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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE
NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN
SUENYA DE OLIVEIRA ALVES BEZERRA
IDOSOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS: UMA ANÁLISE DA USABILIDADE
EM UM ESTUDO DE CASO.
Caruaru
2017
SUENYA DE OLIVEIRA ALVES BEZERRA
IDOSOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS: UMA ANÁLISE DA USABILIDADE
EM UM ESTUDO DE CASO.
Projeto de Graduação de Design apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, no Centro Acadêmico do Agreste.
Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros
Caruaru
2017
Catalogação na fonte:
Bibliotecária – Marcela Porfírio CRB/4 - 1878
B574i Bezerra, Suenya de Oliveira Alves.
Idosos e abrigos de ônibus: uma análise da usabilidade em um estudo de caso. / Suenya de Oliveira Alves Bezerra. – 2017.
102f. ; il. : 30 cm. Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAA, Design, 2017. Inclui Referências. 1. Mobiliário urbano. 2. Idosos. 3. Desenhos (Projetos). I. Barros, Bruno Xavier
da Silva (Orientador). II. Título. 740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2017-384)
SUENYA DE OLIVEIRA ALVES BEZERRA
“IDOSOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS: Uma análise da usabilidade em um estudo
de caso.”
Projeto de Graduação de Design apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, no Centro Acadêmico do Agreste.
Aprovado em: 20/12/2017.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________
Prof. Bruno Xavier da Silva Barros
_________________________________
Prof. José Adilson da Silva Júnior
_________________________________
Prof. Edgard Thomas Martins
CARUARU
2017
Dedico esta monografia com todo o meu amor e gratidão à toda
a minha família, mãe, pai, aos meus irmãos, avôs, tios, primos e
ao meu amado esposo José Muniz, e, em especial ao meu avô
paterno Daniel e ao meu Pai Divael (in memorian), por
contribuírem da melhor forma possível para a realização dos
meus objetivos.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, por não ter me desamparado e por ter
permanecido comigo durante todo o meu ciclo acadêmico na universidade e por toda
a minha vida neste mundo.
Agradeço imensamente a minha família, a minha mãe Janilda Borba de Oliveira e ao
meu pai Divael Alves Bezerra, por toda compreensão, força, suporte e por me
conduzirem da melhor forma possível, mesmo em meios aos problemas vividos. Não
posso deixar de agradecer as minhas doces e amáveis irmãs Sabryna Alves e Sheila
Alves e ao meu irmão Marcelo Oliveira, que sempre estiveram comigo, agradeço
infinitamente por conviverem comigo, apoiando e me incentivando para continuar e
concluir essa etapa acadêmica em minha vida. Agradeço também aos meus avós
paternos Daniel e Valdete e aos meus avós maternos José e Maria, agradeço também
aos meus tios e tias e a todos os meus primos por fazerem de mim sempre um ser
melhor neste mundo.
Em seguida, sou grata ao meu querido e amado esposo José Muniz e toda a sua
família, por estarem sempre torcendo e me incentivando para continuar e não desistir
nunca dos meus projetos.
Gostaria de agradecer a todos que fazem parte da Universidade Federal de
Pernambuco, de modo especial àqueles que fazem parte do Campus Acadêmico do
Agreste, na cidade de Caruaru e a todos os professores de design que conheci e que
da melhor forma fundamentaram toda a minha base acadêmica, aos demais
funcionários do centro acadêmico do agreste, por terem me proporcionado toda uma
estrutura para a minha graduação em Design.
Agradeço ao digníssimo professor Bruno Barros, por ter se disponibilizado a me
orientar neste projeto e por contribuir da melhor forma possível para o meu
crescimento acadêmico, profissional e pessoal, se mostrando sempre disposto a
ajudar e a retirar qualquer dúvida existente durante a realização de todo esse projeto,
sempre pronto para me direcionar ao melhor caminho.
Agradeço, com todo o meu amor e carinho, as pessoas e aos amigos que conheci
durante todo o curso e que conviveram comigo durante todo esse tempo, que de
alguma forma, compartilharam conhecimentos, aprendizados, momentos de
felicidades e de tristezas, e que de algum jeito me fizeram chegar até aqui, ficarão
para sempre em minha vida, grata a Deus por ter conhecido todos vocês.
Finalizo esses agradecimentos, em especial ao meu pai Divael e ao meu avô Daniel
que onde quer que eles estejam suponho que estão muito felizes por mim, por mais
esta conquista em minha vida, essa saudade por eles jamais passará, só aumenta e
as vezes nem acredito que eles já partiram, o tempo jamais será capaz de apagar o
que todos nós passamos, tenho a certeza de um dia encontrar vocês e poder sorrir
novamente, este ano não foi fácil, mas até aqui nos ajudou o Senhor!
Por fim, agradeço a todas as pessoas e também aos idosos voluntários que
participaram e colaboraram para a realização deste estudo.
Guarda-me como a menina dos teus olhos, esconde-me
debaixo da sombra das tuas asas.
(Salmo 17:8)
RESUMO Com o crescimento no número de idosos residentes no Brasil, é necessário que sejam
projetados mobiliários urbanos levando em consideração as reais necessidades e
demandas que acometem esta gama da sociedade. Com o envelhecimento, os idosos
apresentam limitações físicas, psíquicas e sociais que geram uma certa insegurança
nos longevos em utilizar certos tipos de equipamentos urbanos que se encontram
distribuídos, e em muitas situações, são encontrados inadequados de se fazerem uso,
o que impossibilita de certa forma a utilização adequada deste tipo de mobiliário. Nesta
pesquisa foram abordados assuntos pertinentes às limitações físicas e psíquicas
decorrentes do envelhecimento, a figura idosa em ambientes públicos, o mobiliário
urbano, os abrigos de ônibus, além também da estrutura, funções e materiais
utilizados na fabricação deste mobiliário urbano. Diante disto, foi realizado um estudo
de caso, para investigar a usabilidade dos abrigos de ônibus frente ao público na
cidade de Caruaru - PE, o intuito foi o de verificar quais são as dificuldades
enfrentadas por estes longevos durante a permanência nesses equipamentos durante
a espera do transporte coletivo. Para verificar como foi realizada essa relação entre
os idosos e os abrigos, foi utilizado o método indutivo, já os métodos de procedimento
adotados foram o observacional, o estruturalista, o funcionalista, o estudo de caso e,
também adaptações de etapas da metodologia de Moraes (2010). A análise foi
enfática em mostrar que os abrigos de ônibus não atendem as especificações de
medidas recomendadas por Iida (2005) e por Panero e Zelnik (2013), e foram
encontrados inadequados ao uso dos usuários longevos. Diante disto, foram
propostas recomendações ergonômicas capazes de suprir as necessidades dos
idosos e também do público em geral, em prol de tornar o ambiente dos abrigos de
ônibus um lugar mais acessível diante das diversidades e das limitações que são
encontradas com o avançar da idade dos longevos brasileiros.
Palavras-chave: Idosos. Abrigos de Ônibus. Usabilidade.
ABSTRACT With the growing number of elderly people residing in Brazil, it is necessary to design
urban furniture, taking into account considerations such as recalls and demands that
accumulate this range of society. With the aging, the elderly in charge of physical,
psychological and social limitations that generate a certain insecurity in the long-lived
ones to use certain types of urban equipment that are distributed, and in many
situations, are found inadequate to make use of, which makes it impossible for certain
suitable for the type of furniture. In this research, the areas of physical and mental
limitations due to aging, an elderly figure in public spaces, urban furniture, bus shelters,
as well as the structure, functions, and materials used in the manufacture of this urban
furniture are discussed. A case study was carried out to investigate the usability of bus
shelters in front of the public in the city of Caruaru - PE, the purpose of payment and
the difficulties faced by these people during a stay during the waiting for collective
transportation. The application method, the method of application, the method of
inquiry, the adopted procedure methods or the observational, the structuralist, the
functionalist, the case study and also the adaptations of steps of the methodology of
Moraes (2010). The analysis was emphatic on display and bus shelters do not meet
as specifications of measures recommended by Iida (2005) and by Panero & Zelnik
(2013), and so many found unsuitable for the use of the long-lived users. In view of
this, proposals were proposed for ergonomics capable of meeting the needs of the
elderly and also the general public, in order to make the environment of bus shelters a
more accessible place in view of the diversities and limitations encountered in the
advancement of the age of long-lived Brazilians.
Key-words: Elderly. Bus shelters. Usability.
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora
OMS – Organização Mundial da Saúde
PC – Policarbonato
PMMA – Polimetilacrilato
PNI – Política Nacional do Idoso
STP – Sistema de Transporte Público
UV – Ultravioleta
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Projeção da população brasileira de 2010 e de 2050.................................. 25
Figura 02: Dimensionamento do abrigo de ônibus........................................................ 38
Figura 03 - A e B: Vista superior (A) e vista lateral (B) do abrigo de ônibus com o
ponto de parada............................................................................................................
39
Figura 04 - A e B: Assento alto (A) e assento baixo (B) com relação ao piso, para o
usuário..........................................................................................................................
42
Figura 05 - A e B: Assento com grande (A) e pequena (B) profundidade para o
usuário...........................................................................................................................
43
Figura 06: Encosto com formato côncavo com espaço de 15 a 20cm.......................... 44
Figura 07: Paradas distribuídas na Av. Agamenon Magalhães em Caruaru-PE.
Destaque para os abrigos 1; 2; 3; e 4, analisados neste estudo...................................
48
Figura 08: Estrutura dos abrigos de ônibus de Caruaru-PE.......................................... 50
Figura 09: Assento do abrigo de ônibus de Caruaru-PE............................................... 50
Figura 10: Painel frontal do abrigo de ônibus de Caruaru-PE....................................... 51
Figura 11: Vista frontal do abrigo................................................................................... 52
Figura 12: Painel lateral do abrigo de ônibus de Caruaru-PE....................................... 53
Figura 13: Vista lateral do abrigo................................................................................... 54
Figura 14: Cobertura de policarbonato dos abrigos de Caruaru-PE............................. 55
Figura 15: Vista superior do abrigo............................................................................... 55
Figura 16: Fixação do abrigo em uma calçada da Av. Agamenon Magalhães............ 56
Figura 17: Expositor de Panfletos................................................................................ 57
Figura 18: Vista lateral, superior e frontal do elemento do abrigo................................ 58
Figura 19: Iluminação dos abrigos de ônibus de Caruaru-PE...................................... 58
Figura 20: Contador de energia com fios entrelaçados................................................ 59
Figura 21: Usuários idosos utilizando o abrigo de ônibus na Av. Agamenon .............. 60
Figura 22: Usuário idoso em pé frente ao abrigo.......................................................... 62
Figura 23: Usuária idosa sentada no assento do abrigo............................................... 63
Figura 24: Propagandas de lojas e de marcas presentes no painel frontal e lateral.... 65
Figura 25: Assento desgastado devido ao uso............................................................. 66
Figura 26: Abrigo posicionado em frente ao sol............................................................ 66
Figura 27: Idoso na sombra de um poste, se protegendo do sol, próximo do abrigo... 67
Figura 28: Pessoas se protegendo do sol, por trás do abrigo de ônibus...................... 68
Figura 29: Lixeira presente neste abrigo de ônibus...................................................... 68
Figura 30: Fixação do abrigo e desnível de calçada..................................................... 69
Figura 31: Assento com pouca profundidade para o usuário idoso de estatura
elevada..........................................................................................................................
72
Figura 32 - A e B: Assento considerado alto para o usuário idoso de baixa estatura... 76
Figura 33: Assento alto e de pouca profundidade para usuária idosa de baixa
estatura..........................................................................................................................
79
Figura 34 - A e B: Assento alto para a usuária idosa de baixa estatura....................... 83
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01: Fatores que atuam nas funções do abrigo de ônibus................................. 41
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Necessidades Físicas, Informativas e Sociais............................................ 32
Quadro 02: Fatores sociais e culturais, físicos, ambientais e econômicos.................... 35
Quadro 03: Considerações para o design de mobiliário urbano.................................... 36
Quadro 04: Conforto físico e psicológico....................................................................... 40
Quadro 05: Análise do assento e do encosto do abrigo 1............................................. 71
Quadro 06: Análise do assento e do encosto do abrigo 2............................................. 75
Quadro 07: Análise do assento e do encosto do abrigo 3............................................. 78
Quadro 08: Análise do assento e do encosto do abrigo 4............................................. 82
Quadro 09: Análise do assento e do encosto do abrigo 1, 2, 3 e 4 analisados neste
estudo............................................................................................................................
84
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............…........................................................................................... 16
1.1 Justificativa........................................................................................................ 19
1.2 Objetivos.……..….............................................................................................. 20
1.2.1 Objetivos Gerais.......................................................................................... 20
1.2.2 Objetivos Específicos.................................................................................. 20
1.3 Metodologia Geral............................................................................................. 21
2 O IDOSO.................................................................................................................... 23
2.1 O Público Idoso no Brasil......…....................................................................... 24
2.2 As Limitações Decorrentes do Envelhecimento............................................ 26
2.3 O Idoso em Espaço Público............................................................................. 29
3 MOBILIÁRIO URBANO.............................................................................................. 33
3.1 Abrigos de Ônibus............................................................……......................... 37
3.2 Estrutura, Funções e Materiais........................................................................ 38
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS.............................................. 46
4.1 Descrição do Local do Estudo de Caso.......................................................... 47
4.1.1 Descrição dos Abrigos de Ônibus............................................................... 49
4.2 Classificação do Usuário.................................................................................. 60
4.2.1 Descrição das Atividades Analisadas.......................................................... 61
5 RESULTADOS............................................................................................................ 64
5.1 Análise do Abrigo 1........................................................................................... 70
5.2 Análise do Abrigo 2........................................................................................... 73
5.3 Análise do Abrigo 3........................................................................................... 77
5.4 Análise do Abrigo 4........................................................................................... 80
5.5 Análises dos Abrigos 1, 2, 3 e 4....................................................................... 84
5.6 Lista de Recomendações Ergonômicas.......................................................... 88
6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 91
6.1 Conclusões Acerca da Consideração do Idoso em Projetos........................ 92
6.2 Conclusões Acerca do Procedimento Investigativo...................................... 94
6.3 Conclusões Acerca das Recomendações Projetuais Estabelecidas........... 94
6.4 Sugestões para Estudos Posteriores.............................................................. 95
REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 97
16
1 INTRODUÇÃO
Em uma perspectiva mundial tem-se evidenciado um grande aumento do
envelhecimento humano, no Brasil essa realidade não é muito diferente, devido ao
grande número de idosos residentes no país. Em função disso, as pesquisas voltadas
para o campo do Design e da Ergonomia se fazem necessárias e se tornam
ferramentas importantes para a busca de uma melhor qualidade de vida para
esses idosos. Nesta seção, serão explanados os aspectos introdutórios da pesquisa,
a justificativa, os objetivos e o método de abordagem utilizado neste estudo.
Segundo Kuchemann (2012), as projeções indicam que, no ano de 2020, a população
no Brasil, alcançará os 30,9 milhões de idosos, representando assim, cerca de 14%
da população total brasileira. Desta forma, é esperado que esse envelhecimento
produza novas demandas no cenário do Brasil, melhorando assim, a qualidade de
vida desses idosos e, para que isso aconteça, é necessário recorrer aos governantes
brasileiros e reivindicar rápidas respostas em prol das atuais demandas e limitações
que são apresentadas neste estágio de vida para a construção de uma sociedade
mais inclusiva.
Com o avanço da idade, o ser humano passa a apresentar algumas limitações ao
desempenhar algum tipo de atividade, seja ela de característica física, psíquica ou até
mesmo social. Diante desses acontecimentos, é importante refletirmos e discutirmos
sobre esses problemas que envolvem os idosos e as suas limitações, buscando
sempre promover bem-estar físico, psíquico e social através da produção de artefatos
e de mobiliários urbanos destinados a esse público e que os auxiliem da melhor forma
possível no desenvolvimento de suas tarefas diárias.
No século XXI, o mobiliário urbano vem assumindo um maior destaque com o
crescente aumento das pequenas cidades e, em decorrência disso, vêm sendo
instalados nas principais ruas, avenidas, estradas, parques e em praças para diversos
propósitos. Neste contexto, Montenegro (2005) ressalta que os mobiliários urbanos
são elementos voltados para promover comodidade, conforto, segurança e qualidade
de vida para os cidadãos.
17
Em se tratando de qualidade de vida, conforto e de segurança para os usuários de
mobiliários urbanos, torna-se pertinente a atuação de designers com a finalidade de
verificar novas possibilidades do design ser inserido no projeto de mobiliários urbanos,
visando à aplicação de requisitos da Ergonomia para adequação às necessidades e
limitações humanas. No entanto, dificilmente se percebe as considerações humanas
nos projetos de abrigos de ônibus, diante desse fato, um dos públicos que mais
sentem essas necessidades é o usuário idoso, que vem sofrendo bastante devido às
suas limitações físicas, psíquicas e sociais ao fazer uso desses abrigos de ônibus.
Conforme Silveira (2012), os abrigos de ônibus são fixados em lugares pré-
estabelecidos para o embarque e desembarque dos usuários de transporte coletivo.
Para o autor, as paradas ou pontos de ônibus não são considerados abrigos, pois, os
mesmos, só são identificados através das placas sinalizadoras indicativas, diferente
dos abrigos de ônibus que possuem toda uma estrutura voltada para abrigar e
proteger os usuários.
Com o avanço da idade, os idosos passam a apresentar algumas dificuldades motoras
ao desempenhar algum tipo de atividade e diante deste cenário de possíveis
limitações em virtude desse avanço, os idosos, ao fazerem uso dos abrigos de ônibus,
acabam sendo expostos às atividades que podem colocar em risco a sua saúde física
e psíquica. No dia a dia, muitos idosos utilizam os abrigos de ônibus à espera do seu
transporte coletivo, no entanto nem sempre os abrigos são encontrados em condições
adequadas de uso, em razão de problemas e inadequações cada vez mais
frequentes neste tipo de mobiliário urbano.
