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RELATÓRIO PARCIAL DE ATIVIDADES (Primeiro relatório)
Projeto Agrisus: 2251/17
Título da pesquisa: Rotação de culturas e fertilização nitrogenada na dinâmica do carbono e nitrogênio
do solo em experimentos de longa duração.
Interessados (Coordenadores do Projeto): Prof. Dr. Rafael Otto
Prof. Dr. Fernando Dini Andreote
Instituição: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ-USP, Departamento de Ciência do
Solo, Avenida Pádua Dias, 11 – Piracicaba/SP. CEP: 13418-900. Fone: (19) 3417-2104. E-mail:
rotto@usp.br.
Locais da pesquisa: Itiquira – Mato Grosso – Brasil
Ponta Grossa – Paraná – Brasil
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 38.300,00
Vigência do Projeto: 31/07/2017 a 01/10/2019
1 INTRODUÇÃO
Comparado ao sistema convencional, o sistema de semeadura direta (SSD) é a alternativa mais
promissora em ambientes de clima tropical e subtropical do ponto de vista da produtividade agrícola,
conservação do solo e aumento do sequestro de carbono (C) no solo. A rotação de culturas, por sua vez,
é amplamente reconhecida como uma prática para melhorar a qualidade do solo, sendo indispensável
para sustentabilidade a longo prazo do SSD. Dentre outros benefícios, a rotação de culturas estrutura e
protege o solo contra a erosão, incrementa os teores de matéria orgânica do solo (MOS), a atividade
microbiana e a capacidade do solo em fornecer nutrientes para as plantas (SANCHEZ et al., 2001; SISTI
et al., 2004; MCDANIEL; TIEMANN; GRANDY, 2014)
Os agrossistemas brasileiros possuem grande potencial de produtividade e de melhoria das
funções do solo quando submetidos a um sistema intensivo de produção de biomassa e de manejo
conservacionista (MCDANIEL; TIEMANN; GRANDY, 2014; SALTON et al., 2014; MORAES SÁ et
al., 2015). Necessita-se, portanto, de um modelo de intensificação produtiva que ao mesmo tempo que
permita elevadas produtividades, possibilite a manutenção ou incremento dessa produção a longo prazo
e dê condições para um novo equilíbrio dinâmico dos estoques de C e N do solo, sustentado por elevadas
taxas de ciclagem de nutrientes (ALVAREZ, 2005; CORBEELS et al., 2006). Nesse sentido, o conceito
de Intensificação Ecológica (IE) foi introduzido por Cassman (1999) e tem sido referido recentemente
como um sistema de produção que satisfaz o incremento na demanda mundial de alimentos, ao mesmo
tempo que atende a padrões aceitáveis de qualidade ambiental (WITTWER et al., 2017). Enquanto os
atuais modelos de intensificação agrícola têm se baseado no aumento da especialização e redução do
número de espécies cultivadas por unidade de área, a IE busca implementar rotações de cultivo mais
diversificadas (WITTWER et al., 2017). Como resultado, a IE melhora a capacidade do solo de
2
armazenar e suprir nutrientes para as plantas, de modo a aumentar as produtividades, preservar os
recursos naturais e construir resiliência às mudanças climáticas (GODFRAY; GARNETT, 2014).
A diversificação das culturas de rotação na IE é importante para o sucesso do SSD nos vários
agrossistemas do Brasil, porém tem sido adotada com objetivos distintos em cada região. Na região Sul
do país, condição de clima subtropical, tem-se dado maior foco na inclusão de leguminosas em rotação
como estratégia de aumentar os estoques e a disponibilidade de N para as culturas subsequentes. Com
isso, busca-se reduzir a necessidade de aplicação de doses elevadas de fertilizantes nitrogenados e
diminuir os efeitos desfavoráveis ao uso desses fertilizantes, como a acidificação do solo e perdas de N
por lixiviação e/ou volatilização (AITA et al., 2001; AMADO; MIELNICZUK; AITA, 2002; GAVA et
al., 2006). Por outro lado, na região Centro-Oeste a diversificação com gramíneas é a estratégia mais
praticada, visando aumentar os estoques de C do solo. No Cerrado, este é o principal desafio para a
sustentabilidade dos agrossistemas dessa região devido às elevadas taxas de mineralização que ocorrem
em condição de elevada temperatura e precipitações pluviométricas concentradas no verão (ZINN; LAL;
RESCK, 2005; XU; THORNTON; POST, 2013).
