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METABOLISMO ENERGÉTICO ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA E
DISTÚRBIOS ALIMENTARES
Salete Aparecida Hirata
Resumo
A história da humanidade tem mostrado que, os padrões de saúde e estética variam conforme
a época. Atualmente, o culto exagerado à magreza como símbolo de beleza, reforçado pela
mídia, vem chamando a atenção da saúde pública por levarem jovens e adolescentes a
desordens nutricionais graves, com riscos de problemas físicos e psicológicos. Entre os
principais distúrbios estão a anorexia, bulimia e obesidade. Os portadores de tais distúrbios
apresentam forte resistência a tratamentos, o que faz essas doenças adquirirem alto índice de
mortalidade. A prevenção ainda é o melhor caminho. Através de uma abordagem investigativa
procurou-se conhecer os hábitos alimentares de adolescentes e, junto ao cálculo do IMC
(índice de massa corporal), detectar possíveis casos de desordens nutricionais entre os alunos
da 7ª série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Marquês de Caravelas, em Arapongas
-Pr.
Palavras-chave: Metabolismo, distúrbios alimentares, anorexia, bulimia, obesidade, imagem
corporal.
Abstract
The history of mankind has shown that patterns of health and aesthetics vary according to
season. Currently, the cult of excessive thinness as a symbol of beauty, enhanced by the
media, has been drawing the attention of public health by taking young people and adolescents
to serious nutritional disorders, with risk of physical and psychological problems. Among the
main disorders are anorexia, bulimia and obesity. Patients with such disorders show strong
resistance to treatments, making these diseases obtain high mortality rate. Prevention is still the
best. Through a research tried to know the dietary habits of adolescents, and with the
calculation of BMI (body mass index), to detect possible cases of nutritional disorders among
students of 7th grade of elementary school of the Marquis of Caravelas State College, in
Arapongas-Pr.
Keywords: Metabolism, eating disorders, anorexia, bulimia, obesity, body image.
Introdução
A preocupação com a imagem corporal está presente desde os
primórdios da humanidade, embora seus padrões tenham se modificado ao
longo da evolução humana. Com o avanço das novas tecnologias associadas
aos novos conhecimentos da medicina, sabe-se que os padrões de beleza
adotados por cada época histórica nem sempre privilegiaram a qualidade de
vida, nem tão pouco eram considerados sinônimos de saúde.
Ao constatar que a expectativa de vida do ser humano vem aumentando
e a busca pela longevidade com qualidade é fundamental tanto para o
indivíduo quanto para os setores políticos e econômicos que regem nossa
sociedade, torna-se necessário prevenir um problema crescente na população
mundial: os distúrbios alimentares.
Os distúrbios alimentares pertencem a uma classe de doenças de difícil
diagnóstico e tratamento, pois a pessoa portadora não se reconhece como
“doente”. Assim, levar ao conhecimento de adolescentes e jovens, que
constituem grupo de risco, de que a busca por um corpo ideal pode levá-los ao
desenvolvimento de distúrbios alimentares, torna-se uma importante
ferramenta para a prevenção desses males.
O Metabolismo Energético e sua relação com o peso c orporal
O peso corpóreo é a soma de ossos, músculos, órgãos, líquidos
corpóreos e tecido adiposo. Essa composição é variável de acordo com o
crescimento, estado reprodutivo, níveis de exercícios e efeitos do
envelhecimento. Flutuações de vários quilos podem ser observados de acordo
com o estado de hidratação de um indivíduo, já que a água é o componente
mais abundante e variável.No entanto, em geral, considerando-se um balanço
de água estável, as variações de peso dependem do balanço
energético.Entende-se por balanço energético a relação existente entre a
ingestão calórica e a produção e consumo de energia por um organismo.
As transformações químicas e energéticas que ocorrem no corpo para
manter os processos vitais são chamadas genericamente, de METABOLISMO.
O metabolismo é um processo complexo e que compreende duas etapas:
CATABOLISMO, que envolve a oxidação de nutriente e conseqüente liberação
de energia; ANABOLISMO, que envolve o consumo de energia para a
construção de substâncias necessárias à manutenção da vida.
A energia liberada pelo catabolismo dos alimentos é usada para a
manutenção das funções corporais, a digestão e metabolização dos alimentos,
a termo-regulação e a atividade física. Aparecem como trabalho externo, calor
e armazenamento de energia e pode ser medida utilizando-se como unidade
padrão a CALORIA (cal).
A produção e consumo de energia por um organismo deve obedecer a
um equilíbrio, já que todos os sistemas vivos ou inanimados seguem a primeira
lei da termodinâmica: ¨a energia não é criada nem destruída, mas transformada
de uma forma para outra¨. Pode-se falar, então em um balanço energético
entre a ingestão de alimentos e a produção de energia. Quando o conteúdo
calórico da comida ingerida for menor que a produção de energia, são
utilizadas as reservas corporais (glicogênio, proteínas e gorduras) e a pessoa
perde peso. Mas, se o valor calórico do alimento é maior que a perda de
energia devido ao calor e ao trabalho, e a comida for adequadamente digerida
e absorvida, a energia em excesso é armazenada, e a pessoa ganha peso.
A quantidade de energia que um nutriente contém é medida em calorias
por grama (cal/g). Geralmente, os valores energéticos são expressos em
quilocalorias (Kcal), sendo 1kcal=1000cal.
