialização precoce e voltar à condição de especialização em
indústrias intensivas em recursos naturais.
35
Com base nessas conceituações expressas acima, os países desenvolvidos teriam
passado por algum tipo de desindustrialização já a partir da década de 1970 e a América
Latina, a partir dos anos 1990. (Oreiro e Feijó, 2010). Cardoso et al. (2012) apontam
que o caso mais comum de desindustrialização ―positiva‖ é a observada nos países
desenvolvidos. Estes transferem produção com menor valor agregado ou intensivo em
trabalho para países em desenvolvimento. Os produtos nacionais intensivos em
tecnologia e com alto valor agregado aumentam, de modo que estes passam também a
fazer parte da pauta de exportação. Nesta situação não ocorria desemprego, pois os
trabalhadores passaram a ser empregados naturalmente no setor de serviços,
caracterizando o sucesso do desenvolvimento econômico no país.
No trato à questão nacional, Nassif (2008) verificou se o Brasil sofreu algum
processo de desindustrialização seja por via da ―doença holandesa‖, seja pela via
―natural‖, isto é, quando um país já atingiu determinado estágio avançado econômico e
passa a desindustrializar. Observou também queda da participação industrial no PIB na
segunda metade dos anos 1980 em meio a um cenário de forte retração da produtividade
do trabalho e estagnação econômica. Já entre 1991 e 1998, houve manutenção do peso
da indústria, com aumento na produtividade do trabalho, mas com queda na formação
bruta de capital fixo. Após 1999 houve retração da produtividade e continuidade de
baixas taxas de investimento. O autor encontrou que desde o período de 1990 até os
anos 2000 não teria ocorrido ―desindustrialização‖.
Oreiro e Feijó (2010) analisaram o caso brasileiro e encontraram evidências
conclusivas de desindustrialização, no sentido ―pejorativo‖, no período de 1986-1998.
Já para o período posterior à mudança de regime cambial, a desindustrialização não
pode ser tão conclusiva por conta da metodologia de apuração das Contas Nacionais
pelo IBGE em 2007. Segundo os autores, a mudança inviabilizou a comparação entre as
séries da participação do valor adicionado na indústria no PIB nos períodos anterior e
posterior a 1995. Ainda assim, verificaram perda de importância relativa da indústria e
fortes sinais de ―doença holandesa‖ no Brasil. Isto se deveria ao fato de que setores
intensivos em escala, diferenciado e baseado em ciência, tiveram participação no valor
adicionado da indústria reduzida na ordem de 53,72% em 1996 para 50,15% em 2004.
Bonelli e Pessôa (2010) verificaram pouca evidência indicativa de
desindustrialização, no sentido ―pejorativo‖, no Brasil. Contudo, observaram que
haveria o risco de ocorrer o caso da ―Doença Holandesa‖ no país. Os principais
resultados decorrentes de suas pesquisas indicaram que:
36
Houve breve perda de participação da indústria desde os anos de 1970.
Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a
ocupação manufatureira teve pequeno aumento de 1992 a 2008.
Com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME-IBGE) houve perda de
importância da indústria desde 1991.
Os dados de emprego das Contas Nacionais indicaram que não houve perda de
participação do emprego industrial entre 1992 e 2007 sobre o total.
Pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), houve evolução de
emprego formal na participação industrial entre 1995 e 2009, embora
concentrada entre 1995 e 1998.
Pela Pesquisa Industrial Anual (PIA-IBGE) houve forte aumento de emprego
desde 1996 até 2007.
Houve forte aumento de investimento entre os anos de 1996 e 1997.
Já Morceiro (2012) concluiu que está em curso um processo de
desindustrialização, no sentido ―pejorativo‖, reiniciado desde 2005, tornando-se agudo
nos anos 2009-2011. Com exceção de 1999 a 2004, o fenômeno, vem acontecendo
desde a segunda metade dos anos 1980. Já no período recente à sua pesquisa, houve
geração expressiva de emprego que poderia contradizer a conclusão principal. Contudo,
observou que a desindustrialização brasileira ocorre pelo encolhimento de valor
adicionado manufatureiro no PIB, tanto em valores correntes, quanto constantes.
Também, pela deterioração da posição da indústria de transformação local frente ao
exterior. Esta se manifesta em três modos: nível de demanda, estrutura de demanda e
investimentos.
Squeff (2012) obteve resultados antagônicos que tanto corroboram, quanto
contrariam a hipótese de que o Brasil passa por um processo de desindustrialização no
sentido ―pejorativo‖. A avaliação foi baseada na estrutura e dinâmica da indústria de
transformação vis-à-vis o restante da economia e sob a ótica intraindustrial a partir da
classificação econômica, segundo a intensidade tecnológica da OCDE. Dos principais
resultados, encontrou:
Redução da participação da indústria de transformação no valor adicionado
total desde meados dos anos 1980.
Uma forte associação entre a razão deflator da indústria de transformação e o
deflator do PIB, o qual proveu reforço na justificativa teórica em que mudanças
37
de preços relativos é artefato estatístico. Isto contrariou a hipótese de
desindustrialização prematura, visto que claramente a mudança metodológica
de 1995 por parte do IBGE beneficiou o setor de serviços em detrimento dos
demais setores.
Que dentro da indústria de transformação não houve concentração de baixo
valor adicionado e de ocupações em atividades de baixo valor agregado.
Que desde 1995 a proporção das ocupações na indústria de transformação em
relação às ocupações totais está praticamente constante.
Outras perspectivas de desindustrialização são consideradas no estudo de Hiratuka
e Sarti (2015). Os autores chamaram atenção para a ascensão chinesa – e outros
produtores asiáticos - que combinam custos de trabalho, escala, câmbio e incentivos
governamentais potentes. Nesta situação, a estrutura brasileira se defronta com acirrada
competição oligopolística global que reforça ativos, sobretudo intangíveis, como
marcas, canais de comércio, tecnologias, que comandam cadeias globais de valores.
Observaram que, frente aos novos desafios, soluções simples, para a problemática da
desindustrialização, tais como ajustes de taxas de câmbio, são insuficientes. Sugerem,
para a resolução do problema, principalmente, adequações nos âmbitos institucionais,
de modo que estas sejam pautadas em políticas industriais, científicas e tecnológicas.
Finalmente, destacam-se alguns trabalhos que resumem os principais debates a
respeito de desindustrialização e suas vertentes, tais como o de Vergnhanini (2013).
Além de conceituações teóricas acerca do tema, Torres e Cavalieri (2015) também
apresentaram críticas em relação a indicadores usuais de diagnóstico de
desindustrialização, em especial o valor da transformação industrial e o valor bruto da
produção industrial.
38
2.2.3 SERVIÇOS
Faz-se necessário, dado o escopo deste trabalho, um breve entendimento a
respeito do setor de Serviços no que tange sua conceituação, características e
revisitações de trabalhos recentes, principalmente no caso brasileiro. O debate de
Serviços se estende desde os pensadores clássicos econômicos até os dias de hoje.
Enquanto a definição de Indústria pode ser derivada de suas características produtivas,
de maneira simples, a conceituação de Serviços já tem por origem de dificuldade a
própria significação de seu caráter produtivo. Suas características são evidenciadas por:
Heterogeneidade: Ampla faixa de atividades que vão desde transportes a um
trabalho de emprego doméstico.
Dinamicidade: Há segmentos que deixam de existir e outros são criados
rapidamente tais como um designer de páginas de Internet, novos cortes de
cabelo e outros. Alterações de processos produtivos, aumentos de
produtividade, etc. são mais comuns e velozes em comparação com os setores
Secundário e Primário.
Intangibilidade: Mais marcantes no setor Terciário, serviços são, em sua
maioria, produzidos e consumidos ao mesmo tempo, embora agora possam ser
estocados em mídias, por exemplo.
É esta última característica o centro de atenções no que concerne ao seu caráter
conceitual produtivo, do que acaba sendo considerado ―produtivo‖ ou ―improdutivo‖
conforme o viés do pensador econômico. Isto já era discutido desde os autores clássicos,
sem chegar a um acordo propriamente dito. Tal debate mais aprofundado a respeito da
temática pode ser visto em Kon (2015).
Desta maneira, muitas das tentativas de conceituar Serviços têm como origem as
características acima descritas. Além disso, comparações são feitas com produtos ou
processos dos demais setores. Para clarificar, Melvin (1995) observou que uma das
maiores dificuldades encontradas no que diz respeito a Serviços é medir sua produção e
definir exatamente o que são serviços e como eles diferem de mercadorias
convencionais. Isto é, como dizia Walker (1985), serviços não seriam tangíveis e,
consequentemente, não possuiriam forma como produtos.
Ainda na busca do entendimento para sua definição, Kon (2015) analisou,
ilustrativamente, que a característica da simultaneidade entre seu fornecimento e
consumo pode constar, agora, em etapas diferentes ou não. Isto é, ao longo do tempo as
definições e classificações teóricas podem se diferenciar em virtude da evolução de
39
atividades outrora tradicionais, bem como a criação de novas modalidades. Ou seja, as
várias mudanças conceituais são derivadas da própria dinâmica de serviços no contexto
econômico. Para ser mais claro ainda, o conceito de Serviços é mutável. Se antes, por
exemplo, havia uma característica fundamental de intangibilidade ou incapacidade de
estocagem, hoje é possível materializar atividades, tais como aulas gravadas em discos
ou mesmo armazenadas em um servidor na Internet.
Dentre os vários exemplos de conceitos teóricos, pode-se citar Meirelles (2006)
em que Serviço é definido como ―[...] trabalho em processo, e não o resultado da ação
do trabalho; por esta razão elementar, não se produz um serviço, e sim se presta um
serviço‖ (MEIRELLES, p. 16, 2006). Mais prática, no entanto, é a abordagem de Clark
(1940) que fez uma divisão da economia em três setores. Serviços, como produção
terciária ―[…]is defined by difference as consisting of all other economic ativities […]‖
(CLARK, pg. 182, 1940). Contudo, tratar Serviços como um setor residual implica em
outra questão, que é identificar de onde e até que lugar vão seus limites, conforme
analisado por Téboul (1999). Para o autor, há pouca pertinência na distinção entre
Indústria e Serviços: ―[...] os serviços não podem prosperar na ausência de um setor
industrial poderoso, e a indústria depende dos serviços.‖ (TÉBOUL, p. 18, 1999).
Para a base deste estudo, utiliza-se a compreensão e medição de produção do
setor, no Brasil, com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Esta
tem como princípio o agrupamento de unidades econômicas com base em similaridades
de produção. O conceito de similaridade de processo de produção é aplicado
estritamente no nível de classe, isto é, trabalha-se com homogeneidade de atividade
econômica (IBGE, 2007). A atividade principal é identificada com base no principal
processo produtivo da unidade analisada. Por exemplo, um estabelecimento comercial
pode, além de vender, também instalar um ar condicionado. Então, neste caso, a
atividade principal seria o comércio, logo, a unidade é partícipe do setor de serviços e
não do industrial.
No tocante ao ganho de espaço relativo do Setor de Serviços no país, vale destacar
alguns trabalhos. Melo et al.(1998) chamaram a atenção de que a expansão de Serviços
no Brasil seguiu a mesma trajetória que a internacional, desde os anos de 1970, com a
industrialização e a urbanização acelerada dessa década.
Já Silva et al. (2006) buscaram compreender as questões relacionadas à inovação
tecnológica e crescimento produtivo dos serviços mais dinâmicos, principalmente de
consumo intermediário, no Brasil. Dentre os principais resultados, encontraram que:
40
Serviços empresariais intensivos em conhecimento corroboram a inovação
tanto no próprio setor quanto na Indústria.
No Brasil, existe uma concentração espacial maior em Serviços que na
manufatura. Contudo, no Centro-Oeste, a expansão agrícola não resultou em
atração de Serviços na região.
Empresas de capital estrangeiro são, em maioria, mais produtivas que as de
nacional.
Analogamente, nas empresas de software, os mercados menos dinâmicos são
dominados por empresas de capital nacional e nos segmentos de maior valor
agregado, de estrangeiras.
Na atividade de transporte de cargas, existe participação desproporcional do
modal rodoviário, que impacta em todos os setores necessitários de escoar seus
bens nos mercados interno e externo.
No relatório da Confederação Nacional da Indústria (2014), é encontrado que
Indústria e Serviços se complementam, de modo que o consumo intermediário de
Serviços aumentou ao longo do tempo. O valor adicionado, em termos relativos, atingiu
níveis comparáveis aos de economias ricas, como o de 2011, na ordem de 64,5%.
Porém, Serviços pouco contribui para elevar a competitividade industrial, seus preços
são elevados e de baixa qualidade. Outros resultados são que:
A elevada participação do setor no valor adicionado da indústria se deve,
principalmente, às mudanças de preços relativos.
Não há um padrão de relação comum entre serviços e indústrias, há elevada
heterogeneidade.
As maiores despesas industriais com serviços estão relacionadas aos
financeiros e de manutenção prestados por terceiros.
O perfil de consumo de serviços está ligado ao perfil tecnológico da indústria.
O Brasil já é grande consumidor de serviços importados.
Na literatura, também são encontrados vários estudos a respeito de serviços
intensivos em conhecimento. Um destes é o de Costa (2014), cujo objetivo foi
investigar as externalidades positivas geradas por uma análise dos serviços de
Tecnologia de Informação (TI) na Região Metropolitana do Estado de São Paulo
(RMSP). A autora escolheu serviços de TI por ser um segmento produtivo que compõe
estruturas diversificadas e por apresentar expressiva concentração na região de
41
interesse, além de agregar uma série de atividades tecnológicas consideradas elementos
centrais no contexto de desenvolvimento baseado em inovação. Por meio de
mapeamento dos serviços de TI presentes no Brasil e um questionário semiestruturado
recolhido de 13 empresas na RMSP, dentre os principais resultados, a autora obteve
que:
O fator proximidade é relevante. Empresas de TI estão próximas de empresas
grandes, também fornecedoras de TI, de maneira que geram relações de
confiança.
Serviços de TI podem ser considerados complementares para outros tipos de
empresas.
Os melhores serviços de comunicação estão associados à infraestrutura como
malha rodoviária e aeroportos, o que facilita o deslocamento de consultores e
sócios.
O setor demanda pessoal qualificado. Contudo, com grande concentração na
RMSP, há alta rotatividade laboral.
No que concerne às características relacionadas à realização de serviços, Batista et
al.(2017) tentaram verificar se, de maneira agregada, Capital ou Trabalho são mais
intensivos para sua consecução no Setor de Serviços do Brasil. Aplicaram a função de
produção de Cobb-Douglas sobre um conjunto de dados da Pesquisa Anual de Serviços
entre 2007-2014. Utilizaram os modelos econométrico de dados em painel de Efeitos
Fixos, Dados Agrupados e Efeitos Aleatórios. Encontraram coeficientes na ordem de
0,45 para capital e 0,41 para Trabalho, o que provém retornos decrescentes de escala.
Observaram que, considerando tais insumos como produção de serviços, existe certo
equilíbrio na ponderação entre os dois coeficientes que seriam na ordem de 0,52 e 0,48
respectivamente.
Jacinto e Ribeiro (2015) analisaram a evolução da produtividade do setor de
serviços com foco na relação entre estrutura e crescimento. Ressaltaram que na
literatura internacional, Serviços já foram associados a um desempenho histórico
negativo da indústria, pelo fato de ser intensivo em mão de obra e com tendência
estagnacionista como supunha William Baumol, o qual caracterizou o problema como
―doença de custos‖. A metodologia que utilizaram foi baseada nas Contas Nacionais, na
Pesquisa Anual de serviços e no uso de decomposições para explorar a dinâmica
produtiva. Dos principais resultados, observaram falta de evidências de doença de
42
custos no Brasil tanto em Serviços, quanto na Indústria. Ratificaram também marcante
heterogeneidade do setor que apresenta dinâmica em parte similar e em parte diferente
da indústria, de modo que esta foi determinada em grande medida pelo desempenho
intrassetorial. Finalmente, avaliaram que o setor de Serviços, ao contrário do senso
comum, é de alta produtividade enquanto a produtividade no período de 2002 a 2009 foi
positiva, a indústria passou a ter queda nos anos de 1996 a 2002 e 2002 a 2009.
Lugli (2015) se dispôs a analisar de forma detalhada o setor de serviços no Brasil
entre 2000 e 2012. Seu estudo baseou-se nos dados das matrizes do Sistema de Contas
Nacionais (SNC), da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), da Pesquisa Industrial Anual
(PIA) e objetivou a comparação entre os setores. A autora percebeu que Serviços
superam os demais setores na geração do valor da produção, no valor adicionado bruto,
no pagamento de salários e no volume de empregos. Observou que o setor perde a
liderança para a indústria quando se trata da participação no consumo intermediário, no
total das importações, na produtividade e no salário médio.
Já Silva et al. (2016) resumiu que a literatura brasileira diverge quando o tema é a
produtividade do setor de serviços, coexistindo tanto visões pessimistas de baixa
produtividade quanto outras mais otimistas (que destacam segmentos altamente
produtivos e intensivos em tecnologia). Com dados da Pesquisa Anual de Serviços do
IBGE no período de 2007 a 2013, verificaram aumento no crescimento de 58% no
número de empresas e de 50% no número de pessoal ocupado. Os principais resultados
do estudo indicaram que serviços mais relacionados ao consumidor final (serviços
prestados às famílias, de manutenção e reparação) apresentam produtividade e salários
comparativamente menores. Serviços mais intensivos em capital ou tecnologia (alguns
segmentos de transportes, telecomunicações, auxiliares financeiros, compra, venda e
aluguel de imóveis próprios) apresentaram altos níveis de produtividade e salários.
Também, serviços intensivos em conhecimento são mais produtivos e com maiores
salários e remunerações.
Ambrozio e Melo (2017) revisitaram a literatura a respeito do Setor de Serviços e
deram ênfase na questão da produtividade e suas implicações para a dinâmica de
crescimento econômico. Analisaram que houve modificação da imagem do Setor de
Serviços, isto é, passa da visão de ter pouco dinamismo para uma como força por trás da
elevação da produtividade e, consequentemente, do desenvolvimento econômico.
Observaram que na literatura houve avanços de técnicas de definição e mensuração do
produto do setor. Desta maneira, no Brasil há uma crescente literatura empírica que faz
43
uso dos dados existentes. Destacam em primeiro lugar que serviços empresariais
intensivos em conhecimento desempenham importante papel na alavancagem da
produtividade industrial. Em segundo lugar, que a disponibilidade de obter fatores
produtivos, principalmente trabalho, a um custo razoável é importante para a capacidade
das firmas mais eficientes do Setor de Serviços substituírem as que são menos eficientes
no mercado.
Finalmente, Cândido Junior e Simonassi (2017) indicaram que o setor de
comércio e serviços se expandiu a partir de meados dos anos 2000 e início da década de
2010. Os autores verificam que além da evolução positiva ao longo do período, o setor
marcou participação em torno de 70% do PIB, comportamento que atribuem à expansão
de serviços no consumo final das famílias e aumento dos preços relativos dos bens do
setor terciário. Observaram que alguns fatores explicativos, para tal ocorrência, podem
estar relacionados ao ciclo expansionista de demanda interna pelo qual o Brasil
recentemente passou, isto é, decorrente da incorporação de enorme contingente de
trabalhadores no mercado de consumo. Com a melhoria de condições de trabalho e
diminuição de desemprego, houve ampliação da concessão de crédito que, conjugados,
ampliou o consumo das famílias, cuja cesta está alocada na ordem de 62% em serviços.
Com essa expansão, houve pressão sobre os preços, sobretudo nos custos de mão de
obra qualificada. Além disso, tal aumento foi contribuído pelo fato de que a maior parte
do setor não está exposta à concorrência externa. Os autores ainda destacaram, dentre
outros, que é fundamental para o país que se possa elevar a produtividade setorial. Isso
somente seria possível ao melhorar o ambiente de negócios e de operações das
empresas.
Em resumo, na maior parte da literatura, existe certa dificuldade para se
conceituar precisamente Serviços por conta de seus maiores níveis de Heterogeneidade,
Dinamicidade e Intangibilidade de suas atividades, em comparação com os setores
industriais, extrativistas e agropecuários. Soluções de conceituação teórica se pautam
em comparações das características entre os produtos dos demais setores, em definição
por via residual frente aos demais setores, ou em avaliações empíricas por meio da
identificação de atividades-fim. No que diz respeito ao ganho de espaço de Serviços no
Brasil, observa-se que foi seguida uma tendência internacional.
Nos trabalhos abordados parece haver consenso de que há grande diversificação
de atividades de serviços no país. Os estudos mais recentes, destacados acima, apontam
aumentos de produtividade em serviços tecnológicos ou intensivos em conhecimento,
44
sendo que aqueles direcionados ao consumidor final apresentam menores desempenhos
em termos relativos. Alguns trabalhos indicam que o setor é um grande provedor de
vagas e empregos, mas faz uso intensivo quase na mesma proporção de capital e
trabalho, de maneira geral.
2.3 ESTUDOS PRÉVIOS COM UTILIZAÇÃO DE MATRIZ INSUMO-PRODUTO
Este trabalho tem como objetivo verificar as ligações intersetoriais entre as
atividades produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto (MIP), com especial
atenção para o Setor Terciário. Desta maneira, neste item, recuperam-se alguns estudos
prévios cujas metodologias e temáticas assemelham-se às utilizadas neste trabalho.
Também são apresentados estudos recentes ou correlatos que influenciaram o
desenvolvimento desta pesquisa aqui exposta, com destaque para o caso do Brasil. São
apresentados de maneira cronológica os trabalhos baseados na MIP e em seguida os
trabalhos que usam MIP e Análise de Redes, também em ordem cronológica.
No que tange a utilização de diferentes índices para a determinação da
importância das ligações interindustriais de uma economia, isto é, encontrar setores-
chave, Guilhoto et al.(1994) aplicaram os índices de ligações para trás de Rasmussen-
Hirschman, para frente e total de Cella e Clements, para trás, para frente e total dos
Índices Puros e apresentaram uma noção de Campo de Influência. Os autores aplicaram
os métodos para a economia brasileira nos anos de 1959, 1970, 1975 e 1980, com 27
setores. Os índices de Rasmussen/Hirschman e o enfoque do Campo de Influência
foram usados pra estudar o comportamento da estrutura interna, sem levar em
consideração o nível de produção de cada setor. Já o índice Puro de ligação foi usado
para analisar a estrutura produtiva tomando em consideração os diferentes níveis em
cada setor. Dentre os principais resultados, notaram que de 1959 a 1980 é observado
aumento na complexidade da economia brasileira, em que setores primários e
secundários vêm perdendo importância para o terciário, o que mostra tendências
similares às nações desenvolvidas.
Por meio de análise de insumo-produto, Silva (1988), desenvolveu um modelo de
preços e distribuição de renda entre salários e margem de lucro. Com as tabelas de
insumo-produto agregadas em nove setores, para os anos de 1970 e 1975 estimou as
curvas de salários da economia brasileira. Neste estudo, encontrou que o Brasil chegou
a uma estrutura industrial semelhante ou até superior em complexidade, à da Inglaterra e
45
à dos Estados Unidos de antes da I Guerra Mundial, mas a participação dos salários se
mostrou abaixo das razões medidas nestes países naquele período.
Guilhoto e Picerno (1995) compararam a estrutura produtiva entre o Brasil e o
Uruguai para o ano de 1980. Utilizaram o índice de Rasmussen-Hirschman com as
propriedades de ligação para frente e para trás, bem como suas dispersões. Suas análises
levaram à conclusão de que a economia brasileira está mais interligada, mais
desenvolvida, é menos dependente de importações e faz uso mais intensivo do capital
do que a economia do Uruguai.
Melo et al.(1998) estudaram o processo de terceirização da economia brasileira,
sob a ótica da renda, valendo-se das matrizes de insumo-produto para os anos de 1985,
1990 e 1992. Dos principais resultados, concluíram que:
Não havia evidência de ―doenças de custos‖ para o caso nacional, isto é,
salários de Serviços, considerados menos produtivos, não apresentariam
uniformidade com salários dos demais setores.
Não se confirma a hipótese de crescimento superior dos serviços
intermediários, mas há tendência maior de crescimento de serviços finais.
O Setor de Serviços apresentou maior contribuição absoluta e relativa ao
aumento dos postos de trabalho.
De maneira geral, a expansão de Serviços esteve concentrada em atividades de
baixa qualidade dos postos de trabalho.
Najberg e Vieira (1996) tentaram desenvolver um instrumento que quantifica a
criação de postos de trabalho no curto e médio prazo, como resultado de aumentos
exógenos de demanda em diferentes setores da Economia. Avaliaram o nível de
emprego para os anos de 1985, 1990 e 1995. Além disso, utilizaram o índice de
Rasmussen-Hirschman para avaliar os setores-chave da Economia, no ano de 1985. De
acordo com os resultados, nenhuma atividade do Terciário foi considerada chave.
Também, encontraram significativa redução no coeficiente de emprego na indústria
entre 1990 e 1995.
Figueiredo e Oliveira (2016) analisaram as mudanças estruturais na Indústria
brasileira entre 1995 e 2009. Para tanto, consideraram as relações intersetoriais por meio
da análise de insumo-produto e aplicaram o método de decomposição estrutural e o
cálculo dos índices de ligação. De seus principais resultados, obtiveram que a expansão
da demanda final tem papel central no crescimento industrial em termos de emprego,
46
valor adicionado e bruto. Além disso, observaram que a indústria intensiva em recursos
naturais cresceu fortemente.
Nassif et al. (2015) utilizaram o indicador de Rasmussen-Hirschman para a
economia brasileira de 1996, 2000, 2005 e 2009 e concluíram que havia pouca
evidência para sustentar a tese de desindustrialização, no sentido ―pejorativo‖, no
período. Já Ultremare e Marcato (2013) debateram as mudanças estruturais da economia
brasileira, considerando as relações de interdependência econômica entre os setores
produtivos também por meio do índice de Rasmussen-Hirschman e de Campo de
Influência para os anos de 2000 e 2009. Já com enfoque direcionado ao estudo sobre
indústrias do açúcar e do álcool, mas ainda com metodologia semelhante, incluindo o
modelo de Guilhoto, Hewings e Sonis (GHS), o qual leva em conta a demanda final,
Martins et al. (2016) verificaram que tanto a Indústria do açúcar quanto a do Álcool não
são consideradas chaves para a economia.
Com foco no Setor de Serviços, Pereira (2012) fez um estudo para os anos de
2000 e 2005 com a utilização da MIP com 65 setores, comparando imediatamente os
períodos. Para tanto, utilizou Multiplicadores de Produto e Emprego, índices de ligação
de Rasmussen-Hirschman e Campo de Influência. Concluiu que os setores de serviços
apresentaram fraco desempenho nos multiplicadores de produção, mas alta capacidade
de gerar emprego. No que diz respeito ao índice de Rasmussen-Hirschman, nenhuma
atividade de serviços foi considerada chave. No que tange ao campo de influência, os
setores de serviços não apresentou elos acima da média. Mas no método de extração
hipotética, verificou-se que a remoção causava maior impacto na produção dos setores
secundários, demonstrando sua indispensabilidade na economia.
Pereira (2014) estudou o processo de terciarização da economia brasileira, isto é,
uma mudança estrutural que torna o Setor de Serviços cada vez maior. O autor utilizou
como base de sua metodologia a MIP e, a partir desta, derivou os Multiplicadores de
Produção e Emprego, os índices de ligação intersetoriais de Rasmussen-Hirschman e os
da metodologia GHS para os anos de 2000 e 2009. Não encontrou nenhuma atividade
de Serviços que fosse considerada chave pelo índice de Rasmussen-Hirschman. Já pelo
GHS, comércio, transporte e intermediação financeira são segmentos considerados
chaves. Concluiu que o Terciário elevou sua participação do emprego na economia, mas
que o rendimento médio e a produtividade caíram, pois a terciarização brasileira tem
sustentado atividades com baixos salários.
47
Passoni e Freitas (2017) analisaram a estrutura produtiva brasileira nos anos de
2010 e 2014 utilizando o instrumental insumo-produto. Avaliaram os encadeamentos
setoriais por meio do índice Hirschman-Rasmussen (backward linkage/poder de
dispersão e forward linkage/sensibilidade de dispersão) de forma a prover cálculos para
produção, emprego e valor adicionado. O nível proposto de desagregação ficou em 19
setores e os indicadores revelaram importância acentuada das atividades industriais.
Encontraram commodities agrícolas, commodities industriais, indústria tradicional e
indústria inovativa como atividades-chaves. Duas atividades de serviços também são
inclusas, sendo estas Transporte, armazenagem e correio e Informação e Comunicação.
No capítulo de Metodologia, deste presente estudo, será observado que a
aplicação da Teoria dos Grafos e Análise de Redes permite visualizações de atividades
que mais impactam numa estrutura econômica, isso por conta de sua versatilidade de
representação espacial não necessariamente cartesiana. Alguns trabalhos que utilizam
esta aplicação são apresentados a seguir.
