universidade de são paulo - - ceagesp
Post on 25-Jan-2022
3 Views
Preview:
TRANSCRIPT
1 IntroduçãoA proposta do trabalho, desenvolvida pela Syngenta Proteção de Cultivos
Ltda., e complementada pela Seção Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH)
da Central de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CEAGESP),
é de que seja feito um estudo de valoração de três produtos hortícolas (batata,
tomate e mamão) com elevada importância econômica para a empresa e para o
Brasil, identificando desse modo as características que valorizam ou desvalorizam
os produtos na sua comercialização. Para a Syngenta é interessante compreender
como os seus produtos agroquímicos mais modernos podem contribuir para
aumentar a renda do produtor, com a produção de produtos hortícolas com
características mais valorizadas na comercialização. Hoje a medida de eficiência de
um produto agroquímico é a produtividade da lavoura. Essa medida, suficiente para
as grandes culturas, não consegue medir a rentabilidade das culturas hortícolas,
que apresentam uma grande diferença de valor de acordo com a sua aparência,
tamanho e variedade. Para a SECQH é interessante coletar informações que
possam auxiliar na formulação e melhoria de normas de classificação e
padronização que atendam melhor as exigências do mercado.
1.1 ValoraçãoValoração é o ato ou feito de valorar, de determinar a qualidade ou o valor de
algo. Valorização é o ato ou efeito de valorizar (dar valor, importância a alguém).
Avaliação é o ato ou efeito de avaliar (estabelecer a valia, o valor e o preço). Estas
são definições do Dicionário Houaiss (Instituto Antonio Houaiss de Lexicografia,
2001).
A precificação dos produtos hortícolas no mercado atacadista é complexa,
pois ela varia em função da relação oferta e demanda, da variedade, da
embalagem, do tamanho e da qualidade. Além disto, ela pode não retratar
exatamente a avaliação do atacadista da qualidade do produto. O fato de um
produto ser vendido antes de outro é determinante na valoração, pois o preço de um
produto não vendido no dia de chegada ao mercado, desvaloriza muito.
1.2 QualidadeO Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa apresenta 17 diferentes
conceitos para qualidade (Instituto Antonio Houaiss de Lexicografia, 2001). Os
1
conceitos mais apropriados: propriedade que determina a natureza de um ser ou
coisa, característica superior ou atributo distintivo que faz alguém ou algo sobressair
em relação aos outros; capacidade de atingir os efeitos pretendidos por propriedade
de uma proposição que se torna afirmativa ou negativa; conceito puro do
entendimento, subdividido em categorias, e correspondentes a afirmativo, negativo e
indefinido.
Está implícito como qualidade, o grau de excelência do produto ou a sua
adequação a um determinado uso (Abott, 1999).
O estudo e o controle de qualidade exigem a medida dos atributos de
qualidade. A qualidade dos produtos hortícolas frescos engloba desde os atributos
sensoriais, os valores nutritivos, os constituintes químicos, as propriedades
funcionais até os seus defeitos (Abott, 1999).
2 Objetivos- realizar um levantamento dos atributos de aparência e qualidade de culturas
hortícolas de elevada importância econômica de acordo com o foco de mercado da
Syngenta Proteção de Cultivos Ltda e do Centro de Qualidade em Horticultura da
CEAGESP;
- proporcionar ao aluno residente conhecimento do mercado e
comercialização de produtos hortícolas na CEAGESP, vivenciando os principais
problemas encontrados em pós-colheita, pela vivência, na prática, junto aos
consumidores e permissionários.
3 MetodologiaO local de estudo escolhido foi o Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP)
da CEAGESP devido sua elevada importância no mercado e comercialização de
hortifrutis, sendo o maior entreposto da América Latina.
Para realizar o presente trabalho, três culturas foram escolhidas de acordo
com a importância que as mesmas representam para a empresa Syngenta Proteção
de Cultivos Ltda. e para o Brasil. As culturas escolhidas foram batata, tomate e
mamão. As duas primeiras por serem culturas hortícolas de enorme importância
para a empresa, por serem líderes de venda de produtos agroquímicos dentre as
hortaliças, e o mamão por apresentar grande importância nas exportações de frutas
brasileiras. Pelo fato da cultura da batata apresentar maior importância para a
empresa, o estudo realizado com tal cultura foi mais aprofundado.
2
Foi realizado um levantamento e organização dos conhecimentos
sistematizados já existentes referentes à qualidade, padrões e exigências do
produto. Através de dados obtidos junto à Seção de Economia e Desenvolvimento
da CEAGESP, foi possível levantar algumas informações relevantes sobre o
mercado dos produtos em estudo no mercado do ETSP da CEAGESP.
Em seguida foram aplicados questionários aos permissionários e
compradores no mercado do ETSP para levantar os conhecimentos tácitos, que são
os conhecimentos internalizados pelo indivíduo (que sabe mais do que é capaz de
expressar) atuante em cada elo da cadeia de produção, mas que não estão ou não
podem ser transmitidos de forma sistemática. Os conhecimentos sistemáticos
podem ser organizados em livros, manuais, relatórios, notas técnicas e softwares,
nos quais se incluem informações técnico-científicas, além de estudos de política,
administração e marketing (Agropolos, 1999). Entrevistas e visitas foram realizadas
para levantar a percepção de qualidade dos diferentes tipos de compradores:
feirantes, centros de distribuição e supermercados, e empresas de serviços de
alimentação.
O método QFD (Quality Function Deployment – Desenvolvimento da Função
Qualidade) foi retirado do trabalho por necessitar de um tempo muito grande para
ser realizado e não atingir aos objetivos da empresa principal interessada na
pesquisa, pois o foco de trabalho da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. é a
percepção que o produtor tem da cultura, e não do consumidor.
Para finalizar o estudo, foi realizada uma pesquisa de valoração dos produtos
segundo a variedade e classificação. Os critérios de qualidade foram levantados,
porém a valoração não foi definida segundo os padrões de qualidade, pois a
importância desses padrões sofre muito alteração ao longo do ano devido à ao
clima, e oferta e demanda predominante na época. Um problema enfrentado
durante o desenvolvimento do trabalho foi a diferença de precificação dos produtos
hortícolas devido à lei da oferta e demanda. Existe uma diferença de exigência de
qualidade de acordo com a disponibilidade do produto. No pico da safra, com
grande volume de oferta, a exigência de qualidade é muito alta. Na falta do produto
essa exigência cai. A diferença de valor pode ser função da variedade, do tamanho,
da origem (relacionado com a qualidade), da qualidade e com a composição da
oferta do produto no mercado. Somente produtos que apresentam grande
diferencial de qualidade não sofrem a influência da lei de oferta e demanda na
precificação.
3
4 Resultados e Discussão
4.1 BatataA batata é originária dos Andes na região do Peru e Colômbia. É um
tubérculo, ou seja, uma reserva de nutrientes da planta, que pertence à família das
solanáceas. Seu nome científico é Solanum tuberosum L.. (Filgueira, 1982).
Destaca-se a importância da cultura mundialmente cuja produção ultrapassa
300 milhões de toneladas, ou 19 milhões de hectares, e é o 4º alimento mais
consumido no mundo depois de arroz, trigo e milho.
O hemisfério Norte produz 90% da batata do mundo, e no hemisfério Sul os
maiores produtores são Peru, Brasil, Austrália, Argentina, África do Sul, Colômbia e
Bolívia.
As principais variedades cultivadas hoje no país são: Ágata, Baraka,
Monalisa, Asterix, Caesar e Cupido.
As variedades apresentam diferentes características em relação à cor da
polpa, cor da casca, formato do tubérculo, maturação, rendimento, resistência às
doenças, qualidades culinárias, entre outras.
4.1.1 Principais cultivares
a. ÁgataCaracterísticas do tubérculo: oval, olhos superficiais, casca amarela e lisa,
polpa amarelo claro, baixo teor de matéria seca.
Características da planta: produtividade muito alta, maturação precoce a
muito precoce.
Resistência: cancro e nemátodo dourado.
Susceptibilidade: requeima e sarna comum.
Qualidade culinária: boa para cozinhar e assar.
b. AsterixCaracterísticas do tubérculo: oval alongado, olhos muito superficiais, casca
vermelha, polpa amarela, alto teor de matéria seca.
Características da planta: produtividade muito alta, maturação semi-tardia.
Resistência: nemátodo dourado, PVA, PVY, PVX e PRLV, sarna comum,
requeima, cancro, coração oco e alternaria.
4
Susceptibilidade: requeima, PVA, PVY.
Qualidade culinária: Boa para cozinhar e fritar, inclusive para pré-fritas
congeladas.
c. BarakaCaracterísticas do tubérculo: oval alongado, casca amarela e moderadamente
áspera, polpa amarelo claro, olhos de média profundidade.
Características da planta:
Resistência: pinta preta, rizoctoniose, requeima, PRLV, PVY.
Susceptibilidade: murcha bacteriana, coração negro
Qualidade culinária: boa para cozinhar, assar e fritar.
d. BintjeCaracterísticas do tubérculo: oval alongado, olhos superficiais, casca amarelo
claro brilhante, polpa amarelo pálido, alto teor de matéria seca.
Características da planta: produtividade alta, densidade média, maturação
precoce a meia estação.
Resistência: PVA, PVX
Susceptibilidade: sarna comum, podridão seca, PVX, PVY e requeima.
Qualidade culinária: bom sabor, sem descoloração. Boa para assar, cozinhar
e fritar.
e. CaesarCaracterísticas do tubérculo: oval alongado, olhos superficiais, casca
amarela, polpa amarelo claro, alto teor de matéria seca
Características da planta: produtividade bastante alta, maturação semi-tardia
Resistência: nemátodo dourado, PRLV, PVY, alternaria, cancro
Susceptibilidade: sarna comum, requeima, fusariose
Qualidade culinária: boa para cozinhar e fritar
f. CupidoCaracterísticas do tubérculo: oval alongado, casca amarela, polpa amarelo
claro, médio teor de matéria seca. Susceptível ao esverdeamento.
Resistência: PLRV, PVY, verrugose e nematóide do cisto patótipo A.
5
Susceptibilidade: requeima, pinta preta.
