textos antigos - revista lusitana 21
Post on 07-Jul-2018
236 Views
Preview:
TRANSCRIPT
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
1/57
TEXTOS NTIGOS PORTUGUESES
Cf.
REVISTI\ LUSITRNI\ XX
183)
\ ' J
l n t r o d u ~ a o
Entre
as \·J.rias
traduc;\,es da Regra de ~ - Bento tescrita
ori
ginariamente
em latim), feitas
por rnonges
d Akoba).'a: tlgura a
que se segue
e
por
si
.sl1
ocupa
todo
o c6J.ice
daquela
prove
niencia, que, actualmente
com
o
n.o
44
(de antes 32A)
se guarda
na Biblioteca :\acional de
Lisboa.
ele
um belo volume
enca
dernado, cujas
folhas.
todas de pergaminho, teem
estas
dimenM
sOes: omtJ
:=;6
de
comprlmento
e om. 118
de
largura,
ocupando
a
parte escrita respectivamente om.t
I-t
e omp8:;
ou
seja
com
mar
gens em
ambos os lados
e no alto e parte inferior
de cada
p
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
2/57
REVISTA tUSITAN.r'\
myll e imediatamente
depois
talvez
R
mesma
mao,
mas
com
letra de talhe diferente, exarou
esta
nota: Era do nascimento de
1wsso
Senhor
ihesu
Christo
de m.ill
e qua.tro centos e o_vteuta e
no-ut
tlnos
entrarO
per 1IO l iros fn'y
Diego dt
Li.-rboa e
frey • r
hanC de
G_vmanles em
dia
de
santa .:lfan·a
de
marco
que he aos
[X]XV dias do liitn mes. :l ais tarde ainda alguem escreveu em
seguida: Anno
Domini 5 l in
1 igilia sancti
Ednuidi
ingressu,-,
est putter Petrus a
R_yuo
nwjurc dvmum nouidorum _ . (o resto
foi cortado pelo
encadernador .
No rosto
da
folba seguinte, ou
seja
a \' 1", ,·eem-se, feitos a pena, urn abade
de
mitra e
baculo
em atitude
de
abenyoar um frade
que esta de
joelhos diante
dele, e
por de
tnis destas figuras um
convento
com dois cipres·
tes. um a
cada
lado
1
sendo no respectivo verso que
principia
o
texto
da l ~ e g r a .
que
se
prolonga ate
ao
rosto
da
folha CXJla e
termina
com urn
Deo
g r a { ~ a s a tinta
vermelha; na parte
inferior
desta
mesma p3gina
e s r e v e u ~ s e
muito
depois evidentemente
D a l c o b a r - a ~ isto e mais uma
indicayao dos
possuidores
do
li,·ro.
o
verso dessa
mesma
folha 12-se no alto o nome de
Jesus
em
abre\·iatura, ao qual
se
segue
uma f{)rmula de absolvic;ao de
excomunhao de defuntos,
a
julgar
por
estas palavras
que
veem
depois dela: Auima eitts et omnium fide/iii de{tmctorum
per
mi
sericordiatu Dei requiescant in pace. AmJ. Na folha imediata
CX ll• le-se: Aos (e por cima a los} uiuos tribuat Domiuus
11ifii
cternam.
Amem:
aos
.fiuados
anime eorum
requ£esciit
in
pace
amem.
Conjt:ssiones
frafrit. Anima
istiu.s et
mrntium. A seguir comeya
uma especie de regra de civilidade, cujo titulo
e
Muito ama
Dcu · a ordeutit;a. e se
continua no
respectivo verso, na folha
imediata
1
da qual
sU se
e
o rosto,
por
isso
que
o
verso acha-se
colado a capa do livro, e
ainda, segundo
presumo, na parte
posterior
da que
se acha a
farrar
tambem a
capa da
frente.
A letra do
manuscrito
e o
gotico
usado
na epoca,
mas muito
bern feito, o que facilita bastante a
sua
leitura,
sendo de cor
preta
a
do
texto e vermelha a dos titulos e inicial
de cada
capitulo.
Sobre
quem
fossem
S
autores
desta
copia e t r a d u ~ i l o que
e
glossada. como
todas as outras
da
mesma
provenieucia,
com
e x c e p ~ i l o
da do c6dice n.• 14, publicado por Fr. Fortunato de
S. Boa
ventura
nos
seus
i7ll ditos- se
e
que
o tradutor foi per
sonagem diferente
do
copista - nenhuma informa
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
3/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
9
ali a
pOs.
Tern com efeito toda a
aparen.cia
da
linguagem entao
usada a
que
ali se encontra
1
mas s J a dos ultimos anos
daquele
seculo ou dos
primeiros
do que se
lhe
seguiu
nao
obstante
0
emprego
de alguns vocibulos
que
para
o tempo jet
se
teriam
tornado
talvez obsoletos,
emprego
que
todavia
se
p o d e r ~ l
expli·
car
pela ~ n f t u e n c i que
capias
mais antigas exerreram
nas que
sucessivamente se iarn fazendo com o fim de acomodar s u c e s s i ~
vamente ao
modo
de
f l r ~
t o r n n d o ~ o
assim inteligivel a
todos
urn texto de tanto
uso
e leitura, como naturalmente de\'ia
de
ser
aquele que continha os preceitos e conselhos a que todos
sem
except:;
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
4/57
9
REVISTA LUSITANA
0 X' do ssegundo graao XXXV
0
X'
do
terceiro
XXXVI
XII
do quarto
XXXVI
XII do quinto
XXX\
1I
0 Xllll
do
ssexto XXXVIII
X"V do
sseptimo .
