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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
CONTRIBUIÇÕES DO OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE OS
DESAFIOS DO 2º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL NO
MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Por: Luiza Matheus Oliveira
Orientador
Professora Doutora Deyse Serra
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
CONTRIBUIÇÕES DO OLHAR PSICOPEDAGÓGICO SOBRE OS
DESAFIOS DO 2º SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL NO
MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Psicopedagogia
Por: Luiza Matheus Oliveira
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por este despertar e
aos estudantes participantes do Projeto
Megafone na Escola.
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a Baby, por toda
sua dedicação e contribuição para a
educação durante sua trajetória
profissional.
5
RESUMO
O presente trabalho é fruto do Diagnóstico Participativo Megafone na
Escola.
O Megafone na Escola foi um Projeto idealizado pelo Instituto Desiderata,
cujo objetivo principal foi identificar através de uma pesquisa participativa, o
que pensam alunos, professores e diretores sobre os desafios do 2º Segmento
do Ensino Fundamental.
Esta experiência possibilitou uma aproximação e releitura da percepção
de adolescentes e jovens sobre a realidade escolar, e principalmente permitiu
uma reflexão mais aprofundada sobre recomendações que foram geradas ao
longo da pesquisa.
Vimos que iniciativas simples; á exemplo da Oficina Mídia Educação,
realizada durante a pesquisa, podem mudar a realidade desses jovens, e ainda
tornar a escola, um ambiente mais saudável, agradável e prazeroso.
Optamos por refletir sobre as contribuições teóricas e práticas da
Psicopedagogia, e ainda, aproximar as novas ferramentas que Mídia Educação
pode trazer para as intervenções psicopedagógica.
Acreditamos que essas novas tecnologias têm haver diretamente com
uma prática preventiva que a psicopedagogia se propõem a realizar e podem
contribuir de modo prático para se pensar os desafios do 2º Segmento do
Ensino Fundamental na Rede Pública de Ensino.
Identificamos ainda, que os Nativos Digitais, como são chamados esses
adolescentes e jovens trazem um em seu cotidiano, uma vivência que deve ser
melhor aproveitada pela escola, entendendo que é preciso inserir essas
vivências/ experiências e todas as possibilidades que a comunidade escolar
possa apresentar ao processo de aprendizagem, pois é através deste novo
olhar que podem surgir resultados surpreendentes e ainda resgatar o prazer
pelo ato de aprender e ensinar.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para confecção deste trabalho contou com o
arcabouço teórico da psicopedagogia, com livros, artigos e teses; além da forte
influência teórica do Serviço Social, que foram fundamentais ao longo da
escrita, com citações e reflexões.
Visitou-se incessantemente o site do Instituto Desiderata na busca por
informações e de materiais disponível online sobre a pesquisa Megafone na
Escola. Visitamos ainda o Banco de Recurso do Centro de Promoção da Saúde
– CEDAPS, que nos cedeu prontamente um acervo bibliográfico sobre saúde e
educação, de suma importância para a realização deste trabalho.
Utilizou-se também como metodologia a observação e um olhar atento
durante todo o processo da pesquisa, bem como a participação em Fóruns e
Seminário promovidos durante o projeto.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – INTRODUÇÃO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO .................................................................................................... 10
1.1 NOVOS RUMOS PARA EDUCAÇÃO A PARTIR DE 1960 ................................................. 12
1.2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A NECESSIDADE DE CRIAÇÃO DA LDB – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO .............................................................................. 16
CAPÍTULO II - INTRODUÇÃO AS BASES DA PSICOPEDAGOGIA .................. 22
CAPITULO III - A EXPERIÊNCIA DO PROJETO MEGAFONE NA ESCOLA ..... 30
3. 1 PERFIL DO PARTICIPANTE ...................................................................................... 31
3.2 OFICINA 2 MÍDIA EDUCAÇÃO – INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA .............................. 35
4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 39
ANEXOS ............................................................................................................... 41
ANEXO 1 >> MODELO DO QUESTIONÁRIO UTILIZADO PELOS ALUNOS; .... 41
ANEXO 1 MODELO DO QUESTIONÁRIO UTILIZADO PELOS ALUNOS ................... 42
ANEXO 2 DEPOIMENTOS DOS ALUNOS ................................................................. 52
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................................. 53
BIBLIOGRAFIA CITADA ............................................................................................. 54
FOLHA DE AVALIAÇÃO ............................................................................................. 56
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é fruto da experiência do diagnóstico participativo
Megafone na Escola idealizado pelo Instituto Desiderata1 durante o primeiro
semestre de 2010.
Este trabalho foi realizado em parceria com o Instituto Paulo
Montenegro2 (IPM), a PUC - Rio Pontifica Universidade Católica do Rio de
Janeiro, a Secretaria Municipal de Educação (SME) e com o CEDAPS3 –
Centro de Promoção da Saúde, local este em que atuo enquanto Assistente
Social e Psicopedagoga em formação.
Observou-se durante este período, o comportamento e desenvolvimento
das múltiplas potencialidades e habilidades de adolescentes do 8º e 9º ano que
através do trabalho de formação e qualificação realizado pelo CEDAPS, com
oficinas participativas, identificou-se a percepção destes adolescentes sobre a
realidade escolar.
Ao longo do processo formativo a maior parte dos adolescestes
envolvidos assumiram a postura de entrevistadores e buscaram identificar
através dos colegas entrevistados os desafios do segundo segmento e com isso
puderam apontar soluções e recomendações para a melhoria do processo da
aprendizagem.
Vale ressaltar como aponta MINAYO (1994, p.25), “diferente da arte e
da poesia que se concebem na inspiração, a pesquisa é um labor artesanal, que
se não prescinde da criatividade, se realiza fundamentalmente por uma
linguagem fundada em conceitos, posições, métodos e técnicas, linguagem esta
que se constrói com um ritmo próprio e particular”.
1 Criado em 2003, no Rio de Janeiro, o Instituto Desiderata é uma instituição de investimento social privado que atua em duas causas: educação e oncologia pediátrica. A atuação tem por foco as Políticas Públicas. Conhecer a questão, valorizar aspectos positivos, identificar pontos críticos, buscar coletivamente soluções, integrar as atividades e gerar resultados efetivos. 2 O Instituto Paulo Montenegro é uma organização sem fins lucrativos, vinculada ao IBOPE, que tem por objetivo desenvolver e executar projetos na área de Educação. 3 O Centro de Promoção da Saúde – CEDAPS - é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, criada em 1993, que atua no Rio de Janeiro. Missão: Promover a plena participação de comunidades populares nos processos de desenvolvimento e o aprimoramento de políticas públicas que atuam nestes territórios, contribuindo para a promoção da saúde, a garantia de direitos e a equidade.
9
Foi exatamente dentro deste ritmo particular que cada adolescente
imprimiu suas marcas e expressões na construção de resultados que apontam
claramente o que pensam este grupo de meninas e meninos de 134 alunos
entrevistadores e 2.194 alunos entrevistados de 39 escolas da Rede Pública.
O diagnóstico parte de uma pesquisa de opinião sobre os desafios do
segundo segmento do Ensino Fundamental no Rio de Janeiro.
Beatriz Azevedo (2011), Diretora do Instituto Desiderata aponta que:
“Esta etapa de ensino, possui grandes peculiaridades- com mudanças na organização escolar e na vida do aluno como a adolescência – e apresenta indicadores preocupantes, como altas taxas de evasão e defasagem idade-série”.
Como parte da pesquisa, optou-se por destacar o conteúdo da segunda
Oficina em que os alunos produziram vídeos de 1minuto sobre a visão do futuro.
Ou seja, o desejo e o anseio destes alunos por uma escola diferenciada e
próxima de suas realidades.
Destaca-se mudança nos conteúdos oferecidos em sala, oportunidade
de se trabalhar com novas tecnologias, interação com ambiente externo e
outros.
Como veremos adiante, os alunos tiveram acesso a construção e uso
do diário de campo em diferentes linguagens e a criação da comunidade
Megafone na Escola no Orkut, possibilitando uma nova reflexão sobre como as
ferramentas da “web” podem se incorporadas a realidade escolar.
Destaca-se também dentre os resultados da pesquisa, como é vista a
participação da família no ambiente escolar, ou seja, qual é a opinião dos
alunos sobre a participação dos seus familiares e ainda a percepção dos alunos
sobre participação e aprendizagem.
Toda a construção deste trabalho está pautada no significado da
psicopedagogia e nas contribuições do olhar pisicopedagógico para os desafios
do segundo segmento.
10
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – INTRODUÇÃO A
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Atualmente observa-se através dos dados do IDEB – Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica4, que a educação pública encontra-se
em um momento extremamente delicado quando se trata do ensino
fundamental, em especial na lacuna existente na transição do ensino
fundamental I para o ensino fundamental II.
São indicadores que perpassam desde a dificuldade de entendimento
do conteúdo oferecido nas disciplinas até a falta de atrativos oferecidos no
espaço escolar como apontam alguns alunos em pesquisa realizada em 20105.
Parece apropriado quando FERNÁNDEZ (apud PORTO, 2009) afirma que:
Para resolver o fracasso escolar, necessitamos recorrer principalmente a planos de prevenção nas escolas e trabalhar para que o professor possa ensinar com prazer para que, por isso, seu aluno possa aprender com prazer,tende a denunciar a violência encoberta e aberta, instalada no sistema educativo, entre outros objetivos.
Os problemas mencionados têm refletido diretamente nas relações
aluno – professor - escola, com conseqüências desastrosas culminado no
processo de reprovação e no fenômeno da evasão escolar.
Pensando nos dados mencionados, busca-se entender o que é a
educação e principalmente como relacionar a educação contemporânea com a
realidade escolar e com o processo da aprendizagem.
Para tal, considera-se fundamental debruçar-se no que nos conta
história da educação no Brasil e as contribuições de teóricos como Paulo Freire
que revolucionou, ao se aproximar do pensamento Marxista e ainda introduziu
um novo olhar sobre a realidade das salas de aula.
Ao aproximar-se desta realidade, busca no primeiro momento o
conceito de educação, muito já discutido por intelectuais, pensadores e
4 Disponível em: Sistemas de indicadores territorializados do Ensino Fundamental do segundo segmento do Município do Rio de Janeiro_ http://desiderata.org.br/indicadores/ 5 Resultado da pesquisa disponível em: http://www.desiderata.org.br/
11
educadores por diversas partes do mundo; contudo optou-se por extrair do
Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio, a clara e precisa explicação que irá
orientar a reflexão deste trabalho.
Educação quer dizer: “1. Ato ou efeito de educar (-se). 2. Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano”.
FERREIRA, (1993, p.197)
Paulo Freire, em um processo constante de busca para o significado do
que é a educação, apresenta um conceito muito afetuoso, quando afirma que a
educação faz parte da natureza dos seres humanos.
