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MARIANA RIBEIRO DOS SANTOS
Aromaterapia Clínica:
uma proposta de medicina complementar na prática de enfermagem
CARAGUATATUBA
2012
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MARIANA RIBEIRO DOS SANTOS
Aromaterapia Clínica:
uma proposta de medicina complementar na prática de enfermagem
CARAGUATATUBA
2012
Trabalho apresentado como
parte dos requisitos à
obtenção do Título de
Bacharel no Curso de
Graduação em Enfermagem
do Centro Universitário
Módulo.
Orientador: Profª.MSc Solange
Maria Franco de Vasconcelos
3
“A medicina se fundamenta na natureza, a natureza é a medicina, e somente
naquela devem os homens buscá-la. A natureza é o mestre do médico, já que ela é
mais antiga do que ele e ela existe dentro e fora do homem. (...) Podereis intitular-
vos doutores quando souberdes manejar cada substância para tirar dela o remédio
adequado. A prática é indispensável; as teorias não bastam."
(Paracelso)
4
Nome: Santos, Mariana Ribeiro dos
Título: Aromaterapia Clínica: uma proposta de medicina complementar na prática de
enfermagem
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, apresentado ao Centro Universitário
Módulo, no Sistema de Ensino Presencial Conectado, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel no Curso de Graduação em Enfermagem, com nota
final igual a _______, conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
___________________________________________________________________
Orientadora: Profª Mestra Solange Maria Franco de Vasconcelos
Centro Universitário Módulo
___________________________________________________________________
Prof. Membro 2:
Centro Universitário Módulo
___________________________________________________________________
Prof. Membro 3:
Centro Universitário Módulo
Caraguatatuba, de novembro de 2012
5
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus filhos Júlia, Marília e Raul, os maiores mestres da
minha vida na arte do cuidado; como passo importante na materialização de nossos
sonhos!
À Vera Lucia Guedes, querida Mestra da Aromaterapia que me apresentou com
maestria, muita sensibilidade e seriedade o universo das plantas aromáticas;
Ao amigo e anjo Milton Mendes, que com muita suavidade me conduziu nos
primeiros passos da verdadeira trilha aromática e reacendeu em mim a chama da
Fé, da Bondade e da Confiança!
Aos meus clientes pela oportunidade de aprendizado e enriquecimento do meu
trabalho;
À natureza, tão generosa, que tanto ensina e merece um cuidado consciente,
amoroso e gentil;
6
AGRADECIMENTOS
Aos meus amados Mãe e Pai, pelo incentivo, amorosidade e apoio total e
incondicional;
Aos professores e mestres por sua dedicação e aos pesquisadores por sua valiosa
contribuição;
A Profª e Orientadora Solange Maria Franco de Vasconcelos, pelo incentivo desde o
início do curso, pela confiança e por suas correções pontuais e precisas.
A Julia, Marília e Raul, filhos amados, por sua compreensão, amizade,
companheirismo e momentos de descontração fundamentais para a minha
sanidade!
Ao Edison Pessini, por seu respeito, compreensão e retaguarda!
A Mariot Portella, querida amiga e irmã de alma, pelo apoio incondicional, carinho
acolhedor, cuidado e incentivo.
Aos colegas de curso, especialmente Claudinha, Nalva, Joselma, Ivan, Marília e
Regiane, pela amizade, ótimas risadas e verdadeiro trabalho em equipe.
A todos os amigos e familiares que de alguma forma participaram da minha vida
deixando comigo um pouquinho de seu brilho, apoio, e incentivo. Foi alimento para a
alma que me permitiu chegar até aqui, inteira e firmada! Brilho especial recebi de
Christian Rocha e Maria de Louders Heckel. Estar perto de vocês é estar mais perto
da minha força e do meu equilíbrio...
Profunda é a minha gratidão!
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RESUMO
O trabalho consiste em um estudo teórico baseado em revisão bibliográfica,
com objetivo de identificar a interseção da Aromaterapia Clínica com a prática da
enfermagem através da construção de um panorama conceitual sobre o cuidado
holístico na Enfermagem e na Aromaterapia. Uma das terapias mais antigas do
mundo, a Aromaterapia Clínica é um ramo da Fitoterapia, considerada uma prática
de medicina alternativa e complementar que consiste no tratamento de doenças
através do uso de aromas vegetais que após sua extração são chamados de óleos
essenciais. Muitos estudos científicos, na área, têm sido feitos. Os óleos essenciais
são muito eficientes em diversos tratamentos e possuem propriedades
farmacológicas importantes, além de atuarem no sistema nervoso simpático e
parassimpático, sendo efetivos no controle do estresse. Esses fatores justificaram a
investigação do assunto dentro da área da enfermagem. Foi identificada a utilização
desta terapia em vários setores da saúde, incluído hospitais, clinicas e profissionais
autônomos. Em várias partes do mundo, enfermeiros utilizam esta terapia em seu
cotidiano profissional, no entanto, foram identificadas falhas na legislação e
regulamentação do ensino, aplicação das práticas e produtos em muitos dos países
estudados.
Palavras Chave: aromaterapia, medicina complementar, terapias alternativas e
complementares, óleos essenciais, inalação, olfato, holismo, cuidado de
enfermagem, teorias de enfermagem, absorção dérmica.
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ABSTRACT
This is a theoretical study based on literature review. Aimed to identify the
intersection of Clinical Aromatherapy in nursing practice through the construction of a
conceptual outlook on holistic care in nursing and Aromatherapy. One of the oldest
therapies in the world, Clinical Aromatherapy is a branch of herbal medicine, a
practice considered complementary and alternative medicine. Consists in treating
diseases through the use of vegetable aromas which are called after extraction of
essential oils. Many scientific studies in the field have been made. Essential oils are
very effective in various treatments and have valuable pharmacological properties, in
addition to acting on the sympathetic and parasympathetic nervous system and is
effective in controlling stress. These factors justified the investigation of the subject
within the field of nursing. We identified the use of this therapy in various sectors of
healthcare, including hospitals, clinics and private tutors. In many parts of the world,
nurses utilize this therapy in their daily work, however identify gaps in legislation and
regulation of teaching, practice and application of the products in many of the
countries studied.
keywords: aromatherapy, complementary medicine, complementary and alternative
therapies, essential oils, inhalation, smell, holism, nursing care, nursing theories,
dermal absorption.
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Sumário
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 10
2 AROMATERAPIA ......................................................................................................... 14
2.1 AROMAS VEGETAIS NA HISTÓRIA DA SAÚDE E DO CUIDADO HUMANO ...... 14
2.1.1 Registros, usos e aplicações .......................................................................... 14
2.1.2 A era Cristã .................................................................................................... 17
2.1.3 A indústria do perfume .................................................................................... 19
2.1.4 Século XX: O surgimento do termo “Aromaterapia” e o início das pesquisas
científicas...................................................................................................................... 21
2.1.5 Aromaterapia no século XXI ........................................................................... 22
2.2 CONCEITO DE AROMATERAPIA CLÍNICA .......................................................... 23
2.3 ÓLEOS ESSENCIAIS ............................................................................................ 23
2.3.1 Caracterização dos óleos essenciais .............................................................. 24
2.3.2 Métodos de obtenção dos óleos essenciais .................................................... 26
2.3.3 Composição química e propriedades terapêuticas dos óleos essenciais ........ 27
2.3.4 Vias de administração e ação no organismo .................................................. 31
2.3.5 Formas de uso ................................................................................................ 36
3 A VISÃO HOLÍSTICA DO CUIDADO EM SAÚDE ......................................................... 41
3.1 O CUIDADO HOLÍSTICO NA ENFERMAGEM ...................................................... 42
3.2 O CUIDADO NA MEDICINA COMPLEMENTAR E ALTERNATIVA (MCA) ............ 46
4 APLICAÇÕES DA AROMATERAPIA CLÍNICA NA PRÁTICA DA ENFERMAGEM ....... 48
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 53
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 54
10
1 INTRODUÇÃO
A aromaterapia clínica, além de ser uma terapia natural, é um ramo da
fitoterapia. A fitoterapia se utiliza de plantas medicinais e seus produtos e a
aromaterapia faz a utilização terapêutica das plantas aromáticas e seus produtos
(LYRA, 2009). A aromaterapia tem suas raízes nas mais ancestrais práticas
curativas da humanidade. As plantas aromáticas se diferenciam das outras plantas
devido aos seus aromas característicos oriundos de substâncias chamadas óleos
essenciais, que em dado momento da história passaram a ser extraídos das plantas
e utilizados isoladamente em formulações cosméticas e farmacêuticas. Os óleos
essenciais têm uma composição química complexa responsável por suas
propriedades medicinais e é esta complexidade que os torna versáteis e seguros,
uma vez que seus diversos componentes atuam em conjunto e equilibram
mutuamente seus efeitos (DAVIS, 1996). O conhecimento aprofundado destas
substâncias e suas várias formas de uso são fundamentais para a prática da
aromaterapia.
Nos últimos anos as pesquisas relacionadas à aromaterapia têm sido
ampliadas nas universidades e hospitais de todo o mundo. Muitos hospitais e
clínicas do Reino Unido estão incentivando os profissionais de enfermagem a
usarem óleos essenciais nos seus pacientes (PRICE, 1999).
O trabalho, através de levantamento bibliográfico, evidencia a importância do
estudo da aromaterapia clínica associada à prática da enfermagem a partir do
conceito holístico de cuidado.
O objetivo do presente estudo é analisar o uso da aromaterapia na prática da
enfermagem em suas diversas especialidades, considerando o crescente interesse e
utilização das terapias naturais no cuidado ao cliente e também os aspectos do
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem que autorizam a utilização das
terapias naturais (SANTOS et al., 2009).
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O trabalho pretende elucidar o conceito, a história e a prática da aromaterapia
clínica, incentivando sua utilização na prática da enfermagem e o aprofundamento
no estudo científico desta terapia, para que qualidade de atendimento e de produtos,
humanização e abordagem holística façam parte, cada vez mais constante do
atendimento em enfermagem.
Diversos estudos têm mostrado o aumento da aceitação de terapias
complementares por profissionais da área da saúde, e dentre essas terapias
podemos destacar a aromaterapia (LYRA, 2009). O cuidado holístico ao cliente é
uma das premissas básicas na enfermagem, desde os tempos de Florence
Nightingale.
“A enfermagem profissional no mundo foi erigida a partir das bases científicas propostas por Florence Nightingale, que foi influenciada diretamente pela sua passagem nos locais onde se executava o cuidado de enfermagem leigo e fundamentado nos conceitos religiosos de caridade, amor ao próximo, doação, humildade, e também pelos preceitos de valorização do ambiente adequado para o cuidado, divisão social do trabalho em enfermagem e autoridade sobre o cuidado a ser prestado” (PADILHA, MANCIA, 2005).
“...a essência e a especificidade da enfermagem é o cuidado do ser humano, individualmente, na família ou em comunidade, de modo integral, holístico. Os enfermeiros desenvolvem, de forma individual ou em equipe, atividades de promoção e proteção da saúde e prevenção e recuperação de doenças” (BARROS, 2010, p 72).
A aromaterapia clínica visa, assim como a enfermagem, o cuidado holístico e
o bem estar integral da pessoa tratada, utilizando-se da observação direta do
paciente e aplicação dos óleos essenciais. No entanto, sua conceituação apresenta-
se superficial, insuficiente e com deficiências estruturais, tornando-se cientificamente
insustentável (LYRA, 2009), o que evidencia a grande necessidade de
aprofundamento e sistematização deste estudo para que os profissionais da
enfermagem possam ter real embasamento e formação adequada, para lançar mão
desta ferramenta valiosa no exercício de sua profissão.
