manual do guerreiro da luz_trecho
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Pau lo Coe lho
Manual do guerreiro
da luz
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Para S.I.L.,
Carlos Eduardo Rangel e Anne Carrire,
mestres no uso do rigor e da compaixo.
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Maria, concebida sem pecado,
rogai por ns, que recorremos a Vs. Amm.
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No existe discpulo superior ao mestre.
Todo discpulo perfeito dever ser como o mestre.
Lucas 6:40
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Seus filhos no so seus filhos; so filhos e filhas da vida. Vieram
atravs de vocs, mas no lhes pertencem.
Podem dar seu amor, mas no seus pensamentos porque eles
tm seus prprios sonhos.
Podem proteger seus corpos, mas no suas almas porque suas
almas habitam na casa do amanh, que mesmo em sonho vocs no
podem visitar.
Podem tentar ser como eles, mas no tentem fazer com que se
comportem como vocs; porque a vida no retrocede, nem se deixa
seduzir pelo dia de ontem.
Vocs so o arco onde seus filhos, como flechas vivas, so impul-
sionados adiante; deixem que a mo do Arqueiro trabalhe, porque
assim como Ele ama a flecha que voa, tambm ama o arco, que
permanece estvel.
Khalil Gibran, O profeta
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Antes de comear
Na praia a leste da aldeia existe uma ilha, com um gigantesco
templo, cheio de sinos, disse a mulher.
O menino reparou que ela vestia roupas estranhas e tinha um
vu cobrindo os cabelos. Nunca a vira antes.
Voc j viu esse templo?, perguntou ela. V l e me conte o
que acha dele.
Seduzido pela beleza da mulher, o menino foi at o lugar indi-
cado. Sentou-se na areia e olhou o horizonte, mas no viu nada
alm do que estava acostumado a ver: o cu azul e o oceano.
Decepcionado, caminhou at um povoado de pescadores vizi-
nho e perguntou sobre uma ilha com um templo.
Ah, isto foi h muito tempo, na poca em que os meus bisa-
vs moravam por aqui, disse um velho pescador. Houve um
terremoto e a ilha afundou no mar. Entretanto, embora j no
possamos mais ver a ilha, ainda conseguimos escutar os sinos do
seu templo, quando o mar os faz balanar l no fundo.
O menino voltou para a praia e tentou escutar os sinos. Passou
a tarde inteira ali, mas s conseguiu ouvir o rudo das ondas e os
gritos das gaivotas.
Quando a noite chegou, seus pais vieram busc-lo. Na manh
seguinte, ele voltou praia; no podia acreditar que uma bela
mulher pudesse contar mentiras. Se algum dia ela voltasse, pode-
ria dizer que no vira a ilha, mas escutara os sinos do templo, que
o movimento da gua fazia tocar.
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Assim se passaram muitos meses; a mulher no voltou e o garoto
a esqueceu; agora estava convencido de que precisava descobrir
as riquezas e tesouros do templo submerso. Se escutasse os sinos,
saberia sua localizao e poderia resgatar o tesouro ali escondido.
J no se interessava mais pela escola, nem pela sua turma de
amigos. Transformou-se no gracejo preferido das outras crianas,
que costumavam dizer: Ele no mais como ns. Prefere ficar
olhando o mar, porque tem medo de perder nos jogos.
E todos riam, vendo o menino sentado beira da praia.
Embora no conseguisse escutar os velhos sinos do templo,
o menino ia aprendendo coisas diferentes. Comeou a perceber
que, de tanto ouvir o rudo das ondas, j no se deixava distrair
por elas. Pouco tempo depois, acostumou-se tambm com os
gritos das gaivotas, o zumbido das abelhas, o vento batendo nas
folhas das palmeiras.
Seis meses depois de sua primeira conversa com a mulher, o
menino j era capaz de no se deixar distrair por nenhum baru-
lho mas tampouco escutava os sinos do templo afundado.
Outros pescadores vinham falar com ele e insistiam: Ns ou-
vimos!, diziam.
Mas o garoto no conseguia.
Algum tempo depois, os pescadores mudaram de conversa:
Voc est muito preocupado com o barulho dos sinos l em-
baixo; deixe isto para l e volte a brincar com seus amigos. Talvez
apenas os pescadores consigam escut-los.
Depois de quase um ano, o menino pensou: Talvez estes ho-
mens tenham razo. melhor crescer, tornar-me pescador e vol-
tar todas as manhs para esta praia, porque passei a gostar dela.