O que eu quero dizer é que a educação, como formação, como processo de conhecimento, de ensino, de aprendizagem, se tornou ao longo da aventura do mundo dos seres humanos uma conotação de sua natureza, gestando-se na história, como a vocação para humanização [...].
FREIRE (1991, p. 20)
Dentro desta perspectiva, do processo de desenvolvimento do ser
humano, observa-se que ao longo da história da educação, o Brasil atravessou
inúmeras transformações sócio-históricas e políticas que serão apresentadas no
próximo item.
12
1.1 Novos Rumos para Educação a partir de 1960
Debruçamo-nos ao longo deste trabalho por uma síntese da estrutura
educacional da realidade brasileira, optando por marcar a década de 1960,
como referência inicial para as ideias e reflexões que serão desenvolvidas
posteriormente.
Acredita-se que a partir desta década a educação, ganhou novos rumos
e contribuições que refletem ainda hoje na nossa realidade.
Chamo atenção inicialmente para o que Paulo Freire chamou em 1960
de Escola Nova Popular, ou seja, uma nova postura diante da realidade do país,
em especial no período após 1964, quando as idéias de Celestin Freinet
começam a ser introduzidas no cenário nacional, mesmo que a contra gosto do
regime militar. GHIRALDELLI (2009, p.138) aponta que:
[...] diferentemente do ideário de Paulo Freire, que após 1964 sempre foi visto pelas autoridades federais e estaduais, mesmo as não muito conservadoras, como um “ensino subversivo” que deveria ser combatido a qualquer preço, a pedagogia de Freinet ganhou nos anos de 1970 certo incentivo oficial, governamental. O próprio MEC, durante alguns momentos, produziu elogiando as vantagens das técnicas Freinet.
Ao longo da história, no final de 1970, inicia-se no Brasil um forte
movimento objetivando a abertura política, entendendo que a dinâmica da
ditadura militar impedia de modo conjuntural o crescimento do país e a crise
afetava todos os setores da sociedade, inclusive a educação.
A partir daí Enernesto Geisel assume a presidência e afirma que faria a
abertura política. Contudo não cabia, neste cenário, o tempo de espera e a
sociedade iniciou constantes manifestações e movimentos para derrubar o
regime.
13
Com o processo de abertura política, as idéias de Freire começam a ser
melhores absorvidas, principalmente aos estudos ligados aos movimentos de
educação popular.
Alguns movimentos foram fundamentais para os novos caminhos do
país, destaca-se entre os muitos movimentos, o Movimento das Comunidades
Eclesiais de Base, coordenado pela igreja católica, principalmente ligado a
Teoria da Libertação.
ABREU (2001, p.131) aponta a Teoria da Libertação, “como um
movimento social que consegue influenciar as resoluções da cúpula clerical,
apesar dos segmentos conservadores da hierarquia católica”.
Vale destaque para a liderança de Frei Betto, sob o amparo de Paulo
Freire. Segundo CHAGAS E TORRES (2008) é neste período que “multiplica-
se as associações de moradores, que lutavam ativamente por melhores
condições de vida e buscavam solucionar problemas como saneamento,
educação e saúde”.
Mais tarde Ivan Illich apresentou a teoria de desescolarização, uma
crítica a escola capitalista e uma negação o que a escola oficial, estava disposta
a impor, ou seja, uma crítica sem dúvida a uma sociedade de exploração de
classe, em um contexto burguês. GHIRALDELLI (2009, p.1420) revela que:
Ivan Illich desenvolveu a tese de que uma educação democrática só poderia ser efetivada fora da escola, através da liberalização das bibliotecas, laboratórios, máquinas, computadores, jardins botânicos etc. – todos deveriam ter acesso a isto. E, também, através do fim do monopólio profissional; garantindo assim o direito de qualquer pessoa ensinar ou de exercer o talento conforme a demanda. Em fala de encerramento do ano letivo de 1969 na Universidade Católica de Ponce, em Porto Rico, Illich afirmou: ”espero que os vossos netos possam, em breve, viver numa ilha onde não seja necessário ir à escola como hoje ir a missa.
É importante fixar que as idéias de Illich trouxeram uma reflexão muito
significativa para se pensar o modelo da escola tradicionalista, o significado da
educação e do contexto escolar da época, porém faz-se necessário um olhar
14
mais crítico e atenção dos educadores contemporâneos sobre o papel/ função
da escola.
É fundamental este despertar de Illich, contudo questiona-se ainda, se a
instituição escolar é de fato o único caminho para o processo educacional do
individuo?
Acredita-se que quando o autor questiona e apresenta a proposta de
desescolarização, pois dentro desta lógica, é uma forma crítica de denunciar os
efeitos perversos do processo de industrialização e da ofensiva capitalista.
ARANHA (1989, p.125) afirma que “esta crítica é valida apenas quando
esse mito redunda em forma de poder e manipulação das massas, quando
retira a iniciativa as pessoas. Mas o saber especializado, pode avaliar o esforço
do homem. E ainda diz que a ciência e a técnica, quando bem utilizadas, só
podem ajudá-lo a sair da privação e da penúria”.
Avançando na síntese dos acontecimentos histórico/políticos que
influenciaram e contribuíram para o significado da educação no Brasil, chamo
atenção também para a intensa contribuição do ex-governador Leonel Brizola e
seu vice-governador Darcy Ribeiro que, em 1982.
Ressalta-se como legado do governo de Leonel Brizola para a educação,
à implementação dos CIEPs, ainda hoje conhecidos como Brizolão, em que
oportunizou aos estudantes o direito de estudar em horário integral, bem como
alimentação, atividades esportivas e lazer.
Ainda hoje, questiona-se a estrutura predial e o próprio projeto de
funcionamento dos CIEPs, todavia foi um marco de suma importância para a
educação brasileira.
Entre as conquistas, retrocessos e críticas realizadas a escolas públicas
GHIRALDELLI (2009, p.142) apresenta a publicação que Darcy Ribeiro fez em
1984 no livro Nossa escola é uma calamidade, onde reúne uma serie de criticas
e denuncias sobre a situação do ensino público. São elas:
O vice-governado pedetista expôs em seu livro um decálogo das “pedagogias descabeladas”: 1) verbalismo; 2) decoreba; 3) exclusão de todo fazimento e expressividade; 4) ordem; 5) mandonismo; 6) não admissão de avaliação
15
do trabalho docente; 7) descuido dos alunos com dificuldade de aprendizagem; 8) uma pauta normal e exigências para todos, ainda que imensa maioria dos alunos não acompanhe essa pauta; 9) professora não-educadora, mas sim uma técnica que vai à escola derramar instruções sobre os alunos; 10) o aprendizado é feito de oitiva pelo rádio e televendo.
É importante refletir neste momento sobre o quanto avançamos no
desenvolvimento educacional brasileiro. É possível identificarmos ainda hoje, os
questionamentos elaborados por Darcy Ribeiro no ano de 1982.
Permanece então uma sensação de poucos avanços, principalmente no
item “sete” em que fala-se no descuido existente em sala de aula com os alunos
com dificuldade na aprendizagem.
Observa-se também no item “oito”, que fala sobre uma pauta comum a
todos, nos faz lembrar o fenômeno da aprovação automática no Rio de Janeiro.
Estes são comparativos sobre o novo e o que permanece no cenário da
educação pública, que mais tarde vamos nos debruçar sobre a
opinião/percepção dos alunos sobre o segundo segmento da educação.
Avançando nesta discussão, é essencial a síntese do percurso dos
acontecimentos sócio-históricos e políticos do Brasil, pois são neles, que está a
base para dados comparativos analíticos para construção de uma nova
educação que se pretende alcançar.
FREIRE (1997, p.10) afirma que: “é historicamente que o ser humano
veio virando o que vem sendo: não apenas um ser finito, inconcluso, inserido
num permanente movimento de busca, mas um ser consciente de sua finitude”.
Antes de uma reflexão mais contemporânea sobre a escola atual, vamos
considerar o contexto histórico em que a escola se apresente, após o período
de abertura política mencionado acima, que culminou na conjuntura
democrática do Brasil.
16
1.2 A Constituição Federal de 1988 e a necessidade de criação da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
A Constituição Federal de 1988 consagrou o ideário da universalização
das políticas sociais no Brasil, sem dúvida um grande marco na história do país.
Pela primeira vez, foi instituido em lei os direitos a saúde, educação, assistencia
social, entre outros, á todos os cidadãos.
Vale ressaltar que os movimentos sociais e as passeatas a favor das
eleições diretas tiveram grande relevância para o processo de abertura política
no Brasil.
Destaca-se os movimentos sociais de base comunitária e educação
popular. São movimentos de grande valia para a pressão exercida no
parlamento, para que de fato a educação fosse um direito gratuito, ou seja, um
direito público.
Antes da consolidação da tão almejada Constituição Federal de 1988,
tivemos um conjunto de conquistas no período de 1985 até o ano de 1988,
quando Marcos Maciel, deputado Pernambicano, assume a gestão do Ministerio
da Educação, é também neste período que a economia do pais ganha forças
com o “Plano Cruzado”, uma tentativa de estagnar a inflação.
A reboque do “Plano Cruzado”, a educação teve algumas vitórias, como
bem aponta GHIRALDELLI (2009, p.167). São elas:
§ “Ementa Calmon”, que destinava 13% dos recursos orçamentários do país à educação. Assim o MEC passou a contar, a partir de 1986, com o segundo orçamento entre os ministérios;
§ Incentivo ao programa de distribuição do livro didático, segundo dados oficiais em sua gestão fomos de 40 para 80 milhões de exemplares distribuídos entre 1985 e 1986.
§ Ampliação da merenda escolar, de modo que ela também fosse fornecida nas férias escolares;
§ Instituiu os programas “Nova Universidade”, o de distribuição de material didáticos para professores do Nordeste, o “Educação para todos” e do Ensino Técnico. Com este ultimo deu início à construção das primeiras 100 escolas técnicas então projetas.
17
Após este período a economia do país viveu uma das piores crises
inflacionária já datadas na histórias, afetando também a área educacional.
Somente em julho do ano de 1988, como assinla CHAGAS E TORRES
(2008), é reescrita a Constituição Federal.
“Essa será a ‘Constituição Cidadã’, poque recuperará como cidadãos milhares de brasileiros, vítimas da pior das criminações: a misséria”. Era assim que, em julho de 1988, o presidente da Assembléia Cosntituinte, Ulysses Guimaraes, descrevia a nova Carta brasileira, que seria promulgada em outubro.
Neste meio período de implementação da Constitioção Federal de 1988,
perpassando pela crise inflecionária, ocorreu também uma reestrutura na
gestão governamental do Brasil.