XXXVIII
XVI
do
oilavo XXXIX
XVII
do
nono XXXIX
0 XVIII
do de
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
5/57
HXTOS ANTIGOS PORTUGUESES
93
0 XLII como deue reyeber os ffrades ffugitiuos
que
sse wlao
do moesteiro LVlll
0 XLIII como
deue castiguar
os mo[rm]
9 s
de
meor
hidade
LVJI
XLIIII
quail
deue sseer
o 1:elareiro LVI l
XLV
das alffayas e tferramentas do moesteiro
LX
0 XLVI
sse
deuC
os
mOges
dauer on
teer alglHt
coussa
prop1a LXI
XLVII
sse
deue
todos
de re1:eber igualmcte
as
coussas
neyessanas
0
XLVIU dos
domaairos
da
cozinha
XLIX dos
frades cftermos
L
dos
uelhos e
dos
moyos
pequenos
Ll
do
domaairo
de leer aa
mesa
0 LII da quantidade e
menssura
dos
m a n i a r e ~
0 LIII da menssura e quantidacle do beuer
0 LUll quaes horas deuC de comer os monges
0 LV
como
nf•
deuc lfalar clepois de rompleta
LXII
LX II
LXV
LX
\'I
LXVI
LXVII
LXIX
LXX
LXXI
0 LVI dos que
ueerem
tarde aas horas de Deus
ou aa
mesa LXXll
0 LVII
como
deue
sat isfazer
os
que
fort'
e s c o m C ~
guados LXXI ll
0 L
\'Ill
como devc ssatisfazer os que falecem
na
egreia do
que
ha de
dizer LXXV
()
LIX d a q u e l ~ e s
que
l: alguas cousas pecarem ou d e ~ f a l l e -
~ e r e m LXXV [ ,.]
0 LX
como
deuC
tanger
e fazer sinal aas horars] ile
deus LXXVI
0 LX I como d e u ~ os monges
de
obrar
per suas
maaos LXXVII
0 LXII do
aguarclamdo da
quareesma
LXXX
0 LXUI
dos
frades que som
ocupados
t lauor ou som Cuia-
dos
em
alguu
caminho
LXXXI
0
LXllll dos
frades que som i'uiados a
perto
do moes-
teiro LXXXI
0
LXV
da
egreia
e oratorio do moesteiro
0 LXVI como
dew} r e ~ e b e r
o ~ hosrledes
0
LXV.ll
sse deuC os m\)ges
r e c e l _ ~ e r
cousa
LX\"lll
das
uestiduras dos
frades
0 LXIX
da
mesa
do
ab Jade
0 LXX dos frades artifi;;iaaes
LXXXII
LXXXIII
c a r t a ~
outra
LXXXV
LXXX\'
LXXX\'IH
LXXX\'lll
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
6/57
REVISTA LUSITANA
0 LXXI como deue
de
receber os f r a d e ~
n o u i ~ o s
LXXXX
0 LXXII como deue sseer re
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
7/57
1EXTOS ANTJGOS PGRTUGUESES
95
poer e reo;eber e coto dos seus filhos. que non seia e ne him
tenpo cotristado dos nossos
maaos
feitos. E por esto nsi lhe
deuemos seer obedientes e todo tepa pollos bees e men;ees que
reo;ebemos del
que
no ta
solamente
asi
como irado
padre
e
al
gCtu tCpo
nO
desherde os filhos. mais
aynda
n.§ assi como senhor.
spatoso temedoyro.
mouido
e asanhado pollos nossos
pecados.
de
os muy
maaos seruos
os
quaes ho ml qui.serom seguir
aa
gloria. a pena e ao tormeto
perdurauil.
irisiv
En todo
tepa deuemos d o b e d e , ~ e r aos
p r e ~ - : e i t o s de
deus.
e por tanto
l e u ~ U e m o n o s
e quitemonos dos pecados C que C
algUu tf-po steuemos
ou stamos. [IX]
por que a scriptura nos
arnoesta
e diz.
hora he de
nos
leuatarmos
do sono. s. do pecado.
E
abramos os olhos do noso
c o r a ~ t ) . e
ct1
as
orelhas
do noso
emtfdimfto o u ~ ~ a m o s aquello
que
nos
amoesta
e
cada
hliU dia a
uoz
santa
e diz. hoie
este
dia (
1
)
se ouuirdes
a uoz
de
ihesu
cristo nf1 quelrades eduretar
uossos c o r a ~ i 1 e e s .
E diz
snd
mais. Aquell que
teuer orelhas
pera ouuir a palaura
de deus
ouya. e Ctenda hem
aqudlo
que o
spirito santo
diz aas egreias.
E que diz. filhos. uijndeuos e ouvydeme. e insinaruosey que
cousa he o temor de deus. E traiJ3lhade equanto teendes e aue-
des Jume
de
uida.
ne
per
uCtura as
treuas da
rnorte uos
cal\·e
e
tome. E demadante
(J
o nosso
senhor
cteus
na
r n u h i d ~ J O e do
seu poboo o sseu obreiro. ao qua.ll esta cousa braada. diz aynda
outra uez. Qual
he
ho home qne quer uida perdurauil e cobijya
e deseia de ueer boons dias. A
qual
com.;a sse tu
ouuyres
e
disseres
en.
diz a ti
deus.
Se tu queres auer uerdaJeira
uida
e
perpetua pera todo senpre,
quita
e refrea a tua lingua do mal
e a tua boca. nf)
fa11e
Cguano. parte-te do mal e faze boas obras.
demada paz
e
siguia.
E quan[x}do
uos
esto fezerdes.
os
mens
olhos seerom sobre uos e as
minhas
oreihas
seert
prestes e
aparelhadas
pera
os
uossos
rogos. e ante
que
me chamede.s. direy.
eu presente som pera
cornprir
as
uo.ssa:5
piti\,'{Joes. Irmaaos muito
amados, quail
cousa
pode seer me1hor e mais
nobre
a nos
que
esta
uoz
de
nosso senhor ihesu christo. que nos
conuida
e
chama
e
cada
hlm
dia e por
sua
piedade e rn.isericordia nos d e m o n ~ t r e
ho caminho da uida perdurauil.
d n ~ v s i o .