Os nutrientes fornecem diferentes valores energéticos:
-1g. de lipídios contém 9 Kcal;
-1g. de carboidratos contém 4 Kcal;
-1g. de proteínas contém 4 Kcal.
A quantidade de energia utilizada diariamente depende da idade e
principalmente do tipo de atividade da pessoa. Em geral mulheres adultas
gastam cerca de 2000 quilocalorias e homens, cerca de 2400 quilocalorias, por
dia, para manter o trabalho do organismo.
Há um complexo sistema de mecanismos neurais, hormonais e químicos
que mantém em equilíbrio o balanço energético. O mau funcionamento desses
mecanismos pode ser a principal causa dos distúrbios alimentares. Pode-se
falar, então, em um conjunto multifatorial de causas, talvez até uma
combinação de fatores genéticos, metabólicos, neuroendócrinos, dietéticos,
sociais, familiares e psicológicos. Algumas substâncias reguladoras já foram
descobertas e têm seus modos de atuação bastante conhecidos, tais como: as
catecolaminas, colecistoquinina, galatina, insulina e hormônios tireoidianos.
Os Distúrbios Alimentares: um breve histórico
A incidência dos distúrbios alimentares em crianças e adolescentes tem
aumentado crescentemente nos últimos anos. Bulimia, anorexia e obesidade
são exemplos destes transtornos relacionados à ingestão de alimentos. Sendo
assim caracterizados:
1-Bulimia: Ingestão compulsiva e rápida de grande quantidade de alimento,
com pouco ou nenhum prazer, alternada com comportamento dirigido para
evitar o ganho de peso (vômito, uso de laxantes e diuréticos ou períodos de
restrição alimentar severa) e medo mórbido de engordar. Os bulímicos
desenvolvem complicações físicas e psicológicas, tais como, irregularidades
menstruais, distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos , dilatação gástrica,
esofagite e depressão. Alguns sinais físicos e comportamentais podem indicar
a presença desse distúrbio:
Sinais Físicos:-
--IInncchhaaççoo ddaass ggllâânndduullaass ppaarróóttiiddaass ((ccoommoo ssee eessttiivveessssee ccoomm ccaaxxuummbbaa)).. DDeevviiddoo
aaooss vvôômmiittooss pprroovvooccaaddooss..
--AAmmeennoorrrrééiiaa ((ffaallttaa ddee mmeennssttrruuaaççããoo)) ppeelloo mmeennooss 33 cciiccllooss..
--QQuueeddaa ddee ccaabbeelloo..
-PPeerrddaa ddee ddeenntteess ((ddeevviiddoo aaoo aacciiddoo ddooss vvôômmiittooss))..
--VVôômmiittooss pprroovvooccaaddooss ((ggeerraallmmeennttee llooggoo ddeeppooiiss ddaass rreeffeeiiççõõeess oouu dduurraannttee oo
bbaannhhoo)).. FFiiccaarr aatteennttoo ppaarraa aaqquueellaass qquuee llooggoo aappóóss ssee aalliimmeennttaarreemm vvããoo aaoo
bbaannhheeiirroo..
--OO ppeessoo nnããoo eessttáá mmuuiittoo aabbaaiixxoo nneemm mmuuiittoo aacciimmaa ddoo nnoorrmmaall,, oosscciillaannddoo ccoomm
ffaacciilliiddaaddee..
--CCaallooss nnoo ddoorrssoo ddooss ddeeddooss,, pprriinncciippaallmmeennttee iinnddiiccaaddoorr.. EEssssaass ccaalloossiiddaaddeess ssããoo
cchhaammaaddaass ddee ssiinnaall ddee RRuusssssseellll,, qquuee aass ddeessccrreevveeuu eemm 11997799.. ((oo uussoo ccoonnssttaannttee
ddooss ddeeddooss ppaarraa pprroovvooccaarr ooss vvôômmiittooss pprroovvooccaa lleessõõeess ddeevviiddoo aaoo aattrriittoo ccoomm ooss
ddeenntteess))
--DDeessmmaaiiooss ee ffrraaqquueezzaa,, ddeevviiddoo aaoo uussoo ddee llaaxxaanntteess ee ddiiuurrééttiiccooss qquuee pprroovvooccaamm
uumm ddeesseeqquuiillííbbrriioo eelleettrroollííttiiccoo ((ppeerrddaa ddee ssaaiiss mmiinneerraaiiss ccoommoo ppoottáássssiioo))..
Sinais Psicológicos e Comportamentais :
--MMuuddaannççaass bbrruussccaass ddee hhuummoorr ((iirrrriittaabbiilliiddaaddee,, aaggrreessssiivviiddaaddee,, aappaattiiaa ..))
--AAuummeennttoo ddee iinntteerreessssee ppeellaa iimmaaggeemm ee//oouu ppeessoo.. GGrraannddee oobbsseessssããoo ppeelloo ppeessoo,,
ccoonnssttaanntteemmeennttee ssee aacchhaamm ggoorrddaass ee tteemm vveerrddaaddeeiirroo ppâânniiccoo ddee eennggoorrddaarr..
--QQuuaannddoo ccoommeemm ccoomm aammiiggooss ee ffaammiilliiaarreess,, ssee aalliimmeennttaamm ppoouuccoo ee ssoommeennttee ccoomm
aalliimmeennttooss ddee bbaaiixxaass ccaalloorriiaass..
