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CURSO DE BRIGADA DE
INCÊNDIO
INTERMEDIÁRIO/AVANÇADO
NBR 14.276/2006
CURSO DE BRIGADA DE
INCÊNDIO
INTERMEDIÁRIO/AVANÇADO
NBR 14.276/2006
Macaé, RJ
Nome do Curso Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário – 20h
Nome do Arquivo 20180425_AP_Brigada_Interm/Avan_PT_REV03
SUMÁRIO
DIRETRIZES GERAIS DO CURSO
• Quanto à Estruturação do Curso
O candidato, no ato da matrícula, deverá apresentar à instituição que vai
ministrar o curso, cópia e o original (para verificação) ou cópia autenticada dos
seguintes comprovantes:
✓ Ter mais de dezoito (18) anos, no dia da matrícula;
✓ Ter concluído o ensino fundamental;
✓ Atestado de boas condições de saúde física e mental.
• Quanto à Frequência às Aulas
A frequência às aulas e atividades práticas são obrigatórias.
O aluno deverá obter o mínimo de 90% de frequência no total das aulas
ministradas no curso.
Para efeito das alíneas descritas acima, será considerada falta: o não
comparecimento às aulas, o atraso superior a 10 minutos em relação ao início de
qualquer atividade programada ou a saída não autorizada durante o seu
desenvolvimento.
• Quanto à Aprovação no Curso
Será considerado aprovado o aluno que:
✓ Obtiver nota igual ou superior a 7,0 (sete) em uma escala de 0 a 10
(zero a dez) na avaliação teórica e alcançar o conceito satisfatório nas
atividades práticas.
✓ Tiver a frequência mínima exigida (90%).
Caso o aluno não cumpra as condições descritas nas alíneas acima, será
considerado reprovado.
• Resultados Pretendidos
Ao final do curso os alunos estarão preparados para:
✓ Participar da organização de emergência;
✓ Demonstrar habilidades básicas no controle de ocorrência de incêndio nos
diferentes compartimentos e instalações existentes na planta;
✓ Reconhecer e aplicar as medidas e prevenções de incêndio existentes na
planta;
✓ Avaliar procedimentos corretos no que tange a tática e técnicas de
combate a incêndios;
✓ Selecionar o EPI adequado para o combate ao incêndio.
✓ Selecionar e preparar os materiais e equipamentos necessários para uma
operação de combate a incêndio;
✓ Selecionar e utilizar corretamente os agentes e seus meios de aplicação.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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Os alunos serão avaliados durante os exercícios práticos com relação a:
✓ Habilidade;
✓ Disciplina;
✓ Equilíbrio emocional;
✓ Condicionamento físico;
✓ Flexibilidade;
✓ Voluntarismo;
✓ Confiança.
Os alunos ainda responderão a uma avaliação teórica sobre todos os assuntos
relacionados.
Objetivo
O objetivo do treinamento de Brigada de Incêndio é proporcionar aos
participantes, conhecimentos básicos para que possam responder às situações de
emergência, como combate a princípio de incêndio, abandono de área e técnicas de
primeiros socorros.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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INTRODUÇÃO
DEFINIÇÕES
A definição de combate a incêndio talvez traduza uma ideia muito limitada das
muitas tarefas delegadas para essas equipes de resposta e controle de emergências.
Melhor chamá-las hoje de Brigada de Emergência. Suas atribuições vão além de
uma operação de combate a incêndio, como controle de vazamentos de produtos
perigosos ou resgate em altura e espaços confinados, a exemplo do que estão sendo
exigidos pela atual NBR 14.276 – Brigada de Incêndio – Requisitos da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas, publicada no final de 2006 com efeito válido
a partir de 31 de janeiro de 2007.
Baseados nessa norma estarão sendo passadas algumas definições para termos
técnicos que nos explicam o que vem a ser uma brigada de incêndio, a sua composição,
a sua organização e suas responsabilidades. Como base técnica normativa de apoio
utilizaremos também, a NBR 14.277/2005 - Instalações e Equipamentos para
Treinamento de Combate a Incêndio; NBR 14.608 – Bombeiro Profissional Civil; NBR
15.219:2005 – Plano de Emergência Contra Incêndios – Requisitos e a NBR
13.860:1997 – Glossário de Termos Relacionados com a Segurança Contra Incêndios.
Incêndio
Simplesmente definido como “fogo fora de controle”. (NBR 13.860/1997)
Emergência
“Situação crítica e fortuita que representa perigo à vida, ao meio ambiente e ao
patrimônio, gerando um dano continuado que obriga a uma imediata intervenção
operacional”. (NBR 15.219/2005)
A recém-editada NBR 14.276/2006 define, de uma maneira similar, porém
destacando mais o elemento humano, como sendo a “situação com potencial de
provocar lesões pessoais ou danos à saúde, ao meio ambiente ou ao patrimônio, ou
combinações destas”.
Perigo e Risco
A NBR 15.219:2005 define o que é perigo e o que é risco. “Perigo é a situação
com potencial de provocar lesões pessoais ou danos à saúde, ao meio ambiente ou ao
patrimônio, ou combinação destas”.
Risco é a “propriedade de um perigo promover danos, com possibilidade de
perdas humanas, ambientais, materiais e/ou econômicas, resultante da combinação
entre frequência esperada e consequência destas perdas.
Plano de Emergência
A NBR 13.860/1997 define o plano de emergência como: ”Plano estabelecido em
função dos riscos da empresa, para definir a melhor utilização dos recursos materiais e
humanos em situação de emergência”.
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Planta
“Local onde estão situadas uma ou mais edificações ou área a ser utilizada para
um determinado evento ou ocupação”. (NBR 14.276:2006)
Prevenção de Incêndio
“Uma série de medidas destinadas a evitar o surgimento de um princípio de
incêndio, dificultar sua propagação e facilitar a sua extinção”. (NBR 14.276:2006).
Combate a Incêndio
“Conjunto de ações táticas destinadas a extinguir ou isolar o princípio de incêndio
com uso de equipamentos manuais ou automáticos”. (NBR 13.860:1997).
Carga de Incêndio
“Soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas pela combustão
completa de todos os materiais combustíveis contidos em um espaço, inclusive o
revestimento das paredes, divisórias, pisos e tetos, cujo cálculo é feito conforme o
anexo D”. (NBR 14.276/2006).
Bombeiro
“Pessoa treinada e capacitada que presta serviço de prevenção e atendimento a
emergência, atuando na proteção da vida, do meio ambiente e do patrimônio”. (NBR
14.276/2006)
Bombeiro Profissional Civil ou Privado
“Bombeiro que presta serviço em uma planta ou evento”. (NBR 14.276/2006)
Bombeiro Público
“Bombeiro pertencente a uma corporação governamental militar ou civil de
atendimento a emergência pública”. (NBR 14.276/2006).
Bombeiro Voluntário
“Bombeiro pertencente a uma corporação governamental (ONG) ou organização
da sociedade civil de interesse público (OSCIP) que presta serviços de atendimento a
emergências públicas”. (NBR 14.276/2006)
Brigada de Incêndio
“Grupo organizado de pessoas preferencialmente voluntárias ou indicadas,
treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no combate ao princípio de incêndio,
abandono de área e primeiros-socorros, dentro de uma área preestabelecida na planta”.
(NBR 14.276/2006).
Líder de Setor
“Brigadista responsável pela coordenação e execução das ações de emergência
de um determinado setor/compartimento/pavimento da planta”. (NBR 14.276/2006)
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Chefe da Edificação ou do Turno
“Brigadista responsável pela coordenação e execução das ações de emergência
de uma determinada edificação da planta”. (NBR 14.276/2006)
Coordenador Geral da Brigada
“Brigadista responsável pela coordenação e execução das ações de emergência
de todas as edificações que compõem uma planta, independentemente do número de
turnos”. (NBR 14.276/2006)
Grupo de Apoio
“Grupo de pessoas composto por terceiros (por exemplo, pessoal de manutenção,
patrimonial, telefonista, limpeza etc.) ou não, treinados e capacitados, que auxiliam na
execução dos procedimentos básicos na emergência contra incêndio”. (NBR
14.276/2006)
População Fixa
“Aquele que permanece regularmente na edificação, considerando-se os turnos
de trabalho e a natureza da ocupação, bem como os terceiros nestas condições”. (NBR
14.276/2006)
População Flutuante
“Aquela que não permanece regularmente na planta. Deve ser sempre
considerado o número máximo diário de pessoas”. (NBR 14.276/2006)
ASPECTOS LEGAIS
Aspectos legais da brigada de combate a incêndio
A composição do quantitativo da brigada de incêndio de cada empresa deverá
estar de acordo com o estabelecido no Anexo A da NBR 14.276:2006, levando em conta
a população fixa, o grau de risco e o grupo/divisões de ocupação da planta. O grau de
risco de cada empresa, segundo suas atividades desenvolvidas, como por exemplo,
administrativa, industrial, escolar, entre outras, deve ser obtido através das tabelas
dispostas nos Anexos C ou D da mesma Norma.
Plano de Emergência contra incêndio
O plano de emergência é a base da organização da brigada de incêndio, pois
identifica as funções principais de uma equipe, determinando os deveres de cada
membro e as táticas de prevenção e combate a incêndio que aumentem a velocidade de
resposta à emergência e que organizem a estrutura de comando da equipe para uma
tomada de decisão eficiente.
Planejamento da brigada de incêndio
O plano de emergência contra incêndio é criado com base na planta da área
industrial (levando em conta as edificações administrativas e a área de produção), seu
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projeto, suas instalações, tamanho, complexidade das suas operações, sua população
fixa e flutuante e as demais informações coletadas que fundamentam uma completa
análise de riscos seguramente confiável sobre o seu local de implantação. Também
organiza a cadeia de comando durante a emergência, atribui funções para cada
profissional envolvido, determina a composição da brigada, a localização dos
equipamentos de combate a incêndio e a instalações dos sistemas fixos.
A NBR 14.276:2006 determina que o responsável pela brigada de incêndio da
planta é a pessoa encarregada em planejar e implantar a brigada de incêndio, bem
como cuidar do seu monitoramento e análise crítica de seu funcionamento. A instalação
da brigada em qualquer planta, a partir da alteração da Norma no final de 2006 é válida
a partir de 29 de Janeiro de 2007, ficará evidenciada através do atestado de brigada de
incêndio que o responsável indicado pela empresa deverá emitir.
Assim como o atestado, todos os documentos que comprovem o estabelecimento
de parâmetros mínimos de recursos humanos, materiais e administrativos definidos
pela Norma, relativos à composição, formação, implantação e reciclagem da brigada
deverão ficar arquivados na empresa por um prazo não inferior a cinco anos.
COMPOSIÇÃO DA BRIGADA DE INCÊNDIO
A estrutura, ou seja, o perfil e o dimensionamento da brigada também irá variar
de acordo com o tamanho e complexidade do terminal e de suas operações. A
organização da brigada irá ajudar a controlar o incidente, particularmente no estágio
inicial, onde o caos e o pânico irão exigir o máximo de atenção de toda a equipe,
devendo ainda, ser flexível o suficiente para lidar com mudanças bruscas, como por
exemplo, uma pessoa desaparecida que detém uma função essencial na equipe. Diante
de um incêndio desenvolvido, a brigada do terminal já estará atuando em conjunto com
outras organizações de combate a incêndio como o Corpo de Bombeiros local.
A formação da brigada de incêndio, de acordo com as funções individuais será
distribuída da seguinte forma:
• Brigadista - Membros da brigada que executam as atribuições de
prevenção e resposta a emergências. Os candidatos voluntariados ou
indicados pela empresa, preferencialmente deverão atender o maior
número dos seguintes critérios: permanecer na edificação durante o seu
turno de trabalho; possuir boa condição física e boa saúde; possuir bom
conhecimento das instalações; ter mais de 18 anos; ser alfabetizado.
• Líder - Responsável pela coordenação e execução das ações de
emergência em sua área de atuação. É escolhido dentre os brigadistas no
processo seletivo.
• Chefe da brigada - Responsável por uma edificação com mais de um
pavimento/compartimento. É escolhido entre os brigadistas aprovados no
processo seletivo.
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• Coordenador geral - Responsável Geral por todas as edificações que
compõem uma planta. É escolhido entre os brigadistas que tenham sido
aprovados no processo seletivo.
ORGANOGRAMA DA BRIGADA DE INCÊNDIO
O dimensionamento da Brigada deve levar em consideração a população fixa e o
percentual de cálculo definido na Tabela 1 da NBR 14.276:2006. O seu organograma
será variável de acordo com o número de empregados em cada setor/pavimento/
compartimento/turno conforme os exemplos dispostos no item 4.1.2.3 da Norma.
Abaixo demonstramos um exemplo para uma planta com duas edificações, com dois
pavimentos e três brigadistas por pavimento cada.
ATRIBUIÇÕES DA BRIGADA DE INCÊNDIO
Dependendo do tamanho e organograma da Brigada, o coordenador geral, o
chefe ou o líder da brigada será autoridade máxima na empresa, no caso de ocorrência
de uma situação real ou simulado de emergência, devendo ser portanto, um gerente ou
possuir um cargo equivalente. É essencial que seja estabelecido claramente uma cadeia
de comando entre as pessoas responsáveis para lidar com a emergência. Os grupos de
apoio também devem ter suas responsabilidades definidas. Falhas na definição de linhas
de responsabilidades podem facilmente levar à confusão e à perda de tempo.
A qualificação de membros da brigada será realizada por intermédio de curso de
formação com carga horária e conteúdo programático fixado de acordo com os Anexos
A e B da Norma. As atribuições da brigada de incêndio definidas pela NBR 14.276:2006
são:
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a) Ações de Prevenção:
✓ Conhecer o plano de emergência contra Incêndio;
✓ Avaliar os riscos existentes;
✓ Inspecionar os equipamentos de combate a incêndio, primeiros-
socorros e outros existentes na edificação na planta;
✓ Inspecionar as rotas de fuga;
✓ Elaborar relatório de irregularidades encontradas;
✓ Encaminhar o relatório aos setores competentes;
✓ Orientar a população fixa e flutuante; e
✓ Participar dos exercícios simulados.
b) Ações de Emergência:
Aplicar os procedimentos básicos estabelecidos no plano de emergência contra
incêndio da planta até o esgotamento dos recursos destinados aos brigadistas. As
empresas deverão disponibilizar um ou mais pontos de encontro dos brigadistas, ou
seja, um local seguro e protegido contra os efeitos do sinistro, para efeitos de
distribuição das tarefas e responsabilidades no combate à emergência deflagrada. No
caso de abandono da planta, quem determina o seu início é o responsável máximo de
brigada de incêndio, no caso o coordenador geral ou chefe ou líder da brigada
(conforme for o caso do plano de emergência da empresa), priorizando os locais
sinistrados, os pavimentos superiores a estes, os setores próximos e os locais de maior
risco.
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PRIMEIROS SOCORROS
O QUE SÃO PRIMEIROS SOCORROS?
É a ajuda imediata prestada por uma pessoa a um acidentado,
doente, ou vítima de mal súbito, com a finalidade de mantê-lo com vida, minimizar a
dor e evitar as complicações do quadro até a chegada do profissional especializado.
Conceitos preliminares
Deixar de prestar o socorro significa não dar nenhuma assistência à vítima. A
pessoa que chama por socorro especializado, por exemplo, já está prestando e
providenciando socorro. Qualquer pessoa que deixe de prestar ou providenciar socorro
à vítima podendo fazê-lo, estará cometendo o crime de omissão de socorro, mesmo que
não seja a causadora do evento.
A omissão de socorro e a falta de atendimento de primeiros socorros eficiente são
os principais motivos de mortes e danos irreversíveis nas vítimas.
Quando e como devemos prestar socorro?
Sempre que a vítima não esteja em condições de cuidar de si própria e o cenário
não ofereça risco. Ao solicitar apoio deve-se identificar-se, informar o local do acidente,
o número de vítimas, as condições das vítimas e o mecanismo da lesão.
Passos a serem seguidos
✓ Avaliar a cena;
✓ Chamar socorro especializado;
✓ Priorizar a vítima mais grave;
✓ Prestar o primeiro atendimento; e
✓ Monitorar a vítima o tempo todo.
São fontes rápidas de informação no local da cena:
✓ A cena por si só;
✓ Riscos ao socorrista e sua equipe;
✓ Vítima consciente ou inconsciente;
✓ Os mecanismos do trauma; e
✓ Curiosos ou testemunhas.
Procedimentos
✓ Remover as vítimas com ferimentos menores para um local seguro;
✓ Dar prioridade as vítimas inconscientes;
✓ Preservar evidências;
✓ Comunicar todas as informações relevantes; e
✓ Auxiliar a equipe do socorro especializado.
Todo atendimento inicia-se com avaliação do cenário,
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também chamada de dimensionamento da cena. Ao aproximar-se do local da
emergência, antes de iniciar o contato direto com a pessoa, o socorrista deverá verificar
os riscos existentes, as condições de segurança para si e para os demais envolvidos e
prevenir-se escolhendo adequadamente seus equipamentos de proteção individual
(EPI’s).
Em caso de múltiplas vítimas deverá ser feito uma triagem. Triagem é um termo
derivado do francês e significa escolher. No âmbito pré-hospitalar, a triagem é usada
em dois contextos diferentes:
1. Quando há disponibilidade de recursos suficientes para atender a todos os
doentes: Nessa situação, os doentes de emergência terão a prioridade.
2. Quando o número de doentes excede a capacidade imediata dos recursos
no local: Nessa situação o objetivo da triagem é assegurar a sobrevida do
maior número possível de vítimas. Nesses casos, a prioridade será as
vítimas que tem mais chance de sobrevida.
COMO O SOCORRISTA PODE ADQUIRIR INFECÇÕES
As Infecções são doenças causadas por organismos que penetram o corpo.
Mecanismo de Contaminação
A contaminação pode ocorrer das seguintes formas:
✓ Fluídos corporais - contato com o sangue ou outros fluidos
corporais; e
✓ Pelo ar.
Lesões pequenas, às vezes despercebidas nas mãos, face, partes expostas ou
mucosas, como nariz, olhos e pequenas lesões por vias aéreas, podem ser transmitidas
pela tosse, respiração ou espirros da vítima. As partículas podem ser inaladas ou entrar
em contato com as mucosas.
É impossível o socorrista saber se as vítimas são portadoras de doenças
contagiosas apenas com a inspeção visual. O sangue e certos fluidos corporais devem
ser encarados como infectantes em potencial. A esta conduta se dá o nome de
Precauções Universais. O SOCORRISTA deve sempre utilizar dispositivos de barreira
para entrar em contato com a vítima.
Exemplos de doenças que podem ser adquiridas pelo socorrista
✓ Sangue: AIDS, hepatite B e hepatite C.
✓ Respiração: tuberculose, meningite meningocócica, gripe, resfriado
comum e algumas viroses.
✓ Pele: herpes e escabiose, impetigo (infecção cutânea provocada por
bactérias) e pediculose (piolhos – provoca ferimento no couro
cabeludo).
✓ Mucosas: herpes e conjuntivite.
✓ Fezes: hepatite A e diarreia infecciosa.
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Métodos para proteção do socorrista
✓ Uso do material individual de proteção.
✓ Precauções durante o socorro.
✓ Precauções no manuseio de equipamentos e descarte de material
contaminado.
✓ Profilaxia com vacinações – é obrigatório que todo profissional de
pré-hospitalar seja vacinado contra hepatite B e tétano pelo risco de
exposição profissional a estas doenças.
✓ Contato com o coordenador médico após o acidente para executar a
rotina do serviço para acidentes ou exposições.
Prevenção de infecções transmitidas pelo sangue
• Hepatite - É uma infecção por vírus que causa inflamação no fígado. As
principais formas de hepatite são A, B e C:
✓ Hepatite A - é transmitida pelas fezes, geralmente é benigna, e pode
ser prevenida com o uso de luvas e lavagens das mãos. Existe
vacinação para prevenir a doença.
✓ Hepatite B - é transmitida principalmente por sangue contaminado
ou por via sexual. O sangue seco pode se manter contaminante por
até sete dias. A chance de um socorrista adquirir a doença após se
furar com agulha contaminada pelo vírus pode ser de 30%. A
prevenção é feita por Precauções Universais. Pode causar a cirrose
hepática e câncer de fígado. Não há cura.
✓ Hepatite C - é transmitida por sangue contaminado. A chance pós o
acidente pode chegar a 10%. A prevenção é feita com Precauções
Universais. Pode causar cirrose hepática. Não há cura ou vacinação.
• AIDS - É uma infecção viral que causa destruição do sistema imunológico
que nos protege das infecções. Até alguns anos era uma infecção
invariavelmente fatal, causando morte por infecções oportunistas, mas
atualmente tem características de doença crônicas que podem ser
controladas com o uso de medicações antivírus. O vírus é transmitido
através de sangue contaminado e pela via sexual. O risco para o socorrista
após o acidente com agulha contaminada em vítimas com HIV positivo é
de 0,03%.
Após exposição é necessário que o socorrista siga o protocolo estabelecido
por seu serviço, de acordo com a gravidade da exposição. É necessário que
todos os sistemas de pré-hospitalar possuam rotinas divulgadas entre seus
integrantes para procedimentos após acidentes. Sabe-se que a utilização
de drogas antirretrovirais reduz a chance de o socorrista adquirir a doença
após exposição em até 80%.
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CAUSAS DE OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS
As causas de obstrução podem ser variadas. Como alguns exemplos temos:
queda de língua, corpos estranhos, vômitos, secreção e/ou sangue. As causas mais
comuns de obstrução de vias aéreas no âmbito pré-hospitalar são: a queda de língua
sobre a parede posterior da faringe e corpos estranhos. Os indivíduos inconscientes têm
relaxamento de toda musculatura, inclusive daquela que sustenta a língua. O socorrista
pode atuar mesmo totalmente desprovido de equipamento, através de manobras
manuais. O simples posicionamento da cabeça e do pescoço desloca a língua da parede
posterior da faringe.
Manobra de Desobstrução de Vias Aéreas
• Vítimas conscientes
✓ Abraçar a vítima por trás com seus braços na altura do ponto entre
a cicatriz umbilical e a apêndice xifóide. A mão do socorrista em
contato com o abdome da vítima está com o punho fechado e o
polegar voltado para dentro. A outra mão do socorrista é colocada
sobre a primeira para fazer 5 compressões abdominais sucessivas,
direcionadas para cima,
✓ Em mulheres grávidas, obesos e lactentes as compressões são
efetuadas no tórax, no mesmo ponto da massagem cardíaca
externa.
As principais complicações desta técnica são: lesão de vísceras abdominais como
o fígado e o baço e a regurgitação de material do estômago com bronco aspiração.
• Vítimas inconscientes
✓ Caso esta seja a vítima que já estava sendo tratada com obstrução
de vias aéreas, o socorrista ajoelha-se ao lado da vítima;
✓ Posiciona as mãos uma sobre a outra diretamente sobre o externo, e
inicie a massagem cardíaca. A mesma manobra pode ser efetuada
em mulheres grávidas, lactentes e obesos;
✓ Varredura da cavidade oral;
✓ Remova se possível, o corpo estranho; e
✓ Repita a sequência até remover o corpo estranho ou um profissional
de saúde assumir o atendimento à vítima.
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Vítima inconsciente
Técnicas para desobstrução em bebê
Técnica de desobstrução de vias aéreas
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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
O rebaixamento do nível de consciência pode representar diminuição na
oxigenação e/ou na perfusão cerebral ou resultado de um trauma direto ao cérebro. A
alteração do nível de consciência implica em necessidade imediata de reavaliação da
ventilação, da oxigenação e da perfusão. Álcool e/ou outras drogas também podem
alterar o nível de consciência da vítima. No entanto, excluídas hipóxia e hipovolemia,
toda alteração do nível de consciência deve ser considerada como originária de um
trauma ao sistema nervoso central até que se prove ao contrário.
Abordagem da Vítima
Estabilização da coluna cervical e avaliação de nível de consciência
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR)
A PCR é uma situação dramática, sendo o tempo uma variável importante.
Calcula-se que a cada um minuto que o indivíduo permaneça em PCR, a sua
probabilidade de sobrevida é reduzida em 10%.
A etiologia da PCR é variável de acordo com a idade. Neste capítulo,
apresentaremos o atendimento da PCR no adulto, criança e bebê. Salientamos que
existem diferenças para o atendimento nos três casos.
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A PCR consiste na ausência de batimentos cardíacos palpáveis e movimentos
respiratórios de um indivíduo.
A constatação da morte de uma vítima está associada com a presença de um
médico e pela realização de exames específicos.
A constatação imediata da PCR, assim como o reconhecimento da gravidade da
situação é de fundamental importância, pois permite iniciar prontamente as manobras
de reanimação, antes mesmo da chegada de outras pessoas e de equipamento
adequado. Evita-se dessa forma, uma maior deterioração do sistema nervoso central
(SNC) e de outros órgãos nobres.
Se uma pessoa permanecer de 4 a 6 minutos sem oxigênio, as células cerebrais
começam a morrer causando lesões reversíveis ou irreversíveis.
• A PCR pode ser causada por:
✓ Assistolia; e
✓ Arritmias (Fibrilação ventricular; Atividade elétrica sem pulso;
Taquicardia ventricular sem pulso).
• Sinais de PCR (Parada Cardiorrespiratória)
✓ Inconsciência;
✓ Ausência de sinais vitais;
✓ Midríase (pupilas dilatadas com o mesmo diâmetro); e
✓ Pele fria, pálida, úmida, pegajosa e cianótica.
Assim que for identificada a P.C.R., deverá iniciar o R.C.P.
OBS: A identificação da PCR por leigos é recomendada que seja identificada pela
inconsciência e ausência de respiração. Orienta-se que leigo não perca tempo tentando
encontrar o pulso.
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REANIMAÇÃO CÁRDIO PULMONAR
• RCP (Reanimação Cardiopulmonar)
✓ C - Circulação.
✓ A - Abertura das vias aéreas.
✓ B - Boa ventilação.
• Objetivo da RCP
✓ Oxigenar e circular o sangue até que seja iniciado o tratamento
definitivo;
✓ Retardar ao máximo a lesão cerebral;
✓ Prolongar a duração da fibrilação ventricular impedindo que ela se
transforme em assistolia e que a desfibrilação tenha sucesso; e
✓ Reverter a parada cardíaca em alguns casos de PCR por causas
respiratórias.
“C” (Circulation) – Circulação
✓ Frequência de 100 a 120/min;
✓ Aprofundar no mínimo 5 cm e máximo 6 cm do tórax; e
✓ Permitir o retorno do tórax.
Reanimação
Massagem Cardíaca
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• Interrupção da RCP
✓ Após ordem médica;
✓ Por cansaço extremo do socorrista que impossibilite o
prosseguimento das manobras;
✓ Quando houver retorno da respiração e da circulação;
“A” (AIRWAY) – Abertura das vias aéreas superiores
Primeiro abra a boca da vítima e
visualize se há algum corpo estranho
obstruindo a passagem de ar. Se
houver faça uma varredura digital pelo
canto das bochechas. Cheque a
respiração espontânea. As duas
técnicas básicas para desobstruir as
vias aéreas superiores são: a manobra
de inclinação da cabeça – elevação do
queixo e a canula de guedel.
Nas situações clínicas, iremos
posicionar a palma de uma das mãos na testa, a outra no queixo e realizar uma leve
hiperextensão do pescoço a fim de desobstruir as vias aéreas.
Nas situações traumáticas, a fim de evitar danos na coluna cervical, as vias
aéreas deverão ser abertas através de manobra da mandíbula modificada em que o
socorrista deverá agarrar a mandíbula com as pontas dos dedos, elevando-a para frente
ou a canula de guedel.
Elevação do Queixo
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“B” – Boa ventilação
Após as 30 compressões deverão ser realizadas 2 ventilações, devendo ter a
duração de 1 segundo cada uma.
É importante manter a inclinação adequada da cabeça da vítima para permitir a
exalação do ar inspirado.
• Ventilação boca – máscara
• Respirador manual (Ambú)
✓ Selecionar a máscara de tamanho adequado para ajustar-se à face
da vítima.
✓ Certificar-se de que a via aérea da vítima está prévia e estabilizada
pelas manobras descritas.
✓ A primeira pessoa coloca a máscara na face da vítima, assegurando
uma vedação adequada com as duas mãos.
✓ A segunda pessoa ventila a vítima apertando o balão com as duas
mãos. e
✓ A eficiência da ventilação é avaliada observando o movimento
torácico da vítima.
Técnica de boa respiração
Máscara
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Importante: Tenham em mente as seguintes observações:
✓ O ar da primeira ventilação entrou?
✓ O tórax se elevou?
✓ Você ouviu o som do ar escapando durante a exalação passiva?
RCP em bebês
Em bebês com menos de 1 ano de idade, as causas mais comuns de parada
cardiorrespiratória são: síndrome da morte súbita em lactentes, doenças respiratórias,
OVACE (Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho), afogamento e doenças
neurológicas. A ressuscitação nestes casos é extremamente difícil e resultam muitas
vezes em complicações neurológicas.
Abertura de vias aéreas
O procedimento é praticamente idêntico ao do adulto com a diferença de que em bebês
é indicada a colocação de uma pequena toalha sobre os ombros da criança para manter
as vias aéreas abertas devido a relação da cabeça da criança com o tórax.
Ventilação
A ventilação recomendada para bebes sem o uso de
equipamentos é a boca-boca e nariz, devido às diferenças
anatômicas entre adulto e o bebê. Assim como para crianças a
ventilação fornecida para bebês é menor do que a para
adultos, ao ventilar forneça apenas ar suficiente para elevar o
tórax do bebê.
Compressão Torácica
Principais diferenças na aplicação de compressões torácicas
em relação à criança:
✓ Apalpe o pulso braquial em bebês, se estiver ausente
inicie o RCP;
✓ Se estiver sozinho o socorrista pode executar o RCP
sentado com o bebê em seu braço, apoiado em uma
Ambú
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das pernas, porém a superfície rígida é mais apropriada;
✓ A aplicação da compressão é realizada logo abaixo da linha mamilar;
➢ Comprima o tórax com dois dedos sobre o esterno, ou se possível, com os dois
polegares, abraçando o peito da vítima com as mãos.
RCP em Crianças
O RCP em crianças é quase o mesmo procedimento feito em adultos, só não é igual
devido às diferenças anatômicas e fisiológicas.
Abertura de Vias Aéreas
O procedimento é o mesmo realizado para adultos.
Ventilação
Após a abertura das vias aéreas aplique 2 ventilações efetivas na criança. Devido ao
tamanho da caixa torácica da criança ser menor do que a do adulto, menos ar é
necessário na respiração. Ao ventilar forneça apenas ar suficiente para elevar o tórax da
criança. Se houver pulso aplique de 12 a 20 ventilações por minuto, pois a criança
normalmente possui uma frequência respiratória mais elevada que o adulto.
Compressão Torácica
Para a compressão torácica em crianças siga os seguintes passos:
✓ Apalpe o pulso carotídeo em no máximo 10 segundos, se não estiver presente
prepare-se para iniciar as compressões.
✓ Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície
rígida;
✓ Ajoelhe-se ao lado do peito da vítima;
✓ Exponha o peito da vítima e coloque uma das mãos com o braço reto sobre o
centro do peito na altura da linha mamilar, se achar necessário é possível colocar
as duas mãos;
✓ Se estiver sozinho, comprima 30 vezes o peito para cada 02 ventilações;
✓ Em 2 socorristas, comprima 15 vezes para cada
2 ventilações;
✓ A taxa de compressão deve ser de 100
compressões por minuto;
✓ Comprima rápido, comprima forte e permita o
retorno completo do tórax;
✓ Execute a compressão com uma profundidade
de ½ a ⅓ do tamanho do tórax;
✓ Tempo de compressão e descompressão devem
ser iguais;
✓ Após 2 minutos ou 5 ciclos de RCP reavalie a
vítima, não demore mais do que dez segundos
nesta avaliação.
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DESFIBRILAÇÃO EXTERNA PRECOCE (DEA/AED)
O conceito de desfibrilação precoce, como
único tratamento disponível para a Fibrilação
Ventricular, fomentou a criação de Desfibriladores
Externos Automáticos (DEAs) para levar o recurso ao
ambiente extra-hospitalar onde a PCR é mais
frequente.
O Desfibrilador Externo Semiautomático (DESA
ou DEA) deve ser usado nos casos de PCR sempre
que este estiver disponível, a ênfase na desfibrilação
precoce integrada com RCP de alta qualidade é a chave para melhorar a sobrevivência à
PCR súbita.
A aplicação de um choque elétrico sobre o tórax do paciente utilizando-se um
desfibrilador é o tratamento definitivo da PCR decorrente da desorganização total na
condução dos estímulos elétricos gerados no coração.
Estes estímulos, em condições normais, são gerados de maneira ritmada e
regular, garantindo o bom funcionamento do órgão e, consequentemente, a distribuição
do sangue por todo o organismo.
A PCR pode ser dividida em ritmos chocáveis (em que o uso do DEA é
recomendado) e ritmos não chocáveis.
Os ritmos que são chocáveis, incluem a fibrilação ventricular e a taquicardia
ventricular sem pulso, pois, nesses há uma probabilidade maior de reverter a PCR com
o uso do DEA.
Os ritmos que não são chocáveis, incluem a assistolia e a atividade elétrica sem
pulso, pois a probabilidade de se reverter a PCR com o uso do DEA é muito baixa.
Nesses casos a aplicação dos procedimentos de RCP poderão ocasionar melhor
resultado.
Os DEAs estão se tornando cada vez mais presentes, inclusive por força de
legislação, tanto no exterior como no Brasil. Sua eficácia é comprovada, quando
manuseados por pessoas treinadas, mesmo que leigas.
➢ Observação sobre DEA
O DEA deve ser instalado logo que estiver disponível pra uso. O socorrista
deve aproveitar o intervalo das compressões para a ventilação, para instalá-lo
conforme as orientações ouvidas quando o aparelho é ligado.
Após o primeiro choque, o Socorrista deverá
seguir rigorosamente as instruções do DEA,
realizando os 05 ciclos de RCP imediatamente
após cada choque. Ao término destes dois
minutos, ele entrará no modo de análise do ritmo
cardíaco outra vez e sinalizará em voz se há a
necessidade de novo choque. Isso ocorrerá caso o
1º choque não seja eficaz para reverter a PCR da
vítima.
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ESTADO DE CHOQUE
Grave diminuição do fluxo sanguíneo e oxigenação, de
maneira que se torna insuficiente para continuar irrigando os
tecidos e órgãos vitais do corpo. Pode levar a vítima à morte se
não revertido.
O estado de choque pode ser classificado de acordo com sua
causa em três grupos principais: hipovolêmico, cardiogênico e
distributivo.
✓ Hipovolêmico: hemorragias internas e externas, perda de plasma
em queimaduras graves ou por situações clínicas acompanhadas por
desidratação intensa (por exemplo, diarreia e vômito).
✓ Cardiogênico: é causado principalmente pelo infarto agudo do
miocárdio com destruição do músculo cardíaco.
✓ Distributivo: é causado pela dilatação dos vasos sanguíneos.
Existem vários tipos de choque distributivo. Subdivide-se em:
- Choque neurogênico: desenvolve-se quando o controle autonômico
dos vasos sanguíneos falha. Normalmente o sistema nervoso
controla a contração e dilatação dos vasos sanguíneos, regulando a
pressão arterial.
- Choque séptico: ocorre em infecções graves devidas à liberação de
toxinas pelos agentes causadores de infecção, com efeito, vaso
dilatador.
- Choque anafilático: resulta de reação alérgica grave, que produz liberação de
substâncias vasodilatadoras como a histamina. Várias substâncias podem ser
responsáveis por reações anafiláticas: venosos de insetos, medicamentos, alimentos e
pólens.
Sinais e sintomas
✓ Pele fria e pegajosa, com suor abundante;
✓ Respiração rápida, fraca e irregular;
✓ Pulso rápido e fraco;
✓ Diminuição da circulação e oxigenação nas extremidades, a pele
apresenta-se azulada nas mãos, pés e lábios;
✓ Sensação de frio;
✓ Agitação ou inconsciência; e
✓ Sede.
Atendimento em primeiros socorros
✓ Observar se não há objetos ou secreções na boca da vítima, de
maneira que ela possa se asfixiar com ele. Ex. bala, chiclete,
prótese, etc.
✓ Identificar a causa do estado de choque (hemorragia interna,
externa, queimadura, etc) e tentar eliminá-la por ex: estancar
hemorragias.
✓ Afrouxar as roupas, cintos.
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✓ Aquecer a vítima com um cobertor ou roupas, mantendo uma
temperatura adequada, evite abafá-la
✓ Conversar com a vítima, se consciente.
✓ Não dar líquidos para ela beber, pois vai interferir caso necessite de
uma cirurgia e também ela poderá se “afogar”, já que está com os
reflexos diminuídos.
✓ Avaliá-la e monitorá-la até a chegada do socorro especializado.
OBS: Se a vítima estiver vomitando sangue em jato, tem o risco de engolir este
sangue e ele pode ir para os pulmões.
Proceda da seguinte maneira:
✓ Não tendo suspeita de lesão da coluna cervical e a vítima podendo
mover o corpo da vítima para o lado, mantenha-o lateralizado.
Na suspeita de lesão da coluna cervical, estabilize a coluna cervical, imobilize-a
totalmente e vire-a (em monobloco) para o lado.
HEMORRAGIA
É definida como a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso
sanguíneo.
As hemorragias podem ser classificadas de acordo com o tipo de vaso sanguíneo:
✓ Arterial: Sangramento em jato (pulsátil) acompanhando a contração
cardíaca. O sangue é de coloração vermelho-vivo.
✓ Venoso: Sangramento contínuo, geralmente de coloração escura.
✓ Capilar: Sangramento contínuo de fluxo lento.
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A hemorragia pode ser externa ou interna:
✓ Externa: Sangramento de estruturas
superficiais com exteriorização do
sangramento. Podem ser controladas
utilizando técnicas básicas de
primeiros socorros. Nas hemorragias
externas o sangramento é visível, o
que facilita as medidas de primeiros
socorros para controle;
✓ Interna: Sangramento de estruturas profundas pode ser oculto ou
exteriorizar-se por algum orifício. A vítima deve ser imediatamente
levada para o hospital. O sangue não é visível e mesmo quando se
exterioriza precisamos avaliar a origem.
Os locais mais frequentes de hemorragias internas são o tórax e
abdome. Observar presença de lesões perfurantes,
equimoses/hematomas ou contusões na pele. Os órgãos abdominais
que produzem sangramento grave são: O fígado, localizado no
quadrante superior direito, e o baço, no quadrante superior
esquerdo. Algumas fraturas, especialmente as de fêmur e as dos
ossos da bacia provocam grandes sangramentos. A distensão
abdominal e dor à palpação após um trauma podem ser sintomas de
hemorragia interna abdominal.
Sinais e sintomas
Varia com a quantidade perdida de sangue, velocidade do sangramento, estado
prévio de saúde e idade da vítima.
Perda de até 15% do volume sanguíneo (750 ml em adultos), geralmente não
causam alterações. São totalmente compensadas pelo corpo.
Perdas maiores que 15% e menores que 30% (750 a 1500 ml) geralmente
causam estado de choque compensado (sem hipotensão arterial). Outros sintomas são:
ansiedade, sede, taquicardia, pulso periférico radial fraco, pele fria, pegajosa, palidez,
enchimento capilar lentificado, frequência respiratória acelerada.
Perdas acima de 30% levam ao choque descompassado com hipotensão. Os
sinais e sintomas são: agitação psicomotora, confusão mental, inconsciência, sede
intensa, pele pálida, fria, pulso radial ausente, taquipnéia importante, enchimento
capilar lento.
A perda de mais de 50% do volume sanguíneo
causa morte.
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FRATURAS
Fratura é o rompimento da estrutura óssea devido à fortes traumas (pancadas ou
quedas).
Tipos de fratura
✓ Fechada – Quando não há rompimento de tecido.
✓ Aberta - Ocorre quando rompe o tecido e na maioria das vezes há
reposição óssea.
• Primeiros Socorros:
✓ Imobilizar do jeito que está;
✓ Deixar a extremidade à mostra; e
✓ Imobilizar as articulações anteriores e posteriores.
• Luxação - A luxação ocorre quando as superfícies articulares entre os
ossos se afastam. Depois de serem repostas no lugar, por um profissional
competente, normalmente imobilizar-se a região afetada. Alguns dias
depois a articulação já voltou ao estado normal, permitindo novamente a
mobilidade.
• Entorse - Lesões aos ligamentos. Podem ser de grau mínimo ou grave,
causando ruptura completa do ligamento. As formas graves produzem
perda da estabilidade da articulação.
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Ações:
✓ Imobilizar do jeito que estiver;
✓ Colocar compressa fria; e
✓ Não colocar o membro no lugar.
• Distensão - Lesões aos músculos ou seus tendões,
geralmente são causadas por hiperextensão ou por
contrações violentas. Em casos graves pode haver
ruptura do tendão.
TIPOS DE LESÕES
• Evisceração - Lesão em que ocorre extrusão de vísceras. Nas lesões com
evisceração, a conduta deve ser a seguinte:
✓ Não tentar reintroduzir os órgãos eviscerados;
✓ Cobrir vísceras com curativo estéril umedecido em soro fisiológico;
✓ Não usar compressas aderentes; e
✓ Envolver o curativo com uma bandagem.
• Esmagamento - É uma lesão muito comum em acidentes automobilístico,
desabamentos e acidentes industriais. Pode resultar em ferimentos abertos
e fechados.
A conduta de primeiros socorros é realizar o ABCDE da vida, fornecer
oxigênio e controlar a hemorragia.
• Lacerações - São lesões teciduais de bordos irregulares, produzidas por
objetos rombos através de trauma fechado sobre superfícies ósseas. O
socorrista deve controlar o sangramento por compressão direta e aplicação
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de curativo com bandagens. Imobilizar extremidades com ferimentos
profundos.
• Amputações traumáticas - As amputações são definidas como lesões em
que há separação de um membro ou de uma estrutura protuberante do
corpo. Podem ser causadas por objetos cortantes, por esmagamento ou
por forças de tração, estão frequentemente relacionadas a acidentes
industriais e automobilísticos.
Seu tratamento deve ser rápido pela gravidade da lesão, que pode causar
a morte por hemorragia e pela possibilidade de reimplante do membro
amputado.
O controle da hemorragia é crucial na primeira fase do tratamento. O
membro amputado deve ser preservado sempre que possível, porém, a
maior prioridade é a preservação da vida.
Há três tipos de amputação:
✓ Amputação completa ou total: o segmento é totalmente separado do
corpo;
✓ Amputação parcial: o sangramento tem 50% de área de solução de
continuidade com o corpo;
✓ Desenluvamento: quando a pele e o tecido adiposo são arrancados
sem lesão do tecido subjacente.
Conduta:
✓ Sempre iniciar com ABCDE, da vida;
✓ Controlar a hemorragia; e
✓ Tratar o estado de choque, caso este esteja presente, em caso de
grandes hemorragias.
Cuidados com o segmento amputado:
✓ Limpe com soro fisiológico e/ou água corrente sem imersão em
líquido;
✓ Envolva o membro amputado com uma gaze limpa e estéril ou saco
plástico limpo;
✓ Cubra o coto com uma compressa ou pano limpo;
✓ Proteger o membro amputado com saco plástico;
✓ Colocar o saco plástico em recipiente de isopor com gelo e água ou
água gelada (Jamais colocar o membro amputado em contato direto
com gelo).
• Perfurante - Ferimentos perfurantes e transfixantes são lesões causadas
por perfurações da pele e dos tecidos subjacentes por um objeto. O orifício de
entrada pode não corresponder à profundidade da lesão. Quando um corpo
estranho atravessa o membro, dizemos que há uma ferida transfixante.
O socorrista deverá realizar a limpeza da ferida, imobilizar o corpo estranho e
protegê-lo.
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As lesões penetrantes de tórax devem ser concluídas o mais rápido possível
com um curativo de três pontas, para evitar a aspiração de ar para o espaço
pleural com a formação de pneumotórax aberto e hipertensivo.
O sangramento de uma úlcera gástrica ou duodenal pode fazer com que o
sangue passe para os intestinos, em vez de ser levado para cima
(Hematêmese). Outra doença do estômago e do intestino delgado também
pode resultar num sangramento e na melena. A melena é um indício de uma
doença séria, e precisa do parecer imediato de um médico.
Primeiros socorros
✓ Realize avaliação da vítima (o ABCDE da vida);
✓ Faça compressão direta da lesão;
✓ Eleve as extremidades (braços ou pernas) que estão sangrando
acima do nível do coração;
✓ Manter as compressas que se encharcarem com sangue. Se
necessário, colocar novas compressas secas. O objetivo é não retirar
o coágulo formado;
✓ Fixar a compressa sobre o ferimento com bandagem ou, caso não
disponha de bandagem, manter a compressão abdominal; e
✓ Realizar compressão indireta: comprimir o ponto arterial mais
próximo do local. Os principais pontos de pressão são: temporal,
braquial, femoral, radial e pedioso.
QUEIMADURAS
São lesões na pele, provocadas geralmente pelo calor ou frio, mas que também
podem ser provocadas por diversos outros agentes. As queimaduras têm o potencial de
desfigurar, causar incapacitação temporária ou permanente ou mesmo a morte.
A pele é o maior órgão do corpo. Ela se compõe de 3 (três) camadas. A mais
externa se chama epiderme. Ela serve como barreira entre o ambiente e o nosso corpo.
Camadas da pele
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Abaixo da fina camada de epiderme, há uma camada grossa de tecido conectivo
colágeno, a derme. Nesta camada há importantes nervos sensoriais.
A pele tem muitas funções:
✓ Atuar como barreira mecânica de proteção para manter os líquidos
no interior e prevenir que bactérias e outros micro-organismos
penetrem no corpo.
✓ A pele também é um órgão sensorial vital que envia ao cérebro
dados gerais e específicos acerca do meio ambiente e desempenha
um papel muito importante na regulação da temperatura corporal.
Origem das queimaduras
As queimaduras podem ter origens térmicas, elétricas, químicas ou radioativas.
✓ Térmicas - Causadas pela condução de calor através de líquidos,
sólidos, gases quentes e do calor de chamas.
✓ Radiação - Resulta da exposição solar ou da fonte nuclear.
✓ Elétricas - Produzidas pelo contato com a eletricidade de alta ou
baixa voltagem. Na realidade o dano é ocasionado pela produção de
calor que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o tecido.
São difíceis de avaliar, e mesmo as lesões que parecem superficiais
podem ter danos profundos aos músculos, nervos e vasos. A
eletricidade, principalmente a corrente alternada, pode causar PCR e
lesão do tecido nervoso.
✓ Químicas - Provocadas pelo contato de substâncias corrosivas,
líquidas ou sólidas, com pele.
Gravidade da queimadura
Depende da causa, profundidade, percentual de superfície corporal queimada,
localização, associação com outras lesões, comprometimento de vias aéreas e estado
prévio da vítima.
Grau de acordo com a profundidade:
✓ 1º Grau (espessura superficial) - Lesão das camadas superficiais da
pele, atingindo apenas a epiderme. Apresenta eritema
(vermelhidão), dor local suportável e inchaço.
✓ 2º Grau (espessura parcial) - Lesão das camadas mais profundas da
pele, atingindo a epiderme e a derme. Apresenta eritema
(vermelhidão), formação de flictenas (bolhas), inchaço (edema), dor
e ardência locais, de intensidades variadas.
✓ 3º Grau (espessura total) - Lesão de todas as camadas da pele,
comprometendo os tecidos mais profundos, podendo ainda alcançar
o tecido subcutâneo. Estas queimaduras se apresentam secas,
esbranquiçadas com aspecto semelhante a coro. Com pouca ou
nenhuma dor local. Não ocorrem bolhas.
✓ 4º grau - Acometem todas as camadas da pele, mas também o
tecido adiposo, músculo, ossos, ou órgãos internos.
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• Cuidado da vítima - O resfriamento, a água corrente ou soro fisiológico
deverá ser realizado imediatamente. Ao resfriar por período prolongado,
estaremos provando hipotermia e consequentemente a um estado de
choque.
Use lençóis ou cobertores secos para manter a vítima protegido evitando a
hipotermia. A vítima deve ser coberta mesmo que o ambiente não esteja
frio, por que a pele lesionada perde a capacidade de regular a temperatura
corporal. As vítimas nunca devem ser transportadas com lençóis úmidos,
toalhas, nem roupas úmidas e o gelo está completamente contraindicado.
O gelo irá piorar a lesão devido à má oxigenação gerada pelo vaso
constrição.
Na sua avaliação da vítima queimada, observe e registre o tipo de
mecanismo da queimadura e as circunstâncias particulares tais como:
explosões, choque elétrico, exposição a produtos químicos, etc.
Realize uma avaliação secundária nas vítimas estáveis. Esta avaliação deve
incluir especificamente uma valorização da queimadura com estimação da
profundidade com base na aparência e um cálculo aproximado do tamanho
da queimadura. Estes dados são importantes para determinar o nível de
atenção médica que poderia ser apropriado para a vítima de queimadura.
Regra dos nove
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• Queimaduras químicas - Existem numerosas substâncias capazes de
causar lesões químicas.
Algumas substâncias podem ser voláteis e causar lesão por inalação ou
mesmo envenenamento. O básico que o socorrista deve saber é o
seguinte:
✓ Tentativas de neutralização química da substância podem gerar
reações com produção de calor e piorar a lesão.
✓ O socorrista pode se contaminar e se transformar em uma vítima.
Conduta:
✓ Use luvas, óculos de proteção e vestes próprias em alguns casos.
✓ Remova as vestes contaminadas da vítima.
✓ Escove resíduos sólidos da pele da vítima antes da irrigação.
✓ Irrigue com água por 15 minutos os produtos químicos, a não ser
que a condição seja crítica e se necessite transportar a vítima mais
precocemente.
OBS.: Consultar a FISPQ e MSDS.
EMERGÊNCIAS CLÍNICAS
Síncope
O desmaio é cientificamente chamado de
síncope e pode ser descrito como uma abrupta
perda da consciência, associada à perda do tônus
postural (perda da capacidade de permanecer
em pé), seguida de uma rápida e completa
recuperação, ou seja, a pessoa perde a
consciência e cai, acordando logo a seguir sem
sequelas. A síncope não é uma doença, é um
sintoma de alguma doença.
Existem várias causas para o desmaio. Em
muitos casos, a origem é apenas um excesso de emoção, calor intenso, nervosismo,
etc, porém algumas doenças também podem se manifestar através de desmaios
frequentes.
Quando a síncope é um evento isolado na vida da pessoa, em geral, as causas
são benignas. Porém, se o paciente apresenta quadros repetidos de síncope ao longo de
vários dias ou semanas, o mais provável é que haja alguma doença por trás,
habitualmente de origem neurológica ou cardíaca.
Se a pessoa tem quadros de tonturas, sensação de que vai cair por perda da
força, mas em momento algum perde a consciência, isso é chamado de pré-síncope.
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• Convulsão - A convulsão é um distúrbio elétrico (arritmia) nas células
nervosas em uma seção no cérebro, fazendo com que elas emitam
descargas elétricas anormais, recorrente ou descontroladas. A convulsão
epiléptica característica é uma manifestação destas descargas neuronal
excessiva.
Causas de convulsão:
✓ Traumatismo crânio- encefálico.
✓ Toxicidade (monóxido de carbono e intoxicação por chumbo).
✓ Febre.
✓ Intoxicação por drogas ou álcool.
✓ Tumores cerebrais e abscessos.
✓ Epilepsia.
As convulsões podem variar desde um simples episódio de estremecimento
até movimentos convulsivos prolongados, com perda da consciência.
• Sinais de convulsão - Pode haver intensa rigidez de todo o corpo,
seguida por alternâncias em surtos de relaxamento e contração
musculares. As contrações simultâneas do diafragma e dos músculos
torácicos podem produzir um choro epiléptico característico. A língua é
frequentemente mastigada, e a vítima exibe incontinência urinária e fecal.
Depois os movimentos convulsivos começam a diminuir.
Siga estas orientações gerais:
✓ Examine a respiração da vítima;
✓ Posicione a vítima lateralmente para evitar que se engasgue com o
vômito espontâneo;
✓ Leve-a imediatamente ao hospital; e
✓ Afaste os objetos ao redor.
Hipertensão arterial
Hipertensão, usualmente chamada de
pressão alta, quando a pressão arterial sistólica
encontra-se, sistematicamente, igual ou superior
a 140mmHg e a pressão arterial diastólica igual
ou superior a 90mmHg. A pressão se eleva por
vários motivos, mas principalmente devido a
contração dos vasos sanguíneos. O coração e os
vasos podem ser comparados a uma torneira
aberta ligada a vários esguichos. Se fecharmos a
ponta dos esguichos a pressão lá dentro aumenta. O mesmo ocorre quando o coração
bombeia o sangue. Se os vasos são estreitados a pressão sobe.
Hipertensão arterial é uma das doenças mais comuns no mundo, acometendo
cerca de um terço da população adulta do planeta. Nas últimas décadas o número de
hipertensos tem aumentado progressivamente devido a fatores como maior expectativa
de vida, maior incidência de obesidade, sedentarismo e maus hábitos alimentares.
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São sinais e sintomas:
✓ Dor de cabeça;
✓ Cansaço;
✓ Dor no pescoço;
✓ Dor nos olhos;
✓ Sensação de peso nas pernas;
✓ Palpitações.
Achar que é possível estimar se a pressão arterial está alta ou normal baseado na
presença ou na ausência de sintomas é um erro muito comum.
Vários fatores podem alterar a pressão arterial, entre eles, estresse, esforço
físico, uso de bebidas alcoólicas, cigarro, etc. A maioria das pessoas só procura aferir a
pressão após eventos de estresse emocional ou dor de cabeça, situações que por si só
podem aumentar os níveis tensionais.
A pressão alta atinge várias estruturas do organismo, como os vasos sanguíneos,
coração, rins e cérebro. Nossos vasos sanguíneos são recobertos internamente por uma
camada muito fina e delicada, que é ferida quando o sangue está circulando com
pressão elevada. Com isso, os vasos se tornam endurecidos e estreitados podendo, com
o passar dos anos, entupir ou romper. Quando um vaso encontra-se ocluído, pode
ocorrer a morte de células cardíacas, causando um infarto. No cérebro, o entupimento
ou rompimento de um vaso, leva ao "derrame cerebral" ou AVC. Nos rins podem ocorrer
alterações na filtração até a paralisação dos órgãos.
A hipertensão está associada a diversas doenças graves como:
✓ Insuficiência cardíaca;
✓ Infarto Agudo do Miocárdio;
✓ Arritmias cardíacas;
✓ Morte súbita;
✓ Aneurismas;
✓ Perda da visão (retinopatia hipertensiva);
✓ Insuficiência renal crônica;
✓ Demência por micro infartos cerebrais; e
✓ Arteriosclerose.
A hipertensão arterial raramente tem cura e o objetivo do tratamento é fazer o
controle da pressão arterial, evitando assim, consequências mais graves.
Uma vez feito o diagnóstico, todos os indivíduos devem se submeter a mudanças
de estilo de vida antes de se iniciar terapia com medicamentos.
As principais são:
✓ Redução de peso;
✓ Exercícios físicos;
✓ Não fazer uso de tabaco;
✓ Reduzir o consumo de álcool;
✓ Reduzir consumo de sal;
✓ Reduzir consumo de gordura saturada;
✓ Aumentar consumo de frutas e vegetais.
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A redução da pressão com essas mudanças costuma ser pequena e dificilmente
uma pessoa com níveis pressóricos muito altos (maior que 160/100 mmHg) atinge o
controle sem a ajuda dos remédios. Todavia, nas hipertensões leves, há casos em que
apenas com controle do peso, dieta apropriada e prática regular de exercícios físicos
consegue-se o controle da pressão arterial. A grande dificuldade é que a maioria dos
paciente não aceita mudança nos hábitos de vida e acabam tendo que tomar
medicamentos para fazer o controle da pressão.
