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Modernismo
Primeira Fase
(1922-1930)
Momento Demolidor
“Por iniciativa do festejado
escritor Sr. Graça Aranha,
da Academia Brasileira de
Letras, haverá em São
Paulo uma ‘Semana de
Arte Moderna”, em que
tomarão parte os artistas
que, em nosso meio,
representam as mais
modernas correntes
artísticas” (O Estado de
São Paulo – 29/1/22)
Comissão
Organizadora
FOLHA DA NOITE
São Paulo, 16/02/1922
Foi, como se esperava, um notável
fracasso, a récita de ontem da
pomposa Semana de Arte Moderna,
que melhor e mais acertadamente
deveria chamar-se Semana de Mal - às
artes.
Objetivos da SAM
Independência Cultural
Rompimento com o passado
Apresentação da nova arte
Liberdade de Criação
Poética
(Manuel Bandeira)
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente [protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o [cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
(...)
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos ‘clowns’ de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Nacionalismo
Lundu do Escritor Difícil
(Mário de Andrade)
Você sabe o francês singe
Mas não sabe o que é guariba?
Pois é macaco, seu mano,
Que só sabe o que é da estranja.
Verso livre
Erro de português
(Oswald de Andrade)
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Desprezo pela Gramática Normativa
Vício de fala
(Oswald de Andrade)
Para dizer milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
Coloquialismo
Pronominais
(Oswald de Andrade)
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Poema pílula
Amor
humor
Cotidiano
Poema tirado de uma notícia de jornal
(Manuel Bandeira)
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no [morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Paródia
Escapulário
(Oswald de Andrade)
No Pão de Açúcar
De Cada Dia
Dai-nos Senhor
A Poesia
De Cada Dia
Poema-piada
Relicário
(Oswald de Andrade)
No baile da Corte
Foi o Conde d’Eu quem disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí
Iconoclastia
Os Sapos (Manuel Bandeira)
Enfunando os sapos Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra Berra o sapo-boi: – “Meu pai foi à guerra” – “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!” O sapo-tanoeiro Parnasiano aguado Diz: – “Meu cancioneiro É bem martelado.
(...)
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
– “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatutário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo”.
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