segunda parte cap. ii... o diamante perdido no lodo, por algum tempo, não deixa de ser diamante......

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SEXO E DESTINO

SEGUNDA PARTE CAP. II

“... O diamante perdido no lodo, por algum tempo, não deixa de ser diamante...” Alexandre ( Missionários da Luz)

Cap. 2 2ª Parte

São deprimentes as disposições de Espíritos sem moral que se acercam de moribundos. O fato de um obsessor se transformar em protetor põe à mostra que o Amor está presente no coração das criaturas humanas, bastando ser despertado. Por outro lado, a indiferença da mãe diante da tragédia com filha adotiva lembra, advertindo-nos quanto ao futuro, como o ser humano elege o egoísmo como companheiro de várias jornadas...Lição primorosa para médiuns passistas de enfermos.

AGOSTINHO/ – Médium passista. Cliente no Banco em que trabalha Cláudio.

Félix

Administrou-lhe energias de refazimento em Cláudio.

Cláudio também se afastou, buscando o especialista.

Moreira passa a ajudar a enferma

Moreira, que observara André desde a chegada, fitava-o agora com simpatia. Em dado momento, amaciando o tom de voz, disse reconhecê-lo e queixou-se dos irmãos desencarnados que se avizinhavam da porta e acenavam com asco, apontando Marita com desprezo. Alguns traçavam gestos no ar, sugerindo quadros obscenos, outros faziam figurações despudoradas, e um deles chegou ao desplante de indagar quem era aquela mulher que transpirava carniça...

André o consolou, informando que tudo aquilo passaria, pois esperava companheiros abastecidos com os recursos necessários para isolamento do quarto. Em seguida, afirmando ter presenciado o acidente, rogou a Moreira permissão para cooperar. Ficaria contente se ele lhe aceitasse o concurso ali, ao pé daquela jovem, pois, havendo colhido alguma experiência em hospitais, poderia ser útil.

Moreira comoveu-se e aprovou a ideia. Sim, disse ele, devotava-se à Marita com ardente afeição e contaria com André. Conhecia meios de auxiliá-lo, defendê-lo-ia, ser-lhe-ia companheiro fiel. Depois, examinou o processo pelo qual a respiração da moça era auxiliada e pediu instruções. Desejava substituí-lo. E se colocou com tanta diligência e humildade, que, em breves minutos, atendia à manutenção da jovem, com segurança superior à que André se esforçava em cultivar.

Moreira colava-se aos pulmões da triste menina, num espetáculo comovedor de paciência e dedicação. Guardou nos braços aquele corpo amarrotado, que se transfigurara num fardo de dor, salpicado de fezes. O perseguidor da véspera, tocado no âmago, enlaçou-a com a dignidade de um homem piedoso que socorre uma irmã, empregando-se no trabalho de instilar-lhe energias e reaquecer-lhe os pulmões com o próprio hálito.

Introduzir por meio de sopro

Íntimoprendeu

Diante disso, André concluiu que nem sempre é o salva-vidas tecnicamente construído a peça que assegura a sobrevivência do náufrago, e sim o lenho agressivo que teimamos em desdenhar.

Cláudio rogou-lhe, que ela comparecesse ao hospital, para amenizar a situação. Márcia esquivou-se, alegando compromissos inadiáveis. E fez ironia, dizendo que, se Marita estava tão mal quanto ele dizia, cabia a ele, na condição de pai, permanecer ao lado dela, eximindo-a de sacrifícios maiores do que aqueles que já lhe sobrecarregavam os ombros. Na verdade, dona Márcia ficou desapontada com a notícia de que Marita não estava morta, o que impelia os constrangimentos da família à estaca zero.

Márcia recusa-se a ir ao hospital

Declarando-se, por fim, cansada de bobagens e arrufos entre jovens namorados, dona Márcia afirmou preferir tricotar a fazer adulação para uma filha que não era sua e que sempre timbrara em loucura e faniquito. Cláudio, desolado, insistiu, pintando o quadro em que se contristava, mas a mulher encerrou a conversa, atirando-lhe uma frase que lhe despedaçou as esperanças: "Bem, Cláudio, tudo isso é problema seu".

Ele discou então para a residência dos Torres. Como Marina ainda não chegara de Teresópolis, telefonou a seu chefe, a quem, após sucinto relatório dos acontecimentos, solicitou a concessão de férias. O diretor prometeu ajudar.

