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O Ensino da Decifração

Paula Inês Flambó/2008

Sumário temático:

Algumas interrogações dos professores

O que os professores precisam de saber sobre o processo de decifração

O que as crianças devem saber antes de aprenderem formalmente a decifrar

Ensino da decifração

Algumas interrogações dos professores

Qual o melhor método para o ensino da decifração?

Qual a importância dos chamados pré-requisitos para a aprendizagem da leitura

O que faz com que algumas crianças aprendam a decifrar mais depressa do que outras?

Em que pilares deve assentar a decifração

( Sim-Sim, 2007)

Alguns princípios orientadoresA aprendizagem da linguagem escrita não

é natural; requer ensino sistematizado que contemple a consciência dos sons da língua e a aprendizagem da sua correspondência numa representação alfabética

Ler é um acto perceptivo mas também cognitivo

Na aprendizagem de qualquer habilidade existem três fases:

- cognitiva- de domínio / treino- de automatização

Ler é compreender um texto. Para compreender é preciso ser capaz de descodificar

Os leitores recorrem a diferentes vias para decifrar:

- via lexical (directa, global, rápida)

- via sub-lexical (indirecta, perceptiva, ortográfica)

Alguns princípios orientadores

O que é a decifração

Decifrar: identificar palavras escritas

Decifrar: converter padrões visuais (letras / conjuntos de letras) em padrões fonológicos

Reconhecimento automático, rápido e eficiente do significado das palavras

(Sim-Sim, 2007)

Perante uma palavra escrita como se faz a identificação?

Palavra escrita / Sistema de análise visual / Busca no vocabulário visual / Formatação ortográfica / Activação semântica / Produção oral da palavra

Palavra escrita / Sistema de análise visual / Conversão fonema-grafema / Formatação fonológica /activação semântica / Produção oral da frase

Factores que condicionam a aprendizagem da linguagem escrita

Competência linguística na língua de escolarização (riqueza lexical, conhecimento de estruturas sintácticas com alguma complexidade)

Conhecimento prévio dos princípios que regulam a linguagem escrita (organização, funcionamento e funcionalidade, princípio alfabético, relação oral / escrito)

Experiência com a linguagem escrita (manipulação de materiais de leitura e escrita, concepções sobre leitura e escrita, comportamentos emergentes de leitura e escrita)

Desenvolvimento das consciências:Fonológica (sons, ritmos, reconstruçãoLexical (as palavras: significado dos constituintes, actividades de segmentação e reconstrução

Sintáctica (a frase: elementos fundamentais, expansões, concordância)

Existência de rituais diários de leitura

Factores que condicionam a aprendizagem da linguagem escrita

Para garantir o sucesso na aprendizagem da linguagem

escrita

Treino fonológico + leituraReconhecimento explícito da correspondência

som/letraEstratégias de automatizaçãoEstratégias de antecipação/chaves contextuais (leitura

de palavras em contexto)

Explicitação da relação entre consciência fonémica e capacidade para ler palavras

Exemplos de leitura de unidades ortográficas, indutoras da regra

E…

Não separar as actividades de decifração do verdadeiro sentido da leitura:

Compreensão do texto(Sim-Sim, 2007)

Para garantir o sucesso na aprendizagem da linguagem

escrita

Qualidade do material linguístico

Quantidade / diversidade

Selecção e organização dos materiais de referência e de apoio

Existência de espaços de leitura

Ambiente rico em escrito

Existência de rituais diários de leitura

Bem falar para bem escrever

Transformar as situações de leitura em situações significativas, desafiante, de descoberta e sistematização

Para garantir o sucesso na aprendizagem da linguagem

escrita

Qualidade do material linguístico

Quantidade / diversidade

Selecção e organização dos materiais de referência e de apoio

Existência de espaços de leitura

Ambiente rico em escrito

Existência de rituais diários de leitura

Bem falar para bem escrever

Transformar as situações de leitura em situações

significativas, desafiantes, de descoberta e sistematização

Para garantir o sucesso na aprendizagem da linguagem

escrita

Os resultados da investigação mostram que as crianças constroem conhecimento sobre a leitura e escrita antes de serem formalmente ensinadas a ler e a escrever.

Ao 1º ciclo, chegam as crianças com conhecimentos muito diferenciados.

O professor tem de saber compreender a situação para diferenciar o processo de ensino de forma a poder atender todos os alunos.

Competências gráficas, ortográficas e de textualização

A competência da escrita é uma actividade neurobiológica complexa que exige:

Formulação de ideias e a sua tradução numa linguagem visível, fortemente convencional;

Adequação aos objectivos do escritor e às necessidades do leitor distante no tempo e no espaço;

Codificação de unidades de som em grafemas particulares num contexto verbal ortográfico;

A existência de uma imagem mental eficaz da sequência gráfica a realizar pelo escrevente, de modo a actividade realizar-se com segurança e de um controlo motor que permita a execução de movimentos para escrever e gestão do espaço gráfico;

Utilização da pontuação.

