ferro carbono
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O sistemaferro-carbono
Captulo1
1.1 O ELEMENTO FERRO
O ferro apresenta as seguintes transformaes (Figura 1.1):
Mudanas de fase do ferro puro [1].
Tempera
tura(C)
Vapor
Lquido
Ferro (CCC)
Ferro (CFC)
Ferro (CCC)
No ferromagntico(Ferro )
Ferromagntico
2875
1538
1394
912
770
-
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Aos e ligas especiais2
Observa-se que o ferro slido, ao ser aquecido a partir da temperatura ambiente, muda asua estrutura de Cbica de Corpo Centrado (CCC) para Cbica de Face Centrada (CFC) a912 C. Continuando o aquecimento a 1394 C, o ferro muda novamente de estrutura, passan-do de CFC para CCC (Figuras 1.2 e 1.3).
Estrutura cbica de corpo centrado [2,3].(a) Representao esquemtica
(b) Vista tridimensional
(c) Clula unitria
(d) Plano diagonal da clual unitria
(b)(b)(b)(b)(b)
(c)(c)(c)(c)(c)
(d)(d)(d)(d)(d)
A C
E G
a.2
r
2r
r
a
A Baa
a
E
H G
C
(a)(a)(a)(a)(a)
z
x
y
-
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 3
Por meio de clculos geomtricos, pode-se correlacionar o parmetro de rede da clulaunitria acom o raio do tomo (r):
a= 4r
3
CCC (1-a)
a=4r
2CFC (1-b)
Estrutura cbica de face centrada [4].
(a) Representao esquemtica
(b) Vista tridimensional
(c) Clula unitria
(d) Plano da face da clula unitria
(a)(a)(a)(a)(a) (b)(b)(b)(b)(b)
(c)(c)(c)(c)(c)
A B
E F
r
2r
r
a
z
x
y
A B
E
H G
C
a
(d)(d)(d)(d)(d)
-
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Aos e ligas especiais4
medida que se eleva a temperatura, aumenta a vibrao atmica, aumentando oparmetro de rede a. Isto pode ser visualizado na Figura 1.4. O parmetro de rede a expres-so em angstrons (), em que 1 = 1010m.
Para se medir a densidade volumtrica da clula unitria, ou seja, a porcentagem dovolume da clula que efetivamente ocupada pelos tomos, utiliza-se o Fator de Empaco-tamento (FE) [6]:
FE =n Va
Vc(1-c)
Efeito da temperatura sobre o parmetro do reticulado do ferro [5].
2,94
2,92
2,90
2,88
2,86
0 400 800 1200
Temperatura (oC)
Parmetroa
nafase
()
3,68
3,66
3,64
CCC
CFC
CCC
P
armetroan
asfasese
()
-
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 5
em que:
n = nmero de tomos inteiros dentro da clula
Va = volume do tomo (= 4/3 r3)
Vc = volume da clula (= a3no caso de clulas cbicas)
Calculando-se o fator de empacotamento para estruturas cbicas, encontra-se:
FE = 0,68 CCC
FE = 0,74 CFC
ou seja, na estrutura cbica de corpo centrado, 68% do volume ocupado por tomos, j na
estrutura cbica de face centrada, 74% do volume ocupado por tomos, sendo vazio o restante.
1.2 SOLUES SLIDAS DE FERRO
Quando dois metais se misturam para formar uma soluo slida, os tomos do solutopodem substituir uma frao dos tomos da matriz (soluo slida substitucional) Figura1.5 ou se alojar nos espaos vazios da matriz (soluo slida intersticial) Figura 1.6. Paraque uma soluo slida substitucional seja formada, alm de compatibilidade eletroqumica, necessrio que o tamanho dos tomos do soluto seja prximo do tamanho dos tomos da
matriz (mais ou menos 15% de variao no raio ou dimetro atmico) [8].O ferro apresenta vos octadricos e tetradricos em suas estruturas CCC e CFC [9]
(Figuras 1.7 e 1.8).
Para elementos de estrutura cbica, como o ferro, as relaes entre o raio (r) do tomo,que se alojaria em um vo tetradrico ou octadrico, e o raio (R) da matriz so apresenta-das na Tabela 1.1:
Na Tabela 1.1, observa-se que, alm de a estrutura CFC ser mais compacta que aCCC, ela apresenta vos maiores, embora, obviamente, em menor nmero.