--AAuummeennttoo nnoo ccoonnttrroollee ddoo ppeessoo ((ssee ppeessaarr ccoonnssttaanntteemmeennttee ee//oouu ssee mmeeddiirr ccoomm aa
ffiittaa mmééttrriiccaa))
--IIssoollaammeennttoo ssoocciiaall ee//oouu ffaammiilliiaarr..
--OOss aattaaqquueess ddee ccoommppuullssããoo ((bbiinnggee)) ssããoo ““eessccoonnddiiddooss””,, mmaass ggeerraallmmeennttee aa ppeessssooaa
ddeeiixxaa ““ssiinnaaiiss”” ccoommoo eemmbbaallaaggeennss ddee cchhooccoollaatteess,, ssaallggaaddiinnhhooss,, eettcc...... EEssccoonnddiiddooss
nnoo qquuaarrttoo eemm ggaavveettaass oouu aarrmmáárriiooss.. QQuuaannddoo eessttããoo ssoozziinnhhaass ssee aalliimmeennttaamm ddee
ttooddooss ooss aalliimmeennttooss ""pprrooiibbiiddooss"",, ccoomm iissssoo ooss ppaaiiss ppooddeemm ppeerrcceebbeerr qquuee uummaa
ggrraannddee qquuaannttiiddaaddee ddee aalliimmeennttooss ""ddeessaappaarreeccee"" ddee ccaassaa.. TTaammbbéémm ppooddeemm ggaassttaarr
mmuuiittoo ddiinnhheeiirroo ccoomm aa aalliimmeennttaaççããoo ffoorraa ddaa ccaassaa..
--UUssoo ddee llaaxxaanntteess ee//oouu ddiiuurrééttiiccooss;; mmuuiittaass vveezzeess ttaammbbéémm eessttããoo ““eessccoonnddiiddooss”” eemm
bboollssaass,, ggaavveettaass oouu aarrmmáárriiooss..
--CCoommppoorrttaammeennttooss ccoommppeennssaattóórriiooss ccoommoo eexxeerrccíícciiooss eexxaaggeerraaddooss ccoomm aa
ffiinnaalliiddaaddee ddee ppeerrddeerr ppeessoo,, ppooddeemm ccaammiinnhhaarr mmuuiittaass hhoorraass oouu nnããoo uussaarr
eelleevvaaddoorreess ssoommeennttee eessccaaddaass..
-Idas freqüentes ao banheiro logo após as refeições.
2-Anorexia: Perda excessiva de peso, visão da imagem corporal distorcida e
medo de tornar-se obeso. Afeta principalmente mulheres jovens além de
alguns grupos de risco formado por indivíduos cujas profissões exercem forte
influência a silhueta esguia, como atores e atrizes, manequins e modelos,
bailarinas, jóqueis, lutadores e desportistas. As principais manifestações
clínicas são: amenorréia, osteoporose, alterações homeostáticas, hipotensão,
arritmias cardíacas, alterações no hemograma (anemia, leucopenia) e
depressão. Os sinais físicos e alterações comportamentais que podem indicar
a presença desse transtorno alimentar são:
Sinais Físicos :
--IInniicciiaa rreessttrriiççõõeess aalliimmeennttaarreess,,
--PPeerrddaa iimmppoorrttaannttee ddee ppeessoo,, nnããoo jjuussttiiffiiccaaddaa,,
--FFrriioo eexxcceessssiivvoo,,
--SSoonnoo eexxcceessssiivvoo,,
--LLaannuuggoo ((oo ccoorrppoo ffiiccaa ccoobbeerrttoo ccoomm uummaa ppeennuuggeemm ffiinnaa)),,
--AAmmeennoorrrrééiiaa ((ffaallttaa ddee mmeennssttrruuaaççããoo)) ppeelloo mmeennooss 33 cciiccllooss ,,
--QQuueeddaa ddee ccaabbeelloo
Alterações Comportamentais :
--MMuuddaannççaass bbrruussccaass ddee hhuummoorr ((iirrrriittaabbiilliiddaaddee,, aaggrreessssiivviiddaaddee,,
iimmppuullssiivviiddaaddee))..TTaammbbéémm ppooddee ppaassssaarr ppoorr mmoommeennttooss ddee mmuuiittaa ttrriisstteezzaa,,
aapprreesseennttaannddoo sseennttiimmeennttooss ddee ccuullppaa ee bbaaiixxaa aauuttoo--eessttiimmaa,,
-DDeessccuullppaass ppaarraa nnããoo ccoommeerr eemm ccaassaa,,
-Podem utilizar laxantes, diuréticos, e/ou qualquer erva ou “medicamento” que
favoreça ou “prometa” o emagrecimento,
-Desejo claro de perder peso. Tanto estando dentro da faixa de peso normal
para a idade/altura, quanto estando abaixo desta. Este desejo se mantém até
mesmo quando estão extremamente magras,
--Preocupação exagerada com o conteúdo calórico dos alimentos e por dietas.
Podem “vigiar” a preparação dos alimentos,
--A principio evitam determinados alimentos: doces, pães, batatas, arroz,
frituras, etc.Posteriormente passam a eliminar da sua dieta um numero cada
vez maior de alimentos, até chegar a se alimentar única e exclusivamente de
verduras ou frutas ( e cada vez em menores quantidades). Podem consumir
somente alimentos light. E inclusive a viver somente de líquidos,
--AAuummeennttoo ddee iinntteerreessssee ppeellaa iimmaaggeemm ee//oouu ppeesso..Se queixam com freqüência
sobre o seu peso: “estou gorda,
-AAuummeennttoo nnoo ccoonnttrroollee ddoo ppeessoo,, ssee ppeessaa ccoonnssttaanntteemmeennttee,, iinncclluussiivvee vváárriiaass vveezzeess
aaoo ddiiaa,,
-CCoommppaarraamm--ssee ccoonnssttaanntteemmeennttee ccoomm mmooddeellooss ee//oouu oouuttrraass ffiigguurraass ddee
aaddmmiirraaççããoo..