Em alguns abrigos, as estruturas são feitas de aço e, com o tempo, passam a
apresentar desgaste no material por meio das intempéries climáticas e devido o uso,
com isso, os idosos passam a sentir uma insatisfação no uso desse mobiliário em
virtude das estruturas estarem danificadas e sem receber nenhum tipo de manutenção
pela empresa responsável determinada pela prefeitura da cidade a ser feita esta
manutenção.
É comum que os assentos destes abrigos sejam desconfortáveis, fixados de forma
muito elevada ou muito baixos em relação ao piso e, a depender do tipo de material
18
dos assentos, os mesmos podem ser encontrados quentes durante o dia, e gelados,
à noite. Em função destes fatores, muitos idosos não se sentam, e os que se sentam,
às vezes não conseguem apoiar-se no encosto e colocar os pés no chão devido às
proporções divergentes do assento, desta forma, ao se levantar, o idoso pode cair e
causar algum tipo de lesão física e/ou psicológica. Os encostos dos assentos
comumente não são ergonômicos e, em alguns modelos de abrigos, nem existe esse
tipo de elemento estrutural. É comum encontrar abrigos de ônibus utilizados no meio
urbano, os quais são produzidos sem levar em consideração o usuário idoso.
Frequentemente os abrigos possuem coberturas, porém a proteção desses abrigos
não é muito eficiente (em se tratando da dimensão e disposição em que são
instalados) pois, em alguma parte do dia, o sol ou a chuva pode chegar e causar
transtornos maiores à todos os usuários, inclusive aos usuários longevos.
Também é comum encontrar calçadas em péssimas condições e, no deslocamento
dos abrigos até o ônibus, o idoso pode vir a cair. Outro problema é o tempo de
deslocamento do abrigo até o ônibus, que pode demorar um pouco, pois o idoso
possui um deslocar mais lento e cuidadoso devido às limitações osteomusculares.
Muitos abrigos também são dispostos em lugares que não facilitam o acesso ao
ônibus e isso pode figurar como um desafio para os idosos.
À espera do transporte coletivo, muitos idosos costumam se posicionar em pé na parte
frontal dos abrigos de ônibus, no entanto, em virtude do trânsito da cidade, poderá ser
que os coletivos demorem a chegar, esse tempo de espera pode se tornar algo muito
desgastante e desconfortável para a saúde física e mental desses idosos. Outro fator
a ser observado é que muitos idosos podem se sentir inseguros à espera do transporte
coletivo em virtude dos casos de assaltos que são cada vez mais realizados nos
pontos de parada dos ônibus. Essas inadequações tornam a vida do público idoso
bastante desgastante durante a utilização desses abrigos.
Uma grande parcela dos usuários que utilizam esses abrigos na cidade de Caruaru é
de idosos, os mesmos frequentemente se direcionam à Avenida Agamenon
Magalhães, através do transporte coletivo, com a intenção de se dirigir aos
consultórios médicos que se encontram em grande quantidade distribuídos ao longo
19
dos quarteirões desta, que é uma das principais avenidas da cidade. Dentro deste
contexto, a corrente pesquisa repousou o foco na usabilidade dos abrigos de ônibus
oferecidos para os idosos se protegerem do sol e da chuva, além de também aguardar
o embarque e o desembarque. O intuito foi o de verificar os problemas decorrentes da
relação do uso desse mobiliário urbano tão utilizado pela população idosa.
Acreditamos que a proposição de recomendações projetuais e ergonômicas
alicerçadas em pesquisas científicas e estudos de caso, possa estimular a elaboração
de projetos assistivos de abrigos de ônibus.
1.1 Justificativa
Esta pesquisa tem como foco os problemas relacionados à usabilidade dos abrigos
de ônibus da Avenida Agamenon Magalhães, em Caruaru-PE, por parte dos usuários
idosos. O estudo tem como finalidade propor recomendações ergonômicas para os
abrigos de ônibus, com o intuito de promover a adequação desse mobiliário urbano
ao público idoso.
Para o meio acadêmico essa pesquisa pode contribuir como referência para possíveis
trabalhos e projetos que serão realizados a partir dos estudos que cercam o público
idoso, o envelhecimento, o mobiliário urbano, os abrigos de ônibus e as possíveis
recomendações de projetos de design ergonômico. Com isso, também contribuirá
para um melhor desenvolvimento de pesquisas acerca de mobiliários urbanos
direcionados e adequados às reais necessidades de qualquer que seja o contexto
daquela sociedade.
As vantagens dessa, pesquisa para a sociedade idosa, residente na cidade de
Caruaru, se dará através de elementos projetuais de promoção da qualidade de vida,
através da proposta de recomendações ergonômicas para os abrigos de ônibus, que
são por eles utilizados para descansar e para se proteger do sol e da chuva, à espera
dos transportes coletivos existentes na cidade. Esse estudo poderá servir como base
informativa para projetistas ou designers considerarem a realidade do usuário idoso,
onde será possível identificar os problemas de usabilidade por parte dos idosos com
relação às suas limitações físicas e psíquicas em abrigos de ônibus. Essa análise
20
também contribuirá com recomendações, as quais podem auxiliar os projetistas na
concepção de novos projetos de abrigos.
Por fim, as recomendações que serão geradas nesta pesquisa poderão figurar como
principais requisitos para projetos que ainda estão em fase de criação. A análise do
estudo de caso, bem como das soluções que serão propostas em forma de diretrizes
de adaptação a um determinado tipo de usuário, poderão conduzir futuros projetos.
Com isso, será iminente elaborar produtos adequados desde a sua concepção,
evitando assim, a correção do produto após a ocorrência do erro. Cabe lembrar que o
design de um produto que não considere o usuário idoso, ou um possível erro projetual
na criação de qualquer que seja o produto, pode acarretar em um comprometimento
severo à integridade física e psíquica do longevo, considerando, inclusive, a
interrupção de sua vida.
1.2 Objetivos
A corrente pesquisa se alicerça na necessidade de contribuir para uma melhor relação
de usabilidade dos abrigos de ônibus por parte do usuário idoso, a partir dos
problemas de usabilidade, que poderão ser evidenciados nesse estudo, visando assim
à criação de recomendações para uma melhor utilização desse mobiliário urbano que
é tão utilizado por esse público na cidade de Caruaru-PE.
1.2.1 Objetivos Gerais
Gerar requisitos para promoção da melhoria da usabilidade de abrigos de ônibus à luz
do público idoso em um estudo de caso.
1.2.2 Objetivos Específicos
Observar a usabilidade dos elementos de abrigos de ônibus em relação ao
usuário idoso;
Identificar as principais inadequações dos abrigos no estudo de caso;
21
Propor recomendações projetuais assistivas para o uso do abrigo de ônibus por
parte do público idoso.
1.3 Metodologia Geral
O corrente estudo se estrutura sobre as bases do método de Abordagem Indutivo que,
conforme Santos (2003, p. 179), é um processo que ocorre em três fases: a
observação dos fenômenos, a descoberta da relação e a generalização da relação.
Esse método foi fundamental para esse estudo, pois a partir dele, foi possível observar
os abrigos distribuídos em algumas das paradas de ônibus do estudo de caso e
verificar os principais problemas e inadequações encontrados na usabilidade desse
mobiliário urbano pelos longevos, com a finalidade de prover possíveis conclusões
generalizáveis. Dentro deste contexto, esta pesquisa pode servir como base para o
desenvolvimento de novos projetos de abrigos de ônibus espalhados por todo o
mundo.
Neste estudo, os idosos foram abordados em decorrência do seu aumento
populacional no século XXI no Brasil. Esse número só tende a crescer conforme as
expectativas das futuras projeções, onde é estimado que a quantidade de idosos seja
bem maior em 2050, com relação a quantidade de longevos do atual século XXI. Essa
abordagem ao idoso se dá devido às consequências do envelhecimento. Será de
grande valia abordar os idosos com as suas características dimensionais
dissemelhantes fazendo uso deste mobiliário, para assim verificar como é feita a
usabilidade destes abrigos de ônibus por este público, visando assim orientar no que
pode ser melhorado e recomendado para fazer desta relação a melhor possível,
promovendo assim uma melhor qualidade de vida.
Para a condução desta pesquisa, foram realizadas consultas em livros e em artigos
científicos de congressos e revistas, visando assim, maior confiabilidade das
informações utilizadas neste estudo. O intuito desta pesquisa foi a de abordar as áreas
de conhecimento que seriam utilizadas durante todo esse estudo, conhecimentos
esses voltados para as áreas onde o design se encontra inserido, como em ambientes
públicos, mobiliários urbanos, os abrigos de ônibus, materiais, as funções de produto,
22
fatores relacionados à usabilidade, além também das pesquisas da área da saúde
envolvendo trabalhos sobre o envelhecimento humano, como os idosos vivem no
Brasil, as limitações físicas, psíquicas e sociais decorrentes do avanço da idade, o
comportamento dos idosos, entre outros.
Neste estudo, ainda foram explanados na primeira seção a introdução da pesquisa, a
justificativa, o objetivo geral e os objetivos específicos, além também da metodologia
geral aplicada e o método de abordagem utilizado. Na segunda seção foram
abordadas as características do envelhecimento, a figura do idoso no Brasil, as
limitações físicas, psíquicas e sociais enfrentadas pelos longevos, bem como o
comportamento dos idosos em ambientes públicos. Já a terceira seção abordou os
conhecimentos acerca do mobiliário urbano, dos abrigos de ônibus no Brasil, das
estruturas, funções e materiais que são utilizados para a confecção dos abrigos de
ônibus. Na quarta seção tratou-se dos procedimentos metodológicos que foram
aplicados, na quinta seção deu-se os resultados que foram colhidos para a produção
do estudo de caso localizado na cidade de Caruaru-PE e na sexta seção se deu as
conclusões e as considerações finais do estudo.
23
2 O IDOSO
Devido ao grande crescimento da população idosa em todo o mundo, é significativo
abordar o envelhecimento, onde, a partir dessas abordagens, torne-se possível serem
produzidos e adequados produtos destinados a este público. Nesta seção serão
apresentadas as principais características do envelhecimento e o público idoso no
Brasil, bem como as limitações físicas, psíquicas e sociais, que são decorrentes do
envelhecimento e o comportamento dos idosos nos espaços públicos. O intuito desta
abordagem é o de compreender como o idoso encara o envelhecimento, além de
verificar também as limitações físicas, psíquicas e sociais enfrentadas, assim como
analisar o comportamento dos idosos brasileiros em espaços públicos.
De acordo com Tomasini (2005), o envelhecimento populacional é um fenômeno
observado por todo o mundo, e teve início nos países desenvolvidos no começo do
século XX. Em 1950, começou a ser observado nos países em desenvolvimento,
apresentando um ritmo bem mais acelerado do que os países já desenvolvidos. É
válido ressaltar que esse tipo de cenário é de certa forma preocupante, em se tratando
da desorganização presente nas estruturas econômicas, políticas e sociais dos países
que tem que lidar com a transição desses impactos demográficos, de forma a garantir
aos idosos uma melhor qualidade de vida. Ainda no contexto de Tomasini (2005), o
processo de envelhecimento ocorre de formas multidimensionais, por ser um
fenômeno bastante complexo. Diante disso, é importante destacar que qualquer modo
de intervir neste processo de envelhecimento deve ter como perspectiva o aumento
da qualidade de vida dos longevos.
Para Brito e Litvoc (2004 apud FECHINE; TROMPIERI, 2012), o envelhecimento é um
processo que acontece em todos os indivíduos e que pode ser definido como sendo
um fato dinâmico, gradativo e irreversível, que está estreitamente ligado aos fatores
biológicos, psíquicos e sociais. O termo “envelhecimento” é utilizado para relacionar-
se a um processo ou a um conjunto de processos que acontecem em organismos
vivos e que, com o avançar da idade, ocasionam uma perda de adaptabilidade, um
déficit funcional e finalmente a morte (SPIRDUSO, 2005 apud OLIVEIRA;
KRONBAUER; BINOTTO, 2012).
24
Segundo Mendes (2000 apud MENDES et al., 2005), o ato de envelhecer é um
processo natural determinado em certa etapa da vida, através das mudanças físicas,
psicológicas e sociais que agridem de forma peculiar cada indivíduo. É uma fase em
que o idoso constata que conseguiu vários objetivos, passou por diversas perdas, das
quais a saúde se destaca como um dos aspectos mais afetados pelo avanço da idade.
Já Girondi e Santos (2011) destacam que, à medida em que o envelhecimento
populacional e o avanço no número de pessoas com fragilidades vêm aumentando,
se torna primordial o surgimento de novas demandas, as quais visem atender às reais
necessidades caracterizadoras deste grupo. Do ponto de vista de Oliveira, Kronbauer
e Binotto (2012), é necessário compreender o envelhecimento, não apenas para
determinar as suas possíveis causas, mas também para analisar as necessidades de
como devem ser realizados os procedimentos para retardar ou interferir neste
processo, em virtude do constante crescimento da população idosa.
2.1 O Público Idoso no Brasil
O crescimento da população idosa no Brasil é resultado de dois processos, a alta
fecundidade evidenciada nos anos de 1950 e 1960, comparada com à fecundidade
do século XX e XXI, além também da redução no índice de mortalidade da população
idosa (CAMARANO, 2004 apud RAFAEL, 2014 p. 12).
De acordo com o IBGE (2010), no ano de 1940, diante da queda nos níveis de
mortalidade, a expectativa de vida do brasileiro só fez aumentar, neste mesmo ano a
vida média do brasileiro mal atingia os 45 anos e meio, nem chegava aos 50 anos de
idade, no ano de 2010 essa expectativa foi aumentada para os 72,7 anos de idade,
com futuras projeções de alcançar os 81,29 anos, em 2050. Em 1950 os idosos
correspondiam a 4,9% da população, já no ano de 2010, os mesmos passaram a
representar 10,2% da população brasileira. Estima-se que por volta de 2050 a massa
idosa no Brasil crescerá 3,2% ao ano, enquanto que a população total crescerá 0,3%,
totalizando assim em 64 milhões de idosos (IBGE, 2010). A seguir, na Figura 01, pode-
se acompanhar a projeção brasileira do ano de 2010 e a projeção para o ano de 2050.
25
Figura 01: Projeção da População Brasileira de 2010 e para 2050.
Fonte: IBGE (2010).
Na Figura 01, conforme as duas imagens referentes à projeção da população
brasileira de 2010 e de 2050, é possível notar que daqui há trinta e três anos haverá
um aumento considerado enorme na quantidade de idosos na população brasileira
em relação à população idosa do Brasil no século XXI.
Veras (2009) classifica o Brasil como sendo um país ‘‘jovem de cabelos brancos’’,
pois, a cada ano, são integrados mais de 650 mil novos idosos no Brasil, a maior
parcela dos idosos brasileiros se deparam com problemas crônicos ou com algumas
limitações funcionais. Dentro deste contexto, o autor ressalta que em menos de 40
anos, o Brasil passou de uma situação de mortalidade específica de uma sociedade
jovem para um quadro de doenças complexas e onerosas, específica dos países
longevos, caracterizado por patologias crônicas e múltiplas que perduram por anos,
com exigência de cuidados constantes, medicações diárias e de exames regulares.
Segundo Brasil (2012), a população idosa no Brasil vem crescendo de forma frenética,
alterando assim, a sua estrutura de modo significante com relação ao aumento no
número de pessoas com mais de 65 anos, de tal modo que é fundamental que as
autoridades promovam novas políticas públicas voltadas especificamente para este
público.
Conforme Braga et al (2008), as políticas públicas destinadas aos idosos no Brasil
envolvem ações e leis relacionadas a saúde, a assistência social, ao emprego, a
26
previdência, a seguridade social, ao esporte, ao turismo, ao lazer e a educação dos
idosos. Já Camarano (2004) ressalta que as políticas públicas devem responder às
necessidades que são demandadas pelos seres humanos que estão à procura de um
envelhecimento mais ativo como, também, atender às demandas daqueles que já se
encontram em contextos de vulnerabilidade adquirida pelo avançar da idade.
Escobar e Môura (2016) destacam que as políticas públicas e os programas que são
criados e direcionados aos idosos apresentam um papel importante na sociedade em
que vivemos, papel este que é capaz de retirar o idoso do esquecimento e do silêncio
e promover uma melhor qualidade de vida em meio a sociedade. As autoras também
ressaltam que, para atender a essas novas demandas, é necessário criar novas leis
que ampliem a proteção e o direito aos longevos.
Em se tratando desta nova estrutura etária assistida no cenário brasileiro, é necessário
que seja dada uma importância maior ao mobiliário urbano, ao transporte público, aos
sistemas de saúde, as edificações, ao mercado de trabalho, a área médica, a
previdência e a assistência social, que deverão passar por novas reestruturações para
assegurar aos idosos brasileiros, os direitos garantidos por lei no país diante da
quantidade enorme de longevos já existentes no Brasil (IBGE, 2008).
2.2 As Limitações Decorrentes do Envelhecimento
As limitações decorrentes do envelhecimento são descritas por Mazo, Lopes e
Benedetti (2004 apud SOARES et al., 2016), como um processo que ocorre devido às
perdas contínuas das funções dos órgãos e dos sistemas biológicos, que acabam
influenciando na capacidade funcional, gerando assim, possíveis limitações,
incapacidades e até mesmo a perda da própria independência.
O sucesso no desenvolvimento do processo ao longo do ciclo de vida é atribuído a
vários fatores que contribuem para a qualidade com que envelhecemos. Os fatores
internos ou individuais, comumente conhecidos como os biológicos, os genéticos ou
os psicológicos, são os influenciados pelos hábitos do dia a dia e exercem uma certa
influência na ocorrência ou não de patologias ao longo de toda a vida, já os fatores
27
externos que são os referentes aos ambientais, aos comportamentais e aos
problemas sociais, são evidenciados através do surgimento de doenças depressivas,
sensações de inutilidade e de isolamentos (PAIVA, 2012).
