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Revista Eletronica Nova Roma Volume 1, numero 1 (2017) Escola de Negocios
Revista Eletronica Nova Roma
Escola de Negocios
Volume 1, numero 1 (2017)
CORPO EDITORIAL
EDITOR-CHEFE
Professor Doutor Rodrigo Arruda Faculdade Nova Roma
EDITORES ASSOCIADOS
Professor Mestre Carlos Saraiva Universidade Federal de PernambucoProfessora Mestre Carolina Maciel Faculdade Nova RomaProfessora Mestre Isabela Lessa Faculdade Nova RomaProfessor Mestre Reili Amon-Ha Universidade Federal de PernambucoProfessora Mestre Suenia Santos Faculdade Nova Roma
COMITE EDITORIAL
Professora Mestre Aline Leal Universidade Federal de PernambucoProfessora Doutora Andrea Diniz Fittipaldi Faculdade Nova RomaProfessor Doutor Armando Moury Fernandes Faculdade Nova RomaProfessor Mestre Flavius Sodre Universidade Federal de PernambucoProfessor Mestre Eduardo Calabria Faculdade Nova RomaProfessor Mestre Hugo Moura Faculdade Nova RomaProfessor Mestre Jair Galvao Instituto Federal de PernambucoProfessora Doutora Julia Araujo Pontifıcia Universidade Catolica de MGProfessor Doutor Lucas Varjao Instituto de Pesquisa Economica AplicadaProfessora Mestre Patrıcia Freire de Paiva Carvalho Rabelo Faculdade Nova RomaProfessor Doutora Renata Caldas University of Illinois Urbana-ChampaignProfessora Doutora Virgınia de Carvalho Leal Faculdade Nova Roma
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Escola de Negocios
Volume 1, numero 1 (2017)
A Revista Eletronica NOVA ROMA - Escola de Negocios e um publicacao com periodicidadesemestral do Nucleo de Pesquisa da Faculdade Nova Roma. Os conceitos fornecidos sao de respon-sabilidade exclusiva do(s) autor(es). A simples submissao do artigo tem como implicacao, uma vezaceito para publicacao, a concordancia do(s) autor(es) de que a Revista Eletronica NOVA ROMA- Escola de Negocios passa a ter os direitos autorais para veiculacao dos artigos, tanto em formatoimpresso como eletronico a eles referentes, os quais se tornarao propriedade exclusiva da NOVAROMA - Escola de Negocios. Ao(s) autor(es), e permitida a reproducao total ou parcial dos arti-gos desta periodico, desde que seja explicitamente citada a fonte completa. Revista divulgada emversao eletronic on line, no site da Faculdade Nova Roma (www.faculdadenovaroma.com.br.).
ORGANIZACAO
Superintendencia Academica: Professora Mestre Suenia SantosCoordenador do Nucleo de Pesquisa: Professor Doutor Rodrigo ArrudaDivulgacao: Priscilla NogueiraWebmaster: Andre AlbuquerqueDiagramacao: Professor Doutor Rodrigo ArrudaRevisoes Linguısticas: Professora Helena Arruda (Centro de Treinamento Educacional - CTE)
CONTATO
Endereco: Estrada do Bongi, 425, Afogados, Recife - PE, 50830-260Telefone: (81) 21288000Endereco Eletronico: www.faculdadenovaroma.com.br.
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Volume 1, numero 1 (2017)
A Revista Eletronica Nova Roma - Escola de Negocios e um periodico cientıfico com publicacaosemestral composto por artigos relacionados as ciencias sociais aplicadas. Mais especificamente,o interesse da revista e contemplar trabalhos que respondem questoes referentes as diversas areasda Administracao, das Ciencias Contabeis e da Economia. O objetivo da Revista Eletronica NovaRoma - Escola de Negocios e incentivar a producao cientıfica que possua a finalidade de servircomo instrumento para o entendimento dos problemas sociais e economicos, para a criacao de no-vas tecnologias, de inovadoras praticas de gestao e tambem como base para formulacao de polıticaspublicas que beneficiem toda sociedade.
Professor Doutor Rodrigo ArrudaEditor-Chefe da Revista Eletronica Nova Roma - Escola de Negocios
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Volume 1, numero 1 (2017)
ARTIGOS
CONTROLABILIDADE E A PERCEPCAO DOS GESTORES QUANTO AUTILIDADE DA INFORMACAO CONTABIL: UM ESTUDO DE CASO NUMA
SOCIEDADE ANONIMASuenia Graziella Oliveira de Almeida Santos do Nascimento; Carolina Veloso Maciel; Jeronymo
Jose Libonati
A EDUCACAO E O PAPEL DO PROFESSOR EM SUA RELACAO COM OALUNO, SOB A OTICA DA PSICANALISE
Ednaldo Amorim; Sandra MontenegroSERRA DE ARORABA, BERCO DA INDUSTRIA PERNAMBUCANA
Paulo Roberto da Silva
MENSURACAO DE CUSTOS PARA MELHORIA DA QUALIDADE DOSGASTOS NO SETOR PUBLICO
Leomar Souza de Oliveira; Adriana Padilha Straube
A IMPORTANCIA DO PLANO DE NEGOCIOS PARA O EMPREENDEDORJosely Albertina dos Santos Souza; Samuel Soares da Silva; Mariana Libonati
SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE - SUDENE:ESTUDO EM UMA EMPRESA DE EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS DE
PERNAMBUCOLucas Felipe Bernardo da Silva; Jose Jefferson Queiroz Maciel Monteiro; Rodrigo Gomes de
Arruda
UMA NOVA FORMA DE EMPREENDERMariana Libonati; Luan Felipe Lopes de Araujo; Tharcısio Emmanuel Alves Monteiro
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Volume 1, numero 1 (2017)
CONTROLABILIDADE E A PERCEPÇÃO DOS GESTORES QUANTO À UTILIDADE DA
INFORMAÇÃO CONTÁBIL: UM ESTUDO DE CASO NUMA SOCIEDADE ANÔNIMA
SUÊNIA GRAZIELLA OLIVEIRA DE ALMEIDA SANTOS DO NASCIMENTO1
CAROLINA VELOSO MACIEL2
JERONYMO JOSÉ LIBONATI3
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo precípuo investigar qual a percepção dos gestores de uma sociedade
anônima quanto à utilidade das informações geradas pela contabilidade. De forma secundária, buscou-
se verificar os conceitos trazidos pela Controlabilidade dentro da empresa pesquisada. Para tanto, a
estratégia utilizada foi o estudo de caso e a abordagem metodológica foi qualitativa. Como instrumento
de coleta de dados foi utilizado questionário semi-estruturado, o qual serviu como roteiro para as
entrevistas com os gestores da sociedade anônima estudada. A análise das repostas foi feita a partir da
técnica de análise de conteúdo. Concluiu-se que os entrevistados, apesar de verificarem alguns
problemas nos números contábeis como dificuldade de compreensão, neutralidade e objetividade,
todos afirmaram acreditar na utilidade das informações geradas pela contabilidade. No que se refere à
controlabilidade, pôde-se verificar os conceitos desta teoria e a empresa estudada representa um centro
de lucro de uma Holding.
Palavras-chave: Controlabilidade. Informação Contábil. Controladoria.
1. INTRODUÇÃO
Uma empresa é uma unidade que produz valores, sendo a mesma considerada um sistema
aberto, pois interage com o meio ambiente e é composto por três elementos que o fazem funcionar são
eles, recursos econômicos, sociais e humanos. Desenvolve um grande número de atividades,
contribuindo para que seu objetivo final seja alcançado. (FIGUEIREDO e CAGGIANO, 2008).
1 Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Pernambuco. Superintendente da Faculdade Nova Roma e
Professora da Rede Management da Fundação Getúlio Vargas. Endereço: Av. dos Funcionários s/n, 50.740-580 – Recife –
PE. Telefone: 81- 9 99616131.
2 Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Pernambuco. Coordenadora da Graduação em Ciências
Contábeis e Gestão Financeira da Faculdade Nova Roma e Professora da Rede Management da Fundação Getúlio Vargas.
Endereço: Av. dos Funcionários s/n, 50.740-580 – Recife – PE. Telefone: 81- 9 96511043.
3 Doutor em Controladoria e Contabilidade pela USP. Professor Titular do Departamento de Ciências Contábeis da UFPE
Endereço: Av. dos Funcionários s/n, 50.740-580 – Recife – PE. Telefone: 81- 21268369.
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De acordo com Longo (2003, p. 38) toda empresa como um sistema organizacional tem
necessidade de identificar-se com suas unidades. Para tanto, faz-se necessário medir o desempenho
destas unidades de forma separada (descentralizada), para a obtenção de informações a fim de permitir
corrigir desvios na forma mais adequada possível, e assim buscar a eficácia da própria organização.
Neste sentido, a avaliação por atividades é uma forma que a organização encontra para
controlar o que foi planejado. Para tanto, surgem os centros de responsabilidade os quais são unidades
da organização encabeçadas pelos gerentes responsáveis pelas suas atividades. (ANTHONY &
GOVINDARAJAN, 2004).
A qualidade das decisões tomadas pelos gestores determina não só o nível da capacidade
gerencial de uma empresa, mas também o ritmo que ela imprime em direção à sua estabilidade,
prosperidade e continuidade (REZENDE, 2008). Então, os gestores, no decorrer de suas tarefas,
podem se utilizar de uma importante ferramenta, qual seja o sistema de informações contábeis.
A valorização atribuída pelos gestores aos recursos da informação não se manifesta apenas na
aquisição de sistemas de informações, mas também pode se referir aos aspectos relacionados à forma
como ocorre a sua comunicação aos usuários, materializando-se a valorização na criação de áreas
organizacionais cujos escopos se voltam, prioritariamente, para o tratamento e a manutenção de dados
convenientemente transformados em informações úteis que se convertam em fundamentos para o
processo decisório (NASCIMENTO E REGINATO, 2009). Assim, muitos desses dados que se
transformam em informações relevantes, das quais os gestores necessitam, podem ser fornecidas pela
contabilidade.
Para tanto, as informações contábeis devem está em conformidade com o disposto pelo
Financial Accounting Standards Board (FASB) e o Internacional Accounting Standards Board
(IASB) e a Estrutura Conceitual Básica do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), onde
definem a estrutura conceitual da informação contábil, onde a mesma tem que ter como características
qualitativas a relação custo-benefício, a inteligibilidade, a relevância, a confiabilidade e a
comparabilidade (GOUVEIA e MARTINS, 2007; HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).
Neste contexto, esta pesquisa tem como principal objetivo investigar qual a percepção dos
gestores de uma sociedade anônima quanto à utilidade das informações geradas pela contabilidade. De
forma secundária, buscou-se verificar os conceitos trazidos pela Controlabilidade dentro da empresa
pesquisada.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Informação Contábil
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Para Glautier e Underdown (1976), a informação tem como um de seus méritos proporcionar à
organização condições para que seus gestores tomem decisões apropriadas, facilitando o alcance de
seus objetivos , através da combinação do uso eficiente de outros recursos, tais como os humanos, os
tecnológicos e os ativos, que compõem sua estruturam e possibilitam o seu funcionamento. Segundo
McGee e Prusak (1994), para quem a informação se apresenta como um recurso saliente dentre os
demais, decorrente de seu próprio potencial como um recurso saliente dentre os demais, decorrente de
seu próprio potencial e do desafio dos gestores em administrá-lo ou gerenciá-lo, os mesmos autores
ainda completam afirmando que a informação pode ser considerada um recursos estratégico e como tal
precisa ser controlada constantemente, assim como são os recursos humanos e financeiros da
organização, entre outros.
Vale ressaltar que a informação deve ser apropriada para agregar valor não apenas para a área
de controladoria, e sim também para os demais usuários, Murdick e Ross(1975), defendem que o seu
valor depende de seu potencial em influenciar um decisão, ou seja, deve conduzir a resultados
diferentes e mais otimizados do que aqueles a sem o seu uso.
Costa (2002, p.9) diz que “informação contábil é o produto da contabilidade sendo através dela,
principalmente, que o contador expressa a sua importância nas organizações” e complementa que ela
“deve ser útil e relevante para quem irá utilizá- la como informação para a tomada de decisão”.
Neste contexto, Nascimento e Reginato (2009) corroboram e afirmam que o recurso
informação se torna o principal elemento no processo decisório ao possuir a capacidade de modificar o
conhecimento que se tem sobre o ambiente, atenuando as incertezas e proporcionando condições para
uma maior precisão nas decisões. Diante do exposto, Moscove, Simkin e Bagranoff (2002), afirmam
que as empresas estão percebendo, crescimento que o nível do êxito em suas operações depende da
forma como seus gestores gerenciam e usam as informações.
Porém, Dias Filho (2000) evidencia que em diversas pesquisas que a Contabilidade não
consegue atingir um nível satisfatório de informação com seus usuários. Contudo, Iudícibus (2006, p.
111) afirma que as demonstrações contábeis “devem ser compreensíveis aos que possuem uma noção
razoável dos negócios e das atividades econômicas e se disponham a estudá-las com certa diligência”.
É importante tratar-se do objetivo a que se presta a informação contábil, segundo o FASB
(SFAC 2, 1980 P. 1021) ela deverá ser desejável quando dispuser de utilidade na tomada de decisão;
visando constatar esta qualidade a observância de relevância e confiabilidade dentre suas
características estando sujeitas às restrições de gerar benefícios futuros superiores aos custos
despendidos para produzi-la. Nesta perspectiva Iudícibus (2006, p. 22) corrobora ao mencionar que
“(...) a função da Contabilidade (objetivo) permanece praticamente inalterado através dos tempos, ou
seja, quanto a prover informação útil para a tomada de decisões econômicas”.
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Por fim, Macedo et. al. (2008) traz que o IASB em Tradução do CPC (2008) elenca ainda o rol
das características qualitativas intrínsecas as demonstrações contábeis: a) Compreensibilidade; b)
Relevância; c) Materialidade; d) Confiabilidade; e) Representação adequada; f) Primazia da essência
sobre a forma; g) Neutralidade; h) Prudência; i) Integridade; e j) Comparabilidade. Sendo ainda
consideradas variáveis de maior impacto na relevância e na confiabilidade destas informações: a)
Tempestividade; b) Equilíbrio entre custo e benefício; c) Equilíbrio entre características qualitativas; e
d) Visão verdadeira e apropriada.
2.2 Descentralização
Guerreiro (1992) afirma que o aumento da quantidade e da complexidade das operações indica
automaticamente a necessidade de delegação de responsabilidade e autoridade a partir de certos níveis
de atividade empresarial, a delegação não é mais uma questão de opção, é uma necessidade sem a qual
a empresa coloca em risco a sua atuação futura, pois é impossível que somente umas poucas pessoas
decidam tudo em todos os níveis.
Padoveze (2003) assegura que para otimização do processo de avaliação de resultados e
desempenho das empresas é necessário, além do modelo tradicional de análise global denominado de
análise de balanço, a estruturação de sistemas de informação e modelos analíticos para avaliação dos
resultados setoriais.
Campiglia e Campiglia (1995, p. 367) afirmam que de nada adianta avaliar a empresa como um
todo e chegar à conclusão geral de que ela vai bem ou de que não vai bem. (...) se não vai tão bem
quanto deveria, então é preciso saber quem ou o que é que não vai bem dentro da empresa: esta ou
aquela unidade fabril, esta ou aquela linha de produção dessa unidade fabril, este ou aquele produto,
aquele esquema de vendas para tal família de produtos, aqueles dispêndios de tal órgão administrativo
etc.
Garrison e Noreen (2001, p. 386) apontam ainda, como vantagens da descentralização a
liberação da alta administração dos problemas do dia-a-dia, o aumento da satisfação profissional, como
decorrência da delegação de autoridade, e uma maior facilidade para avaliar os gestores, como
conseqüência de uma maior liberdade de ação nas funções a eles atribuídas.
Para Guerreiro (1992) a delegação, embora necessária, conduz a três questões que precisam ser
enfatizadas.
1. A primeira dela diz respeito à incerteza, ou seja, as pessoas que recebem a delegação
devem tratar com decisões sobre eventos futuros. Para minimizar as incertezas e os riscos, essas
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decisões devem ser tomadas dentro de um determinado “ritual” que envolve planejamento,
coordenação, execução e controle das atividades, ou seja, o processo administrativo.
2. Uma segunda questão relativa à delegação diz respeito á eficácia dos gestores. A
eficácia dos gestores requer além da competência natural exigida, uma participação e envolvimento
profundo em todas as decisões no seu âmbito de atividades e em todas as fases do processo
administrativo.
3. Uma terceira questão de delegação é quanto ao controle. Pode-se ter a falsa idéia de que
a delegação conduza à perda de controle. Pelo contrario, através de um estilo participativo com
envolvimento profundo dos gestores. É colocada uma etapa a mais no processo de controle é
fortalecido à medida as decisões são tomadas respeitando-se o nível hierárquico, cabendo à Alta
Direção a decisão final, e acionando um processo de “prestação de contas” de um nível hierárquico
inferior para outro imediatamente superior.
A partir desta delegação, desenvolvem-se modelos que se caracterizam como avaliadores de
resultados e desempenho. Esta avaliação de resultado procede da mensuração do lucro ou prejuízo
gerado pelos produtos ou serviços e a avaliação de desempenho da inserção no modelo de avaliação de
resultado, dos custos e receitas controláveis por um gestor (PADOVEZE, 2003).
É neste ponto que surge a idéia da controlabilidade, que será vista mais adiante detalhadamente.
Segundo Welsch (1996), para controlar os resultados são necessárias algumas etapas, a saber:
a) Preparação e utilização de um sistema de relatórios gerenciais periódicos de desempenho para cada
área de responsabilidade; b) Definição de objetivos globais de longo prazo, baseados na missão da
instituição; c) Planejamento dos resultados de longo e curto prazo, detalhado de acordo com as áreas
de responsabilidade da instituição (divisões, serviços, unidades, projetos etc.).
Neste contexto, Catelli et al (2001) considera que a gestão econômica eficaz deve levar em
conta que cada atividade realizada pelas áreas da empresa gera um resultado econômico. Por este
motivo, em todas as etapas do processo de transformação são mensuradas também as receitas e não
apenas os custos e despesas incorridos.
De acordo com Longo (2003, p. 38) “toda empresa como um sistema organizacional tem
necessidade de identificar-se com suas unidades. Para tanto, faz-se necessário medir o desempenho
destas unidades de forma separada (descentralizada), para a obtenção de informações a fim de permitir
corrigir desvios na forma mais adequada possível, e assim buscar a eficácia da própria organização”.
Para Padoveze (2003) o processo de avaliação por áreas traz muitas vantagens em termos de
decisão, tendo em vista que: a)Abarca fatores comportamentais; b)Permite uma gama de possibilidades
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nas decisões; c)Unifica as diversas áreas da organização; e d)Permite avaliação do retorno do
investimento das diversas áreas em que a empresa é segmentada.
Catelli e Guerreiro (1993) afirmam que, ao se avaliar uma atividade para fins de escolha, a
informação de quanto custa uma atividade é pouco para se tomar decisão. A informação do resultado
econômico gerado por uma atividade permite a identificação da formação do lucro, ou seja, quais
atividades contribuem mais ou menos para a formação do resultado global da empresa, qual atividade
vale a pena terceirizar, qual atividade vale a pena manter, e qual a perda econômica pela manutenção
de atividades estratégicas deficitárias.
Neste sentido, Para Pereira (2001), o próprio gestor está interessado em um processo justo de
avaliação dos resultados e, para que essa avaliação seja ideal, tal processo não poderá ser afetado por
decisões de outros gestores.
2.3 Centros de Responsabilidade
A avaliação por atividades é uma forma que a organização encontra para controlar o que foi
planejado. Assim, Figueiredo e Caggiano (2004) afirmam que o controle demanda a existência de uma
estrutura organizacional que defina a responsabilidade de assegurar o desempenho das atividades
individuais. Para que isto seja alcançado, são estabelecidos, dentro da organização, centros de
responsabilidade, definidos de acordo com as responsabilidades delegadas aos gestores.
Acerca desses sistemas, o mais versado é designado de contabilidade por responsabilidade, que
incorpora os conceitos de centros de lucros ou resultados e unidades de negócio.
De acordo com Padoveze (2004, p. 258), a Contabilidade Divisional ou contabilidade por
responsabilidade é “o conjunto de conceitos contábeis gerenciais que permitem a identificação,
mensuração, acumulação, decisão e informação dos eventos econômicos e atividades específicas para
cada um dos gestores dentro da empresa.
Padoveze (2004) assegura que a base para execução da Contabilidade por Responsabilidade é o
próprio conceito de Controlabilidade. Para este autor, só devem ser contabilizados como eventos
econômicos e elementos patrimoniais para um responsável, desde que ele tenha poderes e condições
para tomada de decisão sobre eles.
A contabilidade divisional, em resumo, induz a estruturação de um sistema de informação
contábil que abarca mais de uma dimensão de visualização de resultados (PADOVEZE, 2005). De um
modo geral, as empresas necessitam das informações do resultado de seus negócios e de sua
organização, apresentados em pelos menos três dimensões: divisões, processos e produtos.
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Figura 1 - Visão tridimensional da contabilidade divisional
Fonte: Padoveze (2005)
Na perspectiva desta visão multimensional, os processos normalmente representam os
departamentos ou atividades. As divisões representam os centros de lucros, filiais, divisões ou
fábricas. E dentro de cada um deles estão os produtos e serviços produzidos e vendidos, interna e
externamente (PADOVEZE, 2005).
Neste sentido, pode-se estruturar uma contabilidade divisional que proporcione o resultado
de cada atividade dentro de uma fábrica, com implicação de seus produtos e serviços internos, ao
mesmo tempo em que se pode ter o resultado dos produtos e serviços vendidos aos clientes, e a
somatória sendo o resultado da fábrica (PADOVEZE, 2005).
Warren, Reeve e Fess (2001) salientam que a Contabilidade Divisional, dentro de uma
gestão descentralizada, tem como função primordial assessorar os gestores das unidades na
avaliação e no controle de suas áreas de responsabilidade, chamadas de centro de responsabilidade.
Para Anthony e Govindarajan (2004) um centro de responsabilidade é uma unidade da
organização encabeçada pelo gerente responsável pelas suas atividades. Assim, uma empresa é um
conjunto de centros de responsabilidade, cada um deles representado por uma forma no
organograma, ou seja, tem-se a idéia da hierarquia.
Os centros de responsabilidade são unidades contábeis criadas para acumulação dos dados
das transações e elementos patrimoniais da empresa. De modo geral, seguem a estrutura
hierárquica da companhia (PADOVEZE, 2004).
Esses centros de responsabilidade também são chamados de divisão. Neste aspecto, Souza
(2001) enfatiza que a ‘divisão’ corresponde a uma unidade da empresa coordenada por um gestor,
que é o responsável pelo planejamento, execução e controle das atividades sob sua
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responsabilidade. Acrescenta que, dependendo do nível de autonomia do gestor, é definido o grau
de descentralização das decisões, tais como: quais operações devem ser realizadas; quais serviços
devem ser oferecidos e a que preço; em quais áreas deve atuar e quais projetos de pesquisa devem
ser priorizados.