Competência da Escrita

Competência gráfica, ou seja, a competência relativa à capacidade de inscrever num suporte material os sinais em que assenta a representação escrita.

A dimensão gráfica da escrita apresenta dois tipos de características: as intrínsecas e as extrínsecas, as quais são uma mais valia para a transmissão de conteúdos e substituir as marcas da oralidade.

A Dimensão Gráfica da Escrita

Características intrínsecas

Características extrínsecas

Alfabeto dual ( maiúsculas e minúsculas)

quadros

Estilos de letras ( negros, itálicos)

Configurações ramificadas

Formas de letra ( redonda, inglesa)

pontuação

cor

Linha interrompida

lista

A Dimensão Gráfica da Escrita

A competência ortográfica, ou seja, a competência relativa às normas que estabelecem a representação escrita das palavras da língua.

A ortografia dentro de uma comunidade linguística, assume uma função unificadora, do ponto vista social e político, ou seja há uma única maneira de escrever a palavra, face à existência de várias formas de pronunciar a palavra nas produções orais.

A competência ortográfica

Esta complexidade inerente à ortografia portuguesa é ainda caracterizada pelo facto de na relação entre grafemas e fonemas haver:

Nuns casos, uma regulação que é feita por regras ortográficas;

Noutro, não haver quaisquer regras estabelecidas, sendo as formas escritas derivadas do uso, tradição evolução histórica (Morais & Teberosky, 1994).

Complexidade da ortografia

Os erros são instrumentos de trabalho, fonte de informação para o professor, que irá nortear a sua acção junto de cada aluno, para o ajudar a dominar a escrita (Salgado,1993;Perrenoud,1995; Reuter ,1996;Amor, 1997; Azevedo, 2000).

O erro faz parte da aprendizagem. Fenómeno de integração de novos conhecimentos, é passagem obrigatória para o saber ( Azevedo,p.65).

Conclusões dos estudos sobre o erro

Para escreverem as palavras correctamente os alunos devem ter aprendido:

Exemplos

Discriminar os sons que integram as palavras

Gato ( se escrevem correctamente identificam os 4 sons de gato [gatu]: sabem que os sons podem ser transcritos; sabem que no final têm de escrever um “o” em vez de “u”

Saber como esses sons podem ser transcritos

campo ( o nº de sons são 4 e têm de representar em 5 letras, pois a vogal nasal escreve-se”am”

Decidir a forma de representação de acordo com a norma ortográfica

paço / passoEu vou passear ao paço da rainha.Eu dou um passo com o meu pé.

Aprendizagem da ortografia

Enumeração de causas dos erros ortográficos (Gomes,

1989, citado por Azevedo,2000,p.69):

1.Causas psicológicas: memória, atenção, percepção, lateralidade;

2.Causas derivadas dos métodos de leitura seguidos;3.Causas relacionadas com o meio social do aluno:

vocabulário, hábitos de leitura;4.Causas relacionadas com um grande contacto com

situações predominantemente orais: conversação, audiovisuais, banda desenhada;

5.Dificuldades da própria língua.

Causas do erro

O erro poderá ser um indicador para verificar aprendizagens que não foram alcançadas.

A acção do professor em enfatizar a presença de sons que nem sempre são ditos “exp`riência vs experiência”.

Exercitar a separação das sílabas.

A consciencialização da existência de palavras que habitualmente se pronunciam de forma muito diferente daquela como são escritas.

Como proporcionar o acesso à

norma ortográfica:

Incorrecções Exemplos

por transcrição de formas de oralidade corrente

“ auga por água”

Inobservância de regras ortográficas de base fonológica

“omde por onde” moito por muito”

Inobservância de regras ortográficas de base morfológica

“fomus por fomos”; “gostão por gostam” ; “compru por compro”

Quanto à forma ortográfica específica das palavras

“ ospital por hospital”; caicha por caixa”

Incorrecção quanto à acentuação “amavel por amável” ; “hà por há”

Inobservância da unidade gráfica da palavra

“de pois por depois” ; guarda chuva por guarda-chuva”

Incorrecção quanto à translineação “ turi-stas por tu-ris-tas”

Análise das incorrecções ortográficas

Desvios ortográficos

Relação assistemática som/grafia; translineação; acentuação; uso de maiúsculas e minúscula e vice-versa;pontuação

Desvios fonéticos Inserção, omissão; inversão; substituição

Desvios morfológicos

Segmentação ou delimitação de palavras;flexão;derivação

Desvios morfo-sintáctico

concordância

Desvios sintácticos

Alteração da ordem dos constituintes

Desvios sintáctico-semânticos

Subcategorização, restrições de selecção;omissão de constituintes

Desvios semânticos

Construção da referência nominal, construção da referência temporal e aspectual; conectores, semântica lexical

Tipologia de erros

1. Corrige somente o que o aluno pode aprender.

2. Corrige no momento exacto do erro.

3. Se possível, corrige as versões prévias ao texto.

4. Não faças todo o trabalho de correcção.

5. Dá instruções concretas e práticas.

6. Dá tempo para que os alunos possam ler e comentar as

correcções.