Pols
que
deus
polla
sua
p i e ~ l a d e nos demostra ho caminho
da uida. deuemos
d e ~ g u a r n e c e r
J e
\;:erquar
os nossos corpos
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
8/57
REV ST A UJS TANA
per
ffe e per aguardamento de boas obras. e sseguir ho caminho
e a carreira de euagelho. pera sseem1os dignos e mere.,:edores de
u e e r m o ~ deus no sseu
regno.
no qual regno. sse quisermos morar
nc,
podemos
allo
hir
~ a a l u o
sse
ffezermos
boas
obras.
E
porende
preglitemos o nosso ssenhor
deus
cl) o
propheta
e diguamos a
ell.
Senhof. quem uiuera
e
possuira
a
tua morada. ou quem
ffolguara no
teu santo f f i ( ~ l t e . depois desta pregunta. irmaacs.
ow;arnos nosso
senhor deus
que
nos responde
e
nos
de[X ]mos
tra ho
caminho
e a carreyra da ssua morada e diz. Aquell que
entrar puro
e linpo e
sem pecado
e
ohrar
iustif;a.
aquell
que
falar e tli,-;ser uerda:de no s:-;eu corac;O e
na
sua boca. e aquel
que
n,-)
trouuer
en_Jano
nC
tnaliyia
na
sua
lingua. aquell
que O l
fezer
n ~
di5ser mal ao
seu
proximo. aquel que n ~ ) quiser
ascuitar
n2
ouuir o mal
do
s.;;eu
proximo.
aquel que esquiuar e
contra·
disser ao diaboo
)S
seus
amoestametos.
e
remouer
e tirar
do
seu
c o r a t ; l ~ , el e t\.)cialas sua:; teptayl)ees. e
a-s
suas maas cuidayt,oes
quebnmtar. e demustrar a ihesn christo. E aquelles que temerC
deus e n \ ~ 1 Cssoberuecer0- ne sse
e x a l ~ a r e m
pollo bem que rlazem.
mais
cuidaretn senpre que o be que elies ouuer proyede e
uem de deus. e n r ~ ) delles. por que
de1es.
nl)
pode
proc;eder ne
sa_vr
n2 hUa boa
nbra.
e
1ouuarem
e
daretn
(
1
J
grac;as a
deus.
po lo ,0 que
obra
0 eles.
d e z t ~ n d o
o dito
do
propheta.
Senhor.
nt1 a nos. n·J a nos. m a ~ s ao teu santo nome da
gloria
e
louuor.
e a:;;sf con1jtou
n ~
assijnuu
a ssi n3hUa
euusa.
(]izendo.
aquello
que eu
ssom
feito.
per1a
g r a , ~ a de den:-: s ~ o m
E ell diz
aynda.
aquell
que
sse g l o ~
rificar e
alt·lx:1
·.:grar'
a1egresse
C
deus.
e
de gra\;as
a ell. E
ihesu
chri:;;.to diz no euJ.g:elhn. aquell que ouue
a-s
minhas pa1auras e
as
ftaz.
eu
ho
:-Tarey
~ s e m e l h a u i l
ao homem
S3abedor
que
ediffi.
cou
e
fundou
a
sc.;ua
casa ;.;sobre a pedra.
ueen-l os
rijos.
sso·
prarl.)tn
os u;::·tos. e Cpeyarom e derom aquella
cassa
e nC
na
podertl derribar.
por;1ue era ffll(lada ssoUre pedra.
Aquestas
cou;;;.as ;o;suhrt>liit;;b
comprio
e acabou o nosso s.;;enhor
deus.
e
el e;.;guan la c:tda. h:}u Llia per
estes
sew:;
santos
a m o e s t a m ~ t o s
que lhe dt:uc:nos de
resp\)der C i ~ )
Loas
obras
e boos ffeitos. E
p o r t ~ ~ t o
l ni0da.(,'•l e
cnrrigimento d ~ ) . s
no.ssos pecados.
nos ssom
leix;Hl
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
9/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
97
que nosso ssenhor deus mny piadoso disse. m) quero a
morte
do pecador. mais
que
se conuerta e tome a penitencia e uiua.
d i z n : . ~ i o .
lrmaaos
quando pregutamos
o nosso ssenhor deus qlu'> era
aquel
que
auia
de possuir
a
ssua
morada. ouuymos o pret;epto
e o ecomendamento que pertee
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
10/57
REV ST A LUSITANA
ssegunda g e e r a ~
he
dos anacoritas. e estes ssom os
[xv]
hirmi
tiillt S que no logo nouamente
e come
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
11/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
99
bestes spiritu de adop
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
12/57
100 REVISTA LU61TANA
mais
huu
que
o outro.
saluo
aquel
que
for
achado
~ milho
res feitos. ou mais
o b e d i ~ t e
No seia preposto
ho
liure
ao
seruo.
s. se
ho
seruo
ueo primeiro
aa
hordem que
o liure
no
deue
ho
liure
dauer
mayor
loguar que
o seruo.
saaluo se
for par algua
causa razoauil. E esto pode ffazer o obbade a
qual quer que
seia da cogrega96 se el
uir
e etender
que he
tal
que
o mere seia promouudo. mais cada
huu tenha seu loguar
propio.
par que
tabem
seruos
como liures
todos
somas
huus em ihesu christo. e todos nos
deus
padre
criou igualmente. e todos
deuemos
de seruir a el ajutadamente. e
hua
vnidade
e igualdade.
porque
ante
no ha
departimento
nem re e;ebemento de pessoas. Tam soomente e esto ssomos de-
partidos
ante
a
ssua
presen
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
13/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES 101
[XXII] de
reger almas. e seruir aos
custum
es e aos t a l ~ [ ~ ; ; de
muytos. E
huus deue
de
reger
e correger
per palauras
hlandas
e
massas
e outros
per
palauras de doestos. e
outros
per
rogos
e
amoestamentos. E
ssenpre
vse e seia co
os seus
di\'ipollos e os
c5forme.