Segundo Brink (1999 apud PAIVA, 2012 p. 49), as perdas funcionais são adversidades
acentuadas com relação a autonomia do idoso, determinando assim, por decorrência,
vários graus de dependência. Apesar disso, é necessário que exista diferenciação
entre a perda de função decorrente de patologia degenerativa das que ocorrem pelo
rumo natural do envelhecimento.
Para Neri (2008 apud PAIVA, 2012 p. 50), na fase de envelhecimento primário ou
normal, popularmente conhecida como senescência são examinadas as perdas,
gradativas e evoluídas, das capacidades de adaptação, funcionais energéticas e
biomecânicas, da redução de tolerância ao estresse físico e psicológico, das perdas
psicomotoras e da diminuição da autoestima e do ânimo. Já a fase de envelhecimento
secundário ou patológico, é comumente conhecida como senilidade e é identificada
através das alterações provenientes das doenças naturais relacionadas ao próprio
processo evolutivo da idade, diferenciando-se das modificações naturais desse
processo e que causam deficiência, e, por conseguinte, incapacidade, como a perda
da autonomia e da dependência, pois diante desse processo de envelhecimento os
idosos se tornam dependentes de outras pessoas (NERI, 2008 apud PAIVA, 2012, p.
50).
De acordo com Chagas (1996) e Sant’Anna (2006 apud MICHELETTO, 2011), as
limitações fisiológicas que mais acometem a mobilidade do idoso, são a acuidade
visual, o declínio no canal auditivo e a biomecânica do movimento. Com o avanço na
idade, a acuidade visual tende a diminuir e, os idosos passam a não enxergar mais
com tanta nitidez as coisas ao seu redor, esse declínio na visão é através da
diminuição da visão periférica e de todo o campo visual que é diminuída, essa
diminuição acaba causando uma certa intolerância à luminosidade, além de causar
também confusão na compreensão dos contrastes e dificuldades em adaptar-se à
ambientes escuros. Em virtude, desses acontecimentos, o ser idoso acaba sendo
prejudicado principalmente ao se movimentar e ao caminhar.
28
Chagas (1996) e Sant’Anna (2006 apud MICHELETTO, 2011), ainda destacam que
os distúrbios no canal auditivo dos idosos acabam sendo bloqueados pelo acúmulo
considerável de cera nos ouvidos, e esse bloqueio contribui para os problemas
auditivos que podem afetar a percepção de ruídos e de barulhos e contribuir para a
perda total da audição, prejudicando assim, o equilíbrio do idoso e a sua orientação
no ambiente urbano, já com relação, à biomecânica do movimento, os idosos tendem
a perder cálcio com o avançar da idade e essa ausência de cálcio acaba causando
enfraquecimentos nos ossos, problemas nas articulações, perda do equilíbrio,
redução da força nos músculos, redução da capacidade de extensão e força das fibras
de colágeno. Estudos mostram que, com o avanço da idade, a espinha dorsal dos
idosos podem chegar a sofrer uma maior compressão, e isso causa uma diminuição
na estatura que pode chegar a ser de até 10 centímetros (CHAGAS 1996 e
SANT’ANNA, 2006 apud MICHELETTO, 2011).
A biomecânica do movimento também está relacionada com as complexidades de
coordenação psicomotora que, por sua vez, está associada à uma lenta diminuição
dos movimentos e à um aumento no período de reação, devido à morosidade com
que as informações são processadas (MONTEAGUDO, 2001 apud BRASIL, 2012, p.
17).
De acordo com Sant’Anna (2006), o equilíbrio é um sistema complexo e que diminui
com o avançar da idade. O retardamento deste equilíbrio corporal aumenta
consideravelmente o risco de quedas, tanto com o corpo em movimento quanto
estático. Os idosos são conscientes e se sentem inseguros com relação ao risco de
quedas que podem ser geradas devido ao declínio do equilíbrio e, por isso, eles
tendem a marchar e a se locomover lentamente e com bastante cautela.
Conforme ressalta Ruwer, Rossi e Simon (2005), o envelhecimento compromete a
velocidade do sistema nervoso central em realizar a verificação dos sinais
vestibulares, visuais e proprioceptivos que são responsáveis pela preservação do
equilíbrio corporal, bem como diminui a capacidade de modificações dos reflexos
adaptativos, reflexos esses degenerativos que são responsáveis pela ocorrência de
vertigens e de desequilíbrios em longevos.
29
Para Sant’Anna (2006), o período de reação de um indivíduo idoso se torna maior em
virtude do envelhecimento e, a depender do grau de dificuldade da tarefa a ser
realizada, esse período consideravelmente é superior em relação ao tempo da reação
de outras faixas etárias. A autora aponta ainda que os idosos tendem a ter dificuldade
no ato de julgar e de responder, esse fato pode resultar em um risco potencial para a
vida do idoso, em virtude, de se tomar uma decisão baseada em um erro perceptivo
de presumir em uma distância e de responder a uma velocidade incorreta.
Do ponto de vista de Cunha e Costa (2011), essas modificações comprometem a
capacidade do idoso em realizar atividades simples e complexas cotidianamente,
como também atinge a sua mobilidade e o seu bem-estar social. Diante disso, se faz
notório projetar produtos, mobiliários, equipamentos e ambientes urbanos com uma
linguagem mais aberta e intuitiva, para que os idosos possam identificar com mais
facilidade cada um dos elementos dispostos.
2.3 O Idoso em Espaço Público
Para Reis (2009), com o crescimento das cidades, é fundamental garantir aos
cidadãos uma melhor mobilidade no espaço urbano de circulação, verificando assim
como é realizada a locomoção e as atividades nos ambientes físicos. Através dessas
considerações sobre a mobilidade nos espaços urbanos, poderão ser utilizadas
medidas mais contextualizadas, com a intenção de atender as demandas
caracterizantes dos segmentos sociais com a finalidade de garantir uma adequada e
abrangedora mobilidade urbana.
Na visão de Prado (2003, p. 3), os ambientes urbanos estarão completamente
apropriados quando quaisquer pessoas, idosas ou não, com perdas funcionais ou não,
puderem mover-se pelo meio urbano, andar sob as calçadas, atravessar as ruas,
aproveitar as praças, ter acesso aos edifícios e utilizar-se do transporte público com
total liberdade e autonomia.
Segundo Soares (2014), em meio ao progresso das cidades, suas complexidades e
modificações, assim como a criação de preceitos ligados aos centros urbanos, têm
30
instigado de diversas maneiras o modo comportamental e de vida das pessoas que
nelas residem. Uma das formas de verificar essas influências consiste nas condutas
com que os indivíduos se conectam e se relacionam em ambientes urbanos. A autora
ainda ressalta que, para que os longevos dos diversos municípios brasileiros tenham
experiências de vida cada vez mais enérgicas e agradáveis, se faz necessário que os
espaços públicos sejam favoráveis para o seu uso, e que para isso acontecer é
fundamental que os ambientes públicos sejam organizados e adaptados para atender
aos longevos em suas peculiaridades (SOARES, 2014).
Daher (2007 apud PORTO, 2015 p. 23) ressalta que, ao longo do envelhecimento,
decorrem as mais variadas alterações funcionais, bioquímicas e psicológicas e que
constituem em uma perda gradativa da capacidade de adaptação do ser ao meio
ambiente. Dessa forma, o ser humano que passa pelo processo de envelhecimento
segue suscetível à incidências patológicas com maior intensidade e tem uma maior
tendência a sofrer acidentes.
De acordo com Cunha e Costa (2011), com o avançar da idade, o público idoso
desenvolve perdas biológicas e funcionais devido ao processo de envelhecimento e
conforme as suas inestimadas particularidades. Em função disso, é necessário que
os idosos tenham livre acesso a todos os ambientes construídos e públicos, sendo de
extrema importância que esses espaços sejam encontrados adequados às suas
necessidades específicas e que sejam destinados à convivência e às trocas sociais,
uma vez que, com o avançar da idade, há uma certa diminuição no grupo dos idosos,
no grupo de colegas do trabalho e perdas de membros da família e amigos, o que
pode causar possíveis isolamentos.
Para Reis (2009), a redução de mobilidade é proveniente das deficiências, das
condições físicas e das características individuais de cada ser. Deste modo, os idosos
que têm transformações decorrentes do avançar da idade, apresentam como
resultado a diminuição em suas capacidades de reação às ações externas vindas do
espaço físico, uma vez que há a diminuição da mobilidade.
Do ponto de vista de Dorneles, Ely e Pedroso (2006), os idosos são usuários
complexos, uma vez que qualquer alteração fisiológica pode ocasionar uma diferente
31
limitação, frente a usabilidade dos espaços urbanos e dos equipamentos mobiliários.
No entanto, o processo de envelhecimento não impede os idosos de procurar e
explorar novos lugares, sendo indispensável que tais espaços sejam de fácil
acessibilidade, confortáveis e protegidos. As referências de espaços urbanos
adaptados às necessidades dos idosos, ainda são poucas no Brasil pois ainda
enfrentamos uma realidade muito divergente com relação aos países desenvolvidos.
Conforme Tomasini (2005), quando se reflete sobre projetar ambientes destinados a
idosos, vários questionamentos se tornam pertinentes, haja vista que o processo de
envelhecimento altera de modo significante as relações do ser humano com o
ambiente. O autor ressalta que é necessário compreender as novas relações que os
humanos desenvolvem com os ambientes à medida com que envelhecem, por isso, é
de extrema importância detectar as necessidades dos idosos com relação ao
ambiente construído e analisar essas novas relações dos longevos com o espaço
urbano, que implicam em demandas que são dificilmente contempladas pelos
ambientes construídos das grandes cidades, que consideram projetar em prol do
usuário jovem e não levam em consideração as outras faixas etárias da população.
Diante da realidade do idoso, Cupertino (1996 apud TOMASINI, 2005) relata que o
ambiente, nas suas características física e social, surge como um ponto determinante
para o desenvolvimento e a manutenção de um modo de vida apropriado, capaz de
promover uma melhor satisfação com a vida, com a conservação da capacidade
funcional e da independência. Os espaços públicos urbanos, além de promover
acesso gratuito e irrestrito a qualquer que seja o grupo social, proporcionam ao usuário
idoso o contato com a natureza, a interação com outros indivíduos, oferecem bem-
estar físico, motivam a atividade esportiva ao ar livre, além de permitir também o
contato com o sol (DORNELES; ELY; PEDROSO, 2006).
A falta de medidas específicas para a mobilidade urbana direcionada aos idosos é
apontada como um dos maiores problemas enfrentados, e isso acaba causando uma
redução na mobilidade desses idosos, pois muitos deixam de se locomover em
detrimento das dificuldades que vão se deparar no ambiente urbano (BRASIL, 2012).
Segundo Hunt (1991 apud DORNELES; ELY; PEDROSO, 2006), no ambiente público,
as necessidades da locomoção dos idosos são classificadas no Quadro 01, a seguir:
32
Quadro 01: Necessidades Físicas, Informativas e Sociais.
Necessidades Físicas
São associadas aos problemas de saúde física, segurança e bem-estar que são sentidas pelos usuários em um determinado ambiente. Comumente são abordadas como as primeiras a serem levadas em consideração ao projetar algum tipo de ambiente destinado ao público idoso ou deficiente;
Necessidades Informativas
São as necessidades referentes a maneira com que uma informação é processada em um determinado ambiente. É destacável dois aspectos importantes para que a informação seja processada em um espaço, são elas: a percepção, que é o método utilizado para receber uma informação gerada em um recinto; e a cognição, que é o modo em que o indivíduo organiza os seus pensamentos e retrata a informação recebida em um determinado ambiente;
Necessidades Sociais
Estão associadas a promover o controle da vida particular e o convívio com a sociedade. Para isso, é necessário ter cuidado para que os ambientes projetados para os idosos pareçam familiar, proporcionando assim um senso de comunidade, onde a aproximação com os vizinhos aconteçam de forma natural.
Fonte: Hunt, 1991 apud Dorneles; Ely; Pedroso (2006).
Por fim, compartilhamos da reflexão de Tomasini (2005), o qual destaca que a
participação do idoso no método de planejamento dos lugares direcionados para os
mesmos requer uma mudança na figura do projetista, a qual está associada à própria
imagem estereotipada que a sociedade faz da velhice, que presume a submissão e a
incapacidade do idoso de se autodeterminar. Dentro deste contexto o autor ressalta
que ninguém melhor do que o idoso para relatar os acontecimentos, os problemas e
os efeitos que são causados pelo envelhecimento e como este tem influência nas suas
relações com o ambiente construído.
33
3 MOBILIÁRIO URBANO
O mobiliário urbano é de extrema importância para a sociedade em geral. No corrente
estudo, a investigação é direcionada ao usuário idoso, em virtude da real necessidade
de visar esse público, aparentemente negligenciado na criação de mobiliários
urbanos. Nesta seção serão apresentados o mobiliário urbano, os abrigos de ônibus
no Brasil, as estruturas, as funções e os materiais que são utilizados para a fabricação
dos abrigos de ônibus que são utilizados por todos, inclusive pelos longevos.
Conforme a ABNT 9283 (Associação Brasileira de Normas Técnicas), mobiliário
urbano são ‘‘todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da
paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do
poder público, em espaços públicos e privados’’ (ABNT 9283, 1986, p. 1).
Segundo Montenegro (2014), no fim do século XIX, as novas tendências estéticas
passaram a influenciar nos fatores estruturais, funcionais e materiais do mobiliário
urbano, atribuindo-lhe assim, diversas propriedades dentro do contexto urbano. O
progresso dos métodos de produção e de construção, somados à conquista na
aquisição e na redução dos valores dos novos materiais, modificaram de modo
significativo o design e a produção do mobiliário urbano. O autor ainda ressalta que o
modernismo promoveu o desenvolvimento de equipamentos urbanos com um design
mais pensante e reduzido, diferente do estilo vasto e ornamental, que era notável no
desenvolvimento destes mobiliários na metade do século XX.
Conforme Pereira (2010), na metade do século XX, o mobiliário urbano foi
transformado e marcado pelo progresso de novos procedimentos na produção, onde
foram introduzidos novos materiais e tecnologias voltadas para as áreas de transporte
e de comunicação, os quais proporcionaram a criação de equipamentos essenciais,
como as cabines telefônicas, os abrigos de ônibus, os produtos de sinalização, os
armários técnicos, o protetor de pedestres e, sobretudo, pelas transformações
ocorridas pelas demandas sociais que estão provocando novas necessidades para o
ambiente público.
34
Montenegro (2014), alega que o mobiliário urbano pode ser entendido como um
equipamento funcional e estrutural que oferece qualidade ao ambiente público,
contribuindo não apenas para ser usufruído, mas também para proporcionar uma
maior comunicação entre as pessoas e o espaço construído na realização das
atividades diárias.
Para Lamas e Colchete (2000 apud ARAÚJO, 2010 p. 25), o mobiliário urbano é
bastante significativo para o desenho de todo um município, uma vez que os
mobiliários colaboram para a criação da paisagem e interferem na qualidade e na
adequação das áreas urbanas desenvolvidas. Do ponto de vista de Mascaró (2008),
o mobiliário urbano auxilia na aparência e no funcionamento dos espaços urbanos do
mesmo modo que oferece segurança e comodidade aos usuários. O autor ainda
ressalta que, para o planejamento dos mobiliários, é necessário precaução com
relação à qualidade dos espaços públicos, das áreas urbanas, das vias trajetórias,
dos parques e das praças.
Montenegro (2014) destaca que, em algumas cidades brasileiras, o mobiliário urbano
que é implantado não condiz com as perspectivas funcionais, usuais e sentimentais
relacionadas às atividades dos usuários, ao papel, à utilização e às circunstâncias
ambientais onde se encontram instalados. O autor ainda enfatiza que, enquanto
qualidade do design, a quantidade, a organização e a distribuição dos equipamentos
no ambiente urbano visam integralizar o mobiliário ao contexto do ambiente urbano
conforme a sua funcionalidade e a sua apreciação de uso pelos habitantes. Dentro
desta perspectiva, é comum encontrar nas cidades brasileiras, mobiliários distribuídos
pelas calçadas de forma caótica, discordante e indiferente ao contexto urbano,
provocando assim, ocorrências de uso inadequado que interferem de modo negativo
na circulação, na acessibilidade, na locomoção e na legibilidade dos espaços urbanos.
Ainda, segundo Montenegro (2014) é notório perceber que o mobiliário alcançou um
patamar elevado em meio a sociedade, diante do fornecimento de serviços públicos
prestados nas cidades modernas, onde é quase que impossível imaginar os centros
urbanos sem a presença destes equipamentos. Assim, o autor ainda destaca que o
mobiliário é um produto que sofre vários tipos de intervenções e que nem sempre
essas intervenções são apropriadas, devido aos sistemas do mobiliário urbano terem
35
a necessidade de serem mais práticos e úteis, tanto para os habitantes quanto para o
município, sendo modestos e ao mesmo tempo de fácil entendimento no lugar urbano
onde foram colocados.
A ABNT 9050 (2015), que trata de acessibilidade, diz que para ser considerado
acessível, o mobiliário urbano deve:
1. Proporcionar ao usuário segurança e autonomia de uso; 2. Assegurar dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance,
manipulação e uso, postura e mobilidade do usuário, conforme Seção 4; 3. Ser projetado de modo a não se constituir em obstáculo suspenso; 4. Ser projetado de modo a não possuir cantos vivos, arestas ou quaisquer
outras saliências cortantes ou perfurantes; 5. Estar localizado junto a uma rota acessível; 6. Estar localizado fora da faixa livre para circulação de pedestre; 7. Ser sinalizado conforme 5.4.6.3 (ABNT 9050, 2015, p. 113 - 114).
De acordo com Águas (2010, p.36-37), o design dos equipamentos de mobiliário
urbano provém de quatro fatores (Sociais e Culturais, Físicos, Ambientais e
Econômicos) que devem ser analisados para a elaboração e desenvolvimento do
mobiliário urbano, descritos detalhadamente a seguir no Quadro 02.
