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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
BIOTECNOLOGIA: AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
PINHALÃO – PARANÁ
2009
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
MARINA INÁCIA DE MÉLO PERES
BIOTECNOLOGIA: AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
Artigo apresentado como requisito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE, 2009) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, pela Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP (Jacarezinho), na área de Biologia.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Sobral da Silva Maia
PINHALÃO – PARANÁ
2009
2
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1. Professora PDE: Marina Inácia de Mélo Peres
2. Área PDE: Biologia
3. NRE: Ibaiti
4. Professor Orientador: Prof. Dr. Jorge Sobral da Silva Maia
5. IES Vinculadas: Universidade Estadual do Norte do Paraná ( UENP) –
Jacarezinho
Universidade Estadual de Londrina ( UEL )
6. Escolas de Implantação: Colégio Estadual Rodolfo Inácio Pereira – Ensino
Fundamental e Médio
Lavrinha – Pinhalão – PR
7. Público Objeto da Intervenção: Alunos do Ensino Médio
3
BIOTECNOLOGIA: AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
1Autora: Marina Inácia de Mélo Peres 2Orientador: Prof. Dr. Jorge Sobral da Silva Maia
Resumo
A agricultura é uma atividade indispensável para a humanidade e que tem funções
importantes: econômica, social e ambiental. O presente estudo contempla a
relevância dessa atividade em no distrito de Lavrinha, que é uma área rural do
município Pinhalão/PR, com o objetivo de investigar as práticas adotadas e estimular
o desenvolvimento de outras que venham a contribuir para uma agricultura
sustentável, integrada e em harmonia com as dinâmicas ambiental, econômica,
tecnológica e social, baseadas na Agroecologia, possibilitando a produção ao longo
do tempo e, aos nossos produtores fazer uso adequado do solo, contribuindo com o
ambiente, geração de rendas e necessidades das gerações presentes e futuras.
Palavras-chaves: Agroecologia, agricultura sustentável, geração de rendas.
Summary
Agriculture is an essential activity for humanity and has important functions:
economic, social and environmental. This study considers the relevance of this
activity in our district Lavrinha/PR, which is a rural municipality Pinhalão, in order to
investigate the practices adopted and foster the development of others that may
contribute to a sustainable agriculture, integrated and in harmony with dynamic
environmental, economic, technological and social, based on Agroecology, enabling
the production over time, and our farmers to make proper use of the soil, contributing
to the environment, income generation and needs of present and future generations.
Keywords: Agroecology, sustainable agriculture, income generation.
1 Professora PDE 2009 de Biologia do Colégio Estadual Rodolfo Inácio Pereira – Ensino Fundamental e Médio, distrito de Lavrinha, município de Pinhalão, NRE de Ibaiti – Paraná.
2 Professor Orientador da UENP Campus de Jacarezinho – PR.
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1 Introdução
A agricultura foi um marco no desenvolvimento humano, a base do
desenvolvimento das civilizações e, responsável pela primeira grande transformação
no espaço geográfico. As práticas utilizadas na agricultura são de manejo dos
recursos naturais que visam canalizar os recursos, concentrando nutrientes e
energia que os animais e plantas necessitam para se desenvolver.
A agricultura foi definida como a arte de modificar os ecossistemas, em
termos econômicos e sem produzir danos irreversíveis.(Malavolta,1997).
A agricultura é uma atividade indispensável para a humanidade e que tem
funções importantes: econômica, onde a viabilização de projetos e iniciativas
possam gerar rentabilidade econômica; social, fazendo com que os benefícios do
desenvolvimento atinjam todos os membros da sociedade e, ambiental onde o
manejo dos recursos possam manter ou melhorar a qualidade evitando danos ao
ambiente. Hoje se busca uma agricultura sustentável, que proporcione maior
produtividade, com maior segurança e qualidade tanto para a saúde humana quanto
para o solo, água e diversidade biológica, sendo necessário que esteja integrada e
em harmonia com as dinâmicas ambiental, econômica, tecnológica e social,
possibilitando a produção ao longo do tempo.
Nos últimos anos um grande avanço biológico vem ocorrendo e como
consequência a biotecnologia tem evoluído cada vez mais, pois na antiguidade o
homem fazia pão, no tempo dos egípcios já era utilizada na elaboração de cerveja e
atualmente há inúmeras possibilidades para seu uso e nos últimos anos nota-se que
é reconhecida como ferramenta imprescindível na obtenção de novos produtos,
ampliando os conhecimentos em benefício do bem estar do ser humano e, é
imprescindível que os estudantes se apropriem do saber científico e biotecnológico,
com base nos quais possam tomar decisões conscientes e esclarecidas a respeito
dos benefícios, contribuições e riscos que se pode obter com tais avanços, bem
como as possíveis aplicações em suas propriedades. Tais avanços e descobertas
podem contribuir com o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, entendida
como uma agricultura capaz de repor os nutrientes e água que são retirados com as
colheitas e criações e, manter o equilíbrio dos recursos naturais, que se sustenta ao
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longo do tempo, com menos impacto social e ambiental(TORRES,2003,p.164).
Diante disso faz-se necessário que no ambiente escolar propiciem aos estudantes
os conhecimentos científicos de modo a compreendê-los, questioná-los e utilizá-los,
levando-os a refletir e opinar sobre os benefícios, riscos e implicações éticas
provenientes da biotecnologia e da agricultura sustentável.
Baseado nos principais motivos que dificultam a aprendizagem de conceitos e
processos biológicos e o que os alunos do ensino médio pensam sobre os atuais
avanços e descobertas biotecnológicas, sua contribuição à agricultura, seus
impactos econômicos, sociais e ambientais que surgiu nosso interesse por este
assunto transformando-se em questão de investigação e pesquisa.
Acreditamos que o conhecimento, ao lado da educação e da consciência
ambiental, pesquisas, políticas públicas de incentivo, legislação, são instrumentos
indispensáveis para que possamos superar a agricultura baseada nos insumos
químicos sintéticos e extensionista, apoiando processos de construção do
desenvolvimento rural sustentável, com base nos princípios da Agroecologia, que
nos servem como ferramentas para desenhar sistemas agrícolas e agriculturas
sustentáveis.
