resgate do protagonismo do desenhista industrial por meio da gestão do design
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ResumoA gesto do design aparece,
nestes ltimos anos, como a
ferramenta de gerenciamento que
falta para o designer recuperar o
protagonismo no marco da nova
tipologia das mutaes de
contexto produzidas nos fatores
sociais, culturais, econmicos e
tecnolgicos e que afetam o
desenvolvimento de produto.
AbstractDesign management has
appeared as the missing
management tool to allow the
designer to regain the leadposition in a scenario of new
typology pertaining to context
mutations produced in social,
cultural, economic and
technological factors and which
affect product development.
eSGATeDO
PROTAGONISMO DO
DESeNHISTA INDuSTRIAL
POR MeIO DA GeSTO DO
DeSIGN
Luis Emiliano Costa Avendao
Orientadora:
Profa. Dra. Maria Ceclia Loschiavor
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Apresentao
A temtica se resume velha questo que perturba e angustia a ns,
designers a transferncia dessa cultura complexa, subjetiva, de pouca histria,
para o mundo real dos objetos e de sua produo, colocando essa transfernciade informao como dilogo entre o processo industrial e o designer, e tentar, por
meio dessa anlise, propor uma estratgia que permita uma compreenso melhor
desse impasse.
Tambm para entender a questo da insero do design nas empresas e,
por conseqncia, aumentar a industrializao dos produtos com ganhos
competitivos por meio do design, com a prpria capacitao do profissional,
necessrio entend-la dentro da amplitude de sua atuao, analisando os
elementos os quais interferem, direta ou indiretamente, no ofcio do design e do
processo industrial.
Essa anlise coloca que o problema no o design, mas sim o designer.
Mostra que o profissional no est suficientemente preparado para atuar perante
os desafios atuais e futuros da indstria, em um mundo globalizado e altamente
competitivo. A gesto do design entra como a ferramenta a ter a funo de
resgatar o protagonismo do designer nesse contexto.
Contexto do mercado
Nos ltimos 100 anos o design como atividade profissional realizou uma
rpida evoluo, desde a tarefa individual de artista-arteso do fim do sculo
passado at as realizaes mais representativas da tecnologia contempornea,
incluindo todas as tipologias de produtos. Embora o mais alto grau de evoluo do
design no se tenha produzido em pases como o Brasil, carentes do necessriodesenvolvimento industrial, em troca, este fato tem acontecido, majoritariamente,
nos pases hegemnicos, como: Estados Unidos, Europa Ocidental e Japo. Dessa
maneira o design tem alcanado, na atualidade, uma posio de destaque dentro
do universo dos produtos industriais, assim como uma reconhecida hierarquia
acadmica por meio da presena nos diferentes centros universitrios mais
importantes do mundo. Sinalize-se tambm que a trajetria mais transcendente do
design tem se dado em sua permanente busca dos valores sociais e culturais do
produto, com o objetivo prioritrio de configurar um hbitat compatvel com as
pautas e os requerimentos de um desenvolvimento sustentvel.
No obstante a destacada evoluo dessa atividade profissional, nas ltimas
dcadas seu desenvolvimento teve uma trajetria de certa forma defasada emrelao ao processo de mudanas no contexto social e tecnolgico, mais
especificamente no mbito em que se desenvolve o projeto do produto industrial,
ou seja, na gesto empresarial. Esse desencontro no se d somente no campo do
design de produtos, mas tambm em quase todas as reas do design, seja dos
pases perifricos ou hegemnicos.
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Essa absoro (parcial ou total, dependendo do caso), dos objetivos
estratgicos de produto pelos agentes empresariais, foi mudando a atuao do
designer para uma responsabilidade cada vez mais circunscrita a de operador do
design, instrumentando polticas e decises formuladas margem de sua atuao
ou nas quais sua participao nem sempre teve o significado previsvel, e, o maisimportante, o designer no conseguiu coordenar, guiar e preservar um processo
de mudanas, nas quais culminavam muitos dos objetivos histricos de sua
ideologia projetual e, em especial, o reconhecimento do design como um dos
fatores prioritrios da gesto empresarial.