Quadro 02: Fatores sociais e culturais, físicos, ambientais e econômicos.
Fatores
Sociais e Culturais
Realizar uma avaliação cuidadosa do local e dos seus rumos natural, construída e social; Garantir uma boa relação afetuosa e simbólica entre os usuários e a imagem da cidade; Tornar o ambiente agradável; Respeitar e atender as diferenças das pessoas que os utilizam.
Fatores Físicos
Fortalecer o elo de ligação entre a área específica onde será executado o projeto e o espaço envolvedor; Executar um projeto bem adaptado, proporcionando assim, uma composição ordenada; Considerar e respeitar toda a topografia/geografia, paisagem/vegetação, costumes/contexto da localidade.
Fatores Ambientais
Avaliar a temperatura, a brisa e a luminosidade; Estabelecer um controle de sombra e do brilho solar nas áreas amplas de pavimentação e nas superfícies das paredes; Inserir o mobiliário de modo a criar rotas cobertas das condições climáticas presentes no ambiente.
Fatores Econômicos
Analisar a manutenção, a facilidade na montagem e desmontagem, a estabilidade (a resistência ao uso, ao ato de vandalismo e a arte grafiteira) e o reparo do mobiliário.
Fonte: Águas (2010).
36
Águas (2010, p. 40) ressalta que a funcionalidade, a resistência, a Ergonomia, a
estrutura e a manutenção devem ser considerados como fatores primordiais no
desenvolvimento de projetos de design do mobiliário urbano. A partir da análise
desses fatores citados anteriormente no Quadro 02, Montenegro (2014) destaca que
o desenvolvimento de mobiliários urbanos destinados aos espaços públicos devem
exercer as suas determinadas funções e precisam responder às expectativas que são
geradas pelos usuários. No Quadro 03, a seguir, o autor ainda destaca que o design
desses artefatos urbanos deve considerar alguns fatores importantes, a saber:
Quadro 03: Considerações para o design de mobiliário urbano.
Utilização individual ou
coletiva
Analisar as possibilidades em que o mobiliário projetado expõe o seu uso (individual ou coletivo), que este mobiliário seja de fácil uso e compreendido por todos, independentemente da sua condição social.
Relação direta com os
usuários
Por ser um artefato que não é escolhido por aqueles que vão utilizar, é de responsabilidade do setor público escolher os mobiliários urbanos adequados às demandas dos cidadãos através do fornecimento de equipamentos que promovem bem-estar, proteção e qualidade.
Relação com o contexto ambiental
É necessário que sejam considerados as propriedades físicas e estruturais do ambiente público no qual é instalado o mobiliário urbano, propiciando a melhoria do espaço sem intervir nas múltiplas tarefas que são realizadas naquele local.
Possuir caráter sistêmico
O mobiliário deve ser harmonioso com os outros equipamentos que estão presentes no ambiente urbano, como os edifícios, os pavimentos de circulação e a paisagem verde, como também devem ser para os próprios elementos que compõem a família dos mobiliários que são destinados ao uso público, isto é, devem funcionar em conjunto para o uso coerente e organizado da infraestrutura dos ambientes públicos satisfazendo assim, às necessidades de seus usuários.
Fonte: Montenegro (2014).
Para Mourthé (1998 p. 36 apud NASTA, 2014, p. 7), é necessário que o equipamento
urbano esteja habituado aos ambientes urbanos de forma que não comprometa a
paisagem do município. A autora ainda destaca a necessidade de tomar como alicerce
estudos que são direcionados para a circulação de pedestres, para a adaptação dos
atributos antropométricos dos usuários e para a mínima intervenção visual possível
do mobiliário na paisagem urbana.
37
3.1 Abrigos de Ônibus
De acordo com Freitas (2008), os abrigos de ônibus marcam o ambiente e unem as
mais variadas funções, devido ao seu poder de atrair e por representar muito bem o
espaço através da promoção do descanso, dos encontros, dos espaços com sombras,
da proteção contra as intempéries climáticas e para o aguardo do transporte público,
quando dispostos em centros urbanos.
Para Silveira (2012), os abrigos de ônibus são colocados em lugares pré-
estabelecidos para o embarque e desembarque ao longo de todo o roteiro das linhas
dos ônibus. O autor enfatiza que os pontos de parada dos transportes coletivos não
são considerados abrigos, pois, os mesmos, só são identificados como pontos de
ônibus devido a presença das placas sinalizadoras indicativas, diferente dos abrigos,
os quais apresentam uma estrutura voltada para abrigar e proteger o usuário.
Segundo Bellini (2008), o abrigo de ônibus é um mobiliário utilizado como ponto de
acesso para embarque e desembarque das pessoas em um transporte coletivo. O
autor ressalta ainda que este mobiliário urbano marca a memória de gerações de
cidadãos e que a sua criação é totalmente voltada para o interesse da gestão
municipal, onde a cada mudança de governo é costume providenciarem uma outra
pintura característica da gestão atual, ou até mesmo a troca do mobiliário. À medida
em que o mobiliário urbano de abrigo de ônibus faz parte da paisagem urbana, para
ser classificado adequado, o abrigo não deve somente atender aos atributos
funcionais, deve levar em consideração também os atributos estéticos (NASAR, 1997
apud JONH; REIS, 2010, p. 2).
Conforme o art.513 da lei de nº 2454/1977, do Código de Urbanismo, Obras e
Posturas da cidade de Caruaru-PE, vigente no município até a realização da corrente
pesquisa, as colunas ou suportes de anúncios, as caixas de papéis usados, os bancos
ou os abrigos de logradouros públicos, somente poderão ser colocados no espaço
urbano mediante autorização e licença da Prefeitura (CARUARU, 1977, p.113).
Em 1974, Cauduro e Martino já atinavam para a necessidade dos abrigos de ônibus
serem munidos de identificação, de informações sobre as linhas que passam no abrigo
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e sobre a rede das outras linhas itinerárias, de condição/localização na cidade, de
proteção para o sol e a chuva, de bancos para descansar, de telefone e de lixeira
(CAUDURO; MARTINO, 1974 apud SILVEIRA, 2012). No cenário brasileiro é possível
verificar que, mesmo com o passar de 43 anos, a grande maioria dos abrigos de
ônibus é encontrada da mesma forma como eram há 43 anos. Mesmo com as
mudanças que foram ocorrendo nas cidades brasileiras, não houveram mudanças
significativas e plausíveis neste tipo de mobiliário. Cauduro e Martino no ano de 1974
já alertavam para que essas informações citadas anteriormente fossem consideradas
o mínimo necessário para uma utilização correta deste tipo de mobiliário urbano por
todos cidadãos.
3.2 Estrutura, Funções e Materiais
Com relação a estrutura dos abrigos de ônibus, Freitas (2008) ressalta que no geral,
os abrigos devem ter 2,10 metros de altura e 1,50 metros de profundidade e 1,50
metros de largura, podendo serem utilizadas outras medidas maiores ou menores a
depender das medidas dos passeios públicos e do fluxo de pessoas em torno do
abrigo (Figura 02). Para mostrar como as medidas podem ser empregadas na
produção dos abrigos de ônibus, conforme Freitas (2008), foi utilizada a imagem da
vista lateral e a vista frontal de um edital de licitação disponível para a implantação
deste tipo de mobiliário urbano na cidade de Caruaru-PE.
Figura 02: Dimensionamento do abrigo de ônibus.
Fonte: Adaptado do edital da Destra (2011).
39
De acordo com Montenegro (2014), dois fatores devem ser critérios para o
desenvolvimento e o design dos abrigos de ônibus. O primeiro fator a ser analisado é
a zona de acesso, essa deve estar adequada à utilização e à movimentação, de modo
que a entrada no ônibus seja realizada de forma eficiente e segura. O segundo fator
a ser abordado é a zona de permanência, que deve promover aos usuários bem-estar,
acessibilidade, dispor de informações e ser seguro.
Nova (2014) recomenda que os abrigos de ônibus não atrapalhem a locomoção das
pessoas nas calçadas e que a faixa livre de deslocamento dos pedestres permaneça
sempre conservada. Nova (2014) ainda relata que às placas de sinalização presentes
nas paradas de ônibus, é aconselhável que as mesmas não atrapalhem a
movimentação das pessoas em torno do abrigo e que sejam instaladas a uma altura
de no mínimo 2,10m e a uma distância de 0,50cm do meio-fio (Figura 03: A e B).
Figura 03 - A e B: Vista superior (A) e vista lateral (B) do abrigo de ônibus com o ponto de parada.
Fonte: Adaptado de Destra (2011) e Nova (2014).
Segundo Bins Ely e Turkienicz (2005), no sistema de transporte público, o abrigo de
ônibus é cumpridor de um dos papéis mais desagradáveis que os usuários de
transporte coletivo têm de passar, que é o período de espera. Para os autores, é de
extrema importância que os abrigos de ônibus promovam bem-estar e segurança ao
usuário, diminuindo assim os desgastes físicos e emocionais que são sentidos pelos
usuários na utilização deste mobiliário urbano. Deste modo, é esperado que sejam
avaliados os aspectos que concorrem para a qualidade dessa espera, considerando
A B
40
que o usuário, ao se situar no abrigo, prioriza lugares que possibilitam um melhor
conforto.
Conforme Nasta (2014), o abrigo de ônibus integra o Sistema de Transporte Público
(STP) e, para Bins Ely (1997), precisa desempenhar quatro funções básicas, são elas:
1. Proporcionar conforto (Físico ou Psicológico) durante a espera do transporte
coletivo; 2. Disponibilizar informações (Linhas, Horários e Trajetos itinerários); 3.
Garantir o acesso ao transporte coletivo (visualização e agilidade); e 4. Promover uma
melhor relação dos usuários entre si e entre as relações dos usuários com o ambiente
físico (social e cultural).
No que tange à primeira função (Proporcionar Conforto), Bins Ely (1997 apud
SILVEIRA, 2012, p. 67), destaca que pode ser classificado como físico ou psicológico,
dispostos no Quadro 04 a seguir:
Quadro 04: Conforto físico e psicológico.
Conforto Físico
É necessário que haja cobertura para a proteção contra o sol e a chuva; O abrigo deve servir para proteger os assentos, os apoios e para promover repouso aos usuários; A iluminação nos abrigos podem auxiliar no desenvolvimento de algumas atividades, como por exemplo, a leitura.
Conforto Psicológico
O período de espera do transporte coletivo pode ser minimizado pela existência dos bancos, lixeiras, telefones, da manutenção e da limpeza dos mobiliários; Os abrigos devem ser encontrados iluminados e protegidos contra a circulação dos veículos; O abrigo deve possibilitar que o usuário verifique e distingue o ônibus, fazendo assim, com que o usuário se tranquilize e fique mais calmo durante a espera do transporte coletivo.
Fonte: Bins Ely (1997 apud SILVEIRA, 2012, p. 67).
Na visão de Nasta (2014), a segunda função do abrigo de ônibus é a Informação, a
mesma é utilizada para disponibilizar informações sobre as linhas de ônibus, os
trajetos e os horários que os transportes passam em um determinado abrigo. Para
Bins Ely (1997 apud SILVEIRA, 2012, p. 68), a informação é um suporte importante
para os usuários, porém nos abrigos de ônibus instalados no Brasil, comumente
negligencia-se as informações sobre os horários dos ônibus, sobre as linhas e sobre
os trajetos, tornando assim a vida dos que fazem uso do transporte público muito
41
complicada, principalmente para aqueles que não conhecem o sistema de transporte
coletivo de uma determinada cidade.
Bins Ely (1997 apud SILVEIRA, 2012, p. 68) destaca que a terceira função trata do
Acesso ao ônibus através da conexão entre o usuário e o transporte coletivo. Nasta
(2014) ressalta que essa função é importante para auxiliar os usuários dos abrigos de
ônibus, no embarque e no desembarque, pois devido a este fator, o tempo de
embarque pode ser reduzido, caso o abrigo seja planejado de modo que ofereça uma
certa visibilidade para os usuários identificarem o transporte com antecedência.
Bins Ely (1997 apud SILVEIRA, 2012, p. 68) defende que, no aguardo do transporte
coletivo, o conforto, a informação e o acesso ao ônibus dependem dos elementos que
estão presentes no entorno ou no mobiliário, como a cobertura, as paredes laterais, a
presença de assentos, de lixeiras e de luminárias. De acordo com Bins Ely (1997 apud
NASTA, 2014, p. 20), a quarta função comumente conhecida como Social/Cultural só
acontece quando há algum tipo de relação constituída entre um homem, os demais
indivíduos e o próprio meio urbano. A autora resume as funções dos abrigos de ônibus
no Gráfico 01, a seguir.
Gráfico 01: Fatores que atuam nas funções do abrigo de ônibus.
Fonte: Adaptado de Bins Ely (1997).
42
Conforme Nasta (2014), em se tratando dos abrigos de ônibus, os principais
elementos que precisam ser analisados são o assento e o encosto, principalmente no
que tange à altura do assento até o piso do ambiente e a altura da superfície do
assento até o encosto, pois para projetar esses tipos de elementos é importante que
sejam levadas em consideração as medidas antropométricas dos usuários. O autor
destaca que também é fundamental que exista uma certa ligação entre as medidas
da altura, profundidade e largura do assento e do encosto.
Segundo Panero e Zelnik (2013, p. 60), no projeto de assentos é relevante analisar a
altura da superfície do assento em relação ao piso. Caso a superfície do assento seja
considerada alta com relação ao piso, é possível que haja uma certa compressão na
parte posterior das coxas do usuário, podendo vir a causar uma má circulação
sanguínea e desconforto ao uso deste assento. Para os autores, caso a superfície do
assento seja considerada muito baixa em relação ao piso, é possível que as pernas
dos usuários fiquem elevadas ou estendidas, comprimindo o abdômen. Na Figura 04,
a seguir, é possível observar quando o assento é considerado alto ou baixo com
relação ao piso para o usuário.
Figura 04 - A e B: Assento alto (A) e assento baixo (B) com relação ao piso, para o usuário.
Fonte: Panero e Zelnik (2013).
Para Iida (2005), a altura do assento teria que ser regulável para melhor se adaptar
às particularidades individuais dos usuários, onde o mínimo seria de 38,1cm (que
corresponde ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo que é de 51,0cm (que
equivale ao 95 Percentil dos homens), estabelecidas pelas medidas existentes. Já
para Panero e Zelnik (2013), a altura do assento teria que ser de 39,4cm para
mulheres e 43,2cm para os homens. Neste estudo, por se tratar de um ambiente
A B
43
público, foi interessante levar em consideração que as pessoas estejam sempre
utilizando calçados durante o uso dos abrigos analisados, por isso, já foram
adicionados as medidas correspondentes aos calçados, conforme indicam Iida (2005)
e Panero e Zelnik (2013).
De acordo com Panero e Zelnik (2013, p. 63), é importante analisar a profundidade
dos assentos. Caso seja muito grande, a borda frontal da cadeira pode pressionar a
área posterior dos joelhos, dificultando assim a circulação do sangue para pernas e
pés, causando irritação e desconforto ao usuário. Os autores complementam
afirmando que caso os assentos possuam pouca profundidade, os mesmos podem
ocasionar aos usuários certos incômodos, onde será possível sentir a sensação de
estar caindo para a frente da cadeira. Na Figura 05 é possível verificar a utilização de
um usuário em um assento com uma pequena ou grande profundidade.
Figura 05 - A e B: Assento com grande (A) e pequena (B) profundidade para o usuário.
Fonte: Panero e Zelnik (2013).
Conforme Panero e Zelnik (2013), é indicado que a profundidade do assento seja de
43,2cm relativo ao 5 Percentil das mulheres, considerando assim, as pessoas que
possuem uma baixa estatura e para considerar as pessoas com uma maior estatura
é necessário que a profundidade do assento corresponda a 54,9cm, pertinentes aos
95 Percentil dos homens.
Panero e Zelnik (2013) recomendam que a largura do assento seja de 49,0cm, relativo
ao 95 Percentil das mulheres. Porém, Iida (2005) propõe que a medida seja de 40,0cm
para cada usuário.
A
B
44
Iida (2005, p.154) destaca que o encosto deve ter o seu formato côncavo, e ressalta
que o perfil do encosto é muito significativo, pois ao sentar qualquer que seja o usuário
demonstra uma leve protuberância para trás na altura das nádegas. Para o autor a
curvatura da coluna vertebral de um ser humano para outro varia muito, por isso é
importante que seja deixado um espaço vazio de 15,0cm a 20,0cm entre o assento e
o encosto. A Figura 06, a seguir, mostra como deve ser a distância entre o assento e
o encosto:
Figura 06: Encosto com formato côncavo com espaço de 15cm a 20cm.
Fonte: Iida (2005).
A principal função do encosto é abraçar a região lombar, ou a parte inferior das costas
do usuário. No que se refere às dimensões, à configuração e ao posicionamento, o
encosto é considerado um dos aspectos mais significativos para permitir uma
acomodação satisfatória entre o usuário e o assento (PANERO; ZELNIK, 2013).
Desde o século XX, os abrigos de ônibus estão sendo cada vez mais desenvolvidos
com o propósito de suprir as demandas dos usuários, visando assim, acesso a todos,
através da utilização de materiais resistentes e de fácil conservação. Deste modo, os
abrigos de ônibus são tidos como produtos de alta durabilidade, tendo seu impacto
direcionado às fases produtiva e de descarte, sendo significativo diminuir o uso de
materiais e reduzir o impacto dos recursos durante a produção (NASTA, 2014).
Neste sentido, Pereira (2010) afirma que é de responsabilidade do designer fazer a
escolha certa do material que deve ser utilizado em seus projetos. Uma vez que os
materiais têm uma certa influência no valor final do equipamento urbano. A autora
45
alerta que, para escolher o material correto para um projeto, é necessário que sejam
levados em consideração os atributos técnicos, formais, funcionais, culturais,
econômicos e socioambientais, além também, da legislação e das normas vigentes.