Relaes entre o raio do tomo intersticial (r) e o raio do tomo de matrizes (R)com estrutura cbica [10].
EstruturaEstruturaEstruturaEstruturaEstruturaRelaoRelaoRelaoRelaoRelao
FEFEFEFEFE
OctadricoOctadricoOctadricoOctadricoOctadrico TTTTTetradricoetradricoetradricoetradricoetradrico
CFC 0,414 0,225 0,74
CCC 0,154 0,291 0,68
rrrrrRRRRR
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Aos e ligas especiais6
Soluo slida intersticial [7].
Por exemplo, carbono ( ) dissolvido no ferro CFC ( )
Vos na estrutura cbica de face centrada [9].
+= vo octadrico= vo tetradrico
Soluo slida substitucional [7].
(a) ordenada
(b) ao acaso
(a)(a)(a)(a)(a) (b)(b)(b)(b)(b)
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 7
Antes de analisarmos o diagrama Fe-C, vamos comparar o tamanho do tomo de carbonocom os interstcios da matriz de ferro (Tabela 1.2).
A anlise da Tabela 1.2 indica que:a) O carbono no forma soluo slida substitucional com o ferro.
b) O carbono maiorque o maior vo da estrutura CFC do ferro (0,71 e 0,53 ,respectivamente), o que acarretar uma baixa solubilidade do carbono no ferro (mxima de 2% a 1148 C).
Ferro Carbono
Intersticial Substitucional
Raio do vo Raio do vo 15% do raioTemperatura Estrutura Raio Fe Octadrico Tetradrico do Fe
C () () () ()
500 CCC 1,25 0,19 0,36 1,06-1,44 0,71
1000 CFC 1,29 0,53 0,29 1,10-1,48
Comparao entre o raio atmico do carbono e os vos da estrutura do ferro. Dados
do ferro calculados a partir da Figura 1.4, equaes (1) e (2) e Tabela 1.1 Raio do
carbono obtido na referncia [11].
Raio doRaio doRaio doRaio doRaio docarbonocarbonocarbonocarbonocarbono
() a 15 C() a 15 C() a 15 C() a 15 C() a 15 C(grafita)(grafita)(grafita)(grafita)(grafita)
Vos na estrutura cbica de corpo centrado [9].
+= vo octadrico= vo tetradrico
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Aos e ligas especiais8
c) O carbono muito maiorque o maior vo da estrutura CCC do ferro (0,71 e0,36 , respectivamente), o que acarretar uma solubilidade quase nula do carbonono ferro (mxima de 0,02% a 727 C).
1.3 DIAGRAMA FERRO-GRAFITA
A combinao do carbono e ferro, em equilbrio termodinmico, dar origem a dife-rentes fases para as diversas temperaturas avaliadas. Isto indicado no diagrama de equil-brio Fe-C (grafita) da Figura 1.9. Este diagrama, construdo em escala logartmica paraconcentraes, indica que, na temperatura ambiente, os constituintes do sistema Fe-C se-riam ferrita () e grafita.
Diagrama de equilbrio ferro-grafita [12].
Carbono (% em peso)
G (Grafita)
0,1 0,2 0,5 1 2 5 10 20 50 100
Ponto defuso(1535 C)
1500
Ferrita
1395
1200
915
900
770
Ferrita
600
Temperatura(C)
1155
735
+ G
0,008 0,69 1,98 4,27
+ L
L + G1495
+
+ +L
Austenita
AGr
A3
A2
LLquido
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 9
1.4 DIAGRAMA FERRO-CEMENTITA
Na produo industrial do ao, entretanto, a solidificao e o resfriamento so muitorpidos para que o equilbrio termodinmico seja alcanado. Ocorre, ento, a formao de
uma fase metaestvel, a cementita (carboneto de ferro), no lugar da grafita. Embora essafase seja termodinamicamente metaestvel, em termos de aplicaes prticas ela consi-derada estvel, pois, na temperatura ambiente, o coeficiente de difuso do carbono no ferro muito baixo [13] (D = 2,9 x 1019 cm2/s), e a transformao de cementita em grafita pratica-mente nula. O diagrama de fase (e no de equilbrio, como erroneamente chamado) entre oferro e a cementita mostrado na Figura 1.10.
As fases que aparecem no diagrama da Figura 1.10 so descritas a seguir (elas serodiscutidas com maior profundidade no Captulo 2).