segundo
a qualidade e codi
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
14/57
1 2 Rf'VIST A LUSITANA
my hor e rnais proueitoso. E
os
frades assy
deue
de
dar
consse-
lho co toda subgeip> e homildade.
que
no
presuma ne
ousern
demostrar ne
defender soberuosamente
aquello
que
a elles for
uysto. mas ho consselho ste mais no aluydro e juizo
do
abbade
que
no delles. e todos obedee
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
15/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
1 3
sseia peljuro. verdade de coraco e uoontade e pella boca dizer.
mal por ffi9.l no fazer ne dar. Jniuria a nehuu no fazer. mais
se
lha
fezeri pacietemente e
cl i
humildade
par
amor
de
ihesu
christo a ssoportar e ssofrer. N sseer soberuoso. ne beuedor.
nen
muyto comedor. n sonollento e dormidor. ne priguy e voonta[xxvu]de
spiritual deseiar e nebrarse e cada
hCm
dia que ha de morrer.
Os feitos e as obras
da ssua
vida e toda
bora
aguardar. e sseia
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
16/57
1 4
REVISTA LUSITANA
onde todas estas
cousas
sobreditas cil d i l i g e n ~ a deuemos de
fazer e obrar. ssom os moesteiros. e persseuerar e cOtinuar
n
cogregua
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
17/57
TEXTOS NTIOOS PORTUOUESES
IOS
murmure pella boca. mais
murmure
(
1
) no corac;o. e fa deuemos de
falar ne dizer as boas cousa.,.
quanto
mais polio pecado e pena
del deuemos de calar e cessar de dizer
maas
palauras. E por
Me aos di
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
18/57
\
lo6
REVISTA LUSITANA
mynha
alma o teu
gualardo
e gloria. como o rno
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
19/57
TEXTOS ANTIQOS PORTUOU SES
107
me
eu
guardar de toda
maldade. E
ainda nos
he
defeso
que no
ffa< arnos a
nossa
propia voontade dizedo a scriptura a nos.
Tomate
e quitate
dos teus
dileitos
e
deseios. E
por
ede
e
nossas orat;Oes rroguamos a deus que seia a ssua voontade
o m ~
prida
e
nos. Como
ergo somas doutrinados
e esinados.
no
fazer
as nossas
voontades. e n > fazer aquello
que
deffende
a santa
scriptura.
om
autos e obras que
p a r e d ~
aos
homees
dereitas e
boas. a fim e o acabamento das quaes
t r a ~
em
os
hom.ees
ao
proffundo
do jnfemo
E
quando
fazem.
s
aquello
que
defende a
santa scriptura. caimos nas culpas dos negligentes. aos quaes he
dito. Corrutos e auorreyiuijs feitos ssom
nos sseus
maaos
d e ~ e i o s
[xxxv]
E
por esso
creamos
que
senpre
deus he presente
nos
nossos deseios
da
came
segC1do que
diz o propheta, Senhor ante
ti he todo o meu deseio.
E por esta
razom nos deuemos de qui·
tar
de
todo maao deseio. por que o maao deseio tras d )ssigo
jutamente
a morte.
Onde
a scriptura
nos
manda. e diz.
No
vaas
n ~
obedee.yas
aos
teus deseios.
E por Me jrmaaos se deus
es-
guarda os boos- e os maaos. el do < eeo senpre oolha sobre os
fi hos
dos
homees.
pera veer
se he alguu
que tema ou
queira
seruir
a deus.
E
se
as
nossas obras
e
cada
huu dia pellos
augeos
ssom demostrados
ao nosso
criador
deus.
ergo
c
toda
hora
nos
deuemos de_ cauydar
asy como diz o
propheta
no salmo. Nem
per uentura deus esgua.rde nos e as nossos feitos maaos sem
proueitc.
perdoando
a
nos
e este tenpo.
por
que
el
he
piadoso
e misericordioso e atende
que nos
tornemos a el. digua a
nos
no dia do
juizo.
Estes pecados
ffezeste
tu
e caleime eu.
ssegundo
ssegundo
grao da homyldade
he
sse
alguu nC> ama
a
ssua
voontade
propia.
ne
se dileita
ne
toma
plazer
pera
ci>prir e aca-
bar
os
seus
deseios.
mais
per obras
e
per
feitos
ssegue
aquella
voz
de nosso ssenhor que
diz. Nom vijm ffazer a
mynha
voonta-
de [xxxn]
mas a voontade daquel
que
me eviou.
E
diz a scriptura.
deleitamento ha pena e tormento. e a ne\'essidade aparelha
coroa
e gualardi:>.
Terceiro
teryeiro
grao da homyldade
he
se alguu
polio amor de
deus
suiugua ssy
e a
ssua
propia voontade
ao
mayor
com toda
obediem;:ia e
segue jhesu
cristo
do
qual diz o apostolo feito he
obediente ao
padre ataa
a morte.
Quari:o
0
quarto grao da homyldade
he. sse
toda cousa que he
madada ao
moge. posto
que seia graue
e
aspera
e cotraira
aa
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
20/57
108
REVISTA LUS TANA
ssua
voontade. toda obedien
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
21/57
TEXTOS ANTIGOS PORTUOUESES
l()(j
he forem ecomendadas
que
ffa
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
22/57
l O
REVISTA
LUSIT N
ficados em terra. ffazendosse reeo e
culpado
e en toda ora
pensando
e sseus pecados. e pense e cuyde e
sseu
cora90 que
ia
he
presentado
no muy
spantoso
juizo de deus. e digua
sen
pre
co os olhos fiquados i . terra o que he scripta no
euagelho
do
publicano. Senhor eu pecador ni > som digno
leuantar
os meus
olhos ao
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
23/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
l l
omine
qtli multiplicali sunt. E
depois
deste. Venite
e >:ttltemos
domino.
co
sua antiphiia. ou sem antiphiia se tal tenpo for. e
depois ho hynno. e seis salmos ct} antiphaas.