A autora também afirma que, na produção de alguns abrigos de ônibus projetados
para uns municípios, podem ser utilizados tubos e perfis de alumínio como elemento
estrutural e, para o acabamento ou a vedação do abrigo, podem ser aplicados
revestimentos, por exemplo, painéis, informativos, publicitários, vítreos, foscos ou
transparentes, ou até mesmo os policarbonatos.
Um outro material, muito importante, a depender das especificações do projeto, é o
aço inoxidável, um material capaz de proporcionar leveza, resistência, manutenção e
durabilidade ao produto de mobiliário. Além dos mais variados tipos de madeiras
naturais que podem ser usados na fabricação do mobiliário urbano, encontra-se no
mercado um novo material reciclável derivado de produtos reciclados, com
propriedades estéticas, vantajoso para o meio ambiente e com resistência até três
vezes maior do que uma madeira de lei, conhecido comumente como madeira
plástica, líquida ou sintética (PEREIRA, 2010).
Freitas (2008) acrescenta que as vedações laterais dos abrigos devem ser compostas
por um material transparente e que esse material deve ser utilizado com cautela,
visando colaborar para uma melhor visualização dos entornos dos abrigos. Segundo
Ashby e Jonhson (2010), um dos materiais que é muito utilizado nas vedações laterais
é o PMMA - Polimetilacrilato, comumente conhecido como acrílico, devido à sua
transparência e a resistência às intempéries, além de ser também um material atóxico
e reciclável. Freitas (2008) sugere que as coberturas dos abrigos devam ter uma certa
inclinação em direção oposta às margens das calçadas, evitando assim o escoamento
da água da chuva sobre os usuários. Para a cobertura dos abrigos, um dos materiais
mais utilizados é o PC - Policarbonato que, no sentido de Ashby e Jonhson (2010), é
um dos termoplásticos com melhores propriedades mecânicas, em seu
processamento é um material que faz uso de bastante energia comparado com os
plásticos comerciais, pode ser também reciclável se não tiver sido reforçado com outro
material.
46
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS
De acordo com Fachin (2005), o método nada mais é do que um instrumento do
conhecimento que orienta e facilita o planejamento de um projeto. É fundamental a
utilização de métodos, ou melhor, das técnicas de coletas e de análise dos dados
pertinentes as pesquisas bibliográficas, as quais foram realizadas referente ao tema
escolhido para ser abordado nesta pesquisa. Nesta seção serão explanados os
métodos de procedimento que foram empregados para a promoção deste estudo.
Na visão de Yin (2005 apud OLIVEIRA, 2011 p. 25), o Método do estudo de caso
permite compreender os fenômenos sociais complexos, a partir de uma investigação
que visa preservar as características dos acontecimentos da vida real. Nesta pesquisa
o método de estudo de caso conduziu à realização de visitas em alguns dos abrigos
de ônibus dispostos na avenida Agamenon Magalhães, em Caruaru-PE, visando
assim, compreender a usabilidade dos elementos dos abrigos sob a ótica do público
idoso. A partir destas visitas nestes ambientes onde estão instalados os abrigos de
ônibus, foi possível identificar as principais inadequações e propor possíveis
recomendações projetuais assistivas para um melhor uso desses abrigos de ônibus
por parte do usuário longevo.
A essência da pesquisa consistiu no Método Observacional que, de acordo
com Marconi e Lakatos (2015), é uma técnica de coleta de informações que tem como
finalidade obter os mais variados aspectos dos fenômenos que pretendem ser
estudados. Para a realização desta pesquisa, foi necessário observar as diferentes
situações em que os longevos se deparavam ao fazer uso desses abrigos à espera
dos ônibus, bem como as maiores dificuldades encontradas no uso desse mobiliário
urbano.
Um outro Método de Procedimento empregado para este estudo foi o Estruturalista
que, conforme Andrade (2010), é um método que parte do concreto para o abstrato e
vice-versa, dos mais variados fenômenos, portanto, o foco foi o de analisar
individualmente alguns abrigos de ônibus, parte por parte, levando em consideração
que por essência um abrigo necessita do outro para tornar o sistema eficiente. A partir
de então, puderam ser propostas possíveis recomendações ergonômicas para uma
47
melhor concepção de desenhos de abrigos de ônibus adequados e direcionados as
necessidades dos usuários idosos.
A pesquisa também se fundamenta no método Funcionalista que, segundo Marconi e
Lakatos (2003), é um método que analisa a sociedade do ponto de vista de suas
funções e de suas unidades, como um sistema único e organizado de ações. De
acordo com esse método, faz-se necessário analisar alguns abrigos de ônibus
localizados na avenida, no intuito de verificar a funcionalidade dos elementos
compositivos dos abrigos, como a cobertura, o assento, o encosto e os painéis de
informações.
A metodologia de procedimento também se alicerçou em adaptações da fase de
Análise da Tarefa e de Problematização Ergonômica, fases constantes na
Metodologia de Intervenção Ergonomizadora do Sistema Humano-Tarefa-Máquina,
proposta por Moraes (2010). Estas etapas auxiliaram o procedimento de investigação
in loco, bem como a redação descritiva dos processos analíticos deste estudo.
4.1 Descrição do Local do Estudo de Caso
O estudo de caso desta pesquisa se deu em Caruaru, situada no nordeste do Brasil,
localizada no Agreste Pernambucano e considerada a cidade mais populosa do
interior de Pernambuco. Este projeto se apresentou na Avenida Agamenon
Magalhães, considerada a principal avenida deste município, além de ser também,
uma das avenidas mais antigas e movimentadas da cidade de Caruaru-PE.
Em toda a extensão da avenida há a presença de abrigos de ônibus, porém, não são
em todas as paradas que são encontrados os abrigos. Conforme realizou-se o estudo,
foi possível constatar que em cinco (5) paradas de ônibus localizadas nos dois
sentidos, há apenas a existência de uma placa sinalizando que naquele local é uma
parada e também há placas de início e fim do espaço determinado para o transporte
coletivo. Na Figura 07, a seguir, é possível visualizar as paradas existentes dos dois
lados da via, onde no primeiro sentido, que se inicia na BR 104 até o centro da cidade,
é possível notar que existem seis (6) paradas, sendo que só em duas (2) há abrigos
48
de ônibus. Já nas outras paradas só tem placas azuis e em algumas há também
placas vermelhas, sinalizando o início e o fim da parada de ônibus. No sentido do
centro da cidade até a BR 104 há sete (7) paradas, sendo que em uma (1) única
parada não existe abrigo e em outras duas (2) há dois (2) abrigos instalados e nas
outras paradas há somente um (1) único abrigo fixado, totalizando em oito (8) abrigos
localizados em toda a extensão do sentido centro da cidade até a BR 104.
Figura 07: Paradas distribuídas na Av. Agamenon Magalhães em Caruaru-PE. Destaque para os abrigos 1; 2; 3; e 4, analisados neste estudo.
Fonte: Google Maps (2017) adaptado pela autora.
A avenida Agamenon Magalhães está sendo mostrada na Figura 07 através do ícone
de localização. Os quadrados azuis indicam as paradas onde não há abrigos, havendo
apenas placas sinalizadoras. Já os quadrados vermelhos indicam as paradas de
ônibus que contém os abrigos, os quais são utilizados para aguardar o transporte
coletivo. É valido enfatizar ainda que em duas (2) das paradas presentes na avenida
constam dois (2) abrigos ao invés de um (1) abrigo.
Os abrigos analisados neste estudo estão enumerados de (1) à (4) e estão indicados
ao lado dos quadrados vermelhos (Figura 07). Os abrigos de número (1) e (2) estão
49
situados nas proximidades da BR 104 e os abrigos (3) e (4) estão localizados nas
imediações do centro da cidade de Caruaru-PE.
Com relação, a escolha dos abrigos analisados neste estudo, os mesmos foram
abordados em decorrência do uso e da movimentação em torno dos abrigos 1, 2, 3 e
4, feito pelo público idoso, levando em consideração que o abrigo um (1) e dois (2)
localizados nas proximidades da BR 104 liga a cidade de Caruaru à outras cidades
vizinhas, além também da presença de pontos comerciais e de consultórios médicos
residentes nas proximidades destes abrigos, possibilitando de certa forma o tráfego
dos idosos na cidade e também para as outras cidades, deste modo acabam fazendo
com que os abrigos dessas paradas, tão frequentadas e utilizadas, fossem analisadas
neste estudo. Já os abrigos três (3) e quatro (4) estão fixados nas proximidades do
centro de compras da cidade, e esta localização decorre da necessidade dos idosos
em se deslocarem até o centro, com o intuito de realizar compras, além também de
poderem resolver algum tipo de problema referente a sua vida pessoal.
4.1.1 Descrição dos Abrigos de Ônibus
Os abrigos de ônibus instalados são todos produzidos em aço galvanizado, porém, as
medidas encontradas em um abrigo divergem das medidas encontradas nos demais,
isso se dá em virtude dos abrigos terem sido dispostos sem estudo prévio da
superfície urbana, conforme a demanda solicitada pelo órgão responsável, a empresa
fornecedora deste mobiliário na cidade analisada. Na Figura 08, a seguir, é possível
observar a estrutura dos abrigos de ônibus fixados em Caruaru-PE.
50
Figura 08: Estrutura dos abrigos de ônibus de Caruaru-PE.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Em todos os abrigos de ônibus, o assento (Figura 09) possui formato retangular e é
produzido de chapa de aço de 3mm de espessura dobrada. Contudo é valido destacar
que as medidas referentes ao assento dos abrigos de ônibus analisados diferem de
um abrigo à outro abrigo.
Figura 09: Assento do abrigo de ônibus de Caruaru-PE.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Nos abrigos de ônibus existem dois painéis, o painel frontal e o lateral. O painel frontal
(Figura 10) não possui iluminação e tem medidas de 102,0cm de altura por 201,0cm
de largura e 15,0cm de profundidade, a parte posterior e lateral deste elemento é de
51
aço galvanizado e a parte frontal é feita em acrílico cristal de 3mm de espessura, além
também do perfil do próprio alumínio que é utilizado para a fixação das publicidades.
Figura 10: Painel frontal do abrigo de ônibus de Caruaru-PE.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
As informações presentes nos abrigos tratam de divulgações de marcas e só é visível
na parte frontal deste painel.
Conforme o edital disponibilizado pela Destra, órgão responsável pela distribuição dos
abrigos na cidade de Caruaru-PE, as especificações técnicas presentes no projeto de
licitação não coincidem com as medidas obtidas no decorrer deste estudo. Devido a
isso, serão mostradas a seguir nas vistas (Frontal, Lateral e Superior), as medidas
que foram identificadas na maioria dos abrigos de ônibus dispostos em Caruaru-PE.
Na vista frontal do abrigo (Figura 11), é possível visualizar as medidas que foram
aferidas durante a realização do estudo.
52
Figura 11: Vista frontal do abrigo.
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
Há também o painel lateral (Figura 12) que fica localizado na lateral do abrigo, este
possui face frontal e posterior, sem iluminação e com medidas de 130,0cm de altura
por 81,0cm de largura e 15,0cm de profundidade e a medida total da base do painel
localizada na calçada até a parte da superfície do painel é de 198,0cm. A proteção do
painel é feita em acrílico cristal de 3mm de espessura, além do perfil de alumínio que
é utilizado para a fixação dos painéis de publicidade e das informações na face
posterior e frontal deste painel.
53
Figura 12: Painel lateral do abrigo de ônibus de Caruaru-PE.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Na Figura 13, a seguir, é possível evidenciar as medidas da vista lateral que foram
encontradas no estudo através da realização das medições nos abrigos.
54
Figura 13: Vista lateral do abrigo.
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
Com relação a cobertura dos abrigos, a mesma é produzida com um material
comumente conhecido como policarbonato alveolar (Figura 14) e a sustentação da
coberta é toda de aço galvanizado calandrado de seção circular com diâmetro de
5,0cm, já as terças de sustentação da cobertura também são de aço galvanizado de
seção circular com diâmetro de 5,0cm.
55
Figura 14: Cobertura de policarbonato dos abrigos de Caruaru-PE.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Para a fixação da cobertura, é utilizado perfil de alumínio, já a sustentação é dada
através das duas colunas presentes nas laterais do mobiliário, que são produzidas em
aço galvanizado de seção circular com diâmetro de 11,0cm. A seguir na Figura 15,
apresentamos a vista superior, a qual evidencia as dimensões encontradas no estudo
através da realização das medições nos abrigos dispostos.
Figura 15: Vista superior do abrigo.
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
56
Devemos ressaltar que, durante a realização do estudo, foi verificado que as medidas
encontradas na vista frontal, lateral e superior divergem das dimensões do projeto
idealizado pela Destra (2011). Deste modo, se faz notório dizer que o projeto presente
no edital de licitação da Destra (2011) não representa o abrigo de ônibus real instalado
na avenida analisada. As diferenças de medidas que foram encontradas chegam a
alcançar medições muito acima da indicada no projeto de licitação destes mobiliários
urbanos, além do mais, ao comparar as distâncias que foram encontradas foi
verificado que variam de 4,5cm até 55,0cm as medidas do projeto e do real disposto.
A pintura e o acabamento dos abrigos é feita através da utilização de esmalte sintético
alquídico, nas cores cinza e vermelho, determinadas pela prefeitura e pela autarquia
de trânsito da cidade estudada aos ganhadores da licitação que fica imposta a
manutenção destes mobiliários.
Para a instalação do abrigo na calçada são utilizadas duas aletas de chumbamento,
com medições de 15x15cm com 1,0cm de espessura, soldadas para permitir uma
adequada fixação do abrigo ao solo (Figura 16).
Figura 16: Fixação do abrigo em uma calçada da Av. Agamenon Magalhães.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Há também um outro elemento (Figura 17) que faz parte da composição do abrigo que
é utilizado para a fixação de panfletos e de notícias pertinentes à serviços prestados
na cidade, porém, esse tipo de elemento não é encontrado em todos os abrigos, as
medidas dele são de 247,0cm de altura, 52,0cm de largura e 6,0cm de profundidade.
57
Figura 17: Expositor de Panfletos.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Com relação a este elemento, presente em algumas das paradas de ônibus, não há
nada correspondente a ele no edital de licitação, ou seja, no projeto detalhado dos
abrigos de ônibus. Na Figura 18, a seguir, é possível visualizar as características
dimensionais do elemento de exposição de panfletos que só há em alguns dos abrigos
que estão fixados na avenida Agamenon Magalhães em Caruaru-PE.
58
Figura 18: Vista lateral, superior e frontal do elemento do abrigo.
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
No projeto da Destra não há tipo algum de iluminação artificial, porém, durante a
realização das visitas nos abrigos analisados, verificou-se que alguns abrigos contam
com um tipo de iluminação artificial (Figura 19 (A e B)).
Figura 19 (A e B): Iluminação dos abrigos de ônibus de Caruaru-PE.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Foi possível visualizar também na Figura 20, a seguir, que a energia elétrica fornecida
para essas adaptações de iluminação são geradas através de um contador de energia
A B//
59
que fica localizado na lateral dos abrigos e é feita por amarrações de aço, onde a
energia gerada nestes abrigos advém da energia que é distribuída pelos postes de
iluminação pública, que são fixados nas proximidades dos abrigos de ônibus. Na
imagem a seguir é visível um contador com alguns fios entrelaçados.
Figura 20: Contador de energia com fios entrelaçados.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Como podemos visualizar na figura acima, o contador de energia transmite a energia
elétrica para a iluminação presente em alguns abrigos, porém quando instalado de
qualquer jeito sem levar em consideração o local público onde se encontra fixado,
pode vir a causar alguns tipos de transtornos, como choques, inclusive pode chegar a
levar o usuário de transporte público à morte, através de uma descarga elétrica
passada para o mobiliário chegando até ao usuário do abrigo.
60
4.2 Classificação do Usuário
Neste estudo foram abordados os usuários idosos, os quais são um público que utiliza
bastante este tipo de mobiliário urbano (abrigo de ônibus) nas grandes cidades. Para
a realização desta pesquisa também foi necessário proceder uma avaliação
dimensional nos abrigos de ônibus, visando assim, verificar se as medidas
encontradas nesses equipamentos de utilidade pública atendem ou não às dimensões
antropométricas destes usuários (Figura 21), que fazem uso dos abrigos diariamente
na Avenida Agamenon Magalhães, na cidade de Caruaru-PE.
Figura 21: Usuários idosos utilizando o abrigo de ônibus na Av. Agamenon Magalhães.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
61
O desenvolver deste estudo se deu através da observação de idosos com idade entre
60 e 85 anos, e possuindo características dimensionais distintas. Deste modo, pôde-
se verificar o usuário longevo realizando a atividade sentado no uso do abrigo e a
atividade em pé em torno do abrigo, em horários distintos durante o dia, e nos (4)
abrigos que são bastante movimentados e utilizados pelo público idoso, como relatado
no tópico 4.1 deste estudo, com o intuito de analisar os quatro (4) abrigos abordados
nesta pesquisa.
É valido ressaltar que essa pesquisa só considerou o usuário idoso, não considerando
outros tipos de usuários que também são bastante comuns de encontrar fazendo uso
deste equipamento urbano. Dentre esses outros usuários, há os cadeirantes, os
deficientes visuais e os auditivos entre outros, pois, para projetar mobiliários
destinados à esses outros usuários seria necessário desenvolver projetos providos de
demandas direcionadas e advindas de suas limitações distintas.
4.2.1 Descrição das Atividades Analisadas
As análises presentes nesta pesquisa foram realizadas com o apoio do levantamento
registrado através de fotografias capturadas no exato momento em que os usuários
idosos se encontravam fazendo uso dos abrigos de ônibus à espera do transporte
coletivo.
Este estudo teve como objetivo analisar se a usabilidade dos quatro abrigos de ônibus
selecionados atende às necessidades e demandas que são típicas dos longevos em
decorrência das possíveis limitações advindas do envelhecimento. A seguir, serão
relatadas as atividades que foram realizadas naturalmente pelos idosos para a
promoção deste estudo.