No ano de 1990, Fernando Collor de Mello assume a presidencia, sob o
discursso de trazer uma nova “cara” para o país. Na maioria das referências,
seja elas bibliográfica, ou não, relatam que o período da campanha eleitoral
presidencial, foi tão intenso que lebrou o populismo de 1964. Collor, além de ser
uma figura ultramente carismática, trazia um discurso em que se dirigia a
população de baixo poder aquisitivo, como os “descamisados”.
Observa-se neste momento, que este foi um período delicadíssimo,
culminando no desastre exacerbado para o país.
Registra-se que o três condidatos em concorrência com Collor, foram:
Luís Inacio Lula da Silva (eleito Presidente da República em 2003), Leonel
Brizola e Mário Covas.
No avançar da história, é visivel que o período de 1980 à 1990, a
economia no mundo passou por incontavéis altos e baixos, o que como
podemos observar refletiu em todos os aspectos da sociedade, entre eles
destaca-se a educação e as refrações da quesão social.
Em 1994, após um período complicado em termos político, como sabido
através da história do Brasil, Fernando Henrique Cardoso assume o governo,
sucedendo através de eleições diretas o Presidente Collor, que deixa o governo
após um Impeachment.
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Tanto Fernando Collor de Mello, quanto Fernando Henrique Cardoso
faciliatam a entrada do modelo econômico neoliberalista ao Brasil, como
veremos a seguir.
Para o mundo, não só para o Brasil, a tentativa de superação da crise
mundial, com o esgotamento do modelo liberal, foi a reunião de grandes
organismos internacionais para gerar estratégias para superação da crise, o
chamdo Consenso de Washington.
Em 1989 em Washington, o FMI, Banco Mundial, entre outros se
reuniram e impuseram aos países perífericos, incluindo o Brasil, um novo mode
de estabelecer a economia.
Assim como destaca MONTAÑO (2003, p.29) “as recomedações desta
reunião abarcaram em dez áreas: disciplina fiscal, priorização dos gastos
públicos, reforma tributária, liberalização financeira, regime cambial, liberação
comercial, investimento direto estrangeiro, privatização, desregularização e
propriedade intelectual”.
A partir daí surge no cenário econômico, político, educacional e social o
modelo estabelecido no Consenso denominado Sistema Neoliberal.
O Neoliberalismo é uma alternativa de reestruturação capitalista. Muitos
autores pregam que sua implementação não significou o fim do liberalismo, mas
o esgotamento para economia no mundo.
No Brasil a adoção do modelo contradiz o que antes foi consolidado na
Constituição Federal de 1988. Sobre a garantia dos direitos sociais.
Constituição Federativa do Brasil Capítulo II – Dos Direitos Sociais Art. 6 São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdencia social, a proteção a maternidade e a infancia, assistencia aos desepregados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Contitucional no 26, de 2000).
Com a consolidação do ideário neoliberal, houve o desmonte das
Políticas Sociais até então, pela primeira vez assegurados na Constituição
Federal de 1988, acarretando um verdadeiro caos nas áreas descritas acima.
19
O Brasil esteve atolado em dívidas com os empréstimos realizados ao
Fundo Monetário Internacional durante toda a década de 1990, e infelizmente
sujeito às regras do Consenso de Washington, que privilegia os interesses dos
capitais financeiros internacionais e despreza as políticas sociais.
Percebe-se que atualmente essas impossições estão um pouco mais
veladas e encubertas, porém o retrato desta nova ordem está moldurado nas
escolas públicas, hospitais e outros setores públicos.
Sendo assim, crise econômica, nos setores públicos, em especial a
educação e dos direitos constitucionais adquiridos passam a ser, desde meados
dos anos 90, um dos conflitos a serem superados por uma nova reforma do
Estado.
Para DYE (apud AZEVEDO, 1997[...] a noção de política pública deve
incluir todas as ações do governo – e não apenas as intenções estabelecidas
pelos governos ou pelos seus funcionários [...] Nós devemos considerar a não-
ação do governo - o que o governo escolhe não fazer – como política.
Obviamente, a não-ação pode ter tanto impacto sobre a sociedade quanto a
ação governamental.
Somente em 1996, depois de um processo maciço de luta, fica
registrada a brecha existente na Constituição Federal de 1988, ou seja, a não
eficiência e cobertura da educação plena. Com isso foi preciso a implementação
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN 9.394/96, pois
como vimos no artigo citado anteriormente a educação não foi contemplada
exclusivamente e sim a reboque dos direitos sociais, assim como a saúde, o
trabalho, assistência e outros.
Admitindo que a educação é função essencialmente social, não pode o Estado desinteressar-se dela. Ao contrário, tudo o que seja educação deve estar até certo ponto submetido à sua influencia.
DURKHEIM (apud AZEVEDO, 1997).
Verifica-se na história do Brasil, período de fortes turbulências políticas
como apontamos no capítulo anterior, entretanto, pode-se dizer que houve
20
avanços no cenário educacional em especial em 1998, com a aprovação do
Plano Nacional de Educação.
GHIRALDELLI (2009) em seu livro “História da Educação Brasileira”
apresenta um panorama das principais conquistas da educação. Destaca-se
então após a aprovação da Constituição Federal de 1988, a participação do
Brasil na Conferência Mundial de Educação para Todos, em 1990 em Jomtien,
na Tailândia e em seguida a aprovação do Plano Nacional de Educação em
1998.
O Plano Nacional de Educação norteou algumas metas importantes para
o Brasil, destaca-se o objetivo de reduzir o analfabetismo no Brasil e a
valorização do profissional/professor com incentivo, capacitações e formação
continuada.
KLIX (2010) em matéria publica on-line em Setembro de 20106, revela
através dos dados do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) os dados
atuais.
O Brasil ainda tem 14,1 milhões de analfabetos entre a população com mais de 15 anos, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este total de pessoas representa 9,7% da população, 0,3 ponto percentual a menos que a taxa de 2008, que foi de 10% (14,247 milhões de pessoas). Desde 2004, quando o levantamento começou a ser realizado, a queda foi de 1,8 ponto percentual. Considerada uma meta do Plano Nacional de Educação (PNE) que deveria ter sido atingida até 2010, a erradicação do analfabetismo está ainda mais distante quando se observa os dados do Nordeste. Na região, embora a redução da taxa entre 2004 e 2009 tenha sido de 3,7 pontos percentuais, o índice é de 18,7%, maior que o percentual brasileiro há 18 anos, quando o IBGE calculou o dado em 17,2%. Nas regiões Sul e Sudeste, onde a taxa é mais baixa, 5,5% e 5,7% das pessoas com mais de 15 anos ainda não sabem ler ou escrever.
Em anexo encontra-se o mapa das regiões mais afetadas pelo
analfabetismo nos dias atuais.
6 Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br
21
Ver-se que mesmo com metas estabelecidas pelo Plano Nacional de
Educação, ainda assim existem muitos entraves para a erradicação do
analfabetismo.
Outra questão que nos preocupa é entender em que condições esta
população vem sendo alfabetizada. O Mapa 1 em anexo, revela as taxas de
analfabetismo por região, principalmente na região do Nordeste, na qual carrega
total singularidade em questões socioeconômicas.
Interessa para este trabalho verificar, assim como aponta no mapa,
dados sobre a região Sudeste em que apresenta taxas de analfabetismo
menores. Entretanto, observa-se no quotidiano das salas de aula e na fala de
muitos professores a dificuldades dos alunos na questão da aprendizagem.
São dificuldades arrastadas por um longo ciclo escolar que refletem
diretamente nas séries mais avançadas como se vê nas turmas do 6º ao 9º ano
do ensino fundamental.
No capítulo a seguir vamos apresentar conceitos relacionados às bases
da Psicopedagogia no Brasil, e questões referentes à aprendizagem e a
comunidade escolar.
São questões que irão nortear o segundo capítulo deste trabalho.
22
CAPÍTULO II - INTRODUÇÃO AS BASES DA PSICOPEDAGOGIA
Neste capítulo busca-se a aproximação com as principais bases da
psicopedagogia, através de um breve panorama histórico.
Posteriormente vamos nos debruçar em questões referentes ao processo
de aprendizagem de modo que iluminem os desafios 2º Segmento da
Educação Pública no próximo capítulo.
De acordo com o dicionário Aurélio, A psicopedagogia é o estudo da atividade psíquica da criança e dos princípios que daí decorrem para regula a ação educativa do individuo.
PORTO (apud HOLLANDA, 1999, P.49)
Sabe-se que a Psicopedagogia surge como ciência com objetivo de
entender e intervir nos problemas da aprendizagem.
PORTO (2009, p. 7) aponta que: “A psicopedagogia tem como objeto de
estudo a aprendizagem humana, que surge de uma demanda – as dificuldades
de aprendizagem”.
Para o entendimento deste processo de aprendizagem, considera-se
fundamental pontuar o surgimento da psicopedagogia enquanto profissão e
entender em que contexto esta profissão adentrou no Brasil.
SERRA (2009 p. 5-6) afirma que:
A Psicopedagogia tem o seu início, portanto, na Europa, ainda no século XIX, quando surgiram as preocupações com os problemas de aprendizagem. Contudo, podemos afirmar que a Argentina tem uma importância considerável na difusão do pensamento pisicopedagógico, especialmente na epistemologia convergente. Seus principais representantes são Jorge Visca, Alicia Fernandez e Sara Paín. Ainda na Argentina, a Psicopedagogia tem o seu eixo teórico em três áreas da
23
Psicologia. São elas: a Psicologia Genética de Jean Piaget, A Psicanálise de Freud e a Psicologia Social de Pichon-Rivière. Posteriormente, muitas outras teorias contribuíram e enriqueceram a teoria psicopedagógica, tais como a teoria de Vygotsky, a psicogênese da língua, tão bem defendida por Ana Teberosky e Emília Ferreiro. No entanto, ressaltamos que o berço, a gênese, o nascimento da Psicopedagogia acontece, de fato, com essas três teorias: Psicanálise (Freud), Psicologia Genética (Piaget), Psicologia Sócia l (Pichon-Rivière) e, é claro, com a herança francesa.
Observa-se que a psicopedagogia de fato se instaura e se populariza
com grande valor inicialmente na Argentina. No Brasil, a psicopedagogia veio a
reboque das experiências da Argentina a partir da década de 70.
Verifica-se que no início a prática psicopedagógica esteve associada ao
modelo médico, centrado no problema de aprendizado como uma questão
clinica/ patológica em todos os países.
Parece apropriada a explicação de SAMPAIO (apud BOSSA, 2000, p.
48-49) quando escreve que “a psicopedagogia chegou ao Brasil, na década
de 70, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a
uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima
(DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas
sócio-pedagógicos”.
