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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL
NELSON POERSCHKE
OSCAR NIEMEYER – Arquiteto brasileiro
Boa Vista
2013
NELSON POERSCHKE
OSCAR NIEMEYER – Arquiteto brasileiro
02 jun 2013
Trabalho apresentado como exigência da
Disciplina Arquitetura e Urbanismo do Curso
de Bacharelado em Engenharia Civil da
Universidade Federal de Roraima.
Profª. Msc Karine Jussura Sá da Costa
A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.Oscar Niemeyer
Boa Vista
2013
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 04
1. UMA VISÃO GERAL DA BIOGRAFIA E DA OBRA .............................................. 06
2. CRÍTICAS ....................................................................................................................... 41
3. POSIÇÃO POLÍTICA E RELIGIOSA ........................................................................ 42
4. NIEMEYER DESIGNER .............................................................................................. 44
5. NIEMEYER ESCULTOR ............................................................................................. 46
6. NIEMEYER ESCRITOR .............................................................................................. 47
7. PRÊMIOS E CONDECORAÇÕES RECEBIDAS NO BRASIL E NO EXTERIOR ... 48
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 50
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 52
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INTRODUÇÃO
Nascido no Rio de Janeiro, em 1907, Oscar Niemeyer foi o arquiteto brasileiro que
recebeu o maior número de prêmios internacionais. E exibe um conjunto de obras realizadas
no Brasil e no exterior que o coloca como um dos expoentes da arquitetura universal.
Formado em 1934, pela Escola Nacional de Belas Artes, o primeiro trabalho que
elaborou - como membro da equipe liderada por Lúcio Costa e consultoria de Le Corbusier -
para a sede do Ministério de Educação e Saúde em 1936, caracterizou-se como um marco da
arquitetura moderna mundial.
Em 1939, em colaboração com Lúcio Costa, executa o projeto Pavilhão do Brasil
para a exposição em New York.
Em 1940, com a obra da Pampulha - Cassino, Casa do Baile, Iate Club, e a Igreja de
São Francisco de Assis - passa a ser conhecido internacionalmente, demonstrando com formas
livres as possibilidades do concreto armado, destoantes da linguagem corrente da arquitetura
racionalista de então.
Em 1947, participa da equipe responsável pelo projeto da sede da Organização das
Nações Unidas - ONU, em New York. Nos dez anos seguintes consolida sua obra no país até
que, em 1960, com a construção da nova capital - Brasília - alcança prestígio e
reconhecimento internacional ao projetar os principais edifícios públicos e palácios-sede do
governo, como o Palácio da Alvorada, da Justiça, do Planalto, dos Arcos, e a Catedral de
Brasília -, todos eles marcados pelo arrojo estrutural e inovadores da estética arquitetônica.
Fora do Brasil, com escritório montado em Paris e tendo recebido do governo francês
o prêmio "Legião de Honra da França", "Medalha de Ouro" da Academia de Arquitetura da
França e membro do Comitê dos Conselheiros Artísticos da UNESCO, realiza obras no
mundo inteiro, das quais se destacam o Edifício -Sede da Editora Mondadori, na Itália; o
Centro Cultural do Havre e sede do Partido Comunista Francês, na França; Universidade de
Constantine, em Argel; e os planos da Cidade de Neveg, em Israel; Plano de Urbanização do
Algarve, em Portugal; Centro Cívico e Administrativo de Argel; Centro Residencial de
Estudantes em Oxford, Inglaterra, entre outros.
5
De volta ao Brasil, continua em intensa atividade, destacando-se, em 1983, as obras
da Passarela do Samba (Sambódromo) e o conjunto de escolas pré-fabricadas - CIEPs, no Rio
de Janeiro.
Entre seus projetos mais recentes encontram-se a Sede do Jornal "L Humanité", na
França; o Panteão da Liberdade, na Praça dos Três Poderes, em Brasília; o projeto para a
Embaixada Brasileira em Cuba e o Memorial da América Latina, em São Paulo.
Entre os inúmeros prêmios recebidos destacam-se o Prêmio Lênin da Paz em 1963;
Prêmio "Lorenzo il Magnífico", Itália, 1980; Membro Honorário da Academia de Artes da
URSS, 1983; Membro Titular da Academia Européia das Ciências, Artes e Letras, 1983;
Doutor "Honoris Causa" da Academia de Construção da República Democrática Alemã,
1988; Pritzker Architecture Prize - Estados Unidos, 1988; Membro Honorário do "Royal
Institute of British Architects", Inglaterra, 1989, no mesmo ano, o Prêmio Príncipe de
Asturias de Las Artes, Espanha.
No campo da escultura, são conhecidos os projetos do Monumento a Carlos Fonseca
Amador, Nicarágua, 1982; Monumento Cabanagem, Pará, 1984; Monumento "Tortura Nunca
Mais", Rio de Janeiro, 1986; Monumento aos três operários mortos durante a greve de
novembro de 1988, em Volta Redonda e a escultura na Praça Cívica do Memorial da América
Latina , 1989.
Em 05 de dezembro de 2012, aos 104 anos de idade, no Hospital Samaritano, no
Botafogo, Rio de Janeiro, cerram-se para sempre os olhos do arquiteto Oscar Niemeyer.
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1. UMA VISÃO GERAL DA BIOGRAFIA E DA OBRA
Em 15 de dezembro de 1907, nasce no Rio de Janeiro, Oscar Niemeyer.
Em 1928, com 21 anos de idade, conclui no Colégio Santo Antônio Maria Zaccaria,
dos padres barnabitas, o curso secundário, no mesmo ano, casa-se com Annita Baldo, e,
percebendo as novas responsabilidades assumidas, foi trabalhar na tipografia de seu pai.
No ano seguinte, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro,
que seria dirigida, a partir de 1931, por Lucio Costa, recebendo o diploma de engenheiro
arquiteto em 1934.