3. METODOLOGIA
O método científico desenvolvido no estudo foi o dedutivo e teve como estratégia utilizada o
estudo de caso, que representa um “processo de análise” e é a estratégia preferida quando se colocam
questões de pesquisa do tipo “como” e “por que” (YIN, 2001). Em outras palavras, o estudo de caso ,
como estratégia de pesquisa, compreende um método que abrange desde a lógica de planejamento,
incorporando abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados.
A abordagem metodológica utilizada neste estudo se classifica como qualitativa, pois segundo
Malhotra (2001), proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema. A interpretação
dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. De
acordo com Denzim & Lincoln (1994), esta abordagem corresponde a um conjunto de operações
necessárias para a sistematização e para a formação coerente de um processo de coleta, armazenagem e
recuperação de dados.
Para instrumento de coleta de dados foi utilizado questionário semi-estruturado, o qual serviu
como roteiro pra as entrevistas aos gestores da empresa estudada.
A escolha pela entrevista justifica-se pela necessidade de um maior detalhamento da análise.
Para Minayo (1993) a entrevista é utilizada quando o pesquisador deseja obter o maior número
possível de informações sobre determinado tema, segundo a visão do entrevistado, e também para
obter um maior detalhamento do assunto em questão.
Sendo assim, para a elaboração deste estudo foi utilizada a análise de conteúdo, que de acordo
com Berelson (1952) e Bardin (1977), é uma técnica de pesquisa para uma descrição objetiva,
sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto de uma comunicação e que visa obter através de
procedimentos sistemáticos e objetivos a descrição do conteúdo das mensagens, indicadores
(quantitativos ou não) que permitam inferir conhecimentos relativos às condições de produção e
recepção dessas mensagens.
Bauer & Gaskell (2002) afirmam que a análise de conteúdo é apenas um dentre os vários tipos
de análise de texto desenvolvido dentro das ciências sociais. Embora as maiores partes das análises
clássicas de conteúdo terminem em descrições numéricas (contagem) de algumas características
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encontradas nos textos, deve-se dispensar considerável atenção aos “tipos” e “qualidades” daquilo que
é encontrado antes que qualquer quantificação seja feita.
Para consecução deste estudo será utilizado como material de análise as entrevistas realizadas
com os gestores da empresa que terá seu nome mantido em sigilo.
4. ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS DADOS
A empresa estudada é uma sociedade anônima de capital fechado que atua no setor de
Agropecuária. Trata-se de um frigorífico localizado em um Estado no Norte do Brasil, numa área de
quase 200.000 metros quadrados e que reúne um rebanho de mais de 10 milhões de cabeças de gado,
oferecendo em torno de 500 empregos diretos e mais de 1.500 indiretos. Fazendo parte da Amazônia
Legal, a sociedade preza por valores como responsabilidade social e sustentabilidade, possuindo
acordo com o Ministério Público Federal para adquirir bovinos apenas de fazendas certificadas.
A empresa possui capacidade para abater em torno de 900 bois por dia, onde sua estrutura é
interligada por um sistema de computação desde a balança de entrada do boi até os pontos de
embarque, os quais permitem escoar até 300 toneladas de carne por dia. Para atender aos critérios de
qualidade da Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, que mantém 18 funcionários permanentes
no frigorífico, o frigorífico está autorizado a exportar sua carne para mercados exigentes como Hong
Kong, Líbano, Ucrânia, Egito, Dubai e Venezuela.
Assim, a empresa faz parte de uma Holding, a qual também possui empresas e investimentos
em outros ramos de atividade. Então, os gestores entrevistados nesta pesquisa faziam parte de outras
empresas da Holding e que por um processo de reestruturação, agora são gestores do frigorífico.
Portanto, no quadro estratégico da sociedade anônima, puderam-se identificar cinco áreas principais:
contabilidade, controladoria, planejamento, financeira e administrativa. Realizou-se entrevistas com os
gestores destas cinco áreas, e tentou-se entrevistar os dois diretores da sociedade. No entanto, não se
obteve êxito, devido ao fato dos mesmos estarem em viagem longa de trabalho.
As informações coletadas durante as entrevistas foram analisadas em dois grupos. O primeiro
grupo trata das informações demográficas da pesquisa, as quais tratam sobre o perfil dos respondentes.
O segundo grupo da análise aborda as questões relativas ao objeto de pesquisa, principalmente no que
diz respeito como os gestores da sociedade anônima em estudo utilizam as informações geradas pela
contabilidade.
4.1 Análise Descritiva do Grupo 1: Perfil dos Respondentes
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A análise dos dados permitiu verificar que os cinco gestores possuem formação na área de
negócios empresariais, especificamente em Ciências Contábeis e Ciências Administrativas. O gestor 1,
o gestor 2 e o gestor 3 afirmaram possuir pós-graduação.
No que se refere ao gênero, dos cinco principais gestores do frigorífico apenas um é do sexo
masculino e quatro são do sexo feminino. Estas variaram com idade entre 24 e 51 anos e o único
homem possui 56 anos.
Quando foram perguntados sobre o tempo em que trabalham na empresa, verificou-se que
apenas o gestor 5, responsável pela controladoria, está no negócio há pouco tempo. O gestor 1 e o
gestor 3 afirmaram estar na empresa entre 6 e 10 anos e os gestores 2 e 4 afirmaram atuar nesta
empresa entre 11 e 20 anos. No entanto, os gestores explicaram que este tempo de atuação se refere ao
grupo como um todo, tendo em vista que após o processo de reestruturação saíram de outras empresas
do grupo e começaram a atuar no frigorífico.
Outra pergunta que foi feita durante a entrevista, diz respeito aos salários dos gestores. No
entanto, os mesmos acharam melhor não responder a esta pergunta. Assim, a Tabela 1 faz um resumo
de todos os detalhes coletados sobre o perfil dos respondentes.
Tabela 1 - Perfil dos Respondentes
Gestor Gênero Idade Setor Formação
G1 Feminino 51 Contabilidade Ciências Contábeis
G2 Masculino 56 Planejamento Administração
G3 Feminino 32 Financeiro Administração
G4 Feminino 41 Administração Administração
G5 Feminino 28 Controladoria Ciências Contábeis
Fonte: Dados da Pesquisa
4.2 Análise Descritiva do Grupo 2: Restrições e Controle
Os gestores entrevistados observaram uma diminuição da burocracia no grupo, quando
comparado a quando eram gerentes de outras empresas do mesmo grupo. Nas palavras de um gestor:
“Aos poucos estamos mudando os nossos conceitos”. Também foi argumentado, por parte de alguns
gestores, que a burocracia diminuiu e foi derivada de uma mudança cultural, passando a ser menos
centralizada e o ambiente sendo controlado conforme a responsabilidade de cada gestor. Percebe-se,
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então, que cada gestor só é responsável por sua área de atuação e atividade, notando-se o conceito de
controlabilidade. Esse aspecto será discutido no tópico 4.5.
Assim sendo, a adaptação à mudança foi difícil para alguns gestores. Um gestor afirmou:
“Ainda estamos com alguns pensamentos das outras empresas e estamos tentando nos adaptar em
trabalhar numa organização que nos incentiva a tomarmos as decisões conforme as nossas
responsabilidades, claro que dentro dos limites pré-estabelecidos”.
Outros gestores afirmaram que apesar da mudança cultural que está ocorrendo na organização,
ainda há muita centralização no controle da mesma. Um gestor afirmou: “Ainda precisamos da decisão
final dos diretores para poder agir”. Eles sugeriram que o fato de não terem total poder financeiro para
decidir, pode causar algum impacto no novo perfil estratégico da empresa.
No entanto, um gestor afirmou: “Nós temos poderes limitados na tomada de decisão, porém são
limitações comuns de qualquer empresa, como a necessidade de um planejamento prévio”. Outro
gestor complementa: “Muitas vezes as limitações que temos, não se deve ao fato de cortes financeiros
da alta direção ou de qualquer impedimento por parte deles, mas sim limitações advindas do ambiente
externo à organização, tais como limite de crédito”.
Além da distribuição de controle que foi dada aos gestores, no que diz respeito à manipulação
sobre os recursos financeiros, uma série de outras razões foi oferecida pelos mesmos para explicar por
que as alterações sofridas no “pensamento” da organização eram benéficas e porque o controle através
da contabilidade estava problemático. Essa ambigüidade, do pensamento mais descentralizado e do
controle problemático da contabilidade, se deve ao fato de todos os gestores afirmarem do atraso dos
relatórios contábeis. Esse fato será tratado mais adiante na análise do Grupo 3.
4.3 Análise Descritiva do Grupo 3: Contabilidade Gerando Credibilidade ou Incertezas
Nesta etapa da análise, perquiriu-se aos gestores quais eram suas percepções sobre a
contabilidade, inclusive no que diz respeito à forma como as informações eram geradas e qual o grau
de confiabilidade que os mesmos tinham nos números contábeis.
Primeiramente, perguntou-se qual a opinião dos gestores a respeito dos termos que poderiam
englobar a contabilidade. Sendo assim, ofereceram-se como alternativas alguns termos como:
orçamentos, relatórios contábeis, burocracia, fisco, relatórios de responsabilização, indicadores de
desempenhos e auditoria. O entrevistado tinha a liberdade de adicionar qualquer termo, no entanto
nenhum acrescentou.
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11
Assim, verificou-se que os cinco gestores atribuíram como termo participante da definição da
contabilidade os relatórios de responsabilização, indicadores de desempenho e relatórios contábeis.
Isso deve ao fato de a empresa ter sofrido um processo de reestruturação e os gestores estarem sendo
responsáveis por sua área de atuação, onde na doutrina conhece-se por contabilidade por
responsabilidade. Já o termo orçamento só foi citado por um gestor.
Nesta mudança cultural que está havendo na organização, os diretores decidiram contratar uma
empresa multinacional de auditoria, mostrando o quanto a empresa está valorizando mais os números
contábeis. Neste sentido, quatro gestores afirmaram que a auditoria faz parte da contabilidade.
Após a sugestão de vários termos para uma definição ampla de contabilidade, perguntou-se aos
entrevistados se eles consideravam os números da contabilidade como neutros e objetivos. Um dos
gestores considerava os números como objetivos e subjetivos, dependendo do contexto. Nas palavras
dele: “Com a introdução das normas internacionais de contabilidade, alguns aspectos passaram a ser
subjetivos, a exemplo das taxas de depreciação”.
Quando perguntados se eles consideravam os números contábeis como neutros, um deles
respondeu: "Alguns números são neutros e outros não. Assim, de fato nós podemos realmente medir
muitas operações, no entanto qualquer sistema de medição pode não ser perfeito. Por exemplo, se você
observar o envolvimento do diretor em determinadas operações, as medidas a serem tomadas podem
ter algum viés. Então, eu posso dizer que varia de situação para situação”.
Outro gestor foi bem incisivo: “Os números contábeis são neutros, pois representam as
ocorrências históricas da sociedade e não pode haver nenhum direcionamento, se não aqueles
estritamente objetivos da operação”. O gestor 5 complementa: “Sempre há neutralidade para mostrar a
situação patrimonial e financeira da empresa, sem ser tendencioso para o resultado esperado”.
Mais adiante, perguntou-se aos gestores sobre a confiabilidade que os mesmos tinham sobre as
informações geradas pela contabilidade. Três gestores informaram que acreditam que os números
contábeis são confiáveis. Na palavra de um deles: “Os números contábeis nem sempre são elaborados
de forma objetiva, porém são confiáveis”.
Um gestor afirmou considerar os números como imparciais, mas também capazes de
manipulação. Ele ilustrou o potencial de manipulação da contabilidade da seguinte forma:
"Na verdade, você pode apresentar os dados de diferentes maneiras. Então, quando uma análise
detalhada geraria uma circunstância embaraçosa, você pode agrupar os dados em conjunto. Considero
que possa haver sim, um certo grau de manipulação dos números contábeis”. Outro gestor
complementou: “Os números deveriam ser confiáveis, no entanto às vezes se ‘ajeitam’ algumas contas
e isso pode causar um impacto negativo na confiabilidade”.
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12
Os números contábeis também foram associados a outras dificuldades tais como insuficiência,
insegurança e sobrecarga de informação. Os gestores afirmaram que as informações contábeis estão
em atraso já há alguns meses, devido à incorporação do frigorífico à Holding. Este atraso está
causando algumas inseguranças nos gestores e gerando uma demanda sobrecarregada de informações
contábeis.
Neste bloco de análise, a última pergunta feita aos gestores foi se existia algum tipo de
evidenciação diferenciada das demonstrações contábeis quando apresentadas para um diretor ou para
um auditor. Quatro gestores informaram que não existem diferenças no momento da evidenciação, na
verdade para um diretor, segundo eles, a riqueza de detalhes é maior do que para um auditor.
Um único gestor afirmou: “Não deveria haver diferenças de evidenciação, porém como
estamos com atrasos na contabilidade, que já estão sendo resolvidos, por vezes precisamos fazer
projeções nos relatórios contábeis para evidenciar a situação real, no intuito de minimizar os efeitos
dos atrasos”.
No entanto, todos os gestores demonstraram acreditar que a contabilidade, em conjugação com
a estratégia, poderá contribuir para o reforço da identidade empresarial e da credibilidade da
organização. Assim, a introdução destas novas iniciativas, propostas com a mudança cultural, também
evidencia que a empresa passou a utilizar a contabilidade como uma ferramenta auxiliar na estratégia
para tentar aumentar o controle sobre os gestores, tendo em vista que a eles são cobrados os relatórios
conforme as suas áreas de responsabilidades.
4.4 Análise Descritiva do Grupo 4: Quanto à Utilidade dos Números Contábeis
Neste bloco de análise, buscou-se identificar a percepção dos entrevistados quanto à utilidade
das informações geradas pela contabilidade. Assim, procurou-se verificar se os gestores utilizam os
números contábeis como ferramenta principal ou auxiliar no processo de tomada de decisão.
Neste contexto, a primeira indagação feita aos gestores foi se os mesmos consideravam os
números contábeis úteis, de uma forma geral. Todos os gestores afirmaram que os números contábeis
são muito proveitosos, apenas com a ressalva de um gestor: “Eles só são úteis quando estão em dia, ou
seja, sem atrasos”. Para este gestor, com este processo de reorganização que a empresa vem sofrendo,
os números produzidos pela contabilidade estão ficando aquém da utilidade desejada.
Já outro gestor afirmou: “Estas informações da contabilidade não só são úteis para o
planejamento e tomada de decisão, mas também para avaliar o desempenho da organização tais como
lucratividade e endividamento, dentre outras”.
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Nesta mesma linha de raciocínio, perquiriu-se aos gestores se achavam que os números
contábeis eram suficientes para o planejamento estratégico. A partir da análise das respostas dos
entrevistados, pôde-se perceber que os mesmos foram unânimes em afirmar que as informações da
contabilidade não são suficientes para elaboração do planejamento estratégico. Nas palavras de um
gestor:
“Os números não são auto-suficientes. São precisos outros números além dos contábeis”.
Outro gestor complementa: “É necessário que haja uma combinação das informações contábeis com as
perspectivas de mercado. Eles isoladamente não irão produzir uma base concisa para um bom
planejamento”.
Em seguida, além da opinião dos gestores sobre a suficiência dos números contábeis para o
planejamento estratégico, indagou-se se as informações contábeis eram relevantes para um bom
planejamento. A esse respeito um gestor afirmou: “Esses números fornecem a base para avaliar onde
estávamos errando e tirar esses erros do novo planejamento, bem como analisar os acertos e
permanecer com eles”. Assim, verifica-se que este gestor mostrou-se em concordância com a
importância das informações contábeis.
Ligada à falta de atualização dos números contábeis e, conseqüentemente, de uma realização
estratégica, geraram-se dúvidas e incertezas no que diz respeito aos números contábeis. Por exemplo,
um gestor estava em dúvida sobre a relevância dos números contábeis para o planejamento estratégico.
Em suas palavras: “Nós temos um aglomerado de informações sobre o desempenho histórico da
organização, e é muito difícil transformar isso em algo atual, principalmente porque o mercado dita
certas regras”. A respeito disso, outro gestor afirma: “É necessário realizar projeções sobre os números
contábeis com vistas a não ter números defasados”.
Alguns gestores afirmaram sobre a dificuldade em entender a linguagem ‘contabilês’. Estes
tinham formação em ciências administrativas, mas tinham um razoável conhecimento sobre
contabilidade. No entanto, um deles afirmou: "Temos uma enorme quantidade de dados, mas é muito
difícil dar sentido a eles". A falta de compreensão absoluta na contabilidade era evidente. Pôde-se
observar que os sistemas de contabilidade ainda eram vistos como a criação de mais burocracia, como
se segue:
“Há muita burocracia em torno desses sistemas contábeis e suponho até que nós, muitas vezes,
temos que dar sentido às informações baseados nas nossas próprias experiências. Porém, é a partir dos
números fornecidos pela contabilidade que se tem um ponto de partida para se iniciar o planejamento
estratégico”.
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Neste sentido, verificou-se uma miscelânea de pensamento sobre a relevância das informações
geradas pela contabilidade no que diz respeito à elaboração do planejamento estratégico. No entanto,
as opiniões sobre a área estratégica, que inclui elementos de contabilidade, foram sentidos de forma
positiva por alguns gestores, não só através da crença de que tais números poderiam esclarecer o
desempenho organizacional, mas também na perspectiva de que podem contribuir para detectar erros.
Mais adiante, finalizando a entrevista, perquiriu-se aos entrevistados se os mesmos possuíam
preocupações com a contabilidade no que se refere às suas funções de trabalho, como por exemplo, na
estratégia (cortes financeiros) e qualidade (cortes de qualidade). Todos os gestores afirmaram ter
preocupações com a contabilidade, devido à responsabilização nas suas áreas. Assim, um dos gestores
afirmou: “Tenho preocupação sim. Com a mudança cultural que estamos passando, estamos dando
mais valor à contabilidade e a empresa de auditoria que contratamos está ajudando”.
A esse respeito, outro gestor declarou: “Mesmo sem percebermos, muitas vezes somos até
direcionados pelos números contábeis. Como eu considero que o orçamento faz parte da contabilidade,
nós não podemos sair do que está previsto no orçamento, a não ser que seja algo extraordinário. Então,
direta ou indiretamente todos deveriam se preocupar com a contabilidade”.
4.5 Aplicação da Controlabilidade
De forma secundária, buscou-se verificar os conceitos de controlabilidade na empresa estudada.
Tendo em vista que esta passou por um processo de reestruturação, os gestores que eram de outras
empresas da Holding agora passaram a gerenciar o frigorífico, sendo este a sociedade anônima
estudada.
Assim, observando a visão tridimensional de Padoveze (2005), a sociedade anônima estudada
representa um centro de lucro da Holding, ou seja, uma Divisão. No que se refere aos processos, esses
são representados pelos seguintes departamentos: contabilidade, controladoria, planejamento,
financeiro e administrativo. E como resultado dos produtos e serviços, esses departamentos prestam
contas sobre como estão gerenciando os recursos que estão sob suas responsabilidades e que afetam a
otimização da produção.
Os gerentes responsáveis pelos centros de responsabilidade afirmaram que precisam das
informações geradas pela contabilidade para controlar suas atividades. Este fato coloca os resultados
desta pesquisa em consonância com a teoria, pois Warren, Reeve e Fess (2001) afirmam que a
contabilidade, a partir de uma gestão descentralizada, tem como função primordial assessorar os
gestores das unidades na avaliação e no controle de suas áreas de responsabilidade.
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Figura 2 - Visão tridimensional do Estudo de Caso
Fonte: Dados da Pesquisa adaptados de Padoveze (2005)
5. CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve como principal objetivo investigar qual a percepção dos gestores de uma
sociedade anônima quanto à utilidade das informações geradas pela contabilidade. Secundariamente,
buscou-se verificar os conceitos trazidos pela Controlabilidade dentro da empresa pesquisada.
Os gestores da empresa estudada passaram por uma mudança cultural, especificamente uma
reestruturação, a qual delegou para cada gestor, responsabilidade de acordo com a sua área. No
entanto, alguns gestores afirmaram entender que passou a existir uma maior burocracia na empresa e
que apesar dessa delegação, ainda havia muita centralização quanto ao poder nas tomadas de decisão.
Quanto à neutralidade dos números contábeis, não houve um consenso por parte dos gestores.
Isto porque, enquanto uns afirmavam acreditar na objetividade e neutralidade das informações geradas
pela contabilidade, outros acreditam que é impossível a geração de tais números sem a subjetividade
do contador.
No que se refere à controlabilidade, pôde-se verificar os conceitos desta teoria e a empresa
estudada representa um centro de lucro de uma Holding. Na visão tridimensional de Padoveze (2005),
os processos são representados pelos seguintes departamentos: contabilidade, controladoria,
planejamento, financeiro e administrativo. E como resultado dos produtos e serviços, esses
departamentos prestam contas sobre como estão gerenciando os recursos que estão sob suas
responsabilidades e que afetam a otimização da produção.
Diante do exposto, conclui-se que não houve uma concordância entre as respostas dos gestores,
desta sociedade anônima, quanto às informações contábeis e que estes entrevistados, apesar de
Divisão: Frigorífico
Departamentos:
contabilidade, controladoria,
planejamento, financeiro e
administrativo
Produtos e Serviços
gerados pelos
departamentos
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verificarem alguns problemas nos números contábeis como dificuldade de compreensão, neutralidade e
objetividade, todos afirmaram acreditar na utilidade das informações geradas pela contabilidade.
6. REFERÊNCIAS
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19
1
A EDUCAÇÃO E O PAPEL DO PROFESSOR EM SUA RELAÇÃO COM O
ALUNO, SOB A ÓTICA DA PSICANÁLISE
Ednaldo Amorim1
Sandra Montenegro2
Resumo
Este trabalho apresenta parte importante resultante da investigação procedida na interface
psicanálise e educação quanto à inseparabilidade entre o sujeito que aprende e a metodologia do
ensino, com destaque para a educação e o papel do professor em sua relação com o aluno – aspecto
integrante da tese de doutoramento, cuja hipótese foi construída sobre a premissa de que a
psicanálise contribui para o conhecimento de peculiaridades do sujeito que aprende. Edificação
procedida a partir da revisão de literatura fundamentada primordialmente em Freud e através da
pesquisa qualitativa realizada junto a estudantes e docentes do ensino superior de uma faculdade
privada, em Recife, dos quais foram coletadas suas impressões sobre fenômenos por estes
vivenciados no espaço sala de aula, nesta mesma instituição.
Palavras-chave: Educação. Psicanálise. Sujeito da aprendizagem. Metodologia de Ensino.
1 Professor na Faculdade Nova Roma / Fundação Getúlio Vargas (FGV). Bacharel em Comunicação Social com
habilitação em Relações Públicas pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Especialista em
Administração com ênfase em Marketing pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Doutor pela União
de Instituições para o Desenvolvimento Educacional, Religioso e Cultural (UNIDERC). Certificado em Metodologia do
Ensino pela FGV. Educador corporativo e consultor em comportamento humano e organizacional.
educacaoamorim@yahoo.com.br. 2 Professora Doutora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Orientadora.