Segundo ALTIERI (2010, a. p.5):
“ A Agroecologia oferece conhecimento e as metodologias
necessárias para desenvolver uma agricultura que seja, por um
lado, ambientalmente adequada e, por outro lado, altamente
produtiva, socialmente equitativa e economicamente viável.
Através da aplicação dos princípios agroecológicos, poderão
ser superados os desafios básicos na construção de
agriculturas sustentáveis, ou seja: fazer um melhor uso dos
recursos internos; minimizar o uso de insumos externos;
reciclar e gerar recursos e insumos no interior dos
agroecossistemas; usar com mais eficiência as estratégias de
diversificação que aumentem o sinergismo entre os
componentes chave de cada agroecossistemas. O objetivo final
do desenho agroecológico é integrar os componentes de cada
sistema de maneira que se possa aumentar a eficiência
biológica, preservar a biodiversidade e manter a capacidade
produtiva e de autoregulação do agroecossistema”.
6
Este é o caminho mais adequado para a busca de estratégias sustentáveis de
desenvolvimento das comunidades rurais e para assegurar melhores níveis de
inclusão social, assim como melhor qualidade de vida para todos, pois com essa
prática de produção, principalmente com a agricultura orgânica, onde a adubação e
o controle de pragas são realizados com matéria orgânica e controle biológico,
valorizando a vegetação nativa, a rotação e associação de culturas, buscando
manter o equilíbrio do ambiente e a preservação dos recursos naturais.
2 Desenvolvimento
O surgimento da biotecnologia marca um início de um novo estágio para a
agricultura e reserva um papel de destaque à genética molecular. (SILVEIRA,
BORGES e BUAINAIN; 2005, a. p.102).
Desde a antiguidade procura-se decifrar o segredo da vida, a molécula do
DNA, em 340 a.C. Aristóteles observou que as características hereditárias eram
mais semelhantes às dos avós do que à dos pais, no ano 400 a.C., Hipócrates
explicou que as características adquiridas pelos pais eram transmitidas aos filhos. “A
maior contribuição para a Genética atual foi dada por Gegor J. Mendel(1822-1884),
que realizou cruzamentos e experimentos com ervilhas, o descobridor dos
mecanismos básicos da hereditariedade”, mas que teve seu trabalho científico
despercebido pelo mundo científico da época, em 1900 três cientistas,
reconheceram e confirmaram as idéias de Mendel, Hugo de Vries, Carl Correns e
Erich von Tschermak(LOPES; ROSSO, 2005, p. 424). Em meados do século XIX, os
cientistas identificaram a existência do DNA. Em 1869, a natureza química do
material genético começou a ser descoberta por Friedrich Miescher a partir do
núcleo das células moléculas que denominou nucleínas que outros cientistas
passaram a chamá-las de ácidos nucléicos. O DNA foi identificado como material
hereditário em 1928 por Griffith e em 1953 Linus Pauling publica um artigo onde
esboça a estrutura do DNA com três hélices, Watson discorda desse modelo e, em
28 de fevereiro de 1953, Watson e Crick criaram um modelo original da estrutura do
DNA, de como ela deveria estar estruturada no interior das células. (KLEIN, 2009).
A manipulação genética que é um conteúdo estruturante das Diretrizes
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Curriculares da Educação Básica de Biologia e a Genética como um todo trata das
implicações dos conhecimentos da biologia molecular sobre a vida, na perspectiva
dos avanços da Biologia, com possibilidade de manipular o material genético dos
seres vivos, que traz importantes contribuições para a criação de produtos
farmacêuticos, hormônios, vacinas, alimentos, medicamentos, bem como propõe
soluções para os problemas ambientais, devendo o trabalho pedagógico abordar os
avanços da biologia molecular, as biotecnologias aplicadas e os avanços
biotecnológicos que envolvem a manipulação genética, permitindo compreender a
interferência do ser humano na diversidade biológica(DCEs de Biologia). Portanto, a
tomada de consciência por parte dos educandos, de que é preciso buscar uma
alternativa para a agricultura ecologicamente correta, deve ser o primeiro passo. É
isso que preveem as DCEs no tocante às dimensões do conhecimento: “... propõe-
se que o currículo da Educação Básica ofereça, ao estudante, a formação
necessária para o enfrentamento com vistas à transformação da realidade social,
econômica e política do seu tempo. (DCEs de Biologia, 2008, p. 20).
Com a descoberta da tecnologia do DNA recombinante, que em engenharia
genética designa o resultado obtido a partir de pedaços de DNA de fontes diferentes
ligados entre si, onde estas inovações permitiram o sequenciamento genético de
diversos organismos, o desenvolvimento da técnica da clonagem e da transgênese,
o que influenciou a indústria farmacêutica, alimentícia e a genética clínica. A
agricultura está entre os setores que mais impactos vem sofrendo com a descoberta
da biotecnologia(SILVEIRA, BORGES e BUAINAIN, 2005, p.101).
Através da biotecnologia busca-se o desenvolvimento de técnicas voltadas à
adaptação ou ao aprimoramento das características dos organismos animais e
vegetais, visando aumento de produção.
A biotecnologia pode ser definida como um conjunto de técnicas de
manipulação de seres vivos ou parte destes para obtenção de produtos específicos
o modificação de produtos para fins econômicos(SILVEIRA, BORGES e BUAINAIN,
2005, p.102). É tecnologia baseada na biologia, especialmente quando usada na
agricultura, utilizadas para manipular geneticamente plantas, animais,
microorganismos, que são realizados através de cruzamentos naturais, por meio de
seleção e transformações no código genético.
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No portal do professor temos a seguinte definição:
“a Biotecnologia compreende o conjunto de conhecimentos técnicos e
métodos, de base científica ou prática, que permite a utilização de
seres vivos como parte integrante e ativa do processo de produção
industrial de bens e serviços”(CARVALHO, Antônio Paes de – UFSC).
A Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU possui uma das muitas
definições de biotecnologia: Biotecnologia define-se pelo uso de conhecimento sobre
os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de
resolver problemas e criar produtos de utilidade.
Segundo Krukemberg Fonseca (FONSECA, 2010) “a biotecnologia representa
o conjunto de métodos aplicáveis às atividades que associam a complexidade dos
organismos e seus derivados, conciliadas às constantes inovações tecnológicas”.