Qualidade culinária: excelente sabor, sem descoloração. Boa para cozinhar e
assar.
g. MonalisaCaracterísticas do tubérculo: olhos superficiais, baixo teor de matéria seca
Características da planta: maturação bastante precoce
Resistência: PVA, cancro
Susceptibilidade: requeima, PLRV, PVY
Qualidade culinária: sem descoloração ,boa para cozinhar
4.1.2 Principais permissionários que comercializam batatas no ETSP daCEAGESP
A Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP seleciona os
maiores permissionários através das notas fiscais de entrada do produto no ETSP.
Através das notas fiscais obtêm-se informações sobre o local de origem dos
produtos e qual permissionário receberá o produto.
Tabela 1.Volume, em toneladas, de batatas comercializadas pelos maiores permissionários do ETSP daCEAGESP, no ano de 2004.
Permissionário Volume (t) PorcentagemAgro Comercial Campo Vitória 39.262,85 17,55%
6
Armando Alberto Beatriz 12.451,05 5,57%Agro Comercial Casa Grande Ltda. 10.983,80 4,91%Cerealista Campeão Ltda. 10.528,70 4,71%Clóvis Kazuhiko Kawakami 9.957,55 4,45%Etana Com. e Repres. Imp. e Exp. Ltda. 8.156,50 3,65%Maurício Tamora 7.080,15 3,17%Cerealista Irmãos Uema Ltda. 7.034,30 3,15%Nascente Agro Comercial Ltda. 6.854,15 3,06%Cerealista Solico Ltda. 5.655,50 2,53%Outros 105.695,90 47,26%Total 223.660,45 100,00%
Fonte: Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP
4.1.3 Principais locais de origem da batata em 2004
Durante o ano de 2004, foram comercializadas 223.660 toneladas de batatas
no ETSP da CEAGESP. Quase metade do volume foi proveniente do Estado de São
Paulo. Minas Gerais e Paraná estão em segundo e terceiro lugar, respectivamente,
na participação do volume comercializado. Os gráficos a seguir foram elaborados
com base em dados do Sistema de Informações de Mercado (SIM) da CEAGESP
que armazena dados de volume, estado e município de origem e permissionário
recebedor dos produtos diariamente.
Figura 1. Participação por estado no volume de batata comum comercializadas no ETSP da CEAGESP em 2004.
7
Figura 2. Participação por estado no volume de batata beneficiada comum comercializadas no ETSP daCEAGESP em 2004.
Figura 3. Participação por estado no volume de batata beneficiada lisa comercializadas no ETSP da CEAGESPem 2004.
Figura 4. Participação por estado no volume total de batata comercializadas no ETSP da CEAGESP em 2004.
8
Tabela 2.Produção total de batata no Estado de São Paulo e porcentagem da produção comercializada noETSP da CEAGESP em 2004.
Produção Total deSP
Volumecomercializado no
ETSP
Volumeproveniente de SPcomercializado no
ETSP
% da produçãototal de SP
comercializada noETSP
747.619,50 223.660,45 114.670,71 15,34Elaborado a partir de dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola) e da Seção de Economia eDesenvolvimento da CEAGESP.
4.1.4 Descrição da denominação das variedades utilizada no ETSP daCEAGESP pela Seção de Economia e Desenvolvimento
A seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP realiza cotações de
preços diariamente junto aos permissionários. Os permissionários que
comercializam os maiores volumes do produto são entrevistados, onde informam os
maiores, menores e preço mais comum praticados na comercialização.
Aos dados coletados são aplicadas diferentes porcentagens, conforme o
produto para compor a tabela de preços máximos que poderão ser praticados no
varejão da CEAGESP que ocorre todas as quartas-feiras e finais de semana.
São utilizadas algumas denominações para coletar preços de um mesmo tipo
de produto, mas classificados de diferentes maneiras. No caso da batata, a
classificação utilizada varia de acordo com a variedade e a classe, e os preços
(maior, menor e comum) variam de acordo com essa classificação.
Com os dados levantados, chegou-se à harmonização dos termos utilizados
pela Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP e os termos utilizados
pelo mercado e as variedades correspondentes, que é mostrado na tabela a seguir.Tabela 3.Harmonização das denominações utilizadas pela Seção de Economia e Desenvolvimento daCEAGESP com os termos utilizados no mercado do ETSP da CEAGESP e as variedades correspondentes.
Linguagem da Cotação dePreços
Linguagem deMercado
Variedades
Batata Beneficiada Comum LavadaBatata Comum Escovada
Monalisa, Ágata, Caesar,
Achat, Atlantic, Asterix,
Noiva, Bintje
Baraka (somente
escovada)
9
Batata Beneficiada Lisa Lavada e boa para
frituraHolandesa e Cupido
As variedades Monalisa, Ágata, Caesar, Achat, Atlantic, Asterix, e Bintje
podem ser comercializadas somentes escovadas ou também lavadas. Já a
variedade Baraka somente é comercializada escovada devido sua menor qualidade
de casca. O processo para realizar o beneficiamento da batata pode danificar muito
a pele do produto, diminuindo sua durabilidade.
Foram entrevistados 21 permissionários no ETSP da CEAGESP. Levantou-se
que as principais variedades comercializadas no momento do estudo são Ágata,
Monalisa, Baraka e Cupido.
Dos permissionários entrevistados, 71,4% comercializam a variedade Ágata,
66,6% a variedade Monalisa, 47,6% a variedade Baraka e 23,8% a variedade
Cupido. No estudo foram consideradas todas as classes do Programa Brasileiro
para a Modernização da Agricultura.
4.1.5 Descrição da classificação por tamanho utilizada no ETSP da CEAGESP:
Foram entrevistados 21 permissionários do ETSP. Foram escolhidos os
permissionários que comercializam os maiores volumes de batata no ETSP e que
também são entrevistados pela Cotação de Preços da Seção de Economia e
Desenvolvimento, e de forma aleatória, outros permissionários de menor porte
foram escolhidos para a entrevista.
Chegou-se à harmonização dos termos utilizados no mercado do ETSP da
CEAGESP com o calibre (mm) e a Classificação do Programa Brasileiro para a
Modernização da Agricultura que é mostrado na tabela a seguir:Tabela 4.Harmonização dos termos utilizados pelo mercado com o calibre (mm) e a Classificação doPrograma Brasileiro para a Modernização da Agricultura.
Linguagem deMercado
Menor Calibre(mm)
Maior Calibre(mm)
Classe do ProgramaBrasileiro*
Florão 70 - IEspecial 42 70 II
- 50 70 II.2- 42 50 II.1
Especialzinha 33 42 IIIPrimeirinha 28 33 IVSegundinha
(Bolinha)- 28 V
10
Boneca (Diversas)Mistura de
calibres- -
* Tolera-se uma mistura de até 5% de tubérculos pertencentes à classeimediatamente superior ou inferior a classe especificada no rótulo.
Segundo o Programa Brasileiro para a Modernização da Agricultura, a
garantia da homogeneidade do tamanho e a caracterização da batata é por classe
ou calibre, que está relacionado ao tamanho dos tubérculos, determinado pelo maior
diâmetro transversal medido em milímetros.
O tipo chamado como boneca ou diversas, permite uma mistura de calibres e
grande tolerância para defeitos leves, porém não é reconhecido pelo Programa
Brasileiro para a Modernização da Agricultura. A alta ocorrência de embonecamento
pode reduzir drasticamente o aproveitamento do produto.
A Cotação de Preços da Seção de Economia e Desenvolvimento da
CEAGESP realiza diariamente a coleta de preços dos seguintes produtos:
- Batata Comum (especial, especialzinha e 1ª/2ª);
- Batata Beneficiada Comum (especial, especialzinha e 1ª/2ª);
- Batata Beneficiada Lisa (especial, especialzinha e 1ª/2ª).
As informações coletadas são disponibilizadas diariamente no site da
CEAGESP (www.ceagesp.gov.br).
4.1.6 Volume de batatas comercializadas no ETSP da CEAGESP no períodode 2000 a 2004
Com as informações do SIM, observa-se que o volume de batata
comercializado dentro da CEAGESP estava aumentando desde 2000, apresentando
uma pequena queda no ano passado.
Nota-se ainda que o volume de Batata Comum está diminuindo, e o de Batata
Beneficiada Comum está aumentando. Isso porque as batatas quando são
comercializadas lavadas, apresentam melhor aparência, desse modo, a grande
maioria das batatas são lavadas. Hoje, praticamente, somente a variedade Baraka é
comercializada somente escovada.
Também se nota que a Batata Beneficiada Lisa está com uma leve tendência
a diminuir seu volume comercializado, e quase não se encontra mais a batata da
variedade Bintje sendo comercializada no ETSP, segundo os permissionários,
11
devido sua baixa durabilidade na pós-colheita.
As batatas Lisa e Argentina têm um volume de entrada na CEAGESP muito
baixo e inconstante não sendo consideradas para a realização do estudo.
Tabela 5.Volume em toneladas de batata comercializada no ETSP da CEAGESP no período de 2000 a2004.
ProdutoVariedad
e2000 2001 2002 2003 2004 Total
Batata
Comum
Batata
Benef.
Comum
Monalisa,
Baraka,
Achat,
Atlantic,
Mondial e
Asterix
98.232 76.742 14.190 13.378 14.618 217.160
70.154 100.125 188.729 206.917 199.684 765.609
Batata
Benef.
Lisa
Bintje e
Cupido10.472 13.959 11.025 10.063 9.215 54.733
Batata
Lisa---- 4.279 4.131 0 0 0 8.410
12
Batata
Argentin
a
---- 0 116 0 0 144 260
Total ---- 183.136 195.073 213.944 230.358 223.6601.046.17
1Índice(%)
---- 81,88 87,22 95,66 102,99 100,00 ----
Fonte: Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP
Figura 5.Variação da quantidade em toneladas de Batata Comum comercializadas no ETSP da CEAGESPdurante o período de 2000 a 2004.Elaborado a partir de dados do Sistema de Informações de Mercado.
Figura 6.Variação da quantidade em toneladas de Batata Beneficiada Comum comercializadas no ETSP daCEAGESP no período de 2000 a 2004.Elaborado a partir de dados do Sistema de Informações de Mercado.
13
Figura 7.Variação quantidade em toneladas de Batata Beneficiada Lisa comercializadas no ETSP da CEAGESPno período de 2000 a 2004.Elaborado a partir de dados do Sistema de Informações de Mercado.