-IIssoollaammeennttoo ssoocciiaall ee//oouu ffaammiilliiaarr,,
-Aumento da atividade física. PPooddeemm ddeesseejjaarr iirr ccaammiinnhhaannddoo ppaarraa ttooddooss ooss
lluuggaarreess,, ccaammiinnhhaannddoo aassssiimm vvaarriiaass hhoorraass.. Evitam os elevadores e usam as
escadas, passam horas na academia, correm etc.
-FFrraacciioonnaamm aa ccoommiiddaa,, ddeeiixxaannddoo rreessttooss nnoo pprraattoo..TTaammbbéémm ppooddeemm ""bbrriinnccaamm"" ccoomm
aa ccoommiiddaa aanntteess ddee lleevváá--llaa aattéé aa bbooccaa,,
-MMeenntteemm ssoobbrree tteerr oouu nnããoo ccoommiiddoo,, ppooddeemm ““eessccoonnddeerr”” aa ccoommiiddaa ee ddeeppooiiss jjooggáá--llaa
ffoorraa,,
-PPooddeemm aapprreesseennttaarr uummaa oobbsseessssããoo ccoomm ooss eessttuuddooss,, ddeeddiiccaannddoo--ssee vváárriiaass ee
vváárriiaass hhoorraass,,
-IInnssôônniiaa,,
-OObbsseessssããoo ppeellaa ccoommiiddaa ee lliiggaaççããoo ccoomm aa ccoozziinnhhaa.. Podem preparar pratos
saborosos e elaborados para a família. Porém, elas mesmas nunca os
comerão,
-PPooddeemm ccoommeeççaarr aa aapprreesseennttaarr pprroobblleemmaass ddee rreellaacciioonnaammeennttoo ccoomm oouuttrrooss
mmeemmbbrrooss ddaa ffaammíílliiaa.. EEssppeecciiaallmmeennttee aa ffiigguurraa mmaatteerrnnaa ((lliiggaaddaa àà aalliimmeennttaaççããoo)),,
-Sofrem de sentimentos de culpa após terem comido,
-Podem vomitar após se alimentarem,
-FFrreeqqüüeenntteemmeennttee ssee vveesstteemm ccoomm rroouuppaass llaarrggaass ee ssoobbrreeppoossttaass,, ccuujjaa ffuunnççããoo aa
pprriinncciippiioo éé ddiissssiimmuullaarr ooss ssuuppoossttooss ddeeffeeiittooss ffííssiiccooss ((qquuaaddrriiss llaarrggooss,, aabbddôômmeenn,,
eettcc..))..PPoosstteerriioorrmmeennttee ssuuaa ffuunnççããoo ppaassssaa aa sseerr aa ddiissssiimmuullaaççããoo ddaa mmaaggrreezzaa
eexxttrreemmaa,,
--Se recusam a comer em quantidades normais apesar dos riscos,
recomendações, ordens e/ou ameaças familiares e inclusive médicas.
3-Obesidade: Acúmulo excessivo de gordura corporal causado por
desequilíbrio no balanço energético. Muitas doenças estão associadas a essa
condição e pode transformar-se em potencial risco para a saúde. Destacando-
se a hipertensão, diabete e doenças cardiovasculares. Porém, a imagem
negativa que o próprio indivíduo faz de si diante de uma sociedade que cultua a
magreza parece ser a mais devastadora das doenças. O ganho de peso
geralmente acontece ao longo do tempo, porém alguns sinais podem ser
observados:
-Roupas parecendo apertadas e necessidade de usar números maiores;
-Balança demonstrando que se ganhou peso;
-Ter gordura extra ao redor da cintura;
-IMC e circunferência da cintura maiores do que o considerado normal.
Embora a anorexia e a bulimia venham sendo difundidas pela mídia por
afetar pessoas famosas tais como: Lady Di, princesa da Inglaterra; Alanis
Morrissette, cantora e atriz; Kate Moss, modelo; Geri Halliwell, ex-Spice Girl,
elas não são doenças ligadas a modernidade. Há referências sobre a anorexia
em fontes latinas da época de Cícero ( 43 a.C ) e vários textos do século XVI.
Na Idade Média, a prática de jejum prolongado era vista como estado de
possessão demoníaca ou milagres divinos.
Bell (1985), em seu livro Holy Anorexia, relata o comportamento
anoréxico de várias santas entre os anos 1200 a 1600. Um caso bastante
conhecido é o de Santa Catarina de Siena (1347) que aos 7 anos de idade
passou a recusar alimentos e, na adolescência só se alimentava de pão e
ervas.Entrou para a Ordem das Dominicanas e foi conselheira do Papa
Gregório XI, em Avignon. Lutou a favor da unificação do papado que, na época,
dividia-se entre Roma e Avignon e diante de um quadro desfavorável, sentiu-se
fracassada e morreu de desnutrição em 29 de abril de 1380, aos 32 anos de
idade. Também há relatos do século IX, em que um príncipe, chamado
Hamadham, deixou de se alimentar após desenvolver uma profunda
depressão.
