estudo da eletroterapia sobre o ganho de for
Post on 28-Jan-2019
251 Views
Preview:
TRANSCRIPT
CLARICE MARIELE DE ANDRADE PAMPLONA
ESTUDO DA ELETROTERAPIA SOBRE
o GANHO DE FOR<;:A EM INDIViDUOS
PRATICANTES DE ATIVIDADE FislCA E SEDENTARIOS
Monografia apresentada como requisito parcial aobtem;ao do titulo de Especialista no Curso deP6s-Graduat;ao em Fisioterapia em T raumalo-Ortopedica e Desportiva.Centro de Pesquisa, P6s-Graduacao e Extensaoda Universidade Tuiuti do Parana.Orientadora CienUfica: Renata Rothenbuhler.Orientadora Metodol6gica: Sidinalva Wawzyniak.
CURITIBA
2001
EPiGRAFE
A vida vale pelo uso que dela fazemos
E pelas obras que realizamos ...
NtJo viveu mais quem tem mais anos,
Mas quem sentiu melhor um ideal ...
(Autor desconhecido)
AGRADECIMENTOS
Agrade90 a todas as pessoas que auxiliaram na elabora9ao deste trabalho,
principalmente aos individuos estudados que dispuseram do seu tempo e
dedicalfao. pais foi com este auxilio que conseguimos engrandecer nossa estudo.
As professoras e amigas Renata e Sidinalva, que dispuseram de seus
conhecimentos, sua aten'fao e seu incentivo neste momento tao importante.
SUMARIO
USTA DE TABELAS E FIGURAS......................................................................... vi
RESUMO................................................................................................................ viii
ABSTRACT............................................................................................................ ix
INTRODUC;;AO .
ASPECTOS FISIOLOGICOS DAMUSCULATURA ESQUELETlCA............... 3
1.1 CARACTERlsTICAS DO MUSCULO ESQUELETICO.. 3
1.2 A CONTRA<;:AOMUSCULAR... 4
1.3 TIPOS DE CONTRA<;:AOE PROPRIEDADES CONTRATEIS... 5
1. 4 TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES.. 7
1.5 FIBRAS MUSCULARES E RESPOSTAAO EXERClcIO .
2 ASPECTOS ELETROFISIOLOGICOS 13
2.1 CORRENTE RUSSA... 13
2.2 CONTRA<;:AOMUSCULAR INDUZIDAPOR CORRENTE ELETRICA 15
2.3 EFEITOS DA ELETROESTIMULA<;:Ao NOS MUSCULOS.. 17
3 MATERIAlS E METODOS.................................................................................. 21
4 RESULTADOS................................................................................................... 27
5 DISCUSSAO....................................................................................................... 37
CONCLUSAO......................................................................................................... 40
ANEXO................................................................................................................... 41
REFERENCIAS BIBUOGRAFICAS...................................................................... 42
LlSTA DE TABELAS E FIGURAS
TABELAS
1.1 Propriedades das unidades motoras tonicas e fllsicas ..
3.1 Protocolo de Estudo ..
8
24
FIGURAS
3.1 Dinamometro.. 22
3.2 Dinamometro adaptado II Barra de Ling.. 22
3.3 Posi,ao inicial para mensura,ao da for,a gl.;tea.. 23
3.4 Fase final do teste de for,a muscular.. 23
3.5 e 3.6 Perimetria na altura do coccxis e prega gl.;tea.. 24
3.7 Endophasys - R.. 25
3.8 e 3.9 Pontos de coloca,80 dos eletrodos para eletroestimula,80.. 26
4.1 For,a muscular do Grupo A durante as 20 sessOes de eletroestimula,ao.. 27
4.2 For,a muscular do Grupo B durante as 20 sessoes de eletroestimula,ao.. 28
4.3 For,a muscular do gl.;teo esquerdo dos Grupos A e B durante as 20
sessOes de eletroestimula,ao.. 29
4.4 For,a muscular do 91';teo esquerdo dos Grupos A e B durante as 20
sessoes de eletroestimula~ao.. 29
4.5 For,a muscular do Grupo A durante a manuten,ao.. 30
4.6 For,a muscular do Grupo B durante a manuten,ao... 31
4.7 For,a muscular do Grupo A dUrante 0 acompanhamento.. 32
4.8 For,a muscular do Grupo B durante 0 acompanhamento.. 32
vii
4.9 Perimetriado GrupoA duranteas 20 sessdesde eletroestimula9ao.. 33
4.10 Perimetriado Grupo Bduranteas 20 sessdesde eletroestimula9ao... 34
4.11 Perimetriado GrupoA durantea manuten9M.. 35
4.12 Perimetriado Grupo B durantea manuten9ao.. 35
4.13 Perimetriado GrupoA durante 0 acompanhamento.. 36
4.14 Perimetriado Grupo BdUrante0 acompanhamento... 36
viii
RESUMO
o presente estudo se refere a analise do ganho de for~a e trofismono muscula glutea maximo, atraves da dinamometria e perimetria, por efeito daeletroestimulayao por corrente de media frequencia alternada interrompida comnome comercial de Corrente Russa. 0 experimento realizado na Clinica Fisio &Terapia Moura Ferro, na cidade de Rio do Sui - SC, no periodo de 5 de Junho a27 de Setembro de 2000, compreendeu dez individuos, divididos em dois grupos,Grupo A - praticantes de atividade fisica regular e, Grupo B - sedentarios, dosexo feminin~, com idade entre 30 e 40 anos e cor branca, onde foi realizado 0
fortalecimento muscular atraves 20 sessoes de eletroestimula~ao com 0 aparelhoEndophasys - R da marca KLD Biosistemas. Ao termino destas 20 sessiles, osindividuos foram acompanhados com ou sem sess6es de manutenyao durante 10semanas. 0 trabalho comprovou que a eletroestimula~ao proporcionou 0 ganhode for~a muscular no glldeo maximo em ambos grupos estudados e nao houvediferen~a quanto ao fortalecimento muscular adquirido entre os grupos A e B.Quanto a for~a muscular avaliada durante 0 periodo de acompanhamento,dispondo-se ou nao de sess6es de eletroestimulayao para manutenyao, naoobservou-se altera~ao significativa da mesma nos grupos estudados.
ix
ABSTRACT
The present study refers to it analyzes it of the gain of force and trofism inthe muscle maximum gluteo, through the dinamometria and perimetria, for effectof the eletroestimulation for current of medium alternate frequency interrupted withcommercial name of Russian Current. The experiment accomplished in ClinicalFisio & Terapia Moura Ferro, in the city of South River- SC, in the period of June 5to September 27, 2000, understood ten individuals, divided in two groups, Group A- apprentices of physical activity to regulate and, Grupo B - sedentary, of thefeminine sex, with age between 30 and 40 years and white color, where themuscular invigoration was accomplished 20 eletroestimulation sessions throughwith the apparel Endophasys - R of the mark KLD Biosistemas. At the end of these20 sessions, the individuals were accompanied with or without maintenancesessions for 10 weeks. The work checked that the eletroestimulation provided thegain of muscular force in the maximum gluteo in both studied groups and therewas not difference with relationship to the muscular invigoration acquired amongthe groups A and B. As the muscular force evaluated during the accompanimentperiod, being disposed or not of eletroestimulation sessions for maintenance,significant alteration of the same was not observed in the studied groups.
INTRODUCAO
A origem da Medicina Fisica pode ser tra,ada observando as tradi,6es
seculares que empregavam agentes fisicos tais como agua tria au quente para
beneficios curativos e especificamente no ana de 1890 a introdu,ao de diatermia
terapeutica (tipo de calor profundo usando-se ondas curtas). Os principios de
reabilita,ao medica foram inicialmente formulados durante 0 tratamento de
soldados em 1919, pos primeira guerra mundial. 0 surgimento da Medicina Fisica
e Reabilitac;ao como especialidade singular iniciou-se em 1920 e ganhou
momento nos anos de 1930 e foi impulsionado durante a segunda guerra mundial.
Em 1947, ela foi sancionada oficialmente como uma especialidade medica pelo
Comite Americano de Especialidades Medicas (Garrians, 1995)
A fisioterapia, como todas as demais ciemcias esta em constante
crescimento. Dentre as suas diversas especificidades, a traumato-ortopedica e a
que mais tern utilizado a variac;ao de arsenal elinica importante como meio
terapeutico, como por exemplo as aparelhos eletro-termo-fototerapicos.