Figura 8. Variação da quantidade total em toneladas de batatas comercializadas no ETSP da CEAGESP noperíodo de 2000 a 2004.Elaborado a partir de dados do Sistema de Informações de Mercado.
4.1.7 Variação dos preços de comercialização da batata no ETSP daCEAGESP no período de 2000 a 2004.
Analisando os dados obtidos pela Cotação de Preços da Seção de Economia
e Desenvolvimento da CEAGESP, é possível perceber que o preço das diferente
variedades de batata é muito influenciada pela época e não pela variedade, pois os
momentos de alta e baixa de preços coincidem para Batata Comum, Batata
Beneficiada Comum e Batata Beneficiada Lisa. Na realidade, a oferta e demanda do
produto é fator determinante na precificação do produto. Quando o preço está em
alta, os produtores sentem-se estimulados a produzir mais, ocorrendo uma queda
dos preços no ano seguinte devido à grande oferta que ocorre do produto. Nesses
períodos de queda dos preços, os pequenos produtores não conseguem sobreviver
14
com o prejuízo e saem da atividade. Desse modo, quando a oferta do produto cai,
os preços se elevam novamente, criando um círculo vicioso entre os produtores que
entram e saem da atividade constantemente.
4.1.8 Sazonalidade da batata no ETSP da CEAGESP
Os gráficos a seguir foram elaborados a partir de dados do Sim de 2004.
Mostra a sazonalidade da batata Comum, Beneficiada Comum e Beneficiada Lisa
ao longo do ano de 2004.
Figura 9. Sazonalidade da batata comum no ETSP da CEAGESP em 2004.
É importante perceber que a batata Beneficiada Comum, que é a mais
comercializada, apresenta uma entrada praticamente constante ao longo do ano
todo.
15
Figura 10. Sazonalidade da batata beneficiada comum no ETSP da CEAGESP em 2004.
Figura 11. Sazonalidade da batata beneficiada lisa no ETSP da CEAGESP em 2004.
Figura 12. Sazonalidade da batata total no ETSP da CEAGESP em 2004.
16
Apesar das batatas Comum e Beneficiada Lisa não apresentarem um volume
de entrada muito constante ao longo do ano, o volume de batatas total, é
praticamente constante ao longo do ano.
4.1.9 Valoração
Entrevistas foram realizadas junto a 21 permissionários do ETSP da
CEAGESP em período em que predominava batatas originárias de Minas Gerais.
Primeiramente, foi realizado um estudo da diferença de valor entre as
variedades. Levantou-se o preço de venda das diferentes variedades, na mesma
classificação de mercado. Para comparação, considerou-se o valor 100 para a
variedade mais valorizada. O fato interessante é que as variedades de batata de
melhor utilidade culinária não são as mais valorizadas.Tabela 6.Valoração da batata por variedade no ETSP da CEAGESP.
Variedade Valoração*Ágata Lavada 98
Ágata Escovada 73Asterix Lavada 98
Asterix Escovada 78,5Baraka Escovada 65Caesar Lavada 92
Caesar Escovada 67,5Cupido Lavada 100
Monalisa Lavada 95,5Monalisa Escovada 69,5
*Foram consideradas somente os preços da Classe II (Programa Brasileiro para a Modernização da Agricultura),classificação de mercado ‘Especial”.
A variedade Cupido apresentou o maior preço de comercialização,
provavelmente devido à sua boa aparência. A variedade Bintje foi encontrada
somente em um comerciante, e também apresentou valoração máxima. A variedade
Ágata é a que se apresenta em maior quantidade no mercado paulistano hoje, e
apesar disso, não apresenta baixo valor. A oferta da variedade é alta e é
compensada pela grande demanda.
A variedade Baraka apresentou menor valor em relação à Cupido devido à
baixa qualidade pós-colheita e pelo fato de ser somente comercializada escovada,
pois não apresenta boa qualidade de casca, não resistindo ao beneficiamento,
entretanto possuiu uma ótima qualidade culinária.
17
Todas as batatas escovadas apresentam menor valor do que as batatas
lavadas da mesma variedade, apesar de apresentarem maior durabilidade quando
não são beneficiadas.Tabela 7. Valoração da batata por calibre no ETSP da CEAGESP.
Classe (ProgramaBrasileiro)
Clasificação de MercadoDenominação e calibre em mm
Valoração**
I Florão > 70 mm 85II Especial 42 – 70 mm 100III Especialzinha 33 – 42 mm 50IV Primeirinha 28 – 33 mm 45V Bolinha < 33 mm 60- Boneca - Mistura de calibres 45
** Valoração do produto pelo tamanho, tomando como base a classe II.
No mercado paulistano, o calibre da batata que é mais valorizado é aquele
classificado como Especial, que varia de 42 a 70mm. Em seguida, encontra-se a
batata Florão (acima de 70mm) que é procurada especialmente pelos restaurantes.
A batata Segundinha ou Bolinha (abaixo de 33mm) apresenta uma valoração de
60% em relação à Especial, e é destinada ao preparo de batatas em conserva. As
batatas Primeirinha e Boneca são as que apresentam menor valor (Tabela 8). A
Primeirinha por apresentar um tamanho inadequado para os supermercados,
restaurantes e indústria, e a Boneca por apresentar uma grande mistura de calibres
e muitos defeitos, sendo destinada especialmente às cozinhas industriais.
O estudo mostra uma grande variação de valor entre os diferentes tamanhos
de batata de até 55%, a desvalorização da batata escovada e a valorização das
variedades de melhor aparência.
4.1.10 Perfil dos compradores de batata
Entrevistas foram realizadas com 20 compradores varejistas dentro do ETSP
da CEAGESP e também foi realizado um levantamento das exigências de qualidade
de redes de supermercado e distribuidoras.
18
4.1.10.1Perfil dos compradores que realizam suas vendas em feiras livres,varejões e sacolões
A maioria dos entrevistados disse que compra o produto somente no ETSP e
no mesmo atacadista, devido à relação de confiança que existe entre eles, levando
em consideração a qualidade do produto que será entregue e a forma de
pagamento. Também demonstram preocupação em adquirir o produto o maior
número de vezes possível durante a semana para oferecer produtos frescos nos
locais de venda e não fazer estoque.
A venda por consignação já não é comumente realizada, por ser uma
comercialização que é realizada de forma que não leva em consideração a
preservação da qualidade dos tubérculos. Esse tipo de comercialização é baseado
na devolução para o atacadista de todo produto que não é vendido no
estabelecimento como se os produtos hortícolas não fossem perecíveis. Sobra de
produto nas gôndolas não estão mais sendo usados como motivo para a devolução
de produto. As devoluções que ocorrem só são aceitas por atacadistas que
possuem uma grande relação de confiança com o comprador, e este é considerado
um grande comprador. Os motivos das devoluções são somente por questões de
falta de qualidade dos tubérculos.
Devido à sazonalidade de produção, a principal reclamação entre as
diferentes épocas do ano é o preço. Existem épocas em que há falta de produto, e o
preço é elevado, mas não significa que a qualidade seja considerada melhor. Em
épocas em que há excesso de produto no mercado, a exigência de qualidade é bem
maior, mas nem sempre o preço é mais elevado. O preço varia muito conforme a
oferta. Ainda muitos ressaltam que a batata da safra paulista é melhor do que a da
safra mineira, pois o produto vem melhor classificado e selecionado.
Por ser um mercado totalmente voltado para a venda da batata in natura, a
cor da casca é o fator mais valorizado pelos compradores que realizarão a venda do
produto in natura. Preferem batata com a casca bem clara. O segundo fator
valorizado é a uniformidade visual de tamanho do lote. O calibre também é de
fundamental importância, porém é variável conforme o local de venda do produto.
Locais em que o público tem maior poder aquisitivo, o calibre desejado é maior,
entre peneira 42 e 45. Nos outros locais, em que o público tem menor poder
aquisitivo, o calibre dos tubérculos comercializados apresenta menor exigência do
consumidor.
19
Outro fator valorizado para a comercialização da batata in natura é a
ausência de manchas na casca e de danos causados por broca alfinete. Foram
citados ainda fatores como qualidade de casca, formato e limpeza do tubérculo,
turgidez, ausência de olhos profundos, qualidade culinária e vida de prateleira. Em
relação à qualidade culinária, a importância desse fator é citada somente por
feirantes que estão presentes junto ao consumidor na hora da compra, podendo
orientá-los sobre isso. Os consumidores em geral não possuem esse conhecimento.
Em relação aos fatores que fazem os compradores recusarem o produto está
a cor escura da casca que é sinal de que o tubérculo irá deteriorar rapidamente, e
também de que o tubérculo provavelmente chegou ao ETSP no dia anterior.
Tubérculos embalados com muita mistura de calibres e sinais de ataque de broca
alfinete também são recusados. Outros fatores de rejeição citados foram cascas
esfoladas, tubérculos murchos que também é sinal de tubérculo que chegou ao
ETSP no dia anterior, podridão e colheita realizada fora de época. Entende-se que
podridão seja o primeiro fator de rejeição, porém, devido à seleção realizada nas
máquinas e mais uma seleção realizada dentro do box do atacadistas, quase não há
presença de tubérculos podres no momento da comercialização dentro do ETSP.
Os fatores decisivos no momento da compra são, principalmente, cor da
casca e calibre. O preço, aparência global do tubérculo e formato também foram
citados. A variedade e o calibre do tubérculo a ser comprado dependem muito do
tipo de consumidor de cada estabelecimento.
4.1.10.2Perfil dos compradores de batata de grandes redes de supermercadose distribuidoras
a. GR Serviços de Alimentação- Variedades e suas utilidades culinárias:
Asterix – fritar, cozinhar e assar
Baraka – fritar
Monalisa – cozinhar
Provavelmente, grande parte da batata comprada como Monalisa é Ágata,
20
mas não há uma diferenciação entre as variedades. A diferenciação entre as 3
variedades é feita da seguinte maneira:
Asterix – pele rosada
Baraka – batata somente escovada
Monalisa – batata lavada
- Calibre:
Para entregas em cozinhas industriais que utilizam descascadores
automáticos, os tubérculos não podem apresentar calibre abaixo da peneira 45.