Foram selecionadas 2 atividades realizadas pelos longevos. A primeira atividade
analisa os idosos de pé, em frente aos abrigos de ônibus, à espera do transporte
coletivo. Na Figura 22, a seguir, é possível visualizar um longevo de pé em frente a
um dos abrigos de ônibus analisados.
62
Figura 22: Usuário idoso em pé na frente do abrigo.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
A segunda atividade analisa os idosos sentados no assento dos abrigos selecionados
para estudo de caso. Na Figura 23, a seguir, é possível visualizar um longevo sentado
em frente ao abrigo de ônibus.
63
Figura 23: Usuária idosa sentada no assento do abrigo.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
As fotografias foram realizadas durante o dia em horários alternados. As imagens são
resultantes de possíveis flagras que foram identificados sem a abordagem ao usuário
idoso. Teve-se como intuito observar como o usuário longevo naturalmente se porta
ao utilizar este tipo de mobiliário urbano na cidade de Caruaru-PE. Com essas
imagens foi possível enriquecer esse estudo e visar a real necessidade que se têm
em projetar mobiliários urbanos levando em consideração o público idoso.
64
5 RESULTADOS
Através da metodologia abordada nesta pesquisa, foi viável chegar a alguns
resultados acerca dos equipamentos urbanos analisados. Nesta seção, serão
explanadas a apresentação e a discussão dos resultados obtidos durante toda a
análise realizada nos quatro (4) abrigos abordados para a efetivação deste estudo. As
análises aqui descritas foram realizadas a partir de usabilidade dos elementos dos
abrigos de ônibus e das proporções dos idosos que fazem uso deste, a partir de fotos
pertinentes a essa relação de usabilidade. A primeira análise foi realizada no abrigo 1
e, consequentemente, nos próximos abrigos 2, 3 e 4, para assim, chegarmos a uma
conclusão desta relação de usabilidade entre os longevos e os abrigos de ônibus.
Conforme exposto no tópico 3.2 (pág. 42), Freitas (2008) sugere que os abrigos
tenham 2,10m de altura e 1,50m de profundidade e 1,50m de largura, podendo assim
serem utilizadas outras medidas maiores ou menores à depender das medidas dos
passeios públicos e do fluxo de pessoas em torno do abrigo. No entanto, o autor ainda
enfatiza que os abrigos podem ser maiores ou menores, a depender do tamanho da
calçada e do fluxo de pessoas que se locomovem ou fazem uso dos abrigos. Na
análise da medida total da estrutura do mobiliário (abrigo de ônibus) deste estudo de
caso, originário da cidade estudada, foi verificado que as dimensões são divergentes
do projeto licitatório. Porém esse estudo focou na avaliação do projeto executado e
observou que a altura do abrigo real se encontra 60cm mais alto. A profundidade
indicada por Freitas (2008) foi de 30cm superior à medida recomendada, já a largura
foi de 1,60m a mais do que o autor indica como sendo as medidas ideais para um
abrigo de ônibus. Porém o autor ressalva que a depender da medida do passeio e do
espaço utilizado para o fluxo de pessoas, a medida do abrigo pode ser maior ou
menor.
No painel lateral e frontal instalados nos abrigos distribuídos pela avenida há ausência
de informações pertinentes aos horários, as rotas e as linhas dos transportes coletivos
que transitam por esses abrigos, o que existem são propagandas de lojas e de marcas
(Figura 24) atuantes na cidade que solicitam a prefeitura para expor as suas
informações nos abrigos da cidade de Caruaru-PE.
65
Figura 24: Propagandas de lojas e de marcas presentes no painel frontal e lateral.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Estas ações de publicidade e de marketing que estão presentes nos painéis acabam
dificultando a vida dos usuários idosos, que muitas vezes se encontram sem ter uma
orientação de informações pertinentes aos transportes coletivos que passam em um
determinado abrigo.
Com relação ao encosto, foi visto que o painel frontal é utilizado como sendo encosto
pela população, e, em decorrência disto, é importantíssimo analisar a altura entre a
superfície do assento até o início do painel frontal, com a finalidade de verificar se a
altura medida se encontra adequada conforme o que Iida (2005) indica.
Com o uso, a pintura do assento (Figura 25) dos abrigos de ônibus vai se
desgastando, deixando a aparência estética do produto um pouco desagradável. Já
com relação a manutenção dos assentos e dos outros elementos, não é realizada, o
que é feita é uma demão de tinta sob o aço referente a cor da campanha do atual
gestor, dando uma outra aparência ao equipamento.
66
Figura 25: Assento desgastado devido ao uso.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Como podemos visualizar na figura acima, foi dada uma demão de tinta na cor
vermelha e posteriormente foi permitida uma demão de tinta na cor cinza, com isso,
dá para distinguir o material utilizado na fabricação do abrigo vindo à tona na superfície
do assento, em consequência do uso pela população em geral.
Durante o dia, a depender da posição onde foi realizada a instalação do abrigo, é
provável encontrar toda a estrutura do abrigo quente e também, consequentemente
os assentos vão estar aquecidos (Figura 26), aquecimento esse gerado pela condição
climática vigente, assim como do material que é utilizado na fabricação destes
mobiliários, e também dos assentos. No período noturno, há a diminuição da
temperatura e há também o resfriamento do clima na cidade e, consequentemente,
do equipamento urbano.
Figura 26: Abrigo posicionado em frente ao sol.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
67
Na análise desta pesquisa foi possível verificar que, durante o dia, a depender do
horário, esses assentos não são utilizados pelos idosos e por qualquer que seja o
público, uma vez que são encontrados quentes demais para se fazerem uso, por isso
é habitual ver vários longevos se posicionando em pé na frente do abrigo à espera do
transporte coletivo.
Figura 27: Idoso na sombra de um poste, se protegendo do sol, próximo do abrigo.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Na Figura 27, acima, é possível ver que um idoso se posiciona por trás de um poste
de iluminação pública, à sombra, e não se senta no assento devido, o mesmo ser
encontrado quente durante o período vespertino para ser utilizado.
Em um outro abrigo, na Figura 28 a seguir, foi possível perceber também, que durante
à tarde o sol bate em toda a estrutura deste abrigo, e consequentemente no assento
e no encosto. Com isso, é normal ver que as pessoas, para se protegerem do sol, se
posicionam por trás do abrigo, devido a temperatura do assento ser considerada muito
quente para ser utilizado pelos usuários que utilizam diariamente os abrigos na cidade
analisada.
68
Figura 28: Pessoas se protegendo do sol, por trás do abrigo de ônibus.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Em alguns abrigos existem lixeiras que são disponibilizadas pela prefeitura da cidade
(Figura 29). Porém, essas lixeiras são fixadas próximo dos abrigos, em lugar aleatório,
sem ter uma ordem de onde devem ser colocadas, além também de serem fixadas
em locais considerados impróprios, dificultando a locomoção das pessoas que
transitam nas proximidades do abrigo.
Figura 29: Lixeira presente neste abrigo de ônibus.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
69
Conforme o edital da Destra, os abrigos de ônibus foram introduzidos na cidade de
Caruaru no ano de 2011. Deste modo, nesta época já existiam algumas calçadas
projetadas na avenida, porém, algumas destas calçadas tiveram de ser quebradas
para a fixação dos novos abrigos no ambiente considerado o ponto de parada. Com o
estudo, foi possível perceber que muitos dos abrigos se encontram instalados de
forma inadequada, mais elevado de um lado do que do outro.
Figura 30: Fixação do abrigo e desnível de calçada.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
É notório perceber que em pleno século XXI, é possível encontrar calçadas em
péssimas condições de se transitar, totalmente desniveladas, dificultando assim, a
locomoção de todos, inclusive dos usuários idosos. Na Figura 30, acima, foi possível
observar o piso totalmente desnivelado de uma calçada localizada na avenida
Agamenon Magalhães e pode-se ver também que a fixação foi feita de forma
inadequada neste abrigo, caracterizando um abrigo mais elevado de um lado e do
outro menos elevado, devido a essas condições desfavoráveis de ambiente.
70
5.1 Análise do Abrigo 1
Na análise dos elementos Assento e Encosto do Abrigo 1 abordado, foi possível
compreender que estas partes apresentam medidas diferentes das que são
recomendadas por Iida (2005) e por Panero e Zelnik (2013).
No que se refere à largura do assento, Panero e Zelnik (2013) indicam 49,0cm, medida
essa referente ao 95 Percentil das mulheres, porém o abrigo não conta com assentos
individuais e sim com um único assento de 2,00m, valor este que, se dividido para
quatro pessoas, totalizará em 50,0cm por pessoa. Já para Iida (2005), a medida da
largura do assento é de 40,0cm, no entanto a medida encontrada no assento deste
abrigo foi de 2,00m, valor este que, na hipótese de dividir também para quatro pessoas
totalizará em 50,0cm para cada usuário, a medida da largura deste assento ainda
pode ser dividido para cinco pessoas. Em conformidade com as medidas dos dois
autores citados consideradas ideais, é válido dizer que a largura deste assento se
encontra adequada.
Para Panero e Zelnik (2013), a medida proposta para a profundidade do assento é de
43,2cm a 54,9cm, porém, a medida encontrada neste abrigo foi de 38,0cm,
caracterizando assim um assento com profundidade pequena e inadequado para
qualquer que seja o usuário à utiliza-lo (tanto de alta como de baixa estatura).
Conforme Iida (2005), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no
mínimo 38,1cm (correspondente ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo de
51,0cm (equivalente ao 95 Percentil dos homens). No entanto, para Panero e Zelnik
(2013) a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no mínimo 39,4cm
(correspondente ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo de 43,2cm (equivalente
ao 95 Percentil dos homens). No Abrigo 1, a altura do piso à superfície do assento é
de 52,0cm, porém essa medida encontrada é considerada elevada em relação à
medida máxima recomendada tanto por Iida (2005) quanto por Panero e Zelnik (2013).
Deste modo, é valido ressaltar que a altura identificada neste abrigo, desconsidera
não só o menor usuário, mais também o maior usuário.
71
Já com relação ao encosto, Iida (2005) indica que esta medida deve ser de 15,0cm à
20,0cm, medida essa que se inicia na superfície do assento e vai até a parte inicial do
painel frontal do abrigo (que é utilizada como encosto por todos os usuários), a medida
encontrada foi de 34,5cm. Este valor é 14,5cm maior do que a medida máxima
indicado por Iida (2005).
Quadro 05: Análise do assento e do encosto do Abrigo 1.
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
No Quadro 05, acima, foi possível visualizar melhor a análise do assento e do encosto
do Abrigo 1, abordado neste estudo.
Como resultado da avaliação dos elementos deste abrigo, ficou notável, que no
elemento assento, a largura se encontra adequada, já a profundidade se encontra
inadequada e a altura do piso à superfície do assento também está inadequada. Com
relação, à altura da superfície do assento até a parte inicial do painel frontal, essa
também encontra-se inadequada.
Largura Profundidade
Altura
Medida antropométrica encontrada no
abrigo 1
Iida (2005) Panero e Zelnik (2013)
Resultado da Avaliação
Assento Largura
2,00m (4 pessoas), 50,0cm por
pessoa
1,60m (4 pessoas), 40,0cm por
pessoa 2,00m
(5 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,96m (4 pessoas), 49,0cm por
pessoa
Adequada Adequada
Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm
Inadequada
Altura do piso à
superfície do assento
52,0cm 38,1cm - 51,0cm
39,4cm - 43,2cm
Inadequada Inadequada
Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel
frontal (encosto)
34,5cm 15cm - 20cm _ Inadequada
ADEQUADA INADEQUADA
EL
EM
EN
TO
72
Com relação à análise do mobiliário realizada acima, na Figura 31, a seguir, é possível
visualizar um usuário idoso de estatura elevada fazendo uso do Abrigo 1 analisado na
cidade de Caruaru-PE.
Figura 31: Assento com pouca profundidade para o usuário idoso de estatura elevada.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Como podemos visualizar na figura acima, foi possível identificar que o usuário idoso
de estatura elevada está sentado no assento do Abrigo 1 analisado. Porém, é notório
que a profundidade do assento é considerada pequena e inadequada para este idoso,
considerando que o idoso possui estatura elevada. Ao fazer uso de um assento com
pequena profundidade, o longevo de alta estatura fica propício a sentir certos
incômodos, dores e até mesmo fraturas, em decorrência da falta de suporte do
assento para suportar toda a parte inferior das coxas do usuário, como é visto acima.
Também, fica claro que à altura do piso à superfície do assento também é incorreta e
considerada alta, o que acaba propiciando, de forma involuntária, a flexão da perna
do usuário de estatura elevada para trás.
73
Conforme as informações citadas acima é importante dizer que o Abrigo 1 se encontra
inadequado não só para o usuário de estatura elevada quanto também para o usuário
de baixa estatura. Para este abrigo, só a largura do assento se encontra adequada
para os usuários de alta e baixa estatura. Já a profundidade do assento, a altura do
piso a superfície do assento e a altura da superfície do assento até a parte inicial do
encosto se encontram inadequados para os usuários idosos de alta e de baixa
estatura. Com isso, é fundamental que sejam melhores avaliadas as medidas
referentes a profundidade do assento, a altura do piso à superfície do assento e a
altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto, com o intuito de projetar
abrigos de ônibus voltados para os idosos que possuem alta ou baixa estatura.
É importante realçar que o Abrigo 1 pode ser utilizado por até 5 pessoas, em virtude
da largura encontrada neste abrigo que foi de 2,00m, porém, durante o decorrer das
análises dos próximos três abrigos, só será levado em consideração a largura
direcionada para quatro pessoas, devido os outros abrigos não terem medidas para
abrigar mais um usuário.
5.2 Análise do Abrigo 2
Na análise do assento e do encosto dos abrigos de ônibus, foi possível observar que
os elementos do Abrigo 2 analisado também possuem medidas diferentes das
sugeridas por Iida (2005) e por Panero e Zelnik (2013).
No que se refere à largura do assento, Panero e Zelnik (2013) indicam 49,0cm, medida
essa referente ao 95 Percentil das mulheres, porém o Abrigo 2, como nos outros
abrigos, não conta com assentos individuais e sim com um único assento de 1,89m,
valor este que pode ser dividido para quatro pessoas e totalizará em 47,2cm por
pessoa. No que tange à largura do assento, Iida (2005) indica a medida de 40,0cm,
no entanto, a medida total do assento deste abrigo foi de 1,89m, valor este que, na
hipótese de dividir também para quatro pessoas, totalizará em 47,2cm para cada
pessoa. De acordo com as medida encontradas, é válido dizer que a largura está
abaixo do que é recomendado por Panero e Zelnik (2013) e é considerada ideal por
Iida (2005).
74
Para Panero e Zelnik (2013), a medida ideal de profundidade de um assento é de
43,2cm a 54,9cm, porém, a medida encontrada neste Abrigo 2 foi de 45,0cm,
caracterizando assim, em um assento dentro da medida recomendada, podendo ser
utilizado por qualquer que seja o usuário, tanto de baixa quanto de alta estatura.
Segundo Iida (2005), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de, no
mínimo, 38,1cm (correspondente ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo de
51,0cm (correspondente ao 95 Percentil dos homens). Neste Abrigo 2, a altura do piso
à superfície do assento foi de 58,0cm, porém essa medida encontrada é 7cm maior
que a medida máxima recomendada por Iida (2005). Na opinião de Panero e Zelnik
(2013) a altura do piso à superfície do assento deveria ser de 39,4cm (correspondente
ao 5 Percentil das mulheres), até 43,2cm (equivalente ao 95 Percentil dos homens).
No Abrigo 2, a altura do piso à superfície do assento foi de 58,0cm, porém essa medida
encontrada é considerada 14,8cm maior do que o máximo indicado por Panero e
Zelnik (2013). Deste modo, é valido ressaltar que a altura do piso à superfície do
assento identificada no Abrigo 2, desconsidera não só o menor usuário, mas também
o maior usuário, conforme Iida (2005) e Panero e Zelnik (2013).
No que diz respeito ao encosto, Iida (2005) indica que a altura do assento até a parte
inicial do encosto seja de 15,0cm à 20,0cm. Porém a medida encontrada foi de
28,0cm, esta medida é 8,0cm maior do que é indicado por Iida (2005) para um encosto
adequado.
No Quadro 06, a seguir, é possível visualizar melhor a análise do assento e do encosto
do Abrigo 2, abordado nesta pesquisa.
75
Quadro 06: Análise do assento e do encosto do Abrigo 2.
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
Como resultado da avaliação dos elementos deste abrigo, ficou evidenciado, que no
elemento assento, a largura se encontra adequada conforme o que Iida (2005)
recomenda e se encontra inadequada segundo o que Panero e Zelnik (2013) indicam
como sendo a largura ideal para um indivíduo, nota-se também que a profundidade
do assento e a altura do piso à superfície do assento são inadequadas. Já no elemento
encosto, a altura da superfície do assento até a parte inicial do painel frontal é
inadequada.
Como observado acima na análise do mobiliário, a seguir na Figura 32 - A e B, é
possível visualizar um usuário idoso de baixa estatura fazendo uso do Abrigo 2 na
cidade de Caruaru-PE.
Largura Profundidade
Altura
Medida antropométrica encontrada no
abrigo 1
1 Iida (2005)
2 Panero e
Zelnik (2013)
Resultado da Avaliação
Assento Largura
1,89m (4 pessoas), 47,2cm por
pessoa
1,60m (4 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,96m (4 pessoas), 49,0cm por
pessoa
1-Adequada
2-Inadequada
Profundidade 45,0cm _ 43,2cm - 54,9cm
Adequada
Altura do piso à
superfície do assento
58,0cm 38,1cm - 51,0cm
39,4cm - 43,2cm
Inadequada Inadequada
Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel
frontal (encosto)
28,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada
ADEQUADA INADEQUADA
EL
EM
EN
TO
76
Figura 32 - A e B: Assento considerado alto para o usuário idoso de baixa estatura.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Como podemos visualizar na imagem acima, é de fácil percepção que o idoso ao se
acomodar no assento, fica com os pés suspensos, devido o assento ser muito alto em
relação ao piso, e ao sentar, os vasos sanguíneos da parte posterior da coxa e da
região poplítea do idoso pode vir a sofrer uma certa compressão, podendo assim, esse
ato gerar possíveis sensações de formigamentos, dores nas regiões dos membros
inferiores, inchaços, além também de problemas de circulação e de varizes. É possível
visualizar também que o idoso não encosta no painel caracterizado como sendo o
encosto do abrigo, podendo esta postura chegar a prejudicar a coluna lombar devido
o usuário não apoiar-se no encosto. Como o assento é alto demais para este usuário
ao levantar-se o mesmo pode chegar a se desequilibrar e até mesmo cair, por não
existir nenhum tipo de apoio que o auxilie ao levantar, chegando a causar possíveis
traumas, tanto físico, quanto psicológicos aos longevos ao fazer uso deste mobiliário
urbano implantado em uma altura incorreta.