Varios estudos de Galvani (1792), Jallabert (1748) e Enoka (1988)
demonstraram que e passivel estimular urn musculo passando-se uma corrente
eletrica atraves dele ou do seu nerva periferico. A esta gera~ao de potenciais de
a~ao em celulas excitaveis atraves de impulsos eletricos (ativa~ao artificial)
chamamos de eletroestimula,ao (Enoka, 1988). A eletroestimula,ao e praticada
desde 0 seculo XVIII na fisioterapia e no tratamento de pacientes paralisados
(Kratzenstein, 1744). Mais recentemente tem-se voltado aten,ao na
eletroestimula~ao como metoda de treinamento de fon;;aem sujeitos normais ou
mesmo em atletas altamente treinados.
Na decada de 80, com a ucorrida espacial", comeyaram a surgir problemas
com os cosmonautas relacionados com 0 deficit de massa muscular ao
retornarem de longos periodos de estadia nas esta;:oes espaciais. Com a
au sen cia de gravidade, musculo e ossos tinha deficit estrutural e metab6lico, onde
o catabolismo sobrepujava 0 anabolismo. Para corrigir este problema provocado
pela ausencia de gravidade foram realizadas sessoes de eletroestimula;:ao com
corrente de media frequencia (tambem conhecida como Corrente Russa), para
fortalecimento muscular e reabilitayao.
Alem da aplica;:ao para melhora da performance em atietas, este metodo
atualmente tern sido utilizado com bastante eficiencia nas alterayoes esteticas
como fiacidez de abdome, gluteos e membros inferiores ao inves dos exercicios
ativos. A pergunta sobre se a eletroestimula;:ao promove efeito similar, quanto ao
ganho de massa e forya muscular, aquele promovido par atividade fisica, ainda
nao foi elucidado. Observayoes empiricas afirmam que sim, entretanto a literatura
e muito escassa quanta a esta questao. Sendo assim, verifica-se a necessidade
do aprimoramento te6rico do fisioterapeuta para a melhor utiliza;:ao desta tecnica
no que diz respeito a promo;:ao de ganho de massa, for;:a e tonus muscular, se
de fato este fenorneno for verdadeiro.
ASPECTOS FISIOLOGICOS DA MUSCULATURA ESQUELETICA
1.1 CARACTERisTICAS DO MUSCULO ESQUELETICO
o musculo esqueletico e morfologicamente composto por fibras musculares
individuals, onde cad a fibra muscular constitui uma 56 celula. A fibra individual
passu; forma cilindrica e alongada pod end a atingir 0 comprimento do museu 10.As
fibras museu lares sao farmadas par miofibrilas, as quais sao vtuias estruturas
fusiformes que contem as protelnas contrateis. Uma das caracteristicas mais
marcantes do musculo esqueletico e sua aparencia estriada produzida pelo
arranjo dos filamentos proteicos de actina e miosina levando a alternancia entre
bandas claras e escuras que aparecem ao longo do comprimento da fibra. 0
mecanisme contratil, no musculo esqueletico, depende principalmente das
proteinas miosina e actina. Tambem existem duas Qutras proteinas, a troponina e
a tropomiasina. Sao importantes na regulac;ao do processo contratil e
representam uma pequena parte do musculo (POWERS & HOWLEY, 2000;
GANONG, 2000).
Outra estrutura essencial para a contrac;ao muscular e a reticula
sarcoplasmatico, 0 qual e formado por varios canais armazenadores de calcio
envolvendo cada miofibrila. Sua func;ao consiste na liberac;ao e absorc;ao de calcio
durante a contral'ao e relaxamento(POWERS & HOWLEY, 2000; KITCHEN &
BAZIN, 1998).
Com relac;ao as caracteristicas eletricas do musculo esqueletico, a
potencial de repouso da membrana, que e a diferenc;a de potencial entre a parte
interna e externa da membrana, e da ordem de - 90 mV, enquanto que para os
motoneur6nios inferiores e de - 70 mV. Quando se deseja criar um potencial de
a9ao, au seja, excitar a membrana de uma celula nervosa, 0 potencial de repouso
deve subir ate cerca de - 50 mV (Iimiar de excitayao) para que a membrana passe
do estado de repouso para 0 ativado. No musculo esqueletico, 0 potencial de
ayao possui durayao de 2 a 4 ms e e conduzido ao longo da fibra muscular com
velocidade aproximada de 5 mls (GANONG, 2000; SALGADO, 1999; KITCHEN &
BAliN, 1998).
Quando 0 impulso esta trafegando ao longo da fibra nervosa, esta fibra
nervosa naD pade conduzir urn segundo impulso ate que sua membrana fique
repolarizada. Par esta razao, a fibra e dita estar no estado refratario e 0 intervalo
de tempo em que a fibra permanece nesse estado e chamado de periodo
refratiuio. Esse periodo dura de cerca de 1/25005 para as fibras mais calibrosas e
ate 11250s para as fibras mais delgadas (GUYTON, 1997).
1,2 A CONTRAt,;;AO MUSCULAR
A contrayao do musculo esqueletico e voluntaria e controlada pelo sistema
nervoso central. Cad a fibra muscular esqueletica esta conectada ao ramo de uma
fibra nervosa originaria de uma celula nervosa. Essas celulas nervosas sao as
motoneur6nios. Cada neuronio motor e todas as fibras musculares inervadas per
ele formam uma unidade motora, a qual e a unidade funcional do movimento. A
estimulayao de motoneuronios marca a inicio da contracao muscular (POWERS &
HOWLEY, 2000; GANONG, 2000; BERNE,1996).
o local onde a motoneuronio e a celula muscular encontram-se e chamado
de jun9ao neuromuscular. Sua funyao e transmitir 0 impulso nervoso para a fibra
muscular, afim de iniciar a contrag80 muscular (POWERS & HOWLEY, 2000;
MCARDLE & KATCH & KATCH, 1998).
De acordo com POWERS & HOWLEY (1997), 0 inicio do processo de
contra980 ocorre com a chegada de urn impulso nervosa a juny80 neuromuscular.
o potencial de agao do neuronio motor gera varios acontecimentos eletricos e
quimicos. 0 resultado final disto e a ativayao das pontes cruzadas provocando 0
deslizamento dos filamentos de actina e miosina, 0 qual faz com que 0 musculo
encurte e, consequentemente desenvolva tensao. Par issa, 0 processo de
contrac;ao e explicado pelo modele do filamento deslizante e quando 0 estimulo
neural e removido, a contrayao muscular e interrompida.
A contrayao muscular e urn processo bern mais complexo com relac;ao ao
que foi explicado anteriormente, envolvendo diversas proteinas e sistemas de
produgao de energia. Entretanto, esses detalhes nao serao aprofundados por nao
serem 0 principal foco de estudo do tema proposto.
1. 3 TIPOS DE CONTRAt;:Ao E PROPRIEDADES CONTRA TEIS
Como ja foi citado, a contra~ao muscular implica no encurtamento das
estruturas contrateis, pon:l!m as musculos possuem elementos elasticos e
viscosos que podem fazer a contrayao ocorrer sem haver reduyao apreciavel do
comprimento de todo 0 musculo. Desta maneira, esse tipo de contrayao echamado de isometrica au estatic8.
"As contrayoes isametricas sao comuns nos musculos posturais do corpa,
as quais atuam para manter uma posiyao corporal estatica durante periodos em
pe ou sentado" (POWERS & HOWLEY, 2000).
Quando a contrac;ao provoca aproximac;ao das extremidades do musculo e
ocorre contra uma carga constante e chamada de ;soton;ca ou dinamica. Para
que ista ocorra, a tensao muscular deve ser sempre maior do que a carga. A
cantrac;aa isotonica e dividida em: concentrica e excentrica. Na concentrica, 0
musculo encurta-se quando e ativado e na excentrica, a muscula alonga-se
(POWERS & HOWLEY, 2000; GANONG, 2000).
No estudo das propriedades contrateis dos tipos de fibra muscular e
importante analisar tres caracteristicas de desempenho:
• produc;ao de forc;a maxima;
• velocidade de contrac;ao;
• eficiencia da fibra muscular.