Diabetes
É uma doença crônica (dura a vida
toda) marcada pelos altos níveis de glicose no
sangue devido à falta ou a baixa produção de
insulina.
A insulina é um hormônio produzido
pelo pâncreas que é necessário para as células
poderem usar o açúcar do sangue, realizando
o controle do açúcar (glicose). O diabetes
também pode ser ocasionado por carência de
insulina, pela resistência a esse hormônio ou pelas duas razões.
Para compreender o diabetes, é importante primeiro entender o processo normal
pelo qual a comida é quebrada e usada pelo corpo como energia.
Diversos processos acontecem quando o alimento é digerido:
✓ Um açúcar chamado glicose entra na circulação sanguínea. A glicose
é uma fonte de combustível para o corpo;
✓ Um órgão chamado pâncreas produz a insulina. O papel da insulina
é levar a glicose da corrente sanguínea até as células dos músculos,
de gordura e do fígado, onde esse açúcar é usado como
combustível.
Existem dois tipos básicos de diabetes:
✓ Diabetes tipo 1: que também é conhecido como diabetes
insulinodependente, costuma ser diagnosticado na infância. Neste tipo
de diabetes a produção de insulina do pâncreas é insuficiente, pois suas
células sofrem o que chamamos de destruição autoimune. Os portadores
de diabetes tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para
manterem a glicose no sangue em valores normais. Há risco de morte se
as doses de insulina não forem dadas diariamente. A causa exata é
desconhecida. A genética, os vírus e os problemas autoimunológicos
podem ter uma participação.
✓ Diabetes tipo 2: que também conhecido como diabetes não
insulinodependente ou diabetes do adulto, corresponde a 90% dos casos
de diabetes. Ocorre geralmente em pessoas obesas com mais de 40
anos de idade embora atualmente observe-se com maior frequência em
jovens, em virtude de maus hábitos alimentares, sedentarismo e stress
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da vida urbana. Neste tipo de diabetes encontra-se a presença de
insulina na corrente sanguínea, porém sua ação é dificultada pela
obesidade, o que é conhecido como resistência insulínica, o pâncreas
também pode estar produzindo insulina em quantidade insuficiente para
manter os níveis normais de açúcar no sangue. Por ser pouco
sintomática o diabetes na maioria das vezes permanece por muitos anos
sem diagnóstico e sem tratamento o que favorece a ocorrência de suas
complicações no coração e no cérebro.
Fatores de risco:
✓ Familiares diretos portadores de diabetes;
✓ Idade maior que 45 anos;
✓ Obesidade;
✓ Hipertensão;
✓ Colesterol elevado; e
✓ Mulheres com antecedentes de filhos nascido com mais de 4,0kg.
Sintomas:
Aproximadamente metade dos portadores de diabetes tipo 2 desconhecem sua
condição, uma vez que a doença é pouco sintomática. O diagnóstico precoce do
diabetes é importante, pois o tratamento evita suas complicações. Quando presentes os
sintomas mais comuns são:
✓ Aumento da micção, inclusive acordar várias vezes durante a noite
para urinar;
✓ Aumento excessivo da sede;
✓ Aumento do apetite;
✓ Perda de peso – em pessoas obesas a perda de peso ocorre mesmo
estando comendo de maneira excessiva;
✓ Cansaço;
✓ Vista embaçada ou turva; e
✓ Infecções frequentes, sendo as mais comuns, as infecções de pele.
No diabetes tipo 2 estes sintomas quando presentes se instalam de maneira
gradativa e muitas vezes podem não ser percebidos. Ao contrário, no diabetes tipo 1 os
sintomas se instalam rapidamente, especialmente, a micção e sede excessiva e o
emagrecimento.
Um exame de urina pode ser feito para identificar glicose e cetonas resultantes
da quebra de gordura. Entretanto, somente um exame de urina não diagnostica o
diabetes.
Teste oral de tolerância à glicose – o diabetes é diagnosticado quando o nível de
glicose é maior que 200 mg/dL após 2 horas. (Este teste é mais usado para diabetes
tipo 2.)
Os objetivos imediatos são tratar a cetoacidose diabética e os altos níveis de
glicose sanguínea. Como o diabetes tipo 1 começa subitamente e tem sintomas graves,
as pessoas que acabaram de ser diagnosticadas podem precisar ir ao hospital.
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Os objetivos do tratamento em longo prazo são:
✓ Prolongar a vida;
✓ Reduzir os sintomas; e
✓ Impedir as complicações relacionadas com as doenças, tais como
cegueira, doença cardíaca, insuficiência hepática e amputação de
membros.
Essas metas são obtidas por meio de:
✓ Controle da pressão arterial e do colesterol;
✓ Autotestes cuidadosos dos níveis de glicemia;
✓ Medidas educativas;
✓ Prática de exercícios físicos regularmente;
✓ Cuidados com os pés;
✓ Planejamento das refeições e controle do peso; e
✓ Uso de medicamentos ou de insulina.
Não há cura para o diabetes. O
tratamento consiste em remédios, dieta e
prática de exercícios físicos para controlar
a glicemia e impedir os sintomas.
Infarto
O infarto do miocárdio é um
processo de necrose tecidual de parte do
músculo cardíaco por falta de aporte
adequado de nutrientes e oxigênio.
Ocorre pela redução do fluxo sanguíneo coronariano de magnitude e duração suficiente
para não ser compensado pelas reservas do organismo. A causa habitual da morte das
células do músculo cardíaco é o fechamento total ou parcial de uma artéria coronariana,
esta pode ter ocorrido pela formação de um coágulo sobre uma área previamente
comprometida.
Com a supressão total ou parcial da oferta de sangue ao músculo cardíaco, ele
sofre uma lesão irreversível, parando de funcionar corretamente, o que pode levar à
morte súbita, morte tardia ou insuficiência cardíaca com consequências que podem
levar o indivíduo a severas limitações da atividade física.
O infarto do miocárdio pode também acontecer em pessoas que têm as artérias
coronárias normais. Isso acontece quando as coronárias apresentam um espasmo,
contraindo-se violentamente e também produzindo um déficit parcial ou total de
oferecimento de sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso contraído. Esse tipo de
espasmo também pode acontecer em vasos já comprometidos pela aterosclerose.
Fatores de risco:
✓ Colesterol alto;
✓ Hipertensão arterial;
✓ Tabagismo;
✓ Obesidade;
✓ Sedentarismo;
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✓ Diabetes Mellitus;
✓ Idade (risco aumentado para homens acima de 45 anos e para
mulheres acima de 55 anos).
Sinais e sintomas:
✓ Dor ou desconforto intenso retroesternal (atrás do osso do esterno,
no meio do peito), superior a 5 minutos, podendo irradiar-se para o
pescoço, mandíbula, membros superiores e dorso;
✓ Náusea, vômito, sudorese e palidez;
✓ Ansiedade, agitação e sensação de morte iminente;
✓ Falta de ar; e
✓ Sensação de azia.
Os médicos alertam que nem todos estes sintomas ocorrem em cada ataque.
Algumas vezes podem ir e voltar.
Cuidados imediatos:
✓ Manter o indivíduo calmo e em uma posição confortável, de
preferência semi-sentado, tórax elevado em um ângulo de 45 °;
✓ Checar os sinais vitais;
✓ Folgar roupas; e
Verificar se o indivíduo faz uso de remédio.
AVC ( Acidente Vascular Cerebral)
AVC é uma desordem do sistema cardiovascular, causada
por oclusão ou ruptura de um dos vasos que suprem o cérebro
de sangue. Embora ocorram predominantemente nas pessoas
mais idosas, frequentemente surpreendem jovens,
comprometendo sua capacidade laborativa.
• Acidente Vascular Cerebral Isquêmico - O vaso pode ser obstruído por
trombo ou êmbolo, ou sua luz comprimida por tumor ou trauma. Como
resultado, a função de parte do cérebro que depende do sangue oxigenado
será afetada. A causa mais frequente é a aterosclerose cerebral.
• Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico - Ruptura da parede de um
vaso sanguíneo provocando hemorragia cerebral. Parte do cérebro ficará
comprometida pela falta de oxigênio e poderá haver aumento da pressão
intracraniana. Essa situação é de maior gravidade pelo risco de
compressão de áreas cerebrais responsáveis pelas funções vitais.
Sinais e Sintomas - Dependem do vaso lesado e da importância funcional
da área cerebral envolvida.
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Podem surgir:
✓ dor de cabeça, tontura, confusão mental;
✓ perda de função ou paralisia de extremidades (geralmente de um
lado do corpo);
✓ paralisia facial (perda de expressão, geralmente de um lado da face,
com defeito na fala); e
✓ pupilas desiguais, pulso rápido, respiração difícil, convulsão, coma.
Atendimento de Emergência no Pré-hospitalar
✓ Assegurar abertura e manutenção de vias aéreas;
✓ Tranquilizar o paciente e mantê-lo em repouso na posição semi-
sentado;
✓ Monitorar sinais vitais;
✓ Reavaliar nível de consciência
✓ Não administrar nada via oral;
✓ Mantê-lo aquecido;
✓ Administrar O2;
✓ Aguardar orientações médicas; e
✓ Transportar ao hospital.
RESGATE E TRANSPORTE DE
VÍTIMA
O conhecimento das várias técnicas de
resgate incluindo suas indicações e
contraindicações é muito importante para um bom
atendimento pré-hospitalar. O emprego da técnica
incorreta pela equipe de resgate é arriscado para a
vítima, que pode desenvolver o “segundo trauma”,
e para o próprio socorrista, que pode desenvolver lesões musculares ou de coluna
vertebral. A escolha de estratégias de transporte varia com a situação, risco no local,
número de resgatistas e estabilidade da vítima.
Transporte de emergência
Em situações de risco iminente no local é necessário remover a vítima
rapidamente. O transporte de emergência é empregado em incêndios, desabamentos,
tiroteios etc. a manobra a ser utilizada depende do peso da vítima, tipo de terreno,
equipamento e número de socorrista. Pode haver segundo trauma, pois existe
movimentação significativa da coluna.
Somente remova o acidentado se for absolutamente necessário, caso contrário,
aguarde um médico ou socorro especializado. Antes de remover a vítima, alguns
cuidados devem ser levados em consideração.
Resgate
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✓ Controlar as hemorragias, para evitar um sangramento abundante e
o risco de entrar em choque.
✓ Se houver suspeita de fraturas, principalmente nos casos de quedas
de uma altura ou atropelamento, imobilize o local da possível
fratura.
✓ Caso haja parada cardiorrespiratória, iniciar imediatamente a
respiração artificial e massagem cardíaca.
Prioridade na remoção:
✓ Vítimas de urgência (melhores condições)
Prioridade no atendimento:
✓ Vítimas de emergência (risco de morte eminente)
Transporte de acidentado
Os acidentados com fratura no pescoço e suspeita de lesão da medula não devem
ser removidos, até que chegue socorro médico.
Observação: pode acontecer de, em algumas situações, o socorrista estar
sozinho na prestação de auxílio à vítima, e necessitar removê-la, especialmente em
casos de perigo iminente. Para que este transporte seja possível, o conhecimento de
algumas técnicas será importante.
Não se esqueça: a maca é o melhor meio de transporte.
• Transporte com dois socorristas - Duas pessoas formam uma cadeira
improvisada, colocando os braços da vítima por sobre seus ombros, e com
um dos braços apoiando as costas da vítima. O outro braço segura na
altura da coxa da vítima retirando-a do solo com um movimento direto e
sincronizado.
Resgate com um socorrista
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Elevação manual com seis socorristas
✓ Os socorristas um, dois e três se ajoelham do lado esquerdo da
vítima e os socorristas quatro, cinco e seis se ajoelham do lado
direito;
✓ Os socorristas um e quatro ficam perto da cabeça, colocando um
braço sob o pescoço da vítima e o outro sob a região do tórax. Os
socorristas dois e cinco colocam os braços sob a região lombar e
pélvica. Os socorristas quatro e seis colocam os braços sob a região
da coxa e tornozelo;
✓ Após o comando do líder a vítima é elevada do solo e apoiado nas
coxas dos socorristas com movimento sincronizado.
✓ Os seis socorristas ficam de pé com movimento simultâneo, após
comando do líder que é o socorrista um.
Resgate com dois socorristas
Resgate com seis socorristas
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• Estabilização da coluna cervical - A
estabilização da cervical é uma etapa
muito delicada, pois a coluna vertebral
é uma estrutura que abriga um feixe
de nervos que levam e trazem
estímulos do cérebro para todos os
órgãos e músculos do corpo, portanto
um movimento realizado de forma
incorreta pode agravar muito o estado
da vítima. Quanto mais próximo do crânio, mais grave será a lesão, por
isso que área da cervical é a mais frágil e que requer um cuidado maior.
Lembre-se: Toda vítima de trauma possui lesão na cervical, até que se
prove o contrário.
Maca/Talas de imobilização
Talas
Colete imobilizador
dorsal
Salvamento com colete
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COMBATE A INCÊNDIO
TEORIA DO FOGO - O QUE É FOGO?
É o processo de combustão que se desenvolve em alta velocidade acompanhado
do desprendimento de energia sob forma de luz e calor. Antes de seu controle pelo
homem somente ocorria espontaneamente através de manifestações da natureza como
raios, erupções vulcânicas, etc. Após a sua descoberta, o homem passou a utilizá-lo em
uma enorme gama de atividades, caseiras e profissionais. Sua conceituação científica
somente ocorreu no século XVIII com o químico francês Antoine Lavoisier (1743-1794)
que estabeleceu as bases do fenômeno da combustão.
COMBUSTÃO
A combustão é uma reação química chamada de oxigenação, onde um material
combustível reage com a presença do Oxigênio (comburente) e, ao ser exposta a uma
fonte de calor resulta numa liberação de energia na forma de chama aquecida,
luminosidade e gases. Além disso, durante essa reação ocorre o desaparecimento de
uma ou mais substâncias, e o consequente aparecimento de outras características
diferentes. Por exemplo, a combustão de um pedaço de madeira dá origem a cinzas e
outra substância que se desprende sob forma de gás (dióxido de carbono).
Formas de combustão
Para que haja combustão é necessário que o oxigênio contido no ar atmosférico
esteja em uma concentração entre o mínimo de 8% e o máximo de 21%.
De 16% a 21% chamamos de combustão Viva ou Completa, onde ocorre o
desprendimento de LUZ e CALOR. O gás produto dessa reação é o Gàs Carbônico (CO2).
De 8% a 15% chamamos de Combustão Lenta ou Incompleta, não ocorre o
desprendimento de LUZ. O gás produto dessa reação é o Monóxido de Carbono (CO).
De 0% a 7% não há combustão.
A Combustão pode ser:
• Combustão Completa (viva):
✓ Gasolina em chamas;
✓ Fogo em papel, madeiras;
✓ Toda a forma de combustão em que haja CHAMA (LUZ) e CALOR.
• Combustão incompleta (lenta):
✓ Oxidação do ferro; e
✓ Combustão de corpos em atmosfera contendo Oxigênio na faixa de 8
a 15%.
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Características dos elementos
• Combustível - É tudo aquilo (material) capaz de pegar fogo, de queimar
e alimentar a combustão.
Quanto ao estado físico podem ser:
✓ Sólidos (madeira, papel, tecido, carvão, ferro, etc);
✓ Líquidos (gasolina, óleo, álcool, queronese, etc);
✓ Gasosos (butano, metano, etano,etc).
Quanto à volatilidade, ou seja, a sua facilidade de liberar vapores, podem
ser:
✓ Voláteis (álcool, éter, benzeno, etc) – em condições normais de
temperatura e pressão desprendem vapores capazes de se
inflamarem;
✓ Não voláteis (óleo combustível, óleo lubrificante, etc) – em
condições normais de temperatura e pressão, desprendem vapores
inflamáveis após o aquecimento acima da temperatura ambiente.
• Comburente (Oxigênio) - É todo elemento que alimenta e sustenta a
combustão. É o comburente mais encontrado na natureza. Encontramos na
atmosfera na porcentagem de 21%. Todos os combustíveis para entrarem
em combustão necessitam do comburente.
TEMPERATURA - FONTES DE IGNIÇÃO
Quando se atinge a temperatura de ignição, os combustíveis começam a emanar
vapores que em contato com o ar, podem iniciar e manter ou não a combustão. As
fontes de ignição mais conhecidas são: Elétrica (curtos circuitos em equipamentos é a
fonte de ignição mais comum); Mecânica (atrito); Química: reação química exotérmica.
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PONTO DE FULGOR
Segundo a NBR 13.860/1977. É a “Menor temperatura na qual um combustível
emite vapores em quantidade suficiente para formar uma mistura com o ar na região
imediatamente acima da sua superfície, capaz de entrar em ignição quando em contato
com uma chama, e não mantê-la após a retirada da chama”. A chama surge como um
flash luminoso, cotudo, logo se apaga.
PONTO DE COMBUSTÃO
Segundo a NBR 13.860/1997. É a “Menor temperatura na qual um combustível
emite vapores em quantidade suficiente para formar uma mistura com o ar na região
imediatamente acima da sua superfície, capaz de entrar em ignição quando em contato
com uma chama, e manter a combustão após a retirada da chama”.
PONTO DE AUTOIGNIÇÃO
Segundo a NBR 13.860/1997. É a “Menor temperatura na qual um combustível
emite vapores em quantidade suficiente para formar uma mistura com o ar na região
imediatamente acima da sua superfície, capaz de entrar em ignição quando em contato
com o ar”. Neste ponto, a ignição idenpende de uma fonte externa de calor.
COMBUSTÃO ESPONTÂNEA
Fenômeno que ocorre em determinadas circunstâncias quando materiais
orgânicos, por si só, podem entrar em combustão devido à geração de calor e a
liberação de vapores em quantidades suficientes. É a combustão resultante de auto-
aquecimento, sem aplicação de calor externo.
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EXPLOSÃO
Segundo a NBR 13.860/1997, é o “Fenômeno acompanhado de rápida expansão
de um sistema de gases, seguida de uma rápida elevação na pressão; seus principais
efeitos são o desenvolvimento de uma onda de choque e ruído”.
As explosões são caracterizadas por uma liberação de energia tão rápida que
aparentemente podem ser consideradas como instantâneas. A explosão é um efeito,
não uma causa. Analisando causas, as explosões podem ser classificadas em quatro
tipos principais:
✓ liberação de energia gerada por rápida oxidação. Ex: explosão de
mistura de vapor, gasolina e ar;
✓ liberação de energia gerada por rápida decomposição. Ex: explosão
de dinamite;
✓ liberação de energia causada por pressão excessiva: Ex: explosão
de caldeira, ruptura de tambores, ou causadas pelo enfraquecimento
de um recipiente de pressão, tal qual o rompimento de um cilindro
contendo GLP devido ao impingimento de uma chama acima da
superfície líquida; e
✓ liberação de energia criada pela fissão ou fusão nuclear. Ex:
explosão de uma bomba de hidrogênio ou de urânio.
Explosivos tais como, nitroglicerina e outros mais, apresentam enorme perigo
quando ameaços por um incêndio. A providência imediata a tomar será sempre afastá-
los das proximidades do fogo ou alagar com água os locais onde se encontram
armazenados.
Explosão
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Faixa de explosividade
Um gás ou o vapor inflamável desprendido de um combustível tem que se
misturar com o ar na proporção ideal para se transformar numa atmosfera explosiva.
Essa mistura que irá se incendiar é diferente para cada tipo de gás inflamável. O limite
de explosividade mede a concentração mínima ou máxima de gases/vapores
desprendidos de uma determinada substância inflamável que, misturados com o
oxigênio na proporção ideal, criam uma atmosfera explosiva.
Não haverá combustão se:
a. Não houver fonte de ignição;
b. Não houver combustível; e
c. A mistura Ar (comburente) + Combustível estiver rica ou pobre.
A NBR 17.505-1/2013 define a faixa de explosividade como a “Faixa de
concentração de um gás ou vapor, em que pode ocorrer combustão ou explosão na
presença de uma fonte de ignição”. Sua importância é reconhecida quando passamos a
definir o LIE – Limite Inferior de Explosividade e o LSE – Limite Superior de
Explosividade.
• Limite Inferior de Explosividade – LIE - O LIE é a menor concentração
da mistura ar+combustível (Gás / Vapor) capaz de produzir combustão ou
explosão. Logo, se a mistura estiver abaixo será considerada pobre e não
haverá combustão. Se a mistura estiver acima será considerada ideal
ocorrendo então à combustão.
• Limite Superior de Explosividade – LSE - O LSE é a maior concentração
de gás ou vapor, capaz de produzir combustão ou explosão. Logo, se a
mistura estiver acima será considerada rica e não haverá combustão. Se a
mistura estiver abaixo será considerada ideal ocorrendo à combustão.
ELETRICIDADE ESTÁTICA
É o cúmulo de energia de um corpo em relação ao outro, geralmente em relação
à terra. Forma-se, na grande maioria dos casos, por atrito, sendo praticamente
impossível de ser eliminada. A providência que pode ser tomada é impedir o seu
acúmulo antes que atinja potenciais perigosos (capazes de propiciar um
centelhamento), através do aterramento do equipamento a ela sujeito, isto é, ligando a
carcaça do equipamento à terra, por meio de um condutor. Quase todos os
equipamentos estão sujeitos a atrito e, portanto, à formação de eletricidade estática.
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MÉTODOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR
O calor é uma forma de energia que se manifesta pela aceleração do movimento
das moléculas, e se traduz pelo aumento da temperatura do material que absorve esta
energia.
A transmissão do calor ocorre de três formas:
• Condução - É a transmissão de calor de
molécula para molécula quando colocamos
em contato dois corpos com temperaturas
diferentes. O corpo mais aquecido cede calor
para o menos aquecido e ambos atingem a
temperatura ambiente. Ex. Vigas de aço,
anteparas de aço, etc.
• Radiação - O calor é transferido de
um corpo para o outro por meio de
raios caloríficos através do espaço,
de maneira muito semelhante à
transferência de luz pelos raios
luminosos. As ondas de calor
atingem os objetos, aquecendo-os.
Ex: O calor que vem do sol, de uma
fogueira, um incêndio.
• Convecção - É o método de transmissão
de calor característico dos líquidos e gases.
Consiste na propagação de calor através de
uma massa fluida (líquida ou gás), na qual
se formam correntes ascendentes no seio
da massa fluída, circulando e aquecendo
objetos distantes nos compartimentos.
O ar aquecido dilata-se e se eleva, e por
essa razão a transferência de calor por
convecção faz-se, sobretudo, numa direção
ascendente. Ex: nas edificações, essas
correntes de convecção ocorrem através
dos dutos de ventilação ou pelos vãos de
elevadores ou escalas, criando o chamado efeito chaminé. Muitas vezes,
devido à falta de providências, incêndios aparentemente inexplicáveis,
longe de foco principal poderão se formar e inutilizar todo o trabalho de
extinção realizado no compartimento no qual o fogo se originou.
Condução
Radiação
Convecção
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Este método de transmissão de calor é o responsável pelo efeito chaminé,
ou seja, pela definição da NBR 13.860/1997.
CLASSES DE INCÊNDIO
A classificação dos incêndios é feita de acordo com os materiais envolvidos, bem
como a situação em que se encontram. É importante classificarmos os incêndios para
que possamos escolher o método de extinção e agente extintor adequado. A
classificação didática na qual se definem incêndios de diferentes naturezas no Brasil, foi
elaborada pela NFPA – National Fire Protection Assosciation.
• Classe A - Incêndio em materiais combustíveis sólidos.
São materiais de fácil combustão. Possuem as
características que queimarem em sua superfície e em
profundidade (o fogo penetra no material combustível).
Deixam muitos resíduos (brasas ou cinzas). Ex: madeira, papel, tecidos,
borrachas, etc.
• Classe B - Incêndio em líquidos e gases inflamáveis ou
combustíveis sólidos que se liquefazem por ação do calor.
Possuem a característica de queimarem somente em sua
superfície, não deixando resíduos. O fogo alastra-se por
toda a sua superfície em grande velocidade. Necessitam de grandes
quantidades de oxigênio para o seu desenvolvimento e geram bastante
calor. Verificam-se no caso dos líquidos inflamáveis. Ex: óleo, gasolina,
álcool, querosene, graxas, vernizes, tintas, acetona, cera e gazes como
butano, metano e propano.
• Classe C - São aqueles que ocorrem nos equipamentos
elétricos/eletrônicos energizados. Alguns aparelhos
permanecem com carga (energia) acumulada durante
algum tempo, mesmo que já tenha sido desligado. Sendo
assim, são denominados incêndios Classe C qualquer incêndio que envolva
equipamento elétrico/eletrônico, ainda que o mesmo já tenha sido
desligado.
• Classe D - São aqueles que ocorrem envolvendo
materiais pirofóricos (metais). É caracterizado por uma
queima em altas temperaturas e de intensa luminosidade.
Ex: magnésio, titânio, zircônio, sódio, lítio, cádmio, etc.
Um material pirofórico segundo a NBR 13.860/1997 é a “substância líquida
ou sólida que, em condições normais de temperatura e pressão, reage
violentamente com o oxigênio do ar atmosférico ou com a umidade
existente, gerando calor, gases inflamáveis e fogo”.
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MÉTODO DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIO
São técnicas que se baseiam na remoção de um ou mais elementos que
constituem o “Triângulo do Fogo”. Porém, levando-se em consideração a moderna
teoria do “Tetraedro do Fogo”, a extinção pode ser de quatro maneiras: resfriamento,
abafamento, isolamento e quebra de reação em cadeia.
• Resfriamento - Consiste em reduzir a
temperatura do material abaixo da
temperatura de ignição, ou até um ponto
determinado em que não ocorra a emanação
de vapores inflamáveis. Mais eficiente para os
sólidos em geral.
• Abafamento - Consiste na supressão do
oxigênio, na diminuição de sua concentração
nas proximidades de combustível para um
valor abaixo de 16%. Não havendo o
comburente, não haverá combustão, com
exceção daquelas substâncias que não
possuem o oxigênio em sua composição
molecular e queima sem necessidade de
oxigênio, como o fósforo branco. Mais
eficiente nos líquidos inflamáveis.
• Isolamento - Consiste na retirada do
combustível que está alimentando a
combustão, podendo ser parcial ou total,
diminuindo o tempo de duração do incêndio ou
extinguindo o incêndio. É o que ocorre quando
fechamos uma válvula ou interrompemos um
vazamento de algum produto inflamável.
• Quebra de Reação em Cadeia - Consiste na
introdução de determinadas substâncias
estranhas à reação química da combustão com
o propósito de inibi-la.
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AGENTES EXTINTORES
Qualquer substância aplicada ao fogo agirá com o processo da combustão,
resfriando, abafando ou quebrando a reação em cadeia do fogo, proporcionando a sua
extinção.
Água
É o mais conhecido e o mais utilizado devido sua eficiência e baixo custo. A água
em contato com altas temperaturas reage se evaporando, e aumenta o seu volume em
cerca de 1.700 vezes. Com esse aumento cria-se um bolsão de vapor d’água,
deslocando-se no ar diminuindo a quantidade de oxigênio e resfriamento o material, daí
sua principal propriedade extintora – resfriamento. Reduz a temperatura para valores
abaixo do ponto de fulgor, evitando a reignição do incêndio. É indicado para incêndios
Classe A. São encontrados nas redes de incêndio, aparelhos portáteis e sistemas fixos
(sprinklers). É um excelente condutor de eletricidade, por isso nunca deverá ser usada
nos incêndios Classe C.
Espuma (LGE)
Formada por pequenas bolhas aderentes entre si, constituindo-se num verdadeiro
cobertor que, ao ser aplicado, repousa sob a superfície do material incendiado,
impedindo o fornecimento do oxigênio necessário para a continuação da combustão, o
LGE – Líquido Gerador de espuma, segundo a NBR 13.860/1997 é “Concentrado em
forma de líquido de origem orgânica ou sintética que, misturado com a água, forma
uma solução que, sofrendo um processo de batimento e aeração, produz espuma”.
A espuma é o melhor agente extintor indicado para incêndios Classe B
envolvendo os líquidos inflamáveis. A sua propriedade extintora principal ocorre por
abafamento.
As características da espuma são:
✓ Previne a radiação de calor, pois as chamas ficam separadas do
combustível;
✓ A viscosidade da massa de espuma evita a formação de vapores
logo acima do líquido;
✓ Adere facilmente para a formação de uma cobertura;
✓ Estabilidade;
✓ Resistente ao calor; e
✓ Intolerância com líquidos combustíveis.
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Gás Carbônico (CO2)
É um gás inerte, mais pesado que o ar e não condutor de eletricidade. É gás
asfixiante, devendo ter muito cuidado ao ser empregado em compartimentos fechados.
Seu método de extinção é agir por abafamento, ou seja, retira o oxigênio das
proximidades do incêndio. É chamado de agente limpo, ou seja, não deixa resíduo. É
um excelente agente indicado para incêndios de Classe C, podendo também ser
utilizado em líquidos inflamáveis, incêndios Classe B. É encontrado em aparelhos
portáteis e não portáteis (cilindros pressurizados de alta pressão) e em sistemas fixos.
Agentes Limpos (Halogenados)
Com o protocolo de Montreal em 1987, todos os órgãos ambientais competentes
se comprometeram a eliminar a utilização do Halon devido aos danos da camada de
ozônio e para que não houvessem prejuízos, várias alternativas foram utilizadas, mas
todas elas requerem substituição do sistema de tubulações e comandos.
O heptafluorpropano é um gás fluorado, também conhecido como HFC-227, FM-
200 ou FE-227, faz parte da nova geração de agentes extintores limpos como
substitutos do Halon 1301. Utilizado em quantidades inferiores aos tradicionais inertes,
oferece grande economia no seu consumo, na sua instalação e na preservação de
equipamentos de alto valor agregado, pois não requer trabalhos com limpeza.
Os benefícios imediatos de um sistema fixo de supressão de fogo por FE-227 são:
✓ Não ataca a camada de ozônio;
✓ Baixo potencial de efeito estufa;
✓ Vida atmosférica curta;
✓ Seguro para áreas ocupadas;
✓ Não é corrosivo;
✓ Requer mínimo espaço de armazenamento;
✓ Diversas aprovações de órgãos internacionais;
✓ Melhor garantia na indústria de proteção de fogo; e
✓ Instalação simplificada.
Já o Pentafluoretano (FE-25) é outro gás fluorado inerte de última geração
lançado como substituto integral do Halon. Com relação ao HFC-225, requer 20%
menos do agente por metro cúbico, possuindo propriedades físicas superiores aos
demais agentes limpos. Atua por resfriamento (retirada da energia da combustão),
absorvendo o calor gerado pelo fogo do nível molecular mais rápido do que o calor é
gerado, portanto o fogo não consegue sustentar por si próprio. Também atua por
quebra da reação em cadeia na combustão.
Os benefícios imediatos de um sistema fixo de supressão de fogo FE-25 são:
✓ Não agride a camada de ozônio;
✓ Não agride o meio ambiente;
✓ Tempo de retenção maior;
✓ Eletricamente não condutivo;
✓ Incolor e inodoro;
✓ Seguro para área ocupada (uso em áreas ocupadas ou
desocupadas);
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✓ Não é corrosivo; e
✓ Não deixa resíduo.
Pó Químico Seco
É um pó composto por partículas finíssimas, produzido a base de bicarbonato de
sódio. Em contato com o material aquecido parte do pó se decompõe o que acaba
auxiliando na extinção do fogo. Porém sua real propriedade extintora ocorre por quebra
da reação em cadeia. É indicado para incêndios Classe B, líquidos inflamáveis. Em razão
de o pó químico ser um mau condutor elétrico também poderá ser alternativamente
utilizado nos incêndios Classe C podendo, contudo, danificar os equipamentos devido
aos resíduos que ele deixa sobre o material.
• Pó ABC - Popularmente conhecido com o Pó ABC, esse tipo de pó atua da
mesma maneira do que o PQS. Todavia, como o próprio nome já indica,
pode ser empregado nas 3 classes de incêndio A, B e C. portanto, age por
quebra de reação em cadeia. É composto a base de Fosfato de
Monoamônia.
• Pó Químico D (Cloreto de Sódio) - É um pó químico feito à base de
Cloreto de Sódio e indicado para os incêndios Classe D, metais pirofóricos.
PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS
Com o intuito de eliminar o risco de incêndios e explosões nas edificações e nas
plantas de produção, é obrigatório a adoção de medidas preventivas de fontes de
ignição e/ou de atmosferas inflamáveis, presentes simultaneamente em um mesmo
local.
Concordamos que, na prática, nem sempre é possível eliminar os dois fatores de
risco, porém, medidas devem ainda assim serem tomadas a fim de que, pelo menos um
deles seja eliminado ou controlado.
Nas áreas abertas, situadas no conjunto de compartimentos habitáveis e nos
sistemas de processo existirão, inevitavelmente, diversas fontes de ignição tais como
equipamentos elétricos ou chamas abertas. Em algumas situações é quase impossível o
controle das fontes de ignição. Já que poderão ser decorrentes da operação normais de
equipamentos ou sistemas. Nesse caso o importante é impedir a entrada de gases
inflamáveis nesses compartimentos.
É possível que a adoção de um bom projeto e de práticas convencionais consiga
manter sob controle a emissão de gases inflamáveis e a presença de fontes de ignição
nas diversas atividades desenvolvidas numa planta. Contudo, os seus meios de controle
devem ser rigorosamente mantidos por toda a população, e não somente sob
responsabilidade dos encarregados pela segurança da unidade.
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TÉCNICAS DE PREVENÇÃO (Regras Básicas)
* Mantenha sempre à vista o telefone de emergência do Corpo de Bombeiros -
193
* Conserve sempre as caixas de incêndios em perfeitas condições de uso e
somente as utilize em caso de incêndio.
* Os extintores devem estar fixados sempre em locais de fácil acesso,
devidamente carregados e revisados (periodicamente).
* Revisar periodicamente toda a instalação elétrica do prédio, procurando
inclusive constatar também a existência de possíveis vazamentos de gases.
* Evitar o vazamento de líquidos inflamáveis.
* Evitar a falta de ventilação.
* Não colocar trancas nas portas de halls, elevadores, porta corta-fogo ou outras
saídas para áreas livres. Nem obstrui-las com materiais ou equipamentos.
* Tomar cuidado com cera, utilizada nos pisos quando dissolvida. Não deixar
estopas ou flanelas embebidas em óleos ou graxas em locais inadequados.
* Alertar sobre o ato de fumar em locais proibidos (como elevadores) e sobre o
cuidado de atirar fósforos e pontas de cigarros acesas em qualquer lugar.
* Aconselhar os trabalhadores para que verifiquem antes de sair de seus locais
de trabalho, ao término da jornada de trabalho, se desligaram todos os aparelhos
elétricos, como estufas, ar condicionado, exaustores, dentre outros.
* Em caso de incêndio, informar o Corpo de Bombeiros o mais rápido possível: a
ocorrência, o acesso mais fácil para a chegada ao local e o número de pessoas
acidentadas, inclusive nas proximidades.
* Nunca utilizar os elevadores no momento do incêndio.
* Evitar aglomerações para não dificultar a ação do socorro e manter a área
junto aos hidrantes livre para manobras e estacionamento de viaturas.
Instruções complementares
- Desligue imediatamente o equipamento que estiver manuseando e feche as
saídas de gás.
- Procure sempre manter a calma e não fume. Não tire as roupas. Dê o alarme.
- Mantenha, se possível, as roupas molhadas.
- Jogue fora todo e qualquer material inflamável que carregue consigo.
- Em situações críticas feche-se no banheiro, mantendo a porta umedecida pelo
lado interno e vedada com toalha ou papel molhados.
- Em condições de fumaça intensa cubra o rosto com um lenço molhado.
- Não fique no peitoril antes de haver condições de salvamento, proporcionadas
pelo Corpo de Bombeiros. Indique sua posição no edifício acenando para o Corpo de
Bombeiros com um lenço.
- Aguarde outras instruções do Corpo de Bombeiros.
- Em caso de incêndio, se você se encontra em lugar cheio de fumaça procure
sair, andando o mais rente possível do piso, para evitar ficar asfixiado.
- Em regra geral, uma pessoa cuja roupa pegou fogo procura correr. Não o faça:
a vítima deve procurar não respirar o calor das chamas. Para evitá-lo, dobre os braços
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sobre o rosto, apertando-os: jogue-se ao chão e role, ou envolva-se numa coberta ou
num tecido qualquer.
- Vendo correr uma pessoa com as roupas em chamas, não a deixe correr.
Obrigue-a a jogar-se ao chão e rolar lentamente.
- Use de força, se necessário, para isso.
- Se for possível, use extintor ou mangueira sobre o acidentado.
- No caso de não haver nada por perto, jogue areia ou terra na vítima, enquanto
ela está rolando. Se puder, envolva o acidentado com um cobertor, lona ou com panos
grossos.
- Envolva primeiro o peito, para proteger o rosto e a cabeça. Nunca envolva a
cabeça da vítima, pois assim você a obriga a respirar gases.
- Ao perceber um incêndio não se altere; estando num local com muitas pessoas
ao redor, não grite nem corra. Acate as normas de prevenção e evite acidentes.
- Trate de sair pelas portas principais ou de emergência, de maneira rápida, sem
gritos, em ordem, sem correrias. Nunca feche com chaves as portas principais e as de
emergência.
- Não guarde panos impregnados de gasolina, óleos, cera ou outros inflamáveis.
- Após o uso do extintor, notificar o serviço de segurança para recarregamento.
Principais causas de incêndio
• Fumo - Só deverá ser permitido nos locais e ocasiões especificadas. O
responsável da planta deve assegurar que toda a população seja informada
dos locais permitidos para fumo e por afixar avisos adequados e
permanentes.
• Cozinha - É de fundamental importância a adoção de medidas de
segurança nas operações de cozinha. Uma causa frequente de incêndios é
o acúmulo de depósitos de gorduras ou de óleo não queimado nesses
locais, no interior de dutos de fumaça e filtros de extração de gases de
cozinha. A cozinha e compartimentos próximos devem ser frequentemente
inspecionados para que não haja dúvida de que estão limpos.
O pessoal da cozinha deverá receber treinamento adequado para enfrentar
emergências de incêndio nesses locais. A cozinha deverá estar equipada
com extintores de incêndio e mantas especiais para abafamento.
• Equipamento Elétrico - Os equipamentos elétricos portáteis devem ser
cuidadosamente examinados quanto a possíveis defeitos. Deve ser tomado
o cuidado para garantir que o isolamento elétrico não seja danificado e que
a fiação esteja corretamente conectada e assim permanecer durante todo
o tempo em que estiver em uso. Também deve ser tomado o cuidado para
evitar danos mecânicos nos cabos flexíveis.
Os equipamentos elétricos fixos devem ser do tipo aprovado para áreas
classificadas, mesmo onde existe locais onde uma atmosfera explosiva
possa, com pouca frequência, ser encontrada. É importante que esses
equipamentos também passem por manutenção periódica para garantir
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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que seus dispositivos ou fiações não venham a se constituir em fontes de
ignição.
• Trabalho a Quente - Trabalho a quente é qualquer um envolvendo
soldagens, chamas ou outros trabalhos incluindo certar furações,
esmerilhamento, trabalhos elétricos que possam produzir centelhamento.
Os trabalhos a quente devem ser permitidos somente em conformidade
com as normas de segurança existentes e práticas seguras adotadas pela
unidade.
Os trabalhos a quente devem sempre ser planejados. Nas reuniões de
planejamento devem participar, no mínimo, todos aqueles que irão ter
responsabilidades na execução do trabalho. Deve ser feito um plano de
trabalho com todas as precauções de segurança relacionadas que serão
reunidas na Permissão do Trabalho a ser emitida.
• Uso das Ferramentas - O uso das ferramentas manuais, tais como
picadeiras e raspadeiras para preparação e manutenção em partes
metálicas devem ser restritas. A área deve estar desgaseificada e limpa de
materiais combustíveis. Ferramenta feita de metal não ferroso, chamados
de não centelhantes, apresentam apenas uma menor probabilidade para
criação de uma centelha ignitiva e, devido à dureza relativamente menor
dos materiais não ferrosos, não são tão eficientes quanto as suas
equivalentes feitas de material ferroso.
INSPEÇÃO / MANUTENÇÃO
A inspeção também é um método importante a se destacar diante de uma política
de segurança de incêndios. As inspeções das instalações e de equipamentos e os
cronogramas de serviços apropriados irão reduzir as chances de falha e
consequentemente de incêndio. Uma avaliação de risco deve ser realizada regularmente
para identificar materiais combustíveis e fontes de ignição em potencial e depois ajustar
uma medida de controle para evitar que os dois combinados comecem um incêndio.
As inspeções periódicas dos dispositivos de detecção e combate a incêndio
também se torna uma tarefa obrigatória, no que tange a prevenção de incêndio.
Desejamos nunca ter que depender deles. Nunca ter que usá-los. Porém, quando uma
emergência é deflagrada, desejamos que eles estejam funcionando perfeitamente, pois
a nossa vida estará confiada às condições do equipamento e às técnicas de uso.
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EQUIPAMENTOS DE DETECÇÃO, ALARME E COMUNICAÇÕES
Objetivo da detecção de incêndios
A NBR 13.860/1997 define como: “O recurso destinado a receber e emitir sinais
de alerta sonoro ou luminoso, que procedem de uma emergência”. O objetivo da
detecção de incêndio é bastante claro, quanto mais rápido o incêndio for detectado,
maior será a velocidade da resposta para a sua extinção. Por isso, podemos afirmar que
existem dois tipos de detectores: o sensor humano, que nem sempre poderá ser
possível a sua presença em todos os locais e o automático, previamente instalado com
a finalidade de propiciar uma descoberta rápida do princípio de incêndio ou para um
incidente qualquer identificado pelo plano de alarme e, assim, desencadear o plano de
emergência para aquele incidente deflagrado.
Detector automático
A NBR 13.860:1997 define como: “Dispositivos que,
quando sensibilizados por fenômenos físicos e/ou químicos,
detectam princípios de incêndios ou vazamentos de gases
perigosos, enviando um sinal a uma central receptora”.
Os principais são os detectores de gases, fumaça, chamas
e de calor.
• Detectores de gases ou fumaça - Os detectores de gases da combustão
são classificados da seguinte forma:
✓ Detector fixo iônico - Ocorre a detecção do
produto da combustão através da sua influência
sobre a corrente elétrica numa câmara de
ionização. São encontrados em locais de
produção onde existe um potencial de
vazamento de combustível ou produto
inflamável e nas cozinhas.
✓ Detector fixo óptico - A detecção ocorre
através da medição dos efeitos (escurecimento
ou dispersão) da interferência das partículas da
fumaça sobre o sensor de luz (detector
fotoelétrico). São encontrados em quase todos
os compartimentos (camarotes, corredores,
etc.), exceto cozinhas e sala de geradores,
locais onde a fumaça ocasionalmente é
encontrada.
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• Detectores de Chama - Os detectores de chama
captam a radiação infravermelha e ultravioleta
emitida pela chama. São encontrados em locais
onde existe o risco potencial de um crescimento
rápido de fogo intenso, determinados pela
presença de líquidos e gases inflamáveis.
• Detectores de temperatura - Os detectores de temperatura são
utilizados para identificar uma fonte de calor acima do normal na área em
que foi instalado. Podem ser:
✓ Termostático - Detecta quando a temperatura
ambiente excede de certo valor durante um
determinado período.
✓ Termovelocímetro - Detecta se a velocidade
com que aumenta a temperatura excede de um
valor durante determinado período.
• Detectores de gases portáteis - O detector de gases deve ser
intrinsecamente seguro. Pode detectar a presença de mais de gás/vapor
(multigás). Tratando-se de equipamentos portáteis, estes podem oferecer
dois tipos de leitura:
✓ Indireta - Requer a coleta de uma amostra do contaminante e seu
envio para um laboratório de análise ou o uso de tubos
colorimétricos.
✓ Direta - Oferece uma leitura em tempo real da concentração do
contaminante. O próprio instrumento coleta e analisa a substância.
Este é o tipo mais utilizado em monitoração contínua. Todavia existe
a limitação que nem todos os contaminantes podem ser detectados
pelo instrumento.
Podemos dizer que sua importância é vital para se
classificar ou “desclassificar” uma área de risco. É
o instrumento pelo qual:
- Indica as características atmosféricas do espaço
confinado através de uma leitura direta;
- Sinaliza a necessidade da utilização do EPI a ser
utilizado;
- Determina o equipamento a ser utilizado para áreas classificadas;
- Determina a possibilidade de uso de equipamentos não
certificados; e
- Informa através de seu alarme a presença de algum gás a vapor
ou em concentrações.
Detector de gás
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Alarmes automáticos de incêndio
Equipamentos instalados com a finalidade de alertar a todos para a deflagração
de um estado de emergência. Os alarmes podem ser sonoros ou visuais.
• Sonoros - Podem ser através de toques (incêndio, abandono, etc) ou
através de mensagem via intercomunicadores instalados em diversos
compartimentos.
• Visuais - Indicados para os locais onde a escuta do alarme seja de difícil
percepção, onde é indicado o uso de protetores auriculares. Nestes locais
utilizam-se desse sistema dotado de luminosos especiais com alto facho e
oscilante em complemento aos alarmes sonoros.
Normalmente os sistemas de detecção e de alarme estão interligados com
os sistemas de combate a incêndio, como por exemplo, o de borrifo, o de
dilúvio e os sprinklers.
EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO
Mangueira de incêndio
A mangueira segundo a NBR 11.861/1998, é o “Equipamento de combate a
incêndio, constituído essencialmente por um duto flexível dotado de uniões”. Ao ser
feita referência a uma seção de mangueira, fica estabelecido que estaremos falando do
comprimento padrão de 15,25m. Existem 5 tipos de mangueiras de incêndio escolhidas
em função do local e das condições de aplicação.
• Mangueira do tipo 1 - construída com um reforço têxtil e para pressão
de trabalho de 980kPa (10kgf/m2). Destina-se a edifícios de ocupação
residencial.
• Mangueira tipo 2 - construída com um reforço têxtil e para pressão de
trabalho de 1370kPa (14kgf/m2). Destina-se a edifícios comerciais e
industriais ou o Corpo de Bombeiros.
• Mangueira tipo 3 - construída com dois reforços têxteis sobrepostos e
para pressão de trabalho de 1470kPa (15kgf/m2). Destina-se a área naval
e industrial ou o Corpo de Bombeiros, onde é desejável uma maior
resistência à abrasão.
• Mangueira tipo 4 - construída com reforço têxtil, acrescida de uma
película externa de plástico e para pressão de trabalho de 1370kPa
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P á g i n a | 68
(14kfg/m2). Destina-se a área industrial, onde é desejável uma maior
resistência à abrasão.
• Mangueira tipo 5 - construída com um reforço têxtil, acrescida de um
revestimento externo de borracha e para pressão de trabalho de 1370kPa
(14kgf/m2). Destina-se a área industrial, onde é desejável uma alta
resistência a abrasão e a superfícies quentes.
Existem mangueiras nos diâmetros de 1.½ e 2.½ polegadas. As mangueiras de
1.½” são de manejo mais fácil. Já as mangueiras de 2.½” oferecem muitas dificuldades
na sua utilização, mesmo quando utilizadas em locais abertos. Elas são mais
empregadas para propiciar uma maior extensão das linhas de mangueiras, alimentando
duas outras de 1.½” com emprego de uma redução em “Y”.
As mangueiras deverão ser conservadas limpas, não sendo, porém indicado lavá-
las, a não ser no caso de ficarem sujas de óleo ou graxa, que atacam a borracha.
Nesses casos, deverão ser lavadas com água doce, escova macia e sabão ou detergente
neutro.
Não utilizar escova de arame ou qualquer outro produto abrasivo. Após a
lavagem, as mangueiras deverão ser enxaguadas e postas estendidas a secar à
temperatura ambiente para que não apresentem mofo.
Todas as mangueiras devem ser inspecionadas semanalmente, a fim de se
verificar se contém umidade.
Devem ser retiradas de seus suportes, pelo menos uma vez por mês e
novamente colhidas, de modo que as dobras não fiquem no mesmo ponto em que se
encontravam.
A parte inferior da mangueira, quando no cabide, deve ficar pelo menos a 15 cm
do piso.
Acondicionamento é a forma em que encontramos as mangueiras, em função do
seu local de guarda. Podemos encontrá-las nas seguintes formas:
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P á g i n a | 69
✓ Espiral - Também conhecido como
método alemão. Própria somente
para armazenamento e apresenta
uma dobra suave que evita o
desgaste do material. Não
recomendável para operações de
combate a incêndio devido à
demora para desdobrá-la.
✓ Aduchada - É o mais indicado
para operações de combate devido
ao seu manuseio e transporte.
Também apresenta um baixo
desgaste do material, pois só
utiliza uma dobra.
O aduchamento de uma mangueira
é uma tarefa melhor
desempenhada por dois
brigadistas:
1° passo: Preparamos a mangueira deixando-a totalmente esticada
sob o piso, tirando todas as torções por ventura existentes. Uma das
extremidades deve ser levada e colocada de modos que fique uma
parte da mangueira sob a outra, mantendo uma distância de 1
metro entre as duas conexões.
2° passo: Enrolar começando pela dobra tentando manter o maior
ajuste possível. O segundo tripulante auxiliar de forma a evitar
folgas na parte interna. Parar de enrolar quando atingir a conexão
da parte interna, trazendo a outra conexão sobre a mangueira
aduchada.
Para desenrolar uma mangueira basta colocá-la sob o piso, pisar na
parte externa não enrolada, segurar na conexão da parte interna
ainda enrolada e puxá-la para cima. Este movimento pode ser
efetuado parado ou caminhando em direção a uma tomada ou a
outro lance de mangueira.
A mangueira aduchada pode ser transportada de duas formas.
Embaixo do braço, com a conexão para baixo e voltada para trás, ou
em cima dos ombros com a conexão para baixo e voltada para
frente. Talvez esta última maneira apresente algumas limitações
quanto a limitação na visibilidade do lado em que o tripulante estiver
carregando a mangueira.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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✓ Ziguezague - Próprio para uso de linhas já
prontas. Apresenta um maior desgaste
devido ao maior número de dobras. Pode
ficar deitada no piso ou em pé.
Esguicho
Os esguichos são peças feitas de metal antifaiscante (bronze, latão) ou de
fibra de carbono, com variados modelos projetados para otimizar a velocidade e forma
de lançamento do jato d’água para o fogo.
• Esguicho Básico - é o “Esguicho de jato regulável onde a vazão de
lançamento ocorre a uma pressão determinada pelo ajuste da forma do
jato. Devido ao seu projeto básico. À medida que muda a forma de jato
compacto para neblina, ocorre mudança de vazão. A pressão do esguicho
também pode ser afetada pela mudança da área de passagem, devido ao
ajuste da forma de lançamento”.(NBR 14.870/2013)
• Esguicho de Vazão Constante - é o esguicho de jato regulável em que a
vazão de lançamento é constante a uma determinada pressão. Na pressão
determinada, o esguicho terá vazão constante desde jato compacto até a
neblina total. Isto ocorre através da manutenção do diâmetro do orifício,
que deve ser constante durante a regulagem do jato.
• Esguicho de Vazão Ajustável - é o esguicho que permite a seleção da
vazão manualmente. A vazão selecionada permanecerá constante,
independente da forma do jato.
• Esguicho Automático de Pressão Constante - é o esguicho de jato
regulável em que a pressão permanece constante em uma grande
amplitude de vazões. A pressão constante proporciona uma velocidade
adequada para um bom alcance em várias vazões. Isso é conseguido por
meio de um orifício auto ajustável no difusor, a fim de proporcionar o
alcance desejado.
O controle da abertura do esguicho pode ser do tipo alavanca ou do tipo
rotacional.
A sua vazão é variável e pode ser utilizado para a aplicação de jato sólido, mais
indicado para trabalhos de resfriamento (ataque indireto), ou para aplicação de neblina
de alta velocidade em ângulos variados de 30° a 90°.
São encontrados nos diâmetros de 1.½ e de 2.½ polegadas.
Também encontramos modelos especiais utilizados para produção de espuma.
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Acessórios
Para uma maior eficácia, flexibilidade quanto ao uso de mangueiras nas
operações de combate a incêndio devemos contar com alguns acessórios que otimizem
o seu alcance.
O derivante ou redução “Y” é indicado para manobras em que será necessário o
emprego de duas ou três linhas de mangueiras. Sempre reduz de um diâmetro de 2.½
para 1.½ polegada. Também é construído em metal antifaiscante.
As reduções são aplicadas para reduzir o diâmetro de uma mangueira de 2.½
para outra de 1.½ polegada, nunca ao contrário.
Embora, hoje em dia, a grande maioria das conexões de mangueiras seja de
engate rápido, ainda contamos com as chaves de mangueira ou chave “Storz”. O real
motivo de ainda existirem ocorre pela sensibilidade do bronze ou do latão a impactos
físicos. É um excelente material para combate a incêndio por não produzir faíscas
quando sofrer algum tipo de atrito, contudo é fácil de amassar. Sendo assim, é
importante termos o maior cuidado com todos os assessórios de combate a incêndio
fabricados desses materiais.
Também devemos preservar esses equipamentos quanto a sujeiras,
contaminação e corrosão, mesmo que tenham sido feitas de bronze, principalmente
após a sua utilização com espumas. Portanto, não dispensaremos uma boa limpeza com
um pouco de algum lubrificante adequado.
Esguicho Tipo
Pistola
Esguicho Universal
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Extintor de incêndio
A quantidade de extintores nos locais de trabalho depende da análise de cada
planta e encontra-se definida na NBR 12963 com base nos parâmetros fixados pelo IRB
- Instituto Brasileiro de Resseguros. Além do problema relativo à seleção do extintor, é
importante considerar também a posição relativa desses equipamentos junto da área ou
dos pontos por ele protegidos. Algumas vezes extintores devem ser intencionalmente
posicionados próximos aos pontos com risco em potencial, como em locais onde se
executam serviços de solda.
Corredores e passagens são locais especialmente indicados para a localização de
extintores em ambientes interiores, principalmente junto às portas de acesso. Os
extintores suspensos em cabides devem ser posicionados com certos limites em relação
ao piso, em função do peso total que possuem.
Quanto ao seu Tipo são classificados em:
✓ Portátil;
✓ Não Portátil (sobre rodas); e
✓ Sistema Fixo.
• Extintor Portátil - Pela definição da NBR 12.693/1993 é o “Aparelho de
acionamento manual, constituído de recipiente e acessórios contendo o
agente extintor destinado a combater princípios de incêndio”; cuja massa
total até 20 kg.
Alguns aspectos relevantes sobre os mesmos deverão se levantados quando se
justifica o emprego deles:
✓ Deve estar dimensionado ao riso existente no local e distribuído
uniformemente;
✓ Possuir condições operacionais de uso;
✓ Deve ser apropriado para a classe de incêndio presente no local;
✓ Deve estar estrategicamente localizado em áreas visíveis e de fácil
acesso; e
✓ Deve ser fornecido treinamento adequado para os ocupantes da
planta sobre o manuseio do aparelho.
Extintor com Agente Água - Extintor Tipo Pressurizado
(Pressurização Direta), “Pressão no próprio cilindro”: O
propelente (Nitrogênio) e o agente extintor são
armazenados no cilindro e a descarga controlada por
meio de válvula de disparo rápido; capacidade de 10
litros.
Emprego: Exclusivamente em incêndios da Classe A.