Os
quaes
acabados
e dito o uesso. de o abbade a been
alleluya. E ditos estes. digml o capitulo
de
cor. e o uesso. e
kyn eleysom.
e assy (xxxx1t1) seiam
ncabadas
as vigilias
das
noites.
Em que guisa sse lim de dizer as matinas no quintura
Dela
pascoa ataa
as calendas de
nouebro.
aas matinas.
diguam os salmos
pela
ordina sohre dita. saluo as lio;:es
que
nO seia leudas pelo liuro. E esta par as noites
que
sam breues e
pequenas. E
por
essas t.res liyt)es. seia dita
hL1a
liyc 1 de cor
do
testamento velho. e depois ela.
ln1u
rresponsso brt>ue. e todalas
outras cousas seia cfiJ ridas t acahadas pel a guisa que dito he.
cOuem a saber que m:ica aas matinas seia ditos menos de doze
salmos tirado. Domine qnid tu/ultiplir:ati stit e Venite e.-vulton-us
Donri1to.
Como
sse
deuem
de
dizer
as
matinas no domyngo
No dia
do domyngo
mai.s ~ e d o
sse
leu
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
24/57
1 2
REVISTA LUSITANA
ponssos
pelo modo e ordem que
de
suso disemos. Depois seiam
ditas tres
canticas
dos prophetas quaes
mandar
o abbade.
As
quaes canticas seiam ditas cii alleluya. e dito o uesso e
dada
a
beenc;o do abbade. seiam leudas
outras
quatro lic;oes do testamento
nouo.
segundo
modo e ordem das outras
suso
ditas. E depois
do quarto rresponso. come.;:e o
abbade
o hynno
Te deum lauda-
mus.
0 qual acabado. lea o abbade a li
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
25/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
3
phila
a
passo.
assy como no dia
do domyngo.
por tal
que
todos
chegue.
ao quiquagessimo. que C
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
26/57
REVIST
A LUSITANA
no seiam ditos co aileluya. ssaluo des a pascoa
ataa
penti·
coste.
Como sse
deue de
dlzer
as horas
do dla
Assy como diz o propheta. Senhor sete vezes
no
dia
dey
louuor
a ty. 0 qual
cOlo
septenario e
numero
de
nos assy seera
comprido.
sse
em
tenpo
da
nossa
servydooe pagu[a]rmos os ofi·
r;ios cOuem a saber. os laudes. a prima. a tcn;a. a sexta. a noa. a
vespera. e a copleta.
Por que destas horas
diz o propheta.
ssete
vezes
no dia dey
Jouuor a ty. mais
das
vigilias
da
noite.
esse
propheta
diz.
aa meatade da noite
me
leuantey
a coffessar e
dar
Jouuor a ty.
Ergo
demos louuores ao
nosso
criador.
sobre
os
jui-
zos
da
ssua
justiya cOuem a ssaber. em
nos
laudes.
na
prima.
na
ten;a.
na
sexta.
na
noa.
na vespera
e clipleta. e de noyte
nos
l e u ~ t e m o s
a cOfessar e
dar
Jounores a el.
Quantos ssalmos
ssel1i
dltos aas ditas horas
]a
dos nocturnes. e dos Jaudes departimos e ordinamos a
hordem
dos salmos.
agora
veiamos
das
horas
siguintes.
Na ora
da
prima. sseiam ditos tres [xxxx1x] ssalmos
cada
huii
co sua
gloria
E
ante
que estes salmos seiam
c o m e ~ a d o s diguam deus
;,.
adiutori1i
nlCii ite11de. E depois o
hynno
p e r t e e ~ e n t e a
essa
ora.
acabados
os salmos
digua
o
capitolb
e o vesso. e o
kyrie-
leysom
e assy seia
acabada.
A tert;a e a ssexta e a
noa p e ~ esta
o r d i n a ~ r
seiam ditas. s.
Deus i n adiutcrili
e
as
hynos
p e r t e e c ; e n ~
tes a
essas
horas. e tres ssalmos. e o
c < ~ p i t o l l o .
e o uesso. e
-
rieleysom e assy seiil fijndas.
Sea
cogregua
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
27/57
TEXTOS ANT OOS PORTIJOUESES
115
noite. partindo aqueles
que
mayores som em
duas
partes. e se
per
ventura
a
alguu
no
aprouguer
do repartimento e o r d i n ~ o
destes
salmos. e
el en tender que
i
outra guisa
sse
podem
milhor
stabele
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
28/57
II6
REVISTA LUSITANA
Dos
deeanos do moestelro
Se a
c o g r e g u a ~ o m
for mayor seiam elegidos e stabelio;:idos
decanos
frades
de
boa vida e
santa
c o v e r s s a ~ i i
os quaes
deue
de
procurar
e
reger suas
decanias e todalas cousas.
segundo
o
mandado
de deus e ecomendameto de
seu
abbade. E taes de-
canos seiam eligidos.
cO
os (1uaes o
abbade seguramente possa
partir
seus
ecarregos. E
nO seiam
eligidos e escolheitos
per
or-
dem. mais
segundo ho
meriyirnento da ssua vida. e a doutrina
e
e s i n l l ~ a
E
sse per uentura
a l g ~ u
deles
depois
for
achado em
pecado
de soberua.
ou i outro de
que possa e
dena seer
repre-
hendido. seia castiguado
per hUa
e
duas
e tres vezes. E sse
sse
nO quiser emmendar.
seia tirado
desse o-ffic;io.
e outro
digno
e
mereyedor seia posto
em
seu
logo. E assy
como
dizemos
destes
decanos
assi stal1eleyemos e
ordinamos
do prcposto.