E pensou tambm: Talvez isso tudo seja uma lenda e, com o ter-
remoto, os sinos se tenham quebrado e jamais tornem a tocar.
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Naquela tarde, resolveu voltar para casa.
Aproximou-se do oceano, para despedir-se. Olhou mais uma
vez a natureza e, como j no estava mais preocupado com sinos,
pde sorrir com a beleza do canto das gaivotas, o barulho do mar,
o vento batendo nas folhas das palmeiras. Escutou ao longe a voz
de seus amigos brincando e sentiu-se alegre por saber que logo
estaria de volta aos jogos de sua infncia.
O menino estava contente e, da maneira que s uma criana
sabe fazer, agradeceu por estar vivo. Tinha certeza de que no
perdera o seu tempo, pois aprendera a contemplar e reverenciar
a Natureza.
Ento, porque escutava o mar, as gaivotas, o vento, as folhas das
palmeiras e as vozes de seus amigos brincando, ouviu tambm o
primeiro sino.
E outro.
E mais outro, at que todos os sinos do templo submerso toca-
ram, para a sua alegria.
Anos depois j um homem , ele voltou aldeia e praia da
sua infncia. No pretendia resgatar nenhum tesouro do fundo
do mar; talvez aquilo tudo fosse fruto de sua imaginao e jamais
tivesse escutado os sinos submersos numa tarde perdida da sua
infncia. Mesmo assim, resolveu passear um pouco, para ouvir o
barulho do vento e o canto das gaivotas.
Qual no foi sua surpresa ao ver, sentada na areia, a mulher que
lhe falara da ilha com seu templo.
O que faz aqui?, perguntou.
Esperava voc, respondeu ela.
Ele reparou que embora muitos anos j se tivessem passado
a mulher conservava a mesma aparncia; o vu que escondia seus
cabelos no parecia desbotado pelo tempo.
Ela estendeu-lhe um caderno azul, com as folhas em branco.
Escreve: um guerreiro da luz presta ateno nos olhos de uma
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criana. Porque elas sabem ver o mundo sem amargura. Quando
ele deseja saber se a pessoa ao seu lado digna de confiana, pro-
cura ver como uma criana a olha.
O que um guerreiro da luz?
Voc sabe, respondeu ela, sorrindo. aquele que capaz de
entender o milagre da vida, lutar at o final por algo em que acre-
dita e, ento, escutar os sinos que o mar faz tocar em seu leito.
Ele jamais se julgara um guerreiro da luz. A mulher pareceu
adivinhar seu pensamento: Todos so capazes disso. E ningum
se julga guerreiro da luz, embora todos sejam.
Ele olhou as pginas do caderno. A mulher sorriu de novo.
Escreve sobre o guerreiro, disse ela.
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Manual d o guerreiro da luz
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Um guerreiro da luz nunca esquece a gratido.Durante a luta, foi ajudado pelos anjos; as foras celestiais colo-
caram cada coisa em seu lugar e permitiram que ele pudesse dar o
melhor de si.
Os companheiros comentam: Como tem sorte! E o guerreiro s
vezes consegue muito mais do que sua capacidade permite.
Por isso, quando o sol se pe, ajoelha-se e agradece o Manto Pro-
tetor sua volta.
Sua gratido, porm, no se limita ao mundo espiritual; ele ja-
mais esquece os amigos, porque o sangue deles se misturou ao seu
no campo de batalha.
Um guerreiro no precisa que ningum lhe recorde a ajuda dos
outros; ele se lembra sozinho e divide com eles a recompensa.
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Todos os caminhos do mundo levam ao corao do guerreiro; ele mergulha sem hesitar no rio de paixes que sempre corre por
sua vida.
O guerreiro sabe que livre para escolher o que desejar; suas de-
cises so tomadas com coragem, desprendimento e s vezes com
uma certa dose de loucura.
Aceita suas paixes e as desfruta intensamente. Sabe que no
preciso renunciar ao entusiasmo das conquistas; elas fazem parte da
vida e alegram a todos os que delas participam.
Mas jamais perde de vista as coisas duradouras e os laos criados
com solidez atravs do tempo.
Um guerreiro sabe distinguir o que passageiro e o que definitivo.
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Um guerreiro da luz no conta apenas com suas foras; usa tam-bm a energia do seu adversrio.