Ferrita ()Soluo slida de carbono em ferro CCC, existente at a temperatura de 912 C. Nesta
faixa de temperatura, a solubilidade do carbono no ferro muito baixa, chegando ao mxi-mo de 0,020% a 727 C.
Austenita ()
Soluo slida de carbono em ferro CFC, existindo entre as temperaturas de 727 e1495 C, e com solubilidade mxima de carbono no ferro de 2,11% a 1148 C.
O teor de carbono 2% adotado como separao entre os dois principais produtossiderrgicos [14]:
Aos teores de carbono at 2% em peso
Ferros fundidos teores de carbono maiores que 2% em peso
Ferrita ()
Para pequenos teores de carbono, acima de 1394 C, o ferro muda novamente paracbico de corpo centrado, dando origem ferrita , que uma soluo slida de carbono
em ferro CCC, sendo estvel at 1538 C, quando o ferro se liquefaz. Tendo o ferro umaestrutura CCC, a solubilidade do carbono baixa, atingindo um mximo de 0,09% C a 1495 C.Os nomes de ferrita e ferrita so usados para indicar a mesma soluo slida de carbonoem ferro CCC, porm ocorrendo em diferentes faixas de temperatura. A solubilidade mxi-ma de carbono na ferrita um pouco maior que na ferrita (0,09 e 0,02%, respectivamen-te), devido ao fato de que a ferrita ocorre em temperaturas maiores, em que a agitaotrmica da matriz de ferro tambm maior, favorecendo a maior dissoluo do carbono.
Quando no houver referncia contrria, o termo ferrita, neste texto, corresponder ferrita .
Cementita (Fe3C)
um carboneto de ferro com estrutura ortorrmbica [15] e de alta dureza. A cementitad origem a um eutetoide de extrema importncia no estudo dos aos, a perlita, que ser
vista, posteriormente, com mais detalhes.
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Aos e ligas especiais10
Diagrama de fases ferro-cementita [1].
950
900
850
800
750
700
650
600
550
500
450
400
1560
1540
1520
150 0
1480
146 0
1440
14 20
1400
13 80
1360
1700
1600
1500
1400
1300
1200
1100
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
0,010Fe 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70
0,5
Fe
Fe
912
0,020
770 (Temperatura Curie)
1538
14950,17
+ L
+ L
+ L
0,530,09
L
1394
912
770
0,77
727
14951538
1394
1148
1227
4,302,11
Cementita(Fe
3C)
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
1580
Carbono (%empeso) Carbono (% em peso)
Carbono (% em peso)
ao ferro fundido
Temperatura(
C)
Temperatura(C)
Temperatura(
C)
+ Fe3C
+
Lquido
Linha lquidus
Linha solidus
+ Fe3C
6,69
+ Fe3C
0,020
g+ Fe3C
a+ Fe3C
-
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 11
1.5 PONTOS RELEVANTES DO DIAGRAMA
FERRO-CEMENTITA
Existem vrias temperaturas e linhas de importncia prtica no diagrama de fase ferro-
cementita.
Linha A1
Indica a reao eutetoide + Fe3C a 727 C.
A utilizao da letra A para designar estas linhas foi feita, primeiro, pelo francs LeChatelier e indica a ocorrncia de uma parada (Arrt) durante a transformao.
Assim, ao se resfriar um ao com 0,77% C, observa-se uma parada na temperatura de727 C, ou seja, enquanto a transformao + Fe3C no se completar, a temperaturapermanecer invariante (Figura 1.11).
Linha A2
Transformao magntica do ferro CCC, ocorrendo a 770 C (tambm chamada deTemperatura Curie da ferrita) [1]. Nesta temperatura, o ferro muda de paramagntico paraferromagntico [16].
Cintica de formao da perlita (reao eutetoide).
Temperatura(C)
727
(A1)
Tempo
+ Fe3C
+ Fe3C
-
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Aos e ligas especiais12
Linha A3
Temperatura de transformao . Para o ferro puro, ocorre a 912 C. medida que
o teor de carbono vai aumentando, a temperatura A3vai diminuindo, at o limite de 727 C, no qual
se encontra com A1.
Linha Acm
Temperatura de transformao Fe3C. Inicia-se a 727 C com 0,77% C e vai aumen-
tando com elevao do teor de carbono, at atingir 1148 C a 2,11% C.
Linha A4
Temperatura de transformao . Inicia-se a 1394 C para o ferro puro e vaiaumentando com adio de carbono no ferro, atingindo um mximo a 1495 C com 0,17% C.
