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Só metade das pessoas que têm entre 55 e 64 anos estão a trabalharOs dados da Pordata, a propósito do Dia Internacional do Idoso que hoje se assinala, mostram ainda que quase 78% dos pensionistas da Segurança Social auferiam pensões de velhice inferiores ao salário mínimo Portugal, 13
Vencedor das primárias tem recebido “manifestações privadas” da disponibilidade para enterrar machado de guerra. Costa escolheu Ferro Rodrigues para liderar bancada do PS na AR p4/5
Pedro Filipe Soares considera que o partido errou ao mostrar-se disponível para um entendimento de Governo com o PS e defende que é necessário recuperar a combatividade do Bloco p7
As novas regras do Fundo de Garantia Salarial vão passar a abranger os trabalhadores de empresas com processos de recuperação aprovados ou em Processo Especial de Revitalização p19
A partir de hoje, as raparigas passam a ser vacinadas contra o cancro do colo do útero com apenas duas doses e a partir dos dez anos, em vez dos 13. A mudança foi proposta pelo laboratório p8
Costa não descarta entendimento com apoiantes de Seguro
Líder parlamentar do Bloco vai disputar liderança do partido
Fundo de Garantia salarial alargado a mais trabalhadores
Vacina contra cancro do colo do útero dada a partir dos 10 anos
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QUA 1 OUT 2014EDIÇÃO LISBOA
Ano XXV | n.º 8937 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Simone Duarte, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora de Arte: Sónia Matos
ISNN:0872-1548
CARLOS MOEDASO FUTURO COMISSÁRIO EUROPEU QUER PÔR AS EMPRESAS A INVESTIR EM CIÊNCIACiência, 30/31
HOJE Colecção Sherlock Holmes Vol. 9: O Vale do Terror Por + 4,50€
LIGA DOS CAMPEÕESSPORTING QUASE SONHOU E FC PORTO SALVOU-SE NO FIMDesporto, 40 a 43
RAFAEL MARCHANTE/REUTERS
Numa grande noite de Rui Patrício, o Sporting perdeu por 1-0 contra o Chelsea. O FC Porto empatou 2-2 na Ucrânia
ÊNCIAncia, 30/31
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Holdings da CGD e da TAP obrigadas a cumprir regras orçamentais do EstadoInclusão de mais entidades no cálculo das contas públicas fez subir a dívida pública em mais de 6000 milhões de euros. A revisão em simultâneo do PIB em alta impede contudo que o rácio da dívida dispare
E de repente, virtualmente de
um dia para o outro, o Estado
português passou a ter nas
suas contas mais 6000 mi-
lhões de euros de dívida. O
problema não está na desco-
berta de algum buraco fi nanceiro
escondido ou na falência inesperada
de mais um banco. O que aconteceu
foi somente uma alteração na meto-
dologia usada pelas autoridades es-
tatísticas no registo das contas públi-
cas. Mas a verdade é que, por causa
dessa alteração, mais 268 entidades
passaram a estar incluídas no uni-
verso das Administrações Públicas,
com consequências imediatas no
valor da dívida pública ofi cial e nas
regras de reporte de informação que
têm de ser cumpridas pelas entida-
des visadas.
As mudanças já há muito que vi-
nham sendo antecipadas, não cons-
tituindo surpresa a inclusão de em-
presas como a CP, pelo facto de não
cobrir com as suas receitas próprias
mais de 50% dos custos operacio-
nais. A dívida da CP passa agora a ser
registada como dívida pública. No
entanto, a novidade agora conhecida
foi a inclusão das holdings - grupos
que servem de chapéu a um universo
de empresas - da TAP, da Caixa Geral
de Depósitos e do BPN na lista das
entidades que passam a contar para
o cálculo da dívida e do défi ce.
O INE levou em conta a nova regra
que obriga a incluir nas contas do
mérico, a alteração muda também
a forma como as empresas têm de
actuar. Como explicou esta terça-
feira em conferência de imprensa o
secretário de Estado do Orçamento,
as entidades reclassifi cadas fi cam
obrigadas a cumprir regras de apre-
sentação de informação e de pedi-
dos de autorização de despesa iguais
às das outras entidades públicas, tal
como está previsto na Lei de Enqua-
dramento Orçamental.
O PÚBLICO sabe que a reclassi-
fi cação das holdings da CGD e da
TAP causou mal-estar nestas empre-
sas, que contestam a decisão. Aliás,
as duas enviaram a sua posição ao
INE quando se aperceberam que a
inclusão estava iminente, na qual
expunham argumentos para que tal
não se concretizasse.
Além de considerarem que não
faz sentido reclassifi car as holdin-
gs quando as empresas se mantêm
fora da esfera do Estado, entendem
que esta transferência pode ter im-
plicações negativas na sua activida-
de. A reclassifi cação obriga as enti-
dades a cumprirem um conjunto de
novas regras, sujeitando-as a auto-
rizações do Ministério das Finanças
quando ocorre, por exemplo, uma
alteração ao orçamento ou uma des-
pesa extraordinária.
Além disso, passam a estar obri-
gadas a usar a contabilidade seguida
na administração pública, quando,
até aqui, se regiam pelas regras das
empresas privadas. Tanto a CGD co-
mo a TAP pretendem continuar a ba-
talhar para inverter esta situação.
Se a dívida pública se agrava em
CONTAS PÚBLICAS
Sérgio Aníbale Raquel Almeida Correia
Impacto das novas regras
Fonte: INE PÚBLICO
Dívida pública, em milhões de euros
150.000
175.000
200.000
225.000
250.000
SEC2015
SEC2010
214.229
223.148
2010 2011 2012 2013 2014
défi ce e da dívida as holdings detidas
por entidades públicas com um re-
duzido número de pessoas ao servi-
ço e que não tenham actividades de
gestão corrente das subsidiárias.
No que diz respeito ao banco pú-
blico são reclassifi cadas sete entida-
des: a Caixa-Gestão de Activos SGPS
(que agrega as empresas gestoras de
fundos de investimento Caixagest,
CGD Pensões e Fundger), a Caixa
Desenvolvimento SGPS (vocacio-
nada para o parqueamento de par-
ticipações de carácter estratégico) e
a Caixa Seguros e Saúde SGPS (de-
dicada ao sector segurador e dona
de 20% da Fidelidade). As restantes
quatro são a Gerbanca (que opera na
área do venture capital), a Parbanca
(gestora de participações instalada
na Zona Franca da Madeira), a Par-
caixa (cujo capital é repartido pela
CGD e pela Parpública, com 49%) e,
fi nalmente, a Wolfpart, holding para
o sector imobiliário.
Há ainda duas holdings do BPN
que passam a estar abrangidas nas
contas públicas: a Parparticipadas e
a BPN - Participações Financeiras. A
primeira, uma das entidades criadas
para ligar com os activos problemá-
ticos do BPN que fi caram nas mãos
do Estado (para tentar recuperar
parte do dinheiro perdido com a
nacionalização), engloba o Banco
Efi sa, que tarda em ser vendido. Em
2013, esta instituição tinha capitais
próprios negativos em 36,3 milhões
de euros. Nesse ano, segundo o rela-
tório e contas, teve um prejuízo de
7,8 milhões de euros.
Não foi dada informação sobre
o impacto da dívida decorrente da
inclusão destas holdings. Para o to-
tal das 268 entidades reclassifi cadas
o impacto foi um agravamento de
6076,5 milhões de euros em 2013.
Mas para além deste efeito nu-
A revisão em alta do PIB ajudou e limitou a escalada do indicador que mede o peso da dívida na economia
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | DESTAQUE | 3
NUNO FERREIRA SANTOSHélder Reis, secretário de Estado do Orçamento, desdramatizou o impacto no défice
A meta do défi ce deste ano
foi revista de 4% para 4,8%,
mas o Governo garante
que tudo está a correr de
acordo com os planos: a
causa para a derrapagem
está apenas em despesas de carác-
ter extraordinário que a troika não
considera e por isso não vai ser pre-
ciso aplicar novas medidas de aus-
teridade. Os novos números para
a estimativa do défi ce de 2014 são
apresentados pelo próprio Governo
e estão incluídos no relatório rela-
tivo ao procedimento dos défi ces
excessivos que o Instituto Nacional
de Estatística (INE) enviou esta terça-
feira para Bruxelas.
Olhando para o valor do défi ce
em percentagem do Produto Inter-
no Bruto (PIB), o aumento do défi -
ce é todo justifi cado pelas injecções
de capital realizadas na Carris e na
STCP e pelo perdão de um emprésti-
mo no âmbito da venda do BPN Cré-
dito. Estas operações contribuem
para um agravamento de 0,78 pon-
tos percentuais do PIB (1289 milhões
de euros) para 4,8%, de acordo com
o relatório publicado.
Em tudo o resto, o Governo não
mudou a estimativa. E isso é o que
interessa para a troika, explicou
esta terça-feira em conferência de
imprensa o secretário de Estado
do Orçamento. “São operações de
natureza extraordinária e não são
contabilizadas no âmbito da avalia-
ção do cumprimento do programa
de ajustamento”, afi rmou Hélder
Reis. Isto é, a Comissão Europeia
e as outras entidades da troika não
vão levar em conta estas despesas
extraordinárias quando estiverem
a fi scalizar a condução da política
orçamental em Portugal.
Por isso, afi rma o responsável go-
vernamental, “no nosso plano não
são necessárias mais medidas”, nem
para corrigir o défi ce nominal agora
previsto em 4,8%, nem para corri-
gir um défi ce ainda maior que possa
surgir por causa de outras operações
de carácter extraordinário.
Quando foi apresentado o orça-
mento rectifi cativo, a própria mi-
nistra colocou a possibilidade de se
Défice sobe mas Governo diz que não há mais austeridade
ter de acrescentar ao défi ce de 4%
previsto mais 5,9 pontos percentu-
ais, por conta de diversas despesas
extraordinárias a que o Executivo
teria de responder. Nesse cálculo es-
tavam incluídos além dos 0,8 pon-
tos agora já previstos por causa da
Carris, STCP e BPN Crédito, também
a injecção de capital que o fundo
de resolução fez no Novo Banco e o
processo de reestruturação fi nan-
ceira na CP.
Dúvidas sobre Novo BancoNão foram ainda incluídos eventu-
ais impactos da injecção de capital
feita pelo Fundo de Resolução no
Novo Banco - e que podem ascen-
der a um valor até 4900 milhões
de euros (2,8% do PIB) - porque as
autoridades estatísticas “ainda não
decidiram” qual o modelo de con-
tabilização da operação, explica o
secretário de Estado. O impacto po-
de acabar por não existir, ser apenas
parcial ou ser sentido na sua totali-
dade, assumiu.
Em relação injecção de capital na
CP, que poderiam contribuir para
um agravamento do défi ce de mais
2,2 pontos percentuais, as mudan-
ças metodológicas agora anunciadas
pelo INE acabam por evitar esse de-
senlace. Isso acontece porque a CP
passou a estar incluída no universo
das Administrações Públicas. É ver-
dade que os seus resultados opera-
cionais negativos passam a contar
para o défi ce público e que o seu
endividamento também conta para
a dívida pública, mas as injecções
de capital como a realizada este ano
deixam de ser registadas porque se
trata de uma operação entre duas
entidades pertencentes à Adminis-
tração Pública.
Deste modo, o máximo que o dé-
fi ce pode atingir (assumindo que o
Governo controla a evolução do res-
to da despesa e da receita) é agora,
não de quase 10%, mas de 7,6%.
Sérgio Aníbal
termos absolutos, em percentagem
do PIB ou cresce de forma modera-
da ou regista mesmo uma descida.
Entre 2010 e 2012, o rácio da dívida
aumenta ligeiramente, mas em 2013
baixa de um valor de 128,9% com
as regras antigas para 128% com as
novas regras.
Dívida de 2014Em 2014, apesar de um aumento
muito signifi cativo do valor da dívi-
da em termos absolutos, em percen-
tagem do PIB a subida é de apenas
um ponto percentual face ao que
estava previsto em Março.
Isto acontece porque as alterações
metodológicas provocadas pelo no-
vo sistema europeu de contas tam-
bém conduziram a uma subida do
valor do PIB.
Em relação a 2014, o agravamento
da dívida pública prevista pelo Go-
verno face aos valores reportados
em Março ao Eurostat não parece
ser contudo explicada apenas pelas
mudanças metodológicas. A dívida
chegará aos 224.148 milhões de eu-
ros, mais 8919 milhões do que era
antes previsto.
O Governo não revelou esta terça-
feira quanto é que deste valor se de-
ve à inclusão de mais empresas no
universo das Administrações Públi-
cas. No entanto, tendo em conta que
esse impacto em 2013 foi de 6076,4
milhões de euros e, assumindo que
não se registou um agravamento
muito grave da dívida das entida-
des reclassifi cadas, chega-se à con-
clusão que há outras razões para o
aumento previsto no indicador. Face
ao orçamento rectifi cativo, há con-
tudo uma revisão em baixa da dívida
em percentagem do PIB de 130,9%
para 127,8%, explicada pela revisão
em alta do valor do PIB.
Em termos de défi ce, o INE cal-
cula um impacto negativo de 787,3
milhões de euros em 2013, mas es-
te efeito acaba por ser compensa-
do pelos refl exos positivos de outras
alterações metodológicas, como a
transferência de fundos de pensões
e a redução dos encargos com swaps
(derivados de cobertura de risco da
variação das taxas de juro associa-
das aos empréstimos).
Já em 2011 e 2012, o impacto é po-
sitivo porque, com a reclassifi cação,
há operações fi nanceiras feitas no
passado que deixam de ser conta-
bilizadas, como, por exemplo, o
aumento de capital de 750 milhões
de euros que a Parpública realizou
junto da participada Sagestamo,
que tem vindo a absorver patrimó-
nio público.
A ministra das Finanças já tinha alertado para os efeitos extraordinários no défice e na dívida pública
4 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Costa com “predisposição e vontade” para envolver apoiantes de Seguro
A nova liderança do PS não fecha a
porta a um possível entendimento
com os apoiantes de Seguro de modo
a evitar um confronto no congresso
que se irá realizar após a demissão
do actual secretário-geral.
Ao que o PÚBLICO apurou, junto
das hostes do vencedor, “há espaço”
para aproveitar as “pontes” que exis-
tem ainda entre as duas facções que
disputaram as primárias de domingo.
“O António Costa tem interesse em
unir. Para que isso aconteça tem de
envolver algumas pessoas que apoia-
ram Seguro”, reconheceu um dirigen-
te que apoiou a candidatura do presi-
dente da Câmara de Lisboa. “Existe
predisposição e vontade”, rematou
o socialista já depois de frisar que
“passou ainda muito pouco tempo”
desde a disputa e, como tal, não exis-
te ainda nada de muito organizado.
Não é de excluir, portanto, que no
fi nal do congresso se chegue a uma
lista única para os órgãos do parti-
do, com o futuro líder do PS a incluir
“pessoas com representatividade” na
anterior liderança.
E a verdade é que têm surgido
sinais da disponibilidade dos der-
rotados em enterrar o machado. O
membro da direcção demissionária,
Álvaro Beleza, afi rmou ontem isso
mesmo. “Que fi que muito claro de
uma vez por todas, o meu candidato
a primeiro-ministro é o António Cos-
ta. Não contem comigo para dividir
o PS. A liderança do partido fi cou
resolvida domingo e, como já disse,
tudo farei para unir”, disse à agência
Lusa. E acrescentou que o interesse
principal dos socialistas era “focar
energias na construção de uma alter-
nativa ao Governo e ganhar as próxi-
mas eleições com maioria”.
Mas João Proença, também mem-
bro do secretariado de Seguro, deu a
entender que cabia a também a Cos-
ta dar sinais nesse sentido: “Neste
momento, o que interessa é repor a
unidade no PS. Compete a António
Costa construir essa unidade sem
falsos unanimismos.”
O PÚBLICO noticiou ontem a exis-
tência de pressões, junto do médico
Álvaro Beleza, por dirigentes, depu-
tados e membros da actual direcção
para que este encabeçasse uma can-
didatura às directas do PS. Além des-
tas declarações, desde a vitória nas
primárias que Costa tem recebido
“manifestações privadas” de dispo-
nibilidade vindas do outro campo
socialista.
Mas do lado vencedor também é
assinalado que a “vitória esmagado-
ra” deu “legitimidade” para Costa
argumentar que a sua candidatura
“conseguiu unir” o PS — o que, tradu-
zido, quer dizer que Costa considera
ter o direito de decidir com quais e
quantos dos seguristas conta.
Mas enquanto estas “conversas”
decorriam, António Costa resolveu a
questão mais premente que tinha en-
tre mãos. Ontem anunciou que o seu
líder parlamentar seria Ferro Rodri-
gues, vice-presidente da Assembleia
da República, ex-secretário-geral do
PS e ex-ministro dos governos de An-
tónio Guterres, sucedendo assim a
Alberto Martins, que se demitiu após
a vitória de António Costa nas elei-
ções primárias do PS.
À entrada da Assembleia Muni-
cipal de Lisboa, o também presi-
dente da Câmara de Lisboa elogiou
Ferro Rodrigues, de quem disse
ter um “currículo político único”.
Com este nome de peso, António
Costa acredita que a nova lideran-
ça “constituirá um grande reforço
da capacidade de oposição do PS”.
Passará então Ferro Rodrigues a
ser o interlocutor do primeiro-mi-
nistro nos debates quinzenais? Isso
será matéria da “orientação do gru-
po parlamentar”, limitou-se a dizer
António Costa.
O nome não gerou controvérsia no
grupo. O líder parlamentar demissio-
nário, Alberto Martins, classifi cou o
seu sucessor como uma “excelente
escolha”, avisando que “é sempre
difícil falar de um amigo” como Fer-
ro Rodrigues. “É um amigo de longa
data. O passado e a biografi a de Fer-
ro Rodrigues falam por si. Acho uma
excelente escolha”, declarou Alberto
Martins. Alberto Martins e Eduardo
Ferro Rodrigues estiveram envolvi-
dos nas décadas de 1960 e de 1970
António Costa escolheu o ex-líder do PS Ferro Rodrigues para suceder a Alberto Martins na presidência da ba
Vencedor das primárias tem recebido “manifestações privadas” da disponibilidade para enterrar machado de guerra. Há “pontes” e “espaço” para não haver confronto no congresso
Partidos Nuno Sá Lourenço
“PS substituiu as caras, mas não apresentou política alternativa”
Jerónimo de Sousa critica socialistas e pede mudanças
Osecretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou ontem que os responsáveis pela actual
situação no país “substituíram caras”, puseram o “conta-quilómetros a zero”, numa operação de “recauchutagem”, mas não apresentaram uma política alternativa.
O líder comunista, que falava na inauguração do novo centro de trabalho do PCP no Funchal, considerou necessário “dar
combate às mistificações dos responsáveis desta situação [do país] que governaram à vez ou juntos e se preparam para, substituindo caras, prosseguir a mesma política, pôr o conta-quilómetros a zero e apresentarem-se aos portugueses como impolutos e prontos para recomeçar de novo o que é velho e recauchutado”.
O dirigente nacional do PCP afirmou que “nesta questão
interna do PS, uma coisa não ficou clara, que é a política alternativa, a mudança”.
“Sim ou não: preparam-se para manter o rotativismo e a alternância e não uma verdadeira alternativa que passa pela clarificação sobre o que pensam sobre a política económica e da União Europeia, os grandes problemas e os estrangulamentos que hoje estão tão vivos na sociedade portuguesa”, argumentou.
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | PORTUGAL | 5
nas lutas políticas contra o regime
do Estado Novo, apoiaram no PS as
lideranças de Victor Constâncio e Jor-
ge Sampaio e foram ministros no se-
gundo Governo liderado por António
Guterres, entre 1999 e 2001.
Questionado se Ferro Rodrigues
dispõe de condições para unir os de-
putados da bancada socialista, Alber-
to Martins recusou-se a comentar.
“Essas são perguntas que farão cer-
tamente ao líder parlamentar indigi-
tado. Após a sua eleição, estou certo
que [Ferro Rodrigues] gostará de res-
ponder a essas questões”, disse. “O
que tenho a dizer é congratular-me,
considerando que é uma excelente
escolha”, repetiu o líder parlamen-
tar demissionário do PS. Também o
deputado socialista João Soares, que
esteve ao lado de António José Segu-
ro na disputa das primárias, elogiou
a escolha de Ferro Rodrigues para a
presidência do grupo parlamentar
do PS.
“Uma excelente escolha”, concor-
dou o deputado Sérgio Sousa Pinto,
por revelar “que as mudanças no par-
tido agora terão tradução no grupo
parlamentar do PS”. Mas sobre a pos-
sibilidade de a liderança parlamentar
ter representantes das principais cor-
rentes internas do PS, o ex-líder da
JS lembrou que “nada seria pior que
uma solução de empastelamento”.
Um sinal de que muitos socialistas
não esqueceram ainda a forma como
Seguro e alguns dos seus apoiantes
fi zeram a sua campanha das primá-
rias. Para estes, está prestes a come-
çar o exílio. com Inês Boaventura, Sofia Rodrigues e Maria Lopes
ncada socialista no Parlamento
NUNO FERREIRA SANTOS
A vitória de António Costa sobre An-
tónio José Seguro foi uma vitória po-
lítica em que o presidente da Câmara
de Lisboa conseguiu conquistar a con-
fi ança de militantes e simpatizantes
do PS. Mas essa vitória foi determina-
da por factores que pouco têm a ver
com o seu discurso político. Ela surge
motivada por critérios múltiplos que
levaram a que se estabelecesse a rela-
ção entre Costa e os eleitores. Esses
critérios são a imagem de “estabilida-
de”, de “segurança” e de “experiên-
cia” que transmite às pessoas, consi-
deram especialistas em comunicação
ouvidos pelo PÚBLICO.
Luís Paixão Martins, presidente
da LPM Comunicação, começa por
observar que António Costa “é muito
pragmático”, ou seja, “faz uma gran-
de economia” da sua performance
política, “faz a avaliação do que pre-
cisa para ganhar”. “E vai continuar
assim.” Paixão Martins considera que,
“no futebol, António Costa seria con-
siderado um falso lento”. Isto porque
“joga a política com parcimónia de
recursos, fi ca sempre aquém daquilo
que lhe é exigido por jornalistas e co-
mentadores, tem uma produtividade
baixa”. Porém, sustenta que, “sempre
que a situação o exige, sai a fi ntar e a
atirar à baliza adversária”. Entende
que foi o que aconteceu frente a Se-
guro, “como no passado recente com
Fernando Seara”, que em ambos os
casos “eram adversários de partidas
que tinham vencedor antecipado”.
Este especialista em comunicação
que dirigiu já várias campanhas elei-
torais considera que há dois cenários
para a performance política futura de
Costa face ao seu novo adversário, o
primeiro-ministro, Pedro Passos Co-
elho. O cenário que julga ser “mais
evidente seria ir a jogo de forma a po-
tenciar a cabazada que deu a Seguro e
a ‘tecnofragilidade’ actual de Passos”.
Esta atitude permitir-lhe-ia ter “duas
vantagens óbvias: não correria o risco
de desgaste de ser líder da oposição,
uma das actividades mais detestadas
pelos portugueses”, assim como não
daria “as oportunidades de ataque
dos seus opositores a um presidente
de câmara percebido como em dedi-
cação parcial”.
Contudo, Paixão Martins pensa
que, se Costa continuar a seguir as
Imagem de experiência garantiu eleição a Costa
marcas das suas pegadas políticas,
“vai esperar a meio-campo pela de-
fi nição das regras do jogo”. E ironi-
za: “Deve dar-lhe gozo ver os seus
adversários — e os mensageiros dos
seus adversários — reclamar para que
ele tenha outra atitude em campo.”
Estabelecendo ainda a comparação
com Passos ou Seguro, Paixão Martins
afi rma que “sobressai a diferença de
capital político” de Costa.
Lembrando que “há quem diga que
os três são fi lhos da mesma mãe ‘jo-
tinha’ e que têm percursos partidá-
rios idênticos, embora em ‘famílias’
diferentes”, Paixão Martins sublinha
que “isso não é verdade”. Defende
que “Costa tem uma bagagem política
muito superior que lhe advém das ori-
gens familiares”, de ter estado no cen-
tro da “corte de Lisboa” e de ter “uma
militância menos relacionada com o
aparelho e a organização e mais com
as elites e protagonistas do PS”.
Por isso, observa que Costa “é um
candidato a primeiro-ministro que
funciona bem, apesar de ter tudo para
funcionar mal”. E defi ne as caracterís-
ticas à partida antipolíticas de Costa
que acabam, afi nal, por reverter a seu
favor: “Não é um dos nossos, não ar-
regaça as mangas, nem corre de ma-
nhã à beira-rio. É pesado, pacholas e
intelectual.” Por isso prevê: “Vencerá
as legislativas se os portugueses que
decidem votarem na protecção e na
garantia, depois de um ciclo político
de insegurança e instabilidade.”
O psicólogo e consultor de comuni-
cação Pedro Bidarra faz uma análise
semelhante da performance política
de António Costa e da relação que es-
tabelece com o eleitorado, embora
chegue às suas conclusões olhando
“não tanto para o que tem António
Costa, mas para as motivações dos ci-
dadãos”. Bidarra considera que “não
há grande segredo”, ou seja, viveu-se
“todo um período de três anos que
tem actores claros: Passos Coelho e
Seguro”. Ora, “as pessoas estão fartas
destas receitas e destes protagonis-
tas”. Por isso, conclui que não foi só
Seguro que teve maus resultados: “O
BE também tem uma situação de des-
gaste e teve maus resultados.”
Este especialista em comunicação
sublinha, por outro lado, que “Antó-
nio Costa é o que tem mais qualida-
de”. E afi rma mesmo que surge aos
eleitores como “óbvio que António
Costa, além da personalidade e do
carisma, tem uma solidez grande de
percurso e de currículo”. E explica:
“As pessoas percebem que o primei-
ro-ministro foi feito na função e não
tinha experiência anterior de gover-
no, só tinha vida na JSD — assim co-
mo Seguro. António Costa mostra que
tem currículo. É um político de Esta-
do, foi ministro mais de uma vez, é
presidente da câmara. Em Lisboa foi
reeleito com mais votos. Lisboa está
melhor. Há elementos racionais para
a escolha.”
Bidarra conclui mesmo que “os ci-
dadãos não são parvos e não fazem
escolhas com o coração, fazem-nas
com a razão”. Assim, “as pessoas re-
conhecem-se em quem dá segurança”
e “Costa dá a segurança de não ter
nascido ontem, tem experiência”.
São José Almeida
ENRIC VIVES-RUBIO
O percurso e currículo de Costa é apontado como chave do sucesso
“Nada seria pior que uma solução de empastelamento”Sérgio Sousa PintoDeputado e ex-líder da JS
6 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Portugal apoia coligação contra o Estado Islâmico
Portugal não tem previsto o envio de
militares para participarem nas ope-
rações militares da coligação inter-
nacional constituída para combater
a ameaça do Estado Islâmico, a ope-
rar na Síria e no Iraque. A garantia
foi dada ontem pelo Presidente da
República durante a conferência de
encerramento do encontro de che-
fes de Estado do Grupo de Arraiolos,
que decorreu em Braga.
Apesar de não envolver as suas
tropas nas operações, o país dá um
apoio “inequívoco” a esta iniciativa
de combate ao terrorismo, sublinhou.
O Presidente da República lembrou
que o envio de militares portugueses
para operações noutros países de-
pende da autorização do Conselho
Superior de Defesa Nacional, presi-
dido por si, que até ao momento não
foi chamado a pronunciar-se.
“Até este momento não está pre-
vista uma participação dos militares
portugueses no combate” ao grupo
extremista, afi rmou. No entanto, Por-
tugal “apoia inequivocamente a coli-
gação internacional que faz frente ao
movimento terrorista Estado Islâmi-
co”, garantiu o chefe de Estado.
As declarações foram feitas no en-
cerramento do encontro do Grupo
de Arraiolos, realizado no Mosteiro
de Tibães, em Braga, e que junta os
presidentes da República de nove
países da União Europeia que têm
Estado Islâmico: Portugal não prevê enviar militares
em comum o facto de não terem fun-
ções executivas. Na reunião houve
outra questão de segurança a mar-
car a agenda: o confl ito da Ucrânia
e as suas implicações na forma como
a Europa é dependente do forneci-
mento de gás vindo da Rússia.
Na mesma ocasião, o Presidente da
República recusou pronunciar-se so-
bre a possibilidade de antecipação do
calendário das eleições legislativas
do próximo ano, de modo a permitir
a entrada em vigor do Orçamento do
Estado no primeiro dia de 2016, uma
solução que voltou a ser abordada
na sequência do triunfo de António
Costa nas eleições primárias do PS,
no domingo.
No encontro de Braga, os chefes de
Estado discutiram também o tema da
imigração, num debate que foi muito
marcado pela crise humanitária nas
fronteiras do Sul da Europa, em par-
ticular no Mediterrâneo, na sequên-
cia dos movimentos migratórios no
Norte de África e Médio Oriente.
O Presidente da Finlândia conside-
rou a situação “uma vergonha para a
humanidade”. “Temos de encontrar
forma de que esta migração crimino-
sa possa ter uma resposta humana”,
sublinhou. Cavaco concordou que as
imagens que chegam do Mediterrâ-
neo são “chocantes” e “não podem
deixar-nos indiferentes”. Além dis-
so, a situação é “responsabilidade
de todos” os Estados-membros da
UE, e não apenas daqueles que têm
controlo directo das fronteiras mais
afectadas, disse Cavaco. E defendeu
uma “abordagem multidisciplinar”
desta questão, que passe pela ges-
tão das migrações legais, o combate
à imigração irregular e o diálogo com
países terceiros, sejam os de origem
destas pessoas ou os países interme-
diários no processo.
PAULO PIMENTA
Grupo de ArraiolosSamuel Silva
Garantia foi dada pelo Presidente da República no encerramento do 10.º encontro do Grupo de Arraiolos, em Braga
O líder da bancada parlamentar do
PCP vai propor um projecto de deli-
beração para pedir esclarecimentos
ao primeiro-ministro sobre a cola-
boração que manteve com o Cen-
tro Português para a Cooperação,
a organização não governamental
associada à Tecnoforma.
“Através de um projecto de deli-
beração, vamos procurar que por
via da Assembleia da República se-
jam exigidos os esclarecimentos ao
primeiro-ministro”, afi rmou João
Oliveira aos jornalistas, após a con-
ferência de líderes em que o caso
foi abordado.
Em causa, segundo o deputado
comunista, está a falta de registo
dessa colaboração no registo de
interesses de Pedro Passos Coelho
enquanto era deputado entre 1995
e 1999, bem como “a falta de refe-
rência aos rendimentos”.
O primeiro-ministro disse na pas-
sada sexta-feira que foi reembolsado
em despesas de representação, mas
não adiantou valores.
A exigência de mais esclarecimen-
tos por parte do PCP sobre o caso foi
exposta na conferência de líderes.
A presidente da Assembleia da Re-
pública, Assunção Esteves, “entende
que exige um impulso processual”,
segundo João Oliveira, o que leva a
bancada a apresentar um projecto
de deliberação ou um instrumento
regimental semelhante para tentar
obter mais esclarecimentos por par-
te do primeiro-ministro.
Quanto a uma comissão de inqué-
rito sobre este caso, o líder parla-
mentar dos comunistas disse não
excluir qualquer instrumento legal
para obter as explicações, mas “o
melhor era que o primeiro-ministro
pudesse esclarecer”.
O PCP defendeu também ontem
a criação de estruturas nos órgãos
de soberania para estudar e prepa-
rar a saída do euro, argumentando
que a preparação é a forma de evitar
as “consequências catastrófi cas” de
uma saída “involuntária”.
No projecto de resolução apre-
sentado também se defende a re-
negociação da dívida e a retoma do
controlo público da banca.
PCP quer ouvir Passos sobre caso Tecnoforma
ParlamentoSofia Rodrigues
Bancada comunista insiste em saber quanto é que Passos recebeu por colaborar com ONG da Tecnoforma
Alpoim Calvão morreu ontem aos 77 anos
O comandante Guilherme Alpoim
Calvão, o operacional que comandou
a operação Mar Verde, a invasão da
Guiné-Conacri no fi nal de 1970 para
resgatar prisioneiros de guerra por-
tugueses, morreu na madrugada de
ontem.
De acordo com informação da
família, Alpoim Calvão, de 77 anos,
estava internado no Hospital de Cas-
cais e sofria de doença prolongada.
O funeral realiza-se amanhã do Mos-
teiro dos Jerónimos (onde se realiza
missa de corpo presente às 11h) para
o cemitério dos Olivais.
Com um extenso currículo de lou-
vores e condecorações — a última das
quais, a medalha de Comportamen-
to Exemplar do Corpo de Fuzileiros,
que há muitos anos lhe escapava, foi
recebida há quatro anos nas cerimó-
nias do Dia do Fuzileiro —, Alpoim
Calvão é o ofi cial mais condecorado
da Marinha. E um dos poucos mili-
tares agraciados com a medalha da
Ordem Militar da Torre e Espada, do
Valor, Lealdade e Mérito, com Pal-
ma, atribuída por feitos em combate.
Em comunicado, a Marinha diz
que Alpoim Calvão foi um “brilhante
estratego e com elevadas qualidades
militares provadas em campanha as-
sumiu desde sempre uma referência
para os fuzileiros, honrando a Mari-
nha e as Forças Armadas Portugue-
sas”. Apesar disso, é também conhe-
Morreu o comandante Alpoim Calvão, líder da operação Mar Verde na Guiné-Conacri
cido por ter sido expulso das Forças
Armadas em 1975, na sequência da
sua participação no golpe de Estado
de 11 de Março.
Nascido em Chaves, viveu em Mo-
çambique, cursou Marinha na Escola
Naval entre 1954/57, especializando-
se em mergulhador sapador e nave-
gação submarina. Voluntaria-se co-
mo fuzileiro e desembarca na Guiné
no fi nal de 1963, como comandante
do destacamento de fuzileiros, e par-
ticipa em diversas operações. De re-
gresso a Lisboa, em 1965, entra na
Escola de Fuzileiros, onde chega a
director de instrução. Ali se mantém
até 1969, quando entra em confl ito
com o ministro da Marinha e deixa o
cargo para regressar à Guiné.
A operação Mar Verde, em Novem-
bro de 1970, que teve em Alpoim o
principal arquitecto, previa um ata-
que a Conacri para libertar cerca de
três dezenas de prisioneiros de guer-
ra portugueses nas mãos do PAIGC —
como o sargento piloto António Lo-
bato, que esteve preso vários anos
—, destruir equipamento do movi-
mento independentista e liquidar o
Presidente Sékou Touré. Só os dois
primeiros foram conseguidos — ain-
da que o segundo não totalmente.
Mas também tivera papel relevante
noutras missões como as operações
Trovão e Tridente.
Alpoim Calvão passou depois pelos
comandos da Divisão de Operações
Navais do Continente e da Polícia
Marítima. Em 1974, convidado por
Pinheiro de Azevedo, recusou par-
ticipar no golpe de Estado de Abril.
Era contra a solução defendida para a
questão além-mar, a descolonização.
Com a mudança de regime, Alpoim
Calvão foi exonerado da Polícia Marí-
tima, passa para o sector privado, e a
sua vida sofreu também uma revira-
volta. No ano seguinte participou na
tentativa falhada de golpe de Estado
de 11 de Março e é expulso, por decre-
to, das Forças Armadas poucos dias
depois com quase duas dezenas de
outros militares, entre eles António
de Spínola. E passa à condição de
fugitivo. Vinte anos depois haveria
de relatar a sua versão desse fi nal de
Inverno tumultuoso no livro O 11 de
Março — Peças de Um Processo.
É dessa altura a sua associação ao
movimento de acção anticomunis-
ta MDLP, fundado por António de
Spínola, e que estaria na génese de
diversos atentados bombistas duran-
te os anos de 1975 e 1976. Admitiria,
bem mais tarde, numa entrevista ao
PÚBLICO, que a intenção do movi-
mento era mudar o rumo do PREC
e “parar o PCP”.
Óbito Maria Lopes
Com um currículo tumultuoso, foi o oficial mais condecorado da Marinha
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | PORTUGAL | 7
NUNO FERREIRA SANTOS
Pedro Filipe Soares exclui entendimentos de Governo com PS
Pedro Filipe Soares surpreendeu ao apresentar a sua candidatura a líder do BE
O líder parlamentar do Bloco de Es-
querda (BE) considera que o partido
errou ao mostrar-se disponível para
um entendimento de Governo com o
PS e defende que é necessário recupe-
rar a combatividade dos bloquistas.
Pedro Filipe Soares, de 35 anos, vai
desafi ar a liderança bicéfala de João
Semedo e Catarina Martins.
Ontem, na apresentação da moção
de candidatura à liderança do BE,
Pedro Filipe Soares criticou alguns
“equívocos” da actual direcção. Um
deles foi a disponibilidade para um
entendimento sobre um Governo
com o PS, expressa no ano passado,
na crise política, durante as negocia-
ções entre os partidos. “O Bloco de Es-
querda nasceu com a alternância sem
alternativa. Não foi isso que fi zemos
no Verão passado, quando batemos
à porta do PS para um Governo de
esquerda sem condições. Mostra-se
como houve um desfasamento do Blo-
co face à sua identidade e combativi-
dade”, afi rmou Pedro Filipe Soares,
em conferência de imprensa, na sede
do BE, em Lisboa. “[O BE] Não fazia
parte do xadrez partidário, sempre
que se colocou ao lado do xadrez polí-
tico foi submisso a outras agendas que
não a nossa”, acrescentou.
Quanto a entendimentos com An-
tónio Costa, o líder da bancada blo-
quista sustentou que “não houve ne-
nhuma viragem política no PS” e que
os socialistas “continuam a acreditar
no Tratado Orçamental” que “não é
bom para o país”. Pedro Filipe Soa-
res, que é o primeiro subscritor da
moção Bloco plural, factor de viragem,
com 850 assinaturas, acredita que vai
poder manter-se como líder parla-
mentar. “Não há delitos de opinião,
não podem existir, as opiniões foram
sempre valorizadas e não demoniza-
das. O lugar está sempre à disposição,
mas não vejo incompatibilidade de
apresentar uma moção política, no
tempo certo. Ninguém deve ser me-
norizado pela sua opinião”, afi rmou,
em resposta à insistência dos jorna-
listas sobre como é que compatibiliza
o lugar de líder da bancada com as
críticas aos coordenadores do BE.
Sobre o modelo da coordenação
bicéfala, o líder da bancada bloquista
reconhece que a solução adoptada
pelo partido há dois anos não foi
compreendida. “Não foi aceite pela
população. A luta pela paridade é um
dos objectivos do BE, mas não se es-
gota na sua coordenação”, afi rmou,
referindo que a paridade continua a
ser uma regra para os restantes ór-
gãos do partido.
Durante a apresentação da moção,
Pedro Filipe Soares esteve ao lado
de Zuraida Soares, deputada na As-
sembleia Legislativa dos Açores, de
Francisco Alves, membro do conselho
nacional da CGTP e de Sara Schuh,
trabalhadora precária. Todos militan-
tes do BE.
Natural de Castelo de Paiva, Aveiro,
o líder da bancada bloquista (função
que desempenha desde 2012) é licen-
ciado em Matemática Aplicada e tem
pós-gradução em Detecção Remota.
Bicefalia em causaO avanço do líder parlamentar acon-
tece num momento em que a actual
direcção está a repensar o modelo
de liderança bicéfala de João Seme-
do e Catarina Martins, mas em que
não está em causa a manutenção de
ambos à frente do BE. O que pode
acontecer é virem a ter funções di-
ferenciadas, mas a moção subscrita
pelos dois bloquistas não explicita a
repartição de tarefas. O texto, com o
título Revolta Cidadã contra a auste-
ridade, reconhece erros e desastres
eleitorais. E propõe que a mesa nacio-
nal, órgão máximo entre congressos,
possa convocar referendos internos
sobre apoios para as presidenciais e
coligações eleitorais.
