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PROGRAMA TURISMO RURAL
“AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE”
TURISMO RURALAtividades em Áreas Naturais
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALAdministração Regional do Estado de São Paulo SENAR
SÃO PAULO
DO
ESTADO DE SÃO PAULO
FEDE
RA
ÇÃO DAAGRICULTURA
FAESP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULOGestão 2008-2011
FábIO DE SALLES MEIRELLESPresidente
AMAURI ELIAS XAVIERVice-Presidente
EDUARDO DE MESQUITAVice-Presidente
JOSÉ CANDÊOVice-Presidente
MAURÍCIO LIMA VERDE GUIMARÃESVice-Presidente
LENY PEREIRA SANT’ANNADiretor 1º Secretário
JOSÉ EDUARDO COSCRATO LELISDiretor 2º Secretário
ARGEMIRO LEITE FILHODiretor 3º Secretário
LUIZ SUTTIDiretor 1º Tesoureiro
IRINEU DE ANDRADE MONTEIRODiretor 2º Tesoureiro
ANGELO MUNHOZ bENKODiretor 3º Tesoureiro
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALAdministrAção regionAl do estAdo de são PAulo
Conselho AdministrAtivo
FábIO DE SALLES MEIRELLESPresidente
DANIEL KLÜPPEL CARRARARepresentante da Administração Central
bRAZ AGOSTINHO ALbERTINIPresidente da FETAESP
EDUARDO DE MESQUITARepresentante do Segmento das Classes Produtoras
AMAURI ELIAS XAVIERRepresentante do Segmento das Classes Produtoras
MáRIO ANTONIO DE MORAES bIRALSuperintendente
SÉRGIO PERRONE RIbEIROCoordenador Geral Administrativo e Técnico
Serviço Nacional de Aprendizagem RuralAdministração Regional do Estado de São Paulo
SENARSÃO PAULO
DO
ESTADO DE SÃO PAULO
FEDE
RA
ÇÃO DAAGRICULTURA
FAESP
São Paulo, 2006
PROGRAMA TURISMO RURAL
“AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE”
TURISMO RURALAtividades Turísticas em Áreas Naturais
© SENAR-AR/SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional do Estado de São Paulo
Rua Barão de Itapetininga, 224 - CEP 01042-907 - São Paulo, SP - www.faespsenar.com.br
PROJETO DA OBRA
SENAR-AR/SP – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional do Estado de São Paulo
Idealização: Fábio de Salles Meirelles - Presidente do Sistema FAESP - SENAR-AR/SP
Supervisão Geral do Programa Turismo Rural: Jair Kaczinski - Chefe da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP
Responsável Técnico: Teodoro Miranda Neto - Chefe Adjunto da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP
Elaboração do Texto: Diego Mendes, Graziela Sabino C. Grecco, Jaqueline Silva Santos, Janaina Britto, Mariana Lapeiz, Mauro Albuquerque
Pinheiro e Silvia Basile
PRODUÇÃO EDITORIAL
FUNPEC – Fundação de Pesquisas Científicas de Ribeirão Preto
Coordenação Editorial: Mirian Rejowski
Revisão Técnica: Beatriz Veroneze Stigliano, Bruno Bocatto, Carlos Alberto Ferreira Gonçalves, Heros Lobo, Mirian Rejowski e Silvia Basili
Revisão de Texto: Mirian Rejowski
Pesquisa Iconográfica: Janaina Britto
Projeto Gráfico: Janaina Britto
Editoração Eletrônica: Reynaldo Trevisan e Tathyana Borges
É proibida a reprodução total ou parcial deste manual por qualquer processo, sem a expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.
T938
Turismo rural: atividades em áreas naturais / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Administração Regional de São Paulo. -- São Paulo : SENAR-AR/SP, 2006.
(Programa Turismo rural “Agregando valor à propriedade”, 7)
ISBN 85-99965-07-7
1. Turismo rural – Ecoturismo (Zona rural) – São Paulo 3. Patrimônio turístico natural I. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Administração Regional de São Paulo II. Série
CDD 338.4791 910.98161
Ficha catalográfica elaborada por: Maria Elizabete de Carvalho Ota – CRB - 8/5050
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO, 5
CAPÍTULO 1 – TURISMO EM ÁREAS PRODUTIVAS E
NATURAIS, 7
Sustentabilidade, 8
Respeito à Natureza, 9
Impactos no Meio Ambiente Natural, 13
Capacidade de Carga, 15
Planejamento e Uso Racional dos Recursos, 17
Desenvolvimento de Atividades Turísticas, 26
Operação Segura e Responsável, 37
Revisão, 41
CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO E FORMATAÇÃO
DE PRODUTOS TURÍSTICOS, 42
Fundamentos e Etapas, 43
Roteiro de Avaliação de Recurso Turístico Natural, 46
Roteiro de Avaliação de Recurso Turístico
Artificial, 50
Possibilidades de Desenvolvimento de Produtos
Turísticos, 53
Revisão, 55
BIBLIOGRAFIA, 56
ANEXO, 59
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo ao Programa de Turismo Rural “Agregando Valor à Propriedade” do SENAR-AR/SP.
Esse Programa visa a ampliar o olhar sobre a propriedade rural, fornecendo ferramentas para identificar e
implantar negócios de Turismo, de acordo com os recursos encontrados no meio, aliados às habilidades e
vocações do produtor rural e de sua família. Idealizado a partir de experiências no campo, direciona-se ao
objetivo final de fixar o homem à terra e de consolidar a agricultura no Brasil, país continental.
Esta Cartilha foi elaborada com o objetivo de fornecer subsídios ao conhecimento dos diferentes tipos
de instalações e serviços que podem ser oferecidos ao público, tendo como foco as atividades desenvol-
vidas no meio natural e/ou produtivo, para que se possa planejar, implantar e gerenciar um negócio de
sucesso, ou seja, um empreendimento competitivo no mercado.
Acreditamos que esta Cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os profis-
sionais de Turismo Rural, constitui, certamente, um valioso instrumento para o sucesso da aprendizagem
proposta pelo SENAR-AR/SP.
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
1º Vice-Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA
TURISMO EM ÁREAS PRODUTIVAS E NATURAIS
Neste Capítulo você vai:
rever o conteúdo de sustentabilidade e a importância de conhecer melhor os impactos do turismo no meio ambiente natural;verificar a importância do planejamento e uso racional dos recursos - água, energia e resíduos sólidos, numa postura responsável junto à natureza; conhecer diversas atividades turísticas que podem ser desenvolvidas nas áreas rurais, quer como participa-ção em processos produtivos, quer no contexto do ecoturismo ou do turismo de aventura.
•
•
•
� FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
SUSTENTABILIDADE
No desenvolvimento de atividades turísticas em áreas produtivas e natu-
rais de uma propriedade rural, o aspecto fundamental a ser considerado é a
qualidade do meio ambiente. Esta qualidade irá refletir a qualidade de vida da
comunidade que reside e/ou trabalha nessas áreas e, ainda, a qualidade do
Turismo nelas praticado.
Nesse sentido, devemos ter em mente o que já foi discutido nos Mó-
dulos 1, 2 e 3, ou seja:
• As atividades turísticas em áreas naturais e produtivas de uma pro-
priedade rural não podem ser isoladas de todo o contexto da própria
propriedade e do município ou região em que se inserem.
• O desenvolvimento dessas atividades, como qualquer outra atividade no
espaço rural, gera impactos positivos e negativos no local onde ocorrem.
• Um Turismo Rural de qualidade deve ser desenvolvimento com base no
tripé da sustentabilidade, ou seja, na sustentabilidade ambiental (física),
sociocultural e econômica.
Nos Módulos 2 (Identidade e Cultura) e 3 (Gestão de Empreendimentos)
destacamos a sustentabilidade sociocultural e a econômica, respectivamen-
te. Neste módulo vamos enfocar, em especial, a sustentabilidade física, ou
sustentabilidade da natureza, comumente chamada de sustentabilidade am-
biental. Dessa forma, fechamos o tripé da sustentabilidade tão falado desde o
início deste Programa:
Sociocultural
EconômicaAmbiental
Atenção
Reveja os conceitos de sustentabilidade e de turismo sustentável na
Cartilha 1.
SUSTENTABILIDADE
Turismo Rural e Qualidade do
Meio Ambiente
Tripé da Sustentabilidade
9FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
• Sustentabilidade Ambiental: o desenvolvimento deve ser compatível
com a manutenção dos processos ecológicos essenciais, bem como
com a diversidade dos recursos:
- PRINCÍPIO DE SOLIDARIEDADE COM O PLANETA E SUAS RIQUEZAS.
• Sustentabilidade Sociocultural: o desenvolvimento deve aumentar
o controle das pessoas sobre suas vidas, preservar sua cultura e seus
valores morais, e fortalecer sua identidade:
- PRINCÍPIO DE IGUALDADE DE DIREITOS E DIGNIDADE HUMANA, E
RESPEITO À CULTURAL LOCAL.
• Sustentabilidade Econômica: o desenvolvimento deve garantir a
distribuição equilibrada de benefícios e gerar recursos, de modo a
suportar as gerações futuras:
- PRINCÍPIO DA ORGANIZAÇÃO DA VIDA MATERIAL DA SOCIEDADE.
A preocupação com a sustentabilidade ambiental leva à questão da qua-
lidade ambiental das áreas rurais, considerando o seu uso atual e a conserva-
ção para seu uso racional contínuo, no presente e no futuro. Nesse contexto,
podemos considerar as atividades turísticas em áreas naturais ao lado das
áreas produtivas, já que os processos produtivos da agricultura, da pecuária
etc., refletem a intervenção do homem na natureza.
A sustentabilidade ambiental envolve um processo de mudança de
postura frente ao meio ambiente natural. Devemos começar com peque-
nas ações e evoluir para aspectos mais amplos, como o uso sustentável
dos recursos naturais. Isto é a base para o desenvolvimento das atividades
turísticas em áreas rurais.
RESPEITO À NATUREzA
Para muitos, meio ambiente significa limites. No entanto, para outros,
significa potencial. Potencial de aumentar o rendimento, de novas atividades
econômicas, de resgate cultural. Mas, para utilizar adequadamente todo esse
potencial devemos seguir leis e regulamentos específicos.
Atenção
Nós somos responsáveis pela natureza!
A legislação ambiental é entendida como reflexo destas preocupações,
por meio da qual podemos aprender como manter funcional e sustentável todo
esse conjunto de possibilidades.
Princípios da Sustentabilidade
Sustentabilidade e
Postura Ambiental
10 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
É nosso dever conservar os elementos fundamentais da natureza com os
quais convivemos e evoluímos.
Atenção
Veja no Suplemento “Legislação e Turismo
Rural” o texto sobre Direito Ambiental.
Vista da paisagem que circunda a Pousada do Quilombo, São Bento do Sapucaí (SP)
Foto
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O aproveitamento da natureza para a prática de atividades turísticas no
espaço rural deve, necessariamente, ocorrer de forma sustentável, com a co-
responsabilidade de todos os agentes do processo:
• Para o Produtor: o desenvolvimento sustentável deve ser muito mais
do que uma opção técnica de explorar turisticamente os recursos natu-
rais. Deve ser um estilo de vida, onde a consciência ambiental passe a
fazer parte das suas atitudes diárias e não apenas como uma forma de
ganhar “mais dinheiro”.
• Para o Turista: a prática do turismo em áreas com recursos naturais
deve se basear no respeito às limitações destes recursos, o que exige
conduta apropriada e postura adequada ao utilizá-los.
• Para a Comunidade Local: todos os residentes e funcionários, sejam
colaboradores do Turismo ou não, devem estar cientes das limitações
e dos impactos oriundos do uso dos recursos naturais. A comunidade
atua como guardiã destes, contribuindo para sua conservação e pre-
servação, além de ter importante papel na sensibilização ambiental dos
turistas.
Para que o Turismo Rural ocorra de formal sustentável precisamos en-
tender que as pessoas têm percepções, vivências e experiências diferentes
acerca da sustentabilidade. Isto porque apreendem a realidade por meio dos
sentidos, ou seja, selecionam, organizam e interpretam a informação para
criar quadros ou cenários.
O que fazer para que
o Turismo Rural ocorra
de forma sustentável?
Agentes Turísticos e
Responsabilidade Ambiental
11FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
A percepção é um processo de escolha e interpretação dos estímulos que
nos chegam, uma forma de ver e entender o mundo, incluindo a nós mesmos.
Dessa forma, a percepção do Turismo também apresenta “quadros” diferen-
tes, pois cada turista ou grupo de turistas tem certos interesses envolvidos na
atividade, levando à abordagens e conceitos distintos.