De acordo com a cozinha industrial, podem ser entregues tubérculos
classificados como Diversas, pois apesar das perdas serem maiores, o menor preço
compensa a perda.
- Defeitos não-aceitáveis:
Pelo fato dos tubérculos já serem servido prontos, o consumidor final não se
importa com a aparência do tubérculo in natura. Só não são tolerados defeitos como
podridão (que causa perda total do tubérculo) e esverdeamento (que é visível
mesmo depois do preparo).
- Reclamações das unidades de recebimento:
Em geral, não há problemas de reclamação, pois o fornecedor já conhece a
tolerância de cada unidade de recebimento. Existem unidades com maior ou menor
tolerância aos defeitos. A coloração da batata não causa reclamações. Às vezes,
podem ocorrer reclamações quando há muitos sinais de broca alfinete.
b. Distribuidora MendonçaAtualmente, 60% dos produtos hortícolas comercializados pela distribuidora
são recebidos da Ceagesp, e o restante chega diretamente do produtor. A empresa
pretende atingir a meta de 100% de alimentos recebidos diretamente dos
produtores.
O padrão de qualidade dos produtos varia conforme a rota (que vai de A a Z,
conforme a logística desenvolvida pela empresa). A rota Z é considerada a mais
exigente em qualidade, desse modo, os alimentos são selecionados de maneira
mais rigorosa, mas o preço também é diferenciado. Todos os produtos são
selecionados um a um.
21
Segundo depoimento de um funcionário, o grande desafio que a empresa
enfrenta é em relação ao trabalho humano. Os trabalhadores contratados são
treinados, e após 3 meses de contratação, realizam o trabalho de forma
insatisfatória para que sejam demitidos. Outro problema é a falta de atenção dos
trabalhadores, que muitas vezes enviam quantidades diferentes do que foi pedido
de cada produto para as unidades de recebimento. E, por fim, quando ocorre a falta
de trabalhadores, a substituição de um trabalhador treinado de um setor por outro
de outro setor, acaba causando uma queda no padrão de qualidade dos produtos
selecionados.
Foi observada falta de organização e de limpeza no ambiente de trabalho,
que seria de elevada importância por ser tratar de uma empresa que trabalha com
serviço de alimentação. Além disso, falta preocupação com a ergonomia no
trabalho.
- Variedades:
Não há conhecimento sobre as variedades de batata comercializadas. São
diferenciadas entre lavada e escovada. A grande parte das unidades recebe batata
escovada pelo menor preço, porém a rota Z só recebe batata lavada.
Não há preocupação das diferentes variedades em relação à utilidade
culinária. Falta conhecimento sobre o assunto tanto dos funcionários da distribuidora
quanto das unidades de recebimento.
- Calibre:
Cada unidade de recebimento especifica qual o calibre desejado conforme a
finalidade culinária. São entregue tubérculos classificados como Bolinha, Especial,
Florão e Boneca. A rota Z e cozinhas industriais que possuem descascadores
automáticos não aceitam a classificação Boneca, independente do prato a ser
preparado.
- Defeitos não-aceitáveis:
Os únicos defeitos não aceitáveis são podridões e mistura exagerada de
calibres nos tubérculos recebidos com a classificação de Boneca.
- Reclamações das unidades de recebimento:
A tolerância em relação a defeitos varia conforme a unidade de recebimento.
22
As unidades de recebimento da rota Z são extremamente exigentes em relação à
qualidade.
c. Centro de Distribuição MakroO critério de amostragem utilizado no setor de produtos hortícolas é de
aproximadamente 10% da carga total. A tabela a seguir mostra os padrões de
qualidade exigidos pelo centro de distribuição.
Tabela 8.Padrões de qualidade das diferentes batatas.
Batata Variedades Calibre CaracterísticasUtilidadeculinária
Defeitosgraves**
Defeitosleves***
Comum
Monalisa,Ágata,Cupido,Caesar eBintje
TOP: 65 – 75mmComum: 45 –75 mmPequeno: 38– 44 mm
Cor externacreme, aspectobrilhante, compele lisa e semmanchas
cozinhar:todasassar:todasfritar: bintje
%máx/emb:tolerânciavaria de0,5 a 5%
% máx/emb:tolerânciavaria de 3 a8%
Asterix Asterix Peneira 45
pele rosada,aspectobrilhante, com apele lisa e sempele esfolada
cozinhar efritar
%máx/emb:tolerânciavaria de0,5 a 2%
% máx/emb:tolerânciade 6%
23
Bolinha -peso máx.45g
cor externacreme, aspectobrilhante, compele lisa e semmanchas
-
%máx/emb:tolerânciavaria de0,5 a 3%
% máx/emb:tolerânciavaria de 5 a10%
Escovada
Monalisa,Ágata,Cupido,Caesar eBintje
Peneira 45 -
cozinhar:todasAssar:todasFritar:Bintje
%máx/emb:tolerânciavaria de0,5 a 2%
% máx/emb:tolerânciade 6%
Pacote
Monalisa,Ágata,Cupido,Caesar eBintje
Peneira 45
cor externacreme, aspectobrilhante, compele lisa e sempele esfolada
%máx/emb:tolerânciavaria de0,5 a 3%
% máx/emb:tolerânciavaria de 5 a10%
*Mistura de calibres: tolerância de 10% de tubérculos pertencentes à classe imediatamente superior ou inferior àclasse especificada no rótulo (exceto para classificadas como Diversas)** Defeitos Graves: podridão, esverdeamento, murchamento, embonecamento, brotada.*** Defeitos Leves: danos mecânicos, esfolado, manchas, brocado, fitotoxidez, sarna.Fonte: Centro de Distribuição Makro
d. Centro de Distribuição BrasileiroA maioria da batata comercializada pela rede de supermercados Pão de
Açúcar é lavada.
O recebimento do produto é diário, não se faz estoque de produtos altamente
perecíveis.
Análise de resíduos em FLV seria bem interessante de ser realizado e
poderia ser utilizado como apelo ao consumidor, porém as análises não são
realizadas devido ao alto custo deste procedimento.
Não há muita preocupação com a variedade que está sendo comercializada
devido à dificuldade de se diferenciar as diferentes variedades de batata na
gôndola. O consumidor só aceita essa diferenciação se ele enxergar a diferença. O
24
que realmente importa para o consumidor é a aparência global do tubérculo e o
calibre. Batatas miúdas não são bem aceitas porque a perda é maior.
A exigência do padrão de qualidade da batata é muito grande, pois ainda é
um dos produtos comercializado em maior volume na seção de FLV. Em épocas de
pouca oferta de produto, a tolerância para os defeitos presentes nos tubérculos é
maior.
Hoje não há demanda de exigência de classificação do produto por parte do
consumidor.
Pode-se tentar criar novos nichos de mercado para produtos menos
valorizados, utilizando-se a criatividade. O Centro de Distribuição Brasileiro das
redes de supermercados Pão de Açúcar, Compre Bem e Extra, prepara embalagens
fechadas com as batatas de menor calibre que não são aceitas facilmente pelo
consumidor, promovendo uma diferenciação do produto.
Ainda é um desafio realizar treinamentos nas lojas, pois existe uma grande
resistência dos funcionários a aceitarem novos conceitos.
Tabela 9.Padrão de qualidade de batata.Variedades Calibre* Defeitos Graves Defeitos Leves
25
Bintje, Monalisa,
Ágata, Asterix e
Baraka
Superior: 60 a
70mm
Comum: 55 a
70mm
Primeiro Preço: 45
a 70 mm
podridão, dano
profundo,
murchamento,
pragas, sujidades
e brotada.
Tolerância que
varia de 1 a 5%
conforme o nicho
de mercado.
brotada,
esverdeamento,
deformação,
manchas, dano
mecânico
superficial,
vitrificado e
esfolamento.
Tolerância que
varia de 10 a 25%
conforme o nicho
de mercado.
*mistura de calibres: tolerância de 10% de tubérculos pertencentes à classe imediatamente superior ou inferior aclasse especificada no rótulo (exceto para classificadas como Diversas) Fonte: Centro de Distribuição Brasileiro
A tolerância aos defeitos é maior para os produtos que serão destinados às
lojas “Compre Bem”. As lojas “Pão de Açúcar” possuem uma maior exigência em
qualidade dos produtos.
Em relação ao calibre, os produtos “Superiores” são destinados às lojas Pão
de Açúcar dos bairros em que o público tem maior poder aquisitivo, os “Comuns”
são destinados às lojas Extra e às outras lojas Pão de Açúcar, e os “Primeiro Preço”
são destinados às lojas Compre Bem.
Às vezes são compradas batatas classificadas como Diversas. Nesse caso, o
calibre não importa, porém os tubérculos não podem apresentar podridão,
esverdeamento, tubérculos cortados ou mau cheiro.
4.1.11 Atividades complementares
4.1.12 Anexo 1 – Visita à Associação Brasileira da Batata e Máquina de
Beneficiamento do Grupo Takao Hoshino
4.2 Tomate
O tomate (Lycopersicon esculentum Mill) pertence à família das Solanáceas e
26
é uma das olerícolas mais consumidas no mundo, sendo fonte de vitaminas A, B2, B6
e C, proteínas, cálcio, ferro, cobre, potássio, magnésio e ácido fólico, além de
possuir altos teores de caroteno, tiamina, niacina e licopeno. É originário da região
Andina e da América Central e foi depois introduzido no México e na Europa
(Filgueira, 1982).
O Brasil é um dos principais produtores mundiais, sendo que em 2003 a
produtividade média no Brasil foi de 59,3t/ha.Tabela 10. Estatística da Produção de Tomate no Brasil em 2003
Destino Área (ha) Produção (t) Rendimento (t/ha)Mesa 38.526 1.978.597 51,4
Indústria 19.535 1.465.170 75,0Total 58.061 3.443.767 59,3
A maior região produtora de tomates do Brasil é a região Sudeste, sendo que
em 2003, a produção girou em torno de 1 milhão e 600 mil toneladas, seguida pelas
regiões Centro Oeste com 1 milhão de toneladas, Nordeste com 400 mil, Sul com
pouco mais de 300 mil e por último, a região Norte com menos de 100 mil
toneladas.