No triângulo das tendências que es-
teve na origem do Bloco, Pedro Filipe
Soares representa a Esquerda Alterna-
tiva (ex-UDP), protagonizada por Luís
Fazenda, o que pode ser visto como
uma tentativa de avanço desta ten-
dência para a liderança do partido.
Por seu lado, João Semedo vinha da
tendência Fórum Manifesto e tinha
aderido, tal como Catarina Martins
(ex-PSR), à corrente Socialismo, cria-
da pelo ex-líder Francisco Louçã, co-
mo tentativa de ultrapassar, com uma
linha única, os três movimentos ori-
ginais do BE.
O mal-estar na direcção bloquis-
ta já dura há algumas semanas. A
Esquerda Alternativa já tinha mani-
festado publicamente que não subs-
creveria a moção ao congresso assi-
nada pelos coordenadores e outros
dirigentes.
Ao apresentar a sua candidatura à liderança do Bloco de Esquerda, o actual líder parlamentar acredita que se vai manter à frente da bancada, apesar de criticar a direcção do partido
PartidosSofia Rodrigues e Rita Brandão Guerra
8 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Vacina contra cancro do colo do útero dada em duas doses desde os dez anos
Perto de meio milhão de portuguesas já foram vacinadas contra o vírus do papiloma humano. Novas regras a partir de hoje: início da imunização é antecipado dos 13 para os dez anos
PAULO RICCA
Direcção-Geral da Saúde garante que mudança no esquema de vacinação “não visa poupar dinheiro”
Desde 2008 que as adolescentes
portuguesas receberam três doses
da vacina contra o vírus do papilo-
ma humano (HPV) para protecção
contra o cancro do colo do útero.
A partir de hoje, mudam as regras:
as raparigas passam a ser vacinadas
com apenas duas doses e o início da
imunização foi antecipado dos 13 pa-
ra os dez anos, informa a Direcção-
Geral da Saúde (DGS).
Esta mudança “não visa poupar
dinheiro”, garante o director-geral
da Saúde, Francisco George, que
adianta que foi o próprio laboratório
que comercializa a vacina integra-
da no Plano Nacional de Vacinação
(PNV), a Gardasil, a sugerir esta al-
teração depois de concluir que duas
doses são sufi cientes para garantir
uma imunização satisfatória.
Seguindo as recomendações do
laboratório Sanofi Pasteur MSD, a
Comissão Técnica de Vacinação, o
grupo de especialistas que aconse-
lha os responsáveis da DGS, propôs
que a imunização em duas doses fos-
se integrada no PNV num esquema
com um intervalo de seis meses, e
estipulou que a vacina devia ser ad-
ministrada entre os dez e os 13 anos,
inclusive. O objectivo foi o de fazer
coincidir a vacinação contra o HPV
com a imunização contra o tétano e
a difteria, “para facilitar a vida das
pessoas”, explica a subdirectora-
geral da Saúde, Graça Freitas.
“Foi o próprio laboratório que,
depois de fazer ensaios clínicos que
provaram que duas doses garantiam
imunização sufi ciente, decidiu fa-
zer esta recomendação”, enfatiza
Graça Freitas, que nota que o novo
esquema “só apresenta vantagens”.
“São menos doses, menos picadas,
menor custo, menos reacções ad-
versas”, sintetiza.
Isto signifi ca que as adolescentes
já vacinadas com o esquema inicial-
mente proposto receberam uma so-
bredosagem? “Claro que não. Não há
rigorosamente nenhuma implicação.
É a mesma coisa que mandar tomar
antibióticos durante sete dias ou três
dias”, desvalorizou a médica, que no-
ta que “as vacinas ideais só têm uma
dose”, até para garantir a máxima
adesão. “É uma mudança trivial, não
tem problema”, corrobora o presi-
tarde a situação fi cará normalizada,
prevê Graça Freitas.
“As raparigas que se atrasem na
vacinação relativamente à idade re-
comendada podem iniciá-la até aos
18 anos, exclusive” e as que já fi ze-
ram pelo menos uma dose podem
completar a imunização “gratuita-
mente até aos 25 anos de idade”,
explicita ainda a DGS, na norma
divulgada ontem.
A introdução desta vacina no PNV
foi aprovada em Março de 2008 e
a vacinação iniciou-se em Outubro
desse ano. Nessa altura, foram vaci-
nadas as raparigas nascidas em 1995
e que tinham então 13 anos, tendo
esta idade sido fi xada porque se par-
tiu do pressuposto de que nesta fase
as jovens ainda não teriam iniciado
a sua vida sexual.
Em cada ano foram vacinadas
perto de 50 mil raparigas, rondan-
do a taxa de cobertura os 90%, em
média, ainda que em alguns anos
fosse menor e se tivesse percebido
que algumas jovens não faziam a
última dose. Em simultâneo, a DGS
avançou com uma campanha de três
anos que abrangeu também as jo-
vens nascidas em 1992, 1993 e 1994.
Até à data, no total, já terão sido va-
cinadas cerca de 450 mil jovens, cal-
cula Graça Freitas. “As raparigas e as
famílias aceitaram muito bem e os
serviços organizaram-se para lhes
dar resposta”, frisa.
Com 17 casos de cancro do colo do
útero por cem mil habitantes e cerca
de mil novos doentes diagnosticados
em cada ano, Portugal tem uma das
mais elevadas incidências deste tipo
de tumor na Europa Ocidental. Por
ano morrem cerca de três centenas
de mulheres com cancro de colo do
útero.
Saúde Alexandra Campos
Em Abril deste ano, a Sanofi Pas-
teur MSD já tinha anunciado, aliás,
que a Comissão Europeia autoriza-
ra o esquema de vacinação em duas
doses, para crianças entre os nove e
os 13 anos. Este esquema, explicou
então o vice-presidente da empre-
sa, Stephen Lockhart, “baseia-se em
dados que demonstraram que duas
doses garantem uma resposta imu-
nitária nas adolescentes compará-
vel à das três doses nas jovens para
os quatro tipos de HPV — seis, 11, 16 e
18 — incluídos na Gardasil”. “Estes re-
sultados estão assegurados três anos
após a vacinação”, acrescentou.
Em Portugal, nesta fase inicial, e
uma vez que a idade em que a vaci-
nação pode ser feita foi antecipada,
a afl uência aos centros de saúde on-
de a Gardasil é dada deverá aumen-
tar e a DGS já está preparada para
um acréscimo da procura, mas mais
50Em cada ano são vacinadas perto de 50 mil raparigas, rondando a taxa de cobertura os 90%, em média, ainda que em alguns anos fosse menor e se tivesse percebido que algumas jovens não faziam a última dose
dente da Sociedade Portuguesa de
Obstetrícia e Medicina Materno-
Fetal, Luís Graça. Sem ver também
qualquer tipo de implicação negati-
va, a pediatra Maria do Céu Machado
lembra, a propósito, que o mesmo já
aconteceu com outras vacinas recen-
temente. “São vacinas que surgiram
nos últimos anos e, quando foram in-
tegradas no PNV, ainda havia poucos
estudos”, explica.
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | PORTUGAL | 9
Portugal precisa de várias alterações
legislativas para combater de forma
mais efi caz a exploração sexual de
crianças na Internet.
“Em Portugal continua a não ser
possível fazer pesquisas aleatórias
para localizar predadores sexuais,
como se faz na Alemanha, por exem-
plo. E isso reduz as possibilidades”,
disse ao PÚBLICO a presidente do
Instituto de Apoio à Criança (IAC),
Dulce Rocha, a propósito do lança-
mento do livro A Exploração Sexual
de Crianças no Ciberespaço, da auto-
ria, do procurador Aires Magriço.
“É uma obra muito oportuna e
necessária. E que poderá funcionar
como um manual para os investiga-
dores destes crimes, nomeadamen-
te sobre como preservar a prova in-
formática”, aponta Dulce Rocha.
Desde que a pornografi a de me-
nores foi tipifi cada como crime, em
2007, a PJ investigou 71 pessoas, sen-
do que apenas cinco destes casos
resultaram de investigações desen-
cadeadas em Portugal. “Alguns ca-
sos que foram comunicados pela In-
terpol às autoridades portuguesas
não poderiam ter começado a ser
investigados cá porque não havia
um suspeito concreto”, explica a
presidente do IAC.
Numa altura em que os websites
com pornografi a estão a aumentar,
e em que se calcula que são colo-
cadas todos os dias em circulação
200 novas imagens de pornografi a
infantil, a presidente do IAC diz não
compreender por que razão Portu-
gal não transpôs ainda a directiva
que o Parlamento Europeu aprovou
em Dezembro de 2011 e que prevê
sanções mais duras contra as pes-
soas que abusam sexualmente de
crianças ou que acedem a porno-
grafi a infantil na Internet.
Na altura, a ministra da Justiça,
Paula Teixeira da Cruz, prometeu
adoptar “muito rapidamente” aque-
las alterações para o quadro legal
nacional. E, recentemente, a gover-
nante até anunciou a intenção de
avançar com o registo de identifi -
cação dos condenados por crimes
sexuais, mas, quanto à directiva, por
enquanto, nada.
Exploração sexual de crianças pede novas leis
InternetNatália Faria
Livro A Exploração Sexual de Crianças no Ciberespaço, da autoria do procurador Manuel Aires Magriço, foi lançado ontem
Cerca de 300 candidaturas foram
submetidas ao programa Retomar,
destinado a apoiar o regresso de
alunos com menos de 30 anos ao
ensino superior, e cujo prazo de can-
didatura, que terminava ontem, foi
alargado por mais 10 dias.
De acordo com informações pres-
tadas pelo Ministério da Educação e
Ciência (MEC), a decisão de alargar
o prazo de candidatura prende-se
com as preocupações manifestadas
por alguns candidatos “pelo facto de
as instituições estarem a entregar
com algum atraso os documentos de
prova das informações prestadas”.
Num total de 2191 registos assina-
lados na plataforma electrónica da
Direcção-Geral do Ensino Superior,
foram submetidas 270 candidaturas
até ao dia 28 de Setembro, corres-
pondentes a processos completos,
segundo o MEC.
As condições de acesso impli-
cam que os alunos tenham menos
de 30 anos e estejam em condições
de terminar o curso antes de com-
pletar aquela idade, mas que não
tenham possibilidade de suportar
os custos.
Para este programa, patrocinado
pelo MEC e pelo Ministério da So-
lidariedade, Emprego e Segurança
Social, foi estabelecido o limite de
três mil bolsas anuais, no valor de
1200 euros cada uma, sensivelmente
o valor da propina máxima em vigor.
Bolsas Retomar com prazo alargado
Ensino superior
Alargamento até 10 de Outubro prende--se com preocupações de candidatos com documentos de prova
Já há 300 candidaturas
DANIEL ROCHA
Protestos de alunos e professores regressam hoje ao MEC
O prazo para o arranque do ano
lectivo já terminou há mais de du-
as semanas, “mas ainda há muitos
milhares de alunos sem pelo menos
alguns professores”, lamentou on-
tem o presidente da Confederação
Nacional das Associações de Pais
(Confap), Jorge Ascenção. Tal como
os representantes dos directores es-
colares, diz que “não se lembra de
uma coisa assim” e apela ao Minis-
tério da Educação e Ciência (MEC)
para que comece a preparar “já” o
início de 2015/2016.
Na manhã de hoje, alunos e pro-
fessores da Escola de Música do
Conservatório Nacional (EMCN),
acompanhados por representan-
tes de sindicatos, concentram-se em
frente às instalações do MEC para
protestar contra o atraso na coloca-
ção de docentes, que não permite o
início das aulas. Ontem, foi o presi-
dente da Câmara de Sintra, Basílio
Horta, que ameaçou ir “para a porta
do ministério” se não for resolvida a
situação no agrupamento de escolas
de Casal de Cambra, onde faltam 33
de um total de 110 professores. Na
segunda protestaram pais dos alu-
nos da escola do 1.º ciclo Aprígio Go-
mes, na Amadora, indignados com a
falta de quatro docentes do 1.º ciclo
e de três educadores de infância.
Serão apenas exemplos: “Há pro-
blemas em todos os agrupamentos,
por todo o país, nuns casos mais gra-
ves, noutros menos, que se refl ec-
tem de forma muito negativa nas
crianças e nos jovens”, confi rmou
Jorge Ascenção. Em declarações ao
PÚBLICO, insistiu que a Confap faz
“questão de ter uma postura cons-
trutiva, de confi ar quando os repre-
sentantes do MEC prometem que
tudo vai decorrer com normalidade
(como fi zeram no início de Setem-
bro) e de não tomar posições polí-
ticas”. “Mas, no início de Outubro
e no estado em que as coisas estão,
temos mesmo de expressar grande
preocupação”, disse.
Os problemas mais graves – de
falta de docentes, de psicólogos e
de assistentes sociais, entre outros
– afectam principalmente os agrupa-
mentos TEIP (Território Educativo
Pais lamentam que Outubro comece com “muitos milhares de alunos sem alguns docentes”
disciplinas desde o dia 15 — “e são
muitos milhares” — terão perdido,
no fi m desta semana, dez por cento
do tempo lectivo que lhes está des-
tinado em 2014/2015. Na escola que
dirige, em Cinfães, há muitos nessa
situação: faltam 17 professores, psi-
cólogos e assistentes sociais.
Filinto Lima, vice-presidente da
Associação Nacional de Directores
de Agrupamentos e Escolas Públicas
(ANDAEP), está a lidar directamen-
te com um problema menos grave
— aguarda por sete docentes — mas
frisa que conhece agrupamentos em
que “a situação é afl itiva”. Confessa
ainda que a sucessão de erros nos
concursos que se verifi cou este ano
não o deixa descansado em relação
à anunciada resolução do problema
da falta de docentes, com a publi-
cação das listas da Bolsa de Con-
tratação de Escola. “Tenho muito
receio de que volte a haver erro na
fórmula, no algoritmo, nos critérios,
que se levante outro ‘sururu’ e que a
instabilidade se prolongue”, disse.
Pede que, seja qual for o desfecho,
“o MEC não se deixe dormir: é pre-
ciso começar já a pensar a forma de
colocação dos professores no próxi-
mo ano lectivo”.
A direcção da Associação Nacio-
nal de Professores Contratados (AN-
VPC) e a da Federação Nacional de
Professores (Fenprof ) acreditam
que é provável que os problemas
continuem. Têm pedido ao MEC que
ordene os docentes com base, ape-
nas, na graduação profi ssional, para
evitar mais problemas e acelerar as
colocações. O MEC contrapõe que
isso resultaria no incumprimento
da lei e iria desvirtuar a especifi ci-
dade das escolas TEIP e contrato de
autonomia”.
de Intervenção Prioritária) e com
autonomia, que representam um
terço do total.
Listas até ao fi m-de-semanaNaquele tipo de estabelecimentos,
as colocações dos técnicos fazem-se
através das ofertas de escolas (uma
forma de contratação directa) e a de
uma parte dos professores através
da Bolsa de Contratação de Escola
(um concurso em que conta não só
a graduação profi ssional, mas tam-
bém critérios defi nidos pela direc-
ção escolar). O concurso para as
contratações directas, pelas escolas,
ainda estão na fase de selecção dos
candidatos; a Bolsa de Contratação
de Escola está paralisada desde dia
15, quando entraram os primeiros
2500 professores. Isto porque, se-
gundo reconheceu entretanto o
MEC, houve um erro na ordenação
dos docentes e na formulação de cri-
térios, problemas que ainda estão a
ser rectifi cados. Às 23h59 de ontem
terminou o prazo para os docentes
alterarem as candidaturas e as novas
listas, corrigidas, deverão ser publi-
cadas até ao fi m da semana.
“O que é que vai acontecer a se-
guir? Os professores que foram co-
locados de forma incorrecta aban-
donam as turmas e dão o lugar aos
novos? Não sei. O que nós, directo-
res, vamos sabendo, é pelos jornais
e pela televisão”, disse ontem Ma-
nuel Pereira, presidente da Associa-
ção Nacional de Dirigentes Escola-
res (ANDE). Lembrou que a troca
de professores na sala de aula (que
acontecerá noutros casos, já que o
MEC deu possibilidade de opção en-
tre horários a parte dos docentes)
prejudica os alunos; e que aqueles
que continuam sem aulas a algumas
Educação Graça Barbosa Ribeiro
Pais e directores de escolas dizem que não se lembram de um arranque de ano lectivo com tantos problemas
10 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
E ao 30.º dia o Citius ressuscitou nos Açores mas a Graciosa fi cou de fora
Ministério da Justiça anuncia legislação para suspender prazos processuais. Arquipélago dos Açores foi a primeira comarca onde o Citius voltou a funcionar, embora com falhas
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Ministério da Justiça continua sem avançar uma data para a normalização da plaforma informática a nível nacional
Há um mês praticamente sem funcio-
nar, a plataforma informática dos tri-
bunais — o Citius — começou ontem
a ressuscitar, embora por enquanto
apenas na comarca dos Açores e com
falhas.
“A comarca dos Açores foi a primei-
ra a fi car disponível para tratamento
informático de todos os processos”,
anunciava, à hora de almoço, uma
nota informativa do Ministério da Jus-
tiça. A informação não era, porém,
totalmente correcta: no tribunal da
Graciosa não se conseguiu aceder ao
sistema durante o dia inteiro, como
confi rmou a juíza responsável por
aquela secção, Hortense de Matos.
“Seguir-se-á o levantamento das
restantes 22 comarcas, isoladamen-
te ou em grupos, em função da sua
dimensão. Sempre durante a noite
e aos fi ns-de-semana, para não in-
terferir com o funcionamento dos
tribunais e não causar novos cons-
trangimentos ao trabalho”, referia
a mesma nota da tutela, que dava
ainda conta de que o Ministério da
Justiça acedeu por fi m aos insistentes
pedidos de advogados e magistrados
no que diz respeito à necessidade de
suspender os prazos processuais por
causa do crash informático: “Está já
preparado um projecto legislativo
destinado a salvaguardar eventuais
problemas decorrentes dos transtor-
nos gerados”.
Mesmo fora da Graciosa regista-
ram-se vários problemas na migração
de processos. À hora de fecho dos tri-
bunais o juiz que preside à comarca
dos Açores, Moreira das Neves, dizia
que a operação tinha sido “aparen-
temente um sucesso”, embora ainda
continuassem por resolver algumas
“questões residuais”. Mas seriam, na
sua maioria, erros não relacionados
com o Citius. Uma das coisas que fa-
lhou foi a transferência electrónica
dos processos anteriores a 2000, ano
em que o Citius começou a funcio-
nar, “Têm agora de ser introduzidos
à mão, um a um”, descrevia o magis-
trado. Nos Açores são processos que
“equivalem a 1%” de todos os casos,
mas noutras comarcas como em Lis-
boa o seu número é muito maior”,
referia Moreira das Neves. “Estou
orgulhoso por a solução para esta
situação ter começado pelos Açores
e diria que até incrédulo, mas a ver-
dade é que eu fui ao sistema e vi que
está tudo a funcionar”. O juiz diz que
o maior problema de todos da co-
marca vai continuar por solucionar:
“Faltam funcionários e vai demorar
anos a resolver isso. É grave”.
Do ponto de vista dos ofi ciais de
justiça o panorama era ainda menos
cor-de-rosa. Uma dirigente sindical
explicava que nem magistrados nem
funcionários nem magistrados con-
seguiam ontem, à hora de fecho dos
tribunais, aceder a todos os seus pro-
cessos, embora a situação tivesse vin-
do a melhorar ao longo do dia.
A migração informática foi prepa-
rada em segredo. Na sexta-feira pas-
sada, fontes judiciais adiantaram ao
PÚBLICO que a operação deveria
ocorrer precisamente durante o fi m-
de-semana nesta comarca, por ser
uma das mais pequenas. Mas o Mi-
nistério da Justiça desmentiu a infor-
mação e o Conselho Superior da Ma-
gistratura também não a confi rmou.
Entre advogados e juízes a palavra
de ordem é esperar para ver. “Depois
de tudo quanto aconteceu é difícil
dar credibilidade ao ministério no
que ao Citius diz respeito”, observa
a bastonária dos advogados.
“Passei todo o dia à espera que o
sistema informático normalizasse,
mas não se conseguiu meter lá na-
da o dia inteiro”, lamentava ontem
a juíza da Graciosa. Já o ministério
de Paula Teixeira da Cruz diz que
não existe sequer na Graciosa qual-
quer tribunal, mas sim “uma sec-
ção de competência genérica, cível
e crime”, e que “todos os processos
sinalizados pela comarca dos Aço-
res foram transferidos para a Gra-
ciosa”, à excepção de um conjunto
que “aguarda decisão do Conselho
Superior da Magistratura”.
TribunaisAna Henriquese Pedro Sales Dias
Juízes reunidos, funcionários em greve
Cavaco Silva abre encontro de magistrados
Os funcionários judiciais iniciam hoje, precisamente nos Açores, uma greve por comarcas que irá
prolongar-se até ao final do mês. Cada dia útil corresponderá a uma paralisação numa das 23 comarcas (distritos) do país. Já na passada sexta-feira os oficiais de justiça tinham levado a cabo uma greve nacional, cuja adesão terá rondado entre os 80% e os 85%, de acordo com dados do Sindicato dos Funcionários Judiciais. Amanhã começa em Tróia o décimo Congresso dos Juízes
Portugueses. Organizado pela Associação Sindical de Juízes e aberto pelo Presidente da República, o encontro contará com a presença da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, estando também prevista uma intervenção do ex-presidente da República Jorge Sampaio. O presidente da Associação Sindical dos Juízes considera que o crash do Citius “ainda não foi realmente percepcionado com a gravidade que comporta” e teme que o problema possa “contaminar” a confiança dos cidadãos na justiça.
12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Anulação simples de matrículas de carros pode alimentar sucatas ilegais
Os números da reciclagem dos carros em fim de vida
Fonte: Valorcar J. Alves
Veículos abatidos(milhares)
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Sem incentivo
Com incentivo ao abate
65%
65%
68%
65%70%
100%
100% 100%
35%
35%
32% 35%30%
0% 0% 0%
Início da crise
Fim do incentivoao abate
20,0
44,9
87,782,0
78,4
50,856,8 57,8
Idade média dos veículos abatidos (anos)
15,6
16,5 16,9 16,617,3
18,118,8
19,4
2006 2008 2010 2013
Peças de maior valor são normalmente retiradas primeiroMecânicas: motores, caixas de velocidades, etc. De choque: portas, pára-choques, farolins, etc.
Materiais que resultam do desmantelamento Rendem receitas Representam custos Neutros
Baterias 15 kg
Fluido travões0,4 kg
Metais750 kg
Filtro óleo0,5 kg
Líquidorefrigeração3,6 kg
Óleos lubrificantes5,5 kg
Pneus35 kg
Catalisador3,5 kg
Vidros26 kg
Pára-choques6 kg
Peso dos materiais reutilizados ou valorizadosno total do automóvel92,7%
Dezenas de milhares de matrículas
automóveis continuam a ser cance-
ladas anualmente em Portugal “por
ordem do proprietário”, uma fi gura
legal que pode representar uma bre-
cha para a entrega de carros velhos
a sucatas ilegais.
Apesar de mudanças recentes no
Código da Estrada, esta situação
permanece como uma das pedras
no sapato do sistema de gestão dos
veículos em fi m de vida em Portugal,
implantado há uma década e que re-
gistou grandes quedas no número de
carros enviados para a reciclagem
nos últimos anos.
Cancelar a matrícula de um carro
abatido só pode ser feito mediante
a apresentação de um certifi cado a
assegurar que o automóvel foi des-
truído num centro legalmente au-
torizado. Esta norma vigora desde
2003, fruto de uma directiva euro-
também sugeriu que fosse feita uma
referência específi ca à necessidade
do certifi cado de destruição no Códi-
go da Estrada. Esta referência foi in-
cluída, mas o código manteve todos
os outros casos em que a anulação
das matrículas já era possível.
“Houve uma oportunidade de
ouro para se corrigir o problema”,
afi rma Pedro Carteiro, da Quercus.
“Contudo, a nova lei voltou a permi-
tir ‘alçapões’ que deveriam cobrir só
situações de excepção, mas continu-
am a ser utilizados abusivamente pa-
ra cancelamentos de matrículas”.
O número de veículos abatidos na
rede da Valorcar atingiu um pico em
2008, com 88 mil unidades. Caiu nos
anos seguintes, devido à crise eco-
nómica, e sofreu uma descida mais
acentuada em 2011, quando termi-
nou o incentivo ao abate de carros
velhos – que a reforma da fi scalidade
verde propõe agora que seja reintro-
duzido. Apesar de uma pequena re-
cuperação, em 2013 o número total
fi cou 34% abaixo do pico de 2008.
Cancelamentos por proprietários que apenas digam que não vão mais circular com os carros na via pública preocupam ambientalistas e gestores da reciclagem. Houve 90 mil casos destes em 2013
AmbienteRicardo Garcia
peia, com efeitos práticos em 2004.
Desde então, cerca de meio milhão
de automóveis foram destruídos pela
rede da Valorcar, a sociedade mon-
tada pela indústria para assegurar a
reciclagem dos automóveis.
O Código da Estrada prevê, porém,
outras situações em que é possível o
cancelamento de matrículas. Entre
elas, está a anulação sempre que o
proprietário alegue que não utiliza
o automóvel na via pública.
Segundo o Instituto da Mobilida-
de e dos Transportes (IMT), em 2013
houve cerca de 90 mil casos destes,
representando 36% de todas as ma-
trículas anuladas. Os cancelamen-
tos feitos “por fi m de vida” do auto-
móvel foram 112 mil, 44% do total.
A maior parte dos casos restantes
são de cancelamentos ofi ciosos por
tribunais ou câmaras
Os cancelamentos “por ordem do
proprietário” estão há anos entre as
preocupações da Valorcar e da as-
sociação ambientalista Quercus. Na
prática, argumentam ambas as enti-
dades, qualquer um pode dizer ao
IMT que não circula mais com o car-
ro na via pública e arriscar entregar
o veículo a um sucateiro ilegal. Ou
então pode utilizar este expediente
para cancelar matrículas de automó-
veis que já foram destruídos ilegal-
mente – evitando assim o pagamento
por tempo indeterminado do Impos-
to Único de Circulação, que recai so-
bre a posse do veículo. Apenas uma
fi scalização efi caz – difícil devido aos
números envolvidos – poderá evitar
tais situações. “Um cancelamento
‘por ordem do proprietário’ pode
signifi car não se ter entregue o auto-
móvel nos locais certos”, diz Ricardo
Furtado, director-geral da Valorcar.
O IMT tem um entendimento di-
ferente. “O cancelamento da ma-
trícula por ordem do proprietário
corresponde às situações em que
este, por motivos diversos, não tem
interesse na circulação normal do
veículo, sem que contudo tal facto
corresponda a um veículo em fi m
de vida”, defende a instituição, em
respostas escritas ao PÚBLICO. Ou
seja, nunca seria, nestes casos, ne-
cessário o certifi cado de destruição.
“Trata-se na prática de uma suspen-
são temporária da matrícula”. Se-
gundo as alterações ao Código da
Estrada em vigor desde Janeiro, os
carros abrangidos nestas situações
são os que passam “a ter utilização
exclusiva em provas desportivas ou
em recintos privados não abertos à
circulação”. O proprietário tem de
apresentar um requerimento, dizen-
do onde está o automóvel.
Quercus queixa-se a BruxelasA Quercus já tinha apresentado, há
dois anos, uma queixa à Comissão
Europeia, por entender que o Códi-
go da Estrada violava a directiva dos
veículos em fi m de vida – havendo,
no país, duas legislações confl ituan-
tes. Quando a revisão do código foi
discutida, em 2013, a associação am-
bientalista e a Valorcar sugeriram a
eliminação daquelas situações.
A Agência Portuguesa do Ambiente
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | PORTUGAL | 13
JORGE SILVA
Portugal tem 20% da sua população com 65 e mais anos de idade, sendo o 4.º país da UE com mais idosos
Em 2013, os funcionários públicos
que passaram à reforma tinham em
média 61 anos. Já no caso do sector
privado, os pensionistas de velhi-
ce reformaram-se um pouco mais
tarde, mas pouco: com 63 anos, em
média. Não surpreende, assim, um
outro dado estatístico, divulgado
ontem pela base de dados Pordata,
a propósito do Dia Internacional do
Idoso que hoje se assinala: apenas
47% dos indivíduos entre os 55 e os
64 anos estavam empregados no
ano passado.
Além dos 155.581 pensionistas da
Segurança Social que em 2013 esta-
vam a receber pensões por reforma
antecipada (foi o 3.º valor mais ele-
vado da última década), os restantes
repartiam-se entre os que estavam
desempregados, em formação ou
simplesmente inactivos.
“Para além das questões de sus-
tentabilidade da Segurança Social
que isso levanta”, alerta a demó-
grafa Maria João Valente Rosa, “a
sociedade não pode continuar a
Só metade dos portugueses com idades entre os 55 e os 64 anos estão a trabalhar
dar-se ao luxo de desperdiçar tan-
to capital humano com base num
simples critério administrativo que
é o da idade”.
E não se pense que a solução
chegará por via do aumento da na-
talidade. “Mesmo no cenário mais
optimista do INE e que prevê a re-
cuperação da fecundidade para os
1,8 fi lhos em média por cada mulher
em idade fértil [actualmente esta-
mos nos 1,21], os idosos em Portugal
vão passar dos actuais dois milhões
para mais de três milhões em 2060”,
lembra a também directora da base
de dados estatísticos da Fundação
Francisco Manuel dos Santos.
Pensões inferiores ao SMNNeste cenário de “inelutável enve-
lhecimento populacional”, medidas
como o aumento das contribuições
para a Segurança Social, os cortes
nas pensões ou o adiamento da ida-
de da reforma são meros paliativos.
“A questão é se, nas sociedades de
conhecimento em que vivemos, faz
sentido que as empresas continuem
a defi nir o valor dos seus trabalha-
dores em função de um marcador
que é a idade. E não faz”.
Na opinião de Maria João Valente
Rosa, o que faz sentido é que o país
reformate o seu modelo de organi-
zação social que se baliza em três
fases distintas: formação, trabalho
e reforma. “Por que é que a forma-
ção, essencial em todas as etapas da
vida, só é admitida no início da vida
dos indivíduos? Por que razão o tra-
balho não pode ser menos intenso
na fase central das nossas vidas, em
que pode haver fi lhos pequenos, e
prolongar-se até mais tarde?”, su-
gere, recuperando assim uma tese
que vem defendendo sempre que
se levanta o problema do envelhe-
cimento populacional.
“Os idosos que vamos ter em 2060
não vão ser iguais aos de hoje: vão
ser mais qualifi cados e mais próxi-
mos das novas tecnologias. Como o
envelhecimento está aí – e convém
que não esqueçamos que o facto de
as pessoas viverem mais anos é uma
conquista civilizacional importantís-
sima –, a sociedade vai ter de mudar,
não só por causa da sustentabilida-
de dos sistemas mas porque isso é
importante para a vida das pessoas
e o país vai precisar delas”, insiste.
Portugal tem 20% da sua popula-
ção residente com 65 e mais anos, o
que o torna no 4.º país da União Eu-
ropeia (EU) com maior percentagem
de idosos (18%), a seguir à Itália, Ale-
manha e Grécia. Ainda no ranking
europeu, Portugal sobressai por ser
o 7.º país com maior percentagem
de pessoas idosas a viverem sozi-
nhas abaixo do limiar da pobreza
(23,6%). Uma posição a que não será
alheio o facto de 77,9% dos pensio-
nistas de velhice da Segurança So-
cial auferirem pensões inferiores ao
salário mínimo nacional.
Dia Internacional do Idoso Natália Faria
Quase 78% dos pensionistas de velhice da Segurança Social auferiam em 2013 pensões inferiores ao salário mínimo nacional
O presidente da administração da Lu-
sa, Afonso Camões, renunciou ontem
ao cargo que ocupa na agência e será
o novo director do Jornal de Notícias,
do grupo Controlinveste, dentro de
um mês. A holding liderada por Pro-
ença de Carvalho anunciou ao fi m da
tarde o convite e disse que irá pedir
o necessário parecer ao Conselho de
Redacção daquele diário.
Afonso Camões transitara de ad-
ministrador da Controlinveste Media
para administrador da agência em
Setembro de 2005 e era desde Mar-
ço de 2009 presidente do conselho
de administração e administrador-
delegado da agência, cujo capital
maioritário (50,14%) é ainda estatal.
Tal como o PÚBLICO noticiou em
meados de Agosto, o seu nome era
um dos estudados para liderar o títu-
lo nortenho da Controlinveste após
a saída do director Manuel Tavares,
que foi ocupar o cargo de director-
geral da FC Porto Media, a empresa
que gere as áreas de negócios de me-
dia do clube. Depois do despedimen-
to colectivo que abrangeu todos os
títulos, e tal como aconteceu com o
O Jogo e sucederá com o DN, o JN se-
rá alvo de uma remodelação gráfi ca
e de conteúdos para o reposicionar
no mercado.
O gabinete da tutela disse ao PÚ-
BLICO que Miguel Poiares Maduro
foi informado à tarde e que Afonso
se manterá em funções até ao fi nal
de Outubro. “Durante este perío-
do os accionistas da Lusa terão de
Afonso Camões deixa presidência da Lusa e vai ser director do Jornal de Notícias
encontrar uma solução para a sua
substituição”, acrescenta o gabine-
te, que fez questão de salientar que
a relação entre os dois “foi sempre
muito cordial”.
Cordialidades à parte, a verdade
é que, na mensagem que enviou aos
trabalhadores, o presidente demis-
sionário não se coibiu de fazer críti-
cas à actuação da tutela em termos
fi nanceiros. Na carta, Afonso Camões
diz que sai com a consciência de que,
“apesar dos constrangimentos” fi -
nanceiros impostos pelo Governo,
a agência presta “bons serviços” e
garante “boas contas”. “Sem nunca
perdermos de vista o sentido do inte-
resse público, as obrigações contra-
tuais com o Estado e com os nossos
clientes, e a medida da nossa mis-
são, nos planos ético e profi ssional”,
acrescenta.
“Está hoje claro que a Lusa é sus-
tentável, mas o Estado não está a
pagar o custo real dos serviços pres-
tados pela agência”, aponta Camões,
que há dois anos teve que enfrentar
uma greve de quatro dias na agência,
na sequência dos cortes fi nanceiros
impostos pelo então ministro Miguel
Relvas. “Não fora o desequilíbrio fi -
nanceiro provocado por factores ex-
ternos à gestão corrente, a nossa re-
alização orçamental e os resultados
operacionais positivos já nos teriam
permitido voltar aos lucros – este ano
mesmo!”, anuncia.
É do contrato de prestação de ser-
viços ao Estado que advêm 70% das
receitas da agência. Este ano a agên-
cia recebeu 13 milhões de euros — em
2012 eram 19 milhões, mas foram
cortados no ano seguinte, mercê de
um novo contrato — incluindo o IVA.
Os restantes 30% vêm da venda de
conteúdos aos órgãos de comunica-
ção social. Este fi nanciamento estatal
“permite, em boa medida, manter
serviços claramente não-rendíveis,
mas decisivos para os objectivos da
agência”, descreve Afonso Camões,
enumerando a rede de correspon-
dentes em 29 países. Este dispositivo
de “coesão nacional” como lhe cha-
ma o presidente demissionário, “cus-
ta 10,7 milhões de euros ao Estado,
ou seja, um euro por ano, repito: um
euro por ano, a cada português.”
“Reduzi-la [a receita proveniente
do Estado] ou admitir a sua inexis-
tência anularia radicalmente esta
vertente estratégica e diplomática de
afi rmação dos interesses portugue-
ses e da lusofonia”, defende Afonso
Camões, cuja administração levou
a tutela a tribunal por ter sido corta-
da unilateralmente uma parcela do
fi nanciamento.
Comunicação socialMaria Lopes
Mantém-se no cargo até final de Outubro para que os accionistas designem um substituto. E deixa críticas à tutela pelos cortes
Afonso Camões vai liderar JN
14 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Costa deixa sem resposta as dúvidas sobre a sua continuidade na câmara
RUI GAUDÊNCIO
António Costa disse aos jornalistas que “não há nada a clarificar porque o seu mandato vai até 2017
Aos jornalistas António Costa ainda
deu algum tipo de resposta às per-
guntas sobre a sua permanência na
Câmara de Lisboa, dizendo que não
há qualquer “impedimento” a que
continue, “para já”, a exercer o seu
mandato. Pior sorte tiveram os depu-
tados da assembleia municipal, cujas
interpelações sobre o assunto foram
pura e simplesmente ignoradas pelo
ainda presidente do município.
À entrada para a reunião da assem-
bleia municipal de ontem, o vence-
dor das eleições primárias do PS ne-
gou, em declarações à comunicação
social, que houvesse algum esclare-
cimento a dar sobre a sua continui-
dade na autarquia. “Não há nada a
clarifi car. O meu mandato na câmara
municipal é até 2017, não creio que
tenha acontecido alguma coisa que
tenha constituído um impedimento
para este mandato”, disse.
“Para já exercerei o meu manda-
to, que é o que me compete fazer”,
afi rmou ainda, acrescentando que
“quando” houver “alguma coisa a
clarifi car” o fará. Como já era previ-
sível, no interior da assembleia mu-
nicipal os deputados do PSD, mas
também do CDS e do BE, voltaram
a abordar o assunto, insistindo com
António Costa para que esclarecesse
quando planeava abandonar a presi-
dência do município.
“Todos têm o direito de saber com
o que contam para o futuro da sua ci-
dade”, defendeu o social-democrata
Sérgio Azevedo, pedindo a António
Costa que clarifi casse, “sem rodeios
e sem fugas para a frente”, quando
vai abandonar a câmara. “É um es-
clarecimento pela transparência de
quem exerce cargos públicos e pela
responsabilidade que é devida aos
lisboetas”, sustentou o líder da ban-
cada do PSD.
Sérgio Azevedo criticou ainda a
“ausência” do autarca “nestes últi-
mos meses”, dizendo que ela “pre-
judicou não só o funcionamento da
sua equipa como transtornou a vida
aos lisboetas”. “A equipa ressentiu-
se com a ausência do líder, claudi-
cou, hesitou, desmontou-se”, acres-
centou, afi rmando que as primárias
do PS tiveram um “vencedor”: “A
cidade de Lisboa que, fi nalmente,
está perto de ter um presidente que
a ela se dedique a tempo inteiro.”
António Costa assistiu a todas as
intervenções e no fi nal optou por
deixar sem qualquer resposta todas
aquelas que tinham a ver com a situ-
ação criada pelas eleições do passa-
do domingo. António Costa preferiu
centrar o seu discurso na rejeição da
necessidade de portagens à entrada
de Lisboa e na insistência da oposi-
ção do município à privatização da
Empresa Geral de Fomento.
O autarca também se pronunciou
sobre o Plano de Drenagem, tema
que foi suscitado pelo BE. Sublinhou
a necessidade de a EPAL clarifi car se
vai adquirir a rede de saneamento
em baixa, através de um acordo que
incluiria a assunção pela empresa da
responsabilidade pelas obras previs-
tas naquele plano. Se isso não acon-
tecer, afi rmou, a autarquia terá de
preparar “imediatamente” uma can-
didatura ao Fundo de Coesão.
A atitude de António Costa não dei-
xou de ser criticada pelo líder da ban-
cada do PSD, que em declarações ao
PÚBLICO acusou Costa de ter criado
“um tabu que não se compreende”.
