doença de chagas e seus principais vetores no brasil
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Fundao Oswaldo Cruz
Programa Integrado de Doena de Chagas (PIDC)
Instituto Oswaldo Cruz
Ao comemorativa do centenrio de descoberta
da doena de Chagas
* Laboratrio de Biodiversidade Entomolgica, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz.
** Laboratrio de Sistemtica e Bioqumica, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz.
Rio de Janeiro
2008
Ana Maria Argolo*
Mrcio Felix*
Raquel Pacheco**
Jane Costa*
DOENA DE CHAGAS
e seus Principais Vetores no Brasil
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PRESIDNCIA DA REPBLICAPresidente
Luiz Incio Lula da SilvaMinistro da Sade Jos Gomes Temporo
FIOCRUZ - Fundao Oswaldo CruzPresidentePaulo Marchiori Buss
Vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnolgico Jos da Rocha Carvalheiro
Vice-presidente de Desenvolvimento Institucional e Gesto do TrabalhoPaulo Ernani Gadelha Vieira
Vice-presidente de Ensino, Informao e ComunicaoMaria do Carmo Leal
Vice-presidente de Servios de Referncia e AmbienteAry Carvalho de Miranda
Vice-presidente de Produo e Inovao em SadeCarlos Augusto Grabois Gadelha
INSTITUTO OSWALDO CRUZDiretorTania Cremonini de Araujo-Jorge
Vice-diretor de Pesquisa e Desenvolvimento TecnolgicoChristian Maurice Gabriel Niel
Vice-diretor de Desenvolvimento Institucional e GestoClaude Pirmez
Vice-diretor de Ensino, Informao e ComunicaoRicardo Loureno de Oliveira
Vice-diretor de Servios de Referncia e Colees Cientficas
Elizabeth Ferreira Rangel
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N D I C E
1 Introduo _____________________________________________ 10
2 A doena de Chagas _____________________________________ 14
O que a doena de Chagas? __________________________ 16
Como se d a transmisso? _____________________________ 17
Trypanosoma cruzi, o causador da doena de Chagas _________ 18
Sintomas da doena __________________________________ 20
3 Os insetos e suas caractersticas principais ___________________ 22
4 Como diferenciar os barbeiros dos outros percevejos ___________ 265 Morfologia dos barbeiros _________________________________ 30
Cabea ____________________________________________ 33
Trax ______________________________________________ 34
Abdmen ___________________________________________ 34
Ovos e ninfas ________________________________________ 35
6 Biologia dos barbeiros ____________________________________ 36
7 Principais vetores de Trypanosoma cruzino Brasil (comnfase no "complexo brasiliensis") _____________________________ 40
"Complexo brasiliensis" ________________________________ 42
Triatoma brasiliensis brasiliensis _________________________ 43
Triatoma brasiliensis macromelasoma ____________________ 44
Triatoma melanica ____________________________________ 44
Triatoma juazeirensis __________________________________ 46Triatoma petrochii ____________________________________ 48
Triatoma infestans ____________________________________ 49
Triatoma sordida _____________________________________ 50
Triatoma pseudomaculata ______________________________ 51
Panstrongylus megistus ________________________________ 52
8 O controle e a vigilncia epidemiolgica ____________________ 54
Referncias _______________________________________________ 58
Anexo Onde obter informaes sobre doena de Chagas? ________ 63
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P R E F C I O
Nas ltimas dcadas, a incidncia da doena de Chagas tem
apresentado significativa reduo em vrias regies. Esse fato se deve ao trabalho continuado de controle dos vetores, atravs da aplicaosistemtica de inseticidas, mtodo que tem conseguido reduzir a taxa deinfestao, chegando mesmo a controlar o principal vetor no pas,Triatoma infestans, hoje restrito a apenas algumas localidades dos estadosda Bahia, Piau, Tocantins e Rio Grande do Sul.
Mas, apesar de todo o esforo realizado pelos rgos de sade, sempreh a possibilidade de reinfestao, inclusive com a substituio da espcieeliminada por outras. As reas de infestao se concentram hojeprincipalmente na regio do semi-rido brasileiro, onde duas espcies soainda capturadas com muita freqncia: Triatoma brasiliensis, atualmenteo principal vetor da doena, e Triatoma pseudomaculata. Para a primeiraespcie, apresentada uma nova abordagem taxonmica e biogeogrfica,que tem implicaes diretas nas medidas de controle da transmisso vetorial.
Um dos principais elementos para se controlar a doena de Chagas
a educao das populaes que vivem em reas afetadas ou sob risco.Nesse sentido, o papel do agente de sade bem capacitado fundamen-
tal para o sucesso das campanhas. Embora exista um grande volume deinformaes a respeito dos vetores e do parasito, so raras as obrasdestinadas ao treinamento dos agentes de sade.
Esta publicao apresenta, em linguagem clara e objetiva, informaesatualizadas sobre as formas de transmisso da doena, seus vetores, seu
ciclo biolgico e mtodos de controle. O contedo est direcionadoprincipalmente aos tcnicos e profissionais que atuam no controle e navigilncia dos vetores da doena de Chagas no Brasil. Entretanto, alinguagem simples e objetiva aqui adotada permite que a obra tambmpossa ser utilizada por pessoas que no esto familiarizadas com o assunto.
Esperamos que esta publicao contribua para o trabalho dos agentesde sade e, indiretamente, que beneficie as populaes residentes emreas de fato ou potencialmente afetadas pela doena.
Os autores.
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O sertanejo acordaO cu espera-o em espetculo
Um restinho de noite ainda teima ficar,Quer ver o dia em luz abrindo-se!
o solA flor da luzQue ora espinho s dor...
Bem depois ele flor!Nessa hora ainda, o sertanejo
Olha para o cuAcredita em dias melhores
Hoje no!Ele espera!
Encosta a enxada no cho!A semente cravada na terra
Aguadas pelo seu suorGuarda-se para mais tarde
Assim tambm ele!Acende uma vela ao santo
Iluminar sua f!Nos dias de espera,
A esperana espera-oEla paciente, espera-oE compreende se ele desesperar...
No cu ele v sinaisQue o sertanejo entendeEle conhece esses sinais
Quase tanto seus...E o crepsculo avizinha-se
O sol quase indo
Ainda deixa uns teimosos raiosDe si para olhar a noite!E o cu j sem estrelas
Todas elas nos olhos do sertanejoQue est a olhar o cu!
O sertanejo dormeA natureza guarda para eleUm amanh espetacular!
Marluce Freire Nascasbez
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A G R A D E C I M E N T O S
Presidncia da Fundao Oswaldo Cruz pela oportunidade de concretizao desta obra.
Vice-Presidncia de Ensino, Informao e Comunicao pelo apoio, pelo exemplo e pelo entusiasmocom o qual acolheu este projeto.
Dra. Tania Cremonini de Araujo-Jorge, Diretora do Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, pelo incentivo epelo suporte para realizao deste livro.