A descrição clínica da ANOREXIA teve início em 1689 pelo Dr. Morton
que demonstrou curiosidade pela indiferença de suas pacientes diante de um
estado de desnutrição em que se encontravam. Por volta de 1873, Gull e
Lasègue, dois médicos com trabalhos independentes, descrevem a anorexia
como uma doença de caráter psicológica.
A relação da anorexia com a finalidade de emagrecimento e medo de
engordar foi estabelecida por Charcot, em 1889.
Em 1893, Freud descreveu um caso de anorexia tratada com hipnose.
Ele descreveu a doença como uma “psiconeurose de defesa”, ou seja, uma
neurose da alimentação com melancolia.
O componente psicológico da anorexia foi posto em xeque no século
XX. Nessa época, ela passa a ser vista como uma doença puramente orgânica,
mais precisamente um problema endócrino. Esse fato foi reforçado por
Simmonds, um patologista alemão, que encontrou diminuição em uma parte da
hipófise no cérebro de uma vítima de CAQUEXIA, um estado de desnutrição
profunda.
Durante muitos anos houve confusão sobre o caráter orgânico ou psicológico
da anorexia. A partir de 1970, Russell tenta mostrar a relação entre a origem
psicológica, biológica e sociológica da doença, contribuindo para a criação de
critérios para o diagnóstico da anorexia utilizados pelos atuais sistemas de
classificação de doenças.
A BULIMIA é considerada a irmã mais nova da anorexia. A primeira
descrição dessa doença foi realizada em 1979 por Russell. Embora seja um
distúrbio descrito recentemente, um de seus sintomas é bem antigo: a prática
do vômito auto-induzido que ocorre em até 95% das pessoas bulímicas pode
ser encontrada na história de diferentes povos da antigüidade.Segundo
Heródoto, os egípcios vomitavam e usavam purgativos todo mês, por três dias
consecutivos, pois acreditavam que todas as doenças humanas tinham origem
na comida que ingeriam; prática semelhante era recomendada por Hipócrates
para prevenir diferentes doenças. Os romanos criaram o “vomitorium”, local
destinado a prática do vômito, de forma reservada, que se realizava após
excessos cometidos nos grandes banquetes. Já na Idade Média, o uso de
purgantes era comum para qualquer doença e recomendada pelos médicos,
fato satirizado por Moliére, dramaturgo francês que recriou a comédia moderna,
em suas peças teatrais.
O caso de Ellen West é bastante conhecida e divulgada na literatura
psiquiátrica,mesmo não tendo sido diagnosticada como bulimia,seu quadro
clínico apresentava todos os sintomas de um bulímico como medo de
engordar, caminhadas exageradas, apetite voraz alternado com dietas severas.
Ellen foi internada num dos melhores sanatórios da época e atendida por
Manfred Eugen Bleuler, médico psiquiatra autor do conceito de esquizofrenia,
porém, não obteve melhora e cometeu suicídio tomando veneno.
A nutrição dos brasileiros
O Brasil é um país de extensas áreas agricultáveis e por muitos anos
cultivou o hábito do “arroz com feijão” em seu prato. Essa dupla apresenta uma
química perfeita, segundo nutricionistas, pois são ricas em carboidratos,
proteínas, sais minerais, vitaminas e fibras. Elas se complementam por
apresentarem proteínas que são muito eficientes na reparação de tecidos do
organismo inteiro e que são raramente encontradas em outros vegetais. O
arroz contém metionina e o feijão, a lisina . Essa combinação também auxilia
na manutenção do equilíbrio glicêmico do corpo, pois quando o arroz é ingerido
sozinho, as taxas de glicose e insulina sobem por conta do alto teor de
carboidratos, porém o feijão tem o poder de neutralizar esse efeito mantendo
os níveis de glicemia adequados e reduzindo os riscos do diabetes.
Apesar de relativamente baratos quando comparados a outros tipos de
alimento, os pratos feitos a base de arroz, feijão, bife e salada vêm sendo
substituído por alimentos industrializados. A alteração do perfil alimentar do
brasileiro está relacionado à modernização: trocou-se o almoço em casa por
lanches e refeições rápidas pois o mercado de trabalho exige uma dedicação
cada vez maior do trabalhador e, portanto, o cumprimento de uma jornada
profissional também maior. O brasileiro passou a ter cada vez menos tempo
para realizar suas refeições.
O Brasil tornou-se mais urbano e sofreu grandes transformações
econômicas, sociais e demográficas ao longo dos últimos 40 anos. Cresceu o
consumo de alimentos muito calóricos e ricos em açúcar e sal, cultura copiada
de países considerados ricos e desenvolvidos, como os EUA, e incentivadas
pela mídia.
Essa mudança nos hábitos alimentares também afeta a qualidade dos
alimentos consumidos por crianças, jovens e adolescentes, que muitas vezes
se vêm sozinhos em casa na hora do almoço por conta da atividade
profissional dos pais e/ou responsáveis. A preguiça própria da idade favorece o
consumo de comidas fáceis, diversificadas e rápidas, como lanches e
guloseimas.