Cuidados no manuseio:
✓ Quando utilizada em jato sólido, pode avariar
equipamentos;
AP-10 litros
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✓ Pode originar acidentes se, sob a forma de jato sólido em líquidos
inflamáveis for dirigida sobre o pessoal; e
✓ Se dirigida sobre o equipamento elétrico energizado, pode causar
choque elétrico.
Extintor com Agente Espuma - Extintor de Espuma
Mecânica (Pressurização Direta), um cilindro com uma
mistura de AFFF e água, que usa nitrogênio como
propelente; capacidades de 09 e 10 litros.
Emprego: Estes extintores podem ser usados em
incêndios das Classes B e A. o agente extintor extingue
principalmente por abafamento e secundariamente por
resfriamento.
Uso: são operados à semelhança dos extintores de água
pressurizada.
Cuidados no manuseio:
✓ Reduz a resistência de isolamento de equipamentos e circuitos;
✓ Alguns tipos possuem propriedades corrosivas sobre diversos
materiais; e
✓ Produz irritação na pele, e principalmente nos olhos.
Extintor com Agente Gás Carbônico - O extintor
consiste de um cilindro de aço sem costura, no qual é
comprimido o CO2 a uma pressão de 60kgf/cm2 (850
lb/pol2). A operação da alavanca de disparo permite
uma operação intermitente do extintor; capacidade de
04 e 06 kg.
Emprego: são recomendados para incêndios das
Classes C e B, não podendo ser usados em incêndios
da Classe D. São eficientes contra pequenos incêndios
da Classe A no seu início, quando não há profundidade
de queima.
Cuidados no manuseio:
✓ Pode causar acidentes por asfixia em ambientes fechados;
✓ Pode causar queimadura na pele e nos olhos, em face de sua baixa
temperatura; e
✓ Pode dar origem à formação de cargas de eletricidade estática.
ESM 09 litros
CO2-06 KG
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Extintor com Agente Pó Químico - Os extintores de
bicarbonato de sódio.
Emprego: É recomendado para o uso em incêndios das
classes B e C.
Cuidados no manuseio:
✓ Podem causar acidentes por asfixia quando
utilizados em compartimentos fechados e sem
ventilação; e
✓ Podem dar origem a maus contatos e baixa de
isolamento em equipamentos elétricos. No caso do pó ABC, os danos
aos equipamentos serão menores.
Extintor com Agentes Halogenados (FM-200; FE-
13; FE-25; FE-36; Halotron) - Emprego: São
recomendados para incêndios das Classes A, B e C.
São particularmente empregados em incêndios de
equipamentos eletrônicos, por não deixarem resíduos.
USO: São operados da mesma forma dos extintores
de CO2. Capacidade de 01 a 06 kg.
Extintor com Agente Pó Químico D - Estes
extintores são comumente conhecidos como extintores
de “Pó D” a base de Cloreto de Sódio. O agente
quando aplicado, forma uma barreira no metal
incendiado impedindo o acesso ao oxigênio,
extinguindo por abafamento.
Extintores Sobre Rodas (carretas) - São aparelhos com maior quantidade
de agente extintor, montados sobre rodas para serem conduzidos com
facilidade. As carretas recebem o nome do agente extintor que transportam,
como os extintores portáteis.
Devido ao seu tamanho e a sua capacidade de carga, a operação destes
aparelhos obriga o emprego de pelo menos dois operadores.
As carretas podem ser de água, espuma, pó químico seco e gás carbônico.
Pó D – 09kg
PQS-12kg
Halotron – 5kg
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Carreta de água
Suas características são:
✓ Capacidade: 75 a 150 litros;
✓ Aplicação Incêndio: classe “A”;
✓ Alcance médio do jato: 13 metros;
✓ Tempo de descarga para 75 litros: 180 segundos;
Carreta de espuma
Suas características:
✓ Capacidade: 50 a 150 litros (mistura de água e
LGE).
✓ Aplicação Incêndios: Classes “A” e “B”;
✓ Alcance médio do jato: 7,5 metros;
✓ Tempo de descarga para 75 litros: 180 segundos.
Carreta de pó químico seco
Suas características são:
✓ Capacidade: 20 kg a 100 kg;
✓ Aplicação Incêndios: Classes “B” e “C”. Classe “D”,
utilizando PQS especial;
✓ Tempo de descarga, para 20 kg: 120 segundos.
Carreta de gás carbônico (CO2)
Suas características são:
✓ Capacidade: 25 kg a 50 kg;
✓ Aplicação Incêndios: Classes “B” e “C”;
✓ Alcance médio do jato: 3 metros;
✓ Tempo de descarga para 25 kg: 60 segundos.
Operação: Conduzir a carreta equilibrando o peso sob o eixo das rodas,
retirar a mangueira do suporte, romper o lacre abrindo a válvula da carreta
e abrir a válvula (disparo rápido) na extremidade da mangueira e dirigir o
jato para a base do fogo fazendo movimentos laterais com o difusor.
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Manutenção e Inspeção - A manutenção começa com o exame periódico e
completo dos extintores e termina com a correção dos problemas encontrados,
visando um funcionamento seguro e eficiente. É realizada através de inspeções,
onde são verificados: localização, acesso, visibilidade, rótulo de identificação,
lacre e selo do INMETRO, peso, danos físicos, obstrução no bico ou na mangueira,
peças soltas ou quebradas e pressão no indicador de pressão.
As inspeções deverão ser:
✓ Semanais: Verificar acesso, visibilidade e sinalização;
✓ Mensais: Verificar se o bico ou a mangueira estão obstruídos.
Observar a pressão do indicador de pressão (se houver), o lacre e o
pino de segurança;
✓ Semestrais: Verificar o peso do extintor de CO2 e do cilindro de gás
comprimido, quando houver. Se o peso do extintor estiver abaixo de
90% do especificado, recarregar;
✓ Anuais: Verificar se não há dano físico no extintor, avaria no pino de
segurança e no lacre. Recarregar o extintor;
✓ Quinquenais: Fazer o teste hidrostático, que é a prova a que se
submete o extintor a cada 5 anos ou toda vez que o aparelho sofrer
acidentes, tais como: batidas, exposição a temperaturas altas,
ataques químicos ou corrosão. Deve ser efetuado por pessoal
habilitado e com equipamentos especializados. Neste teste, o
aparelho é submetido a uma pressão de 2,5 vezes a pressão de
trabalho, para os extintores de baixa pressão (Extintores a base de
Pó, Água, Espuma e Halogenado de baixa pressão) – Este teste é
precedido por uma minuciosa observação do aparelho, para verificar
a existência de danos físicos – e 1,5 vezes a pressão de trabalho,
para os extintores de alta pressão (CO2 e Halogenado de alta
pressão).
Observações gerais:
✓ Agentes extintores, tais como, água e areia lançados a balde
constituem um recurso de razoável eficiência para o controle de
princípios de incêndios. É um recurso simples e econômico indicado
como alternativa para locais isolados, onde os riscos de incêndio
sejam pequenos, e o espaço e a estética não constituam problema;
✓ Os extintores que utilizam substâncias químicas sob pressão devem
ser testados hidrostaticamente em intervalos regulares e quando o
extintor apresentar ação da corrosão ou avarias mecânicas.
Extintores que apresentam sinais de corrosão, deformações no
cilindro, ou que tenham sido reforçados por meio de solda ou outro
processo mecânico, devem ser substituídos por novos extintores já
testados hidrostaticamente;
✓ Os extintores portáteis, que utilizam agentes em estado gasoso ou
em pó, podem ser ineficazes se empregados ao ar livre sob
condições de vento forte.
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Sistemas fixos de combate a incêndios
Rede de Incêndio - É um sistema de tubulação que alimenta os hidrantes e os
demais sistemas fixos que utilizam água.
As duas maiores vantagens apresentadas pelos sistemas fixos de combate a
incêndio são a rapidez da resposta a um indício de incêndio e a possibilidade de um
ataque inicial ao incêndio sem a presença da brigada.
A quantidade e a localização dos equipamentos de combate a incêndio estão
definidas no Plano de Emergência. Cada planta deve ser analisada individualmente
sobre o tipo, a localização, a quantidade e o emprego de tal equipamento.
• Sistema Fixo de Gases Inertes - Recebem o título de gases inertes
todos aqueles que não sejam combustíveis ou comburentes, ou seja, não
participam, sob qualquer forma, do fenômeno da combustão.
Entre eles destacam-se o Dióxido de Carbono (CO2), o Nitrogênio (N2),
Argônio (Ar) e a nova geração de agentes limpos, o FE-227 (FM 200) e o
FE-25 (já comentados anteriormente). Os sistemas fixos são instalados
com a finalidade de saturar com esses gases a atmosfera no interior dos
compartimentos que, normalmente, apresentam maiores riscos de
incêndio. Pode ser projetado para uma descarga direta ou para uma
descarga controlada por tempo.
• Sistema Fixo de Espuma - A espuma é
um agente indicado para extinção de
incêndios da classe “B”, em especial os de
grande vulto envolvendo hidrocarbonetos.
Como já visto, a espuma extingue
incêndios por abafamento. A principal
finalidade do uso da espuma é a extinção
de incêndios em combustíveis ou na maioria dos líquidos inflamáveis,
tendo excelentes características de penetração além de ser superior a água
na extinção de incêndios da classe “A”, por sua característica de
abafamento e resfriamento.
Tanque de espuma
Sistema fixo (Halogenados e Dióxido de Carbono-CO2)
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O jato de espuma deve ser dirigido para
escorrer sob a superfície do líquido
inflamado. Nunca dirigir o jato diretamente
sobre as chamas. Quando o incêndio ocorrer
com líquidos derramados, torna-se mais
eficiente represar o líquido com a própria
espuma, empurrando-a aos poucos sobre o
líquido inflamado. Existe também a
possibilidade de empregar neblina de espuma, altamente eficiente nesses
tipos de incêndio. A espuma pode ser encontrada em reservatórios
especiais ou em sistemas geradores e lançada através de esguichos
especiais ou por canhões monitores, sempre com o mesmo objetivo de
isolar os vapores combustíveis prevenindo o ressurgimento do incêndio.
Nas operações de combate a incêndio com uso de mangueiras, pelo menos
uma das linhas de mangueira para combater incêndio da classe “B” deve
ser com espuma. Se não estiver mais disponível, pode ser utilizada água
em neblina de alta velocidade, tomando o devido cuidado para não romper
a película de espuma produzida anteriormente.
• Sistema Fixo de Pó Químico Seco - O PQS é um grande agente extintor.
Quando submetido a altas temperaturas
libera o CO2, extinguindo o incêndio também
por abafamento, além do seu efeito
principal, a quebra da reação em cadeia.
Normalmente encontramos o sistema
composto de um reservatório de pó químico,
normalmente o Bicarbonato de Sódio ou
Potássio, sendo o último o mais eficaz. O
propelente é o nitrogênio acondicionado em
garrafas que são acionadas no momento em que o sistema for posto em
funcionamento.
Sistema fixo de Pó
Sistema em sarilho de
espuma
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• Sistema de Borrifo - Também conhecidos como chuveiros automáticos ou
sprinklers. O sistema de borrifo é um dos mais antigos sistemas fixos.
Nada mais eram do que diversas ranhuras ao longo de tubulações
abastecidas com água. Hoje com os sprinklers existentes, encontramos
uma infinidade de modelos para diversas aplicações. Destinam-se,
genericamente, a proteger a área contra o fogo e, quando operando
automaticamente possuem a vantagem de atuar logo no início do incêndio,
impedindo assim que o fogo alcance maiores proporções. Alguns sistemas
modernos podem ser operados automaticamente, sendo a válvula de
controle atuada por um sistema de servo-comando, sensível ao aumento
de temperatura.
Sistemas semelhantes, de operação manual, dotados de controle local e
comando a distância, são instalados em locais onde o manuseio de
gasolina ou outros inflamáveis torne a área potencialmente perigosa.
Podem ser dotados de pulverizadores destinados à formação de neblina de
baixa velocidade, ou do tipo “chuveiro”, em forma de cortina d’água.
Toda a rede instalada no compartimento protegido por esse sistema é
mantida pressurizada. Ao indício de uma fonte de calor, o chuveiro entra
em ação, independentemente de acionamento manual. Logo, entendemos
que somente aqueles expostos a uma fonte de calor é que serão ativados.
No mesmo instante de seu acionamento, o sistema faz disparar o alarme
de incêndio. A ação do alarme, na maioria das vezes, é informar a
necessidade de ser fechada a água, visto que o incêndio propriamente dito
já deve ter sido debelado. Ao ser acionado o suprimento de água, é
lançado sob a forma de neblina de alta velocidade.
O projeto da rede de combate a incêndio deverá assegurar que os sistemas
fixos não reduzam materialmente o volume de água disponível e nem
produzem uma queda de pressão na rede.
• Sistema de Dilúvio - Montados em tubulações permanentemente secas
com o seu fluxo controlado manual e automaticamente, dotada de bicos
para aspergir ou nebulizar água sob forma de neblina de média e alta
velocidade. Para uma eficácia melhor com relação aos incêndios Classe B,
pode ser adicionado com o LGE. É encontrado instalado em unidades de
gás combustível, manifolds de óleo e gás, compressores de gás,
recipientes pressurizados, etc.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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• Rede de Incêndio - A rede de incêndio consiste de um sistema de
tubulações que alimentam os hidrantes e os demais sistemas fixos que
utilizem água, devendo se estender até as extremidades da empresa e
possuir hidrantes acessíveis e espaçados entre si por não mais do que o
equivalente a duas ou três vezes o comprimento de uma mangueira de
combate a incêndio padrão.
As características hidráulicas das redes dos sistemas de água e de espuma
estabelecem as características das bombas fixas necessárias. Por
precaução é indicado que as bombas possuam duas fontes de energia
independentes.
Considere ainda a possibilidade de se utilizar bombas móveis para o caso
de falhas na unidade fixa de bombeamento. Como opção, as bombas
móveis também podem ser utilizadas para elevar a pressão na rede de
incêndio.
A pressão na rede de incêndio poderá variar de acordo com a aplicação
que está sendo considerada, somente água para resfriamento, aumentar o
alcance do jato d’água ou para produzir espuma.
• Sistema Fixo de Chuveiro Automático (Sprinkler) - O sistema de
chuveiros automáticos, também conhecido simplesmente como sprinklers,
é um sistema fixo, integrado à edificação que processa uma descarga
automática de água sobre um foco de incêndio, em uma densidade
adequada para controlá-lo ou extingui-lo.
O sistema de chuveiros automáticos
consiste na instalação de uma rede de
tubulação hidraulicamente
dimensionada, na qual são previstos
chuveiros (sprinklers).
Estes possuem um dispositivo sensível
à temperatura local que, quando
rompido, libera a água para o combate
ao incêndio. Como cada chuveiro de
sprinkler possui seu dispositivo de sensibilização, o sistema entrará em
funcionamento setorialmente, ou seja, apenas o chuveiro sensibilizado
entrará em operação.
O sistema de chuveiros automáticos ganha importância dia após dia, pois,
com o crescimento das cidades, os edifícios são cada vez mais altos, o que
dificulta o trabalho do Corpo de Bombeiros, já que o estabelecimento de
viaturas de combate ao incêndio e de resgate de vítimas demandará maior
dispêndio de recursos operacionais e de tempo.
Os chuveiros automáticos atuam no início do incêndio, dificultando a sua
propagação pela edificação. Desse modo, os usuários do prédio ganham
tempo para saírem do local. O sistema também visa à proteção das
estruturas, uma vez que retarda a ação danosa do fogo sobre o concreto e
o aço.
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• Canhões Fixos - Também conhecidos como
monitores podem ser usados com água ou
espuma e instalados em bases fixas ou unidades
móveis, destinado a formar e orientar jatos de
longo alcance para combate a incêndio. A
regulagem de altura do jato de líquido de um
canhão é ditada pelo uso a que se destina.
Exige-se que, no mínimo, sejam operados com
um jato de 30 metros de alcance e 15 metros de
altura, sem vento.
Atentar-se para o uso de canhões sob bases fixas. Dependendo da direção
do vento poderá ser uma posição desfavorável para dar o combate, ficando
a brigada exposta aos efeitos da fumaça e do calor.
• Hidrantes - São as tomadas de
incêndio instaladas nas tubulações
da rede de incêndio ou nas
extremidades das derivações
verticais. Geralmente essas tomadas
são de 2.1/2 polegadas de diâmetro,
reduzidas, quando necessário para
1.1/2 polegadas.
• Bombas de Incêndio - As características
hidráulicas das redes do sistema de água
e de espuma estabelecem as
características das bombas fixas
necessárias. Por precaução é indicado que
as bombas possuam duas fontes de
energia independentes.
Qualquer bomba instalada para funcionar
como bomba de incêndio, deve ter capacidade e pressão suficiente para
alimentar todas as instalações de incêndio, mesmo em pavimentos
elevados.
• Bombas Portáteis - Considere ainda a
possibilidade de se utilizar bombas
móveis para o caso de falhas na unidade
fixa de bombeamento. Como opção, as
bombas móveis também podem ser
utilizadas para elevar a pressão na rede
de incêndio ou para efetuar o
esgotamento de um local alagado.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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NOTA: As bombas portáteis quando operando em compartimentos
interiores, devem ter os gases da combustão conduzidos para fora por um
mangote de descarga apropriado.
Outros recursos
Os agentes extintores, tais como água e areia, lançados a balde, constituem um
recurso de razoável eficiência para controle de princípios de incêndio.
A manta antichamas também é conhecida como um agente extintor. É fabricada
em aramida. A sua aplicação é indicada para princípios de incêndio em cozinhas
envolvendo incidentes como fritadeiras.
Sarilho ou Carretel de Mangueira
Equipamento instalado no piso ou em paredes
conectados à rede de incêndio e indicados para
princípios de incêndio. Geralmente utilizam um mangote
feito de borracha resistente ao calor com longo
comprimento e um esguicho de 1 polegada. Onde
houver instalado esse equipamento, poderá substituir o
uso dos extintores portáteis de água.
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Todo o material que tem como propósito proteger contra quaisquer fatores que
ponham em risco a integridade física e a vida do homem envolvido em operações de
combate a um incêndio é conhecido como Equipamento de Proteção Individual. Assim,
dentro desse conceito, incluem-se desde o simples capacete de fibra, até complexas
máscaras e roupas de proteção.
Mangueira em Sarilho
Manta Antichamas
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Capacetes
Devem ser utilizados os capacetes de
bombeiro com viseiras e proteção contra
impactos e antichamas. O material mais indicado
para a composição desses capacetes é o KEVLAR.
Botas
As botas especiais de combate a incêndio são
compostas, em sua maioria por uma borracha especial
resistente não só ao calor como também contra produtos
químicos.
Deve ter cano alto, biqueira de aço, dielétrica, solado
antichamas e antiderrapante e, se possível, com forração
interior com isolante térmico.
O uso da roupa de proteção completa
protege os homens, permitindo um ataque eficaz, por
um tempo maior. As botas de borracha com proteção
de aço e cano alto são de elevada necessidade.
A seguir, algumas recomendações sobre a
colocação das roupas de proteção e sobre o uso dos
equipamentos de proteção:
✓ As roupas devem ser sempre
usadas sobre o macacão, provendo
assim maior proteção ao homem;
✓ As roupas devem ter sua parte
superior fechada, apenas na hora
em que o homem for empregado no trabalho, de forma a mantê-lo o
maior tempo possível “refrescado”;
✓ As roupas devem ter as golas viradas para cima, os velcros
passados e zíperes fechados;
✓ As luvas a serem utilizadas devem ser apropriadas;
✓ As luvas devem ser colocadas por cima das mangas das roupas, se
possível, e serem do tamanho ligeiramente maior, a fim de permitir
ao homem movimentar os dedos dentro da luva, evitando
queimaduras por vapor;
✓ O capuz anti-flash deve ser colocado sobre a peça facial da máscara,
cobrindo todas as partes expostas da pele do homem e a parte
superior da máscara, e por dentro da roupa de penetração;
✓ As máscaras de combate a incêndio devem ter todas as cintas
passadas e corretamente ajustadas ao corpo do homem; e
Capacetes para Bombeiros
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✓ A utilização de capacetes é obrigatória (deve ser colocado bem preso
a cabeça do homem através da jugular).
Luvas e Balaclavas
Na ausência de roupas especiais, o uso de
vestimentas a base de algodão antichamas
oferecem proteção significativa contra o calor
radiante de um incêndio. O uso de roupas de
baixo (cuecas, meias e camisetas) em algodão
também é recomendável, na medida em que
tecidos sintéticos poderão queimar e grudar na
pele quando submetidos ao calor.
Como complementos para proteção das mãos e cabeça, utilizam-se as luvas e
capuzes antiexposição (antiflash), resistentes ao calor, com um considerável grau de
impermeabilidade e confeccionados em algodão cru.
ABANDONO DE ÁREA
Os brigadistas se
reunirão no ponto de encontro
do pessoal. Neste momento o
Chefe da Brigada já avaliou a
situação e determinará o
abandono geral ou não.
• Abandono de Área - Proceder ao abandono da área parcial ou total,
quando necessário, conforme comunicação preestabelecida, conduzindo a
população fixa e flutuante para o ponto de encontro, ali permanecendo até
a definição final da emergência.
O plano deve contemplar ações de abandono para portadores de
deficiência física permanente ou temporário, bem como as pessoas que
necessitem de auxílio (idosos, gestantes, etc.).
• Rota de Fuga - Trajeto contínuo, devidamente protegido proporcionado
por portas, corredores, antecâmaras, passagens externas, balcões,
vestíbulos, escadas, rampas ou outros dispositivos de saída ou
combinações destes, a ser percorrido pelo usuário em caso de um incêndio
de qualquer ponto da edificação até atingir a via pública ou espaço
externo, protegido do incêndio. (NBR 9.050)
• Pessoa com Mobilidade Reduzida
Aquela que, temporária ou permanentemente, tem limitada sua capacidade
de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Entende-se por pessoa com
mobilidade reduzida, a pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante
entre outros. (NBR 9.050)
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P á g i n a | 85
• Ponto de encontro - Devem ser previstos um ou mais pontos de encontro
dos brigadistas, para distribuição das tarefas.
• Primeiros socorros
Prestar os primeiros socorros às possíveis vítimas, mantendo ou
estabelecendo suas funções vitais (suporte básico de vida, reanimação
cardiopulmonar, etc.), até que se obtenha o socorro especializado.
• Corte de energia
Elimine os riscos por meio de corte das fontes de energia (elétrica, etc.) e
o fechamento das válvulas das tubulações (GLP, oxiacetileno, gases,
produtos perigosos, etc.), quando possível e necessário, da área sinistrada
atingida ou geral.
• Isolamento da área - Isolar fisicamente a área sinistrada, de modo a
garantir os trabalhos de emergência e evitar que pessoas não autorizadas
adentrem ao local.
✓ Nunca volte para apanhar objetos;
✓ Não se afaste dos outros e não pare nos andares;
✓ Ao sair de um lugar, fechar as portas e janelas sem trancá-las; e
✓ Nunca use o elevador quando houver incêndio.
• Confinamento e combate ao incêndio - Confinar o incêndio de modo a
evitar a sua propagação e consequências.
Proceder o combate ao incêndio, quando possível, até a extinção do
incêndio, restabelecendo a normalidade.
• Investigação - Levantar as possíveis causas do sinistro e os demais
procedimentos adotados, com o objetivo de propor medidas preventivas e
corretivas para evitar a sua repetição.
Deve ser prevista a interface do Plano de emergência contra incêndio com
outros planos da edificação ou área de risco (produtos perigosos,
explosões, inundações, pânico, etc.).
• Divulgação e treinamento - O Plano de Emergência contra Incêndio
deve ser amplamente divulgado aos ocupantes da edificação, de forma a
garantir que todos tenham conhecimento dos procedimentos a serem
executados em caso de emergência.
Sugere-se que, os visitantes sejam informados sobre o Plano de
Emergência contra Incêndio da edificação por meio de panfletos, vídeos
e/ou palestras.
O plano de emergência contra incêndio deve fazer parte dos treinamentos
de formação, treinamentos periódicos e reuniões ordinárias dos membros
da brigada de incêndio, dos brigadistas profissionais, do grupo de apoio,
etc.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 86
• Exercícios simulados - Devem ser realizados exercícios simulados de
abandono de área, parciais e completos, na edificação, com a participação
de todos os ocupantes, sendo recomendada uma periodicidade máxima de
um ano para simulados completos.
Imediatamente após o simulado, deve ser realizada uma reunião
extraordinária para avaliação e correção das falhas ocorridas, com a
elaboração de ata na qual constem:
✓ data e horário do evento;
✓ tempo gasto no abandono;
✓ tempo gasto no retorno;
✓ atuação dos profissionais envolvidos;
✓ comportamento da população;
✓ ajuda externa (por exemplo: PAM – Plano de Auxílio Mútuo, etc.);
✓ falha de equipamentos;
✓ falhas operacionais; e
✓ demais problemas levados na reunião.
• Sinalização de Emergência
Fornece uma mensagem geral de segurança obtida pela combinação de cor
e forma geométrica, fornecendo uma mensagem específica de segurança
pelo símbolo gráfico.
AVALIAÇÃO DOS RISCOS
A avaliação de riscos procura reconhecer e identificar os perigos existentes nas
instalações, nas operações nos produtos e serviços desenvolvidos dentro da planta,
quantificando e qualificando os riscos que aquelas atividades representam para o
homem, o meio ambiente e o empreendimento, propondo medidas para o seu controle.
Portanto, afirmamos que o objetivo da avaliação dos riscos é, de uma forma
resumida, responder a essas quatro perguntas básicas:
✓ O que pode dar errado?
✓ Qual a frequência?
✓ Quais as consequências?
✓ Como poderemos reduzir os efeitos?
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RISCOS ESPECÍFICOS DA PLANTA
Elaboração do Plano de emergência contra incêndio
Para a elaboração de um Plano de emergência contra incêndio é necessário
realizar uma análise preliminar dos riscos de incêndio, buscando identificá-los,
relacioná-los e representá-los em Planta de Risco de Incêndio.
Conforme o nível dos riscos de incêndio existentes, o levantamento prévio e o
plano de emergência devem ser elaborados por engenheiros, técnicos ou especialistas
em gerenciamento de emergências.
O profissional habilitado deve realizar uma análise dos riscos da edificação com o
objetivo de minimizar e/ ou eliminar todos os riscos existentes, recomendando-se a
utilização de métodos consagrados.
O Plano de emergência contra incêndio deve contemplar, no mínimo, as
informações detalhadas da edificação e os procedimentos básicos de emergência em
caso de incêndio como:
✓ Localização (urbana, rural, características da vizinhança, distância
de outras edificações e/ou riscos, distância da unidade do Corpo de
Bombeiros, existência de Plano de Auxílio Mútuo, etc.);
✓ Construção (alvenarias, concreto, metálica, madeira, etc.);
✓ Ocupação (industrial, comercial, residencial, escolar, etc.)
✓ População total e por setor, área e andar (fixa, flutuante,
características, cultura, etc.);
✓ Pessoas portadoras de necessidades especiais;
✓ Riscos específicos inerentes à atividade;
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P á g i n a | 88
✓ Recursos humanos (brigada de incêndio, brigada profissional, grupos
de apoio, etc.) e materiais existentes (saídas de emergência,
sistema de hidrante, chuveiros automáticos, sistemas de detecção
de incêndio, sistema de espuma mecânica e de resfriamento,
escadas pressurizadas, grupo motogerador etc).
Os procedimentos básicos de emergência em caso de incêndio devem conter os
seguintes aspectos:
✓ Alerta: Identificada uma situação de emergência, qual quer pessoa
pode, pelos meios de comunicação disponíveis ou sistema de
alarme, alertar os ocupantes, os brigadistas, os bombeiros
profissionais civis e o apoio externo. Este alerta pode ser executado
automaticamente em edificações que possuem sistema de detecção
de incêndio.
✓ Análise da situação: após o alerta, deve ser analisada a situação,
desde o início até o final da emergência, e desencadeados os
procedimentos necessários, que podem ser priorizados ou realizados
simultaneamente, de acordo com os recursos materiais e humanos,
disponíveis no local.
✓ Apoio externo: o Corpo de Bombeiros e/ou outros órgãos locais
devem ser acionados de imediato, preferencialmente por um
brigadista que deve informar:
- nome do solicitante e o número do telefone utilizado;
- endereço completo, ponto de referência e/ou acessos;
- características da emergência, local ou pavimento e eventuais
vítimas e suas condições.
PSICOLOGIA & LIDERANÇA NA RESPOSTA A EMERGÊNCIA
Reações diante de uma resposta a emergência
Em um sentido mais amplo, quando estivermos diante de uma emergência,
busquemos nos referir a uma sequência de eventos que poderão ficar fora de nosso
controle representada por manifestações repentinas de ruptura do equilíbrio da
operacionalidade normal de sua planta.
Ficamos sensíveis ao surgimento de graves acontecimentos, como por exemplo,
acidente do trabalho envolvendo pessoas, contaminações, vazamentos, alagamentos,
incêndios, intoxicações, etc, que demandam uma rápida intervenção do elemento
humano.
Nesse cenário, uma pessoa encarregada pela supervisão, coordenação e liderança
para o controle da emergência deflagrada deverá saber reconhecer os momentos em
que seu perfil oscile entre o individual e o coletivo para ser bem sucedido na execução
de suas ações.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 89
Dentro de um comportamento individual diante de uma
emergência, para um bom relacionamento entre a população da
instalação, o indivíduo precisa aprender a reagir desta ou aquela
forma, de acordo com as circunstâncias. Precisa também saber inibir
certas ações.
Isso auxilia na construção do processo de socialização do
indivíduo no local de trabalho de sua atuação. Esse processo poderá
ser facilitado ou dificultado pelo meio em que os profissionais estão
inseridos. Eventos ou atitudes positivas ou negativas poderão revelar a forma em que
as pessoas receberão com simpatia, boa vontade ou repulsa as orientações de
ajustamento propostas pelo profissional.
Por outro lado, dentro de um comportamento coletivo,
o profissional deverá estar atento, pois a maioria de nossas
reações aparece como resposta a estímulos provocados pelas
pessoas com as quais convivemos. Observa-se o
comportamento coletivo no ambiente de trabalho quando
várias pessoas reagem em conjunto ao mesmo estímulo,
geralmente em situações de intensa interação. Logo, numa
emergência, a interatividade entre vários grupos que atuam
simultaneamente no seu controle será necessária.
Importância das relações humanas no trabalho
A psicologia aplicada ao estudo dos problemas no trabalho e da vida profissional
visa a ajustar os profissionais as suas atividades atribuídas. Preocupa-se com o
processo de adaptação do profissional ao trabalho (o profissional certo no lugar certo),
adaptação do trabalho ao profissional (ambiente, instalações, equipamentos) e
adaptação do profissional aos demais profissionais (interação e harmonia no trabalho).
• Benefícios
✓ Satisfação profissional;
✓ Bem estar social;
✓ Incremento da produtividade; e
✓ Aumento da segurança.
• Princípios para um Bom Relacionamento
✓ Conheça a sua unidade
- Organização interna;
- Normas e procedimentos legais ou próprios; e
- Funções e responsabilidades.
✓ Conheça seus superiores
- Perfil do comando da unidade.
✓ Conheça seu público
- Diferença de humores entre a população da unidade.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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✓ Conheça a ti mesmo
- Seja autocrítico, sempre desconfie antes de si mesmo; e
- Conheça o seu perfil psicológico e saiba utilizá-lo.
• Causas de problemas de relações humanas no trabalho - Todos os
grupos sociais sofrem diversas transformações ao longo de seu convívio. A
seguir enumeramos algumas causas de interferências para o bom
relacionamento no ambiente de trabalho:
✓ Chegada de um novo indivíduo no grupo;
✓ Saída de um membro do grupo;
✓ Ambiente social;
✓ Rivalidades;
✓ Frustrações;
✓ Discriminações;
✓ Preconceitos;
✓ Pressões no trabalho;
✓ Confinamentos;
✓ Incidentes;
✓ Acidentes; e
✓ Crises diversas.
Para solução desses problemas recomendamos um profundo levantamento de suas
causas. Durante o estudo desses problemas, leve sempre em consideração a hipótese
de se adotar mais de uma solução, pois, lembre-se, você está inserido num universo de
necessidades individuais nem sempre iguais. Discuta os problemas com a população de
sua unidade, busque assistências diversas (psicólogos, médicos, assistente social,
religião).
Liderança
A dificuldade de se liderar pessoas reside no estudo do modo de agir dos líderes
de acordo com seu caráter personalíssimo. O modo de agir depende de seus traços
primários e de suas tendências subordinadas as suas peculiaridades pessoais. Essa
abordagem nos permite oferecer alguns exemplos de modos de agir:
• Tirano: Excessivamente pessoal, de acordo com seu capricho, sem levar
em consideração os demais indivíduos.
• Ditador: Atua no sentido de fazer crer que seus objetivos pessoais sejam
sociais. Possui pretensões de acenar com seus interesses próprios como se
fossem interesse de todos.
• Comandante: Prefere dispensar considerações às pessoas, pois acredita
que desta forma esse tratamento trará mais vantagens do que tratar as
pessoas com indiferença e de maneira grosseira.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 91
• Líder: Para o líder existe um único método de agir, é o de liderar, de
SERVIR. “O líder serve aos que se colocam sob as suas ordens.”
Exerce influência sobre os outros, sobre as pessoas que você se relaciona no ambiente
de trabalho que você criou como líder que é verdadeira liderança. Liderança é a
habilidade de influenciar pessoas para trabalharem com enorme dedicação visando
atingir os objetivos declarados pela organização como sendo para o bem comum de
todos. É executar as tarefas enquanto se constroem relacionamentos.
Diferença entre gerente e líder
Essa diferença é de fácil compreensão diante dos próprios conceitos
estabelecidos:
• Gerente: É a pessoa formalmente investida da função de mando na escala
hierárquica. Porém gerência não é algo que você faça com pessoas. Você
gerencia recursos.
• Líder: É a pessoa que, investida ou não de uma função de comando,
possui a capacidade de se destacar, influenciar e conquistar a conduta
humana desejada através de uma obediência voluntária de respeito e leal
cooperação.
Logo, observamos que o líder não gerencia pessoas, ele lidera pessoas pelo
reconhecimento de sua autoridade.
O líder administra quando lidera, chefia, comanda e dirige. Constituem
elementos de sua capacidade administrativa:
✓ Planejamento;
✓ Execução;
✓ Coordenação;
✓ Controle.
Diferença entre poder e autoridade
• Poder: É a habilidade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por
força de sua posição, mesmo que seus colaboradores preferissem não
fazer.
• Autoridade: É a habilidade de levar seus colaboradores a fazerem de boa
vontade algo que você almeja para organização através da sua influência
pessoal.
O poder pode ser dado e tomado, vendido e comprado. As pessoas podem ser
postas em cargos de poder por serem parentes ou amigos de alguém. Já a autoridade
não pode ser comprada, nem vendida, nem dada ou tomada. A autoridade diz respeito
de quem você é como pessoa, o seu caráter e a influência que estabelece sobre as
pessoas.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 92
Qualidades do líder
Já falamos que para exercer o seu papel com competência, o bom líder precisa
saber como influenciar seus colaboradores.
Apresentamos aqui algumas qualidades de caráter que o líder precisa
desenvolver para ser bem sucedido na “Arte de Liderar”:
✓ Autocontrole (disciplina, equilíbrio e paciência);
✓ Autenticidade (humildade);
✓ Respeito (tratar as pessoas com importância);
✓ Compromisso (sentimento de responsabilidade, sustentar suas
decisões);
✓ Perdão (não guardar ressentimentos);
✓ Entusiasmo (incentivo e atitudes positivas);
✓ Abnegação (satisfazer as necessidades dos outros);
✓ Honestidade (livre de engano);
✓ Convicção (confiança, fé, firmeza nas ações. Segurança em sua
própria capacidade);
✓ Autocrítica (cada erro significa uma lição, para si próprio);
✓ Justiça e imparcialidade (falta de equidade fere a alma do ser
humano e provoca revolta e desconfiança).
Passaremos agora aos comentários de algumas considerações sobre o papel que
a liderança exerce no gerenciamento efetivo de uma emergência que envolva um
incêndio ou derramamento de produtos perigosos.
A moderna abordagem da liderança em situações de emergência está baseada
em um sistema chamado de Liderança Funcional o qual analisa as funções envolvidas
no tratamento de uma emergência. As abordagens anteriores criaram a suposição de
que os líderes já nasciam com as virtudes para liderar. Algumas qualidades como
coragem, integridade, bom senso, etc. podem até ajudar a liderança, mas um bom líder
pode ter que demonstrar, necessariamente, essas características. Outras abordagens
sugerem que o líder que possua as melhores habilidades ou os maiores conhecimentos
para lidar com uma situação será o melhor líder. Novamente, a afirmação está em parte
correta, mais ainda assim isso não será tudo quando for lidar com uma emergência.
A melhor abordagem para o líder é analisar as funções envolvidas, as pessoas
envolvidas, as necessidades envolvidas. Embora uma brigada competente e bem
equipada possa demonstrar domínio sobre as técnicas de combate a incêndio diante de
uma emergência real, a liderança somente será notada se, no calor das ações ela for
aplicada sobre o grupo que estará sendo desafiado a cada segundo na execução do
combate e na tomada de decisões críticas.
Nos momentos de pura tensão e elevado desgaste emocional, tudo que cada
brigadista ou cada membro dos grupos de apoio precisam é de um bom líder que,
mesmo que não possua resposta para todas as perguntas, saiba agir com equilíbrio no
atendimento das necessidades imediatas de cada brigadista e de cada assistente na
busca de seus melhores desempenhos durante as operações. O melhor líder não será
aquele imposto pela organização do plano, mas sim aquele que é reconhecido por todos
os participantes com funções na resposta à emergência deflagrada.
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Numa brigada existem, pelo menos, 3 áreas de necessidades em que o líder
deverá se preocupar:
• Atribuições: Deve ser dada uma atenção as necessidades da Brigada
diante de uma tarefa que seja muito complexa ou impraticável para uma
pessoa realizar. Por isso, o líder deve planejar suas ações, alocar os
recursos necessários, atribuir funções e delegar tarefas:
✓ Definir as responsabilidades;
✓ Elaborar um planejamento;
✓ Distribuir as tarefas e os recursos;
✓ Controlar a qualidade e os recursos;
✓ Checar o desempenho da Brigada com o plano; e
✓ Adaptar o plano, se necessário.
• Manutenção da equipe: Sempre trabalhar em equipe. A Brigada para
alcançar o sucesso em suas intervenções deve ser mantida como uma
equipe coesa. Por isso o líder deve mantê-los sempre motivados e provê-
los com informações através de uma comunicação eficiente:
✓ Estabelecer padrões de desempenho;
✓ Manter a disciplina;
✓ Construir um espírito de equipe;
✓ Elogiar, motivar e dar senso de objetivo;
✓ Assegurar a comunicação dentro do grupo; e
✓ Treinar o grupo.
• O Brigadista: A brigada é formada por pessoas que possuem suas
próprias necessidades, que possuem seus próprios anseios, que possuem
seus próprios problemas pessoais, mas que, individualmente, contribui
para o funcionamento do grupo. Por isso, é importante não só dar
assistência como também sempre reconhecer o seu trabalho através de
elogios verdadeiros:
✓ Assistir aos problemas pessoais;
✓ Elogiar os indivíduos;
✓ Administrar a situação;
✓ Reconhecer e usar as habilidades individuais; e
✓ Treinar o indivíduo.
Delegação de competência e autoridade
Delegar é transmitir. Delegação é o recurso que a organização se utiliza
para que os líderes possam estender sua influência, além dos seus limites. O líder
transfere aos colaboradores certos deveres, responsabilidades e autoridade. Mas é
importante frisar que não ocorre a transferência de tudo. Nas palavras de Aristóteles:
“nem de mais, nem de menos; mas o justo.” Cabe ao líder determinar quais funções
que se delegam e quais são as personalíssimas.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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São vantagens da delegação:
✓ Aliviar as pressões de trabalho sobre o líder;
✓ Formar colaboradores capazes de agir por conta própria nas
emergências;
✓ Evitar a crise nos casos em que o líder tenha que se ausentar;
✓ Proporcionar ao líder momentos de reflexão e planejamento; e
✓ Incentivo aos colaboradores para assumirem maiores
responsabilidades.
Elementos do trabalho em equipe
O que é trabalho em equipe? O que faz a diferença entre uma equipe bem
sucedida e uma equipe medíocre? Como nós conseguimos reunir uma equipe com
indivíduos de formações distintas e combinar seus esforços para alcançar uma meta
comum?
A resposta é trabalhar em equipe, um time tem o dever de se comportar como
uma unidade coesa para atingir seus objetivos dentro de um trabalho harmônico de
equilíbrio de forças. Porém, isso não é conseguido facilmente. É essencial que a equipe
treine regularmente para lidar com as demandas perigosas diante do atendimento a
uma emergência. Ao negligenciar esse treinamento estaremos colocando em risco as
vidas de meus colegas de brigada e demais colegas de trabalho.
O espírito da equipe são vínculos profissionais especiais que envolvem os
colaboradores, os líderes e toda a organização, e que se manifesta através de:
✓ Expressões de entusiasmo dos colaboradores para com sua unidade;
✓ Reputação de amizade entre os membros do grupo;
✓ Respeito e admiração para com os líderes;
✓ Capacidade do grupo se adaptar a situações novas.
✓ Espírito, sadio, esportivo e de competição;
✓ Ajuda mútua e coesão; e
✓ Inexistência de condições desagregadoras.
A manutenção do espírito de equipe se manifesta pelas seguintes condições:
✓ Confiança na liderança;
✓ Retiradas dos elementos que não cooperam;
✓ Igualdade na distribuição de vantagens e privilégios;
✓ Exaltar o grupo pela qualidade de seus colaboradores; e
✓ Reconhecimento de sucessos obtidos.
O espírito de equipe colabora para formação de um relacionamento lúcido entre o
colaborador, o trabalho e o líder:
✓ Interesse do colaborador (Todos nós somos importantes! A etapa do
processo que é de sua responsabilidade é importante para todo o
grupo!);
✓ Satisfação com as condições de trabalho (o colaborador não
satisfeito exterioriza irritação, depressão, excitação injustificada,
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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indisciplina e constitui sério obstáculo para o bom andamento dos
serviços); e
✓ Qualidade de liderança (os colaboradores servem a organização e
não a si próprios).
Portanto, resumindo, cada membro da brigada de incêndio deve estar consciente
de que suas funções e responsabilidades diante de uma emergência, sempre estarão
relacionadas à:
• Disciplina
✓ Aceitar a autoridade do líder;
✓ Executar as ordens de forma eficiente e positiva; e
✓ Manter autocontrole em uma situação de emergência.
• Confiança
✓ Na sua própria habilidade;
✓ Na habilidade dos companheiros de brigada; e
✓ Nos procedimentos e equipamento.
• Espírito de equipe
✓ Ser capaz de trabalhar com outros para alcançar uma meta comum;
e
✓ Comunicar e interagir eficazmente.
• Habilidades
✓ Demonstrar habilidades individuais;
✓ Desenvolver novas habilidade e técnicas.
• Treinar
✓ Praticar os procedimentos definidos pelo plano de emergência de
sua planta;
✓ Estar atualizado com novas tecnologias; e
✓ Familiarização com seu próprio equipamento.
• Flexibilidade
✓ Adaptar para situações variáveis;
✓ Executar as funções de outros membros da brigada;
✓ Aceitar as mudanças em um curto espaço de tempo; e
✓ Estar atento para situações dinâmicas.
• Segurança
✓ Assegurar a sua própria segurança;
✓ Assegurar a segurança dos outros membros da brigada;
✓ Assegurar a integridade da instalação; e
✓ Trabalhar dentro de diretrizes determinadas.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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• Liderança
✓ Estar preparado para ser designado como líder de uma equipe; e
✓ Ter a sua autoridade reconhecida.
• Condicionamento físico
✓ Saúde, força, mobilidade e resistência para executar as tarefas;
✓ Compreensão das várias tarefas a serem executadas; e
✓ Bom conhecimento de sua planta.
O comportamento diante de uma emergência
Com a proposta de convencê-los a não se tornarem meros chefes, supervisores
ou coordenadores, mas sim, líderes, buscaremos aqui apresentar algumas orientações
para você não se sentir “perdido” quando a crise já está batendo na porta da sua sala,
sob as mais diversas formas, desde uma auditoria, passando por uma fiscalização, ou
até mesmo um evento catastrófico. Embora as recomendações a seguir tenham sido
objeto de um estudo publicado na Revista Exame, Edição n°. 706 de 26/01/2000 sobre
o relacionamento das empresas com a mídia (imprensa escrita ou televisiva),
acreditamos que ele pode ser perfeitamente traduzido para qualquer realidade da
empresa, como por exemplo, no que tange ao gerenciamento de crises que esteja
atingido a manutenção de condições seguras de trabalho. Trouxemos as recomendações
do estudo para a realidade industrial, e temos certeza que vocês concordarão que ele
ainda nos parece ainda bem atual.
Portanto, diante de uma emergência... O que fazer?
• Calma. Prepare-se. Não saia falando sem saber de fato o que aconteceu.
Declare ao seu público que você irá se informar e voltará a falar. Mas volte
mesmo.
• Não tema. Fale. Se você não falar, alguém – o operador, o brigadista, o
homem da área, o cozinheiro, a D. Maria – vai falar por você, só que não
necessariamente a verdade.
• Mentir, jamais. A mentira tem pernas curtas. E, quando alguém descobrir
que você está mentindo, um dos últimos recursos e o mais precioso que
lhe resta, a boa vontade da opinião pública, estará perdido. Daí para frente
nada mais importa: você será o culpado.
• Assegure-se de estar sendo compreendido. Tudo é problema de
comunicação. Será que os jornalistas e a opinião pública estão de fato
entendendo e aceitando o que você está falando? Cuidado com os termos
técnicos e mensagens evasivas.
• Não especule. Não brinque. Não subestime. Vai dar a impressão de
que você é arrogante e age de má-fé.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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• Jamais diga “sem comentários” ou “nada a declarar”. Essas frases,
antipáticas, dão a impressão de que você tem algo a esconder. São usadas
por pessoas como, por exemplo, políticos, narcotraficantes e juízes
corruptos. Nesse momento, tudo o que você não quer é ser associado a
esse tipo de figura.
• Trate de ser identificado como crível (honesto). A imagem, a
credibilidade no momento de crise, é decisiva. O que vale é aquele dito
popular sobre a mulher de César: “Não basta ser honesto, você tem que
parecer honesto!”
• E ainda: Monte um comitê para gerenciar a crise e sua comunicação.
Prepare press-releases, depoimentos, listas de perguntas e respostas,
testemunhos favoráveis, etc. Agende palestras e atenda bem o seu
público. Publique avisos explicando a posição da empresa. Monitore a mídia
e corrija erros. Monitore a reação dos diversos públicos afetados (seu
público, colaboradores, contratados, fornecedores, clientes, acionistas,
governo, ONG, comunidades e público externo), cuide de mantê-los bem
informados.
Como estar preparado?
Na crise, a sorte conta pouco, o preparo, muito. Veja o que pode ser feito
como prevenção:
✓ Prepare uma assessoria qualificada de colaboradores para
desenvolver um programa de treinamento e gerenciamento de
emergências;
✓ Envolva toda a direção e gerentes mais experientes da empresa;
✓ Faça um treinamento para lidar com seu público em momentos de
emergência;
✓ Faça um brainstorming de possibilidades de crise no seu negócio. A
pior crise é aquela para qual não estamos nem um pouco
preparados;
✓ Desenvolva um extenso questionário e prepare respostas para
possíveis perguntas;
✓ Desenvolva mensagens-chaves; e
✓ Crie um comitê de crise e reúna-o periodicamente para novas
avaliações.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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O que não fazer?
• “Estou sendo injustiçado”. Mesmo que você tenha boa-fé, não se julgue
perseguido pelo seu público, pela empresa, pela CIPA, pelos
ambientalistas, etc. Isso não resolve. Agrava a situação.
• “Não é problema meu”. Não tente se preservar. Se seu medo é perder o
emprego, saiba que tocar a crise com competência, ao contrário, pode
significar ganhar uma promoção.
• “Me respeite”. Por mais envolvido que você esteja a questão não é
pessoal. Menos envolvimento pessoal facilita o raciocínio equilibrado.
• “Não quero incomodar meus superiores”. Não demore. Comunique a
emergência imediatamente aos escalões mais altos. Tempo é a chave.
• “Foi um episódio isolado. Não vai acontecer novamente”. Não ignore
sinais de alerta. Não ignore os incidentes. Resolva problemas
potencialmente graves da primeira vez, antes de se tornarem crises.
• “Isso não vai dar em nada”. Efeito avestruz não ajuda. O que você
prefere: Um filme horroroso ou um horror sem fim?
• “Seguimos todas as normas, padrões e regulamentos da
companhia”. E que se importa com isso ?
• “Legalmente estamos cobertos”. Ter razão em crises não significa
vencer. A questão é de imagem e não apenas de leis.
• “Foi um problema menor. Não há motivo para pânico”. Não se iluda.
Uma pequena rachadura num dique pode significar uma catástrofe.
“Não negligencie seu público”. Respeitados e bem informados eles podem ser seus
aliados.
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FERRAMANETAS DE SALVAMENTO
Desencarceramento é o nome dado à operação de salvamento que exige
aplicação de ferramentas que livrem a vítima de materiais envolventes que a prendam
ou encarcerem. Um equipamento conhecido como desencarcerador permite a retirada
de vítimas presas em ferragens de automóveis, aeronaves ou qualquer outro ambiente
que, devido a sua estrutura metálica, necessite ser cortado por equipamento específico,
cuja força para o corte é geralmente promovida pelo bombeamento hidráulico, por
um motor, geralmente acomodado numa viatura própria do corpo de bombeiros.
• Desencarcerador - O desencarcerador pode ser em forma
de tesoura, cunha, ou cilindro. Quando utilizado na forma de tesoura, o
material que estiver prendendo a vítima a ser socorrida é cortado. Quando
é utilizada a cunha, o objetivo é encontrar uma pequena brecha, inserir a
cunha, e ao acionar o motor, a cunha vai abrindo espaço necessário para
retirada da vítima ou outro serviço.
Os desencarceradores devem trabalhar, de preferência, com baixa pressão
hidráulica de trabalho, entre 5.000 e 8.000 psi. Já a pressão de ruptura
mínima deve ser em torno de 20.000 psi. Quanto menor a pressão de uso,
maior a facilidade de manuseio, reduzindo riscos de acidente para o
operador e para a vítima já lesionada. As baixas pressões de trabalho em
desencarceradores também reduzem o custo de manutenção. Uma bomba
hidráulica de 3 hp, geralmente acionado por motor de combustão interna
operado com gasolina comum, ferramentas hidráulicas como tesoura
fabricada em ligas especiais que tanto seja duro para corte, como evite o
deslize quando em operação, e cunha com grande abertura de separação,
cilindro expansor, dois conjuntos de mangueiras com um mínimo de 10
metros livres para operação, com poder de pressão não inferior a 700 bar.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 100
• Moto-cortador - Equipamento com o funcionamento semelhante da
motosserra, contudo usado para cortes de chapas. É possível a utilização
de vários tipos de discos. Disco para corte de ferro e aço, o que capacita o
equipamento ao salvamento de pessoas em acidentes automobilísticos, ou
para arrombamentos de portas de aço, ou ainda outras situações onde
caiba sua utilização, como para o corte de vergalhões em desabamentos.
• Operação - O procedimento para dar a partida no motor do Motocortador
é o mesmo para a motosserra, no entanto alguns cuidados especiais
devem nortear a operação deste equipamento, já que há a geração de
centelhas durante o corte, o que oferece riscos ao bombeiro, ao patrimônio
e das possíveis vítimas envolvidas, criando a possibilidade de incêndios,
caso haja derramamento de inflamáveis ou explosão se houver
escapamento de gases combustíveis.
• Gerador à gasolina - O gerador é um equipamento formado por um
motor à explosão destinado a fornecer corrente elétrica aos materiais
operacionais, comumente usados para garantir a iluminação do local do
evento.
Gerador
• Escada de duralumínio (prolongável) - Escada composta de
duralumínio para garantir resistência e versatilidade, composta de dois
lanços, um fixo e um móvel. O lanço móvel desloca-se sobre o fixo através
de encaixes.
Escada
Motocortad
or
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• Croque - Ferramenta composta por um cabo de fibra subdividido em 3
(três) partes com 1,5m, que servem para prolongar o equipamento,
possuindo em sua extremidade uma peça em forma de gancho.
Croque
• Alavanca - Equipamento aplicado em vários tipos de salvamentos,
constituído de uma barra de ferro de seção circular ou octogonal, com
comprimento, formas e extremidades variadas, usado em atividades de
arrombamento e deslocamento de cargas.
Alavanca
• Malho - Ferramenta em aço de resistência superior aos aços comuns,
possuindo uma extremidade em forma retangular e seção quadrada
conectada a um cabo de madeira ou ferro, à semelhança de uma marreta,
destinado a trabalhos que exijam grandes esforços de deslocamento ou
deformação, especialmente em arrombamentos.
Malho
• Machado - Ferramenta de aço com o formato semicircular e de gume
afiado dotado de um cabo de madeira, usado em arrombamentos e cortes.
Machado
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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SISTEMA DE CONTROLE DE INCIDENTES
INTRODUÇÃO
Como já comentamos as plantas devem possuir uma organização planejada para
enfrentar as emergências surgidas durante suas operações normais, seja no que se
refere ao manuseio de carga, seja no que se refere às ações imediatas que deverão ser
adotadas na ocorrência de qualquer emergência.
Ainda que o risco potencial seja a eventualidade de um incêndio, os
procedimentos deverão abranger todos os tipos de emergências, tais como rompimento
de um mangote ou de uma tubulação, vazamentos, contaminações de pessoas por
gases ou vapores, rupturas de tanques, blecautes, etc.
O mesmo entendimento se aplica quando tocamos no tratamento dispensado aos
membros das equipes de combate a incêndio, grupos de apoio, equipamento de
combate a incêndio e demais acessórios, tais como equipamentos de proteção
respiratória, ressuscitadores, macas, dutos, bombas, iluminação, meios de escape ou
saída, etc.
Encontraremos no plano de emergência diversas informações para as operações
de combate a incêndio, como por exemplo, acionamento do alarme, dimensionamento
da equipe, parada das operações, corte de energia, evacuação do local, manobras de
veículos, táticas e técnicas de combate a incêndio, comunicações, liderança das ações,
procedimentos de evacuação e abandono, etc. Enfim, todas as informações necessárias,
desde a sua identificação, até o seu controle definitivo ou não. Porém, como administrá-
las dentro de um sistema comum onde iremos operar um grande número de grupos e
organizações internas e externas?
O SCI – Sistema de Comando de Incidentes foi criado na década de 70 pelos
bombeiros florestais do estado da Califórnia nos EUA com o objetivo de oferecer um
sistema que permitisse aos encarregados da administração de respostas a emergências
operarem de forma conjunta em direção a uma meta comum, fazendo uso eficiente dos
recursos materiais e humanos disponíveis.
O sistema consiste em vários procedimentos orientados ao controle de pessoal,
instalações, equipamentos e comunicações e foi projetado para desenvolver-se desde o
início de um incidente até o momento em que se encerram as operações. Possui uma
estrutura dinâmica que pode se estabelecer e se expandir, dependendo das condições
evolutivas da emergência, desde um incidente de menor importância que envolva
apenas uma organização, até grandes incidentes que implicam a participação de várias
organizações e suas equipes.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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COMANDO DE INCIDENTES
Um controle eficiente requer da parte do comando da emergência uma visão
global do incidente sobre:
✓ Prevenção;
✓ Proteção (equipe, comunidade, ambiente, recursos materiais, e
serviços básicos essenciais de água, luz, comunicações, etc.);
✓ Resposta proporcional (estabilização e controle); e
✓ Disposições finais (incêndio totalmente debelado, ferido, vítima,
danos, resíduos, etc.).