Em relação a Fernando Medina, Sér-
gio Azevedo sublinhou que o número
dois da câmara tem uma legitimida-
de “diminuída”, além de ter “muito a
provar em relação à condução políti-
ca da cidade e do executivo”.
Pelo PS, João Pinheiro acusou
a oposição de “uma tentativa de
aproveitamento político não muito
sofi sticado”, acrescentando que “o
que se perspectiva é uma mudança
tranquila”.
Já Rui Paulo Figueiredo, líder da
bancada socialista, sublinhou que,
ao contrário do que foi dito noutros
fóruns por elementos de partidos da
oposição, “não se coloca nenhum ce-
nário de eleições intercalares” e “não
existe nenhum marasmo na câmara
nem na assembleia”.
O deputado socialista considerou
ainda que Fernando Medina “será
um grande presidente de câmara,
na linha de acção de António Costa,
João Soares e Jorge Sampaio”. “Sem-
pre que o PS lidera, a câmara avan-
ça”, concluiu Rui Paulo Figueiredo,
que era apoiante de António José
Seguro e que arrancou gargalhadas
a todos os presentes quando disse
que até domingo estava “muito mais
seguro” e que depois disso todos os
militantes e simpatizantes do PS “de-
ram à costa”.
O PSD insiste em saber quando é que o autarca vai abandonar o município e diz que Fernando Medina, actual vice-presidente, tem “muito a provar em relação à condução política da cidade e do executivo”
LisboaInês Boaventura
Assembleia pediu 175 mil euros à câmara para pagar aos deputados
O orçamento de 510 mil euros para 2014 está a revelar-se pequeno
A Assembleia Municipal de Lisboa, que ontem realizou a 43.ª reunião deste mandato, foi obrigada a
pedir à câmara um reforço de verbas, que permitisse assegurar o pagamento das senhas de presença dos deputados.
Para o ano de 2014, a assembleia tinha um orçamento de 510 mil euros, valor que se revelou insuficiente. Isso mesmo foi confirmado pela presidente deste órgão autárquico, segundo o qual os 175 mil euros agora libertados pela câmara se destinam a “cobrir as despesas e senhas de presença até ao final do ano”.
Já em Agosto, em entrevista ao PÚBLICO, Helena Roseta tinha dito que iria ser necessário fazer “um reforço” do orçamento. “É inevitável. Não tem nenhuma objecção do lado da câmara.
Pelo contrário, a câmara também tem consciência da importância das decisões da assembleia para o funcionamento do município”, declarou na altura, lembrando que até esse momento a assembleia já tinha efectuado 39 reuniões, quando a lei prevê a realização de cinco sessões ordinárias por ano.
Agora a autarca explica que “em compensação houve diminuição noutros custos”, o que fez com que antes de se concretizar o reforço de 175 mil euros a dotação orçamental fosse de 475.200 euros e não de 510 mil. Assim sendo, resume Helena Roseta, “a previsão da despesa com senhas de presença até ao final do ano será de cerca de 575 mil euros”.
A presidente da assembleia municipal lembra ainda que este órgão gera, através do
aluguer do Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, “uma pequena receita”, que reverte para a câmara. Quanto ao ano de 2015, Helena Roseta antecipa que as necessidades em termos de orçamento serão idênticas às deste ano, dado que “não se prevê diminuir o ritmo dos trabalhos”.
Nesta 43.ª reunião da assembleia, foi aprovada uma proposta relativa à fixação das remunerações dos presidentes e vogais dos conselhos de administração das empresas municipais. Em declarações anteriores, o vereador das Finanças, Fernando Medina, garantiu que a proposta agora aprovada irá traduzir-se numa “redução superior a 35 mil euros/ano na despesa com a administração do conjunto das empresas municipais”.
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | LOCAL | 15
A bactéria legionella, que é conhe-
cida por provocar a doença do le-
gionário, foi localizada num reser-
vatório de distribuição de água do
concelho de Almodôvar. E não se
sabe desde quando lá está.
Na sequência de uma análise es-
pecífi ca, não obrigatória, efectua-
da pela empresa Águas Públicas do
Alentejo (APdA), entidade respon-
sável pelo abastecimento de água
em alta, ao concelho de Almodôvar,
foi confi rmada a “presença de uma
Detectada bactéria legionellana rede de abastecimentode água de Almodôvar
bactéria no reservatório da distri-
buição”, referiu ao PÚBLICO Antó-
nio Bota, presidente da Câmara de
Almodôvar.
Os pormenores desta situação
anómala chegaram ao conhecimen-
to da autarquia no fi nal da tarde da
passada sexta-feira e, “no mesmo
dia”, a população do concelho foi
informada através de edital que
tinha sido detectada a “Legionella
spp, a estirpe menos perigosa da
bactéria”. O risco a que está expos-
ta a população “não é considerado
grave pela Administração Regional
de Saúde”, garante o autarca.
João Silva Costa, administrador
executivo da AgdA, explicou ao
PÚBLICO que as análises realiza-
das “não fazem parte” do plano
de monitorização obrigatório im-
posto pela Entidade Reguladora
dos Serviços de Águas e Resíduos,
mas sim de uma campanha de des-
Saúde públicaCarlos Dias
Câmara divulgou lista de cuidados que a população deve ter, mas já informou que se trata da estirpe menos perigosa da bactéria
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das para sua autoprotecção, quais
os sintomas associados à contami-
nação, as formas de propagação/
exterminação da bactéria e quais
as medidas correctivas já em curso.
As pessoas presentes na sessão de
esclarecimento foram informadas
dos riscos associados à inalação de
partículas de água durante o banho
com chuveiro, rega por aspersão,
lavagem de automóveis, etc..
O município esclareceu as pesso-
as presentes que seria necessário
proceder “semanalmente” à purga
de toda a rede da residência e equi-
pamentos, por exemplo (termoa-
cumuladores, esquentadores, etc.)
com a abertura de todas as válvulas
e torneiras, “pelo período de 10 mi-
nutos”, para garantir a circulação da
água e evitar a sua estagnação.
Os munícipes vão ter de “rejeitar”
a primeira água dos chuveiros, por
um período “não inferior a dois mi-
A bactéria é responsável por infecções respiratórias agudas
nutos”, sempre que haja utilização
e, mensalmente, terão de tratar os
chuveiros em solução clorada “por
um período não inferior a 24 horas”,
advertiu o município em edital.
Entretanto a APdA já está a exe-
cutar trabalhos de higienização e
desinfecção dos reservatórios do
Sistema de Abastecimento de Água
de Almodôvar, que terminaram on-
tem, concluindo que a água “está a
cumprir, a 100%, os critérios de qua-
lidade das normas nacionais e euro-
peias. A APdA acrescenta que “vai
manter os níveis de desinfectante
mais elevados” até que a monitoriza-
ção que está a ser efectuada indique
que a contaminação está debelada.
Entretanto, Filipe Santos, dirigen-
te local do BE, alertou que os esclare-
cimentos sobre as consequências da
presença da bactéria na rede pública
de abastecimento “não chegaram a
todos os munícipes”.
piste levada a cabo pela empresa.
Mesmo assim, os responsáveis
autárquicos realizaram na tarde
de segunda-feira uma reunião pú-
blica, com a presença de um res-
ponsável da APdA e da Autoridade
Regional de Saúde, para indicar à
população as medidas recomenda-
SÉRIE ESPECIAL
PORTUGAL: OBJECTIVO CRESCIMENTO
CRESCIMENTO E TRANSPORTES
ESTA SEMANA
CONHEÇA A SÉRIE COMPLETA EMpublico.pt/portugal-objectivo-crescimento
TODOS OS
DOMINGOS
José da Silva Lopes, Manuela Morgado, Mário Valadas e Cordeiro Baptista são mais do que amigos. Têm a experiência e uma proposta: identificar as áreas por onde Portugal pode crescer, apesar de todas as restrições, e mostrar como lá chegar.Os textos que assinarão sempre a oito mãos são também mais do que textos de opinião: para os escreverem, ouviram gestores, economistas, especialistas e estrangeiros que conhecem bem o país. Foi assim que nasceu a série Portugal: Objectivo Crescimento.
16 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Administradores de insolvências vão passar a ser nomeados por sorteio
Jorge Calvete e Francisco Barreiri-
nhas são administradores de insol-
vência. O primeiro tem em mãos 250
processos desde o início do ano. O
segundo apenas três. O desequilíbrio
nas nomeações destes profi ssionais
que acompanham milhares de em-
presas e famílias em difi culdades
fi nanceiras está por resolver desde
2004 — ano em que foi anunciada a
criação de um sistema de escolha ale-
atório e equitativo. Dez anos depois,
e apesar de a decisão não ser consen-
sual, vai fi nalmente nascer a platafor-
ma que cumprirá a promessa.
O processo está a ser liderado pela
Comissão para o Acompanhamen-
to dos Auxiliares da Justiça (CAAJ),
criada em 2013 para fi scalizar a ac-
tividade dos administradores de
insolvência e dos agentes de execu-
ção. Contactada pelo PÚBLICO, a
CAAJ confi rmou que o sistema está
em preparação, adiantando que “o
programa informático está pronto,
estando em curso as consultas ne-
cessárias à contratualização do seu
alojamento”. A comissão, presidida
por Hugo Lourenço, adiantou que “a
apresentação aos interessados terá
lugar muito em breve”.
Na prática, vai tratar-se de uma pla-
taforma informática a que os juízes
terão acesso para escolher qual dos
cerca de 280 administradores de in-
solvência que existem em Portugal
serão destacados para os processos.
De acordo com a CAAJ, vai permitir
“registar as nomeações e efectuar o
sorteio dos processos em cada uma
das 23 comarcas da nova organiza-
ção judicial”. Cada nomeação fi cará
registada no sistema e o algoritmo
usado para sortear os processos te-
rá em conta esse registo, explicou a
comissão.
A aleatoriedade e equidade nas
nomeações é uma bandeira que a
associação dos administradores de
insolvência tem defendido nos últi-
mos anos. Até porque foi prometida
ainda em 2004, constando nos es-
tatutos destes profi ssionais desde
então. Na Lei 32/2004, de 22 de Ju-
lho, estabelecia-se que “a nomeação
a efectuar pelo juiz processa-se por
meio de sistema informático que as-
segure a aleatoriedade da escolha e
a distribuição em idêntico número
dos administradores de insolvência
nos processos”.
Deixava, no entanto, margem para
que o juiz tivesse em conta a neces-
sidade de conhecimentos e compe-
tências especiais para acompanhar
determinados casos e, com base na
remissão para o código das insolvên-
cias, a possibilidade de o administra-
dor poder ser indicado pelos deve-
dores ou pelos credores.
Demasiadas excepçõesO problema, diz o presidente da Asso-
ciação Portuguesa dos Administrado-
res Judiciais (APAJ), é que “a excepção
tornou-se a regra, existindo hoje uma
disparidade muito signifi cativa no nú-
mero de processos” atribuído a cada
profi ssional. Inácio Peres considera,
por isso, muito positiva a criação des-
te sistema, que a CAAJ tinha indicado
“que estaria pronto a 1 de Outubro
[hoje]”. Uma data que a comissão,
porém, não confi rmou.
As estatísticas da APAJ falam por si:
entre Janeiro e Agosto deste ano, dez
administradores tinham em mãos
20% dos processos de insolvência
e de recuperação – estes últimos,
uma alternativa às falências judiciais
criada em 2012, são designados por
Processos Especiais de Revitalização
(PER). E há quase 50 profi ssionais
que têm menos de cinco processos
em mãos. Só no primeiro semestre,
houve mais de dez mil insolvências
(de empresas e famílias) e PER.
Para a associação, a nova plata-
forma também poderá benefi ciar os
insolventes. “Por mais boa vontade
e organização que tenham, é difí-
cil a um administrador com tantos
processos ser célere, sobretudo em
processos que têm natureza urgente
como estes”, defende o presidente
da APAJ. Além disso, Inácio Peres
entende que o sistema irá dar “mais
transparência” aos processos, visto
que nas indicações, seja por parte do
devedor ou do credor, “podem colo-
car-se questões de imparcialidade”.
A associação não quer pôr de lado a
Comissão que fiscaliza a profissão garante que apresentação do sistema acontecerá “muito em breve”
Após dez anos de promessas, vai ser criado um sistema que permitirá distribuir os processos equitativamente pelos administradores que acompanham empresas e famílias em difi culdades
JustiçaRaquel Almeida Correia
plo), explica que “em 90% dos casos
tem sido nomeado pelos devedores
e credores”. E acredita que o novo
sistema “não vai correr bem”, ante-
vendo um acumular de pedidos de
substituição, com consequentes atra-
sos nos casos, porque nem todos os
nomeados quererão ou conseguirão
acompanhar os processos.
Francisco Areias Duarte, segun-
do na lista dos mais nomeados (com
221 processos) partilha desta opinião.
“Numa democracia evoluída, os mais
escolhidos vêm a ser, a priori, os me-
lhores. É porque devem ter algum
valor”, diz. O administrador de in-
solvência, que tem uma estrutura de
dez pessoas a trabalhar nos casos,
teme agora pelas consequências da
criação desta plataforma. “Se tiver
menos processos, é óbvio que vou
ter de despedir pessoas”.
A própria CAAJ admite que a altera-
ção no método das nomeações “po-
derá causar problemas no decurso da
transição (na medida em que algumas
estruturas se revelarão sobredimen-
possibilidade de os juízes seguirem
estas indicações, mas considera que
essa decisão deve acontecer “em ca-
sos excepcionais”.
Mais nomeados criticamNem todos têm, porém, o mesmo
entendimento. Jorge Calvete, o ad-
ministrador de insolvência que mais
processos tem em mãos (251 só este
ano entre falências judiciais e PER),
é peremptório: “Se todos forem tra-
tados de igual forma, deixarei de ser
administrador de insolvência nesse
dia”. Numa analogia ao mundo do
futebol, afi rma que “uns marcam e
outros não”, justifi cando a dispari-
dade nas nomeações com “a dedica-
ção, o empenho e as competências
de cada um”, para além da estrutura
que montaram para dar resposta aos
casos.
Calvete, que tem acompanhado al-
guns dos mais mediáticos processos
do país (os supermercados Alisuper,
a fábrica de cerveja Cintra ou o Esta-
leiro Naval do Mondego, por exem-
20%É a percentagem de processos de insolvência e de recuperação que estão nas mãos dos dez administradores com mais nomeações desde o início deste ano, de acordo com a APAJ
50Administradores de insolvência têm menos de cinco processos em mãos. E cerca de uma dezena foram nomeados para acompanhar um único caso
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | ECONOMIA | 17
DANIEL ROCHA
Tendência de baixa das taxas vai permanecer a médio prazo
As famílias portuguesas com em-
préstimos à habitação, a rever em
Outubro, vão benefi ciar de uma nova
descida nas prestações a pagar nos
próximos meses, em resultado da
queda das taxas Euribor, que estão
nos níveis mais baixos de sempre.
As recentes medidas anunciadas
pelo Banco Central Europeu (BCE),
entre as quais esteve o corte da taxa
directora para 0,05%, mínimo histó-
rico, estão na origem de nova queda
das taxas Euribor, a que está associa-
da a quase totalidade dos emprésti-
mos em Portugal.
Para além da redução da presta-
ção, que é mais expressiva nos em-
préstimos associados à Euribor a seis
meses, a melhor notícia para as fa-
mílias com empréstimos decorre da
expectativa de manutenção das taxas
de juro em níveis historicamente bai-
xos, nos próximos meses.
A refl ectir essa estabilização, o
contrato de futuros a três meses,
com vencimento em Dezembro, ne-
gociava-se ontem a 0,08%. Ou seja,
os investidores estão a admitir que
será esse o valor da taxa no fi nal do
corrente ano.
Desde o início do ano, a Euribor
a três e a seis meses, os prazos mais
utilizados em Portugal, já caíram pa-
ra um terço do valor.
A Euribor a três meses, a que estão
associados os empréstimos à habita-
ção mais recentes e os fi nanciamen-
tos às empresas, estava em Janeiro
em 0,292%. Em Setembro, esta ta-
xa fi xou-se em 0,097%. A média da
Euribor a seis meses, arredondada
à milésima, como exigem as regras
fi xadas pelo Banco de Portugal, caiu
em Setembro para 0,2%, abaixo dos
0,396% de Janeiro. Também o recuo
da Euribor a 12 meses é expressivo
desde o início do ano, passando de
0,562% para 0,362%.
O reflexo da queda da recente
das taxas Euribor, que são fi xadas
no mercado monetário através das
taxas a que um conjunto alargado de
bancos está disponível para empres-
tar dinheiro entre si, é mais expres-
sivo nos empréstimos associados ao
prazo de seis meses. Uma simulação
feita pelo PÚBLICO para um emprés-
Prestação dos empréstimos à habitação cai para o valor mais baixo de sempre
ConjunturaRosa Soares
Desde Janeiro, as taxas Euribor associadas aos empréstimos da casa já caíram para um terço do valor A taxa de inflação anual
na zona euro recuou em Setembro 0,1 pontos, para os 0,3%, face aos 0,4% de
Agosto, segundo a estimativa rápida do Eurostat.
Os dados agora divulgados fazem aumentar a pressão sobre o BCE, já que está muito abaixo da taxa de estabilização de preços, que se situa nos 2%, e é mais um indicador negativo a juntar a outros sinais de alarme, como a queda de confiança na zona euro.
O conselho de governadores reúne-se amanhã, mas apesar das declarações recentes de Mario Draghi, de que o crescimento económico vai ser “modesto” no segundo semestre, poderá não ser ainda esta semana que a instituição avance com novas medidas não-convencionais para estancar o risco de deflação e impulsionar o crescimento da zona euro. Na última reunião, o BCE reduziu as taxas de juro para o valor mais baixo de sempre, 0,05%, e pôs em acção medidas de estímulo à economia, através de um programa de compra de activos (já anunciado em Junho mas que agora tem data para começar, Outubro), que incide sobre instrumentos garantidos por crédito ao sector privado não-financeiro (onde se incluem activos imobiliários).
Os dados provisórios da inflação divulgados pelo Eurostat mostram que o sector dos serviços foi o que registou uma taxa de inflação mais elevada, de 1,1%, embora em desaceleração face a 1,3% de Agosto. Seguiu-se a alimentação e as bebidas alcoólicas e tabaco. O maior contributo negativo veio da evolução dos preços da energia (-2,4%, contra -2,0% de Agosto). Sem a alimentação e energia, a taxa de inflação teria ficado em 0,7%. Ainda assim, abaixo de Agosto, que, sem as duas categorias, se situou em 0,9%. R.S.
Inflação da zona euro recuou em Setembro para 0,3%
timo de 150 mil euros, pelo prazo de
30 anos, com um spread de 0,7%, e
tendo por base a Euribor a seis me-
ses, corresponde a uma prestação
mensal de 475,60 euros. Face à últi-
ma revisão, há seis meses, a presta-
ção cai 14,28 euros.
Nos contratos associados à Euribor
a três meses, o que implica revisões
da taxa a cada três meses, a redu-
ção será menor. Com a nova taxa,
a prestação corresponde a 468 eu-
ros, menos 6,8 euros face à última
revisão.
A descida das prestações é mais
expressiva nos empréstimos mais
antigos, a que estão associados, pelo
menos numa grande maioria, spre-
ads (margem comercial do banco)
mais baixos. Os contratos mais re-
centes têm spreads mais altos, que
atenuam a descida da prestação.
A manutenção das taxas de juros
nos empréstimos mais antigos tem
ainda outra vantagem, a de aumen-
tar a componente de amortização
de capital, o que vai atenuar o im-
pacto de futuros aumentos da Euri-
bor. O cenário de aumento expres-
sivo das taxas de juro do mercado
monetário parece afastado em 2015
e 2016, e alguns analistas admitem
mesmo um cenário de baixas taxas
de juro na zona euro, não necessa-
riamente nos níveis actuais, até ao
fi nal de 2017.
Essa perspectiva de juros baixos
decorre das fracas previsões de
crescimento para os próximos anos.
Os últimos indicadores — queda da
confi ança, queda da infl ação, au-
mento do desemprego na Alemanha
— reforçam esse pessimismo.Fonte: PÚBLICO/Reuters
Euribor a descer
0,2
0,3
0,4
0,5
Janeiro Setembro
Média mensal da Euribor a seis meses, arredondada à milésima, em %
O,2
sionadas para o número de processos
sorteados e outras subdimensiona-
das”. Ainda assim, não recua na in-
tenção. É que, no extremo oposto de
administradores de insolvência como
Jorge Calvete e Francisco Areis Du-
arte, estão profi ssionais como Fran-
cisco Barreirinhas, que foi nomeado
para apenas três casos desde o início
do ano. “Agora fi camos todos em pé
de igualdade”, remata.
O PÚBLICO questionou o Ministé-
rio da Justiça sobre o tema, mas não
obteve resposta a todas as questões
— nomeadamente ao pedido de con-
fi rmação sobre o arranque do novo
sistema. A tutela de Paula Teixeira da
Cruz referiu apenas que, “conside-
rando que este estatuto conta com
pouco mais de um ano de vigência,
afi gura-se ainda prematuro retirar
conclusões sobre o novo regime de
nomeação dos administradores judi-
ciais. Não obstante, pela importância
que esta temática reveste, será uma
das questões que o Ministério da Jus-
tiça irá avaliar”.
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
18 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
REUTERS
FMI diz que a Alemanha não está a corrigir os desequilíbrios externos
Os desequilíbrios mundiais ao nível
das contas externas reduziram-se
de forma muito signifi cativa desde
o início da crise fi nanceira interna-
cional, mas subsiste uma excepção:
os países da zona euro com elevados
excedentes, muito especialmente a
Alemanha.
A análise é feita pelo Fundo Mo-
netário Internacional nos capítulos
analíticos do seu relatório semestral
sobre a economia mundial publica-
dos ontem.
O FMI destaca três zonas do globo
onde, antes da crise, se verifi cavam
desequilíbrios elevados — tanto sob
a forma de défi ces externos pronun-
ciados, como de excedentes exter-
nos exagerados —, mas que agora
apresentam uma situação muito
mais saudável. Nos Estados Unidos,
estima o Fundo, o défi ce externo dos
Estados Unidos, em percentagem do
PIB mundial, foi reduzido a menos
de metade. De forma ainda mais
rápida, os países com défi ces eleva-
dos da zona euro (como Portugal)
passaram a registar excedentes. E
os países asiáticos com elevados ex-
cedentes, como a China e o Japão,
reduziram também de forma signi-
fi cativa o seu saldo positivo com o
exterior.
Olhando para os dois principais
actores destes desequilíbrios, pode-
se verifi car que, em percentagem do
PIB de cada país, o défi ce externo
dos EUA passou de 5,8% para 2,4%,
enquanto o excedente da China caiu
de 8,3% para 1,9%.
Diferentes caminhosA tendência, no entanto, não foi
universal. O FMI avisa que “os de-
sequilíbrios continuam a ser eleva-
dos entre as economias exceden-
tárias europeias”. A Alemanha é
o grande exemplo. Ultrapassou a
China como o país do mundo com
o maior excedente externo em ter-
mos absolutos, com um valor total
equivalente a 0,37% do PIB global.
Em percentagem do PIB alemão,
este indicador passou de 6,3% pa-
ra 7,5%.
O FMI aconselha estas economias
como a Alemanha a “tomar passos
para reequilibrar o crescimento, in-
cluindo em alguns casos através da
subida do investimento público”.
Um dos problemas associado à
existência de países com elevados
excedentes como a Alemanha, é
que, para os países com défi ces e
dívidas externas elevadas, fi ca mais
difícil corrigir a sua situação. Por
exemplo, se a Alemanha não con-
sumir mais, Portugal tem mais di-
fi culdade em fazer crescer as suas
exportações, a melhor forma que
tem de assegurar uma correcção
duradoura da sua balança com o
exterior.
Esta questão é, para o FMI, deci-
siva, uma vez que a correcção re-
gistada nos últimos anos no défi ce
dos países da periferia europeia não
pode ser ainda considerada como
uma tendência sustentável. O Fundo
lembra que “uma grande parte do
ajustamento nos desequilíbrios foi
conseguida graças a uma redução da
procura nos países defi citários”. Foi
o que aconteceu em Portugal, onde a
redução dos salários e o aumento do
desemprego fez diminuir o consumo
e o investimento, o que, por sua vez,
fez cair as importações e, assim, o
défi ce externo.
Problema da periferia A correcção do défi ce externo feita
desta forma tem inconvenientes: “O
papel signifi cativo de uma procura
mais fraca e dos diferenciais no cres-
cimento nos desequilíbrios globais
tem estado associada em muitas eco-
nomias com custos elevados, sob a
forma de desequilíbrios internos
crescentes.”
Aumenta também o risco de que
a melhoria do saldo com o exterior
não seja sustentada. “O alargamen-
to dos desequilíbrios internos, ao
mesmo tempo que os desequilíbrios
externos diminuíam, criou a preocu-
pação de que, sem novas mudanças
no perfi l da despesa, os desequilí-
brios externos possam outra vez
alargar-se, assim que os output gaps
[a diferença entre o estado actual da
economia e o que poderia ser com o
aproveitamento de todo o seu poten-
cial] se fecharem”, afi rma o FMI.
O Fundo diz que esse pode ser
particularmente o caso dos países
da periferia europeia, como Portu-
gal. Os conselhos dados são, con-
tudo, iguais aos dados no início do
programa da troika: “consolidação
orçamental” e “reformas estrutu-
rais”.
FMI, liderado por Lagarde, aconselha economias como a Alemanha a subir o investimento público
Fundo Monetário Internacional aconselha economia alemã a reduzir os seus excedentes e avisa que a correcção dos défi ces externos em países como Portugal pode não ser sustentável
Economia mundial Sérgio Aníbal
FMI quer mais investimento público em infra-estruturas
Conhecido por ser o organismo internacional que mais defende uma política de prudência orçamental,
o FMI advoga agora, perante o cenário de crescimento lento que se vive no globo, que chegou a hora de apostar no investimento público em infra-estruturas como a forma de relançar as economias. Para o FMI, “a hora é a certa para um esforço adicional ao nível das infra-estruturas”. E explica porquê: “Os custos dos empréstimos estão baixos, a procura é fraca nas economias avançadas e há entraves ao nível das infra-estruturas em muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento.” No relatório, o FMI discute a questão que mais vezes se coloca quando se fala de investimento público: será que o seu efeito positivo na economia compensa o aumento do nível de endividamento a suportar pelo Estado? O FMI
considera que sim, se algumas condições forem cumpridas.
Em primeiro lugar é preciso que as taxas de juro estejam baixas e que um país registe uma falha de procura que esteja a limitar o crescimento da economia. Na actual conjuntura, é isso que sucede na maior parte das economias avançadas. Depois é necessário que se saiba muito bem que infra-estruturas são de facto precisas e qual a melhor forma de as fazer. “Para economias com necessidades de infra-estruturas claramente identificadas, onde os processos de decisão do investimento público são eficientes e onde existe uma falta de procura e de estímulo monetário, existem argumentos fortes para aumentar o investimento público em infra-estruturas”, conclui o FMI.
O fundo vai ainda mais longe e diz que os dados registados em economias avançadas “sugerem que um aumento do
investimento público financiado por dívida pode ter um efeito mais forte no PIB do que um investimento que seja neutral do ponto de vista orçamental, com ambas as opções a garantir reduções semelhantes no rácio de dívida no PIB”. Ainda assim, deixa avisos, alguns dos quais se podem aplicar a Portugal, onde o FMI tem vindo a defender nos últimos anos uma política de forte contenção orçamental, incluindo no investimento. “Não se pode interpretar isto como uma recomendação sem limites para um investimento baseado na dívida em todas as economias avançadas, uma vez que reacções adversas dos mercados — que podem ocorrer em alguns países já com um elevado nível de dívida pública ou onde os retornos do investimento em infra-estrutura seja incerto — podem aumentar os custos de financiamento e subir ainda mais a pressão na dívida.
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | ECONOMIA | 19
Bolsas
PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2014
PSI 20 INDEX 0,62 5740,50 330367923 5734,23 5775,95 5712,88 -3,13 -12,48ALTRI SGPS SA 3,04 2,31 587713 2,24 2,34 2,22 -7,90 2,95BANIF SA 1,27 0,01 77027364 0,01 0,01 0,01 -7,06 -23,81BANCO BPI SA -1,7 1,67 2732788 1,71 1,73 1,66 3,34 37,50BCP 1,07 0,10 226115209 0,10 0,10 0,10 -2,57 7,31CTT CORREIOS 0,42 7,70 579010 7,67 7,75 7,62 0,43 37,66EDP 0,76 3,46 7254716 3,44 3,48 3,44 -0,15 29,40EDP RENOVÁVEIS 1,46 5,49 455607 5,40 5,49 5,37 -2,75 42,19GALP ENERGIA -0,39 12,87 1192925 12,94 13,05 12,87 -4,30 8,02IMPRESA SGPS 1,58 1,16 72784 1,15 1,16 1,15 -5,47 6,24J. MARTINS SGPS -0,92 8,72 1221746 8,78 8,91 8,66 -5,49 -38,67MOTA-ENGIL 4,43 5,11 517825 5,05 5,13 4,96 -4,76 18,30NOS SGPS SA 1,9 4,77 1367825 4,74 4,80 4,65 -0,95 -11,59PT 0,42 1,67 5245564 1,67 1,70 1,64 -6,17 -47,28PORTUCEL 5,06 3,15 443925 3,03 3,18 3,03 -5,30 8,38REN 0,79 2,67 687199 2,65 2,69 2,64 -1,34 19,30SEMAPA 1 9,70 51268 9,73 9,84 9,59 -6,59 19,11TEIXEIRA DUARTE 1,18 0,86 26052 0,84 0,86 0,84 -4,08 -3,82SONAE 0,79 1,15 4788403 1,14 1,15 1,13 -5,24 9,44
O DIA NOS MERCADOS
Acções
Divisas Valor por euro
Diário de bolsa
Dinheiro, activos e dívida
Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares
MercadoriasPetróleoOuro
ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos
Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses
Euribor 6 meses
Portugal PSI20
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Obrigações 10 anos
Mais Transaccionadas Volume
Variação
Variação
Melhores
Piores
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Europa Euro Stoxx 50
BCP 226.115.209Banif 77.027.364EDP 7.254.716PT 5.245.564Sonae 4.788.403
Portucel 5,06%Mota Engil 4,43%Altri SGPS SA 3,04%
Banif -2,47%PT -1,83%Mota-Engil -1,51%
Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço
3,00
3,25
3,50
3,75
4,00
1,2630,7789138,51
3,10691,2053
0,083%0,184%
94,341210,5
0,472%3,165%
PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones
Variação dos índices face à sessão anterior
2900
3000
3100
3200
3300
4800
5550
6300
7050
7800
0,1700
0,2275
0,2850
0,3425
0,4000
0,62%1,22%
-0,08%
RAQUEL ESPERANÇA
Secretário de Estado Agostinho Branquinho enviou proposta
O Governo vai clarifi car as regras de
acesso ao Fundo de Garantia Salarial
(FGS), passando a abranger os traba-
lhadores de empresas com proces-
sos de recuperação aprovados ou em
Processo Especial de Revitalização
(PER). Em causa estão, de acordo
com os números apresentados pe-
la CGTP e pela UGT, perto de 6000
pessoas com salários ou compensa-
ções em atraso e que não podiam
recorrer a um mecanismo criado,
precisamente, para fazer face às di-
fi culdades dos trabalhadores quando
as empresas estão em situação eco-
nómica difícil.
A solução, há muito reclamada pe-
los parceiros sociais, consta de uma
proposta enviada ontem pelo secre-
tário de Estado da Segurança Social,
Agostinho Branquinho, aos sindica-
tos e às confederações patronais.
O documento a que o PÚBLICO te-
ve acesso adapta o regulamento do
FGS aos novos mecanismos de viabi-
lização de empresas em difi culdades,
pondo fi m a um problema que se co-
locava desde 2012. Como o FGS não
tinha sido adaptado ao novo enqua-
dramento, os serviços da Segurança
Social estavam a recusar os requeri-
mentos dos trabalhadores, sempre
que se tratava de uma empresa em
difi culdades que recorria ao PER ou
que tinha um plano de recuperação
aprovado. Em algumas situações, os
funcionários foram mesmo obriga-
dos a devolver os montantes pagos
pelo fundo e há casos a correr nos
tribunais a contestar a interpretação
que a Segurança Social estava a fazer
das regras de acesso ao FGS.
O entendimento dos serviços era
que, no caso das empresas em PER
ou com planos aprovados pelos cre-
dores, as dívidas aos trabalhadores
deviam ser pagas no âmbito desses
planos, não cabendo ao FGS avan-
çar com o dinheiro. Do outro lado
estavam os sindicatos e alguns ad-
vogados que destacavam a falta de
coerência dos serviços: o FGS era ac-
cionado quando uma empresa era
declarada insolvente e encerrava,
mas recusava-se a pagar os créditos
de uma empresa em recuperação.
Numa das primeiras sentenças a con-
Trabalhadores de empresas em recuperação com acesso ao Fundo de Garantia Salarial
ta. Actualmente o fundo tem de deci-
dir em 30 dias (embora na realidade
os trabalhadores tenham de esperar,
em média, seis meses até verem o
seu pedido aprovado ou recusado)
e no futuro passam a ser 60.
Ao mesmo tempo, faz-se uma ar-
ticulação entre o FGS e os fundos de
compensação do trabalho criados
recentemente e que têm competên-
cias semelhantes no que respeita ao
pagamento de compensações por
despedimento.
A proposta do Governo transpõe
ainda uma directiva europeia rela-
cionada com a protecção dos traba-
lhadores quando uma empresa entra
em insolvência noutro Estado-mem-
bro. Assim, o FGS passa a abranger
os trabalhadores que exerciam a sua
actividade em território nacional ao
serviço de uma empresa com acti-
vidade em dois ou mais Estados da
União Europeia e que foi declarada
insolvente por um tribunal de outro
Estado-membro.
O FGS é gerido pelo Instituto de
Gestão Financeira da Segurança So-
cial e foi criado com o objectivo de
assegurar aos trabalhadores o paga-
mento de créditos resultantes do con-
trato de trabalho ou da sua cessação
quando as empresas não os podem
pagar, por estarem em insolvência
ou numa situação económica difícil.
Em causa estão salários, subsídios de
férias, de Natal ou de alimentação e
indemnizações por cessação do con-
trato. O fundo paga parte destes cré-
ditos, para fazer face às necessidades
imediatas dos trabalhadores nestas
circunstâncias, e torna-se credor da
empresa. Um dos problemas do fun-
do, que é alimentado por verbas do
Orçamento do Estado, é a baixa taxa
de recuperação das dívidas junto das
empresas e que rondará os 6%.
denar a Segurança Social a pagar aos
trabalhadores, e que foi noticiada pe-
lo PÚBLICO, o Tribunal Administrati-
vo e Fiscal de Almada argumentava
que o recurso ao fundo não podia ser
indeferido pela “mera promessa de
pagamento” prevista num plano de
recuperação.
Agora, a proposta de diploma diz
claramente que, além das empresas
declaradas insolventes pelo tribunal
ou em processos de recuperação me-
diados pelo IAPMEI, passam também
a ser abrangidas as situações em que
a empresa está em “insolvência me-
ramente iminente”. Ou seja, as que
têm um PER ou as que têm planos
aprovados pelos credores.
Os problemas já tinham sido abor-
dados por diversas vezes nas reuni-
ões do conselho de gestão do FGS
e, em Julho, foram colocados em ci-
ma da mesa pela CGTP e pela UGT
durante uma reunião da Comissão
Permanente de Concertação Social.
Na altura, o secretário de Estado
mostrou-se disponível para analisar
o problema e comprometeu-se a par-
ticipar na reunião do FGS marcada
para ontem de manhã.
Contudo, Agostinho Branquinho
acabou por não comparecer. Mais
tarde, fonte do Ministério do Empre-
go e da Segurança Social justifi cou a
ausência com “questões relacionadas
com problemas de comunicação”,
mas garantiu que está agendada para
8 de Outubro uma reunião extraordi-
nária do conselho de gestão do fun-
do, onde o assunto será abordado.
As mudanças previstas na proposta
de decreto-lei não fi cam por aqui. A
proposta alarga de nove meses para
um ano o prazo para os trabalhado-
res poderem requerer a intervenção
do fundo e dilata também o prazo
que os serviços têm para dar respos-
SaláriosRaquel Martins
Governo apresenta proposta para resolver o problema de 6000 trabalhadores com salários e outros créditos em atraso
20 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
A prenda de aniversário que a República Popular menos queria
O Partido Comunista Chinês celebra 65 anos da fundação da República Popular da China, mas as manifestações em Hong Kong ensombram as festividades. Os activistas prometem continuar os protestos
CARLOS BARRIA/REUTERS
Nem a chuva, nem a trovoada afastaram os milhares de manifestantes que se concentram no centro de Hong Kong
Hoje é um dia de festa para o Parti-
do Comunista Chinês, que assinala
o 65.º aniversário da fundação da
República Popular. Mas quando em
Pequim, o Presidente, Xi Jinping, es-
tiver a assistir às festividades, a sua
mente irá estar certamente a mais
de dois mil quilómetros, em Hong
Kong — palco de um dos maiores de-
safi os ao poder em vigor na China
nas últimas décadas.
Nas imediações da sede do go-
verno local, ao início da noite de
ontem, milhares de pessoas junta-
vam-se às dezenas de milhares que
lá tinham permanecido durante o
dia e aguardava-se com expectativa
o feriado nacional. A violência da
noite de domingo — em que a polícia
lançou gás-pimenta aos manifestan-
tes, causando dezenas de feridos —
não se repetiu e o ambiente é calmo
e de solidariedade, como contou ao
PÚBLICO, a partir de Hong Kong, o
realizador português António Con-
ceição. Os correspondentes do jor-
nal The Guardian notavam a pouca
presença policial durante o dia.
À medida que a noite se aproxima-
va, cada vez mais pessoas se junta-
vam no bairro de Admiralty, onde
se situa a sede do governo local. E
nem a chuva ou a trovoada que se
fi zeram sentir afastou os manifes-
tantes, que foram trazendo comida
e materiais para fazerem barreiras
de protecção, indicando que não há
planos para que a concentração seja
desfeita tão cedo.
Apesar de muito jovens — António
Conceição diz ao PÚBLICO que mui-
tos nem devem andar na faculdade
—, a tenacidade dos manifestantes
é inabalável. “Passámos mais de
uma semana ao sol e a resistir ao
gás-pimenta, podemos suportar a
chuva. Nada nos pode deter”, dizia à
AFP Choi, um estudante no primeiro
ano da universidade. Ao Guardian,
Lester Shum, líder de um dos movi-
mentos estudantis, disse não ter me-
do nem da polícia antimotim nem
do gás lacrimogéneo. “Não vamos
sair até [o chefe do governo] Leung
Chun-ying se demitir”, garantiu.
O próprio Leung admitiu, durante
um discurso, citado pelo South Chi-
na Morning Post que as manifesta-
reivindicação mais imediata dos
manifestantes, poderia assistir a
um enfraquecer do protesto. No en-
tanto, a saída do chefe do executivo
iria provocar o regresso ao regime
eleitoral anterior, o que poderia in-
cendiar os ânimos dos movimentos
pró-democráticos.
Xi poderia ainda acomodar os
desejos das ruas e estabelecer um
comité representativo das várias
sensibilidades políticas de Hong
Kong para a escolha dos candida-
tos às próximas eleições, em 2017.
Finalmente, há a possibilidade de
Pequim nada fazer, ou seja, man-
ter o rumo que tem previsto para o
processo eleitoral e apenas esperar
que o protesto não alastre a outras
zonas de Hong Kong e que acabe por
esmorecer.