Torna-se até contraditório: a oferta de alimentos é cada vez maior, porém
a qualidade nutritiva é cada vez menor, com altos teores de gorduras trans e
produtos químicos. O organismo humano tem se transformado em uma
máquina carente de nutrientes e de pouca atividade física, resultando em
estresse social, obesidade, enxaqueca, insônia, depressão e doenças auto-
imunes em um corpo ainda jovem. Isto tudo estimulado por propagandas
veiculadas pela mídia, que promovem a praticidade, o realce do sabor e a falsa
idéia de que o alimento é enriquecido com nutrientes saudáveis.
Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro foram os pioneiros na
regulamentação do comércio de guloseimas e lanches oferecidos nas cantinas
das escolas públicas e privadas. Inspirada nessa prática, tramita na Câmara
Federal o Projeto de Lei nº 5921/01 que regulamenta o comércio de produtos
alimentícios nas cantinas das escolas, incentivando a venda de sucos naturais
e à base de soja e salgados assados, além de proibir a venda de refrigerantes,
salgados fritos, biscoitos recheados, balas, chicletes , doces industrializados e
outros afins.
Essas ações não bastam para mudar o comportamento alimentar de toda
sociedade brasileira, mas é uma das formas de lutar contra os hábitos que vêm
se arraigando para dentro das famílias. A reeducação nutricional é necessária
para se resgatar o bom e velho arroz com feijão que por muitos anos garantiu a
saúde dos brasileiros. Conscientizar jovens e adolescentes de que seu corpo é
reflexo do que comem é fundamental para a se levar uma vida mais saudável e
com qualidade.
O Índice de Massa Corporal e a Curva de Percentis
O índice de Massa Corporal (IMC) é reconhecido pela Organização
Mundial de Saúde como padrão para avaliar a proporção saudável entre peso e
altura. O IMC é calculado dividindo o peso (em quilos) pela altura ao quadrado
(em metros).
A Organização Mundial de Saúde usa um critério simples baseada em
categorias que são divididas conforme o índice de massa corporal apresentada
pelo indivíduo, Para saber se um adulto está obeso, é só calcular seu IMC e
compará-lo à tabela abaixo. Por exemplo: uma pessoa que tem 1m70 e pesa
55 kg, tem IMC igual a 19. Índices entre 18,5 e 24,9 são considerados
saudáveis.
IMC= PESO (kg)/ ALTURA X ALTURA (m)
TABELA DE IMC PARA ADULTOS
Essa tabela é utilizada para qualquer pessoa em idade adulta, porém ela
também apresenta falhas, pois não leva em consideração diferenças étnicas e
não discrimina os componentes gordo e magro da massa corporal total,
levando a erros no cálculo de IMC para pessoas musculosas. Em crianças e
adolescentes, o IMC varia conforme a idade. As crianças começam a vida com
um alto índice de gordura corpórea, mas vão ficando mais magras conforme
crescem, havendo também diferenças entre a composição corporal de meninos
e meninas. Para não haver muitas distorções na faixa etária que compreende o
período de desenvolvimento, os cientistas criaram um IMC especial para as
crianças conhecido como IMC por idade ou curva de percentis.
O IMC por idade leva em consideração a altura, peso e idade de uma
criança para determinar a quantidade de gordura corporal que ela tem e
compara os resultados com os de outras crianças na mesma idade e sexo. De
acordo com os médicos, o mais importante é que o IMC de crianças seja
acompanhado ao longo dos anos, pois elas podem passar por estirões de
crescimento que, sob um olhar individual no valor encontrado para o IMC,
podem levar a erros em sua interpretação.
CATEGORIA IMC
Abaixo do Peso Abaixo de 18,5
Peso Normal 18,5 - 24,9
Sobrepeso 25,0 - 29,9
Obeso Leve 30,0 - 34,9
Obeso Moderado 35,0 - 39,9
Obeso Mórbido Acima de 40,0
Gráfico 2
Adolescentes e a imagem corporal: um diagnóstico
Os alunos que freqüentam a 7ª série no Colégio Estadual Marquês de
Caravelas Ensino Fundamental, Médio e Profissional, em Arapongas –
Gráfico 1
Pr.,apresentam entre 12 a 14 anos, sendo a maioria composta por
adolescentes na faixa de 13 anos. Foram pesquisados 45 alunos de ambos os
sexos. Nessa faixa etária, há uma grande preocupação com a aparência física
que fica evidente no comportamento que têm frente a espelhos e na forma de
utilização de vestuários, mesmo sendo o uniforme escolar.
Ao trabalhar a imagem corporal com atividades de recorte, os alunos
demonstraram interesse em montar o homem/mulher ideal utilizando
personalidades consagradas na mídia, como atores/atrizes, cantor/cantora, de
corpo longilíneo e esbelto, o que evidencia a influência da mídia na
determinação do padrão de beleza estética vigente na atualidade.
Após aferição da altura e do peso corporal dos educandos foi possível
calcular o IMC de cada um, onde se encontraram os resultados colocados na
tabela abaixo:
Tabela de IMC dos alunos da 7ª série do Colégio Mar quês de Caravelas
IMC QUANTIDADE PORCENTAGEM
15 05 11,0
16 04 09,0
17 08 18,0
18 03 07,0
19 06 13,0
20 03 07,0
21 04 09,0
22 02 04,5
23 04 09,0
24 01 02,0
25 01 02,0
26 02 04,5
27 01 02,0
34 01 02,0
TOTAL 45 100
Tabela 01
Considerando-se os resultados obtidos e analisando-os pela tabela de
IMC para adultos, aproximadamente 44% das crianças seriam consideradas
com peso abaixo do normal, 44% com peso normal e 09% com sobrepeso.