O ofcio do designer
O designer que trabalha com projeto tem o eterno conflito entre
sua conscincia social, fator subjetivo do design, e o laborar concreto,
determinado por um contexto socioeconmico, espao no qual possveltrabalhar. O discurso do designer observa o usurio de seus objetos como um
ente anatmico e fisiolgico, carregado de necessidades prticas, privado de
histria e predilees culturais socialmente adquiridas. O designer tem uma
tendncia a inventar para o usurio um espao perfeito, esquecendo as
condies econmicas e polticas da realidade de vida, projetando o uso
imaginrio dos objetos.
No contexto da racionalidade da produo, o ser racional no produzir
algo que seja intrinsecamente bom, e sim produzir algo que funcione
harmonicamente com o mercado. O designer vive disso. A utopia da satisfao
no existe. Est tudo planejado para uma troca.
O discurso inicial, vindo da observao da arquitetura, passou, nos tempos
atuais, para um discurso empresarial, corporativo e de mercado, no qual oproduto o smbolo. Nesse novo contexto econmico mundial, o discurso da
gesto tornou-se no somente um discurso do design, mas tambm do marketing,
da gesto empresarial e do desenvolvimento da competitividade das empresas.
O empresrio no um mero fabricante, tambm um comunicador, pois o
que passa a ser decisivo no xito do produto no mercado o imaginrio a rodear
esse produto. Compreendendo esse universo imaginrio, o empresrio ter xito
no mercado. Nessa sociedade o designer tem, por um lado, a funo de entender
as necessidades de lucro das empresas e, por outro lado, realizar os desejos do
cliente (consumidor), mas com uma viso que vai alm dos intramuros da
indstria; a cadeia produtiva, os fatores macroeconmicos, as novas tecnologias
e as novas estratgias de gerenciamento (viso prpria e do industrial). Ento,como se coloca o designer nessa sociedade, sem uma base crtica dessa situao
e de suas mudanas naturais? Como a formao do designer brasileiro atende a
essa necessidade da sociedade industrial? possvel elaborar uma estratgia que
atenda s necessidades da indstria brasileira dentro de suas peculiaridades
culturais e econmicas?
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A formao
Se o designer um profissional a atuar em um mercado altamente
competitivo e dinmico, tendo de estar em contato com as mais recentes
tecnologias, tanto de produo de bens de consumo como tambm no tratamentoe disseminao da informao, de esperar-se que sua formao seja adequada
de modo a prepar-lo para essa realidade.
As universidades no esto respondendo real necessidade da sociedade e
de contexto do setor produtivo. Santos (1971) comenta sobre esse ponto:
Todavia, existem diversas falhas no processo de ensino de design, algumas
inerentes prpria estrutura de ensino do pas, outras intrinsecamente ligadas
maneira como se iniciou o ensino dessa atividade no Brasil e a maneira com tem
sido desenvolvida.
Ampliando para o meio gerencial, Santos ainda comenta: No que se refere
rea gerencial e planejamento estratgico da qualidade e qualificao dos
designers, em nvel de ensino universitrio, bastante fraca, se transformando em
um elemento de excluso do profissional que v algumas atividades inerentes
sua formao sendo ocupadas por demais profissionais melhor capacitados, como,
por exemplo, as reas de gerncia de produto e direo de arte, constantemente
ocupada por engenheiros, administradores e pessoal de marketing e publicidade
respectivamente. Esse fato crtico no ensino do design, estamos afastando o
graduado da realidade profissional, trabalhando com o aluno, s vezes, realidades
empricas as quais no mostram a realidade das mudanas do contexto.
necessrio analisar o ensino do design por meio de um prisma amplo das
necessidades acadmicas e da realidade do Brasil. Esse prisma foi apresentado
por Whitely, observando o ensino do design sob vrios pontos de vista ou modelos
definidos em diversas entidades de ensino no mundo, a partir de uma experincia
prpria do autor. Whitely comenta, abrindo essa discusso: O ensino do designtem sido transformado de uma maneira freqentemente aleatria, reagindo a
mudanas circunstanciais ou ideolgicas, em vez de se transformar por meio de
uma reavaliao radical de prioridades e necessidades.