Em qualquer emergência, pequena ou grande, deverá sempre haver um
coordenador geral com responsabilidades de:
✓ Avaliar a situação;
✓ Determinar e acessar aos recursos disponíveis;
✓ Desenvolver um plano de ação apropriado ao incidente;
✓ Supervisionar a eficácia do plano;
✓ Modificar continuamente o plano de modo que o mesmo sempre
permaneça apropriado às condições da situação.
CENTRO DE CONTROLE
Na planta industrial deverá ser preparada uma sala para servir de centro de
controle de emergência. Deve ser localizado em um ponto central conveniente, não
próximo dos locais de risco, possivelmente na área administrativa. Durante a
emergência o centro deverá ser condenado por representante da planta, pelo Corpo de
Bombeiros, pelo serviço Médico, pela Polícia e demais representantes do Poder Público.
• Corpo de bombeiros - Esta organização possui um papel de notória
importância nas ações envolvendo as grandes emergências. É
particularmente essencial que o papel dessa corporação esteja claramente
definido no plano de emergência. No Brasil o Corpo de Bombeiros assume
o comando das atividades quando solicitado. O plano de emergência
deverá estabelecer o relacionamento, exato dos coordenadores de
emergência da planta com o Corpo de Bombeiros, antes e depois da
chegada de seu contingente.
• Comunicações - O sistema de comunicação deve ter flexibilidade para
cobrir as operações, compartilhando as informações entre os membros da
brigada para que, a todo o momento, o líder possa reavaliar as táticas
empregadas. A comunicação deve fluir em várias direções entre a
organização de resposta a emergência.
Um sistema de comunicação deve ser estabelecido com os seguintes
objetivos:
✓ Fazer funcionar o alarme de incêndio da planta;
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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✓ Pedir socorro; e
✓ Coordenar e controlar todas as atividades de combate a incêndio e
de emergência, incluindo a movimentação de pessoas e veículos.
O sistema de comunicações deve ter flexibilidade para cobrir as operações:
✓ Na planta de produção;
✓ Nas áreas administrativas;
✓ Nos depósitos;
✓ Nas áreas adjacentes; e
✓ Em qualquer ponto da planta.
Os tipos de comunicação são:
✓ Sistema de alarme;
✓ Telefones fixos;
✓ Rádios;
✓ Sinais visuais / manuais;
✓ Intercom; e
✓ Auto falantes.
Recomendam-se equipamentos de comunicação portáteis e do tipo
aprovado para áreas classificadas (intrinsecamente seguro ou a prova de
explosão). Algumas plantas possuem um canal exclusivo para as situações
de emergências que devem ser do conhecimento do pessoal ligado aos
procedimentos de respostas a emergência. No geral, somente pessoas
autorizadas podem usar o sistema de comunicações. Nos equipamentos de
proteção respiratória se faz necessário o uso de equipamentos que
permitam a conversa mesmo que o brigadista esteja usando a máscara
respiratória.
• Comunicação efetiva
Para ser efetiva a comunicação deverá ser:
✓ Compreendida;
✓ Se ela não for entendida, ninguém poderá agir!
✓ Deve ser possível para ser executada;
✓ Aceita;
✓ Assegure se o receptor ouviu e entendeu a mensagem;
✓ A aceitação das informações dependerá do nível de compreensão do
receptor;
✓ Consumada;
✓ O efetivo cumprimento de uma ordem transmitida dependerá se o
receptor entendeu a mensagem e não se o receptor concorda com
ela;
✓ Resumida;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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✓ A mensagem será entendida mais facilmente do que uma explicação
prolongada;
✓ Decida o que vai ser dito antes de transmitir;
✓ Precisa;
✓ Quanto menos palavras, menos confusão;
✓ Relevante; e
✓ Baseada nos fatos.
• Falhas na comunicação - Muito frequentemente falhas nas comunicações
poderão ocorrer no atendimento a uma emergência.
✓ Falha no equipamento;
✓ Local com interferência;
✓ Devido à estrutura metálica da instalação poderão ser produzidas
interferências nas transmissões;
✓ Ruídos de equipamentos e barulho de explosões;
✓ Usuários;
✓ Transmissões sendo anuladas por outros usuários;
✓ Confusão ou excitação nas transmissões;
✓ Terminologia incorreta;
✓ Sotaques ou gírias;
✓ Mensagens apressada; e
✓ A dificuldade para achar palavras adequadas para construir a
mensagem.
“SE ENTENDER, CONFIRME!
E SE ESTIVER EM DÚVIDA, PEÇA PARA REPETIR!”
O mais importante quando estiver no uso de sistema de comunicação, qualquer
que seja, é a clareza das informações transmitidas. Algumas vezes as decisões poderão
envolver mais de uma pessoa. A diferença entre o sucesso e o fracasso de determinada
operação poderá estar na qualidade da informação. Use a comunicação com disciplina e
fale somente o que deve ser dito.
POSTO MÉDICO
O terminal deve possuir posto médico e, no momento de uma emergência, contar
com seu apoio imediato em conjunto com as demais organizações de atendimento
médico assim que forem alertados sobre a natureza da emergência. Assim que for
possível, é recomendado que recebam as seguintes informações:
✓ A natureza e localização da emergência;
✓ A probabilidade de acidentados; e
✓ A necessidade de apoio médico no local do sinistro.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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Tão logo as vítimas tenham recebido o primeiro atendimento e sejam conhecidos
os detalhes dos seus estados clínicos, devem ser transferidas para as unidades de
atendimento médico especializado e adequadas a cada tipo de situação.
FUNÇÕES DE UM LÍDER DIANTE DE UMA EMERGÊNCIA
Na organização e execução de uma faina de combate a incêndio a liderança
atingirá o seu grau máximo de exercício. Passaremos aqui alguns comentários acerca
das funções e responsabilidades dos líderes, dos seus comandados e demais grupos de
apoio.
• Planejar:
✓ Obtenha informações imediatamente disponíveis;
✓ Identificar o problema e determinar a extensão da emergência;
✓ Utilizar um pré-planejamento (plano inicial) baseado nas
informações até então disponíveis;
✓ Divida o plano de abordagem em série de tarefas;
✓ Na formulação de um plano de ataque a prioridade inicial é a
segurança da Brigada e da população da planta;
✓ Estar preparado para gerenciamento de mudanças à medida que a
brigada acessar o local do sinistro e avaliar o comportamento do
incêndio, o nível de dificuldade encontrada e as próximas ações a
serem tomadas para o seu controle; e
✓ Sempre considerar a necessidade de um resgate. Se uma pessoa
desaparecida tiver uma chance de sobrevivência, a mesma deverá
ser atendida, porém, avaliando o tamanho do risco que a equipe de
resgate poderá ser exposta.
• Instrução específica:
✓ Definir os objetivos da equipe e táticas a serem aplicadas;
✓ Dividir a equipe em grupos alocando uma tarefa para cada;
✓ Fornecer instruções claras e precisas e concisas;
✓ Confirmar se as instruções foram compreendidas por todos; e
✓ Designar sub-líderes.
• Controlar:
✓ Assegurar que as tarefas estão sendo corretamente executadas;
✓ Coordenar as tarefas corretamente;
✓ Assegurar que todas as ações estejam contribuindo para o objetivo
principal;
✓ Manter os padrões de atuação da equipe e se necessário influencie o
tempo das ações que poderão afetar no resultado final; e
✓ Monitorar o ambiente do local da emergência principalmente com
relação ao aumento do incêndio que venha afetar a segurança da
Brigada.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 107
• Apoiar:
✓ Combinar com a força de trabalho com os recursos disponíveis para
delegar tarefas;
✓ Atender aos pedidos efetuados por membros da equipe quando
solicitado;
✓ Quando necessário providenciar suporte médico para a equipe; e
✓ Incentivar e encorajar a equipe no que tange ao seu equilíbrio físico
e emocional principalmente diante das emergências de longa
duração.
• Informar – Comunicações:
✓ Filtrar e processar as informações recebidas;
✓ Ajustar o direcionamento do fluxo contínuo de informações;
✓ Assegurar que todos recebam informações suficientes que afetem
suas atividades principalmente pra aquelas com relação à própria
segurança; e
✓ Não se esquecer de informar também os escalões hierárquicos
superiores que também participam da operação de resposta a
emergência.
• Tomada de decisão:
✓ Sua postura poderá variar de acordo com a situação e as pressões
exercidas sobre o seu comando; e
✓ Dividir as decisões com a equipe poderá produzir decisões mais
sensatas quando são evidentes a habilidade e o domínio da ação
para ajudá-lo.
• Delegar tarefas:
✓ Mesmo delegando tarefas o líder ainda não deixará de ter as suas
próprias responsabilidades;
✓ Somente delegar aquilo que o membro puder entender e executar.
✓ Ajustar limites dentro do qual cada membro poderá atuar com seu
apoio sem menosprezar os demais;
✓ Usada de forma inteligente, ela poderá reforçar alguns pontos
positivos;
✓ Acelera a ação porque as decisões são tomadas mais próximas da
ação;
✓ Redução na carga de trabalho e concentração em assuntos mais
importantes; e
✓ Desenvolvimento da Brigada e o aproveitamento total das suas
habilidades, confiança mútua e moral.
• Avaliar durante o incidente:
✓ Continuamente a efetividade do plano;
✓ Falta de controle ou suporte;
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 108
✓ Recebimento ou fornecimento de informações insuficientes ou
impróprias; e
✓ Falhas existentes no planejamento para ajustá-lo o mais rápido
possível.
• Avaliar depois de incidente:
✓ Reconhecer e premiar o esforço da equipe;
✓ Assinalando os pontos positivos, os desvios e as lições aprendidas; e
✓ Dê crédito para ações executadas de forma correta.
AÇÕES DE UM LÍDER DIANTE DE UMA EMERGÊNCIA
Antes de qualquer coisa, o líder também é um brigadista. Além de coordenar e
executar as ações ele também deverá tomar parte no combate efetivo do incêndio.
Todavia, durantes as ações de atendimento às emergências, a atenção de um bom líder
também deverá estar voltada para atuar da seguinte forma:
• Avaliar a situação com base em
✓ Tipo de sistema ou equipamento afetado;
✓ Extensão (zonas) afetada;
✓ Sistemas fixos operados;
✓ Condição da Planta;
✓ Parada de operações;
✓ Informações disponíveis sobre os grupos e demais organizações
envolvidas;
✓ Pessoal que estava presente no começo do acidente; e
✓ Pessoal que providenciou o primeiro atendimento.
• Estabilizar a situação
✓ Consultar as plantas estruturais do local; e
✓ Considerar a possibilidade de contenção do incêndio através de
sistemas fixos, canhões monitores e linhas de mangueiras.
• Reorganizar
✓ Após estabilizar a situação, o líder deverá implementar um plano
mais completo;
✓ Listar prioridades precisas como primeiros socorros e remoções de
vítimas;
✓ Avaliar a efetividade das decisões já tomadas; e
✓ De acordo com os progressos da situação, poderá ser necessário:
reavaliar – repriorizar – comunicar.
• Normalizar
✓ Uma vez controlado o incidente, será necessário para restabelecer
as operações normais da Planta;
✓ Assegurar a execução do trabalho de rescaldo;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 109
✓ Inspecionar completamente as áreas afetadas para assegurar que
não existe nenhum resquício de incêndios;
✓ Assegurar que tanques, dutos e demais estruturas estão
devidamente resfriadas;
✓ Assegurar que todas as vítimas tenham recebidos cuidados e
ninguém foi esquecido; e
✓ Informar as decisões tomadas e seus efeitos a todos os membros da
equipe.
• Restabelecer
✓ Providenciar a recomposição de todo o aparato de resposta de
emergência; e
✓ Reunir todas as informações para elaboração de relatórios
destinados a quaisquer investigações subsequentes.
AÇÕES DA BRIGADA DIANTE DE UMA EMERGÊNCIA
As atribuições da Brigada são as seguintes:
• Ações de Prevenção
✓ Avaliar os riscos existentes;
✓ Inspecionar os equipamentos de prevenção e combate a incêndio;
✓ Inspecionar e manter as rotas de fuga sinalizadas e desobstruídas;
✓ Elaborar relatórios de irregularidades encontradas;
✓ Encaminhar os relatórios aos setores competentes;
✓ Orientar a população fixa e flutuante; e
✓ Participar de exercícios simulados.
• Ações de Emergência
✓ Identificar a situação;
✓ Proceder ao alarme / abandono de área;
✓ Proceder ao corte de energia;
✓ Acionar o corpo de bombeiros e demais auxílios externos;
✓ Proceder os primeiros socorros;
✓ Combater os princípios de incêndio;
✓ Receber e orientar o Corpo de Bombeiros; e
✓ Preencher o formulário ao Corpo de Bombeiros para atualização de
dados estatísticos.
PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE EMERGÊNCIAS
Combate a incêndio de um trabalho cujo desenvolvimento corre sob tensões
físicas e emocionais. Qualquer trabalho assim executados necessita, para ser bem
sucedido, que determinadas condições básicas sejam atendidas dentro de uma ordem
lógica.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 110
• Alerta - Quando alguém constata a existência de um incêndio, a primeira
providência a tomar será dar o ALARME GERAL. Somente após é que
deverá começar a combatê-lo com os meios disponíveis mais próximos do
local de incêndio. O plano contempla como o alerta será dado (alarme,
telefone, rádio ou outro meio) e como será avisada a brigada, a população
e as demais organizações. Ao soar o alarme de incêndio, o pessoal que irá
combatê-lo, deverá saber algumas características do incêndio, para
combatê-lo de maneira eficaz, tais como:
✓ Qual o local do incêndio?
✓ O que está queimando? (para a determinação da classe de incêndio)
✓ Qual a extensão do incêndio?
✓ Quais são os combustíveis que existem nas proximidades?
✓ Qual direção do vento?
✓ Quais dispositivos de controle de incêndio existem instalados no
local?
Qual a melhor maneira de:
✓ Evitar o alastramento do fogo; e
✓ Extinguir o incêndio.
• Análise da situação - A brigada deverá realizar a análise da situação
desde o seu acionamento para emergência. São verificados e selecionados
os recursos apropriados a serem utilizados como roupas de proteção, EPI
básico, máscaras autônomas, detectores de gás, rádios, mangueiras,
esguichos, espuma, etc, de acordo com o tamanho da equipe e dos
recursos operacionais disponíveis. Confirmada a emergência, nesse
momento já deverá estar definido a quem a brigada irá se reportar adiante
no andamento das ações.
• Apoio externo - O plano deve identificar a possibilidade de acionamento
de apoio externo e os meios de acionamento. A notificação da emergência
deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:
✓ Identificação da unidade;
✓ Localização da unidade;
✓ Características da emergência;
✓ Existência de eventuais vítimas e seus estados;
✓ Necessidade de salvamento.
Para o recebimento das forças de apoio externo, um brigadista,
preferencialmente, deverá ser indicado para recebê-los e fornecer as
informações necessárias para o início dos procedimentos operacionais de
responsabilidade daquelas organizações.
• Primeiros Socorros - O plano de emergência deve identificar as pessoas
responsáveis pelo primeiro atendimento as vítimas do sinistro. Devem
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 111
prestar os primeiros socorros mantendo ou estabilizando as funções vitais
das vítimas, como por exemplo, SBV – Suporte Básico da Vida ou RCP –
Ressuscitação Cardiopulmonar, até a chegada no local de emergência da
equipe de resgate médico especializado.
• Eliminar Riscos - A brigada deverá controlar imediatamente os riscos
presentes na área sinistrada atingida. Dependendo da gravidade da
emergência, a Brigada deverá ter que eliminar os riscos da área geral da
planta, deixando o local em condições seguras para as ações do Corpo de
Bombeiros e das outras forças auxiliares do plano de emergência. Os riscos
maiores a serem controlados são as fontes de energia, como: o corte da
energia elétrica, o fechamento das válvulas das tubulações contendo óleos,
gasolina, GLP, produtos perigosos, etc.
• Abandono da área - A brigada deverá conduzir o abandono da área
parcial ou total, quando necessário, conforme a comunicação recebida,
conduzindo a população fixa e flutuante daquela área para o ponto de
encontro, ali permanecendo até a emergência ser definitivamente sanada.
Uma atenção especial deve ser dada às pessoas portadoras de
necessidades especiais permanente ou temporária e às pessoas que
precisam de auxílio especial.
• Isolamento de Área - A Brigada deverá estabelecer um perímetro de
segurança inicial até a chegada do Corpo de Bombeiros e demais forças
auxiliares. Essa medida tem por objetivo isolar a área sinistrada de modo a
garantir a execução dos demais procedimentos de emergência tais como
abandono de área e atendimento das vítimas. Também evita que pessoas
que não autorizadas venham adentrar inadvertidamente no local
sinistrado.
• Confinamento do Incêndio - A Brigada deverá confinar o incêndio de
modo a evitar a sua propagação. O incêndio deve ser restringido ao
máximo para que o mesmo não avance além da área ou dos equipamentos
atingidos, de forma que os demais locais adjacentes não venham a ser
envolvidos, aumentado assim o tamanho da área incendiada e,
consequentemente, oferecendo um perigo maior para a população e os
próprios brigadistas.
• Combate ao Incêndio - A Brigada deverá proceder tanto ao combate a
incêndio inicial até o restabelecimento da normalidade, quanto ao combate
durante o desenvolvimento do incêndio até a chegada do reforço do Corpo
de Bombeiros. Lembramos que a primeira providência de todo o brigadista
antes de qualquer ataque é se preocupar com a sua própria segurança.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 112
• Investigação - A Brigada deverá levantar as possíveis causas do alerta e
os demais procedimentos adotados. Deve-se preservar ao máximo o
cenário para a perícia, competência exclusiva para o Corpo de Bombeiros.
Anexo I
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 113
PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
INTRODUÇÃO
Em todo incêndio é normal a formação de gases irritantes e agressivos ao nosso
aparelho respiratório. Dependendo do material em combustão, é possível também a
formação de gases tóxicos. Determinados tipos de máscaras dotadas de filtros
(normalmente de carvão) permitem a respiração em atmosferas assim contaminadas,
desde que essa atmosfera disponha ainda de um percentual adequado de oxigênio.
As máscaras que dispõem apenas de filtros são impróprias para os trabalhos de
combate a incêndio a bordo. Quando o incêndio ocorre em ambientes confinados, é
praticamente certo o acumulo de gases, enquanto que paralelamente, se verifica a
redução do percentual de oxigênio. Nesses casos, são necessárias que sejam utilizadas
máscaras de circuito fechado que possam prover uma quantidade ideal de ar respirável
para seu usuário.
Chamamos de circuito fechado por não ser dependente do ar exterior,
comunicando-se com o ambiente externo apenas para fazer a exalação.
OXIGÊNIO
O oxigênio é chamado de a fonte da vida. A sua presença na composição de
nossa atmosfera garante o perfeito funcionamento da máquina humana no que se
relaciona às reações desenvolvidas pelo nosso organismo na produção da energia
necessária para a manutenção de nossas funções vitais proporcionando nossa força
física e o calor corpóreo.
O ar respirável deve se caracterizar por:
✓ Conter no mínimo 19,5% e no máximo 23% em volume de oxigênio;
✓ Estar livre de produtos prejudiciais à saúde, que através da
respiração possam provocar distúrbios ao organismo ou seu
envenenamento;
✓ Ter pressão e temperatura normal, que sob hipótese alguma, venha
provocar queimaduras ou congelamentos; e
✓ Não conte qualquer substância que o torne desagradável, por
exemplo, odores.
Durante uma operação de combate a incêndio a nossa respiração é prejudicada
pela falta de oxigênio, devido ao seu consumo pelo processo da combustão, e devido a
intensa produção do monóxido de carbono, um gás, antes de qualquer coisa tóxico, mas
também inflamável. A tabela abaixo serve para demonstrar que o esforço físico
empregado durante a faina do combate a incêndio também pode representar uma outra
forma de consumo de oxigênio.
MONÓXIDO DE CARBONO
O monóxido de carbono não possui cor nem odor, correndo o risco de ainda não
perceber a sua presença iludindo, assim, a necessidade de se efetuar a ventilação do
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 114
local. Nosso organismo (pulmão) possui o comportamento de absorver o CO até 300
vezes mais rápido do que a “fonte da vida” o O2.
Exposição x Tempo Efeito
Concentração ppm
50 Exposição permitida até 8 horas.
400-500 Concentração que pode ser inalada por 1 hora
sem causar grande efeito.
600-700 Concentração que causa efeito após 1 hora de exposição.
1000-2000 Concentração que causa mal estar, mas não causa
nenhum efeito perigoso após 1 hora.
1500-2000 Perigoso para a exposição de 1 hora.
4000 e acima Exposição fatal em menos de 1 hora.
A Proteção Respiratória de suma importância, visto que a inalação é um dos
maiores meios de exposição a agentes químicos tóxicos. O equipamento de proteção
respiratória consiste em uma máscara facial conectada a uma fonte de ar ou a um
aparelho purificador de ar.
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
Segundo a NBR12.543:1999 é o “equipamento que visa a proteção do usuário
contra a inalação de ar contaminado ou de ar com deficiência de oxigênio”. Nas
operações de combate a incêndio de busca e resgate. Os brigadistas utilizam
equipamentos de ar autônomos.
Em todos os locais onde seja conhecida a deficiência de oxigênio, o risco de
inalação de substâncias tóxicas prejudiciais à saúde bem como o estado impróprio do ar
respirável deverá ser providenciado o fornecimento de proteção respiratória para o
resgatista, para evitar qualquer possibilidade de interferência na função respiratória,
lesão ou morte. O ideal seria um programa de proteção respiratória que contenha as
seguintes exigências mínimas:
✓ Devem ser elaborados procedimentos escritos para o uso da
proteção respiratória;
✓ Devem ser relacionados mediante a realização de testes para se
determinar:
- Quais agentes contaminantes estão presentes;
- Qual é o percentual de concentração dos agentes contaminantes;
- Qual é o percentual de concentração do oxigênio;
✓ Os resgatistas devem receber treinamento para uso correto do
equipamento;
✓ Cada resgatista deverá ter seu próprio equipamento já
disponibilizado no local;
✓ A limpeza e higienização periódica dos equipamentos e seu registro
após a utilização;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 115
✓ A guarda adequada dos equipamentos deve ser registrada quanto as
suas condições;
✓ Inspeção e manutenção periódica dos equipamentos devem ser
registradas;
✓ A vigência do programa é obrigatória;
✓ Avaliação médica periódica dos trabalhadores que utilizam esses
equipamentos;
✓ Registros da liberação de uso dos equipamentos devem ser
arquivados.
Existem três tipos de equipamentos para operações de resgate em espaço
confinado:
✓ Equipamento de respiração por ar de linha (sistema de cascata,
compressor, etc.);
✓ Equipamento autônomo de respiração (circuito aberto); e
✓ Respirador de fuga.
Equipamento de Respiração por Ar de Linha
Possui as seguintes características:
✓ Independe da concentração do contaminante;
✓ Indicado também para ausência de oxigênio;
✓ Grande autonomia;
✓ Dotado de cilindro reserva para escape;
✓ Pressão positiva;
✓ Suprido por um sistema de cascata ou compressor com filtro de ar;
✓ Pouco peso;
✓ Limitações pelos tamanhos das mangueiras de ar;
✓ Reduz a mobilidade do usuário; e
✓ Impossibilidade de adaptação do carona.
Ar de linha
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 116
Equipamento de Respiração Autônomo
Também é comum se chamado simplesmente de máscara autônoma. É o
equipamento na qual o usuário transporta o próprio suprimento de ar respirável através
de um suporte anatômico, o qual é independente de atmosfera ambiente. O conjunto
autônomo normalmente consiste de uma máscara facial conectada a uma mangueira, a
uma válvula reguladora de pressão e a um cilindro de ar comprimido carregado pelo
brigadista. Esses cilindros fornecem 30 (trinta) ou 45 (quarenta e cinco) minutos de ar,
dependendo do seu tamanho. Os conjuntos autônomos têm um fornecimento de ar
limitado, são volumosos, pesados (mesmo com cilindros de compósito) e aumentam a
chance de estresse físico.
Possui as seguintes características:
✓ Independe da concentração de contaminante;
✓ Indicado também para ausência de oxigênio;
✓ Proporciona maior mobilidade ao usuário;
✓ Suprimento independente de compressores (falta de energia);
✓ Pressão positiva;
✓ Alarme sonoro;
✓ Tempo limitado (cerca de 30 minutos, no mínimo); e
✓ Peso/incômodo;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 117
Respirador de Fuga
Tem sido uma solução alternativa para as situações de emergências onde foi
ordenado o abandono de uma área sinistrada pelo incêndio ou pelo vazamento de
substância tóxica.
A NBR 12.543:1999 define o respirador de fuga, como o equipamento que
protege o usuário durante o escape contra a inalação de ar contaminado ou com
deficiência de oxigênio, em situação de emergência, com risco de vida ou saúde. Pode
ser de pressão positiva (o ar somente é admitido para o interior da peça facial quando a
pressão positiva dentro dela é reduzida pela inalação) ou de fluxo constante (o ar é
admitido para o interior da peça facial de um fluxo contínuo de ar respirável).
O respirador de fuga também poderá ser do tipo com filtro para remoção dos
contaminantes.
PROCEDIMENTO DE PREPARAÇÃO E UTILIZAÇÃO DO EPR
O brigadista, usuário de um EPR, carrega consigo situações potencialmente
perigosas. Fumaças e calor podem tornar as tarefas difíceis, mais, também situações
estressantes tais como busca a feridos geralmente aumenta ainda mais os problemas.
O brigadista deve agir decisivamente, mas ser capaz ainda de recorrer às
situações perigosas e de agir de acordo com elas. A sua própria segurança e a
segurança de seu companheiro são mais importantes. Para aumentar a segurança é
importante agir de acordo com procedimentos pré-definidos e bem treinados. Os
procedimentos são desenvolvidos para:
✓ Usar a máscara facial;
✓ Uso e controle de máscara facial; e
✓ Substituir o cilindro.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 118
Procedimento de acondicionamento de EPR: preparar o EPR na estação de
incêndio é o primeiro passo para uma rápida intervenção. Com a prévia preparação do
EPR evitaremos a perda de tempo em montá-lo.
Quando se está preparando o EPR, é importante que algumas ações sejam
tomadas:
✓ Primeiro o cilindro, a mochila e a máscara devem ser checados para
ver se não há falhas visíveis;
✓ Depois da inspeção visual, o cilindro é montado na mochila;
✓ Abrindo a válvula do cilindro, a pressão no cilindro pode ser checada
(manômetro) bem como todo o sistema pneumático quando há
vazamentos. Antes de abrir a válvula do cilindro o botão regulador
da válvula de demanda deverá ser pressionado para evitar que o ar
escape desnecessariamente. Se não houver problema, a válvula
poderá ser fechada;
✓ O sistema ainda estará sob pressão. O próximo teste a ser
executado será o do sinal de alarme (apito). Para fazer isso, o ar
retido no sistema deve ser liberado bem devagar;
✓ O brigadista deverá fechar a sua válvula de demanda com a palma
da mão e liberar o ar aos poucos. Assim que a pressão no sistema
for inferior a 55bar, o sinal do alarme será ativado; e
O próximo procedimento é ajustar, o máximo possível, os tirantes de transporte
nas costas. A máscara facial deve ser colocada em uma bolsa plástica e quando
manusear as tiras da máscara, estas devem ser afrouxadas até o máximo. O EPR estará
agora pronto para uso.
Utilizando o EPR para o combate a incêndio
Em caso de incêndio a brigada deverá lançar uso do EPR, e assim que for possível
deve estar pronto para agir. A preparação do brigadista sempre deverá ser feita em
ambiente seguro. O teste do equipamento deverá ser novamente realizado antes de
cada uso para o atendimento a uma situação real de emergência.
Um detalhe também importante é de que, ao vestir o EPR, é possível que a roupa
do brigadista fique desarrumada. Logo de modo a proteger o brigadista, é importante
que as roupas sejam checadas e ajustadas quando necessário.
Agora a máscara pode ser retirada da bolsa protetora e as tiras da máscara
devem ser ajustadas ao seu máximo. A máscara fica pendurada em volta do pescoço
pela alça de transporte até que o usuário entre em ação. Antes de uma ação, a máscara
é colocada na face e a válvula de demanda é colocada na máscara. Nesse momento é
importante verificar se a máscara está atrapalhando o ajuste da jugular do capacete do
brigadista.
A conexão da válvula de demanda na máscara precisa ser checada. Esta se não
ficar bem fixada poderá se soltar durante a faina de combate a incêndio.
Devido ser essencial que a equipe de incêndio seja rápida no seu preparo, e
esteja vestida apropriadamente, é recomendado que os brigadistas se
preparem conjuntamente, um ajudando ao outro na verificação correta do EPR.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 119
CONTROLE DA BRIGADA DE INCÊNDIO PELO COORDENADOR DA
BRIGADA
Depois de o Coordenador informar a Equipe de Brigada quanto ao sinistro, e de
orientá-los quanto suas responsabilidades e tática a ser adotada, ele finalmente checará
os membros da equipe. Ele também disponibilizará lanternas, detectores de gás e
equipamentos de comunicação para a brigada, aplicáveis ao tipo de EPR.
CÁLCULO DO USO DE AR
O uso de ar do EPR depende de um número de fatores:
✓ A intensidade do trabalho;
✓ O nível do treinamento;
✓ O nível da saúde física da pessoa; e
✓ A quantidade de estresse aparente.
Para calcular a quantidade de ar que está sendo usado, nós usaremos um
consumo de ar máximo de 60 litros por minuto. Como medida de segurança, 55bar de
ar será considerado reserva de ar para abandono do local. A quantidade restante é
considerada “pressão de trabalho”.
A quantidade para uso é calculada da seguinte fórmula:
✓ Pressão início cilindro - pressão sobressalente = pressão de
trabalho.
Pressão início 300bar - pressão sobressalente 55bar = pressão de trabalho
245bar.
Detector de Gás
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 120
Pressão no retorno
Durante a entrada a quantidade de ar que é usada é a mesma do retorno. Razão
é que o usuário do equipamento precisa de mais tempo para entrar durante a
verificação e busca do local. O retorno pode parecer mais rápido por que ele já está
familiarizado com o ambiente e por que as mangueiras de incêndio agem como um
guia, mas por causa do possível cansaço, da intensidade da ação e do possível contato
com altas temperaturas o fazem ficar cansados e irá diminuir o ritmo deles.
De acordo com nossa experiência, nós sabemos que o consumo de ar na entrada
é quase igual ao consumo da saída. Para calcular o quanto de ar uma pessoa precisa
para retornar, a fórmula abaixo pode ser usada:
Pressão de Trabalho: 2 + pressão sobressalente = pressão da retirada
Exemplo: 245bar : 2 = 122,5bar + 55bar = 178bar
COMUNICAÇÃO ENTRE OS MEMBROS DA EQUIPE
Por causa da máscara facial, capacete e os sons em volta, os membros da equipe
podem não conseguir receber bem as mensagens de rádio. O emissor das mensagens
deverá falar devagar e de forma clara. A mensagem deve ser breve e ir direto ao ponto.
O receptor deve segurar a respiração para evitar barulhos do aparelho respiratório que
perturbem a recepção. Sinais manuais também poderão ser utilizados alternativamente.
Rádios
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 121
RESGATE DE VÍTIMAS EM ESPAÇOS CONFINADOS Todo procedimento de entrada em espaços confinados representa um trabalho
potencialmente perigoso, que requer além do planejamento e treinamento da equipe de
trabalho, a existência de um serviço de emergência e resgate organizado, treinado a
disposição em tempo integral para aquela entrada. O presente treinamento encontra-se
baseado nas normas norte-americanas NFPA 1670 e NFPA 1006.
Os objetivos deste treinamento são:
✓ Apresentar um conjunto de definições, competências e
procedimentos organizacionais necessários para a composição de
um serviço de emergência e resgate em espaço confinado;
✓ Apresentar procedimentos de segurança e proteção para os
resgatistas, uso e seleção correta dos equipamentos apropriados e
de estabilização e remoção de vítimas em espaços confinados; e
✓ Normalização brasileira e internacional sobre resgates técnicos em
espaço confinados.
NORMALIZAÇÃO
Os cuidados com a prevenção e administração de incidentes e acidentes fatais em
espaços confinados construíram no mundo inteiro, diversas normas e regulamentos
técnicos, alguns deles dotados com força de lei através de seu reconhecimento pelas
legislações governamentais locais.
Dentre as principais destacamos:
✓ Norma Regulamentadora (NR-33) do Ministério do Trabalho e
Emprego denominada Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços
Confinados, visa garantir a segurança nas operações em espaços
confinados.
✓ Norma Regulamentadora (NR-35) do Ministério do Trabalho e
Emprego denominada Trabalho em Altura, estabelece os requisitos
mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura,
envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de
forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores
envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.
✓ ABNT NBR 14.606 de outubro de 2000: Posto de Serviço – Entrada
em Espaço Confinado. Essa norma editada pela ABNT- Associação
Brasileira de Normas Técnicas, fórum nacional de normalização,
estabelece os procedimentos de segurança para entrada em espaço
confinado em posto de serviço. Neste caso, está restrita a entrada
em tanque subterrâneo.
✓ OSHA 29 CRF PARTE 1910.146: OCCUPATIONAL SAFETY AND
HEALTH STANDARDS-PERMIT-REQUIRED CONFINED SPACES- Esta
norma editada pela OSHA-Occupational Safety & Health
Administration (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional)
órgão do Department of Labour do governo dos EUA contém os
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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requisitos para práticas e procedimentos de proteção para os
trabalhadores das indústrias em geral contra riscos de entrada
permitida em espaços confinados.
✓ NIOSH Nº80-106: CRITERIA FOR A RECOMMENDED STANDARD-
WORKING IN CONFINED SPACES- Esta publicação editada pela
NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health
(Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional) do U.S
Department of Health, Education and Welfare (Departamento
Americano de Saúde, Educacão e Previdência Social) também edita
critérios recomendados para procedimentos de trabalhos em
espaços confinados.
✓ NFPA 1670: STANDARD ON OPERATIONS AND TRAINING FOR
TECHICAL RESCUE INCIDENTES- O propósito dessa norma editada
pela NFPA - National Fire Protection Association (Associação
Nacional de Proteção Contra Incêndio) é auxiliar a autoridade
competente a dimensionar um resgate técnico de risco dentro de
uma área de resposta, identificar o nível de capacitação e
estabelecer critérios operacionais.
✓ NFPA 1006: STANDARD FOR RESCUE TECHNICIAN PROFESSIONAL
QUALIFICATIONS- O propósito dessa norma pela NFPA - National
Fire Protection Association é especificar os requisitos mínimos de
desemprego de tarefas para serviços de resgatista numa
organização de resposta a emergências.
O QUE É ESPAÇO CONFINADO?
A NR-33 assim define os locais confinados: “É qualquer área ou ambiente não
projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e
saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde
possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio”.
A NFPA, com base nos regulamentos do governo norte-americano, define espaço
confinado em sua norma NFPA 1670 como: ”Um espaço que possui as seguintes
características:
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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✓ É grande o suficiente e assim configurado em que uma pessoa pode
entrar e executar um trabalho designado;
✓ Possui meios limitados ou restritos para entrada ou saída (ex:
tanques, vasos, silos, depósito de granel, câmaras e poços); e
✓ Não é projetado para ocupação humana contínua.
✓ Possui um ou mais seguintes características:
- Contém ou possui um potencial de conter uma atmosfera perigosa;
- Contém um material que possui um potencial para engolfar um
trabalhador;
- Possui uma configuração interna na qual um trabalhador poderia
ficar aprisionado ou asfixiado por paredes internamente
convergentes ou por um piso que se inclina para baixo e se afunila
para um corte transversal menor;
- Contém qualquer outro perigo sério para a segurança ou saúde
reconhecido (incluindo quedas, meio ambiente e equipamentos
perigosos).”
ATMOSFERA IPVS – ATMOSFERA IMEDIATAMENTE PERIGOSA À VIDA
OU À SAÚDE
“Qualquer atmosfera que apresente risco imediato à vida ou produza imediato
efeito debilitante à saúde”.
Condição em que a atmosfera em um espaço confinado, possa oferecer riscos ao
local e expor os trabalhadores ao perigo de morte, incapacitação, restrição de
habilidade para auto resgate, lesão ou doença aguda causada por uma ou mais das
seguintes causas:
✓ Gás/vapor ou névoa inflamável em concentrações superiores a 10%
do seu limite inferior de explosividade (LIE);
✓ Poeira combustível viável em uma concentração que se encontre ou
exceda o limite inferior de explosividade (LIE);
✓ Concentração de oxigênio atmosférico abaixo de 19,5% ou acima de
23% em volume;
✓ Concentração atmosférica de qualquer substância cujo limite de
tolerância seja publicado na NR-15 do Ministério do Trabalho e
Emprego ou em recomendação mais restritiva (ACGIH), e que possa
resultar na exposição do trabalhador acima desse limite de
tolerância;
✓ Em qualquer outra condição atmosférica imediatamente perigosa à
vida ou à saúde. (NR-33); e
✓ O espaço confinado somente pode ser adentrado com a utilização de
máscara autônoma de demanda com pressão positiva ou com
respirador de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar para
escape. (NR-33).
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 124
EMERGÊNCIA
Qualquer interferência (incluindo qualquer falha nos equipamentos de controle e
monitoração de riscos) ou evento interno ou externo, no espaço confinado, que possa
causar perigo aos trabalhadores.
AUTORRESGATE
Capacidade desenvolvida pelo trabalhador através do treinamento, que possibilita
o seu escape com segurança de ambiente confinado em que entrou em IPVS.
PLANO DE RESPOSTA A INCIDENTES
Procedimentos escritos, incluindo procedimentos padrões para o gerenciamento e
as operações de uma resposta a emergência. (NFPA 1670)
SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES
A combinação de instalações, equipamento pessoal, procedimentos e
comunicações operando dentro de uma estrutura organizacional comum, com
responsabilidade para o gerenciamento de recurso, alocados para realizar
eficientemente os objetivos declarados relacionados a um incidente ou um exercício de
treinamento. (NFPA1670).
CENÁRIO DO INCIDENTE
O local onde às atividades relacionadas a um incidente especifico são conduzidas.
(NFPA 1670).
RESGATE
Atividades direcionadas para localizar pessoas em perigo diante de um incidente
de emergência, retirando aquelas pessoas de perigo, tratando os feridos e fornecendo
transporte para uma unidade médica apropriada.
Resgate de incidentes são aquelas emergências que, inicialmente, envolve o
resgate de pessoas sujeitas aos perigos físicos e que poderão incluir, mas não
necessariamente, a provisão de cuidados médicos de emergência. (NFPA 1670).
RESGATE TÉCNICO
É a aplicação de conhecimento especial, habilidades e equipamento para
solucionar seguramente situações de resgate únicas e/ou complexas. Um resgate
técnico de incidentes é um resgate complexo que requer equipe especialmente treinada
e equipamento específico para completar a missão. (NFPA 1670)
TÉCNICO DE RESGATE
Uma pessoa que está treinada para desempenhar ou dirigir um resgate técnico.
(NFPA 1006)
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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EQUIPAMENTOS DE RESGATE
A NFPA 1670 é a mais explícita ao afirmar que são “Os equipamentos (incluindo
cabo de segurança, cinto de segurança Classe III, dispositivos manualmente operados
de descida e subida, sistema de ancoragem e demais equipamento acessórios de
resgate se apropriados) usados para uma entrada típica de resgate de pessoas nos
espaços permitidos”.
EQUIPE DE RESGATE
“Pessoal capacitado e regularmente treinado para retirar os trabalhadores dos
espaços confinado em situação de emergência e prestar-lhes os primeiros-socorros”.
A NFPA 1670 define a equipe de resgate em espaço confinado como uma
combinação de indivíduos (um mínimo de 6 por organização operando em nível técnico
e um mínimo de 4 funcionando em nível de operação) treinados, equipados e
disponíveis para atender a uma emergência em espaço confinado. Essa equipe deverá
ser treinada em um dos três níveis de proficiência: segurança (conscientização),
operacional ou técnico. Uma equipe de resgate deverá ser requisitada a atender os
níveis técnicos ou operacionais para se qualificar, como um serviço de resgate
dependendo do tipo e complexidade da emergência em espaço confinado.
SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MÉDICA
Organização responsável pelo cuidado e transporte de pessoas feridas ou doentes
para uma unidade de emergência médica apropriada. (NFPA 1670).
EQUIPE DE TRABALHO EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
Quando se tratar de trabalhos em espaços confinados, a PET – Permissão de
Trabalho e Entrada torna-se uma obrigação devido as condições ambientais que são
peculiares aqueles tipos de locais (área classifica). Nesse documento encontram-se
identificados todos os participantes da execução dos trabalhos e, inclusive suas
responsabilidades diante da ocorrência de um incidente durante a entrada no espaço
confinado. A seguir teceremos alguns comentários sobre o posicionamento da equipe de
trabalho durante a deflagração de uma emergência.
Equipe de Trabalho
“O número de trabalhadores envolvidos na execução dos trabalhos em espaços
confinados deve ser determinado conforme a análise de risco”. (NR-33)
“É vedada a realização de qualquer trabalho em espaços confinados de forma
individual ou isolada”. (NR-33)
A PET ficará imediatamente cancelada quando ocorrer alguma emergência no
local de trabalho. Se ocorrer algum dano ou incidente durante uma entrada,
independente de ter sido obtido sucesso na operação de resgate, a NR-33 determina
que seja revisto o sistema de permissão , sob a argumentação de possíveis falhas no
sistema de permissão.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 126
Das Responsabilidades dos Trabalhadores, Vigias e Supervisores
• Trabalhadores - São deveres dos trabalhadores autorizados diante de
uma situação de emergência:
✓ Alertar o vigia sempre que:
- Reconhecer um sinal de perigo ou sintoma de exposição a uma
situação perigosa; e
- Detectar uma condição proibitiva.
✓ Abandonar o espaço confinado imediatamente quando:
- Receber uma ordem de abandono do vigia ou do supervisor de
entrada;
- Reconhecer algum sinal de perigo, risco ou sintoma de exposição a
uma situação perigosa;
- Detectar uma condição proibitiva; e
- Um alarme de abandono é acionado.
• Vigias - São deveres do vigia diante de uma situação de emergência:
✓ Acionar a equipe de resgate assim que determinar que o trabalhador
necessite de auxílio para abandonar o espaço confinado de algum
risco;
✓ Monitorar as atividades dentro e fora do espaço confinado para
determinar se existe segurança para ordenar que abandonem o
espaço imediatamente sob quaisquer das seguintes condições:
- Se detectar uma condição de perigo;
- Se detectar uma situação externa que possa causar perigo aos
trabalhadores;
- Se detectar algum efeito no comportamento do trabalhador devido
a exposição de riscos; e
- Se não puder desempenhar efetivamente e de forma segura todos
os seus deveres.
✓ Operar os movimentos de pessoas em situações de emergência;
✓ Realizar os resgates sem entrada como determinado nos
procedimentos de resgate; e
✓ Não realizar qualquer tarefa que possa interferir no seu dever
primordial de monitorar os trabalhadores.
• Supervisores - São deveres dos supervisores diante de situações de
emergências:
✓ Verificar se os serviços de emergência e resgate estão disponíveis e
se os meios de acioná-los estão operantes; e
✓ Remover pessoas não autorizadas que entram ou que tentam entrar
no espaço confinado durante as operações.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 127
Deveres da Segurança Industrial
São deveres da segurança industrial diante de uma situação de emergência:
✓ Certificar se os equipamentos de resgate estão disponíveis e
corretamente montados;
✓ Certificar se está disponível uma equipe de resgate capacitada;
✓ Assegurar se todos os recursos humanos e materiais necessários
para a segurança dos trabalhadores estão disponíveis da entrada; e
✓ Orientar os trabalhadores, vigias e equipe de resgate quanto às
particularidades do espaço confinado, das condições de trabalho
prescritas e de um eventual resgate.
Programa de Entrada em Espaço Confinado
Segundo a NR-33 e a OSHA 1910.146 esse programa deve incluir os seguintes
requisitos para o serviço de emergência e resgate:
✓ Serviço de emergência e resgate mantendo os membros sempre à
disposição, treinados, com equipamento em condições de uso e
meios próprios para o seu acionamento;
✓ Procedimentos de comunicação entre a equipe e que, ainda,
permitam ao vigia acionar a emergência para uma ou mais entradas
sob sua responsabilidade sem se desviar de suas responsabilidades;
✓ Treinamento para desempenhar as tarefas de resgate designadas;
✓ Receber o mesmo treinamento requerido para os trabalhadores
autorizados; e
✓ Fazer simulações de resgate em espaços confinados, ao menos uma
vez a cada 12 meses, por meio de treinamentos no quais removam
manequins dos simuladores.
Emergência e Salvamento
O empregador deve elaborar e implementar procedimentos de emergência e
resgate adequados aos espaços confinados incluindo, no mínimo: (NR-33)
✓ Descrição dos possíveis cenários de acidentes, obtidos a partir da
Análise de Riscos;
✓ Descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a serem
executadas em caso de emergência;
✓ Seleção e técnicas de utilização dos equipamentos de comunicação,
iluminação de emergência, busca, resgate, primeiros socorros e
transporte de vítimas;
✓ Acionamento de equipe responsável, pública ou privada, pela
execução das medidas de resgate e primeiros socorros para cada
serviço a ser realizado; e
✓ Exercício simulado anual de salvamento nos possíveis cenários de
acidentes em espaços confinados.
O pessoal responsável pela execução das medidas de salvamento deve possuir
aptidão física e mental compatível com a atividade a desempenhar.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 128
A capacitação da equipe de salvamento deve contemplar todos os possíveis
cenários de acidentes identificados na análise de risco.
Avaliação Médica
“33.3.4.1 Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser
submetido a exames médicos específicos para a função que irá desempenhar, conforme
estabelecem as NRs 07 e 31, incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão
do respectivo Atestado de Saúde Ocupacional - ASO.”
Deveremos oferecer uma especial atenção as condições físicas e mentais dos
resgatistas que adentram em espaços confinados. Em algumas situações, será
necessário não apenas avaliar sua exposição aos riscos agressivos à sua saúde gerados
possivelmente antes ou durante o desenvolvimento do resgate, como também avaliar
se naquele dia o resgatista encontra-se num estado emocional equilibrado para o
desempenho de uma tarefa de quem será muito exigido física e mentalmente.
Quando se tratar de atendimento a uma emergência, situação esta que poderá
ocorrer a qualquer momento, uma avaliação médica constante dos resgatistas antes de
qualquer entrada, poderá nos assegurar que o profissional estará devidamente
preparado e saudável para enfrentar uma árdua tarefa de resgate em espaço confinado
para execução de procedimentos muitas vezes complexos. Por isso, é recomendado que
os resgatistas sejam avaliados momentos antes de qualquer entrada programada,
quanto às suas condições físicas e também quanto ao seu estado emocional, ainda que
o mesmo tenha passado recentemente por algum processo de seleção ou exames
médicos ocupacionais.
Não se trata de exagero, mas sim de uma ação proativa. Pode ser que naquele
dia o resgatista esteja enfrentando problemas particulares na sua vida profissional ou
no seu próprio ambiente familiar. É o tipo de problema que todos poderão
experimentar, independente de sua função ou cargo. Quando uma situação desse tipo
afeta o profissional, seja ele supervisor, vigia, trabalhador ou resgatista, deixaremos
um caminho aberto para que seus problemas venham a interferir na sua capacidade
psicomotora, desviando a sua atenção que, durante uma entrada em espaços
confinados, deveria estar sempre redobrada. Por isso, aconselhamos que sejam
entendidos os benefícios trazidos pela avaliação médica.
Organização do SE&R pela NFPA 1670 e NFPA 1006
As normas norte-americanas NFPA 1670 E NFPA 1006 são as que nos oferecem
maiores informações técnicas para o desenvolvimento de um programa de equipe de
resgate, a qualificação da equipe e o perfil técnico em resgate.
A NFPA 1670 define o serviço de resgate como sendo aquela equipe montada
pela autoridade competente (setor público) ou pelas empresas (setor privado) para
resgatar vítimas dos interiores de espaços confinados. A mesma norma fixa os
diferentes níveis de capacidade operacional para as organizações que preparam
diferentes níveis de resposta a emergência em espaços confinados.
Como já comentado anteriormente estão estabelecidos três níveis de capacidade
operacional: Conscientização (Segurança), Operações e Técnico. A norma estabelece
ainda que esses padrões sejam aplicados a todas as organizações de resposta a
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 129
incidente em espaços confinados, ainda que não sejam regidos pelos regulamentos
federais do governo americano.
Para o setor industrial privado (offshore ou onshore), dependendo do tamanho e
das atividades desenvolvidas nas unidades de produção ou serviço, um SE&R deverá
atender os níveis de segurança e operações, respeitando ainda o perfil e o
dimensionamento de sua equipe própria.
Portanto, um SE&R no nível de segurança e operação deverá desempenhar o
seguinte:
✓ Determinar os fatores que influenciaram a existência de condições
potenciais;
✓ Estabelecer contato com as vítimas onde for possível;
✓ Reconhecer e identificar os perigos associados ao atendimento de
uma emergência sem uma entrada;
✓ Reconhecer os espaços confinados;
✓ Procedimentos para executar uma recuperação de vítimas sem uma
entrada;
✓ Procedimentos para estabelecer um controle do local e um
gerenciamento do cenário;
✓ Procedimentos para proteger o pessoal de perigos dentro do espaço
confinado;
✓ Avaliar continuamente a existência de condições potenciais;
✓ Procedimentos que assegurem que os membros da equipe são
capazes de administrar apropriadamente os desafios físicos e
psicológicos que afetam os resgatistas;
✓ Procedimentos para avaliar continuamente ou em intervalos
frequentes, a atmosfera em todas as partes do espaço a ser
adentrado;
✓ Identificação dos deveres dos resgatistas, dos resgatistas de apoio,
dos resgatistas atendentes (vigia, operadores de equipamentos,
primeiros socorros, transporte, etc) e do chefe da equipe de
resgate;
✓ Procedimentos para uma entrada típica de resgate nos espaços
confinados reunindo as seguintes ações:
- Conhecimento claro da configuração interna do espaço;
- Buscar meios de visualizar a vítima facilmente de fora da abertura
de acesso;
- Facilitar o acesso de entrada e saída com espaço de sobra quando
o EPI estiver sendo usado da maneira recomendada pelo fabricante;
- Acomodar no espaço mínimo dois resgatistas somando-se a
vítima;
- Identificar, isolar e controlar todos os perigos no interior e em
torno do espaço confinado.
✓ Procedimentos para o uso seguro e efetivo dos equipamentos de
embalagem de vítimas que podem ser empregados em resgate em
espaço confinado;
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 130
✓ Informações para a transferência de vítima incluindo a localização, o
ambiente, a condição quando encontrada, a condição atual e
qualquer outra informação pertinente para os serviços médicos de
emergência;
✓ Planejar e implementar uma operação apropriada para resgate em
espaço confinado;
✓ Selecionar, montar e empregar o sistema de descida e subida por
cordas em ambientes elevados; e
✓ Programa de treinamento da equipe de resgate em espaço
confinado.
O Resgatista
As organizações devem assegurar que os membros selecionados para suas
equipes de resgate em espaços confinados tenham capacidade física, psicológica e
médica para o desempenho de responsabilidade e tarefas diante de resgates técnicos de
incidentes e para o desempenho de exercícios de treinamento de acordo com os seus
níveis próprios de exigência.
Aspectos físicos e psicológicos são inerentes ao resgatistas. Fisicamente deve
dispor de vigor físico, uma vez que dele será exigido um grande esforço tanto pelas
dificuldades do resgate em si, quanto pelas condições do ambiente, do clima, do tempo
e do local, quase sempre adversas:
Os aspectos psicológicos de sua personalidade também são importantes devendo
incluir as seguintes qualidades:
✓ Sociabilidade: Linguajar educado e palavras corretas que transmita
calma e confiança para a própria equipe e para as vítimas;
✓ Espírito de equipe: Harmonizar com os companheiros de equipe. O
resgate não é uma operação individual;
✓ Improvisador: Capacidade de superar situações adversas
inesperadas. Ter sempre um “plano B”;
✓ Participativo: Capacidade de iniciativa e desembaraço na realização
de seus deveres sem depender do recebimento de ordens;
✓ Autocontrole: Estabilidade emocional para superar os fatos mais
desagradáveis ocorridos durante um resgate;
✓ Liderança: Realizar tudo o que for necessário (ou além) para
organizar e controlar uma operação para um resgate, estando,
inclusive, preparado para a ocorrência de condições imprevistas; e
✓ Perceptivo: Capacidade de ouvir. Estar atento a comunicação entre a
equipe e ao depoimento de testemunhas.
Diante desse perfil, o resgatista ao receber o treinamento adequado para a sua
qualificação técnica deverá estar apto a atender as seguintes responsabilidades:
✓ Controlar o local da emergência;
✓ Promover, primeiro, a sua segurança, a segurança da sua equipe e
depois a segurança da vítima;
✓ Avaliação do local da emergência;
✓ Uso correto do EPI;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 131
✓ Coletar o maior número possível de informações sobre a
consequência de eventos do incidente;
✓ Assegurar o acesso as vítimas por intermédio dos equipamentos de
resgate e transporte de vítimas;
✓ Determinar qual o problema que acondicionou na vítima, colhendo
as informações do local e dos mecanismos que provocaram as
lesões;
✓ Estabilizar a vítima;
✓ Dar o seu máximo diante de uma operação de resgate, respeitando
o seu nível de treinamento;
✓ Liberar a vítima, o mais depressa possível, dentro das técnicas e
equipamentos apropriados;
✓ Transportar com segurança a vítima, monitorando o seu estado
durante o trajeto; e
✓ Passar para o serviço de atendimento médico todas as informações
relevantes que assegurem a continuidade do tratamento da vítima
em prol de sua recuperação total.
• Análise Risco X Benefício - O resgatista deverá possuir as habilidades
mínimas para o desempenho de atendimento as vítimas, inclusive quanto à
capacidade de realizar uma RCP. O que diferencia o resgatista dos demais
profissionais que trabalham nas operações de atendimento pré-hospitalar é
que no campo de atuação, muitas vezes o cenário levará o resgatista a
tomar decisões que poderão alterar a propriedade e a sequência do
atendimento da vítima confrontando com sua própria segurança.
A NFPA 1670 define que a análise Risco x Benefício tradicionalmente
envolve a avaliação das condições gerais da vítima de forma a aplicar a
devida urgência para uma situação (Resgate de vítima x Recuperação de
corpos). Uma vítima ainda viva poderá sugerir um resgate associado a um
nível mais urgente de ação. Já uma vítima fatal poderá sugerir uma
operação de recuperação de corpo com um nível de urgência bem menor.
• Análise inicial - Em todos os tipos de incidentes de resgate em espaços
confinados, existe um potencial de situações extenuantes que exigirão uma
habilidade além da capacidade normal da organização para operar de uma
forma segura. Exemplos dessas situações podem incluir, mas não se
limitando a: locais isolados ou profundos, perigos múltiplos (líquidos,
produtos químicos, alturas extremas no espaço, etc), falhas nos
equipamentos, condições ambientais severas. Estas condições deverão ser
avaliadas na análise de risco inicial.
Segundo a NFPA 1670, a análise do cenário deverá avaliar inicial e
continuamente o seguinte:
✓ Objetivo, tamanho e a natureza do incidente;
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 132
✓ Localização, número e condição das vítimas;
✓ Análise Risco x Benefício (Resgate de vítimas x Recuperação de
corpos);
✓ Acesso ao cenário;
✓ Fatores ambientais;
✓ Recursos necessários e disponíveis; e
✓ Estabelecer um perímetro de controle.