“Entende-se que a utilização das técnicas terapêuticas têm se tornado cada vez mais uma alternativa para o tratamento de diversos tipos de patologia e a enfermagem precisa se instrumentalizar para atender a essa clientela” (SANTOS at al., 2009).
A aromaterapia clínica e a prática da enfermagem, apresentam valores
similares, e há um movimento cada vez maior das pessoas em direção às terapias
complementares e alternativas. No entanto existe também um crescente mercado
12
de tais terapias sendo desenvolvido sem bases sólidas, com profissionais sem
formação adequada, com uma grande diversidade de visões e abordagens, sem
nenhuma regulamentação de carga horária ou sistematização de conteúdo,
tornando-se muito difícil a avaliação e validação científica de tais técnicas e
abordagens terapêuticas (LYRA, 2009).
Na prática da enfermagem, este estudo aprofundado e sistematizado da
aromaterapia clínica se mostra importante pelas seguintes razões:
Para que esta terapia seja aplicada de forma adequada e corretamente, pois
existem muitos cursos de treinamento sem padrão de conteúdo pragmático,
carga horária, entre outros aspectos, formando profissionais muito diferentes
(LYRA, 2009)
Abre-se um novo campo de trabalho para o profissional enfermeiro, podendo
este atuar tanto dentro de instituições públicas ou privadas, clínicas,
consultórios, hospitais em diversos setores e atendimento na rede básica de
saúde.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de seu Programa de Medicina Tradicional, recomenda aos Estados membros a elaboração de políticas nacionais voltadas à integração/inserção da medicina tradicional e medicina complementar e alternativa (MT/MCA) aos sistemas oficiais de saúde, com foco na atenção primária.” (MINISTERIO DA SAUDE DO BRASIL, 2012).
Pela abrangência de possibilidades de tratamento, pois, nos diversos campos
da enfermagem assistencial, seja domiciliar, hospitalar ou ambulatorial, nas
diversas áreas de atuação (geriatria, pediatria, saúde da mulher, saúde do
adulto, pacientes terminais, atendimento em UTI, pré e pós operatório,
assistência a familiares de enfermos, entre outros) a aromaterapia clínica
pode ser adotada como complemento de muitas outras formas de tratamento,
devido às propriedades dos óleos essenciais e a ampla variedade de formas
em que podem ser empregados (DAVIS, 1996; HOARE, 2010; CORAZZA,
2002).
Pela amplitude de efeitos dos óleos essenciais no organismo humano
atuando sobre diversas regiões cerebrais (via olfativa) atingindo assim o
sistema nervoso, o sistema límbico, produzindo efeitos psicológicos, e sobre
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todos os sistemas e órgãos corporais (via sistêmica), estimulando o sistema
imunológico, e produzindo efeitos farmacológicos (antissépticos, antibióticos,
anti-inflamatórios, analgésicos, carminativos, digestivos, expectorantes,
emolientes, cicatrizantes, antitérmicos, vasodilatadores, hipotensivos) (DAVIS,
1996; HOARE, 2010; PRICE, 2006; CORAZZA, 2002).
A aromaterapia clínica é um abrangente sistema terapêutico, dentro da
medicina complementar e possibilita ao profissional que a utiliza uma gama de
possibilidades de tratamento bem diversificada, podendo ser direcionada a quase
todas as pessoas, independente da idade ou quadro geral de saúde/doença
(HOARE, 2010). Um aprofundamento do estudo científico desta terapia no Brasil,
faz-se necessário para sua sistematização e regulamentação visto que sua
utilização é bastante recente (LYRA, 2009).
A metodologia utilizada é de uma dissertação teórica baseada em revisão
bibliográfica sistemática.
14
2 AROMATERAPIA
2.1 AROMAS VEGETAIS NA HISTÓRIA DA SAÚDE E DO CUIDADO HUMANO
As plantas e seus componentes – raízes, caules, folhas, flores e frutos- são
usados há muitos milênios pela humanidade, para fins religiosos e medicinais.
Arqueólogos encontraram vestígios de diversas plantas de conhecido valor
medicinal em necrópoles e sítios arqueológicos do homem primitivo (DAVIS, 1996).
Na idade da pedra polida já se começou a extrair os óleos graxos dos vegetais por
pressão, começando a se desenvolver uma aromaterapia rudimentar (CORAZZA,
2002; LYRA, 2009).
“Desde os primórdios da humanidade, a fumigação (grifo meu: processo de desinfecção através do vapor) tem sido usada tanto nos rituais cotidianos quanto em cerimônias religiosas como expressão e lembrete de uma sacralidade que tudo permeia. As fragrâncias eram vistas como a manifestação da divindade na terra, uma ligação entre seres humanos e os Deuses, (...) emanação da matéria e manifestação do espírito.” (HOARE, 2010).
As tribos primitivas adquiriam e transmitiam conhecimento sobre plantas
medicinais e ervas aromáticas de forma empírica. Era função das mulheres a
colheita das ervas. O conhecimento sobre as plantas medicinais foi passado
verbalmente de mãe para filha ao longo de milhares de anos (SILVA, 1998).
2.1.1 Registros, usos e aplicações
Os primeiros registros sobre o assunto só apareceram por volta de 3000 a.C.,
quando o alfabeto foi criado pelos sumérios. Na Babilônia foram encontradas placas
de barro do ano 3000 a.C. com inscrições sobre importação de ervas e a
farmacopeia babilônica continha a descrição de mais de 1400 plantas (SILVA, 1998;
DAVIS, 2006; LYRA, 2009).
O Pen Tsao escrito por Chen Nang em aproximadamente 2800 a.C., é o livro
médico mais antigo que sobreviveu até os dias atuais e contém informações a
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respeito de mais de cem plantas medicinais e aromáticas. Os antigos chineses
acreditavam que o incenso de certas plantas, poderia restaurar a saúde e o
equilíbrio do corpo. Além do uso como medicamento, queimavam ervas aromáticas,
madeira e incenso para reverenciar seus deuses (HOARE, 2010; CORAZZA, 2002;
SILVA, 1998).
Os egípcios importavam óleos raros, gomas e resinas em troca de escravos,
pedras preciosas e ouro. Estes óleos e gomas como: mirra, incenso, cravo, cálamo,
cedro, henna, canela, cipreste, gálbano e noz-moscada eram usados para queimar
em templos e cerimônias religiosas e no processo de mumificação. Os egípcios
eram especialistas em embalsamamento e utilizavam óleos essenciais com
poderosas propriedades antissépticas para que o tecido do corpo ficasse bem
preservado durante milhares de anos. O óleo de cedro, por exemplo, se acreditava
ser de grande ajuda no processo de embalsamamento, como um fixador natural,
antisséptico e antibacteriano. Grandes quantidades de jarros para unguentos e
cosméticos, bem como frascos de óleo foram encontrados em pirâmides, com
vestígios de seus conteúdos originais ainda intactos (HOARE, 2010; DAVIS, 1996).
Os egípcios davam grande importância à higiene pessoal e tinham muita
experiência em massagens utilizando óleos perfumados depois do banho e sendo
famosos pelo cuidado que tinham com a pele e uso de cosméticos. O uso e
aplicação dos óleos pelos antigos egípcios, não se restringiu à beleza ou cerimônias
religiosas, foram também amplamente usados para preservar e cozinhar alimentos
(HOARE, 2010).
Os faraós utilizavam óleos para oferecer aos deuses e deusas, atribuindo um
cheiro específico a uma divindade específica. O perfume mais famoso do Egito
"kyphi" (perfume dos deuses) foi muitas vezes utilizado para induzir estados de
relaxamento profundo e alucinação. Esse perfume também foi usado nos templos e
dedicado ao Deus Rá. No túmulo de Tutankamon havia potes de barro com muitos
traços de incenso, mirra e nardo (HOARE, 2010; SILVA 1998).
Em 2700 a.C. , por ordem do Kuphu faraó (construtor da grande pirâmide),
escritores usaram papiros para registrar o uso de óleos, incensos e ervas na
aromatização de templos e cerimônias religiosas. Sacerdotes registravam
frequentemente os seus conhecimentos em vários papiros, mencionando óleos
16
estimulantes das capacidades mentais como perfumes para o corpo e sua
importância no processo de embalsamamento. A receita mais antiga registrada de
um desodorante para o corpo foi encontrada no Papiro de Ebers datado de 1500 a.
C. (HOARE, 2010). Este documento é um volumoso rolo de papiro comprado pelo
alemão Georg Ébers em 1873, que decifrou seus hieróglifos e relata que a primeira
frase do documento diz: “Aqui começa o livro relativo à preparação dos remédios
para todas as partes do corpo humano.”
Rainhas como Nefertiti e Cleópatra eram conhecidas em todo o mundo antigo
por usarem exóticos óleos perfumados. Cleópatra usou óleos principalmente na arte
da sedução (SILVA,1998).
Na Índia, aromaterapia e fitoterapia eram usadas para conduzir o
desenvolvimento do sistema ayurvédico. Há milhares de anos e, ainda hoje, trata
tanto de corpo, quanto da mente e da alma. Provavelmente é o único lugar no
mundo onde essa tradição jamais foi perdida. Os templos indianos eram construídos
quase inteiramente de sândalo para garantir que tivessem uma atmosfera aromática
(HOARE, 2010).
Os romanos, assim como os gregos, utilizavam ervas e óleos para a culinária,
medicina e efeitos de beleza. Os soldados gregos e romanos usavam, em suas
viagens e travessias, ervas curativas e óleos como: mirra, cassis e canela para tratar
ferimentos de batalha. A expansão do Império Romano também conduziu a uma
ampla difusão dessas práticas e tratamentos com ervas. Nas invasões ao Egito que
os romanos aprenderam sobre os famosos banhos aromáticos e esta prática se
disseminou tanto que Roma chegou a ter mais de 1000 casas de banhos (SILVA,
1998; DAVIS, 1996).
Dois dos mais renomados fitoterapeutas e estudiosos do império romano
foram Galeno e Teofrasto, ambos tendo dedicado parte da sua vida ao estudo dos
aromas e sua relação com a promoção da boa saúde e higiene corporal (DAVIS,
1996; CORAZZA, 2002).
No ano 469 a.C. na Grécia, Hipócrates, pai da medicina moderna, usava
fumigações aromáticas para se livrar da praga de Atenas. Ele era um
17
aromaterapeuta de renome em seu tempo de vida, recomendando a utilização dos
óleos em banhos e massagens corporais.
Tanto Hipócrates, como o médico Megallus Dioscorides Pedacius,
recomendavam amplamente a utilização de óleos essenciais na Grécia antiga para
promover a boa saúde. Os antigos gregos usavam substâncias aromáticas nas
casas de banho; e Dioscorides escreveu um livro que cita as propriedades de cura
de aproximadamente 500 plantas aromáticas, conhecido como "De Matéria Médica",
obra que permaneceu como padrão de consulta médica do mundo ocidental
durante, pelo menos, 1200 anos depois de sua morte (HOARE, 2010; DAVIS, 1996;
CORAZZA 2002).
Teofrasto escreveu o primeiro Tratado sobre Odores a partir de um inventário
sobre todas as essências aromáticas gregas e importadas e analisou maneiras pelas
quais elas poderiam ser utilizadas (HOARE, 2010).
2.1.2 A era Cristã
Na Bíblia, há registros que citam o uso de determinadas plantas e óleos por
Salomon e Moisés, tanto para cerimônias religiosas como para tratar problemas de
saúde. A Bíblia menciona também o comércio de óleos como mirra, incenso
bálsamo, cálamo e canela entre o Egito e outras civilizações antigas em troca de
ouro e escravos. O livro em hebraico de "Exodus" refere também alguns óleos,
misturas de ervas e perfumes sagrados usados na iniciação dos sacerdotes.