A importância da cultura anterior na produtividade das culturas subsequentes em sistemas de
rotação já está bem estabelecida em SSD no Brasil (AMADO et al., 1999; AITA et al., 2001;
CRUSCIOL et al., 2015). Entretanto, informações a respeito do efeito da intensificação e diversificação
de cultivos a longo prazo na dinâmica do C e N no solo, assim como a relação dessa dinâmica com a
produtividade, ainda são escassas ou fragmentadas. Portanto, experimentos de longa duração são
importantes para avaliar o efeito acumulado da IE da agricultura na qualidade e funcionalidade do solo
e direcionar práticas agrícolas sustentáveis. Todavia, iniciativas pontuais além de serem dispendiosas,
geram resultados pouco consistentes na maioria das vezes, de modo que a cooperação científica em
áreas estratégicas tem se mostrado a melhor forma de se obterem dados representativos.
Para estudar o efeito a longo prazo da IE na produtividade dos cultivos, dois experimentos têm
sido conduzidos sob diferentes sistemas rotação de culturas e doses de N nas regiões de Ponta Grossa-
PR e Itiquira-MT, com início nas safras 2010/2011 e 2009/2010, respectivamente. Esses experimentos
fazem parte do Global Maize Project (GMP), uma rede global de ensaios idealizados e conduzidos pelo
International Plant Nutrition Institute (IPNI) unindo vários campos de estudo sobre os aspectos
produtivos do milho. Até então as áreas experimentais brasileiras têm sido avaliadas sob uma abordagem
fitotécnica objetivando estabelecer o máximo potencial produtivo do milho para cada região, através de
rotação de culturas e fertilização nitrogenada, e definir práticas que estreitem a diferença entre os
rendimentos atuais e o máximo que pode ser alcançado, no conceito de “yield gap”. Todavia, até o
momento pouco se sabe sobre as alterações que os tratamentos estão promovendo nas dinâmicas do C e
N do solo em tais experimentos.
O objetivo desta pesquisa é verificar se a IE promove mudanças nas frações da MOS e nos
estoques de C e N, nos atributos biológicos do solo e na resposta do milho à adubação nitrogenada em
experimento de longa duração.
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2 MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram instalados sob o delineamento em blocos completos aleatorizados com
parcelas subdivididas e quatro repetições. Nas parcelas principais foram alocados os sistemas de rotação
de culturas, enquanto as doses de N em cobertura no milho foram alocadas nas subparcelas.
O experimento situado em Itiquira-MT foi instalado na Estação Experimental Cachoeira,
pertencente à Fundação MT (17°09'18"S, 54°45'15"O, 490 m) (Figura 1 A). O clima da região é do tipo
Cwa segundo a classificação de Kӧppen, denominado tropical úmido com estiagem no inverno e chuvas
intensas no verão. O solo é classificado como Latossolo Vermelho distrófico de classe textural muito
argilosa. A área está sob sistema de plantio direto desde 2007, sendo que na safra 2009-2010 as parcelas
receberam os seguintes tratamentos:
- T1 = Agrossistema regional I: sucessão das culturas soja / milho segunda safra;
- T2 = Agrossistema regional II: sucessão das culturas soja / milho segunda safra consorciado com
braquiária;
- T3 = Intensificação Ecológica: rotação de culturas com a seguinte sequência: Ano 1 - soja / milho
segunda safra consorciado com braquiária; Ano 2 - soja / leguminosa de cobertura; Ano 3 - milho
primeira safra consorciado com braquiária.
Para possibilitar avaliações anuais na soja e no milho, foi instalado o triplo de parcelas para T3,
cada réplica recebendo a rotação soja / milho segunda safra em anos alternados.
O experimento situado em Ponta Grossa-PR foi instalado na Estação Experimental da Fundação
ABC (25°00'46"S, 50°09'06"O, 885 m) (Figura 1 A). O clima na região é do tipo Cfb de acordo com a
classificação de Köppen, com médias de temperatura máxima e mínima anuais de 22 e 13 ºC,
respectivamente. O solo no campo experimental é um Latossolo Vermelho eutrófico com teor de argila
aumentando de 450 a 590 g kg-1 até 1 m de profundidade.