Em primeiro lugar, a produyao de forya maxima de uma fibra muscular e a
quantidade de forya que ela produz por unidade de area transversa (tensao
especifica), ou seja, e a produyao de forya dividida pelo tamanho da fibra .
A velocidade de contrayao de uma fibra e calculada atraves da
mensura9ao do encurtamento maximo (Vmax) das fibras individuais. A Vmax
representa a maior velocidade com que uma fibra pode encurtar e e regulada pela
atividade ATPasica da miosina. Quanta maior a atividade ATPasica, maior a
Vmax e vice-versa.
Finalmente, a eficiencia de uma fibra muscular e dada par sua econamia.
Em outras palavras, uma fibra muscular deve exigir men os energia para realizar
um determinado trabalho em comparac;ao com uma fibra menos eficiente. Sua
mensurac;ao pade ser feita atraves da divisao entre a quantidade de energia
utilizada (ATP utilizada) pela quantidade de forya produzida (POWERS &
HOWLEY, 2000).
1.4 TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES
o musculo esqueh~tico e urn tecido bastante heterogeneo, composto par
fibras que variam em certas propriedades, como velocidade de contra,ao e
capacidade de degradar ATP. Basicamente, segundo BERNE & LEVY (1996), as
fibras musculares podem ser classilicadas em tres tipos: Tipo I (oxidativas lentas),
Tipo lib (glicoliticas) e Tipo lIa (glicoliticas oxidativas rapidas).
o primeiro tipo constitui-se de libras lentas, com colora,ao vermelha devido
a presenlta de mioglobina. Essas celulas sao altamente capacitadas a realizar 0
metabolismo aer6bico, resistentes a ladiga e adaptadas para contra,oes
duradouras. Possuem maiores concentra,oes de mioglobina e capilares do que
as fibras rapid as.
As fibras do Tipo lib (brancas), apresentam alta capacidade anaer6bica e
grande atividade ATpasica. Sua velocidade de contra,ao e rapida, entretanto sao
menos eficientes que os outros tipos, ladigando mais rapidamente.
Ja, as fibras do Tipo lIa sao um tipo intermediario, caracterizadas pela
combina,ao de grande atividade ATPilsica com grande capacidade oxidativa.
Manifestam contrac;ao n:ipida e 56 entram em fadiga quando sao mantidas em
contrac;ao per long05 perfodos de tempo. Ah§m disso, as fibras intermediarias sao
extremamente adaptaveis, ou seja, com 0 treinamento de resistencia, elas podem
elevar sua capacidade oxidativa a niveis iguais aos das fibras Tipo I (POWERS &
HOWLEY, 2000; GANONG, 2000; BERNE, 1996; VANDER,1981).
Os tres tipos de fibras citados sao encontrados misturados na maieria dos
musculos, pon§m alguns museu los pod em conter predominantemente urn 56 tipo
de fibra. 1550 ocorre, em parte, porque as museu los esqueleticos sao solicitados a
desempenhar varias func;oes em diferentes localizac;6es (p.e. as musculos
posturais devem manter sua atividade par longos periodos de tempo sem
fadigarem, enquanto que os museulos dos bra90s devem estar preparados para
produzir rapidamente grandes tensoes, como no levantamento de pesos).
o museulo gluteo maximo, enfoeado nesse estudo, possui, p. e., de 41,2 a
71,5% de fibras tonieas (Tipo I) e de 28,5 a 58,8% de fibras fasieas (Tipo lib)
(JOHNSON, 1973). Isto se deve a uma das fun90es do museulo gluteo maximo,
pais a mesmo atua em grande parte para favorecer a posi9ao anti-gravitacional au
ortostatica do corpo humano, necessitando para isto ser resistente a fadiga.
TABELA 1.1* - Propriedades das unldades motoras t"nleas e fasicas
Unidades Motoras Tonicas
Fibras musculares vermelhas
Filogeneticamente rnais velhas
Melhor eapilariza9ao
Inervada pelos neuronios AU2
Fadiga lenta
Estatica
Unidades MotOrasFaslcas -
Fibras musculares brancas
Filogeneticamente rnais novas
Menos eapilariza9ao
Inervada pel as neuronios AU1
Fadiga rapida
Dinamica
•Classifica9ao de Janda (1979)
Com relaC;ao as diferen9as na distribui9aO de fibras musculares entre as
seres humanos verifica-se que nao existem diferen9as aparentes segundo a idade
au a sexo. Nos sedentarios medias existem cerca de 47-53% de fibras lentas.
Alern disso, acredita-se que as atletas de potencia (p.e. corredores de curta
distancia) apresentam grande porcentagem de fibras riipidas, enquanto que os de
resistencia possuem grande porcentagem de fibras lentas, 0 que naD exclui uma
variaC;:Elona porcentagem dos tipos de fibras, mesmo entre atletas bem sucedidos
que competem no mesma esporte. Porem, tanto a composi~ao de fibras
geneticamente pre-determinadas como as determinadas pelo treinamento intense
possuem grande reievancia (POWERS & HOWLEY, 2000; SALGADO,1999;
MCARDLE & KATCH & KATCH, 1998).
1.5 FIBRAS MUSCULARES E RESPOSTA AO EXERCiclO
Agora que os trIOs tipos de libras musculares jii Icram descritos e
importante conhecer a resposta dessas celulas durante os dilerentes tipos de
exercicio. Entretanto, antes de comentar esse aspecto e necessaria realizar uma
pequena abordagem em termos de hipertrofia, hiperplasia e plasticidade para,
posteriormente, obter melhor compreensao sobre 0 comportamento muscular
frente a urn treinamento fisico.
Denomina-se hipertrofia, 0 processo pelo qual 0 tamanho do musculo
aumenta atraves da sintese de novas miofibrilas. Esse aumento ocorre varias
vezes durante 0 desenvolvimento humane normal, do nascimento ate a vida
adulta, sem acerrer alteraC;:8o do numero de fibras (hiperp/asia). Par essa razao, 0
aumento do musculo associ ado ao treinamento de fon;:adeve-se a hipertrofia das
fibras existentes e nao a gerac;:ao de novas fibras. Apesar disto, viuias
observac;:oes questionam que parte do aumento muscular decorrente do
treinamento resulta da hiperplasia. Alguns estudos com fisiculturistas relataram
que os mesmos apresentam mais fibras por unidade motora do que a pessoa
10
media, elevando a ponto no qual a hiperplasia pode ocorrer com a treinamento
prolongado. Baseado nisso, pode-se concluir que a hiperplasia, alem da
hipertrofia, tambem contribui para 0 aumento da produ9ao de for9a no tecido.
Alem disso, vale ressaltar que 0 efeito de um mesculo nao depende somente de
seu tamanho, mas tambem de sua disposi9ao anatomica. A velocidade e a
capacidade de contrac;ao de urn musculo e aumentada ao maximo quando suas
fibras estao arranjadas em paralelo entre si e com as eixos dos tend5es
(POWERS & HOWLEY, 2000; BERNE, 1996).
Como outro aspecto importante est,; 0 fato de que 0 mesculo esqueletico e
urn tecido altamente plastico, ou seja, sua composil):ao bioquimica e estrutural
pode ser alterada em resposta a atividade fisica, as altera-;:oes dos motoneur6nios
ou ados niveis sericos de tiroxina. A resposta muscular ao aumento da atividade
fisica depende do tipo de treinamento. Assim, quando e realizado treinamento de
for9a, a adapta9ao muscular ocorre com aumento do tamanho muscular e da
produc;ao de forya, enquanto que no exercicio de resistencia, e5sa adaptal):ao e
verificada com urna elevayao da capacidade oxidativa do musculo sem aumentar
o tamanho e a forl):a muscular. No que diz respeito aos motoneuronios, sabe-se
que sao responsaveis pel a contra Ie das caracteristicas de todas as fibras par eles
inervadas.