Olíbano e Mirra foram duas oferendas que os Reis Magos fizeram ao menino Jesus
(HOARE, 2010).
Durante quase 1000 anos, nada de muito novo ou relevante aconteceu na
história da aromaterapia. As plantas continuaram sendo usadas para curar,
perfumar e principalmente por seus efeitos no sistema nervoso e emoções (SILVA,
1998).
No século X, o médico persa, matemático, poeta, filósofo, astrólogo e
alquimista "Ibn Sina" ou Avicena (980 -1037), era conhecido no mundo antigo, por
ter refinado o processo de destilação, produzindo o primeiro "centifolia rosa", o
18
primeiro óleo essencial puro obtido por vapor destilado. Avicena tinha também um
amplo conhecimento sobre as ervas, as rosas e as suas propriedades medicinais,
tendo identificado no seu tempo de vida aproximadamente 800 tipos diferentes de
plantas medicinais. Escreveu mais de 100 livros, amplamente utilizados na Europa,
até o século XVI. No estudo de Avicena "Cannon of Medicine", ele resume o
conhecimento médico dos seus antecedentes gregos, romanos e árabes, além de
suas próprias constatações. Nesta obra ele relaciona nada menos que 760
substâncias (HOARE, 2010; DAVIS, 1996; CORAZZA, 2002).
No século XII, o uso de óleos aromáticos, ervas e aromaterapia foi trazido
para a Europa pelos cruzados, sob a influência árabe. Inicialmente, estes óleos
foram usados para repelir insetos e, mais tarde, como desinfetantes contra a peste
negra (DAVIS, 1996; CORAZZA, 2002).
No século XIII, com a inquisição papal, inicia-se um período longo de
barbáries e declínio geral de todas as formas de conhecimentos. As mulheres que
detinham o conhecimento das ervas medicinais eram intituladas de “bruxas”,
torturadas e queimadas. Devido ao medo gerado pelas atrocidades da época, as
receitas de remédios feitos com ervas deixaram de ser registradas e resistiram, a
duras penas, somente pela transmissão oral (SILVA, 1998; DAVIS, 1996).
Na Idade Média, na Europa, as classes superiores utilizavam óleos essenciais
e plantas aromáticas como pinheiro, cipreste, alecrim e alfazema, para disfarçar os
maus odores corporais, pois, naquela época, nem o corpo, nem as roupas eram
lavadas com muita frequência (HOARE, 2010). Para afastar a peste negra eram
usados pequenos buquês de flores e ervas chamados de "poesias", pois acreditava-
se terem propriedades anti-sépticas, evitando a propagação da doença. E as ruas,
casas e "hospitais" eram, muitas vezes, fumigados com fortes ervas aromáticas,
como lavanda e alecrim, para limpar o ar da doença, da falta de higiene e maus
cheiros. As ervas também foram colocadas em camas, travesseiros, roupas, lenços
e chapéus para limpar o ar e proteger as pessoas. Além de óleos e ervas, águas
perfumadas foram usadas na Idade Média, para afastar maus espíritos, feitiçaria e
forças negativas. Mosteiros e conventos medievais tornaram-se famosos por criar
essas águas de ervas, plantar jardins de cura notáveis e pelo desenvolvimento de
19
estudos aprofundados em fitoterapia (DAVIS, 1996; CORAZZA, 2002). Em 1559,
Conrad Gesner escreveu que os óleos essenciais tinham o poder de “conservar
todas as energias e prolongar a vida”.
Durante o século XV, Paracelso, um estudioso de renome, alquimista,
curandeiro e herbalista, foi considerado um revolucionário em seu tempo de vida e
um grande pensador, tendo promovido o uso de ervas na medicina comum e cura.
Foi a primeira pessoa a registrar a dissociação de agentes químicos ativos nas
plantas (HOARE, 2010).
Durante o século XVII (1616-1654), Nicholas Culpeper distinguiu-se por ter
escrito um livro que contém as propriedades de centenas de plantas, conhecido
como “Complete Herbal”. Foi, posteriormente, traduzido do latim para o Inglês,
sendo a causa de grande agitação na Inglaterra, entre herbalistas e estudiosos.
Mas este livro permitiu que muitas informações sobre as ervas estivessem
disponíveis para as pessoas comuns, que poderiam coletar ervas locais e tratar
problemas de saúde específicos.
Culpeper tinha um vasto conhecimento sobre ervas medicinais, sendo
alquimista, físico e astrólogo. Seus ensinamentos e livros também foram largamente
utilizados nos anos seguintes por muitos famosos Ingleses e botânicos holandeses.
Além de Nicholas Culpeper, outros estudiosos e herbalistas compilaram famosos
livros sobre as ervas medicinais e suas propriedades. Dentre eles destacam-se
Gerard e Banckes na Inglaterra, Otto Brunfels, Leonard Fuchs e Hieronymus Bock
na Alemanha, Nicolas Monardes na Espanha, Charles de l’Ecluse na França e Pietro
Mattioli na Itália (DAVIS, 1996).
2.1.3 A indústria do perfume
No século XIII a profissão de perfumista é reconhecida legalmente e são
concedidas licenças para a abertura de locais específicos à comercialização das
essências criadas, e surgem então as primeiras escolas para aprendizes e oficiais,
de onde saem os mestres da profissão (CORAZZA, 2002). Durante os séculos XVI,
20
XVII e XVIII, a Itália e a França desenvolveram a indústria de perfumes, com o
objetivo de mascarar os odores corporais desagradáveis. Luís XIV, assim como
outros nobres franceses cortesãos, foi um dos seus promotores. Fragrâncias se
tornaram tão populares que as pessoas costumavam colocar em chapéus, luvas,
sapatos, pó de maquiagem, perucas e água. Na Grã-Bretanha, senhoras usavam
esponjas com aromas em seus vestidos, para disfarçar os odores corporais
(CORAZZA, 2002; VIGARELLO, 1996). Os séculos XVII e XVIII eram conhecidos
como a idade da perfumaria Europeia, juntamente com a descoberta de novos e
exóticos aromas da Ásia e da América.
“(...) os tratados dos perfumistas ou dos boticários manterão certas distinções, destinadas a seu público. Lemery propõe, em 1709, a classificação mais completa diferenciando um ‘perfume real’, um ‘perfume para burgueses’ e um ‘perfume para pobres’” (VIGARELLO, 1996).
Em 1709, o barbeiro italiano Val Viggezo Gian Paolo Femini, criou o famoso
"Aqua Admirabilis", mais conhecido como "Eau de Cologne". Esta fragrância
composta de lavanda, bergamota, neroli e óleo de alecrim, além de perfumar, era
recomendada para o tratamento de sangramento das gengivas, úlceras, transtornos
do estômago e outros. A "Eau de Cologne", em seguida, tornou-se muito famosa na
França. Napoleão e seus soldados, também se renderam a essa água, acreditando
que poderiam tratar um vasto leque de doenças, por exemplo, problemas da boca e
de estômago, aliados ao poder de perfumar a pele (CORAZZA, 2002).
“(...) o perfume conforta. Seu uso serve para fortalecer o corpo; ele “recompõe maravilhosamente o cérebro”. Restabelece o ar corrompido e perigoso. A evolução das defesas contra a peste é o maior exemplo disso (...) Os odores sedutores seriam, até em sua composição material, o inverso das podridões. Acrescentariam uma função protetora ao simples prazer dos sentidos (...) o perfume desempenha , portanto, um papel complexo (...) , está diretamente associado a um objeto de limpeza. Seduz o olfato. Mas é ao mesmo tempo purificador. É o inverso imediato do “sujo” e já a sua correção” (VIGARELLO, 1996).
No século XVII os óleos essenciais já eram amplamente usados na medicina.
No fim do século XIX, experimentos científicos realizados sobre as propriedades
antibacterianas das plantas começaram a esclarecer a composição química e a
potencial força curativa das moléculas dos óleos essenciais. Este fato, em vez de
levar a um aumento do uso dos óleos essenciais, incentivou a pesquisa de
substâncias químicas isoladas e a produção de suas cópias sintetizadas em
21
laboratório e de modo crescente os equivalentes químicos sintéticos passaram a ser
empregados no lugar das essências das plantas (PRICE, 1999).
2.1.4 Século XX: O surgimento do termo “Aromaterapia” e o início das
pesquisas científicas
Na idade contemporânea, com os avanços da ciência, as terapias naturais
foram perdendo espaço, principalmente devido a interesses econômicos e políticos.
Alguns poucos estudiosos começaram a estudar a aromaterapia de forma científica
(LYRA, 2009; DAVIS, 1996).
O crescente desenvolvimento da medicina alopática e a intensificação das
pesquisas no âmbito das drogas sintéticas trouxe também algumas dificuldades, tais
como, os efeitos colaterais dos medicamentos e a formação de resistência de micro-
organismos aos remédios, além do alto custo dos medicamentos devido aos
complexos processos de produção. Essas dificuldades foram intensificadas durante
a I guerra mundial e a necessidade de tratamento médico para os soldados fez
reiniciar lentamente o estudo das terapias naturais, por serem mais baratas e
acessíveis.
A reintrodução do uso dos óleos essenciais começou no início do século XX,
com o trabalho do químico francês, René Maurice Gattefossé, criador do termo
“aromathérapie” para designar este ramo da medicina especializada em plantas
aromáticas. Gattefossé passou a se interessar pelas propriedades medicinais e
poder antisséptico de muitos óleos essenciais utilizados em sua empresa de
perfumes, e se tratou com óleo essencial de lavanda aplicando-o numa queimadura
sofrida em seu laboratório, obtendo excelentes resultados (DAVIS, 1996; LYRA,
2009; PRICE, 1999). Seu trabalho está registrado no livro “Complexos Naturais em
Dermatologia”, em que descreve como os óleos essenciais penetram através do
nariz e pele, atuando sobre o sistema nervoso e aliviando estados de depressão e
ansiedade (CORAZZA, 2002). Seus livros fundaram a aromaterapia científica,
baseada numa utilização médica, farmacológica e olfativa, incluindo efeitos
fisiológicos e psicológicos dos aromas vegetais (LYRA, 2009).
22
A partir daí, outros estudiosos começaram a pesquisar aromaterapia
cientificamente e a clínica se disseminou novamente pela Europa. Jean Valnet, ex-
cirurgião do exército, na década de 50, utilizava os óleos essenciais para tratar dos
feridos na guerra e também tratou pacientes em um hospital psiquiátrico com grande
êxito. Seus estudos e publicações tornaram a aromaterapia oficialmente reconhecida
como terapia na França, onde muitos médicos prescrevem óleos essenciais para
uso tópico e interno. André Passebecq, Marcel Bernadet e Marguerite Maury foram
outros nomes de grande importância para o desenvolvimento da aromaterapia
científica (DAVIS, 1996; HOARE, 2010; LYRA, 2009; PRICE, 1999).
Marguerite Maury (1895 – 1968), austríaca que possuía licenciatura em
enfermagem e era assistente cirúrgica, combinou a arte oriental da massagem com
as propriedades dos óleos essenciais, formulando misturas específicas para cada
pessoa, criando, assim, as “prescrições individuais”. Sua obra é considerada
referência na área. Maury fundou a primeira clínica aromaterápica em Londres e
expandiu através de outras unidades na França e Suíça, o ensino e prática da
aromaterapia até sua morte (CORAZZA, 2002). Grande parte das tendências atuais
da aromaterapia têm suas origens no trabalho de Marguerite Maury (HOARE, 2010).