“Nenhuma das opções é muito
atractiva para a liderança chinesa”,
avisa Elizabeth Economy, do Council
for Foreign Relations, uma vez que
“todas elas vêm com custos políti-
cos e económicos não insignifi can-
tes”. A mesma leitura é partilhada
por Larry Diamond, especialista da
Universidade de Stanford, que no-
ta que qualquer estratégia pacífi ca
requer negociações, o que obrigaria
Xi Jinping a fazer concessões. “Se
isso acontecer, ele iria parecer fra-
co, algo que claramente detesta”,
acrescenta Diamond, citado pelo
New York Times.
No centro de Hong Kong, entre-
tanto, ninguém sabe bem o que vai
acontecer depois do feriado nacio-
nal ou se aquilo por que estão a lutar
irá realmente chegar. O espírito do-
minante é sintetizado por António
Conceição: “Só o facto de isto estar
a acontecer já é uma grande vitória
e irá certamente ter consequências
no futuro, seja próximo ou mais
distante.”
Hong KongMaria João Guimarães e João Ruela Ribeiro
ções vão durar “um tempo relativa-
mente longo”. As ruas pedem a sua
demissão imediata, mas o dirigente
reafi rmou que pretende manter-se
no cargo: “Qualquer mudança de
pessoal antes que a instituição do
sufrágio universal seja alcançada irá
apenas permitir que Hong Kong con-
tinue a eleger o seu líder através do
modelo do comité eleitoral.”
O responsável referia-se à reforma
eleitoral aprovada em Agosto, que é
também um dos alvos das reivindi-
cações dos manifestantes. A nova lei
veio introduzir o sufrágio universal
para o líder do território autónomo,
mas as candidaturas têm de ser pre-
viamente aprovadas por um comité
próximo de Pequim, algo que, ale-
gam os manifestantes, impede uma
escolha verdadeira.
Para já, o Governo de Pequim
mantém “a total confiança” e o
“apoio incondicional” à gestão de
Leung, de acordo com um porta-voz
do Gabinete do Conselho de Esta-
do para Hong Kong e Macau, cita-
do pelo SCMP. Esta é, porém, uma
posição que pode mudar consoante
o rumo dos acontecimentos e, em
última análise, da leitura que Xi fi zer
dos protestos.
Vários analistas avançam pos-
síveis cenários para o Presidente
chinês lidar com a revolta em Hong
Kong. Um deles é a repressão vio-
lenta dos protestos, possivelmente
através do recurso ao Exército de
Libertação Popular. Esta é, para já,
uma hipótese pouco provável, não
só pela péssima repercussão inter-
nacional que teria, mas também pe-
la importância de Hong Kong como
praça fi nanceira de grande relevo,
estatuto que Pequim não quererá
perder. A demissão de Leung é uma
perspectiva mais realista do ponto
de vista de Xi, que, ao cumprir a
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | MUNDO | 21
A troca de prisioneiros era uma das medidas previstas no acordo
A União Europeia (UE) decidiu on-
tem manter as sanções à Rússia por
causa da crise na Ucrânia, apesar dos
“desenvolvimentos encorajadores”
após o acordo de cessar-fogo assina-
do no dia 5 de Setembro.
As violações da trégua, em parti-
cular na região de Donetsk, levaram
os embaixadores da UE a afi rmarem
que “algumas partes relevantes do
protocolo precisam de ser devida-
mente aplicadas”, antes que se possa
discutir o levantamento das sanções
aplicadas à Rússia, disse Maja Koci-
jancic, porta-voz da ainda responsá-
vel pela política externa da UE, Ca-
therine Ashton.
“Ninguém falou sequer sobre essa
possibilidade, devido à situação no
terreno”, disse à Reuters um respon-
sável da UE não identifi cado. Ofi cial-
mente os líderes europeus falam em
“desenvolvimentos encorajadores”,
mas insufi cientes para permitirem
um alívio ou o fi m das sanções.
Para além disso, o futuro respon-
sável pela política de alargamento
da UE, Johannes Hahn, deixou cla-
ro ontem, durante a sua audição no
Parlamento Europeu, que qualquer
mudança em relação à Rússia “de-
pende da restauração da soberania
territorial da Ucrânia”.
Maja Kocijancic referiu-se espe-
cifi camente aos acordos de Minsk,
celebrados entre representantes
União Europeia mantém sanções contra a Rússia
das autoridades de Kiev e dos se-
paratistas pró-russos, nos dias 5 e
20 de Setembro. O principal ponto
do primeiro acordo foi um cessar-
fogo imediato; na ronda de nego-
ciações seguinte, as duas partes
acordaram o estabelecimento de
uma zona desmilitarizada de 30
quilómetros.
Apesar da existência de combates
esporádicos — os mais graves na zona
do aeroporto de Donetsk, de onde os
separatistas tentam expulsar solda-
dos do Exército ucraniano —, o ces-
sar-fogo e o lento recuo do armamen-
to pesado de ambas as partes têm
contribuído para um menor número
de mortes nas últimas semanas.
As sanções da UE — que se juntam
às dos EUA e às de países como a Aus-
trália, a Noruega e o Japão — foram
aplicadas pela primeira vez na se-
quência da anexação da península
ucraniana da Crimeia pela Rússia,
em Março. Desde Março, a UE e os
EUA aprovaram três rondas de san-
ções, começando com a proibição de
viagens e congelamento de bens nos
seus territórios de cidadãos russos e
ucranianos acusados de terem con-
tribuído para a crise na Ucrânia.
Em Abril, as sanções foram alar-
gadas a algumas empresas russas,
e em Julho chegaram a alguns dos
gigantes dos principais sectores
da economia da Rússia, como a
Rosneft, a Novatek ou o banco Ga-
zprombank. Já em Setembro, os
EUA incluíram também na sua lista
de sanções o maior banco russo, o
Sberbank, e uma das maiores em-
presas de armamento, a Rostec.
Em Agosto, Moscovo baniu a im-
portação de produtos alimentares de
países da UE, dos EUA, da Noruega,
do Canadá e da Austrália durante
um ano.
MARKO DJURICA/REUTERS
UcrâniaAlexandre Martins
Bruxelas considera que falta ainda cumprir algumas partes importantes dos acordos assinados entre Kiev e os separatistas
O aumento do número dos que mor-
rem afogados no Mediterrâneo, ao
tentarem chegar à Europa, não é
apenas o resultado do agravamento
da instabilidade no Médio Oriente,
nem da degradação da situação na
Líbia. É também efeito das políticas
europeias, denunciou a Amnistia In-
ternacional, que defende um reforço
dos meios de busca e salvamento.
Desde o início do ano, mais de
2500 pessoas provenientes do Nor-
te de África morreram afogadas ou
desapareceram no Mediterrâneo, se-
gundo uma estimativa da organiza-
ção de defesa dos direitos humanos,
constante de um relatório divulgado
ontem. Na véspera a Organização In-
ternacional para as Migrações calcu-
lou em mais de três mil o número
de mortos no mar entre a África e a
Europa, desde Janeiro.
“Não conheceremos nunca o nú-
mero exacto de vítimas, porque mui-
tos dos corpos fi cam desaparecidos
no mar”, constata a Amnistia, que
acusa a União Europeia de passivida-
de e associa o aumento do número
de imigrantes mortos no mar ao pro-
gressivo encerramento das fronteiras
terrestres e à falta de vias legais e se-
guras para a entrada de imigrantes
e refugiados.
A divulgação do relatório Vidas à
deriva. Refugiados e migrantes em pe-
rigo no Mediterrâneo acontece quan-
do passa um ano sobre a morte de
cerca de 400 mortos ao largo da ilha
italiana de Lampedusa.
A Amnistia aplaude o esforço da
Itália, que lançou a operação Mare
Nostrum e destacou uma importante
parte da sua Marinha para operações
de busca: “Em 2014, mais de 130 mil
refugiados e migrantes atravessaram
ilegalmente as fronteiras meridionais
da Europa por mar. Foram pratica-
mente todos apoiados pela Marinha
italiana.”
Mas a Itália já anunciou a intenção
de pôr fi m à operação, em Novem-
bro. A Comissão Europeia anunciou
que planeia lançar a denominada
“operação Triton”. Mas fonte euro-
peia citada pela AFP disse que seria
um “complemento, não uma substi-
tuição” da Mare Nostrum.
Amnistia pede meios para salvar imigrantes
MediterrâneoJoão Manuel Rocha
“Não conheceremos nunca o número exacto de vítimas, porque muitos dos corpos ficam desaparecidos no mar”
Um dia depois da suspensão do re-
ferendo soberanista catalão pelo
Tribunal Constitucional (TC), a situ-
ação política continua marcada pela
incerteza. Os analistas catalães não
escondem o seu cepticismo sobre a
possibilidade de realização da con-
sulta e também não mostram grande
optimismo sobre uma revisão cons-
titucional a curto prazo. A “terceira
via”, um novo pacto político que con-
temple uma parte das reivindicações
catalãs, não se anuncia fácil.
O governo de Barcelona, presidi-
do por Artur Mas, anunciou ontem
a suspensão da sua “campanha ins-
titucional” para a consulta de 9 de
Novembro (9-N) sobre a soberania
da Catalunha, a título “cautelar e
temporário”. Respeita formalmente
a decisão TC. Ao mesmo tempo, pro-
mete “promover iniciativas legais
destinadas a permitir que os cida-
dãos possam votar no 9-N, “porque
a partida não acabou, muito pelo
contrário”. Por sua vez, a Assem-
bleia Nacional Catalã (ANC), a or-
ganização unitária suprapartidária
que tem dinamizado a campanha
soberanista, apelou aos cidadãos
para que protestem nas ruas.
Francesc Homs, conselheiro (mi-
nistro) da presidência e porta-voz
do governo catalão, anunciou que
o gabinete de Mas e o parlamento
autonómico apresentarão alegações
Suspenso o referendo catalão, procura-se um pacto entre PP e PSOE
junto do TC em defesa da constitu-
cionalidade da “lei das consultas”,
aprovada a 17 de Setembro para dar
cobertura legal ao referendo.
O presidente do Governo, Maria-
no Rajoy, esteve no Senado. Repetiu
a argumentação da véspera. “As leis
não se violam, mudam-se.” Subli-
nhou que a Generalitat (o governo
de Barcelona) não tem competência
para convocar referendos sobre um
tema que afecta a soberania nacio-
nal. Questionado pelo PSOE sobre
uma revisão constitucional, respon-
deu: “Pode fazer-se uma reforma,
mas devemos ser prudentes.” De
resto, “reformar a Constituição não
é a prioridade do Governo”, antes a
recuperação económica.
A difícil “terceira via”A chamada “terceira via”, que tem
o apoio da maioria da população
catalã e pressupõe um pacto entre
o Partido Popular (PP) e o PSOE, é
possível, mas difícil de concretizar,
resume Enric Juliana, director ad-
junto do La Vanguardia, de Barce-
lona. Uma “reforma substantiva”
da Constituição seria mais viável
na actual legislatura, em que o PP
e o PSOE dispõem de uma maioria
superior aos dois terços necessários,
no Congresso dos Deputados e no
Senado, do que na próxima legis-
latura em que se prevê uma muito
maior dispersão partidária.
“Não será fácil obter um consen-
so depois do Natal e na véspera das
municipais. É uma via muito estrei-
ta, mas não de todo impossível. (...)
Há que dar atenção, nas próximas
semanas, às conversas entre o PP e
o PSOE por trás dos bastidores.
A estratégia de imobilismo de
Rajoy “alimenta o soberanismo
catalão”. Que signifi ca a pequena
abertura que fez na segunda-feira?
“Vem aí um 2015 muito complica-
do”, previne Juliana.
A fi lósofa Victoria Camps, pro-
fessora jubilada da Universidade
Autónoma de Barcelona, não crê
que haja uma decisão de ruptura.
“Aconteça o que acontecer, nem os
soberanistas verão realizadas as su-
as expectativas, nem os unionistas
se sentirão felizes. Que o desenlace a
todos deixe insatisfeitos não é, con-
tudo, uma má coisa. Importante é
que não haja nem perdedores, nem
ganhadores absolutos.”
Lembra que a Catalunha está divi-
dida. E avisa os soberanistas: “Não
pode ser bom, nem seguramente de-
mocrático, que metade dos eleitores
decidam construir um país estranho
à outra metade.”
CatalunhaJorge Almeida Fernandes
A questão na ordem do dia é saber se há margem para negociar uma revisão constitucional que resolva o problema da Catalunha
Manifestação em Barcelona
22 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
BULENT KILIC/AFP
Milhares de habitantes de Kobani atravessaram a fronteira nos últimos dias, refugiando-se na Turquia
A aviação aliada atacou duas posi-
ções do Estado Islâmico junto a Koba-
ni, no Norte da Síria, mas os jihadis-
tas continuam a apertar o cerco aos
guerrilheiros curdos que defendem
a cidade. Os combates estão a agra-
var a tensão junto à fronteira com a
Turquia e mostram as limitações da
ofensiva aérea liderada pelos EUA pa-
ra mudar o equilíbrio de forças, tanto
na frente síria como no Iraque.
“O Estado Islâmico está a dois ou
três quilómetros de Kobani, há ape-
nas um vale que separa os jihadistas
da cidade”, disse à AFP Rami Abdel
Rahmane, director do Observatório
Sírio dos Direitos Humanos, o mes-
mo que horas antes anunciara que
na noite de segunda para terça-feira
“a coligação americano-árabe” tinha
largado bombas sobre duas posições
dos radicais, uma a leste, a outra a
oeste da localidade.
Não foram os primeiros ataques
na zona, mas tal como os anteriores
parecem ter surtido pouco efeito so-
bre a situação no terreno. Os radi-
Ataques aéreos não aliviam cerco a cidade curdano Norte da Síria
cais conquistaram um punhado de
aldeias nos arredores e na segun-
da-feira, pela primeira vez numa
semana, os seus rockets atingiram
o centro de Kobani.
“As forças curdas estão a defender-
se com o que têm à mão para evitar
um massacre, mas, se o Estado Islâ-
mico entrar na cidade, vai destruir
tudo e chacinar a população”, disse
à Reuters, a meio da tarde de ontem,
Saleh Muslim, líder do partido curdo
sírio PYD, revelando que os pedidos
que fi zeram a americanos e europeus
para o envio de armas caíram em sa-
co roto. “A Turquia e outros países
estão a colocar obstáculos, porque
não querem que os curdos sejam
capazes de se defender sozinhos”,
afi rmou o responsável.
Apesar de a aproximação dos
jihadistas colocar em risco as suas
fronteiras, Ancara continua muito
reticente em juntar-se à coligação
internacional, receando que a sua
própria guerrilha curda saia revita-
lizada desta mobilização. Amanhã
o Parlamento turco deverá aprovar
uma moção para autorizar o Exército
a intervir na Síria e no Iraque, caso
a segurança nacional seja posta em
causa, e um jornal próximo do Go-
verno adiantou que o país colocou
dez mil soldados em alerta.
Mas responsáveis governamen-
tais disseram à Reuters que é pouco
provável que se materialize uma in-
tervenção nos países vizinhos, ex-
plicando que a Turquia continua à
espera que os EUA se comprometam
com uma estratégia política de lon-
go prazo para a região, abrangendo
tanto o derrube do regime sírio de
Bashar al-Assad como a estabilização
do Iraque.
No Iraque, as forças curdas lan-
çaram ofensivas em várias frentes,
aproveitando o desgaste provocado
pelos ataques aéreos americanos pa-
ra tentar reconquistar terreno perdi-
do para os jihadistas. Durante a tarde
anunciaram ter reconquistado Ra-
bia, cidade no Norte do país que faz
fronteira com a Síria e que tem sido
fundamental para os jihadistas trans-
portarem homens e materiais de um
país para o outro. No entanto, a AFP
garantia que continuava a haver com-
bates na zona e que os peshmergas
tinham sofrido pesadas baixas.
Os mesmos sinais de impasse che-
gam de outras zonas do Iraque, noti-
ciou o The Independent, sublinhando
que, apesar dos ataques aéreos, os
radicais continuam a uma hora de
carro de Bagdad e o Exército não tem
sido capaz de montar uma resposta
à altura da ameaça. Exemplo disso,
adianta o jornal britânico, é o Estado
Islâmico ter conquistado no dia 21
uma base às portas de Falluja (Oes-
te), depois de uma semana de cerco
sem que o Governo tenha sido capaz
de enviar reforços e munições para
a unidade, situada a pouco mais de
64 quilómetros da capital.
Estado IslâmicoAna Fonseca Pereira
Forças curdas reocupam cidade na fronteira entre o Iraque e a Síria, mas tornam-se claros os limites da campanha aérea
É o maior processo judicial aber-
to contra extremistas islâmicos na
Bélgica, o país europeu que tem,
por comparação com a sua popu-
lação, mais jihadistas a combater
na Síria e Iraque. Ao todo, são 46
arguidos acusados de pertencerem
a um “grupo terrorista” que faz apo-
logia da violência e recrutou com-
batentes para organizações como o
Estado Islâmico.
O julgamento, num tribunal de
Antuérpia (Norte) colocado sob
fortes medidas de segurança, é o
primeiro directamente relacionado
com o envio de combatentes para
a Síria, e arranca uma semana de-
pois de o Conselho de Segurança
das Nações Unidas ter aprovado
uma resolução que obriga os Esta-
dos a adoptar medidas para estan-
car o fl uxo de jovens recrutas que
nos últimos anos se juntaram aos
jihadistas.
Os serviços secretos calculam que
haja entre 12 e 15 mil estrangeiros a
combater nas fi leiras dos radicais
na Síria e no Iraque, dos quais três
mil são detentores de passaportes
europeus, e Bruxelas admite que
400 têm nacionalidade belga.
Sinal dessa mobilização é o facto
de apenas oito dos 46 arguidos te-
rem estado presentes no início do
julgamento em Antuérpia e a procu-
radoria diz ter informações de que
Grupo radicalbelga julgado por recrutar jihadistas para a Síria
os restantes estão a combater, ou
terão já morrido, na guerra da Síria.
Entre os presentes em tribunal es-
tá Fouad Belkacem, o alegado líder
do grupo Sharia4Belgium, criado
em 2010 naquela cidade do Norte
da Bélgica, com o propósito de de-
fender a instauração da lei islâmica
no país. Rapidamente se tornou co-
nhecido pelas declarações provo-
catórias e por manifestações que
terminaram em confrontos com a
polícia. Em 2012, o grupo dissolveu-
se, mas terá continuado a trabalhar
na clandestinidade, recrutando, se-
gundo a acusação, pelo menos 10%
de todos os belgas que foram com-
bater para a Síria.
Na abertura do julgamento, a pro-
curadora Ann Fransen reconstituiu
o historial do grupo, que acusou de
“incitação à violência”, de produ-
zir e divulgar vídeos de conteúdo
salafi sta, e de fazer declarações
atentatórias contra a democracia.
“O objectivo do Sharia4Belgium
é o de derrubar o Estado belga e
substituí-lo por um Estado islâmico.
A participação na luta armada [na
Síria] constitui um meio para alcan-
çar esse fi m”, afi rmou a magistrada
na segunda sessão do julgamento,
em que pediu uma pena de 15 anos
de prisão para Belkacem.
Antes do início do julgamento,
o líder radical publicou uma carta
na imprensa em que afi rma “nunca
ter recrutado, incitado ou enviado”
combatentes para a Síria.
No entanto, no banco dos réus
senta-se um jovem, agora com 19
anos, que assegura que o dirigente
radical exercia grande infl uência so-
bre aqueles que, como ele, foram
lutar contra o regime de Bashar al-
Assad. Jejoen Bontinck, um belga
convertido ao islão, passou oito me-
ses na Síria antes de ser “retirado”
pelo pai, que agora acusa o grupo
liderado por Belkacem de ter feito
lavagem cerebral ao fi lho.
O jovem acabou por ser preso na
Síria pelos radicais, que o acusaram
de ser espião, e alega ter estado de-
tido juntamente com James Foley, o
primeiro jornalista norte-americano
que o Estado Islâmico decapitou, no
mês de Agosto.
A organização jihadista divulgou,
entretanto, um terceiro vídeo de um
outro jornalista britânico que man-
tém sequestrado e que tem usado
para enviar mensagens ao Ociden-
te. Nas novas imagens, John Cantlie,
raptado há quase dois anos na Síria,
lê uma mensagem em que é criticada
a estratégia norte-americana de ata-
ques aéreos contra o grupo radical.
Terrorismo
É o primeiro processo do género na Bélgica, país que terá 400 cidadãos a combater nas fileirasdos radicais islâmicos
Bontinck esteve 8 meses na Síria
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sexta3 Outubro
Chegou o quarto filme da colecção Indie Specials: Fome. Mais do que uma biografia de Bobby Sands, o activista do IRA, que em 1981 fez greve de fome,o filme revela-nos a realidade chocante do quotidiano dos prisioneiros e o que acontece quandoo corpo e mente são levados ao limite. Não perca este filme desconcertante de Steve McQueencom a interpretação magistral de Michael Fassbender. Não perca, quinzenalmente com o Público.
24 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Guilherme BoulosContra uma “sociedade segregadora e assassina”, o “radical pode ser razoável”
Guilherme Boulos é o rosto da luta popular à esquerda de Lula e Dilma. Coordena o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que durante o Mundial protagonizou uma das acções de protesto de maior impacto internacional – a “Copa do Povo”
Taboão da Serra fi ca a
uns trinta minutos de
carro de São Paulo.
Desorganizada e
“lotada”, como
se esperaria de
uma localidade
periférica num país
tão desigual como
o Brasil, a cidade é
progressivamente mais modesta à
medida que nos vamos afastando
da capital estadual. Jardim Salete
fi ca quase no fi m do caminho,
quase em Embu das Artes. É um
bairro pobre.
Mas está a melhorar. A
construção de um condomínio de
16 prédios de nove andares, que
está a chegar ao fi m, vai ajudar a
tirar muitas famílias da situação
de habitação precária em que
se encontram. O projecto é do
Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto (MTST), que ocupou o
terreno, conseguiu reivindicá-lo
junto das autoridades e a seguir se
encarregou da obra.
Quando o PÚBLICO chegou
à sede do MTST, no mesmo
bairro, os activistas — que são
também os moradores — estavam
a assistir, alguns comovidos, a
um vídeo sobre esta vitória. Uma
entre outras. Na noite anterior,
tinham ocupado outro terreno
no Morumbi, onde os receberam
com tiros para o ar. Meses antes,
durante o Mundial de futebol,
protagonizaram uma ocupação
que lhes deu ressonância
internacional — a “Copa do Povo”,
da qual saíram vencedores, terreno
na mão.
Falámos com Guilherme
Boulos, da coordenação nacional
do MTST, uma das organizações
de contrapoder mais activas no
país. Licenciado em Filosofi a pela
Universidade de São Paulo, com
32 anos, é o rosto do movimento.
Critica os governos do PT,
tanto de Lula da Silva como de
Dilma Rousseff , por não serem
sufi cientemente de esquerda. Mas
também sabe elogiar. No fundo,
imobiliária. A Constituição Federal
brasileira exige que tenham função
social. O direito à propriedade
não é absoluto. Precisa servir
à sociedade. Quando as terras
não cumprem função social,
estão numa situação ilegal. E o
movimento busca fazer cumprir
essa lei.
E a estrutura organizativa?
Tem vários tipos de coordenação
colectiva – não tem presidente. E se
esforça para construir um trabalho
colectivo, tanto na base como na
direcção, da coordenação dos
apartamentos e das ocupações às
coordenações regionais, estaduais
e nacional. São colegiados.
Boa parte dos dirigentes eram
trabalhadores sem-tecto que
entraram numa ocupação
buscando casa.
Quantos prédios ocupam neste
momento?
O MTST privilegia ocupação
de terrenos urbanos. Outros
movimentos mais locais ocupam
bastantes prédios. O número geral
de ocupações é o que ninguém
tem. Nós temos um levantamento
mínimo do número do MTST,
e mesmo nacionalmente isso
é precário. No estado de São
Paulo, temos 18. Outras cinco no
Distrito Federal [Brasília], algumas
em Fortaleza, Rio de Janeiro e
Pernambuco. A força maior é São
Paulo, Distrito Federal e Ceará.
Preocupam-se com o perfi l do
proprietário quando ocupam
terrenos?
O movimento busca combater
a especulação imobiliária. Não
vamos ocupar o terreninho do Seu
João de 500 metros quadrados,
um cara que herdou um espólio,
de classe média-baixa e família
trabalhadora – isso não faz o
menor sentido dentro da lógica
do movimento, que é combater
peixe grande. O movimento ocupa
essencialmente terreno de grandes
empresas do sector imobiliário e
da construção, que são os grandes
proprietários de terra urbana no
Brasil, e terras endividadas, que
não pagam IPTU [imposto predial
territorial urbano].
Como reagem os proprietários?
Chamam a polícia?
diz, o que quer é que se cumpra
a lei.
O que é o MTST?
É um movimento de luta por
moradia digna e reforma urbana,
que surgiu em 1997. Na época
muito ligado ao Movimento [dos
Trabalhadores Rurais] Sem-Terra,
que fez essa luta no campo. O
MTST trouxe esse debate para a
cidade. Hoje, 85% da população
brasileira é urbana. O problema da
terra da cidade se agravou muito. O
MTST surgiu com a perspectiva de
democratizar o acesso a terra e a
moradia. E ao mesmo tempo lutar
por uma nova lógica. A cidade
brasileira, e a latino-americana,
é extremamente segregada. Tem
uma separação rigorosa entre
centro e periferia, entre pobre e
rico, muros sociais muito claros.
Quem são as pessoas que
integram o movimento?
Na base, cerca de 50 mil famílias
de trabalhadores sem-tecto.
É o maior movimento urbano
do Brasil. É organizada por
ocupações de terras que estavam
sendo usadas pela especulação
EntrevistaHugo Torres
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | MUNDO | 25
No Brasil, temos um problema
sério. A Polícia Militar é
extremamente violenta e
repressiva. Nos despejos, isso
acontece de forma drástica. As
famílias, além de perderem suas
casas, são aviltadas, agredidas.
O maior cúmplice é o poder
judiciário. O judiciário consegue
ser o mais conservador dos
três poderes. O legislativo é
conservador. Assim como o
executivo. No entanto, de quatro
em quatro anos tem controlo
social. O judiciário, não. É o poder
mais elitizado e preconceituoso
do Brasil. Dá despejo
automaticamente. Não busca saber
se o proprietário exercia a função
social da propriedade. Por vezes,
nem se o cara é proprietário.
Sem querer estereotipar, que
histórias de vida se encontram
no movimento?
Tem-se uma ideia que o sem-
tecto é um morador de rua. Não
é verdade; é uma mitifi cação. O
Brasil tem 5,8 milhões de famílias
em défi ce habitacional. Mais de
20 milhões de pessoas não têm
onde morar. Não estão nas ruas.
Estão pagando aluguéis que não
conseguem mais pagar. A família
ganha 900 reais e paga 600 de
aluguel. Essa é uma situação muito
frequente. Muitas vezes têm de
optar entre pagar o aluguel ou
comprar comida. Várias famílias
moram numa única casa – de favor
em casa de parente, em cómodo
de fundo. E famílias que moram
em favelas e áreas de risco. Essa é
a condição geral das famílias que
actuam no MTST.
E você, como chegou ao
movimento?
Pela via da militância. A
proposta do movimento não
é só de moradia. O MTST luta
por uma transformação social.
Entende a moradia como um
facto importante, a luta pela
reforma urbana e a mudança das
relações de poder. Esse projecto
não é só dos sem-tecto. Há
pessoas que são militantes, que
vêem no MTST uma alternativa
importante, grande, mobilizadora.
Os partidos de esquerda, aqui e
em boa parte do mundo, estão
muito desconectados do povo.
Fazem debates muito distantes
da realidade. Entrei no MTST por
acreditar que uma transformação
social vem da base, dos
trabalhadores mais pobres e da sua
acção popular.
A sua coluna na Folha de São Paulo dá expressão adicional
ao movimento. Acha que
ajuda também a normalizar
o movimento e a retirá-lo da
marginalidade?
Há uma tentativa permanente
de desmoralização. É uma coisa
impressionante. A elite brasileira é
muito atrasada. Sequer conseguiu
viver integralmente com a
democracia. É muito autoritária,
quer da democracia o que lhe
interessa — o livre mercado,
as liberdades individuais —,
mas o direito de manifestação,
de mobilização popular, de
resistência, ainda é inaceitável.
Tem espaços como a coluna
na Folha que mostram que o
movimento não surgiu do nada
querendo destruir a todos. Ao
contrário: tem posições coerentes,
questiona as contradições
dessa sociedade e é a expressão
dessas contradições. Isso ajuda
a trazer um sector da sociedade
a uma certa solidariedade. Mas
não temos ilusões de criar um
consenso social.
Defi niria as vossas exigências
— e vontades — como
razoáveis ou radicais?
O radical pode ser razoável. As
reivindicações do MTST são mais
do que razoáveis: pedimos que
se cumpra a Constituição. Não
pedimos socialismo, revolução.
Pedimos que se cumpra a função
social da propriedade, que se
garanta o direito a moradia digna
que é assegurado no artigo 5.º
da Constituição Federal, que
se garanta as condições básicas
de igualdade que a legislação
brasileira assegura. Nada mais do
que o razoável. Realismo passa
também por ter perspectivas,
sonhos e posições radicais,
sim, porque o que está aí é uma
sociedade segregadora, assassina,
que destrói a vida de milhões em
nome da riqueza de milhares.
Falando em realismo,
argumentava recentemente
na Folha que se as famílias
morassem de facto nas casas
ou terrenos ocupados isso
acarretaria o risco de gerar
novas favelas.
Não queremos que as pessoas
saiam de uma condição de
moradia precária para ir para
outra. Queremos uma moradia
dentro de um planeamento
urbano com serviços públicos,
qualidade educacional,
uma moradia digna. Isso é
dever do Estado brasileiro. O
movimento ocupa terras para
pressionar o capital imobiliário
e o Estado, e obter programas
habitacionais regularizados, e
não a favelização. O curioso é que
a imprensa brasileira acredita
que inventou a roda quando
vai a um acampamento e diz:
“Ninguém mora aqui, isto é uma
farsa”. As pessoas não moram
de facto nas ocupações porque
a gente inclusive o impede. As
pessoas devem fi car nas suas
condições precárias, até terem
uma moradia digna. Se elas forem
para as ocupações com tudo o
que têm, não tem como frear,
como controlar esse processo de
favelização.
O que pensa sobre o programa
Minha Casa Minha Vida
[MCMV]?
É uma faca de dois gumes. Por
um lado, foi o maior programa
habitacional da história do
Brasil para moradia popular.
O Brasil não tinha nenhum
programa habitacional federal
relevante. Tinha o BNH [Banco
Nacional de Habitação], que a
ditadura militar criou e acabou
na década de 1980, e que era
NACHO DOCE/REUTERS
O movimento busca combater a especulação imobiliária. Não vamos ocupar o terreninho do Seu João
26 | MUNDO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
voltada essencialmente para a
classe média. O MCMV apareceu
com um diferencial positivo:
não é baseado na lógica de
fi nanciamento, que não atende
a quem mais precisa. 70% do
défi ce habitacional brasileiro
são famílias que ganham menos
de três salários mínimos.
Alguém que está nessa condição
não tem como comprovar
capacidade de pagamento e
pegar um fi nanciamento. A única
possibilidade é com subsídio
estatal. Desse ponto de vista, o
MCMV trouxe um certo avanço.
É preciso reconhecer. Por outro
lado, não foi feito para resolver o
défi ce habitacional brasileiro. Foi
feito para resolver o problema de
liquidez do capital da construção
civil, depois da crise do estouro
da bolha de 2008 nos EUA.
Como?
As grandes empresas da
construção no Brasil entraram
em pânico. Todas elas tinham
capital aberto na bolsa de
valores. Foram bater na porta
do Presidente Lula. E o Lula
lançou um programa de 33 mil
milhões de reais. De quebra,
tratava a questão habitacional.
Mas o MCMV não resolve o
défi ce. A lógica é dar lucro para
as empreiteiras. Por isso, produz
moradias ruins, pequenas e mal
localizadas. O que prevalece é a
lógica de lucro das construtoras,
não a de qualidade, localização,
bem-estar, planeamento urbano.
A prova de que não só não resolve
o défi ce como acaba expandindo
a especulação imobiliária é que,
em 2008, o número de famílias
que não tinham onde morar
era de 5,3 milhões. O MCMV foi
lançado em 2009 e já entregou
1,7 milhões de moradias. Mas,
em 2012, o défi ce habitacional
era de 5,8 milhões de famílias.
Aumentou. A cada moradia que
ele produzia geravam-se novos
sem-tecto. Pelo problema do
aluguel. A política habitacional
do governo não tocou na
especulação imobiliária.
É possível travar esse
aumento?
Uma medida só não é capaz,
naturalmente. O movimento
tem defendido algumas
medidas essenciais. Primeira:
uma nova lei do inquilinato
com regulação do mercado
imobiliário, controlo do reajuste
de aluguel urbano. Não dá para
uma questão como aluguel, tão
importante socialmente, fi car
apenas nos critérios da lei de
mercado. O proprietário decide
especulativamente aumentar, a
família não pode pagar, tem de ir
embora para um lugar pior.
Pode aumentar
discricionariamente?
Sim. Não tem limite legal de
reajuste nem de novos contratos.
É preciso uma lei que estabeleça
como tecto do reajuste de aluguel
o índice infl acionário. Isso ocorreu
no Brasil noutras épocas. Ocorreu
em outros países. Somos muitas
vezes acusados de comunismo e
isso está longe de ser comunista. É
regulação com que o capitalismo
conviveu ao longo de toda a sua
história. Outra medida importante
seria fazer cumprir o estatuto
da cidade. O Estado tem de ter
mecanismos para incidir no valor
da terra. O estatuto da cidade
permite que, se o proprietário
está com a terra ociosa, vai pagar
cinco anos de IPTU progressivo. Se
não construir depois desses cinco
anos, o Estado pode tomar a terra
pagando com títulos da dívida
pública.
Não acontece hoje?
Hoje, a desapropriação é quase
um benefício para o proprietário
porque é paga em valor de
mercado. É preciso fortalecer
o mecanismo que se chama
desapropriação-sanção, que é
com título da dívida pública. Outra
medida que achamos importante
para conter o valor do aluguel
é a política de locação social,
que existe em vários lugares da
Europa. O Estado adquire prédios
e terrenos na região central e
faz um aluguel subsidiado. Ou
seja, controla o valor de mercado
por baixo. Quando faz aluguel
subsidiado, incide sobre o
mercado como um todo.
A “Copa do Povo” teve impacto
internacional. Foi a grande
vitória do movimento até
agora?
Foi uma grande vitória, sem
dúvida. Conseguimos comprar o
terreno pelo MCMV para atender
aquelas famílias. Mas conseguimos
outras no mesmo processo. Foi
criada uma comissão federal de
prevenção de despejos forçados.
Foram feitas mudanças para
priorizar o Minha Casa Minha Vida
Entidades. Hoje, menos de 2%
de todas as unidades entregues
pelo MCMV foram pelo Entidades,
mas é uma semente interessante.
Tira a fi gura da construtora e o
movimento faz a gestão directa
da obra. Isso é impressionante.
Esta obra onde nós estamos,
com o mesmo recurso que as
construtoras estão fazendo 39
metros quadrados, no Entidades
estamos fazendo 63 com três
dormitórios. Com o mesmo
dinheiro. Porque você tira a lógica
da rentabilidade e transforma o
que seria lucro em qualidade e
aumenta os apartamentos.
Sentem que têm uma voz na
defi nição de políticas públicas
para a habitação?
Ainda é muito baixa. Quem
tem voz de verdade é o sector
imobiliário. É o que de facto molda
a política brasileira. Por conta
dessa lógica perversa da relação
de fi nanciamento de campanha
eleitoral com compromisso de
governo. É um sector muito
poderoso. Recebeu muito dinheiro
público. Não só pelo MCMV,
mas também pelo Programa de
Aceleração do Crescimento e
pelo banco de fomento. Hoje,
o sector imobiliário tem mais
força de que em qualquer outro
momento da história do país.
Temos conseguido minimamente
estabelecer um contrapeso.
Como está a ver esta campanha
presidencial?
Um cenário muito difícil. O ruim
contra o menos ruim. A Marina
[Silva], para se viabilizar, segue
o velho caminho de se mostrar
confi ável para o sector fi nanceiro.
As propostas dela são aberrantes.
Ela pretende políticas sociais e
ao mesmo tempo uma política
económica neoliberal. Não dá
para fazer círculo quadrado. A
Presidente Dilma não representa
uma alternativa popular. Não
governou para a maioria. Muito
embora tenha mantido uma
política económica menos a gosto
do mercado fi nanceiro — mas
também não foi uma política de
combater o capital, de maior
regulação, de ampliar direitos —,
tem difi culdade de diálogo com o
sector organizado da sociedade.
O cenário para nós é muito
difícil, entre as principais
candidaturas. Tem candidaturas
de esquerda, como a da Luciana
Genro do PSOL, que se identifi cam
com o movimento. A Luciana
Genro veio nos ouvir, colocou
as propostas do MTST [no seu
programa eleitoral]. Só que,
pela forma como se organiza
o sistema político brasileiro,
onde o poder económico é o
que prevalece nas eleições,
sabemos que não tem muita
alternativa. Não estamos vendo
boas perspectivas e acreditamos
que a mudança real, as reformas
populares que o Brasil precisa
vão ser obtidas partindo de
uma reforma política. Com esse
sistema eleitoral, com modelo
de fi nanciamento privado das
campanhas, difi cilmente vamos
conseguir ter candidatos com
condições de vitória e que ao
mesmo tempo representem um
projecto popular.
Que reformas podem ser
feitas?
No sistema político em
particular, o ponto básico é
o fi nanciamento público de
campanha eleitoral – que neste
momento é privado. Porque vai
diminuir de forma considerável
o principal gatilho da corrupção
e da apropriação privada do
Estado pelas grandes empresas.
Mas não pára por aí. Tem de ter
mecanismos de participação
popular maior. Tem de ter
mecanismos de controlo dos
mandatos, tanto no executivo
como no legislativo. Essa
mesma reforma política tem
de comportar uma reforma
do judiciário, um grau de
controlo social do judiciário, de
controlo público. Garantir uma
participação mais expressiva
de mulheres e negros, que
são permanentemente sub-
representados na democracia
brasileira.
Quotas?
Quotas, sim.
Quais são os problemas que
afectam o Brasil que deveriam
ser priorizados neste próximo
mandato presidencial?
A pauta dos trabalhadores
é a das reformas populares
que são travadas no Brasil há
décadas. Tem de ter um governo
que busque de facto fazer
mudanças em favor da maioria,
da distribuição de renda e da
igualdade social. Precisaria
pautar reforma urbana, reforma
agrária, reforma política,
reforma tributária progressiva,
imposto sobre grandes fortunas,
democratização dos meios de
comunicação, desmilitarização
das polícias e uma mudança
radical na política económica,
que passe por uma auditoria da
dívida pública e uma revisão
de prioridades no orçamento
brasileiro, acabar com o
superavit primário, que é uma
aberração neoliberal. Um
programa que englobe essas
medidas seria um programa de
governo popular.
www.publico.pt/ano-grande-do-brasil
O movimento ocupa terras para obter programas habitacionais regularizados, não a favelização
PEDRO LADEIRA/AFP
28 | CULTURA | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Para Kiluanji Kia Henda, a cidade é uma miragem
KILUANJI KIA HENDA
Rusty mirage (the city skyline), de Kiluanji Kia Henda. Fotografias de esculturas realizadas no deserto de Al Zaraq, na Jordânia
Com um relevante percurso inter-
nacional — foi fi nalista do BES Photo
em 2011, fez já várias exposições em
Portugal, individuais e colectivas —,
o angolano Kiluanji Kia Henda, 35
anos, regressa agora a Lisboa com
A City Called Mirage, inaugurada na
Galeria Filomena Soares, onde estará
até 29 Novembro.