Como resultado desta análise, percebeu-se que a largura deste assento se encontra
adequada para os usuários de baixa e de alta estatura, a profundidade do assento se
encontra também dentro da medida recomendada. Já, a altura do piso à superfície do
assento e a altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto se encontram
inadequados para os usuários idosos de alta e de baixa estatura. Com isso, é
77
significativo dizer que as medidas referentes à altura do piso à superfície do assento
e a altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto devem ser melhor
avaliada para que possam ser utilizada corretamente por idosos de alta estatura e de
baixa estatura.
5.3 Análise do Abrigo 3
Na análise dos elementos do Abrigo 3, foi possível notar que as medidas encontradas
no assento e no encosto também diferem das medidas apresentadas por Iida (2005)
e por Panero e Zelnik (2013).
Com relação à largura do assento, Panero e Zelnik (2013) indicam 49,0cm de largura
para cada indivíduo, esta medida é alusiva aos 95 Percentil das mulheres. Porém, no
Abrigo 3, assim como nos outros abrigos, o mesmo não conta com assentos
individuais e sim com um único assento de 1,88m, valor este que pode ser dividido
para quatro pessoas, resultando em 47,0cm por pessoa. Porém, no que diz respeito
à largura do assento indicado por Iida (2005) a medida é de 40,0cm, no entanto, a
medida total do assento deste abrigo foi de 1,88m, valor este que, na hipótese de
dividir para quatro pessoas, totalizará em 47,0cm para cada pessoa. Conforme as
medidas encontradas referente a largura do assento, é válido dizer que a largura de
um único assento está 2,0cm abaixo do que é estabelecido por Panero e Zelnik (2013),
caracterizando em uma largura inadequada. Já, para Iida (2005), a medida encontrada
é de 7,0cm a mais em cada largura e se encontra dentro do que é recomendado pelo
autor, sobrando um espaço considerável de 28,0cm em toda a largura do assento do
Abrigo 3.
Para Panero e Zelnik (2013), a medida indicada para a profundidade de um assento
é de 43,2cm a 54,9cm, porém, a medida encontrada neste abrigo foi de 38,0cm,
caracterizando, assim, um assento com profundidade pequena e inadequado para
qualquer que seja o usuário (tanto de alta como de baixa estatura), configurando-se
com uma medida de 5,2cm abaixo do tamanho ideal recomendado pelos autores.
Segundo Iida (2005), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no mínimo
38,1cm (correspondente ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo de 51,0cm
78
(correspondente ao 95 Percentil dos homens). Já Panero e Zelnik (2013), relatam que
a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no mínimo 39,4cm
(correspondente ao 5 Percentil das mulheres), chegando até os 43,2cm (equivalente
ao 95 Percentil dos homens). Neste Abrigo 3 analisado, a altura do piso à superfície
do assento foi de 53,0cm, porém essa medida encontrada é 2,0cm maior do que a
medida máxima sugerida por Iida (2005) e é vista 9,8cm maior do que o máximo
proposto por Panero e Zelnik (2013). Deste modo, é valido ressaltar que a altura
identificada neste assento, se encontra inadequada, não só ao menor usuário, mas
também ao maior usuário, conforme o que Iida (2005) e Panero e Zelnik (2013).
Iida (2005) indica que a altura do assento até a parte inicial do encosto seja de 15 à
20 cm, porém a medida encontrada foi de 35,0cm, esta medida é 15,0cm maior do
que o máximo apontado pelo autor, configurando assim, em uma medida inadequada
para a altura de um encosto. No Quadro 07, a seguir, é possível observar melhor a
análise do assento e do encosto do Abrigo 3, investigado neste estudo.
Quadro 07: Análise do assento e do encosto do Abrigo 3.
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
Como resultado da avaliação dos elementos presente neste abrigo, ficou esclarecido,
que no elemento assento, a largura encontrada se encontra adequada segundo Iida
Largura Profundidade
Altura
Medida antropométrica encontrada no
abrigo 1
1 Iida (2005)
2 Panero e
Zelnik (2013)
Resultado da Avaliação
Assento Largura
1,88m (4 pessoas), 47,0cm por
pessoa
1,60m (4 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,96m (4 pessoas), 49,0cm por
pessoa
1-Adequada
2-Inadequada
Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm
Inadequada
Altura do piso à superfície do
assento
53,0cm 38,1cm - 51,0cm
39,4cm -43,2cm
Inadequada Inadequada
Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel frontal
(encosto)
35,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada
ADEQUADA INADEQUADA
EL
EM
EN
TO
79
(2005) recomenda e se encontra inadequada conforme o que Panero e Zelnik (2013)
indicam como sendo a largura ideal para um ser humano. Constata-se também que a
profundidade do assento, a altura do piso à superfície do assento e a altura da
superfície do assento até a parte inicial do painel frontal, encontram-se com as
medidas encontradas inadequadas ao uso humano.
Na Figura 33, é possível constatar que a usuária idosa de baixa estatura está sentada,
porém é visível notar que o limite da profundidade do assento e a altura do piso à
superfície do assento são consideradas inadequadas para esta usuária de baixa
estatura.
Figura 33: Assento alto e de pouca profundidade para a usuária idosa de baixa estatura.
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Já no que diz respeito à acomodação desta usuária idosa neste abrigo é pertinente
dizer, que a altura do piso à superfície do assento se encontra inadequada para ela,
pois a mesma, não consegue apoiar os pés no chão e ainda cruza os membros
inferiores e fica com as pernas balançando em virtude da altura do assento ser
elevada. É possível verificar que a profundidade do assento se encontra inadequada
para esta idosa, pois a parte posterior da coxa e da região poplítea sofrem uma certa
80
compressão, podendo assim, chegar a gerar sensações de dores, formigamentos,
inchaço, além também de problemas relacionados à circulação sanguínea e varizes.
Como o assento é elevado demais para esta usuária idosa, é notório que ao se
levantar, a mesma pode se desequilibrar e até cair, chegando esta ação à causar
possíveis traumas físicos e psicológicos ao fazer uso de um assento em uma altura
considerada inadequada.
Como resultado desta análise, notou-se que a largura deste assento se encontra
adequada de acordo com o que Iida (2005) recomenda e se encontra inadequada
segundo o que Panero e Zelnik (2013), já a profundidade, a altura do piso a superfície
do assento se encontram inadequadas para os idosos de alta e de baixa estatura. A
altura da superfície do assento até a parte inicial do painel, caracterizado como
encosto se encontra inadequado para os usuários idosos de alta e de baixa estatura.
Com isso, é significativo dizer que as medidas referentes a largura, segundo Panero
e Zelnik (2013), a profundidade do assento, à altura do piso à superfície do assento e
a altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto devem ser melhores
avaliados para que possam ser pensados e produzidos levando em consideração os
longevos de baixa e de alta estatura.
5.4 Análise do Abrigo 4
Na análise do elemento assento e do encosto do Abrigo 4, foi possível notar que as
medidas descobertas também diferem das medidas indicadas por Iida (2005) e por
Panero e Zelnik (2013).
Devemos lembrar que, no que se refere à largura do assento, Panero e Zelnik (2013)
indicam 49,0cm, medida essa referente ao 95 Percentil das mulheres, porém o Abrigo
4, assim como os outros abrigos, não conta com assentos individuais e sim com um
único assento de 1,99m, valor este que pode ser dividido para quatro pessoas e
totalizará em 49,7cm por pessoa. No que diz respeito à largura do assento, Iida (2005)
indica a medida de 40,0cm. Conforme as medidas encontradas, é válido ressaltar que
a largura está adequada e em conformidade com o que é recomendado tanto por Iida
(2005) como por Panero e Zelnik (2013).
81
De acordo com Panero e Zelnik (2013), a medida ideal de profundidade de um assento
é de 43,2cm a 54,9cm, porém, a medida encontrada no Abrigo 4, foi de 38,0cm,
configurando assim, em uma medida de 5,2cm menor do que é recomendado como
sendo ideal para a profundidade de um assento.
Para Iida (2005), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no mínimo
38,1cm (5 Percentil das mulheres), até o máximo de 51,0cm (95 Percentil dos
homens). No Abrigo 4, a altura do piso à superfície do assento foi de 51,5cm, porém
essa medida encontrada é 0,5cm a mais da medida tida como sendo a máxima
indicada por Iida (2005). Deste modo, essa altura identificada neste abrigo
desconsidera um pouco o menor usuário e também ignora um pouco o maior usuário.
Para Panero e Zelnik (2013), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de
no mínimo 39,4cm (5 Percentil das mulheres), chegando até os 43,2cm (95 Percentil
dos homens). Neste abrigo analisado, a altura do piso à superfície do assento foi de
51,5cm, porém essa medida encontrada é considerada 8,3cm maior do que a medida
máxima sugerido por Panero e Zelnik (2013), com o acréscimo do calçado. Desta
maneira, é válido ressaltar que a altura do piso à superfície identificada neste Abrigo
4, encontra-se inadequada e desconsidera não só o menor usuário, mas também o
maior usuário, conforme Iida (2005) e Panero e Zelnik (2013).
Iida (2005) indica que a altura do assento até a parte inicial do encosto seja de 15,0cm
à 20,0cm. Porém a medida encontrada foi de 34,0cm, medida considerada 14,0cm
maior do que o máximo proposto pelo autor.
No Quadro 08, a seguir, é possível observar o que foi narrado acima sobre a análise
do assento e do encosto do Abrigo 4, tratado nesta pesquisa.
82
Quadro 08: Análise do assento e do encosto do abrigo 4.
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
Como resultado da avaliação dos elementos deste abrigo, ficou evidenciado que no
elemento assento, a largura se encontra adequada conforme o que Iida (2005) e
Panero e Zelnik (2013) recomendam. Já, a profundidade e a altura do piso à superfície
do assento foram encontradas inadequadas. A altura da superfície do assento até a
parte inicial do painel frontal também foi encontrada inadequada.
Neste abrigo, foi possível perceber que a usuária idosa de baixa estatura (Figura 34 -
A e B) não se acomoda direito no assento do abrigo, deixando os membros inferiores
suspensos e sem conseguir fixar os pés no chão devido à altura do assento ser
elevada demais para o seu tamanho.
Largura Profundidade
Altura
Medida antropométrica encontrada no
abrigo 1
Iida (2005) Panero e Zelnik (2013)
Resultado da Avaliação
Assento Largura
1,99m (4 pessoas), 49,7cm por
pessoa
1,60m (4 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,96m (4 pessoas), 49,0cm por
pessoa
Adequada Adequada
Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm
Inadequada
Altura do piso à
superfície do assento
51,5cm 38,1cm - 51,0cm
39,4cm -43,2cm
Inadequada Inadequada
Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel
frontal (encosto)
34,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada
ADEQUADA INADEQUADA
EL
EM
EN
TO
83
Figura 34 - A e B: Assento alto para usuárias idosas de baixa estatura.
/
Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.
Conforme a Figura 34 - A e B acima, é possível visualizar que a primeira usuária idosa
vista nesta imagem, ao chegar no abrigo se posiciona de modo a se sentar na beira
da superfície do assento, e só depois executa uma elevação dos pés para a mesma
conseguir se sentar no assento do abrigo e conseguir também encostar-se no painel
frontal, utilizado como encosto. Na Figura 34 - B é possível visualizar que os pés de
outros longevos, que também estão sentados, ficam suspensos.
Devido o assento ser muito alto em relação ao piso, ao sentar, os vasos sanguíneos
da parte posterior da coxa e da região poplítea do idoso pode vir a sofrer uma certa
compressão, podendo assim, essa ação gerar possíveis sensações de
formigamentos, dores nas regiões dos membros inferiores, inchaços, além também
de problemas de circulação e de varizes. É possível visualizar também que a idosa de
imediato não encosta no painel caracterizado como sendo o encosto do abrigo, só
posteriormente a mesma se encosta, podendo esta postura chegar a prejudicar a
coluna lombar devido o usuário não apoiar-se no encosto. Como o assento é alto
demais para estes usuários ao levantar-se os mesmos podem chegar a se
desequilibrar e até mesmo cair, por não existir nenhum tipo de apoio que os auxiliem
ao levantar, essas ações podem gerar possíveis traumas, tanto físico, quanto
84
psicológicos aos longevos ao fazer uso deste mobiliário urbano implantado em uma
altura incorreta e com o assento de pouca profundidade.
Como resultado desta análise, percebeu-se que a largura deste assento se encontra
adequada para os usuários de baixa e de alta estatura. Já a profundidade do assento
e a altura do piso à superfície do assento se encontram inadequadas, no elemento
encosto, a altura da superfície do assento até a parte inicial do mesmo, se encontra
inadequada para os usuários idosos de alta e de baixa estatura. Com isso, é
significativo dizer que as medidas referentes à altura do piso à superfície do assento
e a altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto devem ser melhores
avaliados para que possam ser fabricados de modo a serem utilizados por longevos
de alta e de baixa estatura.
5.5 Análise dos Abrigos 1, 2, 3 e 4
As análises pertinentes aos Abrigos 1, 2, 3 e 4, poderão ser observadas no Quadro
10, a seguir, onde constam as medidas dos elementos assentos e encostos que foram
encontradas durante as análises realizadas em todos os abrigos analisados, visando
assim, chegar à possíveis conclusões das adequações e inadequações que se
encontram estes elementos.
Quadro 09: Análise do assento e do encosto do abrigo 1, 2, 3 e 4 analisados neste estudo.
Largura Profundidade
Altura
Medida antropométrica encontrada no
abrigo 1
Iida (2005)
Panero e Zelnik (2013)
Resultado da Avaliação
Assento
Largura
2,00m (4 pessoas), 50,0cm por
pessoa 2,00m
(5 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,60m (4 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,96m (4 pessoas), 49,0cm por
pessoa
Adequada Adequada
Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm
Inadequada
Altura do piso à
superfície do assento
52,0cm 38,1cm - 51,0cm
39,4cm -43,2cm
Inadequada Inadequada
AB
RIG
O 1
85
Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel
frontal (encosto)
34,5cm 15cm - 20cm _ Inadequada
Largura Profundidade
Altura
Medida antropométrica encontrada no
abrigo 2
1 Iida (2005)
2 Panero e
Zelnik (2013)
Resultado da Avaliação
Assento Largura
1,89m (4 pessoas), 47,2cm por
pessoa
1,60m (4 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,96m (4 pessoas), 49,0cm por
pessoa
1-Adequada
2-Inadequada
Profundidade 45,0cm _ 43,2cm - 54,9cm
Adequada
Altura do piso à
superfície do assento
58,0cm 38,1cm - 51,0cm
39,4cm -43,2cm
Inadequada Inadequada
Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel
frontal (encosto)
28,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada
Largura Profundidade
Altura
Medida antropométrica encontrada no
abrigo 3
1 Iida (2005)
2 Panero e
Zelnik (2013)
Resultado da Avaliação
Assento Largura
1,88m (4 pessoas), 47,0cm por
pessoa
1,60m (4 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,96m (4 pessoas), 49,0cm por
pessoa
1-Adequada
2-Inadequada
Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm
Inadequada
Altura do piso à
superfície do assento
53,0cm 38,1cm - 51,0cm
39,4cm -43,2cm
Inadequada Inadequada
Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel
frontal (encosto)
35,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada
Largura Profundidade
Altura
Medida antropométrica
Iida (2005) Panero e Zelnik (2013)
Resultado da Avaliação
AB
RIG
O 2
A
BR
IGO
3
86
Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.
Com relação à largura dos assentos analisados nos Abrigos 1, 2, 3 e 4, é valido dizer
que a largura do Abrigo 1, se encontra adequada conforme as recomendações de Iida
(2005) e de Panero e Zelnik (2013), além de ser utilizado por (4) quatro pessoas, este
abrigo tem medida suficiente para também ser usado por (5) cinco pessoas. Já, a
largura encontrada no assento dos Abrigos 2 e 3, foram consideradas adequadas de
acordo com Iida (2005) e foram classificadas inadequadas segundo Panero e Zelnik
(2013). No Abrigo 4, a largura do assento se encontra adequada conforme as
recomendações de Panero e Zelnik (2013) e de Iida (2005). Desta forma, é relevante
projetar assentos de abrigos considerando a largura dos usuários idosos para que
cada um ocupe um determinado lugar no assento.
Para Panero e Zelnik (2013), é indicado que a profundidade do assento seja de
43,2cm a 54,9cm. Porém, a medida encontrada no assento dos abrigos 1, 3 e 4 foram
de 38,0cm, essas medidas são 5,2cm menores do que a medida mínima
recomendada. Já a medida da profundidade do assento encontrada no Abrigo 2 foi de
45,0cm, valor este considerado 9,9cm menor do máximo valor recomendado. Neste
contexto, deve-se analisar melhor a profundidade ideal para considerar uma medida
adequada, visando assim garantir conforto não só ao usuário idoso, mas também
encontrada no abrigo 4
Assento Largura
1,99m (4 pessoas), 49,7cm por
pessoa
1,60m (4 pessoas), 40,0cm por
pessoa
1,96m (4 pessoas), 49,0cm por
pessoa
Adequada Adequada
Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm
Inadequada
Altura do piso à
superfície do assento
51,5cm 38,1cm - 51,0cm
39,4cm -43,2cm
Inadequada Inadequada
Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel
frontal (encosto)
34,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada
ADEQUADA INADEQUADA
AB
RIG
O 4
87
projetar levando em consideração outros usuários que fazem uso de abrigos de
ônibus.