Um índio Ianomami e um europeu diante de uma árvore, por exemplo,
terão sensações e sentimentos diferentes, pois cada um possui vivências
e experiências particulares. Portanto, o valor e a importância que darão a
uma árvore, também serão diferentes.
1. Ianomami ou Ya-nomani: grupo indígena
que habita a floresta Amazônica, em reser-va próxima ao Pico da
Neblina, na fronteira do Brasil com a Venezuela.
A palavra yanõmami significa seres humanos.
2. Educação Am-
biental: processo que tem como um de seus objetivos garantir que o
ser humano compreenda a natureza do ambiente em que está inserido.
Provoca reflexão e reconstrução de valores sobre o relacionamen-
to do homem com a natureza.
3.Sensibilização Ambiental: processo baseado em experiên-cias interpretativas e
vivências ambientais que têm por objetivo sensi-blizar as pessoas frente aos impactos causados
ao meio ambiente.
4. Conscientização Ambiental: processo de incorporação da respon-sabilidade que cabe a cada um de nós como cidadãos em termos de hábitos e procedimentos
do cotidiano.5. Comprometimento Ambiental: ação efetiva das pessoas em prol do
meio ambiente.
Para o envolvimento e comprometimento das pessoas e da sociedade em
relação à natureza, é preciso considerar a educação em geral e, em especial a
educação ambiental. À medida que as pessoas têm informação, percepção e
sensibilização com a problemática ambiental, aumentam as suas possibilida-
des de agir em prol do meio ambiente.
Por isso é tão necessária a sensibilização ambiental dos envolvidos no
uso turístico dos recursos naturais. Tal sensibilização deve ir além do conhe-
cimento dos problemas oriundos da utilização desses recursos. Deve, sim,
chegar ao nível prático, o que só acontece se houver o envolvimento de cada
pessoa inserida no processo. Mais do que envolvimento, deve haver o compro-
metimento pessoal, a partir da conscientização ambiental.
Educação Ambiental
Sensibilização Ambiental
Conscientização Ambiental
Comprometimento Ambiental
12 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Mas somente a Educação – geral e ambiental – não é suficiente para criar
consciência e gerar envolvimento e comprometimento. Ela não age sozinha.
Está inserida num contexto maior, e depende de uma série de outras modifica-
ções e ações, como, por exemplo, a criação de legislação para a área, inser-
ção da comunidade no processo e valorização e resgate das culturais locais.
Exemplo de ação de resgate ambiental na Fazenda Hotel Ecoturismo “Areia que Canta”, Brotas (SP)
Foto
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Percebemos, assim, que são as iniciativas conjuntas que oferecem melho-
res resultados para a sustentabilidade ambiental. No âmbito de uma proprie-
dade rural, para alcançarmos tais resultados podemos propor as seguintes ações:
• Desenvolvimento de programas de sensibilização junto a turistas e fun-
cionários (colaboradores).
• Capacitação de funcionários para a gestão ambiental dos recursos
naturais.
• Divulgação, junto a todos os envolvidos, de informações relacionadas ao
consumo, desperdício e reaproveitamento de água, resíduos sólidos e
energia.
Mas, uma nova postura frente ao meio ambiente, em especial à natureza
requer mudança, a qual só ocorre se tivermos senso de pertencimento a uma
sociedade, a um local. Com esse senso passamos a considerar nossa res-
ponsabilidade pelo futuro, pela construção de uma sociedade que suprirá as
necessidades atuais e futuras da vida neste planeta.
Munidos desse senso de pertencimento, para desenvolvermos atividades
turísticas em áreas naturais e produtivas, devemos adotar os princípios e o
conceito do ecoturismo. Este segmento turístico é sugerido como estratégia
de conservação da natureza e da diversidade, visto que, se devidamente bem
manejado, torna-se importante aliado na proteção e conservação das áreas
naturais.
Ecoturismo: segmento turístico que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e
cultural, incentiva sua conservação e favorece
a formação de uma consciência ambientalis-ta. Ainda se baseia em atividades de interpre-
tação do ambiente, pro-movendo o bem-estar da comunidade local.
A Educação não
age sozinha
13FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
O desenvolvimento das atividades turísticas em áreas do espaço rural
deve se basear na conservação, a fim de proteger:
• a infra-estrutura receptiva que lhe dá apoio;
• a cultura da comunidade receptora;
• as funções e a diversidade dos sistemas naturais.
Para isso, o tipo e a extensão da atividade turística devem:
• estar equilibrados com a capacidade de carga dos ambientes;
• promover o planejamento e as ações para controlar riscos pessoais
e coletivos;
• reconhecer os limites reais de crescimento;
• estimular a participação da comunidade local.
IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE NATURAL
Para termos condições de praticar um Turismo sustentável, precisamos
conhecer bem os impactos das atividades turísticas no meio físico, ou seja, na
natureza. Vamos portanto relembrá-los.
De um lado as atividades turísticas podem gerar impactos ambientais po-
sitivos, no espaço rural, tais como:
• Criação de planos e programas de conservação e preservação de áreas
Considerando o ecoturismo mais do que um conceito, ou seja, o ecoturis-
mo como um estilo de vida, devemos seguir os seus princípios básicos, que
são os seguintes:
• responsabilidade ecológica;
• relação harmoniosa entre prestadores de serviço e consumidores;
• níveis brandos de exploração turística;
• envolvimento da população local;
• comunidade inserida na preservação e conservação da natureza;
• educação ambiental;
• interpretação da natureza;
• viabilidade econômica;
• respeito à cultura;
• harmonia do espaço;
• justiça social.
Dica
3R´s1. Reduza: é preciso adotar atitudes para evitar a produção de resíduos; sempre que
puder, adquira produtos com embalagens retor-náveis; aproveite os dois lados das folhas de papel e revise os textos antes
de imprimí-los no computador; economize
água, luz, gás, com-bustível do automóvel,
alimentos, etc.
2. Reutilize: crie o hábito de doar roupas, brin-
quedos, móveis, livros, e outros objetos que para outras pessoas possam
utilizá-los; aproveite garrafas e outras embala-gens para fazer brinque-dos, guardar alimentos etc; reutilize também
sacolas plásticas, mas nunca objetos que impli-quem na falta de higiene.
3. Recicle: o processo de reciclagem completa
os 3R´s; consiste em processar determinados produtos novamente; os materiais que são feitos,
podem voltar para as indústrias como matéria-prima para a fabricação
de novos produtos.
14 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
e recursos naturais.
• Investimento em medidas conservacionistas, a fim de manter a qualida-
de e a conseqüente atratividade dos recursos naturais.
• Descoberta e acessibilidade de aspectos naturais em regiões antes não
valorizadas, por meio de programas especiais.
• Condições financeiras necessárias para a implantação de equipamentos
e outras medidas conservacionistas.
• Utilização mais racional dos espaços e valorização do convívio direto
com a natureza.
• Valorização das relações socioambientais, resultado cultural da relação
do homem com o meio em que vive.
De outro lado, se não forem bem planejadas e manejadas, as atividades
turísticas podem causar um grande número de impactos ambientais negati-
vos. Os mais freqüentes e aparentes no espaço rural são os seguintes:
• Poluição:
- poluição do ar, provocada por: motores, produção e consumo de energia;
- poluição da água (lagos, rios, cachoeiras), provocada por: descarga de
águas servidas “in natura”, falta ou mau funcionamento dos sistemas
de tratamento; descargas de esgotos de embarcações; gases emiti-
dos por barcos a motor;
- poluição da terra causado por: falta ou coleta inadequada de lixo;
- poluição sonora, causada por: motores de veículos de recreio (lan-
chas, motos, jipes, ultraleves etc.), ruídos dos turistas ou dos entrete-
nimentos criados para os mesmos.
• Destruição ou degradação da paisagem natural, das áreas agro-
pastoris e dos atrativos turísticos naturais (mata nativa, cachoeira
etc.):
- a construção de casas, equipamentos e infra-estrutura para os tu-
ristas situadas em áreas abertas podem comprometer as paisagens
naturais ou agropastoris;
- o comportamento inadequado de turistas pode comprometer a paisa-
gem, como, por exemplo: inscrições ou grafites em rochas, acúmulo
de embalagens e restos de comida no solo ou nas águas de rios; pon-
tas de cigarro como focos de incêndio ou até incêndio criminoso etc.
• Destruição da fauna e da flora:
- a poluição das águas, do ar e os ruídos provocados pelos turistas ou
Mas e os impactos
ambientais negativos?
Quais são?
Alerta
Um fósforo ou uma ponta de cigarro acesa pode
causar um incêndio junto à vegetação, principal-mente em épocas de
seca!Seja cuidadoso com a
natureza!
Quais os impactos
ambientais positivos do
Turismo?
15FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
pelos equipamentos turísticos são responsáveis pelo desaparecimento
de exemplares da fauna e da flora das localidades;
- o excesso de pessoas em áreas naturais contribui para o desapareci-
mento de várias espécies de animais e plantas, como conseqüência
do comportamento dos turistas – pisoteio, coleta de frutas, plantas e
flores, vandalismo etc.
Para controlarmos os impactos ambientais negativos das atividades tu-
rísticas que podem provocar a degradação irreversível de uma área ou um
atrativo, podemos aplicar vários instrumentos de monitoramento e controle
da visitação. O mais conhecido é, sem dúvida, a capacidade de carga ou de
suporte.
O que é capacidade
de carga?
A capacidade de carga ou de suporte representa o número máximo de
visitantes ou turistas que uma área ou um atrativo pode acomodar, bem
como o tipo de infra-estrutura utilizada, de modo que:
• não ocorra a degradação dos recursos naturais;
• não diminua a satisfação do turista;
• não cause impactos adversos na sociedade, economia e cultura da
destinação.
Alerta
Não definir a capacidade de carga turística pode comprometer a própria
viabilidade do seu negó-cio turístico!
De um modo geral a capacidade de carga reúne vários tipos de capacida-
des que, juntas, compõem a capacidade de carga turística:
• Capacidade de carga física, paisagística ou material: considera a
quantidade de pessoas e estrutura que podem ser colocadas no local
sem que haja prejuízo ambiental. Exemplo: as condições físicas de de-
terminado trecho do rio permite o mergulho superficial de grupos de 8
pessoas, num total máximo de 32 pessoas por dia.
• Capacidade de carga social, psicológica ou perceptiva: considera o
relacionamento das pessoas entre si e com o meio ambiente, determi-
nando uma adequação na capacidade de carga. Exemplo: 50 pessoas
conscientizadas irão impactar menos do que 20 pessoas não conscien-
tizadas.
• Capacidade de carga institucional ou econômica: considera as-
pectos de administração, gestão, manejo e institucionais; orienta
a capacidade de carga e trabalha com esta. Exemplo: um local que
CAPACIDADE DE CARGA
16 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Além da capacidade de carga, ao explorar atividades turísticas em áreas
de uma propriedade rural, devemos adotar medidas de manejo a serem de-
finidas de acordo com a realidade e as condições ambientais e produtivas da
mesma. Algumas medidas são as seguintes:
• Limitação temporária de acesso a determinados sítios em função da
poderia receber 200 turistas por dia pode ter essa capacidade de carga
diária diminuída em função das características do público (por exemplo,
adolescentes).
• Capacidade de carga ecológica ou ambiental: considera os aspectos
relacionados à manutenção dos ecossistemas. Exemplo: áreas onde ha-
bitam espécies frágeis ou em vias de extinção determinam um número
reduzido de turistas, ainda que o espaço físico comporte um número
maior.
Dessa forma, a capacidade de carga turística inclui aspectos físicos, bio-
lógicos, sociais, psicológicos e operacionais. É definida em relação ao meio
ambiente biofísico e social e varia de acordo com:
• destino (morfologia e condições de relevo, tipos de solo, padrões de dre-
nagem, fragilidade ecológica da fauna e flora locais, aspectos culturais
da comunidade local etc.);
• época do ano em que ocorre o fluxo turístico;
• comportamento e duração da estada dos turistas;
• concentração ou dispersão dos turistas dentro da área;
• facilidades oferecidas;
• estruturas disponíveis;
• tipo, nível de manejo e caráter dinâmico do ambiente.
Alerta
Para a definição da capa-cidade de carga turística de uma área ou atrativo,
procure especialistas devidamente capaci-tados. Somente eles
poderão avaliar técnica e cientificamente todas as condições envolvidas e definir com segurança
essa capacidade!
Capacidade de carga do local, controlada pelo monitor – “Areia que Canta”, Brotas (SP)
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Monitor orienta o exato lugar onde os turistas podem pisar no leito do rio – “Areia que Canta”, Brotas (SP)
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17FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
PLANEJAMENTO E USO RACIONAL DOS RECURSOS
De nada adiantará nossa intenção de explorar o Turismo Rural na proprie-
dade se não estivermos dando exemplos de comprometimento com a conser-
vação do meio ambiente.