O seu trabalho interroga o mun-
do hoje, com um cunho tão políti-
co quanto poético, fecundado de
humor. Não lhe interessa um pon-
to de vista documental, mas ma-
nipular o que é documental para
que isso possa ser usado nas suas
narrativas.
É um contador de histórias. Nes-
ta exposição refl ecte sobre as cida-
des, divididas entre a desertifi cação
e quimeras de virtualização, pro-
movendo relações entre deserto e
arquitectura. “Este trabalho come-
ça com uma fi xação no deserto, a
partir de várias viagens que realizei
pelo Namibe, em Angola”, diz-nos,
acrescentando que para esta expo-
sição foi importante “a paixão pela
arquitectura” e “encontrar manei-
ras de falar das novas cidades”. “Foi
daí que surgiu a ideia de trabalhar
com estruturas em ferro que re-
metem para a ideia de cidade, mas
quase vazias. Vislumbramos torres e
outras obras de grande atrevimento
tecnológico, mas a cidade não fun-
ciona. Tem um lado decorativo. É
um postal.”
Artista de circulação global, Kilu-
anji Kia Henda faz parte de uma nova
geração de criadores angolanos que
não faz depender da nacionalidade
a legitimação da sua actividade, em-
bora esteja atento ao que se passa no
seu país. Integrou, por exemplo, a
colectiva do ano passado dedicada à
nova arte angolana, No Fly Zone, que
esteve no Museu Berardo em Lisboa,
ao lado de artistas como Edson Cha-
gas, Yonamine ou Nástio Mosquito.
Diz que, durante a guerra em An-
gola, muita gente da sua geração foi
estudar para os mais diversos locais
do mundo. Hoje muitas dessas pes-
soas estão a regressar. Entre elas, al-
guns artistas. “É imprevisível saber o
que esperar dessas pessoas, porque
têm referências diferentes e estive-
ram em locais diversos”, afi rma.
Uma coisa é certa: para todos eles
o mercado internacional continua a
ser determinante, porque Angola ain-
da está “num processo de formação
de público ou de novos colecciona-
dores, e isso leva tempo”, refl ecte.
“Mas desde sempre, independente-
mente de Angola, percebi que uma
das formas de o meu trabalho crescer
é ser apresentado em vários contex-
tos.” Agora, em Lisboa.
Um dos artistas angolanos de maior circulação internacional inaugurou uma nova exposição em Lisboa, A City Called Mirage, interrogando as grandes cidades, tão desertas quanto virtuais
Exposição Vítor Belanciano
um programa deliberado. “Acaba
por fl uir, porque tem também a ver
com a forma narrativa como gosto
de contar as coisas e ajuda-me a
encontrar metáforas”, afi rma, ao
mesmo tempo que se revela pouco
apologista de um discurso direc-
to. “Gosto de pensar na arte como
esse espaço que posso manipular,
porque está num campo que é o da
fi cção. E, por outro lado, em certos
trabalhos conceptuais o humor é
também uma forma de fazer entrar
as pessoas no trabalho.”
Como tem acontecido no passado
recente, os trabalhos expostos não
possuem formatos claramente deli-
mitados. São ao mesmo tempo foto-
grafi as e esculturas, performance e
vídeo, fi cção e registo documental.
Um dos exemplos desse enfoque
múltiplo é Rusty mirage (the city
também para as ruínas da própria
cidade.”
Numa dessas deambulações pelo
deserto, deparou-se com um letrei-
ro de metal enferrujado onde se lia
“Miragem”. Foi a partir daí que tu-
do se desencadeou. A palavra viria
a tornar-se símbolo e ponto de par-
tida para uma série de trabalhos,
com a cidade do Dubai a servir de
alavanca, embora pudesse ser Sin-
gapura ou Luanda, por exemplo.
O Dubai, ainda assim, talvez seja
o território que melhor sintetiza o
aspecto ilusório da miragem. Nu-
ma das peças, Kiluanji Kia Henda
recorre mesmo ao humor, propon-
do um manual de instruções para
criar uma espécie de Dubai parti-
cular em casa.
“São pequenas instalações que fi z
em casa a partir da ideia de artifi cia-
lidade”, refl ecte ele. “A Palm Island
que fi z com fósforos e coloquei na
pia é tão artifi cial como a verdadeira
Palm Island do Dubai. Ironizo com
os limites da artifi cialidade, ao mes-
mo tempo que exponho um para-
doxo, porque tudo o que está nesta
peça é íntimo e pessoal, da casa de
banho à cozinha, e para mim o Du-
bai é uma cidade longe dessa escala
íntima. Fora da escala humana, in-
clusive. Então trouxe isso tudo para
dentro de casa.”
O humor que alguns dos seus
trabalhos exibem não constituiu
skyline), fotografi as de esculturas
realizadas no deserto de Al Zaraq,
na Jordânia.
Um novo desertoO deserto interessa-lhe pela dimen-
são fi ctícia. Pela aparente ausência de
História. Por ser uma espécie de folha
em branco. E pelos possíveis parale-
lismos com os vazios das sociedades
contemporâneas. “Se somássemos
as casas vazias que existem na Euro-
pa, na China ou em novas cidades de
África e da América do Sul, estaría-
mos perante um novo deserto”, ri-se.
Daí decorrem interrogações sobre
arquitectura e bolhas imobiliárias.
“É que hoje a habitação tornou-se
numa mercadoria e muitas vezes um
espaço vazio torna-se mais rentável
do que se estiver habitado, o que aca-
ba por ser muito perverso”, afi rma.
Na actualidade, diz, concebem-se
cidades inteiras sem existir grande
trabalho de refl exão sobre as espe-
cifi cidades dos lugares. “No fi m de
contas, o que está em causa são os
modelos de desenvolvimento que de-
sejamos para as nossas sociedades.
E quando pensamos nas cidades é
ainda mais agressivo, porque não es-
tamos a falar de uma tendência que
contamina uma cidade: estamos a
falar da criação da própria cidade.”
A questão é que essas cidades
acabam muitas delas por não ter vi-
da urbana. “São cidades, em parte,
O deserto interessa-lhe pela dimensão fi ctícia. Pela aparente ausência de História. Porser uma espéciede folha embranco
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | CULTURA | 29
ENRIC VIVES-RUBIO
Jordi Savall regressa à Sala Suggia com o concerto Istambul
A Casa da Música está em obras de
manutenção e de “lavagem da cara”
do edifício de Rem Koolhaas. Mas
não é por essa razão que hoje, Dia
Mundial da Música, vai andar pelas
ruas do Porto a cantar e a menear
a mensagem da efeméride. Vozean-
do é mais uma iniciativa do Serviço
Educativo, que este ano elegeu a voz
como tema para a jornada de envolvi-
mento com a população. Uma cente-
na de estudantes de escolas do Gran-
de Porto, acompanhados por alguns
pais e divididos por quatro grupos
corais, a partir das 10h, vão entrar
no metro e percorrer vários espaços
públicos da cidade.
“Pedi-lhes que sejam festivos e
subversivos, distribuindo por quem
passa um reportório original”, ex-
plicou ontem Jorge Prendas, res-
ponsável pelo Serviço Educativo,
na apresentação da programação do
último trimestre do ano da Casa — e
simultaneamente da agenda 2014-15
daquele serviço, que acompanha o
calendário lectivo.
Ao fi nal da tarde (19h), os coralistas
amadores reúnem-se para um fi nal
de festa na Sala Suggia, “desenhando
coreografi as de som”.
Mas a principal novidade do tri-
mestre será o regresso das noites lon-
gas na Casa, agora em formato reno-
vado e com nova chancela mecenáti-
ca. O Optimus Clubbing passa a NOS
Club, apresentando como inovação a
realização simultânea de concertos
na Sala Suggia e na Sala 2 (entrada a
12 euros, em cada), “com igual aposta
na qualidade, mas servindo públicos
diferentes”, explicou António Jorge
Pacheco, director artístico da Casa da
Música. No resto, a noite continuará
longa com música e DJ a animar os di-
ferentes espaços, assinalando-se tam-
bém o regresso das conversas com
Álvaro Costa, que na primeira noite
NOS Club, no próximo dia 11, dará
“a Bowie o que é ainda de Bowie”.
O brasileiro Rodrigo Amarante e
a banda canadiana Holy Fuck são as
atracções estrangeiras desta noite,
fi cando a Sala 2 reservada aos portu-
gueses Paus e Linda Martini. Até ao
fi m do ano — “e ainda em regime ex-
perimental”, diz Pacheco —, haverá
Noites longas da Casa da Música regressam com novo formato
um segundo Club, com o nigeriano
Bombino e The Legendary Tigerman
como cabeças de cartaz.
A restante programação dá se-
quência ao Ano Oriente, que irá “con-
taminar” parte dos ciclos da estação:
À Volta do Barroco, Ciclo de Piano e
Outono em Jazz, além dos concertos
das estruturas residentes.
Entre os destaques da temporada
da Orquestra Sinfónica do Porto, o
director artístico sublinhou a vin-
da à cidade do violinista e maestro
norte-americano de origem japonesa
Joseph Swensen (18 Out.) a dirigir um
programa que inclui dois Requiem: de
Benjamin Britten, uma encomenda
“secreta” do Governo do Japão ainda
antes da Segunda Grande Guerra; e
de Toru Takemitsu, dedicado às ví-
timas de Hiroxima.
A 1 de Novembro, a Sinfónica será
dirigida pelo húngaro Peter Eötvös,
Artista em Associação este ano na Ca-
sa, que, para além de uma obra sua,
Atlantis, fará a estreia portuguesa do
Concerto para piano e orquestra de
Harrison Birtwistle, uma das várias
encomendas da instituição.
A 12 de Dezembro, o maestro Chris-
toph König faz a sua despedida do
Porto após dois mandatos à frente da
Sinfónica Casa da Música, dirigindo
um programa que inclui uma peça de
Luís Tinoco e a Sinfonia n.º 4 de Mah-
ler — a partir de Janeiro, a orquestra
será dirigida pelos maestros Baldur
Brönnimann e Leopold Hager.
O Remix Ensemble regressa à Sala
Suggia já este sábado, para a estreia
mundial da peça encomendada à
jovem compositora portuguesa em
residência Ana Seara, Sinestesias,
e também para a primeira audição
duma peça do jovem compositor
chinês Huang Ruo. As sonoridades
do Extremo Oriente estarão de volta,
a 18 de Novembro, com o Remix a
interpretar Elegias Chinesas, de An-
tónio Chagas Rosa, e Snags&Snarls,
da sul-coreana Unsuk Chin, também
compositora residente.
O Coro e a Orquestra Barroca vão
cruzar-se no festival À Volta do Bar-
roco (2 a 16 de Novembro), que terá
como momento forte a estreia em
Portugal do teclista e maestro japo-
nês Masaaki Suzuki, à frente do seu
Bach Collegium Japan; mas também
o regresso de Jordi Savall, com o seu
programa Istambul e as tradições mu-
sicais do Médio Oriente.
No Ciclo de Piano, há três intérpre-
tes do Leste: a ucraniana Valentina
Lisitsa, que António Jorge Pacheco
refere ser “o maior fenómeno mun-
dial de popularidade ao nível da mú-
sica clássica na Internet, com mais de
30 milhões de visualizações no You-
Tube”, vem tocar Bach, Schumann,
Brahms e Rachmaninoff (21 Out.); o
russo Nikolai Lugansky, Schubert e
Liszt (23 Nov.); e a sua compatriota
Elizabeth Leonskaja estreia-se na Sala
Suggia interpretando Schubert.
Nota ainda para a 2.ª edição do Ou-
tono em Jazz (10 a 22 Out.), com cin-
co concertos, abrindo com o Nicola
Conte Jazz Combo e fechando com
um concerto duplo “made in Brasil”,
com o Jaques Morelenbaum Cello
Samba Trio e o Ed Motta Quartet.
MúsicaSérgio C. Andrade
Na programação do quarto trimestre, regressa a música do Oriente, o jazz no Outono, À Volta do Barroco e o... Club
Numa sala sem lugares sufi cientes
para todos os jornalistas, fotógrafos
e convidados, Luís Buchinho apre-
sentou uma colecção para a Prima-
vera/ Verão 2015 que quis transmitir
uma ideia de leveza e voltou a mar-
car o posicionamento que quer para
a sua marca: a internacionalização.
“Crescer, crescer cada vez mais” e
“desbravar caminho” é o seu dese-
jo, disse-o no fi nal do desfi le, ante-
vendo que “os próximos seis meses
vão ser ainda mais intensos a nível
comercial”.
O carimbo de qualidade dado,
também, pela participação na se-
mana da moda de pronto-a-vestir
de Paris tem funcionado e a mar-
ca já tem clientes espalhados por
12 países e, neste momento, além
do showroom na capital francesa,
decorre um em paralelo na China
e há um a ser pensado para a Aus-
trália.
Também na imprensa internacio-
nal, o eco começa a ser maior — no
fi nal do desfi le, vários foram os jor-
nalistas franceses que rodearam o
criador português —, “especialmen-
te nas revistas de passerelle, é uma
colecção que está a ser cada vez
mais divulgada”, explica o criador
aos jornalistas. E embora desenhe
tudo o que lhe apetece, há directri-
Luís Buchinho teve a sua Happy Hour em Paris
zes que tem de seguir — “de quem
percebe das vendas”, diz. “A mulher
portuguesa gosta muito de cor”, já
a estrangeira “não tem um padrão,
é muito variada”, acrescenta, ainda
sem planos para uma colecção para
homem.
A colecção Primavera/Verão
chama-se Happy Hour e foi apre-
sentada ontem na Biblioteca Na-
cional de França. Tem tons sorvete
e cores inspiradas nas dos cocktails:
verdes a fugir para o azeitona e tons
fortes como a framboesa dos frutos
silvestres. É uma nova incursão de
Buchinho no terreno das sobrepo-
sições, ele que as costuma trabalhar
em várias estações “principalmente
nas de Inverno”, como referiu. Há
materiais estruturados, como tafe-
tá de seda, malha de viscose, seda,
rendas e organzas que resultam
num “jogo complexo, revelador e
muito gráfi co”. Uma colecção feita
a pensar na imagem das manequins
na passerelle, onde grande parte das
peças não estão prontas para sair
para as lojas. “Não é uma colecção
comercial, de todo”, afi rma. Para
as lojas as peças vão ser adaptadas:
“com menos pernas de fora”, menos
transparências, menos decotes.
Há 15 anos a apresentar em Paris,
Luís Buchinho prefere dizer que a
vinda à Cidade-Luz acontece real-
mente só a partir de 2010. “Agora
tenho a minha hora, o meu espaço.
Dantes era uma montra de várias
pessoas, agora tenho o cunho da
individualidade”, defende, salien-
tando o apoio do Portugal Fashion,
sem o qual era “inviável” fazer este
percurso que inclui a participação
em vários showrooms e feiras inter-
nacionais.
Com um orçamento de 700 mil
euros por semestre, o Portugal
Fashion — mais conotado com a in-
dústria têxtil mas que sempre aco-
lheu moda de autor — está a cres-
cer. A notoriedade de nomes como
Luís Buchinho e Fátima Lopes tem
sido canalizada “em favor de uma
imagem diferenciada de toda a fi -
leira da moda nacional”, explica ao
PÚBLICO Rafael Rocha, director de
comunicação do Portugal Fashion.
“A indústria ganhou competitivida-
de com o design moderno, diferen-
ciador e fashionable aportado pelos
criadores de moda”, acrescenta.
As criações de Buchinho seguem
agora rumo ao Porto, para apre-
sentação na 35.ª edição do Portu-
gal Fashion.
Moda Inês Garcia, em Paris
No segundo – e último – dia da participação portuguesa na semana da moda de Paris, o criador apresentou uma colecção cheia de leveza e tons suaves
O Serviço Educativo celebra hoje o Dia Mundial da Música com quatros coros a animar as ruas do Porto
O PÚBLICO viajou a convite do Portugal Fashion
30 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
O futuro comissário Moedas quer pôr as empresas a investir em ciência
Na audição de ontem de Carlos Mo-
edas, poder-se-ia dizer que fomos
de Beja para o mundo, graças à de-
mocracia e à União Europeia. No re-
gresso dessa viagem a uma Europa
pós-troika, Moedas diz que é agora
necessário incentivar as empresas
a apostar na ciência e — de acordo
com os objectivos da Comissão Eu-
ropeia — fomentar assim o emprego
e o crescimento económico. O ex-
secretário de Estado português, in-
digitado comissário europeu para a
Investigação, Ciência e Inovação pe-
la Comissão do luxemburguês Jean-
Claude Juncker, respondeu ontem
de manhã aos deputados do Parla-
mento Europeu (PE) durante quase
três horas. E passou este teste.
Além de se assumir um europeísta
convicto e prometer muito diálogo
futuro com o PE, Carlos Moedas dis-
se que iria tentar encontrar políticas
que fomentassem as pequenas e mé-
dias empresas a apostar na ciência
e na inovação — um impulso funda-
mental, segundo o político, para que
a média do produto interno bruto
(PIB) europeu aplicado em ciência se
aproxime da meta dos 3%. “Temos
de criar formas inovadoras e inven-
tivas para darmos mais incentivos ao
investimento dos privados”, referiu.
Além disso, prometeu, em inglês,
que o seu foco seria “delivery, deli-
very and delivery”, ou seja, “resulta-
dos, resultados e resultados” como
disse que fez nos últimos três anos no
Governo de Pedro Passos Coelho.
De resto, pouco mais fi cou a saber-
se sobre o destino dos 80.000 mi-
lhões de euros do programa europeu
de ciência Horizonte 2020, a aplicar
no período 2014-2020, que sucede
ao Sétimo Programa-Quadro de In-
vestigação. Mesmo a declaração que
fez durante a audição, dizendo que
“muitas vezes” discordou da política
de austeridade da troika em Portu-
gal, que monitorizou como secretá-
rio de Estado adjunto do primeiro-
ministro Passos Coelho, Carlos Mo-
edas garantiu que não era novidade.
“Não é a primeira vez que digo que
não estou de acordo com a troika”,
referiu numa conferência de impren-
sa após a audição. Exemplos dessa
discordância? Em relação aos cortes
nos salários: “A minha fi losofi a sem-
pre foi a da inovação e da produti-
vidade.”
E, no entanto, o comissário indi-
gitado para a ciência fez parte do
Governo que tem sido muito con-
testado pela comunidade científi ca
devido aos cortes no fi nanciamento
da investigação e à sua política cien-
tífi ca, e que agravou a queda do PIB
português gasto em investigação. De
2009 para 2010, o PIB caiu de 1,64%
para 1,59% — ainda no Governo so-
cialista de José Sócrates —, e para
1,52% no ano seguinte, já com o exe-
cutivo de Passos Coelho. Em 2012,
voltou a descer para 1,50% (o valor
de 2013 ainda não é conhecido).
Mas foram os cortes nas bolsas
individuais de investigação que
levaram à contestação pública da
política científi ca portuguesa: em
2012, atribuíram-se 1198 bolsas de
doutoramento, que em 2013 baixa-
ram para 399. Já as bolsas de pós-
doutoramento passaram de 667, em
2012, para 438, em 2013, ano em que
também se atribuíram pela primeira
vez 431 bolsas para programas de
doutoramento. O resultado fi nal é
assim de um total de 1865 bolsas em
2012 contra 1268 em 2013.
Na audição, a eurodeputada do
Bloco de Esquerda Marisa Matias foi
céptica quanto à futura prestação de
Carlos Moedas como comissário eu-
ropeu, já que, defendeu, o novo car-
go está “nos antípodas” da política
de cortes do Governo português.
“Foi muito difícil, foram sacrifí-
cios enormes, sempre reconheci a
dureza do programa”, respondeu-
lhe Moedas. “Portugal estava num
momento em que precisava de
mostrar a sua credibilidade àque-
les que deram dinheiro”, insistiu,
acrescentando: “Muitas vezes estive
em desacordo com a troika.” Mas
para Carlos Moedas, o seu traba-
lho deu provas: “Sou uma pessoa
que apresenta resultados e no Ho-
rizonte 2020 é importante ter uma
pessoa que apresenta resultados.”
Ouvido ontem no Parlamento Europeu, Carlos Moedas deixou para trás um Governo que aplicou a austeridade da troika. A isso respondeu: “Muitas vezes estive em desacordo com a troika”
Comissão EuropeiaNicolau Ferreira, em Bruxelas
Só a 22 de Outubro é que se saberá
se os 27 candidatos da Comissão de
Jean-Claude Juncker vão passar a co-
missários. Nessa altura, haverá uma
votação pelo Parlamento Europeu
de Estrasburgo.
“A minha história europeia”Antes, entre 29 de Setembro e 7 de
Outubro, cada um dos comissários
indigitados é ouvido pela respectiva
comissão do Parlamento Europeu:
há uma votação para cada um deles
por parte da comissão parlamentar,
que não tem a última palavra, mas
isso é um indicador forte daquilo
que poderá acontecer a 22 de Outu-
bro. Se há um comissário rejeitado
ao longo do processo, então Juncker
terá de escolher outra pessoa para
a pasta, que terá de passar por esta
audição.
Carlos Moedas não fazia parte dos
candidatos a comissários polémicos.
A defesa que fez ontem na comissão
parlamentar da Indústria, Investiga-
ção e Energia foi bem-vista e à tarde,
nos corredores do Parlamento Eu-
ropeu de Bruxelas, já se sabia que a
votação tinha sido favorável ao por-
tuguês. Houve votos contra, como
do Grupo Confederal da Esquerda
Unitária Europeia/Esquerda Nórdica
Verde, onde estão os eurodeputados
Marisa Matias e João Ferreira, este
eleito pela CDU.
“A minha história é uma história
europeia”, contou Carlos Moedas
quase no início do discurso que fez,
antes de se iniciarem as perguntas na
audição. O social-democrata nasceu
em Beja em 1970, e tirou Engenha-
ria Civil no Instituto Superior Téc-
nico, em Lisboa, “graças a um siste-
ma de ensino que a democracia fez
com que fosse inclusivo e aberto”,
defendeu na audição. Em 1993, foi
para Paris no primeiro ano do pro-
grama Erasmus, um “momento de-
fi nidor”. Mais tarde, esteve nos Es-
tados Unidos, onde completou um
MBA na Harvard Business School,
“Temos de criar formas inovadoras e inventivas para darmos mais incentivos ao investimento dos privados”, defendeu Carlos Moedas na audição para comissário europeu. E prometeu “resultados, resultados e resultados” como disse que fez no actual Governo a que pertenceu
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | CIÊNCIA | 31
Possíveis confl itos de interesses, au-
tonomeações e suspeitas de apoio a
medidas de restrição democrática
ou discriminação serão alguns dos
pontos que vão levar alguns dos co-
missários indigitados a ser questio-
nados pelos eurodeputados.
Um dos nomeados em que se põe
a questão do confl ito de interesses
com mais premência é Jonathan
Hill, que vai ser questionado hoje.
O britânico trabalhou a fazer lobby
para empresas da City, promoven-
do interesses de várias empresas de
serviços fi nanceiros como o banco
HSBC, e no seu papel de comissá-
rio para os Serviços Financeiros
será responsável por defender os
cidadãos europeus face às empre-
sas fi nanceiras, diz o diário El País.
“É como pôr a raposa a guardar o
galinheiro”, comentou o alemão
Sven Giegol, dos Verdes. Para ten-
tar tornar a sua nomeação mais
aceitável, parte das competências
irá passar para a pasta da Justiça.
Hill irá ainda ser questionado por
ter uma pasta essencial ao euro e
pertencer a um país que não aderiu
à moeda única.
Ainda hoje, mas da parte da tar-
de, surge outro potencial confl ito
de interesses que será abordado na
sessão de Miguel Arias Cañete, o es-
panhol que fi cará encarregado da
Os comissários que vão estar sob fogo dos eurodeputados
pasta da Acção Climática e Energia.
Acabou de vender as suas acções
em duas empresas petrolíferas, mas
a sua família mantém mais de 70%
de ambas.
Segue-se ainda o húngaro Tibor
Navracsics, com a pasta da Educa-
ção, Cultura, Juventude e Cidada-
nia, do partido de Viktor Órban e
muito próximo do polémico pri-
meiro-ministro. Navracsics deverá
ser questionado, por exemplo, pe-
la sua participação na elaboração
de uma lei dos media que corta a
liberdade de imprensa, com uma
autoridade de regulação politizada,
por exemplo.
Amanhã, Pierre Moscovici tam-
bém deverá esperar algum ques-
tionamento mais acutilante. Com
a pasta dos Assuntos Económicos
e Financeiros, o francês deverá
ser confrontado com o falhanço
do seu país cumprir as metas or-
çamentais.
No mesmo dia, o irlandês Phil
Hogan terá provavelmente de lidar
com acusações de que discriminou
uma família cigana enquanto esteve
no Governo do seu país.
Na próxima segunda-feira, já per-
to do fi nal do processo, surge um
caso peculiar — a antiga primeira-
ministra da Eslovénia, Alenka Bra-
tusek, que atribuiu a si própria o
cargo de comissária sem acordo do
Parlamento nacional nem do seu
sucessor no executivo. Alenka Bra-
tusek foi nomeada para a pasta da
União Energética e para ser uma das
vice-presidentes.
O Parlamento Europeu, depois da
vitória que foi impor ao Conselho
que o presidente da Comissão fosse
o candidato do grupo que venceu
as eleições para o Parlamento Eu-
ropeu — Jean-Claude Juncker, antigo
primeiro-ministro do Luxemburgo
e líder do Eurogrupo —, está num
momento de confi ança. Os poten-
ciais comissários são ouvidos in-
dividualmente, mas a Comissão é
depois aprovada ou reprovada no
seu conjunto. O Parlamento já con-
seguiu, com a ameaça de veto, que
alguns nomeados não chegassem a
assumir a pasta — foi o caso do ita-
liano Rocco Buttiglione, que tinha
feito declarações homofóbicas, na
primeira Comissão Barroso.
Maria João Guimarães
Grupo de Arraiolos lembra meta dos 3%
À hora a que Carlos Moedas respondia aos deputados no Parlamento Europeu, justificando a sua escolha
como comissário para a Ciência, nove Presidentes da República da União Europeia discutiam o tema, no seu país de origem. A reunião do Grupo de Arraiolos, que terminou ontem, em Braga, discutiu o papel da investigação na recuperação da economia e terminou com uma mensagem para o antigo secretário de Estado português: até 2020 tem a obrigação de garantir o cumprimento das metas do investimento no sector definidas no início do século.
Foi o Presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, quem recordou o compromisso assumido, em 2001, em Lisboa, pelos chefes de Estado e Governo da União Europeia, que apontava para um investimento de cada país em ciência de 3% do PIB, durante a década seguinte. “Não me lembro que alguém o tenha cumprido”, comentou Sauli Niinisto, antes de deixar um recado a Moedas: “O novo comissário tem obrigação de garantir que se cumpre o que então foi decidido.” No encerramento do 10.º encontro do Grupo de Arraiolos, o Presidente da República, Cavaco Silva, também se referiu à nomeação de Moedas. “Estou convencido de que fará um bom trabalho e ajudará a Europa a recuperar o atraso que ainda temos neste domínio em relação a muitos países”, afirmou, indicando os EUA, a Coreia do Sul e o Japão como os exemplos a seguir. Frisando a “relevância” deste debate numa Europa “que começa a sair da crise e a vislumbrar sinais de recuperação”, considerou o programa Horizonte 2020 e os seus 80.000 milhões de euros para a ciência, que Moedas vai gerir, como um momento de “viragem” para a Europa. Samuel Silva O espanhol Miguel Arias Cañete
tem ligações a petrolíferas
Carlos Moedas na sua audição ontem no Parlamento Europeu, em Bruxelas
que lhe permitiu estagiar e trabalhar
na Goldman Sachs, em Londres. Só
depois, já em 2004, voltou a Portu-
gal, onde fundou uma empresa de
investimentos.
Agora, vai gerir um orçamento
também defi nidor para a ciência
europeia. O programa Horizonte
2020 assenta em três pilares: desa-
fi os sociais, ciência excelente e lide-
rança industrial. Carlos Moedas disse
querer pôr o programa em prática o
mais “efi cientemente possível”. As
outras duas prioridades serão desen-
volver “o potencial da investigação,
da ciência e da inovação europeia”
e “defender o valor da excelência na
ciência e na investigação”.
Para João Ferreira, a retórica da
excelência é enganadora. “Justifi ca a
continuação e até o agravamento do
fosso científi co e tecnológico. Justifi -
ca que sejam países em difi culdade
como Portugal a fi nanciar a ciência
dos ricos. Isto é uma situação inacei-
tável”, defendeu o eurodeputado aos
jornalistas, referindo-se à questão
de Portugal ter dado mais dinheiro
para o bolo dos programas-quadro
europeus do que o dinheiro que foi
buscar a este bolo.
Na audição, Moedas desvalorizou
esta questão, explicando que actual-
mente já não é assim e que a União
Europeia é mais do que isso. “A Euro-
pa não é matemática, é a capacidade
de vermos a importância da ciência e
investigação na participação do futu-
ro europeu”, referiu, acrescentando
que uma grande mais-valia é a movi-
mentação dos cientistas portugueses
no espaço europeu.
“Profunda contradição”“O programa político prevê dirigir
milhões de fundos públicos para
parcerias público-privadas”, assim
explicou João Ferreira as razões pa-
ra o chumbo da sua parte a este co-
missário. Esse programa, especifi cou
ainda o eurodeputado da CDU, prevê
canalizar “para o sistema fi nanceiro
especulativo o dinheiro público diri-
gido à ciência”.
Por seu lado, Marisa Matias falou
de uma “profunda contradição”
entre o discurso do candidato e os
seus actos. “Foi o próprio Carlos Mo-
edas que referiu que foram os paí-
ses que melhor suportaram a crise
que tinham o sistema de ciência e de
inovação mais consolidado, mais de-
senvolvido, com maior investimento
público. Só não retirou daí nenhuma
conclusão, porque fez parte do Go-
verno que mais destruiu o sistema
científi co em Portugal”, disse aos
jornalistas.
O único elogio da oposição veio de
Carlos Zorrinho, que disse que Moe-
das estava “bem preparado”. Apesar
disso, o eurodeputado socialista está
expectante. “Perguntei-lhe se se ba-
teria para que não houvesse cortes
do orçamento no Horizonte 2020 e
sobre isso não respondeu”, lembrou
depois aos jornalistas, e anteviu um
braço-de-ferro entre a Comissão Eu-
ropeia e o Conselho Europeu, com-
posto pelos chefes de Estado e de
Governo dos países-membros. “De
manhã receberá um telefonema de
Jean-Claude Juncker a dizer ‘inves-
te, investe, investe’. Ao fi m da tarde,
Passos Coelho, que tem assento no
Conselho e não tem feito nada para
aumentar o investimento nesta área,
vai telefonar a dizer ‘corta, corta, cor-
ta’”, ironizou. “Vamos ver se Carlos
Moedas vai estar do lado de quem
investe ou de quem corta.”
YVES HERMAN/REUTERS
80.000milhões de euros é o orçamento que o futuro comissário europeu da Ciência terá à sua espera para a investigação e inovação na União Europeia, entre 2014 e 2020
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,90
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIAEA CONSERVATÓRIO DE MÚSICA CALOUSTE GULBENKIAN
AVISOTorna-se público que se encontra aberto, pelo prazo de dez dias úteis a contar de 01/10/2014, o procedimento concursal para ocupação de dois postos de trabalho, para serviços de limpeza, em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo a tem-po parcial, com a duração de 4 horas diárias/contrato e termo a 12 de junho de 2015.Este concurso é válido para eventuais contratações que ocorram durante o ano escolar de 2014/2015.As condições de candidaturas e demais informações encontram-se afi xados na escola e na sua página eletrónica www.conservatoriodebraga.pt
Escola Artística Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, 1 de outubro de 2014.
A Diretora do Conservatório, Ana Maria F. P. Caldeira G. Ferreira
Público, 01/10/2014
NEG. PARTICULARINSOLVÊNCIA DE CANÁRIO E CANÁRIO
- COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO, LDA.Tribunal Judicial de Montalegre - Secção Única
- Proc. 474/13.0TBCBCPor determinação do Exmo Sr. Dr. Administrador da Insolvência, vamos proceder à venda extrajudicial através de negociação par-ticular, dos veículos a seguir identifi cados:
VEÍCULOS
Verba 1: Trator de mercadorias, Volvo F12, com a matrícula 04-72-BM. Valor mínimo: 5.500,00€.Verba 2: Semirreboque (galera) com a matrícula P-64176. Valor mínimo: 1.500,00€.
REGULAMENTO
1. Os interessados poderão remeter em correio registado as pro-postas dirigidas ao Administrador da Insolvência, Dr. Joaquim Baltazar Roque, Rua Antero de Quental, n.º 5 B Sala 17, 2795-017 Linda-a-Velha até ao dia 10.10.2014 OU podem ser envia-das por e-mail para jr.ajudicial@gmail.com até às 18h do dia 14.10.2014
2. As propostas terão de conter: Identifi cação do proponente (nome ou denominação social, morada, n.º contribuinte, tele-fone, e-mail e ou fax); valor oferecido por extenso.
3. A decisão da venda terá lugar no dia 15.10.2014 às 11h no escritório do A.I., sito na Rua Antero de Quental, n.º 5 B Sala 17, 2795-017 Linda-a-Velha.
4. Os bens são vendidos no estado físico em que se encontram.5. Os bens serão pagos com a adjudicação, acrescido do respe-
tivo IVA.6. Ao valor da venda é acrescido a comissão de 10% e respetivo
IVA referente aos serviços prestados pela Leiloeira do Lena, pagos com a adjudicação.
INFORMAÇÕES: tel: 244 822 230 / fax: 244 822 170Telm: 935 802 102 - Rua do Vale Sepal Lote 36, r/c Dt.º
Urb. Planalto 2415-395 LEIRIAOBS. Para obter mais informações consulte o nosso site
E-mail: geral@leiloeiradolena.com Site: www.leiloeiradolena.com
32 PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014CLASSIFICADOS Tel. 21 011 10 De seg a sex dSáb d 11H à
Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H
Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
Amadora
Visite-nos em LISBOAde segunda a sexta-feira, das 09h às 19h
e sábados das 11h às 17hEdifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,
1350-352 Lisboa • Tel.: 210111010/20pequenosa@publico.pt
ou em http://loja.publico.pt/
INSERÇÃO DE ANÚNCIOS
ASSINATURAS
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MERCHANDISINGS DIVERSOS
. . .
Loja Público
COMARCA DE SETÚBALSesimbra - Inst. Local -Sec. Comp. Gen. - J2
Processo: 194/09.0GCSSB
ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Marisa Malagueira, da Inst. Local de Sesim-bra - Sec. Comp. Gen. - J2 - Comarca de Setúbal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 194/09.0GCS-SB, pendente neste Tribunal contra o arguido Marcos Elias Alves Car-valho natural de: Brasil, nacional de Brasil, nascido em 01-02-1978, NIF - 258685565, Passaporte - Cv6460, domicílio: Rua António Casal, N.º 1, 2970-131 Sesimbra, por se encontrar acusado da prática de 1 crime de Ofensa à integridade física qualifi -cada, p.p. pelos art.ºs 143.º, n.º 1 e 145.º, n.º 1, al. a) e n.º 2, por referên-cia ao artigo 132.º, n.º 2, al. h), primei-ra parte, todos do C. Penal, praticado em 14-06-2009; foi o mesmo declara-do contumaz, em 18-09-2014, nos ter-mos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que ca-ducará com a apresentação do argui-do em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos ter-mos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabilidade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer docu-mentos, certidões ou registos junto de autoridades públicas; d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/ Referência: 42438354Sesimbra, 23-09-2014.
A Juíza de DireitoDr.ª Marisa Malagueira
O Escrivão AdjuntoLuís Salvado
Público, 01/10/2014 - 1.ª Pub.
COMARCA DE SETÚBALSesimbra - Inst. Local -Sec. Comp. Gen. - J2
Processo: 194/09.0GCSSB
ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Marisa Mala-gueira, da Inst. Local de Sesimbra - Sec. Comp. Gen. - J2 - Comarca de Setúbal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 194/09.0GCSSB, pendente neste Tribunal contra o arguido Edmar Gonçalves dos Santos fi lho de Luiz Gonçalves dos Santos e de Terezi-nha Marly de Jesus Santos, natural de: Brasil, nacional de Brasil, nascido em 21-03-1989, estado civil: solteiro, NIF - 258800461, Passaporte - Ct835467, domicílio: Rua do Tojal Cci 2106, Azóia, 2970-175 Sesimbra, por se encontrar acusado da prática de 1 crime de Ofensa à integridade física qualifi cada, p.p. pelos art.ºs 143.º, n.º 1 e 145.º, n.º 1, al. a) e n.º 2, por referência ao artigo 132.º, n.º 2, al. h), primeira parte, todos do C. Penal, pra-ticado em 14-06-2009; foi o mesmo de-clarado contumaz, em 18-09-2014, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que ca-ducará com a apresentação do arguido em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabili-dade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer documentos, certidões ou registos junto de autoridades públi-cas; d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/ Referência: 42438362Sesimbra, 23-09-2014.
A Juíza de DireitoDr.ª Marisa Malagueira
O Escrivão AdjuntoLuís Salvado
Público, 01/10/2014 - 1.ª Pub.
COMARCA DE SETÚBALSesimbra - Inst. Local -Sec. Comp. Gen. - J2
Processo: 194/09.0GCSSB
ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Marisa Mala-gueira, da Inst. Local de Sesimbra - Sec. Comp. Gen. - J2 - Comarca de Setúbal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 194/09.0GCSSB, pendente neste Tribunal contra o arguido Elisson Alves de Souza, fi lho de Gualter Alves de Souza e de Angela Maria Ribeiro de Souza, natural de: Brasil, nacional de Brasil, nascido em 01-01-1987, Autoriza-ção de residência - 2082030, domicílio: En 569, S/n, Zambujal, Junto ao Semá-foro das Pedreiras Zé Galo, 2970-000 Se-simbra, por se encontrar acusado da prá-tica de 1 crime de Ofensa à integridade física qualifi cada, p.p. pelos art.ºs 143.º e 145.º, n.º 1, al. do C. Penal, praticado em 14-06-2009; foi o mesmo declarado contumaz, em 18-09-2014, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que ca-ducará com a apresentação do arguido em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabili-dade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer documentos, certidões ou registos junto de autoridades públi-cas; d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/ Referência: 42438352Sesimbra, 23-09-2014.
A Juíza de DireitoDr.ª Marisa Malagueira
O Escrivão AdjuntoLuís Salvado
Público, 01/10/2014 - 1.ª Pub.
COMARCA DE SETÚBAL
Sesimbra - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1
Processo: 1032/14.7TBSSB
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério Pú-blicoRequerido: Pedro Carva-lho PereiraFaz-se saber que foi dis-tribuída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Pedro Carvalho Pereira, com residência na Estrada Nacional, N.º 377, Zambujal, 2970-128 Se-simbra, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.
N/ Referência: 42451231
Sesimbra, 24-09-2014.
A Juíza de DireitoDr.ª Milene Bolas
O Ofi cial de JustiçaLuís Salvado
Público, 01/10/2014
ENGENHEIROMÁRIO ANTONINO
VIEIRA DECAMPOS VIDAL
AGRADECIMENTO
A Família agradece desde já a todos os que se dignaram acompanhá-la neste momento difícil e expressa o seu reconhecimento a quantos es-tiveram presentes nas cerimónias fúnebres ou que, de qualquer outro modo, manifestaram o seu pesar.