Linha Liquidus
Acima desta linha, todo o ao est na forma lquida. A temperatura, na qual o ao comea a
solidificar, abaixa com o aumento do teor de carbono, partindo de um mximo a 1538 C no
ferro puro, at atingir 1148 C na liga Fe-4,30% C. O aspecto tecnolgico imediato que resulta
desta observao que mais fcil fundir ferros fundidos do que aos, pois as temperaturasde fuso so menores.
Linha Solidus
Abaixo desta linha, todo o material estar no estado slido. Na regio entre
as linhasLiquiduseSolidushaver, no equilbrio, a coexistncia de fases slidas e
lquidas.
1.6 EFEITO DO RESFRIAMENTO E AQUECIMENTO
NAS LINHAS DE TRANSFORMAO
No diagrama da Figura 1.10, as transformaes limitadas pelas linhas A1, A2, Acm etc.supostamente ocorrem no equilbrio. Nas condies industriais de processamentometalrgico, estas transformaes ocorrem fora do equilbrio termodinmico, e as li-nhas de transformao para aquecimento e resfriamento apresentam-se defasadas (Fi-gura 1.12). Para as condies de equilbrio, utilizam-se as notaes: A1, A2etc., ou Ae1,
Ae2etc.
Para o aquecimento, utilizam-se Ac1, Ac2etc., pois a sigla vem do francs (c = chauffage= aquecimento).
Para o resfriamento, utilizam-se Ar1, Ar2etc., que vem de refroidissement [17].
-
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 13
1.7 REAES INVARIANTES
Reaes invariantes so as que ocorrem com temperatura e presso constantes (Fi-gura 1.11). Algumas das mais comuns so indicadas na Figura 1.13.
Uma reao invariante importante no estudo dos aos a eutetoide, que ocorre a 727 C.Para um ao com 0,77% C, o produto formado a perlita, que no uma fase, mas umamistura de duas fases, ferrita e cementita, com uma estrutura lamelar caracterstica.
Um ao com 0,77% C (na prtica, diz-se ao 0,8% C) chamado de eutetoide. Aoscom menos de 0,77% C so hipoeutetoides e, com mais de 0,77% C, so hipereutetoides.
Embora a perlita no seja uma fase, e sim um constituinte, possvel interpretar odiagrama de fase Ferro-Cementita de modo a prever sua ocorrncia e quantidade relativana microestrutura. Assim, aos com menos de 0,77% C possuem ferrita e perlita em sua
microestrutura; com 0,77% C, s perlita; e acima de 0,77% C, perlita e cementita (Figu-ra 1.14). Isto, obviamente, se forem obtidos por meio de um resfriamento lento (dentro doforno, por exemplo). Se o resfriamento for mais rpido (em leo ou gua), aparecero outrasfases, metaestveis, e que no so previstas pelo diagrama Ferro-Cementita. Essas outrasfases sero estudadas no prximo captulo.
Influncia do aquecimento e resfriamento nas linhas de transformao do diagrama
Fe-C [17].
Temperatura(C)
940
900
860
820
780
740
7000 0,2 0,4 0,6 0,77 1,0 1,2 1,4
ACCM
ACMou AeCM
ArCM
Carbono (% em peso)
Ac3
AC1
A1ou Ae1
Ar1
Ar3
Ae3ou A3
-
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Aos e ligas especiais14
Algumas das reaes encontradas nos diagramas de equilbrio [18].
Euttico Perittico
L
+ + L +
L +
L +
Eutetoide Peritetoide
+ + +
+
+
L = Lquido, , = Fases slidas
Diagrama de fases Fe-Perlita.
Temperatura(C) 912
0 0,77 2,11 6,69 %C
Hipoeutetoides
EutetoidesHipereutetoides
Fe3C
PP
P
+
+ Fe3C
+ P P P + Fe3C Fe3C
L +
+
727
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 15
Micrografias de ao 1020, com e sem ataque qumico.
Nital 400XGros brancos Ferrita
Gros escuros Perlita
Nital 100X
Linhas de deformao
ocorridas no forjamento
rotativo.
Polido, sem ataque,
100X
Observam-se inclusese poros.
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Aos e ligas especiais16
1.8 OBSERVAES DA MICROESTRUTURA
Para se observarem as fases presentes em um ao, faz-se o polimento da amostra atque ela fique como espelho, seguindo-se um ataque com um reagente qumico apropriado.