Em 1935, inicia sua vida profissional no escritório de Lúcio Costa. “Não queria,
como a maioria dos meus colegas, me adaptar a essa arquitetura que vemos aí. E, apesar de
minhas dificuldades financeiras, preferi trabalhar, gratuitamente, no escritório do Lúcio Costa
e Carlos leão, onde esperava encontrar as resposta para minhas dúvidas de estudante de
arquitetura. Era um favor que ambos me faziam.” (Oscar Niemeyer -
http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/oscar-niemeyer/)
Em 1936, no escritório de Lucio Costa, participa da equipe que desenvolve o projeto
do Ministério da Educação e Saúde (MES), composta por Carlos Leão, Affonso Eduardo
Reidy, Jorge M. Moreira e Ernani Vasconcelos, entre outros. Conhece o arquiteto Le
Corbusier, que chega ao Rio de Janeiro a convite de Lucio Costa e Gustavo Capanema,
ministro da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas, para atuar como consultor nos
projetos do MES e da Cidade Universitária.
No projeto do Palácio Gustavo Campanema, estavam os arquitetos Lucio Costa,
Carlos Leão, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira, com
supervisão de Le Corbursier. Esse seria o primeiro prédio modernista com os conceitos
corbusianos. Niemeyer, com insistência, pede para participar desse projeto e fica próximo de
Le Corbusier, começando assim sua influência modernista.
Quando acabou esse projeto, Oscar começou a trabalhar como arquiteto autônomo e,
assim, em 1937, desenha a Obra do Berço, no Rio de Janeiro, seu primeiro projeto construído.
(Fig 01a e 01b). No entanto, a parceria com Lucio Costa permaneceu. Realizaram juntos o
Pavilhão Brasileiro na exposição Internacional de New York em 1939 e o Grande Hotel, em
Ouro Preto.
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Fig 01a – Obra do Berço
Fig 01b – Obra do Berço
Em 1938, convidado por Lucio Costa, viaja a Nova York como membro da equipe que
projeta o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York. (Fig 02).
Fig 02 – Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de New York
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Em 1939, recebe a medalha Cidade de Nova York.
Em 1940, conhece o prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, que o
convida a fazer o projeto do Conjunto da Pampulha. (Fig 03).
Erguida em 1943, a igreja de São Francisco de Assis, na região da Pampulha, em
Belo Horizonte, é considerada um marco na história da arquitetura brasileira e o primeiro
trabalho de expressão do jovem arquiteto Oscar Niemeyer, que veio a se tornar mundialmente
famoso com as obras de construção de Brasília. Junto com a Casa do Baile, o Cassino (hoje
Museu de Arte da Pampulha) e o Iate Clube, a igreja compõe o Conjunto Arquitetônico da
Pampulha, todos concebidos por Niemeyer.
Marcado por curvas que fazem uma alusão às montanhas de Minas Gerais, o desenho
da igreja traz uma sucessão de abóbadas (tetos arredondados): duas principais que cobrem a
nave e o santuário, e três secundárias, que envolvem a sacristia e anexos. Na fachada
principal, uma marquise reta conduz à torre que emerge na lateral. “Era um protesto que eu
levava como arquiteto, de cobrir a igreja da Pampulha de curvas, das curvas mais variadas,
essa intenção de contestar a arquitetura retilínea que então predominava”, explicou Niemeyer,
anos mais tarde.
Com as formas mais livres presentes neste projeto, Niemeyer aventurou-se pelas
qualidades plásticas do concreto armado, revelando seu gosto pelas linhas sinuosas. Pela
primeira vez em edificações católicas no Brasil, foram usados traços muito diferentes da
tradição religiosa, marcada pelos prédios robustos e imponentes do período colonial.
Fig 03 – Igreja de São Francisco – Conjunto da Pampulha – Belo Horizonte
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Em 1945, ingressa no Partido Comunista Brasileiro e, em 1946, projeta a sede do
Banco Boavista, no Rio de Janeiro.
Em 1947, viaja a Nova York como membro do Comitê Internacional de Arquitetos
encarregado do desenvolvimento do projeto da sede da ONU. (Fig 04)
Fig. 04 – Oscar Niemeyer e o Comitê Internacional de Arquitetos
Em 1949, recebe o título de Membro Honorário da Academia Americana de Artes e
Ciências.
Em 1950, o escritor de origem grega erradicado nos Estados Unidos, Stamo Papadaki
publica o livro “The work of Oscar Niemeyer”.
Fig. 05 – Sede da ONU em New York
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Em 1951, projeta o Conjunto Ibirapuera, um parque com pavilhões de exposições em
homenagem ao aniversário de 400 anos da cidade de São Paulo) (Fig 06) e o Edifício Copan,
(Fig 07) num dos pontos mais movimentados do centro da capital paulista e que se tornou um
dos símbolos da cidade.
Fig. 06 – Conjunto Ibirapuera – São Paulo
Fig. 07 – Edifício Copan – São Paulo
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Em 1952, projeta sua residência, a casa na estrada das Canoas. (Fig 08). Observe que
panos de vidro curvos deixam entrever a floresta e o oceano ao fundo. A piscina curvilínea
dialoga com as curvas da cobertura de concreto. Uma grande rocha une a piscina, a sala de
estar, a cobertura e a paisagem.
Fig 08 – Casa de Canoas – Residência de Niemeyer
A casa foi construída na Floresta da Tijuca, Rio de Janeiro-RJ, remanescente
vegetação tropical em um terreno pedregoso de grande declive. Na concepção da casa ficam
claras duas atitudes ou gestos formais. A primeira diz respeito ao pavilhão aflorado e
envidraçado: uma laje plana e sinuosa apoiada sobre delgados pilares metálicos, onde se
encontram o estar e serviços. A outra atitude é conferida ao pavimento inferior incrustado no
perfil natural do terreno, quase imperceptível, no qual se alojam dormitórios e sala íntima.
Duas maneiras inventivas do fazer arquitetônico: uma plena de invenções e expressividades,
outra ancorada na silenciosa pertinência das circunstâncias.
Esta obra é um marco na arquitetura de Niemeyer e brasileira: nela certos esquemas
do racionalismo moderno são alterados em favor de uma maior expressividade plástica e de
um caráter mais local. Se alguns princípios decorrem de Le Corbusier como pilotis, planta
livre; outros lembram Mies van der Rohe como transparências, integração interior/exterior,
pilares metálicos e essencialidades principalmente no corpo aflorado.
Em 1954, convidado a participar do projeto de um conjunto de edifícios para o bairro
Hansa, como parte do programa de reconstrução de Berlim, juntamente com outros 15
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arquitetos de renome internacional, (Fig. 09) Niemeyer realiza sua primeira viagem à Europa,
quando também visita a Polônia, Tchecoslováquia e União Soviética.