4.2.1 Principais cultivares
a. AndréaFaz parte do grupo dos tomates comprido, do tipo italiano, longa vida
estrutural, apresentando excelente durabilidade pós-colheita no transporte e
comercialização. Os frutos pesam em média 120-140g. Apresenta excelente sabor,
próprio para salada, molho, suco e preparo de tomate seco.
b. CarmenFaz parte do grupo dos tomates redondo, do tipo salada e longa vida,
apresentando boa durabilidade pós-colheita no transporte e comercialização. Os
frutos são uniformes, pesando em média 180-220g.
c. Débora
27
Faz parte do grupo dos tomates oblongo, longa vida estrutural, apresentando
excelente durabilidade pós-colheita no transporte e comercialização. Os frutos
pesam em média 140-160g. São próprios para saladas e preparo de tomate seco.
d. MomotaroFaz parte do grupo dos tomate “caqui”, apresentando frutos com ótima pós-
colheita. Os frutos pesam entre 250-300g. São próprios para preparo de saladas.
e. CerejaPlantas produtivas, crescimento indeterminado, para cultivo protegido. Frutos
de excelente sabor, coloração vermelho brilhante, formato arredondado ou
comprido, pesando em média 15-25g.
4.2.2 Principais permissionários que comercializam tomates no ETSP daCEAGESP
A Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP seleciona os
maiores permissionários através das notas fiscais de entrada do produto no ETSP.
Através das notas fiscais obtêm-se informações sobre o local de origem dos
produtos e qual permissionário receberá o produto. As seguintes tabelas foram
elaboradas a partir de dados levantados da Seção de Economia e Desenvolvimento
e do SIM.
Tabela 11.Permissionários que comercializaram maiores volumes (t) de tomate dos grupos redondo,oblongo e comprido no ETSP da CEAGESP, em 2004.
4.2.3 Permissionário Volume (t) %Santa Cecília Comércio Hortifruti Ltda. 34681,740 14,04Agro Comercial Ciro Ltda. 16679,360 6,75Agro Comercial Condor Ltda. 15872,680 6,43
28
Agrícola Comercial Triunfo Ltda. 10174,010 4,12Agro Comercial Santa Bárbara Ltda. 9993,500 4,05Batista Comércio de Legumes Ltda. 9442,750 3,82Comercial Agrícola de Hortifruti Mont Mor Ltda. 8557,100 3,46Iguape Comércio de Legumes Ltda. 8190,860 3,32Distribuidora de Frutas e Legumes Dois
Cunhados7038,750 2,85
Canelas Comercial Agrícola Ltda. 5803,620 2,35Total 126434,37 51,19
Elaborado a partir de dados da Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP.
Tabela 12.Permissionários que comercializaram maiores volumes (t) de tomate do grupo Caqui no ETSPda CEAGESP, em 2004.
4.2.4 PermissionárioVolume (t) %
Agro Comercial Ciro Ltda. 876,087 34,88Santa Cecília Comércio Hortifruti Ltda. 179,265 7,14Distribuidora de Legumes Céu Azul Ltda. 160,683 6,40Diprata Distribuidora de Produtos Agrícolas Takamo 159,993 6,37Comercial de Legumes Nova Cantareira Ltda. 150,980 6,01Comercial Agrícola São Judas Ltda. 122,263 4,87J.T.C. Comércio e Distribuição de Produtos
Alimentícios
86,501 3,44
Agrícola Comercial Triunfo Ltda. 83,670 3,33Distribuidora de Hortifruti Bonin Ltda. 51,343 2,04Agro Produtores Nipo Brasileira Ltda. 49,370 1,97Total 1920,16 76,5
Elaborado a partir de dados da Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP.
Tabela 13. Permissionários que comercializaram maiores volumes (t) de tomate do grupo Cereja no ETSPda CEAGESP, em 2004.Permissionário Volume (t) %Agro Comercial Ciro Ltda. 457,860 33,89Agro Comercial Mingotti Ltda. 150,117 11,11Distribuidora de Legumes Céu Azul Ltda. 87,042 6,44Diprata Distribuidora de de Produtos Agrícolas Takamo 80,286 5,94Comercial Agrícola Nova Piedade Ltda. 62,610 4,63Agro Produtores Nipo Brasileira Ltda. 41,712 3,09Irmãos Mazzi C. Hortifrutigranjeiros Ltda. 26,691 1,98Santa Cecília Comércio Hortifruti Ltda. 25,590 1,89Setuo Kondo 25,353 1,885 Estrelas União de Produtos Agrícolas Ltda. 24,279 1,80Total 981,54 72,65
Elaborado a partir de dados da Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP.
Tabela 14. Permissionários que comercializaram maiores volumes (t) de tomate total no ETSP daCEAGESP, em 2004.
4.2.5 PermissionárioVolume (t) %
Santa Cecília Comércio Hortifruti Ltda. 34886,593 13,91
29
Agro Comercial Ciro Ltda. 18013,305 7,18Agro Comercial Condor Ltda. 12902,172 5,14Agro Comercial Santa Bárbara Ltda. 10030,167 4,00Batista Comércio de Legumes Ltda. 7937,721 3,16Agrícola Comercial Triunfo Ltda. 7892,126 3,15Iguape Comércio de Legumes Ltda. 7149,732 2,85Comercial Agrícola de Hortifruti Mont Mor Ltda. 6789,762 2,71Distribuidora de Frutas e Legumes Dois Cunhados 5762,156 2,30Canelas Comercial Agrícola Ltda. 4972,726 1,98Total 116336,46 46,38
Elaborado a partir de dados da Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP.
4.2.6 Principais locais de origem do tomate em 2004
Durante o ano de 2004, foram comercializadas 205.837 toneladas de tomates
no ETSP da CEAGESP. Mais da metade do volume de tomates dos grupos redondo
e do grupo caqui foram provenientes do Estado de São Paulo. Minas Gerais
aparece em segundo lugar para tomates do grupo redondo e do grupo cereja. Para
o grupo caqui, Paraná ocupa a segunda posição. Os gráficos a seguir foram
elaborados com base nos dados do SIM da CEAGESP.
Figura 13.Participação por estado no volume tomate dos grupos redondo, oblongo e comprido comercializadosno ETSP da CEAGESP em 2004.
30
Figura 14. Participação por estado no volume de tomate do grupo caqui comercializados no ETSP da CEAGESPem 2004.
Figura 15. Participação por estado no volume de tomate do grupo cereja comercializados no ETSP da CEAGESPem 2004.
4.2.7 Descrição das denominações das variedades e do calibre utilizadas noETSP da CEAGESP pela Seção de Economia e Desenvolvimento
A Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP realiza cotações de
preços diariamente junto aos permissionários. Cerca de 15 permissionários, que
comercializam os maiores volumes do produto, são entrevistados diariamente, onde
informam os maiores, menores e preço mais comum praticados na venda de cada
tipo de produto, segundo a classificação utilizada por eles.
No caso do tomate, podemos classificá-los em grupos: redondo, oblongo,
31
comprido, caqui e cereja. Os preços cotados dos grupos redondo, oblongo e
comprido variam de acordo com o calibre (extra AA, extra A e extra) e o estádio de
maturação (salada e maduro). A diferenciação dos preços em relação à variedade é
feita de acordo com o preço maior, menor e comum. A variedade Andrea, a mais
cara encontrada no mercado relaciona-se com o preço maior da cotação, e as
outras variedades como Débora, Carmen, Fanny, Santa Clara, etc. são relacionadas
com os preços menor e comum da cotação. O tomate rasteiro, do grupo comprido, é
relacionado com o preço do tomate extra, que é o menor preço, já que o tomate
rasteiro não tem grande valor no mercado da Ceagesp, pois é uma variedade
destinada à indústria, então tem baixo volume de entrada ao logo do ano. Já o
tomate caqui, considerado o verdadeiro tomate salada de calibre diferenciado, e o
tomate cereja, encontrado em dois formatos, redondo e oblongo, são cotados
somente na classificação de calibre Extra AA, a melhor classificação para ambos os
tipos de tomate. Nesse caso, os preços maior, menor e comum são relacionados
com a qualidade global do produto.
Com as informações obtidas, pode-se chegar à seguinte harmonização:
Tabela 15. Harmonização dos termos utilizados pela Cotação de Preços, com a linguagem de mercado e asprincipais variedades comercializadas.Linguagem da Cotação de
Preços4.2.7.1 Linguagem de
MercadoPrincipais Variedades
Maduro Tomate VermelhoSalada Tomate Colorido
Andrea, Carmen, Colibri,
Débora, Fanny,
Santa Clara,
Alambra, etc.Caqui Tomate Caqui Momotaro, OlympoCereja Tomate Cereja Cereja
Tabela 16. Harmonização dos termos utilizados pela Cotação de Preços, com a Linguagem do mercado, asClasses do Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura e o diâmetro equatorial (mm).
Linguagem daCotação de Preços
Linguagem deMercado
Classe doProgramaBrasileiro
DiâmetroEquatorial (mm)
Extra AA Extra AA 70, 80, 90 e100 Maior ou igual a 70
até maior ou igual a
100Extra A Extra A 60 e 70 Maior ou igual a 60
até 70
32
Extra Extra 40, 50 e 60 Maior ou igual a 40
até 60Extrinha Extrinha 0 Menor que 40Caqui Caqui - -Cereja Cereja - < 40
4.2.8 Principais variedades comercializadas no ETSP da CEAGESP
As variedades comercializadas no mercado do ETSP da CEAGESP são
conhecidas como Carmen, Débora, Andrea, Rasteiro, Caqui e Cereja. Tomates de
outras variedades como Fanny, Alambra, Santa Clara, etc. também são
comercializados, em menor volume, mas não são facilmente reconhecidas pelos
permissionários e tampouco pelos compradores, desse modo, essas outras
variedades acabam sendo comercializadas com a denominação Débora ou Carmen,
ambas variedades da Sakata Seed Sudamerica. O tomate Andrea, também da
Sakata Seed Sudamerica, é bem diferenciado no mercado devido ao seu formato e
sua qualidade, porém o rasteiro apresenta um formato parecido, mas com um preço
bem menor, a sua finalidade é voltada para o preparo de molhos, e grande parte de
seu volume é destinado à industrialização.