Abreu (2014), com Análise de redes, verificou como a estrutura da economia
brasileira, definida pelos encadeamentos setoriais, reagia aos processos de difusão como
a propagação de choques de demanda, inflação e tecnologias. Para tanto aplicou o
sistema sobre as matrizes de insumo e produto de 1985 e 2007. Como resultado tem que
as atividades com maior centralidade de grau estão relacionadas a Comércio,
Transporte, Refino de Petróleo, Fabricação de produtos Metalúrgicos e Fabricação e
Manutenção de Máquinas e Equipamentos para o ano de 1985. Para o ano de 2007
encontra Comércio, Transporte, Instituições Financeiras, Serviços Industriais de
Utilidade Pública e Refino de Petróleo. Ainda, dentre as principais conclusões, obteve
que setores com posições estratégicas para o controle de informações considerado
chaves seriam os de Comércio e Transporte. Já os setores de maior eficiência, devido a
sua localização na estrutura produtiva seriam os setores de Comércio, Transportes e
Refino de Petróleo.
Martins (2009) estudou o grau de interdependência de setores-chave na economia
Brasileira. Sua metodologia foi fundamentada por meio de análise de redes. Utilizou
uma MIP inferida de 2002 e criou duas redes que representaram as relações dos setores
produtivos da economia. A primeira enfatizou as origens dos insumos utilizados pelo
sistema produtivo e a segunda destacou os destinos desses insumos. Concluiu que os
setores que mais impactaram no sistema e, consequentemente, são merecedores de
48
atenção especial são Famílias, Agropecuária, Resto do Mundo, Refino de Petróleo e
Construção Civil.
Fornari et al.(2017) examinaram as mudanças ocorridas nas últimas décadas nos
vínculos entre as diferentes atividades da economia, especialmente nos elos entre as
industriais e de serviços. Para tanto, verificaram os vínculos (direções) e as intensidades
(valor) das relações intersetoriais na economia brasileira e de outros países em 1995 e
2010. Utilizaram dados de matriz insumo-produto internacionais e fizeram Análise de
Rede com o software Pajek. Seus resultados indicaram uma relação sistêmica entre a
Indústria e os Serviços nos países que adensaram a estrutura produtiva.
Drach (2016) teve como objetivo quantificar as modificações estruturais da
indústria brasileira pelo lado do emprego. Para tanto aplicou um modelo de
decomposição estrutural às matrizes insumo-produto de 2003 e 2013. Dos principais
resultados, destaca-se:
Participação do emprego industrial, no total, aumentou. Contudo, esta
industrialização teve uma redução na eficiência relativa.
O efeito de substituição de insumos nacionais por importados foi bastante
acentuado para indústria de transformação, o que indica o estabelecimento de
atividades de ―maquilla‖ — enfraquecimento das cadeias produtivas associadas
à indústria.
Apesar da participação relativa do setor agropecuário no total do emprego ter
caído, observou-se que esta queda foi determinada por elevados ganhos de
eficiência produtiva.
O setor de serviços funcionou como polo atrator de empregos, conjugando
baixos ganhos de produtividade — perda de eficiência relativa — com
elevação relativa da demanda.
Hegele (2018) objetivou responder se a dependência entre os setores da indústria e
de serviços no Brasil aumentou entre os anos de 2003 e 2013. Para tanto, mediu o grau
de dependência na relação entre grupos de atividades da indústria e de serviços,
identificou os setores do terciário que mais impactaram, relativamente, no produto da
indústria e tentou analisar a centralidade destas, por meio de redes, na estrutura
econômica. Dos principais resultados encontrados, observou que, por Razão de
Dependência, grupos das indústrias de Energia, de Base, de Processamento
Agroalimentar, Indústrias Leves e de bens de capital passaram a depender mais de
49
serviços no período. Por meio de Extração Hipotética, verificou que as atividades de
Serviços que mais impactaram foram Serviços de Alojamento e Alimentação,
Transporte, Armazenagem e Correio e Comércio, no que se refere a efeitos de
demanda. Já para oferta, destacam-se Comércio, Transporte, Armazenagem e Correio e
Intermediação Financeira e Seguros. Finalmente, por meio de análise de redes,
observou que atividades do grupo de Serviços ao Produtor apresentaram
comportamentos ambíguos, pois algumas se localizaram no centro e outras em regiões
periféricas da rede.
Por fim, Batista et al. (2018) analisaram o comportamento do Setor de Serviços a
partir de meados do século XX no Brasil. Com uso do índice de Rasmussen-Hirschman
sobre a matriz de insumo-produto de 2013, esta com 68 atividades econômicas e
inferida pelo Nucleo de Economia Regional e Urbana da USP (Nereus), encontraram
que três modalidades de Serviços são setores-chave na economia em 2013: Outras
Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas, Transportes Terrestres e
Telecomunicações. Também utilizaram Análise de Redes e encontraram que o resultado
por Rasmussen-Hirschman é ratificado, mas o método adicionou Comércio por Atacado
e Varejo e Intermediação Financeira como atividades primordiais.
Dos trabalhos aqui abordados, resume-se que já a partir do período entre 1959 e
1980 havia uma tendência de ganho de importância, em termos de encadeamentos
produtivos, do setor de Serviços (Guilhoto et al., 1994). Ainda em Serviços, nos anos de
1985, 1990 e 1995, pelo índice de Rasmussen-Hirschman, nenhuma atividade foi
considerada chave (Najberg e Vieira, 1996). Para a indústria entre 1990 e 1995, houve
significativa redução no coeficiente de emprego (Najberg e Vieira, 1996). Já 1995 e
2009, a indústria intensiva em recursos naturais cresceu fortemente (Figueiredo e
Oliveira, 2016). Para os anos de 2000 e 2005 com a utilização da MIP com 65 setores,
Serviços apresentaram fraco desempenho nos multiplicadores de produção, mas alta
capacidade de gerar emprego. Com o índice de Rasmussen-Hirschman, nenhuma
atividade de Serviços foi considerada chave (Pereira, 2012). Para 2000 e 2009, pelo
mesmo índice, nenhuma atividade de Serviços foi considerada chave. Já pelo índice de
GHS, comércio, transporte e intermediação financeira são segmentos considerados
chaves (Pereira, 2014).
Por análise de redes, para 1985, atividades com maior centralidade de grau estão
relacionadas a Comércio, Transporte, Refino de Petróleo, Fabricação de Produtos
Metalúrgicos e Fabricação e Manutenção de Máquinas e Equipamentos. Para 2007,
50
foram encontrados Comércio, Transporte, Instituições Financeiras, Serviços Industriais
de Utilidade Pública e Refino de Petróleo (Abreu, 2014). Para 2002, setores que mais
impactam no sistema foram Famílias, Agropecuária, Resto do Mundo, Refino de
Petróleo e Construção Civil (Martins, 2009). Para 2013, pelo índice de Rasmussen-
Hirschman Outras Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas, Transportes
Terrestres e Telecomunicações foram consideradas chaves. Já por Análise de Redes,
adicionou-se Comércio por Atacado e Varejo e Intermediação Financeira como
atividades primordiais pelo Terciário (Batista et. al, 2018). Ainda, no período de 2003-
2013, Serviços teve relativo aumento de demanda e serviu como polo de atração de
empregos, embora tenha provido baixos ganhos de produtividade (Drach, 2016).
Observa-se, neste capítulo, que a contribuição literária da temática e metodologia
envolvida neste trabalho é extensa e aprofundada. Como é sabido, o Setor de Serviços
segue ainda em ascendência no que se refere à composição estrutural do PIB. Ainda
assim, muito dos trabalhos mostraram resultados que dificilmente contemplavam
atividades do Terciário como setor-chave, ou ainda, abriram lacunas que põem em
dúvida a capacidade dos efeitos de ligação para frente e para trás do setor. Isto torna
discutível a sua capacidade de indução econômica, de estimular a economia como um
todo. Este trabalho, além do objetivo exposto, também contribui na literatura com a
atualização destes estudos. Em adição, com o uso das métricas tradicionais, ajuda a
verificar e comparar os resultados anteriores, cujo resultado pode auxiliar na captura de
uma tendência de mudança estrutural ou não, por exemplo.
51
3. METODOLOGIA
Conforme exposto no início deste trabalho, o presente estudo tem como objetivo
verificar as ligações intersetoriais entre as atividades produtivas expressas na Matriz de
Insumo-Produto, com especial atenção para o Setor Terciário. Procura responder qual o
impacto de Serviços para o estímulo das atividades econômicas no Brasil, dado que sua
participação relativa ultrapassou 70% do Produto Interno Bruto na década de 2010. É
assim feito um conjunto de medições, cujos indicadores apresentam, a destacar:
a) O número de empregos e de produção adicionados com uma unidade monetária
(dada em milhões de reais) de uma determinada atividade.
b) As atividades que têm maior encadeamento ou que são setores-chave, isto é,
identificar as que conseguem estimular o ambiente econômico acima das demais.
c) O quão heterogêneos, em termos de oferta e produção, são os setores Primários,
Secundário e Terciário, baseados em desigualdades dos coeficientes técnicos de
Leontief.
d) O quão concentradas ou dispersas estão as atividades em termos de oferta e
demanda de produtos e serviços, com base nos coeficientes técnicos de Leontief.
Assim, em vistas de atender o objetivo proposto, a ideia é utilizar no trabalho um
conjunto de índices e mensurações que possui como base a Matriz Insumo-Produto
(MIP) provida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A MIP tem
como característica a disponibilidade de informações a respeito do fluxo de valores
entre diversas atividades econômicas. Além disso, é possível a formação de
agrupamentos conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE),
encontrada em IBGE (2007), e delimitar a que Setor – Primário, Secundário ou
Terciário – encontra-se o ramo, de acordo com sua atividade-fim. Isso permite uma
melhor visualização, como uma fotografia, da estrutura produtiva nacional e considerar
a MIP como proxy de uma economia nacional.
O ano escolhido foi o de 2015 por ser a última MIP oficial divulgada pelo IBGE.
E, a partir daí, são aplicados o Índice de Rasmussen-Hirschman, o Índice Puro de GHS,
os Multiplicadores de Produção e Emprego, o método de Extração Hipotética, o
Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial, a Matriz de Intensidade, o Campo
de Influência e uma avaliação por Análise de Redes. Como cada indicador tem sua
peculiaridade, um Ranking foi desenvolvido neste estudo para tentar fornecer uma
síntese dos resultados. Maiores detalhes dos procedimentos são explicados nos
52
subcapítulos a seguir. Desta forma, com os resultados, é possível comparações com
trabalhos similares anteriores que utilizaram a MIP como base metodológica.
Destaca-se que a utilização da Matriz Insumo-Produto como proxy de uma
Economia tem muitas virtudes, mas também tem algumas limitações. Como vantagens,
pode-se elencar a quantidade de informações contidas, o nível de detalhamento dos
fluxos intersetoriais, a possibilidade de manipulações matriciais e previsibilidade. Essa
quantidade de informações facilita sobremaneira a confecção de índices e aplicações
estatísticas.
Por outro lado, algumas desvantagens podem ser resumidas conforme Carvalheiro
(1998). O autor lembra que as principais limitações implicam em:
Retornos constantes de escala, ou seja, para qualquer quantidade produzida as
combinações têm as mesmas proporções.
Assunção de que os coeficientes técnicos não mudam ao longo do tempo, isto
é, não são considerados avanços tecnológicos ou de preços.
Pressuposição de que a oferta de recursos produtivos seja infinita e
perfeitamente elástica.
Pode-se dizer que a matriz captura muitos efeitos diretos e até mesmo indiretos.
Contudo, grande quantidade de efeitos indiretos, sobretudo os não mensuráveis, são
difíceis de ser captados. Um exemplo é o caso de Serviços de Educação. Embora haja
consumo de atividades desse setor, é de difícil verificação o quanto o conhecimento
obtido com educação influi nos fluxos monetários. Ou seja, para determinadas relações
existem dados quantificáveis de valores de troca, mas não de uso.
Outro problema é o de cunho metodológico intertemporal. Algumas atividades,
produtos e/ou serviços podem ser criados ou deixar de existir. Desta maneira, ao longo
do tempo é necessário reajustar as classificações ou agrupamentos de atividades. Isto
dificulta comparações intertemporais. Apesar dessas ressalvas, trabalhar com a MIP
fornece resultados bastante precisos e importantes, principalmente quando se analisa
cortes transversais no que tange o assunto de estrutura produtiva. A seguir, serão
elencados os indicadores utilizados neste trabalho.
53
3.1 MATRIZ INSUMO-PRODUTO
Conforme Grijó e Bêrni (2006), a primeira versão da MIP feita por Wassily
Leontief em 1936 mostrou grande vitória das ciências econômicas ao se aproximar da
realidade empírica. Esta mostrou inter-relacionamento entre setores produtivos da
economia americana para os anos de 1919 e 1929, aprofundando o que se chama de
―modelo fechado‖ iniciado com Quesnay e Walras.
Para Leontief (1983), uma das vantagens da matriz era propiciar melhor
previsibilidade econômica. Para ele, uma tabela de insumo-produto podia funcionar com
a mesma facilidade que um horário ferroviário. Visando ao homem de negócios, o autor
observava que não haveria dificuldade na compreensão de uma tabela que mostrasse a
quantidade de mercadorias e serviços, cuja produção ou distribuição eram absorvidas
por outros setores na economia. Lamentava, contudo, o detalhamento ainda incipiente,
de modo que o ideal seria descrever uma demanda com 150 a 400 indústrias diferentes.
No Brasil, as MIPs oficiais passaram a ser divulgadas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística a partir de 1970. Entre 1970 e 1990 estas eram quinquenais e a
partir de então passaram a ser anuais. Porém, sua defasagem era de três anos, justificada
pela manipulação de extensa coleta de dados. Para obter matrizes em períodos que as
originais ainda não existem, seria possível elaborá-las a partir de dados provenientes das
Contas nacionais, mesmo em versões preliminares (Guilhoto, 2011).
O presente estudo tem como base a Matriz de Insumo-Produto de 2015 fornecida
pelo IBGE. Para informações completas e notas metodológicas de sua confecção, deve
ser verificado IBGE (2018). Esta matriz além de ser a mais atual, está em consonância
com a última divulgação do Sistema de Contas Nacionais também de 2015. A tabela da
MIP a ser utilizada é a de recursos e usos Setor x Setor. Nesta, além do fluxo de valores
intersetorias entre 67 setores, há ainda informação de Valor Adicionado, Mão de Obra,
Demanda Final, com informações do Consumo das Famílias, Governo, Exportação e
investimento com Formação Bruta de Capital Fixo. Com tais informações, é possível
extrair, em termos percentuais, a participação relativa setorial que será mostrado no
capítulo seguinte. Também, é esta tabela que permitirá os mais diversos cálculos para a
obtenção de coeficientes, indicadores e fluxos, dentre outros. Todos os segmentos que
serão analisados se encontram em qualquer um dos quadros no Apêndice A.
54
3.2 ÍNDICE DE RASMUSSEN-HIRSCHMAN
Os índices de ligações de Rasmussen-Hirschman servem para identificar setores-
chave. Conforme Guilhoto e Sesso Filho (2010), o índice de ligação para trás indica o
quanto um setor demanda dos outros setores na economia, o de ligação para frente,
significa o quanto é demandado. De acordo com Pereira (2012), quando um setor tem os
coeficientes acima de uma unidade em ambos os índices, é caracterizado como setor-
chave, isto é, tem um desempenho acima da média comparativamente com os demais e
pode ser considerado estratégico para o crescimento da economia. Quando o valor do
índice é inferior à unidade, a atividade avaliada está abaixo da média e, por
consequência, apresenta capacidade reduzida de dinamizar outras atividades.
O ponto de partida é a matriz insumo-produto. Neste estudo, será utilizada a
Matriz de Consumo Intermediário com 67x67 setores fornecida pelo IBGE. Pode-se
chamar esta matriz de X, que por sua vez permite o cálculo da matriz de coeficientes
técnicos, dados pela equação matricial (1):
[ ]
(1)
Em que A é a matriz aij de coeficientes técnicos; i e j são os setores; Xij é a
transferência de recursos do setor i ao setor j; Xj é a produção do setor j. Por sua vez,
cada linha da matriz de insumo-produto permite que se calcule o total da produção do
setor i por meio dos valores de X:
∑ (2)
Em que Yi é a demanda final do setor i. A equação (2) pode ser representada por
notação matricial em (3)
AX + Y = X (3)
A partir desta relação, calcula-se a inversa da matriz de Leontief, que é
encontrada em (4), por manipulação matricial:
AX + Y = X → ( I – A)X = Y → X = (I – A)-1
Y = BY (4)
Em que I é matriz identidade; (I – A)-1
= B = [bij] é a matriz inversa de Leontief,
em que cada elemento bij representa os insumos requeridos do setor i para atender uma
configuração de demanda do setor j.
Conforme Guilhoto e Sesso Filho (2005), com os coeficientes da matriz B,
calculam-se os Índices de Rasmussen-Hirschman de ligação para frente (Ui) e para trás
(Uj). Primeiro, calcula-se B* que é a média de todos os elementos de B. Em seguida, B•j
55
e Bi•, que são as somas dos elementos de uma coluna e de uma linha típica de B, sendo n
o número total de setores na economia. O cálculo pode ser visto em (5):
∑ e ∑
, i,j = 1,..., n (5)
O índice de ligações Ui para frente é dado em (6):
[
]
(6)
Analogamente, o índice de ligações Uj para trás é dado em (7):
[
]
(7)
Oliveira e Teixeira (2006) e Haddad et al. (1989) mostraram outro índice
importante para análise dos setores-chaves que é o de dispersão. O índice de dispersão
para frente (Vi) e o índice de dispersão para trás (Vj) são indicadores que permitem
mensurar o nível de impacto setorial que é distribuído para as demais atividades
econômicas. Em outras palavras, verificar o quão concentradas ou distribuídas estão as
ofertas e as demandas setoriais, respectivamente. Assim, quanto maior Vi, a demanda
por insumos do setor i ocorre de maneira mais concentrada. Analogamente, quanto
maior Vj, a demanda por insumos dos outros setores pelo setor j ocorre de maneira mais
concentrada. Vi é dado na equação (8) e Vj na equação (9):
√
∑ [
∑
]
∑
(8)
√
∑ [
∑
]
∑
(9)
56
3.3 ÍNDICE PURO DE GUILHOT, HEWINGS E SONIS (GHS)
Conforme Guilhoto e Sesso Filho (2005), os índices de ligações de Rasmussen-
Hirschman não levam em consideração os níveis de produção de cada setor analisado.
Com a abordagem GHS, é possível determinar a importância do setor para o resto da
economia de acordo com a produção de cada um e da interação deste com os demais,
diminuindo as limitações do índice de Rasmussen-Hirschman, ou seja, ocorre uma
ponderação conforme o nível produtivo. Maiores detalhes a respeito deste índice podem
ser encontrados em Guilhoto, Sonis e Hewings (2012).
Os procedimentos para obter os índices puros de ligação pela abordagem GHS são
apresentados a seguir (Guilhoto e Sesso Filho, 2005). Inicia-se com a definição da
matriz A, que contém os coeficientes de insumo diretos do setor j destacado do resto da,
a equação é destacada em (10):
[
] (10)
Em que Ajj e Arr são, respectivamente, matrizes que representam insumos diretos
do setor j e do resto da economia, Arj e Ajr representam matrizes de insumos diretos
comprados pelo setor j do resto da economia e os insumos diretos comprados pelo resto
da economia pelo setor j.
Considerando esta matriz A, pode-se calcular o a sua inversa de Leontief L, dada
em (11):
[
] [
] [
] [
] (11)
Em que,
(12)
(13)
(14)
(15)
Com (11), calcula-se (16):
(16)
A partir de (16) é possível derivar um conjunto de índices que permitem ordenar
setores tanto com relação á importância no valor da produção gerada, quanto no
processo de produção na economia. O desenvolvimento de (16) é dado em (17):
(
) (
) (
) (
) (
) (17)
57
Com operação matricial, chega-se em (18):
(
) (
) (
) (18)
A partir daí já se obtém o Índice Puro de Ligação para Trás (PBL) e para Frente
(PFL), dados respectivamente por (19) e (20):
PBL = ΔrArjYj (19)
PFL = ΔjAjrYr (20)
O PBL representa o impacto do valor da produção total do setor j sobre o resto da
economia, sem contabilizar a demanda de seus próprios insumos e dos retornos do resto
da economia sobre si. Analogamente, o PFL representa o impacto do valor da produção
total do resto da economia sobre o setor j. O índice puro total das ligações é a soma
destes dois índices, em valores correntes, visto na equação (21):
PTL = PBL + PFL (21)
Ao se dividir os índices puros pelo seu valor médio é possível normalizá-los. O
Índice Puro Normalizado para trás PBLN é obtido na equação (22):
(22)
Em que PBLm é a média dos índices puros de ligação de todos os setores, dada em
(23):
∑
(23)
Da mesma maneira, o índice puro normalizado para frente PTLN é obtido na
equação (24):
(24)
Em que PTLm é a média dos índices puros de ligação de todos os setores, dada em
(25):
∑
(25)
3.4 MULPLICADORES DE PRODUÇÃO E EMPREGO
O impacto que uma variação na produção de um setor tem sobre o resto da
economia pode ser calculado por meio do que se chama Multiplicador Tipo I (Pereira,
2014). Quando o consumo das famílias é endogeneizado, ou seja, levado em
consideração, é necessário ser calculada outra matriz de Leontief, em que o consumo da
58
família seria uma espécie de setor a mais. Esta abordagem se chama Multiplicador Tipo
II.
Tomando em consideração a matriz de Leontief dada no item 3.2 deste capítulo,
encontrou-se que esta é (I – A)-1
= B a qual será agora chamada de L. Facilmente
encontra-se que o Multiplicador de Produção do Tipo I é dado na equação (26):
∑ , j = 1,...,n (26)
Em que MPj é o Multiplicador de Produção do Tipo I do setor j; lij é um elemento
da matriz inversa de Leontief L.
Para encontrar o Multiplicador de Produção do Tipo II, deve-se obter uma matriz
de Leontief com o item Consumo das Famílias endogeneizado. Neste trabalho, tem-se
67 setores, então, é construída uma matriz 68x68. Obtêm-se seus coeficientes técnicos
em uma matriz , de modo análogo à equação (1) e calcula-se = (I - )-1
. Este
multiplicador é encontrado via equação (27):
∑ , j = 1,...,n (27)
Em que é o Multiplicador de Produção do Tipo II do setor j; é um
elemento da matriz inversa de Leontief .
Conforme Pereira (2014), o Multiplicador de Emprego do Tipo I mede o número
de empregos adicionados na economia de acordo com o aumento de uma unidade
monetária adicionada na demanda final de um determinado setor.
É necessário, antes, obter a razão entre o fator trabalho e o valor bruto da
produção (Pereira, 2012). Esta é mostrada na equação (28):
(28)
Em que é o número de pessoas ocupadas no setor j por unidade monetária
produzida; ej é o número de trabalhadores do setor j, Xj é o valor bruto de produção do
setor j.
O Multiplicador de Emprego do Tipo I do setor j, MEj , é obtido, na equação (29):
∑ , j = 1,...,n (29)
Em que MEj é o Multiplicador de Emprego do Tipo I do setor j; é o
número de pessoas ocupadas no setor j por unidade monetária produzida; lij é um
elemento da matriz inversa de Leontief L.
59
Da mesma forma que o Multiplicador de Produção do Tipo II, no Multiplicador de
Emprego do Tipo II, pois o consumo das famílias é considerado. Desta maneira, utiliza-
se a matriz de Leontief endogeneizada e o seu cálculo é dado na equação (30):
∑ , j = 1,...,n (30)
Em que é o Multiplicador de Emprego do Tipo I do setor j; é o
número de pessoas ocupadas no setor j por unidade monetária produzida; é um
elemento da matriz inversa de Leontief .
3.5 EXTRAÇÃO HIPOTÉTICA
Conforme Pereira (2012), por meio do método da Extração Hipotética é possível
calcular os efeitos para trás (de demanda) de um setor haja vista que os bens
intermediários que este compra são hipoteticamente extraídos. A extração é realizada
setor a setor, o que permite identificar a dependência que uma determinada atividade
apresenta sobre as demais na economia. Ou seja, tira-se um setor e obtém-se que,
quanto menor o produto obtido, maior a interdependência.
O ponto de partida é a mesma matriz inversa de Leontief do item 3.2 deste
capítulo, identificada como matriz B. Seguindo estritamente Pereira (2012), ao se
considerar uma matriz insumo-produto com n setores, o vetor coluna é particionado
conforme equação (31), bem como o vetor de demanda final:
X = (X1´
,..., XI´, ...,X
n´ ) (31)
Em que XI = (
; i, j = 1, ..., n os setores.
A matriz de coeficientes tem como forma a representada na equação (32):
[
] (32)
A partir daí, pode-se isolar um setor. Por exemplo, ao se isolar o primeiro setor
pode-se formalizar que X = (X1´
, XR´
)´ e XR = (X
2´,..., X
I´, ...,X
n´ ), este um vetor coluna
em que R significa os demais setores da economia. O formato da matriz de coeficientes
técnicos A pode ser visto em (33):
[
] (33)
A inversa de Leontief na forma particionada é apresentada em (34):
[
] (34)
A partir de (33) tem-se que a forma particionada é representada por (35) e (36):
60
X1 = B
11Y
1 + B
1RY
R (35)
XR = B
R1Y
1 + B
RRY
R (36)
Ao se extrair hipoteticamente um setor, a equação (3) do item 3.2 fica rearranjada
na equação (37):
(37)
Em que é o vetor que representa o produto do restante da economia para o
modelo reduzido, de modo que a equação (38) mostra sua solução:
(38)
O efeito da extração de um setor sobre o restante da economia é obtida por meio
do cálculo da diferença de XR - . Antes, é necessário calcular a inversa da matriz
particionada, o que pode ser visto pelas equações (39), (40) e (41):
B1R
= B11
A1R
(I – ARR
)-1
(39)
BR1
= (I – AR1
)-1
AR1
B11
(40)
BRR
= (I – ARR
)-1
+ (I – ARR
)-1
AR1
B11
A1R
(I – ARR
)-1
(41)
Por meio da subtração de (36) e (38), chega-se à diferença em (42):
(42)
Ao aplicar (39), (40) e (41) em (42) e realizar cálculo matricial, obtém-se (43):
(43)
No exemplo de extração hipotética do setor 1, baseado em Perobelli, Haddad e
Domingues (2006), a equação (43) subsidia um melhor entendimento do método. O
setor 1 deveria produzir B11
Y1 para satisfazer a demanda Final Y
1, mas este não tem os
insumos para chegar nesse nível de produto. É preciso obter de outros setores, de modo
que a quantidade adquirida deve ser igual a . Similarmente a
análise pode ser aplicada para o lado da demanda YR da economia. Assim, ao ser
extraído o setor 1, a equação (43) tem seu sobrescrito modificado e tem a sua forma em
(44):
(44)
Finalmente, o resultado provido por (44) mede a dependência para trás do restante
da economia, no que se refere ao setor 1, por meio da diferença .
61
3.6 INDICADOR DE DESIGUALDADE TECNOLÓGICA INTERSETORIAL
Neste trabalho é desenvolvido o que aqui é definido por Indicador de
Desigualdade Tecnológica Intersetorial (IDTI). A elaboração deste índice é baseado no
coeficiente Gini e visa medir as desigualdades tecnológicas entre os setores.
Em termos teóricos, supõe-se que os setores adquirem certa quantidade de
insumos, das mais variadas espécies, de acordo com a tecnologia que dispõem.
Analogamente, conseguem produzir bens ou serviços que são ofertados na economia
também de acordo com sua tecnologia. Como cada setor tem sua tecnologia própria, é
possível que alguns sejam tecnicamente mais dependentes do que outros. Inversamente
é possível que seu produto ou serviço ofertado cause mais dependência técnica do que
outros. O indicador proposto visa, então, capturar essas desigualdades.
O Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial é baseado no Índice Gini
desenvolvido pelo estatístico Corrado Gini (1884-1965)2 e é aplicado na matriz inversa
de Leontief (denominada por B neste trabalho, no item 3.2 deste capítulo).
Para se calcular, o ponto de partida é a matriz B inversa de Leontief. A
dependência ou demanda tecnológica de um setor é feita de acordo com quanto este
demanda de insumo dos demais setores. Esta é calculada na equação (45):
∑ , i,j = 1, ..., n (45)
Em que DT é a demanda tecnológica do setor j; bij é o coeficiente tecnológico do
insumo-produto dos setores i e j.
Uma vez obtida as DTj é possível construir uma tabela com seus vários valores de
forma ordenada e aplicar os mesmos procedimentos para encontrar o coeficiente de
Gini. A partir da ordenação, calcula-se os valores de DTa , que são aqueles acumulados
do valor precedente, sempre mantendo a ordem.