"Quando os motoneuronios que inervam fibras Tipo lib e fibras Tipo I sao
experimentalmente tracados, as dais tipos de fibra muscular comec;:am a inverter
caracteristicas. Isto e, as fibras Tipo II se tornam Tipo I e as Tipo I se tornam Tipo
II". (POWERS & HOWLEY, 2000)
Estudos recentes ainda verificaram que a tiraxina tambem regula 0 tipo de
fibra muscular, onde aumentos em seus niveis sericos alem do normal acarretam
11
o aumento da porcentagem de fibras rnusculares rapidas. Em contrapartida, a
diminuiC;:EIOdos niveis sericos de tiroxina, abaixo dos niveis normais, promove a
aumento do numero de fibras lentas no musculo.
Agora que ja foram citados alguns conceitos essenciais relacionados com
os efeitos do musculo ao treinamento fisico, 0 proximo passo e abordar os
diferentes tipos de exercicios com suas respectivas respostas museu lares.
"Em exercicios de curta durac;:ao, as fibras envolvidas dependem da forc;;:a
que 0 musculo e solicitado a originar"
Quando sao requeridas contrac;6es fracas, somente as fibras do tipo I sao
recrutadas. Para contra goes mais fortes, as tres tipos sao recrutados.
PDr outro lado, durante exercicios de resist€mcia, de longa duraryZio e baixa
intensidade, sao recrutadas especial mente as fibras do tipo lelia (VANDER,
1981).
Quando se tala em alteraryoes nas propriedades bioqufmicas-fisiol6gicas do
musculo pelo treinamento fisico rigorosQ, mudanc;:as nos tipos de fibra muscular
ocorrem tanto pelo treinamento de resistencia quanto pelo de resistencia. Tipos
de exercicio de resistencia (p.e. natac;ao e corrida) produzem uma transformac;ao
das fibras do Tipo lib em fibras do tipo lIa. Essas transformac;6es manifestam-se
pelo aumento do numero de mitoc6ndrias e capilares que envolvem as fibras, sem
ocorrer grandes aumentos do tamanho e da for,a muscular. ConseqOentemente,
essas alteraryoes aumentam em grande proporc;ao a capacidade de realizar
alividades de longa dura,ao sem apresentar fadiga (POWERS & HOWLEY, 2000;
VANDER, 1981; MCARDLE & KATCH & KATCH, 1998).
Ao contrario, as treinamentos de fortalecimento produzem alterac;6es
especialmente no tamanho e na for,a das fibras museu lares. As fibras do Tipo lib
12
sofrem hipertrofia com urn aumento correspondente da forc;a de contrac;ao
(VANDER,1981).
No entanto, a composiyao dos tipos de fibras de urn individuo nao constitui
o unico determinante do desempenho, uma vez que varias pesquisas mostram
que, para determinado grupo, tanto treinado quanta destreinado, a conhecimento
do tipo de fibra predominante de uma pessoa e de valor limitante para predizer a
desempenho nos exercicios. Isso se deve ao fato de que a capacidade de
desempenho depende do resultado final da mistura de varios sistemas
fisiol6gicos, bioquimicos, neurol6gicos e biomecanicos, naD sendo determinada
par urn unico fator (MCARDLE & KATCH & KATCH, 1998).
13
2 ASPECTOS ELETROFISIOLOGICOS
2.1 CORRENTE RUSSA
A estimuia,ao Russa surgiu como uma varia,ao da corrente alternada de
media freqOencia interrompida. Kots (1977), professor de medicina desportiva da
academia do estado de Moscou, foi 0 primeiro a utilizar uma corrente de media
frequencia para 0 fortalecimento muscular.
Entretanto, 0 que colaborou significantemente com a estimula~aoRussa foi
a descoberta da cientista Janda (1979), a qual observou 0 comportamento cHnico
da nossa musculatura, em dais tipos de fibras: fasicas e t6nicas, ou brancas e
vermelhas, sendo as brancas de velocidade e as vermelhas de sustenta<;ao.
Em estudos mais recentes, foi demonstrado que com exce<;8.o de poucos
musculos, 0 corpo humane 56 contem museu los com composi<;ao de fibras
musculares mistas, e tambem foi comprovado que as primeiras fibras recrutadas
para executar 0 movimento sao as fibras vermelhas, e as fibras brancas 56 se
ativam se for necessaria for,a suplementar em movimentos n'pidos (JOHNSON,
1973; KUO CLAMANN, 1981).
A partir desses estudos desenvolveu-se a Estimulat;ao Russa, uma
corrente seletiva de freqUemcia media alternada interrompida, extremamente
eficiente no fortalecirnento muscular do paciente, com capacidade de estimular
tanto as fibras vermelhas quanto brancas de acordo com 0 objetivo desejado.
"A estimulac;:ao Russa difere de outras cerrentes por ser seletiva. Isto se
deve a possibilidade de modular em baixa freqOlmcia, ativando as unidades
motoras tonicas ou fasicas, dependendo da freqU,mcia utilizada."
14
Este tipo de corrente e despolarizada, podendo apresentar ora polo
positiv~, ora negative. Per esta razac, nao ha deslocamento de ions, podendo ser
utilizada por mais tempo, sem provocar a forma9ao de acidos e bases, como
ocorre nas correntes polarizadas (LULLlES, 1973 & STEFANOVSKA, 1985).
A frequencia da corrente e medida em hertz (Hz), onde 1 Hz e igual a 1
cicio/segundo. 0 lapso de tempo transcorrido entre duas cristas de ondas
(potenciais de ayao) e 0 perlodo (t) da oscilayilo. Esta e medida em unidades de
tempo. Portanto, se cada cicio leva (t) segundos, em cada segundo deverao
ocorrer 111:: ciclos. 0 numero de ciclos ocorrentes em 1 segundo ja foi definido
como sendo a frequencia, e assim podemos escrever: f ;; 1IT, ou r;; 11f
(KITCHEN & BAliN, 1998). Portanto, a corrente russa tem como caracteristica a
frequencia portadora de 2500Hz devido il seguinte formula: f = 100010,4 onde 0,4
eo periodo refratario necessaria, ja citado anleriormente.
Tambem devido a esta caracteristic8, a corrente Russa passui eteita
profundo, sendo capaz de atingir estruturas teciduais profundas de acordo com a
modula9ao da freqOencia (quanta maior a freqOencia, menor a impedancia
tecidual). Assim, a aplica9ao da corrente Russa oferece varios beneficios, dentre
os quais pode-se citar:
• eletrocinestesia;
• fortalecimenta muscular com au sem a modifica9Bo das fibras musculares;
• ativayBo de 30 a 60% de unidades motoras a mais;
• alterayao potencial na composiyao das fibras musculares bastando apenas a
troca especifica da freqQ€mciade modulayBo;
• fartalecimento muscular num nivel otimo a curto prazo;
15
2.2 CONTRAt;:AO MUSCULAR INDUZIDA POR CORRENTE ELETRICA
Os potenciais de 898.0 produzidos nos nervos e museu los atraves da
eletroestimulac;ao depend em de urn sistema neuromuscular periferico intacto e
sao indistinguiveis daqueles gerados pel a ativa9aO normal do sistema nervoso. A
principia, para 0 inicio do processo de contrac;ao, colocam-se dais eletrodos de
urn estimulador na pele, proxirnos a urn pequeno ramo de urn nerva periferico.
Quando a estimulac;ao e iniciada ocorre movirnentac;:ao de ions, onde alguns
atravessam a membrana do nerva despolarizando-o. Se a corrente aplicada for
suficientemente grande produzira um potencial de a9aO que ira se propagar ao
longo da membrana, sendo este potencial de ac;a.o id€mtico aquele produzido em
resposta de uma ativac;ao fisiol6gica, promovendo a contrac;ao muscular
(SALGADO, 1999).
Par Dutro lado, a contrac;ao muscular induzida per eletroestimula9ao da-se
de modo diferente daquele que ocorre durante contra9ao voluntaria. A principal
diferenya e verificada no recrutamento das unidades motoras; na contra9ao
voluntaria, a recrutamento segue a ordem das unidades motoras mais lentas de
pequenos esfor90s para gradualmente recrutar as mais rapidas. Ja, durante a
eletroestimula9clo, a recrutamento ocorre de forma inversa, sendo as fibras do
Tipo II as primeiras a serem recrutadas. Isto ocorre porque 0 estimulo eletrico e
aplicado externamente a termina980 nervosa e as celulas "grandes" sao mais
excitaveis. Outro ponto e que as unidades motoras de conduyc3orapida, maiores e
mais fadigaveis, necessitam de menores intensidades de estimulayc3o,0 que pode
explicar a capacidade da eletroestimula9ao produzir fortalecimento muscular com
n[veis menores que aqueles requeridos na contra98o voluntaria.