2.1.5 Aromaterapia no século XXI
No século XXI acontece um grande interesse pela aromaterapia e a
redescoberta do antigo campo de cura. Países como o Reino Unido, Alemanha,
Holanda, França, Suíça e Japão são importantes pesquisadores e promotores dos
tratamentos baseados em aromaterapia e fitoterapia. As pesquisas e os exames
clínicos em laboratórios de todo o mundo mostram os efeitos positivos da
aromaterapia (HOARE, 2010; LYRA, 2009).
Atualmente cada país tem uma visão e abordagem próprias em relação à
aromaterapia. Sendo assim, existem divergências conceituais, teóricas e práticas
A aromaterapia é considerada uma terapia essencialmente europeia, por ter
se dado na Europa o seu ressurgimento enquanto estudo científico. Tanto na França
quanto na Inglaterra, os estudos e clínica da aromaterapia tiveram seu início na
23
década de 60 e nesses países existe maior regulamentação e fiscalização, tanto da
prática clínica, como do ensino sistematizado e dos produtos utilizados (LYRA,
2009).
2.2 CONCEITO DE AROMATERAPIA CLÍNICA
A conceituação de aromaterapia clínica deste trabalho é baseada no sistema
europeu já que é o mais embasado e regulamentado pelas pesquisas científicas.
A aromaterapia clínica se baseia em princípios holísticos, abordando a
pessoa como um todo e não como um conjunto de sintomas. Trata-se de um
processo de cuidado humanizado, baseado no toque, na comunicação e na
interação de pessoas (HOARE, 2010).
Aromaterapia é uma parte da fitoterapia na qual se realiza a aplicação de
plantas aromáticas ricas em óleos essenciais ou óleos essenciais naturais extraídos
de diversas partes destas plantas. Diversas vias são utilizadas e podem passar ou
não pelo sistema olfativo. Através delas os óleos essenciais desenvolvem efeitos
terapêuticos fisiológicos e psicológicos de forma farmacológica, sendo que, são
adicionados aos efeitos farmacológicos os efeitos olfativos dos óleos essenciais
quando utilizadas as vias que passam pelo sistema olfativo (LYRA, 2009).
Pessoas de todas as idades podem extrair benefícios do tratamento
aromaterápico, eficaz como medicina preventiva, por combater os efeitos do
estresse e estimular o sistema imunológico; além de promover incontestáveis
benefícios pelos efeitos psicológicos (HOARE, 2010).
2.3 ÓLEOS ESSENCIAIS
Os óleos essenciais compõem a parte mais minúscula da estrutura da planta.
Diferentes quantidades de óleo são produzidas por variadas espécies de plantas e
também por partes da planta e, por este motivo, a extração de alguns óleos é mais
difícil do que a de outros.
24
Os óleos essenciais são geralmente líquidos, embora alguns sejam
semissólidos; não são oleosos (apesar do nome); são voláteis, com diferentes graus
de evaporação e inflamáveis, portanto devem ser armazenados em local fresco e
longe do fogo; são solúveis em óleo e álcool e ficam em suspensão na água; são
aromáticos e muito potentes em estado puro, por isso, geralmente são diluídos em
óleo, álcool ou loção quando utilizados para tratamentos (DAVIS, 1996; HOARE,
2010).
2.3.1 Caracterização dos óleos essenciais
Toda planta aromática produz uma essência volátil que só passa a ser
chamada de óleo essencial após sua extração (DAVIS, 1996). Óleo essencial é uma
substância formada por moléculas voláteis e que se encontram armazenadas em
minúsculas glândulas especializadas localizadas tanto nas partes mais externas,
quanto nas partes mais profundas das raízes, caules, folhas, flores ou frutos de uma
planta. Acredita-se que são produzidas por dois principais motivos: defesa contra
insetos predadores e atração de insetos polinizadores (HOARE, 2010).
As essências voláteis contêm propriedades curativas e benéficas devido a
sua composição química complexa e concentrada. Essa mistura de centenas de
componentes químicos atua, em cada planta ou parte dela de formas diferentes, de
acordo com sua constituição e função, na manutenção de temperatura e hidratação
da planta, atraindo insetos polinizadores, repelindo pragas e parasitas, fungos e
bactérias, reparando tecido lesado, entre outras funções ainda desconhecidas.
(HOARE, 2010; PRICE, 1999; DAVIS, 1996; CORAZZA, 2002)
“As substâncias aromáticas que as plantas produzem são parte de seu meio de sobrevivência. A natureza desse aroma varia de família para família, de espécie para espécie e até mesmo dentro de diferentes partes da mesma planta” (HOARE, 2010).
A estrutura química dos óleos essenciais é baseada nas ligações químicas
dos átomos de carbono, oxigênio e hidrogênio, assim como a estrutura de todos os
seres vivos, incluindo os seres humanos. Isso explica a biocompatibilidade dos óleos
com o nosso organismo, possibilitando efetividade terapêutica.
25
“Com o uso da energia solar, a planta combina os elementos químicos encontrados no ar, no solo e na água à sua volta, como carbono, o oxigênio e o hidrogênio, constituindo a partir destes átomos, centenas de componentes químicos diferentes” (DAVIS, 1996).
Os componentes químicos são divididos nas principais categorias: terpenos,
álcoóis, fenóis, aldeídos, cetonas, ésteres, óxidos, coumarinas e lactonas. A
combinação singular e diferenciada destes compostos é o que confere a cada óleo
suas propriedades terapêuticas específicas e aroma característico (DAVIS, 1996;
CORAZZA, 2002; HOARE, 2010; PRICE, 1999).
Os diversos componentes da substância aromática na planta passam por
certas alterações químicas durante o processo de extração, devido aos efeitos do
calor, do contato com o ar e vapor, mas essas alterações não são nocivas e não
comprometem o valor terapêutico da essência (DAVIS, 1996).
Cada planta exige técnicas apuradas e diferenciadas de cultivo e extração do
seu óleo essencial, para que suas moléculas não sejam danificadas e para garantir a
extração total dos compostos químicos e sua pureza, diferenciando a qualidade dos
óleos essenciais e a sua eficácia para utilização no tratamento terapêutico (DAVIS,
1996; CORAZZA, 2002).
As propriedades químicas de um óleo essencial são geralmente determinadas
por dois fatores (HOARE, 2010):
A natureza química das essências sintetizadas pela planta, que depende
tanto da espécie da planta quanto das condições de cultivo como região, tipo
de clima e solo, processo de colheita e uso ou não de agrotóxicos.
O processo de extração utilizado, tempo de destilação e temperatura que
interferem na qualidade química do óleo.
Embora o termo “óleos essenciais” seja utilizado para descrever todos os
óleos usados em aromaterapia, aqueles que são obtidos por outros métodos que
não a destilação, não deveriam, no sentido estrito da palavra, serem assim
chamados. Os óleos extraídos por pressão (provenientes de frutas cítricas) deveriam
ser chamados de essência por não terem sofrido alteração alguma e se
apresentarem da mesma forma com que se apresentam nas plantas. Os óleos de
flores como jasmim, néroli e rosa, obtidos pelo processo de enfleurage, são
26
classificados como absolutos e assim devem ser chamados (DAVIS, 1996; HOARE,
2010; CORAZZA, 2002).
2.3.2 Métodos de obtenção dos óleos essenciais
Vários fatores podem determinar a época ideal da colheita das plantas para
que se obtenha uma quantidade maior de princípio ativo. Dentre eles, destacamos: o
fotoperíodo (número de horas de luz por dia necessário para que uma planta
floresça), temperatura e estresse hídrico (deficiência de água no solo), idade da
planta (algumas podem ser colhidas alguns meses após o plantio enquanto outras
necessitam de anos para atingir uma boa qualidade de essência). Para cada tipo ou
parte da planta a ser coletada existem regras básicas que garantirão a qualidade e
quantidade ideais de óleo essencial (CORAZZA, 2002).
“Há um período do dia em que a concentração de princípios ativos das plantas
atinge o nível máximo. O ideal seria fazer a colheita neste momento” (CORAZZA,
2002).
Uma vez coletado, o material da planta precisa ser processado para que suas
essências sejam extraídas. Apesar da destilação por arraste de vapor ser a técnica
mais comum de extração de óleos essenciais, não é a única. Para determinadas
porções de plantas, como sementes, raízes, frutos, madeiras e mesmo algumas
flores, o arraste de vapor não tem a mesma eficiência que alcança com as folhas.
A descrição química de cada método de extração não será apresentada no
estudo, porém, é importante o conhecimento desta pelo profissional aromaterapeuta,
para que saiba identificar produtos de qualidade terapêutica, pois o processo de
extração do óleo essencial interfere totalmente em sua qualidade química.
Os principais métodos de extração segundo Hoare (2010) são: destilação por
arraste de vapor, extração com solvente, extração por dióxido de carbono, extração
com hidrocarboneto e processo fitônico, maceração, enfleurage e expressão a frio.
As extrações por dióxido de carbono são classificadas como processo limpo e
possuem um fresco, claro e característico aroma de óleos destilados a vapor, com
27
uma performance olfativa muito similar a da planta viva. Estudos já demonstraram
que os óleos essenciais extraídos por este método mantêm em completa integridade
seus compostos ativos. Este método é o que permite obter-se os óleos essenciais
de melhor qualidade e de maior potência terapêutica. No entanto é, ainda, um
método muito caro, e apesar de produzir óleos essenciais de extrema qualidade não
é o método mais utilizado. Mas existem várias instalações ao redor do mundo que
utilizam este tipo de processo e sem dúvidas é o que há de mais moderno no que
diz respeito à extração dos óleos essenciais de alta qualidade terapêutica (HOARE,
2010; CORAZZA, 2002).
2.3.3 Composição química e propriedades terapêuticas dos óleos essenciais
A forma como se combinam em diferentes compostos oxigenados, os átomos
de hidrogênio, carbono e oxigênio, que compõe os óleos essenciais, determinam a
sua fragrância particular e propriedades terapêuticas. Estes compostos são divididos
por suas características e propriedades, em grupos ou famílias, chamados “grupos
funcionais”. Cada óleo essencial pode conter dezenas de diferentes compostos de
alguns ou de todos os grupos (HOARE, 2010).
Na tabela 1 serão apresentadas as propriedades terapêuticas conhecidas de
cada tipo de composto químico encontrado nos óleos essenciais.
Tabela 1 – Componentes dos óleos essenciais
GRUPOS
FUNCIONAIS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLO DE
COMPONENTES
PROPRIEDADES E
APLICAÇÕES
TERPENOS
C10H16
- nome com terminação
em “eno”.
- Estima-se que existam
mais de 1000 variedades
nos óleos essenciais
- Moléculas leves, com
alta volatilidade.
Careno; Citreno;
Cymeno;
Dipenteno;
Limoneno;
Pineno; Myrceno;
Ocimeno;
Phellandreno;
Levemente antisséptico,
bactericida, pode ser
analgésico, expectorante e
estimulante, possivelmente
um agente anticancerígeno.
Alguns estimulam circulação,
são bons antissépticos para o
28
- São encontradas em alta
concentração nos óleos
cítricos
Sabineno;
Terpineno;
Terpinoleno;
Thujeno.
ar,aparentemente
estimulantes das glândulas
suprarrenais, anti-
inflamatórios por modulação
imunológica
GRUPOS
FUNCIONAIS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLO DE
COMPONENTES
PROPRIEDADES E
APLICAÇÕES
SESQUITERPENOS
C15H24
- nome com terminação
em “eno”
- estima-se que existam
mais de 3000 variedades
nos óleos essenciais.