Fig 09 – Niemeyer em Berlim
No mesmo ano projeta o Museu de Arte Moderna de Caracas, na Venezuela. (Fig
10).
Depois de algumas críticas e uma viagem à Europa, ele buscou concisão e pureza em
seus projetos, tentando definir a arquitetura do edifício através da estrutura somente,
excluindo elementos secundários. Claramente essa auto revisão crítica culminou em Brasília,
mas teve início no Museu da Arte Moderna de Caracas.
Fig 10 – Museu de Arte Moderna de Caracas
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Em março de 1955, Oscar Niemeyer e um grupo de amigos lança o primeiro número
da revista Módulo. (Fig 11). Desde havia uma década as obras de Niemeyer vinham sendo o
alvo preferencial de críticas internacionais explícitas e nacionais veladas. A divulgação da
arquitetura brasileira moderna no imediato pós 2ª Guerra, com a exposição do MoMA/NY
(1943) seguida de várias publicações em periódicos internacionais, coloca-a sob os holofotes,
numa preeminência potencializada pela relativa ausência de outros assuntos arquitetônicos,
deprimidos pelo esforço de guerra norte-americano e pela desolação dos campos de batalha
europeus. Uma vez passado o momento inicial de surpresa – pelo inesperado da contribuição
e por sua evidente alta qualidade – seguem-se naturalmente as mais variadas críticas, tanto
simpáticas quanto antipáticas. Mas sempre superficiais e, em boa parte, insufladas por
preconceitos e apriorismos que, na distância de meio século, é possível perceber com ainda
maior clareza.
Fig 11 – Exemplar da revista Módulo
Em 1956 é convidado pelo presidente Juscelino Kubitschek para projetar a nova
capital do Brasil, é nomeado diretor do Departamento de Urbanismo e Arquitetura da
Novacap, empresa responsável pela construção de Brasília. É encarregado de organizar o
concurso para escolha do plano-piloto de Brasília, participando também da comissão
julgadora.
Entre 1957-1958, em Brasília, executa os projetos do Palácio da Alvorada, do
Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal, do Palácio da
Justiça, do Palácio do Itamaraty, da Catedral de Brasília, entre outros. (Fig 12 a 18).
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Fig 12 – Palácio da Alvorada - Brasília
Fig 13 – Congresso Nacional - Brasília
Fig 14 – Palácio do Planalto - Brasília
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Fig 15 – Supremo Tribunal Federal - Brasília
Fig 16 – Palácio da Justiça - Brasília
Fig 17 – Palácio do Itamaraty - Brasília
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Fig 18 – Catedral de Brasília
Em 1962, é nomeado coordenador da Escola de Arquitetura, da recém-criada
Universidade de Brasília – UnB.
No mesmo ano, Viaja ao Líbano para projetar a Feira Internacional e Permanente de
Trípoli (Fig 19) e o Conjunto Esportivo.
Fig 19 - Lebanon’s International Fairground
Em 1963, recebe o Prêmio Lênin da Paz, na URSS.
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Naquele mesmo ano, é nomeado membro honorário do American Institute of
Architects (Instituto Americano de Arquitetos), dos Estados Unidos.
Em 1964, é nomeado membro honorário da American Academy of Arts and Letters
(Academia Americana de Artes e Letras) e do National Institute of Arts and Letters (Instituto
Nacional de Artes e Letras), nos Estados Unidos.
Em 1965, demite-se da Universidade de Brasília com mais duzentos professores, em
protesto contra a invasão da instituição em 1964 e contra a política universitária instaurada
com o governo militar.
No mesmo ano, Viaja a Paris para a exposição “Oscar Niemeyer, l’architecte de
Brasília”, no Palácio do Louvre.
Em 1966, projetou o edifício sede do Partido Comunista Francês, nada cobrando pelo
projeto. A obra, executada em duas fases, só foi concluída em 1980. O Partido Comunista
Francês (em francês: Parti Communiste Français) surgiu em 1920, com o nome de Seção
francesa da Internacional Comunista (de uma cisão com a SFIO). (Fig 20)
Fig 20 – Sede do Partido Comunista Francês - Paris
Ainda em 1966, projetou o Pestana Casino Park, na cidade de Funchal, é considerada
a maior obra de hotelaria em Portugal, com 221 m de comprimento e 24 m de largura,
divididos em sete pisos. (Fig 21).
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O conjunto situa-se no alto de uma falésia, com vista para o porto do Funchal, é
composto por um hotel, um cassino e um centro para congressos.
Fig 21 - Pestana Casino Park – Funchal - Portugal
Em 1967, decide instalar-se em Paris. O general De Gaulle lhe concede autorização
para exercer sua profissão na França.
Em 1968, na Itália, é convidado a realizar o projeto da sede da Editora Mondadori.
(Fig 22)
Fig 22 – Sede da Editora Mondadori – Milão - Itália
Em 1969, projeta a Universidade Mentouri - Constantine, na Argélia. (Fig. 23).
Niemeyer passa um período na Argélia e leva inclusive amigos brasileiros para compor sua
equipe, como João Filgueiras e Darcy Ribeiro.
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Fig 23 - Universidade Mentouri - Constantine - Argélia
Em 1971, seu primeiro projeto no campo de mobiliário industrializado e
comercializado, uma poltrona de madeira prensada, curva, laqueada em preto e revestida em
couro. (Fig 24)
Fig 24 – Poltrona lançada em 1971 em parceria com Anna Maria Niemeyer
Em 1972, abre seu escritório nos Champs Elysées, em Paris. Faz o projeto da Bolsa do
Trabalho de Bobigny (Fig 25) e do Centro Cultural de Le Havre, ambos na França (Fig 26).
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Fig 25 - Bolsa do Trabalho de Bobigny - França
Fig 26 - Centro Cultural de Le Havre
Em 1975, projeta a sede da F.A.T.A Engeneering, (Fig 27), na Itália, onde também é
publicado seu livro, uma autobiografia, Oscar Niemeyer, pela editora Arnoldo Mondadori. No
Rio de Janeiro, a revista Módulo volta a ser publicada.