7. Se puderes, fala individualmente com cada aluno.

8. Dá instrumentos para que os alunos possam auto-corrigir-se.

9. Não tenhas pressa em corrigir tudo.

10. Utiliza a correcção como um recurso didáctico.

Correcção: Dez Conselhos ao Professor

( Cassany,1993, citado por Azevedo,2003)

Os alunos têm de ser implicados na aprendizagem da ortografia!

O ensino da ortografia tem de ser sistemático e orientado.

Tem de haver tempo no horário curricular para a aprendizagem da ortografia.

Uma das vias para a aprendizagem da ortografia é a leitura, mas…

Somente ler, não Chega!

Considerações Finais

Não separar as actividades de decifração do verdadeiro sentido da leitura: Compreensão do texto

Para garantir o sucesso na aprendizagem da linguagem

escrita

DESAFIOS DE LEITURA

Desafios de Leitura

Ler para desenhar

Ler para colorir

Ler para cumprir ordens

Ler para descobrir diferenças

Ler para pôr em ordem (frases, textos)

Ler para completar textos lacunados

Desafios de LeituraLer para encontrar elementos piratas

Ler para contar um segredo

Ler para fazer corresponder imagens a legendas (palavras, frases, textos)

Ler para…

Desafios de Leitura

Ler textos para completar com recurso à escolha entre duas palavras

O João ______ à floresta foi/está

Lá, ele viu ____ árvore enorme um/uma

Em cima da árvore estavam muitos ________ pássaros/pássaro

Desafios de Leitura

Ler textos para completar

Era uma vez uma menina muito _____________O ____________ dela é JoaninhaJoaninha tem _________ louro, olhos _______e um sorriso ____________.Ela gosta muito de brincar com _________, etc.

Actividades de treino

Discriminação visual rápidaIdentificação de palavras

Apresentam-se objectos em cima da mesa, ou numa boca de cena de uma casinha de fantoches, ou no ecrã de uma televisão. Vão-se introduzindo alterações que as crianças devem descobrir. Dizer se um elemento mudou, se o outro está a mais, se há um intruso.

Discriminação visual rápida e identificação de palavras

Mostrar um cartão com uma palavra. A seguir mostrar um pequeno texto. As crianças devem dizer se a palavra está ou não no texto. A mesma coisa com um elemento de uma imagem.

Encontrar uma palavranuma lista verticalnuma lista horizontalnum texto

Descobrir quantas vezes uma palavra surge num texto

Descobrir uma palavra parasita numa lista por temaspor regularidades (letra, sílaba)

Fazer corresponder legendas a imagens

Identificar e memorizar palavrasMostra um cartão com uma palavraDá-se uma ficha com várias palavrasCircundar a palavra igual à do cartão

Discriminação visual rápida e identificação de palavras

Reconhecer palavras entre formas parecidasMostrar um cartão com a palavra e entre formas muito parecidas as crianças deverão encontrar o que é igual

Exemplo: ruído / roídobola / bolha

Reproduzir uma palavra de memória

Descobrir palavras que, num texto, estão em letra diferente, cor diferente, tamanho diferente

Discriminação visual rápida e identificação de palavras

Sistematização

Trabalho sobre correspondências fonema – grafema que levantam problemas

- procurar palavras com o som em causa- listagens- construção de frases- quadros silábicos- formulação de regras- afixação de regras com cartazes- exercícios de lacunas

SistematizaçãoRevisão dos grupos de palavras mais

frequentes. Exemplos:No recreio podemos brincar à bola

ao pé coxinho

ao piãoà macacaao berlinde

Sistematização

Podemos beber uma chávena de leiteum copo de águauma chávena de

chocolateum sumo

O João veste uma camisola azulA Maria umas calças pretasO … um blusão vermelhoA …

Sistematização

Localização de informação no meio circundante:

no quadroem cartazesem listasem textos expostoso passeio descoberta

Actividades de Escrita - Sugestões

Actividades de Escrita - Sugestões

Actividades de Escrita - Sugestões

Actividades de Escrita - Sugestões

Actividades de Escrita - Sugestões

Actividades de Escrita - Sugestões

AZEVEDO, Flora (2000). Ensinar e Aprender a Escrever – Através e para além do erro. Porto: Porto Editora

SILVA, M.E. . A escrita de textos da teoria à prática. In Sousa, O. & A. Cardoso (ed). Desenvolver competências em Língua Portuguesa. Lisboa:Cied;1-32

Sim-Sim, I. (1998).Lisboa: Universidade Aberta.BAPTISTA,A;Viana,L:Barbeiro,L. (2008). O Ensino da

Escrita: Dimensões gráfica e ortográfica. Lisboa: Ministério da Educação (documento policopiado)

Bibliografia

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