- Moléculas pesadas
- Ocorrem mais
frequentemente em
estruturas amadeiradas,
sementes e raízes das
plantas.
Aromadendrene;
Bisaboleno;
Caryophylleno;
Cedreno;
Copaeno;
Elemeno;
Farneseno;
Camazuleno;
Zingibereno
Antiestamínico, antisséptico,
bactericida, antiinflamatório,
calmante, levemente
hipotensor, alguns são
analgésicos, alguns são
espasmolíticos.
ÁLCOÓIS
Estrutura básica:
(R-OH)
- nome com terminação
em “ol”
-óleos ricos em alccóis
são muito aromáticos
Benzyl alcool;
Borneol; Carotol;
Cedrol;
Citronellol;
Farnesol;
Geraniol;
Linalol; Menthol;
Nerol; Nerolidol;
Olibanol;
Santalol
Antiinfeccioso, bactericida
potente, antiviral, estimulante
do sistema imune, não tóxico,
não causa sensibilização da
pele Alguns são estimulantes
hepáticos, alguns são
equilibrantes hormonais,
colagogos, analgésicos,
flebotônicos, fungicidas,
expectorantes
FENOL
- a molécula de fenol é
um anel benzênico
conectado ao grupo
hydroxil- formando um
hidrocarbono oxigenado.
- o nome tem a
terminação em “ol”
- existem apenas quatro
fenóis comuns
encontrados nos óleos
essenciais.
Carvacrol;
Eugenol;
Chavicol;
Thymol
Antisséptico, bactericida,
estimulante imune,
estimulante nervoso, pode ser
hepatotóxico e pode
sensibilizar a pele. Em ambos
os casos, se usados em dose
alta ou por tempo prolongado,
alguns são antiespasmódicos.
29
- são potencialmente
irritantes da pele e
mucosas.
GRUPOS
FUNCIONAIS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLO DE
COMPONENTES
PROPRIEDADES E
APLICAÇÕES
ALDEÍDOS
Estrutura básica:
(R-CHO)
- nome com terminação
em “al” ou “aldehyde”
como parte do nome.
- pode ser irritante da
pele
- Tem aroma
predominate, são muito
utilizados na indústria da
perfumaria.
Acetaldehyde;
Benzaldehyde;
Cinnamaldehyde;
Citronellal;
Cuminal;
Geranial; Neral;
Perillaldehyde
Antiviral, antiinflamatório,
calmante do sistema nervoso,
hipotensor, vasodilatador,
antisséptico para o ar,
antipirético, sensibiliza a pele,
potencialmente calmante para
crise de abstinência de
nicotina. Alguns são tônicos
gerais, alguns são
estimulantes da peristalse,
alguns são estimulantes de
contração uterina, alguns são
sedativos e calmantes
Principal componente dos
óleos essenciais de melissa,
citronela, verbena e eucaliptus
citriodora, esses compostos
são sedativos e fortemente
antissépticos.
CETONA - nome terminado em
“ona”
- podem ser
neurotóxicos e abortivos,
principalmente quando
ingeridos.
Atlantona;
Camphona;
Carvona;
Fenchona; Irona;
Jasmona;
Menthona;
Thujona,
Pulegona,
Pinocanphona.
Cicatrizante, lipolítico,
mucolítico, sedativo. Alguns
são analgésicos,
anticoagulantes,
antiinflamatórios, digestivos,
expectorantes, estimulantes.
Devem ser usados com
cautela na gravidez.
Determinam as principais
características de diversos
óleos essenciais (como
hissopo e sálvia). Suas
30
propriedades principais são
liberar e aumentar o fluxo de
muco (mucolítico), efeito
citofilático (estimulante
celular).
GRUPOS
FUNCIONAIS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLO DE
COMPONENTES
PROPRIEDADES E
APLICAÇÕES
ÉSTER - Nome duplo com a
primeira parte terminada
em “ato” e a segunda em
“il”, “ílico” ou “íla”
- é criado a partir da
reação de um ácido
orgânico com um álcool.
- considerada uma
substância anfotérica
(agrega em si qualidades
opostas)
Acetato linalílico,
Acetato
Geranílico,
Acetato bornílico
e Salicilato de
metil
Fungicida, anti-inflamatório,
antiespasmódico, cicatrizante,
calmante e tônico do sistema
nervoso (adaptogênico)
OXIDO - nomes terminados em
“oxido” ou inicia com
“oxido”
- são frequentemente
derivados de outros
componentes com
terpenos, álcool e cetonas
- deve ser utilizado com
cautela, pode irritar a pele
Ascaridol; oxido
de Bisabolol;
oxido de
Bisabolene;
oxido de Linalol;
oxido de Rosa.
O único bem conhecido e o
1,8 cineol ou eucaliptol,
estimulante de glândulas
mucosas, expectorante,
mucolítico, bronco dilatador,
anti-infeccioso, irritante da
pele em especial em crianças
novas; outros são
antihelmínticos, antivirais,
LACTONAS E
CUMARINAS
- o nome termina em “in”,
“ene”, “one”
- tem baixa volatilidade
- aumentam os efeitos dos
raios UV
Atlantolactone;
Ambrettolide;
Bergaptene.
Coumarina;
Costuslactona
Mucolítico, expectorante,
abaixa a temperatura
corporal, sensibiliza a pele
pois é fototóxico e neurotóxico
quando ingerido.
(PRICE; PRICE, 2007)
31
2.3.4 Vias de administração e ação no organismo
A ação ou o efeito terapêutico dos óleos essências no organismo humano
considera a existência de uma abordagem fisiológica, farmacológica e psicológica
relacionada com a forma de atuação ou mecanismo de ação, sendo que as
diferentes vias de acesso ao organismo humano dos óleos essenciais, promovem
processos diferentes de ação dos mesmos.
As formas de acesso dos óleos essenciais ao corpo são: inalação, absorção
dermica e ingestão. Entre elas, a aplicação tópica através da pele, é muito eficaz e a
ingestão menos utilizada. A rota escolhida depende do problema a ser tratado
(PRICE; PRICE, 2007).
2.3.4.1 Via olfativa
Quando inaladas, as voláteis partículas de óleo essencial se dissolvem no
muco que cobre a mucosa das fossas nasais, onde se situa o bulbo olfativo. O bulbo
olfativo é recoberto por uma membrana chamada epitélio olfativo que contém cerca
de 10 milhões de células olfativas. Essas são células nervosas e é neste único lugar
do corpo humano onde o sistema nervoso central está exposto e em contato direto
com o ambiente. Essas células registram a informação sobre os aromas e
transmitem-na para o centro do cérebro.
As mensagens eletroquímicas são encaminhadas para a área do cérebro
associada ao olfato e uma grande quantidade de informações a respeito do
ambiente é processada, mais do que em qualquer outro processo analítico humano
conhecido. Tais mensagens levam à liberação de substâncias neuroquímicas que
podem ser sedativas, relaxantes, estimulantes ou proporcionadoras de um grande
bem-estar. Cada vez que respiramos recebemos sutis informações a respeito do
nosso ambiente (DAVIS, 1996; MALNIC, 2008; HOARE, 2010).
As partículas continuam seu percurso, atravessando as vias nasais até
chegarem aos pulmões. As moléculas aromáticas penetram a membrana mucosa
dos pulmões e atingem os tecidos locais, levando suas propriedades terapêuticas;
32
também penetram nos capilares sanguíneos e nas linfas locais, passando então a
circular por todos os sistemas do corpo, pelos órgãos e tecidos (PRICE; PRICE,
2007).
A absorção dos óleos essenciais através do sistema respiratório é mais rápida
do que a absorção via dermal ou por via oral.
O olfato humano é um sistema tão primitivo quanto sofisticado; fundamental
para a sobrevivência e contribui para uma boa saúde e bem estar geral. A reação
em relação aos aromas é mais rápida que a reação para a dor ou para o som,
sugerindo que o olfato possa ser o mecanismo primário de defesa, de grande
importância para a preservação da vida (MALNIC, 2008).
O sentido do olfato tem forte conexão com importantes áreas do cérebro,
como a da cognição, da concentração, do aprendizado e da memória. Os aromas
são capazes de influenciar profundamente o humor, por estimularem a produção e
liberação de hormônios.
A anatomia do sistema olfativo permite a transmissão direta das mensagens
olfativas ao hipotálamo, de forma mais rápida que os outros sentidos.
Figura 1 – Sistema límbico Fonte: HOARE (2010)
“...a via olfatória apresenta algumas diferenças em relação ao padrão geral das vias sensoriais. Inicialmente, os receptores olfatórios são representados pelos próprios neurônios sensitivos, situados na mucosa olfatória, que ocupa uma pequena superfície (cerca de 5mm²) na parte superior da cavidade nasal. Os neurônios sensitivos olfatórios dão origem a axônios que
33
se agrupam em filetes nervosos, constituindo o nervo olfatório. Estes filetes nervosos atravessam a lâmina crivosa do osso etmóide e penetram o bulbo olfatório, onde estabelecem sinapses como os neurônios de segunda ordem, que são chamadas "celulas mitrais". Os axônios das células mitrais percorrem o trato olfatório e terminam diretamente no córtex cerebral olfatório (grifo meu: Hoje chamado de sistema límbico), situado na região do úncus. Portanto, a via olfatória, ao contrário das demais vias sensitivas, não possui um relé talâmico. Outra diferença marcante é que não ocorre cruzamento das fibras e o cortex olfatório recebe fibras que tiveram origem ipisilateral” (COSENZA, 1990).
O sistema límbico é uma das partes mais antigas do cérebro e seus principais
componentes (amigdala, tálamo, hipotálamo, glândulas pituitária e pineal e o
hipocampo) estão associados de várias maneiras com as emoções como prazer,
dor, raiva, medo, tristeza, sentimentos sexuais, memória de longo e curto prazo,
padrões de comportamento, aprendizagem e atividade mental. A ligação direta entre
as células receptoras olfativas e a região límbica do cérebro explica por que os
odores podem produzir uma resposta emocional e ativar uma memória passada
(HOARE, 2010; DAVIS, 1996; MALNIC, 2008; HAWKE; DOTY, 2009).
Através da via olfativa podemos então perceber diferentes formas de atuação
dos óleos essenciais, psicológica e fisiológica, pelo estímulo aromático que através
do sistema límbico atua nas emoções e respostas automáticas do sistema nervoso
central e outra farmacológica, pela absorção dos componentes químicos na corrente
sanguínea via pulmão.
2.3.4.2 Absorção dérmica
A pele é o maior órgão do corpo e é uma das duas vias através das quais os
óleos essenciais podem chegar à corrente sanguínea, e dessa forma percorrer o
corpo; a outra via é a dos pulmões. Descrita como semipermeável, o fator que
determina se uma substância em particular conseguirá ou não atravessá-la é o
tamanho das moléculas constituintes (DAVIS, 1996).
A pele é composta de camadas de diferentes tipos de células, glândulas
sebáceas, folículo piloso, canais linfáticos, capilares sanguíneos, entre outros.
Abaixo da grossa camada externa de queratina (epiderme), todas as células contêm
lipídios, substância para a qual as moléculas dos óleos essenciais são atraídas.
34
O pequeno tamanho das moléculas de óleos essenciais e sua bio-atividade
permitem que penetrem na epiderme, atraídas por substâncias lipídicas, e entrem na
circulação sanguínea e linfática, sendo então distribuídos para todo o organismo.