16
"Segundo Sinacore et al (1990), a razao pela qual as unidades motoras
rapidas sao recrutadas em primeiro lugar, e par elas serem inervadas par ax6nios
com baixa resistencia it estimula9ao (com grande diametro) e alem disto, as fibras
preferencialmente ativadas serem as mais superficiais que sao,
predominantemente, de contra9ao n!lpida" (SALGADO, 1999).
Contradizendo Salgado, Enoka (1988), ainda afirmou em seu trabalho que
a ordem de ativa9ao das unidades motoras, depende do tamanho do diametro do
axenio e da distancia eletrodo-axonio. 0 neuronic cx.2 e menor do que 0 neuronic
a1, e as neurenies geralmente seguem 0 chamado principia do tamanho, cnde as
neuronios menores sao ativados antes dos maiores (HENNEMAN apud
SALGADO,1999). Uma das razoes para isto e que 0 potencial transmembrana
dos neuronies menores e de aproximadamente - 70 mV, enquanto que para as
neuronias maiores e - 90 mY. Portanto, as fibras tonicas serao eletroativadas
antes das fibras fasicas.
Dutra diferenc;a da contrayao voluntaria para a produzida par
eletroestimulac;ao e, que no primeiro tipo, as unidades motoras sao recrutadas de
maneira assincr6nica, iste e, as unidades motoras nao sao todas ativadas no
mesmo instante de tempo (SALGADO,1999).
Cabric (1987) apud Salgado ainda afirma, que devido iI eletroestimula9ao
recrutar preferencialmente as fibras musculares tipo II, como a forc;:a maxima
depende delas, 0 treinamento com eletroestimulac;:ao e rna is efetivo.
17
2.3 EFEITOS DA ELETROESTIMULACAO NOS MUSCULOS
Existem viuias pesquisas cientificas sobre 0 efeita das correntes eletricas
nos museu los, entretanto dais aspectos sao mais visados: 0 aumento da fon;:a
muscular e a mudan~a no lecido muscular. Cada um destes aspectos. a seguir,
sera abordado com maiores detalhes.
Tem-s8 demonstrado atraves de varias pesquisas que a forya muscular de
musculos saud ave is pade aumentar sob as efeilos da estimulayao eletrica. No
entanto, esta questao ainda nao esta completamente elucidada. 0 principal ponto
e que a eletroestimula~ao realmente aumenta a for~a muscular, porem nao da
mesma maneira que urn exercicio voluntario equivalente. Hit quem acredite que
geralmente a estimulayao eht:!lricanaQ constitui nurn substitute satisfalorio para a
atividade voluntaria, enquanto Qutros demonstraram que a estimulac;ao eletrica
combinada ou naD a exercicios voluntarios, levou a ganhos de foryas similares QU,
em alguns cases ate maiores, que aquele obtido apenas com exercicio voluntiuio.
Alem disso, tambem foi verificado que em pessoas saudaveis 0 aumento nao e
superior aquele conseguido atraves de exercicios fisicas, mas no casa de
individuos que apresentam musculaturas deficitarias, a estimulo eh~trica e mais
eficiente. Isto e explicado pelo fato de que todas as unidades motoras podem ser
ativadas em principia pela excitayao eletrica, provocando uma maior tensaa
intramuscular ativando assim a musculo em sua atividade maxima.
Algumas pesquisas demonstraram que existem diferengas marcantes nas
respostas a eletroestimulayao em individuos diferentes, gerando muita incerteza,
devido a variedade de tecnicas e diferentes protocolos adotados nos diferentes
estudos. Em uma analise de um grupo destes estudos verificou-se que a media
18
de ganho de for9a atraves da estimula9ao eletrica e aparentemente em torno de
20% em cerca de um mes (BALAGUN, 1983).
De acordo com 0 estudo de Hon Sun Lai et al (1988) a for9a de contra9ao
isometrica demonstrou maiores ganhos que a de contrac;:ao concentrica, enquanto
que a contra9ao excentrica nao demonstrou ganhos significativos. Com a
interruP9aodo tratamento ocorreu regressao do ganho de for9a.
Eo bastante claro que parte do ganho de for9a que ocorre com 0
treinamento, especialmente no inicio de urn programa, e atribuida a fatores
neurais (adapta90es) e nao ao aumento muscular. As adapta90es neurais
relacionadas ao Ireinamento de for9a incluem melhor sincronia do disparo das
unidades motoras e maior habilidade de recTutamento de unidades motoras para
permilir que um individuo se ajuste a for9a desencadeada pela estimula9ao
eletrica (POWERS & HOWLEY, 2000).
Nao se pode ainda, distinguir 0 efeito de fortalecimento dos efeitos de
facilitayao do controle muscular e sabre 0 metabolismo e 0 f1UXQ5an901"eo. A
eletroestimulayao pade ser utilizada terapeuticamente em grande intensidade
para iniciar e facilitar a contrac;:ao voluntaria do musculo em situac;:oes ande a
contrar;:ao voluntaria inibida por dor au Iesac, circunstancias ande a a9030
muscular naa oeerre sob controle voluntiuio sem pratica, crianc;:as com paralisia
cerebral, entre outras situayoes.
Com relayao aos efeitos no metabolismo muscular e no fluxo sanguineo, a
eletroestimula.yao tern os mesmos efeitos que a contra.yao muscular voluntaria,
haven do aumento temportuio no metabolismo e do fluxo sanguineo.
Um outro efeito da estimula9ao eletrica, relacionado com 0 ganho de for9a
muscular e a fadiga muscular, a qual e definida como redu9ao na produ9ao de
19
lor9a maxima do musculo e caracterizada pela redu9ao na capacidade de realizar
trabalho. Este lenomeno nao esta completamente explicado, porem, inicialmente,
a fadiga e devida a extin~aodo glicogenio muscular e da glicose sangOinea
disponivel, bem como a outras Iimita90es bioquimicas. Segundo as estudos de
Currier & Mann (1983) e Rankin & Stokes (1992), a estimula9ao eletrica dos
museu los via nerve motor leva a uma fadiga muscular relativamente rapida, ja que
urn conjunto fixe de unidades motoras e estimulado com as fibras fasicas de
disparo rapido selecionadas preferencialmente. Os autores citados ainda
demonstraram que a fadiga muscular devido a eletroestimula~ao,era maior que a
devido a contra9ao voluntaria isometrica de igual intensidade. Aparentemente, 0
grau de dura9ao da ladiga esta diretamente relacionado com a dura9ao da
estimula9ao eletrica. Alem disso, a ladiga muscular induzida por exercicio
volunttuio au eletroestimula9ao pade ser urn estimulo necessaria para 0
fortalecimento muscular, entretanto ainda naD se sabe se estimulaC;:8o de urn
musculo ja latigado e prejudicial.
Par ultimo esta a eleito da eletroestimula9ao sabre as fibras musculares. A
principia, a lator determinante das altera90es que ocorrem na fibra muscular e a
frequemcia com que 0 nerve motor e despolarizado pel a corrente eh~trica. A fibra
muscular se torna tonica e a capilarizay80 aumenta. Esta mUdanya e reversivel,
uma vez que a estrutura da fibra muscular se adapta a funy80 conforme a
musculo seja utilizado luncionalmente.
Os mesmos efeitos podem ser visualizados num musculo denervado. Uma
estimula9ao eletrica com alta IreqGencia (em torno de 100 Hz) laz com que a
musculo se tome branco, enquanto que uma baixa frequencia de estimulay80
(aproximadamente 20 Hz) torna a musculo vermelho.
20
"A conserva9ao da mudan9a na estrutura da fibra muscular eprincipalmente determinada pelo usa funcional do musculo. Se a funyao naD se
adequa a estrutura da fibra muscular, entao esta se adapta rapidamente"
(SWINGHEDAUW, 1986).
Desta maneira, como ja foi citado anteriormente, com a estimula9ao
eletrica pode-se influenciar a estrutura da fibra muscular conforme se deseja com
a variayao da freqO€mcia da estimula<;ao eletrica.
