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Resumo
Esta pesquisa discorre acerca da atividade no campo, teve como
protagonista o trabalhador rural e o objetivo de encontrar as causas do
desinteresse dos jovens pela atividade agropecuária. O espaço pesquisado foi
o município de Ibiporã, no entanto, o recorte serviu apenas para facilitar os
estudos, já que esse fenômeno é comum a todo o país. Foi necessário fazer
uma análise da modernização agrícola ocorrida no país e as consequências
trazidas por esse processo, tanto à atividade rural quanto ao trabalhador.
Acredita-se que esse estudo tenha contribuído para que o educando valorize a
atividade agropecuária como qualquer outra, percebendo sua importância para
a sociedade. Além disso, possibilitou uma reflexão sobre os meios de produção
agrícola no Brasil.
Palavras-chave: Modernização agrícola – Agropecuária - trabalhador rural
Abstract
This research discusses about the activity in the field, and the protagonists were
rural workers and the goal of it was to find the reason why young people aren’t
interested in farming. The area surveyed was the Ibiporã, however, this cut
served only to facilitate the studies, since this phenomenon is common In Brasil.
It was necessary to analyze the agricultural modernization occurred in the Brasil
and Its consequences In the process for rural activity and the worker This study
contributed to the students give greater importance to the rural activity, realizing
its importance to our society and moreover, a possible reflection on the means
of agricultural production in Brasil.
Keywords: Agricultural Modernization - Agriculture - farm worker
Introdução
Este artigo aborda questões da pesquisa realizada sobre o tema: a
importância da atividade no campo, a qual tem como protagonista o trabalhador
rural.
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O desinteresse, hoje, no país, por atividades braçais, principalmente as
do campo, tem gerado dificuldades para encontrar mão-de-obra. O estudo
realizado com os alunos do colégio Estadual Unidade Polo de Ibiporã, teve
como foco o desenvolvimento de uma visão crítica nos educandos, e procurou
destacar a importância da atividade agrícola para a economia do país, do
Estado e da região, já que esta não tem recebido o prestígio que merece por
parte dos mais jovens. Além disso, procurou-se encontrar as causas do
desinteresse por esse tipo de trabalho.
A título de embasamento teórico, discutiu-se a modernização da
agricultura ocorrida a partir da década de 70, no Norte do Paraná e suas
consequências, entre elas, a substituição de lavouras perenes como o café e a
introdução de lavouras temporárias e mecanizadas como soja, trigo e milho
que, atualmente, dominam a paisagem rural. O resultado desse processo foi a
rápida urbanização do município.
As discussões realizadas no âmbito da pesquisa demonstraram aos
alunos os efeitos da modernização da agricultura, que contou com a revolução
verde e o pacote de tecnologias. Observou-se que esse processo gerou sérios
danos ao meio ambiente e à vida das pessoas em geral.
Foi possível observar também a importância do trabalho rural para a
produção de alimentos e geração de riquezas, além da cadeia de empregos
que o agronegócio proporciona ao país.
Esses fatores, certamente, serviram para melhorar a auto-estima
daqueles educandos moradores da área rural ou que moram na cidade e
trabalham com a família em atividades ligadas ao campo, desfazendo as
imagens negativas que ainda se têm do campo, muitas vezes visto como
símbolo do atraso.
Referencial teórico
Para a fundamentação deste trabalho é importante fazer um breve
histórico da agricultura, destacando que no início, o homem praticava uma
agricultura de subsistência. A agricultura em escala industrial só foi
implementada a partir da Revolução Industrial na Inglaterra impulsionada pelo
avanço da tecnologia no campo.
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E a partir do século XX, com o aumento da população, houve a
necessidade de se aumentar a produção, para isso o uso da ciência e da
tecnologia foi fundamental.
Hoje, a agricultura experimenta um elevado grau de desenvolvimento o
que possibilita produzir cada vez mais, utilizando a mesma extensão de terra.
Essa mudança de paradigma no campo alterou a vida de quem vive e
trabalha com o agronegócio, fazendo com que estudiosos debatam questões
relacionados à atividade rural..
Vários autores dentre eles Graziano da Silva, Graziano Neto,
Fleischfresser V.M e José da Veiga Eli têm se dedicado à discussão da
desvalorização do trabalho rural.
Graziano da Silva (1999), afirma que está cada vez mais difícil delimitar
o que é rural e urbano, pois esses espaços são uma continuidade. Nas regiões
de maior modernização da agricultura, além do turismo rural, atividades de
lazer como os pesque-pague, produção de flores, produção de mudas de
hortaliças não têm mais a ver com as tradicionalmente ali desenvolvidas, como
soja, milho, trigo, café, levando a especialização do trabalho, demonstrando
claramente que rural e urbano se interligam.