Os perigos existentes poderão incluir, mas não se limitando a:
✓ Atmosferas perigosas;
✓ Substâncias perigosas; e
✓ Temperaturas extremas.
Alguns itens para reconhecimento e avaliação dos perigos associados a
espaços confinados incluem, mas não se limitando a:
✓ Avaliação do perímetro adjacente a emergência deflagrada para
determinara a presença ou o potencial para uma condição perigosa
que poderá colocar em risco os resgatistas durante seu acesso;
✓ Reconhecimento da necessidade de descontaminação da vítima ou
do resgatista que estiveram expostos a algum material perigoso;
✓ Reconhecimento da necessidade de dispor de um serviço de
emergência & resgate em espaços confinados ou recursos adicionais
quando um resgate sem entrada não for possível;
✓ Acionamento do serviço de emergência & resgate designado e de
outros recursos necessários para o início do resgate em espaço
confinado; e
✓ Reconhecimento de atmosferas ou de materiais perigosos através de
avaliações visuais, medições com equipamentos e de informações
passadas pelos trabalhadores envolvidos naquela entrada ou local.
Planejamento de uma Resposta ao Incidente
Os procedimentos para atendimentos de uma emergência que necessite de uma
resposta de resgate técnico devem ser registrados em um documento formal e escrito.
Onde exista a necessidade de recursos externos para se alcançar um nível
desejado de capacidade operacional, é recomendado o registro de acordo com
cooperação mútua com as demais organizações que assegurem o seu acionamento
diante de uma emergência.
Cópias do Plano de Resposta a Incidentes devem ser disponibilizadas para os
empregados da empresa com responsabilidades designadas pelo próprio plano, setores
importantes da unidade e para as organizações externas de suporte operacional.
O plano deve ser aprovado formalmente pela empresa e possuir procedimentos
específicos para suas revisões, atualizações ou alterações.
Administração de uma Operação de Resgate
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 133
A seguir apresentaremos um modelo sugerido de gerenciamento de uma
emergência que envolva um resgate em espaços confinados dividido em 5 fases:
✓ Preparação;
✓ Avaliação;
✓ Pré-entrada;
✓ Entrada e resgate;
✓ Término da operação.
• Fase 1: Preparação - Uma questão que deve ser obrigatoriamente
levantada ao longo de qualquer entrada que ocorra algum incidente é: “A
equipe de resgate está realmente treinada, capacitada e equipada para
desempenhar um resgate em espaços confinados? Definitivamente, tal
indagação não quer ficar restrita em apenas disponibilizar cintos, cordas,
conjuntos de respiração autônoma e demais equipamentos, para os
resgatistas se acharem preparados para enfrentar um resgate em espaços
confinados. O aspecto humano deve ser levado em conta.
Portanto a equipe de resgate deve estar preparada para responder as
seguintes perguntas:
✓ A equipe de resgate conhece e concorda com as normas e padrões
exigidos?
✓ A equipe de resgate possui uma quantidade de pessoal
suficientemente treinado para manter uma operação de resgate em
espaço confinado? Talvez 4 ou 5 membros bem treinados não serão
o suficiente para cumprir com segurança a um resgate.
✓ A equipe de resgate possui o equipamento apropriado para
desempenhar operação? Resgates em espaços confinados exigem
equipamentos especiais.
Preparação dos Equipamentos - A seguir listaremos o mínimo de
equipamentos necessários de que uma equipe de resgate deve dispor
antes mesmo de se considerar preparada para desempenhar estes tipos de
operações.
✓ Equipamento de ar mandado – um para cada resgatista, um para
cada membro da equipe de apoio e um para a vítima;
✓ Sistema de cascata- um sistema primário para os resgatistas e a
vítima e outro secundário para a equipe de apoio;
✓ Equipamento de retirada - tripés, monopés, guinchos, triway;
✓ Software- Cordas, cordins, fitas, estropos;
✓ Hardware- Freios, blocantes, ascensores, polias, mosquetões,
ganchos;
✓ Cintos de segurança - modelo paraquedista;
✓ Detector de gases - 4 gases: O2, CO, H2S e gases inflamáveis;
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P á g i n a | 134
✓ Equipamentos de ventilação - Insufladores e exaustores a prova de
explosão;
✓ Lanternas à prova de explosão;
✓ Equipamento de comunicação intrinsecamente seguro;
✓ EPI - Compatível para espaços confinados;
✓ Travas e sinalização de segurança.
Existem três tipos de equipamentos para operações de resgate em espaço
confinado:
✓ Equipamento de respiração por ar de linha (sistema de cascata,
compressor, etc.);
✓ Equipamento autônomo de respiração (circuito aberto); e
✓ Respirador de fuga.
Equipamento de Respiração por Ar de Linha
Possui as seguintes características:
✓ Independe da concentração do contaminante;
✓ Indicado também para ausência de oxigênio;
✓ Grande autonomia;
✓ Dotado de cilindro reserva para escape;
✓ Pressão positiva;
✓ Suprido por um sistema de cascata ou compressor com filtro de ar;
✓ Pouco peso;
✓ Limitações pelos tamanhos das mangueiras de ar;
✓ Reduz a mobilidade do usuário; e
✓ Impossibilidade de adaptação do carona.
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Análise Inicial - Durante a fase inicial de preparação a equipe de resgate
precisa levar em consideração um planejamento prévio para enfrentar
riscos específicos que possam interferir em suas operações e para
identificar potenciais locais de resgate. Esse planejamento pode ser feito
identificando o seguinte:
✓ Existem locais na área nos quais rotineiramente ocorrem entradas
em espaços confinados para inspeções, limpeza ou manutenção
geral?
✓ Existe algum projeto especial em desenvolvimento que esteja
localizado no espaço confinado?
✓ A área em emergência possui instalações com alto potencial de
riscos?
Esse levantamento básico poderá providenciar uma visão geral para os
problemas e dificuldades que os resgatistas encontrarão nas rotinas de
resgates em espaços confinados. Todavia, dependendo da complexidade
da situação outras informações serão de suma importância:
✓ Se for necessário, consulte o plano de emergência e os controles de
descarga de energia;
✓ Consulte os responsáveis que trabalham nos locais que possuam
espaços confinados para informações adicionais;
✓ Requisite cópia das permissões de entrada;
✓ Identifique qualquer tipo de risco especial ou processos que são
necessários conhecê-los antes de qualquer resposta a emergências;
e
✓ Identifique qualquer dificuldade local específica tal como:
localização, acesso, suprimento de ar ou variações extremas nas
avaliações.
Planejamento prévio é essencial para qualquer equipe de resgate séria e
preparada para enfrentar toda a sorte de imprevistos nos serviços de
resgate em espaços confinados. Não só permite ao comando da
emergência e aos resgatistas planejarem a tática mais eficaz para o
resgate como também aumenta a segurança da operação como um todo.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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Preparação dos Resgatistas - Não menos importante do que possuir o
equipamento adequado é possuir a equipe adequada. O resgatista deverá
possuir o mesmo conhecimento e treinamento do pessoal de trabalhos em
espaços confinados, e um treinamento adicional para operações,
procedimentos e equipamentos de resgate. O treinamento realizado em
verdadeiros espaços confinados ou simuladores (que se aproximam da
realidade) auxilia em trazer a luz um dos mais sérios problemas que
afetam os resgatistas - a claustrofobia. Resgatistas que não consegue
controlar essa fobia certamente não irão ajudar muito nas operações. O
treinamento relacionado e tópicos importantes como materiais perigosos,
montagem e manejo de equipamentos, sistema de polias e resgate por
cordas serão muito importantes.
Comando do Incidente - Comandar um resgate em espaços confinados
requer a delegação de muitas responsabilidades necessárias para o
sucesso da operação. O sistema de comando do incidente é uma estrutura
criada para facilitar o gerenciamento de qualquer tipo de emergência e que
atravessem todas as fases da operação de resgate. Contudo, ressalta-se
que antes de se providenciar um treinamento para um sistema de
comando de emergência, é necessário que todos os envolvidos tenham um
claro entendimento de aonde eles se encaixarão no momento do incidente.
Sendo assim, a organização do sistema deverá estar estabelecida no lugar
devido antes mesmo de se atribuir responsabilidades.
Uma única pessoa com muitas responsabilidades pode gerenciar um
pequeno incidente, se ele também permanecer pequeno. Já em um
incidente maior, um grupo de pessoas deve assumir muitas tarefas
delegadas. Um plano de emergência que possui um sistema de comando
bem dimensionado é capaz de se expandir à medida que o incidente toma
proporções cada vez maiores e, assim, mantém o controle das operações
com eficiência.
O comando da equipe de resgate também deve ficar atento quanto à
participação de outros serviços extremos de resgates, como por exemplo,
o Corpo de Bombeiros ou Resgate Aéreo. Nesse caso, o responsável com
maior qualificação e experiência deverá assumir o comando de toda a
operação. O plano de emergência deve admitir em seus procedimentos a
possibilidade de ocorrência dessa situação, pois embora o incidente em
andamento em uma área industrial particular esteja sendo assistido por
um agente externo, a responsabilidade por algum dano as propriedades
adjacentes ou lesões aos empregados permanece com o empregador.
Uma composição ideal para uma equipe do SE&R poderia ser:
✓ Comandante de incidente - Responsável por todo o gerenciamento
do incidente.
✓ Segurança - Responsável por garantir a segurança da equipe e de
todos os procedimentos de resgates durante a operação e/ou
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P á g i n a | 137
antecipar riscos e situações inseguras. Não deverá ter nenhuma
outra responsabilidade para que não fuja do foco de suas tarefas.
✓ Supervisor (chefe) do Grupo de Resgate - Responsável pela
coordenação da parte operacional do incidente. Responsável pelo
seguinte pessoal:
✓ Observador (vigia) - Possui praticamente as mesmas tarefas de uma
entrada para trabalho. Comunica-se com os resgatista
constantemente e monitora a atmosfera;
✓ Responsável pelos equipamentos - Responsável pela ventilação
dentro e fora do espaço confinado, responsável pelo fornecimento de
proteção respiratória, responsável pela descontaminação do local,
responsável pelos guinchos, trava-quedas, sistemas de remoção e
polias.
✓ Resgatistas - Equipe de entrada. Executam todas as tarefas dentro
do espaço confinado como reconhecimento, liberação da vítima e
sua imobilização.
✓ Resgatistas (Equipe) de apoio - Resgatistas pronto para uma
entrada imediata caso a equipe de entrada precise de resgate.
✓ Primeiros socorros - Atendimento inicial - estabilização.
✓ Macas - Responsável pelo transporte e evacuação das vítimas.
Muitas operações de resgate em espaço confinado são pequenas por causa
do tamanho do ambiente, local que o resgate ocorre. Uma pessoa,
dependendo da situação, pode assumir tarefas combinadas. À medida que
a operação cresce tornando-se mais complexa outros componentes
chegam, o comando da operação deverá atribuir as funções para cada
novo componente, e assim estabilizar o Sistema de Comando de Incidente.
• Fase 2: Avaliação - É o plano de ação propriamente dito. Na verdade
esta é a primeira fase operacional de um resgate em espaços confinados.
Operações de resgate bem sucedidas nas situações de emergências em
espaços confinados ocorrem quando dispomos de um processo perfeito de
coleta de informações essenciais para uma eventual entrada. Através da
implantação de um planejamento coordenado e implantado para colher,
interpretar e disseminar as informações, muito provavelmente a operação
terminará com êxito.
Estabelecer um Sistema de Comando - Sempre agir em equipe.
Gerenciar um resgate requer a delegação de muitas tarefas necessária
para uma operação bem sucedida. A estrutura da equipe de emergência
deve estar montada o mais rápido possível para, de início executar a
avaliação de situação e, logo após, permitir que os demais membros
iniciem a preparação das próximas fases.
A avaliação está dividida em duas áreas:
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P á g i n a | 138
✓ Avaliação do cenário - Obter uma dimensão inicial da situação e
para identificar os riscos.
✓ Avaliação dos Recursos - Verifica o seu potencial humano
(resgatista) e seus equipamentos para executar a operação de
resposta a uma emergência.
Portanto o objetivo dessas avaliações é buscar um equilíbrio entre os
recursos disponíveis e a rapidez do tempo de resposta.
Avaliação do Cenário - Enquanto responde ao incidente a equipe de
resgate deve revisar qualquer programa específico de espaço confinado ou
associado a características ou riscos similares.
Uma vez presente na cena, devem ser levantadas e examinadas as
seguintes informações, cruciais para o desenvolvimento de um plano de
ação:
✓ Qual é o problema principal?
- Quantas pessoas estão em risco? Quantas estão feridas?
- Quantas pessoas estão perdidas? Aonde eles foram avistados por
último?
✓ Qual tipo de espaço confinado?
✓ Qual a utilização desse espaço confinado?
✓ O espaço confinado é utilizado regularmente?
✓ O espaço confinado é uma área de armazenagem?
- Existem riscos na armazenagem dos produtos?
- Existem materiais viscosos ou aquecidos?
- Quais são os possíveis resíduos?
✓ Existe algum potencial de engolfamento?
✓ Demais perigos existentes no espaço confinado.
- Elétrico, mecânico ou energia acumulada?
✓ Quais são os pontos de entrada e de saída?
- Existem múltiplos pontos de entrada?
- Existem pontos de entrada acima ou abaixo do nível do chão?
- Existe alguma outra dificuldade de acesso?
Uma vez respondidas essas informações, o planejamento da operação
poderá iniciar.
Avaliação dos Recursos Disponíveis - Após avaliar as informações
recebidas da abordagem inicial e desenvolver um plano de ação para o
incidente, identifique os recursos adicionais.
Proceder à avaliação e controle dos riscos físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e mecânicos. (NR-33.3.2 , letra “c”)
Registro dos Procedimentos - Antes de seguir para a próxima fase, é
essencial documentar todas as ações e avaliações realizadas desde o início
das operações. Esse registro deve se estender continuamente ao longo de
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 139
toda operação. A PET e os demais documentos anteriores servem tanto
como uma verificação das medidas necessárias já adotadas, como também
serve como parâmetro para novas ações a serem tomadas. Existe um
ditado: “Se não foi documentado, isso não aconteceu.” NR-33.5.3 “É
vedado a realização de qualquer trabalho em espaço confinado sem a PET
(Permissão de Entrada e Trabalho)”.
Essa documentação pode ser em forma de uma narrativa registrando todas
as atividades envolvidas no resgate. A inclusão da movimentação da
equipe dentro e fora do espaço confinado também é válida. Assegure-se,
portanto, de não incluir apenas a duração e as ações, mas as razões por
usar, ou não usar, procedimentos ou recursos específicos. Isto então será
arquivado para um revisão posterior para avaliar o seu programa de
resgate.
Precisamos anexar aos outros documentos de entrada em espaços
confinado o plano de resgate.
Responsabilidade durante a Fase de Avaliação - A avaliação começa
quando a notificação do incidente chega ao SE&R, continua após a chegada
na cena e se alonga à medida que demais membros da equipe chegam.
✓ Estabelecer um posto de comando seguro;
- Deve estar a favor ou perpendicular e distante do local do
acidente.
✓ Designar posições chave quando necessário;
- O chefe da segurança deve ser designado na operação com
antecedência.
- Outra posição permanente pode ser designada ou
responsabilidades provisórias podem ser executadas pelo pessoal
disponível. As designações permanentes podem ser feitas quando
um pessoal mais treinado estiver em cena.
✓ Localizar e manter uma pessoa responsável do local do incidente;
- Pode ser familiarizado com os processos desenvolvidos pela
operação e isolamento daquele espaço confinado.
✓ Estabelecer o controle do local do resgate;
- Permite apenas pessoal com EPI dentro de áreas que não estejam
livres de risco.
- Disponibiliza pessoal, veículos cones ou fitas para estabelecer um
perímetro para manter pessoas e veículos não autorizados distantes
do local interditado.
✓ Monitoramento atmosférico dentro e fora do espaço confinado;
- O observador pode ser uma boa escolha para essa tarefa. Suas
obrigações imediatas incluirão controle da entrada no espaço,
melhoramento dentro e fora do espaço durante a entrada. O
observador poderá ficar com EPR (sem máscara enquanto dispor de
ar fresco). Todavia, deverá colocá-la ao menor indício de alterações
no monitoramento ou se ocorrer uma subsequente descarga de
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 140
contaminante para fora do espaço confinado. Isso o permitiria
continuar suas tarefas até a equipe de entrada ter saído do espaço.
✓ Avaliação de riscos físicos;
- A PET é uma boa fonte de informação.
✓ Determinar a necessidade de equipamentos específicos; e
✓ Avaliar o perfil da operação (resgate de vítimas ou recuperação de
corpos).
• Fase 3: Pré-Entrada - A fase de Pré-Entrada é onde ocorrem os
preparativos finais para a entrada no espaço. A avaliação da informação
obtida durante esta fase determinará as tarefas especificas que
necessitarão ser feitas no exato local da vítima.
Controle de Riscos
Inclui duas categorias:
✓ Mantendo o local da vítima seguro; e
✓ Mantendo a área de resgate segura.
Mantendo o local seguro:
✓ Estabelecer zonas de segurança;
- Criar uma área demarcada com fita ou outros meios para
estabelecer uma área de trabalho onde somente pessoal autorizado
é permitido.
✓ Estabelecer ventilação geral da área;
- Pode ser necessário proporcionar algumas formas de ventilação
para a área em geral se ocorrer à migração de um alto nível de
contaminante.
✓ Designar pontos de entrada/saída; e
- Decidir onde serão pontos de entrada/saída da operação para que
possa ser controlado e a Equipe de Material possa iniciar a
montagem dos equipamentos necessários. Se houver a necessidade
de múltiplos pontos de entrada, assegure-se da coordenação destes.
✓ Eliminar todas as fontes de ignição potencial ou real.
- Isto pode incluir trabalho quente sendo realizado na área, veículos,
geradores ou outros equipamentos elétricos.
Mantendo a área de resgate segura - Usando as informações da avaliação
de risco, designe pessoal para controlar os riscos presentes. Cada uma das
tarefas podem necessitar de um membro da equipe ou um grupo para
cumpri-las.
Responsabilidades durante a Fase de Pré-Entrada
Chefe do Grupo de Resgate:
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✓ Designar as posições necessárias para o cumprimento das tarefas
identificadas;
- Sempre escolha “a dedo” o pessoal para trabalhos específicos.
Leve em consideração o tamanho do espaço e tamanho das pessoas
que farão o resgate.
✓ Execute os procedimentos de travamento/sinalização;
- O travamento/sinalização precisa ser feito por alguém familiarizado
com a operação e deve estar completo antes da entrada inicial
começar. A equipe de resgate fora do perímetro da área de resgate
designa alguém para checar com a pessoa responsável o isolamento
do espaço, colocando trancas e etiquetas da equipe de resgate em
cada ponto de trancamento.
✓ A equipe de resgate sempre trabalha em dupla;
- Ninguém deve entrar no espaço confinado sozinho.
- O espírito de equipe será crítico para o sucesso da operação.
- As exceções podem ocorrer:
- Quando estiver trabalhando em um espaço muito pequeno e
apenas um pode caber.
- Um pequeno atendimento como, por exemplo, prender o cabo de
retirada no cinto da vítima.
- Se um resgatista que entra ficar fora do contato visual do
observador, um segundo resgatista deve fazer a entrada, porém
mantendo o contato visual com o primeiro resgatista.
✓ Para cada equipe de resgate, deve haver uma equipe de apoio; e
- A equipe de apoio deve estar equipada e preparada para entrar em
caso de emergência durante o resgate.
✓ Para cada equipe deverá estar designado a um único canal de
chamada.
- Em uma emergência onde mais de uma equipe estiver operando é
necessário que cada equipe tenha uma identificação (nome).
Observador:
✓ Estabelecer um sistema de rastreamento dos resgatistas; e
✓ Monitoração da atmosfera.
Ventilação:
✓ Estabelecer uma ventilação adequada do espaço.
- O tipo de sistema de ventilação será determinado pelos riscos
encontrados durante a avaliação.
Equipe de Resgate:
✓ Os resgatistas devem usar o EPI necessário para riscos potenciais
assim como para os riscos presentes;
✓ Os resgatistas devem ajudar uns aos outros a se equiparem; e
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P á g i n a | 142
✓ A equipe de resgate inicial deve ter uma unidade adicional de Ar
mandando para colocação na vítima.
- Ele pode ser preso ao sistema de suprimento de ar do primeiro
time de resgate.
- Um conjunto autônomo pode ser substituído por um equipamento
de ar mandado por linha.
Equipe de Reserva:
✓ Os resgatistas de apoio devem estar equipados com o mesmo EPI
dos demais.
Equipe de Movimentadores:
✓ Identifica e prepara o sistema de remoção de vítimas; e
✓ Nesta equipe poderíamos incluir o seguinte:
- Tripés;
- Sistemas de guincho e trava-quedas;
- Sistema de cordas e polias;
- Equipamentos de imobilização e envelopamento da vítima;
- Sistema a ser utilizado para remoção da vítima; e
- Se a operação estiver sendo desenvolvida numa atmosfera
potencialmente inflamável, assegure-se de que a equipe esteja
utilizando equipamentos antifaiscantes.
Equipe de Primeiros Socorros:
✓ Escalada para o primeiro atendimento médico das vítimas;
✓ Proporciona a reabilitação e cuida da equipe de resgate;
✓ Executa o monitoramento médico da pré-entrada e de apoio; e
✓ Providencia a reidratação para a equipe de entrada.
Equipe de Apoio:
✓ Transporte, assim que a vítima estiver sido removida do espaço;
✓ De acordo com a agressividade dos contaminantes encontrados no
ambiente confinado deverá ser escalado um pessoal para a
descontaminação da equipe de entrada, das vítimas e dos
equipamentos e assim que eles saiam do espaço; e
✓ Estabelecer o suprimento de ar primários e secundários no local e
preparar para torná-los operacionais;
- Um sistema para a equipe de resgate e para a vítima; e
- Um sistema separado para o time de reserva.
✓ Estabelecer um procedimento para reabastecimento dos cilindros e
envio de ar para o local de entrada;
- Pode ser efetuado através do suprimento de ar por compressores,
sistema de cascata ou cilindros com capacidade para, no mínimo, 30
minutos.
✓ Certificar-se que uma linha de ar adequada está no local; e
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 143
- Cada seção deve estar disposta em ordem e devem ser designados
responsáveis pelas operações no equipamento de fornecimento de
ar.
✓ Certificar-se de quais os acessórios adequados estão disponíveis
para efetuar reparos de emergência no sistema de ar (caixa de
ferramentas, fitas de teflon, mangueiras extras, etc.).
Instruções de Pré-Entrada - Antes de entrar, cada membro participante
da equipe de resgate deverá receber breves instruções do Chefe do Grupo
de Resgate. Essa Instrução será crítica para a segurança e sucesso de
qualquer entrada.
As informações mínimas abaixo relacionadas devem ser abrangidas nessas
instruções:
✓ Cada equipe deve ser informada sobre quais serão suas possíveis
tarefas durante a operação;
- Deve ser direto ao ponto: “Sua função nesta entrada é localizar a
vítima, reportar qualquer condição de aprisionamento e prover
cuidados iniciais de salvamento. Não remova a vítima a menos que
seja rápido e fácil.”
✓ Cada equipe envolvida na operação deve ser informada dos
procedimentos de emergência dentro do espaço, no caso de
ocorrência de algum problema com a equipe de resgate;
- Ferimento, falta de ar, etc. podem rapidamente criar um caos.
Tenha ciência dos procedimentos de emergência para auxiliar todo
pessoal envolvido e fique atento ao que os demais membros estarão
fazendo, mesmo que haja uma perda de comunicação.
✓ Cada equipe deve providenciar um local de instruções;
- Pode ser executado através da consulta de plantas e mapas
disponibilizados durante a fase de avaliação ou através da criação do
seu próprio mapa do espaço. Todavia, antes de tudo, lembre-se de
que, em alguns casos, você estará entrando em um labirinto no qual
não é familiar a você.
✓ Durante a entrada, a equipe deve estar ciente do ambiente ao seu
redor e estar preparada para relatar em detalhes quando saírem do
espaço; e
✓ Cada equipe deve estar avisada de qualquer limite de tempo
imposto a eles.
Uma vez que estas informações são de conhecimento de todos, a equipe
de entrada poderá começar seus procedimentos de entrada.
• Fase 4: Entrada e Resgate - As operações de entrada e resgate
envolvem o adentramento de equipes no espaço, o reconhecimento, a
busca e salvamento de trabalhadores. Nenhuma operação de entrada deve
começar até que todas as exigências da pré-entrada sejam cumpridas.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 144
Isso ocorre, principalmente, para asseverar a segurança dos resgatistas e
das vítimas. As obrigações do resgatista poderão ser resumidas pelo
seguinte:
Localizar X Acessar X Estabilizar X Transportar
Responsabilidade durante a Fase de Entrada e Resgate
Chefe do Grupo de Resgate:
✓ Coordenar todos os aspectos de entrada, liberação e remoção do
paciente e entrada do pessoal.
Observador:
✓ Monitoramento atmosférico contínuo e registro das medidas;
- Avaliar as leituras do multigás para assegurar que a ventilação
está sendo efetiva, assim como as demais situações que estão ao
seu alcance.
✓ Registro do momento de entrada (horário) e nomes do pessoal de
cada equipe de entrada; e
✓ Manter a comunicação constante com as equipes de entrada e
retransmitir o status da operação ao Supervisor do Grupo de
Resgate.
Equipe de Resgate:
✓ Trabalhar como um time e se comunicar constantemente com
relação a todas as ações, táticas e procedimentos pré-definidos;
- Uma ação coordenada reduz tempo, o estresse e aumenta
sensivelmente as chances de sobrevivência.
✓ Garantir uma comunicação adequada com o vigia;
- Se o vigia não receber um relatório constante sobre o andamento
das operações no interior do espaço confinado, ele deverá solicitá-lo.
✓ Atenção aos dutos de ar e estudar seus movimentos no interior do
espaço;
- Tomar cuidado para evitar se arrastar, bater com os equipamentos
ou cortar caminhos. Assim que entrar deve estabelecer sua rota de
fuga. Trabalhar em equipe e combinar os movimentos com a equipe.
✓ Usar uma linha de segurança para Entrada/Saída;
- Consiste-se em uma pequena linha (corda) para marcar o
progresso e retorno da equipe. Se estiver conectado a uma corda ou
a uma linha de ar não será necessária, pois estes servirão como
cabo de vida.
✓ Estar alerta para desníveis no piso, obstáculos, quebra-canelas, etc.;
- Quedas em um espaço podem matar.
✓ Estar alerta para os riscos mecânicos, elétricos e de engolfamento; e
- Tudo dentro do espaço confinado deve ser considerado perigoso,
apesar dos procedimentos de isolamento, travamento e sinalização.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 145
✓ Acima de tudo não se desviar do foco de sua missão inicial.
- Uma vez localizada a vítima, comunicar ao vigia. Se o seu regate
pode ser feito rapidamente, faça-o.
Durante as operações de entrada, de acordo com a complexidade da
emergência pode ser necessário que se façam várias entradas utilizando
mais de uma equipe. Quando isso ocorrer será primordial a troca de
informações entre a equipe que está saindo com a equipe que a substituirá
na entrada com relação ao seguinte:
✓ Localização das vítimas e suas condições;
✓ Algum risco específico o qual se deve estar atento;
✓ Se a equipe de entrada conseguiu cumprir sua missão inicial; e
✓ Uma atualização na configuração da planta em que se
estabeleceram as operações, à medida que surgem novas
informações como novos obstáculos, novos riscos, localização das
vítimas, etc.
Uma vez que a vítima foi localizada:
✓ Coordenar todos os movimentos com a equipe de movimentadores,
informando todos os avanços, recuos ou problemas encontrados;
✓ Tomar o máximo de cuidado com a coluna cervical da vítima;
✓ Decidir se deve começar a remoção da vítima, primeiro pela cabeça
ou pelos pés;
✓ Cuidado com o uso de cintas nas vítimas que experimentaram lesões
por queimadura. A pele pode ser puxada durante o processo de
remoção;
✓ Cuidado com a parte inferior do corpo da vítima durante uma
operação vertical para assegurar que não esbarre nos objetos
dispostos dentro do espaço; e
✓ Ao passar a vítima por pequenas aberturas, assegurar, sempre que
for possível, que o pessoal de recebimento/remoção já esteja
posicionado ao lado da saída do espaço confinado. Sempre tentar
evitar ser bloqueado pela própria vítima durante os movimentos
dentro do espaço. Se isso for possível, assegurar se dos seguintes
procedimentos.
- A equipe de movimentadores deve estar prepara para essa
situação, coordenando suas atividades corretamente;
- Quando iniciar a movimentação de macas, isso deve ser feito de
forma rápida e sutil, saindo do espaço confinado no menor tempo
possível; e
- Evitar que a mangueira de ar de linha utilizada pela equipe de
resgate e pelas vítimas não esteja sendo apertada ou comprimida de
encontro com a borda da abertura, contando, assim, o fluxo normal
de ar respirável.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 146
Equipe de Reserva:
✓ Mantém-se fora do espaço, e preparados para uma entrada imediata
caso a primeira equipe de resgate também precise ser resgatada.
Equipe de Movimentadores:
✓ Auxiliar o máximo possível a equipe de resgate no espaço;
✓ Estar pronto para uma evacuação de emergência da equipe de
resgate;
✓ Providenciar todos os equipamentos requeridos pela equipe de
resgate; e
✓ Quando solicitado, operar os sistemas de recuperação para retirar a
vítima e a equipe de resgate do interior do espaço.
Equipe de Primeiros Socorros:
✓ A equipe médica deve estar posicionada e pronta para receber as
vítimas para cuidados pré-hospitalares;
- Se for exposta a alguma substância perigosa tóxica que requeira
FISPQ disponível da mesma, a FISPQ deve ser enviada ao hospital
com a vítima.
✓ Descontaminar se for necessário, qualquer pessoa, assim que
saírem do espaço;
✓ Permanecem fora do espaço, prontos a providenciarem suporte
Médico das vítimas ou de qualquer pessoal do resgate; e
✓ Fornece a reidratação para o pessoal de entrada.
Equipe de Apoio:
✓ Monitorar o sistema de ventilação para assegurar que é uma
operação contínua;
✓ Auxiliar no recebimento das vítimas e seu transporte;
✓ Descontaminar se for necessário, qualquer equipamento, assim que
forem retirados do espaço;
✓ Monitorar continuamente o suprimento de ar respirável;
✓ Trocar os cilindros de ar respirável se for preciso; e
✓ Requerer o reabastecimento dos cilindros se for preciso.
• Fase 5: Término da Operação - Uma vez que a vítima e a equipe de
resgate já tenham saído do espaço, registre o tempo de saída da equipe e
demais observações de toda equipe em relatório. Toda equipe que
participou da operação deve reportar, pelo menos, o seguinte:
✓ Localização e posição da(s) vítima(s);
✓ Condição em que a vítima foi encontrada. Por exemplo: Estava sem
proteção respiratória? Havia evidência de queda? Tudo isso pode ser
essencial para uma investigação ou para um futuro questionamento
judicial;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 147
✓ O máximo de informação adicional relacionada à planta do espaço
confinado para registro e inspeções posteriores; e
✓ Quaisquer situações específicas ou estranhas encontradas no local
relacionadas a deslocamento, interferências, riscos, atmosferas, etc.
Toda a equipe que participou da operação direta ou indiretamente deve ser
submetida a avaliações médicas e psicológicas. Leve em consideração uma
reunião para análise crítica de como a operação se desenvolveu, e os
cuidados de manutenção essenciais dos equipamentos utilizados. Pode ser
havido algum desgaste neles. Esta última avaliação deverá incluir:
✓ Inventário de todos os equipamentos utilizados;
✓ Avaliação dos equipamentos danificados;
✓ Limpeza, manutenção, registro, e acondicionamento apropriado dos
equipamentos;
✓ Marcar e etiquetar qualquer equipamento danificado ou inoperante.
✓ Fazer com que os responsáveis pelo local sinistrado mantenham o
isolamento e com os pontos de entrada protegido até o final da
investigação do acidente; e
✓ O Chefe da Operação, o Chefe do Grupo de Resgate e os Líderes de
Equipes devem se reunir para discutir quaisquer problemas
encontrados e, assim, após uma conclusão sobre todo o
desenvolvimento da operação, elaborar novos planos de abordagem,
táticas e procedimentos novos que julgarem necessários para uma
revisão do seu sistema de resgate.
As causas mais comuns de fatalidade em espaços confinados segundo
dados estatísticos da OSHA estão distribuídas nos percentuais abaixo:
✓ 65% atmosferas perigosas
(contaminante, inflamáveis
ou deficiência de O2);
✓ 13% engolfamento;
✓ 7% aprisionamento;
✓ 6% estresse por exposição
ao calor;
✓ 5% eletrocussão;
✓ 4% outros.
Tipos de Riscos
✓ Riscos Físicos;
✓ Riscos Atmosféricos (Contaminantes ou Atmosferas Inflamáveis);
✓ Riscos Biológicos; e
✓ Riscos Psicológicos.
• Riscos Físicos
✓ Descarga de energia;
✓ Engolfamento;
✓ Aprisionamento;
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 148
✓ Derramamento de líquidos;
✓ Calor ou frio extremo;
✓ Ruídos;
✓ Fadiga;
✓ Vibração;
✓ Radiação ionizante;
✓ Quedas, escorregões ou tropeções.
✓ Descarga de Energia
✓ Elétrica;
✓ Hidráulica;
✓ Pneumática; e
✓ Estática.
A Energia Estática também é uma significativa fonte de ignição:
✓ A eletricidade estática deve ser gerada por duas substâncias, de
superfícies separadas, movendo-se um em contato com o outro
(atrito);
✓ Tem que existir um acumulador ou coletor de estática dessa carga
eletrostática o qual é adequado para acumular energia suficiente
para ignição;
✓ Deve haver um meio de descarregar a energia rapidamente de modo
que se consiga criar uma faísca; e
✓ Deve haver uma mistura de vapor inflamável próximo da saída da
centelha;
Riscos Térmicos:
✓ Intensa fadiga física causada por ambientes quentes/frios;
✓ Diminuição substancial da produtividade, precisão e velocidade nas
tarefas;
✓ Falta de reposição de sais ao organismo;
✓ Instabilidade do sistema cardiocirculatório;
✓ Cãibras;
✓ Bloqueio do sistema termo regulador (hipertermia ou hipotermia);
✓ Congelamento das extremidades (pele); e
✓ Queimaduras.
Ruídos:
✓ Lesões ao aparelho auditivo; e
✓ Dificuldade de comunicação entre a equipe.
Fadiga:
✓ Lassidão;
✓ Cansaço;
✓ Estafa; e
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 149
✓ Esgotamento.
Vibração:
✓ Visão turva;
✓ Perda do equilíbrio;
✓ Degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso;
✓ Problema osteoarticulares (artrose); e
✓ Falta de concentração.
Radiação Ionizante:
✓ Alterações genéticas (reações biológicas: metabolismo ou
mutações); e
✓ Doenças e lesões no organismo (reações somáticas: câncer ou
leucemia).
• Riscos Atmosféricos
✓ Deficiência ou enriquecimento de oxigênio;
✓ Atmosferas explosivas; e
✓ Atmosferas tóxicas.
Na maioria das vezes, os riscos atmosféricos são ocasionados por agentes
químicos:
✓ Gases;
✓ Vapores; e
✓ Aerodispersóides (poeiras, névoas, fumos ou fumaças).
Tipos de Gases / Vapores
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Atmosferas Deficientes em Oxigênio
Consumo:
✓ Oxidação de metal;
✓ Combustão (soldas);
✓ Secagem de pinturas e revestimentos; e
✓ Decomposição de material orgânico (fermentação).
Substituição:
✓ Introdução de algum gás inerte (nitrogênio, dióxido de carbono,
hélio, etc);
✓ Os inertizantes são classificados como Asfixiantes Simples e deixam
a atmosfera com 0% de oxigênio; e
✓ Substituição da atmosfera pela emissão de vapores de alguma
substância volátil.
Adsorção:
✓ Carvão ativo no interior de câmaras ou reatores.
O oxigênio é chamado de a fonte da vida. A sua presença na composição
de nossa atmosfera garante o perfeito funcionamento da máquina humana
no que se relaciona às reações desenvolvidas pelo nosso organismo na
produção da energia necessária para a manutenção de nossas funções
vitais proporcionando nossa força física e o calor corpóreo.
Essa energia é resultante de complexos processos bioquímicos, nos quais
os alimentos por nós ingeridos reagem com o oxigênio respirado no
processo chamado de oxidação ou combustão. Essa lenta combustão
ocorrida em nossas células transforma os alimentos em energia. Os
produtos não aproveitados por esse processo, dentre eles o Dióxido de
Carbono, são expelidos continuamente através do processo conhecido
como Metabolismo. Todo o fluxo dos alimentos necessários para o
metabolismo do oxigênio, bem como a eliminação dos resíduos, é efetuado
pela corrente sanguínea.
Permanecendo o ar respirável dentro das condições normais o nosso
organismo conseguirá aproveitar o oxigênio necessário e a nossa
respiração e metabolismo se adaptam as condições ambientais.
Contudo, existem limites para que o ar que respiramos seja classificado
como um ar respirável. Uma composição de ar respirável que se possa
respirar por um longo período sem sofrer lesões ou sentir incômodos deve
ser caracterizada por:
✓ Conter no mínimo 19,5% e no máximo 23% em volume de oxigênio;
✓ Estar livre de produtos prejudiciais à saúde, que através da
respiração possam provocar distúrbios ao organismo ou seu
envenenamento;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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✓ Ter pressão e temperatura normal, que sob hipótese alguma, venha
provocar queimaduras ou congelamentos; e
✓ Não conter qualquer substância que o torne desagradável, como,
por exemplo, odores.
A importância do Oxigênio para a manutenção de nossas funções vitais
pode ser avaliada pela seguinte afirmação:
“O homem pode sobreviver, guardadas as devidas proporções, 30
dias sem se alimentar, 3 dias sem beber e apenas 3 minutos sem
oxigênio.”
O único método aceito para se determinar a quantidade de oxigênio
existente em um espaço confinado é testar sua atmosfera com um
detector de gases.
A composição do ar atmosférico a qual o nosso organismo se adaptou ao
longo de nossa evolução e: 78% de Nitrogênio, 20,9% de Oxigênio, 1% de
Argônio, 0,03% de Dióxido de Carbono e 0,07% outros gases. A NR-33
considera uma atmosfera deficiente em oxigênio aquela contendo menos
de 20,9% de oxigênio em volume na pressão atmosférica normal, a não
ser que a redução do percentual seja devidamente monitorada e
controlada.
Atmosferas Explosivas - O risco de explosão deve levar em consideração
a existência de resíduos (gases, vapores ou poeiras) que possam estar
presentes ou terem sido produzidos pelo trabalho em que estava sendo
executado. Altas concentrações de gases inflamáveis no interior de um
espaço confinado podem produzir uma atmosfera explosiva.
Algumas condições conhecidas que poderão produzir uma atmosfera
explosiva são:
✓ Carga remanescente no interior do espaço confinado;
✓ Solda de corte ou vazamento de tubos;
✓ Escoamento de carga ou canalização de combustível;
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✓ Revestimentos e preservantes de tanques;
✓ Vazamentos de materiais inflamáveis nas adjacências do espaço
confinado;
✓ Decomposição de material orgânico no interior do espaço confinado;
e
✓ Materiais deixados no interior, capazes de se inflamar (trapos,
madeira, cordas, etc.).
Fontes de ignição:
✓ Chamas abertas – soldas, aquecedores;
✓ Arcos elétricos – fios partidos, terminais, relés, chaves;
✓ Centelhas – ferramentas de aço em friccionando metal ou cimento;
✓ Energia estática – líquidos fluindo através dos tubos, polias se
movendo, alívios de pressão; e
✓ Reações químicas – reações do próprio material ou reações do
material em contato com oxigênio.
Riscos de uma atmosfera com poeira combustível - Chamamos a
atenção para uma situação bastante complexa quando nos deparamos com
uma mistura de poeira combustível com o ar de um espaço confinado. Tal
como gases ou vapores essas poeiras podem estar presentes nos espaços
confinados como sendo o próprio conteúdo ou podem ter sido introduzidas
como resultado de trabalhos executados, como por exemplo: solvente de
limpeza, pinturas, etc. Essas misturas somente sofrerão uma ignição se as
suas concentrações estiverem dentro de seus limites de explosividade
definidos.
Atmosferas Tóxicas
✓ Aguda: exposição curta com concentração elevada, ou por agente
que possa ser absorvido rapidamente pelo organismo.
✓ Crônicas: exposição longa e continuamente repetida durante a vida
laborativa que poderá ou não se acumular no organismo
Os efeitos físicos da intoxicação poderão ocorrer imediatamente ou mais
adiante ao longo da vida laboral do profissional.
A presença de agentes contaminantes quase sempre é resultante da sobra
de substâncias que outrora estavam armazenadas nos espaços confinados,
ou pelo uso de revestimento, solventes ou preservantes nesses locais. A
decomposição de materiais orgânicos não apenas substitui o oxigênio como
também pode produzir gases como o metano, o monóxido de carbono, o
dióxido de carbono e o sulfato de hidrogênio.
Também é visível que gases tóxicos penetrem em um espaço confinado
durante uma entrada por causa de procedimentos de isolamento
incorretos.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 153
Os Aerodispersóides podem ser formados por dispersão, ou seja,
resultante da quebra (desintegração) mecânica da matéria (pulverização
de sódios, ação de correntes de ar ou vibração), e podem ser formados por
condensação, ou seja passagem do estado gasoso para o estado líquido de
vapores supersaturados ou pela reação entre gases.
A FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos
utilizados durante o trabalho que estava sendo realizado, também servirá
de base para o SE&R adotar os procedimentos adequados para assegurar a
saúde e a segurança de sua equipe de resgate e das vítimas.
As informações sobre os perigos dos produtos tóxicos quanto a sua
natureza e seu tempo de exposição e as demais condições de trabalho
encontram-se definidos na NR-15. Na ausência de qualquer recomendação
ou na existência de recomendações mais restritivas o SE&R utilizará os
limites definidos pela ACGIH – American Coucil of Governmental
Industrial Hygienists. Dentre as seis mil substâncias reconhecidas
tóxicas existentes a ACGIH apresenta valores quase 600, enquanto a NR-
15 possui valores para algo em torno de 200, daí a sua importância
complementar.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 154
• Riscos Biológicos - Os agentes biológicos mais conhecidos são:
✓ Esgotos;
✓ Água contaminada;
✓ Animais; e
✓ Vetores biológicos (mosquito, besouros, moscas, etc.).
O Anexo 14 da NR-15 trata de forma genérica sobre os agentes biológicos,
mas relacionando-se apenas as atividades que envolvam a sua presença e
não com o agente propriamente dito. A exposição aos agentes biológicos
sem a devida proteção poderá causar, desencadear ou agravar uma série
de problemas de saúde. Os meios de contaminação mais comuns por
agentes biológicos ocorrem através da respiração, contato ou ingestão.
• Riscos Psicológicos - São riscos de fundo comportamental de cada
trabalhador no que se refere aos aspectos emocionais individuais
motivados por algum despreparo ou desequilíbrio psíquico ou de saúde.
São aspectos subjetivos, ou seja, “todos têm um limite!”. São fatores
limitadores para os trabalhadores que vão muito além de qualidade na
execução de tarefas ou da falta de treinamentos.
Claustrofobia, aerofobia, fadiga e ruído são algumas das situações de
estresse emocionais as quais o trabalhador ou resgatista poderá estar
exposto durante entrada de longa duração em espaços confinados. (NR-
33.3.4.1)
Riscos Combinados - Durante a análise prévia devemos identificar todos
os riscos decorrentes do trabalho, bem como a possível combinação de
riscos desenvolvidos. Essa combinação pode resultar em um outro risco
diverso e/ou não previsto, como por exemplo, um curto circuito que pode
provocar um centelhamento e assim servir como fonte de ignição para
uma explosão ou um grande incêndio que, por sua vez, pode provocar a
deficiência de oxigênio no ambiente.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 155
Classificação de áreas
A importância da classificação de áreas é de oferecer níveis de segurança para
trabalhos que envolvam equipamentos/instalações elétricas em ambientes com a
presença de materiais inflamáveis ou com o potencial de desenvolver uma atmosfera
inflamável. A Norma Internacional IEC (International Electrotechnical Commission) e a
Norma Brasileira ABNT NBR IEC 60079-14 classificam o ambiente em grupos de
explosividade.
As substâncias inflamáveis na forma de gases e vapores são classificadas de
acordo com a IEC em 03 grupos: IIA, IIB e IIC de acordo com a sua periculosidade.
Esta classificação é feita de acordo com procedimentos experimentais e baseados no
MIC (Corrente Mínima de Ignição) e no MESG (interstício máximo experimental seguro
– Maximum Experimental Safe Gap).
Segundo essa classificação os ambientes estão divididos em dois grupos:
✓ GRUPO I: Mineração subterrânea;
✓ GRUPO II: Instalações industriais. O grupo II é subdividido em três
grupos:
GRUPO DESCRIÇÃO MIE (mJ)
I
GRISU (mistura de gases com predominância
de metano encontrado em minas
subterrâneas de carvão)
0,52
IIA Propano, butano, gasolina, acetona, hexano,
gás natural, benzeno, metano, etc. ≥ 0,20
IIB Eteno, Etanol, Formaldeído, Monóxido de
Carbono, Gás Sulfídrico, etc. < 0,20
IIC Acetileno, Hidrogênio e Dissulfeto de Carbono < 0,04
IIIA Fibras: Rayon, Sisal, Juta, Fibras de Madeira,
Algodão, Linho, Cacau, Sementes, etc.
˃ 0,10 IIIB
Poeiras não condutivas: Açúcar, Farinhas de
trigo, milho, cacau, cevada, Pó de arroz, Leite
em pó, Vitamina C, Vitamina B1, Celulose,
etc.
IIIC Poeiras condutivas: Alumínio, Ferro,
Manganês, Carvão, Grafite, Coque
Tabela: Substância dos grupos
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 156
No Brasil, ainda se estabelece três níveis de grau de risco divididos em zona:
ZONA CONDIÇÕES
0 Local onde a ocorrência de mistura inflamável é continua ou existe
por longos períodos.
1
Local onde a ocorrência de mistura inflamável é provável de
acontecer em condições normais de operação do equipamento de
processo.
2
Local onde a ocorrência de mistura inflamável é pouco provável de
acontecer e se acontecer é por curtos períodos, estando associada à
operação anormal do equipamento de processo.
20
Um local na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de
poeira combustível, está presente no ar continuamente, por longos
períodos de tempo ou frequentemente.
21
Um local na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de
poeira combustível no ar, é esperada ocorrer eventualmente em
condições normais de operação.
22
Um local na qual uma atmosfera explosiva, na forma de nuvem de
poeira combustível no ar, não é esperada de ocorrer em operação
normal, mas se ocorrer, permanecer apenas por um breve período
de tempo.
• Classe de Temperatura - Sistema de classificação de equipamentos, com
base na sua temperatura máxima de superfície, relacionada com a
atmosfera explosiva específica do local onde este será instalado. É uma
informação fornecida pelo fabricante (e ratificada pelo laboratório) por
meio da qual ele garante que o equipamento fornecido não atingirá uma
temperatura de superfície acima da classe em questão, mesmo em
condição de falha.
Esta temperatura não deverá exceder a temperatura de ignição do produto
inflamável presente na área classificada. Se ocorrer o contato de um
determinado produto inflamável com partes aquecidas de equipamentos
elétricos como luminárias, painéis elétricos, cabos, invólucros, etc., que se
encontram aquecidos numa temperatura superior à temperatura de ignição
do produto inflamável, neste caso poderá ocorrer ativação de uma
atmosfera explosiva no ambiente. Conhecendo a temperatura de
autoignição dos produtos inflamáveis do local onde o equipamento será
instalado, pode-se fazer a escolha apropriada da temperatura máxima de
Tabela: Níveis de grau de risco
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 157
superfície do equipamento, que deverá ser sempre menor que a
temperatura de auto ignição dos produtos inflamáveis.
O equipamento Ex é projetado para utilização em uma faixa de
temperatura ambiente normal entre -20ºC e +40ºC.
Ao especificar a classe de temperatura, verificar a temperatura de processo
máxima de utilização.
Margem de segurança: T1 e T2 = 10ºC; T3 a T6 = 5ºC.
Detecção de gases
Ainda que o SE&R esteja diante da urgência no atendimento de um resgate o
avaliador deverá aguardar pelo tempo necessário para permitir que o instrumento
efetue a avaliação e forneça a resposta. Se forem encontradas condições seguras, os
resultados devem ser registrados na permissão de entrada e trabalho para que a
mesma possa ser autorizada.
O espaço confinado deve ser avaliado no topo, no meio e no fundo, horizontal e
verticalmente por causa da estratificação dos gases e vapores. É muito importante
conhecermos a densidade dos gases para podermos identificar o seu comportamento,
ou seja, se ele, ao vazar, vai subir ou vai se depositar nas camadas mais baixas do
local.
Classes de
temperatura
requerida
pela
classificação
de área
Máxima
temperatura de
superfície do
equipamento
(ºc)
Temperatura de
ignição do gás ou
vapor inflamável
existente na área
classificada onde o
equipamento será
instalado (ºc)
Classes de
temperatura do
equipamento
permitidas para
instalação
T1 450 T ignição gás ˃ 450 T1 – T6
T2 300 T ignição gás ˃ 300 T2 – T6
T3 200 T ignição gás ˃ 200 T3 – T6
T4 135 T ignição gás ˃ 135 T4 – T6
T5 100 T ignição gás ˃ 100 T5 – T6
T6 85 T ignição gás ˃ 85 T6
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 158
Longos espaços confinados horizontais também devem ser completamente
avaliados por todos os seus comprimentos.
Alguns locais confinados poderão ser avaliados adequadamente a partir da
mesma boca de visita utilizada para entrada. Se isso não for possível, será necessária a
abertura de outras bocas de visita.
Embora a
avaliação prévia
que atmosfera no interior do espaço confinado esteja segura para autorizar o resgate, o
mais importante é a monitoração seja contínua, pois as concentrações poderão se
alterar a qual quer instante. Uma entrada repentina de oxigênio enriquecendo a
atmosfera ou um vazamento de gases inertes ou tóxicos para o interior são alguns
motivos para que uma monitoração contínua ou periódica deva ser realizada enquanto
durarem os trabalhos.
Ao ser deflagrada uma emergência, o resgatista também deverá fazer o uso da
medição constante da atmosfera para o planejamento e as próprias ações durante o
resgate.
Por isso recomenda-se que ao menos um resgatista no interior do espaço
confinado mantenha o equipamento de medição acoplado ao seu corpo para que a
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 159
avaliação possa determinar até mesmo a menor variação corrida na atmosfera com
maior rapidez. Lembre-se que se trata de uma emergência.
Se ela ocorreu é sinal que as medias de controle falharam e dificilmente serão
reestabelecidas em um nível de segurança adequado durante o resgate. Portanto, as
leituras deverão ser continuamente efetuadas devido à possibilidade de qualquer
variação substancialmente perigosa que poderá ocorrer.
Equipamento de detecção de gases (multigás)
A NR-33 obriga que o detector de gases seja intrinsecamente seguro. Pode ser
fixo ou portátil e pode detectar a presença de mais de um gás/vapor (multigás).
Tratando-se de equipamentos portáteis, estes devem oferecer uma leitura direta em
tempo real da concentração existente. O próprio instrumento coleta, analisa as
substâncias e determina as características atmosféricas do espaço confinado.
Podemos dizer que sua importância é vital para se classificar ou “desclassificar”
uma área de risco. É o instrumento pelo qual:
✓ Determina as características atmosféricas através de leitura direta;
✓ Determina qual EPI a ser utilizado;
✓ Determina o equipamento a ser utilizado para áreas classificadas;
✓ Determina a possibilidade de uso de equipamentos não certificados;
e
✓ Determina pelo alarme a presença de algum gás ou vapor em
concentrações IPVS.
• Certificação - A certificação do equipamento é obrigatória pela Portaria
176 de 17/12/2000 do INMETRO. Deve ser certificado, testado quanto à
sua performance por órgão responsável e acompanhado de um Certificado
de Conformidade.
Teste de resposta - O equipamento deve ter os seus sensores testados
com um gás padrão que assegure a sua resposta devido à presença
daquele gás. É a única maneira segura de garantir que os seus sensores
estão funcionando perfeitamente.
Calibração - Através da calibração o equipamento é testado quanto à
precisão dos valores medidos pelo leitor, e se os mesmos estão em
conformidade com o informado pelo fabricante. Normalmente os detectores
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 160
multigás são preparados para a leitura quanto à presença do Oxigênio, do
Gás sulfídrico, do Monóxido de Carbono e de gases combustíveis.
Medidas de controle dos riscos
O SE&R deverá providenciar que todas as medidas de controle devem ser
acionadas e implantadas para que sejam assegurados níveis de segurança admissíveis
para um resgate, mesmo que diante de um potencial de risco iminente. Serão levadas
em consideração as medidas adotadas pela engenharia, os instrumentos a serem
utilizados e a seleção do EPI necessário para o resgatista.
Confiar o controle apenas no EPI deverá ser o último recurso.
• Isolamento / interdição - Devemos separar fisicamente o local do
incidente do contato com alguma fonte de energia potencialmente perigosa
ou com relação ao trânsito de pessoas não envolvidas com o SE&R. Uma
vez isolado não deve ser mais permitido a entrada de pessoas sem uma
permissão específica. Devem ser estabelecidas zonas de operações.
✓ ZONA FRIA: É onde permanece o comando do incidente, os demais
membros do SE&R e os equipamentos.
✓ ZONA MORNA: É a zona imediatamente posterior a zona quente. É
onde permanece o pessoal de apoio dos resgatistas.
✓ ZONA QUENTE: É o local onde exatamente ocorre o resgate.
Somente o pessoal essencial à operação permanece nesse local, ou
seja, os resgatistas.
✓ Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas
destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com
atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à
sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.
(NR-10; 10.9.2)
✓ Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco
acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados
dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático
para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento,
aquecimentos ou outras condições anormais de operação. (NR-10;
10.9.4).
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 161
Durante o isolamento da área, o SE&R deverá providenciar o controle dos
locais, equipamentos e sistemas que interfiram na operação de resgate. A
preocupação maior é com relação a descarga de energia perigosa.
✓ Travamento / Raqueteamento;
✓ Sinalização; e
✓ Etiquetagem.
Etiqueta de Segurança
Equipamentos de travamento
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P á g i n a | 162
• Controle da Descarga Elétrica
✓ Remover os vapores inflamáveis do interior do espaço antes de
iniciar os trabalhos; e
✓ Sempre eliminar ou reduzir a produção de estática conforme a
seguir:
- Nunca use filtros no final nas linhas de escoamento;
- Não chacoalhar líquidos em tanques fechados;
- Tente reduzir ao máximo os movimentos no interior dos tanques;
- Nunca soprar ar ou gases diretamente nos líquidos;
- Reduzir a razão do fluxo no começo do abastecimento para se
evitar a agitação no interior do tanque; e
- Tente evitar a descarga de água direta em líquidos
hidrocarbonetos.