“A capacidade de vários agentes de se submeter a penetração transdérmica é uma questão essencial na farmácia. Administração transdérmica de drogas é uma via alternativa útil para agentes terapêuticos que são propensos a decompor-se no trato gastrointestinal e permite a obtenção de concentrações relativamente elevadas de drogas locais sem efeitos secundários sistémicos” (EROS et al; 2012).
A absorção pela pele, ao invés da absorção pelo sistema digestivo por via oral,
oferece a vantagem da penetração imediata dos óleos essenciais na corrente
sanguínea, sem passar pelo fígado, onde seriam filtradas partes de seu conteúdo
farmacoquímico. Além disso, por serem lipossolúveis, os óleos essenciais são
capazes de atravessar a barreira hemato-encefálica, e dessa maneira penetrar o
cérebro (HOARE2010).
Figura 2 – Pele; Fonte: HOARE (2010)
O tempo de absorção dos óleos essenciais depende das circunstâncias de
aplicação, do aspecto e tipo de pele e também do óleo essencial aplicado, podendo
variar entre 20 e 120 minutos (PRICE, PRICE; 2007). Algumas condições como pele
seca e desidratada, envelhecida e quantidade de tecido adiposo, interferem na
35
capacidade de absorção do óleo. A temperatura da pele, quando aquecida, contribui
para uma absorção adequada devido à dilatação dos vasos sanguíneos e dos poros
e a aceleração do fluxo sanguíneo superficial que distribui a substância mais
rapidamente pelo corpo. A sudoração, no entanto, é desfavorável à absorção dos
óleos essenciais já que as glândulas sudoríparas estão exsudando umidade, o que
impede a entrada de outras substâncias (HOARE; 2010).
Óleos essenciais são extremamente concentrados e devem ser usados
diluídos em bases carreadoras, sobre a pele. É muito importante usar produtos da
melhor qualidade. As bases carreadoras não devem conter óleo mineral, nem
lanolina, nem banha animal pois esses produtos impedem uma boa absorção. Os
óleos vegetais (tais como semente de uva, côco babaçu, girassol, amêndoas, germe
de trigo) e cremes neutros, sem perfume, são as bases indicadas para a diluição dos
óleos essenciais (PRICE, PRICE; 2007).
A absorção dérmica dos óleos essenciais associa aos efeitos
farmacoquímicos, pela entrada dos mesmos na corrente sanguínea e atuação
sistêmica, os efeitos psicológicos, pois, moléculas voláteis se desprendem durante o
processo de aplicação dos óleos e atingem o órgão olfativo, desencadeando
simultaneamente o processo descrito anteriormente.
2.3.4.3 Via Oral
A ingestão é a principal rota utilizada por aromatologistas e médicos na
França, mas não é amplamente utilizada por aromaterapeutas em outros países.
Terapeutas que tenham concluído com êxito uma formação avançada em medicina
aromática estão aptos para aconselhar o uso de óleos essenciais por via oral
(PRICE; PRICE, 2007).
A maioria das pesquisas realizadas por aromatologistas médicos na França
tem envolvido o uso interno de óleos essenciais. Neste caso, cada gota de óleo
atinge os sistemas do corpo, ao contrário da inalação, quando apenas uma pequena
quantidade de vapor de óleo essencial entra no corpo, e da aplicação externa, em
que certa quantidade de óleos essenciais é perdida na evaporação.
36
Quando óleos essenciais são ingeridos, o conhecimento dos componentes
químicos dos óleos essenciais é de suma importância. Um óleo que contenha um
componente potencialmente perigoso pode ser ingerido, pois estes componentes
são, por vezes, eficazes para certos distúrbios. Nesse caso é essencial saber a
concentração, a natureza do diluente e o tempo a ser utilizado.
Apesar de não ser prejudicial quando feita corretamente, a ingestão contínua
por um longo período, pode levar a um acúmulo tóxico no fígado, principalmente
quando se utiliza óleos quimicamente potentes. Por esta razão é importante que se
utilize um óleo ingerido por no máximo 3 semanas (e não mais que 3 gotas 3 vezes
ao dia), e a partir disso, vários dias de repouso dos óleos indicados são necessários
para permitir que o fígado tenha a oportunidade de eliminar qualquer matéria tóxica
acumulada.
Óleos essenciais, muitas vezes têm sabor muito amargo e podem irritar o
revestimento mucoso. Por esta razão são frequentemente colocados em cápsulas
para a ingestão oral. Existe a possibilidade de alteração das moléculas de óleo
essencial por enzimas digestivas, ácidos fortes e metabolização. No entanto,
médicos usaram óleos essenciais desta forma por quase duas décadas para dor de
garganta, problemas de estômago, entre outros, sem efeitos adversos relatados
(PRICE, PRICE; 2007).
A via oral não inclui o efeito psicológico provocado pelo estímulo olfativo
quando o produto é ingerido dentro de cápsulas, forma que não permite que as
moléculas voláteis se dispersem no ar atingindo a via olfativa. Somente os efeitos
farmacoquímicos podem ser considerados nesta forma de aplicação.
2.3.5 Formas de uso
Os óleos essenciais penetram na pele e narinas para acessar o fluxo
sanguíneo e, eventualmente, atingir partes do corpo que possam estar em
desordem, onde serão terapeuticamente eficazes. Existem várias maneiras de
introduzir os óleos essenciais no organismo. De acordo com Price, 2007, temos:
37
Inalação
Forma discreta de usar óleos essenciais para o cuidado com a saúde em
qualquer ambiente. Podem ser inalados colocando-se algumas gotas em um tecido,
nas mãos (para uma emergência), conforme figura 3, ou em uma bacia de água
quente, conforme figura 4. Também podem ser utilizados os difusores e
vaporizadores, que vaporizam moléculas aromáticas no ambiente. Este é
provavelmente o caminho mais rápido para a corrente sanguínea, através da
hematose. Esta via também dá aos óleos essenciais acesso direto às células
cerebrais provocando efeitos neurológicos e psíquicos além dos efeitos
farmacológicos.
Figura 3 – Óleos essenciais para inalação de emergência
Fonte: HOARE (2010)
A inalação, conforme mostrado na figura 4, é um bom método para tratar
problemas respiratórios e digestivos, distúrbios e desequilíbrios emocionais e
mentais, bem como para desinfecção de ambientes. A vaporização pode ser muito
benéfica em enfermarias de hospitais para combater infecções transmitidas pelo ar
promovendo a eliminação de germes e bactérias.
38
Figura 4 – Inalação; Fonte: HOARE (2010).
Através da pele
Para a aplicação na pele, os óleos essenciais devem ser diluídos em bases
carreadoras conforme figura 5, como:
Figura 5 – Óleo Vegetal;
Fonte HOARE (2010)
Óleos básicos ou vegetais como girassol, amêndoas, semente de uvas,
côco, gergelim, e outros são adequados para diluição dos óleos
essenciais e aplicação em massagens, conforme figura 6, assim como
para o cuidado com a hidratação da pele e reparação de tecido lesado
como escaras.
39
Figura 6 – Massagem com óleos essenciais;
Fonte: HOARE (2010)
Cremes e loções fabricados a partir da combinação de óleos vegetais,
água destilada ou hidrolatos e ceras de abelhas, não podem conter óleo
mineral ou substâncias químicas nocivas. Uma das características dos
cremes é permanecerem na superfície da pele por mais tempo que um
óleo básico, o que é útil quando se trata de problemas de pele. É uma
forma versátil de aplicação dos óleos essenciais, conforme figura 7
(DAVIS, 1996).
Figura 7 – Diluição do óleo essencial em creme;
Fonte: HOARE (2010)
Sabonetes líquidos e xampus são ótimos veículos para os cuidados
diários com o corpo e rosto, problemas do couro cabeludo e/ou profilaxia.
Água
A diluição dos óleos essenciais na água é adequada para aplicação de
compressas, banhos, vaporização com spray, desinfetantes bucais.
Compressas: podem ser quentes ou frias, dependendo da finalidade do
tratamento. Utiliza-se um pano embebido em água onde foram
40
adicionadas algumas gotas do(s) óleo(s) essencial(is) indicado(s),
conforme Figura 8. São indicadas para dores, edemas, entorses, tensões
musculares, abcessos, inflamações e febre.
Figura 8 – Compressa;
Fonte: HOARE (2010).
Banhos e lavagens locais: os óleos essenciais podem ser diluídos em
uma banheira para tratamento do estresse, ansiedade, exaustão, ou para
banhos locais como banho de acento no caso de tratamentos
geniturinários.
Vaporizadores tipo spray, conforme Figura 9: podem ser utilizados em
áreas da pele onde não se pode encostar como ferimentos ou
queimaduras.
Figura 9 – Vaporizador tipo spray
Fonte: HOARE (2010)
Desinfetantes bucais: úteis para afecções da garganta e boca, bem
como para a simples higienização e profilaxia. (DAVIS 1996; HOARE
2010; PRICE, PRICE 2007)
41
Aplicação retal ou vaginal: este é um método de uso interno dos óleos
essenciais aplicado por meio de supositórios e óvulos, que pode ser útil nos casos
de síndrome do intestino irritado, hemorroidas, infecções vaginais e Cândida
albicans. O método permite que os óleos essenciais tenham acesso direto á corrente
sanguínea, sem passar pela metabolização do sistema digestivo. Neste método
também não existe o efeito psicológico provocado pelo aroma, pois o óleo essencial
não entra em contato com a via olfativa. Apenas os efeitos farmacoquímicos é que
atuam.
Ingestão: álcool e água de mel são os diluentes usualmente utilizados (Valnet
1980 apud PRICE,PRICE 2007). Óleos vegetais como o azeite de oliva ou óleo de
avelã são os preferidos pelos médicos, fitoterapeutas e naturopatas que têm
experiência em prescrição de óleos essenciais para ingestão.
3 A VISÃO HOLÍSTICA DO CUIDADO EM SAÚDE
A filosofia holística tem implicações e provoca questionamentos profundos em
quase todas as áreas do conhecimento, inclusive no campo da saúde, onde a
abordagem à pessoa passa a ser integral, como nas práticas de Medicina
Tradicional Chinesa ou Ayurvédica, com o entendimento de que a manifestação
localizada de um distúrbio altera o equilíbrio do indivíduo como um todo.
A palavra “holismo” vem do grego “holos” que significa “todo”, “inteiro”,
“completo”. Usada para designar um modo de pensar ou considerar a realidade,
segundo o qual nada pode ser explicado pela mera ordenação ou disposição das
partes, mas sim, pelas relações que elas mantêm entre si e com o próprio todo.
O holismo surgiu da crise que abalou os alicerces da ciência. Questiona o
postulado de filosofias reducionistas baseadas na lógica do pensamento cartesiano-
newtoniano que não considera as interações entre tudo o que existe e suas
consequências. Alguns autores afirmam que seriam as filosofias reducionistas as
42
responsáveis pelos desequilíbrios social, econômico e ambiental, enfrentados no
mundo hoje.
O holismo hoje é redescoberto no Ocidente como uma das fórmulas para a
solução dos problemas de nossa sociedade complexa, postura que os orientais
vivenciam, há milênios. Toda a Cultura Oriental se baseia nessa visão holística de
Mundo, influindo em todas as suas áreas de saber. Um exemplo marcante do
Holismo na Cultura Oriental, cuja presença vem se tornando igualmente marcante
hoje no Ocidente, é sua Medicina, que trata do Homem como um Todo, observando
sua relação com o Universo (FARIA apud TERRICABRAS, 1994).