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2
Introdução
Este artigo relaciona-se com a pesquisa transformada em tese de doutoramento em
psicanálise aplicada à educação. Movimento iniciado a partir da evidência do descompasso entre o
que é ensinado, a forma como o é, expectativas do sujeito que aprende e do sujeito-suposto saber,
objetivos e resultados obtidos na construção do conhecimento. O fruto desse desencontro é revelado
quando de demandas do mercado empregador e aplicabilidade do saber, desenhando-se o
desalinhamento entre a necessidade social e a entrega do produto no egresso da educação superior.
Faz-se imperativo, antes de tudo, conhecer, na medida do possível, o sujeito que aprende.
O sentimento de angústia em relação a esse descompasso acentua-se na observação de cenas
em que professores parecem comunicar total falta de envolvimento ou mesmo de proximidade com
alunos, além de considerável desconhecimento metodológico, de conteúdo e do sujeito que
encontra-se diante de si.
Ter presenciado desagradáveis e ricas experiências de falta de interesse de professores e de
gestores da educação do nível universitário ao longo de minha trajetória docente, e não concordar
com essa postura, constitui-se em estímulo extra a produção de algo que venha, ainda que
modestamente, contribuir para um posicionamento assertivo por parte dos que desejem
efetivamente manterem-se comprometidos com a educação.
A leitura do livro de Camargo (2006), Educação: uma questão metodológica?, recomendado
por minha querida orientadora Sandra Montenegro, doutora pela Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), incentivou-me ainda mais, por fortalecer em mim o sentimento e a crença de
caminhar no sentido certo.
A construção deste artigo se dá em função de descobertas realizadas e de constatações
oportunizadas ao longo da pesquisa qualitativa, de abordagem etnográfica, analisada sob a luz do
referencial teórico psicanalítico com suporte epistemológico da fenomenologia. Busca-se, pois,
entender a importância do arcabouço da teoria psicanalítica sobre o sujeito da educação, visando
compreender como esta percepção pode auxiliar na mudança ou melhoria das formas metodológicas
de ensino. Igualmente importante é identificar na literatura psicanalítica as concepções de sujeito a
fim de possibilitar o entendimento sobre a importância de associar a ótica da psicanálise à
pedagógica para a aprendizagem.
A educação e o papel do professor em sua relação com o aluno
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3
Desde a Antiguidade, a educação é vista como um problema com o qual o homem se
confronta na transmissão de seus valores. Os gregos já buscavam no esforço do indivíduo e da
comunidade o conhecimento de si mesmo e do mundo. Se estabelece, desde já, para a interseção
entre psicanálise e educação, a necessidade de retorno às origens, ainda que de forma breve.
Na Antiguidade grega, a educação era considerada como valorosa e ideal de princípio
formativo a ser perseguido. A aspiração à forma, que dominava o campo das artes, bem como as
leis que regiam a natureza da mente humana, produziram o estilo helênico na história da educação,
tanto no plano individual quanto no social. A educação era a consciência dos princípios que regiam
corpos e espíritos. Segundo Jaeger (1995), tratava-se de um processo de construção consciente. A
moral, a ética, o pensamento, a noção de indivíduo e sociedade nasceram no âmago das questões
filosóficas, ao passo que as concepções de ser natural e orgânico foram representadas através da arte
e da literatura. A educação transmite o aspecto individual humano no âmbito social.
Os educadores gregos da Antiguidade marcaram o lugar do homem na sociedade e situaram
no conhecimento a força geradora do ideal. Esse conhecimento explicitava-se através de
pensamentos, da fala e de um estilo próprio que regia o pensamento e a vida. O antropocentrismo
grego fazia da educação uma ação voltada para a construção do homem e do Estado ideal.
A relação mestre-aluno desenvolvida entre Aristóteles e Alexandre, “o Grande”, no século
IV a.C., contribui ao pensar sobre algumas questões relativas ao educável, ao ineducável e à
transferência amorosa de um saber. O filósofo-educador via fracassar seus esforços com o aprendiz-
imperador Alexandre da Macedônia que se mostrara, desde cedo, ineducável, tomado por “paixões
ancestrais”, entendidas por Aristóteles como passividades. Mesmo assim, mostrava-se desejoso de
viver e de aprender. Apreciemos trecho do primeiro diálogo deles, extraído do texto Alexandros:
Alexandre: Há uma coisa que gostaria de saber de ti: por que preciso ser
educado como os gregos?
Aristóteles: Terei antes de explicar o que significa ser grego... Só assim
poderás decidir se realmente queres aprender meus ensinamentos. Ser grego é o
único modo de viver digno de um ser humano (Manfredi, 1999, p. 83).
Ainda nessa linha de pensamento, contudo movendo-nos até poucas décadas, chegamos à
Psicanálise, à Lacan (1969-70/1992), que, ao desenvolver suas ideias a respeito do discurso do
Mestre antigo e do Mestre moderno, identificou, nesse último, o discurso capitalista, assinalando
nessa passagem uma modificação no lugar do saber, possivelmente influenciado pela experiência do
movimento estudantil de maio de 1968, na França, no qual os estudantes afrontaram o poder.
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4
Tendo chegado aos dias de hoje, após volumoso acervo de experiências e de registros de
incontáveis transformações, encontramos que o discurso universitário é “fundado em um saber
cumulativo e acadêmico no qual o sujeito, como produto, resume-se a créditos” (Coutinho, 2002, p.
9).
A história de países que floresceram e se desenvolveram é a história da sua cultura, e essa é
a história de suas universidades. A humanidade utiliza a experiência do passado, todavia essa
experiência atinge tamanha complexidade intelectual que sem a existência das universidades,
grande parte dela se teria perdido e outra grande parte nem chegaria a ser formulada.
A Universidade trata da manutenção da atmosfera do saber para a preparação do homem que
o serve e o desenvolve. Cuida da conservação do saber vivo e não do saber encerrado em livros ou
no empirismo. Se ocupa com a formulação intelectual da experiência humana renovada, para que
esta se torne consciente e progressiva. Trata, ainda, da difusão da cultura humana, com inspiração e
ânimo vitalizadores do saber do passado. Saber esse que não é um objeto que se recebe das gerações
precedentes, mas saber atitude de espírito que se forma lentamente ao contato entre os que sabem. A
Universidade é, essencialmente, a junção dos que sabem aos que desejam aprender, em meio à
inquietação no sentido do conhecer, para o fazer, para o compreender e para o aplicar.
Para Freud, o campo estabelecido entre o professor e o aluno se dá na transferência e nos
conteúdos ministrados. Com a manifestação do inconsciente, pode o professor tornar-se a figura a
quem serão endereçados os interesses do aluno. Experiências vividas primitivamente com os pais
são transferidas. Resgatando a metáfora freudiana sobre ensinar o catecismo a selvagens, pode fazê-
lo o professor, com toda convicção e paixão, sem desconsiderar que o inconsciente continuará
adorando seus antigos deuses, guardando o que lhes convier e descartando o que não lhe interessa.
Entendendo o professor que essa pretensa rebeldia tem sua significativa importância para o futuro
desenvolvimento intelectual do aluno e que o ensinado e a subjetividade de cada um, integrados,
possibilitam o pensamento renovado, a criação e a construção de novos conhecimentos.
Se um professor souber aceitar sua morte enquanto mestre pelo aluno, para que este torne-se
mestre de si mesmo, estará contribuindo para uma relação de aprendizagem autêntica. Estaria ai o
seu principal papel, na perspectiva educacional. Assim, o papel do professor, para Freud, dentro da
perspectiva psicanalítica, é o de aceitar e mostrar que existem outros saberes além dos já
conhecidos. Nem educador nem aluno têm as verdades absolutas, e sempre haverá possibilidades de
novos arranjos dos dados da realidade.
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5
Na comunicação professor-aluno, o aprender-ensinar ocorre e o educador deve estar atento
inclusive para não impor ao aluno o seu próprio desejo, assim como também, não ter expectativa
alguma em relação aos seus alunos pode colocar em risco a constituição do seu eu desejante, do
sujeito desejante.
A tentativa de aplicação da psicanálise à pedagogia por Anna Freud (1958) se constitui valorosa
contribuição para uma visão crítica das práticas pedagógicas, por ser a psicanálise doutrina da
pulsão, ampliando o conhecimento que o pedagogo tem do homem, aprofundando o entendimento
sobre as relações complexas entre a criança e o adulto que a educa.
Jung, por sua vez, entende que o papel do professor vai além da transmissão de conteúdo. O
que se trabalha com os alunos é muito mais importante que o método utilizado. Deve o professor
exercer a capacidade de educar pelo exemplo. “Sua tarefa não consiste apenas em meter na cabeça
das crianças certa quantidade de ensinamentos, mas também em influir sobre as crianças, em favor
de sua personalidade total...” (Jung, 1981. p. 59).
O professor e a escola ainda contribuem para a gradual diferenciação do ego, com o objetivo
de formar um indivíduo consciente. A escola contribui para o processo de desligamento da criança
com a família, ampliando sua consciência. Quando Jung fala de desligar o aluno da família, está se
referindo a algo comparável a um segundo nascimento, a um rompimento de um cordão umbilical
simbólico, sem o qual não seria possível a produção de cultura.
Na visão de Pfister, uma pedagogia psicanalítica poderia descobrir nas crianças aquilo que lhes
inibia e prejudicava vindo de seu psiquismo inconsciente. Isso remete a ideia de que “...o educador
deve funcionar como analista, ao mesmo tempo que deve lembrar-se de que persegue um fim
moral.” (Kupfer, 2000, p. 67). A interface psicanálise e educação foi inaugurada por Freud e alguns
colaboradores, como Ferenczi, Pfister, Bovet e Zulliger (Cerezer, 2005). Em 1925, Freud (1996)
escreve em seu “Prefácio a Juventude Desorientada, de Aichhorn”.
Com a ajuda de Lajonquière (1999), podemos entender que uma posição adequada em
relação ao ideal seria aquela em que se pudesse aceitar a limitação de cada sujeito. Na descrição de
Laplanche e Pontalis (2004), seria a expressão utilizada por Freud, em sua segunda teoria do
aparelho psíquico, instância da personalidade resultante da convergência do narcisismo (idealização
do ego) e das identificações com os pais, com os seus substitutos e com os ideais coletivos.
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6
Enquanto instância diferenciada, o ideal do ego constitui um modelo a que o sujeito procura
conformar-se (p. 222).
O ideal do eu é a instância que inicialmente fora descrita por Freud como supereu, que
aponta para onde o sujeito deve chegar, um ponto de plenitude e de uma possível perfeição. Tal
instância, necessária à constituição da subjetividade, oferece ao sujeito a possibilidade de ter metas
sociais e nortes na vida.
Kupfer, em “Freud e a Educação” (Kupfer, 1989), fala da existência de uma nítida separação
entre pedagogia e psicanálise, ao questionar a possibilidade de associar livremente, quando há uma
direção prefixada, um comportamento adequado a ser atingido e definido desde sempre por um
modelo com o qual o educador se identifica. Ambos saberes não se aproximam. Ou se permite a
associação e sua interpretação ou se orienta para o ideal. “Ou uma coisa, ou outra!” (p. 68).
Lajonquière auxilia-nos a pensar os impossíveis da educação escolar. O autor afirmou que
“a empresa educativa encontra-se hoje norteada em última instância por metas radicalmente
impossíveis que o próprio discurso (psico)pedagógico formula para si mesmo” (1998, p. 93).
Nesse estudo, enfatizou o autor a questão do ideal criado pela empresa educativa, ou
discurso (psico)pedagógico hegemônico, especificando esse ideal como uma postura psicologizante
referida a um desenvolvimento natural que o ser humano teria, lembrando as psicologias do
desenvolvimento e suas medições.
Refletindo mais um pouco sobre a complexidade do saber-fazer do professor-sujeito, na
contemporaneidade, cito Ferraço (2006, p.158), em seu argumento de que os saberes fazeres dos
sujeitos que praticam o cotidiano escolar são ambivalentes, deslizam o tempo todo, produzem
fraudes, dissimulações, deslocam o instituído, criam outras possibilidades ao mesmo tempo em que
tentam conservar o que está dado.
Ao mesmo tempo que é prazeroso para muitos professores, o processo de formação é
também doloroso, evidenciando-se claramente a angústia vivida por estes e por alunos. É preciso
estar disponível ao inesperado e ao desconhecido para atuar em meio às diferenças e conflitos
inerentes às relações humanas. Para o professor apaixonado, mais importante que buscar seguidores
é encontrar curiosos e caçadores de novos significados. Para os que amam o que fazem parece
reencontrarem o olhar materno nos alunos, o que libera a ilusão e proporciona a introjeção do objeto
bom e a confiança neste.
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7
Costumo dizer que os encontros no espaço sala de aula são pretextos para amar, e o
conteúdo, uma desculpa para aproximar pessoas, a partir de um suposto interesse identificado,
considerando-se o cotidiano e aspirações de aplicabilidade do que virá a ser aprendido. A maior
importância deve ser dada aos relacionamentos humanos em permanente construção.
Um saber pode explicar muita coisa sobre um determinado aspecto do conhecimento, mas
não explica todo o conhecimento. Compreende-se, pois, que a metodologia do ensino deva ser
coerente na articulação de objetivos, procedimentos e instrumentos para essa construção.
Revelações da pesquisa que busca conhecer o sujeito que aprende
O medo do fracasso escolar, em todos os níveis, sempre foi uma preocupação de todos os
envolvidos e a metodologia em sala de aula tenta fazer o papel de facilitar o aprendizado.
Entretanto, a pesquisa foi além das questões metodológicas, chegando a como o sujeito tem sido
construído durante o processo ensino-aprendizagem.
Existe um idealismo em relação ao desempenho do aluno na fala de alguns docentes. O que
apresenta-se no quadro abaixo:
As falas mais evocadas pelos professores ao serem indagados na seguinte questão O
que você entende como mais importante para o aprendizado? foram:
(N= 20)
Categorias presentes nas falas docentes F %
1 - Ouve com atenção, presta atenção, tem interesse. 2
7
2
5.0
2 - Tem disciplina para estudar, se envolve com a aula. 3
8
3
5.2
3 - Dá importância ao professor, valoriza o que ele faz, o
respeita.
4
3
3
9.8
Total 1
08
1
00
Durante as entrevistas formais e informais, bem como nas respostas aos questionários,
aparece como mais relevante o aspecto da valorização e do respeito ao professor por parte do aluno.
Apesar dos demais itens também se apresentarem com um certo equilíbrio, é possível identificar no
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8
total das frequências que os docentes ainda se pautam por um paradigma que o professor é central
para a educação. Aparentemente o docente apresenta um certo narcisismo, no sentido de ser ouvido
plenamente, valorizado em tudo que faz.
Os que assim responderam, parecem atribuir um papel fundamental ao protagonismo do
aluno, entretanto o trabalho na construção do ser e do aprender é um processo de parceria. O ser
humano não vive em um círculo fechado, pois é na relação com o outro que o ego se constrói.
Em outro momento, perguntou-se aos estudantes: O que você precisa para aprender melhor?
As palavras mais evocadas foram: interação, participação, pesquisa constante, leitura envolvente.
Um dos alunos assim se expressou: “Que o aluno internalize que o aprendizado é um processo, não
se dá do dia para a noite ou às vésperas das provas, e que não depende apenas da competência do
professor, e sim dele próprio”. Na interpretação do que vemos aqui, esses estudantes sinalizam para
a importância da interação, da interlocução e do diálogo para a aprendizagem, assim como da
autonomia para construir o percurso da aprendizagem.
A sala de aula é um local de ritualizações e possui uma dimensão antropológica, cultura e
psicológica. É um lugar de trocas simbólicas que mobilizam processos psíquicos. Estes processos se
situam na origem do desenvolvimento cognitivo e afetivo do ser humano.
Na escala de Likert, foi apresentada a questão: Até que ponto o professor faz a diferença
positiva em teu aprendizado?
Participação percentual das falas dos discentes
Não
sei dizer
Pouco Muito Bastan
te
Total
mente
10 10 10 50 20
É possível interpretar que o professor, para os respondentes, ainda desempenha um papel central.
Trazendo essa ideia para o contexto investigado, a construção desse ser da educação mediado pela
metodologia tem seus alicerces emocionais nas primeiras relações parentais, portanto, as exigências,
o equilíbrio ou as desordens para aprender não podem ser remetidas apenas para a questão da
metodologia, mas de como o estudante vem construindo sua psique, seu equilíbrio emocional.
Evidentemente, o professor contribui com o processo holístico do sujeito que aprende, mas ele
também tem sua história familiar e de como os seus laços, seu processo de maturação se
desenvolveu nos primórdios da vida.
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Em uma outra questão trabalhada junto aos alunos sobre o que é mais importante no
processo ensino-aprendizagem, 80% deles responderam que é o domínio da disciplina pelos
professores.
Em certo sentido, ainda se espera muito dos docentes, contradizendo uma das falas
anteriores, em que consideram que o estudante tem que fazer o seu próprio percurso. Se assim, de
fato, entendessem, a figura docente estaria posta enquanto mediador. O professor ainda ocupa um
lugar de destaque no imaginário do conhecimento, ainda é percebido como alguém que irá depositar
esse saber, apesar de isto ser denunciada como uma prática bancária por Paulo Freire.
Considerações finais
É importante que o professor desenvolva competências diversas – capacidade intuitiva,
sensibilidade para relacionar-se com o outro, reflexão sobre sua própria experiência de vida. Se
focalizarmos a competência docente apenas na dimensão cognitiva, correremos o risco de
defendermos, inconscientemente, um paradigma conservador de educação.
Exige-se que os professores sejam capazes de envolver os alunos para que possam se
interessar pela aprendizagem, entretanto, curiosidade, ilusão e descobrimento fazem parte do
encantamento que é o aprender, mas nem todos são mobilizados internamente para vivenciarem
isto. Por mais que os docentes se esforcem, há limites, além da “lei do mínimo esforço”. É essencial
a motivação do professor. Caso contrário, se instalará um vazio sem promessas, que apenas aliena.
A moderna neurociência confirma que tudo o que é registrado no cérebro recebe uma
valência negativa ou positiva. A qualidade básica do sentimento vem em primeiro lugar. Surge,
então, todo um conjunto ordenado de sentimentos secundários, todas as emoções que nos são
familiares, desde a alegria e a raiva até o medo e a frustração. O que a educação pode fazer é ajudar
a corrigir o fluxo de sentimentos que impedem o aprendizado. A experiência dolorosa não
representa o fracasso, entretanto somos compelidos a acertar sempre, principalmente em uma
sociedade que valoriza a competitividade.
As falas aqui apresentadas são grandes frentes que desafiam a necessidade de que seja
repensado o processo de interação que ocorre na sala de aula. O lugar do sujeito chamado de mestre
sustenta um saber que se apresenta como inequívoco e que sua metodologia não é tudo.
Ao direcionar o olhar psicanalítico para questões sobre o sujeito da educação e sobre
metodologia do ensino superior, foi buscado apoio em Freud, predominantemente, como em Jung,
Pfister e Lacan, através de algumas de suas obras e de expressivos autores e autoras como Kupfer e
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Camargo, esta em Educação: uma questão metodológica (...), dado que após sua leitura tive a
sensação de que teria escrito várias de suas páginas, pela proximidade de motivos que tivemos para
pesquisar e escrever sobre o assunto, bem como por experiências parecidas vivenciadas.
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Referências
CAMARGO, A. C. C. S. Educar: uma questão metodológica? Proposições psicanalíticas sobre o
ensinar e o aprender. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006. 141p. (Coleção Psicanálise e Educação).
CEREZER, C. Escuta do Mal-Estar na Sala de Aula – um ensaio sobre psicanálise e educação
na atualidade. In. Outeiral, J.; Cerezer, C. O Mal-Estar na Escola. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.
p. 57-64.
COUTINHO JORGE, M. A. Fundamentos da Psicanálise de Freud a Lacan. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2002.
FERRAÇO, Carlos. E. Os sujeitos da escola e complexidade de seus fazeres saberes: fragmentos
das redes tecidas em pesquisa com o cotidiano. IN: GARCIA, Regina. L;
FREUD, A. (1958). Introduccion al psicoanálisis para educadores. B. Aires, Paidós.
FREUD, S. (1893-1895). Estudos sobre a histeria: Casos clínicos – Caso 3: Miss Lucy R., 30
anos. (Obras psicológicas completas de Sigmund Freud, Vol. II). Rio de Janeiro: Imago, 1996.
JAEGER, Werner. Paidéia: A Formação do Homem Grego. 3ª edição. São Paulo: Martins
Fontes, 1995.
JUNG, Carl Gustav. O Desenvolvimento da Personalidade. Petrópolis: Vozes, 1981.
KUPFER, M. C. Freud e a Educação: o mestre do impossível. (Série Pensamento e Ação no
Magistério, Vol. 14). São Paulo: Scipione, 1989
KUPFER, Maria Cristina. Educação para o futuro. São Paulo: Escuta, 2000.
LACAN (1969-70/1992) O avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
LAJONQUIÈRE, L. A psicanálise e o mal-estar pedagógico. Revista Brasileira de Educação, Rio
de Janeiro, n . 08, mai. 1998.
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1
SERRA DE ARAROBÁ1, BERÇO DA INDÚSTRIA PERNAMBUCANA
Paulo Roberto da Silva2
Resumo
Pernambuco, a par do ciclo da cana que durou três séculos e do ciclo bicentenário do algodão, gerou
no limiar do século XX no agreste um inédito cluster produtivo de doces e derivados de tomate que
rompeu as fronteiras geográficas do país, conquistando inclusive reconhecimento internacional. Por
quase um século, a região da serra Ararobá, centrada no município de Pesqueira ostentou um vigoroso
movimento econômico que chegou a registrar 30 mil empregos formais e um sem número de
atividades satélites que produziam renda mensal para as famílias, muito acima da média. No entanto,
esse extraordinário evento esvaiu-se em um longo processo autofágico que começou a partir da
década de 1950 vindo a encerrar-se melancolicamente no final da década de 1990.
INTRODUÇÃO
A região ao pé da serra Ararobá, distante cerca de 230 quilômetros da praia, representada hoje
pelo município de Pesqueira situa-se na área limítrofe entre o agreste e o sertão, apresenta clima
semiárido, quente, de curta estação chuvosa na transição entre o outono e o inverno. Irrigada pelos
rios Ipanema e Ipojuca, (este último nascido na serra do Orobó), que apresentam regime de
intermitência, induzindo à necessidade de armazenamento de água para abastecimento doméstico ou
industrial.
Da perspectiva atual, seria uma região altamente improvável para fazer surgir em 1898 um
processo de industrialização que durou quase um século e, já nas primeiras décadas, levou para o
agreste pernambucano, inovações como: aeroporto nacional, jóquei clube, revendedora de veículos
Ford - um luxo para a época - estrada de ferro, sete fábricas, cinco jornais de circulação regular e
várias publicações de vida curta e circulação episódica. Na área cultural, Pesqueira viu nascer na
esteira do desenvolvimento econômico, uma vibrante atividade educacional. Tornou-se polo de uma
1 Ararobá, (ororubá) provavelmente uma corruptela de araribá que na língua Tupi indica árvore papilionoídea
(Centrolobium robustum), da floresta pluvial, caracterizada pelas grandes sâmaras providas de longos espinhos acerados,
e cuja madeira, pardo-avermelhada, pesada e dura, serve para construção civil e naval, mobiliário fino e obras externas.