Nos últimos 60 anos, o espaço rural sofreu e continua sofrendo grandes
mudanças em diversos aspectos, ou seja, no processo de produção, na força
de trabalho ou nos produtos produzidos.
No Brasil, o processo de modernização iniciou-se na década de 50, com
as importações de máquinas e equipamentos mais avançados para produção
agrícola, objetivando aumentar a produção do País, bem como substituir as
importações. Na década de 60, ocorreu no país a incorporação do setor
industrial.
Essa fase monopolista do capital surge no país no final do período JK
(1961), e marca a última fase da industrialização, ocorrendo mudanças
significativas na agricultura brasileira, pois, foi nesse período que se instalaram
no país as principais indústrias de insumos e de implementos agrícolas
(tratores, máquinas, fertilizantes, agrotóxicos, etc.) que necessitavam de
consumidores, os agricultores.
A partir de meados da década de 1960, a agricultura brasileira inicia o
processo de modernização, com a chamada revolução verde e o governo
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adota um modelo agrícola voltado ao consumo de capital e tecnologia externa
e assim passa a incentivar os produtos destinados à exportação, como é o
caso da soja, milho, trigo, cana de açúcar. Surgiu neste período, ainda, novos
objetivos e formas de exploração agrícola com transformações tanto na
pecuária, quanto na agricultura, conforme Oliveira diz:
“A agricultura foi drenada nas duas pontas do processo produtivo: na do consumo produtivo, pelos altos preços que teve que pagar pelos produtos industrializados (máquinas e insumos) que é praticamente obrigada a consumir; e na da circulação, onde é obrigada a vender sua produção a preços vis.” (OLIVEIRA,1990,p.52)
Segundo Guimarães (1982), surgem no Brasil leis disciplinares e
estimuladoras do crédito rural em meados de 1960, as quais buscam incentivar
a produção de culturas compatíveis com a tecnologia disponível na indústria
para os agricultores. Porém, o que ocorreu com o crédito rural subsidiado,
iniciado em 1960, foi o fato de que algumas culturas foram estimuladas e
outras deixadas de lado.
“(. ..) o café de 1970 à 1979 tem a sua participação no total do crédito de
custeio reduzida de 44% para 13%. Por outro lado, a soja e o trigo que em
1970 utilizavam em conjunto 10% do crédito de custeio, saltam para 40%
(IPARDES,1982 p.34).
A concessão de crédito subsidiado por meio do sistema nacional de
crédito rural (1965), o investimento em pesquisa agronômica e extensão rural
foram os principais instrumentos para promover a industrialização no campo.
(MOREIRA, 1990).
Para Brum (1988) o crédito rural introduziu de forma rápida o ‘pacote
tecnológico’, que tornou o agricultor dependente do mercado. Agora ele faz
parte de um processo industrial, onde é obrigado a comprar e vender para as
indústrias que formam o agronegócio.
Fleizchfresser (1988) sintetiza duas idéias sobre modernização da
agricultura, uma assume um caráter funcionalista, concebe as transformações
como passagem da agricultura tradicional (atrasada) para um estágio moderno
(desenvolvido), reflexo do próprio desenvolvimento econômico. Outra interpreta
a modernização como alterações de acumulação da economia e subordinação
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da agricultura ao capital industrial. A autora adota o segundo conceito por ser
aquele que mais explicita a modernização e as transformações do espaço rural.
Modernização da agricultura significa modificação na organização de
produção que vai ocorrer através do progresso técnico da agricultura,
substituindo o burro pelo trator, intensificando a utilização de mão de obra
volante “boia fria”, expulsando os pequenos proprietários, que vão dando lugar
aos grandes latifúndios de modelos empresariais.
Essa modernização não é outra coisa senão o processo de
transformação capitalista da agricultura, que acontece cada vez mais integrada
ao sistema de mercado. Tal modernização busca fazer aumento de
propaganda para aumentar o lucro, visando poder aumentar a apropriação da
mais valia.
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Fleizchfresser( 1988, pg13) afirma:
“Uma analise critica desse processo de modernização da agricultura chegará fatalmente à conclusão de que a modernização introduzida, por um lado em função, das próprias características e, por outro, da forma seletiva como foi conduzida_ apresenta resultados econômicos não proporcionais aos seus custos inclusive aos sociais. Haja visto, por exemplo, alguns de seus efeitos, como violenta expulsão da população ocupada nas atividades agrícolas e da população residente na zona rural; crescimento não-proporcional da produtividade e rentabilidade das culturas em relação aos custos de produção; reconcentração da estrutura fundiária; esgotamento dos solos e outros.”