21
3 MATERIAlS E METODOS
a estudo foi realizado na Clinica Fisio & Terapia Moura Ferro, localizada na
Avenida Oscar Barcelos no. 681 - Centro, na cidade de Rio do Sui - SC, no
periodo de 5 de Junho a 27 de Setembro de 2000.
A popula,ao estudada compreendeu dez individuos, divididos em dois
grupos, do seXQ feminino, com idade entre 30 e 40 anas e cor branca, cnde foi
realizado 0 fortalecimento muscular atraves da eletroestimulayao par Corrente
Russa dos gluteos .
• Grupo A
Composto por 5 mulheres praticantes de atividades fisicas com
periodicidade minima de 3 vezes par semana mantidas par urn tempo minima de
6 meses. Estes exercicios sao caracterizados como ativos-resistidos localizados
principal mente no grupo muscular gluteo .
• Grupo B
Formado par 5 individuas sedentiuios, as quais nao realizaram nenhum
tipo de atividade fisica regular par urn periodo anterior minima de 6 meses ate 0
termino do experimento.
22
Previamente loi realizada uma avalia,ao (Anexo I), onde loi mensurada a
forc;a muscular do gluteo maximo utilizando urn dinamometro da marca Filizola
com capacidade maxima de mensura,ao de 20kgl (Figura 3.1).
Figura 3.1 ·Dinam6metro
Para melhor adaptac;ao ao posicionamento do teste muscular, foi
necessaria fixar 0 dinam6metro de forma que se pudesse ajusta-Io as diferentes
estaturas dos individuos a serem avaliados, onde optou-se pela fixayao na barra
de "Ling" (Figura 3.2).
Figura 3.2 - Dinam6metro adaptado a Barra de Ling
23
Para haver a tra9ao do cabo do dinamometro pelo movimento de extensao
da coxa, foi confeccionado uma aparato que liga, atraves de urn fino cabo de a90,
a faixa emborrachada que envolve a regiao superior coxa, fixada com velcro, ao
cabo do dinamometro (Figura 3.3).
Figura 3.3 - Posiyao inicial para mensura~o da forya glutea
Esta e a posi980 inicial do teste de forya muscular, a qual e de extrema
importancia para que naD haja compensac;oes, ou seja, a utiliza98.0 de
musculaturas adjacentes no movimento de extensao do quadril. 0 areo do
movimento de extensao do quadril (fun9ao prima ria dos gluteos) foi realizado
lentamente, ate 0 ponto em que a musculo glldeo maximo inicia urn processo de
fadiga (Figura 3.4), momenta que foi realizada a leitura do grau de for9a muscular.
Figura 3.4 - Fase final do teste de fOTc;amuscular
24
Fez-se ainda a mensura9ao da circunferencia do quadril (perimetria)
utilizando uma fita metrica de 100 em, tendo como referencia anatomica 0 coccxis
e a prega glutea (Figuras 3.5 e 3.6).
Figura 3.5 - Perimetria na altura do c6ccxis
Figura 3.6 - Perimetria na altura da prega glutea
o aparelho utilizado para a realiza~ao da eletroestimulal):8o foi 0
Endophasys - R da marca KLD Biosistemas (Figura 3.7), 0 qual possui a corrente
russa (2500Hz), com todos os parametres ajustaveis conforme a tabela do
pretocolo utilizado, a seguir:
Tabela 3.1 - Protocolo de Estudo
25
Item
1a _ 6a
6s
9s
Varia~ao
30 Hz
50%
0- 90 Ma
7- - 13- 14- - 20-
9s 12s
12s 15s
10min
Modula,ao da Irequencia media
Dura,ao da lase da Irequencia de modula~ao
Densidade da corrente
Sessao
Tempo de contrayao
Tempo de repouso
Tempo de durayao
Figura 3.7 - Endophasys - R
As sess6es foram realizadas tnes vezes par seman a ate totalizar 0 numero
de 20 sess6es par individuo, e as avaliay6es acima descritas (teste de lorya
muscular e perimetria) Icram realizadas nas sess6es 0 (inicial), 10 e 15
(intermediarias) e 20 (final) e descritas na ficha de avalia,ao (item evoluyao).
Ap6s a termino das 20 sess6es de eletroestimulayao para a lortalecimento
dos museu los, tal realizado 0 acompanhamento dos individuos dos grupos
26
estudados "Au e "8" uma vez par semana, no period a de 10 semanas, com 0
objetivo de verificar passive is alterayoes nos dados coletados durante as sess6es
de eletroestimulayao. Este acompanhamento, que tambem fOl descrito na ficha de
avaliay8o, no item evolu«ao, foi realizado da seguinte forma: dos 5 individuos de
cada grupo, 3 foram foram submetidos a uma previa avaliagao, seguida de
sessoes de eletroestimulay8o para manuten.;:ao (seguindo as mesmos
parametres da ultima sessao do programa para a fortalecimento), denominado
grupo de manutenyao. Os dais individuos restantes fcram somente avaliados nas
sess5es semanais de manutenC;80,denominado grupo de acompanhamento.
Os eletrodos fcram posicionados sobre a gluteo maximo, baseando-se nos
pontos motores deste musculo, para a realizagao da eletroestimulagao bilateral e
simultanea (Figura 3.8 e 3.9).
Figuras 3.8 e 3.9 - Pontos de coiocaC§o dos eletrodos para eletroestimulac;ao
4 RESULTADOS
27
A figura 4.1 mostra que 0 ganho de lor~a entre 0 lade direito e esquerdo do
musculo gluteo maximo nos individuos praticantes de atividade fisica regular nao
loi diferente. Na lO',1S' e 20' sessoes de eletroestimula~ao houve ganho
significativo de for~a (p<O.OS)quando comparada com 0 dia inicial (sessao 0). A
15' sessao promoveu ganho adicional de for~a quando comparado a 10' sessao
(p<O.OS).Na 20' sessao nao observou-se ganho significativ~ adicional de lor~a
(p<O.OS).
comparado a 1Sa
sessao, entretanto foi significativQ ao compararmos a 10· sessao
20
'6l.l< 10
= Sessao 0Sessao 10
=Sessao 1S= Sessao 20
AFE AFD
Figura 4.1 For~a muscular (Kgf) analisada no musculo gluteo maximo esquerdo(AFE) e direito (AFD) de individuos praticantes de atividade lisica regular. Osdados representam a media ± EPMde S individuos por grupo .•p < O.OSquando comparado a sessao O.•• p< O,OSquando comparado a sessao 10.
28
A figura 4.2 mostra que 0 ganho de for,a muscular no ghiteo maximo
direito e esquerdo dos individuos sedentarios toi similar. 0 fortalecimento passou
a ser significativo (p<0.05) na 15' e 20' sessao quando comparado com a sessao
o (inicio). Na 20' sessao foi verificado que houve um aumento da for,a muscular
quando comparado somente com a 10' sessao. Portanto somente a partir da 15'
sessao e que a for,a muscular aumentou de forma significativa (p<0.05) tendo
como base 0 inicio da eletroestimula,ao (sessao 0).
15
10
. . ..
I'
H
=SessaoO=Sessao 10=Sessao 15=Sessa020
SDE SOD
Figura 4.2 For,a muscular (Kg!) analisada no musculo gluteo maximo esquerdo(SDE) e direito (SOD) de individuos sedentarios. Os dados representam a media± EPM de 5 individuos por grupo.* p < 0.05 quando comparado com sessao O.** p<O.05 quando comparado com sessao1 O.
29
As figuras 4.3 e 4.4 mostram que ao compararmos individuos praticantes
de atividade fisica regular com sedentarios, nao houve diferenya estatistica entre
direito.
os grupos quanta ao ganho de fanya perc musculo gluteo maximo esquerdo e
20
c."" 10
AFE
= Sessao 0C3Sessao 10=Sessao 15=Sessa020
Figura 4.3 For~a muscular (Kgf) analisada no musculo gluteo esquerdo deindividuos que praticam atividade fisica (AFE), e individuos sedentilrios (SOE). Osdados representam a media ± EPM de 5 individuos por grupo.