[Var.: arariba, iriribá. Sin.: araraúba, araribá-amarelo, gororoba, iriribá-amarelo, mutumiju, putumuju, putumuju-
amarelo, putumuiú-iriribá.] Novo Dicionário Aurélio-EditoraPositivo-2009.
2 Formado em Comunicação Social, especialista em marketing do varejo, mestrado em Gestão Empresarial, exerceu por
mais de duas décadas, cargos de gestão, na área comercial em empresas, de grande e médio porte, com atuação em
distintos ramos de atividade. Professor da área de formação profissional em negócios, há quinze anos, ensina atualmente
disciplinas relacionadas a Empreendedorismo e Gestão.
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vasta região, e ainda hoje, apesar de todas as transformações sociais ocorridas desde então, o colégio
Cristo Rei, o Seminário São José, o colégio de freiras Santa Dorotéia continuam sendo referências no
ensino. Representam modelos educacionais de uma época quando a Igreja católica, por intermédio de
suas várias ordens, instituía e administrava ginásios e colégios que ofereciam um ensino de elevado
nível, temperado com uma forte doutrinação religiosa. O acesso a estes estabelecimentos se dava
através de exames admissionais para os quais proliferavam cursos preparatórios chamados de
“Admissão” e, não raro, filhos de famílias ilustres não logravam frequentar seus bancos, por não
alcançarem os níveis de aproveitamento necessários.
Nos tempos de internet, globalização, viagens intercontinentais e outros avanços, que até há
pouco tempo, eram tratados pelos livros de ficção científica, fica difícil imaginar e ambientar a vida
em um vilarejo perdido no agreste pernambucano, em 1890. Um tempo sem luz elétrica, água
encanada, esgoto, chuveiro, telefone, rádio, automóvel, televisão, cinema e outros confortos que hoje
pensamos sempre terem existido. Os utensílios domésticos eram, na sua maioria, de zinco anodizado,
panelas de ferro fundido, barro ou cerâmica. Um luxo para a época eram os tachos de cobre, forjados
por artífices ciganos que, fugindo das perseguições religiosas vigentes na Europa, vieram para o novo
mundo e ganhavam a vida viajando pelos vilarejos dos sertões, vendendo e trocando mercadorias. E
foi em um deles que tudo começou no ano de 1898.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Em 1534 aquelas terras passaram a ser parte integrante da Capitania Hereditária de Itamaracá,
doada por D. João III a Pero Lopes de Souza. Porém, os primeiros registros da instalação de alguma
atividade de exploração datam de 1698 quando, segundo Wilson (1980) teve início a exploração das
terras em Ararobá, por iniciativa do Fidalgo da Casa Real do Hábito de São Bento de Aviz. A
colonização começou, como de praxe, com a matança de um grupo de índios Xucurús e Paratiós da
nação Tapuias-Cariris, habitantes originais que subsistem em reservas demarcadas até os dias atuais.
Segundo Silvio Lins (1980) no final do século XVIII ´a aldeia de Ararobá já constituía regular
núcleo populacional, tendo sido, por alvará de 3 de abril de 1762, transformada em município e sede
municipal, recebendo a denominação de Cimbres, sob a condição de vila´.
Nesta época, “início do século XVIII o acesso às terras do Sertão se dava por três roteiros de
penetração”, segundo Mello (1966), o Caminho de Capibaribe o Caminho do Ipojuca e por último o
caminho que ligava a Praça de Olinda aos campos de São Francisco que, na verdade, era uma
alternativa ao Caminho de Ipojuca.
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“O terceiro roteiro é exatamente o do caminho comunicando a Praça de Olinda
com os Sertões do São Francisco a que se refere Capistrano o qual Azeredo Coutinho
tinha mandado abrir ao tempo de seu governo. Vê-se porém que repete o traçado do
Caminho do Ipojuca, de 1738. Invalida-se pois a afirmativa ao Bispo-Governador de
que o que mandara abrir; na verdade o mandou examinar e verificar as comodidades
para as boiadas: as distâncias, os pousos, a água.” – (MELLO - 1966)
Por sua localização e condição de último posto antes do Sertão, a região ao pé da serra
Ararobá, se tornou a parada habitual para todos que demandavam o Sertão: fugitivos, aventureiros,
comerciantes levando utensílios, ferragens e principalmente tropeiros que voltavam do Sertão
tangendo boiadas para abastecer a zona costeira, de couro e carne, tomada então, pela monocultura
da cana.
Nessa época a exploração agropecuária era bastante definida. A zona da mata era tomada pelos
canaviais, o Agreste pela cultura de subsistência que incluía: mandioca, goiaba3, sapoti, umbu,
pêssego e outras variedades de frutas já existentes na época e adaptadas ao clima local. Milho e o
algodão nativo, (Gossypium arboreum), do tipo arbóreo de cultura perene, na época, pouco
valorizado. As fazendas de gado que se estendiam para além das fronteiras do Sertão abrigavam o
rebanho que em criações extensivas, driblavam os efeitos das secas periódicas. Muitas delas
3 Árvore nativa das Américas, com até 7 m de altura, tronco com casca escamante e avermelhada. Folhas pilosas na face superior
quando novas. Flores brancas que surgem de setembro a novembro.
Sua enorme dispersão no continente americano teria ocorrido, provavelmente, em virtude da atração irresistível que os pássaros e outros
pequenos animais têm por seu delicado e penetrante perfume. Da América do Sul e Central, a goiaba foi levada pelos navegantes
europeus para as colônias africanas e asiáticas, espalhando-se por todas as regiões tropicais do globo.
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consorciadas com a cultura do algodão do tipo arbóreo de ciclo perene que na entressafra alimentava
o gado que em troca fazia a poda natural das folhas mais baixas.
Essa condição de parada obrigatória foi, ao longo do tempo, provocando o adensamento da
população e deu origem inicialmente a serviços relacionados à hospedagem, reparos de carroças,
selaria e afins. O capitão-mor Manoel José de Siqueira instalou-se em 1800 na sua fazenda Poço do
Pesqueiro. Em pouco tempo a fazenda prosperou devido à localização e a prodigalidade do solo
úmido no sopé da serra.
Juntaram-se assim às boas condições de solo, o clima ameno protegido pela serra e boa oferta
de água. Durante quase um século se consolidou a produção de frutas, destacando-se a goiaba e a
banana, além dos cultivares: mandioca e tomate4. O tomate que crescia no vale tinha características
especiais. Era do tipo caqui, enorme, de pele lisa e brilhante. Produzia o ano todo e quase fazia parte
da paisagem.
Dona Yayá, apelido de solteira de Maria da Conceição Cavalcanti de Britto, jovem senhora
de espírito ativo e irrequieto, esposa do capitão Carlos de Britto, comerciante da cidade, começou a
fabricar de forma artesanal, em um tacho de cobre goiabada que logo se popularizou. O sucesso foi
imediato, em dois anos já exportava doces para Recife. O capitão Carlos de Britto estimulou o negócio
e em pouco tempo a fábrica perdeu seu aspecto artesanal e virou a Indústria Carlos de Britto,
tornando-se internacionalmente conhecida como a “Fábrica Peixe”. A oferta de tomate e a escassez
de produtos derivados do vegetal estimularam a empreendedora Yayá a produzir massa de tomate,
que se popularizou e ganhou o mercado do Sudeste, espalhando-se para todo o país. Começar a
produção de doces, aproveitando a oferta generosa de goiabas, foi apenas um passo natural no
processo de expansão que levou a marca Peixe a ganhar premiações internacionais. Dentre as muitas
realizações e conquistas pioneiras, figuram:
• Em 1904 comprou tachos a vapor de fabricação inglesa e mecanizou a
produção, contratando dezenas de operários.
• Adquiriu em 1907, (ano da chegada da linha férrea em Pesqueira) um bonde
para ligar a fábrica à estação despachando goiabada e extrato de tomate para os mercados do
Rio e São Paulo e recebendo novos equipamentos, não raro, importados da Europa.
• Adquiriu quatro troles para transportar matéria-prima que era comprada e
recolhida em toda a região.
4 O tomate tido como originário das America do Sul e Central, é objeto de uma controvérsia, entre os botânicos, se é fruta ou legume.
É uma planta da família solanaceae da espécie s. lycopersicum disseminada na culinária de países dos cinco continentes. Levado para
a Espanha no século XVI era considerado pelos europeus como venenoso. Apenas no século XIX seu uso culinário foi difundido
tornando-se um ingrediente largamente utilizado em todo o Mediterrâneo.
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• Em 1910, recebeu, na Bélgica, o Grande Prêmio da Exposição Internacional
de Bruxelas, consagrando-se como uma das maiores indústrias do Brasil.
• Construiu uma pista de pouso e adquiriu um avião para transporte de
passageiros.
• Introduziu, em 1928 o plantio em larga escala do tomate rasteiro, mais
adequado a industrialização, conquistando para a cidade o título de “Capital do Tomate”.
• Abriu filiais no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e Recife.
• Montou uma eficiente oficina mecânica que cuidava da manutenção de seus
veículos, não raro, produzindo suas próprias peças.
• Figurou como anunciante nas primeiras transmissões televisivas do Brasil,
introduzidas pelas mãos de Assis Chateaubriand.
“Quando o avião dava duas voltas sobre a cidade, sabíamos que alguém da
Peixe estava chegando e avisando aos serviçais para lhe buscar no campo de pouso,
que, por coincidência, lhe pertencia”. (GALINDO 1996)
Na esteira do sucesso da ”Peixe” surgiram outras fábricas de doces, algumas cujos prédios
permanecem até hoje testemunhando uma época de crescimento e desenvolvimento sem paralelo na
história econômica do Estado. A fábrica Rosa fundada pelo comendador José Didier em 1906,
inicialmente com o nome de Fábrica de Doces Santo Antonio, tornou-se outra grande empresa e
chegou a construir uma vila operária, coisa rara na década de 1940. E hoje ainda se pode ver seu
prédio no centro da cidade com sua chaminé que desafia o tempo. A fábrica de Doces Touro, a
Tesouro, a Tigre e outras menores, caíram rapidamente no esquecimento.
A força econômica da atividade foi tão intensa que somente a “Peixe”, na década de 1940
chegou a empregar cerca de 17 mil pessoas na colheita, transporte e produção da goiaba e do tomate.
Seus produtos eram vendidos em quase todo o país, tornando-se sinônimo de goiabada e massa de
tomate.
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6
Anúncio da goiabada Peixe em 1939 na
Revista Tico-Tico
Anúncio dos produtos Cica
na Revista Seleções em 1949
https://ephemerajpp.com/2009/08/09/publicidade-goiabada-marca-peixe/
Essa vitalidade econômica produziu intensa movimentação social que refletiu no surgimento
de renomados colégios (colégio Cristo Rei, o Seminário São José, o colégio de freiras Santa
Dorotéia), dois cinemas e vários jornais. O primeiro a surgir em 1900 foi “O Serrano” totalmente
escrito a mão, sob a direção dos irmãos Anísio e Alípio Galvão. Em 1902 foi fundado por Sebastião
Bezerra Cavalcante a “Gazeta de Pesqueira” que se destacou pela figura de Zeferino Galvão um
jornalista de vocação que de origem humilde, autodidata falava e escrevia em Francês e Latim
tornando-se um combativo produtor literário com seu trabalho publicado em várias regiões do país.
Outros periódicos surgiram e marcaram época. O “Era Nova” era responsabilidade da
Diocese, circulou por cinco décadas. “A Voz de Pesqueira”, a “Folha de Pesqueira” foram títulos
importantes em uma época pré-rádio e pré-televisão, ao lado de outros inúmeros pasquins de cunho
panfletário.
Décadas Jornais
1900 O Serrano, A Tarde, O Colibri, Gazeta de Pesqueira, O Collegial
1910 A Pátria, O Teatro, Ideal-Jornal, O Infantil, O Efémero, O
Pesqueirense, Pesqueira Esportivo.
1920 Era Nova, A Fogueira, O Grêmio, Correio de Pesqueira, Diocese de
Pesqueira.
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7
1930
Jornal de Pesqueira, O Oriente, O Raio, O Monitor, Pesqueira
Social, Avante, A Marcha, O Ororubá, A Voz de Pesqueira, Coligação, A
Cultura, O Sabre, O Democrático.
1940
A Região, A Voz do Cristo Rei, Mocidade, A Coruja, A Festa, O
Clarim, A Folha de Pesqueira, O Balão, O Escarlate, O Ideal, A Flama, O
Itinerário.
1950 SAP Jornal (Serviço de Alto Falante de Pesqueira), O Balcão, A
Bomba, Jornal de Mimoso, A Poeira
Fonte: GALINDO, Givanildo. Op. Cit., PP. 134-139. SANTA CRUZ, Pedro ET AL. Op. Cit., PP. 65-89
A forte industrialização de Pesqueira quase ofusca o surgimento de outra importante atividade
econômica que teve sua base no artesanato, a produção hoje em escala industrial, da chamada renda
Renascença. Consiste em uma técnica de bordar exclusivamente à mão, com linha e lace5 de algodão
que teve sua origem em Veneza, Itália nos meados do século XVI e aportou ao Brasil pelas mãos das
freiras missionárias europeias que se instalaram nos municípios de Pesqueira e Poção e passaram a
ensinar o ofício às mulheres da região. De início às alunas internas do colégio, durante as aulas de
trabalhos manuais e posteriormente estas alunas atuando como multiplicadoras, estimularam o
surgimento de várias oficinas rendeiras.
A atividade prosperou paralelamente à história econômica de Pesqueira e hoje cerca de 8 mil
pessoas estão ligadas à produção de Renascença, seja trabalhando em casa ou nas oficinas de algumas
empresas especializadas, ou associadas em cooperativas. A Renascença voltou à Europa nas
exportações feitas diretamente por empresa local. Atualmente, ocupando o prédio que abrigou a
fábrica Rosa, transformado em centro cultural, todas as quartas feiras há uma feira de Renascença.
O COMEÇO DO FIM, OU O FIM DO COMEÇO
A vigorosa economia Pesqueirense começou a declinar entre as décadas de 1940 e 1950,
permanecendo apenas como um monumento à prosperidade do passado. Não se tem clareza sobre as
reais causas da queda, mas alguns fatos importantes podem ser associados ao fenômeno. Até os dias
atuais muitos moradores ainda se perguntam por que, e o que aconteceu de verdade.
Com as restrições às importações impostas pela segunda guerra o processo de industrialização em
São Paulo acelerou-se e surgiram muitas indústrias para substituir os importados. Data de 1954 a
5 Lace consiste em peça de tecido com buracos, imitando desenhos ornamentais que recebem acabamento manual nas
bordas e compõem toalhas de mesa, roupas femininas, muito apreciadas.
É uma técnica antiga de produção artesanal difundida em várias culturas. (http://en.wikipedia.org/wiki/Lace)
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8
fundação da Companhia Industrial e Mercantil Paoletti S.A. por Carmello Paoletti, que se
transformou na Etti, adquirida pelo Grupo Fenícia no início da década de 1980 e comprada pela
Parmalat nos anos 90, atuando até hoje. Suas unidades de produção em São Paulo, se beneficiaram
da proximidade com o mercado consumidor e a produção da matéria prima nos férteis solos serranos
dos arredores da cidade de São Paulo (Jundiaí e adjacências).
A CICA (Companhia Industrial de Conservas Alimentícias), outra grande concorrente de peso
também surgiu nesta época e espalhou suas fábricas por São Paulo e Minas, sempre próximas das
fontes produtoras e do principal mercado consumidor. A pequena unidade adquirida em Pesqueira,
pela CICA, durou pouco e a empresa desistiu de vez, face aos problemas de suprimento de matéria
prima, a distância do mercado e as dificuldades de gerir remotamente uma unidade com problemas
estruturais graves.
A Peixe, com estrutura familiar, na sua terceira geração não acompanhou o desenvolvimento das
novas técnicas de produção, não soube se relacionar com os novos canais de distribuição e, além disso
amargou o declínio na produção de tomates e goiabas. Enquanto era pioneira e atuava sozinha no
mercado, tudo foi bem, quando surgiram concorrentes de peso, próximos ao mercado principal, a
distância da Peixe dos seus consumidores, pesou. O seu modelo de produção ficou ultrapassado, a
oferta de matéria prima escasseou na região e a gestão ainda familiar não se adaptou aos novos
tempos.
Em fevereiro de 1998, enfrentando sérios problemas de sustentabilidade econômica a Peixe foi
adquirida pelo Grupo Bombril-Círio que também enfrentava dificuldades de gestão e tentou sua
recuperação com algumas tacadas espetaculares. Mas, antes mesmo do final daquele ano, no dia 20
de novembro a fábrica foi fechada, seus equipamentos removidos para outras unidades do grupo e
todos os funcionários demitidos. O grupo alegou dificuldades decorrentes da escassez de água na
região e quebra na produção de tomates e goiaba.
A Peixe foi o ícone mais forte de um período econômico extraordinário, mas outras fábricas de doce
tiveram destino semelhante. O fim daquela época de ouro feriu profundamente a sociedade local.
Durante décadas, nenhuma família Pesqueirense tinha ficado imune à influência da fábrica. Todas
tiveram ou tinham um ou mais membros trabalhando na Peixe ou para a Peixe. Ninguém queria
acreditar que o sonho tinha acabado de forma tão inesperada e melancólica. O grande número de
pequenos negócios que orbitava a Peixe: mercearias, oficinas, sacoleiras, prestadores de serviço, tinha
nos funcionários da empresa a sua clientela preferencial. Com o fim da renda contínua e segura de
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seus clientes, perdeu sustentabilidade tornando-se outro largo contingente, sem renda e sem
perspectivas de sobrevivência.
Parecia impossível acontecer aquilo que aconteceu. Muitos ainda alimentaram por alguns anos a
esperança de que as coisas voltariam a ser o que tinham sido. Alguns ex-funcionários se recusaram a
colaborar na desmontagem dos equipamentos que seriam transferidos para outra unidade, no Estado
de São Paulo, pertencente ao grupo adquirente.
A “Cidade das Chaminés” nunca mais soltou fumaça e não se ouve mais o apito que durante
décadas, marcou a passagem do tempo na vida das pessoas.
_____________
Professor Abílio Horta
A vocação para o sacerdócio fraquejou ante os encantos de uma bonita fazendeira, e quase padre,
já, Abílio Maia desertou o seminário. Dir-se-ia: correu da cela para submeter-se à sela...
Baixote, inteligente, operoso. Da Bíblia, impressionou-se sobremodo com o “crescei e multiplicai-
vos”. Vários, muitos filhos. Professor. Diretor proprietário do Jornal de Pesqueira. Livreiro.
Capital de giro limitado, o público ledor limitadíssimo, a livraria e o jornal foram à pique. Família
numerosa a continuidade do ganha-pão era uma fatalidade. Mesmo contra seus princípios de cristão
fervoroso, o professor Abílio Maia vai a fazenda Milho Branco e consegue do compadre Elias o
financiamento para, - pasmem... – uma banca de bicho.
Castigo dos céus ou mera coincidência, - “julgar, quem há de?” – o fato é que no dia preciso da
inauguração, o povo ainda pisando nas folhas de caneleira e eucalipto derramadas pela sala dos
cambistas como era praxe com toda inauguração que se prezava, e a traição da sorte, que dá uma
de bandido: alguém “pegou” o milhar com o limite máximo estipulado. Centena, dezena e grupo.
---------------------
Aloísio Falcão
(Extraída do Livro Pesqueira Secular – Crônicas da Velha Cidade - Edição comemorativa do 1º. Centenário da
Cidade de Pesqueira 1980.)
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REFERÊNCIAS
FALCÃO, Aloisio - Pesqueira Secular – Crônicas da Velha Cidade - Edição comemorativa do 1º.
Centenário da Cidade de Pesqueira - 1980.)
GALINDO, Givanildo – Reminiscências de um pequeno mundo – Pesqueira s.ed. 1996
GALINDO, Givanildo. Op. Cit., PP. 134-139. SANTA CRUZ, Pedro ET AL. Op. Cit., PP. 65-89
LINS, Silvio - Pesqueira Secular - Crônicas da Velha Cidade - Edição Gráfica Santa Cruz
Recife/PE – 1980.
MELLO, Antonio Gonsalves de – Três roteiros de penetração do território pernambucano (1738 e
1802) – Monografia no. 3 - Imprensa Universitária – Instituto de Ciências do Homem – Divisão de
História – 1966
WILSON, Luiz - Ararobá Lendária e Eterna - Recife – CEPE 1980
https://ephemerajpp.com/2009/08/09/publicidade-goiabada-marca-peixe/
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MENSURAÇÃO DE CUSTOS PARA MELHORIA DA QUALIDADE DOS GASTOS NO
SETOR PÚBLICO
Leomar Souza de Oliveira Marques Cabral1
Adriana Padilha Straube2
Resumo
Uma nova abordagem de gestão pública que prioriza a mensuração de custos no governo do estado integra uma das etapas para a transformação de paradigmas existentes sobre a importância do setor
público como agente propulsor de geração de eficiência no uso de recursos públicos. Os gestor es públicos necessitam de um conjunto de informações gerenciais para cumprir com eficiência, eficácia
e efetividade as políticas públicas. Dessa forma, impõe-se a necessidade de um sistema de informações de custos para auxiliar decisões, produzir internamente ou terceirizar serviço ou atividade. Além disso, as informações de custos associadas aos benefícios das políticas públicas
deveriam ser a base para a formulação da proposta orçamentária que permite executar as despesas e
prestar os serviços públicos planejados.
Palavras-chave: Custos no Setor Público. Sistema de Informação de Custos.
1 Formada em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Humanas (Esuda), aluna do curso Gestão Contábil,
Auditoria, Perícia e Controladoria IBPEX – Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Extensão S/S Ltda.
2 Formada em Filosofia e Psicologia, especialista em Administração e Gestão da Qualidade e Produtividade, Professora
Adjunta da UTP, Professora de Pós-Graduação e Orientadora de TCC/EAD: UNINTER, UTP e FALEC.
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Introdução
Os administradores do setor público necessitam de um conjunto de informações gerencia is
para cumprir com eficiência, eficácia e efetividade as políticas públicas. Dessa forma, impõe-se a
necessidade de um sistema de informação de custos capaz de auxiliar decisões típicas, tais como
comprar ou alugar, produzir internamente ou terceirizar determinado serviço ou atividade, ou ainda,
permitir comparações entre os custos de atividades ou serviços iguais produzidos por unidades
organizacionais diferentes, objetivando conhecer e estimular a melhoria do desempenho de seus
dirigentes. Além disso, as informações de custos associadas aos benefícios das políticas públicas
deveriam ser a base para a formulação da proposta orçamentária, sendo o orçamento o fio condutor
que permite executar as despesas e prestar os serviços públicos planejados.
