tempo-real - espiral do tempo · lhido para o lançamento desta nova série limita-da fortis, um...
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REPORTAGEM
Missão: possível. Da ficção paraa realidade, dos estúdios homéricos de Holly-wood para um cantinho à beira-mar plantado,cantado por Camões, percorre-se a heróica his-tória da fragata Corte-Real. Bem portuguesa.Sem Tom Cruise nem egos inflamados.
As metáforas cinematográficas justificam-se.E a cada página virada deste guião improvisado,mais ainda. O narrador e personagem principalé António Mendes Calado, o comandante. Rela-ta a história de uma fragata chamada Corte-Reale de como um navio português e cerca de duzen-
tas pessoas que o compõem conseguiram atingir a melhor nota de sempre da Marinha Portugue-sa em mares internacionais.
GOOD! Foi a classificação (quase impensá-vel) dada à Corte-Real pelo FOST (Flag Officeof Sea Training), a «entidade internacionalmentereconhecida como a melhor instituição de treinode navios de guerra».
GOOD. A palavra inglesa está inscrita emcada um dos relógios de série limitada que aFortis executou para comemorar este feito inédi-to da Marinha Portuguesa. São dois modelos –
t e x t o Món i c a F r a n c o > f o t o s Nuno C o r r e i a
ESPIRAL DO TEMPO > 59
Fortis mais fragata Corte-Real igual a dois momentos únicos no tempo. Para comemorar
a melhor prestação de sempre de uma fragata portuguesa, construíram-se duas séries
de 88 relógios muito especiais. Para gravar na memória. E no pulso!
Tempo-Real
Corte-Real
um cronógrafo, outro Day / Date –, ambos B42(ver caixa). «Estes relógios têm aquilo que paranós é fundamental: a nossa classificação final, onavio, que é aquilo que nos une, a nossa identi-ficação e, na parte posterior, as datas, inesque-cíveis!».
O comandante da fragata Corte-Real desta-ca o 29 de Julho, o dia da inspecção final doOST (Operational Sea Training), também esco-lhido para o lançamento desta nova série limita-da Fortis, um ano depois do grande feito.«Tinha de ser um relógio à imagem da guarniçãoda Corte-Real: bonito, rigoroso, que transmi-tisse uma ideia de força, competência, rigor, eem que a própria possibilidade de existirem doisrelógios espelhasse flexibilidade, que é um dosnossos valores internos.»
Para Mendes Calado, este relógio tem aindaa carga própria de um objecto para comemorarmomentos inesquecíveis e estabelece uma marcaindelével para o futuro. «Este foi o grande mo-mento das pessoas que fazem parte da guarniçãoda Corte-Real e cada um daqueles que o levar nopulso acabará por recordar aquelas seis semanasincríveis da nossa vida...»
Semanas à inglesa«O Operational Sea Training (OST) é o mo-mento de validação externa de um navio. É uma
Diversos instrumentos de um navio
apetrechado com a mais recente
tecnologia militar e de navegação.
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A vida a bordo da fragata é repleta de
tarefas cumpridas com rigor e disciplina.
Nota-se o orgulho em pertencer
NRP (Navio da República Portuguesa)
Corte-Real.
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entidade internacional, da Royal Navy inglesa,que diz quanto vale um navio». A explicação docomandante para leigos é simples, ao contráriodas seis semanas de treino (duas em terra e qua-tro no mar).
Estacionado em Plymouth, no Sul de Ingla-terra, o navio é testado por cerca de 600 pessoas daRoyal Navy. Durante esse mês e meio, na fragataCorte-Real simularam-se ataques nucleares, quí-micos e biológicos, batalhas externas e internas,treinou-se a faceta combatente do navio, levou-sea guarnição ao topo do esforço, mas não só...
Na segunda semana de terra, para além de setreinar a organização interna antiterrorista, fize-ram o DISTEX (disaster exercise). O comandan-
te descreve, com emoção: «O navio está a naveg-ar ao largo de uma ilha, recebe notícia de que alihouve um terramoto e temos de montar umaoperação de socorro imediato.
É incrível como tudo parece tão real! Utilizamgente das universidades de teatro para fazer de fi-gurantes e tudo!» São cinco horas de operação emterra em que o objectivo não é o de combater,mas o de ajudar uma população em perigo.
Com este treino, provam-se as valências vá-rias dos navios e, para o comprovar, MendesCalado conta outro exemplo paradigmático: durante as semanas de treino, a Corte-Real foinomeada para servir de plataforma de conver-sações de paz entre dois países beligerantes.
Relógios de pontaA série limitada fragata Corte-Real é composta por dois modelos Fortis diferen-
tes e ambos da linha B42.
Características: Vidro safira anti-reflexos, fundo em vidro para se ver o movi-
mento, com gravação a laser do brasão de armas do navio no vidro, bracelete
em pele preta com fecho de báscula, gravação do número e nome do militar
no rotor, mostrador com a silhueta da fragata Corte-Real, as bandeiras de
classificação no OST (GOOD) e, por baixo, a indicação NRP Corte-Real, grava-
ção no aro da tampa do relógio com as datas do OST e lançamento do reló-
gio (21/6 - 29/7 OST 2004), o número de bordo e da série limitada.
Cada um dos relógios apresenta-se com um Set Fortis, composto por uma
ferramenta universal, uma bracelete de aço e outra de velcro, uma chave de
parafusos adequada ao B42, um estojo com uma gravação em baixo relevo
do brasão de armas da fragata e, no interior, com a gravação do número e
nome do militar. A acompanhá-los vem ainda um certificado de série limitada
com foto da fragata.