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Fig 27 – Sede da F.A.T.A Engeneering – Itália
Ainda em 1975, é condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal,
no grau comendador.
Em 1978, com um grupo de intelectuais e políticos, funda o Centro Brasil
Democrático – Cebrade, entidade que tem a finalidade de ser oposição ao regime militar, da
qual é eleito presidente.
Em 1979, é condecorado Oficial da Ordem da Legião de Honra da França. No Centro
Georges Pompidou, em Paris, é realizada a exposição retrospectiva sobre sua obra “Oscar
Niemeyer, architècte”, mais tarde apresentada no Palazzo Grassi, em Veneza, e na Basílica de
Saint Croce, em Florença (Itália).
No mesmo ano, com o início da abertura política, resolve retornar ao Brasil.
O Memorial JK (Fig 28) é um museu na cidade de Brasília projetado por Oscar
Niemeyer, inaugurado em 12 de setembro de 1981 e dedicado ao ex-presidente brasileiro
Juscelino Kubitschek fundador da cidade de Brasília. No local, encontram-se o corpo de JK,
diversos pertences, como sua biblioteca pessoal, e fotos tanto dele como de sua esposa Sarah.
Apresenta obras projetadas por Athos Bulcão em sua área externa, um vitral desenhado pela
artista Marianne Peretti sobre a câmara mortuária e uma escultura de 4,5 metros de autoria de
Honório Peçanha.
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Fig 28 – Memorial JK - Brasília
Em 1982, realiza o projeto da Passarela do Samba, no Rio de Janeiro. (Fig 29)
Fig 29 – Passarela do samba – Rio de Janeiro
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Em 1983, entre junho e julho, acontece, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,
exposição retrospectiva de sua obra. É montada a exposição “From Aleijadinho to Niemeyer”,
no Salão de Exposições da Organização das Nações Unidas, em Nova York. Projeta, com
Darcy Ribeiro, no Estado do Rio de Janeiro, o sistema de escolas públicas denominadas
CIEPs – Centros Integrados de Educação Pública.
Em 1985, volta a desenvolver projetos para Brasília, entre eles o Panteão da
Liberdade. (Fig 30). Recebe a condecoração de Grande Oficial da Ordem do Rio Branco, do
Brasil.
Fig 30 – Panteão da Liberdade - Brasília
Ainda em 1985, projeta o Monumento à Cabanagem, em Belém, PA. (Fig 31).
Fig 31 – Monumento à Cabanagem – Belém – PA.
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Em 1987, projeta o Memorial da América Latina, em São Paulo, (Fig 32) e o edifício
sede do Jornal l’Humanité, em Paris (Fig 33). É realizada a exposição “Oscar Niemeyer –
Architetto”, no Palazzo a Vela, em Turim (Itália), a qual segue depois para Bolonha e Pádua,
no mesmo país. Na ocasião é lançado o livro Guida a Niemeyer (A arquitetura de Oscar
Niemeyer), de Lionello Puppi.
Fig 32 – Memorial da América Latina – São Paulo
Fig 33 - Edifício sede do Jornal l’Humanité, Paris
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Em 1988, recebe o Prêmio Pritzker de Arquitetura, em Chicago, nos Estados Unidos.
Em 1989, recebe o Prêmio Príncipe de Astúrias, na categoria Artes, da Fundação
Principado de Astúrias, Espanha.
Ainda em 1989, é nomeado membro honorário do Real Instituto dos Arquitetos
Britânicos, na Inglaterra.
Em 1990, recebe a medalha do Colégio de Arquitetos de Catalunha, de Barcelona
(Espanha), em cerimônia realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Recebe o título de Cavaleiro Comendador da Ordem de São Gregório Magno, do
Vaticano.
É realizada a exposição “Oscar Niemeyer”, na Sala Plaça Catalunya, na Fundação
Caixa de Barcelona; a mostra segue depois para Londres e Turim. Na ocasião é lançado o
livro Oscar Niemeyer, de Josep M. Botey.
Em 1991, Projeta o Museu de Arte Contemporânea – MAC, em Niterói (RJ) (Fig 34)
e o Parlamento da América Latina, em São Paulo (Fig 35a e 35b). Recebe a Grã-Cruz da
Ordem do Rio Branco.
Fig 34 - Museu de Arte Contemporânea - Niterói
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Fig 35a – Parlamento Latino-americano – São Paulo
Fig 35b – Parlamento Latino-americano – São Paulo
Em 1995, é publicado na Suíça o livro Oscar Niemeyer: poète d’architecture, de Jean
Petit.
Em 1996, projeta o Monumento Eldorado Memória, (Fig 36) doado ao Movimento
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dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Recebe o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza, por ocasião da VI Mostra
Internacional de Arquitetura.
No Pavilhão do Brasil, é realizada uma exposição sobre sua obra.
Fig 36 - Monumento Eldorado Memória - Pará
Em 1997, inicia os estudos para o Caminho Niemeyer, de Niterói.
Em 1998, no Pavilhão Manuel da Nóbrega, do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, é
realizada a exposição retrospectiva sobre sua obra, “Oscar Niemeyer 90 anos”. Recebe a
medalha de ouro do Royal Institute of British Architects (Instituto Real dos Arquitetos
Britânicos) – RIBA. É publicada a edição brasileira do livro Oscar Niemeyer: poeta da
arquitetura, de Jean Petit. Publica, no Brasil, o livro de memórias As curvas do tempo.
Em 1999, projeta, entre outros, o novo teatro no Parque do Ibirapuera, em São Paulo,
(Fig 37a e 37b) e o Setor Cultural de Brasília (Fig 38). Publica, no Brasil, Diante do nada, sua
primeira obra de ficção. É lançada, na França, pela editora Gallimard, Les curves du temps,
edição francesa de seu livro de memórias. Realiza-se, no MAC de Niterói, a exposição
“Escultura”, de Oscar Niemeyer. No Rio de Janeiro, é montada a exposição “Oscar Niemeyer
90 anos”, a qual segue depois para Buenos Aires e Brasília. É lançado o documentário Oscar
Niemeyer, um arquiteto engajado em seu século, do cineasta belga Marc-Henri Wajnberg.