Um dos reagentes qumicos mais empregados para aos carbono o nital, que consisteem uma mistura de 0,5 a 2% de cido ntrico em lcool etlico.
A amostra apenas polida e no atacada pode revelar descontinuidades, como trincas,poros, incluses etc. Na amostra atacada quimicamente, consegue-se observar tanto as fasescomo sua distribuio, o que permite avaliar aspectos estruturais de fabricao (regies afetadaspelo calor da soldagem, linhas de deformao ocorridas no forjamento) e caractersticas, comosegregaes etc. Na Figura 1.15, observa-se uma amostra de ao 1020 antes e depois do ataquequmico. Nota-se que a pea possui incluses; foi conformada por deformao (e no fundida);apresenta bandas de segregao de carbono; possui ferrita e perlita na estrutura; sua granulao
fina (gros pequenos); e ainda que o teor de carbono do ao deve ser de 0,2% (o que serexplicado no prximo item). Essas observaes indicam a importncia do exame metalogrfico,pois um ensaio simples como esse pode fornecer uma srie de informaes importantes sobre aestrutura e o processamento de uma determinada pea.
Ainda na Figura 1.15, observa-se que o ataque qumico revela o contorno de gro daferrita e diferencia, por colorao, a ferrita da perlita. Com o nital, a ferrita aparece branca ea perlita preta, o que no significa que esse ataque qumico tenha colorido de maneiradistinta as duas fases, ou o contorno de gro da ferrita, mas sim que o reagente qumicocorroeu mais uma fase do que outra, produzindo diferenas de altura em relao superf-cie, refletindo, com isso, mais ou menos luz para a ocular do microscpio. No contorno de gro,o processo semelhante: como os contornos de gro so regies mais desordenadas que assuas regies centrais, mais fcil para o cido remover os tomos do contorno, e essa corro-so qumica mais profunda no contorno de gro formar uma regio mais escura durante aobservao no microscpio (Figura 1.16).
Na Figura 1.17, observam-se aos hipoeutetoides e hipereutetoides. Em algumas regies, aperlita apresenta-se como uma massa escura homognea e, em outras, conseguimos notar queela formada por lamelas alternadas de ferrita e cementita. Isso se deve inclinao das
lamelas em relao superfcie de observao e ampliao empregada, que sero discutidasno Captulo 2.
1.9 DETERMINAO DA FRAO VOLUMTRICA DAS FASES
Quando um lingote de ao solidifica, observa-se, pelo diagrama de fases, que ele sofreuma srie de transformaes, desde o estado lquido at a temperatura ambiente.
Analisemos, como exemplo, o resfriamento de uma liga Fe-0,25% C a partir do seuestado lquido (1600 C), at a temperatura ambiente (Figura 1.18). A anlise dessa figura
indica que, em duas ocasies, a liga monofsica, ou seja, apresenta uma nica fase (noestado lquido e no campo austentico). Nesse caso, bvio que a amostra tem 100% lquidoou 100% (austenita). Existem situaes, entretanto, em que a amostra se apresenta bifsica(+ L, L + , + , + P). Podemos, entretanto, calcular a frao volumtrica de cadafase utilizando a regra da alavanca (Figura 1.19), considerando que as densidades das fases
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 17
Observaes do contorno de gro em um microscpio(a) Esquema de observao [19].
(b) O contorno de gro reflete pouca luz por ser uma regio irregular.
(c) Observao do contorno do antigo gro austentico em ao 1020, pelo mtodo
de Kohn + reativo de Bchet [20].
(c)(c)(c)(c)(c)
Raios doiluminador
Lente
Para a ocular
Luz incidente
Vidro plano
Parcelarefletidados raios
Objeto
(a)(a)(a)(a)(a)
Contornode gro
Luz refletida
(b)(b)(b)(b)(b)
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Aos e ligas especiais18
Estruturas de aos carbono aps resfriamento lento (recozimento). Nital. 430X.
0,95% C
Cementita (gros
alongados claros no
antigo contorno de gro
austentico) + Perlita.
0,45% C
Ferrita + Perlita
0,18% C
Ferrita + Perlita
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 19
Regio bifsica (+ ) de um diagrama de equilbrio binrio.
Composio
Temperatura
C C0 C
T1
+
Mudanas de fases durante o resfriamento de uma liga Fe-0,25% C.