Com o passar do tempo observa-se que o enfoque patológico cedeu
espaço para um trabalho também centrado na psicopedagogia preventiva.
Apesar de alguns autores e profissionais ainda usaram da clinica, ou seja,
do uso da intervenção clínica para tratar o usuário dentro de um suporte
associado à doença e ou algum tipo de deficiência que este usuário possa
ter. Sabe-se que por vezes a dificuldade da aprendizagem não estar
relacionada a nenhum fator patológico, mas a questões oriundas das
refrações da questão social. Portanto são características que devem ser
bem definidas para que não haja constrangimentos por parte dos pais e
professores quando se deparam com crianças com dificuldade na
aprendizagem.
Para esclarecer a diferença entre a psicopedagogia clínica,
institucional e empresarial, busca-se apoio nas idéias de SERRA (2009,
p.6), onde a autora apresenta as três vertentes da psicopedagogia.
24
A Psicopedagogia vem evoluindo e crescendo bastante ao longo dos anos. Hoje, temos a Psicopedagogia Clínica, de caráter predominantemente curativo. Seu espaço de trabalho é o consultório e o atendimento individualizado é a forma mais comum. A Psicopedagogia Institucional possui caráter predominantemente preventivo, e normalmente a atuação ocorre com pequenos grupos de alunos, trabalhadores, pessoas em geral. A área institucional se divide hoje em três formas de atuação: a escolar, a empresarial e a hospitalar.
Interessa-nos para este trabalho a abordagem centrada na
Psicopedagogia Institucional, ou seja, na intervenção no ambiente escolar.
É dentro do ideário da prevenção que se pretende linkar o trabalho
realizado pela Psicopedagogia Institucional e a realidade de uma parcela das
escolas públicas do Rio de Janeiro, mapeadas pelo Projeto Megafone na Escola
no ano de 2010 como veremos no capítulo III.
Por ora, vamos nos deter em refletir sobre as bases da Psicopedagogia
Institucional e as formas de intervenção no ambiente escolar centrado nos
entraves que dificultam a aprendizagem.
25
2.1 Conceituando o Significado da Aprendizagem
Atualmente questiona-se por que crianças e jovens em idade escolar
apresentam inúmeras dificuldades relacionadas à aprendizagem.
Pesquisadores e teóricos já questionaram inúmeros fatores.
Destacam-se: questões sócio-afetivas, questões socioeconômicas,
diferentes tipos de patologias e outros.
PORTO (2009, p.15) diz que: “ o que ocorre muitas vezes, é a busca
pelos culpados de tal fracasso e, a partir daí, percebe-se um jogo de ora se
culpa a criança, ora a família, ora uma determinada classe social, ora todo um
sistema econômico, político e social”.
Parafraseando PORTO, busca-se entender se de fato existe mesmo um
culpado para o fracasso escolar. Ibid, (apud, FERNÁNDEZ, 1994) “nos lembra
que “a culpa, o considerar-se culpado, em está no nível do imaginário” e afirma
que o contrário da culpa é a responsabilidade. Para ser responsável pelo seus
atos, é necessário poder sair do lugar da culpa”.
Reflete-se então sobre participação e responsabilidades conjuntas da
comunidade escolar no processo de aprendizagem.
Entende-se que não exista de fato um lugar para culpa e/ou um culpado,
mas sim um conjunto de fatores que contribuam para o processo de
aprendizagem. Estes fatores estão relacionados com ambiente escolar, familiar
e social em que o aprendente estar inserido.
Chamo atenção para a participação da família em diferentes contextos
socioeconômicos, ou seja, como bem assinala PORTO ( 2009, p. 17) quando se
fala em “famílias possibilitadoras de aprendizagem”, tem-se uma tendência a
excluir as famílias de classes baixas, já que estas não podem fornecer uma
qualidade de vida satisfatória, uma alimentação adequada, acesso a diversas
formas de cultura [...]. Entretanto, é possível a existência de facilitadores de
autoria de pensamento, mesmo convivendo com carências econômicas.
É dentro desta vertente que se considera o ato de aprender como uma
vivencia factível que perpassa por todas as classes sociais. Sendo assim,
acreditamos que as famílias, cujo seus filhos estão matriculados na Rede
26
Municipal de Ensino, que em sua maioria são desprovidas de um padrão
elevado financeiro, não podem ser estigmatizadas, nem tão pouco ter o fator
socioeconômico com um empecilho para o não aprendizado.
A partir desta reflexão, indaga-se em qual realidade estamos inseridos?
BONETTI (2006, p.57), no livro Serviço Social e Ética, relata uma
experiência no trabalho com a formação de pedagogos.
Segundo a autora, é de praxe, perguntar no primeiro dia de aula, o
porquê da escolha por pedagogia. A autora diz que:
Muitos respondem por que gostam de crianças. A resposta é verdadeira, mas é parcial. Para ser educador, é bom gostar de criança, mas não é obrigatório. É uma explicação um pouco frágil. [...] A pergunta que vem na seqüência diante de um gostar de criança é: de qual criança? A ideal? Aquela que toma banho todo dia, que se alimente, que não tem nenhum problema estrutural, que tem caderno etc.? Ou a outra, que, aliás, é a maioria em nosso país, que não pode tomar banho todo dia, tem uma família com um mínimo de estrutura, não tem condições materiais, e, claro não se identifica com a nossa sobrinha? Isso é real para nós. Ficamos, muitas vezes, na dimensão idealizada do nosso trabalho”.
Esta reflexão nos leva a perceber em qual cenário estamos inseridos
enquanto educadores.
Sabemos que os fatores internos e externos contribuem e/ou interferem
no processo da aprendizagem, por isso considera-se de suma importância,
para o fazer pisicopedagógico entender, refletir, questionar e intervir nas
diferentes realidades. .
SCOZ, (apud, VISCA, 1991) “concebe a aprendizagem como uma
construção intrapsíquica, com continuidade genética e diferenças evolutivas,
resultantes das pré-condições energéticas do sujeito e das circunstâncias do
meio”.
Seguindo esta linha de fatores que influenciam a aprendizagem, Ibid,
(apud PAIN, 1985), diz que:
27
A aprendizagem depende de: da articulação de fatores internos e externos ao sujeito ( Os internos referem-se ao funcionamento do corpo, considerado como um instrumento responsável pelos automatismos, coordenações e articulações); do organismo: a infra-estrutura que leva o individuo a registrar gravar, reconhecer tudo que leva o individuo a registra,r recoser, tudo que o cerca através dos sistemas sensoriais, permitindo-o regular o funcionamento total; do desejo: entendido como o que se refere às estruturas inconscientes, - representa o “motor” da aprendizagem e deve ser trabalhado a partir da relação que com ela estabelece; das estruturas cognitivas, representando aquilo que está na base da inteligência, considerando-se os níveis de pensamento proposto por Piaget; da dinâmica do comportamento, que diz respeito às respostas do sujeito |à realidade que o cerca. Os fatos externos são aqueles que dependem das condições do meio que circunda o individuo.
PORTO (2009, p.19) apresenta um conceito bastante coerente com o
processo de aprendizagem social, no qual acreditamos ser um bom caminho a
ser inserido no cotidiano escolar, quando diz: “pode-se definir a aprendizagem
como uma construção singular que o sujeito vai fazendo segundo seu saber e,
assim, ele vai transformando as informações em conhecimento, deixando sua
marca como autor e vivenciando a alegria que acompanha a aprendizagem”.
Após a reflexão sobre os conceitos aqui exposto referentes a
aprendizagem, tem-se a preocupação de apresentar no próximo item a relação
da psicopedagogia institucional pautado em um ideário de intervenção sócio-
afetiva com a influencia de novas mídias e tecnologias como possíveis
ferramentas de intervenção.
28
2.2. Psicopedagogia Institucional - Ambiente Escolar
A partir deste item, interessa-nos refletir sobre o significado da
psicopedagogia institucional, de modo que se possa envolver a comunidade, a
família e a escolar como um todo, pautado no pressuposto de uma
psicopedagogia preventiva.
Entende-se esta participação dentro do conceito de comunidade escolar
em que se vislumbra a participação de todos os membros da escola, desde
pessoal de apoio, serventes, profissionais da área administrativa até o corpo
docente, discente, pais e responsáveis.
Para entender esta realidade é preciso, nos colocarmos na qualidade de
observadores; para isso faz-se necessário que fique claro uma concepção ética
do espaço escolar.
Chamo atenção aqui para o modo interdisciplinar que a psicopedagogia
vem se construindo. De acordo com PORTO, apud (PINTO 2003, p. 37).
É fundamental para a psicopedagogia que o profissional faço o trabalho interdisciplinar, pois os conhecimentos específicos das diversas teorias contribuem para o resultado eficiente da intervenção ou prevenção psicopedagógica. Por exemplo, a psicanálise pode fortalecer embasamento para compreender o mundo inconsciente do sujeito, a psicologia possibilita compreender o mundo físico e psíquico [...] Em todas essas áreas, encontramos autores renomados, que contribuem para o crescimento da psicopedagogia, tanto no âmbito preventivo quanto clínico.
É sobre este argumento que se observa ao longo do presente trabalho
referências e contribuições teóricas do Serviço Social. Acredita-se que esta
junção aponta possibilidades de se pensar a educação pautada em políticas
públicas que possam iluminar reflexões importantes e assessorar o próprio
trabalho de prevenção junto ao psicopedagogo.
PORTO (2009, p.115) diz que: “ A Psicopedagogia, enquanto campo de
conhecimento, não pode ficar alheio às questões sociais e educacionais do
nosso país, mas deve assumir o compromisso ético com a maioria da
população onde o direito à educação, a saúde e a cidadania são negados”. “ O
29
papel social da psicopedagogia se encontra com relevo nesta denúncia e em
uma ação institucional politicamente comprometida e consciente” (CAMPOS. In:
OLIVEIRA)
É pensando também na relação com a comunidade escolar que
acreditamos que as questões sociais influenciam diretamente nos processos
referentes à aprendizagem.
O espaço escolar é posto aqui como um espaço de construção coletiva
para todos que neles estão envolvidos. PORTO, (2009, p. 116) afirma que:
“Desta forma, a ação do psicopedagogo está centrada na prevenção do
fracasso e das dificuldades escolares, não só do aluno como também dos
educadores e demais envolvidos neste processo”. Ibid., p.117, “A aprendizagem
e o desenvolvimento da criança, do educador e também dos pais é a tradução
ativa de uma rede de relações sadias entre esses grupos no que diz respeito ao
conhecimento”.
Ao longo deste estudo observamos um conjunto de técnicas utilizadas
por psicopedagogos em diferentes realidades com resultados transformadores.
Entendemos que intervenção psicopedagógica poder ser individual e/ou
coletiva dependendo do diagnóstico inicial realizado.