Para ilustrar melhor, considere o vetor linha DT = [3 2 5]. Ordenando-se temos
DT = [2 3 5]. Os valores acumulados e ordenados é dado por DTa = [2 2+3 2+3+5].
Disso tem-se que DTa = [2 5 10]. Calcula-se, então, a proporção de cada elemento em
relação ao último elemento, inclusive si próprio, do que resulta Φj = [2/10 3/10 5/10],
isto é Φj = [0,2 0,3 0,5]. Finalmente, constrói-se um vetor em que são calculadas as
somas dos valores proporcionais do setor j ao seu precedente: Φj-1 + Φj = [0,2 0,5 0,8].
2 O índice foi proposto no documento Varibilita e mutabilita: contributo allo studio dele distribuzioni e
dele relacioni statistiche. Atualmente está divulgado no sítio de Internet <
http://archive.digibess.eu/islandora/object/librib%3A680892#page/1/mode/2up >, acesso em 07/08/2018.
62
De retorno para o IDTI, como este é baseado no coeficiente de Gini, tem-se o seu
valor dado em (46):
∑
, j = 1,...,n (46)
Em que IDTI(DT) é o Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial de
Demanda Tecnológica; G é o coeficiente Gini; j são os setores; n é o número de setores.
No exemplo em questão, o índice ficou em IDTI(DT) = 0,5. Quanto mais afastado
de zero, maior a desigualdade. Portanto a desigualdade em termos de dependência
tecnológica entre os setores, neste caso, ficou em 0,5 que pode significar uma
desigualdade mediana, mas a partir daí o pesquisador é quem interpreta o quão bom ou
ruim é tal desigualdade.
Com procedimentos similares é calculado o IDTI da Oferta Tecnológica (OT). OT
é a produção ofertada por setores, de modo que esta é requisitada das mais variadas
quantidades pelos setores da economia, inclusive si próprio. A produção total de cada
setor é dotada de certa tecnologia incorporada o que faz com que sua oferta seja
diferente das demais. Nesta abordagem o IDTI(OT) captura o quão desigual ou
heterogênea é a oferta de produtos e serviços na economia, em geral, numa perspectiva
de técnica.
Da mesma maneira que a DT, o ponto de partida é a matriz B inversa de Leontief.
A oferta tecnológica de um setor é feita de acordo com quanto este oferta de insumo aos
demais setores. Esta é calculada na equação (47):
∑ , i,j = 1, ..., n (47)
Em que OT é a oferta tecnológica do setor i; bij é o coeficiente tecnológico do
insumo-produto dos setores i e j.
Uma vez obtida as OTi é possível construir uma tabela com seus vários valores de
forma ordenada e aplicar os mesmos procedimentos para encontrar o coeficiente de
Gini. A partir da ordenação, calcula-se os valores de OTa , que são aqueles acumulados
do valor precedente, sempre mantendo a ordem. A ideia é a mesma que os
procedimentos de DTa , embora nesse caso, a somatória proveja um vetor-coluna.
De maneira similar à equação (46), o IDTI(OT) é dado em (48):
∑
, j = 1,...,n (48)
Em que IDTI(OT) é o Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial de
Oferta Tecnológica; G é o coeficiente Gini; i são os setores; n é o número de setores.
63
No exemplo anterior, supondo o mesmo vetor, o valor fica em IDTI(OT) = 0,5.
Portanto a desigualdade em termos de oferta tecnológica entre os setores seria 0,5 que
pode significar uma desigualdade mediana em termos de oferta na produção pelos
setores.
O IDTI é aplicado no presente trabalho tanto para DT, quanto para OT. É feito
tanto no nível de 67 produtos desagregados, quanto dentro dos três grandes setores.
Cabe aqui dizer que o IDTI pode ser aplicado intertemporalmente ou mesmo
intrassetorialmente, de modo que, ao aplicar nesta última situação, talvez seja possível
capturar se determinado setor tem se desenvolvido tecnologicamente ao longo do
tempo, mas tal exercício e outros ficam como sugestão ou para trabalhos posteriores.
3.7 MATRIZ DE INTENSIDADE
A Matriz de Intensidade é uma construção gráfica no espaço R3 que, conforme
desenvolvido por Sonis e Hewings (1999) e exposto em Caldas et al. (2016), permite
fácil visualização da estrutura econômica das regiões de interesse, podendo esta ser
regional ou temporal. Este trabalho, contudo extrapola tais limites e aplica à MIP
intersetorial de consumo intermediário que, conforme exposto no início do capítulo,
refere-se ao ano de 2015.
Seguindo estritamente a metodologia exposta em Caldas et al. (2016), O ponto de
partida é a matriz inversa de Leontief B exposta no item 3.2 deste capítulo. Considera-se
que Mc(B) seja um vetor (1 x n) em que cada elemento é a soma de uma coluna de B
fechada e Ml(B) é um vetor (n x 1) em que cada elemento é a soma de uma linha da
matriz B fechada. Os vetores podem ser vistos nas igualdades (49) e (50):
Mc(B) = [B1* B2* ... Bn* ] (49)
[
] (50)
Seja b** a soma de todos os elementos da matriz inversa de Leontief B, a matriz de
intensidade M é dada na equação (51):
(51)
Em que M é a matriz intensidade; b** é a soma de todos os elementos da inversa
da matriz B; Ml é o vetor linha; Mc é o vetor coluna; mij são os elementos da matriz M
em que i,j = 1, ..., n são os setores da economia.
64
No gráfico em R3 da economia brasileira, os eixos x e y são apresentados com os
multiplicadores linha e coluna, respectivamente, ordenados por tamanho. Neste
trabalho, os maiores multiplicadores de linha e coluna ficam em vértice definido pelos
dois eixos, enquanto no lado oposto ficam os menores. O eixo z apresenta a magnitude
da conjunção de ambos os setores. Visualmente, o gráfico apresenta uma topografia em
que é feito uma varredura entre os vértices opostos, dos maiores valores para os
menores, com a observação de uma queda.
3.8 CAMPO DE INFLUÊNCIA
Conforme Martins e Guilhoto (2012), a definição de Campo de Influência permite
entender quais os coeficientes técnicos gerariam maior impacto num sistema
econômico, como um todo. Este tipo de abordagem facilita a identificação de setores
que mantém maior interdependência entre si.
O método, assim, é descrito de acordo com Martins e Guilhoto (2012), cujo ponto
de partida é a matriz A=[aij] de coeficientes técnicos. Em seguida, define-se uma
variação incremental no coeficiente direto de insumo E=[εij]. Então, calcula-se a matriz
inversa de Leontief B=[I-A]-1
= [bij] e a B(ε) = [I-A-ε]-1
= [bij(ε)]. Define-se ε em (52)
εij = ε quando i=i1, j=j1 ou εij = 0 quando i≠i1, j≠j1 (52)
E o Campo de Influência é, então, aproximado pela equação (53):
F(εij) = [B(εij) – B] / εij (53)
Em que F(εij) é uma matriz (nxn) resultante do impacto sobre os demais
coeficientes da variação do coeficiente aij.
Por fim, encontra-se a matriz Sij em que são comparados os efeitos dos diversos
impactos decorrentes das variações nos coeficientes, conforme equação (54):
𝑆 ∑ ∑ 𝑓𝑘
𝑘 𝜀 ² (54)
Encontrado os valores de Sij, define-se que os seus maiores valores são aqueles
com maior campo de influência no sistema econômico analisado.
3.9 ANÁLISE DE SISTEMA DE REDES
A Análise de Sistema de Redes (System Network Analysis - SNA) é bastante útil
para visualizar relações n-dimensionais como alternativa às coordenadas cartesianas ou
mesmo a outros tipos de modelos de mensuração. Isto é, além de se poder capturar o
adensamento intersetoriais, concentração e magnitudes setoriais, um de seus pontos
fortes é o aspecto visual, baseado na Teoria dos Grafos. Um grafo, por sua vez, pode ser
65
definido como ―[...] uma coleção finita de pontos, chamados vértices ou nós, juntamente
com um conjunto finito de arestas ou arcos ligando pares de vértices. Uma aresta que
liga um vértice a si próprio é chamada de laço.‖ (KOLMAN, p. 338, 1999). Conforme
este autor, a determinação do grafo é feito pelo conjunto de vértices e arestas que o
ligam e não pela aparência da figura.
Ainda, de acordo com Nooy et al. (2005), o grafo representa a estrutura de uma
rede e seu vértice é a menor unidade desta. A linha ou aresta é uma ligação entre dois
vértices na rede. A linha pode ser unidirecional ou bidirecional. Já um loop é um tipo de
linha especial que conecta o vértice a ele mesmo. No presente estudo, é definido como
vértice a atividade setorial com uso de centralidades de grau, de grau ponderado e os
loops.
A Análise de Redes pode ser conjugada com estudos de MIP. Por exemplo,
Fedriani e Tenorio (2012) aplicaram a Teoria dos Grafos ao estudo de alguns conceitos
relacionados a Insumo-Produto: produtos fundamentais, conjuntos autônomos e
matrizes indecomponíveis. Os autores perceberam que a aplicação detectou importantes
vantagens educacionais a estudantes, pois estes preferem os grafos por mais facilidade
de assimilação de conceitos econômicos e realização de cálculos. Outra vantagem
encontrada neste tratamento é a possibilidade de programar algoritmos computacionais
para achar os conjuntos de produtos autônomos e fundamentais na economia.
A Análise de Redes é empregada, nesta pesquisa, na Matriz Insumo-Produto de
2015, sobre a tabela de recursos e usos setoriais, com 67 atividades econômicas, provida
pelo IBGE. O software utilizado para a confecção da rede é o Pajek. Contudo, foi
necessário escrever um script na linguagem Python para facilitar a conversão da matriz
em um formato legível no Pajek, haja vista a grande quantidade de inter-relações.
O primeiro passo, após o carregamento dos dados da MIP no Pajek, é
―clusterizar‖, ou seja, estabelecer classes às atividades de maneira que cada uma esteja
corretamente dentro de seu grupo como referência setorial. Para tanto se recorreu ao que
o IBGE compreende como atividades primárias, secundárias e terciárias e ao trabalho de
Clark (1940). A ―clusterização‖ pode ser vista na tabela 1.
Tabela 1: Atividades da Economia agrupadas em três grandes setores.
Número da Classe Setor Atividades Característica
1 Primário 1-7 Agropecuária e Extrativista 2 Secundário 8-40 Indústrias 3 Terciário 41-67 Serviços
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
66
A aplicação de um filtro sobre os fluxos se vê necessária, dado que o contingente
de relações intersetoriais é elevado, pois envolve todas as transações da matriz insumo-
produto . De modo arbitrário, é estabelecido um corte de 0,1% da Produção total das
atividades setoriais na Tabela de Recursos e Usos. 0,1% provê uma boa magnitude do
que pode ser realmente significante na produção de um país. Assim, fluxos abaixo de
0,1% da Produção são removidos. Caso este filtro não seja aplicado, a densidade da rede
é 1 (ou 100% em que todos os fluxos são contabilizados), o que praticamente
impossibilita uma análise mais nítida.
Após a aplicação de filtros é realizada a análise de rede sobre os três setores em
termos de centralidade e loop para 2015. Justifica-se, pois a técnica permite observar
quais são os setores mais importantes em termos de transações
intersetoriais/intrassetoriais. A partir daí as seguintes análises são feitas:
1) Centralidade de grau:
Sua justificativa é a verificação de quais atividades se inter-relacionam mais com
as outras. Economicamente, uma atividade que possui mais interações com outras pode
ter potencial de encadeamento econômico. Conforme Jackson (2008), a medida mais
simples da posição de um dado nó em uma rede é medir o seu grau. Um nó com grau n-
1 seria diretamente conectado a todos os outros e consequentemente central à rede. Já
um nó com grau 2 (em uma rede de grande tamanho n) seria menos central. O grau de
centralidade é simplesmente dado por di(g)/(n-1) em que di(g) é o número que a
atividade ou setor i tem de ligações e n é a quantidade de setores ou atividades.
2) Centralidade de grau ponderado:
A justificativa para esta análise é que intuitivamente pode-se dizer que maiores
fluxos de recursos tendem a estimular uma economia. Neste caso, a centralidade grau é
ponderada pelos valores dos fluxos ou, para ser mais claro, dos valores que cada
atividade transmite a outra. É apenas uma somatória dos recursos que, neste trabalho,
são caracterizados pelos valores dos fluxos.
3) Nível de loop:
Em termos econômicos de utilização de recursos, deve-se atentar também a
recursos produzidos por determinado setor e consumidos por si próprio. Sua atividade
centrada em si mesmo, por vezes também pode gerar benefícios econômicos tais como
geração de emprego. No caso da métrica do loop, é meramente a somatória de quanto
em recurso uma atividade direciona a si própria, ou seja, os valores estabelecidos na
tabela de recursos e usos da MIP de 2015.
67
3.10 RANKING
Cada índice apresentado neste estudo apresenta diferentes medidas com diferentes
interpretações, de modo que, por vezes, um indicador complementa outro. Além disso,
as atividades podem ser ordenadas de acordo com os valores encontrados em cada
métrica. No presente trabalho é desenvolvido um Ranking de ordenamento geral, por
meio de pontuações.
Isto também ajuda a focalizar melhor quais atividades econômicas têm melhor
desempenho geral. Para o cálculo, dos vários indicadores dos métodos expostos
anteriormente, são somadas as participações de cada setor em cada um destes se a
atividade econômica figurar entre as dez primeiras posições. A essa medida se dá o
nome de Pontos Simples (PS). Por outro lado, outra medida são os Pontos Ponderados
(PP). Neste caso, atribui-se 10 pontos à primeira posição, 9 à segunda e,
sequencialmente, 1 à décima posição e 0 ao restante.
Tanto os PS, quanto os PP tem seu equivalente positivo e negativo, isto é, há uma
classificação entre os dez melhores e os dez piores coeficientes nos indicadores. Então
após somar todos os pontos acumulados subtraem-se PS dos coeficientes dos dez
melhores indicadores do PS dos dez piores. Faz-se a mesma coisa com os PP. O valor
proverá o saldo que dirá se o setor teve um desempenho positivo ou negativo na
avaliação dos vários indicadores, de modo geral.
Ao saldo dessas operações se dá o nome de Pontos Totais Simples (PTS) e Pontos
Totais Ponderados (PTP) e é possível fazer um ranking que mostrará os setores mais
impactantes, de modo geral, na economia.
68
4. RESULTADOS E ANÁLISE
Neste capítulo são apresentados os resultados provenientes dos métodos aplicados
à Matriz Insumo-Produto explicados na Metodologia. Para uma melhor compreensão,
tenta-se seguir uma padronização. Primeiro é mostrado um resumo descritivo e por
quadros, com os dez melhores e os dez piores desempenhos de cada atividade
econômica no indicador. Em seguida é realizada breve análise qualitativa e são expostos
gráficos ou figuras para ilustrar os setores comparativamente. Desta maneira, tenta-se
alcançar o objetivo proposto que é verificar as ligações intersetoriais entre as atividades
produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto, com especial atenção para o Setor
Terciário. Também, tenta-se responder qual o impacto de Serviços para o estímulo das
atividades econômicas no Brasil.
4.1 ABORDAGEM DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO
A possibilidade de extração de informações por meio da Matriz Insumo-Produto é
extremamente elevada. Desta maneira, focalizaram-se apenas algumas julgadas
relevantes para a pesquisa aqui realizada, de modo arbitrário.
Quando analisados os principais setores com maior participação de Valor
Adicionado a Custo de Fatores, em termos relativos aos demais, verificou-se forte
presença de atividades do Terciário. Nas dez primeiras posições observou-se apenas
uma atividade do Secundário e uma do Primário. Nas dez últimas posições, foi
encontrado que três fazem parte do Terciário, duas do Primário e o restante do
Secundário. O Quadro 1 provê as principais participações em ambos os casos.
Quadro 1: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
no Valor Adicionado a Custo de Fatores em 2015.
Setores: Maior participação %VA Setores: Menor participação %VA
Comércio por atacado e a varejo (41) 13,26% Fabric. prod. do fumo (12) 0,08%
Administração pública (60) 9,99% Extr. met. não-ferrosos (7) 0,08%
Atividades imobiliárias (53) 9,78% Transporte aéreo (44) 0,12%
Intermediação financeira (52) 7,02% Fabr. e refino de açúcar (9) 0,14%
Construção (40) 5,74% Fabr. prod. de limpeza (23) 0,16%
Educação pública (61) 5,05% Impr. e repr. Gravações (18) 0,16%
Agricultura (1) 3,39% Transporte aquaviário (43) 0,16%
Transporte terrestre (42) 2,85% Fabr. Biocombustíveis (20) 0,17%
Outras atividades administrativas (58) 2,83% Edição integ. impressão (48) 0,17%
Saúde privada (64) 2,57% Extr carvão, min não-met (4) 0,17%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
69
Nota-se que os setores com maior participação de Valor adicionado a Custos de
Fatores são os de mão de obra intensiva. Estes resultados são compatíveis aos
encontrados por Lugli (2015). Segundo a autora, estes números indicam menor
produtividade por parte de Serviços frente à indústria, além disso, há um grande
impacto por conta da Demanda Final, cujos maiores consumidores são Famílias e
Governo. Já as atividades com menor participação não possuem um padrão exato e têm
atividades pertencentes aos três setores. A Figura 5 mostra o gráfico em colunas desta
análise.
Figura 5: Participação no Valor Adicionado a Custo de Fatores das 67 atividades, em
2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
No que se refere à participação das Atividades com maior participação no
Consumo Intermediário, entre as dez principais, consta-se cinco atividades do Terciário,
três do Secundário e duas do Primário. Do lado contrário, as dez menores participações
têm o Terciário com cinco representantes, o Secundário com quatro e o Primário com
um. As principais participações podem ser vista no Quadro 2:
70
Quadro 2: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
no Consumo Intermediário em 2015.
Setores: Maior participação %CI Setores: Menor participação %CI
Comércio por atacado e a varejo (41) 9,88% Serviços domésticos (67) 0,00%
Intermediação financeira (52) 7,66% Saúde pública (63) 0,01%
Refino petróleo coquerias (19) 6,58% Fabric. prod. do fumo (12) 0,01%
Transporte terrestre (42) 5,33% Educação pública (61) 0,04%
Energia elétrica, gás natural (38) 4,33% Fab. calçados e artef. Couro (15) 0,11%
Ativ. Jur. contábeis consult (54) 3,97% Confecção vestuário e acess. (14) 0,14%
Outras atividades administrativas (58) 3,94% Ativ. artísticas, criativas (65) 0,16%
Agricultura (1) 3,58% Extr. met. não-ferrosos (7) 0,19%
Fab. químicos, resinas (21) 3,00% Fabricação automóveis (33) 0,20%
Extração petróleo e gás (5) 2,86% Edição integ. impressão (48) 0,22%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
É de se fazer bastante sentido que as principais atividades de Consumo
Intermediário tenham como liderança o Comércio, dado que o Brasil é uma economia
capitalista de troca constante. Mas, em geral, é de se reparar que a maioria das
atividades com maior participação no Consumo Intermediário também tem elevada
demanda final. Em especial, afasta-se das considerações de Lugli (2015) em que a
participação de Serviços neste indicador é pequena. Contudo, aproxima-se mais da
observação de Kon (2015) em que Serviços está dotado com mais flexibilidade,
principalmente no auxílio às atividades produtivas e não apenas à Demanda Final.
Neste indicador é possível perceber que não apenas Serviços, mas os demais
setores também detêm heterogeneidade no que se refere ao consumo Intermediário, de
modo que a Indústria e as atividades Primárias figuram em ambos os extremos de
classificação. A distribuição pode ser vista graficamente na Figura 6:
71
Figura 6: Participação no Consumo Intermediário das 67 atividades, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Dentre as maiores participações relativas nos salários, há predominância do Setor
com nove posições dentre as dez primeiras. O Secundário completa com uma atividade.
Já as menores participações em termos relativos na distribuição salarial são compostas
em cinco atividades do Secundário, quatro do Primário e uma do Terciário, conforme
pode ser visto no Quadro 3.
Quadro 3: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
na composição de Salários em 2015.
Setores: Maior participação %SAL Setores: Menor participação %SAL
Administração pública (60) 14,79% Fabric. prod. do fumo (12) 0,05%
Comércio por atacado e a varejo (41) 12,94% Extr. met. não-ferrosos (7) 0,08%
Educação pública (61) 9,66% Produção florestal, pesca (3) 0,09%
Intermediação financeira (52) 5,20% Extr carvão, min não-met (4) 0,15%
Construção (40) 4,80% Extração de minério de ferro (6) 0,16%
Saúde pública (63) 4,38% Transporte aquaviário (43) 0,19%
Outras atividades administrativas (58) 3,80% Fabr. prod. de limpeza (23) 0,21%
Transporte terrestre (42) 3,02% Impr. e repr. Gravações (18) 0,22%
Serviços domésticos (67) 2,76% Metalurgia não-ferrosos (28) 0,22%
Saúde privada (64) 2,75% Refino petróleo coquerias (19) 0,22%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O resultado mostra que as atividades do Terciário são o principal carro-chefe da
economia brasileira no que diz respeito à distribuição de salários. O estudo de Pereira
(2012) mostrou que Serviços apresenta as atividades que menos remuneram, mas que
72
detém a maior participação no emprego. Analogamente, Pereira (2014) avaliou que o
Comércio é a atividade que paga os salários mais baixos. Da literatura e da análise dos
resultados aqui obtidos, conclui-se que a conjugação de baixos salários e grande
quantidade de emprego no Terciário faz com que as atividades de Serviços detenham,
em sua maioria, as maiores participações na composição total do pagamento de salários
no Brasil. A Figura 7 mostra a distribuição que torna evidente a forte participação de
Serviços neste indicador.
Figura 7:Participação na composição do Salário das 67 atividades, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
A participação setorial no Consumo das Famílias nas dez principais atividades
tem presença do Terciário com sete setores e Secundário com três. As dez menores
participações relativas conta com quatro do Primário, quatro do Terciário e dois do
Secundário, conforme Quadro 4:
73
Quadro 4: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
no Consumo das Famílias em 2015.
Setores: Maior participação %CF Setores: Menor participação %CF
Atividades imobiliárias (53) 14,95% Extração de minério de ferro (6) 0,00%
Comércio por atacado e a varejo (41) 13,87% Extr. met. não-ferrosos (7) 0,00%
Intermediação financeira (52) 7,91% Extr carvão, min não-met (4) 0,00%
Alimentação (47) 5,87% Extração petróleo e gás (5) 0,01%
Abate e produtos de carne (8) 5,31% Atividades de vigilância (59) 0,02%
Saúde privada (64) 5,07% Construção (40) 0,02%
Outros produtos alimentares (10) 4,55% Manutenção Máq. e equip. (37) 0,02%
Transporte terrestre (42) 3,17% Serv Arquit. Eng. P & D (55) 0,03%
Educação privada (62) 3,14% Des. Sist. Serv. Informação (51) 0,03%
Refino petróleo coquerias (19) 3,03% Educação pública (61) 0,03%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
É de se observar que a maioria das atividades que as Famílias consomem está
ligada aos bens finais de consumo. Como por exemplo, o uso cotidiano de alimentação,
saúde, moradia, combustível/transporte e utilização de atividades financeiras.
Inversamente, atividades primárias, sobretudo de extração não fazem parte do consumo
direto cotidiano das famílias. Ressalva-se que este indicador tem certa distorção, pois o
que é considerado como fornecimento público não consta no fluxo, dado que são
medidos em valor de troca monetário e não valor de uso. Assim, educação pública que é
muito consumido pelas famílias e tem uso, mas não tem valor quantificado
monetariamente, o valor monetário é constado no Consumo do Governo. A distribuição
é heterogênea, embora tenha mais concentração no Terciário, conforme Figura 8:
74
Figura 8: Participação na composição do Consumo das Famílias das 67 atividades, em
2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
No lado dos dez maiores investimentos em Formação Bruta de Capital Fixo, o
Secundário tem o maior número de participações com cinco atividades, o Terciário com
três atividades e o Primário com duas atividades econômicas. Dentre as menores
participação, destacam-se que nove são do setor Terciário e é completada com uma do
Secundário, conforme o Quadro 5:
Quadro 5: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
na Formação Bruta de Capital Fixo em 2015.
Setores: Maior participação %FBCF Setores: Menor participação %FBCF
Construção (40) 58,37% Serviços domésticos (67) 0,00%
Fab. máq. equip. mec. (32) 6,63% Ativ. Jur. contábeis consult (54) 0,00%
Des. Sist. Serv. Informação (51) 6,49% Transporte aéreo (44) 0,00%
Fabricação automóveis (33) 5,44% Armaz. ativ. aux. correio (45) 0,00%
Comércio por atacado e a varejo (41) 5,26% Refino petróleo coquerias (19) 0,00%
Fab. equip. info. eletr. (30) 2,93% Outras ativ. Prof. Cient. (56) 0,00%
Educação pública (61) 1,98% Ativ. tv, rádio, cine (49) 0,00%
Pecuária (2) 1,57% Ativ. artísticas, criativas (65) 0,00%
Fab. máq. equip. elet. (31) 1,54% Atividades de vigilância (59) 0,00%
Extração petróleo e gás (5) 1,49% Alojamento (46) 0,00%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Os resultados corroboram o que é esperado do setor secundário em termos de
investimento na Formação Bruta de Capital Fixo, que pode ser visto no gráfico em
75
barras da Figura 9. O Setor de construção se destaca com mais de 50% da participação
neste indicador. As dez principais atividades neste indicador são heterogêneas, embora
preponderem atividades relacionadas à intensidade tecnológica/conhecimento e/ou
reposição de equipamentos. Por outro lado, atividades que demandam menor
investimento em Capital Fixo estão relacionadas ao setor Terciário, embora haja
surpresa que o Setor Industrial de Refino de Petróleo conste neste lado do indicador,
talvez porque seja necessitária de grandes capitais que duram longo período.
Figura 9: Participação na composição da Formação Bruta de Capital Fixo das 67
atividades, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Em termos de participação relativa na exportação, o Setor Secundário lidera a
pauta com seis atividades, o Primário com três e o Terciário com uma, dentre as dez
principais atividades exportadoras. Por outro lado, as dez menores participações são
compostas por sete atividades Terciárias e três secundárias, conforme Quadro 6:
76
Quadro 6: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
na pauta de exportação em 2015.
Setores: Maior participação %EXP Setores: Menor participação %EXP
Agricultura (1) 13,48% Serviços domésticos (67) 0,00%
Comércio por atacado e a varejo (41) 9,22% Saúde pública (63) 0,00%
Abate e produtos de carne (8) 5,68% Atividades de vigilância (59) 0,00%
Extração de minério de ferro (6) 5,35% Água, esgoto, resíduos (39) 0,00%
Extração petróleo e gás (5) 5,06% Educação pública (61) 0,01%
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27) 4,55% Org. associativas (66) 0,01%
Outros produtos alimentares (10) 4,35% Educação privada (62) 0,01%
Outros eq. transp. exc auto. (35) 3,39% Energia elétrica, gás natural (38) 0,01%
Fab. celulose, papel (17) 3,10% Impr. e repr. Gravações (18) 0,02%
Metalurgia não-ferrosos (28) 2,80% Saúde privada (64) 0,03%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Observa-se na distribuição das atividades que mais exportam, em termos relativos,
presença de bens e manufaturados com forte relação ao extrativismo e/ou transformação
dos recursos naturais e commodities. Um exemplo é a indústria de ferro e celulose que
têm grandes vínculos com extração destes recursos. A atividade de Comércio também
tem forte presença, setor este imprescindível para que se realizem trocas na economia.
Inversamente, a maioria dos setores que menos exportam estão relacionados à
atividades menos tangíveis, predominantemente de Serviços, e/ou que exigem consumo
local como energia elétrica e educação pública. A distribuição pode ser vista na Figura
10.
77
Figura 10: Participação na composição da pauta de exportações das 67 atividades, em
2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O último indicador é o Consumo do Governo. Este pode preencher lacunas de
demanda em que o setor privado não consegue ofertar, permitindo que a economia
cresça. Nesta métrica, sete atividades pertencem ao Terciário e três ao Secundário. Dos
setores com menor participação, há três atividades do Secundário, quatro do Terciário e
três do Primário, conforme por ser visto no Quadro 7:
Quadro 7: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas
nos Gastos do Governo em 2015.