Não se pretende, neste artigo, fazer exaustivas citações nem delineamento da abordagem
metodológica, já que as mesmas foram realizadas nos trabalhos teóricos de Machado (2005) e
Holanda (2002) que — entre outros estudos — serviram de base para a “experimentação” aqui
relatada. Antes de ser um viés científico, para os autores é um reforço à abordagem em ciência social
e à utilização da pesquisa-ação, desenhado com auxílio de técnicas de estudo de caso comparativo
com abordagem participante por vários anos de observação direta. A pesquisa-ação consiste num
ciclo de análise, “fato-achado”, concepção, planejamento, execução e mais “fato-achado” ou
avaliação. E então, uma repetição desse círculo inteiro de atividades, realmente uma espiral de tais
círculos. As intervenções são uma manipulação experimental e a resolução do problema é a meta; por
consequência seu valor científico deve ser medido proporcionalmente ao resultado e pela
transformação da realidade.
Não obstante as determinações legais, o fato é que a administração pública até 2010 (seja o
Executivo, Legislativo ou Judiciário) não utilizava sistema de custos, salvo por iniciativas isoladas
de alguns órgãos. O motivo é porque, até então, não havia nem sistema, nem metodologia adequada
capaz de ser aplicada sistematicamente e uniformemente para toda a administração pública . Para
suprir essa lacuna, em outubro de 2008 foi realizada a oficina de trabalho “Sistemas de custos na
administração pública: modelo conceitual e estratégia de implementação. No evento, o Ministério da
Fazenda foi ratificado como órgão responsável para coordenar a tarefa de conceber e implantar o
Sistema de Informação de Custos do Governo Federal, por meio da utilização de dados dos diversos
sistemas estruturantes do governo federal.
Por consequência da decisão acima referida, a partir de outubro de 2008, o sistema de custos
passou a ter um projeto executivo. Pode-se dizer que a partir de então o assunto deixou de ser, para
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os órgãos centrais do governo federal, uma intenção (vontade), saindo da esfera da discussão das
ideias para ser um processo estruturado com responsáveis, concepção teórica definida, cronograma e
recursos. Estes últimos acontecimentos foram determinantes para que em março de 2010 o governo
federal, por meio da Secretaria do Tesouro Nacional e o Serpro, sob coordenação da Secretaria
Executiva do Ministério da Fazenda, finalmente homologasse o Sistema de Informação de Custos do
Governo Federal (SIC).
Desenvolvimento
Assim, o surgimento da informação de custos se dá a partir da realização de ajustes sobre a
informação inicial obtida do Siafi. Os ajustes contábeis foram efetuados em duas etapas. O ajuste
inicial consistiu na identificação e carregamento de informações baseadas em contas contábeis que
trazem a informação orçamentária e não orçamentária, ajustando-se por acréscimo os valores
patrimoniais e por exclusão os valores orçamentários que não são custos do período, conforme
conceitos de contabilidade de custos.
Modelagem dos ajustes conceituais
Despesa orçamentária executada
Despesa liquidada
Despesa executada por inscrição de restos a pagar não processados.
Ajustes da despesa orçamentária
( – ) Despesa executada por inscrição de restos a pagar não processados
( + ) Restos a pagar não processados liquidados no
exercício
( – ) Despesas de exercícios anteriores
( – ) Formação de estoques
(–) Concessão de adiantamentos
(–) Despesas de capital não efetivas
Ajustes patrimoniais
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(+) Consumo de estoque
(+) Despesa incorrida de adiantamentos
(+) Depreciação/amortização/exaustão
= Custo
Fonte: Coordenação-geral de Contabilidade da União, Secretaria do Tesouro Nacional
(2002).
A segunda etapa do ajuste consistiu na exclusão de informações que estivessem nas contas
citadas acima, mas que não compunham a informação de custo. Este ajuste utilizou parâmetros
gerenciais dispostos nas contas correntes das contas contábeis inseridas na primeira etapa. Da
modelagem conceitual advinda da reflexão teórica explicitada chegou-se à repercussão. Quanto mais
conhecimento a respeito, tanto mais estruturado e completo será o texto. A organização do conteúdo
deve possuir uma ordem sequencial progressiva, em função da lógica inerente a qualquer assunto,
que uma vez detectada, determina a ordem a ser adotada. Não obstante as determinações legais, o
fato é que a administração pública até 2010 (seja o Executivo, Legislativo ou Judiciário) não utilizava
sistema de custos, salvo por iniciativas isoladas de alguns órgãos. O motivo é porque, até então, não
havia nem sistema, nem metodologia adequada capaz de ser aplicada sistematicamente e
uniformemente para toda a administração pública federal. Para suprir essa lacuna, em outubro de
2008 foi realizada a oficina de trabalho “Sistemas de custos na administração pública: modelo
conceitual e estratégia de implementação”. No evento, o Ministério da Fazenda foi ratificado como
órgão responsável para coordenar a tarefa de conceber e implantar o Sistema de Informação de Custos
do Governo Federal, por meio da utilização de dados dos diversos sistemas estruturantes do governo
federal. Por consequência da decisão acima referida, a partir de outubro de 2008, o sistema de custos
passou a ter um projeto executivo. Estes últimos acontecimentos foram determinantes para que em
março de 2010 o governo federal, por meio da Secretaria do Tesouro Nacional e o Serpro, sob
coordenação da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, finalmente homologasse o Sistema
de Informação de Custos do Governo Federal (SIC).
Correlação dos conceitos de contabilidade governamental aos de custos
Para que seja possível o uso das informações da contabilidade governamental na construção de um
sistema de custos, é necessária uma aproximação terminológica e conceitual entre a contabilidade
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governamental e a de custos. Ao analisar a terminologia da contabilidade de custos, destacam-se os
seguintes conceitos (Martins, 2003:25):
• gasto — “sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou
serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos”;
• investimentos — “gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a
futuros períodos”;
• custo — “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”;
• despesa — “bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para obtenção de receitas”;
• desembolso — “pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço”.
Esses conceitos podem ser pensados como um ciclo: o equipamento (ativo) usado no processo
produtivo, que foi gasto e se transformou em investimento
e, posteriormente considerado parcialmente como custo torna-se uma despesa do período no processo
de apuração do resultado. É claro, também, que o gasto pode se transformar imediatamente em
despesa ou custo sem passar pela fase do investimento. O mais frequente é que o gasto se distribua
em investimentos, custo e despesa, exceto em caso específico, quando caracterizado como “perda”
por corresponderem a reduções do patrimônio que não proporcionaram nenhum recebimento
compensatório ou geraram produtos e/ou serviços.
No âmbito da contabilidade empresarial, é importante destacar a distinção entre custo e despesa.
Objetivando apurar custo para efeito de avaliação de estoques, a contabilidade de custos tradiciona l
tem colocado uma fronteira relativamente simples entre esses dois conceitos, ou seja, todos os gastos
ocorridos no produto, até que ele fique pronto para a venda, são custos de produção. A partir desse
ponto, os gastos são considerados despesas. Assim, os gastos com comercialização são considerados
despesas e vão impactar o resultado do período. Por outro lado, no setor público, as despesas
orçamentárias têm um ciclo próprio, passando pelas fases de fixação, empenho, liquidação e
pagamento.
Paralelo entre o setor empresarial e o público
Traçando um paralelo entre o mundo empresarial e o público, percebem-se algumas semelhanças ou
correspondências entre os conceitos. A fase da fixação, em termos genéricos, pode ser compreendida
e praticada da mesma forma que o estabelecimento do custo-padrão, uma vez que o custo-padrão não
deixa de ser uma espécie de orçamento. A fase do empenho não encontra correspondência nos
conceitos normalmente utilizados pela contabilidade de custos.
Já na fase de liquidação, são essencialmente verificados os critérios de realização da despesa e os
valores “liquidados” significam que o direito de receber do credor foi analisado, bem como atestado
que este cumpriu sua obrigação contratual. A fase do pagamento, obviamente, é idêntica ao conceito
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de desembolso, observando-se apenas que, na contabilidade pública o pagamento deve ser precedido
normalmente por todas as fases anteriores, enquanto na contabilidade empresarial o desembolso pode
ser feito antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada, portanto, defasada ou não do gasto.
O quadro 1 mostra o resumo dessa correspondência terminológica.
Q u a d r o 1
Contabilidade governamental x contabilidade de custos:
correspondência terminológica
Contabilidade governamental
Contabilidade de custos empresarial
Fixação PADRÃO
EMPENHO NÃO É TRADICIONALMENTE
USADO
LIQUIDAÇÃO GASTO REALIZADO
PAGAMENTO DESEMBOLSO
Fonte: Machado (2002).
O modelo de custos ora proposto traz intrinsecamente a necessidade de promover uma integração
entre os sistemas orçamentário, contábil e o de informação de custos. Integração esta possível, na
realidade atual, somente por intermédio do sistema contábil e das classificações da despesa
orçamentária. No caso dos serviços públicos prestados pelo Estado não resta dúvida de que a
informação da despesa liquidada é a que mais se aproxima da definição de custo como o gasto
realizado na aquisição de bens ou serviços necessários à produção de outros bens ou serviços. Nos
valores liquidados, há parcelas que necessitam de tratamento especial para se tornar adequadas ao
conceito de custo dos produtos e serviços do período, esta é a definição dos ajustes a partir da
contabilidade governamental para a contabilidade de custos aqui tratada. Alguns exemplos destes
ajustes são: liquidação forçada, compra de materiais para estoques e despesas de exercícios anteriores.
Os gastos com obras de conservação e adaptação de bens imóveis podem beneficiar mais de um
período e, portanto, são investimentos, mas, como estão classificados como despesas de custeio, é
necessário reclassificá- los para não distorcer os custos dos serviços prestados no período. Os gastos
com pessoal do quadro da entidade, mesmo quando aplicados em investimento, estarão sempre
classificados no grupo das despesas correntes. Portanto, é necessário identificá-los e reclassificá- los.
A liquidação forçada é registrada no encerramento do exercício, tendo como contrapartida a conta
“restos a pagar não processados”. Seu objetivo é levar todas as despesas legalmente empenhadas a
comporem as despesas do exercício financeiro (art. 35 da Lei no 4.320). Há duas causas básicas
geradoras da liquidação forçada: a primeira é quando os serviços foram prestados. São, portanto,
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custos do período, mas não há documentação hábil para se processar a liquidação normal. Exemplos
dessa situação são os fornecimentos de água, luz e telefone relativos ao mês de dezembro. Nesse caso,
como a liquidação forçada é feita por estimativa, é necessário observar o valor efetivamente pago no
início do exercício seguinte. Se o valor pago é menor que o da liquidação forçada, então ocorrerá o
cancelamento de uma parcela dos restos a pagar não processados, devendo essa parcela ser utilizada
para o ajuste dos custos dos fornecimentos em análise. Se o valor a ser pago for maior que o montante
da liquidação forçada, será necessário fazer novo empenho utilizando-se a dotação relativa às
despesas de exercícios anteriores. A segunda se refere a fornecimentos de materiais de consumo em
trânsito; como a mercadoria não chegou, obviamente não pode ser consumida. Logo, não é custo do
período. Nesse caso, o tratamento mais adequado seria considerar todas as compras em andamento
como materiais para estoque, não impactando, portanto, os custos do período como pode ser visto no
próximo item. Nas compras de materiais de consumo, devem ser discriminadas as de consumo
imediato das que transitam pelo almoxarifado, constituindo, portanto, estoque durante algum período.
As compras para consumo imediato não oferecem maiores dificuldades: uma vez liquidadas, são
gastos que se transformam imediatamente em custos. Por outro lado, como material de consumo em
estoque (almoxarifado) faz parte do ativo permanente, a contabilidade governamental dá a ele um
tratamento especial. No momento da liquidação é feito, normalmente, no sistema financeiro, o
lançamento — despesa orçamentária a despesa orçamentária a pagar. Entretanto, esse evento vai
impactar também o sistema patrimonial, em que no ato da liquidação é lançado — almoxarifado a
mutações patrimoniais ativas (aquisição de bens para o almoxarifado) e, no momento do consumo, o
lançamento é mutações patrimoniais passivas (baixa de bens móveis por consumo) a almoxarifado.
Dessa forma, o saldo da conta almoxarifado mostrará, no balanço patrimonial, a existência de materia l
de consumo, ao passo que a conta “baixa de bens móveis por consumo”, do grupo “variações
patrimoniais”, mostrará os materiais utilizados no período. Logo, o ajuste, nesse caso, é simples: basta
substituir o montante das compras de materiais para estoque do grupo das despesas orçamentár ias
pelo valor dos materiais efetivamente consumidos registrados na conta “baixa de bens móveis por
Consumo”.
Conclusão
Alguns princípios gerais devem ser considerados para definir a trajetória de
implementação de um sistema de informações de custos:
• os benefícios propiciados pelas informações devem superar os custos necessários
para obtê-las;
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• a informação gerada deve ser útil ao processo decisório, o que significa ter
poder preditivo, permitindo antecipar, corrigir ou confirmar expectativas;
• as informações devem ser oportunas e confiáveis, ou seja, representar os fatos com fidelidade,
neutralidade e de forma verificável;
• as informações devem ser comparáveis no tempo ou entre organizações, serviços, objetos de
custo comuns. Considerando a construção do sistema de custos e sua vinculação com o
modelo orçamentário, financeiro e contábil atual e considerando ainda as especificidades do
modelo proposto a partir da visão do órgão central, destacam - se os seguintes requisitos
gerais:
• o sistema de informação de custo integra-se conceitual e sistematicamente aos subsistemas :
orçamento público, contabilidade governamental e processamento de dados;
• esses subsistemas compõem o sistema de informações contábeis gerenciais do ente público e
têm como limite de atuação os dados e informações internas;
• o sistema de orçamento público é o receptáculo das decisões sobre as políticas públicas e o
balizador de sua execução;
• as informações dos valores e quantidades orçadas, classificadas sob o prisma instituciona l,
funcional e programático, são o ponto de partida do sistema de informação de custos e,
consequentemente, da avaliação dos gestores do ponto de vista da eficiência, eficácia e
efetividade;
• as despesas liquidadas orçamentárias equivalem ao conceito de gasto e podem ser
consideradas custo dos produtos ou serviços prestados no período após as reclassificações e
ajustes conceituais necessários;
• programa — principal objeto de custo do sistema. Esta diretriz impede a
total padronização das contas do sistema de custo;
• o conjunto de objetos de custo é formado por categorias do sistema orçamentário —
programática, funcional, institucional, e produtos e serviços prestados, identificados e
mensurados no sistema orçamentário;
• sistema de acumulação de custos — projetos por ordem e atividades por processo. A partir do
custo dos projetos e das atividades, a acumulação se faz de acordo com a hierarquia das contas
do sistema contábil-orçamentário;
• sistema de custeio baseia-se nos custos histórico e orçado;
• método de custeio direto — recomendável até a “rodoviária” e a partir dela de acordo com a
realidade física operacional e a maturidade da gestão e dos sistemas de informação
necessários para a captura dos dados a serem utilizados.
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Convém ressaltar que governar não é como mexer nos controles de uma máquina e obter resultados
previsíveis. Além da definição das áreas de atuação do governo, e suas funções, surgem paralelamente
dúvidas quanto à forma de atuação. Questões como: com que recursos, fazer diretamente ou mediante
delegação, com que prioridade, são exemplos dessas indagações. Não se deve perder de vista que, no
caso brasileiro, o desafio é duplo: a busca da competitividade econômica fomentada por um Estado
eficaz e a diminuição das desigualdades sociais. O Estado deve priorizar a universalização das
políticas públicas. Isso não é, a nosso ver, contraditório com a eficiência da ação governamenta l.
Como exemplo, podemos citar o desempenho dos bancos públicos, que, mesmo tendo cumprido
funções altamente relevantes na retomada do crédito durante a crise econômica mundial, apresentam
lucros e resultados muitas vezes superiores aos do setor privado.
Futuramente, a partir dos avanços na contabilidade pública, mediante a adoção do regime de
competência, a implantação do sistema de custos permitirá, no médio prazo, o incremento das
possibilidades de melhoria da eficiência do gasto governamental brasileiro. As discussões que tratam
de normas gerais (ora denominada “Nova Lei de Finanças públicas”, ora “Lei da Qualidade do Gasto
— LQF”) continuam e se intensificaram em 2010. A referida norma tenta disciplinar várias diretrizes
para elaboração do plano, orçamento, contabilidade pública, níveis de endividamento e controle.
Vários aspectos voltados para a responsabilidade no processo orçamentário, na gestão financeiro-
contábil e patrimonial, visando fortalecer a gestão responsável, estão em curso. Constata-se que,
quanto mais madura for a concepção teórica e a discussão em torno desta concepção, mais fácil será
levar este consenso para o arcabouço legal. No entanto, vale lembrar, com base em evidenciação
empírica, que a mudança não se fará por decreto, será preciso aperfeiçoamento contínuo do arcabouço
conceitual e, sobretudo, mudanças de comportamentos. A par de todas as possibilidades, o maior
desafio é fazer com que as informações geradas sejam úteis e apropriadas ao processo decisório.
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Referências
GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W.; Peter C. Brewer; Contabilidade Gerencial. Tradução e
revisão técnica Antonio Zoratto Sanvicente. 11 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
BRASIL. Lei n° 4.320/64, de 17 de março de 1964, Estatui normas gerais de direito financeiro, para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, estados, municípios e do Distrito Federal.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 23 mar. De 1964.
MACHADO, Nelson, GBRSP – Gestão Baseada em Resultado no Setor Público. São Paulo: Atlas,
2012.
LEITE, Eduardo de Oliveira. Monografia jurídica. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1997.
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1
A IMPORTÂNCIA DO PLANO DE NEGÓCIOS PARA O EMPREENDEDOR
Josely Albertina dos Santos Souza
Samuel Soares da Silva
Mariana Libonati
RESUMO
O plano de negócios é uma ferramenta importante de gestão que ajuda para o sucesso do
empreendimento, para que se inicie com consciência dos principais pontos fortes e fracos do
negócio, sabendo assim onde se necessita de uma maior atenção. Esse documento guiará o
empresário nas dificuldades que possam aparecer na implantação e operacionalização do negócio,
prevendo os riscos e ajudando na visão futura do negócio, sendo um documento importante para a
sobrevivência da empresa e do seu andamento. Esse trabalho tem como objetivo observar se o plano
de negócios é utilizado por empreendedores e quais as dificuldades que eles encontram para a sua
implantação.
Palavras-chave: Plano Negócios. Empreendedorismo. Empresas.
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51
2
INTRODUÇÃO
As pequenas e microempresas são responsáveis por parte significativa de toda a riqueza
gerada no Brasil e empregam parte significativa da nação. De acordo com o SEBRAE (2016), as
micro e pequenas empresas, podendo ser classificadas como: Microempreendedor individual (MEI),
Microempresa (ME) e Empresa de pequeno porte (EPP).
Entre os anos de 2009 e 2016 o Microempreendedor Individual (MEI) subiu de 0 para 6
milhões de novos empreendimentos. O que leva a abertura dessas empresas, é o sonho de ter seu
próprio negócio ou até mesmo o direito a dignidade do trabalhador. Devido ao caos instalado no
mercado de trabalho, falta de emprego, estabelecimentos fechando, a abertura da própria empresa se
apresenta como uma solução alternativa tentadora.
Em 2001, a participação das pequenas empresas no PIB nacional foi de 23.2% (SEBRAE
OU FGV). Em 2016 essa representatividade já havia passado para 53,4% do PIB.
Por outro lado, as pequenas e médias empresas, têm atravessam uma série de dificuldades
para conseguir sobreviver ao mercado competitivo, como mostra a pesquisa realizada pelo IBGE
que de cada 100 empresas que abrem 48 fecham as portas antes de completarem três anos. Por isso,
é imprescindível que o pequeno e médio empresário esteja bem embasado e utilize as principais
ferramentas da gestão organizacional para obter sucesso em sua empreitada. Entre as principais
ferramentas do empreendedorismo está o plano de negócios, que é o ponto de partida para quem
quer abrir um negócio. O Plano de negócios é essencial para o desenvolvimento da estratégia,
captação de recursos, operação e identificação da viabilidade do negócio, orientando o
empreendedor nas tomadas de decisões que exigem persistência, pesquisa e muita criatividade. Este
estudo busca verificar se as pessoas interessadas em empreender sabem da importância do Plano de
Negócios e estão aptos para sua elaboração. O Plano de Negócios apesar de não garantir o sucesso
do negócio, minimiza o risco do empreendedor.
JUSTIFICATIVA
O estudo é relevante porque muitos empreendedores não têm o hábito de realizar pesquisa
de mercado e não fazem um plano de negócios. Este inclusive é um dos fatores que contribuem para
a elevada taxa de mortalidade das novas empresas como vimos na pesquisa realizada pelo IBGE e
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas ** IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Revista Eletronica Nova Roma Volume 1, numero 1 (2017) Escola de Negocios
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3
que de acordo com o SEBRAE, o encerramento precoce das atividades se dá pela falta de
planejamento, acarretando o fechamento do negócio.
A importância desse trabalho está ligada ao fato de que o plano de negócios é uma
ferramenta crucial na hora de abrir uma nova empresa, uma vez que ele diminui e traça os riscos
que se pode encontrar no novo empreendimento. Por esta razão a relevância em averiguar se os
novos microempresários têm conhecimento da elaboração do plano de negócios.
PROBLEMA DE PESQUISA
Quais a dificuldades que os micros e pequenos empreendedores tem ao abrir sua empresa, e
como o plano de negócios pode auxilia-los?
HIPÓTESE
H0: Micro e pequenos empreendedores realizam um plano de negócios antes de abrir um
novo negócio.?
H1: Micro e pequenos empreendedores não realizam um plano de negócios antes de abrir um
novo negócio.
OBJETIVO
O objetivo do estudo é levantar as principais dificuldades para elaboração de um plano de
negócios seja por falta de conhecimento ou pela complexidade exigida, e entender se essa
ferramenta é realmente utilizada, ou se os empreendedores simplesmente a ignoram. Para isso, uma
pesquisa em forma de questionário será realizada com futuros empresários que buscam o SEBRAE
para orientação na iniciação do seu negócio.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Levantar a importância do plano de negócios;
• Identificar quais dificuldades para se montar um plano de negócios;
A IMPORTÂNCIA DO PLANO DE NEGÓCIOS
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Ao decidir abrir seu próprio negócio, o ideal seria o futuro empreendedor se planejar,
montando seu plano de negócios. Porém por falta de informação muitos empreendedores não sabem
da importância do plano de negócios, que é uma ferramenta vital para uma possibilidade maior de
prosperidade de sua empresa.
Dornelas define empreender como “o ato de realizar sonhos, transformar ideias em
oportunidades e agir para concretizar objetivos, gerando valor para a sociedade”. O Brasil é um
pais empreendedor, é o que afirma a pesquisa mundial realizada pelo GEM (Global
Entrepreneurship Monitor) ficando na frente de países desenvolvidos como Canadá, USA e França
como pode observar no gráfico. Muitos brasileiros estão vendo o empreendedorismo como uma
oportunidade, segundo o consultor financeiro Márcio Lavelberg, as principais razões para alguém
abrir seu próprio negócio é tomar suas próprias decisões, não ter mais chefe e o sonho de poder
ajudar a família. Segundo Peter Drucker, onde quer que você veja um negócio de sucesso, pode
acreditar que ali houve um dia uma decisão corajosa. Porém, para ser um empreendedor não basta
só ser corajoso, é necessário também ter as competências e qualidade de um bom empreendedor
como saber liderar, ter a mente aberta, ter um bom fluxo de ideias e ter técnicas de gestão, porém a
maioria deles inicia seu novo negócio sem um bom planejamento e sem saber o objetivo de onde
quer chegar. O planejamento de negócios tem o fim de nortear o caminho do novo empreendedor
para atingir os objetivos e garantir o bom caminhamento da empresa.