A biotecnologia, embora utilizada desde a antiguidade, tem gerado grandes
polêmicas por possuir aspectos positivos e negativos. Entre os positivos estão o
índice de produtividade, a redução do uso de agrotóxicos e com isto a redução dos
custos de produção e o desenvolvimento de práticas menos agressivas ao meio
ambiente, criação de plantas resistentes; e, entre os negativos a falta de conclusões
nos estudos dos impactos ambientais e dos efeitos danosos à saúde humana, os
quais Smith(2009) revela os riscos documentados com evidências de problemas
adversos a saúde e de reações em animais e humanos.
Com o processo de criar um transgênico através da biotecnologia a
engenharia genética cria mudanças imprevisíveis e consideráveis no DNA da planta.
Smith, em Roleta Genética nos revela informações sobre testes de segurança
de OGMs, nos alerta sobre os riscos dos transgênicos e dos alimentos
geneticamente engenheirados sobre a saúde.(Smith, 2009).
A biotecnologia tem prometido soluções aos problemas enfrentados pela
humanidade, sabemos que na agricultura encontramos produção de sementes
resistentes a clima, solos diversos, pragas e nas plantas geneticamente modificadas,
na estrutura do mercado de indústrias de fertilizantes e de insumos.
Segundo Altieri (2010, a. p.5),
“Está claro, neste começo de século XXI, que a modernização
agrícola não ajudou a solucionar o problema generalizado da pobreza
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rural, nem melhorou a distribuição da terra e da renda. As opções que
foram oferecidas para modernizar a agricultura foram boas por curto
prazo e, principalmente, para os agricultores de maiores recursos e
acesso às políticas de incentivo, mas não foram adequadas às
necessidades e condições da maioria dos agricultores familiares e
camponeses”.
A agricultura foi um marco no desenvolvimento humano, a base do
desenvolvimento das civilizações e, responsável pela primeira grande transformação
no espaço geográfico. As práticas utilizadas na agricultura são de manejo dos
recursos naturais que visam canalizar os recursos, concentrando nutrientes e
energia que os animais e plantas necessitam para se desenvolver.
A agricultura foi definida como a arte de modificar os ecossistemas, em
termos econômicos e sem produzir danos irreversíveis(Malavolta,1997).
A partir da década de 1950, houve incentivo dos EUA e da ONU na
implantação de mudanças nas técnicas agrícolas de produção e na estrutura
fundiária em países subdesenvolvidos, que surgiu no contexto da Guerra Fria e que
ficou conhecida como Revolução Verde, onde neste novo modelo de produção
consistia na modernização de práticas agrícolas e mecanização do preparo do solo,
que no início da década de 70 acontece o processo de transformação da agricultura
mundial (MOREIRA; SENE, 2005, p. 528).
Em Estocolmo, na Suécia, em 1972 foi realizada a primeira Conferência das
Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, marcando as preocupações
com os problemas ambientais. Em junho de 1992, durante a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), realizada no
Rio de Janeiro foi firmado um acordo entre os países chamado de Agenda 21, que
tem por objetivo o desenvolvimento sustentável, combatendo a miséria humana sem
destruir a natureza. A promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável em
que se preocupa com a segurança alimentar e com a função social da propriedade e
com a necessidade de ajustes nas políticas para a agricultura e meio ambiente é
tratada no Capítulo 14 da Agenda 21 que é dedicado à agricultura sustentável e ao
desenvolvimento rural.
Para que a agricultura atenda suas funções importantes faz-se necessário o
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desenvolvimento de uma agricultura sustentável, que esteja integrada e em
harmonia com as dinâmicas ambiental, econômica, tecnológica e social,
possibilitando a produção ao longo do tempo.
Para Rodrigues:
“ Agricultura sustentável é o manejo dos ecossistemas de modo a
manter e ampliar sua produtividade, a qualidade do ambiente, a
diversidade biológica e da paisagem, a qualidade de vida das
pessoas envolvidas, com as funções ecológicas, econômicas e
sociais do meio rural”(RODRIGUES, 2010, a., p. 1).
Para Leff (2001, p. 412) a sustentabilidade aponta para um futuro, para a
solidariedade transgeracional e um compromisso com as gerações futuras. O futuro
é uma exigência de sobrevivência e um instinto de conservação.
Entende-se por sustentável tudo aquilo que se sustenta ao longo do tempo e
para a agricultura ser sustentável é necessário que haja reposição dos nutrientes e
água e que se mantenha o equilíbrio dos recursos naturais.
Segundo Fernando Marrey Ferreira (2010), membro e usuário da Rede de
Agricultura Sustentável “a agricultura sustentável pode ser definida pela busca da
maior produtividade possível com maior grau de preservação da natureza, incluído
aí a preservação do solo, da água e do ar entre os ciclos produtivos”.
Drª Ana Primavesi, pioneira da agricultura ecológica no Brasil, fundadora da
AAO, ressalta que “Temos que trabalhar o manejo ecológico do solo. De nada
adianta se o solo não estiver vivo”. “Tratar o solo, observar as raízes. A agricultura
não é só o que acontece acima. Metade é o que acontece abaixo do solo”. (AAO,
2010).
A FAO(Food and Agriculture Organization – Organização das Nações Unidas
para a Agricultura e a Alimentação) definiu agricultura sustentável e
desenvolvimento rural como:
“Administração e conservação da base de recursos naturais e
orientação das modificações tecnológicas e institucionais de modo a
garantir a consecução e a satisfação continuada das necessidades
humanas para as gerações presentes e futuras. Esse
desenvolvimento sustentável deve conservar os recursos genéticos
da terra, da água, da flora e da fauna, não degredar o meio ambiente,
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mostrar-se tecnologicamente apropriado, economicamente viável e
socialmente aceitável.” (REVISTACOOPERCITRUS, 2010)
A definição proposta pela Sociedade Americana de Agricultura de 1989 cita o
seguinte:
“uma agricultura sustentável é aquela que, em longo prazo, promove
a qualidade do meio ambiente e dos recursos base dos quais
depende a agricultura; provê as fibras e alimentos necessários para o
ser humano; é economicamente viável e melhora a qualidade de vida
dos agricultores e da sociedade em seu conjunto”. (2010).
Para alguns o desenvolvimento agrícola sustentável apenas efetuaria
algumas mudanças para agredir menos o meio ambiente como rotação das culturas;
redução do uso de agrotóxicos, preocupação com a saúde do trabalhador, cautela
com os transgênicos; enquanto que para outros seria uma completa substituição dos
agrotóxicos, proibição do uso de adubos químicos, fim da monocultura, proibição
total do plantio de transgênicos; abolição de hormônios nas rações dos animais; etc.