A área está sob sistema de plantio direto desde 2007, e na safra 2011-2012 as parcelas receberam
os seguintes tratamentos:
- T1 = Agrossistema regional I: rotação bianual: Ano 1 - trigo / soja; Ano 2 - aveia preta como cultura
de cobertura / milho verão;
- T2 = Agrossistema regional II: rotação bianual: Ano 1 - aveia branca / milho verão; Ano 2 - azevém
para silagem / soja;
- T3 = Intensificação Ecológica: rotação quadrienal: Ano 1 - ervilha como cultura de cobertura / milho
verão; Ano 2 - aveia preta como cultura de cobertura / soja; Ano 3 - ervilha como cultura de cobertura /
milho verão; Ano 4 - trigo para produção de grãos / soja.
Pelo fato do milho ser cultivado bianualmente em cada parcela, todas as parcelas foram
duplicadas, alternando-se os anos de cultivo de milho de modo a possibilitar a avaliação anual da
produtividade.
4
Figura 1. Visualização geral das áreas experimentais de Itiquira-MT (A) e Ponta Grossa-PR (B).
Em ambas as áreas experimentais aplicou-se doses de N (ureia) em cobertura no milho como
tratamento alocado nas subparcelas, a saber: N1, parcela controle - 0 kg ha-1 de N; N2, dose inferior de
N; N3, dose moderada de N; e N4, dose superior de N. As doses de N foram diferentes para milho
primeira safra (milho verão) e milho segunda safra, pois a produtividade esperada e a demanda de N
pelo milho são distintas para cada situação. Dessa forma, em Itiquira-MT foram utilizadas N1 = 0, N2
= 70, N3 = 140 e N4 = 210 kg ha-1 de N para milho primeira safra e N1 = 0, N2 = 40, N3 = 80 e N4 =
120 kg ha-1 de N para milho segunda safra, enquanto em Ponta Grossa-PR foram utilizadas N1 = 0, N2
= 70, N3 = 140 e N4 = 210 kg ha-1 de N para milho primeira safra (milho verão).
3 ATIVIDADES REALIZADAS
Segundo o cronograma inicial, seriam realizadas no período de outubro de 2017 a março de
2018 as atividades de preparo de amostras coletadas em 2016, análises de C e N lábeis e análises de N
inorgânico. Entretanto, como surgiu a oportunidade de realizar as análises de C e N total junto a grupos
parceiros, tais análises foram priorizadas. Assim, as amostras de solo coletadas em 2016 na área de
Itiquira-MT foram processadas e analisadas para C e N total e composição isotópica, enquanto as
análises de N inorgânico foram adiadas para julho de 2018. Além disso, foi adiantada para 18 a 22 de
março de 2018 uma coleta de solo na área experimental de Itiquira-MT, a qual seria realizada em abril
de 2018, com o objetivo de coletar amostras de solo para as avaliações propostas. Também foram
coletadas amostras indeformadas para cálculo dos estoques de C e N na mesma área experimental.
É importante destacar que, diferentemente do que havia sido planejado, serão realizadas duas
coletas de solo em períodos distintos em cada uma das áreas experimentais. No caso de Itiquira-MT, as
coletas de solo foram/serão realizadas após a colheita da soja (março de 2018) e posteriormente à
colheita do milho segunda safra (julho de 2018). Já em Ponta Grossa-PR, as coletas serão realizadas
após a colheita do milho (abril de 2018) e posteriormente ao manejo da cultura de inverno (agosto de
2018). Essa mudança tem como objetivo avaliar os atributos microbiológicos do solo em distintos
períodos do ano e diferentes momentos da rotação de culturas. As atividades realizadas até o momento
estão descritas com maiores detalhes a seguir.
B A
5
3.1 Preparo de amostras (coletadas em 2016)
As amostras coletadas em março de 2016 no experimento de Itiquira-MT foram processadas
para análise de C e N total. O processamento envolveu a moagem de alíquotas das amostras previamente
secas em moinho de bolas para passagem em peneira de 0,15 mm de diâmetro. Em seguida, determinou-
se o teor de C e N total e respectiva composição isotópica utilizando um espectrofotômetro de massa.
3.2 Amostragem e preparo de amostras de solo
Para determinação da densidade do solo no experimento de Itiquira-MT, foram coletadas
amostras indeformadas usando anéis volumétricos de aço inoxidável (volume interno de 98 cm3)
seguindo a metodologia de Grossman e Reinsch (2002). As amostras de solo foram coletadas nos
tratamentos T1 e T3 sob a dose N3, nas profundidades 0-10, 10-20 e 20-40 cm em um ponto por parcela
na entrelinha do milho (Figura 2 A). Optamos por realizar a amostragem em apenas uma dose de N e
com a estratificação 0-10, 10-20 e 20-40 cm em vez de 0-20, 20-40 e 40-60 cm para padronizar e permitir
o cálculo dos estoques de C e N com os resultados das análises químicas de C e N das amostras coletadas
em 2016.