A construção da sustentabilidade ambiental depende do planejamento e
uso racional de recursos, em especial, dos naturais. Adotando certas diretrizes
e estratégias podemos explorar as atividades turísticas no espaço rural, por
meio de práticas sustentáveis.
O Turismo Rural deve adotar, na prática, os conceitos da permacultura,
que visa a integração harmoniosa da natureza com as pessoas, provendo ali-
mento, energia, abrigo e outras necessidades materiais e não materiais.
A Permacultura aproveita todos os recursos disponíveis, e faz uso da
maior quantidade de funções que podem ser aproveitadas de cada elemento
presente na composição natural do espaço. Mesmo os excedentes e dejetos
produzidos por plantas, animais e atividades humanas são utilizados para be-
neficiar outras partes do sistema, mediante métodos e técnicas específicas.
Esta metodologia apresenta alternativas de captação e tratamento de água
e efluentes, disposição de resíduos sólidos, geração de energia por meio do
uso de técnicas ambientalmente sustentáveis etc. Trabalha com a natureza e
não contra ela, o que exige um repensar dos nossos hábitos de consumo e dos
nossos valores em geral. Por exemplo, as plantações são organizadas a fim de
se aproveitar, da melhor maneira possível, toda a água e a luz disponíveis. São
arranjadas num padrão circular em forma de mandalas, com acesso facilitado
por todos os lados. Os pomares são cobertos de leguminosas,imitando o am-
biente das florestas. Os galinheiros são rotativos, para que as galinhas sejam
1. Permacultura: Um dos princípios funda-mentais da permacul-tura é o respeito pela
sabedoria da natureza, que desenvolveu um sis-tema perfeito para cada lugar. Do princípio vem a estratégia (observar e copiar a natureza), da qual surgem as inú-meras técnicas , que
podem ser copiadas de situações similares ou criadas no local, para planejar a sustentabili-dade de quintais, sítios, fazendas ou comunida-
des (novas ou já existentes).
2. Efluente: resíduos gerados após o uso da
água.
tolerância de espécies da fauna a ruídos e outras perturbações de origem
humana.
• Monitoramento dos possíveis impactos decorrentes da concentração
e aumento de visitantes sobre os sítios com fragilidade ecológica.
• Programação de meios de interpretação da natureza alternativos à
presença dos turistas nas áreas críticas (centro de exposições, quios-
ques de informação, material escrito, palestras etc.).
• Alternância de sítios para visitação dentro da mesma área, com ca-
racterísticas ecológicas semelhantes.
Fundamentos
Exemplos de
medidas de manejo
1� FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
deslocadas para outro ponto após terem estercado a terra, que será usa-
da para outro fim, enquanto que as mesmas preparam e adubam uma nova
área.
Para isso, faz-se necessário a observação e combinação de vários aspec-
tos: os ecossistemas, a sabedoria ancestral e também o conhecimento cientí-
fico, aproveitando as qualidades inerentes das plantas e animais, combinando
suas características naturais com os elementos que compõem a paisagem, e
mais a infra-estrutura existentes, para que se possa produzir assim um siste-
ma que suporte o desenvolvimento da vida, tanto na cidade quanto no campo,
utilizando-se o mínimo de recursos possíveis.
Conforme a Agrorede essas novas e saudáveis formas de comportamen-
to frente à natureza podem ser adaptadas ao espaço e às propriedades que
pretendam implantar atividades turísticas. Nesse sentido, podemos pensar em
ações a longo prazo, explorando atividades que visem:
Reflorestar o planeta Terra.
• Trabalhar com a natureza e não contra ela.
• Mudar o mínimo possível no ambiente, para obter o máximo de efeito.
• Perceber os dois lados de uma situação: é a maneira como a percebe-
mos que a torna benéfica ou não.
• Perceber as muitas formas de funcionamento que os elementos têm
num sistema.
• Focar em soluções e não em problemas.
• Criar soluções.
• Trabalhar onde for mais efetivo.
• Cooperar e não competir.
• Minimizar a demanda de energia e manutenção de seu sistema, maxi-
mizando o ganho.
• Trazer a produção de alimentos de volta às cidades.
• Auxiliar as pessoas a serem mais auto-confiantes.
• Criar sistemas que sejam ecologicamente corretos e economicamen-
te viáveis, que forneçam suas próprias necessidades, não poluam, não
destruam, e assim sejam sustentáveis e duráveis.
Um primeiro cuidado a ser tomado é com o manejo das várias áreas da
propriedade. Para trabalhar de forma harmônica e integrada, necessitamos
planejar, considerando cada elemento e equipamento, suas necessidades e
o local adequado ao seu posicionamento, analisando o clima, a geologia, a
topografia, o solo, os recursos naturais e a legislação ambiental aplicável.
•
Proprietário rural e princípios da Permacultura
19FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
É importante que tenhamos compreendido todas as “energias” externas
que tenham influência dentro do nosso sítio, como: luz solar, ventos, chuvas,
incêndios, poluição sonora, atmosférica, visual etc.
Após a observação cuidadosa desses efeitos, realizamos um planejamen-
to para direcionar ou bloquear essas energias, de acordo com as nossas ne-
cessidades. Esse planejamento é feito por setores, onde o sítio é o centro do
sistema e um círculo representa os 360 de possível influência externa. Assim,
marcamos os setores de acordo com as informações que coletamos: setor de
luz solar no inverno e no verão, setor dos ventos, setor de perigo de incêndio,
e assim por diante.
Esses setores servirão, mais tarde, para definir o posicionamento de que-
bra-ventos, a posição da casa e dos abrigos dos animais, entre muitos outros
elementos.
Local ensolarado e seco, São Bento do Sapucaí (SP)
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Efeitos da inclinação com o ângulo do sol
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Planejamento por Setores
Ensolarado e Seco
Desenho manual do planejamento por setores
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20 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Ao contrário dos setores, as zonas dizem respeito às energias internas do
sistema, principalmente em relação ao trabalho humano e à movimentação de
água e nutrientes.
Planejamos todo o projeto de forma a realizar uma economia máxima
de trabalho e recursos, criando pontos de utilização que estejam ligados aos
pontos onde esses recursos estão sendo produzidos.
Assim, podemos alcançar a maior eficiência energética possível, colocan-
do aqueles elementos que necessitam de maior atenção humana mais próxi-
mos à casa. Aqueles que podem ser mantidos com pouco ou nenhum manejo,
ficarão mais longe.
Também pensamos na conexão entre todos os elementos, de forma a que
os produtos (ou recursos) de um elemento sejam utilizados como insumos por
outros. É a vertícalização do sistema - lixo é o recurso ainda não aproveitado.
Dessa forma, reduzimos ao máximo a necessidade de trabalho e, ao mesmo
tempo, evitamos a poluição ou a contaminação.
Podemos definir, então, as seis zonas de um sistema permacultural:
zona 0: é a casa, o centro do sistema, a partir do qual iniciamos o nos-
so trabalho, pondo a casa em ordem; área de uso intensivo.
Na própria casa, e à sua volta, existem muitos espaços que podem se
tornar produtivos. Peitorais de janelas, laterais de parede... enfim, toda a
habitação pode ser planejada ou modificada para que seja mais eficien-
te na utilização de recursos e na produção de alimento. Esse trabalho
contribui para o controle da temperatura no interior da habitação, além
de utilizar os microclimas criados pela existência da própria estrutura.
zona 1: compreende a área mais próxima da casa, que visitaremos
diariamente e onde colocamos os elementos que necessitam cuidado
diário: a horta, as ervas culinárias, alguns animais de pequeno porte e
árvores frutíferas de uso freqüente (ex. limão). Também é onde concen-
traremos a armazenagem de ferramentas e de alimentos, para utiliza-
ção a longo prazo.
A horta é um elemento essencial da Zona 1, pois funciona como base de
sustentação da alimentação da família. Ela poderá ser manejada com o
auxílio de animais que façam o trabalho de fertilização e controle. É na
Zona 1 que incluímos os elementos necessários à nossa sobrevivência
elementar: água potável, espaço para a produção de composto e uma
área onde lavar os produtos da horta e as ferramentas. Um viveiro de
•
•
Planejamento por zonas
21FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
mudas também deve ser incluído, como base para a diversificação da
produção.
Desenho manual do Planejamento por Zonas
zona 2: um pouco mais distante da casa, a Zona 2 envolve aqueles
elementos que necessitam de manejo freqüente sem a intensidade da
Zona 1. Algumas frutíferas de médio porte, galinhas e tanques peque-
nos de aqüicultura poderão fazer parte dessa Zona, bem como outros
animais menores (patos, gansos, pombos, coelhos, codornas etc.) Essa
área oferece proteção à Zona 1.
zona 3: já mais distante da casa, poderemos nela incluir as culturas com
fins comercias, que ocupam mais espaço e não necessitam de manejo
diário. Também poderemos incluir a criação de florestas de alimentos,
animais de médio e grande portes com rodízio de pastagens; produção
comercial de frutos e castanhas, entre outros elementos essenciais à
diversidade da produção.
zona 4: visitada raramente, nela poderemos incluir a produção de ma-
deiras valiosas, açudes maiores e a produção de espécies silvestres co-
merciais. Em regiões de floresta, o extrativismo sustentável e o manejo
florestal também poderão fazer parte desta Zona, bem como a recriação
de florestas de alimentos em regiões que foram desmatadas
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22 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Uso Racional da Água
Desenho manual do planejamento por zonas
zona 5: Aqui, só entraremos para aprender ou para uma coleta oca-
sional de sementes. É onde não interferimos, permitindo, assim, que
exista o desenvolvimento natural da mata. Sem esta Zona ficamos sem
referência para a compreensão dos processos que tentamos incluir nas
outras zonas.
É importante incluir elementos de armazenamento e captação de água
e nutrientes em todas as zonas, a partir do ponto mais elevado da pro-
priedade.
•
O planejamento por zonas considera a disposição espacial dos ele-
mentos em relação aos fatores externos como o sol, as chuvas, os ventos,
as geadas e o fogo. Por exemplo, a plantação de árvores para proteção de
ventos, geadas e sol. Desta forma o planejamento combina aspectos da
natureza, técnicas e necessidades das pessoas.
No Turismo Rural é necessário uma infra-estrutura básica de saneamento
para atender o turista com qualidade e preservar os recursos naturais. Em
geral, essa infra-estrutura básica deve prever um conjunto de serviços e equi-
pamentos relativos a:
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23FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
• Fornecimento de água potável: cuidar da origem da água e ter cuida-
dos periódicos com os reservatórios d’água.
• Destino das águas servidas: utilizar fossas sépticas com sumidouro,
tanto para os sanitários como para a cozinha.
O tratamento da água deve ter um planejamento muito rigoroso para aten-
der à população da propriedade e dos turistas. Isto é importante para que, em
épocas de maior demanda, não seja excedida a capacidade instalada, pondo
em perigo os ecossistemas receptores de resíduos. O abastecimento deve ser
calculado levando-se em consideração quantidade e qualidade que satisfaçam
as necessidades de alimentação, higiene pessoal, limpeza etc., dos turistas,
funcionários e residentes.
A água é um recurso muito valioso, por isso todas as formas de captação
e tratamento são aceitas e incluídas. Abaixo relacionamos algumas possibili-
dades de fácil aplicação:
• Captação de água da chuva – a água é captada por uma calha e
armazenada em cisternas, podendo ser utilizada para beber, higiene
pessoal, cozinhar etc. Em áreas cuja água se encontra poluída, há ne-
cessidade de meios adequados para filtrar os poluentes. Esta técnica
pode sensibilizar os visitantes sobre o desperdício do recurso água.
• Tratamento de Efluentes - há tratamentos indicados para cada tipo de
efluente, de acordo com sua procedência, para que sejam reutilizados
ou tratados antes de serem despejados no solo. Não é necessário gran-
des estações de tratamento, mas é nossa responsabilidade darmos um
destino de baixo impacto ambiental para toda a água utilizada. Podemos
adotar alguns tipos de tratamento:
- CírculodeBananeiras: bananeiras, coqueiros, mamoeiros e palmeiras
são filtros naturais e se adaptam em solos bem úmidos e ricos em
matéria orgânica. São plantadas ao redor de um buraco onde são des-
pejados os efluentes.
- Tanqueparatratamentodeágua: pequenos tanques em diferentes ní-
veis contendo elementos como areia e plantas aquáticas, que atuam
como filtros biológicos. Os efluentes depois de tratados podem ser
reutilizados por animais e plantas, e para limpeza de instalações dos
mesmos.