30= Sessao 0=Sessao 10
20 =Sessao 15C. =Sessa020""
10
Figura 4.4 For~a muscular (Kgf) analisada no musculo gluteo direito de individuosque praticam atividade fisica (AFO) e individuos sedentilrios (SOO). Os dadosrepresentam media ± EPM de 5 individuos por grupo.
30
Na figura 4.5 e 4.6, a analise da for9a muscular durante a manuten9ao
(eletroestimulac;ao uma vez par semana) dos individuos que praticam exerc[cio
fisico regular enos sedentarios, respectivamente, mostra que naD houve
diferen9a significativa entre os lados direito e esquerdo do musculo gluteo
maximo, e nem houve altera9ao quanto ao ganho de lor9a muscular obtido nas
sess6es anteriores.
,.1817
16
15~ 14
13
12
11
10
~6
+__-=15~1~~S;S==;~s;:r-'# 1~,
Gll.iteo Direito ) ~1-Gluteo Esquerdo
10
Semana
Figura 4.5 For9a (Kg!) do musculo gluteo direito e esquerdo dos individuos quepraticam atividade fisica regular avaliada a cada sessao semanal durante amanuten9ao, ou seja, loram submetidos a eletroestimula9ao. Os dadosrepresentam a media de 3 individuos por grupo.
31
15
14131211
~ 1098765
1=1e;a=ul;"-4tJ;O-4-1 3
~&-~1~@;§""1O
I Gluteo Direito I II Gluteo Esquerdo
,6
2 3 4 5 6 7 8 9 10Sernana
Figura 4,6 For9a muscular (Kg!) do musculo gluteo direito e esquerdo dosindividuas sedentarios, avaliada a cada sessao semanal durante a manutenc;:ao,acompanhada de eletroestimula9ao. Os dados representam a media de 3individuos par grupe.
As figuras 4.7 e 4.8 mostram a for9a do mtisculo gltiteo de individuos que
praticam exercicio fisieD regular e sedentarios, respectivamente, durante 0
periodo de acompanhamento (avaliac;oes semanais sem eletroestimulaC;:8o), ende
verificou-se uma tend€mcia a diminuic;:ao da forc;a muscular, mas esta naD foi
significativa.
32
1817161514
~ 131211109
t-"=t5;a-16-16---4O:::::::iM-45;5-15;5-45;5-1M· 1
GIUteo Direito
Gluteo Esquerdo
~
5,5
2 3 4 5 6 7 8 9 10Sernana
Figura 4.7 For9a do musculo gluteo direito e e5querdo de individuos que praticamatividade fisica regular, sendo avaliada uma vez por semana durante 0
acompanhamento, sem ser eletroestimulado. Os dados representam a media de 2individuos par grupo.
1817161514
~ 131211109
I
~5
;8 ~131
.1J. Gluteo Oireito ) ~
Gluteo Esquerdo
4 10
Semana
Figura 4.8 For9a muscular do gluteo direito e esquerdo de individuos sedentiuios,sendo avaliada uma vez par semana durante a acompanhamento, sem sereletroestimulado. Os dados representam a media de 2 individuos por grupo.
33
na perimetria do quadril dos individuos que praticam atividade fisica regular e dos
As sess6es de eletroestimula(fao nao promoveram alterac;:oes significativas
sedentarios como mostram, respectivamente, as figuras 4.9 e 4.10, porem
percebe-se que, tendo como ponto de referencia 0 coccxis, a perimetria do
musculo gluteo maximo obteve urna leve inclinac;:aoascendente.
9897969594
(5 939291908988
~930'9-
-"-"-"-~ 3
--- 9M ____ 913
I Coccxis ,IPregaGlutea
o 10 15 20Sess6es
Figura 4.9 Perimetria do quadril dos individuos que praticam atividade fisicaregular e foram submetidos a eletroestimulac;:ao tres vezes par semana durante20 sessoes sendo avaliados nas sessoes 0,10,15 e 20. Os dados representam amediade 5 individuos.
34
100 199 ~-C6CCXiS98 PregaGlutea I I
9796
~E 95U 91,. 94,'94 " 945
93"-.
"-.-"2,292 92,~ 91,89190
0 10 15 20Sess6es
Figura 4,10 Perimetria do quadril dos individuos sedentarios que loramsubmetidos a eletroestimulaeyao durante as 20 sessoes, sendo avaliados nassess6es0,10,15 e 20. Os dados representama mediade 5 individuos.
Durante as sessoes de manutenC;80, a perimetria do quadril dos individuos
que praticam atividade fisica e sedentiuios, que realizaram sess6es semanais de
eletroestimula,ao, conlorme figuras 4.11 e 4.12, respectivamente, nao
demonstrou alteraeyoes estatisticamente significativas. Assim, tambem, como
mostra as figuras 4.13 e 4.14, os individuos que praticam atividade lisica e os
sedentarios, respectivamente, as quais foram somente acompanhados durante a
manutenc;ao sem serem submetidos a eletroestimulac;ao, tambem naD
apresentaram alterayEio na perimetria do quadril.
35
9796959493o 929190898887
~~4;5-94.6.94;5-94;5"1J4;6-94;6 9
- -!l1.2. £~-r,s-92=g.Bl9~9~,~~4f.ll,3
I-CoccxiS It1-Prega Ghitea
4,6
1,8
2 4 5 6 7 8 9 10Semana
Figura 4,11 Perimetria de individuos que praticam atividade tisica regular e queforam submetidos a eletroestimulac;:ao nas 10 sessoes semanais durante amanuten,ao. 0 grafico representa a media de 3 individuos.
91 +-----------------------------:~ +_~--;;;;~-;;-6-,-B:::-::-9;54l9,==,,6~-'90--90--90--90
88+---------------------------~87
2 3 4 5 6 7 8 9 10Semana
Figura 4,12 Perimetria de individuos sedentarios que Icram submetidos aeletroestimula,ao nas sessoes semanais durante a manuten9iio. 0 graficorepresenta a media de 3 individuos.
36
96
95 r-:;:::;::;;~~~::=.;::;94 +- 5-'"'~94-94-94
93+--------------------------
2 3 4 5 6 7 8 9 10Semana
Figura 4.13 Perimetria do quadril dos individuos que praticam atividade lisica eque nao loram submetidos a eletroestimulac;ao durante as 10 semanas deacompanhamento. Os dados representam a media de 2 individuos.
101100 ..+ Coccxis99 -+ Prega Glutea I:~ 4~.5
96 "",2Eu
g5+---------~--OT~~--~--~--94 ~~~94.5
93+---------------------------9291 +-~--r__,--r__r--._.__,--,__.
2 3 4 5 6 7 8 9 10Semana
Figura 4.14 Perimetria do quadril dos individuos sedentarios que nao loramsubmetidos a eletroestirnulayao durante as 10 semanas de acompanhamento. Osdados representam a media de 2 individuos.
37
5 DISCUSSAO
A tonifica't8o muscular e adquirida atraves de sequ€mcias de contra't8o e
relaxamento da unidade contratil do musculo - a miofibrila. Estas series de
contraryao-relaxamento podem au nao acompanhar a utilizac;ao de resistemcia
para intensificar 0 resultado objetivado. 0 trabalho de fortalecimento muscular
atraves da eletroestimulac;ao neuromuscular e realizado dentro de parametres
pre-estabelecidos que vern de encontro com as caracterislicas do grupo de
individuos analisados e com as objetivos do estudo.
A questao se a estimulac;ao de museu los saudaveis possa levar a um
aumento na forc;a muscular ainda nao esta completamente resolvida, apesar de
muita pesquisa. 0 ponto principal disto parece ser que a estimula980 eletrica
realmente aumenta a forc;a muscular, como demonstramos anteriormente nas
figuras 4.1 e 4.2.
Os motivos responsaveis par este fato sao discutiveis. Poderiamos
considerar 0 fato da utiliza980 da modula98o da frequencia em 30 Hz a qual se
identifica com a fusao tetanica (determinada frequencia na qual as contra~6es
sucessivas ocorrem fundidas e nao podem ser separadas urnas das outras -
GUYTON, 1997) das fibras tonicas, porcentagem maior das fibras museulares
componentes do musculo glLdeo maximo.