Se analisarmos que a discusso do ensino do design tem de tomar como
base as reais necessidades da indstria, em uma viso pragmtica, faremos desse
designer um profissional tecnolgico, mas sem o senso crtico necessrio para
conceituar os produtos em uma real insero do objeto na sociedade. Por outro
lado, no podemos negar que, no Brasil, o problema a qualidade do ensino do
design, haja vista a dificuldade que o formando enfrenta para conseguir um
simples estgio e, futuramente, para conseguir colocar-se no mercado de trabalho,
especialmente na rea do design de produtos. O designer valorizado, discutido no
texto acima, menciona a necessidade de que os designers sejam criativos,
construtivos de viso independente, que no sejam lacaios do sistema
capitalista, nem idelogos de algum partido ou doutrinaou geninhos
tecnolgicos, mas antes profissionais capazes de desempenhar o seu trabalho
com conhecimento, inovao, sensibilidade e conscincia.
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Hoje existem, no Brasil, duas vertentes no ensino. Algumas faculdades
observam que o importante formar profissionais com viso universal e,
principalmente, com capacidade de questionar e de pesquisar, fugindo da idia
de criar designers para dar soluo aos problemas da indstria. Para outras, o
importante fornecer as ferramentas necessrias ao profissional para se inserir naindstria, que sua fonte de trabalho, na qual o conhecimento adquirido nas
disciplinas tem uma viso mais tecnolgica e menos fundamental. Assim sendo,
esto surgindo cursos de graduao a atenderem a nichos especficos do
mercado, como: ensino do design de embalagens, design txtil, design de jias,
web design, design de calados, design de moda, etc.
Como exemplo da especializao, a prpria engenharia, assim como outras
profisses servem de modelo, pois a universidade no forma engenheiros
universais, e sim engenheiros metalrgicos, mecnicos, navais, de produo,
qumicos, transporte, etc. A prpria medicina j se especializou h muito tempo, e
outras profisses tambm esto nesse caminho ou bem prximas.
Ser que a resposta s necessidades da indstria no a de capacitar os
profissionais de design dentro de necessidades especficas, com conhecimentos
universais em reas como: filosofia, sociologia, ergonomia, etc., mas, dirigidos aos
setores industriais mais especficos, dando nfase nas tecnologias e processos
desse setor, com os conhecimentos dos movimentos econmicos?
Como foi comentado anteriormente, para os industriais, e respondendo
questo anterior, hoje o designer no atende adequadamente indstria, pelo
contrrio, em sua atuao acaba prejudicando sua prpria imagem,
especialmente pela falta de conhecimento de cho de fbrica, crticas reais do
empresariado. Outra preocupao a de os industriais no terem tempo para
ensinar as novas tecnologias e processos que esto sendo utilizados ou
capacitar em questes simples, como o uso de materiais e mtodos de gesto. O
industrial imagina que o designer sai da faculdade com todos osconhecimentos de processo, de tecnologia e materiais utilizados em sua empresa.
Porm, ao contrat-lo, percebe que este no possui conhecimento suficiente e
ter de ensin-lo, o que, segundo ele, obrigao das entidades de ensino.
Acrescenta que o profissional no muito criativo e, aliado a uma
desinformao da subjetividade do significado do design, percebemos que esta
condio s prejudica a empregabilidade e a insero do profissional no setor
produtivo.
Obviamente a viso dos industriais, em especial na pequena e mdia
indstria, imediatista e econmica, mas a realidade que este o cliente do
designer. O discurso do designer com o cliente/indstria, falando do
conhecimento do processo e das tecnologias, um fator de diferenciao que,sem dvida, permitir sua insero no mercado com mais facilidade. Hoje,
dentro dessa viso, a faculdade no o prepara adequadamente para essa
demanda.
Muito se fala sobre a importncia do design e acredito que, nesse sentido,
todos, de maneiras diferentes, entendem que a ferramenta de competitividade
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da indstria. Essa proposta j vem sendo levantada h muito tempo. Nos pases
do Primeiro Mundo j entendida como inovao, haja vista a viso global dos
escritrios de design, nos quais s o design no a soluo para a empresa.
Entender como o industrial pensa seu produto, e analisar a maneira de
transferir sua experincia e conhecimento neste processo a preocupao dodesigner e no o contrrio. A adaptao no vir do empresrio. funo
do designer convencer o industrial que a parceria entre eles ter resultado
positivo dentro de sua viso de lucro.