- Reciclagem de água: é uma alternativa muito boa para locais onde
não se encontra água com facilidade. Os sistemas de reciclagem e
1. Sumidoro: poço sem laje de fundo que
permite a penetração do efluente da fossa séptica
no solo. O diâmetro e a profundidade dos
sumidotes dependem da quantidade de efluentes
e do tipo de solo.
Cisternas: reservató-rio (tanque), abaixo do nível do solo, onde se
conservam as águas de chuva.
24 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
filtros podem fazer a água servida do sanitário se tornar potável.
- Sistema circuito fechado: consiste em captar as águas servidas dos
chuveiros e pias e passar por filtros de brita e lagoas de decantação,
alternando ambientes com e sem oxigênio, voltando para ser reutili-
zada para limpeza.
Atenção
Podemos começar pelo tipo mais simples e mais barato e ir acrescentando outras formas de trata-mento, conforme o de-senvolvimento da nossa
propriedade e do número de turistas na mesma.
Uso Racional de Energia
As edificações devem ser planejadas, aproveitando-se a iluminação e ven-
tilação natural e minimizando-se o gasto de energia. São diversos os tipos de
fonte de “energia limpa”, renováveis e menos poluentes. Devemos observar
qual é a mais adequada ao local do empreendimento. As energias utilizadas
atualmente são: eólica, solar, hidráulica e bioenergética.
• Energia Eólica: a força dos ventos, captada por uma torre, gera ener-
gia. Em Fernando de Noronha, por exemplo, 25% da energia gerada
provém desta fonte.
• Energia Solar: pode ser captada de duas formas: por meio de coletores
térmicos, capazes de transformar a luz do sol em calor e aquecer a
água, e por meio de células fotovoltaicas que convertem diretamente a
energia solar em energia elétrica.
Telhado de edificação com células fotovoltaicas
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• Energia Hidráulica: o fluxo e queda de água movimentam a turbina de
um gerador, gerando energia.
• Energia Bioenergética: o biodigestor transforma resíduos animais ou
humanos em gás combustível que alimenta o motor de um gerador de
energia.
Dica
O fogão a lenha também pode ser uma fonte de
energia, pois, com o uso de uma serpentina interna,
esquenta a água dos chuveiros. É aconselhável
sabermos a origem da lenha a ser utilizada e
darmos referência àquelas provenientes de programas de monoplan-tio bem como evitarmos a exposição de pessoas a fumaça da queima da
lenha.
25FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
Uso Racional dos Resíduos Sólidos
Os resíduos sólidos são um problema sério para as propriedades rurais,
pois na maioria dos casos estas não possuem coleta pública de resíduos. O
ideal é modificar os hábitos de consumo, reduzindo a geração de lixo pela
opção de embalagens reutilizáveis e/ou recicláveis.
Esses cuidados evitam os insetos, além da implantação de coleta seletiva,
separando os resíduos orgânicos dos inorgânicos por meio de:
• Composteiras: todos os resíduos orgânicos, como alimentos não
aproveitados na cozinha, são colocados na composteira junto com co-
berturas vegetais, esterco animal e restos de madeira, formando um
composto que serve de adubo para os jardins ou para a agricultura.
• Reutilização e Reciclagem: os resíduos inorgânicos podem ser trans-
formados em objetos de decoração, utensílios domésticos, artesanato,
entre outros.
Alerta
As embalagens de agrotóxicos não devem
ser utilizadas. Devem ser lavadas três vezes em
local seguro e devolvidas ao local da aquisição.
Biodigestor, uma ótima fonte de energia para propriedades rurais
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Planejamento Racional da Agricultura
As técnicas de cultivo também podem e devem fazer parte do processo de
planejamento da propriedade. Os cultivos orgânicos minimizam os impactos
negativos ao meio ambiente e aos agricultores. As técnicas agrícolas devem
ser planejadas visando o aproveitamento máximo da área, conservação do
solo e minimização do trabalho de manutenção. Vejamos alguns exemplos:
• Jardins de Alimentos: distribuídos por toda a área do empreendimen-
to, podendo utilizar áreas verticais.
Dica
Ao invés de gastar com plantas ornamentais
podemos fazer jardins de alimentos, utilizando
estes para a produção de alimentos, ornamentação e vivência do turista na produção dos mesmos.
26 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
• Horta Mandala: horta circular que permite o melhor aproveitamento e
embelezamento da área.
• Espiral de Ervas: área em formato tridimensional de espiral, que per-
mite o melhor aproveitamento de água e luz disponíveis.
• Sistemas Agroflorestais, Plantio Consorciado: plantação de árvores
no mesmo espaço que outras culturas agrícolas, com a função de obter
a maior diversidade de produtos, diminuir as necessidades de insumos
externos e reduzir os impactos ambientais negativos das práticas agrí-
colas.
Atenção
O plantio consorciado exige que busquemos
informação técnica sobre quais culturas são com-patíveis. Contate sindica-tos ou cooperativas que possuam um engenheiro
agrônomo.
DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES TURÍSTICAS
O Turismo Rural, além do comprometimento com as atividades agrope-
cuárias, caracteriza-se pela valorização do patrimônio cultural e natural como
elementos de sua oferta turística. Na definição dos produtos turísticos de-
vemos contemplar, com a maior autenticidade possível, os fatores culturais
pelo resgate das manifestações e práticas regionais, como visto no Módulo 4,
assim como primar pela conservação do ambiente natural.
Para o desenvolvimentode um Turismo Rural ordenado, consciente e for-
talecido, devemos organizar as atividades que poderão ser exploradas nas
propriedades rurais, partindo dos segmentos de turismo que são adequa-
dos a esse espaço, ou seja:
• Turismo Rural: Para desenvolver atividades turísticas nas áreas pro-
dutivas da propriedade é necessária uma adequação no processo agro-
pecuário, integrando-o ao Turismo. Exemplos dessas atividades são
as visitas educativas ou o acompanhamento e a vivência no manejo de
culturas e criações.
• Ecoturismo: Nas atividades ecoturísticas, os turistas entram em conta-
to com as áreas naturais garantindo a sua sustentabilidade econômica e
ecológica. Servem de instrumento de aproximação entre o ser humano
Quando o produtor rural reconhece que o turista irá pagar por tais
vivências, começa a ver com outro olhar o seu cotidiano, valorizando-o e
vislumbrando o potencial turístico de determinadas atividades.
27FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
e o meio ambiente natural, incorporando o questionamento de valo-
res, a aprendizagem através da experiência e a busca de reformulações
para os aspectos indesejáveis da vida cotidiana. Promove a alteração
de comportamento, tanto de turistas, quanto daqueles que os operam.
São atividades educativas, nas quais podemos aproveitar a situação de
contato com a natureza para destacar a importância de sua conserva-
ção, de uma forma agradável e bem contextualizada, junto aos turistas.
Exemplos dessas atividades são as caminhadas em trilhas e a observa-
ção da fauna e da flora.
• Turismo de Aventura: A aventura é uma experiência que significa en-
gajamentos físico, intelectual, emocional ou espiritual. Nas atividades
de Turismo de Aventura há participação recreativa intensa dos turis-
tas, baseada em ser, fazer, tocar,veresentir. Envolvem experiências
recreativas, com superação de limites pessoais, onde o local de prática
age como facilitador das emoções, pensamentos e sensações de riscos
calculados que definem a aventura.
Atenção
1. No ecoturismo, as populações tradicionais
assumem a responsabili-dade de cuidar e, através de sua cultura, integrar a essas áreas preservando
o seu equilíbrio.
2. Turismo de aventura implica em atividades de viagem e lazer que são contratadas com a
esperança de produzirem uma experiência intensiva
e envolve uma série de emoções.
Transporte, alojamento e local integrados ao produto de Turismo de Aventura
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As atividades desenvolvidas podem ter diferentes graus de desafio, de
incerteza ou familiaridade com o ambiente. Testam capacidades pessoais e
percepções de controle em períodos de duração previamente estipulados. As-
sim, o grau de aventura varia, requerendo do participante alguma experiência
e competência antes da viagem (aventura intensa) ou nenhuma experiência
prévia (aventura leve).
2� FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Os componentes básicos do turismo, que são a própria localidade, o
transporte e a hospedagem, podem contribuir de forma parcial ou integral
na composição do produto de Turismo de Aventura. Por exemplo: podemos
simplesmente transportar visitantes ou inserir o transporte na atividade,
como mais um componente de aventura.
A seguir vamos conhecer várias características e aspectos relevantes das
atividades turísticas em áreas naturais e/ou produtivas de propriedades rurais,
subdivididos em:
Vivência Agropastoril;
Turismo de Aventura;
Ecoturismo.
•
•
•
Visita às áreas produtivas
Características
Atividade bastante simples, onde iremos demonstrar aos visitantes/turis-tas os procedimentos do trabalho agrícola de nossa área produtiva, expli-cando cada uma das etapas trabalhadas. Em alguns casos podemos pro-gramar a atividade agrícola para fazer com que o turista esteja realmente participando desse processo produtivo, ou seja, fazer com que ele vivencie por alguns momentos o trabalho, como se fosse um dia de campo.
Sugestão
Para desenvolver essa atividade, o turista pode acompanhar qualquer uma das etapas do processo produtivo. O importante é que ele tenha, no final da visita ou da vivência em uma das etapas, a noção de todo o processo produtivo daquela cultura visitada. Para facilitar a compreensão do turista, podemos usar um painel com fotos de cada uma das etapas, facilitando o entendimento de todo o processo produtivo.
Leite ao pé da vaca
Características
Atividade rotineira na propriedade rural que necessita apenas de algumas adequações para a exploração turística. O turista irá observar a presença do bezerro junto à vaca, o peiamento da vaca leiteira, a higienização das tetas da vaca, ouvindo e vivenciando todos os procedimentos de retirada do leite. Cada um dos visitantes, já com suas canecas caipiras, serão con-vidados a fazer o procedimento de retirada manual do leite e orientados para as técnicas de manipulação de produtos de origem animal destina-das ao consumo humano. A degustação do leite e derivados poderá ser feita no Ponto de Venda.
Sugestão
Em primeiro lugar, o local deverá se apresentar mais limpo que de cos-tume, pois os turistas irão acompanhar a atividade desde o processo do retireiro. Para essa atividade é necessário que usemos um animal já acos-tumado com a presença de várias pessoas e em horários diferenciados daqueles em que a atividade pecuária de rotina é realizada. Para tanto, o animal escolhido para a atividade turística deverá ser utilizado apenas para esse fim, em locais adequados à demonstração para turistas.
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29FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
Colha e pague
Características
Atividade onde o turista visita uma área plantada e recebe as informações sobre a cultura que estará colhendo. Algumas informações sobre o pro-cesso produtivo devem ser relatadas oralmente, assim como a origem da cultura, valores nutricionais, finalidades e usos na vida doméstica. Geral-mente essa “aula” deve ser realizada em local sombreado e, se possível, com acomodações para os turistas.
Sugestão
Somente após algum conhecimento da cultura e sobre a maneira correta de realizar a colheita, assim como o ponto ideal desta, é que cada um dos turistas receberá uma cesta ou uma bolsa e irá à área produtiva para efetivar a colheita. Após esta, os turistas devem, conforme combinado, pesar ou contar quantas unidades ou volumes foram colhidos e pagar por isso. Geralmente são acondicionados para serem consumidos fora da sua propriedade no local ou no Ponto de Venda Rural instalado na mesma, conforme visto no Módulo 4.
Colha e coma
Características
Da mesma maneira inicial que ocorre com a atividade Colha e Pague, essa modalidade deve ser precedida de informações sobre o processo produtivo, origem da planta, valores nutritivos, usos, forma correta de colheita, qual o ponto ideal de colheita etc.
Sugestão
Geralmente, essa atividade está mais relacionada à fruticultura. Ao invés dos turistas estarem levando suas colheitas para casa, como na atividade ante-rior, eles pagam uma taxa para colherem e “comerem no pé”. O valor cobra-do pode estar embutido no preço da entrada do turista à propriedade rural; assim evitamos o constrangimento da cobrança pela “liberdade” do turista em nosso pomar. Devemos disponibilizar os utensílios que forem necessários para o conforto do turista, tais como facas, guardanapos e outros.
Cavalgada
Características
A cavalgada é praticada em regiões de belezas naturais, combinando o prazer de cavalgar com o de apreciar o meio ambiente. É um passeio a cavalo em grupos, com destino a determinada localidade de beleza na-tural ou de importância histórico-cultural. Em algumas regiões, encon-tramos o uso da frigomula (geralmente um muar carregando uma caixa térmica com bebidas frescas), animal extremamente dócil, utilizado em cavalgadas lentas e de médio percurso; é um atrativo a mais no passeio. A cavalgada pode ser diurna ou noturna; esta última com a presença da lua cheia.