( Gráfico 1- Empreendedorismo por país)
O plano de negócios é um documento onde se descreve os objetivos do negócio e quais os
passos necessários para alcançá-los. Esse documento pretende direcionar a atividade da empresa em
busca dos seus objetivos e minimizar os potenciais riscos e erros pelos empresários. (Guia do
Empreendedorismo – SEBRAE 2014, por exemplo).
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O plano ajuda e de acordo com o SEBRAE, reduz os riscos uma vez que o empreendedor
estuda a possibilidade do negócio dar certo, analisando o público alvo, o investimento e a
concorrência. Porém, o plano não é algo estático, devendo ser reavaliado segundo as necessidades
do negócio.
Estratégia do negócio do plano de negócios é o resultado da análise
conjunta de diversas informações, obtidas sobre o mercado, os serviços e os
produtos oferecidos, as necessidades e preferências dos clientes. A partir
disso, é necessário identificar e avaliar as oportunidades e ameaças do
ambiente de negócios e estudar os pontos fortes e fracos da nossa empresa,
vistas em relação aos concorrentes e,também, sob o ponto de vista dos
problemas e dificuldades internas que impedem ou atrapalham a empresa
para atingir seus objetivos e metas. Com esses elementos devidamente
trabalhados, você deve traçar uma estratégia a ser seguida pela sua empresa.
( SALIM ET AL, 2001, p.92)
De acordo com Fayol, as funções da administração são planejar, organizar, comandar,
coordenar e controlar, dentre elas o mais importante é o planejamento, uma vez que, as outras
etapas dependem dela. Uma empresa com bom planejamento resiste a mudanças da economia,
cultura e tem um bom senso de direção.
As principais e mais importantes etapas do plano de negócios, de acordo com o SEBRAE,
são:
1. Sumário Executivo que é um fragmento prático e motivante do plano de negócios,
onde se estabelece qual o produto ou serviço, qual o mercado se quer alcançar, o investimento
necessário, a expectativa do retorno do investimento e em sequência o rendimento do dinheiro
investido que se irá atingir.
2. Análise de Mercado onde se deve apontar as informações do público-alvo, buscando
conhecimentos em relação aos clientes que irão comprar o produto ou serviço, reconhecendo o
comportamento e interesse que impulsionam as pessoas a comprar.
3. Plano de Mercado documento escrito que detalha as ações necessárias para atingir
um ou mais objetivos de marketing. Pode ser um planejamento para a marca, para um produto ou
serviço, ou para as linhas de produtos.
4. Plano Operacional que tem como objetivo gerar resultados a curto prazo, representar
as tarefas realizadas pelos colaboradores da empresa, sendo estas tarefas fundamentais para a
conquista de suas metas.
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5. Plano Financeiro é o objeto que permite medir o crescimento do trabalho do
planejamento financeiro ao longo do tempo e qualificar se estar nutrindo sucesso no comprimento
de seu planejamento.
Muitos empreendedores não elaboram o plano de negócios por falta de informação ou
conhecimento, por isso antes de investir em um negócio o futuro empresário deve procurar se
qualificar com cursos em fundações de apoio aos empreendedores. Além de falta de conhecimento
o plano de negócios requer tempo e estudo por ser algo muito específico de empresa para empresa,
o que não o torna simples de fazer. Para elaborá-lo é preciso ter informação do local onde a empresa
será estabelecida e muitas vezes o empreendedor ou o administrador deve ir à rua para fazer um
levantamento do público alvo e da concorrência existente.
Apesar de ter diversos estudiosos que afirmam que para um bom funcionamento da empresa
deve-se ter um plano de negócios, atualmente existem controvérsias sobre a elaboração do plano de
negócios tradicional. Muitos especialistas hoje defendem que está metodologia está ultrapassada, e
que o ato de planejar não ajuda a inovação, uma vez que inibe a imaginação e a flexibilidade do
empreendedor. Isto impede que o mesmo reaja a desafios no novo negócio e dispense novas
oportunidades.
William Hsu (2016), o cofundador e gerente da aceleradora de startup MuckerLab, defende
que o plano de negócios não ajuda na gestão da empresa:
Muitos empresários têm um deck perfeito de slides, um plano de
negócios perfeito e um modelo financeiro perfeito. Mas isso é tudo que eles
têm, eles acham que começar um negócio é ter um plano de negócios, mas
ser empreendedor é criar o futuro, um passo de cada vez. (HSU, 2016)
Hsu (2016) afirma também que o plano de negócios ocupa muito tempo e que em geral não
mostra como vai ser a empresa na pratica, defendendo a versatilidade e a adaptação do plano.
O cofundador da Sun microsystems, Scott Mcnealy (2011), fala sobre a necessidade da
maleabilidade do plano de negócios para os empreendedores. De acordo com o autor:
Se você frequentou uma escola de negócios, você aprendeu que deve
ter uma missão, uma visão, ter estratégias, objetivos e táticas. Você anota
tudo isso e chama de plano de negócios. E isso é um componente necessário
do que você está fazendo. Agora, o problema é que você não deve
emoldurar em capa dura; você deve criar o plano online, por que ele vai
Revista Eletronica Nova Roma Volume 1, numero 1 (2017) Escola de Negocios
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mudar. E eu digo para todo mundo que chega em qualquer startup com que
eu esteja envolvido, que as coisas irão mudar em cima, embaixo, e ao redor
de você mais rápido do que em qualquer outro lugar que você já trabalhou.
Esteja preparado para isso, e aceite as mudanças. Sabe, eu não acho que a
Apple sabia que processamento de texto seria seu mercado número um, nem
que a IBM percebeu de primeira que o Lotus 123 seria a razão por que as
pessoas comprariam seus computadores. Não acho que o eBay sabia que o
Beanie Babies seria o que veio a ser, nem que o Google começou sabendo
que ranking de páginas de busca e venda de palavras-chave se tornariam seu
modelo de negócios. Então você tem que se preparar para dar sorte, ser
oportunista, e ter o seu plano. (MCNEALY 2011)
Uma das partes integrantes do plano de negócios é a missão e a visão do empreendimento.
A missão e visão são fundamentais para nortear o que a empresa pretender fornecer a sociedade e
qual os objetivos que a instituição pretende alcançar. A missão é uma declaração de finalidade da
entidade. Alketa (2008) considera que a missão deve declarar:
• O escopo de negócio da empresa: O propósito do negócio;
• As necessidades básicas a serem atendidas: O que se pretende satisfazer;
• O mercado-Alvo: Os potenciais clientes;
• Os princípios e valores centrais: Os valores da organização;
• As competências do negócio: Distinção da empresa perante as demais;
Alketa (2008) ainda diz que, a missão deve fomentar a participação dos funcionários, a fim
de motivá-los, apesar de que a definição da missão está nas mãos da alta administração da
instituição. A visão determina o que a empresa pretende ser no futuro, apresentando o que a
empresa almeja se tornar.
O estudo dos concorrentes, clientes e fornecedores é outro item fundamental para o sucesso
de um negócio. A verificação da quantidade de concorrentes em determinada região, possibilidade
de abertura de novos negócios, os potenciais clientes e fornecedores também devem ser
considerados.
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As cinco forças de Michael Potter, também devem ser consideradas; Michael defende que a
estratégia de um negócio deve levar em conta a ameaça de novos entrantes, ameaça de produtos
substitutos, clientes, fornecedores e a rivalidade entre os concorrentes, além da economia.
Figura 1 Google imagem
A ameaça de novos entrantes deve ser estudada. As barreiras de entrada para o negócio
podem deixá-lo atrativas, caso essas barreiras sejam grandes: política de governo, distribuição,
capital mínimo, legislação ambiental. Negócios que apresentam altas barreiras tendem a ser
atrativos.
A ameaça de produtos substitutos tem potencial para diminuir a rentabilidade da empresa.
Os produtos podem ter mais de uma opção de substituição, quanto mais produtos substitutos o
mercado oferecer menor será a rentabilidade da empresa e mais acirrada a competição entre as
empresas.
Os clientes são os destinatários finais, que consomem produtos e serviços. Os compradores
podem barganhar quando são poucos, a qualidade do produto não é perceptível, podem exigir
descontos ou podem se tornar até futuros concorrentes.
Os fornecedores têm influência direta no faturamento da empresa; atuar em um ramo que
tenha poucos fornecedores ou que a sua matéria prima não seja substituível pode dar-lhes grande
vantagem no fornecimento.
Uma boa localização é fundamental para a maioria dos negócios. O SEBRAE (2013) reforça
observação do ponto de abertura do negócio.
Um bom ponto comercial é aquele que gera um volume razoável de vendas. Por isso, se a
localização é fundamental para o sucesso de seu negócio, o empreendedor precisa levarem
consideração os seguintes aspectos:
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• O contrato de locação, as condições de pagamento e o prazo do aluguel do imóvel;
• As condições de segurança da vizinhança;
• A facilidade de acesso, o nível de ruído, as condições de higiene e limpeza e a
existência de locais para estacionamento;
• A proximidade dos clientes que compram seus produtos e o fluxo de pessoas na
região;
• Certificar da proximidade de concorrentes;
• A proximidade dos fornecedores, pois isso influencia no prazo de entrega e no custo
do frete;
• Verificar o movimento de pessoas e de veículos no local.
Como foi visto o plano de negócios é um documento complexo e para que o mesmo seja
bem feito é preciso pesquisar e considerar muitas informações, que nem sempre estão facilmente
disponíveis. Não tem resposta pronta, é algo que demanda tempo, comprometimento e persistência.
Abrir um negócio é fácil, difícil é conseguir prosseguir, afinal são muitas as dificuldades
encontradas no meio do caminho, muitas empresas fecham as portas por falta de conhecimento, pois
não existe uma cultura, ou seja, as pessoas não estão acostumadas a colocar no papel o que querem
definir o objetivo, determinar as estratégias e em seguida coloca-las em ação.
Muitos empresários se perdem no caminho, seja por falta de conhecimento ou recursos, e
por isso nos deparamos com a mortalidade precoce de micros e pequenas empresas. O
empreendedor precisa se qualificar constantemente, buscando por palestras e livros que o ajude a
não desistir do seu sonho de ser um grande empresário.
Apesar de o planejamento ser muito importante para o funcionamento da empresa, não é
uma garantia de que tudo vai dar certo, existem diversos aspectos envolvidos no sucesso de um
negócio. A sociedade está em constante mudança, novas tecnologias, modelos de negócios e
mudanças no comportamento do consumidor impactam diretamente as empresas, que precisam ser
ágeis para acompanhar essa evolução.
Um novo negócio exige dedicação, o empreendedor deve se dedicar para buscar a melhoria
de seu negócio entre 10 a 14 horas por dia, abrindo mão também de sua vida pessoal, pelo menos
até o negócio tiver se consolidado. Outro obstáculo é a falta de espírito empreendedor, deve-se
buscar aflorar o espírito empreendedor através de pesquisas e novos cursos, atualmente o
conhecimento está acessível, existem diversos cursos gratuitos presenciais ou online que ajudam o
novo empresário a iniciar e manter o seu negócio.
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METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada junto ao SEBRAE. Foi feito o contato com a instituição pedindo
permissão para entrevistar os empreendedores que a procuram pretendendo abrir o seu próprio
negócio. A seleção dos entrevistados foi baseada na oportunidade. Conseguimos realizar a pesquisa
com 17 colaboradores. O questionário aplicado foi testado e se encontra no anexo. Utilizamos a
plataforma GoogleForms para criar o questionário e facilitar a elaboração do gráfico.
Em relação ao segmento de negócio dos empreendedores temos que 8 são de serviços, 8 de
comércio e 1 empreendedor não soube responder. Entre os segmentos relatados temos: vendas,
prestação de serviços e eventos.
A estratégia de mercado que os empreendedores mais relataram foi boa prestação de
serviços, foco no atendimento e preço competitivo.
Os resultados obtidos mostram que mais da metade dos MEI não necessitam de
financiamento, diminuindo as despesas do empreendimento e facilitando a geração de lucros.
Figura 2 GoogleForms
A pesquisa mostra que 62,5% participantes afirmam ter elaborado o plano de negócios,
porém algumas dificuldades foram relatadas pelos participantes:
• Tempo para elaboração do plano de negócios;
• Captação de recursos;
• Definição do ponto comercial;
Apesar das dificuldades, os participantes reconhecem a importância do plano de negócios e
relatam alguns ganhos: “O planejamento do negócio traz mais segurança no empreendimento, o
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direcionamento nos processos e a padronização dos produtos e a manutenção no foco do
empreendimento.”.
Outro item importante diz respeito ao conhecimento dos participantes sobre a existência do
plano de negócios; metade dos participantes só conheceu o plano depois de visitar o SEBRAE
.
Figura 3 GoogleForms
Os participantes apresentaram um percentual significativo quando tratamos sobre os
consumidores, mais de 85% dos empreendedores fizeram pesquisa para estuda-los e atentaram para
as estratégias dos concorrentes. Quanto a forma de divulgar os seus serviços ou produtos, se destaca
as redes sócias como ferramenta mais usada para divulgação:
Figura 4 GoogleForms
Nosso trabalho tem algumas limitações: O quantitativo é pequeno, impossibilitando realizar
inferências e nossa amostra não é diversificada – Ela se concentra nos empreendedores que se
encontravam no SEBRAE da região metropolitana do Recife – Os MEI. Apesar disso, foi observado
que os empreendedores entrevistados, muitos, só conhecem o plano de negócios depois de visitar o
SEBRAE e alguns mesmo o conhecendo, não o elaboram. O plano de negócios não é um
documento que garante o sucesso de um negócio, mas ele ajuda a prever muitas dificuldades que o
empreendedor possa se deparar.
Revista Eletronica Nova Roma Volume 1, numero 1 (2017) Escola de Negocios
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CONCLUSÃO
Este estudo teve por objetivo levantarmos as dificuldades que os novos empreendedores
enfrentam ao elaborar seu plano de negócios. No processo de coleta de informações foi
observado que os empreendedores não dispunham de disponibilidade para realização da
ferramenta.
As dificuldades eram notórias e foi observado que dentre eles, existiam dúvidas para
elaboração do plano.
Pode-se observar também que não existe instrução para elaboração do plano de negócios e
que a falta de interesse no assunto era muito grande.
Foi definido que as dificuldades se ocorrem por falta de conhecimento e a inércia da parte
dos empreendedores.
É bom salientar que o plano de negócios não definirá o sucesso do empreendimento, mas
em contra partida guiará o empreendedor, dando-lhe uma visão de possíveis erros que possam vir
surgir em sua caminhada empresarial, podendo então enxergar e buscar corrigi-los, à vista disso,
buscar acertos e prosseguir com sua caminhada.
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13
REFERÊNCIAS
ALKETA, Perc. SOBRAL, Felipe. 2008; Administração: Teoria e prática no contexto brasileiro;
CEZARINO, Luciana O; Campomar, M. C. Micro e pequenas empresas características estruturais e
gerenciais;
LAKATOS - Fundamentação da metodologia Científica: O desafio da implantação de um plano
estratégico em uma microempresa familiar do setor alimentício, 2011;
GATO, Rosane. - Plano de negócios e casos de sucesso e fracasso na abertura de micro e pequenas
empresas, 2010;
SEBRAE - Participação das micro e pequenas empresas;
SEBRAE, 2013 - Como elaborar um plano de negócios;
SEBRAE - Plano de negócios e casos de sucesso e fracasso na abertura de micro e pequenas
empresas, 2010;
SEBRAE, 2016 - Sobrevivência-das-empresas-no-brasil-relatório-apresentação;
UNIVERSIA Brasil. Universitários: existe algo mais importante que um plano de negócios.
Disponível em:
<http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2016/11/09/1145410/universitarios-existe-algo-
importante-plano-negocio.html > Acesso em: 10/04/2017
ZETLIN, Minda. Business Plans Are a Waste of Time. Here's What to Do Instead. Disponível em <
https://www.inc.com/minda-zetlin/business-plans-are-a-waste-of-time- heres-what-to-do-instead.html > Acesso
em: 10/04/2017
Revista Eletronica Nova Roma Volume 1, numero 1 (2017) Escola de Negocios
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SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE – SUDENE:
ESTUDO EM UMA EMPRESA DE EMPREENDIMENTOS HOTELEIROS DE
PERNAMBUCO
LUCAS FELIPE BERNARDO DA SILVA
JOSÉ JEFFERSON QUEIROZ MACIEL MONTEIRO
RODRIGO GOMES DE ARRUDA
RESUMO
O estudo demonstrou os fatores que motivaram a criação da SUDENE, o campo de atuação, o público
alvo e os benefícios oferecidos por ela, com o objetivo de analisar o impacto econômico gerado pela
fruição do benefício da redução de 75% do IRPJ, através das demonstrações contábeis. Para atingir o
objetivo, foram esclarecidos os conceitos que envolvem o IRPJ, como quem são os contribuintes, o
fato gerador, lucro da exploração, e o manual da SUDENE visando apresentar o processo para
solicitação do pleito, documentação necessária e os requisitos. Quanto à abordagem do problema esta
pesquisa é classificada como qualitativa e quantitativa. Após análise das demonstrações e dos dados
reunidos através da pesquisa, verificamos que a fruição do benefício da redução de 75% do IRPJ, só
gera impacto econômico positivo, quando a empresa aufere lucro, porque o benefício é sobre o IRPJ
a pagar, diferentemente se fosse sobre o faturamento.
Palavras-Chave: SUDENE. IRPJ. Benefício.
Revista Eletronica Nova Roma Volume 1, numero 1 (2017) Escola de Negocios
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2
INTRODUÇÃO
Em março de 2016, a M&E, através de uma análise da economia brasileira, diagnosticou uma
conjuntura econômica desfavorável: PIB em grande queda, consumo paralisado, enquanto a inflação,
o valor do Dólar frente ao Real passa por aumentos. Como revelado no gráfico abaixo, a economia
brasileira encontra-se em período de recessão. Trajetória de crescimento do PIB Real entre os anos
de 2004 e 2017. O PIB do país caiu 3,8% em 2015 e continuou caindo em 2016. Segundo estimativas
do Fundo Monetário Internacional (FMI), esse indicador fechará o ano de 2016 com uma queda de
3,3%, mas deverá voltar a crescer em 2017, embora em uma taxa de apenas 0,5%.1
Passado alguns meses, novos estudos foram feitos em 2017 e os indicadores apresentaram
uma lenta recuperação do período de recessão. Diante do cenário econômico apresentado pelas
pesquisas, os gestores empresariais precisam conhecer cada vez mais o seu próprio negócio e o
ambiente que sua empresa está inserida, porque, embora o cenário seja desfavorável o ambiente
empresarial é bastante competitivo e globalizado, com isso, exige que os gestores possuam uma maior
agilidade na procura por conhecimento gerencial e um planejamento tributário eficaz, para que seus
empreendimentos sobrevivam sobre essas dificuldades econômicas e não percam o seu poder
competitivo, com isso, uma das formas para manter-se competitivo no mercado é desenvolver estudos
com o intuito de reduzir os seus impostos, tendo em vista a excessiva carga tributária brasileira.
Segundo estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE, 2016) o país possui a maior carga tributária da América Latina. Partindo do ponto do vista
tributário algumas organizações deixam de ser beneficiado por programas de incentivo do Governo,
1Análise dos dados expresso no gráfico, retirado do:
http://www.mercadoseestrategias.com/news/brasil-o-cenario-economico-atual/
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3
pela falta de planejamento tributário e de interesse dos gestores pela elaboração desses estudos, após
chegarmos a essa conclusão, o autor sentiu a necessidade de apresentar um dos benefícios federais
oferecidos pelo Governo Federal, apresentaremos a seguir a Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste – SUDENE, sua legislação, os seus objetivos, área de atuação, benefícios oferecidos,
desenvolvimento do pleito e manutenção dos benefícios oferecidos pela SUDENE.
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE é uma Autarquia especial,
administrativa e financeiramente autônoma, criada no governo Juscelino Kubitschek pela Lei n°
3.692/59, sediada na cidade do Recife – PE, com objetivo definido conforme relata o Art. 2° :
“a) estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento do Nordeste; b)
supervisionar, coordenar e controlar a elaboração e execução de projetos a cargo de
órgãos federais na região e que se relacionem especificamente com o seu
desenvolvimento; c) executar, diretamente ou mediante convênio, acordo ou
contrato, os projetos relativos ao desenvolvimento do Nordeste que lhe forem
atribuídos, nos termos da legislação em vigor; d) coordenar programas de assistência
técnica, nacional ou estrangeira, ao Nordeste.”.
O seu principal objetivo é promover, coordenar o desenvolvimento da macrorregião do
Nordeste do Brasil e estimular a atração de investimentos em setores considerados prioritários para o
desenvolvimento da região, a área de atuação da SUDENE abrange os estados de Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e, alguns Municípios dos
Estados do Espírito Santo e de Minas Gerais. Os benefícios fiscais oferecidos pela SUDENE são;
redução, pelo prazo de 10 anos, de 75% do IRPJ e adicionais não restituíveis, isenção pelo prazo de
10 anos, do IRPJ e adicionais não restituíveis, isenção do adicional ao frete para renovação da marinha
mercante – AFRMM, reinvestimento de 30% do IRPJ e a depreciação acelerada incentivada de bens
adquiridos, para efeito do cálculo do IRPJ, e desconto do PIS/PASEP e da COFINS. Portanto, a
SUDENE é um instrumento de muita importância para a economia do Nordeste, pois visa atrair
empresas, nacionais e internacionais, que venham a se instalar, ou que já instaladas, estejam operando
na mesma área de atuação e que sejam optantes da tributação com base no lucro real, para efeito de
fruição do beneficio fiscal, o benefício será apurado pelo lucro da exploração. Diante do tema
proposto, faz-se necessário o conhecimento do CPC 07, que tem como objetivo a orientação da
contabilização e divulgação das subvenções governamental.
Neste contexto, a pesquisa foi desenvolvida com o propósito de apresentar os benefícios
oferecidos pela SUDENE e realizar a apuração do IRPJ com e sem a fruição do benefício da redução
de 75%, analisar os resultados e expor o possível ganho econômico com a redução do imposto, tendo
assim uma possível redução competitiva. Desta forma, a pesquisa passa a ser uma das alternativas
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4
para as empresas diminuírem a carga tributária do IRPJ, aumentando a possibilidade de um resultado
maior do seu Lucro Líquido, possibilitando uma maior distribuição de dividendos, aumento nas
retenções das reservas e capital para investimento do próprio negócio.
Assim, a pesquisa se propõe a responder a seguinte problemática: O benefício da redução de
75% do IRPJ oferecido pela SUDENE é mesmo vantajoso, de uma forma a serem capazes de reduzir
a carga tributária e desenvolver um impacto econômico positivo em uma empresa no ramo de
empreendimento hoteleiro?