Agência Funerária BarataServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
Serviço Funerário Permanente 24 Horas
ENGENHEIROMÁRIO ANTONINO VIEIRA
DE CAMPOS VIDAL
MISSA DE 7.º DIA
Sua Família participa que amanhã, dia 2, às 19.00 horas, na Basílica da Estrela, será rezada Missa de 7.º Dia pelo seu eterno descanso.
Agência Funerária BarataServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
Serviço Funerário Permanente 24 Horas
FACULDADE DE ARQUITECTURAUNIVERSIDADE DO PORTO
EDITALCandidaturas ao cargo de Director/a da Faculdade
de Arquitectura da Universidade do Porto
Encontra-se aberto Concurso Público para apre-sentação de candidaturas ao cargo de Director/a da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, para um mandato de quatro anos.
Podem candidatar-se ao órgão de governo e representação da Faculdade de Arquitectura, Professores ou Investigadores Doutorados da Universidade do Porto ou de outras instituições, nacionais ou estrangeiras de ensino universitário ou de investigação, de acordo com o estipula-do nos artigos 17.º, 48.º e 53.º dos estatutos da FAUP, publicados no D.R. II Série, n.º 250, de 29 de Dezembro de 2009.
As candidaturas devem ser dirigidas ao Presidente do Conselho de Representantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, sita à Via Panorâmica, s/n, 4150-755 Porto, acompanhadas de Curriculum Vitae e Programa de Acção.
As candidaturas decorrem de 9 a 22 de Outubro de 2014, e devem dar entrada no Serviço de Ex-pediente, até às 16 horas.
O Presidente do Conselho de RepresentantesProf. Doutor Luís Soares Carneiro
Agência de Leilões Paraíso
R. Andrade 2 r/c dtº
1170-015 LISBOA
Tel 218 122 384 | Tlm 919 458 349
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Maria Margarida Moreira Vaz Oliveira Leal
T3Rua Casal da Serra 20 - R/C Dto.
56.250,00€ Peça-nos o Catálogo
Agência de Leilões Paraíso
p a r a í s od e s d e 1 9 7 0
DR. JOSÉ MANUEL PAULIAC DE MENEZES ALVES
MISSA DE 7.º DIA
Sua Família participa o seu falecimento e que hoje dia 1, será rezada Missa na Igreja de Santa Maria e S. Miguel, em Sintra, pelas 19 horas.
Agência Funerária Magno - AlvaladeServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
Serviço Funerário Permanente 24 Horas
COMARCA DE SETÚBALSesimbra - Inst. Local -Sec. Comp. Gen. - J2
Processo: 194/09.0GCSSB
ANÚNCIOProcesso Comum (Tribunal Singular)A Mm.ª Juíza de Direito Dr.ª Marisa Mala-gueira, da Inst. Local de Sesimbra - Sec. Comp. Gen. - J2 - Comarca de Setúbal:Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Singular), n.º 194/09.0GCSSB, pendente neste Tribunal contra o arguido Ernanne Pereira da Silva, fi lho de lter Dias da Silva e de Marivone Pereira da Silva, natural de: Brasil, nacional de Brasil, nas-cido em 16-01-1984, estado civil: solteiro, Passaporte - Cs555662, domicílio: En 379, Casa Carlota, 2970-129 Sesimbra, por se encontrar acusado da prática de 1 crime de Ofensa à integridade física qualifi cada, p.p. pelos art.ºs 143.º, n.º 1 e 145.º, nº 1, al. a) e n.º 2, por referência ao artigo 132.º, n.º 2, al. h), primeira parte, todos do C. Penal, praticado em 14-06-2009; foi o mesmo declarado contumaz, em 18-09-2014, nos termos do art.º 335.º do C. P. Penal.A declaração de contumácia, que ca-ducará com a apresentação do arguido em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos:a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabili-dade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer documentos, certidões ou registos junto de autoridades públi-cas; d) O arresto da totalidade ou em parte dos seus bens, nos termos do disposto no art.º 337.º, n.º 3 do referido diploma legal.N/ Referência: 42438358Sesimbra, 23-09-2014.
A Juíza de DireitoDr.ª Marisa Malagueira
O Escrivão AdjuntoLuís Salvado
Público, 01/10/2014 - 1.ª Pub.
33PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 CLASSIFICADOS
Loja online Público:http://loja.publico.pt
34 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
SAIR
CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala Vodafone - 14h45, 17h, 19h15, 21h50 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Os Maias M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 2 -15h30; Bekas e o Sonho Americano M12. Sala 2 - 13h30; Magia ao Luar M12. Sala 2 -15h35, 17h35, 19h35, 21h50; Namoro à Espanhola M12. Sala 2 - 19h45; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 15h10, 17h30, 21h45; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 3 - 19h50; A Viagem dos Cem Passos M12. Sala 4 - 17h25 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. E Agora? Lembra-me M12. Sala 1 - 16h45; Os Maias M12. Sala 1 - 13h30, 21h30 (Versão integral do realizador); Lacrau M12. Sala 1 - 19h45 CinemaCity Campo PequenoC. Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420Lucy M12. Sala 1 - 17h30, 20h05, 21h40, 00h30; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 1 - 13h40, 15h40 (V.Port.); Armados em Polícias M12. Sala 2 - 13h25, 00h35; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 2 -17h20; Maze Runner - Correr ou MorrerM12. Sala 2 - 13h15, 15h25, 17h50, 19h20, 21h55, 00h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 13h20, 16h10, 18h50, 21h50, 23h50; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 13h30, 15h55, 18h30, 21h30, 00h05 ; A Viagem dos Cem PassosM12. Sala 3 - 22h; Jersey Boys M12. Sala 3 - 19h15; Aviões - Equipa de Resgate M6. Sala 5 - 15h25 (V.Port.); Os Guardiões da Galáxia M12. Sala 6 - 13h20, 15h50; Namoro à Espanhola M12. Sala 6 - 15h35, 17h35, 19h35, 21h35, 23h55; Livrai-nos do Mal M16. Sala 7 - 19h25, 00h30; O Físico M12. Sala 7 - 18h20, 21h25, 23h45; Magia ao Luar M12. Sala 8 - 15h30, 17h25, 21h45; O Amor é Estúpido M12. Sala 8 - 13h30 Cinemas Nos Alvaláxia Est. José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Armados em Polícias M12. Sala 1 - 15h50, 18h20, 21h; Os Guardiões da Galáxia M12. Sala 2 - 15h55, 18h35, 21h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 3 - 16h30, 21h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 16h20, 19h, 21h40; Num Outro Tom M12. Sala 5 - 16h25, 18h50, 21h25 ; Magia ao Luar M12. Sala 6 - 16h50, 19h10, 21h45; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 7 - 16h20, 18h55, 21h40; Lucy M12. Sala 8 - 16h20, 18h30, 21h35; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 9 - 15h30, 17h40 (V.Port.); O Reflexo do Medo Sala 9 - 21h15; Dentro da Tempestade M12. Sala 10 - 16h10, 18h35, 21h25; Livrai-nos do Mal M16. Sala 11 - 16h05, 18h45, 21h35; Lullaby - A última canção M12. Sala 12 - 16h, 18h40, 21h20 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h40, 21h30, 00h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 12h40, 15h30, 18h20, 21h10, 00h05; Os Maias M12. Sala 3 - 13h40, 17h30, 20h50, 23h50; Jersey Boys M12. Sala 4 - 12h50, 15h40, 21h, 24h; Um Belo Domingo M12. Sala 4 - 18h50; Magia ao Luar M12. Sala 5 - 13h10, 15h20, 18h10, 22h, 00h10; Namoro à Espanhola M12. Sala 6 - 13h30, 18h30; Num
Outro Tom M12. Sala 6 - 16h, 21h20, 23h45; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 7 - 16h20, 19h, 21h40, 00h25; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 7 - 14h Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 1 - 13h05, 15h35, 18h20, 21h10, 23h50; Namoro à Espanhola M12. Sala 2 - 13h15, 15h55, 18h25; Num Outro Tom M12. Sala 2 - 21h05, 23h40; Armados em Polícias M12. Sala 3 - 12h55, 15h25, 21h15; Livrai-nos do Mal M16. Sala 3 - 17h50, 23h45; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 13h40, 17h, 21h, 24h; Sala Imax: 12h50, 15h40, 18h30, 00h25; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 13h, 15h45, 18h35, 21h25, 00h15; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 6 - 12h45, 15h30, 18h10, 21h20, 00h10; Dentro da Tempestade M12. Sala 7 - 13h30, 16h, 21h35; O Reflexo do Medo Sala 7 - 18h15, 23h55; Lucy M12. Sala 8 - 13h20, 15h50, 21h40, 00h20; I Love Kuduro M12. Sala 8 - 18h Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 1 - 13h20, 16h10, 18h40, 21h10, 23h50; Os Maias M12. Sala 2 - 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h30; Lucy M12. Sala 3 - 13h30, 15h50, 18h10, 24h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 13h10, 16h, 18h50, 21h40, 00h20; Jersey Boys M12. Sala 6 - 18h; Num Outro Tom M12. Sala 6 - 13h, 15h20, 23h40 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45; Os Maias M12. Sala 2 - 13h45, 16h20, 18h55, 21h30, 00h10;Magia ao Luar M12. Sala 3 - 17h, 19h30, 22h; Num Outro Tom M12. Sala 3 - 14h Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Os Maias M12. Sala 4 - Cine Teatro - 13h50, 16h35, 19h10, 21h45; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 12h20, 14h45, 17h10, 19h35, 22h; Má Raça M18. Sala 2 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h30; Jersey Boys M12. Sala 3 - 21h30; Magia ao Luar M12. Sala 3 - 15h30, 17h30, 19h30; Num Outro Tom M12. Sala 3 - 13h15 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362A Grande Cidade M12. Sala 1 - 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 1 - 16h35; Num Outro Tom M12. Sala 1 - 14h15, 19h05, 00h15; Grand Budapest Hotel M12. Sala 2 - 18h; Lucy M12. Sala 2 - 14h, 16h, 00h15; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 14h05, 16h40, 00h25; Jersey Boys M12. Sala 4 - 14h20, 17h30, 21h20, 00h20; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 5 - 14h15, 16h50, 19h15, 21h35, 23h55; Os Maias M12. Sala 6 - 14h30, 18h, 21h30, 00h15; O Gang do Parque M6. Sala 7 - 13h45 (V.Port.); O Homem Mais Procurado M12. Sala 7 - 18h50, 21h30; O Físico M12. Sala 7 - 15h45, 00h10; Alentejo, Alentejo M12. Sala 8 - 14h15, 16h30, 19h05, 21h40, 23h50; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 9 - 14h, 16h35, 19h10, 21h45, 00h30; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 10 - 14h05, 16h30, 19h, 21h45, 00h25; A Viagem dos Cem Passos M12. Sala 11 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h50, 00h25; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 12 - 14h, 16h35, 19h10, 21h45, 00h30; Magia ao Luar M12. Sala 13 - 14h05, 16h25, 19h05,
A Grande CidadeDe Satyajit Ray. Com Anil Chatterjee, Madhabi Mukherjee, Jaya Bhaduri. Índia. 1963. 130m. Drama. M12. Subrata e Arati são casados e têm um fi lho pequeno. A seu cargo estão também os pais dele e a irmã mais nova. Com seis bocas para alimentar e um só ordenado, depressa o casal se vê em graves difi culdades económicas. Quando Subrata perde o emprego, Arati encontra uma única solução: desafi ar os costumes da época, que não permitem à mulher a independência económica, e arranjar um trabalho que lhe permita sustentar a família.
Amigos para o Que Der e VierDe Matthew Weiner. Com Owen Wilson, Zach Galifianakis, Amy Poehler. EUA. 2013. 122m. Comédia. M12. Ben é um homem instável, solitário e incompreendido. O seu único amigo é Steve, um meteorologista com um grande coração e dois vícios: mulheres e marijuana. Quando o pai de Ben morre, Steve segue viagem com ele até à Pensilvânia (EUA), onde se realizam as cerimónias fúnebres. É então que descobrem que, ao contrário do que seria expectável, Ben é o único herdeiro da enorme fortuna da família...
CharulataDe Satyajit Ray. Com Madhabi Mukherjee, Shailen Mukherjee, Soumitra Chatterjee. Índia. 1964. 120m. Drama, Romance. M12. Charu é casada com Bhupati, um indiano abastado. Apesar de se considerar uma privilegiada, sente-se profundamente só. Por causa disso, Bhupati pede a Amal, um primo afastado, para fazer companhia à sua esposa e lhe ensinar tudo o que sabe sobre literatura. Com o passar tempo, os dois vão fi cando mais íntimos até perceberem que estão apaixonados. Mas, apesar do desejo intenso, Amal é incapaz de trair a confi ança do primo.
LacrauDe João Vladimiro. POR. 2013. 99m. Documentário. M12. Partindo do quotidiano campestre de Covas do Monte, em São Pedro do Sul, para estabelecer um contraste com a vida impessoal na grande cidade, João Vladimiro realiza um fi lme-ensaio sobre o Portugal rural e urbano. Na sua declaração de intenções, o realizador explica que se propôs “equacionar a evolução tecnológica e a nossa posição num mundo que a coloca em primeiro lugar“.
Lullaby - A última cançãoDe Andrew Levitas. Com Amy Adams, Garrett Hedlund, Jessica Brown Findlay. EUA. 2014. 117m. Drama. M12. Quando Jonathan descobriu que o pai tinha cancro, levantou uma enorme barreira entre si e os outros, de modo a evitar o sofrimento. Dez anos volvidos, a viver em Los Angeles, tornou-se um homem emocionalmente desligado. Quando é informado que o progenitor, depois de anos a lutar contra a doença, pediu que lhe fosse dada uma dose de analgésicos sufi cientes para poder partir em paz, Jonathan voa até ele para poder passar os últimos momentos na sua companhia. Mas serão as horas que lhes restam sufi cientes para a reconciliação?
O CobardeDe Satyajit Ray. Com Soumitra Chatterjee, Madhabi Mukherjee, Haradhan Bannerjee. Índia. 1965. 74m. Drama. M12. Quando, no meio do nada, o carro de Amitabha tem uma avaria, não lhe resta alternativa a não ser aceitar boleia de um desconhecido. Quando chega a casa do homem, dá-se conta que ele é casado com Karu, a mulher que em tempos amou e que, por cobardia, abandonou. Arrependido, Amitabha propõe-lhe que deixe o marido e fuja com ele. Contudo, apesar de ter refeito a sua vida com outro homem, ela nunca superou o facto de ter sido desprezada...
O Deus ElefanteDe Satyajit Ray. Com Soumitra Chatterjee, Parinita Banerjee, Haradhan Bannerjee. Índia. 1979. 122m. Aventura. M12. Feluda, Topshe e Lalmohan estão de férias na cidade sagrada de Benares para assistir aos pujas (rituais sagrados). Mas o roubo de uma imagem de Ganesh, o deus com cabeça de elefante, de uma casa de uma família local obriga Feluda a iniciar uma investigação. Interessado em descobrir o culpado, o conhecido detective vai colocar-se face a face com personagens dispostas a tudo.
O HeróiDe Satyajit Ray. Com Uttam Kumar, Sharmila Tagore, Bireswar Sen. Índia. 1966. 120m. Drama. Arindam é uma das fi guras públicas mais proeminentes da Índia. Certo dia, durante uma viagem de comboio, conhece Aditi, uma jovem jornalista que lhe pede para fazer uma entrevista. Aborrecido pela longa viagem e sem nada de mais interessante para fazer, aceita. Nessa demorada conversa
com Aditi, ele acaba por revelar coisas da sua vida que nunca tinha divulgado antes: erros, inseguranças e alguns dos seus arrependimentos mais íntimos.
O SantoDe Satyajit Ray. Com Charuprakash Ghosh, Robi Ghosh, Prasad Mukherjee. Índia. 1965. 65m. Comédia. M12. Um advogado de meia-idade é seduzido pelas teorias de um santo que lhe fala na sua vida milenar e de todos os grandes homens que conheceu, de Jesus Cristo a Buda. Fascinado, o homem decide então iniciar toda a sua família nos ensinamentos do seu novo mestre, incluindo a fi lha solteira. Mas o namorado dela, preocupado com a possibilidade de perder a sua amada, decide provar a toda a gente que o indivíduo não passa de um impostor.
Os Gatos não Têm VertigensDe António-Pedro Vasconcelos. Com José Afonso Pimentel, Nicolau Breyner, Joaquim Leitão, Ricardo Carriço, Maria do Céu Guerra. POR. 2014. 124m. Comédia Dramática. M12. Com 18 anos, Jó é já um rapaz desencantado com a vida. Proveniente de uma família disfuncional, criado com pouco afecto e compreensão, acabou por se deixar levar pelas piores companhias. Rosa, com 73 anos, é uma mulher bondosa mas incapaz de lidar com a morte recente do marido. Quando Jó é expulso de casa pelo pai, refugia-se no terraço de Rosa. A velha senhora decide acolhê-lo em sua casa. Entre os dois nasce uma cumplicidade que, apesar de incompreendida por todos, se torna a cada dia mais forte e verdadeira...
The Equalizer - Sem MisericórdiaDe Antoine Fuqua. Com Denzel Washington, Marton Csokas, Chloë Grace Moretz. EUA. 2014. 128m. Thriller, Acção. M16. Ex-agente das forças especiais, Robert McCall foi treinado para defender os mais fracos. Agora, decidido a deixar o passado para trás, trabalha num armazém e a sua vida é tranquila, com rotinas metodicamente controladas. Certo dia, conhece uma jovem prostituta de quem fi ca amigo. Mas quando ela é encontrada brutalmente agredida por um grupo de criminosos, McCall sente acordar em si a pessoa que em tempos foi. Assim, apesar dos seus esforços para fugir a um passado em que a violência predominava, ele segue os responsáveis e mata-os sem misericórdia.
Em estreialazer@publico.ptcinecartaz@publico.pt
Amigos para o Que Der e Vierer e Vier
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 35
21h30, 23h45; Namoro à Espanhola M12. Sala 14 - 14h05, 16h20, 19h20, 21h55, 00h30
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 1 - 13h, 15h50, 18h50, 21h30, 00h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 12h45, 15h40, 18h35, 21h40, 00h25; Lucy M12. Sala 3 - 13h30, 16h, 18h15, 21h10, 23h30; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 12h35, 15h30, 18h25, 21h20, 00h15; Os Maias M12. Sala 5 - 13h15, 17h, 21h, 00h05; Alentejo, Alentejo M12. Sala 6 - 12h55, 15h15, 17h40, 21h15, 23h50; Magia ao Luar M12. Sala 7 - 13h, 16h, 18h25, 21h10, 23h35; Jersey Boys M12. Sala 8 - 18h15; Namoro à Espanhola M12. Sala 8 - 13h25, 15h50, 21h15, 23h55; Num Outro Tom M12. Sala 9 - 12h45, 15h20, 18h, 21h20, 24h; Armados em Polícias M12. Sala 10 - 12h35, 15h10, 18h10, 21h10, 23h40; Lullaby - A última canção M12. Sala 11 - 13h05, 15h55, 18h45, 21h25, 00h15; O Gang do Parque M6. Sala 12 - 13h20, 15h30, 17h40; Dentro da Tempestade M12. Sala 12 - 21h, 23h20; I Love Kuduro M12. Sala 13 - 18h20; Livrai-nos do Mal M16. Sala 13 - 12h50, 15h35, 21h05, 23h50; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 14 - 13h05, 15h40, 18h15, 21h05, 23h45
Amadora UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221Namoro à Espanhola M12. Sala 1 - 14h, 16h10, 18h50, 21h25; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 13h30, 16h156, 19h, 21h40; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 13h45, 16h25, 19h05, 21h45; Armados em Polícias M12. Sala 4 - 13h55, 16h20, 19h, 21h30; I Love Kuduro M12. Sala 5 - 14h30, 16h50, 21h45; O Reflexo do Medo Sala 5 - 19h20; Os Guardiões da Galáxia M12. Sala 6 - 18h35; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 6 - 14h, 16h15, 21h25; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 7 - 14h05, 16h05 (V.Port.); O Físico M12. Sala 7 - 18h, 21h10; O Gang do Parque M6. Sala 8 - 13h55, 16h35 (V.Port.); Livrai-nos do Mal M16. Sala 8 - 19h15, 21h50; Lucy M12. Sala 9 - 14h10, 16h30, 19h05, 21h30; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 10 - 13h50, 16h25, 19h05, 21h40; Dentro da Tempestade M12. Sala 11 - 14h20, 16h40, 19h10, 21h35
Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h40, 18h30, 21h30; Dentro da Tempestade M12. Sala 2 - 15h20, 17h20, 21h40; Num Outro Tom M12. Sala 2 - 19h20; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 15h30, 18h20, 21h35
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Lucy M12. Sala 1 - 13h, 15h10, 17h50, 21h40, 23h50; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 2 - 13h10, 15h50, 18h40, 21h20, 00h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 12h50, 15h40, 18h20, 21h, 23h40; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 12h40, 15h20, 18h10, 21h10, 24h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 5 - 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h25; Armados em
Polícias M12. Sala 6 - 13h20, 16h, 18h50, 21h45, 00h15; Namoro à Espanhola M12. Sala 7 - 13h30, 15h45, 18h; Num Outro Tom M12. Sala 7 - 21h05, 23h30
Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Armados em Polícias M12. Sala 2 - 15h25, 18h15, 21h25; Num Outro Tom M12. Sala 3 - 18h, 21h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 3 - 15h35, 18h25, 21h15; Lucy M12. Sala 4 - 15h40, 18h10, 21h40; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 4 - 15h30 (V.Port.); O Gang do Parque M6. Sala 5 - 15h40, 17h40 (V.Port.); Lucy M12. Sala 5 - 15h40, 18h10, 21h30; Num Outro Tom M12. Sala 5 - 21h25
Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Os Maias M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; Magia ao Luar M12. Sala 2 - 15h30, 21h30
Sintra Cinema City BelouraQuinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Magia ao Luar M12. Sala 1 - 17h45, 20h, 21h40; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 15h20, 17h40, 21h55; Os Maias M12. Sala 2 - 15h40, 18h30, 21h30; Namoro à Espanhola M12. Sala 2 - 15h30, 19h45, 21h45; Lucy M12. Sala 3 - 19h50; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 3 - 15h55 (V.Port.); Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 4 - 15h25, 17h35, 21h40; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 5 - 15h50, 17h50, 19h55, 21h50; A Viagem dos Cem Passos M12. Sala 5 - 21h35; Jersey Boys M12. Sala 5 - 17h30; Num Outro Tom M12. Sala 5 - 15h20, 17h25, 19h30; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 6 - 16h, 18h40, 21h35 Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Lucy M12. Sala 1 - 15h15, 17h10, 19h10, 21h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 15h50, 18h30, 21h30; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 16h, 18h20, 21h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 15h40, 18h40, 21h40; I Love Kuduro M12. Sala 5 - 19h; Num Outro Tom M12. Sala 5 - 15h, 17h, 21h15; Dentro da Tempestade M12. Sala 6 - 15h10, 17h15, 21h25; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 6 - 19h20; Armados em Polícias M12. Sala 7 - 15h10, 17h15, 21h50; O Reflexo do Medo Sala 7 - 19h30
Leiria Cinema City LeiriaR. Dr. Virgílio Vieira da Cunha. T. 244845071Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 1 - 15h30 (V.Port.); Magia ao Luar M12. Sala 1 - 19h35 ; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 15h50, 18h30, 21h40; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h25, 17h50, 19h20, 21h55 ; Dentro da Tempestade M12. Sala 3 - 20h05 ; O Gang do Parque M6. Sala 4 - 15h45, 17h40 (V.Port.); O Físico M12. Sala 4 - 21h35; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 4 - 15h55, 18h50, 21h50; Que Mal Fiz Eu a Deus? M12. Sala 5 - 17h25 ; Armados em Polícias M12. Sala 5 - 15h20, 21h45 ; Os Guardiões da Galáxia M12. Sala 6 - 19h25 ; Lucy M12. Sala 6 - 17h30, 22h; Os Maias M12. Sala 7 - 15h40, 18h40, 21h30
Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 16h, 18h40, 21h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 2 - 15h50, 18h30, 21h20; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 14h30, 16h50, 19h10, 21h40; O Gang do Parque M6. Sala 4 - 15h20; Num Outro Tom M12. Sala 4 - 17h20, 19h40, 22h; Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 17h40, 21h50; Magia ao Luar M12. Sala 5 - 15h30, 19h40; Namoro à Espanhola M12. Sala 6 - 15h40, 17h50, 20h, 22h10; Lucy M12. Sala 7 - 17h30, 19h30, 21h30; Se Eu Ficar M12. Sala 7 - 15h10
Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. O Gang do Parque M6. Sala 1 - 16h30; Num Outro Tom M12. Sala 1 - 14h10, 18h30, 21h;Lucy M12. Sala 2 - 15h50, 19h50; Dentro da Tempestade M12. Sala 2 - 17h50, 21h50;Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 3 - 15h10(V.Port.); Namoro à Espanhola M12. Sala 3 - 17h, 19h10, 21h20; The Giver - O Dador deMemórias M12. Sala 4 - 16h50, 19h10, 21h30;Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 4 16h50, 19h10, 21h30; Os Gatos não TêmVertigens M12. Sala 5 - 16h, 18h40, 21h20;The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 6 - 16h10, 18h50, 21h30; Armados em Polícias M12. Sala 7 - 17h30, 21h40; O Reflexo do Medo Sala 7 - 15h30, 19h40
Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h50, 18h40, 21h30; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h40, 18h20, 21h10; Armados em Polícias M12. Sala 3 - 16h, 18h30, 21h45; Lucy M12. Sala 4 - 15h20, 18h, 21h; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 15h30, 18h10, 21h20; Namoro à Espanhola M12. Sala 6 - 18h45; Num Outro Tom M12. Sala 6 - 16h10, 21h40
Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h20, 18h, 21h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 3 - 15h30, 18h20,
21h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 15h50, 18h30, 21h20; Lucy M12. Sala 5 - 15h40, 18h40, 21h30; O Gang doParque M6. Sala 6 - 16h, 18h10 (V.Port.);Dentro da Tempestade M12. Sala 7 - 21h40
Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Lucy M12. Sala 1 - 21h05, 23h55; Num Outro Tom M12. Sala 1 - 12h50, 15h25, 18h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 12h40, 15h40, 18h35, 21h30, 00h25; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 3 - 12h55, 15h30, 18h10, 21h, 24h; Jersey Boys M12. Sala 4 - 18h40; Magia ao Luar M12. Sala 4 - 13h10, 16h, 21h40, 00h10; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 12h30, 15h20, 18h15, 21h10, 00h15; Os Maias M12. Sala 6 - 12h45, 15h50, 18h50, 21h50; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 7 - 13h, 15h45, 18h25, 21h20, 00h05
Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAThe Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h, 18h, 21h ; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h20,18h20, 21h20 ; O Gang do Parque M6. Sala 3 - 15h30, 18h30; Lucy M12. Sala 3 - 21h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 15h10, 18h10, 21h10
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 12h50, 15h30, 18h30, 21h30; Lucy M12. Sala 2 - 13h10, 15h15; Dentro da Tempestade M12. Sala 2 - 21h50; Dentro da Tempestade M12. Sala 2 - 17h15, 19h30;Armados em Polícias M12. Sala 2 - 17h15, 19h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 13h, 15h40, 18h20, 21h40
Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h30, 18h20, 21h15; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h40, 18h15, 21h40; Lucy M12. Sala 3 - 16h15, 18h30,
21h50; Os Maias M12. Sala 4 - 16h30, 21h; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 16h, 18h45, 21h30
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789No Limite do Amanhã M12. Sala 1 - 16h, 18h30, 21h10; Mil e Uma Maneiras de Bater as Botas M12. Sala 2 - 16h10, 18h20, 21h; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 3 - 15h40, 18h30, 21h20; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 4 - 15h30, 18h50, 21h25; Lucy M12. Sala 5 - 15h, 17h; Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 21h15; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 6 - 19h; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 6 - 15h50, 18h40, 21h30
Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 16h10, 18h50, 21h30; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 14h10, 16h40, 19h10, 21h40; Lucy M12. Sala 3 - 17h, 19h, 21h10; Sininho: Fadas e Piratas M6. Sala 3 - 15h10 (V.Port.); Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 4 - 15h50, 18h30, 21h20; O Gang do Parque M6. Sala 5 - 15h30 (V.Port.); Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 17h30, 19h30, 21h30; O Reflexo do Medo Sala 6 - 15h40, 20h; Num Outro Tom M12. Sala 6 - 17h40, 22h; I Love Kuduro M12. Sala 7 - 15h20, 19h40; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 7 - 17h30, 21h50
Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Os Maias M12. Sala 1 - 13h10, 16h10, 19h, 22h; Num Outro Tom M12. Sala 2 - 13h, 15h50, 18h10; O Sonho Certo Sala 2 - 21h10, 23h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 4 - 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h20; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 5 - 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h05
Albufeira Cineplace - AlgarveShoppingEstrada Nacional 125 - Vale Verde. Lucy M12. Sala 1 - 18h40, 21h; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 1 - 14h30, 16h40; The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 2 - 15h40, 18h30, 21h20; O Gang do Parque M6. Sala 3 - 14h (V.Port.); O Reflexo do Medo Sala 3 - 19h; O Físico M12. Sala 3 - 16h, 21h; Armados em Polícias M12. Sala 4 - 17h20, 21h50; Namoro à Espanhola M12. Sala 4 - 15h10, 19h40; Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 17h30, 21h40; O Sonho Certo Sala 5 - 15h20, 19h30; Os Maias M12. Sala 6 - 15h40, 18h20, 21h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 7 - 14h40, 17h, 19h20, 21h40; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 8 - 16h10, 18h50, 21h30; Amigos para o Que Der e Vier M12. Sala 9 - 14h20, 16h50, 19h10, 21h30
Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Lucy M12. Sala 1 - 17h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 1 - 15h, 19h, 21h30; Os Maias M12. Sala 2 - 15h15, 19h15; Namoro à Espanhola M12. Sala 2 - 17h45, 21h30
AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
Charulata mmmmm mmmmm mmmmm
O Cobarde – mmmmm mmmmm
O Deus Elefante mmmmm mmmmm mmmmm
O Herói mmmmm mmmmm mmmmm
A Grande Cidade mmmmm mmmmm mmmmm
Os Gatos não Têm Vertigem mmmmm – mmmmm
Jersey Boys mmmmm mmmmm mmmmm
Lacrau mmmmm mmmmm mmmmm
Os Maias mmmmm mmmmm mmmmm
O Santo – mmmmm mmmmm
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Levar música de todo o tipo a todo o tipo de pessoas é, desde 1975, o objectivo do Dia Mundial da Música. Não faltam formas de o cumprir e celebrar, muitas delas gratuitas. É o caso da exposição Sax Inspiration, Mélodies Graphiques, que às 19h30 se instala no Museu da Música com caricaturas e desenhos sobre o inventor do saxofone. Antes, às 18h, o museu lisboeta
chama Pavel Gomziakov para tocar no precioso violoncelo Stradivarius. A essa hora, o maestro Rui Massena (na foto) vai ao Centro Comercial Colombo dirigir The Pool Songs. Integrando ritmo e harmonias originais numa instalação da americana Jen Lewin, compõe um espectáculo interactivo que convida o visitante a entrar num cenário único de cor e som.
Para dar música à dataRUI FARINHA/ARQUIVO
36 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
SAIRCineplace - PortimãoQuinta da Malata, Lote 1 - C. C. Continente. The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 16h10, 18h50, 21h30; O Gang do Parque M6. Sala 2 - 15h40; Lucy M12. Sala 2 - 17h40, 19h40, 21h40; The Giver - O Dador de Memórias M12. Sala 3 - 16h; O Sonho Certo Sala 3 - 18h10, 20h10, 22h10; Dentro da Tempestade M12. Sala 4 - 16h20, 21h20; O Físico M12. Sala 4 - 18h20; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 5 - 15h50, 18h30, 21h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 6 - 14h20, 16h50, 19h20, 21h50
Tavira Cinemas Nos TaviraR. Almirante Cândido dos Reis. T. 16996The Equalizer - Sem Misericórdia M16. Sala 1 - 15h30, 18h20, 21h10; Maze Runner - Correr ou Morrer M12. Sala 2 - 15h50, 18h40, 21h30; Os Gatos não Têm Vertigens M12. Sala 3 - 15h40, 18h30, 21h20, 00h05; Lucy M12. Sala 4 - 15h20, 18h20, 21h05; Dentro da Tempestade M12. Sala 5 - 21h; O Sonho Certo Sala 5 - 15h30, 18h10
TEATROLisboaChapitôR. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550 Rebéubéu, Pardais ao Ninho Enc. Paulo César. De 17/9 a 8/10. 4ª às 21h30. O NegócioR. do O Século, 9 . T. 213430205 Insight Com Francisco Campos, Leonor Keil. De 1/10 a 4/10. 4ª a Sáb às 21h30. M/16. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 A Acompanhante Enc. Gonçalo Amorim. De 10/9 a 12/10. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h (na Sala Vermelha). M/12. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 A Casa de Ramallah Artistas Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. De 10/9 a 11/10. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/16.
de Excepção De 24/9 a 4/1. 4ª a Dom das 10h às 18h. 3ª das 14h às 18h. Sociedade Nacional de Belas ArtesRua Barata Salgueiro, 36. T. 213138510 PIN 10 Anos De vários autores. De 9/9 a 3/10. 2ª a 6ª das 12h às 19h (Encerra aos feriados). Fotografia.
MÚSICALisboaCentro Comercial ColomboAv. Lusíada . T. 217113600 The Pool Songs Dia 1/10 às 18h (na Praça Central. Dia Mundial da Música). Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Afonso Pais & Rita Maria Com Rita Maria (voz), Afonso Pais (guitarra), António Quintino (contrabaixo), Luís Candeias (bateria), Albert Sanz (piano). De 1/10 a 3/10. 4ª, 5ª e 6ª às 22h30 e 24h (Dia Mundial da Música). Museu da MúsicaRua João de Freitas Branco . T. 217710990 Pavel Gomziakov Com Pavel Gomziakov (violoncelo). Dia 1/10 às 18h (Um Músico, Um Mecenas. Dia Mundial da Música). MusicBoxRua Nova do Carvalho, 24Cais do Sodré. T. 213430107 Other Ground feat. MC Ary & Grog Nation Dia 1/10 às 22h. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Escola de Música do Conservatório Nacional e Quarteto Lopes-Graça Dia 1/10 às 18h30 (Dia Mundial da Música).
Alcobaça
Cine-Teatro de AlcobaçaRua Afonso de Albuquerque. T. 262580890 Academia de Música de Alcobaça Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música). Concerto de Professores: Do Clássico ao Jazz.
BarreiroAuditório Municipal Augusto CabritaAv. Escola de Fuzileiros Navais. T. 212070578 Márcia Dia 1/10 às 21h30
FaroTeatro Municipal de FaroHorta das Figuras. T. 289888110 António Pinho Vargas Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música. M/6).
LouléCine-Teatro LouletanoAvenida José da Costa Mealha. T. 289414604 Pedro Burmester Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música. Comemorações do Centenário de Nascimento de Maria Campina).
Olival BastoCentro Cultural da MalapostaRua Angola. T. 219383100 Ana Maria Santos e António Ortiz Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música. M/3).
SesimbraCineteatro Municipal João MotaRua João da Luz, 5. T. 212234034 Bota Big Band Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música. M/6).
SetúbalFórum Municipal Luísa TodiAv. Luísa Todi, 65. T. 265522127 Orquestra Metropolitana de Lisboa Dia 1/10 às 21h30 (Dia Mundial da Música).
SAIRTeatro MeridionalRua do Açúcar, 64. T. 218689245 Pedro Páramo Teatro Meridional. Enc. Miguel Seabra. De 17/9 a 12/10. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Teatro Municipal São LuizRua António Maria Cardoso. T. 213257650 Ode Marítima Com Diogo Infante. De 25/9 a 5/10. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/12. Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 A Farsa TNDM II/Karnart. Enc. Luís Castro. De 25/9 a 19/10. 4ª às 19h15. 5ª a Sáb às 21h15. Dom às 16h15 (na Sala Estúdio). M/12. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 Portugal à Gargalhada Enc. Filipe La Féria, Nuno Guerreiro. A partir de 23/7. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h.
BejaTeatro Municipal Pax JúliaLargo de São João. T. 284315090 Autos da Revolução Cendrev/ACTA- A Companhia de Teatro do Algarve. Enc. Pierre-Etienne Heymann. Dia 1/10 às 21h30. M/12. Duração: 90m.
PalmelaPalmela Quarentena Teatro O Bando. Enc. João Brites. Mús. Jorge Salgueiro. De 1/10 a 26/10. 4ª a Dom às 20h. Concertos-encenados. M/12. Duração da viagem: 3h (mapa, transporte e alimentação incluída). Reserva: 212336850 ou bilheteira@obando.pt.