Sugestão
Os animais usados para cavalgadas devem estar acostumados a essa atividade e serem dóceis o suficiente para se manterem em grupo. De-vem ser tomados cuidados especiais com crianças e turistas que não dominam a prática. É recomendável o uso de capacetes especiais, luvas e botas, assim como dar instruções pré-passeio aos iniciantes.
Pesque e pague
Características
Os proprietários rurais podem explorar a atividade seja pela criação de Pesque-Pagues ou pela exploração dos recursos naturais ou artificiais existentes na propriedade (rios, lagos e represas). No primeiro caso, o proprietário deverá instalar a estrutura necessária para a criação dos pei-xes (lagos artificiais). Em ambos os casos, estrutura para fazer a pesagem e limpeza dos peixes, e estrutura de recepção de turistas (sanitários, área de descanso e lanchonete ou restaurante).
Sugestão
Para construir um pesqueiro é necessário solicitar o licenciamento no DE-PRN. A Polícia Ambiental do Município poderá informar sobre a legislação específica de Pesca Amadora, se é necessária a carteira de pescador amador, se ocorre piracema no rio de sua região e se existe alguma data no ano que a pesca é proibida.
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30 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Pesque e Pague, Fazenda Santo Antônio, Sabino (SP)
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Visita à áreas agropastoris, Piquete (SP)
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Leite ao pé da vaca, Hotel Fazenda Areia que Canta, Brotas (SP)
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Atenção
Na atividade o “leite ao pé de vaca”, deverá ser observada a legislação sobre manipulação de alimentos contida no
Suplemento Legislação e Turismo Rural.
Colha e coma, Votuporanga (SP)
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Colha e Pague, Votuporanga (SP)
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Cavalgada noturna na lua cheia, Paraitinga (SP)
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31FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
Arvorismo
Características
Atividade que oferece aos participantes a possibilidade de caminhar no ní-vel das copas das árvores, integrando-se com a natureza por meio de um circuito de habilidades ou de contemplação. Tem como principal objetivo tirar as pessoas do chão e levá-las a um local onde o acesso é restrito, para apreciar a fauna, flora e paisagem, de uma forma diferente e inusi-tada, ou simplesmente por pura emoção. Existe uma grande variedade de atividades e pontes que podem ser montadas num circuito/percurso: pontes pênseis, pontes de troncos (fixos e móveis), travessias com redes, tirolesas, pêndulos e até travessias dinâmicas com cadeirinhas deslizan-tes.O acesso ao circuito ocorre através de: rampas inclinadas (que imitam as pontes e facilitam a subida), estruturas metálicas, escadas, tirolesas ou até técnica de ascensão (subida em corda). Algumas propriedades utilizam uma variação do arvorismo, montando um circuito em eucalipto tratado (sem utilizar árvores nativas ou impactar a fauna local).
Sugestão
As pontes e estruturas são feitas basicamente utilizando cabos de aço, eucaliptos tratados, madeiras diversas (tábuas, compensados, vigas), cordas, redes e plataformas fixas (usadas para fazer a interligação das pontes). Todo praticante (usuário do circuito) deve utilizar o E.P.I. (Equi-pamento de Proteção Individual): cadeirinha, fitas solteiras, mosque-tões, capacete e sistema de proteção anti-queda (que pode ser com roldanas ou com peças de encaixe em cabo contínuo. Os monitores do circuito (guias, instrutores e técnicos de altura) utilizam, além desses, outros equipamentos para atender a qualquer necessidade (de resgate, subida, descida e acesso irrestrito ao circuito). O sistema de proteção funciona quando o participante escorrega de uma ponte ou plataforma, evitando a queda; deve ser montado com cabos ou cordas independentes, acima da altura dos ombros dos participantes, e deve possuir sinalização e funcionamento simples e objetivo.
Trekking / Hiking
Características
Atividade em ambientes naturais, com diversos graus de dificuldade, buscan-do a contemplação e superação dos limites pessoais; as atividades podem ser guiadas ou autoguiadas. Pode ser realizada por qualquer pessoa, em qualquer idade e deve estar sempre acompanhada de alguma motivação, seja física ou psíquica. Podemos classificá-la em: Caminhada Curta (hiking), Caminhada de Travessia (trekking) e Caminhada de Velocidade. É uma ativi-dade que possibilota a interação direta com a natureza.
Sugestão
Evite, durante a caminhada e nos pontos de parada, fazer barulho. Evite cau-sar movimentos de terra nas trilhas, use calçados leves e coloque pedras nos charcos ou lamaçais. Não abra trilhas paralelas quando a trilha principal não oferecer boas condições, pois logo as variantes estarão igualmente ruins. Nas cavernas não retire absolutamente nada, nem mesmo as rochas soltas, e não toque nos espeleotemas – estalactites, estalagmites etc. – para não alterar sua formação e não sujá-los. Não escreva nas rochas e nas árvores sob nenhuma circunstância
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32 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Canionismo
Características
O canionismo é um esporte de origem franco-espanhola que consiste na descida esportiva de cânions e gargantas. É uma atividade muito dinâmica e utiliza diversas técnicas dependendo dos obstáculos oferecidos pelo cânion explorado. De acordo com o grau de dificuldade, o cânion pode ser uma caminhada leve ou uma atividade esportiva mais complexa com a prática de rapel, saltos, desescalada, passagens estreitas em corrimãos, natação, tobogãs etc.
Sugestão
O canionismo tem sido bem divulgado e desenvolvido com profissionais ex-perientes que possuem conhecimentos em orientação, socorros, hidrologia e profunda atenção aos aspectos meteorológicos. O uso de equipamentos corretos (adequados à prática do canionismo) é impressindível à prática que deve ser acompanhada de guias experientes que conheçam bem o cânion visitado e que possuam qualificação para tal. Devemos procurar empresa legalmente constituída, com seguro e equipe qualificada.
Águas Brancas
Características
A atividade como um todo é denominada Águas Brancas, pois as corredeiras têm águas brancas. É também utilizado o termo Águas Bravas derivado do espanhol. Podemos destacar cinco tipos de modalidades: Rafting é a ativi-dade de descida em botes infláveis em corredeiras fluviais; Canoagem é a atividade de descida em corredeiras em caiaques, em duas principais moda-lidades, descida de rio e rodeio (que é brincar com o caiaque em uma onda do rio); Duck, cujo nome é originário do patinho de borracha que se usa na banheira para crianças, é um caiaque inflável para descer rios com corre-deiras até classe IV; Bóia Cross é uma descida em câmaras infláveis em rios pequenos e com corredeiras fracas; Aqua ride é uma evolução do bóia cross, onde a câmara é recoberta com uma capa ou até pode ser uma bóia constru-ída especialmente em PVC (a bóia fica com um formato oval o que facilita as manobras possibilitando descer até classe III).
Sugestão
Todas essas atividades interagem diretamente com o ambiente visitado, des-de a questão do impacto que requer um bom planejamento de manejo do local das operações e um estudo de capacidade de carga de visitação, até as relações sócio-ambientais desenvolvidas durante a sua realização. Tais rela-ções despertam o conhecimento para a área visitada e, conseqüentemente, são o estímulo à sua conservação, promovendo de forma informal a educação ambiental. Equipamento especial é obrigatório em todas as modalidades.
Tirolesa
Características
Atividade que consiste em superar um vale ou outro acidente geográfico utili-zando cordas ou cabos-de-aço, equipamentos e roldanas especiais. O turista se desloca pendurado na roldana. O circuito pode ou não acabar em águas brandas. Público alvo: turistas sem limite de idade.
SugestãoPara esta atividade devemos buscar profissionais do setor. A terceirização para uma empresa idônea é recomendada devido ao risco de acidentes, mes-mo em circuitos considerados fáceis.
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33FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
Montanhismo
Características
O montanhismo é a escalada de paredes e montanhas rochosas ou de gelo (o que não é o caso no Brasil). Iniciou-se no final do século XVII com a esca-lada do Mont Blanc na França. Desde 1910 é praticado no Brasil por meio das seguintes modalidades: escalada em rocha, que pode ser realizada em grandes paredes denominadas Big Wall, ou em pequenas paredes visando maior dificuldade na rota. A escalada em rocha de pequenas paredes pode ser subdividida em: Escalada Tradicional e Escalada Esportiva. Temos ainda a Escalada de “Boulders”, onde escalamos pequenas blocos de rocha de pouca altura e boa base que possibilitam a escalada sem equipamento de proteção, apenas com o apoio de um parceiro; e a Escalada em Muro, estruturas artifi-ciais, hoje bastante difundida em espaços urbanos.
Sugestão
O montanhista consciente preserva o meio ambiente e tem interesse pelo lugar onde pratica seu esporte; todavia, quando praticada de maneira não consciente, a escalada pode causar impacto na superfície rochosa, na ve-getação nativa e comprometer os refúgios de várias aves. Devemos adotar sempre técnicas de mínimo impacto. Quando a escalada for em vias com equipamentos de proteção fixa, temos que avaliar seu estado. Mesmo as-sim as ancoragens de parada e “boulders” deverão receber proteção dupla. Devemos estabeler um programa de emergência e resgate, procurar sempre instrutores ou monitores credenciados e com muito bom conhecimento da região e do local.
Vôo livre
Características
É o vôo praticado com asas desprovidas de motor. Podemos identificar duas modalidades principais de vôo livre: Asa Delta, uma estrutura rígida de tubos de alumínio que sustenta uma vela esticada por travessas e reforçada por fios de aço inoxidável; o piloto fica suspenso numa armação parecida com um casulo e controla a direção e velocidade com o peso do corpo: a velocidade em vôo é em média de 65 km/h, mas pode chegar a 100 km/h; Parapente ou Paraglider, uma estrutura feita em tecido especial que, uma vez inflada, for-ma uma asa e é capaz de voar como os planadores e pássaros, sendo capaz de permanecer no ar longos períodos e percorrendo grandes distâncias. Pode chegar à velocidade de 60 km/h.
Sugestão
Em linhas gerais, os cuidados que devemos tomar são: verificar a idade do equipamento (se tiver mais de 2 anos de fabricação, exigir um laudo de re-visão) e evitar voar em equipamentos com mais de 5 anos de fabricação; prefirir sempre voar em rampas homologadas pelo órgão competente, onde haja um Clube de Vôo que se responsabilize por checar os equipamentos e pela nossa segurança; evitar locais onde ninguém jamais voou; voar sempre com piloto habilitado; nunca dispensar o uso de equipamentos de segurança pessoal, e não esquecer que o piloto é responsável pela nossa segurança.
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34 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Arvorismo, Paraitinga (SP)
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Trekking - Piquete (SP)Fo
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Hiking, Paraitinga (SP)
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Canionismo, Hotel Fazenda “Areia que Canta”, Brotas (SP)
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Águas brancas - modalidade Rafiting, Paraitinga (SP)
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35FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
Montanhismo - modalidade escalada, Brotas (SP)
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Montanhismo, Hotel Fazenda “Areia que Canta”, Brotas (SP)
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Vôo livre - modalidade asa-delta, Brotas (SP)
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Vôo livre - modalidade paraglyder, Brotas (SP)
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36 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Cicloturismo
Características
É uma atividade que une o esporte (ciclismo) com o lazer e o turismo. Com a bicicleta, o praticante pode ter um contato maior com a natureza e a cultura dos locais visitados. O viajante de bicicleta causa uma empatia muito grande, e é sempre bem recebido por onde passa. O cicloturismo abrange todas as faixas etárias e não exige um condicionamento físico especial, sendo acessí-vel a um grande número de pessoas. Por não ser uma competição, cada um determina seu próprio ritmo e objetivo.
Sugestão
Devemos utilizar somente caminhos que sejam próprios para bicicleta. Se uti-lizada em trilhas não apropriadas, a bicicleta pode causar muito impacto. Al-gumas recomendações importantes: nunca sair da trilha; evitar freadas brus-cas e derrapagens; sempre que possível, ao invés de trilhas, dar preferência a estradas de terra; não perturbar animais e nem recolher plantas; sempre carreguar o lixo que produzimos de volta para casa, inclusive o orgânico; e até recolher algum lixo que encontrar pelo caminho.
Águas Mansas
Características
Com um clima extremamente agradável, o Brasil possui em qualquer ambien-te, um espelho d’água; seja uma praia, seja um lago, rio ou represa ou açude. Todo espelho d’água freqüentado para banho deve ser protegido por guarda-vidas. O guarda-vidas é um profissional treinado para proteger o banhista, orientando quanto ao local mais seguro e agindo em caso de emergências.