O setor industrial influencia muito a agropecuária, muitas vezes
determinando as formas de cultivo, os produtos a serem produzidos e as
técnicas a serem empregadas. Esse setor industrial encontra-se quase que
totalmente dominado por grandes empresas multinacionais, que, geralmente
oferecem assistência técnica gratuita, com o objetivo de fazer propaganda de
seus produtos. Isso acaba provocando a “venda de sementes, adubos, tratores,
colheitadeiras, etc.” A verdadeira assistência técnicas é aquela preocupada em
valorizar o homem do campo, propiciando-lhe melhores condições de vida,
ajudando a encontrar o caminho para mantê-lo na atividade rural e poder dar
uma vida digna.
No processo de transformação tecnológica dos últimos tempos, o Brasil
privilegiou alguns produtores (os grandes) e algumas atividades (os produtos
de exportação) em algumas regiões (centro sul). Esta modernização também
trouxe transformações nas relações capitalistas de produção, com o
surgimento da mão de obra volante, pessoas que agora moram na cidade e
trabalham na zona rural, conhecidas como boias-frias.
Hoje, a atividade agropecuária é altamente dependente do setor
industrial, principalmente dos grandes grupos estrangeiros: as chamadas
multinacionais, que são produtoras de tecnologia agrícola, tanto maquinários
como insumos, juntamente com as empresas processadoras de matérias-
primas e alimentos. Muitos produtos são produzidos de maneira integrada entre
indústria e agropecuária, é o caso, por exemplo, do frango, porco, madeira,
laranja, etc. Neste sistema, é a indústria quem fornece todos os insumos,
determina as formas de produção e o preço a ser pago ao produtor, que acaba
tornando-se um assalariado, mas dono dos meios de produção, e dependente
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da indústria que fornece os insumos e compra sua produção.
A modernização da agropecuária não melhorou as condições de vida da
população rural, e sim piorou, contrariando as teorias econômicas e
sociológicas que apontavam que a modernização da agricultura elevaria o
padrão de vida da população.
O homem é o único ser da natureza que faz sua própria história,
modificando as condições naturais de vida, para situações que possam lhe
trazer conforto. Mas estas mudanças provocadas ao longo dos séculos podem
trazer consequências a sua própria existência.
No mundo atual, onde predomina o modo de produção capitalista, a
exploração dos recursos naturais tem sido praticada de forma irracional, muitas
vezes colocando em perigo a própria espécie humana. No sistema capitalista,
onde existe a exploração do próprio homem pelo homem, tem-se aumento de
produção com grande destruição dos elementos da natureza.
Os sistemas modernos de produção são bastante onerosos aos
produtores, comprometendo a lucratividade, tornando o agricultor dependente
das grandes empresas fornecedoras de insumos e máquinas agrícolas.
Esse modelo de produção agropecuária tem provocado problemas ao
meio ambiente, pois destrói o solo, causa desequilíbrio ambiental, polui rios e
lençóis freáticos, além de colocar em risco a saúde humana.
Não se pretende influenciar um abandono da mecanização da
agricultura, mas sim pensar alternativas que possam satisfazer produtores,
consumidores e meio ambiente.
O que se tem hoje, principalmente no norte do Paraná, é uma moderna
agricultura voltada aos produtos de exportação como soja, milho, frango e boi
que usam tecnologias modernas desenvolvidas por multinacionais que alteram
praticamente todo o processo produtivo.
Em Ibiporã, município pesquisado, a produção da agropecuária é
desenvolvida por menos de 5% da população total, segundo IBGE (2010), e
que está envelhecendo, não ocorrendo renovação dessa mão-de-obra. A
mecanização e a vida urbana têm provocado um distanciamento entre o jovem
e o campo, havendo um nítido desinteresse destes pela atividade rural.
Hoje, percebe-se que os atrativos urbanos, o convívio com o moderno
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está distanciando o jovem do meio rural e dificilmente encontra-se alguém
interessado em trabalhar na atividade, ainda que a qualidade de vida rural seja
melhor.
A dinâmica populacional foi intensificada pelo fluxo migratório em
consequência do êxodo de pequenos proprietários, arrendatários e parceiros,
provocando o aumento das médias e grandes cidades e esvaziamento das
pequenas.
As demandas do agronegócio tornam os agricultores vulneráveis, pois
estes acabam por se integrar ao mercado de commodities, tornando-se
dependentes da disponibilidade de insumos, de assistência técnica e de uma
especialização produtiva das regiões, as quais acabam sendo alvo de disputa e
controle pelas empresas que intermedeiam o ciclo de produção agrícola, do
consumo produtivo à comercialização final.