Para Iida (2005) a altura do piso à superfície do assento deveria estar entre 38,1cm e
51,0cm, já para Panero e Zelnik (2013) é indicado que seja de 39,4cm e 43,2 cm,
todas essas medidas já se encontram com os acréscimos pertinentes do que cada
autor recomenda. Porém, neste estudo, a altura do piso à superfície do assento dos
abrigos analisados variam conforme a instalação e a qualidade das calçadas onde os
abrigos se encontram instalados. No Abrigo 1, a medida foi de 52,0cm, no Abrigo 2 foi
de 58,0cm, já no Abrigo 3, foi de 53,0cm e no Abrigo 4, o último dos abrigos
analisados, a medida foi de 51,5cm. Todas essas medidas encontradas estão
inadequadas para promover uma boa usabilidade do assento de todos os abrigos
estudados. Desta forma, conforme os dados dissemelhantes e inadequados de todos
os abrigos, podemos afirmar que os assentos dos abrigos analisados não atendem as
dimensões de altura do piso à superfície do assento recomendado tanto por Iida
(2005) quanto por Panero e Zelnik (2013).
O painel frontal que se encontra instalado acima do assento é utilizado como encosto
pela população em geral durante a espera dos ônibus, diante da não-existência de
encostos confortáveis e adaptáveis, e, também, direcionados aos usuários dos
abrigos. Na descrição das atividades realizadas pelos voluntários, foi possível verificar
a análise do encosto que foi realizado nos Abrigos 1, 2, 3 e 4, abordados neste estudo.
Ao realizar as medições no Abrigo 1, a medida foi de 34,5cm, 14,5 a mais da medida
máxima indicada, no Abrigo 2, a medida encontrada foi de 28,0cm, medida de 8,0cm
a mais do que a máxima recomendada, no Abrigo 3, a medida foi de 35,0cm,
considerada 15,0cm a mais do que a máxima proposta e no Abrigo 4, a medida
encontrada foi de 34,0, valor este considerado 14,0cm a mais do que a máxima
sugerida. Após a verificação da altura da superfície do assento até o início do painel
(encosto), nos Abrigos 1, 2, 3 e 4, foi possível notar que são todas divergentes da
medida que é recomendada por Iida (2005) em sua literatura, que é de 15 à 20cm
considerada como sendo a distância ideal da superfície do assento até a parte inicial
do painel (encosto).
88
Com esses dados pertinentes aos quatros (4) abrigos de ônibus abordados neste
estudo, é valido dizer que os Abrigos 1, 2, 3 e 4 analisados se encontram com
inadequações conforme as medidas observadas no elemento assento e encosto
desses abrigos de ônibus encontrados na cidade de Caruaru-PE e sob a ótica dos
usuários longevos.
Dentre as medidas adequadas se encontra a largura do assento do Abrigo 1, com
medida de 2,00m podendo o assento ser utilizado por 4 ou 5 pessoas ao mesmo
tempo, conforme a medida indicada por Iida (2005) que é de 40,0cm. A largura do
assento do Abrigo 4, também se encontra adequado e de acordo com o que Iida
(2005) e Panero e Zelnik (2013) recomenda. Já, a largura do assento 2 e 3 está em
conformidade com o que Iida (2005) propõe como sendo a medida ideal para a largura
do assento para cada ser humano. A profundidade do assento do Abrigo 2, também
se encontra em conformidade com o que Panero e Zelnik (2013) aconselha.
Conforme a observação realizada nos abrigos de ônibus, é valido considerar os
problemas relatados anteriormente, através do ato de observar a forma como era
utilizado os abrigos pelos usuários idosos. Com essa verificação ficou evidente que
há a necessidade de adaptar esses abrigos também ao usuário longevo.
5.6 Lista de Recomendações Ergonômicas
Através da análise nos quatros (4) abrigos selecionados para este estudo, ficou
evidente a importância que se têm de criar uma lista de recomendações ergonômicas,
que podem ser utilizadas para o desenvolvimento e para as adequações nos abrigos,
direcionando essas mudanças significativas aos usuários longevos.
Distribuir os abrigos de ônibus em todas as paradas dos transportes coletivos
da avenida analisada;
Produzir abrigos de ônibus em conformidade com a dimensão do ambiente que
é disponibilizado para a fixação do abrigo;
89
Adequar os abrigos de ônibus em conformidade com a dimensão do ambiente
que foi disponibilizado para a fixação do abrigo;
Fixar os abrigos de ônibus em calçadas niveladas, com o propósito de ser
acessível à todos os usuários;
Distribuir os abrigos de ônibus sem que eles atrapalhem o fluxo das pessoas
que transitam próximo ao abrigo;
Utilizar cores que realcem a paisagem urbana da cidade e que evidenciem o
abrigo de ônibus;
Dispor de iluminação ideal para todos os abrigos de ônibus de forma, a garantir
uma maior segurança em permanecer neles durante o período noturno;
Vistoria diária e, se necessário, realizar manutenção imediata no ambiente em
que se encontra instalado os abrigos, e também nas lixeiras que ficam
presentes nas laterais dos abrigos;
Dispor do painel de informações, com informações relacionadas às rotas, às
linhas e aos horários dos transportes públicos;
Disponibilizar assentos acolchoados e com braços individuais para cada
usuário;
Propor assentos com alturas diversas para atender aos idosos de diferentes
dimensões, e consequentemente outros públicos que fazem uso deste
mobiliário urbano;
Dispor de assentos com as laterais e quinas arredondadas, evitando assim,
possíveis cortes, lesões e acidentes aos usuários;
Introduzir encostos com alturas entre 15 à 20cm, como determina Iida (2005)
ou adaptar os encostos de acordo com os usuários;
Utilizar um material liso e impermeável no assento de forma a permitir uma
limpeza adequada dos assentos individuais;
Dispor de encostos individuais produzidos com materiais que proporcionem
conforto, resistência ao uso e que seja de fácil limpeza;
90
Colocar sinalização tátil no piso do ambiente onde o abrigo se encontra
instalado, facilitando o uso dos abrigos por outros públicos (deficientes
auditivos e visuais, cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida ou com
algum tipo de limitação física e psíquica);
Dispor de novos abrigos com dimensões que levem em consideração as
medidas do ambiente em que será fixado o abrigo, além também de dispor de
um mesmo modelo (formato e cor);
Fixar coberturas nos abrigos em tamanhos diferentes e de acordo com as
dimensões do ambiente e do fluxo de pessoas que o utiliza;
Dispor de assentos e de encostos produzidos com materiais que não esquente
e não seja encontrado frio, devido as intempéries climáticas da cidade.
91
6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da realização deste estudo, faz-se necessário que sejam feitas considerações
à respeito da usabilidade dos abrigos frente aos longevos brasileiros. Nesta seção,
serão explanados o fechamento de toda a pesquisa, mostrando assim, como se
concluiu o estudo, e será discutido ainda, as principais dificuldades encontradas pelos
usuários longevos na utilização deste mobiliário, a aplicação da metodologia utilizada
neste estudo, possíveis recomendações projetuais e ergonômicas e, no final, serão
discutidas as prováveis sugestões para estudos posteriores.
Em relação a toda a pesquisa bibliográfica realizada sobre os assuntos pertinentes ao
envelhecimento no Brasil, foi possível reunir todas as informações concludentes para
este estudo, informações estas referentes a figura idosa no Brasil, ao comportamento
dos longevos em ambientes públicos, as limitações físicas e psíquicas típicas e
resultantes do avanço na idade, mobiliário urbano e abrigos de ônibus.
As pesquisas estudadas sobre o envelhecimento humano no Brasil, foi de grande
utilidade e bastante importante para este estudo, onde a partir dele, foi possível relatar
as principais características dos idosos brasileiros, bem como, as suas possíveis
limitações físicas, psíquicas e sociais, além também, de como os longevos se portam
nos espaços públicos. Já as pesquisas voltadas para o mobiliário urbano, tornou-se
bastante importante para o desenrolar deste estudo, onde a partir delas foi possível
analisar um mobiliário urbano que é muito utilizado pelo povo brasileiro, nas grandes
cidades e, bem como utilizado pelos nossos longevos, que é o abrigo de ônibus. Para
isto, foram realizados estudos referentes à mobiliários urbanos, aos abrigos de ônibus
no Brasil, além disso, a estrutura, as funções e os materiais que são utilizados para a
produção destes mobiliários.
Durante o decorrer do estudo foi possível observar que o abrigo de ônibus é um
mobiliário utilizado por muitos idosos na cidade analisada. Para confirmar essa
utilização, foi necessário tirar fotografias exatamente no momento em que os mesmos
se encontravam fazendo uso destes abrigos analisados. No decorrer desta
observação, foi possível, perceber que dos dez (10) abrigos existentes na avenida
analisada, quatro (4) deles foram abordados neste estudo, e foram encontrados
92
inadequados, no que tange, a largura do assento, à altura do piso até a superfície do
assento, a profundidade do assento e também a altura do assento até a parte inicial
do encosto. A partir das inadequações ergonômicas e projetuais que foram
encontradas nos abrigos analisados, ficou claro, a importância que se têm em propor
recomendações projetuais assistivas que auxiliem o uso destes abrigos de ônibus por
parte do público longevo.
Com todas as informações colhidas, foi possível alinhar os conhecimentos descritos
neste estudo com a metodologia empregada para mostrar as reais falhas projetuais e
ergonômicas que o mobiliário urbano (abrigo de ônibus) analisado proporciona aos
usuários longevos frente à sua utilização. Com base nas análises realizadas ficou
evidenciado que os abrigos de ônibus estudados possuem inadequações frente à
utilização do público idoso. Com isso, é de grande valia propor possíveis
recomendações e adequações ergonômicas e projetuais, visando assim, a adequação
e o desenvolvimento de mobiliários urbanos adequados aos usuários longevos.
6.1 Conclusões Acerca da Consideração do Idoso em Projetos
Como o processo de envelhecimento é algo inevitável, é valido considerar que ao
chegar à terceira idade, os idosos apresentam algumas limitações e incapacidades
que são delimitadas pelo avanço natural da idade. Com isso, é fundamental e de suma
importância que os projetos de equipamentos urbanos sejam produzidos levando em
consideração os usuários idosos, tendo em vista que na grande maioria dos projetos
de mobiliários urbanos, as limitações físicas e psíquicas decorrentes do
envelhecimento nos longevos não são levadas em consideração pelos projetistas e
por demais profissionais, em outras áreas afins.
Durante a análise realizada neste estudo, ficaram evidentes as dificuldades que os
longevos enfrentam ao fazer uso destes abrigos de ônibus na cidade de Caruaru - PE.
Para solucionarmos de imediato essas inadequações que se encontram presentes
nos abrigos analisados e, consequentemente, nos outros abrigos, é importante que
todos eles sejam adequados ergonomicamente para serem utilizados de forma
segura pelos idosos, ou que novos abrigos de ônibus sejam produzidos de modo a
93
serem acessíveis e ergonômicos, visando assim, proporcionar conforto e bem-estar
aos idosos durante a utilização deste mobiliário urbano na cidade analisada, em
virtude dos idosos serem um público bastante negligenciado durante à produção de
mobiliários urbanos.
Neste contexto, é válido analisar melhor a profundidade e a largura do assento, a
altura do piso à superfície do assento, além também do encosto, visando assim
encontrar medidas ideais que considerem o usuário idoso, com o intuito de garantir
conforto não só ao usuário idoso, mas também projetar levando em consideração
outros usuários que fazem uso de abrigos de ônibus.
Durante este estudo, ficou perceptível os problemas referentes à utilização do abrigo
de ônibus na cidade de Caruaru-PE, porém, essas dificuldades devem ser cessadas
o mais rápido possível, pois se não forem solucionadas poderão vir a causar
transtornos ainda maiores à saúde física e psicológica dos usuários longevos.
Para considerarmos o idoso no momento de projetar mobiliários, é importante que os
mesmos possam ser ouvidos pelos projetistas e pelos designers. Tendo em vista que
é muito importante realizar entrevistas relacionadas à vida dos idosos, com a
finalidade de relatar às principais necessidades e demandas que são pertinentes dos
longevos em seu dia a dia.
Com todos esses fatores abordados, é necessário que os profissionais projetistas e
designers reflitam sobre como o usuário idoso se sente ao utilizar um equipamento
urbano que não o considera, que não é adequado para ele e que não leva em
consideração as suas reais necessidades, vontades e demandas. Com esse tipo de
exclusão deste usuário, o idoso pode se sentir excluído da sociedade e pode chegar
até a parar de utilizar o abrigo de ônibus, e, consequentemente o transporte público
da cidade, além também de se sentir impotente e incapaz de fazer algo para mudar
essas inadequações típicas dos abrigos de ônibus destinados aos espaços públicos
e de uso à todos, inclusive por longevos.
94
6.2 Conclusões Acerca Do Procedimento Investigativo
A aplicação da metodologia na elaboração deste estudo foi eficiente, e foi aplicada
com bastante facilidade pela pesquisadora. Em alguns momentos da aplicação dos
procedimentos metodológicos, foi necessário que a pesquisadora tivesse um olhar
mais apurado quanto à metodologia a ser seguida.
Os autores abordados não dispõem de uma metodologia detalhada dos
procedimentos que devem ser seguidos, e, isso foi realizado através da demanda de
informações que iam surgindo pertinentes as análises realizadas.
Adaptações de etapas da metodologia de Moraes (2010) foram abordadas neste
estudo, em decorrência da importância deste método para a avaliação da Análise da
Tarefa desempenhada pelo usuário e da Problematização Ergonomizadora aplicada
ao mobiliário urbano (abrigo de ônibus) analisado neste estudo.
Conclui-se então, que as metodologias de procedimentos que foram abordadas neste
estudo foram de suma importância e colaboraram de modo concordante para a
efetivação deste estudo.
6.3 Conclusões Acerca das Recomendações Projetuais Estabelecidas
Com a finalidade de propor possíveis recomendações ergonômicas e projetuais,
visando tornar a relação dos idosos com os abrigos de ônibus adequada e em
conformidade com as atuais demandas e necessidades que são decorrentes dos
longevos, foram criadas algumas recomendações de suma importância para este
estudo e também para a sociedade idosa brasileira.
Com base nas recomendações criadas neste estudo, será possível considerar o que
foi recomendado para a elaboração de novos projetos, que visem projetar e adequar
os abrigos de ônibus conforme as necessidades dos usuários longevos. Podendo-se
assim desenvolver abrigos usuais, confortáveis, acolhedores e que dê autonomia à
95
vida dos idosos, deste modo, evitando assim, possíveis acidentes ocasionados por
este mobiliário.
Desta forma, é de total importância que esses abrigos de ônibus sejam projetados
levando em consideração às necessidades e às limitações dos idosos que são
decorrentes do avançar da idade, por este motivo é significativo que os abrigos de
ônibus sejam dispostos em todas as paradas de ônibus e que atendam à alguns
parâmetros projetuais para se tornarem eficientes e usáveis à este público.
6.4 Sugestões para Estudos Posteriores
Para estudos posteriores, propõe-se que sejam realizadas análises em abrigos de
ônibus, observando outros tipos de usuários fazendo uso (crianças, cadeirantes,
deficientes visuais e auditivos ou que possuem algum tipo de limitação). É necessário
que sejam abordados outros públicos, em virtude dos usuários irem de criança à idoso,
e não serem levados em consideração durante a verificação dos abrigos de ônibus na
cidade de Caruaru-PE. É recomendável também que sejam feitas a análise da
totalidade dos abrigos de ônibus da avenida Agamenon Magalhaes em Caruaru-PE.
É valido também o desenvolvimento de projetos gráficos referentes aos horários, as
rotas e às linhas dos transportes coletivos que transitam em lugares onde são
distribuídos os abrigos. Pois, durante o estudo não foram encontrados nenhum tipo
de informação pertinentes aos horários, as rotas e as linhas dos transportes coletivos
que transitam nos determinados abrigos analisados.
Sugere-se ainda que seja elaborada uma análise ambiental do espaço público, onde
se encontram instalados os abrigos de ônibus, visando assim avaliar a iluminação, a
temperatura, o ruído, a ventilação e a aeração neste tipo de ambiente. Durante o
estudo foi verificado que em uma certa hora do dia em virtude da posição do sol, os
assentos dos abrigos da avenida analisada são encontrados quentes e não são
utilizados pelas pessoas devido o tipo de material que foi utilizado no projeto deste
abrigo. A iluminação também não é muito clara para iluminar o ambiente do abrigo no
96
período noturno, no que possibilita aos usuários um sentimento de insegurança e de
possíveis assaltos que podem vim a acontecer.
Por se tratar de um mobiliário urbano que é bastante utilizado pelo povo brasileiro
longevo atualmente, e que é voltado para ser também utilizado por diversos outros
tipos de usuários, é importante considerar que sejam projetados mobiliários urbanos
cada vez mais levando em consideração todos os usuários que os utilizam diariamente
(crianças, jovens, adultos e idosos).
É recomendado que seja realizada uma análise das calçadas da avenida Agamenon
Magalhães sob a ótica do usuário idoso, em virtude das calçadas serem encontradas
em péssimas condições de se transitar com segurança e autonomia durante os
trajetos à pé por algumas das calçadas que estão presentes em algumas partes da
extensão da avenida abordada neste estudo.
Por fim, propõe-se ainda que sejam desenvolvidos projetos de mobiliários urbanos
direcionados aos usuários idosos, público este bastante negligenciado por
profissionais das mais variadas áreas. Pois há uma demanda muito alta no número
de idosos que residem e que atuam no Brasil e que estão cada vez mais necessitando
de políticas públicas direcionadas as demandas e as necessidades deste público
promissor.
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REFERÊNCIAS
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