Sugestão
Devemos sinalizar com destaque as diferentes profundidades dos espelhos d’água situados dentro e próximos de nosso empreendimento, alertando so-bre os riscos de mergulhos (áreas rasas) ou afogamentos (áreas mais profun-das), bem como para que os pais mantenham atenção com suas crianças. As placas de perigo e atenção deverm estar localizadas em lugares de fácil visualização e mantidas em bom estado de conservação.
Caminhada
Características
São caminhadas com fins específicos em locais especiais tais como: matas, floresta etc. As trilhas podem ser autoguiadas (com placas interpretativas) ou dispor de guias/monitores para acompanhar os turistas. Os equipamentos necessários para percorrer trilhas curtas são basicamente equipamentos de uso pessoal, cantil e alimentação para um dia. O importante é utilizar aces-sórios que ofereçam resistência, durabilidade e conforto, principalmente aos pés. O praticante deve optar por calçados leves, que permitam a respiração da pele e tenha solado capaz de tracionar em qualquer tipo de terreno. No caso de caminhadas mais longas, também são indicadas botas, que prote-gem o tornozelo, reforçam o calcanhar e o bico do pé.
Sugestão
Devemos ter sempre em mente a direção a ser seguida, a direção em que devemos ir. A crista de uma serra ou o seu divisor de águas tende a ser o local com menos obstáculos e que permite uma maior visibilidade da trilha. Acompanhar o contorno das serras pode exigir algum esforço, mas ganha tempo e oferece visuais que não poderiam ser apreciados de outro lugar. Ao caminhar em matas fechadas é importante termos algum tipo de referencial. Por ser um ambiente que não favorece a visualização da trilha, torna-se mui-tas vezes desconfortável e tende a diminuir o ritmo de caminhada do grupo. Ao programarmos alguma atividade que passe neste tipo de lugar, e que principalmente seja pouco visitado, devemos nos previnir quanto ao horário.
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37FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
Cicloturismo, Paraitinga (SP)
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Águas mansas. Fazenda Santo Antônio, Sabino (SP)Fo
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Caminhada, São Bento do Sapucaí (SP)
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Caminhada na Fazenda Bela Vista, Dourado (SP)
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4
As informações mencionadas a seguir fornecem referências de compor-
tamentos e atitudes esperadas de parceiros e colaboradores no planejamento
e desenvolvimento das atividades turísticas em áreas rurais. São recomenda-
ções que visam diminuir riscos dessas atividades, aumentar a satisfação dos
clientes e oferecer qualidade e segurança para todos os envolvidos.
OPERAÇÃO SEGURA E RESPONSÁVEL
3� FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Conforme as Diretrizes para Visitação do Ministério do Meio Ambiente,
para se integrar a visitação ao desenvolvimento local e regional devemos, en-
tre outros aspectos:
Promover estudos visando à avaliação dos impactos sociais, cultu-
rais e econômicas decorrentes das atividades de visitação no local;
Apoiar a promoção do desenvolvimento econômico e social em ba-
ses sustentáveis.
Participar das iniciativas que visam à promoção do turismo susten-
tável no local e suas áreas de influência.
Contribuir para a implantação do manejo sustentável de recursos
naturais utilizados na produção de artesanato.
Observar e atender à legislação e às normas específicas para a pro-
moção da acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades
especiais.
Considerar no planejamento e gestão da visitação às propriedades e
locais conservados, a realização da igualdade de oportunidades.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
O empreendimento que oferece atividades de lazer e recreação aos seus
visitantes pode optar por quatro caminhos diferenciados: contratar colabora-
dores que farão parte de seu quadro de funcionários; contratar o serviço de
profissionais “free-lancers”; contratar o serviço de uma empresa terceirizada;
ou, então, indicar aos hóspedes os serviços de outras empresas.
Seja qual for a opção escolhida, os seguintes procedimentos devem ser
seguidos:
Recomendações aos Profissionais de Lazer e Recreação
• Atentar para a composição dos grupos, trajetos, horários, disposição de
equipamentos adequados e material idôneo. Durante a atividade possuir
o completo controle da conduta de cada participante, permanecendo
sempre atento a fatores externos de risco.
• Ter para pronto uso material de primeiros-socorros adequados às ativi-
dades que serão desenvolvidas.
• Planejar com antecedência, juntamente com o responsável pelo setor
de lazer do empreendimento, as atividades a serem oferecidas aos
Recomendações aos Proprietários RuraisAtenção
Áreas de Preservação
Permanente são as áreas protegidas nos termos do Código Florestal (Lei Federal nº 4.771/65): as florestas e demais formas
de vegetação situadas ao longo dos rios; ao
redor de lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; as nascentes; os topos de morros, serras e mon-tanhas; as bordas dos
tabuleiros ou chapadas; as encostas acima de
45º; as restingas, como fixadoras de dunas ou
estabilizadoras de man-gues; e altitudes superio-
res a 1.800 metros.
39FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
clientes de acordo com as características específicas de cada segmen-
to da demanda, bem como os equipamentos a serem utilizados.
• Ter oportunidade de planejar com antecedência, e em comum acordo
com o empreendedor, rotas de fuga em caso de emergências, planos de
contingência e locais de atendimento hospitalar.
• Sempre estar acompanhado de, no mínimo, outro condutor e/ou o moni-
tor. A quantidade de profissionais para o bom desenvolvimento da ativi-
dade depende do número de participantes e da modalidade da mesma.
Qualquer que seja a oferta de atividades turísticas e a opção de prestação
de serviços de mão-de-obra (funcionários especializados, profissionais “free
lancer”, empresas tercerizadas ou outras empresas especializadas), devemos
lembrar que todos são parceiros.
A situação de parceiros na prestação do serviço gera a situação da
responsabilidade solidária, onde todos respondem por tudo, individual ou
coletivamente.
Identificar um bom parceiro significa conhecer o profissional ou a
empresa em seus aspectos administrativos, financeiros e operacionais.
Significa identificar as competências de seus colaboradores e conhecer
detalhadamente seus produtos e equipamentos.
No Turismo de Aventura, a presença de perigo e riscos é ineren-
te, pois esta é uma das principais características da aventura. As-
sim, é necessário analisarmos quais são os perigos e riscos presen-
tes na atividade para que possamos operá-la com segurança e de forma
responsável.
Recomendações Específicas para o Turismo de Aventura
Esta análise deve ocorrer tanto por parte do turista, que deve ter conhe-
cimento e informação acerca da atividade que irá praticar sabendo quais são
os seus limites pessoais, quanto por parte do fornecedor de produtos de aven-
tura que deve analisar, identificar e minimizar os riscos e perigos da mesma.
Contingência: Correção para minimizar as con-seqüências da ocorrên-cia de determinado risco
40 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Nem sempre nas atividades em que há mais risco, se concentra a maior
incidência de acidentes. Isto porque os riscos são minimizados à medida que
se tem conhecimento prévio de sua existência, com a utilização de diversos
“instrumentos e ferramentas”. São os procedimentos de prevenção, os equi-
pamentos, as regulamentações etc. que ajudam na análise e prevenção dos
perigos. Vejamos a seguir algumas observações importante.
ETAPA
Planejar com antecedência
Identificar os riscos
Apontar potenciais riscos
Quando for o caso, remover os ele-
mentos que contribuem para as situ-
ações de risco
Evitar situações de risco
Identificar e classificar as situações
de risco
Avaliar e redefinir o risco
Avaliar as perdas potenciais
Minimizar as perdas
Fazer os devidos ajustes
EXPLICAÇÃO
Reconhecer que os acidentes acontecem
Estar continuamente consciente das situações e condições de risco
Garantir que todos os membros do grupo estejam a par da existência de
riscos potenciais tão logo sejam identificados
Se a advertência não for suficiente para dar conta do risco, removê-la
contanto que isso não aumente seu potencial
Se possível, mudar as atividades planejadas ou a rota para a alternativa
mais segura
Buscar maneiras adequadas de minimizar cada um dos riscos ou
ameaças
Considerar se o risco é ambiental ou humano
Estimar a quantidade e intensidade de riscos
Adotar um curso de ação que aumente o resultado do acidente como
aceitável e recuperável na medida do possível
Adotar medidas planejadas contra acidentes
É imprescindível ao operador de produtos de aventura adotar esses proce-
dimentos de análise de perigos para que possa desenvolver uma preparação
logística e técnica da atividade a ser realizada. Isto porque ele tem responsa-
bilidades legais para com seus clientes, e o risco/perigo a que os turistas se
expõem não pode ficar a cargo só de sua consciência e habilidades.
A segurança depende da interação de três fatores: pessoal, equipamento
e procedimento. Para tanto, é necessário um conhecimento profundo da ativi-
dade. E, para alcançar este conhecimento é preciso:
Atenção
Leia no Suplemento “Legislação e Turismo
Rural”, a Operação Segura ABNT, no tópico
Segurança.
consciência do praticante;
escolha do equipamento adequado;
capacitação do profissional;
normatização das atividades.
•
•
•
•
41FAESP SENAR-AR/SP Turismo em Áreas Produtivas e Naturais
Sustentabilidade
Respeito à Natureza
Impactos no Meio Ambiente
Capacidade de Carga
Planejamento e Uso Racional dos Recursos
Desenvolvimento das Atividades Turísticas
Operação Segura e Responsável
•
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REVISÃO
Por fim, ressalta-se que é a qualidade do produto que leva uma pro-
priedade ao sucesso e não somente a quantidade de atrativos que a mes-
ma oferece. Portanto, tenha sempre em mente a filosofia da hospitalidade
e da segurança para que seu cliente retorne outras vezes ao seu empre-
endimento e comente com seus familiares e amigos como a experiência por
ele vivida foi excepcional.
Até aqui vimos todos os aspectos envolvidos diretamente e indiretamente
no desenvolvimento de atividades turísticas em áreas naturais e/ou produtivas.
No próximo Capítulo teremos condições de desenvolver alguns “produtos
turísticos” adequados à realidade de uma propriedade rural.
DESENVOLVIMENTO E FORMATAÇÃO DE
PRODUTOS TURÍSTICOSNeste Capítulo você vai:
inventariar e diagnosticar os recursos turísticos naturais e artificiais, detalhando o que foi levantado no Módulo 1 e avaliando sua potencialidade turística;formatar atividades turísticas como produtos a serem desenvolvidos de forma responsável e segura nas áreas naturais e/ou produtivas da propriedade rural.
•
•
43FAESP SENAR-AR/SP Formatação do Produto
FUNDAMENTOS E ETAPAS
Na formatação de um produto turístico, quer seja ele um empreendimento
de grande porte ou um recurso que poderá se transformar em atrativo turístico,
é necessário adaptarmos o projeto às condições reais do espaço. Isso equivale
dizer que em uma única propriedade rural não será possível implantarmos
todas as modalidades de atividades turísticas vistas no capítulo anterior.
Muitas propriedades possuem recursos turísticos e potencial para a im-
plantação e desenvolvimento do turismo rural. Entretanto, devemos lembrar
que recursos turísticos devem ser analisados e planejados para serem dispo-
nibilizados aos turistas como atrativos, capazes de gerar e manter um fluxo de
visitação contínuo.
A organização das atividades turísticas no espaço rural vai além da
simples constatação da existência dos recursos. É necessário seu desenvol-
vimento como atrativo e sua formatação como produto turístico. Por exemplo,
uma determinada propriedade rural possui uma bela cachoeira em meio à
mata conservada. Para que essa cachoeira possa ser formatada como atrativo
e disponibilizada aos turistas se faz necessária a análise e avaliação do aces-
so, dos pontos de perigo e grau de dificuldade, da fragilidade de fauna e flora
do local, da possibilidade de implantação de infra-estrutura de apoio, sem que
essas ações transformem a cachoeira e seu entorno em um espaço artificial e
impactem negativamente o meio ambiente.
Para tanto, além de contar com o auxílio de profissional experiente, deve-
mos levantar algumas questões preliminares que poderão indicar a viabilidade
do recurso como atrativo turístico. No caso do exemplo citado, devemos con-
siderar a identificação das melhores épocas do ano para visitação, escolher o
melhor caminho considerando o grau de dificuldade e o público-alvo que esta-
mos querendo atrair e como implantar a sinalização de orientação e advertên-
cia, além de prever a utilização de monitores e guias, entre outros aspectos.
As etapas essenciais para a formatação de um atrativo turístico ou
Alerta
A implantação de várias atividades turísticas
implica na compra de novas tecnologias e na
inclusão de novas frentes de trabalho que poderão inviabilizar o projeto do empreendimento como
um todo.