Essa problemtica est sendo solucionada, em parte, pelos cursos tcnicos1e
tecnlogos2em design. O curso de tecnlogo o que mais interfere na ao do
designer com o bacharelado3, j que ele pode, como graduado, desenvolver um
mestrado como o prprio bacharel, as prprias grades curriculares desse tecnlogo
assemelham-se com as do bacharel, o diferencial est no nmero de horas e no
foco da especificidade tecnolgica. Atualmente, existem vrias entidades nacionais
de ensino com cursos de tecnologia. Pelo perodo em que esses cursos esto
funcionando, ainda cedo para definir seu perfil e verificar sua participao nas
indstrias. Entretanto, importante observar que o currculo, no qual
aparecem as disciplinas de criao, histria da arte, gesto e design, leva-nos a
pensar se o industrial no vai preferir um tecnlogo com formao em design a
um bacharel, o qual, teoricamente, possui menos conhecimento tcnico naquele
setor industrial.
Os professores dos cursos tecnolgicos comentam: os alunos formados so
absorvidos facilmente pela indstria, porque atendem sua necessidade real,
como conhecimento de mquinas, processos, prtica e ainda possuem a cultura
do design, tudo isso, obviamente, com um custo menor, uma vez que o tecnlogo
recebe um salrio menor.
Ento, qual o desafio para a universidade?
O desafio melhorar o perfil das competncias e capacitao dos alunos degraduao, formando alunos com capacidade para pesquisar e teorizar nos
diferentes campos do design, os quais atendam s necessidades da indstria e
saibam dar soluo aos problemas reais de competitividade e inovao, com
competncia para gerenciar processos.
Resumindo. Se o design, como diferencial competitivo dos produtos e como
elemento estratgico para o negcio das organizaes, j uma realidade de
mercado, ele tem de passar tambm a ser uma realidade acadmica, de ensino e
pesquisa em design.
Gesto do DesignO uso do termo gesto relativamente recente, pois sua difuso aconteceu
nos anos 70, na rea da economia, desenvolvendo temas de gerenciamento,
planejamento estratgico, logstica e marketing, como resposta verstil e flexvel da
empresa para um contexto cada vez mais complexo e incerto.
(1) Curso Tcnico emDesign (com vriascompetncias) parecerCNE/CEB n. 16/99, 800horas, p. 66.
(2) Curso Tecnlogo emDesign Parecer CNE/CESn. 436/2001, 1.600 horas,podendo aumentar em50% o tempo, p. 18.
(3) Curso de graduao emDesign Parecer CES/CNEn. 146/2002, 3.300 horas(mdia).
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Nas formulaes tericas do design, o conceito de gesto j estava definido
pelo International Council of Societies of Industrial Design (ICSID), conforme
proposta realizada por Tomas Maldonado em 1963.
A definio mantida pelo ICSID at a atualidade continua como um
referente epistemolgico aceito e citado em, praticamente, todos os textos dedesign.
De acordo com esta definio, projetar a forma significa coordenar, integrar
e articular todos os fatores que de alguma maneira, participam no processo
constitutivo da forma do produto. Com isto estamos nos referindo aos fatores
relativos ao uso, consumo individual ou social do produto (fatores funcionais,
simblicos, ou culturais), como aos que se referem produo (fatores tcnico-
econmicos, tcnico-construtivos, tcnicos-sistemticos, tcnicos-produtivos e
tcnico-distributivos).
Maldonado faz tambm seus prprios comentrios sobre a definio anterior:
Apesar da sua generalidade, a definio segue sendo vlida, embora depois das
controvrsias dos ltimos anos sobre o papel do design na sociedade, temos que
acrescentar que somente valida com a condio de que se reconhea que a
atividade de coordenar, integrar e articular os diversos fatores est sempre
fortemente condicionada pela maneira como se manifestam as foras produtivas e
as relaes de produo numa determinada sociedade. Dito em outras palavras
admite-se que o design no uma atividade autnoma, embora suas opes
projetuais possam parecer livres, e at podem ser, sempre se trata de opes no
contexto de um sistema de prioridades estabelecidas de uma maneira bastante
rgida. Em definitivo, este sistema de prioridades que regula o desenho
industrial. Nesse sentido no de estranhar que os objetos deste projetar mudem
substancialmente sua fisionomia quando a sociedade decide privilegiar certos
fatores em lugar de outros, por exemplo: os fatores tcnicos-econmicos ou
tcnicos-produtivos pelos funcionais; ou os fatores simblicos pelos tcnicos-construtivos ou tcnicos-distributivos.