Setores: Maior participação %GOV Setores: Menor participação %GOV
Administração pública (60) 57,36% Serv Arquit. Eng. P & D (55) 0,00%
Educação pública (61) 24,61% Serviços domésticos (67) 0,00%
Saúde pública (63) 14,98% Energia elétrica, gás natural (38) 0,00%
Saúde privada (64) 3,05% Atividades imobiliárias (53) 0,00%
Fab. farmoquímicos e farm. (24) 0,61% Construção (40) 0,00%
Comércio por atacado e a varejo (41) 0,31% Extr. met. não-ferrosos (7) 0,00%
Intermediação financeira (52) 0,16% Fab peças automotores (34) 0,00%
Outros produtos alimentares (10) 0,01% Fabricação automóveis (33) 0,00%
Abate e produtos de carne (8) 0,01% Extração petróleo e gás (5) 0,00%
Transporte terrestre (42) 0,01% Extração de minério de ferro (6) 0,00%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Como é de se esperar, os Gastos do Governo estão concentrados, na matriz
produtiva de Insumo-Produto, na parte de administração pública com mais de 50% de
78
participação. Também, conforme dito anteriormente aparecem como consumo, dado os
gastos monetários, a educação pública e a saúde pública. Basicamente o governo
consome muito do Setor de Serviços, mas também produtos relativos à alimentação e
fármacos no tocante à Indústria. Por outro lado, há grande heterogeneidade quanto ao
que menos consome como pode ser visto na distribuição gráfica da Figura 11:
Figura 11: Participação na composição dos Gastos do Governo das 67 atividades, em
2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
4.2 ÍNDICE DE RASMUSSEN-HIRSCHMAN (RH)
Os índices de Rasmussen-Hirschman (RH) estão dispostos neste capítulo sob os
Índices de Ligação para Frente (Ui), para trás (Uj), de Dispersão para Frente (Vi) e para
Trás (Vj). O quadro com o resultado completo dos índices RH pode ser visto no
Apêndice A, Quadro A1. Conforme exposto no Capítulo 3, o Índice foi calculado sobre
a Matriz Insumo-Produto, do ano de 2015, provida pelo IBGE. A seguir são fornecidas
as análises dos resultados deste indicador.
4.2.1 ÍNDICES DE LIGAÇÃO PARA FRENTE E PARA TRÁS
O Índice de Ligação para Frente (Ui) significa que quanto maior o indicador,
maior a quantidade de insumos de uma atividade é demandada por outros segmentos, é
79
um índice de oferta. Dentre os dez primeiros coeficientes, há predominância do Setor
Terciário com cinco atividades. Em seguida aparecem o Secundário com três e o
Primário com duas. Por outro lado, as atividades com os menores coeficientes estão
divididas entre o Terciário com seis atividades e o Secundário com quatro, conforme
Quadro 8:
Quadro 8: Os 10 maiores e menores coeficientes de Ligação para Frente (Ui) de RH, em
2015.
Setores: Maior coeficiente Ui Setores: Menor coeficiente Ui
Comércio por atacado e a varejo (41) 3,84 Serviços domésticos (67) 0,55
Refino petróleo coquerias (19) 2,77 Saúde pública (63) 0,55
Transporte terrestre (42) 2,35 Educação pública (61) 0,57
Intermediação financeira (52) 2,16 Fabric. prod. do fumo (12) 0,58
Energia elétrica, gás natural (38) 2,02 Fabricação automóveis (33) 0,60
Agricultura (1) 1,89 Saúde privada (64) 0,61
Ativ. Jur. contábeis consult (54) 1,83 Edição integ. impressão (48) 0,61
Fab. químicos, resinas (21) 1,82 Fab. farmoquímicos e farm. (24) 0,62
Extração petróleo e gás (5) 1,41 Alojamento (46) 0,62
Outras atividades administrativas (58) 1,40 Confecção vestuário e acess. (14) 0,63
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O gráfico de Ui mostra grande magnitude do primeiro e segundo maiores
coeficientes em relação aos demais. Estas são as atividades de Comércio por atacado e
a varejo (41) e Refino de petróleo e coquerias (19), respectivamente. Visualmente, as
atividades que ofertam acima da média na economia estão relacionadas ao Terciário.
Inversamente, há certa homogeneidade entre as menores ofertas de bens e serviços,
dados que as últimas posições estão distribuídas entre atividades do Secundário e do
Terciário. Convém observar que, na mesma direção de Pereira (2012), Comércio obteve
alta pontuação, mas este não será considerado setor-chave, como se verá mais adiante.
Isso decorre que a atividade tem alto encadeamento no que tange a oferta, mas o setor
demanda insumos abaixo da média do Consumo Intermediário total. A distribuição
completa pode ser visto gráfico de barras da Figura 12.
80
Figura 12 : Índice de Ligação para Frente (Ui) de RH, com 67 setores, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O Índice de Ligação para Trás (Uj) significa que quanto maior o indicador, maior
a quantidade de insumos que uma atividade demanda de outros segmentos. Dentre os
dez primeiros coeficientes, há predominância total do Setor Secundário. Por outro lado,
as atividades com os menores coeficientes estão relacionados ao Terciário, em que
apenas uma atividade do Primário completa as dez últimas posições, conforme Quadro
9:
Quadro 9: Os 10 maiores e menores coeficientes de Ligação para Trás (Uj) de RH, em
2015.
Setores: Maior coeficiente Uj Setores: Menor coeficiente Uj
Abate e produtos de carne (8) 1,39 Serviços domésticos (67) 0,55
Refino petróleo coquerias (19) 1,37 Atividades imobiliárias (53) 0,61
Fabr. e refino de açúcar (9) 1,33 Atividades de vigilância (59) 0,67
Fabr. Biocombustíveis (20) 1,31 Educação pública (61) 0,69
Outros produtos alimentares (10) 1,30 Produção florestal, pesca (3) 0,75
Fabricação bebidas (11) 1,23 Des. Sist. Serv. Informação (51) 0,76
Fabr. prod. de limpeza (23) 1,21 Outras atividades administrativas (58) 0,77
Fabricação automóveis (33) 1,20 Educação privada (62) 0,77
Fabric. prod. do fumo (12) 1,20 Administração pública (60) 0,78
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27) 1,19 Alug. não-imob. prop. intel. (57) 0,78
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa
81
Os coeficientes de Uj indicam a magnitude em que as atividades demandam bens
e serviços das demais. O resultado mostra claro impulso em que a indústria acarreta
sobre as demais atividades, ou seja, a sua capacidade de encadeamento e estímulo às
demais atividades econômicas por meio de demanda. Deve-se observar, contudo, que a
maioria dos setores melhor pontuados está relacionada à transformação de produtos
primários. Do lado contrário, Serviços detém os menores coeficientes. A distribuição é
mostrada na Figura 13.
Figura 13: Índice de Ligação para Trás, (Uj) de RH, com 67 setores, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
4.2.2 ÍNDICES DE DISPERSÃO PARA FRENTE E PARA TRÁS
O Índice de Dispersão para Frente (Vi) significa que quanto maior o indicador,
mais concentrada é a oferta de bens ou serviços de uma atividade em direção a outras,
ou seja, poucos segmentos são demandantes desta. Dentre os dez primeiros coeficientes
mais baixos, há predominância total do Setor Terciário com cinco atividades, em
seguida o Secundário com três e o Primário com dois. Por outro lado, as atividades com
os maiores coeficientes estão entre o Secundário e o Terciário com cinco segmentos
cada, conforme pode ser visto no Quadro 10:
82
Quadro 10: Os 10 Menores e maiores coeficientes de Dispersão para frente (Vi) de RH,
em 2015.
Setores: Menor coeficiente Vi Setores: Maior coeficiente Vi
Comércio por atacado e a varejo (41) 1,22 Serviços domésticos (67) 8,19
Transporte terrestre (42) 2,13 Fabric. prod. do fumo (12) 8,18
Intermediação financeira (52) 2,33 Saúde pública (63) 8,16
Refino petróleo coquerias (19) 2,45 Saúde privada (64) 8,16
Ativ. Jur. contábeis consult (54) 2,62 Fab. calçados e artef. Couro (15) 8,05
Agricultura (1) 3,10 Educação pública (61) 7,96
Fab. químicos, resinas (21) 3,13 Fabricação automóveis (33) 7,83
Outras atividades administrativas (58) 3,26 Outros eq. transp. exc auto. (35) 7,76
Energia elétrica, gás natural (38) 3,32 Confecção vestuário e acess. (14) 7,54
Extração petróleo e gás (5) 3,65 Edição integ. impressão (48) 7,41
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Um maior coeficiente de dispersão não significa dizer que determinada atividade
não estimula os setores de maneira uniforme, mas apenas alguns segmentos. Disso
decorre que atividades como Comércio por atacado varejo (41), Intermediação
financeira (52), Transporte terrestre (42), Refino petróleo coquerias (19) e Energia
elétr., gás natural (38), dentre outras, têm os demais segmentos dependentes de sua
oferta de modo distribuído, que poderia ser dito de outra maneira, com maior
encadeamento. Por outro lado, as atividades com os maiores coeficientes têm sua oferta
de produtos e serviços consumidos de maneira concentrada, isto é, com pouca
variabilidade de atividades demandantes. Observa-se que o Terciário é bastante
presente neste quesito em algumas atividades, dado que a maior parte do consumo de
Saúde, Educação e Serviços Domésticos é consumida majoritariamente pelas Famílias
ou pelo Governo. As demais atividades com oferta de maneira concentrada são do
Secundário. Estas são bastante específicas tais como fabricação de fumo, de automóveis
e calçados, que se destacam por produzirem bens prontos para consumo. O gráfico em
barras do indicador pode ser visto na figura 14.
83
Figura 14: Índice de Dispersão para Frente, (Vi) de RH, com 67 setores, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O Índice de Dispersão para Trás (Vj) significa que quanto maior o indicador, mais
concentrada é a demanda de bens ou serviços de uma atividade com relação às outras,
ou seja, esta consome insumo de poucos segmentos. Dentre os dez primeiros
coeficientes mais baixos, há predominância quase total do Setor Secundário com nove
atividades, em seguida o Primário detém uma posição. Por outro lado, as atividades com
os maiores coeficientes estão predominantemente no Terciário com nove segmentos e
um pertencente ao Primário, conforme pode ser visto no Quadro 11:
Quadro 11: Os 10 maiores e menores coeficientes de Dispersão para Trás (Vj) de RH,
em 2015.
Setores: Menor coeficiente Vj Setores: Maior coeficiente Vj
Abate e produtos de carne (8) 3,77 Serviços domésticos (67) 8,19
Fabr. Biocombustíveis (20) 3,81 Atividades imobiliárias (53) 7,40
Fabr. prod. de limpeza (23) 3,86 Atividades de vigilância (59) 6,70
Fabr. e refino de açúcar (9) 3,93 Educação pública (61) 6,57
Fabricação automóveis (33) 3,96 Intermediação financeira (52) 6,32
Outros produtos alimentares (10) 3,96 Produção florestal, pesca (3) 6,30
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27) 4,15 Des. Sist. Serv. Informação (51) 6,29
Fabric. prod. do fumo (12) 4,20 Ativ. Jur. contábeis consult (54) 6,21
Extr. met. não-ferrosos (7) 4,20 Outras atividades administrativas (58) 6,04
Fabricação bebidas (11) 4,21 Serv Arquit. Eng. P & D (55) 5,99
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
84
O índice de Dispersão para Trás ratifica que o setor Secundário tem grande
encadeamento na Economia, pois demanda seus insumos de maneira mais heterogêna,
estimulando mais uniformemente as demais atividades. A mesma coisa não parece
ocorrer com grande parte do setor Terciário, com atividades relacionadas a Serviços. O
setor detém a característica de demandar de maneira concentrada os produtos das
demais atividades, fato já observado em Pereira (2012). Pode-se dizer que, Serviços
ainda que detenham atividades heterogêneas, a forma com que demanda seus insumos é
homogênea, na maior parte, conforme pode ser visto no gráfico da Figura 15.
Figura 15: Índice de Dispersão para Trás, (Vj) de RH, com 68 setores, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
4.2.3 SETORES-CHAVE
Setores-chave são aqueles que conseguem estimular a economia, com um padrão
acima da média, em relação aos demais. No caso dos índices de ligação para frente e
para trás de RH, ambos devem ter coeficientes maiores do que um. Nesta definição
foram encontradas 11 atividades consideradas chave, de modo que oito pertencem ao
setor Secundário e três ao Terciário, conforme pode ser visto no Quadro 12.
85
Quadro 12: Atividades consideradas chave para a Matriz Insumo-Produto de 2015 pelo
índice de RH.
Setor Atividade
Secundário Fab. celulose, papel (17)
Secundário Refino petróleo coquerias (19)
Secundário Fab. químicos, resinas (21)
Secundário Fab. Defensivos, desinf. (22)
Secundário Fab. borracha e plástico (25)
Secundário Prod. ferro-gusa, siderurgia (27)
Secundário Fab. Prdo. Met. Exc Maq. (29)
Secundário Energia elétrica, gás natural (38)
Terciário Transporte terrestre (42)
Terciário Telecomunicações (50)
Terciário Outras ativ. Prof. Cient. (56)
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
A forte presença da Indústria com setores-chave ratifica o grande poder de
encadeamento econômico do setor Secundário no que tange a oferta e a demanda.
Contudo, nota-se que a maior parte destas atividades tem relação com transformações
de produtos primários, tais como a produção e distribuição de energia, fabricação de
ferro, de celulose e produtos de metal e refino de petróleo. Em adição, neste trabalho
foram também encontrados Transportes Terrestres (43), Telecomunicações (50) e
Outras atividades profissionais (57) pertencentes ao Terciário. O resultado difere dos de
Pereira (2012), Pereira (2014) e Lugli (2015) que não encontraram nenhum setor-chave
do Terciário. Contudo, encontra os mesmos resultados que em Batista et al.(2018).
As atividades encontradas como setores-chave são mais detalhadas conforme o
IBGE (2007). Abaixo é exposto um pequeno resumo destas:
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel (17): Compreende a fabricação
de polpa, papel, papel-cartão e papelão e de produtos fabricados com papel, papel-
cartão ou papelão ondulado, mesmo impressos, desde que a impressão de informação
não seja a finalidade principal do produto. Compreende também a fabricação de polpa
moldada (produtos obtidos a partir de pastas químicas ou mecânicas e/ou aparas, na
forma desejada e para uso específico).
Refino de petróleo e coquerias (19): Compreende, principalmente, fabricação de
produtos do refino do petróleo: gás liquefeito do petróleo (GLP) gasolina, nafta, gás de
nafta craqueada, querosene de aviação, querosene comum, óleo diesel, óleo
combustível, gasóleo, gases residuais, parafina, óleos lubrificantes básicos, asfalto
(cimento asfáltico), coque de petróleo, alcatrão de petróleo, outros resíduos de petróleo,
86
etc.; fabricação do coque a partir do carvão mineral ou do linhito em coquerias
independentes.
Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros (21):
fabricação de produtos da primeira geração petroquímica como: eteno, propeno,
benzeno, tolueno, xilenos, butadieno, butenos, metanol e naftaleno a fabricação de
produtos intermediários para resinas termoplásticas e termofixas, como: cloreto de
vinila monômero, dicloroetano, estireno, etilbenzeno, anidrido maleico, bisfenol A, etc..
Também a fabricação de produtos intermediários para plastificantes, como: anidrido
ftálico, octanol, iso-butanol, etc.; a fabricação de produtos intermediários para fibras,
como: ácido adípico, caprolactama, ácido tereftálico, acrilonitrila, adipato de
hexametilenodiamina, dimetiltereftalato, monoetilenoglicol, etc.; a elaboração de
combustíveis nucleares; o enriquecimento de urânio e tório, dentre outros.
Fabricação de defensivos, desinfetantes, tintas e químicos diversos (22):
Compreende a fabricação de formulações químicas para o controle de insetos, fungos e
ervas daninhas na agricultura; a fabricação de acaricidas, formicidas, etc. para uso na
agricultura; a fabricação de formulações químicas para o controle de insetos e fungos
para uso doméstico, comercial e/ou industrial; a fabricação de formulações químicas
para controle de ervas daninhas na jardinagem; a fabricação de acaricidas, bactericidas,
cupinicidas, formicidas, moluscicidas, pesticidas, raticidas, rodenticidas para uso
doméstico, comercial e/ou industrial; a fabricação de espirais mata mosquito para uso
doméstico; a fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e lacas para pintura e repintura de
imóveis, automóveis e móveis, dentre outros.
Fabricação de produtos de borracha e de material plástico (25): Compreende a
fabricação de produtos de borracha ou de material plástico. As atividades desta divisão
são determinadas pela matéria-prima utilizada. Alguns exemplos são a fabricação de
pneumáticos e de câmaras-de-ar novos para todos os tipos de veículos e máquinas; a
fabricação de laminados planos e tubulares de material plástico (plástico em lençol,
filmes, tecidos, placas, etc.); a fabricação de cordas e cordoalhas de material plástico; a
fabricação de espuma de material plástico expandido; a fabricação de BOPP
(polipropileno biorientado), dentre outras.
Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem costura (27):
Compreende a produção de ferro-gusa por produtores independentes (guseiros); a
produção de ferroligas (ferrocromo, ferromanganês, ferronióbio, ferrossilício, etc.), por
87
produtores independentes; a produção de lingotes, blocos ou tarugos e placas, em aço-
carbono e aços especiais/ligados, por processo de lingotamento convencional ou
contínuo; a produção de bobinas, chapas e folhas em aço-carbono, obtidas na
laminação, a quente ou a frio; a produção de laminados planos em aço-carbono
revestidos: folhas e bobinas de flandres (estanhadas), folhas e bobinas cromadas,
bobinas e chapas eletrogalvanizadas e zincadas a quente; a produção de bobinas, chapas
e folhas em aços especiais/ligados (aços ao silício, aços inoxidáveis), obtidos na
laminação, a quente e a frio, dentre outras.
Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (29):
Compreende a fabricação de produtos de metal como estruturas metálicas e obras de
caldeiraria pesada para diversas aplicações, caldeiras, tanques e reservatórios metálicos
utilizados como instalação para armazenamento e uso industrial e a fabricação de
produtos de serralheria, forjaria, estamparia, funilaria, metalurgia de pó, artigos de
cutelaria, embalagens metálicas e ferramentas. Compreende também a fabricação de
artefatos metálicos para uso doméstico, a fabricação de armas e munições e os serviços
de tratamento de metais.
Energia elétrica, gás natural e outras utilidades (38): Compreende a geração de
energia elétrica em alta tensão, a transmissão desde as usinas de geração até os centros
de distribuição, distribuição para os consumidores finais e o comércio atacadista de
energia elétrica. Compreende também a produção de gás derivado de fontes primárias
de energia, por processos que envolvem reação química; por exemplo, o gás produzido
de carvão vegetal ou hidrocarbonetos líquidos, como a nafta (gás manufaturado).
Transporte Terrestre (42): Compreende o transporte de passageiros e carga por
rodovias e ferrovias e dutos. Compreende também o transporte rodoviário sob regime de
fretamento e o transporte em trens turísticos, teleféricos e similares.
Telecomunicações (50): Compreende as atividades de prestação de serviços de
telecomunicações e serviços conexos. Ou seja, atividades de transmissão, emissão ou
recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de
qualquer natureza. A infraestrutura de telecomunicações que dá suporte às atividades
pode ser baseada em uma única tecnologia ou em uma combinação de tecnologias, seja
por fio, micro-ondas ou satélite. A principal característica das atividades é a transmissão
de conteúdo, sem envolver as atividades de criação.
Outras atividades profissionais, científicas e técnicas (56): Compreende as
atividades de serviços profissionais, científicos e técnicos, exceto as atividades
88
jurídicas, de contabilidade e auditoria, de engenharia e de arquitetura. Não compreende
as atividades de realização de testes e análises técnicas, de consultoria em gestão
empresarial, de pesquisa e desenvolvimento científico e as atividades de publicidade e
de pesquisa de mercado e de opinião. Compreende design e decoração de interiores;
atividades fotográficas e similares; serviços de tradução, interpretação e similares;
escafandria e mergulho; serviços de agronomia e de consultoria às atividades agrícolas e
pecuárias; atividades de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral,
exceto imobiliários; agenciamento de profissionais para atividades esportivas, culturais
e artísticas; serviço de previsão meteorológica; serviços de avaliação não-imobiliária
(joias, antiguidades, etc.); as atividades de assessoria e consultoria técnica em áreas
profissionais, científicas e técnicas não especificadas anteriormente, inclusive as
realizadas por profissionais autônomos ou constituídos como empresas individuais,
dentre outras.
4.3 ÍNDICE PURO DE GUILHOTO, HEWINGS E SONIS (GHS)
O índice de RH que não leva em conta o nível de produção de uma determinada
atividade. Os índices de GHS tentam corrigir esta imperfeição. O Quadro A2 no
Apêndice A mostra todos os coeficientes dos índices de puros de ligação de GHS das
atividades compostas sobre a MIP de 2015, que foi a matriz submetida à aplicação deste
índice neste estudo, conforme explicado no capítulo de metodologia.
O Índice Puro de Ligação para Frente (PBL) significa que quanto maior o
indicador, maior a quantidade de insumos de uma atividade demandada por outros
segmentos, ponderados pelo valor da produção. O PBLN é o PBL normalizado pela
média, que não altera a ordem de classificação dos segmentos de acordo com os
coeficientes obtidos. Dentre os dez primeiros coeficientes, há maior participação do
Setor Secundário com cinco atividades. Em seguida, aparece o Terciário com quatro e o
Primário com um, que podem ser vistos no Quadro 13.
89
Quadro 13: Os dez maiores coeficientes PBL e PBLN do Índice de GHS, em 2015.
Atividade PBL PBLN
Construção (40) 366425,87 6,70
Comércio por atacado e a varejo (41) 327146,64 5,98
Abate e produtos de carne (8) 287209,62 5,25
Administração pública (60) 281500,97 5,15
Outros produtos alimentares (10) 208464,10 3,81
Fabricação automóveis (33) 158518,94 2,90
Alimentação (47) 155816,78 2,85
Agricultura (1) 115054,26 2,10
Refino petróleo coquerias (19) 92066,85 1,68
Intermediação financeira (52) 91435,58 1,67
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
As atividades com os menores coeficientes de PBL e PBLN (cuja ordem não se
altera) são dominadas pelo Terciário com seis atividades seguida pelo Secundário e
Primário, ambos com duas, conforme Quadro 14:
Quadro 14: Os dez menores coeficientes PBL e PBLN do Índice de GHS, em 2015.
Atividade PBL PBLN
Serviços domésticos (67) 0,00 0,00
Atividades de vigilância (59) 107,94 0,00
Impr. e repr. Gravações (18) 697,54 0,01
Ativ. tv, rádio, cine (49) 1296,62 0,02
Extr carvão, min não-met (4) 1976,61 0,04
Alug. não-imob. prop. intel. (57) 3187,10 0,06
Outras ativ. Prof. Cient. (56) 3557,70 0,07
Transporte aquaviário (43) 4714,76 0,09
Produção florestal, pesca (3) 5641,39 0,10
Fabricação prod. Madeira (16) 6340,96 0,12
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O índice PBLN mostra que a oferta de produtos tem grande participação do setor
Terciário, cujos serviços são bastante utilizados no consumo intermediário das
atividades produtivas, mas também no consumo final. As atividades com maiores
coeficientes são bastante heterogêneas, incluindo as do setor secundário, mas estão
ligados aos bens finais ou de grande volume produtivo como é o caso da agricultura. Na
outra ponta, há grande participação do Terciário que, surpreendentemente, tem o setor
Outras atividades profissionais, científicas e técnicas (56) tendo baixa importância,
uma vez que foi considerado chave no índice RH. A distribuição desse indicador pode
ser visto no gráfico da Figura 16.
90
Figura 16: Distribuição dos coeficientes do índice PBLN de GHS, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O índice puro de ligação para trás PFL significa que quanto maior o indicador,
maior a quantidade de insumos que uma atividade demanda de outros segmentos,
ponderados pelo valor da sua produção. O PFLN é o PFL normalizado pela média, que
não altera a ordem de classificação dos segmentos de acordo com os coeficientes
obtidos. Dentre os dez primeiros coeficientes, há maior participação do Setor Terciário
com cinco atividades. Em seguida, aparece o Secundário com três e o Primário com
dois, que podem ser vistos no Quadro 15.
Quadro 15: Os dez maiores coeficientes PFL e PFLN do Índice de GHS, em 2015.
Atividade PFL PFLN
Comércio por atacado e a varejo (41) 386424,54 7,09
Intermediação financeira (52) 256676,47 4,71
Refino petróleo coquerias (19) 225086,44 4,13
Transporte terrestre (42) 221189,13 4,06
Outras atividades administrativas (58) 157716,17 2,89
Ativ. Jur. contábeis consult (54) 157659,73 2,89
Energia elétrica, gás natural (38) 143480,27 2,63
Agricultura (1) 137536,26 2,52
Fab. químicos, resinas (21) 113930,41 2,09
Extração petróleo e gás (5) 107769,30 1,98
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
91
As dez atividades com os menores coeficientes de PBL e PFLN (cuja ordem não
se altera) e, portanto, com menor encadeamento na economia Tem cinco participações
do Terciário, quatro do Secundário e um do Primário, conforme Quadro 16:
Quadro 16: Os dez menores coeficientes PFL e PFLN do Índice de GHS, em 2015.
Atividade PFL PFLN
Serviços domésticos (67) 0,00 0,00
Fabric. prod. do fumo (12) 47,23 0,00
Saúde pública (63) 308,59 0,01
Saúde privada (64) 399,75 0,01
Fab. calçados e artef. Couro (15) 1168,98 0,02
Educação pública (61) 1697,28 0,03
Fabricação automóveis (33) 3253,20 0,06
Outros eq. transp. exc auto. (35) 3960,37 0,07
Extr. met. não-ferrosos (7) 6286,10 0,12
Confecção vestuário e acess. (14) 6760,22 0,12
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O PFL/PFLN incorpora apenas a matriz insumo-produto de consumo
intermediário, de modo que também não evita algumas distorções, sobretudo as
relacionadas aos setores que têm seus principais consumidores: o Governo e as
Famílias. Em decorrência disso, Serviços domésticos e públicos acabam sendo
prejudicados na avaliação. Desconsiderando este detalhe e posicionando o viés para o
consumo intermediário inter e intrassetorial é possível ver por meio do gráfico da Figura
17, enorme heterogeneidade nos índices em ambas as avaliações. O índice conseguiu
capturar o enorme fluxo de valores monetários, principalmente, nas atividades de
Comércio atacado varejo (41), Intermediação financeira (52), Refino petróleo e
coquerias (19) e Transporte terrestre (42).
92
Figura 17: Distribuição dos coeficientes do índice PFLN de GHS, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Já o índice puro de ligação total (PTL) nada mais é do que a soma dos índices
PBL e PFL. Analogamente, o PTLN é o PTL normalizado pela média, que não altera a
ordem de classificação dos segmentos de acordo com os coeficientes obtidos. Este é um
bom indicador para ver quais são os setores com maior peso, em termos de participação
de valores na economia de Insumo-Produto. Dentre os dez primeiros coeficientes, há
maior participação do Setor Secundário com cinco atividades. Em seguida, aparecem o
Terciário com quatro e o Primário com um, que podem ser vistos no Quadro 17.
Quadro 17: Os dez maiores coeficientes PTL e PTLN do Índice de GHS, em 2015.
Atividade PTL PTLN
Comércio por atacado e a varejo (41) 713571,19 6,54
Construção (40) 414015,04 3,79
Intermediação financeira (52) 348112,04 3,19
Abate e produtos de carne (8) 318932,55 2,92
Refino petróleo coquerias (19) 317153,29 2,90
Administração pública (60) 303039,31 2,78
Transporte terrestre (42) 302241,84 2,77
Outros produtos alimentares (10) 275072,24 2,52
Agricultura (1) 252590,52 2,31
Alimentação (47) 190497,22 1,74
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
93
Já as dez atividades com os menores coeficientes de PTL e PTLN (cuja ordem não
se altera) e, portanto, com menor peso na economia tem maior participação do setor
Terciário com cinco segmentos, em seguida vem o Primário com três e o Secundário
com dois, conforme Quadro 18:
Quadro 18: Os dez menores coeficientes PTL e PTLN do Índice de GHS, em 2015.