Em rela~aoao recrutamento das unidades motoras, natamos contradi90es
entre duas linhas de pensamento. Urn primeiro grupo defende a ideia que os
neur6nios mais calibrosos conduzem com mais velocidade 0 estirnulo eletrico (0,4
ms), os quais inervam as fibras fasicas, sendo estas estimuladas em urn primeiro
momento (GUYTON, 1997; SINACORE et ai., 1990). Ja 0 segundo grupo e
38
defensor do principio do tamanho de Hennemann, onde as menores neur6nios
sao ativados antes dos maiores, sendo que 0 neuronio a2 e menor que 0 neuronio
1l1, 0 que leva a estimula~ao das fibras tonicas primeiramente (LULLIES e
cols,1973). Considerando estes principios, enfatizamos 0 ganho de for~a
muscular com a eletroestimula~ao devido a utiliza~ao da modula~ao da frequencia
em 30Hz, capaz de estimular as fibras tonicas primeiramente.
Relacionando os grupos A e B, praticantes de atividade fisica regular e
sedentarios respectivamente, como demonstram as figuras 4.3 e 4.4, confirma-se
o que foi descrito por Balogun (1983) que a pratica de atividade fisica nao
interage com a condutibilidade e frequencia de fusao tetanica dos motoneuronios,
fazendo com que as ganhos na forc;amuscular sejam similares.
Sobre 0 acompanhamento, apos 0 termino das 20 sessoes de
eletroestimula~ao, tanto daqueles que fcram submetidos a uma sessao de
eletroestimula~ao semanal para manuten~ao, como daqueles que somente foram
acompanhados, figuras 4.5, 4.6, 4.7 e 4.8, percebeu-se que houve urna tend€mcia
a reduc;ao da fon;a muscular do grupo dos sedentarios. Devida a inexistencia de
outras pesquisas sabre a posterior acompanhamento dos individuos submetidos aeletroestirnulac;ao, nao ha subsidios para discutir-se estes resultados, mas
considerando as bibliografias consultadas para 0 embasamento teorico desse
estudo, fica claro que a motivo da for~a muscular ter sida mantida no mesmo
patamar no grupo de praticantes de atividade fisica regular deveu-se ao proprio
exercicio fisico.
A respeito da perimetria, nao foi comprovada diferen~a estatistica dentre as
avalia~oes iniciais e as finais, tanto no grupo de praticantes de atividade fisica
regular quanto 0 grupo de sedentarios. Justifica-se 0 fato por nao ter ocorrido nem
39
hipertrofia nem hiperplasia do musculo eletroestimulado, apesar de ter ocorrido
ganho na for~amuscular do mesma segmento. IS50 se justifica pelo recrutamento
das fibras inativas realizado pela eletroestimula,ao, fazendo com que fibras antes
nao recrutadas fassem ativadas, nao sendo necessaria hipertrofiar as fibras ja
recrutadas pelo exercicio ativo livre resistido (SOARES et al.,1990).
40
CONCLUSAO
o trabalho comprovou que a eletroestimula,ao utilizando a corrente de
media frequemcia - Corrente Russa - proporcionou 0 ganho de forc;a muscular no
gluteo maximo em ambos grupos estudados, praticantes de atividade tisica
regular e sedentarios, e nao houve diferen,a quanto ao fortalecimento muscular
adquirido entre os grupos A e B.
Quanta a fon;a muscular avaliada durante 0 periodo de acompanhamento,
dispondo-se au naD de sess6es de eletroestimulac;ao para manutenc;ao, naD
observou-se alterac;ao significativa da mesma nos grupos estudados.
A perimetria utilizada como parametro de avaliac;ao neste trabalho tambem
naD apresentou valores estatisticamente significativDs que pudessem ser citadas
em nenhum dos grupos.
Foram encontradas muitas dificuldades no estudo em questao, dentre elas
a carencia de bibliografias e pesquisas cientificas recentes realizadas sabre a
corrente de media frequencia estudada, a Corrente Russa, bem como a pequeno
numero de individuos participantes.
Deixamos aqui registrada a sugestao para continuidade deste estudo
considerando as seguintes pontos: a utilizaryao do dinam6metro isocinetico para a
avaliaryao dos individuos estudados, assim como a utilizaryao de diferentes marcas
de aparelhos para a realiza,ao da eletroestimula,ao.
41
ANEXO
FICHA DE AVALIACAO E EVOLUCAO
1. Dados Pessoais
Nome: ldade: _
Profissao: Dala de Nasc ._'_'_
Peso: Kg Altura: m IMC.
Habilos de vida diaria: ( ) sedentaria ( ) praticante de atividade !isica
Ha quanto tempo e com que periodicidade pratica atividade !isica? _
Qual 0 peso utilizado na realizayao dos exercicios ? _
2. Elelroeslimula~ao
FOrl;a Muscular PerimetriaGluleo Direilo Gluleo Esquerdo C6ccxis Prega Glulea
Sessao 0 Kg! Kg! Cm CmSessao 10 KQ! KQ! Cm CmSessao 15 Kg! Kg! Cm CmSessao 20 KQ! KQ! Cm Cm
3. Manuten4;;30/Acompanhamento
Forea Muscular PerimetriaGluleo Direilo Gluleo Esquerdo C6ccxis Prega Glulea
Semana 1 Kg! Kg! Cm CmSemana 2 Kg! Kg! Cm CmSemana 3 Kg! Kg! Cm CmSemana 4 Kg! Kg! Cm CmSemana 5 KQ! KQ! Cm CmSemana 6 Kg! Kg! Cm CmSessao 7 Kg! Kg! Cm CmSeman a 8 KQ! KQ! Cm CmSemana 9 Kg! Kg! Cm CmSemana 10 Kg! KQ! Cm Cm
42
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BERNE, Robert M. & LEVY, Mathew N. Fisiologia. 3' ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1996, pp. 275 - 290.
GANONG, William F. Fisiologia Medica. 19' ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do
Brasil: 2000, pp. 45 - 53.
GUYTON, Arthur C. Tratado de Fisiologia Medica. 9' ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1997, pp. 46 - 59.
JANDA, V. Muskelfunctionsdiagnostik, Muskeltest Untersuxhung verkurzter
Muskein, Untersuchung Hipermobilitat. Verlag Acco, Leuven, Belgi;;, 1979.
JOHNSON, M. A. Data on distribution of fibre types in thirty-six human muscles.
An autopsy study. Journal of the neurological science, 18, 1973, pp. 111 -
129.
KITCHEN, Sheila & BAZIN, Sarah. Eletroterapia de Clayton. 10' ed. Sao Paulo:
Manole, 1998, pp. 59 - 78.
KUO, K.H.M. & CLAMANN,H.P. Coactivation of synergistic muscles of different
fibers types in fast and slow contractions. American Journal of Physical
Medicine, vol. 60, no. 5, 1981, pp. 219 - 238.
LULLlES, H. Tashenbuch der Physiologie Band II. Gustav Fischer Verlag,
Stuttgart, 1973.
MCARDLE, William D., KATCH Frank I. & KATCH, Victor L. Fisiologia do
Exercicio - Energia, Nutriq80 e Desempenho Humano. 4' ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1998, pp. 299 - 318 e 327 - 334.
43
PALMER, M. Lynn & EPLER, Marcia E. Fundamentos das Tecnicas de Ava/iaqilo
Musculoesqueletica. 2' ed. Rio de Janeiro: Guanabra Koogan, 2000, pp. 16-
25.
POWERS, Scott K. & HOWLEY, Edward T. Fisiologia do Exercicio - Teoria e
aplicaqilo ao condicionamento e ao desempenho. 3· ed. Sao Paulo: Manole,
2000, pp. 125 - 146, 230 - 249 e 361 - 364.
SALGADO, Afonso Shiguemi Inoue. Eletrofisioterapia - Manual Cinico. 1" ed.
Londrina: Midiograf, 1999, pp. 71 - 97.
STEFANOVSKA, A. & VODOVNIK, L. Change in muscle force following electrical
stimulation. Scand J. Rehab. Med. 17, 1985, pp. 141 - 146.
SWINGHEDAUW, B. Developmental and finclional adaptation of contractile
proteins in cardiac and skeletal muscles. Physiological Reviews, vol. 66, no.
3,1986, pp. 710-771.
VANDER, Arthur J. Fisiologia Humana. Sao Paulo: Mc Graw-Hill do Brasil, 1981,
pp. 78 e 260.
top related