Porém, ao analisar os mesmos resultados utilizando o IMC por idade e
considerando a faixa etária compreendida entre 13 e 14 anos, seriam
encontradas 67% das crianças com peso normal, enquanto apenas 11%
estariam abaixo do peso e 18% com risco de excesso de peso.
TABELA DE IMC PARA ADULTOS
CATEGORIA IMC QUANTIDADE PORCENTAGEM
Abaixo do peso Abaixo de 18,5 20 44,5
Peso normal 18,5 – 24,9 20 44,5
Sobrepeso 25,0 – 29,9 04 09
Obeso leve 30,0 – 34,9 01 02
Obeso moderado 35,0 – 39,9 00 00
Obeso mórbido Acima de 40,0 00 00
Total 45 100
Tabela 02
TABELA DE IMC POR IDADE
CATEGORIA PERCENTIL IMC QUANTIDADE PORCENTAGEM
Abaixo do
peso
abaixo de 05 Abaixo de
15,9
05 11
Peso normal 05 a 85 16 – 22,9 30 67
Risco de
excesso de
peso
85 a 95 23 – 26 08 18
Excesso de
peso
acima de 95 Acima de
26
02 04
Total 45 100
Tabela 03
Nessa pesquisa não foi levada em consideração o sexo das crianças.
Embora o IMC por idade e a curva de percentis faça essa diferenciação, na
faixa etária estudada não se observa valores numéricos muito diferentes que
comprometam a análise dos resultados.
O peso corporal nem sempre representa o peso ideal ou o desejado.
Entre os adolescentes analisados, verificou-se que 60% ou 27 indivíduos,
consideram seu peso adequado à altura que apresentam contra 7% que
acreditam estar com peso elevado em relação à altura, 18% que se consideram
altos e 15% que se acham muito baixos. Mas, quando questionados quanto à
satisfação em relação ao biótipo que apresentam 69% se sentem felizes. Entre
as pessoas cuja auto-imagem é considerada como um problema, 54% se
acham gordos, o que nem sempre corresponde à realidade. Esse
comportamento pode levar ao desenvolvimento de sintomas que predispõem a
pessoa à anorexia ou bulimia.
Os Adolescentes e seus hábitos alimentares
As principais refeições do dia compreendem o café da manhã, o almoço,
café da tarde e jantar. Elas normalmente são respeitadas pelos educandos
durante o período de férias escolares, mas quando estão em período letivo
costumam pular ao menos uma das refeições, comumente o café da manhã ou
o jantar.
Os “lanchinhos” consumidos entre as principais refeições são freqüentes
para 36% dos entrevistados, enquanto 42% responderam ter esse hábito
somente algumas vezes e o restante o faz apenas raramente. Nesses lanches,
a preferência é dada a alimentos bastante calóricos e de baixo valor nutricional,
tais como salgadinhos industrializados, bolachas doces recheadas, chocolates,
refrigerantes, sorvetes, balas e chicletes. Leite, iogurte e pães também são
freqüentes e muitas vezes acabam por substituir o jantar.
Nas refeições principais, o cardápio é composto geralmente por arroz,
feijão, carne e salada como demonstra a tabela abaixo, podendo ser
complementada com frituras e verduras/legumes.
Tabela de Composição das principais refeições diári as
ALIMENTO CONSUMIDORES PORCENTAGEM
Arroz 41 91
Carne 41 91
Feijão 40 89
Salada 37 82
Macarrão 19 42
Legumes/verduras 19 42
Frituras 15 33
Pães/sanduíches 05 11
Sopas/canjas 01 02
Tabela 04
O número de alunos que fazem suas refeições assistindo à televisão ou
em frente ao computador é preocupante, pois 84% têm esse hábito contra 16%
que se sentam à mesa para comer. Além de não prestarem atenção ao que
estão ingerindo, também não se dão conta do quanto estão comendo. Mastigar
o alimento adequadamente é fundamental para facilitar o processo de digestão
e a absorção dos nutrientes essenciais, além disso, a sensação de saciedade
pode ser retardada devido à ingestão muito rápida dos alimentos, o que leva o
indivíduo a comer mais do que realmente necessita.
Os cuidados com a alimentação na adolescência devem ser redobrados,
pois precisa garantir a energia e os nutrientes necessários para sustentar o
crescimento físico e as modificações na composição corporal que ocorrem
nesta fase da vida. O consumo excessivo de refrigerantes, balas, doces,
lanches e refeições rápidas acarretam um déficit de fibras, vitaminas e sais
minerais para o organismo, além de serem ricos em carboidratos e gorduras
saturadas.
Alimentação rica em carboidratos e gorduras associadas a uma vida
sedentária, pois muitos adolescentes restringem seu lazer à televisão,
videogames e computador, têm levado muitos jovens a desenvolver patologias
não comuns a essa faixa etária, como diabetes do tipo II, doenças
cardiovasculares e osteoporose. Podem também predispor esses adolescentes
a transtornos alimentares, tais como a obesidade e o comer compulsivo.