No decorrer das últimas décadas, pode-se dizer que houve um
reordenamento do espaço. As cidades não podem mais ser identificadas
apenas com a atividade industrial e prestação de serviços e, nem os campos,
com as atividades pecuárias e agrícolas, pois se tem uma agricultura moderna
que se utiliza da tecnologia industrial produzida nas cidades para aumentar a
produção, responsável por mudanças profundas na produção agrícola e na
vida do planeta.
Contribuições ao Projeto
O Projeto desenvolvido no Colégio Estadual Unidade Polo de Ibiporã foi
apresentado a outros colegas professores de Geografia da Rede, que fizeram
importantes contribuições, entre elas a lembrança do personagem do Jeca Tatu
criado por Monteiro Lobato para denunciar a falta de políticas públicas para a
agricultura, essa ausência governamental; em muitas situações foi o agente
motivador da migração para as cidades em busca de melhores condições de
vida.
O objeto de estudo deste pesquisador foi desenvolvido a partir de uma
verificação sobre a desvalorização do trabalho e do trabalhador rural no
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município de Ibiporã, porém os problemas levantados são extensivos a outros
municípios, que também viveram e ainda vivem situação semelhante.
Isso se deve em grande parte à modernização agrícola, iniciada em
1950, com a introdução da mecanização que dispensou o uso de mão de obra
humana, tornando o Brasil um consumidor de pacotes agrícolas formulado
pelas multinacionais do setor, gerando a monocultura em grande escala e,
nesse cenário, sobra pouco espaço para o pequeno agricultor.
No entanto, esse agricultor de menor poder aquisitivo pode dedicar-se a
outras culturas como a fruticultura, produção de leite, horticultura e, dessa
forma, garantir sua sobrevivência na área rural, além de ajudar a manter os
filhos na propriedade.
Porém, é importante lembrar que a infraestrutura que a cidade possui
como telefonia, internet, estradas pavimentadas, energia elétrica, água tratada,
também deve ser levada à área rural para que o produtor rural não migre para
a cidade em busca dessas melhorias.
Contudo, existe outra questão muito mais complexa que colabora para o
abandono do campo, como o custo de produção, que inviabiliza o trabalho do
pequeno agricultor.
Metodologia
Foi feita uma apresentação aos alunos acerca do projeto elaborado no
Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), mostrando a evolução da
atividade rural e suas consequências.
Com isso percebeu-se que a atividade rural é um assunto desconhecido
para grande parte dos alunos. É claro que todos conhecem o espaço rural e
urbano, porém desconhecem a evolução histórica dessa atividade, e sua
importância para a economia do país.
Após esse trabalho, visitou-se a horta da escola, onde o professor
explicou sobre a formação do solo, as várias maneiras de adubação, técnicas
de plantio, influência do clima no desenvolvimento das plantas e a interferência
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de ervas daninhas e insetos nesse processo, bem como meios para combater
essas pragas.
Depois desse primeiro contato com a atividade agrícola, as aulas foram
expositivas, com uso e apresentação de imagens, mostrando como se deu a
modernização da agricultura brasileira e suas consequências.
Para aprofundar o assunto, os alunos fizeram pesquisas e entrevistas
com suas famílias e órgãos governamentais ligados ao setor entre eles a
EMATER e Secretaria Municipal de Agricultura, cujo resultado foi apresentado
em sala de aula por meio de seminários.
Realizaram-se ainda visitas a uma propriedade rural e ao CTA (Centro
de Treinamento Agropecuário) com o objetivo de propiciar contato com espaço
rural, visando à compreensão das transformações sofridas nesse meio e
conhecer um órgão responsável pelo treinamento e qualificação de pessoas
envolvidas com o trabalho agropecuário. Essa qualificação do trabalhador leva-
o a agregar valores em seus produtos, aumentando a sua renda e colaborando
para manter o produtor em sua propriedade rural.
Para o desfecho da pesquisa, os alunos apresentaram um relatório
contemplando os conhecimentos adquiridos com o trabalho realizado. Dessa
maneira foi possível também avaliar a aprendizagem dos alunos.
Análises do desenvolvimento da pesquisa
No desenvolvimento das aulas, muitos alunos tiveram dificuldade para
responder, por exemplo, quais são os elementos da natureza que interferem na
atividade agropecuária, e mais ainda, desconhecem quase que totalmente as
técnicas e os produtos cultivados no município; além de não valorizarem o
trabalho e trabalhador rural, fazendo com que as discussões em sala sobre a
evolução da agricultura abordassem muita coisa desconhecida do dia a dia
deles.