Dra. Joseli Lannes e Dra. Maria de Nazar Soeiro, Coordenadoras do Programa Integrado de Doena deChagas (PIDC), Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, pelo apoio, incentivo, reviso do texto e sugestes valiosas.
Aos tcnicos da Fundao Nacional de Sade (Funasa), pelo trabalho indispensvel nas coletas em campo.Rodrigo Mxas, Laboratrio de Imagem Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, pelo cuidadoso trabalhofotogrfico.
Vencio Ribeiro, Servio de Programao Visual Instituto de Comunicao e Informao Cientfica eTecnolgica em Sade / Fiocruz, pelo apoio na elaborao da ilustrao do ciclo de transmisso doTrypanosoma cruzi(Fig.3).
A todos que gentilmente colaboraram cedendo ilustraes: Prof. Dr. Luis Rey, Laboratrio de Biologia eParasitologia de Mamferos Silvestres Reservatrios Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz (Fig.4 Conforme
Pg.167, Fig.12.5, Rey L., Parasitologia, 3 edio, publicado pela Editora Guanabara Koogan SA, Copyright 2001, reproduzido com permisso da Editora e do Autor); Dra.Helene Santos Barbosa, Laboratrio deBiologia Estrutural Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz (Fig.2A); Dra. Mirian Claudia de Souza Pereira,Laboratrio de Ultra - estrutura Celular - Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz (Fig. 2B); Prof. Dr.Marcelo de Campos Pereira, Departamento de Parasitologia Instituto de Cincias Biomdicas / USP(Figs.9, 19); Gleidson Magno Esperana (Figs.12, 13, 14) e Paula Constncia Pinto Aderne Gomes (Fig.5),Laboratrio de Biodiversidade Entomolgica Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz.
Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), pelo auxlio editorao desta obra (processo n 110.523/2007).
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) pelo apoio aos projetosde pesquisa cujos resultados encontram-se resumidos nesta obra.
equipe do Laboratrio de Biodiversidade Entomolgica Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, pelacooperao e entusiasmo no desenvolvimento deste trabalho.
Aos gestores do PIDC, Andria Dantas e Alexandre Fernandes, e assistente administrativa do Laboratriode Biodiversidade Entomolgica Instituto Oswaldo Cruz / Fiocruz, Renata Amaro, pelo convvio agradvele pela eficincia e competncia no encaminhamento das questes administrativas deste projeto.
Ricardo Bittencourt von Sydow pelas sugestes criativas e leituras crticas.
Ao artista plstico Menezes de Souza pela doao de CDs para a divulgao eletrnica desta obra.
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E mbora conhecida desde 1909, quando foi descrita pelo mdicosanitarista Carlos Chagas, a doena de Chagas, tambmchamada de tripanossomase americana, ainda apresenta grandeimportncia em sade pblica no Brasil, ocorrendo principalmente no semi-
rido nordestino. Est distribuda em todas as Amricas, desde o sul dosEstados Unidos at a Argentina e o Chile (Rey, 2001).
Na Amrica Latina, essa doena figura entre as quatro principais
endemias, sendo um dos seus maiores problemas sanitrios. Essa situao
ocorre apesar das medidas de controle terem conseguido diminuir a
incidncia em aproximadamente 70% nos pases do Cone Sul, atravs da
eliminao de colnias domsticas e peridomsticas dos vetores e davigilncia dos bancos de sangue. Atualmente, estimativas indicam que
treze milhes de pessoas esto infectadas, sendo que cerca de trs milhes
apresentam sintomas. A incidncia anual de 200 mil novos casos
registrados em quinze pases (Morel & Lazdins, 2003).
Segundo Moncayo (1999), o nmero de infestaes domiciliares no
Brasil diminuiu consideravelmente nas dcadas de 80 e 90. No perodo de
1983 a 1997, a incidncia de casos da doena caiu em 96% na faixa etriade sete a catorze anos, resultado da Campanha do Controle da Doena de
Chagas, efetuada pela Fundao Nacional de Sade (Funasa), na poca
daquele estudo.
Uma das dificuldades em se combater os insetos vetores da doena
(barbeiros) o fato de novas espcies ocuparem nichos que eram antes
ocupados por outras, fenmeno conhecido como sucesso ecolgica. Outro
fator a ser considerado que a destruio de hbitats naturais, causando a
reduo da oferta de animais dos quais os barbeiros se alimentariam, leva
esses insetos a procurarem outras fontes alimentares. Tais fontes so facilmente
encontradas em casas de zonas rurais, onde normalmente criaes de
animais, como porcos, galinhas, etc., atuam como atrativo para a infestao
das reas peridomiciliares. Algumas espcies de barbeiros passam a habitar
o interior dos domiclios, sendo levadas s casas atravs dos animais ou
mesmo pelos moradores quando estes trazem materiais, tais como lenha,
palha, etc., do seu quintal ou terreiro para o interior do domiclio.
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Diotaiuti et al. (1995) e Costa et al. (2003a) mostraram que, no estado
de Minas Gerais, nichos antes ocupados por Triatoma infestans foram
posteriormente ocupados por T. sordida, em um claro exemplo de sucesso
ecolgica. At 1997, T. infestansera considerada a principal espcie vetora
do Trypanosoma cruzi, parasito causador da doena de Chagas. Ascampanhas de controle fizeram com que a porcentagem de municpios
brasileiros infestados por este vetorfosse reduzida de 30,4% em 1983 para
apenas 7,6% em 1993 (Silveira & Vinhaes, 1998) (Fig. 1). Mais
recentemente, o mesmo fato foi detectado por Almeida et al. (2000) que,
conduzindo um estudo no sul do Brasil, mostrou que a incidncia de
T. rubrovaria estava aumentando, enquanto a de T. infestans decrescia.
Esses dados demonstram que algumas espcies de barbeiros so altamenteantropoflicas, tendo grande capacidade de colonizao e adaptao a
novos hbitats, o que dificulta o controle da doena.
Fig. 1 rea dedisperso deTriatoma infestans,Brasil, 1983 a1999. Modificadode Dias (2002).
Para melhor entendermos esses processos, preciso que conheamos
um pouco mais a respeito da ecologia dos barbeiros, do modo de infeco
desses insetos pelo protozorio causador da doena, o T. cruzi, e de como
a sua transmisso ao homem ocorre.
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22222A doena de Chagas
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O que a doena de Chagas?
Adoena de Chagas uma infeco parasitria causada pelo
Trypanosoma cruzi, um protozorio cujo ciclo de vida inclui a
passagem obrigatria por vrios hospedeiros mamferos, para osquais so transmitidos pelo inseto vetor, o barbeiro. Essa doena tambm
pode ser considerada uma antropozoonose resultante das alteraes
produzidas pelo ser humano no meio ambiente e das desigualdades
econmicas. Segundo Vinhaes & Dias (2000), o T. cruzi vivia restrito aoambiente silvestre, circulando entre mamferos. O homem invadiu essesectopos e se fez incluir no ciclo epidemiolgico da doena, oferecendo
abrigos propcios instalao desses hempteros, como por exemplo, casasde pau-a-pique (barro e madeira) e lugares de criao de animais, comogalinheiros e currais.