✓ Remover objetos soltos no interior dos tanques;
✓ Aterrar para eliminar a produção de carga ou diferença de carga em
objetos que podem descarregar quando um centelhamento é
produzido;
✓ Esperar a avaliação para a introdução de objetos no interior, quando
atividades possíveis de produzir estática estão em andamento ou
tenham acabado de cessar;
✓ Cuidado com o uso de dispositivos de metal nos trabalhos realizados
ao redor de líquidos ou de uma atmosfera inflamável. Aterrar esses
materiais poderá proporcionar uma segurança maior de que a
produção de carga não irá se desenvolver; e
✓ Estar alerta para o coletor que poderá estar inspecionado, mas,
ainda assim, poderá se tornar uma fonte de ignição por intermédio
de uma descarga; o mesmo quando se tratar de um objeto fixo
como um flange ou um objeto móvel como uma mangueira.
• Ventilação - É o processo de movimentação contínua de ar fresco e de
remoção de contaminantes do interior do espaço confinado. Uma
ventilação adequada deve atingir os seguintes objetivos:
✓ Substituir o ar contaminado pelo ar respirável;
✓ Reduzir a possibilidade de explosão mantendo a atmosfera sempre
abaixo do LIE;
✓ Reduzir ou eliminar a toxidade do ambiente através da diminuição
do contaminante;
✓ Aumentar as chances de sobrevivência de alguma vítima formando
uma atmosfera respirável; e
✓ Resfriamento do espaço confinado.
Utiliza-se de equipamentos mecânicos para introduzir ou retirar o ar dos
espaços confinados. Alguns cuidados especiais deverão ser tomados
quando for necessária a utilização da ventilação mecânica. Uma vez
conhecidos e avaliados os riscos de explosão, contaminação e
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 163
concentração de oxigênio, deverá ser determinada a necessidade de qual
tipo de ventilação será adequada às condições presentes no espaço
confinado.
Se uma condição insegura sobreviver e a ventilação for o procedimento
adequado para estabilizar a situação, deveremos ventilar o espaço
confinado. Depois de ventilado, o local deverá ser novamente avaliado, a
fim de determinarmos se as condições inseguras ainda persistem, se a
ventilação foi suficiente, se é preciso ventilar de uma forma contínua, se é
necessário a adoção de outro método de controle, etc.
De uma maneira geral, o princípio básico da ventilação em espaços
confinados é relacionar a concentração existente na sua atmosfera com a
potência do equipamento e o tamanho dos seus dutos acoplados.
Grau de Ventilação - Outro fator importante a ser considerado para a
avaliação da ventilação de um ambiente, independente do tipo de
ventilação (natural ou artificial) é o Grau de Ventilação. É um método
qualitativo que expressa se a intensidade da ventilação existente no local é
suficiente para diminuir ou não o grau de risco daquela área. O Grau de
Ventilação depende da velocidade do vento e do número de trocas de ar
realizadas por unidade de tempo.
A ventilação pode ser dividida em três graus: baixa, média e alta.
✓ Ventilação Alta - Pode reduzir a concentração no local da fonte de
risco, resultando em uma concentração abaixo do limite inferior de
explosividade. Resulta em uma extensão de zona desprezível. Em
locais onde a ventilação não é boa, outro tipo de zona pode ocorrer
ao redor da extensão de zona desprezível.
✓ Ventilação Média - Pode controlar a concentração, resultando em
uma situação estável de extensão da zona, enquanto estiver
ocorrendo a liberação e a atmosfera explosiva de gás não persiste
desnecessariamente após ter cessado o vazamento.
✓ Ventilação Baixa - Não pode controlar a concentração enquanto
ocorre o vazamento e/ou não pode evitar a permanência indevida de
uma atmosfera explosiva de gás, após ter cessado o vazamento.
Insuflamento - Uma ventilação de pressão positiva introduz o ar para o
interior do espaço, forçando a expulsão do ar contaminado através de
qualquer saída. É o método mais comum de ventilação. No caso de
atmosferas contaminadas por vapores difundidos ao redor de todo o
espaço, o ar contaminado é diluído através de injeção de ar fresco, depois
ele é expelido pela exaustão já em concentrações menos tóxicas. Nem
sempre será um método totalmente eficiente, pois quando for forçada a
introdução do ar ela vai agitar os contaminantes e dispensá-los na
atmosfera, sem que isso garanta a redução da sua quantidade total
existente. Funciona melhor quando o risco principal é uma atmosfera
deficiente de oxigênio.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 164
Exaustão - Através desse método produzimos uma pressão negativa e o
ar contaminado é puxado para fora do espaço. O ar fresco que penetra
naturalmente por uma abertura é arrastado pelo interior do espaço através
da força de exaustão. Esse método pode ser mais eficiente do que a
ventilação se for operada bem próxima de onde o contaminante está
concentrado. É considerado o melhor processo para ventilar atmosferas
explosivas ou tóxicas produzidas pelas atividades em operação no interior
do espaço, devendo ser direcionada para evitar a contaminação do ar nas
proximidades do espaço quando estiver sendo aplicada.
Uma ventilação / exaustão geral às vezes poderá ser utilizada. Nesse caso,
o ar contaminado é diluído através da injeção de ar fresco, depois ele é
expelido pela exaustão já em concentrações menos tóxicas. Nem sempre
será um método totalmente eficiente, pois quando for forçada a introdução
do ar ela vai agitar os contaminantes e dispersá-los na atmosfera, sem que
isso garanta a redução da quantidade total do contaminante existente no
espaço. Funciona melhor quando o risco principal é uma atmosfera
deficiente de oxigênio.
Exaustão localizada - Poderemos encontrar situações em que o
contaminante está localizado em um ou mais locais específicos. Nesse
caso, um sistema de exaustão local especialmente posicionado próximo do
Insuflamento
Exaustão
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P á g i n a | 165
ponto de concentração, poderá capturar quase todos os contaminantes,
antes que eles sejam difundidos no interior do espaço.
É um excelente método para controlar materiais inflamáveis e tóxicos
gerados dentro do espaço. Use-a para trabalhos quentes, operações de
esmerilhamento ou limpeza com solventes.
Devemos ter o máximo de cuidado com o procedimento de ventilação
envolvendo camadas de poeira combustível, pois, ao contrário dos gases e
vapores, não serão diluídas através da ventilação. A ventilação poderá
aumentar ainda mais o risco, pois serão criadas nuvens de poeira que
resultarão numa propagação maior. As partículas podem ser agitadas, se
espalharem ou incendiarem-se devido o atrito. Muito cuidado deveremos
tomar também com o depósito das camadas de poeira, porque poderão
criar um risco cumulativo.
Combinação Insuflação + Exaustão - A escolha do método a empregar
dependerá das características do espaço confinado, do tipo de trabalho a
efetuar, das características dos contaminantes a exaurir, das
concentrações de gases ou vapores inflamáveis, etc. Contudo, poderemos
ainda combinar os dois sistemas ventilação e exaustão para aumentar a
eficiência do sistema de controle utilizado. Nesse caso, primeiro o ar
contaminado é diluído através da injeção de ar fresco, depois ele é
expelido pela exaustão já em concentrações menos tóxicas. O problema
desse método é que ele poderá exigir um número grande de ventiladores e
dutos que talvez não possam ser usados devido às limitações do espaço
confinado.
Considerações sobre Ventilação - Os fatores listados a seguir devem
ser considerados ao ventilar um espaço confinado:
✓ Tipos de atmosfera – Determina qual o modelo de equipamento,
seja por ventilação ou exaustão.
✓ Volume de ar a ser movido – É determinado pelo tamanho
(capacidade) do equipamento requerido. Os insufladores /
exaustores são classificados pela sua vazão e sua capacidade é
Exaustão Localizada
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 166
medida em metros cúbicos por hora. Esta avaliação normalmente é
calculada por um determinado comprimento e diâmetro do tubo.
Usar dutos mais longos e/ou mais curvaturas resultarão numa vazão
mais reduzida. O volume de ar a ser ventilado é calculado com base
na seguinte fórmula em m3.
Largura x Altura x Profundidade = Volume
✓ Duração da ventilação – É calculado ao dividir o volume do espaço
confinado pela vazão do equipamento indicada pelo fabricante. Um
padrão comum de ventilação industrial ao trabalhar em atmosferas
inflamáveis ou tóxicas é fazer seis trocas de ar completas antes de
entrada. Contudo não é um padrão absoluto. O mais indicado ao
término da ventilação é medir novamente a atmosfera com o
detector.
Equipamentos de Ventilação - O equipamento utilizado para
remover o ar contaminado ou suprir de ar fresco os espaços
confinados é o ventilador ou insuflador / exaustor, ou seja, possui a
dupla função dependendo de qual extremidade estará conectado o
duto de ventilação. As diferenças entre os modelos do equipamento
são medidas pelas informações técnicas de cada um como potência,
vazão, velocidade de troca do ar, etc.
Os dutos flexíveis são utilizados para direcionar o fluxo de ar do
equipamento para o espaço confinado ou do espaço confinado para a
atmosfera. Para áreas classificadas o modelo indicado deve ter
motor à prova de explosão e os dutos não poderão produzir
nenhuma estática.
Ventilador (Exaustor/Insuflador)
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Condução de Resgate em Espaço Confinado
Diante da infinidade de cenários possíveis de acidentes, as empresas deverão
implementar dentro do programa de entrada em espaços confinados um protocolo para
atendimento de resgate e emergências médicas com equipe especializada e preparada
para as ocorrências de remoção e pronto atendimento dos trabalhadores vítimas de
acidentes.
Ainda que os trabalhas a serem executados nos espaços confinados demandem a
necessidade de planejamento e gerenciamento os fatores mais comuns de acidentes
nesses locais estão associados a:
✓ Falhas na identificação dos riscos;
✓ Tendência a confiar nos sentidos; e
✓ Tentativas de resgate.
Tabela: Estatísticas de acidentes
65% Acidentes decorrentes de problemas com a qualidade do ar
100% Acidentes que possuem como ponto em comum a falta de avaliação
da atmosfera e a falta de ventilação forçada
29% Vítimas fatais que eram supervisores ou chefes de equipes
60% Trabalhadores que morreram ao resgatar uma vítima
• Plano de Resgate - Um plano de ação seguro que se apoia nas
informações coletadas durante a fase de análise preliminar do incidente,
deverá incluir o seguinte:
✓ Notificação / meios de acionamento da equipe de resgate;
✓ Condições aceitáveis para uma entrada para resgate;
✓ Análise de perigos / riscos;
✓ Planta do local;
✓ Controle de riscos (zona de controle ou perímetro de segurança,
ventilação, medição, travamento, etc);
✓ Comunicação;
✓ Posto de comando;
✓ Organograma do gerenciamento do incidente;
✓ Normas e padrões de operação;
✓ Práticas para um trabalho seguro;
✓ Assistência médica; e
✓ Planejamento de pré-entrada.
• Equipamentos para Resgate em Espaço Confinado - Como já vimos
anteriormente, a realização de uma atividade em espaço confinado, seja
para trabalho seja para resgate, acaba se tornando uma tarefa difícil
devido às características especiais daquele espaço. Logo, tão especiais
quanto aos locais confinados, os equipamentos a serem utilizados nessas
atividades deverão possuir características específicas exigidas como
também já vimos no capítulo anterior.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 168
O EPI básico dos resgatistas é:
✓ Cinto de segurança;
✓ Capacetes;
✓ Botas;
✓ Luvas;
✓ Macacão;
✓ Lanternas; e
✓ Óculos de segurança/Viseiras.
Tipos de proteção para equipamentos
Devemos reconhecer que nem sempre será possível obter ou manter essa atmosfera
em um nível seguro. Portanto, para a segurança dos trabalhadores, deverão estar
disponíveis equipamentos adequados para a execução dos trabalhos que não produzam
qualquer fonte de ignição na atmosfera de uma área classificada. Levando-se
em conta que durante a vida útil de operação da unidade, os equipamentos poderão
estar sujeitos, devido ao ambiente inóspito, a diversos tipos de agressão, como por
exemplo: agentes químicos, intempéries, envelhecimento, oxidação, etc. Por isso,
embora o equipamento tenha sido projetado, construído e certificado torna-se ainda,
necessária uma inspeção periódica do seu estado para que o nível de segurança
garantido pelo equipamento não seja afetado. Também deverá ser determinado um
treinamento dos usuários para sua correta utilização.
Em áreas classificadas os equipamentos devem estar certificados ou possuir
documento contemplado no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade
– INMETRO. (NR-33.3.2.2)
Tabela: Abreviações dos níveis de proteção
• Equipamentos à prova de explosão – Ex d - São projetados de tal
modo que sua carcaça seja capaz de suportar uma pressão de explosão
interna sem se romper e permitir que essa explosão não se propague para
o meio externo. Segundo, o equipamento é projetado de forma que gases
de combustão quentes são resfriados antes de eles serem expelidos de
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 169
forma que não fiquem expostos a um risco de ignição no espaço confinado.
Os sistemas de iluminação são a prova de explosão.
• Equipamentos de invólucro pressurizado – Ex p - Equipamentos com
carcaça dotada de sistema de sobrepressão interna superior à pressão
atmosférica, de tal modo que se existir uma exposição do equipamento a
uma atmosfera contaminada, esse gás ou vapor não penetrará interior do
equipamento.
• Equipamentos imersos – Ex o/ Ex q/Ex m - Equipamentos que possui
seus dispositivos internos que podem produzir Centelhamento ou alta
temperatura imersos em um meio isolante. Esse isolante pode ser: óleo,
areia ou resina.
• Equipamentos de segurança aumentada – Ex e - Quando um
equipamento é construído sob orientações de aplicar medidas de
construção adicionais de modo a aumentar a segurança do próprio
equipamento e de seus dispositivos elétricos ou eletrônicos, que em
condições normais de operação, não produzam centelhamento ou alta
temperatura.
• Equipamentos não acendíveis – Ex n - Equipamentos em que seus
circuitos, dispositivos ou sistemas não é acendível quando o mesmo não
libera energia suficiente para inflamar uma atmosfera potencialmente
explosiva, sob condições normais de operação.
Equipamentos intrinsecamente seguros – Ex i - São projetados de tal
maneira que no caso de alguma falha, a maior energia ( faísca ou calor) produzida
internamente dos equipamentos não será suficiente para produzir uma ignição para as
mais sensíveis concentrações inflamáveis de gases específicos, vapores ou pó.
Temperatura máxima de superfície
É a mais alta temperatura que qualquer parte da superfície de um equipamento
elétrico ou eletrônico (detector de gás, insuflador, luminária, etc.) poderá atingir
quando em uso, sob as mais adversas condições, e que não seja capaz de provocar a
ignição em uma atmosfera inflamável. Por essa razão, é necessário conhecer as
propriedades e comportamento das substâncias inflamáveis quando liberadas interna ou
externamente ao espaço confinado.
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Equipamento de Comunicação
A comunicação em operações de resgate em espaços confinados é uma
ferramenta indispensável. Comunicações rápidas, claras e seguras são essenciais para
um perfeito atendimento entre a equipe de resgate. Pode ser visual através de sinais ou
através de rádios sem fio ou com fio rígido, lembrando ainda que todos devem ser
intrinsecamente seguros.
O documento PET ( Permissão de Entrada e Trabalho ) pedi um Plano de
Comunicação.
Os Métodos de comunicações incluem:
✓ Comunicação visual - requer linha direta de visão entre o vigia e o
resgatista. Para um sistema lógico de sinais com as mãos é
necessário que seja claro e entendido por toda a equipe. Sinais
visuais manuais são raramente práticos devido a visibilidade
limitada, baixa luz e obstruções.
✓ Comunicação Verbal - direta também é rara em espaços confinados.
Barulho, obstrução e distância fazem do diálogo entre as equipes
algo impossível e incerto.
✓ Sinais Táteis - existem e pode permitir que a corda de salvamento
propicie um meio de comunicação muito básico (puxões).
✓ Sistema de Comunicação sem Fio - possuem as vantagens de
acomodar um número ilimitado
de usuários, permitem liberdade
de movimento e utilizar os
equipamentos de rádio
existentes. As desvantagens de
um sistema de rádio sem fios
para resgate em espaços
confinados incluem: pontos
mortos e comunicação
intermitente; requer um ajuste
fino; interferência de Rádios de Comunicação
Tabela: Classe de Temperatura
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frequência de rádio.
✓ Sistema de Comunicação por Fio - possui a desvantagem de
restrições que os fios provocam, principalmente com relação à
locomoção e o acúmulo de fios embolados em outros equipamentos.
As vantagens de sistemas de comunicação de fio rígido em espaços
confinados incluem: clareza de comunicação; operação com mãos
livres, comunicação continua, comunicação não afetada por
interferências, sistema de comunicação privado, pode ser unida a
uma linha de ar para criar um único cabo, baixa manutenção e baixo
preço.
Os equipamentos deverão prover a comunicação, no mínimo, entre
os trabalhadores no interior do espaço confinado e o vigia, e entre o
vigia e a equipe de resgate. Se durante a entrada ocorrer uma
interrupção nas comunicações e não havendo outra forma de
comunicação ou contato visual, os trabalhadores deverão abandonar
o interior do espaço confinado imediatamente.
O uso dos equipamentos de comunicação poderá ser dispensado
somente nos casos em que seja garantido o contato visual constante
entre o vigia e os trabalhadores no interior do espaço confinado.
Equipamento de Iluminação
A norma dispõe que os equipamentos de iluminação também deverão estar
disponíveis para entradas em espaço confinados, e que sejam apropriados para uso em
áreas potencialmente explosivas.
Embora certos espaços confinados com uma configuração pequena e que
recebam uma boa iluminação natural poderão dispensar o uso de iluminação, sabemos
que a maioria dos espaços confinados localizados em áreas industrial possui grandes
dimensões e possuem uma iluminação deficiente ou inexistente. Por isso, deve ser
sempre previsto o suporte de uma iluminação artificial para facilitar o desempenho das
tarefas no interior do espaço confinado e para oferecer uma facilidade no abandono do
local ou numa eventual situação de resgate.
Para os resgatista será necessária a adoção de capacetes que possam receber a
adaptação de uma lanterna para oferecer uma iluminação.
Lanternas
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Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva
• Cinto de Segurança - Nas
operações de resgate o
técnico em resgate deverá
estar usando um cinto de
segurança completo tipo
paraquedista conectado a
um cabo ou corda
seguramente ancorada fora
do espaço confinado. Os
propósitos de usar este
equipamento incluem:
✓ Realizar uma descida ou subida segura e com menor esforço
possível;
✓ Realizar algum trabalho posicionado em certa altura;
✓ Facilitar a recuperação do resgatista através de uma não entrada;
✓ Permitir aos resgatista um método de localizar as vítimas nos
espaços confinados; e
✓ Fazer um salvamento de uma vítima inconsciente de forma segura,
o mais rápido e mais fácil possível.
O cinto de segurança tipo paraquedista deve ser utilizado em atividades a
mais de 2,00m (dois metros) de altura do piso, nas quais haja risco de
queda do trabalhador. (NR-18.23.3)
O cinto de segurança deve ser do tipo paraquedista e dotado de dispositivo
para conexão em sistema de ancoragem. (NR-35.5.3)
O cinto deve ser de um tipo certificado (CA) pela autoridade competente.
Devem ser inspecionados antes e depois de cada uso, e higienizados após
o trabalho. Segundo a NFPA 1670 o cinto deverá ser um do tipo classe III
ou classe II, denominações essas criadas pela norma NFPA 1683.
O cinto deve ser equipado com fitas, fivelas argolas e malhas rápidas, e
construído com material resistente ao tipo de risco ao qual ele foi
projetado (fogo, eletricidade, etc.). Cintos para resgate classe III são
aqueles fabricados com material antichamas (kevlar ou aramida) são
equipamentos com argolas hemisféricas na altura do ventre e do peito
usadas para movimentar ou posicionar o resgatista ou, ainda, para
equipagem de outros equipamentos. Possuem, também, uma argola
fundida as correias e posicionada no dorso.
Cintos de Segurança
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• Tripé - Tripés são livremente posicionados e
possuem pernas encaixadas que podem ser
ajustadas para oferecer uma variação de
alturas. São muito efetivos em decidas e
subidas, mas fica instável se a força lateral for
muito acentuada. Isso acontece quando os
cabos são puxados para o lado, ou quando, o
responsável pela movimentação retira o
trabalhador para fora e tenta puxá-lo para um
lado da abertura. Por isso devemos redobrar
nossa atenção para que o equipamento não
tombe. Jamais utilize um movimentador para o
qual você ainda não foi treinado.
A seguir alguns cuidados que devemos adotar ao selecionar o tripé para
trabalho:
✓ Sempre siga as instruções do fabricante para inspeções, montagem
e uso do tripé; Você será responsável para seguir estas instruções
durante as operações;
✓ Nunca coloque mais de uma pessoa por vez no tripé, a menos que
você esteja seguro de que o equipamento é classificado para carga
de duas pessoas;
✓ Sempre que for descer ou subir uma pessoa, utilize um outro
sistema de segurança adicional (trava-quedas) além do sistema
principal; e
✓ Desenvolver técnicas de manuseio do equipamento e de
posicionamento dos indivíduos que estão sendo movimentados.
Tripé
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• Dispositivos Mecânicos - Tripés e monopes podem ser geralmente
equipados com guinchos, trava-quedas e resgatadores que utilizam cabos
de aço galvanizados de, aproximadamente, 1/4 polegada de diâmetro,
embora diâmetros maiores e cabos de aço inoxidáveis também sejam
utilizados.
Todavia, esses equipamentos possuem uma melhor aplicabilidade nos
espaços confinados para o trabalho, demonstrando-se bastante limitados
diante de um resgate que poderá exigir da equipe de resgate
procedimentos mais complexos de acesso às vítimas.
• Sistema Pré-montado - Os fabricantes também oferecem sistemas de
cordas pré-montados. Isso provê uma redução de erros na construção de
sistemas. Exemplos incluem o PMI Shithoist, DBI SALA RDP-1 e o
ROLLGLISS. Estes sistemas oferecem a facilidade da redução de esforço,
mas não podem ser convertidos em sistemas diferentes. Como qualquer
sistema de movimentação, um segundo, dispositivo de segurança deve ser
utilizado.
Guinchos
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• Sistema de vantagem mecânica (cordas & polias) - Alternativamente,
durante um resgate poderão ser montados sistemas de cordas e polias
para a movimentação de trabalhadores. A NFPA 1006 define um sistema
de vantagem mecânica como sendo uma força criada através de meios
mecânicos incluindo, mas não se limitando a, um sistema de alavancas,
engrenagens, cordas e polias, geralmente criando uma produção de força
maior que a força aplicada, expresso em termos de uma relação entra a
força aplicada e a força produzida.
Os sistemas mais utilizados são o 3:1 (3 roldanas para 1 corda) e o 4:1 (4
roldanas para 1 corda).
Atenção ao utilizar o sistema de vantagem mecânica, pois você não só
estará reduzindo o esforço, como também estará dividindo o tamanho da
sua corda pelo número de polias.
Sistemas de Roldanas
Sistemas de Redução
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• SOFWARE (material mole) - É o material mole, ou seja, as cordas sejam
elas cordas de trabalho, de segurança, cordins ou fitas. Para os padrões de
operações de resgate da NFPA as cordas devem ser do tipo certificadas, e
atender os requisitos constantes da norma NFPA 1983. Os cordins e as
fitas não precisam ser do tipo certificadas. As cordas dever ser do tipo
“Kernmantle”, uma alma de fibra sintética envolvida por uma capa também
de material sintético.
Os requisitos de performance das cordas são:
✓ Resistência à temperatura - o ponto de fusão das fibras utilizadas
para construção das cordas não pode ser inferior a 204°C, e a do
nylon é de 245°C.
✓ Alongamento mínimo – menos de 1% de 10% de sua carga de
ruptura / Máximo – não pode ser superior a 10% do valor
correspondente a 10% de sua carga de ruptura.
✓ Carga de ruptura - não pode ser inferior a 20 K/N (1KN = 102 Kgf) e
para a corda de trabalho não pode ser inferior a 40 K/N;
✓ Diâmetro - para corda de segurança pode ser de 9,5mm a não mais
do que 12,5mm e para corda de trabalho deve ser de 12,5mm a não
mais do que 16mm.
✓ Inspeção: Antes de reutilizar cordas, elas deverão ser avaliadas para
as seguintes condições:
- Danos não visíveis;
- Não foi exposta a calor ou ao contato direto de chamas;
- Não foi sujeita a abrasão;
- Não foi sujeita a nenhum impacto;
- Não foi sujeita a exposição de líquidos, gases, sólidos, poeiras,
vapores de quaisquer substâncias químicas que possam deteriorará
o material; e
- Aprovada por pessoal qualificado segundo as orientações do
fabricante.
Critérios de inspeção:
✓ Abrasão - a alma começa a ficar exposta ou mais da metade da capa
começa a ficar desgastada;
✓ Puimento - indica um pedaço partido da capa;
Cordas, cordins e fitas
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✓ Endurecimento - causado por exposição ao calor;
✓ Descoloração - mudança na cor original indica exposição a alguma
substância química;
✓ Exposição da alma - indica possíveis danos na alma ou danos
severos na capa;
✓ Perda da uniformidade - no diâmetro ou tamanho da corda indica
danos na alma;
✓ Inconsistência - partes muito macia ou endurecida podem indicar
danos na alma;
✓ Idade / Tempo de uso - a corda deve ser simplesmente retirada do
uso. A maioria dos fabricantes recomenda que as cordas devem ser
retiradas de uso, após de anos de uso, desde que estiverem em
condição ideais de uso e acondicionamento;
✓ Perda de confiança - se você não sentir mais confiança no material,
não insista. Se você suspeitar de algo, confie no seu bom senso:
RETIRE A CORDA DE USO!
Cuidados e manutenção:
✓ Lavagem - use sabão neutro, lave com as mãos e seque à sombra; e
✓ Acondicionamento - enrolada ou ensacada. Deve ser guardada de
uma maneira que evite o seu desgaste pelo ambiente
(contaminantes, calor, ácidos, luz solar, fumos, etc.).
Diário da corda:
✓ Histórico de uso da corda para o seu controle.
• HARDWARE (material duro) - É o equipamento metálico aplicado no
sistema de cordas utilizado tanto para trabalho como para segurança.
Mosquetões - Construídos de aço, alumínio ou composite. Para operações
de resgaste os mosquetões devem ser de aço. Os mosquetões para
sistemas de segurança devem ter uma carga de ruptura de no mínimo 27
K/N. Os mosquetões para sistemas de trabalho devem ter uma carga de
ruptura de no mínimo 40 K/N.
Mosquetões
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Descensores Blocantes - São dispositivos de controle de descida. Para
sistemas de segurança devem suportar um teste de carga de no mínimo
13,5 K/N sem falhar. Para sistemas de trabalho deve suportar um teste de
carga no mínimo 22 K/N.
Ascensores - São dispositivos desenvolvidos para servirem de assessórios
para os sistemas de cordas de ascensão ou de bloqueio. Como
equipamento auxiliar de ascensão deve suportar um teste de carga de no
mínimo 5K/N. Se for utilizado como bloqueador, deve suportar um teste de
carga de, no mínimo, 11 K/N.
Polias - Dispositivos utilizados nos sistemas de vantagem mecânica
(redução de esforço). Para sistemas de segurança deve possuir uma carga
de tensão de, no mínimo, 22 K/N sem falhas. Para sistemas de trabalho
deve possuir uma carga de tensão de, no mínimo, 36 K/N, sem falhas.
Ascensores
Descensores
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Distorcedores - Dispositivos utilizados nos sistemas ancorados, para que
os mesmo não fiquem embolados e atrapalhem o seu manuseio.
Placas de Ancoragem - Dispositivos desenvolvidos para multiplicar os
pontos de ancoragens para os sistemas quando os equipamentos
apropriados ou o local do incidente apresenta limitações de pontos seguros
para ancoragem.
Distorcedores
Polias
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Placa de Ancoragem
Linha de Vida
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• Macas / Imobilizadores - São os equipamentos para transporte das
vítimas.
Maca SKED (Maca Envelope) - Feita de resina e muito útil em espaços
confinados com acessos limitados para entrada e saída. Também chamada
de maca envelope, devido a sua tendência de “envelopar” a vítima.
Maca Rígida - Oferece limitações para o seu uso em locais com acessos
limitados para entrada e saída.
Maca Envelope
Maca Rígida
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Triângulo de Resgate - Utilizado para resgate de vítimas desprovidas de
cintos de segurança e que não necessitam de imobilizações especiais.
Ked ou Colete Imobilizador Cervical - Dispositivo criado imobilizar as
vítimas com suspeita de fratura na coluna cervical.
Colete Cervical
Triângulo de Resgate
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Colar Cervical e Talas - Dispositivos auxiliares para imobilização do
pescoço (onde há a suspeita de lesões na coluna cervical) e imobilizações
dos membros superiores e inferiores quando há uma suspeita de fraturas.
Talas e Colar Cervical
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• Principais nós utilizados:
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Tipos de Nós
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• Como amarrar um nó de fita
• Como montar uma cadeirinha de resgate
Nós de Fita
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RESGATE DE VÍTIMAS EM ALTURA
OBJETIVOS DO TREINAMENTO
A busca por técnicas mais eficientes e aquisição de equipamentos modernos
é uma realidade nos aspectos relacionados à atividade de Salvamento em Altura.
Porém, para que a operação de resgate alcance a excelência na prestação de
serviços, os procedimentos de execução das técnicas e a correta utilização dos
equipamentos devem ser implementados por um processo organizado e
estruturado, oriundo de um planejamento bem feito, com foco na capacitação contínua
dos resgatistas e na melhoria das condições de trabalho e treinamento.
Este trabalho apresenta técnicas utilizadas nas atividades de salvamento em
altura no plano vertical, explorando princípios importantes, como ancoragens e
técnicas de descensão e içamento adaptados ao grau de lesão das vítimas, além
de orientações quanto aos materiais e equipamentos utilizados nas práticas de
salvamento em locais elevados.
Resgate
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Salvamento
Os perigos resultantes das condições adversas da natureza e da
imprudência das pessoas determinam que as comunidades bem organizadas criem
serviços para atendimentos de emergência. A atividade de resgatar vidas
humanas e salvar animais denomina-se Salvamento.
Salvamento em Altura
Definido como atividades de salvamento realizadas em locais elevados, podendo
ser no plano vertical, inclinado ou horizontal. Devido ao nível de comprometimento que
o profissional de Salvamento em Alturas possui, é imprescindível recordar que, apesar
de todos os conhecimentos teóricos e técnicos, há de se ter experiência e bom
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 188
senso, em virtude dos trabalhos serem realizados sob pressão psicológica onde
qualquer erro pode ser fatal.
PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA
Garantir a própria segurança
De nada serve socorrer a uma vítima, se o sucesso da operação custar a
vida de um resgatista. É necessário garantir, na medida do possível, a segurança
da equipe de salvamento e demais envolvidos na emergência, além da segurança
do próprio acidentado.
Não agravar as lesões
Em muitos casos, é mais importante a qualidade no atendimento e a correta
manipulação do acidentado (imobilização, contenção de hemorragia, prevenção de
choque etc.) do que a rapidez. Primeiro afastando-o do perigo sem submetê-lo a novos
danos, para que adiante seja realizada a estabilização da vítima e para que seja
possível a aplicação dos primeiros socorros.
Avaliar o binômio risco/benefício
Analisar friamente cada caso e procurar soluções simples e seguras, através de
opções alternativas, sem improvisações.
Redundância na segurança
Em uma operação de salvamento não podemos nos permitir o luxo de agravar o
acidente e, como deve ser em qualquer operação de emergência, há de se duplicar os
sistemas de segurança, e se for o caso, em algumas situações críticas, triplicá-los. Toda
Resgate por corda
Treinamento de Resgate
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e qualquer operação de risco, exige a redundância da segurança. Não há como admitir
falha, visto que se algum sistema de segurança falhar, outro deve assumir
imediatamente, garantindo a integridade do sistema.
Revisar os sistemas
Em operações de salvamento, a segurança é primordial (novamente
percebe-se a redundância) e antes que qualquer operação seja iniciada, todo o
sistema deve ser revisado. Se as montagens são simples e estão ordenadas, não
haverá perda de tempo, que em alguns casos pode ser fatal.
Economia de esforço e de tempo
Sempre que possível, devemos nos ater ao princípio da simplicidade. Sempre é
mais fácil, além de simplificar os sistemas de salvamento, descer as vítimas do
que içá-las. Tenhamos isto em mente quando possuímos as duas opções.
Instalar um sistema de comando em operações
Em toda e qualquer situação de emergência, o Sistema de Comando de
Incidentes – SCI deve ser instalado. A assunção do comando e consequente
desencadeamento da operação segundo um Plano de Ação é algo natural, que
deve ser uma doutrina de qualquer operação de resgate, incluindo as de salvamento
em altura.
Simplificar
O conhecimento e domínio das técnicas de salvamento em altura não nos
obrigam a usar todas elas. Há ocasiões em que com uma solução simples evitamos
uma manobra complicada.
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA ATIVIDADE DE
SALVAMENTO EM ALTURA COM SEGURANÇA
✓ Controle emocional próprio;
✓ Controle da situação;
✓ Controle dos materiais;
✓ Controle de vítimas;
✓ Executar as atividades com convicção do que está fazendo; e
✓ Dispor os materiais em local seguro e de fácil acesso.
Treinamento de Resgate
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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Classificação da Segurança
• Segurança Individual - É toda e qualquer ação realizada pelo
resgatista para minimizar, prevenir, ou eliminar as possibilidades de
acidentes pessoais em uma operação de salvamento.
• Segurança Coletiva - É todo o conjunto de procedimentos realizados com
o intuito de assegurar a integridade física e/ou psicológica de um
determinado grupo, que envolverá a atividade em si, todos os integrantes
da equipe, as vítimas e os bens coletivos.
A segurança coletiva é determinada a partir da avaliação prévia da
situação, onde serão tomadas as decisões de como assegurar a
realização da operação, que dependem basicamente do número de
vítimas envolvidas, condições e características do local, e proporções
do evento.
Um dos principais riscos dentro dos trabalhos realizados na
segurança coletiva é, sem dúvida, a perda do controle da situação,
além da falta de conhecimentos técnicos, inexperiência e descontrole
emocional.
• Segurança dos Materiais - A segurança e a proteção dos materiais são
alcançadas quando estes são adequados, e quando são utilizados dentro
dos procedimentos técnicos para os quais foram desenvolvidos. Desta
forma, a equipe desenvolverá melhor o seu trabalho, conservará
todos os materiais e equipamentos, e a existência dos riscos dentro
da operação será consequentemente menor.
• Segurança e Proteção de Bens Materiais - Os bens deverão ser
protegidos desde que sua proteção não coloque em risco vidas
alheias. Para tanto, é importante verificar as condições do local, a
existência de materiais adequados para a proteção, fatores adversos que
impossibilitem a proteção e identificação dos principais pontos a serem
protegidos.
Proteger é um ato de guardar e resguardar um bem de uma situação
adversa.
Equipamentos
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 191
FASES TÁTICAS DE UM SALVAMENTO EM ALTURA
Fase prévia
Nesta fase deve-se reunir o maior número de informações possíveis através de
contatos prévios com pessoas que possam trazer informações valiosas acerca do local e
do tipo de sinistro, como:
✓ Altura;
✓ Natureza da ocorrência;
✓ Número de vítimas e grau de lesão;
✓ Idade das vítimas;
✓ Hora do acidente; e
✓ Lugar exato, ou o mais aproximado possível.
Uma vez no local da ocorrência, de acordo com a imposição da situação,
devemos ser muito rigorosos nos seguintes pontos: reconhecimento, preparação,
salvamento e desmobilização. Posto que o tempo corre contra a equipe de
salvamento, o que pode agravar o perigo para a vítima e para os resgatistas,
devemos reduzir os imprevistos, e se eles não surgirem, será o sinal de uma boa
preparação técnica e de um bom planejamento.
Reconhecimento
• Análise das informações: complementando a Fase Prévia, devemos
confirmar as informações levantadas anteriormente, pois informações
mais confiáveis e sem distorções são mais facilmente levantadas in
loco. Confirmamos o número de vítimas, localização, gravidade e nível
de consciência, dentre outros;
• Necessidade de reforços: confirmadas as informações e tendo uma
ideia do espaço de trabalho, deve-se avaliar a necessidade de
reforços e comunicar tal necessidade imediatamente, para que a ajuda
seja enviada o quanto antes;
• Levantamento de riscos: refere-se a riscos inerentes ao serviço de
salvamento em altura, como eletricidade, fogo, produtos tóxicos,
explosivos, pontos de ancoragem, arestas vivas, superfícies abrasivas,
dentre outros; e
• Plano de Ação: após confirmar todas as informações acerca do sinistro,
devemos nos ater às decisões a serem tomadas sobre o
desenvolvimento da atuação da equipe. Há diferenças técnicas e
níveis de exigências diferenciados entre um salvamento de vítimas e a
recuperação de corpos, por exemplo.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 192
Preparação
✓ Montar um primeiro acesso à equipe de salvamento, que possa
avaliar a vítima e prestar os primeiros socorros, além de estimar a
necessidade de uma equipe de APH para sua estabilização e
posterior transporte;
✓ O Plano de Ação deve ser bem estruturado, porém deve ser
flexível diante de situações inesperadas que exijam modificações
no plano original. Por exemplo, um edifício colapsado com
bombeiros atuando num salvamento. Um novo desabamento
pode fazer com que tenhamos que resgatar os resgatistas. É latente
a necessidade de anteciparmos este tipo de erro;
✓ Preparar recursos humanos: dependendo do número de vítimas e
da natureza do sinistro, necessitaremos de reforço, com pessoas de
diferentes níveis de formação e especialização, que devem ser
instruídos quanto aos procedimentos durante a ação de
salvamento;
✓ Disponibilizar materiais necessários para a proteção da equipe
de salvamento, como equipamentos, capas de aproximação,
protetores auriculares, além de equipamentos de uso coletivo:
escoras, dentre outros; e
✓ Adequar-se ao local e eventualidades da ocorrência: refere-se
a recursos que previsivelmente serão necessários como: rádios
para comunicação, iluminação para a noite, proteção contra
desabamentos, dentre outros.
Salvamento
✓ Mentalizar claramente a montagem do sistema e os possíveis
acidentes, antecipando-se a eles;
✓ Escolha e montagem dos pontos de ancoragem;
✓ Montagem dos sistemas de descensão, transposição ou içamento de
vítimas;
✓ Comodidade de acesso para quando a vítima se encontrar fora de
perigo;
✓ Uma vez que tenhamos acesso à vítima, devemos avaliar a sua
situação e verificar a necessidade de uma equipe de APH ou se a
Tripé
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 193
operação se resume em retirá-la do local de perigo. Importante
ressaltar o apoio psicológico que a vítima deverá receber por
parte da equipe de salvamento durante todo o desenrolar do
atendimento;
✓ Disponibilizar equipamentos de evacuação de vítimas (triângulo,
peitoral, macas); e
✓ Por fim, realizaremos a descensão, transposição ou içamento
das vítimas. É de grande importância a comunicação entre os
resgatistas de cima, de baixo e os que acompanham a vítima.
Desmobilização
✓ Neste momento é realizado um levantamento quanto aos resgatistas
empenhados no atendimento, além do equipamento utilizado,
após sua correta desmontagem e acondicionamento; e
✓ Após o recolhimento de todo o material, é feita uma reunião
com todos os resgatistas participantes do atendimento para que o
líder da operação possa levantar os acertos e as falhas da
atuação de sua equipe. A análise de tais aspectos é de suma
importância para aumentar a segurança, coordenação e
eficiência em ocorrências futuras.
MATERIAL COLETIVO DE SALVAMENTO EM ALTURAS
Cordas
Podemos assegurar que, dentro da vertente de segurança, a corda é o
elemento mais importante para o resgatista nas atividades de salvamento em
altura, o que lhe garante uma maior atenção, além de cuidados de manutenção
e acondicionamento redobrados.
Materiais
As fibras naturais têm sido eliminadas na confecção de cordas empregadas
em salvamento em alturas, uma vez que se decompõem como tempo e não suportam
muita carga, além de possuírem baixa capacidade de amortecimento, quando
comparadas com as fibras sintéticas. A poliamida, por exemplo, amortece oito vezes
mais que o cânhamo e 27 vezes mais que um cabo de aço.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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Para elaborar cordas sintéticas, são utilizadas três fibras fundamentais:
polipropileno, poliéster e poliamida.
Manutenção e Acondicionamento
As cordas apresentam uma longa vida útil, se bem manutenidas e
acondicionadas, quer seja no seu armazenamento ou transporte. Para tanto, devemos
nos ater aos seguintes parâmetros:
✓ Não pisar ou permitir que grandes pesos sejam postos sobre as
cordas;
✓ Evitar que a corda tenha contato prolongado com areia ou
terra, uma vez que os grãos se incrustam entre as fibras da
corda podem causar o cisalhamento da mesma;
✓ Não deixar a corda sob o sol por intervalos de tempo prolongado;
✓ Não permitir a corda sob tensão desnecessariamente. Após o
encerramento das atividades com as cordas, os sistemas de
ancoragens devem ser desmontados ou afrouxados;
✓ Não sobrecarregar os nós e as amarrações;
✓ Não trabalhar, dentro do possível, com as cordas molhadas;
✓ Evitar o aquecimento da capa da corda, com uma descida
rápida de rapel, por exemplo, pois tal aquecimento pode
cristalizar as fibras da capa e diminuir sua resistência (lembrar
que 15 a 20% da resistência de uma corda se concentra em sua
capa);
✓ Não permitir que as cordas entrem em contato com produtos
químicos, incluindo os derivados de petróleo, como querosene,
gasolina ou diesel;
✓ Se as cordas estiverem sujas, lavá-las com detergente neutro, e
secá-las estendidas sob a sombra, sem tensão;
✓ E, principalmente, evitar a abrasão das cordas com arestas vivas, o
que pode causar inesperadamente a sua ruptura. As cordas são mais
vulneráveis ao corte sob tensão do que as fitas; e
✓ As cordas devem ser acondicionadas em um local seco e limpo,
longe da umidade e da luz solar.
Elasticidade
A elasticidade do cabo poderá influenciar na
execução da atividade de salvamento de um modo geral,
principalmente nas atividades em altura. Cabos muito
elásticos são prejudiciais para algumas atividades, porém
são muito eficientes quando empregados nas atividades de
segurança. É importante lembrar que cabos dinâmicos
não servem para trabalhos realizados sob tração (cabos
de sustentação). Como um cabo guia apresenta um
melhor desempenho. As cordas, no que se refere a
sua elasticidade, podem ser classificadas em: Elasticidade
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• Estáticas: Cordas normalmente com elasticidade inferior a 5%,
absorvem pouco choque em caso de uma queda. São cabos utilizados em
atividades de salvamento devido à redução do “efeito ioiô” e por
permitirem a armação de cabos de sustentação; e
• Dinâmicas: Cordas com elasticidade superior a 5%. São cabos que
se alongam quando sob tensão, sendo normalmente utilizados para as
atividades de escaladas devido a sua característica de absorver
choques em caso de quedas, evitando prejuízos físicos ao escalador.
Não são cabos adequados para as atividades de salvamento.
Força de Choque
É uma razão matemática que traduz o esforço a que acorda é submetida quando
ocorre uma queda. Quando se escala utilizando segurança com corda, o fator máximo é
igual a 2, que corresponde a uma queda em que o comprimento da corda utilizada é
metade da altura da queda. Isso ocorre quando o guia não dispõe de proteção
entre ele e o participante que lhe dá segurança (assegurador). O Fator de Queda
também permite avaliar a Força de Choque sofrida pelo escalador que caiu. O
fator de queda (FQ) é calculado pela fórmula: FQ = 2H/L, onde H corresponde à
altura da queda e L representa o comprimento de corda entre o guia e o assegurador.
Cordas com Elasticidade
Força de Choque
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Equipamentos de Evacuação de Vítimas
• Macas - Imprescindíveis na evacuação de feridos, devem permitir a
possibilidade de deslocamento na horizontal ou na vertical.
• Triângulo de Evacuação - São elementos versáteis e muito cômodos,
além de ocuparem pouco espaço. São destinados a vítimas conscientes
que não possuem grandes lesões, o que obrigaria a utilização de
uma maca.
MATERIAL INDIVIDUAL DE SALVAMENTO EM ALTURA
• Cintos individuais de segurança - São elementos básicos em uma
atividade de salvamento em altura. Existem diversos tipos de cintos de
trabalho, mas os mais utilizados são os destinados às atividades de
resgate, que possuem uma proteção acolchoada na região da cintura e
das pernas e pontos de sustentação.
Triângulo para Resgate
Maca Envelope
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• Capacetes - Possuem a função primordial de protegerem contra a queda
de objetos que possam incidir diretamente sobre a cabeça do
resgatista durante as atividades de salvamento, além de protegerem
contra obstáculos em locais baixos ou elementos móveis pendentes.
• Luvas - São essenciais nas atividades de salvamento em altura,
devendo ser confortáveis e adequadas ao tamanho da mão de quem
estiver usando-a. As luvas devem possuir uma proteção extra na região
da palma da mão e no dedo polegar, que são os locais mais
suscetíveis a queimaduras por abrasão.
Cinto
Capacetes
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3
• Descensores - aparelhos de frenagem - São aparelhos que utilizam o
atrito com a corda para controlarem a velocidade de deslocamento
vertical.
• Bloqueadores - São aparelhos que, por engatamento ou por pressão
pontual, bloqueiam o movimento relativo à corda em um dos sentidos
de deslocamento, seja ele vertical, inclinado ou horizontal.
Luvas
Descensores
Bloqueador
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• Conectores - São equipamentos utilizados na união entre dois ou
mais elementos de segurança. Os conectores possuem as mais
variadas formas, tamanhos, materiais e fabricantes, possuindo uma
gama interminável de utilização. É muito difícil (ou mesmo impossível)
realizar uma atividade de salvamento em altura sem lançar mão de um
conector.
• Mosquetões - São os conectores mais utilizados, podendo ser de
aço ou duralumínio. Possuem um gatilho que promove a abertura
necessária à sua utilização, sendo classificados da seguinte forma:
• Malhas Rápidas - Também conhecidos como “maillons”, são
geralmente confeccionados em aço, o que lhes confere uma grande
resistência. Diferenciam-se dos mosquetões por não possuírem um
gatilho, pois sua abertura é feita através de uma rosca.
Conectores
Conectores (Maillons)
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• Equipamentos de Manobras de Força - Neste grupo estão incluídas as
roldanas que são utilizadas para desvio ou multiplicação de força.
Também conhecidas como polias, as roldanas possuem formas e
tamanhos diferenciados, que variam em função de sua utilização.
Também podem ser usadas para deslocamentos sobre cabo aéreo.
NÓS E AMARRAÇÕES
Existem vários nós em livros e apostilas que tratando assunto Salvamento em
Altura, porém serão vistos os mais úteis e comuns para a atividade. Os nós
utilizados pelos resgatistas devem ser de fácil confecção e, mesmo depois de
carregados, devem ser rapidamente desatados, devendo também oferecer pouca
perda de resistência à corda. Os nós podem ser confeccionados pelo chicote e pelo
seio, e são classificados da seguinte forma:
Nós de Ancoragem e Fixação
• Azelha em oito - É o melhor e mais usado nó de encordoamento. É
facilmente revisável. Perda de resistência entre 20 e 30%.
• Azelha em oito duplo-alçado - Nó muito utilizado em Sistemas de
Ancoragem de Segurança - SAS. Pode-se utilizar as duas orelhas em um
mesmo mosquetão e aumentara superfície de contato entre a corda e o
mosquetão. Perda de resistência aproximada de 18%.
• Azelha simples - Fácil de fazer e bom para serviços auxiliares,
porém é difícil de desatar quando submetidos a grandes tensões.
Perda de resistência de 41%.
• Azelha em nove - Tem esse nome porque se dá mais uma volta que a
azelha em oito. Perda de resistência pouco abaixo de 30%.
Roldanas
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• Nó sete - É feito com a alça orientada no sentido da corda. É iniciado com
a alça em sentido oposto ao que deseja utilizá-lo.
• Fiel - Muito eficaz e fácil de fazer. Desliza quando submetido a cargas
superiores a 400 kg. Grande perda de resistência.
Nós de União de Cabos
• Pescador duplo - Consiste de nós duplos contrapostos que acocham
com a tração nas cordas que queremos unir. Perda de resistência em
torno de 25%.
• Nó de fita - É o único aconselhável para unir fitas. Deve-se revisá-lo bem,
pois é muito comprimido quando usado. A sobra do nó deve ser de
no mínimo o dobro da largura da fita. Perda de resistência de 36%.
Nós Autoblocantes
• Prússico - Deve ser feito com três voltas. Possui o inconveniente de
apertar muito a corda.
• Machard - Nó feito sobre cordas com cordeletes, devendo ter pelo
menos cinco voltas. Deve ser bem ajustado para não deslizar sobre a
corda. Resiste a 50% da resistência do cordelete.
• Valdotan - Também pode ser feito com fita. São sete voltas, trançando
uma parte sobre a outra, acima e abaixo alternadamente. É muito utilizado
para realizar a descensão em cordas tensionadas em técnicas de
autoresgate.
Nó de Segurança
• Nó dinâmico UIAA ou meio-fiel - É deslizante, seguro e com grande
capacidade de frenagem. Requer o uso de mosquetões com grande área
de trabalho, de preferência do tipo HMS (Halbmastwurf Sicherung).
SISTEMAS DE ANCORAGENS DE SEGURANÇA (SAS)
Os Sistemas de Ancoragens de Segurança (SAS) são de extrema
importância para a atividade de salvamento em altura, visto que sem o SAS, toda a
atividade é colocada em risco. Pode-se afirmar que grande parte da segurança da
atividade de salvamento está colocada diretamente sobre as ancoragens. Para a
realização de uma ancoragem, o resgatista deve atentar para alguns requisitos
básicos de segurança, a fim de se evitar acidentes no decorrer da operação, no tocante
às características e requisitos das ancoragens.
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Requisitos de uma Ancoragem
✓ Deve-se sempre utilizar mosquetões superdimensionados
(capacidade acima de 22 kN);
✓ Utilizar sempre, pelo menos, 01 (um) mosquetão em cada
ponto de ancoragem, quer seja no Ponto Principal, quer seja no
Ponto Secundário;
✓ Evitar fazer os braços de alavanca. Sempre procurar fazer a
amarração da sua ancoragem em um ponto próximo à base da
estrutura, pois quando ancoramos em um ponto mais distante da
base estrutural a força sobre esta aumenta muito, colocando
em risco a operação;
✓ Fazer o SAS sempre em, no mínimo, 02 (dois) pontos de
ancoragem, o Principal e o Secundário; e
✓ Procurar ancorar-se diretamente sobre o local de descida, evitando
assim grandes pêndulos e trabalho excessivo para o resgatista.
Classificação das Ancoragens
De acordo com a quantidade e o posicionamento das ancoragens, Principal e
Secundária, em relação ao objetivo da operação, podemos classificar uma
ancoragem da seguinte forma:
• Ancoragem em Linha - As ancoragens em linha são aquelas em que
o ponto Principal e o Ponto Secundário estão dispostos verticalmente,
ou seja, um sobre o outro.
• Ancoragem Distribuída - As ancoragens distribuídas são aquelas em que
fazemos uma divisão de forças sobre os pontos de ancoragens, quer
seja no Ponto Principal, quer seja no Secundário. Nessas ancoragens,
normalmente os pontos de fixação estarão dispostos horizontalmente,
facilitando dessa forma a equalização da ancoragem.
Ponto de Ancoragem
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RESGATE SIMPLES
Trata-se do resgate de vítimas que apresentam lesões leves, podendo ser
realizado por somente um resgatista.
Equipamento Mínimo
Para fins de treinamento e atuação em caso de ocorrências, os materiais
mínimos, tanto individuais como coletivos, a serem utilizados pelos resgatistas
estão listados a seguir.
Evidentemente não se trata de uma relação imutável, contudo serve como uma
referência do material a ser empregado.
• Equipamento Individual
✓ 01 (um) cinto de segurança nível 3 - tipo paraquedista;
✓ 01 (um) capacete alpinista;
✓ 04 (quatro) mosquetões de aço;
✓ 02 (dois) mosquetões de alumínio s/ trava;
✓ 02 (dois) mosquetões de alumínio c/ trava;
✓ 01 (um) blocante de punho;
✓ 01 (um) blocante ventral;
✓ 01 (um) malha rápida;
✓ 01 (um) descensor ID ou STOP;
✓ 01 (um) cordelete para segurança (2,5 metros);
✓ 01 (um) cordelete para estribo (3,0 metros);
✓ 01 (um) cordelete “safa-onça” (1,25 metros);
✓ 01 (um) par de luvas para rapel; e
✓ 01 (um) óculos de proteção.
Técnicas de Descensão (Rapel) e Ascensão
As técnicas de descensão podem ser realizadas com macas ou triângulos de
evacuação. A escolha do equipamento deve ser realizada considerando-se as
lesões que a vítima tenha sofrido. Para grandes lesões, utiliza-se macas e para
lesões leves, triângulo de evacuação ou o sinto da vítima.
A descida com macas é efetuada utilizando-se duas cordas, sendo uma principal
e uma de segurança, ambas controladas de cima, por integrantes da equipe. Quando a
condição da vítima exigir uma assistência constante, ou quando o terreno do resgate for
acidentado ou irregular e que não permita uma descida livre e desimpedida da
maca, torna-se necessário o acompanhamento do resgatista juntamente com a
maca. Caso não haja necessidade de acompanhamento, utilizar-se-á um cabo-guia
coma função de afastar a maca da parede e outros obstáculos que possam existir.
• Descensão - Rapel - Técnica de descida na qual o resgatista desce
de forma controlada, utilizando cordas. Os obstáculos a serem
vencidos nesta modalidade podem ser naturais ou artificiais, sendo os
mais variados, como: prédios, paredões, abismos, penhascos, pontes,
declives etc.
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• Ascensão - Técnica de subida em que o resgatista utiliza aparelhos
blocantes para alcançar uma vítima. Esta técnica é utilizada quando o
melhor acesso inicia-se por baixo, em alguns casos na corda da própria
vítima.
• Transposição de nó com uso de blocantes
Na subida - Objetivo: Realizar ascensão em cabos que estejam
emendados, passando pelo nó e progredindo até alcançar o objetivo.
Na descida - Objetivo: Realizar descida em cabos que estejam
emendados, passando pelo nó.
• Mudança do sistema de descida para subida - Objetivo: Realizar
subida no cabo em que se está descendo sem ter que chegar ao solo para
equipar os blocantes.
• Mudança do sistema de subida para descida -Objetivo: Realizar
descida no cabo em que se está subindo com blocantes sem ter que chegar
ao ponto de ancoragem para equipar o freio oito e descer na corda.
TÉCNICAS DE AUTORESGATE
Autoresgate, ou progressão por corda, deve ser aprendido logo, pois além de
diminuir a chance da necessidade de ser resgatado, é usado corriqueiramente em
diversas situações.
Sendo a mais básica das técnicas de progressão por corda, autoresgate consiste
em subir por corda fixa utilizando aparelhos ascensores ou nós blocantes.
O autoresgate é a técnica básica, que todo resgatista deve dominar o mais cedo
possível em seu aprendizado.
Há diversos modos de subir pela corda fixa, dependendo basicamente do
equipamento disponível. Claro que o mais confortável e rápido é dispor de aparelhos,
sendo o ideal um par de ascensores com empunhadura e um pequeno blocante. Porém,
mesmo dispondo de aparelhos, é recomendável aprender com nós blocantes, pelos
mesmos motivos que se deve aprender primeiro a dar segurança com UIAA e freios
Técnica de Descensão
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P á g i n a | 205
antes de usar Grigri: “A vivência adquirida neste aprendizado habilita a aproveitar e
valorizar melhor as facilidades proporcionadas pelos aparelhos. ”Além disso, é bom
estar prevenido para o caso de dispor apenas de cordins.