Como
deuem os monges de dormir
Cada hOu mange dorma em
sseu
lecto. os quaes tenhii ca-
mas.
segundo modo
e usn
da
congregac;om e
mandado de
sseu
abbade. E
sse
sse
poder
fazer. todos dormii em hua
casa.
E
[Lin]
sse per uentura
fore muytos. e esto no podere fazer. dorma dez.
ou Yijnte
antre os
quaes. iac;am an
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
29/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
II?
santa regia. ou desprezador dos Ccomendamentos
de
seus mayo
res ste tal seia amoestado de seus anc;yaaos. segundo o pre-
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
30/57
us REVISTA LUSITANA
Como o abade deue sseer s s o l i ~ i t o e dillereto
uobre
os seomunguados
0 abbade aia cura e Cllidado co toda descri£
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
31/57
TEXTOS ANT OOS PORTUOUESES
19
~
Eston.ye o
abbade use
do exemplo
da santa
scriptura. assy
como
diz
o apostolo.
Deitade
o
maao
fora de uos. E
sseguesse
0
maao
sse sse
departe departasse
e vaasse.
n ~ per uentura
htia ou[e]lha
emferma
e
chea
de pecado.
danpne
e eyugete
toda
a
outra
copanha
Como
deuem r e ~ e b e r
os flra[Lvm]des f ugitivos
que sse vaao do moesteh·o
0 frade que polo
seu
proprio
pecado sse ssaae ou
he deitado
fora
do
moesteiro, e
depois
sse quiser tornar. primeiramente
por·
meta
toda e m e n d a ~ ;
do pecado porque sse
sayo. e assi seia reye-
budo
e posto
no
ultimo grao.
pera seer
c o n h e ~ u d a e
prouada
a
ssua
homyldade. E
sse per uetura
sse sair
per duas
vezes.
atees
a ten;eira vez. assi seia re«;ebydo.
" vlais
sse depois veer
seia
9erto
que
o
nO
rec;eberD
no
moesteiro.
Como deue eastlguar os mocos de meor hidade
Toda
hidade
ou entendimento.
deue
dauer
propias mi ssu-
ras
e discri
pode
fazer.
Guarde
a
ssua alma
e
seia senpre
nebrado.
do
apostolo
que
diz.
Que
aquel que bem
ministrar.
auera boo
gualardom
Aia
cura e
cuydado
c0 toda
discr;
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
32/57
110
RtVISTA LUSITANA
-------------------
todas.
ha de dar
ci\to e razom a
deus no
dia· do juizo.
Toda
a -
sustnnc,ja do rnoesleiro e os
vasos guarde
e oolhe. assy
como
sse
fossem
vasos ssagrados dos
altares. Nom
ponha
negligen
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
33/57
TEXTOS ANTIOOS POQTUOUESES
121
cousa. porque no lhes clivem ne pertee seia
cf1tristado.
E o que mais
ouuer mester. homyldesse pola
sua
entirmydade. e m
se
exal
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
34/57
22
R VISTA LUSITANA
domaayro. anbos lauern
os pees
a
todos.
As
escudelas
e
as outras
cousas co que servyro. silas e linpas de ao
~ l r e i r o
que as
guarde. E esse c;elareiro
as
de
per conto ao
dornaairo
que
entrar. pera seer c;erto daquelo que
da
ou que r be . Os do
rnaayros ante da hora da
refei
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
35/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
23
Dos vel hos e dos
m o ~ o s
pequenos
Como
quer
que
a naturaleza
1
humanal aia misericordia e
piadade
~
hidades. s. dos velhos e dos moo;:os pequenos. pero a
outoridade
da
regia oolhe e esguarde
e
eles. Seia senpre cossij-
rada
a fraqueza delles. e ho apertamento da Regia no sse etenda
e
elles no comer. mais seia
e
eles consijraco piadosa. e comil
ante
das
horas canonicas primeyro que os outros.
o
domaairo de leer
aa
mesa
Da mesa dos frades
quando
comerem no deue de desfale
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
36/57
124
Rl VISTA lUSITANA
as
infirmydades
desuayradas. por
tal
que
o
que
no
poder comer
dhuu coma do outro E portanto dous codoitos cozidos
auondem
a todolos frades. E sse hi ouuer fruyta ou legumes seia dado
aa
terceira vez. Hcta iura de pam
auonde no
dia. assi a hua refei
~ m como a iantar e a
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
37/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
125
Em que oras
deue
de comer os mliges
Dela santa pascoa atoa pentic-oste. os frades jantem depois
de ssexta. e
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
38/57
26
REVISTA LUSITANA
aa
mais
graue ,;ndita.
saluo
se
for neyessidade dospedes que
veerem.
ou
per uentura o abade mandar fazer alglla cousa algllu.
A qual
causa
co grande graueza e discri.yom e honestamente
seia feita.
Dos
que veerem tarde aas horas de deus. ott aa mesa
Aas horas do hoffiyio de deus. tanto que os
m5ges
ouvyr
o ssino leyxem todalas cousas que teuerem nas maaos
1
e cO
grande pressa vaanse
aa
jgreia. Pero esto seia feito cu t pe-
ran
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
39/57
TEXTOS ANT OOS PORTUOUESES
27
uylmente
pade
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
40/57
us
RI VISTA
LUSITANA
mxldade. aquelo e
que pecou
e desfale.;:eo
per sua
negligen
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
41/57
TEXTOS ANTlOOS PORTUOUESES
129
lhes
for neo;essario. ataa quarta ora. E
da
quarta
ora
atees
quanta possa sseer
ora
de
sexta entendam
aa
lio;o.