So reconhecidos dois ciclos de transmisso do T. cruzi: um ciclosilvestre e um domstico. O primeiro constitui o ciclo original da
tripanossomase americana, do qual participam mais de duzentas espciesentre hospedeiros e triatomneos silvestres. O T. cruzi circula entre
mamferos silvestres atravs do inseto vetor. Entretanto, os ciclos da doenade Chagas nestes animais permanecem com muitas dvidas, devido complexidade dos inmeros hospedeiros e vetores envolvidos. O ciclodomstico bem estudado e desse participam o homem, animaissinantrpicos e triatomneos domiciliares. Seu incio ocorreu quando ohomem passou a ocupar os ectopos silvestres, em vivendas rurais,oferecendo abrigo e alimento abundante aos vetores, incluindo-se, dessa
forma, no ciclo epidemiolgico da doena.
As constantes alteraes no ambiente natural provocadas pelohomem (atividade antrpica), como a destruio da vegetao pelaagricultura, acarretando desequilbrios nos ecossistemas, levaram modificao de comportamento dos insetos vetores. Esses ocuparamfacilmente os nichos deixados vagos pela erradicao do Triatoma infestans,possibilitando, dessa maneira, a formao de novos ciclos de transmissoda doena de Chagas no peri e intradomiclio por espcies originalmente
silvestres.
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Como se d a transmisso?
Os barbeiros infestam principalmente as casas das regies rurais e
so bastante conhecidos pelos habitantes dessas reas. Esses insetos
no nascem infectados com o agente causador da doena de Chagas,o T. cruzi, mas se infectam ao sugar o sangue de animais que tenham o
parasito, tais como marsupiais (gambs), roedores, aves e at o prprio
homem. Embora os barbeiros se alimentem desses animais, assim como
de rpteis e anfbios, somente os mamferos so infectados com o T. cruzi.
As aves constituem grande fonte de alimentao para os barbeiros, tanto
em ambiente silvestre como nos peridomiclios (criao de galinhas, por
exemplo), mas no so contaminadas com o T. cruzi(Torres & Dias, 1982).Nas populaes rurais, em certas regies do Brasil onde ainda impera
a pobreza, as casas de taipa (barro batido) e/ou com telhados feitos de
folhas de palma ou de piaava so muito comuns. Essas casas geralmente
possuem frestas, buracos e so mal iluminadas. Dessa maneira, os
barbeiros que se adaptaram aos domiclios encontram a condies ideais
para viver e procriar. Alm disso, essas populaes muito comumente
usam lenha para fazer o fogo e barbeiros podem ser conduzidos aos
domiclios escondidos entre os pedaos de madeira, ou mesmo carregados
por animais de criao que habitam o peridomiclio. Esses fatos so de
extrema importncia pois, dos quintais, os barbeiros podem invadir e infestar
o interior dos domiclios.
Alguns barbeiros, como Panstrongylus megistus, gostam de
ambientes midos; outros, como Triatoma infestans, T. brasiliensiseT. pseudomaculata, preferem ambientes mais ridos, mas sempre quentes
e pouco iluminados (Forattini, 1980). Durante o dia se escondem nas frestas,
buracos, palha do telhado, embaixo de colches e em todo tipo de tralha
ou entulho que encontram. noite, saem em busca de alimento. Em geral,
os barbeiros fazem a suco enquanto as pessoas esto dormindo. A picada,
pouco dolorosa, permite que se alimentem sem dificuldade. Mas a picada
por si s no transmite a doena, pois o protozorio eliminado nasexcrees dos barbeiros. Depois de se alimentar, o barbeiro defeca. Em
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geral, ocorre uma leve ardncia ou coceira no local afetado, assim, quando
a pessoa se coa, acaba por introduzir os tripanossomdeos contidos nas
excrees do barbeiro no organismo, causando a infeco.
Trypanosoma cruzi, o causador da doena de Chagas
O Trypanosoma cruzi, quando eliminado pelas fezes do barbeiro,
apresenta-se na forma de uma clula alongada com um flagelo que lhe
facilita o movimento, chamada tripomastigota (Fig. 2A). Estes
tripomastigotas so chamados metacclicos, tipo ocorrente no organismo
dos barbeiros. Aps a entrada no organismo do hospedeiro vertebrado,
ocorre a infeco de clulas prximas ao local da picada (Fig. 3). Dentroda clula, os tripomastigotas assumem uma forma ovide e sem flagelo,
chamada amastigota (Fig. 2B), a qual se multiplica rapidamente. O grande
nmero de parasitos provoca o rompimento celular e os tripanossomdeos
entram na corrente sangunea e no sistema linftico. Nesse momento, eles
reassumem novamente a forma flagelada, sendo chamados de
tripomastigotas sanguneos, tipo ocorrente nos vertebrados. Assim,
espalham-se pelo organismo e infectam mais clulas em novos ciclos (Fig. 3),causando leses principalmente em tecidos musculares cardacos e lisos,
podendo levar a graves problemas, como a insuficincia cardaca, e tambm
ao bito (Rey, 2001).
Fig. 2 As duas principais formas do Trypanosoma cruziem hospedeiros vertebrados: A, tripomastigota(formas sanguneas aderidas a clulas musculares cardacas); B, amastigota (formas intracelularespresentes no citoplasma de clulas musculares cardacas, onde se multiplicam). Fotos: (A) HeleneBarbosa, IOC/Fiocruz; (B) Mirian Claudia Pereira, IOC/Fiocruz.
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Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 19
Fig.
3Ciclodetransmiss
odoTrypanosomacruzi(simplificado).Infogrfico:VencioRib
eiro,ICICT/Fiocruz.
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O barbeiro, ao se alimentar do sangue de vertebrados infectados, ingere
os tripomastigotas sanguneos. No intestino mdio do inseto, os
tripanossomas vo se transformar na forma epimastigota (exclusiva do
hospedeiro invertebrado) e se multiplicar. Esta forma parecida com a
tripomastigota, entretanto o cinetoplasto, um orgnulo menor que o ncleo,encontra-se prximo a este (Fig. 3). Nos tripomastigotas, o cinetoplasto
maior e encontra-se prximo extremidade anterior do T. cruzi. No
intestino posterior do barbeiro, os epimastigotas se diferenciam para a forma
tripomastigota metacclica, tipo que ser eliminado com as fezes e urina
durante o repasto sanguneo, podendo penetrar no organismo do hospedeiro
vertebrado por meio da picada ou mucosas, renovando assim o ciclo de
transmisso (Fig. 3).