Para avaliação dos atributos microbiológicos, concomitantemente à amostragem para
determinação de densidade, foram coletadas amostras de solo nos tratamentos T1 e T3 sob a dose N3
nas camadas de 0-10, 10-20 e 20-40 cm de profundidade. Para formar cada amostra composta, foram
coletadas oito amostras simples na entrelinha da área útil da parcela utilizando sondas de solo (Figura 2
B). Essas amostras já estão sendo processadas para análise do carbono da biomassa microbiana (CBM)
e da atividade enzimática do solo (β-glicosidase, fosfatase ácida e arilsulfatase) (Figura 3).
Figura 2. Coleta de amostra indeformada (A) e amostragem de solo em três profundidades para análises
microbiológicas (B).
B A
6
Figura 3. Peneiramento de amostras de solo (A) e preparo para análise enzimática (B).
4 RESULTADOS PRELIMINARES
Antes da instalação do experimento em Itiquira-MT, o solo esteve sob cultivo de soja com
elevado investimento/tecnologia nos últimos 25 anos (rendimentos agrícolas superiores a 3,6 Mg ha-1),
com eventuais culturas de entressafra (milheto, sorgo ou milho). A instalação de um experimento de
intensificação do sistema de produção de grãos gerou suposições sobre o efeito dos fatores nos estoques
de C e N do solo. Enquanto a introdução da braquiária consorciada com o milho (em T2 e T3) poderia
promover incrementos nos estoques de C do solo, a rotação de culturas com crotalária poderia elevar os
aportes de N no solo. Outra hipótese é que a aplicação de diferentes doses de N em cobertura no milho
poderia aumentar a produtividade do sistema e o depósito de matéria seca sobre o solo.
Ao contrário do esperado, após seis anos de experimento verificou-se que não houve efeito dos
tratamentos nas variáveis envolvendo os teores e estoques de C e N do solo nas profundidades
amostradas (Tabelas 1 e 2). Apenas pequenas variações na composição isotópica de C e N foram
detectadas.
B A
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Tabela 1. Composição isotópica (‰) e teores de C e N do solo (g kg-1) em profundidade (cm).
Trat. ________ 15N _______ _______ NT ________ _______ 13C _______ _______ CT _______
0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40
Sistema
T1 6,2 ab 6,9 7,9 1,51 1,19 0,95 -22,2 -22,9 ab -22,6 25,6 22,3 19,5
T2 5,9 b 6,6 8,0 1,59 1,29 0,98 -22,0 -22,8 a -22,7 26,8 23,7 19,8
T3 6,5 a 6,8 7,7 1,61 1,27 1,08 -22,1 -23,0 b -22,5 27,2 23,2 21,1
P-Sist. 0,087 0,280 0,325 0,654 0,279 0,399 0,649 0,088 0,166 0,601 0,238 0,569
Dose
N1 6,3 6,8 7,8 1,51 1,25 1,03 -22,1 -22,8 -22,5 a 25,7 22,9 20,4
N3 6,1 6,8 7,9 1,63 1,26 0,98 -22,1 -23,0 -22,7 b 27,4 23,3 19,9
P-Dose 0,426 0,827 0,670 0,103 0,865 0,445 0,230 0,329 0,074 0,197 0,660 0,632
T1: sucessão soja/milho; T2: sucessão soja/milho+braquiária; T3: rotação soja/milho+braquiária > soja/leguminosa > milho+braquiária; N1: sem fertilização nitrogenada em cobertura; N3: fertilização nitrogenada em cobertura na dose 80 kg ha-1; NT: teor de nitrogênio total; CT: teor
de carbono total; nenhuma variável avaliada apresentou interação entre Sistema e Dose; letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença
estatística entre os níveis de tratamentos dentro de cada fator segundo teste de Tukey (P < 0,100).
Tabela 2. Estoques de C e N do solo estratificado em camadas (Mg ha-1).