Ao iniciar o combate, tudo o que ele possui o seu entusiasmo
e os golpes que aprendeu enquanto treinava; medida que a luta
avana, descobre que o entusiasmo e o treinamento no so suficien-
tes para vencer: preciso experincia.
Ento ele abre o seu corao para o Universo e pede a Deus que o
inspire, de modo que cada golpe do inimigo seja tambm uma lio
de defesa para ele.
Os companheiros comentam: Como supersticioso. Parou a luta
para rezar, e respeita os truques do adversrio.
O guerreiro no responde a essas provocaes. Sabe que, sem ins-
pirao e experincia, no h treinamento que d resultado.
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Um guerreiro da luz jamais trapaceia; mas sabe distrair seu adversrio.
Por mais ansioso que esteja, joga com os recursos da estratgia
para atingir seu objetivo. Quando v que est no final de suas foras,
faz com que o inimigo pense que no tem pressa. Quando precisa
atacar o lado direito, move as suas tropas para o lado esquerdo. Se
pretende iniciar a luta imediatamente, finge que est com sono e
prepara-se para dormir.
Os amigos comentam: Vejam como perdeu seu entusiasmo. Mas
ele no d importncia aos comentrios, porque os amigos no co-
nhecem suas tticas de combate.
Um guerreiro da luz sabe o que quer. E no precisa ficar explicando.
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Comenta um sbio chins sobre as estratgias do guerreiro da luz:Faa seu inimigo acreditar que no conseguir grandes recom-
pensas se decidir atac-lo; desta maneira, voc diminuir seu en-
tusiasmo.
No tenha vergonha de retirar-se provisoriamente do combate,
se perceber que o inimigo est mais forte; o importante no a ba-
talha isolada, mas o final da guerra.
Se voc estiver bastante forte, tampouco tenha vergonha de fin-
gir-se de fraco; isto faz seu inimigo perder a prudncia e atacar antes
da hora.
Numa guerra, a capacidade de surpreender o adversrio a
chave da vitria.
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curioso, comenta o guerreiro da luz consigo. Encontrei tanta gente que na primeira oportunidade tenta mostrar o pior de
si. Esconde a fora interior atrs da agressividade; disfara o medo
da solido com um ar de independncia. No acredita na prpria
capacidade, mas vive pregando aos quatro ventos suas virtudes.
O guerreiro l essas mensagens em muitos homens e mulheres que
conhece. Nunca se deixa enganar pelas aparncias e faz questo de
permanecer em silncio quando tentam impression-lo. Mas usa a
ocasio para corrigir suas falhas j que as pessoas so sempre um
bom espelho.
Um guerreiro aproveita toda e qualquer oportunidade para en-
sinar a si mesmo.
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O guerreiro da luz s vezes luta com quem ama.O homem que preserva seus amigos jamais dominado pelas
tempestades da existncia; tem foras para ultrapassar as dificulda-
des e seguir adiante.
Entretanto, muitas vezes sente-se desafiado por aqueles a quem
procura ensinar a arte da espada. Seus discpulos o provocam para
um combate.
E o guerreiro mostra sua capacidade: com alguns golpes, lana
as armas dos alunos por terra, e a harmonia volta ao local onde
se renem.
Por que fazer isso, se s to superior?, pergunta um viajante.
Porque, quando me desafiam, na verdade esto querendo con-
versar comigo e dessa maneira mantenho o dilogo, responde
o guerreiro.
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Um guerreiro da luz, antes de entrar num combate importante, pergunta a si mesmo: At que ponto desenvolvi minha habilidade?
Ele sabe que as batalhas que travou no passado sempre termina-
ram por ensinar alguma coisa. Entretanto, muitos desses ensina-
mentos fizeram o guerreiro sofrer alm do necessrio. Mais de uma
vez, ele perdeu seu tempo, lutando por uma mentira. E sofreu por
pessoas que no estavam altura de seu amor.
Os vitoriosos no repetem o mesmo erro. Por isso o guerreiro s
arrisca seu corao por algo que vale a pena.
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Um guerreiro da luz respeita o principal ensinamento do I Ching: A perseverana favorvel.
Ele sabe que perseverana nada tem a ver com a insistncia. Exis-
tem pocas em que os combates se prolongam alm do necessrio,
exaurindo suas foras e enfraquecendo seu entusiasmo.
Nesses momentos, o guerreiro reflete: Uma guerra prolongada
termina tambm destruindo o vitorioso.