O que a nosso ver deveria reduzir ao mínimo possível o uso dos agrotóxicos que em
nossa comunidade utiliza-se em larga escala e nossa preocupação está na saúde
dos que manejam ou dos consumidores, e segurança alimentar, utilizando de
diversificação, rotação, associação e integração de atividades vegetais e animais,
que não agrida o meio ambiente, resgatando a complexidade das sociedades
camponesas tradicionais, voltadas ao desenvolvimento da agricultura familiar.
Podemos dizer que a agricultura sustentável é a que inclui segurança
alimentar, produtividade e qualidade de vida e que mantém a qualidade do meio
ambiente, pois o homem extrai da natureza os bens necessários à sua sobrevivência
devendo portanto manter o equilíbrio para que permita a continuidade da vida e
preservação da diversidade biológica e cultural.
Acreditamos que apoiando processos de construção do desenvolvimento rural
sustentável, com base nos princípios da Agroecologia seja o caminho mais
adequado para a busca de estratégias sustentáveis de desenvolvimento das
comunidades rurais e para assegurar melhores níveis de inclusão social, assim
como melhor qualidade de vida para todos.
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A Agroecologia é uma ciência ou disciplina científica, e precisa ser entendida
como um campo de conhecimento de caráter multidisciplinar que apresenta uma
série de princípios, conceitos e metodologias que nos permitem estudar, analisar e
avaliar agroecossistemas, e que nos servem como ferramentas para desenhar
sistemas agrícolas e agriculturas sustentáveis. Diante disso faz-se necessário a
compreensão dos avanços biotecnológicos entre os alunos, levando a refletir e
opinar sobre os benefícios, riscos e implicações éticas no mundo científico.
A Agroecologia representa um conjunto de técnicas e conceitos que surgiu
em meados de 90 e visa a produção de alimentos mais saudáveis e naturais e que
tem como princípio básico o uso racional dos recursos naturais. Conhecida ainda por
agricultura alternativa. Pode apresentar diversos ramos (AMBIENTE BRASIL, 2010).
Pode-se dizer que a Agroecologia é a base científico-tecnológica para uma
agricultura sustentável que é uma agricultura com padrões ecológicos, econômicos,
socais e com sustentabilidade a longo prazo.
Segundo Canuto(s/d),
“Agroecologia é um conjunto de princípios que pode ser aplicado a
qualquer tipo de agricultura. No entanto, como exige o equilíbrio do
sistema para que não haja doenças e pragas e para que a gente
possa usar menos ou não utilizar agrotóxicos e produtos químicos, a
Agroecologia depende do aumento da biodiversidade”.
A Agroecologia também é definida como a produção, cultivo de alimentos de
forma natural, sem a utilização de agrotóxicos e adubos químicos solúveis
(AMBIENTE BRASIL, 2010).
Para que produtores possam fazer uso adequado do solo de maneira
adequada à preservação , recuperação e conservação do ambiente, ter um aumento
na geração de rendas e satisfazer as necessidades das gerações presentes e
futuras faz-se necessário a adoção e aplicação de uma agricultura sustentável.
Uma das formas que está diretamente relacionada a agricultura sustentável é
a agricultura orgânica, sendo a produção que chega mais próximo da natureza e que
fundamenta-se em princípios agroecológicos e de conservação de recursos naturais,
pois é a que respeita o solo, o ar, a água e que mais se preocupa com a saúde e o
bem-estar do ser humano e com a qualidade de vida, e, através dela utilizando o
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conhecimento popular e científico poderá promover a qualidade natural do solo e
promover a biodiversidade.
Segundo Primavesi(AAO, 2010) em trecho de uma palestra,
“Agricultura orgânica é o sistema de produção que exclui o uso de
fertilizantes sintéticos de alta solubilidade e agrotóxicos, além de
reguladores de crescimento e aditivos sintéticos para a alimentação
animal. Sempre que possível, baseia-se no uso de estercos animais,
rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle
biológico de pragas e doenças. Busca manter a estrutura e
produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza”.
Para o SEBRAE _“Agricultura orgânica é o sistema de produção que não
utiliza fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, reguladores de crescimento ou aditivos
sintéticos para a alimentação animal”.
Em 1984, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)
reconheceu a importância da agricultura orgânica formulando a seguinte definição:
“A agricultura orgânica é um sistema de produção que evita ou exclui
amplamente o uso de fertilizantes, pesticidas, reguladores de
crescimento e aditivos para a alimentação animal compostos
sinteticamente. Tanto quanto possível, os sistemas de agricultura
orgânica baseiam-se na rotação de culturas, estercos animais,
leguminosos, adubação verde, lixo orgânico vindo de fora da fazenda,
cultivo mecânico, minerais naturais e aspectos de controle biológico
de pragas para manter a estrutura e produtividade do solo, fornecer
nutrientes para as plantas e controlar insetos, ervas daninhas e outras
pragas”. ( AMARANTHUS, 2010).
Para a EMBRAPA “Agricultura orgânica é o sistema de manejo sustentável da
unidade de produção com enfoque sistêmico que privilegia a preservação ambiental,
a agrobiodiversidade, os ciclos biogeoquímicos e a qualidade de vida humana”.
Através da agricultura orgânica os produtores podem promover a saúde do
meio ambiente, as atividades biológicas do solo; pois é um sistema que se baseia no
equilíbrio do funcionamento dos ecossistemas, na qual a unidade de produção é
tratada como um organismo integrado com a flora e a fauna.
O desafio da produção de alimentos através da agricultura sustentável
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implica na retomada de políticas públicas amplas e diferenciadas.
3. Estratégias de Ação
Este projeto de pesquisa foi desenvolvido no colégio de Ensino Médio no
distrito de Lavrinha, município de Pinhalão – PR, com início em agosto de 2010,
estendendo-se até o final do segundo semestre e, os sujeitos envolvidos no projeto
são alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Rodolfo Inácio Pereira – Ensino
Fundamental e Médio que em sua maioria são filhos de produtores, com o objetivo
de compreender a possibilidade da biotecnologia contribuir para o desenvolvimento
de uma agricultura sustentável e em todas as suas implicações para nossa
comunidade escolar no distrito de Lavrinha e no município, investigando o
desenvolvimento agrícola no município; verificando o uso de processos
biotecnológicos na agricultura do município de Pinhalão; identificando as práticas
agrícolas adotadas; analisando ações desenvolvidas no que refere a agricultura e
sustentabilidade ambiental e buscando estimular a adoção de boas práticas
agrícolas e ambientais.