Para responder à questão acima, têm-se o objetivo geral de identificar a finalidade da
SUDENE no cenário econômico, legislação pertinente, área de atuação, os tipos de benefícios
oferecidos, desenvolvimento do pleito, manutenção do benefício e análise do impacto econômico
com a redução da carga tributária dos benefícios fiscais oferecidos pela SUDENE, em uma empresa
no ramo de empreendimentos hoteleiros, sediada no Município de Ipojuca – PE, com data de abertura
nos órgãos competentes em 01.03.2012, atualmente conta com 130 funcionários, com o Capital Social
integralizado de 1.800.000,00. O objetivo específico é apresentar um esclarecimento profundo a
respeito da SUDENE, processo administrativo para solicitação do pleito, apresentar as características
do IRPJ, sua regulamentação constitucional prevista na Lei 9.340/96, expor aspectos como a
Apuração da Base de Cálculo, Alíquotas, Adicional do IRPJ e data de pagamento, realizar um
comparativo na apuração do imposto de renda com e sem a fruição do benefício, considerado o mais
viável para nosso estudo, demonstrando assim o montante que a empresa ganharia ou deixaria de
ganhar com a fruição do benefício. O interesse do autor ao desenvolver um estudo a respeito da
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste e exemplificar com e sem a fruição de um dos
benefícios oferecidos por ela, agrupando as informações históricas, expondo os motivos pelos quais
foi criada, a legislação que instituiu os benefícios é de desvendar o impacto econômico na empresa
com a redução da carga tributária do IRPJ e o potencial de ganho, tendo em vista o atual cenário
econômico desfavorável.
REFERÊNCIAL TEÓRICO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste foi criada pela Lei n° 3.692, de
dezembro de 1959, no governo do presidente Juscelino Kubitschek. A SUDENE foi criada como uma
autarquia subordinada diretamente à presidência da república, devido às desigualdades regionais que
eram cada vez mais visíveis, em comparação com o Sudeste que eram cada vez mais contemplados
com as indústrias automobilísticas e Brasília que estava sendo criada e considerada a interiorização
do país. Dentre as finalidades citadas pelo Art. 2 da Lei 3.692/59, “(b) supervisionar, coordenar e
controlar a elaboração e execução de projetos a cargo de órgãos federais, na região e que se
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5
relacionem especificamente com o seu desenvolvimento.” Considera-se uma perfeita justificativa,
para uma das causas imediatas a criação do órgão, uma série de denúncias revelaram os escândalos
da “indústria das secas”, termo utilizado para definir estratégias de políticos para ganhos próprio,
aproveitando a seca na região nordeste do Brasil. O Principal objetivo da SUDENE foi à promoção e
coordenação do desenvolvimento do Nordeste, nas seguintes áreas de atuação Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, e alguns Municípios dos
Estados do Espírito Santo e de Minas Gerais. Diante das expectativas inicias, a SUDENE conseguiu
aumentar a integração da região Nordeste com o Brasil, promovendo crescimento econômico de
ambos os estados, porém, diante das diversas denúncias de corrupção o Presidente Fernando Henrique
Cardoso resolver extinguir a autarquia através da Medida Provisória 2.145 de Maio de 2001. No
mesmo ano, visando substituir a SUDENE, o Presidente Fernando Henrique criou a Agência de
desenvolvimento do Nordeste - ADENE. A diferença entre as duas é que a ADENE, desenvolvia uma
atividade como se um banco fosse, pois emprestava capital com juros e a SUDENE concedia renúncia
fiscal, para fomentar o desenvolvimento econômico das empresas. Contudo, o Presidente Luis Inácio
Lula da Silva, após ganhar a eleição criou o Projeto de Lei Complementar 91 de 2003, que pretendia
extinguir a ADENE e recriava a SUDENE, porém a criação da nova SUDENE só veio com a Lei
Complementar 125 de 3 Janeiro de 2007 e a nova SUDENE existe até os dias atuais, com objetivos
da diminuição das desigualdades espaciais e interpessoais de renda, geração de emprego e renda,
garantia de implantação de projetos tecnológicos e outros conforme expresso no Art. 14, § 1o da LC
125/07, visando atender as demandas sócias, políticas e econômicas do Nordeste.
Diante dos aspectos históricos apresentados anteriormente, abordaremos a seguir de forma
mais especifica o público-alvo, do que trata o lucro da exploração, restrições, vantagens, setores
prioritários conforme o Decreto n° 4.213/02 e os incentivos fiscais oferecidos pela SUDENE.
PÚBLICO-ALVO
O público-alvo são empresas, nacionais ou estrangeiras, que estejam ou venham se instalar
nas áreas de atuação da SUDENE, conforme explicitado cima e que sejam optantes da tributação com
base no lucro real, para efeito de fruição do benefício fiscal, pois o benefício será cálculo pelo lucro
da exploração.
LUCRO DA EXPLORAÇÃO
É considerado lucro da exploração o lucro líquido do período de apuração antes de deduzida
a provisão para o imposto de renda, relativas aos setores empresariais que possuem incentivos fiscais
ou tributação favorecida.
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6
RESTRIÇÕES
As restrições para fruição dos benefícios são; a empresa deverá estar localizada na área de
atuação da SUDENE, conforme trata o Art. 2° da Lei Complementar 125/2007, optante pela
tributação do Lucro Real e exercer um das atividades prioritárias, conforme o Decreto n° 4.213/02,
Art.2º São considerados prioritários para fins dos benefícios de que trata o
art. 1o, os empreendimentos nos seguintes setores:
I de infraestrutura, representados pelos projetos de energia, telecom
unicações, transportes, instalação de
gasodutos, produção de gás, abastecimento de água e esgotamento sanitário;
II de turismo, considerando os empreendimentos hoteleiros, centros
de convenções e outros projetos, integrados
ou não a complexos turísticos, localizados em áreas prioritárias para o desenvolvim
ento regional;
III da agroindústria vinculados à agricultura irrigada, piscicultura e a
qüicultura;
IV da agricultura irrigada, da fruticultura, em projetos localizados e
m pólos agrícolas e agroindustriais objetivando
a produção de alimentos e matérias primas agroindustriais, voltados para os mercad
os internos e externos;
V da indústria extrativa de minerais metálicos, representados por co
mplexos produtivos para o aproveitamento de recursos minerais da região;
VI da indústria de transformação, compreendendo os seguintes grup
os:
a) têxtil, artigos do vestuário, couros e peles, calçados de couro e de pl
ástico e seus componentes;
b) produtos farmacêuticos, considerados os farmoquímicos e medicam
entos para uso humano;
c) fabricação de máquinas e equipamentos (exclusive armas, muniçõe
s e equipamentos bélicos), considerados os
de uso geral, para a fabricação de máquinasferramenta e fabricação de outras máq
uinas e equipamentos de uso específico;
d) minerais nãometálicos, metalurgia, siderurgia e mecânico;
e) químicos (exclusive de explosivos) e petroquímicos, materiais plást
icos, inclusive produção de petróleo e seus derivados;
f) de celulose e papel, desde que integrados a projetos de reflorestame
nto; de pastas de papel e papelão;
g) material de transporte;
h) madeira, móveis e artefatos de madeira; e
Revista Eletronica Nova Roma Volume 1, numero 1 (2017) Escola de Negocios
69
7
i) alimentos e bebidas;
VII da eletroeletrônica, mecatrônica, informática, biotecnologia, veí
culos, componentes e autopeças; e
VIII da indústria de componentes (microeletrônica).
INCENTIVOS FISCAIS OFERTADOS PELA SUDENE
Após a apresentação histórica em ordem cronológica e algumas informações visando
esclarecer possíveis dúvidas do público-alvo, apresentaremos a seguir os benefícios fiscais oferecidos
pela SUDENE, com objetivo de apresentar o roteiro para elaboração do pleito para solicitação da
redução de 75% do IRPJ, sua destinação e todo o processo burocrático desde a sua solicitação até a
fruição do beneficio. Conforme apresentado no Manual de Instruções para elaboração de pleitos de
Incentivos e Benefícios Fiscais – MIBF, é oferecida a redução, pelo prazo de 10 anos, de 75% do
IRPJ o qual iremos desenvolver mais especificamente, redução escalonada do IRPJ, reinvestimento
do IRPJ, depreciação acelerada incentivada e o desconto da contribuição para o PIS/PASEP e da
COFINS, e a isenção do AFRMM e do IOF nas operações de câmbio de importação.
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: CONTRIBUINTE, FATO GERADOR, BASE DE
CÁLCULO E ALÍQUOTAS DO IRPJ
No Brasil, a fundamentação legal do IRPJ foi determinada pela Lei 9.430, de 27 de Dezembro
de 1996. No Art. 1° são apresentados quais os regimes de tributação e os períodos de apuração.
Art. 1º A partir do ano-calendário de 1997, o imposto de renda das
pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou
arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de
março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-
calendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei.
Conforme IN RFB n° 1700, de 14 de Março de 2017, no Art. 4° dessa Instrução Normativa
são apresentados os contribuintes do IRPJ.
Art. 4º São contribuintes do IRPJ e da CSLL:
I - as pessoas jurídicas; e
II - as empresas individuais.
§ 1º As disposições deste artigo aplicam-se independentemente de
estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure
uma unidade econômica ou profissional.
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista, bem
como suas subsidiárias, são contribuintes nas mesmas condições das
demais pessoas jurídicas.
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70
8
§ 3º Sujeita-se à tributação aplicável às pessoas jurídicas o Fundo
de Investimento Imobiliário nas condições previstas no art. 2º da Lei
nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999.
§ 4º O consórcio constituído na forma prevista nos arts. 278 e 279 da
Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e as pessoas jurídicas
consorciadas deverão observar o disposto em legislação específica.
§ 5º Salvo disposição em contrário, a expressão pessoa jurídica,
quando empregada nesta Instrução Normativa, compreende todos os
contribuintes a que se refere este artigo.
CANTO (2004, p.248) da à seguinte definição para fato gerador: “situação cuja ocorrência do
nascimento a obrigação tributária de pagar tributo”. Nos artigos 114° e 115° do CTN (Código
Tributário Nacional), são apresentados os dois conceito de fato gerador, no Art. 114° a Obrigação
Principal é a situação definida pela lei como necessária e suficiente à sua ocorrência e no Art. 115° o
Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe
a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
Por sua vez, o Art. 43° do CTN define o fato gerador do imposto de renda como:
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de
qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica
ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da
combinação de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.
§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou
do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da
origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
§ 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei
estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins
de incidência do imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
A base de cálculo de um imposto, também chamada de base imponível, base de incidência,
valor tributável, montante tributável, montante econômico a ser tributado, é o valor básico,
relacionado com o seu fato gerador, que através da operação matemática de multiplicação pela
alíquota, indicará a quantia de imposto a recolher.
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9
A partir do fato gerador, cabe ao contribuinte ou responsável, aplicar determinações legais
que definam a base de cálculo do imposto e alíquota aplicável. Segundo Oliveira (2003, p.28) A base
de cálculo é:
O valor sobre o qual se aplica o percentual (ou alíquota) com a finalidade de
apurar o montante do tributo a ser recolhido e segundo a Constituição Federal deve
ser definida em lei complementar, estando sua alteração sujeita aos princípios
constitucionais da legalidade, da anterioridade e da irretroatividade.
Está previsto na Constituição Federal/88, que alíquota é o percentual ou valor fixo que será
aplicado sobre a base de cálculo para o cálculo do valor de um imposto. A alíquota será um percentual
quando a base de cálculo for um valor econômico, e será um valor quando a base de cálculo for uma
unidade não monetária. A alíquota incidente sobre o IRPJ está disposta na IN RFB 1700/17 no:
Art. 29. A alíquota do IRPJ é de 15% (quinze por cento).
§ 1º A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor
resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses
do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional do imposto
sobre a renda à alíquota de 10% (dez por cento).
PROCEDIMENTOS PARA SOLICITAÇÃO DO PLEITO
Diante da apresentação do público-alvo, restrições, área de atuação e os benefícios oferecidos
pela SUDENE, irão abordar agora quais são os procedimentos que uma empresa no ramo de hotelaria,
terá que desenvolver para solicitação do pleito de um projeto de implantação, com base no Manual
de instruções para elaboração de pleitos de incentivos e benefícios fiscais administrados pela
SUDENE.
Os primeiros passos para solicitação do pleito são os preenchimentos dos formulários,
conforme segue abaixo:
PLEITO FORMULÁRIO CONTEÚDO PÁGINA
Formulário 1A Requerimento 23
Formulário 2A, 2B e 2C Cadastro do empreendimento 28 a 30
Formulário 3A Caracterização do pleito 31
Formulário 4A Documentação apresentada 39
Redução fixa de 75% do IRPJ
Fonte: MIBF
Após o preenchimento dos formulários acima citado, será necessário anexar os documentos
básicos para formalização da solicitação do pleito. Segundo o Manual de instruções para solicitação
de pleitos, p. 04, será necessário:
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a) Certidão Conjunta Negativa de Débitos relativos a Tributos Federais e à
Dívida Ativa da União;
b) Certidão Negativa de Débitos relativos às Contribuições Previdenciárias
e às de Terceiros; c) Certificado de Regularidade do FGTS – CRF, referente à pessoa
jurídica objeto do incentivo;
d) Certidão do IBGE, referente à unidade produtora objeto do incentivo,
comprovando que a empresa está em dia com as informações estatísticas (Decreto
64.214/69, art. 7o, inciso IV); e) Comprovante de inscrição e de situação cadastral
no CNPJ da pessoa jurídica titular do empreendimento e da unidade produtora objeto
do incentivo;
f) Portaria de Lavra, emitida pelo Ministério de Minas e Energia, quando se
tratar de empreendimento de extração de minérios ou água mineral. (cópia legível e
autenticada);
g) Outorga de direito de uso da água, emitida por Órgão competente, quando
se tratar de empreendimento de agricultura irrigada. (cópia legível e autenticada);
h) Estatuto/Contrato de Constituição/Registro Individual, conforme o caso,
contendo o número e a data do registro na Junta Comercial. (cópia legível e
autenticada);
i) Atas/alterações/aditivos/consolidações (cópia legível e autenticada), onde
constem alterações de: razão social, de endereço e dos objetivos da empresa; eleição
da diretoria; criação e fechamento de filiais; transferências; transformações do tipo
de sociedade; aumento de capital; incorporação; fusão; cisão; consolidação
estatutária, entre outras.
j) Notas fiscais das máquinas e equipamentos necessários ao processo
produtivo objeto do incentivo (Cópia legível e autenticada).
k) Contratos e/ou notas fiscais, referentes à contratação de serviços
necessários ao processo produtivo/operacional do empreendimento.(Cópia legível e
autenticada);
l) Balanços contábeis, assinados pelo contador e pelo representante da
empresa, referentes aos três últimos anos, ou de abertura (quando for o caso). O
balanço também pode ser fornecido mediante cópia de sua da publicação em Diário
Oficial;
m) Declaração que comprove que o empreendimento objeto do incentivo se
encontra em funcionamento e que se dedica às atividades para as quais solicita o
benefício fiscal, citando os produtos/serviços produzidos (cópia legível e
autenticada). Dependendo do tipo de empreendimento, esta declaração poderá ser
fornecida por: Federação das Indústrias, Federação da Agricultura, ANEEL,
ANATEL, ANA, EMBRATUR, entre outras;
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73
11
n) Licença de Operação – LO (cópia legível e autenticada), emitida por órgão
ambiental competente, para as atividades ou empreendimentos sujeitos ao
licenciamento ambiental relacionados no Anexo I da Resolução CONAMA no 237,
de 19.12.1997. Se a LO estiver vencida, a SUDENE aceitará justificativa, assinada
por representante legal da empresa, devidamente acompanhada da documentação
que comprove que a renovação da Licença de Operação ainda está em análise pelo
órgão ambiental competente e que o requerimento à sua renovação foi feito com uma
antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de
validade (§ 4o do art. 18 da Resolução CONAMA no 237);
o) Procuração atualizada e com firma reconhecida, se o requerimento for
assinado por procurador do empreendimento;
p) Declaração de Regularidade de Benefícios Fiscais (cópia), emitida pela
SUDENE, comprovando que o empreendimento encontra-se em situação regular
quanto às exigências previstas no art. 9o do Decreto 64.214/69, referente aos
benefícios fiscais usufruídos (para empresas que gozam de incentivos fiscais de
isenção e/ou redução).
Além dos documentos básicos, a empresa deverá anexar os seguintes documentos específicos.
Segundo o Manual de instruções para solicitação de pleitos, p. 05:
a) Descrição detalhada do processo produtivo, discriminando os
investimentos em máquinas, equipamentos, tecnologia, entre outros. Deve, ainda,
constar desta documentação: o "Layout" da área de produção e a memória de cálculo
da capacidade real instalada de cada produto/serviço objeto do incentivo. Esta
documentação deve ser assinada por representante legal do empreendimento,
explicitamente identificado com o nome completo, cargo/função e numero do CPF.
O referido representante deve rubricar todas as páginas que compõem esta
documentação;
b) Cópia legível e autenticada das primeiras notas fiscais de venda de cada
produto/serviço objeto de incentivo (máximo de dez notas por produto/serviço).
A partir do momento que a empresa estiver de posse dos documentos mínimos informado pelo
manual, para protocolar a formalização da solicitação do benefício, a empresa deverá encaminhar-se
ao setor de protocolo, na sede da SUDENE. Após a entrega, a SUDENE terá 10 (dez) dias para
verificação dos documentos recebidos, caso seja detectado alguma inconsistência, procederá à
devolução em 15 (quinze) dias, contados a partir da data do protocolo. A partir do momento em que
for informado e publicado, a empresa terá um prazo de 30 (trinta) dias para entregar o documento,
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12
podendo ser prorrogado por mais 30 (trinta) dias, mediante a formalização do pedido e justificativa
plausível.
Após formalização do pleito, a SUDENE procede com as análises das condições previstas na
legislação e na regulamentação vigentes, é emitido o Laudo Constitutivo do direito ao benefício fiscal.
Por conseguinte, de posse do Laudo, a empresa deverá levar o requerimento a uma unidade da
Secretaria da Receita Federal – SRF que estiver jurisdicionada, instruído com o Laudo original e o
formulário específico da SRF.
INÍCIO DA FRUIÇÃO DO BENEFÍCIO
Conforme o Manual, p. 06:
Se o Laudo Constitutivo foi expedido no mesmo ano em que o
empreendimento entrou em operação, a fruição terá início a partir do ano seguinte.
Caso contrário, a fruição iniciará a partir do ano de expedição do Laudo Constitutivo.
O prazo de fruição do benefício será de 10 (dez) anos, contados a partir do ano de
início de sua fruição.
METODOLOGIA E DADOS
Os procedimentos adotados para elaboração desta pesquisa foram o estudo bibliográfico e o
estudo de caso. Segundo Gil (2010), o método de pesquisa bibliográfica é elaborado a partir de
material já publicado, constituído principalmente de livros, revistas, jornais e, atualmente, material
disponibilizado na internet. Já o estudo de caso, conforme Bruney, Herman e Schoutheete (p.216,
2006), definem o estudo de caso como “análise intensiva, empreendida numa única ou em algumas
organizações reais.” Para eles, o estudo de caso reúne, tanto quanto possível, informações numerosas
e detalhadas para apreender a totalidade de uma situação.
Quanto ao objetivo, esta pesquisa tem caráter descritivo, pois tem como finalidade o registro
e a interpretação dos fatos de forma integral sem tentar diferenciá-lo de outro.
Segundo Köche (2013, p. 124), “A pesquisa descritiva estuda as relações entre duas ou mais
variáveis entre um fenômeno sem manipulá-las”. Com relação ao procedimento adotado, para se
atingir o objetivo deste estudo, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, pois a mesma foi elaborada com
base nos materiais disponível na internet, como a legislação vigente sobre a Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste.
Quanto à abordagem do problema esta pesquisa é classificada como qualitativa e
quantitativa. Na pesquisa qualitativa os pesquisadores se interessam mais pelo processo do que pelos
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os resultados, tendo uma perspectiva mais profunda em relação ao tema pesquisado, conforme
menciona Richardson (1999 apud Beuren et al. 2006, p. 77), “os estudos que empregam uma
metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a
interação de certas variáveis, compreende e classificar processos dinâmicos vividos por grupos
sociais”. Já na abordagem quantitativa, de acordo Beuren et al. (2006), caracteriza-se pelo emprego
de instrumentos estatísticos na coleta de informações e no tratamento dos dados. Apresentaremos os
dados para análise através da Demonstração do Resultado do Exercício e em uma planilha
comparando a apuração sem e com a fruição do benefício, para que possamos analisar o impacto
econômico na empresa. Segundo Roesch (1999, p. 77), “Os documentos constituem fonte rica e
estável de dados, exigem apenas disponibilidade de tempo do pesquisador”.
A Demonstração do Resultado do Exercício será composta pelas receitas, despesas e custos
totais, formando a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ, após isso,
calcularemos o total do IRPJ a pagar sem e com a fruição do benefício da redução de 75% do IRPJ,
com isso, analisaremos de forma mais precisa o impacto econômico gerado pela redução do imposto
a pagar.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Diante da apresentação da SUDENE, dos requisitos necessários para solicitação do pleito e os
processos burocráticos, apresentaremos agora a simulação da apuração do IRPJ com e sem a fruição
do benefício, visando responder o problema da nossa pesquisa, que é expor o ganho econômico com
a redução do imposto e a apresentar em percentuais o quanto a empresa poderia ser ganho, caso
tivesse solicitado o benefício anteriormente.
Serão desenvolvidas a seguir planilhas composta pelo lucro antes do Imposto de Renda,
os impostos e o lucro líquido auferido no final do ano-calendário de 2012, 2013, 2014 e 2015
simplificado no quadro 1, e a Demonstração do Resultado do Exercício completa de 2016 no
quadro 3, referente aos 12 (doze) meses do ano-calendário da empresa de hotelaria, composta
por todas as receitas, despesas e custos com a prestação de serviço para conhecimento dos leitores,
valendo ressaltar que nesses períodos que foram apresentados as apurações abaixo, a empresa não
possuía nenhum benefício fiscal.
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14
ANO 2012 2013 2014 2015
(=) LUCRO ANTES DO IR 162.265,68R$ 389.056,16R$ 252.339,84R$ 102.456,00R$
(-) Imposto de Renda 15% 24.339,85R$ 58.358,42R$ 37.850,98R$ 15.368,40R$
(-) Adicional de 10% 10.226,57R$ 32.905,62R$ 19.233,98R$ 4.245,60R$
(-) CSLL 9% 14.603,91R$ 35.015,05R$ 22.710,59R$ 9.221,04R$
(=) LUCRO LÍQUIDO 113.095,35R$ 262.777,07R$ 172.544,29R$ 73.620,96R$
Quadro 1: Apuração do Resultado do Exercício dos anos anteriores a 2016 sem fruição do benefício
Fonte: Elaboração própria.