A aquisição de hábitos alimentares saudáveis é uma forma de prevenir o
desenvolvimento dos distúrbios alimentares. A formação desses hábitos
começa já na infância e depende principalmente dos padrões adotados pela
família, mas podem ser modificados ao longo do desenvolvimento da criança. A
televisão também exerce grande influência na formação dos hábitos
alimentares de crianças e jovens. Para tentar combater o abuso praticado pelas
agências de publicidade, a Câmara dos Deputados elaborou o Projeto de Lei
5921/01, que proíbe qualquer tipo de publicidade e de comunicação
mercadológica dirigida à criança, em qualquer horário e por meio de qualquer
suporte ou mídia, seja de produtos ou serviços relacionados à infância ou
relacionados ao público adolescente e adulto. Esse projeto ainda tramita na
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Embora a mídia possa reforçar o consumo de produtos de valor
nutricional duvidoso e exaltar o culto à magreza como expressão máxima de
beleza, ainda a família e amigos parecem exercer poder maior sobre as
escolhas feitas pelos adolescentes. Os pais e amigos foram citados como
pessoas de influência e admiração por 42% e 35% dos adolescentes,
respectivamente. Isso demonstra que muitos jovens mantêm valores
tradicionais, ligados à família e baseados na amizade, indo na contra-mão dos
modismos que cultuam o consumo exagerado de produtos supérfluos.
A atividade física e sua relação com a saúde corpor al
Atividade física pode ser definida como um conjunto de ações que um
indivíduo exerce envolvendo movimentos corporais com gasto de energia e
alterações do organismo.
Computador, videogame e televisão formam um trio presente em quase
todas as residências: 98% têm televisão, 62% têm computador e 44% têm
videogame. O número de horas passado à frente desses aparatos tecnológicos
é de aproximadamente 5 horas por dia, aumentando nos finais de semana. Tal
comportamento reflete ausência de atividades físicas nas horas de lazer.
Contrapondo esse pensamento, 73% dos alunos afirmam realizar atividades
físicas regularmente e apenas 27% dizem não fazer nenhuma atividade dessa
modalidade.
Diante desse quadro, percebe-se a importância que deve ser dada às
aulas de Educação Física na escola, pois 91% dos alunos pesquisados dizem
participar dessas aulas. Nelas, o educando está sob supervisão de um
professor que acompanha as atividades realizadas, não podendo fugir das
responsabilidades e deveres que lhe são atribuídas.
A prática de atividades físicas torna-se importante na medida em que
proporciona saúde física e mental. Auxilia na melhora da força e do tônus
muscular e da flexibilidade; fortalece ossos e articulações e, em crianças, ajuda
no desenvolvimento das habilidades psicomotoras.
A prática de exercícios melhora o fluxo sangüíneo para o cérebro, reduz
a ansiedade e o estresse e auxilia no tratamento da depressão. Proporciona
perda de peso e redução da gordura corporal, diminui o colesterol total e
aumenta o HDL (colesterol bom). Aumenta a longevidade, melhora o nível de
energia, a disposição e a saúde de um modo geral. Afeta positivamente o
desempenho intelectual, o raciocínio, a velocidade de reações e o convívio
social.
Conclusão
A busca pelo corpo perfeito seguindo padrões de estética ditados pelo
mundo da moda tem levado muitas adolescentes a adotar hábitos alimentares
nem sempre compatíveis com a saúde. Aceitar as limitações do corpo e ter
uma auto-imagem positiva é fundamental para que se tenha uma geração de
adultos com menos problemas de saúde, mesmo vivendo em uma sociedade
cujo ritmo de vida tornou-se por muito acelerada.
A biologia básica de cada pessoa é única e apresentar um peso ideal é
antes de qualquer coisa, respeitar essa biologia. Cada indivíduo deve aprender
a respeitar sua idade, genética, biótipo, compleição óssea e metabolismo
nutricional.
O desejo de ter um peso abaixo dos padrões considerados normais é
especialmente arriscado na infância e adolescência, pois nessa faixa etária o
corpo precisa de energia e de adequado suprimento de nutrientes para o seu
crescimento normal. Tomar como único parâmetro o cálculo do IMC para
adultos, pode ser um caminho perigoso conforme demonstrado na comparação
das tabelas de IMC.
O consumo de alimentos de alto valor calórico e baixos índices
nutricionais associados ao sedentarismo proporcionado pelo uso de
computadores, videogames e televisão têm levado muitos adolescentes a uma
predisposição à obesidade e problemas cardiovasculares. Esses problemas de
saúde podem demorar a se manifestar, e por esse motivo não são levados a
sério pelos próprios alunos e seus familiares, mesmo tendo conhecimento
desses perigos.
O ambiente escolar torna-se, então, um local ideal para a implantação de
programas de prevenção aos distúrbios alimentares e criação de hábitos
alimentares saudáveis, além de ser um espaço para o incentivo à prática de
atividades físicas. Através dessas ações, crianças, jovens e adolescentes
poderão ter acesso a informações importantes para sua formação profissional e
pessoal, aumentando sua capacidade de resiliência e ajudando na aceitação
das limitações de seu corpo, de forma a reforçar sua auto-confiança e auto-
estima para a conquista do equilíbrio emocional. Muitas aflições de jovens e
adultos acabam transformando-se em distúrbios alimentares, principalmente
porque as pessoas procuram nos alimentos a compensação para os prazeres
não alcançados na vida pessoal.
Agradecimento
Meu agradecimento ao Profº Orientador Maurício de Castro Marchese
pelo apoio, dedicação e incentivo ao trabalho desenvolvido ao longo de todo o
PDE e em especial, pela compreensão, paciência e disponibilidade na
conclusão do presente artigo científico.
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