EXPOSIÇÕESLisboaA Pequena GaleriaAvenida 24 de Julho, 4C. T. 218264081 Moksha De Marcelo Buainain. De 27/9 a 30/10. 4ª, 5ª e 6ª das 18h às 20h. Sáb das 16h às 20h. Fotografias. Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 CCB - Cidade Aberta e Daniel Malhão
Fotografias De 20/6 a 20/10. 2ª a 6ª das 08h às 20h. Sáb, Dom e feriados das 10h às 18h. Fotografia, Arquitectura. Rafael Moneo. Uma reflexão teórica a partir da profissão. Materiais de arquivo (1961-2013) De 16/9 a 23/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arquitectura, Centro InterculturacidadeRua dos Poiais de São Bento. T. 213971165 Cidade Velha, Património do Mundo De Acácio Carreira. De 5/9 a 2/10. 2ª a 5ª das 15h às 19h. 6ª das 15h às 18h. Lisboa Paradeiro Desconhecido De Jorge Molder. De 23/9 a 9/10. Todos os dias 24h (na Avenida das Forças Armadas, junto à antiga Feira Popular). Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Museu Nacional de ArqueologiaPraça do Império. T. 213620000 Antiguidades Egípcias A partir de 18/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura.O Tempo Resgatado ao Mar De 20/3 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 18h (últimas entradas 17h45 na Entrada Principal, 17h30 na Entrada Oriental). Tesouros da Arqueologia Portuguesa A partir de 1/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arqueologia.Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verde. T. 213912800 Desenhos Maneiristas Lombardos da colecção do MNAA De vários autores. De 24/6 a 12/10. 4ª a Dom das 10h às 18h. 3ª das 14h às 18h. Pintura, Desenho. Obra Convidada: São Tiago Maior de José de Ribera De 16/9 a 11/1. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX De Vários autores. A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura Splendor et Gloria. Cinco Jóias Setecentistas
Sara Carinhas encarna Candidinha na peça A Farsa, no D. Maria II
FARMÁCIASLisboa/Serviço PermanenteAlves da Graça (Chile) - Rua Morais Soares, 91 - D - Tel. 218144350 Lys (D. Carlos I) - Rua da Esperança, 17-19 - Tel. 213960913 Macedo (Benfica - Charquinho) - Rua da República da Bolivia, 69 C - Tel. 217110410 Marbel (Alvalade - Avª. do Brasil) - Avª. de Roma, 131 - A - Tel. 217993770 Pinheiro (Campo de Ourique) - Rua Campo Ourique, 131 - Tel. 213844313 Universal (Estefânia) - Rua Actor António Taborda, 5 - 7 - Tel. 213173990 Gare do Oriente (Santa Maria dos Olivais) - Av. D. João II, Lote 1.15, Loja G220 - Tel. 218963270
Odivelas/Serviço PermanenteAzevedo Irmão e Veiga (Ramada) - Av. da Liberdade, 23-A - Tel. 219345880
Outras Localidades/Serviço PermanenteAbrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Campeão Alcochete - Cavaquinha, Póvoas (Samouco) Alenquer
- Nobre Brito, Varela Aljustrel - Pereira Almada - Reis, Vale de Figueira Almeirim - Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Leitão Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Jardim, Alto da Brandoa (Brandoa) Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva, Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Mascarenhas Neto Batalha - Ferraz, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Santos Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Miguel Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Maldonado Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio
Guerra Cascais - Bicesse (Bicesse), Vilar (Carcavelos), Das Fontainhas Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Leal Mendes Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Santa Catarina (Carregueira) Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - Santana (Boidobra) Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Calado Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Costa Évora - Horta das Figueiras Faro - Montepio Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Sena Padez (Fatela) Gavião - Gavião, Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - Ribeiro Lopes Leiria - Vida Loulé - Miguel Calçada, Pinheiro, Paula (Salir) Loures - Santo António dos
Cavaleiros Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Coral, Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande - Roldão Marvão - Roque Pinto Moita - Cardoso (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Central Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Nova de Moura Mourão - Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Famões Oeiras - Mota Capitão (Carnaxide), Nova (Caxias), Mourão Vaz Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Verdasca Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Ideal (Águas de Moura) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Higiénica Pombal - Barros Ponte de Sor - Cruz Bucho Portalegre - Portalegrense Portel - Fialho Portimão - Amparo Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel
de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Confiança Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Fonseca (Amora) Serpa - Oliveira Carrasco Sertã - Lima da Silva, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - Lopes Setúbal - Farinha Pascoal, Marques Silves - Dias Neves, Ass. Soc. Mutuos João de Deus Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Campos, Pinto Leal, Simões Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Sousa Tomar - Dias Costa Torres Novas - Central Torres Vedras - São Gonçalo Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Mercado (Alverca), Romeiras (Forte da Casa), Roldão Vila Nova da Barquinha - Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Duarte Alvito - Baronia Sintra - Medeiros (Algueirão - Mem Martins)
FILIPE FERREIRA
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 37
FICAR
CINEMAJogo de Risco [Runner Runner]TVC1, 21h30Richie Furst, um estudante da
Universidade de Princeton, perdeu
todo o dinheiro das propinas ao
apostar numa página de póquer
online. Convencido de que foi
ludibriado, decide viajar até à
Costa Rica, onde a página está
registada, de modo a perceber
quem está por detrás de tudo
aquilo. Porém, com a sua ânsia
descontrolada de jogar e sem
noção do nível de ilegalidade em
que se está a envolver, converte-se
na mão direita de Ivan Block, o
corrupto proprietário da página,
que se torna seu mentor e com
quem inicia uma perigosa parceria.
Verdade ou Mentira [Shattered Glass]AXN Black, 23h30Em meados dos anos 1990, os
artigos de Stephen Glass tornam-
no um dos jovens jornalistas mais
requisitados de Washington. Mas
uma sequência de acontecimentos
vai paralisar a sua carreira
fulgurante. Baseado numa história
real, relatada por Buzz Bissinger
em Setembro de 1998, o fi lme põe
a ética jornalística no banco dos
réus. E remete necessariamente
para o caso do jornalista Jayson
Blair, cujos artigos fi ctícios no
The New York Times custaram o
emprego a dois directores daquele
prestigiado jornal e causaram
um dos maiores escândalos
jornalísticos das últimas décadas.
A Casa de Ossos [House of Bones]MOV, 2h45Uma equipa de televisão contrata
um médium para, juntamente
com eles, se instalar numa
casa assombrada e fi lmar um
documentário sobre fantasmas.
No entanto, lá chegados, as coisas
não saem como esperavam. A
casa parece ter vida própria e, à
medida que as trevas se apoderam
daquele lugar e os elementos
da equipa vão sendo mortos, os
restantes terão que enfrentar o
mal de forma a sobreviverem.
INFANTIL
Star Wars RebelsDisney, 12h42Estreia. Nova série de animação,
baseada na épica saga Guerra das
Estrelas, com renovadas histórias
de aventura, um cenário futurista
e muitas personagens de outros
planetas. A acção situa-se entre os
episódios III e IV e decorre num
momento em que o Império quer
garantir o controlo absoluto sobre
a galáxia. Mas há um pequeno
grupo que se atreve a desafi ar
as regras e usa todas as suas
capacidades para lutar.
RapunzelDisney, 20h28As princesas da Disney continuam
a brilhar no canal. Ao longo deste
mês, é a vez de Rapunzel ser a
estrela. Esta princesa pode ter
passado toda a sua vida trancada
numa torre secreta, mas, com
mais de 20 metros de cabelos
dourados, é uma jovem curiosa e
com muita energia que preenche
os seus dias com arte, livros e
muita imaginação. Em destaque
vão estar peças diárias, momentos
musicais como o karoke Eu Vejo
a Luz, do fi lme Entrelaçados, e
ainda algumas indicações para se
ser uma verdadeira princesa.
DESPORTO
Futebol: Liga dos CampeõesDirecto. Em Leverkusen, a equipa
de Jorge Jesus disputa frente ao
Bayer a segunda jornada da Fase
de Grupos da Liga dos Campeões
(SPTV1, 19h45). A arbitragem
fi ca a cargo do inglês Martin
Atkinson. Outros jogos da Liga dos
Campeões: Zenit x Mónaco (SPTV1,
17h00), Ludogorets Razgrad x Real
Madrid (SPTV2, 19h45), Atlético
Madrid x Juventus (SPTV3, 19h45),
Arsenal x Galatasaray (SPTV4,
19h45), e Basileia x Liverpool
(SPTV5, 19h45).
DOCUMENTÁRIO
Dinheiro no CeleiroDiscovery, 23h00Estreia. Acompanha-se uma
equipa de profi ssionais de leilões
que tentam localizar as maiores
fortunas escondidas em celeiros
dos EUA. Convencidos de que as
famílias mais ricas armazenavam
os bens mais preciosos dentro dos
celeiros, e na esperança de que os
mesmos tenham sido esquecidos,
os protagonistas vão descobrir
que fortuna se esconde entre lixo
e relíquias.
House, FOX, 19.40
RTP16.30 Bom Dia Portugal 10.00 Agora Nós 13.00 Jornal da Tarde 14.19 Os Nossos Dias 14.49 Há Tarde 18.00 Portugal em Directo 19.09 O Preço Certo 19.56 Direito de Antena 20.00 Telejornal 21.09 Bem-vindos a Beirais 21.50 Água de Mar 22.46 Quem Quer Ser Milionário 23.49 As Linhas de Torres 00.50 Arrow 1.37 Liberdade 21 2.32 Vila Faia
RTP27.00 Euronews 7.30 Zig Zag 11.16 Euronews 12.40 Janela Indiscreta 13.13 Alves dos Reis, um Seu Criado 14.00 Sociedade Civil - Abandono dos Idosos 15.33 A Fé dos Homens 16.05 Por Amor ao Piano 17.12 Zig Zag 20.41 A Teoria do Big Bang - 6.ª temporada 21.00 Jornal 2 21.42 Página 2 22.00 Vida de Mãe 22.24 Rockefeller 30 - 5.ª temporada 22.48 O Lamento da Guerra 23.44 Tanto Para Conversar 00.28 Fátima e o Mundo 1.27 Sociedade Civil 3.00 Euronews
SIC6.00 SIC Notícias 7.00 Edição da Manhã 8.45 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.00 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.30 Senhora do Destino 15.30 Boa Tarde 18.30 Em Família 20.00 Jornal da Noite 21.45 Mar Salgado 22.45 Sorteio do Totoloto 23.00 Amor à Vida 23.45 Lado a Lado 00.30 Blacklist 1.30 European Poker Tour 2.30 Mentes Criminosas
TVI 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.45 Flor do Mar 16.00 A Tarde é Sua 18.15 Feitiço de Amor 19.15 Casa dos Segredos 5 - Diário da Tarde 20.00 Jornal das 8 21.40 Casa dos Segredos 5 - Diário da Noite 22.10 Jardins Proibidos 23.18 O Beijo do Escorpião 00.08 Mulheres 00.58 Casa dos Segredos 5 - Extra 1.58 Resumos Liga dos Campeões 2.13 Guestlist 2.48 Grimm 3.35 Olhos nos Olhos
TVC1 10.35 A Dactilógrafa 12.25 Burton e Taylor 13.50 A Melhor Oferta 16.00 Velocidade Furiosa 6 18.10 Gangsters da Velha Guarda 19.50 Die Hard: Nunca é Bom Dia para Morrer 21.30 Jogo de Risco 23.05 Velocidade Furiosa 6 1.10 O Gringo 2.45 Gangsters da Velha Guarda
FOX MOVIES9.16 Street Fighter - A Batalha Final 10.55 Infiltrado 13.00 Cop Land - Zona Exclusiva 14.43 Uma Noite Desastrosa 16.18 De-Lovely 18.20 Conhece Joe Black? 21.15 Um Casamento Atribulado 23.07 Fantasmas de Marte 00.43 Os Reis de Dogtown 2.30 Sem Escape - Vencer ou Morrer
HOLLYWOOD9.10 Tootsie - Quando Ele era Ela 11.05 A Calúnia 13.00 O Diário de Bridget Jones 14.35 O Patriota 17.20 Eraser 19.15 Flags of our Fathers - As Bandeiras dos Nossos Pais 21.30 A Verdade Escondida 23.45 Correio de Risco 1.25 Alien - O Regresso 3.15 Anjos na Neve
AXN13.52 Mentes Criminosas 14.41 Mentes Criminosas 15.30 C.S.I. 16.20 C.S.I. 17.10 Arrow 18.00 Arrow 18.50 Mentes Criminosas 19.40 Mentes Criminosas 20.30 C.S.I. 21.20 C.S.I. 22.15 Investigação Criminal 23.10 Investigação Criminal 00.06 Arrow 1.00 Arrow 1.46 Mentes Criminosas 2.29 Mentes Criminosas
AXN BLACK13.48 Boardwalk Empire 14.47 Brigada Anti-Vício 15.40 Filme: O Condenado 17.07 Boardwalk Empire 18.07 Boardwalk Empire 19.08 Boardwalk Empire 20.07 Boardwalk Empire 21.06 Brigada Anti-Vício 22.00 Filme: O Condenado 23.30 Filme: Verdade ou Mentira 1.06 Boardwalk Empire
AXN WHITE13.55 Dois Homens e Meio 14.19 Filme: Porque Sim! 16.09 Chamem a parteira 17.09 Pequenas mentirosas 17.54 Pequenas mentirosas 18.39 Pequenas mentirosas 19.24 Trocadas à nascença 20.12 Trocadas à nascença 21.00 Trocadas à nascença 21.50 Filme: Porque Sim! 23.40 Filme: Até que Me Encontrou 1.22 Trocadas à nascença
FOX 13.58 Sob Suspeita 14.47 Sob Suspeita 15.32 Elementar 16.21 Elementar 17.14 Flashpoint 18.02 Hawai Força Especial 18.47 Hawai Força Especial 19.40 House 20.30 House 21.20 Ossos 22.15 Ossos 23.05 Ossos 00.05 Ossos 00.53 The Walking Dead 1.42 The Walking Dead 2.33 Dexter
FOX LIFE 13.25 Filme: Abducted: The Carlina White Story 14.59 Em Contacto 15.46 Em Contacto 16.35 Clínica Privada 17.25 Filme: Adopting Terror 18.58 My Kitchen Rules 20.04 Body of Proof 20.51 Uma Família Muito Moderna 21.18 Uma Família Muito Moderna 21.45 Rizzoli & Isles 22.36 Rizzoli & Isles 23.32 Filme: Fatal Honeymoon 1.14 My Kitchen Rules
DISNEY16.30 Recreio 16.42 Recreio 16.55 Phineas e Ferb 17.19 Phineas e Ferb 17.35 Sabrina: Segredos de Uma Bruxa 18.00 Violetta 18.55 Liv e Maddie 19.20 O Meu Cão Tem Um Blog 19.45 A Minha Babysitter É Um Vampiro 20.07 Jessie 20.28 Disney Princess - Rapunzel 20.32 Violetta 21.25 A.N.T. Farm - Escola De Talentos
DISCOVERY18.15 Pesca Radical 19.10 Ouro na Selva 20.05 Lutando com Tubarões 21.00 Aquários XXL 22.00 A Minha Casa Numa Árvore 23.00 Celeiros Valiosos 23.25 Celeiros Valiosos 23.55 Perdido e Vendido! 00.20 Perdido e Vendido! 00.45 Aquários XXL
HISTÓRIA 19.01 O Livro Dos Segredos: A Casa Branca 19.46 Restauradores: Detenham Esse Comboio 20.08 Restauradores: Demónio Sobre Rodas 20.31 Restauradores: Brincar com o Fogo 20.53 Restauradores: Em Terrenos Pantanosos 21.15 Restauradores: Cavalo de Batalha 21.37 Restauradores: O Grande Boom 22.00 Caça Tesouros: A Mina de Ouro da Califórnia 22.45 Caça Tesouros: Caça Tesouros no Sótão 23.30 Restauradores: A Cadeira De Barbeiro 23.52 Restauradores: O Jogo De Basebol
ODISSEIA18.22 Tigres Devoradores de Homens 19.13 Códigos Secretos: Formas 20.12 DEA: Tráfico de Drogas de Alta Qualidade 20.57 Gadget Man I: Supercomputador 21.20 Objectivos Sobre-Humanos: Frio Extremo (Wim Hof) 21.49 1000 Formas de Morrer IV 22.09 1000 Formas de Morrer IV 22.30 Deslocações Impossíveis: Um Tribunal Descomunal 23.16 Deslocações Impossíveis: Barco a Vapor 00.02 Códigos Secretos: Formas
lazer@publico.pt
19.40
Os mais vistos da TVSegunda-feira, 29
FONTE: CAEM
SICTVISICTVISIC
15,613,912,711,911,9
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32,327,626,225,029,4
RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
14,4%%
1,7%%
21,7%%
24,0%%
27,8%%
Mar SalgadoSecret Story 5Jornal da NoiteJornal das 8Amor à Vida
38 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
JOGOSCRUZADAS 8637
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Fonte: www.AccuWeather.com
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Sagres17º 28º
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Porto Santo
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Flores
Terceira18º 23º
20º 26º
20º 26º
18º 23º
21º
22º
07h32
Minguante
19h20
11h518 Out.
1m
2-3m
21º
2-3m
24º1m
23º1,5-2m
08h16 2,920h53 2,7
01h51 1,214h30 1,2
07h52 2,920h31 2,8
01h24 1,314h07 1,3
07h56 2,8 20h35 2,7
01h15 1,213h57 1,2
1-1,5m
1-1,5m
2-3m
21º
22º
Horizontais: 1. Combinado. Preposição que designa posse. 2. Algarismo. Sistema que permite “conversar” on-line, digitando mensagens. 3. Ferido. Vida airada (prov.). 4. Suspiro. Espécie de padiola, para transporte de doentes. Popular (abrev.). 5. Elogiara. Variante do pronome “o”. 6. Atmosfera. Sociedade Portuguesa de Autores (sigla). 7. Aqui está. Amores ardentes. 8. Série de luzes à frente do palco, entre o pano de boca e o lugar da orquestra. Pedra circular e ro-tativa de moinho ou de lagar. 9. Coluna que sustenta uma construção. Debruar. 10. Pôr tacões em. Argola. 11. Nada. Dedicar a Deus ou ao serviço divino.
Verticais: 1. Prefixo que exprime a ideia de privação. Azedo. Tranquilidade pú-blica. 2. Nome feminino. Inflamação da íris. 3. Designativo da pedra constituída por sulfato de alumínio e potássio hidra-tado. Que nasce ou deriva da base. 4. Dividir (as terras) em sesmarias. Deus romano do vinho. 5. Ressoar com força. Não continuo. 6. Contracção de “a” com “o”. Pequeno povoado. Elas. 7. Símbolo de miliampere. Talhadas de lombo fri-tas ou guisadas com toucinho e condi-mentadas com pimenta. 8. Vazio. Tornar frouxo. 9 – Prefixo (cavalo). Face inferior do pão. 10. Prejuízo. Manobrara os re-mos. 11. Jornada. Tratamento dado às freiras.
Depois do problema resolvido encon-tre o título de um filme com Annette Bening (4 palavras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Aducir. Tabu. 2. Tinha. Mole. 3. Avia. PERIGO. 4. Cursor. Raer. 5. Al. Puelar. 6. Grassar. Vã. 7. VAI. Au. Ave. 8. SA. Namoro. 9. Rechaço. Ler. 10. SPA. Rã. Etal. 11. Oira. Olhara.Verticais: 1. Ataca. Verso. 2. Divulga. Epi. 3. Unir. Riscar. 4. Chaspa. Ah. 5. Ia. Ousa. Ar. 6. PRESUNÇÃO. 7. Me. LA. Ao. 8. Torraram. Eh. 9. Aliar. VOLTA. 10. Bege. Verear. 11. Orfã. Orla.Provérbio: Perigo vai, presunção volta.
Oeste Norte Este Sul 2♦ (1)passo 2♠ (2) passo 4♥ (3)Todos passam
Leilão: Qualquer forma de Bridge. (1) Forcing de partida (2) Um Ás rico (3) Conclusivo – faltam dois ases
Carteio: Saída: Q♠. Qual a melhor linha de jogo?
Solução: O primeiro passo a tomar é prender a primeira vaza com o Ás de es-padas, a única e última entrada no mor-to. O passo seguinte merece alguma reflexão. À partida, jogar copas ou paus parece ser uma decisão 50-50, mas não é bem assim. Se optarmos por copas e perdermos não nos restará mais nada, contudo se a opção recair sobre o naipe de paus a situação é diferente. Se o Rei de paus perder para o Ás de Oeste, po-demos ainda capturar a Dama de copas se a mesma tombar sobre o Ás e o Rei de copas. Esta “pequena diferença” é de cerca de 20%, o que não é de se desper-diçar…
Dador: SulVul: Ninguém
Problema 5654 Dificuldade: fácil
Problema 5655 Dificuldade: médio
Solução do problema 5652
Solução do problema 5653
NORTE♠ A1064♥ 6♦ 8532♣ J873
SUL♠ K♥ AKJ10932♦ KQJ♣ K9
OESTE♠ QJ982♥ Q7♦ 1064♣ A102
ESTE♠ 753♥ 854♦ A97♣ Q654
João Fanha/Pedro Morbey(bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1♣1♠ X 2♠ ?
O que marca com a seguinte mão?♠6 ♥AJ2 ♦KQ3 ♣AKJ1074
Resposta: Se o unicolor fosse em nai-pe rico estaríamos em condições para abrir numa abertura forte, mas quando se trata de um naipe menor o grau de exigência é maior. Depois de termos aberto em 1 pau, assistimos a um do-bre “Spoutnick” do parceiro, sobre a intervenção de Oeste e antes do apoio de Este. A nossa mão é demasiado forte para marcar 3 paus. Marcar 3 espadas é uma solução razoável, mas estaríamos a deitar por terra a possibilidade de se jo-gar um bom cheleme a paus. Para deixar um leque maior de opções a voz mais adequada é o dobre, competitivo claro.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo
Acompanhe as eleições brasileiras com os enviados especiais
Manuel Carvalho na primeira volta e Rita Siza na segunda.
Análise de Teresa de Sousa. É o Ano Grande do Brasil no Público.
Quem será a mulher que vai governar o Brasil?
publico.pt/ano-grande-do-brasil
40 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Numa grande noite de Rui Patrício, o Sporting quase sonhou
O regresso da Liga dos Campeões ao
Estádio José Alvalade, mais de cinco
anos depois, correu bem para Rui Pa-
trício, sem dúvida o melhor do Spor-
ting. Mas acabou em desilusão para
a equipa “leonina”, batida pelo Chel-
sea (0-1). Num jogo em que entrou
mal, o conjunto orientado por Marco
Silva fez uma primeira parte fraca,
mas no segundo tempo os “leões”
conseguiram deixar uma melhor
imagem. Ainda assim, a superiori-
dade dos “blues” nunca esteve em
questão. E no fi nal os adeptos ren-
deram homenagem ao guarda-redes,
em reconhecimento de que, se não
fosse ele, o resultado teria sido muito
diferente.
Este foi apenas o 10.º jogo da
carreira de Rui Patrício na Liga dos
Campeões, mas tão cedo o guarda-
redes internacional português não
esquecerá a noite em que defrontou
o Chelsea. O guardião foi sendo pos-
to à prova regularmente durante a
partida e brilhou numa mão-cheia
de ocasiões, sendo apenas batido
num lance de bola parada em que
foram os defesas a falhar, deixando
um adversário cabecear à vontade.
A magnitude da exibição de Rui Pa-
trício não escapou a ninguém, a tal
ponto que, mal o árbitro espanhol
apitou para o fi nal da partida, José
Mourinho atravessou o relvado para
cumprimentar o guarda-redes.
Chegou, assim, ao fi m uma série
de 16 encontros consecutivos sem
perder em casa, nas competições
europeias. Marco Silva só pode la-
mentar que o resto da equipa não
tenha estado ao nível de Rui Patrício.
O técnico “leonino” não fez qualquer
alteração no “onze”, optando por
repetir a equipa que tinha entrado
em campo frente ao FC Porto. Mas
a postura dos “leões” no primeiro
tempo diante do Chelsea não teve
sequer metade da intensidade de-
monstrada na primeira parte con-
tra os “dragões”: houve muita gente
que não conseguiu esconder o ner-
vosismo e acumularam-se os passes
errados e as perdas de bola, numa
Guardião foi o mais brilhante dos “leões”, que acabaram batidos em casa pelo Chelsea e viram chegar ao fi m uma série de 16 jogos seguidos sem perder em Alvalade, nas provas europeias
Crónica de jogo Tiago Pimentel
tumados a ver na televisão, houve
“leões” que deixaram os nervos levar
a melhor. Foi o caso de Jonathan Sil-
va, estreante na principal competi-
ção europeia de clubes, ou Naby Sarr,
sempre pouco tranquilo. E foi pelo
lado esquerdo da defesa “leonina”
que surgiram as primeiras situações
de apuro: Oscar lançou Diego Costa,
que surgiu isolado mas viu o remate
ser desviado por Rui Patrício logo aos
dois minutos. O português voltou a
brilhar quando travou o ensaio de
Schürrle (15’), que voltaria a perder
para Rui Patrício (21’ e 22’).
Só que, por muito que o interna-
cional português tivesse feito, o golo
acabou por surgir. Num livre sobre
o lado direito da defesa do Sporting,
Fàbregas fez a bola sobrevoar a área
“leonina” e encontrou Matic, que
exibição sem comparação com a de
sexta-feira.
Claro que Sporting e Chelsea não
pertencem ao mesmo universo fute-
bolístico, seja a nível de orçamento
ou de qualidade do plantel. O “on-
ze” que alinhou de início somava 76
partidas na Champions, das quais 56
pertenciam ao currículo de Nani. E, a
defrontar jogadores que estão acos-
REACÇÕES
“Não entrámos bem, o Chelsea criou-nos muitos problemas. Depois o jogo ficou equilibrado, subimos mais e tivemos ocasiões”
“O Sporting conseguiu manter o jogo aberto até ao fim. Mostrámos que queríamos ganhar e que somos mais equipa”
Marco SilvaSporting
José MourinhoChelsea
Sporting 0
Chelsea 1Matic 34’
Positivo/Negativo
Estádio de Alvalade, em LisboaEspectadores 40.734
Sporting Rui Patrício, Cedric a74’, Maurício a63’ (Paulo Oliveira, 63’), Naby Sarr, Jonathan Silva, Adrien Silva (Montero, 81’), William Carvalho a25’, João Mário a43’, Carrillo (Capel, 81’), Slimani e Nani. Treinador Marco Silva
Chelsea Courtois, Ivanovic a58’, Cahill, John Terry, Filipe Luís a75’, Matic, Fàbregas a90+3’, Schürrle (Willian, 58’), Oscar (Mikel, 71’), Hazard a72’ (Salah, 84’), Diego Costa. Treinador José Mourinho
Árbitro Manuel Lahoz (Espanha)
Rui PatrícioUma e outra vez, ele disse presente. Ainda que o Sporting tenha perdido, ele foi o melhor. Excelentes defesas ao longo de toda a partida que evitaram um resultado diferente.
MaticRegressou aos relvados portugueses e mostrou que as suas qualidades permanecem intactas. Ainda marcou um golo, tirando partido do erro de Jonathan Silva. Foi incansável no meio-campo dos “blues”.
Primeira parte do SportingOs “leões” não tiveram a mesma intensidade que mostraram nos primeiros 45 minutos frente ao FC Porto. Houve muitos passes errados e muito nervosismo. Jonathan Silva e Naby Sarr raramente conseguiram entender-se.
q p
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | DESPORTO | 41
PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP
Filipe Luís e Nani travaram um duelo interessante
surgiu livre a cabecear para a vanta-
gem do Chelsea (34’). Jonathan Silva
deixou completamente à vontade o
sérvio ex-Benfi ca, que nunca tinha
marcado ao Sporting quando repre-
sentava os “encarnados”.
O Sporting, que tinha ameaçado
por Slimani aos 20’ — após cruza-
mento de Jonathan Silva, o argelino
cabeceou para defesa de Courtois —
não criaria perigo até ao intervalo.
Mas, no segundo tempo, os “leões”
subiram de produção e começaram
a mostrar-se no ataque. Nani deu o
mote com um remate de longe, que
saiu ao lado (48’), mas seria aos 55’
que fi caria perto do golo: dentro da
área, acertou na malha lateral da bali-
za do Chelsea. O Sporting ainda pode
queixar-se de uma aparente grande
penalidade que fi cou por assinalar,
quando Fàbregas derrubou André
Carrillo (68’).
Com a subida de rendimento do
Sporting, o trabalho para Rui Patrício
diminuiu, mas esteve longe de aca-
bar. E o guarda-redes português disse
sempre presente, com excelentes de-
fesas. Aos 55’, contrariou Oscar, que
surgiu isolado. Depois foi ao limite da
grande área para, com os pés, tirar
a bola a Diego Costa (84’). E, já no
período de compensação, reclamou
a coroa de melhor da noite com uma
soberba defesa a remate do egípcio
Salah. O regresso de Alvalade à Liga
dos Campeões acabou em desilusão,
com a segunda derrota em dez jogos
em casa frente a adversários ingleses.
Mas foi sob aplausos que a equipa
deixou o relvado — principalmente
Rui Patrício.
O PSG recebia o Barcelona no Parque
dos Príncipes com um handicap: não
tinha Zlatan Ibrahimovic, um dos
melhores avançados do mundo, in-
disponível devido a lesão. Mas, à falta
do goleador sueco, a equipa francesa
teve outras armas e derrotou o seu
adversário catalão por 3-2, em jogo
da 2.ª jornada do Grupo F da Liga
dos Campeões. Depois de uma fal-
sa partida na 1.ª ronda, a formação
orientada por Laurent Blanc conse-
guiu impor a primeira derrota a este
Barça de Luis Enrique, assumindo
assim o comando do agrupamento,
com quatro pontos.
A equipa francesa colocou-se em
vantagem logo aos 10’, com um golo
de David Luiz, mas o Barcelona res-
pondeu quase de imediato por um
dos seus suspeitos do costume, Lio-
nel Messi, que marcou o golo do em-
pate aos 12’, naquele que foi o 500.º
do Barcelona na Taça dos Campeões/
Liga dos Campeões. Ainda na primei-
ra parte, Verratti colocou o PSG em
vantagem aos 26’, com Matuidi a ele-
var para 3-1, aos 54’.
Neymar ainda reduziu para 3-2 aos
56’, mas foi o máximo que o Barcelo-
na conseguiu fazer num jogo em que
Xavi Hernández se tornou no joga-
dor com mais partidas da história da
Champions (143), superando as 142
de Raúl González. No outro jogo do
agrupamento, APOEL e Ajax empa-
taram (1-1), com o golo dos cipriotas
a ser marcado por Manduca, antigo
jogador do Benfi ca e do Marítimo.
Um outro recorde foi batido no
empate (1-1) entre o Manchester City
e a AS Roma, a contar para o Grupo
E. Aos 38 anos e três dias, Francesco
Totti tornou-se no jogador mais velho
a marcar em jogos da Champions.
O carismático avançado italiano foi
o autor do golo do empate para a
equipa romana, aos 23’, depois de
Aguero ter aberto o marcador para
os campeões ingleses, de penálti, aos
4’. O anterior recorde era pertença
de Ryan Giggs, que havia marcado
pelo Manchester United com 37 anos
e 289 dias. O líder deste agrupamen-
to é o Bayern Munique, que bateu
em Moscovo o CSKA por 1-0, com
um penálti convertido por Thomas
O PSG não precisou de Ibrahimovic para derrotar o Barcelona
quais os bascos apenas conseguiram
responder com um de Aduriz.
No Grupo G, onde está inserido o
Sporting, Schalke 04 e Maribor não
conseguiram melhor que um empate
(1-1) em Gelsenkirchen, sendo que
ambas as equipas continuam sem
ganhar nesta Champions. Os eslo-
venos até estiveram em vantagem
com um golo de Bohar, aos 37’, mas
a formação alemã conseguiu chegar
ao empate por intermédio de Hun-
telaar, aos 56’.
Marco Vaza
MIGUEL MEDINA/AFP
Ter Stegen não travou o cabeceamento de Verratti para o 2-1
Müller, seguindo isolado na frente
com seis pontos.
A grande surpresa da noite aconte-
ceu na Bielorrússia, com o BATE Bo-
risov a derrotar o Athletic Bilbau por
2-1, em jogo do Grupo H, o mesmo do
FC Porto. Depois da pesada goleada
sofrida com os portistas na 1.ª jorna-
da, a formação de Borisov tornou-
se na primeira equipa bielorrussa a
bater uma equipa espanhola e este
feito histórico aconteceu graças aos
golos de Polyakov e Karnitskiy, aos
CLASSIFICAÇÕESGRUPO E GRUPO G
GRUPO F GRUPO H
2.ª JornadaCSKA Moscovo-Bayern Munique 0-1Manchester City-Roma 1-1
2.ª JornadaSporting-Chelsea 0-1Schalke 04-Maribor 1-1
2.ª JornadaPSG-Barcelona 3-2APOEL-Ajax 1-1
2.ª JornadaShakhtar Donetsk-FC Porto 2-2BATE Borisov-Athletic Bilbau 2-1
Próxima jornada (21 Outubro)CSKA Moscovo-Manchester City, Roma-Bayern Munique
Próxima jornada (21 Outubro)Schalke 04-Sporting,Chelsea-Maribor
Próxima jornada (21 Outubro)APOEL-PSG,Barcelona-Ajax
Próxima jornada (21 Outubro)FC Porto-Athletic Bilbau,BATE Borisov-Shakhtar Donetsk
J V E D G P J V E D G P
J V E D G P J V E D G P
Bayern Munique 2 2 0 0 2-0 6Roma 2 1 1 0 6-2 4Manchester City 2 0 1 1 1-2 1CSKA Moscovo 2 0 0 2 1-6 0
Chelsea 2 1 1 0 2-1 4Schalke 04 2 0 2 0 2-2 2Maribor 2 0 2 0 2-2 2Sporting 2 0 1 1 1-2 1
PSG 2 1 1 0 4-3 4Barcelona 2 1 0 1 3-3 3Ajax 2 0 2 0 2-2 2APOEL 2 0 1 1 1-2 1
FC Porto 2 1 1 0 8-2 4BATE Borisov 2 1 0 1 2-7 3Shakhtar Donetsk 2 0 2 0 2-2 2Athletic Bilbau 2 0 1 1 1-2 1
“Estamos a voltar ao que fomos na época passada e a impor o nosso jogo”Laurent BlancTreinador do PSG
“aéiLT
42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Martins Indi tenta travar o lateral Márcio Azevedo
VALENTYN OGIRENKO/REUTERS
Ao décimo jogo ofi cial e ao décimo
“onze” diferente escolhido por Julen
Lopetegui, a primeira derrota do FC
Porto chegou a ser um dado adqui-
rido, mas o suplente Jackson evitou
que, numa noite repleta equívocos, os
“dragões” regressassem de Lviv com
zero pontos. Após Brahimi desperdi-
çar um penálti e o Shakhtar festejar
dois golos “oferecidos”, o colombia-
no marcou aos 89’ e 94’ e manteve
os “azuis e brancos” na liderança do
Grupo H da Champions.
A posse de bola voltou a pender pa-
ra o lado do FC Porto, em remates os
portistas golearam os ucranianos, mas
o quarto empate dos “dragões” nos
últimos cinco jogos sabe a vitória para
Lopetegui. Em Lviv, a mais de 1000km
de Donetsk, o Shakhtar até mostrou
pouco, mas perante uma equipa “azul
e branca” que pela primeira vez na
sua história não teve qualquer joga-
dor português em campo durante
os 90 minutos, o pentacampeão da
Ucrânia desperdiçou uma oportuni-
dade única de derrotar o FC Porto.
Já não é notícia Lopetegui surpre-
ender no “onze”, mas a capacidade
Crónica de jogoDavid Andrade
Shakhtar Donetsk 2Alex Teixeira 52’, Luiz Adriano 85’
FC Porto 2Jackson Martínez 89’ e 90+4’ (g.p.)
Positivo/Negativo
Arena Lviv, em Lviv.Espectadores cerca de 35.000
Shakhtar Donetsk Pyatov, Srna a48’, Kucher a34’, Rakitskiy, Márcio Azevedo, Stepanenko a36’, Fernando a69’, Douglas Costa (Bernard, 79’), Alex Teixeira, Taíson (Ilsinho, 75’) e Luiz Adriano. Treinador Mircea Lucescu
FC Porto Fabiano, Danilo, Martins Indi, Maicon a48’, Alex Sandro, Marcano (Quintero, 65’), Herrera, Óliver Torres a35’, Brahimi (Adrián López, 78’), Tello e Aboubakar (Jackson Martínez, 65’). Treinador Julen Lopetegui
Árbitro Cüneit Çakir (Turquia)
JacksonA 100% ou não, o FC Porto não se pode dar ao luxo de desperdiçar o talento de Jackson num jogo de Liga dos Campeões. O colombiano entrou a apenas 25 minutos do fim, mas ainda conseguiu emendar o equívoco do seu treinador e evitar a primeira derrota portista da época.
QuinteroTal como Jackson, o médio também entrou apenas aos 65’, mas mesmo assim causou mais perigo do que todos os seus colegas que já estavam em campo.
MaiconA expulsão contra o Boavista parece ter afectado o defesa central. Ainda na primeira parte, num lance insólito, esteve quase a marcar na própria baliza e, a cinco minutos do fim, ofereceu o 2-0 ao Shakhtar.
Óliver TorresO jovem médio aprendeu da pior maneira que há áreas do campo onde é proibido tentar fintar. Alex Teixeira agradeceu o brinde que ofereceu aos 52’.
Jackson salva o FC Porto da primeira derrota na noite de todos os equívocos em Lviv
de o basco deixar muitos adeptos a
questionarem-se se não há nenhum
equívoco na equipa anunciada teve
mais um capítulo. Com Jackson e Ru-
ben Neves no banco, o técnico colo-
cou Marcano a “6” e, para além do
(ainda) intocável Brahimi, o ataque foi
entregue a Tello e Aboubakar.
Em termos práticos, as alterações
não mudaram o ADN do FC Porto
de Lopetegui. Com muita parra mas
pouca uva, os “dragões” entraram a
dominar, mas foi o talentoso Taíson,
aos 10’, a causar o primeiro calafrio
a Fabiano. Os portistas responderam
por Danilo (13’) e reclamaram um pe-
nálti, mas uma atrapalhação de Mai-
con, que quase resultou em autogolo,
foi o prenúncio de noite de disparates.
Seis minutos depois, Brahimi caiu na
área, o árbitro apontou penálti, mas o
argelino permitiu a defesa de Pyatov.
Sem alterações ao intervalo, o FC
Porto demorou menos de um minuto
a criar perigo, mas aos 52’ Óliver Tor-
res inventou: o espanhol tentou fi ntar
onde é proibido, Kucher agradeceu e
estendeu a passadeira a Alex Teixeira,
que fez um golo fácil. Sem fazer muito
por isso, Lucescu viu-se em vantagem
e recuou os jogadores.
Lopetegui demorou a reagir, mas a
25’ do fi m lançou Jackson e Quintero.
Com a dupla colombiana em campo,
Pyatov começou a ter trabalho e, aos
65’ e 71’, o FC Porto voltou a criar pe-
rigo. A falta de soluções para desfazer
defesas reforçadas continuava, po-
rém, a ser uma evidência e aos 85’
os “dragões” pareceram ir de vez ao
tapete: Maicon perdeu a bola à saída
da área e Luiz Adriano fez o 2-0.
A primeira derrota parecia certa pa-
ra Lopetegui, mas o suplente Jackson
salvou o basco: aos 89’, reduziu na
marcação de um penálti e no último
minuto de descontos, Tello mostrou
que até pode ser útil e assistiu Jack-
son para o 2-2. Em 25 minutos, o “9”
mostrou que há intocáveis em parti-
das com a importância de uma prova
como a Liga dos Campeões.
Já se sabe que todos os jogos do
Grupo C da Liga dos Campeões te-
rão sempre, pelo menos, um treina-
dor português no banco. Hoje, em
Leverkusen, estará Jorge Jesus pelo
Benfi ca, em São Petersburgo estarão
dois, André Villas-Boas pelo Zenit e
Leonardo Jardim pelo Mónaco. Am-
bos ganharam os jogos da primeira
jornada, mas as respectivas carreiras
internas não podiam ser mais dife-
rentes. O Zenit tem dominado a Liga
russa, enquanto o Mónaco não con-
segue acertar o ritmo em França e
navega perto dos últimos lugares.
Villas-Boas e Jardim já são “velhos”
conhecidos dos tempos em que am-
bos davam os primeiros passos no
futebol português. O primeiro con-
fronto entre os dois aconteceu em
2009, numa eliminatória da Taça
de Portugal. O Beira-Mar de Jardim,
então na segunda divisão, acabaria
por eliminar a Académica de Villas-
Boas nos penáltis, após um empate
(1-1), ao fi m de 120’. Na época seguin-
te, Jardim manteve-se no clube de
Aveiro (mas não fi caria até ao fi m),
enquanto Villas-Boas se mudou pa-
ra o FC Porto. Nos três confrontos
entre os dois, vantagem total para a
formação portista, com dois triunfos
nos jogos da Liga (3-0 e 1-0) e um na
Taça da Liga (3-0).
Para o seu quinto confronto com
Villas-Boas, “um amigo que conhe-
ce bem”, o ex-treinador do Sporting
considera que a formação russa irá
ser bastante ofensiva. “Eles vão ata-
car muito, mas isso não quer dizer
que nós não tenhamos oportunida-
des de fazer alguns contra-ataques”,
refere Jardim. Villas-Boas, por seu
lado, também fala de boas relações
com o compatriota — “Ainda ontem
falámos ao telefone” — e diz que o
Mónaco é “mais perigoso quando
joga fora de casa”. “São capazes de
contra-ataques explosivos”, frisou.