Atividade PTL PTLN
Serviços domésticos (67) 0,00 0,00
Extr. met. não-ferrosos (7) 15763,21 0,14
Fabric. prod. do fumo (12) 16169,35 0,15
Edição integ. impressão (48) 17352,38 0,16
Transporte aquaviário (43) 17453,68 0,16
Produção florestal, pesca (3) 19054,84 0,17
Impr. e repr. Gravações (18) 19179,30 0,18
Extr carvão, min não-met (4) 19206,73 0,18
Alojamento (46) 20747,19 0,19
Ativ. artísticas, criativas (65) 22497,85 0,21
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
É de se observar, novamente, bastante heterogeneidade dos setores que possuem
tanto maior peso, quanto menor peso, em termos de transações na economia de
consumo intermediário, nos coeficientes de PTLN de GHS. Ou seja, nas atividades
com os melhores desempenhos do índice não é possível estabelecer precisamente um
padrão, mas nota-se que, de fato, há uma enorme influência por conta da ponderação de
valores totais produzidos. No outro extremo, o baixo nível de produção em termos
monetários, sem levar em conta a Demanda Final, também é perceptível. Desta análise
se depreende que os maiores encadeamentos contemplam não apenas o uso técnico dos
insumos, mas também a influência em termos de valores monetários. Disto, pode-se
concluir que certas atividades de Serviços promovem grande encadeamento na
economia, como Comércio (41), Intermediação Financeira (52), Administração Pública
(60) e Transporte Terrestre (42). Atividades que envolvem a flexibilidade produtiva tal
como visto em Kon (2015) ou de característica burocrática. A distribuição do indicador
pode ser vista na Figura 18.
94
Figura 18: Distribuição dos coeficientes do índice PTLN de GHS, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Finalmente, para que um setor seja considerado chave é necessário que este esteja
acima da média, ou seja, com valores acima de 1 nos índices de PBLN e PFLN,
concomitantemente. Os resultados podem ser vistos no Quadro 20.
Quadro 19: Atividades consideradas chave para a Matriz Insumo-Produto de 2015 pelo
método GHS.
Setor Setores-Chave pelo Índice de Ligações Puras de GHS
Primário Agricultura (1)
Secundário Outros produtos alimentares (10)
Secundário Refino petróleo coquerias (19)
Terciário Comércio por atacado e a varejo (41)
Terciário Transporte terrestre (42)
Terciário Telecomunicações (50)
Terciário Intermediação financeira (52)
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Conforme extensamente dito, além do próprio encadeamento na economia, o
principal diferenciador do índice de GHS é a ponderação por valores monetários nos
fluxos entre os segmentos em comparação ao índice de RH. Nesta avaliação, fica
evidente o potencial do setor Terciário na economia, que é bastante capturado quando se
vê a participação no PIB de modo relativo entre os três grandes setores tal qual no
95
Capítulo 2, no item de avaliações do PIB, deste trabalho. As atividades encontradas
como chave se referem à flexibilidade, visto em Kon (2015), para a
complementariedade produtiva tal como canais de distribuição, comunicação,
investimento e fluxo financeiro. Ainda no Brasil, há grande impacto do setor
alimentício e de agricultura (ambos fortemente interligados aparentemente). Os serviços
de Transporte Terrestre (42) novamente aparecem ao lado de Refino de petróleo (19) e
Telecomunicações (50), já constados no índice de RH. É muito clara a importância de
ambos num país onde a estrutura produtiva é extremamente dependente de transporte
rodoviário, tanto para cargas, quanto para passageiros, além do vasto uso atual de
telefonia móvel e Internet. Os resultados, no que tange o setor de Serviços, caminham
em direção ao encontrado por Pereira (2014), o autor só não encontrou
Telecomunicações (50) como chave neste mesmo indicador.
As atividades encontradas como setores-chave na abordagem de GHS estão mais
detalhadas em IBGE (2007). Abaixo é exposto um pequeno resumo das atividades
consideradas chaves no GHS, em adição às encontradas no índice de RH:
Comércio por atacado e a varejo (41): Compreende as atividades de venda por
atacado de mercadorias, quer realizada por comerciante atacadista ou por representante
ou agente do comércio. Em geral, esta venda é uma etapa intermediária da distribuição
de mercadorias e está organizada para vender mercadorias em grandes quantidades a
varejistas, a empresas, estabelecimentos agropecuários, cooperativas e a uma clientela
institucional. Entretanto, alguns atacadistas, sobretudo os que fornecem bens de capital
de grande porte, vendem mercadorias por unidade aos usuários finais. Compreende
também as manipulações habituais do comércio atacadista como montagem,
classificação e agrupamento de produtos em grande escala, fracionamento,
acondicionamento e envasamento, redistribuição em recipientes de menor escala –
quando realizadas por conta própria e as atividades de representantes comerciais e
agentes do comércio atacadista realizadas via internet.
Intermediação financeira, seguros e previdência complementar (52): Compreende
as unidades voltadas primordialmente à realização de transações financeiras, isto é,
transações envolvendo a criação, liquidação e troca de propriedade de ativos
financeiros. Também compreende as atividades de seguros, capitalização, resseguros,
previdência complementar, planos de saúde e as atividades de serviços de apoio às
transações financeiras e às atividades de seguros. O Banco Central, como autoridade
monetária do país, também está enquadrado. Compreende também as atividades
96
relacionadas à propriedade de ativos, tais como as empresas holdings, as atividades de
fundos de investimento e outras entidades financeiras.
Outros produtos alimentares (10): Compreende Fabricação de produtos de
panificação; Fabricação de biscoitos e bolachas; Fabricação de produtos derivados do
cacau, de chocolates e confeitos; Fabricação de massas alimentícias; Fabricação de
especiarias, molhos, temperos e condimentos; Fabricação de alimentos e pratos prontos;
Fabricação de vinagres; Fabricação de pós-alimentícios; Fabricação de fermentos e
leveduras; Fabricação de gelo comum; Fabricação de produtos para infusão (chá, mate,
etc.); Fabricação de adoçantes naturais e artificiais; dentre outros.
Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita (1): Compreende
cultivo de lavouras identificadas quatro segmentos (grupos): produção de lavouras
temporárias; horticultura e floricultura ; produção de lavouras permanentes; produção de
sementes e mudas certificadas onde estão incluídos os processos de cultivo tradicional,
orgânico, bem como o cultivo de plantas modificadas geneticamente. De atividades de
apoio à agricultura, compreende o preparo do solo, plantio, colheita, etc.. Por atividades
pós-colheita entende-se a preparação primária de produtos agrícolas para o mercado
(limpeza, ornamentação, classificação, desinfecção).
4.4 MULTIPLICADORES DE PRODUTO E DE EMPREGO
O Multiplicador de Produção captura o impacto direto e indireto na economia
causado pelo crescimento de uma atividade econômica (Pereira, 2014). Se a demanda de
um setor aumentar em uma unidade monetária, então o valor do coeficiente será o
equivalente produzido na economia direta e indiretamente. O cálculo dos
Multiplicadores de Produção, de acordo com o Capítulo de Metodologia, é feito sobre a
MIP de 2015 e a relação dos valores obtidos está no Quadro A3 no Apêndice A.
Ao se analisar os 10 maiores Multiplicadores de Produção Tipo I (MPI), observa-
se que todos pertencem ao Secundário. Em contrapartida, das atividades que detêm os
dez menores Multiplicadores, nove pertencem ao Terciário e um ao setor primário,
conforme o Quadro 20.
97
Quadro 20: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Produção MP
do Tipo I, em 2015.
Setor MP Tipo I Setor MP Tipo I
Abate e produtos de carne (8) 2,51 Serviços domésticos (67) 1,00
Refino petróleo coquerias (19) 2,48 Atividades imobiliárias (53) 1,11
Fabr. e refino de açúcar (9) 2,41 Atividades de vigilância (59) 1,22
Fabr. Biocombustíveis (20) 2,38 Educação pública (61) 1,24
Outros produtos alimentares (10) 2,36 Produção florestal, pesca (3) 1,36
Fabricação bebidas (11) 2,22 Des. Sist. Serv. Informação (51) 1,38
Fabr. prod. de limpeza (23) 2,19 Outras atividades administrativas (58) 1,39
Fabricação automóveis (33) 2,18 Educação privada (62) 1,39
Fabric. prod. do fumo (12) 2,18 Administração pública (60) 1,41
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27) 2,15 Alug. não-imob. prop. intel. (57) 1,42
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Observa-se diante destes resultados que a indústria é a que mais impacta no
crescimento produtivo da economia com uso desta métrica. Por outro lado, o Terciário é
o setor que detém os menores coeficientes, sobretudo aqueles relacionados às atividades
públicas, conforme pode também ser verificado no gráfico da Figura 19.
Figura 19: Distribuição dos Multiplicadores de Produção do Tipo I, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Conforme Guilhoto e Sesso Filho (2010), o Multiplicador Tipo II tem o Consumo
das Famílias endogeneizado, o que faz com que este capture efeito direto, indireto e
induzido (renda). A interpretação é a mesma que no MP Tipo I.
98
Para o Multiplicador de Produção do Tipo II (MP II), dentre os dez maiores
valores, seis atividades pertencem ao setor Terciário e quatro ao Secundário. Na posição
oposta, dos dez menores valores, cinco pertencem ao Primário, quatro ao Terciário e um
ao Secundário, conforme pode ser visto no quadro 21.
Quadro 21: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Produção MP
do Tipo II, em 2015.
Setor MP Tipo II Setor MP Tipo II
Serviços domésticos (67) 4,48 Atividades imobiliárias (53) 1,24
Educação pública (61) 4,24 Produção florestal, pesca (3) 1,81
Saúde pública (63) 4,09 Agricultura (1) 2,41
Administração pública (60) 3,89 Alug. não-imob. prop. intel. (57) 2,55
Educação privada (62) 3,87 Fab. equip. info. eletr. (30) 2,63
Atividades de vigilância (59) 3,87 Extração de minério de ferro (6) 2,65
Abate e produtos de carne (8) 3,80 Extração petróleo e gás (5) 2,68
Fabr. e refino de açúcar (9) 3,76 Ativ. Jur. contábeis consult (54) 2,77
Fab peças automotores (34) 3,74 Pecuária (2) 2,80
Fab. calçados e artef. Couro (15) 3,72 Intermediação financeira (52) 2,81
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Com os resultados, consegue-se notar uma grande diferença do MPII em relação
ao MPI, isto por conta da endogeneização do Consumo das Famílias que, com renda
adquirida, consegue induzir sobremaneira a economia. Isso é claramente visto quando
se observa que as principais atividades estão relacionadas a serviços públicos e a
serviços domésticos que, embora não tenham grande participação no consumo
intermediário, conseguem ―puxar‖ a economia com consumo. O mesmo não se pode
dizer das atividades primárias e do segmento de Intermediação Financeira (53) cujos
muitos de seus efeitos indiretos não são capturados no índice. A distribuição no gráfico
da Figura 20 deixa nítida essa situação.
99
Figura 20: Distribuição dos Multiplicadores de Produção do Tipo II, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O Multiplicador de Emprego (ME) é o efeito direto e indireto na geração de
empregos para cada unidade monetária produzida na Economia. No ME Tipo I (MEI)
dentre os dez maiores coeficientes, o Secundário detém oito coeficientes e o primário
dois. Já dentre os dez menores coeficientes, sete são do Terciário e três do Primário
conforme Quadro 22.
Quadro 22: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Emprego ME
do Tipo I, em 2015.
Setor ME I Setor ME I
Refino petróleo coquerias (19) 81,67 Serviços domésticos (67) 1,00
Extração petróleo e gás (5) 12,76 Atividades de vigilância (59) 1,08
Fabric. prod. do fumo (12) 12,44 Produção florestal, pesca (3) 1,13
Abate e produtos de carne (8) 9,90 Educação privada (62) 1,14
Fab. químicos, resinas (21) 8,47 Ativ. artísticas, criativas (65) 1,16
Energia elétrica, gás natural (38) 8,34 Outras atividades administrativas (58) 1,16
Fabricação automóveis (33) 8,24 Pecuária (2) 1,16
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27) 7,32 Educação pública (61) 1,20
Fabr. Biocombustíveis (20) 6,98 Agricultura (1) 1,22
Extração de minério de ferro (6) 6,78 Org. associativas (66) 1,24
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Observa-se forte presença de atividades do Setor Secundário também nos
multiplicadores de Emprego que provê resultados à geração de emprego na cadeia
100
produtiva. As atividades que mais impactam estão ligadas a setores de processamento e
extração de recursos naturais, embora segmentos de produtos químicos e de automóveis
também geram grandes impactos na geração de empregos. O setor de Serviços, no lado
contrário mostra baixa geração de emprego a cada unidade monetária investida, fato já
observado em Pereira (2014). Também, os segmentos agropecuários, de extração
florestal e pesca têm propensão a gerar menos empregos, como pode ser visto no gráfico
da Figura 21. É de se notar o forte potencial para geração de emprego do ramo de refino
de Petróleo e Coquerias.
Figura 21: Distribuição dos Multiplicadores de Emprego do Tipo I, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
O Multiplicador de Emprego do Tipo II (MEII) tem o Consumo das Famílias
endogeneizado, o que faz com que este capture efeito direto, indireto e induzido (renda)
na Economia. Neste indicador, em que cada unidade monetária geraria um equivalente
de emprego na mesma magnitude que seu coeficiente. Os dez maiores valores
encontrados têm como participação oito atividades do Secundário e duas do Primário.
Inversamente, dos dez menores valores, seis pertencem ao setor Terciário, três ao
Primário e um ao Secundário. O quadro 23 provê tais resultados.
101
Quadro 23: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Emprego ME
do Tipo II, em 2015
Setor ME II Setor ME II
Refino petróleo coquerias (19) 153,13 Serviços domésticos (67) 1,21
Extração petróleo e gás (5) 28,00 Produção florestal, pesca (3) 1,22
Fabric. prod. do fumo (12) 17,53 Pecuária (2) 1,30
Energia elétrica, gás natural (38) 16,37 Agricultura (1) 1,44
Fab. químicos, resinas (21) 15,97 Ativ. artísticas, criativas (65) 1,49
Fabricação automóveis (33) 15,82 Org. associativas (66) 1,57
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27) 13,37 Alimentação (47) 1,69
Abate e produtos de carne (8) 12,67 Confecção vestuário e acess. (14) 1,74
Extração de minério de ferro (6) 12,38 Outras atividades administrativas (58) 1,78
Fab. Defensivos, desinf. (22) 11,20 Comércio por atacado e a varejo (41) 1,79
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Neste indicador, não há muita alteração na configuração em relação ao Tipo I,
exceto os incrementos nos valores dos índices. Da mesma maneira também aparecem
muitas atividades de processamento e extração de recursos naturais. No lado contrário,
segmentos ligados ao Setor Primário constituem débil poder de geração de emprego a
cada unidade monetária, idêntica ao Multiplicador de Emprego Tipo I. O Setor Terciário
se destaca por baixa capacidade de gerar emprego por unidade, mesmo com o consumo
das famílias endogeneizado. A distribuição pode ser vista no gráfico da Figura 22.
Figura 22: Distribuição dos Multiplicadores de Emprego do Tipo II, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
102
4.5 EXTRAÇÃO HIPOTÉTICA
Conforme exposto no capítulo de Metodologia, na abordagem da Extração
hipotética, supõe-se que um setor seja retirado da Economia. Em seguida, verifica-se o
impacto na economia. Este impacto, de acordo com Miller e Blair (2009), pode ser
mensurado em termos percentuais. No presente estudo, cada atividade econômica foi
extraída uma a uma para fins de simulação. A partir de então foi avaliado o impacto na
Produção Nacional. Os valores podem ser vistos no Quadro A5, contido no Apêndice A.
Das dez atividades que, na sua ausência, causam maiores reduções percentuais na
Produção Nacional, cinco são do Secundário, quatro do Terciário e uma do primário. As
dez atividades que menos causam impactos na economia têm quatro pertencentes ao
Terciário, três ao Secundário e três ao Primário, conforme o Quadro 24.
Quadro 24: Dez maiores e menores reduções percentuais causadas sobre o PIB, após
extração Hipotética de uma atividade, em 2015.
Maiores Impactos % Menores Impactos %
Comércio por atacado e a varejo (41) 15,83% Fabric. prod. do fumo (12) 0,31%
Construção (40) 10,06% Extr. met. não-ferrosos (7) 0,31%
Administração pública (60) 9,88% Transporte aquaviário (43) 0,32%
Intermediação financeira (52) 7,26% Impr. e repr. Gravações (18) 0,33%
Refino petróleo coquerias (19) 6,06% Edição integ. impressão (48) 0,35%
Atividades imobiliárias (53) 5,90% Extr carvão, min não-met (4) 0,35%
Transporte terrestre (42) 5,75% Alojamento (46) 0,40%
Abate e produtos de carne (8) 5,73% Produção florestal, pesca (3) 0,41%
Outros produtos alimentares (10) 5,26% Fabricação prod. Madeira (16) 0,45%
Agricultura (1) 5,07% Atividades de vigilância (59) 0,48%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
É de se notar, por meio deste método, que existe grande heterogeneidade no que
se refere aos efeitos de ligação para frente e para trás das atividades. Com um olhar
mais preciso, repara-se que as atividades que mais causam impactos estão muito
relacionadas à grande volume monetário em termos de produção e/ou Demanda Final.
Algumas das atividades de Serviços que mais impactaram ao serem extraídas coincidem
com os resultados do índice de GHS com Comércio (41), Intermediação Financeira
(52) e Transporte Terrestre (42). Os resultados também se assemelham a Hegele (2018)
que encontrou Comércio (41) e Transporte Terrestre (41) como um dos maiores
responsáveis por quedas no PIB.
Os segmentos que menos causam impactos no PIB são bastante heterogêneos,
embora prevaleçam muitos do setor de Serviços. É de se reparar que as atividades
103
extrativas não provêm muitos encadeamentos na economia, ou seja, não afetam em
demasia tanto o Consumo Intermediário, quanto a Demanda Final na sua ausência.
Percebe-se também que, em termos de consumo intermediário, os setores que
podem causar maiores quedas percentuais no Produto Nacional, na sua ausência, estão
relacionados aos canais de transporte e distribuição de produtos, bem como aqueles
vinculados aos setores alimentícios, de moradia, investimento e produção de
combustíveis. Os resultados encontrados podem ser vistos na representação gráfica na
Figura 23.
Figura 23: Distribuição das reduções percentuais causadas sobre a demanda das
atividades econômicas no PIB, após extração Hipotética, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Além de redução na Produção Nacional, este método avalia o encadeamento da
atividade na economia, no consumo intermediário intersetorial. Isto significa que além
da queda no PIB, os segmentos podem causar transtornos do tipo efeito em cadeia.
Um exemplo pode ser verificado na greve dos caminhoneiros de 2018. Com a
parada de uma grande parcela destes, os estoques de combustíveis e outras mercadorias
foram rareando, o que ocasionou a paralisação de muitas atividades, embora não todas.
Com o desabastecimento, alguns tiveram lucros ao possuir mercadorias com maior
procura, como os combustíveis, mas a grande maioria teve prejuízos, como perda de
eficiência devido a filas, ausência de serviços etc..
104
Para ilustrar melhor, foi realizada uma simulação em que o setor Transporte
terrestre (42) é retirado. Decorrente disso, a produção nacional total teve uma queda de
5,75%. Dos dez mais setores mais impactados, cinco são do setor Terciário, quatro são
do Secundário e um do Primário. Dos menos impactados, seis são do Terciário, três do
Secundário e um do Primário. Os dez maiores e menores impactos podem ser vistos no
Quadro 25.
Quadro 25: Dez maiores reduções percentuais causadas sobre a demanda das atividades
econômicas, após extração Hipotética do Setor 42, em 2015.
Extração Setor 42 Maiores Extração Setor 42 Menores
Transporte terrestre (42) 100,00% Serviços domésticos (67) 0,00%
Refino petróleo coquerias (19) 25,09% Saúde pública (63) 0,00%
Extração petróleo e gás (5) 14,87% Saúde privada (64) 0,00%
Fab peças automotores (34) 11,35% Educação pública (61) 0,01%
Fabr. Biocombustíveis (20) 10,09% Fabric. prod. do fumo (12) 0,01%
Armaz. ativ. aux. correio (45) 8,12% Abate e produtos de carne (8) 0,07%
Transporte aquaviário (43) 8,01% Fab. farmoquímicos e farm. (24) 0,10%
Alug. não-imob. prop. intel. (57) 7,22% Pecuária (2) 0,11%
Fab. borracha e plástico (25) 6,71% Administração pública (60) 0,14%
Atividades de vigilância (59) 5,16% Alimentação (47) 0,16%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Observa-se que além de o próprio setor ter uma queda na sua demanda, os que
mais caíram têm relação com produção e distribuição de combustíveis, que acarretaram
uma reação em cadeia. Do lado oposto, as menores quedas se referem a serviços
públicos e de saúde, mas também há atividades industriais e primárias que parecem ter
menor encadeamento direto e indireto com Transportes Terrestres. Os resultados aqui
encontrados ratificaram tal efeito em cascata, revelando o encadeamento dos mais
diversos setores. Decorrente desta falta de transporte e distribuição de alimentos e
demais insumos, muitos setores tiveram suas atividades interrompidas tais quais as de
educação pública. Contudo, na extração hipotética, a atividade de educação pública não
mostra que teria sofrido grande impacto. Isto poderia ser explicado, novamente, pelo
fato de que o método captura os impactos em termos de valores de troca monetários, e
não valores de uso. Consequentemente, não se captura o não uso da estrutura produtiva.
A Figura 24 mostra os impactos percentuais na demanda sobre as atividades
econômicas da MIP de 2015.
105
Figura 24: Distribuição das reduções percentuais causadas sobre a demanda das
atividades econômicas, após extração Hipotética do Setor 42, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
4.6 INDICADOR DE DESIGUALDADE TECNOLÓGICA INTERSETORIAL
Conforme exposto na metodologia, foi desenvolvido para este trabalho o
Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial (IDTI) sobre a matriz inversa de
Leontief. Além de verificar os índices com base em todas as atividades da matriz, seja
como Demanda Total (DT), seja como Oferta Total (OT), os três grandes setores são
avaliados de modo desagregado em Primário (PRIM), Secundário (SEC) e Terciário
(TER). Os resultados são mostrados na tabela 2, a seguir.
Tabela 2: Coeficientes do Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial
IDTI(DT) IDTI(OT) PRIM(DT) PRIM(OT) SEC(DT) SEC(OT) TER(DT) TER(OT)
0,103 0,253 0,0553 0,226 0,0612 0,208 0,122 0,299
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
As distribuições dos coeficientes podem ser vistas na figura 25.
106
Figura 25: Distribuição dos coeficientes dos IDTI-DT e IDTI-OT na economia e por
setores, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
A análise qualitativa dos resultados exige entender que um dado setor demanda
uma cesta de insumos e produz bens ou serviços sujeitos a uma restrição tecnológica.
Com tal configuração, este setor pode ofertar o seu produto que possui incorporado toda
essa tecnologia (ainda que muito simples como serviços domésticos). O mercado então
demandará a produção que também será insumo em outras atividades. Como existe uma
suposição de equilíbrio entre ofertantes e demandantes, a oferta tem de possuir uma
combinação entre quantidade e preços para que o produto ou serviço não seja
substituído por outro, ainda que imperfeitamente. Portanto, quanto menor o IDTI-OT,
menores as disparidades setoriais no que se refere a estas combinações ofertadas entre
as atividades.
Analisado todos os setores, de modo geral, o coeficiente de IDTI-OT foi próximo
de 0,25, o que indica que há relativa desigualdade no que se refere às ofertas de
combinação tecnológica e quantidades monetárias de produtos e serviços.
Analogamente, do ponto de vista intrassetorial, o setor que mais apresentou
desigualdade interna foi o Terciário com coeficiente na ordem de 0,3. Esse resultado
sugere que esse setor é o mais heterogêneo em termos de provimento de bens ou
serviços.
O lado da demanda é mais fácil de interpretar. São apenas cestas com insumos e
quantidades necessárias para que um determinado setor faça uso eficiente de sua
107
tecnologia. O IDTI-DT, que provê o coeficiente em termos totais, mostrou desigualdade
na ordem de 0,10. Setorialmente, o Terciário revelou ser o mais desigual, com o
coeficiente na ordem aproximada de 0,12. O resultado ratifica a maior heterogeneidade
do setor em relação aos demais, que tiveram coeficientes menores. Os resultados
indicaram baixas desigualdades na requisição tecnológica de insumos dos vários outros
segmentos, seja em termos gerais, seja intrassetoriais nos três grandes Setores.
4.6 MATRIZ DE INTENSIDADE
A Matriz de Intensidade é uma ferramenta que fornece informações adicionais aos
índices de ligação para frente e para trás (Brasil, 2015). Esta foi aplicada à Matriz
Insumo-Produto de 2015 de acordo com a metodologia exposta no capítulo anterior.
O resultado mostrou que do lado da demanda, das dez atividades que têm maiores
ligações para trás, todas são do Setor Secundário. Das dez com menores encadeamentos,
nove são do Setor Terciário e uma do Primário, conforme pode ser visto no quadro 26.
Nota-se que os resultados são idênticos aos Multiplicadores de Produção do Tipo I.
Portanto o ponto forte desta metodologia é a representação topográfica dos coeficientes
técnicos.
Quadro 26: Atividades com os maiores e menores coeficientes de ligações para trás
(demanda) na Matriz de Intensidade, em 2015
Atividade Maior Atividade Menor
Abate e produtos de carne (8) 2,51 Serviços domésticos (67) 1,00
Refino petróleo coquerias (19) 2,48 Atividades imobiliárias (53) 1,11
Fabr. e refino de açúcar (9) 2,41 Atividades de vigilância (59) 1,22
Fabr. Biocombustíveis (20) 2,38 Educação pública (61) 1,24
Outros produtos alimentares (10) 2,36 Produção florestal, pesca (3) 1,36
Fabricação bebidas (11) 2,22 Des. Sist. Serv. Informação (51) 1,38
Fabr. prod. de limpeza (23) 2,19 Outras atividades administrativas (58) 1,39
Fabricação automóveis (33) 2,18 Educação privada (62) 1,39
Fabric. prod. do fumo (12) 2,18 Administração pública (60) 1,41
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27) 2,15 Alug. não-imob. prop. intel. (57) 1,42
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Já do lado da oferta, das dez atividades que têm maiores ligações para frente,
cinco são do Terciário, três do Secundário e duas do Primário. Das dez menores, seis
são do setor Terciário e quatro do Secundário, conforme pode ser visto no quadro 27.
108
Quadro 27: Atividades com os maiores e menores coeficientes de ligações para frente
(oferta) na Matriz de Intensidade, em 2015
Atividade Maior Atividade Menor
Comércio por atacado e a varejo (41) 6,96 Serviços domésticos (67) 1,00
Refino petróleo coquerias (19) 5,02 Saúde pública (63) 1,00
Transporte terrestre (42) 4,25 Educação pública (61) 1,03
Intermediação financeira (52) 3,91 Fabric. prod. do fumo (12) 1,05
Energia elétrica, gás natural (38) 3,66 Fabricação automóveis (33) 1,08
Agricultura (1) 3,43 Saúde privada (64) 1,11
Ativ. Jur. contábeis consult (54) 3,32 Edição integ. impressão (48) 1,11
Fab. químicos, resinas (21) 3,30 Fab. farmoquímicos e farm. (24) 1,13
Extração petróleo e gás (5) 2,56 Alojamento (46) 1,13
Outras atividades administrativas (58) 2,54 Confecção vestuário e acess. (14) 1,13
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Ainda na Matriz Intensidade, dos dez maiores coeficientes que indicam os mais
altos índices técnicos entre os setores, como ofertantes e demandantes, tem-se que os
mais altos coeficientes de oferta estão relacionados ao setor Primário, principalmente
com a agricultura. Do lado da demanda, todas as atividades são do Secundário,
conforme pode ser visto no Quadro 28.
Quadro 28: Os dez maiores Coeficientes na Matriz de Intensidade com os setores
ofertantes e Demandantes, em 2015
Atividade Coeficiente Atividade
Agricultura (1) 0,5215 Fabr. e refino de açúcar (9)
Agricultura (1) 0,4203 Fabr. Biocombustíveis (20)
Agricultura (1) 0,3725 Fabric. prod. do fumo (12)
Ativ. tv, rádio, cine (49) 0,3492 Serv Arquit. Eng. P & D (55)
Energia elétrica, gás natural (38) 0,3312 Energia elétrica, gás natural (38)
Pecuária (2) 0,3200 Abate e produtos de carne (8)
Refino petróleo coquerias (19) 0,3163 Refino petróleo coquerias (19)
Extração petróleo e gás (5) 0,2522 Refino petróleo coquerias (19)
Agricultura (1) 0,2184 Outros produtos alimentares (10)
Fab Têxteis (13) 0,2039 Confecção vestuário e acess. (14)
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Observa-se, no geral, que as maiores intensidades de encadeamento na economia
em ligações para frente apresentam bastante diversificação. Como ofertantes, Comércio
atacado varejo (41), Transporte terrestre (42) e Agricultura (1) se destacam além de
Refino petróleo coquerias (19), Extração petróleo e gás (5) e de Energia elétrica, gás
natural (38). Os menores índices são relacionados às atividades de serviços. Destaca-se
109
o baixo encadeamento de Serviços domésticos (67), muito presente nos menores
coeficientes neste estudo e dependente da Demanda Final.
No lado da demanda, a totalidade do setor Secundário explica o quão importante
são suas indústrias no que se refere à ligação para trás no Consumo Intermediário.