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Fig 37a – Teatro do Parque Ibirapuera – São Paulo
Fig 37b – Teatro do Parque Ibirapuera – São Paulo
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Fig 38 – Museu Nacional da República – Setor Cultural - Brasília
Em 2000, projeta, entre outros, o auditório em Ravello, na Itália (Fig 39). É
publicada em Londres, pela Phaidon Press, The curves of times, edição em língua inglesa de
seu livro de memórias.
Fig 39 – Auditório de Ravello – Itália
Em 2001, desenvolve, dentre outros projetos, a Residência em Oslo, na Noruega, não
construído; o Acqua City Palace, em Moscou, não construído; o Museu do Cinema, em
Niterói (Fig 40); e o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (Fig 41).
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Recebe o título de Arquiteto do Século XX, do Conselho Superior do Instituto de
Arquitetos do Brasil. É aberta a exposição “Oscar Niemeyer 2001”, no Pavilhão de Portugal
do Parque das Nações em Lisboa, Portugal.
Fig 40 – Museu do Cinema – Niterói - RJ
Fig 41 – Museu Oscar Niemeyer – Curitiba – PR
Em 2002, é inaugurado, em Curitiba, o Museu Oscar Niemeyer. Em fevereiro,
realiza-se a exposição retrospectiva “Oscar Niemeyer”, no Jeu de Paume, em Paris; e em
setembro, é apresentada no CIVA – Centre International pour la Ville, l’Architecture et le
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Paysage, em Bruxelas.
Em 2003, a exposição retrospectiva sobre o arquiteto continua sua itinerância pela
Europa: em março, no DAM – Deutsches Architektur Museum (Frankfurt), com o título
“Oscar Niemeyer: a legend of modernism”; em setembro, com o título “Oscar Niemeyer”, no
Arken Museum for Moderne Kunst, em Copenhague (Dinamarca). Projeta, entre outros, o
Serpentine Gallery Pavillion, no Hyde Park, em Londres. Inicia-se, na capital federal, a
construção dos edifícios da Biblioteca e do Museu, que integram o projeto do Setor Cultural
de Brasília.
Em 2004, recebe o "Prêmio Imperial 2004", concedido pela Japan Art Association,
na categoria Arquitetura.
Perdeu sua companheira de mais de 75 anos, Annita Baldo faleceu em 04 de outubro
de 2004.
Em 2005, realiza, entre outros projetos, o Parque Aquático de Potsdam, na
Alemanha,(Fig 42) e o Complexo Administrativo da Hidrelétrica Itaipu, em Foz do Iguaçu
(Fig 43). Lança no Rio de Janeiro o livro "As Casas onde morei". Recebe o título de Patrono
da Arquitetura Brasileira, outorgado pela Câmara dos Deputados, Brasília, Brasil.
Fig 42 - Parque Aquático de Potsdam - Alemanha,
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Fig 43 - Complexo Administrativo da Hidrelétrica Itaipu - Foz do Iguaçu - PR
Oscar Niemeyer também fez, a pedido do governo do Ceará, que queria uma
homenagem ao homem nordestino, o projeto do Museu do Mar, em 2005 (Fig 44). A obra
tinha o formato de um diamante e seria construído no meio do mar na altura do espigão da
Rui Barbosa, na Praia de Iracema.
Até hoje, a obra não saiu do papel e gerou polêmica. “Comigo ficam um croquis
assinado por ele. (…) Ouvi dele, em seu escritório, que era o projeto mais bonito que já havia
feito”, comentou em seu blog, Lúcio Alcântara, governador da época do projeto.
Fig 44 – Museu do Mar – Fortaleza - CE
Em 2006, projeta, entre outros, o Centro Cultural Principado de Astúrias, na
Espanha, (Fig 45a e 45b), e o Memorial Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, (Fig 46).
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É lançado, em setembro, no Festival do Rio 2006 o filme-documentário Oscar
Niemeyer, a vida é um sopro.
Em dezembro, é inaugurado o Complexo Cultural da República João Herculino em
Brasília (Fig 47), projetado por Oscar Niemeyer.
Esse evento é marcado pela abertura da exposição “Niemeyer & Niemeyer”, no
Museu Nacional Honestino Guimarães. Além do Museu compõem o complexo: a Biblioteca
Nacional Leonel de Moura Brizola, um restaurante e três espelhos d’água.
Fig 45a – Detalhe interior do Centro Cultural Principado de Asturias - Espanha
Fig 45b – Vista exterior do Centro Cultural Principado de Asturias - Espanha
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Fig 46 – Memorial Leonel Brizola – Rio de Janeiro
Fig 47 - Complexo Cultural da República João Herculino - Brasília
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Ainda em 2006, casa-se, no Rio de Janeiro, com Vera Lúcia G. Niemeyer, sua
secretária de três décadas. O casamento se realizou em 16 de dezembro de 2006, em
cerimônia particular na sua residência, onde estiveram presentes apenas o juiz e duas
testemunhas. A família foi informada posteriormente.
Em 2007, em todo o país são realizadas diversas exposições, eventos e homenagens
em comemoração ao centenário de nascimento do arquiteto. Lança no Rio de Janeiro o livro
Universidade de Constantine, universidade de sonho. Projeta, entre outros, o Parque da Boa
Viagem, em Recife, (Fig 48) o Memorial João Goulart (Fig 49), em Brasília, e o Memorial
dos Presidentes, também em Brasília, projeto polêmico que ainda não foi aprovado, além da
Universidade de Ciências e Informática em Havana, Cuba.
Fig 48 – Parque da Boa Viagem - Recife
Fig 49 – Memorial João Goulart - Brasília
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Em 2008, lança no Rio de Janeiro e em Brasília, a Revista Nosso Caminho, uma
publicação de arquitetura, arte e cultura, também dedicada ao debate sobre o cenário social e
político brasileiro e latino-americano na atualidade. É relançado no Rio de Janeiro o livro Rio:
de província a metrópole. Projeta, entre outros, a Torre Digital de Brasília e a Praça em
Astana, capital do Cazaquistão.
Ainda em 2008, a Estação Cabo Branco foi inaugurada em 2008 na cidade de João
Pessoa, na Paraíba (Fig 50).
Fig 50 – Estação Cabo Branco – João Pessoa - PB
Em 2009, no Museu Schunck Glaspaleis, em Heerlen, Holanda é realizada a
exposição Oscar Niemeyer Trajetória e Produção Contemporânea 1936-2008. É lançado pela
Editora Nosso Caminho no Rio de Janeiro o livro Oscar Niemeyer: 1999-2009.