Sintomas da doena
Nos primeiros anos, a doena pode ser assintomtica. Nos primeiros
dias aps a picada, em geral de 4 a 10 dias, podendo variar at a algumas
semanas, a pessoa pode apresentar um quadro de febre, mal-estar, falta deapetite, uma leve inflamao no local da picada, infartamento de gnglios,
aumento do bao e do fgado e distrbios cardacos (Rey, 2001). Os sinais
mais caractersticos da fase aguda so o chagoma (inchao na regio da
picada) e o sinal de Romaa (Fig. 4), inchao das plpebras, que ficam
quase totalmente fechadas (alguns barbeiros tm preferncia em picar parte
do rosto prxima aos olhos). Nesta fase da doena, o tratamento ainda
possvel, mas em geral a mesma passa despercebida e a pessoa no sentemais do que o leve incmodo da picada.
A doena s vai se manifestar mesmo muitos anos depois, na fase
crnica, quando o corao j est gravemente comprometido. Os
tripanossomas multiplicam-se no eixo maior do msculo, formando uma
grande massa, lesionando o miocrdio e, menos intensamente, tambm o
pericrdio, o endocrdio e as arterolas coronrias. O indivduo infectado
pode apresentar diversas manifestaes clnicas, como falta de ar, tonturas, taquicardia, braquicardia e inchao nas pernas. Alm disso, o parasito
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Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 21
tambm pode causar leses no fgado
e nos sistemas nervoso e linftico.
Nessa fase, j no mais possvel
tratar a doena e no h ainda soro
ou vacina contra a mesma.
A infeco por T. cruzi pode
ocorrer, em menor escala, atravs de
transfuso de sangue e, muito
raramente, por transmisso oral,
congnita, manuseio de animaissilvestres e domsticos, transplantes
de rgos e acidentes em laboratrios
e hospitais.
O impacto econmico causado pela doena grande, alm do custo so-
cial altssimo. Um grande nmero de pessoas em idade produtiva morreprematuramente. O custo de pacientes crnicos tambm atinge cifras
alarmantes. No existe tratamento efetivo para a doena. As drogas disponveis
apenas matam os parasitos extracelulares. importante ressaltar que os danos
causados pelo parasito so irreversveis, deixando seqelas que muitas vezes
impossibilitam o homem de exercer suas funes (Brener, 1986).
Fig. 4 Sinal de Romaa em umamenina procedente de rea endmicano Brasil. Fonte: Rey (2001).
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33333Os insetos e suas
caractersticas principais
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P araummelhorentendimentodasrelaesdosbarbeiroscom outrosgruposdeanimais,apresentamosaseguirumaclassifi- caohierrquicaatonveldospercevejoshematfagos(quesugam sangue),grupoemqueesses insetos se incluem.
Filo: Arthropoda.Animaisdecorpoepernas segmentados, taiscomo
aranhas,carrapatos, insetos,etc. (Fig. 5).
Classe: Insecta. Animais com corpo dividido em cabea, trax e
abdmen, apresentando sempre trs pares de pernas articuladas e um par
de antenas (Fig. 6).
Subclasse: Pterygota. Insetos que apresentam asas (Fig. 5A).
Fig. 5 Artrpodes. A, mariposa (inseto); B, aranha (aracndeo). Fotos: Paula Constncia Gomes.
Fig. 6 Inseto tpico. C, cabea; T, trax; A, abdmen; an, antena; pb, peas bucais; oc, ocelo; ol,
olho composto; pr, protrax; ms, mesotrax; mt, metatrax; pa, perna anterior; pm, perna mediana;
pp, perna posterior; aa, asa anterior; ap, asa posterior; ov, ovipositor. Modificado de http://universe-
review.ca/R10-33-anatomy.htm
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Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 25
Ordem: Hemiptera. Percevejos em geral; apresentam cabea com
rostro trissegmentado, dois pares de asas, sendo as anteriores metade
coriceas e metade membranosas (hemilitros) e as posteriores
inteiramente membranosas (Figs. 7, 8).
Famlia: Reduviidae. Percevejos com cabea fina e alongada e pescoo
bem marcado.
Subfamlia: Triatominae. Rostro longo e reto, alcanando o primeiro
par de pernas (Fig. 7A).
A subfamlia Triatominae est representada por 137 espcies descritas
(Galvo et al., 2003). A maioria delas ocorre na Amrica Latina, mas apenas
sete figuram na lista de principais vetores da doena: Triatoma infestans,
T. dimidiata, T. sordida, T. brasiliensis, T. pseudomaculata, Panstrongylus
megistus e Rhodnius prolixus. Uma outra espcie, Triatoma petrochii,
tambm ser tratada aqui, por ser morfologicamente semelhante a
T. brasiliensis. Portanto, a distino entre estas importante para o
monitoramento das infestaes domiciliares.
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44444Como diferenciar os
barbeiros dos outrospercevejos
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Oshempterospodemserhematfagos,comoosbarbeiros,comrostrocurto(ultrapassandopoucoaregiodopescoo)e reto (Fig.7A) sealimentamexclusivamentede sangue,porissotmgrandeimportnciamdica; entomfagosoupredadores,com
rostro curto e curvo (Fig. 7B) se alimentam de insetos; fitfagos, comrostro longo (ultrapassando bastante a regio do pescoo) e reto,
aparentando terquatrosegmentos sealimentamdeseiva (Fig.7C).
Fig. 7 Vista lateralda poro anterior de
diferentes Hemiptera.
A, hematfago;
B, predador;
C, fitfago. As setas
azuis indicam a
regio do pescoo e
as setas vermelhas, o
pice do rostro.
Modificado de Lent &Wygodzinsky (1979).
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Os triatomneos so vulgarmente chamados de barbeiros devido ao
fato de geralmente picarem a face, rea mais propensa a ficar descoberta,
sugando sangue, atuando principalmente noite. Seus nomes vulgares
variam de regio para regio: chupes, procots (serto da Paraba),
vum-vum (Bahia), chupana (Mato Grosso), vinchucas (pases andinos),chincha voladora (Mxico), kissing bugs (Estados Unidos) (Marcondes,
2001). Em geral, tm tamanho entre 2 e 3 cm, mas podem variar de 0,5 a
4,5 cm. Sua cabea longa, os olhos salientes, as antenas implantadas nas
laterais da cabea e o rostro fica dobrado sob a mesma, sendo curto e reto,
no ultrapassando o primeiro par de pernas.
Os barbeiros tm desenvolvimento hemimetablico, isto , as formasjovens so parecidas s adultas. Em geral so insetos lentos, pouco
agressivos e de pouca mobilidade. Podem viver tanto em ambiente silvestre
como em domiclios e reas circundantes (peridomiclios), alguns sendo
exclusivamente silvestres.