Ento retira suas foras do campo de batalha e d uma trgua
a si mesmo. Persevera em sua vontade, mas sabe esperar o melhor
momento para um novo ataque.
Um guerreiro sempre volta luta. Nunca faz isto por teimosia e
sim porque nota mudana no tempo.
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Um guerreiro da luz sabe que certos momentos se repetem.Com frequncia se v diante dos mesmos problemas e situaes
que j havia enfrentado; ento fica deprimido, pensando que inca-
paz de progredir na vida, j que os momentos difceis esto de volta.
J passei por isso, ele reclama com seu corao.
Realmente, voc j passou, responde o corao. Mas nunca
ultrapassou.
O guerreiro ento compreende que as experincias repetidas tm
uma nica finalidade: ensinar-lhe o que no quer aprender.
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Um guerreiro da luz sempre faz algo fora do comum.Pode danar na rua enquanto caminha para o trabalho, olhar
nos olhos de um desconhecido e falar de amor primeira vista, de-
fender uma ideia que pode parecer ridcula. Os guerreiros da luz se
permitem tais dias.
Ele no tem medo de chorar mgoas antigas nem de se alegrar
com novas descobertas. Quando sente que chegou a hora, larga tudo
e parte para sua aventura to sonhada. Quando entende que est no
limite de sua resistncia, sai do combate, sem culpar-se por ter feito
uma ou duas loucuras inesperadas.
Um guerreiro no passa seus dias tentando representar o papel
que os outros escolheram para ele.
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Os guerreiros da luz mantm o brilho nos olhos.Esto no mundo, fazem parte da vida de outras pessoas e come-
aram sua jornada sem alforje e sem sandlias. Muitas vezes so
covardes. Nem sempre agem certo.
Sofrem por coisas inteis, tm atitudes mesquinhas e s vezes se
julgam incapazes de crescer. Frequentemente acreditam-se indignos
de qualquer bno ou milagre.
Nem sempre tm certeza do que esto fazendo aqui. Muitas vezes
passam noites em claro, achando que suas vidas no tm sentido.
Por isso so guerreiros da luz. Porque erram. Porque se pergun-
tam. Porque procuram uma razo e com certeza vo encontr-la.
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Um guerreiro da luz no tem medo de parecer louco.Ele fala em voz alta consigo mesmo, quando est sozinho. Algum
lhe ensinou que esta a melhor maneira de se comunicar com os
anjos, e ele arrisca o contato.
No comeo, nota como difcil. Pensa que nada tem a dizer, que
vai ficar repetindo bobagens sem sentido. Mesmo assim, o guerreiro
insiste. Todo dia conversa com seu corao. Diz coisas com as quais
no concorda, fala bobagens.
Um dia, percebe mudana em sua voz. E entende que est cana-
lizando uma sabedoria maior.
O guerreiro parece louco, mas isto apenas um disfarce.
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Diz um poeta: O guerreiro da luz escolhe seus inimigos.Ele sabe do que capaz; no precisa sair pelo mundo contando
suas qualidades e virtudes. Entretanto, a todo momento aparece al-
gum querendo provar que melhor que ele.
Para o guerreiro, no existe melhor ou pior: cada um tem os
dons necessrios para o seu caminho individual.
Mas certas pessoas insistem. Provocam, ofendem, fazem de tudo
para irrit-lo. Nesse momento, seu corao diz: No aceite as ofensas,
elas no vo aumentar a sua habilidade. Voc vai se cansar toa.
Um guerreiro da luz no perde seu tempo escutando provocaes;
ele tem um destino a ser cumprido.
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O guerreiro da luz recorda um trecho de John Bunyan:Embora tenha passado por tudo que passei, no me arrependo
dos problemas em que me meti porque foram eles que me trouxe-
ram at onde desejei chegar. Agora, tudo o que tenho esta espada, e
a entrego para todo aquele que desejar seguir sua peregrinao. Levo
comigo as marcas e cicatrizes dos combates elas so testemunhas
do que vivi, e recompensas do que conquistei.
So essas marcas e cicatrizes queridas que vo me abrir as portas
do Paraso. Houve poca em que vivi escutando histrias de bravura.
Houve poca em que vivi apenas porque precisava viver. Mas agora
vivo porque sou um guerreiro e porque quero um dia estar na com-
panhia Daquele por quem tanto lutei.
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