Embora haja certa heterogeneidade, atividades de indústria pesada, alimentícia e de
combustíveis são as mais importantes. Já o setor Terciário domina o percentil dos
menores coeficientes de ligação para trás, sobretudo aqueles relacionados à demanda
final, tais como educação e atividades administrativas.
Os dez maiores coeficientes da matriz toda têm como carro-chefe a Agricultura
(1) e segmentos relacionados aos combustíveis e à energia. Os maiores demandantes são
aqueles que fazem uso dos insumos produzidos na agricultura, como para a produção de
açúcar, biocombustível e fumo.
A Matriz Intensidade é mostrada na topografia da Figura 26 e é apresentada em
um espaço R³. Os números do eixo no plano horizontal correspondem aos setores
(conforme os quadros do Apêndice A) e os valores na vertical, a intensidade de ligações
do setor. O eixo da esquerda relaciona os setores de acordo com suas ligações para
frente e os da direita sua ligação para trás.
Figura 26: Topografia da Matriz de Intensidade para a Economia Brasileira em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
110
4.8 CAMPO DE INFLUÊNCIA
O Campo de Influência permite identificar quais os coeficientes que geram mais
impacto no sistema econômico caso sofra alterações (Guilhoto, 2012). De acordo com a
metodologia exposta no capítulo anterior, é necessário estabelecer uma variação
incremental no coeficiente direto de insumo ε, que neste estudo foi definido com o valor
de 0,001 e aplicado à Matriz de Coeficientes Técnicos da MIP de 2015. Os valores
totais completos encontra-se no Quadro A6 do Apêndice A.
Obtém-se que, no lado da oferta, das dez atividades com os maiores coeficientes
totais, oito pertencem ao Secundário e duas pertencem ao Terciário. Já os dez menores
coeficientes estão todos concentrados no Terciário, conforme o quadro 29.
Quadro 29: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência
de oferta, em 2015
Atividade Maior Atividade Menor
Refino petróleo coquerias (19) 199,7 Serviços domésticos (67) 82,3
Energia elétrica, gás natural (38) 187,4 Educação pública (61) 82,6
Fab. químicos, resinas (21) 132,2 Atividades de vigilância (59) 82,9
Fab Têxteis (13) 126,0 Atividades imobiliárias (53) 83,0
Abate e produtos de carne (8) 116,0 Educação privada (62) 83,1
Fabr. e refino de açúcar (9) 115,6 Saúde pública (63) 83,2
Metalurgia não-ferrosos (28) 114,7 Administração pública (60) 83,8
Transporte terrestre (42) 114,7 Alojamento (46) 84,2
Telecomunicações (50) 114,3 Org. associativas (66) 84,5
Fab. calçados e artef. Couro (15) 114,0 Edição integ. impressão (48) 85,8
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Por este método, observa-se que os maiores coeficientes estão relacionados às
indústrias de combustíveis e energia, mas também há heterogeneidade não ocorrendo
algum tipo de padronização. Contudo, é evidente que as atividades, mesmo as do
Terciário que têm elevados coeficientes, estão vinculadas à cadeia produtiva tal como
Transportes Terrestres (42) e Telecomunicações (50), essenciais como serviços
complementares à indústria. Na outra ponta, a maior heterogeneidade do Setor de
Serviços fica claro quando se observa que os menores coeficientes são de atividades do
Terciário que têm pouco vínculo no Consumo Intermediário, mas maior na Demanda
Final.
111
No lado da demanda, das dez atividades com os maiores coeficientes, quatro
pertencem ao Terciário, quatro ao Secundário e duas ao Primário. Já das atividades com
os dez menores coeficientes, todos pertencem ao Terciário, conforme o quadro 30.
Quadro 30: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência
de demanda, em 2015.
Atividade Maior Atividade Menor
Refino petróleo coquerias (19) 214,1 Serviços domésticos (67) 82,3
Energia elétrica, gás natural (38) 194,3 Saúde pública (63) 82,3
Agricultura (1) 151,1 Educação pública (61) 82,3
Comércio por atacado e a varejo (41) 146,8 Alojamento (46) 82,5
Fab. químicos, resinas (21) 142,6 Educação privada (62) 82,5
Fab Têxteis (13) 127,8 Atividades de vigilância (59) 82,9
Transporte terrestre (42) 121,3 Alimentação (47) 82,9
Intermediação financeira (52) 119,3 Transporte aéreo (44) 82,9
Ativ. tv, rádio, cine (49) 118,0 Administração pública (60) 82,9
Extração petróleo e gás (5) 113,7 Edição integ. impressão (48) 83,0
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
No lado da demanda, as atividades que mais influenciam as demais são
heterogêneas, pois abrangeram todos os três grandes setores (Primário, Secundário e
Terciário). Também não se encontrou um padrão, mas é possível verificar que a maioria
dos setores que se identifica com o sistema produtivo está vinculada à indústria de
transformação, sobretudo os que manipulam recursos naturais. Observa-se que muitos
segmentos são relacionados aos canais de distribuição ou complementariedade
produtiva como Comércio (41), Transporte Terrestre (42) e Intermediação Financeira
(52). Uma atividade de Serviços que apareceu e que embora seja importante na
Economia, mas causa estranheza por constar no indicador é a Atividade de TV, rádio
(49). Isto pode ser decorrente do fato de que o Campo de Influência também trabalha
com a matriz inversa dos Coeficientes Técnicos de Leontief, sem levar em conta a
produção total. Isto pode causar distorções já que se trabalha com medidas de
proporção.
Por fim, quando se soma os coeficientes de demanda e de oferta, chega-se ao
valor total. Disto, tem-se que das atividades com os dez maiores coeficientes, cinco
pertencem ao Setor Secundário, quatro ao Terciário e uma ao Primário. Os dez menores
coeficientes totais são todos do Terciário, conforme pode ser visto no quadro 31.
112
Quadro 31: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência
no total, em 2015
Atividade Maior Atividade Menor
Refino petróleo coquerias (19) 413,7 Serviços domésticos (67) 164,6
Energia elétrica, gás natural (38) 381,7 Educação pública (61) 164,9
Fab. químicos, resinas (21) 274,8 Saúde pública (63) 165,5
Fab Têxteis (13) 253,8 Educação privada (62) 165,6
Agricultura (1) 242,2 Atividades de vigilância (59) 165,9
Comércio por atacado e a varejo (41) 237,9 Alojamento (46) 166,6
Transporte terrestre (42) 235,9 Administração pública (60) 166,8
Intermediação financeira (52) 228,9 Atividades imobiliárias (53) 167,4
Telecomunicações (50) 226,8 Org. associativas (66) 167,6
Metalurgia não-ferrosos (28) 225,1 Edição integ. impressão (48) 168,8
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Não há muita novidade em que das atividades com menor influência no sistema
produtivo estejam relacionados àquelas com maior Demanda Final e menor
fornecimento de insumos ao Consumo Intermediário. Isso por conta do índice que capta
mais efeitos diretos que indiretos, por conta dos fluxos monetários. Contudo, ainda
assim, os resultados se assemelham muito aos obtidos pelo índice de GHS. Neste caso,
os setores considerados chaves e pertencentes ao Terciário coincidiram, sem exceção,
com os obtidos entre os dez primeiros: Comércio (41), Transporte Terrestre (42),
Intermediação Financeira (52) e Telecomunicações (50). Destaca-se também
Agricultura (1) e Refino de Petróleo (19). Isso significa que, por meio dos coeficientes
técnicos, são estas atividades as que mais encadeiam as demais provendo influência e
impactando assim tanto na oferta, quanto na demanda produtiva.
Os resultados aqui seguem na mesma direção de Kon (2015). A autora observa
que os papéis dos serviços e de muitas atividades industriais estão cada vez mais
interdependentes. É observado que, além dos tradicionais canais de distribuição,
comunicação e financiamento, certas atividades, como rádio e televisão, influenciam o
sucesso de um produto no mercado, daí a necessidade de utilização dessa atividade
econômica.
Nota-se que o Campo de Influência serve como ferramenta adicional aos índices
de RH, de ligação para frente e para trás, provendo maiores detalhamentos das inter-
relações. Este também tem forte apelo visual que ajuda a identificar a força destes
encadeamentos. Por meio da Figura 27 é possível ver como ocorre a intensidade dos
fluxos na economia como um todo, considerando o Consumo Intermediário.
113
113
Figura 27: Campo de Influência, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa. Obs.: Quanto mais escura a cor, maior o valor do coeficiente.
SETOR 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
114
114
4.9 ANÁLISE DE SISTEMA DE REDES
Para confeccionar as redes, neste trabalho, foi utilizada a Matriz Insumo-Produto
(MIP) do ano de 2015 provida pelo IBGE. Por meio desta técnica é possível verificar os
fluxos de alocação de recursos intra e intersetoriais de maneira que permite encontrar
um grau de importância de determinada atividade na cadeia produtiva.
Primeiramente, as atividades foram divididas nos três grandes Setores: Primário
(1), Secundário (2) e Terciário (3), já explicado no item 3.9. Estas estão numeradas por
chaves, que estão dispostas no Apêndice A, Quadro A7, que inclui também a ordem de
classificação que o setor obteve nos resultados de Centralidade de Grau, de Grau
Ponderado e Loop.
Dado que as conexões em uma MIP, na tabela de recursos e usos, são da ordem de
100%, ou seja, todas as atividades setoriais interagem com as demais, estabeleceu-se um
corte aproximado de 0,1% do valor monetário da Produção Nacional do Consumo
Intermediário. Isso quer dizer que só são considerados fluxos de entrada e saída no qual
apresentam valores acima de 0,1% da Produção Nacional de recursos e usos.
A economia brasileira, com base nessa configuração, seria a representada com o
grafo na figura 28. Grosso modo, o aspecto visual está apresentando fluxos de
transmissão e recepção de recursos, de modo mais adensado, no setor terciário e parte
no secundário, na região inferior direita da imagem.
115
115
Figura 28: Grafo da tabela de recursos e usos da MIP de 2015 com aplicação de filtro.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa. Obs.: setor primário: amarelo,
secundário: verde, terciário: vermelho.
O grafo da Figura 29 apresenta os três grandes setores ponderados em termos de
seus fluxos, que caracteriza vértices em tamanhos diferentes e exprime sua importância
em relação aos demais. Observa-se nesse quesito que o Secundário tem importância
levemente superior ao Terciário. Já o Primário é o que tem menos peso na economia.
Figura 29: Grafo Setorial de 2013 em termos de fluxos ponderados
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa. Obs.: setor primário: amarelo,
secundário: verde, terciário: vermelho.
A centralidade de grau permite entender as atividades que mais interagem com as
demais em quantidade de fluxos. Neste quesito, das dez atividades com maiores
interações, quatro são do Secundário, cinco do Terciário e um do Primário.
116
116
Inversamente, as dez menores são compostas por cinco atividades do Terciário, três do
Secundário e duas do primário, conforme pode ser visto no quadro 32.
Quadro 32: As dez atividades com maiores e menores interações em Centralidade de
Grau, em 2015.
Atividade Grau Atividade Grau
Comércio por atacado e a varejo (41) 53 Produção florestal, pesca (3) 0
Transporte terrestre (42) 22 Extr. met. não-ferrosos (7) 0
Intermediação financeira (52) 22 Fabr. prod. de limpeza (23) 0
Construção (40) 17 Alojamento (46) 0
Agricultura (1) 15 Edição integ. impressão (48) 0
Refino petróleo coquerias (19) 15 Educação privada (62) 0
Energia elétrica, gás natural (38) 15 Ativ. artísticas, criativas (65) 0
Outras atividades administrativas (58) 12 Serviços domésticos (67) 0
Administração pública (60) 12 Extração de minério de ferro (6) 1
Outros produtos alimentares (10) 11 Fabric. prod. do fumo (12) 1
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Observa-se que das atividades com maior adensamento na Centralidade de Grau,
os segmentos do Secundário são voltado à transformação de energia, tanto elétrica,
como fóssil, de construção e alimentar. Por outro lado, os serviços que se destacam no
Terciário são imprescindíveis para o Secundário seja no transporte, seja na distribuição
de seus produtos, bem como financiamento e serviços administrativos. A agricultura
também mostra elevado encadeamento na Economia. Observa-se grande centralidade
por parte do Comércio (41) que tem grande adensamento com os setores industriais e de
serviços, mas ainda assim exprime certa influência sobre alguns setores do Primário. A
centralidade de Transportes Terrestres (42), já em Intermediação Financeira, percebe-se
fortes adensamentos provenientes do próprio Setor Terciário. Percebe-se também que as
atividades industriais mais centrais são adensadas com o próprio setor Secundário, a
exemplo de Construção (40) e Refino de Petróleo (19) A centralidade de Grau pode ser
vista no grafo da Figura 30.
117
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Figura 30: Centralidade de grau 2015 – destacam-se os setores 1, 19, 38, 40, 41, 42, 52.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa. Obs.: setor primário: amarelo,
secundário: verde, terciário: vermelho.
A Centralidade de Grau Ponderada reflete as atividades que mais interagem com
as demais, mas leva em consideração a quantidade de fluxos ponderada pelos valores
destes. Neste quesito, das dez atividades com maiores interações, cinco são do
Secundário, quatro do Terciário e um do Primário. Inversamente, as dez menores são
compostas por seis atividades do Terciário, duas do Secundário e duas do primário,
conforme pode ser visto no quadro 33.
Quadro 33: As dez atividades com maiores e menores interações em Centralidade de
Grau Ponderado, em 2015.
Maiores Menores
Comércio por atacado e a varejo (41) Produção florestal, pesca (3)
Refino petróleo coquerias (19) Extr. met. não-ferrosos (7)
Intermediação financeira (52) Fabr. prod. de limpeza (23)
Transporte terrestre (42) Alojamento (46)
Construção (40) Edição integ. impressão (48)
Agricultura (1) Educação privada (62)
Abate e produtos de carne (8) Ativ. artísticas, criativas (65)
Outros produtos alimentares (10) Serviços domésticos (67)
Energia elétrica, gás natural (38) Transporte aquaviário (43)
Administração pública (60) Alug. não-imob. prop. intel. (57)
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
118
118
Ao se levar em conta a ponderação nos fluxos por meio dos valores monetários
destes, observa-se que as principais atividades do Secundário são preponderantemente
relacionadas à alimentação e energia, exceto construção. Estas têm como características
uso direto de recursos naturais. Por outro lado, os principais segmentos do Terciário são
de elevada complementaridade ao Secundário tais como canais de distribuição,
transporte, financiamento e mesmo de ordem burocrática. Novamente a agricultura
mostra importante papel para a economia ao mostrar grande encadeamento, mesmo a
preços ponderados.
É de se notar que as atividades mais importantes se assemelham ao obtido pelo
índice de GHS, exceto que neste havia Telecomunicações como setor-chave, mas não
Administração Pública. Reitera-se que no primeiro são levados em conta os valores de
produção ponderados e na análise por meio de redes, os valores totais dos fluxos que
ultrapassaram o valor (arbitrário) de corte na ordem de 0,1% da produção nacional. A
centralidade de Grau Ponderada pode ser vista no grafo da Figura 31.
Figura 31: Centralidade de grau ponderado 2015 – destacam-se os setores 1, 8, 10, 19,
42, 41, 52.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa. Obs.: setor primário: amarelo,
secundário: verde, terciário: vermelho.
A análise de Loop leva em conta a oferta e a demanda intrassetorial, ou seja, o
quanto uma atividade utiliza de insumos e/ou produtos/serviços que ela mesma produz.
Neste quesito, das dez atividades com maiores interações, cinco são do Secundário e
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cinco do Terciário. Inversamente, as dez menores são compostas por seis atividades do
Secundário quatro do primário, conforme pode ser visto no quadro 34.
Quadro 34: As dez atividades com maiores e menores interações em nível de Loop, em
2015.
Maiores Menores
Refino petróleo coquerias (19) Produção florestal, pesca (3)
Energia elétrica, gás natural (38) Extr carvão, min não-met (4)
Intermediação financeira (52) Extração de minério de ferro (6)
Construção (40) Extr. met. não-ferrosos (7)
Transporte terrestre (42) Fabr. e refino de açúcar (9)
Comércio por atacado e a varejo (41) Fabric. prod. do fumo (12)
Fab. químicos, resinas (21) Confecção vestuário e acess. (14)
Outros produtos alimentares (10) Fabricação prod. Madeira (16)
Telecomunicações (50) Impr. e repr. Gravações (18)
Saúde privada (64) Fabr. Biocombustíveis (20)
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Em nível de Loop observa-se, portanto, que as maiores transações comerciais não
seguem um padrão exato, mas há destaque aos segmentos ligados ao setor de
combustíveis e de energia. Além disso, os tradicionais serviços ligados à distribuição, ao
financeiro, comunicação e transportes refletem grande dinâmica intrassetorial. Do lado
dos setores de menor desempenho, há bastante heterogeneidade entre o Primário e o
Secundário, incluindo Setores do Terciário, mas que não aparecem no quadro por conta
da ativação do filtro no valor de 0,1% da Produção Nacional de Consumo
Intermediário.O nível de Loop pode ser visto no grafo da Figura 32.
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Figura 32: Loop 2015 – destacam-se os setores 19, 21, 38, 40, 41, 42, 52.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa. Obs.: setor primário em amarelo,
secundário em verde e terciário em vermelho, respectivamente.
4.10 ANÁLISE GERAL
Nesta última análise antes das Considerações Finais, faz-se um resumo dos
principais resultados encontrados. Uma maneira abreviada de mostrar as atividades com
os melhores desempenhos nos indicadores foi por meio do Ranking desenvolvido para
este trabalho, explicado no capítulo de metodologia. Outra é por meio de comparação
dos resultados aqui encontrados com relação a outros trabalhos anteriores, de modo
sintético.
4.10.1 RANKING GERAL
Utilizar um sistema de Ranking ajuda a sintetizar quais atividades econômicas
têm melhor desempenho geral, dado que no presente trabalho há uma diversidade de
indicadores. Cada um desses mecanismos de medidas têm suas vantagens, mas também
apresentam certas limitações. Portanto, a opção de fazer uso de um conjunto de métricas
ajuda a mitigar as restrições de cada um. O quadro 35 resume as principais
características de cada indicador e expressa a complementaridade que existem entre si.
121
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Quadro 35: Resumo dos Indicadores utilizados no Trabalho com suas principais
vantagens e algumas limitações.
Indicador Principais Vantagens Algumas Limitações
MIP
Captura os fluxos intersetoriais, bom
nível de detalhamento, facilidade de
manipulações matriciais, grande
quantidade de informações.
Representação estática e voltada para o
passado, divulgação demorada,
necessidade de inferência. Excessiva
utilização de fluxos monetários.
Incapacidade de mostrar impactos não
mensuráveis tais como o da educação.
Índice de RH
Identificação de setores considerados
chaves para a economia, ordenação por
meio de desempenhos em termos de
fluxos monetários acima da média,
captura de efeitos diretos e indiretos.
Não leva em consideração o valor total
de produção, trabalha muito em termos
de proporcionalidade. Não captura
exatamente a influência de um
determinado setor em sua totalidade.
Índice de
Dispersão
Captura por meio de desvio padrão os
setores que são mais ou menos
concentrados em termos de oferta e
demanda dos recursos utilizados.
Trabalha apenas com os coeficientes
técnicos sem levar em conta o valor
total da produção.
Índice de GHS
O mesmo que o índice de RH. Além
disso, leva em consideração os valores
totais de cada setor.
Muito preso a efeitos monetários, ou
seja, não leva em conta efeitos não
mensuráveis como o quanto educação
impacta nas demais atividades. Ainda
trabalha só com consumo
intermediário.
Multiplicadores
de Emprego e
Produção
Captura o impacto de uma unidade
monetária sobre o Emprego e a
Produção, ou seja, permite ter uma
ideia do quanto se gera em termos de
Emprego e Produção.
É uma medida de proporção que não
leva em conta retornos crescentes ou
decrescentes de escala. A tecnologia
pode mudar, então nem sempre se pode
considerar a proporção.
Extração
Hipotética
Permite verificar o impacto de um setor
sobre a economia por meio de análise
de efeitos de ligação intersetoriais. O
método permite simular uma extração
teórica de uma determinada atividade.
É uma simulação ainda baseada em
proporção, portanto nem sempre
espelha a realidade. Dificuldades na
apresentação de substituição mais
próxima à perfeição.
Matriz de Impacto
Complementa os índices de ligações
tais como os de RH. Apresenta uma
topografia das atividades que estão
mais interligadas.
Tem grande apelo visual e informativo,
grande limitação apenas pelo aspecto
visual.
Índice de
Desigualdade
Tecnológica
Intersetorial
Permite verificar o quão desigual estão
as atividades em termos de coeficientes
técnicos. Captura a heterogeneidade de
setores ou de um conjunto de setores.
Captura as desigualdades, mas muito
dependente dos coeficientes técnicos
que são decorrentes de proporções
monetárias de cortes transversais.
Análise de
Sistema de Redes
Permite verificar a concentração dos
fluxos intersetoriais, a concentração
intrassetorial, o quanto uma atividade
exerce influência sobre as demais, tem
boa representação visual do fluxo entre
as atividades econômicas.
Quando aplicada à MIP limita-se muito
a fluxos monetários e ao corte
transversal.
Campo de
Influência
Da mesma forma que a Matriz de
Impacto, complementa os índices de
ligações como o de RH. Tem um apelo
visual que mostra nitidamente os
pontos mais conectados entre as
atividades.
Não leva em consideração os valores
totais de produção. Apenas as
influências dos coeficientes técnicos.
Não necessariamente determinado setor
influenciará como está proposto na
metodologia, pois grandes valores
podem ser centros de atração/repulsão.
Fonte: Elaboração própria.
122
122
Desta maneira, o objetivo de utilizar um ranking é contabilizar a quantidade de
vezes que um determinado setor é citado entre os dez maiores valores de um índice e
subtrair da quantidade de vezes que consta nos dez piores. Somam-se os Pontos Simples
(PS) a cada citação de uma atividade econômica dentre os dez melhores desempenhos
em um determinado índice e o saldo é chamado por Pontos Totais Simples (PTS).
É feita também uma ponderação. Neste caso, são os Pontos Ponderados (PP) em
que são atribuídos 10 pontos à primeira ordem, 9 à segunda e assim sucessivamente. O
saldo é chamado por Pontos Totais Ponderados (PTP). Os indicadores que participaram
do Ranking são os definidos no Quadro 36 e a classificação geral consta no Quadro A7
do Apêndice A. Maiores detalhes a respeito deste método desenvolvido podem ser visto
no capítulo de Metodologia.
Quadro 36: Indicadores contidos no Ranking Geral.
Indicadores Indicadores
Participação no Valor Adicionado a Custo de
Fatores PBLN do Índice de GHS
Participação no Consumo Intermediário PFLN do Índice de GHS
Participação na composição de Salários Multiplicadores de Produção MP do Tipo I
Participação no Consumo das Famílias Multiplicadores de Produção MP do Tipo II
Participação na Formação Bruta de Capital Fixo Multiplicadores de Emprego ME do Tipo I
Participação na pauta de Exportação Multiplicadores de Emprego ME do Tipo II
Participação nos Gastos do Governo Extração Hipotética
Ligação para Frente (Ui) de RH Campo de Influência
Ligação para Trás (Uj) de RH Centralidade de Grau
Dispersão para frente (Vi) de RH Centralidade de Grau Ponderada
Dispersão para Trás (Vj) de RH Nível de Loop
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa. Obs.: Nos índices de Dispersão, são
considerados como melhores desempenhos as atividades menos concentradas porque implicam em maior
encadeamento intersetorial.
Dos dez melhores desempenhos de PTS, constam seis atividades do Setor
Secundário, três do Terciário e um do Primário. Já dos dez piores, constam seis
atividades do Terciário, três do Primário e um do Secundário, Conforme o Quadro 37.
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Quadro 37: As dez melhores atividades no Ranking Geral, considerando os PTS, em
2015.
Maiores PTS Menores PTS
Comércio por atacado e a varejo (41) Serviços domésticos (67)
Transporte Terrestre (42) Produção florestal, pesca (3)
Refino petróleo coquerias (19) Extr. met. não-ferrosos (7)
Abate e produtos de carne (8) Atividades de vigilância (59)
Intermediação Financeira (52) Edição integ. impressão (48)
Outros produtos alimentares (10) Extr carvão, min não-met (4)
Agricultura (1) Educação pública (61)
Fab. químicos, resinas (21) Impr. e repr. Gravações (18)
Energia elétrica, gás natural (38) Ativ. artísticas, criativas (65)
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27) Alojamento (46)
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
Observa-se que dos segmentos com melhor desempenho nos indicadores aqui
utilizados, muitos aparentam estar relacionados a determinados ramos de atividades
com forte uso de recursos naturais tais como os de ordem alimentar,
combustível/energética e siderúrgica. Porém, alguns setores como Comércio atacado
varejo (42), Transportes terrestres (42) e Intermediação financeira (53) são
imprescindíveis como fontes de distribuição de mercadorias e financiamento,
ressaltando a complementariedade junto aos setores produtivos.
Das atividades com menor desempenho, destaca-se que são atividades com baixo
nível de encadeamento na economia a exemplo dos setores extrativistas ou com mais
participação na Demanda Final. A maioria das atividades deste lado têm características
de uso intensivo em mão de obra. O gráfico em barras da Figura 33 mostra a
distribuição de PTS no Ranking Geral. Observa-se que há fraco desempenho nos
indicadores da maioria das atividades do setor Terciário, assim como do Primário, em
relação ao Secundário.
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Figura 33: Desempenhos das atividades considerando o Ranking de PTS, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
No Ranking de PTP, entre os dez maiores valores constam cinco atividades do
Secundário, quatro do Terciário e um do Primário. Já dos dez piores, constam cinco
atividades do Terciário, três do Primário e dois do Secundário, como pode ser observado
no quadro 38.
Quadro 38: As dez melhores atividades no Ranking Geral, considerando os PTP, em
2015.
Maiores PTP Menores PTP
Comércio por atacado e a varejo (41) Serviços domésticos (67)
Refino petróleo coquerias (19) Produção florestal, pesca (3)
Intermediação financeira (52) Extr. met. não-ferrosos (7)
Abate e produtos de carne (8) Atividades de vigilância (59)
Transporte terrestre (42) Fabric. prod. do fumo (12)
Construção (40) Extr carvão, min não-met (4)
Administração pública (60) Saúde pública (63)
Outros produtos alimentares (10) Educação pública (61)
Energia elétrica, gás natural (38) Impr. e repr. Gravações (18)
Fab. químicos, resinas (21) Ativ. artísticas, criativas (65)
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
125
125
Ao se comparar os resultados de PTS ao PTP, percebe-se que não há muita
diferença, apenas permutação de posições, tanto nas atividades com altos, quanto com
baixos desempenhos. De fato, o Ranking apenas espelhou o que veio se encontrando ao
longo do trabalho: uma forte heterogeneidade do Setor de Serviços que contempla
atividades tanto no topo dos indicadores, quanto na parte de baixo. Esta representação
indica o novo patamar que Serviços adquiriu ao longo do tempo. O Terciário não apenas
aumentou sua participação em termos de valores absolutos, como já é sabido, mas
também em termos de maior interdependência entre as variadas atividades ou grupos
econômicos, sejam estes do sistema produtivo propriamente dito (consumo
intermediário), seja relacionado à Demanda Final, em especial Famílias e Governo.
Novamente se ratifica que o tipo de atividade industrial, que vem se destacando ao
longo do trabalho, são aquelas vinculadas aos recursos naturais como petróleo, energia e
alimentos. O setor de Construção (40) se destaca, sobretudo, no consumo intermediário
em relação às outras atividades industriais, pois faz uso de componentes tais como os
siderúrgicos, de energia, etc., o que provê forte encadeamento no sistema produtivo. A
Figura 34 mostra a distribuição de PTP no Ranking Geral.
Figura 34: Desempenhos das atividades considerando o Ranking de PTP, em 2015.
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
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4.10.2 ANÁLISE COMPARATIVA SINTÉTICA DOS PRINCIPAIS RESULTADOS
Neste último item, os resultados alcançados por meio da MIP de 2015 são
comparados com os principais resultados dos estudos prévios citados nesta pesquisa. De
modo geral, ao se verificar outros trabalhos de mesma temática, dispostos no capítulo 2,
percebe-se que há tendência de ganho de relevância, acima da média, de certas
atividades do Setor Terciário. Dos segmentos mais citados, destacam-se Transportes
Terrestres, Comércio e Intermediação Financeira. Dos estudos prévios, há uma nítida
impressão que ocorre convergência aos principais resultados aqui obtidos.