Depois de
ssexta tanto que sse leuantare de
comer. deytense e
sseus
leitos
co
todo
seeno;o. e
sse per uetura alguu quiser
leer. lea
per tal guisa que
nges
Y
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
42/57
130
REVISTA UJSITANA
que n?> stem
outyiosos. ne
seiil. apremudos
per
grandes traba·
lhos. e ho
abbade deue de cossijrar
e veer a fraqueza delles.
o
guardamento
da
quareesma
[LXXX] Como
quer que
em todo
tepa ho moge deue de
fazer
vida
de
quareesma.
Pero porque esta uirtude he
de
poucos. por
e amoestamos e
rroguamos que
e
estes
santos dias
da quareesma
ho
moge aguarde sua
vida cf,
toda
linpeza. s. todallas
negli·
genyias
e
errores
dos outros tenpos aiUtadamente e
estes santos
dias destruir. A qual
cousa sera
ffeita dignamente.
sse
nos.
nos
tt perarmos e
aguardarmos
de
todollos
pecados.
e
~ t e n e n n o s
aa
ora«; )
e
aa liytJ C
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
43/57
TEXTOS ANT OOS PORTUC.UESES
131
Dos lrades que ssom
emvlados
a perto do moestelro
Os
frades
que
ssom ernviados
on
forC
a
algtm loguar
por
qual quer rrazom que seia. sse em es.se dia entenderem de tornar
ao mo[Lxxxn]esteiro.
1 1 { ~
presumo1
nC ousem de
cOJner fora
em
causo
que dalgUus seiam rroguados muyto aficadamente. ssaluo
se 1he seu abLade der
l i ~ e n < ; a .
E sse a l g ~ w . s fezerern o C )trairo
desto.
escomUguenos.
Da
jgrela
e oratorio do
moesteiro
A Igreia ou ho o r a ~ o r i o . seia rrescrllado e
agula
.·rclaJo tam
ssomente para aquelo que he dito e chamado. s. casa doraf;f> e
outra cousa n(, seia
hi
feita nC posta saaluo atluelu que for ne-
~ ~ m t ~ n « ; f , mu,y
atlcada
do corayom.
E
por esto aquel que
n,) quiser fazer tal
obra como
esta.
nO
lhe
sseia outorguado q u ~
fique
na
jg;reia ou no oratorio.
depois que
as horas de
deus
fore
acabadas
como dito he. ne per
uentura
o outro pa[Lxxxin]deo;a alguu jmpedimento ou noio.
Como
deuem
rreQeber
os
hospedes
Todolos hospedes que veerem ao moesteiro assy seiam re·
~ e b i d o s como jhesu cristo. por que
l
disse. Hospede fuy e
re
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
44/57
132
REVISTA LUSITANA
todo o corpo em terra.
adorem
em elles jhesu cristo. o qual
r r e < ; e b ~ rre9ehendo eles. E
depois que os hospedes
forem rre
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
45/57
TEXT 5 ANTIOOS PVRTUGUE E
133
alg[Lxxxvr]ua cousa. no ouse de a rre9eber. ssaluo
se
o primeira-
mente
disser
ao abbade. e sse
lhe
mandar que a rre9eba. tomea.
E este
e
poderio e aluydro do al>bade de a dar a que por bern
teuer.
E
nU
sseia
cOtrist.ado o
trade
a
que
foy
evyada
essa
cousa
ne
per uentura per jnuydia ou murmura\'0 seia dado aazo e logo
ao diaboo. Aquel que
trespasar
e for cCara este
mandado
seia
sometldo
aa
dlciplina e correit;tl da rregla.
Das vistiduras dos frades
As vestiduras
seiam
dadas
aos
tfrades ssegundo a
qualidade
e
tenperanya
do aar que cussar nos loguares honde mora.
par
(]Ue
nos 1oguares tfrijos
ham
mester mais rroupa
que nos q u e e n ~
tes. E esta ci)ssijrac;U
sseia
em juizo do abbade. Pero
nos
cree-
mos
que
nos
loguares tenperados abastara a cada hlm dos mt)ges.
cugula e
saia.
s. no _jnverno cugub grossa e no
veraJo delguada.
ou
velha. e scapelairo pera as o b r a : : ~ . A
vestimenta
dos pees.
seiam piuguas e c a l t . . ~ a s . da
color
hondade Cas vestiduras. n11
rrazot;. nC
entriste\'J OS
mt»ges sse
lhes
derC
do pano que
for
achado
na prouent;ia.
posto que
seia
de pequeno
va r.xxxvn]lor.
A
mensura dessas
\'istiduras
em
disposi\'),J
alvydro
do
abbade
seia.
os que
as
usarem
nt; as
tragnam
curtas nern longuas.
E
q nando r r e e h e r ~ as
vistidllras
nouas. dem a i
vel
has. as quaes
sei
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
46/57
134 REVISTA
LUSITANA
cOsijre
ssenpre
a
sentenya que he
scripta
nos autos dos apos
tolos. na
qual
diz. Dauii a cada huu
assy
como o auia mester.
E cosijre
aynda.
as jnfirmydades e ne
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
47/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
135
nouy
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
48/57
REVIST LUSIT N
dia
en
diate
non pode auer
nehila cousa.
ni
auer poderio
sobre
o
sseu
corpo. E logo na
jgreia
seia desuystido das vestiduras
propias e seia vestido
das do
moesteiro. E as vestiduras
que
he
for
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
49/57
aa
rregla e dar a todolos outros eixemplo
domvldade Se
fala
on
ordinamento
quiserem
fazer no moesteiro. ten ha
aquel
loguar e
grao
que
tijnha quando entrou no moesteiro. e nii o
que
lbe foy
dado
e
outorguado por honrra
do
s a ~ · e r d o ~ i o .