Projeta, entre outros, a Biblioteca dos Países Árabes e da América do Sul em Argel,
capital da Argélia. É realizada a exposição Oscar Niemeyer, no espaço cultural da Fundacion
Telefônica, em Madrid, Espanha.
Em 2010, é inaugurada a Cidade Administrativa a Cidade Administrativa Presidente
Tancredo Neves abriga a sede do governo e as secretarias de estado de Minas Gerais, (Fig
51).
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Fig 51 – Cidade administrativa Presidente Tancredo Neves – Belo Horizonte – MG
Em 2012, morre no dia 06 de junho, aos 82 anos, a galerista Anna Maria Niemeyer,
única filha do arquiteto Oscar Niemeyer.
Anna Maria Niemeyer lhe deu cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos.
Fig 52 – Torre de TV Digital – Sobradinho - DF
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Também em 2012 é inaugurada a Torre de TV digital do Distrito Federal, em
Sobradinho, (Fig 52)
Ainda em 2012, a capital mineira se prepara para receber uma catedral que abrigará
cinco mil pessoas em seu interior e cerca de 20 mil no espaço externo, destinado a celebração
de missa campal.
O projeto foi apresentado ao papa Bento XVI, juntamente com obras de outros 59
artistas de várias partes do mundo, na ocasião em que se comemora 60 anos de sacerdócio do
pontífice.
Cerca de 10 mil fiéis participaram da festa de lançamento do projeto da Catedral
Metropolitana Cristo Rei – Santuário da Divina Misericórdia (Fig 53), realizada na semana
passada no Mineirinho, em Belo Horizonte.
O local escolhido para a construção da catedral fica próximo ao novo Centro
Administrativo de Minas Gerais, na Região Norte da capital e em frente à Estação Vilarinho
do metrô.
A nova catedral, que representa um sonho antigo da igreja Católica em Minas Gerais,
terá 50 mil metros de área construída, distribuídos em três pavimentos e deverá ter suas obras
iniciadas em 2012, devendo ficar pronta em 2014.
Fig 53 - Catedral Metropolitana Cristo Rei – Santuário da Divina Misericórdia – BH - MG
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Até 23 de setembro de 2009, quando foi internado, passando em seguida por duas
cirurgias, para retirada da vesícula e de um tumor do cólon, o arquiteto costumava ir todos os
dias ao seu escritório em Copacabana, onde trabalhava no projeto Caminho Niemeyer, em
Niterói, um conjunto de nove prédios de sua autoria.
Até outubro de 2009, Niemeyer permaneceu internado no mesmo hospital, no Rio de
Janeiro. Em 25 de abril de 2010, foi novamente internado, apresentando um quadro de
infecção urinária. O arquiteto deveria participar do lançamento da edição especial da revista
"Nosso Caminho", no dia 27 de abril, em homenagem aos 50 anos de Brasília. A festa foi
cancelada.
Poucos dias antes de completar 105 anos de idade, Oscar Niemeyer faleceu no Rio de
Janeiro, a 5 de dezembro de 2012, às 21h55', em decorrência de uma infecção respiratória. Ele
estava internado desde 2 de novembro, no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul da
cidade. Seu corpo encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro,
onde também encontra-se sepultada sua única filha Anna Maria Niemeyer, falecida em 2012.
Em 14 Dez 2012, apenas alguns dias após sua morte, é inaugurada sua última obra, o
“Museu dos Três Pandeiros”, no Museu de Arte Popular da Universidade Estadual da Paraíba,
em Campina Grande, (Fig 54).
Fig 54 – Museu dos Três Pandeiros – Campina Grande - PB
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Dada a preferência pelo concreto armado e o desenvolvimento das inúmeras
possibilidades fornecidas pelo mesmo, as obras de Niemeyer contaram com a fundamental
parceria dos engenheiros Joaquim Cardozo (1897-1978) e José Carlos Sussekind (1947),
sendo o primeiro responsável pelo cálculo da maioria das obras da construção de Brasília e o
segundo pelas obras da década de 70 até a atualidade.
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2. CRÍTICAS
A partir de Pampulha, especificamente seu trabalho na Igreja São Francisco de Assis,
Niemeyer sofreu críticas internacionais sobre o caráter individualista de sua obra. De acordo
com os preceitos modernistas da época, a arquitetura deveria ser uma arte em si só,
desempenhando seu papel social inerente. Especialmente na sociedade em que se desenvolvia,
seria necessário primar função e economia nas construções, visto que no período pós-guerra o
problema de habitação social se tornou bastante discutido. Embora suas primeiros trabalhos
claramente se desenvolvessem em função de solucionar o programa em questão, seus projetos
após Brasília se desenvolveram de maneira cada vez mais escultórica, de modo que nos anos
2000 sua arquitetura apresenta sérios problemas funcionais.
Nicolai Ouroussoff criticou o arquiteto por seu projeto para o Museu Nacional. A
estrutura pesada não apenas contrasta com a delicadeza característica de sua obra anterior
como também falha em produzir um espaço agradável para export arte.
Frederico de Holanda sugere que os últimos trabalhos de Niemeyer, cada vez mais
opacos e indiferentes ao entorno, também não cumprem a função de definir um espaço
urbano, dada à escala e as formas escultóricas que não definem limites rais ou virtuais.
Os últimos projetos arquitetônicos de Niemeyer, custaram altas cifras ao Estado: em
2007, cobrou 7 milhões de reais pelo projeto da nova sede do Tribunal Superior Eleitoral, em
Brasília, tendo sua empresa recebido 33,5 milhões de reais do governo federal, entre 1996 e
2008, apenas por projetos de obras em Brasília.
Alguns críticos apontam o fato de que a arquitetura de Niemeyer é muitas vezes
contraditória com suas convicções políticas. Seu primeiro grande trabalho, a Pampulha, teve
um caráter burguês, e Brasília é famosa por seus palácios. Niemeyer defende sua arquitetura
ao destituí-la de função social. Ao contrário de Walter Gropius, que acreditava numa
arquitetura racionalista e industrial capaz de adaptar a sociedade para um novo tempo,
Niemeyer era cético sobre a capacidade da arquitetura de mudar uma "sociedade injusta".