Trat. ____________ EN ___________ ____________ EC ____________ ____________ EC4 ___________
0-10 cm 0-20 cm 0-40 cm 0-10 cm 0-20 cm 0-40 cm 0-10 cm 0-20 cm 0-40 cm
Sistema
T1 1,9 3,4 5,8 31,6 60,2 109,0 11,1 17,7 22,5
T2 1,9 3,6 6,0 32,7 63,2 112,7 12,0 19,5 24,1
T3 1,9 3,6 6,3 32,8 62,6 115,5 11,8 18,5 24,5
P-Sist. 0,819 0,532 0,124 0,793 0,532 0,247 0,646 0,299 0,130
Dose
N1 1,8 3,4 6,0 31,3 60,7 111,8 11,2 18,3 24,0
N3 2,0 3,6 6,0 33,4 63,3 113,0 12,1 18,9 23,4
P-Dose 0,102 0,235 0,860 0,197 0,271 0,712 0,123 0,366 0,318
T1: sucessão soja/milho; T2: sucessão soja/milho+braquiária; T3: rotação soja/milho+braquiária > soja/crotalaria > milho+braquiária; N1: sem
fertilização nitrogenada em cobertura; N3: fertilização nitrogenada em cobertura na dose 80 kg ha-1; EN: estoque de nitrogênio; EC: estoque
de carbono; EC4: estoque de carbono proveniente de plantas C4; nenhuma variável avaliada apresentou interação entre Sistema e Dose; letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença estatística entre os níveis de tratamentos dentro de cada fator segundo teste de Tukey (P <
0,100).
Embora variáveis envolvendo os teores e estoques de C e N do solo não tenham se alterado em
função dos sistemas de produção e doses de N, as introduções de C foram maiores sob os sistemas
intensificados com adição de N. Esses incrementos são reflexos dos aportes de C proveniente do
consórcio com braquiária em T2 e T3 (dados temporariamente indisponíveis).
Ao contrário do esperado, a braquiária em T2 ainda não foi capaz de alterar a participação de
13C no estoque de C na camada de 0-40 cm de solo, mesmo introduzindo ~3 Mg ha-1 ano-1 de C a mais
em relação a T1. Ainda, essas introduções aumentaram em 17% a contribuição relativa de C das plantas
C4 (dados temporariamente indisponíveis). Isso pode ser explicado pela lenta ciclagem do C estabilizado
nos pools com mecanismos físico-químicos de proteção (Hassink, 1997; Hassink and Whitmore, 1997).
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5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
5.1 Cronograma geral do experimento de Itiquira-MT
Tabela 3. Sequência de cultivo para cada safra e ciclo no Global Maize Project – Itiquira-MT
S/M2 = soja seguido de milho 2ª safra; S/M2+B = soja seguido de milho 2ª safra consorciado com braquiária; S/Cs = soja
seguida de crotalária spectábilis; S/Co = soja seguida de crotalária ochroleuca; S/G = soja seguida de feijão guandú; M1+B =
milho 1ª safra consorciado com braquiária ruziziensis.
5.2 Cronograma geral do experimento de Ponta Grossa-PR
Tabela 4. Descrição das rotações de culturas e doses de N no Global Maize Project – Ponta Grossa-PR
Parcela Rotação
de culturas
Dose N
kg ha-
1
2011 e 2015 2012 e 2016 2013 e 2017 2014 e 2018
Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão
1A.1
Agrossistema
regional I
0 Trigo Soja Aveia-preta Milho Trigo Soja Aveia-preta Milho
1A.2 70 Trigo Soja Aveia-preta Milho Trigo Soja Aveia-preta Milho
1A.3 140 Trigo Soja Aveia-preta Milho Trigo Soja Aveia-preta Milho
1A.4 210 Trigo Soja Aveia-preta Milho Trigo Soja Aveia-preta Milho
1B.1
Agrossistema regional I
0 Aveia-preta Milho Trigo Soja Aveia-preta Milho Trigo Soja
1B.2 70 Aveia-preta Milho Trigo Soja Aveia-preta Milho Trigo Soja
1B.3 140 Aveia-preta Milho Trigo Soja Aveia-preta Milho Trigo Soja
1B.4 210 Aveia-preta Milho Trigo Soja Aveia-preta Milho Trigo Soja
2A.1
Agrossistema
regional II
0 Aveia Milho Azevém Soja Aveia Milho Azevém Soja
2A.2 70 Aveia Milho Azevém Soja Aveia Milho Azevém Soja