Se
alguu
outro
cre-
ligo quiser vijnr
aa
c6greguayom
do
moesteiro
seia
posto e lo-
guar
e
graao qual
a elle perteen1ce.
sse prometer aguardar
os
preceptos e
mandamentos da
rregla e persseuerar en
sseu
proposito
Como deue sseer
r r e ~ i b i d o s
os miiges peregrines
[Lxxxxv]
Se
algl)u
mange
peregrina
veer
de
longuas
prouy-
cias. e por o s p e d ~ quiser morar no moesteiro. e
sse
ct)tentar do
husso
e custume do luguar e n , ~ . ffor
superfluo
; pedir e
deman·
dar
outra consa e nO toruar ho moesteiro. mais sinplezmente
sse cOtentar daquelo que achar
~ e i a
rreyibido no moesteiro quan·
to deseiar.
Pero se
per uCtura ct) rrazom e cO homyldade e cari-
dade e amor de deus rreprehender traute o abbadc e con dis-
cre.;:on veia sse pera esto foy enuyado de deus Se depois qniser
fazer
profissom e
pormeter
a
persseuerar sseia
lhe
rreyibida
ssua
pitiyom maiormente
que no
tenpo
da
ospita1idade
podia
seer
conhe
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
50/57
REVISTA LUSITANA
os ssac;erdotes do moesteiro
Se
o
abbade
pedir
ao bispo que he ordine alguu moge de
myssa ou dauagelho. tome e scolha dos sseus
aqueles
que vir
que som hidoneos. 0 que for ordinado nfJ sseja
soberuoso.
n ~
presuma ne
ouse
de tlazer
nenhua
cousa ssem madado do
abba·
de. e
seia
certo que he muyto mais soieito e ohriguado aos pre-
ceptos da
rregla
que
antes.
Nen per
aazo ocasic, do sayerdoyio
oluyde a obediecia e pret;eptos e mandamentos
da
rregla. mais
de
hem e melbor aproueite em seruit;o
de
deus [LXXXVII]. E sse
per uentura
o
abbade
e a cl•gregnat;
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
51/57
TEXTOS A '.'TIOOS PORTUOUESES
139
dtgradou. todollos
oulros
aiam e
stem
e seus graaos
a8S.Y
como
veerO. s. o que
veer
ao
moesteiro
na
segunda
bora do
dia
conhe
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
52/57
140 REVISTA lUSITANA
[cr]quem ha de dar
conto
e rrazom da ssua mynistra
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
53/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
l.fl
cO
maao
sprito e
Ctl gram soberua pensam
e
creem que
som ia
segundos
abbades.
e
e sseus
ofi
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
54/57
REVIST lUSIT N
dar
razom a dens. e por esso
aia guarda
e ssy. e
per maao
zeo
e evidia e stigua fferuor
de
c a r i d ~ d e rre;;pond«.
Ao qual
porteiro ;;eia dado frade junyor por
cDpanheiro sse o nutter mcster. 0 moesteiro
sse
poder seer.
sseia heditlicado 0 log-uar que aia todalla,; cousas nec;essarias. s.
a ~ u a moynho. orta. Torno. e outras
quaesquer
artes desuairadas.
pera os nHiges ntl andarem vaguanclo
tfora
do moesteiro por que
n()
he proueito
de ssuas
almas.
E
queremos
que e;:;ta:rregla
sseia
leuda muytas v e z e ~
na
c g r e g u a ~ ~ ~ ~ pera os frades n()
sse escu-
sarem
per
J g n o r a n c ~ l a .
Dos ffrades que som emviados a alguus loguares
)::; ffrades
que
stam de camynho pera hirem a algUu lugar.
ante
que sse
vaam peyam ao abbade e a todolos outros que ro
guem
a deus por elles. E
ssenpre
en todolas
horas
do dia
na
fim
da ultima orai,:U seia ffeita et'lmemorac;O por
todollos
ab[cvu]ssentes. E
quando
veerem do camynho. em aquel dia que
cheguarem
ao rnoesteiro per todolas
horas canonycas
e em fim
dellas deitados e terra na jgreia pe
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
55/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOtJESES
143
co toda omyldade
e obedienc;ia. E sse vir que de todo
~
todo
ho
DO
pode
ffazer.
digua
honestamente e Ctl toda
homyldade
ao
sseu
mayor.
ho
causo
e a rrazom
por
que
o ni)
pode
fazer. E
ssem
soberua e cOtradizimeto demostre aquelo qUe diser. E
depols
que
el
splanar
e diser a (cvrn} s;c.;eu mayor as
cousas
e razL,es
por
que n
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
56/57
ReV STA LUSITANA
primeiramente os
manges
deuem de obede
-
8/19/2019 Textos Antigos - Revista Lusitana 21
57/57
TEXTOS ANTIOOS PORTUOUESES
145
do testamento novo
e velho
que no
sseia
regia muy nobre
e di
reita
para
os
homees hem
viuerem? ou
qual he
o
liuro dos
san·
tos
e catholicos padres. que no digua
que
per
1
autos
e meri9i·
mentos
de
boa
vida
venharnos
aaquel
senhor que nos de
nehua
cousa ffez e criou?
E
que
som
as colac;Oees e tlstumes e
cons-
tituc;Oes
dos
santos
padres
e
as vidas
deles e a rregla
de ssam
basilio
nosso padre.
senll exenplos
de
mt)ges bem [cx11] obe-
dientes e de boa vida. e autos e
obras
de uirtude.s? Os exemplos
e a u t o r i d a d ~ s
dos quaes
a nos outros prig:uiyosos
negligentcs
e
rremyssos e
que
mal
viuemos
.ssom. grande contlusom e de.strul-
9iJ Tu ergo que deseias e queres vijnr ao rregno de deus esta
rreg1a
muy pequena.
C comec;o
de
tua
cOuerssayom
com
aiudoiro
de deus. cople
e
acaba.
E
depois desto co ajuda
e
gra9a de
deus yijnras aa
muy
grande
alteza
e perffeiyom de doutrina e
uirtudes
que
de ssuso dissemos.
Deo gratlas
·
top related