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55555Morfologia dos barbeiros
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s barbeiros, assim como os demais insetos, possuem
um exoesqueleto, que trocado atravs da muda ou
ecdise permitindo o crescimento, e o corpo dividido em
cabea, trax e abdmen. A forma das peas que constituem cada uma
dessa partes varia de acordo com as espcies.
Fig. 8 Aspecto geral de um barbeiro adulto macho (Triatoma melanica). cl, clpeo; an, antena; ta,
tubrculo antenfero; ol, olho; cr, crio; cm, clula da membrana; me, membrana; oc, ocelo; la, loboanterior do pronoto; lp, lobo posterior do pronoto; es, escutelo; cn, conexivo. Foto: Rodrigo Mxas,
IOC/Fiocruz.
O
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Cabea
A cabea dos barbeiros longa, os olhos so bem desenvolvidos, com
vrios omatdeos, e um par de ocelos est presente. Na cabea ainda
insere-se lateralmente um par de antenas, com funo sensorial (olfato eaudio), constituda por quatro artculos. Vista de cima, a extremidade
anterior da cabea recebe o nome de clpeo (Fig. 8, cl).
As peas bucais formam um conjunto complexo nos barbeiros. Suas
partes esto encaixadas e so difceis de distinguir. Ficam ao redor da
boca e so constitudas por um rostro curto e reto, com trs segmentos,
no ultrapassando o primeiro par de pernas.
Na base da antena h uma pea chamada tubrculo antenfero (Fig. 8, ta),
que de grande importncia na identificao dos trs principais gneros,
por inclurem espcies associadas a domiclios. Atravs da posio dos
tubrculos antenferos, podemos diferenciar Panstrongylus, Rhodnius e
Triatoma (Fig. 9):
tubrculo antenfero prximo aos olhos e cabea curta Panstrongylus;
tubrculo antenfero prximo extremidade anterior da cabea, que longa e estreita Rhodnius;
tubrculo antenfero no meio da regio anteocular Triatoma.
Fig. 9 Diferenciao dos gneros Panstrongylus, Rhodnius e Triatoma. A, Panstrongylus - as antenas
encontram-se inseridas junto margem anterior dos olhos; B, Rhodnius - as antenas apresentam-se no
pice da cabea; C, Triatoma - as antenas inserem-se na metade da distncia entre o pice da cabea
e a margem anterior dos olhos. Fotos: Marcelo Pereira, ICB/USP. Fonte: http://www.icb.usp.br/~marcelcp
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Trax
O trax composto por trs segmentos: protrax, mesotrax e
metatrax. A parte dorsal de cada segmento chamada de noto, as lateraisde pleura, e a ventral de esterno, assim, no primeiro segmento temos o
pronoto, as propleuras e o proesterno. No segundo e terceiro segmentos,
os nomes das partes recebem os prefixos meso e meta, respectivamente.
Na poro dorsal do trax, possvel observar uma pea triangular,
denominada escutelo (Fig. 8, es), que se alonga por sobre os primeiros
segmentos abdominais.
Cada par de pernas se insere em um segmento do trax. A perna
constituda de coxa, trocnter, fmur, tbia e tarso, este dividido em vriosartculos chamados tarsmeros. No trax tambm se inserem os dois pares
de asas, sendo as anteriores metade coriceas e metade membranosas
(hemilitros) (Fig. 8, cr, me) e as posteriores inteiramente membranosas.
Abdmen
O abdmen dos barbeiros achatado dorso-ventralmente e, quandoas asas esto em repouso, pode-se ver uma borda, chamada conexivo(Fig. 8, cn). Em geral, o conexivo apresenta manchas, as quais so de
grande importncia para a identificao de espcies. A distino dos sexos
feita observando-se a parte posterior do abdmen que, em vista dorsal,
contnua nos machos e chanfrada nas fmeas (Fig. 10). Na chanfra (rea
onde o conexivo se interrompe), pode-se notar o ovipositor.
Fig. 10 Detalhe da poro dorso-apical do abdmen de um casal de Triatoma juazeirensis,mostrando a diferena entre as genitlias. Em um macho, o conexivo contnuo; em uma fmea, o
conexivo interrompido, deixando mostra o ovipositor. Fotos: Rodrigo Mxas, IOC/Fiocruz.
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Ovos e ninfas
Os ovos variam de espcie para espcie, com o exocrio apresentando
diferentes caractersticas morfolgicas, e, por isso, so teis para a
diferenciao de espcies. Os barbeiros sofrem cinco mudas, apresentandocinco nstares (ou estdios) de ninfa. Os jovens so semelhantes aos adultos,
excetuando-se as asas e genitlia, que no se apresentam totalmente
desenvolvidas (Fig. 11).
Fig. 11 Ciclo de vida de
um barbeiro (Triatoma
brasiliensis brasiliensis).
Fotos: Rodrigo Mxas, IOC/Fiocruz.
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66666Biologia dos barbeiros
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Amaioria das espcies de barbeiro habita os ambientes
silvestres, ninhos de gambs, locas de tatu e uma srie
deoutrosdiferenteshbitats,apresentandoprefernciaporabrigos
empedras,tocasdeanimaisnosoloepalmeiras,cadagneroapresentando
suaespecificidade(Figs.12,13,14).
Fig. 12 Ectopo silvestre, PB. Foto: Gleidson Esperana.
Fig. 13 Casa tpica da regio rural do semi-rido nordestino, PB. Foto: Gleidson Esperana.
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Fig. 14 Peridomiclio com galinheiro, PB. Foto: Gleidson Esperana.
Os barbeiros vivem em mdia dois anos. Tanto o macho quanto a fmea
so hematfagos. A fmea adulta coloca de uma a duas centenas de ovos,
o que acontece logo aps a alimentao sangunea, quando ento volta
ao esconderijo e l os deposita. Cada ovo d origem a uma ninfa que, logo
aps a primeira suco, perde o exoesqueleto (exvia), sofrendo a primeiramuda, possibilitando que o inseto aumente de tamanho.
Vrios fatores contribuem para a transmisso do T. cruziaos humanos.
A infeco est diretamente relacionada ao grau de associao entre os
barbeiros e o parasito, colonizao dos domiclios, capacidade de
proliferao, quantidade de protozorios eliminados e tempo que o barbeiro
leva para defecar. Os triatomneos considerados bons vetores apresentam
todas essas caractersticas otimizadas e podem defecar durante ou logo
aps a alimentao sangunea.
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77777Principais vetores de
Trypanosoma cruzino Brasil
(com nfase no "complexo brasiliensis")
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A seguir, apresentado um breve resumo dos principais vetores
de T. cruzi no Brasil, com relao distribuio geogrfica,
morfologia e ecologia. Essas informaes podero servir de base
para os trabalhos de campo dos tcnicos das secretarias de sade e da
Funasa. Especial ateno dada aos integrantes do complexobrasiliensis, devido s recentes modificaes na taxonomia tradicional,
referentes a T. brasiliensis. Triatoma petrochii, embora no seja uma espcie
vetora, tambm ser tratada aqui por ser muito semelhante a uma das
espcies do complexo brasiliensis (Lent & Wygodzinsky, 1979; Monteiro
et al., 1998).