2A.3 140 Aveia Milho Azevém Soja Aveia Milho Azevém Soja
2A.4 210 Aveia Milho Azevém Soja Aveia Milho Azevém Soja
2B.1
Agrossistema
regional II
0 Azevém Soja Aveia Milho Azevém Soja Aveia Milho
2B.2 70 Azevém Soja Aveia Milho Azevém Soja Aveia Milho
2B.3 140 Azevém Soja Aveia Milho Azevém Soja Aveia Milho
2B.4 210 Azevém Soja Aveia Milho Azevém Soja Aveia Milho
3A.1
Intensificação Ecológica
0 Ervilha Milho Aveia-preta Soja Ervilha Milho Trigo Soja
3A.2 70 Ervilha Milho Aveia-preta Soja Ervilha Milho Trigo Soja
3A.3 140 Ervilha Milho Aveia-preta Soja Ervilha Milho Trigo Soja
3A.4 210 Ervilha Milho Aveia-preta Soja Ervilha Milho Trigo Soja
3B.1
Intensificação
Ecológica
0 Aveia-preta Soja Ervilha Milho Trigo Soja Ervilha Milho
3B.2 70 Black-oat Soja Ervilha Milho Trigo Soja Ervilha Milho
3B.3 140 Black-oat Soja Ervilha Milho Trigo Soja Ervilha Milho
3B.4 210 Black-oat Soja Ervilha Milho Trigo Soja Ervilha Milho
Sistemas de produção
Pré
_________ Ciclo 1 _________
_________ Ciclo 2 _________
_________ Ciclo 3 _________
08/09
09/10 10/11 11/12
12/13 13/14 14/15
15/16 16/17 17/18
T1
S/M2
S/M2 S/M2 S/M2
S/M2 S/M2 S/M2
S/M2 S/M2 S/M2
T2
S/M2
S/M2+B S/M2+B S/M2+B
S/M2+B S/M2+B S/M2+B
S/M2 S/M2 S/M2
T3S1 T3S2 T3S3
S/M2
S/M2+B S/Cs M1+B
S/M2+B S/Co M1+B
S/M2 S/G M1+B
T3S2 T3S3 T3S1
S/M2
S/Cs M1+B S/M2+B
S/Co M1+B S/M2+B
S/G M1+B S/M2
T3S3 T3S1 T3S2
S/M2
M1+B S/M2+B S/Cs
M1+B S/M2+B S/Co
M1+B S/M2 S/G
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5.3 Cronograma de atividades para o projeto Agrisus (atualizado)
Tabela 5. Descrição de atividades para o projeto Agrisus – início em outubro de 2017
Atividade 2017 2018 2019
O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S
Preparo de amostras
(coletadas em 2016) X X X X
Coletas de solo X X X X
Preparo de amostras
(coletadas em 2018) X X X X
Análises microbiológicas X X X X
Análises de C e N total X X X X X X X
Análises de C e N lábeis X X X
Análises N-inorgânico X X X
Fracionamento da MOS X X X X X X
Análises estatísticas X X X X
Elaboração de relatórios X X X X X X
Relatórios X X X
6 REFERÊNCIAS
AITA, C.; BASSO, C. J.; CERETTA, C. A.; GONÇALVES, C. N.; DA ROS, C. O. Plantas de cobertura
de solo como fonte de nitrogênio ao milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 25, n. 1, p. 157–
165, 2001.
ALVAREZ, R. A review of nitrogen fertilizer and conservation tillage effects on soil organic carbon
storage. Soil Use and Management, v. 21, n. 1, p. 38–52, 2005.
AMADO, T. J. C.; MIELNICZUK, J.; AITA, C. Recomendação de adubação nitrogenada para o milho
no RS e SC adaptada ao uso de culturas de cobertura do solo, sob sistema plantio direto. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, v. 26, n. 1, p. 241–248, 2002.
AMADO, T. J. C.; MIELNICZUK, J.; FERNANDES, S. B. V.; BAYER, C. Culturas de cobertura,
acúmulo de nitrogênio total no solo e produtividade de milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
v. 23, n. 3, p. 679–686, 1999.
BREMNER, J. M. Nitrogen - Total. In: SPARKS, D. L.; PAGE, A. L.; HELMKE, P. A.; LOEPPERT,
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Soil Science Society of America, American Society of Agronomy, 1996. p. 1085–1121.
CORBEELS, M.; SCOPEL, E.; CARDOSO, A.; BERNOUX, M.; DOUZET, J. M.; NETO, M. S. Soil
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Prof. Dr. Rafael Otto
Prof. Dr. Fernando Dini Andreote
M.Sc. Thales Meinl Schmiedt Sattolo
M.Sc. Acácio Bezerra de Mira
M.Sc. Caio Vinícius Cintra Diniz
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