Observa-se que o trabalho da psicopedagogia institucional no qual
estamos nos aproximando tem haver com todos os envolvidos no contexto
escolar. É possível a realização de um trabalho coletivo, interdisciplinar de
modo que a participação de todos esteja centrada no desenvolvimento conjunto
da aprendizagem, não só conteúdistas, mas sim, vivencial e experimental.
PORTO (2009), no livro Bases da Psicopedagogia - Diagnóstico e
Intervenção nos problemas de aprendizagem. Apresenta um livro recheado de
importantes contribuições técnicas para o fazer psicopedagógico.
Nos debruçamos também nas contribuições de SCOZ (2009), em que
apresenta um brilhante trabalho de pesquisa durante o período de junho a
outubro de 1991, na Escola Municipal, na qual a autora denominou de E.M Vila
Esperança.
Foram contribuições que embasaram a construção deste trabalho e
possibilitou a intervenção coletiva na prática que será apresentada a seguir.
30
CAPITULO III - A EXPERIÊNCIA DO PROJETO MEGAFONE NA
ESCOLA
Como mencionado ao logo deste trabalho, o Megafone na Escola é um
projeto de pesquisa participativa para conhecer a opinião de alunos e
professores sobre o 2.o. Segmento, seus desafios e práticas.
Optou-se por uma metodologia de consulta participativa a partir do
próprio aluno, de sua própria inserção e percepção sobre a escola e suas
diferentes relações.
A formação de “alunos-entrevistadores” mostrou-se parte do processo de
consulta na medida em que alunos/as dos últimos anos do Ensino Fundamental
se estabeleceram como os primeiros interlocutores sobre os desafios da
passagem por este segmento.
Ao se colocarem na função de “entrevistadores” e de produtores do
conhecimento sobre o tema, os alunos puderam refletir sobre inúmeros
momentos da sua própria trajetória educacional e exercitar o “olhar e o ouvir” o
outro, suas questões e opiniões.
Para a formação dos alunos-entrevistadores alguns desafios se colocaram
rapidamente: como valorizar a dimensão inovadora e criativa desta inserção?
Como realizar as entrevistas garantindo princípios técnicos elementares a uma
pesquisa que são a ética e o respeito à opinião do entrevistado, sem incidir
sobre o caráter informal que se estabeleceria entre dois adolescentes, entre
dois alunos? Como mobilizar e sensibilizar adolescentes para um processo de
trabalho voluntário, compostos por encontros presenciais e intercalados por
tarefas (entrevistas) na própria escola?
Diante destes desafios optou-se por uma metodologia de formação
construída passo-a-passo, de forma dialogada entre CEDAPS e o Instituto
Desiderata, mas tendo como fio condutor os próprios alunos subdivididos em
diferentes pólos sediados em escolas de diferentes regiões da cidade.
31
3. 1 Perfil do Participante
O projeto foi desenvolvido com 134 alunos do 8º e 9º anos de 39 escolas
municipais de segundo segmento no Rio de Janeiro. Participaram do projeto
alunos do 7º, 8º e 9º do Ensino Fundamental, sendo 01 aluno do 7º ano; 32
alunos do 8º ano; 98 alunos do 9º ano e 03 alunos da turma do Projeto
Aceleração Carioca.
Quadro Geral de Alunos-Entrevistadores - Total: 134
Sexo masculino 50 alunos
Sexo feminino 84 alunos
Idade Entre 14 a 16 anos
Os entrevistadores e professores de referência foram indicados pela
Direção da escola como premissa representar a diversidade da escola, tentando
assim equilibrar o número de meninos e meninas e não fazer discriminação por
bom comportamento ou desempenho.
As atividades desenvolvidas por esses alunos foram: participar das
oficinas de formação; aplicar um total de 60 questionários de alunos por escola
(20 entrevistas de alunos do 5.o. e 6.o. ano) e nove entrevistas de professores e
registrar suas opiniões e impressões em diferentes mídias, postadas em um
perfil/ comunidade do Orkut, construindo assim seu diário de campo.
Os alunos iniciaram as atividades com entusiasmo e disposto a aprender
e descobrir novas possibilidades de poder dar voz a escola.
Quadro Geral de Professores de Referência - Total: 39
Sexo masculino 09 professores
Sexo feminino 30professoras
32
No primeiro dia do encontro, aplicamos uma enquete. Chamamos este
encontro de “encontro de seleção” configurado de fato em uma “oficina-convite”
visto que todos os que se inscreveram e permaneceram foram acolhidos pelo
projeto. Nesta enquete foram registrados alguns pontos importantes que ajudam
a descrever um pouco da opinião dos adolescentes e compõem um retrato do
pensamento circulante sobre os desafios do 2.o. segmento que permeiam a
escola e suas diferentes conexões.
O grupo valorizou a possibilidade de se envolver em um projeto cuja
ação estaria sendo protagonizada por eles, como aluno entrevistador. No
primeiro momento a tarefa de “entrevistar” foi associada à atividade de
jornalismo (repórteres, entrevistadores de TV e rádio), e no processo de grupo
ampliou-se o conhecimento sobre a função estendendo-a a “recenseadores”;
“pesquisadores acadêmicos” e os diferentes tipos de pesquisa. A compreensão
central era de que se trataria de uma função que os levaria a conhecer a
realidade de sua escola vista por diversos olhares. Outra percepção inicial
presente foi a possibilidade de trazer mudanças para a escola através das
opiniões dos alunos.
O que chamou minha atenção no projeto foi a possibilidade de saber o que cada aluno acha da sua própria escola e saber compreender as coisas que eles acham de bom ou de ruim. O que mais me chamou a atenção no projeto, é que nele temos a oportunidade de nos expressar, temos a oportunidade de falar o que os jovens pensam.
Alunos-entrevistadores do Megafone – 2010
Apontaram que teriam como facilidade o fato de serem da mesma faixa
etária e terem a mesma linguagem do entrevistado, o que facilita a
comunicação. Pontuaram ainda algumas características pessoais que ajudariam
no processo da entrevista, tais como: vontade de ajudar, ter paciência, ser
comunicativo e animado, ser comprometido e empenhado etc. Mas também
falaram sobre algumas dificuldades, entre elas a timidez que apareceu como
33
dificuldade inicial, mas que com a apropriação dos objetivos do projeto e do
questionário com certeza diminuiria.
Sou tímido, mas quando eu me incentivo a fazer algo eu faço mesmo e conheço todos da escola e apesar de ser tímido sou simpático, amado, querido e paciente. Uma facilidade é poder falar com outros alunos de uma maneira que eles entendam e possam responder mais verdadeiramente.
Alunos-entrevistadores do Megafone – 2010
O grupo de escolas participantes se envolveu com o projeto desde o
início e demonstrou satisfação em participar. Os alunos inicialmente começaram
com uma participação mais tímida, mas com o desenvolvimento das oficinas
criaram uma rede de amizade entre eles e os técnicos e se sentiam mais a
vontade para colocar as opiniões e propor mudanças.
A equipe técnica foi composta por: 1 Assistente Social, 1 Assistente
Social e Psicopedagoga em Formação, 1 Psicóloga e Psicopedagoga, 1
Pedagoga e 2 Estagiários.
Vale lembrar que ao longo do projeto os alunos participaram de um
conjunto de quatro oficinas com técnicas participativas com duração de três
horas.
Iniciamos as atividades com a Oficina Convite, em que os alunos foram
estimulados a participar da pesquisa. Em seguida foi realizado um conjunto de 4
oficinas que culminou na analise dos dados de forma conjunta entre os alunos.
Oficina 1 - Apresentação do primeiro formato do questionário e
levantamento de desafios do 2º segmento a partir da percepção dos alunos;
Oficina 2 - Mídia Educação (experiência relatada no item 3.2);
Oficina 3 - Plano de Aplicação do questionário7. Os alunos tiveram a
oportunidade de aprender técnicas de pesquisa de forma dinâmica e
7 Em anexo o modelo do questionário aplicado pelos alunos.
34
descontraída, se aproximaram de conceitos éticos e morais que foram utilizadas
na relação estabelecida entre o entrevistador e o entrevistado. Foi possível
acrescentar as sugestões dos alunos no questionário de acordo com a opinião
do conjunto de alunos;
Oficina 4 - Devolução dos dados/ resultados da pesquisa8.
No próximo item vamos nos debruçar na experiência da realização
Oficina 2- Mídia Educação.
8 Ver resultados da pesquisa em: www.desiderata.org.br
35
3.2 Oficina 2 Mídia Educação – Intervenção Psicopedagógica
Entre as oficinas mencionadas, acredita-se que todas elas podem ser
inseridas no item Intervenção Psicopedagógica, porém, optou-se por escolher a
Oficina Mídia Educação por acreditar que atualmente existem diferentes
ferramentas tecnológicas que podem contribuir com o processo educativo de
aprendizagem.
Em tempos de site de relacionamentos, de celulares cibernéticos, altas
tecnologias, maciça presença de jovens e adolescentes se comunicando
através de Orkut, Facebook, MSN e outros; busca-se identificar como essas
ferramentas podem contribuir para o processo de aprendizagem de forma mais
lúdica e ainda, como as escolas podem aproveitar essas mesmas ferramentas
para se aproximarem dos alunos e entenderem o que pensam sobre o ambiente
escolar.
Outro recorte possível, que não vamos aprofundar, mas é de suma
importância o registro, é a possibilidade de intervenção através destas mídias
com os alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem.
É o que nos diz a Pesquisadora Doutora em Mídia Educação Ilana Eleá
(2011), ao responder uma entrevista no site revista.com sobre a sua tese de
Doutorado, onde a autora acompanhou de perto quatro adolescentes de classe
média e suas relações com a escrita na internet.
revistapontocom – A partir de seu estudo, de que forma a escola/professor deveria lhe dar com estes jovens, com a escrita destes jovens? Ilana Eléa – Ficou muito claro o abismo que tem separado as práticas de escrita propostas pela escola e a realizada pelos adolescentes na internet. Entre o interesse dos jovens entrevistados e as propostas escolares parece existir um considerável vale. Há queixas sobre o formato e temas das atividades para exercício da escrita. Segundo os entrevistados, no ano de escolaridade que estão cursando (início do Ensino Médio) predomina a produção de gêneros textuais dissertativos em redações, por isso buscam referências e memórias sobre momentos em que escreveram por prazer na escola nos anos anteriores. Os estudantes sentem falta de obter retorno sobre o que escrevem e a comparação com a internet parece inevitável. A possibilidade de ter audiência interessada para o que compartilham os mantém motivados, mas na escola seus textos não circulam entre pares nem são comentados em rede. As redações quando recebem correções de professores que se restringem ao apontamento de erros gramaticais causam desapontamento, pois esperam experimentar escritas criativas. Os estudantes sentem falta de retorno para o que escrevem, reclamando que a maior parte dos comentários deixados pelos professores, quando constam, se limitam a correções gramaticais. Desejam falar de temas de seu interesse de forma livre,
36
sem seguir a padronizações estruturais, preferindo experimentar o exercício da linguagem com diversas nuances e liberdade. Entendem que a escrita para a escola não pode ser abreviada, precisando ter sua normas preservadas para a transmissão de conhecimento aos mais jovens, embora utilizem as abreviações em suas comunicações digitais. Querem partir de temas atuais, escrever livremente sobre suas preferências, compartilhar o que escrevem, recebendo retorno sobre suas criações, sentindo-se reconhecidos num ambiente em que a troca afetiva e o contato com pares seja permanente, envolvido por laços de amizade.