A implementação da proposta pedagógica de intervenção pedagógica na
escola se deu através da socialização à equipe pedagógica, funcionários,
professores e alunos e, a aplicação do projeto se deu a partir do segundo semestre
onde foram utilizados vários recursos didáticos, como textos, reportagens, internet.
O trabalho de implementação se deu através de levantamentos de dados coletados
em questionário, pesquisa de campo sobre a ação dos agricultores de nosso
município e projetos da EMATER aplicados e voltados para agricultura sustentável
com base na agroecologia, entrevista com agricultores, palestra sobre as formas de
agricultura sustentável baseada em princípios agroecológicos voltados para a
agricultura orgânica e técnicas agroecológicas, com agrônomo da EMATER e
Secretaria de Agricultura do município. A seguir uma pesquisa sobre o assunto do
projeto os quais levaram a discussão e verificação sobre a possibilidade de
implantação para propriedades e agricultores do município, tanto para produtores do
café quanto do morango ou outra cultura.
Através do material didático-pedagógico produzido pudemos promover a
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aproximação dos saberes científicos aos conceitos contemporâneos e relacioná-los
aos saberes populares e do cotidiano do aluno, onde foram trabalhados atividades
que vieram a facilitar a aprendizagem dos conceitos.
Para a realização das atividades propostas partimos de textos sobre
Biotecnologia e os transgênicos e Agricultura Sustentável e a partir da discussão dos
mesmos realizamos um juri simulado do qual o posicionamento dos educandos
quanto ao tema e as formas com que cada um a conduz, refletindo sobre benefícios,
riscos, vantagens e contribuições que cada uma pode oferecer. E a partir daí veio o
questionamento: Até onde a biotecnologia beneficia? Quais os riscos à saúde
humana, animal e ambiental? Quais os riscos dos organismos geneticamente
modificados? Quais os benefícios da agricultura sustentável? Segundo eles um dos
benefícios da biotecnologia está no aumento da produtividade; dos riscos a
contaminação do solo, água, animais, plantas e humanos; e que através da
agricultura sustentável poderemos ter segurança alimentar, produtividade e
qualidade de vida humana e do meio ambiente, permitindo a continuidade da vida e
preservação da diversidade biológica e cultural. Quanto aos produtos GM, questão
muito polêmica, após estudo de textos de evidências de reações em animais e
humanos de Smith(2009), concluíram que a manipulação genética de alimentos
poderá trazer sérias implicações no futuro, como traz a professora Susan Bardocz,
bioquímica e nutricionista:
“Até hoje, todas as tecnologias foram controláveis. A eletricidade, até
mesmo a energia nuclear, pode ser desligada. GM é aprimeira
tecnologia irreversível na história humana. Quando um OGM é
liberado, ele já está fora do nosso controle; não temos meio para
trazê-lo de volta. Podemos inserir um transgene, mas não podemos
tirar fora o transgene liberado. Como os OGMs são autorreplicantes ,
liberá-los pode ter consequências extremas para a saúde humana e
animal, para o meio ambiente e pode mudar a evolução.(
BARDOCZ, in SMITH, 2009,p.236).
Na atividade em que trabalhamos com a extração do DNA do morango
permitiu a introdução à genética laboratorial, observando o aspecto do DNA e que
ele pode ser encontrado em todos os tipos de células e, debatendo sobre questões
científicas relacionadas com a genética laboratorial e, reforçando a importância do
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Ácido Desoxirribonucleico (identificado como material hereditário) em 1928 por
Griffith e, que em 1953 Watson e Crick criaram um modelo original da estrutura do
DNA. O DNA está inteiramente ligado ao controle de todas as funções das células e,
onde estão armazenados todas as informações que controlam as atividades do
organismo, abordando a manipulação genética que é um conteúdo estruturante das
Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Biologia em que trata das
implicações dos conhecimentos da biologia molecular sobre a vida, abordando os
avanços da biologia molecular, as biotecnologias aplicadas e os avanços
biotecnológicos que envolvem a manipulação genética, permitindo compreender a
interferência do ser humano na diversidade biológica.
Com a extração do DNA e atividade de montagem da molécula do DNA e
observando as técnicas mais utilizadas em biotecnologia, as enzimas de restrição,
eletroforese e reação em cadeia da polimerase, os alunos perceberam que a
extração do DNA é muito importante na engenharia de genética que utiliza de
técnicas que permitem a manipulação das moléculas de DNA e que são utilizados
em diversos procedimentos dentro de um laboratório de Genética, Biotecnologia,
Biologia Molecular e outros. Com isto houve o entendimento sobre os organismos
geneticamente modificados.
Após foram discutidos os conceitos abaixo relatados:
1. Biotecnologia:
A biotecnologia pode ser definida como um conjunto de técnicas de
manipulação de seres vivos ou parte destes para obtenção de produtos específicos
a modificação de produtos para fins econômicos(SILVEIRA, BORGES e
BUAINAIN(artigo, p.102, vol. 19 n2 SP 2005). É tecnologia baseada na biologia,
especialmente quando usada na agricultura, utilizadas para manipular
geneticamente plantas, animais, microorganismos, que são realizados através de
cruzamentos naturais, por meio de seleção e transformações no código genético.
Após discutir sobre o conceito de biotecnologia, as plantas e alimentos
geneticamente modificados tivemos o seguinte posicionamento por parte dos alunos:
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quanto aos benefícios que a biotecnologia pode proporcionar é maior produtividade;
aumento no rendimento da lavoura, facilita a vida dos produtores e, quanto aos
riscos: terá contaminações das águas, minas e até mesmo de alimentos,
contaminação dos aplicadores, devido ao uso de produtos químicos; surgimento de
novas pragas; e quanto aos organismos modificados causar uma variedade de
mutações; intoxicações com danos a saúde. Quanto a agricultura sustentável
entenderam que é uma forma de garantir e satisfazer as necessidades das gerações
e a que irá conservar os recursos genéticos da terra, da água, da flora e da fauna e
que não degredará o meio ambiente e como Primavesi traz que de nada adianta
trabalhar o solo se ele não estiver vivo.