Entre os permissionários que comercializam tomates de mesa, com exceção
àqueles que comercializam os tomates Caqui e/ou Cereja, todos comercializam
tomates ou da variedade Carmen, ou da variedade Débora.
4.2.9 Volume de tomate comercializado no ETSP da CEAGESP no período de1994 a 2004
Com as informações do SIM, observa-se que o volume de tomate
comercializado dentro da CEAGESP estava aumentando desde 2000, apresentando
uma pequena queda em 2003. Nota-se que não há uma tendência no volume de
entrada dos diferentes tipos de tomate na CEAGESP.
33
Figura 16. Variação da quantidade em toneladas de Tomates do grupo redondo, oblongo e compridocomercializadas no ETSP da CEAGESP no período de 1994 a 2004.
Figura 17. Variação da quantidade em toneladas de Tomate Caqui comercializadas no ETSP da CEAGESP noperíodo de 1994 a 2004.
Figura 18. Variação da quantidade em toneladas de Tomate Cereja comercializadas no ETSP da CEAGESP noperíodo de 1994 a 2004.
34
Tabela 17. Volume em toneladas de tomate comercializado no ETSP da CEAGESP no período de 1994 a2004.
Produto 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Totalmaduro 72957 45818 62545 22062 45007 21930 9758 23743 54169 46800 48394 453183
salada 150185 185556 195011 208091 180997 197330 229717 225683 206623 204652 221514 2205359caqui 139 878 524 219 192 877 2516 2327 1804 3455 2197 15128cereja 485 718 970 1107 889 833 909 1269 1436 1393 1350 11359Total 223766 232970 259050 231479 227085 220970 242900 253022 264032 256300 273455 2685029Índice 82% 85% 95% 85% 83% 81% 89% 93% 97% 94% 100% -
4.2.10 Sazonalidade do tomate no ETSP da CEAGESP
No gráfico a seguir, pode-se verificar a sazonalidade de volume de entrada de
tomate em geral, no mercado do ETSP da CEAGESP.
Figura 19. Sazonalidade do tomate dos grupos redondo, oblongo e comprido no ETSP da CEAGESP em 2004.
Os tomates dos grupos redondo, oblongo e comprido, apresentam volume de
entrada praticamente constante durante o ano.
35
Figura 20. Sazonalidade do tomate do grupo caqui no ETSP da CEAGESP em 2004.
Figura 21. Sazonalidade do tomate do grupo cereja no ETSP da CEAGESP em 2004.
Já os tomates do grupo caqui e cereja, apresentam uma sazonalidade mais
acentuada durante o ano, já que são comercializados em menores volumes.
4.2.11 Valoração
Foram realizadas entrevistas junto aos 10 permissionários que comercializam
os maiores volumes de tomate no ETSP, em setembro de 2005. Nesta época
predominam tomates de Minas Gerais e Goiás (Carmen, Débora e Andea), São
Paulo (rasteiro) e Paraná (Caqui e Cereja).
Foi realizado um levantamento da diferença de valor entre as variedades.
36
Levantou-se o preço de venda das diferentes variedades. Para comparação, foi
atribuído o índice 100 para a variedade mais cara.
O tomate Andrea, conhecido também como italiano, apresentou o maior
índice de valoração. O tomate Débora, longa vida estrutural, também apresenta uma
valoração alta. Já o tomate Carmen, apresenta um valor um pouco abaixo quando
comparado com o Débora, e as razões apresentadas são vida pós-colheita menor e
sabor pior. O tomate rasteiro apresenta um baixo valor, pois não é tomate de mesa
como as outras variedades, apresentando uma pior aparência e qualidade.
Tabela 18. Valoração do tomate por variedade.Variedade Índice de valoração
Andrea 100Carmen 88Debora 99Rasteiro 53
Em relação ao calibre, quanto maior o fruto, maior a sua valoração para
qualquer variedade. Já, o tomate rasteiro não possui classificação quanto ao calibre
como as variedades de mesa. Foram encontradas somente duas variações de preço
para este tipo de tomate.
Tabela 19.Valoração do tomate por calibre.Variedade Índice de valoraçãoExtra 2A 100Extra 1A 90
Extra 59Extrinha 43
Tabela 20. Valoração do tomate rasteiro por calibre.Variedade Índice de Valoração
Rasteiro “melhor classificado” 100Rasteiro “pior classificado” 74
37
O tomate Caqui apresenta variação de valor comercial somente de acordo
com o calibre (o número do tipo corresponde ao número de frutos dentro de uma
caixa). As variedades não são muito conhecidas no mercado e o estádio de
maturação também não causa influência.Tabela 21. Valoração do tomate do grupo caqui por calibre.
Variedade Índice de ValoraçãoCaqui até Tipo 7 100
Caqui acima Tipo 7 50
O tomate Cereja apresenta variação de valor comercial somente de acordo
com a oferta no mercado. O calibre, estádio de maturação e variedades não influem
no preço.Tabela 22. Valoração do tomate do grupo cereja pelo volume ofertado.
Variedade Índice de ValoraçãoCereja baixa oferta 100Cereja alta oferta 39
Em relação à maturação, os tomates de mesa Andrea, Carmen e Débora
apresentam variações no seu valor de acordo com o clima predominante nos dias
de comercialização. Quando o clima está quente, os tomates classificados como
salada (verde e pintando) apresentam maior valor de mercado, pois a vida de
prateleira do tomate é maior e este amadurecerá em poucos dias, e quando o clima
está mais ameno, o tomate maduro (vermelho) apresenta maior valoração, pois está
pronto para o consumo, enquanto o tomate salada pode demorar para amadurecer.
A diferença de preço varia de R$2,00 a R$5,00 entre os dois estádios de maturação.
Em relação à embalagem, encontra-se o tomate Caqui embalado em caixas
de papelão, o tomate cereja, em pequenas caixas de plásticos dentro de caixas de
papelão, ou em sacos plásticos dentro de caixas de papelão. Os tomates de mesa
Andrea, Carmen e Débora, são encontrados embalados em caixas de papelão,
plástico ou madeira. Já o tomate rasteiro é encontrado somente em caixa de
madeira. Os permissionários dizem que o preço do tomate em relação à embalagem
varia somente devido ao preço da embalagem, e não em relação à qualidade do
38
tomate encontrado. Pode-se perceber que os tomates embalados em caixas de
madeira sofrem maiores danos pós-colheita do que aqueles embalados em caixas
de papelão e de plástico, ocasionando maior perda, mas esse fato não é levado em
consideração no estabelecimento de preços de comercialização.
Muitos permissionários reclamam da falta de classificação do produto
recebido, principalmente em relação ao estádio de maturação. Muitos afirmam que
reclassificam o produto nos boxes, para conseguir um melhor preço de venda e
dizem que a perda maior da falta de classificação é do produtor. Quem entrega
produto melhor classificado, consegue um preço melhor.
4.2.12 Perfil dos compradores de tomate
Foi realizado um levantamento das exigências de qualidade de redes de
supermercado e distribuidoras.
a. Distribuidora MendonçaA estruturação de serviço da Distribuidora Mendonça já foi descrito
anteriormente no item 4.1.10.2, item b. Para tomate, são levadas em conta as
seguintes considerações:
- Variedades:
Diariamente são recebidos tomates Mallmann, e uma pequena porcentagem
de tomates Santa Cecília. Mallmann e Santa Cecília são empresas produtoras e
beneficiadoras de tomates que selecionam os tomates por coloração e tamanho
eletronicamente. As variedades comercializadas são denominadas como Débora,
Carmen, Cereja, Perinha, Caqui e “para molho”.
Os pedidos recebidos das cozinhas industriais são denominados como
tomate Salada, Cereja, Perinha, Caqui “com selinho” e “para molho”.
A variedade não tem grande relevância devido à falta de conhecimento da
distribuidora e das unidades de recebimento. Os fatores que valorizam o produto
são aparência, uniformidade de coloração e de tamanho entre os frutos de um lote e
o estádio de maturação conforme a utilização.
39
- Calibre:
As unidades de recebimento valorizam a uniformidade de tamanho entre os
frutos recebidos, e não o tamanho dos frutos em si.
- Defeitos não-aceitáveis:
Os únicos defeitos não aceitáveis são podridões e mistura de calibres e de
estádio de maturação.
- Reclamações das unidades de recebimento:
A tolerância em relação a defeitos varia conforme a unidade de recebimento.
As unidades de recebimento da rota Z são extremamente exigentes em relação à
qualidade.
b. Centro de Distribuição MakroO critério de amostragem utilizado no setor de produtos hortícolas é de
aproximadamente 10% da carga total. A tabela a seguir mostra os padrões de
qualidade exigidos pelo centro de distribuição.
40
Tabela 23. Padrões de qualidade das diferentes batatas.
Tomate Calibre CaracterísticasMaturaçã
oDefeitos graves (%máx/embalagem)
Defeitos leves (%máx/embalagem)
Caqui 250 -480g
Cor externaverde a
vermelho,fresco, limpo esem manchas
Mínimo de30% da
coloraçãoexterna
vermelho(estágio 3)
Podridão: 0,5%Dano profundo,
queimado por soldano por geada: 3%
Dano superficial,deformado,
manchado, passado:10%
Carmen*
1A: 80-120g
2A: 120-150g
3A: 150g-sem limite
-Entre
estádios 3e 4
TOP: 0,5% defeitosgraves e 0%
podridãoComum e pequeno:1,5% defeitos graves
e 0,5% podridão
TOP: 2% defeitosleves
Comum e pequeno:5% defeitos leves
Debora 120 -250g
Cor externa deverde a
vermelho,fresco, limpo esem manchas
10% decoloraçãoexterna
vermelha emáximo de
80%
Podridão: 0,5%Dano profundo,
queimado por sol edano por geada: 3%
Dano superficial,deformado,manchado e
passado: 10%
*Mistura de calibres: tolerância de 10% de frutos pertencentes à classe imediatamente superior ou inferior àclasse especificada no rótulo.Fonte: Centro de Distribuição Makro
c. Centro de Distribuição BrasileiroO recebimento do produto é diário, não se faz estoque de produtos altamente
perecíveis.
Hoje não há demanda de exigência de classificação do produto por parte do
consumidor.
Ainda é um desafio realizar treinamentos nas lojas, pois existe uma grande
resistência dos funcionários a aceitarem novos conceitos.