Em seguida, conversou com o médico, que disse ser cedo para um pronunciamento mais claro. Cláudio pediu para a filha o melhor tratamento. Não importava o quanto custasse. Acomodada a filha em novo quarto, viu-se que aqueles dois Espíritos, que antes se avalentoavam por bagatela, manifestavam-se então diferentes, submissos. Cláudio trazia os olhos marejados de pranto. Partira-se-lhe a alma. A certeza de que Marita tentara o suicídio, por culpa sua, requeimava-lhe o coração...

Mostrar –se valente, corajoso, rebelde .Obediente, dócil, humilde

O passado remoía a cabeça de Cláudio... Delitos que supunha para sempre esquecidos assomavam-lhe agora à lembrança, exigindo reparação... Lembrou-se de Aracélia, a mãe de Marita que ele próprio aniquilara, a peso de sarcasmo e ingratidão... A imagem daquela moça inexperiente da roça crescia-lhe por dentro. Lastimava-se, acusava, perguntava pela filha, pedindo-lhe contas!... Cláudio julgava-se às portas da loucura. Não fosse o desejo de recuperar a filha prostrada, usaria o revólver contra si mesmo, porquanto o suicídio se lhe afigurava como sendo a válvula de livramento. Se Marita morresse, não desejaria sobreviver.

Reflexões de Cláudio

1 dos motivos de Marita não desencarnar no momento

Ò tarde, a solidão fez com que Cláudio telefonasse para Marina. Eram três da tarde. A filha disse-lhe ter esperança de que a ocorrência não passasse de um susto, mas alegou não ser possível comparecer ao hospi tal, porque dona Beatriz piorara muito. Cláudio regressou ao quarto, esmagado pelo desânimo.

No entanto,as cinco da tarde ele recebeu a visita de Salomão, o farmacêutico, que se declarou amigo de Marita e seu vizinho de loja. Dizendo ter sido uma das últimas pessoas com quem ela conversara, antes do acidente, ele narrou ao pai aflito, pormenor a pormenor, o quanto sabia. Com certeza, a jovem ingerira os soporíferos que lhe dera e, identificando-lhes o caráter inofensivo, projetara-se sob um automóvel em disparada...

Salomão, o boticário, vai ao hospital

Trabalho dos Espíritos

Cláudio ouviu-o, chorando... Sem dúvida, a filha não pudera sobreviver ao insulto que ele lhe fizera... Considerando-se o mais abjeto dos homens e amargamente arrependido de seus atos, abraçou Salomão, num impulso de louvável sinceridade, salientando que ele, o visitante gentil, era o verdadeiro e talvez o único amigo daquela criança que procurara a morte e que tudo fariam para reaver.

Confessando-se espírita, assinalou que os passes, sob a cobertura da oração, beneficiariam a menina prostrada. Se Cláudio permitisse, buscaria o senhor Agostinho, a quem poderiam recorrer. Cláudio aceitou com humildade. Não lhe seria lícito recusar um auxílio oferecido com tanta espontaneidade. Queria apenas rogar a permissão do facultativo em serviço.

O farmacêutico, apiedado, arriscou um alvitre.

Sinal verde / visitação a doentes

O médico, homem experimentado em angústias humanas, asseverou que Cláudio dispunha do direito de prestar à filha a assistência religiosa que desejasse, e que, dentro do quarto, ele estava como em sua própria casa. Compadecido, prometeu favorecer, ele próprio, a vinda de Salomão com o espírita que indicasse.

O novo amigo Senhor Agostinho interessou-se delicadamente pela moça e inteirou-se de todas as minudências do desastre. Em seguida, orou, emocionado, suplicando a bênção do Cristo para a menina atropelada e aplicou-lhe passes de longo curso. Moreira a tudo assistia, sequioso de aprender.

Marita recebe passes e melhora

Nogueira não tivera contacto com princípios religiosos

O atendimento infundiu grande bem à moça, melhorando-lhe a condição geral. A respiração desoprimiu-se. Marita conseguiu entrar, enfim, em sono calmo. Na saída, Agostinho ofereceu a Cláudio o livro que trazia, um exemplar de "O Evangelho segundo o Espiritismo", prometendo voltar na manhã seguinte.

Música – Eternity- E. CotazarImagens da Internetwww.despertarespiritual.wordpress.com

Música – Eternity- E. CotazarImagens da Internetwww.despertarespiritual.wordpress.com

FIM...

“A queda pode ser uma oportunidade de observar o céu sob um ângulo jamais imaginado, o que nos permite refletir sobre nossa pequenez diante da dimensão maior da vida e do mundo.”

Herculano Pires

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