Niemeyer defende que o ativismo social deve ser feito politicamente, e não através da
arquitetura. Uma simplificação arquitetônica para tais fins seria, portanto, anti-moderno ao
não explorar os limites da tecnologia construtiva.
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3. POSIÇÃO POLÍTICA E RELIGIOSA
A luta política é uma das questões que sempre marcaram a vida e obra de Oscar
Niemeyer, que sempre se declarou um comunista convicto. Em 1945, muitos militantes
comunistas que foram presos sob a ditadura de Vargas foram libertados, e Niemeyer, que na
época mantinha um escritório na Conde Lages (na Glória), decidiu oferecer abrigo a alguns
deles.
A experiência permitiu que conhecesse Luís Carlos Prestes, uma das figura mais
importante da esquerda no Brasil. Depois de algumas semanas, Niemeyer decidiu ceder a casa
para Prestes e seus partidários, que vieram a fundar o Partido Comunista Brasileiro.
Niemeyer ingressou no Partido Comunista Brasileiro em 1945 e chegou a ser
presidente do partido em 1992. Niemeyer era um menino na época da Revolução Russa de
1917, e pela Segunda Guerra Mundial, tornou-se um jovem idealista. Durante a ditadura
militar do Brasil seu escritório foi invadido e ele optou por se exilar na Europa. O ministro da
Aeronáutica da época teria dito que “lugar de arquiteto comunista é Moscou”.
Em 1963 foi agraciado com o Prêmio Lenin da Paz. Visitou a União Soviética, teve
encontros com diversos líderes socialistas e foi amigo de alguns deles. Em 2007 presenteou
Fidel Castro com uma escultura de caráter antiamericano: uma figura mostruosa ameaçando
um homem que se defende empunhando uma bandeira de Cuba. Niemeyer também era um
amigo próximo de Fidel Castro, que muitas vezes visitou seu escritório. Castro uma vez disse:
"Niemeyer e eu somos os últimos comunistas deste planeta".
Niemeyer dizia: "Nossa preocupação é política também - para mudar o mundo...
Arquitetura é o meu trabalho, e eu passei a minha vida inteira em uma prancha de desenho,
mas a vida é mais importante do que a arquitetura, o que importa é melhoraria do ser
humano".
Niemeyer foi ateu pela maior parte de sua vida, baseando suas crenças tanto nas
"injustiças deste mundo" e em princípios cosmológicos: "É um universo fantástico que nos
humilha, e nós não podemos usufruir dele, mas ficamos maravilhados com o poder da mente
humana... no final, é isso, você nasce, você morre, é isso! ".
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Tais pontos de vista nunca o impediram de projetar edifícios religiosos, que vão desde
pequenas capelas católicas, até catedrais, mesquitas e igrejas ortodoxas. Ele também é
sensível às crenças espirituais do público que frequentaria seus edifícios religiosos.
Na Catedral de Brasília, as grandes aberturas em vidro têm o papel "de conectar as
pessoas com o céu, onde os crentes acreditam estar o paraíso e Deus."
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4. NIEMEYER DESIGNER
Niemeyer também produziu mobílias na década de 1970, levando à madeira prensada
as curvas que já aplicava ao concreto. Projetou, junto com sua filha Anna Maria, o mobiliário
do Palácio da Alvorada, o da Sede do Partido Comunista Francês e alguns outros móveis
comercializados na mesma década. Os móveis de Niemeyer foram expostos em diversos
museus brasileiros e salões e feiras internacionais.
Fig 55 – Cadeira de Balanço - madeira prensada, curva, laqueada de preto e revestida
de palha.
Fig 56 – Marqueza - madeira prensada, curva, laqueada de preto e revestida de palha.
Fig 57 – Poltrona alta - madeira prensada, curva, laqueada de preto e revestida de
couro.
45
Fig 58 – Banqueta alta - madeira prensada, curva, laqueada de preto e revestida de
couro.
46
5. NIEMEYER ESCULTOR
Como escultor possui as seguintes obras:
- Monumento a Carlos Fonseca Amador, Nicarágua, 1982;
- Monumento "Tortura Nunca Mais", Rio de Janeiro, 1986;
- Monumento "Nove de Novembro" (dedicado aos três operários assassinados
durante a greve de novembro de 1988), Volta Redonda, 1988;
- Escultura Mão, na Praça Cívica do Memorial da América Latina, 1989;
- Memorial da Ilha de Gorée, Largo de Dakar, Senegal, 1991;
- Marco à Coluna Prestes, Santo Ângelo, 1995;
- Esculturas "Forma no Espaço II", "Mulher I", "Violêcia", "Retirantes" e "Forma no
Espaço I" (encomendadas pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, expostas na praia do
Leme em 2000 e atualmente instaladas no Parque Dois Irmãos, também no Rio de Janeiro75 ) -
nomes por ordem na foto da ligação.,
- Monumento "Sem Terra do Paraná", 2001 erigido no local onde foi morto o líder
Sem Terra Antônio Tavares Pereira,
- Escultura "Uma Mulher, uma Flor, Solidariedade", Parque Bercy, Paris, 2007,
- Escultura para Cuba (doação), Havana, 2007; e
- Troféu GP Brasil de Fórmula Um 2009 e 2010.