41
Tabela 24. Padrão de qualidade do tomate.
VariedadesMaturaçã
oCalibre
Defeitos Graves(máx. permitido)
DefeitosLeves (máx.permitido)
Carmen
(Grupo:
tomate
commodities
; subgrupo:
tomates)
C2
C3
Superior: 78 a
90mm
(tolerância 10%
fora do padrão)
Comum: 70 a
80mm
(tolerância 15%
fora do padrão)
Primeiro Preço
e Molho: 60 a
70 mm
(tolerância 15%
fora do padrão)
Podridão: superior:
1%, comum,
primeiro preço e
molho: 2%.
Passado, imaturo,
verde, dano
profundo, dano por
geada, broca,
maturação
avançada e
sujidade: superior:
3%, comum: 5%,
primeiro preço e
molho: 7%
Dano
superficial,
manchas,
ocado e
deformação:
superior:
10%,
comum:15%,
primeiro
preço e
molho: 25
Débora
(grupo:
tomate
commodities
; subgrupo:
tomates
extras)
C2
C3
Comum: 60 a
70mm
(tolerância de
15% fora do
padrão)
Podridão: 2%,
passado, imaturo,
verde, dano
profundo, dano por
geada, broca,
maturação
avançada, sujidade:
4%
Dano
superficial,
manchas,
ocado,
deformação:
15%
“Italiano”
(grupo:
tomates;
subgrupo:
tomates
diversos)
C2
C3
Comum: 50 a
60mm
(tolerância de
15% fora do
padrão)
Podridão: 2%,
passado, imaturo,
verde, dano
profundo, dano por
geada, broca,
maturação
avançada, sujidade:
4%
Dano
superficial,
manchas,
ocado,
deformação:
15%
42
A tolerância aos defeitos é maior para os produtos que serão destinados às
lojas “Compre Bem”. As lojas “Pão de Açúcar” possuem uma maior exigência em
qualidade dos produtos.
Em relação ao calibre de tomate Carmen, os produtos “Superiores” são
destinados às lojas Pão de Açúcar dos bairros em que o público tem maior poder
aquisitivo, os “Comuns” são destinados às lojas Extra e às outras lojas Pão de
Açúcar, e os “Primeiro Preço” são destinados às lojas Compre Bem. Os tomates
“Molho” são comercializados em todas as lojas do grupo.
4.2.13 Atividade complementar
4.2.14 Anexo 2 – Visita a máquina de beneficiamento do grupo Mallmann, Mogi-Guaçu
43
4.3 MamãoO mamão pertence à família Caricácea. O gênero Carica é considerado o de
maior importância com 21 espécies descritas, sendo a espécie Carica papaya L., a
mais importante e cultivada em várias regiões do mundo. Essa espécie encontra-se
disseminada por várias regiões tropicais e subtropicais do mundo (Manica, 1982).
Disseminado, a partir do século XVI, da região norte da América do Sul e da
América Central, por navegantes espanhóis e portugueses, o mamoeiro foi
introduzido em várias regiões tropicais e subtropicais do mundo, tornando-se uma
fruteira comum em vários países da América tropical, inclusive o Brasil. A expansão
dessa fruteira foi enorme que no início do século XVIII já era amplamente conhecida
e difundida no Oriente.
Atualmente, a espécie C. papaya L. encontra-se difundida e cultivada em
várias regiões tropicais e subtropicais, numa amplitude mundial variando entre as
latitudes 32 graus Norte e Sul.
Os principais países produtores são Brasil, Nigéria, Índia, México, Indonésia,
Congo, Peru, China, Tailândia e Colômbia. Em 2001, o Brasil respondeu por cerca
de 26,6% da produção mundial.
No mercado ETSP da CEAGESP são comercializados mamões do grupo
‘Formosa’ e ‘Solo’.
4.3.1 Principais cultivares comercializadas no ETSP da CEAGESP
a. FormosaAtualmente o principal híbrido do grupo Formosa que é utilizado
comercialmente é o ‘Tainung no.1’, e recentemente, a Caliman Agrícola S/A lançou
o primeiro híbrido de mamão brasileiro (Martins, 2003).
Os frutos podem ser alongados ou redondo-alongados, com a casca de
coloração verde claro e cor da polpa laranja-avermelhada, firme, volumosa e doce.
Frutos com peso médio de 1,2kg, boa durabilidade e resistência ao transporte. Tem
grande aceitação no mercado interno. Voltada também para a indústria,
lanchonetes, hotéis e restaurantes.
b. Solo
44
Atualmente, as principais variedades comercializadas são ‘Sunrise Solo’ e
‘Sunrise Golden’.
Os frutos de ‘Sunrise Solo’ apresentam casca lisa e firme, com polpa
vermelho-alaranjada, de peso médio de 500g, formato piriforme a ovalado e
cavidade interna estrelada.
Os frutos de ‘Sunrise Golden’ apresentam formato piriforme, cor da polpa
rosa-salmão, cavidade interna estrelada, casca lisa, tamanho uniforme, peso médio
de 450g e ótimo aspecto visual.
As duas variedades apresentam ótima aceitação do mercado interno e
externo, porém a variedade ‘Sunrise Solo’ apresenta maior teor de sólidos solúveis e
produtividade do que o ‘Sunrise Golden’.
4.3.2 Principais permissionários que comercializam mamão no ETSP daCEAGESP
A Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP seleciona os
maiores permissionários através das notas fiscais de entrada do produto no ETSP.
Através das notas fiscais obtêm-se informações sobre o local de origem dos
produtos e qual permissionário receberá o produto. As seguintes tabelas foram
elaboradas a partir de dados levantados da Seção de Economia e Desenvolvimento
e do SIM.
Tabela 25. Principais permissionários e volume de comercialização de Mamão Formosa no ETSP daCEAGESP em 2004.
Empresa Volume (t) %Dallas São Paulo Comércio de Frutas Ltda. 4651,764 14,03Onivaldo Comim Frutas EPP 3026,387 9,13
45
Frutas Martins Ltda. 2958,202 8,92Sanches Comércio de Frutas Ltda. 2468,258 7,45Comércio de Frutas Floresta Ltda. 2443,662 7,37GGS Comércio de Frutas Ltda. 2142,517 6,46Distribuidora de Frutas Francolin Ltda. 1862,445 5,62Comércio de Frutas I. S. Tubarão Ltda. 1544,777 4,66Citrícola Turvo Ltda. 1452,165 4,38Frutícola A. G. Ltda. 899,405 2,71Soma 23449,58 70,74Total 33148,570 100,00
Tabela 26. Principais permissionários e volume de comercialização de Mamão Solo no ETSP daCEAGESP em 2004.
Empresa Volume (t) %Alcides Augusto da Costa Aguiar 9284,016 11,19Frutícola 041 Ltda. 5481,052 6,61Frutícola N. L. 3575,112 4,31GGS Comércio de Frutas Ltda. 3275,992 3,95Frutas Doce Comercialização Ltda. 3274,616 3,95Comércio de Frutas Gonzales 3161,724 3,81Distribuidora de Frutas Francolin Ltda. 3145,664 3,79Distribuidora Agrícola Irmãos Ferreira Ltda. 3043,632 3,67Frutas Martins Ltda. 2929,264 3,53Nutrifruti Comercial Ltda. 2603,392 3,14Soma 39774,46 47,93Total 82982,870 100,00
4.3.3 Principais locais de origem do mamão
Durante o ano de 2004, foram comercializadas 116.131 toneladas de mamão
no ETSP da CEAGESP. Mais de 70% do volume de mamão do grupo Formosa
comercializado no ETSP da CEAGESP em 2004 foi proveniente do estado do
Espírito Santo, já para o mamão do grupo Havaí, o estado da Bahia é responsável
por quase 70% do volume comercializado.
46
Figura 22. Participação por estado no volume de mamão do grupo Formosa comercializado no ETSP daCEAGESP em 2004.Elaborado a partir de dados do SIM da CEAGESP.
Figura 23. Participação por estado no volume de mamão do grupo solo comercializado no ETSP da CEAGESPem 2004.Elaborado a partir de dados do SIM da CEAGESP.
Tabela 27. Porcentagem da produção total do Estado de São Paulo comercializada no ETSP da CEAGESPem 2004.
Produção total doestado de São
Paulo
Volumecomercializado no
ETSP
Volumeproveniente de SPcomercializado no
ETSP
% da produçãototal de SP
comercializada noETSP
13071,00 116028,00 3482,00 26,64Elaborado a partir de dados do IEA e da Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP.
47
4.3.4 Volume de mamão comercializado no ETSP da CEAGESP no período de1998 a 2004
O volume em toneladas comercializado no ETSP da CEAGESP sempre foi
maior para mamão do grupo Solo do que mamão do grupo Formosa.
O grupo Formosa apresentou um aumento de volume comercializado de 1998
a 2000, e a partir daí, a redução do volume sempre foi crescente. De 2000 a 2004, o
volume de comercialização caiu em quase 50%.
Figura 24. Variação da quantidade em toneladas de mamão do grupo Formosa comercializadas no ETSP daCEAGESP no período de 1994 a 2004.
Para mamão do grupo Solo, o volume comercializado também tem
apresentado queda. De 2000 a 2003, com exceção ao ano 2001, o volume de
comercialização sempre foi maior que 90 mil toneladas, e no ano passado, esse
volume também apresentou uma queda, girando por volta de 82 mil toneladas.
48
Figura 25. Variação da quantidade em toneladas de mamão do grupo Solo comercializadas no ETSP daCEAGESP no período de 1994 a 2004.
4.3.5 Sazonalidade do mamão no ETSP da CEAGESP
O mamão do grupo Formosa apresentou um volume de entrada no ETSP da
CEAGESP em 2004 mais estável ao longo do ano do que o mamão do grupo Solo,
que apresentou uma queda mais acentuada entre os meses de Abril e Junho.
Figura 26. Sazonalidade do mamão do grupo Formosa no ETSP da CEAGESP em 2004.
Figura 27. Sazonalidade do mamão do grupo Solo no ETSP da CEAGESP em 2004.
49
4.3.6 Valoração
Os atributos de qualidade que podem provocar um incremento no momento
da precificação dos mamões são uniformidade de tamanho entre os frutos de um
mesmo lote, frutos livres de manchas, com casca amarelo-clara quando maduro,
polpa grossa com cavidade interna pequena, alto teor de açúcares, ausência de
odor desagradável e longevidade pós-colheita.