É preciso deixar claro, que o tema em questão, apresenta um formato
muito novo para a educação. De fato são instrumentos extremamente
importantes, contudo causa certo estranhamento entre os educadores que em
sua maioria não fazem parte da geração que já nasceram diante da tela do
computador e por vezes aprenderam a usar estas ferramentas tecnológicas sem
o apoio dos pais e/ou de outros adultos.
Porém hoje estas novas tecnologias fazem parte do nosso quotidiano,
independente do contexto escolar, sendo assim é impossível ignorá-las. Assim
como aponta SCHMIDT (2006),
A mídia cria e reproduz um discurso pedagógico, não apenas quando fala em escola, professores, professoras e estudantes, mas também quando ela assume um discurso educativo que vai que regula o modo das pessoas pensarem e agirem dentro e fora da escola. Não precisamos sair de casa, a mídia invade nossa casa e nos leva para grandes viagens pelo mundo da novela, o mundo da natureza, o mundo do dinheiro, o mundo da guerra, o mundo do amor.
Durante a oficina todos os alunos, se envolveram no processo de criação
de pequenos vídeos, em que puderam colocar seus sonhos, em um exercício
de criação de uma “escola do futuro”.
Com o auxilio de acessórios coloridos e câmeras de vídeo, mp4 ou
celular os alunos registraram seus pontos de vista sobre o tema “Escola do
Futuro – Reflexões sobre ambiente escolar.” Foram distribuídos entre os grupos
perguntas norteadores para apoiar as criações, com os seguintes eixos:
37
1. Como seria a infra-estrutura da Escola do Futuro?
2. Como seriam as disciplinas nessa escola? Quais que permaneceriam?
Quais não existiriam mais? Quais seriam inventadas?
3. Como seriam as regras de convivência?
4. Como seria a avaliação?
5. Como seria a relação entre professor e aluno?
Os alunos apontaram algumas questões que foram consideradas por eles
de fácil resolutividade como paredes mais coloridas, limpeza e conservação dos
banheiros, aulas mais dinâmicas e professores menos estressados e outras
consideradas mais complexas como um computador por aluno, provas on-line,
mudança no uniforme da Rede Municipal de Ensino, entre outras.
Os vídeos produzidos estão disponíveis na Comunidade Megafone na
Escola no Orkut9. Além da criação dos vídeos, os alunos criaram um diário de
campo manual através de um caderno em formato de diário e um diário virtual
no Orkut, que foi mediado durante todo o período do projeto pela pesquisadora
Ilana Eleá.
A idéia foi estimular a escrita e o registro sobre a percepção dos alunos
durante a realização das entrevistas. Os alunos empolgados com as novas
ferramentas, também expressaram suas idéias através de desenhos, poemas,
musicas e outros.
A equipe técnica responsável pelo projeto discutiu durante todo o
processo como replicar e/ou incentivas os professores o uso das novas
ferramentas, entendendo as singularidades de cada comunidade escolar.
Percebemos que pode ser sim, o papel também do Psicopedagogo integrar
estas práticas. Acreditamos que os Centros de Estudo pode ser um bom
caminho de início para este diálogo dentro de uma perspectiva preventiva dos
problemas de aprendizagem.
PORTO, apud (BOSSA, 200, p.30), apresenta o discurso que o trabalho
psicopedagógico perpassa justamente por nossa reflexão, quando diz que:
9 http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=101469556
38
O trabalho psicopedagógico pode, certamente, ter um caráter assistencial. Isso acontece quando, por exemplo, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração. Direção e evolução de planos, programas e projetos no setor de educação e saúde, integrando diferentes campos do conhecimento. A psicopedagogia ocupa-se, assim, de todo o contexto da aprendizagem, seja ma área clinica, preventiva assistencial, envolvendo elaboração teórica no sentido de relacionar os fatores envolvidos nesse ponto de convergência em que opera.
É neste cenário que a proposta deste trabalho se apresenta, acreditamos
que este movimento de interação e integração sejam fundamentais para o
trabalho preventivo dos problemas de aprendizagem, sendo este o principal
objeto de estudo da psicopedagogia.
A oportunidade de acompanhar a pesquisa Megafone na Escola
possibilitou um novo olhar sobre os desafios da educação pública e ainda sobre
os desafios do trabalho realizado pela psicopedagogia. Despertaram ainda o
início da elaboração desta pesquisa pautado nas ferramentas da mídia
educação como instrumentos para intervenção psicopedagógica de modo que
se pode observar a importância de valorizar o contexto de cada escola e ainda
entender a singularidade de cada componente da comunidade escolar. Assim
como bem disse KARL ADAM “Cada ser humano é único; é uma palavra de
Deus que não mais se repete”.
39
4 CONCLUSÃO
A construção deste trabalho nos permitiu refletir sobre o atual momento
da educação pública na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro.
Verificamos, ao longo do trabalho existem inúmeras lacunas que
impendem que a escola, seja a um local prazeroso, agradável e saudável.
Percebemos que um bom caminho para a construção deste ambiente
saudável, podem ser as influências das novas tecnologias, que já estão postas
no cotidiano de crianças e jovens de diferentes classes sociais.
Identificamos que isso acontece, porque, esses jovens, os chamados
Nativos Digitais, já nasceram no contexto das altas tecnologias, onde a
informação chega via web, televisão e outros, de modo rápido e na maioria das
vezes eficaz. Esta reflexão trouxe um novo caminho que apontamos como uma
boa possibilidade de intervenção psicopedagógica.
Ao longo do trabalho, percorremos por inúmeros acontecimentos
históricos, políticos e sociais que marcaram a história da educação no Brasil.
Vimos a influência de teóricos importantes que nos deixaram um vasto
legado. Destaca-se a influência de Karl Marx, que nos fez refletir sobre o
processo de exploração capitalista; Paulo Freire, importantíssimo para
educação Popular; José Pacheco com a experiência da Escola da Ponte em
Portugal; entre outros que foram citados ao longo do texto.
No primeiro capítulo avançamos com reflexões históricas, construção de
políticas públicas, influência dos movimentos sociais e contribuições de alguns
importantes pensadores. Já no capítulo II, nos debruçamos sobre uma reflexão
sobre o olhar psicopedagógico, que de fato norteia este trabalho.
Identificamos um fazer profissional recheado de possibilidades de
intervenção. Ainda que superficial, mergulhamos sobre as bases da
psicopedagogia.
Optamos por conhecer um pouco mais sobre a psicopedagogia
institucional, pois a experiência prática deste trabalho é pautada no ambiente
escolar. Para isso tivemos a contribuição de adolescentes que de forma impar
abrilhantaram e permitiram a existência deste novo olhar psicopedagógico. E
40
ainda relatamos a experiência da Oficina Mídia Educação, no qual os jovens
puderam dizer o que esperam da “escola do futuro”.
A parir deste percurso envolto por teorias que embasam e apontam um
fazer profissional psicopedagógico, verificamos que a psicopedagogia pode sim,
se apropriar das novas tecnologias e de ferramentas lúdicas associadas à
criatividade, objetivando o resgatar o prazer pelo ambiente escolar e ainda
como ferramenta de escuta do próprio aluno/ensinante.
41
ANEXOS
Anexo 1 >> Modelo do Questionário utilizado pelos alunos;
Anexo 2 >> Depoimentos Colhidos pelos alunos;
42
ANEXO 1 MODELO DO QUESTIONÁRIO UTILIZADO PELOS ALUNOS Hora de inicio: ___________ Hora de término:_________ 1. Identificação
1.1. Trajetória escolar 1.2. Configuração familiar 1.3. Nível sócio-econômico 1.4. Escolaridade dos pais / envolvimento dos pais com as questões escolares
2. Percepção da qualidade da escola 2.1. Como a comunidade escolar vê a qualidade de ensino da escola? 2.2. Práticas cotidianas/ funcionamento da escola: o que mais funciona e o que menos funciona na
sua escola? 2.3. Em relação à escola de seus amigos (apontar diferentes aspectos), a sua é melhor, pior ou igual?
Por quê?
3. Fatores que explicam as percepções de qualidade (positivas ou negativas) 3.1. Valores; Direitos e deveres. Os alunos têm consciência que eles são atores do processo de
aprendizagem? 3.2. Liderança 3.3. Clima escolar 3.4. Corpo docente - quantos gosta e quantos não gosta / características que gosta e não gosta nos
professores 3.5. Escola é democrática? Há diálogo e canais de comunicação com os alunos?
4. Passagem do 1º para o 2º segmento 4.1. Como foi e como sentiu a diferença? – Aspectos da escola / Aspectos pessoais / O que o ajudou nessa passagem?
5. TICs na escola:
5.1. Tem equipamento na escola? Como se dá o acesso na escola? 5.2. Freqüência de acesso dentro e fora da escola? Onde acessa fora da escola? 5.3. Da maneira como é utilizada na sua escola contribui para o seu aprendizado? 5.4. Idealmente como se daria o uso das TICs na sua escola?