O trabalho de Guilhoto et al. (1994) já anunciava, frente aos estudos das MIPs de
1959, 1970, 1975 e 1980, um aumento na complexidade da economia brasileira, com
ganho de importância do Terciário. Os resultados deste trabalho corroborou a assertiva
dos autores mostrando que, no presente, pelos indicadores da MIP de 2015, houve
grande convergência à importância do Setor. Isso pode ser visto que nos principais
indicadores do item 4.1 em que Serviços se destaca em participação no Valor
Adicionado, Consumo das Famílias, Gastos do governo e Composição Salarial.
Algumas atividades que merecerem destaque são Comércio por Atacado e Varejo (41),
Administração Pública (60), Intermediação Financeira (52), Educação Pública (61),
Transporte Terrestre (42), Atividades imobiliárias (53). Deve-se notar que, a época
estudada pelos autores, Serviços não ultrapassava 60% da composição no PIB
brasileiro.
Já Silva (1988) encontrou que o Brasil chegou a uma estrutura industrial
complexa, ainda nas décadas de 1970-1980. Ao contrário, neste estudo, as atividades
industriais que mais se destacam no Consumo Intermediário, na Formação Bruta de
Capital Fixo e na Pauta de exportação estão relacionadas à forte utilização de recursos
naturais. Este resultado converge mais ao de Figueiredo e Oliveira (2016). Desta forma,
parece que houve um avanço com relação à complexidade na economia, sobretudo, por
conta de Serviços, mas talvez, não das principais atividades industriais, isto é, aquelas
que mais impactam na economia como um todo.
Com relação aos resultados encontrados nos índices de Rasmussen-Hirschman
(RH), das atividades consideradas chave no presente estudo, a maioria pertence ao setor
Setor Secundário e muitas têm vínculos relacionados ao uso intensivo de recursos
naturais. Do setor Terciário, foram obtidos três segmentos Transporte Terrestre (42),
Telecomunicações (50) e Outras atividades profissionais, científicas e técnicas (57).
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127
O resultado neste indicador difere dos trabalhos de Najberg e Vieira (1996) para
1985,1990 e 1995, Pereira (2012) para os anos de 2000 e 2005, Lugli (2015), nos anos
de 2000 a 2012, pois não encontraram nenhum setor-chave de Serviços. Contudo, o
resultado converge em Guilhoto et al. (1994), pois foram encontraram Transporte e
Margens de comércio de 1959 a 1980, em Pereira (2014), pois encontraram serviços de
alojamento e alimentação, em Passoni e Freitas (2017), pois acharam Transporte,
armazenagem e correio e Informação e Comunicação para 2010 e 2014 e, finalmente,
em Batista et al. (2018), porque os autores obtiveram Outras Atividades Profissionais,
Científicas e Técnicas, Transportes Terrestres e Telecomunicações para uma matriz
inferida do ano de 2013.
Desta forma, no índice de RH, as evidências parecem confirmar as tendências
norteadas por Guilhoto et al.(1994), Batista et al. (2018) e Passoni e Freitas (2017) no
tocante à participação de Serviços. Nota-se que os segmentos que mais se destacam
neste indicador são Transportes Terrestres, Telecomunicações e atividades intensivas
em que conhecimento, como as atividades científicas e técnicas. Isto significa que
Serviços não apenas ganhou relevância em termos de participação no PIB, mas também
passou a ter maior interdependência entre as demais atividades econômicas. Ou, outra
possibilidade, seria exercer mais seu papel de atividade complementar dentro das
orientações produtivas mais flexíveis em termos de divisão do trabalho.
Ainda em relação ao índice de RH, no que diz respeito aos principais resultados
dos demais setores, Nassif et al. (2015) encontraram como setores-chave, em 1996-
2009, atividades vinculadas à indústria extrativa mineral, diferentemente do presente
estudo que, inclusive, destaca fraco encadeamento deste tipo de ramo. Os autores não
encontraram entre 1996-2009 o refino de petróleo como setor-chave, assim como
Guilhoto et. al (1994). Tais resultados divergem deste trabalho, de Pereira (2012) e
Batista e Hegele (2018). Novamente, ratifica-se aqui que metade das indústrias
consideradas chave está vinculada a transformação direta de recursos naturais tais como
petróleo, papel e ferro. Outro adendo é que todos os segmentos industriais chaves
parecem estar ligados aos incentivos das políticas de planejamento econômico
apresentados no capítulo 2.
Com o índice de GHS, os resultados foram similares à de Pereira (2014), com os
setores de produção de alimentos, do refino de petróleo, comércio, transporte e
intermediação financeira sendo consideradas atividades chave. A única diferença é que
aqui foi encontrada também a atividade de Agricultura.
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Com relação aos multiplicadores de produto, os resultados foram na mesma
direção de Pereira (2012) e Pereira (2014) em que os maiores coeficientes estão
relacionados ao Setor Secundário e os menores ao Terciário. No presente estudo
também foi utilizado os multiplicadores de Tipo II. Neste caso, com endogeneização do
consumo das famílias, o Setor Terciário ganha relevância com atividades relacionadas à
saúde, administração pública e educação, por exemplo.
Os resultados dos multiplicadores de emprego divergiram do encontrado por
Pereira (2012), pois se verificou que os maiores geradores de emprego não estão
relacionados a Serviços. Nesse sentido convergem ao encontrado por Pereira (2014) e
Lugli (2015). Conforme destaca esta última autora, as atividades de serviços do terciário
têm grande autonomia em relação ao Secundário e Primário, isto porque a maior parte
de sua demanda é proveniente da demanda final, principalmente do consumo das
famílias e do próprio setor, como intermediário.
No que diz respeito à Extração hipotética relativa somente ao setor terciário, os
resultados encontrados foram convergentes aos de Hegele (2018). Comércio,
Transportes Terrestres (Transportes no caso da autora) e Intermediação Financeira se
destacaram em ambos os trabalhos como principais impactantes na economia caso sua
produção fosse zerada.
Os principais resultados provenientes da Análise de Sistema de Redes
encontraram muita similaridade em Abreu (2014) no que diz respeito ao ano de 1985,
cujas atividades encontradas em comum com este trabalho estão associadas à Comércio,
Transporte, Refino de Petróleo. Também para o ano de 2007, são aproximadamente
comuns Comércio, Transporte, Instituições Financeiras, Serviços Industriais de
Utilidade Pública e Refino de Petróleo. Em Martins (2009) são comuns Agropecuária,
Refino de Petróleo e Construção Civil. Em Batista et al.(2018), para a avaliação de
2013, Outras Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas, Transportes Terrestres e
Telecomunicações, Comércio por Atacado e Varejo e Intermediação Financeira são
comuns em ambos os trabalhos.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo teve como objetivo verificar as ligações intersetoriais entre as atividades
produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto, com especial atenção para o Setor
Terciário. Nesse sentido, procurou responder qual o impacto de Serviços para o estímulo
das atividades econômicas no Brasil, dado que sua participação relativa ultrapassou
70% do Produto Interno Bruto na década de 2010. Especificamente, foi realizado um
conjunto de medições, cujos indicadores apresentaram, a destacar: a) o número de
empregos e de produção adicionados com uma unidade monetária (dada em milhões de
reais) de uma determinada atividade. b) as atividades que têm maior encadeamento ou
que são setores-chave, isto é, identificar as que conseguem estimular o ambiente
econômico acima das demais. c) o quão heterogêneos, em termos de oferta e produção,
são os setores Primários, Secundário e Terciário, baseados em desigualdades dos
coeficientes técnicos de Leontief. d) o quão concentradas ou dispersas estão as
atividades em termos de oferta e demanda de produtos e serviços, com base nos
coeficientes técnicos de Leontief.
A metodologia utiliza várias ferramentas baseadas na Matriz Insumo-Produto,
para o ano de 2015, provida pelo IBGE. Desta forma, foi possível verificar quais são as
principais atividades dos três grandes setores (Primário, Secundário e Terciário) que
impulsionam, por meio dos fluxos de insumo e produto, a economia brasileira. Os
resultados mostraram que os setores-chave em comum, nos índices de Rasmussen-
Hirschman e GHS, são os de Refino de petróleo e coquerias (19), Transporte Terrestre
(41) e Telecomunicações (50). Outras atividades que valem a pena destacar dado seu
bom desempenho nestes indicadores são Comércio de atacado e varejo (41), Abate e
produtos de carne (8), Intermediação financeira (53), Outros produtos alimentares
(10), Construção (40), Administração pública (60), Agricultura (1), Fabricação de
químicos, resinas (21).
Obteve-se que as atividades do Terciário com melhor desempenho nas métricas
aqui utilizadas estão relacionadas a canais de transporte, distribuição, telecomunicação,
financiamento e público-burocrático, ou seja, serviços com grande uso como consumo
intermediário pelo Secundário. Já as atividades mais destacadas no Secundário e
Primário estão vinculadas à exploração e transformação de recursos naturais, tais como
agricultura e refino de petróleo. A indústria da construção também desempenha
importante papel no Brasil, assim como a química, que demonstraram forte
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encadeamento na Economia. Observou-se diversidade na oferta de produtos na
economia como um todo e um Secundário ainda com grande potencial de Geração de
Produtos e Empregos, embora os resultados mostraram ganho de participação do
Terciário quando endogeneizado, nos cálculos, o Consumo das Famílias no que diz
respeito aos Multiplicadores de Produto.
A seguir são destacados os principais resultados de cada índice:
Abordagem da Matriz Insumo-Produto: teve como resultado que a participação
das atividades do Terciário é maior em Valor Adicionado, Salários, Consumo das
Famílias e Consumo do Governo. Já as atividades do setor Secundário foram
preponderantes na participação de Consumo Intermediário, Formação Bruta de Capital
Fixo e Exportação.
Índice de Rasmussen-Hirschman: a maior parte dos setores-chaves foram do
Secundário, o que mostra forte capacidade de estimular a economia de modo acima da
média que os demais. Com exceção de Manutenção, reparação e instalação de
máquinas e equipamentos (37), Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos,
resinas e elastômeros (21), Fab. Defensivos, desinf. (22), Fab. Produtos. Met. Exc Maq.
(29), as demais atividades têm fortes relações com insumos naturais, tais como o Refino
de petróleo e coquerias (19), Fab. celulose, papel (17), Fab. borracha e plástico (25),
Prod. ferro-gusa, siderurgia (27), Energia elétrica, gás natural (38). Por outro lado, há
três segmentos de Serviços, que são Transporte Terrestre (42), Telecomunicações (50) e
Outras atividades profissionais, científicas e técnicas (57). Note-se nestas duas
primeiras atividades que, embora pertençam ao Terciário, são intensivas em capital, mas
no que se refere à mão de obra, as duas últimas são intensivas em conhecimento.
No quesito concentração, o indicador de Dispersão para Frente mostrou grande
heterogeneidade em termos de espraiamento de ofertas, isto é, atividades que ofertam
seus produtos a uma maior variedade de segmentos. Os melhores índices nesse quesito
são de atividades relacionadas à combustíveis e canais de distribuição tal como Refino
de Petróleo (19), Comércio (41), Transporte Terrestre (43). Em contrapartida, os
maiores demandantes, de forma desconcentrada, são essencialmente de atividades
industriais do Secundário enquanto os que têm sua demanda de forma concentrada
pertencem, com raras exceções, ao Terciário.
Índice de Ligações Puras de GHS: este índice baseado nas ligações para frente e
para trás normalizadas, leva em conta o fluxo monetário das atividades. Nesse âmbito, o
Terciário mostrou grande destaque com segmentos complementares aos demais, isto é,
131
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aqueles relacionados à distribuição, transporte ou financiamento, como Comércio por
atacado e a varejo (41), Telecomunicações (50), Intermediação financeira, seguros e
previdência complementar (52) e Transporte terrestre (42). O setor Primário também
tem um setor chave, que é a Agricultura (1), que mostrou ser bastante presente na no
encadeamento da economia brasileira. Outros resultados obtidos mostram a importância
da transformação e utilização dos recursos naturais nos setores-chave pertencentes ao
setor Secundário. As atividades que se destacam nesse quesito são os de Refino de
petróleo e coquerias (19) e Outros produtos alimentares (10).
Análise de Sistema de redes: por meio desta ferramenta, observou-se grande
heterogeneidade entre os setores que mais influenciam no que tange a centralidade de
grau. As atividades mais inter-relacionadas entre si são as mesmas do índice puro de
GHS, com adição de Administração pública (60), Energia elétrica, gás natural (38),
Outras Atividades Administrativas (58) e Construção (40) e a subtração de
Telecomunicações (50). Na centralidade de grau ponderado, os setores que mais se
destacaram foram quase os mesmos que a análise anterior, em que se vê a ordenação
classificatória das atividades econômicas alterada. Já em Loop, os maiores valores de
consumo intrassetorial estão relacionados ao Refino de petróleo e coquerias (19),
Energia elétrica, gás natural (38) Construção (40), Fab. químicos, resinas (21) Outros
produtos alimentares (10). O setor Terciário se destaca com Transportes Terrestres (41)
e Intermediação Financeira (52), Comércio por atacado e a varejo (41),
Telecomunicações (50) e Saúde privada (64).
Multiplicadores de Produto e Emprego: Nos multiplicadores de Produto do Tipo I,
as atividades produtivas que mais são capazes de gerar produto estão relacionadas ao
setor Secundário. Nota-se que as atividades estão fortemente vinculadas à alimentação,
combustíveis e metalurgia. Já quando se aplica o Multiplicador de Produto Tipo II, em
que o consumo das famílias é endogeneizado, há um salto do Terciário, o que mostra
que é este tipo de demanda quem mais impulsiona suas atividades. Já os
Multiplicadores de Emprego do Tipo I e do Tipo II proveram aproximadamente os
mesmos resultados, destacando o setor Secundário e algumas atividades do Primário,
em termos de capacidade de geração de emprego por unidade monetária. Os setores
mostraram forte relação com produção de combustíveis, químicos e energia. Os piores
indicadores estão relacionados às atividades de serviços do Terciário.
Matriz de Intensidade: na matriz de intensidade, os fluxos mais intensos de troca
de insumos e produtos estão relacionados a uma variedade de atividades tais como
132
132
química, combustíveis, siderurgia e alimentação. No aspecto topográfico considerado,
os menores impactos na Economia estão relacionados às atividades do Terciário tais
como os Serviços Domésticos.
Campo de Influência: Esta metodologia tem bastante peso pelo seu método visual,
mas também provê coeficientes. Dentre as várias ligações que se pode observar e mais
impactaram, é bastante nítido as interdependências setoriais mais fortes de Refino
petróleo e coquerias (19), Energia elétrica, gás natural (38), Fabricação de Químicos
(21), Têxteis (13), Agricultura (1), Comércio por atacado e a varejo (41), Transporte
terrestre (42), Intermediação financeira (52), Telecomunicações (50) e Metalurgia não-
ferrosos (28). Note-se que as atividades do Terciário que mais são interdependentes
com as demais, no Consumo Intermediário, coincidiram com os setores-chave do índice
de GHS.
Ranking Geral: este indicador fez uma avaliação geral tendo como base os demais
índices. A técnica foi de atribuição e soma de pontos unitários e ponderados às
atividades melhores e piores posicionadas nos demais índices, classificando-as. Em
geral, foi encontrado que, das atividades com melhor desempenho nos indicadores aqui
utilizados, destacaram-se o ramo de alimentos com Outros produtos alimentares (10) e
Abate e produtos de carne (8). Já os bons resultados de Refino de petróleo e coquerias
(19) e Transporte terrestre (42) mostraram a importância do uso do sistema de
transporte brasileiro pautado como dependente de combustíveis fósseis. Outros
segmentos bastante pontuados são o de Comércio de atacado varejo (42) e
Intermediação financeira (53) como canais de distribuição de mercadorias e
financiamento, complementares ao sistema produtivo. Em adição, o ramo de construção
com a atividade de Construção (40) mostrou forte encadeamento no sistema produtivo,
principalmente junto ao fabril. No lado oposto, algumas atividades do Terciário
apresentaram baixo desempenho juntamente com atividades Extrativas Primárias. Isto
pode ser decorrente do fato que muitos indicadores se pautam na tabela do Consumo
Intermediário, de maneira que algumas atividades de Serviços têm fortes vínculos com a
tabela de Demanda Final, como exemplo os Serviços Domésticos (67).
Indicador de Desigualdade tecnológica: Pelo viés de combinação tecnológica e
quantidades monetárias de produtos e serviços, no lado da oferta, a maior desigualdade
interna foi a do Setor Terciário com coeficiente na ordem de 0,3, o que sugere ser o
mais heterogêneo dos setores em termos de provimento de bens ou serviços. A
economia, como um todo, teve um índice na faixa de 0,25, mostrando relativa
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diversidade na oferta de bens e produtos. No lado da demanda, em que cestas com
insumos e quantidades são necessárias para que um determinado setor faça uso eficiente
de sua tecnologia, o indicador mostrou desigualdade na ordem de 0,10. Setorialmente,
mais uma vez o Terciário revelou ser o mais desigual, com o coeficiente na ordem
aproximada de 0,12. O resultado ratifica a maior heterogeneidade do setor em relação
aos demais, que tiveram coeficientes menores. Ainda assim, os coeficientes indicaram
baixas desigualdades na requisição tecnológica de insumos dos vários outros segmentos,
seja em termos gerais, seja intrassetoriais nos três grandes Setores.
Extração Hipotética: Este item simula a extração de setores. O segmento que mais
impactou foi Comércio por Atacado e Varejo (41), cuja ausência causaria uma retração
de 15,83% na Produção Nacional. Em seguida, Construção (40) é grande impactante e
pode causar uma retração na ordem de 10,06% no PIB, sobretudo por ter forte
encadeamento com as demais atividades voltadas aos setores produtivos, o Consumo
Intermediário. Os resultados apontam que certas atividades, que mais podem causar
quedas no PIB, também estão relacionadas às atividades de distribuição de mercadorias
e serviços, produção alimentícia e energia. Isso pode ser visto nos segmentos de
Agricultura (1) que responde tanto por prover insumos de biocombustíveis, quanto por
alimentação; Indústrias alimentares como Abate e produtos de carne (8); Refino de
Petróleo (19) para a produção de combustíveis; e Transportes Terrestres (42),
importante canal de distribuição e escoamento de mercadorias. Nota-se que esta última
atividade tem forte encadeamento também com as atividades de Refino e Extração de
Petróleo. Embora seja sabido que, num modo mais desagregado, Transportes Terrestres
(42), detenha serviços com uso de oleodutos, o que necessitaria entrar num nível de
detalhamento superior ao do presente estudo. De qualquer modo, serviços de ordem
burocrática como Administração Pública (60), Intermediação Financeira (52) e
Atividades Imobiliárias (53) estão fortemente encadeadas na economia pela análise
deste indicador, tanto no Consumo Intermediário, quanto na Demanda Final.
No que se refere à comparação com estudos prévios, algumas considerações são
levantadas com os seguintes temas:
Desindustrialização: O debate exposto no capítulo 2 mostrou que há,
principalmente, duas frentes de discussão: uma a desindustrialização no sentido
―pejorativo‖, que seria um caso prejudicial para produto e emprego ao país e a outra no
sentido ―positivo‖, que seria um caso benéfico para estas duas variáveis. O presente
trabalho não capturou desindustrialização no sentido ―pejorativo‖. Capturou-se perda de
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134
participação em termos relativos de produção nacional. As atividades econômicas do
setor apresentam elevado poder de encadeamento e apresentam forte geração de
emprego e produto. Contudo, qualitativamente, as atividades com os melhores
desempenhos nos indicadores têm fortes vínculos com utilização de recursos naturais
tais como energia combustível, elétrica, alimentação, construção e
metalurgia/siderurgia.
Setor de Serviços: percebe-se que ainda há aumento da participação do Setor de
Serviços no Brasil. Muitas atividades que antes eram da indústria foram subdivididas
com terceirizações e terciarizações. Se antes um equipamento necessitava voltar a uma
fábrica para ser consertado, hoje este pode ser feito em unidades especializadas
espalhadas, por exemplo. O debate exposto no capítulo 2 mostra que o setor apresenta
dinamicidade de modo a alterar o desenvolvimento de atividades antes tradicionais. Por
exemplo, transportes terrestres, cujo desempenho neste estudo foi bastante elevado nos
indicadores. Embora seja tradicional, tecnologias de GPS podem expandir sua fronteira
de possibilidades de produção, porque ajudam veículos a encontrar caminhos com
menos trânsito ou escolher alguma via não interditada de antemão. Ainda no aspecto de
dinamicidade, Serviços tem alta capacidade de criação e destruição a la Schumpeter.
Isto é, novas atividades surgem rotineiramente em substituição a outras, como por
exemplo, a profissão de Data Scientist. Serviços também podem se alterar em termos de
processos como, por exemplo, a estocagem de aulas em mídias e na Internet, com o
aprendizado virtual. Outras mudanças estão relacionadas à forma de se fazer comércio
como vendas online ou a intermediação financeira com as Fintechs e a utilização do
dinheiro virtual ou plástico.
Origens Estruturais: Muitas das atividades econômicas que tiveram bom
desempenho nos indicadores utilizados no presente estudo estão fortemente vinculadas
à estrutura produtiva cuja origem remonta aos planejamentos governamentais – ainda
que muitas em mãos privadas hoje -. São exemplos os segmentos de refino de petróleo e
coquerias, siderurgia, fabricação de automotivos, além do setor energético, químico e o
de intermediação financeira.
No que tange a análise comparativa dos resultados dos demais autores, em termos
gerais, houve mais convergências que divergências. Dos resultados que convergiram, é
digno de citação Guilhoto et al. (1994) e Kon (2015) em que os resultados deste
trabalho corroboraram a assertiva dos autores que nortearam a predição de crescimento
do setor Terciário, com especial atenção que algumas atividades de Serviços não apenas
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ganharam espaço em termos de PIB, mas também ganharam novas formas em termos de
complementariedade aos segmentos produtivos. Isto é, as flexibilizações das cadeias
produtivas permitiram uma maior divisão do trabalho, de modo que o Terciário cumpre
agora papéis produtivos, principalmente como canais de distribuição, financiamento e
comunicações mais efetivas que acabaram aumentando a produtividade das demais
atividades econômicas. Embora as produtividades setoriais não tenham sido trabalhadas
nessa pesquisa, observou-se grande encadeamento de certos segmentos do Terciário que
mostraram elevado grau de interdependência aos demais.
Dentre os resultados divergentes, destaca-se Silva (1988), cujo trabalho asseverou
que o Brasil chegou a uma estrutura industrial complexa, ainda nas décadas de 1970-
1980. Ao contrário, aqui neste estudo e no de Figueiredo e Oliveira (2016), as
atividades industriais que mais se destacam no Consumo Intermediário, na Formação
Bruta de Capital Fixo e na Pauta de exportação ainda estão relacionadas à forte
utilização direta de recursos naturais.
Os resultados nos índices de Rasmussen-Hirschman (RH) diferem dos trabalhos
de Najberg e Vieira (1996) para 1985,1990 e 1995, Pereira (2012) para os anos de 2000
e 2005, Pereira (2014) para 2000-2009, Lugli (2015), nos anos de 2000 a 2012, pois os
autores não encontraram nenhum setor-chave de Serviços, enquanto foram encontrados
três neste estudo. Desta maneira, converge para os trabalhos de Guilhoto et al. (1994),
Passoni e Freitas (2017) e Batista et al. (2018). Este trabalho acaba corroborando a
análise de Batista et al.(2018) para o ano de 2013 com as mesmas atividades sendo
consideradas chave. Nota-se que os segmentos que mais se destacam neste indicador
são Transportes Terrestres, Telecomunicações e atividades intensivas em que
conhecimento, como as atividades científicas e técnicas. Deve ser observado que o
presente trabalho, conforme o capítulo 2 foi realizado diante de uma época de queda no
PIB, ou seja, um período recessivo. Contudo, não houve alteração dos resultados
quando comparado a 2013 de Batista et al. (2018). Isso talvez seja decorrente do fato de
que os índices de RH trabalhem em termos de proporção, de modo que esta pode não ter
sido alterada entre os anos de 2013 e 2015.
Já com o índice de GHS, os resultados foram similares à de Pereira (2014), com
os setores de produção de alimentos, do refino de petróleo, comércio, transporte e
intermediação financeira sendo consideradas atividades-chave. A única diferença é que
aqui foi encontrada também a atividade de Agricultura.
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Com relação aos multiplicadores de produto, os resultados foram na mesma
direção de Pereira (2012) e Pereira (2014) em que os maiores coeficientes estão
relacionados ao Setor Secundário e os menores ao Terciário. Os resultados dos
multiplicadores de emprego divergiram do encontrado por Pereira (2012), pois se
verificou que os maiores geradores de emprego não estão vinculados a Serviços. Nesse
sentido convergem ao encontrado por Pereira (2014) e Lugli (2015).
No que diz respeito à Extração hipotética relativa somente ao setor terciário, os
resultados encontrados foram convergentes aos de Hegele (2018). Comércio,
Transportes Terrestres (Transportes no caso da autora) e Intermediação Financeira se
destacaram em ambos os trabalhos como principais impactantes na economia caso sua
produção fosse zerada. Os principais resultados provenientes da Análise de Sistema de
Redes encontraram muita similaridade em Abreu (2014) no que diz respeito ao ano de
1985, cujas atividades encontradas em comum com este trabalho estão associadas à
Comércio, Transporte, Refino de Petróleo. Já em Batista et al.(2018), para a avaliação
de 2013, Outras Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas, Transportes
Terrestres e Telecomunicações, Comércio por Atacado e Varejo e Intermediação
Financeira são comuns em ambos os trabalhos.
Já caminhando para os apontamentos finais, destaca-se que o setor de Serviços
desponta com uma quantidade maior de atividades impactantes na economia, como um
todo, quando comparado às décadas passadas. O setor se destaca com grande
participação salarial e de mão de obra. Mas a novidade é que algumas atividades
mostram grande encadeamento econômico, como os Transportes Terrestres, a
Intermediação financeira, e as Atividades Técnicas e de Telecomunicações que auxiliam
a estrutura produtiva, tornando-se setores-chaves, fato que até então não se via
constantemente nos estudos prévios.
Serviços se mostrou como o mais heterogêneo dos setores nas avaliações aqui
impostas. Além dos indicadores de desigualdade utilizados, isto se tornou evidente por
se destacar em duas pontas. A primeira diz respeito ao fato de possuir atividades com
fortes elos no que tange distribuição, financiamento ou administração de recursos
financeiros, comercialização dos produtos industrializados e interdependência entre os
setores produtivos do Consumo Intermediário. A segunda diz respeito ao aspecto de que
muitas de suas atividades se destacaram como os menores valores dos coeficientes nos
indicadores utilizados. Isso decorre de que alguns dos segmentos dependem da
Demanda Final, sobretudo consumo do Governo e Famílias.
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137
Serviços se mostra capaz de estimular a economia por apresentar setores-chave
em todos os indicadores, o que pode contrariar hipóteses de que não seja capaz de
induzir a economia. Isto é, a nova configuração estrutural indica maior interdependência
de suas atividades entre os demais setores produtivos. Tal fato se torna mais sólido ao se
perceber na literatura, conforme dito anteriormente, que até então havia dificuldade de
se encontrar segmentos do Terciário como chave. Daí a importante contribuição deste
trabalho no que se refere à atualização dos indicadores e comparações entre si e
trabalhos anteriores.
Em adição, percebe-se nos resultados que os fortes laços de encadeamento com as
demais atividades econômicas de Refino de petróleo e coquerias (19) e Transporte
Terrestre (42) mostram elevado grau de dependência da economia brasileira a esses
segmentos. Isso pode sugerir a necessidade de implementação de mais investimentos
nesses setores ou alternativas para que a dependência diminua. Isso poderia envolver
utilização de fontes energéticas alternativas, que pode ser discutido em trabalhos
posteriores.
As informações atualizadas neste trabalho corroboram maior encadeamento do
Setor de Serviços frente aos trabalhos anteriores. Isto pode ser decorrente da evolução
do processo de flexibilização de segmentos produtivos, especificamente fabris, nos
quais terceirizam atividades, mas mantém vínculos operacionais. Por exemplo, se antes
havia uma frota de caminhões em uma empresa para distribuir seus produtos, agora se
contrata empresas especializadas.
Desta feita, investimentos, melhorias tecnológicas, infraestruturas, incentivo às
pesquisas e estudos, dentre outros, em certas atividades Serviços, podem prover
substituições melhores ou similares na cadeia produtiva quando outras atividades se
mostrarem mais caras, inviáveis ou mais incertas quanto a retornos, por exemplo.
Das limitações encontradas neste trabalho, destacam-se as possíveis distorções
dos mais variados índices, daí a importância de se ter uma maior variabilidade possível
ou mesmo aglomerá-los. Estas distorções podem estar associadas, principalmente, aos
bens e serviços consumidos pela demanda final, principalmente consumo das famílias e
governo. Deve ser atentado que o trabalho foi feito numa época de ambiente recessivo,
o que exigirá nova atualização para verificação de tendências.