Mais informações sobre os modelos na página 94.
Corte-Real
Para Mendes Calado,
este relógio tem ainda
a carga própria de um
objecto para comemorar
momentos inesquecíveis
e estabelece uma marca
indelével para o futuro
...
...
A tripulação cuida do arsenal e nem
o convés da fragata é descurado.
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Corte-Real
Entre ameaças terroristas, minas e atiradoresfurtivos, tiveram de estar aptos a lidar tambémcom a imprensa e a reagir a acusações várias.
O primeiro dia do resto das suas vidasTudo começou no primeiro dia. Parece redun-dância, mas não para Mendes Calado: «disse àminha guarnição que tínhamos de dar uma boaprimeira impressão, porque não há segundaoportunidade para a primeira impressão». Aideia era complementar a demonstração de com-petência com cordialidade.
Saíram para o mar das 8 h às 14 h, fizeramuma série de operações e demonstraram uma
série de perícias, desde manobras do navio, ater-ragem de helicópteros, acções de emergência,verificação de todos os espaços internos no querespeita à higiene e segurança, organização inter-na, de atavio pessoal... «fomos escalpelizados»,define o comandante.
No fim do dia, um relatório com 200 páginasidentificava cerca de três centenas de coisas a me-lhorar e era antecipado por uma conversa pessoaldos chefes dos departamentos de treino do OSTcom o comandante. «Esse primeiro momento foilogo incrível! Sentaram-se na minha camarinhacom fichas de avaliação, que vão colorindo deacordo com classificação (do vermelho, laranja,
Capitão-de-mar-e-guerra25474. Casualidade ou desígnio divino, certo é que o número militar de António Mendes
Calado é, sem tirar nem pôr, a data da revolução dos cravos em Portugal, 25 de Abril de
1974. E, coincidência ou não, a sua proveniência é alentejana (da zona de Portalegre)...
Certo certo é que de tirânico este comandante parece não ter nada. Com 48 anos de vida
e 21 de Marinha, as suas «linhas mestras de actuação» são a competência e a sensibi-
lidade. «Quando se comandam pessoas, cada uma delas deve ser tratada como entidade
única», diz-nos depois de duas horas a percorrer o ‘seu’ navio de sete andares e de
cumprimentar pelo nome próprio muitas das duas centenas de pessoas da sua guarnição.
Mendes Calado esteve quase sempre muito ligado à instrução e ao treino, às pessoas, e
não é por acaso que ‘acusa’ o espírito de equipa do sucesso da guarnição da Corte-Real.
Com uma carreira profícua ligada à actividade operacional, já lhe foram atribuídas
medalhas de Mérito Militar, Comportamento Exemplar, entre outras. A fragata Corte-Real
é, possivelmente, a sua útima actividade no mar. E já sente saudades...
O convívo entre a tripulação reforça os
laços de amizade e companheirismo tão
necessários à eficácia do desempenho.
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amarelo, verde, azul, roxo, até ao lilás, a melhorclassificação). Tivemos tudo ‘GOOD’ (bom).Eles estavam tão surpreendidos com a nossa pres-tação que imprimiram uma carta de avaliação,rubricaram-na e escreveram dedicatórias. Ofere-ceram-ma numa moldura no fim do treino».
A tensão, o cansaço, a adrenalina e o grau dedificuldade do treino seguem em crescendo, atéao final das seis semanas, altura da inspecçãofinal. Envolta do protocolo típico destas lidesmilitares, é comunicado o resultado inédito dafragata Corte-Real, primeiro ao comandante,depois às quase duzentas pessoas que compõema guarnição, formada, expectante.
«Durante os últimos dois anos, a FOST trei-nou 60 navios de 12 nacionalidades e a Corte--Real foi o melhor navio que por aqui passou».A declaração vinda do almirante da Royal Navypôs muitos militares a chorar... Por tudo isto,não é estranha a necessidade de marcar aquelemomento de alguma outra forma, de guardaruma glória tão preciosa quanto esta com umapeça igualmente preciosa. Porque a memória en-velhece, mas os relógios continuam a marcar ashoras. E os (grandes) momentos! ET
A tensão, o cansaço,
a adrenalina e o grau
de dificuldade do treino
seguem em crescendo,
até ao final das seis
semanas, altura da
inspecção final
...
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Corte-Real
Quem é Corte-Real?Um nome ligado aos navegadores dos séculos XV e XVI, ao descobrimento da Terra Nova
(c. 1472) por João Vaz Corte-Real. Um nome especial para uma fragata especial. N.R.P. Corte-
-Real tem data de nascimento em 1991, nos estaleiros HDW (Alemanha), é um dos três navios
da classe Vasco da Gama e o seu brasão de armas é baseado no desta família de aventureiros.
As principais missões da fragata Corte-Real passaram por diversas participações na Standing
Naval Force North Atlantic e em exercícios nacionais e internacionais, mas a Corte-Real marcou
presença também em Angola, em 1996, na Guiné-Bissau, em 1998 (foi o local escolhido para
a assinatura do acordo de paz entre as duas facções do conflito), e, em 2004, no OST (Ope-
rational Sea Training), no Reino Unido e foi nela que Jorge Sampaio realizou a sua visita
presidencial às Ilhas Selvagens, em 2003.
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