Duelo português em São Petersburgo
FutebolMarco Vaza
Com dois golos do colombiano nos últimos cinco minutos, os “dragões” empataram na Ucrânia
JOGOS DO DIA2.ª JORNADA
Grupo AMalmö-Olympiacos 19h45Atlético Madrid-Juventus 19h45 (SP-TV3)Grupo B Basileia-Liverpool 19h45 (SP-TV5)Ludogorets-Real Madrid 19h45 (SP-TV2)Grupo C Zenit-Mónaco 17hBayer Leverkusen-Benfica 19h45 (SP-TV1)Grupo D Arsenal-Galatasaray 19h45 (SP-TV4)Anderlecht-Borussia Dortmund 19h45
REACÇÕES
“Os golos são consequência de um bom trabalho a nível colectivo. Faltava simplesmente completá-lo”
“Fizemos um grande jogo, frente a um rival que superámos em tudo. Foi uma injustiça não termos somado três pontos”
Jackson MartínezFC Porto
Julen LopeteguiFC Porto
ontos
ppp
nez
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 43
Breves
Ténis
Surf
Rafael Nadal prova em Pequim que não esqueceu
Fitzgibbons, Carissa e Wright querem brilhar em Cascais
Rafael Nadal não ganhou ferrugem durante as 13 semanas em que uma lesão no pulso direito o impediu de competir e regressou ao ATP World Tour com uma vitória: na estreia no China Open, eliminou Richard Gasquet (22.º ATP), por 6-4, 6-0, em 1h18m. “Mais importante do que ganhar, é passar tempo no court”, frisou Nadal, que não competia desde que perdeu nos oitavos-de-final de Wimbledon. Nesta quarta presença no China Open, Nadal vai defrontar o alemão Peter Gojowczyk (122.º), vindo do qualifying. Djokovic derrotou Guillermo García-Lopez (38.º), por 6-2, 6-1, e Andy Murray (11.º) recuperou de 1-5 para vencer Jerzy Janowicz (36.º), por 6-7 (9/11), 6-4, 6-2. Amanhã, João Sousa (52.º) defronta Marin Cilic (9.º).
As candidatas ao título mundial de surf feminino Sally Fitzgibbons, Carissa Moore e Tyler Wright assumiram ontem a ambição de se adiantarem na “luta” no Cascais Women’s Pro, nona e penúltima etapa do circuito. As três estiveram na apresentação da competição, cujo período de espera decorre entre hoje e 7 de Outubro. Fitzgibbons, líder do ranking mundial, vai estrear-se no terceiro heat frente à havaiana Coco Ho e à portuguesa Teresa Bonvalot, de 14 anos. Tyler Wright, também australiana e segunda do ranking, vai defrontar a americana Courtney Conlogue e a havaiana Alana Blanchard, no quarto heat. Carissa Moore, quarta na hierarquia, começa por enfrentar a compatriota Alessa Quizon e a australiana Dimity Stoyle, na 2.ª bateria.
Reza a história que o Benfi ca nunca
conseguiu passar a fase de grupos
da Liga dos Campeões sempre que
entrou na prova com uma derrota
(algo que aconteceu em 1998-99 e
2007-08). Mas o passado recente dos
“encarnados”, já sob o comando de
Jorge Jesus, também permitiu à equi-
pa alcançar, em 2011, a primeira vitó-
ria (0-2) do seu currículo na Alema-
nha para as competições europeias,
em Estugarda. Hoje, é novamente
em solo germânico que o campeão
português joga parte das suas aspira-
ções na Champions. Com Júlio César
a bordo e Enzo Pérez de fora.
O problema na baliza está apa-
rentemente resolvido. O Benfica
viajou para Leverkusen com o jo-
vem guarda-redes Bruno Varela na
comitiva (Artur e Paulo Lopes estão
lesionados) e com Júlio César ainda
a recuperar de lesão. A avaliar pelas
indicações dadas por Jorge Jesus na
conferência de imprensa de ontem,
porém, o internacional brasileiro de-
verá estar apto a jogar.
“Clinicamente parece-nos que está
recuperado, mas ainda vai treinar e,
se tudo estiver bem, vai para jogo. Se
estiver a 100% será ele a jogar”, ga-
rantiu o treinador dos “encarnados”,
que tem tido difi culdades em siste-
matizar uma opção na baliza.
E se, por um lado, Jesus tem uma
dor de cabeça a menos para debelar
no sector defensivo, no meio-campo
(depois das lesões prolongadas de
Fejsa e Ruben Amorim) voltam as tor-
mentas. Enzo Pérez, pedra nuclear
da equipa, está em dúvida e a ges-
tão da condição física do argentino é
prioritária para o treinador. “O Enzo
saiu com algumas limitações do jogo
com o Estoril, só amanhã [hoje] sa-
beremos se está a 100%. Não posso
apenas pensar na Champions, tenho
de pensar também no campeonato,
por isso, há grandes possibilidades
de ser poupado”, observou.
Se isso acontecer, entre outras pos-
sibilidades, André Almeida poderá
avançar para o onze, passando Sa-
maris a fazer o papel que tem cabido
a Enzo. Ou então, num plano mais
arrojado, Gaitán derivar para o meio
e Ola John entrar para a ala esquer-
da. Seja qual for a solução adoptada,
Benfica ataca Bayer com Júlio César e sem Enzo Pérez
Liga dos CampeõesNuno Sousa
São duas equipas sedentas de pontos as que se enfrentam em Leverkusen. Jesus elogia adversário
Bayer Leverkusen 4-2-3-1
Benfica 4-4-2
BoenischSpahicJedvajHilbert
Leno
Júlio César
André Almeida
Lima
Maxi Pereira
LuisãoJardelEliseu
SalvioGaitán
Bender
ÇalhanoglouBellarabi
Estádio BayArenaLeverkusen
Árbitro: Martin Atkinson Inglaterra
19h45SP-TV1
Reinartz
KiesslingHeung-Min
Talisca
Samaris
Jorge Jesus
Jesus não tem dúvidas das difi culda-
des que o esperam. “O Bayer é uma
equipa de um dos campeonatos mais
fortes da Europa, está a fazer uma
boa prova, está actualmente no ter-
ceiro lugar e isso é sinónimo de que
é uma equipa forte”, alertou.
A verdade é que, na Champions,
nem Benfi ca nem Bayer entraram
com o pé direito e o facto de não so-
marem ainda qualquer ponto torna
esta partida ainda mais relevante. “O
importante não é tanto jogar bem,
mas sobretudo ganhar o jogo. Pre-
cisamos de assegurar uma posição
confortável para abordar os pró-
ximos jogos”, defende o treinador
Roger Schmidt, que estudou bem o
rival: “O Benfi ca tem muitos sul-ame-
ricanos que infl uenciam o seu estilo
de jogo e são fortes no um para um.
É uma equipa que sabe reagir ao que
acontece em campo durante o jogo”.
44 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
CARTAS À DIRECTORA 01/10
Onde estão as origens do Bloco?
Idosos portugueses, um presente amargo
Um “regressar às origens” do Bloco
de Esquerda. Foi assim que Pedro
Filipe Soares defi niu ontem a moção
que apresentará na convenção
do Bloco que se realizará a 22 e
23 de Novembro, em que irá disputar a
liderança do partido com a dupla Catarina
Martins/João Semedo. Para o actual líder
parlamentar, que no partido representa a
tendência Esquerda Alternativa (ex-UDP), um
regresso às origens signifi ca assumir o papel
de partido de protesto e fugir do PS como
o diabo foge da cruz. Outros que também
contestaram a actual liderança do Bloco,
como Ana Drago, afastaram-se da actual
direcção precisamente pelo contrário; por
acharem que o Bloco até podia aproximar-se
do PS ou do Livre. E é nesta indefi nição de
estratégia que tem vivido o Bloco que, a cada
Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar, está a desafiar a actual liderança
eleição que passa, se vai transformando num
partido irrelevante no actual xadrez político.
A dissonância de Pedro Filipe Soares
da actual liderança é só mais um sinal.
Longe vão os tempos em que o Bloco se
fazia representar no Parlamento por 16
deputados. Numa coisa o líder da bancada
bloquista acertou em cheio; o modelo de
liderança bicéfala não tem pernas para
andar. “Não foi aceite pela população”,
como diz Filipe Soares e, do ponto de
vista político, mostrou-se completamente
inefi caz. E não é por acaso que a actual
direcção está a tentar arrepiar caminho,
sugerindo uma liderança única, mas com
funções diferenciadas para Catarina Martins
e João Semedo.
Pedro Filipe Soares tem toda a legitimidade
para avançar para a disputa da liderança.
Mas estranho, para não dizer bizarro, é o
facto de se manter como líder da bancada
parlamentar, um cargo de confi ança política
da direcção do partido. Faz sentido ter à
frente da bancada alguém que não concorda
com a actual linha que está a ser seguida
pelo partido? É só mais uma das muitas
contradições que o Bloco terá se resolver se
não quiser desaparecer do mapa político.
Os dados são tudo menos animadores:
segundo um estudo divulgado
pela Pordata, a propósito do Dia
Internacional do Idoso que se assinala
hoje, não só Portugal é o 4.º país da
União Europeia com maior percentagem
de idosos (18%), como 23,6% destes vivem
sozinhos e abaixo do limiar de pobreza.
Além disso, o montante da grande maioria
(77,9%) das pensões de velhice da Segurança
Social é inferior ao salário mínimo nacional.
Recuando um pouco no padrão etário, é
também relevante dizer que em 2013 só
47% dos indivíduos entre os 55 e os 64
anos estavam empregados. A soma destes
elementos negativos coloca-nos desafi os
a prazo que teremos necessariamente
de superar. Se é verdade que os idosos
em Portugal vão passar dos actuais dois
milhões para mais de três milhões em
2060, é também verdade que nessa altura
serão mais qualifi cados e, talvez por isso,
menos sós. Mas é ao presente, amargo, que
teremos de dar resposta.
Baixa política
Está aí mais uma daquelas
demagogias e parolices à
portuguesa. Mais uma vez a
direita, e uns quantos mais ao
centro, vão por estes dias colando
António Costa à governação
de José Sócrates, na tentativa
de o descredibilizar. Estamos
perante um completo absurdo,
pretendendo a direita evitar,
certamente em vão, a chegada
do atual presidente da Câmara
Municipal de Lisboa a futuro
primeiro-ministro. Quer dizer
que Costa jamais poderia
candidatar-se a qualquer cargo
político ou ter pretensões de ser
outra coisa qualquer que não
presidente da autarquia de Lisboa.
E logo ele, a quem quase todos
identifi cam largas qualidades de
liderança. Só que tem o pecado
original, ou mortal, de ter sido,
em dado momento, o número
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
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dois de Sócrates. Como se não
bastasse, ainda o crucifi cam
por aparecer rodeado por um
punhado de históricos do PS.
Históricos, dizem, conotados com
o socratismo, esquecendo que
esses históricos há muito que já
cá andavam. O socratismo passa
e os históricos fi cam. (...) António
Costa não tem de ter reservas
de espécie alguma. Ganhou as
primárias do PS e ponto fi nal.
Como muito provavelmente será
o próximo primeiro-ministro
de Portugal, começou a muito
portuguesa e habitual baixa
política. O combate começa agora!
José Manuel Pina, Lisboa
O Marão por um túnel
(...) Dizem-nos que as obras no
túnel do Marão vão arrancar até
fi nal de Setembro, concluindo-se
assim a “autoestrada da justiça”,
(lembram-se?) lá para o fi nal do
próximo ano. Os cerca de seis
quilómetros que ligam parte do
percurso de Vila Real a Amarante
por um túnel fazem parte da
construção da autoestrada
transmontana. A obra começou
no Verão de 2009 e deveria
estar concluída em Novembro
de 2012. Esteve parada três
vezes, duas pela interposição
de duas providências cautelares
e uma outra pela suspensão do
consórcio de construção. Com
mais de 70% da obra realizada e
paga (dum valor total estimado de
350 milhões de euros, pagou-se
mais de metade, 200 milhões), o
Ministério das Obras Públicas veio
resgatar a obra (...).
Primeiro era tudo fácil, como
pressupunha a engenharia
fi nanceira da construção
do projeto: as empresas da
Somague e da Soares da Costa
concessionaram a obra; a
CGD e o Banco Europeu de
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
Investimento fi nanciaram-na;
os utilizadores pagariam com
as portagens. A proteger todo o
risco de investimento, a sombra
protetora do Estado. (...) Primeiro,
o dinheiro fi cou mais caro.
Depois, o fundo de risco, que
visa compensar a exploração por
eventuais perdas na procura de
tráfego, levou a concessionária
a meter marcha atrás, porque
temeu que passem menos carros
do que o inicialmente previsto
e, como não se pode obrigar a
cumprir contratos (...), a obra
parou. Cinco anos decorridos
desde o início da obra, mais de
três anos parados, com certeza
teria sido mais fácil mudar o
Terreiro do Paço uma semana
para Vila Real, e obrigar os
senhores membros do Governo a
viajar todos os dias para o Porto
nas curvas do IP4.
José Alegre Mesquita,
Carrazeda de Ansiães
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 45
A capital desta Europa da União está atormentada com novos desafios internos e externos
Será possível reinventar a Europa?
José Jorge Letria
Será possível reinventar esta
Europa em crise, dividida por
questões antigas e outras muito
mais recentes, mas todas elas
resultantes do natural processo
de evolução histórica que tende,
neste caso concreto, a tornar
os ricos mais ricos e os pobres
mais pobres, o Norte agressivo
e desconfi ado em relação ao
Sul, as nacionalidades e regiões em busca
de independências referendadas e as
populações preocupadas com a segurança
quotidiana que as ameaças do terrorismo
islâmico perigosamente põem em causa?
Eis algumas das perguntas que irão ser
feitas e parcialmente respondidas em
Les Journées de Bruxeles, que o Nouvel
Observateur e o espaço Bozar promovem
nos dias 10, 11 e 12 de Outubro na capital
belga, com presenças tão sonantes como as
de Jacques Delors, Valéry Giscard d’Estaing,
Felipe Gonzalez e Herman van Rompuy,
entre muitos outros, distribuídos por
painéis em que serão glosados os temas do
futuro da União Europeia, da cultura como
barragem contra o populismo, da cidadania,
do desemprego, do desenvolvimento e das
várias formas de emigração.
Que esperar de tantas intervenções, de
tantos discursos, do confronto civilizado
de experiências antagónicas e de tantas
interrogações e inquietações que os
cidadãos e os Estados colocam no topo
das suas agendas de refl exão? A verdade é
que as perguntas são muito mais intensas
e frequentes que as respostas, já que as
certezas cederam a vez a temores antigos,
a desconcertantes perplexidades e à
emergência de desafi os que ainda há poucos
anos pareciam pura especulação temática.
Porém, como se este esforço de refl exão
e debate não fosse bastante, Bruxelas
voltará a receber representantes das elites
intelectuais, nos dias 6 e 7 de Novembro,
numa iniciativa intitulada “Good Morning
Europe” que, além da presença do
rei Filipe da Bélgica, contará com as
intervenções de Jean-Claude Juncker,
Federica Mogherini, vice-presidente da
Comissão Europeia e representante da UE
para os Negócios Estrangeiros e Política
de Segurança, de Donald Tusk, o polaco
que preside ao Conselho da Europa, e
de Martin Schultz o dinâmico presidente
do Parlamento Europeu, para além
dos primeiros-ministros da França e da
Bélgica, respectivamente Manuel Valls e
Elio di Rupo. Convidados são às dezenas,
intervenientes confi rmados também e os
temas muito diversifi cados e apelativos.
Aguardam-se os resultados.
Dir-se-á que este intenso programa
é determinado pelo início de um novo
ciclo político decorrente das recentes
eleições europeias. Mas, na verdade, trata-
se de muito mais do que isso. A capital
desta Europa da União está atormentada
com novos desafi os internos e externos,
consciente da fragilidade que lhe é imposta
por não ter poder militar próprio e também
pressionada pela urgência de refl ectir sobre
o seu próprio destino, sendo tão dispendioso
o seu funcionamento e tão limitado o peso
da sua voz, quando tem de a confrontar
com a da Alemanha ou a do Estados Unidos.
Talvez por isso, uma das perguntas que dão
título a um dos painéis do primeiro encontro
é justamente: “Ainda podemos amar a
Europa?” Claro que todos vão responder
que sim, mas resta saber que Europa,
com que líderes e protagonistas, com que
estratégias e políticas de paz, cooperação e
desenvolvimento.
Figuras destacadas da cultura como
Michel Onfray, Peter Schneider, Eric-
Emanuel Schmitt, Jacques Attali ou Erri
de Luca irão opinar sobre o papel que os
livros e as ideias poderão ter na elaboração
do diagnóstico do estado desta Europa
que se quer reinventar, mas que talvez
seja levada a concluir, amargamente, que
com estas pessoas e as regras vigentes
não o conseguirá fazer. Se fosse possível
garantir a presença de Shakespeare, Ibsen,
Cervantes, Camões, Goethe, Da Vinci ou
Mozart talvez as respostas pudessem ser
outras, ou nenhumas, concluindo todos
que o tempo das grandes respostas ainda
não chegou e que a própria cultura já viveu
melhores dias neste continente inquieto.
Lendo a lista dos convidados
confi rmados, creio
não ter visto o nome
do poeta, ensaísta
e fi lósofo alemão
Hans Magnus
Enzenberger, autor,
entre muitos outros,
de um livro bastante
incómodo sobre
o funcionamento
e os custos da
União Europeia,
agravados por uma
teia burocrática
muito extensa e
complexa. Talvez
fosse recomendável
escutar a sua voz
nestes debates sobre
o futuro e o desejo
de reinvenção.
Em meados de
Novembro, cumpridos estes dois eventos,
não creio que se chegue a alguma conclusão
inovadora e vinculativa. Mas sempre poderá
dizer-se que o diálogo não foi evitado e que
se falou com frontalidade e coragem. Mas
será assim que se reinventa e oferece um
novo fôlego a um continente em crise?
Escritor, jornalista e presidente da Sociedade Portuguesa de Autores
Carlos Fiolhais regressa a este espaço na próxima quarta-feira.
O tempo das grandes respostas ainda não chegou e a cultura já viveu melhores dias
Um bem antiquíssimo
Tenho estado a ouvir Popular
Problems de Leonard Cohen e
dou-lhe graças por ter terminado
o martírio de muitos anos de
silêncio entre os álbuns dele.
Numa curta entrevista que deu
a Stuart Maconie, incluído no
programa de rádio Leonard
Cohen on 6 Music da BBC, Cohen
informou que está a meio de
gravar um novo álbum, também produzido
por Patrick Leonard.
Gravar discos, disse Cohen ao WSJ,
tornou-se num “bad habit”. Ainda bem.
Podemos contar com outro para o ano.
Mesmo para quem não o segue desde 1967,
um álbum de Leonard Cohen todos os anos
é um milagre mais apetecido por nunca ter
sido contemplado. Em todas as entrevistas
que Cohen deu há pelo menos uma frase
luminosa ou uma expressão elegante de
sabedoria. Na entrevista a Maconie disse
que “o Canadá observa os Estados Unidos
como as mulheres observam os homens.
Cuidadosamente”.
Fala-se muito dos 80 anos dele, mas
Cohen já nasceu octagenário. Agora parece
ter pelo menos três séculos de idade, dois
dos quais estão no futuro. Os poemas e as
canções dele desprendem-se cada vez mais
das coisas e das preocupações do nosso
tempo, atingindo uma eterna antiquidade
de “problemas populares”, como o amor,
a vida, a morte, as mulheres, os homens,
os desejos e as saudades, os lamentos e as
promessas, as esperanças e os remorsos.
Leonard Cohen é o artista mais eloquente
do nosso tempo. A “golden voice” com que
foi “abençoado” pouco seria sem a cabeça
de ouro que faz brilhar tudo o que faz.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
BARTOON LUÍS AFONSO
46 | PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014
Vencedores e vencidos do PREC não esqueceram nem perdoaram. Mas alguns foram ficando mais iguais
O PS, o PC e a esquerda desavinda
Elísio Estanque
Após a conclusão de um processo
inédito de Primárias no seio
do PS, vale a pena ensaiar uma
breve “genealogia” da esquerda.
Sem esquecer a sua matriz
ideológica comum, para uma
refl exão sobre as difi culdades
de entendimento entre as
esquerdas, importa conjugar
a questão programática com o
problema interno das lideranças e do poder,
que ao longo de quase dois séculos tantas
desavenças provocou.
O Partido Comunista, o Partido Socialista
e o Bloco de Esquerda têm no seu “código
genético” importantes pontos de contacto
com o campo comunista e social-democrata,
cuja génese reside no pensamento
marxista. Como se sabe, correntes políticas
personifi cadas por Lenine, Trotsky, Estaline,
Rosa Luxemburgo ou Bakunin, com todos os
seus desdobramentos, cisões e rivalidades,
deram lugar a múltiplas controvérsias
onde, ao lado do “debate de ideias”, as
disputas, traições e vaidades pessoais
deixaram pelo caminho milhares de vítimas.
Com a denúncia do “gulag” (por via de
testemunhos dramáticos de dissidentes da
ex-URSS como Kravchenko e Soljenitsin) e
a sua disseminação no Ocidente, surgiram
novas ruturas no seio dos movimentos
socialista e comunista, numa altura em que o
reformismo social-democrata, o “socialismo
democrático” e a democracia liberal
ganhavam adeptos à custa do combate
ao estalinismo e do triunfo do Estado
providência na Europa.
Também em Portugal essas divisões se
acentuaram na década de 1960 e ganharam
expressão nos inúmeros grupos que vieram
à luz do dia em 1974 (PCs M-Ls, MRPP,
LCI, MES, etc.). Nesse contexto, o PS de
Mário Soares ganhou a batalha decisiva da
democracia e ocupou um lugar-charneira
na sua relação com a restante esquerda,
demarcando-se da esquerda radical (ou
ortodoxa) com base na defesa do pluralismo
de opinião, e fazendo da “dissensão” e da
“democracia interna” a sua própria força-
motriz. Mas o atual PS cortou com isso em
benefício de uma unidade corporativista
fundada nos interesses instalados, mais do
que nos princípios éticos e republicanos
do passado. A dissidência Soares-Cunhal,
que começou ainda no seio do PCP nos
anos sessenta, reverteu-se no pós-25 de
Abril numa clivagem brutal, forjada no
radicalismo do PREC. Com as paixões
políticas ao rubro
– o PS, de um lado,
o PCP e a extrema-
esquerda, do outro
–, dirigentes e
militantes faziam
uso da linguagem
vanguardista e
das experiências
de solidariedade
e democracia
participativa,
para camufl ar
múltiplas vinganças,
oportunismos e
ódios pessoais.
Vencedores e
vencidos do PREC
não esqueceram
nem perdoaram.
Mas alguns foram
fi cando mais
iguais. Apesar das suas inegáveis diferenças
no plano programático e das conceções
de democracia, entre PS e PCP há cada
vez mais semelhanças no seu modo de
funcionamento interno. Há quarenta anos,
o campo sindical materializou a divisão
PS-PC de modo especialmente dramático,
agudizando ressentimentos recíprocos à
medida que o terreno do sindicalismo se
foi tornando o último bastião de infl uência
política dos “derrotados” do 25 de
novembro. Não nos esqueçamos que a UGT
foi criada para travar a CGTP e a infl uência
do PC. É claro que na vida prática, dentro
ou fora das instituições (no Parlamento, nas
autarquias, nas empresas ou nos sindicatos,
onde militantes destes dois partidos
convivem diariamente), essas clivagens
são muitas vezes ultrapassadas pela força
das coisas e pelos interesses imediatos
que estão em jogo. Mas, mesmo quando
é contrariada pontualmente, por razões
pragmáticas, a rivalidade política cavou
muros intransponíveis. O discurso perdeu
conteúdo ideológico mas reforçou os seus
efeitos de plasticidade junto aos “fi éis”, ou
seja, a diabolização do outro é o principal
condimento de fi delização de cada “facção”
(ou base eleitoral).
Sabemos bem que a sociedade mudou
e passou o tempo das grandes ideologias
políticas. Porém, partidos e movimentos
precisam de ideologia como de pão
para a boca, sobretudo se por ideologia
entendermos um novo pensamento que abra
caminho a novos projetos emancipatórios
e desenvolvimentistas. Nos últimos anos,
houve no nosso país iniciativas pontuais
indiciadoras de vontade renovadora,
se bem que, até agora, com resultados
pífi os. A candidatura de Manuel Alegre
(em 2006) à revelia do PS, o crescimento
do BE e alguns sinais de abertura, mais
recentemente o Congresso Democrático
das Alternativas, o Fórum das Esquerdas, o
Movimento 3D, a criação do Partido Livre,
o resultado obtido nas eleições europeias
pelo Partido da Terra (sob a infl uência de
Marinho e Pinto), e mesmo a recente rutura
do Fórum Manifesto, que saiu do Bloco,
são indicadores de insatisfação e um desejo
difuso de revitalização das esquerdas,
na linha aliás de iniciativas recentes
noutros países europeus
Mais do que de pensamento, a esquerda precisa de bons exemplos de liderança e transparência
Investigador do Centro de Estudos Sociais e professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
(como em Espanha e na Grécia).
Os legados ideológicos do passado
continuam a ser importantes, mas a sua
renovação é urgente. Precisamos de algum
modelo de referência que nos ajude a
romper com o statu quo a nível nacional e
europeu. Social-democracia, eco-socialismo
ou socialismo democrático e mesmo a
ideia de comunismo continuam a ser
campos de refl exão a considerar para uma
reatualização do pensamento de esquerda.
Mas mais do que de pensamento, a esquerda
precisa de bons exemplos de liderança,
transparência e formas comunicacionais
inovadoras. As atuais ou futuras plataformas
político-partidárias terão de “retirar do
armário” as velhas referências doutrinárias
e reatualizá-las à luz da nova realidade
sociopolítica. Sem esquecer que hoje
as gerações mais jovens – e os cidadãos
em geral – exigem novos modelos de
organização, de representação e de
participação (onde a cidadania e o ativismo
virtual-real tende a ocupar um lugar de
relevo). Não se espera, naturalmente,
qualquer aproximação de posições entre PS,
PC e BE, mas se continuarem “blindados”
face a essa exigência poderão vir a ocorrer
novos arranjos internos, ruturas e canais
de diálogo que abram caminho aos atores
políticos do futuro. Enquanto isso não
acontece, o provável regresso do PS ao
poder poderá abrir-se a um novo projeto de
esquerda ou será apenas um dejà vu?
RUI GAUDÊNCIO
PÚBLICO, QUA 1 OUT 2014 | 47
Este ano, o PÚBLICO pergunta a diversas personalidades brasileiras para onde vai o Brasil. Hoje, fala-se da demografia
Um Brasil de cabelos brancos
Kaizô Iwakami Beltrão
Poucas são as informações
confi áveis sobre a população
brasileira no período pré-
censitário, seja sobre o
contingente ou fatores da
dinâmica demográfi ca. A partir
do primeiro censo em 1872, no
tempo do império, temos dados
sobre o tamanho e características
básicas da população. Mas só a
partir de 1940 começam a ser investigados
aspectos das componentes demográfi cas.
Há muitas estimativas sobre o período
pré-censitário, mas com valores díspares. As
feitas por autores do século XIX com base
em registros religiosos e censos coloniais
são entre 15 e 30 mil pessoas nos cinquenta
anos depois do descobrimento. É provável
um viés para menos, por causa de povos
indígenas não contabilizados.
No primeiro Censo nacional em 1872,
foram contados pouco mais de 10 milhões
de habitantes. Daí, os censos foram feitos em
intervalos decenais com alguns percalços:
não houve censo em 1910 e 1930 e o de
1990 foi adiado. O último, em 2010, contou
quase 200 milhões de brasileiros. Estes são
o resultado de uma história populacional
que pode ser sintetizada em três períodos
básicos. No primeiro, do século XIX até 1930,
a população tinha taxas de natalidade e
mortalidade relativamente altas e, portanto,
baixo crescimento vegetativo. Mas, entre
1870 e 1930, há aumento populacional
signifi cativo fruto da imigração internacional
com taxas de crescimento acima de 2% a.a.
Em 1940, vem o segundo período quando
os níveis de mortalidade começam a cair
e os movimentos de origem internacional
perdem importância. A mortalidade tem
uma queda rápida e sustentável e passa a
ser o principal fator na variação do ritmo de
crescimento da população até 1970. Aliado
aos altos níveis de natalidade, fez com que o
crescimento atingisse o auge nos anos 50 e
60 com taxas médias em torno de 2,9% a.a..
No fi m da década de 60, os níveis de
fecundidade começam a cair muito.
Equilibram a redução, ainda em curso,
na mortalidade e impedem que a taxa de
crescimento continue a aumentar. Começa o
terceiro período caracterizado pela redução
rápida na taxa de crescimento populacional
no Brasil. Dos quase 3% ao ano, entre 1950-
1970, essa taxa passa para 1,2% ao ano entre
2000-2010. Para 2014, estima-se que a
população já com 203 milhões de habitantes,
se estabilize e comece a declinar em 20 anos.
Apesar de importante, a queda nos índices
de mortalidade e fecundidade não tem sido
homogénea espacialmente ou nos grupos
sociais. Os indicadores de distribuição
espacial da
população apontam
um aumento de
habitantes nas áreas
urbanas. Em 1940,
31% da população
brasileira vivia em
cidades, em 2010,
84,4%. Desde os
anos 70, a população
rural apresenta uma
diminuição absoluta.
De 2000 a 2010,
foi de cerca de dois
milhões de pessoas.
Na década anterior
havia sido o dobro.
Como o
crescimento
natural é menor
nas áreas urbanas
que nas rurais, o
crescimento populacional mais elevado nas
primeiras deve-se ao intenso êxodo rural
que caracteriza o processo de urbanização
brasileiro e migração de pequenos centros
para grandes cidades.
Uma das transformações sociais mais
importantes do século XX foi a queda da
mortalidade em todos grupos etários,
do período fetal às idades avançadas.
Entre 1980 e 2014, a esperança de vida da
população masculina brasileira passou de
58,8 anos para 71,6 anos e a das mulheres
aumentou de 65 para 78,8 anos.
A taxa de fecundidade total passou de 6,2
fi lhos como regista o Censo de 1940 para 1,9
em 2010. No meio rural, os valores foram
cerca de 50% mais altos, mas compensados
pelos urbanos. Estima-se que a partir de
2001 as mulheres urbanas já apresentassem
taxas de fecundidade abaixo do nível de
reposição. Vários estados, principalmente
no Sudeste e Sul, apresentam taxas abaixo
da média nacional. As projeções são para
a continuidade da queda da fecundidade
e alguns autores preveem a entrada no
quarto período demográfi co. A queda da
mortalidade e da fecundidade no Brasil
e outros países em desenvolvimento foi
Estima-se que a população acima de 60 anos esteja em 25% em 2040, em oposição aos 10% de 2010
Professor
mais rápida do que a da maioria dos países
desenvolvidos.
A migração internacional, importante na
virada do século XX, inverte-se no começo
deste século, com exôdo, principalmente
de adultos jovens, mas com um retorno na
última década com a crise internacional.
Essas transformações apontam para um
nova situação populacional no Brasil e
colocam grandes desafi os para as políticas
públicas. Um se destaca pela complexidade:
o crescente envelhecimento populacional
em paralelo à emergência de uma onda
jovem signifi cativa. A queda da fecundidade
no país, desde a segunda metade dos anos
60, tem provocado redução da base da
pirâmide. Com a diminuição da população
em idade escolar (retração de 1,5 milhões
entre 2000 e 2010 para a população entre
5 e 14 anos) existem oportunidades para o
aumento da cobertura e da qualidade de
ensino básico.
A queda na mortalidade, que inicialmente
benefi ciou mais crianças, atinge hoje
mais a população adulta e idosa. Além do
maior número de idosos, as altas taxas de
crescimento no passado refl etem-se também
na população em idade ativa; aumento de
quase 20 milhões entre os últimos censos
para a população entre 15 e 59 anos e exige
a criação de postos de trabalho de qualidade.
Diferentemente dos países desenvolvidos,
o processo de envelhecimento populacional
ocorre mais rapidamente no Brasil, com
menos tempo para adaptação. Estima-se
que a população acima de 60 anos esteja
em 25% em 2040, em oposição aos 10% de
2010. Os impactos são principalmente no
aumento da taxa de dependência: razão da
população inativa e da população em idades
economicamente ativas. Essa taxa tem
duas visões complementares e distintas: no
âmbito da família e no da sociedade. Para o
governo, o custo de idosos frente ao outro
grupo inativo de crianças e adolescentes é
maior e mais preocupante. Para as famílias,
os idosos com pensões e aposentadorias
são provedores de renda e sustentam
descendentes. A aposentadoria num
mercado de trabalho instável é uma fonte
de renda bem-vinda e segura. No entanto
a estabilidade do sistema previdenciário
é um problema a ser encarado. Estima-
se que desde o fi nal do século passado os
gastos com benefícios previdenciários sejam
superiores ao arrecadado com base na folha
de salários.
NÉLSON GARRIDO
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ESCRITO NA PEDRA
“O interesse fala todas as línguas e desempenha todos os papéis, mesmo o de desinteressado”La Rochefoucauld (1613-1680), escritor e moralista francês
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Brasil: Entrevista a Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores sem Teto p24
Ministério da Justiça anuncia legislação para suspender prazos processuais p10
Hong Kong ensombra os 65 anos da fundação da Rep. Popular da China p20
‘O radical pode ser razoável’ contra uma ‘sociedade assassina’
O Citius ressuscitou nos Açores, mas a Graciosa ficou de fora
A prenda de aniversário que a China menos queria
Euromilhões
3 13 15 33 42 5 7
32.000.000€1.º Prémio
Os mexicanos do grupo Ángeles dei-
xaram ontem cair a oferta pública de
aquisição (OPA) lançada sobre a Es-
pírito Santo Saúde (ES Saúde), abrin-
do o caminho aos chineses da Fosun,
que controlam a Fidelidade.
A seguradora tem em cima da mesa
a oferta mais alta, propondo pagar
4,82 euros por acção para fi car com o
controlo da empresa que gere unida-
des como o Hospital da Luz e o Hos-
pital Beatriz Ângelo (em regime de
PPP). O grupo Ángeles foi a empresa
que deu o pontapé de saída na luta
pelo controlo da empresa liderada
por Isabel Vaz, mas decidiu agora por
sair de cena, não reagindo à última
oferta da Fidelidade.
Os mexicanos começaram por ofe-
recer 4,3 euros por acção e viriam
a rever o preço em alta para 4,5 eu-
ros depois de o Grupo José de Mello
Saúde apresentar uma oferta, mas
antes de a Fidelidade entrar em ce-
na propondo pagar 4,72 euros por
acção e, depois, 4,82 euros. Ao não
rever a contrapartida, a oferta dos
mexicanos torna-se “inefi caz”, como
Mexicanos desistem e abrem caminho à compra da ES Saúde pelos chineses
a própria empresa o reconhece no co-
municado enviado à CMVM. Na OPA,
a Fidelidade tem agora terreno livre.
A oferta dura até 10 de Outubro.
O Grupo José de Mello Saúde ( JMS),
que na semana passada veio anunciar
que desistia da OPA, decidiu, no en-
tanto, “manter o pedido de registo
de OPA concorrente” na CMVM, que
ontem confi rmou que o pedido ain-
da não reúne “todos os documentos
legalmente exigidos”. Em causa es-
tá uma análise prévia solicitada pela
JMS à Autoridade da Concorrência
que a CMVM entende ser um requi-
sito necessário para dar seguimento
ao processo da OPA, uma vez que foi
pedido pela José de Mello Saúde.
Quem também já manifestou inte-
resse na ES Saúde — mas não lançou
uma OPA — foram os norte-america-
nos da Unitedhealthcare (donos da
Amil). A Unitedhealthcare tentou
uma investida directa à Rioforte, que
controla a ES Saúde através da Espí-
rito Santo Health Care Investment.
A empresa admite vender a posição,
mas rejeitou a oferta da Unitedhealth-
care, dizendo privilegia um processo
mais concorrencial como o da OPA.
Apesar disso, escrevem o Expresso
e o Jornal de Negócios, a dona da Amil
fez chegar ao Ministério da Saúde um
pedido de autorização que permita
a mudança de controlo accionista,
atendendo ao facto de o Hospital
Beatriz Ângelo ser gerido em regi-
me de PPP pela ES Saúde. com Luís Villalobos
EmpresasPedro Crisóstomo
Grupo Ángeles decidiu não rever o preço oferecido na OPA. Amil fez chegar ao Ministério da Saúde pedido sobre hospital de Loures
CONSOANTE MUDA
A mulher de César,morta e enterrada
“À mulher de César não
basta ser séria, é preciso
também parecê-lo”.
Como os comentadores,
políticos e jornalistas
adoram dizer esta frase!
Mas parece que estão decididos
a aplicá-la literalmente apenas
a uma das mulheres de César:
Cornélia, Pompeia ou Calpúrnia
(na verdade, só Pompeia, de
quem César se divorciou por
um adultério que não chegou a
existir).
Ora eu quero lá saber do que faz
a mulher de César; é ao próprio
César que devemos escrutinar.
Os mesmos comentadores que
repetem a frase sobre a mulher
de César são os primeiros a baixar
as armas para o marido dela. Aí,
a regra parece ser: César não tem
que ser sério, César não precisa de
parecer sério e, para mais, já toda
a gente percebeu que César não
é de todo sério. César só precisa
de cara de pau e uma história
qualquer.
É o que se está neste momento a
passar com Pedro Passos Coelho.
O atual primeiro-ministro não
Rui Tavares
está a ser sério em relação ao
seu passado na Tecnoforma;
não está sequer a parecer sério.
Mas com alguma lata e algo para
dizer, Pedro Passos Coelho pode
escapar-se.
Nos anos 90, Pedro Passos
Coelho já colaborava
com a Tecnoforma, a
ponto de ser fundador
e presidente da ONG
da empresa. Este facto
foi omitido das declarações à
Assembleia da República, de que
Passos Coelho era deputado. Não
se sabe o que fazia esta ONG;
aparentemente, em três anos,
nada. O máximo de que Passos
Coelho se lembra é de uma
universidade em Cabo Verde que
nunca chegou a acontecer. Na sua
biografi a política, Passos Coelho
não diz nada sobre o Conselho
Português Para a Cooperação,
que galhardamente dirigia.
É legítimo dizer que a sigla
CPPC, da caridosa organização,
signifi cava sobretudo “Cooperar
com o Pedro Passos Coelho”.
E, claro, com o inenarrável
Miguel Relvas: o episódio
da formação de inexistentes
funcionários para semiexistentes
aeródromos da Zona Centro,
com o qual a Tecnoforma pôs
uns milhões comunitários ao
bolso, seria hilariante se não
fosse trágico. É inevitável olhar
para aquela cultura empresarial
e política e ver nela o catálogo
dos nossos mais vergonhosos
erros: do desperdício de fundos
comunitários aos abusos
das redes de infl uência, das
escapatórias fi scais às mentiras e
encobrimentos. Passos Coelhos
foi comparticipante, voluntário e
autor de toda essa vergonha.
Pedro Passos Coelho
colaborou com uma empresa
sem comunicar tal facto ao
Parlamento, participou de ações
dessa empresa que se destinava
a obter fundos comunitários
para projetos inexistentes
ou, na melhor das hipóteses,
semiexistentes, e foi presidente
de uma ONG de cooperação que
nunca cooperou nada que se
visse, e que provavelmente nunca
teve tal intenção. E isso sem entrar
na questão ainda por responder
de quanto dinheiro recebeu ele,
direta ou indiretamente, por
trabalho que parece ter sido
pouco mais do que nada.
Não se sabe ainda se Pedro
Passos Coelho cometeu um
crime ou vários, mas sabe-se que
participou em algumas das mais
perniciosas práticas da política
e da economia no Portugal dos
anos 90. A mulher de César
morreria de vergonha. Qualquer
delas.
Historiador
SEGUNDA6 de Outubro
O que está dito permanece ainda por dizer
José TolentinoMendonçaA Mística do Instante Limitado ao stock existente.
A aquisição do produto implica a compra do jornal.
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