2. Agricultura
O papel da agricultura
A transformação sofrida pela agricultura também possui papel
importante na redução da biodiversidade. A redução do número de
espécies cultivadas, a homogeneidade genética das culturas
melhoradas, o uso de agrotóxicos são práticas que dominam a
produção agrícola mundial. Os sistemas florestais também estão se
transformando em monoculturas arbóreas, não permitindo a
ocorrência das espécies nativas da região.
A utilização de áreas drenadas altera profundamente a dinâmica
ambiental do ecossistema de várzea, que apresenta uma grande
importância pela sua especificidade e pela sua influência no
ecossistema rio. (SENAR, 2001. p. 16.)
A agricultura foi definida como a arte de modificar os ecossistemas, em
termos econômicos e sem produzir danos irreversíveis(Malavolta,1997). É
considerada a responsável pela transformação do espaço geográfico e para tal é
necessário que as práticas de manejo visem canalizar os recursos concentrando
nutrientes e energia que tanto animais quanto plantas necessitam para se
desenvolver.
18
3. Agricultura Sustentável:
A Agricultura Sustentável pode ser definida como uma agricultura
ecologicamente equilibrada, economicamente viável, socialmente justa, humana e
adaptativa (Reijntjes et al, 1992). Algumas definições de agricultura sustentável
incluem ainda: segurança alimentar, produtividade e qualidade de vida (Stockle et al,
1994), uma produção agrícola que não comprometa nossa capacidade futura de
praticar agricultura com sucesso (Lehman et al, 1993), mantendo a qualidade do
Meio Ambiente.
Agricultura Sustentável pode-se considerar aquela que seja de acordo com o
demonstrado na tabela a seguir:
Produtiva - Que mantenha e melhore os níveis de produção
Ambientalmente sadia - Que proteja e recupere os recursos naturais; atue no
sentido de prevenir a degradação dos solos, preserve a biodiversidade e mantenha
a qualidade da água e do ar
Estável - Que reduza os níveis de risco na produção
Viável - Que seja economicamente viável
Igualitária - Que assegure igual acesso ao solo, água, outros recursos, e
produtos para todos os grupos sociais
Autônoma - Que garanta a subsistência e autonomia de todos os grupos
sociais envolvidos na produção
Participativa - Que seja construída coletivamente, por um processo de
compartilhamento de conhecimentos entre todos os envolvidos. Seja o resultado de
um processo democrático e coletivo de aprendizado humano. Que satisfaça as
necessidades humanas básicas: alimentação, água, combustível, roupas, abrigo,
dignidade e liberdade para as diversas gerações; as que vivem agora e as que estão
por vir (MARCATTO, 2010, art. p. 8 e 9).
Devemos trabalhar o manejo do solo de forma que tenhamos a garantia da
produtividade com maior preservação da natureza e tendo o compromisso para com
as gerações futuras e como diz Leff “ O futuro é uma exigência de sobrevivência e
um instinto de conservação” , e, para tanto, a agricultura sustentável é a que inclui
segurança alimentar, produtividade e qualidade de vida e que mantém a qualidade
19
do meio ambiente e que permite a continuidade da vida e preservação da
diversidade biológica e cultural.
4. Agroecologia
Sobre agroecologia citamos entre outros o seguinte conceito:
“O conceito de agroecologia quer sistematizar todos os esforços em
produzir um modelo tecnológico abrangente, que seja socialmente
justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável; um
modelo que seja o embrião de um novo jeito de relacionamento com a
natureza, onde se protege a vida toda e toda a vida, estabelecendo
uma ética ecológica que implica no abandono de uma moral utilitarista
e individualista e que postula a aceitação do princípio do destino
universal dos bens da criação e a promoção da justiça e da
solidariedade como valores indispensáveis. A rigor, pode-se dizer que
agroecologia é a base científico-tecnológica para uma agricultura
sustentável.” (Ambiente Brasil, 2010).
A Agroecologia é uma forma de cultivo natural sem utilização de agrotóxicos e
adubos químicos solúveis, é a base científico-tecnológica para uma agricultura
sustentável que é uma agricultura com padrões ecológicos, econômicos, socais e
com sustentabilidade a longo prazo.
Técnicas Agroecológicas
Adubação verde
A adubação verde é o cultivo de plantas que estruturam o solo e o
enriquecem com nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e micronutrientes. As
plantas de adubação verde devem ser rústicas e bem adaptadas a cada região para
que descompactem o solo com suas raízes vigorosas e produzam grande volume de
massa verde para melhorar a matéria orgânica, a melhor fonte de nutrientes para a
planta (Ambiente Brasil, 2010).
Adubação orgânica
20
A adubação orgânica é feita através da utilização de vários tipos de resíduos,
tais como: esterco curtido, vermicomposto de minhocas, compostos fermentados,
biofertilizantes enriquecidos com micronutrientes e cobertura morta. Todos esses
materiais são ricos em organismos úteis, macro e micro nutrientes, antibióticos
naturais e substâncias de crescimento (Ambiente Brasil, 2010).
Adubação Mineral
A adubação mineral é feita com adubos minerais naturais de sensibilidade
lenta, tais como: pó de rochas, restos de mineração, etc. Estes adubos fornecem
nutrientes como cálcio, fósforo, magnésio, potássio e outros, em doses moderadas,
conforme as necessidades da planta (Ambiente Brasil, 2010).
Não usar agrotóxicos
Os agrotóxicos, além de contaminar as águas, envenenar os alimentos, matar
os inimigos naturais dos parasitas e contaminar quem os manuseia, desequilibram
as plantas, tornando-as mais suscetíveis.
É comum que logo depois de uma aplicação de agrotóxicos as plantas sofram
ataques ainda mais fortes, obrigando o agricultor a recorrer a venenos mais fortes
ainda (Ambiente Brasil, 2010).
Não usar adubos químicos solúveis
Este tipo de adubação é a causa de dois problemas sérios: a morte de
microorganismos úteis do solo e a absorção forçada pelas plantas, pois estes sais,
além de se solubilizarem na água do solo, apresentam-se em altas concentrações.