Seja com nós, aparelhos ou combinando ambos, há dois modos básicos de subir.
Também há sistemas que utilizam polias, para reduzir o esforço.
RESGATE COMPLEXO
Trata-se do resgate de vítimas que apresentam grandes lesões, como: suspeita
de fratura na coluna, no fêmur ou no úmero; hemorragias importantes;
traumatismo craniano ou abdominal etc. Deve ser realizado por uma equipe de no
mínimo quatro resgatistas.
Técnicas de Içamento
Em certas condições, a vítima deverá ser removida de alguma depressão
natural ou estrutura urbana. Seja qual for a situação, o içamento de uma maca,
as vezes acompanhada de um resgatista, é tarefa pesada para qualquer equipe,
exigindo perfeito domínio da utilização de roldanas, blocantes e sistemas de
multiplicação de força.
A multiplicação de forças está relacionada ao número de roldanas móveis
no sistema.
Normalmente utiliza-se o sistema 3:1, onde o peso do objeto ou da vítima a ser
içada é reduzido a um terço do valor original. Os demais sistemas que oferecem
uma multiplicação maior, também demandam mais materiais, o que os inviabiliza.
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EMERGÊNCIAS QUÍMICAS E TECNOLÓGICAS
MATERIAIS PERIGOSOS
Este capítulo lida com o manuseio seguro envolvendo materiais perigosos, sejam
em operações normais ou em emergências como incêndios envolvendo materiais
perigosos.
Na década de 80 no Brasil o número de acidentes com produtos perigosos
aumentou progressivamente. Houve na ocasião necessidade de adaptar às nossas
operações, regras para torná-las mais seguras.
Decreto 96044/ 88:
“Art. 1º Fica aprovado o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos
Perigosos que com este baixa, assinado pelo Ministro de Estado dos Transportes.
Art. 2º O transporte rodoviário de produtos perigosos realizado pelas Forças Armadas
obedecerá à legislação específica.
Art. 3º O Ministro de Estado dos Transportes expedirá, mediante portaria, os atos
complementares e as modificações de caráter técnico que se façam necessários para a
permanente atualização do regulamento e obtenção de níveis adequados de segurança nesse
tipo de transporte de carga.”
✓ O decreto 96044/88 cria normas para o manuseio de produtos.
✓ Entre elas se destaca a criação de classes específicas de produtos
perigosos.
✓ Identificação.
✓ Cuidados.
✓ Reações.
✓ Sinalização.
✓ Comunicação para emergências.
A NBR 7500/2003 com objetivo de padronizar a identificação de produtos
perigosos implementa no Brasil o painel de segurança e o rótulo de risco.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 207
• O painel de segurança
✓ Um painel de cor alaranjada sem nenhuma inscrição representa
vários produtos no interior do compartimento.
✓ O primeiro número de risco representa a qual classe de produtos ele
pertence.
✓ O segundo representa os riscos subsidiários ou secundários.
✓ Na parte inferior o número cadastrado na ONU.
Podemos ter como exemplo um sólido que desprende gases inflamáveis ao reagir
com água:
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• Rótulo de risco - É o Losango que representa símbolos e/ou expressões
emolduradas, referentes à classe do produto perigoso. Ele é fixado nas
laterais e na traseira do veículo de transporte. Os rótulos de risco possuem
desenhos e números que indicam o produto perigoso. Quanto à natureza
geral, a cor de fundo dos rótulos é a mais visível fonte de identificação da
classe de um produto perigoso.
Segundo definição da NBR 17.505/2006 materiais perigosos são “materiais
que apresentam riscos que vão além dos problemas originados em
incêndios relacionados com os pontos de fulgor e de ebulição. Estes riscos
podem surgir de fatores como toxidez, reatividade, instabilidade ou
corrosividade, mas não se limitam a esses”.
A classificação adotada para os produtos considerados perigosos é feita
com base no tipo de risco que apresentam e conforme as Recomendações
para o Transporte de Produtos Perigosos Das Nações Unidas, sétima edição
revista de 1991,
Esta classificação é derivada do sistema DOT (Departamento de Transporte
Americano) para classificar produtos perigosos, tais como divisões e
classes de perigos. O DOT define um produto perigoso como uma
substância ou material capaz de apresentar um risco não razoável para a
saúde, a segurança e a propriedade, quando é transportado
comercialmente. No Brasil, a legislação pertinente encontra-se disposta na
Resolução nº 420/2004 da ANTT. O nº. ONU de cada produto perigoso será
sempre um número de 4 algarismo. De modo a entender totalmente os
perigos associados com esses materiais eles foram divididos em 9 classes.
Rótulos de Riscos
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Classes de materiais perigosos
• Classe 1 - Explosivos
✓ Substâncias explosivas, exceto as que forem demasiadamente
perigosas para serem transportadas e aquelas cujo risco dominante
indique ser mais apropriado considerá-las em outra classe;
✓ Artigos explosivos (qualquer substância ou matéria), incluindo
aparelhos, projetada para funcionar por explosão (ou seja, uma
liberação rapidíssima de gás e calor) ou que, por reação química
interna, podem funcionar de igual maneira, ainda se está projetada
a fazer.
Para os fins destas instruções, devem ser consideradas as seguintes
definições:
✓ Substância Explosiva: É a substância sólida ou líquida (ou mistura
de substâncias) que, por si mesma, através de reação química, seja
incapaz de produzir gás a temperatura, pressão e velocidade tais
que possa causar danos a sua volta. Incluem-se nesta definição as
substâncias pirotécnicas mesmo que não desprendam gases; e
✓ Substância Pirotécnica: É uma substância, ou mistura de
substâncias, concebida para produzir um efeito de calor, luz, som,
gás ou fumaça, ou a combinação destes, como resultado de reações
químicas exotéricas autossustentáveis e não detonantes; e
✓ Artigo Explosivo: É o que contém uma ou mais substâncias
explosivas.
A classe 1 está dividida em seis subclasses:
✓ Subclasse 1.1-Substâncias e artigos com risco de explosão em
massa (uma explosão em massa é aquela que afeta virtualmente
toda a carga, de maneira praticamente instantânea). São sensíveis a
calor e a golpes. Acendem-se facilmente e queimam rápido;
✓ Subclasse 1.2-Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem
risco de explosão em massa. Explodem sob exposição prolongada ao
calor e produzem óxidos de nitrogênio tóxicos durante a combustão;
✓ Subclasse 1.3-Substâncias e artigos com risco de fogo e com
pequeno risco de explosão, de projeção, ou ambos, mas sem risco
de explosão em massa.
Esta subclasse abrange substância e artigos que:
- Produzem grande quantidade de calor radiante; e
- Queimam em sucessão, produzindo pequenos efeitos de explosão,
de projeção, ou ambos.
✓ Subclasse 1.4-Substâncias e artigos que não apresentam risco
significativo. Esta subclasse abrange substâncias e artigos que
apresentam pequeno risco na eventualidade de ignição ou iniciação
durante o transporte. Os efeitos estão confinados, predominantes, a
embalagem e não se espera projeção de fragmentos de dimensões
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 210
apreciáveis ou a grande distância. Um fogo externo não deve
provocar explosão instantânea de, virtualmente, todo o conteúdo da
embalagem.
NOTA: Estão enquadradas no Grupo de Compatibilidade S as
substâncias e artigos desta subclasse, embalados ou concebidos de
forma que os efeitos decorrentes de funcionamento acidental se
limitem a embalagem, exceto se esta tiver sido danificada pelo fogo
(caso em que os efeitos de explosão ou projeção são limitados de
forma a não dificultar significativamente o combate ao fogo ou
outros esforços para controlar a emergência, nas imediações da
embalagem). Subclasse 1.5-Substâncias muitos insensíveis. Perigo
de explosão em massa, mas pouca probabilidade de iniciação ou
detonação em condições normais de transporte; e
✓ Subclasse 1.6-Artigos extremamente insensíveis, sem risco de
explosão em massa.
Esta subclasse abrange os artigos que contêm somente substâncias
detonantes extremamente insensíveis e que apresentam risco
desprezível de iniciação ou propagação acidental. Risco limitado a
explosão de um só elemento.
A classe 1 é uma classe restritiva, ou seja, apenas as substâncias e artigos
constantes da relação de produtos perigosos podem ser aceitos para
transporte. O ideal para a segurança do transporte de substâncias e
artigos explosivos seria mais eficiente se os vários tipos fossem
transportados em separado. Quando tal prática não for possível, admite-se
o transporte, na mesma unidade do transporte, de explosivos de tipos
diferentes, desde que haja compatibilidade entre eles. Os produtos da
Classe 1 são considerados compatíveis se puderem ser transportados na
mesma unidade de transporte sem aumentar, de forma significativa, a
probabilidade de um acidente ou a magnitude de tal acidente.
Os produtos explosivos também são classificados em trezes Grupos de
Compatibilidade. Essas definições são mutuamente excludentes, exceto
para as substâncias e artigos que possam ser incluídos no Grupo S, como o
critério de inclusão neste grupo é empírico, a alocação de um produto a
este grupo está necessariamente vinculada aos ensaios utilizados para a
inclusão na subclasse 1.4.
Para fins de transporte, devem ser observados os seguintes princípios:
✓ Produtos incluídos nos Grupos de Compatibilidade A K e N;
✓ Produtos do mesmo grupo e subclasse podem ser transportados em
conjuntos;
✓ Produtos do mesmo grupo, mas de subclasses diferentes podem ser
transportados juntos, desde que o conjunto seja tratado como
pertencente à subclasse identificada por 1.5D transportados
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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juntamente com os identificados por 1.2D. Este conjunto deve ser
tratado como se fosse do tipo 1.1D;
✓ Produtos pertencentes a grupos de compatibilidade diferentes não
devem ser transportados em conjunto, independentemente da
subclasse, exceto nos casos dos Grupos de Compatibilidade C, D, E
e S, conforme indicado a seguir;
✓ É admitido o transporte de produtos dos Grupos de Compatibilidade
C, D e E numa mesma unidade de carga ou de transporte, desde
que seja avaliado o risco do conjunto e este seja classificado na
subclasse e de grupo de compatibilidade adequados. Qualquer
combinação de artigos desses grupos de compatibilidade deve ser
alocada ao grupo E. Qualquer combinação de substâncias dos
Grupos de Compatibilidade C e D deve ser alocada ao grupo mais
adequado, levando-se em conta as características predominantes da
carga combinada. Essa classificação conjunta deve ser utilizada nos
rótulos de risco, etiquetas e painéis de segurança;
✓ Os produtos incluídos no Grupo N não devem, em geral, ser
transportados, com produtos de qualquer outro grupo de
compatibilidade, exceção feita ao grupo S. Entretanto, se vierem a
ser transportados com produtos dos grupos C, D e E, o conjunto
deve ser tratado como pertencente ao grupo D;
✓ Produtos incluídos no Grupo S podem ser transportados em conjunto
com explosivos de quaisquer outros grupos, exceto com os produtos
dos Grupos A e L; e
✓ Produtos incluídos no grupo L não devem ser transportados com
produtos de qualquer outro grupo. Além disso, só devem ser
transportados juntamente com o mesmo tipo de produto do próprio
Grupo L.
Classe 1 (06 subclasses)
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• Classe 2 - Gases (geral)
Gás é uma substância que:
a) A 50ºC tem uma pressão de vapor superior a 300KPa;
b) É completamente gasoso à temperatura de 20ºC, à pressão de
101,3KPa.
Os gases são apresentados para transporte sob diferentes aspectos físicos:
✓ Gás comprimido: é um gás que, exceto se em solução, quando
acondicionado para transporte, a temperatura de 20ºC é
completamente gasoso;
✓ Gás liquefeito: gás parcialmente líquido, quando embalado para
transporte, a temperatura de 20ºC;
✓ Gás liquefeito refrigerado: gás que, quando embalado para
transporte é parcialmente líquido devido a sua baixa temperatura; e
✓ Gás em solução: gás comprimido, apresentado para transporte
dissolvido num solvente.
Esta classe abrange os gases comprimidos, liquefeitos, liquefeitos
refrigerados ou em solução, as misturas de gases ou de um ou mais gases
com um ou mais vapores de substâncias de outras classes, artigos
carregados com um gás, hexafluoreto de telúrio e aerossóis.
A Classe 2 está dividida em três subclasses, com base no risco principal
que os gases apresentam durante o transporte:
✓ Subclasse 2.1- Gases inflamáveis: gases que a 20ºC e à pressão de
101,3KPa:
- São inflamáveis quando em mistura de 13% ou menos, em
volume, com o ar; e
- Apresentam uma faixa de inflamabilidade com o ar de, no mínimo,
doze pontos percentuais, independentemente do limite inferior de
inflamabilidade.
✓ Subclasse 2.2- Gases não inflamáveis, não tóxicos: São gases que
transportados a uma pressão não inferior a 280KPa a 20ºC, ou como
líquidos refrigerados e que:
- São asfixiantes: gases que diluem ou substituem o oxigênio
normalmente existente na atmosfera;
- São oxidantes: gases que, em geral, por fornecerem oxigênio,
podem causar ou contribuir para a combustão de outro material
mais do que ar contribui; e
- Não se enquadram em outra subclasse.
✓ Subclasse 2.3- Gases tóxicos: Gases que a 20ºC ou menos com uma
pressão de 101,3 KPa:
- São sabidamente tão tóxicos ou corrosivos para pessoas, que
impõe risco à saúde; e
- Na ausência de dados adequados sobre a toxidade para os
humanos, se assume que é tóxico para eles.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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NOTA: Os gases que se enquadram nestes critérios por sua
corrosividade devem ser classificados como tóxicos, com um risco
subsidiário de corrosivo.
• Classe 3 – Líquidos inflamáveis - Líquidos
inflamáveis são líquidos, misturas de líquidos, ou
líquidos contendo sólidos em solução ou
suspensão (como tintas, vernizes, lacas etc.,
excluídas as substâncias que tenham sido
classificadas de forma diferente, em função de
suas características perigosas) que produzem
vapores inflamáveis a temperaturas de até 60,
5ºC, em teste de vaso fechado, ou até 65,6ºC, em
teste vaso aberto, conforme normas brasileiras ou internacionalmente
aceita.
Na relação de produtos perigosos só foram incluídos os produtos em
estado quimicamente puro, cujos pontos de fulgor não excedem tais
limites. Por esse motivo, a relação de produtos perigosos deve ser utilizada
com cautela, pois produtos que, por motivos comerciais, contenham outras
substâncias ou impurezas podem não figurar na relação, mas apresentar
ponto de fulgor inferior ao do valor limite.
Classe 2 (03 subclasses)
Classse 3
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P á g i n a | 214
Número da ONU Líquido inflamável
1203 Gasolina
1170 Etanol
1202 Diesel
1223 Querosene
1230 Metanol
1201 Gasóleo
1090 Acetona
• Classe 4 - Sólidos inflamáveis/substâncias sujeitas a combustão
espontânea/substância que em contato com a água emitem gases
inflamáveis
Esta classe compreende:
✓ Subclasse 4.1 - Sólidos inflamáveis: Sólidos que nas condições
encontradas no transporte são facilmente combustíveis, ou que, por
atrito, podem causar fogo ou contribuir para ele. Esta subclasse
inclui ainda explosivos insensibilizados que podem explodir se não
forem suficientemente diluídos e substâncias auto-reagentes ou
correlatas, que podem sofrer reação fortemente exotérmica.
✓ Subclasse 4.2 - Substâncias sujeitas à combustão espontânea:
Substância sujeita a aquecimento espontâneo nas condições normais
de transporte, ou que se aquecem em contato com o ar, sendo,
então, capazes de se inflamarem; são as substâncias pirofóricas e as
passíveis de auto aquecimento.
✓ Subclasse 4.3 - Substâncias que em contato com a água emitem
gases inflamáveis: Substâncias que, por reação com a água, podem
tornar-se espontaneamente inflamáveis ou liberar gases inflamáveis
em quantidades perigosas. Nestas Instruções, emprega-se também
a expressão “que reage com água” para designar as substâncias
desta Subclasse.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 215
Devido à diversidade das propriedades apresentadas pelos produtos
incluídos nessas subclasses, o estabelecimento de um critério único
de classificação para tais produtos é impraticável.
• Classe 5 - Substâncias oxidantes - Peróxidos orgânicos
Esta classe compreende:
✓ Subclasse 5.1- Substâncias Oxidantes:
substâncias líquidas ou sólidas que, embora não
sendo necessariamente combustíveis, podem,
em geral por liberação de oxigênio, causar a
combustão de outros materiais ou contribuir
para isto.
✓ Subclasse 5.2- Peróxidos Orgânicos:
substâncias orgânicas que contém a estrutura
bivalente -O-O- e podem ser consideradas
derivadas do peróxido de hidrogênio, onde um
ou ambos os átomos de hidrogênio foram
substituídos por radicais orgânicos. Peróxidos
orgânicos são substâncias termicamente
instáveis e podem sofrer uma decomposição
exotérmica auto-acelerável. Além disso, podem
apresentar uma ou mais das seguintes
propriedades: ser sujeitos a decomposição
explosiva; queimar rapidamente; ser sensíveis a choque ou a atrito;
reagir perigosamente com outras substâncias; causar danos aos
olhos.
• Classe 6 - Substâncias tóxicas (venenosas) - Sustâncias infectantes
Esta Classe abrange:
✓ Subclasse 6.1- Substâncias Venenosas: são as capazes de provocar
a morte, lesões graves, ou danos à saúde humana, se ingeridas,
inaladas ou se entrarem em contato com a pele. Os produtos da
Classe 4 (03 subclasses)
Classe 5.1 (Oxidante)
Classe 5.2 (Peróxido
orgânicos)
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 216
subclasse 6.1, inclusive pesticidas, podem ser distribuídos em três
grupos de embalagem:
- Grupo I - Substâncias e preparações que apresentam um risco
muito elevado de envenenamento;
- Grupo II - Substâncias e preparações que apresentam sério risco
de envenenamento; e
- Grupo III - Substâncias e preparações que apresentam um risco de
envenenamento relativamente baixo.
✓ Subclasse 6.2- Substâncias Infecciosas: micro-organismo viáveis,
incluindo uma bactéria, vírus, parasita, fungo, ou um recombinante,
hídrico ou mutante, que provocam, ou há suspeita que possam
provocar doenças em seres humanos ou animais.
• Classe 7- Materiais radioativos - Para fins de
transporte, material radioativo é qualquer material
cuja atividade especifica seja superior a 70KBq/kg
(aproximadamente 2nCi/g). Neste contexto,
atividade especifica significa a atividade por unidade
de massa de um radionuclídeo ou, para um material
em que o radionuclídeo é essencialmente distribuído
de maneira uniforme, a atividade por unidade de
massa do material.
Para efeito de classificação dos materiais
radioativos, incluindo aqueles considerados como rejeito radioativo,
consultar a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). As normas
relativas ao transporte desses materiais (CNEN-NE-5.01) estabelecem
requisitos de radioproteção e segurança, a fim de que seja garantido um
nível adequado de controle da eventual exposição de pessoas, bens e meio
ambiente à radiação ionizante.
(02 subclasses)
Classe 7
(Radioativo)
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 217
• Classe 8- Produtos corrosivos - São
substâncias que, por ação química, causam
severos danos quando em contato com tecidos
vivos ou, em caso de vazamento, danificam ou
mesmo destroem outras cargas ou o veículo; elas
podem, também, apresentar outros riscos.
A alocação das substâncias aos grupos de
embalagem da Classe 8 foi feita
experimentalmente, levando-se em conta outros
fatores tais como risco a inalação de vapores e
reatividade com água (inclusive a formação de
produtos perigosos decorrentes de decomposição). A classificação de
substâncias novas, inclusive misturas, pode ser avaliada pelo intervalo de
tempo necessário para provocar visível necrose em pele intacta de
animais. Segundo esse critério, os produtos desta classe podem ser
distribuídos em três grupos de embalagem:
✓ Grupo I - Substâncias muito perigosas: provocam visível necrose da
pele após um período de contato de até três minutos;
✓ Grupo II - Substâncias que apresentam risco médio: provocam
visível necrose da pele após período de contato superior a três
minutos, mas não maior do que 60 minutos; e
✓ Grupo III - Substâncias de menor risco, incluindo:
- As que provocam visível necrose da pele num período de contato
superior a 60 minutos, mas não maior que quatro horas; e
- Aquelas que, mesmo não provocando visível necrose em pele
humana, apresentam uma taxa de corrosão sobre superfície de aço
ou de alumínio superior a 6,25mm por ano, a uma temperatura de
ensaio de 55ºC.
• Classe 9 – Substâncias perigosas diversas - Incluem-se nesta classe
as substancias e artigos que durante o transporte apresentam um risco
não abrangido por quaisquer das outras classes.
Classificação de Misturas e Soluções - Uma
mistura ou solução contendo uma substância
perigosa identificada pelo nome na Relação de
Produtos Perigosos e uma ou mais substâncias
não-perigosas deve submeter-se às exigências
estabelecidas para a substância perigosa,
adequando-se a embalagem ao estado físico da
mistura ou solução. Este procedimento apenas
não se aplica quando:
✓ A mistura ou solução estiver identificada
pelo nome da Relação de Produtos
Perigosos;
Classe 9 (substâncias
perigosas diversas)
Classe 8 (Corrosivo)
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 218
Diamante de HOMMEL
✓ A designação contida na Relação de Produtos Perigosos indicar
especificamente que se aplica apenas a substância pura;
✓ A classe de risco, o estado físico ou o grupo de embalagem da
mistura ou solução forem diferentes do relativo à substância
perigosa;
✓ Houver alteração significativa nas medidas de atendimentos as
emergências.
DIAMANTE DE HOMMEL
Uma outra simbologia bastante aplicada em vários países, no entanto sem
obrigatoriedade, é o método do diamante de HOMMEL.
Diferentemente das placas de identificação, o diamante de HOMMEL não informa
qual é a substância química, mas indica todos os riscos envolvendo o produto químico
em questão.
✓ Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos;
✓ Produtos que entram em ignição a temperatura ambiente;
✓ Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente;
✓ Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição; e
✓ Produtos que não queimam.
• AZUL - PERIGO PARA SAÚDE, onde os riscos são os seguintes:
✓ Exposição muito curta pode causar morte ou sérios danos residuais.
(Ex. Cianeto de hidrogênio, Fosgênio);
✓ Exposição curta pode causar sérios danos residuais temporários ou
permanentes. (Ex.Amônia, Ácido sulfúrico);
✓ Exposição prolongada ou persistente, mas não crônica, pode causar
incapacidade temporária com possíveis danos residuais. (Ex. Éter
etílico, Clorofórmio);
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 219
✓ Exposição pode causar irritação, mas apenas danos residuais leves.
(Ex. Acetona, Cloreto de Sódio); e
✓ Não apresenta riscos à saúde, não são necessárias precauções.
(Ex. Água, Propilenoglicol).
• VERMELHO – INFLAMABILIDADE, onde os riscos são os seguintes:
✓ Irá rapidamente vaporizar-se sob condições normais de pressão e
temperatura, ou quando disperso no ar irá inflamar-se
instantaneamente. Ponto de fulgor abaixo de 23°C (73°F) (Ex.Éter
etílico);
✓ Líquidos e sólidos que podem inflamar-se sob praticamente todas as
condições de temperatura ambiente. Ponto de fulgor abaixo de 23°C
(73°F) e com ponto de ebulição por volta ou acima de 38°C (100°F)
ou com ponto de fulgor entre 23°C (73°F) e 38°C (100°F)
(Ex.Etanol, Benzeno);
✓ Precisa ser moderadamente aquecido ou exposto a uma temperatura
ambiente relativamente alta antes que alguma ignição possa
ocorrer. Ponto de fulgor entre 38°C (100°F) e 93°C (200°F)
(Ex. Diesel);
✓ Precisa ser aquecido sob confinamento antes que alguma ignição
possa ocorrer. Ponto de fulgor por volta de 93°C (200°F) (Ex. Óleo
Mineral); e
✓ Não irá pegar fogo. (Ex. Água, Hélio).
• AMARELO - REATIVIDADE, onde os riscos são os seguintes:
✓ Instantaneamente capaz de detonar-se ou decompor-se de forma
explosiva sob condições normais de temperatura e pressão.
(Ex. Nitroglicerina, Trinitrotolueno);
✓ Capaz de detonar-se ou decompor-se de forma explosiva mas
requer uma forte fonte de ignição, deve ser aquecido sob
confinamento, reage de forma explosiva com água, ou irá explodir
sob impacto. (Ex. Nitrato de amônio, Nitrometano);
✓ Sofre alteração química violenta sob temperaturas e pressões
elevadas, reage violentamente com água, ou pode formar misturas
explosivas com água. (Ex. Sódio, Ácido sulfúrico);
✓ Normalmente estável, mas pode tornar-se instável sob temperaturas
e pressões elevadas. (Ex.Propano)
✓ Normalmente estável, mesmo sob condições de exposição ao fogo, e
não é reativo com água. (Ex. Água, Hélio)
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 220
• BRANCO - RISCOS ESPECIAIS, onde os riscos são os seguintes:
✓ OX - Oxidante (Ex. Perclorato de potássio);
✓ W - Reage com água de maneira incomum ou perigosa. (Ex. Sódio);
✓ SA - Gás asfixiante simples (Ex. Hélio, Nitrogênio); e
✓ Evite o uso de água.
• Símbolos não padronizados:
✓ COR - Substância corrosiva; Ácido forte ou base (Ex. Soda cáustica
Ácido sulfúrico) Ou, para ser mais especifico: ACID - Acido forte
ou ALK - Base forte;
✓ CYL ou CRYO - Criogênico (Ex. Nitrogênio líquido);
✓ POI - Veneno (Ex. Naftalina);
✓ BIO ou - Risco biológico (Ex. Lixo hospitalar); e
✓ RAD ou - Radioativo (Ex. Lixo atômico).
Uma observação muito importante a ser colocada quanto à utilização do
Diamante de HOMMEL é que o mesmo não indica qual é a substância química em
questão, mas apenas os riscos envolvidos; ou seja, quando considerado apenas o
Diamante de HOMMEL sem outras formas de identificação este método de classificação
não é completo.
Identificação com diamante de HOMMEL
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P á g i n a | 221
CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS .
Resíduos, para efeitos de transporte, são substâncias, soluções, misturas ou
artigos que contêm, ou estão contaminados por, um ou mais produtos sujeitos as
disposições deste Regulamento e suas Instruções Complementares, para os quais não
seja prevista utilização direta, mas que são transportados para fins de despejo,
incineração ou qualquer outro processo de disposição final.
Um resíduo que contenha um único componente considerado produto perigoso,
ou dois ou mais componentes que se enquadrem numa mesma classe ou subclasse,
deve ser classificado de acordo com os critérios aplicáveis a classe ou subclasse
correspondente ao componente ou componentes perigosos.
MATERIAIS PERIGOSOS UTILIZADOS EM OPERAÇÕES NORMAIS
Os produtos que são usados para o uso operacional, por exemplo, produtos
químicos para limpeza, tratamentos de água representam um perigo para a saúde se
houver uma ameaça de derramamento de incêndio.
A legislação requer que todos os produtos que representem um risco a saúde,
tenha uma FISPQ disponível para fácil referência sobre o manuseio em segurança em
uso normal e em situações de incêndio / derramamento. A identificação destes produtos
pode envolver outros meios tais como o uso de etiquetas. A FISPQ é feita de acordo
com a NBR14725 e contém uma série de informações para quem vai trabalhar com
produtos químicos, manuseá-los ou transportá-los.
Diagrama
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 222
A FISPQ foi criada para fornecer informações
sobre vários aspectos dos produtos químicos
(substância ou preparados) quanto à proteção, à
segurança, à saúde e meio ambiente.
Em alguns países, essa ficha é chamada
Material Safety Data Sheets, MSDS.
A identificação da carga afetada pode ser
feita de vários modos: manifestos de carga e
planos de contêineres são os primeiros meios para
estabelecer as informações corretas.
Haverá uma lista da FISPQ para cada
produto químico mantido nas empresas. A lista será de fácil acesso por todo pessoal
para consulta prévia antes do manuseio e uso em emergências. A FISPQ está disponível
na enfermaria, sacaria, paiol de tintas e almoxarifado.
Placas de aviso de perigo, números ONU e FISPQ de materiais usados em cargas
regularmente transportadas são pontos úteis de referência. O número ONU é um
número de 4 dígitos único para cada produto. Se o número ONU não estiver disponível,
então o índice alfabético pode ser usado para fazer cruzamento de dados. A tabela irá
dar informações com relação ao empacotamento e limitações de transporte usado pelo
remetente.
O guia médico de primeiros socorros fornece um ponto de referência para
tratamentos médicos relevantes. A principal fonte de informação será encontrada na
forma de fluxograma que seguido, cobrirá em ordem de prioridade, os pontos principais
quando examinar as condições da vítima, em relação ao contato com o produto
perigoso, por exemplo, “Houve contato com a pele?” Se houver o fluxograma irá se
referir a tabela 8 para dar o tratamento correto.
Conteúdo de informação da FISQP:
1. Identificação do produto e da empresa
2. Composição e informação sobre os ingredientes
3. Identificação de perigos
4. Medidas de primeiros-socorros
5. Medidas de combate a incêndio
6. Medidas de controle para derramamento ou vazamento
7. Manuseio e armazenamento
8. Controle de exposição e proteção individual
9. Propriedades físico-químicas
10. Estabilidade e reatividade
11. Informações toxicológicas
12. Informações ecológicas
13. Considerações sobre tratamento e disposição
14. Informações sobre transporte
15. Regulamentações
16. Outras informações
FISPQ
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P á g i n a | 223
AÇÕES PRINCIPAIS PARA CONTROLAR UM DERRAMAMENTO OU
INCÊNDIO
Os recipientes poderão não ser facilmente manuseados enquanto são
transportados. No entanto, podem ser tomadas providências para reduzir os efeitos até
serem desembarcadas com segurança. Se diante de um derramamento ou incêndio o
risco até chegada da equipe de produtos perigosos for considerado muito grande, uma
resposta especializada a essa emergência será necessária.
As implicações de contatos acidentais com materiais perigosos podem ser graves,
portanto um controle sobre a área de risco afetada é necessário. Estabelecer a zona de
controle deve ser a primeira ação, obviamente em um local adequado. A demarcação
clara da área suja com uma barreira física se necessário para fazer valer os controles
irá evitar a contaminação de pessoal não afetado.
Uma vez que a área segura tenha sido indicada, a seleção do equipamento de
proteção individual será o próximo passo. Somente o pessoal que possua capacitação
para atender a emergência e com o EPI com nível apropriado de proteção individual,
será permitido na área “suja”, lembrando que as maiorias das roupas químicas não são
resistentes ao fogo. A seleção correta pode ser feita usando informações do guia ou da
FISPQ.
As roupas químicas oferecem proteção limitada: Portanto as equipes devem lutar
para limitar sua exposição. A descontaminação das equipes deve ser ajustada antes de
entrar, no caso de a equipe ter que sair da área rapidamente.
Assegure que todas as medidas de precaução sejam tomadas, por exemplo, área
de isolamento, controle das fontes de ignição, uso da água, meio correto de extinção se
houver risco de incêndio etc. A população deverá ser alertada sobre a natureza da
emergência para que a equipe tenha boa conscientização dos perigos.
A equipe de resposta deve se mover com cautela, limitando a exposição e
protegendo as roupas de danos acidentais. Em um local confinado um bom meio de
fuga deve ser mantido em todas as circunstâncias.
Confirme o status da situação através de um relatório inicial para o comando
antes de qualquer atendimento. A atualização dessas informações também é muito
importante, pois enquanto que os responsáveis pelo controle de emergência
inspecionam o produto envolvido, poderão certificar de que se trata de um produto
vazando diferente daquele que se pensou inicialmente.
O efetivo controle do acidente dependerá daquilo que for encontrado pela equipe
e das orientações fornecidas pelo plano de emergência, pelo guia e pela FISPQ.
Nenhuma ação deverá fazer com que o produto contamine uma área ainda maior, como
por exemplo, o uso descontrolado da água. Os métodos para lidar com o vazamento
envolvem não somente a água como também o uso de absorventes. Outro ponto a
considerar em relação ao uso da água é que a equipe poderá ter a necessidade de
grandes quantidades de água a ser aplicada para diluir e lavar o produto.
Quando o incidente estiver sob controle, a descontaminação da equipe de
respostas será a próxima preocupação do comando. As roupas da equipe devem ser
descartadas ou limpas suficientemente para permitir que possam ser retiradas em
segurança, evitando mais exposição dos resíduos que ainda estejam na roupa.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 224
Rotulagem de produtos
químicos (GHS)
O controle cuidadoso e uma perfeita conscientização de todos os envolvidos são
necessários para a devida limpeza da área afetada e equipamento utilizados na
operação.
Os feridos também poderão passar por um processo de descontaminação antes
que uma equipe médica despreparada dê o tratamento.
O SISTEMA GLOBALMENTE HARMONIZADO (GHS) PARA
CLASSIFICAÇÃO E ROTULAGEM DE PRODUTOS QUÍMICOS
O que é o GHS?
Uma abordagem simples e coerente para
definição e Classificação de riscos de produtos
químicos e para Comunicação de informações,
através de Rótulos e Fichas de Informações de
segurança.
Fornece a infraestrutura básica para o
estabelecimento de programas nacionais de
Segurança Química.
Com a publicação em 2009 da norma ABNT
NBR 14725:2009 partes 1,2,3 e 4, a partir de
fevereiro de 2011 os produtos constituídos de
substâncias puras já devem ser obrigatoriamente
classificados, rotulados e providos de FISPQ de
acordo com o GHS. Os produtos constituídos por
misturas (a grande maioria), podem
voluntariamente adotar o GHS, que será
obrigatório a partir de junho de 2015.
Conclusão
O desenvolvimento do GHS tem sido um processo difícil e de longo prazo. O
trabalho que foi concluído exigiu muita discussão e compromissos (acordos).
A implementação também exigirá um esforço e cooperação a longo prazo entre
os países, organismos internacionais e outras partes envolvidas, incluindo
representantes da indústria e dos trabalhadores.
ESTOCAGEM
Os locais de estocagem de produtos químicos deverão possuir placas de
sinalização de acordo com a norma e contendo as mesmas informações descritas nas
etiquetas de identificação e também atender as seguintes condições:
✓ Piso impermeável, sem rachaduras ou juntas;
✓ Afastado de drenos e ralos interligados a drenagem pluvial e a rede
de esgotos sanitários;
✓ Sistema de contenção de vazamentos; e
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 225
✓ Produtos dispostos em pallets ou estantes para poder detectar
vazamentos e estocados somente nos locais relacionados no
inventário.
FICHA DE EMERGÊNCIA
Ficha de emergência É um documento de porte obrigatório para o transporte de
produtos perigosos, conforme prevê o art. 22 do RTPP (regulamento para o transporte
de produtos perigosos) aprovado pelo Dec. 96.044/88 e é prevista ainda na Resolução
420/04 da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Em Alguns locais como a
ponte Rio – Niterói , é proibido trafegar a qualquer horário com produto perigoso.
Ficha de emergência
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 226
SINALIZAÇÃO
✓ A sinalização deve ser feita de
material durável de acordo com
as condições previstas do
ambiente e do tempo de
exposição estimado;
✓ A cor e forma da sinalização
devem estar de acordo com os
requisitos regulamentares (NR-
26 Sinalização de Segurança);
✓ As letras devem ser grandes, de
alta visibilidade e facilmente vistas em locais escuros ou com pouca
luz; e
✓ Os sinais de aviso / informação são exigidos nos locais de
estocagem e manuseio.
ROTULAGEM
Os produtos químicos em uso, estocados na
área ou nos almoxarifados devem possuir rótulos
(etiquetas) com sua identificação.
A etiqueta é uma forma eficaz de alertar os
empregados sobre riscos potenciais à saúde, meio
ambiente e incêndio associado a um determinado
produto.
Antes de manusearmos qualquer produto
químico, devemos ler e entender o conteúdo de sua
etiqueta.
MOVIMENTANDO TAMBORES COM SEGURANÇA
✓ A movimentação de tambores cheios não deverá ser realizada
manualmente;
✓ Nunca incline manualmente um tambor cheio desconsiderando seu
centro de gravidade;
✓ Ele poderá tombar no chão ou voltar à posição original
abruptamente, causando acidentes; e
✓ É proibido rodar ou rolar no piso tambores cheios.
Sinalização
Tambores com rotulagem
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P á g i n a | 227
AS AÇÕES E RESPOSTAS ÀS EMERGÊNCIAS E DESASTRES
QUÍMICOS
As ações visando prevenção, preparação e resposta às emergências e desastres
químicos são de responsabilidade de todas as instituições.
O conhecimento de cada instituição sobre suas funções possibilitará um trabalho
coordenado, sem protagonismos, nem invasão nas responsabilidades das demais. Cada
um deve fazer o que lhe é correspondido. Essa deve ser a maneira de trabalhar nas
emergências químicas para garantir o sucesso das ações.
As funções de uma instituição mudam conforme:
✓ O alcance geográfico: nacional, regional, local ou internacional; e
✓ O tipo de atividade que desempenha: gerencial, reguladora,
assistencial, preventiva, acadêmica, informativa ou financeira.
As responsabilidades de cada participante ou instituição na prevenção,
preparação e resposta a um acidente químico têm sido definidas por:
✓ PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) por
meio do processo APELL (Alerta e preparação para emergência em
nível local) que define o papel das autoridades, nacionais e locais, da
indústria e da comunidade;
✓ OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico)
que dá ênfase ao papel das autoridades públicas, dos trabalhadores
e da empresa; e
✓ OMS (Organização Mundial da Saúde) por meio do Programa
Internacional de Segurança de Substâncias Químicas (IPCS), que
apresenta as funções do setor saúde nas suas diferentes instâncias.
Nesta apresentação são incluídas as principais funções descritas por instância ou
entidade a qual pertence.
Movimentação de tambores
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P á g i n a | 228
Responsabilidades e funções
• Das autoridades públicas - Motivar a todos os setores da sociedade
sobre a importância das ações de prevenção, preparação e resposta às
emergências e aos desastres químicos:
✓ Estabelecer objetivos de segurança e garantir que sejam atingidos;
✓ Definir uma estrutura de controle clara e coerente;
✓ Monitorar a segurança em instalações perigosas;
✓ Incentivar a pesquisa e a elaboração de relatórios de emergências e
desastres bem como gerar e implementar os meios que facilitem seu
desenvolvimento;
✓ Estabelecer procedimentos apropriados para avaliação dos impactos
ambientais das instalações perigosas a serem construídas;
✓ Defender o "direito da comunidade ao conhecimento" para garantir
acesso à informação apropriada sobre as instalações perigosas ao
público que possa ser potencialmente afetado;
✓ Criar programas de preparação para as emergências, incluindo a
realização de exercícios simulados;
✓ Propiciar o desenvolvimento, a implementação, o teste e a
atualização de planos de emergência em coordenação e com a
participação de todos os envolvidos, incluindo administradores de
instalações perigosas, funcionários e comunidades vizinhas;
✓ Garantir que os sistemas de alarme de emergências e desastres
estejam disponíveis para avisar à comunidade que venha a ser
afetada; e
✓ Facilitar e promover a disseminação de informação e troca de
experiências associadas à prevenção, preparação e resposta às
emergências e aos desastres químicos.
Para cumprir estas responsabilidades as autoridades públicas, em âmbito
nacional e local, devem contar com uma equipe técnica devidamente
capacitada e com recursos adequados.
As responsabilidades anteriormente referidas correspondem às autoridades
públicas, incluindo as autoridades de saúde em âmbito nacional, estadual e
municipal. No entanto, há algumas responsabilidades que são específicas
das autoridades públicas de saúde, como:
✓ Gerar planos de resposta a incidentes químicos para o setor saúde,
incluindo terrorismo químico, bem como definir suas funções dentro
destes planos;
✓ Normalizar os elementos básicos do Plano de Resposta, como:
- Determinar as funções de todas as partes envolvidas na resposta
às emergências e aos desastres;
- Identificar possíveis situações de emergência;
- Realizar o inventário dos perigos;
- Identificar os recursos necessários;
- Garantir a disponibilidade e provisão de antídotos;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 229
- Examinar as necessidades de comunicação;
- Avaliar as necessidades de informação: bibliotecas básicas;
- Usar os centros de informação toxicológica e centros de resposta
química nas emergências;
- Identificar os laboratórios toxicológicos;
- Criar um sistema de notificação de casos de emergências;
- Fornecer locais alternativos para o atendimento às vítimas;
- Desenvolver sistemas para recepção e triagem (gestão) de um
grande número de vítimas;
- Estabelecer um sistema de alerta para os profissionais da saúde;
- Desenvolver e implementar programas de capacitação aos
profissionais da saúde, incluindo os exercícios simulados;
- Estabelecer um sistema de comunicação com o público;
- Fomentar pesquisas;
- Criar mecanismos de cooperação internacional; e
- Fomentar os programas de conscientização e preparação local,
por exemplo, mediante a aplicação do processo APELL (Alerta e
preparação para emergências em nível local) do PNUMA ou outras
atividades similares.
• Dos administradores de instalações perigosas
✓ Promover a administração “segura” de qualquer substância perigosa
que seja produzida, através do ciclo de vida total da substância,
consistente com o princípio de "acompanhamento do produto";
✓ Função principal: Projetar, construir e operar uma instalação
perigosa de maneira segura, desenvolver os meios para realizá-lo e
incorporar a proteção da saúde e do ambiente como parte integral
das atividades econômicas da empresa;
✓ Visar atingir a meta do número mínimo de acidentes: "acidente
zero";
✓ Garantir que os perigos sejam identificados, classificados e que os
meios para minimizá-los ou eliminá-los sejam estabelecidos;
✓ Garantir que os procedimentos sobre segurança das operações
sejam documentados;
✓ Garantir que todos os empregados, incluindo aqueles com contratos
temporários, recebam capacitação apropriada para desempenhar
suas tarefas;
✓ Implementar medidas de segurança, evitar ou minimizar o uso de
substâncias potencialmente perigosas, substituir substâncias mais
tóxicas por menos tóxicas, simplificar processos, minimizar as
exposições, etc;
✓ Assegurar a qualidade durante a construção da instalação perigosa;
✓ Garantir a transferência de informação;
✓ Garantir a disponibilidade de equipamentos de proteção individual;
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P á g i n a | 230
✓ Supervisar e garantir a adequação das áreas de armazenamento de
substâncias perigosas;
✓ Monitorar regularmente a segurança destas instalações;
✓ Prover, em coordenação com as autoridades públicas, informações
apropriadas sobre as ações que devem ser adotadas em caso de
emergência e desastres;
✓ Desenvolver, implementar, testar e atualizar os planos de
emergência;
✓ Identificar e avaliar as emergências e desastres químicos que podem
ocorrer na instalação e suas possíveis consequências;
✓ Garantir sistemas para detecção rápida de um acidente ou ameaça
de acidente no local, bem como para a notificação imediata às
equipes de resposta às emergências químicas; e
✓ Pesquisar os incidentes significativos para identificar suas causas e
iniciar ações para corrigir qualquer deficiência tecnológica ou de
procedimento.
• Dos empregados - Realizar o seu trabalho de maneira segura e contribuir
ativamente no desenvolvimento de políticas e práticas de segurança.
• Das agências de ajuda financeira
✓ Ajudar a reduzir a probabilidade de ocorrências de emergências e
desastres com substâncias potencialmente perigosas bem como
oferecer assistência técnica, educação e capacitação para o
desenvolvimento da capacidade e infraestrutura institucional;
✓ Selecionar as propostas de ajuda, adequadamente;
✓ Monitorar e acompanhar os projetos para garantir que os
requerimentos essenciais de segurança sejam cumpridos; e
✓ Prover ajuda financeira para desenvolver políticas e procedimentos
que minimizem os riscos de emergências e desastres em instalações
perigosas.
Muitas das responsabilidades, mesmo quando recaem com mais ênfase
sobre uma determinada entidade, requerem o trabalho coordenado de um
bom número de instituições. Alguns exemplos que justificam esta
afirmação podem ser:
✓ A realização de inventários de perigos. Nesse caso pode ser
solicitada a participação das autoridades locais, dos órgãos de meio
ambiente, dos responsáveis pela medicina preventiva, da polícia
civil, do corpo de bombeiros, dos hospitais, dos centros de controle
de emergências, da defesa civil, das autoridades militares e da
indústria, entre outros;
✓ Os programas de conscientização e preparação local, por exemplo, a
aplicação do processo APELL (Alerta e preparação para emergências
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P á g i n a | 231
em nível local) do PNUMA, que requer o trabalho conjunto do
governo, da indústria e da comunidade; e
✓ A capacitação profissional, por meio de exercícios simulados, que
retratem a realidade local, contando com a participação de todos os
setores envolvidos.
• Dos organismos internacionais - A Conferência das Nações Unidas para
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) celebrada no Rio de
Janeiro, Brasil, em junho de 1992, adotou a Agenda 21. No capítulo 19,
dedicado exclusivamente às substâncias químicas, foi reconhecida a
necessidade de fomentar a cooperação internacional eficiente com relação
à prevenção, preparação e resposta às emergências químicas.
Além disso, foi enfatizada a necessidade de que os organismos
internacionais, tais como a Organização Mundial da Saúde/Organização
Pan-Americana da Saúde (OMS/OPAS), Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
outros, reúnam esforços no sentido de melhorar a preparação dos países
para enfrentar as emergências e os desastres químicos. Esses esforços têm
a finalidade de:
✓ Fornecer uma base científica, avaliada internacionalmente, para que
os países possam desenvolver suas próprias medidas de segurança
química e fortalecer sua capacidade para prevenir e gerenciar os
efeitos danosos dos produtos químicos bem como gerenciar os
aspectos do setor saúde nas emergências químicas;
✓ Desenvolver princípios, procedimentos e guias para prevenção e
resposta às emergências químicas;
✓ Criar bancos de dados, publicações e bibliotecas virtuais que
facilitem o acesso rápido à informação sobre substâncias químicas e
gestão de emergências;
✓ Estabelecer programas de capacitação e meios que facilitem as
ações de prevenção, preparação e resposta em todos os níveis;
✓ Elaborar listagem (inventário) de centros de resposta às
emergências e de profissionais com experiência no tema;
✓ Incentivar a padronização na elaboração e apresentação de
relatórios e pesquisas sobre emergências e desastres químicos; e
✓ Estimular o intercâmbio de informação entre países.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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EMERGÊNCIAS E DESASTRES
Impactos das Emergências Químicas
O problema atual da grande quantidade de substâncias químicas que são
manipuladas, transportadas, armazenadas e usadas pelo homem é que expõem os
países aos impactos à saúde, ao ambiente e às propriedades quando envolvidos em
emergências e desastres.
Um dos elementos que marca o êxito das atividades de resposta a uma
emergência e que reduz o seu impacto consiste em poder contar com os meios
adequados para garantir uma informação rápida, eficiente e de qualidade. Dois tipos de
Centros realizam esta função: os Centros de Resposta Química e os Centros de
Informação e Assessoria Toxicológica.
A América Latina é uma das regiões mais afetadas pelas substancias químicas
devido ao uso frequente, à quantidade em que são usadas e também porque,
paralelamente à introdução destas substâncias, não são desenvolvidos mecanismos
efetivos de prevenção, preparação e resposta às emergências que podem surgir. Além
do mais, nossos países possuem limitados recursos para desenvolver os dois tipos de
centros anteriormente referidos.
Os Centros de Resposta a Emergências Químicas
São centros que geralmente funcionam às 24 horas do dia durante os 365 dias do
ano, com pessoas de profissões diferentes como químicos, biólogos, engenheiros e
bombeiros, entre outros. Cumprem funções diferentes, como:
✓ Assessorar os primeiros na resposta (bombeiros, policiais, defesa
civil) nas ações iniciais: delimitação das áreas (quente, morna e
fria), como apagar um incêndio, atender um vazamento, evacuar a
população, etc.
✓ Participar com outras instituições na elaboração dos planos de
resposta.
✓ Organizar atividades de capacitação, incluindo exercícios simulados.
✓ Realizar e promover a notificação de incidentes químicos.
✓ Participar em redes de troca de informação.
✓ Documentar as lições aprendidas.
Na América Latina e no Caribe, o número de centros de resposta química é
limitado. Poucos países têm este serviço, como Argentina, Brasil, Colômbia, Chile,
México e Venezuela.
Os Centros de Informação e Assessoramento Toxicológico (CIAT)
Os CIAT (Centros de Informação e Assessoramento Toxicológico) estão incluídos
nas instituições que participam no setor da saúde nas ações dos países para prevenir,
diagnosticar e tratar as intoxicações agudas e crônicas produzidas por substâncias
químicas. Estes centros são unidades especializadas, que devem funcionar às 24 horas
do dia durante os 365 dias do ano e, bem implementados, devido à informação que
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P á g i n a | 233
geram, são uma ajuda importante para os tomadores de decisão e para a resposta às
emergências químicas.
A Organização Mundial da Saúde através do seu Programa Internacional de
Segurança Química (IPCS/OPM) tem desenvolvido Diretrizes:
http://www.intox.org/databank/documents/supplem/supp/sup3s.html, que servem
como guia para o desenvolvimento dos centros toxicológicos e que são seguidas pela
maioria dos países.
Na América Latina e no Caribe, há 139 CIAT ou instituições associadas, com
números desiguais entre os países dependendo da sua extensão territorial e número de
habitantes. Alguns países têm mais de um centro: Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba,
Chile, Equador, México, Peru e Venezuela. Outros países têm apenas um centro: Bolívia,
Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Suriname e Uruguai.
Tanto a nível regional quanto dentro de um mesmo país, os CIAT têm diferentes graus
de desenvolvimento, tanto de infraestrutura quanto de recursos materiais e humanos. A
Biblioteca Virtual de Toxicologia, desenvolvida pela Organização Pan-Americana da
Saúde com o apoio de profissionais da América Latina e do Caribe, contém um diretório
de CIAT: http://www.bvsde.paho.org/bvstox/e/guiamarilla/guiamarilla.php.
Os profissionais dos centros provêm de diferentes disciplinas, mas a maioria
deles são médicos com formação em toxicologia, farmacêuticos, químicos, bioquímicos,
biólogos, farmacólogos, etc.
A localização dos centros também varia. Eles geralmente encontram-se em
hospitais e universidades, mais também existem centros instalados a nível de
Ministérios de Saúde e da indústria.
Os serviços fornecidos pelos centros geralmente estão associados à:
✓ Informação e assessoramento toxicológico (esta atividade é
realizada via telefone, através do correio eletrônico, postal e
também por contato pessoal);
✓ Ações de prevenção (os centros desenvolvem ou participam em
programas de vigilância tóxica, desenvolvem materiais educativos
dirigidos à comunidade, oferecem informação às agências
reguladoras para a interdição ou substituição de produtos químicos,
entre outros);
✓ Capacitação tanto a nível de pré-graduação quanto de pós-
graduação;
✓ Pesquisa;
✓ Atenção toxicológica especializada (existem centros que têm
serviços de atenção ou fornecem serviços hospitalares); e
✓ Análises toxicológicas de amostras biológicas (este serviço é
fornecido pelos centros que têm laboratórios de Toxicologia).
Ainda que estas sejam as funções clássicas dos CIAT, nos últimos tempos
podemos observar que os centros têm evoluído para outras funções no sentido de
apoiar as ações que são realizadas a nível internacional para prevenir o impacto das
substâncias químicas na saúde e no ambiente. É o caso do acompanhamento realizado
pelos centros das atividades dos convênios internacionais, como a Convenção de
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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Basiléia sobre o controle dos movimentos transfronteiriços dos resíduos perigosos e a
sua eliminação, adotado pela Conferencia de Plenipotenciários no dia 22 de março de
1989 (http://www.basel.int/text/textspan.php) e a Convenção de Estocolmo
sobre Contaminantes Orgânicos Persistentes
http://www.pops.int/documents/convtext/convtext_sp.pdf e também o
assessoramento para a prevenção, preparação e resposta aos acidentes químicos, nos
sistemas de vigilância de intoxicações implementados pelos Ministérios de Saúde, no
registro de substâncias químicas, nos estudos de avaliação de riscos, entre outros.
• Porque os CIAT são importantes nas emergências químicas?
✓ Porque têm uma cultura de funcionamento 24 horas durante os
365 dias do ano, o que faz com que sempre haja pessoal
disponível que, além de fornecer os serviços de assessoria, possa
acionar o sistema de alarme às instituições que participarão na
resposta;
✓ Porque têm pessoal capacitado no tema de substâncias químicas
(toxicólogos clínicos, analíticos, ambientais, ocupacionais, biólogos,
químicos, bioquímicos, psicólogos, etc.). Assim, o pessoal pode
trabalhar em: a elaboração de protocolos de atenção de pacientes
contaminados, a aplicação dos protocolos de triagem para
substâncias químicas específicas, a elaboração de recomendações
para evitar riscos de contaminação secundária, entre outras;
✓ Porque têm acesso a fontes de informação confiáveis e
atualizadas, com capacidade para interpretar os dados;
✓ Pelo seu lugar de localização, geralmente um hospital, onde se
podem receber as vítimas da emergência para que recebam atenção
médica especializada;
✓ Porque têm bancos de antídotos. O alto custo dos antídotos
impossibilita sua disponibilidade em todos os hospitais de um país.
No entanto, os centros toxicológicos geralmente têm um banco de
antídotos e no mínimo um estoque de emergência que pode ser
disponibilizado no caso de acontecer um acidente químico;
✓ Por ter em sua estrutura um laboratório toxicológico. Ainda que
nem todos os centros disponham de laboratório de toxicologia,
quando existir, o laboratório pode, em caso de emergências,
colaborar na identificação do material perigoso envolvido, facilitando
a gestão das vítimas de intoxicação e das ações realizadas nos
meios ambientais afetados;
✓ Pela cultura de executar atividades de educação comunitária e
capacitação de profissionais;
✓ Pela sua capacidade de articular com outras instituições e de
trabalhar em equipe; e
✓ Pela sua participação em ações de vigilância, o que é importante
para a atuação pós-desastre.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 235
Além destas ações, que são inerentes ao trabalho realizado diariamente por um
centro de informação, assessoramento e atenção toxicológica, há outras atividades
onde o centro pode participar como parte de grupos multidisciplinares, por exemplo:
✓ A elaboração dos planos de resposta;
✓ A preparação de inventários de instalações perigosas;
✓ A participação em exercícios simulados, como meio de testar planos
e de capacitar a todos os envolvidos na emergência; e
✓ O projeto e implementação de registros nacionais de relatórios de
emergências.
Para concluir, gostaríamos de mencionar que mesmo quando na Região existam
múltiplas experiências de trabalho dos CIAT nas ações de prevenção, preparação e
resposta às emergências químicas, também existem múltiplos desafios, como são:
✓ Que as autoridades de saúde considerem os CIAT como parte da
cadeia do setor nas ações de prevenção, preparação e resposta;
✓ Que os próprios centros da Região integrem este tema como uma
função importante a ser realizada e que sejam eliminados os
paradigmas preexistentes de que essa função cabe unicamente à
Defesa Civil ou ao Corpo de Bombeiros;
✓ A necessidade de recursos financeiros e humanos;
✓ Um trabalho mais integrado entre os Centros de Resposta Química e
os CIAT; e
✓ Que sejam desenvolvidos exercícios simulados com a participação de
todas as instituições envolvidas na resposta, incluindo os CIAT e os
centros de Resposta Química.
EMERGÊNCIAS QUÍMICAS: INTRODUÇÃO AO TEMA
Desastre é um evento que causa uma séria interrupção na rotina de uma
comunidade, ou de uma população, ocasiona um grande número de mortes, perdas e
impactos materiais, econômicos e ambientais, no qual a capacidade de resposta de
uma localidade afetada, empregando recursos próprios, é extrapolada.