O texto de Maldonado foi transcrito por extenso, no somente por conter
precises que mantm sua vigncia, mas, principalmente, porque oferece uma
descrio epistemolgica a qual permite compreender que, se existe uma
defasagem na atividade do design, esta no se origina nas diferentes instncias do
processo projetual, e sim na falta de uma adequada considerao das
modificaes produzidas, tanto no sistema de preferncias da sociedade como nos
campos da economia e da empresa.
Se propusssemos uma definio de gesto do design em termos atuais,
poderamos afirmar, em grande parte, ratificando o mencionado nos textos de
Maldonado, ser o conjunto de atividades de diagnstico, coordenao, negociaoe design que, levada a cabo tanto na atividade de consultoria externa como no
mbito da organizao empresarial, interagindo com os setores responsveis da
produo, da programao econmico-financeira e da comercializao, com a
finalidade de permitir uma participao ativa do design nas decises dos
produtos.
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Nessa proposta a gesto do design tem por objetivo, precisamente, o de
aprofundar e adequar os postulados fundamentais do design s novas condies
de seu contexto (condies de mutaes permanentes, aceleradas e turbulentas),
visando ao saber integrador de todas as disciplinas as quais, na atualidade,
participam nas decises relativas ao produto industrial. A gesto est formuladacomo uma modalidade de pensamento e de ao, destinada a recuperar o
protagonismo do design no marco da nova tipologia dessas mutaes produzidas
nos fatores sociais, culturais, econmicos e tecnolgicos.
Estratgia e design
Se o conceito de estratgia existe h vrios sculos antes de Cristo (do grego
strategos, general), evidente que sua recente introduo nas disciplinas
mencionadas no implica na apario de um novo conceito, mostra a
transformao do cenrio no qual se desenvolvem as gestes em um campo deao globalizado, com caractersticas que, em muitos aspectos, tm adquirido a
agressividade e os riscos prprios de um conflito de beligerncia pela
subsistncia comercial.
Em linhas gerais, pode-se definir a estratgia como a maximizao dos
recursos humanos e materiais disponveis e adquirveis, com o fim de alcanar
determinados objetivos, dentro de certa margem de risco e conforme a avaliao
do comportamento presente e futuro do contexto, no qual se levar a cabo as
mencionadas decises.
Essa maximizao dos recursos implica na definio de um pacote de
objetivos a mdio e longo prazos e uma seqncia de metas intermedirias
(tticas), as quais sero ajustadas de acordo com as modificaes produzidas
tanto no interior do projeto, da organizao a lev-lo em frente, como nocontexto no qual o projeto deve acontecer. Com diferentes prioridades, respeito a
determinados recursos e aspectos do contexto, essa definio aplicvel a
toda ao humana individual e coletiva, independente de seu grau de
complexidade.
O que, atualmente, tem exaltado o protagonismo da estratgia no a
apario de um novo processo, mas a conformao de um grau substancialmente
maior de complexidade do referido processo. Ao referirmo-nos, mais
precisamente, ao design de produtos, a origem dessa complexidade,
fundamentalmente, pode reduzir-se a quatro situaes:
1) incorporao de novas ferramentas da informtica para o
processamento de dados.2) Aos novos comportamentos do contexto do produto que constituem, sem
dvida, o aspecto mais significativo do grau de complexidade que gerou a
denominao do design estratgico.
3) globalizao que criou um mercado praticamente de extenso mundial,
no qual surgem situaes contraditrias e conflitivas; e,
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4) acelerao e imprevisibilidade das mudanas no territrio do design a
constiturem, sem dvida, o fator de maior incidncia na complexidade do
diagnstico e planificao do produto, dado que o risco envolvido em uma
previso equivocada cada dia maior.