Este processo resulta em desequilíbrio fisiológico da planta, deixando-a suscetível
aos parasitas (Ambiente Brasil, 2010).
Usar defensivos naturais
Defensivos naturais são produtos que estimulam o metabolismo das plantas
quando pulverizados sobre elas. Estes compostos, geralmente preparados pelo
agricultor, não são tóxicos e são de baixo custo. Como exemplos podemos citar:
biofertilizantes enriquecidos, água de verme composto, cinzas, soro de leite, enxofre,
21
calda bordalesa, calda sulfocálcica, etc (Ambiente Brasil, 2010).
Combinação e rotação de culturas
Esta consiste em cultivar conjuntamente plantas de diferentes famílias, com
diferentes necessidades nutricionais e diferentes arquiteturas de raízes, que venham
a se complementarem. Como, por exemplo, o plantio conjunto de gramíneas
(milhos) e leguminosas (feijão).
Também podem ser utilizadas plantas consideradas inços, pois elas são bem
adaptadas, retiram nutrientes de camadas profundas, colocando-os em
disponibilidade na superfície e produzem grande volume de biomassa.
Antes de implantar a cultura, estas plantas são incorporadas através de
aração rasa para que se decomponham e deixem os nutrientes disponíveis às
culturas. No caso dos pomares, são deixadas na superfície e controladas com
roçadas baixas. Como exemplo podemos citar o caruru, o picão branco, o nabo, a
samambaia etc (Ambiente Brasil, 2010).
5. Agricultura Orgânica
“AGRICULTURA CONVENCIONAL BUSCA A MAXIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO,
ENQUANTO AS ORGÂNICAS BUSCAM A OTIMIZAÇÃO”.
Instrução Normativa nº 7 de 17 de maio de 1999. Tal conceito é assim
definido:
“Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária e industrial, todo aquele
em que se adotam tecnologias que otimizem o uso dos recursos naturais e sócio-
econômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por objetivo a auto
sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais, a
minimização da dependência de energia não renováveis e a eliminação do emprego
de agrotóxicos e ou insumos artificiais tóxicos, orgânicos geneticamente modificados
– OGM/transgênicos, ou radiações ionizantes em qualquer fase do processo de
produção, armazenamento e de consumo, e entre os mesmos, privilegiados a
22
preservação da saúde ambiental e humana, assegurando a transparência em todos
os estágios da produção e da transformação, visando:
a oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isento de
qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do
agricultor e do meio ambiente;
preservação e a aplicação da biodiversidade dos ecossistemas, natural ou
transformado, em que se insere o sistema produtivo;
a conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, da água
e do ar;
o fomento da integração efetiva entre agricultor e consumidor final de
produtos orgânicos para os mercados locais.”
FONTE: Agricultura Orgânica ( Manual do Instrutor – Curso de Agricultura Orgânica
– Capítulo 1 – Senar/PR – em Rio Limpo – A intervenção da Escola no Curso do
Rio, p. 79).
Através da agricultura orgânica os produtores podem promover a saúde do
meio ambiente, as atividades biológicas do solo; pois é um sistema que se baseia no
equilíbrio dos ecossistemas e é tratado como um organismo integrado e que
privilegia a preservação ambiental e a agrobiodiversidade e promove a qualidade de
vida humana.
Atividades desenvolvidas com os alunos:
1 – Levantamento das propriedades rurais do distrito de Lavrinha. Elaboração
de um questionário de entrevista com os agricultores verificando o seguinte:
Que tipo de cultivo é adotado na propriedade: orgânico ou convencional?
Quais os produtos fertilizantes químicos e insumos são aplicados e com
que frequência ?
Qual destino das embalagens?
Utilizam equipamentos de proteção individual?
Quais problemas o agricultor enfrenta relacionados ao solo?
23
Situação tecnológica da propriedade;
Preocupação ambiental do produtor.
Após essa entrevista e dos dados coletados foram sistematizados, as
discussões registrando as ideias mais significativas que contribuíram para o avanço
e melhoria da temática em questão.
Da consulta realizada junto aos produtores que circundam nosso distrito
percebemos que o tipo de cultivo adotado por eles é o convencional, que fazem uso
de adubos, agrotóxicos, venenos, entre eles: Alto 100, Bagiston, Sulfato de Amônia,
N.P.K., Sulfato 25.20, Adubo Foliar, Cloreto, Ureia, Agriminicina; que as embalagens
são devolvidas aos vendedores e agropecuárias no dia de devoluções agendados;
50% usam equipamentos de proteção individual. Os problemas enfrentados por eles
relacionados ao solo são: terra fraca, falta de calcário, seca, geada. Situação
tecnológica da propriedade: máquinas colhedeiras, secadores, trator, soprador. Os
produtores quanto a preocupação ambiental apresentaram: reflorestar nascentes,
reserva, não deixar no solo embalagens de agrotóxicos e não aplicá-los perto das
nascentes e minas, não fazer queimadas. “Tenho muita preocupação, quero
começar a cuidar e reparar o que fiz de errado, para meus filhos e netos nascerem e
viverem no mundo com menos poluição e ar puro”. “ Cuidado com o reciclável, com
as minas de água, plantação de árvores, tudo isso é preocupante, se não cuidarmos
do hoje vamos no futuro ficar sem água”.
2 – Levantamento na EMATER das propriedades rurais do distrito de
Lavrinha. Elaboração de um questionário de entrevista com os técnicos e
engenheiros verificando o seguinte:
a) Qual cultivo prevalece no distrito e no município: orgânico ou
convencional?
b) Quais os benefícios da biotecnologia para a agricultura do nosso
município?
c) Que benefícios a agricultura sustentável poderá trazer aos nossos
produtores?
24
d) Quais instruções são repassadas aos produtores quanto a utilização
dos produtos fertilizantes químicos e insumos que utilizam nas
propriedades?
e) Que medida é tomada com as embalagens utilizadas pelos produtores?
f) Quais problemas o agricultor enfrenta relacionados ao solo com as
técnicas e tipo de agricultura adotada?
Situação tecnológica das propriedades;
Preocupação ambiental dos técnicos?
Do levantamento realizado com a EMATER e Secretaria de Agricultura
constatamos que o cultivo que prevalece no município é o convencional, que o
orgânico já teve apenas duas propriedades com certificados, mas no momento o que
se encontra são práticas menos agressivas principalmente na horticultura. Entre os
benefícios estão o suporte tecnológicos, diversidade de produção, saúde, renda. A
EMATER está retomando práticas menos agressivas tanto para o café quanto para a
horticultura.