Com frequência se descreve um desastre como o resultado da combinação da
exposição à uma ameaça, das condições de vulnerabilidade presentes e capacidade ou
meios insuficientes para reduzir ou enfrentar as possíveis consequências negativas. O
impacto dos desastres pode incluir mortes, lesões, enfermidades e outros efeitos
negativos no bem estar físico, mental e social humano, bem como danos à
propriedade, à destruição de bens, à perda de serviços, transtornos sociais e
econômicos e degradação ambiental. Esta é a definição da Estratégia Internacional
para la Reducción de Desastres de las Naciones Unidas (UNISDR) de 2009.
A resposta às emergências químicas também pode ser beneficiada pela
atuação de dois tipos de centros: Centros de Resposta Química e CIAT,
cuja atuação coordenada oferece suporte aos participantes da resposta.
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P á g i n a | 236
Outro conceito importante refere-se ao termo acidente químico definido pela
OPAS – Organização Panamericana da Saúde como uma sequência de eventos fortuitos
e não planejados, que resulta na liberação de uma ou mais substâncias químicas
perigosas para a saúde humana e/ou ao meio ambiente, a curto ou longo prazo. As
emergências químicas podem ser geradas a partir de eventos naturais ou, mais
frequentemente, a partir de eventos tecnológicos:
• Origem Natural - Ocorrência causada por fenômeno da natureza, cuja
maioria dos casos independe das intervenções do homem. Incluem-se
nesta categoria os terremotos, maremotos, furacões, etc.
• Origem Tecnológica - Ocorrência gerada por atividade desenvolvida
pelo homem, tais como os acidentes nucleares, vazamentos durante a
manipulação ou transporte de substâncias químicas, etc.
Embora estes dois tipos de ocorrências sejam independentes quanto às suas
origens (causas), em determinadas situações pode haver uma certa relação entre as
mesmas, como por exemplo uma forte tormenta que acarrete danos numa instalação
industrial. Neste caso, além dos danos diretos causados pelo fenômeno natural, pode-
se ter outras implicações decorrentes dos impactos causados nas instalações da
empresa atingida
Da mesma forma, as intervenções do homem na natureza podem contribuir
para a ocorrência dos acidentes naturais, como por exemplo o uso e ocupação do solo
de forma desordenada pode vir a acelerar processos de deslizamentos de terra.
No entanto, os acidentes de origem natural, em sua grande maioria são de difícil
prevenção, razão pela qual diversos países do mundo, principalmente aqueles onde tais
fenômenos são mais constantes, têm investido em sistemas para o atendimento à
estas situações.
Já no caso dos acidentes de origem tecnológica, pode-se afirmar que a grande
maioria dos casos é previsível, razão pela qual há que se trabalhar principalmente na
prevenção destes episódios, sem esquecer obviamente da preparação e intervenção
quando da ocorrência dos mesmos.
Para efeito deste curso os termos: emergências químicas, acidentes químicos,
incidentes químicos e acidentes com produtos perigosos são equivalentes
As emergências químicas geram diversas consequências danosas à sociedade,
destacando-se:
✓ Perda de vidas humanas;
✓ Impactos ambientais;
✓ Danos à saúde da comunidade;
✓ Prejuízos econômicos;
✓ Danos psicológicos à população; e
✓ Desgaste da imagem da indústria e do governo.
Assim, para o adequado gerenciamento dos riscos associados às emergências
químicas, aplica-se perfeitamente o conceito de que o risco pode e deve ser diminuído
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 237
e controlado atuando-se tanto na "probabilidade" da ocorrência de um evento
indesejado, como nas "consequências" geradas por este evento.
Na década de 80, as ações relacionadas com os acidentes industriais se
intensificaram, principalmente depois dos casos de Chernobyl, Cidade do México e
Bhopal, quando começaram a ser desenvolvidos diferentes programas contemplando
não somente os aspectos preventivos, mas também os de intervenção nas
emergências. Dentre estes programas pode-se destacar The Emergency Planning and
Community Right-to-Know Act; CAER - Community Awareness and Emergency
Response; APELL - Awareness and Preparedness for Emergency at Local Level e
International Metropolis Committee or Major Hazards, entre outros.
Serão apresentadas a seguir algumas linhas básicas para a identificação e
avaliação de riscos e para prevenção de emergências químicas, bem como para a
adoção de medidas, rápidas e eficientes, quando da ocorrência destes episódios.
Identificação e avaliação de riscos
O primeiro passo, tanto para a prevenção, como para uma intervenção eficiente,
deve ser a identificação e avaliação dos riscos a que uma região está exposta, de modo
que ações possam ser desenvolvidas para a redução destes riscos, seu gerenciamento
e planejamento de intervenções emergenciais.
No caso das emergências químicas deve-se desenvolver os trabalhos seguindo a
sequência abaixo, a qual obviamente pode ser adaptada às condições específicas de uma
determinada região:
✓ Levantamento estatístico de emergências químicas ocorridas na
região em estudo;
✓ Levantamento das atividades que manipulam substâncias químicas:
- indústria;
- comércio;
- terminais; e
- sistemas de transportes: rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo,
fluvial e por dutos.
✓ Caracterização das substâncias e respectivas quantidades;
✓ Identificação dos riscos e das possíveis consequências
causadas por eventuais emergências envolvendo as atividades e
produtos identificados; e
✓ Implantação de medidas para a redução dos acidentes e
gerenciamento de riscos.
Estas atividades, além de propiciarem resultados do ponto de vista preventivo
(redução e gerenciamento dos riscos), fornecerá informações de fundamental
importância para o planejamento de um sistema para atendimentos às emergências
químicas na região.
Dependendo da região a ser estudada, esta etapa pode ser bastante demorada e
complexa, razão pela qual é importante a criação de um Grupo de Trabalho,
envolvendo todos os segmentos da sociedade envolvidos com o assunto, de forma que
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 238
os trabalhos possam ser agilizados e contemplem, de forma detalhada, os itens
anteriormente mencionados.
Planejamento de um sistema para atendimento a emergências químicas
Da mesma forma que na etapa anterior, o planejamento de um sistema para
atendimento às emergências químicas deve ser desenvolvido por grupo de trabalho
multidisciplinar que contemple os diversos segmentos da sociedade envolvidos com o
assunto, razão pela qual o grupo deve contar com especialistas das diferentes áreas
envolvidas.
Antes do início dos trabalhos para a elaboração de um sistema para o
atendimento às emergências químicas deverão ser identificados os diferentes sistemas
de emergência existentes na região, ou seja:
✓ Corpo de Bombeiros;
✓ Polícia;
✓ Meio ambiente; e
✓ Assistência médica; etc.
O sistema de emergência a ser elaborado e implantado deve contemplar as
peculiaridades da região e dos órgãos participantes; assim, deve-se procurar
aproveitar ao máximo as estruturas já existentes, adaptando-se quando necessário.
O sistema para atendimento a emergências químicas deve contemplar os
seguintes aspectos:
• Recursos Humanos - Especialistas nas diferentes áreas envolvidas
(defesa civil, médicos, meio ambiente, segurança, etc) e disponibilidade
de materiais e equipamentos em quantidades suficientes para atender às
possíveis emergências químicas previamente estudadas.
• Sistema de Comunicação - Definido o sistema para acionamento dos
órgãos, de acordo com o tipo e porte do acidente, deve-se implantar, ou
mesmo adaptar os sistemas existentes, de modo que, quando do
acionamento, também durante o atendimento aos acidentes, possam ser
estabelecidas as comunicações necessárias de forma rápida e com a
confiabilidade necessária.
O sistema de comunicação deve contemplar telefones (linhas discadas,
privadas e celulares), rádios e fac-símiles, entre outros.
• Rotinas Operacionais - Para cada uma das possíveis ocorrências
estudadas deverão ser definidas rotinas de procedimentos para atuar a
partir da definição de uma organização hierárquica durante a emergência,
bem como as funções a serem desempenhadas pelos diferentes órgãos
participantes e os recursos a serem mobilizados.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 239
• Treinamentos - A implantação do sistema de atendimento deverá ser
precedida por treinamentos de diferentes tipos e em diversos níveis para
todos os integrantes, dentre os quais pode-se destacar:
✓ treinamento de coordenadores;
✓ treinamento dos que atendem à emergência;
✓ treinamento de jornalistas; e
✓ treinamento da comunidade.
• Manutenção do Sistema - Periodicamente o sistema deverá ser
reavaliado, atualizado e aperfeiçoado, com base nas experiências vividas,
de forma que o mesmo mantenha o nível desejado do ponto de vista de
eficiência ao longo do tempo. Da mesma forma, é importante lembrar que
a realização de treinamentos periódicos contribui de forma significativa
para a manutenção de um sistema eficiente, razão pela qual deve-se
prever programas periódicos para a realização destes eventos.
• Considerações Gerais - Não se pode ignorar a possibilidade da
ocorrência de emergências químicas. No entanto, deve-se procurar reduzi-
las ao máximo, mediante o desenvolvimento das ações preventivas
adequadas.
Da mesma forma, é necessário o desencadeamento de ações corretivas
eficazes para a redução dos impactos causados ao meio ambiente, quando
da ocorrência dos acidentes.
Com base no anteriormente exposto, pode-se dizer que o gerenciamento
de emergências químicas passa por duas etapas distintas, para cada qual
cabem ações diferenciadas, conforme mostrado no quadro a seguir.
PREVENÇÃO
• IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS
• AVALIAÇÃO DOS RISCOS E DE SUAS CONSEQUÊNCIAS
• REDUÇÃO DOS RISCOS
• PLANO DE EMERGÊNCIA
• TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
INTERVENÇÃO
• AVALIAÇÃO DO ACIDENTE
• ACIONAMENTO
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P á g i n a | 240
• MOBILIZAÇÃO
• ASSISTÊNCIA EMERGENCIAL
• RECUPERAÇÃO
• Prevenção - A prevenção às emergências químicas, bem como a
minimização dos seus impactos, só poderá ser realizada de forma eficaz
por meio da elaboração de um sistema adequado, que deverá ser
permanentemente atualizado e aperfeiçoado, tendo sempre como
objetivos:
✓ Preservar a vida humana;
✓ Evitar impactos significativos ao meio ambiente; e
✓ Evitar ou minimizar as perdas materiais.
Normalmente, seguintes as entidades ou setores atuam nas emergências
químicas: Defesa Civil, setor saúde, órgão de meio ambiente, Polícia,
Corpo de Bombeiros, prefeituras, órgão de trânsito e empresa poluidora.
Nas situações emergenciais deve-se procurar agir de forma coordenada
com a participação de todos os envolvidos, razão pela qual o
estabelecimento de planos específicos, associados a treinamentos
regulares, são importantes para o sucesso destas operações.
Essa forma coordenada de ação integrada normalmente contempla a
coordenação da Defesa Civil (ou de outra instituição que faça o seu
papel), à qual compete atuar com órgão facilitador para a mobilização de
recursos humanos e materiais. Em sendo assim, a resposta a uma
emergência química certamente será mais rápida e eficaz, diminuindo os
impactos socioambientais dos acidentes.
GERENCIAMENTO DE RISCO
Os estudos de análise de risco são considerados como importantes “ferramentas”
de gerenciamento, tanto sob o ponto de vista ambiental, como de segurança de
processo, uma vez que esses estudos fornecem, entre outros, os seguintes resultados:
✓ Conhecimento detalhado da instalação e de seus perigos;
✓ Avaliação dos possíveis danos às instalações, aos trabalhadores, à
população externa e ao meio ambiente; e
✓ Subsídios para a implementação de medidas para a redução e
gerenciamento dos riscos existentes na instalação.
Redução do Risco
Considerando que o risco é uma função da frequência de ocorrência dos
possíveis acidentes e dos danos (consequências) gerados por esses eventos
indesejados, a redução do risco numa instalação ou atividade perigosa pode ser
conseguida através da implementação de medidas, sobretudo físicas, que visem
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 241
reduzir as frequências de ocorrência dos acidentes, bem como as suas respectivas
consequências, anterior ao acontecimento do evento.
• Processo de redução do risco
✓ Redução de frequências;
✓ Redução de consequências; e
✓ Redução do risco.
As ações voltadas para a Redução das Frequências de ocorrência de acidentes
normalmente envolvem melhorias tecnológicas nas instalações ou medidas relacionadas
com a confiabilidade de equipamentos. São exemplos de medidas preventivas:
• Melhoria da qualidade do sistema:
✓ Aumento da confiabilidade individual dos componentes; e
✓ Aperfeiçoamento da configuração do sistema.
• Aumento da disponibilidade dos sistemas de segurança:
✓ Revisão da frequência de inspeções nos equipamentos vitais,
essenciais e ordinários. As ações pertinentes à redução de
consequências só terão efeito na redução do risco se tomadas antes
do acontecimento do evento, como por exemplo, a redução do
inventário ou a troca da substância perigosa por outra de menor
poder.
As medidas relacionadas com a Redução de Consequências após o
acontecimento, não possuem totalmente um caráter preventivo, já que visam
minimizar os danos decorrentes de eventuais acidentes. A seguir estão apresentados
alguns exemplos dessas medidas:
• Redução de impactos
✓ Medidas para a contenção de vazamentos (diques e bacias de
contenção, sistemas de drenagem fechados, etc);
✓ L imitação dos danos resultantes de incêndios e explosões:
- eliminação de locais de confinamento de gases e vapores;
- sistemas de revestimento;
- sistemas de prevenção e combate ao fogo;
- reforço de estruturas;
- alteração da disposição de equipamentos e unidades
(distanciamento);
✓ Medidas de proteção da população exposta; e
✓ Plano de ação de emergência.
Programas de Gerenciamento de Risco (PGR)
Internacionalmente, o termo gerenciamento de risco é utilizado para
caracterizar o processo de identificação, avaliação e controle de risco. Porém, de modo
geral, o gerenciamento de risco pode ser definido como sendo a formulação e a
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 242
implantação de medidas e procedimentos, técnicos e administrativos, que têm por
objetivo prevenir e controlar o risco, bem como manter uma instalação operando
dentro de padrões de segurança considerados toleráveis ao longo de sua vida útil.
Assim, toda e qualquer empresa que desenvolva atividades que possam
acarretar em acidentes maiores devem estabelecer um Programa de Gerenciamento de
Risco (PGR).
Diversas instituições, como o American Petroleum Institute (API), a
Environmental Protection Agency (EPA) e a Occupational, Safety & Health
Administration (OSHA), têm implementado normas e procedimentos para o
desenvolvimento de programas de gerenciamento de risco em instalações consideradas
perigosas. Todos esses programas são muito semelhantes e têm por objetivo principal
prevenir a ocorrência de acidentes maiores.
O PGR deve antes de tudo, contar com o apoio da alta direção da empresa, uma
vez que deve fazer parte da política prevencionista da mesma, na qual todos os seus
funcionários devem ter as suas atribuições e responsabilidades muito bem definidas.
Assim, o PGR deve ter, entre outras, as seguintes características:
✓ Conter informações detalhadas dos perigos inerentes às
instalações e atividades da empresa; e
✓ Ser capaz de fornecer aos responsáveis pela sua implementação, os
dados e as informações necessárias para adoção das medidas para
o controle e gerenciamento do risco.
Como todo programa de grande porte a ser implementado numa empresa, o
PGR deve ser dimensionado de forma a atender os seguintes requisitos:
✓ A lcance gradativo dos objetivos propostos;
✓ F lexibilidade para se adaptar a alterações e imprevistos;
✓ Não deve, na medida do possível, influir de forma negativa na
atividade principal da empresa; e
✓ Integração entre as diversas unidades da empresa para que as
metas e objetivos traçados possam ser alcançados.
Assim, o sucesso no desenvolvimento e na implantação de um PGR está
intimamente ligado aos seguintes aspectos:
✓ apoio;
✓ documentação;
✓ conscientização;
✓ integração; e
✓ controle.
Independentemente dos aspectos relacionados com a prevenção de acidentes, o
PGR deve estar também devidamente integrado à política e estratégia financeira e
administrativa da empresa, uma vez que dos estudos de análise de risco podem ser
extraídos importantes subsídios para a política de seguros da empresa; pois,
identificados e quantificados os possíveis acidentes e seus respectivos danos e
perdas, torna-se possível a definição dos riscos a serem retidos pela própria empresa,
bem como aqueles que devem ser transferidos para seguros específicos.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 243
Embora as ações previstas no PGR devam contemplar todas as operações e
equipamentos, o programa deve considerar os aspectos críticos identificados no
estudo de análise de risco, de forma que sejam priorizadas as ações de gerenciamento
do risco, a partir de critérios estabelecidos com base nos cenários acidentais de maior
relevância.
O objetivo principal do PGR é a prevenção e mitigação de eventuais ocorrências
de acidentes maiores, sendo que cada elemento que tenha alguma relação direta ou
indireta com as atividades desenvolvidas na empresa, deve ser gerenciado, seja este
elemento um funcionário, um material ou um equipamento. De um modo geral, o PGR
deve, para cada um desses elementos, definir:
✓ o que deve ser feito?
✓ como deve ser feito?
✓ quando deve ser feito?
✓ quem faz?
✓ quem verifica?
O escopo do PGR deve contemplar as seguintes áreas:
✓ informações de segurança de processo e documentação;
✓ manutenção e garantia da integridade;
✓ procedimentos operacionais;
✓ capacitação de recursos humanos;
✓ gerenciamento de modificações;
✓ revisão da análise de risco;
✓ investigação de acidentes; e
✓ auditorias.
• Informações de Segurança de Processo e Documentação -O
desconhecimento do processo certamente levará à uma identificação e
caracterização dos perigos de forma inadequada.
Portanto, é de grande importância o pleno domínio das operações
envolvidas na instalação em estudo e a definição de parâmetros críticos
do processo, dados estes oriundos do estudo de análise de risco que
devem nortear as ações de segurança para a planta industrial.
Outro ponto importante diz respeito à não-conformidade de
equipamentos; muitas instalações, embora construídas dentro de normas e
padrões rígidos requerem alterações na sua montagem, o que, em muitas
oportunidades, acabam acarretando não- conformidades muitas vezes não
percebidas ou documentadas.
Outra deficiência quase sempre observada é a manutenção de desenhos de
tubulações e instrumentação (P & IDs) desatualizados, o que faz com que,
quando da necessidade de consulta a esses documentos, decisões erradas
sejam tomadas, podendo, consequentemente, induzir situações perigosas.
O sucesso na implementação de um PGR está intimamente relacionado
com as informações disponíveis e a sua respectiva documentação. Existem
muitos benefícios relacionados com o gerenciamento adequado de
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P á g i n a | 244
informações e com a manutenção permanente de toda a documentação
pertinente a uma instalação, entre os quais pode-se destacar:
✓ Preservação dos registros de projeto e especificação de materiais
e equipamentos, assegurando assim a continuidade das operações
com toda sua documentação atualizada, além de facilitar o
planejamento e a execução de serviços de manutenção;
✓ Facilitação do entendimento e da reavaliação das operações
relacionadas ao processo;
✓ Subsidiar a avaliação de mudanças, visando o aperfeiçoamento
das instalações e operações;
✓ Manutenção de um registro atualizado de trocas de equipamentos,
serviços de manutenção e de acidentes ocorridos nas instalações; e
✓ P roteção da empresa contra reclamações injustificadas e
negligências.
Essas informações do processo e documentações devem contemplar,
entre outros, os seguintes tipos de dados:
✓ F ichas de segurança e características dos produtos envolvidos no
processo;
✓ P lantas locacionais, de equipamentos e fluxogramas de processos
atualizados;
✓ P rocedimentos operacionais, de segurança e de manutenção;
✓ Especificação técnica de todos os materiais e equipamentos;
✓ Normas e procedimentos operacionais;
✓ Critérios para a tomada de decisões no gerenciamento de risco;
✓ Registro de acidentes; e
✓ Elementos de proteção.
É de fundamental importância que a política operacional, de segurança e
meio ambiente de uma empresa esteja fundamentada em dispositivos
legais, normas e procedimentos, com o objetivo de:
✓ P romover uma uniformidade das ações por todas as áreas e
funcionários;
✓ Aprimorar continuamente as atividades, com base na experiência
adquirida ao longo do tempo;
✓ Promover o desenvolvimento de ações através de consenso entre os
envolvidos; e
✓ Dar uma sustentação legal às ações da empresa.
As normas e procedimentos adotados devem contemplar dispositivos
internos e externos. As normas e dispositivos legais externos, em geral,
contemplam os seguintes aspectos:
✓ L eis, normas e critérios ambientais;
✓ Segurança e higiene industrial; e
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 245
✓ Normas técnicas de instituições nacionais e internacionais,
como por exemplo: Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), American Society Of Mechanical Engineers (ASME),
International Organization for Standardization (ISO), American
Petroleum Institute (API) e National Fire Protection Association
(NFPA), entre outras.
Com relação às normas e procedimentos internos, estas normalmente
contemplam os seguintes aspectos:
✓ Procedimentos operacionais;
✓ Segurança;
✓ Resposta a emergências;
✓ Especificações de projetos;
✓ Caracterização de substâncias químicas; e
✓ Procedimentos de manutenção.
• Procedimentos operacionais - Os procedimentos operacionais, embora
na maioria das instalações sejam elaborados com os novos projetos,
raramente são atualizados. Tendo em vista que os operadores são
treinados e acumulam experiência na realização das operações, essa
necessidade decresce ao longo do tempo. Os procedimentos operacionais
servem como importantes instrumentos de treinamento e reciclagem, e só
por esta razão merecem ser atualizados.
A OSHA, no documento 29 CFR 1910 (Process Safety of Highly Hazardous
Chemicals), menciona que os procedimentos operacionais devem ser
revisados tão frequentemente quanto necessários, de forma a assegurar o
reflexo nas práticas operacionais rotineiras.
• Revisão da análise de risco - Os dados e as informações que norteiam
um PGR advêm dos estudos de análise de risco. Porém, ao longo do
tempo, esses estudos devem ser revisados e atualizados, uma vez que os
processos, materiais e equipamentos, ou mesmo a vizinhança ao redor da
instalação, têm suas características alteradas.
Assim, periodicamente, ou sempre que julgado necessário, os estudos de
análise de risco devem ser revistos para propiciar os subsídios
necessários para a atualização e o aperfeiçoamento do PGR e do plano
de ação de emergência.
• Investigação de acidentes - Os acidentes maiores, ou mesmo
ocorrências anormais sem maiores consequências, devem ser
investigados, para que as ações corretivas possam ser implementadas,
além das conclusões do processo de investigação servirem de base para a
prevenção de eventos futuros.
É desejável que as empresas mantenham sistemas de registro de
ocorrências, onde as informações relativas a esses casos fiquem
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 246
armazenadas, de forma que ao longo do tempo dados estatísticos das
causas dos acidentes, ações corretivas adotadas e alterações de projetos
ou de procedimentos operacionais subsidiem ações e projetos futuros.
As ações implementadas devem ser amplamente divulgadas para todos os
funcionários envolvidos com o sistema ou equipamento sinistrado, de
modo que as medidas adotadas possam efetivamente surtir os efeitos
preventivos desejados.
• Auditorias - Como todo programa de grande porte numa empresa, o PGR
também requer um sistema de auditoria como forma de acompanhamento
e verificação da sua implementação.
Não é rara a existência de empresas que não dão a devida importância à
realização de auditorias, tanto internas, quanto externas, em temas como
investigação de acidentes e normas de segurança.
Embora órgãos como a OSHA e o API recomendem a realização de
auditorias para programas deste tipo em períodos variando entre três e
cinco anos, é necessário que um programa de auditoria interna esteja em
curso para assegurar que a implementação de um PGR seja efetiva.
Esse programa interno, normalmente, inclui pessoas de outras áreas da
unidade da empresa, podendo também contar a assessoria de
especialistas de outras instituições.
Plano de Ação de Emergência
Independentemente das ações preventivas previstas no PGR, um Plano de Ação
de Emergência (PAE) deve ser elaborado e considerado como parte integrante do
processo de gerenciamento de risco.
O PAE deve se basear nos resultados obtidos no estudo de análise e avaliação de
risco, quando realizado, e na legislação vigente, devendo também contemplar os
seguintes aspectos:
✓ Introdução;
✓ Estrutura do plano;
✓ Descrição das instalações envolvidas;
✓ Cenários acidentais considerados;
✓ Área de abrangência e limitações do plano;
✓ Estrutura organizacional, contemplando as atribuições e
responsabilidades dos envolvidos; e
✓ Fluxograma de acionamento.
- Ações de resposta às situações emergenciais compatíveis com os
cenários acidentais considerados, de acordo com os impactos
esperados e avaliados no estudo de análise de riscos, considerando
procedimentos de avaliação, controle emergencial (combate a
incêndios, isolamento, evacuação, controle de vazamentos, etc.) e
ações de recuperação;
- Recursos humanos e materiais;
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 247
- Divulgação, implantação, integração com outras instituições e
manutenção do plano;
- Tipos e cronogramas de exercícios teóricos e práticos, de acordo
com os diferentes cenários acidentais estimados; e
- Documentos anexos: plantas de localização da instalação e
layout, incluindo a vizinhança sob risco, listas de acionamento
(internas e externas), listas de equipamentos, sistemas de
comunicação e alternativos de energia elétrica, relatórios, etc.
DESCONTAMINAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
Os técnicos que estejam envolvidos no atendimento a acidentes envolvendo
produtos químicos perigosos podem se contaminar de diversas maneiras, tais como:
✓ Pelo contato com vapores, gases, névoas ou material particulado;
✓ Por respingos da substância química envolvida no acidente;
✓ Pelo contato direto com poças da substância;
✓ Pelo contato com solo contaminado; e
✓ Quando da manipulação de instrumentos ou de equipamentos
contaminados.
As roupas de proteção química e os equipamentos de proteção respiratória
ajudam a prevenir a contaminação do usuário. Boas práticas de trabalho também
ajudam a reduzir a contaminação de roupas, instrumentos e equipamentos. No entanto,
mesmo seguindo estas regras de segurança, poderá ocorrer a contaminação.
A descontaminação é um processo que consiste na remoção física dos
contaminantes, ou na alteração de sua natureza química para substâncias inócuas.
De acordo com os Limites de Toxicidade, por meio dos seus valores de DL-50 –
Dose Letal 50 , conforme mencionado no Capítulo 3 e mostrado na Tabela 4,
apresentados adiante, existem distintos procedimentos de descontaminação, a saber:
✓ Procedimentos para substâncias químicas com baixa toxicidade;
✓ Procedimentos para substâncias químicas com média toxicidade; e
✓ Procedimentos para substâncias químicas com alta toxicidade.
Procedimentos para Descontaminação
O procedimento de descontaminação mais comum é aquele utilizado para as
substâncias com baixa toxicidade, sendo que este poderá ser realizado quando do
retorno dos trabalhos de campo.
Já, para as demais substâncias químicas, a descontaminação deverá ser iniciada
ainda no local da ocorrência, podendo, ou não, ser dada a sua continuidade quando do
retorno dos trabalhos em campo. Os procedimentos de descontaminação para produtos
químicos com alta toxicidade podem requerer, inclusive, a destruição total das roupas
de proteção e dos equipamentos utilizados. Nos procedimentos de descontaminação,
o mais importante é a minuciosidade e não a velocidade.
✓ Todos os membros da equipe encarregada de realizar os trabalhos
de descontaminação deverão utilizar roupas de proteção e
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 248
equipamentos de proteção respiratória, no mínimo um nível de
proteção abaixo dos níveis de proteção adotados por quem estiver
sendo descontaminado.
✓ Caso a descontaminação não puder ser realizada no local da
ocorrência, as roupas de proteção e os equipamentos portáteis de
detecção que tenham sido utilizados por quem estiver sendo
descontaminado deverão ser colocados em invólucros plásticos, para
posterior descontaminação em local apropriado.
✓ Todas as ferramentas, materiais e equipamentos diversos que
tenham sido utilizados no atendimento e tenham tido sido
contaminados, também deverão ser colocados em invólucros
plásticos para posterior descontaminação em local apropriado.
• Descontaminação de Substâncias Químicas com Baixa Toxicidade
I) Lavar toda a roupa com uma Solução fraca de Fosfato Trissódico (1% a
2%);
II) Enxaguar com água limpa;
III) Lavar os cilindros, as máscaras e os acessórios dos equipamentos de
proteção respiratória com uma Solução fraca de Fosfato Trissódico (1%
a 2%), tendo-se o cuidado de enxaguar, porém sem esfregar, as áreas
ao redor das válvulas;
IV) Enxaguar, novamente, todas as partes dos equipamentos com água
limpa;
V) Lavar as mãos e o rosto com água e sabão;
VI) Não fumar, não comer, não beber, nem tocar o rosto, antes de haver
completado todas as atividades previstas nas etapas anteriores.
Na Tabela 1, são apresentadas substâncias químicas com baixa toxicidade,
para as quais os procedimentos de descontaminação descritos neste
capítulo são normalmente adequados.
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Tabela 1 – Substâncias químicas com baixa toxicidade
Acetato de Butila Cloreto de Vinila
Acetato de Butila Clorofórmio
Acetona Cloropentano
Ácido Adípico Dissulfeto de Carbono
Ácido Cloroisocianúrico Etanoglicol
Ácido Oleico Etilenoglicol
Ácido Oxálico Etilmetilcetona
Álcool Etílico Formaldeído
Álcool Metílico Gasolina
Amônia Glicerina
Benzeno Hexilacril Metiletiléterato de Etila
Benzoato de Butila Óleo Diesel
Butadieno Óleo Lubrificante
Ciclohexano Óleo Pesado
Cloreto de Amônio
• Descontaminação de Substâncias Químicas com Média Toxicidade -
Os procedimentos de descontaminação dessas substâncias podem ser
realizados:
✓ No local da ocorrência; e
✓ Em local apropriado.
Descontaminação no Local da Ocorrência
I) Lavar as roupas de proteção e os equipamentos de proteção
respiratória com água limpa;
II) Após a lavagem, remover as roupas de proteção e os equipamentos de
proteção respiratória e colocá-los em invólucros plásticos, para o
transporte;
III) Não fumar, não comer, não beber nem tocar o rosto, antes de haver
completado todas as atividades previstas nas etapas anteriores.
✓ Todos os membros da equipe encarregada de realizar os trabalhos
de descontaminação deverão utilizar roupas de proteção e
equipamentos de proteção respiratória, no mínimo um nível de
proteção abaixo dos níveis de proteção adotados por quem estiver
sendo descontaminado.
✓ Caso a descontaminação não puder ser realizada no local da
ocorrência, as roupas e os equipamentos portáteis de detecção, que
tenham sido utilizados por quem estiver sendo descontaminado,
deverão ser colocados em invólucros plásticos para posterior
descontaminação em local apropriado.
✓ Todas as ferramentas, materiais e equipamentos diversos que
tenham sido utilizados no atendimento e tenham tido qualquer
contato com a substância química, também deverão ser colocados
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 250
em invólucros plásticos para posterior descontaminação em local
apropriado.
Descontaminação em Local Apropriado
I) Lavar e esfregar todos os equipamentos de proteção individual, tais
como luvas, botas e roupas de proteção;
II) Enxaguá-los com água limpa;
III) Lavar e esfregar os equipamentos de proteção respiratória;
IV) Enxaguá-los com água limpa;
V) Remover e lavar todas as roupas que tenham sido utilizadas sob as
roupas de proteção;
VI) Banhar-se com água e sabão, esfregando bem todo o corpo;
VII) Ter especial cuidado para as áreas ao redor da boca e das fossas
nasais e debaixo das unhas;
VIII) Não fumar, não beber, não comer, não tocar o rosto nem urinar,
antes de haver completado todas as atividades previstas nas etapas
anteriores.
Na Tabela 2, são apresentados exemplos de substâncias químicas com
média toxicidade, para as quais os procedimentos de descontaminação
descritos neste capítulo são normalmente adequados.
Tabela 2 – Substâncias químicas com média toxicidade
1,1,2 – Tricloroetano Cumeno Nitrometano
1,4 – Dioxano Dicloreto de Etileno Oleum
Acetaldeído Diisoprorilamina Óxido de Etileno
Ácido Clorídrico Etilamina Paraldeído
Ácido Perclórico Etilenoimina Pentaclorofenol
Acrilato de Etila Flúor Pentassulfeto de Fósforo
Acroleína Fluoreto de Hidrogênio Peróxido de Hidrogênio
Álcool Alílico Fosfina Piridina
Anilina Hidreto de Lítio Praguicidas, líquidos e sólidos
Brometo de Metila Hidrossulfito de Sódio Sulfato de Dietila
Bromo Hidróxido de Sódio Sulfato de Dimetila
Cianeto de Mercúrio Isopropilamina Sulfeto de Dimetila
Ciclohexanol Lítio Sulfeto de Hidrogênio
Ciclohexano Metilamina Sulfeto de Potássio
Ciclopentano Metilnaftaleno Tetracarbonila de Níquel
Clorato de Potássio Metilparation Toluidina
Cloreto de Bromo Nitrato de Estrôncio Trisulfato de Arsênio
Cloreto de Etila Nitrato de Sódio Vinil-Éter
Cloreto de Metila Nitrobenzeno Xilidina
Cloro Nitrofenol Zinco Dietílico
Cloronitrobenzano Nitroglicerina
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P á g i n a | 251
• Descontaminação de Substâncias Químicas com Alta Toxicidade -
Os procedimentos de descontaminação dessas substâncias podem ser
realizados:
✓ No local da ocorrência; e
✓ Em local apropriado.
Descontaminação no Local da Ocorrência
I) Lavar as roupas de proteção e os equipamentos de proteção
respiratória com água limpa;
II) Após a lavagem, remover as roupas de proteção e os equipamentos de
proteção respiratória e colocá-los em invólucros plásticos para o
transporte;
III) Não fumar, não comer, não beber nem tocar o rosto, antes de haver
completado todas as atividades previstas nas etapas anteriores.
Descontaminação em Local Apropriado
I) Lavar e esfregar todos os equipamentos de proteção individual, tais
como luvas, botas e roupas de proteção;
II) Enxaguá-los com água limpa;
III) Lavar e esfregar os equipamentos de proteção respiratória;
IV) Enxaguá-los com água limpa;
V) Remover e lavar todas as roupas que tenham sido utilizadas sob as
roupas de proteção;
VI) Banhar-se com água e sabão, esfregando bem todo o corpo;
VII) Ter especial cuidado para as áreas ao redor da boca, das fossas
nasais e debaixo das unhas;
VIII) Não fumar, não beber, não comer, não tocar o rosto nem urinar,
antes de haver completado todas as atividades previstas nas etapas
anteriores; e
IX) Procurar atendimento médico, informando-o sobre o produto envolvido
não corrência.
Ao chegar ao local de trabalho, todos os invólucros plásticos contendo os
materiais contaminados deverão ser colocados em uma área isolada e ao
ar livre, para impedir o contato de outras pessoas com os mesmos.
Na Tabela 3, são apresentados exemplos de substâncias químicas com alta
toxicidade, para as quais os procedimentos de descontaminação descritos
neste capítulo são normalmente adequados.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 252
Tabela 3 – Substâncias químicas com alta toxicidade
Acrilonitrila Adiponitrila
Aldrin Alilamina
Arsina Cianeto de Hidrogênio
Cianogênio Cloropicrina
di-Brometo de Etileno 2,4 – Diisocianato de Tolueno
Dioxina Fósforo
Fosgênio Metilhidrazina
Nitrato de Urânio penta-Borano
penta-Sulfeto de Antimônio tetra-Etileno de Chumbo
tetra-Metileno de Chumbo tetra-Óxido de Nitrogênio
RECOMENDAÇÕES
Nos casos em que houver a necessidade de ser realizada a substituição dos
cilindros de ar, as pessoas encarregadas de substituir os cilindros e de descontaminá-
los, deverão usar roupa de proteção e equipamento de proteção respiratória, devendo
ser realizadas as seguintes etapas:
✓ Lavar o cilindro de ar com água limpa, antes do mesmo ser
removido; e
✓ Colocar o cilindro removido e lavado em um invólucro plástico para o
transporte e a sua posterior descontaminação em local apropriado.
Outro aspecto importante, diz respeito à descontaminação de equipamentos que
tenham sido utilizados nos atendimentos envolvendo substâncias químicas.
Sempre que for possível, deverão ser adotadas ações apropriadas, de modo a
prevenir a contaminação dos equipamentos portáteis de detecção e de coleta de
amostras.
Os equipamentos portáteis de detecção, normalmente, não são contaminados, a
menos que recebam respingos das substâncias químicas; porém, uma vez
contaminados, torna-se muito difícil limpá-los, sem danificá-los. Qualquer instrumento
delicado que não possa ser facilmente descontaminado deve ser protegido durante o
seu uso. Os equipamentos, então, podem ser envolvidos em sacos plásticos, dotados de
algumas pequenas aberturas, de forma a permitir a ventilação do equipamento e
facilitar a realização das medições necessárias.
Os equipamentos e materiais de madeira são difíceis de descontaminar, uma vez
que os mesmos absorvem substâncias químicas. Dessa forma, os mesmos deverão ser
mantidos no local e manuseados por técnicos que estejam utilizando equipamentos de
proteção individual adequados. Ao final do atendimento, esses equipamentos e
materiais de madeira deverão ser descartados.
Os veículos utilizados nos atendimentos, tais como caminhões, pás-carregadeiras
e outros equipamentos pesados são de difícil descontaminação. Normalmente, os
métodos de descontaminação mais utilizados consistem, basicamente, em se lavar o
veículo com água pressurizada ou esfregar as áreas acessíveis com uma solução de
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 253
detergente e água sob pressão. Especial cuidado deverá ser dado aos pneus, às esteiras
e às pás dos veículos. As pessoas encarregadas da descontaminação desses
equipamentos deverão estar adequadamente protegidas, pois o método de
descontaminação empregado pode gerar misturas e aerossóis contaminantes.
As soluções de lavagem e de limpeza deverão ser armazenadas, por exemplo, em
uma bacia grande ou em uma piscina pequena. Posteriormente, essas soluções deverão
ser transferidas para tambores, os quais, por sua vez, deverão ser rotulados
adequadamente e enviados para tratamento ou disposição final adequada.
Quanto às substâncias químicas que não se encontram listadas nos
procedimentos aqui apresentados, as mesmas poderão ser classificadas quanto à sua
toxicidade, por meio do seu valor de DL50 - Dose Letal 50, a qual representa a dose
capaz de matar 50% da espécie testada, a saber:
✓ Substâncias químicas de alta toxicidade: aquelas substâncias
químicas cujo DL 50 Oral seja menor que 50 mg/kg ;
✓ Substâncias químicas de média toxicidade: aquelas substâncias
químicas cujo DL50 Oral seja de 50 mg/kg a 5 g/kg ;
✓ Substâncias químicas de baixa toxicidade: aquelas substâncias
químicas cujo DL50 Oral seja maior que 5 g/kg .
Na Tabela 4 são apresentadas Faixas de DL50 Oral, para ratos, e Faixas de
Dose Letal Provável, para o homem.
Tabela 4 – Faixas de “DL 50 oral, para ratos” e de “dose letal
provável, para o homem”
DL oral, para ratos (mg/kg) Dose Letal Provável, para o
homem
< 1 Algumas gotas
De 1 a 50 Uma colher de chá
De 50 a 500 30 g ou 30 ml
De 500 a 5.000 500 g ou 500 ml
De 5.000 a 15.000 1 kg ou 1 litro
> 15.000 > 1 kg ou l litro
Fonte: Prof. Dr. Anthony Wong
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 254
DESCONTAMINAÇÃO EM CAMPO
Os procedimentos de descontaminação em campo dependem dos seguintes
fatores:
✓ Planejamento inicial;
✓ Proteção para a equipe de descontaminação;
✓ Extensão da descontaminação;
✓ Eficácia da descontaminação;
✓ Equipamentos;
✓ Soluções para descontaminação; e
✓ Estabelecimento de procedimentos.
Planejamento Inicial
No plano de descontaminação inicial assume-se que todas as pessoas e
equipamentos que deixaram o local do acidente encontram-se extremamente
contaminados. O sistema de trabalho é, então, estabelecido para a descontaminação,
por meio da lavagem e limpeza, pelo menos uma vez, de todas as roupas de proteção
que tenham sido utilizadas na operação.
Para tal, é estabelecido um corredor, denominado Corredor de Redução de
Contaminação e também conhecido por CRC, cuja extensão dependerá do número de
estações que forem necessárias para a completa descontaminação dos envolvidos,
número esse que variará de acordo com os tipos de roupa de proteção que foram
utilizadas e com o espaço disponível no local.
Os trabalhos iniciam-se na primeira estação, com a descontaminação do
equipamento de proteção que estiver mais contaminado – geralmente, são as luvas e as
botas – e avançam até a última estação, com a descontaminação do equipamento que
estiver menos contaminado.
Desta forma, a contaminação vai diminuindo à medida que a pessoa se
movimenta de uma estação para a outra mais à frente, sendo que cada procedimento
requer uma estação própria.
Corredor de Redução de Contaminação
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
P á g i n a | 255
Dentro do CRC, todas as áreas distintas, de descontaminação dos técnicos, dos
equipamentos portáteis de detecção, das roupas removidas e demais equipamentos e
materiais, devem ser demarcadas com placas, indicando os procedimentos a serem
realizados em cada uma das estações e também para orientação da equipe a ser
descontaminada, sendo que o espaçamento entre cada uma das estações de
descontaminação deve ser, no mínimo, de 1 metro.
O plano inicial de descontaminação poderá ser modificado eliminando-se estações
que forem desnecessárias, ou mesmo, poderá ser adaptado para as condições locais.
Por exemplo, o plano inicial requer a lavagem e a limpeza completa das roupas de
proteção, no entanto, se forem utilizadas luvas, botas e roupas de proteção, todas
descartáveis, as etapas de lavagem e de limpeza desses materiais poderão ser
omitidas. Assim, todas as ações que são realizadas no CRC são limitadas pelas ações
que devem ser executadas em cada estação.
Proteção para a Equipe de Descontaminação
Os equipamentos de proteção individual a serem utilizados pela equipe de
descontaminação dependem do nível de proteção requerido, o qual é determinado por
alguns fatores, tais como:
✓ Expectativa de contaminação dos técnicos;
✓ Contaminação visível dos técnicos;
✓ O tipo da substância química contaminante;
✓ Os riscos oferecidos pela substância química contaminante à pele e
ao sistema respiratório;
✓ Os materiais particulados e os vapores orgânicos e inorgânicos
presentes na área do CRC; e
✓ As concentrações desses gases e vapores.
Conforme já mencionado, a equipe encarregada de realizar os trabalhos de
descontaminação deverá utilizar roupas de proteção e equipamentos de proteção
respiratória, no mínimo, um nível de proteção abaixo dos níveis de proteção adotados
por quem estiver sendo descontaminado.
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Extensão da Descontaminação
Os procedimentos de descontaminação podem ser extensos, em razão dos
seguintes fatores:
✓ Modificação do plano inicial;
✓ Tipo da substância química contaminante;
✓ Intensidade da contaminação;
✓ Níveis de proteção requeridos e tipos das roupas utilizadas;
✓ Atividades realizadas;
✓ Áreas de contaminação nas roupas de proteção; e
✓ Motivos para se deixar o local do acidente.
• Modificação do Plano Inicial - O plano de descontaminação inicial deve,
obrigatoriamente, ser adaptado às condições encontradas no local do
acidente. Essas condições podem requerer mais ou menos
descontaminação que o inicialmente planejado e, também, dependerá de
uma série de fatores, alguns dos quais são destacados a seguir.
• Tipo da Substância Química Contaminante - A extensão da
descontaminação depende do efeito que a substância contaminante
apresenta para o corpo humano, sendo que os contaminantes não
apresentam o mesmo grau de toxicidade ou outro perigo associado.
✓ Nas situações onde exista a suspeita ou o conhecimento de que os
técnicos envolvidos no atendimento poderão ser contaminados, é
necessária a adoção de procedimentos para a sua completa
descontaminação. Se substâncias químicas menos perigosas
estiverem envolvidas, os procedimentos de descontaminação podem
ser adotados em um nível menor.
• Intensidade da Contaminação - A intensidade da contaminação das
roupas de proteção ou de outros objetos e equipamentos, normalmente, é
determinada visualmente. Se, na inspeção visual, for constatada uma
intensa contaminação, certamente uma descontaminação minuciosa será
Equipe de descontaminação
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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necessária. Se uma grande quantidade de contaminante permanecer nas
roupas de proteção, por um longo período, o mesmo poderá infiltrar na
roupa, ou seja, permear no tecido ou mesmo danificá-lo.
• Níveis de Proteção Requeridos e Tipos das Roupas Utilizadas - Os
níveis de proteção e os tipos das roupas de proteção utilizadas
determinam, em um primeiro momento, o esquema da linha de
descontaminação. Cada nível de proteção requerido apresenta diferentes
problemas na descontaminação dos equipamentos.
• Atividades Realizadas - O trabalho que cada técnico executa no
atendimento determina o potencial de sua exposição às substâncias
químicas. Assim, as atividades indicam o esquema da linha de
descontaminação. Por exemplo, fotógrafos, coletores de amostras e
operadores de equipamentos, bem como outras pessoas que estejam
presentes na zona de exclusão executando tarefas que não os coloquem
em contato com os contaminantes, podem não necessitar de lavagem e
limpeza das suas roupas. Diferentes linhas de descontaminação podem ser
estabelecidas para as diferentes funções, bem como determinadas
estações podem ser omitidas no corredor de redução de descontaminação.
• Áreas de Contaminação nas Roupas de Proteção - A contaminação
das áreas superiores das roupas de proteção representa um risco maior,
uma vez que pode ocorrer a inalação de concentrações perigosas de
compostos orgânicos voláteis, tanto pelos técnicos que as utilizaram como
pela equipe que realiza a descontaminação.
• Motivos para se Deixar o Local do Acidente - Os diferentes motivos
para se deixar o local do acidente também determinam a necessidade e a
extensão da descontaminação. Por exemplo, um técnico que saiu da zona
de exclusão para receber ou entregar equipamentos portáteis de detecção,
ferramentas ou outros instrumentos e, de imediato, retornou àquele local,
pode não necessitar de descontaminação.
Já um técnico que saiu da zona de exclusão para substituir o cilindro de ar,
ou para trocar uma máscara ou um filtro de proteção, necessitará de
algum grau de descontaminação.
As idas e vindas individuais ao CRC para uma pausa nos trabalhos,
refeições ou ao término das atividades no final do dia, necessitam,
obrigatoriamente, de uma minuciosa descontaminação.
Eficácia da Descontaminação
Não existe nenhum método para, imediatamente, se determinar quão eficaz e
efetiva será a descontaminação. Alterações da cor, manchas, danos provocados pela
corrosão e a presença de substâncias químicas ainda aderidas à superfície de
equipamentos e de objetos, são indicativos de que os contaminantes não foram
totalmente removidos dos equipamentos em descontaminação.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
P á g i n a | 258
No entanto, a observação visual indica apenas a contaminação superficial e não a
permeação e a absorção pelas roupas, ferramentas e equipamentos, sendo que muitos
contaminantes não são facilmente notados. Um método simples para se determinar a
eficácia da descontaminação é o teste de limpeza, no qual, retalhos de tecidos e/ou de
papel são esfregados nos equipamentos e nos objetos suspeitos de estarem
contaminados e, a seguir, são analisados em laboratório.
Equipamentos
Os equipamentos, materiais e acessórios para descontaminação, geralmente, são
selecionados de acordo com a sua disponibilidade.
Outras considerações, tais como o fácil manuseio dos equipamentos, também
devem ser observadas. Por exemplo, escovas de cabo longo e escovas de cerdas macias
podem ser utilizadas na remoção dos contaminantes; baldes, regadores e borrifadores
com água podem ser utilizados para lavar e enxaguar os equipamentos. Piscinas
infantis podem ser utilizadas para receber as águas de lavagem; e, sacos plásticos e
sacos de lixo podem receber roupas e equipamentos contaminados.
Soluções para Descontaminação
Os equipamentos de proteção individual, as
ferramentas e os demais equipamentos contaminados,
normalmente são limpos e descontaminados com água
e/ou com um produto detergente e com escovas de
cabos longos e cerdas macias, enxaguando-se
posteriormente com água limpa. Uma vez que este
processo pode não ser completamente eficiente na
remoção de alguns contaminantes, em alguns casos, a
substância química contaminante pode reagir com a
água. Assim, uma boa opção é utilizar soluções
químicas, como descontaminante; porém, isso requer
que a substância contaminante seja identificada, sendo que a solução de
descontaminação apropriada deve, obrigatoriamente, ser selecionada e escolhida com a
ajuda de um profissional de Química.
Estabelecimento de Procedimentos
Uma vez que os procedimentos de descontaminação tenham sido estabelecidos,
todas as pessoas que necessitarem ser descontaminadas deverão receber instruções
precisas de como proceder em cada estação de descontaminação. É recomendável que
painéis sejam colocados em cada estação, informando as atividades que ali deverão ser
realizadas. O tempo para a descontaminação também deve ser estimado, com
antecedência. As pessoas que estejam utilizando máscaras autônomas devem deixar as
áreas de trabalho com ar suficiente nos cilindros, de forma a poderem chegar ao CRC e,
ali, passarem por todas as etapas de descontaminação.
Soluções
descontaminantes
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PROCEDIMENTOS DE DESCONTAMINAÇÃO EM CAMPO
Os procedimentos de descontaminação em campo devem ser adaptados às
condições encontradas no local do acidente e devem ser realizados, conforme previsto
no plano inicial estabelecido.
Procedimentos de Descontaminação
Conforme já mencionado, os encarregados dos trabalhos de descontaminação
deverão utilizar roupas de proteção e equipamentos de proteção respiratória, no
mínimo, um nível de proteção abaixo dos níveis de proteção adotados por quem estiver
sendo descontaminado.
Os procedimentos de descontaminação, basicamente, são os seguintes:
• Estação 1: Entrega e Separação dos Equipamentos Utilizados
✓ Procedimentos: receber os equipamentos utilizados, tais como
equipamentos de detecção ferramentas, materiais de coleta e
rádios, separá-los e depositá-los em invólucros plásticos.
✓ Equipamentos necessários: recipientes de vários tamanhos;
invólucros plásticos.
• Estação 2: Lavagem e Enxágue das Luvas Externas e das Botas
✓ Procedimentos: esfregar as botas e as luvas externas, com a
solução de descontaminação ou detergente com água; enxaguar
com água.
✓ Equipamentos necessários: recipientes com capacidade para 80
litros a 110 litros; solução de descontaminação ou detergente; duas
ou três escovas de cabo longo; duas ou três escovas de cerdas
macias; água limpa.
Curso de Brigada de Incêndio – Intermediário e Avançado
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• Estação 3: Lavagem e Enxágue da Roupa de Proteção e do Conjunto
Autônomo
✓ Procedimentos: proteger as válvulas da máscara autônoma, para
evitar o seu contato com a água, embrulhando partes do conjunto
de proteção respiratória em um involucro plástico; lavar a roupa de
proteção e a máscara autônoma, esfregando-as, com escovas de
cabo longo ou escovas de cerdas macias; utilizar grande volume de
solução de descontaminação ou detergente com água; lavar o
cilindro de ar com esponjas ou panos; enxaguar com água.
✓ Equipamentos necessários: recipientes com capacidade para 110
litros a 180 litros; solução de descontaminação ou detergente com
água; duas ou três escovas de cabo longo; duas ou três escovas de
cerdas macias; baldes pequenos; esponjas ou panos; água limpa.
• Estação 4: Remoção do Cilindro de Ar, Sem Retirar a Máscara de
Proteção
✓ Procedimentos: desconectar a traqueia e fechar o cilindro;
permanecer com a máscara fixada ao rosto; remover o restante do
equipamento e colocá-lo em um recipiente adequado.
✓ Equipamentos necessários: invólucros plásticos ou bacias
grandes.
• Estação 5: Remoção das Botas de Proteção
✓ Procedimentos: remover as botas e depositá-las em um invólucro
plástico.
✓ Equipamentos necessários: recipientes com capacidade para 110
litros a 180 litros; invólucros plásticos; bancos.
• Estação 6: Remoção da Roupa de Proteção
✓ Procedimentos: remover a roupa de proteção e colocá-la em um
invólucro plástico.
✓ Equipamentos necessários: recipientes com capacidade para 110
litros a 180 litros; invólucros plásticos; bancos.
Curso de Brigada de Incêndio - Níveis Intermediário e Avançado
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• Estação 7: Remoção das Luvas de Proteção Externas
✓ Procedimentos: remover as luvas externas e depositá-las em um
invólucro plástico.
✓ Equipamentos necessários: recipientes com capacidade para 80
litros a 110 litros; invólucros plásticos.
• Estação 8: Lavagem, Enxágue e Remoção das Luvas de Proteção
Internas
✓ Procedimentos: lavar com a solução de descontaminação ou
detergente com água; repetir esta ação, tantas vezes quantas forem
necessárias; enxaguar com água limpa.
✓ Equipamentos necessários: bacia; solução de descontaminação
ou detergente com água; balde; mesa; invólucros plásticos; água
limpa.
• Estação 9: Remoção da Máscara de Proteção
✓ Procedimentos: remover a máscara de proteção e colocá-la em um
invólucro plástico; evitar o contato com o rosto da pessoa que
estiver sendo descontaminada.
✓ Equipamentos necessários: recipientes com capacidade para 110
litros a 180 litros; invólucros plásticos.
• Estação 10: Remoção das Roupas Internas
✓ Procedimentos: remover as roupas internas e colocá-las em um
invólucro plástico; observar que essas roupas internas devem ser
removidas, o quanto antes possível, uma vez que existe a
possibilidade de que uma pequena quantidade da substância química
contaminante possa ter contaminado as roupas internas, durante a
remoção da roupa de proteção.
✓ Equipamentos necessários: recipientes com capacidade para 110
litros a 180 litros; invólucros plásticos.
• Estação 11: Lavagem do Corpo
✓ Procedimentos: tomar banho, caso os contaminantes envolvidos
forem altamente tóxicos, corrosivos ou capazes de serem absorvidos
pela pele; não sendo possível o banho completo, lavar as mãos, os
braços, o rosto, as pernas e os pés.
✓ Equipamentos necessários: água; sabão; chuveiro; balde ou
bacia; toalhas; bancos; mesa.
• Estação 12: Vestimento de Roupas Limpas e Calçados
✓ Procedimentos: vestir roupas limpas e calçados
✓ Equipamentos necessários: mesas; cadeiras; armários; roupas
limpas; calçados; considerar que um veículo, preferencialmente um
furgão, possa ser necessário para essa etapa.
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Vítimas do Acidente
Doença Ocupacional (Vitiligo)
ACIDENTES COM VÍTIMAS
(03/12/84 - Bhopal, Índia 4000 mortes, 200.000 intoxicados)
(Vitiligo Ocupacional causado pelo monobentil éter de hidroquinona - MBEH)
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(Dermatite alérgica de contato em pedreiro polissensiblizado a cromato,
aceleradores de borracha e tópicos (sulfa, furacin e prometazina).
Dermatite
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• Organização e Normas / Adhemar Batista Heméritas . 5ª Ed. São Paulo: Atlas,1989.
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Instuite,USA.
• Norma Regulamentadora de Proteção Contra Incêndios-NR 23.
• ABNT/NBR 14.276:2006 - Brigada de Incêndio- Requisitos.
• ABNT/NBR 14.277:2005 - Instalações e Equipamentos para Treinamento de Combate a
Incêndio.
• ABNT/NBR 15.219:2005 - Plano de Emergência Contra Incêndio.
• ABNT/NBR 13.860:1997 - Glossário de termos relacionados com a segurança contra a
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• ABNT/NBR 12.543:1999 - Equipamentos de Proteção Respiratória-Terminologia.
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