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6. NIEMEYER ESCRITOR
- Como escritor, editou as seguintes obras:
- Quase memórias: viagens, tempos de entusiasmo e revolta – 1968;
- Minha experiência em Brasília, 1961, editado posteriormente na França, Cuba e
Rússia;
- A forma na arquitetura – 1980;
- Rio: de Província a Metrópole – 1980;
- Como se faz arquitetura – 1986;
- Trecho de Nuvens – 1989;
- Conversa de arquiteto – 1994;
- As curvas do tempo - Memórias – 1998;
- Meu sósia e eu – 1999;
- As curvas do tempo – 2000;
- Minha arquitetura Editora Revan, Rio de Janeiro, 2000;
- Conversa de amigos - Correspondência entre Oscar Niemeyer e José Carlos
Sussekind, com José Carlos Sussekind, 2002;
- Minha arquitetura - 1937-2004, Editora Revan, Rio de Janeiro, 2004;
- Sem rodeios - 2006, contos. Editora Revan, Rio de Janeiro, 2006;
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7. PRÊMIOS E CONDECORAÇÕES RECEBIDAS NO BRASIL E NO
EXTERIOR
- 1963 - Prêmio Lênin da Paz, Governo da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas;
- 1963 - Membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos;
- 1964 - Membro honorário da Academia Americana de Artes e Letras e do Instituto
Nacional de Artes e Letras;
- 1975 - Comendador da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (3 de Março);
- 1988 - Prêmio Pritzker de Arquitetura, dos Estados Unidos;
- 1989 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília;
- 1989 - Prémio Príncipe das Astúrias das Artes Espanha;
- 1989 - Medalha Chico Mendes de Resistência;
- 1990 - Cavaleiro Comendador da Ordem de São Gregório Magno, Vaticano / Santa
Sé;
- 1994 - Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal (26 de
Novembro);
- 1995 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade de São Paulo;
- 1995 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Minas Gerais;
- 1996 - Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza, VI Mostra Internacional de
Arquitetura;
- 1998 - Royal Gold Medal do Royal Institute of British Architects;
- 2001 - Medalha da Ordem da Solidariedade do Conselho de Estado da República de
Cuba;
- 2001 - Medalha do Mérito Darcy Ribeiro do Conselho Estadual de Educação do
Estado do Rio de Janeiro;
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- 2001 - Prêmio UNESCO 2001, na categoria Cultura;
- 2001 - Título de Grande Oficial da Ordem do Mérito Docente e Cultural Gabriela
Mistral, do Ministério da Educação do Chile;
- 2001 - Título de Arquiteto do Século XX, do Conselho Superior do Instituto de
Arquitetos do Brasil;
- 2004 - Praemium Imperiale, Japan Art Association;
- 2005 - Patrono da Arquitetura Brasileira, declarado pela Lei nº 11.117, de 18 de
maio de 2005;
- 2007 - Medalha Ordem do Mérito Cultural, Brasil;
- 2007 - Medalha e título de Comendador da Ordem Nacional da Legião da Honra,
Governo da França;
- 2007 - Medalha da Ordem da Amizade, Governo da Rússia;
- 2007 - Medalha Oscar Niemeyer do Partido Comunista Marxista-Leninista;
- 2008 - Prêmio ALBA das Artes, Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua;
- 2009 - Orden de las Artes y las Letras de España;
- 2009 - Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Técnica de Lisboa; e
- 2009 - XXXIII Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo.
Mostrando-se ainda jovem, participou como pôde do maior evento realizado no ano pela
FeNEA (Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo): recebeu membros
da comissão organizadora para gravação de um bate-papo a ser exibido aos dois mil
participantes do encontro, sediado no Ginásio do Mineirinho (Complexo Esportivo da
Pampulha), em Belo Horizonte.
50
CONCLUSÃO
Niemeyer sofreu a influência de alguns arquitetos, mas também influenciou o mundo
de muitas maneiras. Quando produziu o projeto do Palácio da Alvorada, deixou claro o seu
amor pelas suas colunas. Seu modelo, que frisa as curvas, depois dos modelos gregos, foi
considerado os mais encantadores. Logo depois, réplicas puderam ser encontradas na própria
Grécia e na poderosa potência norte-americana, os Estados Unidos.
Outra comparação muito feita sobre Niemeyer é a de que ele tem o estilo
profundamente parecido com o do pintor moderno, Pablo Picasso. Em uma entrevista, o
arquiteto argeliano, Hali Faidi diz: “Eu o comparo com frequência a Picasso, por sua
capacidade de desconstruir as formas. Em 2008, recebi um convite de Oscar Niemeyer para ir
ao Rio de Janeiro e me disseram que ele era um senhor simpático, mas que estava com a
capacidade de trabalho reduzida. Me surpreendi quando descobri que ele trabalhava nove
horas por dia em inúmeros projetos ao mesmo tempo, embora já tivesse 101 anos.”
Para muita gente, não há dúvidas que Niemeyer é um dos maiores nomes da
arquitetura do século XX. Não é à toa que muitos associam o nome de Niemeyer a Frank
Owen Gehry, pelo projeto do Museu de Nova York. As linhas acentuadas dessa obra
lembram, de alguma forma, as curvas de Niemeyer, que sempre preferiu as curvas às retas.
No início da década de 50, quando o milionário Solomon Robert procurava um
arquiteto para desenhar o museu dos seus sonhos, consta que ele havia dito que buscava um
homem guerreiro, amante do espaço, agitador e sábio. Essas qualidades que ele encontrou em
Frank Owen também se aplicavam a Niemeyer, o que pode explicar o trabalho de ambos.
Outro que teve sua imagem ligada ao arquiteto brasileiro, era o urbanista, arquiteto e
pintor francês, de origem suíça, Le Corbusier. Tanto Niemeyer quanto Corbusier fizeram
parte da equipe responsável pelo projeto da sede da ONU, em Nova York. Sobre essa
comparação, Niemeyer ressalta: “Tive a influência de Corbusier, assim como todos os
arquitetos da minha geração tiveram. Na parte em que ele definiu o princípio da arquitetura.
Ele considerava que a arquitetura moderna se baseava na escultura independente, na fachada
de vidro, no terraço com jardim. Só isso! A arquitetura que eu faço é muito diferente da dele.
Eu quero usar o concreto em toda a sua plenitude.”
51
Dono de uma rede infinita de projetos magníficos, Oscar Niemeyer construiu palácios,
catedrais, mesquitas, museus e construções de pequeno porte, como edifícios residenciais,
escolas e moradias. Com sua caneta e prancheta, transformou cidades em arte com o uso do
concreto armado. Além de homem, era um ser político, um artista... um homem do mundo.
Possuía hábitos simples e sempre dizia que, na vida, somos condenados a desaparecer.
Esse homem que viveu mais do que muita gente consegue viver, fez do mundo, um paraíso
em curvas e a muitos impressionou aos brasileiros com sua criatividade. Sempre interessado
em mudar as estruturas comuns, Niemeyer moldou o Brasil e o mundo em um verdadeiro
espetáculo de parábolas.
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http://www.arcoweb.com.br/artigos/fernando-serapiao-as-ultimas-22-09-2006.html - acessado
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Jun 2013;
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