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Post on 03-Jul-2020
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T R A V E S S I A
Impressões de Viagem
Janeiro 2002 ~ Junho 2016
T R A V E S S I A
Impressões de Viagem
Maria Gabriela Carrilho Aragão
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mgcaragao.wordpress.com
1a Edição Digital: Junho 2016
Conceptualização e Edição: a+oficina: Maria Gabriela Carrilho Aragão
Todos os textos são originais e ©a+oficinaTodas as imagens são originais e ©Autor e ©a+oficina
a+oficinaarquitectura e coisas ideadas
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TRAVESSIA / IMPRESSÕES DE VIAGEM
T R A V E S S I A
Texto & FotografiaMaria Gabriela Carrilho Aragão
Em memória da Tia Fato, companheira de viagem, talismã (Fátima Mamudo)
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TRAVESSIA / IMPRESSÕES DE VIAGEMTRAVESSIA / TANDANHANGUE - ILHA DO IBO
IIlha do Ibo: O Forte (© MGC Aragão, 2002)
TRAVESSIA TANDANHANGUE - ILHA DO IBO
Cabo Delgado, Moçambique.
A travessia do continente para a Ilha do Ibo faz-se a partir de Tandanhangue, uma localidade na costa do Mar das Quirimbas, Oceano Índico.
Tandanhangue situa-se a cerca de três horas de viagem de carro a partir de Pemba, a cidade capital da província de Cabo Delgado. Uma estrada que é principalmente de terra batida, com desníveis súbitos e troços alagados na época das chuvas.
As embarcações à vela, designadas lancha (Português) ou n’galaua (Kimwane), são táxis aquáti-cos que transportam até cerca de 15 passageiros e carga diversa.
À mercê das marés, é preciso esperar pela altura certa, para que a embarcação se possa aproxi-mar da costa, cortando pelo mangal. A janela de oportunidade é pequena.
Em Tandanhangue, um embondeiro-tecto serve de abrigo, durante a espera. A espera pode ser longa, e a hora de partida incerta.
O antigo pontão há muito que desapareceu, engolido pelo mar, pelo que os passageiros e a carga são levados a bordo pelos tripulantes do barco, os naodas; levados a braços, literalmente.
Depois, há que manobrar a embarcação para a saída do mangal. O tempo urge.
Já no mar, uma viagem tranquila, que sossega a alma, e alimenta o espírito.
Cerca de hora e meia depois, avista-se a Ilha do Ibo: o forte, o antigo pontão.
Desembarcamos num dos extremos da antiga Vila do Ibo, hoje largamente em ruínas.Habitada de memórias e de espíritos, rodeada pela vida dos novos bairros.
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Tandanhangue: A espera (© MGC Aragão, 2002)
A ÁRVORE-TECTO
Janeiro, calor.Que tal seria, contemplar o embondeiro como elemento arquitectónico? Os componentes estão lá: as raízes, fundações. O tronco, pilar-mestre. Os ramos e folhas, cobertura.A árvore como abrigo ideal, providenciando sombra e frescura durante a espera indeterminada pela chegada do barco.Ao redor, comércio de essenciais: bebidas frescas, fruta, bolachas.
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Embarque: Naodas (© MGC Aragão, 2002)
NAODAS
Marinheiros, bagageiros, guias.Por eles somos carregados para aceder à n’galaua (embarcação), devido à ausência do pontão desaparecido pelo mar.Com a sua perícia se manobra a saída do mangal, e mais à frente, à chegada do Ibo, se nego-ceia a passagem por entre bancos de areia. Navegantes, as suas roupas confudem-se com o azul e o branco-céu, numa harmonização cromática, talvez acidental, com o ambiente do ganha-pão. Dia-sim, dia-sim.
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Quirimbas: Mar aberto (© MGC Aragão, 2002)
AZUL
No azul irreal do céu-mar, a linha do horizonte ancora a realidade.Aqui e ali, uma outra n’galaua de pescadores, e ilhéus, memórias da terra firme.No marulhar das ondas, um universo sonoro que é também espaço físico.
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Antiga Vila do Ibo: Marco limítrofe (© MGC Aragão, 2002)
DESEMBARQUE
Devido à presença de bancos de areia, a embarcação aproxima-se da Ilha desenhando um suave zig-zag, como se a cortejasse. Pouco depois, chega-se a um dos extremos da Vila do Ibo.Desembarcamos, novamente sem pontão, carregados a braços pelos naodas. No ar, o silêncio insular, porém não desconfortável: há vida, só que não se vê. Porque chegamos no pico do calor (11-15h00), durante o qual os habitantes se mantêm ao abrigo das casas.Para nós visitantes, uma chegada que é um começo.
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Antiga Vila do Ibo: Ruínas (© MGC Aragão, 2002)
ANTIGA VILA DO IBO
A antiga Vila está practicamente deserta, e em ruínas. Casas de dono, fechadas e abandonadas.Todavia, estranhamente expectantes. Talvez pelos bons ossos que têm, ou talvez, talvez, pelos degraus intactos, a convidar o acesso às varandas elevadas, platéias domésticas para o palco outrora quotidiano das ruas principais.Ruínas habitadas de memórias e espíritos, onde até a vegetação aguarda deferimento para crescer, de tão escassa.
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Vila do Ibo: Caminho (© MGC Aragão, 2002)
CAMINHOS
Saíndo dos limites da antiga Vila, há caminhos bem frequentados, com vegetação luxuriante e variada, convidativos.Um dos caminhos passa pelo cemitério muçulmano, e mais além, termina no cemitério cristão. No cemitério, uma prece e uma invocação, entre campas antigas.Um regresso, que anunciará a partida.
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