"Complexo brasiliensis" (Figs. 16, 17)
O termo complexo brasiliensis se refere ao conjunto das diferentes
espcies e subespcies anteriormente consideradas apenas como variaes
cromticas de T. brasiliensis(Lent & Wygodzinsky, 1979). Nele inclui-se o
principal vetor da doena de Chagas nas regies semi-ridas do nordeste
brasileiro. O histrico taxonmico e a composio do complexo soapresentados a seguir.
A primeira espcie do complexo, T. brasiliensis, foi descrita por Neiva
(1911). Neiva & Lent (1941) descreveram um novo padro de T. brasiliensis,
uma subespcie qual deram o nome de T. brasiliensismelanica, com base
em exemplares coletados em Espinosa (MG). Desse modo, a forma
nominativa tambm considerada uma subespcie: T. brasiliensis
brasiliensis. Galvo (1956) descreveu mais uma subespcie, T. brasiliensis
macromelasoma, com base em exemplares coletados em Juazeiro (BA) e
Petrolina (PE). Entretanto, Lent & Wygodzinsky (1979), afirmando que padres
intermedirios entre os mencionados acima podiam ser encontrados na
natureza, sinonimizaram todas as subespcies, considerando-as apenas como
variaes da primeira espcie descrita, T. brasiliensis.
Os estudos morfolgicos, biolgicos, ecolgicos e molecularesrealizados por Costa (1997), Costa et al. (1997a, 1997b, 1998, 2002, 2003b)
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e Monteiro et al. (2004) mostraram que tais diferenas de colorao
observadas representam, na verdade, a existncia de trs espcies, sendo
uma delas com duas subespcies. Como resultado taxonmico, uma nova
espcie foi descrita, T. juazeirensis(Costa & Felix, 2007), e a subespcie
T. bras. melanicafoi elevada categoria de espcie, T. melanica(Costa etal ., 2006). sugerido ainda, na presente publicao, que as duas
subespcies restantes, T. bras. brasiliensise T. bras. macromelasoma, sejam
consideradas como vlidas. Em resumo, exemplares que antes eram
identificados como T. brasiliensis agora podem ser caracterizados como:
T. brasiliensis (subespcies T. bras. brasiliensise T. bras. macromelasoma),
T. melanica ou T. juazeirensis. Portanto, esses quatro txons sero aqui
tratados independentemente.
Triatoma brasiliensis brasiliensis (Figs. 15, 16, 17A)
Distribuio geogrfica MA, PI, CE, RN, PB, AL, SE, TO e GO.
Comprimento total Macho: 21-23 mm; fmea: 22-25 mm.
Cor geral amarelo-acastanhada, colarinho amarelado no centro; pronoto
com faixas longitudinais amarelas, alargando-se para fora das carenas
medianas, desde a margem posterior do lobo posterior at o lobo anterior,
onde se estreitam; membrana do hemilitro clara, com leve tonalidade
escura nas clulas internas; trocnteres predominantemente amarelos,
fmures com anel mediano largo; machos com fosseta esponjosa nas tbias
anteriores e medianas, ausente nas fmeas.
Aspectos ecolgicos Pode ser encontrado em ectopos variados; no
ambiente silvestre (pedregais), no peridomiclio (galinheiros, currais, cercas
de madeira, muros de pedra, etc.). Em alguns casos pode causar altas
infestaes intradomiciliares.
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Triatoma brasiliensis macromelasoma (Figs. 16, 17B)
Distribuio geogrfica PE.
Comprimento total Macho: 20-22 mm; fmea: 21-22 mm.
Cor geral negro-amarelada, colarinho negro; pronoto com faixas
amareladas no triangulares, estendendo-se da poro posterior do lobo
anterior at a poro posterior do lobo posterior, mas no atingindo sua
margem, ou com uma linha clara sobre as carenas medianas; membrana
do hemilitro com clulas internas parcialmente enegrecidas.
Aspectos ecolgicos Encontrada no ambiente silvestre (pedregais) e
principalmente no peridomiclio. Pode tambm infestar o interior dasresidncias.
Triatoma melanica (Figs. 16, 17C)
Distribuio geogrfica Espinosa e Porteirinha (norte de MG) e Urandi
(sul da BA).
Comprimento total Macho: 20,3-24 mm; fmea: 21-24 mm.
Cor geral negra com reas amareladas, colarinho negro; pronoto com
faixas triangulares partindo da margem posterior do lobo posterior, mas
no atingindo o lobo anterior; membrana do hemilitro com clulas internas
totalmente negras; trocnteres escuros, fmures com manchas claras no
formando anel ntido; machos com fosseta esponjosa nas tbias anteriores,
ausente nas fmeas.
Aspectos ecolgicos Encontrada exclusivamente no ambiente
silvestre (pedregais) e podendo invadir os domiclios, principalmente du-
rante os perodos de seca. Ainda no foi encontrada colonizando os
domiclios.
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Fig. 15 Triatoma brasiliensis brasiliensis. 1-4, ovos em diferentes fases; 5-7, ninfas em diferentesestdios; 8, fmea adulta (pode-se observar a genitlia pela chanfra); 9, detalhe da cabea mostrando
o rostro com trs segmentos; 10, detalhe da genitlia do macho. Ilustrao: Castro Silva.
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Triatoma juazeirensis (Figs. 16, 17D)
Distribuio geogrfica BA.
Comprimento total Macho: 20-24 mm; fmea: 23-25,5 mm.
Cor geral negra com partes amareladas a acastanhadas; pronoto, emgeral, inteiramente negro, podendo apresentar um par de pequenos pontos
castanhos na parte anterior da carena submediana; membrana do
hemilitro com clulas internas parcialmente enegrecidas; fmures
inteiramente negros; machos com fosseta esponjosa nas tbias anteriores e
medianas, ausente nas fmeas.
Aspectos ecolgicos Encontrada no ambiente silvestre (pedregais) eno peridomiclio, podendo tambm infestar o intradomiclio.
Fig. 16 Distribuio geogrfica das espcies e subespcies do "complexo brasiliensis" de
acordo com Costa et al. (2008). Os pontos de interrogao representam reas no limite dadistribuio do complexo, onde espcimes de Triatoma brasiliensis brasiliensis so raramenteencontrados em domiclios.
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Fig. 17 "Complexo brasiliensis". A, Triatoma brasiliensis brasiliensis; B, Triatoma brasiliensismacromelasoma; C, Triatoma melanica; D, Triatoma juazeirensis. Fotos: Rodrigo Mxas, IOC/Fiocruz.