O ideal, portanto, é que o proprietário analise, em primeiro lugar, os
recursos que possui em sua propriedade, considerando sua produção
agropastorial, a fim de detectar as atividades que serão economicamente
viáveis. Além dessa análise preliminar, deverá analisar o entorno de sua
propriedade, a fim de que possa, em conjunto com seus vizinhos, formatar
um produto turístico mais completo e que traga resultados positivos para
todos os envolvidos. E, ainda, o que será necessário adquirir ou dispor.
DESENVOLVIMENTO E FORMATAÇÃO DE
PRODUTOS TURÍSTICOS
44 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
produto turísticos são descritas a seguir:
Inventário do Local: O Inventário é a tarefa mais importante e traba-
lhosa do projeto de formatação do produto, já que é nesse momento
que se estabelece a base para as etapas subseqüentes. Os vários itens
a serem observados irão traçar o perfil do recurso, bem como apontar
sua viabilidade.
Diagnóstico: O Diagnóstico é a análise sistematizada dos “dados bru-
tos” do inventário, de forma a possibilitar considerações finais sobre a
potencialidade do local estudado, natural ou modificado. Várias são as
metodologias para o procedimento do diagnóstico, entretanto a meto-
dologia FOFA (vide Anexo) é a que melhor se adapta neste momento
inicial. O levantamento dos Pontos Fortes e Pontos Fracos irá permitir
observarmos as características positivas e negativas da área analisada;
as Oportunidades e os Riscos nos mostrarão as possibilidades positivas
futuras e os fatores negativos que podem ser eliminados, minimizados
ou transformados em pontos positivos.
Prognóstico: O Prognóstico, baseado no resultado da análise diag-
nóstica, norteará as ações que devemos empreender. Caracteri-
za-se por umavisão de futuro, considerando a viabilidade técnica da
transformação dos recursos em atrativos turísticos. Como se trata
de um pré-projeto, essa análise deverá, igualmente, nortear o pro-
fissional da área de planejamento turístico quanto à necessidade
de legislação pertinente (ambiental, tributária, trabalhista, sanitá-
ria etc.), assim como as recomendações de ordem técnica, dentro
das áreas de engenharia florestal e civil, agronomia, biologia etc.).
Ficha de Produto: Como o nome diz, a Ficha de Produto permite a
descrição do recurso turístico e os indicadores básicos para o seu de-
senvolvimento como atrativo, conforme dados levantados.
Plano de Ação: O Plano de Ação deve ser entendido como os objetivos, me-
tas, estratégias e diretrizes preliminares, bem como as normas de manuten-
ção e controle, e o gerenciamento das atividades a serem desenvolvidas.
É interessante que os proprietários rurais, dispostos a explorarem turis-
ticamente seus recursos, estabeleçam uma hierarquia de atratividade entre
eles. Dessa forma, estarão priorizando alguns recursos turísticos e direcionan-
do melhor os investimentos.
•
•
•
•
•
Atenção
A tarefa de se inventariar recursos turísticos físicos, apesar de complexa, tem
a vantagem de contar com indicadores invariá-veis, que são as atrações naturais. Estas, a menos que ocorram catástro-fes ou fatos inusitados,
dificilmente mudam seu conteúdo ou sua
atratividade.
Metodologia FOFA: é a tradução da metodologia SWOT, em inglês, que representa as iniciais das palavras Streghts (forças), Weaknesses
(fraquezas), Opportuni-ties (oportunidades) e Threats (ameaças).
45FAESP SENAR-AR/SP Formatação do Produto
Hierarquia de
atrativos turísticos
Um sistema de hierarquia de recursos pode ser o seguinte:
Hierarquia 3 – atração excepcional, altamente significativa para o mer-
cado turístico, capaz de, por si só, motivar importante corrente de tu-
ristas de outros países. Ex: Fernando de Noronha; Encontro das Águas,
o encontro das águas escuras do Rio Negro com as barrentas do Rio
Solimões, em Manaus, Amazonas.
Hierarquia 2 – Atração com aspectos excepcionais, capaz de motivar
uma corrente de turistas nacionais, por si só ou em conjunto com outras
atrações. Ex: Serra da Canastra, em Minas Gerais.
Hierarquia 1- Atração com alguns aspectos chamativos, capaz de in-
teressar os turistas que vieram de longe para a região, por outras mo-
tivações turísticas, ou capaz de motivar correntes turísticas locais. Ex:
Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, São Paulo.
Hierarquia 0 – Atração sem méritos suficientes para ser incluída nas
hierarquias anteriores; faz parte do patrimônio turístico como elemento
que pode complementar outros de maior interesse no desenvolvimen-
to dos empreendimentos turísticos. Ex: Gruta dos Crioulos, Campos do
Jordão (SP)
•
•
•
•
Para a elaboração do inventário de recursos turísticos visto no Módulo 1,
temos que consultar as fontes e coletar informações no local onde ocorrem:
Consulta às fontes gerais: são as fontes que se referem a todo o tipo
de estudo, trabalho, projeto ou publicação, sobre o local e que podem
ser encontrados nos diversos institutos, escolas, órgãos públicos e pri-
vados, específicos ou não em Turismo.
Consulta às fontes eminentemente turísticas: são as publicações
que fazem referência ao local, tais como guias turísticos e de viagem,
folhetos, manuais de viagem, revistas, entre outros.
Coleta de dados primários: são os dados obtidos em trabalho de cam-
po realizado no local investigado, mediante observação, relatos e entre-
vistas com residentes conhecedores do assunto etc. Nesta fase iremos
rever o inventário da propriedade realizado no Módulo 1 e realizar as
inclusões e/ou alterações que se fizerem necessárias, conforme o ro-
teiro a seguir.
•
•
•
Fases do
inventário turístico
RPPN - Reserva Par-ticular do Patrimônio Natural: são proprie-
dades particulares que se constituem em corredores ecológicos, facilmente regulamen-tados junto ao IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis
46 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DE RECURSO TURÍSTICO NATURAL
Nome do Atrativo: Data:
Localização:
Bairro:
Distância da Sede:
Referência:
Classificação:
Cachoeira Trilha Rio ou Lago Caverna
Corredeira Mata Fonte Planície
Serra Cânion Outro. Especificar:
ÁreadeConservaçãoAmbiental:
Federal Estadual Municipal ONG
R.P.P.N Outro. Especificar:
MeiodeAcessoaoRecursoTurístico:
Regular Pavimento Rodoviário
Irregular Não Pavimentado A pé
Observação:
CaracterísticasFísicas:
Altura (m): Profundidade (m): Área (m²):
Largura (m): Comprimento (m): Volume (m³):
Altitude (m): Outra. Especificar:
CondiçõesNaturais:
Litologia (Rochas): Recursos Minerais: Tipo de Solo:
Vegetação tipo: Recursos Hídricos Outros. Especificar:
INVENTÁRIO RECURSO
47FAESP SENAR-AR/SP Formatação do Produto
Paisagem:
Cerrado Costeira Insular
Hidrográfica Campestre Subterrânea
CondiçõesdaFauna:
Espécies mais comuns Espécies em extinção Espécies Raras
Refúgios de Fauna Espécies Peçonhentas Outros
QualidadeVisualPaisagem:
Original: intocada pelo ser humano
Naturalidade: estado de conservação em relação ao estado original
Diversidade: elementos visuais e estética diversificada
Singularidade: presença de elementos que se destacam pela originalidade
4� FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
IntrusõesVisuais:
Presença de elementos e estruturas artificiais visualmente agressivas ou em desacordo com harmonia estética do local
Clima:
Classificação climática
Temperaturas máxima, média e mínima
Média anual - mês mais quente e mais frio
Pluviosidade - média
Umidade relativa do ar
Insolação - mês mais ensolarado e menos ensolarado
Nebulosidade - mês mais nublado
Ventos - direção, velocidade e predominância
DIAGNÓSTICO / PROGNÓSTICO
PropícioaoDesenvolvimentode:
Arvorismo Trekking/Hiking Águas Brancas Canionismo
Montanhismo Vôo Livre Cicloturismo Tirolesa
Águas Mansas Caminhada Outro. Especificar:
Detalhamento
UsoPretendido:
Constante Fins de semana Esporádico
Se esporádico, discriminar:
49FAESP SENAR-AR/SP Formatação do Produto
Pontos Fortes
Pontos Fracos
Oportunidade
Riscos
Avaliaçãodehierarquização
Muito Interessante Interessante Pouco Interessante
TempoNecessárioparaVisitação:
Horas 1 dia 2 dias + de 2 dias
DocumentaçãoExistentedoRecurso:
Fotos Plantas
Publicações Cartas topográficas
Outros. Especificar:
EquipamentoseServiçosaSeremOferecidos:
Alimentação Sanitários
Mirantes Informações Turísticas
Estacionamentos Posto Emergência
Monitoria Sala de Equipamentos
Outro. Especificar:
AvaliaçãoGeraldoRecurso:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
50 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Nome do Recurso: Data:
Localização:
Bairro:
Distância da Sede:
Referência:
Classificação:
Plantação Granja Horta Pomar
Curral Estrebaria Outro. Especificar:
MeiodeAcessoaoRecursoTurístico:
Regular Pavimento Rodoviário
Irregular Não Pavimentado A pé
Observação:
CaracterísticasFísicasdoRecurso:
Altura (m): Profundidade (m): Área (m²)
Largura (m): Comprimento (m): Volume (m³):
Altitude (m): Outro. Especificar:
CondiçõesArtificiais:
Construção Nova Construção Antiga Construção Restaurada
Área Externa sem construção Construção Inacabada Área Mista
ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DE RECURSO TURÍSTICO ARTIFICIAL
INVENTÁRIO
51FAESP SENAR-AR/SP Formatação do Produto
Nível de Conservação: Adequada ao Uso: Inadequada ao Uso:
QualidadeVisualdaConstrução:
Original
Modificada
Restaurada
Sem manutenção
QualidadedeInstalação:
Insolação
Ventilação
Higienização
Rede Elétrica
Rede de Água e Esgoto
Sinalização
Outros
DIAGNÓSTICO / PROGNÓSTICO
PropícioaoDesenvolvimentode:
visita à Área Produtiva Leite ao Pé da Caca Colha e Pague
Colha e Coma Pesque e Pague Cavalgada
Outro. Especificar:
Detalhamento:
52 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
UsoPretendido:
Constante Fins de Semana Esporádico
Pontos Fortes
Pontos Fracos
Oportunidades
Riscos
AvaliaçãodeHierarquização
Muito Interessante Interessante Pouco Interessante
TempoNecessárioparaVisitação:
Horas 1 dia 2 dias + de 2 dias
DocumentaçãoExistentedoRecurso:
Fotos Plantas
Publicações Cartas topográficas
Outros. Especificar:
EquipamentoseServiçosaseremoferecidos:
Instalações de Alimentação Sanitários
Mirantes Informações Turísticas
Estacionamentos Posto de Emergência
Monitoria Sala de Equipamentos
Outro. Especificar:
AvaliaçãoGeraldoRecurso:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
53FAESP SENAR-AR/SP Formatação do Produto
POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS TURÍSTICOS
Após o processo de avaliação da propriedade, realização de inventários de
recursos turísticos, diagnósticos e prognósticos, é chegado o momento de es-
tabelecermos um plano de ação preliminar, prevendo o receptivo de turistas,
a estrutura física, as necessidades de contratação e treinamento da mão-de-
obra, bem como da compra de equipamentos específicos, planejamento da
operação e assim por diante.
Dessa forma, os indicadores básicos para o desenvolvimento das ativida-
des turísticas deverão ser apontados em Ficha do Produto Turístico a seguir,
conforme dados levantados.
É válido ressaltar que é a qualidade do produto que leva ao sucesso e
não somente a quantidade de atrativos que a mesma oferece. Portanto, tenha
sempre em mente a filosofia da hospitalidade e da segurança para que seu
cliente retorne outras vezes ao seu empreendimento e comente com seus fa-
miliares e amigos como a experiência por ele vivida foi excepcional.
FICHA DO PRODUTO TURÍSTICO Nº
Nome:
Descrição
Público-Alvo:
Necessidades (parceiros e equipamentos):
Operação Segura e Responsável:
54 FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais
Assim, após o preenchimento das Fichas de Produtos Turísticos, é ne-
cessária a elaboração de um plano que indique as ações e etapas a serem
seguidas, intitulado Plano de Ação.
O Plano de Ação é uma ferramenta metodológica gerencial que permite
estabelecer a direção a ser seguida pelo proprietário rural visando maior e
melhor interação de sua propriedade e atrativos com a realidade do Turismo.
Objetiva, em linhas gerais, subsidiar todas as ações e projetos em sua proprie-
dade, no que se refere à implantação das atividades turísticas.