6. Expectativas sobre a escola
6.1. Qual o sentido da escola para você? 6.2. O que faz você ficar na escola? 6.3. Pretende continuar os estudos? Até quando? Faculdade ou ensino médio apenas? 6.4. Como gostaria que sua escola fosse? (Questão aberta) 6.5. O que você acha que pode fazer para contribuir para que sua escola melhore? (Questão aberta)
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EM: ________________________________________________ Aluno-entrevistador/a: _____________________________ Aluno entrevistado ( ) 6.o. ano ( )7.o. ano Perfil da amostra ( ) indicado pelo professor/a ( ) selecionado pelo aluno/a entrevistador ( ) procura do aluno/a entrevistado
INTRODUÇÃO Algo do tipo: “Olá, meu nome é _________________, tenho ___ anos e estudo no ___ ano. Estou fazendo entrevistas para uma pesquisa com os alunos desta escola que estão no 6.o/7.o. ano. É o projeto MEGAFONE, você conhece? [está no mural da nossa escola...] SEXO: Idade: COR da PELE:
Masculino ( )
Tenho ________ anos
Branca ( )
Feminino ( )
Menos de 10 anos ( )
Preta / Parda ( )
Entre 11 e 12 anos ( ) Amarela ( )
Entre 13 e 14 anos ( )
… ( )
Mais de 14 anos ( )
( )
Conte um pouco sobre você e sobre como foi sua vida na escola nos primeiros anos. Marque SIM ou NÃO para cada uma das frases que vou ler: 1 - Quando eu era bem pequeno costumava ficar na creche, junto com outras crianças
( SIM ) ( NÃO )
2 - Frequentei o maternal ou o jardim entre os 3 e os 5 anos
( SIM ) ( NÃO )
3 - Moro no mesmo bairro desde que comecei a estudar
( SIM ) ( NÃO )
4 - Estudo na mesma escola desde a 1ª série, quando tinha 7 anos
( SIM ) ( NÃO )
5 - Terminei o 5º ano / 4ª série em outra escola neste mesmo bairro
( SIM ) ( NÃO )
44
6 - Sei ler, escrever e fazer contas com segurança
( SIM ) ( NÃO )
7 - Já repeti de ano
( SIM ) ( NÃO )
8 - Tive que parar de estudar durante um ano ou mais e depois voltei para a escola
( SIM ) ( NÃO )
9 - Quero continuar na escola só até concluir o ensino médio
( SIM ) ( NÃO )
10 - Quero continuar meus estudos e ir para a faculdade ou universidade
( SIM ) ( NÃO )
Quantas pessoas moram com você? ______ pessoas.
Quem são estas pessoas? Vamos falar primeiro dos adultos…
( ) seu pai ( ) sua mãe ( ) irmão ou irmã
( ) seu avô
( ) outros adultos
( ) seu padrasto
( ) sua madrasta
com mais de 18 anos
( ) sua avó
________________
E agora vamos falar dos adolescentes e das crianças que moram com você… (comece pelo + velho e continue…)
( ) irmão ou irmã
( ) irmão ou irmã
( ) irmão ou irmã
( ) irmão ou irmã
( ) irmão ou irmã
( ) outra criança ou adolescente
( ) outra criança
ou adolescente
( ) outra criança
ou adolescente
( ) outra criança ou
adolescente
( ) outra criança ou adolescente
com ___ anos
com ___ anos Com ___ anos
com ___ anos
com ___ anos
Tem algum adulto na
sua casa que…
Tem alguma criança ou adolescente na sua casa
que… Quanto à escolaridade
Não teve oportunidade de estudar ou é analfabeto(a) ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Estudou ou estuda no Ensino Fundamental
( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Estudou ou estuda no Ensino Médio ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não
Estudou ou estuda na faculdade ( ) Sim ( ) Não
Quanto à situação de trabalho e renda
Tem um emprego fixo e ganha salário todos os meses
( ) Sim ( ) Não
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Trabalha por conta própria (no comércio, por exemplo) ( ) Sim ( ) Não
Trabalha quando aparece oportunidade / Faz bicos
( ) Sim ( ) Não
Não trabalha ( ) Sim ( ) Não
É aposentado(a)
A ESCOLA Neste primeiro bloco vamos falar um pouco sobre as características da sua escola, das salas de aula e dos espaços para estudo e lazer e sobre
as regras de convivência na escola e todo o ambiente escolar. P1a – De maneira geral, agora que você passou para o 6º (7º) ano, o que está achando da escola? Pense no prédio da escola, nas salas de aula e nos outros espaços para brincar, estudar, estar com os amigos durante os intervalos, praticar esportes etc. Qual a sua opinião sobre isso?
Muito boa / Boa Regular Ruim Péssima Não sei avaliar P1b - Pense agora em como a escola está organizada e nas regras de convivência que existem na escola. Qual a sua opinião sobre elas?
Muito boa / Boa Regular Ruim Péssima Não sei avaliar P2 – E comparando com a época em que você estava no 5º ano, qual a sua opinião com relação à organização e às regras de convivência: 1 ( ) Gostava muito mais antes 2 ( ) Gostava a mesma coisa 3 ( ) Gosto mais agora 4 ( ) Não gostava nem antes nem agora
46
P3 – Agora vou ler algumas frases. Pense sobre elas e me diga se você concorda totalmente, concorda mais ou menos ou não concorda Gosto da escola onde estudo ( ) ( ) ( )
Minha escola é considerada uma das melhores da região ( ) ( ) ( )
Minha escola é organizada e bem cuidada ( ) ( ) ( )
Conheço bem a diretora e a coordenadora da minha escola ( ) ( ) ( )
Na minha escola a merenda é gostosa e suficiente para todos os alunos comerem à vontade
( ) ( ) ( )
Na escola tem uma biblioteca ou sala de leitura onde posso pegar livros sempre que quiser
( ) ( ) ( )
A opinião dos alunos é levada em conta pelo diretor e professores da escola
( ) ( ) ( )
Pais e familiares costumam participar das decisões sobre a escola ( ) ( ) ( )
Minha escola tem um local onde os alunos podem usar computadores ( ) ( ) ( )
Minha escola tem internet para ser usada pelos alunos sempre que quiserem
( ) ( ) ( )
A escola exige disciplina e bom comportamento dos alunos ( ) ( ) ( )
A escola oferece aulas de reforço quando o aluno precisa ( ) ( ) ( )
Meus pais vêm frequentemente à escola ( ) ( ) ( ) P4 – Pense no prédio da escola, nas salas de aula e nos outros espaços desta escola em que você estuda. Qual é, na sua opinião, a coisa mais importante para ser feita para que ela esteja de acordo com o que você precisa? 1 ( ) Mais limpeza e cuidado com o prédio, as salas e os equipamentos 2 ( ) Mais espaços para esporte e lazer 3 ( ) Mais contato entre a diretoria e os alunos 4 ( ) Melhores regras com que todos concordassem e respeitassem 5 ( ) Mais acesso dos alunos aos computadores da escola 6 ( ) Mais oportunidades para que os pais e familiares participassem de atividades na escola 7 ( ) Outra sugestão que tenha a ver com a escola como um todo, seus espaços e sua organização: ________________________________________________________________________________________________________________________________________
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AS AULAS Agora vamos pensar nas aulas que você tem na escola, nas matérias que aprende, nos professores e colegas de sala e nas outras atividades que
a escola oferece para seus alunos. P1 – De maneira geral, agora que você passou para o 6º (7º) ano, o que está achando das aulas, das matérias, dos professores, do que acontece no dia-a-dia em sua sala de aulas?
Muito bom /Bom Regular Ruim Péssimo Não sei avaliar P2 – E comparando com a época em que você estava no 5º ano, qual a sua opinião com relação às aulas e ao que é ensinado: 1 ( ) Gostava muito mais antes 2 ( ) Gostava a mesma coisa 3 ( ) Gosto mais agora 4 ( ) Não gostava nem antes nem agora P3 – De novo vou ler algumas frases. Pense sobre elas e me diga se você concorda totalmente, concorda mais ou menos ou não concorda As aulas são interessantes e aprendo muitas coisas ( ) ( ) ( ) Os professores da minha escola tratam bem os alunos ( ) ( ) ( ) Acho a maioria das matérias fáceis e entendo o que é explicado ( ) ( ) ( ) Temos cadernos, livros e outros materiais para todas as matérias ( ) ( ) ( ) Passo boa parte das aulas copiando coisas do quadro negro ( ) ( ) ( ) A maioria dos professores desta escola ensina bem sua matéria ( ) ( ) ( ) Muitos colegas da minha classe são mais velhos que eu porque repetiram de ano
( ) ( ) ( )
Nossos professores costumam passar filmes e programas de TV em suas aulas
( ) ( ) ( )
Minhas notas são boas ( ) ( ) ( ) Às vezes fazemos trabalhos em grupo na sala de aula ( ) ( ) ( ) Alguns alunos da minha sala são muito bagunceiros e atrapalham a aula
( ) ( ) ( )
Acho que o uso do computador e da internet podem ajudar muito para aprender as matérias da escola
( ) ( ) ( )
O computador e a internet são usados várias vezes nas aulas ( ) ( ) ( ) Eu colaboro para que a aula seja agradável ( ) ( ) ( ) Eu me sinto à vontade para tirar dúvidas em sala de aula ( ) ( ) ( )
48
P4 – Pense no que acontece na sala de aula e em outras atividades promovidas pelo professor. Qual é, na sua opinião, a coisa mais importante a ser feita para que elas sejam mais interessantes e façam com que você aprenda mais e melhor? 1 ( ) Aulas mais divertidas, mais interessantes para os alunos 2 ( ) Alunos mais bem comportados 3 ( ) Mais aulas de reforço para recuperar o que não deu para entender durante as aulas 4 ( ) Menos matérias ou outras matérias 5 ( ) Mais trabalhos em grupo 6 ( ) Professores mais pacientes, com mais habilidade e dedicação para ensinar aos alunos 7 ( ) Mais rigor com os alunos que fazem muita bagunça 8 ( ) Materiais mais interessantes e completos 9 ( ) Aulas utilizando computador, internet e outros materiais tipo vídeos, fotografias, músicas, etc. 10 ( ) Outra sugestão que tenha a ver com as atividades realizadas em sala de aula, com orientação dos professores: __________________________________________________________________________________________________________________________
COLEGAS E AMIGOS e PROFESSORES Agora vamos falar de suas amizades na escola e de como são os
relacionamentos entre os colegas, com os professores e com outros profissionais que trabalham em sua escola.
P1a – De maneira geral, agora que você passou para o 6º (7º) ano, o que acha do relacionamento entre as colegas na sua escola? Pense nos colegas de sala, nos alunos de outras turmas e séries.
Muito bom /Bom Regular Ruim Péssimo Não sei avaliar P1b – Pense agora nos professores e outros profissionais que trabalham em sua escola. Qual sua opinião sobre seu relacionamento com eles?