1600 C
Temperaturaambiente
Lquido
Lquido +
Lquido +
+
+ P
L
L
L
P
Amostra totalmente slida
forma-se no contorno degro da fase
A perlita substitui a austenita ()restante
-
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Aos e ligas especiais20
so semelhantes. Suponhamos que a liga apresente uma composio C0(por exemplo,0,25% C na liga Fe-C). Na temperatura T1, a liga apresentar duas fases: e , cujas fraes
volumtricas so dadas por [21]:
% 100C C0C C
= (1-d)
e
% 100C0 C
C C= (1-e)
% + % = 100%
Da mesma forma, para um ao hipoeutetoide de composio C0, resfriado lentamente, afrao de ferrita livre (ou seja, somente os gros isolados de ferrita, sem levar em conta aferrita presente na perlita) seria dada por:
1000,77 C0
0,77%
L= (1-f)
ou
100C0
0,771 %
L= (1-g)
e a quantidade de perlita seria dada por:
% P = 100=
100
C0
0,77
C0
0,77
ou
% P =100.C00,77
(1-h)
Assim, um ao com Co= 0,2% C apresentar, aproximadamente, 25% de perlita e 75% deferrita. Um ao com 0,4% C apresentar, aproximadamente, 50% de perlita e 50% de ferrita.
E um ao com 0,77% C apresentar 100% de perlita e nenhuma ferrita livre.Ento, se soubermos o teor de carbono do ao, poderemos avaliar qual vai ser sua es-
trutura em termos de ferrita e perlita, desde que ele seja resfriado lentamente. De maneirainversa, se avaliarmos por meio da microscopia seu teor de ferrita e perlita, poderemos esti-mar seu teor de carbono utilizando a equao (1-g) ou (1-h).
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 21
Por exemplo:
% P =100.C00,77
ou
C0=0,77.(%P)
100 (1-i)
Assim, se microscopicamente observamos que o ao tem 40% de perlita e 60% deferrita, pela equao (1-i) estimamos o seu teor de carbono em:
C0=0,77 (40)
100 0,3%
C0 0,3% C
1.10 EFEITO DA VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO NA FRAOVOLUMTRICA DA FERRITA E PERLITA
O teor de carbono do ao carbono s pode ser avaliado em funo de suas reas de ferritae perlita se o resfriamento for muito lento (no forno, por exemplo). Se o resfriamento for maisrpido, mesmo que a microestrutura seja ainda de ferrita e perlita, a quantidade de ferritaser menor que a prevista pelo diagrama de fase, pois a perlita comea a se formar antes definalizar a formao da ferrita, interrompendo o seu processo de crescimento (Figuras 1.20 e 1.21).
Reduo da frao volumtrica da ferrita com o aumento da taxa de resfriamento(C/min)
= Ferrita = AustenitaP = Perlita
+ + P
P
P
+ + P + P
Resfriamentolento
Resfriamentorpido
-
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Aos e ligas especiais22
EXERCCIOS
1.1.1.1 .1 . Classificar as reaes invariantes do diagrama de fases ferro-cementita (Figura1.10) que ocorrem a:
a) 727 C
b) 1148 C
c) 1495 C
2.2.2.2 .2 . Para um ao com 0,25% C, calcular as fraes volumtricas das fases presentesa:
a) 1600 C
b) 1496 C
c) 1494 C
d) 1000 C
e) 750 C
f) 726 C (considerando a formao de ferrita livre + perlita)
g) 726 C (considerando a formao de ferrita total + cementita)
h) Na temperatura ambiente (considerando a formao de ferrita livre + perlita)
i) Qual a composio da perlita na temperatura ambiente?
3.3.3 .3 .3 . Para um ao com 1% C, calcular as fraes volumtricas das fases presentes a:
a) 1500 C
b) 1400 C
Variao da frao volumtrica da ferrita livre (ou proeutectoide) com a taxa de
resfriamento de um ao 0,4% C [22].
% Ferrita livre ouproeutectoide
50
25
00,01 0,1 1 10 100 Taxa de resfriamento
(C/min)
-
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O SISTEMA FERRO-CARBONO 23
c) 1100 C
d) 750 C
e) 726 C (considerando cementita livre + perlita)
f) 726 C (considerando ferrita + cementita total)
g) Na temperatura ambiente (considerando perlita + cementita livre).
4.4.4.4.4. Analise as micrografias da Figura 1.15 e estime as fraes de ferrita e perlita doao. Com a equao (1-i), calcule o seu teor de carbono e compare com o valorfornecido pela mesma figura.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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