3.1 O CUIDADO HOLÍSTICO NA ENFERMAGEM
Para compreendermos a natureza da enfermagem, é necessário fazer uma
reflexão sobre seus elementos constituintes básicos: o ser humano como recipiente
da ação/cuidado (paciente ou cliente que pode ser indivíduo, família ou
comunidade), os agentes que a executam (o enfermeiro), a finalidade e os meios
para a ação (forma de assistência) e o meio social e ambiental onde se processa
(ambiente) (SOUZA; GUTIÉRRES, 1989).
Esses elementos básicos se apresentam descritos nas teorias de
enfermagem que ajudam o enfermeiro a implementar o cuidado metodológico em
sua rotina de trabalho.
A proposta mais antiga de uma organização metodológica do cuidado em
enfermagem foi feita por Florence Nightingale por volta de 1860. A teoria
Ambientalista de Nightingale tem o foco nas condições do ambiente e na capacidade
de influência destas condições sobre as defesas naturais do indivíduo e neste
contexto, a enfermagem tem o papel de modificar aspectos não saudáveis do
ambiente, a fim de colocar o paciente na melhor condição para a ação de sua
própria força inata de saúde e equilíbrio (BARROS, 2010).
Por volta dos anos 1950, o foco da enfermagem passou a ser a assistência
holística. A visão dominante quanto ao cuidado, vinculado apenas aos sistemas
43
biológicos começa a ser enriquecida com um novo enfoque do ser humano. Surge a
ênfase no cuidado de enfermagem como um processo interpessoal, centralizando a
assistência, não mais na patologia, mas na pessoa e na promoção da sua
integridade, percebendo-se o doente como pessoa com necessidades a serem
atendidas pelos profissionais enfermeiros (TANNURE; GONÇALVES, 2008).
Depois de Florence Nightingale surgiram outros modelos teóricos de
Enfermagem que incluem o pensamento holístico (LOPES; NOBREGA, 1999).
Alguns descritos a seguir de acordo com Alcantara, et al (2011) e Florentino (2009):
Teoria Interpessoal de Peplau (1952): tem como foco desenvolver a interação
entre o enfermeiro e o paciente;
Teoria dos Princípios Básicos de Henderson (1955): foco no desenvolvimento
da independência do paciente e na ação profissional que engloba atividades
necessárias para manter ou recuperar a saúde do indivíduo, ou ajudá-lo a ter
uma morte serena;
Teoria de Fay e Abellah (1960) visa prestar atendimento a familiares, grupos
e ao indivíduo sendo amável e com competências técnicas desenvolvidas;
Teoria de Orlando (1961) estuda o processo interpessoal no alívio do
sofrimento;
Teoria da perspectiva do cuidado de Weidenback (1964): foco na
necessidade do paciente e a enfermagem num processo nutridor,
apresentando a filosofia, o proposito, a pratica e a arte como os quatro
elementos importantes de assistência;
Teoria Filosófica de Hall (1966) aborda o cuidado individualizado e
direcionado para a melhoria da auto estima;
Teoria de Trevelbee (1966) aborda a resposta do paciente determinada pelo
significado da doença.
Teoria Holística de Levine (1967): caracteriza o homem como um todo
dinâmico, em constante interação com o ambiente. Aborda quatro princípios
de conservação de energia, da integridade estrutural, da integridade pessoal
e da integridade social do paciente. O modelo é centralizado na intervenção
da enfermagem, na adaptação e na reação dos pacientes à doença. O
enfermeiro deve estar consciente da dependência do paciente e preparado
44
para atuar na transformação provocada pelo estresse, desequilíbrio que altera
o funcionamento do organismo humano.
Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta (1970): Horta
descreve a Enfermagem como a ciência e a arte de assistir o ser humano no
atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta
assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua
saúde, contando para isso com a colaboração de outros grupos profissionais.
Teoria de Imogene M. King (1970): tem o foco no cuidado do ser humano
como um indivíduo que se constitui de sistemas abertos, em constante
interação com seu meio ambiente. Define a saúde como experiências
dinâmicas de vida de um ser humano que implicam em ajustamentos
contínuos a estressores, no ambiente interno e externo, através de uso
adequado dos recursos próprios para alcançar o máximo potencial para a
vida diária. A atuação da enfermagem consiste em estabelecer relação
interpessoal, intergrupal e social para alcançar objetivos de saúde ou
ajustamento aos problemas de saúde do indivíduo.
Teoria do Autocuidado de Orem (1971): tem o foco no autocuidado onde o
homem é um indivíduo que utiliza o autocuidado para manter a vida e a
saúde, recupera-se da doença e consegue enfrentar seus defeitos. Essa
teoria define saúde como um resultado das práticas aprendidas pelos
indivíduos para manter a vida e o bem-estar. O ambiente proporciona
elementos externos com os quais o homem interage em sua luta para manter
o autocuidado. A atuação da enfermagem é auxiliar o indivíduo a maximizar,
progressivamente, seu potencial para o autocuidado.
Teoria da Adaptaçäo de Roy (1979) encara o ser humano como um ser em
adaptação como “Homem” - ser social, mental, espiritual e físico - afetado por
estímulos do ambiente interno e externo. A saúde como a capacidade do
indivíduo para adaptar-se a mudanças no ambiente. O ambiente como forças
internas e externas em um estado de contínua mudança. E a enfermagem
como arte humanitária e ciência em expansão que manipula e modifica os
estímulos de modo a promover e facilitar a capacidade adaptativa do homem.
Teoria de Benner e Wrubel (1989): defende que o cuidar é fundamental como
fator de crescimento humano. Gestos de reconhecimento de seu valor
45
humano - o respeito, a delicadeza, a ajuda, o interesse - transmitem energia.
O profissional que cuida tem acesso e interpreta os significados e
preocupações do cliente. Deve estar em sintonia com quem é cuidado,
assumindo a comunicação, um aspecto importante na interação.
Teoria da Saúde como Consciência Expandida de Margaret Newman (1986):
a enfermagem não é promoção de bem estar ou prevenção de doenças, mas
sim, é ajuda ao indivíduo para usar seu poder próprio, para manter o
processo vital.
Teoria do Controle de Estresse de Janet Yonger (1995): explica como o
sofrimento afeta o sentido do indivíduo no meio em que vive e suas relações
sociais.
Cada teoria possui características específicas e, juntas, ajudam a estruturar o
cuidado com uma visão holística. De acordo com Santos et al (2009) desde 1995 o
COFEN regulamenta a visão holística na enfermagem: “O concelho Federal de
Enfermagem (COFEN), no Parecer Informativo 004/95, reconhece a profissão de
enfermagem, embasada na visão holística do ser humano”. É de suma importância
que o enfermeiro conheça as teorias de enfermagem, uma vez que o uso dessas
teorias apoia-o na definição de seu papel, no encontro com as diversas realidades,
na adequação da assistência e melhoria da qualidade do desempenho profissional,
bem como na produção de conhecimento (ALCÂNTARA et al; 2011).
A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é o instrumento que
possibilita ao enfermeiro a execução dos conhecimentos técnico e científico de
forma holística durante o cuidado; é utilizada como um guia para a execução da
assistência de enfermagem integralizada. Consiste na realização de cinco fases
sequenciais e inter-relacionadas que são: histórico, diagnóstico de enfermagem,
planejamento da assistência, implementação das ações assistenciais e avaliação.
(TANNURE; GONÇALVES, 2008).
A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) assegura ao
profissional enfermeiro, na sua prática, a autonomia e o aprofundamento na teoria. A
aplicação deste instrumento é que garantirá um cuidado assistencial de qualidade,
organizado e com visão abrangente.
46
3.2 O CUIDADO NA MEDICINA COMPLEMENTAR E ALTERNATIVA (MCA)
Medicina Complementar e Alternativa (MCA) é um conceito moderno, (século
XX) mas tem origem num saber milenar da humanidade construído ao longo de sua
história (HELLER, 2005).
A definição de MCA é difícil por se tratar de um campo muito amplo e em
constante mudança. Trata-se de um conjunto de sistemas de cuidados médicos e de
saúde em geral, práticas e produtos que não são geralmente considerados parte da
medicina convencional (HELLER, 2005; NCCAM).
O conceito de MCA supõe os âmbitos de:
Medicina complementar: quando os procedimentos de MCA são usados em
conjunto com os da medicina convencional.
Medicina alternativa: quando os procedimentos da MCA são usados no lugar
dos da medicina convencional.
A medicina convencional (também chamada de ocidental, alopática ou
ortodoxa) é a medicina praticada por médicos academicamente habilitados e por
outros profissionais da saúde, como fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros.
As fronteiras entre MCA e medicina convencional não são absolutas devido,
principalmente, a aspectos culturais e as práticas específicas de MCA podem, ao
longo do tempo, tornarem-se amplamente aceitas (HELLER, 2005).
Atualmente a Medicina Complementar e Alternativa acompanha o processo
dinâmico de mudanças na sociedade contemporânea. Seu crescimento abre uma
vasta gama de perspectivas na formação acadêmica de profissionais da saúde,
inserida em currículos de vários cursos superiores (HELLER, 2005).
No Brasil, o Ministério da Saúde define claramente a importância da MCA e
da abordagem holística no cuidado em Saúde:
“O campo da PMNPC (Grifo meu: Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares) contempla sistemas Médicos complexos e recursos terapêuticos, os quais são também denominados pela Organização Mundial de Saúde – OMS – de medicina tradicional e
47
complementar/alternativa (MT/MCA). Tais sistemas e recursos envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de promoção e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. Outros pontos compartilhados pelas diversas abordagens abrangidas nesse campo são a visão ampliada do processo saúde/doença e a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado “ (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
"Tuas forças naturais, as que estão dentro de ti, serão as que curarão suas
doenças." Seguindo esse preceito de Hipócrates, a Medicina Complementar e
Alternativa se baseia no fortalecimento interno do indivíduo e na abordagem
holística, para que ele possa lançar mão de sua força natural e inata de manter-se
sadio.
Sendo assim, o cuidado na Medicina Complementar e Alternativa supõe um
vasto conhecimento tecnológico das diversas abordagens terapêuticas, assim como
uma formação humanística apurada.
Barbosa e Hill (apud TROVÓ, SILVA, 2002) agrupam as terapias
Alternativas/Complementares em:
Terapias físicas como acupuntura, moxabustão, shiatsu, técnicas de
massagens em geral, do-in, argiloterapia, cristais;
Hidroterapia como banhos, vaporização e sauna;
Fitoterapia através de ervas medicinais, florais, aromaterapia;
Nutrição prevendo nutrição alternativa, terapêutica nutricional ortomolecular;
Ondas, radiações e vibrações em radiestesia e radiônica;
Terapias mentais e espirituais como meditação, relaxamento, psicomuscular,
cromoterapia, toque terapêutico, visualização e Reiki;
Terapia de exercícios individuais como biodança e vitalização.
48
4 APLICAÇÕES DA AROMATERAPIA CLÍNICA NA PRÁTICA DA
ENFERMAGEM
O profissional enfermeiro com formação em práticas complementares
aprimora sua visão holística e pode exercer um papel importante no hospital, postos
de saúde ou mesmo na comunidade (ELER; JAQUES, 2004).
Os enfermeiros já utilizam algumas terapias para o controle da dor, como
técnicas de relaxamento e massagem com óleos essenciais. As ervas aromáticas
têm efeitos sobre o sistema cardiovascular, sistema nervoso central, respiratório e
gastrointestinal. Elas também desempenham papéis importantes como antibióticos,
anti-inflamatórios, anti-virais, anticancerígenos, etc . Nos últimos anos, o uso de
óleos essenciais tem sido bastante divulgado para mostrar uma perspectiva de
ampla aplicação medicinal (HUANG; GU; LI, 2009)..