A Secretaria de Agricultura do município estará proporcionando à comunidade
palestras e juntamente com a EMATER e SENAR cursos que venham a auxiliar e
incentivar os produtores e agricultores de nosso distrito a desenvolverem a
agricultura baseada na Agroecologia.
Como resultado das atividades pudemos observar que nossos alunos quando
consultados a respeito dos benefícios e riscos da biotecnologia para a agricultura,
alguns disseram quanto aos benefícios: que facilita o serviço do produtor; haverá
maior produtividade; aumento no rendimento da lavoura e, quanto aos riscos: terá
contaminações das águas, minas e até mesmo de alimentos, devido ao uso de
produtos químicos; surgimento de novas pragas; causar uma variedade de
mutações; intoxicações.
Quanto a agricultura para eles: é cultivar algo que produza frutos; a arte de
cultivar a terra e, agricultura sustentável: uma agricultura que pensa sem no
ambiente, sem danos; com mais equilíbrio; sem destruições.
Quando consultados sobre Agroecologia, se já haviam ouvido falar e como
eles definiriam: 30% dos alunos disseram que não e como definição de todos :
25
mudança no sistema e forma de produção; cultivo sem agrotóxicos; uma forma de
cultivar sem agredir o meio ambiente; agricultura e ecologia juntas natureza e
produção uma sem destruir a outra.
Certamente se nossos agricultores adotarem os princípios agroecológicos
poderão produzir uma parte importante dos alimentos requeridos para a segurança
alimentar.
Para a EMBRAPA(2010), a agricultura orgânica é muito mais do que uma
troca de insumos químicos por insumos orgânicos/biológicos/ecológicos. Assim o
manejo orgânico privilegia o uso eficiente dos recursos naturais não renováveis,
aliado ao melhor aproveitamento dos recursos naturais renováveis e dos processos
biológicos, à manutenção da biodiversidade, à preservação ambiental, ao
desenvolvimento econômico, bem como, à qualidade de vida humana. Fundamenta-
se em princípios agroecológicos e de conservação de recursos naturais. O primeiro
e principal deles, é o do RESPEITO À NATUREZA, o segundo princípio é o da
DIVERSIFICAÇÃO DE CULTURAS. Outro princípio básico muito importante da
agricultura orgânica é o de que o SOLO É UM ORGANISMO VIVO. O quarto e
último princípio é o da INDEPENDÊNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO.
4- Considerações finais
A biotecnologia causou muitas mudanças na agricultura, como técnicas
voltadas à adaptação e ao aprimoramento de características dos organismos
animais e vegetais, criação de plantas resistentes a vírus, fungos e insetos,
variedades resistentes a secas e solos ácidos, plantas transgênicas, adubos e
defensivos químicos, e, hoje começa a causar impactos negativos no ambiente e na
saúde provenientes da agricultura química e, neste momento cabe reconhecer que
diante as preocupações e anseios de nossos produtores precisamos começar a
avançar na implantação de uma agricultura agroecológica apoiando em processos e
práticas agroecológicas como: adubação verde _cultivo de plantas que estruturam e
enriquecem o solo; adubação orgânica _feita através de vários tipos de resíduos;
adubação mineral _ através de adubos minerais naturais; não utilizar agrotóxicos –
pois além de contaminar as águas, envenenar os alimentos, matar os parasitas,
26
contaminam os manuseadores; não usar adubos químicos solúveis _ causam a
morte de microorganismos úteis, solubilizam na água do solo e resultam em
desiquilíbrio fisiológico da planta; usar defensivos naturais _ pois estimulam o
metabolismo da planta; combinação e rotação de cultura _ cultivo conjuntamente de
plantas de diferentes famílias que venham a se complementarem; proporcionando o
desenvolvimento rural sustentável, ampliando oportunidades, construindo saberes,
apresentando as potencialidades da Agroecologia, garantindo a preservação
ambiental, a saúde, com produções de alimentos com segurança alimentar, com
produção de alimentos em quantidades adequadas e de elevada qualidade
biológica, proporcionando uma geração crescente de renda e maior qualidade de
vida, valorizando os recursos locais, melhorando a conservação das águas e
protegendo a biodiversidade. Nosso colégio tem um papel muito importante frente a
esta situação, tendo em vista que se localiza num distrito e que nossos alunos são
em sua maioria filhos de produtores, agricultores quer sejam proprietários, meieiros,
arrendatários, boias frias. O primeiro passo foi lançado, proporcionando
conhecimento e discussões, sendo que em nosso distrito já está dando início uma
cooperativa de produtores de café, onde os mesmos fizeram cursos pelo SENAR e
terão sua produção exportada e, proporcionar aos pais e filhos cursos pelo SENAR
através da EMATER e Secretaria da Agricultura do Município que os motivem para
que em sua propriedade busquem dar início em práticas que respeite a natureza,
com eficiência produtiva trazendo maior rentabilidade familiar baseadas na
Agroecologia.
As relações ecológicas entre os seres vivos se fazem presentes também na
agricultura, embora influenciadas pela ação humana. A compreensão dessas
relações permite-nos pensar maneiras de desenvolver uma agricultura que seja
menos agressiva às relações já existentes, com o intuito de minimizar a necessidade
da entrada com defensivos químicos.
Ao adotar a agricultura baseada na agroecologia o agricultor atenderá os
princípios agroecológicos e ter em mente que manter a dependência de recursos
não renováveis e as limitações da natureza devem ser reconhecidas, sendo a
ciclagem de resíduos orgânicos de grande importância no processo, que a
diversificação de culturas se propicia uma maior abundância e diversidade de
27
inimigos naturais e que o manejo do solo privilegia práticas que garantam um
fornecimento constante de matéria orgânica, através do uso de adubos verdes,
cobertura morta e aplicação de composto orgânico que são práticas indispensáveis
para estimular os componentes vivos e favorecer os processos biológicos
fundamentais para a construção da fertilidade do solo no sentido mais amplo,
tornando-se independente do consumo de insumos agroindustriais colaborando com
a sustentabilidade e qualidade de vida do solo, do ambiente e da saúde,
proporcionando maior rentabilidade.
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