Outra limitação é a contabilidade na matriz insumo-produto que é focada no valor
de troca e não no valor de uso. Por exemplo, embora o ensino público seja usufruído por
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138
muitos, é contabilizado principalmente no consumo do governo e, desta forma, não
captura os efeitos diretos e indiretos, de maneira plena, na economia.
Algumas das sugestões para tais correções e trabalhos futuros seria endogeneizar
o consumo das famílias, mas para a construção da matriz inversa de Leontief é
necessário que esta seja quadrada. Por hipótese poderia ser utilizada o consumo das
famílias como o lado demandante e os salários como proxy ofertante. Neste caso, a
teoria segue o rumo clássico de circulação de bens por troca de salário. Analogamente, o
consumo do governo pode ter como contrapartida a oferta de seus produtos comprados:
os impostos, de modo que se manteria a forma quadrática da matriz.
Ainda como sugestão, destaca-se que o trabalho contemplou o método de
Extração Hipotética que é a retirada de um setor, já outros trabalhos futuros podem
simular o que se definiria aqui por Inclusão Hipotética. Neste caso seria incluído um
setor que não existe na economia nacional, mas que por meio de inferência baseada em
matrizes de outros países, poderiam ser obtidos os valores para o Brasil e, então, ser
simulada no plano nacional.
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APÊNDICE A
Quadro A 1: Índice Rasmussen-Hirschman de Ligação Para Frente Ui, para Trás Uj,
Dispersão Para Frente Vi e Para Trás Vj, para o Ano de 2015
Chave Atividade3 Ui Uj Vi Vj
1 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 1,89 0,95 3,10 4,93
2 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 0,90 0,99 5,48 4,76
3 Produção florestal; pesca e aquicultura 0,74 0,75 6,43 6,30
4 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 0,68 1,01 6,76 4,57
5 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 1,41 0,94 3,65 5,21
6 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a
aglomeração 0,64 0,99 7,18 4,65
7 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive beneficiamentos 0,66 1,13 7,12 4,20
8 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da pesca 0,80 1,39 6,22 3,77
9 Fabricação e refino de açúcar 0,69 1,33 6,73 3,93
10 Outros produtos alimentares 0,99 1,30 5,07 3,96
11 Fabricação de bebidas 0,74 1,23 7,00 4,21
12 Fabricação de produtos do fumo 0,58 1,20 8,18 4,20
13 Fabricação de produtos têxteis 0,96 1,12 5,84 4,94
14 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 0,63 1,03 7,54 4,72
15 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 0,65 1,16 8,05 4,52
16 Fabricação de produtos da madeira 0,73 1,08 6,98 4,75
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 1,00 1,12 5,00 4,53
18 Impressão e reprodução de gravações 0,74 1,01 6,44 4,75
19 Refino de petróleo e coquerias 2,77 1,37 2,45 5,07
20 Fabricação de biocombustíveis 0,72 1,31 6,34 3,81
21 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 1,82 1,11 3,13 5,09
22 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 1,12 1,10 4,39 4,54
23 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e higiene
pessoal 0,64 1,21 7,21 3,86
24 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 0,62 0,97 7,40 4,73
25 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 1,20 1,12 4,29 4,68
26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 0,85 1,17 5,88 4,33
27 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem
costura 1,06 1,19 4,65 4,15
28 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 0,90 1,17 5,79 4,46
29 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 1,03 1,09 4,75 4,54
30 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e
ópticos 0,69 0,93 7,24 5,38
31 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 0,79 1,14 6,22 4,36
32 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 0,85 1,03 5,78 4,79
33 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 0,60 1,20 7,83 3,96
3 Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
148
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Chave Atividade4 Ui Uj Vi Vj
34 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 0,84 1,15 6,00 4,37
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos
automotores 0,67 1,06 7,76 4,91
36 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 0,65 1,00 7,10 4,60
37 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 1,11 0,97 4,13 4,79
38 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 2,02 1,15 3,32 5,88
39 Água, esgoto e gestão de resíduos 0,78 0,87 5,84 5,27
40 Construção 0,91 0,99 5,47 5,03
41 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 3,84 0,85 1,22 5,55
42 Transporte terrestre 2,35 1,10 2,13 4,79
43 Transporte aquaviário 0,68 0,95 6,92 5,01
44 Transporte aéreo 0,70 1,03 6,49 4,48
45 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 1,25 0,88 3,75 5,36
46 Alojamento 0,62 0,94 7,26 4,81
47 Alimentação 0,71 1,01 6,32 4,51
48 Edição e edição integrada à impressão 0,61 0,96 7,41 4,75
49 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e
imagem 1,10 0,95 4,84 5,33
50 Telecomunicações 1,00 1,00 5,21 5,26
51 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 0,92 0,76 5,15 6,29
52 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 2,16 0,82 2,33 6,32
53 Atividades imobiliárias 1,00 0,61 4,51 7,40
54 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 1,83 0,79 2,62 6,21
55 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 0,91 0,79 5,19 5,99
56 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 1,20 1,10 3,88 4,54
57 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade intelectual 0,87 0,78 5,26 5,87
58 Outras atividades administrativas e serviços complementares 1,40 0,77 3,26 6,04
59 Atividades de vigilância, segurança e investigação 0,77 0,67 5,87 6,70
60 Administração pública, defesa e seguridade social 0,73 0,78 6,17 5,83
61 Educação pública 0,57 0,69 7,96 6,57
62 Educação privada 0,64 0,77 7,08 5,86
63 Saúde pública 0,55 0,81 8,16 5,57
64 Saúde privada 0,61 0,84 8,16 5,91
65 Atividades artísticas 0,65 0,88 7,09 5,26
66 Organizações associativas e outros serviços pessoais 0,70 0,92 6,47 4,92
67 Serviços domésticos 0,55 0,55 8,19 8,19
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
4 Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário..
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Quadro A 2: Índice GHS de Ligação Para Frente Ui, para Trás Uj, Dispersão Para
Frente Vi e Para Trás Vj, para o Ano de 2015
Chave Atividade5 PBLN PFLN PTLN
1 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 2,10 2,52 2,31
2 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 0,57 1,71 1,14
3 Produção florestal; pesca e aquicultura 0,10 0,25 0,17
4 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 0,04 0,32 0,18
5 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 0,65 1,98 1,31
6 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a
aglomeração 0,64 0,13 0,39
7 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive beneficiamentos 0,17 0,12 0,14
8 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da pesca 5,25 0,58 2,92
9 Fabricação e refino de açúcar 0,77 0,31 0,54
10 Outros produtos alimentares 3,81 1,22 2,52
11 Fabricação de bebidas 0,83 0,53 0,68
12 Fabricação de produtos do fumo 0,29 0,00 0,15
13 Fabricação de produtos têxteis 0,24 0,49 0,36
14 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 0,78 0,12 0,45
15 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 0,59 0,02 0,30
16 Fabricação de produtos da madeira 0,12 0,33 0,22
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 0,59 0,74 0,67
18 Impressão e reprodução de gravações 0,01 0,34 0,18
19 Refino de petróleo e coquerias 1,68 4,13 2,90
20 Fabricação de biocombustíveis 0,53 0,39 0,46
21 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 0,34 2,09 1,21
22 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 0,17 1,15 0,66
23 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e higiene
pessoal 0,63 0,18 0,41
24 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 0,60 0,24 0,42
25 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 0,32 1,43 0,87
26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 0,18 1,43 0,81
27 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem costura 0,73 1,10 0,92
28 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 0,48 0,48 0,48
29 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 0,41 1,16 0,78
30 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e
ópticos 0,73 0,17 0,45
31 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 0,71 0,51 0,61
32 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 1,27 0,43 0,85
33 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 2,90 0,06 1,48
34 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 0,33 0,92 0,62
5 Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
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Chave Atividade6 PBLN PFLN PTLN
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos
automotores 0,57 0,07 0,32
36 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 0,79 0,28 0,54
37 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 0,18 0,88 0,53
38 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 0,82 2,63 1,73
39 Água, esgoto e gestão de resíduos 0,25 0,69 0,47
40 Construção 6,70 0,87 3,79
41 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 5,98 7,09 6,54
42 Transporte terrestre 1,48 4,06 2,77
43 Transporte aquaviário 0,09 0,23 0,16
44 Transporte aéreo 0,21 0,43 0,32
45 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 0,33 1,47 0,90
46 Alojamento 0,13 0,25 0,19
47 Alimentação 2,85 0,64 1,74
48 Edição e edição integrada à impressão 0,15 0,17 0,16
49 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e
imagem 0,02 0,74 0,38
50 Telecomunicações 1,07 1,01 1,04
51 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 0,37 1,04 0,71
52 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 1,67 4,71 3,19
53 Atividades imobiliárias 0,92 1,31 1,11
54 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 0,17 2,89 1,53
55 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 0,16 0,84 0,50
56 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 0,07 1,62 0,84
57 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade intelectual 0,06 0,69 0,37
58 Outras atividades administrativas e serviços complementares 0,32 2,89 1,60
59 Atividades de vigilância, segurança e investigação 0,00 0,72 0,36
60 Administração pública, defesa e seguridade social 5,15 0,40 2,78
61 Educação pública 1,36 0,03 0,70
62 Educação privada 0,71 0,21 0,46
63 Saúde pública 1,52 0,01 0,76
64 Saúde privada 1,56 0,01 0,78
65 Atividades artísticas 0,27 0,14 0,21
66 Organizações associativas e outros serviços pessoais 1,49 0,39 0,94
67 Serviços domésticos 0,00 0,00 0,00
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
6 Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
151
151
Quadro A 3: Multiplicador de Produto (MP) e Emprego (ME) Tipo I e Tipo II, para o
Ano de 2015
Chave Atividade7 MPI MPII ME I ME II
1 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 1,72 2,41 1,22 1,44
2 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 1,80 2,80 1,16 1,30
3 Produção florestal; pesca e aquicultura 1,36 1,81 1,13 1,22
4 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 1,83 3,07 1,75 2,89
5 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 1,71 2,68 12,76 28,00
6 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a
aglomeração 1,79 2,65 6,78 12,38
7 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive
beneficiamentos 2,05 3,24 4,25 7,77
8 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da
pesca 2,51 3,80 9,90 12,67
9 Fabricação e refino de açúcar 2,41 3,76 5,29 7,51
10 Outros produtos alimentares 2,36 3,58 3,80 5,36
11 Fabricação de bebidas 2,22 3,46 4,62 7,68
12 Fabricação de produtos do fumo 2,18 3,16 12,44 17,53
13 Fabricação de produtos têxteis 2,02 3,44 1,75 2,40
14 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 1,86 3,52 1,37 1,74
15 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 2,10 3,72 1,89 2,73
16 Fabricação de produtos da madeira 1,96 3,36 1,75 2,36
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 2,03 3,22 4,31 7,26
18 Impressão e reprodução de gravações 1,83 3,45 1,61 2,60
19 Refino de petróleo e coquerias 2,48 3,20 81,67 153,13
20 Fabricação de biocombustíveis 2,38 3,61 6,98 10,03
21 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e
elastômeros 2,01 2,85 8,47 15,97
22 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 2,00 3,08 5,91 11,20
23 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e
higiene pessoal 2,19 3,46 3,51 5,79
24 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 1,77 3,06 4,64 9,18
25 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 2,02 3,39 2,51 4,44
26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 2,11 3,65 2,05 3,35
27 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem
costura 2,15 3,33 7,32 13,37
28 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 2,13 3,21 5,31 9,13
29 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 1,97 3,50 1,81 3,01
30 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e
ópticos 1,68 2,63 4,21 7,69
31 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 2,07 3,54 3,37 6,32
32 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 1,88 3,38 3,00 5,74
33 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 2,18 3,60 8,24 15,82
7 Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
152
152
Chave Atividade8 MPI MPII ME I ME II
34 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 2,08 3,74 2,81 5,34
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos
automotores 1,92 3,27 3,86 7,62
36 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 1,82 3,21 1,65 2,43
37 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 1,75 2,99 1,68 2,63
38 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 2,09 2,84 8,34 16,37
39 Água, esgoto e gestão de resíduos 1,58 2,90 1,53 2,51
40 Construção 1,80 2,94 1,46 1,93
41 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 1,54 3,04 1,24 1,79
42 Transporte terrestre 1,99 3,38 1,48 2,24
43 Transporte aquaviário 1,72 3,17 2,59 5,66
44 Transporte aéreo 1,86 3,13 4,74 9,97
45 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 1,59 3,35 1,72 3,26
46 Alojamento 1,70 3,56 1,34 1,96
47 Alimentação 1,83 3,09 1,34 1,69
48 Edição e edição integrada à impressão 1,73 3,53 1,77 3,14
49 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e
imagem 1,72 3,19 2,76 5,02
50 Telecomunicações 1,81 2,87 5,91 10,43
51 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 1,38 3,03 1,55 3,22
52 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 1,49 2,81 2,76 6,71
53 Atividades imobiliárias 1,11 1,24 1,87 2,96
54 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 1,42 2,77 1,40 2,32
55 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 1,44 2,90 1,45 2,55
56 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 1,99 3,27 2,36 3,85
57 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade
intelectual 1,42 2,55 1,46 2,44
58 Outras atividades administrativas e serviços complementares 1,39 3,36 1,16 1,78
59 Atividades de vigilância, segurança e investigação 1,22 3,87 1,08 1,85
60 Administração pública, defesa e seguridade social 1,41 3,89 1,51 3,69
61 Educação pública 1,24 4,24 1,20 2,58
62 Educação privada 1,39 3,87 1,14 1,83
63 Saúde pública 1,46 4,09 1,50 3,03
64 Saúde privada 1,53 3,04 1,43 2,15
65 Atividades artísticas 1,59 3,12 1,16 1,49
66 Organizações associativas e outros serviços pessoais 1,66 3,14 1,24 1,57
67 Serviços domésticos 1,00 4,48 1,00 1,21
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
8 Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
153
153
Quadro A 4: Extração Hipotética dos Setores e impacto percentual em termos de
retração na Produção Nacional, em 2015.
Chave Atividade9 %
1 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 5,07%
2 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 2,31%
3 Produção florestal; pesca e aquicultura 0,41%
4 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 0,35%
5 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 2,64%
6 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a aglomeração 0,91%
7 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive beneficiamentos 0,31%
8 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da pesca 5,73%
9 Fabricação e refino de açúcar 1,11%
10 Outros produtos alimentares 5,26%
11 Fabricação de bebidas 1,45%
12 Fabricação de produtos do fumo 0,31%
13 Fabricação de produtos têxteis 0,76%
14 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 1,07%
15 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 0,72%
16 Fabricação de produtos da madeira 0,45%
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 1,42%
18 Impressão e reprodução de gravações 0,33%
19 Refino de petróleo e coquerias 6,06%
20 Fabricação de biocombustíveis 0,98%
21 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 2,30%
22 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 1,33%
23 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e higiene pessoal 0,84%
24 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 0,98%
25 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 1,75%
26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 1,66%
27 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem costura 1,97%
28 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 1,03%
29 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 1,62%
30 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 1,27%
31 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 1,33%
32 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 2,03%
33 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 3,02%
34 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 1,30%
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores 0,83%
9 Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
154
154
Chave Atividade10
%
36 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 1,23%
37 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 1,05%
38 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 3,54%
39 Água, esgoto e gestão de resíduos 0,95%
40 Construção 10,06%
41 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 15,83%
42 Transporte terrestre 5,75%
43 Transporte aquaviário 0,32%
44 Transporte aéreo 0,68%
45 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 1,71%
46 Alojamento 0,40%
47 Alimentação 3,99%
48 Edição e edição integrada à impressão 0,35%
49 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e imagem 0,65%
50 Telecomunicações 2,45%
51 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 1,59%
52 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 7,26%
53 Atividades imobiliárias 5,90%
54 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 2,41%
55 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 0,95%
56 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 1,76%
57 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade intelectual 0,62%
58 Outras atividades administrativas e serviços complementares 2,75%
59 Atividades de vigilância, segurança e investigação 0,48%
60 Administração pública, defesa e seguridade social 9,88%
61 Educação pública 3,75%
62 Educação privada 1,51%
63 Saúde pública 2,57%
64 Saúde privada 3,01%
65 Atividades artísticas 0,53%
66 Organizações associativas e outros serviços pessoais 2,36%
67 Serviços domésticos 0,61%
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
10
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
155
155
Quadro A 5: Coeficientes da Matriz de Intensidade pelo lado da Oferta e da Demanda,
em 2015
Chave Atividade11
Oferta Demanda
1 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 3,43 1,72
2 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 1,64 1,80
3 Produção florestal; pesca e aquicultura 1,34 1,36
4 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 1,23 1,83
5 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 2,56 1,71
6 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a aglomeração 1,15 1,79
7 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive beneficiamentos 1,20 2,05
8 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da pesca 1,44 2,51
9 Fabricação e refino de açúcar 1,24 2,41
10 Outros produtos alimentares 1,80 2,36
11 Fabricação de bebidas 1,34 2,22
12 Fabricação de produtos do fumo 1,05 2,18
13 Fabricação de produtos têxteis 1,73 2,02
14 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 1,13 1,86
15 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 1,17 2,10
16 Fabricação de produtos da madeira 1,33 1,96
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 1,82 2,03
18 Impressão e reprodução de gravações 1,34 1,83
19 Refino de petróleo e coquerias 5,02 2,48
20 Fabricação de biocombustíveis 1,31 2,38
21 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 3,30 2,01
22 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 2,03 2,00
23 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e higiene
pessoal 1,16 2,19
24 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 1,13 1,77
25 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 2,17 2,02
26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 1,54 2,11
27 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem costura 1,92 2,15
28 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 1,63 2,13
29 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 1,86 1,97
30 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e
ópticos 1,25 1,68
31 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 1,44 2,07
32 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 1,54 1,88
33 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 3,43 1,72
34 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 1,08 2,18
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos
automotores 1,52 2,08
11
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
156
156
Chave Atividade12
Oferta Demanda
36 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 1,21 1,92
37 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 1,17 1,82
38 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 2,00 1,75
39 Água, esgoto e gestão de resíduos 3,66 2,09
40 Construção 1,42 1,58
41 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 1,65 1,80
42 Transporte terrestre 6,96 1,54
43 Transporte aquaviário 4,25 1,99
44 Transporte aéreo 1,24 1,72
45 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 1,26 1,86
46 Alojamento 2,27 1,59
47 Alimentação 1,13 1,70
48 Edição e edição integrada à impressão 1,29 1,83
49 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e
imagem 1,11 1,73
50 Telecomunicações 2,00 1,72
51 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 1,82 1,81
52 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 1,67 1,38
53 Atividades imobiliárias 3,91 1,49
54 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 1,81 1,11
55 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 3,32 1,42
56 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 1,65 1,44
57 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade intelectual 2,17 1,99
58 Outras atividades administrativas e serviços complementares 1,58 1,42
59 Atividades de vigilância, segurança e investigação 2,54 1,39
60 Administração pública, defesa e seguridade social 1,39 1,22
61 Educação pública 1,32 1,41
62 Educação privada 1,03 1,24
63 Saúde pública 1,15 1,39
64 Saúde privada 1,00 1,46
65 Atividades artísticas 1,11 1,53
66 Organizações associativas e outros serviços pessoais 1,18 1,59
67 Serviços domésticos 1,27 1,66
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
12
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
157
157
Quadro A 6: Coeficientes do Campo de Influência em 2015.
Chave Atividade13
Oferta Demanda Total
1 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 151,1 91,1 242,2
2 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 100,4 92,3 192,7
3 Produção florestal; pesca e aquicultura 92,2 91,5 183,7
4 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 85,5 88,6 174,1
5 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 113,7 99,1 212,8
6 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a
aglomeração 84,6 87,3 171,8
7 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive
beneficiamentos 90,1 95,1 185,2
8 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da
pesca 99,9 116,0 215,9
9 Fabricação e refino de açúcar 86,6 115,6 202,2
10 Outros produtos alimentares 104,1 112,1 216,2
11 Fabricação de bebidas 108,4 112,0 220,4
12 Fabricação de produtos do fumo 90,9 107,1 198,0
13 Fabricação de produtos têxteis 127,8 126,0 253,8
14 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 89,8 97,8 187,6
15 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 109,1 114,0 223,1
16 Fabricação de produtos da madeira 105,9 109,2 215,1
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 104,3 106,9 211,1
18 Impressão e reprodução de gravações 92,6 95,2 187,8
19 Refino de petróleo e coquerias 214,1 199,7 413,7
20 Fabricação de biocombustíveis 85,1 106,5 191,6
21 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e
elastômeros 142,6 132,2 274,8
22 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 101,2 104,4 205,5
23 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e higiene
pessoal 86,5 92,2 178,7
24 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 85,5 88,2 173,7
25 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 110,4 113,4 223,8
26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 102,8 106,8 209,7
27 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem
costura 101,4 102,0 203,5
28 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 110,4 114,7 225,1
29 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 98,6 101,8 200,4
30 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e
ópticos 100,6 102,7 203,2
31 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 99,4 103,9 203,2
32 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 99,3 101,9 201,2
33 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 88,0 95,9 183,9
13
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
158
158
Chave Atividade14
Oferta Demanda Total
34 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 103,9 105,0 208,8
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos
automotores 109,3 112,2 221,5
36 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 85,5 88,7 174,2
37 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 88,0 88,7 176,7
38 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 194,3 187,4 381,7
39 Água, esgoto e gestão de resíduos 85,3 86,4 171,7
40 Construção 101,6 103,0 204,6
41 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 146,8 91,1 237,9
42 Transporte terrestre 121,3 114,7 235,9
43 Transporte aquaviário 90,4 93,7 184,1
44 Transporte aéreo 82,9 88,0 171,0
45 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 94,0 91,0 185,1
46 Alojamento 82,5 84,2 166,6
47 Alimentação 82,9 86,3 169,2
48 Edição e edição integrada à impressão 83,0 85,8 168,8
49 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e
imagem 118,0 105,9 223,9
50 Telecomunicações 112,5 114,3 226,8
51 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 93,3 92,9 186,2
52 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 119,3 109,5 228,9
53 Atividades imobiliárias 84,4 83,0 167,4
54 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 104,9 97,2 202,1
55 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 92,2 92,3 184,6
56 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 92,0 104,0 196,0
57 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade
intelectual 86,4 86,4 172,9
58 Outras atividades administrativas e serviços complementares 91,2 87,5 178,7
59 Atividades de vigilância, segurança e investigação 82,9 82,9 165,9
60 Administração pública, defesa e seguridade social 82,9 83,8 166,8
61 Educação pública 82,3 82,6 164,9
62 Educação privada 82,5 83,1 165,6
63 Saúde pública 82,3 83,2 165,5
64 Saúde privada 100,2 101,2 201,4
65 Atividades artísticas 86,9 88,2 175,1
66 Organizações associativas e outros serviços pessoais 83,1 84,5 167,6
67 Serviços domésticos 82,3 82,3 164,6
14
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
159
159
Quadro A 7: Ordem de classificação no Sistema de Análise de Redes para Centralidade
Grau, Grau Ponderado (GrauP) e Loop, em 2015.
Chave Atividade15
Grau GrauP Loop
1 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 5 6 25
2 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 22 14 33
3 Produção florestal; pesca e aquicultura 60 60 60
4 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos 43 49 50
5 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 17 11 14
6 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a aglomeração 53 54 55
7 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive beneficiamentos 61 61 61
8 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da pesca 12 7 11
9 Fabricação e refino de açúcar 44 34 41
10 Outros produtos alimentares 10 8 8
11 Fabricação de bebidas 23 28 16
12 Fabricação de produtos do fumo 54 56 57
13 Fabricação de produtos têxteis 32 36 19
14 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 45 42 45
15 Fabricação de calçados e de artefatos de couro 46 57 30
16 Fabricação de produtos da madeira 47 50 51
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 33 37 18
18 Impressão e reprodução de gravações 55 55 56
19 Refino de petróleo e coquerias 6 2 1
20 Fabricação de biocombustíveis 48 33 40
21 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 14 13 7
22 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 24 26 29
23 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e higiene
pessoal 62 62 62
24 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 49 52 53
25 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 15 21 13
26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 25 18 17
27 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem costura 11 17 22
28 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 34 39 21
29 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 26 25 27
30 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e
ópticos 35 45 20
31 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 27 35 28
32 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 28 31 15
33 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 18 22 31
34 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 19 23 26
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos
automotores 36 48 23
15
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
160
160
Chave Atividade16
Grau GrauP Loop
36 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 37 43 46
37 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 38 44 47
38 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 7 9 2
39 Água, esgoto e gestão de resíduos 56 51 52
40 Construção 4 5 4
41 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 1 1 6
42 Transporte terrestre 2 4 5
43 Transporte aquaviário 57 59 59
44 Transporte aéreo 50 47 49
45 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 20 30 34
46 Alojamento 63 63 63
47 Alimentação 21 16 36
48 Edição e edição integrada à impressão 64 64 64
49 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e
imagem 58 32 39
50 Telecomunicações 16 19 9
51 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 29 29 24
52 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 3 3 3
53 Atividades imobiliárias 39 24 38
54 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 13 15 12
55 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 51 53 54
56 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 31 20 37
57 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade intelectual 59 58 58
58 Outras atividades administrativas e serviços complementares 8 12 32
59 Atividades de vigilância, segurança e investigação 40 41 44
60 Administração pública, defesa e seguridade social 9 10 35
61 Educação pública 52 46 48
62 Educação privada 65 65 65
63 Saúde pública 41 38 42
64 Saúde privada 30 27 10
65 Atividades artísticas 66 66 66
66 Organizações associativas e outros serviços pessoais 42 40 43
67 Serviços domésticos 67 67 67
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
16
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
161
161
Quadro A 8: Pontuação Simples (PTS) e Ponderada (PTP) no Ranking Geral, em 2015
Chave Atividade17
PTS PTP
1 Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 7 28
2 Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -2 -11
3 Produção florestal; pesca e aquicultura -13 -98
4 Extração de carvão mineral e de minerais não-metálicos -7 -38
5 Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 4 16
6 Extração de minério de ferro, inclusive beneficiamentos e a
aglomeração -3 -22
7 Extração de minerais metálicos não-ferrosos, inclusive
beneficiamentos -9 -68
8 Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da
pesca 13 84
9 Fabricação e refino de açúcar 2 13
10 Outros produtos alimentares 12 51
11 Fabricação de bebidas 3 11
12 Fabricação de produtos do fumo -4 -38
13 Fabricação de produtos têxteis 0 0
14 Confecção de artefatos do vestuário e acessórios -5 -11
15 Fabricação de calçados e de artefatos de couro -1 -11
16 Fabricação de produtos da madeira -2 -4
17 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 1 2
18 Impressão e reprodução de gravações -7 -26
19 Refino de petróleo e coquerias 12 99
20 Fabricação de biocombustíveis 2 21
21 Fabricação de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e
elastômeros 6 25
22 Fabricação de defensivos, desinfestantes, tintas e químicos diversos 1 1
23 Fabricação de produtos de limpeza, cosméticos/perfumaria e higiene
pessoal -1 -10
24 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 0 3
25 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 0 0
26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 0 0
27 Produção de ferro-gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem
costura 6 18
28 Metalurgia de metais não-ferosos e a fundição de metais 0 -1
29 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 0 0
30 Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e
ópticos 0 -1
31 Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 1 2
32 Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 1 9
33 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 3 16
17
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
162
162
Chave Atividade18
PTS PTP
34 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 7 26
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos
automotores
-2 -11
36 Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas -13 -94
37 Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos -7 -42
38 Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 4 16
39 Água, esgoto e gestão de resíduos -3 -22
40 Construção -9 -69
41 Comércio por atacado e a varejo, exceto veículos automotores 13 82
42 Transporte terrestre 2 13
43 Transporte aquaviário 12 49
44 Transporte aéreo 3 11
45 Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio -4 -39
46 Alojamento 0 0
47 Alimentação -5 -11
48 Edição e edição integrada à impressão -1 -11
49 Atividades de televisão, rádio, cinema e gravação/edição de som e
imagem
-3 -6
50 Telecomunicações 1 2
51 Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação -7 -31
52 Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 12 96
53 Atividades imobiliárias 2 21
54 Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 6 25
55 Serviços de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P & D 1 1
56 Outras atividades profissionais, científicas e técnicas -1 -10
57 Aluguéis não-imobiliários e gestão de ativos de propriedade
intelectual
0 3
58 Outras atividades administrativas e serviços complementares 0 0
59 Atividades de vigilância, segurança e investigação 0 0
60 Administração pública, defesa e seguridade social 6 18
61 Educação pública 0 -1
62 Educação privada 0 0
63 Saúde pública 0 -1
64 Saúde privada 1 2
65 Atividades artísticas 1 9
66 Organizações associativas e outros serviços pessoais 3 16
67 Serviços domésticos 0 -2
Fonte: Elaboração própria com base nos resultados da pesquisa.
18
Chaves 1-7: Primário, 8-40: Secundário e 41-67: Terciário.
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