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Triatoma petrochii (Fig. 18)
Distribuio geogrfica RN, PE, BA (Lent & Wygodzinsky, 1979) e
recentemente foi coletado na PB (Almeida e colaboradores, comunicao
pessoal).Comprimento total Macho: 17-21,5 mm; fmea: 18-23 mm.
Cor geral castanho-escura, com marcas amareladas no pronoto,
escutelo, hemilitros e conexivo. Difere dos elementos do complexo
brasiliensis pelas seguintes caractersticas: primeiro segmento antenal
incomumente curto, atingindo pouco mais da metade da distncia entre a
base e o pice da cabea; fosseta esponjosa ausente em machos e fmeas.
Aspectos ecolgicos Encontrada no ambiente silvestre (pedregais),
preferencialmente em locas de Kerodon rupestris, os mocs. No foi
encontrada infestando o interior de residncias.
Fig. 18 Triatoma petrochii, macho. Ilustrao: Raymundo Honrio.
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Triatoma infestans (Fig. 19)
Distribuio geogrfica Argentina, Bolvia, Brasil, Chile, Equador,
Paraguai, Peru e Uruguai. No Brasil, essa espcie ocorria nos seguintes
estados: PE, AL, BA, MT, MS, TO, GO, DF, MG, RJ, SP, PR, SC e RS(Lent & Wygodzinsky, 1979). Atualmente, os focos se restringem ao
sudeste do PI, sul do TO, nordeste de GO, oeste da BA e nordeste do RS
(Vinhaes & Dias, 2000).
Comprimento total Macho: 21-26 mm; fmea: 26-29 mm.
Cor geral castanha, com pronoto negro e faixas escuras largas no
conexivo; trocnteres e base dos fmures amarelos; machos com fosseta
esponjosa nas tbias anteriores e medianas, ausente nas fmeas.
Aspectos ecolgicos Forma grandes populaes nos domiclios e
timo vetor de T. cruzi. Em reas invadidas por este vetor, ficou constatado
o aumento da incidncia de casos. exclusivamente domiciliado, no
sendo encontrado em ectopos silvestres.
Fig. 19 Triatoma infestans, macho. Foto: Marcelo Pereira, ICB/USP.Fonte: http://www.icb.usp.br/~marcelcp
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Triatoma sordida (Fig. 20)
Distribuio geogrfica Argentina, Bolvia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
No Brasil, est amplamente distribudo: PI, PE, MT, MS, TO, GO, DF, BA,
MG, SP, PR, SC e RS (Lent & Wygodzinsky, 1979).Comprimento total Macho: 14-19 mm; fmea: 15-20 mm.
Cor geral amarela; pronoto castanho com par de manchas amarelas
nas regies umerais; conexivo com manchas escuras em forma de nota
musical, ou seja, mais largas na borda que no meio; fmures amarelos,
com anel castanho subapical e manchas castanhas irregulares na superfcie
dorsal; machos com fosseta esponjosa nas tbias anteriores e medianas,
ausente nas fmeas.
Aspectos ecolgicos Em ambiente natural, esse barbeiro
freqentemente associado a aves (Diotaiuti et al., 1998). Invade os
domiclios principalmente depois que outras espcies melhor adaptadas a
esses so eliminadas. a espcie mais capturada em domiclios no Brasil,
no entanto, no se mostra um vetor poderoso, o que pode estar relacionado
com o fato de no ambiente silvestre estar mais associada s aves.
Fig. 20 Triatoma sordida, macho. Ilustrao: Castro Silva.
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Triatoma pseudomaculata (Fig. 21)
Distribuio geogrfica Brasil: PI, CE, RN, PB, PE, AL, TO, GO, DF,
BA e MG (Lent & Wygodzinsky, 1979).
Comprimento total Macho: 17-19 mm; fmea: 19-20 mm.Cor geral escura, com manchas alaranjadas no pescoo, trax, crio e
conexivo; conexivo com distintas manchas escuras (pretas ou castanhas)
e alaranjadas, dispostas alternadamente; machos com fosseta esponjosa
nas tbias anteriores e medianas, ausente nas fmeas.
Aspectos ecolgicos Pode colonizar os domiclios, especialmente na
regio semi-rida. to bem adaptada a altas temperaturas que comumentefica na parte da casa que recebe sol tarde e no telhado. Sua eficincia na
transmisso de T. cruzi pequena, provavelmente por eliminar poucos
tripomastigotas nas fezes e por sugar freqentemente aves. Alm disso,
capturada em baixos nmeros quando comparada a outras espcies, sendo
considerada de pouca importncia na contaminao humana. Entretanto,
j foi encontrada infestando numerosas casas em uma comunidade na
periferia de Sobral (CE), sem anexos peridomiciliares, construdas perto devegetao de caatinga.
Fig. 21 Triatoma pseudomaculata, macho. Foto: Rodrigo Mxas, IOC/Fiocruz.
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Panstrongylus megistus (Fig. 22)
Distribuio geogrfica Argentina, Bolvia, Brasil, Paraguai e
Uruguai. No Brasil, apresenta ampla ocorrncia: PA, MA, PI, CE, RN, PB,
PE, AL, SE, BA, MT, MS, TO, GO, DF, ES, MG, RJ, SP, PR, SC e RS (Lent &Wygodzinsky, 1979).
Comprimento total Macho: 26-34 mm; fmea: 29-38 mm.
um barbeiro grande e de cor preta, com manchas vermelhas no
pescoo, pronoto, escutelo, crio e conexivo; machos com fosseta
esponjosa nas tbias anteriores e medianas, ausente nas fmeas.
Aspectos ecolgicos bom hospedeiro de T. cruzi, podendo substituirT. infestans quando este eliminado. Ocorre principalmente nas regies
mais midas do nordeste, como a zona da mata, sendo pouco comum no
semi-rido.
Acima do sul do estado de SP, essa espcie encontrada em domiclios
e peridomiclios, no entanto, h alguns relatos de ocorrncia desses insetos
em ocos de rvores e em palmeiras a certa distncia de moradias. Abaixo
do estado de SP, a espcie ocorre em ambientes silvestres. Entretanto,existem relatos de infestao de domiclios (Jurberg et al., 2004). Esses
fatos poderiam indicar a ocorrncia de duas formas ou subespcies e/ou
influncia climtica determinando a ocupao de diferentes ambientes.
Nos domiclios, parecem preferir as partes baixas das paredes.
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Fig. 22 Panstrongylus megistus. 1, ovos; 2-6, ninfas de 1, 2, 3, 4 e 5 estdios, respectivamente;7, fmea adulta; 8, detalhe da genitlia do macho.