A implementao da gesto estratgica no processo de design est baseada,precisamente, na adequao dos objetivos projetuais em um contexto, o qual
resulta cada vez mais extenso, complexo e incerto.
O designer na complexidade do design
O problema do dilogo do designer com o empresrio est na dificuldade de
entender a complexidade do design no mundo atual e traduzi-lo em um
pensamento prtico que fornea solues reais para o processo produtivo.
A prpria complexidade desse design no atendida pelo processo
formativo das faculdades. Hoje, o aluno est desnorteado por um lado, precisaser criativo, e, por outro lado, ter capacidade de gerenciar processo; precisa ser
um pensador e ser prtico ao mesmo tempo. No primeiro uma atitude intimista,
no segundo a situao mais generalista; portanto, estamos falando do momento
particular ao geral, um espao virtual amplo e complexo em suas informaes.
O designer, sozinho, no consegue atender s necessidades dos desafios de
uma indstria moderna e as necessidades de gerar inovao e tornar as empresas
mais competitivas. A proposta a de inserir no ensino do design, no s,
disciplinas que formem um profissional com caractersticas de gerenciador, mas
tambm na prpria ao do profissional designer em sua atuao nas empresas
neste sentido, a proposta de ao do designer d-se em trs nveis:
Figura 1: Os trs nveisde atuao do designerCrdito: Autor
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Gestor de DesignGestor de DesignGestor de DesignGestor de DesignGestor de Design O gestor de design teria o perfil para gerenciar
processos, com conhecimentos de gesto; viso de negcios; caractersticas de
empreendedor; viso global e competitiva; liderana aliada a um forte esprito de
equipe; conhecimentos da cadeia produtiva e do ciclo de vida do produto; grande
capacidade de inovao; conhecimento bsico de macroeconomia e dasmudanas sociais. Sua funo no a de criar o objeto em si, mas a de
implantar as polticas e estratgias de design com o objetivo de tornar os produtos
e a imagem da empresa (marca) competitiva.
Sua funo estratgica, permitindo, assim, a insero da cultura do design
no cerne da filosofia da empresa, reportando-se diretamente sua direo.
Permitir abrir o espao aos designers, transformando-se em um grande
impulsionador da empregabilidade destes profissionais.
DesignerDesignerDesignerDesignerDesigner um profissional altamente criativo e inovador, com
conhecimento de sistemas de anlise de tendncias e capacidade para gerenciar
informaes sociais, tecnolgicas e de materiais, aliados subjetividade da
observao e criatividade, o que permitir a ele desenvolver os novos produtos.
TTTTTecnlogo em Designecnlogo em Designecnlogo em Designecnlogo em Designecnlogo em Design Conhecedor profundo do cho de fbrica, dos
processos industriais, tecnologias e materiais. Ser o tradutor da viso do
designer para o processo produtivo. dotado da cultura do design, poder criar
solues projetuais com o designer.
A gesto do design4, uma ferramenta ainda pouco conhecida no mbito
acadmico brasileiro e no definida como disciplina, no mximo analisa a
questo do gerenciamento a atuar nos intramuros da indstria, deixando de lado
a insero da atuao do designer na cadeia produtiva5e na anlise da
sociedade inserida na viso global do produto, viso atual com o objetivo de
tornar o produto competitivo.
A proposta est, ento, na implementao de uma estratgia de integrao
pela viso dos recursos humanos (competncias) e no pelo produto. O produto conseqncia da integrao e no o fim, alis o fim (sucesso do produto) uma
condio humana (consumidor/usurio).
Essa estratgia de integrao poder ser chamada de DesenvolvimentoDesenvolvimentoDesenvolvimentoDesenvolvimentoDesenvolvimento
Integrado de Produtos por meio de Competncias.Integrado de Produtos por meio de Competncias.Integrado de Produtos por meio de Competncias.Integrado de Produtos por meio de Competncias.Integrado de Produtos por meio de Competncias.
Na rea do design, a integrao j faz parte do mtodo de trabalho, fala-se
da interdisciplinaridade como fator de comunicao entre as profisses
participantes; na realidade, esta integrao se d com desvantagem para o
designer devido sua falta de viso, do contexto, ou seja, falta competncia para
o designer atuar de igual para igual no gerenciamento de processos, perfil
necessrio para definir polticas de atuao e de projeto.