ANO 2012 2013 2014 2015
(=) LUCRO ANTES DO IR 162.265,68R$ 389.056,16R$ 252.339,84R$ 102.456,00R$
(-) Imposto de Renda 15% 24.339,85R$ 58.358,42R$ 37.850,98R$ 15.368,40R$
(+) Redução de 75% do IRPJ 18.254,89R$ 43.768,82R$ 28.388,23R$ 11.526,30R$
(-) Adicional de 10% 10.226,57R$ 32.905,62R$ 19.233,98R$ 4.245,60R$
(-) CSLL 9% 14.603,91R$ 35.015,05R$ 22.710,59R$ 9.221,04R$
(=) LUCRO LÍQUIDO 131.350,24R$ 306.545,88R$ 200.932,53R$ 85.147,26R$
Quadro 2: Simulação da apuração do Resultado do Exercício dos anos anteriores a 2016 com a fruição do
benefício da redução de 75% do IRPJ
Fonte: Elaboração própria, 2017.
ANO 2012 2013 2014 2015 Total
Lucro Líquido sem a fruição 113.095,35R$ 262.777,07R$ 172.544,29R$ 73.620,96R$ 622.037,67R$
Lucro Líquido com a fruição 131.350,24R$ 306.545,88R$ 200.932,53R$ 85.147,26R$ 723.975,91R$
Variação (%) 16,14% 16,66% 16,45% 15,66% 16,39%
Quadro 3: Análise Horizontal e Vertical em % e o impacto no Balanço Patrimonial
Fonte: Elaboração própria, 2017.
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15
1.592.675,65R$
(-)DEDUÇÕ ES DA RECEITA BRUTA 226.956,28-R$
79.633,78-R$
26.279,15-R$
121.043,35-R$
1.365.719,37R$
690.789,00-R$
674.930,37R$
695.528,37R$
51.532,00-R$
600.069,37R$
43.927,00-R$
(-) RESULTADO FINANCEIRO 2.069,00-R$
25.918,00R$
27.987,00-R$
(=) PREJUÍZO DO PERÍO DO 18.529,00-R$
Quadro 4: Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) de 2016
(+) Receita Financeira
(-) Despesas financeiras
(-)Despesas comerciais
(-) COFINS
(-) Despesas Tributárias
RECEITA BRUTA
(-)Custos diretos dos serviços prestados
(=)LUCRO BRUTO
(-)DESPESAS O PERACIO NAIS
(-)Gerais e administrativas
(=)RECEITA LÍQ UIDA DAS ATIVIDADES
(-) ISS
(-) PIS
Fonte: Elaboração própria, 2017.
Diagnóstico da análise:
• Após análise horizontal e vertical do Lucro Líquido apurado sem a fruição do benefício
no quadro de nº 1, elaboramos o quadro de nº 2 para compararmos e expor o percentual do aumento
do lucro líquido que a fruição do benefício da redução de 75% do IRPJ proporciona a empresa. Entre
2012 a 2015 a empresa com a fruição do benefício teria um aumento no lucro líquido de 16,93%,
conforme apresentado na análise horizontal. Para o ano de 2012 teríamos um aumento de 16,14%,
2013 um aumento de 16,66%, 2014 um aumento de 16,45% e em 2015 um aumento de 15,66%.
• Diferentemente dos anos anteriores, no ano de 2016 a empresa teve um prejuízo.
Diante dessa situação, verificamos que o benefício da redução de 75% do IRPJ não gera impacto
econômico positivo quando a empresa não afere lucro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por conseguinte, vimos que o principal objetivo da Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste - SUDENE é atrair novas empresas para a região, através dos benefícios fiscais oferecidos
pela mesma. Uma das vantagens oferecidas pela SUDENE é que o benefício é de rápida tramitação,
pode beneficiar diversas empresas e não é necessário que a empresa sede esteja no Nordeste para a
fruição de uma filial situada no Nordeste.
Diante da análise da apuração sem e com a fruição do benefício da redução de 75% do IRPJ
oferecido pela SUDENE, desenvolvido através dos quadros de nº 1, 2, 3 e 4 entre 2012 a 2016,
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16
diagnosticamos que o benefício gera impacto econômico positivo, quando a empresa aufere lucro,
conforme vimos nos quadros comparativos de nº 1 e 2, onde no 1º quadro foi calculado o IRPJ e
apurado o lucro líquido sem a fruição do benefício e no 2º quadro com a fruição do benefício, a
redução de 75% sobre o IRPJ a pagar, verificamos no 3º quadro que com a utilização do benefício,
seria potencializado um aumento percentual entre 2012 a 2015 no lucro líquido da empresa de
16,39%, conforme apresenta a análise horizontal, diferentemente do que ocorre no quadro de nº 4,
onde a empresa teve um prejuízo e com isso não pode reduzir o prejuízo, porque o IRPJ é calculado
com base no lucro da exploração, logo, como o benefício da redução é sobre o IRPJ a pagar, a empresa
só teria um impacto econômico nos resultados se o benefício fosse sobre o faturamento.
Diante dos fatos apresentados, observamos a importância de um prévio planejamento
tributário, pois a empresa que elaboramos o estudo está no mercado a 5 (cinco) anos e até o momento
não tinha conhecimento sobre os benefícios oferecidos pela SUDENE e não conhecia o impacto
econômico que ele poderia trazer para empresa. Após os estudos desenvolvidos nesta pesquisa,
constatamos que a fruição do benefício só trás um resultado econômico positivo para empresa se
auferir lucro, pois a redução é sobre o IRPJ a pagar, quando empresa aufere um lucro da exploração
maior e consequentemente um valor do IRPJ a pagar maior, a redução de 75% do IRPJ possibilita um
imposto a pagar menor, aumentando o lucro líquido e consequentemente aumenta os valores das
reservas retidas, consequentemente aumentando o patrimônio líquido, o saldo da distribuição de
dividendos e o valor pago aos funcionários pela participação nos lucros.
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17
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Uma Nova Forma de Empreender
Mariana Libonati1
Luan Felipe Lopes Araujo2
Tharcísio Emmanuel Alves Monteiro3
RESUMO
O artigo tem como objetivo analisar as startups e como essa nova forma de empreender
vem inovando e crescendo cada vez mais. Por esse motivo tem-se como objetivo
principal demonstrar as mudanças que as startups estão fazendo na forma de
empreender e apontar as características dos empreendedores diante desse novo cenário
e, além disso, fazer uma analise em relação aos fatores que são mais importantes para
uma startup fazer sucesso. Realizou-se uma pesquisa exploratória. Foi escolhido esse
modelo, pelo fato das startups serem um movimento recente na abertura de novos
negócios, principalmente no Brasil. Dessa forma esse tema ainda é pouco explorado e
não se conhece bem as variáveis envolvidas no fenômeno das startups. A pesquisa visa
às temáticas do empreendedorismo e também o conceito associado às empresas startups
que tem como intuito proporcionar uma revolução na forma de empreender, composta
por etapas que compreendem inspiração, ideação, inovação e implementação.
Palavras-chave: Startup. Empreender. Inovação.
1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Especialista em Marketing pela Universidade Federal de Pernambuco. Graduada em Publicidade pela Universidade Católica de Pernambuco. Professora da Faculdade Nova Roma. 2 MBA em Gestão de Custos pela UPE/FCAP. Graduado em Logística pela IBGM. Acadêmico do curso de graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Nova Roma. 3 Técnico em Ciências Contábeis pela GETEC. Acadêmico do curso de graduação em Ciências Contábeis da Faculdade Nova Roma.
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1. INTRODUÇÃO
Partindo do princípio que as startups vem crescendo gradativamente,
as empresas procuram se adaptar as novas tecnologias e criar diferenciais competitivos
no meio em que atuam, a estruturação deste artigo se baseou na metodologia de
pesquisa bibliográfica visando às temáticas do empreendedorismo e também o conceito
associado às empresas startups que tem como intuito proporcionar uma revolução na
forma de empreender.
Startups são empresas com crescimento
exponencial e que buscam a escalabilidade,
ou seja, atingir milhões ou bilhões de
consumidores em todo o planeta em um
curto período de tempo. Essa escalabilidade
geralmente advém do uso da tecnologia
para tornar processos tradicionais muito
mais eficientes e baratos.
(NORMAND, Reinaldo; Vale do Silício,
pg. 10).
Com base nas observações de analises realizadas em novas empresas e as
dificuldades que elas enfrentam atualmente, vê-se grandes pontos negativos, o que
causa transtorno nos empreendedores, fazendo com que encerrem as atividades nos
primeiros anos de operação. As maiores justificativas para este fato apontam para a
restrição de recursos, reduzido número de clientes, inadimplência e alguns aspectos da
economia entre outros.
Empreender nunca foi e nunca será uma tarefa corriqueira, mas o conceito de
empreender vem se adequando aos tempos, levando em consideração diversos fatores
que influenciam na forma de gerir e conduzir uma empresa. Uma pesquisa realizada na
Harvard Business School, por Shikar Ghosh (2012), mostra que 75% das startups
fracassam nos primeiros anos de vida. Desenvolver um novo negócio no mundo atual
requer uma enorme força de vontade por parte do empreendedor, que assume riscos e
precisa se dedicar intensamente a uma visão que existe apenas em sua imaginação, ao
contrario de muitos anos atrás quando o empreendedor tinha como principal objetivo
apenas o lucro.
Startups buscam um modelo de negócios
que pode ser sustentável no longo prazo
através do uso repetido de seu produto ou
serviço. O nome disso, no jargão de
tecnologia, é repetibilidade.
(NORMAND, Reinaldo; Vale do Silício,
pg. 11).
Startup é um novo conceito de empreendedorismo que valoriza o feedback
constante. Diferentemente de uma empresa tradicional que é recomendado fazer um
plano especificando detalhadamente o segmento, para que depois vá ao mercado, nas
startups recomenda-se validar a ideia para que seja constatado se tem mercado, se tem
pessoas que consumam o produto, até que ponto é atingido um determinado público
alvo e o quanto ficarão satisfeitos com o que esta sendo oferecido. É um feedback
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constante tanto quantitativo como qualitativo e esse ciclo pode ser resumido em
construir, medir, inovar e aprender.
Empresas startups não são necessariamente
de pequeno porte, mas seus recursos
geralmente são focados no lançamento, na
empresa e no plano de negócios que
contempla análise de mercado e ambiente.
(Salles-Filho; Albergoni, 2006).
Dessa forma, o objetivo geral desse artigo é apontar a visão que os empresários
enquanto empreendedores tem em relação as startups. Com isso, pretende-se como
objetivos específicos identificar quais características empreendedoras os empresários de
startup possuem, reconhecer qual a importância que os empresários tem desde o
primeiro momento, ou seja, a partir da ideia inicial e apontar quais fatores são mais
importantes para uma startup de sucesso.
2. PROBLEMÁTICA
As startups mudaram a forma de empreender no mundo?
3. JUSTIFICATIVA
Com a mudança na atual forma de abrir, gerir e conduzir uma empresa, seja ela
nacional ou internacional, surgiu à ideia de fazer o presente estudo que apresenta as
startups como uma nova forma de empreender.
Esse trabalho esta sendo feito com intuito de mostrar a revolução que as startups
estão fazendo no mercado atual e analisar o motivo de cada vez mais estarem crescendo
de modo que todos possam ver vantagens nesse novo método de empreender.
4. OBJETIVOS
4.1 Objetivos Gerais
Demonstrar a transformação que as startups estão fazendo na forma de
empreender, o crescimento contínuo desse novo método de empreender e como
isso esta impactando no mundo atual.
4.2 Objetivos Específicos
Identificar quais características empreendedoras os empresários de startups
possuem e apontar quais fatores é mais importantes para uma startup de sucesso.
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.1 Empreendedorismo.
Atitude de quem, por iniciativa própria, realiza ações ou idealiza novos métodos com
o objetivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer atividades de
organização e administração.
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O que mais se aprecia socialmente é que quase metade da população tem o sonho de
ter um negócio próprio algo bem maior do que a vontade de construir a carreira em uma
empresa.
Atualmente o aumento do número de empreendedores no mundo vem crescendo e é
interessante analisar que esse aumento do número de empreendedores cresce mais por
oportunidades do que por necessidade, principalmente entre os jovens.
A relevância gerencial do artigo é com o intuito de mostrar as mudanças ocorridas na
forma de gerir uma empresa, quebra de paradigmas e surgimento de novos conceitos
para que a empresa nova ou já estabelecida seja competitiva.
Segundo o SEBRAE (2010) as dez características empreendedoras são:
• Busca de oportunidade e iniciativa - se antecipar aos fatos e criar novas
oportunidades de negócios;
• Correr riscos calculados - assumir desafios ou riscos moderados e responder
pessoalmente por eles;
• Exigência de qualidade e eficiência - decisão de atingir sempre as expectativas,
prazos e padrões de qualidade;
• Persistência - enfrentar os obstáculos decididamente;
• Comprometimento - com o cliente e com o próprio empresário;
• Busca de informações - busca individual através de pesquisas e consulta a
especialistas;
• Estabelecimento de metas – estabelece metas de longo e curto prazo
mensuráveis;
• Planejamento e monitoramento sistemáticos - planeja e aprende a acompanhá-lo
sistematicamente a fim de atingir as metas a que se propôs;
• Persuasão e rede de contatos - saber persuadir e utilizar sua rede de contatos
atuando para desenvolver e manter relações comerciais;
• Independência e autoconfiança - busca autonomia em relação a normas e
procedimentos para alcançar o sucesso.
5.2 Startup.
As mudanças que ocorrem no Brasil e no mundo sejam elas sociais ou tecnológicas
fazem com que novas formas de gerir uma organização sejam necessárias para o
surgimento ou manutenção de uma empresa devido a esse cenário de grande incerteza.
No ano de 2016, é visto um crescimento acelerado de novas empresas no modelo
startup não só no mundo, mas também no Brasil, inclusive o mais interessante é que
desde 2013 o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) criou o Programa
Start-Up Brasil que tem como objetivo “apoiar as empresas nascentes de base
tecnológica e sua ligação a aceleradoras”.
De acordo com o SEBRAE (2011) a definição de startup é “Uma empresa nova, até
mesmo embrionária ou ainda em fase de constituição, que conta com projetos
promissores, ligados à pesquisa, investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras”.
Uma das principais diferenças de startups está na fase inicial da empresa. Enquanto
nas empresas tradicionais aconselha-se a fazer um plano de negócios detalhado, ver a
exequibilidade e depois colocá-lo em pratica, o plano nas startups é definido como
tentativa e erro, tem-se hipótese e o empreendedor vai a campo ver se essa hipótese tem
mercado.
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6. METODOLOGIA
Neste trabalho, o modelo utilizado para a realização da pesquisa foi a exploratória.
Foi escolhido esse modelo, pelo fato das startups serem um movimento novo na
abertura de negócios, principalmente no Brasil. Dessa forma esse tema ainda é pouco
explorado e não se conhece bem as variáveis envolvidas no fenômeno das startups. “O
objetivo da pesquisa exploratória é explorar ou examinar um problema ou situação para
se obter conhecimento e compreensão”. (MALHOTRA, 2010).
Afim da resolução do problema apresentado e de se alcançar os objetivos propostos,
foi utilizado uma abordagem qualitativa e quantitativa. A qualitativa é um tipo de
abordagem que tem como objetivo compreender e descrever o contexto do problema,
explorar significados, características e processos de construção de sentido. A
quantitativa tem como objetivo descrever, explicar e predizer o fenômeno estudado.
Tem como características dados traduzidos em números. (GIL,1999).
O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi o questionário que segundo
Marconi e Lakatos (2008, p.86), “é um instrumento de coleta de dados constituído por
uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito”. O
pesquisador desenvolveu o questionário com o objetivo de colher dados que ajudassem
a responder a pergunta, alcançar o objetivo geral e os específicos, e poder traçar um
perfil do empreendedor de startup.
A pesquisa quantitativa foi realizada no evento BRAPPS que ocorreu em
Brasília e a coleta foi realizada nos dias 26 e 27 de abril de 2013. Foram selecionados de
forma não probabilística por julgamento, o pesquisador selecionou membros da
população que sejam bons fornecedores de informações precisas, conforme descreve
Kotles e Keller (2005).
Foram abordadas cinquenta e três pessoas que possuem startup, sendo elas expositoras
ou visitantes ao evento, para responderem ao questionário.
Foi aplicado um questionário com duas perguntas fechadas a respeito dos dados
sóciodemográficos dos participantes. Depois seguiu-se com oito perguntas fechadas
acerca do nível de importância do dinheiro, tecnologia, a ideia, pessoas, processos,
administração.
Posteriormente, o questionário possuía quatro questões fechadas com a opção de
“sim” ou “não” e espaço para o entrevistado expor os motivos da escolha caracterizando
quatro perguntas abertas. Estas perguntas abordaram o Brasil; competências,
habilidades e atitudes de um empreendedor; experiência e planejamento.
No questionário havia ainda dez características empreendedoras segundo o
SEBRAE (2010) e o entrevistado deveria atribuir uma numeração de 1 a 3 dentre as que
menos possuem e as que mais possuem. Por último foram coletados dados pessoais
como: gênero, idade, grau de escolaridade, função que exerce na startup e área de
atuação da startup. Cada respondente do questionário levou em média dez minutos para
respondê-lo.
Com as respostas obtidas nos questionários foi possível traçar um perfil das
pessoas envolvidas no movimento de startup e a visão que elas possuem do
empreendedorismo.
Para a tabulação dos dados dos questionários foi utilizado o Microsoft Excel.
Foram revisados os resultados e foram colocadas as informações mais relevantes em
forma de gráfico para melhor visualização dos resultados encontrados. Para essa análise
foram buscadas respostas relacionadas com os objetivos do artigo.
7. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
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Este tópico será dedicado a demonstrar os resultados coletados na aplicação dos
questionários aos entrevistados em uma pesquisa feita por HARTMAN (2013), para um
trabalho acadêmico. O questionário foi aplicado a 53 pessoas que possuem startup e
estavam presentes no evento BRAPPS.
Primeiramente vão ser expostos em forma de tabela os dados pessoais dos
entrevistados que serão: sexo, idade, grau de escolaridade e quanto tempo possui uma
startup.
Gráfico 1: Gênero.
Gráfico 2: Idade.
Gráfico 3: Grau de escolaridade.
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Gráfico 4: Tempo que possui a startup.
No primeiro dado pessoal, observou-se que nove entre cada dez entrevistados
eram homens (89,5%).
Segundo Olhar Digital (2013) o mercado de tecnologia e ciências exatas é
predominantemente de homens. Quando analisada a idade nota-se que seis em cada sete
entrevistados têm menos de 30 anos. Hisrich e Peters (2004) afirmam que a maior parte
dos empreendedores começa seu primeiro grande negócio até os 30 anos de idade.
O perfil das pessoas envolvidas com startups está ligado a juventude. A geração
que nasceu entre os anos 80 e 90 tem mais vivência com áreas de tecnologia e internet.
(CARLOMAGNO, 2013).
Observados os dados de grau de instrução dos entrevistados, mais da metade
possuem o nível superior completo, seguido por pós-graduação (15,8%). Isso é o que
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pode explicar a predominância de pessoas formadas sendo proprietárias de startup
segundo as entrevistas aplicadas pelo pesquisador.
Gráfico 5: Características Empreendedoras.
No gráfico 5 é possível notar que a característica empreendedora mais presente
nos entrevistados é a persistência. Essa característica vai de acordo com alguém que
espera obter sucesso em uma startup e procura a aprendizagem validada que defende a
minimização dos riscos de insucesso de uma empresa, através da experimentação da
hipótese de negócio no mercado.
Gráfico 6: Brasil como lugar ideal para o modelo de negócio do empreendedor.
No gráfico 6, nota-se a aprovação dos entrevistados no que diz respeito ao Brasil
ser o lugar ideal para o modelo de negócios. Essa visão otimista da população é
acompanhada pelo governo e pode ser evidenciada através de programas criados. Houve
um investimento de cerca de 14 milhões de reais do governo no Brasil para o
movimento de startup, através do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
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Gráfico 7: A importância de um especialista em Administração para o sucesso de uma
startup.
Apesar de grande parte dos entrevistados terem concordado com a importância
de um especialista em Administração para o sucesso de uma startup, uma grande parcela
não considera importante que uma pessoa tenha o domínio de Administração.
Gráfico 8: Atividade além da Startup.
Gráfico 9: As competências, habilidades e atitudes do empreendedor tem que ser a
mesma que em uma empresa tradicional.
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Os gráficos 8 e 9 demonstram que mais da metade dos entrevistados possuem
outra empresa que não seja startup e a grande maioria compreende que as competências,
habilidades e atitudes tem que ser diferentes para uma startup. A pergunta para as
respostas presentes na tabela 9 tiveram abertura para o entrevistado expor o motivo de
ter escolhido sim ou não. Os entrevistados que discordaram da afirmação citaram
engessamentos das empresas tradicionais e características de agilidade, inovação e
cenário que as startups possuem e que diferem das empresas tradicionais. Os
entrevistados que concordaram com a afirmação justificaram o motivo da escolha
apenas com características comportamentais que o empreendedor deve ter tanto em uma
empresa tradicional como em uma startup.
Na última questão foi avaliado qual o nível de importância, sendo que 1 é pouco
importante e 5 é muito importante que os entrevistados julgam para que uma startup
tenha sucesso. Os itens foram: dinheiro, tecnologia, a ideia, pessoas e processo.
Gráfico 10: Dinheiro.
Gráfico 11: Tecnologia.
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Gráfico 12: A ideia.
Gráfico 13: Pessoas.
Gráfico 14: Processos.
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Com esses dados, pode-se destacar o item dinheiro que mostrou ser o item
menos importante, no qual a maioria colocando no nível 3 e 2 de importância e o item
pessoas mostrou-se como o mais importante, em que três em cada quatro entrevistados
atribuíram o nível 5 de importância.
Cada startup precisa de um time diferente de habilidades e atitudes. A equipe é
fundamental não só para fabricar o produto, mas também para conseguir investimento.
8. CONCLUSÃO
Este artigo procurou apontar qual é o perfil dos empreendedores nas empresas
startups, questionando também qual a visão que os empresários desse tipo de empresa
têm sobre empreendedorismo, sendo que esses empreendedores estão em um cenário
onde se avalia as variáveis presentes no Brasil e no exterior, sendo capazes de unir os
conhecimentos adquiridos em benefício do sucesso da sua empresa.
Assim, o objetivo geral desse estudo é demonstrar a transformação que as startups
estão fazendo na forma de empreender, o crescimento contínuo desse novo método de
empreender e como isso esta impactando no mundo atual.
Foi apontado o perfil dos empreendedores nas empresas startups.
Os resultados indicam que o perfil pode ser definido como: gênero masculino
(89,5%), faixa etária entre 20 e 29 anos (84,2%), nível de escolaridade como superior
completo (57,9%) e possuem, além da startup, outra empresa que não seja startup
(52,8%).
Dessa forma foi possível identificar que os empresários de startups já possuem
familiaridade com o empreendedorismo e enxergam na nova tendência de empresas
startups a possibilidade de construir a própria carreira abrindo seu próprio negócio
depois que conclui sua graduação.
No decorrer da pesquisa foram encontrados alguns fatores limitantes como: a falta
de bibliografia em livros para startups por ser um tema muito recente e a verdadeira
vontade dos entrevistados em responder os questionários da forma mais fidedigna
possível.
Esse artigo abre prerrogativa para novos estudos sobre o empreendedorismo como
um todo, e principalmente para o movimento de startups e a transformação que este
movimento tem feito no âmbito nacional e internacional.
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