Para o grupo ‘Formosa’ buscam-se frutos de peso entre 800 e 1100g. Para o
grupo ‘Solo’, os frutos devem possuir peso entre 350 e 550g.
Em relação ao formato do fruto, o formato mais aceitável é o comprido. Além
disso, o mercado prefere frutos de casca lisa, sem nervuras, sulcos ou manchas, de
coloração uniforme.
4.3.7 Perfil dos compradores de mamão
Entrevistas foram realizadas com 18 compradores de mamão dentro do
mercado ETSP da CEAGESP com o propósito de levantar os principais atributos de
qualidade buscados por eles.. Também foram levantadas as exigências de padrão
de qualidade de redes de supermercado e distribuidora.
4.3.7.1 Perfil dos compradores que realizam suas vendas em feiras livres,varejões e sacolões
A maioria dos entrevistados disse que compra o produto somente no ETSP e
em aproximadamente 6 atacadistas. Na escolha do atacadista, eles levam em
consideração em primeiro lugar, a qualidade do produto oferecido, e em segundo
lugar o preço. Em terceiro lugar, foi citada a disponibilidade de produto durante o
ano todo. Também foram citados fatores como embalagem e atendimento. Também
demonstram preocupação em adquirir o produto o maior número de vezes possível
durante a semana para oferecer produtos frescos nos locais de venda e não fazer
estoque de produto.
As devoluções que ocorrem só são aceitas por atacadistas que possuem uma
grande relação de confiança com o comprador, e este é considerado um grande
comprador. Os motivos das devoluções são somente por questões de falta de
qualidade dos frutos.
Devido à sazonalidade de produção, a principal reclamação entre as
50
diferentes épocas do ano é o preço. Existem épocas em que há falta de produto, e o
preço é elevado. Em épocas em que há excesso de produto no mercado, a
exigência de qualidade é bem maior, mas nem sempre o preço é mais elevado. O
preço varia muito conforme a oferta.
Por ser um mercado totalmente voltado para a venda do mamão in natura, a
qualidade global do fruto é o fator mais valorizado pelos compradores. Alguns
compradores afirmam que só comprar mamão colorido, pois a venda é realizada em
pouco tempo após a compra. O calibre desejado pela maioria dos compradores
varia do tipo 15 ao 18 (correspondente ao número de frutos existentes dentro da
caixa), que é equivalente a frutos de tamanho não muito grande.
Outro fator valorizado pelos compradores é embalagem de comercialização
do produto. Frutos embalados em caixas plásticas ou de papelão sofrem menores
danos pós-colheita, causando menores perdas na comercialização pela maior
durabilidade.
Em relação aos fatores que fazem os compradores recusarem o produto está
podridão e sobra de produto do dia anterior. Além disso, outro fator de recusa é a
desuniformidade de tamanho entre os frutos de um mesmo lote.
Os fatores decisivos no momento da compra é principalmente a qualidade
global do produto. O preço, a cor externa do fruto e a preferência pela variedade
Havaí também foram citadas.
4.3.7.2 Perfil dos compradores de grandes redes de supermercado edistribuidora
a. Distribuidora MendonçaA estruturação de serviço da Distribuidora Mendonça já foi descrito
anteriormente no item 4.1.10.2, item b.
Usualmente, são comercializados frutos de mamão Formosa do grupo
redondo devido ao preço mais baixo, mas quando não há no mercado, o mamão
Formosa alongado o substitui.
A maior preocupação é em relação à uniformidade de tamanho entre os
frutos de um lote. A coloração externa do fruto não é de grande importância, desde
que o fruto não se apresente muito firme, porém, em algumas unidades de
recebimento, o responsável não é treinado e somente identifica o estádio de
51
maturação do fruto pela coloração externa.
O único defeito não tolerado é podridão.
b. Centro de Distribuição MakroO critério de amostragem utilizado no setor de produtos hortícolas é de
aproximadamente 10% da carga total. A tabela a seguir mostra os padrões de
qualidade exigidos pelo centro de distribuição.
Tabela 28. Padrões de qualidade de mamão.
Mamão Peso Características MaturaçãoDefeitos
graves (%máx/emb.)
Defeitosleves (%
máx/emb.)Padronização
Formosa1,1-
2,2kg
Cor externaverde com
listras amarelas,fresco, limpo esem manchas
Mínimo de15% de
coloraçãoexterna
amarela emáximo de
50%,sementesescuras e
cascaalaranjada
Podridão:0,5%Dano
profundo eamassado:
2%
Danosuperficial,manchas
não-características e ferrugem:
6%
Frutosenrolados em
papelbranco/pardo
Papaya/Havaí
380-750g
-
Mínimo de15% de cor
externaamarela emáximo de
50%,sementesescuras e
cascaalaranjada
Podridão;0,5%Dano
profundo eamassado:
2%
Manchasnão-
características e
feruugem:6%
Frutosenrolados em
papelbranco/pardo
Fonte: Centro de Distribuição Makro.
c. Centro de Distribuição BrasileiroO recebimento do produto é diário, não se faz estoque de produtos altamente
perecíveis.
52
Hoje não há demanda de exigência de classificação do produto por parte do
consumidor.
Ainda é um desafio realizar treinamentos nas lojas, pois existe uma grande
resistência dos funcionários a aceitarem novos conceitos.
Tabela 29. Padrões de qualidade de mamão.
Variedades Calibre*Defeitos Graves (máx.
permitido)
Defeitos Leves (máx.
permitido)
Formosa
Grupo: frutas
Subgrupo:
mamões
Superior: 1100 a
1500g
Comum: 1100 a
1700g
Primeiro Preço:
1100 a 1700g
Podridão: superior: 1%,
comum e primeiro preço:
2%.
Imaturo, grau de
maturação avançado,
passado, verde e dano
profundo: superior: 3%,
comum: 5% e, primeiro
preço: 7%
Manchas, deformado,
mancha úmida e dano
mecânico superficial:
superior: 10%, comum:
20% e primeiro preço:
30%
Papaya
Grupo: frutas
Subgrupo:
mamões
Superior: 350 a
450g
Comum: 350 a
550g
Primeiro Preço: 275
a 350g
Podridão: superior: 1%,
comum e primeiro preço:
2%.
Imaturo, grau de
maturação avançado,
passado, verde e dano
profundo: superior: 3%,
comum: 6% e, primeiro
preço: 6%
Manchas, deformado,
mancha úmida e dano
mecâncio superficial:
superior: 15%, comum e
primeiro preço: 25%
Papaya
‘Golden’
Grupo: frutas
Subgrupo:
mamões
Superior/colorido:
350 a 450g Comum
e Oferta: 350 a
550g
Podridão: superior, comum
e oferta: 1% Imaturo, grau
de maturação avançado,
passado, verde e dano
profundo: superior, comum
e oferta: 5%
Manchas, deformado,
mancha úmida, dano
mecânico superficial:
superior, comum e
oferta: 15%
Fonte: Centro de Distribuição Brasileiro.
5 Considerações Finais
Através do estudo desenvolvido pode-se perceber que o setor de frutas e
hortaliças ainda tem muito a ser melhorado. Todos os elos da cadeia precisam se
modernizar, os produtores precisam se conscientizar que o melhor é oferecer
53
qualidade e não somente quantidade, os atacadistas devem perceber que a
modernização da comercialização depende muito da atuação deles na cadeia a
favor da melhoria, os varejistas devem atuar de maneira mais próxima dos
consumidores no sentido de orientá-los e informá-los sobre as vantagens de cada
variedade de cada produto, bem como informações nutricionais e benefícios que
podem oferecer e, finalmente, o consumidor deve passar a agir mais ativamente
para que a modernização da comercialização aconteça, exigindo produtos de
melhor qualidade, de modo que os atributos de qualidade importantes para o
produto não sejam somente visuais, e sim nutricionais, culinários e de
características sensoriais como sabor e aroma, ao invés de simplesmente aceitar o
produto que está sendo oferecido nas gôndolas dos supermercados e nas bancas
de feirantes, que muitas vezes não agrada culinariamente, e então o consumidor
simplesmente deixar de consumir o produto.
O trabalho desenvolvido foi valioso no sentido de mostrar a realidade do setor
hortícola no Brasil que está extremamente atrasado, em contradição com a
agricultura extremamente moderna e eficiente que encontramos em outros setores.
6 BibliografiaABOTT, J. A. Quality Measurement of fruits and vegetables. Postharvest Biologyand Technology 15. 1999. 207-205.
AGROPOLOS: uma proposta metodológica. Brasília. ABPTI. CNPq, SEBRAE,
EMBRAPA, IEL. 1999. 364p.
INSTITUTO ANTONIO HOUAISS DE LEXICOGRAFIA. Dicionário Houaiss da
54
Língua Portuguesa. Objetiva. Rio de Janeiro. 2001. 1ª edição. 3992p.
FILGUEIRA, F. A. R. Manual de Olericultura – Cultura e Comercialização de
Hortaliças, Volume II. 1982. 2ª edição. 357p.
MANICA, I. Fruticultura Tropical: 3. Mamão. Editora Agronômica Ceres Ltda. São
Paulo. 1982. 276p.
MARTINS, D. dos S., COSTA, A. de F. S. da. (eds.) A cultura do mamoeiro:tecnologias de produção. Vitória, ES: Incaper. 2003. 497p.
http://www.iea.sp.gov.br/out/banco/menu.php - acesso dias 16/05/2005,
20/09/2005 e 25/11/2005.
http://www.hortibrasil.org.br/classificacao/batata/batata.html - acesso dia
10/05/2005
http://www.hortibrasil.org.br/classificacao/mamao/mamao.html - acesso dia
20/11/2005
http://www.hortibrasil.org.br/classificacao/tomate/tomate.html - acesso dia
10/09/2005
www.todafruta.com.br – Frutas de A a Z – acesso dia 23/11/2005
www.aondefica.com.br/brasil_r_sp.asp - acesso dias 23/06/2005 e 19/11/2005
http://www.cati.sp.gov.br/novacati/index.php - acesso dia 23/06/2005 e
19/11/2005
55
top related