Na proposta dessa estratgia est implcito o reconhecimento do grupo detrabalho, o qual poder ser chamado de Grupo de Gesto do Design GGD e do
lder do grupo, o prprio gestor do design.
(4) Importantes entidadesde ensino desenvolvematividades acadmicas narea da Gesto do Design,nos diferentes grausacadmicos:Universidade Estadual deLondrina UEL/ Curso dePs-Graduao Lato-sensu/ Curso deespecializao em Gesto
do Design/ www.uel.br/ceca/spg/ges.htm.Universidade Federal deSanta Catarina UFSC/Programa de Ps-graduao em Engenhariade Produo/Departamento deEngenharia de Produo eSistemas/ rea deconcentrao: Engenhariade Produto e Processos.Universidade do Estado deSanta Catarina UDESC/Centro de Arte CEART/Curso de Ps-GraduaoLato-sensuem nvel de
especializao / Gestodo Design de Mveis/www.ceart.udesc.br.
(5) O designer deveentender que adiversificao e ocrescimento das cadeiasprodutivas, assim como ainfluncia decondicionantes como asnormas internacionais,fazem com que a empresadeva considerar de formaestratgica o ambientetecnolgico na qual se
encontra inserida, parapoder desenvolver-se emanter-se competitiva.
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Consideraes finais
O presente estudo, levantando questes sobre a atuao do designer, e
refletindo sobre as necessidades de formao desse profissional, infunde,
certamente, nesse meio, o germe da discusso do que seria o universo da gestodo design nas empresas. A satisfao e a confiana do cliente, alcanadas pela
imagem positiva da empresa no mercado, ficam evidentes na fidelidade do
mesmo. No contexto da gesto do design tal fato se constitui em um significativo
instrumento de avaliao a demonstrar o sucesso do processo de Design
Management, com a questo das vendas, volume de negcios e publicidade.
A busca do entendimento e compreenso da atuao do designer nesse
contexto, estimula, interna e externamente, a reflexo sobre a aplicabilidade real
da gesto do design, aproximando teoria e prtica, a fim de viabilizar a criao de
contedos, formas de fazer e conceitos acerca do assunto. Podendo favorecer
outras reas e campos de atuao do designer, at mesmo em escolas e
instituies voltadas atividade, incentivando o crescimento e o reconhecimento
da profisso em sua totalidade. Contribui na visualizao do potencial existente
em cada designer para constituir um gerente de design em seu local de trabalho,
bem como provoca a reflexo das empresas, para possibilitar a criao de espaos
de atuao profissional, cujo retorno social ou financeiro, em geral, bastante
positivo para a empresa que nele investe.
As caractersticas, j descritas e analisadas, da atividade do design no meio
empresarial, levam a crer que o espao de atuao do designer tende a
desenvolver-se e a ampliar-se, tornando-se, certamente, um propulsor da criao e
da abertura de oportunidades de trabalho em reas anlogas de outros setores da
indstria brasileira. Essa viso otimista no ignora as dificuldades enfrentadas
pelo profissional em seu cotidiano de trabalho, ao contrrio, resgata, por meio
delas, os novos valores envolvidos na atuao do designer, os quais serviro debase para aes futuras na rea, em termos da relao ensino/prtica profissional.
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Palavras-chave (key words)
Design, gesto, inovao, estratgia.
Design, design management, professional training, innovation, strategy.
Obs.:
Este texto parte constitutiva da dissertao de mestrado apresentada no ano de
2003, na FAUUSP, sob orientao da Profa. Dra. Maria Ceclia Loschiavo.
Luis Emiliano Costa Avendao
Desenhista industrial pela Universidad Catlica de Valparaso Chile. Mestre pelaFaculdade de Arquitetura e Urbanismo FAUUSP. Professor e coordenador do curso
de Desenho Industrial das Faculdades Integradas Interamericanas FAITER / FDI
Coordenador pedaggico do curso de ps-graduao em Design das FaculdadesOswaldo Cruz. Membro das comisses de avaliao dos cursos de tecnlogos emdesign SETEC/MEC Consultor de design.
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