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88888O controle e a vigilncia
epidemiolgica
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O controle do barbeiro feito principalmente atravs da
aplicaodeinseticidas,sendoqueoinsetogeralmenteno
desenvolve resistncia a esses. Em dcadas anteriores, o
inseticidamaisutilizadoeraoBHCmas,porseraltamentetxicoparaos
humanos e tambm para animais domsticos, atualmente tem sidosubstitudoporinseticidasmenostxicoscomo,porexemplo,ospiretrides
(deltametrina,alfacipermetrina,betacipermetrinaeoutros),emgeral,com
efeito residualmaior que umano (Marcondes,2001). Outros inseticidas,
tais como o Malathion e o Dieldrin (organoclorado), tm sido utilizados
em outros pases. No entanto, a alta toxicidade destes em contrapartida
comosbonsresultadosdospiretrides fazcomquenosejamutilizados
noBrasil.
O inseticida a ser utilizado deve ser escolhido sob algumas
consideraes, a serem encaradas a longo prazo: o custo, o gasto com
pessoaletransporte,eatoxicidadeparaohomem.Umavezapresentando
resultados,oinseticidareaplicadoapenasnoslocaisondeobarbeirofor
encontrado novamente.
Apesardocontrole feitoatravsdos inseticidas,amelhormaneirademinimizar as infestaes ainda seria a preveno, mediante a melhoria
dos tipos de habitaes e hbitos de higiene de seus moradores, o que
levaria diminuio dos insetos nos domiclios e peridomiclios. Outra
medidabsica,masnomenosimportante,seriaocuidadocomosanimais
domsticos, evitando a entrada desses nas casas e deixando os lugares
em que costumam dormir livres de sujeiras e entulhos. fundamental a
educaodaspopulaesdelocaisderiscoquantoaconhecerosbarbeiros
e a importncia de saber que esses podem lhes transmitir uma doena
grave,aindasemvacinae/ousoroeficiente,equepode levaraobito.
A melhoria habitacional talvez seja a mais importante estratgia de
preveno contra a transmisso vetorial da endemia, uma vez que os
triatomneos no infestam moradias de boa qualidade (alvenaria) e em
boas condies de higiene. Esse fato muitas vezes est relacionado condioeconmicadosmoradores,refletindoostatussocial da doena,
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Doena de Chagas e seus Principais Vetores no Brasil 57
que incide exatamente sobre populaes rurais, marginalizadas e excludas.
Dias (1998) comenta que ...dessa forma, uma perspectiva programtica
e de amplo alcance no mbito rural s pode ocorrer em termos de iniciativas
governamentais, o que nunca aconteceu realmente no Brasil..
A melhoria habitacional mais significativa para as populaes rurais
do que o uso do inseticida, por ser de carter definitivo. A participao
comunitria de vital importncia em qualquer programa habitacional,
uma vez que alterar a moradia significa uma interveno profunda nas
relaes familiares e interfamiliares, pois requer mudanas nos hbitos de
higiene e na prpria forma de ocupar esse novo ambiente. Alm disso,
verifica-se que essas populaes no melhoram ou reconstroem a casapor vrios motivos, tais como: falta de recursos, no serem donas do terreno
que ocupam e necessidade de freqentes mudanas de residncia para
estabelecimento de novas lavouras de subsistncia (Dias, 1998).
No Brasil, a transmisso natural da doena de Chagas foi grandemente
reduzida e grande parte das regies infestadas por Triatoma infestans, que
j foi considerado o principal vetor, hoje encontra-se apenas sob estado de
vigilncia. A reduo da transmisso vetorial resulta, a mdio prazo, nadiminuio de doadores de sangue e gestantes infectados, o que reduz os
riscos da transmisso transfusional e congnita (Dias & Coura, 1997; Dias
& Schofield, 1998).
Apesar dos avanos alcanados, fundamental manter atenta
vigilncia epidemiolgica, com real comprometimento da populao e
dos servios locais de sade. Vinhaes & Dias (2000) comentam que Parao Brasil, esse desafio hoje ainda maior, quando se observa uma
progressiva descentralizao da Fundao Nacional de Sade, devendo
suas atividades ser absorvidas por estados e municpios, alm da falta de
recursos financeiros suficientes para os programas de controle..
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FIOCRUZ - Fundao Oswaldo Cruz58
R E F E R N C I A S
ALMEIDA, C.E.; VINHAES, M.C.; ALMEIDA, J.R.; SILVEIRA, A.C.; COSTA, J. Monitoring the domiciliary and peridomiciliary invasion process of
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A N E X O
Onde obter informaes sobre doena de Chagas?
Ministrio da SadeEsplanada dos Ministrios, Bloco G, Braslia-DF, CEP 70058-900. Tel. (61) 3315-2425.
Disque Sade: 0800-61-1997Internet: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21955
Fundao Nacional de Sade (Funasa)Setor de Autarquias Sul (SAS), Quadra 4, Bloco "N", Ed. Fundao Nacional de Sade
(Funasa), Ala Norte, Braslia-DF, CEP 70070-040. Tels (61) 3314-6362 / 6466 / 6619.
Internet: http://www.funasa.gov.br
Servios de Referncia para Doena de Chagas- Centro de Pesquisas Gonalo Muniz (CPqGM). Rua Waldemar Falco, 121, Candeal,
Salvador-BA, CEP 40296-710. Tel. (71) 3176-2200, Fax (71) 3176-2326. E-mail:
webmaster@cpqgm.fiocruz.br
- Centro de Pesquisas Ren Rachou (CPqRR). Avenida Augusto Lima, 1715, Barro Preto,
Belo Horizonte-MG, CEP 30190-002. Tel. (31) 3349-7700, Fax (31) 3295-3115. E-mail:
sc@cpqrr.fiocruz.br
- Instituto de Pesquisa Clnica Evandro Chagas (IPEC). Avenida Brasil, 4365, Manguinhos,
Rio de Janeiro-RJ, CEP 21040-900. Tel. (21) 3865-9595, Fax (21) 2290-4532.
Internet: http://www.ipec.fiocruz.br
- Laboratrio Nacional e Internacional de Referncia em Taxonomia de Triatomneos,
Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz. Avenida Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro-RJ, CEP
21040-900. Tel. (21) 2598-4503.
Programa Integrado de Doena de Chagas (PIDC)Internet: http://www.fiocruz.br/pidc
E-mail: pidc@fiocruz.br
Portal doena de Chagas:http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home
Consenso Brasileiro em Doena de Chagas (Ministrio da Sade, Secretariade Vigilncia em Sade)
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, vol. 38, supl. III, 2005, 29 pp.
Internet: http://www.parasitologia.org.br/atualidades/consenso_chagas.pdf
"Chagas - A Hidden Affliction"Filme sobre a doena de Chagas.
Internet: http://www.chagasthemovie.com
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Rua S Freire, 36 parte So Cristvo CEP 20930-430Rio de Janeiro / RJ BrasilTel. (21) 2580-6230 Fax (21) 2580-9955e-mail: imperialnm@bol.com.br
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Doena de chagas e seus principais vetores no Brasil / Ana maria Argolo...[et al.]. - Rio de
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i l .
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Oswaldo Cruz. III. Fundao Carlos Chagas Filho de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.
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