Em estudo realizado no Canadá, com alunos do último ano dos cursos de
graduação em Medicina, Farmácia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e
Enfermagem, sobre conhecimento e opinião a respeito de técnicas
49
alternativas/complementares, os resultados mostram que são os futuros enfermeiros
os que mais fazem uso de tais técnicas (TROVÓ; SILVA, 2002).
Existem muitos artigos científicos que destacam as terapias complementares
e incluem a aromaterapia em suas citações como importante recurso aplicado por
enfermeiros em diversos âmbitos do sistema de saúde, sendo, principalmente para
alívio da dor e para controle do estresse (ELER, JAQUES 2006; HUANG, GU, LI
2009; TROVÓ, SILVA, 2002; SILVA; LEÃO, 2004; BRUM et al 2008; SANTOS et al
2009; NUÑEZ, CIOSAK 2003).
No Brasil, em 1993, antes mesmo de seu reconhecimento como especialistas,
47 enfermeiros já utilizavam as Terapias Alternativas/ Complementares, incluindo
aromaterapia, no tratamento de seus pacientes (TROVÓ; SILVA, 2002).
“A aromaterapia consiste na aplicação de óleos essenciais, obtidos de plantas aromáticas, que podem alterar a percepção da dor crônica, além de auxiliar na manutenção da integridade da pele e no controle do estresse. O efeito é devido à sua constituição (ésteres, cetonas, hidrocarbonos, entre outros) que atravessam a membrana celular, além de, na inalação haver contato direto com as estruturas nervosas centrais, via bulbo olfatório. O aroma influencia a resposta emocional, pois o sistema límbico tem conexões diretas com o bulbo olfatório e as emoções podem alterar processos fisiológicos, afetando diversos neurotransmissores, reduzindo o limiar de dor, podendo ser aplicada concomitantemente com a massagem ou isoladamente” (ELER, JAQUES; 2006).
Esse trecho do trabalho de Eler e Jaques (2006) cita os efeitos dos óleos
essenciais sobre três condições frequentemente afetadas em pacientes/clientes e
com as quais o enfermeiro lida diariamente, sendo: dor crônica, integridade da pele
e controle do estresse. Pacientes acamados têm alto risco de comprometimento da
integridade da pele, o que pode ser solucionado ou amenizado com o uso de
massagens com óleos essenciais. A dor crônica é outro aspecto frequente e para o
qual o enfermeiro precisa lançar mão de recursos, além da medicação prescrita pelo
médico. A aromaterapia é um recurso eficiente e versátil para lidar com o estresse
provocado pela ansiedade, medo, raiva, desesperança, depressão, tristeza,
sentimentos sempre presentes, tanto nos pacientes quanto nos enfermeiros
assistenciais, por estarem em contato direto e contínuo no cotidiano profissional.
Óleos essenciais, como a Lavanda (L. angustifolia) têm sido utilizados por
enfermeiros desde a época de Florence Nightingale, que utilizava a aromaterapia no
tratamento da dor, demonstrando que o toque e o aroma afetam não só a
50
intensidade, mas também a percepção da dor, assim como os óleos de camomila (A.
nobile), peppermint (Mentha piperita), ginger (Zingiber officinalis), black pepper
(Piper nigrum) comprovadamente reduzem a dor (ELER, JAQUES; 2006).
No Brasil, não existem estatísticas oficiais sobre a utilização da MCA. No
entanto, o Sindicato Nacional dos Terapeutas Naturais (SINATEN) divulga que mais
de 10 milhões de pessoas já passaram por tratamentos complementares e existe um
crescimento de 15% ao ano. Calcula-se que 70 mil profissionais se dediquem a MCA
no país (SILOTTO, 2009)
A Portaria nº 971, de 03 de Maio de 2006 aprova a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS)
em São Paulo. Dentre as terapias aprovadas para serem utilizadas no SUS estão
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009):
Acupuntura: sistema médico complexo da Medicina Tradicional Chinesa
(MTC), que aborda de modo integral e dinâmico o processo saúde-doença no
ser humano constituindo-se de ações de promoção e recuperação da saúde e
prevenção de doenças;
Homeopatia: sistema médico complexo que aborda de forma integral e
dinâmica o processo saúde-doença, e atua no campo da prevenção de
agravos, promoção e recuperação da saúde;
Fitoterapia: recurso terapêutico caracterizado pelo uso de plantas medicinais
em suas diferentes formas farmacêuticas;
Medicina antroposófica (MA): é um sistema médico complexo que oferece
possibilidades para a ampliação da atenção à saúde por meio de técnicas,
recursos e abordagens de baixa complexidade tecnológica, com ênfase na
estimulação das forças curativas do próprio organismo e apoio ao
desenvolvimento global dos indivíduos (biológico, psicológico, social e
espiritual). A MA tem como fundamentação conceitual e metodológica a
antroposofia, conhecimento sistematizado, inicialmente, por Rudolf Steiner.
A Aromaterapia é parte da fitoterapia e por isso se inclui nos sistemas
terapêuticos aprovados pela Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo. No
51
entanto, ela é pouco utilizada em hospitais e sistemas de saúde em geral, a não ser
por alguns profissionais autônomos que a praticam por conta própria, não fazendo
parte do protocolo das instituições (LYRA, 2009).
A aromaterapia é encontrada em spas, clínicas de terapias alternativas e
complementares e consultórios particulares de profissionais autônomos. No entanto
não existe nenhuma legislação específica do MEC (Ministério da Educação) para
metodologia e carga horária dos cursos e a profissão “aromaterapeuta” não é
reconhecida oficialmente. Também não existem leis que regulamentem a clínica e os
produtos aromaterapêuticos. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
classifica os óleos essenciais como cosméticos e não como medicamentos
fitoterápicos, sendo assim, existem poucas restrições para a venda (LYRA, 2009).
Fora do ambiente profissional, muitas pessoas utilizam aromaterapia na sua
vida pessoal, no entanto, é comum ver utilizações inadequadas e com produtos
adulterados. A oferta de produtos de má qualidade no mercado é decorrente da falta
de legislação específica (LYRA, 2009).
Algumas universidades brasileiras realizam estudos e pesquisas em
aromaterapia científica. A Escola de Enfermagem da USP (EEUSP) possui um
“Grupo de Práticas Complementares ou Alternativas de Saúde” que incentiva o
desenvolvimento de pesquisas na área, incluindo aromaterapia, além de realizar
atendimentos à comunidade EEUSP e oferecer cursos básicos de informação e
atualização em várias práticas, inclusive aromaterapia (ESCOLA DE ENFERMAGEM
DA USP, 2006).
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) autoriza e reconhece o uso
das práticas complementares como qualificação profissional do enfermeiro, podendo
este praticá-las dentro de hospitais, clínicas, serviço público e privado de saúde,
ampliando o campo de ação do enfermeiro e promovendo o aperfeiçoamento de seu
trabalho no que tange ao bem estar integral dos clientes.
“RESOLUÇÃO COFEN Nº 197/1997: Estabelece e reconhece as Terapias
Alternativas como especialidade e/ou qualificação do profissional de
Enfermagem. O Conselho Federal de Enfermagem, no uso de sua
competência estipulada no artigo 8º(...), onde dispõe que as terapias
alternativas (Acupuntura, Iridologia, Fitoterapia, Reflexologia, Quiropraxia,
52
Massoterapia, dentre outras), (...) RESOLVE: Art. 1º - Estabelecer e
reconhecer as Terapias Alternativas como especialidade e/ou qualificação
do profissional de Enfermagem; Art. 2º - Para receber a titulação prevista
no artigo anterior, o profissional de Enfermagem deverá ter concluído e sido
aprovado em curso reconhecido por instituição de ensino ou entidade
congênere, com uma carga horária mínima de 360 horas; Art. 3º - A
presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação,
revogando-se as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 19 de março de
1997” (TEIXEIRA; BAIS, 1997).
Lyra (2009) faz um estudo sobre a utilização da aromaterapia clínica no
mundo. Os países onde, segundo a autora, enfermeiros e outros profissionais da
saúde fazem uso desta terapia são:
França - é considerado um dos países mais tradicionais em aromaterapia.
Neste país, aromaterapia é um curso universitário, e as universidades
oferecem formação de naturothérapeute para médicos e naturopath para
profissionais da saúde não médicos. A aromaterapia é praticada por médicos,
cirurgiões dentistas, veterinários e farmacêuticos.
Inglaterra - país com forte tradição em Aromaterapia e com muitas
publicações científicas. É uma terapia muito utilizada por diversos
profissionais incluindo enfermeiros, em hospitais, clínicas e consultórios
particulares.
Alemanha - enfermeiros, médicos e naturopatas em 5 a 10% dos hospitais
praticam aromaterapia.
Austrália - especialmente enfermeiros. A aromaterapia é uma das terapias
complementares mais utilizadas neste país, principalmente em cuidados
paliativos, obstetrícia e gerontologia.
Canadá - a aromaterapia é utilizada há anos em clínicas particulares, spas e
hospitais.
Croácia - a aromaterapia faz parte da medicina tradicional do país, e é muito
usada como medicina popular. Alguns hospitais e clínicas particulares têm
departamento de aromaterapia, realizando atendimento e cursos.
Estados Unidos da América - enfermeiros têm usado cada vez mais a
aromaterapia dentro de hospitais, criando protocolos de aplicação e regras
específicas para cada local.
53
Israel - Aromaterapia é utilizada por enfermeiros, fisioterapeutas, parteiras.
Diversos seguros de saúde oferecem cobertura para tratamentos de medicina
complementar, incluindo Aromaterapia.
O uso da aromaterapia por profissionais enfermeiros já está bastante
difundido pelo mundo. No entanto, é evidente a necessidade de legislações
adequadas e padronizadas, tanto para a prática clínica como para o ensino e para
os produtos, garantindo assim qualidade na assistência e respaldo científico e legal
aos profissionais e usuários.
5 CONCLUSÃO
A Aromaterapia Clínica é um sistema terapêutico que faz parte da Medicina
Complementar e Alternativa, com grande potencial, cientificamente comprovado,
para a melhoria, cura ou prevenção de uma série de distúrbios patológicos, sejam
eles, físicos, emocionais ou mentais, dada a afinidade entre aromaterapia e
enfermagem nos tipos de cuidados prestados e visão holística do ser humano.
Esta análise sugere que tanto as terapias complementares, como a
aromaterapia são campos a serem explorados, por diversos profissionais, inclusive
enfermeiros. À medida que mais profissionais se qualificarem e buscarem
aperfeiçoamento dentro destes temas, melhor reconhecidas serão as técnicas e a
atividade profissional ligada à essas práticas. O profissional da enfermagem no
Brasil, têm o reconhecimento por órgãos fiscalizadores da classe, e pela
Organização Mundial da Saúde, o que facilita muito sua atuação dentro de
instituições de saúde.
A legislação vigente no país possibilita a implantação imediata desta terapia,
por enfermeiros, tanto na rede pública de saúde como na particular. Entretanto, o
54
que se mostra falho é o programa de regulamentação quanto ao ensino e
qualificação dos produtos, ponto fundamental para garantir uma prática segura e
realmente eficiente. Pesquisas de campo nas diversas áreas de atuação do
profissional enfermeiro, bem como o desenvolvimento de regulamentação do ensino
e prática além de legislação adequada para os óleos essenciais se mostram
urgentes e necessários.
A interseção da enfermagem com a aromaterapia existe, com um potencial
amplo e possivelmente benéfico para profissionais e clientes, mas é necessário um
aprofundamento teórico, científico e prático para qualificar a Aromaterapia Clínica
como prática da Medicina Complementar na Enfermagem.
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