É composto por uma série de providências e tarefas a serem efetuadas
a partir de um planejamento. Num plano de ação as providências são devida-
mente priorizadas e listadas por ordem cronológica, a saber:
PLANO DE AÇÃO
Nome:
Responsável:
Prazo de Execução:
Data de Conclusão:
Objetivo Geral:
Objetivos Estratégicos:
Diretriz Geral (gestão)
Parcerias:
Diretrizes Estratégicas
Público-Alvo:
DistribuiçãodosProdutos:
PromoçãoeDivulgação:
Dica
Para total segurança e sucesso no seu empreen-dimento, procure conhe-cer a legislação vigente
adequada e, se necessá-rio, contrate profissionais
especializados.
55FAESP SENAR-AR/SP Formatação do Produto
Fundamentos e Etapas
Roteiro de Avaliação de Recurso Turístico Natural
Roteiro de Avaliação de Recurso Turístico Artificial
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REVISÃO
Parcerias:
NecessidadesdeInfra-Estrutura(pontodepartida,sanitários,sinalizaçãoetc):
Necessidades de Equipamentos:
Necessidades de Recursos Humanos:
Medidas de Operação Segura e Responsável:
O empreendimento pode optar por contratar o serviço de profissionais
free-lancer ou contratar o serviço de uma empresa terceirizada. Mas, não deve
ser esquecido que a indicação de parceiros na prestação do serviço gera a
situação da responsabilidade solidária, onde todos respondem por tudo, indi-
vidual ou conjuntamente.
Identificar um bom parceiro significa conhecer o profissional ou a em-
presa em seus aspectos administrativos, financeiros e operacionais. Significa
identificar as competências de seus colaboradores e conhecer detalhadamen-
te seus produtos e equipamentos.
Agora você tem condições de planejar atividades turísticas na sua pro-
priedade, formatadas como turísticos a serem operados de forma segura e
responsável.
No próximo Módulo vamos tratar de resgate gastronômico, organizando
um Evento Cultural.
56 57FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais Bibliografia
BIBLIOGRAFIA
Nestas referências , você vai:
Encontrar todas as fontes que foram consultadas para escrever esta Cartilha;
Selecionar as obras para você aprofundar seu conhecimento.
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56 57FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais Bibliografia
BENI, Mário Carlos. Análiseestruturaldoturismo. 6ª ed. atual. São Paulo:SENAC,
2001.
COSTA, Patrícia Côrtes. Unidadesdeconservação. – São Paulo: Aleph, 2002
(Série Turismo).
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DiretrizesparaVisitaçãoemUnidadesdecon-
servaçãoSecretariadeBiodiversidadeeFloresta.DiretoriadeÁreasProtegidas.
Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006.
GUT, Mauro Araújo (Org). Desenvolvimento de projetos turísticos. São Paulo;
CEETEPS, s/d.
LINDEBERG, Kreg;HAWKINS, Donald (orgs). Ecoturismo:umguiaparaoplaneja-
mentoegestão. São Paulo: SENAC, 1995.
LOUREIRO, Carlos et al. Educaçãoambiental:repensandooespaçodacidadania.
– 2 ed. – São Paulo: Cortez, 2002.
MENDONÇA, Rita; NEIMAN, Zysman (org.). EcoturismonoBrasil. Barueri; Ma-
nole, 2005.
MMA/MICT - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E DA AMAZÔNIA LEGAL / MINIS-
TÉRIO DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA. Diretrizesparaumapolíticanacionalde
ecoturismo. Brasília; MMA/MICT, 1994.
ROSE, Alexandre Turatti.Turismo,planejamentoemarketing.Barueri; Manoli,
2002.
RUSCHMANN, Doris. Turismoeplanejamentosustentável-aproteçãodomeio
ambiente. 4 ed., Campinas: Papirus, 1997 (Coleção Turismo)
SEABRA, Lilia dos Santos. 2000. Por um turismo do cuidado - discussões acer-
ca dos estudos de capacidade de suporte ecoturístico. In: Encontro Nacional de
Turismo com Base Local - Redescobrindo a Ecologia no Turismo, IV,Resumos
Expandidos, SBG, Joinville.
MINISTÉRIO DO TURISMO,SegmentaçãodoTurismo,Marcosconceituais. Brasí-
lia: Ministério do Turismo, 2006.
SWARBROOKE, John et al. Turismodeaventura:conceitoseestudosdecasos.
Trad. Marise Philbois Toledo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
UVINHA, Ricardo Ricci. Turismo de aventura: reflexões e tedências. São Paulo:
Aleph, 2005 (Série turismo).
www.feriasvivas.org.br
www.expedicoecesia.com.br
www.turismo.gov.br
www.abnt.org/cb54
www.ibama.gov.br
www.possibilidades.com.br
5� 59FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais Anexo
POTE RACHADO DEFEITO OU QUALIDADE?
UmcarregadordeáguanaÍndialevavadoispotesgrandes,ambospenduradosemcada
pontadeumavaraaqualelecarregavaatravessadaemseupescoço.Umdospotestinhauma
rachadura,enquantoooutroeraperfeitoesemprechegavacheiodeáguanofimdalongajornada
entreopoçoeacasadochefe.Opoterachadochegavaapenaspelametade.
Foiassimpordoisanos,diariamente,ocarregadorentregandoumpoteemeiodeáguana
casadeseuchefe.Claro,opoteperfeitoestavaorgulhosodesuasrealizações.Porém,opotera-
chadoestavaenvergonhadodesuaimperfeição,esentindo-semiserávelporsercapazderealizar
apenasametadedoquehaviasidodesignadoafazer.
Apósperceberquepordoisanoshaviasidoumafalhaamarga,opotefalouparaohomemum
dia,àbeiradopoço:
-Estouenvergonhado,queropedir-lhedesculpas.
-Porquê?,perguntouohomem.-Dequevocêestáenvergonhado?
-Nessesdoisanoseufuicapazdeentregarapenasmetadedaminhacarga,porqueessa
rachaduranomeuladofazcomqueaáguavazeportodoocaminhodacasadeseusenhor.Por
causadomeudefeito,vocêtemquefazertodoessetrabalho,enãoganhaosaláriocompletodos
seusesforços,disseopote.
Ohomemficoutristepelasituaçãodovelhopote,ecomcompaixãofalou:
-Quandoretornarmosparaacasadomeusenhor,queroquepercebasasfloresaolongodo
caminho.
Defato,àmedidaqueelessubiamamontanha,ovelhopoterachadonotoufloresselvagens
aoladodocaminho,eistolhedeuânimo.Masaofimdaestrada,opoteaindasesentiamalpor-
quetinhavazadoametade,edenovopediudesculpasaohomemporsuafalha.Disseohomem
aopote:
-Vocênotouquepelocaminhosóhaviafloresnoseuladodocaminho?Notouaindaquea
cadadia,enquantovoltávamosdopoço,vocêasregava?Pordoisanoseupudecolherflorespara
ornamentaramesadomeusenhor.Semvocêserdojeitoquevocêé,elenãopoderiateressa
belezaparadargraçaàsuacasa.
Autor desconhecido
5� 59FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais Anexo
ANEXO
60 61FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais Anexo60 61FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais Anexo
A metodologia FOFA (SWOT) consiste em uma análise do ambiente externo e interno de uma empresa, de um equi-
pamento, de um recurso e de um atrativo como ferramentas de apoio ao seu processo de planejamento estratégico.
Sua importância no apoio à formulação de estratégias deriva de sua capacidade de promover um confronto entre
as variáveis externas e internas, facilitando a geração de alternativas de escolhas estratégicas, bem como de possíveis
linhas de ação.
O ambiente interno pode ser controlado por nós já que ele é o resultado de estratégias de atuação definidas por nós
mesmos. Desta forma, quando percebemos um ponto forte em nossa análise, devemos ressaltá-lo ainda mais; quando
percebemos um ponto fraco, devemos agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito.
Já o ambiente externo está totalmente fora de nosso controle. Isso não significa que não seja útil conhecê-lo. Ape-
sar de não podermos controlá-lo, podemos monitorá-lo e procurar aproveitar as oportunidades da maneira mais ágil e
eficiente, e evitar as ameaças enquanto for possível.
A avaliação do ambiente externo costuma ser dividida em duas partes:
• Fatores macroambientais - entre os quais podemos citar questões demográficas, econômicas, tecnológicas,
políticas, legais etc.
• Fatores microambientais – entre os quais podemos citar os beneficiários, suas famílias, as organizações congê-
neres, os principais parceiros, os potenciais parceiros, etc.
No ambiente externo encontram-se as Oportunidades e Ameaças, enquanto que no ambiente interno encontram-
se as Forças e Fraquezas.
Matriz da Análise FOFA - SWOT
Forças: correspondem aos recursos e capacidades do empreendimento, recurso ou atrativo que podem ser
combinados para gerar vantagens competitivas com relação a seus competidores. Incluem:
- marcas de produtos;
- conceito do empreendimento;
•
Estratégias deForças e Oportunidades Oportunidades
Estratégias Oportunidadese Fraquezas
Forças Missão daEmpresa
Fraquezas
Estratégias deForças e Ameaças Ameaças
Estratégias deAmeaças e Fraquezas
Metodologia FOFA
60 61FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais Anexo60 61FAESP SENAR-AR/SP FAESP SENAR-AR/SPTurismo Rural: Atividades em Áreas Naturais Anexo
- participação de mercado;
- vantagens de custos;
- localização;
- fontes exclusivas de matérias-primas;
- grau de controle sobre a rede de distribuição.
Fraquezas: os pontos mais vulneráveis do empreendimento, recurso ou atrativo em comparação com os mes-
mos pontos de competidores atuais ou em potencial são:
- pouca força de marca;
- baixo conceito junto ao mercado;
- custos elevados;
- localização não favorável;
•
Oportunidades: correspondem às oportunidades para crescimento, lucro e fortalecimento do empreendimento,
recurso ou atrativo, tais como:
- necessidades não satisfeitas do consumidor;
- aumento do poder de compra do mercado;
- disponibilidade de linhas de crédito.
Ameaças: correspondem a mudanças no ambiente que apresentam ameaças à sobrevivência do empreendi-
mento, recurso ou atrativo, tais como:
- mudanças nos padrões de consumo;
- lançamento de produtos substitutivos no mercado;
- redução no poder de compra dos consumidores;
- desenvolvimento de assuntos (O Que Fazer?).
O cruzamento entre os quatro quadrantes de análise provê uma moldura onde o empreendimento, recurso ou atra-
tivo pode desenvolver melhor suas vantagens competitivas “casando” Oportunidades e Forças, por exemplo.
No caso do cruzamento entre Oportunidades e Fraquezas, pode-se estabelecer as bases para modificações no
ambiente interno, de modo a poder aproveitar melhor as Oportunidades.
O cruzamento entre Ameaças e Forças, pode representar a possibilidade de se investir na modificação do Ambien-
te, de modo a torná-lo favorável ao empreendimento, recurso ou atrativo (não é tarefa fácil de ser conseguida).
Se no cruzamento entre Ameaças e Fraquezas estiverem situações de alta relevância para o empreendimento,
recurso ou atrativo, provavelmente trata-se de ocasião para modificações profundas, incluindo sua manutenção no
próprio negócio.
•
•
SENARSÃO PAULO
O SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural é uma entidade de direito
privado sem fins lucrativos. Criado pela Lei n.º 8.315, de 23 de dezembro de 1991, e
regulamentado em 10 de junho de 1992, teve a Administração Regional de São Paulo
criada em 21 de maio de 1993.
Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo,
o SENAR-AR/SP tem como objetivo organizar, administrar e executar, em todo o Es-
tado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais,
dirigido a pequenos produtores, trabalhadores rurais e seus familiares.
PROGRAMA TURISMO RURAL “AGREGANDO VALOR À PROPRIEDADE”
1. Turismo Rural: Oportunidades de Empreendimentos
2. Turismo Rural: Identidade e Cultura
3. Turismo Rural: Gestão de Empreendimentos
4. Turismo Rural: Ponto de Venda de Produtos
5. Turismo Rural: Meios de Hospedagem
6. Turismo Rural: Meios de Alimentação
7. Turismo Rural: Atividades Turísticas em Áreas Naturais
8. Turismo Rural: Atendendo e Encantando o Cliente
9. Turismo Rural: Resgate Gastronômico
10. Turismo Rural: Consolidação do Programa
SUPLEMENTOS
Roteiro de Inventário Turístico
Legislação e Turismo Rural
FAESP – FEDERAÇãO DA AGRICULtURA DO EStADO DE SãO PAULOSENAR-AR/SP – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
Administração Regional do Estado de São Paulo
MódulosIntrodutórios
MódulosEspecíficos
Módulos de Consolidação
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