Muito bom /Bom Regular Ruim Péssimo Não sei avaliar
49
P2 – E comparando com a época em que você estava no 5º ano, qual a sua opinião sobre o relacionamento entre colegas e outros alunos da escola: 1 ( ) Gostava muito mais antes 2 ( ) Gostava a mesma coisa 3 ( ) Gosto mais agora 4 ( ) Não gostava nem antes nem agora P3 – Outra vez vou ler algumas frases. Pense sobre elas e me diga se você concorda totalmente, concorda mais ou menos ou não concorda Meus colegas são legais e tenho muitos amigos na escola ( ) ( ) ( )
Minha escola é um lugar onde me sinto seguro ( ) ( ) ( )
Posso ficar na escola depois das aulas fazendo esportes, brincando ou conversando com meus amigos
( ) ( ) ( )
Na minha classe, alunos de diferentes raças e origens convivem sem preconceito
( ) ( ) ( )
Tenho alguns professores em quem confio para conversar sobre assuntos pessoais
( ) ( ) ( )
Conheço muitos professores da escola, mesmo aqueles que não dão aula em minha classe
( ) ( ) ( )
Acho que a maioria dos professores gosta de dar aulas na minha escola
( ) ( ) ( )
Gosto da maioria dos meus colegas de sala ( ) ( ) ( )
Meninos e meninas da minha classe se dão bem e são amigos ( ) ( ) ( )
Tem muita gente na minha sala que sabe da importância dos estudos para construir um futuro melhor
( ) ( ) ( )
Conheço alunos de outras turmas e séries e me dou bem com eles ( ) ( ) ( )
Alguns de meus colegas estão na escola apenas porque é obrigatório ( ) ( ) ( )
Tenho alguns amigos em quem confio para conversar sobre assuntos pessoais
( ) ( ) ( )
Meus colegas visitam a minha casa ( ) ( ) ( )
Eu visito a casa de meus colegas ( ) ( ) ( )
Gosto de estudar e fazer trabalhos de casa com alguns amigos, assim um ajuda o outro
( ) ( ) ( )
P4 – Pense em seus colegas, suas amizades na escola e seus relacionamentos com professores e outros profissionais da escola. Qual é, na sua opinião, a coisa mais importante a ser feita para que essas relações sejam melhores e mais legais para todos? 1 ( ) Mais respeito entre colegas 2 ( ) Mais oportunidades de trabalhar em grupo 3 ( ) Mais atividades que reúnam alunos de outras classes 4 ( ) Mais atenção com alunos que provocam e agridem outros alunos 5 ( ) Mais amizade e confiança entre professores e alunos
50
6 ( ) Outra sugestão que tenha a ver com o relacionamento entre alunos e com os professores em sua escola: ___________________________
FORA DA ESCOLA Agora vamos falar de como você trata os assuntos da escola quando
está fora dela: de seus estudos em casa, do envolvimento de sua família com seus estudos.
P1 – De maneira geral, agora que você passou para o 6º (7º) ano, como é o apoio que pode ter para realizar as atividades da escola que você leva para fazer em casa?
Muito boa / Boa Regular Ruim Péssima Não sei avaliar P2 – E comparando com a época em que você estava no 5º ano, qual a sua opinião com relação ao apoio dos pais para estas atividades de estudo que são realizadas fora da escola: 1 ( ) Gostava muito mais antes 2 ( ) Gostava a mesma coisa 3 ( ) Gosto mais agora 4 ( ) Não gostava nem antes nem agora P3 – Agora vou ler algumas frases. Pense sobre elas e me diga se você concorda totalmente, concorda mais ou menos ou não concorda A maioria dos professores passa tarefas para fazer em casa ( ) ( ) ( ) Tenho computador em casa e posso usar sempre que quiser ( ) ( ) ( ) Costumo usar a internet para fazer trabalhos para a escola ( ) ( ) ( ) Em casa tenho alguém que pode me ajudar quando não entendi o que foi passado na aula
( ) ( ) ( )
Tenho um lugar calmo para estudar ( ) ( ) ( ) Vários colegas da escola moram perto da minha casa e nos conhecemos desde pequenos
( ) ( ) ( )
Sou incentivado pela família a estudar para ter um futuro melhor ( ) ( ) ( ) Já participei de passeios organizados pela escola para visitar lugares da cidade
( ) ( ) ( )
Estudo pouco em casa, só quando tem prova ( ) ( ) ( ) Meus pais estão sempre informados do que acontece na escola ( ) ( ) ( ) Gosto do lugar onde moro e das pessoas que moram aqui ( ) ( ) ( ) Me sinto seguro entre os vizinhos e outros adultos do bairro ( ) ( ) ( ) P4 – Pense nas atividades escolares que você leva para fazer em casa. Qual é, na sua opinião, a coisa mais importante a ser feita para que elas ajudem você a aprender mais ou ir melhor na escola? 1 ( ) Mais tempo para estudar
51
2 ( ) Mais dedicação pessoal ao estudo 3 ( ) Mais ajuda e interesse dos meus familiares 4 ( ) Maior facilidade de acesso ao computador para fazer trabalhos e pesquisas para a escola 5 ( ) Mais acesso a livros, filmes, revistas e outros materiais que ajudem a entender as matérias 6 ( ) Mais oportunidades de passeios, visitas a museus e a outros lugares importantes da cidade 7 ( ) Outra sugestão que tenha a ver com atividades de estudo feitas fora da escola: ______________________________________________ P5 - Depois de tudo o que falamos sobre sua escola, seus professores, colegas e seus hábitos de estudo em casa etc., escolha, entre as frases que vou ler, a que mais se parece com sua opinião sobre a escola em que você estuda: 1 ( ) Acho que não há nada para mudar na minha escola. Estou satisfeito com tudo o que ela oferece. 2 ( ) Gosto da minha escola mas tem várias coisas que podem ser melhoradas. Eu gostaria de contribuir para estas mudanças. 3 ( ) Minha escola tem problemas que torço para serem resolvidos mas não acho que eu possa contribuir para resolvê-los. 4 ( ) Minha escola tem tantos problemas que acho que não têm mais solução. Gostaria de mudar para outra escola. 5 ( ) O problema não é ESTA escola. Não gosto de nenhuma. Penso em parar de estudar. Para quem repondeu as opções ( 4 ) e ( 5 ): Qual a principal razão? _____________________________________________________________________________________________ P6 - E agora, para acabar a entrevista, vamos falar de algumas coisas sobre você que não têm a ver com a escola. Participo de um programa fora da escola, organizado por uma ONG ou uma associação
( ) ( ) ( )
Uso a internet quase todos os dias para “encontrar” meus amigos ( ) ( ) ( ) Costumo passar bastante tempo jogando no computador ( ) ( ) ( ) Prefiro brincar ou estar pessoalmente com meus amigos do que na internet
( ) ( ) ( )
O estudo é importante para mim porque quero melhorar a minha vida e a da minha família
( ) ( ) ( )
Tenho bastante tempo livre para brincar / estar com meus amigos / me divertir
( ) ( ) ( )
Gosto de ler livros ou revistas que não têm nada a ver com a escola ( ) ( ) ( ) Gosto de praticar esportes ( ) ( ) ( ) Costumo ir sempre para a igreja ou outros locais de culto religioso ( ) ( ) ( ) Acho importante ajudar outras pessoas quando elas estão com dificuldade
( ) ( ) ( )
Tenho sonhos para meu futuro e me esforço para alcançá-los ( ) ( ) ( )
52
ANEXO 2 DEPOIMENTOS DOS ALUNOS
Antes do Megafone eu não conhecia o turno da tarde. Achei legal. Mas a escola é diferente a tarde porque os alunos são mais bagunceiros.
Gostei de conhecer várias pessoas diferentes, cada um com opiniões diferentes. A diretora está fechando comigo agora. O projeto pode ajudar a trazer mudanças. Foi uma superação. 20 pessoas diferentes, jeito de falar diferente. Tive vários sentimentos. Tive vontade de chorar com algumas histórias. Foi uma superação ouvir os alunos.
Um aluno de 14 anos não recebe apoio da família, a escola é o refúgio dele, desabafa com os professores, tem amigos. Fiquei emocionado com ele. Uma menina tem 15 anos e não lê direito e não escreve. Não sabe armar uma conta... Como está na 7ª série?
Alunos-entrevistadores do Megafone – 2010
53
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ASSIS, Simone Gonçalves de. Resiliência: enfatizando a proteção dos
adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2006.
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofia e educação. São Paulo: Moderna,
1989.
AZEVEDO, Janete M. Lins de. A educação com política pública. Campinas, São
Paulo: Autores Associados, 1997. Coleção polêmica do nosso tempo. v.56.
COSTA, Áurea. FERNANDES, Neto. EDGAR. SOUZA, Gilberto. A proliferação
do professor: neoliberalismo na educação. São Paulo: Ed. Instituto José Luis e
Rosa Sundermann, 2009. 2ed.
54
BIBLIOGRAFIA CITADA
ABREU, Marina Maciel. Serviço social e a organização da cultura: perfis
pedagógicos da pratica profissional. São Paulo, Cortez, 2002.
BONETTI, Dilsea A. Serviço social e ética: convite a uma nova prátis. 7 ed. São
Paulo, Cortez, 2006.
CHAGAS, Juliana, TORRES, Raquel. Constituição cidadã completa 20 anos:
conquista em saúde e seguridade social. Revista Poli: saúde, educação e
trabalho – jornalismo público para fortalecimento da educação profissional em
saúde. Rio de Janeiro, ano 1. n.1, p 2-16, set/out. 2008 Edição Especial.
ELÉA, Ilana, A escrita dos nativos digitais, 2004. Disponível em:
http://www.revistapontocom.org.br/entrevista/a-escrita-dos-nativos-digitais
Acesso em: 24.06.2011.
FREIRE, Paulo. Política e educação: ensaios. 6. ed. São Paulo, Cortez, 2001.
JR. GHIRALDELLI, Paulo. História da educação brasileira. 4 ed. São Paulo,
Cortez, 2009.
MEGAFONE NA ESCOLA. Os desafios do segundo segmento do Ensino
Fundamental na opinião dos alunos e professores do Rio de Janeiro. 1ed. Rio
de Janeiro, Instituto Desiderata. 2011.
MINAYO, Maria C. de Souza (org). Pesquisa social: teoria, método e
criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
MONTAÑO, Carlos. Terceiro Setor e Questão Social. São Paulo, Cortez, 2003.
PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos
problemas de aprendizagem. 4 ed, Rio de Janeiro, Wak Ed, 2009.
55
PORTO, Olívia. Psicopedagogia Institucional: teoria, prática e assessoramento
psicopedagógico. 3 ed. Rio de Janeiro, Wak Ed, 2009
SERRA, Dayse Carla Gênero. Teorias e Práticas da Psicopedagogia
Institucional. Curitiba, RJ: IESDE, 2009.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e a realidade escolar: o problema escolar e de
aprendizagem. 16 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
SAMPAIO, Simaia. Um pouco da história da psicopedagogia, 2005. Disponível
em: http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=422 Acesso
em: 08.05.2011.
SAMPAIO, Simaia. Breve histórico da psicopedagogia, 2004. Disponível em:
http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/breve_historico.htm Acesso em:
10.06.2011.
SCHMIDT, Sarai. Em pauta: a aliança mídia e educação, 2006. Disponível em:
http://www.alaic.net/ponencias/UNIrev_Schmidt.pdf Acesso em 13.7.2011.
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