O sucesso dessas aulas pôde ser verificado na riqueza do material
produzido pelos alunos, onde eles dissertaram acerca da atividade rural dos
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produtores e sua importância para os moradores das cidades e do país como
um todo.
Alguns alunos mencionaram que atualmente não se tem a preocupação
de pensar como os alimentos chegam até a mesa dos consumidores e que se
deveria saber que para isso ocorrer é necessário a mobilização de
trabalhadores que realizam um trabalho árduo. Daí a importância do
trabalhador e de sua atividade para a sociedade. Abordaram ainda aspectos do
grande produtor rural, empresário do agronegócio, e suas facilidades no cultivo
da terra por causa da acessibilidade que tem em relação a crédito e tecnologia
de ponta e do pequeno produtor esquecido pelos órgãos governamentais, mas
que também contribui para a economia do país; Foi destacado que no passado
havia muita gente morando no campo e que a agricultura tinha um caráter
maior de subsistência, deixando claro o seu entendimento acerca da evolução
dessa atividade; lembrou-se também da agricultura orgânica que vem se
expandindo graças à busca de uma melhor qualidade naquilo que consome, no
entanto, em função do alto preço desses alimentos, ainda é privilégio de
poucos.
Em relação à modernização da agricultura e suas conseqüências,
percebeu-se que a grande maioria de nossos jovens não associa a
modernização da agricultura com a urbanização e nem tem idéia das
consequências provocadas em sua vida por esse fenômeno.
Ficou claro também, em visita à horta da escola, que muitos dos alunos
não conhecem as formas de produção de itens simples como um pé de alface,
repolho, milho, mandioca, ou cheiro verde. Itens que são produzidos e
visualizados todos os dias por eles; pois estão dentro do pátio da escola, tão
pouco sabem como plantar, épocas de colheita e insumos necessários pra sua
produção.
Quando se trabalhou com pesquisas de alguns assuntos pertinentes ao
conteúdo como revolução verde, agrotóxico, boia-fria, agronegócio. O tema
agricultura começou a ter maior significado, pois muitos comentaram que os
pais já moraram no sitio e que foram períodos difíceis em suas vidas. As
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apresentações de trabalhos e comentários foram importantes para entender as
consequências da modernização da agricultura.
O trabalho de campo despertou grande interesse dos alunos, pois
durante o trajeto das visitas uniu-se a teoria e prática, fazendo com que muitos
tivessem um contato com as práticas de conservação de solo, com os produtos
que estavam sendo cultivados como o café, milho e soja; levando os alunos a
compreender os fatores naturais que interferem na produção agrícola e as
técnicas utilizadas na produção desses alimentos. Na visita ao CTA muitos
ficaram encantados com o local e também com os diversos cursos que os
agricultores têm acesso, para modificar suas técnicas de produção buscando
tratar o meio ambiente com mais respeito e também produzir seus alimentos
com mais qualidade. Fez-se contato com uma moradora da área rural, que
realizou um breve histórico de sua propriedade, como era há décadas atrás a
vida no meio rural e como está atualmente, o que levou os alunos a pensarem
no passado de seus pais ou avós, podendo viajar no tempo, e valorizar o
trabalho e os trabalhadores rurais. O trabalho de campo é sem duvida o meio
didático mais eficaz para fazer o aluno entender o conteúdo de maneira mais
atraente e envolvente.
Conclusão
Pôde-se concluir, ao final do desenvolvimento da pesquisa, que a visão
dos jovens sobre o meio rural transformou-se, uma vez que viam esse meio
como atrasado e fora de moda e a partir das aulas, oficinas e trabalho de
campo conheceram um pouco mais das modernas formas de produção,
passando a valorizar o antigo “caipira” do campo como empresário do
agronegócio.
Além disso, a pesquisa também contribuiu para que os alunos
pensassem na produção de alimentos, identificando fatores como a atividade
industrial dominante no setor agropecuário, o que faz do produtor rural seu
dependente.
Portanto, identificou-se a necessidade de políticas públicas para auxiliar
na mudança da realidade do campo, fazendo com que o pequeno produtor
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rural tenha independência, deixando de ser explorado por atravessadores ou
grandes produtores rurais.
Essa nova maneira de tratar o campo e o pequeno produtor rural deve
ser incentivada pelos governantes, uma vez que essa é uma atividade de
vocação natural no país. O projeto aqui apresentado visou, acima de tudo,
promover debates e estimular o interesse dos jovens por essa questão.
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